diÁrio econÓmico nº 6054 de 19 de novembro de 2014 e … · em termos globais, de acordo com...

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6054 DE 19 DE NOVEMBRO DE 2014 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE SEGUROS PUB Paulo Alexandre Coelho Sector acelera crescimento em 2015 Produção de seguros cresce 11,6% até Setembro. RAQUEL CARVALHO [email protected] O ramo Vida continua a ser o grande impulsionador do sector de seguros em Portugal, crescendo 16% até Setembro. » 2014 foi um ano de desafios para todo o mer- cado segurador português. Sobretudo ao nível da rentabilidade e crescimento das empresas de seguros a actuar no país. José Seixas Vale, presidente da Associação Portuguesa de Se- guradores (APS) frisa que “tem sido um ano de profundas mudanças estruturais no sector segurador” e realça a “necessidade de au- mento do nível de rentabilidade do sector Não Vida”, o que só será conseguido “com uma mudança” em vários segmentos. Porém, apesar da conjuntura e das dificulda- des vividas pelas seguradoras, das 42 empre- sas de seguros sob a alçada do Instituto de Se- guros de Portugal (ISP), 34 apresentaram re- sultados positivos nos primeiros nove meses do ano. Já o indicador de solidez revela uma taxa de cobertura da margem de solvência de 233% no final de Setembro, face aos 228% do mesmo período do ano passado, revelam nú- meros daquele instituto.

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Page 1: DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6054 DE 19 DE NOVEMBRO DE 2014 E … · Em termos globais, de acordo com dados da APS, a produção de seguro directo no período compreendido entre Janeiro

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 6054 DE 19 DE NOVEMBRO DE 2014 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

SEGUROS

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Paul

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Coel

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Sectoraceleracrescimentoem 2015Produção de seguros cresce11,6% até Setembro.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

O ramo Vida continua a ser o grande impulsionador do sector

de seguros em Portugal, crescendo 16% até Setembro.

»

2014 foi um ano de desafios para todo o mer-cado segurador português. Sobretudo ao nívelda rentabilidade e crescimento das empresasde seguros a actuar no país. José Seixas Vale,presidente da Associação Portuguesa de Se-guradores (APS) frisa que “tem sido um anode profundas mudanças estruturais no sectorsegurador” e realça a “necessidade de au-mento do nível de rentabilidade do sector NãoVida”, o que só será conseguido “com umamudança” em vários segmentos.Porém, apesar da conjuntura e das dificulda-des vividas pelas seguradoras, das 42 empre-sas de seguros sob a alçada do Instituto de Se-guros de Portugal (ISP), 34 apresentaram re-sultados positivos nos primeiros nove mesesdo ano. Já o indicador de solidez revela umataxa de cobertura da margem de solvência de233% no final de Setembro, face aos 228% domesmo período do ano passado, revelam nú-meros daquele instituto.

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II Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

Os seguros vão ficar mais ca-ros com o aumento da taxapara o INEM de 2% para2,5%, sobre o valor dosprémios ou contribuiçõesrelativos a contratos de segu-ros, prevista no OE 2015, uma re-ceita que vai directamente para os cofres doEstado. Ou seja, mesmo sem haver alteraçõesdos prémios, o custo dos seguros vai aumen-tar mais 20 milhões de euros/ano do que em2014, por efeito do agravamento desta taxaque já tinha sido agravada de 1% para 2%, em2009.A Associação Portuguesa de Seguradores(APS) já se mostrou contra esta proposta,considerando-a inconstitucional. ■

Seguros maiscaros em 2015

Paul

oA

lexa

ndre

Coel

ho

José Almaça,

presidente do ISP

acredita que 2015

será positivo

para o sector

segurador

português.

Além disso, de acordo com números recente-mente divulgados pela APS, o sector vai cres-cer este ano, sendo que José Almaça, presi-dente do ISP espera uma evolução positiva daactividade seguradora em 2015. Pelo menos sea tendência de crescimento verificada nosprimeiros nove meses do ano se mantiver.Em termos globais, de acordo com dados daAPS, a produção de seguro directo no períodocompreendido entre Janeiro e Setembro re-gistou um aumento de 11,6% face a igual pe-ríodo de 2013, situando-se em cerca de 9,9mil milhões de euros. Para esta evolução posi-tiva foi determinante o incremento de cercade 16% verificado no ramo Vida. Em sentidocontrário, os ramos Não Vida registaram umligeiro decréscimo de 0,2%.Até Setembro, a produção de seguros directosdo segmento Vida tinha atingido mais de 7.4mil milhões de euros, um aumento acima dosmil milhões de euros, e que se justifica com oincremento da produção da modalidade VidaNão ligados a fundos de investimento, conta-bilizada como contratos de seguro (46,6%).De realçar que no segmento vida, o BPI Vida ea Ocidental Vida ocupam o 1º e 2º lugar emtermos de produção de seguros directos.No segmento Não Vida, responsável por umtotal de 366 milhões de euros de produção di-recta de seguros, a Tranquilidade e a AXA sãoas duas líderes de mercado. Se tivermos emconta o ranking que tem em conta os resulta-dos dos dois segmentos, a Fidelidade venceem toda a linha, seguida da Allianz e do San-tander Totta Seguros.

Lucros do sector caem para 166 milhõesem SetembroFalando em lucros do sector, os mesmos caí-ram em Setembro, para 167 milhões de euros,menos 70% do que o ano passado. Até Junho,tinham sido de 256,9 milhões de euros, reve-lam dados do ISP.Em entrevista ao Diário Económico no iníciodo mês, José Almaça, presidente daquele ins-tituto, admitiu que esta queda foi provocadaessencialmente pela crise no Grupo EspíritoSanto (GES), tendo efeitos na confiança dosaforradores com um aumento do volume deresgates. E os resgates de contratos de inves-timentos não ligados, a crescerem cerca de48%. Esta evolução levou a um aumento de5,7% no peso dos resgates no total dos custoscom sinistros.Foi no ramo vida que o grosso desse valor sefez sentir, com os resgates a aumentarem27,5%, diz o relatório do ISP. E foi este au-mento dos resgates que levou à subida do bolode custos com sinistros de cerca de 8,96%face a Setembro do ano passado, invertendopor completo a tendência de descida. Impor-tante frisar que a maioria dos resgates se deunos produtos de poupança.No ramo Vida os custos com sinistros aumen-taram 12,3%, enquanto nos ramos Não Vidahouve um decréscimo de cerca de 3%.José Almaça descartou ao Diário Económicouma deterioração das contas das seguradoras

do GES, em termos de solidez financeira, ga-rantindo que esta queda nos resultados sedeve sobretudo ao facto da evolução dosmercados financeiros ter sido influenciadapela situação verificada no GES, admitindoter havido um reforço do provisionamentotécnico por parte de algumas empresas deseguros.As contas do ISP revelam ainda que a produ-ção Não Vida não inverte a tendência de que-da, sendo o ramo automóvel e de acidentes detrabalho os mais afectados pela crise. Mas JoséAlmaça frisa haver “uma quase estagnação”,acreditando numa melhoria deste segmentopara 2015, sendo que aqui, o ramo de aciden-tes de trabalho subiu 1,36% e o ramo automó-vel caiu 1,94%. No ramo de incêndios e outrosdanos a queda foi de 0,67%. Já no ramo doen-ça (seguros de saúde) houve um crescimentohomólogo de 2,78%.Em contrapartida, o ramo Vida mantém atendência de crescimento, tendo subido, atéSetembro, 16%, o que para José Almaça con-firma a confiança depositada pelos aforrado-res no sector segurador”. ■

A APS diz ser “insuficiente e inadequada” aforma como o parlamento se propõe transporas orientações da Comissão Europeia sobre aaplicação ao sector dos seguros da directivareferente à não discriminação em função dosexo. Defende que o projecto de lei que pena-liza as empresas por não discriminação emfunção do sexo, “é mais restritivo do que aorientação da CE, por estabelecer uma proibi-ção absoluta de utilização do género comofactor de cálculo dos prémios e prestações”.Critica o facto de “não definir quaisquerorientações sobre as excepções a essa norma”e aponta o dedo para o facto de introduzir umaretroactividade ‘inadmissível’ de dois anos. ■

APS aponta falhaa projecto de lei

A partir de 1 de Janeiro de 2016 entra em vigoro novo regime de Solvência II ditado pela Co-missão Europeia. Mas em 2015 as seguradorasjá terão de reportar resultados nesse formato.Daí que o Instituto de Seguros de Portugal te-nha assumido já este ano, como objectivo es-tratégico a introdução gradual dos princípiosdo novo regime na regulamentação nacional,no sentido de agilizar e incentivar a prepara-ção gradual e tempestiva das empresas.O novo regime visa a revisão global e profun-da do modelo de solvência aplicável. As prin-cipais pedras basilares são a avaliação dos ac-tivos e passivos de uma forma consistente ebaseada em princípios económicos e o maioralinhamento das exigências regulamentaresde capital com os riscos efectivamente assu-midos pelas empresas. ■

Solvência II entraem vigor em 2016

5,2%

Em setembro, cresceu5,2%, o valor das carteirasde investimento facea dezembro de 2013.

CARTEIRASDE INVESTIMENTO

1,4%

O rácio registou emSetembro, um incrementode 1,4% face a dezembrode 2013.

PROVISÕES TÉCNICAS

9,9mil milhões de euros

Cresce 11,6% até Setembro,para 9,9 mil milhões.

PRODUÇÃO DE SEGUROS

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IV Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

Os temposde mudançanas seguradorasA compra da Fidelidade e da Tranquilidadee a Solvência II vão marcar o sector.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

A Fosun adquiriu em Maio a Fidelidade, atra-vés de um processo de privatização, por 1.037milhões de euros, ficando com 30% da maiorseguradora nacional. Em Outubro, ganhou aprivatização e passou a deter 80%. Já a Tran-quilidade poderá estar prestes a ser vendidaaos norte-americanos da Apollo, que quereminvestir na companhia 200 milhões de euros,um valor que já inclui uma injecção de 140milhões de euros na seguradora do universoEspírito Santos.Os dois negócios são os grandes acontecimen-tos do sector este ano, que podem mudar todoo panorama nos próximos anos. Para Para Sei-xas Vale, presidente da Associação Portuguesade Seguradores (APS) estas são mudanças de“alcance vastíssimo, só comparáveis com anacionalização em 1975 e as privatizações ini-ciadas nos finais da década de 80 do séculopassado. Com implicações muito significativase que se esperam positivas” (ler artigo de opi-nião sobre o tema na página ao lado).Os responsáveis pelas seguradoras contaca-das pelo Diário Económico vêem tambémcom bons olhos estes negócios. José de Sousa,CEO da Liberty, acredita terem “um alcance eimplicações positivas a longo prazo” e Gonça-lo Coutinho, presidente da Real Vida, realça“o capital para investir, o ‘know how’ especi-fico e o acesso a novos mercados, produtos ealternativas de investimento”. António Cas-tanho, presidente executivo da CA Vida, frisao “reconhecimento da capacidade de gestão ede geração de valor” do sector e a entrada deoportunidades de investimentos.Jan de Pooter, CEO da Ocidental para os ra-mos Vida e Não Vida) frisa que a capacidade“de atrair investimento estrangeiro é elucida-tiva da vitalidade do sector e da sua impor-tância para a economia”. O mesmo argumen-to é utilizado por Teresa Mira Godinho, CEOda Allianz Portugal, que acredita serem negó-cios benéficos para empresas e clientes. Jan dePooter acrescenta acreditar que “a entradadestes novos accionistas irá contribuir paraum maior dinamismo” e “potenciar a trans-missão de ‘know how’ e ‘best practices’ deoutros mercados, com benefício para todos”.Já João Gama, director de comunicação daMapfre, acredita que estes negócios levam a

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“uma reflexão sobre a atractividade e o per-curso futuro do nosso mercado segurador”.

Solvência II mudará todo o sectorOs próximos anos serão de mudança no sectorsegurador e a Solvência II é um dos aconteci-mentos que marcarão o mercado. “As exigên-cias regulamentares provocam uma aborda-gem de gestão muito mais complexa e exigen-te com significativos impactos nas organiza-ções e nos níveis de capitalização das segura-doras”, diz António Castanho, presidenteexecutivo da CA Vida. José de Sousa, CEO daLiberty Seguros lembra que as novas regrasvão ser determinantes, visto levarem a “umaseparação das companhias que realmentequerem ficar no mercado a longo prazo, e irãocapitalizar as suas operações ao nível requeri-do pelas autoridades de supervisão, e quemache melhor meter o seu capital noutras áreasde negócio”. Jan de Pooter destaca “o grandeimpacto e desafios que coloca de forma trans-versal nas seguradoras”.Além destas novas regras, existem outraspreocupações que as seguradoras devem ter.

Seixas Vale, presidente da APS, defende umamudança profunda no sector Não Vida, de for-ma a aumentar o seu nível de rentabilidade. Amesma opinião tem Jan de Pooter, que acredi-ta que o grande desafio no Não Vida é, “numcontexto muito competitivo ao nível do preço,manter padrões de rentabilidade sustentá-veis”, e frisando que o momento é de consoli-dação. Já no Vida, “o enquadramento de redu-zidas taxas de juro que condiciona a rentabili-dade da carteira e a capacidade de lançamentode novos produtos”, são os grandes desafiospor ele apontados. Para Teresa Mira Godinho,é importante que o sector tenha os olhos pos-tos na inovação, para que seja capaz de garan-tir “a solidez financeira necessária para fazerface às evoluções que possam vir a ocorrer”,opinião partilhada por João Gama, daMAPFRE. Já Gonçalo Coutinho, presidente daReal Vida fala de uma tendência “de separaçãodas ligações accionistas entre bancos e segu-radoras”, que diz, vai permitir às seguradoras“comercializar os seus produtos no canal ban-cário, sem que seja forçoso pertencer ao grupodo banco comercializador”. ■

A venda da Fidelidade foi o principal negócio do sector

segurador em Portugal e vai marcar a sua actividade.

“A capacidadede atrairinvestimentoestrangeiroé elucidativada vitalidade dosector e da suaimportância paraa economia”, dizJan de Pooter,CEO da OcidentalCompanhiaPortuguesade Seguros.

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Quarta-feira 19 Novembro 2014 Diário Económico V

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OPINIÃO

2014 tem sido um ano de profundasmudançasestruturais no sector segurador.Realço três dessas situações: a primeiramudança do lado da oferta, isto é dasseguradoras. Uma alteração significativa emduas das grandes seguradoras, uma das quaisdestacado líderdomercado, e outra porreestruturação do grupo financeiro a quepertencia. Mudanças necessárias. Mudanças nomodelo de ‘bancassurance’ em Portugal.Mudança no equilíbrio interno / internacional.Mudanças nas estratégias, na ‘governance’, naspolíticas. E que vão prosseguir neste âmbito nofuturo próximo. Mudança de alcance vastíssimo,só comparáveis, pela minha experiência de 40anos no sector segurador, com a da irracionalnacionalização em 1975 e das privatizaçõessubsequentes iniciadas nos finais da década de80 do século passado. Com implicaçõesmuitosignificativas e que se esperam positivas.

2014: ano de mudanças estruturais

JOSÉ SEIXAS VALE

Presidente da Associação

Portuguesa de Seguradores

Têm acontecidomudanças de alcance“vastíssimo” emPortugal, só comparáveisàs nacionalizações de1975 e às privatizaçõesda década de 80.

A rentabilidade muito baixa nos últimos anos exige dos seguradores uma mudança em alguns ramos.

Asegundamudança estrutural foi decidida anível europeu e tem a vercom a introdução dodesignadomodelo de Solvência II. Aanáliseestática e dinâmica das seguradoras, o seumodelo de gestão e governação e os sistemasde informação serão alterados de forma drástica.Objectivo domodelo é tornara proteção dossegurados aindamaiore mais consistente comos riscos assumidos pelos seguradores. Tambémuma governaçãomais profunda e eficiente comuma avaliaçãomais sistemática dos riscosgeridos e baseado num sistema de informaçãomais extenso emais próximo da gestão deaspetos importantes como a política de preços,subscrição, resseguro e investimentos entreoutros.O impacto será muito substancial na exigência derequisitos de capital. Apesarde se pensarque omercado português cumprirá, no seu conjunto, asregras a introduzir, não se deve deixarde

salientarque o impacto será muito significativo.Aterceira mudança estrutural tem a vercom anecessidade de aumento do nível derentabilidade do sectorNão Vida.Arentabilidademuito baixa nos últimos anos exige dosseguradores umamudança nos RamosAcidentes de Trabalho,Automóvel, Doença,Multiriscos, Habitação,Agrícola. Amudançaprevisível do ciclo económico de recessão paracrescimento, ainda quemenordo que onecessário para fazer face ao ressarcimentoesperado endividamento global, alterará comsignificado a frequência e os custosmédios daexploração no sentido do seu aumento, o quearrastará asmedidas compensatórias do ladodos proveitos.Para mudanças estruturais, só políticasestruturais determinadas serão solução.Visão e liderança determinarão os vencedores eos vencidos.■

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VI Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

Como devem as seguradoras desenvolverrelações fortes com os seus clientes, nummundo cada vezmais global?O EY Global Insurance Consumer Survey2014, que a EY acaba de publicar, abran-gendo 30 países, dá algumas respostas eelenca perspectivas de como as segurado-ras podem fortalecer as relações com osseus clientes. Os resultados mostram queum modelo focado no cliente é um impera-tivo estratégico para a indústria e salien-tam os desafios que o mercado enfrentapara alcançá-lo.Foram identificadas no Survey 5 conclu-sões relevantes.1. Os baixos níveis de retenção e confian-ça nas seguradoras sugerem que existemproblemas no relacionamento com osclientes: É fundamental apostar na melho-ria da comunicação com o cliente e naoferta de produtos flexíveis que acompa-nhem a mudança nas suas necessidadesao longo do tempo.2. Mesmo quem recomenda pode não serleal: Ao contrário do que se seria de espe-rar, a probabilidade de um cliente manteruma apólice não apresenta uma forte cor-relação com a sua disponibilidade para re-comendar.3. As seguradoras têm tão poucas interac-ções com os clientes, que cada contacto tor-na-se crítico. Assim, as simples tarefas ad-ministrativas podem tornar-se num “momen-to da verdade”, podendo estes contactosmudar a percepção que os clientes têm dasseguradoras. Os inquéritos na sequência decampanhas publicitárias ou de promoção devendas de novas apólices ou de melhorescoberturas devem seruma prioridade.4. Os consumidores querem que as comu-nicações sejam mais frequentes e perso-nalizadas. 57% dos consumidores, em to-dos os tipos de produtos, preferem sercontactados no mínimo duas vezes porano. Hoje, apenas 47% recebem contactoscom essa frequência. Numa época em quemuitos consumidores sentem existir umasobrecarga de informação, é particular-mente interessante constatar que os con-sumidores de seguros querem ser contac-tados mais regularmente.5. Na era digital, as seguradoras devem re-definir as suas estratégias de distribuição eparcerias. As seguradoras devem ofereceruma combinação adequada de canais paramanter a relação com os seus clientes. Éfundamental a escolha de parceiros quepartilhem a mesma visão e compromissona satisfação do cliente.As expectativas dos actuais e futuros con-sumidores são desafiantes para o sectorsegurador, sendo necessária a transforma-ção em várias dimensões. A evolução es-tratégica e o aumento da competitividadeserão fundamentais para atingir os resulta-dos desejados.■

Relações fortescom os clientes

CARLA SÁ PEREIRA,

Manager, EY, Actuarial Services

OPINIÃO

“Temos que inovar todos os dias e ter a flexibilidade necessáriapara nos adaptarmos às diferentes necessidades dos clientes eao mercado”. A afirmação é de Teresa Mira Godinho, CEO daAllianz, 2ª seguradora global, e espelha uma das chaves do su-cesso da seguradora que em 2014 esteve focada em alterar a for-ma de pensar os produtos, a sua subscrição e gestão “tendo emconta o mundo digital e um tipo de clientes diferentes que que-remos ser capazes de captar e reter”, explica. A responsávelfrisa que na Allianz “a solvência e sustentabilidade de resulta-dos são uma prioridade”. Por isso, diz, “estamos a analisar eimplementar medidas no ramo de acidentes de trabalho quepermitam uma maior sustentabilidade desta linha de negócio”.Quanto a resultados, a Allianz cresceu no volume de prémiosVida e Não Vida e aumentou a base de clientes, agentes, escritó-rios e colaboradores. Teresa Mira Godinho frisa que em 2014, aseguradora continuou “a desenvolver a estratégia assente nocrescimento e solidificação da nossa base de mediadores” edestaca o lançamento da estratégia ‘full digital’, que, explica,“visa dotar a Allianz Portugal de ferramentas adaptadas à novarealidade digital nas suas mais variadas formas”. Esta é uma es-tratégia que se manterá em foco em 2015, ano em que a Allianzestará a preparar três lançamentos de novos produtos na áreaspatrimoniais e automóvel. ■ R.C.

A Ocidental ocupa o 2º lugar no seg-mento Vida e o 3º no Não Vida, doranking da produção de seguros porempresa do Instituto de Seguros dePortugaql (ISP). Fonte da seguradoradestaca que 2014 “será mais um anode crescimento em volume de NãoVida, reflectindo aquela que é uma dassuas estratégias: “crescer em NãoVida”, afirma Jan de Pooter, CEO.Neste segmento, a seguradora, com-prada em Junho pela Ageas, destaca oramo Automóvel, que em Setembro“apresentava um crescimento de pré-mios superior a 10%, face a igual pe-ríodo de 2013”. Realça ainda o com-

portamento da Médis, também detidaa 100% pela Ageas, que “continua acrescer e expandir os seus canais dedistribuição, atraindo novas parce-rias“, e revelando estar em prepara-ção a entrada “na gestão de subsiste-mas privados de saúde no início de2015”.No ramo Vida, Jan de Pooter ga-rante que a liderança e crescimentotêm “sido alcançados com sólidos rá-cios de solvência e obtenção de resul-tados bastante acima da nossa quota demercado natural”.De frisar que a Ocidental tem vindo aseguir desde 2011 uma agenda estraté-gica intitulada ‘Vision 2015’ de médio e

longo prazo assumida por toda a orga-nização e que que assenta em seis op-ções estratégicas: crescer em Não Vida;manter a liderança no segmento Vida;manter uma matriz identitária de altarentabilidade e custos controlados; ex-pandir as fontes de negócio; potenciaro enfoque no cliente; reforçar a culturaempresarial e aumentar o compromis-so de toda a organização. Uma estraté-gia que Jan de Pooter diz ter “resulta-dos tangíveis em 2014” e cuja imple-mentação “prosseguirá em 2015”. De-ferir o novo produto ‘Reforma Activa’,e o novo seguro Multirriscos HomeIn.■ R.C.

Ocidental quer crescerno segmento não vida

Teresa Mira Godimnho

CEO da Allianza diz que a seguradora

que solidificar a base de mediadores.

Allianz apostano mundo digital

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A Liberty Seguros, 5ª no ranking das seguradoras globais,terá um ano de 2015 “crucial”, “pela mudança da plata-forma de sistemas”, diz José de Sousa, CEO. É que, diz oresponsável, perante a conjuntura do país, “é preciso na-vegar à vista, fazer bem o trabalho de casa, modernizar aplataforma operativa e de sistemas, para poder encararcom optimismo o momento em que a economia arranque,e volte a aquecer”. É isso mesmo que a Liberty Seguros vaifazer, a par de “preservar negócio e reter clientes, dar umaboa resposta, e prestar um bom serviço”.O ano que vem (2015) será ainda para “revisitar o planoestratégico de longo prazo, ver as correções que são ne-cessárias, executá-las sem dó nem piedade”. É que, ga-rante José de Sousa, “preguiça e complacência, nos tem-pos que correm, são equivalente a uma sentença de mor-te”.O CEO da Liberty assume “um ligeiro crescimento,derivado da instabilidade que o mercado vive” e garantehaver “agentes e corretores que nos procuram, e trazemnegócios. Porém, confessa que “as margens ainda não sãoo que deveriam ser, ainda há ramos que requerem de umajustamento tarifário”, frisa. ■ R.C.

Liberty mudaplataforma

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VIII Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

Experimentamos na atualidade um contex-to com muitas alterações a diferentes ní-veis, que impactam naquilo que é a envol-vente dos seguros de saúde em Portugal.Os últimos anos de austeridade conduzi-ram, por um lado, a mudanças ao nível doServiço Nacional de Saúde (principalmen-te na procura da almejada sustentabilida-de) e, por outro, diminuíram a capacidadeeconómica dos consumidores e das em-presas.Neste contexto, e sendo o seguro de saú-de um produto de reconhecida importânciapara as famílias, verificou-se uma maiorprocura no segmento dos seguros de saú-de com uma menor cobertura de risco, econsequentemente com um menor prémio.Mas apesar de ainda haver alguma mar-gem para o aumento da eficiência da pres-tação de cuidados de saúde, a pressão so-bre os encargos com a saúde não iráabrandar, quer por via do envelhecimentoda população, quer pelo constante recursoa novas “tecnologias”.Os seguros de saúde deverão ter um papelcontributivo no sentido de rumar contraesta tendência, procurando dar mais co-bertura de risco e mais serviço aos consu-midores. Uma das medidas passará pormunir o consumidor com mais conheci-mento/informação:• potenciando-lhe um posicionamento maiscrítico acerca do procedimento clínico queirá realizar, em que unidade, com que mé-dico, e por que preço;• fomentando-lhe uma perspetiva de pre-venção e o seguimento de um estilo devida mais saudável;• possibilitando-lhe uma melhor gestão dasua condição de doente.Será natural que se desenvolvam novosseguros de saúde mais simples (contra-riando alguma complexidade corrente), as-sim como outros mais especializados naárea das doenças graves e das doençascrónicas, e poderão ser criadas as condi-ções para termos períodos contratuaismais duradouros (superiores a um ano).O movimento por parte de Seguradoras deaquisição (ou estabelecimento de parce-rias estratégicas) de unidades de saúdeprivadas de referência, poderá estimular oacesso preferencial a sub-redes de presta-ção de cuidados de saúde, o que tambémpoderá beneficiar o consumidor. ■

Os desafios dosseguros de saúde

SÉRGIO MELRO

Diretor Executivo de Desenvolvimento

Estratégico da AdvanceCare,

Gestão de Serviços de Saúde, S.A.

OPINIÃO

“A nossa estratégia está centrada no desenvolvimento de pro-dutos de vida risco a preços que possam abranger o maior nú-mero possível de clientes”, afirma António Castanho, presi-dente executivo da CA Vida, seguradora que ocupa o 4º lugar noranking Vida do Instituto de Seguros de Portugal e que esperaultrapassar a fasquia dos 300 milhões de euros de seguros sobgestão, num total de mais de 220 mil clientes. O responsável dizque a CA Vida está preocupada em “resolver os problemas reaisdas pessoas aquando da ocorrência de eventos que colocam emcausa a família, filhos e casa”. Em paralelo, aposta “em produ-tos com garantias muito direccionadas para as ocorrências deimpacto extremo para as quais o Estado e a sociedade em geralnão têm soluções”.Este é mesmo um dos segredos do sucesso da CA Vida, segura-dora procurada para poupanças. Aliás, António Castanho dizque, “como gestora de muitas poupanças”, a seguradora “temum capital de confiança muito significativo”, sendo de frisar ocrescimento de 15% dos seguros de capitalização. Importantereferir o alargamento das coberturas de saúde, como as doen-ças graves, intervenção cirúrgica, internamento, e problemasespecíficos das mulheres, como carcinoma ‘in situ’. “É umaadaptação bem percepcionada pelo cliente e que nos permiteestar mais próximo das suas necessidades”, diz. ■ R.C.

CA Vida focada nosprodutos de vida risco

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O ano de 2014 está a correr bem para a MAPFRE, “em linhacom o que tínhamos planeado”, afirma João Gama, direc-tor de marketing e comunicação da seguradoraA 5ª no segmento Não Vida, está a crescer globalmentemais de 16% face ao ano anterior. No ramo Vida o desem-penho “é assinalável”, devido ao crescimento de 38%. EmNão Vida, a MAPFRE está a crescer 4%. Este desempenho“é o resultado de um crescimento em todos os segmentose, naturalmente, da captação de novos clientes nas váriasáreas de negócio que exploramos”, assume João Gama,que frisa a implementação, no início de 2014, de um planode negócio a vários anos com o objectivo de reforçar “anossa posição no mercado português”. A ambição é “cres-cer e ter uma operação mais forte e rentável”. Para isso, aestratégia passa “por reforçar significativamente os pon-tos de venda e ajustar o processo comercial a um modelomulticanal”. Neste novo posicionamento, “o digital teráuma importância crescente”, revela.E se em 2014 o foco foi a actualização do portefólio para osegmento de particulares, em 2015, a MAPFRE vai “darespecial enfoque à área ‘corporate’”, revela. ■ R.C.

MAPFRE crescemais de 16%

Para a Real Vida Seguros, o ano 2014 “está a ser de um crescimento global muito inte-ressante, com a receita total processada a subir cerca de 90% para mais de 36 milhõesde euros”, informa Gonçalo Coutinho, presidente. O segmento que mais tem crescidoé o de produtos financeiros, seguido dos acidentes pessoais e dos seguros vida.Quanto à estratégia seguida pela seguradora, bem posicionada no ramo vida, este anofoi de reformulação e melhoria da oferta de seguros e produtos financeiros. Houveainda um reforço da equipa comercial e uma aposta importante no canal mediador.“Em 2015 vamos consolidar e aprofundar o trabalho desenvolvido em 2014”, frisouGonçalo Coutinho.No que respeita a novidades, o presidente da Real Vida Seguros diz que 2014 foi re-cheado de vários produtos inovadores e atractivos. Porém, a grande novidade é a es-pecialização em “produtos vida, acidentes pessoais e produtos financeiros. Somos aúnica seguradora com estas características e acreditamos que as mesmas constituemuma mais valia para os consumidores nacionais e contribuem para a competitividadedo mercado português”. ■ R.C.

Real Vida sobeem 90% a receita global

De acordo com o ranking do Institutode Seguros de Portugal sobre a pro-dução por empresa, o BPI Vida e Pen-sões liderava o segmento Vida tendoem conta os dados dos primeirosnove meses do ano. Já o ranking NãoVida é liderado pela Tranquilidade.No total da produção Vida e Não Vidaa líder é a Fidelidade. As três segura-doras foram contactadas pelo DiárioEconómido mas até à hora de fechonão responderam às perguntas.Quem também foi contactada semsucesso foi a Santander Totta Segu-ros, 3ª no ranking Vida e Não Vida. ■

Fidelidade,Tranquilidadee BPI lideram

ANTÓNIO CASTANHO

Presidente Executivo da CA Vida

“Como gestorade muitaspoupanças”,a seguradora“tem um capitalde confiança muitosignificativo”.

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X Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

O ranking do Instituto de Segu-ros de Portugal que organiza asremunerações dos corretores emediadores de resseguros con-firma a MDS como líder nestesector, tendo a empresa do uni-verso Sonae reforçado a suaquota de mercado de 11,7% para13,64%. O valor das remunera-ções em causa também subiucerca de 2,7 milhões de euros, ouseja, 22% face ao ano anterior.O segundo lugar da tabela pas-sou a ser ocupado pela AON Por-tugal, cuja quota passou de 7,7%para 11,35% e aumentou emmais de 4,3 milhões de euros.A multinacional liderada emPortugal por Pedro Penalva tro-cou, assim, de lugar com com aLuso-Atlântica, cujo CEO An-tónio Corrêa Figueira dizia, emJulho, ao Diário Económico,querer alcançar “ de novo” 70milhões de euros em volume denegócios em prémios cobradosde carteira sob gestão.No que respeita aos dados daAON, entre a primeira publica-ção do ranking e a sua revisãoem Setembro, houve uma redu-ção dos valores das remunera-

ções da AON em cerca de 604,8mil euros. A empresa, contudo,manteve a segunda posição eregistou uma subida de 53,45%das suas remunerações. A que-da dos dados apresentados in-fluenciou o montante total deremunerações auferidas pelosoperadores. Ainda assim, no to-tal, as 80 empresas analisadasem 2013 (em 2012 foram 86) vi-ram as suas remunerações glo-bais aumentar 4,28%, mais 4,5milhões de euros face a 2012.Os maiores crescimentos per-centuais face a 2012 vieram deempresas de dimensão um pou-co menor. É o caso da MSE -Corretores de Consultores deSeguros, que passou do 65º parao 26º posto da tabela com umcrescimento de 331%.Destaque ainda para o cresci-mento de 109% da Atlas Segu-ros, que passou a deter umaquota de mercado de 4,12%,face aos 2% de 2012. Esta subidadeveu-se à aquisição da Mari-nho da Cruz, DC Mediação deSeguros, Patris e Radical Segu-ros. A empresa passou do 15º lu-gar para o sétimo. ■

Remunerações decorretores valem mais4,5 milhões de euros

IRINA MARCELINO

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Dados do ‘ranking’ do Instituto de Seguros foram revistosem Setembro.

A líder em Portugal no sector doscorretores de seguro, MDS, vaicontinuar a crescer em 2014. Agarantia foi dada por José Ma-nuel Dias da Fonseca ao DiárioEconómico. O CEO do GrupoMDS afirmou ainda querer se-guir a mesma estratégia de sem-pre e que levou a empresa, quefoi fundada em 1984 pela Sonae,a crescer a dois dígitos nos últi-mos dois anos. Uma das suasopções de negócio passou pelaintegração de agentes em todo opaís, através da MDS Partners. Ainternacionalização tambémtem estado na sua lista de priori-dades. Além do Brasil, onde estáporque um dos seus accionistas ébrasileiro, a empresa entrou emAngola em 2013 e quer entrar emEspanha em 2015.

Qual é o tema que mais vos preo-cupa no segmento das corretorasde seguros em Portugal?A crise económica é segura-mente a maior condicionanteda nossa atividade. Afecta du-ramente as empresas e os parti-culares, atingindo o nível deactividade, criando sérios pro-blemas de cobrança e tesoura-

ria, transformando o preço naquase única variável de decisão,o que empobrece claramente aqualidade da forma como asempresas encaram os seguros eo risco.

A MDS continua a liderar oranking dos corretores/mediado-res de seguros em Portugal e su-biu bastante a sua remuneraçãoentre 2012 e 2013. O que motivouesta subida?A MDS é um grupo que, pelofacto de não estar focado numsó segmento de negócio, fezcom que durante os anos de cri-se continuasse a crescer a doisdígitos. Diversificamos produ-tos e mercados e o resultadocompensou. De 2012 para 2013continuámos a crescer e o mes-mo acontecerá em 2014.

Que estratégia vão continuar a se-guir no futuro próximo?A mesma. Reforçar a qualidade

de líder, consolidar os negóciosemergentes do grupo, conti-nuar a atrair grandes profissio-nais, continuar a investir emtecnologia e qualidade de infor-mação para o cliente. ■ I.M.

“A crise económicaé a maiorcondicionante danossa actividade”

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CEO do Grupo MDS garante que 2014será ano de crescimento.

1 MDS Corretores14.966.676 euros.Quota: 13,64%

2 AON Portugal12.450.886 euros.Quota: 11,35%

3 Marsh9.155.905 euros. Quota: 8,35%

4 Luso Atlântica8.910.514 euros. Quota: 8,12%

5 Villas-Boas ACP5.743.506 euros. Quota: 5,24%

6 Willis5.017.952 euros. Quota: 4,57%

7 Atlas Seguros4.516.298 euros. Quota: 4,12%

8 Costa Duarte3.911.274 euros. Quota: 3,57%

9 João Mata3.179.380 euros. Quota: 2,90%

10 RS - ReinsuranceSolutions2.784.163 euros. Quota: 2,54%

Top 10 dasremunerações

3 PERGUNTAS A JOSÉ MANUEL DIASDA FONSECA, MDS GROUP CHIEF EXECUTIVE

Ainda é prematuro analisar aquestão da crise da legionellacomo sendo do âmbito dasseguradoras. Pedro Penalva,CEO da AON, garante que “viráo momento em que tal seránecessário e mesmo inevitável”em “sede de responsabilidadecivil ou responsabilidadeambiental”. Sobre os seus efeitosadversos e disruptores, queestão a afectar várias empresas,Penalva defende a necessidadedas empresas investiremem planos de emergênciae continuidade de negócio.

>> CASO LEGIONELLA

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XII Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

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AssociaçõesAPROSE e ANACS vão juntar-se

IRINA MARCELINO

[email protected]

As duas associações que reunem mediadores ecorretores têm vindo a aproximar-se institu-cionalmente e partilham opiniões sobre os te-mas mais estruturantes da mediação de segu-ros. APROSE (Associação Portuguesa da Me-diação Profissional de Seguros) e ANACS (As-sociação Nacional de Agentes e Corretores deSeguros), que durante vários anos estiveramde costas voltadas, desenham agora umaaproximação. Os seus presidentes Luís Cer-vantes (LC) e David Pereira (DP) falam aoDiário Económico sobre a existência de “umaforte associação nacional”. “O nosso princi-pal objectivo passa pela unificação de associa-ções”, confirma David Pereira. Nas próximasassembleias gerais da ANACS e da APROSE,ainda em Novembro, serão ouvidos os asso-ciados e e discutidos os “princípios chave daaproximação”, conta Cervantes. O objectivo,revela ainda, é ter o processo concluído atéMarço de 2015.

A fusão está no horizonte?DP – Tudo está no horizonte, até a fusão, masesse será um passo que só poderá ser dado pe-los nossos associados e de conformidade comas deliberações da assembleia-geral. Masacredito que será esse o caminho que condu-zirá todos os mediadores e corretores profis-sionais a assumirem-se como uma grandeclasse profissional.LC – O formato jurídico irá depender da von-tade das assembleias gerais. Se seguirem asrecomendações das duas direcções, durante oprimeiro semestre do próximo ano teremosuma única associação.

O que preocupa actualmente os corretores e osmediadores portugueses?DP – Uma das grandes preocupações dos me-diadores e corretores de seguros, desde sem-pre, foi a melhoria permanente da sua ima-gem junto dos seus clientes e da sociedade em

ENTREVISTA DAVID PEREIRA,

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A Associação Portuguesada Mediação Profissionalde Seguros (APROSE)tem 195 associados e foifundada em 1976 e temsede no Porto. Presididapor Luís Cervantes,a APROSE representacorretores e agentesde seguros profissionais,responsáveise multisseguradora,deixando de foraos mediadores ligadose os agentes exclusivos.

APROSE

A Associação Nacionalde Agentes e Corretoresde Seguros foi fundadaem Junho de 1994e representa mediadoresde seguros em nomeindividual e colectivo,incluindo corretores deseguros. Tem hoje cercade 180 associados.A sua sede é em Lisboa.A direcção é actualmentepresidida por DavidPereira.

ANACS

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Quarta-feira 19 Novembro 2014 Diário Económico XIII

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de corretores vão juntar-senuma única associação. Mas para isso ainda têm de ouvir os seus associados no final do mês.

geral, enquanto mais valia, para estes, na re-lação com as seguradoras. Outra preocupaçãoé o aumento da sua qualidade técnica atravésda permanente formação dos seus quadros ecolaboradores. Por último, a preocupaçãocom a muito actual revisão da directiva [eu-ropeia] da Mediação de Seguros e da formacomo esta irá ser transposta para a legislaçãoportuguesa. Aumentar a protecção do consu-midor de seguros é uma das vertentes destadirectiva, que aplaudimos. Porém, não deve-rá ser esquecida, também, a defesa da media-ção profissional, devendo, também, ser umatónica constante.LC – Temos a questão profissionalização daactividade. Teremos que aproveitar a revisãopróxima da lei da mediação, no âmbito da re-visão da directiva europeia da mediação deseguros, para promover o mediador profis-sional e eliminar as categorias cujo volumede receita anual não seja suficiente para umaformação contínua ou para garantir um aten-dimento de qualidade aos clientes. A questãoda melhoria da produtividade, nomeada-mente através do aumento das transacçõesautomáticas e digitais entre a mediação e ascompanhias de seguros. Há ainda a questãoda credenciação do mediador. E a necessida-de de aumentar junto da sociedade o reco-nhecimento do mediador profissional. E fi-nalmente, o combate às práticas não concor-renciais, que não protegem os direitos doconsumidor, como por exemplo a venda for-ça de seguros vinculados aos produtos decrédito bancário. É fundamental deixar a li-berdade de escolha ao cliente sobre o media-dor de seguro a adoptar em qualquer cir-cunstância.

Existem medidas públicas que devem ser toma-das de forma imediata para beneficiar os corre-tores e os mediadores de seguros?DP – Achamos que sim. Uma das medidas quedeveria ser implementada e regulada é sobre aactuação das entidades bancárias e do seu de-sempenho enquanto mediadores de seguros.Todos os mediadores profissionais sentem napele a feroz e desigual concorrência que épraticada pela banca, uma vez que o ascen-dente que possuem sobre o cliente - não de-vemos esquecer que o cliente recorre à bancaem situação de dependência por necessidadede crédito - lhes permite agir como enten-dem, impondo os seus produtos, repito im-pondo, ao cliente. Este, regra geral, aceitaporque precisa do crédito, vendo-se coagido

a contratar os seus produtos, onde se incluemos seguros, e impedido de os rejeitar, sob penade lhe ver rejeitado o crédito. Isto tanto seaplica a empresas como particulares, e os me-diadores profissionais sabem do que falo.LC – Essencialmente deixar que a mediaçãoprofissional exerça a sua actividade nummercado onde o cliente tem liberdade deescolha para que em cada situação do seu ci-clo de vida possa optar por um agente, umasociedade de mediação, um corretor ou umbanco sem ser coagido ou obrigado a tomaruma decisão contrária à sua vontade por re-ceio de efeitos colaterais. A maioria de re-clamações que recebemos é de clientes que,não estando satisfeitos com o serviço pres-tado pelos bancos ao nível do pós-venda,querem mudar para um mediador e nãoconseguem.

O que acham que as empresas e a sociedade emgeral ainda não sabe sobre os corretores e osmediadores de seguros?DP – Acredito que as empresas, e os portugue-ses em geral, já possuem um grande conheci-mento da actividade da mediação e corretagemde seguros, porém, nunca é demais reforçar quedevem procurar o seu mediador, ou corretor,sempre que precisam dos seus serviços e ajuda,pois só estes estão preparados para os ajudarcomo verdadeiros profissionais que são.LC– sendo uma actividade que mostra toda asua capacidade no momento em que apoia ocliente na resolução do seu sinistro, a media-ção ainda tem um caminho a percorrer nosentido de aumentar a informação junto docliente sobre a forma de simplificar os passosque estes tem que percorrer quando necessi-tam accionar o seu seguro. ■

PRESIDENTE DA ANACS E LUÍS CERVANTES, PRESIDENTE DA APROSE

Sobre aconcorrênciada banca

>> “Uma das medidas quedeveria ser implementada eregulada é sobre a actuaçãodas entidades bancárias edo seu desempenhoenquanto mediadores deseguros. Todos osmediadores profissionaissentem na pele a feroz edesigual concorrência que épraticada pela banca”,afirma David Pereira.

>> “Deixar que a mediaçãoprofissional exerça a suaactividade num mercadoonde o cliente tem liberdadede escolha para que em cadasituação do seu ciclo de vidapossa optar por um agente,uma sociedade de mediação,um corretor ou um bancosem ser coagido ou obrigadoa tomar uma decisãocontrária à sua vontade porreceio de efeitos colaterais”,defende Luís Cervantes.

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XIV Diário Económico Quarta-feira 19 Novembro 2014

SEGUROS

A Aon tem vindo a crescer de formamuito significativa ao longo dos últimosanos em Portugal a uma taxa médiaanual de mais de 6%. E embora a com-ponente transaccional - corretagem deseguros - tenha ainda uma enorme rele-vância na actividade da corretora, aolongo dos últimos anos a Aon tem vindoa investir de forma “determinada” emampliar a sua presença na chamada “ca-deia de valor do risco”, disse Pedro Pe-nalva, CEO da AON, ao Diário Económi-co. “A Aon desenvolve para os seusclientes trabalhos e consultoria na áreada identificação, análise, determinaçãode impacto e mecanismos de mitigaçãodos riscos a que as organizações nossasclientes estão sujeitas”, explicou, acres-centando que, a fechar a cadeia de valor,“está o processo transaccional de trans-ferência de riscos para seguradoras ouresseguradoras”.O CEO da AON Portugal garantiu aindaque desde 2012 a empresa tem investido“fortemente” no “pilar de pessoas”. Estepilar passa pelo desenvolvimento de so-luções que “possibilitem aos nossosclientes gerir a reforma, a saúde, o ‘en-gagement’ e a motivação dos seus cola-boradores”.No que respeita à subida no ‘ranking’ doInstituto de Seguros de Portugal - a em-presa passou do 4º para o 2º lugar entre2012 e 2013, Pedro Penalva destaca que“tem a ver com o reconhecimento da re-ceita oriunda destas actividades de con-

sultoria, no quadro da elaboração doranking de corretores do ISP, o qual nopassado contabilizava apenas a receitaoriunda da nossa actividade transaccio-nal, consubstanciada em comissões”.No que respeita a estratégia, a Aon quercontinuar a investir de “forma determi-nada” em Portugal, no desenvolvimentodo “talento local, na transferência de co-nhecimento, na adopção de melhorespráticas, garantindo às empresas portu-guesas o acesso ao ‘state of the art’ emtecnologia e conhecimento para geriremriscos e pessoas”.Além disso, a empresa vai também apos-tar em modelos de distribuição alterna-tivos que, “fazendo uso das mais recen-tes tecnologias e modelos de distribui-ção, façam com que mais empresas, emesmo indivíduos, tenham acesso aosnossos produtos e soluções”, explica Pe-dro Penalva.No que respeita aos temas que maispreocupam a empresa actualmente, oCEO da Aon refere os desafios que seperspectivam para as empresas portu-guesas, e que passam pelo “crescimentonum quadro macroeconómico desafian-te, a inovação, enquanto forma de ga-rantir uma capacidade competitiva euma diferenciação sustentável no mer-cado, a internacionalização e ainda ofacto de vivermos num ambiente marca-do pelo risco, pela incerteza e pela vola-tilidade, nas suas mais diversas formas”.■ I.M.

Pedro Penalva, CEO da AON Portugal.

AON cresce a taxa médiaanual de 6% ao ano

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Empresa liderada em Portugal por Pedro Penalva querapostar em modelos de distribuição alternativos.

Diversificar a actividade para áreas me-nos tradicionais, por forma a apoiar osclientes nos desafios que hoje enfrentamé um dos grandes objectivos da Marsh,corretora que está em terceiro lugar noranking das renumerações dos correto-res e mediadores de resseguros do Insti-tuto de Seguros de Portugal (ISP). LuísGomes, director de Lisboa da Marsh Por-tugal, garantiu ao Diário Económico queo que motivou esta subida foi a “tendên-cia para o crescimento de novo negócio,

bem como a retenção de clientes na nos-sa carteira”, que em 2013 esteve nos92%.Outro factor a considerar para esta subi-da, disse ainda, foi “a preocupação dasempresas para implementarem umagestão de riscos eficaz, o que se transmi-te na procura de outros ramos de segurosque não apenas os obrigatórios”.De acordo com os dados do ISP, o valordas renumerações da Marsh subirammais de 411 mil euros entre 2012 e 2013, oque significa um aumento de 4,71% novalor. A quota de mercado também su-biu, ainda que ligeiramente, passando de8,3% para 8,35%

De acordo com o responsável, a principalestratégia da Marsh passa por ser “umaempresa cada vez mais focada e atenta àsnecessidades dos nossos clientes”, con-tinuando a trabalhar para “oferecer ser-viços e soluções inovadoras”.Presente em mais de 100 países, Espa-nha, Reino Unido, Estados Unidos e Bra-sil são as geografias mais representativasna actividade internacional da Marsh. Amultinacional faz parte do grupo Marsh& McLennan Companies. A forte pre-sença mundial tem permitido à Marshacompanhar e dar apoio aos seus clientesem áreas como a internacionalização,que tem riscos específicos “e que se nãoforem bem geridos podem colocar emcausa grandes investimentos”, disse, emJulho, fonte oficial da Marsh ao DiárioEconómico.Esta é uma das áreas onde a corretoraestá mais atenta. Mas não só. A empresatem também apostado em grandes áreasde especialização, como é o caso da ges-tão de sinistros, do risco de crédito e dasáreas de ‘finantial institutions & profes-sional liabilies’, conhecidas comoFINPRO. Em 2013, e para fazer face á cri-se, a Marsh alargou o leque de serviços eprodutos e reforçou a oferta em áreasgrandes áreas de especialização. A cor-retora lançou ainda novidades na área dorisco de crédito & político, e seguro deresponsabilidade civil para administra-dores e financeiros (’directors & offi-cers’), além de responsabilidade am-biental. ■ I.M. com R.C.

A empresa tem apostadoem grandes áreasde especialização, comoé o caso da gestãode sinistros, riscode crédito e FINPRO.

Luís Gomes, director de Lisboa

da Marsh Portugal.

Marsh tem quota demercado de 8,35%

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Subida de remunerações da Marsh deveu-se à procuradas empresas por mais do que os seguros obrigatórios.