direito fiscal - exame versao iii-libre

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Direito Fiscal Caderno Ana Cabral e António Neto FEP 2010/2011 Nota Prévia: O material aqui apresentado destina-se única e exclusivamente para fins académicos. Tratando-se de um trabalho amador, não está livre de erros ou de qualquer outro tipo de falhas, pelas quais o seu autor não se responsabiliza.

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Page 1: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Direito Fiscal

Caderno

Ana Cabral e António Neto

FEP 2010/2011

Nota Prévia: O material aqui apresentado destina-se única e exclusivamente para fins académicos. Tratando-se de um trabalho amador, não está livre de erros ou de qualquer outro tipo de falhas, pelas quais o seu autor não se responsabiliza.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Conteúdo Capítulo I – O Direito Fiscal ........................................................................................................... 3

1.1.1) A actividade financeira .................................................................................................... 3

1.1.2) O Direito Financeiro ........................................................................................................ 4

1.1.3) Direito Tributário ............................................................................................................ 4

1.1.4) Direito Fiscal .................................................................................................................... 4

1.2) A Natureza e a autonomia do Direito Fiscal....................................................................... 4

1.3) Relações do Direito Fiscal com outros ramos de Direito ................................................... 5

Capítulo II - O Imposto ................................................................................................................. 6

2.1) Noção e Características do Imposto .................................................................................. 6

2.2) Os elementos essenciais do Imposto ................................................................................. 8

2.3) Imposto e Algumas Figuras Afins ....................................................................................... 8

2.4) Algumas Classificações dos Impostos .............................................................................. 12

Capítulo III – As Fontes de direito ............................................................................................... 21

1ª) Constituição ....................................................................................................................... 21

Lei ............................................................................................................................................ 27

Regulamentos ......................................................................................................................... 28

Regulamentos Internos ........................................................................................................... 28

Jurisprudência ......................................................................................................................... 28

Doutrina .................................................................................................................................. 28

Fontes de Direito Internacional............................................................................................... 28

Capítulo IV - Interpretação e Integração da Lei Fiscal ................................................................. 30

4.1) Regras de Interpretação: (artigo 11º) .............................................................................. 30

4.2) Integração de Lacunas ..................................................................................................... 31

Capítulo V) Aplicação da Lei Fiscal no Tempo ............................................................................. 31

5.1) O início e o termo da vigência da lei fiscal ....................................................................... 31

5.2) O princípio da territorialidade ......................................................................................... 31

5.3) Convenção da OCDE ......................................................................................................... 33

Notas Soltas para o Teste ............................................................................................................ 35

Métodos para eliminar a dupla tributação ................................................................................. 37

1º) Isenção, que por sua vez pode ser: ................................................................................... 37

2º) Imputação, que por sua vez pode ser: .............................................................................. 37

Apreciação destes métodos .................................................................................................... 40

Forma de correcção disto:................................................................................................... 41

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Convenção do Modelo da OCDE ................................................................................................. 42

Análise da Convenção Modelo OCDE ...................................................................................... 44

Capítulo VI – A relação Jurídica Fiscal ......................................................................................... 45

6.1) A relação jurídica fiscal e a relação obrigacional fiscal .................................................... 45

6.2) Os sujeitos da relação jurídica fiscal. ............................................................................... 46

Sujeito activo da relação jurídico-tributaria ............................................................................ 47

Sujeitos passivos...................................................................................................................... 48

6.3) Objecto da relação jurídica de imposto ........................................................................... 59

Tipos de Juros ...................................................................................................................... 59

6.4) A constituição e a alteração da relação jurídica fiscal. .................................................... 60

6.5) A extinção da relação jurídica fiscal. ................................................................................ 61

Capítulo VIII - AS GARANTIAS DA PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA ........................................................ 63

Capítulo VIII – As Garantias dos Contribuintes ........................................................................... 65

8.1) Os meios não impugnatórios. .......................................................................................... 65

8.2) Meios Impugnatórios, Administrativos e Judiciais ........................................................... 65

Capítulo IX - O Sistema Fiscal Português ..................................................................................... 66

Incidência Real do IVA ............................................................................................................. 68

Isenções ................................................................................................................................... 72

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Capítulo I – O Direito Fiscal

1.1.1) A actividade financeira

O que é a actividade financeira?

O principal meio de financiamento das despesas públicas são os impostos.

Existem exemplos de sistemas económicos que não funcionem com impostos? Existem

e temos como exemplo aqueles sistemas onde os meios de produção são todos do

estado, outros sistemas em que o estado tem muitas receitas petrolíferas ou de juros.

Mas no nosso estado (português) isso não acontece, temos um estado fiscal.

Actividade financeira – actividade do estado destinada à obtenção de receitas para

pagamento de despesas, isto para satisfação de certas necessidades.

Existem 2 tipos de necessidades:

Necessidades individuais – (ex: dormir, comer.....) São de satisfação activa, ou

seja, tenho de desenvolver uma actividade para poder dormir, comer.....

Necessidades colectivas – são de satisfação passiva, ou seja, posso estar passiva

e satisfaço na mesma as minhas necessidades.

Pelas necessidades individuais é fácil fazer alguém pagar, o problema é as

necessidades colectivas e esse problema reside na sua forma de financiamento.

Como financiar as necessidades colectivas?

Temos diferentes formas:

o estado produzir bens a preço superior ao custo;

tem receitas patrimoniais;

estado pode contrair empréstimos

receitas coactivas (com o estado/outros entes públicos a cobrar baseando-se

no seu poder de império).

A actividade financeira é uma actividade heterogénea e não é possível um corpo de

normas só para regular isso.

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1.1.2) O Direito Financeiro

Direito financeiro – normas que regulam a actividade financeira do estado...

Note-se que o estado ao lançar impostos intervém no domínio económico, mas

também social (tirar aos ricos para dar aos pobres), na redistribuição de território. O

imposto não é lançado só para ter receitas.

O direito financeiro é composto por um corpo de normas, nomeadamente:

- direito das receitas;

- direito das despesas;

- direito da administração fazendária.

Dentro do direito das receitas tenho as receitas coactivas. Dentro das receitas

coactivas tenho os tributos. Ainda dentro dos tributos tenho os impostos, as taxas e as

contribuições especiais e assim chegamos ao direito fiscal

Direito financeiro – direito das receitas – receitas coactivas – Tributos – Impostos

1.1.3) Direito Tributário

Tributos – os tributos são: impostos, taxas e as contribuições especiais. O principal

tributo é o imposto. Os tributos são regulados pelo direito tributário. O direito fiscal

regula os impostos que estão dentro dos tributos.

1.1.4) Direito Fiscal

Direito fiscal – conjunto de normas que regulam o nascimento, desenvolvimento e

extinção das relações jurídicas a que a percepção (recebimento) do imposto dá lugar.

Qual a diferença entre direito tributário e fiscal?

O direito tributário trata também das taxas e contribuições especiais e o direito fiscal

só trata do tributo imposto.

1.2) A Natureza e a autonomia do Direito Fiscal

O direito fiscal é um ramo de direito público ou privado? É um ramo de direito público.

Quais os critérios? São 2: a posição dos sujeitos e o dos interesses.

Exemplo: Direito civil) é um ramo de direito privado pois os sujeitos estão em posição

de igualdade e os interesses são privado.

Direito penal) ramo de direito público pois o estado não condena ninguém se não está

em posição de superioridade.

O direito fiscal é uma disciplina autónoma.

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1.3) Relações do Direito Fiscal com outros ramos de Direito

Podemos definir Direito Fiscal como sendo uma aglutinação de normas dos outros

ramos de Direito, respeitantes a impostos.

Direito Administrativo: a liquidação de impostos era feita pela própria

administração, tendo em conta as suas regras.

Direito Penal (Fiscal)

Direito Civil – Relação Base: sujeito, objecto, factos jurídicos e garantias.

Direito Processual (Adjectivo): código do procedimento e processo tributário

Direito Comunitário

Princípios tributários fundamentais

1) Princípio da legalidade (CRP 165º 1)i))

Vem do século XIV. Só a assembleia da república salvo autorização ao governo pode legislar na

criação de impostos. Porque os impostos são intromissão na liberdade/privacidade de cada

um. Os meus representantes (Assembleia da república) votam os impostos que vou pagar.

Também está presente nos artigos 103º e 104º da CRP.

Os impostos são criados por lei (da Assembleia da república ou decreto lei do governo).

2) Princípio da igualdade (está consagrado no artigo 13º da CRP)

Horizontal – pessoas com igual rendimento pagam igual imposto

Vem da revolução francesa.

3) Princípio da autorização anual das cobranças

Vem do século XVII ou XVIII. Todos os anos o parlamento vota os impostos que as pessoas vão

pagar.

4) Principio da não retroactividade dos impostos (artigo 103º nº 3)

Só apareceu na revisão de 97, mas parece que ninguém na altura o queria, foi engano.

Note-se que só numa economia de excedentes é que há direitos sociais. Este princípio da não

retroactividade dos impostos é fraco. Se o estado arbitrariamente criar um imposto

retroactivo ele é inconstitucional, mas a única consequência é política. Se o governo está a

governar mal fazendo com que se viole certas regras então tem de se demitir.

A CRP mostra-se um pilar fundamental do direito fiscal.

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Capítulo II - O Imposto

2.1) Noção e Características do Imposto1

Imposto é uma prestação unilateral e definitiva estabelecida por lei a favor de

entidades públicas ou pessoas colectivas de direito público e que não constitui

sanção de um acto ilícito.

O imposto pode ser considerado como uma prestação, como uma relação jurídica ou

como um instituto jurídico. Estes 3 conceitos não se excluem, mas antes se

complementam.

O imposto como uma prestação

É uma prestação que se integra numa obrigação. O imposto é o objecto da prestação

devida numa relação obrigacional. O carácter obrigacional do imposto significa que ele

é objecto de uma obrigação. Qual é essa obrigação? É a obrigação de imposto.

No que toca às obrigações de prestação de coisa a doutrina distingue o objecto

mediato (é a própria coisa prestada) do objecto imediato (é a actividade devida), vimos

isto em direito civil.

No nosso caso em análise) O objecto imediato é a entrega do imposto e o objecto

mediato é o próprio imposto.

Características do Imposto

1. Tem carácter obrigacional

2. O imposto tem carácter patrimonial

Ou seja o imposto é susceptível de avaliação pecuniária (em dinheiro). A prestação de

imposto tem de ser susceptível de avaliação pecuniária. O imposto tem de ser pago em

algo de valor patrimonial, mas não tem de ser sempre dinheiro.

Existem 3 formas de pagar imposto: dinheiro; dação em pagamento (entrega em

pagamento de determinada coisa); prestação de facto.

3. Legalidade

O imposto que é objecto de obrigação fiscal está todo ele subordinado ao princípio da

legalidade. Pode-se então dizer que a obrigação fiscal nasce por força de lei (ex vi-

1 A título informativo, a CRP está em vigor desde 1976 e o IVA desde 1986

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significa por força de lei; vi significa força) e é estruturada pela própria lei. Ou seja, não

nasce por vontade das partes.

4. A prestação de imposto é uma prestação definitiva

Ou seja, uma vez paga não há reembolso, a não ser que tenha sido paga

indevidamente ou em montante superior ao devido. A partir disto distingue-se o

imposto do empréstimo público forçado. No empréstimo público forçado não há

carácter definitivo, pois vai haver reembolso. No imposto não há reembolso.

5. O imposto está na titularidade de entidades públicas para satisfação de fins

públicos

Para os liberais e para os neoliberais o imposto servia para pagar despesas, não servia

para redistribuição do rendimento. Nem servia para fins sociais, apenas para suportar

despesas.

Assim, para os liberais e para os neoliberais um imposto neutro era um imposto que

não tinha como finalidade nem como resultado influenciar o comportamento dos

contribuintes. Tomando-se qualquer opção politica ou económica o imposto era

sempre o mesmo.

O estado na realidade usa impostos para intervir no domínio económico e social.

- No domínio económico para ordenar o território (IMI mais baixo em certas regiões,

taxas mais baixas...), promover exportações e para influenciar a conjuntura.

- No domínio social promovendo a redistribuição do rendimento.

As correntes actuais defendem que:

Impostos neutros – são antes aqueles que não influenciam os factores de produção;

impostos que não perturbam o crescimento e por exemplo não discriminam nos

impostos sobre o consumo os circuitos económicos longos dos circuitos económicos

curtos.

Na realidade os impostos não são neutros. Note-se que não havia planeamento fiscal

se o resultado fiscal fosse equivalente. De que valia um grande negócio se depois

pagava imensos impostos?

Exemplo I

A B

compra por 10 vende por 40 – existem mais valias

C Opta por doar à filha (não paga imposto de selo), sendo que o valor

patrimonial tributário (VPT) é de 40

Vende por 40 (não existem

mais valias

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Exemplo II – Imposto cumulativo ou em cascata

Venda Montante Imposto

A-B 100 10 B-C 200 20 C-D 300 30 D-E 400 40 100

6. Unilateralidade

No imposto não há contraprestação. O imposto é pago e não se recebe nada em troca.

Distingue-se das taxas (pago propinas, mas ando na fep) e dos empréstimos públicos

forçados com juros.

7. O imposto não tem carácter de sanção

Ou seja, não é para castigar ninguém. Tanto pagam os que se portam bem como os

que se portam mal. Distingue-se aqui o imposto das coimas e das multas, que são um

acto ilícito (têm carácter de sanção).

2.2) Os elementos essenciais do Imposto

2.3) Imposto e Algumas Figuras Afins

Lei geral tributária - Artigo 3º) Classificação dos tributos

1. Os tributos podem ser:

a. Fiscais e parafiscais;

b. Estaduais, regionais e locais.

2. Os tributos compreendem os impostos, incluindo os aduaneiros e especiais, e

outras espécies tributárias criadas por lei, designadamente as taxas e demais

contribuições financeiras a favor de entidades públicas

O nosso estado é um estado fiscal, pois a nossa principal fonte de receitas é o imposto.

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Imposto vs Taxa

1ª Diferença)

Imposto – tem carácter unilateral

Taxa – tem carácter bilateral (há contraprestação). As taxas têm carácter bilateral ou

sinalagmática ou seja há obrigações para ambas as partes e uma é o correspectivo da

outra.

2ª Diferença)

As taxas assentam no princípio da proporcionalidade taxa versus prestação estadual ou

taxa versus custo específico causado à comunidade.

3ª Diferença)

Diferenciam-se pelo respectivo regime. Os impostos têm de ser criados por lei ou por

decreto lei devidamente autorizado que deve igualmente definir os seus elementos

essenciais. Quanto às taxas o legislador apenas tem de definir o seu regime geral

(artigo 165º i da CRP). O imposto tem de constar de lei ou decreto-lei devidamente

autorizado. A taxa tem de ter o regime geral e depois pode ser criada por portaria.

Enquanto os impostos obedecem ao exigente princípio da legalidade fiscal e a sua

medida tem por base o princípio da capacidade contributiva, as taxas bastam-se com

reserva à lei parlamentar (ou decreto-lei parlamentarmente autorizado) do seu regime

geral e a sua medida assenta no princípio da proporcionalidade taxa/prestação

estadual proporcionada ou taxa/custos específicos causados à respectiva comunidade.

A este respeito, podemos assinalar que, face a um tributo, para sabermos se, do ponto

de vista jurídica constitucional, estamos perante um tributo unilateral ou imposto ou

perante um tributo bilateral ou taxa, há que fazer o teste da sua medida ou do seu

critério, estando perante um imposto se apenas puder ser medido ou aferido com base

na capacidade contributiva do contribuinte, ou perante uma taxa se for susceptível de

ser medida ou aferida com base na referida ideia de proporcionalidade.

Concretizando um pouco mais, podemos dizer que, em rigor, há aqui 2 testes: o da

bilateralidade e o da proporcionalidade. Pelo que não basta que o tributo tenha

carácter bilateral, para podermos concluir pela sua conformidade constitucional. Exige-

se também proporcionalidade entre o tributo e a respectiva contraprestação

específica.

Ex: Dai que tendo presente a jurisprudência do tribunal constitucional relativa às taxas

por infra-estruturas urbanísticas, domínio em que o tribunal foi mais longe na análise

deste problema, não basta averiguar o carácter bilateral destas, isto é, se já se

verificou a realização das respectivas infra-estruturas. Antes se impõe que

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ultrapassado com êxito o teste de bilateralidade se proceda ao teste de critério em

que assenta a taxa pelas infra-estruturas urbanísticas: ou esse critério assenta na ideia

de proporcionalidade entre a prestação (taxa) e a contraprestação específica (infra-

estrutura) deparando-nos com uma taxa; ou não assenta numa tal ideia, caso em que

teremos uma figura tributária que em virtude de ter por base a capacidade

contributiva, não pode deixar de guiar-se pelo regime próprio dos impostos.

- ver pág. 23 – exemplo dos emolumentos.

Tributos especiais

São prestações pecuniárias exigidas pelo estado e pagas pelos contribuintes em

virtude de uma vantagem especial e concreta que estes retiram do funcionamento de

determinado serviço público ou da maior despesa que a sua actividade provoca.

Muitas vezes o estado para satisfazer interesses gerais da comunidade satisfaz de

forma especial e reflexa os interesses de determinados contribuintes. Esses

contribuintes tiram assim uma especial vantagem a qual não lhe é especialmente

dirigida. Outras vezes os contribuintes provocam um desgaste anormal dos bens de

domínio público. Em qualquer destas situações o estado pode exigir um tributo. A

questão que se coloca e que é importante por causa do regime jurídico é a natureza

dos tributos. Serão impostos (lei ou DL autorizado) ou taxas (portaria)?

- Os tributos especiais distinguem-se das taxas porque a vantagem que auferem é

reflexa (para todos), ao pagamento deste tributo especial não corresponde o direito de

exigir.

- Distinguem-se estes tributos especiais também do imposto porque pressupõe uma

utilização/vantagem especial. São exemplos de tributos especiais a contribuição de

melhoria e a contribuição pela maior despesa ocasionada.

-Exemplo de contribuição de melhoria) Verifica-se naqueles casos em que é devida

uma prestação, em virtude de uma vantagem económica particular resultante do

exercício de uma actividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal

actividade indistintamente beneficia. Ex: encargo de mais-valia – uma contribuição

especial incidente em geral sobre o aumento de valor de prédios rústicos que, em

virtude de obras de urbanização ou da construção de infra-estruturas, ficam aptos para

a construção, encargo esse a liquidar aquando da solicitação da respectiva licença de

construção. 2) Tenho um terreno e só tenho acesso para lá a pé demorando 2 horas de

percurso. Mas, constrói-se uma auto-estrada para lá e o terreno tem uma valorização

incrível. Então o estado lança-me um tributo especial pelo aumento do valor do

terreno. Note-se que a vantagem aqui auferida é reflexa pois a estrada aparece para

melhorar a vida de todos, não é para beneficiar um indivíduo em especial. A estrada

passa perto de mim, mas não é dirigida a mim.

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Note-se que na taxa há o direito de exigir (pago propinas mas exijo ensino).

Note-se também que no imposto não há vantagem individual (pago imposto mas não

sei para onde vai), aqui há vantagem individual.

- Exemplo de contribuição pela maior despesa ocasionada) Ocorre naquelas situações

em que é devida uma prestação em virtude de as coisas possuídas ou de actividade

exercida pelos particulares darem origem a uma maior despesa das autoridades

públicas. Ex: Exigida aos proprietários dos veículos que pelas suas características levem

a desgaste anormal das estradas. Assim, vão pagar uma contribuição.

Conclusão: Os tributos especiais são verdadeiros impostos e só podem ser criados por

lei ou decreto-lei autorizado.

Contribuições para a segurança social

Contribuições para a segurança social ou tributos de natureza parafiscal? O que são

na realidade: Impostos ou taxas?

1ªcorrente) Argumento da taxa

Dizia-se que era taxa. Exemplos: a contrapartida é se estiver doente poder ter baixa

médica. Mas se não tiver doente note-se que já não vou ter baixa....Na realidade não

há uma contrapartida directa, enquanto na taxa há uma contrapartida directa. Não

posso dizer que paguei 11% para a segurança social e por isso tenho baixa.

A contribuição para a SS pela empresa era uma espécie de seguro. O trabalhador tinha

alguém a protege-lo e a tratar dele quando não tivesse rendimentos.

Os argumentos mostravam-se contraditórios.

2ªcorrente) Prémio de seguro obrigatório

Era um seguro por força de lei, seguro de doença, morte, que garantisse a

aposentação.

Mas, a partir de 1996 o supremo tribunal de justiça (STJ) dá uma volta e diz que as

contribuições para a segurança social são impostos.

3ªCorrente) Impostos

Mas note-se que há uma consignação subjectiva de receitas. O imposto é para todo o

estado e aqui não. O que se paga é para a segurança social.

Note-se que primeiramente se dizia que as contribuições para a SS eram uma taxa por

questões jurídicas, pois se dissessem que era um imposto tudo o que tinha sido

cobrado não podia ter sido tendo em conta que tinha sido feito a partir de decreto-lei

não autorizado.

Em suma, são tributos parafiscais.

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Tarifas

São taxas onde não há só equivalência jurídica; mas também uma equivalência

económica. São uma espécie de taxa em que o valor pago é equivalente ao do serviço

público prestado. Mas o que importa quanto a esta diferença é também o regime.

Enquanto as taxas são também uma obrigação que nasce por força de lei; as tarifas

não se encontram sujeitas a esse regime. As tarifas são os designados preços que os

municípios cobram por exemplo pelo abastecimento público de águas, saneamento de

águas residuais...... ver artigo 16 da lei das finanças locais pela lei 2 de 2007.

Estes preços nunca podem ser de valor inferior ao custo do serviço. E as taxas

normalmente são de valor inferior.

2.4) Algumas Classificações dos Impostos

1. Impostos directos e indirectos

A lei utiliza em várias disposições estes 2 nomes; mas nunca diz o sentido a que se

refere quando fala de impostos directos e indirectos. Mas, temos de ter um critério de

distinção. Há 2 ordens de critérios: Os critérios económicos e os jurídicos.

Critérios económicos

1)Critério financeiro

Os impostos directos incidiam nas manifestações imediatas da capacidade contributiva

(ex: impostos sobre o rendimento e património).

Os impostos indirectos incidiam nas manifestações mediatas da capacidade

contributiva (ex: impostos sobre o consumo).

2)Critério económico stricto sensu ou critério da contabilidade nacional

São directos ou indirectos consoante constituam ou não custos de produção das

empresas.

Impostos directos – se não são custos de produção da empresa.

Impostos indirectos – se são custos de produção da empresa.

Sendo o rendimento nacional = produto nacional – impostos indirectos

Então os impostos indirectos neste sentido eram os impostos sobre o consumo.

3)Critério da repercussão económica

Directos – os que não são economicamente repercussiveis no consumidor.

Indirectos – os que podem ser economicamente repercutiveis no consumidor.

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Critérios jurídicos:

1)Critério do lançamento administrativo

Impostos directos – aqueles em que existia um lançamento administrativo.

Impostos indirectos – aqueles em que não podia haver lançamento.

2)Critério do rol nominativo

Se pudéssemos elencar os contribuintes (fazer uma lista) então o imposto seria

directo.

Se não pudesse haver um rol nominativo era indirecto (sei lá quem são os

consumidores....).

3)Critério do tipo de relação jurídica

Impostos directos – teriam na sua base uma relação jurídica duradoura.

Impostos indirectos – teriam na sua base uma relação jurídica instantânea.

Com base nisto os directos seriam periódicos e os indirectos seriam de obrigação

única.

A nossa lei usa o conceito de imposto directo e indirecto na seguinte legislação:

- 736º nº1 no código civil

- 254º nº1 da CRP

- 92º e 93º do tratado de Roma

- 6º nº1 e 2 da lei geral tributária

Em Suma:

Impostos directos – incidem sobre o rendimento e património.

Impostos indirectos – incidem sobre o consumo e despesa.

Impostos Directo vs Indirecto

IRS Directo IRC Directo IMI Directo

Incide sobre tributação da riqueza expressa em bens imobiliários

IUC (imposto único de circulação) Antigo ISV (imposto sobre veículos)

Directo Pois incide sobre o património

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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ISV Antigo IA (imposto automóvel)

Indirecto É imposto sobre consumo e despesa.

IEC’s (iマpostos espeIiais soHre o consumo) - IT (impostos sobre o tabaco) - IABA (imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas) - ISP

Indirectos

- IVA Em vigor desde 86

Indirecto

IMT (antiga SISA) – imposto municipal sobre transmissão onerosa de imóveis

Indirecto Quando compro imóvel a partir de 80 000 euros e não tenho isenção. É uma manifestação de riqueza que se manifesta quando adquirimos. Mas, note-se que pela contabilidade nacional é directo; contudo a doutrina maioritária diz que o IMT é um imposto indirecto.

2. Impostos pessoais e impostos reais

- Impostos pessoais – têm em conta a matéria colectável, mas também a pessoa do

contribuinte. Tributam a riqueza no momento de aquisição do contribuinte. Ex: IRS

(ARTIGO 104º Nº1 Mostra-se um imposto único, progressivo e tem de ter em conta as

necessidades e rendimentos do agregado familiar).

- Impostos reais – têm em conta só a matéria colectável. Tributam a riqueza na sua

origem. Ex: Todos os outros além do IRS (como é o caso do IVA, tanto ricos como

pobres pagam).

3. Impostos estaduais e não estaduais

Esta distinção tem em conta o beneficiário do imposto

Impostos estaduais – beneficiário é o estado.

Impostos não estaduais – beneficiário é a autarquia local (município), região autónoma

ou outro ente público.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Imposto Estadual ou não estadual

IMI Não estadual Pois pertence ao município (autarquia)

IMT Não estadual Pois pertence ao município (autarquia)

IUC Não estadual Pois pertence ao município (autarquia)

Contribuições para a segurança social Não estadual Pertencem ao instituto da segurança social

IRS Estadual Mas note-se que há 5% que os municípios têm de receita de IRS. Nas zonas mais carenciadas os municípios abdicam desses 5%

4. Impostos periódicos ou de obrigação única

Se a factualidade contributiva tem carácter duradouro (sou proprietário este ano e

para o ano....; trabalhador este ano e para o ano...) então estão perante impostos

periódicos (ex: IRS, IRC, IMI)

Situações esporádicas são impostos de obrigação única (ex: como consumidor o IVA,

como beneficiário de uma herança).

Nota:

- Nos impostos de obrigação única a caducidade é contada a partir do facto.

- Nos impostos periódicos a caducidade é contada a partir do final do período.

E em ambos os casos soma-se 4 anos.

Enquanto nos impostos periódicos para contagem de prazos de caducidade da

liquidação e da prescrição da obrigação de imposto estes se contam a partir do termo

do ano em que se verificou o facto tributário. Nos de obrigação única contam-se a

partir da data em que se verificou o facto tributário, com excepção do IVA e nos

impostos sobre o rendimento quanto a tributação seja efectuada através de retenção

na fonte a título definitivo, caso em que o prazo se conta a partir do ano civil seguinte

àquele em que se verificou respectivamente, a exigibilidade do imposto ou do facto

tributário.

5. Impostos de quota fixa ou de quota variável

- Impostos de quota fixa – o valor a pagar é sempre o mesmo (ex: antiga taxa militar,

que apesar de se chamar taxa era um imposto).

- Impostos de quota variável – são todos os impostos, ainda que a taxa de mantenha

após a matéria colectável.

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6. Impostos gerais e impostos locais

Estão num âmbito de aplicação territorial.

- Impostos locais – ex: IMI quanto à taxa (localidade é que escolhe taxas em função do

desenvolvimento da região); derrama municipal (artigo 14º da lei das finanças locais)

Antes a derrama incidia sobre a colecta do IRS

A liquidação (tornar liquida uma obrigação) é feita pelo seguinte:

MC (Matéria colectável) * taxa = colecta

A colecta é o imposto a pagar? Nem sempre, porque pode haver deduções à colecta.

Antes de 2007) A derrama era até 10% sobre a colecta.

Ou seja se o IRS era 25% e a derrama era de 10% sobre a colecta então tínhamos uma

taxa de 2,5%. Logo a taxa era de 27,5%.

A partir de 2007) As coisas alteraram-se e a derrama passou a ser de 1,5% do lucro

tributável.

Ou seja diminui-se a taxa mas aumenta a base de tributação

A derrama é um imposto não estadual e um imposto local

RLE = + Variações patrimoniais positivas - variações patrimoniais negativas +/-

correcções fiscais = Lucro tributável

Se ao lucro tributável subtrair os prejuízos e benefícios fiscais obtenho a matéria

colectável.

7. Impostos gerais e impostos especiais

Impostos gerais – aplicam-se a toda uma categoria de situações homogéneas (ex: IRS,

IRC, IVA).

Impostos especiais – aplicam-seà aàdeteヴマiミadasà Iategoヴiasà espeIifiIadasà ふex:à IEC’“à –

são impostos especiais sobre o consumo como é o caso do imposto sobre o tabaco, o

ISP que é o imposto sobre produtos petrolíferos e o IABA relacionado com as bebidas

alcoólicas)

Verificamos que sobre o consumo incide o IVA e no caso do tabaco, petróleo, bebidas

alcoólicas incide ainda outro imposto, ou seja, temos uma dupla tributação.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

17

8. Impostos principais e Impostos acessórios

Impostos principais – existem por si não dependendo nem na sua existência nem nos

seus elementos de outros impostos (os principais).

Impostos acessórios – dependem da existência ou de elementos do imposto principal.

Liquidação – o que é?

A liquidação é a aplicação da taxa à matéria colectável

Taxa * matéria colectável (MC) = Colecta

Note-se que a colecta pode não ser o imposto a pagar, tendo em conta que podem

existir deduções à colecta

IRC

RLE

+ Variações patrimoniais positivas

- variações patrimoniais negativas

+/- correcções fiscais

Lucro tributável

- prejuízos fiscais de anos anteriores (de 4 anos)

- benefícios fiscais

Matéria colectável

MC * taxa = colecta

As deduções que possam existir advêm de retenções na fonte e impostos pagos ao

longo do ano

Os impostos acessórios podem ser:

- adicionais

- adicionamentos

Os adicionais – incidem sobre a colecta;

Os adicionamentos – incidem sobre a matéria colectável

- Na lei das finanças locais anterior a derrama era uma adicional porque incidia sobre a

colecta de IRC e era até 10% da colecta de IRC.

- Na lei actual a derrama é um adicionamento que incide sobre o lucro tributável. Ou

seja, houve uma adaptação da definição de adicionamento que passou a referir-se não

só à matéria colectável, mas também ao lucro tributável.

Actualmente a derrama é até 1,5% do lucro tributável.

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Quem dá os benefícios fiscais é a assembleia da república ou o governo com

autorização da assembleia da república, assim uma empresa pode estar isenta de IRC

mas tem de pagar na mesma derrama.

- Com a lei anterior a derrama referia-se à colecta e a empresa como muitas vezes não

tinha matéria colectável não pagava derrama.

- Agora com a derrama a incidir sobre o lucro tributável já vai pagar derrama e as

empresas com prejuízos fiscais acumulados vão ser prejudicadas tendo em conta que

vão pagar às autarquias na mesma a derrama.

O que é a Derrama?

A Derrama é um imposto local, autárquico, que pode ser lançado anualmente pelos

municípios, até ao limite máximo de, 1,5% do lucro tributável das empresas sujeito e

não isento de IRC. Entende-se por lucro tributável a proporção do rendimento gerado

na respectiva área geográfica por sujeitos passivos residentes e que exerçam a título

principal, uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e não residentes

com estabelecimento estável em território nacional.

Incidência

A base de incidência da derrama passa a ser o lucro tributável das empresas, podendo

a respectiva taxa variar até ao limite máximo de 1,5%.

Publicidade das taxas de derrama

A deliberação dos municípios deve ser comunicada por via electrónica à Direcção-Geral

dos Impostos até ao dia 31 de Dezembro do ano anterior ao da cobrança por parte dos

serviços competentes do Estado. A par desta comunicação é ainda obrigação dos

municípios divulgar as respectivas taxas, quer em formato de papel em local visível nos

edifícios da câmara municipal e da assembleia municipal, quer no respectivo sítio da

Internet.

Page 20: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

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9. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

Impostos proporcionais – taxa é igual independentemente da matéria colectável (Ex:

IVA; dentro da mesma classe o IRS é proporcional, assim como na última classe).

Impostos progressivos – taxa aumenta com o aumento da matéria colectável (Ex:

entre os vários escalões o IRS é imposto progressivo).

Impostos regressivos – taxa diminui com o aumento da matéria colectável. Em termos

jurídicos não existem.

10. Impostos ordinários e impostos extraordinários

Impostos ordinários – são aqueles em que o direito do sujeito activo se mantém

enquanto se mantiver a situação que fez nascer o sujeito passivo. (ex: IRS, IRC).

Impostos extraordinários – são aqueles em que o direito do sujeito activo se mantém

enquanto vigora o prazo no diploma legal que o instituiu (ex: derrama tem de ser

comunicada até certa data porque caso contrário não há imposto).

11. Impostos fiscais e extrafiscais

Impostos fiscais – têm como objectivo a obtenção de receitas;

Impostos extra fiscais – têm como objectivo promover ou obstar determinados

comportamentos. É o caso dos impostos aduaneiros (protecção das indústrias

nacionais pelo estado); os impostos sufocantes ou suicidas (ex: imposto sobre o tabaco

de modo a tentar evitar que indivíduos fumem). Aqui também cabem os eco impostos

(para indivíduos não estragarem ambiente). O grande objectivo dos impostos extra

fiscais é tornar suave os impostos, dizendo que são cobrados para bem do próprio

individuo.

Nota: Para o professor todos os impostos são fiscais.

Note-se também que o imposto nunca foi neutro. O que era um imposto neutro? Era

um imposto só para obter receita e não influenciar o comportamento do contribuinte,

mas os impostos na realidade têm influência social nos contribuintes.

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20

Momentos da vida do imposto (pág. 39)

1º momento) Nascimento

Quando nasce o imposto? Nascem com a verificação dos pressupostos de facto

descritos na lei.

Vamos distinguir entre normas de incidência e normas de lançamento.

normas de incidência – dizem o que e quem está sujeito a imposto. Mas dizem-

no de forma geral e abstracta.

normas de lançamento – dizem o que e quem está sujeito a imposto. Mas

dizem-no de forma individual e concreta. É aqui que se verificam os

pressupostos de facto.

Note-se que o imposto não nasce quando é liquidado. Com a liquidação a obrigação

torna-se certa, exigível e líquida

2º momento) Liquidação

É feita a partir de MC*taxa = matéria colectável

Nota: caducidade do imposto – 4 anos após o facto gerador (que é a verificação dos

pressupostos de factos), sendo o facto gerador que faz com que o imposto nasça.

Exemplo: A vende mercadoria a B e B só vai pagar daqui a 3 meses. Quando nasce a

obrigação? Nasce no momento da venda de A a B. Tendo ou não recebido o IVA de B,

A vai ter de o pagar.

3º momento) Cobrança

Existem 2 formas de fazer a cobrança:

pagamento voluntário – é aquele que é feito dentro do prazo fixado na lei

fiscal.

cobrança coerciva – o indivíduo não paga dentro do prazo e assim sai uma

certidão de divida com um consequente processo de execução. Tudo acontece

informaticamente.

Pagamento vs cobrança – é a mesma realidade, mas vista de perspectivas diferentes.

O pagamento é a realidade vista do lado do contribuinte; a cobrança é o lado de quem

vai receber pressupondo a ideia de que o contribuinte não pagou.

Page 22: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

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Resumindo pode-se dizer que há 3 fases na vida do imposto:

Lançamento – determinar matéria colectável e sujeito passivo.

Liquidação – determinada a partir de taxa*matéria colectável = colecta; com

possibilidade de existência de deduções à colecta. Note-se que na liquidação

também se determina a taxa.

Cobrança.

Capítulo III – As Fontes de direito

A palavra fontes de direito pode ter vários sentidos:

sentido sociológico;

sentido histórico;

sentido politico (ex: AR e governo)

sentido jurídico – formas através das quais o direito se manifesta e adquire

existência como um ser cultural.

É a partir das leis que o direito se manifesta (também há o costume,

juヴispヴudZミIia…マasàoàesseミIial são as leis)

Existem 2 grupos fundamentais de fontes:

Fontes de direito interno

Fontes de direito internacional:

o geral

o comum

o convencional (e dentro deste está o comunitário)

Fontes de direito interno

1ª) Constituição Temos os princípios tributários fundamentais. É nela que se estrutura o sistema fiscal e

nela que constam os limites do poder tributário.

Antes do movimento constitucionalista do século dezanove já existia um conjunto de

princípios e normas que pela sua relevância se impuseram ao próprio legislador

constitucional. São princípios que esse legislador teve de reconhecer por terem

relevância supra constitucional, por pertencerem à chamada constituição material. O

que é a constituição material? O positivismo dizia que o que estava na lei era direito.

Dentro destes princípios o mais antigo é o da legalidade.

Page 23: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

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Classificação das Constituições

a. Quanto ao conteúdo:

a) Constituição formal: regras formalmente constitucionais, é o texto votado

pela Assembleia Constituinte, são todas as regras formalmente

constitucionais = estão inseridas no texto constitucional.

b) Constituição material: regras materialmente constitucionais, é o conjunto de

regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer

esteja no texto constitucional ou fora dele. O conceito de Constituição material

transcende o conceito de Constituição formal, ela é ao mesmo tempo, menor que a

formal e mais que esta = nem todas as normas do texto são constituição material e há

normas fora do texto que são materialmente constitucionais.

Regras de matéria constitucional são as regras que dizem respeito ao poder, portanto,

são as que cuidam da organização do Estado e dos poderes constituídos, modo de

aquisição e exercício do poder, as garantias e direitos fundamentais, elementos socio-

ideológicos, etc.

Nem todas as regras que estão na Constituição são regras materialmente

constitucionais. Pelo simples fato de estarem na Constituição elas são formalmente

constitucionais. As regras formalmente constitucionais são chamadas por alguns

autores de lei constitucional, é como se fosse uma lei na constituição.

Constituição material: todas as regras que, do ponto de vista do seu conteúdo,

tenham um valor constitucional (= tenham dignidade suficiente para estar na lei

fundamental), independentemente de estarem ou não plasmadas no texto da

constituição.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Princípios Tributários Fundamentais

Princípio da legalidade2

Traduz-se no primado da lei e na reserva de lei. Ou seja, os impostos têm de ser

criados por lei no sentido de lei da assembleia da república ou de decreto-lei

autorizado pela assembleia da república. E não basta que a lei crie impostos. Tem de

definir também, os seus elementos essenciais que são os seguintes: incidência, taxa,

benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. Daqui decorre uma tipicidade legal que

se traduz em os impostos verem ser estabelecidos na lei de forma suficientemente

determinada sem margem para desenvolvimento regulamentar nem para

discricionariedade administrativa quanto aos seus elementos essenciais.

Tendo em conta essa tipicidade legal dos impostos não pode deixar de considerar-se

como constitucionalmente excluída a possibilidade da lei conferir às autoridades

administrativas a faculdade de fixar dentro dos limites legais mais ou menos abertos

por exemplo as taxas dos impostos enquanto elemento essencial que são dos

impostos. Encontra-se excluída a possibilidade do legislador se socorrer de normas

elásticas ou de borracha para criar impostos ou definir os seus elementos essenciais.

CRP artigo 103º nº 2

Discricionariedade – Termo de direito administrativo; baseia-se no facto do legislador

conceder ao aplicador do direito a possibilidade de escolher entre várias hipóteses a

que melhor se adapta ao caso concreto.

Ex: Direito de audição prévia fixado entre 8 e 15 dias.

O aplicador de direito escolhe o prazo adequado para o caso concreto; o legislador não

pode legislar tudo.

Margem de livre apreciação – Possibilidade do legislador conceder ao aplicador de

direito de encontrar a única situação possível.

Ex: À Noite os carros têm de ter os médios ligados. Mas quando é que é noite? Agora

só há 2 situações possíveis. O agente de autoridade tem de definir se é dia ou se é dia.

Nestas matérias não há discricionariedade; está na lei a taxa e não é consoante se seja

rico ou poHヴe…. que aplico ou 10% ou 20% por exemplo.

Nos impostos e definição dos elementos essenciais existe uma reserva absoluta de lei

formal. Isso significa, que os impostos não podem ser criados sem ser por lei da

assembleia da república ou decreto-lei do governo. 2 Ver artigos 103º e 165º da CRP

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Note-se que: Reserva absoluta de lei formal # Reserva relativa de competência da

Assembleia da república.

A reserva relativa de competência da assembleia da república diz respeito ao órgão.

Princípio da igualdade (outro principio tributário fundamental)3

Traduz-se na uniformidade e generalidade dos impostos.

- Uniformidade – Todos devem pagar impostos segundo o mesmo critério. Qual é esse

critério? É o critério da capacidade contributiva (capacidade de pagar) que se mede

pela capacidade de gastar. A capacidade de gastar mede-se pelo sacrifício que o gasto

representa para cada um. Assim, pessoas com a mesma capacidade contributiva

devem pagar os mesmos impostos. É a chamada igualdade horizontal. Pessoas com

diferente capacidade contributiva devem pagar impostos diferentes – igualdade

vertical. Este sentido na ideia de universalidade e não discriminação está no artigo 13º

da CRP.

- Generalidade – todos estão sujeitos aos impostos, todos pagam impostos.

Considerações soHヴeàesteàpヴiミIipioàdaàigualdadeぶàさQuaミdoàuマaàleiàd=àpaヴaàtudoàミãoàd=àpaヴaàミadaざà– professor.

Nãoàseàeミケuadヴaàaケuiàミada.àExeマplo:àさ“óàseàaIedeà<àfaIuldadeàseàseàfoヴàIatóliIoざà– há

violação do princípio daà igualdade;à さIマpostosà sóà sãoà pagosà paヴaà iミdivíduosà de raça

HヴaミIaざ,àveヴifiIoàケueàistoàYàuマàexeマploàaIadYマiIoàpoヴケueàミaàpヴ=tiIaàミãoàseàveヴifiIa. Num caso prático em teste não teremos nenhum exercício em que o princípio da

igualdade seja violado; isto não acontecerá porque na realidade é praticamente

impossível de encontrar.

Princípio da autorização anual das cobranças4

Os impostos devem ser anualmente votados pelo parlamento. Para que o imposto seja

devido não basta que uma lei o tenha criado, é necessário que a sua cobrança tenha

sido previsto no orçamento do ano respectivo. Sendo nisto que se consubstancia este

principio. Este princípio é inerente à constituição fiscal e orçamental de estado de

direito democrático, pertence à chamada constituição material. Não pode haver

cobrança de impostos sem inscrição orçamental. A falta de inscrição do imposto num

orçamento ou em vários consecutivos não implica a sua revogação, isto é a revogação

de qualquer lei que o criou; mas apenas suspende a sua eficácia. O mesmo sucede com

uma lei que cria ex-novo (de novo) um imposto. Enquanto o mesmo não for inscrito

não vigora; a sua eficácia está suspensa, mas não o revoga.

3 Ver artigo 13º da Constituição

4 Ver artigo 106º da Constituição

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Principio da não retroactividade dos impostos5

Este princípio só apareceu com a revisão constitucional de 1997. Em 1989 só o México

é que tinha este principio consagrado. Mas note-se que não é por não estar aqui que

não estava consagrado este princípio na constituição. Isto, porque por uma questão de

segurança jurídica estava consagrado no artigo 2º da CRP que nos diz que Portugal é

um estado de direito (é regido por lei). Uma lei retroactiva viola a segurança jurídica.

Note-se que se o país estiver falido tem de ir buscar o dinheiro a algum lado. Este

princípio, que é o mais recente, é o primeiro a ser sacrificado. Estamos a salvaguardar

a saúde das finanças públicas e a única consequência da violação deste princípio é

política. Não existem valores absolutos.

Graus de retroactividade:

1º) A lei nova aplica-se a um facto ocorrido na lei anterior e que esgotou no domínio

da lei anterior todos os seus efeitos.

Ex: A paga imposto em 2008 e já foi liquidado. Em 2010 sai lei que diz que os

rendimentos de 2008 sofrem agravamento de taxa de 0,5%.

2º) A lei nova vai aplicar-se aos factos que ocorreram no domínio da lei antiga todavia

os efeitos desse facto prolongaram-se pela vigência da lei nova.

Exemplo: IRC de 2009. A liquidação é até finais de Maio de 2010. Em Janeiro de 2010

aparece uma lei nova e manda alterar a taxa. O facto já ocorreu mas ainda não houve

liquidação, ainda não houve cobrança. Quando se faz a liquidação já está em vigor a lei

nova.

3º) O facto tributário ocorre no domínio da lei nova e da lei velha. Começa a surgir no

domínio da lei velha, mas só se forma completamente já no domínio da lei nova. São

factos tributários de formação sucessiva.

Existem 2 teorias

nenhum dos 3 graus de retroactividade é possível.

o grau 3 de retroactividade é possível (situação em que o facto só se completa

no fim do período e se a lei surge a meio do período aplica-se).

5 Ver artigo 103º da Constituição

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Notas importantes para teste

O IRC é de formação sucessiva? Não. O facto tributário é que é de formação

sucessiva e não o imposto. O IRC não é de formação sucessiva; o facto tributário

(rendimento que se vai construindo) é que é.

Nos impostos periódicos é comum falar de formação sucessiva

Nas mais-valias imaginando que vendo determinadas acções em Março de 2010

(contrato que estabeleço) e sai lei nova em Junho 2010, dizia-se no caso de

admissão do grau 3 de retroactividade que o facto só nasceu no fim de 2010 (fim do

período) e dessa forma podia-se aplicar a lei nova de Junho de 2010.

Princípio da eficácia tributária

O sistema fiscal nos termos do artigo 103º nº1 da CRP visa a satisfação das necessidades financeiras do estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza. Os impostos têm todos uma componente extra fiscal, isto porque não podem existir

impostos extra fiscais puros (com a extra fiscalidade tenta-se adocicar o imposto).

A eficácia do sistema fiscal consiste na sua capacidade para atingir os fins que lhe

estão constitucionalmente destinados.

Estes fins são: o tradicional (obtenção de receitas para a actividade financeira do

estado e outras entidades públicas) e o fim extra fiscal.

O objectivo da obtenção de receitas é relativo, pois depende das necessidades

financeiras do estado. Por sua vez, o nível de despesas públicas não há-de ser o

óptimo, mas o possível, tendo em consideração o nível possível das receitas públicas.

O segundo objectivo do sistema fiscal (objectivo igualitário) constitui uma das

incumbências prioritárias do estado no âmbito económico e social. (ver artigo 81

alínea B). Nos termos do artigo 67 nº 2 f incumbe ao Estado, para protecção da família,

regular os impostos e os benefícios sociais em harmonia com os encargos familiares –

ordens de conceito programáticas, ou seja, obrigam apenas o legislador e a

administração a desenvolver os meios para atingir estes fins.

Princípio da eficiência fiscal – pressupõe a racionalização dos meios a utilizar pelos

serviços. Estes principio baseia-se na comparação, por um lado, nas receitas arrecadas

e os objectivos extra fiscais prosseguidos, e por outro lado, na totalidade dos custos

suportados para o efeito, custos esses financeiros e não financeiros.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

27

Enquanto a eficácia respeita à capacidade do sistema fiscal para alcançar objectivos

fiscais e extra fiscais, a eficiência tem em consideração a relação entre os subjectivos e

os custos implicados pela prossecução desses objectivos. Os custos têm a ver não só

com aqueles suportados com o Estado, mas também pelos contribuintes. Um imposto

é ineficiência se os custos por ele implicados não forem compatíveis com os objectivos

do sistema fiscal.

Consequências da violação de um princípio fundamental:

Consequência da Violação do Princípio da Legalidade – inconstitucionalidade orgânica

e/ou formal. (...)

É orgânica porque deveria ser feita pela AR (ou Governo), e formal porque deveria ser

lei da Ar e é outro (regulamento, entre outros).

Poderá dar também uma Inconstitucionalidade Material? – Se incluirmos na

inconstitucionalidade material só as norma que ofendam a constituição por vícios de

conteúdo, então o princípio da legalidade não terá como consequência uma

Inconstitucionalidade Material. Contudo, se o critério for quaisquer ofensas aos

direitos, liberdades e garantias em si, também haverá uma inconstitucionalidade

material.

Fontes de Direito Interno (continuação)

Lei – no sentido da AR, decreto de Lei e decretos legislativos regionais das

assembleias regionais.

Artigo 8º - Princípio da Legalidade Tributária (lei Geral Tributária)

Nº 1 – todas estas matérias são tributadas através de Lei da AR e Decreto de Lei

autorizado.

Nº2 – Uma vez que não são elementos essenciais fiscais, podem ser tributárias através

de um decreto de lei não autorizado (no mínimo).

O princípio da legalidade, constitucionalmente consagrado, reserva à Lei da Ar ou ao

decreto de lei autorizado, a criação de impostos e a definição dos seus elementos

essenciais. Por sua vez, o princípio da legalidade constante na Lei Ordinária veda à

esfera regulamentar as matérias respeitantes aos elementos não essenciais do

imposto (liquidação e cobrança), bem como todas as demais matérias previstas no

artigo 8º nº2 da Lei geral Tributária. Quanto aos decretos legislativos regionais, ver

artigos 227º 1i), 166 nº 2 e 164 alínea r) da Constituição.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

28

Regulamentos – destinam-se a permitir a boa execução das leis. Nos regulamentos

decompreendem-se os decretos regulamentares, a regulação do conselho de

ministros, as portarias e os despachos normativos, sendo estes os regulamentos do

governo. Temos depois os regulamentos das autarquias e os das regiões autónomas.

Os regulamentos podem ou não ter carácter inovador. Se tiverem, não podem versar

sobre as matérias sujeitas ao princípio da legalidade tributária constitucionalmente e

legalmente consagrado.

Os regulamentos, em todas as matérias exclusivas do artigo 8, são fonte imediata.

Regulamentos Internos (ou normas Internas) da Administração Fiscal (as

chamadas orientações administrativas) – por exemplo, as instruções, circulares,

ofícios de circulares, ofícios circulados, pareceres – vinculam pelo poder de autoridade

de quem a emita e no dever de obediência para quem se dirige. (...)

Estas normas estão sujeitas a publicação, no prazo de trinta dias (artigo 59 3B da lei

geral tributária. Estas normas não vinculam os tribunais (nem sequer são dirigias ao

particulares), mas é pelos critérios nelas inseridas que se decide o caso concreto de

cada um. Estas não são fonte imediata, são mediata.

Jurisprudência: apenas podemos considerar fonte mediata de direito as

declarações de ilegalidade e de inconstitucionalidade com força obrigatória geral de

determinadas normas jurídicas. (ver artigos 281 e 282 da Constituição).

Por sua vez, ver ainda artigo 72 do CPTA – código de processos dos tribunais

administrativos.

Doutrina – a doutrina vale pela autoridade de quem profere essas opiniões. Por

exemplo, a doutrina dos manuais de direito fiscal, aquela que imana da própria

jurisprudência – valem pela razão de ciência de quem as profere. A doutrina é uma

fonte mediata (não tem relevância no Direito Fiscal).

Fontes de Direito Internacional

Direito Internacional Geral ou comum – faz parte da lei portuguesa, não

necessita de rectificação.

Direito Internacional Convencional – depende de prévia rectificação e

publicação no Diário da república. Assume especial importância as convenções

internacionais em matéria da dupla tributação económica.

Page 30: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

29

Direito Comunitário

o Fiscal Próprio – disciplina os impostos comunitários próprios, em que

temos a tributação que suporta a união aduaneira concretizada na

pauta aduaneira comum (PAC); os impostos niveladores agrícolas, a

tributação anti-dumping, e a tributação compensadora. Temos ainda os

impostos sobre os funcionários europeus.

o Fiscal Inter-estadual

A disciplina dos impostos indirectos, baseada nos artigos 92 e

93.

A disciplina de alguns impostos de alguns aspectos avulsos da

tributação directa das empresas baseada no artigo 94.

No âmbito da tributação indirecta, temos o caso do IVA – por exemplo, não há

harmonização quanto à dedução do IVA. No entanto, há harmonização total quanto à

incidência pessoal e incidência reais.

Por fim, os contratos fiscais/acordos não são fonte de direito – ver estatutos dos

benefícios fiscais: art. 36; 41

Siglas

IRS – Imposto sobre o rendimento singular

IRC – imposto sobre o rendimento colectivo

IVA – imposto sobre o valor acrescentado

CIS – código do imposto de selo

IUC – imposto único de circulação

ISU – imposto social único

IMT – imposto municipal sobre as transacções onerosas de imóveis

IMI – imposto municipal sobre imóveis

RGTI -

CPPT – código do procedimento e do processo tributário

LGT – Lei Geral tributária

EBF – estatuto dos benefícios fiscais

ESC – impostos especiais sobre o consumo

ISP

IT

IABA – imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas

CRP – Constituição da república portuguesa

CC – código civil

CSC

IJ – Impostos sobre o juro

CPTA – código do processo dos tribunais administrativos

Page 31: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Fenómeno da dupla tributação – o rendimento de uma pessoa é tributado por dois

países.

Princípio da Igualdade – a igualdade se traduz não numa igualdade formal, isto é,

perante a lei, mas numa igualdade através da lei, isto é, numa igualdade que obriga o

legislador, em termos negativos, não fazer discriminações ou igualizações arbitrárias, e

em termos positivos o obriga a fazer discriminações para compensar as desigualdades

fácticas (as de facto).

Capítulo IV - Interpretação e Integração da Lei Fiscal

Regras de Interpretação – interpretar uma lei é procurar o sentido com que ela deve

ser feita valer.

4.1) Regras de Interpretação: (artigo 11º)

Nota introdutória - Tipos de interpretação (ao longo do tempo):

1. In dúbio para o fisco – em caso de dúvida, era decidido em favor do fisco –

Idade Média

2. In dúbio contra o fisco – típica da idade média – Direito Romano. Razão:

Pronuncia os direitos individuais.

3. Interpretação Literal – grande defensor em Portugal (Soares Martinez) – excluía

a interpretação extensiva – na interpretação da lei fiscal, não se pode recorrer

à interpretação extensiva – não se recorria ao espírito da lei – Razões de

Segurança

Regras

1ª) Actualmente, as leis fiscais aplicam-se conforme uma lei geral – artigo 9 do código

civil – valem os princípios gerais de interpretação.

2ª) Quando a lei fiscal utilize conceitos próprios de outros ramos de direito, qual é o

sentido que valem no direito fiscal? – Valem com o sentido que tiverem nesse outro

ramo de direito, a não ser que outro resulte da lei.

Exemplo: Conceito de Venda vale como no direito civil, excepto quando o direito fiscal

mencione: em direito fiscal, venda significa....

3ª) Substância económica só mesmo quando existirem dúvidas

Page 32: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

31

4.2) Integração de Lacunas

A analogia está excluída em matérias de criação de impostos e definição de elementos

essenciais, ou seja, aqueles em que existe reserva de competência legislativa da

Assembleia da Republica – artigo 8 nº 16 da LGT e artigos da Constituição.

Capítulo V) Aplicação da Lei Fiscal no Tempo

5.1) O início e o termo da vigência da lei fiscal

5.2) O princípio da territorialidade

(artigo 12º - Código Civil e Lei Geral Tributária7)

Aplicação da Lei no tempo: A lei só vale para o futuro.

Artigo nº12 b) – está em causa o terceiro grau de retroactividade.8

Cláusulas Anti-abuso (pag. 220) – existem opções que têm um limite – fraude à Lei.

Dois conceitos completamente distintos: Fraude Fiscal e Fraude à Lei (Fiscal).

Fraude Fiscal – violação da norma fiscal: a pessoa experientes para não declarar o que

vende, para não pagar impostos.

Fraude da Lei Fiscal – através de meios lícitos, o sujeito vai conseguir o resultado que

era proibido por lei, ou seja, torneando a proibição legal, o sujeito utiliza formas

jurídicas que não se adequam à substancia económica, para dessa forma conseguir o

resultado que a lei pretendeu evitar. Daí que, para evitar o abuso das formas jurídicas,

o legislador consagrou vários remédios, quer em leis gerais, quer em leis especiais. O

art. 38 nº2 (LGT) consagra, precisamente, uma norma geral anti-abuso. Esta norma

estipula que, se os sujeitos utilizarem formas jurídicas que não se adequam à forma

jurídica, apenas para conseguir uma determinada vantagem, então esses actos são

ineficazes fiscalmente.

Exemplo: Mais-valias e doações.

6 As matérias do artigo nº8 alínea 2 já são susceptíveis de analogia.

7 A Lei Geral Tributária entrou em vigor em 1/1/1999

8 Nota: actualmente está em discussão o artigo 12 do código civil com outra que saiu (está contra a nº

12). No entanto, essa discussão só existe por causa do artigo nº 103 da Constituição, pois caso não fosse essa norma, a norma actual revogaria (tacitamente) o artigo nº 12.

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Exemplo 2 – A tem uma sociedade LDA por quotas, e quer vende-as. Ora, essas quotas

iriam ser tributadas a 10%, a não ser que sejam já detidas há mais de um ano, ou que

converta a LDA em SA. Claramente não existe conteúdo económico nesta escolha.

Exemplo 3 – A Câmara Municipal prometeu vender um imóvel à empresa A por

ヵヰ.ヰヰヰ€.àNoàeミtaミto,àalguミsàaミosàdepois,àoàteヴヴeミoàvaleàj=àンヰヰ.ヰヰ€,àeàaàeマpヴesaàBàest=àdisponível para comprar por esse preço. A resolução do caso ficou da seguinte forma:

A CM vendeu a B, resolveu o contrato com o A e o B ficou responsável por indemnizar

A. No entanto, as indemnizações estão sujeitas à tributação fiscal. Para fugir a esse

imposto, considerou-se que a indemnização que B iria pagar a A são proveitos de A.

Aplicação da Lei Fiscal no Espaço – artigo 13º da LGT

Princípio da Territorialidade em sentido positivo – a lei Portuguesa aplica-se em todo o

território nacional, inclusive aos que não são residentes em Portugal.

Em sentido negativo, este princípio dispõe que as leis estrangeiras não se aplicam no

território Português. As várias legislações utilizam elementos de conexão subjectivos,

como sejam a sede, domicílio ou residência do contribuinte e, outras vezes, elementos

de conexão objectivos, como sejam, o local da situação dos bens, a fonte e produção

ou pagamento de rendimentos, ou local do estabelecimento permanente. Temos

então uma territorialidade em sentido pessoal, e uma territorialidade em sentido real.

A utilização destes elementos de conexão varia consoante o tipo de impostos. Assim,

nos impostos sob o rendimento, o Estado utiliza como elemento de conexão o Estado

onde reside o titular dos rendimentos, mas também o Estado onde os rendimentos são

obtidos. Para os seus residentes, os Estados aplicam o conceito de residência em

termos universais, tributando todos os rendimentos dos seus residentes,

independentemente do local onde são obtidos. Já quanto aos não residentes, utiliza os

elementos de conexão real / objectivo do estado onde o rendimento é obtido e

tributam apenas os rendimentos ai obtidos pelo não residente.

Assim:

Residentes: tributa os rendimentos obtidos em Portugal e em qualquer parte do

Mundo

Não residentes: apenas o rendimento aqui obtido.

Ver artigo 15º, 16º do Código IRS

Em relação sobre os impostos sobre o património, é a ligação local que conta, isto é,

onde se situa o bem - elemento de conexão objectivo.

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Territorialidade em sentido formal – a lei fiscal portuguesa só é susceptível de

execução coerciva dentro do espaço Português. No entanto, existe um diploma –

decreto de lei nº 296/2003 de 21 de Novembro, que estabelece assistência mútua

entre os estados em matéria de impostos, dando concretização à directiva 76/308 CEE.

Impostos sobre consumo e despesas – o elemento de conexão é onde os bens são

consumidos – vigora a regra do destino, isto é, o país de origem não tributa, tributa o

país de destino, isto é, o país de origem isenta as exportações, e o de destino tributa as

importações.

5.3) Convenção da OCDE

Conceitos a saber:

1. Dupla tributação interna

a. Económica

b. Jurídica

2. Dupla tributação internacional

a. Económica

b. Jurídica

3. Duplicação da Colecta

Dupla tributação – existe dupla tributação quando o mesmo facto se integra na

previsão de duas ou mais normas de imposto (normas fiscais) distintas, dando origem

a mais do que uma obrigação de imposto. Se as normas tributárias pertencerem ao

mesmo ordenamento, a dupla tributação é interna. Se pertencerem a ordenamentos

tributários distintos, a dupla tributação é internacional.

A dupla tributação económica ocorre quando o facto, no seu elemento objectivo,

integra a previsão de normas fiscais distintas, mas a identidade do facto já não se

verifica quanto ao elemento subjectivo.

Na dupla tributação jurídica exige-se cumulativamente com a identidade do facto na

dimensão objectiva a identidade do facto na dimensão subjectiva, isto é, tem que

existir identidade do facto e identidade do contribuinte. Já na dupla tributação

económica, apenas é necessária a identidade do facto quanto ao elemento objectivo,

ainda que o subjectivo não se mantenha. Haverá dupla tributação ainda que o mesmo

facto seja tributado por impostos diversos, quer quanto à designação, quer quanto à

origem, quer quanto à estrutura, quer quanto ao objecto. A dupla tributação distingue-

se da duplicação da colecta, por quanto, nesta última, não existe uma pluralidade de

normas, mas antes uma pluralidade de aplicações da mesma norma. A duplicação da

colecta está consagrada, em termos conceptuais, no artigo 205 do CPPT.

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Exemplos de dupla tributação

– Importação de um veículo automóvel.

Facto: importação. Impostos devidos: ISU/IA. Esta tributação é jurídica.

– A empresa A SA tem como sócios B e C SA, que por sua vez B tem como sócios D e E

“á,àeàCàFàeàGà“á.à“eàáàoHtiveヴàuマàヴeミdiマeミtoàdeàヱヰヰヰ€,àpagaヴ=à iマpostoàふaà título de

exemplo, a um a taxa de 1ヰ%ぶàヱヰヰ€.àPoヴàsuaàvez,àosàΓヰヰ€àiヴiaマàseヴàdistヴiHuídosàaàBàeàC,àふIadaà uマaà ヴeIeHeヴiaà ヴヵヰ€ぶ,à ケueà ミovaマeミteà iヴiaマà seヴà tヴiHutados,à eà assiマàsucessivamente – dupla tributação económica.

Para que exista Duplicação da Colecta é necessário que exista: identidade do facto, do

imposto e do período9.

Dupla tributação Internacional: resulta de todos os Estados quererem tributar. Se fosse

aplicado o princípio da territorialidade, não haveria problemas de dupla tributação.

No entanto, existe um confronto entre:

O país de residência (capitalista) e o país de origem (em vias de desenvolvimento).

Composto Positivo de Normas – o mesmo facto tem duas ou mais normas distintas

Composto Negativo de Normas: quando o facto não se integra em nenhuma norma

onde se devia integrar – surge invasão fiscal – não existe norma para a tributação do

rendimento.

Assim, o País de Residência invoca o Princípio da igualdade.

Exemplo: consideremos dois professores residentes em Portugal,à uマà Ioマà ヵヰヰヰヰ€à eàoutヴoà Ioマà ヶヰヰヰヰ€.à áケueleà ケueà aufeヴeà ヴendimentos superiores é Angolano. Ora,

segundo a Lei Portuguesa, ambos seriam tributados 40%. No entanto, segundo a lei

Angolana, não seriam tributados.

9 Na dupla tributação, é necessário a identidade do imposto e do período,.

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Notas Soltas para o Teste

Aplicação da lei tributária no tempo – artigo 12º

Ex do artigo 12º nº3) Imaginando que o prazo de reclamação é de 120 dias. Um

indivíduo é notificado em 1/4/2010 e é dito que tem 120 dias para reclamar.

Entretanto sai uma lei nova em 1/5/2010 que diz que o prazo de reclamação é de 20

dias. Se esta nova lei se aplica-se ao caso anterior verificava que já tinham passado os

20 dias e a pessoa já não podia reclamar. Ou seja, não se pode aplicar a lei nova ao

caso de 1/4/2010 pois estão a decorrer os 120 dias

Ex do artigo 12º nº 4) Ou seja, normas que desenvolvam normas de incidência não se

aplicam imediatamente.

Podem ser perdoados impostos?

Os direitos e deveres emergentes de obrigação fiscal são indisponíveis. O estado não

pode conceder moratórias (Espera, dilação que o credor concede ao devedor além do

dia do vencimento da dívida), assim muito menos pode perdoar.

Como é licito o perdão? É licito se for feito por quem tem competencia para criar

impostos. Os juros e impostos têm de ser perdoados por lei da assembleia da república

ou decreto lei autorizado.

Concurso positivo de normas – é aquilo em que se traduz a dupla tributação

internacional. Integra-se o mesmo facto na previsão de 2 ou mais normas e dá-se lugar

a 2 ou mais obrigações de imposto.

Concurso negativo de normas – Não preenche a previsão de nenhumas normas

(excluem-se mutuamente).

Exemplo: Português que trabalha em França, mas é residente em Portugal.

- França diz que: o competente para tributar o rendimento do trabalho é o pais de

residencia do individuo.

- Portugal diz que: o competente para tributar o rendimento do trabalho é o país onde

o rendimento é obtido.

Dupla tributação internacional

Se se aplicasse o principio da territorialidade não havia este problema da dupla

tributação internacional. Mas existe porque o estado de residencia não abdica de

tributar.

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Quais as razões que o estado de residencia invoca para tributar?

- Principio da igualdade tributária

Se eu (pais de residencia) não tributo, o da fonte para incentivar exportações,

マoviマeミtosàdeàIapitaisà…àミãoàtヴiHutaàeミtãoàveヴifiIaマosàケueàミiミguYマàtヴiHutaàeàtenho

2 residentes em condições diferentes. Geralmente aplica aos seus residentes um

imposto pessoal de taxa progressiva sobre o rendimento global das pessoas singulares,

pelo que se não tributasse os rendimentos dos seus residentes no estrangeiro estava a

violar o principio da igualdades tributária

- O estado de fonte ou origem confere protecção e tutela vantagens ao investimento;

mas o país de residencia diz que também o faz; e é ali que em última instancia se situa

a alma (sede da empresa) sendo ali que se vao reflectir as consequencia da perda do

investimento.

- Evasão fiscal

Se eu não tributo e tu também não, entao há evasão.

- Se não tributasse o pais de residencia estaria a perder receitas e por outro lado a

estimular exportação de capitais.

O onus de eliminar a dupla tributação internacional é do estado de residencia. E

porque tem de ser eliminada? Porque é nociva ao movimento internacional de

capitais.

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Métodos para eliminar a dupla tributação

1º) Isenção, que por sua vez pode ser:

Isenção integral

Isenção com progressividade

Como o nome indica este método consiste em isentar de imposto devido no país de

residência os rendimentos de fonte estrangeira.

Na isenção integral o rendimento de fonte externa não é tido em consideração

seja para que efeito for.

Na isenção com progressividade o rendimento de fonte externa apesar de não

ser tributado é levado em conta conjuntamente com os rendimentos de

produção interna para o efeito de determinar a taxa progressiva aplicável ao

rendimento global.

2º) Imputação, que por sua vez pode ser:

Imputação integral

Imputação ordinária

Neste método o rendimento de fonte estrangeira não é isento de tal forma que o estado de

residência tributa o rendimento global seja qual for a sua origem. Todavia do montante de

imposto assim apurado deduz ou credita o imposto pago no país de origem. As 2 variantes deste

método são as seguintes:

Imputação integral – O estado deduz o montante total do imposto efectivamente pago no

estrangeiro (ou origem).

Imputação ordinária – O estado de residência deduz apenas uma parte do imposto

efectivamente pago no pais de residência sujeitando essa dedução a um limite máximo.

Limite esse correspondente à fracção do próprio imposto correspondente aos

rendimentos provenientes do pais de origem.

Nesta imputação ordinária há apenas dedução parcial do imposto estrangeiro de este for

superior ao que o estado de residência aplica aos mesmos rendimentos. O que significa que o

desconto só é outorgado até ao limite mais baixo dos impostos em concurso.

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Exercício Prático - Métodos da Isenção

A

Rendimento (no País de Residente) – ヱヰ.ヰヰヰ€à Rendimento F/O – ヴヰ.ヰヰヰ€

B (residente)

Rendimento – ヵヰ.ヰヰヰ€

Tributação, em Portugal:

Escalão A – x

Escalão B –

Escalão C – atYàヱヰ.ヰヰヰ€à- 20%

Escalão D – x

Escalão E –

Escalão F – atYàヵヰ.ヰヰヰ€à- 40%

Tributação, na Fonte: Fixa = 10%

Cálculos a efectuar:

a) Sem método

A

TRPà=àヵヰ.ヰヰヰ€*ヴヰ%à=àヲヰ.ヰヰヰ

TRFà=àヴヰ.ヰヰヰ€*ヱヰ%à=àヴヰヰヰ

Totalà=àヲヴ.ヰヰヰ€

B

TRPà=àヲヰ.ヰヰヰ€

Princípio da Igualdade Tributária: pessoas com o mesmo rendimento pagam o

mesmo imposto.

No entanto, esta igualdade é apenas formal – A tem maiores custos de gestão

(nomeadamente deslocações) e de risco. A acabará por deixar de ser residente – não

lhe compensa (note-seàケueàaufeヴeàヱヰ.ヰヰヰ€àeàpagaàヲヰ.ヰヰヰ€ぶ

Page 40: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

39

b) Com método

1º Método – Isenção Integral

O rendimento estrangeiro não é contabilizado seja para o que for.

A: 10.000*0.2 + 4000 = 6000

B: 20.000

No entanto, o residente (B) considera-se injustiçado – A tem o mesmo rendimento,

mas paga menos imposto.

2º Método – Isenção com Progressividade

Somam-se os rendimentos de fonte interna e externa, determinamos a taxa e

aplicamo-la apenas ao auferido no País de Residência

A – ヱヰ.ヰヰヰ€*ヰ,ヴà+àヴ.ヰヰヰ€à=àΒ.ヰヰヰ€

B – ヲヰ.ヰヰヰ€

3º Método – Imputação Integral10

Neste caso, o A vai ser tributado no estado de residente pela totalidade do seu

rendimento. No entanto, é descontado aquilo que paga no Estado da Fonte –

Igualdade Absoluta.

A – ヲヰ.ヰヰヰ€à - ヴ.ヰヰヰ€ふdeduzà aà totalidadeà deà iマpostoà ミaà oヴigeマぶà =à ヱヶ.ヰヰヰ€ふpagaà ミaàresidência)

B – ヲヰ.ヰヰヰ€

No entanto, o sacrifício fiscal do Estado da Fonte converte-se num benefício fiscal do

Estado de Residência (o estado de residência sobra 16 000 e antes cobrava 2000). Há

igualdade absoluta entre residente e não residente

4º Método – Imputação ordinária

País da Fonte – taxaàdeàヴヰ%ふpaヴaàヴヰ.ヰヰヰ€ぶ País de Residência – taxaàdeàヲヰ%àふpaヴaàヵヰ.ヰヰヰ€ぶ

Considerando o método de imputação integral:

á:àヱヶ.ヰヰヰ€à=àヴヰ.ヰヰヰ*0,4(na Fonte)

ヱヰ.ヰヰヰ€=ヵヰ.ヰヰヰ*ヰ,ヲàふミaàResidZミIiaぶ. 10

Método mais utilizado

Page 41: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

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OHviaマeミteà ケueà oà Estadoà deà ResidZミIiaà ミãoà iヴ=à desIoミtaヴà ヱヶ.ヰヰヰ€à ふaosà ヱヰ.ヰヰヰ€ぶ.àAssim sendo, irá descontar aquilo que o A pagaria de imposto, se auferisse o

rendimento da fonte no País de Residência.

A: 10.000 – ふヴヰ.ヰヰヰ*ヰ.ヲぶà=àヲ.ヰヰヰ€àふoàケueàpagaàミaàヴesidZミIiaぶ Tributação efectiva de: A = 18 0000; B=10 000

Apreciação destes métodos

Ponto de vista da eficácia – o método da isenção permite eliminar a dupla tributação

de forma mais completa que o método da importação. Este último tem a desvantagem

de o imposto pago num Estado só poder ser imputado no outro estado num Imposto

similar, o que acarreta vários inconvenientes quando os sistemas fiscais são muito

diferentes. O método da imputação, quando o imposto estrangeiro excede o montante

imposto nacional em que é imputado, mantém a dupla tributação (em regra geral, este

não costuma acontecer).

Ponto de vista do custo – o método da isenção é o mais simples, quer para a

administração fiscal, quer para o contribuinte, mas é o mais oneroso para o estado de

residência, pois implica uma maior perda de receitas. Todavia, se a carga fiscal do

estado da residência for muito elevada, os rendimentos tenderão a não ser imputados,

sendo reinvestidos ou desviados para paraísos fiscais. O método da imputação, se não

for corrigido, leva a que o sacrifício fiscal do estado da fonte seja convertido em receita

no estado de residência, em detrimento do estado da fonte (normalmente o estado

menos desenvolvido, importador de capitais). Para evitar que as finanças do estado da

fonte fiquem ao dispor das taxas do estado de residência, quando é utilizado este

método, utilizam-se outros métodos que estabelecem montante de imputação

superiores ao imposto efectivamente pago no EstadoàdeàResideミte:àマYtodoàふ…ぶ

Ponto de vista da equidade – o método da imputação concede uma igualdade

aritmética perfeita entre contribuintes só com rendimento de fonte interna, e

contribuintes com rendimentos de fonte interna e externa. Todavia, contra esta

igualdade argumenta-se que a capacidade contributiva dos rendimentos de fonte

externa é inferior aos de fonte interna, por isso argumenta-se que estes rendimentos

(fonte externa) têm de ser considerados de forma diferente. O método de isenção

provoca um grande desequilíbrio entre os rendimentos de só fonte interna e os

demais, quando o estado de origem, para incentivar a importação de capitais, concede

isenções ou pratica taxas de imposto muito baixas.

Page 42: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

41

O método da importação ordinária tem de ser corrigido por:

matching credit (crédito de imposto presumido)

ou

tax sparing – (crédito de imposto fictício)

Exemplo:

Rendimento de fonte interna = 10 000 (taxa de 40%)

Rendimento de fonte externa = 20 000 (taxa de 10%)

Total de imposto = 30 000 * 40% = 12 000

Depois deduz-se o que foi pago na fonte externa, ou seja na fonte interna paga =

=12 000 – (20 000*10%) = 10 000

E na fonte externa paga = 2000 = 20 000*10%

O estado da fonte externa tem taxa baixa (10%) , mostra-se como um sacrifico fiscal a

favor da residência.

Forma de correcção disto:

Crédito de imposto presumido

O estado de residência concede crédito de imposto a uma taxa fixa maior (presume

que a pessoa pagou na fonte externa mais do que 10%; por exemplo presume que

pagou 20% na fonte externa).

Assim o imposto pago pelo individuo na residência (fonte interna) = 12 000 – (20 000 *

20%) = 12 000 – 4000 = 8000

E paga 2000 na fonte externa

Tax sparing

O crédito de imposto não é uma taxa fixa, mas uma taxa variável. O estado de

residência ficciona qual o imposto que a fonte externa obrigava a pagar se não

quisesse incentivar importação de capitais. Imaginando que era de 25%. A lógica é: Se

a fonte não incentivasse importação de capitais qual a taxa que escolheria? É assim

que se determina a taxa variável. Imaginando que era de 25% essa taxa

Então na residência pagava = 12 000 – (20 000*25%) = 7000

E na fonte pagava 2000

Duas modalidades na importação ordinária:

o limite de dedução no 1º estado do imposto pago no outro estado consiste na

fracção do imposto do primeiro calculado antes da dedução correspondente

aos rendimentos tributáveis no outro estado.

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o limite de dedução no 1º estado do imposto pago no outro estado consiste na

fracção do imposto correspondente à participação do rendimento tributável no

outro estado no total dos rendimentos tributáveis no 1º estado.

Por exemplo um português que auferiu 600 de rendimento dos quais 500 em Portugal

e 100 no estrangeira na importação ordinária efectiva a dedução do imposto

estrangeiro tem como limite a fracção do imposto português aplicável sobre os

rendimentos externos por hipótese 30% ou seja 30%*100 = 30

Na importação ordinária da 2ª modalidade, ou seja, na proporcional a dedução do

imposto estrangeiro tem como limite a fracção do imposto português 30%*600 = 180

correspondente à participação dos rendimentos externos no rendimento total ou seja

16,66%(100/600) pelo que o limite se crifrava nos 29,98 que é o resultado da aplicação

dos 16,66% aos 180.

Convenção do Modelo da OCDE

Estabelece um conjunto de regras destinadas a servir de modelo para futuras

convenções celebradas entre países da OCDE (e outros), com vista a eliminar ou

contornar a dupla tributação em matéria de impostos sobre o rendimento e sobre o

património. Esta convenção modelo tem, no total, trinta e um artigos.11

Impostos Visados pela Convenção: impostos sobre o rendimento e impostos sobre o

património.

O artigo 3º estabelece uma série de definições gerais, enquanto o artigo 4 e 5 dão-nos

a noção de residente e de estabelecimento estável (EE), ou seja, quem é que se

considera residente e quem tem EE.

EE são instalações inseridas numa economia dum País independentemente do seu

carácter produtivo ou da sua rentabilidade – artigo nº2.

O que é preciso para ser Residente?

Quem aqui permanecer mais do que um determinado nº de dias – 183 pelo

código do IRS – artigo 16º.

11

Tirar cópia

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43

Tributação do Rendimento – o que fazer?

Rendimentos de Bens imóveis – artigo 6º – são tributados no estado onde

estão situados os bens.

Lucros das empresas – artigo 7º - uma empresa portuguesa que desenvolve

uma actividade noutro país só podem ser tributado no estado da sede, a não

ser que desenvolva a sua actividade noutro país através de um EE. Nesse caso,

os Lucros do EE podem ser tributados nesse outro Estado, mas só nessa exacta

medida.

Rendimentos da Navegação Marítima interior e aérea – artigo 8 – uma empresa

portuguesa trabalha o seu navio, faz transporte entre Argentina e o Brasil, e

tem um rendimento desse contrato de transporte – são tributados na sede

efectiva da empresa, ou seja, em Portugal. No entanto, se a sede efectiva da

empresa estiver a bordo de um navio ou dum barco, o Estado que irá tributar

será o da bandeira do navio. Na falta de matrícula (se o navio for pirata),

considera-se o Estado de residência do proprietário.

Dividendos – artigo 10º - (regra residência) – Estabelece regras quanto à

tributação de dividendos pagos por uma sociedade residente num estado

contratante a um residente noutro estado: a regra é que os dividendos são

tributados no estado de residência, contudo o estado da fonte também pode

tributar, mas se quem recebe (o beneficiário efectivo dos dividendos) for um

residente de outro estado contratante, o imposto não pose exceder 5% do

montante bruto dos dividendos se o seu beneficiário efectivo for uma

sociedade e esta tiver pelo menos 25% do capital da sociedade que paga os

dividendos. Nos restantes casos é 15%.

Juros – são tributados no Estado da Residência, mas o estado da fonte também

pode tributar, mas se quem os recebe for o beneficiário efectivo, o Estado da

fonte só pode tributar até 10%.

Royalites – artigo 12º - são tributados no estado de residência.

Regra comum aos dividendos, os juros e às Royalites - se quem recebe os dividendos,

os juros ou as Royalites exercer no Estado contratante donde provêem esses

rendimentos actividade comercial ou industrial através de EE aí situado, e o crédito

gerador desses rendimentos estiver ligado a esse EE, são aplicadas as regras do artigo

7º.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Análise da Convenção Modelo OCDE

Nos artigos 23A e 23 B estabelecem-se mos métodos para a eliminação da dupla

tributação. Reportam-se estes métodos à chamada dupla tributação jurídica

internacional, que acontece quando a mesma pessoa é tributada pelo mesmo

rendimento ou património por mais de um estado.

Como vimos na dupla tributação económica, duas pessoas são tributadas a titulo do

mesmo rendimento ou património. Quando, nos termos na convenção celebrada, for

atribuído o direito de tributar o rendimento ou património apenas a um dos Estados, a

dupla tributação é eliminada por essa forma.

Quando assim não acontecer, e o artigo correspondente declara que o rendimento ou

património podem ser tributados no Estado contratante de que o contribuinte não é

residente nos termos do artigo 4, o Estado da residência deve conceder um

desagravamento por forma a evitar a dupla tributação. O artigo 23A e 23 B visam

possibilitar esse desagravamento, e aplicam-se à situação em que um residente recebe

rendimentos de outro Estado, ou que ai tem património, e esse rendimento ou

património podem ser tributados nesse outro Estado. Esses artigos só de aplicam, pois,

ao Estado de Residência.

O artigo 22 é o único que se refere à tributação do património e prevê que os imóveis

ou móveis que um residente dum Estado tenha num outro Estado podem ser

tributados nesse outro Estado que não na Residência. O património constituído por

barcos, aeronaves, etc, é sempre tributado onde estiver a direcção efectiva da

empresa.

Caso Prático:

A empresa ASA, com sede no Porto, detém oitenta por cento do capital da sociedade

BSL com sede em Madrid. Esta empresa (B), por sua vez, detém uma cadeia de

supermercados em França. Estão instalados em imóveis que pertencem à empresa

ASA, e que a empresa BSL paga renda. A empresa ASA subscreveu obrigações de uma

empresa sedeada em Bruxelas – a empresa CSA. Tendo recebido juros nu m

determinado exercício. Tendo em conta estes elementos, diga onde seriam tributados

os rendimentos decorrentes de dividendos que a empresa BSL pague à empresa ASA;

os rendimentos imobiliários também pagos pela empresa BSL à empresa ASA, bem

como os demais rendimentos auferidos pela empresa ASA. No caso de dos dividendos,

suponha que a empresa BSL reteve na fonte vinte por cento dos dividendos pagos à

empresa ASA, dividendos esses que se cifraram em 1000 u.m. Sabendo que esses

rendimentos seriam tributados em Portugal a uma taxa de vinte por cento, aplique os

vários métodos para a eliminação da dupla tributação.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

45

Capítulo VI – A relação Jurídica Fiscal

6.1) A relação jurídica fiscal e a relação obrigacional fiscal

A relação jurídica fiscal tem exactamente os mesmos elementos que a relação jurídica

civil:

Sujeito (activo e passivo)

Objecto

Facto jurídico

Garantias (da obrigação fiscal)

No final, iremos também ver as garantias do contribuinte (que não fazem parte dos

elementos)

A relação jurídica fiscal é uma relação complexa: não se resume à chamada obrigação

fiscal. A obrigação fiscal é apenas o cerne da relação jurídica fiscal. A relação jurídica

fiscal compreende toda uma série de vínculos entre o sujeito activo e passivo, a que

vamos chamar obrigações acessórias. Estas têm diversa natureza e conteúdo e

destinam-se a garantir e tornar efectivo o cumprimento da obrigação principal – a

obrigação fiscal.

Se não existirem obrigações acessórias, não existe a obrigação principal.

Exemplos:

Obrigação declarativa (de alterações, de rendimentos, para controlos

estatístiIos…ぶ Obrigação de contabilidade e de escrita, bem como permitir o acesso a esses

elementos (movimentos de receitas, proveitos, despesas..)

As obrigações acessórias garantem e tornam efectiva a obrigação principal.

A Obrigação Fiscal tem um regime diferente da obrigação civil:

A obrigação fiscal é uma obrigação ex-lege, isto é, nasce por força do contrato,

enquanto na obrigação civil o conteúdo pode ser moldado pelas partes.

Nas obrigações civis, o sujeito activo pode dispor do seu crédito, inclusive

renunciando a ele, enquanto na obrigação fiscal é uma obrigação irrenunciável

e indisponível – ver artigo 30º nº2 da lgt

Em terceiro, a obrigação de imposto/fiscal goza do privilégio da execução

prévia; a liquidação tem a seu favor uma presunção de legalidade. A

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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administração fiscal não necessita de uma sentença declarativa da dívida para

poder exigir coercivamente o seu crédito.

Em quarto lugar, a obrigação fiscal dispõe de um regime próprio de garantias .

Notas:

Execução # excussão (vem de excutir, isto é, esgotar);

Privilégio de execução prévia # beneficio de execução prévia

Privilégio de execução prévia – paga primeiro e reclama depois (solve e repete, ou seja,

paga ou garante primeiro e reclama depois)

Beneficio da execução prévia – beneficio do responsável subsidiário só responder

quando esgotados os bens do responsável principal. (o fiador só paga quando forem

esgotados todos os bens do outro)

6.2) Os sujeitos da relação jurídica fiscal.

Sujeito:

Pode ser sujeito de relações jurídico-tributárias quem tiver personalidade tributária.

Esta consiste na susceptibilidade de ser sujeito de relações jurídico-tributárias. A

personalidade tributária é mais ampla que a personalidade jurídica. Então existem

entidades que, embora não possuam personalidade jurídica, têm personalidade

tributária. É o caso das heranças jacentes – heranças que ainda não foram aceites nem

declaradas vagas a favor do Estado, enquanto as heranças indivisas já foram aceites,

mas não partilhadas; as pessoas colectivas em relação às quais tenha sido declarada a

invalidade; as associações e sociedades civis sem personalidade jurídica e sociedade

comerciais ou civis, antes do registo definitivo.

Ex: A e B compram terreno para construir vivendas e depois vende-las. Posteriormente

dividem os ganhos. Âmbito do IRC ou IRS? IRC, não há personalidade jurídica mas há

personalidade tributária.

A capacidade tributária pode ser referida à capacidade de uso de direitos, ou seja, aos

direitos e deveres que um sujeito pode ser titular, ou à capacidade de exercício de

direitos, ou seja, à capacidade de exercício dos direitos que se é titular. Salvo quando a

lei disponha em contrário, tem capacidade tributária quem tiver personalidade

tributária – artigo 16 nº2 da LGT.

Ver Artigos 15 e 16º

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

47

Sujeito activo da relação jurídico-tributária

O sujeito activo é o beneficiário do imposto – definição antiga (critério do

beneficiário). Exemplo: no IMI, o sujeito activo seria o Município.

Contudo, actualmente segundo o critério legal não é o beneficiário do imposto que é

sujeito activo, é o estado.

Pelo artigo 18º nº1 LGT, é o Estado.

O Estado é o sujeito de activo mais importante, quer pelo montante de receitas de que

é titular, quer pelo número de relações juridico-tributárias em que intervém. Para

lançar, liquidar, cobrar, fiscalizar e dar satisfação às garantias dos contribuintes tem

uma máquina centralizada no ministério das finanças, de que cumpre destacar as

seguintes direcções gerais:

Direcção Gerais dos Impostos – DGCI

Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o consumo

Estas direcções têm competência que lhes são conferidas pelas respectivas leis

orgânicas e demais legislação complementar. A lei orgânica da DGCI foi aprovada pelo

decreto-lei 81/2007 de 29 de Março e desenvolvida pela portaria 348/2007 de 30 de

Março.

A DGCI é um serviço da administração directa do Estado que tem autonomia

administrativa e que tem unidades desconcentradas de âmbito regional – Direcções de

Finanças; e unidades desconcentradas de âmbito local, os serviços de finanças (antigas

repartições de finanças).

A DGCI tem por missão administrar os impostos sobre o rendimento, património, e

consumo, bem como administrar outros que lhe forem atribuídos por lei em matéria

tributária. Para além dos serviços desconcentrados a DGCI tem nos serviços centrais as

direcções de serviços.

Quando às DGAIEC é um serviço central da administração e que também tem

autonomia administrativa e dispõe de quinze unidades orgânicas designadas por

alfândegas, cuja estrutura e competência é definido por portaria. O diploma que

aprovou a lei orgânica que aprovou a lei orgânica da Direcção Geral das Alfândegas é o

82/2007 de 29 de Março e a portaria é o número 349/2007 de 30 de Março. Esta

Direcção geral tem como missão exercer o controlo da fronteira externa comunitária e

do território aduaneiro. Para fins fiscais, económicos e de protecção da sociedade.

Procede as seguintes atribuições: assegurar a liquidação, cobrança e contabilização dos

direitos de importação e exportação dos impostos especiais sob o consumo e dos

demais impostos indirectos que lhe cabe administrar. Temos, então, serviços centrais –

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Direcções de Serviços – e depois temos, como serviços desconcentrados, as alfândegas

e os postos aduaneiros.

- A Lei orgânica da Inspecção Geral das Finanças (fiscaliza os cofres públicos e não se

confunde com a DGCI) foi aprovada pelo decreto de lei 79/2007 de 29 de Março. Esta

tem por missão assegurar o controlo estratégico da administração do Estado.

Compreendendo o controlo de legalidade e de auditoria financeira e de gestão, bem

como a avaliação de serviços e organismos, actividades e programas, e também de

prestar apoio técnico especializado. A missão das IGF consta no artigo 2º deste decreto

de lei.

Herança jacente – quando alguém morre, abre-se a sucessão. Um sucessor pode ser

heヴdeiヴoà ouà legat=ヴio.à Esteà últiマoà ふlegat=ヴioぶà Yà Ihaマadoà aà さヴeIeHeヴざà uマaà Ioisaàespecífica. O herdeiro sucede relacionado com a quota ideal, isto é, nada em

específico.

Quando ninguém aceita a herança e até ser declarada vaga para o Estado é declarada

jacente.

Exemplos: legado – o tio deixa uma bicicleta à sobrinha.

O herdeiro é um sucessor.

Herança Indivisa – ainda não foi partilhada, mas já foi aceite.

Sujeitos passivos

Contribuinte

- É a pessoa relativamente à qual se verifica o facto tributário, o pressuposto de facto

ou o facto gerador de imposto. O contribuinte é o titular da manifestação da

capacidade contributiva que a lei pretende atingir e que por conseguinte vai sofrer o

desfalque patrimonial que o imposto acarreta.

- Do ponto de vista do devedor de imposto o contribuinte é um devedor qualificado

por quanto é um devedor a titulo directo e não indirecto como é o caso do substituto,

- é um devedor originário e não privado como o sucessor e o principal e portanto não

acessório como o responsável fiscal.

- Tanto é contribuinte o contribuinte directo relativamente ao qual o desfalque

patrimonial ocorre directamente, como é o contribuinte indirecto em relação ao qual o

desfalque patrimonial ocorre através de um fenómeno de repercussão fiscal. Por

outras palavras tanto é contribuinte o titular de um rendimento que é tributado em

sede de IRS por esse rendimento como é contribuinte o consumidor final do IVA que

suporta o IVA que lhe é legalmente repercutido.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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-A doutrina distingue o contribuinte de direito e contribuinte de facto. Sendo aquele

em relação à qual se verifica o pressuposto de facto do imposto e o segundo o que em

virtude da repercussão do imposto suporta economicamente o imposto como é o caso

do consumidor final que suporta o IVA que lhe é repercutido.

Devedor do imposto

É o sujeito passivo que deve satisfazer perante o credor fiscal a obrigação do imposto,

isto é a prestação ou prestações em que o imposto se concretiza.

Sujeito passivo

É toda a pessoa singular ou colectiva que a lei imponha obrigação de efectuar uma

prestação tributária, seja ela a prestação de imposto sejam obrigações acessórias. O

sujeito passivo pode não coincidir com o devedor do imposto como sucede com

sociedades sujeitas ao regime de transparência fiscal reguladas no artigo 6º e 12º do

código do IRC e 92º do código do IRS. As quais embora sejam sujeitas passivas de IRC,

não são devedores desse imposto uma vez que é devido IRS e os devedores são os

sócios dessa sociedade (ex: sociedade de advogados – a sociedade é sujeito passivo,

mas não devedor. Os sócios é que são).

Artigo 18º nº4) notas

Exemplo: quando compro um café, sou sujeito passivo por repercussão legal, pois

paguei o IVA, mas o sujeito passivo é o dono do café.

Laudo é uma opinião. Não são sujeitos passivos quem emite laudos/opiniões.

Substituição fiscal (artigo 20º nº2)

Efectiva-se através do mecanismo de retenção na fonte. Na substituição fiscal faz-se

cair o dever de entrega do imposto não sobre os titulares do rendimento mas sobre

um terceiro que normalmente é a pessoa que paga os rendimentos. Salvo raras

excepções a substituição fiscal corresponde ao processo financeiro denominado

retenção na fonte. Nela faz-se recair o dever legal de entrega do imposto não sobre a

pessoa relativamente à qual se verificaram os pressupostos de tributação mas sobre o

terceiro que vem ocupar na relação jurídica fiscal desde o inicio até à extinção o lugar

do sujeito passivo isto é da pessoa cuja capacidade contributiva se pretendeu tributar.

A substituição fiscal pode ser total ou parcial consoante ao substituto caiba a entrega

do imposto e ou outros deveres acessórios ficando o substituído liberado de quaisquer

obrigações (neste caso é total), ou ficando o substituído com algumas obrigações (aí

será parcial).

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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São exemplos de substituição total a tributação em sede de IRS em taxas liberatórias,

em que o substituído fica liberado (uma vez feita a retenção do montante devido) da

obrigação principal e das obrigações acessórias – o mesmo se aplica às taxas de juros

dos depósitos bancários.

A substituição fiscal tem as seguintes vantagens:

diminuição do estímulo à evasão fiscal

diminuição do número de sujeitos passivos a fazer pagamentos

maiores garantias de cobrança, dadas as maiores garantias que oferece o

substituto

aproxima o momento de pagamento do imposto do momento em que foi

auferido o rendimento

A substituição fiscal não se confunde com a repercussão fiscal: embora o substituído e

o contribuinte de facto suportem o desfalque patrimonial que o pagamento do

imposto representa, o substituído é um contribuinte de direito, ou seja, um sujeito

passivo do imposto ao passo que o contribuinte de facto é totalmente alheio à relação

jurídica fiscal, não sendo sujeito passivo da mesma, conforme resulta no disposto no

artigo 18 nº 4 alínea a)12.

Do lado passivo da relação jurídica fiscal pode estar um sujeito ou vários sujeitos. Se

estiverem vários sujeitos coloca-se, então, a questão do regime da responsabilidade

desses sujeitos. Será conjunta ou solidária? – se o facto tributário se verificar a mais

que uma pessoa, todas são solidariamente responsáveis pelo cumprimento da dívida –

artigo 21 nº1 13.14

Responsabilidade Fiscal

O artigo 22 refere-se à responsabilidade tributária, responsabilizando o responsável

pela totalidade da dívida, juros e demais encargos. A responsabilidade pode ser

solidária, ou subsidiária, sendo que se a responsabilidade for por dívidas de outrem, a

responsabilidade será, em regras, apenas subsidiária. Os responsáveis fiscais podem

reclamar ou impugnar a divida cuja responsabilidade lhe for atribuída nos mesmos

termos que pode fazer o devedor principal. Vendo a notificação ou citação conter os

elementos essenciais da sua liquidação, incluindo a sua fundamentação. Artigo 22º nº4

12

Há uma forte probabilidade de sair no teste. 13

No caso das obrigações civis, é a conjunção. 14

Impugnação pauliana – impugnação dos negócios pelo Estado.

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51

Citação – só há citações num processo de execução fiscal (cobrança coerciva da dívida)

e quando se chama pela primeira vez uma pessoa ao processo.

Responsabilidade tributária)

Artigo 23º É subsidiária, salvo disposição em contrário. O responsável só responde

depois de esgotados os bens do devedor principal. Mas há casos em que não é assim e

responde logo.

O responsável só responde depois de esgotados os bens do devedor principal –

responsabilidade subsidiária. – artigo 23.

Qualquer pessoa que se ausente por mais de seis meses, tem de nomeada um gestor,

sendo que essa pessoa responde solidariamente por essa pessoa – artigo 19.

Artigo 1915 – o domicílio fiscal é o centro de interesses fiscais.

Responsabilidade Tributária Subsidiária – artigo 23

Temos a fase da liquidação que é o procedimento de liquidação quando é feito pela

administração fiscal ou então há auto liquidação. Caso seja por procedimento de

liquidação, tem duas fases: Prazo de pagamento voluntário (30). Se este prazo passar,

logo no dia seguinte começam juros de mora e, uns dias mais tarde, é emitida uma

certidão de dívida. Com base nesta, é instaurada um processo de execução fiscal (com

natureza fiscal, embora parte decorra no Sistema Fiscal e parte no tribunal) – citação,

para pagar, no prazo de trinta dias: a) pagamento em prestações; b) dação em

pagamento e c)oposição – o sujeito nada faz – penhora – não há bens – vão descobrir

quem são os responsáveis subsidiários – apuram-se os seguintes sujeitos: três

gestores, um roc e um toc – no prazo de 10 dias, vão ser notificados (audiência prévia

– artigo 24) – reverta-se a execução contra os responsáveis – eles não dizem nada –

citação (repetindo-se o sistema). No entanto, se os responsáveis subsidiários pagarem

no prazo de trinta dias, não pagam nem juros nem custas – entanto, se forem

encontrados bens na empresa, os juros e as custas serão exigidas. Ou seja, os

responsáveis ficam isentos de juros de mora se pagarem a divida dentro do prazo da

dedução da oposição . Esse prazo é de 30 dias contados a partir da citação (artigo 203º

CPPT – em que se estabelece que o prazo de oposição é de 30 dias a contar da citação

pessoal ou não tendo havido citação, a contar da primeira penhora)

15

O número 5 é ridículo (se for aplicado é inconstitucional)

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Devedor solidário e responsável solidário

Devedor solidário ocupa a posição de sujeito passivo desde o inicio da relação e é

directamente responsável perante o sujeito activo pela totalidade da prestação

Enquanto o responsável solidário é uma pessoa alheira à constituição do vinculo

tributário que pela sua particular conexão com o originário devedor ou com o objecto

do imposto a lei considera como garante do pagamento da divida de imposto numa

posição de fiador legal

Ex: sobrinho que fica de executar a venda de um imóvel e depois existem impostos

sobre as mais valias. O sobrinho é responsável solidário (não é subsidiário, ou seja se o

tio não pagar os impostos sobre as mais valias não é preciso que se esgotem os bens

do tio pois o responsável solidário tem de pagar logo).

- Vou para erasmus mais de 6 meses e tenho de nomear aqui alguém que me

represente (essa pessoa é um responsável subsidiário).

- A e B compram uma obra de arte para depois a venderem e terem mais valias, Temos

2 sujeitos passivos, neste caso estamos a falar de devedores solidários. O devedor

solidário é um devedor originário.

A responsabilidade subsidiária só responde em 2ª linha enquanto que a

responsabilidade solidária é em 1ª linha.

Artigo 24º nº1 a) só se responde com culpa )é subjectiva). O que é a culpa? É um

comportamento merecedor de censura social.

Alínea b) A culpa presume-se

Artigo 24.º Responsabilidade dos membros de corpos sociais e responsáveis técnicos 1 - Os administradores, directores e gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que

somente de facto, funções de administração ou gestão em pessoas colectivas e entes

fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a estas e

solidariamente entre si:

a) Pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua que o património da pessoa colectiva ou ente fiscalmente equiparado se tornou insuficiente para a sua satisfação; b) Pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do exercício do seu cargo, quando não provem que não lhes foi imputável a falta de pagamento.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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2 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos membros dos órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas nas pessoas colectivas em que os houver, desde que se demonstre que a violação dos deveres tributários destas resultou do incumprimento das suas funções de fiscalização. 3 - A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos técnicos oficiais de contas

desde que se demonstre a violação dos deveres de assunção de responsabilidade pela

regularização técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de declarações

fiscais, demonstrações financeiras e seus anexos

Artigo 24 – responsabilidade subjectiva – さsóà ケuaミdoà tiveヴà Iulpaà – comportamento

que é merecedor de censura social.

Os pressupostos da responsabilidade tributária são os 4 seguintes:

1) Falta ou insuficiência de património do devedor principal

2) Inobservância, por parte do gestor, das normais legais ou contratuais de

protecção de credores

3) Culpa nessa inobservância

4) Nexo de causalidade entre a inobservância dessas normas e a falta ou

insuficiência de bens penhoráveis.

Em determinados casos, cabe ao gestor provar que não tem culpa (ónus da prova da

não culpa – prova negativa) – nestes casos, os juízes têm de dar alguma margem de

manobra – nunca se consegue provar 100% da não culpa. No entanto, existem

situações onde cabe à administração fiscal provar a culpa.

Facto constitutivo Pagamento Voluntário

2006 2007 2008 A B C

O facto foi constituído em 2006 e era o gestor A em funções. A administração fiscal

tem de provar que A e B têm culpa, a alínea a) do 23º aplica-se ao gestor A e B. O

gestor C tem de provar que não tem culpa (aplica-se a alínea b) do 23º) no facto do

activo social ser insuficiente no pagamento do activo fiscal.

Neste caso, cabe ao C (aliena b) provar que não tem culpa (presume-se culpado), mas

em relação a A e B é a administração que tem de provar a culpa (alínea a).

O C tem de provar que não teve culpa no facto do activo social ser insuficiente no

pagamento do activo fiscal.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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À administração fiscal cabe-lhe provar:

1) A falta ou insuficiência

2) Culpa (em determinados casos)

a) Se o prazo de pagamento voluntário terminar quando um gestor era gestor,

a culpa presume-se.

b) Nos outros casos, cabe à administração fiscal provar a culpa.

24 nº 2/3) Cabe à administração fiscal provar que o ROC/TOC teve culpa.

Artigo 27) Quem responde é o gestor de bens ou direitos, não o representante fiscal.

No entanto, são o representante fiscal não comunica quem é o gestor de bens ou

direitos, presume-se que seja o representante fiscal.

Vamos conjugá-lo com o artigo 19º) Ser representante fiscal é mais complicado que ser

gestor. Quem responde é o gestor de bens. Se o representante não identificar quem é

o gestor, ele (representante) é que responde.

Ex: vou para erasmus e nomeio um representante fiscal para vender o meu prédio. Se

não pago o imposto quem o vai ter de pagar é o representante se não diz quem é o

gestor.

Artigo 28) Substituição fiscal

1) O sujeito passivo A paga a B 1000. Tem de reter 20%.

a. Liberatória – a pessoa fica livre do pagamento

b. Pagamento por conta do imposto de divida final

Regra de ouro – o substituído só é responsável se não lhe for retido o imposto e, pela

parte não retida, ou se a retenção na fonte for inferior à devida.

Exemplo: empregador retém 20% e depois não paga esses 20%, o trabalhador não é

responsável. Se o empregador tinha de reter 30% (300euros) e reteve só 20%? O

trabalhador é responsável? É responsável pelos 100. Só é responsável por quantias não

retidas ou de quantidades inferiores às devidas.

Artigo 28.º Responsabilidade em caso de substituição tributária 1 - Em caso de substituição tributária, a entidade obrigada à retenção é responsável pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade no seu pagamento, sem prejuízo do disposto nos números seguintes. 2 - Quando a retenção for efectuada meramente a título de pagamento por conta do imposto devido a final, cabe ao substituído a responsabilidade originária pelo imposto não retido e ao substituto a responsabilidade subsidiária, ficando este ainda sujeito aos juros compensatórios devidos desde o termo do prazo de entrega até ao termo do

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prazo para apresentação da declaração pelo responsável originário ou até à data da entrega do imposto retido, se anterior. 3 - Nos restantes casos, o substituído é apenas subsidiariamente responsável pelo

pagamento da diferença entre as importâncias que deveriam ter sido deduzidas e as

que efectivamente o foram.

Dois tipos de substituição fiscal (a substituição fiscal opera-se pela retenção na fonte):

- Pagamento por conta do imposto devido a final

- A titulo liberatório – libera da obrigação principal e acessórias

Técnicas para aproximar o momento do pagamento do imposto e do recebimento: -

ver artigo 71 e 102 do Código do IRS

1. Retenção da Fonte: dois tipos de substituição fiscal:

a) A título liberatório – libera a obrigação principal e das obrigações acessórias.

b) Pagamento por conta do imposto devido a final

2. Pagamento por conta: quando o Estado verifica que, no final do ano, o montante a

pagar de imposto é exageradamente alto, significa que as retenções da fonte não

permitiram aproximar o momento do recebimento com o pagamento do imposto – no

ano seguinte, o Estado obriga o indivíduo a fazer pagamento por conta, para evitar

que, ao final do ano, o montante a pagar seja novamente exageradamente alto.

O Pagamento por Conta à semelhança do PEC é uma espécie de entrega antecipada de

imposto ao Estado. Este também se encontra previsto no código do IRC e também é

devido por todas as entidades que exercem, a título principal, actividade de natureza

comercial, industrial ou agrícola e pelas entidades não residentes com

estabelecimento estável em território português.

A responsabilidade do substituto tributário:

Em caso de substituição tributária (artigo 20º LGT) a entidade obrigada à

retenção é responsável pelas importâncias retidas e não entregues nos cofres

do estado, ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade no

seu pagamento (o substituído é desonerado pelos montantes retidos mas não

pelos não retidos), sem prejuízo do que diz o artigo28º nº2 e 3 da LGT.

Quando a retenção na fonte for efectuada a titulo liberatório (de pagamento

definitivo), o responsável subsidiário é transformado em devedor de imposto,

sendo o substituído desonerado de qualquer responsabilidade pelo seu

pagamento.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Se a retenção na fonte for efectuada a titulo de pagamento por conta de

imposto devido afinal é ao substituído que cabe a responsabilidade originária

pelo imposto e ao substituto cabe a responsabilidade subsidiária e/ou o

substituto fica sujeito a juros compensatórios contados desde o termo do prazo

de entrega ate ao momento da apresentação da declaração pelo responsável

originário, ou entrega do imposto retido se anterior.

Regras de pagamento consoante seja a título liberatório ou Pagamento por Conta do

imposto devido a final:

Pagamento por conta do imposto devido a final: ao substituído cabe a

responsabilidade originária e ao substituto a responsabilidade subsidiária pelos

montantes que deviam ter ser retidos, e não foram, ficando ainda o substituto

obrigado a pagar juros compensatórios, desde o momento que devia entregar esse

imposto, até ao termo do prazo para a apresentação da declaração pelo substituído ou

até à entrega do imposto retido, se inferior – o substituído responde em primeira

linha.

Exemplo: A, empregador, pagou 1000 euros a B, seu trabalhador. Deveria ter retido, na

fonte, 200 %, por hipótese, mas não reteve, no mês de Janeiro de 2009.

Situação 1) Tendo reparado nessa falta, o A entregou essa importância em Abril de

2009.

Situação 2) A, não fez a entrega do imposto e o B não tem bens ao luar.

O que fazer?

ヱªà situação:à áà ふsuHstitutoぶà teマà deà pagaヴà osà ヲヰヰ€à マaisà osà juヴosà Ioマpeミsatóヴios.,à aàpartir do dia 20 do mês seguinte. Estes são contados dia a dia, e paga 4% ao ano.

2ª situação: A não paga e o B não tem nada – uma vez que o empregador é subsidiário,

e uma vez que B não tens bens, quem paga é o empregador. Se o trabalhador tiver

bens, o trabalhador é que respondia nesta 2ª situação. Note-se que quem paga os

juros é sempre o empregador.

3ª Regra (taxa liberatória): o substituído já não é originário devedor – é subsidiário.

Exemplo: Banco e juros de depósitos. Caso o Banco não retenha o imposto, só depois

do Banco falir é que o substituído irá responder – o substituído responde em segunda

linha.

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Devedor não originário – sucessor

Nos termos da lei civil, os herdeiros são responsáveis pelas dívidas fiscais do sujeito

passivo, até à força dos bens herdados – artigo 2068, 2071 e 29 nº 2 da LGT.

Haverá sucessão fiscal quando, existindo uma relação fiscal, um determinado sujeito

vem ocupar a posição que antes era ocupada pelo sucedido. Quando à forma da

sucessão, esta pode ser entre vivos ou por morte, por determinação legal ou por via da

autonomia privada. No Direito Fiscal, a sucessão fiscal só é admitida por mortis causa,

só sendo admitida a sucessão inter-vivos nos casos previstos na lei.

Inter-vivos: compra da empresa pelos quadros da mesma.

Mortis Causa: os sucessores podem ser legatários ou herdeiros. O legatário difere do

herdeiro pois, enquanto o herdeiro sucede numa quota ideal, o legatário vai suceder

em coisa certa e determinada – artigo 2024 do CC.

A herança pode ser aceite ou repudiada – caso as dívidas sejam superiores aos activos,

convém repudiar a dívida.

Responsabilidade do Herdeiro – a herança pode ser aceite pura e simples, ou em

benefício de inventário. O inventário pode ser obrigatório (existência de menores, de

pessoas com anomalias psíquicas ou desaparecidos) ou facultativo (quando os

herdeiros não se entendem).

- se for a titulo de inventário só respondem os bens inventariados a não ser que os

credores provem que há algo que não está no inventário.

- No entanto, caso a herança seja pura e simples, cabe ao herdeiro fazer prova que não

herdou outros bens para além daqueles.

Transmissão dos créditos tributários pelo lado activo

Subrrogação fiscal – um terceiro chega ao pé da administração fiscal, e paga a dívida

de A. Ou seja, o B paga e passa a ser ele o credor – subrroga a posição do Estado. A

única diferença é que o juro vencido passa a ser o da obrigação civil, e não o da

obrigação fiscal. Caso o A não paga a C, e este seja obrigado a vender a casa,

assumindo que a dívida paga por A é de IMI, esta tem prioridade sobre todas as outras.

さO estado ミuミIa pode Ieder os seus Iréditosざ – Falso. Existem excepções

Nesta transmissão temos o lado activo e passivo. Do lado activo em princípio não

podem ser transmitidas, mas podem haver excepções se a lei o permitir.

No caso do lado passivo? Em caso de sucessão por morte transmite-se e inter vivos se

a lei o permitir.

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

58

Na sucessão universal (sucessão por morte) é sempre transmitido.

Leis que concederam perdões fiscais: Lei Catroga, lei Mateus, Lei Manuela

Sub-rogação – não é transmissão de divida pelo lado passivo, mas sim pelo lado activo.

O fisco pode alienar o crédito (lado activo) em certas situações como o está na lei

Mateus. O estado cede o crédito pelo valor nominal

Sub-rogação

É uma forma de transmitir divida pelo lado passivo

Sub-rogação a Terceiros – artigo 91/2º do CPTP e 41 da LGT

O terceiro deve ter um motivo ou a autorização do devedor – a única diferença, em

termos de garantias e afins, é a alteração a taxa de juro – passa a vencer juros à taxa

civil de 4.5%, caso o terceiro queira que vença juros.

Sub-rogação pelo lado passivo (MORTE):

Código Civil - Artigo 2030

Os sucessores podem ser herdeiros ou legatário (através apenas de testamento aberto

ou cerrado).

Abertura da Sucessão – 2031º - no momento da morte e no lugar do último domicílio.

2033/4º -

2046º -

2050/1/2/3º -

2062º

2068º

2071º

2079/80º

2097/8º

2132/3º

Graus e linhas de sucessão:

A morre e deixa dois filhos. Cada um deles tem um filho, que por sua vez também tem

um filho.

Por exemplo, o irmão 2 é 2º grau linha colateral em relação a irmão 1.

A – B – C – D

B1 – C1 – D1

Por exemplo, D1 é quarto grau linha colateral de B. Por exemplo, C é quarto grau linha

colateral de C1.

Page 60: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

59

6.3) Objecto da relação jurídica de imposto

O objecto da relação jurídica de imposto é o conjunto de poderes do sujeito activo,

correspectivos deveres do sujeito passivo, bem como a prestação a que o sujeito

passivo está vinculado perante o sujeito activo. O objecto imediato dessa relação é o

conjunto de direitos e deveres de que são titulares esses sujeitos, enquanto que o

objecto mediato se traduz na concretização desses direitos e deveres naquilo sobre

que eles incidem. O objecto da RJT não se confunde com o objecto de obrigação de

imposto que como vimos tem como objecto imediato a própria prestação e mediato

aquilo sobre que incide a prestação. Do objecto da relação jurídica fiscal fazem parte

os elementos referidos no artigo 30º nº1 da LGT, ou seja:

a) O crédito e a dívida tributários;

b) O direito a prestações acessórias de qualquer natureza e o correspondente dever ou

sujeição;

c) O direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto;

d) O direito a juros compensatórios;

e) O direito a juros indemnizatórios.

Tipos de Juros

Juros compensatórios – são sempre a favor do estado;

Juros indemnizatórios – a favor do sujeito passivo

Juros moratórios – quase sempre a favor do Estado e só num caso é que são a

favor do sujeito passivo. Serem a favor do sujeito passivo acontece quando o

processo é decidido e implica restituição pela administração fiscal, mas a AF

não cumpre o prazo. Então a partir daí há juros moratórios. É o único caso em

que os juros moratórios são a favor do contribuinte.

Juros compensatórios (artigo 35º da LGT)

Em termos gerais são devidos juros compensatórios quando o sujeito passivo retarda a

liquidação do imposto ou a entrega do imposto a pagar antecipadamente ou do

imposto a retido ou a reter no âmbito da substituição tributária.

Exemplos

1)Sujeito passivo retarda liquidação e recebe rendimento de explicação e não declara,

mas é detectado. Devia ter declarado em 2009, mas só se detecta que não declarei em

2011. Então de 2009 a 2011 há juros compensatórios. Estes são contados dia a dia e à

taxa das obrigações civis (note-se que o artigo 10º da LGT remete para o CC que fala da

portaria; saber que juro civil é de 4% ao ano)

Page 61: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

60

2)Empregador atrasa-se na retenção na fonte e assim são devidos juros

compensatórios

3)Individuo não faz pagamento por conta dentro do prazo e então são devidos juros

compensatórios (nota: Pagamento especial por conta – IRC)

Nota: juros de mora – não são parte da RJT, não são parte do objecto. Só os

compensatórios é que fazem parte da RJT

Procedimento de inspecção:

1º O contribuinte é notificado.

2º O inspector aparece, mostra a ordem de serviço, que é assinada pelo

inspeccionado.

3º Se são detectadas irregularidade, é feito um relatório final.

Os juros compensatórios são um imposto – daí que nos perdões geralmente não se

perdoam juros compensatórios, só mesmo os moratórios (sendo que estes incidem

sobre os compensatórios).

Deve-se especificar a liquidação/cálculo dos juros compensatórios – a data e a taxa.

Os juros compensatórios contaram até 90º dias.

Juros Indemnizatórios (artigo 43º)

São devidos juros indemnizatórios nas situações previstas pelo artigo 43: em suma, são

devidos juros indemnizatórios quando se apure, em reclamação graciosa (impugnação

administrativa) ou em impugnação judicial que há um erro, que resultou o pagamento

da dívida tributária em montante superior ao devido – não tem direito a juros

indemnizatórios quando a anulação da liquidação se baseie em motivos formais – vício

de forma. A taxa dos juros indemnizatórios é de 4%. São também devidos juros

indemnizatórios quando o Estado se atrasa no reembolso do IRS. (ver artigo 7)

6.4) A constituição e a alteração da relação jurídica fiscal.

Artigo 36º - O facto jurídico é todo o facto da vida real com consequências jurídicas. Se

o facto jurídico dá lugar à constituição da relação jurídica, é designado por facto

jurídico constitutivo. No âmbito da relação jurídica tributária, esse facto jurídico

constitutivo é o facto tributário que nasce quando se verificam os pressupostos de

facto descritos na previsão legal da norma de imposto. Uma vez verifica uma situação

da vida real que se integre nas normas de incidência positiva e não preencha os

pressupostos das normas de incidência negativa, nasce o facto tributário. Este é, pois,

o facto jurídico constitutivo da obrigação de imposto. Com a verificação desse facto

constitui-se a relação jurídica fiscal – artigo 36 nº 1 da LGT.

Page 62: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

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Diferença entre Facto Tributário e Acto Tributário:

A obrigação tributária nasce quando se verificam os pressupostos de facto descritos na

previsão da norma de imposto – é aqui que nasce o facto tributário – a liquidação só

torna a dívida líquida e exigível, mas esta já existia. A liquidação não tem efeito

constitutivo, mas sim declarativo. O acto tributário é a liquidação – é o acto que torna

líquida e exigível a obrigação de imposto.

A liquidação é o acto tributário. A liquidação pode ser feita pelo próprio sujeito

passivo, pela administração fiscal ou por terceiros. A retenção na fonte não é uma

liquidação – a liquidação é um acto estável e definitivo, mas pode ser anulada, total ou

parcialmente, revista ou reformada. Existe reforma quando se substitui uma liquidação

por outra. Para além disso, existe a chamada liquidação adicional, que ocorre quando,

por erros de factos, ou de direito, ou de omissões do sujeito passivo é liquidação

imposto inferior ao devido – LA (liquidação adicional). Esta acresce à primeira, não a

substitui – inclui juros compensatórios.

Ver artigo 43º do LGT - quanto ao pagamento, este pode ser feito pelo próprio ou

terceiro. De acordo com o 196º CPPT, a dívida pode ser paga, em geral, em 36

prestações. Se a dívida for superior a 500 uミidadesàdeàIoミtaàふヱヰヲ€àIadaぶ,àpodeàseヴàeマàcinco anos, sendo que, neste caso, nenhuma das prestações pode ser inferior a 10

unidades de contas. No entanto, se a dívida for inferior às 500 unidades de conta, as

prestações não podem ser inferiores a 1 unidade de conta.

No caso do IVA/IRS/IRC/Imposto de selo (e todos os impostos de retenção da fonte),

poderá ser pago, no máximo, em 12 meses, sendo que nenhuma das prestações

poderá ser inferior a 1 unidade de conta – no caso do IVA, caso o valor apurado não

exIedeヴàosàΑヵヰヰ€àpoヴàdeIlaヴação,àミãoàh=àpヴoIessoàIヴiマeà– note-se ainda que, caso não

o IVA não tiver sido recebido, também não há crime.

6.5) A extinção da relação jurídica fiscal.

Formas de Extinção da Obrigação Fiscal

A mais vulgar é o pagamento – pode ser – artigo 40 da LGT

Voluntário – 84º do CPPT

Cobrança Coerciva

O pagamento pode ser feito por devedor ou terceiro, sendo que o terceiro fica sub-

orgado verificadas as condições legais. Terminado o prazo de pagamento voluntário,

começam a vencer juro de mora. Estes são calculados à taxa de 1% no mês em que

termina o prazo de pagamento voluntário, acrescendo-se uma unidade (o ponto

percentual) por cada mês ou fracção subsequente – decreto de lei 73/99 de 16/3.

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Se forem prestadas garantias reais, a taxa é reduzida a metade.

Os juros de mora contam até ao máximo de 3 anos, a não ser que seja paga em

prestações – nesse caso poderá atingir os 8 anos. Se a dívida for paga nos trinta dias a

contar da citação, os juros de mora são contados até à data da emissão da citação.

Outras formas de extinção da obrigação

Dação em pagamento – ver artigo 40 da LGT e 189 nº 3 e 4; 201 e 202 e 264º

do CPPT.

Compensação – artigo 89, 90 e 90 A

Confusão – quando na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e

devedor, a obrigação extingue-se.

Prescrição

Prescrição – diz-se que a prescrição não é uma forma de extinção da obrigação. Será,

ou não? Será um fundamento de extinção ou de não exigibilidade? Consideramos que

a prescrição é uma forma de extinção da obrigação. Assim, o prazo de prescrição é de

oito anos – artigo 48 da LGT. Note-se que só há prescrição quando o devedor não

paga.

Já a caducidade extingue o direito de liquidação – quatro anos.

Caducidade do Direito à Obrigação vs Prescrição da Obrigação Fiscal

Prescrição – só há quando a pessoa não pagou; extinção da obrigação.

Caducidade do direito à obrigação – não extingue a obrigação, extingue o direito de

liquidar. A obrigação fiscal não se extingue. O prazo de caducidade é de 4 anos e o de

prescrição é de 8 anos. Extingue o direito de liquidar que em termos práticos é como

se acabasse o direito à obrigação.

O jogo termina definitivamente com a prescrição (a caducidade e prescrição começam

a contar na mesma data).

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63

Capítulo VIII - AS GARANTIAS DA PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA

Existem garantias gerais e garantias especiais na obrigação fiscal. As garantias gerais

(válidas para todo e qualquer credor) é, por norma, o património do devedor – artigo

601. Não podem ser penhorados os bens essenciais ao trabalho do devedor. Os bens

do Estado são impenhoráveis!

Portaria 291/03 de 08.04 acrescentar ao artigo 559º do CC relativo aos juros

compensatórios

Garantias da obrigação fiscal

O crédito de imposto é um crédito especial sendo que Portugal é um estado fiscal que

dessa forma não consegue viver sem impostos. Assim, a obrigação fiscal tem um

regime especial de garantias. Artigo 601º do CC. A garantia geral é o património do

devedor.

As garantias especiais têm dentro: garantias pessoais e reais.

O que distingue as garantias reais das pessoais?

Nas garantias reais existe uma coisa certa e determinada

Penhor≠Penhora

O penhor é uma garantia real pois entrega-se coisa certa e determinada (artigo

666º CC). A penhora diz respeito ao processo de execução.

Hipoteca – garantia real; incide sobre bens imóveis ou móveis sujeitos a registo

Garantias pessoais) ex: fiança (respondem todos os bens do devedor e não só os certos

e determinados)

A garantia pessoal da obrigação fiscal é a responsabilidade tributária. Coloca-se ao lado

do devedor ou sujeito passivo que pode responder solidária ou subsiadiariamente

Privilégios Creditórios (art. 733 e seguintes – 736 do CC)

É uma garantia que atendendo à especial natureza do crédito o legislador considerou

que a divida por ela garantida deveria ser paga com privilégio relativamente às demais.

Que dividas podem ser pagas à frente de todas as demais? Exemplos: despesas de

funeral, despesas de alimentos a menores, pensões de alimentos em divórcios quando

um dos cônjuges nunca trabalhou.

Várias dividas do estado têm privilégio creditório. Os privilégios podem ser mobiliários

ou imobiliários consoante tenham por objecto bens móveis ou imóveis.

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Nota: o privilégio imobiliário especial como o caso do IMI tem o pressuposto do direito

de sequela (agarram-se aos bens); o privilégio imobiliário especial vem à frente da

hipoteca.

Mobiliários

o Gerais – IVA e impostos indirectos (736)

o Especial – (738) – Imposto do Selo – direito de sequela

Imobiliários (art. 743 e seguintes)

o Gerais -

o Especial – IMI, IMT, etc

Código do IRS – 111º - imobiliário geral (a lei não diz que é especial e assim considera-

se que é geral)

Código do IRC – 116º - imobiliário geral

Notas:àケuaミdoàseàdizàsóàケueàoàpヴivilYgioàYàさiマoHili=ヴioざàYàseマpヴeàgeヴal.à“eàoàpヴivilYgioàimobiliário for especial fica à frente dos bancos que têm hipoteca.

Hipoteca – à frente dos privilégios imobiliários gerais

Hipoteca – atrás dos privilégios imobiliários especiais

Por exemplo, a hipoteca ficará à frente dos imobiliários gerais mas não dos especiais.

Garantia Real – Hipoteca (696º e seguintes) – o registo é constitutivo, isto é, só existe

hipoteca se estiver registado.

Artigo 705º - o Estado tem uma hipoteca legal (nota: existem mais dois tipos: judicial e

voluntária)

Prestação de Caução – artigo 199 + 169 do CPPT

Pode ser utilizada para suspender a execução fiscal em caso de impugnação,

reclamação graciosa ou posição. A prestação de caução pode assumir várias formas,

designadamente a própria fiança e o depósito de valores.

Por último, nas garantias temos o Direito de Retenção – utilizado sobretudo no

domínio aduaneiro – artigos 50º a 53º da LGT.

Dentro das Garantias Reais Processuais temos, no âmbito das providências cautelares,

o arresto (igual à penhora, mas antes do processo) e a penhora (apreensão de bens –

garantia real processual)

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

65

Capítulo VIII – As Garantias dos Contribuintes

8.1) Os meios não impugnatórios.

O contribuinte tem uma panóplia de garantias. Contudo, efectivamente, vale zero.

1ª – Informação – o contribuinte tem direito a ser informado sobre a forma como

melhor deve cumprir a lei fiscal. Esta informação não vincula a administração – artigo

68º da LGT - direito à informação vinculativa – essa informação dada por escrito

vincula a administração, só que é paga. Esta informação vinculativa vincula a

administração, mas não vincula os tribunais – ver artigos 67º, 68º e 70º.

2ª – Direito à fundamentação – ver artigos 77º da LGT – as decisões da administração

são sempre fundamentadas.

3ª – Direito à audiência prévia – artigo 50, 23º, nº4 e 60 do RECEPIT – antes de

terminar a inspecção, o contribuinte tem de ser ouvido.

4ª – Direito à dedução, reembolso ou constituição de impostos

5ª – Direito a juros indemnizatórios ou moratórios – 106nº2 da LGT

6º - Direito à dedução de coimas – ver artigos 29 e 30 do REGIST

7ª – Direito à caducidade da liquidação e direito à prescrição

8º – Direito à prescrição do procedimento e das penas – ver artigo 21

9ª – Direito á confidencialidade fiscal – artigo 64º da LGT

8.2) Meios Impugnatórios, Administrativos e Judiciais

Meios Impugnatórios administrativos: reclamação graciosa. Esta pode ser facultativa

ou obrigatória – caso não se opte pela reclamação, pode-se recorrer aos meios

legislativos. Temos 120 dias para a Graciosa e 90 para a impugnação

Exemplo: terminado o prazo voluntário, temos 120 dias para a reclamação graciosa.

Caso contrário, devemos logo optar pela reclamação judicial.

Tipo de Tribunais:

TAF (tribunal administrativo e fiscal) – decidem questões de direito e de facto. TCA – decidem também questões de direito e de facto TSA – só questões de direito

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Capítulo IX - O Sistema Fiscal Português16

Antes do IVA, existia o IT (imposto sobre Transacções – 1966) – imposto monofásico.

Dentro das formas de tributação da despesa temos imposto monofásicos e

plurifásicos.

Os primeiros incidem sobre o valor global da transacção, numa única fase do

circuito económico sobre o valor total da transacção.

Os impostos plurifásicos incidem numa ou mais fases e podem ser cumulativos

ou não cumulativos. Nos cumulativos, o imposto incide sobre o valor global da

transacção em todas as fases do circuito. Nos não cumulativos, incide sobre o

valor acrescentado em cada fase.

Exemplo

Taxa (10%) Método das facturas

FE I 1000 100 100 I C 2000 200 100 C G 5000 500 300 G R 7000 700 200 R CF 10000 1000 300 2500 1000

Um fornecedor externo (FE) vende a um importador português fio para tecido por

1000 euros (taxa a 10%), assim o imposto é de 1000*10%=100

O importador (I) vai vender ao confeccionador ( C) por 2000 (logo 200 de imposto). O

confeccionador vende ao grossista, que depois vende ao retalhista e por fim termos o

consumidor final (CF)

Imposto cumulativo (se os pagamentos forem os da coluna taxa com 2500 no total)

Conclusao: o imposto é ¼ do valor da mercadoria (10000*1/4=2500). Quanto maior a

extensão então maior é o imposto. Este imposto não é neutro, é um imposto

plurifásico.

Imposto não cumulativo (método directo)

É o método base sobre base. Vamos subtrair o valor da compra ao valor da venda e

depois é que calculo o imposto. Exemplo: Faço 2000 – 1000 e aplico 10%; 5000-2000 e

aplico 10%........

16 Livros a ler – Introdução ao IVA: Clotilde Celorico

Page 68: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Método das facturas (método indirecto)

É o método da dedução do imposto sobre imposto. Imposto a pagar menos o pago

(IVA da venda e IVA da compra; ou seja IVA liquidado vs IVA suportado).

Ex. retalhista liquida por 1000 mas como já tinha suportado 700 temos que paga 300.

A soma de todas as parcelas da coluna método das facturas é 1000 que é o que o

consumidor final pagaria se só existisse consumidor final (10 000*10%=1000)-

O IT pressuponha um circuito normal ou tradicional – Importação/Produtor – Grossista

– Retalhista – Consumidor Final. O IT era monofásico. Qual a fase escolhida? A fase

escolhida era o Grossista. O retalhista não era capaz de o fazer (em 1966). Mas o

imposto IT tinha uma fuga incrível.

O IVA é o imposto geral sobre a despesa e sobre o consumo do tipo plurifásico e não

cumulativo. É um imposto geral sobre o consumo porque não abrange apenas o

consumo de determinado tipo de bens como sucede com os impostos do pecado

(impostos sobre o álcool, tabaco e jogo). Abrange todas as despesas com aquisição de

bens e serviços, embora depois algumas das operações sujeitas a imposto sejam

isentas.

É um imposto plurifásico porque vai incidir em todas e cada uma das fases de

produção e comercialização dos bens e serviços desde o importador ou produtor até

ao consumidor final. É um imposto não cumulativo porque em cada uma das fases de

incidência é apenas tributado o valor do bem acrescentado nessa fase de moeda a que

a soma das diversas parcelas do imposto operadas em cada fase do circuito económico

do bem equivale ao valor que se obteria se todo o imposto fosse exigido no momento

de transmissão do bem para o consumidor final. Este fraccionamento é conseguido

através do método das facturas, método do crédito de imposto, método subtractivo

indirecto, método do fraccionamento.

Ou seja, em vez de se procurar o valor acrescentado pela diferença entre o preço da

compra e o preço da venda, serve-se da diferença entre o imposto que incidiu sobre as

compras e o que incidiu sobre as vendas. Por outras palavras, o operador vai comparar

o imposto liquidado a jusante com o imposto suportado a montante e entrega ao

Estado o crédito de imposto se o imposto liquidado a jusante for superior ao

suportado a montante. Este método foi adoptado por várias razões:

1º - permite alcançar o efeito de recuperação, que se traduz em recuperar o imposto

que não foi pago num determinado estádio da cadeia, numa fase mais adiantada do

circuito. Este método permite manter a neutralidade entre produtos finais similares,

mas cujos componentes foram tributados por taxas diferentes ou isentos e entre

produtos produzidos internamente e bens importados. Mas a regra principal da

Page 69: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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adopção deste método foi a chamada regra do destino, segundo a qual o IVA deve ser

suportado pelos consumidores finais dos bens, devendo as receitas do imposto

reverter para o Estado onde esses bens são consumidos – daí taxação das importações,

desataxação das exportações. Esta regra, desde o início, foi considerada como

transitória, mas manteve-se, quase na íntegra, até hoje. Só a partir de um de Janeiro

de 93, com o acto único europeu, é que, para os particulares, em regra, se adoptou o

regime da tributação na origem. A excepção, ainda aqui, para as situações em que

poderiam criar distorções físicas, tem em consideração a diversidade de taxas dos

Estados-membros – é o caso das aquisições de meios de transporte novos, ainda que

feitas por particulares, são consideradas aquisições intra-comunitárias, bem como

pelas compras efectuadas pelo Estado e demais pessoas colectivas Públicas e pelas

vendas à distância, ou seja, vendas por catálogo ou amostra, de fornecedores

residentes num Estado a consumidores residentes noutro Estado. O método

subtractivo indirecto permite, pois, saber o conteúdo fiscal que onera os produtos em

cada Estado, quer se circularem internamente, quer sejam exportados, o que se

consegue, indicando na factura ou documento equivalente, o IVA separadamente ou a

taxa a que o mesmo se encontra incluído no preço do bem.

Incidência Real do IVA

Artigo 1 do Código do IVA

1 de Janeiro de 1993 – acto único Europeu – apareceu a alínea c)

Aquisição Intra-comunitária – entre Estados-membros

Exportações/importações – país terceiro

(ex: canárias, china são países terceiros pois não é aquisição intra-comunitária)

As transmissões de bens e a prestações de serviços têm de preencher três condições

para estarem sujeitas a imposto:

1. Onerosidade – é um requisito que, embora não seja essencial, pois há

determinadas transmissões de bens e prestações de serviços que ainda

gratuitas estão sujeita a imposto, exige que tais operações tenham uma contra

prestação de valor equivalente a favor do transmitente ou do prestador.

2. Princípio da Territorialidade – supõe exige uma ligação dessas operações ao

território nacional

3. É necessário que o transmitente ou prestador de serviço sejam sujeitos

passivos e actuem nessa qualidade.

O que são transmissões de bens? – artigo 2º

Page 70: Direito Fiscal - Exame Versao III-libre

Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Alínea artigo 3º nº3 f) auto consumo externo

Artigo 3º nº4) Estabelecimento – basicamente, é a clientela. Na venda do

estabelecimento (trespasse), a operação é não sujeito a IVA. No entanto, caso seja

uma locação, existe pagamento de IVA. Nota – caso, no final, a clientela tem de se

manter. A locação do estabelecimento é prestação de serviços

Exemplo)

Vou comprar carro à Alemanha (IVA a 16%) e em Portugal temos IVA a 21%

Regra do destino) A quem interessa a tributação na origem? À Alemanha, pois quem

exporta queria que os produtos fossem tributados ali

1ªfase)Regra do destino

Em 93)Machadada na regra do destino para vendas a particulares em que se passa a

aplicar a regra da origem aos particulares com 3 excepções (meios de transporte

ミovos,àveミdasàpoヴàIatalogo,àveミdasàfeitasàaàestado…veヴàaIiマaぶ

Alínea f) auto consumo externo

Estabelecimento – basicamente, é a clientela. Na venda do estabelecimento

(trespasse), a operação é não sujeito a IVA. No entanto, caso seja uma locação, existe

pagamento de IVA. Nota – caso, no final, a clientela tem de se manter.

Prestações de Serviços – artigo 4º – conceito residual

A cede a B a sua posição contratual – é considerado prestação de serviços. Por

exemplo, caso um advogado reconhece uma assinatura a título gratuito, há pagamento

do IVA, no valor de mercado.

Artigo 5 – Importação de Bens

Os produtos encontram-se em livre prática depois de terem pago os direitos de

importação e de terem cumprido as formalidades aduaneiras. Exemplo: empresa

portuguesa compra produtos indianos. Ora, esses produtos, se desembarcarem na

Holanda com destino para Portugal, para Holanda será uma importação e para

Portugal uma aquisição intra-comunitária (depois de ter pago e ter feito todas as

formalidades, na Holanda).

Artigo 4º nº 10 e 79 do CAC (Código Aduaneiro Comunitário); 10 nº 2 – Tratado de

Roma

Artigo 2º - Quem é sujeito passivo? Quem está sujeito a IVA?

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

70

Alínea c) qualquer pessoa que mencione IVA num documento tem de o entregar ao

Estado – さヴouHaヴàpaヴaàoàEstadoàミãoàYàpeIadoざ.àOàexeマploàマaisàIaヴiIatoàYàoàIasoàdasàfacturas falsas.

Questões de Inversão do Sujeito Passivo – reverse change

Em determinadas situações, é o adquirente que liquida o IVA, e não o prestador de

serviços.

Alíneas i)

Alínea j)

Regra geral, o Estado não é sujeito passivo, desde que a sua não sujeição não origine

distorção de concorrência – nº 3

Artigo 6º)

Só se tributam transmissões de bens e prestação de serviços se se localizarem em

tribunal.

nº 1) – transmissão de bens

nº 2) A compra um carro, que está na América. Se antes de importar, vender a C, que

por sua vez vende a D, todos estes sujeitos têm de liquidar IVA em Portugal

nº 3) se o navio for português, a tributação é feita para Portugal

nº 6) onde se localizam as prestações de serviços:

alínea a) B2B – business to business – regra do destino

alínea b) B2C – business to consumer – regra da origem

7º)

É liquidado IVA onde o Imóvel está a ser construído

É liquidado IVA no local onde é consumido.

Ver artigo 1º alínea j) – contém todas as definições

EM A – é esta

que tem de

liquidar IVA

EM B – empresa

controlada pelo

Missing traider

EM B EM A –

Missing

Traider

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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País terceiro – não faz parte nem do território fiscal nem aduaneiro da

comunidade

Território terceiro – embora não integre o território fiscal da comunidade, mas

faz parte do seu território aduaneiro (territórios comunitários aduaneiros)

Razões da adopção do IVA17:

1. Facilidade da sua aplicação e administração

2. EfeitoàさaミestesiaàfisIalざ

3. Bastante reditício (dá muito rendimento)

4. Consegue manter a neutralidade, quer as mercadorias circulam internamente,

quer sejam exportadas.

Quando é que o imposto é devido e se torna exigível? – artigo 7º

1. Transmissão de bens – quando os bens são colocados à disposição do cliente

2. Prestações de serviços – no momento da sua realização

3. Nasàiマpoヴtações,àミoàマoマeミtoàpelasà…..

Esclarecimentos: nº 2), 3),9)

Artigo 8º) – quando está em causa a factura, as regras anterior não são aplicadas – ver

artigo 36º)

Exemplos)

A vende a B mercadoria numa segunda-feira. Qual o prazo para emitir factura? Pelo

artigo 36º, a factura ou documento equivalente devem ser emitidos o mais tardar no

5º dia útil seguinte do momento em que o imposto é devido nos termos do artigo 7º

Artigo 8º nº1 b) Não passo factura até segunda seguinte, mas é devido nessa segunda

seguinte.

Artigo 8º nº1 c) A ao vender a B no dia 13 verificamos que é pago logo metade do valor

da compra e não se passa factura logo no dia 13. Verificamos que é devido metade do

imposto logo no dia 13 e o restante é devido na segunda feira seguinte.

17 さPaiàdoàIVáざà– Maurice Lauré

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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Exemplos de taxa de IVA a aplicar)

No dia 1/1/2011 a taxa de IVA vai deixar de ser 21% e passa a ser 23%

- Venda realizada a 27/12/2010 e passa-se factura a 27/12/2010

A taxa a aplicar é 21%

- Venda realizada a 27/12/2010 e passa-se factura a 3/1/2011 (IVA devido é exigível)

A taxa a aplicar é 23%

- Pagamento de metade do valor a 27/12/2010 e da outra metade a 3/1/2011

Para 27/12 taxa é de 21%

- Pagamento de metade a 27/12 e factura a 31/12

Tudo a 21%

Nota: IVA é exigível com o pagamento, só se aplica a regra dos 5 dias do artigo 36º

quando não há logo pagamento.

Artigo 8º nº2) Venda a 27; mas pagou a 20; então o IVA devido é exigível (nasceu o

facto gerador) a 20

Isenções

Artigo 9º (para o consumidor final)

Existem dois tipos de isenções: simples e completas.

As isenções perturbam o mecanismo de deduções, afectando a neutralidade do

imposto. Nas isenções, o Princípio é o do que, se o operador não liquida IVA, também

não pode deduzir o imposto que lhe foi liquidado nas aquisições de bens e serviços,

dado que essa dedução pressupõe a tributação das operações efectuadas a jusante.

Trata-se de um imposto que vai ser integrado no preço do produto, constituindo uma

tributação oculta. É um imposto que jamais pode ser deduzido, e que vai ser

incorporado no preço de venda, suportando a consequência o consumidor dos bens ou

serviços alguma carga tributária, ainda que inferior à que suportaria se não houvesse

isenção. Apesar do princípio geral ser que nas operações isentas, não se confere ao

operador o direito de deduzir o Iva que lhe foi liquidado nos imputs, admitem-se

derrogações, conferindo-se ao sujeito passivo, não obstante a isenção, o direito de

deduzir o IVA suportado nos imputs. Verifica-se, então, uma autêntica isenção, com

desagravamento total do conteúdo fiscal dos bens e serviços abrangidos. O operador

económico, apesar de não liquidar IVA a jusante, tem o direito de exigir ao Estado a

restituição do IVA suportado a montante, não se afectando assim a neutralidade dos

impostos. São exemplos de isenções completas as exportações e as transmissões intra-

comunitárias. Há sujeitos que realizam operações tributadas com direito à dedução,

operações isentas com direito à dedução, e operações não tributadas sem direito à

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Ana Cabral e António Neto – Direito Fiscal – FEP 2010/2011

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dedução. Há aqui um direito à dedução incompleto, uma vez que estes operadores

apenas podem deduzir o IVA suportado para a realização de operações tributadas.

Estes sujeitos passivos designam-se por sujeitos passivos parciais ou mistos. Torna-se

então necessário determinar a percentagem de IVA que onerou as aquisições das

operações tributadas. Dois métodos são propostos: método da dedução (método do

pró rata ou ainda da percentagem da dedução) e o da afectação real. Este último pode

ser utilizado por opção ou por imposição quando os sujeitos passivos exerção

actividades económicas distintas ou quando a sua não utilização possa conduzir a

distorções significativas na tributação. Dadas as dificuldades em proceder à

determinação dos bens e serviços que dão lugar à liquidação de imposto, este método

é o menos utilizado. Se o sujeito passivo não separar contabilisticamente as operações

isentas que não conferem direito à dedução das restantes operações, e não poder

aplicar o método da afectação real, apenas pode deduzir-se do imposto suportado na

aquisição de bens e serviços a percentagem correspondente ao valor das operações

tributada e das operações isentas que conferem direito à dedução. A percentagem de

dedução (ou pró rata) é calculada através de um coeficiente em que no numerador

figura o valor anual das operações que conferem direito à dedução, e no denominador,

o valor anual da totalidade das operações efectuadas pelo sujeito passivo. Destes

valores excluem-se as secções de bens do activo mobilizado da empresa e as

operações mobiliárias e financeiras que tenham carácter acessório em relação à

actividade exercida pelo sujeito passivo. A percentagem definitiva num ano serve

como percentagem provisória do ano seguinte e, no final desse ano, comparam-se as

duas percentagem e haverá lugar a uma entrega suplementar, se o pró rata definitivo

for inferior ao pró rata provisório, e haverá lugar a uma dedução suplementar se o pró

rata definitivo for superior ao pró rata provisório.

Artigo 53 – regime especial de isenção (um deles) – regime de isenção simples – não

liquidamos a jusante e não deduzimos a montante.

Nota: as operações financeiras estão isentas. (costuma sair no teste).

Exemplo:

a) Coマpヴoàpoヴàヱヰヰ€,àケueヴoàteヴàヲヰ%àdeàluIヴo,àeàteミhoàdeàpagaヴàヱヰ%àdeàIVá

ヱヰヰ€*ヱ,ヲ=ヱヲヰ€*ヱ,ヱà=àヱンヲ€

b) Coマpヴoàpoヴàヱヰヰ€,àpossoàdeduziヴàヱヰ%àdoàIVá,àケueヴoàteヴàヲヰ%àdeàluIヴo,àeàteミhoàde pagar 10% de IVA

ヱヰヰ€*ヰ,Γà=àΓヰ€à*ヱ,ヲ=ヱヰΒ€*ヱ,ヱà=àヱヱΒ,Β€

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Artigos 12º - confere o sujeito passivo a possibilidade de renunciar às isenções.

Havendo isenção simples, fica mais barato para o consumidor final, mas se houver

tributação, e quem estiver a jusante for um sujeito passivo e puder deduzir o IVA, fica

mais barato (para o sujeito passivo que adquire).

Exemplo:

Artigos 29 e 30, bem como 12)

Antes de fazer a venda ao banco, este renuncia à isenção e liquida IVA. Assim, o

comprador poderá deduzir o IVA.

Exemplo 2)

Uマàsujeitoàケueàestejaàミoàヴegiマeàdeàiseミçãoàiヴ=àIoHヴaヴàヱヰヰ€àふseマàIVáぶ.àNoàeミtaミto,àuマàsujeito que não esteja no regime especial de isenção (normal) irá cobrar mais 20% -

ヱヲヰ€.àOヴa,àoàseヴviçoàdoàpヴiマeiヴoàYàマaisàHaヴato.àCoミtudo,àseàdoàoutヴoàladoàestiveヴàuマàsujeito passivo que possa deduzir o IVA, o preço será idêntico.

Exemplo 3)

Declaração início da actividade

10000 2000

Fotocopiadora 1000 200 Trimestre Papel 100 20 Telefone 100 20 Funcionária 500 (não está sujeito)

Nestaà situação,à teマà ヲヲヴヰ€à deà Cヴédito de Imposto. Assim, poderá fazer sentido

ヴeミuミIiaヴà<àiseミçãoàpois,àassiマ,àestesàヲヲヴヰ€àミãoàsãoàIoミsideヴadoàIusto.à

No regime de isenção, o preço do bem tem algum conteúdo fiscal – o IVA vai ser

incluída no preço – mesmo assim, o preço será menor.

Exemplo 4) – Construção Civil

Constrói um prédio poヴàヴヵヰ€,àteミdoàdeàpagaヴヵヰ€àdeàIVA. Este pretende ainda ter uma

マaヴgeマàdeàluIヴoàdeàヲヰヰ€,àtotalizaミdoàassiマàΑヰヰ€.à

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Tipo Custo Construção

IVA Margem Preço

Isenção 450 50 200 700 Normal 450 - 250 700+IVA

Normal com a margem inicial)

450 - 180 (pretende manter a margem) 630 +IVA

Artigo 13), 14), 15) (destaque para o artigo 8),16) (muito importante),

Caso Prático

A vende a B uma mercadoria a 180 dias – artigo 7) 8) e 36)

Facto gerador/tributário – quando é colocado o bem à disposição do

comprador.

O IVA é exigível no momento do pagamento. Caso não tenha sido pago até ao

quinto dia útil (data final para a emissão de factura), o IVA torna-se exigível

nessa data.

Mesmo que o vendedor tenha vendido a 180 dias, o IVA torna-se exigível, na

mesma, no máximo, a partir do 5º dia útil.

Nota: Empresa francesa presta um serviço a uma empresa portuguesa – B to B – é pelo

adquirente.

Nota 2 – é obrigatório levar a convenção OCDE

Artigo 16) aliena 5 e 6)

Artigo 18) irá cm certeza aparecer um exercício de aplicação de taxas no tempo.

Artigo 19)

Há três formas de exercício do direito à dedução:

1º - Compensação entre o IVA liquidado a jusante e o suportado a montante.

2º - Reporte – no caso de o IVA suportado a montante ser superior ao IVA liquidado a

jusante, há um crédito de imposto – este crédito, em geral, reporta-se para os

períodos seguintes.

3º Reembolso

Regra: Pode-se deduzir aquilo que se comprou para se realizar as operações

tributadas.

Excepções: pode-se deduzir aquilo que se comprou que não foi utilizado nas operações

tributadas – exportações.

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No entanto, para que exista dedução, não basta que a pessoa tenha suportado IVA nas

aquisições. É preciso o que está n o 19 nº2) – aparece sempre nos testes!

Qual é a forma legal? – artigo 36 nº 5)

Exemplo da não dedução do IVA

A empresa S (fabricante de sapatos) tem um problema nas suas contas. Para isso, a

EマpヴesaàEàpassaàuマaàfaItuヴaàdeàvaloヴàヱヰヰ€à+ IVA, sendo que S paga-lhe apenas o IVA.

Note-se que a operação é neutra (o Estado não sai prejudicado) e, assim, S pode

deduzir e E tem de entregar o IVA.

Contudo, caso a operação seja descoberta:

S perde o direito à dedução, mas E tem na mesma que entregar o IVA.

Mais, caso E não entregue o IVA, uma vez que ambos são solidariamente

responsáveis, S terá de entregar o IVA por S.

Note-se que não há direito à dedução quando se sabe, à partida, que este não irá ser

pago. Por exemplo, A vende a B a sua produção por x mais IVA. No entanto, se os

gestores forem os mesmos, B não terá direito à dedução se A não entregar.

Artigo 21 – exclusões do direito à declaração

Para veículos ligeiros a gasóleo, poderá descontar-se 50%. Para pesados, 100%.

Artigo 22º - Quando é que nasce o direito à dedução? No momento que oi imposto se

tornou exigível nos termos do artigo7 (note-se que só poderá deduzir quando tiver

factura ou documento equivalente).

Ver ainda artigo 23º

Artigo 27º - o pagamento faz-se com a declaração periódica (artigo 41)

Existem dois regimes: mensal e trimestral.

Mensal – tem de ser entregue, até ao dia 10, do segundo mês seguinte ao que

dizem respeito as operações

Trimestral - Até ao dia 15 do segundo mês seguinte aquele que as operações

dizem respeito.

Caso exista um atraso no pagamento de dívida, caso seja pessoa colecta, há uma coima

de 20% (singular – 10%).

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Obrigações Acessórias (29)

Alínea a)

Declaração de início de actividade

Declaração de alterações

Declaração de cessação de actividade

Alínea b) – obrigação de emissão de factura

A cessação da actividade de IVA só existe com a extinção da empresa – artigo 36º (ver

também artigo 8º do IRC)

Artigo 40 – dispensa da obrigação de facturada

Nota: o regime mensal será indicado para as exportadores, enquanto o trimestral para

aqueles que têm IVA a pagar.

Artigo 49º -

Artigo 53º - existem vários regimes especiais – vamos apenas referir este.

Artigo 78º - regularizações

áàveミdeàaàBàuマaàマeヴIadoヴiaàaàヱ/Γ/ヲヰヱヰ,àpoヴàヱヰヰヰ€à+àヲヱヰàふIVáぶ.àA factura foi emitida a

2/9/2010. Uma vez que está no regime mensal, terá de entregar a declaração até dia

10/11/2010. Considere-se que a venda tinha sido feita a 180 dias – B poderá deduzir o

IVA antes de pagar, e A terá de entregar o IVA sem que tenha recebido o pagamento.

Considere-se agora que B nunca chegou a pagar (entrou em insolvência) – A não

recebeu o pagamento, e ainda teve de suportar o IVA – nestas situações, A poderá

reaver o valor do IVA pago – notas interessantes: pode haver prescrição: são cinco

anos.

Artigo 79º - solidariedade – situação anterior do caso que B sabe perfeitamente que A

não irá pagar (sócios são os mesmos)

Artigo 88º

Declaração de IRS

No caso de uma empresa portuguesa adquirir um serviço de uma Alemão, seguinto

artigo 6, será a empresa portuguesa que tem de liquidar em Portugal, à taxa

portuguesa – no entanto, a empresa portuguesa tem direito a deduzir esse mesmo IVA

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que liquida – assim, o resultado final do IVA apurado não será influenciado. Contudo, o

montante do IVA dedutível e do liquidado difere do caso em que simplesmente não

considerássemos esta operação.

Notas e Estrutura do Teste

Convenção é muito importante!!! Além disso, sairá provavelmente métodos; ler muito

bem o acórdão em relação à aplicação da Lei do Tempo. Teremos de definir conceitos

gerais, como liquidação, facto tributário, etc etc – nunca saiu nos exames anteriores; o

do IVA é o mais repetitivo – inclui nomeadamente esta questão.

Grupo I – aplicação geral

Grupo II

Grupo III – por exemplo, dupla tributação, entre outras.

Grupo IV – IVA – pergunta também teórica, como a exigibilidade.