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Direito penal crimes contra a administração da justiça

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Direito penal crimes contra a administração da

justiça

• REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO (artigo 338, CP) • 1. Conceito e Objetividade Jurídica: • Nos termos do artigo 338 do CP, constitui crime “reingressar

no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso”.• O legislador protege o prestígio, a autoridade e a eficácia do

ato de expulsão. • 2. Sujeitos do Delito: • Sujeito ativo só pode ser o estrangeiro, admitindo-se a

participação de 3º, nacional ou não, ainda que não expulso. O conceito de estrangeiro é extraído por exceção do que dispõe o art. 12, CR/88.

• Sujeito passivo é o Estado.

• 3. Qualificação Doutrinária:• É crime de competência da justiça federal (art. 109, X,

CR/88). É crime próprio (Greco) e de mão-própria(Bitencourt), pois somente o estrangeiro expulso podecometer tal crime.

• É considerado pela doutrina como crime de mera conduta(Pierangeli), formal (Nucci) ou material (Bitencourt).

• Cuida-se também de crime instantâneo, que pode terefeitos permanentes.

• É crime comissivo, mas admite-se a modalidade omissivaimprópria, na forma do art. 13, §2º, CP.

• 4. Elementos Objetivos do Tipo:• A conduta consiste em o estrangeiro, expulso de nosso território,

nele penetrar. Reingressar significa voltar, entrar de novo. O tipopressupõe que o estrangeiro tenha sido expulso legalmente, nostermos dos arts. 65 a 75 do Estatuto dos Estrangeiros (Lei n.6815/80).

• Cuida-se de o estrangeiro reingressar em nosso território jurídico,alcançado pela nossa soberania, não abrangendo o chamadoterritório por extensão (CP. art. 5.°, § 1.°). Assim, não constitui delitopenetrar o estrangeiro expulso em navios ou aeronaves brasileirosde natureza militar ou navios particulares em alto-mar.

• O delito consiste no reingresso, de maneira que não comete crime oestrangeiro que, expulso, nega-se a deixar nosso território. Podeconfigurar crime de desobediência.

• 5. Momento Consumativo e Tentativa:• Crime instantâneo, consuma-se no momento em que o

estrangeiro, expulso de nosso território, nele penetra. Atentativa é admissível (crime plurissubsistente).

• 6. Elemento Subjetivo Do Tipo:• É o dolo, vontade livre e consciente de penetrar em nosso

território. Como o dolo deve abranger os elementos dotipo, é necessário que o sujeito tenha conhecimento daexpulsão, do contrário haverá erro de tipo.

• Pode ocorrer também erro de proibição na forma do artigo21, CP.

• 7. Pena e Ação Penal:

• A pena é de reclusão, de um a quatro anos, semprejuízo de nova expulsão, após seucumprimento (parte final do dispositivosancionador).

• A nova expulsão pode ocorrer antes de oestrangeiro cumprir a pena (Estatuto dosEstrangeiros, art. 67).

• A ação penal é pública incondicionada.

DA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial,de processo judicial, instauração de investigaçãoadministrativa, inquérito civil ou ação de improbidadeadministrativa contra alguém, imputando-lhe crime deque o sabe inocente:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agentese serve de anonimato ou de nome suposto.

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação éde prática de contravenção.

Calúnia (CP, art. 138): o sujeito somente atribui, falsamente,ao sujeito passivo, a prática de um fato descrito comocrime.

Denunciação caluniosa: não somente atribui à vítima,falsamente, a prática de um delito, como leva o fato aoconhecimento da autoridade, causando a instauração deinquérito policial ou de ação penal contra ela.

Comunicação falsa de crime ou de contravenção" (CP, art.340): não há acusação contra pessoa determinada, apenasa comunicação de um fato.

Auto-acusação falsa (CP, art. 341): o denunciado não imputao fato a terceiro, mas a si mesmo.

Dar causa - provocar, originar,

Diretamente - apresenta a notícia criminal à autoridade policial oujudiciária, verbalmente ou por escrito;

Indiretamente - o sujeito dá causa à iniciativa da autoridade porqualquer outro meio (como carta e telefonema anônimos, gestos,rádio, telegrama, televisão, colocação de entorpecente ou objetofurtado na bolsa de alguém, recado à autoridade etc).

A ação da autoridade pública deve ter sido causada por condutaespontânea do sujeito.

Assim, não há denunciação caluniosa no caso de um réu ou umatestemunha acusar alguém da prática de infração penal durante ointerrogatório ou o depoimento. Nessas hipóteses, subsiste aresponsabilidade do réu a título de calúnia e da testemunha, a títulode falso testemunho.

Elemento Subjetivo do Tipo:

É o dolo direto.

Não há delito quando o sujeito apenas tem dúvida arespeito da existência do crime ou de sua autoria.

Momento Consumativo e Tentativa:

Consuma-se o delito com o início da investigaçãopolicial, administrativa etc ou o processo judicial.

O entendimento majoritário é que basta qualquer atoinvestigatório.

COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO(CP, art. 340)

Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabenão se ter verificado:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.• É necessário que a autoridade pública aja, iniciando

diligências (ouvindo pessoas, colhendo dados etc). Nãoé preciso, entretanto, que seja instaurado inquéritopolicial.

• Refere-se o texto à autoridade pública (judicial, policialou administrativa).

A comunicação precisa ser falsa. A infração penal (crimeou contravenção) não deve ter ocorrido.

Elementos Subjetivos do Tipo:

É o dolo direto. Se houver dúvida sobre a sua ocorrência,inexiste delito. É preciso que ele tenha plenaconsciência de que realmente a comunicação é falsa.

Momento Consumativo e Tentativa:

Crime material, consuma-se com a ação da autoridade(audiência de pessoas, coleta de informações,diligências etc). A tentativa é admissível.

AUTO-ACUSAÇÃO FALSA

Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistenteou praticado por outrem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

• O objeto da auto-acusação deve ser crime inexistente oucometido por terceiro. Se for atribuída a prática decontravenção, o fato será atípico.

• A conduta deve ser realizada perante a autoridade (judicial,policial ou administrativa), que tenha o dever de apurar ofato. Não haverá crime quando a auto-acusação se fizerperante funcionário sem essa atribuição ou particular.

• O conhecimento da prática do delito pode ser levado àautoridade por escrito, verbalmente, por nome suposto.

Elemento Subjetivo Do Tipo:É o dolo direto.Momento Consumativo e Tentativa:Crime instantâneo, consuma-se no momento em que a

autoridade toma conhecimento da auto-acusação.Crime formal ou de consumação antecipada, torna-se irrelevante

para a consumação eventual efeito da conduta (instauração deinquérito policial etc.).

Quanto à tentativa, é admissível na forma realizada por escrito; naauto-acusação verbal, a tentativa é impossível (crimeunissubsistente).

A retratação não tem efeito de extinguir a punibilidade ou odelito, podendo funcionar como circunstância atenuantegenérica.

FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA (art. 342 doCP)

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar averdade como testemunha, perito, contador,tradutor ou intérprete em processo judicial, ouadministrativo, inquérito policial, ou em juízoarbitral

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, emulta. (Alterado pela Lei nº 12.850, DE02/08/2013)

§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a umterço, se o crime é praticado mediante subornoou se cometido com o fim de obter provadestinada a produzir efeito em processo penal,ou em processo civil em que for parte entidadeda administração pública direta ou indireta.

§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes dasentença no processo em que ocorreu o ilícito, oagente se retrata ou declara a verdade

Controvérsia: A testemunha não compromissada comete crimede falso testemunho?

1ª Corrente (Nucci, Bitencourt, Fragoso) - Não, pois nos termosdo que dispõem os art. 206 e 208, do CPP, as pessoas alireferidas não prestam compromisso como testemunha (art.203, CPP), não tendo a obrigação de dizer a verdade, porquepor muito natural se tem que o parente não seja capaz de selibertar da influência afetiva decorrente dessa relação.

2ª Corrente (majoritária) - Sim, pois todos têm o dever de dizera verdade em juízo (Greco), o compromisso é somente deordem processual para o juiz valorar a prova, não sendoelementar do crime (como ocorria no Código Penal de1890).

Controvérsia: possibilidade de participação se um terceiro induz ouinstiga a testemunha a faltar com a verdade sem que lhe ofereça nadaem troca:1ª Corrente - Não se admite participação. Sustenta-se que o legislador,no tema do falso testemunho, criou uma exceção dualista ao princípiounitário do concurso de pessoas, aplicável apenas quanto ao suborno detestemunha. Sem suborno a conduta é atípica.Quando se trata de "suborno de testemunha", esta responde pelo crimedo art. 342, §1º,CP mas aquele que dá, oferece ou promete dinheiro ouqualquer outra vantagem à testemunha, a fim de que ela cometa o falsotestemunho, sofre as penas do crime do art. 343, CP.2ª Corrente - O STF (RHC 81327 / SP) e o STJ, em diversos julgados, vêmentendendo que, apesar de existir o art. 343, admite-se a participaçãono art. 342, se somente induzir e instigar se a testemunha realmentefalte com a verdade (RHC 36287/SP)

STF:Esta Corte já decidiu diversas vezes que o advogado pode sercoautor, em tese, do crime de falso testemunho, não se justificando,por isso, o trancamento da ação penal.(RHC 74395, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma,julgado em 10/12/1996, DJ 07-03-1997 PP-05421 EMENT VOL-01860-02 PP-00374)

De acordo com o STJ é possível a participação no delito de falsotestemunho.(Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).(HC 36.287/SP, QUINTA TURMA, DJ 20/06/2005)

I - Os crimes de mão própria não admitem a autoria mediata. Aparticipação, via induzimento ou instigação, no entanto, é,ressalvadas exceções, plenamente admissível.II - A comparação entre os conteúdos dos injustos previstos nos arts.342 e 343 do C. Penal não conduz à uma lacuna intencional quanto àparticipação no delito de falso testemunho. O delito de suborno (art.343 do C. Penal) tem momento consumativo diverso, anterior,quando, então, a eventual instigação, sem maiores consequências, semostra, aí, inócua e penalmente destituída de relevante desvalor deação. Cometido o falso testemunho (art. 342 do C. Penal), aparticipação se coloca no mesmo patamar das condutas deconsumação antecipada (art. 343 do CP), merecendo, também,censura criminal (art. 29, caput do C.P.).(REsp 200.785/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,julgado em 29/06/2000, DJ 21/08/2000, p. 159)

fazer afirmação falsa - a testemunha afirma uma inverdade arespeito de um fato. Ex.: diz que o réu agiu em legítima defesa(falsidade positiva).

negar a verdade (falsidade negativa), o sujeito nega um fatoreal. Ex.: nega que o indiciado tenha reagido a uma agressãoinjusta, quando, na verdade, agiu em legítima defesa.

calar a verdade (falsidade omissiva) - há a chamada "reticência",pois a testemunha esconde o que é de seu conhecimento ou serecusa a responder.

É necessário que o depoimento falso verse sobre fatojuridicamente relevante ao deslinde do processo e que possa serapta, de algum modo, a influir na decisão judicial.

Consumação e Tentativa:

O falso testemunho se consuma com o encerramento dodepoimento (art. 216, CPP).

Por ser crime de natureza formal, não integra o crime aexigência de o falso testemunho haver influído nadecisão da causa (exaurimento), sendo suficiente quetenha incidido sobre fato juridicamente relevante(HC81951-SP, 1ª Turma, Rel. MIn. Ellen Grace, DJ30/04/2004).

A tentativa, em tese, é admissível, embora de difícil configuração.Ex.: o depoimento, por qualquer circunstância, não se encerra(falta de energia elétrica).

Consuma-se a falsa perícia com a entrega do laudo à autoridade. Éadmissível, em tese, a tentativa. Ex.: o laudo não chega às mãosda autoridade por circunstâncias alheias à vontade do perito(extravio).

Causa Especial de Aumento de Pena (§1º):

As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é praticado:

1) mediante suborno - nessa hipótese há quebra da teoriamonista, pois o corruptor responde pelo crime do artigo 343, CP.

2) com o fim de obter prova destinada a produzir efeito emprocesso penal - a expressão não inclui o inquérito policial, auma, por não ser processo, mas procedimento administrativo, aduas, porque já está previsto no caput o falso testemunho eminquérito policial (Nucci e Greco).

3) com o fim de obter prova destinada a produzir efeito emprocesso civil em que for parte entidade da administração públicadireta ou indireta.

Retratação (§2º): "o fato deixa de ser punível se, antes dasentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente seretrata ou declara a verdade".

De acordo com o STJ:

I - É possível a participação no delito de falso testemunho.

(Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).

II - A retratação de um dos acusados, tendo em vista aredação do art. 342, § 2º, do Código Penal, estende-se aosdemais corréus ou partícipes.

(HC 36.287/SP, QUINTA TURMA, DJ 20/06/2005)

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualqueroutra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutorou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar averdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ouinterpretação:

Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a umterço, se o crime é cometido com o fim de obter provadestinada a produzir efeito em processo penal ou emprocesso civil em que for parte entidade da administraçãopública direta ou indireta.

DA COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO (art. 344 do CP)

1. Conceito e Objetividade Jurídica:

Configura coação no curso do processo o fato deo sujeito "usar de violência ou grave ameaça,com o fim de favorecer interesse próprio oualheio, contra autoridade, parte, ou qualqueroutra pessoa que funciona ou é chamada aintervir em processo judicial, policial ouadministrativo, ou em juízo arbitral".

Visa o legislador a tutelar o normal andamento daatividade jurisdicional.

2.Sujeitos do Delito:

Crime comum, a coação no curso do processo pode sercometida por qualquer pessoa.

Sujeito passivo principal é o Estado, titular daadministração da justiça, bem como a pessoa sobre aqual recai a conduta (autoridade, parte ou qualquerpessoa que intervém na atividade judiciária).

3. Elementos Objetivos do Tipo:

O crime, sob o aspecto objetivo, consiste em usar deviolência ou grave ameaça contra autoridade, parte ouqualquer pessoa que funciona ou é chamada a intervirem processo judicial, inquérito policial ou em Juízoarbitral.

Crime de forma vinculada, somente admite comomeios de execução a violência e a graveameaça.

Trata-se de violência física (lesões corporais ouvias de fato), exercida contra pessoa.

É necessário que ameaça seja grave, capaz deincutir temor a um homem normal.

O mal prenunciado, pode ser justo ou injusto.ex.: tem conhecimento de algum crimepraticado pela pessoa.

A conduta deve ser realizada contra autoridade que

funciona no processo (Juiz de Direito, Promotor de

Justiça, Desembargador, Procurador de Justiça,

Defensor Público, Delegado de Polícia etc.), parte

(autor, réu etc.) ou outra pessoa que intervém ou é

chamada a intervir (escrivão, intérprete, jurado, perito

etc).

O processo pode ser judicial (civil ou criminal),

administrativo ou em curso em Juízo arbitral.

Apesar da impropriedade da redação, não se exclui o

inquérito policial.

4. Elementos Subjetivos do Tipo:

O primeiro é dolo, vontade livre e consciente deexercer violência física ou moral contra aspessoas mencionadas.

Além disso, o tipo exige um segundo elementosubjetivo (especial fim de agir), que consisteem realizar a conduta "com o fim de favorecerinteresse próprio ou alheio".

Não importa a natureza (moral ou material) dointeresse que o sujeito quer favorecer, desdeque tenha relação com o objeto do processo.

5. Qualificação Doutrinária:

É delito formal (independe da efetiva satisfação deinteresse próprio ou de terceiro) e de formavinculada (violência ou grave ameaça).

6. Consumação e Tentativa:

Crime instantâneo, consuma-se o delito com oemprego da violência física ou grave ameaça.Admite tentativa.

Crime formal, não se exige que o sujeito realmenteconsiga favorecer o interesse questionado. Bastaque a conduta seja tendente à concretização dessefim.

7. Pena e Ação Penal:

A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Havendo violência física, o sujeito responde por dois

crimes em concurso material (Nucci): coação no curso do

processo e outro delito (homicídio, lesão corporal leve,

grave ou gravíssima).

Para Greco, há concurso formal impróprio.

Ocorrendo somente vias de fato, a contravenção fica

absorvida pelo delito.

A ação penal é pública incondicionada.

Cabível a proposta de suspensão condicional do processo

(art. 89, da lei 9099/95).

1. Conceito e Objetividade Jurídica:

Constitui delito o fato de o sujeito "fazer justiça pelaspróprias mãos, para satisfazer pretensão, emboralegítima, salvo quando a lei o permite".

O objeto da tutela penal é a administração da justiça.

Pretende-se que alguém que tenha uma pretensão não asatisfaça pessoalmente, incumbindo à justiça a suarealização.

Ninguém deve ser juiz e parte ao mesmo tempo. Nestecrime, o agente despreza a justiça e toma para si atarefa de realizar o seu direito.

2.Sujeitos Do Delito:

Crime comum, pode ser realizado por qualquerpessoa. Tratando-se de funcionário público,entretanto, pode surgir outro delito, como abuso deautoridade, abuso de poder etc.

Sujeitos passivos: o Estado e a pessoa diretamentelesada.

3.Elementos Objetivos do Tipo:

A conduta consiste em fazer justiça pelas própriasmãos, realizando uma ação tendente a satisfazeruma pretensão.

Crime de forma livre, admite qualquer meio deexecução, direto ou indireto: fraude, violência física,violência moral (grave ameaça), subtração etc.

4. Elementos Subjetivos Do Tipo:

O primeiro é o dolo, vontade livre e consciente de fazerjustiça pelas próprias mãos.

O tipo reclama um segundo elemento subjetivo(especial fim de agir), contido na expressão "parasatisfazer pretensão, EMBORA legítima".

Exige-se que o sujeito realize a conduta para aconcretização de um fim determinado: satisfazer asua pretensão.

A pretensão deve referir-se a um direito que o sujeitorealmente tem ou supõe possuir. Assim, pode ocorrerhipótese de pretensão legítima ou ilegítima.

Como a lei fala em pretensão "embora legítima", derigor admitir-se a ilegítima, necessitando, contudo,que o agente, por fundadas razões a suponhalícita.

Se o sujeito tem plena consciência da ilegitimidadede sua pretensão não comete exercício arbitráriodas próprias razões, podendo responder por outrocrime, de acordo com o meio executórioempregado (extorsão, furto, estelionato, lesãocorporal, violação de domicílio, ameaça etc).

O elemento subjetivo é endereçado à satisfação dapretensão legítima ou supostamente legítima.

A pretensão pode incidir sobre qualquer direito: real

(propriedade, posse etc.), pessoal (contratos) ou de

família (guarda de filhos).

É necessário que a pretensão, em sua essência, possa

ser satisfeita perante o Judiciário.

Assim, não há exercício arbitrário das próprias razões

nas hipóteses em que o sujeito não poderia levar sua

pretensão ao conhecimento da autoridade judiciária.

Ex.: dívida prescrita etc.

A pretensão pode ser do próprio agente ou de terceiro,

nos casos em que age como mandatário etc.

5.Elemento Normativo Do Tipo:

Está contido na expressão "salvo quando a lei o

permite".

Não há delito, por atipicidade do fato, quando a

conduta do sujeito está autorizada pela lei, ou

seja, quando a lei admite a justiça particular.

Ex.: direito de retenção, desforço imediato (art.

319, 1210,§1º, 1219, 1283, todos do CC/2002).

Legítima defesa, exercício regular de direito.

6. Momento Consumativo e Tentativa:

Entende-se majoritariamente que é crime material,

que exige para a consumação a efetiva satisfação

da pretensão(Greco,Pierangeli).

Parte da doutrina (Nucci, Bitencourt) entende que é

crime formal, consumando-se no momento típico

imediatamente anterior ao resultado visado pelo

sujeito, com a realização da conduta que visa à

satisfação da pretensão. Basta que empregue

meios executórios tendentes àquele fim.

A tentativa é admissível.

7. Pena e Ação Penal:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou

multa.

Havendo violência física, o sujeito responde por

dois crimes (ou mais) em concurso material

(Nucci): exercício arbitrário das próprias

razões e homicídio, lesão corporal (leve, grave

ou gravíssima) etc. Para outros, há concurso

formal impróprio. Ocorrendo somente vias de

fato, fica a contravenção absorvida pelo delito.

A ação penal pode ser pública incondicionada,

se houver violência física (violência contra a

pessoa) ou privada, se praticada por outro

meio de execução (incluindo-se a violência

moral - grave ameaça - e a violência contra a

coisa). (CP, art. 345, parágrafo único).

O art. 346 é sub-tipo do exercício arbitrário das

próprias razões - subtração ou dano de coisa

própria em poder de terceiro.

FRAUDE PROCESSUAL (CP, art, 347)

1. Conceito e Objetividade Jurídica:

Constitui crime de fraude processual "inovarartificiosamente, na pendência de processo civil ouadministrativo, o estado de lugar, de coisa ou depessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou operito".

Protege-se a administração da justiça ao proibirem-se os meios de iludir o Juiz ou o perito na coleta ena apreciação da prova, evitando-se injustiças nosjulgamentos.

2.Sujeitos do Delito:

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (autor, réu,

interveniente ou terceiro). Pouco importa que o

sujeito tenha interesse direto ou mediato na lide.

Sujeito passivo é o Estado.

3. Elementos Objetivos do Tipo:

A conduta consiste em o agente inovar, de forma

artificiosa, na tramitação de processo judicial (civil

ou criminal) ou administrativo, o estado de lugar,

de coisa ou de pessoa.

Inovar significa modificar, alterar, substituir

determinada situação.

Referente ao estado de lugar (ex.: abertura de

um caminho), de coisa (colocação de uma

arma de fogo ao lado de um cadáver) ou de

pessoa (alteração do aspecto físico de uma

pessoa). A enumeração dos estados é

taxativa, não podendo ser ampliada (analogia

in malam partem).

artificiosamente - não é suficiente a simplesinovação. Deve ser realizada com fraude(artifício ou ardil).

É necessário que haja processo em andamento(civil ou administrativo - caput). Inexiste delitose a ação ainda não foi iniciada.

Em relação ao processo penal, (parágrafo únicodo art. 347), não é preciso que a ação penal játenha sido proposta, desde que hajaelementos no sentido de que vai serinstaurado o processo criminal.

Além disso, cuidando-se de ação penal privada ou

pública condicionada, só existe delito quando

oferecida a queixa, exercida a representação ou

apresentada a requisição ministerial.

A inovação deve ser idônea. Sob o aspecto material,

deve ser capaz de alterar realmente a feição probatória

de lugar, coisa ou pessoa.

Assim, não há delito na inovação grosseira, mal

realizada, perceptível à vista (crime impossível por

absoluta impropriedade do objeto). Sob o aspecto

subjetivo, deve ser capaz de conduzir a erro o Juiz ou

o perito.

4. Qualificação Doutrinária:

Delito formal ou de consumação antecipada, independe de

efetivo êxito em iludir o juiz ou o perito.

Trata-se de infração penal subsidiária em relação ao crime

de falso.

5. Elementos Subjetivos do Tipo:

É crime doloso. O fato só é punível a título de dolo, vontade

livre e consciente de inovar, fraudulentamente, na

pendência de processo judicial ou administrativo, o

estado de lugar, coisa ou pessoa.

Exige-se um segundo elemento subjetivo do tipo (especial

fim de agir), contido na expressão "com o fim de induzir a

erro o juiz ou o perito".

6. Consumação e Tentativa:

Crime formal, atinge o momento consumativo coma efetiva inovação, não sendo necessário que osujeito chegue a enganar o Juiz ou o perito. Nãose exige que o agente obtenha ou produza o fimou o resultado visado.

Assim, há delito ainda que a fraude sequer chegueao conhecimento do Juiz ou do perito.

A tentativa é admissível.

Ex.: o sujeito é surpreendido no instante em queestá começando a limpar as manchas de sanguedo automóvel que usou para transportar a vítima.

7. Fraude em Processo Criminal:

Nos termos do parágrafo único, do art. 347, CP, aspenas aplicam-se em dobro "se a inovação sedestina a produzir efeito em processo penal,ainda que não iniciado".

Trata-se de uma causa especial de aumento depena. Nucci entende que se trata de qualificadora.

Aplicam-se os mesmos princípios do crime simplescom duas diferenças: a inovação se destina aproduzir prova em processo de natureza penal enão é necessário que a ação penal já se tenhainiciado.

Considerando que a inovação se dá no estado

de lugar, coisa ou pessoa, conclui-se que se

trata de apuração de crime material, não

transeunte, o que torna imprescindível a

realização de exame de corpo de delito.

Assim, a expressão "em processo penal, ainda

que não iniciado", deve ser entendida como a

fase de investigação desenvolvida por mio

do inquérito policial.

Cuidando-se de ação penal privada ou pública

condicionada, só existe delito quando oferecida a

queixa, exercida a representação ou apresentada a

requisição ministerial.

Pode o delito com a pena agravada ser cometido pelo

acusado, vítima, advogado ou terceiro. Há quem

sustente que o réu em processo criminal, com a

finalidade de autodefender-se, não responderia pela

fraude processual, já que ninguém é obrigado a

produzir ou, num sentido mais amplo, a permitir prova

contra si mesmo (Greco).

8. Penas e Ação Penal:

Pena - detenção, de três meses a dois anos,

além de multa.

Causa de Aumento de Pena - no parágrafo

único, referente ao processo penal, as penas

devem ser aplicadas em dobro.

A ação penal é pública incondicionada.

FAVORECIMENTO PESSOAL (art. 348)

1.Conceito e objetividade jurídica: É o fato de

auxiliar autor de crime a subtrair-se à ação de

autoridade pública (art. 348 do CP).

Bem Jurídico: a administração da justiça

criminal. Impõe-se o dever de o sujeito não

colocar obstáculos à ação judiciária na luta

contra a criminalidade.

2. Sujeitos do delito

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,

desde que não seja o coautor ou partícipe do

delito anterior. Entende-se que o advogado

também pode ser sujeito ativo desse crime,

desde que no fato estejam presentes as

elementares da definição legal.

Sujeito passivo é o Estado.

3. Tipo Objetivo:

A conduta consiste em prestar auxílio a autor de crimecom o fim de subtraí-lo à ação da autoridade pública.

Quanto às figuras típicas, há dois tipos penais:

Simples: quando ao delito anterior é cominada pena dereclusão (art. 348. caput).

Privilegiado: quando imposta abstratamente ao crimeantecedente pena de detenção (§ lº).

O auxílio deve ser prestado após a consumação dodelito. Se antes dele ou durante sua prática, haverá co-autoria ou participação no delito antecedente e nãofavorecimento pessoal.

Se o auxílio é para subtrair autor de contravenção penal, o

fato é atípico.

Crime de forma livre, o auxílio admite qualquer modo de

realização (material ou moral), como o emprego de meios

para a fuga, engano da autoridade, ocultação do autor do

delito etc.

A expressão "autor” de crime é empregada em sentido

amplo.

Se o crime anterior for de ação penal privada ou pública

condicionada não se pode falar em favorecimento pessoal

enquanto não for oferecida a queixa ou exercida a

representação ou apresentada a requisição ministerial.

Não há favorecimento pessoal nos seguintescasos (fundamento: não há crime ou inexistepretensão punitiva ou executória):

se, em relação ao fato anterior, ocorreu causaexcludente da ilicitude;

se incide, no tocante ao fato antecedente,causa excludente da culpabilidade;

se houve extinção da punibilidade;

se ocorreu escusa absolutória (ex.: art. 181,CP).

Autoridade pública é a judiciária, policial ou

administrativa.

Não é necessário que no momento do auxílio o

criminoso esteja sob perseguição da autoridade pública.

4. Consumação e Tentativa:

Crime material e instantâneo, consuma-se no momento

em que o beneficiado, em razão do auxílio do sujeito,

consegue subtrair-se, ainda que por breves instantes,

da ação da autoridade pública. É necessário o sucesso.

Tentativa: se, prestado o auxílio, o beneficiado não se

livra da ação da autoridade pública.

5. Tipo Subjetivo é o dolo de subtrair o autor decrime à ação da autoridade. Não há modalidadeculposa.

6. Escusa Absolutória (§ 2.°) - causa pessoal deisenção de pena (Nucci, Bitencourt, Damásio eoutros) - O legislador isenta de pena oascendente, descendente, cônjuge ou irmão docriminoso que presta auxílio a este. Preservam-seas relações familiares em detrimento daadministração da justiça. Para Greco é hipótesede inexigibilidade de conduta diversa.

Para alguns, a enumeração legal é taxativa, não

podendo ser ampliada, não abrangendo os afins,

nem a relação de adoção. Neste caso, porém,

nada impediria que o sujeito fosse absolvido por

inexigibilidade de conduta diversa, excludente da

culpabilidade.

Em sentido contrário, sustenta-se a aplicação da

analogia in bonam partem a fim de alcançar o

companheiro e os laços de adoção.

7. Pena e Ação Penal:

Caput (simples) - detenção de 1 a 6 meses e

multa.

§1º (Privilegiado) - detenção de 15 dias a 3

meses e multa.

Competência do JECRIM (cabe transação

penal e suspensão condicional).

Ação penal pública incondicionada.

FAVORECIMENTO REAL (art. 349, CP)

1. Conceito e Objetividade jurídica: pune-se a conduta de"prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria oude receptação, auxílio destinado a tornar seguro oproveito do crime" (CP, art. 349).

Na receptação, o sujeito recebe a coisa para si ou paraterceiro com o intuito de tirar proveito econômico,enquanto que no favorecimento real a intenção ésomente de ajudar o criminoso.

Bem jurídico: é a administração da justiça. Procura-seevitar que se preste colaboração a criminoso após aprática do crime no sentido de tornar seguro o proveitoobtido, dificultando a ação da justiça.

2. Sujeitos do delito

Sujeito Ativo - crime comum, pode ser cometido por

qualquer pessoa, com exceção do concorrente no

delito antecedente ou do receptador.

Sujeito passivo é o Estado.

3. Tipo Objetivo

O legislador empregou a expressão "coautoria" no

sentido amplo, abrangendo a coautoria

propriamente dita e a participação. É necessário que

o sujeito que presta o auxílio não tenha sido coautor

ou partícipe do delito anterior.

Se prometeu auxílio antes ou durante a anterior prática

delituosa, responde como partícipe do crime antecedente

e não por favorecimento real.

A conduta consiste em prestar auxílio a criminoso com o

fim de tornar seguro o proveito do crime.

Crime de forma livre, a prestação de auxílio admite qualquer

forma de execução: direta ou indireta, material ou moral.

Proveito é toda utilidade, material ou não, abrangendo o

objeto material do delito, o preço do delito e as coisas

obtidas com a prática criminosa (ex.: o dinheiro obtido

com a venda do objeto material). Ficam excluídos os

instrumentos do crime, pois caracterizaria participação.

O tipo pressupõe a prática anterior de um crime, patrimonial ou

não, tentado ou consumado.

Se a infração anterior é contravenção penal, o fato é atípico.

Não há favorecimento real nos seguintes casos (fundamento: não

há crime):

• se, em relação ao fato anterior, ocorreu causa excludente da

ilicitude;

• se incide, no tocante ao fato antecedente, causa excludente da

culpabilidade;

Subsiste o favorecimento real, mesmo se houver extinção da

punibilidade, ressalvando-se as hipóteses de abolitio criminis e

anistia. Também há crime nas hipóteses de escusas

absolutórias (ex.: art. 181, CP).

4. Tipo Subjetivo é o dolo - vontade livre econsciente de prestar colaboração a criminoso. Énecessário que o sujeito tenha consciência deque, por intermédio do auxílio, tornará seguro oproveito do crime. Assim, além do dolo, o tiporeclama outro elemento subjetivo (especial fimde agir): o fim de tornar seguro o proveito dodelito.

Se o comportamento do sujeito visa à obtenção delucro, haverá crime de receptação.

Não há forma culposa.

5. Consumação e tentativa

Trata-se de Crime formal, portanto, consuma-se com

a idônea prestação do auxílio, ainda que a pessoa

beneficiada não tenha conseguido tornar seguro o

proveito do crime anterior. A tentativa é admissível,

se fracionável o iter criminis.

6. Pena e Ação Penal

Pena - detenção de 1 a 6 meses e multa.

Competência do JECRIM (cabe transação penal e

suspensão condicional).

Ação Penal é pública incondicionada.

EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE

PODER

De acordo com a doutrina, o art. 350 do CP, foi

quase todo revogado pela lei n° 4898/65,

somente o inciso IV continuaria em vigor.

FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA

Conceito: “promover ou facilitar a fuga de pessoalegalmente presa ou submetida a medida desegurança detentiva” (art. 351 do CP).

Bem jurídico é a administração da justiça.

Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum, que pode serpraticado por qualquer pessoa (particular oufuncionário público), com exceção do próprio presoou internado. Este, ainda que induza ou instigue 3º alhe promover a fuga, não responde pelo delito.

Sujeito passivo é o Estado.

Tipo Objetivo

Dois são os verbos do tipo: Promover significa

realizar, executar a fuga, tomando medidas que a

concretizem. Facilitar significa prestar meios para que

o próprio preso ou internado fuja, realizando atos que

permitam a evasão.

A fuga é saída clandestina, que pode ser executada

pelo próprio detento ou promovida por terceiro. Não

havendo fuga, inexiste o delito. Assim, não há falar-se

em delito quando o carcereiro, por erro, liberta a

pessoa errada (não ocorreu fuga).

Preso é a pessoa sujeita à privação da

liberdade, seja a natureza da prisão provisó-

ria (preventiva, flagrante etc) ou definitiva.

Submetido à imposição de medida de

segurança detentiva (inimputável ou semi-

imputável, nos termos dos arts. 96 e 98 do

CP).

Facilitação da fuga de menor de 18 anos - Há duascorrentes:

1ª Corrente - não há crime, pois os menor não ficapreso, fica acautelado ou submetido à medida sócio-educativa;

2ª Corrente - há crime, pois o menor pode ser preso(apreendido) em flagrante delito – prisão captura.

Elemento normativo do tipo - É necessário que apessoa esteja legalmente presa ou submetida amedida de segurança. Se ilegal a prisão ou asubmissão à medida de segurança, não há crime poratipicidade do fato.

A legalidade deve ser apreciada não só quantoaos requisitos formais da prisão ou da medida desegurança, bem como no tocante à sua execução(duração, local etc).

O crime pode ser cometido infra ou extra muros,dentro ou fora de estabelecimento penal. ex.:numa viatura policial, após ter sido preso emflagrante.

Admite-se a execução mediante ação ou omissãoimprópria (desde que o sujeito tenha o deverjurídico de impedir a fuga).

O crime pode ser cometido com:

violência física contra pessoa;

violência moral (grave ameaça);

violência contra a coisa;

fraude (ex.: engano do carcereiro com a

apresentação de alvará de soltura falso).

TIPO SUBJETIVO é o dolo, vontade livre e conscientede promover a fuga de preso ou internado, comconhecimento da legalidade da prisão ou da medida desegurança.

Admite-se a forma culposa no § 4o, que define umcrime próprio, uma vez que só pode ser cometido por"funcionário incumbido da custódia ou guarda".

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime material e instantâneo, consuma-se no momentoem que se concretiza a fuga, ainda que o detento ouinternado obtenha a liberdade por pouco tempo.

A tentativa é admissível (salvo quanto à formaculposa). Para Greco, se o detento consegue escapar,mas é recapturado minutos depois, há tentativa.

Tipos Qualificados

(§ 1.°): pena - reclusão de 2 a 6 anos.

1. Pelo emprego de arma (própria ou imprópria).

2. Pelo concurso de pessoas (duas ou mais).

3. Por arrombamento, emprego de violência contra coisasobstáculos à fuga.

(§ 3º): pena - reclusão de 1 a 4 anos.

Quando "praticado por pessoa sob cuja custódia ou guardaestá o preso ou internado".

Cuida-se de um tipo especial ou próprio, uma vez quesomente quem possui o dever funcional específico deguarda ou custódia do preso ou internado pode praticá-lo(carcereiro, guarda etc).

O particular não tem o dever jurídico de impedir a fuga.

PENA E AÇÃO PENAL

Para o tipo simples - detenção, de seis meses a dois anos (art.351, caput).

Forma Qualificada pelo meio ou modo de execução - reclusão,de dois a seis anos ( 1.°) - se o delito é cometido a mãoarmada, por duas ou mais pessoas, ou mediantearrombamento.

Havendo violência física contra pessoa, aplica-se a regra doconcurso material de crimes (§ 2°).

Forma Qualificada pelo sujeito (pessoa que tem o deverfuncional de guarda ou custódia do preso ou internado) -reclusão, de um a quatro anos (§ 3.°).

Modalidade culposa - detenção, de três meses a um ano, oumulta (§ 4.°).

A ação penal é pública incondicionada.

EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA (art. 352)

Conceito: "evadir-se ou tentar evadir-se o preso ouo indivíduo submetido a medida de segurançadetentiva, usando de violência contra a pessoa"

Bem jurídico: Administração da justiça

Sujeito Ativo: Crime próprio, só pode ser cometidopor preso ou indivíduo submetido à medida desegurança detentiva. Só há delito nos casos deprisão e internação legais.

Sujeito passivo principal é o Estado. De formamediata, também são sujeitos passivos as pessoassubmetidas à violência física.

Tipo Objetivo

Os núcleos são evadir-se ou tentar evadir-se.

A tentativa de fuga é equiparada, para efeito típico, àfuga consumada. Na aplicação da pena concreta,entretanto, o Juiz deve levar em conta a circunstânciade o sujeito ter alcançado ou não a consumação deseu intento.

Pune-se o fato quando o agente, preso ou internado,emprega violência física contra a pessoa paraalcançar a liberdade.

A violência incriminada é a real, empregada contrapessoa (carcereiro, policial, oficial de justiça, guarda,outro detento ou internado ou terceiro).

Não há crime nos casos de grave ameaça ou a simples

fuga (sem violência, não constitui delito, mas falta

grave em execução).

A violência contra coisa não é incriminada na

disposição.

Segundo alguns autores, o detento que se evade ou

tenta evadir-se destruindo a cela, pode responder pelo

dano qualificado (art. 163, III, CP). Para outros, como

não há crime de evasão mediante violência contra a

coisa, o dano também seria atípico, pois que praticado

com a finalidade específica de propiciar a evasão.

O fato pode ocorrer intra ou extra muros, i. e.,

dentro ou fora de estabelecimento prisional

ou de internação (ex.: na viatura policial).

É necessário que o sujeito se encontre preso

ou internado legalmente. Não há crime

quando é ilegal a submissão do preso ou

internado à custódia ou guarda.

TIPO SUBJETIVO é o dolo. Não há modalidade

culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime material e instantâneo, consuma-se o delito como emprego da violência física contra pessoa.

A tentativa é faticamente possível. Contudo, étipicamente equiparada ao delito consumado. Em faceda pena abstrata, pouco importa que a evasão sejaconsumada ou tentada, uma vez que o legisladortipifica a conduta de "evadir-se ou tentar evadir-se".

PENA E AÇÃO PENAL

Pena - detenção de 3 meses a 1 ano. Competência -JECRIM

Em face da violência física contra pessoa, aplica-se aregra do concurso material de crimes.

Ação penal é pública incondicionada.

ARREBATAMENTO DE PRESO (art. 353 do CP)

Conceito: "arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do

poder de quem o tenha sob custódia ou guarda".

Bem jurídico: Administração da justiça.

Sujeito Ativo: crime comum, pode ser cometido por

qualquer pessoa.

Sujeito passivo principal é o Estado. De forma mediata,

o preso arrebatado também é sujeito passivo.

Tipo Objetivo

Arrebatar significa tomar das mão, arrancar, tirar.

Em regra, é crime comissivo. Admite-se a forma

omissiva imprópria, se o garantidor, podendo,

nada fizer para evitar o resultado (art. 13,§2º,

CP).

Preso sob custódia ou guarda (qualquer

modalidade de prisão).

Não abrange a figura da medida de segurança, sob

pena de analogia in malam partem.

Tipo Subjetivo - O crime só é punido a título de dolo,consistente na vontade livre de arrebatar pessoa,consciente o sujeito de que se trata de preso e que estálegalmente sob custódia ou guarda de outrem.

Exige-se um especial fim de agir, contido na expressão"a fim de maltratá-lo". Sem ele, a tipicidade do fato nãose aperfeiçoa.

Consumação e tentativa

Trata-se de crime instantâneo e formal. Consuma-secom o arrebatamento, não sendo necessário que opreso venha a ser seviciado. A tentativa é admissível.

Se efetivamente maltratá-lo (exaurimento), pode haverconcurso com lesões corporais.

Pena e Ação Penal

Pena - reclusão, de um a quatro anos. Admite-

se suspensão condicional.

"além da correspondente à violência" - se o

sujeito maltratar o arrebatado, responde, em

concurso material, pelo crime do art. 353 e

pelo outro delito em que consiste a violência.

A ação penal é pública incondicionada.

MOTIM DE PRESOS (art. 354 do CP) Conceito: "amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou

a disciplina da prisão".

Bem jurídico: a administração da justiça.

Sujeito Ativo:

Trata-se de crime coletivo ou de concurso necessário,exigindo que o fato seja cometido por "presos".

O CP não menciona o número mínimo de amotinados.Interpretando-se sistematicamente o dispositivo, entende-se que se exige, no mínimo, três sujeitos ativos.

O legislador, quando se contenta com a participação depelo menos duas pessoas na realização da conduta,manifesta-se expressamente (Exs.: arts. 155, § 4.°, IV;157,§ 2.°, II etc.).

É crime próprio, que só pode ser praticado por "presos", nãose excluindo a participação de terceiros, estranhos aocumprimento de pena.

Sujeito passivo principal é o Estado. São sujeitos passivosmediatos as pessoas vítimas de eventual violência.

Tipo objetivo

O crime consiste na amotinação de presos, que se traduz nocomportamento comum de revolta, agitação, alvoroço ourebeldia de pessoas presas, agindo para o fim dereivindicações, justas ou não, vingança, fuga ou pressãosobre funcionários para que façam ou deixem de fazeralguma coisa.

É necessário que a conduta dos presos venha a perturbar aordem ou a disciplina da prisão, mediante violênciaspessoais, depredação de instalações etc.

Não há delito de motim na simples desobediência

("ghândica" - Hungria) ou a irreverência em relação a

funcionários etc., desde que não cheguem a perturbar a

administração prisional.

Entende-se inexistir delito em relação a pessoas

submetidas a medidas de segurança, já que a lei utiliza

as expressões "presos" e "prisão" (interpreta-se

restritivamente).

Não há necessidade de que o fato seja cometido dentro

de prisão (intramuros). Pode ocorrer quando da

transferência de presos de um a outro estabelecimento

prisional.

Tipo Subjetivo

É o dolo, vontade livre e consciente de amotinarem-se,perturbando a ordem e a disciplina da prisão. Não há formaculposa.

Consumação e tentativa

É crime material e instantâneo, consumando-se com aefetiva perturbação da ordem ou da disciplina da prisão.

Admite-se a figura tentada.

Pena e Ação Penal

Pena - de detenção, de seis meses a dois anos. JECRIM

Ocorrendo, em razão da violência, outro delito (dano, lesõescorporais, homicídio), aplica-se a regra do concursomaterial.

A ação penal é pública incondicionada.

PATROCÍNIO INFIEL (art. 355 do CP) Conceito: constitui crime de patrocínio infiel o

fato de o sujeito "trair, na qualidade de advogadoou procurador, o dever profissional,prejudicando interesse, cujo patrocínio, emjuízo, lhe é confiado".

Bem jurídico - administração da justiça.

Sujeito Ativo - Crime próprio, o sujeito ativo sópode ser o advogado, regularmente inscrito naOAB, ou estagiário de advocacia, nos termos doart. 3.° da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB).

Há crime mesmo que o advogado não esteja recebendo

remuneração. Pouco importa, também, que seja

constituído ou nomeado pelo Juiz.

Sujeito passivo imediato é o Estado. Sujeito passivo

mediato é a pessoa prejudicada.

Tipo Objetivo

Conduta: trair o dever profissional, prejudicando o

interesse que alguém confiou, em Juízo, ao patrocínio

do sujeito.

O comportamento pode ser comissivo ou omissivo.

Requisitos da figura típica:

Prejuízo de interesse:

O interesse pode ser material ou moral.

Deve ser legítimo. Não há crime quando é

prejudicado interesse ilegítimo, subsistindo

apenas infração a dever profissional (código

de ética).

O prejuízo deve ser efetivo, não bastando o

potencial.

Havendo consentimento do prejudicado, não subsistecrime por ausência de antijuridicidade, desde quedisponível o interesse confiado ao profissional.

Que o patrocínio da causa tenha sido confiado e aceitopelo sujeito:

É necessário que exista um mandato, seja por escritoou meramente verbal, remunerado ou não.

O agente foi constituído pela parte ou nomeado peloJuiz.

Que haja uma causa judicial. A traição deve ocorrer "emjuízo“.

Se o fato é cometido por ocasião da elaboração de umparecer, consulta etc, não haverá delito, restandosomente uma falta disciplinar do profissional.

Consumação e tentativa

Crime instantâneo e material, consuma-se com aprodução do efetivo prejuízo.

A tentativa é possível na forma típica comissiva. Ex.: oadvogado remete, via postal, um documento para olitigante adverso, contendo um segredo, porém a cartase extravia. Doutrinariamente, ocorre tentativa do crime,em concurso com tentativa do crime do art. 154 do CP.

A tentativa é inadmissível na forma omissiva.

Tipo Subjetivo é o Dolo. Não há modalidade culposa.Exemplo: advogado que perde o prazo propositalmente.

Pena e Ação Penal

Pena - Detenção, de seis meses a três anos, e multa.

A ação penal é pública incondicionada.

PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO (CP, art. 355, parágrafo único)

Conceito: Constitui patrocínio simultâneo ou

tergiversação o fato de o advogado ou

procurador judicial defender numa mesma

causa, simultânea ou sucessivamente, partes

contrárias.

Sujeito ativo só pode ser o advogado ou

estagiário de advocacia regularmente inscrito

na OAB (crime próprio).

Tipo Objetivo

O tipo prevê duas condutas:

1) patrocínio simultâneo - o advogado, ao mesmotempo defende interesses, na mesma causa, de partescontrárias. Não é preciso que seja no mesmo processo,uma vez que a figura penal fala "na mesma causa" (quepode ter mais de um processo); e

2) patrocínio sucessivo (tergiversação) - o advogado,após defender um litigante, passa a defender o outro,na mesma causa.

Partes contrárias são as pessoas com interessesdiversos na mesma causa (pessoas físicas ou jurídicas,autor, réu, ofendido etc.).

O consentimento exclui a ilicitude da conduta.

Tipo Subjetivo é o dolo. Não há forma culposa.

Consumação e tentativa

Trata-se de crime formal, consumando-se com arealização de ato processual indicativo do patrocíniosucessivo ou tergiversação. O simples fato de recebermandato não caracteriza o ilícito penal.

Não se exige nenhum prejuízo em decorrência daconduta criminosa.

A tentativa é admissível nas duas modalidades(patrocínio sucessivo e tergiversação).

Pena e Ação Penal

Penas - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

A ação penal é pública incondicionada.

SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO (art. 356, CP)

Conceito: "inutilizar, total ou parcialmente, ou

deixar de restituir autos, documento ou objeto

de valor probatório, que recebeu na qualidade

de advogado ou procurador".

Sujeito Ativo - Trata-se de crime próprio, somente

podendo ser cometido por advogado ou

procurador (estagiário, provisionado ou pessoa

apta).

Sujeito passivo principal é o Estado. Secundário

é quem sofre o prejuízo.

Tipo Objetivo

O crime pressupõe que o sujeito, na qualidade

de advogado ou procurador judicial, tenha

recebido em confiança o objeto material de

funcionário da justiça ou terceiro particular,

antes ou durante a tramitação de processo

(salvo no caso de autos).

Tipo Subjetivo

É crime doloso. Não há modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

A conduta comissiva de inutilizar, configura

crime material e atinge o momento

consumativo quando o objeto material perde

o seu valor probatório (total ou parcial). É

possível a tentativa.

Na forma omissiva de sonegação de autos (deixar de

restituir), a consumação ocorre quando o sujeito,

regularmente intimado, de acordo com a legislação

processual, nega-se a devolvê-los. Há acórdãos do STJ

que dizem que esse crime ocorre independentemente da

intimação da devolução dos autos.

Na sonegação de documento ou objeto, consuma-se o crime

quando o sujeito, legalmente solicitado à restituição, deixa

de devolvê-lo por um lapso temporal juridicamente

relevante.

A forma omissiva de sonegação não admite tentativa.

A ação penal é pública incondicionada.

EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO (art. 357 do CP)

Conceito: "solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra

utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do

Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,

intérprete ou testemunha".

Os elementos objetivos do tipo se assemelham aos do

crime descrito no art. 332 do CP. É modalidade específica

de tráfico de influência.

A conduta de exigir caracteriza tráfico de influência (art.

332, CP). Se o sujeito apenas solicitar ou receber há

exploração de prestígio.

Sujeito Ativo - Crime comum, qualquer pessoa

pode ser sujeito ativo de exploração de

prestígio.

Sujeito passivo é o Estado.

Tipo Objetivo

A solicitação ou o recebimento de dinheiro ou

qualquer outra utilidade deve ter por

fundamento a afirmação fraudulenta de que o

sujeito vai influenciar as pessoas mencionadas

na figura típica.

Se, efetivamente, a utilidade ou o dinheiro sedestina às pessoas enumeradas, há crime decorrupção ativa ou passiva (CP, arts. 317 e 333).

O rol é taxativo, não podendo ser ampliado. A leiexpressamente cita as pessoas que servem àjustiça (juiz, jurado, órgão do Ministério Público,funcionário de justiça, perito, tradutor, intérpreteou testemunha).

Se o sujeito não solicita a vantagem ou não arecebe, mas apenas vangloria-se, anunciando quepode influir nas pessoas indicadas, inexistedelito.

Tipo Subjetivo é o dolo, aliado ao especial fim de agir (a

pretexto de influir).

Consumação e tentativa

Na modalidade de solicitar o crime é formal,

consumando-se o delito com a simples solicitação.

Existe crime ainda que ocorra rejeição.

Na solicitação verbal, o crime não admite a figura da

tentativa; se for por escrito (delito plurissubsistente),

admite-se tentativa.

Na figura típica receber, é crime material. É admissível a

tentativa.

Causa de Aumento de Pena

A pena é agravada se o sujeito alega ou insinua que avantagem solicitada ou recebida se destina às pessoasenumeradas na definição (art. 357. parágrafo único).

No primeiro caso, ele deixa claro que o dinheiro ou autilidade se destinam àquelas pessoas (alegação); nosegundo, deixa entrever, dá a entender (insinuação).

Há a majorante, ainda que a pessoa não leve a sério aalegação ou a insinuação do sujeito.

Pena e Ação penal

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§1º aumento de um terço.

A ação penal é pública incondicionada.

VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL (art. 358 do CP)

Conceito: "impedir, perturbar ou fraudararrematarão judicial; afastar ou procurarafastar concorrente ou licitante, por meiode violência, grave ameaça, fraude ouoferecimento de vantagem".

Bem jurídico - protege-se a administraçãoda justiça no que tange às arremataçõesjudiciais.

Esse delito se assemelha aos descritos nos arts. 93 e

95 da Lei n. 8.666/93, que tutelam a licitação pública

(impedimento, perturbação ou fraude de licitação

pública - antigo art. 335 do CP), deles se diferenciando

somente quanto à objetividade jurídica: aqui, protege-

se especificamente a arrematação judicial.

Portanto, somente a 1a parte do artigo está em vigor,

isto é, na modalidade impedir, perturbar ou fraudar

arrematação judicial, o resto do artigo foi revogado

pela lei 8666/93.

Sujeito Ativo - crime comum, qualquer pessoa

pode ser sujeito ativo.

Sujeito passivo imediato é o Estado.

Secundariamente, surgem como sujeitos

passivos os concorrentes lesados.

Pena e Ação Penal

Pena - detenção de 2 meses a 1 ano ou multa

Concurso de crimes (além da pena

correspondente à violência - lesão corporal,

dano).

DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO (art. 359, CP)

Conceito: "exercer função, atividade, direito, autoridade

ou múnus, de que foi suspenso ou privado por

decisão judicial".

Bem jurídico: Tutela-se o normal desenvolvimento da

justiça, principalmente a criminal.

Visa a proteger a autoridade da justiça contra quem,

privado de exercer um direito por decisão judicial,

rebela-se, procurando menosprezar seus princípios.

É tipo específico em relação à desobediência do art. 330,

CP.

Se há decisão proferida em face da prática de crime de

trânsito, aplica-se o art. 307 do CTB.

Sujeito Ativo - crime próprio, uma vez que só pode ser

cometido por quem foi suspenso ou privado, por

decisão judicial, de exercer função, atividade, direito,

autoridade ou múnus (EFEITOS DA SENTENÇA: CP,

art. 92, I a III).

Sujeito passivo é o Estado, titular da administração da

justiça.

Tipo Objetivo

Cuida-se de punir o fato de quem, após uma decisão

judicial transitada em julgado impondo um dos

efeitos específicos da condenação previstos no art.

92 do CP, passa a desempenhar uma atividade,

direito, função etc. de que estava suspenso ou

privado de executar.

São efeitos da sentença condenatória a perda de

cargo ou função, incapacidade para o exercício do

pátrio poder etc. e inabilitação para dirigir veículo

(crime doloso).

A desobediência ao cumprimento das penas restritivas de

direitos concernentes às interdições temporárias

previstas no art. 47 do CP não constitui o delito descrito

nesta disposição, tendo em vista que a rebeldia do

condenado conduz à conversão da sanção em pena

privativa de liberdade (art. 45, II). O sujeito seria punido

duas vezes.

• Tipo Subjetivo é o dolo, desnecessário qualquer

especial fim de agir.

Consumação e tentativa

Crime formal e instantâneo, consuma-se o delito nomomento em que o sujeito, desobedecendo oconteúdo da decisão judicial, passa a realizar aatividade ou a exercer a função de que estavasuspenso ou privado do exercício. A tentativa éadmissível.

Para Nucci é crime habitual, implicando anecessidade de reiteração da conduta. Nesseentendimento, não há tentativa.

Pena e Ação Penal

Pena - detenção de 3 meses a 2 anos ou multa(JECRIM).

A ação penal é pública incondicionada.