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DIREITOS TERRITORIAIS E POVOS REMANESCENTES DE QUILOMBOS: MAPEAMENTO DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS NO BRASIL E EM
MINAS GERAIS
Letícia de Castro Guimarães Socióloga, Mestre em Geografia – UFU
Karla Raquel de Souza Graduanda em Geografia – Faculdade Católica de Uberlândia
Bolsista FAPEMIG [email protected]
Pablo Guimarães Andrade
Graduando em Ciências Sociais – UFU [email protected]
Resumo O presente estudo tem por objetivo dar visibilidade ao processo de territorialização das comunidades quilombolas no Brasil e, de modo especial, em Minas Gerais, de modo a compreender o panorama de sua distribuição geográfica, assim como a dinâmica da regularização territorial dos remanescentes de quilombos. Utilizando-se de informações sistematizadas em um banco de dados para a investigação sobre a situação das comunidades remanescentes de quilombos, foi possível identificar e localizar os territórios quilombolas em nível nacional, regional, estadual e municipal, assim como analisar a sua situação fundiária. Palavras-Chave: Remanescente de Quilombos. Direitos Territoriais. Territórios Quilombolas. Introdução No Brasil, as comunidades afrodescendentes vêm reivindicando a titulação dos
territórios onde vivem como forma de garantir a produção de sua existência material e
cultural. Atualmente, graças às iniciativas das comunidades quilombolas pelo seu auto-
reconhecimento, aproximadamente 4.000 comunidades espalhadas por todo território
nacional, foram identificadas, como primeiro esforço para o reconhecimento legal dos
seus direitos patrimonial e territorial.
Na trajetória de luta pelo direito ao território quilombola, tais comunidades elaboram suas
identidades coletivas, constituem-se como sujeitos sociais, ampliando sua presença no
espaço político, além de impor o reconhecimento de sua cidadania. Nesse processo de
construção da cidadania os quilombolas questionam o lugar que lhes é imposto na
sociedade, sendo portadores de reivindicações que visam resgatar seus direitos territoriais.
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Considerando que as experiências de luta desencadeadas pelos povos quilombolas para
o reconhecimento jurídico-formal das práticas de uso comum da terra contrariam as
interpretações teóricas que indicam o trágico declínio, ou mesmo a tendência inexorável
ao desaparecimento das comunidades tradicionais, de modo especial das populações
quilombolas, o presente trabalho objetiva dar visibilidade ao processo de
territorialização do movimento quilombola no Brasil e, de modo especial, em Minas
Gerais, de forma a compreender o panorama da distribuição geográfica assim como a
situação fundiária desses grupos étnicos. Este trabalho reúne alguns resultados da
pesquisa intitulada “Direitos territoriais e patrimoniais: cartografia dos territórios
quilombolas em Minas Gerais”, desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica – FAPEMIG, cujo tema central é a cartografia os
territórios de remanescente de quilombos, buscando contribuir para a investigação sobre
a situação das comunidades quilombolas em Minas Gerais.
Para compreender a dinâmica socioterritorial das comunidades quilombolas em nível
nacional e, de modo especial em Minas Gerais, buscou-se investigar nas bases de dados
disponibilizadas pela Fundação Cultural Palmares – FCP – e pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária – INCRA –, além dos registros municipais das
comunidades afrodescendentes produzidos por Anjos (2009), identificando as
comunidades negras de origem quilombola. As informações obtidas nas respectivas
fontes foram armazenadas em um banco de dados, classificando os remanescentes
quilombolas em cinco níveis escalares: nacional, macrorregional, estadual,
mesorregional e municipal, além de indicar a situação fundiária de seus territórios.
Conceito e dispositivos legais da questão quilombola Os estudos e pesquisas referentes aos direitos patrimoniais dos povos tradicionais,
particularmente, dos quilombolas são relativamente recentes. Eles resultam dos debates
inseridos em torno da aplicação do artigo 68 do Ato de Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição Federal (BRASIL, 1998, p. 189), que afirma: Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos
De acordo com O´Dwyer (2010), a Associação Brasileira de Antropologia iniciou, a
partir de 1994, uma reflexão sobre o conceito de comunidade remanescente de
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quilombo, com vistas à aplicação do artigo 68, acima mencionado. O termo quilombo
foi ressemantizado, não se referindo mais a resíduos arqueológicos de ocupação
temporal ou a uma população estritamente homogênea, consistindo em grupos que
desenvolveram práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução dos seus
modos de vida característicos e na consolidação de um território próprio (O´DWYER,
2010, p. 43). Para esta autora a identidade social desses grupos se define por
experiências vivenciadas, assim como valores compartilhados por uma história comum.
Constituem-se, portanto, em grupos étnicos cujas identidades se diferenciam da
sociedade mais ampla.
O termo quilombo é também referenciado como terras que resultaram da aquisição por
negros libertos, da posse pacífica de ex-escravos pelas terras abandonadas pelos
proprietários em épocas de crise, ou mesmo da ocupação de terras doadas aos santos
padroeiros. Nesse sentido, os quilombos constituem o que Almeida (2008) denomina
com terras de uso comum. De acordo com esse autor, uma das modalidades de uso
comum da terra, mantidas à margem da ação oficial de regularização fundiária, se refere
às “terras de preto”, constituindo em domínios equivalentes a antigos quilombos e/ou
áreas de alforriados nas cercanias de antigos núcleos de mineração, que
permaneceram em isolamento relativo, mantendo regras de uma concepção de direito,
que orientavam uma apropriação comum dos recursos (ALMEIDA, 2008, p. 148).
A definição jurídico-normativa do conceito de remanescente de quilombo veio a ser
veiculada somente em 2003, por meio do Decreto 4.887 (BRASIL: s/d, p.40), que no
seu artigo 2º considera comunidades remanescentes de quilombos como (...) os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a existência à opressão histórica sofrida.
A iniciativa do Decreto 4.877/2003 instituiu novas normas que regulamentam
procedimentos para identificação, reconhecimento e regularização (delimitação,
demarcação e titulação) das terras ocupadas por quilombolas, delegando ao INCRA a
competência para a titulação das áreas e à FCP a missão de expedir, por meio do
Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos, a certificação dos
grupos de afrodescendentes que se auto-reconheceram como quilombolas. Ressalte-se
que o Decreto em referência se fundamenta na Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil
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é signatário, que considera a consciência identitária dos povos indígenas e tribais como
critério para a sua identificação.
A literatura sobre territórios quilombolas (ALMEIDA, 2008; BASTOS, 2007;
O´DWYER, 2010) indica a dificuldade na efetivação dos dispositivos legais para o
reconhecimento desses territórios. Uma evidência da restrição aos direitos territoriais
dos quilombolas, como relata O´Dwyer (2010) é a Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIN) ajuizada pelo Partido Democratas (DEM) no Supremo Tribunal Federal,
contestando, especialmente, o direito à terra das comunidades, que uma vez tituladas, se
tornam coletivas e inalienáveis.
Para Almeida (2008, p. 26) o reconhecimento dos territórios quilombolas não está
isento de situações de conflito, uma vez que rompem com a invisibilidade social, que
historicamente caracterizou estas formas de apropriação dos recursos baseadas
principalmente no uso comum e em fatores culturais intrínsecos, e impelem a
transformações na estrutura agrária.
Por sua vez, o reconhecimento jurídico-formal dos territórios étnico-raciais não
significa, de acordo com esse autor, o acatamento absoluto das reivindicações
encaminhadas pelos movimentos sociais, não se traduzindo em resolução de conflitos
territoriais, de modo especial, no que se refere às diferentes formas de apropriação e uso
comum dos recursos naturais por diferentes grupos tradicionais.
Outro estudo relevante para a compreensão da territorialidade quilombola é aquele
realizado por Anjos (2009). De acordo com esse autor, as comunidades remanescentes
das populações de matriz africana se territorializaram, por distintos processos de
ocupação no espaço rural e nas periferias urbanas do Brasil, vivenciando, portanto,
situações de exclusão social e com dificuldades de inserção na sociedade brasileira.
Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado no cenário econômico, tornando-se a sexta
economia do mundo. Na perspectiva de atender a demanda crescente da economia
globalizada e a avidez para alcançar mercados externos, o agronegócio tem sido
incrementado, agravando a questão da terra. Com a priorização de grandes
investimentos no setor agrícola, fundamentada na grande propriedade, a produção de
commodities como etanol, grãos, minério, carne, celulose, ganha importância estratégia
nos mercados globais, promovendo a expropriação de povos e comunidades tradicionais
do campo, numa escala sem limites. Nesse sentido, o Conselho Nacional de Segurança
Alimentar (CONSEA), por meio do documento intitulado “Terra: direitos patrimoniais
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e territoriais”, elaborado em outubro de 2008 pelo Grupo de Trabalho sobre Terra e
Patrimônio Territorial, denuncia que a questão da terra, coloca-se, de forma renovada,
no centro do conflito social no Brasil. Esse mesmo documento evidencia o avanço dos
conflitos nos territórios étnico-raciais: Inúmeros conflitos existem entre as comunidades quilombolas e grandes fazendeiros devido às terras ocupadas pelos quilombolas sem a respectiva proteção federal. Em alguns casos o governo tomou partido daqueles que se opõem às reivindicações dos quilombolas. Tais conflitos intensificam-se, freqüentemente, ao ponto que latifundiários recorreram ao uso de táticas de intimidação. (CONSEA, 2008, p. 4)
Em Minas Gerais, de modo especial, o agronegócio se consolidou com a política de
modernização da agricultura, sobretudo, nas áreas do cerrado. A implementação dos
programas de ocupação do cerrado (POLOCENTRO, PADAP e PRODECER), partir da
década de 1970, buscou incentivar, como afirma Guimarães (2002), a prática de uma
agricultura “moderna e racional” no que refere ao emprego de novas técnicas e de
processos capazes de proporcionar mudanças na base de produção, em detrimento da
tradicional praticada até então. Neste contexto, o cerrado mineiro, marcado, até então,
pela criação extensiva de gado de corte e pela agricultura de subsistência deu lugar à
produção intensiva de grãos, florestas homogêneas de eucalipto e, mais recentemente,
do monocultivo da cana. Tudo isso provocou a destruição do meio ambiente, a
concentração de renda, assim como a exclusão do campesinato nessa região.
Para as comunidades quilombolas, ao contrário do agronegócio, a terra não é apenas um
patrimônio econômico. Ela está associada à identidade quilombola, uma vez que ela
singulariza o modo de viver e de produzir dessas comunidades. Como afirma Alexandro
Reis, no Prefácio ao Programa Brasil Quilombola: Ancestralidade, resistência, memória, presente e futuro sintetizam o significado da terra para essas comunidades, fortemente marcadas pela tradição e respeito aos bens naturais, como fonte garantidora de sua reprodução física, social e econômica (BRASIL, s/d, p. 6)
Desse modo, a garantia de acesso à terra se apresenta como questão fundamental para
esses grupos. De acordo com Carril (2006, p.161), Permanecer nessas terras após alguns séculos revela-se uma vitória histórica numa sociedade camuflada pelo “mito da democracia racial”. Num sistema sócio-econômico-político e territorialmente excludente, a luta pela terra nos quilombos é, de um lado, uma fração da luta pela reforma agrária e de outro, uma tentativa de reparar parcialmente a histórica exclusão social do negro brasileiro, no tocante a comunidades com identidades próprias.
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No processo de identificação e mapeamento das comunidades quilombolas, há que se
reconhecer que elas não se encontram no mesmo nível organizacional. Existem aquelas
que se auto-definem e são reconhecidas formalmente como comunidades quilombolas,
outras que apresentam formas de organização embrionárias. De modo geral elas podem
ser assim tipificadas: as comunidades que se encontram em processo de autodefinição,
ou em observação, as auto-definidas e aquelas que cumpriram tais etapas e aguardam o
processo definitivo de reconhecimento de seus territórios por parte do Estado. Nesse
contexto, o levantamento das diferentes situações organizacionais e identitárias das
comunidades quilombolas permite compreender a sua dinâmica socioterritorial.
Distribuição geográfica das comunidades de quilombos Por meio de um levantamento realizado na base de dados da FCP, foi possível elaborar
um panorama da distribuição geográfica dos grupos quilombolas no Brasil. A FCP
certificou, de janeiro de 2004 a dezembro de 2011, 1.820 comunidades remanescentes
de quilombos em todo país, com exceção dos estados de Acre e Roraima. A distribuição
geográfica dessas comunidades demonstra que a Região com maior número de
comunidades quilombolas é a Nordeste, que conta com 1.169 grupos remanescente de
quilombos, correspondendo a 64.2% do seu total, seguida das Regiões Sudeste, com
248 (13.6%), Norte, com 164, (9.1%), Sul com 131 (7.2%) e finalmente Centro-Oeste,
com apenas 108 comunidades, equivalendo a 5.9% daquelas certificadas pela Fundação.
O Gráfico 1, a seguir, indica a localização dos remanescentes quilombolas, segundo as
Grandes Regiões do Brasil.
Gráfico 1 - Localização das comunidades quilombolas certificadas, segundo as Grandes Regiões – Brasil (2011)
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Conforme demonstra a Tabela 1, os estados com maior número de comunidades
certificadas são Bahia, Maranhão e Pernambuco, apresentando a maior concentração de
quilombos localizadas na Região Nordeste A maior incidência de quilombolas na Bahia
e no Maranhão pode ser explicada pelo fato de que nestes estados elas se encontram
num estágio mais avançado de organização. A Bahia, por exemplo, já implementou, de
acordo com a Associação dos Advogados de Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia
(2012), o Conselho Estadual de Quilombolas, com o objetivo de promover o
fortalecimento institucional das associações quilombolas. Já no Maranhão, os grupos
quilombolas encontram-se articulados na Associação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ), organização pioneira na luta pela garantia
dos direitos territoriais dos remanescentes de quilombos deste estado, cuja missão é
servir como fórum de representação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do
Maranhão (ROSAR, 2009).
Tabela 1. Estados brasileiros com maior número de comunidades quilombolas certificadas (2011)
ESTADOS COM MAIOR Nº DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS
NUMERO DE COMUNIDADES
Bahia 435 Maranhão 406 Minas Gerais 148 Pernambuco 108 Pará 102
Fonte: FCP
Embora Minas Gerais apresente 148 comunidades auto-reconhecidas, foi possível
identificar, no levantamento realizado a partir diferentes fontes, 299 comunidades que
podem ser classificadas como quilombolas. Por meio da pesquisa foi possível elaborar
um panorama da distribuição destes grupos étnicos nas diferentes mesorregiões de
Minas. Como mostra a Tabela 2, os territórios quilombolas mineiros estão concentrados
nas mesorregiões do Jequitinhonha, Norte de Minas e Metropolitana de Belo Horizonte,
onde se encontram 64,6% do seu total. A Zona da Mata apresenta 8%, Vale do Mucuri
7% e Noroeste 6,7%. As demais regiões apresentam registros pouco significativos, que
correspondem a 13,7%.
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Tabela 2 - Localização das comunidades quilombolas mineiras, segundo as mesorregiões – Brasil (2011)
GRANDE REGIÃO NÚMERO % Campo das Vertentes 04 1,3 Central Mineira 02 0,7 Jequitinhonha 81 27,1 Metropolitana de Belo Horizonte 52 17,4 Noroeste 20 6,7 Norte de Minas 60 20,1 Oeste 04 1,3 Sul/Sudoeste de Minas 07 2,3 Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba
11 3,7
Vale do Mucuri 21 7,0 Vale do Rio Doce 13 4,3 Zona da Mata 24 8,0 Fonte: FCP, INCRA e ANJOS (2009)
Conforme relata Guerrero (2008), o processo de modernização da agricultura no Vale
do Jequitinhonha ocorreu ao longo da década de 1970, com a instalação de empresas
reflorestadoras em uma extensa área do cerrado, sobretudo no Alto e Médio
Jequitinhonha. Com o objetivo de incentivar o abastecimento de indústrias siderúrgicas
e de papel celulose, as reflorestadoras formaram um grande deserto verde, mediante o
monocultivo do eucalipto, restringindo a produção camponesa para as grotas. São
nessas áreas de difícil acesso que grande parte das comunidades quilombolas da região
resiste à modernização conservadora, enfrentando problemas de toda ordem, além de
serem mal atendidas pelo poder público, conforme indica CEDEFES (2008). A maioria
dos quilombos da região se localiza nos municípios de Chapada do Norte, Berilo,
Itamarandiba e Minas Novas (Tabela 3).
O Norte de Minas possui 89 municípios, ocupando uma área de 128.454 km². Nessa
mesorregião predomina o bioma do cerrado, seguido pela caatinga, que ocupa 2% da
região, estando restrita à porção extremo-norte, na bacia do Rio São Francisco. O estudo
do CEDEFES (2008) sobre os quilombolas de Minas Gerais indica que as populações
tradicionais do Norte de Minas, incluindo aí as comunidades quilombolas, são
conhecidas conforme os biomas (caatinga ou cerrado) e atividades que ocupam. Nas
chapadas, localizadas na margem esquerda do Rio São Francisco, vivem as populações
quilombolas conhecidas como chapadeiros. Nos municípios de Manga e Januária,
encontramos os ribeirinhos ou vazanteiros. Nos vales do Verde Grande e Gorutuba
encontram-se os quilombolas denominados geraizeiros ou caatingueiros. Os municípios
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do Norte de Minas que mais concentram remanescentes de quilombos são: Manga e
Januária (Tabela 3).
Grande parte dos remanescentes de quilombos do Norte de Minas se localiza, de acordo
com CEDEFES (2008), entre os vales dos rios Verde Grande e Gorutuba. Essa região, a
princípio não foi habitada pela população européia nos primeiros séculos de ocupação,
em razão dos focos de malárias ali existentes. Para o CEDEFES (2008, p. 46), como a
população de origem africana apresentava maior resistência a essa doença endêmica,
a malária serviu como escudo que permitiu a ocupação desse local por escravos e
outros negros. Dois grandes territórios quilombolas dessa mesorregião estão
localizados em espaços que extrapolam as fronteiras administrativas do município: a
comunidade Brejos dos Crioulos se estende pelos municípios de São João da Ponte,
Varzelândia e Verdelândia; já o grande quilombo dos Gorutubanos ocupa terras
distribuídas pelos municípios de Porteirinha, Pai Pedro, Catuti, Janaúba, Jaíba, Monte
Azul e Gameleira.
Tabela 3 - Municípios mineiros com maior número de comunidades quilombolas (2011) MUNICÍPIOS COM MAIOR Nº DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS
NUMERO DE COMUNIDADES
Manga 17 Chapada do Norte 14 Berilo 13 Ouro Verde de Minas 11 Itamarandiba 10 Januária 9 Minas Novas 8 Vazante 8 Paracatu 7 Conceição do Mato Dentro 6
Fonte: FCP, INCRA e ANJOS (2009)
Vale ressaltar que as comunidades quilombolas do Norte de Minas resistem, ainda, ao
processo de desenvolvimento rural implantado pelo poder público, voltado para
produção de monocultivos. Os programas governamentais de modernização agrícola
implementados nessa mesorregião, transformaram o espaço agrário, marcado antes pela
criação extensiva de corte e por uma agricultura de subsistência praticada pelos povos
tradicionais. De acordo com Costa Filho (2008, p. 59), o processo de modernização da
agricultura, baseado no estímulo do reflorestamento monocultural do eucalipto e, em
menor medida, na pecuária extensiva, contribuiu para uma exclusão ainda maior da
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agricultura camponesa. Com a expansão das áreas de reflorestamento e da agricultura
de irrigação, as populações tradicionais (geraizeiros, ribeirinhos, caatingueiros e
chapadeiros), ficaram à margem deste processo de modernização, se tornando vítimas
de processos expropriatórios e de impactos ambientais do que sobrou de seus territórios.
Há que se considerar, ainda, que o Jequitinhonha e o Norte de Minas apresentam-se
como uma das regiões mais pobres do Brasil, cujos indicadores sociais estão abaixo da
média do país. Enquanto os valores do Índice de Desenvolvimento Humano – IDHi – do
Brasil e de Minas Gerais correspondem a 0,718 e 0,800, os do Jequitinhonha e Norte de
Minas equivalem a 0,650 e 0,649, respectivamente. Tais indicadores demonstram a
situação de vulnerabilidade vivenciada pelas populações quilombolas que se encontram
nessas regiões.
Panorama da regularização fundiária dos povos remanescentes de quilombos De acordo com o Decreto 4887/2003, o INCRA é a instituição responsável pela
regularização fundiária das comunidades quilombolas, em parceria com os Institutos de
Terras Estaduais e a FCP.
Conforme dispõe a Instrução Normativa 57/2009 do INCRA, os processos de
regularização só podem ser iniciados mediante a certificação das comunidades
remanescentes de quilombos emitidas pela FCP. Apesar de se estimar a existência de
cerca de 4.000 comunidades quilombolas no Brasil, foram certificadas 1.820 no período
de 2004 a 2011. O Gráfico 2 mostra o quantitativo de comunidades certificadas por ano.
Gráfico 2 - Comunidades certificadas por ano – Brasil (2004-2011)
Fonte: Fundação Cultural Palmares
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Ao analisar o Gráfico 2, foi possível verificar o elevado número de comunidades
certificadas em 2006, totalizando 416 certificações, ao passo que em 2009 foram
certificadas apenas 98.
O processo de regularização fundiária das áreas remanescentes de quilombos pressupõe
algumas etapas. Inicialmente faz-se a abertura do processo no INCRA, seguida da
elaboração do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) que inclui a
elaboração de relatório antropológico, de levantamento fundiário, de planta e
memorial descritivo, assim como o cadastramento das famílias quilombolas. (BRASIL,
2012, p.13). Na sequencia, publica-se o RTID no Diário Oficial da União abrindo-se
prazos para a interposição de recursos judiciais e possíveis contestações ao RTID. As
etapas seguintes referem-se à publicação da portaria de reconhecimento do território;
decretação do território como de interesse social; desintrusão dos ocupantes não
quilombolas por meio de indenização quando for o caso. Finalmente o INCRA expede a
titulação da área. O título é coletivo, indivisível, inalienável e emitido em nome da
Associação, como representante legal das comunidades quilombolas.
Conforme indica o documento Territórios Quilombolas – Relatório 2012, no período de
2004 a 2011 foram abertos 1149 processos no INCRA, sendo 149 RTID’s elaborados;
71 portarias de reconhecimento territorial publicadas, e efetivados 42 decretos de
interesse social. O mesmo relatório indica a existência de 121 títulos emitidos,
regularizando 988.356,6694 hectares em benefício de 109 territórios, 190 comunidades
e 11.946 famílias quilombolas. (BRASIL, 2012: 16). Considerando que entre 1995 e
2003 foram expedidos 49 títulos, a quantidade emitida entre 2004 a 2011 foi de 72
títulos. A Tabela a seguir demonstra o andamento da regularização fundiária dos
territórios quilombolas no Brasil.
Tabela 4 – Regularização fundiária das comunidades quilombolas – Brasil (2004-2011) Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Processos abertos no INCRA
111 208 189 167 123 147 74 130
Titulações expedidas 2 7 19 5 16 9 11 3 Fonte: INCRA
Apesar do alto número de comunidades quilombolas certificadas e com processo aberto
no INCRA, pode-se verificar que poucas delas conseguem a titulação de seu território.
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Dos 1149 processos abertos nessa autarquia, no período de 2004 a 2011, apenas 72
(6,3%) foram finalizados, mediante a titulação de suas terras.
Coincidentemente, foi em 2006, ano de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a maior incidência de territórios quilombolas certificados e titulados, como
demonstra o Gráfico 2 e a Tabela 4.
Tabela 5 – Regularização fundiária de quilombos – Títulos emitidos por Estados ESTADO TÍTULOS
Pará 56 Maranhão 23 Rio Grande do Sul 08 São Paulo 07 Bahia 06 Piauí 05 Mato Grosso do Sul 04 Mato Grosso 01 Rio de Janeiro 02 Amapá 03 Pernambuco 02 Goiás 01 Sergipe 01 Minas Gerais 01 Rondônia 01
TOTAL 121 Fonte: INCRA
Ainda que o INCRA seja a instituição responsável pelo processo de regularização
fundiária no território nacional, sua atuação não impede a ação dos estados e
municípios. Nos casos dos territórios quilombolas localizados em terras públicas do
estado, esta autarquia efetiva parcerias com os Institutos de Terras. Esta é a razão da
maior emissão de títulos em estados como o Pará, Maranhão, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Bahia e Piauí (Ver Tabela 5), cujos processos de regularização territorial são
executados pelos Institutos de Terras. Vale salientar que noveii estados que possuem
comunidades certificadas ainda não alcançaram o processo regularização fundiária,
enquanto outros estados, como Minas Gerais, por exemplo, apenas uma comunidade
obteve a titulação de sua área.
Para compreender a dinâmica da regularização fundiária dos territórios quilombolas em
Minas Gerais, buscou-se sistematizar a situação das comunidades mapeadas, seguindo a
seguinte classificação: considera-se comunidade identificada aquela que está passando
por processo de autodefinição como remanescente de quilombo e se encontra em estágio
embrionário de organização; denomina-se comunidade certificada aquela que foi
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cadastrada pela FCP, contudo não possui processo administrativo para identificação e
reconhecimento do seu território no INCRA; o processo aberto no INCRA refere-se
àquelas comunidades que já iniciaram o procedimento administrativo de regularização
fundiária na autarquia e aguardam a elaboração do RTID, para fins de identificação e
delimitação de suas áreas; o território é reconhecido, mediante aprovação definitiva do
RTID e declaração dos limites da área pelo INCRA; a emissão do título é a última etapa
da regularização fundiária, efetivada após a desintrusão do território (Ver Tabela 6).
Tabela 6 - Situação fundiária das comunidades quilombolas em Minas Gerais (2011) Status Quantidade %
Comunidade Identificada 130 43,5 Comunidade Certificada 54 18,1 Processo aberto no INCRA 108 36,1 RTID publicado 5 1,7 Território reconhecido 1 0,3 Título emitido 1 0,3 TOTAL 299 100,00
Fonte: FCP, INCRA e ANJOS (2009)
Ao verificar a Tabela acima, percebe-se que das 299 comunidades pesquisadas, 43,5%
não foram cadastradas pela FCP. Uma das hipóteses levantadas com relação ao não-
cadastramento de tais comunidades é que elas se encontram em um processo
embrionário de organização, ou seja, não se auto-reconheceram, ainda, como
quilombolas, procedimento fundamental para se requisitar a regularização de seus
territórios. Outro aspecto averiguado foi que, dentre as 108 comunidades com processo
aberto no INCRA, cinco tiveram o RTDI concluído – procedimento administrativo
fundamental para titulação –, ao passo que apenas uma conseguiu a emissão do titulo de
seu território. Somente uma comunidade quilombola teve o seu território reconhecido
pelo INCRA.
Quando se desagregam os dados relativos às comunidades identificadas em termos das
mesorregiões mineiras, é possível averiguar que grande parte das comunidades
quilombolas localizadas no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e no Oeste encontram-se
em processo de autodefinição, correspondendo a 81,9% e 75% respectivamente. Na
mesorregião do Triângulo Mineiro foram encontradas onze comunidades, sendo que
apenas duas estão certificadas e com processo aberto no INCRA, ao passo que na Oeste,
das quatro comunidades pesquisadas, apenas uma obteve certificação na FCP e está com
processo aberto no INCRA.
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Ainda com relação à Tabela 6, fica evidente o contraste entre o número de comunidades
identificadas com o reconhecimento do território e o título de posse emitido pelo
INCRA, o que evidencia o processo intricado de regularização fundiária dos
quilombolas em Minas Gerais. A única comunidade que obteve o reconhecimento pelo
INCRA no estado foi Brejo dos Crioulos e a que conquistou a titualação foi Porto Corís.
A comunidade quilombola Porto Corís, localizada no município de Leme do Prado, na
mesorregião do Jequitinhonha, foi a primeira de Minas Gerais a ser certificada e a única
tituladaiii. Contudo, em 2004, com a construção da Usina Hidrelétrica Irapé, localizada
no rio Jequitinhonha, esta comunidade foi obrigada a deixar seu território, devido a
inundação da área causada pela construção da barragem. Como observa a Comissão
Pró-Índio de São Paulo (2012), os quilombolas, com o apoio de instituições como a
Campo Vale, a Comissão Pastoral da Terra, o Movimento dos Atingidos de Barragem,
do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA – UFMG e o CEDEFES
lutaram para permanecer em seu território, porém, este ato foi em vão. Em 2006, a
CEMIG os retirou daquele espaço, reassentando-os irregularmente no povoado de. de
Mandassáia, no município de Leme do Prado. Como a área do território onde vivam é
muito diferente do atual, os quilombolas têm dificuldades para se adaptarem à nova
realidade. Lidar com a mudança para outro universo, inclusive de produção agrícola,
tem sido um desafio. Nesse novo local eles tentam reconstruir a sua história, criar
novas referências e estabelecer vínculos como um espaço que lhes é estranho
(Comissão Pró-Índio de São Paulo: 2012).
O que chama a atenção é que Porto Corís, foi a primeira comunidade em Minas Gerais a
conquistar o título de suas terras tradicionais, é também a primeira a perder o acesso a
seu território em decorrência de uma ação governamental para a instalação de projetos
de desenvolvimento, o que configura uma injustiça ambiental.
O quilombo Brejo dos Crioulos localiza-se entre os municípios de São João da Ponte,
Verdelândia e Varzelândia, na mesorregião Norte de Minas e é constituído por 650
famílias, totalizando 2.884 moradores (CEDEFES, 2008). Segundo o Grupo de Estudos
em Temáticas Ambientais – GESTA – UFMG (2012), Brejo dos Crioulos foi a primeira
comunidade desta mesorregião a se autodefinir como remanescente de quilombo,
reivindicando a regularização fundiária para o governo federal, em 1998. Desde então,
os quilombolas vêm mobilizando, por meio de uma rede de apoio formada por
organizações como o Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR), a Comissão Pastoral da
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Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Centro
Alternativa do Norte de Minas (CAA) e Movimento Negro, para reivindicar seus
direitos territoriais. Desde 2004, quando obtiveram a sua certificação pela FCP, os
quilombolas reocuparam por seis vezes a terra que se encontra nas mãos dos
fazendeiros, desencadeando uma situação de tensão permanente. Como indica GESTA –
UFMG (2012): Em todas as reocupações territoriais, os quilombolas denunciaram na imprensa regional e pelos meios midiáticos disponíveis a forma ilegítima e violenta como foram conduzidas as reintegrações de posse. Em decorrência da pressão do movimento social regional, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou três Audiências Públicas cujos desdobramentos propiciaram a intermediação da Procuradoria da República em Minas Gerais para a negociação entre os quilombola e os fazendeiros.
Segundo Quilombo Brejo dos Crioulos (2012), diante da morosidade do Governo
Federal na solução dos conflitos vivenciados no território, três quilombolas se
acorrentaram, no dia 28 de setembro de 2011, em frente ao Palácio do Planalto, junto a
outros cem acampados, exigindo a assinatura do decreto de desapropriação do seu
território pela presidente Dilma Roussef. A assinatura do referido decreto deu-se em 29
de setembro de 2011, autorizando a desapropriação de 74 fazendas, totalizando uma
área de 17.302 hectares, beneficiando 500 famílias quilombolas.
Com o reconhecimento do quilombo Brejo dos Crioulos, os conflitos entre fazendeiros e
quilombolas se agravaram, culminando com ameaças por parte de pistoleiros, a mando
dos latifundiários da região, aos membros da comunidade. Segundo a Agência de
Notícias da Polícia Federal (BRASIL, 2012), para proteger os remanescentes do
quilombo, o órgão deflagrou, com o apoio da Polícia Militar de Minas Gerais, a
Operação Brejo dos Crioulos, cumprindo, em fevereiro de 2012, oito mandatos de busca
e apreensão de armas nos municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia.
O processo de regularização do território quilombola encontra-se, segundo indica o
Combate ao Racismo Ambiental (2012), na fase de avaliação das fazendas que serão
desapropriadas para, então, dar início aos trâmites de compra e, finalmente, efetivar a
titularidade em nome da comunidade.
Cabe destacar que a regularização fundiária dos territórios quilombolas tem como ponto
de partida a articulação política das comunidades e movimentos negros, no sentido de
desencadear as primeiras iniciativas em direção ao seu reconhecimento, conforme
afirma Rodrigues (2010). Contudo a chegada ao processo final para a conquista de seus
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direitos implica um longo percurso que atravessa uma imbricada zona burocrática,
técnica e política que se impõe à titulação.
Considerações finais Ao longo deste trabalho, procurou-se elaborar um panorama da distribuição geográfica
dos grupos remanescentes de quilombos no Brasil e em Minas Gerais, buscando
demonstrar a situação encontrada em termos de regularização fundiária dos seus
territórios. Verificou-se que a partir da Constituição de 1988, esses grupos obtiveram o
reconhecimento de seus direitos territoriais e culturais, saindo da invisibilidade social a
que foram relegados durante 500 anos. Nesse sentido, o presente ensaio é uma
contribuição para o processo de identificação e de mapeamento das comunidades
étnico-raciais, dando visibilidade à questão quilombola no âmbito acadêmico.
Outro aspecto revelado por este estudo diz respeito aos obstáculos vivenciados pela
população quilombola na conquista dos seus direitos territoriais garantidos pela
Constituição Brasileira. Apesar da estimativa de cerca de 4.000 comunidades de
quilombos em todo Brasil, a incidência de titulações é pouco significativa. Em Minas
Gerais, em especial, o processo de titulação territorial demonstra os entraves
burocráticos na demarcação das terras quilombolas, entrecruzados pelas reações dos
setores mais conservadores na justiça e na mídia, além do recrudescimento da violência
no campo. O processo de certificação estabelece o reconhecimento oficial do território
tradicionalmente ocupado, contudo a garantia da sustentabilidade das comunidades
quilombolas se efetivará com a titulação de seus territórios. Afinal, mais do que espaço
físico e geográfico, o território é entendido como patrimônio necessário para a
reprodução física, material e cultural das comunidades quilombolas.
Notas
i O IDH é a composição de três índices conhecidos: 1) expectativa de vida ao nascer, 2) grau de escolaridade e analfabetismo; 3) nível de renda ajustado ao poder de compra do dólar. Ele varia de 0 a 1, subdividido em baixo IDH (de 0 a 0,5), médio IDH (0,51 a 0, 79) e IDH alto (acima de 0,8).
ii Os estados cujas comunidades quilombolas não obtiveram titularização de suas áreas são: Amazonas, Amapá, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Tocantins.
iii Porto Corís obteve a titulação de sua área, expedido em julho de 2000, pela Fundação Cultural Palmares (Fonte: INCRA-DFQ).
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