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II Diálogos Interdisciplinares Direito, Meio ambiente e Literatura

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Page 1: Direito, Meio ambiente e Literatura - trf3.jus.br · O visconde cortado ao meio (1952) O barão nas árvores (1957) O cavaleiro inexistente (1959) Marcovaldo - 1963 . A trilogia industrial

II Diálogos Interdisciplinares Direito, Meio ambiente e Literatura

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As cabras de Bikini: natureza e história em Italo Calvino

Adriana Iozzi Klein (FFLCH-USP)

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1 de julho 1946 - explosão nuclear no Atol de Bikini

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As cabras nos olham

(L’Unità- Gente nel tempo -17 novembro 1946)

Como (os animais) teriam julgado nós, homens, naquele momento, segundo a sua lógica, que inegavelmente existe, tão mais elementar, tão mais – estava para dizer - humana?

Sim, nós devemos uma explicação aos animais, se não uma reparação. Eles

podem entender quando os matamos para comê-los, quando os fazemos puxar uma carroça, talvez quando os torturamos para nos divertirmos nas corridas, ou quando os dissecamos em experimentos (...). Mas a guerra? Sim, nós devemos uma explicação aos animais, devemos pedir-lhes desculpas se às vezes colocamos em desordem este mundo que é também o deles, se os envolvemos em coisas que não são de seu interesse.

Eis que então entra em jogo a hipocrisia humana. Fazemos deles, mortos ou sobreviventes, não vítimas, mas heróis, todos dedicados às nossas causas, gritando viva, os fazemos nossos cúmplices, corresponsáveis dos danos que causamos: e homenageamos as cabras como mortas pelo bem da humanidade, erigimos monumentos às mulas, oferecemos honras aos pombos. E, na nossa hipocrisia, daquilo que seria um motivo de remorso, fazemos um motivo de orgulho: “Vejam – dizemos – também as cabras, também os pombos estão do nosso lado.”

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Natureza e história no romance – 1958

Indivíduo, natureza e história: na relação entre esses três elementos consiste aquilo a que podemos chamar de épica moderna. O grande romance do século XIX dá início a esse discurso, e a narrativa do século XX, em suas formas mais convulsas e abruptas, lhe dá continuidade. Varia a maneira de considerar a consciência individual, a natureza, a história; variam as relações entre os três termos: mas, com todas as diferenças, as literaturas dos dois últimos séculos apresentam uma perfeita continuidade de discurso. [...] A épica antiga narrava o primeiro ato do homem para sair do caos do indistinto, a luta contra uma natureza virgem, ainda povoada de monstros, uma natureza amiga ou inimiga, conforme nela se manifeste a ajuda dos deuses favoráveis ou a hostilidade dos deuses adversos. Também o choque contra os outros homens, as batalhas, a história, não passam de manifestações terrestres de dissídios divinos [...]

A épica moderna já não conhece deuses: o homem está sozinho e tem diante de si a natureza e a história.

Assunto encerrado: discursos sobre literatura e sociedade. Trad. R. Barni. São Paulo: Companhia das

Letras, 2009.

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1947-1949

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Os nossos antepassados (

O visconde cortado ao meio (1952) O barão nas árvores (1957) O cavaleiro inexistente (1959)

Marcovaldo - 1963

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A trilogia industrial 1952-1958-1963

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1972-1983

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As cidades invisíveis

O que é hoje a cidade para nós? Acredito ter escrito uma espécie de último poema de amor às cidades, no momento em que se torna cada vez mais difícil vivê-las como cidades. Talvez estejamos chegando a um momento de crise da vida urbana, e As cidades invisíveis são um sonho que nasce do coração das cidades inabitáveis [...] A crise da cidade muito grande é outra face da crise da natureza. A imagem da “megalópole”, a cidade contínua, uniforme, que vai cobrindo o mundo, domina também o meu livro. Mas já existem muitos livros que profetizam catástrofes e apocalipses; escrever mais um seria pleonástico e não combina com meu temperamento, além de tudo. Aquilo que está no coração do meu Marco Polo é descobrir as razões secretas que levaram os homens a viver nas cidades, razões que estariam além de todas as crises. As cidades são um conjunto de tantas coisas: de memória, de desejos, de signos de linguagem; as cidades são lugares de troca, como explicam todos os livros de história da economia, mas estas trocas não são somente trocas de mercadorias, são trocas de palavras, de desejos, de recordações. O meu livro se abre e se fecha sobre imagens de cidades felizes que, continuamente, tomam forma e dissipam-se, escondidas nas cidades infelizes.

(Calvino, I. “Le città felici e infelici”- Revista Vogue, 1972)

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TRADUÇÕES DE CALVINO NO BRASIL

Se numa noite de inverno um viajante. Trad. M. Salomão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. A especulação imobiliária. Trad. I. Oliveira Castro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. O visconde partido ao meio. Trad. V. Freitas e R. Carvalho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. As cidades invisíveis. Trad. D. Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. Seis propostas para o próximo milênio. Trad. I. Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. O castelo dos destinos cruzados. Trad. I. Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. O barão nas árvores. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. Fábulas italianas. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. Os amores difíceis. Trad. R. Ramalhete. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. As cosmicômicas. Trad. I. Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. O cavaleiro inexistente. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. Por que ler os clássicos? Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. Marcovaldo ou As estações na cidade. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. Palomar. Trad. I. Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. Sob o sol-jaguar. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Perde quem ficar zangado primeiro. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995. O visconde partido ao meio. Trad. N. Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Os nossos antepassados. Trad. N. Moulin, São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Um general na biblioteca. Trad. R. F. D'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. O caminho de San Giovanni. Trad. R. Barni. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. O dia de um escrutinador. Trad. R. Barni.São Paulo: Companhia das Letras, 2002. A trilha dos ninhos de aranha. Trad. R. Barni.São Paulo: Companhia das Letras, 2004. Todas as cosmicômicas. Trad. I. Barroso e R. Barni.São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Assunto encerrado: discursos sobre literatura e sociedade. Trad. R. Barni. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Coleção de areia. Trad. M. S. Dias. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.