diretrizes nacionais para a educao especial na educao basica

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    Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na

    Educao Bsica

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    Presidente da RepblicaFernando Henrique Cardoso

    Ministro da Educao

    Paulo Renato Souza

    Secretrio Executivo

    Luciano Oliva Patrcio

    Secretria de Educao EspecialMarilene Ribeiro dos Santos

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    Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na

    Educao Bsica

    MINISTRIO DA EDUCAOSECRETARIA DE EDUCAO ESPECIAL

    2001

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    BRASIL. Ministrio da Educao.Diretrizes nacionais para a educao especial naeducao bsica / Secretaria de Educao Especial MEC; SEESP, 2001.79 p.

    1. Educao Especial 2. Educao Bsica3. Diretrizes Nacionais. I. Ttulo

    CDU 376

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    Sumrio Sumrio

    APRESENTAOMinistro Paulo Renato Souza.......................................................... 5

    PARECER CNE/CEB N 17/2001 .................................................... 7

    I Relatrio .....................................................................................71. A organizao dos sistemas de ensino para o

    atendimento aos alunos que apresentamnecessidades educacionais especiais ................................91. Fundamentos .................................................................... 92. A poltica educacional ....................................................193. Princpios ........................................................................234. Construindo a incluso na rea educacional ................ 27

    4.1 No mbito poltico .................................................294.2 No mbito tcnico-cientfico .................................314.3 No mbito pedaggico .........................................334.4 No mbito administrativo ...................................... 36

    2. Operacionalizao pelos sistemas de ensino ...................38

    1. O locus dos servios de educao especial ..............412. Alunos atendidos pela educao especial ....................433. Implantao e implementao dos servios

    de educao especial ...................................................464. Organizao do atendimento na rede regular

    de ensino ....................................................................... 464.1 Organizao das classes comuns .......................474.2 Servios de apoio pedaggico especializado.....504.3 Classe especial.....................................................52

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    5. Organizao do atendimento em escola especial ....... 546. Etapas de escolarizao de alunos com

    necessidades especiais em qualquerespao escolar ..............................................................56

    7. Currculo .........................................................................578. Terminalidade especfica .............................................. 589. A educao profissional do aluno com

    necessidades educacionais especiais ......... ...............60

    II Voto dos Relatores..................................................................61

    III Deciso da Cmara ...............................................................62IV Referncias Bibliogrficas .................................................... 63RESOLUO CNE/CEB N 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 ...68

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    Apresentao Apresentao

    A educao o principal alicerce da vida social. Ela trans-mite e amplia a cultura, estende a cidadania, constri saberes parao trabalho. Mais do que isso, ela capaz de ampliar as margensda liberdade humana, medida que a relao pedaggica adote,como compromisso e horizonte tico-poltico, a solidariedade e aemancipao.

    No desempenho dessa funo social transformadora, quevisa construo de um mundo melhor para todos, a educaoescolar tem uma tarefa clara em relao diversidade humana:trabalh-la como fator de crescimento de todos no processoeducativo. Se o nosso sonho e o nosso empenho so por uma so-ciedade mais justa e livre, precisamos trabalhar desde a escola oconvvio e valorizao das diferenas, base para uma verdadeiracultura de paz.

    Em todo o mundo, durante muito tempo, odiferente foi co-locado margem da educao: o aluno com deficincia, particu-larmente, era atendido apenas em separado ou ento simplesmenteexcludo do processo educativo, com base em padres de norma-

    lidade; a educao especial, quando existente, tambm mantinha-se apartada em relao organizao e proviso de servios edu-cacionais.

    frente do Ministrio da Educao, estamos trabalhandopara ter toda criana na escola e para assegurar uma boa escolapara todos . Integrando-se a esse processo, as Diretrizes Nacio-nais para a Educao Especial na Educao Bsica, institudas

    pela Resoluo n 02/2001, da Cmara de Educao Bsica doConselho Nacional de Educao, vm representar ao mesmo tem-

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    po um avano na perspectiva da universalizao do ensino e ummarco fundacional quanto ateno diversidade na educaobrasileira.

    A adoo do conceito de necessidades educacionais es-

    peciais e do horizonte da educao inclusiva implica mudanassignificativas. Em vez de se pensar no aluno como a origem de umproblema, exigindo-se dele um ajustamento a padres de normali-dade para aprender com os demais, coloca-se para os sistemasde ensino e para as escolas o desafio de construir coletivamenteas condies para atender bem diversidade de seus alunos.

    Concretamente, esse construir junto requer disposio para

    dialogar, aprender, compartilhar e trabalhar de maneira integradano processo de mudana da gesto e da prtica pedaggica. Issoquer dizer que o caminho da mudana tambm deve ser inclusivo,no se restringindo s instncias educacionais da Unio, Estados,Distrito Federal e Municpios, tampouco aos setores responsveispela Educao Especial nas diferentes esferas. Alm da articula-o em nvel de governo, toda a comunidade escolar - alunos que

    apresentem ou no necessidades especiais, professores, famlias,direo da escola, funcionrios - bem como as entidades de pes-soas com deficincia, as instituies de ensino superior e de pes-quisa, os meios de comunicao, as organizaes no-governa-mentais e outros segmentos da sociedade devem interagir nesseprocesso.

    Estamos certos de que participar do processo educativojuntamente com os demais alunos contando com os servios erecursos especiais necessrios um direito dos alunos que apre-sentam necessidades educacionais especiais. Empreender astransformaes necessrias para que essa educao inclusiva setorne realidade nas escolas brasileiras uma tarefa de todos.

    PAULO RENATO SOUZAMinistro da Educao

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    ParecerCNE/CEB N 17/2001

    I - RELATRIO

    A edio de Diretrizes Nacionais envolve estudosabrangentes relativos matria que, no caso, a Educao Espe-cial. Muitas interrogaes voltam-se para a pesquisa sobre o as-sunto; sua necessidade, sua incidncia no mbito da Educao edo Ensino, como atendimento clientela constituda de portadoresde deficincias detectveis nas mais diversas reas educacionais,polticas e sociais.

    Como base para o presente relatrio e decorrente produo

    de parecer foram utilizadas, alm de ampla bibliografia, diversosestudos oferecidos Cmara da Educao Bsica do ConselhoNacional de Educao, entre outros, os provenientes do Frum dosConselhos Estaduais de Educao, do Conselho Nacional de Se-cretrios Estaduais de Educao e, com nfase, os estudos e tra-balhos realizados pela Secretaria de Educao Especial do Minis-trio da Educao.

    Dentre os principais documentos que formaram o substratodocumental do parecer sobre a Educao Especial citam-se:

    1 - Proposta de Incluso de Itens ou Disciplina acerca dosPortadores de Necessidades Especiais nos currculos dos cursosde 1 e 2 graus (sic.)

    2 - Outros estudos:a) Desafios para a Educao Especial frente Lei de Dire-

    trizes e Bases da Educao Nacional;b) Formao de Professores para a Educao Inclusiva;

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    c) Recomendaes aos Sistemas de Ensino ; e,d) Referenciais para a Educao Especial .O presente Parecer resultado do conjunto de estudos pro-

    venientes das bases, onde o fenmeno vivido e trabalhado.

    De modo particular, foi o documento Recomendaes aos Sistemas de Ensino que configurou a necessidade e a urgnciada elaborao de normas, pelos sistemas de ensino e educao,para o atendimento da significativa populao que apresenta ne-cessidades educacionais especiais.

    A elaborao de projeto preliminar de Diretrizes Nacionaispara a Educao Especial na Educao Bsica havia sido discuti-da por diversas vezes, no mbito da Cmara de Educao Bsicado Conselho Nacional de Educao, para a qual foi enviado o do-cumento Referenciais para a Educao Especial. Aps essesestudos preliminares, a Cmara de Educao Bsica decidiu reto-mar os trabalhos, sugerindo que esse documento fosse encami-nhado aos sistemas de ensino de todo o Brasil, de modo que suasorientaes pudessem contribuir para a normatizao dos servi-os previstos nos Artigos 58, 59 e 60, do Captulo V, da Lei deDiretrizes e Bases da Educao Nacional - LDBEN.

    Isto posto, tem agora a Cmara de Educao Bsica os ele-mentos indispensveis para analisar, discutir e sintetizar o conjun-to de estudos oferecidos pelas diversas instncias educacionaismencionadas. Com o material assim disposto, tornou-se possvel,

    atendendo aos Referenciais para a Educao Especial 1

    , elabo-rar o texto prprio para a edio das Diretrizes Nacionais para aEducao Especial na Educao Bsica, em dois grandes temas:

    1 Com base nos Referenciais para a Educao Especial , devem ser feitas nestaintroduo algumas recomendaes aos sistemas de ensino e educao:

    1. Implantar a educao especial em todas as etapas da educao bsica;2. Prover a rede pblica dos meios necessrios e suficientes para essa modalida-de;

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    a) TEMA I: A Organizao dos Sistemas de Ensino para oAtendimento ao Aluno que Apresenta Necessidades Edu-cacionais Especiais; e

    b) TEMA II: A Formao do Professor.

    O tema II, por ser parte da competncia da Cmara de Edu-cao Superior do Conselho Nacional de Educao (CES/CNE), foiencaminhado quela Cmara encarregada de elaborar as diretri-zes para a formao de professores.

    1. A ORGANIZAO DOS SISTEMAS DE ENSINO PARA OATENDIMENTO AO ALUNO QUE APRESENTA NECESSI-DADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

    1. Fundamentos

    A Educao Especial, como modalidade da educao esco-lar, organiza-se de modo a considerar uma aproximao sucessi-va dos pressupostos e da prtica pedaggica social da educao

    3. Estabelecer polticas efetivas e adequadas implantao da educao espe-cial;4. Orientar acerca de flexibilizaes/adaptaes dos currculos escolares;

    5. Orientar acerca da avaliao pedaggica e do fluxo escolar de alunos com ne-cessidades educacionais especiais;6. Estabelecer aes conjuntas com as instituies de educao superior para aformao adequada de professores;7. Prever condies para o atendimento extraordinrio em classes especiais ou emescolas especiais;8. Fazer cumprir o Decreto Federal n 2.208/97, no tocante educao profissionalde alunos com necessidades educacionais especiais [ posteriormente, o Conselho Nacional de Educao aprovou o Parecer CNE/CEB no. 16/99 e a Resoluo CNE/ CEB no. 4/99 ];9. Estabelecer normas para o atendimento aos superdotados; e10. Atentar para a observncia de todas as normas de educao especial.

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    inclusiva, a fim de cumprir os seguintes dispositivos legais e polti-co-filosficos:

    1.1 - Constituio Federal, Ttulo VIII, da ORDEM SOCIAL:

    Artigo 208:III Atendimento educacional especializado aos portadores

    de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino;IV - 1 - O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito

    pblico e subjetivo.V Acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa

    e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um;

    Artigo 227:II - 1 - Criao de programas de preveno e atendimento

    especializado para os portadores de deficincia fsica, sensorialou mental, bem como de integrao social do adolescente porta-dor de deficincia, mediante o treinamento para o trabalho e a con-vivncia, e a facilitao do acesso aos bens e servios coletivos,com a eliminao de preconceitos e obstculos arquitetnicos.

    2 - A lei dispor normas de construo dos logradouros edos edifcios de uso pblico e de fabricao de veculos de trans-porte coletivo, a fim de garantir acesso adequado s pessoas por-tadoras de deficincia.

    1.2 - Lei n 10.172/01. Aprova o Plano Nacional de Educaoe d outras providncias.

    O Plano Nacional de Educao estabelece vinte e sete obje-tivos e metas para a educao das pessoas com necessidadeseducacionais especiais. Sinteticamente, essas metas tratam:

    do desenvolvimento de programas educacionais em to-dos os municpios inclusive em parceria com as reasde sade e assistncia social visando ampliao da

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    oferta de atendimento desde a educao infantil at aqualificao profissional dos alunos;

    das aes preventivas nas reas visual e auditiva at ageneralizao do atendimento aos alunos na educao

    infantil e no ensino fundamental; do atendimento extraordinrio em classes e escolas es-peciais ao atendimento preferencial na rede regular deensino; e

    da educao continuada dos professores que esto emexerccio formao em instituies de ensino superior.

    1.3 - Lei n 853/89. Dispe sobre o apoio s pessoas comdeficincias, sua integrao social, assegurando o pleno exercciode seus direitos individuais e sociais.

    1.4 - Lei n 8.069/90. Dispe sobre o Estatuto da Criana e doAdolescente.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente, entre outras deter-

    minaes, estabelece, no 1 o do Artigo 2o: A criana e o adolescente portadores de deficinciasrecebero atendimento especializado.

    O ordenamento do Artigo 5o contundente: Nenhuma criana ou adolescente ser objeto de qual-

    quer forma de negligncia, discriminao, violncia, cru-eldade e opresso, punido na forma da lei qualquer aten-

    tado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamen-tais.

    1.5 - Lei n 9.394/96. Estabelece as diretrizes e bases daeducao nacional.

    Art. 4, III atendimento educacional especializado aosportadores de deficincia, preferencialmente na rede re-gular de ensino.

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    Art. 58. Entende-se por educao especial, para os efei-tos desta lei, a modalidade de educao escolar, ofere-cida preferencialmente na rede regular de ensino, paraeducandos portadores de necessidades especiais. 1 Haver, quando necessrio, servios de apoio espe-cializado, na escola regular, para atender s peculiarida-des da clientela de educao especial. 2 O atendimento educacional ser feito em classes,escolas ou servios especializados, sempre que, em fun-o das condies especficas dos alunos, no for pos-svel a sua integrao nas classes comuns de ensino re-

    gular. 3 A oferta de educao especial, dever constitucionaldo Estado, tem incio na faixa etria de zero a seis anos,durante a educao infantil.

    Art. 59. Os sistemas de ensino asseguraro aoseducandos com necessidades especiais:

    I currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos eorganizao especficos, para atender s suas necessi-dades;II terminalidade especfica para aqueles que no pude-rem atingir o nvel exigido para a concluso do ensinofundamental, em virtude de suas deficincias, e acelera-o para concluir em menor tempo o programa escolar

    para os superdotados;III professores com especializao adequada emnvel mdio ou superior, para atendimento especializa-do, bem como professores do ensino regular capacita-dos para a integrao desses educandos nas classescomuns;IV educao especial para o trabalho, visando a suaefetiva integrao na vida em sociedade, inclusive con-dies adequadas para os que no revelarem capacida-

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    de de insero no trabalho competitivo, mediante articu-lao com os rgos oficiais afins, bem como para aque-les que apresentam uma habilidade superior nas reasartstica, intelectual ou psicomotora;

    V acesso igualitrio aos benefcios dos programas so-ciais suplementares disponveis para o respectivo nveldo ensino regular.

    Art. 60. Os rgos normativos dos sistemas de ensinoestabelecero critrios de caracterizao das instituiesprivadas sem fins lucrativos, especializadas e com atua-o exclusiva em educao especial, para fins de apoiotcnico e financeiro pelo Poder Pblico.Pargrafo nico. O Poder Pblico adotar, como alterna-tiva preferencial, a ampliao do atendimento aoseducandos com necessidades especiais na prpria redepblica regular de ensino, independentemente do apoios instituies previstas neste artigo.

    1.6 - Decreto n 3.298/99. Regulamenta a Lei n 7.853/89,que dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da PessoaPortadora de Deficincia, consolida as normas de proteo e doutras providncias.

    1.7 - Portaria MEC n 679/99. Dispe sobre os requisitos deacessibilidade a pessoas portadoras de deficincias para instruir

    processos de autorizao e de reconhecimento de cursos e decredenciamento de instituies.

    1.8 - Lei n 10.098/00. Estabelece normas gerais e critriosbsicos para promoo da acessibilidade das pessoas portadoras

    de deficincia ou com mobilidade reduzida e d outras provi-dncias.

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    1.9 - Declarao Mundial de Educao para Todos e Decla-rao de Salamanca.

    O Brasil fez opo pela construo de um sistema educacio-nal inclusivo ao concordar com a Declarao Mundial de Educa-

    o para Todos, firmada em Jomtien, na Tailndia, em 1990, e aomostrar consonncia com os postulados produzidos em Salamanca(Espanha, 1994) na Conferncia Mundial sobre Necessidades Edu-cacionais Especiais: Acesso e Qualidade.

    Desse documento, ressaltamos alguns trechos que criam asjustificativas para as linhas de propostas que so apresentadasneste texto 2 :

    todas as crianas, de ambos os sexos, tm direito fun-damental educao e que a ela deva ser dada a opor-tunidade de obter e manter nvel aceitvel de conheci-mento;

    cada criana tem caractersticas, interesses, capacida-des e necessidades de aprendizagem que lhe so pr-prios;

    os sistemas educativos devem ser projetados e os pro-gramas aplicados de modo que tenham em vista todagama dessas diferentes caractersticas e necessidades;

    as pessoas com necessidades educacionais especiaisdevem ter acesso s escolas comuns que deverointegr-las numa pedagogia centralizada na criana, ca-

    paz de atender a essas necessidades;

    2 O documento ir se referir necessidades educativas especiais como necessi-dades educacionais especiais, adotando a proposta de Mazzotta (1998), de subs-tituir educativa por educacional. Do mesmo modo, considerando que a tradu-o do documento original de Salamanca deve ser adaptada terminologia edu-cacional brasileira, tomamos a liberdade de alterar as expresses integrada ouintegradora por inclusiva, assim como adequamos as referncias s etapas daeducao bsica (primrio e secundrio por fundamental e mdio).

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    adotar com fora de lei ou como poltica, o princpio daeducao integrada que permita a matrcula de todas ascrianas em escolas comuns, a menos que haja razesconvincentes para o contrrio;

    ... Toda pessoa com deficincia tem o direito de mani-festar seus desejos quanto a sua educao, na medidade sua capacidade de estar certa disso. Os pais tm odireito inerente de serem consultados sobre a forma deeducao que melhor se ajuste s necessidades, circuns-tncias e aspiraes de seus filhos [ Nesse aspecto lti- mo, por acrscimo nosso, os pais no podem incorrer

    em leso ao direito subjetivo educao obrigatria, ga- rantido no texto constitucional ];

    As polticas educacionais devero levar em conta as di-ferenas individuais e as diversas situaes. Deve serlevada em considerao, por exemplo, a importncia dalngua de sinais como meio de comunicao para os sur-dos, e ser assegurado a todos os surdos acesso ao ensi-no da lngua de sinais de seu pas. Face s necessida-des especficas de comunicao de surdos e de surdos-cegos, seria mais conveniente que a educao lhes fos-se ministrada em escolas especiais ou em classes ouunidades especiais nas escolas comuns;

    ... desenvolver uma pedagogia centralizada na criana,capaz de educar com sucesso todos os meninos e meni-nas, inclusive os que sofrem de deficincias graves. Omrito dessas escolas no est s na capacidade de dis-pensar educao de qualidade a todas as crianas; comsua criao, d-se um passo muito importante para ten-tar mudar atitudes de discriminao, criar comunidadesque acolham a todos...;

    ... que todas as crianas, sempre que possvel, possamaprender juntas, independentemente de suas dificulda-

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    des e diferenas... as crianas com necessidades edu-cacionais especiais devem receber todo apoio adicionalnecessrio para garantir uma educao eficaz. ... de-ver ser dispensado apoio contnuo, desde a ajuda mni-

    ma nas classes comuns at a aplicao de programassuplementares de apoio pedaggico na escola, amplian-do-os, quando necessrio, para receber a ajuda de pro-fessores especializados e de pessoal de apoio externo;

    ... A escolarizao de crianas em escolas especiais ou classes especiais na escola regular deveria ser umaexceo, s recomendvel naqueles casos, pouco fre-qentes, nos quais se demonstre que a educao nasclasses comuns no pode satisfazer s necessidadeseducativas ou sociais da criana, ou quando necessriopara o bem estar da criana... ... nos casos excepcio-nais, em que seja necessrio escolarizar crianas emescolas especiais, no necessrio que sua educaoseja completamente isolada.

    Devero ser tomadas as medidas necessrias para con-seguir a mesma poltica integradora de jovens e adultoscom necessidades especiais, no ensino secundrio esuperior, assim como nos programas de formao profis-sional;

    assegurar que, num contexto de mudana sistemtica,os programas de formao do professorado, tanto inicialcomo contnua, estejam voltados para atender s neces-sidades educacionais especiais nas escolas...;

    Os programas de formao inicial devero incutir emtodos os professores da educao bsica uma orienta-o positiva sobre a deficincia que permita entender oque se pode conseguir nas escolas com servios locais

    de apoio. Os conhecimentos e as aptides requeridosso basicamente os mesmos de uma boa pedagogia, isto

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    , a capacidade de avaliar as necessidades especiais,de adaptar o contedo do programa de estudos, de re-correr ajuda da tecnologia, de individualizar os proce-dimentos pedaggicos para atender a um maior nmero

    de aptides... Ateno especial dever ser dispensada preparao de todos os professores para que exeramsua autonomia e apliquem suas competncias na adap-tao dos programas de estudos e da pedagogia, a fimde atender s necessidades dos alunos e para que cola-borem com os especialistas e com os pais;

    A capacitao de professores especializados dever serreexaminada com vista a lhes permitir o trabalho em dife-rentes contextos e o desempenho de um papel-chave nosprogramas relativos s necessidades educacionais es-peciais. Seu ncleo comum deve ser um mtodo geralque abranja todos os tipos de deficincias, antes de seespecializar numa ou vrias categorias particulares dedeficincia;

    o acolhimento, pelas escolas, de todas as crianas, in-dependentemente de suas condies fsicas, intelectu-ais, sociais, emocionais, lingsticas ou outras (necessi-dades educativas especiais);

    uma pedagogia centralizada na criana, respeitandotanto a dignidade como as diferenas de todos os alu-

    nos; uma ateno especial s necessidades de alunos comdeficincias graves ou mltiplas, j que se assume teremeles os mesmos direitos, que os demais membros dacomunidade, de virem a ser adultos que desfrutem deum mximo de independncia. Sua educao, assim,dever ser orientada nesse sentido, na medida de suas

    capacidades; os programas de estudos devem ser adaptados s ne-

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    cessidades das crianas e no o contrrio, sendo que asque apresentarem necessidades educativas especiaisdevem receber apoio adicional no programa regular deestudos, ao invs de seguir um programa de estudos di-

    ferente; os administradores locais e os diretores de estabeleci-mentos escolares devem ser convidados a criar procedi-mentos mais flexveis de gesto, a remanejar os recursospedaggicos, diversificar as opes educativas, estabe-lecer relaes com pais e a comunidade;

    o corpo docente, e no cada professor, dever partilhara responsabilidade do ensino ministrado a crianas comnecessidades especiais;

    as escolas comuns, com essa orientao integradora,representam o meio mais eficaz de combater atitudesdiscriminatrias, de criar comunidades acolhedoras, cons-truir uma sociedade integradora e dar educao para to-dos; alm disso, proporcionam uma educao efetiva maioria das crianas e melhoram a eficincia e, certa-mente, a relao custo benefcio de todo o sistemaeducativo;

    A incluso de alunos com necessidades educacionaisespeciais, em classes comuns, exige que a escola regu-lar se organize de forma a oferecer possibilidades objeti-

    vas de aprendizagem, a todos os alunos, especialmentequeles portadores de deficincias.Esses dispositivos legais e poltico-filosficos possibilitam

    estabelecer o horizonte das polticas educacionais, de modo quese assegure a igualdade de oportunidades e a valorizao da di-versidade no processo educativo. Nesse sentido, tais dispositivosdevem converter-se em um compromisso tico-poltico de todos,

    nas diferentes esferas de poder, e em responsabilidades bem de-finidas para sua operacionalizao na realidade escolar.

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    2. A poltica educacional

    Percorrendo os perodos da histria universal, desde os maisremotos tempos, evidenciam-se teorias e prticas sociais

    segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao saber. Poucos podi-am participar dos espaos sociais nos quais se transmitiam e secriavam conhecimentos. A pedagogia da excluso tem origens re-motas, condizentes com o modo como esto sendo construdas ascondies de existncia da humanidade em determinado momen-to histrico.

    Os indivduos com deficincias, vistos como doentes e in-capazes, sempre estiveram em situao de maior desvantagem,ocupando, no imaginrio coletivo, a posio de alvos da caridadepopular e da assistncia social, e no de sujeitos de direitos soci-ais, entre os quais se inclui o direito educao. Ainda hoje, cons-tata-se a dificuldade de aceitao do diferente no seio familiar esocial, principalmente do portador de deficincias mltiplas e gra-ves, que na escolarizao apresenta dificuldades acentuadas deaprendizagem.

    Alm desse grupo, determinados segmentos da comunida-de permanecem igualmente discriminados e margem do sistemaeducacional. o caso dos superdotados, portadores de altas ha-bilidades, brilhantes e talentosos que, devido a necessidades emotivaes especficas incluindo a no aceitao da rigidezcurricular e de aspectos do cotidiano escolar so tidos por mui-tos como trabalhosos e indisciplinados, deixando de receber osservios especiais de que necessitam, como por exemplo o enri-quecimento e aprofundamento curricular. Assim, esses alunosmuitas vezes abandonam o sistema educacional, inclusive por di-ficuldades de relacionamento.

    Outro grupo que comumente excludo do sistema educaci-

    onal composto por alunos que apresentam dificuldades de adap-tao escolar por manifestaes condutuais peculiares de

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    sndromes e de quadros psicolgicos, neurolgicos ou psiquitri-cos que ocasionam atrasos no desenvolvimento, dificuldades acen-tuadas de aprendizagem e prejuzo no relacionamento social.

    Certamente, cada aluno vai requerer diferentes estratgias

    pedaggicas, que lhes possibilitem o acesso herana cultural,ao conhecimento socialmente construdo e vida produtiva, con-dies essenciais para a incluso social e o pleno exerccio dacidadania. Entretanto, devemos conceber essas estratgias nocomo medidas compensatrias e pontuais, e sim como parte deum projeto educativo e social de carter emancipatrio e global.

    A construo de uma sociedade inclusiva um processo defundamental importncia para o desenvolvimento e a manutenode um Estado democrtico. Entende-se por incluso a garantia, atodos, do acesso contnuo ao espao comum da vida em socieda-de, sociedade essa que deve estar orientada por relaes de aco-lhimento diversidade humana, de aceitao das diferenas indi-viduais, de esforo coletivo na equiparao de oportunidades dedesenvolvimento, com qualidade, em todas as dimenses da vida.

    Como parte integrante desse processo e contribuio essen-cial para a determinao de seus rumos, encontra-se a inclusoeducacional.

    Um longo caminho foi percorrido entre a excluso e a inclu-so escolar e social. At recentemente, a teoria e a prtica domi-nantes relativas ao atendimento s necessidades educacionais

    especiais de crianas, jovens e adultos, definiam a organizaode escolas e de classes especiais, separando essa populao dosdemais alunos. Nem sempre, mas em muitos casos, a escola es-pecial desenvolvia-se em regime residencial e, conseqentemen-te, a criana, o adolescente e o jovem eram afastados da famlia eda sociedade. Esse procedimento conduzia, invariavelmente, a umaprofundamento maior do preconceito.

    Essa tendncia, que j foi senso comum no passado, refor-ava no s a segregao de indivduos, mas tambm os precon-

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    ceitos sobre as pessoas que fugiam do padro de normalidade,agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas de ensino paracom essa parcela da populao, assim como pelas omisses e/ouinsuficincia de informaes acerca desse alunado nos cursos de

    formao de professores. Na tentativa de eliminar os preconceitose de integrar os alunos portadores de deficincias nas escolascomuns do ensino regular, surgiu o movimento de integrao es-colar.

    Esse movimento caracterizou-se, de incio, pela utilizao dasclasses especiais (integrao parcial) na preparao do alunopara a integrao total na classe comum. Ocorria, com freqn-cia, o encaminhamento indevido de alunos para as classes espe-ciais e, conseqentemente, a rotulao a que eram submetidos.

    O aluno, nesse processo, tinha que se adequar escola,que se mantinha inalterada. A integrao total na classe comum sera permitida para aqueles alunos que conseguissem acompanharo currculo ali desenvolvido. Tal processo, no entanto, impedia quea maioria das crianas, jovens e adultos com necessidades espe-ciais alcanassem os nveis mais elevados de ensino. Eles engros-savam, dessa forma, a lista dos excludos do sistema educacional.

    Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-se di-ferentemente acerca das necessidades educacionais de alunos. Aruptura com a ideologia da excluso proporcionou a implantaoda poltica de incluso, que vem sendo debatida e exercitada em

    vrios pases, entre eles o Brasil. Hoje, a legislao brasileiraposiciona-se pelo atendimento dos alunos com necessidades edu-cacionais especiais preferencialmente em classes comuns dasescolas, em todos os nveis, etapas e modalidades de educao eensino.

    A educao tem hoje, portanto, um grande desafio: garantiro acesso aos contedos bsicos que a escolarizao deve pro-

    porcionar a todos os indivduos inclusive queles com necessi-dades educacionais especiais, particularmente alunos que apre-

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    sentam altas habilidades, precocidade, superdotao; condutastpicas de sndromes/quadros psicolgicos, neurolgicos ou psi-quitricos; portadores de deficincias, ou seja, alunos que apre-sentam significativas diferenas fsicas, sensoriais ou intelectuais,

    decorrentes de fatores genticos, inatos ou ambientais, de cartertemporrio ou permanente e que, em interao dinmica com fato-res scio ambientais, resultam em necessidades muito diferencia-das da maioria das pessoas 3 .

    Ao longo dessa trajetria, verificou-se a necessidade de sereestruturar os sistemas de ensino, que devem organizar-se para

    dar respostas s necessidades educacionais de todos os alunos.O caminho foi longo, mas aos poucos est surgindo uma novamentalidade, cujos resultados devero ser alcanados pelo esfor-o de todos, no reconhecimento dos direitos dos cidados. O prin-cipal direito refere-se preservao da dignidade e busca daidentidade como cidados. Esse direito pode ser alcanado pormeio da implementao da poltica nacional de educao especi-

    al. Existe uma dvida social a ser resgatada.Vem a propsito a tese defendida no estudo e Parecer da

    Cmara de Educao Bsica (CEB/CNE) sobre a funo reparado-ra na Educao de Jovens e Adultos (EJA) que, do seu relator Prof.Carlos Roberto Jamil Cury, mereceu um captulo especial. Semdvida alguma, um grande nmero de alunos com necessidades

    educacionais especiais poder recuperar o tempo perdido por meiodos cursos dessa modalidade:Desse modo, a funo reparadora da EJA, no limite, signifi-

    ca no s a entrada no circuito do direito civil pela restaurao de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas tam-

    bm o reconhecimento daquela igualdade ontolgica de todos e

    3 Conselho de Educao do Estado de So Paulo.

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    a preservao da dignidade humana; a busca da identidade; e o exerccio da cidadania.

    Se historicamente so conhecidas as prticas que levaram,

    inclusive, extino e excluso social de seres humanos consi-derados no produtivos, urgente que tais prticas sejam defini-tivamente banidas da sociedade humana. E bani-las no significaapenas no pratic-las. Exige a adoo de prticas fundamenta-das nos princpios da dignidade e dos direitos humanos. Nada tersido feito se, no exerccio da educao e da formao da persona-lidade humana, o esforo permanecer vinculado a uma atitude decomiserao, como se os alunos com necessidades educacionaisespeciais fossem dignos de piedade.

    A dignidade humana no permite que se faa esse tipo dediscriminao. Ao contrrio, exige que os direitos de igualdade deoportunidades sejam respeitados. O respeito dignidade da qualest revestido todo ser humano impe-se, portanto, como base evalor fundamental de todo estudo e aes prticas direcionadasao atendimento dos alunos que apresentam necessidades especi-ais, independentemente da forma em que tal necessidade se ma-nifesta.

    A vida humana ganha uma riqueza se construda e experi-mentada tomando como referncia o princpio da dignidade. Se-gundo esse princpio, toda e qualquer pessoa digna e merece-

    dora do respeito de seus semelhantes e tem o direito a boas condi-es de vida e oportunidade de realizar seus projetos.Juntamente com o valor fundamental da dignidade, impe-

    se o da busca da identidade. Trata-se de um caminho nunca sufi-cientemente acabado. Todo cidado deve, primeiro, tentar encon-trar uma identidade inconfundivelmente sua. Para simbolizar a so-ciedade humana, podemos utilizar a forma de um prisma, em que

    cada face representa uma parte da realidade. Assim, possvelque, para encontrar sua identidade especfica, cada cidado pre-

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    cise encontrar-se como pessoa, familiarizar-se consigo mesmo, atque, finalmente, tenha uma identidade, um rosto humanamente res-peitado.

    Essa reflexo favorece o encontro das possibilidades, das

    capacidades de que cada um dotado, facilitando a verdadeiraincluso. A interdependncia de cada face desse prisma possibili-tar a abertura do indivduo para com o outro, decorrente da acei-tao da condio humana. Aproximando-se, assim, as duas rea-lidades a sua e a do outro visualiza-se a possibilidade deinterao e extenso de si mesmo.

    Em nossa sociedade, ainda h momentos de sria rejeioao outro, ao diferente, impedindo-o de sentir-se, de perceber-se ede respeitar-se como pessoa. A educao, ao adotar a diretriz in-clusiva no exerccio de seu papel socializador e pedaggico, bus-ca estabelecer relaes pessoais e sociais de solidariedade, semmscaras, refletindo um dos tpicos mais importantes para a hu-manidade, uma das maiores conquistas de dimensionamento adintra e ad extra do ser e da abertura para o mundo e para ooutro. Essa abertura, solidria e sem preconceitos, poder fazercom que todos percebam-se como dignos e iguais na vida social.

    A democracia, nos termos em que definida pelo Artigo I daConstituio Federal, estabelece as bases para viabilizar a igual-dade de oportunidades, e tambm um modo de sociabilidade quepermite a expresso das diferenas, a expresso de conflitos, em

    uma palavra, a pluralidade. Portanto, no desdobramento do que sechama de conjunto central de valores, devem valer a liberdade, atolerncia, a sabedoria de conviver com o diferente, tanto do pontode vista de valores quanto de costumes, crenas religiosas, ex-presses artsticas, capacidades e limitaes.

    A atitude de preconceito est na direo oposta do que serequer para a existncia de uma sociedade democrtica e plural.

    As relaes entre os indivduos devem estar sustentadas por atitu-des de respeito mtuo. O respeito traduz-se pela valorizao de

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    cada indivduo em sua singularidade, nas caractersticas que oconstituem. O respeito ganha um significado mais amplo quandose realiza como respeito mtuo: ao dever de respeitar o outro, arti-cula-se o direito de ser respeitado. O respeito mtuo tem sua signi-

    ficao ampliada no conceito de solidariedade.A conscincia do direito de constituir uma identidade prpria

    e do reconhecimento da identidade do outro traduz-se no direito igualdade e no respeito s diferenas, assegurando oportunida-des diferenciadas (eqidade), tantas quantas forem necessrias,com vistas busca da igualdade. O princpio da eqidade reco-nhece a diferena e a necessidade de haver condies diferenci-adas para o processo educacional.

    Como exemplo dessa afirmativa, pode-se registrar o direito igualdade de oportunidades de acesso ao currculo escolar. Secada criana ou jovem brasileiro com necessidades educacionaisespeciais tiver acesso ao conjunto de conhecimentos socialmenteelaborados e reconhecidos como necessrios para o exerccio dacidadania, estaremos dando um passo decisivo para a constitui-o de uma sociedade mais justa e solidria.

    A forma pela qual cada aluno ter acesso ao currculo distin-gue-se pela singularidade. O cego, por exemplo, por meio do sis-tema Braille; o surdo, por meio da lngua de sinais e da lngua por-tuguesa; o paralisado cerebral, por meio da informtica, entre ou-tras tcnicas.

    O convvio escolar permite a efetivao das relaes de res-peito, identidade e dignidade. Assim, sensato pensar que as re-gras que organizam a convivncia social de forma justa, respeito-sa, solidria tm grandes chances de a serem seguidas.

    A incluso escolar constitui uma proposta que representavalores simblicos importantes, condizentes com a igualdade dedireitos e de oportunidades educacionais para todos, mas encon-

    tra ainda srias resistncias. Estas se manifestam, principalmente,contra a idia de que todos devem ter acesso garantido escola

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    comum. A dignidade, os direitos individuais e coletivos garantidospela Constituio Federal impem s autoridades e sociedadebrasileira a obrigatoriedade de efetivar essa poltica, como um di-reito pblico subjetivo, para o qual os recursos humanos e materi-

    ais devem ser canalizados, atingindo, necessariamente, toda aeducao bsica.

    O propsito exige aes prticas e viveis, que tenham comofundamento uma poltica especfica, em mbito nacional, orienta-da para a incluso dos servios de educao especial na educa-o regular. Operacionalizar a incluso escolar de modo que to-dos os alunos, independentemente de classe, raa, gnero, sexo,caractersticas individuais ou necessidades educacionais especi-ais, possam aprender juntos em uma escola de qualidade ogrande desafio a ser enfrentado, numa clara demonstrao de res-peito diferena e compromisso com a promoo dos direitos hu-manos.

    4. Construindo a incluso na rea educacional

    Por educao especial , modalidade de educao escolar conforme especificado na LDBEN e no recente Decreto n 3.298,de 20 de dezembro de 1999, Artigo 24, 1 entende-se um pro-cesso educacional definido em uma proposta pedaggica, asse-

    gurando um conjunto de recursos e servios educacionais especi-ais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,suplementar e, em alguns casos, substituir os servios educacio- nais comuns 4 , de modo a garantir a educao escolar e promover

    4 Este Parecer adota as seguintes acepes para os termos assinalados:a) Apoiar: prestar auxlio ao professor e ao aluno no processo de ensino e apren-dizagem, tanto nas classes comuns quanto em salas de recursos; complementar:completar o currculo para viabilizar o acesso base nacional comum; suplemen-

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    o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apre-sentam necessidades educacionais especiais, em todos os nveis,etapas e modalidades da educao (Mazzotta, 1998).

    A educao especial, portanto, insere-se nos diferentes n-

    veis da educao escolar: Educao Bsica abrangendo educa-o infantil, educao fundamental e ensino mdio e EducaoSuperior, bem como na interao com as demais modalidades daeducao escolar, como a educao de jovens e adultos, a edu-cao profissional e a educao indgena.

    A poltica de incluso de alunos que apresentam necessida-des educacionais especiais na rede regular de ensino no consis-te apenas na permanncia fsica desses alunos junto aos demaiseducandos, mas representa a ousadia de rever concepes eparadigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas,respeitando suas diferenas e atendendo suas necessidades.

    O respeito e a valorizao da diversidade dos alunos exigemque a escola defina sua responsabilidade no estabelecimento derelaes que possibilitem a criao de espaos inclusivos, bemcomo procure superar a produo, pela prpria escola, de neces-sidades especiais.

    A proposio dessas polticas deve centrar seu foco de dis-cusso na funo social da escola. no projeto pedaggico que aescola se posiciona em relao a seu compromisso com uma edu-cao de qualidade para todos os seus alunos. Assim, a escola

    deve assumir o papel de propiciar aes que favoream determi-nados tipos de interaes sociais, definindo, em seu currculo, uma

    tar: ampliar, aprofundar ou enriquecer a base nacional comum. Essas formas deatuao visam assegurar resposta educativa de qualidade s necessidades edu-cacionais especiais dos alunos nos servios educacionais comuns.b) Substituir: colocar em lugar de. Compreende o atendimento educacional es-pecializado realizado em classes especiais, escolas especiais, classes hospitala-res e atendimento domiciliar.

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    opo por prticas heterogneas e inclusivas. De conformidadecom o Artigo 13 da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta-se onecessrio protagonismo dos professores no processo de cons-truo coletiva do projeto pedaggico.

    Dessa forma, no o aluno que se amolda ou se adapta escola, mas ela que, consciente de sua funo, coloca-se dis-posio do aluno, tornando-se um espao inclusivo. Nesse con-texto, a educao especial concebida para possibilitar que o alu-no com necessidades educacionais especiais atinja os objetivosda educao geral.

    O planejamento e a melhoria consistentes e contnuos daestrutura e funcionamento dos sistemas de ensino, com vistas auma qualificao crescente do processo pedaggico para a edu-cao na diversidade, implicam aes de diferente natureza:

    4.1 - No mbito poltico

    Os sistemas escolares devero assegurar a matrcula de todoe qualquer aluno, organizando-se para o atendimento aoseducandos com necessidades educacionais especiais nas clas-ses comuns. Isto requer aes em todas as instncias, concernentes garantia de vagas no ensino regular para a diversidade dos alu-nos, independentemente das necessidades especiais que apre-sentem; a elaborao de projetos pedaggicos que se orientem

    pela poltica de incluso e pelo compromisso com a educao es-colar desses alunos; o provimento, nos sistemas locais deensino, dos necessrios recursos pedaggicos especiais,para apoio aos programas educativos e aes destinadas capacitao de recursos humanos para atender s demandas des-ses alunos.

    Essa poltica inclusiva exige intensificao quantitativa e qua-

    litativa na formao de recursos humanos e garantia de recursosfinanceiros e servios de apoio pedaggico pblicos e privados

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    especializados para assegurar o desenvolvimento educacional dosalunos.

    Considerando as especificidades regionais e culturais quecaracterizam o complexo contexto educacional brasileiro, bem

    como o conjunto de necessidades educacionais especiais presen-tes em cada unidade escolar, h que se enfatizar a necessidadede que decises sejam tomadas local e/ou regionalmente, tendopor parmetros as leis e diretrizes pertinentes educao brasilei-ra, alm da legislao especfica da rea.

    importante que a descentralizao do poder, manifestadana poltica de colaborao entre Unio, Estados, Distrito Federal eMunicpios seja efetivamente exercitada no Pas, tanto no que serefere ao debate de idias, como ao processo de tomada de deci-ses acerca de como devem se estruturar os sistemas educacio-nais e de quais procedimentos de controle social sero desenvol-vidos.

    Tornar realidade a educao inclusiva, por sua vez, no seefetuar por decreto, sem que se avaliem as reais condies quepossibilitem a incluso planejada, gradativa e contnua de alunoscom necessidades educacionais especiais nos sistemas de ensi-no. Deve ser gradativa, por ser necessrio que tanto a educaoespecial como o ensino regular possam ir se adequando novarealidade educacional, construindo polticas, prticas institucionaise pedaggicas que garantam o incremento da qualidade do ensi-

    no, que envolve alunos com ou sem necessidades educacionaisespeciais.Para que se avance nessa direo, essencial que os siste-

    mas de ensino busquem conhecer a demanda real de atendimentoa alunos com necessidades educacionais especiais, mediante acriao de sistemas de informao que, alm do conhecimentoda demanda, possibilitem a identificao, anlise, divulgao e

    intercmbio de experincias educacionais inclusivas e o estabe-lecimento de interface com os rgos governamentais respons-

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    II - flexibilizar a ao pedaggica nas diferentes reas deconhecimento;

    III - avaliar continuamente a eficcia do processo educativo;IV - atuar em equipe, inclusive com professores

    especializados em educao especial.So considerados professores especializados em educaoespecial aqueles que desenvolveram competncias para identifi-car as necessidades educacionais especiais, definir e implementarrespostas educativas a essas necessidades, apoiar o professor daclasse comum, atuar nos processos de desenvolvimento e apren-dizagem dos alunos, desenvolvendo estratgias de flexibilizao,

    adaptao curricular e prticas pedaggicas alternativas, entreoutras, e que possam comprovar:

    a) formao em cursos de licenciatura em educaoespecial ou em uma de suas reas, preferencialmentede modo concomitante e associado licenciaturapara educao infantil ou para os anos iniciais do ensinofundamental; e

    b) complementao de estudos ou ps-graduao em re-as especficas da educao especial, posterior licenci-atura nas diferentes reas de conhecimento, para atua-o nos anos finais do ensino fundamental e no ensinomdio.

    Aos professores que j esto exercendo o magistrio devemser oferecidas oportunidades de formao continuada, inclusive

    em nvel de especializao, pelas instncias educacionais da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    Cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa, sUniversidades, o desenvolvimento de estudos na busca dos melho-res recursos para auxiliar/ampliar a capacidade das pessoas comnecessidades educacionais especiais de se comunicar, de se loco-mover e de participar de maneira cada vez mais autnoma do meio

    educacional, da vida produtiva e da vida social, exercendo assim,de maneira plena, a sua cidadania. Estudos e pesquisas sobre ino-

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    vaes na prtica pedaggica e desenvolvimento e aplicao denovas tecnologias ao processo educativo, por exemplo, so degrande relevncia para o avano das prticas inclusivas, assimcomo atividades de extenso junto s comunidades escolares.

    4.3 - No mbito pedaggico

    Todos os alunos, em determinado momento de sua vida es-colar, podem apresentar necessidades educacionais, e seus pro-fessores, em geral, conhecem diferentes estratgias para dar res-postas a elas. No entanto, existem necessidades educacionais querequerem, da escola, uma srie de recursos e apoios de cartermais especializado, que proporcionem ao aluno meios para aces-so ao currculo. Essas so as chamadas necessidades educacio-nais especiais.

    Como se v, trata-se de um conceito amplo: em vez de foca-lizar a deficincia da pessoa, enfatiza o ensino e a escola, bemcomo as formas e condies de aprendizagem; em vez de procu-rar, no aluno, a origem de um problema, define-se pelo tipo deresposta educativa e de recursos e apoios que a escola deve pro-porcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar; por fim, em vezde pressupor que o aluno deva ajustar-se a padres de normali-dade para aprender, aponta para a escola o desafio de ajustar-separa atender diversidade de seus alunos.

    Um projeto pedaggico que inclua os educandos com ne-cessidades educacionais especiais dever seguir as mesmas di-retrizes j traadas pelo Conselho Nacional de Educao para aeducao infantil, o ensino fundamental, o ensino mdio, a educa-o profissional de nvel tcnico, a educao de jovens e adultos ea educao escolar indgena. Entretanto, esse projeto dever aten-der ao princpio da flexibilizao, para que o acesso ao currculo

    seja adequado s condies dos discentes, respeitando seu ca-minhar prprio e favorecendo seu progresso escolar.

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    No decorrer do processo educativo, dever ser realizada umaavaliao pedaggica dos alunos que apresentem necessidadeseducacionais especiais, objetivando identificar barreiras que este-jam impedindo ou dificultando o processo educativo em suas ml-

    tiplas dimenses.Essa avaliao dever levar em considerao todas as va-

    riveis: as que incidem na aprendizagem: as de cunho individual;as que incidem no ensino, como as condies da escola e da pr-tica docente; as que inspiram diretrizes gerais da educao, bemcomo as relaes que se estabelecem entre todas elas.

    Sob esse enfoque, ao contrrio do modelo clnico 6 , tradicio-nal e classificatrio, a nfase dever recair no desenvolvimento ena aprendizagem do aluno, bem como na melhoria da instituioescolar, onde a avaliao entendida como processo permanentede anlise das variveis que interferem no processo de ensino eaprendizagem, para identificar potencialidades e necessidadeseducacionais dos alunos e as condies da escola para respon-der a essas necessidades. Para sua realizao, dever ser forma-da, no mbito da prpria escola, uma equipe de avaliao queconte com a participao de todos os profissionais que acompa-nhem o aluno.

    Nesse caso, quando os recursos existentes na prpria esco-la mostrarem-se insuficientes para melhor compreender as neces-sidades educacionais dos alunos e identificar os apoios indispen-

    sveis, a escola poder recorrer a uma equipe multiprofissional7

    .

    6 Abordagem mdica e psicolgica, que se detinha no que pretensamente faltavaaos educandos. Implicava um diagnstico clnico, para avaliar as caractersticas edificuldades manifestadas pelos alunos, objetivando constatar se deviam, ou no,ser encaminhados s classes especiais ou escolas especiais ou ainda s classescomuns do ensino regular.7 Mdicos, psiclogos, fonoaudilogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,assistentes sociais e outros.

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    A composio dessa equipe pode abranger profissionais de umadeterminada instituio ou profissionais de instituies diferentes.Cabe aos gestores educacionais buscar essa equipemultiprofissional em outra escola do sistema educacional ou na

    comunidade, o que se pode concretizar por meio de parcerias econvnios entre a Secretaria de Educao e outros rgos, gover-namentais ou no.

    A partir dessa avaliao e das observaes feitas pela equi-pe escolar, legitima-se a criao dos servios de apoio pedaggi-co especializado para atendimento s necessidades educacionaisespeciais dos alunos, ocasio em que o especial da educaose manifesta.

    Para aqueles alunos que apresentem dificuldades acentua-das de aprendizagem ou dificuldades de comunicao e sinaliza-o diferenciadas dos demais alunos, demandem ajuda e apoiointenso e contnuo e cujas necessidades especiais no puderemser atendidas em classes comuns, os sistemas de ensino poderoorganizar, extraordinariamente, classes especiais, nas quais serrealizado o atendimento em carter transitrio.

    Os alunos que apresentem necessidades educacionais es-peciais e requeiram ateno individualizada nas atividades da vidaautnoma e social, recursos, ajudas e apoios intensos e contnuos,bem como adaptaes curriculares to significativas que a escolacomum no tenha conseguido prover, podem ser atendidos, em

    carter extraordinrio, em escolas especiais, pblicas ou privadas,atendimento esse complementado, sempre que necessrio e demaneira articulada, por servios das reas de Sade, Trabalho eAssistncia Social.

    nesse contexto de idias que a escola deve identificar amelhor forma de atender s necessidades educacionais de seusalunos, em seu processo de aprender. Assim, cabe a cada unida-

    de escolar diagnosticar sua realidade educacional e implementaras alternativas de servios e a sistemtica de funcionamento de

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    tais servios, preferencialmente no mbito da prpria escola, parafavorecer o sucesso escolar de todos os seus alunos. Nesse pro-cesso, h que se considerar as alternativas j existentes e utiliza-das pela comunidade escolar, que se tm mostrado eficazes, tais

    como salas de recursos, salas de apoio pedaggico, servios deitinerncia em suas diferentes possibilidades de realizao(itinerncia intra e interescolar), como tambm investir na criaode novas alternativas, sempre fundamentadas no conjunto de ne-cessidades educacionais especiais encontradas no contextoda unidade escolar, como por exemplo a modalidade de apoioalocado na classe comum, sob a forma de professores e/ouprofissionais especializados, com os recursos e materiaisadequados.

    Da mesma forma, h que se estabelecer um relacionamentoprofissional com os servios especializados disponveis na comu-nidade, tais como aqueles oferecidos pelas escolas especiais,centros ou ncleos educacionais especializados, instituies p-blicas e privadas de atuao na rea da educao especial. Im-portante, tambm, a integrao dos servios educacionais comos das reas de Sade, Trabalho e Assistncia Social, garantindoa totalidade do processo formativo e o atendimento adequado aodesenvolvimento integral do cidado.

    4.4 - No mbito administrativo

    Para responder aos desafios que se apresentam, necess-rio que os sistemas de ensino constituam e faam funcionar umsetor responsvel pela educao especial, dotado de recursoshumanos, materiais e financeiros que viabilizem e dem sustenta-o ao processo de construo da educao inclusiva.

    imprescindvel planejar a existncia de um canal oficial e

    formal de comunicao, de estudo, de tomada de decises e decoordenao dos processos referentes s mudanas na estrutu-

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    rao dos servios, na gesto e na prtica pedaggica para a in-cluso de alunos com necessidades educacionais especiais.

    Para o xito das mudanas propostas, importante que osgestores educacionais e escolares assegurem a acessibilidade aos

    alunos que apresentem necessidades educacionais especiais,mediante a eliminao de barreiras arquitetnicas urbansticas, naedificao incluindo instalaes, equipamentos e mobilirio enos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunica-es.

    Para o atendimento dos padres mnimos estabelecidos comrespeito acessibilidade, deve ser realizada a adaptao das es-colas existentes e condicionada a autorizao de construo e fun-cionamento de novas escolas ao preenchimento dos requisitos deinfra-estrutura definidos.

    Com relao ao processo educativo de alunos que apresen-tem condies de comunicao e sinalizao diferenciadas dosdemais alunos, deve ser garantida a acessibilidade aos contedoscurriculares mediante a utilizao do sistema Braille, da lngua desinais e de demais linguagens e cdigos aplicveis, sem prejuzodo aprendizado da lngua portuguesa, facultando-se aos surdos ea suas famlias a opo pela abordagem pedaggica que julgaremadequada. Para assegurar a acessibilidade, os sistemas de ensi-no devem prover as escolas dos recursos humanos e materiaisnecessrios.

    Alm disso, deve ser afirmado e ampliado o compromissopoltico com a educao inclusiva por meio de estratgias decomunicao e de atividades comunitrias, entre outras para,desse modo:

    a) fomentar atitudes pr-ativas das famlias, alunos, profes-sores e da comunidade escolar em geral;

    b) superar os obstculos da ignorncia, do medo e do pre-

    conceito;c) divulgar os servios e recursos educacionais existentes;

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    d) difundir experincias bem sucedidas de educao inclusi-va;

    e) estimular o trabalho voluntrio no apoio incluso esco-lar.

    tambm importante que a esse processo se sucedam aesde amplo alcance, tais como a reorganizao administrativa, tcni-ca e financeira dos sistemas educacionais e a melhoria das condi-es de trabalho docente.

    O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar osservios de educao especial, como parte integrante do sistemaeducacional brasileiro, em todos os nveis de educao e ensino:

    2. OPERACIONALIZAO PELOS SISTEMAS DE ENSINO

    Para eliminar a cultura de excluso escolar e efetivar os pro-psitos e as aes referentes educao de alunos com necessi-dades educacionais especiais, torna-se necessrio utilizar uma lin-

    guagem consensual, que, com base nos novos paradigmas, pas-sa a utilizar os conceitos na seguinte acepo:

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    3. Incluso: Representando um avano em relao ao mo-vimento de integrao escolar, que pressupunha o ajustamento dapessoa com deficincia para sua participao no processoeducativo desenvolvido nas escolas comuns, a incluso postula

    uma reestruturao do sistema educacional, ou seja, uma mudan-a estrutural no ensino regular, cujo objetivo fazer com que aescola se torne inclusiva 8 , um espao democrtico e competentepara trabalhar com todos os educandos, sem distino de raa,classe, gnero ou caractersticas pessoais, baseando-se no prin-cpio de que a diversidade deve no s ser aceita como desejada.

    Os desafios propostos visam a uma perspectiva relacionalentre a modalidade da educao especial e as etapas da educa-o bsica, garantindo o real papel da educao como processoeducativo do aluno e apontando para o novo fazer pedaggico.

    Tal compreenso permite entender a educao especialnuma perspectiva de insero social ampla, historicamente dife-renciada de todos os paradigmas at ento exercitados comomodelos formativos, tcnicos e limitados de simples atendimento.Trata-se, portanto, de uma educao escolar que, em suasespecificidades e em todos os momentos, deve estar voltada paraa prtica da cidadania, em uma instituio escolar dinmica, quevalorize e respeite as diferenas dos alunos. O aluno sujeito em

    8 O conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da escola comum, queprope no projeto pedaggico no currculo, na metodologia de ensino, na avalia-o e na atitude dos educadores aes que favoream a interao social e suaopo por prticas heterogneas. A escola capacita seus professores, prepara-se,organiza-se e adapta-se para oferecer educao de qualidade para todos, inclusi-ve para os educandos que apresentam necessidades especiais. Incluso, portan-to, no significa simplesmente matricular todos os educandos com necessidadeseducacionais especiais na classe comum, ignorando suas necessidades especfi-cas, mas significa dar ao professor e escola o suporte necessrio a sua aopedaggica.

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    seu processo de conhecer, aprender, reconhecer e construir a suaprpria cultura.

    Ao fazer a leitura do significado e do sentido da educaoespecial, neste novo momento, faz-se necessrio resumir onde ela

    deve ocorrer, a quem se destina, como se realiza e como se d aescolarizao do aluno, entre outros temas, balizando o seu pr-prio movimento como uma modalidade de educao escolar.

    Todo esse exerccio de realizar uma nova leitura sobre a edu-cao do cidado que apresenta necessidades educacionais es-peciais visa subsidiar e implementar a LDBEN, baseado tanto nopressuposto constitucional que determina A educao, direitode todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incenti-vada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desen-volvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadaniae sua qualificao para o trabalho como nas interfaces necess-rias e bsicas propostas no Captulo V da prpria LDBEN, com atotalidade dos seus dispositivos preconizados. Para compreendertais propsitos, torna-se necessrio retomar as indagaes j men-

    cionadas:

    1. O locus dos servios de educao especialA educao especial deve ocorrer em todas as instituies

    escolares que ofeream os nveis, etapas e modalidades da edu-

    cao escolar previstos na LDBEN, de modo a propiciar o plenodesenvolvimento das potencialidades sensoriais, afetivas e inte-lectuais do aluno, mediante um projeto pedaggico que contem-ple, alm das orientaes comuns cumprimento dos 200 diasletivos, horas aula, meios para recuperao e atendimento do alu-no, avaliao e certificao, articulao com as famlias e a comu-nidade um conjunto de outros elementos que permitam definirobjetivos, contedos e procedimentos relativos prpria dinmicaescolar.

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    Assim sendo, a educao especial deve ocorrer nas escolaspblicas e privadas da rede regular de ensino, com base nos prin-cpios da escola inclusiva. Essas escolas, portanto, alm do aces-so matrcula, devem assegurar as condies para o sucesso es-

    colar de todos os alunos.Extraordinariamente, os servios de educao especial po-

    dem ser oferecidos em classes especiais, escolas especiais, clas-ses hospitalares e em ambiente domiciliar.

    Os sistemas pblicos de ensino podero estabelecer conv-nios ou parcerias com escolas ou servios pblicos ou privados,de modo a garantir o atendimento s necessidades educacionaisespeciais de seus alunos, responsabilizando-se pela identificao,anlise, avaliao da qualidade e da idoneidade, bem como pelocredenciamento das instituies que venham a realizar esse aten-dimento, observados os princpios da educao inclusiva.

    Para a definio das aes pedaggicas, a escola deve pre-ver e prover, em suas prioridades, os recursos humanos e materi-ais necessrios educao na diversidade.

    nesse contexto que a escola deve assegurar uma respostaeducativa adequada s necessidades educacionais de todos osseus alunos, em seu processo de aprender, buscando implantaros servios de apoio pedaggico especializado necessrios, ofe-recidos preferencialmente no mbito da prpria escola.

    importante salientar o que se entende por servio de apoio

    pedaggico especializado: so os servios educacionais diversifi-cados oferecidos pela escola comum para responder s necessi-dades educacionais especiais do educando. Tais servios podemser desenvolvidos:

    a) nas classes comuns, mediante atuao de professor daeducao especial, de professores intrpretes das lin-guagens e cdigos aplicveis e de outros profissionais;

    itinerncia intra e interinstitucional e outros apoios neces-srios aprendizagem, locomoo e comunicao;

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    b) em salas de recursos, nas quais o professor da educa-o especial realiza a complementao e/ou suplemen-tao curricular, utilizando equipamentos e materiais es-pecficos.

    Caracterizam-se como servios especializados aqueles rea-lizados por meio de parceria entre as reas de educao, sade,assistncia social e trabalho.

    2. Alunos atendidos pela educao especial

    O Artigo 2 da LDBEN, que trata dos princpios e fins da edu-cao brasileira, garante: A educao, dever da famlia e do Esta-do, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de solidarie-dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do edu-cando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualifica-o para o trabalho.

    Consoante esse postulado, o projeto pedaggico da escola

    viabiliza-se por meio de uma prtica pedaggica que tenha comoprincpio norteador a promoo do desenvolvimento da aprendiza-gem de todos os educandos, inclusive daqueles que apresentemnecessidades educacionais especiais.

    Tradicionalmente, a educao especial tem sido concebidacomo destinada apenas ao atendimento de alunos que apresen-tam deficincias (mental, visual, auditiva, fsica/motora e mltiplas);

    condutas tpicas de sndromes e quadros psicolgicos, neurolgi-cos ou psiquitricos, bem como de alunos que apresentam altashabilidades/superdotao.

    Hoje, com a adoo do conceito de necessidades educacio-nais especiais, afirma-se o compromisso com uma nova aborda-gem, que tem como horizonte a Incluso.

    Dentro dessa viso, a ao da educao especial amplia-

    se, passando a abranger no apenas as dificuldades de aprendi-zagem relacionadas a condies, disfunes, limitaes e deficin-

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    cias, mas tambm aquelas no vinculadas a uma causa orgnicaespecfica, considerando que, por dificuldades cognitivas,psicomotoras e de comportamento, alunos so freqentementenegligenciados ou mesmo excludos dos apoios escolares.

    O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve umadiversidade de necessidades educacionais, destacadamente aque-las associadas a: dificuldades especficas de aprendizagem, comoa dislexia e disfunes correlatas; problemas de ateno,perceptivos, emocionais, de memria, cognitivos, psicolngsticos,psicomotores, motores, de comportamento; e ainda a fatores eco-lgicos e socioeconmicos, como as privaes de carter

    sociocultural e nutricional.Assim, entende-se que todo e qualquer aluno pode apresen-

    tar, ao longo de sua aprendizagem, alguma necessidade educaci-onal especial, temporria ou permanente, vinculada ou no aosgrupos j mencionados, agora reorganizados em consonncia comessa nova abordagem:

    1. Educandos que apresentam dificuldades acentuadas deaprendizagem ou limitaes no processo de desenvolvimento quedificultem o acompanhamento das atividades curriculares, com-preendidas em dois grupos:

    1.1. aquelas no vinculadas a uma causa orgnica espe-cfica;

    1.2. aquelas relacionadas a condies, disfunes, limi-

    taes ou deficincias;

    2. Dificuldades de comunicao e sinalizao diferencia-das dos demais alunos, particularmente alunos que apresentamsurdez, cegueira, surdo-cegueira ou distrbios acentuados de lin-guagem, para os quais devem ser adotadas formas diferenciadasde ensino e adaptaes de acesso ao currculo, com utilizao de

    linguagens e cdigos aplicveis, assegurando-se os recursos hu-manos e materiais necessrios;

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    2.1 - Em face das condies especficas associadas sur-dez, importante que os sistemas de ensino se organizem de for-ma que haja escolas em condies de oferecer aos alunos surdoso ensino em lngua brasileira de sinais e em lngua portuguesa e,

    aos surdos-cegos, o ensino em lngua de sinais digital, tadoma eoutras tcnicas, bem como escolas com propostas de ensino eaprendizagem diferentes, facultando-se a esses alunos e a suasfamlias a opo pela abordagem pedaggica que julgarem ade-quada;

    2.2 - Em face das condies especficas associadas ce-gueira e viso subnormal, os sistemas de ensino devem proveraos alunos cegos o material didtico, inclusive provas, e o livrodidtico em Braille e, aos alunos com viso subnormal (baixa vi-so), os auxlios pticos necessrios, bem como material didtico,livro didtico e provas em caracteres ampliados;

    3. Altas habilidades/superdotao, grande facilidade deaprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos,os procedimentos e as atitudes e que, por terem condies deaprofundar e enriquecer esses contedos, devem receber desafi-os suplementares em classe comum, em sala de recursos ou emoutros espaos definidos pelos sistemas de ensino, inclusive paraconcluir, em menor tempo, a srie ou etapa escolar.

    Dessa forma, a educao especial agora concebida comoo conjunto de conhecimentos, tecnologias, recursos humanos emateriais didticos que devem atuar na relao pedaggica paraassegurar resposta educativa de qualidade s necessidades edu-cacionais especiais continuar atendendo, com nfase, os gru-pos citados inicialmente. Entretanto, em consonncia com a novaabordagem, dever vincular suas aes cada vez mais qualida-

    de da relao pedaggica e no apenas a um pblico-alvo delimi-tado, de modo que a ateno especial se faa presente para todos

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    os educandos que, em qualquer etapa ou modalidade da educa-o bsica, dela necessitarem para o seu sucesso escolar.

    3. Implantao e implementao dos servios de educa-o especial

    Os princpios gerais da educao das pessoas com neces-sidades educacionais especiais foram delineados pela LDBEN,tendo como eixo norteador a elaborao do projeto pedaggicoda escola, que incorpora essa modalidade de educao escolarem articulao com a famlia e a comunidade. Esse projeto, frutoda participao dos diferentes atores da comunidade escolar, deveincorporar a ateno de qualidade diversidade dos alunos, emsuas necessidades educacionais comuns e especiais, como umvetor da estrutura, funcionamento e prtica pedaggica da escola.

    Nesse sentido, deve ser garantida uma ampla discusso quecontemple no s os elementos enunciados anteriormente, mastambm os pais, os professores e outros segmentos da comunida-de escolar, explicitando uma competncia institucional voltada diversidade e s especificidades dessa comunidade, consideran-do que o aluno o centro do processo pedaggico.

    Alm disso, recomenda-se s escolas e aos sistemas deensino a constituio de parcerias com instituies de ensino su-

    perior para a realizao de pesquisas e estudos de caso relativosao processo de ensino e aprendizagem de alunos com necessida-des educacionais especiais, visando ao aperfeioamento desseprocesso educativo.

    4. Organizao do atendimento na rede regular de ensino

    A escola regular de qualquer nvel ou modalidade de ensino,

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    ao viabilizar a incluso de alunos com necessidades especiais,dever promover a organizao de classes comuns e de serviosde apoio pedaggico especializado. Extraordinariamente, poderpromover a organizao de classes especiais, para atendimento

    em carter transitrio.

    4.1 Na organizao das classes comuns, faz-se necess-rio prever:

    a) professores das classes comuns e da educao especi-al capacitados e especializados, respectivamente, para o atendi-mento s necessidades educacionais especiais dos alunos;

    b) distribuio dos alunos com necessidades educacionaisespeciais pelas vrias classes do ano escolar em que forem clas-sificados, de modo que essas classes comuns se beneficiem dasdiferenas e ampliem positivamente as experincias de todos osalunos, dentro do princpio de educar para a diversidade;

    c) flexibilizaes e adaptaes curriculares, que conside-rem o significado prtico e instrumental dos contedos bsicos,metodologias de ensino e recursos didticos diferenciados e pro-cessos de avaliao adequados ao desenvolvimento dos alunosque apresentam necessidades educacionais especiais, em con-sonncia com o projeto pedaggico da escola, respeitada a fre-qncia obrigatria;

    d) servios de apoio pedaggico especializado, realizado:

    na classe comum, mediante atuao de professor daeducao especial, de professores intrpretes das lin-guagens e cdigos aplicveis, como a lngua de si-nais e o sistema Braille, e de outros profissionais, comopsiclogos e fonoaudilogos, por exemplo; itinernciaintra e interinstitucional e outros apoios necessrios aprendizagem, locomoo e comunicao;

    em salas de recursos, nas quais o professor da edu-cao especial realiza a complementao e/ou

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    suplementao curricular, utilizando equipamentos emateriais especficos.

    e) avaliao pedaggica no processo de ensino e aprendi-zagem, inclusive para a identificao das necessidades

    educacionais especiais e a eventual indicao dos apoi-os pedaggicos adequados;

    f) temporalidade flexvel do ano letivo, para atender s ne-cessidades educacionais especiais de alunos com defi-cincia mental ou graves deficincias mltiplas, de for-ma que possam concluir em tempo maior o currculo pre-visto para a srie/etapa escolar, principalmente nos anosfinais do ensino fundamental, conforme estabelecido pornormas dos sistemas de ensino, procurando-se evitargrande defasagem idade/srie;

    g) condies para reflexo, ao e elaborao terica daeducao inclusiva, com protagonismo dos professores,articulando experincia e conhecimento com as necessi-dades/possibilidades surgidas na relao pedaggica,inclusive por meio de colaborao com instituies deensino superior e de pesquisa;

    h) uma rede de apoio interinstitucional que envolva profissi-onais das reas de Sade, Assistncia Social e Trabalho,sempre que necessrio para o seu sucesso na aprendi-zagem, e que seja disponibilizada por meio de convni-

    os com organizaes pblicas ou privadas daquelas re-as;i) sustentabilidade do processo inclusivo, mediante apren-

    dizagem cooperativa em sala de aula; trabalho de equi-pe na escola e constituio de redes de apoio, com aparticipao da famlia no processo educativo, bem comode outros agentes e recursos da comunidade.

    j) atividades que favoream o aprofundamento e o enrique-cimento de aspetos curriculares aos alunos que apresen-

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    tam superdotao, de forma que sejam desenvolvidassuas potencialidades, permitindo ao aluno superdotadoconcluir em menor tempo a educao bsica, nos ter-mos do Artigo 24, V, c, da LDBEN.

    Para atendimento educacional aos superdotados, neces-srio:

    a) organizar os procedimentos de avaliao pedaggica epsicolgica de alunos com caractersticas desuperdotao;

    b) prever a possibilidade de matrcula do aluno em sriecompatvel com seu desempenho escolar, levando emconta, igualmente, sua maturidade scio emocional;

    c) cumprir a legislao no que se refere: ao atendimento suplementar para aprofundar e/ou

    enriquecer o currculo; acelerao/avano, regulamentados pelos respec-

    tivos sistemas de ensino, permitindo, inclusive, a con-cluso da Educao Bsica em menor tempo;

    ao registro do procedimento adotado em ata da esco-la e no dossi do aluno;

    d) incluir, no histrico escolar, as especificaes cabveis;e) incluir o atendimento educacional ao superdotado nos

    projetos pedaggicos e regimentos escolares, inclusivepor meio de convnios com instituies de ensino supe-

    rior e outros segmentos da comunidade.Recomenda-se s escolas de Educao Bsica a constitui-o de parcerias com instituies de ensino superior com vistas identificao de alunos que apresentem altas habilidades/ superdotao, para fins de apoio ao prosseguimento de estudosno ensino mdio e ao desenvolvimento de estudos na educaosuperior, inclusive mediante a oferta de bolsas de estudo, desti-

    nando-se tal apoio prioritariamente queles alunos que pertenamaos estratos sociais de baixa renda.

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    4.2 - Os servios de apoio pedaggico especializado ocor-rem no espao escolar e envolvem professores com diferentes fun-es:

    Classes comuns: servio que se efetiva por meio do trabalho

    de equipe, abrangendo professores da classe comum e da educa-o especial, para o atendimento s necessidades educacionaisespeciais dos alunos durante o processo de ensino e aprendiza-gem. Pode contar com a colaborao de outros profissionais, comopsiclogos escolares, por exemplo.

    Salas de recursos: servio de natureza pedaggica, condu-zido por professor especializado, que suplementa (no caso dossuperdotados) e complementa (para os demais alunos) o atendi-mento educacional realizado em classes comuns da rede regularde ensino. Esse servio realiza-se em escolas, em local dotado deequipamentos e recursos pedaggicos adequados s necessida-des educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se aalunos de escolas prximas, nas quais ainda no exista esse aten-dimento. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos gru-pos, para alunos que apresentem necessidades educacionais es-peciais semelhantes, em horrio diferente daquele em que freqen-tam a classe comum.

    Itinerncia: servio de orientao e superviso pedaggicadesenvolvida por professores especializados que fazem visitasperidicas s escolas para trabalhar com os alunos que apresen-

    tem necessidades educacionais especiais e com seus respectivosprofessores de classe comum da rede regular de ensino.Professores-intrpretes: so profissionais especializados para

    apoiar alunos surdos, surdos-cegos e outros que apresentem sri-os comprometimentos de comunicao e sinalizao.

    Todos os professores de educao especial e os que atuamem classes comuns devero ter formao para as respectivas fun-

    es, principalmente os que atuam em servios de apoio pedag-gico especializado.

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    A incluso de alunos com necessidades educacionais espe-ciais em classes comuns do ensino regular, como meta das polti-cas de educao, exige interao constante entre professor daclasse comum e os dos servios de apoio pedaggico especializa-

    do, sob pena de alguns educandos no atingirem rendimento es-colar satisfatrio.

    A interao torna-se absolutamente necessria quando setrata, por exemplo, da educao dos surdos, considerando quelhes facultado efetivar sua educao por meio da lngua portu-guesa e da lngua brasileira de sinais, depois de manifestada aopinio dos pais e sua prpria opinio. Recomenda-se que o pro-fessor, para atuar com educao infantil e dos anos iniciais do en-sino fundamental, tenha complementao de estudos sobre o en-sino de lnguas: lngua portuguesa e lngua brasileira de sinais.Recomenda-se tambm que o professor, para atuar com alunossurdos em sala de recursos, principalmente a partir da 5 srie doensino fundamental, tenha, alm do curso de Letras e Lingstica,complementao de estudos ou cursos de ps-graduao sobre oensino de lnguas: lngua portuguesa e lngua brasileira de sinais.

    Os servios de apoio pedaggico especializado, ou outrasalternativas encontradas pela escola, devem ser organizados egarantidos nos projetos pedaggicos e regimentos escolares, desdeque devidamente regulamentados pelos competentes Conselhosde Educao.

    O atendimento educacional especializado pode ocorrer forade espao escolar, sendo, nesses casos, certificada a freqnciado aluno mediante relatrio do professor que o atende:

    a) Classe hospitalar: servio destinado a prover, medianteatendimento especializado, a educao escolar a alunosimpossibilitados de freqentar as aulas em razo de tra-tamento de sade que implique internao hospitalar ou

    atendimento ambulatorial.b) Ambiente domiciliar: servio destinado a viabilizar, medi-

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    ante atendimento especializado, a educao escolar dealunos que estejam impossibilitados de freqentar asaulas em razo de tratamento de sade que impliquepermanncia prolongada em domiclio.

    Os objetivos das classes hospitalares e do atendimento emambiente domiciliar so: dar continuidade ao processo de desen-volvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matricula-dos em escolas da Educao Bsica, contribuindo para seu retor-no e reintegrao ao grupo escolar; e desenvolver currculoflexibilizado com crianas, jovens e adultos no matriculados nosistema educacional local, facilitando seu posterior acesso esco-la regular.

    4.3 A classe especial e sua organizao:As escolas podem criar, extraordinariamente, classes espe-

    ciais, cuja organizao fundamente-se no Captulo II da LDBEN,nas diretrizes curriculares nacionais para a Educao Bsica, bemcomo nos referenciais e parmetros curriculares nacionais, paraatendimento, em carter transitrio, a alunos que apresentem difi-culdades acentuadas de aprendizagem ou condies de comuni-cao e sinalizao diferenciadas dos demais alunos e deman-dem ajudas e apoios intensos e contnuos.

    Aos alunos atendidos em classes especiais devem ter asse-gurados:

    a) professores especializados em educao especial;b) organizao de classes por necessidades educacionaisespeciais apresentadas, sem agrupar alunos com dife-rentes tipos de deficincias;

    c) equipamentos e materiais especficos;d) adaptaes de acesso ao currculo e adaptaes nos

    elementos curriculares;

    e) atividades da vida autnoma e social no turno inverso,quando necessrio.

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    Classe especial uma sala de aula, em escola de ensinoregular, em espao fsico e modulao adequada. Nesse tipo desala, o professor da educao especial utiliza mtodos, tcnicas,procedimentos didticos e recursos pedaggicos especializados

    e, quando necessrio, equipamentos e materiais didticos espec-ficos, conforme srie/ciclo/etapa da educao bsica, para que oaluno tenha acesso ao currculo da base nacional comum.

    A classe especial pode ser organizada para atendimento snecessidades educacionais especiais de alunos cegos, de alunossurdos, de alunos que apresentam condutas tpicas de sndromese quadros psicolgicos, neurolgicos ou psiquitricos e de alunosque apresentam casos graves de deficincia mental ou mltipla.Pode ser utilizada principalmente nas localidades onde no h ofertade escolas especiais; quando se detectar, nesses alunos, grandedefasagem idade/srie; quando faltarem, ao aluno, experinciasescolares anteriores, dificultando o desenvolvimento do currculoem classe comum.

    No se deve compor uma classe especial com alunos queapresentam dificuldades de aprendizagem no vinculadas a umacausa orgnica especfica, tampouco se deve agrupar alunos comnecessidades especiais relacionadas a diferentes deficincias.Assim sendo, no se recomenda colocar, numa mesma classe es-pecial, alunos cegos e surdos, por exemplo. Para esses dois gru-pos de alunos, em particular, recomenda-se o atendimento educa-

    cional em classe especial durante o processo de alfabetizao,quando no foram beneficiados com a educao infantil. Tal pro-cesso abrange, para os cegos, o domnio do sistema Braille, e paraos surdos, a aquisio da lngua de sinais e a aprendizagem dalngua portuguesa.

    O professor da educao especial, nessa classe, deve de-senvolver o currculo com a flexibilidade necessria s condies

    dos alunos e, no turno inverso, quando necessrio, deve desenvol-ver outras atividades, tais como atividades da vida autnoma e social

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    (para alunos com deficincia mental, por exemplo); orientao emobilidade (para alunos cegos e surdos-cegos); desenvolvimentode linguagem: lngua portuguesa e lngua brasileira de sinais (paraalunos surdos); atividades de informtica, etc.

    Essa classe dever configurar a etapa, ciclo ou modalidadeda educao bsica em que o aluno se encontra educao in-fantil, ensino fundamental, educao de jovens e adultos promo-vendo avaliao contnua do seu desempenho com a equipe es-colar e pais e proporcionando, sempre que possvel, atividadesconjuntas com os demais alunos das classes comuns.

    importante que, a partir do desenvolvimento apresentadopelo aluno e das condies para o atendimento inclusivo, a equipepedaggica da escola e a famlia decidam conjuntamente, combase em avaliao pedaggica, quanto ao seu retorno classecomum.

    5. Organizao do atendimento em escola especial

    A educao escolar de alunos que apresentam necessida-des educacionais especiais e que requeiram ateno individuali-zada nas atividades da vida autnoma e social, bem como ajudase apoios intensos e contnuos e flexibilizaes e adaptaescurriculares to significativas que a escola comum no tenha con-

    seguido prover pode efetivar-se em escolas especiais, assegu-rando-se que o currculo escolar observe as diretrizes curricularesnacionais para as etapas e modalidades da Educao Bsica eque os alunos recebam os apoios de que necessitam. importanteque esse atendimento, sempre que necessrio, sejacomplementado por servios das reas de Sade, Trabalho e As-sistncia Social.

    A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno, a equi-pe pedaggica da escola especial e a famlia devem decidir con-

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    juntamente quanto transferncia do aluno para escola da reder