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Direito TributárioAula de 20/12/2001

Vamos falar de IPI.O IPI é um dos três impostos que compõem o chamado IVA. Em outros países é imposto sobre valor agregado. Eu diria que não só que no Brasil é tributado pelo IPI, mas também pelo ICMS e pelo ISS. Tributa-se a circulação de bens e serviços através do IVA. No Brasil, a Emenda 18, que estruturou o Sistema Tributário Nacional, preferiu repartir por três e entregar um a cada ente da Federação. A União ficou com o IPI; o Estado com o ICMS e o Município com o ISS. Logo o IPI é um imposto sobre circulação e não sobre industrialização, como alguns podem imaginar. Circulação de produtos industrializados. Daqui a pouco a gente vai ver o que é em processo de industrialização, mas antes de ver as regras constitucionais e legais sobre o IPI, é preciso que a gente diferencie o que é produto do que é mercadoria. Diferenciar também em relação ao bem de consumo. Tudo isso é bem móvel, tanto a mercadoria, quando o produto industrializado, quanto o bem de consumo são bens móveis. Este microfone, por exemplo, o que é isso? Hoje é um bem, de consumo, mas já foi um produto industrializado e já foi uma mercadoria. Quando este microfone está no âmbito do estabelecimento industrial, ele era produto industrializado. No momento em que o industrial deu saída desse produto para o estabelecimento comercial, isso passou a denominar mercadoria. No momento em que uma pessoa física ou uma pessoa jurídica, que não vai comercializar isso, ela vai utilizar nas suas atividades, isso aqui passa a ser um bem de consumo. O que para as pessoas jurídicas a gente vai denominar bem do ativo fixo. Certo. Então quando o produto industrializado deu saída, incidiu o IPI; quando o comerciante deu saída, incidiu o ICMS. E se o CRJ vendeu isso para alguém, vai incidir o que? Nada porque não incide imposto na circulação de bens de consumo.Quando eu vender o meu carro usado, vai incidir o quê? Nada, porque não existe imposto sobre venda de bens de consumo. Certo. Incidiu sim, quando a montadora vendeu para a concessionária; incidiu quando a concessionária vendeu para mim. Parou de existir imposto sobre venda de bem de consumo.Aluna: Tem que ser bem de consumo. Por exemplo, se for assim do ativo fixo ...Ainda do ativo fixo, não existe imposto sobre venda de bens do ativo fixo.Aluna: Mas e se tiver que renovar a máquina da produção, isso é ...Não incide.Aluna: O ICMS também não incide ...O bem de consumo da pessoa jurídica é o bem do ativo fixo.Aluna: Já foi ...É o totalmente inconstitucional, porque ...Aluna: Agora eles reduziram, a pouco tempo a base de cálculo, em novembro desse ano ...Você não está confundindo com o direito ao crédito não?Aluna: Não eles estavam cobrando ...Não pode. Não há qualquer possibilidade de fazer incidir o ICMS aqui.Aluna: Há vários (?) sobre a redução da base de cálculo ... que cobraram da empresa ...Quanto?Aluna: R$ 20.000,00.Isso é fácil derrubar.

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Alina: Aí veio o recurso administrativo, mas eu nem sabia que era inconstitucional. Eu só aleguei a nova legislação que dava a virtude da base de cálculo em 95% ...Então você quer pagar 5%Aluna: Pois é.Existe um exemplo, até mais eloqüente do que esse, que é: um Banco de São Paulo que comprou um lote computadores para todas as suas agências no Brasil inteiro. Por que ele comprou tudo em São Paulo? Por questão de preço. Depois que todos os computadores foram para São Paulo, na matriz do Banco, ele deu saída de cada computador para cada agência no Brasil inteiro e o fisco quis cobrar ICMS. O STF não deixou porque é bem do ativo fixo, bem de consumo; não era mercadoria. E olha que era novinho, ao contrário do seu que era usado. Então o imposto incide sobre a venda de mercadorias. O IPI incide sobre a venda de produtos. Ou de mercadorias que serão utilizadas como matéria-prima, como insumo de outros produtos. Por exemplo, quando uma loja de material de construção vende parafusos para uma fábrica de móveis, vai incidir o ICMS, e para o lojista aquilo é uma mercadoria e vai incidir IPI, porque aquele parafuso está na cadeia produtiva do produto industrializado. Entendido?Vamos agora abrir a nossa CR no art. 153, IV:

Art. 153 Compete a União instituir imposto sobre:...IV – produtos industrializados;...§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:I – será seletivo, em função da essencialidade do produto;

Seletividade, o que é seletividade? Já estudamos na capacidade contributiva que tal princípio não se realiza nos impostos indiretos através da progressividade. Muitas vezes, nem através da proporcionalidade. Mas sim através da seletividade. O que é seletividade, vocês lembram? É você alterar as alíquotas; fazer flutuar as alíquotas; variar as alíquotas em razão da essencialidade do produto. Então produtos supérfluos terão alíquotas maiores, como carros, bebidas, perfumes. Bens de consumo popular, bens essenciais terão alíquotas menores, como por exemplo, arroz, feijão, remédio.Agora, essa seletividade se baseia tanto na capacidade contributiva, quanto na extrafiscalidade. Por exemplo: a alíquota do cigarro é bem alta, não só porque é um bem supérfluo, mas porque é um bem nocivo à saúde do contribuinte. Assim como as bebidas alcoólicas. Desta forma o Estado está desestimulando o consumo desses produtos. Mas não tem jeito: mesmo sendo a alíquota alta, o povo fuma e bebe. Agora você veja, um exemplo muito interessante, onde a questão não é só extrafiscal, é também vinculada à capacidade contributiva. Compare a alíquota da cachaça com a do whisky. No ponto de vista da extrafiscalidade, eu não poderia dizer que o whisky faz mais mal do que a cachaça; Ao contrário, a cachaça tem mais teor etílico, faria mais mal. Mas a alíquota do whisky é maior porque, em tese, o whisky é consumido por parcela da sociedade de maior poder aquisitivo. Então aí revela-se maior capacidade contributiva também, além da extrafiscalidade. Então a seletividade vai se basear tanto numa coisa, como em outra. Tanto na capacidade contributiva, quanto na extrafiscalidade. Certo.

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II – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

Já falamos várias vezes em não-cumulatividade, mas nunca especificamente. O fenômeno da não-cumulatividade pode ser apresentar nos chamados tributos multifásicos. O que é um tributo multifásico? É aquele que incide em cada fase da cadeia contributiva. Um tributo multifásico pode gerar cumulatividade ou não. O que é cumulatividade? Quando eu tributo com uma alíquota total aqui, a base de cálculo integral, aqui de novo, aqui de novo, aqui de novo, aqui de novo. Vamos ver qual é o efeito disso? Vamos admitir que esse meu tributo multifásico tem uma alíquota de 10%. Então esse primeiro contribuinte, ele vendeu o seu produto. Esse por 15%; esse por 18%; esse por 25%; esse por 32%; esse por 14%. Quanto é que isso vai chegar, essa alíquota que seria de 10% no bolso do consumido? Quanto é que dá isso? 13%. Quantos por cento 13 representa de 10? 32,5%. Essa alíquota que era de 10% chegou ao consumidor mais três vezes maior. Isso porque eu coloquei pouco elo nessa cadeia. Se for uma cadeia muito grande, isso vai aumentando de forma geométrica. Então você estabelece para os dois principais impostos multifásicos, que são o IPI e o ICMS, você estabelece constitucionalmente a não-cumulatividade, de forma a só tributar o valor agregado. Como que você vai tributar o valor agregado. Vamos calcular o valor agregado de cada operação aqui ...E como eu chego a esse valor agregado? Eu jogo uma alíquota direta a esse valor agregado? Não. Como eu exerço a não cumulatividade? Através de uma conta corrente de débitos e créditos, onde eu vou me creditar do imposto pago nas operações anteriores, não por mim, mas pelos outros contribuintes que me antecederam nessa cadeia e vou me debitar do imposto incidente sobre a operação que eu pratiquei.Vamos fazer isso aqui. Esse primeiro contribuinte, ele não tem crédito porque é o primeiro da cadeia. Tem zero de crédito e 1,5 e débito. Vai pagar 1,5. A gente vai ver que no final dessa conta, se tudo o der certo, vai dá 4. Vai dá 10% sobre 40. Vamos ver se vai dar certo. Esse aqui. Ele se credita de 1,5 que o outro pagou e se debita de 1,8. Paga? E esse? E esse? E esse? Vamos ler se dá 4. 1,8; 2,5; 3,2; 4. Viu como dá certo essa não-cumulatividade.Quer dizer então, através do creditamento do imposto pago nas operações anteriores, eu recolho apenas imposto sobre o valor agregado. Então o que que garante que o IPI e o ICMS são realmente impostos sobre o valor agregado? O princípio da não-cumulatividade.Você vai se creditar do imposto pago nas operações anteriores e vai se debitar do imposto pago na operação que você foi contribuinte. Então esse aqui. Esse primeiro. Ele vendeu por 15. Ele não tem crédito. Então ele vai pagar 1,5; Esse tem crédito da primeira operação. O imposto incidente dessa operação é de 1,8. Ele tem 1,5 de crédito, vai pagar 0,3. Aqui, o preço é 25. O imposto incidente é de 2,5, mas ele tem de crédito 1,8. Paga 0,7. Essa aqui, praticou o preço de 32, o imposto incidente é de 3,2, tem de crédito 2,5, pagar 0,7, e assim vai. Assim funciona a não-cumulatividade, tanto no IPI, quanto do ICMS. Até há diferenças, mas são peculiaridades do ICMS, que a gente vai estudar quando tratar do ICMS, no ano que vem.Aluna: E se tiver uma isenção no meio dessa cadeia?É isso que eu queria falar. Se tiver uma isenção no meio da cadeia do IPI, nada vai acontecer. Não quero saber se qualquer das operações é isenta. Tem que ser exatamente como está aqui. Então no IPI, ao contrário do ICMS, a isenção ou não-incidência no meio da cadeia nenhum efeito tem em relação a não-cumulatividade.

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Essa é a primeira diferença, já que foi suscitada. A segunda é que no IPI eu posso me creditar apenas daqueles produtos que integraram fisicamente o meu produto ou que foram inteiramente consumidos no processo produtivo. Isso chama-se crédito físico. Regime do crédito físico. Então se eu tenho uma fábrica de sapatos, eu vou me creditar do couro, vou me creditar da borracha, vou me creditar de todos os insumos do sapato. Não vou me creditar das máquinas; não vou me creditar da energia elétrica; não vou me creditar de nenhuma outra coisa que não tenha sido utilizada. Que integre fisicamente o sapato ou que seja integralmente consumido no processo produtivo. Por exemplo, uma graxa. Isso eu posso me creditar. A tinta, eu posso me creditar. A graxa e a tinta você até pode dizer que elas integram fisicamente, mas vamos supor uma graxa para lubrificar a máquina que vai fabricar o sapato, eu posso me creditar, porque aquela graxa foi inteiramente consumida no processo produtivo.A jurisprudência tem aberto um pouco mais isso. Dito assim: não precisa ser inteiramente consumido em nenhum processo produtivo. Pode ser numa curta série de processo produtivo. Então aquela graxa não vai ser inteiramente consumida se eu fabricar um sapato. Ela vai ser consumida ao longo de uns 3 meses fabricando sapato. E até quando poderia? Como não está na lei, a jurisprudência vai construindo, vai chegando um pouco para cá, um pouco para lá. Eu estive pesquisando isso e não ache nenhum acórdão que permitisse o creditamento de produtos consumidos num prazo superior à 2 anos. Não é que seja esse o prazo. Você até encontra 18 meses, você encontra 20 meses. Acima de 2 anos eu nunca vi. Já no ICMS eu adoto o regime do crédito financeiro. Eu posso me creditar não só da própria mercadoria. Então numa loja de sapato eu não me credito só nos sapatos; eu me credito da energia elétrica, dos bens do ativo fixo, a cadeira para o cliente sentar, o computador da caixa registradora, etc.É bem verdade que, como o regime do crédito financeiro no ICMS foi introduzido pela lei Kandir – LC 87/96 -, mas em 2000, e vocês imaginam como isso causou prejuízo para aos Estados, porque antigamente o ICMS era oi regime do crédito físico também, então a partir de um momento todas as empresas passaram a ter muitos créditos contra os Estados. Todos os seus bens do ativo fixo. Então a LC 102/2000 escalonou o crédito referente aos bens do ativo fixo em 48 meses. Por que? Porque, por exemplo, eu tenho uma pequena loja e compro todo meu mobiliário, ou compro uma máquina sofisticada, um aparelho caro, devo ficar vários meses sem pagar imposto. E quando isso acontece com todos os contribuintes, porque a lei entrando em vigor, todos iriam ter imediatamente créditos a serem compensados, já se escalona em 40 meses só que agora sendo mais suave. Então se você compra a maquina hoje, você poderá se creditar disso, mas em 48 meses. Não causa um grande impacto na arrecadação dos Estados. De todo modo ainda é o regime do crédito financeiro. O regime do crédito jurídico eu só posso me compensar, me creditar de produtos e mercadorias, não de bens do ativo fixo.Aluna: ... está negando os custos destes créditos atrasado na ... o Paes Mendonça ... estava devendo crédito de ICMS desde ...Mas isso anterior a lei Kandir. Antes da lei Kandir não existia.Aluna: os créditos não foram utilizados antes da lei KandirSim, eles queriam, os contribuintes queriam o seguinte: como a lei reconheceu, quero agora o para trás. Há não. Antes não podia.Entenderam a não-cumulatividade como funciona? III – não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

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Temos aí uma imunidade. Uma imunidade se a gente não adotar a nomenclatura do Ricardo Lobo Torres, que diz que imunidade é só o que deriva dos direitos fundamentais. Não há que se falar em direitos fundamentais neste caso; é uma opção conjuntural do constituinte de imunizar as exportações. Aliás, os exportadores receberam um belo presente de Natal. Mais um com a Emenda 33 que diz que não incide nenhuma contribuição social ou interventiva sobre receitas oriundas de exportações. Passaram a ter imunidade de COFINS, PIS, Contribuição sobre o lucro e até CPMF.A Emenda n° 33 é da semana passada. Saiu a 33 e a 34. A 35 não foi aprovada. É aquela que criava aquela esdrúxula taxa de iluminação pública. Foi aprovada na Câmara e faltaram 3 votos no Senado para passar essa coisa esdrúxula que é a taxa de iluminação pública, que taxa não seria; seria obviamente uma contribuição.Mas a Emenda 33 inseriu alguns parágrafos no art. 149, criando a contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre o petróleo e derivados, gás natural e derivados e álcool combustível. Ela vai incidir na importação e na comercialização daqueles produtos.Por que foi preciso uma Emenda Constitucional? Porque a Constituição dizia que nenhum outro tributo, além do ICMS e IR, incidiria sobre o petróleo e seus derivados, combustíveis, etc. Inclusive eles mudaram a caracterização desse artigo nessa emenda. Eles colocaram “nenhum outro imposto”, porque agora tem a contribuição de intervenção no domínio econômico. Cria-se mais um tributo. Eu vou falar mais sobre essa emenda quando tratar do ICMS, porque ela mudou também bastante no ICMS. Aliás, é bom para a próxima aula, em janeiro, vocês já estarem com essa Emenda 33 porque a gente vai usar e em janeiro não tem código novo.Voltando ao IPI. Não há imunidade na exportação. Incide na importação, mas na importação não. Ué, mas ele incide na importação? E o imposto de importação? Também. E o ICMS? Também. Vocês têm três impostos na importação.E qual seria o processo de industrialização que geraria essa incidência? Como eu disse no início, nós tributamos não o processo de industrialização; nós tributamos a circulação. E na importação há circulação de um produto que foi industrializado. Não aqui, mas em outro país. Então o IPI incide internamente, quando um estabelecimento industrial dá saída do produto industrializado e incide também quando alguém importa um produto industrializado.Vamos ao CTN. Aluna: Ricardo, eu não entendi esse caso. Na cadeia produtiva vai incidir o IPI, aí você escolhe ... qual dessas cadeias?Não, não. Só a operação de importação. Na verdade, o importador vai ficar cheio de crédito.Aluna: Pode usar?Pode, pode usar com outras operações que eventualmente pratique ou pode ceder esse crédito. Fazer a cessão de crédito.Aluno: Que instituto justifica esse IPI na importação?Porque está havendo a circulação de produtos industrializados. Se você for comparar com o produto nacional, você pode comprar um produto nacional ou estrangeiro. Se você comprar um produto nacional, vai haver a incidência de IPIAluno: Produzido aqui?

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Produzido aqui. Se você comprar um produto estrangeiro, tem que haver também. Até por uma questão de competitividade. Houve uma operação de circulação de produto industrializado.Aluno: Mas aí vai incidir imposto de importação e o IPI?Vai, e ainda mais o ICMS.Aluno: Vai ficar mais pesado ainda ...Porque o constituinte repartiu em três essa incidência. Podia ser um importo só com alíquota maior. Mas o objetivo dos três impostos não exatamente o mesmo. Enquanto o imposto de importação e o IPI tem funções extra-fiscais e controlar o comércio exterior e a política industrial, o ICMS é arrecadatórioAluno: Ele representa na realidade ... circulação.Sim, ele é o imposto de circulação de produtos industrializados. Você tem dois impostos de circulação de bens e um imposto de circulação de serviços. Os dois impostos de circulação de bens são o IPI e o ICMS; um para mercadoria, outro para o produto. E o de serviço, o ISS.Vamos ao CTN, art. 46, fato gerador.

Art.46 – O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I – o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

Então no caso da importação, o fato gerador se dá com o desembaraço aduaneiro. Desembaraço aduaneiro é o procedimento administrativo, onde a autoridade alfandegária irá fazer a conferência dos produtos industrializados, verificar se o pagamento do imposto foi correto e liberar a mercadoria. O nome já diz “desembaraçar”. Tirar o quê? Tirar as amarras as importação desse bem.

II – a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;

Estabelecimentos industriais ou equiparados. Quer dizer: então na circulação interna o fato gerador se dá com a saída do restabelecimento industrial. Então portanto se eu fabrico um produto e consumo ele no meu estabelecimento, por exemplo, eu tenho uma fábrica de qualquer coisa e eu mesmo fabrico uma graxa para usar na máquina. Vai incidir IPI? Não porque não houve saída desse produto e não ocorreu o fato gerador. Não ocorreu a circulação.Aluna: Qual a diferença do ICMS ...Você está doida para falar de ICMS. Se incide o IPI e o ICMS quando a saída se dá para outro estabelecimento do mesmo titular? Diz a lei que sim, incide, porque no IPI e no ICMS há o princípio da autonomia dos estabelecimentos, ou seja, cada estabelecimento é um contribuinte diferente para fins de ICMS e IPI. Ao contrário do IR, ao contrário das contribuições todas, onde a empresa, independentemente de quantos estabelecimentos possua, é o único contribuinte. Se bem que o pessoa da quadratura diz que não Diz que a circulação tem que ser jurídica, ou seja, é preciso haver a transferência da titularidade de uma pessoa para outra. Isso é um besteirol porque não imposta o fenômeno jurídico, mas o fenômeno econômico. O que é uma circulação econômica? É quando a mercadoria sai de um elo e vai para outro da cadeia. Então se eu tenho um estabelecimento atacadista e eu tenho um estabelecimento varejista e eu dei saída do estabelecimento atacadista para o

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estabelecimento varejista, evoluiu um elo da cadeia produtiva, paga-se o imposto. Isso não gera maior peso para o contribuinte porque ele mesmo se debita e se credita, ou então ele não agrega valor nessa operação. Quer dizer então que a questão é de controle não é que quanto vai ser pago. Tanto faz você pagar 1,5 e depois paga 0,3, ou pagar 1,8 aqui. Tanto faz, já que o imposto é não-cumulativo. Então se pagar duas vezes ou uma é a mesma coisa, porque você vai pagar sobre as duas parcelas, como a de 0,3 e outra de 1,5. Ou vai pagar uma vez só 1,8, dá no mesmo.Aluno: Professor, mas o STJ descreve qual argumento?Aí é que está, vocês estão me obrigando a falar de ICMS, mas vamos lá. Aí é que está, o STJ e o STF têm acórdãos que falam de circulação jurídica sim, mas em todos esses acórdãos não havia sequer circulação econômica. Então fica difícil você dizer que a posição do STF é pela circulação jurídica em detrimento da circulação econômica. Uma caso foi esse dos computadores. O Banco de São Paulo compra uma série de computadores para dar saída para suas agências no Brasil inteiro. Não há que se falar em circulação de mercadoria porque aquilo não é mercadoria, é bem de consumo para ele. Outro exemplo foi do estabelecimento aviário (esse é inédito!). Deu saída dos frangos para eles serem pesados e voltaram para o estabelecimento de origem. Os dois eram do mesmo titular. Aí os contribuintes falaram : o Supremo não aceita a circulação econômica; ele quer a jurídica. Não é por isso. É porque não há circulação sequer econômica. Foi e voltou. É como se uma pessoa fosse ao médico e voltasse para casa, não está mudando de endereço. Então o STF e STJ ainda fazem confusão entre os dois conceitos. E a doutrina aborda muito mal esse tema. A doutrina ... Aliás é difícil você ver os autores comentarem os impostos em espécie sem ser para, a priori, defender uma posição ou outra. Então acaba que vai um pouco contaminando. Quem melhor defende essa posição. Aliás o melhor livro sobre ICMS, para os nossos objetivos, não é para quem quer fazer uma contabilidade, é o do Hugo de Brito Machado – “ICMS e seus aspectos fundamentais” da Dialética. Tem o do Roque Carraza, mas é muito ruim na minha opinião. Muito ... Você lê aquele livro e acha que o ICMS nunca incide. Então o do Hugo de Brito é melhor.Voltando ao IPI. Eu sei que essas questões são tangenciais ao IPI também; são específicas do ICMS.Aluno: Nessa mesma pergunta sobre a transferência no caso do IPI, por exemplo, se você produziu uma graxa no estabelecimento, mas é outro que vai usar ...Fez o quê?Aluno: Você fez uma graxa no seu próprio e passa para outro estabelecimento. Ela vai virar mercadoria para outro? Você vai pagar IPI?Você vai vender para o consumidor final?Aluno: Não, são dois estabelecimento.A táAluno: Então não vai incidir IPI?Você produziu graxa num estabelecimento seu e deu saída nessa graxa para outro estabelecimento seu, é isso?Aluno: É porque tem contribuinte aí ...Vai incidir, porque houve saída. Se não houver saída, não há incidência.Aluno: Mas se fosse uma outra unidade, outra fábrica?Mesmo que fosse outra unidade; se é outro estabelecimento diferente, há incidência.Aluna: Mas ...

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No IPI você vai utilizar produto industrializado, vai dar saída no produto industrializado - não é bem de consumo - para outro estabelecimento consumir. Quer dizer, para esse segundo estabelecimento é um bem de consumo ...Aluna: Nas dá no mesmo, ele é da mesma empresa.Aí é que está. E o princípio da autonomia dos estabelecimentos? É outro contribuinte. Esquece que é a mesma empresa.Aluna: E o caso dos computadores?É o caso dos computadores, não incide, porque no caso dos computadores já era bem de consumo para a matriz. Não foi a matriz que fez os computadores. Se fosse a IBM, você está entendendo. A IBM fez os computadores, vai dar saída para suas filiais, a velhice vence. Mas se você comprou você é consumidor.Aluna: Já houve manifestação econômica da outra empresa?Sim, você apenas está distribuindo entre as suas filiais.Aluno: Nesse caso, não seria mercadoria. Seria direto produto industrializado como bem de consumo?No caso da graxa, não haveria comerciante nessa história ...Aluno: Então não haveria ICMS também?Não haveria ICMS. Suprimiu um elo na cadeia. Bom, lê o parágrafo único do art. 36. Aluno: Faltou o inciso III.Ah é! Fizemos bem, vou dizer porque. Então lê.

III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Quer dizer, incidiria IPI na arrematação também, mas esse fato gerador não é previsto em lei ordinária, na Lei 4503/64, que não previu esse fato gerador. Existe então essa incidência? Só o CTN prevendo, sem a lei ordinária? Não. Não incide, assim como nós vimos no imposto de importação, não incide na arrematação nem IPI, nem II.Parágrafo único:

Parágrafo único – para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou aperfeiçoe para o consumo.

Quer dizer então que isso é o processo industrial. Processo onde você faz qualquer operação que modifique a natureza. Natureza física ou química da mercadoria, do produto, ou a sua finalidade, ou aperfeiçoe para o consumo. O que é aperfeiçoar para o consumo? É acondicionar. O que é acondicionar? É colocar no ar condicionado? Não é você dá uma nova apresentação para o consumidor. Por exemplo: eu compro vinho em pipa. Engarrafo esse vinho e vendo vinho engarrafado. Eu nem toquei nesse vinho, mas eu fiz uma operação de industrialização porque eu acondicionei esse vinho. A gente pensa em industrialização como aquela coisa cheia de fumaça, máquinas, não. O artesão é um pequeno industrial. Ele não paga, como o camelô também não paga. Mas o artesão ele pega. Vamos pegar o pescador. O pescador realiza uma operação de industrialização. Ele pega o peixe, limpa, corta, coloca num saco plástico e vende na feira. É operação de industrialização, por mais que seja feita na cozinha da casa dele. Quer dizer então que o

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conceito de industrialização é muito amplo. Qualquer atividade que altere a natureza do produto, a finalidade ou aperfeiçoe para o consumo é uma operação de industrialização.Alguma dúvida até aqui? Não. Então vamos falar de base de cálculo:

Art. 47 – A base de cálculo do imposto é:I – no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20 acrescido do montante:a) do imposto sobre a importação;b) das taxas exigidas para a entrada do produto no país;c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;

O IPI na importação então vem com base de cálculo a mesma base de cálculo do imposto de importação. E ela não é mais o valor normal como está aqui. Vimos na aula passada que é o valor aduaneiro agora. Não é isso? Estão lembrados, por causa do GATT? Então essa alteração do GATT também produziu efeitos portanto não IPI, não só no II.... terceiro, que é o ICMS, que vai ser II + IPI + encargos. É mais amplo de todos.

II - no caso do inciso II do artigo anterior:a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua

similar, no mercado atacadista da praça do remetente;

Então, nas operações internas a base de cálculo é o valor da operação ou o valor normal? É o valor da operação. O valor normal é subsidiário. Só na falta. Na inobservância da documentação. Então você desclassifica a escrita e parte para a tributação valor normal. Cabe pauta mínima no IPI, pauta com valor mínimo? Só subsidiariamente. Só na ausência da inidoneidade da documentação fiscal. Certo.Isso tem acontecendo muito. Tendo estabelecido pauta de valor mínimo no IPI fora desses casos. Os contribuintes têm conseguido reverter isso no Judiciário.

III – no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

Esse não tem né?!

Art. 48 – O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.

Art. 49 – O imposto não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente os produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.

Olha, vocês traduzem o regime do crédito físico daí. Desse artigo aqui. Por que? Você vai se creditar do que? Do imposto referente aos produtos re.... Só se credita dos produtos. Não está o CTN garantindo crédito de bens de consumo. Essa é a matriz legal do regime do crédito físico. Essa distinção não é constitucional, como contribuintes e Estados procuram fazer crer. Aluna: Energia elétrica ...

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Energia elétrica é mercadoria. Mas ela é mercadoria para quem? É mercadoria para a Light. Para você que é industrial ou comerciante, a energia elétrica é um bem de consumo.

Parágrafo único – O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte, transfere-se para o período ou períodos seguintes.

É o chamado saldo credor de IPI. Quando é que surge o saldo credor? Eu falei muito em saldo devedor e eu estou pressupondo que o valor da segunda operação é maior do que o da primeira. E geralmente isso acontece. Mas quando alguém fica com saldo credor?Aluno: ... considera ... valor da operação ...Não, porque na última operação tem o valor agregado aqui. O crédito vai ser menor do que o débito. O crédito é de 3,2 e o débito é de 4. Então tem que pagar o imposto. Quando eu tenho crédito? Em duas situações: quando o volume de venda é menor do que o volume de compras. Quer dizer, entra mais coisa do que saí. Estou formando estoque. Está entrando mais do que está saindo. Vou ter saldo credor. Ou quando a operação for isenta, porque eu tenho crédito das operações anteriores e tenho zero de débito. Eu vou ficar com esse saldo credor. O que acontece com esse saldo credor? Joga para o período subsequente. E joga, joga, até que um dia você tenha débitos para compensar. Primeira pergunta: Corrige? Não, segundo o Supremo, só se houver lei, embora se você não pagar em dia, tem correção monetária. Quer dizer: você corrige o débito, mas não corrige o crédito, de forma que você desequilibra essa conta. Se eu tenho uma conta de crédito e débito e corrige um lado só da conta, olha a visão formalista do Supremo. Então aqui tem lei; ali não tem. Com isso se está arranhando o princípio da não-cumulatividade, na medida em que você desequilibra essa conta, você está arranhando o princípio da não-cumulatividade. O Supremo acha que não. Isso é questão de segurança jurídica. Se não tem lei, não tem correção. No IPI isso não tem dado problema não, mas em alguns Estados ainda não tem lei.Aluna: Mesmo entendendo a correção e a atualização?Mesmo entendendo isso. Eles dizem que isso aqui é uma conta meramente escritural. Não há que se falar em perda de nada, porque não é dinheiro, mas uma conta. Só que é uma conta que vale dinheiro. Queria ver se deixasse de atualizar a conta corrente desses Ministros, se eles iriam achar que aquilo alí era só uma conta escritural.A Segunda pergunta é a seguinte: Vamos supor que eu só pratique operações isentas ou imunes, que não sofram incidência. Eu vou sempre ter saldo credor. Nunca vou poder compensar. E o que eu faço com esse saldo credor então? Posso compensar com outro tributo ou posso ... quando eu tenho uma coisa demais, que não me serve, o que eu faço? Eu faço cessão de crédito. A legislação do IPI permite a cessão de crédito. No ICMS também, dependendo da lei estadual. O art. 50 é o artigo mais inútil do CTN, mas vamos ler.

Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou do ou para o Distrito Federal, serão acompanhados de nota fiscal de modelo especial, emitida em séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao controle fiscal, os dados indispensáveis à elaboração da estatística do comércio por cabotagem e demais vias internas.

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Dizer como vai ser a nota fiscal de operação interestadual de IPI, podia está numa instrução normativa da Receita Federal, porque não há nenhuma peculiaridade nas operações interestaduais, já que o imposto é federal. Se fosse o ICMS até teria algum sentido. Isso não é norma geral de direito tributário.

Art. 51. Contribuinte do imposto é:I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.

Por que a lei o tempo todo fala: “fulano ou quem a ele a lei equiparar. O que é isso? Isso é cláusula anti-elisiva. É para o cara mão dizer: Mas eu não sou industrial. Mas eu não sou importador. Ou quem a ele a lei equipare. Isso tem também muito no imposto de renda: “empresas ou a quem a lei a elas equiparar”. Condomínio, espólio, massa falida.Bom importador ou quem a ele a lei equiparar. Na impostação, incide o IPI independentemente de habitualidade, certo?! Você pode importar uma vez na vida. Vai pagar o IPI. Não existe habitualidade.Na industrialização existe habitualidade. Se eu hoje eu resolver fazer um produto industrializado na minha casa, der saída e nunca mais fizer nada, não incidirá o IPI. Só é industrial aquele que pratica a indústria com habitualidade. E o comerciante, o que está fazendo aí no inciso III? Por que esse comerciante paga IPI? Porque ele vende sua mercadoria para o industrial que vai usar essa mercadoria como insumo do produto industrializado. Então está dentro da cadeia. Vai incidir no caso o IPI e o ICMS. Há uma bitributação prevista expressamente pelo texto constitucional. A Constituição fala “quando incidirem os dois impostos”, eu excluo o IPI da base de cálculo do ICMS. Mas vai incidir os dois. O ICMS não incide sobre o IPI, porque eu excluo o valor pago de IPI da base de cálculo do ICMS, mas os dois impostos vão incidir nesse caso do comerciante. No caso do comerciante, por exemplo, bitributações admitidas constitucionalmente.E o arrematante não é porque não há previsão na lei ordinária deste fato gerador.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

É o princípio da autonomia dos estabelecimentos, que é fixado por este parágrafo único do artigo 51 do CTN.Alguma dúvida sobre IPI?Aluno: Só nessa parte do ICMS e do ICMS quanto ...Se os dois incidem sobre a mesma operação, em tese eles poderiam ter a mesma base de cálculo, o preço do produto ou da mercadoria. Agora a Constituição embora estabeleça a bitributação dá uma pequena colher de chá de excluir da base de cálculo do ICMS o valor que você pagou de IPI. Entendeu?Aluno: Você exclui ou você desconta?É a mesma coisa.Mais alguma coisa sobre IPI?

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Aluna: Nesse caso do comerciante que vende eventualmente para a indústria, a parte contábil dele em relação ao IPI ...O que incide?Aluna: Não. Como se dá isso? Ele faz isso? Vai pagar de IPI ...Ele vai ter uma conta corrente de IPI. Quem eventualmente vende mercadorias para a indústria tem que ser contribuinte do IPI, manter escrituração do IPI, conta- corrente do IPI.Aluna: E quem não é eventual, vende mais para o consumo?Aí sonega imposto.Vamos falar agora de IOF

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras:

Na verdade não é muito imposto sobre operações financeiras; é imposto sobre quatro operações financeiras apenas: crédito, câmbio, seguro e relativo à títulos ou valores mobiliários. Não é qualquer operação de crédito que incide IOF. O Collor de Mello fez uma Lei 8.033/90 que foi várias vezes atacadas pelo Judiciário. Tinha uma série de inconstitucionalidades. Eu acho que a principal delas é fazer a incidência de IOF sobre o saque de caderneta da poupança. Por que? Aluno: Não há previsão na bolsa.Por que não há? Porque não é operação de crédito, nem de câmbio, nem de seguro, nem de títulos e valores mobiliários. Seria imposto da competência residual. Competência residual tem que ter o quê? Lei complementar, não é isso? Aliás, o Collor não gostava muito de poupança. Dos outros, né?!Vamos a Constituição, art. 153:

Art. 153 – Compete à União instituir imposto sobre:...V – operações de crédito, câmbio e seguros, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;...§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente À incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de 1% (um por cento), assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:I – 30% (trinta por cento) para o Estado; o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;II – 70% (setenta por cento) para o Município de origem.

O ouro pode ser mercadoria ou artigo financeiro. O ouro que é mercadoria é aquele nas orelhas, nos dedos, etc, sofrendo incidência do ICMS com alíquota de 18 a 25%. Quando o ouro for destinado a instituição financeira, para fazer barra, vai sofrer apenas a incidência do IOF com alíquota de 1% apenas uma vez. Não é multifásico. Porque o ouro você tem ... qual é a primeira operação com o ouro? Extração mineral. Esse ouro vai ser industrializado para virar mercadoria ou artigo financeiro. Se for artigo financeiro, a Lei que definiu isso foi a 7766/89, que definiu o que é ouro como artigo financeiro. Então já na extração mineral, que é a operação de origem, há que se definir o destino desse ouro. Se é mercadoria ou se é artigo financeiro, porque há uma diferença tributária enorme. Um é alíquota de 25% que vai incidindo a toda hora; a outra é alíquota de 1% é incide só uma vez

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na operação de risco. Tanto é que se você pagar o IOF e depois vender como mercadoria, você vai ter que pagar o ICMS também, que depois se vire para pedir restituição do IOF.Alguns sustentaram que seria impossível cobrar IOF sobre ouro enquanto não viesse uma lei complementar que introduzisse mais um dispositivo no CTN. O CTN fala em operação de crédito, câmbio, seguro e valores e títulos mobiliários. Só que o ouro é um valor mobiliário. O que é valor mobiliário? Valor mobiliário é algo que tem valor extrínseco diferente do seu valor intrínseco, ou seja, o valor dele de mercado não é necessariamente o valor dele quanto mercadoria. O ouro mercadoria sim. O ouro artigo financeiro não. Como se fosse uma ação de uma companhia. A ação de uma companhia vale aquele papel ali? Não. Vale mais, ou menos, dependendo da ação. Tem ação que não vale nada. Então são valores mobiliários.O que é um título mobiliário? Título mobiliário é o valor que é vinculado através de um papel. O ouro não é um título; é um valor, um gênero. Mas a ação é um título de crédito. Nota promissória é um título. Todo valor que está no papel é um título. Certo? Então não há necessidade de prever uma incidência específica sobre o ouro, porque o ouro já está incluído como valor mobiliário, segundo o STF. Mas aí o Collor de Mello quis fazer incidência multifásica no ouro. Quando você vendia o ouro incidia de novo. Deu o título representativo do ouro, incidia de novo. Pode? Não. A Constituição falou que é uma vez só na operação de origem, que é a operação de extração mineral. Não é possível fazer incidir outras vezes. Então o Supremo declarou inconstitucional, não a cobrança sobre o ouro, mas a cobrança sobre as oiperações subseqüentes.Tem uma outra inconstitucionalidade também. Esta não foi nem da MP que deu origem a Lei 8033. Foi uma instrução normativa do Delegado Romeu Tuma. No Governo Collor o delegado Romeu Tuma foi Secretário da Receita Federal., A relação fisco contribuinte passou a ser uma relação de polícia no Governo Collor. Mal sabe ele que no final a cassa acabou virando cassado, quer dizer, o caçador viraria caça. Hoje, único processo criminal contra o Collor é sobre sonegação fiscal. Todos os outros já foram resolvidos, afinal de contas porque ele não declarou o dinheiro da operação Uruguai?Vamos passar agora para o CTN, art. 63.Há mais eu não falei do Romeu Tuma. O Romeu Tuma baixou uma instrução normativa que diz o seguinte: quando o contribuinte levantar o depósito judicial, aquele depósito do art. 151, inciso II, para suspender a exigibilidade do crédito tributário, incide IOF. Dois problemas: criação de tributo por instrução normativa; isso é “pau lá”; segundo, não é operação de crédito, de câmbio, de seguro ou relativa a títulos ou valores mobiliários. Então, nem por lei, quanto mais instrução normativa.Aluna: Mas aí a CPMF resolveu o problema ...Mas aí tem a Constituição, né? A Constituição criou a CPMF, não foi a instrução normativa.Aluna: Mas resolveram a questão, o que eles queriam.É que a gente acha que a CPMF é igual ao IOF e tem momentos de interseção. Mas a CPMF é muito mais ampla. É sobre qualquer movimentação financeira. O IOF só incide sobre essas quatro operações.Vamos ao art. 63. Eu preciso de dois alunos para ler. Como são quatro operações e base de cálculo está no art. 64 e o fato gerador no art. 63, nós vamos primeiro ler o fato gerador do crédito e depois a base de cálculo do crédito, aí eu comento, aí passamos para o câmbio ...

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Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;

O que é uma operação de crédito? Operação de crédito se dá quando alguém busca junto a uma instituição financeira o recebimento de empréstimo em dinheiro para ser devolvido em momento posterior com mais uma outra quantidade de dinheiro chamada ... juros.E qual a base de cálculo?

Art. 64. A base de cálculo do imposto é:I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros;

Então a base de cálculo não é só os juros; é o principal também. Cuidado com cheque especial. Vejam que: entrou no cheque especial, não está praticando o fato gerador quando ele fala “ou colocado a disposição”. Então não preciso pegar uma linha direta de empréstimos no banco. Entrou no cheque especial, já está praticando o fato gerador do IOF. Vai pagar com base de cálculo não só o que você pegou emprestado, mas também os juros. Certo? Câmbio:

II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;

Veja que ... o que é uma operação de câmbio? Quando eu troco a moeda brasileira por uma moeda estrangeira ou uma moeda estrangeira por uma moeda brasileira. Se eu trocar uma morda estrangeira por uma moeda de outro terceiro país, por exemplo, trocar dólar por euro, é operação de crédito tributada. Não, porque aqui está claro: “moeda brasileira por uma moeda estrangeira ou uma moeda estrangeira por uma moeda brasileira”. Há a troca. Então, quando eu compro dólar incide; quando eu vendo dólar, incide.

II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;

A base de cálculo é sempre o valor sobre moeda nacional. Seja na compra ou na venda. Seguro:

III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

Seguro é um contrato aleatório onde uma instituição financeira se obriga a indenizar sinistros ocorridos com bens segurados em troca do pagamento de um prêmio. E qual é a base de cálculo?

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III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;

Prêmio é a base de cálculo.A próxima:

IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Aqui nós temos uma incidência multifásica e cumulativa, Emissão, transmissão e resgate do pagamento ... E essa transmissão pode se dá várias vezes. Eu compro um título, há a emissão. Teve título, incidiu. Eu vendi uma vez, incidiu; esse cara vendeu para o outro, incidiu. Até o resgate. Certo?E a base de cálculo?

IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;c) no pagamento ou resgate, o preço.

Essas são as bases de cálculo das três situações que geral a incidência do IOF sobre títulos e valores mobiliários.Parágrafo único:

Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.

Ou seja, a operação de crédito pode estar revestida de um título, um título de crédito. Vai incidir de novo? Não. Se já pagou IOF na operação de crédito, não tem que pagar na emissão do título de crédito. Pode pagar na transmissão, ou no resgate. Mas na emissão não mais porque essa operação já foi tributada.

Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária.

Pode mesmo? Alíquotas e base de cálculo? Só alíquota. E quem faz isso para o Poder Executivo? É o Presidente? Não. No caso do IOF é o Conselho Monetário Nacional.Alíquota máxima de cada uma dessas incidências, qual é? No caso do imposto incidente sobre operação de crédito, 1,5% ao dia é a alíquota máxima. Isso está previsto na Lei 8894/94, art. 1º e no Regulamento do IOF, art. 6º (Decreto 2219/97).Na operação de câmbio, a alíquota máxima é de 25%. Aí incide uma vez só. Mas eu quero lembrar vocês que isso é alíquota máxima. Não é alíquota necessariamente praticada. Ainda

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mais porque 1,5% ao dia seria uma coisa do outro mundo. Onde está isso? No art. 14 do Regulamento e na Lei 8894/94, art. 5º.IOF de seguro está no art. 22 do Regulamento (Decreto-lei 1783/80), art. 1º. Alíquota máxima de 7%, exceto para operações de seguro saúde, onde é 2%. Os demais são 7%.E valores e títulos mobiliários, art. 28 do Regulamento. Alíquota máxima 1,5% ao dia também. Também, Lei 8894/94, art. 1º.Ouro. Art. 34 do Regulamento. Alíquota máxima, Lei 7766/89, art. 4º, parágrafo único, de 1%.Aqui o caso é interessante onde o Executivo não tem qualquer possibilidade de mexer com a alíquota, porque a Constituição falou que a alíquota mínima é de 1% e a lei falou que a alíquota máxima é de 1%. Então quanto é essa alíquota? 1%, não tem jeito. O Executivo não pode alterar essa alíquota.Voltando ao CTN:

Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

Cabe à lei complementar definir o contribuinte dos impostos. Vem a lei complementar e diz que é qualquer um. E quem a lei define? Sempre a pessoa que não é instituição financeira, ou seja, no caso da operação de crédito, o contribuinte é o tomador do empréstimo. No caso do câmbio, é quem compra ou vende a moeda brasileira junto à instituição financeira, o investidos ou turista, não é o banco. No caso do seguro, é o segurando. E, no caso de operação de títulos e valores mobiliários é na emissão, quem faz a primeira aquisição, o primeiro adquirente; na transmissão, é o adquirente também; e no resgate, é quem recebe, o último portador do título que recebe o preço.

Art. 67. A receita líquida do imposto destina-se a formação de reservas monetárias, na forma da lei.

Esse artigo foi recepcionado? Não. Nem o artigo 12 da Lei 5143, que regulamenta esse artigo.Ainda sobre o IOF, eu queria recordar um assunto que a gente já tratou, mas não custa falar de novo, já que ele já caiu quatro vezes em prova. Já caiu na OAB, na AGU, na Fazenda e na República. Incide IOF sobre as operações de crédito, sobre as operações financeiras, dos Municípios? Não, devido à imunidade recíproca.Mas a imunidade recíproca não é para patrimônio, renda e serviços uns dos outros? IOF incide sobre patrimônio, renda e serviços? Ou incide sobre operações de crédito? Se eu pego dinheiro da minha renda e vem a União e tributa indiretamente está incidindo sobre patrimônio, rendas e serviços. Então o Supremo entendeu que não pode incidir. Isso foi mais uma inconstitucionalidade do Collor de Mello quanto ao IOF. E essa o pessoal gosta, pois já caiu quatro vezes. A instituição financeira é sempre responsável. Ela é fonte; ela retém na fonte. Se ela não retém na fonte, é ela quem tem que pagar.Aluno: E quando ela compra ações de uma determinada empresa?Neste caso, ela não está funcionando como instituição financeira, mas como pessoa que é adquirente de um determinado valor.Aluna: E a CPMF também tem esse mesmo raciocínio do IOF quanto aos Municípios?

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Não, porque a CPMF é contribuição. A imunidade é para impostos. Quando era IPMF sim. Foi até o Supremo isso.Aluno: E a questão do ouro, alguns já até disseram que não poderia ser cobrado o IOF?Porque o CTN não falou do ouro, né? O fato gerador não está aqui, nem base de cálculo, nem nada, mas o Supremo entendeu que ouro é valor mobiliário e então estaria no inciso IV.Aluna: Você falou que a alíquota pode ser de 1,5% ao dia, mas aí a operação de crédito é ...