direitos humanos e globalização

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Escola Cooperativa Vale S. Cosme- Didáxis Economia C 12º ano “Dossier Temático” Direitos Humanos vs. Globalização Carlos Costa

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Escola Cooperativa Vale S. Cosme- Didáxis

Economia C

12º ano

“Dossier Temático” Direitos Humanos vs. Globalização

Carlos Costa

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

Página 2

Índice

Introdução ........................................................................................................................ 3

Direitos Humanos ............................................................................................................. 4

Existe unanimidade no reconhecimento dos Direitos Humanos? ............................... 5

História .......................................................................................................................... 7

A importância da ONU para os direitos humanos ........................................................ 9

Globalização .................................................................................................................... 11

Impactos da globalização nos direitos humanos............................................................ 14

Caso de estudo ............................................................................................................... 17

Conclusão........................................................................................................................ 20

Webgrafia ....................................................................................................................... 22

Bibliografia ...................................................................................................................... 22

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

Página 3

Introdução

No âmbito da disciplina de Economia vou elaborar este dossier em que vou abordar

a temática dos Direitos Humanos e da Globalização.

Antes de mais é importante referir que não podemos falar da Globalização sem

mencionarmos a importância da aprovação de leis que deram privilégios e direitos ao

Homem. É patente que os temas da globalização e dos direitos humanos estão

intimamente relacionados, na medida em que, o mundo está cada vez mais próximo

da “aldeia global”, onde todas as culturas se fundirão numa só. Porém, o caminho até

essa utopia será longo, pelo menos enquanto não se alterarem as mentalidades de

muitos seres humanos.

Existe uma Declaração Universal dos Direitos do Homem, no entanto, embora seja

universal, nem todos os países a cumprem. Nessa declaração é dito: “Todos os

homens são iguais, são uma única espécie, uma única essência”. Apesar de tudo,

muitos países e mentalidades teimam em negar esse direito à igualdade e ao respeito

pela vida.

Para uma melhor compreensão desta temática, vou fazer inicialmente, no presente

dossier, uma abordagem à história e à definição dos direitos humanos bem como a sua

aprovação ou não por parte dos diferentes governos . De seguida, vou esclarecer o que

é a globalização bem como a sua importância na atualidade.

Neste dossier vou apresentar, então, como objetivo, a séria abordagem aos direitos

humanos, sempre com o intuito de esclarecer e identificar que tipos de abalos

sofreram os mesmos devido aos mais recentes impulsos da Globalização, ou seja

reconhecer se esta pode pôr em risco os direitos humanos.

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

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Direitos Humanos

Os Direitos Humanos são um conjunto de leis, vantagens e prerrogativas que

devem ser reconhecidas como essências pelo indivíduo para que este possa ter uma

vida digna, ou seja, que não seja inferior ou superior aos outros porque é de um

sexo diferente, porque pertencem a uma etnia diferente, ou religião, ou até mesmo

por pertencerem a um determinado grupo social. São importantes para que se

tenha uma convivência em paz. São também um conjunto de regras pelas quais não

só o Estado deve seguir e respeitar, como também todos os cidadãos a ele

pertencentes.

A função dos Direitos Humanos é proteger os indivíduos das arbitrariedades, do

autoritarismo, da prepotência e dos abusos de poder. Representam a liberdade dos

seres humanos. O seu nascimento está ligado ao individualismo das sociedades que

se foi criando ao longo dos tempos, e que levou à necessidade de limitar o poder do

Estado sobre os indivíduos, fazendo com que estes fossem respeitados, bem como

os seus interesses. Desta forma, estão associados a uma ideia de civilização, de

democracia, que em conjunto refletem uma ideia de igualdade e de dignidade para

todos os seres humanos.

A II Guerra Mundial foi um acontecimento até o qual muitos dos Direitos

Humanos não foram respeitados, e foi quando houve, como que uma revolta para

que esses direitos fossem aplicados a todos os indivíduos a quem não tinham sido

aplicados até então. Após este acontecimento foi criada uma declaração

(Declaração Universal dos Direitos do Homem), em 1948, cujo objetivo é

estabelecer a paz entre as nações e o consenso entre os povos. Esta foi a primeira

vez na história da humanidade em que os direitos civis, políticos, económicos,

sociais e culturais básicos, a que cada ser humano tem direito, foram enumerados.

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

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Violação dos direitos humanos no Tibete

Existe unanimidade no reconhecimento dos Direitos

Humanos?

Há alguns anos atrás, muitos dos países ditos civilizados, não passaram por um

processo pacífico e isento de conflitos, e só muito lentamente esses estados foram

reconhecendo a dignidade a que todos merecem, independentemente dos pa, raça,

cor, etc. Os países que seguem uma religião com regras, também foi (e ainda é) difícil

de reconhecerem estes direitos a que a todos deveriam de ser aplicados, pois estes

países seguem, de certo modo, o fundamentalismo (regresso à pureza das tradições de

uma cultura, à origem, àquilo que suporta a identidade cultural ameaçada).

Felizmente em Portugal, os textos constitucionais estabelecem as proteções

mínimas que possibilitam ao indivíduo viver uma vida digna, ou seja, consta um

conjunto dos direitos essenciais que todas as autoridades devem respeitar. No que diz

respeito a outros países, podemos afirmar que atualmente existe uma grande

unanimidade no que diz respeito ao reconhecimento dos Direitos Humanos.

No entanto, como eu já referi, muitos dos países não respeitam ainda os

direitos humanos. Assim, deparamo-nos

em muitas regiões do planeta com o não

cumprimento dos direitos humanos, pois

estes vão contra a tradição, a religião e

ao comportamento social, o que impede

os indivíduos de obterem o que lhes é

devido, pondo em causa a validade

universal destes mesmos direitos. Na

verdade, o que foi decretado na Declaração

Universal dos Direitos do Homem não é praticado, não passando, assim, de frases

escritas em papel. Podemos comprovar isso com os constantes casos de torturas,

prisões, invasões de domicílio, etc.; em países que supostamente respeitam os Direitos

do Homem.

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

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O que acontece em muitos casos é que são denunciadas essas situações que

ocorrem em determinados países, mas depois não há quem queira julgar esses atos.

Todos o vêm, todos o sentem, mas ninguém é capaz de punir os culpados e de

proteger quem não se sabe defender.

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História

Embora, os direitos humanos sejam um tema cada vez mais presente no

discurso ético, social e politico das sociedades contemporâneas, eles não são uma

questão recente. Constituem uma preocupação que vem de longe, não se sabendo ao

certo quando começou essa consciência pelos direitos inerentes à natureza do ser

humano e que encontramos, também, nas grandes religiões, em obras de arte na

literatura e na poesia de todos os tempos.

Os direitos humanos foram debatidos ao longo dos séculos por filósofos e

juristas. O início desta caminhada remete-nos para o século XVIII, altura em que os

filósofos Hobbes, Locke, Montesquieu, Voltaire e Rousseau propuseram a existência de

direitos naturais inalienáveis (a existência, a liberdade e a posse de bens), pelo que

deram uma nova conceção de obediência, limitando o domínio do Estado.

Em 1789 foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que se

tornou influente ao garantir a liberdade pessoal, a igualdade em direitos, a

propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Contudo o momento mais

importante, na história dos Direitos Humanos, foi durante 1945-1948. Altura em que

os Estados tomaram consciência das tragédias e atrocidades vividas durante a 2ª

Guerra Mundial, o que os levou a criar a Organização das Nações Unidas (ONU) em

prol de estabelecer e manter a paz no mundo. Foi através da Carta das Nações Unidas,

assinada a 20 de Junho de 1945, que os povos exprimiram a sua determinação em

preservar as gerações futuras, proclamar a fé nos direitos fundamentais do Homem, na

dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos entre homens e

mulheres, assim como das nações, grande e pequenas, em promover o progresso

social e instaurar melhores condições de vida numa maior liberdade. A criação das

Nações Unidas simboliza a necessidade de um mundo de tolerância, de paz, de

solidariedade entre as nações, que faça avançar o progresso social e económico de

todos os povos.

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

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Assim, a 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas

proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao fim de muitos anos,

valores como a dignidade humana, a igualdade perante a lei, a liberdade de

pensamento, e de um governo democrático são considerados os princípios básicos da

ética política e social

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A importância da ONU para os direitos humanos

Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (NU),

fundada após a 2ª Guerra Mundial,

é uma organização internacional

cujo objetivo declarado é para

manter a paz e a segurança no

mundo, fomentar relações

amistosas entre as nações,

promover o progresso social,

melhores padrões de vida e

direitos humanos. Os membros são

unidos em torno da Carta das Nações Unidas, um tratado internacional que enuncia os

direitos e deveres dos membros da comunidade internacional.

As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-

geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal

Internacional de Justiça e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU,

em Nova Iorque, com exceção do Tribunal, que fica em Haia, na Holanda.

Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em

áreas tão diversas como a da saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho.

Estes organismos especializados, juntamente com as Nações Unidas e outros

programas e fundos (tais como a UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância),

compõem o Sistema das Nações Unidas.

A ONU tem como propósitos/funções principais:

· Manter a paz e a segurança internacionais;

· Desenvolver relações amistosas entre as nações;

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· Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas

mundiais de carácter económico, social, cultural e humanitário, promovendo o

respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais;

· Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a

realização desses objetivos comuns.

Atualmente a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os estados

podem ser membros plenos e participar na Assembleia-geral. Outros organismos

intergovernamentais e algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar,

como observadores, com direito a intervir mas sem direito a voto.

A ONU é o principal responsável pelo surgimento dos Direitos Humanos, pois

foi esta organização a proclamar a Declaração Universal dos Direitos Humanos a 10 de

dezembro de 1948.

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Globalização

A globalização é a crescente interdependência de todos os países e de povos na

Terra. Deste modo, a mundialização, ao alargar-se do domínio económico para o

domínio social, político e cultural, atingindo toda a vida social, designa-se por

globalização, abrangendo várias dimensões, ou seja, a globalização é assim o reflexo,

no plano social, do fenómeno da mundialização económica.

A globalização deu-se devida essencialmente às novas tecnologias de

informação e comunicação que vieram não só contribuir para uma maior facilidade e

rapidez na circulação de bens, serviços e capitais pela via da informatização, como

também possibilitar a difusão à escala global de valores, produtos culturais e modos de

vida contribuindo assim para a chamada “aldeia global”.

A globalização é um fenômeno capitalista e complexo que começou na era dos

descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu

conteúdo passou despercebido por muito tempo e hoje muitos economistas analisam

a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da

Revolução Tecnológica.

Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países

emergentes, como os BRIC, com grandes economias de exportação, grande mercado

interno e cada vez maior presença mundial. Antes do BRIC, outros países fizeram uso

da globalização, utilizando as economias voltadas para a exportação para obter rápido

crescimento e tornando-se potências a nível mundial, como os tigres asiáticos (Hong

Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan) na década de 1980 e o Japão na década de

1970.

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Podemos constatar através do gráfico, que em 2050, todos os países que

constituem os BRIC vão estar entre as maiores economias do mundo.

A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente na área da

informação e da cultura.

A globalização da informação deu-se devido a inovações como a televisão, a

transmissão por satélite, o computador e a Internet que vieram criar uma rede

mundial de comunicações. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem

critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada à imprensa

local, agora ela mesma pode aceder a uma enorme diversidade de informação que

circula pelo mundo e comunicar, em tempo real, entre países e regiões

geograficamente distantes.

A eliminação das fronteiras físicas e a redução das distâncias entre países,

também elas fruto da globalização, vieram pôr em contacto povos com valores e

símbolos culturais diversos. Esta aproximação conduz à aquisição de elementos

materiais e espirituais de uma cultura por outra, processo designado por aculturação.

Um outro especto da globalização cultural prende-se com a massificação dos

“Dossier Temático” Economia C 12º ano

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consumos, isto é, com a

utilização e adoção de bens e

de comportamentos globais

(milhões de bens idênticos são

consumidos por milhões de

pessoas do mundo, da mesma

forma que milhões de

consumidores espalhados pelo

mundo viajam para os mesmos

destinos, assistem aos mesmos

concertos de música e têm comportamentos idênticos, independentemente do país

em que vivam.

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Impactos da globalização nos direitos humanos

Os Direitos Humanos estão diretamente ligados à Globalização, porque sem

eles a globalização não seria possível, visto que, o Homem não seria livre e a maioria

dos países mundiais não teriam governos democráticos e liberais. A tecnologia

também foi fundamental para a globalização, pois ela não evoluiria sem a liberdade de

criação dada pelos Direitos Humanos.

A globalização tornou possível o intercâmbio cultural, político e religioso. Além

disso tornou possível a abertura das fronteiras para uma troca global de bens, serviços

e ideias.

Do ponto de vista dos direitos humanos, um especto positivo é a força de

comunicação global. Muitos dos casos de violação dos direitos humanos são hoje

resolvidos graças à denúncia mediática. A comunicação social tem, aqui, um lugar de

relevo, pois pode ser o facto de maior pressão a nível governamental na tentativa de

correção ou intervenção em situações de ameaça desses mesmos direitos.

Uma das principais características do mundo globalizado é do direito à livre

circulação, contudo não se pode simplesmente conferir o direito a entrar e circular

livremente no território de determinado Estado, sem que paralelamente se criem

condições dignas para as pessoas que o venham a exercer. Torna-se, pois, necessária a

consagração de outros direitos, por forma a proteger quem se encontre nessa

situação. Um exemplo primordial de direito que deve ser concedido aos migrantes é o

consagrado no princípio da igualdade. Este princípio contém em si mesmo um direito

essencial à equiparação entre todos os seres humanos, no tocante ao exercício de

direitos, que surge, sem dúvida, de um dos pilares dos Direitos Humanos, a não

discriminação. Mas este não é um direito absoluto, existindo situações em que um

tratamento diferenciado se justifica, como por exemplo é absolutamente proibido o

acesso de estrangeiros aos cargos de Presidente da República, Presidente da

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Exemplo de trabalho infantil

Exemplo de tráfico de crianças

Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Presidentes dos tribunais supremos, ao

serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.

Do outro lado da balança, o tráfico de seres

humanos é, sem dúvida, uma das faces mais

infames do fenómeno da globalização. Um dos

exemplos trata-se da escravatura, em que o tráfico

de seres humanos tem, nos últimos tempos

tomado proporções verdadeiramente

assombrosas, com a Organização Mundial do

Trabalho a considerá-lo como a segunda industria

ilícita mais lucrativa, movimentando cerca de

trinta e dois mil milhões de dólares por ano. Os

traficantes aproveitam-se da falta de controlo e das maiores facilidades concedidas

quanto à circulação de pessoas e, com isso, conseguem mais facilmente deslocar

pessoas que angariaram, ou muitas vezes raptaram, em países com maiores carências,

forçando-as a trabalhar em regimes de escravatura, onde as agressões físicas e

psicológicas, aliadas a extorsão de dinheiro e documentos são prática corrente.

Infelizmente nem todos os aspetos são

positivos, como vimos anteriormente. A

globalização ao abrir as fronteiras ao comércio

mundial desenvolveu a competição entre

empresas e trabalhadores de todo o mundo.

Nesta competição global, a única forma

sobrevivência possível é produzir mais e mais

barato. Como consequência nos países onde se

concentram dois terços da Humanidade, milhões

de crianças são usadas nesta competição global,

pelo que a escravatura tornou-se uma prática corrente, em algumas partes do mundo.

Como é exemplo, a China e a Indonésia, com a sua mão-de-obra infantil e pagamento

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de salários muito baixos. Este exemplo mostra perfeitamente os efeitos perversos da

competição à escala global.

Para além disso, existem ainda zonas do mundo onde as novas tecnologias

ainda não estão ao alcance de toda a população, o que as torna desfavorecidas em

relação às restantes. Enquanto, nos países desenvolvidos há um índice, mesmo que

muito pequeno de pessoas que não têm acesso as novas tenologias, no Médio Oriente

esta questão nem se coloca, pois a maior parte da população não tem acesso às

necessidades básicas como alimentação e habitação, pelo que já nem se fala ao acesso

as novas tecnologias.

Outra característica da globalização reside-se no facto de esta vir acentuar de

forma dramática a perceção das desigualdades entre os povos, ou seja enquanto numa

grande parte do mundo, milhões de crianças morrem à fome, noutra parte do mundo

há crianças que morrem com obesidade, vítimas do consumismo. Esta característica

trata-se de mais um argumento que vem por em causa a validade dos direitos

humanos.

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Caso de estudo

Trabalho infantil

Como eu já referi o trabalho infantil é uma das consequências mais graves da

globalização. De acordo com dados da OIT e do Programa Internacional de Eliminação

do Trabalho Infantil (IPEC), existem no mundo cerca de 350 milhões de crianças entre 5

e 17 anos envolvidas em alguma atividade económica. Entre elas, cerca de 250 milhões

são submetidas a condições de exploração, o que equivale a dizer que a uma criança

em cada seis no mundo sofre da exploração infantil. Destas, 170 milhões trabalham

em condições perigosas.

O trabalho infantil é toda forma de trabalho exercido por crianças e

adolescentes, abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, conforme a

legislação de cada país. Este em geral é proibido por lei e especificamente, as formas

mais nocivas ou cruéis de trabalho infantil não apenas são proibidas, mas também são

consideradas crime.

O trabalho infantil é um fenómeno global que viola direitos fundamentais das

crianças prejudicando a sua saúde e o seu desenvolvimento mental, físico, social e

moral para além de as privar de frequentar a escola ou as obrigar a um abandono

precoce. Além disso, este promove a concorrência desleal entre empresas e

organizações.

As principais causas do trabalho infantil são a pobreza, as famílias numerosas,

os costumes, as tradições locais e também aptidão das crianças para o

desenvolvimento de certos trabalhos.

A exploração do trabalho infantil é comum em países subdesenvolvidos e

países emergentes, como o caso dos BRIC, sobretudo nas regiões mais pobres. A China

é um dos muitos países acusados de exploração infantil. Mais recentemente veio a

público uma notícia de que milhares de crianças chinesas foram vendidas como

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Trabalho infantil na Apple

escravos por 50 euros, ou seja, com apenas 50 euros consegue-se comprar uma vida

humana na china que depois vai seguir o inferno da escravatura.

Também na China, a Apple

admitiu que recorreu a trabalho infantil

em fábricas chinesas para a produção de

iPods, iPhones e Macintoshs no país.

Estas crianças tinham menos de 15 anos

e não tinham as mínimas condições de

trabalho.

Estas crianças não sabem como

defender seus interesses e, portanto

obtêm pagamentos geralmente inferiores, trabalham mais horas e vivem em piores

condições que os adultos. Um dos fatores que tem favorecido a exploração do

trabalho infantil na China é a censura já que as estatísticas sobre este problema estão

classificadas como “segredo de estado”.

Um dos casos mais flagrantes de trabalho infantil é o caso da Nike. A Nike tem como

filosofia de mercado, usar mão-de-obra barata

a fim de obter baixos custos no fabrico dos seus

produtos, tirando partido das economias de

escala. Deste modo a Nike tem um gasto

excessivo em marketing e pesquisa de

mercado. Atualmente a NIKE tem contratos

com 731 fábricas, todas em países em

desenvolvimento onde, trabalham mais de

meio milhão de pessoas.

A NIKE chega ao cúmulo do absurdo no que diz respeito a exploração dos seus

trabalhadores, uma vez que paga US$ 1,60 por dia a um trabalhador, o que não dá pra

nada, ou seja, só em alimentação um trabalhador teria que gastar US$ 2,10 para fazer

três refeições diárias. Outro abuso cometido pela NIKE é a imposição que ela impõe a

Trabalho infantil na Nike

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um operário onde, ele só pode beber água duas vezes ao dia e ir ao banheiro apenas

uma vez por dia.

Assim, com vista a salvaguardar e proteger o interesse das crianças, incluindo a

prevenção e o combate ao trabalho infantil, diversas organizações nacionais e

internacionais têm privilegiado essa temática. Entre essas organizações salientamos a

UNICEF e a OIT, a nível internacional, e as CPCJ, o IAC e a CNASTI a nível nacional.

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Conclusão

Com a abordagem realizada, foi possível obter uma melhor noção acerca da dos

direitos humanos. Ao longo deste dossier, percebemos que atualmente existe uma

grande unanimidade no que diz respeito ao reconhecimento dos Direitos Humanos

deparamo-nos em muitas regiões do planeta com o não cumprimento dos direitos do

Homem, pois estes vão contra a tradição, a religião e comportamento social, o que

impede os indivíduos de obterem o que lhes é devido, pondo em causa a validade

universal destes mesmos direitos.

Em relação à globalização observamos que existem ainda culturas resistentes à

globalização e à aceitação de outros credos e outras formas de encarar o mundo e que

a globalização tornou possível o intercâmbio cultural, político e religioso. A aceitação

das diferenças tornou possível a abertura das fronteiras para uma troca global de bens,

serviços e ideias.

Também verificamos, que não podemos dissociar os Direitos Humanos da

Globalização, visto que, sem eles a globalização não seria possível, pois o Homem não

seria livre.

Em suma, a globalização tanto pode promover o Homem, como torna-se um

inimigo para ele. A globalização veio colocar em contacto povos com valores e

símbolos culturais diversos devido à eliminação das fronteiras físicas e a redução das

distâncias entre países. Contudo a globalização pode constituir uma séria ameaça aos

direitos humanos. Neste trabalho demos como exemplos a má distribuição das

tecnologias (uns têm mais acesso e conhecimento que os outros delas), acentuação de

forma dramática da perceção das desigualdades entre os povos, além disso a

globalização veio facilitar o tráfico de seres humanos e promover trabalho infantil.

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Como resposta ao objetivo deste dossier podemos afirmar que apesar dos

muitos aspetos positivos da globalização esta pode colocar em risco a validade dos

direitos humanos.

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Webgrafia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o

http://www.un.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil

http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4293867-EI15608,00

Fornecedor+da+Apple+usou+trabalho+infantil+na+China.html

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u9550.shtml

http://www.direitos-humanos.com/

www.indexmundi.pt

http://trabalho-infantil-8a.blogspot.pt/

http://confrontos.no.sapo.pt/page2.html

Bibliografia

Economia C 12º ano, Plátano Editora

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