direito processual penal - 07ª aula - 31.10.2008

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Page 1: Direito Processual Penal - 07ª Aula - 31.10.2008

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Assuntos tratados 1ª Horário � Prisão temporária: Conceito; Cabimento; Procedimento

� Prisão Decorrente de pronúncia � Prisão Decorrente de Sentença Condenatória recorrível � Prisão Administrativa � Procedimento Comum Ordinário: Considerações; Seqüencialização 2º Horário � Procedimento Comum Ordinário (continuação)

1º HORÁRIO

PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei 7960/89) Conceito É a prisão cautelar cabível, exclusivamente, na fase do inquérito policial declarada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação da autoridade policial, com prazo pré-estabelecido de duração uma vez presente os requisitos do art. 1º da lei 7.960/89. Diferenças entre:

Prisão temporária Prisão Preventiva Prisão cautelar.

Prisão cautelar.

Tem cabimento apenas na fase do inquérito. Tem cabimento em qualquer fase Prazo pré-estabelecido.

Não tem prazo (enquanto presentes os requisitos dos art.312 e 313).

Juiz não pode decretar de ofício.

Juiz pode decretar de oficio.

São legitimados a provocar o judiciário apenas MP e a autoridade policial

São legitimados a provocar o judiciário, o MP, a autoridade policial e o querelante

Como a prisão temporária é uma medida cautelar para sua decretação é necessário a demonstração do Fumus Comissi Delecti e do periculum Libertatis. Cabimento As hipóteses de cabimento estão positivadas no art. 1º da lei 7.960/89, esse dispositivo é a base, o cerne para decretação. - Inciso I: imprescindível (idéia de ser fundamental) as investigações policiais. Demonstra o

Periculum libertatis.

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- Inciso II: a pessoa não possui residência fixa ou se não existir elementos que possa identificar civilmente. Demonstra o Periculum libertatis.

- Inciso III: indícios de autoria ou de participação na prática de um dos crimes graves listados neste inciso. Demonstra o Fumus comissi Delicti.

Obs. Além das infrações disciplinadas no art. 1º, inciso III da lei 7.960/89 todos os crimes hediondos por interpretação do art. 2º da lei 8.072/90, também admitem prisão temporária. Outras leis especiais podem disciplinar admissibilidade da prisão temporária. A lei de organização criminal não disciplina a prisão temporária, então não é o simples fato de tratar de organização criminal que leva a possibilidade de decretação de prisão temporária. Conjugação dos incisos para decretação da prisão temporária - Posição adotada pelos concursos: é necessária a presença obrigatória do inciso III combinado

com inciso I ou II ou combinado com ambos. - Segunda posição (Mirabete): para decretação da prisão temporária basta a presença de um

dos incisos (I ou II ou III). - Terceira posição (jurisprudencial – já superada): para decretação precisaria da presença dos

três incisos (I + II +III). - Quarta posição (Luiz Flávio Gomes): precisa da presença de dois incisos, do III e do I, o inciso

II pode estar presente ou não. - Quinta posição (Elmir Dulcrec): a prisão temporária sofre de inconstitucionalidade formal, de

sorte que na fase do inquérito, fora o flagrante, só deve ser admitida a prisão preventiva. Procedimento Começa com o requerimento do MP ou da autoridade endereçada ao Juiz, que tem 24 horas para decretá-la, e nesse tempo deve ser ouvido o MP (quando o requerimento for da autoridade policial). Obs. O prazo para prisão preventiva nos crimes comuns é de cinco dias prorrogáveis por uma única vez por mais cinco dias. Nos crimes hediondos o prazo é de trinta dias prorrogáveis por mais 30 dias. O prazo da temporária passa a ser o termômetro do inquérito policial, sendo que uma vez encerrado, o prazo a medida estará automaticamente revogada, sendo desnecessária a expedição de alvará de soltura. Cabe ao juiz fiscalizar o andamento da prisão podendo determinar que o preso lhe seja apresentado e submetê-lo a exame de corpo delito, ou, ainda, requisitar informações à autoridade policial. O preso temporário deverá ficar separado dos presos definitivos, para que não haja contaminação; para os demais presos cautelares, eles podem ficar separados dos presos definidos conforme a sistemática do CP e da LEP. O mandado de prisão temporária é feito em duas vias, sendo uma entregue ao preso e funcionará como nota de culpa. Prisão decorrente de pronúncia e prisão decorrente de sentença condenatória recorrível (revogadas pela reforma)

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Essas prisões eram fundamentadas nos maus antecedentes ou na reincidência a luz da antiga redação do art. 408 e 594 do CPP. O fundamento destas prisões encontra-se revogado pela reforma, cabendo ao juiz, nas respectivas fases procedimentais, adotar as seguintes posturas: - Se o réu está preso, na pronúncia ou na sentença, o juiz deve dizer motivadamente porque o

réu vai continuar preso. Cabe ao juiz, ainda, indicar qual o fundamento da não admissibilidade de liberdade provisória.

- Se o réu está solto, para que o juiz decrete a prisão, devem estar presentes os requisitos de admissibilidade da preventiva (art. 312 do CPP).

Prisão Administrativa A prisão administrativa, historicamente, idealizada pelo art. 319 do CPP permitia que autoridade do executivo decretasse prisão, o que atualmente é incompatível com a Constituição. Contudo, eventualmente, o fundamento prisional pode ser administrativo, sendo que a gestão da prisão cabe ao judiciário.

2º HORÁRIO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO Considerações Antes, a reforma, a forma de selecionar o procedimento historicamente, era pela qualidade da pena. O Procedimento Comum, antes da reforma, era: - Ordinário: era reservado aos crimes apenados com reclusão; - Sumário: era reservado aos crimes apenados com detenção; - Sumaríssimo: às infrações de menor potencial ofensivo. Com a reforma, a maneira de selecionar o procedimento não se destinava a qualidade, mas a quantidade da pena. - Ordinário: pena maior ou igual a quatro anos; - Sumário: pena menor do que quatro anos; - Sumaríssimo: pena menor ou igual a dois anos (infrações de menor potencial ofensivo) e

contravenções comuns. Entretanto, há crimes de menor potencial ofensivo que não preenchem os requisitos para o procedimento sumaríssimo, então vai seguir de acordo com o sumário (porque esse estabelece pena menor do que quatro anos).

Seqüencialização Peça Inicial acusatória → juiz (recebe ou não) → recebe a denúncia → citação do réu → defesa preliminar→ juiz pode decretar absolvição sumária. Peça Inicial Acusatória O procedimento começa com: - Denúncia;

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- Queixa-crime; - Ou as duas (Denúncia e queixa-crime): é o caso de ação penal adesiva. Quando crime de

ação penal privada for conexo com crime de ação penal pública. Então, existirá um litisconsórcio ativo entre querelante e o MP.

Seqüencialização (continuação) Peça inicial acusatória: juiz que recebe ou rejeita a peça inicial. - Juiz rejeita a inicial acusatória (juízo negativo de admissibilidade): o fundamento da rejeição da

peça inicial acusatória, historicamente, foi construído pelo art. 43 do CPP que foi revogado pela reforma.

Agora, a matéria sobre a rejeição é tratada no art. 395 do CPP que disciplina outras hipóteses, absolutamente, distintas das anteriores que são:

Inciso I – Inépcia: a lei não trouxe no contexto o significado de inépcia, que será estratificado pelo entendimento do SFF. Já tinha antes da reforma de inépcia. Inépcia é um defeito formal grave, notadamente, na narração fática (fatos narrados contraditórios, incompletos). Inciso II: Condição da ação e pressupostos processuais (esse, agora, de forma expressa). Inciso III: Justa causa (condição da ação): foi colocada para não negar óbvio. Traduz-se pela necessidade de lastro probatório mínimo ao exercício da ação.

- Juiz recebe a peça inicial acusatória (juízo positivo de admissibilidade): o STF, analisando o recebimento da denúncia ou da queixa, faz as seguintes conclusões:

– É ato que dá inicio ao processo (só existe o processo depois do recebimento da peça inicial acusatória); – Suspeito passa a ser réu; – Interrompe o prazo prescricional; – Fixa a prevenção.

Natureza jurídica do recebimento da denúncia Segundo o STF, o recebimento da denúncia não é decisão, portanto, não precisa ser motivado. Contudo, tem força decisória pelos efeitos processuais que lhe são inerentes. Trata-se de despacho. A reforma não se manifestou, portanto, prevalece o entendimento do STF que o recebimento da denúncia ou da queixa não precisa ser motivado. Segundo o STF, no Brasil admite-se recebimento implícito da Denúncia, ou seja, o recebimento sem motivação, que se limita a dar o “cite-se” para os próximos passos do procedimento. O Recebimento da Denúncia – implica imediatamente na determinação da Citação do Réu Obs. Haverá a integralização da relação jurídica processual com a efetividade da citação. O processo já foi deflagrado com o recebimento da denúncia segundo o entendimento do STF. Obs. Modalidades de citação:

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- Pessoal também chamado de real: o réu é citado por oficial através de mandado e lhe é

entregue a contrafé; - Edital: o réu não foi encontrado (não está de má-fé); - Por hora Certa (veio com a reforma de 2008): o réu está se escondendo para não ser citado

(está de má-fé, dolo). O procedimento será modulado, diferentemente, dependendo da modalidade de citação. As conseqüências da modalidade citatória são importantíssimas para evolução do procedimento a depender de que cada uma delas trará uma situação distinta no curso do processo. Obs. Peculiaridades da Citação (veio com a reforma de 2006) Réu preso - Antes da reforma a citação era feita por intermédio do Diretor do estabelecimento prisional; - Depois da reforma de 2006: será citado pessoalmente e não por intermédio do Diretor do

estabelecimento prisional. Funcionário público será citado pessoalmente, mas seu superior será intimado como forma de integralizar o ato. O militar será citado por intermédio de seu superior hierárquico. Réu que se encontra no estrangeiro: - Lugar sabido: citado por carta rogatória (citação pessoal); - Lugar não sabido: citação por edital publicado no Brasil. Historicamente, a citação era uma convocação para comparecer ao interrogatório, a reforma aproximou o procedimento penal ao civil. Agora, o réu é citado para se defender por escrito. Citação: Defesa preliminar Escrita Conceito: é a manifestação defensiva que trará em si todos os argumentos fáticos e jurídicos a favor do réu na expectativa da obtenção do julgamento antecipado da lide. - Prazo da defesa preliminar é de 10 dias contados da citação. - Deve-se indicar o rol de testemunhas (nº de oito no procedimento ordinário) sob pena de

preclusão. - A defesa preliminar exige capacidade postulatória (advogado ou defensor público), sendo

obrigatória. As conseqüências da não apresentação da defesa preliminar serão variáveis a depender do tipo de citação: - Citação pessoal: o juiz declara a revelia e nomeia advogado “ad hoc” e devolve para esse o

prazo de 10 dias para apresentar a defesa preliminar; - Citação por hora certa: o juiz nomeará advogado e processo tramitará à revelia;

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- Edital: Por interpretação do art. 366 o juiz deve suspender o processo e o prazo prescricional pelo tempo abstratamente fixado para o crime (art. 109 do CP), superado esse prazo e estando o réu foragido. O processo que estava suspenso continua suspenso, mas o prazo prescricional volta a correr normalmente.

Ex. Homicídio prescreve em 20 anos. Fica suspensa a prescrição por esse tempo, depois volta a correr. Defesa preliminar: juiz pode absolver sumariamente o réu - Conceito: é a possibilidade do julgamento antecipado da lide pela existência de um juízo de

certeza de alguma excludente que milite em favor do réu. Absolvição sumaria faz coisa julgada material.

- Fundamento: tem que existir juízo de certeza, a dúvida em favor do réu não autoriza

absolvição sumaria. Certeza de uma excludente de tipicidade, de excludente de ilicitude, de excludente de culpabilidade (aqui não cabe a excludente de inimputabilidade). E de uma causa de extinção da punibilidade (art. 107 do CP). A inimputabilidade foi excluída por ter como conseqüência a aplicação de medida de segurança, o que não milita em favor do réu. Obs. Sistema Recursal Se o juiz julga procedente a absolutória sumária, essa decisão é aplicável apelação, salvo quando se trate de causa extinta de punibilidade quando recurso cabível será o R.S.E (art. 581, VIII do CPP). Por sua vez, se o juiz nega absolvição sumária não cabe recurso e sim Habeas Corpus para trancar o processo, salvo em se tratando de causa extintiva da punibilidade, quando caberá R.S.E.