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Diretrizes e Orientações Gerais
Trabalho de Assistência aos Surdos
e
Ensino de LIBRAS
INTRODUÇÃO:
Segundo o último Censo, realizado em 2000, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), existem no Brasil 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Desse total, cerca de 170 mil
são totalmente surdas.
A perda da audição é a terceira maior causa de deficiência que atinge a população
brasileira e pode estar relacionada a doenças ou acidentes. Pode, ainda, apresentar graus e
tipos diversos.
É importante saber que nem todo surdo é mudo e por isso não é correto o termo “surdo-
mudo”. Os surdos não falam porque não escutam e, assim, não aprendem os sons das letras.
Surdo é a terminologia correta com que os surdos preferem ser identificados. Não é um
termo pejorativo. Deficiente auditivo deve ser evitado, pois, coloca o foco em uma deficiência
ou desigualdade. Os surdos não são piores nem melhores que os ouvintes, apenas diferentes.
O principal obstáculo encontrado pelos surdos é a aprendizagem da língua oficial do país,
por ser de natureza distinta da língua de sinais. Para se comunicar, o surdo utiliza sinais
manuais e expressões faciais, que formam uma língua gramaticalmente estruturada, conhecida
como Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). No entanto, há também os que falam oralmente e
fazem leitura labial – seja porque ficaram surdos quando já sabiam falar ou porque aprenderam
a falar com ajuda de aparelhos auditivos ou de tratamento fonoaudiológico.
A Língua Brasileira de Sinais é uma língua visual-espacial articulada por meio das mãos,
das expressões faciais e do corpo. É uma língua usada por parte da comunidade surda
brasileira, sendo reconhecida desde 2002 (Lei nº 10.436, de 24 de abril) como meio legal de
comunicação e expressão entre as comunidades de pessoas surdas no Brasil. Pode ser
aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.
O tradutor-intérprete da língua de sinais é a pessoa ouvinte bilíngue que traduz e
interpreta a língua de sinais para a língua portuguesa em quaisquer modalidades que se
apresentar, seja oral ou escrita (Decreto nº 5.626/2005) e desempenha papel de mediador das
relações sociais entre ouvintes e surdos, atenuando as barreiras comunicativas e linguísticas e
estabelecendo a ligação entre esses dois mundos.
COMO SE COMUNICAR COM O SURDO:
Evite falar de costas, de lado ou com a cabeça baixa;
Olhe para o surdo enquanto você fala;
Fale com movimentos labiais bem definidos, para que ele possa compreender;
Fale naturalmente, sem alterar o tom de voz ou exceder nas articulações;
Use gestos que simbolizem as palavras e que possam ajudar na comunicação.
Exemplos: não, pequeno, dinheiro, muito;
Seja expressivo, pois a expressão facial auxilia a comunicação;
Caso queira chamar a atenção, sinalize as mãos, movimentando-as no campo
visual dele ou toque gentilmente em seu braço;
Se você apresentar dificuldades em compreender o que a pessoa surda está
falando, seja sincero e diga que você não compreendeu;
Peça para a pessoa repetir o que falou;
Se você ainda não entender, peça-lhe para escrever;
Use palavras simples para esta comunicação.
ORIENTAÇÕES QUANTO AO TRABALHO COM SURDOS NA ICM:
Apresentamos agora a conduta básica para o trabalho de assistência aos surdos e ensino de
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na Igreja Cristã Maranata.
Hoje é realidade a presença de surdos em nossas Igrejas, tanto como membros quanto como
visitantes, sendo de extrema importância o esclarecimento aos pastores responsáveis pelas igrejas
quanto à função do Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – TILS – dentro do contexto de
nossos cultos e, também, nos Seminários realizados em nossos Maanains e Anfiteatros.
As orientações relacionadas neste documento são fruto das experiências que temos vivenciado
até aqui com este trabalho.
Para atender a orientação do Senhor é interessante salientar alguns aspectos próprios da ICM
que são importantes e específicos à nossa realidade e não se comparam aos trabalhos de LIBRAS
feitos em outras esferas, sejam de cunho religioso ou profissional.
Portanto, estaremos aqui apresentando uma série de diretrizes e orientações necessárias ao
recebimento, atenção e assistência à pessoa surda no âmbito da ICM.
O TRADUTOR E INTÉRPRETE DE
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – TILS
O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais - TILS poderá ser uma pessoa do sexo
masculino ou feminino, inclusive jovem, desde que seja definido(a) e amadurecido(a), já tenha cursado
o Seminário de terceiro período e tenha vida espiritual condizente com a responsabilidade assumida.
Trata-se de um trabalho árduo, que requer pessoas experimentadas e envolvidas com as atividades da
Casa do Senhor.
OBS: Adolescentes não devem trabalhar na interpretação em nossas igrejas.
CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS PARA O TRADUTOR E INTÉRPRETE DE
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – TILS NA ICM:
Ser batizado com o Espírito Santo;
Ter bom testemunho dentro e fora da igreja;
Ter cursado no mínimo o terceiro período do Seminário;
Frequentar regularmente os Seminários, para seu próprio aperfeiçoamento;
Ter consciência de que nesta função, antes do conhecimento técnico, é primordial o
conhecimento da Palavra de Deus;
Ter clara a distinção entre interpretação masculina e feminina;
O intérprete do sexo masculino deverá se preocupar com a vestimenta adequada,
procurando vestir-se com roupa social para a interpretação, sempre com a barba feita,
cabelo cortado, calçando sapato fechado, alinhado como um obreiro na casa do
Senhor;
É imprescindível que os intérpretes se vistam de forma discreta e com roupas que
acentuem a visão de suas mãos e do seu rosto. Esclarecendo que não devemos usar
luvas brancas ou de qualquer outra cor como recurso para interpretação;
A orientação recomendada pela lei é que a vestimenta, a pele e o cabelo do intérprete
devem ser contrastantes entre si e em relação ao fundo, devendo ser evitados fundo e
vestimenta em tons próximos ao tom da pele do intérprete. Pessoas de pele clara
devem usar roupas escuras e pessoas morenas e negras devem usar roupas de cores
claras, sendo vedadas roupas transparentes, decotadas ou muito curtas, que
exponham indevidamente o intérprete;
Não devem ser utilizados adornos que possam desviar a atenção do surdo: Brincos
grandes ou com brilhos, colares, cordões, unhas pintadas com cores chamativas, bem
como roupas com estampas que prejudiquem a atenção e concentração dos surdos,
pois a percepção deles é através dos olhos e todo tipo de exagero tira a sua atenção,
dificultando o seu entendimento.
É importante que a intérprete do sexo feminino atente para o cabelo, tendo o cuidado
com o penteado, para não cobrir a expressão facial. Preferencialmente os cabelos
devem estar totalmente presos;
O intérprete, como qualquer outro membro que tenha função na igreja, tais como:
professor, instrumentista, grupo de louvor etc., deve ser chamado para o trabalho através de
dons espirituais e imposição de mãos do Ministério. Para interpretar na igreja não basta
apenas ser credenciado ou ter domínio da LIBRAS, sendo fundamental uma vida consagrada
na presença do Senhor, pois, nesta função será como um instrumento para levar a Obra do
Senhor ao surdo.
EQUIPE DE LIBRAS NOS MAANAINS E ANFITEATROS DA ICM
Nos Maanains e Anfiteatros da ICM haverá uma equipe de LIBRAS constituída por um grupo de
irmãos separados pelo Senhor e capacitados para interpretação dos seminários e eventos. Esta equipe
será coordenada por um pastor, que ficará responsável pela escala e convocação dos trabalhadores,
sem nenhuma distinção das demais equipes existentes.
Tendo em vista que a LIBRAS é uma língua de característica Espaço-Visual e para proporcionar
acessibilidade aos surdos, garantindo a eles um melhor aproveitamento das aulas e pregações
ministradas nos locais de reunião da ICM, haverá um local com assentos preferenciais para os surdos,
devidamente identificados com os símbolos relativos à surdez e à acessibilidade em LIBRAS, que
deverão estar em local que possibilite fácil visualização tanto do Intérprete como do professor ou
pregador, podendo, inclusive, ser usado um pequeno tablado para o intérprete, conforme imagem
ilustrativa a seguir, que será adotada no Maanaim de Domingos Martins e servirá de modelo a ser
aplicado e adaptado nos demais locais de reunião.
ASSISTÊNCIA AOS SURDOS NAS IGREJAS:
Assistência:
É de suma importância que o pastor local zele para que a Igreja seja conscientizada de que o
surdo faz parte do CORPO e que os mesmos cuidados destinados aos demais visitantes também
devem ser a ele dispensados. Desta forma, a responsabilidade de acolhimento e assistência aos surdos
em nossas igrejas é de todos (corpo) e não somente do intérprete.
Local apropriado para o surdo:
O pastor deverá cuidar para que o surdo tenha garantido o seu direito de sentar-se nos primeiros
bancos com acesso visual ao intérprete e ao pregador sem, contudo, sentar-se à frente das crianças.
A interpretação para os surdos:
O intérprete deverá ficar em pé de frente para o surdo, se possível a uma distância de dois
metros, de forma a facilitar a visualização dos sinais com a clareza que o surdo necessita.
Em casos onde haja mais de três bancos com surdos é recomendável que o
intérprete fique em um plano mais alto, para que todos os surdos possam vê-lo sem
qualquer impedimento. Pode ser utilizado para isso um pequeno tablado.
Os membros das igrejas deverão ser orientados que ninguém deverá passar entre
o surdo e o intérprete durante o período de interpretação, pois os sinais têm sentido de
conexão uns com os outros e se o surdo perde um sinal, ele poderá perder todo o
contexto daquilo que está sendo dito. Portanto, quando uma pessoa precisar passar
para um lado oposto ao surdo deverá fazê-lo dando a volta por trás do intérprete, que
deve facilitar a passagem dando um passo à frente, retornando em seguida à sua
posição.
O cuidado com a vida espiritual dos surdos:
No que se refere à assistência e orientação espiritual dos surdos deve ficar claro para a igreja que
o surdo é parte integrante do Corpo de Cristo, mas não cabe ao intérprete o cuidado com a vida
espiritual do surdo. Assim, o surdo precisa, desde a sua chegada, ser apresentado ao pastor
responsável pela igreja para que receba todo o cuidado e orientação, da mesma maneira que os
ouvintes.
Os surdos deverão ser inseridos na dinâmica dos Grupos de Assistência, sendo desejável que os
membros desses grupos recebam ao menos os ensinamentos básicos de LIBRAS para uma melhor
interação com eles.
Quando o surdo for batizado um(a) intérprete descerá com ele ao batistério e interpretará todos os
acontecimentos para que ele tenha total clareza do ato do batismo e seu significado.
O ensino bíblico para os surdos na Igreja:
É imprescindível que os surdos tenham aulas sobre as doutrinas bíblicas e manuseio da Palavra
da mesma maneira que os ouvintes, podendo, para isso, ser constituída uma classe específica para
surdos.
Estas aulas poderão ser ministradas pelo pastor ou por um(a) professor(a) por ele designado(a),
em português com interpretação para LIBRAS ou mesmo diretamente em LIBRAS, dependendo da
disponibilidade de recursos de cada igreja.
Com isso, será possível proporcionar o ensino bíblico aos surdos, que terão mais facilidade para
compreender tanto as mensagens nos cultos quando as aulas ministradas nos Maanains, passando a
conhecer fatos históricos, personagens bíblicos, etc.
Instruções para o trabalho dos surdos na Igreja:
Os surdos definidos e batizados poderão participar de todas as atividades da igreja como
qualquer outro membro.
O procedimento quando o surdo orar:
Quando um surdo se levantar para orar em LIBRAS na igreja o intérprete se posicionará de forma
que a igreja possa ver o surdo orando e fará a interpretação para o português de forma a dar
conhecimento à igreja de todo o teor da oração.
Caso haja outros surdos na igreja poderá haver um segundo intérprete, que copiará a oração do
surdo para que os demais surdos tenham acesso a ela.
O procedimento quando um obreiro surdo dirigir o louvor ou a Palavra:
Quando um obreiro surdo for designado para dirigir o período do louvor ou para entregar a
mensagem em um culto um(a) intérprete sentará no primeiro banco da igreja junto aos demais surdos e
com um microfone interpretará para o português o que for dito por ele em LIBRAS.
No período do louvor, quando houver uma oração por parte de um membro da igreja, um segundo
intérprete se levantará para interpretar de Português para LIBRAS.
Quando for entoado um hino o intérprete que estiver sentado deixará de interpretar voz e irá
interpretar em LIBRAS e os demais surdos cantarão LIBRAS juntamente com o surdo que estiver no
púlpito, dispensando o uso de um intérprete à frente.
Durante a mensagem haverá um(a) intérprete sentado(a) no primeiro banco, com microfone,
interpretando de LIBRAS para português.
O procedimento quando um surdo atuar na casa do Senhor como Obreiro:
No momento em que o surdo orar na assistência à igreja e aos visitantes, ele contará com o
auxílio de um(a) intérprete para este fim.
É importante enfatizar que assim como os demais membros, os surdos podem participar de todas
as atividades da igreja, desde que estejam na comunhão do corpo.
Como foi dito, as orientações aqui expostas são fruto de uma experiência própria concedida pelo
Senhor na ICM. Assim, não devemos copiar experiências de outros grupos religiosos ou mesmo do
mundo e aplicá-los no trabalho com surdos. Desta forma, interpretação de forma teatral, dançando,
interpretações masculinas que se assemelham às femininas e vice-versa são artifícios que não devem
ser usados por nós, pois o Senhor tem mostrado um trabalho diferente, onde surdos e ouvintes são
usados de acordo com a vontade Dele.
EVANGELIZAÇÃO DE SURDOS
Evangelização junto à igreja:
Incialmente os membros da igreja deverão ser questionados se conhecem surdos ou mesmo se
tem parentes, amigos ou colegas de trabalho surdos.
Em caso positivo os irmãos deverão ser incentivados a, contando sempre com o auxílio de um(a)
intérprete, convidar os surdos para participarem dos cultos.
Evangelização em escolas de surdos:
Além disso, os membros da igreja, sempre com o auxílio de um(a) intérprete, procurarão, próximo
da igreja, escolas em que haja surdos matriculados e, caso as encontrem, farão uma evangelização sob
a orientação do pastor local, que designará os irmãos que dela participarão.
Caso haja concordância da direção da escola, poderá ser realizado um culto no próprio
estabelecimento de ensino, quando a igreja local mobilizará todo o esforço necessário em função deste
culto evangelístico.
É importante ressaltar que os cultos especiais para os surdos devem ser realizados
preferencialmente onde houver intérprete na igreja, de forma a dar continuidade ao trabalho.
Evangelização feita pelos surdos:
Os surdos precisam ser conscientizados que quando entendem o projeto de salvação e aceitam a
Jesus como Salvador passam a ter o privilégio e o dever de compartilhar com os demais surdos e com
os ouvintes esse projeto de salvação.
Em anexo encontra-se um modelo de convite que poderá ser adaptado, impresso e utilizado nas
evangelizações de surdos.
Ensino de LIBRAS na Igreja Cristã Maranata
Será sempre incentivado e apoiado pelos pastores o ensino de LIBRAS nas igrejas, através de
oficinas e cursos a serem ministrados pelos Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais mais
experientes.
Além disso, a Comissão de Doutrina, Fé e Ética promoverá um curso básico de LIBRAS, a ser
ministrado utilizando os meios de comunicação da ICM, em especial o Satélite Maranata e a Rádio
Maanaim.
Todo o material de apoio será elaborado pelo Grupo de Trabalho de LIBRAS, com o auxílio de
Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais experientes, com bom conhecimento da Palavra de Deus
e integrados ao trabalho de assistência aos surdos.
Conclusão
Como conclusão reiteramos que o trabalho de assistência aos surdos e ensino de LIBRAS é
estratégico dentro da Igreja Cristã Maranata, por estar voltado para a evangelização e salvação,
equivalendo em importância aos trabalhos voltados para o Louvor, o Ensino de Crianças,
Intermediários, Adolescentes e Jovens e Senhoras, devendo ser apoiado pelos pastores,
coordenadores de área e coordenadores de região.
Os pastores e membros das igrejas poderão enviar dúvidas, sugestões e experiências para os
seguintes e-mails: [email protected] e [email protected] .
A Paz do Senhor
Comissão de Doutrina, Fé e Ética.
Modelo do Convite
Convidamos você e sua família para o
CULTO ESPECIAL COM OS SURDOS
Dia: / / às : h, na Igreja Cristã Maranata.
Endereço: