direitos humanos e religião afro- ameríndia. · a religião como valor ético –fazer com que...

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Universidade Federal do Amapá. Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania Brasileira NDHCB. Prof. Roberto José Nery Moraes 2010 Direitos Humanos e Religião Afro- Ameríndia.

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Universidade Federal do Amapá.

Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania Brasileira –

NDHCB.

Prof. Roberto José Nery Moraes

2010

Direitos Humanos e Religião Afro-

Ameríndia.

Valores Civilizatórios das Comunidades

Tradicionais - Afro-Ameríndias.

1. O Que Nós Somos – Valores Civilizatórios das

Comunidades Tradicionais (MORAES, 2007).

Sistemas abertos, plurais, inclusivos, evangélicos,

ecumênicos, não codificados, com racionalidade

ambiental, evolucionistas, não reducionistas;

Promovem a cultura da paz, da tolerância, do

respeito mútuo entre os indivíduos, da

convergência, da solidariedade, das liberdades, da

irmandade humana;

Valores Civilizatórios das Comunidades

Tradicionais - Afro-Ameríndias.

1. O Que Nós Somos.

Possuem na relação com o absoluto, teologia, liturgia,

corpo sacerdotal formado por um aprendizado baseado na

tradição oral, valorizam os antepassados, a ancestralidade

e toda a herança do capital cultural herdado;

Se fundamentam seus comportamentos e agir na ética da

universalidade e do acolhimento, objetivando o aumento

consciencial da coletividade planetária para o pleno

exercício da cidadania espiritual, opondo-se às

desigualdades gêneses de injustiças;

Valores Civilizatórios das Comunidades

Tradicionais - Afro-Ameríndias.

1. O Que Nós Somos.

Não promovem a discriminação, a intolerância ou a

morte de indivíduos por motivos de fé, aceitasse o

indivíduo em sua individualidade e totalidade, sem

restrições, condicionamento, sem exigência de se

moldar a um modelo reducionista;

São espaços democráticos nos diversos níveis de

realidade; sacros, litúrgicos e de resistência cultural,

orientadas para a prática do bem, da promoção do

homem, da sua evolução espiritual, moral e material;

Paradigmas Constitucionais do Estado

Brasileiro .

2. Sistema Constitucional Brasileiro.

Estado Social Democrático de Direito. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

[….] III – A dignidade da pessoa humana. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; […] IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade

e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais

pelos seguintes princípios: [...] II – Prevalência dos direitos humanos; […] VIII – Repúdio ao terrorismo e ao racismo.

Paradigmas Constitucionais do Estado

Brasileiro .

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[….]

VIII – Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

[….]

XLII – A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

Aspectos de Abordagem da Saúde nas

Comunidades Tradicionais - Afro-

Ameríndias.

3. Abordagem da Saúde nas Comunidades Afro-Ameríndias.

1. Como Direito de todos e dever do Estado – CF. 1988.

Art. 6 - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na

forma desta Constituição.

2. Valor civilizatório – Comunidades afro-ameríndias promotoras

de saúde – aspecto interno filo-religioso.

3. Como destinatárias de Políticas Públicas próprias respeitadas

suas especificidades – espaço democrático e dialético.

Intolerância Religiosa.

Violência praticada contra as Comunidades Afro-ameríndias, na forma de intolerância religiosa seconstituem em elemento que atinge a saúde dos seusmembros; Este racismo objetiva baixar a auto-estima do “negro” –cultura e valores religiosos- sistema filo-religioso -confundir-lhe a identidade, ridicularizar a sua religião; Saúde física como a mental; Intolerância Religiosa – Racismo - Supremo TribunalFederal-STF (Habeas Corpus nº 82.424/2003, RelatorMinistro Moreira Alves). Proselitismo predatório – Seitas Protestantes -Inadmissível – sentido de Ser civilizado, e que segundo oSupremo Tribunal Federal – STF, “a consciência jurídica ehistórica não mais admitem”.

Racismo Religioso

Machado (2000) nos informa quea intolerância é uma ousadia e umdesafio de cada dia. No Axé OpoAfonjá os muros não garantem aintimidade de sua liturgia eproteção contra esta ousadia. Háincitação a invasão de prosélitosaos terreiros com seus discursosintempestivos.

Intolerância Religiosa.

A COMUNIDADE JÁ SOFREU ALGUM ATO DE INTOLERÂNCIA

RELIGIOSA ?

71%

29%

1

2

SIM

NÃO

Aspectos Éticos - Afro-Religioso.

4. Mudança e Respeito aos Direitos Humanos.

1. Ética da Temporalidade, Ética do Futuro e Ética da Universalidadee do Acolhimento.

A ética da temporalidade significa pensar somente no plano denossa existência terrena, no tempo de vida que temos sempreocupação com o direito das gerações futuras;A ética do futuro significa agir hoje e não posso pensar só emmim, mas nas gerações futuras – generosidade intergeracional;A ética da universalidade e do acolhimento – significando serparte do cosmo, do universo em evolução, por isso o respeito asdiferenças e do acolhimento, aceitação de todas as pessoas nocoletivo com suas especificidades – religião afro-ameríndia;

Aspectos Éticos - Afro-Religioso.

2. Ética da Temporalidade, Ética do Futuro e Ética da Universalidadee do Acolhimento.

A ética é uma dimensão fundamental para a modificação do quadrode desconsideração da religião afro-ameríndia;A religião como valor ético – fazer com que haja a aceitação deigualdade e respeito a religião afro-ameríndio pela sociedade, comoocorre com as demais, para isso se necessita, de uma unidade de ação,programas, atitudes e ações judiciais, que realizem a reversão doquadro de discriminação e preconceito histórico-cultural,promovendo assim, o convencimento da contribuição para a formaçãodo povo brasileiro, dos valores afro-ameríndios, para ter eficácia nasociedade; O respeito a religião afro-ameríndia vem do fortalecimento dovalor ético da religião. Queremos respeito e reconhecimento temos que mudar o padrãoético da religião e a forma desta se relacionar com a sociedade.

Estatuto Social.

3. Estatuto Social Afro-Religioso.Porque é Necessário se Registrar. Fortalecimento institucional e regularização jurídica das Comunidades,que passam a existir para o mundo jurídico e social, saindo dainformalidade da existência de fato – sair da marginalidade;Acabar com a invisibilidade social;Permitir a defesa dos direitos destas contra os ataques históricos aosseus valores, teologia, liturgia, locais sagrados e demais componentes desua ritualística; Para poder receber recursos dos governos, mediante convênios e outrasformas de subvenção para execução dos objetivos da ComunidadeReligiosa; Garantia de continuidade histórica, com seu patrimônio material eimaterial, suas tradições, costumes e valor social local; Fortalecimento da identidade religiosa das Comunidades, na cidadeonde se situam;Projeto de Estatuto Social encomendado ao NDHCB-UNIFAP(MORAES, 2009) - Projeto realizado e encaminhado a FECARUMINA.

Movimento Afro-Religioso.

ENGAJAMENTO NOS MOVIMENTOS AFRO - RELIGIOSOS

71%

29%

1

2

SIM

NÂO

Movimentos Sociais.

ENGAJAMENTO NOS MOVIMENTOS SOCIAIS

57%

43%

1

2

SIM

NÃO

Invisibilidade Social.

4. Invisibilidade Social.

Engajamento nos movimentos sociais dasociedade civil em geral, ainda é pequeno, parapromover significativamente a mudança no quadrode invisibilidade social;

Está havendo uma maior sinergia grupal declasse, mas para a sociedade ainda não estamosbastante presente em seus graus de poder, decisãocolegiada, participação e organização social;

Somente assim se conquistará a cidadaniaespiritual.

Situação Atual.

5. Situação Atual. Hoje em 2010: Projetos sociais - pouquíssimos; Ausência de capacitação para elaboração e

gerenciamento de projetos sociais; Valor ambiental - valorização; Não se confundir um processo normal de evolução com

atitudes de mistificação ou mistura irresponsável deritos – Umbandomblé e outras invencionices;

Devemos buscar o reconhecimento Estatal da ReligiãoAfro-Ameríndia como a única e legitima religiãobrasileira;

Tomada de consciência, de trabalho como grupo socialorganizado, sensibilização social, participação e eleiçãode representantes para os Parlamentos.

Medidas Necessárias.

6. Medidas Necessárias.Política Pública de proteção e preservação do seupatrimônio histórico – continuidade temporal;Membros capacitados na realização e implementaçãode projetos sociais, como parte do Terceiro Setor daSociedade Civil;Acessar os recursos governamentais para melhorar avida dos seus membros e das comunidades limítrofes,constituindo redes sociais de ação;Discriminação e a violência histórico-culturalmenterealizada contra essas, hoje contextualizada pelasSeitas Protestantes a exigir reação imediata,ininterrupta e incondicional;

Ação Judicial.

Não se perca tempo, se processe e peçam indenizações

elevadas, pois ao perceberem o quanto perdem em

dinheiro, é caro ofender os valores transindividuais,

coletivos e individuais alheios, cessaram as ofensas,

discriminações, os preconceitos, a demonialização dos

valores civilizatórios afro-ameríndios, a doutrinação dos

seus para agirem com intolerância religiosa e se

observará o respeito à isonomia de direitos. A certeza da

punidade corrigirá a conduta e os modos de agir

daqueles que intransigentemente permanecerem

cometendo este tipo penal;

Intolerância zero com o racismo religioso – agir sempre.