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Direito Direito dos dos Tratados Tratados e a e a Propriedade Propriedade Intelectual Intelectual

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DireitoDireito dos dos TratadosTratados e a e a DireitoDireito dos dos TratadosTratados e a e a

PropriedadePropriedade IntelectualIntelectual

Assuntos do diaAssuntos do dia1. Monista ou dualista?2. Tratado vs. Constituição3. Lei Interna vs. Tratado?4. Suscetibilidade de integração dos tratados5. Idem, o caso dos direitos humanos6. Aplicabilidade Interna dos tratados7. Destinação das Normas e Liberdade de Implementação – O caso de TRIPs

8. Tratado e lei interna: a questão da especialidade9. A interpretação dos tratados10. Quando se aplica a reciprocidade11. A regra da equiparação do nacional ao estrangeiro

Monista ou dualista?Monista ou dualista?

Monista ou dualista?Monista ou dualista?• The monist-dualist legend• In one of the most ingrained themes of international law scholars, international and domestic laws are deemed to interact either in a unitary environment, where the two

TratadoLei Interna

environment, where the two kinds may conflict, or in two different spheres altogether, where no direct conflict between the two strata is possible. The first doctrine is called monism, the second dualism.

BARBOSA, Denis Borges . Minimum Standards Vs. Harmonization in the TRIPS context: the nature of obligations under TRIPS and modes of implementation at the national level in monist and dualist systems. In: Correa, C.M. . (Org.). Research Handbook on the Interpretation and Enforcement of Intellectual Property Under WTO Rules. 1ed.: Edward Elgar Publishing Ltd, 2010, v. , p. 01-288.

Dualismo

Monismo

Tratado vs. Lei Interna

Monista ou dualista?Monista ou dualista?• As note Nguyen and Lidgard: • In a country with a monist approach, such as most of the civil law tradition countries, international agreements are incorporated directly into domestic law, i.e. they are self-executing.

Tratado

Lei interna

they are self-executing. • In a country with a dualist approach, such as most common law countries, international agreements become national law only after passing further national legislation, i.e. they are not recognized as self-executing

BARBOSA, Denis Borges . Minimum Standards Vs. Harmonization in the TRIPS context: the nature of obligations under TRIPS and modes of implementation at the national level in monist and dualist systems. In: Correa, C.M. . (Org.). Research Handbook on the Interpretation and Enforcement of Intellectual Property Under WTO Rules. 1ed.: Edward Elgar Publishing Ltd, 2010, v. , p. 01-288.

Tratado =Lei interna

Dualismo

Monismo

Monista ou Monista ou dualista?dualista?

• Não obstante tais considerações, impende destacar que o tema concernente à definição do momento a partir do qual as normas internacionais tornam-se vinculantes no plano interno excede, em nosso sistema jurídico, à mera discussão acadêmica em torno dos princípios que regem o monismo e o dualismo, pois cabe à Constituição da República –e a esta, somente - disciplinar a da República –e a esta, somente - disciplinar a questão pertinente à vigência doméstica dos tratados internacionais.

• Sob tal perspectiva, o sistema constitucional brasileiro – que não exige a edição de lei para efeito de incorporação do ato internacional ao direito interno (visão dualista extremada) – satisfaz-se, para efeito de executoriedade doméstica dos tratados internacionais, com a adoção de iter procedimental que compreende a aprovação congressional e a promulgação executiva do texto constitucional (visão dualista moderada)

• Ministro Celso Mello no julgamento da ADI 1.480-3.

Monista ou Monista ou dualista?dualista?

• Dualismo moderado• The United States and Brazil are held to be middle-of-the road countries, as direct effect is possible, but subsequent laws may alter the rule originally provided by the international stratum. In most Latin American countries a monist system prevails.

• The United States, moreover, has introduced a domestic rule specifically barring direct application of the Uruguay Round treaties, so that “no provision of any of the Uruguay Round Agreements, nor the application of any such provision to any person or circumstance, that is inconsistent with any law of the United States shall have effect”. The same provision limits causes of action regarding the direct have effect”. The same provision limits causes of action regarding the direct application of the Round to the United States as a public law person, thereby excluding private parties from initiating any litigation against the government. This limitation has been accepted by the courts .

• Brazil is a “moderate dualist” country. Brazilian Supreme Court Decision ADIn 1480-DF of 1997 (by applying the principle ex posterior derogat priori) but also acceptsthe application of the criteria of lex specialiter, “A eventual precedência dos tratados ou convenções internacionais sobre as regras infraconstitucionais de direito interno somente se justificará quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico (“lex posterior derogat priori”) ou, quando cabível, do critério da especialidade”

BARBOSA, Denis Borges . Minimum Standards Vs. Harmonization in the TRIPS context: the nature of obligations under TRIPS and modes of implementation at the national level in monist and dualist systems. In: Correa, C.M. . (Org.). Research Handbook on the Interpretation and Enforcement of Intellectual Property Under WTO Rules. 1ed.: Edward Elgar Publishing Ltd, 2010, v. , p. 01-288.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• No sistema jurídico brasileiro - ao contrário, por exemplo, do que ocorre na Holanda - os atos internacionais ou as pressões diplomáticas dos demais Estados não prevalecem sobre a norma não prevalecem sobre a norma constitucional.

• Criação exógena ao sistema vigente, o tratado que conflita com a Carta da República nem é recebido, como ocorre com a lei que, defectiva por inconstitucionalidade, prossegue tendo sua fraca iluminação de aparências.

Tratado inconstitucional: bate e quica, não entra....

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• Art. 21. Compete à União:• I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

• Art. 84. Compete privativamente ao PR: VIII – Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

• CF88 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:Nacional:

• I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

• Assim: Procedimento (art. 84, VIII c/c art. 21 c/c art. 49, I)

o Vide: BARBOSA, Denis Borges, DELIBERAÇÕES DA ASSEMBLÉIA GERAL DO TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES ADMINISTRADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL, ENCONTRADO EM denisbarbosa.addr.com/pctprazo.doc

Senador Afonso Arinos, Ex. MRE, relator da Constituição .. E meu professor de Constitucional da UERJ

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• Art. 84. Compete privativamente ao PR: VIII – Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

• CF88 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

• I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;gravosos ao patrimônio nacional;

• Ou seja: existem acordos executivos....o A questão dos atos sem status de lei, ou de caráter unilateral, no âmbito do Direito Brasileiro

(como, aliás, do americano) se fez particularmente extensa no tema dos chamados acordos executivos; vale dizer, de certos atos internacionais que independeriam de aprovação pelo Congresso. Ocorre que, tradicionalmente, o Poder Executivo da União celebra acordos em forma simplificada, concluídos sem autorização expressa e específica do Legislativo, em certas categorias negociais .

o Segundo tal doutrina, estariam isentos da aprovação do Legislativo, entre outras categorias, os acordos sobre assuntos de importância restrita ou de interesse local . Mesmo Rezek, implacável crítico da doutrina, aceita a possibilidade deste acordo - diverso do tratado ou convenção - desde que, simultaneamente:··

o a) na matéria, se restrinja à rotina diplomática;o b) quanto à força vinculante, que seja plenamente reversível (isto é, não coativo);o c) que não exija, para seu cumprimento, dotação orçamentária especial .

o Vide: BARBOSA, Denis Borges, DELIBERAÇÕES DA ASSEMBLÉIA GERAL DO TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES ADMINISTRADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL, ENCONTRADO EM denisbarbosa.addr.com/pctprazo.doc

Senador Afonso Arinos, Ex. MRE, relator da Constituição .. E meu professor de Constitucional da UERJ

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• CF88 Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

• I - independência nacional;• II - prevalência dos direitos humanos;• III - autodeterminação dos povos;• IV - não-intervenção;• V - igualdade entre os Estados;• V - igualdade entre os Estados;• VI - defesa da paz;• VII - solução pacífica dos conflitos;• VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;• IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;• X - concessão de asilo político.• Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• > Supremo Tribunal Federal• Recurso Extraordinário N 172720-9 - RJ. Fonte: Data do julgamento: 6 de fevereiro de 1996.Relator: O Exmo. Sr. Ministro Marco Aurélio. Ementa. Indenização - Dano moral - Extravio de mala em viagem aérea - Convenção de Varsóvia - Observação mitigada - Constituição Federal -- Observação mitigada - Constituição Federal -Supremacia.

• O fato de a Convenção de Varsóvia revelar, como regra, a indenização tarifada por danos materiais não exclui a relativa aos danos morais. Configurados esses pelo sentimento de desconforto, de constrangimento, aborrecimento e humilhação decorrentes do extravio de mala, cumpre observar a Carta Política da República -incisos V e X do artigo 5o, no que sobrepõe a tratados e convenções ratificados pelo Brasil.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• Não há, no direito brasileiro, um código de Direito Internacional. A fonte do direito é, essencialmente, a construção do STF, e após remoção da ação de delibação para o STJ, este tribunal.

• No entanto, desde o DECRETO Nº 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009, que promulgou a DE DEZEMBRO DE 2009, que promulgou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados [Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66.], temos um estatuto específico sobre o tema de nossa atenção.

• Vide: http://dai-mre.serpro.gov.br/• E especialmente:• http://dai-mre.serpro.gov.br/clientes/dai/dai/legislacao/convencao-de-

viena-sobre-o-direito-dos-tratados-1

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e

• Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo no 496, de 17 de julho de 2009, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66;

• Considerando que o Governo brasileiro depositou o

Francisco Rezek

• Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da referida Convenção junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 25 de setembro de 2009;

• DECRETA:• Art. 1o A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém.

• Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• Cviena: Artigo 27

• Direito Interno e Observância de Tratados

• Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.

Brazil: Marcos Antônio de Araújo, 2nd Baron of Itajubá.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• O problema do Mercosul• CR 8279 AgR / AT – ARGENTINA AG.REG.NA CARTA ROGATÓRIARelator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 17/06/1998 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO Publicação: DJ DATA-10-08-00 PP-00006 EMENT VOL-01999-01 PP-00042 . “- A recepção de acordos celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL está sujeita à mesma disciplina constitucional que rege o processo de incorporação, à ordem positiva interna brasileira, dos tratados ou convenções internacionais em geral.

• É, pois, na Constituição da República, e não em instrumentos normativos de caráter internacional, que reside a definição do iter procedimental pertinente à transposição, para o plano do direito positivo interno do Brasil, dos tratados, convenções ou acordos - inclusive daqueles celebrados no contexto regional do MERCOSUL - concluídos pelo para o plano do direito positivo interno do Brasil, dos tratados, convenções ou acordos - inclusive daqueles celebrados no contexto regional do MERCOSUL - concluídos pelo Estado brasileiro. (...)

• Embora desejável a adoção de mecanismos constitucionais diferenciados, cuja instituição privilegie o processo de recepção dos atos, acordos, protocolos ou tratados celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL, esse é um tema que depende, essencialmente, quanto à sua solução, de reforma do texto da Constituição brasileira, reclamando, em conseqüência, modificações de jure constituendo

• Vide http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/200/internacional/pimercosul.doc

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• O problema do Mercosul• UNILEVER N.V. c/ INPI s/ Denegatoria de Patente.Expte. U.19 XXXIV. Corte Suprema de Justicia de la Nación. 24.10.00.Patentes de Reválida. Incompatibilidad con los principios y disposiciones del ADPIC. , encontrada emhttp://www.inpi.gov.ar/pdf/Unilever.PDF

• 14) Que un tratado internacional tiene, en las condiciones de su vigencia, jerarquía superior a las leyes (arts. 31 y 75, inc. 22, de la vigencia, jerarquía superior a las leyes (arts. 31 y 75, inc. 22, de la Constituciòn Nacional; Fallos: 315:1492; 317:1282 y otros) y sus principios integran inmediatamente el orden jurídico argentino. La interpretación de buena fe de esta importante consecuencia conduce a descartar el amparo del ordenamiento hacia toda solución que comporte una frustración de los objetivos del tratado o que comprometa el futuro cumplimiento de las obligaciones que de él resultan. La influencia que la inserción del Acuerdo TRIP’s representa para el derecho de patentes argentino no puede depender del criterio de las partes y de sus iniciativas respecto del debate; ello es así pues a los jueces de la causa les corresponde definir el marco jurídico del litigio conforme al principio iura novit curia, máxime cuando se trata de una fuente

• normativa supralegal.

O Tratado e a ConstituiçãoO Tratado e a Constituição

• O problema do Mercosul• O Decreto Legislativo 475/97, que aprova o texto do Protocolo de Harmonização do Direito da Propriedade Intelectual no MERCOSUL em matéria de Marcas, Indicações de Procedência e Denominação de Origem, ficou desde 1997 no Plenário da Câmara; em 18/05/2000, o Plenário da no Plenário da Câmara; em 18/05/2000, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o pedido de retirada da Mensagem 681/96, que dava origem ao projeto de decreto legislativo referente ao Protocolo de Harmonização de Marcas

• Vide BARBOSA, Denis Borges . Propriedade Intelectual no Âmbito do Mercosul http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/200/internacional/pimercosul.doc

Lei interna e tratadoLei interna e tratado

Procedimento de Procedimento de IncorporaçãoIncorporação

• O iter procedimental de incorporação dos tratados internacionais:

• A) fases prévias da celebração da convenção internacional,

• B) de sua aprovação congressional e da • B) de sua aprovação congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado

• C) conclui-se com a expedição, pelo Presidente da República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são inerentes: o (a) a promulgação do tratado internacional; o (b) a publicação oficial de seu texto; e o (c) a executoriedade do ato internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo interno. ADIMC-1480 /

Procedimento de Procedimento de IncorporaçãoIncorporação

Procedimento de Procedimento de IncorporaçãoIncorporação

• Modelo dualista moderado

•Executivo negocia Aprovação

•Executivo ratifica•Executivo negocia •(Ou adere a um

tratado existente)

Assinatura

•Congresso aprova (ou não)

•Decreto legislativo

Aprovação•Executivo ratifica•Executivo

promulga

Promulgação

Procedimento de Procedimento de IncorporaçãoIncorporação

• Modelo dualista exacerbado

• Executivo negocia

Lei de Aplicação • Executivo ratifica• Executivo negocia

• (Ou adere a um tratado existente)

Assinatura

• Congresso aprova (ou não)

• Aprovando, vota a lei de implementação

Aplicação • Executivo ratifica• Executivo promulga a

lei de aplicação

Promulgação

obrigar obrigar no plano do no plano do

direito positivo direito positivo internointerno• E no plano externo?• Com a ratificação iniciam as obrigações de direito externo.

obrigar obrigar no plano do no plano do

direito positivo direito positivo internointernoE os efeitos internos?

(i) Como toda lei interna, revoga todas as normas

de igual ou inferior hierarquia (com as

exceções normais).

(ii) Caso alterado por disposição normativa

posterior que o possa fazer, poderá haver

descumprimento da norma internacional.

(iii) Sendo de aplicação direta, criar direitos e

obrigações para as partes públicas e privadas.

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos tratadosintegração dos tratados

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Uma vez aprovados pelo Congresso Nacional, os atos internacionais de caráter normativo passam a ser constitucionalmente suscetíveis de integração ao sistema legal brasileiro. ao sistema legal brasileiro.

• Caso sejam efetivamente integradas, as normas internacionais se internalizam, adquirindo uma hierarquia equivalente - pelo menos - a lei ordinária.

Suscetibilidade de integração dos Suscetibilidade de integração dos tratadostratados

• DECRETO No 1.263, DE 10 DE OUTUBRO DE 1994.

• Ratifica a declaração de adesão aos arts. 1º a 12 e ao art. 28, alínea l, do texto da revisão de Estocolmo da Convenção de Paris para Proteção da Propriedade Industrial.

• O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição,

• DECRETA:

• DECRETO N. 75. 572 – DE 8 de abril de 1975• Promulga a Convenção de Paris para

proteção da Propriedade Industrial. Revisão de Estocolmo, 1967

• O Presidente da República,• Havendo o Congresso Nacional aprovado,

pelo Decreto Legislativo nº 78, de 31 de outubro de 1974, a Convenção de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, revista em Estocolmo a 14 de julho de 1967:

• E havendo o instrumento brasileiro de • DECRETA:

• Art. 1º Fica ratificada a declaração constante do Decreto nº 635, de 21 de agosto de 1992, da extensão da adesão da República Federativa do Brasil aos arts. 1º a 12 e ao art. 28, alínea l, do texto da Revisão de Estocolmo da Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial, constante do anexo a este decreto.

• Art. 2º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

• Brasília, 10 de outubro de 1994; 173º da Independência e 106º da República.

• ITAMAR FRANCO• Celso Luiz Nunes Amorim

• E havendo o instrumento brasileiro de adesão sido depositado junto à organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) , a 20 de dezembro de 1974, com a declaração de que o Brasil não se considera vinculado pelo disposto na alínea 1, do Artigo 28 (conforme previsto na alínea 2, do mesmo Artigo), e de que a adesão do Brasil não é aplicável aos Artigos 1 a 12, conforme previsto no Artigo 20, continuando em vigor no Brasil a revisão de Haia, de 1925;

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• O que ocorre, se existe conflito com lei precedente?

• Sem alvitrar a superioridade das normas internacionais sobre as demais normas internacionais sobre as demais - e assim resolver o eventual conflito entre normas com base na simples hierarquia - cabe aplicar à hipótese os mesmo princípios que presidem a revogação de leis que se sucedem no tempo.

Suscetibilidade Suscetibilidade de integração dos de integração dos tratadostratados

• PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. –

• Os tratados ou convenções internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os atos de direito internacional público, mera relação de paridade normativa. Precedentes. Precedentes.

• No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquica sobre as normas de direito interno. A eventual precedência dos tratados ou convenções internacionais sobre as regras infraconstitucionais de direito interno somente se justificará quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico (“lex posterior derogatpriori”) ou, quando cabível, do critério da especialidade. Precedentes.

• ADIMC-1480 / DF ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR Min. CELSO DE MELLO Publicação DJ DATA-18-05-01 PP-00429 EMENT VOL-02031-02 PP-00213 Julgamento 04/09/1997 - Tribunal Pleno

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Menção especial merece o dispositivo do Código Tributário Nacional que determina a prevalência da norma

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou

prevalência da norma internacional tributária sobre a norma interna que a suceda no tempo.

revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

Suscetibilidade de integração dos tratadosSuscetibilidade de integração dos tratados

• "Tributário. Convenções internacionais contra a bitributação. Brasil-alemanha e brasil-canadá. Arts. Vii e xxi. Rendimentos auferidos por empresas estrangeiras pela prestação de serviços à empresa brasileira. Pretensão da fazenda nacional de tributar, na fonte, a remessa de rendimentos. Conceito de "lucro da empresa estrangeira" no art. VII das duas convenções. Equivalência a "lucro operacional". Prevalência das convenções sobre o art. 7º da lei 9.779/99. Princípio da especialidade. Art. 98 do CTN. Correta interpretação.

• 7. A antinomia supostamente existente entre a norma da convenção e o direito tributário interno resolve-se pela regra da especialidade , ainda que a normatização interna seja posterior à internacional.

• 8. O art. 98 do CTN deve ser interpretado à luz do princípio lex specialis derrogatgeneralis , não havendo, propriamente, revogação ou derrogação da norma interna pelo regramento internacional, mas apenas suspensão de eficácia que

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou interna pelo regramento internacional, mas apenas suspensão de eficácia que

atinge, tão só, as situações envolvendo os sujeitos e os elementos de estraneidade descritos na norma da convenção.

• 9. A norma interna perde a sua aplicabilidade naquele caso especifico, mas não perde a sua existência ou validade em relação ao sistema normativo interno. Ocorre uma "revogação funcional", na expressão cunhada por HELENO TORRES, o que torna as normas internas relativamente inaplicáveis àquelas situações previstas no tratado internacional, envolvendo determinadas pessoas, situações e relações jurídicas específicas, mas não acarreta a revogação, stricto sensu , da norma para as demais situações jurídicas a envolver elementos não relacionadas aos Estados contratantes.

• 10. No caso, o art. VII das Convenções Brasil-Alemanha e Brasil-Canadá deve prevalecer sobre a regra inserta no art. 7º da Lei 9.779/99, já que a norma internacional é especial e se aplica, exclusivamente, para evitar a bitributação entre o Brasil e os dois outros países signatários. Às demais relações jurídicas não abarcadas pelas Convenções, aplica-se, integralmente e sem ressalvas, a norma interna, que determina a tributação pela fonte pagadora a ser realizada no Brasil." STJ, REsp 1.161.467 - RS (2009/0198051-2, Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, Ministro Castro Meira, 17 de maio de 2012.

revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

Suscetibilidade de integração dos Suscetibilidade de integração dos tratadostratados

A questão dos Direitos Humanos

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos HumanosApós a Emenda Constitucional 45, de 2004, o art. 109 da Constituição passou a incluir a seguinte redação:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanosque forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.equivalentes às emendas constitucionais..............................................................................................................................................§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos HumanosMas é interessante notar que, mesmo os casos em que a incorporação do tratado, anterior à Emenda, não tenham cumprido o requisito de maioria da Constituição, haveria a hipótese de constitucionalização das suas disposições, naquilo em que a matéria fosse substancialmente de direitos humanos .direitos humanos .A situação dos dispositivos dos tratados relativos às exclusivas da Propriedade Intelectual, no entanto, não seriam sujeitos a esse tipo de incorporação, que os tornassem superiores e imunes à revogação pela lei ordinária.

Suscetibilidade Suscetibilidade de integração dos de integração dos

tratadostratados

• Direitos HumanosNo Recurso Extraordinário 466.343-1, o voto do Ministro Gilmar Mendes é o seguinte: "Tudo indica, portanto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, sem sombra de dúvidas, tem de ser revisitada criticamente. O anacronismo da tese da legalidade ordinária dos tratados de direitos humanos, mesmo antes da reforma constitucional levada a efeito pela Emenda Constitucional n° 45/2004, está bem demonstrado (...).

Importante deixar claro, também, que a tese da legalidade ordinária, na medida em que permite ao Estado brasileiro, ao fim e ao cabo, o descumprimento unilateral de um acordo internacional, vai de encontro aos princípios internacionais fixados pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, a qual, em seu art. 27, determina que nenhum Estado pactuante "pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado". Por conseguinte, parece mais consistente a interpretação que atribui a característica de supralegalidadeum tratado". Por conseguinte, parece mais consistente a interpretação que atribui a característica de supralegalidadeaos tratados e convenções de direitos humanos. Essa tese pugna pelo argumento de que os tratados sobre direitos humanos seriam infraconstitucionais, porém, diante de seu caráter especial em relação aos demais atos normativos internacionais, também seriam dotados de um atributo de supralegalidade.

Em outros termos, os tratados sobre direitos humanos não poderiam afrontar a supremacia da Constituição, mas teriam lugar especial reservado no ordenamento jurídico. Equipará-los à legislação ordinária seria subestimar o seu valor especial no contexto do sistema de proteção dos direitos da pessoa humana." (...)

"Portanto, diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos humanos, não é difícil entender que a sua internalização no ordenamento jurídico, por meio do procedimento de ratificação previsto na Constituição, tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina normativa infraconstitucional com ela conflitante. Nesse sentido, é possível concluir que, diante da supremacia da Constituição sobre os atos normativos internacionais, a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5º, inciso LXVII) não foi revogada pela ratificação do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), mas deixou de ter aplicabilidade diante do efeito paralisante desses tratados em relação à legislação infraconstitucional que disciplina a matéria, incluídos o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e o Decreto- Lei n° 911, de 1º de outubro de 1969."

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos

Constituição + emendas + emendas

[= Tratados de DH com 2/3 de voto]

Lei ordinária

Tratados de DH

Sem maioria de 2/3

Lei ordinária

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos• Outra fonte desse reconhecimento, mas igualmente transcendendo à sua consagração nos textos legais nacionais, se encontra na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, mas com Universal dos Direitos do Homem de 1948, mas com uma articulação mais complexa: de um direito humano tanto do originador, quanto da sociedade como um todo :

Artigo 27°Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos• Disposição similar consta do Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais de 1976 . Tal dupla vinculação – à pessoa do originador e à sociedade – tem moderado o impacto essencialmente privatista e egoística do entendimento da “propriedade” do autor . Èfundamental ou humano tanto o direito do fundamental ou humano tanto o direito do originador, quanto o da sociedade em ter acesso ao resultado da produção intelectual.

• Qual desses interesses prepondera? Há quem enfatize a prevalência dos interesses gerais da sociedade, mesmo considerando a indivisibilidade e universalidade e interdependência dos direitos humanos entre si . Não obstante, subsiste um discurso principista, que recupera a visão política da tradição de 1789 – pela atribuição incondicional de propriedade ao originador – e mesmo desfigura qualquer interesse da sociedade no acesso à criação intelectual .

Não há direito humano a um

monopólio

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos• Vale notar que a relação de direitos humanos ou fundamentais existentes em face à pessoa que origina a obra se fulcra no bem incorpóreo, ele mesmo, sem que se limite tal proteção ao bem já dotado de exclusividade. Ninguém é menos protegido pelos direitos humanos ou fundamentais pelo fato de, tendo criado, ainda não depositou pedido de patente.

• Fato é, no entanto, que não se pode – sob nenhuma lógica – identificar “a proteção dos interesses morais e materiais

• Fato é, no entanto, que não se pode – sob nenhuma lógica – identificar “a proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria” com os direitos de exclusiva da Propriedade Intelectual .

• Inúmeras foram e são as formas de garantir tais interesses, seja historicamente, seja no momento presente. O autor tem seus interesses protegidos também por um estipêndio público – as “tenças” que Camões auferia antes de qualquer direito autoral -, pelo subsídio da atual Lei Rouannet, pelo salário de jornalista, pelo prêmio Nobel. Mais ainda, há campos da produção intelectual que claramente não encontram estímulo na concessão de direitos de exclusiva

Não há direito humano a um monopólio

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos• Inúmeras foram e são as formas de garantir tais interesses, seja historicamente, seja no momento presente. O autor tem seus interesses protegidos • O autor tem seus interesses protegidos também por um estipêndio público – as “tenças” que Camões auferia antes de qualquer direito autoral -, pelo subsídio da atual Lei Rouannet, pelo salário de jornalista, pelo prêmio Nobel.

• Mais ainda, há campos da produção intelectual que claramente não encontram estímulo na concessão de direitos de exclusiva

Não há direito humano a um

monopólio

pensão dada em remuneraçãode serviços

tençanome feminino

(Do latim

tenentĭa, particípio presente

neutro plural detenēre, «ter; segurar

»)

Suscetibilidade de Suscetibilidade de integração dos integração dos tratadostratados

• Direitos Humanos• Aliás, o conteúdo dos bens imateriais relativos às criações intelectuais é muito desigual, em suas

várias formas, e nem todas se colocam sob o pálio da dignidade humana. Lembra José de Oliveira Ascensão :o A dúvida surge logo quando consideramos que o Direito Autoral é um ramo do Direito muito recente,

relativamente: entrará agora no seu terceiro século. Onde então a fatalidade da atribuição de direitos exclusivos por referência à criação intelectual?

o A dignidade intelectual do ato criação ainda poderia encontrar um paralelo na interpretação do artista, cuja prestação é altamente personalizada. Não tem já, porém qualquer aplicabilidade às prestações puramente empresariais do produtor de fonogramas e dos organismos de radiodifusão, que são também objeto de direitos conexos.

o A justificação pela dignidade do contributo intelectual só poderia assim ser, no máximo, uma justificação sectorial. Mas mesmo limitada, a justificação não é convincente. Desde logo, a dignidade da criação existiu sectorial. Mas mesmo limitada, a justificação não é convincente. Desde logo, a dignidade da criação existiu sempre, sem existir direito de autor; nada tem que ver com a emergência da sociedade tecnológica.

o Não há, no ponto de vista intelectual, nada tão nobre como a criação no domínio das idéias. As concepções dos grandes filósofos da Grécia antiga, na sua perene modernidade, enchem-nos de assombro.

o Mas as idéias são livres. O criador não tem nenhum exclusivo. Qualquer um as utiliza livremente. São patrimônio comum da humanidade.

o Ou então, apelemos às figuras geniais de cientistas. Einstein, Max Planck, fazem descobertas revolucionárias. Mas as descobertas não recebem nenhuma proteção. Só a aplicação prática destas, que conduzam à resolução dum problema técnico, é objeto de patente.

• .

José de Oliveira Ascensão, Fundamento do Direito Autoral Como Direito Exclusivo, manuscrito, 2007

Aplicabilidade interna dos Aplicabilidade interna dos tratadostratados

Integração e Aplicabilidade Integração e Aplicabilidade diretadireta• A integração efetiva do instrumento no sistema legal não exige – em todos os casos -- a promulgação de

• 1) STF - Recurso Extraordinário No 71.154 - Fonte: Revista Trimestral de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no 58.Data do julgamento: 4 de agosto de 1971.Relator: O Exmo. Sr. Ministro Oswaldo Trigueiro. Ementa - Lei Uniforme sobre o Cheque, adotada pela Convenção de

promulgação de uma lei específica reproduzindo o conteúdo do Tratado aprovado. (caso da Lei Uniforme).

adotada pela Convenção de Genebra. Aprovada esta Convenção pelo Congresso Nacional, e regularmente promulgada, suas normas têm aplicação imediata, inclusive naquilo em que modificarem a legislação interna. Recurso extraordinário conhecido e provido.

Integração e Aplicabilidade Integração e Aplicabilidade

diretadireta• Mas nem todas as normas constitucionalmente suscetíveis de integração tem condições intrínsecas de aplicação direta, como se fossem de aplicação direta, como se fossem leis ordinárias

Integração e Integração e Aplicabilidade Aplicabilidade diretadireta

• Francisco Rezek·: • Na medida que um tratado estabeleça obrigações mútuas a cargo dos Estados Pactuantes, sem criar um quadro normativo que se projete sobre os particulares e cuja projete sobre os particulares e cuja realidade operacional possam estes, a todo o momento, reclamar do poder público, é de se ter como certo que o fiel cumprimento do acordo só pode ser exigido do Estado-parte pelo copactuante.

Integração e Integração e Aplicabilidade Aplicabilidade diretadireta

• Cançado Trindade:

• Para que uma normaconvencional possa serautoaplicável, passou-se aconsiderar necessária aconsiderar necessária aconjugação de duascondições, a saber,o primeiro, que a norma conceda ao indivíduo um direito claramente definido e exigível ante um juiz, e

o segundo, que seja ela suficientemente específica para poder ser aplicada judicialmente em um caso concreto, operando per se sem necessidade de um ato legislativo ou medidas administrativas subsequentes.

Integração e Integração e Aplicabilidade Aplicabilidade diretadireta

• Para definir se um tratado é não só suscetível de integração (pois todos o são, se aprovados pelo Congresso) mas de aplicação direta, temos que buscar no próprio texto internacional buscar no próprio texto internacional o seu propósito e destinoo seu propósito e destino.Pois há tratados, ou normas de • Pois há tratados, ou normas de tratados, no entanto, que não se destinam a entrar na esfera jurídica dos particulares, ou dos entes públicos internos.

• A análise de destinação das normas internacionais, e de seus efeitos sistemáticos, é crucial para fixar se uma norma de tratado se aplica ou não como se lei interna fosse.

Integração e Integração e Aplicabilidade Aplicabilidade diretadireta

• A teoria dos tratados-contrato e dos tratados-lei: “Alguns juristas classificam os tratados em normativos e contratuais, segundo produzam norma de conduta para produzam norma de conduta para as Partes (“tratado-lei”) ou apenas resultem num negócio jurídico (“tratados-contrato”).

• Vide BROWLIE, Principles of PublicInternational Law, Clarendon Press, Oxford, 1990, p. 632 e seguintes.

As normas dos tratados e As normas dos tratados e seus seus destinatáriosdestinatários

• As Bodenhausen noticed, referring to the Paris Convention, but substantially to every treaty :

• As to the principal rules of the Convention, a distinction must be made between four different categories of rules which it contains:

• 1. First, the Convention contains provisions of international public law regulating rights and obligations of the member States and establishing the organs of the Union created by the Convention, as well as provisions of an administrative character. (…)

• 2. Secondly, the Convention contains provisions which require or permit the member States to legislate within the field of industrial property. (…)member States to legislate within the field of industrial property. (…)

• 3. A third category of provisions of the Convention relates to substantive law in the field of industrial property regarding rights and obligations of private parties but only to the extent of requiring the domestic law of the member States to be applied to these parties. (…)

• 4. Finally, a fourth category of provisions of the Convention contains rules of substantive law regarding rights and obligations of private parties, rules however which do not merely refer to the application of domestic laws, but the contents of which may directly govern the situation at issue.

• G.H.C.Bodenhausen.Paris Convention for the Protection of Industrial Property. Geneva,BIRPI, 1968,p.10

As normas dos tratados e As normas dos tratados e seus seus destinatáriosdestinatários

• Têm-se nos tratados normas típicas de Direito Internacional Público, dirigidas aos Estados Soberanos em suas funções de Direito Externo:

• regras de como a Convenção vai ser revista, ratificada ou denunciada,

• quais são as obrigações dos Estados membros da União quanto ao pagamento de anuidades, e assim por diante

As normas dos tratados e As normas dos tratados e seus seus destinatáriosdestinatários

• Têm-se, também, normas igualmente dirigidas aos Estados, mas quanto aos seus poderes de Direito Interno: são regras que prescrevem ou são regras que prescrevem ou facultam o conteúdo da legislação interna, com teor do gênero: “Os Estados tem poderes de legislar de uma determinada forma, ou são obrigados legislar de uma forma”.

A Assembleia Síria terá o dever de proscrever armas químicas após assinar o tratado correspondente.....

As normas dos tratados e As normas dos tratados e seus seus destinatáriosdestinatários

• Em terceiro lugar, têm-se normas de efeito dispositivo, normas de aplicação direta -aplicação direta -algo que os tratadistas chamam normas auto executivas.

Distinguem-se, dentre estas• as normas que criam direito

substantivo e absoluto (por exemplo): não se poderá decretar a caducidade de uma patente, antes de decorridos tantos anos) e,

• as normas de direito substantivo, mas relativas, como a que assegura ao nacional pelo menos o mesmo tratamento jurídico interno concedido ao estrangeiro.

Integração e Aplicabilidade Integração e Aplicabilidade diretadireta• CUP Art. 10º bis

• (1) Os países da União obrigam-se a assegurar aos nacionais dos países da União

• CUP Art. 5o• (3) A caducidade da patente só poderá ser prevista para os casos em que a concessão de licenças obrigatórias não tenha sido suficiente para prevenir tais abusos. Não países da União

proteção efetiva contra a concorrência desleal.

prevenir tais abusos. Não poderá ser interposta ação de declaração de caducidade ou de anulação de uma patente antes de expirar o prazo de dois anos, a contar da concessão da primeira licença obrigatória

EFEITO DIRETO

SEM EFEITO DIRETO:OS PAÍSES OBRIGAM-SE....

Integração e Aplicabilidade Integração e Aplicabilidade diretadireta• tTRIPs, ARTIGO 1 • Natureza e Abrangência das Obrigações

• 1. Os Membros colocarão em vigor o disposto neste Acordo. Os Membros poderão, mas não estarão obrigados a prover, em sua legislação, proteção mais ampla que a exigida neste Acordo, desde que tal proteção

• “O Acordo sobre Aspectos da Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio constitui normativa internacional que tem como destinatário o Estado-Membro, a depender de lei nacional para viabilizar sua execução, razão porque não pode ser suscitado pelas partes ampla que a exigida neste

Acordo, desde que tal proteção não contrarie as disposições deste Acordo. Os Membros determinarão livremente a forma apropriada de implementar as disposições deste Acordo no âmbito de seus respectivos sistema e prática jurídicos.

pode ser suscitado pelas partes como fundamento de sua pretensão, tendo se tornado vigente e aplicável no Brasil a partir de 1 de janeiro de 2000” Embargos Infringentes (AC)2000.02.01.007453-0, Primeira Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, 30 de agosto de 2007. SEM EFEITO DIRETO

Integração e Integração e Aplicabilidade Aplicabilidade diretadireta

• “Desta forma, em que pesem os argumentos desenvolvidos pela Apelante, em nada foram abalados os fundamentos da sentença, quer pelo que acima foi aludido, quer porque a alteração da Lei 9.279/96, primeiro pela MP 2006 e, depois, pela MP 2014-3/2000, depois convertida na Lei nº 10.196/20001, não alterou a situação nem prejudicou nenhum suposto direito da apelante bem como porque o invocado Acordo TRIPS

• Acordo de natureza comercial e, se entendido como Tratado, tendo a natureza contratual entre os Países-Membros que o aprovaram, determinando que venham a legislar para ocorrer a internalização de determinando que venham a legislar para ocorrer a internalização de suas regras, de forma que, por necessitar de regulamentação, não cria direitos diretamente em face de particulares, não sendo, no que diz respeito à hipótese em exame, auto-aplicável, como bem coloca a douta sentença recorrida, de forma alguma beneficiando a Apelante, ao contrário do que a mesma pretende”. (grifos nossos)

• Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Apelação Cível 2005.51.01.519897-9, 1ª Turma Especializada, Rel. JC Márcia Helena Nunes, decisão unânime, publicado em 02.04.2008.

Integração e Aplicabilidade Integração e Aplicabilidade diretadireta• tTRIPs, “ARTIGO 43

• 2. Nos casos em que uma das parte no processo denegue, voluntariamente ou sem motivos válidos, acesso a informação necessária, ou não a forneça dentro de prazo razoável, ou obstaculize significativamente um procedimento relativo a uma ação de aplicação de normas de proteção, um Membro

• “ARTIGO 43 • Provas • 1. Quando uma parte tiver apresentado provas razoavelmente acessíveis, suficientes para sustentar suas pretensões e tiver indicado provas relevantes para a

CPC Art. 355. O juiz pode ordenar que a normas de proteção, um Membro

pode conceder às autoridades judiciais o poder de realizar determinações judiciais preliminares e finais, afirmativas ou negativas, com base nas informações que lhes tenham sido apresentadas, inclusive a reclamação ou a alegação apresentada pela parte adversamente afetada pela recusa de acesso à informação, sob condição de conceder às partes oportunidade de serem ouvidas sobre as alegações ou provas.

provas relevantes para a fundamentação de suas pretensões que estejam sob o controle da parte contrária, as autoridades judiciais terão o poder de determinar que esta apresente tais provas, sem prejuízo, quando pertinente, das condições que asseguram proteção da informação confidencial.

• [Discovery no Brasil!] SEM EFEITO DIRETO

Efeito Direto

que a parteexiba documento ou coisa, que se ache em seu poder.

DestinaçãoDestinação das das NormasNormas e e LiberdadeLiberdade de de ImplementaçãoImplementação

O caso específico de TRIPs

Vide BARBOSA, Denis Borges . Propriedade Intelectual - A Aplicação do Acordo TRIPs. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. v. 1. 286p .

DestinaçãoDestinação das das NormasNormas e e

LiberdadeLiberdade de de ImplementaçãoImplementação• 1 - Os Membros colocarão em vigor o disposto neste Acordo.

• Os Membros poderão, mas não estarão obrigados a prover, em sua legislação, obrigados a prover, em sua legislação, proteção mais ampla que a exigida neste Acordo, desde que tal proteção não contrarie as disposições deste Acordo.

• Os Membros determinarão livremente a forma apropriada de implementar as disposições deste Acordo no âmbito de seus respectivos sistema e prática jurídicos.

DestinaçãoDestinação das das NormasNormas e e

LiberdadeLiberdade de de ImplementaçãoImplementação• 1 - Dizem Ávila, Urrutia e Mier, [1]sobre o TRIPs:• “Es un Acuerdo de resultados, ya que los Estados miembros tendrán libertad para adoptar los medios racionales que estimen convenientes y que sean conformes con sus propios ordenamientos conformes con sus propios ordenamientos jurídicos”.

[1] Regulación del Comercio Internacional tras la Ronda Uruguay, Tecnos, Madrid, 1996, p. 192,

Destinatário das normas Destinatário das normas do do TRIPsTRIPs

• Quem são os destinatários de normas de TRIPs

• São os estados membros da OMC. Nenhum direito subjetivo resulta para a parte privada, da vigência e aplicação do TRIPs. Como diz o próprio texto do acordo:acordo:

• (art. 1.1) Os Membros determinarão livremente a forma apropriada de implementar as disposições deste Acordo no âmbito de seus respectivos sistema e prática jurídicos.

Destinatário das normas Destinatário das normas do do TRIPsTRIPs

• Carlos Correa, op. Cit., p. 35:

• “Las disposiciones del Acuerdo están dirigidas a los Estados y no modifican directamente la situación jurídica de las partes situación jurídica de las partes privadas, quienes no podrán reclamar derechos en virtud del Acuerdo hasta y la medida que el mismo sea receptado por la legislación nacional”

Destinatário das normas Destinatário das normas do do TRIPsTRIPs

• Luiz Olavo Baptista, árbitro brasileiro do órgão de diferendos da OMC confirma, no direito brasileiro, este entendimento:

• “O TRIPS faz parte, segundo entendo, da modalidade dos entendo, da modalidade dos tratados-contrato e integra o grupo de acordos conhecidos como tratados da OMC, que foram aprovados em Marrakesh em 1994.” (...)

• “É claro, assim, que os mandamento do TRIPS não se endereçam aos súditos, mas aos Estados-Membros da OMC”. (...)

Destinatário das normas Destinatário das normas do do TRIPsTRIPs

• “Ele está em vigor no Brasil e deve ser aplicado, mas os efeitos do TRIPS limitam-se à obrigação do governo federal de editar normas para que seja cumprido.” (...)

• “Por último, creio que não devemos tentar nos fundamentar no TRIPS

• “Por último, creio que não devemos tentar nos fundamentar no TRIPS como se fora uma norma interna, porque há o risco de ver essa pretensão rejeitada nos tribunais. Temos que entendê-lo, realmente, como um tratado-contrato, tal como as demais obrigações da OMC” Revista da ABPI – Anais do XVI Seminário Nacional de Propriedade Intelectual – 1996

A posição da CE: TRIPs A posição da CE: TRIPs não tem efeitos não tem efeitos diretosdiretos

• No Caso Portugal v. Conselho, de 1999, o Tribunal da CE assim reportou o status da jurisprudência comunitária:

• «o Tribunal de Justiça declarou, no acórdão de 5 de Outubro de 1994, Alemanha/Conselho (C-280/93, Colect., p. I-4973, n.os 103 a 112), que as 280/93, Colect., p. I-4973, n.os 103 a 112), que as regras do GATT não têm efeito directo e que os particulares não podem invocá-las perante os órgãos jurisdicionais» [1]

[1]Acórdão do Tribunal de 23 de Novembro de 1999. República Portuguesa contra Conselho da União Europeia. Política comercial - Acesso ao mercado dos produtos têxteis -Produtos originários da Índia e do Paquistão. Processo C-149/96.Colectânea da Jurisprudência 1999 página I-08395.

A posição da CE: TRIPs A posição da CE: TRIPs não tem efeitos não tem efeitos diretosdiretos

• Decisão 94/800/CE do Conselho, de 22 de Dezembro de 1994, relativa à celebração, em nome da Comunidade Europeia e em relação às matérias da sua competência, dos acordos resultantes das negociações multilaterais do UruguayRound (1986/1994), a seguinte declaração foi feita:

• “Considerando que, pela sua natureza, o Acordo que institui a Organização Mundial Acordo que institui a Organização Mundial do Comércio e seus anexos não pode ser invocado directamente nos tribunais da Comunidade e dos Estados-membros” [1]

[1] Jornal oficial no. L 336 de 23/12/1994 P. 0001 -0002

A posição da CE: TRIPs A posição da CE: TRIPs não tem efeitos não tem efeitos diretosdiretos

• 44. Por razões idênticas às que o Tribunal de Justiça expôs nos n.os 42 a 46 do acórdão Portugal/Conselho, já referido, as disposições do TRIPs, que constitui um anexo do Acordo OMC, não são susceptíveis de criar, para os particulares, são susceptíveis de criar, para os particulares, direitos que estes possam invocar directamentenum tribunal por força do direito comunitário.

Os paĩses votaram contra o Os paĩses votaram contra o efeito diretoefeito direto

• Armin von Bogdandy, analisando o estado da doutrina quanto à aplicabilidade direta de TRIPs, informa que:

• "there are strong arguments for and • "there are strong arguments for and against direct applicability" [but there is] "almost unanimous political opposition to the direct application of the WTO law." [1]

[1] Armin von Bogdandy, Case note on Hermès, [1999] C.M.L.Rev. (36) 663, at 668.

Os paĩses votaram contra o Os paĩses votaram contra o efeito diretoefeito direto

• It should be noted that Switzerland led aninitiative halfway through the UruguayRound to require each GATT member togive the GATT direct effect, or someequivalent status, in their national law. Thefact that this was not included in the finalUruguay Round Agreement seems tofact that this was not included in the finalUruguay Round Agreement seems toindicate, however, that the GATT membersas a whole still do not desire direct effect forthe GATT,

• Judson Osterhoudt Berkey, The EuropeanCourt of Justice And Direct Effect For TheGatt: A Question Worth Revisiting, HarvardLaw School,

High Court of Justice da High Court of Justice da Inglaterra Inglaterra

• caso Lanzing, relatando o Mr Justice Jacob [1]:

• 67. I think the point really merits no further consideration, but it is only fair that I go into some of the arguments further. First then I some of the arguments further. First then I think it worthy of note that the language of TRIPS is not that of a Treaty intended by the signatories to have direct effect:

[1] UK High Court of Justice dated 20 December 1996 in the case of Lenzing AG's European Patent (UK), [1997] R.P.C., 245, see p. 267 f, encontrado emhttp://www.bailii.org/ew/cases/EWHC/Admin/1996/390.html

A OMC DECLARA QUE A OMC DECLARA QUE TRIPS NÃO TEM EFEITO TRIPS NÃO TEM EFEITO

DIRETODIRETO• Report of the Panel of 22 December 1999, United States -Sections 301-310 of the Trade Act of 1974, 99/5454, WT/DS152/Re.h\

• 7.72 Under the doctrine of direct effect, which has been found to exist most notably in the legal order of the EC but also in certain free trade area agreements, obligations addressed to States are agreements, obligations addressed to States are construed as creating legally enforceable rights and obligations for individuals. Neither the GATT nor the WTO has so far been interpreted by GATT/WTO institutions as a legal order producing direct effect. Following this approach, the GATT/WTO did notcreate a new legal order the subjects of which comprise both contracting parties or Members and their nationals.

Maristela BassoMaristela Basso• O "Acordo Constitutivo da OMC" é um tratado-contrato, porque os Estados membros podem determinar como implementar suas regras, desde que observado o disposto no "Acordo Geral e seus Anexos". Com razão sustenta Luiz Olavo Baptista,

• "as pessoas não estão familiarizadas com a • "as pessoas não estão familiarizadas com a sistemática da OMC. Ao lado da assinatura do contrato, cada um dos países apresenta um anexo com as disposições e as explicações da forma como vai cumprir o tratado.

• Aí está um aspecto muito importante, são os 'bindings', isto é, as obrigações que os países têm de nem por denúncia de tratado reduzir as vantagens decorrentes de determinadas cláusulas e condições. Essas deverão ser inseridas na sua legislação, segundo os prazos ali fixados.

Maristela BassoMaristela Basso• Conforme Luiz Olavo Baptista, é como se cada Estado, ao firmar a "Ata Final" ou o "Acordo Constitutivo da OMC, dissesse: "Este contrato que passamos entre nós, Estados-membros, visa criar uma legislação que observe um piso e deve ser implementado por você, Estado-membro, implementado por você, Estado-membro, dentro do seu sistema jurídico da forma que você costuma fazer, ou deve fazer essas coisas de acordo com a sua legislação". Segundo ele, "fica claro assim que os mandamentos do Acordo não se endereçam aos súditos, mas aos Estados-membros da OMC"[1]. [1] A nova lei e o TRIPS. In “Revista da ABPI. Anais do XVI Seminário Nacional de Propriedade Intelectual”. p. 14-18, cit. p. 18.

Reflexão posteriorReflexão posterior• Mesmo TRIPS pode ter normas de aplicação direta. Tais normas serão, essencialmente a normas de aplicação máxima, ou de de aplicação máxima, ou de garantia de devido processo legal.

• Para a teoria das normas de aplicação máxima, vide Barbosa, Denis Borges, Minimum Standards Vs. Harmonization in the TRIPS context: the nature of obligations under TRIPS and modes of implementation at the national level in monist and dualist systems. In: M. Correa. (Org.). Research Handbook on the Interpretation and Enforcement of Intellectual Property Under WTO

Rules. 1ed.: Edward Elgar Publishing Ltd, 2010, v. , p. 01-288.

Tratado e lei interna: a questão da Tratado e lei interna: a questão da especialidadeespecialidade

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Os atos internacionais do tipo das Uniões, ou de normas uniformes, ao dispor em normas auto-executivas, criam direitos e executivas, criam direitos e obrigações para com nacionais e domiciliados (e outros beneficiários) nos países membros do Tratado, inclusive para os brasileiros.

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• El registro de las obras está a cargo de la DIRECCIÓN NACIONAL DEL DERECHO DE AUTOR como comentábamos anteriormente, organismo dependiente del Ministerio de Justicia, Seguridad y Derechos Humanos de la Nación. (...)La falta de inscripción suspende los

Por exemplo: registro autoral na Argentina

Derechos Humanos de la Nación. (...)• La falta de inscripción suspende los derechos patrimoniales de publicación, edición, ejecución y reproducción hasta el momento en que se efectúe el registro: artículo 63. La defensa de los derechos morales de paternidad e integridad no están subordinados al cumplimiento del registro dispuesto en el artículo 57.

• Por lo que hace a una obra publicada extranjera: no existe obligación de registro conforme a lo dispuesto por el artículo 13 de la ley 11.723.

http://www.unesco.org/culture/pdf/argentina_cp_es

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• ADIMC-1480-DF de 1997,

• A eventual precedência dos tratados ou convenções internacionais sobre as regras infraconstitucionais de direito interno somente se justificará quando a situação de antinomia com o justificará quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico (“lex posterior derogat priori”) ou, quando cabível, do critério da especialidade.

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Uma consequência da especialidade: a quiescência

• O que acontece quando uma norma nacional diverge da convencional, e esta última entra em vigor? Dissemos, falando da entrada em vigor, em 1884, da CUP, a propósito de uma norma interna que,

qui.es.cen.te)a.1. Que descansa, que está em sossego; QUIETO; propósito de uma norma interna que,

divergindo do padrão do tratamento nacional, discriminava contra o estrangeiro: o À luz do direito brasileiro atual, não seria o caso de revogação, mas simplesmente de não-aplicação aos beneficiários da CUP, das regras mencionadas como desviantes do sistema de tratamento nacional; o ato internacional, especialmente quando restrita a um número de Estados-membros, não afeta a lei local, em especial, no tocante aos países não membros. Mesmo quanto aos Estados-membros, a regra divergente da lei nacional permanece válida, mas quiescente, voltando a aplicar-se se, por exemplo, o Estado se retira da Convenção .

• BARBOSA, Denis Borges, O Princípio de Não-Discriminação em Propriedade Intelectual, in TORRES, KATAOKA, GALDINO, TORRES, Dicionário De Princípios Jurídicos, Elsevier, 2011

sossego; QUIETO; TRANQUILO: "Estais como um oceano quiescente e adormentado que se (...) estagnasse na imobilidade." (Rui Barbosa, O Partido Republicano Conservador))[F.: Do lat. quiescens, entis.]

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Quiescência?

• Como o tratado não é revogado pela lei interna, mas apenas tem a sua aplicabilidade afastada, isto significa que, vindo a lei em sentido contrário a ser revogada, o tratado voltará a ser aplicado. Não se trata de voltará a ser aplicado. Não se trata de repristinação, vedada pelo art. 2º, § 3º da Lei de Introdução ao Código Civil, pois revogação não houve. Assim leciona o Ministro Leitão de Abreu em outra passagem de seu voto [RE nº 80.004]: o “A diferença está em que, se a lei revogasse o tratado, este não voltaria a aplicar-se, na parte revogada, pela revogação pura e simples da lei dita revocatória. Mas como, a meu juízo, a lei não o revoga, mas simplesmente afasta, enquanto em vigor, as normas do tratado com ela incompatíveis, voltará ele a aplicar-se, se revogada a lei que impediu a aplicação das prescrições nele consubstanciadas.”

REIS, Márcio Monteiro, Os tratados no ordenamento jurídico brasileiro, Revista Forense - Vol. 349 Estudos E Comentários, Pág. 456.

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Quiescência?

• É desta mesma construção teórica do Ministro Leitão de Abreu, que lança mão o § 4º do art. 24 da Constituição ao regular o exercício da competência concorrente entre União e Estados.

• Dispõe o parágrafo anterior do art. 24 que, na ausência • Dispõe o parágrafo anterior do art. 24 que, na ausência de lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, esclarecendo a referida norma que, diante da superveniência de lei federal, fica suspensa a eficácia da lei estadual naquilo em que forem incompatíveis.

• [Nota do original] A referida norma tem a seguinte redação: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”

• [Nota do original] O mencionado dispositivo constitucional tem o seguinte texto: “A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrária.”

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Uma consequência da especialidade: a quiescência

• “Note-se que tal entendimento também é o de Liliane Roriz em relevante texto doutrinário afirmando a perpetuidade do art. 6 bis (3) subsistiria afirmando a perpetuidade do art. 6 bis (3) subsistiria no direito vigente, não obstante sua alegada revogação:o Assim, sempre que o direito internacional contiver normas especiais, relativamente ao direito interno, deve aquele prevalecer sobre este, qualquer que seja a teoria que se adote a respeito da existência ou não de hierarquia entre ambos. A especialidade da norma internacional a torna imune à incidência do critério cronológico.”

• ALMEIDA, Liliane do Espírito Santo Roriz, Imprescritibilidade da ação anulatória de registro obtido de má-fé.Em Revista da ABPI, nº 80, p. 42.

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Outra consequência da especialidade: a imunidade do beneficiário do tratado à lei interna

• A CUP (assim como alguns outros tratados) só se aplica aos estrangeiros, cabendo à lei nacional tentar qualquer equiparação em favor dos seus . Como indico no nosso Tratado da Propriedade Intelectual, Cap. IV, no nosso Tratado da Propriedade Intelectual, Cap. IV,

• Um número relativamente pequeno, mas importante, de normas da CUP estabelece um patamar mínimo de tratamento uniforme, que todos os países da União têm de garantir em face dos estrangeiros, beneficiários da Convenção; por exemplo,. o reconhecimento do efeito extraterritorial das marcas notórias.

BARBOSA, Denis Borges, Efeito extraterritorial das marcas, Revista da ABPi– nº 111 – mar/abr 2011

Tratado e lei interna: a Tratado e lei interna: a questão da questão da especialidadeespecialidade

• Outra consequência da especialidade: a imunidade do beneficiário do tratado à lei interna

• Assim – e fique isso bem claro – a CUP vige para o estrangeiro, que se beneficia da extinção do prazo de nulidade, ocorra o que venha ocorrer com a lei interna. Isso porque – para o estrangeiro – a CUP é norma dele, especial.

• Só quando o brasileiro puder utilizar-se da equiparação do art. 4º da Lei 9.279/96 é que ele vai obter acesso à mesma

• Só quando o brasileiro puder utilizar-se da equiparação do art. 4º da Lei 9.279/96 é que ele vai obter acesso à mesma norma, que lhe é alheia.

• A CUP, como norma própria ao estrangeiro, pode trazer a este a norma nacional, pelo princípio do tratamento nacional; mas pode assegurar tratamento diverso, e mesmo divergente da norma nacional, como regra de seu especial e peculiar proveito.

• BARBOSA, Denis Borges, Efeito extraterritorial das marcas, Revista da ABPi– nº 111 – mar/abr 2011

InterpretaçãoInterpretação dos dos TratadosTratados

Interpretação dos Interpretação dos TratadosTratados

• CV• Em seco resumo, à luz da Convenção, aplica-se aos tratados a interpretação de seu texto.

• Interpretação de Tratados• Artigo 31• Regra Geral de Interpretação• 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé

segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.

• 2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos:

• a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; texto.

• Irrelevante, em princípio, a intenção dos contraentes ao formular suas normas; irrelevantes seus motivos expressos ou profundos.

tratado;• b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou

várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado.

• 3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:

• a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições;

• b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação;

• c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.

• 4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes.

Há outra regras no art. 32

Interpretação dos Interpretação dos TratadosTratados

• CV• Fixando-se sempre no texto, a interpretação se baseia, no entanto, na boa fé (CV 31). Para assegurar tal propósito, a Convenção impõe duas regras de análise textual. análise textual.

• Em primeiro lugar, às palavras deve ser dado o sentido comumatribuível aos termos do tratado em seu contexto.

• Só se dará a uma expressão um sentido especial, fora do sentido comum, se estiver estabelecido que esta era a intenção das partes (CV 31.4). Evidentemente, estabelecido no texto.

Interpretação dos Interpretação dos TratadosTratados

• CV• Em segundo lugar, deve-seinterpretar cada expressãotendo em vista o objeto e afinalidade do tratado (CV31). Não se extrairá talobjeto de elementos extra-textuais, mas, uma vez mais,

• TRIPs ARTIGO 7 • Objetivos • A proteção e a aplicação de normas de proteção

dos direitos de propriedade intelectual devem contribuir para a promoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusão de tecnologia, em benefício mútuo de produtores e usuários de conhecimento tecnológico e de uma forma conducente ao bem-estar social econômico e a um equilíbrio entre direitos e obrigações. ARTIGO 8 textuais, mas, uma vez mais,

do seu texto.• É dos consideranda, doconteúdo mesmo dotratado, que sedepreenderá qual o fim aque ele se propõe (comodistinto dos fins individuaisdos Estados que dele sãopartes).

• ARTIGO 8 • Princípios • 1. Os Membros, ao formular ou emendar suas leis e

regulamentos, podem adotar medidas necessárias para proteger a saúde e nutrição públicas e para promover o interesse público em setores de importância vital para seu desenvolvimento socioeconômico e tecnológico, desde que estas medidas sejam compatíveis com o disposto neste Acordo.

• 2. Desde que compatíveis com o disposto neste Acordo, poderão ser necessárias medidas apropriadas para evitar o abuso dos direitos

• de propriedade intelectual por seus titulares ou para evitar o recurso a práticas que limitem de maneira injustificável o comércio ou que afetem adversamente a transferência internacional de tecnologia.

Interpretação dos Interpretação dos TratadosTratados

• CV

• Art. 30.2 Quando umtratado estipular queestá subordinado a umtratado anterior ou

• TRIPs ARTIGO 2 • Convenções sobre Propriedade Intelectual

• 1. Com relação às Partes II, III e IV deste Acordo, os Membros cumprirão o disposto nos Artigos 1 a 12, e 19, da Convenção de Paris (1967).

• 2. Nada nas Partes I a IV deste tratado anterior ouposterior ou que nãodeve ser consideradoincompatível com esseoutro tratado, asdisposições desteúltimo prevalecerão.

• 2. Nada nas Partes I a IV deste Acordo derrogará as obrigações existentes que os Membros possam ter entre si, em virtude da Convenção de Paris, da Convenção de Berna, da Convenção de Roma e do Tratado sobre a Propriedade Intelectual em Matéria de Circuitos Integrados

InterpretaçãoInterpretação dos dos TratadosTratados

• CV

• Assim, entre dois tratadossob matéria idêntica,sucedendo-se no tempo,se o novo declarasubsistir o velho, ocorre

• Artigo 30• Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto

• 2. Quando um tratado estipular que está subsistir o velho, ocorre

apenas acréscimo ouregulamento; mas secala quanto ao anterior,este é derrogado ou ab-rogado, no queincompatível

estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão.

ATENÇÃO: É o contrário na lei interna

Quando não Quando não há tratado há tratado (que em (que em

há tratado há tratado (que em (que em princípio princípio

recusa recusa reciprocidade)reciprocidade)

??

Quando não tem tratado (que em Quando não tem tratado (que em

princípio recusa reciprocidade)?princípio recusa reciprocidade)?• Quando não há tratado:reciprocidade.

• Art. 3º Aplica-se também o disposto nesta Lei: [a]

• I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil [b];

• e• II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes [c].

Quando não tem tratado (que em Quando não tem tratado (que em

princípio recusa reciprocidade)?princípio recusa reciprocidade)?• Reciprocidade: concreta ou in abstracto?

• Difícil instrumento de direito internacional público, a reciprocidade presume uma análise jurídica e extra jurídica de extrema complexidade, que não fica aparente na noção simples de que “damos a eles o tratamento, que eles dão a nós.”eles o tratamento, que eles dão a nós.”

• Um exemplo, dentre os muitos que se podiam alvitrar: a lei do país X garante patentes a todos os requerentes, independentemente de sua nacionalidade; mas tal patente não importa em exclusividade de fabricação, só em um domínio público pagante, como na antiga lei mexicana.

• Ou: em prazos, conteúdo de direitos e exclusões de patenteabilidade, a lei estrangeira se equipara à nossa, mas as anuidades são muitíssimo mais onerosas. Há reciprocidade?

Quando não tem tratado (que em Quando não tem tratado (que em

princípio recusa reciprocidade)?princípio recusa reciprocidade)?• Reciprocidade: concreta ou in abstracto?

• A reciprocidade importa em confrontar dois parâmetros legais, objetivamente (texto e aplicação da lei) e subjetivamente (os beneficiários e obrigados das normas). Mais, é preciso comparar tais parâmetros reciprocamente, e não da forma que se compulsam os sistemas jurídicos pelos métodos do direito comparado. Mais ainda, não se considera o direito elementar em si, mas o instituto como um todo: o prazo maior pode ser compensado por regras mais restritivas prazo maior pode ser compensado por regras mais restritivas de licença compulsória.

• Superada a fase cognitiva, o que fazer se a comparação mostrar diferenças de tratamento? Considerar substancialmente equivalentes os dois sistemas, se, no efeito geral, o depositante brasileiro tem aproximadamente o mesmo tratamento, sob a lei estrangeira, que o depositante originalmente submetido à lei estrangeira tem em nosso Pais? Qual a aproximação razoável?

• Indo além: constatada a disparidade, negar a proteção ao depositante estrangeiro? Ou (solução propugnada na Convenção de Berna), reduzir os direitos do estrangeiro aos limites de sua própria lei? Por exemplo: conceder no Brasil a patente ao estrangeiro, mas pelo prazo, menor, que sua própria lei nacional outorga?

Quando não tem tratado (que em Quando não tem tratado (que em

princípio recusa reciprocidade)?princípio recusa reciprocidade)?• Reciprocidade: concreta ou in abstracto?

• A Lei 9.279/96 silencia, olimpicamente, sobre todas estas questões, o que talvez seja medida de prudência, considerando a progressiva inclusão de todos os países existentes nos tratados em vigor no Brasil. Mas, já que existe a previsão legal, como aplicá-la?

• Não havendo regra legal, parece razoável aplicar, na sua pragmática, o princípio de colaboração internacional intrínseco ao texto, ou seja, admitir à proteção o máximo que se puder, sem lesão ao interesse nacional. Sendo substancialmente equivalentes o direito estrangeiro e o nacional, ambos proteção o máximo que se puder, sem lesão ao interesse nacional. Sendo substancialmente equivalentes o direito estrangeiro e o nacional, ambos medidos em seus efeitos (e não no texto legal isolado e sem aplicação), deve-se ao depositante estrangeiro a integralidade da Lei 9.279/96.

• Não se atingindo tal equivalência, recusar a aplicação da lei, pois a redução dos direitos, como sugere a Convenção de Berna, à medida da lei estrangeira, é impossível sem autorização legal, e de administração quase impossível.

Equiparação do nacional Equiparação do nacional ao estrangeiroao estrangeiro

Equiparação do nacional ao Equiparação do nacional ao estrangeiroestrangeiro

• Art. 4º As disposições dos tratados em vigor no Brasil são aplicáveis [a], em igualdade de condições [b], às

• [b] Igualdade de condições: noção

• O que a norma prevê é que se dará aos brasileiros e residentes no País tratamento jurídico pelo menos tão favorável quanto os estrangeiros, beneficiários de tratados, como se estivessem sob amparo de um único e mesmo condições [b], às

pessoas físicas e jurídicas nacionais ou domiciliadas no País.

amparo de um único e mesmo instrumento normativo.

• Se a situação de fato for a mesma, aplica-se aos brasileiros a norma internacional, ainda que ela não se dirija ao nacional; as condições a que se refere o dispositivo em análise são as de fato e, não, obviamente, as jurídicas.

Equiparação do nacional ao Equiparação do nacional ao estrangeiroestrangeiro

• Art. 4º As disposições dos tratados em vigor no Brasil são aplicáveis [a], em igualdade de condições [b], às

• [b] Igualdade de condições: noção

• Ou seja, tomando-se o complexo das situações de fato, que gerariam efeitos sob a norma internacional em favor do sujeito beneficiário, fosse ele estrangeiro, o brasileiro auferirá os mesmos resultados, por efeito condições [b], às

pessoas físicas e jurídicas nacionais ou domiciliadas no País.

os mesmos resultados, por efeito desta norma da lei local.

• Não haverá a incorporação ad hoc da lei internacional, através da norma de equiparação, porém, se os elementos do fato gerador não forem integralmente satisfeitos, exceto pela nacionalidade (ou, no caso dos estrangeiros aqui domiciliados, pelo domicílio).

Equiparação do nacional Equiparação do nacional ao estrangeiroao estrangeiro

• Assim, por exemplo, se a lei internacional prescrever consequências para o fato de o estrangeiro se encontrar fora do País ao momento de exercer um direito, ou cumprir uma obrigação (dando, em hipótese, prazo de prescrição ou perempção maior), a equiparação não existirá se o brasileiro estiver no País; equiparação não existirá se o brasileiro estiver no País; as condições não são equivalentes.

• Mas haverá aplicação da norma equiparativa ao brasileiro, sempre no mesmo exemplo, se a presença do estrangeiro no exterior seja neutra perante os efeitos previsto na lei internacional - caso o direito seja atribuído ao estrangeiro simplesmente por que ele é nacional ou domiciliado em país membro do Tratado, e não porque está no exterior..

Equiparação do nacional ao Equiparação do nacional ao estrangeiroestrangeiro

• Um exemplo claro é o da aplicação do art. 6bis da CUP, que prevê um regime de proteção de uma marca protegida no exterior, se notória aqui, independente de registro.

• Por efeito deste art. 4º do CPI,

• Art. 6º bis• (1) Os países da União comprometem-se a recusar ou invalidar o registro, quer administrativamente, se a lei do país o permitir, quer a pedido do interessado e a proibir o uso de marca de fábrica ou de comércio que constitua • Por efeito deste art. 4º do CPI,

tal se dará seja brasileiro ou não o titular da marca protegida no exterior, mas não terá a proteção da CUP (através do art. 4º da lei) se –embora estrangeiro (ou mesmo brasileiro) a marca não for protegida no exterior, e notória aqui como oriunda do exterior.

comércio que constitua reprodução, imitação ou tradução, suscetíveis de estabelecer confusão, de uma marca que a autoridade competente do país do registro ou do uso considere que nele é notoriamente conhecida como sendo já marca de uma pessoa amparada pela presente Convenção, e utilizada para produtos idênticos ou similares.

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Equiparação do nacional Equiparação do nacional ao estrangeiroao estrangeiro

• Com a reforma do artigo 6 bis empreendida em 1967 por ocasião da Conferência de Estocolmo (cujo texto já foi promulgado em nosso país, pelo Decreto no. 635/92), a sua redação foi alterada nesta parte. Conforme relata Elizabeth Kasznar Fekete, a expressão "cidadão de outro país contratante" foi modificada para "pessoa amparada pela presente Convenção"3.

• 18. Não mais existe campo para dúvida. Os brasileiros e estrangeiros gozarão dos mesmos direitos previstos no artigo 6 bis da CUP, não só nos demais países signatários deste tratado, mas também no próprio Brasil. demais países signatários deste tratado, mas também no próprio Brasil. Esta igualdade é expressamente prevista não só no artigo 22, item 1, da Convenção da União de Paris, mas também no artigo 42 da Lei n2 5.772/71 e no artigo 42 da Lei n2 9.279/96.

• O artigo 6 bis da CUP não leva a um tratamento desigual entre nacionais e estrangeiros. O fator diferenciador ali contido não reside na nacionalidade ou domicílio de quem invoca tal norma, mas sim na causa de pedir da ação de nulidade. Se o fundamento da ação consistir em registro obtido de má-fé e em ofensa a marca notoriamente conhecida, a ação será imprescritível, à luz da Convenção de Paris. Sendo outra a causa de pedir, aplica- se o parágrafo único do artigo 98 da Lei n2 5.772/71 e, após o início de sua vigência, o artigo 174 da Lei n2 9.279/96.

SCHMIDT, Lélio Denícoli .A Convenção de Paris e o Direito Interno: Alguns Aspectos. Revista da ABPI 27, Março/Abril de 1997. São Paulo.

Equiparação do nacional Equiparação do nacional ao estrangeiroao estrangeiro

• Resumindo: não se aplica à marca territorial de cada país o dispositivo do art. 6bis da CUP. O brasileiro que detiver marca fora do território nacional, e porventura não lhe tiver registrada aqui, se aqui tal marca não registrada for notória, aqui, se aqui tal marca não registrada for notória, terá aqui a proteção convencional.

• Como também o terá a marca registrada no Brasil, que seja notória em país convencional, terá – lá – a proteção extraterritorial.

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BARBOSA, Denis Borges, Efeito extraterritorial das marcas, Revista da ABPi– nº 111 – mar/abr 2011

The EndThe End