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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL CURSO DE DIREITO – CAMPUS TUBARÃO UNA GESTÃO E JURÍDICA Língua Portuguesa Para Atividade Jurídica – Profª Eloíse Alano A precisão, clareza, objetividade, coerência, coesão, uniformidade são características da redação jurídica a ser observadas pelo operador do Direito. Entretanto, constata-se, nos diversos textos produzidos por acadêmicos do Curso de Direito, a ausência de observância a essas características, aliada ao desconhecimento da estrutura de documentos jurídicos como petição inicial, procuração, parecer, sentença. Além disso, a excelência de um redator também é avaliado pelo respeito às regras gramaticais da língua portuguesa. No Curso de Direito da UNISUL, o costumeiro desacato às regras gramaticais cometido por acadêmicos, ainda que em fase final de curso, toma indispensável que se propicie momento de revisão de noções gramaticais básicas para produção textual. Noções gramaticais. Particularidades gramaticais, Análise estrutural e redacional de documentos jurídicos. Revisão lingüística de textos jurídicos.

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISULCURSO DE DIREITO – CAMPUS TUBARÃO

UNA GESTÃO E JURÍDICA

Língua Portuguesa Para Atividade Jurídica – Profª Eloíse Alano

A precisão, clareza, objetividade, coerência, coesão, uniformidade são características da redação jurídica a ser observadas pelo operador do Direito. Entretanto, constata-se, nos diversos textos produzidos por acadêmicos do Curso de Direito, a ausência de observância a essas características, aliada ao desconhecimento da estrutura de  documentos jurídicos como petição inicial, procuração, parecer, sentença.            Além disso, a excelência de um redator também é avaliado pelorespeito às regras gramaticais da língua portuguesa. No Curso de Direito daUNISUL, o costumeiro desacato às regras gramaticais cometido por acadêmicos,ainda que em fase final de curso, toma indispensável que se propicie momentode revisão de noções gramaticais básicas para produção textual.

Noções gramaticais. Particularidades gramaticais, Análise estrutural e redacional de documentos jurídicos. Revisão lingüística de textos jurídicos.

Contribuir para o aperfeiçoamento da redação de textos jurídicos.-   revisar regras gramaticais; -   identificar a estrutura de documentos jurídicos; -  exercitar a reconstrução de textos jurídicos

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Língua Portuguesa para Atividade Jurídica – Prof ª Eloíse Alano

Curso de Direito2008-B

LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE AÇÃO E INTERAÇÃO PRESENTE EM TODAS AS ATIVIDADES HUMANAS

A linguagem é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada para o contato inter-pessoal. Apesar do processo da linguagem ser essencialmente consciente, entretanto entende-se que o fluxo e a articulação desta provém de camadas mais profundas e não conscientes, tais como do subconsciente e inconsciente, segundo o esquema de Willian James.

No estudo da linguagem, deve-se distinguir a expressão verbal e a expressão gráfica e a psicopatologia se interessa tanto pela linguagem falada quanto pela linguagem escrita. Ambas expressões são um conjunto de sinais próprios de cada língua com os quais manifestamos nosso pensamento e tanto a expressão verbal quanto a expressão gráfica, devem constar de dois elementos fundamentais - a sintaxe e a palavra.

A sintaxe tem por objeto estabelecer as relações entre as palavras e as frases, e corresponde à própria organização do pensamento. As representações e os conceitos devem ser expostos numa determinada ordem necessária para se formar o raciocínio lógico. Esse arranjo racional da linguagem é a sintaxe.

Em 1924, Pavlov considerava a palavra como uma espécie de estímulo condicionado, comparável aos demais estímulos, mas com um caráter próprio. Dizia que se nossas sensações e representações do mundo externo nos dão os primeiros sinais da realidade, as palavras constituem os segundos sinais, os sinais dos sinais, representam a abstração da realidade e se prestam a generalizações, formando justamente nosso modo de pensamento humano e superior.

Escutar a fala e falar são os modos mais comuns da Comunicação Humana. Uma perda auditiva obviamente causa graves problemas na comunicação Auditivo-oral. Por isso a avaliação audiológica em bebês e crianças é de fundamental importância para a prevenção e tratamento fonoaudiológico.

A linguagem costuma refletir o pensamento e pode ser tida como o elo final da cadeia de processos psíquicos que se iniciam com a percepção e terminam com a palavra falada ou escrita .

Costuma-se ter por certo que não existem pensamentos que não sejam formulados por palavras, ao ponto de poder se afirmar que todo pensamento corresponde a alguma determinada expressão verbal. É por isso que não se estabelecem diferenciações entre as perturbações do pensamento e as alterações da linguagem.

Se existissem apenas alterações da linguagem, estas ficariam limitadas aos distúrbios da articulação da palavra e da sintaxe mas, na realidade, as perturbações da linguagem são muito mais complexas. Se a linguagem é um atributo humano dirigido à comunicação entre pessoas, começamos a considerar o conteúdo da linguagem. Sim, porque os esquizofrênicos podem expressar os maiores disparates delirantes, mantendo uma perfeita correção da sintaxe. Ainda aqui não é demais relembrar que a separação entre os diferentes processos psíquicos é feita apenas para facilitar o ensino.

Analisando as alterações da linguagem falada de um ponto de vista estritamente prático, podem-se dividir essas alterações em dois grupos principais:

1) alterações da linguagem devidas a causas predominantemente orgânicas( dislalia, dislexia,etc)

2) alterações da linguagem de natureza predominantemente funcionais;

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Curso de Direito2008-B

FUNÇÕES DA LINGUAGEM NA COMUNICAÇÃO1. A palavra "discurso", na maioria dos dicionários possui três significados principais: a) exposição de um determinado assunto, sob a forma escrita ou oral; b) ato de discorrer sob algo; c) ato de comunicação linguística. 2. Os discursos que produzimos no dia-a-dia são naturalmente muito diferentes entre si. Tem sido propostas diversos critérios para a sua classificação. A mais conhecida, a do linguista Roman Jakobson, classifica-os de acordo com as funções da linguagem na  comunicação.  

Esquema do sistema de comunicação

Funções da Linguagem, segundo Roman Jakobson:

O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, ou demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros; conseqüentemente, os elementos da linguagem passam a ter funções. Essa aparente multiplicidade pode ser sintetizada em seis funções ou finalidades básicas da linguagem: 

Função Referencial Função Conativa Função Emotiva Função Metalingüística Função Fática Função Poética

Funções da LinguagemPara melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação.Elementos da comunicaçãoemissor - emite, codifica a mensagemreceptor - recebe, decodifica a mensagemmensagem - conteúdo transmitido pelo emissorcódigo - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagemreferente - contexto relacionado a emissor e receptorcanal - meio pelo qual circula a mensagem Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação

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Função ReferencialQuando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa

ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica. Ex.: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pêra.

O texto acima tem por objetivo informar o que contém a cesta, portanto sua função é referencial. Função Conativa

Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo, como "Compre aqui e concorra a este lindo carro". "Compre aqui..." é a tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação de comprar ali. Função Emotiva

É aquela que reflete o estado de ânimo do emissor, os seus sentimentos e emoções. Exprime-se a partir da perspectiva do emissor, sempre resultando em textos subjetivos, escritos em primeira pessoa. Um dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação.Ex.: Nós o amamos muito, Romário!!Função Metalingüística

A função metalingüística é aquela que possibilita a um código – língua, sinais de trânsito, linguagem braile – referir-se a si mesmo. É a palavra comentando a palavra, o cinema falando do cinema, a pintura expressando a pintura. Com a finalidade de garantir que o falante e o ouvinte utilizem o mesmo código, a metalinguagem é usada em qualquer aprendizado de uma língua, nas gramáticas e nos dicionários. Ex.:  Frase é qualquer enunciado lingüístico com sentido acabado.Função Fática

A função fática ocorre, quando o emissor testa o canal de comunicação, a fim de observar se está sendo entendido pelo receptor, ou seja, quando o emissor quebra a linearidade contida na comunicação. São perguntas como "não é mesmo?", "você está entendendo?", "cê tá ligado?", "ouviram?", ou frases como "alô!", "oi". Ex.: Alô Houston! A missão foi cumprida, ok? Devo voltar à nave? Alguém me ouve? Alô!!Função Poética

É aquela que põe em evidência a forma da mensagem, ou seja, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais de expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico. É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares. Ex.:CLÍMAXNo peito a mata  aperta o pranto  do olhar do louco  pra meia-lua.  O clímax da noite,  escorrendo orvalho como estrelas,  refletindo nas águas  da cachoeira gelada.  Cabeça caída, cabelos escorridos,  pêlos eriçados pela emoção nativista.  Segurem as florestas, mãos fortes,  

ANÁLISE, IDENTIFICAÇÃO E USO DAS FUNÇÕESAgora que já temos uma noção geral de cada função e de sua ocorrência nos textos, iremos partir

para análise delas no texto.       Para isso devemos esclarecer que em um mesmo texto, podem predominar várias funções da linguagem alternadamente. É o que iremos observar no trecho da crônica "Receita para Mal de Amor", do jornalista e escritor Rubem Braga (publicada em A Traição dos Elegantes, Ed. Record, Rio de Janeiro, 1985):4

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5 "Minha querida amiga: Sim, é para você mesma que estou escrevendo –  você que naquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia a pena, e acabou me formulando uma

10 pergunta ingênua:

– Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa? E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esquecesse a pergunta, dizendo que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...

15 Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto.  Destinatário, destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem se

20 destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do destino da gente. Joana é minha destinatária.Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas lembranças, o que sinto e

25 o que sou: todo esse complexo mais ou menos melancólico e todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei.Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim:

30 Procedência – Cachoeiro de Itapemirim; Destino –  Joana. Pois é somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chegarei ao meu destino?[...]"

No texto acima podemos identificar várias funções da linguagem: Função fática:  "Sim, é para você mesma que estou escrevendo [...]", pois o narrador quer se certificar de que o canal está sendo mantido.

Função metalingüística: na passagem "Destinatário, destinatária... Bonita palavra [...]", em que o narrador se detém sobre uma palavra, refletindo sobre seu significado.

Função emotiva ou expressiva: Nos dois últimos parágrafos o narrador expressa seus sentimentos. Função poética: permeia todo o texto, pois é evidente a preocupação estética de Rubem Braga ao escrever sua crônica.

Apesar da ocorrências de outras funções, a que é predominante em todo o texto é a função poética, que pode ser observada devido a preocupação do autor na estética da crônica.

LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTO

A interpretação de um texto, para ser bem feita, pressupõe o reconhecimento dos elementos que o compõem.

Quando o texto possui uma natureza técnica e dissertativa, sua intenção é colocar ou comprovar uma idéia - ao contrário de um texto literário, que procura provocar sentimentos, enredos.

Num concurso, o texto pode servir a dois objetivos distintos: para a interpretação de texto através de respostas ou como proposta para a redação.

Quando se tratar de responder as questões interpretativas, há alguns elementos que são comuns aos textos e se apresentam, normalmente da seguinte forma:

a) a idéia básica do texto:O que o autor pretende provar com este texto?

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Se você interpretar corretamente, a resposta será a idéia básica. Ela pode estar claramente estampada na frase-chave (se for um texto dissertativo), ou, então pode ser depreendida através da leitura de todo o texto.

b) os argumentos:O autor usa a argumentação com o objetivo de reforçar a idéia básica.Os argumentos apresentam-se como afirmações secundárias, idéias e afirmações que o autor

usa para convencer o leitor quanto a validade de sua tese.Muitas vezes, o autor também usa a exemplificação e as citações de outros autores como recurso

argumentativo.

c) as objeções:Normalmente, o autor já conhece a

contra-argumentação e apresenta-a para então rebatê-la. É como se o autor estivesse tentando adivinhar as objeções que o leitor possa fazer quanto a validade de seu pensamento. Através desse recurso, o escritor pode tornar mais consistente e convincente a argumentação.

Além disso, a melhor forma de realizar um bom trabalho de interpretação é seguir estas etapas:1 - Leitura atenta do texto, procurando focalizar o seu núcleo, a sua idéia central.2 - Reconhecimento dos argumentos que dão sustentação à idéia básica.3 - Levantamento das possíveis objeções à idéia básica.4 - Levantamento das possíveis exemplificações usadas para reforçar a idéia central.

De acordo com Dubois, texto é a palavra que “designa um enunciado qualquer falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo”.

O texto constitui uma unidade dupla: temática (o mesmo assunto) e estrutural (organização das partes, isto é, as partes aparecem seqüenciadas e interligadas).

A finalidade de um texto é a transmissão de uma mensagem, uma vez que ambas as unidades - a temática e a estrutura - formam um todo significativo apto a introduzir interação comunicatória.

Num sentido mais amplo, interpretar um texto significa todo e qualquer trabalho que tenha motivação a partir do próprio texto, objetivando a compreensão do conjunto, das relações e das estruturas.

De modo geral, um texto é constituído por mais de uma frase. Há, em cada frase pequena ou grande - certa dose de informação. Como sabemos, as frases estão interligadas e, de tal maneira interligadas que um conteúdo informativo já apresentado numa frase cria condições para estruturar o conteúdo informativo que estará contido na frase seguinte, desde que haja um relacionamento entre as duas frases. Também a informação existente numa frase pode apontar para uma informação já conhecida ou a conhecer. No primeiro caso, estamos diante de uma anáfora, no segundo caso, diante de uma catáfora. Obtida uma informação, denomina-se informação contextual ou, como preferem alguns, co-texto aquela informação que vem antes da informação obtida, ou que vem depois da informação obtida, ou que vem antes e depois da informação obtida.

Quando não há a comunicação de forma plena o leitor (no caso da escrita), ou o ouvinte (no caso da fala) não entendeu as intenções do autor. Para haver a comunicação, além de se conhecer o vocabulário e as leis combinatórias, necessitamos perceber a situação em que se dá a comunicação, isto é, ter consciência do contexto.

Contexto, então é, a situação de comunicação em que se dá a produção da linguagem, isto é, o conjunto de elementos que atuam quando falamos, tais como: quem fala, o que fala, com quem fala, quando, onde e como fala e, finalmente, com que intenção fala.

Para interpretar um texto, precisamos ser capazes não apenas de entender o que se lê, mas também de perceber a intenção do que está escrito, notando o que está implícito no texto.1. Muitas vezes, os leitores reconhecem e compreendem as palavras de um texto, mas se

mostram incapazes de perceber satisfatoriamente o sentido do texto como um todo.

A partir desse esquema, torna-se mais fácil distinguir o essencial (a idéia básica) do secundário (justificativas e exemplificações).

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IDENTIFICAÇÃO DE IDÉIAS PRINCIPAIS E SECUNDÁRIASUm texto gira em torno de um assunto. Sobre esse assunto, há uma idéia principal e uma ou

algumas idéias secundárias, ao interpretar o texto, é preciso que o raciocínio trabalhe sobre essa idéia ou idéias secundárias. É necessário que todo o raciocínio empregado na interpretação do texto baseie-se unicamente no texto.

Idéia refere-se a conteúdo. Uma seqüência de idéias está relacionada com a estrutura. É o conhecimento do assunto que indicará o que é essencial ou principal em um texto ou em uma obra. A seqüência de idéias começa a ser definida quando optamos pela estrutura do ensaio e se completa na organização dos parágrafos.

Conteúdo e estrutura O planejamento de um texto é a maior garantia para se obter uma boa estrutura de idéias.

Do mesmo modo que um escritor planeja um livro prevendo partes, capítulos e subtítulos, é possível planejar um texto menor prevendo seus parágrafos.

Mesmo em um texto pequeno, as idéias principais podem ser reunidas em um resumo, numa síntese ou em uma seqüência de itens. Se a síntese do conteúdo for feita com a previsão dos trechos do texto, provavelmente estarão sendo definidas as idéias centrais dos parágrafos.

Parágrafo e estrutura Ao definir as idéias centrais do parágrafo, começa a ficar claro para quem escreve, e para o

futuro leitor, a relação entre conteúdo e estrutura do texto.

Quando considerados elementos que relacionam conteúdo e estrutura de idéias, os parágrafos não são aleatórios.

Portanto, os parágrafos não são resultado apenas de regras preestabelecidas sobre sua construção. Eles são decorrência natural da necessidade de distribuir bem o conteúdo no texto e também uma forma de valorizar as idéias principais desse conteúdo.

Idéias secundárias Um texto contém muito mais idéias secundárias do que idéias principais. Os conteúdos das

idéias secundárias não são os mais importantes, mas sem eles o texto não flui — torna-se pesado. Na verdade, não é possível escrever um texto sem as idéias secundárias.

Para lembrar:

As idéias secundárias funcionam como atores coadjuvantes. Cumprem um papel secundário, mas imprescindível. Redigir bem depende muito do domínio que o autor tem dessas idéias.

Colocadas em excesso, as idéias secundárias dificultam a compreensão do essencial. Mas quando há idéias de menos, o texto fica sintético demais, telegráfico. As idéias secundárias são dispensáveis somente quando queremos fazer uma síntese ou um resumo do conteúdo.

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No texto seguinte, as idéias principais compõem todo o primeiro parágrafo. O segundo e o terceiro parágrafos desenvolvem idéias principais e secundárias ou

complementares

Esta primeira conferência será dedicada à oposição leveza-peso e argumentarei a favor da leveza. Não quer dizer que considero menos válido o argumento do peso, mas apenas que penso ter mais coisas a dizer sobre a leveza. Idéias principaisDepois de haver escrito ficção por quarenta anos, de haver explorado vários caminhos e realizado experimentos diversos, chegou o momento de buscar umadefinição global de meu trabalho. Idéia principalGostaria de propor o seguinte: no mais das vezes, minha intervenção se traduziu por uma subtração do peso; esforcei-me por retirar peso, ora às figuras humanas, ora aos corpos celestes, ora às cidades; esforcei-me sobretudo por retirar peso à estrutura da narrativa e à linguagem. Nesta conferência, buscarei explicar — tanto para mim quanto para os ouvintes — a razão por que fui levado a considerara leveza antes um valor que defeito; Idéia principaldirei quais são, entre as obras do passado, aquelas em que reconheço o meu ideal de leveza; indicarei o lugar que reservo a essevalor no presente e como o projeto no

futuro. Italo Calvino, Seis Propostas para o Próximo Milênio

INTENÇÃO COMUNICATIVAVimos, anteriormente que a finalidade de um texto é a transmissão de uma mensagem, uma

vez que ambas as unidades - a temática e a estrutura - formam um todo significativo apto a introduzir interação comunicatória.

A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar 8

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o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação.

A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a idéia central.

Exemplos: Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O modo de tratar

o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado.

A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta.

A linguagem se constitui como um fenômeno complexo e multifacetado e, portanto, seu estudo obriga a olhar para dentro e para fora do discurso por/com ela produzido, exigindo assim atenção para os mecanismos internos de produção e para o efeito de sentido efetivamente produzido no processo de interlocução.

Para nos comunicarmos com outras pessoas, podemos falar, escrever, fazer gestos ou desenhar. Em outras palavras, utilizamos a linguagem.

Alguns falantes, por não ouvirem direito, ou por não possuírem determinadas informações culturais, alteram certas expressões, provocando efeitos de sentido muito engraçados:

O diabo aquático diabo a quatro Bife de sete cabeças bicho-de-sete-cabeças Assustar o cheque sustar Matar dois coelhos com uma caixa d’água – de uma cajadada Conheço como a palma de minha mãe palma da minha mão.

Os atos comunicativos têm sempre uma determinada intencionalidade, que pode ser mais ou menos consciente. São essas diferentes intenções que temos em mente, quando falamos em funções da linguagem.

Vejamos um exemplo prático:1

Observe com atenção o cartum e leia os quadrinhos:

1 Extraído de CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar,. Gramática, Texto, Reflexão e Uso.

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No cartum de Caulos, sabemos que as personagens se comunicam porque as peças do quebra-cabeça estão encaixadas. Na tira de Luiz Fernando Veríssimo, sabemos que as personagens também se comunicam porque o que uma diz modifica o comportamento da outra. O filho, para externar sua insatisfação com o “surf de sala”, emite uma MENSAGEM ao pai: “Não adianta, pai. Em casa não é a mesma coisa”. E o pai, diante do comentário do filho, emite outra mensagem: “Vamos tentar com o ventilador”. Assim:

MENSAGEM é tudo o que uma pessoa transmite a outra, em termos de linguagem.

O pai, procurando confortar o filho, reage ao comentário providenciando um ventilador que pudesse dar ao filho a sensação da brisa do mar. Houve, portanto, comunicação entre eles. Assim:

A COMUNICAÇÃO ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem, nos fazemos entender por uma pessoa e modificamos seu comportamento.

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ORTOGRAFIA:Para reproduzirmos na escrita as palavras de nossa língua, empregamos um certo número de sinais gráficos chamados LETRAS.O conjunto ordenado das letras de que nos servimos para transcrever os sons da linguagem falada denomina-se ALFABETO.

O ALFABETO da língua portuguesa consta fundamentalmente das seguintes letras:

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v x z

Além dessas, há as letras k, w e y, que hoje só se empregam em dois casos:a) na transcrição de nomes próprios estrangeiros e de seus derivados portugueses:Franklin Wagner Byron

frankliano wagneriano byroniano

nas abreviaturas e nos símbolos de uso internacional: (= potássio) kg (= quilograma) km (= quilômetro)W. (= oeste) w (= watt) yd. (= jarda)

“m” antes do “p” e “b”O “m” é usado antes das únicas consoantes que são o “p” e do “b”. Para lembrar, faça de

conta que o m é de mamãe, o p de papai e o b de bebê. Assim, “a mamãe está sempre do lado (antes) do papai e do bebê.”

Exemplos:BOMBOM CAMPOSAMBA POMPOMJAMBO PIMPOLHOTAMBOR EMPADA

L E M B R E – S E: só usamos a letra m antes do b e p. Antes das demais consoantes usamos n.EXEMPLO: tampa, bomba, laranja

“h” inicialNo início das palavras, por razão etimológica (origem):Ex.: haver, hélice, hábito, herói, hidrogênio, homemA letra não se constitui propriamente como consoante, mas como símbolo ou sinal que se

conserva no início de várias palavras, em virtude da etimologia e da tradição escrita do idioma. Emprega-se no início e no fim de algumas interjeições: haver, hélice, hospital, habitual, humilde, oh!, ah!, puh , etc.

“e” ou “i”; “o” ou “u”São SEMIVOGAIS (fonemas assilábicos) - São os fonemas “i” (em certos contextos “e”) e

“u” (às vezes “o”), quando representam o elemento assilábico do ditongo ou os elementos assilábicos do tritongo.

* A 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e a 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos terminados em -uir, escrevem-se com I.

Ex.: possui , possuis (possuir); diminui , diminuis (diminuir);

constitui, constituis (constituir);

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* A 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do subjuntivo e a 3ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -UAR, escrevem-se com -E.

Ex.: habitue, habitues (habituar); efetue, efetues (efetuar); etc.

Não é lícito o emprego de u final átomo em palavras de origem latina. Escreve-se por isso: tribo, em vez de tríbu.

“sc”, “sç” ou “xc”Os vocábulos conservarão o dígrafo sc medial quando já vierem assim formados para o

português: imprescindível, consciência, cônscio, rescisão, prescindir, oscila, transcende, miscelânea, obsceno, etc. No início de vocábulos não se escreve o S do grupo SC. Ex.: ciência, cena, etc. Nos nomes compostos em que o segundo elemento etimologicamente apresenta-se dígrafo, o S não será grafado. Ex.: contracena, encenação, anticientífico, etc. som S também pode ser grafado com a letra X ou com o dígrafo XC. Veja:

EXCESSO - EXCEPCIONAL EXCELENTE

Sabemos que o dígrafo é o conjunto de letras representativo de um só fonema. O dígrafo, portanto, não pode ser confundido com o encontro consonantal, visto que aquele representa fonema único. Neste cabe como exemplo o SC ou SÇ: nascer / nasço.

“c”ou “ç” antes de vogaisÀs vezes, o C e o Ç são confundidos com S ou SS.

Algumas palavras com C: acender (iluminar), acento (tom de voz); alicerce, cacique, cear, cebola, cê-cedilha, cédula, célula, censo (recenseamento), penicilina etc. Algumas palavras com Ç: aço, açúcar; alçapão etc,

Uso do Ç: o som "sê" de palavras de origem árabe, indígena e africano grafa-se com ç, ex.: açougue, Paiçandu, caçulaa) nos nomes de formação correlata aos substantivos que possuam no primitivo a correlação to. ereto - ereção correto - correção leito - eleiçãob) nos nomes de formação correlata aos substantivos que possuam no primitivo a correlação ter: ater - atenção reter - retenção deter - detençãoc) nos nomes em que vier antecedido por ditongo: eleição

“s” ou “ss”; “s” e “z”Observe a grafia das palavras analisar - avisar - improvisar. Perguntamos:- Por que são grafadas com “S”?- Porque as primitivas - análise, aviso e improviso - têm “S” no radical.Correlacione montanha e montanhês: duque e duqueza; corte e cortês; burgo e burguês; china e

chinês – e deduza a norma ortográfica que determina o emprego de “es” e “esa” no fim das palavras.Escrevem-se os sufixos “ES”, “ESA” com “S” quando a palavra base a que se juntam é um

substantivo.Ex.: profeta: profetisa; poeta: poetisa; sacerdote: sacerdotisa.Você grafa com “S” ou com “Z” a forma feminina dos substantivos acima?Por quê?A desinência “ISA”, formadora de femininos, é grafada com “s”.

Deve-se distinguir rigorosamente os vocábulos parônimos (de sons semelhantes) e os de dupla grafia, com E ou I, O ou U, c ou Q, CH ou X. G ou J, S, SS ou C, Ç, S ou X, S ou Z.

“g” e “j”; “g” e “gu” antes de vogaisO som Z pode ser representado pelas letras J ou G, quando seguidas pelas vogais E ou I. Veja

como o som é o mesmo, embora as letras usadas sejam diferentes:JEITO - GESTO - JILÓ - FRÁGIL

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GU - GUERRA / GUISADO

“ão” ou “am”Compare:Ali jogam, conversam e nadam - presenteOntem todos jogaram, conversaram e nadaram - passadoAmanhã eles jogarão, conversarão e nadarão - futuro.

Você notou que ao conjugar verbos só usamos ão no futuro? Notou também a diferença de pronúncia? As formas verbais terminadas em am são paroxítonas e as terminadas em ão são oxítonas.

“l” e “u” em final de sílabaA pronúncia do português falado na maior parte do Brasil não faz distinção entre o L e o U do

final das palavras, tanto que você não consegue distinguir isoladamente mal de mau. Esse fato acarreta grande confusão na hora de escrever.

A 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e a 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos terminados em -uir, escrevem-se com I. Ex.: possui , possuis (possuir); diminui , diminuis (diminuir); constitui, constituis (constituir);

Grafam-se com a letra i : palavras com o prefixo anti - (prefixo grego que indica oposição, ação contraria): antiácido, anticristão, antiestético a sílaba final de formas dos verbos terminados em -uir: atribui (atribuir), diminui (diminuir), possui (possuir), substitui (substituir) as palavras: adiante, crânio, privilégio, piorar, réstia, requisito, ridículo, terebintina, inigualável

Escrevem-se com a letra u : acudir, bulir, bueiro, buzina, cueiro, curtume, cuspir, cumprimento(= saudação), cutia, escapulir, entupir, jabuticaba, tulipa, urtiga, usufruto, tabuleiro, jabuti

“r” e “rr” ; “r” e “ou” no final de formas verbaisDuplicam-se o S e o RR em dois casos:1. quando intervocálicos, representam os sons simples do R e S iniciais: carro, ferro, pêssego, missão.2. quando um elemento de composição terminado em vogal, seguir, sem interposição do hífen, palavra começada por uma daquelas: derrogar, prerrogativa, prorrogação, pressentimento, madressilva etc.

Exemplos de R e OU no final de formas verbais:CHEGOU - CHEGARNEGOU - NEGARPEGOU - PEGARLIGOU - LIGAR

“lh”, “nh” e “ch”No interior de um vocábulo e empregado em apenas dois casos:

quando parte de ch, lh ou nh (dígrafos) e nos nomes compostos separados por hífen: chave, molho, rebanho, anti-higiênico, pré-histórico etc.

EXERCÍCIO:Complete os verbos com a terminação ão se tiverem no futuro e com am se estiverem no presente ou no passado.a) Chegar_______ ao Rio em 1990 e voltar______ em seguida.b) Elas gosta _______ muito de sol, mas preferir_______ admirar as estrelas.c) Com certeza vocês não se opor______ a nossa vida amanhã.

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d) Fico feliz só em pensar nas coisas boas que me acontecer______ daqui para a frente.e) Assim vocês destruir _______ a natureza e acabar ______ com os índios.

Deve-se distinguir rigorosamente os vocábulos parônimos (de sons semelhantes) e os de dupla grafia, com E ou I, O ou U, c ou Q, CH ou X. G ou J, S, SS ou C, Ç, S ou X, S ou Z

ORTOGRAFIA IINo conjunto abaixo, quantas vezes se repetem as palavras:

_ampu - x ou ch? no_ento - g ou j? pi_e - x ou ch?

Gorjetalaranjalincharmanjedourachuchuxeretafaxineiraconchaestrangeirogingadodigestão

abacaxiapetrechoxampuengraxarfecholaxantecachimboargilaxarágraxarelaxar

enxergarlixeirocartuchonojentoflechafachadaenfaixarpicherigidezjeguegergelim

chuteluxosarjetaxingarespicharxamputrouxagengivagingarxampusugestão

jenipapobruxamajestosopuxarpichefichárioxadrezgeringonçagestoxícaratachinha (preguinho)

No exercício acima, certamente você encontrou as palavras pedidas e pôde observar como elas são escritas. Entretanto, é muito comum termos dúvidas quanto ao emprego de certas letras, principalmente quando desejamos produzir textos de acordo com o padrão culto.

Isso ocorre porque, na língua portuguesa, nem sempre um fonema corresponde a uma única letra. Por exemplo, em jenipapo e gesto, o fonema /3/ (“gê”) é representado pelas letras j e g.

Existem, para isso, algumas orientações ortográficas que podem auxiliá-lo a empregar corretamente certas letras. Vejamos:

a) Letra HA letra não se constitui propriamente como consoante, mas como símbolo ou sinal que se

conserva no início de várias palavras, em virtude da etimologia e da tradição escrita do idioma. Emprega-se no início e no fim de algumas interjeições: haver, hélice, hospital, habitual, humilde, oh!, ah!, puh , etc.

No interior de um vocábulo e empregado em apenas dois casos:quando parte de ch, lh ou nh (dígrafos) e nos nomes compostos separados por hífen: chave, molho, rebanho, anti-higiênico, pré-histórico etc.

Nos compostos sem hífen, o h não permanece: reaver, desarmônico, inábil, etc.

b) Grupo SCOs vocábulos conservarão o dígrafo sc medial quando já vierem assim formados para o

português: imprescindível, consciência, cônscio, rescisão, prescindir, oscila, transcende, miscelânea, obsceno, etc. No início de vocábulos não se escreve o S do grupo SC. Ex.: ciência, cena, etc. Nos nomes compostos em que o segundo elemento etimologicamente apresenta “ese” dígrafo, o S não será grafado. Ex.: contracena, encenação, anticientífico, etc.

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c) Vogais nasaisSão representadas no fim dos vocábulos, as vogais nasais são representadas por a, as, im,

ins, om, ons , um , uns: afã, cãs, flautim, folhetins, tons, zunzuns , etc.O ã pode ficar na sílaba tônica, pretônica ou átona: cristãmente, maçã, órfã, etc.

d) DitongosOs ditongos orais escrevem-se com i ou u aipo, cai, cauto, degraus, dei, idéia, mausoléu,

neurose, rói, sois, sou, etc.O ditongo OU às vezes pode ser grafado OI: deve-se dar preferência às formas mais usadas.

Ex.: loira loura), dourar (doirar), calouro (caloiro), etc.Verbos terminados em:[uir] com i - afluir, fruis, retribuir, ...[oar] com oe - abençoe, perdoes, ...[uar] com ue - cultue, habitues, ...São ditongos nasais: ãe, ai, ao, am, em, en, õe, ui: mãe, pães, cãibra, acórdão, irmão,

leãozinho, amam, bem, bens (ei/eis), põe, etc.Nas formas verbais, escreve-se com am: amaram, deveram, partiram, puseram, etc.

e ) Emprego do E ou do I* A 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e a 2ª pessoa do singular do

imperativo dos verbos terminados em -uir, escrevem-se com I.Ex.: possui , possuis (possuir);

diminui , diminuis (diminuir);constitui, constituis (constituir);

* A 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do subjuntivo e a 3ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -UAR, escrevem-se com -E.

Ex.: habitue, habitues (habituar); efetue, efetues (efetuar); etc.

Emprego do cedilhaa) nos nomes de formação correlata aos substantivos que possuam no primitivo a correlação to.

ereto - ereção correto - correção leito - eleiçãob) nos nomes de formação correlata aos substantivos que possuam no primitivo a correlação ter:

ater - atenção reter - retenção deter - detençãoc) nos nomes em que vier antecedido por ditongo: eleição

Deve-se distinguir rigorosamente os vocábulos parônimos (de sons semelhantes) e os de dupla grafia, com E ou I, O ou U, c ou Q, CH ou X. G ou J, S, SS ou C, Ç, S ou X, S ou Z.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Tonicidade ou acentuação, no entender de Said Ali (“Gramática Secundária”, pág. 19), “é o modo de fazer sobressair um som entre muitos.”

Os fatores acústicos - intensidade, quantidade e tonalidade - incidem sobre as sílabas dos vocábulos. Denomina-se, então, acento o destaque que se dá a uma sílaba do vocábulo mediante a utilização de um desses fatores acústicos.

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Em português, o destaque (acento) leva em consideração a intensidade, ou seja, em português o acento é denominado tônico ou principal.

Esse acento tônico ou principal serve para caracterizar a sílaba tônica, isto é, aquela que deve ser pronunciada com o máximo de intensidade.

Quanto ao posicionamento da sílaba tônica, o vocábulo pode ser:a) oxítono: se ela for a última sílaba do vocábulo. Ex.: verão, caracu, tupi, ananás, você, etc;b) paroxítona: se ela for a penúltima sílaba do vocábulo. Ex.: mesa, cadeira, órgão, revólver,

etc;c) proparoxítona: se ela for a antepenúltima sílaba do vocábulo. Ex.: pássaro, relâmpago,

tímido, etc;Existem também o acento secundário, cuja finalidade é mostrar a sílaba que deve ser

pronunciada com intensidade moderada, ou seja, mostrar a sílaba subtônica. As demais sílabas do vocábulo, proferidas com o mínimo de intensidade, são denominadas átonas. A sílaba átona é denominada de pretônica, quando vem imediatamente antes da tônica, é denominada de postônica, quando vem imediatamente após a tônica.

PRINCIPAIS REGRAS DE ACENTUAÇÃOAcentuam-se:1º) os monossílabos tônicos terminados em A, E, O, seguidos ou não de S: pá - pás, pá - pés, pó - pós.

2º) os vocábulos oxítonos terminados em:A, E, 0, seguidos ou não de S, além dos terminados por EM, ENS: Amapá, atrás, café, português, após, compôs, alguém, refém, parabéns, reféns.

3º) paroxítonos terminados em:R - U - X - I - N - L (“rouxinol”); o I e o U podem estar seguidos de S: cadáver, júri, lápis, fácil, ônus, tórax.

Observação:Note bem que a palavra paroxítona terminada em N deve ser acentuada (hífen, éden, próton, íon), mas a paroxítona terminada em ENS não deve ser acentuada (hifens, edens, itens, homens). Note ainda que paroxítona terminada em ONS é acentuada normalmente (prótons, elétrons etc.

São acentuadas ainda, as palavras paroxítonas terminadas em : UM - UNS: álbum , álbuns, ... A - AS - AO: órfã, órfãs, órgão, sótão, ... PS: fórceps, bíceps ... Ditongo crescente: comércio, negócios, violência, experiência

4º) proparoxítonas: todas são acentuadas:Palavras como ínterim, aríete e anátema são proparoxítonas; porém, gratuito, circuito, rubrica, látex, avaro e fluido (líquido) são palavras paroxítonas.

antropófago, bípede, cômico, ...

5º) ditongo abertos ÉU, ÉI, ÓI, seguidos ou não de S: réu, réus, ilhéus, papéis, réis, herói, heróico, anzóis.

6º) o U dos grupos GUE, GUI, QUE, QUI, da seguinte forma:a ) com a cento agudo, se for tônico: apazigúe, averigúem;

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b) com trema, se for átono e pronunciado: tranqüilo, freqüente, conseqüente.

7º) I ou U quando:Formam hiato com a vogal anterior, aparecendo sozinhos na sílaba ou seguidos de S (jamais por nh):

ra - í - zes mas: ra - izdo - í - d o (dolorido) doi - do (louco)ju - í - zes Ra-ule - go - í s - mo ra - i - nhavi - ú - va ju - iz

8º) ÔO / ÊE:a) no plural da 3ª pessoa dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados:

crêem/descrêem; lêem/relêem; dêem; vêem, ...b) palavras como vôo, abençôo, enjôo ...

9º) os vocábulos homógrafos para diferenciar:pôde (v . pretérito) / pode (v. presente);pôr (verbo) / por (preposição);pára (verbo) / para (preposição);pêlo (substantivo) / pelo (preposição) / pélo (verbo);ele tem / eles têm;ele vem / eles vêm;ele mantém / eles mantêm;ele intervém / eles intervêm.

Emprego do TremaColoca-se trema sobre o u dos grupos gue, gui, que, qui, quando proferido e átono:

agüentar, sagüi, argüir, argüi (pretérito), cinqüenta, eqüino, tranqüilo, etc.

Observações:1ª) Em algumas palavras de dupla pronunciação o emprego do trema é opcional:

líqüido ou líquido, sangüinário ou sanguinário, sangüíneo ou sangüíneo, séqüito ou séquito, etc.2ª) O trema e o til não são acentos.

Emprego do apóstrofoA) O uso deste sinal gráfico limita-se aos seguintes casos:1) Indicar a supressão de uma vogal nos versos, por exigências métricas, como ocorre, mais

freqüentemente entre poetas portugueses: esp'rança, c’roa, minh’ alma, ‘stamos, por esperança, coroa, minha alma, estamos.2) Reproduzir certas pronúncias populares:Olh ‘ ele aí ... (Guimarães Rosa)Não s ‘ enxerga, enxerido! (Peregrino Jr.)3) Indicar a supressão da vogal da preposição de em certas palavras compostas:

copo-d’água, pau-d’arco, estrela-d’alva , etc.

B) Não será usado o apóstrofo:1) Na palavra pra, na forma reduzida da preposição para:Puxa! Você não presta nem pra tirar gelo, Simão. (Origenes Lessa)2) Nas contrações das preposições com artigos, pronomes e advérbios: dum, num, dalém,

doutro,doutrora, noutro, nalgum, naquele, nele, dele, daquilo, dacolá, doravante, co, cos, coa, coas (com o, com os, com a, com as), pro, pra, pros, pras, (para o, para a, para os, para

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as). Exemplos: escritores dalém-mar; costumes doutrora; ir pra beira do rio.3) Nas combinações dos pronomes pessoais:

mo, mos, ma, mas, to, lho, lhos, etc. 4) Nas expressões cujos elementos se aglutinaram numa unidade fonética e semântica:

dessarte, destarte, homessa, tarreneg, tesconjuro, vivalma.5) Nos títulos de livros, jornais etc.: a leitura dO Guarani, a campanha dO Globo, a

reportagem dA Noite.

MORFOLOGIA:CLASSES GRAMATICAIS (SUBSTANTIVO, ADJETIVO, ADVÉRBIO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME E VERBO)

As palavras da língua portuguesa acham-se divididos em dez classes:

1. SUBSTANTIVO2. ADJETIVO3. ADVÉRBIO4. ARTIGO5. NUMERAL6. PRONOME7. VERBOSUBSTANTIVO É a palavra com a qual designamos o ser.

A palavra que dá nome aos seres (pessoas, animais, coisas). De certa maneira, ele serve de rótulo para tudo quanto existe. Ex.: Raul, menino, natureza, palpite.

Palavra variável que denomina os seres em geral.

Quanto à sua formação, pode ser: primitivo x derivado (jornal x jornalista) simples x composto (água x girassol)

Quanto à sua classificação, pode ser: comum x próprio (rio x Amazonas) concreto x abstrato (cadeira x trabalho)

Observações:substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas.os substantivos abstratos indicam qualidade (tristeza), sentimento (raiva), sensações (fome), ações (briga) ou estados (vida)dentre os comuns, merecem destaque os coletivos que, mesmo no singular, designam um conjunto de seres de mesma espécie

VEJA MAIS DETALHADO:COMUNS - os que nomeiam todos os seres da mesma espécie.Ex.: mesa, animal, vegetal, fruta, cidade.

PRÓPRIOS - os que nomeiam um único ser da mesma espécie.Ex.: Maria, Antonio, Brasil.

CONCRETOS - os que nomeiam seres reais e imaginários.Ex.: camelo, formiga, monte, savana, curupira, saci, árvore, flor.

ABSTRATOS - os que nomeiam qualidades, sentimentos, sensações, estados, ações e certos fenômenos (só têm existência na dependência de outro ser) .Ex.: astúcia, agilidade, medo, simpatia, frio, crescimento.

SIMPLES - os que são formados de uma só palavra.Ex.: raposa, chuva, pão, pé, moleque, cabra, couve, flor.

COMPOSTOS - os que são formados por duas ou mais palavras.Ex.: pão-de-ló, pé-de-moleque, pé-de-cabra, couve-flor.PRIMITIVOS - os que não derivam de nenhuma outra palavra .Ex.: pedra, rosa, ferro, livro, laranja.

DERIVADOS - os que derivam de outra palavra.Ex.: pedreira, roseira, ferreiro, livraria, laranjal.

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COLETIVOS - os que exprimem, mesmo no singular, uma coleção de seres da mesma espécie.Ex.: alcatéia, bando, séquito, matilha, manada, rebanho.

Flexão dos substantivos (gênero e número)

GÊNERO (MASCULINO X FEMININO) biformes: uma forma para masculino e outra

para feminino. (gato x gata, príncipe x princesa). São heterônimos aqueles que fazem distinção de gênero não pela desinência mas através do radical. (bode x cabra, homem x mulher)

uniformes: uma única forma para ambos os gêneros. Dividem-se em: epicenos - usados para animais de

ambos os sexos (macho e fêmea) comum de dois gêneros - designam

pessoas, fazendo a distinção dos sexos através de palavras determinantes

sobrecomuns - um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos.

Observação: alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cabeça x a cabeça)

NÚMERO (SINGULAR X PLURAL)Nos substantivos simples, forma-se o plural em função do final da palavra. vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -

S (porta x portas, troféu x troféus) ditongo -ÃO: -ÕES/-ÃES/-ÃOS, variando em

cada palavra (anãos, balões, alemães, cristãos).

Apresentam múltiplos plurais: alão- alões, alãos, alães / alazão- alazões, alazães / verão- verões, verãos / ermitãos, ermitães / sultão- sultões, sultães, sultãos.

R, -S ou -Z: -ES (mar x mares, país x países, raiz x raízes). As não-oxítonas terminadas em -S são invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus)

N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen x hifens ou hífenes)

X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax x os tórax)

AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal x animais, barril x barris)

IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -L por -EIS. (til x tis, míssil x

mísseis) sufixo diminutivo -ZINHO(A)/-ZITO(A): colocar

a palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo com -S (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas)

metafonia: -O tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo x ovos, mas bolo x bolos)

Apresentam metafonia: abrolho, contorno, caroço, corvo, coro, despojo, destroço.

GRAUOs substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal.São três: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos:

analítico - associando os adjetivos (grande x pequeno) ao substantivo

sintético - anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão x menininho)

Observações: o grau nos substantivos também pode denotar

sentido afetivo e carinhoso ou pejorativo, irônico. (Ele é um velhinho legal / Que mulherzinha implicante)

certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha)

EMPREGOUma oração é normalmente formada por sujeito e predicado.Vejamos alguns exemplos de orações:a) Choveu. - or. sem sujeito; não tem substantivob) A vida é frágil. - nessa oração, cujo predicado é nominal, substantivo e o núcleo do sujeito. É o substantivo exercendo a função de sujeito.c) Os homens pedem carinho às mulheres. - o substantivo também pode estar dentro do predicado verbal, exercendo a função de complemento verbal, seja na posição de objeto direto (carinho) ou indireto(as mulheres).d) O trabalho foi feito pela datilógrafa - em uma oração cujo verbo está na voz passiva, o substantivo pode estar no sujeito paciente (trabalho) ou no agente da passiva (datilógrafa).e) A menina tinha medo do escuro. - o complemento nominal também pode ser exercido por um substantivo.f) Existência é luta. - o núcleo do predicado nominal - o predicativo - também pode ser exercido por um substantivo.g) O aposto e o vocativo também são funções substantivas:

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Meninas, cheguei! (vocativo) Os homens, criaturas inconstantes, necessitam das mulheres.(aposto).

ADJETIVOSão palavras que indicam qualidade, propriedade ou estado do ser. Ex.: Meu caderno novo já está

sujo.

Quanto a formação e classificação podem ser:

SimplesSão aqueles que tem mais de um elemento em sua formação.luso-brasileiro, castanho-escuro, amarelo-canário...

CompostoSão aqueles que tem um só elemento em sua formação.brasileiro, escuro, magro, cômico, bravo, simples...

PrimitivoSão aqueles que dão origem a outros adjetivos.belo, bom, forte, feliz, claro, branco, puro, magro...

DerivadosAqueles que são gerados de outros adjetivos.belíssimo, bondoso, pesudo, magrelo, gorducho

FLEXÃO DOS ADJETIVOS:

GÊNEROUniforme ou biforme (inteligente x honesto [a])

NÚMEROOs adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos simples, em

função de sua terminação (agradável x agradáveis).Os substantivos utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza).Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do primeiro -

O, num processo de metafonia.

GRAUSão três: normal, comparativo e superlativo comparativo: mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser.

- igualdade - tão ... quanto (como)- superioridade - mais ... (do) que- inferioridade - menos ... (do) que

superlativo: exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. - absoluto - quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo

de palavra modificadora - muito) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito veloz X velocíssimo)- relativo - qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros elementos. Pode ser

de superioridade (o mais ... que) ou de inferioridade (o menos ... que)

Observação:Apresentam formas sintéticas especiais os adjetivos bom, mau, grande e pequeno.

Adjetivos Comparativo de Superioridade

Superlativo absoluto regular irregular

bom melhor boníssimo ótimo mau pior malíssimo péssimo pequeno menor pequeníssimo mínimo grande maior grandíssimo máximo

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Quando estes adjetivos se referem a características de um mesmo ser, admitem-se as construções mais bom que, mais mau que, mais grande que e mais pequeno que. (Ele é bonito e inteligente; alguns o consideram mais bom que inteligente.)

EmpregoO adjetivo costuma ser definido em razão do substantivo que ele acompanha, exercendo, nesse

caso, função de adjunto adnominal. Ex.: Os bons motoristas estão cada vez mais escassos. O adjetivo também pode exercer as funções de predicativo.

Ex.: Aquela casa é velha demais. Esta menina parece inteligente.As locuções adjetivas exercem as mesmas funções que os adjetivos.

LOCUÇÃO ADJETIVAO adjetivo pode ser expresso através de duas palavras; é o que se chama de locução adjetiva.

LOCUÇÕES ADJETIVAS ADJETIVO

sem fim infindávelsem remédio irremediávelda boca bucalde pai paternode dia diáriode anjo angelical

ADJETIVOS QUE INDICAM NACIONALIDADE (GENTÍLICOS)Também denominados adjetivos pátrios, designam nacionalidade ou lugar de origem de alguém ou

de alguma coisa: Brasil/brasileiro; Bahia/baiano; Londres/londrino, etc. Normalmente são formados pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas: alagoano). Podem ser simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro).

PRONOMESão palavras que acompanham o substantivo ou o substituem indicando as pessoas do discurso. Palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo,

indicando-o como pessoa do discurso.O sistema de pronomes do português é rico e complexo. São os seguintes os pronomes da

língua portuguesa:    1ª

Sing.2ª

Sing.3ª

Sing.1ª

Plural2ª

Plural3ª

Plural

Reto   eu tu eleela nós vós eles

elas

Oblíquo OD     o, lo, noa, la, na     os, los, nos

as, las, nas

Oblíquo SSp

Átono me te lhe nos vos lhes

Reflexivo átono me te se nos vos se

Tônico mim ti eleela nós vós eles

elas

Reflexivo tônico mim ti si nós vós si

com+ pronome comigo contigo consigo conosco convosco consigo

Tratamento     Você     Vocês

LOCUÇÕES ADJETIVAS são duas ou mais palavras que correspondem a um adjetivo.

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O Sr.A Sra.V.S.ªV.Ex.ª

Os Srs.As Sras.

V.S.as

V.Ex.as

PRONOME SUBSTANTIVO X PRONOME ADJETIVOEsta classificação pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal.pronome substantivo: substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro)pronome adjetivo: acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo)Obs.: Os pronomes pessoais são sempre substantivos

PESSOAS DO DISCURSOSão três:1ª pessoa: aquele que fala, emissor2ª pessoa: aquele com quem se fala, receptor3ª pessoa: aquele de que ou de quem se fala, referente.

Há seis espécies de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.

TIPOS DE PRONOMES pessoal possessivo

demonstrativo relativo

indefinido interrogativo

PESSOALIndicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar,

quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa.Ex.:A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe.Apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase, dividindo-se

em retos e oblíquos.

Pronomes Pessoais número pessoa pronomes retos pronomes oblíquos

tônicos átonos  singular

1a.2a.3a.

eutuele, ela

mim, comigoti, contigoele, ela, si, consigo

metese, o, a, lhe

 plural

1a.2a.3a.

nósvóseles, elas

nós, conoscovós, convoscoeles, elas, si, consigo

nosvosse, os, as, lhes

Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.

Obs.: os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome.

Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa.

Abreviatura Tratamento UsoV. A. Vossa Alteza príncipes, arquiduques, duquesV. Em.ª Vossa Eminência CardeaisV. Ex.ª Vossa Excelência altas autoridades do governo e das classes armadasV. Mag.ª Vossa Magnificência reitores das universidadesV. M. Vossa Majestade reis, imperadoresV. Rev.ma Vossa Reverendíssima sacerdotes em geralV. S. Vossa Santidade PapasV. S.ª Vossa Senhoria funcionários públicos graduados, oficiais até coronel, pessoas de

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cerimôniaObs.: também são considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita.

EMPREGO você hoje é usado no lugar das 2as pessoas (tu/vós), levando o verbo para a 3ª pessoa as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e

de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S. quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como

oblíquos os pronomes acompanhados das palavras só ou todos assumem a forma reta (Estava só ele no

banco / Encontramos todos eles ali) as formas oblíquas o, a, os, as não vêm precedidas de preposição; enquanto lhe e lhes vêm regidos

das preposições a ou para (não expressas) eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo

no infinitivo (Isto é para eu fazer para mim fazer) me, te, se, nos, vos - podem ter valor reflexivo se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco si e consigo - têm valor exclusivamente reflexivo conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem

com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios ou um numeral) o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a

terminação verbal for em ditongo nasal os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou

vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus)

pode-se omitir o pronome sujeito, pois as DNPs verbais bastam para indicar a pessoa gramatical plural de modéstia - uso do "nós" em lugar do "eu", para evitar tom impositivo ou pessoal num sujeito composto é de bom tom colocar o pronome de 1ª pessoa por último (José, Maria e eu

fomos ao teatro). Porém se for algo desagradável ou que implique responsabilidade, usa-se inicialmente a 1ª pessoa (Eu, José e Maria fomos os autores do erro)

não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu Vi as bolsas dele bem aqui)

os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro) POSSESSIVO

Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída.

Pronomes possessivospessoa um possuidor vários possuidores

1ª meu (s), minha (s) nosso (a/s)2ª teu (a/s) vosso (a/s)3ª seu (a/s) seu (a/s)

EMPREGO normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que

determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase seu (a/s) pode causar ambigüidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que

Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?) pode indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos) nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de

Senhor

DEMONSTRATIVOIndicam posição de algo em relação às pessoas

do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo.

Mesmo, próprio, semelhante, tal e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome demonstrativo.

EMPREGO indicando localização no espaço - este (aqui),

esse (aí) e aquele (lá) indicando localização temporal - este (presente),

esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante vago)

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fazendo referência ao que já foi ou será dito no texto - este (ainda se vai falar) e esse (já mencionado)

o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s)

tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a)

mesmo e próprio são demonstrativos quando significarem "idêntico" ou "em pessoa". Concordam com o nome a que se referem

podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite)

nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso, ela entrou triunfante)

RELATIVORetoma um termo expresso anteriormente (antecedente).São eles que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).

EMPREGO quem será precedido de preposição se estiver

relacionado a pessoas ou seres personificados quem = relativo indefinido quando é empregado

sem antecedente claro, não vindo precedido de preposição

cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu conseqüente

quanto (a/s) normalmente tem por antecedente os pronomes indefinidos tudo, tanto (a/s)

INDEFINIDOReferem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico. Podem fazer referência a pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou quantidade indeterminada.

Pronomes indefinidospessoas quem, alguém, ninguém, outrem lugares onde, algures, alhures, nenhurescoisas que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo

(a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada

EMPREGO algum, após o substantivo a que se refere,

assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema)

cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma)

certo é indefinido se vier antes do nome a que estiver se referindo. Caso contrário é adjetivo (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos)

bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo

o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa" o pronome nada, colocado junto a verbos ou

adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje)

o pronome outro (a/s) ganha valor adjetivo se equivaler a diferente" (Ela voltou outra das férias)

existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que seja, seja quem for, cada um etc.

INTERROGATI VO Usados na formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. Na verdade, são os pronomes indefinidos que, quem, qual (a/s) e quanto (a/s) em frases interrogativas. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).

FLEXÃOOs pronomes são flexionados em pessoa,

gênero, número, e caso, embora o sistema pronominal seja defectivo, como se observa no quadro de pronomes, onde existem lacunas que correspondem à ausência de algumas possibilidades de flexão. A flexão em gênero, por exemplo só existe para alguns pronomes de terceira pessoa. Muitas flexões apresentam a mesma forma que outras próximas no quadro.

A flexão de caso, em português, está presente apenas nos pronomes, que comportam três casos: reto, oblíquo OD e oblíquo SSp.

Reto. O caso reto é empregado quando o pronome desempenha função de sujeito da frase.

Oblíquo OD. O caso oblíquo OD é usado quando o pronome funciona como objeto direto na frase.

Oblíquo SSp. O caso oblíquo SSp, por sua vez, é usado em função de sintagma substantivo preposicionado. Uma especialização do caso oblíquo SSp são os pronomes reflexivos. O oblíquo reflexivo é usado quando o pronome ocupa função de objeto indireto e, além disso, o sujeito e o objeto indireto da frase denotam o mesmo referente.

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COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOSEm relação aos verbos, os pronomes átonos

podem ser colocados em três posições: próclise, ênclise, mesóclise.

A escolha da próclise, ênclise ou mesóclise constitui fundamentalmente uma questão estilística, isto é, depende do ritmo, eufonia e expressividade que o autor pretende dar a frase. Com base nesse princípio estilístico, a gramática sistematizou os principais casos de obrigatoriedade do emprego de uma dessas três possibilidades .

PRÓCLISEA próclise é obrigatória sempre que o verbo é

antecedido por uma das seguintes classes de palavras:1) Palavras de sentido negativo: não, nunca,

nada, ninguém... "Não te falei, cara?"2) Advérbios: sempre, muito, mais, aqui. Ele

sempre lhe cutucava o peito.3) Pronomes relativos: que, quem, cujo, onde, o

qual ... Preciso do livro que lhe emprestei .4) Pronomes indefinidos: alguém, algum, tudo,

qualquer ... Alguém o avisou.5) Conjunções subordinativas: que, quando,

embora, porque, se, caso... Não sei se nos veremos novamente.

6) Pronomes ou advérbios interrogativos: quem, quando, onde, por que... Quem te disse esta mentira?

7) Gerúndio antecedido da preposição EM. Em se tratando de mulheres, fale com o chefe.

ÊNCLISEA ênclise é obrigatória:

1) quando o pronome vem ligado a um verbo que inicia a oração. Fez-se um profundo silêncio.

2) com verbos no imperativo. "Levanta-te, que não dou em defuntos!"

3) quando o pronome vem ligado a um gerúndio sem preposição. "Sentados na pobreza daquele barraco de sonhos, o menino cutucava-lhe o peito.”

MESÓCLISEA) Eu te perdoarei se apresentares as provas.B) Perdoar-te-ei se apresentares as provas.C) Eu te perdoaria se apresentasses as provas.D) Perdoar-te-ia se apresentasses as provas.

Constatamos que:1) emprega-se a mesóclise (B e D) quando o verbo

esta no futuro do presente (B) ou no futuro do pretérito (D);

2) é obrigatória a mesóclise se o verbo está no início da oração

Observação: não se admite a mesóclise do

pronome átono se ocorre um dos casos de obrigatoriedade da próclise. Ex.: Não te perdoarei, mesmo que apresentes as provas. Associados a verbos terminados em r, s, ou z ,

os pronomes o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las, caindo aquelas consoantes. Ex.: Mandaram prendê-lo. Ajudemo-la. (prender o) (ajudemos a)

Associados a verbos terminados em ditongo nasal, am, em, ão, õe, os ditos pronomes tomam as formas no, na, nos, nas. Ex.: Trazem-no. Ajudavam-na. Põe-no aqui.

NUMERALPalavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como: cardinal (1, 2, 3, ...), ordinal (primeiro, segundo, terceiro, ...), multiplicativo (dobro, duplo, triplo, ...), fracionário (meio, metade, terço)

Valor do NumeralPodem apresentar valor adjetivo ou

substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão valor substantivo. Ex.: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo)

Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo)Emprego os fracionários têm como forma própria meio,

metade e terço, todas as outras representações de divisão correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto, décimo, milésimo, quinze avos etc.)

designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na leitura ordinal até décimo; a partir daí usam-se os cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo)

Observação: se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV Semana de Cultura - quarta)

zero e ambos (as) também são numerais cardinais

dúzia, centena... são chamados numerais coletivos, por designarem um conjunto de seres

UM - numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo contexto. Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida

FlexãoVariam em gênero e número gêneroCardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando expressam uma idéia adjetiva em relação

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ao substantivo.número:Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os multiplicativos, quando têm função adjetiva; os fracionários, dependendo do cardinal que os antecede.Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se terminarem por som vocálico

VERBOPalavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno da natureza.

Tipos de verbosConforme visto nos elementos mórficos, os

verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática (-a/-e/-i), podem-se criar 3 paradigmas verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:

regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação

irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão)

anômalos: verbos irregulares com mudanças profundas nos radicais (ser/ir)

defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no pres. do ind. só apresenta a 1ª e a 2ª pess. do plural)

abundantes: apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio, devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado, acendido/aceso)

auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos compostos e locuções verbais

Obs.: - certos verbos possuem pron. pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nestes casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.)

- formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós cantaríamos)

Flexões verbais número - singular ou plural pessoa gramatical- 1ª, 2ª ou 3ª tempo - referência ao momento em que se

fala (pretérito, presente ou futuro) modo - indicativo (certeza de um fato ou

estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo

de realização de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido)

voz - ativa, passiva e reflexiva

Tempos primitivos: presente e pretérito perfeito do

indicativo e o infinitivo derivados:

- presente do indicativo - presente do subjuntivo e imperativo negativo (da 1ª pess. sing.); imperativo afirmativo (2as

pess. sem S e demais = pres. do subjuntivo)

- pret. perfeito do indicativo - pret. mais-que-perfeito do indicativo (3ª pess. plural sem M + DNPs), fut. do subjuntivo (3ª pess. plural sem AM + DNPs.), pret. imperfeito do subjuntivo (3ª pess. plural sem RAM + DMT SSE e DNPs)

- infinitivo impessoal - fut. do presente (+ -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão), fut. do pretérito (+ -ia, -ias, -ia, -íamos, -íeis, -iam) e pret. imperfeito (se 1ª conj. + DMT=VA, de 2ª ou 3ª conj. + DMT=IA), sendo todos do indicativo

Vozes ativa: sujeito é agente da ação verbal passiva: sujeito é paciente da ação verbal.

Pode ser analítica ou sintética: analítica - verbo auxiliar (TD) + particípio do verbo principalsintética - verbo (TD) na 3ª pess. do singular SE (partícula apassivadora)

reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo (acréscimo de SE = pronome reflexivo)

Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo verbo ser. Entretanto, nas locuções verbais, o ser assume a forma do verbo principal na voz ativa.

Ex.: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o pret. perf. do ind.)

O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas (mantido o gerúndio do verbo principal)

Infinitivo pessoal ou impessoalO emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.

impessoal: sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa

pessoal: refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto

Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal se for necessário dar à frase maior clareza

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e ênfase.Usa-se o impessoal:

sem referência a nenhum sujeito - É proibido fumar na sala

nas locuções verbais - Devemos avaliar a sua situação

quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos - É um problema fácil de solucionar

quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"

Usa-se o pessoal: quando o sujeito do infinitivo é diferente do

sujeito da oração principal - Eu não te culpo por saíres daqui

quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito - Foi um erro responderes dessa maneira.

quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pess. do pl.) - Escutei baterem à porta

ADVÉRBIOPode modificar um verbo, um adjetivo, outro

advérbio ou uma frase inteira. Classificam-se de acordo com as circunstâncias que expressam:

lugar: longe, junto, acima, atrás, alhures... tempo: breve, cedo, já, dentro, ainda... modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a

maioria dos adv. com sufixo -mente negação: não, tampouco, absolutamente... dúvida: quiçá, talvez, provavelmente,

possivelmente... intensidade: muito, pouco, bastante, mais,

demais, tão... afirmação: sim, certamente, realmente,

efetivamente... Obs.: as palavras onde (de lugar), como (de modo), por que (de causa) e quando (de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios interrogativos.4. São locuções adverbiais: à direita, à frente, à

vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez em quando, em breve, etc. São classificadas, também, em função da circunstância que expressam.

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GrauApesar de pertencer à categoria das palavras invariáveis, o advérbio pode apresentar variações de grau comparativo ou superlativo.Comparativo: Superlativo:igualdade: tão+adv+quantosuperioridade: mais+adv+(do) queinferioridade: menos+adv+(do) que

sintético: + sufixo -íssimoanalítico: muito+adv.

Obs.: bem e mal admitem grau comparativo de superioridade sintético: melhor e pior. As formas mais bem e mais mal são usadas diante de particípios adjetivados. (Ele está mais bem informado do que eu)

Emprego na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo diminutivo. Nesses casos, embora ocorra o

diminutivo, o advérbio assume valor superlativo a repetição de um mesmo advérbio também assume valor superlativo quando os advérbio terminados em -mente estiverem coordenados, é comum o uso do sufixo

só no último antes de particípios, bem e mal aparecem nas formas analíticas do comparativo de

superioridade (mais bem e mais mal) e não como melhor e pior muito e bastante podem aparecer como advérbio (invariável) ou pronome indefinido (variável -

determina substantivo) adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis (terminaram rápido o trabalho)

Palavras denotativas Série de palavras que se assemelham ao advérbio. A NGB considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes gramaticais. Classificam-se em função da idéia que expressam: adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais) afastamento: embora (Foi embora daqui) afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano) aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé) designação: eis (Eis nosso carro novo) exclusão: apesar, somente, só, unicamente, inclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc.

(Todos saíram, menos ela) explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos) inclusão: até, ainda, também, inclusive etc. (Eu também vou) limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu) realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?) retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro) situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?)

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ARTIGODe modo geral, o artigo definido aplica-se para seres conhecidos ou já mencionados e o indefinido para

seres desconhecidos, indeterminados ou de que não se fez menção. Ex.: "Um dia, olhando o quintal do vizinho, vi um rapaz que sorria para mim.”

ARTIGO DEFINIDODentre os nomes próprios geográficos, a língua atual distingue:

1º) os que repelem o artigo: Portugal, Roma, Atenas, Curitiba, Minas Gerais, Copacabana, etc.

2º) os que exigem o artigo: a Bahia, o Rio, o Porto, o Cairo, a Argentina, as Canárias, os Açores, etc.Diz-se indiferentemente: o Recife ou Recife.O uso do artigo antes dos adjetivos possessivos é, geralmente, livre:Foi rápida a sua passagem (ou sua passagem)Seus planos (ou os seus planos) foram descobertos.Diz-se, sem o artigo:Foram presos todos três.“Era belo de verem-se todos cinco em redor da criança.”“...opinião desfavorável sobre todas três.”“Todas duas eram bonitas e parecidas.”

Mas com o artigo:Foram presos todos os três assaltantes. “... ficou todos os três dias no jornal.”

Embora censurada por alguns gramáticos, é freqüente, na língua atual, a anteposição do artigo o (como partícula de realce) ao advérbio quanto e ao pronome interrogativo que: “Só agora via o quanto se enganara.” “O que diria Deus daquilo tudo?”

Omissão do artigo definido Omite-se o artigo definido:1) antes de nomes de parentesco precedidos do possessivo:“Vendeu Mariana as terras e deixou a casa a sua tia, que nascera nela e onde seu pai casara.”Observação: Às vezes a ênfase justifica a presença do artigo: “Viemos ver o meu pobre irmão.”

2) antes dos pronomes de tratamento:“Engana-se Vossa Senhoria, disse o barbeiro.”

3) entre o pronome cujo e o substantivo imediato:Há animais cujo pêlo é liso. (E não: cujo o pêlo é liso.)

4) diante dos superlativos relativos, em frases como estas :Ouvi os mestres mais competentes. (E não: os mestres os mais competentes.)Não lhe bastavam as glórias mais embriagadoras.

1º) A repetição do artigo (os mestres os mais competentes, as glórias as mais embriagadoras) constitui, neste caso, um galicismo.

2º) Todavia, são de bom cunho as seguintes construções: mestres os mais competentes, os mais competentes, os mestres ainda os mais competentes; "Trinta milhões vivendo em níveis históricos os mais contrastantes.” "Neste fenômeno se patenteia a nobilitação que a singela prática do trabalho mais obscuro imprime nos caracteres ainda os mais antipáticos.”

5) freqüentemente nos provérbios e máximas:Pobreza não é vileza. Tempo é dinheiro.

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6) antes de substantivos usados em sentido geral ou indeterminado:“Pra queda e susto água fria é remédio.”“Lera numa revista que mulher fica mais gripada que homem.”

7) em certas expressões com: ouvir missa declarar guerra, dar esmola, pedir perdão, pedir esmola, fazer penitência, etc.

8) diante da palavra casa , quando designa a residência da pessoa que fala ou de quem se trata:Voltei a casa. Fui para casa. Venho de casa.Saiu de casa. Foi para casa. Ficou em casa.

Observação:Todavia, se a palavra casa vier acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva, antepõe-se-lhe, ordinariamente, o artigo:“ . . . a costureira chegou à casa da baronesa.“De tarde, arrastei-me até a casa da preta velha.”

ARTIGO INDEFINIDONão obstante sua imprecisão, o artigo indefinido transmite ao substantivo grande força expressiva.

Exemplos:“ . . . (o tigre ) atirou-se como um estilhaço de rocha cortada pelo raio.”Foi uma alegria, quando viu os pais.“Recomeçou a falar com uma calma que não sabia bem de onde vinha.”Estou com uma fome . . .

Antepõe-se aos numerais para exprimir cálculo aproximado:“Eu devia ter, por esse tempo, uns dezesseis anos.”Fiquei esperando uma boa meia hora .

REGÊNCIA NOMINAL E VERBALRegência é o processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente de outro. A palavra que

depende é chamada de termo regido e a palavra da qual a outra depende é chamada termo regente.TERMO REGENTE é o elemento que pede outro para lhe completar o sentido.TERMO REGIDO é o elemento que completa o sentido de outro e que pode ser ligado ao regente por

meio de preposição.Exemplo: A menina gosta de maçã.

(regente) preposição (regido)

A regência classifica-se em Regência Verbal e Regência Nominal.

REGÊNCIA VERBALÉ a relação de subordinação existente entre um complemento(palavra regida) e a palavra cujo sentido

é completado. Neste caso é o verbo, que tem seu sentido completado por outro termo.Ex.: Todas as crianças gostam de doces. (v. t. (objeto indireto) indireto)O verbo gostar rege um objeto indireto.Ex.: João namora Maria . (v. t. dir.) ( obj. dir.)O verbo namorar rege o objeto direto.Regência de alguns verbos:VERBOS QUE SÃO SEMPRE TRANSITIVOS INDIRETOS (exigem preposição)Obedecer.Ex.: Todos obedeceram ao regulamento.

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Todos lhe obedeceram.Simpatizar Ex.: Não simpatizo com esta mulher. Não simpatizo com ela.Desobedecer Ex.: Ninguém desobedeceu ao chefe.

Ninguém lhe desobedeceu .Pertencer Ex.: Este livro pertence a você.

Este livro lhe pertence.Desagradar Ex.: As palavras desagradaram ao mestre.

As palavras lhe desagradaram.VERBOS QUE SÃO SEMPRE TRANSITIVOS DIRETOS (sem preposição)Ajudar, amar, convidar, cumprimentar, estimar e idolatrar.Portanto escreve-se:Ajuda-a. não: Ajuda-lhe.Amei-a Amei-lhe.Convidamo-lo. Convidamos-lhe.Cumprimentei-os Cumprimentei-lhes.Estimo-o. Estimo-lhe.Idolatrava-o. Idolatrava-lhe.E mais: conhecer, convocar, encontrar, entender, visitar, ouvir, procurar, ver, (todos sem preposição).Ex.: Nós conhecemos a verdade.Ele não encontrou a amada.Ontem, quando visitava a minha namorada, vi a sua irmã.A multidão ouvia o líder com atenção.Você os prejudicou! Agora, procure entendê-los.VERBOS COM MAIS DE UMA REGÊNCIA

AVISAR, PREVENIR, INFORMAR, CERTIFICAR* alguém de alguma coisa: (obj. dir.) (objeto indireto) Ex.: Avisara-o de seus defeitos. Certifiquei-a do dever assumido.Informei-o de que chegaram os documentos.* a alguém alguma coisa: (obj. indir.) (objeto direto)Ex.: Informaram-lhe que seria preso.

Avisara à esposa que não voltaria cedo.REGÊNCIA NOMINAL

Ocupa-se do nome e seus complementos. É estabelecida por preposições que ligam um termo regido ou subordinado a um termo regente ou subordinante. Como já foi dito, o termo regente é sempre um nome, entendido como tal o substantivo, o adjetivo e o advérbio.

Termo Regente Preposição Termo Regido

Disposição(substantivo) para viajar.Nocivo(adjetivo) à saúde.Favoravelmente(advérbio)

a todos.

Casos especiais de regência verbalA análise da transitividade verbal é feita de acordo com o texto e não isoladamente. O mesmo verbo pode estar empregado ora intransitivamente, ora transitivamente; ora com objeto direto, ora com objeto indireto.VERBOS COM VÁRIAS REGÊNCIASASPIRAR* pretender, desejar (transitivo indireto)Ex.: O time aspira a uma vitoria, Muitas são as coisas a que aspiro.

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* respirar, inalar (transitivo direto)Ex.: A menina aspirou o gás tóxico. O gás tóxico que a menina aspirou era forte.ATENÇÃO! O verbo aspirar, como transitivo direto, não aceita o pronome oblíquo lhe: Ex.:Você aspirava ao diploma?Sim, eu aspirava a ele, (e jamais: “aspirava-lhe”)ASSISTIR* presenciar, estar presente (transitivo indireto)Ex.: Muitas crianças presenciaram ao show.* socorrer, prestar assistência (transitivo direto)Ex.: A enfermeira assiste o doente.* caber, pertencer (transitivo indireto)Ex.: O direito de protestar assiste a todo jovem.AGRADAR* contentar, satisfazer (transitivo indireto)Ex.: Sua atitude não agradou à família.* acariciar, fazer carinho (transitivo direto)Ex.: O menino agradava o pequeno animal.VISAR* pretender, ter em vista (transitivo indireto)Ex.: Você sempre visou a este cargo.* pôr o visto, assinar (transitivo direto)Ex.: O fiscal visou o passaporte.* mirar, dirigir a pontaria ( transitivo direto)Ex.: O caçador visava o coração do animal.QUERER* desejar, tomar posse (transitivo direto)Ex.: O menino queria o brinquedo.

Ninguém o queria.* gostar, querer bem (transitivo indireto)Ex.: Sempre quis aos meus pais. Estas são as pessoas a quem queremos bem.ESQUECER/ LEMBRAR* Transitivo Indireto: quando acompanhado pelo pronome oblíquo.Ex.: Eu me esqueci da data.

Todos se lembraram do fato.* Transitivo Direto: quando não acompanhado pelo pronome oblíquo.Ex.: Esqueci a data.

Lembraram o fato.

CRASEQuando a preposição se encontra com o artigo ou com o pronome demonstrativo feminino a, as e

ainda com os pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a qual e as quais, fundem-se os dois sons em um só, é o fenômeno da crase, assinalado, na escrita, com o acento grave.

É a fusão de duas vogais em uma só. Neste caso, é a fusão da preposição A + artigo A = A.

Há crase:a) diante de nomes de cidades ou de países que se enquadram na regra prática: Vou à, se puder voltar da.

Ex.: Vou à Itália. (Volto da Itália.) / Vou a Paris. (Volto de Paris.) / Vou à Paris maravilhosa. (Volto da Paris maravilhosa)

b) diante de palavra feminina que exigir PARA A: Ex.: Vou à Igreja. (Vou para a Igreja)c) antes de numeral, indicando horas: Ex.: Chegarei às duas horas.d) antes de substantivo, quando se omite a palavra maneira ou moda: Ex.: Veste-se à Luís XV. ( . . . à

maneira Luís XV.)e) nas locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas femininas: Ex.: Saiu às pressas. / Saímos à

procura dele.f) antes de pronomes demonstrativos, quando for possível substituir por a essa, a isto, a esta. Ex.: Ele

quer ir àquela festa. ( = a esta festa) / Ele conhece àquela loja. ( = essa)

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Você tem soluções para saber se usa a crase ou não.1) Substitua o a por ao e a palavra feminina por palavra masculina (da mesma classe gramatical). Veja: Ele é sensível à estima. (= ao elogio ) Estas são as pessoas às quais me referi. (= os homens os quais me referi)

2) Troque a preposição por : - para a - da (com crase) - na Ex.: Dei um presente à menina. (= para a menina)

3) Nunca troque por:- para

- de (sem crase)- em

Ex .: Dei um presente a ela. (= para ela)

Você não deve usar crase: * Diante de palavra masculina. * Antes de artigo indefinido uma. * Antes da palavra casa, quando significa residência própria. * Antes da palavra terra, quando em sentido oposto a bordo. * Antes de pronomes que não admitem artigo (a esta . . .). * Antes de verbo.

O uso da crase é facultativo: * Antes de pronome possessivo. Ex.: Irei a (à) sua casa. * Antes de nome próprio de pessoa . Ex.: Entregue a (à) Maria do 3º ano.PARA SUA INFORMAÇÃO:

Com relação às locuções adverbiais de instrumento, quando femininas, há gramáticos que admitem o uso da crase, apesar de reconhecer que há apenas a preposição A. Essa possibilidade existe e é usada por muitos devido a ambigüidade que existe em expressões como: pintar a mão = pintar a própria mão (artigo) pintar à mão = pintar com a mão (preposição) ou ainda: matar a fome = saciar, terminar com a fome (artigo) matar à fome = matar alguém pela fome (preposição)

Observe que, se substituirmos por uma palavra masculina, obteremos apenas a preposição: pintar a lápis (preposição) matar a tiro (preposição)

Nem todos reconhecem tal possibilidade; há gramáticos que continuam pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, a qual diz que nesses casos não há crase. Em expressões como: frente a frente ou cara a cara Não há crase, sem dúvida alguma. Ex.: Ela esteve frente a frente com o assassino.

Nem em: Ele fez referência a coisas sem importância. (= a fatos) Conheço a pessoa a quem você se referiu. (= o homem a quem)

ou ainda: Cheguei cedo a casa. (= em casa)

mas:Voltei sem demora à casa de meus pais. (= para a casa de meus pais) (= da casa de meus pais)

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Não há crase em: O nadador voltou a terra exausto. ( = para terra)

Mas há em: Voltarei à terra de meus pais. (= para a)

PONTUAÇÃOEmprego do ponto final, ponto de exclamação e ponto de interrogaçãoVIRGULAUso da vírgula para separar os itens de uma série, as frases, os vocativos o aposto e o adjunto adverbialA vírgula é o sinal de pontuação que indica uma pausa de curta duração, sem marcar o fim do enunciado. A vírgula pode ser empregada para separar termos de uma oração (vírgula no interior da oração) ou para separar orações de um período (vírgula entre orações).Vírgula no interior da oraçãoEm português, a ordem normal dos termos na frase é a seguinte:sujeito - verbo - complementos do verbo - adjuntos adverbiais. Quando os termos da oração se dispõem nessa ordem, dizemos que ocorre ordem direta (ou ordem lógica). Muitos alunos estudaram a matéria da prova com afinco. sujeito verbo ob. direto adj. adverbial

Quando ocorre qualquer alteração na seqüência lógica dos termos, temos a ordem indireta. Com afinco, muitos alunos estudaram a matéria da prova.termo deslocado

Quando a oração se dispõe em ordem direta, não se separam por vírgulas seus termos imediatos. Assim, não se usa vírgula entre o sujeito e o predicado, entre o verbo e seu complemento, e entre o nome e seu complemento ou adjunto.Muitos imigrantes europeus chegaram ao Brasil naquele ano. sujeito predicado

Todos os alunos apresentaram a redação ao professor verbo complemento

A áspera resposta ao candidato deixou-o magoado. adj. Adnom nome compl. nominal

Usa-se vírgula no interior da oração para:1. marcar intercalaçõesOs termos que se intercalam na ordem direta, quebrando a seqüência natural da frase, devem vir

isolados por vírgulas.Assim, separam-sea) o aposto intercalado:

Misha, símbolo das Olimpíadas, é um ursinho simpático. aposto

b) expressões de caráter explicativo ou corretivo:A sua atitude,

isto é, o seu comportamento na aula merece elogios.

expressão explicativa

c) conjunções coordenativas intercaladas:A sua atitude, no entanto, causou sérios

desentendimentos. conj. intercalada

d) adjuntos adverbiais intercalados:

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Os candidatos, naquele dia, receberam a imprensa. adj. adv.intercalado

OBSERVAÇÃO: Se o adjunto adverbial intercalado for de pequena extensão (um simples advérbio, por exemplo), não se usa a vírgula, uma vez que não houve quebra da seqüência lógica do enunciado.Ex.: Os candidatos sempre receberam a imprensa. advérbio

2 . marcar termos deslocadosNormalmente, quando um termo é deslocado de seu lugar original na frase, deve vir separado por

vírgula.Nesse sentido, separam-se:

a ) o adjunto adverbial antepostoNaquele dia, os candidatos receberam a imprensa. adj. adv.anteposto

OBSERVAÇÃO: Se o adjunto adverbial anteposto for um simples advérbio, a vírgula é dispensável.Ex.: Hoje os candidatos deverão receber os jornalistas credenciados. advérbio

b) o complemento pleonástico antecipado:Este assunto, já o li em algum lugar. compl. pleonático anteposto

c) o nome do lugar na indicação de datas: São Paulo, 28 de agosto de 1997. Roma, 14 de janeiro de 1998.

3. marcar a omissão de uma palavra (geralmente o verbo)Ela prefere cinema e eu, teatro.

1. marcar o vocativo

“Meus amigos, a ordem é a base do governo.”(Machado de Assis)vocativo

Pode-se, em vez de vírgula, marcar o vocativo com um ponto de exclamação a fim de dar ênfase.Ex.: “Deus, ó Deus! onde estás que não respondes?” (Castro Alves )

5. separar termos coordenados assindéticosAquela paisagem nos desperta confiança, tranqüilidade, calma.“Quaresma convalesce longamente, demoradamente, melancolicamente”. (Lima Barreto)

OBSERVAÇÃO: Se os termos coordenados estiverem ligados pelas conjunções e, ou, nem, não se usa a vírgula.Ex.: Aquela paisagem nos desperta confiança, tranqüilidade e calma. Pedro ou Paulo casará com Heloísa. Não necessitam de dinheiro nem de auxílio.Se essas conjunções vierem repetidas, para dar idéia de ênfase, usa-se a vírgula.Ex.: E os pais, e os amigos, e os vizinhos magoaram-no. Não caminhava por montanhas, ou florestas, ou cavernas..

Vírgula entre orações1. orações subordinadas adjetivas explicativas As orações subordinadas adjetivas explicativas sempre são separadas por vírgula.

O homem, que é um ser racional, vive pouco.o. p. or. sub. adj. explicativa o. p.

OBSERVAÇÃO: As orações subordinadas adjetivas restritivas normalmente não se separam por vírgulas. Podem terminar por vírgula (mas nunca começar por ela!):a) quando tiverem uma certa extensão: O homem que encontramos ontem à noite perto do lago, parecia aborrecido.b) quando os verbos e seguirem: O homem que fuma, vive pouco. Quem estuda, aprende.

2 . orações subordinadas adverbiaisOrações dessa modalidade (sobretudo quando estiverem antecipadas) separam-se por vírgula.

Quando o cantor entrou no palco, todos aplaudiram.

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or. sub. adverbial o. p.

3 . orações subordinadas substantivasOrações desse tipo (com exceção das apositivas) não se separam da principal por vírgula.

Espero que você me telefone. o. p. or. sub. substantiva

4 . orações coordenadasAs orações coordenadas (exceto as iniciadas pela conjunção aditiva e) separam-se por vírgula.

Duvido, logo penso. Penso, logo existo.or. coord. or. coord. or. coord. or. coord.

OBSERVAÇÃO: Pode-se usar vírgula antes da conjunção e quando:a) as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.Os ignorantes falavam demais, e os sábios se mantinham em silêncio.b) quando a conjunção e vier repetida enfaticamente (polissíndeto).E volta, e recomeça, e se esforça, e consegue.c) quando a conjunção e assumir outros valores (adversidade, conseqüência, etc.).Ele estudou muito, e não conseguiu passar.Esforçou-se muito, e conseguiu a aprovação.

5 . orações intercaladas São sempre separadas por vírgulas ou duplo travessão. Eu , disse o orador , não concordo. or. intercaladaPONTO-E-VÍRGULAO ponto-e-vírgula marca uma pausa mais longa que a vírgula, no entanto, menor que a do ponto. Justamente por ser um sinal intermediário entre a vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu emprego.

Entretanto, há algumas normas para sua utilização.Emprega-se o ponto-e-vírgula para:

1.Separar orações coordenadas que já venham quebradas no seu interior por vírgula.Os indignados réus mostravam suas razões para as autoridades de forma firme; alguns, no entanto, por receio de punições, escondiam detalhes aos policiais.Os indignados réus protestaram; os severos juízes, no entanto, não cederam.2. Separar orações coordenadas que se contrabalançam em forma expressiva (formando antítese, por exemplo).Muitos se esforçam; poucos conseguem. Uns trabalham, outros descansam.3. Separar orações coordenadas que tenham certa extensão.Os excelentes jogadores de futebol olímpico reclamaram com razão das constantes críticas do técnico; porém o teimoso ficou completamente indiferente aos constantes pedidos dos jogadores.4. Separar os diversos itens de um considerando ou de uma enumeração.Considerando:a ) a alta taxa de desemprego no país;b ) a excessiva inflação;c ) a recessão econômica;Art. 92. São órgãos do poder judiciário:I - o Supremo Tribunal Federal;II - o Supremo Tribunal de Justiça; ...... (CF)EMPREGO DO DOIS PONTOSOs dois pontos marcam uma sensível suspensão da melodia de uma frase para introduzir algo bastante importante. Nesse sentido, utilizam-se os dois-pontos para:a) dar início a fala ou citação textual de outrem.Já dizia o poeta: “A vida é a arte do encontro . . .” “A porta abriu-se, um brado ressoou:- Até que enfim, meu rapaz !” (Eça de Queirós - Os Maias)b) dar início a uma seqüência que explica, esclarece, identifica, desenvolve ou discrimina uma idéia anterior.

Descobri a grande razão da minha vida: você.Tivemos uma ótima idéia: abandonar a sala.

USO DO TRAVESSÃOO travessão simples (-) serve para indicar que alguém está falando de viva voz (discurso direto). Emprega-se,

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pois, o travessão para marcar a mudança de interlocutor nos diálogos.“ - De quem são as pernas?- Da Madalena, respondeu Gondim.- Quem?- Uma professora. Não conhece? Bonita.- Educada, atalhou João Nogueira. (Graciliano Ramos - São Bernardo)

Pode-se usar o duplo travessão ( - -) para substituir dupla vírgula, sobretudo quando se quer dar ênfase ou destaque ao termo intercalado.

Machado de Assis - grande romancista brasileiro - também escreveu contos.OBSERVAÇÃO: As orações intercaladas podem vir separadas por vírgulas ou duplo travessão.Eu, disse o eminente jurista, não aceito tal decisão.ouEu - disse o eminente jurista - não aceito tal decisão

Obs.: O grupo formado pelo verbo auxiliar mais o verbo principal é chamado de locução verbal.PONTO FINALO final de um período, ou seja, de uma frase inteira, poderá ser marcado por um destes sinais: ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências. Isso dependerá da intenção do autor ao produzir sua frase, isto é, se está simplesmente afirmando algo, ou fazendo uma pergunta, ou está surpreso, ou está em dúvida...O Ponto final é empregado:a) no final de uma afirmação. Veja:"Detesto guarda-chuva e sapato apertado."b) no final de algumas abreviaturas. Veja:Sr. ( senhor )pág. ( página )obs. ( observação )

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOSA capacidade comunicativa que permite ao usuário de uma língua compreender e produzir textos surge na infância mas pode, deve e tem de ser alargada ao longo da vida. Quem acha que tudo o que se pode aprender em leitura se esgota no Primeiro Grau pensa que ler é operação destinada apenas a decodificar signos lingüísticos e descobrir um sentido único para o texto.

No entanto, o leitor não só recebe sentidos do texto, como também lhe atribui sentidos: ele dialoga com o autor. E mais: para interpretar o texto e atribuir-lhe significado, lança mão de conhecimentos extra-lingüísticos: do mundo, do assunto em questão, de outros textos que contribuem para sua interpretação. Em suma, o leitor torna-se mais eficiente à medida que lê mais, de maneira cada vez mais ativa e inquisidora.

Assim, adote os seguintes passos para uma boa compreensão de textos:Leia o texto mais de uma vez, minuciosamente, para encontrar a resposta correta; Na terceira ou quarta leitura do texto, pode-se destacar as palavras e expressões-chave. É necessário limitar-se às informações contidas no texto. Tente compreender o texto, fragmentando-o em parágrafos ou mesmo, em períodos; fica mais fácil interpretar. Sempre restam duas alternativas consideradas possíveis. Nesse caso, é necessária uma nova leitura.

São variados os textos para interpretação.Basicamente, todos os textos oferecem cinco alternativas das quais somente uma nos interessa. Essa alternativa poderá referir-se:à significação de palavras;à identificação de uma idéia (entre várias) do texto;à idéia básica (síntese) do texto.

De acordo com Dubois, texto é a palavra que “designa um enunciado qualquer falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo”.

O texto constitui uma unidade dupla: temática (o mesmo assunto) e estrutural (organização das partes, isto é, as partes aparecem seqüenciadas e interligadas).

A finalidade de um texto é a transmissão de uma mensagem, uma vez que ambas as unidades - a temática e a estrutura - formam um todo significativo apto a introduzir interação comunicatória.

Um texto gira em torno de um assunto. Sobre esse assunto, há uma idéia principal e uma ou algumas idéias secundárias, ao interpretar o texto, é preciso que o raciocínio trabalhe sobre essa idéia ou idéias secundárias. É necessário

que todo o raciocínio empregado na interpretação do texto baseie-se unicamente no texto.RELAÇÕES ENTRE IDÉIAS

A interpretação de um texto, para ser bem feita, pressupõe o reconhecimento dos elementos que o compõem.

Quando o texto possui uma natureza técnica e dissertativa, sua intenção é colocar ou comprovar uma idéia - ao contrário de um texto literário, que procura provocar sentimentos, enredos.

Num concurso, o texto pode servir a dois objetivos distintos: para a interpretação de texto através de respostas ou como proposta para a redação.

Quando se tratar de responder as questões interpretativas, há alguns elementos que são comuns aos textos e se apresentam, normalmente da seguinte forma:a) a idéia básica do texto:

O que o autor pretende provar com este texto?Se você interpretar corretamente, a resposta

será a idéia básica. Ela pode estar claramente estampada na frase-chave (se for um texto dissertativo), ou, então pode ser depreendida através da leitura de todo o texto.b) os argumentos:

O autor usa a argumentação com o objetivo de reforçar a idéia básica.

Os argumentos apresentam-se como afirmações secundárias, idéias e afirmações que o autor usa para convencer o leitor quanto a validade de sua tese.

Muitas vezes, o autor também usa a exemplificação e as citações de outros autores como recurso argumentativo.c) as objeções:

Normalmente, o autor já conhece a contra-argumentação e apresenta-a para então rebatê-la. É como se o autor estivesse tentando adivinhar as objeções que o leitor possa fazer quanto a validade de seu pensamento. Através desse recurso, o escritor pode tornar mais consistente e convincente a argumentação.

Além disso, a melhor forma de realizar um bom trabalho de interpretação é seguir estas etapas:

1 - Leitura atenta do texto, procurando focalizar o seu núcleo, a sua idéia central.

2 - Reconhecimento dos argumentos que dão sustentação à idéia básica.

3 - Levantamento das possíveis objeções à idéia básica.

4 - Levantamento das possíveis exemplificações usadas para reforçar a idéia

O texto é uma apreensão da

realidade.

Interpretar é o modo de ler, usufruindo o

texto naquilo que ele tem de significativo.

Para chegar à apreensão de tudo o que o texto oferece,

há, naturalmente, um caminho a seguir. Justamente esse trajeto é o grande

problema do aluno.

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central.

A partir desse esquema, torna-se mais fácil distinguir o essencial (a idéia básica) do secundário (justificativas e exemplificações).

RECURSOS DE COESÃOEsses termos referem-se à trama e ao

encadeamento semânticos, respectivamente, de um texto. Para definirmos de maneira mais específica, podemos dizer que a coesão é uma forma de recuperar, em uma sentença B, um termo presente na sentença A.

Vejamos um exemplo:“Pegue algumas peras. Coloque-as sobre a

mesa.”Nesse caso, o elemento responsável pela

coesão textual, ou seja, pela ligação existente entre as duas orações é o pronome as, porque ele recupera, semanticamente, na segunda sentença, o termo algumas peras.

Quando se trata de coesão e textualidade, o mais comum, no que se refere a um texto, é o uso de mesmo e referido, para a coesão. Ex.:

Pegue algumas peras. Coloque as mesmas sobre a mesa.

João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na referida cidade, o mesmo disse que a Igreja continua a favor do celibato.

O uso das palavras mencionadas acima, todavia, é um procedimento desagradável, que pode e deve ser evitado, pois a língua dispõe de muitos outros recursos para constituir a textualidade. Mesmo, referido, ou expressões semelhantes são recursos que evidenciam a pobreza vocabular do autor, além de afetar a qualidade do texto. Ex.:

João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, ele disse que a Igreja continua a favor do celibato.

Essa coesão pode ser feita através de sinônimos. Ex.: João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na capital da Polônia, o Papa disse que a Igreja ...

Uma outra maneira de obter coesão é através do uso da metonímia (empregar uma parte para significar um todo). Ex.:

O presidente Reagan (1) deverá reunir-se ainda nesta semana com o premier Gorbatchev (2). Fontes bem-informadas acreditam, entretanto, que não será ainda desta vez que Moscou (2) cederá as pressões da casa Branca (1).

(1) Representam o governo americano.(2) Representam o governo soviético.Em se tratando de Brasil, podemos dizer, o

Planalto ainda não decidiu sobre as novas medidas econômicas ou Brasília é contra o acordo.

Observe um último exemplo em três versões:“As revendedoras de automóveis não estão

mais equipando os automóveis para vender os automóveis mais caros. O cliente vai lá com pouco

dinheiro e, se tiver que pagar mais caro o automóvel, desiste de comprar o automóvel e as revendedoras de automóveis tem prejuízo.”Através de sinônimos, podemos obter o seguinte texto:

“As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os carros para vendê-los mais caro. O cliente vai lá com pouco dinheiro e, se tiver que pagar mais caro o produto, desiste e as agências têm prejuízo.”Usando o recurso da elipse, obtemos outra versão:

“As revendedoras de automóveis não estão mais equipando-os para vendê-los mais caro. O cliente vai lá com pouco dinheiro e, se tiver que pagar mais, desiste e as revendedoras têm prejuízo.”

Como vimos anteriormente, a coesão é um processo que cuida da articulação semântica entre as sentenças de um texto. Há ainda, um outro mecanismo que cuida da ligação sintática das sentenças: é a articulação sintática, e pode ser de:

OPOSIÇÃO - quando se faz por meio de dois processos:

a coordenação adversativa; a subordinação concessiva.

- empregando os seguintes articuladores (conjunções):

- mas, porém, contudo, todavia, entretanto,

- embora, ainda que, apesar de, conquanto,

Vejamos alguns casos: Ex.: A polícia conseguiu prender os ladrões,

mas as jóias ainda não foram recuperadas. no lugar de mas poderíamos usar qualquer

um outro articulador da coordenação adversativa, em outras posições.

Ex.: A polícia conseguiu prender os ladrões; as jóias, entretanto, ainda não foram recuperadas.

... as jóias ainda não foram, entretanto, recuperadas.

... entretanto, as jóias ainda não foram recuperadas.

Utilizando articuladores de subordinação concessiva podemos conseguir um bom efeito.

Ex.: Embora a polícia tenha conseguido prender todos os ladrões, as jóias ainda não foram recuperadas.

Apesar de a polícia ter conseguido prender todos os ladrões, as jóias ainda não foram recuperadas.

Observe o seguinte: quando empregamos conjunções concessivas, o verbo da oração subordinada está no modo subjuntivo, o que não ocorre no uso de locuções prepositivas (apesar de, a despeito de, não obstante), pois, nesse caso, o

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Coesão é um processo que cuida da articulação semântica entre as sentenças de um texto.

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verbo vai para o infinitivo.Quando empregar uma ou outra?A coordenação adversativa, quando

empregada, faz um encaminhamento argumentativo contrário ao da oração anterior frustrando a expectativa do destinatário.

Imaginemos uma situação em que determinada pessoa tenha solicitado um empréstimo bancário e, voltando ao banco para saber sobre a aprovação do cadastro obtém a seguinte resposta:

- Fizemos um grande esforço para conceder-lhe este empréstimo.

Até esse momento da frase ele não sabe se conseguiu ou não o empréstimo; a conclusão poderá ser ou não favorável.

. . . portanto, você poderá levar, ainda hoje, o dinheiro.

ou. . . mas você não poderá levar o dinheiro por

motivos alheios a nossa vontade.Utilizando um articulador subordinativo

concessivo:Ex.: Embora tenhamos feito um grande

esforço para conceder-lhe o empréstimo, você não poderá levar o dinheiro por motivos alheios a nossa vontade.CAUSA - principais articuladores sintáticos de causa:* Conjunções e locuções conjuntivas (o verbo e conjugado normalmente): porque, pois, como, por isso que, já que . . .* Preposições e Locuções Prepositivas (verbo assume a forma de infinitivo): por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em conseqüência de, . . .Ex.: Não fui visitá-lo, porque estava com pressa de voltar.Não fui visitá-lo, em virtude de estar com pressa de voltar.

ouEm virtude de estar com pressa de voltar, não fui visitá-lo.CONDIÇÃO - o principal articulador de condição é o se; leva o verbo para o futuro do subjuntivo ou para o presente do indicativo com valor de futuro. Ex.: Se você enviar hoje, poderei receber amanhã.Se você enviar hoje, posso receber amanhã.

Outros articuladores de condição: caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. Ex.: Caso você envie hoje, poderei receber amanhã. (pres. Subj.)A menos que você preste atenção, vai errar.(Observe que o advérbio não é desnecessário.)FIM - a forma mais comum de manifestar finalidade é utilizando preposição para. HÁ, ainda: a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o intuito de, etc. Ex.:

Os preços precisam subir, para que haja uma recuperação dos custos.

Os preços precisam subir, para haver uma recuperação dos custos.

Jorge promoveu Jonas, com o objetivo de angariar mais votos.

CONCLUSÃO - Logo, portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), de modo que, .... Ex.:

Ele vendeu a moto, logo só poderá viajar de ônibus.

Aníbal comprou um carro, poderá, pois, viajar mais cedo.

Aníbal comprou um jatinho, de modo que poderá visitá-lo com maior freqüência.

Há, ainda, uma forma de articulação que usa simplesmente o verbo gerúndio sob forma de orações reduzidas. Ex.:

Estando com pressa de voltar, não fui visitá-la. (causa)

Enviando hoje, poderei receber amanhã. (condição)

Jorge promoveu Carlos, objetivando angariar mais votos. (fim)

VEJA A QUESTÃO COMENTADA: Leia o trecho abaixo.

O berço de Mílton Dias é Ipu. Ele nasceu na pequena rua da Goela do seu torrão natal. O município tem 403 km2 e fica a 391 km de Fortaleza. A cidade da bica em que Iracema, de Alencar, se banhava está na região norte do Estado e seu padroeiro é São Sebastião. A bica do Ipu é uma queda d’água que surge por entre o Despenhadeiro da Morte e desprende-se de uma altura de 180m, formando um “Véu de Noiva” que encanta a todos os visitantes da pequena localidade do Ceará.

As expressões que retomam, no texto, a expressão “o berço” são:

A) Ipu – município – região norte – “Véu de Noiva” – pequena localidade do Ceará.

B) torrão natal – município – bica do Ipu – Despenhadeiro da Morte – “Véu de Noiva”.

C) Ipu – torrão natal – município – cidade da bica – pequena localidade do Ceará.

D) pequena rua – torrão natal – município – bica do Ipu – “Véu de Noiva”.

E) Ipu – torrão natal – município – região norte – pequena localidade do Ceará.

Comentário - A questão trata de leitura, precisamente coesão referencial. O candidato deve ser capaz de identificar as expressões que se referem a "o berço". Está correta a opção C. O berço é retomado no texto pelas expressões "Ipu", "torrão natal ,

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"município", "cidade da bica" e "pequena localidade do Ceará". "Região Norte", nas opções A e E, não retoma "berço", porque o segundo está localizado no primeiro, mas não o substitui. Do mesmo modo, "Véu de Noiva", nas opções A, B e D, retoma o termo "bica do Ipu"e não, "berço". "Despenhadeiro da Morte", na opção B, também não retoma "berço", refere-se ao local onde fica a bica do Ipu. Finalmente, "pequena rua", na opção D, refere-se a uma rua da cidade onde o escritor nasceu e não à cidade onde nasceu.

PONTO DE VISTA DO AUTORAo fazer uma interpretação de texto, é preciso

ter muito cuidado para não se envolver emocionalmente; mantenha um distanciamento crítico e objetivo em relação a mensagem.

Ainda que você não concorde com o posicionamento do autor, não é o momento para discordar. Procure ater-se a informação apresentada, sem se deixar perturbar por outras idéias. As respostas às questões interpretativas exigem imparcialidade do leitor.

É preciso sempre considerar o significado da palavra dentro do texto e não o seu conteúdo individual.

Como deve ser de seu conhecimento, uma mesma palavra pode ter muitos significados. Veja o caso de palavras como MANGA, PENA, etc.

Assim como elas, outras palavras também têm seu significado determinado conforme o objetivo do autor ou o “espírito” do texto.

Uma palavra sempre deve ser analisada em função de sua posição dentro do texto. O mesmo pode ser dito em relação as expressões.

Num sentido mais amplo, interpretar um texto significa todo e qualquer trabalho que tenha motivação a partir do próprio texto, objetivando a compreensão do conjunto, das relações e das estruturas.

Ora, sabe-se que a verdadeira aprendizagem é realmente válida na medida em que se atinja, de modo permanente, a constituição de estruturas mentais. Embora a forma adotada pelos órgãos responsáveis na elaboração de provas (concursos, ...) possa merecer reparos, posto que as questões formuladas a partir de textos já vêm “mastigadas”, impedindo muitas vezes que o estudante reelabore o que leu, ainda assim, esse tipo de avaliação propicia de modo positivo o exercício da inteligência, da relação, da empatia, pois o texto é, ao mesmo tempo, representação e interpretação de uma realidade.

No entanto, o que ocorre com a interpretação de um texto nada mais é do que a reprodução de experiências que, diariamente, vivenciamos. Qualquer pessoa, de modo natural, é capaz, quando solicitada, de manifestar-se positivamente em face de uma situação. Todavia, se essa mesma colocação for feita por meio de um texto, fatalmente haverá uma reação e a coisa em si, de simples, passará a ser

encarada como difícil.

De modo geral, um texto é constituído por mais de uma frase. Há, em cada frase pequena ou grande - certa dose de informação. Como sabemos, as frases estão interligadas e, de tal maneira interligadas que um conteúdo informativo já apresentado numa frase cria condições para estruturar o conteúdo informativo que estará contido na frase seguinte, desde que haja um relacionamento entre as duas frases. Também a informação existente numa frase pode apontar para uma informação já conhecida ou a conhecer. No primeiro caso, estamos diante de uma anáfora, no segundo caso, diante de uma catáfora. Obtida uma informação, denomina-se informação contextual ou, como preferem alguns, co-texto aquela informação que vem antes da informação obtida, ou que vem depois da informação obtida, ou que vem antes e depois da informação obtida.

Intencionalidades são as intenções existentes na linguagem, estejam elas implícitas ou explícitas. Para falarmos e sermos compreendidos, para interagirmos com outras pessoas por meio de palavras, precisamos ter domínio de um tipo particular de código - a língua. No nosso caso, falamos a língua portuguesa.

Para falar uma língua não basta conhecer seu vocabulário; é necessário também ter domínio de suas leis combinatórias. Vejamos porque. Não podemos, por exemplo, conhecer o sentido de cada uma das palavras desta frase:

- Bem vai olá como tudo?Mas ela nada significa para nós porque nela

não foram respeitadas as leis de combinação das palavras. Observe como muda o sentido da frase, se combinarmos as mesmas palavras desta forma:

- Olá, como vai, tudo bem?Assim, concluímos que: a língua é um tipo

de código formado por palavras e leis combinatórias por maio do qual as pessoas se comunicam e interagem.

Quando não há a comunicação de forma plena o leitor (no caso da escrita), ou o ouvinte (no caso da fala) não entendeu as intenções do autor. Para haver a comunicação, além de se conhecer o vocabulário e as leis combinatórias, necessitamos perceber a situação em que se dá a comunicação, isto é, ter consciência do contexto.

Contexto, então é, a situação de comunicação em que se dá a produção da linguagem, isto é, o conjunto de elementos que atuam quando falamos, tais como: quem fala, o que fala, com quem fala, quando, onde e como fala e, finalmente, com que intenção fala.

Para interpretar um texto, precisamos ser capazes não apenas de entender o que se lê, mas também de perceber a intenção do que está

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escrito, notando o que está implícito no texto.

VEJA AS QUESTÕES A SEGUIR, DE CONCURSOS REALIZADOS:

QUESTÃO 1. Quando o entrevistado foi questionado a respeito das dificuldades do trabalhador nessa adaptação aos novos tempos, a resposta, registrada em um parágrafo, contemplou os seguintes aspectos, aqui apresentados em tópicos.I - Um exemplo? Muitos operários não

compreendem como uma série de comandos num teclado, exibida somente na tela de um micro, pode resultar em mudanças numa máquina industrial que não está diante deles.

II - O pensamento do trabalhador comum é analógico. Ele tem dificuldade para exercitar a realidade digital do computador.

III - É preciso reeducá-los. Não se trata de treinar o homem apenas para mexer nos equipamentos automaticamente, como se fosse um robô.

IV - Ensinar computação, especialmente para os operários, é ensinar a mexer na máquina, mas sobretudo a entender o que ela pode fazer.

V - Não se trata de transformá-lo numa peça da engrenagem na linha de montagem. Não basta saber operar uma máquina sem compreender o que está se fazendo.

Aplicando os conhecimentos de tipologia textual à habilidade de compreensão detalhada de uma resposta, em função da pergunta formulada, julgue os seguintes itens.1. A ordem acima é apropriada para que os

tópicos formem um único parágrafo coerente.2. Os tópicos I, III e IV, nesta seqüência, são

inter-relacionados e fazem parte do desenvolvimento da resposta.

3. Pela estrutura interna do tópico II, é correta a sua colocação no início da resposta à pergunta formulada.

4. Os tópicos III e V apresentam grande coesão interna, o que favorece a colocação deles, nesta seqüência, dentro do desenvolvimento da resposta.

5. A organização interna do tópico IV, com o emprego do vocábulo “sobretudo”, torna correto o seu uso como fechamento da resposta, por dar reforço às idéias apresentadas.

QUESTÃO 2. Leia os períodos seguintes – adaptados de SUN Network, ano 5, fev./98, p. 14 –, identificados por letras, mas dispostos desordenadamente, para responder a questão.

Erro! Indicador não definido.A– Teve continuidade, ainda, a implantação de caixas eletrônicos, de dispensadores de talões de cheques e de terminais de extrato, essenciais à melhoria das condições de atendimento das agências

bancárias.B Itaú, Banespa, Unibanco e Bradesco

saíram na frente, e o país chegou a deter a incrível cifra de 20% das transações bancárias efetuadas através da Internet, em março de 1997.

C Operações como saque, transferência, depósito e obtenção de extrato via Internet são hoje uma realidade tanto para os usuários, que abandonaram as filas, quanto para os bancos, que passaram a usufruir de uma tecnologia confiável, de custo até dez vezes inferior aos serviços manuais oferecidos em agências.

D Do ponto de vista tecnológico, o grande destaque do setor financeiro no Brasil foi o crescimento dos serviços e dos investimentos com base em Internet Banking.

E Depois do processo de liquidações, fusões e aquisições, os bancos passam agora para a fase de incorporação dos ativos e de unificação das estruturas de negócios.

F Uma análise do desempenho dos bancos e instituições financeiras brasileiros ao longo de 1997 mostra que, na média, eles continuam saudáveis e rentáveis.

Aplicando os conhecimentos de tipologia textual, considere as idéias apresentadas nos períodos anteriores com vistas à constituição de um único parágrafo coerente e julgue os itens a seguir.1 A presença da palavra “ainda” é um indício de

que o período A não deve constar da abertura do parágrafo.

2 Os períodos C e E expandem idéias apresentadas em outros períodos.

3 As idéias do período D ampliam e exemplificam as idéias contidas no período B.

4 O período F, pela presença de circunstância temporal definida, deve situar-se no meio ou no fim do parágrafo.

5 O período C deve ser colocado obrigatoriamente antes do período B, pois só assim constituem uma seqüência coerente de idéias.

RESPOSTA:QUESTÃO 1: 1. E 2. E 3. C 4.

C 5. CQUESTÃO 2: 1. C 2. C 3. E 4.

E 5. EVejamos, a seguir um exemplo prático:

O DISCURSO“Vivemos mais uma grave crise, repetitiva

dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustração cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem

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resvalar para o pessimismo, crítica, pungente ou a auto-absolvição?

E da história do mundo que as elites nunca introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam a motivação para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir.

Faço sempre, para meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e melhores empresas, e chego a um número menor do que o faturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos irrelevantes como potência econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos como população.”(“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de S. Paulo, 11/9/91)01) Segundo se depreende do texto, é possível afirmar que:a) toda mudança social provém do esforço conjunto

das elites do país.b) nenhum povo é capaz de alterar suas estruturas

sem o apoio das elites.c) as elites empresariais, produzindo riquezas,

aceleram as mudanças sociais.d) em qualquer tempo, as elites sempre se dispõem

a participar do processo de distribuição de renda.e) não é próprio das elites lançar projetos que

estimulem mudanças na sociedade como um todo.

02) Segundo o espírito do texto, pode-se dizer também que, no Brasil, só não há melhor distribuição de renda:a) por falta de uma política econômica melhor

dirigida.b) porque não é do interesse das elites, nem têm elas

possibilidade de favorecer essa distribuição.c) porque as elites estão sempre com um pé atrás,

desconfiadas do poder público.d) porque os recursos acumulados, embora

suficientes, são manipulados pelas elites.e) porque, se assim fosse feito, as elites reagiriam ao

processo de seu empobrecimento.

03) O texto permite afirmar que:a) potência mundial de peso, o Brasil está entre as

maiores economias do primeiro mundo.b) economicamente, o Brasil não tem relevo como

potência de primeira ordem.c) as dificuldades do Brasil são conjunturais e se

devem especialmente as pressões internacionais.d) as indústrias de ponta no Brasil estão entre as que

têm mais alto faturamento universal.e) só o idealismo do empresariado brasileiro pode

reerguer nosso potencial econômico.04) O ciclo de crises vivido pelo Brasil, segundo o texto, constitui:a) um componente instigante para vencer nossas

dificuldades, fator conhecido e repetitivo, desimportante de nossa história.

b) fator conhecido e repetitivo, desimportante de nossa história.

c) algo que não passa de invenção de pessimistas desocupados.

d) recurso eficaz para chamar a atenção para a nossa realidade.

e) outra forma de desgaste e de consumo de nossas energias.

COMENTÁRIOS:01 ) Resposta: E.

Na frase que introduz o 2º parágrafo do texto está a resposta: “as elites nunca introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo".

As expressões “lançar projetos que estimulem mudanças” e “introduzir mudanças” são formas diferenciadas, usadas para expor as mesmas idéias.02 ) Resposta: B.

O objetivo do texto é convencer ao leitor de que as elites são responsáveis pela situação de empobrecimento e de falta de um projeto social que propulsione o crescimento global. Expressões como “estaríamos nos enganando se achássemos que essas lideranças empresariais (...) teriam motivação para fazer a distribuição (...) que uma nação equilibrada precisa ter”, fortalecem a idéia de que as elites não têm interesse em promover nenhuma espécie de distribuição.03 ) Resposta: B.

Em termos mundiais, somos irrelevantes (sem relevo, sem destaque) em determinado setor.04 ) Resposta: E.

“Vivemos mais uma grande crise, repetitiva.” As freqüentes crises que afligem o nosso país acabam por desgastar e desviar as energias de uma nação que poderia ser extremamente produtiva.

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