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DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos fundamentais Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de terem se passado vários anos sem o julgamento Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, , julgado em 2/2/2017 (Info 601). Direito à igualdade Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos O STF declarou que essa Lei é constitucional e fixou a seguinte tese de julgamento: "É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta., sendo também legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa". STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868). Direito à informação Pesquisador tem direito de acesso aos áudios das sessões secretas de julgamento ocorridas no STM durante a época do regime militar A coleta de dados históricos a partir de documentos públicos e registros fonográficos, mesmo que para fins particulares, constitui-se em motivação legítima a garantir o acesso a tais informações. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857). Direito à educação A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgádo em 26/4/2017 (repercussão o geral) (Info 862). Direito à nacionalidade Procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedido Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordo com o pedido extradicional e de declarar que deseja retornar ao Estado requerente a fim de se submeter ao processo criminal naquele País não exonera (não exime) o STF do dever de efetuar o controle da legalidade sobre a postulação formulada pelo Estado requerente. No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que rege a extradição entre o Brasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimento simplificado no caso de o extraditando concordar com o pedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção de Extradição entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. Este tratado internacional estabeleceu regime simplificado de extradição, que autoriza a entrega imediata do extraditando às autoridades competentes do Estado requerente, sempre que o súdito estrangeiro manifestar, de forma livre e de modo voluntário e inequívoco, o seu desejo de ser extraditado. Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de homologar (ou não) a declaração do extraditando de que concorda com a extradição. STF. 2ª Turma. Ext 1476/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/5/2017 (Info 864). INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do morador O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606). SIGILO BANCÁRIO Requisição pelo MP de informações bancárias de ente da administração pública Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações bancárias de titularidade de Prefeitura para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de titularidade da Prefeitura, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo Thiago Queiroz de Brito Atualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos fundamentaisAção pedindo suplemento para criança lactente nãoperde o objeto pelo simples fato de terem se passadovários anos sem o julgamentoNão há perda do objeto em mandado de segurança cujapretensão é o fornecimento de leite especial necessário àsobrevivência de menor ao fundamento de que o produtoserve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidadeem razão do tempo decorrido para a solução dacontrovérsia.A necessidade ou não do fornecimento de leite especialpara a criança deverá ser apurada em fase de execução. Seficar realmente comprovada a impossibilidade de seacolher o pedido principal, em virtude da longa discussãojudicial acerca do tema, nada impede que a parte requeiraa conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, ,julgado em 2/2/2017 (Info 601).

Direito à igualdadeConstitucionalidade do sistema de cotas raciais emconcursos públicosO STF declarou que essa Lei é constitucional e fixou aseguinte tese de julgamento: "É constitucional a reserva de20% das vagas oferecidas nos concursos públicos paraprovimento de cargos efetivos e empregos públicos noâmbito da administração pública direta e indireta., sendotambém legítima a utilização, além da autodeclaração, decritérios subsidiários de heteroidentificação, desde querespeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos ocontraditório e a ampla defesa". STF. Plenário. ADC 41/DF,Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868).

Direito à informaçãoPesquisador tem direito de acesso aos áudios dassessões secretas de julgamento ocorridas no STMdurante a época do regime militarA coleta de dados históricos a partir de documentospúblicos e registros fonográficos, mesmo que para finsparticulares, constitui-se em motivação legítima a garantiro acesso a tais informações. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ,Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857).

Direito à educaçãoA garantia constitucional da gratuidade de ensino nãoobsta a cobrança por universidades públicas demensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgádo em 26/4/2017(repercussão o geral) (Info 862).

Direito à nacionalidadeProcedimento simplificado no caso de o extraditandoconcordar com o pedido

Em regra, o simples fato de o extraditando estar de acordocom o pedido extradicional e de declarar que desejaretornar ao Estado requerente a fim de se submeter aoprocesso criminal naquele País não exonera (não exime) oSTF do dever de efetuar o controle da legalidade sobre apostulação formulada pelo Estado requerente.No entanto, é possível que ocorra uma peculiaridade. É possível que o tratado que rege a extradição entre oBrasil e o Estado estrangeiro preveja um procedimentosimplificado no caso de o extraditando concordar com opedido. É o caso, por exemplo, da “Convenção deExtradição entre os Estados Membros da Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa”. Este tratado internacionalestabeleceu regime simplificado de extradição, queautoriza a entrega imediata do extraditando àsautoridades competentes do Estado requerente, sempreque o súdito estrangeiro manifestar, de forma livre e demodo voluntário e inequívoco, o seu desejo de serextraditado.Nesta hipótese, a tarefa do STF será a de homologar (ounão) a declaração do extraditando de que concorda com aextradição. STF. 2ª Turma. Ext 1476/DF, rel. Min. Celso deMello, julgado em 9/5/2017 (Info 864).

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIOMera intuição de que está havendo tráfico de drogasna casa não autoriza o ingresso sem mandado judicialou consentimento do moradorO ingresso regular da polícia no domicílio, semautorização judicial, em caso de flagrante delito, para queseja válido, necessita que haja fundadas razões (justacausa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior daresidência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticadapelo agente, embora pudesse autorizar abordagempolicial, em via pública, para averiguação, não configura,por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seudomicílio, sem o seu consentimento e sem determinaçãojudicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério SchiettiCruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).

SIGILO BANCÁRIO Requisição pelo MP de informações bancárias de enteda administração pública Não são nulas as provas obtidas por meio de requisiçãodo Ministério Público de informações bancárias detitularidade de Prefeitura para fins de apurar supostoscrimes praticados por agentes públicos contra aAdministração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público de informaçõesbancárias de contas de titularidade da Prefeitura, com ofim de proteger o patrimônio público, não se podendo

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falar em quebra ilegal de sigilo bancário. O sigilo de informações necessário à preservação daintimidade é relativizado quando há interesse dasociedade em conhecer o destino dos recursos públicos.Diante da existência de indícios da prática de ilícitospenais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, noexercício de seus poderes investigatórios (art. 129, VIII, daCF/88), requisitar os registros de operações financeirasrelativos aos recursos movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da Prefeitura. Essa requisiçãocompreende, por extensão, o acesso aos registros dasoperações bancárias sucessivas, ainda que realizadas porparticulares, e objetiva garantir o acesso ao real destinodesses recursos públicos. STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE,Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em20/10/2015 (Info 572). STF. 2ª Turma. RHC 133118/CE, Rel.Min. Dias Toffoli, julgado em 26/9/2017 (Info 879).

Controle de constitucionalidadeTJ pode julgar ADI contra lei municipal tendo comoparâmetro norma da Constituição FederalTribunais de Justiça podem exercer controle abstrato deconstitucionalidade de leis municipais utilizando comoparâmetro normas da Constituição Federal, desde que setrate de normas de reprodução obrigatória pelos estados.STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017(repercussão geral) (Info 852).

Na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi)é aberta.O STF, ao julgar as ações de controle abstrato deconstitucionalidade, não está vinculado aos fundamentosjurídicos invocados pelo autor. Isso significa que todo e qualquer dispositivo daConstituição Federal ou do restante do bloco deconstitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF comofundamento jurídico para declarar uma lei ou atonormativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel.Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

Modulação de efeitos em recurso extraordinárioÉ possível a modulação dos efeitos da decisão proferidaem sede de controle incidental de constitucionalidade.STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes,julgado em 16/3/2017 (Info 857).

Cabimento de ADPF contra conjunto de decisõesjudiciais que determinaram a expropriação de recursosdo Estado-membroO Estado do Rio de Janeiro vive uma grave criseeconômica, estando em débito com o pagamento defornecedores e atraso até mesmo no pagamento daremuneração dos servidores públicos. Os órgãos eentidades também estão sem dinheiro para custear osserviços públicos.Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram

propostas, tanto na Justiça comum estadual comotambém na Justiça do Trabalho, pedindo a realizaçãodesses pagamentos. Os órgãos judiciais estavamacolhendo os pedidos e determinando a apreensão devalores nas contas do Estado para a concretização dospagamentos.Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF noSTF com o objetivo de suspender os efeitos de todas asdecisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região quetenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, apenhora ou a liberação de valores das contasadministradas pelo Estado do Rio de Janeiro.O STF afirmou que a ADPF é instrumento processualadequado para esse pedido e deferiu a medida liminar,por serem as decisões questionadas são típicos do PoderPúblico passíveis de impugnação por meio de APDF. STF.Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgadoem 14/6/2017 (Info 869).

Não se admite ADI contra lei que teria violado tratadointernacional não incorporado ao ordenamentobrasileiro na forma do art. 5º, § 3º da CF/88 Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que umalei ou ato normativo violou um tratado internacional. Emregra, os tratados internacionais não podem ser utilizadoscomo parâmetro em sede de controle concentrado deconstitucionalidade. Exceção: será cabível ADI contra lei ou ato normativo queviolou tratado ou convenção internacional que trate sobredireitos humanos e que tenha sido aprovado segundo aregra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque neste casoesse tratado será incorporado ao ordenamento brasileirocomo se fosse uma emenda constitucional. STF. Plenário.ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em9/8/2017 (Info 872).

Se a maioria dos Ministros votou pela procedência daADI, mas não se obteve maioria absoluta dos votos, alei não deverá ser declarada inconstitucional Imagine a seguinte situação: é proposta uma ADI contradeterminada lei. Cinco Ministros votam pelainconstitucionalidade da lei. Quatro Ministros votam pelaconstitucionalidade. Dois Ministros declaram-se impedidosde votar. Qual deverá ser a proclamação do resultado?Pode-se dizer que esta lei foi declarada inconstitucionalpor maioria de votos? NÃO. Não foi atingido o númeromínimo de votos para a declaração deinconstitucionalidade da lei (6 votos). Assim, como não foialcançado o quórum exigido pelo art. 97 da CF/88,entende-se que o STF não pronunciou juízo deconstitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei. Issosignifica que o STF não declarou a lei nem constitucionalnem inconstitucional. Além disso, esse julgamento nãotem eficácia vinculante, ou seja, os juízes e Tribunaiscontinuam livres para decidir que a lei é constitucional ouinconstitucional, sem estarem vinculados ao STF. STF.

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Plenário. ADI 4066/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em23 e 24/8/2017 (Info 874).

Ações constitucionaisA reclamação não é atalho processual destinado asubmeter o processo ao STF per saltumI - A reclamação ao STF somente é cabível se houvernecessidade de preservação da competência da Corte oupara garantia da autoridade de suas decisões (art. 102, I,“l”, da CF/88). A reclamação não se destina a funcionarcomo sucedâneo recursal ("substituto de recurso") nem sepresta a atuar como atalho processual destinado asubmeter o processo ao STF “per saltum”, ou seja,pulando-se todas as instâncias anteriores. Ascompetências originárias do STF se submetem ao regimede direito estrito, não admitindo interpretação extensiva.Em outras palavras, o rol de competências originárias doSTF não pode ser alargado por meio de interpretação.II - A regra prevista no art. 654, § 2º, do CPP não dispensaa observância do quadro de distribuição constitucional dascompetências para conhecer do “habeas corpus”. Assim,somente o órgão jurisdicional competente para aconcessão da ordem a pedido pode conceder o “writ” deofício. Em outras palavras, o Tribunal pode concederhabeas corpus de ofício, mas para isso acontecer énecessário que ele seja o Tribunal competente paraapreciar eventual pedido de habeas corpus relacionadocom este caso.STF. Plenário. Rcl 25509 AgR/PR, Rel. Min.Edson Fachin, julgado em 15/2/2017 (Info 854).

Possibilidade de admissão do amicus curiae emreclamaçãoÉ cabível a intervenção de amicus curiae em reclamação.STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia,julgado em 15/3/2017 (Info 857).

Havendo três amici curiae para fazer sustentação oralno STF, o prazo deverá ser considerado em dobro,dividido entre elesHavendo mais de um amicus curiae, o STF adota aseguinte sistemática: o prazo é duplicado e dividido entreeles. Assim, em vez de 15, os amici curiae (plural de amicuscuriae) terão 30 minutos, que deverão ser divididos entreeles. STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 4/5/2017 (Info 863).

Competências legislativasEstado-membro pode legislar sobre a concessão, porempresas privadas,de bolsa de estudos paraprofessoresSTF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em8/3/2017 (Info 856).

É inconstitucional lei estadual que disponha sobre asegurança de estacionamentos e o regime decontratação dos funcionários

Lei estadual que impõe a prestação de serviço desegurança em estacionamento a toda pessoa física oujurídica que disponibilize local para estacionamento éinconstitucional, quer por violar a competência privativada União para legislar sobre direito civil, quer por violar alivre iniciativa. Lei estadual que impõe a utilização deempregados próprios na entrada e saída deestacionamento, impedindo a terceirização, viola acompetência privativa da União para legislar sobre Direitodo Trabalho. STF. Plenário. ADI 451/RJ, Rel. Min. RobertoBarroso, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).

É inconstitucional lei estadual que exija que ossupermercados do Estado ofereçam empacotadorespara os produtos adquiridos Lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviçosde empacotamento nos supermercados é inconstitucionalpor afrontar o princípio constitucional da livre inciativa. Leiestadual que exige que o serviço de empacotamento nossupermercados seja prestado por funcionário do próprioestabelecimento é inconstitucional por violar acompetência privativa da União para legislar sobre Direitodo Trabalho. STF. Plenário. ADI 907/RJ, Rel. Min. Alexandrede Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em1º/8/2017 (Info 871).

Inconstitucionalidade de lei estadual que estabeleçaexigências nos rótulos dos produtos emdesconformidade com a legislação federal É inconstitucional lei estadual que estabelece aobrigatoriedade de que os rótulos ou embalagens detodos os produtos alimentícios comercializados no Estadocontenham uma série de informações sobre a suacomposição, que não são exigidas pela legislação federal.STF. Plenário. ADI 750/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgadoem 3/8/2017 (Info 871).Poder LegislativoQuando a condenação do Deputado Federal ouSenador ultrapassar 120 dias em regime fechado, aperda do mandato é consequência lógica• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120dias em regime fechado: a perda do cargo será umaconsequência lógica da condenação. Neste caso, caberá àMesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que houvea perda (sem poder discordar da decisão do STF), nostermos do art. 55, III e § 3º da CF/88.• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma penaem regime aberto ou semiaberto: a condenação criminalnão gera a perda automática do cargo. O Plenário daCâmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55,§ 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato.STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgadoem 2/5/2017 (Info 863). Obs: existem decisões em sentido diverso (AP 565/RO -Info 714 e AP 470/MG - Info 692), mas penso que, parafins de concurso, deve-se adotar o entendimento acimaexplicado (AP 694/MT).

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Imunidade material alcança o delito do art. 3º da Lei7.492/86 (“divulgar informação falsa ouprejudicialmente incompleta sobre instituiçãofinanceira”)Deputado Estadual que, ao defender a privatização debanco estadual, presta declarações supostamente falsassobre o montante das dívidas dessa instituição financeiranão comete o delito do art. 3º da Lei nº 7.492/86, estandoacobertado pela imunidade material. STF. 1ª Turma. HC115397/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/5/2017(Info 865).

Processo LegislativoO trancamento da pauta por conta de MPs não votadasno prazo de 45 dias só alcança projetos de lei queversem sobre temas passíveis de serem tratados porMPO art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisórianão for apreciada em até quarenta e cinco dias contadosde sua publicação, entrará em regime de urgência,subsequentemente, em cada uma das Casas do CongressoNacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,todas as demais deliberações legislativas da Casa em queestiver tramitando”.Apesar de o dispositivo falar em “todas as demaisdeliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não adotouuma exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas(paralisadas) apenas as votações de projetos de leisordinárias que versem sobre temas que possam sertratados por medida provisória.Assim, por exemplo, mesmo havendo medida provisóriatrancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada noprazo de 45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou oSenado poderão votar normalmente propostas de emendaconstitucional, projetos de lei complementar, projetos deresolução, projetos de decreto legislativo e até mesmoprojetos de lei ordinária que tratem sobre um dosassuntos do art. 62, § 1º, da CF/88. Isso porque a MP somente pode tratar sobre assuntospróprios de lei ordinária e desde que não incida emnenhuma das proibições do art. 62, § 1º. STF. Plenário. MS27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 29/6/2017(Info 870).

Tribunal de ContasPrazo prescricional para aplicação de multa pelo TCU: 5anos, aplicando-se a previsão do art. 1º da Lei nº 9.873/99.STF. 1ª Turma. MS 32201/DF, rel. Min. Roberto Barroso,julgado em 21/3/2017 (Info 858).

Auditoria do TCU e desnecessidade de participação dosterceiros reflexamente prejudicados Não aplicação doart. 54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizaçõesrealizadas pelo TC na forma do art. 71, IV, da CF/88 Auditoria do TCU e desnecessidade de participação dosterceiros reflexamente prejudicados Em auditoria realizada

pelo TCU para apurar a gestão administrativa do órgão, osterceiros indiretamente afetados pelas determinações doTribunal (ex: pensionistas) não possuem direito de seremouvidos no processo fiscalizatório. Não existe, no caso,desrespeito ao devido processo legal. Nessa espécie deatuação administrativa, a relação processual envolveapenas o órgão fiscalizador e o fiscalizado, sendodispensável a participação dos interessados. Ocontraditório pressupõe a existência de litigantes ouacusados, o que não ocorre quando o Tribunal de Contasatua no campo da fiscalização de órgãos e entesadministrativos. O contraditório deve ser garantido peloórgão de origem, a quem cabe o cumprimento dadeterminação do Tribunal de Contas. Não aplicação do art.54 da Lei nº 9.784/99 para as fiscalizações realizadas peloTC na forma do art. 71, IV, da CF/88 Em casos de“fiscalização linear exercida pelo Tribunal de Contas”, nostermos do art. 71, IV, da CF/88, não se aplica o prazo dedecadência previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99. Issoporque em processos de “controle abstrato”, o Tribunal deContas não faz o exame de ato específico do qual decorreefeito favorável ao administrado. A Corte está examinandoa regularidade das contas do órgão e a repercussão sobreeventual direito individual é apenas indireta. STF. 1ªTurma. MS 34224/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em15/8/2017 (Info 873).

Poder ExecutivoNão há necessidade de prévia autorização da ALE paraque o STJ receba denúncia criminal contra oGovernador do Estado Não há necessidade de prévia autorização da AssembleiaLegislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa einstaure ação penal contra Governador de Estado, porcrime comum. Em outras palavras, não há necessidade deprévia autorização da ALE para que o Governador doEstado seja processado por crime comum. Se aConstituição Estadual exigir autorização da ALE para que oGovernador seja processado criminalmente, essa previsãoé considerada inconstitucional. Assim, é vedado àsunidades federativas instituir normas que condicionem ainstauração de ação penal contra Governador por crimecomum à previa autorização da Casa Legislativa.Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra oGovernador, ele ficará automaticamente suspenso de suasfunções no Poder Executivo estadual?NÃO. O afastamento do cargo não se dá de formaautomática.O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irádecidir, de forma fundamentada, se há necessidade de oGovernador do Estado ser ou não afastado do cargo.Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJpoderá aplicar qualquer uma das medidas cautelarespenais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se dacomarca, fiança, monitoração eletrônica etc.).

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STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel.orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdãoMin. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872).STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin,julgado em 3/5/2017 (Info 863).STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI,Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min.Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863).

SIGILO BANCÁRIO Publicação no jornal dos nomes dos clientes quetinham contas de poupança no banco, emdeterminado período, representa quebra do sigilobancário A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários dedecisão proferida em ação civil pública que determinou opagamento dos expurgos inflacionários decorrentes deplanos econômicos configura quebra de sigilo bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro,julgado em 23/5/2017 (Info 605).

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Alteração dos limites de um Município exige plebiscitoPara que sejam alterados os limites territoriais de umMunicípio é necessária a realização de consulta prévia,mediante plebiscito, às populações dos Municípiosenvolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF.Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ oac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

EXTRADIÇÃO É possível extraditar estrangeiro mesmo que elepossua filho e mulher brasileiros Neste julgado o STF reafirmou a sua súmula 421 eextraditou um cidadão português mesmo ele possuindodois filhos brasileiros com uma companheira, tambémbrasileira. Súmula 421-STF: Não impede a extradição acircunstância de ser o extraditado casado com brasileiraou ter filho brasileiro. STF. 2ª Turma. Ext 1497/DF, Rel. Min.Ricardo Lewandowski, julgado em 15/8/2017 (Info 873).

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA Competência originária e concorrente do CNJ Utilização no PAD de dados obtidos em descobertafortuita na investigação criminal A CF conferiu competência originária e concorrente aoCNJ para aplicação de medidas disciplinares. Assim, acompetência do CNJ é autônoma (e não subsidiária). Logo,o CNJ pode atuar mesmo que não tenha sido dadaoportunidade para que a corregedoria local pudesseinvestigar o caso. Utilização no PAD de dados obtidos emdescoberta fortuita na investigação criminal É possível autilização de dados obtidos por descoberta fortuita eminterceptações telefônicas devidamente autorizadas comoprova emprestada em processo administrativo disciplinar.STF. 1ª Turma. MS 30361 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber,julgado em 29/8/2017 (Info 875).

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO Caso tenha avocado o PAD, o CNMP pode aproveitaros atos instrutórios realizados na origem Se o CNMP decidir avocar um PAD que está tramitando naCorregedoria local por suspeita de parcialidade doCorregedor, ele poderá aproveitar os atos instrutóriospraticados regularmente na origem pela ComissãoProcessante. Não há motivo para se anular os atosinstrutórios já realizados pela Comissão Processante, semparticipação do Corregedor, especialmente se ointeressado não demonstra a ocorrência de prejuízo. Oprincípio do pas de nullité sans grief é plenamenteaplicável no âmbito do Direito Administrativo, inclusive emprocessos disciplinares. STF. 2ª Turma. MS 34666 AgR/DF,rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/8/2017 (Info 875).

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Não é possível que o STF examine questões jurídicasformuladas a respeito da denúncia antes do seu envioà Câmara dos Deputados para o juízo político de quetrata o art. 86 da CF/88 Imagine que foi formulada denúncia contra o Presidenteda República por infrações penais comuns. O STF deveráencaminhar esta denúncia para a Câmara dos Deputadosexercer o seu juízo político. É possível que, antes desseenvio, o STF analise questões jurídicas a respeito destadenúncia, como a validade dos elementos informativos(“provas”) que a embasaram? NÃO. Não há possibilidadede o STF conhecer e julgar qualquer questão ou matériadefensiva suscitada pelo Presidente antes que a matériaseja examinada pela Câmara dos Deputados. O juízo político de admissibilidade exercido pela Câmarados Deputados precede a análise jurídica pelo STF paraconhecer e julgar qualquer questão ou matéria defensivasuscitada pelo denunciado. A discussão sobre o valorprobatório dos elementos de convicção (“provas”), oumesmo a respeito da validade desses elementos queeventualmente embasarem a denúncia, constitui matériarelacionada com a chamada “justa causa”, uma dascondições da ação penal, cuja constatação ou não se darápor ocasião do juízo de admissibilidade, a ser levado aefeito pelo Plenário do STF após eventual autorização daCâmara dos Deputados. STF. Plenário. Inq 4483 QO/DF,Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20 e 21/9/2017 (Info878).

EXERCÍCIO PROFISSIONAL É constitucional a previsão da lei de que determinadasatividades são privativas de nutricionistas É constitucional a expressão “privativas”, contida no caputdo art. 3º da Lei nº 8.234/91, que regulamenta a profissãode nutricionista, respeitado o âmbito de atuaçãoprofissional das demais profissões regulamentadas. STF.Plenário. ADI 803/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em28/9/2017 (Info 879).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

EDUCAÇÃO O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras podeter natureza confessional A CF/88 prevê que “o ensino religioso, de matrículafacultativa, constituirá disciplina dos horários normais dasescolas públicas de ensino fundamental.” (art. 210, § 1º).Diante disso, nas escolas públicas são oferecidas aulas deensino religioso, normalmente vinculadas a uma religiãoespecífica. É o chamado ensino religioso confessional. A partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado(art. 19, I) e Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o Estadodeverá assegurar o cumprimento do art. 210, § 1º daCF/88, autorizando na rede pública, em igualdade decondições o oferecimento de ensino confessional dasdiversas crenças, mediante requisitos formais previamentefixados pelo Ministério da Educação. Assim, deve serpermitido aos alunos, que expressa e voluntariamente sematricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo aoensino religioso como disciplina dos horários normais dasescolas públicas de ensino fundamental, ministrada deacordo com os princípios de sua confissão religiosa, porintegrantes da mesma, devidamente credenciados a partirde chamamento público e, preferencialmente, semqualquer ônus para o Poder Público. Dessa forma, o STF entendeu que a CF/88 não proíbe quesejam oferecidas aulas de uma religião específica, queensine os dogmas ou valores daquela religião. Não háqualquer problema nisso, desde que se garantaoportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário.ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac.Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info879).

IMUNIDADE PARLAMENTAR Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma quedeterminada Deputada "não merece ser estuprada"deve pagar indenização por danos morais As opiniões ofensivas proferidas por deputados federais eveiculadas por meio da imprensa, em manifestações quenão guardam nenhuma relação com o exercício domandato, não estão abarcadas pela imunidade materialprevista no art. 53 da CF/88 e são aptas a gerar danomoral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.310-DF, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 15/8/2017 (Info 609).

Judiciário pode impor aos parlamentares as medidascautelares do art. 319 do CPP, no entanto, a respectivaCasa legislativa pode rejeitá-las (caso Aécio Neves) O Poder Judiciário possui competência para impor aosparlamentares, por autoridade própria, as medidascautelares previstas no art. 319 do CPP, seja emsubstituição de prisão em flagrante delito por crimeinafiançável, por constituírem medidas individuais eespecíficas menos gravosas; seja autonomamente, emcircunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso deDeputados Federais e Senadores, a competência paraimpor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da

CF/88).Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medidacautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ouindiretamente, que o Deputado Federal ou Senador exerçao seu mandato, então, neste caso, o Supremo deveráencaminhar a sua decisão, no prazo de 24 horas, à Câmarados Deputados ou ao Senado Federal para que arespectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta pelaCorte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impora Deputado Federal ou Senador qualquer das medidascautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se amedida imposta impedir, direta ou indiretamente, queesse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então,neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar(“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinadapelo Judiciário.Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88também para as medidas cautelares diversas da prisão.STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin,red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em11/10/2017 (Info 881).

DEFENSORIA PÚBLICA Para que a DPE atue no STJ, é necessário que possuaescritório de representação em BrasíliaA Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, noentanto, para isso, é necessário que possua escritório derepresentação em Brasília. Se a Defensoria Públicaestadual não tiver representação na capital federal, asintimações das decisões do STJ nos processos de interesseda DPE serão feitas para a DPU.Assim, enquanto os Estados, mediante lei específica, nãoorganizarem suas Defensorias Públicas para atuaremcontinuamente nesta Capital Federal, inclusive com sedeprópria, o acompanhamento dos processos no STJconstitui prerrogativa da DPU.A DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios daunidade e da indivisibilidade para dar suporte àsDefensorias Públicas estaduais e fazer as vezes daquelasde Estados-Membros longínquos, que não podem exercero múnus a cada recurso endereçado aos tribunaissuperiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 378.088/SC, Rel.Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/12/2016. STF. 1ªTurma. HC 118294/AP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 7/3/2017 (Info856).

Inconstitucionalidade de contratação de advogados,sem concurso público, para serem Defensores Públicos É inconstitucional a contratação, sem concurso público,após a instalação da Assembleia Constituinte, deadvogados para exercerem a função de Defensor Públicoestadual. Tal contratação amplia, de forma indevida, aregra excepcional do art. 22 do ADCT da CF/88 e afronta oprincípio do concurso público. STF. 1ª Turma. RE

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856550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min.Alexandre de Moraes, julgado em 10/10/2017 (Info 881).

TRIBUNAL DE CONTAS Legitimidade do MPTC de impetrar mandado desegurança contra acórdão do Tribunal de Contas queteria violado prerrogativas institucionais do Parquet O membro do Ministério Público que atua perante oTribunal de Contas possui legitimidade e capacidadepostulatória para impetrar mandado de segurança, emdefesa de suas prerrogativas institucionais, contra acórdãoprolatado pela respectiva Corte de Contas. Ex: Procurador de Contas pode impetrar mandado desegurança contra acórdão do Tribunal de Contas queextinguiu representação contra licitação sem incluí-la empaute e sem intimar o MP. STJ. 2ª Turma. RMS 52.741-GO, Rel. Min. HermanBenjamin, julgado em 8/8/2017 (Info 611).

MINISTÉRIO PÚBLICO Intimação pessoal dos membros do Ministério Públicono processo penal O termo inicial da contagem do prazo para impugnardecisão judicial é, para o Ministério Público, a data daentrega dos autos na repartição administrativa do órgão,sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dadoem audiência, em cartório ou por mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério SchiettiCruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo) (Info 611).

DEFENSORIA PÚBLICA A intimação da Defensoria somente se aperfeiçoa coma remessa dos autos mesmo que o Defensor estejapresente na audiência na qual foi proferida a decisão A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê,como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos, queeles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e128, I). Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz naprópria audiência, estando o Defensor Público presente,pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente naqueleato ou será necessário ainda o envio dos autos àDefensoria para que a intimação se torne perfeita? Para que a intimação pessoal do Defensor Público seconcretize, será necessária ainda a remessa dos autos àDefensoria Pública. A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presençado defensor na audiência de leitura da sentençacondenatória, somente se aperfeiçoa com sua intimaçãopessoal, mediante a remessa dos autos. Assim, a data da entrega dos autos na repartiçãoadministrativa da Defensoria Pública é o termo inicial dacontagem do prazo para impugnação de decisão judicialpela instituição, independentemente de intimação do atoem audiência.

STJ. 3ª Seção. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério SchiettiCruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki,julgado em 23/6/2015 (Info 791).

Nos concursos da Defensoria Pública podem serexigidos três anos de atividade jurídica? O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídicapara os candidatos nos concursos da Magistratura. Essaexigência pode ser estendida para os concursos daDefensoria Pública. No entanto, é indispensável a ediçãode uma lei complementar prevendo isso (art. 37, I e art.134, § 1º, da CF/88). Enquanto não for editada lei complementar estendendo aexigência dos três anos para a Defensoria Pública,continua válida a regra do art. 26 da LC 80/94, que exigedo candidato ao cargo de Defensor Público apenas doisanos de prática forense, computadas, inclusive asatividades realizadas antes da graduação em Direito. Desse modo, não é possível que Resolução do ConselhoSuperior da Defensoria Pública (ato infralegal) exija trêsanos de atividade jurídica depois da graduação para osconcursos de Defensor Público. STJ. 2ª Turma. REsp 1.676.831/AL, Rel. Min. MauroCampbell Marques, julgado em 05/09/2017 (Info 611).

ÍNDIOS Não se exige que eventuais interessados naremarcação das terras indígenas sejam notificadosdiretamente a respeito da existência do procedimento A demarcação de terras indígenas é realizada medianteprocesso administrativo disciplinado pelo Decreto nº1.775/96. Este Decreto não exige que eventuais interessados nademarcação (ex: pessoas que possuem títulos depropriedade da área a ser demarcada) sejam notificadosdiretamente a respeito da existência do procedimento. Basta que seja publicado um resumo do relatóriocircunstanciado nos Diários Oficiais da União e da unidadefederada onde se encontra a área sob demarcação -publicação essa que também deve ser afixada na sede daPrefeitura Municipal da situação do imóvel (art. 2º, § 7º doDecreto nº 1.775/96). Isso já é suficiente para garantir ocontraditório. Vale ressaltar, no entanto, que nesta publicação deveráconstar o nome do interessado ou de sua propriedaderural (ex: Fazenda Terra Boa). Assim, não há nulidade em processo de remarcação deterras indígenas por ausência de notificação direta aeventuais interessados, bastando que a publicação doresumo do relatório circunstanciado seja afixada na sededa Prefeitura Municipal da situação do imóvel. STJ. 1ª Seção. MS 22.816-DF, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, julgado em 13/9/2017 (Info 611). TRIBUNAIS DE CONTAS A Constituição Federal não proíbe a extinção deTribunais de Contas dos Municípios

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

MPTC não possui legitimidade para propor reclamaçãono STF O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas nãopossui legitimidade ativa para propor reclamação no STFalegando descumprimento da decisão do Supremo. A atuação dos membros do MPTC limita-se, unicamente,ao âmbito dos próprios Tribunais de Contas perante osquais oficiam

COMUNICAÇÃO SOCIAL É inconstitucional o art. 25 da Lei 12.485/2017 A Lei nº 12.485/2011 dispõe sobre a “comunicaçãoaudiovisual de acesso condicionado”, mais conhecidacomo “TV por assinatura”. Trata-se do marco regulatórioda TV por assinatura no Brasil. Foram ajuizadas ações diretas de inconstitucionalidadeimpugnando esta lei. O STF decidiu que apenas um dos dispositivos da Lei éinconstitucional: o art. 25. Os demais são válidos. O art. 25 prevê a impossibilidade de oferta de canais queveiculem publicidade comercial direcionada ao públicobrasileiro contratada no exterior por agência depublicidade estrangeira. O STF julgou inconstitucional este art. 25 por violação aoprincípio constitucional da isonomia (art. 5º, “caput”). Esseprincípio exige que o tratamento diferenciado entre osindivíduos seja acompanhado de causas jurídicassuficientes para amparar a discriminação, cujo exame deconsistência, embora preserve um pequeno espaço dediscricionariedade legislativa, é sempre passível deaferição judicial por força do princípio da inafastabilidadeda jurisdição. O art. 25 da lei proíbe a oferta de canais que veiculempublicidade comercial direcionada ao público brasileirocontratada no exterior por agência de publicidadeestrangeira, estabelecendo uma completa exclusividadeem proveito das empresas brasileiras e não apenaspreferência percentual, sem prazo para ter fim e despidade qualquer justificação que indique a vulnerabilidade dasempresas brasileiras de publicidade, sendo, portanto,inconstitucional. STF. Plenário. ADI 4747/DF, ADI 4756/DF, ADI 4923/DF eADI 4679/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/11/2017(Info 884).

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA CNJ não pode examinar controvérsia que estásubmetida à apreciação do Poder Judiciário Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujasatribuições são exclusivamente administrativas, o controlede controvérsia que está submetida à apreciação do PoderJudiciário. STF. 1ª Turma. MS 28845/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 21/11/2017 (Info 885).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

ATENÇÃO: MUDANÇA DE ENTENDIMENTOSe uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucionalpelo STF, incidentalmente, ou seja, em sede de controledifuso, essa decisão, assim como acontece no controleabstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitosvinculantes. O STF PASSOU A ACOLHER A TEORIA DAABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO. Assim, se oPlenário do STF decidir a constitucionalidade ouinconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, aindaque em controle difuso, essa decisão terá os mesmosefeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia ergaomnes e vinculante. Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88.A nova interpretação deve ser a seguinte: quando oSTF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sedede controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante eerga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com oobjetivo de que a referida Casa Legislativa dêpublicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. RosaWeber, julgados em 29/11/2017 (Info 886)

O STF NÃO ADMITE A TEORIA DA TRANSCENDÊNCIADOS MOTIVOS DETERMINANTES O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivosdeterminantes”. Segundo a teoria restritiva, adotada peloSTF, somente o dispositivo da decisão produz efeitovinculante. Os motivos invocados na decisão(fundamentação) não são vinculantes. A reclamação noSTF é uma ação na qual se alega que determinada decisãoou ato: • usurpou competência do STF; ou • desrespeitoudecisão proferida pelo STF. Não cabe reclamação sob oargumento de que a decisão impugnada violou os motivos(fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda queeste tenha caráter vinculante. Isso porque apenas odispositivo do acórdão é que é vinculante. Assim, diz-seque a jurisprudência do STF é firme quanto ao nãocabimento de reclamação fundada na transcendência dosmotivos determinantes do acórdão com efeito vinculante.STF. Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red.p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 19/11/2015(Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl 22012/RS, Rel. Min. DiasToffoli, red. p/ ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em12/9/2017 (Info 887).

SAÚDE O programa “Mais Médicos” é constitucionalO programa “Mais Médicos”, instituído pela MP 691/2013,posteriormente convertida na Lei nº 12.871/2013, éconstitucional. STF. Plenário. ADI 5035/DF e ADI 5037/DF,rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandrede Moraes, julgados em 30/11/2017 (Info 886).

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88incide apenas para revisões de PADs, não se aplicandopara atuação originária do CNJ A competência originária do CNJ para a apuraçãodisciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita aoparâmetro temporal previsto no art. 103-B, § 4º, V daCF/88. STF. 2ª Turma. MS 34685 AgR/RR, rel. Min. DiasToffoli, julgado em 28/11/2017 (Info 886).

PODER JUDICIÁRIO Limitação do pagamento de diárias a juiz federal É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luzdo art. 5º da Resolução CJF nº 51/2009, quando odeslocamento de juiz federal convocado para substituiçãoem tribunais regionais for superior a esse lapso. STJ. 2ªTurma. REsp 1.536.434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgadoem 17/10/2017 (Info 614).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

DIREITO ADMINISTRATIVO

TARIFAS DE TRANSPORTE PÚBLICO Decisão que suspende reajuste das tarifas detransporte público urbano viola a ordem pública A interferência judicial para invalidar a estipulação dastarifas de transporte público urbano viola a ordem pública,mormente nos casos em que houver, por parte da Fazendaestadual, esclarecimento de que a metodologia adotadapara fixação dos preços era técnica. Segundo a “DOUTRINA CHENERY”, o Poder Judiciárionão pode anular um ato político adotado pelaAdministração Pública sob o argumento de que ele não sevaleu de metodologia técnica. Isso porque, em temasenvolvendo questões técnicas e complexas, os Tribunaisnão gozam de expertise para concluir se os critériosadotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais,desde que não sejam revestidas de reconhecidailegalidade, não podem ser invalidadas pelo PoderJudiciário. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP, Rel.Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605).

Conselhos ProfissionaisConselhos profissionais não estão sujeitos ao regimede precatóriosOs pagamentos devidos, em razão de pronunciamentojudicial, pelos Conselhos de Fiscalização (exs: CREA, CRM,COREN, CRO) não se submetem ao regime de precatórios.STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin,red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017(repercussão geral) (Info 861).

Lojas que vendam animais vivos e medicamentosveterinários não precisam se inscrever no ConselhoRegional de Medicina VeterináriaSTJ. 1ª Seção. REsp 1.338.942-SP, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 26/4/2017 (recurso repetitivo) (Info 602).

Suspensão ou cancelamento do registro do profissionalque atrasar anuidadesO fato de os conselhos não poderem executar dívidasinferiores a quatro vezes o valor cobrado anualmente dapessoa física ou jurídica inadimplente, não impede queseja feita a suspensão ou o cancelamento do registro doprofissional que deixar de efetuar o pagamento dasanuidades. Isso está previsto no art. 8º, parágrafo único,da Lei nº 12.514/2011. STJ. 2ª Turma. REsp 1.659.989-MG,Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/4/2017 (Info603)

Atos AdministrativosPortaria interministerial produzida, em conjunto, pordois Ministérios não pode ser revogada por portaria

posterior editada por apenas uma das PastasA regulamentação do valor por aluno do FUNDEB exigeum ato administrativo complexo que, para a sua formação,impõe a manifestação de dois ou mais órgãos para darexistência ao ato (no caso, portaria interministerial). Porsimetria, somente seria possível a revogação do atoadministrativo anterior por autoridade/órgão competentepara produzi-lo. Em suma, o primeiro ato somente poderiaser revogado por outra portaria interministerial das duasPastas. STJ. 1ª Seção. MS 14.731/DF, Rel. Min. NapoleãoNunes Maia Filho, julgado em 14/12/2016 (Info 597).

Contratos AdministrativosO inadimplemento dos encargos trabalhistas dosempregados do contratado não transfereautomaticamente ao Poder Público a responsabilidadepelo seu pagamentoO inadimplemento dos encargos trabalhistas dosempregados do contratado não transfereautomaticamente ao Poder Público contratante aresponsabilidade pelo seu pagamento, seja em carátersolidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Leinº 8.666/93. STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min.Rosá Weber, red. p/ o ác. Min. Luiz Fux, julgado em26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

LicitaçãoProibição do art. 9º, III, da Lei 8.666/93 permanecemesmo que o servidor esteja licenciadoSe um servidor público for sócio ou funcionário de umaempresa, ela não poderá participar de licitações realizadaspelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado esteservidor público (art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93).Assim, o fato de o servidor estar licenciado não afasta oentendimento segundo o qual não pode participar deprocedimento licitatório a empresa que possuir em seuquadro de pessoal servidor ou dirigente do órgãocontratante ou responsável pela licitação. STJ. 2ª Turma.REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em7/3/2017 (Info 602).

Serviços públicosÉ válida a interrupção do serviço público por razões deordem técnica se houve prévio aviso por meio de rádioA divulgação da suspensão no fornecimento de serviço deenergia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antesda interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio,prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. 1ª Turma.REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em15/12/2016 (Info 598).Em regra, o serviço público deverá ser prestado de formacontínua, ou seja, sem interrupções (princípio dacontinuidade do serviço público).

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Excepcionalmente, será possível a interrupção do serviçopúblico nas seguintes hipóteses previstas no art. 6º, § 3ºda Lei n.º 8.987/95:a) em caso de emergência (mesmo sem aviso prévio);b) por razões de ordem técnica ou de segurança dasinstalações, desde que o usuário seja previamente avisado;c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que eleseja previamente avisado.

Prazo prescricional em caso de repetição de indébitode tarifas de água e esgotoSúmula 412-STJ: A ação de repetição de indébito de tarifasde água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricionalestabelecido no Código Civil.O prazo prescricional para as ações de repetição deindébito relativo às tarifas de serviços de água e esgotocobradas indevidamente é de:a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de1916; oub) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do CódigoCivil de 2002, observando-se a regra de direitointertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civilde 2002. STJ. 1ª Seção. REsp 1.532.514-SP, Rel. Min. OgFernandes, Primeira Seção, julgado em 10/5/2017 (recursorepetitivo) (Info 603)

GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO Compete à Justiça Comum (estadual ou federal)decidir se a greve realizada por servidor público é ounão abusiva A justiça comum, federal ou estadual, é competente parajulgar a abusividade de greve de servidores públicosceletistas da Administração pública direta, autarquias efundações públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig.Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

Bens públicosContinuam pertencendo à União os terrenos demarinha situados em ilha costeira que seja sede deMunicípioA EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nosmoldes do art. 20, VII, da Constituição Federal, sobre osterrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhascosteiras sede de Municípios. STF. Plenário. RE 636199/ES,Rel. Min. Rosá Weber, julgado em 27/4/2017 (repercussãogeral) (Info 862).

Não se pode caracterizar as terras ocupadas pelosindígenas como devolutas As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bensda União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não podem serconsideradas como terras devolutas de domínio doEstado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 16/8/2017(Info 873).

PrecatóriosÉ possível aplicar o regime de precatórios àssociedades de economia mistaÉ aplicável o regime dos precatórios às sociedades deeconomia mista prestadoras de serviço público próprio doEstado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário.ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em23/3/2017 (Info 858

Incidem juros da mora entre a data da realização doscálculos e a da requisição ou do precatórioIncidem os juros da mora no período compreendido entrea data da realização dos cálculos e a da requisição depequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017(repercussão geral) (Info 861).Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante operíodo previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre osprecatórios que nele sejam pagos. O período de que trataeste RE 579431/RS é anterior à requisição do precatório,ou seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17.

Responsabilidade civil do EstadoEstado deve indenizar preso que se encontre emsituação degradanteÉ dever do Estado, imposto pelo sistema normativo,manter em seus presídios os padrões mínimos dehumanidade previstos no ordenamento jurídico, é de suaresponsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, daConstituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusivemorais, comprovadamente causados aos detentos emdecorrência da falta ou insuficiência das condições legaisde encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig.Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

Concurso públicoAção questionando critérios do psicotécnico previstosno edital deve ser proposta contra a entidade quepromoveu o concurso (e não contra a instituiçãocontratada)Em ação ordinária na qual se discute a eliminação decandidato em concurso público – em razão dasubjetividade dos critérios de avaliação de examepsicotécnico previstos no edital – a legitimidade passivaserá da entidade responsável pela elaboração do certame.STJ. 1ª Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina HelenaCosta, julgado em 7/3/2017 (Info 600).

A nomeação tardia a cargo público em decorrência dedecisão judicial não gera direito à promoção retroativaA nomeação tardia de candidatos aprovados em concursopúblico, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficáciaretroativa, não gera direito às promoções ou progressõesfuncionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempoe modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel.

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Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 (repercussãogeral)

O grave erro no enunciado – reconhecido pela própriabanca examinadora – constitui flagrante ilegalidadeapta a ensejar a nulidade da questão"Não compete ao Poder Judiciário, no controle delegalidade, substituir banca examinadora para avaliarrespostas dadas pelos candidatos e notas a elasatribuídas" (RE 632.853).o STF decidiu que, em regra, não é possível a anulação dequestões de concurso, salvo se houver ilegalidade apermitir a atuação do Poder Judiciário. Em outras palavras,existe uma “exceção” à tese fixada no RE 632.853. E, nopresente caso, estamos diante de uma flagranteilegalidade da banca examinadora. STJ. 2ª Turma. RMS49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/4/2017(Info 603).

O espelho de prova, com a motivação da avaliação docandidato, deve ser apresentado antes ou durante adivulgação do resultado, sob pena de nulidadeSTJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 20/4/2017 (Info 603).

É válida a alteração na ordem de aplicação das provasdo teste físico desde que anunciada com antecedência A simples alteração na ordem de aplicação das provas deteste físico em concurso público, desde que anunciadacom antecedência e aplicada igualmente a todos, nãoviola direito líquido e certo dos candidatos inscritos. Ex: oedital inicial dizia que, no dia da prova de esforço físico, oteste de equilíbrio seria o primeiro e a corrida o último;depois foi publicado um novo edital alterando a ordem.STJ. 1ª Turma. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina,julgado em 13/6/2017 (Info 608).

SERVIDORES PÚBLICOSNão se aplica a teoria do fato consumado pararemoção realizada fora das hipóteses legaisA “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada paraconsolidar remoção de servidor público destinada aacompanhamento de cônjuge, em hipótese que não seadequa à legalidade estrita, ainda que tal situação hajaperdurado por vários anos em virtude de decisão liminarnão confirmada por ocasião do julgamento de mérito.Em outras palavras, se a pessoa consegue uma decisãoprovisória garantindo a ela a remoção e, posteriormente,esta decisão é revogada, esta remoção terá que serdesfeita mesmo que já tenha se passado muitos anos.STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. RaulAraújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598).

Não se pode cassar a aposentadoria do servidor queingressou no serviço público por força de provimentojudicial precário e se aposentou durante o processo,antes da decisão ser reformada

Quando o exercício do cargo foi amparado por decisõesjudiciais precárias e o servidor se aposentou, antes dojulgamento final de mandado de segurança, por tempo decontribuição durante esse exercício e após legítimacontribuição ao sistema, a denegação posterior dasegurança que inicialmente permitira ao servidorprosseguir no certame não pode ocasionar a cassação daaposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min.Herman Benjamin, julgado em 22/2/2017 (Info 600).

O valor do abono de permanência deverá ser levadoem consideração na conversão da licença-prêmio empecúniaO abono de permanência insere-se no conceito deremuneração do cargo efetivo, de forma a compor a basede cálculo da licença-prêmio não gozada. STJ. 1ª Turma.REsp 1.514.673-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgadoem 7/3/2017 (Info 600).

Regime de subsídio e pagamento de 13º e férias aPrefeito e Vice-PrefeitoO art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatívelcom o pagamento de terço de férias e décimo terceirosalário. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Lei de contratação temporária não pode preverhipóteses genéricas nem a prorrogação indefinida doscontratosSão inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88,a autorização legislativa genérica para contrataçãotemporária e a permissão de prorrogação indefinida doprazo de contratações temporárias. STF. Plenário. ADI3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017(Info 858).

Magistrado que estava recebendo abono depermanência e foi promovido terá direito de continuarpercebendo o benefícioA ocupação de novo cargo dentro da estrutura do PoderJudiciário, pelo titular do abono de permanência, nãoimplica a cessação do benefício. STF. 1ª Turma. MS33424/DF e MS 33456/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgadoem 28/3/2017 (Info 859).

O art. 11 da EC 20/98 não proibiu a percepção depensão civil com pensão militarA CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que omilitar reformado voltasse ao serviço público e,posteriormente, se aposentasse no cargo civil,acumulando os dois proventos.O art. 11 da EC 20/98 proibiu, expressamente, a concessãode mais de uma aposentadoria pelo regime de previdênciados servidores civis. No entanto, este dispositivo nãovedou a cumulação de aposentadoria de servidor públicocom proventos de militar, assim, sendo possível a

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cumulação de proventos, é também permitido que odependente acumule as duas pensões. STF. 2ª Turma. MS25097/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/3/2017(Info 859).

Exercentes de mandato eletivo que não foremvinculados a regime próprio deverão pagarcontribuição previdenciária ao RGPSIncide contribuição previdenciária sobre os rendimentospagos aos exercentes de mandato eletivo, decorrentes daprestação de serviços à União, aos Estados e ao DistritoFederal ou aos Municípios, após o advento da Lei nº10.887/2004, desde que não vinculados a regime própriode previdência. STF. Plenário. RE 626837/GO, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 25/5/2017 (repercussão geral) (Info866).

É constitucional a quarentena para recontratação deservidores temporários prevista no art. 9º, III, da Lei8.745/93É compatível com a Constituição Federal a previsão legalque exija o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses,contados do término do contrato, antes de nova admissãode professor temporário anteriormente contratado. ” STF.Plenário. RE 635648/CE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em14/6/2017 (repercussão geral) (Info 869)

Jornada de trabalho diferenciada para servidoresmédicos e dentistasA jornada de trabalho do médico servidor público é de 4horas diárias e de 20 horas semanais, nos termos da Lei nº12.702/2012.A jornada de trabalho do odontólogo servidor público éde 6 horas diárias e de 30 horas semanais, nos termos doDL 2.140/84.Essas regras acima explicadas não se aplicam no caso demédicos e odontólogos que ocupem cargo em comissãoou função de confiança, considerando que, neste caso,terão que cumprir a jornada normal de trabalho. STF. 2ªTurma. MS 33853/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em13/6/2017 (Info 869).

Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicosela poderá receber acima do tetoNos casos autorizados constitucionalmente deacumulação de cargos, empregos e funções, a incidênciado art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõeconsideração de cada um dos vínculos formalizados,afastada a observância do teto remuneratório quanto aosomatório dos ganhos do agente público. STF. Plenário. RE612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Márco Aurelio,julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

União não deve figurar na ação proposta pedindo aimplementação do piso nacional do magistério Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei nº11.738/2008 não amparam a tese de que a União é parte

legítima, perante terceiros particulares, em demandas quevisam à sua responsabilização pela implementação do pisonacional do magistério, afigurando-se correta a decisãoque a exclui da lide e declara a incompetência da JustiçaFederal para processar e julgar o feito ou, em sendo aúnica parte na lide, que decreta a extinção da demandasem resolução do mérito. STJ. 1ª Seção. REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 606).

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA A Lei nº 11.952/2009 trata sobre a regularização fundiáriadas ocupações incidentes em terras situadas em áreas daUnião, no âmbito da Amazônia Legal. O STF deu intepretação conforme ao art. 4º, § 2º da Leipara dizer que é inconstitucional qualquerinterpretação que permita a regularização fundiáriadas terras ocupadas por quilombolas e outrascomunidades tradicionais da Amazônia Legal em nomede terceiros ou de forma a descaracterizar o modo deapropriação da terra por esses grupos. Em outraspalavras, os quilombolas e outras comunidadestradicionais não podem perder suas terras em caso deregularização fundiária. O STF também deu intepretação conforme ao art. 13 daLei para afastar quaisquer interpretações que concluampela desnecessidade de fiscalização dos imóveis rurais atéquatro módulos fiscais, devendo o ente federal utilizar-sede todos os meios referidos em suas informações paraassegurar a devida proteção ambiental e a concretizaçãodos propósitos da norma para, somente então, serpossível a dispensa da vistoria prévia, como condição paraa inclusão da propriedade no programa de regularizaçãofundiária de imóveis rurais de domínio público naAmazônia Legal. Em outras palavras, a União deve utilizar-se de todos os meios para assegurar a devida proteçãoambiental e a concretização dos propósitos da norma,para somente então ser possível a dispensa da vistoriaprévia como condição para inclusão da propriedade noprograma de regularização fundiária de imóveis rurais dedomínio público na Amazônia Legal. STF. Plenário. ADI 4269/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgadoem 18/10/2017 (Info 882).

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Associação de Municípios e Prefeitos não possuilegitimidade ativa para tutelar em juízo direitos einteresses das pessoas jurídicas de direito público.

CONSELHOS PROFISSIONAIS Quem pode ser responsável técnico em drogarias É facultado aos técnicos de farmácia, regularmenteinscritos no Conselho Regional de Farmácia, a assunção deresponsabilidade técnica por drogaria,independentemente do preenchimento dos requisitosprevistos nos arts. 15, § 3º, da Lei nº 5.991/73, c/c o art. 28

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do Decreto nº 74.170/74, entendimento que deve seraplicado até a entrada em vigor da Lei nº 13.021/2014. Obs: após a Lei nº 13.021/2014 apenas farmacêuticoshabilitados na forma da lei poderão atuar comoresponsáveis técnicos por farmácias com manipulação edrogarias. STJ. 1ª Seção. REsp 1.243.994-MG, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 611).

SERVIDORES PÚBLICOS Decisão que concede a gratificação de 13,23% viola a SV 37 A decisão judicial que concede a servidor público agratificação de 13,32% prevista na Lei nº 10.698/2003afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgadorfundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6ºda Lei nº 13.317/2016. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel.orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre deMoraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884).

CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão A concessionária não tem direito adquirido à renovaçãodo contrato de concessão de usina hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não ocontrato de concessão, tendo em vista o interesse público,não se podendo invocar direito líquido e certo a talprorrogação. Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativoinsere-se no campo da discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação doscontratos de concessão de geração, transmissão edistribuição de energia elétrica à aceitação expressa dedeterminadas condições. Se estas são recusadas pelaconcessionária, a Administração Pública não é obrigada arenovar a concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a renovaçãode contratos ocorrida após a sua vigência mesmo que aassinatura do pacto original tenha ocorrido antes da suaedição. STF. 2ª Turma. RMS 34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. DiasToffoli, julgados em 21/11/2017 (Info 885).

SERVIDORES PÚBLICOS Decisão que concede a gratificação de 13,23% viola aSV 37 A decisão judicial que concede a servidor público agratificação de 13,23% prevista na Lei Nº 10.698/2003afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgadorfundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6ºda Lei nº 13.317/2016. Não cabe ao Poder Judiciário,que não tem função legislativa, aumentar vencimentosde servidores públicos sob o fundamento de isonomia.STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel.orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de

Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884).STF. 1ª Turma. Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgadoem 28/11/2017 (Info 886).

CONCURSO PÚBLICO O candidato aprovado fora do número de vagas, masque fique dentro do número de vagas em virtude dadesistência de alguém melhor colocado, passa a terdireito subjetivo de ser nomeado A desistência de candidatos melhor classificados emconcurso público convola a mera expectativa em direitolíquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatosque passarem a constar dentro do número de vagasprevistas no edital. STJ. 1ª Turma. RMS 53.506-DF, Rel. Min.Regina Helena Costa, julgado em 26/09/2017 (Info 612).STJ. 2ª Turma. RMS 52.251/PR, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, julgado em 05/09/2017. STF. 1ª Turma. ARE1058317 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em01/12/2017.

CONSELHOS PROFISSIONAIS Conselho de Contabilidade, no exercício defiscalização, pode requisitar dos contadores os livros efichas contábeis de seus clientes O ato do Conselho de Contabilidade que requisita doscontadores e dos técnicos os livros e fichas contábeis deseus clientes, a fim de promover a fiscalização da atividadecontábil dos profissionais nele inscritos, não importa emofensa aos princípios da privacidade e do sigiloprofissional. STJ. 1ª Turma. REsp 1.420.396-PR, Rel. Min.Sérgio Kukina, julgado em 19/09/2017 (Info 612).

INFRAÇÃO DE TRÂNSITO Qual infração de trânsito pratica o condutor que serecusa a fazer o teste do "bafômetro" e/ou os examesclínicos? A sanção do art. 277, § 3º, do CTB dispensa demonstraçãoda embriaguez por outros meios de prova, uma vez que ainfração reprimida não é a de embriaguez ao volante,prevista no art. 165, mas a de recusa em se submeter aosprocedimentos do caput do art. 277, de naturezainstrumental e formal, consumada com o comportamentocontrário ao comando legal. STJ. 2ª Turma. REsp1.677.380-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em10/10/2017 (Info 612). Obs: a conclusão acima exposta foiacolhida pelo legislador que, por meio da Lei nº13.281/2016, acrescentou uma infração administrativaexclusivamente para o condutor que se recusar a sesubmeter ao teste de etilômetro e/ou exames clínicos.Logo, atualmente, tais situações se enquadram no novoart. 165-A ao CTB, que tem a seguinte redação: Art. 165-A.Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, períciaou outro procedimento que permita certificar influência de

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álcool ou outra substância psicoativa, na formaestabelecida pelo art. 27.

DIREITO MARÍTIMO Não é válida a norma contida em Decreto prevendoque a autoridade pública deverá fixar, de formaordinária e permanente, o preço dos serviços depraticagem Não é válido o disposto no art. 1º, II, do Decreto nº7.860/2012, que estabelece a intervenção da autoridadepública na atividade de praticagem para promover, deforma ordinária e permanente, a fixação dos preçosmáximos a serem pagos na contratação dos serviços emcada zona portuária.STJ. 2ª Turma. REsp 1.662.196-RJ, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 19/09/2017 (Info 612).

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR É possível PAD contra servidor público federal quepratica ilegalidade durante sua gestão em fundaçãoprivada de apoio à Universidade Federal É legal a instauração de procedimento disciplinar,julgamento e sanção, nos moldes da Lei nº 8.112/90, emface de servidor público que pratica atos ilícitos na gestãode fundação privada de apoio à instituição federal deensino superior. STJ. 1ª Seção. MS 21.669-DF, Rel. Min.Gurgel de Faria, julgado em 23/08/2017 (Info 613).

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA Compartilhamento de infraestrutura porconcessionárias de serviços públicos O compartilhamento de infraestrutura de estação rádiobase de telefonia celular por prestadoras de serviços detelecomunicações de interesse coletivo caracterizaservidão administrativa, não ensejando direito àindenização ao locador da área utilizada para instalaçãodos equipamentos. O direito de uso previsto no art. 73 daLei nº 9.472/97 constitui-se como servidão administrativainstituída pela lei em benefício das prestadoras de serviçosde telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-sedireito real, de natureza pública, a ser exercido sobre bemde propriedade alheia, para fins de utilidade pública,instituído com base em lei específica. Ex: João possui umterreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato delocação com a Embratel permitindo que a empresainstalasse, em seu imóvel, uma torre e uma antena detelecomunicações. Alguns meses depois, a Embratelpermitiu que a TIM compartilhasse de sua infraestrutura.João ajuizou ação de indenização alegando que o contratode locação proíbe que a locatária faça a sublocação doimóvel para outra empresa. Ele não terá direito àindenização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.309.158-RJ, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, julgado em 26/09/2017 (Info 614).

CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS ESUSPENSASMera divulgação do nome da empresa punida no CEISda CGU não gera danoA divulgação do Cadastro Nacional de Empresas Inidônease Suspensas - CEIS pela CGU tem mero caráterinformativo, não sendo determinante para que os entesfederativos impeçam a participação, em licitações, dasempresas ali constantes. STJ. 1ª Seção. MS 21.750-DF, Rel.Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/10/2017(Info 615).

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DIREITO CIVIL

Direito autoralTransmissão de músicas por streaming exigepagamento de direitos autorais ao ECADA transmissão de músicas por meio da rede mundial decomputadores mediante o emprego da tecnologiastreaming (webcasting e simulcasting) demandaautorização prévia e expressa pelo titular dos direitos deautor e caracteriza fato gerador de cobrança pelo ECADrelativa à exploração econômica desses direitos. STJ. 2ªSeção. REsp 1559264/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 08/02/2017 (Info 597).

Na antiga Lei de Direitos Autorais, o contrato decessão de direitos precisava ser averbado à margem doregistro para que pudesse ter eficácia contra terceirosA Lei nº 5.988/73 (antiga Lei de Direitos Autorais) exigiaque o contrato de cessão de direitos de obra musical fosseaverbado à margem do registro no órgão competentepara que pudesse ter eficácia contra terceiros. Isso estavaprevisto no art. 53, § 1º (Para valer perante terceiros,deverá a cessão ser averbada à margem do registro a quese refere o artigo 17).É possível averbar o contrato de cessão de direitosautorais firmado na vigência da Lei nº 5.988/73 mesmosem que tenha havido anterior registro da obra por seutitular no órgão oficial competente. Em outras palavras,ainda que o titular dos direitos autorais sobre a música(cedente) não tenha registrado sua canção no registroadequado, o cessionário tem legitimidade para fazer aaverbação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.500.635-RJ, Rel. Min.Moura Ribeiro, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

Ideias e indicações de bibliografia não gozam deproteção dos direitos de autorAs ideias que servem de base e a bibliografia de que sevale autor de texto de dissertação de mestrado não estãoabarcadas pela proteção aos direitos de autor. STJ. 3ªTurma. REsp 1.528.627-SC, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 7/3/2017 (Info 600).

A criação de nova espécie de seguro não possui aproteção da Lei de Direitos AutoraisO direito autoral não pode proteger as ideias em si, masapenas as formas de expressá-las. Isso porque as ideiasconstituem patrimônio comum da humanidade.Assim, não há proteção autoral a ideia de fazer umadeterminada espécie de contrato, por mais inovadora eoriginal que seja. No máximo, o texto das cláusulas podeser protegido.A Lei de Direitos Autorais não pode tolher a criatividade ea livre iniciativa, nem o avanço das relações comerciais eda ciência jurídica, que ficaria estagnada com o direito deexclusividade de certos tipos contratuais. Assim, a criação

de nova espécie de seguro não possui a proteção da Leide Direitos Autorais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.627.606/RJ, Rel.Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/05/2017(Info 603).

Cobrança de direitos autorais em caso de hotelequipado com TV Hotéis pagam direitos autorais ao ECAD pelo simples fatode os quartos serem equipados com TV A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos(rádios) e televisores em quartos de hotéis, motéis, clínicase hospitais autoriza a cobrança de direitos autorais porparte do ECAD. Se o quarto do hotel for equipado com TV por assinatura,tanto a empresa de TV a cabo como o hotel pagarãodireitos autorais Não há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitosautorais tanto da empresa exploradora do serviço dehotelaria (hotel) como da empresa prestadora dos serviçosde transmissão de sinal de TV por assinatura (ex: NET). Prazo prescricional para o ECAD ajuizar ação cobrandodireitos autorais A cobrança em juízo dos direitos decorrentes da execuçãode obras musicais sem prévia e expressa autorização doautor envolve pretensão de reparação civil, a atrair aaplicação do prazo de prescrição de 3 anos de que trata oart. 206, § 3º, V, do Código Civil. ECAD não pode cobrar multa moratória prevista em seuregulamento Por ausência de previsão legal e ante a inexistência derelação contratual, é descabida a cobrança de multamoratória estabelecida unilateralmente em Regulamentode Arrecadação do ECAD. STJ. 3ª Turma. REsp 1.589.598-MS, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 13/6/2017 (Info 606).

Gravação de mensagem de voz para central telefônicanão pode ser enquadrada como direito conexo ao deautor Gravação de mensagem de voz para central telefônica nãopode ser enquadrada como direito conexo ao de autor, pornão representar execução de obra literária ou artística oude expressão do folclore. O uso indevido de voz de locutora profissional emgravação de saudação telefônica, que não se enquadrecomo direito conexo ao de autor, não encontra proteçãona Lei de Direitos Autorais. Isso porque a Lei nº 9.610/98 protege apenas osintérpretes ou executantes: de obras literárias ou artísticas;ou de expressões do folclore. A simples locução de umasaudação telefônica não se enquadra nessas situações quemerecem proteção da Lei nº 9.610/98.

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Os direitos da personalidade podem ser objeto dedisposição voluntária, desde que não permanente nemgeral O exercício dos direitos da personalidade pode ser objetode disposição voluntária, desde que não permanente nemgeral, estando condicionado à prévia autorização do titulare devendo sua utilização estar de acordo com o contratoestabelecido entre as partes. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.851-SP, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 27/4/2017 (Info 606).

TRANSEXUAL Transexual pode alterar seu prenome e gênero noregistro civil mesmo sem fazer a cirurgia detransgenitalização O direito dos transexuais à retificação do prenome e dosexo/gênero no registro civil não é condicionado àexigência de realização da cirurgia de transgenitalização.Trata-se de novidade porque, anteriormente, ajurisprudência exigia a realização da cirurgia detransgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel.Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608).

Personalidade, capacidade e pessoa jurídicaO art. 1.023 do CC, que trata da responsabilidadesubsidiária dos sócios da sociedade simples, não seaplica às associações civisO Código Civil, ao tratar sobre a responsabilidade dassociedades simples, estabelece o seguinte:Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem asdívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção emque participem das perdas sociais, salvo cláusula deresponsabilidade solidária.As associações civis são caracterizadas pela união depessoas que se organizam para a execução de atividadessem fins lucrativos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.398.438-SC, Rel.Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/4/2017 (Info 602).

Responsabilidade civilAgressões físicas ou verbais praticadas por adultocontra criança geram dano moral in re ipsaA conduta de um adulto que pratica agressão verbal oufísica contra criança ou adolescente configura elementocaracterizador da espécie do dano moral in re ipsa. STJ. 3ªTurma. REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 7/2/2017 (Info 598).

A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dosdanos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativaOs incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atosque causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária,condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928do CC.Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seusgenitores não tiverem meios para ressarcir a vítima.Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar olimite humanitário do patrimônio mínimo do infante.

Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá serequânime, sem a privação do mínimo necessário para asobrevivência digna do incapaz.A responsabilidade dos pais dos filhos menores serásubstitutiva, exclusiva e não solidária.

A vítima de um ato ilícito praticado por menor podepropor a ação somente contra o pai do garoto, nãosendo necessário incluir o adolescente no polo passivoEm ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não hálitisconsórcio necessário entre o genitor responsável pelareparação (art. 932, I, do CC) e o menor causador do dano.É possível, no entanto, que o autor, por sua opção eliberalidade, tendo em conta que os direitos ouobrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou dedireito, intente ação contra ambos – pai e filho –,formando-se um litisconsórcio facultativo e simples.

Não há como afastar a responsabilização do pai dofilho menor simplesmente pelo fato de que ele nãoestava fisicamente ao lado de seu filho no momento dacondutaO art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pelareparação civil em relação aos atos praticados por seusfilhos menores que estiverem sob sua autoridade e em suacompanhia. O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhiados pais em relação aos filhos, quis explicitar o poderfamiliar (a autoridade parental não se esgota na guarda),compreendendo um plexo de deveres, como proteção,cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros,independentemente da vigilância investigativa e diária,sendo irrelevante a proximidade física no momento emque os menores venham a causar danos.Em outras palavras, não há como afastar aresponsabilização do pai do filho menor simplesmentepelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seufilho no momento da conduta. STJ. 4ª Turma. REsp1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em2/2/2017 (Info 599).

Juros, aval e fiançaO termo inicial em caso de abuso de mandato é a datada citaçãoSTJ. 3ª Turma. REsp 1.403.005-MG, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 6/4/2017 (Info 602).

A interrupção do prazo prescricional operada contra odevedor principal prejudica o fiadorEm regra, o ato interruptivo da prescrição apresentacaráter pessoal e somente aproveitará a quem o promoverou prejudicará aquele contra quem for dirigido (personaad personam non fit interruptio). Isso está previsto no art.204 do CC.Exceção a esta regra: interrompida a prescrição contra odevedor afiançado, por via de consequência, estaráinterrompida a prescrição contra o fiador em razão do

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princípio da gravitação jurídica (o acessório segue oprincipal), nos termos do art. 204, § 3º, do CC: § 3º Ainterrupção produzida contra o principal devedorprejudica o fiador.

A interrupção do prazo prescricional operada contra ofiador não prejudica o devedor afiançado, salvo nashipóteses em que os devedores sejam solidáriosComo regra, a interrupção operada contra o fiador nãoprejudica o devedor afiançado. Isso porque o principal nãosegue a sorte do acessório.Existe, no entanto, uma exceção: a interrupção em face dofiador poderá, sim, excepcionalmente, acabar prejudicandoo devedor principal nas hipóteses em que a referidarelação for reconhecida como de devedores solidários, ouseja, caso o fiador tenha renunciado ao benefício ou seobrigue como principal pagador ou devedor solidário. STJ.4ª Turma. STJ. 4ª Turma. REsp 1.276.778-MS, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, julgado em 28/3/2017 (Info 602).

DPVATSucessores do falecido podem cobrar a indenizaçãoDPVAT por invalidez permanente que a vítima deveriater recebido quando estava vivaO direito à indenização do seguro DPVAT por invalidezpermanente integra o patrimônio da vítima e transmite-seaos seus sucessores com o falecimento do titular. Ossucessores, portanto, têm legitimidade para propor a açãode cobrança da quantia correspondente. STJ. 4ª Turma.REsp 1.185.907-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgadoem 14/2/2017 (Info 598).

Não há indenização DPVAT se a vítima estavapraticando um crime com o veículo no momento doacidente É indevida a indenização relativa ao seguro obrigatório –DPVAT, na hipótese em que o acidente de trânsito quevitimou o segurado tenha ocorrido no momento deprática de ilícito penal doloso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.661.120-RS, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 9/5/2017 (Info 604). Assim, se o motorista/vítima foi o culpado pelo acidente,mesmo assim ele terá direito à indenização. Por outrolado, se o motorista/vítima causou o acidente depropósito (agiu com dolo), aí ele não terá direito àindenização, não se aplicando a ele o art. 5º acimatranscrito.

O seguro DPVAT, embora imposto por lei, não deixa deter as características de um contrato de seguro Art. 762. Nulo será o contrato para garantia de riscoproveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário,ou de representante de um ou de outro. Assim, como já dito, embora a Lei nº 6.194/74 preveja quea indenização será devida independentemente daapuração de culpa, é forçoso convir que a lei não alcança

situações em que o acidente provocado decorre da práticade um ato doloso.

SeguroSeguro de vida e sinistro causado pelo segurado emestado de embriaguez: haverá indenização No SEGURO DE VIDA (seguro de pessoas) é devida aindenização securitária mesmo que o acidente que vitimouo segurado tenha decorrido de seu estado deembriaguez? SIM. Ocorrendo o sinistro morte do segurado e inexistentea má-fé dele (ex: deixar de revelar que possuía doençagrave antes de fazer o seguro) ou o suicídio no prazo decarência, a indenização securitária deve ser paga aobeneficiário, visto que a cobertura neste ramo é ampla. Assim, é vedada a exclusão de cobertura do seguro devida na hipótese de sinistro ou acidente decorrente deatos praticados pelo segurado em estado de embriaguez. STJ. 3ª Turma. REsp 1.665.701-RS, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 604). No SEGURO DE AUTOMÓVEL (seguro de bens) celebradopor uma empresa com a seguradora, é devida aindenização securitária se o condutor do veículo estavaembriagado? • Em regra: NÃO. • Exceção: será devido o pagamento da indenização se osegurado conseguir provar que o acidente ocorreriamesmo que o condutor não estivesse embriagado. Não é devida a indenização securitária decorrente decontrato de seguro de automóvel quando o causador dosinistro (condutor do veículo segurado) estiver em estadode embriaguez, salvo se o segurado demonstrar que oinfortúnio ocorreria independentemente dessacircunstância. STJ. 3ª Turma. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

Cláusulas limitativas das avenças securitárias As cláusulas que limitam a cobertura securitária, paraserem válidas, não podem contrariar: as disposições legais; a finalidade do contrato. A jurisprudência do STJ entende que a cláusula presenteno contrato de seguro de vida que exclua a cobertura emcaso de morte decorrente de embriaguez é uma cláusulamuito restritiva que acaba contrariando a própriafinalidade do contrato. Essa é também a posição daSuperintendência de Seguros Privados, que editou a CartaCircular SUSEP/DETEC/GAB n° 08/2007 orientando que asseguradoras não incluam cláusulas excluindo a coberturana hipótese de sinistros ou acidentes decorrentes de atospraticados pelo segurado em estado de insanidademental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas.

ContratosNão é devida a indenização prevista em contrato deseguro de RC D&O caso o segurado tenha praticado

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insider trading

A capitalização de juros, seja qual for a suaperiodicidade, somente será considerada válida seestiver expressamente pactuada no contratoA cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuoé permitida quando houver expressa pactuação.O art. 591 do Código Civil permite a capitalização anual,mas não determina a sua aplicação automaticamente. STJ.2ª Seção. REsp 1.388.972-SC, Rel. Min. Marco Buzzi,julgado em 8/2/2017 (recurso repetitivo) (Info 599).

Não se aplica a teoria do adimplemento substancialaos contratos de alienação fiduciária em garantiaregidos pelo DL 911/69Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aoscontratos de alienação fiduciária em garantia regidos peloDecreto-Lei 911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel.Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).

OSCIP não pode ajuizar ação de busca e apreensão doDL 911/69O procedimento judicial de busca e apreensão previsto noDL 911/69 é um instrumento exclusivo das instituiçõesfinanceiras lato sensu ou das pessoas jurídicas de direitopúblico titulares de créditos fiscais e previdenciários.A OSCIP não se insere no conceito de instituição financeiranem pode ser a ela equiparada. STJ. 3ª Turma. REsp1.311.071-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 21/3/2017 (Info 600).

Em caso de compra e venda com reserva de domínio, épossível a comprovação da mora por meio denotificação extrajudicial enviada pelo RTDA mora do comprador, na ação ajuizada pelo vendedorcom o intuito de recuperação da coisa vendida comcláusula de reserva de domínio, pode ser comprovada pormeio de notificação extrajudicial enviada pelo Cartório deTítulos e Documentos (RTD).Assim, em caso de cláusula de reserva de domínio, existemtrês formas pelas quais o vendedor (credor) poderácomprovar a mora do comprador (devedor):a) mediante protesto do título;b) por meio de interpelação judicial;c) por notificação extrajudicial enviada pelo Cartório deTítulos e Documentos.STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.000-MG, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Posse, propriedade e usucapiãoO art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece umapresunção relativa de que o autor da ação deusucapião especial urbana é hipossuficienteO Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapiãoespecial urbana, prevê que "o autor terá os benefícios dajustiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante

o cartório de registro de imóveis."O art. 12, § 2º da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade)estabelece uma presunção relativa de que o autor da açãode usucapião especial urbana é hipossuficiente. Issosignifica que essa presunção pode ser ilidida (refutada) apartir da comprovação inequívoca de que o autor não éconsiderado "necessitado". STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em21/2/2017 (Info 599).

Ex-cônjuge que está utilizando o bem comum deforma exclusiva poderá ser condenado a indenizar ooutro mesmo que ainda não tenha havido partilhaA indenização pelo uso exclusivo do bem por parte doalimentante pode influir no valor da prestação dealimentos, pois afeta a renda do obrigado, devendo asobrigações serem reciprocamente consideradas pelo juiz,sempre atento às peculiaridades do caso concreto. STJ. 2ªSeção. REsp 1.250.362-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgadoem 8/2/2017 (Info 598).

Possibilidade da justiça brasileira dispor sobre partilhade bem situado no exteriorÉ possível, em processo de dissolução de casamento emcurso no país, que se disponha sobre direitos patrimoniaisdecorrentes do regime de bens da sociedade conjugalaqui estabelecida, ainda que a decisão tenha reflexossobre bens situados no exterior para efeitos da referidapartilha. STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.913-RJ, Rel. Min. MariaIsabel Gallotti, julgado em 8/11/2016 (Info 597).

Prazo para anular partilha de bens em dissolução deunião estável por vício de consentimento é de 4 anosÉ de 4 anos o prazo de decadência para anular partilha debens em dissolução de união estável, por vício deconsentimento (coação), nos termos do art. 178 do CódigoCivil. STJ. 4ª Turma. REsp 1.621.610-SP, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 7/2/2017 (Info 600).Cuidado:

Prazo para anulação da partilha do direitosucessório (morte): 1 ano.

Prazo para anulação da partilha em caso dedivórcio ou dissolução de união estável: 4 anos.

Em caso de sucessão causa mortis do companheirodeverão ser aplicadas as mesmas regras da sucessãocausa mortis do cônjugeNo sistema constitucional vigente, é inconstitucional adiferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges ecompanheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos,o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil.STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red.p/ o ac. Min. Roberto Barroso e RE 878694/MG, Rel. Min.Roberto Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussãogeral) (Info 864).

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A separação judicial continua existindo noordenamento jurídico mesmo após a EC 66/2010 A EC 66/2010 não revogou os artigos do Código Civil quetratam da separação judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1.247.098-MS, Rel. Min. Maria IsabelGallotti, julgado em 14/3/2017 (Info 604).

ARBITRAGEM O STJ não irá homologar a sentença arbitralestrangeira se constatar que o árbitro que participoudo procedimento não gozava de imparcialidade A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se àarbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta àordem pública nacional – o que legitima o exame damatéria pelo Superior Tribunal de Justiça,independentemente de decisão proferida pela Justiçaestrangeira acerca do tema. STJ. Corte Especial. SEC 9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer,Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgadoem 19/4/2017 (Info 605).

Em que consiste a arbitragem Arbitragem representa uma técnica de solução deconflitos por meio da qual os conflitantes aceitam que asolução de seu litígio seja decidida por uma terceirapessoa, de sua confiança. Vale ressaltar que a arbitragem é uma forma deheterocomposição, isto é, instrumento por meio do qual oconflito é resolvido por um terceiro. Regulamentação A arbitragem, no Brasil, é regulada pela Lei nº 9.307/96,havendo também alguns dispositivos no CPC versandosobre o tema.

Convenção de arbitragem As partes interessadas podem submeter a solução de seuslitígios ao juízo arbitral mediante convenção dearbitragem (art. 3º). Convenção de arbitragem é o gênero, que engloba duasespécies: • a cláusula compromissória e • o compromisso arbitral.

Em que consiste a cláusula compromissória: A cláusula compromissória, também chamada de cláusulaarbitral, é... - uma cláusula prevista no contrato, - de forma prévia e abstrata, - por meio da qual as partes estipulam que - qualquer conflito futuro relacionado àquele contrato - será resolvido por arbitragem (e não pela via jurisdicionalestatal). Exemplo:

É possível alegar a parcialidade de um árbitro?

SIM. Os árbitros, assim como os juízes togados, possuem odever de imparcialidade, estando isso expresso na Lei nº9.307/96:

Qual é a exigência para que uma sentença arbitralestrangeira produza efeitos no Brasil? Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentençaarbitral estrangeira está sujeita, unicamente, àhomologação do Superior Tribunal de Justiça (art. 35 daLei nº 9.307/96). Essa homologação segue o mesmo procedimento adotadopara homologação das demais sentenças estrangeiras.

União estávelImóvel doado por um companheiro para o outro deveser excluído do montante partilhável, nos termos doart. 1.659, I, do CCO bem imóvel adquirido a título oneroso na constância daunião estável regida pelo estatuto da comunhão parcial,mas recebido individualmente por um dos companheiros,através de doação pura e simples realizada pelo outro,deve ser excluído do monte partilhável, nos termos do art.1.659, I, do CC/2002 STJ. 4ª Turma. REsp 1.171.488-RS, Rel.Min. Raul Araújo, julgado em 4/4/2017 (Info 603).Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhesobrevierem, na constância do casamento, por doação ousucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

Em caso de sucessão causa mortis do companheirodeverão ser aplicadas as mesmas regras da sucessãocausa mortis do cônjuge O STF fixou a seguinte tese: No sistema constitucionalvigente, é inconstitucional a diferenciação de regimessucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo seraplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido noart. 1.829 do Código Civil. STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel.Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso eRE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864). O STJacompanhou o entendimento do Supremo e tambémdecidiu de forma similar: É inconstitucional a distinção deregimes sucessórios entre cônjuges e companheiros,devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regimeestabelecido no art. 1.829 do CC/2002. STJ. 3ª Turma. REsp1.332.773-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 27/6/2017 (Info 609).

O casal não é obrigado a formular pedido extrajudicialantes de ingressar com ação judicial pedindo aconversão da união estável em casamento O art. 8º da Lei nº 9.278/96 prevê a possibilidade de que aconversão da união estável em casamento seja feita pelavia extrajudicial. No entanto, este dispositivo não impõe aobrigatoriedade de que se formule o pedido de conversãona via administrativa antes de se ingressar com a açãojudicial. O art. 8º da Lei nº 9.278/96 deve ser interpretado

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como sendo uma faculdade das partes. Dessa forma, oordenamento jurídico oferece duas opções ao casal: a)pode fazer a conversão extrajudicial, nos termos do art. 8ºda Lei 9.278/96; ou b) pode optar pela conversão judicial,conforme preconiza o art. 1.726 do CC. STJ. 3ª Turma. REsp1.685.937-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em17/8/2017 (Info 609).

Partilha dos direitos de concessão de uso para fins demoradia de imóvel público Na dissolução de união estável, é possível a partilha dosdireitos de concessão de uso para moradia de imóvelpúblico. Ex: João e Maria viviam em união estável. Nocurso dessa união eles passaram a residir em uma casapertencente ao Governo do Distrito Federal sobre o qualreceberam a concessão de uso para fins de moradia.Depois de algum tempo decidem por fim à relação.Deverá haver uma partilha sobre os direitos relacionadoscom a concessão de uso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.494.302-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/6/2017(Info 609).

DIVÓRCIOEm caso de divórcio no qual se pede a desconsideraçãoinversa da personalidade jurídica, deve-se incluir nopolo passivo a pessoa que teria participado do conluiocom o cônjuge A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica sepretende desconsiderar, que teria sido beneficiada porsuposta transferência fraudulenta de cotas sociais por umdos cônjuges, tem legitimidade passiva para integrar aação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojoda qual se requereu a declaração de ineficácia do negóciojurídico que teve por propósito transferir a participação dosócio/ex-marido à sócia remanescente, dias antes daconsecução da separação de fato. STJ. 3ª Turma. REsp1.522.142-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em13/6/2017 (Info 606).

Direito de guardaÉ possível a fixação de astreintes para forçar a genitoraque está com a guarda da criança a respeitar o direitode visita do paiA aplicação das astreintes em hipótese dedescumprimento do regime de visitas por parte dogenitor, detentor da guarda da criança se mostra comoum instrumento eficiente e também, menos drástico paraa criança. STJ. 3ª Turma. REsp 1.481.531-SP, Rel. Min.Moura Ribeiro, julgado em 16/2/2017 (Info 599).

AlimentosExecução de alimentos e admissão da prova daimpossibilidade por meio de prova testemunhalNa execução de alimentos pelo rito do art. 733 doCPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o executado podecomprovar a impossibilidade de pagamento por meio deprova testemunhal, desde que a oitiva ocorra no tríduo

previsto para a justificação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.338-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdãoMin. Nancy Andrighi, julgado em 13/12/2016 (Info 599).Na execução de alimentos pelo rito do art. 733 doCPC/1973 (art. 528 do CPC/2015), o executado é intimadopessoalmente para, em 3 dias:a) pagar o débito;b) provar que o fez (provar que já pagou a dívida); ouc) justificar a impossibilidade de efetuá-lo (provar que nãotem condições de pagar).

Se o filho é maior de 18 anos, mas apresenta doençamental incapacitante, seus pais têm dever de prestaralimentos, sendo a necessidade presumidaÉ presumida a necessidade de percepção de alimentos doportador de doença mental incapacitante, devendo sersuprida nos mesmos moldes dos alimentos prestados emrazão do poder familiar, independentemente damaioridade civil do alimentado. STJ. 3ª Turma. REsp1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em28/3/2017 (Info 600)

A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligadaao inadimplemento inescusável de prestaçãoA prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada aoinadimplemento inescusável de prestação, não alcançandoa cobrança de saldo devedor (STF. 1ª Turma. HC121426/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017(Info 857).

Ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perdeseu objeto com o nascimento da criança A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perdeseu objeto com o nascimento da criança, pois os referidosalimentos ficam convertidos em pensão alimentícia atéeventual ação revisional em que se solicite a exoneração,redução ou majoração de seu valor ou até mesmoeventual resultado em ação de investigação ou negatóriade paternidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.423-SP, Rel. Min.Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

Termo inicial do prazo prescricional para cumprimentode sentença de alimentos O prazo prescricional para o cumprimento de sentençaque condenou ao pagamento de verba alimentíciaretroativa se inicia tão somente com o trânsito em julgadoda decisão que reconheceu a paternidade. STJ. 3ª Turma.REsp 1.634.063-AC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em20/6/2017 (Info 607).

As decisões e sentenças nas ações de alimentos devemser líquidas Não é possível, em tutela antecipada deferida na açãorevisional de alimentos, a alteração de valor fixo de pensãoalimentícia para um valor ilíquido, correspondente apercentual de rendimentos que virão a ser apurados nocurso do processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.975-PR, Rel.

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Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017(Info 608).

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE Não se pode mais rediscutir a coisa julgada emsituação na qual a ação de investigação foi julgadaprocedente pelo fato de o investigado ter se recusadoa fazer o DNA A coisa julgada estabelecida em ações de investigação depaternidade deve ser relativizada nos casos em que, noprocesso, não houve a realização de exame de DNA e,portanto, não foi possível ter-se certeza sobre o vínculogenético (STF. Plenário. RE 363889, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 02/06/2011. Repercussão geral). O STJ entendeu, contudo, que essa relativização da coisajulgada não se aplica às hipóteses em que o magistradoreconheceu o vínculo pelo fato de o investigado (ou seusherdeiros) terem se recusado a comparecer ao laboratóriopara a coleta do material biológico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.562.239/MS, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 09/05/2017 (Info 604). OBSÉ possível a flexibilização da coisa julgada material nasações de investigação de paternidade, na situação em queo pedido foi julgado improcedente por falta de prova. A possibilidade de relativização da coisa julgada nestescasos somente deve ser admitida quando o exame deDNA não foi realizado em virtude de circunstâncias alheiasà vontade das partes.

CONTRATO DE LOCAÇÃO É de 3 anos o prazo para o fiador cobrar do locatárioinadimplente o valor que pagou ao locador É trienal o prazo de prescrição para fiador que pagouintegralmente dívida objeto de contrato de locaçãopleitear o ressarcimento dos valores despendidos contraos locatários inadimplentes. O termo inicial deste prazo é a data em que houve opagamento do débito pelo fiador, considerando que é apartir daí que ocorre a sub-rogação, e, via deconsequência, inaugura-se ao fiador a possibilidade dedemandar judicialmente a satisfação de seu direito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.432.999-SP, Rel. Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 16/5/2017 (Info 605).

INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA Se for realizada nova alienação do terreno onde iria serconstruído o imóvel, é necessário que oproprietário/vendedor faça a indenização dos antigosadquirentes O proprietário de terreno objeto de contrato de permutacom incorporadora/construtora, rescindido por decisãojudicial no curso do processo falimentar desta, temresponsabilidade pelos danos sofridos pelos antigosadquirentes de unidades autônomas no empreendimento

imobiliário inacabado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.537.012-RJ,Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em20/6/2017 (Info 607).

RESPONSABILIDADE CIVIL Ofensas proferidas por Rita Lee contra policiaismilitares em show geraram dano moral in re ipsa As ofensas generalizadas proferidas por cantora contrapolicias militares que realizavam a segurança do showatingem, de forma individualizada, cada um dosintegrantes da corporação que estavam de serviço noevento e caracterizam dano moral in re ipsa, devendo aartista indenizar cada um dos policiais que trabalhavam nolocal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.524-SE, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 3/8/2017 (Info 609).

Responsabilidade civil por abandono material do paiem relação ao filho A omissão voluntária e injustificada do pai quanto aoamparo MATERIAL do filho gera danos morais, passíveisde compensação pecuniária. O descumprimento daobrigação pelo pai, que, apesar de dispor de recursos,deixa de prestar assistência MATERIAL ao filho, nãoproporcionando a este condições dignas de sobrevivênciae causando danos à sua integridade física, moral,intelectual e psicológica, configura ilícito civil, nos termosdo art. 186 do Código Civil. STJ. 4ª Turma. REsp 1.087.561-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 13/6/2017 (Info 609).DÍVIDA DE JOGO A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a soberania nacional.

COMPRA E VENDA O saneamento de vício redibitório limitador do uso, gozoe fruição da área de terraço na cobertura de imóvel objetode negócio jurídico de compra e venda – que garante oseu uso de acordo com a destinação e impede adiminuição do valor –, afasta o pleito de abatimento dopreço. João comprou apartamento no último andar do edifício,estando previsto no contrato que ele poderia fazerconstruções na cobertura. Por ter comprado a cobertura,ele pagou 25% a mais. Ocorre que, depois que o prédioficou pronto, João não pode realizar nenhuma construçãona cobertura porque isso foi negado pelo Município sob oargumento de que o prédio já teria alcançado o limitemáximo de altura previsto para aquela localidade. Diantedisso, João ajuizou ação de abatimento de preço contra aconstrutora. Três anos após o ajuizamento, houve umamudança nas regras municipais e o limite de altura dosprédios naquela localidade aumentou. Com isso, passou aser permitido que ele construísse na cobertura. João nãoterá mais direito ao abatimento do preço.

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

Se a pessoa somente foi reconhecida como filha após aalienação ter acontecido, ela não poderá pleitear aanulação com base no art. 496 do Código Civil O reconhecimento de paternidade post mortem nãoinvalida a alteração de contrato social com a transferênciade todas as cotas societárias realizada pelo genitor a outrodescendente. STJ. 4ª Turma. REsp 1.356.431-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/8/2017 (Info 611).

POSSE Oficina mecânica que realiza reparos em veículo, comautorização do proprietário, não pode reter o bem porfalta de pagamento do serviço.

SEPARAÇÃO JUDICIAL E DIVÓRCIO A EC 66/2010 não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial.

TESTAMENTO O art. 1.867 do Código Civil traz as seguintes exigências adicionais no caso de testamento feito por pessoa cega. Exige-se: a) que o testamento seja público; a) que sejam realizadas duas leituras do testamento (se não for cego, basta uma); b) que o tabelião declare expressamente no testamento que o testador é cego. Em um caso concreto, indivíduo cego procurou o tabelionato de notas para fazer um testamento público. O testamento foi produzido no cartório pelo tabelião. Ocorreque houve apenas uma leitura em voz alta pelo tabelião na presença do testador e de duas testemunhas. Além disso, não houve expressa menção no corpo do documento da condição de cego do testador. Apesar disso, o STJ entendeu que não houve nulidade. O descumprimento de exigência legal para a confecção detestamento público – segunda leitura e expressa menção no corpo do documento da condição de cego – não gera a sua nulidade se mantida a higidez da manifestação de vontade do testador.

RESPONSABILIDADE CIVIL Demora para ajuizar a ação e quantum dos danos morais A demora da pessoa em buscar a indenização por danomoral é um fator que, em conjunto com as demaiscircunstâncias, pode influenciar na fixação do quantumindenizatório. Esse entendimento, contudo, não se aplica quando osautores eram menores de idade no momento do ato ilícitoe somente ajuizaram a ação quando completaram amaioridade. Assim, a demora na busca da compensação por danomoral, quando justificada pela interrupção prescricional dapretensão dos autores – menores à época do evento

danoso – não configura desídia apta a influenciar a fixaçãodo valor indenizatório. Ex: João foi atropelado por um ônibus e faleceu, deixandodois filhos: Beatriz (4 meses) e Pedro (1 ano). 17 anos apóso acidente, Pedro e Beatriz ajuizaram ação de indenizaçãopor danos morais contra a empresa de ônibus pela perdade seu pai. O fato de terem esperado completar amaioridade para proporem a ação não é motivo para quea indenização seja reduzida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.971-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

CURATELA Necessidade de nomear curador especial aointerditando mesmo que o MP esteja atuando comofiscal da ordem jurídica Nulidade do processo de interdição pela não realizaçãodo interrogatório (entrevista) O CPC/1973 previa que quando a interdição fosserequerida pelo Ministério Público, o juiz deveria nomearao interditando curador à lide. Assim, em caso de ação deinterdição proposta pelo MP não havia dúvida, o juizdeveria obrigatoriamente nomear curador à lide (curadorespecial). E no caso de ação de interdição proposta por outrolegitimado (diferente do MP)? Nesta situação eranecessário nomear curador à lide? 1ª corrente: NÃO. Não seria necessária a nomeação decurador à lide porque o próprio MP já iria ser oresponsável pela defesa dos interesses do interditando.Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.099.458-PR, Rel. Min.Maria Isabel Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Info 553). 2ª corrente: SIM. A participação do MP como custos legisnão supre a ausência de nomeação de curador à lide.Mesmo a ação tendo sido proposta por outro legitimado,seria necessária a nomeação de curador à lide. Nessesentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.686.161-SP, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611). Com o CPC/2015, não importa, para fins de curadorespecial, se a ação foi proposta ou não pelo MP. Se ointerditando não apresentar advogado, o juiz deverá,obrigatoriamente, nomear curador especial mesmo que oautor da ação não tenha sido o MP e mesmo que oPromotor de Justiça esteja atuando nos autos como fiscalda ordem jurídica. O juiz poderá dispensar o interrogatório do interditando(atualmente chamado de “entrevista”) argumentando queeste é desnecessário diante das conclusões do laudomédico? NÃO. A ausência de realização do interrogatório dointerditando (atual “entrevista”) acarreta a nulidade doprocesso de interdição. O interrogatório (entrevista) do interditando é medida quegarante o contraditório e a ampla defesa de pessoa que seencontra em presumido estado de vulnerabilidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.686.161-SP, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

SUCESSÕES Parente colateral não possui legitimidade ativa paraação pedindo anulação de adoção realizada pelo seuparente falecido, caso este tenha deixado companheiraviva Parentes colaterais (exs: irmão, tios, sobrinhos) nãopossuem legitimidade ativa para ajuizar ação pedindo quese anule a adoção realizada pelo seu parente já falecido,no caso em que o de cujus deixou cônjuge oucompanheira viva. Isso porque tais parentes colaterais nãoterão direito à herança mesmo que se exclua o filhoadotivo. Não terão direito à herança porque o art. 1.790do Código Civil, que autoriza os colaterais a herdarem emconjunto com a companheira sobrevivente, foi declaradoinconstitucional pelo STF. Logo, em caso de sucessãocausa mortis do companheiro, deverão ser aplicadas asmesmas regras da sucessão causa mortis do cônjuge,regras essas que estão previstas no art. 1.829 do CC. Emoutras palavras, se o indivíduo faleceu deixando umacompanheira (união estável), esta herdará exatamentecomo se fosse esposa (casamento). Pelas regras do art. 1.829, se o falecido morreu sem deixardescendentes (filhos, netos etc.) ou ascendentes (pais,avós etc.), a sua companheira terá direito à totalidade daherança, sem ter que repartir nada com os demaisparentes colaterais (como irmãos, tios, sobrinhos etc.). Ex: João e Maria viviam em união estável. Decidiramadotar uma criança (Lucas). Logo em seguida, Joãofaleceu. Seus únicos herdeiros eram Maria e Lucas. Pedro,irmão de João, de olho nos bens deixados pelo falecido,ingressou com ação pedindo a anulação da adoção deLucas. Como o art. 1.790 do CC não vale mais, para Pedro,nada muda juridicamente se conseguir anular a adoçãofeita por seu irmão. Ele não terá nenhum ganho jurídicocom essa decisão. Dessa forma, se ele não possui interessejurídico no resultado do processo, ele não temlegitimidade para propor esta ação de anulação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.420-RS, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 22/8/2017 (Info 611).

RESPONSABILIDADE CIVIL Policial que, fora de suas funções, prende vizinho porconta de xingamentos sofridos, pratica ato ilícito quegera dano moral in re ipsa A privação da liberdade por policial fora do exercício desuas funções e com reconhecidoexcesso na conduta caracteriza dano moral in re ipsa.Durante uma discussão no condomínio, um morador, queé policial, algemou e prendeu seu vizinho, após ser por eleofendido verbalmente.STJ. 3ª Turma. REsp 1.675.015-DF, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 612).

OBRIGAÇÕES Não é possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula penal compensatória

Na hipótese de inexecução do contrato, revela-seinadmissível a cumulação das arras com a cláusula penalcompensatória, sob pena de ofensa ao princípio do nonbis in idem. Ex: João celebrou contrato de promessa decompra e venda com uma incorporadora imobiliária paraaquisição de um apartamento. João comprometeu-se apagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia umapartamento. No início do contrato, João foi obrigado apagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia umacláusula penal compensatória prevendo que, em caso deinadimplemento por parte de João, a incorporadorapoderia reter 10% das prestações que foram pagas porele. Trata-se de cláusula penal compensatória.Suponhamos que, após pagar 30 parcelas, João tenhaparado de pagar as prestações. Neste caso, João perderáapenas as arras, mas não será obrigado a pagar também acláusula penal compensatória. Não é possível a cumulaçãoda perda das arras com a imposição da cláusula penalcompensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato,fica a incorporadora autorizada a apenas reter o valor dasarras, sem direito à cláusula penal. STJ. 3ª Turma. REsp1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em26/09/2017 (Info 613).

ARBITRAGEMO árbitro e a instituição de arbitragem não têmlegitimidade para figurarem no polo passivo deeventual ação anulatóriaA instituição arbitral, por ser simples administradora doprocedimento arbitral, não possui interesse processualnem legitimidade para integrar o polo passivo da açãoque busca a sua anulação.STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940-MG, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613).

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA Devedor pode ajuizar ação de prestação de contascontra a instituição financeira com o objetivo de seconhecer o resultado da alienação extrajudicial do bemapreendido Mesmo antes do advento da Lei nº 13.043/2014, que deunova redação ao art. 2º do Decreto-Lei nº 911/69, já eracabível o ajuizamento de ação de prestação de contasrelativas aos valores auferidos com o leilão extrajudicial deveículo apreendido em busca e apreensão. STJ. 3ª Turma. REsp 1.678.525-SP, Rel. Min. Antonio CarlosFerreira, julgado em 05/10/2017 (Info 613).

USUCAPIÃO A decretação da falência do proprietário do imóvelinterrompe o prazo para que o possuidor possaadquirir este bem por usucapião O curso da prescrição aquisitiva da propriedade de bemque compõe a massa falida é interrompido com adecretação da falência.Ex: João é possuidor, há 4 anos e 6 meses, de uma áreaurbana de 200m2, que utiliza para a sua própria moradia.

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

Ele não tem o título de propriedade dessa área, mas lámora há todos esses anos sem oposição de ninguém.Imagine que foi decretada a falência da empresa que éproprietária desse imóvel. Isso significa que, nesteinstante, o prazo para João adquirir o bem por usucapiãovai ser interrompido, ou seja, vai recomeçar do zero.STJ. 3ª Turma. REsp 1.680.357-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 10/10/2017 (Info 613).

USUCAPIÃO Se o juízo criminal decretou a perda do imóvel queestá sendo pleiteado em ação de usucapião, estadecisão produzir a efeitos no juízo cível, devendo aação ser extinta por perda do objeto Há perda de objeto da ação de usucapião proposta emjuízo cível na hipótese em que juízo criminal decreta aperda do imóvel usucapiendo em razão de ter sidoadquirido com proventos de crime.João praticou um crime. Com o dinheiro obtido com odelito, ele comprou uma casa. No processo criminal, o juizdecretou, em março/2012, o sequestro da casa comprada.João fugiu e abandonou o imóvel. Em abril/2012, Pedroinvadiu a casa e passou a morar lá. Em maio/2017, apósmais de 5 anos morando no imóvel, Pedro ajuizou ação deusucapião (art. 1.240 do CC). A ação de usucapião estavatramitando até que, em outubro/2017, transitou emjulgado a sentença do juiz condenando João pela práticado crime. Como efeito da condenação, o magistradodeterminou o confisco da casa (art. 91, II, “b”, do CP). Aação de usucapião perde o objeto, considerando que estetema foi definido no juízo criminal.STJ. 3ª Turma. REsp 1.471.563-AL, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 26/09/2017(Info 613).

RESPONSABILIDADE CIVIL A Súmula 403 do STJ não se aplica para divulgação deimagem vinculada a fato histórico de repercussãosocial A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses dedivulgação de imagem vinculada a fato histórico derepercussão social.Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo aindenização pela publicação não autorizada da imagem depessoa com fins econômicos ou comerciais.Caso concreto: a TV Record exibiu reportagem sobre oassassinato da atriz Daniela Perez, tendo realizado,inclusive, uma entrevista com Guilherme de Pádua,condenado pelo homicídio. Foram exibidas, sem préviaautorização da família, fotos da vítima Daniela. O STJentendeu que, como havia relevância nacional nareportagem, não se aplica a Súmula 403 do STJ, nãohavendo direito à indenização.STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.329-RJ, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em24/10/2017 (Info 614).

DPVAT Não se aplica o CDC para as discussões envolvendo oDPVAT As normas protetivas do Código de Defesa do Consumidornão se aplicam ao seguro obrigatório (DPVAT).STJ. 3ª Turma. REsp 1.635.398-PR, Rel. Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

CONTRATO DE SEGUROSe houve reconhecimento da culpa do segurado epagamento de parte da indenização pela seguradoraao terceiro, não se aplica a Súmula 529 do STJA vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demandadireta e exclusivamente contra a seguradora do causadordo dano quando reconhecida, na esfera administrativa, aresponsabilidade deste pela ocorrência do sinistro equando parte da indenização securitária já tiver sido paga.Não se aplica, neste caso, a Súmula 529 do STJ. Issoporque, mesmo não havendo relação contratual entre aseguradora e o terceiro prejudicado, a sucessão dos fatos(apuração administrativa e pagamento de parte daindenização) faz com que surja uma relação jurídica dedireito material envolvendo a vítima e a seguradora.Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civilfacultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiroprejudicado direta e exclusivamente em face daseguradora do apontado causador do dano.STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.970-MT, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

ALIMENTOSSúmula 594-STJSúmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidadeativa para ajuizar ação de alimentos em proveito decriança ou adolescente independentemente do exercíciodo poder familiar dos pais, ou do fato de o menor seencontrar nas situações de risco descritas no art. 98 doEstatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisqueroutros questionamentos acerca da existência ou eficiênciada Defensoria Pública na comarca. STJ. 2ª Seção. Aprovadaem 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

ALIMENTOSSúmula 596-STJSúmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós temnatureza complementar e subsidiária, somente seconfigurando no caso de impossibilidade total ou parcialde seu cumprimento pelos pais. STJ. 2ª Seção. Aprovadaem 08/10/2017.

PARTILHA DE BENSDever de prestar contas do cônjuge que ficou naadministração dos bens em mancomunhãoApós a separação de fato ou de corpos, o cônjuge queestiver na posse ou na administração do patrimôniopartilhável - seja na condição de administrador provisório,seja na de inventariante - terá o dever de prestar contas ao

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ex-consorte. STJ. 4ª Turma. REsp 1.274.639-SP, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, julgado em 12/09/2017 (Info 614).

LEI DE LOCAÇÕESO prazo de 30 meses previsto no art. 46 da Lei deInquilinato não pode ser alcançado pela prorrogaçãode contratosSe a locação residencial foi celebrada por escrito e comprazo igual ou superior a 30 meses, quando chegar ao fimo prazo estipulado, termina o contrato e o locador poderápedir a retomada do imóvel sem a necessidade deapresentar qualquer justificativa. Diz-se, assim, que olocador pode fazer a chamada “denúncia vazia”. Isso estáprevisto no art. 46 da Lei nº 8.245/91.Vale ressaltar, contudo, que não é cabível a denúncia vaziaquando o prazo de 30 meses, exigido pelo art. 46 da Lei nº8.245/91, é atingido com as sucessivas prorrogações docontrato de locação de imóvel residencial urbano.Em outras palavras, o art. 46 da Lei nº 8.245/91 somenteadmite a denúncia vazia se um único instrumento escritode locação estipular o prazo igual ou superior a 30 meses,não sendo possível contar as sucessivas prorrogações dosperíodos locatícios (accessio temporis) para se atingir esseprazo de 30 meses.Ex: o contrato de locação foi celebrado por 12 meses;depois foi prorrogado mais duas vezes, totalizando 36meses; não se aplica o art. 46 porque o período mínimo de30 meses foi alcançado com prorrogações.STJ. 3ª Turma. REsp 1.364.668-MG, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

ALIMENTOSO valor recebido pelo alimentante (devedor) a título departicipação nos lucros e resultados deve serincorporado à prestação alimentar devida?Os valores recebidos a título de “participação nos lucros eresultados” são incluídos no percentual que é devido atítulo de pensão alimentícia? Em suma, toda vez que odevedor receber participação nos lucros e resultados, ovalor da pensão deverá ser, automaticamente, pago amais?

1ª corrente: NÃO. Os valores recebidos a título departicipação nos lucros e resultados não se incorporam àverba alimentar devida ao menor. É a posição da 3ª Turmado STJ. REsp 1.465.679-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 09/11/2017 (Info 615).2ª corrente: SIM. As parcelas percebidas a título departicipação nos lucros configuram rendimento, devendointegrar a base de cálculo da pensão fixada em percentual,uma vez que o conceito de rendimentos é amplo,especialmente para fins de cálculo de alimentos. É acorrente adotada pela 4ª Turma do STJ. AgInt no AREsp1070204/SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em19/09/2017.

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

DIREITO DO CONSUMIDOR

OFERTAS PUBLICITÁRIAS A fonte utilizada nas ofertas publicitárias pode serinferior ao tamanho 12 O art. 54, § 3º do CDC prevê que, nos contratos de adesão,o tamanho da fonte não pode ser inferior a 12. Essa regra do art. 54, § 3º NÃO se aplica para ofertaspublicitárias. Assim, as letras que aparecem no comercialde TV ou em um encarte publicitário não precisam ter, nomínimo, tamanho 12. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.678-RJ, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

Caracterização de relação de consumoCaracteriza-se relação de consumo a contratação odeserviço de corretagem de valores e títulos mobiliáriosSTJ. 3ª Turma. REsp 1.599.535-RS, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).

Se o consumidor é beneficiário de contrato departicipação financeira e cede seus direitos, acessionária não é consumidoraA condição de consumidor do promitente-assinante nãose transfere aos cessionários do contrato de participaçãofinanceira. As condições personalíssimas do cedente nãose transmitem ao cessionário. STJ. 3ª Turma. REsp1.608.700-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 9/3/2017 (Info 600).

Cobrança abusivaPossibilidade da instituição bancária cobrar tarifabancária pela liquidação antecipada do saldo devedorNos contratos de arrendamento mercantil, é permitidoque a instituição cobre do consumidor tarifa bancária pelaliquidação antecipada (parcial ou total) do saldo devedor?• Contratos celebrados antes da Resolução CMN nº3.516/2007 (antes de 10/12/2007): SIM• Contratos firmados depois da Resolução CMN nº3.516/2007 (de 10/12/2007 para frente): NÃOAssim, para as operações de crédito e arrendamentomercantil contratadas antes de 10/12/2007 (data depublicação da referida Resolução), podem ser cobradastarifas pela liquidação antecipada no momento em que forefetivada a liquidação, desde que a cobrança dessa tarifaesteja claramente identificada no extrato de conferência.STJ. 3ª Turma. REsp 1.370.144-SP, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 7/2/2017 (Info 597).

Banco de dados e cadastro de consumidoresO valor que seria objeto de mútuo, negado por forçade inscrição indevida em cadastro de inadimplentes,não pode ser ressarcido a título de dano emergente.Não há perda material efetiva pelo fato de ter sido negadocrédito ao consumidor. Dessa forma, o ressarcimento por

dano emergente, neste caso, seria destituído de suportefático, consistindo a condenação, nessas condições, emverdadeira hipótese de enriquecimento ilícito. STJ. 3ªTurma. REsp 1.369.039-RS, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 4/4/2017 (Info 602).

Responsabilidade civilResponsabilidade por notificação do consumidor dainclusão de seu nome em cadastro restritivo• Se o credor informou o endereço certo para o órgãomantenedor do cadastro e este foi quem errou: aresponsabilidade será do órgão mantenedor.• Se o credor comunicou o endereço errado doconsumidor para o órgão mantenedor do cadastro e esteenviou exatamente para o local informado: aresponsabilidade será do credor.É passível de gerar responsabilização civil a atuação doórgão mantenedor de cadastro de proteção ao créditoque, a despeito da prévia comunicação do consumidorsolicitando que futuras notificações fossem remetidas aoendereço por ele indicado, envia a notificação de inscriçãopara endereço diverso.STJ. 3ª Turma. REsp 1.620.394-SP, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 15/12/2016 (Info 597).

É válida a prática de loja que permite a troca direta doproduto viciado se feita em até 3 dias da compraÉ legal a conduta de fornecedor que concede apenas 3(três) dias para troca de produtos defeituosos, a contar daemissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após talprazo, a procura de assistência técnica credenciada pelofabricante para que realize a análise quanto à existência dovício.A loja conferiu um "plus", ou seja, uma providência extraque não é prevista no CDC, não sendo, contudo, vedadaporque favorece o consumidor. Vale ressaltar que apolítica de troca da loja (direito de troca direta do produtoem 3 dias) não exclui a possibilidade de o consumidorrealizar a troca, na forma do art. 18, § 1º, I, do CDC, caso ovício não seja sanado no prazo de 30 dias. Em outraspalavras, a loja concede uma opção extra, além daquelas jáprevistas no art. 18, § 1º. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.555-RJ,Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/2/2017(Info 598).

Produto de periculosidade inerente e ausência deresponsabilidade civilEm se tratando de produto de periculosidade inerente(medicamento com contraindicações), cujos riscos sãonormais à sua natureza e previsíveis, eventual dano por elecausado ao consumidor não enseja a responsabilização dofornecedor. Isso porque, neste caso, não se pode dizer queo produto é defeituoso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.599.405-SP,

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/4/2017 (Info603)

O fornecimento de bem durável ao seu destinatáriofinal põe termo à eventual cadeia de seus fornecedoresoriginaisO fornecimento de bem durável ao seu destinatário final,por removê-lo do mercado de consumo, põe termo àcadeia de seus fornecedores originais. A posterior revendadesse mesmo bem por seu adquirente constitui novarelação jurídica obrigacional com o eventual comprador.Assim, os eventuais prejuízos decorrentes dessa segundarelação não podem ser cobrados do fornecedor original.STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.800-PE, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 2/5/2017 (Info 603).

Fabricante de veículo tem o dever de indenizar danosmuito graves decorrentes da abertura do air bag A comprovação de graves lesões decorrentes da aberturade air bag em acidente automobilístico em baixíssimavelocidade, que extrapolam as expectativas querazoavelmente se espera do mecanismo de segurança,ainda que de periculosidade inerente, configura aresponsabilidade objetiva da montadora de veículos pelareparação dos danos ao consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.656.614-SC, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

Contratos de consumoEx-empregado demitido sem justa causa tem direito depermanecer vinculado ao plano de saúde em que seencontrava antes da demissão com as mesmascondições de valorÉ indevido cobrar reajuste de ex-empregado demitido semjusta causa que opta por permanecer vinculado ao planode saúde em que se encontrava antes da demissão, nacondição de beneficiário, pelo prazo que lhe assegura oart. 30, § 1º, da Lei nº 9.656/98, nas mesmas condições decobertura assistencial e mediante o pagamento integraldas mensalidades, só lhe podendo ser atribuído algumaumento que também tenha sido estipulado aosempregados em atividade.STJ. 3ª Turma. REsp 1.539.815-DF, Rel. Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 7/2/2017 (Info 599).

Transporte aéreo internacional e aplicabilidade dasConvenções de Varsóvia e de MontrealEm caso de extravio de bagagem ocorrido em transporteinternacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC oua indenização tarifada prevista nas Convenções deVarsóvia e de Montreal?As Convenções internacionais.Nos termos do art. 178 da Constituição da República, asnormas e os tratados internacionais limitadores daresponsabilidade das transportadoras aéreas depassageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia eMontreal, têm prevalência em relação ao Código de

Defesa do Consumidor.Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportesaéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenaçãodo transporte internacional, observar os acordos firmadospela União, atendido o princípio da reciprocidade.STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes eARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).

Prazo prescricional em caso de acidente aéreoQual é o prazo prescricional da ação de responsabilidadecivil no caso de acidente aéreo em voo doméstico? 5anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o CDC.Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidadecivil no caso de acidente aéreo em voo internacional? 2anos, com base no art. 29 da Convenção de Varsóvia.STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes eARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).

CONTRATOS BANCÁRIOS A instituição pode cobrar tarifa bancária pelaliquidação antecipada do saldo devedor? • Contratos celebrados antes da Resolução CMN nº3.516/2007 (antes de 10/12/2007): SIM. • Contratos firmados depois da Resolução CMN nº3.516/2007 (de 10/12/2007 para frente): NÃO Assim, para as operações de crédito e arrendamentomercantil contratadas antes de 10/12/2007, podem sercobradas tarifas pela liquidação antecipada no momentoem que for efetivada a liquidação, desde que a cobrançadessa tarifa esteja claramente identificada no extrato deconferência. É permitida, desde que expressamente pactuada, acobrança da tarifa de liquidação antecipada de mútuos econtratos de arrendamento mercantil até a data daentrada em vigor da Resolução nº 3.501/2007(10/12/2007). STJ. 3ª Turma. REsp 1.370.144-SP, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 7/2/2017 (Info 597). STJ. 2ª Seção. REsp 1.392.449-DF, Rel. Min. Marco Buzzi,julgado em 24/5/2017 (Info 605).

CLÁUSULA DE FIDELIZAÇÃO EM TV A CABO Multa pela quebra do prazo mínimo de fidelidade nãopode ser fixa, devendo ser proporcional ao tempo quefaltava para terminar o contrato As empresas de TV a cabo podem estipular um contratode permanência mínima, ou seja, uma cláusula defidelização segundo a qual se o consumidor desistir doserviço antes do término do prazo combinado (máximo de12 meses) ele deverá pagar uma multa. Isso é consideradoválido pelo STJ. Vale ressaltar, no entanto, que a cobrançada multa de fidelidade pela prestadora de serviço de TV acabo deve ser proporcional ao tempo faltante para otérmino da relação de fidelização, não podendo ser umvalor fixo. Ex: se o consumidor desistir no 1º mês, paga R$

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300,00, no entanto, se rescindir somente no penúltimomês, paga R$ 100,00. A Resolução nº 632/2014 da ANATELveio reforçar a ideia de que a multa pela quebra dafidelização deve ser proporcional. No entanto, pode-sedizer que, mesmo antes da Resolução, a jurisprudência jáconsiderava abusiva a cobrança de uma multa fixa, ou seja,que não levasse em consideração o tempo que faltavapara terminar o contrato. STJ. 4ª Turma. REsp 1.362.084-RJ,Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/5/2017 (Info608).

PLANO DE SAÚDE Não é abusiva a exigência de indicação da CID(Classificação Internacional de Doenças), como condiçãode deferimento, nas requisições de exames e serviçosoferecidos pelas prestadoras de plano de saúde, bemcomo para o pagamento de honorários médicos. A exigência de menção da CID nas requisições de examese demais serviços de saúde decorre do fato de que asoperadoras de planos de saúde estão obrigadas a prestarapenas os serviços previstos no contrato. Logo, éimportante essa informação para que os pagamentos e asrequisições de exames não se voltem para tratamentosque ultrapassem as obrigações contratuais do plano desaúde.

CLÁUSULAS ABUSIVAS Não é abusiva a cláusula que repasse os custosadministrativos assumidos pelo banco para cobrar oconsumidor inadimplente Não há abusividade na cláusula contratual que estabeleçao repasse dos custos administrativos da instituiçãofinanceira com as ligações telefônicas dirigidas aoconsumidor inadimplente. Ex: João resolveu tomar um empréstimo junto ao banco.No contrato, há uma cláusula prevendo que se ocontratante atrasar o pagamento das parcelas doempréstimo e, em razão disso, a instituição financeira tiverque fazer ligações telefônicas ao devedor para cobrar odébito, o consumidor deverá pagar, além dos juros e damulta, os custos com as ligações telefônicas. Tal cláusula,em princípio, é válida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.699-MG, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

DIREITO À INFORMAÇÃO Além de avisar que “contém glúten”, as embalagensdos produtos deverão também alertar que o glúten éprejudicial para celíacos O fornecedor de alimentos deve complementar ainformação-conteúdo "contém glúten" com a informação-advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dosconsumidores com doença celíaca.STJ. Corte Especial. EREsp 1.515.895-MS, Rel. Min.Humberto Martins, julgado em 20/09/2017 (Info 612).

COMPRA E VENDA DE IMÓVEL

Validade da cláusula de tolerância No contrato de promessa de compra e venda de imóvelem construção (“imóvel na planta”), além do períodoprevisto para o término do empreendimento, há,comumente, uma cláusula prevendo a possibilidade deprorrogação excepcional do prazo de entrega da unidadeou de conclusão da obra por um prazo que varia entre 90e 180 dias. Isso é chamado de “cláusula de tolerância”.Não é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos depromessa de compra e venda de imóvel em construção,desde que o prazo máximo de prorrogação seja de até180 dias. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.318-RJ, Rel. Min.Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info612).

CONTRATOS BANCÁRIOS O limite de desconto do empréstimo consignado nãose aplica aos contratos de mútuo bancário em que ocliente autoriza o débito das prestações em conta-corrente A limitação de desconto ao empréstimo consignado, empercentual estabelecido pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 epelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003, não se aplica aoscontratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza odébito das prestações em conta-corrente. Empréstimoconsignado é diferente de débito das prestações doempréstimo em conta-corrente autorizado pelo cliente. Naconsignação em folha de pagamento, antes mesmo de apessoa receber sua remuneração, já há o desconto daquantia, o que é efetuado pelo próprio empregador/órgãopagador. No segundo caso, o devedor faz um empréstimoe autoriza que o credor desconte as parcelas do valor queele tiver na conta-corrente. Os arts. 45 da Lei nº8.112/1990 e 1º da Lei nº 10.820/2003 preveem que olimite de desconto das parcelas do empréstimoconsignado é de 30%. Tal limite, contudo, não vale para oscontratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza odébito das prestações em conta-corrente. STJ. 4ª Turma.REsp 1.586.910-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgadoem 29/08/2017 (Info 612).

PLANO DE SAÚDE Custeio das sessões de psicoterapia além dos limitesprevistos no contrato É abusiva a cláusula contratual ou o ato da operadora deplano de saúde que limite ou interrompa o tratamentopsicoterápico oferecido ao usuário sob o argumento deque já se esgotou o número máximo de sessões anuaisasseguradas no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúdeda ANS. Depois que terminarem as sessões obrigatóriasque o plano tem o dever de custear integralmente,deverão continuar sendo oferecidas as sessões necessáriaspara o tratamento, no entanto, a partir daí, o custo delasserá dividido, em regime de coparticipação, entre o planode saúde e o usuário. Ex: o médico solicitou para João 40sessões de psicoterapia. Contudo, a ANS prevê que osplanos de saúde são obrigados a custear apenas 18; para o

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STJ, isso significa que essas 18 o plano irá pagar sozinho eas 22 a mais deverão ser custeadas, de forma dividida,entre o plano e o usuário (João). STJ. 3ª Turma. REsp1.679.190-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 26/09/2017 (Info 612).

RESPONSABILIDADE CIVIL Lanchonete não tem o dever de indenizar consumidorvítima de roubo ocorrido no estacionamento externoe gratuito do estabelecimento A Súmula 130 do STJ prevê o seguinte: a empresaresponde, perante o cliente, pela reparação de DANO ouFURTO de veículo ocorridos em seu estacionamento. Emcasos de roubo, o STJ tem admitido a interpretaçãoextensiva da Súmula 130 do STJ, para entender que há odever do fornecedor de serviços de indenizar, mesmo queo prejuízo tenha sido causado por roubo, se este foipraticado no estacionamento de empresas destinadas àexploração econômica direta da referida atividade(empresas de estacionamento pago) ou quando oestacionamento era de um grande shopping center ou deuma rede de hipermercado. Por outro lado, não se aplica aSúmula 130 do STJ em caso de roubo de cliente delanchonete fast-food, se o fato ocorreu no estacionamentoexterno e gratuito por ela oferecido. Nesta situação, tem-se hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior),que afasta do estabelecimento comercial proprietário damencionada área o dever de indenizar. Logo, a incidênciado disposto na Súmula 130 do STJ não alcança ashipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonetepraticado mediante grave ameaça e com emprego dearma de fogo, ocorrido no estacionamento externo egratuito oferecido pelo estabelecimento comercial. STJ. 3ªTurma. REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,julgado em 15/08/2017 (Info 613).

DPVATNão se aplica o CDC para as discussões envolvendo oDPVATAs normas protetivas do Código de Defesa doConsumidor não se aplicam ao seguro obrigatório(DPVAT). STJ. 3ª Turma. REsp 1.635.398-PR, Rel. Min. MarcoAurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

VÍCIO DO PRODUTOA reclamação obstativa da decadência, prevista no art.26, § 2º, I, do CDC, pode ser feita documentalmente ouverbalmenteO CDC prevê que é causa obstativa da decadência areclamação comprovadamente formulada peloconsumidor perante o fornecedor de produtos e serviçosaté a resposta negativa correspondente, que deve sertransmitida de forma inequívoca, nos termos do art. 26, §2º, I: Art. 26 (...) § 2º Obstam a decadência: I - a reclamaçãocomprovadamente formulada pelo consumidor perante ofornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa

correspondente, que deve ser transmitida de formainequívoca;De que forma tem que ocorrer essa“reclamação”? Pode ser verbal? SIM. A reclamaçãoobstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, doCDC, pode ser feita documentalmente ou verbalmente.STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇOSúmula 595-STJSúmula 595-STJ: As instituições de ensino superiorrespondem objetivamente pelos danos suportados peloaluno/consumidor pela realização de curso nãoreconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qualnão lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.STJ. 2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

PLANO DE SAÚDESúmula 597-STJSúmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de saúdeque prevê carência para utilização dos serviços deassistência médica nas situações de emergência ou deurgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazomáximo de 24 horas contado da data da contratação. STJ.2ª Seção. Aprovada em 08/10/2017

Legitimidade ativa de usuário de plano de saúdecoletivopara questionar a rescisão unilateral promovida pelaoperadoraO beneficiário de plano de saúde coletivo por adesãopossui legitimidade ativa para se insurgir contra rescisãocontratual unilateral realizada pela operadora. STJ. 3ªTurma. REsp 1.705.311-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 09/11/2017 (Info 615).

CONTRATOS BANCÁRIOSSaque indevido em conta-corrente não configura, porsi só, dano moralO saque indevido de numerário em conta-corrente,reconhecido e devolvido pela instituição financeira diasapós a prática do ilícito, não configura, por si só, danomoral in re ipsa. O saque indevido em conta corrente nãoconfigura, por si só, dano moral, podendo, contudo,observadas as particularidades do caso, ficar caracterizadoo respectivo dano se demonstrada a ocorrência deviolação significativa a algum direito da personalidade docorrentista. STJ. 3ª Turma. REsp 1.573.859-SP, Rel. Min.Marco Aurélio Bellizze, julgado em 07/11/2017 (Info 615).Sobre o tema, vale a pena recordar: O banco devecompensar os danos morais sofridos por consumidorvítima de saque fraudulento que, mesmo diante de gravee evidente falha na prestação do serviço bancário, teveque intentar ação contra a instituição financeira comobjetivo de recompor o seu patrimônio, após frustradastentativas de resolver extrajudicialmente a questão. STJ. 4ªTurma. AgRg no AREsp 395.426-DF, Rel. Min. Antonio

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Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Marco Buzzi, julgado em15/10/2015 (Info 574).

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DIREITO EMPRESARIAL

Representação comercialPresunção da existência de exclusividade em zonaÉ possível presumir a existência de exclusividade em zonade atuação de representante comercial quando:a) não houver previsão expressa em sentido contrário; eb) houver demonstração por outros meios da existência daexclusividade.STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.077-SC, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 9/3/2017 (Info 601).

Recuperação JudicialO juízo da recuperação judicial é o competente paradecidir sobre os bens da empresa devedora mesmoque tramite em outro juízo execução cobrando créditodecorrente de relação de consumoDepois de ter sido deferido o processamento darecuperação judicial, todas as ações e execuções contra odevedor que está em recuperação judicial ficam suspensas,excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§ 1º doart. 6º da Lei nº 11.101/2005) e as execuções fiscais (§ 7º).Além de as ações e execuções contra o devedor emrecuperação ficarem suspensas, o destino do patrimônioda sociedade em processo de recuperação judicial nãopoderá ser atingido por decisões prolatadas por juízodiverso daquele onde tramita o processo de reerguimento,sob pena de violação ao princípio maior da preservação daatividade empresarial. Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens daempresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízoonde tramita a recuperação.O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial éo competente para decidir sobre o destino dos bens evalores objeto de execuções singulares movidas contra arecuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente derelação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.702-RJ, Rel.Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/02/2017 (Info 598).

O crédito trabalhista decorrente de serviço prestadopelo empregado antes da recuperação judicial a elaestará sujeito Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviçosprestados pelo trabalhador à empresa antes darecuperação judicial deverão estar sujeitos a ela, mesmoque no momento do pedido tais créditos não estivessemconsolidados? SIM. A partir do momento em que o empregado trabalha,ele se torna credor de seu empregador, tendo direito aorecebimento das verbas trabalhistas. Esse crédito existeindependentemente de decisão judicial. Se o empregadornão paga e o empregado ingressa com reclamaçãotrabalhista, a sentença apenas reconhecerá (declarará) aexistência do direito do trabalhador, condenando o patrão

a pagar. Não é a sentença, contudo, que constitui odireito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito foi constituído emmomento anterior ao pedido de recuperação judicial,deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as verbas trabalhistas estão relacionadascom serviços prestados pelo empregado em momentoanterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbastambém estarão sujeitas a esse procedimento, mesmo quea sentença trabalhista tenha sido prolatada somentedepois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigívele ilíquido) não depende de provimento judicial que odeclare — e muito menos do transcurso de seu trânsitoem julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos darecuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.046-RS, Rel. Min. NancyAndrighi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,julgado em 25/4/2017 (Info 604).

Direito FalimentarA extinção das obrigações do falido não depende daquitação dos tributosNos processos de falência ajuizados anteriormente àvigência da Lei nº 11.101/2005, a decretação da extinçãodas obrigações do falido prescinde da apresentação deprova da quitação de tributos. STJ. 3ª Turma. REsp1.426.422-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em28/3/2017 (Info 601).Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, aquitação dos tributos é condição para a extinção dasobrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta quesim. Em provas objetivas, fique atento porque pode sercobrada a redação literal do art. 191 do CTN, devendoessa alternativa ser assinalada como correta: “Art. 191. Aextinção das obrigações do falido requer prova dequitação de todos os tributos.

Se o locatário foi à falência, mas não houve denúnciado contrato de locação, o fiador permanece vinculadoà obrigaçãoA decretação de falência do locatário, sem a denúncia dalocação, nos termos do art. 119, VII, da Lei nº 11.101/2005,não altera a responsabilidade dos fiadores junto aolocador. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.048-MG, Rel. Min.Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017 (Info 602).Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadasprevalecerão as seguintes regras:VII – a falência do locador não resolve o contrato delocação e, na falência do locatário, o administrador judicialpode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;

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A extinção das obrigações do falido não aproveita oscodevedoresA extinção das obrigações do falido, em decorrência daaplicação do art. 135, III, do Decreto-Lei nº 7.661/45 (art.158, III, da Lei nº 11.101/2005), não extingue nem impedeo prosseguimento de execução ajuizada contra avalista edevedor solidário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.104.632-PR, Rel. Min. Raul Araújo,julgado em 20/4/2017 (Info 605).

Contratos empresariaisJuros moratórios e cédula de produto rural financeiraNo caso de cédulas de produto rural financeira (CPR-F), osjuros também estão limitados a 1% ao ano, conformeprevê o DL 167/67 para as cédulas de CRÉDITO rural?1ª corrente: NÃO. A limitação dos juros moratórios aopatamar de 1% ao ano, estabelecida pelo art. 5º, parágrafoúnico, do Decreto-Lei 167/67, não se aplica à cédula deproduto rural financeira (CPR-F). STJ. 3ª Turma. REsp1.435.979-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgadoem 30/3/2017 (Info 603).2ª corrente: SIM. Os juros de mora no caso de CPR-Fdeverão ficar limitados em 1% ao ano, nos termos do art.5º do Decreto-Lei nº 167/1967. STJ. 4ª Turma. AgInt noAREsp 906.114/PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em06/10/2016.

TÍTULOS DE CRÉDITO Não é necessária prévia autorização do cônjuge paraque a pessoa preste aval em títulos de créditos típicos O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu que umapessoa casada somente pode prestar aval se houverautorização do seu cônjuge (exceção: se o regime de bensfor da separação absoluta). Essa norma exige uma interpretação razoável e restritiva,sob pena de descaracterizar o aval como institutocambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CCsomente é aplicado para os títulos de créditos inominados,considerando que eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os títulos de créditos nominados (típicos),que são regidos por leis especiais, não precisam obedeceressa regra do art. 1.647, III, do CC. Em suma, o aval dado aos títulos de créditos nominados(típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de créditos nominados: letra decâmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas enotas de crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604). STJ. 4ª Turma. REsp 1.633.399-SP, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 10/11/2016.

Títulos de créditos típicos e atípicos Existe uma classificação que divide os títulos de créditoem:

a) Típicos (nominados): são aqueles criados por umalegislação específica, que os regulamenta. Exs: letra decâmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas enotas de crédito. b) Atípicos (inominados): são aqueles criados pela vontadedos próprios particulares, segundo seus interesses. Isso épermitido, desde que não violem as regras do CódigoCivil. Como não são regulados por uma legislaçãoespecífica, devem obedecer as normas do Código Civil quetratam sobre títulos de crédito. O art. 903 do CC explica que a codificação privada (CódigoCivil) somente se aplica para os títulos de crédito típicosde forma subsidiária. Veja: Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.

Aval Aval é o ato cambial de garantia por meio do qual umindivíduo, chamado de “avalista”, mesmo sem ser odevedor principal, se compromete a pagar o valor dotítulo de crédito. Nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho: “O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista)se compromete a pagar título de crédito, nas mesmascondições que um devedor desse título (avalizado).”(Curso de Direito Comercial. Vol. 1. Direito de Empresa. 16ªed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 539). Se uma pessoa vai dar o seu aval, ela precisará daconcordância do seu cônjuge? Exige-se outorga uxóriaou marital (concordância do cônjuge) para que apessoa seja avalista? • Leis que regem os títulos de crédito: NÃO. Não háprevisão exigindo. • Código Civil: SIM. Exige-se autorização do cônjuge, nostermos do art. 1.647, III:

RECUPERAÇÃO JUDICIAL Os bondholders podem votar no plano de recuperaçãoda empresa Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidospor sociedades em recuperação judicial e representadospor agente fiduciário – têm assegurados o direito de votonas deliberações sobre o plano de soerguimento. STJ. 3ªTurma. REsp 1.670.096-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 20/6/2017 (Info 607).

PATENTES Para que o pedido seja arquivado ou a patente extintapor falta de pagamento da retribuição, exige-senotificação prévia do depositante ou titular Para arquivamento de pedido ou extinção de patente porfalta de pagamento da retribuição anual prevista no art. 84da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia dorespectivo depositante ou titular. Obs: retribuição anual éum valor que deve ser pago anualmente ao INPI pelo fatode o indivíduo ter pedido ou já ser titular de uma patente.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1.669.131-RJ, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608)

FACTORING Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditosde contrato tem legitimidade para figurar no polopassivo da ação que pede a revisão do pacto A empresa de factoring, que figura como cessionária dosdireitos e obrigações estabelecidos em contrato decompra e venda em prestações, de cuja cessão foiregularmente cientificado o devedor, tem legitimidadepara figurar no polo passivo de demandas que visem àrevisão das condições contratuais. Ex: Pedro comprou daloja uma moto parcelada. No mesmo instrumentocontratual, a loja cedeu esse crédito para uma factoring.Assim, no próprio contrato de compra e venda havia umacláusula dizendo que a loja estava cedendo o crédito paraa factoring, a quem o devedor deveria pagar as parcelas eque, em caso de inadimplemento, a factoring iria pleitear arestituição do bem vendido. Se Pedro desejar propor açãopedindo a revisão deste contrato, poderá ajuizá-ladiretamente contra a factoring. STJ. 4ª Turma. REsp1.343.313-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. paraacórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 1/6/2017(Info 608).

SOCIEDADES Se parte das quotas do sócio retirante estãoempenhadas (penhor), a apuração dos haveres ficarálimitada às quotas livres do ônus real A dissolução parcial de sociedade limitada por perda daaffectio societatis pode ser requerida pelo sócio retirante,limitada a apuração de haveres às suas quotas livres deônus reais. STJ. 4ª Turma. REsp 1.332.766-SP, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, julgado em 1/6/2017 (Info 608).

Se o indivíduo não é mais acionista no momento doato de declaração do dividendo, não terá direito dereceber os lucros da companhia Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio quemanteve essa condição durante o exercício financeirosobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga daempresa, por alienação de suas ações, em data anterior aoato de declaração do benefício. Fundamento jurídico: art. 205 da Lei nº 6.404/76. Ex: o indivíduo possuía 40 mil ações ordinárias dasociedade anônima. Em fev/2015, ele vendeu suas ações.Em abril/2015, a S.A. realizou Assembleia Geral Ordinária edeliberou pagar aos acionistas da companhia osdividendos apurados no ano anterior (2014). Esteindivíduo não terá direito ao pagamento porque na datado ato de declaração do dividendo (data da Assembleia),ele já não mais fazia parte do quadro de acionistas daCompanhia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.326.281-RS, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 3/8/2017 (Info 610).

DIREITOS AUTORAIS Termo inicial do prazo prescricional para reparaçãocivil decorrente de plágio O termo inicial da pretensão de ressarcimento nashipóteses de plágio se dá quando o autor originário temcomprovada ciência da lesão a seu direito subjetivo e desua extensão, não servindo a data da publicação da obraplagiária, por si só, como presunção de conhecimento dodano. STJ. 3ª Turma. REsp 1.645.746-BA, Rel. Min. RicardoVillas Bôas Cueva, julgado em 6/6/2017 (Info 609).

FALÊNCIA A incidência de juros e correção monetária sobre oscréditos habilitados deve ocorrer até a data em que asentença é prolatada A Lei de Falências afirma que o credor terá direito dereceber seu crédito do falido com juros e correçãomonetária que são calculados até a “data da decretação dafalência”. Quando a lei fala em “decretação da falência”deve-se considerar a data em ela foi prolatada (nãoimportando quando ocorreu a sua publicação). Assim, noprocesso de falência, a incidência de juros e correçãomonetária sobre os créditos habilitados deve ocorrer até adecretação da quebra, entendida como a data da prolaçãoda sentença (e não sua publicação). STJ. 3ª Turma. REsp1.660.198-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em3/8/2017 (Info 609).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL A habilitação de crédito deverá limitar a incidência dejuros de mora e correção monetária até a data dopedido de recuperação judicial mesmo que a sentençadiga de forma diversa O credor deverá apresentar ao administrador judicial dafalência o valor do seu crédito, atualizado com juros ecorreção monetária. Vale ressaltar que o termo final daincidência dos juros e correção monetária é a data dopedido de recuperação judicial, nos termos do art. 9º, II, daLei nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada emjulgado tenha determinado que os juros e correçãomonetária iriam incidir até a data do efetivo pagamento,quando este crédito for habilitado na recuperação judicialele será atualizado até a data do pedido de recuperaçãojudicial. Segundo o STJ decidiu, isso não ofende a coisajulgada. Nesse sentido: Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação decrédito que limita a incidência de juros de mora e correçãomonetária, delineados em sentença condenatória dereparação civil, até a data do pedido de recuperaçãojudicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.662.793-SP, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 8/8/2017 (Info 610).

O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicialnão obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira.No caso, empresa brasileira foi condenada, em sentençaarbitral proferida na Suíça, a pagar determinada quantia aempresa estrangeira. A credora pediu a homologaçãodesta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-seem processo de recuperação judicial no Brasil. Isso,contudo, não impede que o STJ homologue esta sentençaestrangeira. Depois, a credora terá que habilitar estecrédito no juízo da recuperação. STJ. Corte Especial. SEC 14.408-EX, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 21/6/2017 (Info 610).

SOCIEDADE LIMITADA O herdeiro necessário não possui legitimidade paraação de dissolução parcial de sociedade, salvo se forem defesa de interesse do espólio O herdeiro necessário não possui legitimidade ativa parapropositura de ação de dissolução parcial de sociedadeem que se busca o pagamento de quotas sociaisintegrantes do acervo hereditário quando não for emdefesa de interesse do espólio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.645.672-SP, Rel. Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 22/8/2017 (Info 611).

SOCIEDADE ANÔNIMA Definição do “valor justo de mercado” como critério aser utilizado para o cálculo do valor de reembolso dasações do acionista dissidente retirante A definição do valor justo de mercado como critério a serutilizado para o cálculo do valor de reembolso das açõesdo acionista dissidente retirante, por ocasião daincorporação da companhia controlada, não infringe odisposto no art. 45, § 1º, da Lei nº 6.404/1976 (Lei dasSociedades por Ações). A utilização do valor justo de mercado como parâmetropara indenizar as ações de acionista retirante em caso deincorporação de companhias não fere a Lei dasSociedades Anônimas, e é possível nos casos em que ovalor do patrimônio líquido contábil da empresaincorporada não reflita fielmente o valor daquelas ações. STJ. 3ª Turma. REsp 1.572.648-RJ, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

TRADE DRESS Para analisar se houve violação do trade dress, éindispensável a prova pericial Trade dress ou conjunto-imagem consiste no conjunto deelementos distintivos que caracterizam um produto, umserviço ou um estabelecimento comercial fazendo comque o mercado consumidor os identifique. Acaracterização de concorrência desleal por confusão, aptaa ensejar a proteção ao conjunto-imagem (trade dress) debens e produtos, é questão fática a ser examinada pormeio de perícia técnica. Ainda que se esteja diante de umanotória semelhança entre os dois produtos, éindispensável analisar se esta similitude é aceitável do

ponto de vista legal ou se estamos diante de um atoabusivo, usurpador de conjunto-imagem alheio e passívelde confundir o consumidor. Ex: a empresa líder domercado ajuizou ação contra a ré (empresa nova)afirmando que esta passou a utilizar embalagem copiandoas cores e o design da autora. Será necessária perícia. STJ.3ª Turma. REsp 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco AurélioBellizze, julgado em 19/09/2017 (Info 612).

SOCIEDADE ANÔNIMA Inventariante não pode votar em assembleia dasociedade anônima alterando o controle dacompanhia e alienando bens do acervo patrimonial O inventariante, representando o espólio, não pode votarem assembleia de sociedade anônima da qual o falecidoera sócio com a pretensão de alterar o controle dacompanhia e vender bens do acervo patrimonial. Ospoderes de administração do inventariante são aquelesrelativos à conservação dos bens inventariados para afutura partilha, dentre os quais se pode citar o pagamentode tributos e aluguéis, a realização de reparos e aaplicação de recursos, atendendo o interesse dosherdeiros. A atuação do inventariante, alienando benssociais e buscando modificar a natureza das ações e aprópria estrutura de poder da sociedade anônima, estáfora dos limites dos poderes de administração econservação do patrimônio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.627.286-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em20/06/2017 (Info 612).

SOCIEDADE ANÔNIMA Fechamento em branco ou indireto de capital Não configura o fechamento em branco ou indireto decapital a hipótese de incorporação de ações de sociedadecontrolada para fins de transformação em subsidiáriaintegral (art. 252 da Lei das S/A), realizada entresociedades de capital aberto, desde que se mantenha aliquidez e a possibilidade de os acionistas alienarem assuas ações. Assim, é desnecessária a oferta pública deações em favor dos acionistas preferenciais da companhiaque teve suas ações incorporadas, mas que continuamcom plena liquidez no mercado de capitais. STJ. 3ª Turma.REsp 1.642.327-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,por unanimidade, julgado em 19/09/2017 (Info 612).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Intimação e citaçãoIntimação eletrônica prevalece sobre o Diário daJustiça EletrônicoNa hipótese de duplicidade de intimações, prevalece aintimação eletrônica sobre aquela realizada por meio doDJe. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min.Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info601).

Início do prazo em caso de intimação/citaçãorealizadas por correio, oficial de justiça ou por cartade ordem, precatória ou rogatória Nos casos de intimação/citação realizadas por correio,oficial de justiça, ou por carta de ordem, precatória ourogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aosautos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ouda juntada da carta. STJ. Corte Especial. REsp 1.632.777-SP, Rel. Min. NapoleãoNunes Maia Filho, julgado em 17/5/2017 (recursorepetitivo) (Info 604).

INSOLVÊNCIA CIVIL É nula a arrematação de bens do devedor realizada emexecução individual proposta após ter sido declarada asua insolvência civil A sentença que declara a insolvência civil do devedor temeficácia imediata, produzindo efeitos na data de suaprolação, tanto para o devedor como para os credores,independentemente do trânsito em julgado. A declaração de insolvência faz com que a execução dosdébitos que o insolvente possua tenha que ser feita pormeio de concurso universal de todos os credores, inclusiveaqueles com garantia real, não sendo possível apropositura de ações de execução individual. Diante disso, é nula a arrematação de bens do devedorrealizada em ação de execução proposta por credorindividual, após a declaração de insolvência civil dodevedor, em foro diverso do Juízo universal da insolvência.STJ. 4ª Turma. REsp 1.074.724-MG, Rel. Min. Raul Araújo,julgado em 27/4/2017 (Info 604).

Insolvência civil A insolvência civil é uma espécie de execução coletiva euniversal em que todo o patrimônio do devedor civil (nãoempresário) será liquidado para satisfação de suasobrigações (Min. Luis Felipe Salomão). O CPC/2015 afirmou que o legislador deverá editar umalei disciplinando a insolvência civil. No entanto, enquantonão for elaborada essa legislação, permanecem em vigoros artigos do CPC/1973 que tratam sobre o tema. Veja: Art. 1.052. Até a edição de lei específica, as execuçõescontra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser

propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV,da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

Justiça GratuitaO art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece umapresunção relativa de que o autor da ação deusucapião especial urbana é hipossuficienteO Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapiãoespecial urbana, prevê que "o autor terá os benefícios dajustiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive peranteo cartório de registro de imóveis."O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade)estabelece uma presunção relativa de que o autor da açãode usucapião especial urbana é hipossuficiente. Issosignifica que essa presunção pode ser ilidida (refutada) apartir da comprovação inequívoca de que o autor não éconsiderado "necessitado". STJ. 3ª Turma. REsp 1.517.822-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em21/2/2017 (Info 599).

CompetênciaÉ de competência do domicílio do réu a açãopretendendo declarar a violação de direito autoral ecobrar indenização decorrente deste fatoO pedido cumulado de indenização, quando mediato edependente do reconhecimento do pedido antecedentede declaração da autoria da obra, não afasta a regra geralde competência do foro do domicílio do réu.A análise do pedido de reparação de danos pressupõe oanterior acolhimento do pedido declaratório dereconhecimento de autoria da obra. Este é o objetoprincipal da lide. Em outras palavras, não se podecondenar o réu a indenizar o autor por violação a direitoautoral se, antes, não for demonstrado que o requerente éo verdadeiro autor da obra. Nesse contexto, acompetência deve ser definida levando-se em conta opedido principal, de índole declaratória, de modo quedeve incidir a regra geral do art. 46 do CPC. STJ. 2ª Seção.REsp 1.138.522-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgadoem 8/2/2017 (Info 599).

É de competência da Justiça Estadual a ação derestituição de indébito proposta pelo usuário contra aconcessionária de energia elétricaNão há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – AgênciaNacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ouassistente simples de ação de repetição de indébitorelativa a valores cobrados por força de contrato defornecimento de energia elétrica celebrado entre usuáriodo serviço e concessionária do serviço público. Em razãodisso, essa ação é de competência da Justiça Estadual. STJ.1ª Seção. REsp 1.389.750-RS, Rel. Min. Herman Benjamin,julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo) (Info 601).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

STF não é competente para julgar ação proposta porjuiz federal pleiteando licença-prêmioO art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em quetodos os membros da magistratura sejam direta ouindiretamente interessados é de competência originária doSTF. Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será dacompetência originária do STF se a matéria discutida, alémde ser do interesse de todos os membros da magistratura,for também do interesse de outras carreiras de servidorespúblicos. STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes,red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/2/2017(Info 855).

Não compete ao STF julgar execução individual desentença coletiva mesmo que tenha julgado a lide queoriginou o cumprimento de sentençaNão compete originariamente ao STF processar e julgarexecução individual de sentenças genéricas de perfilcoletivo, inclusive aquelas proferidas em sedemandamental. Tal atribuição cabe aos órgãos judiciárioscompetentes de primeira instância. STF. 2ª Turma. PET6076 QO /DF, rel. Min. Diás Toffoli, julgado em 25/4/2017(Info 862).

Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a açãode indenização proposta pela seguradora em caso deacidente de veículo envolvendo o locatário A competência para julgar ação de reparação de danosofrido em razão de acidente de veículos é do foro dodomicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, doCPC/2015). Contudo, essa prerrogativa de escolha do foro nãobeneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos,em ação de reparação dos danos advindos de acidente detrânsito com o envolvimento do locatário. STJ. 4ª Turma. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag1.366.967-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdãoMin. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info604).

Litigância de má féPara a aplicação da multa por litigância de má-fé nãose exige a comprovação de danoO dano processual não é pressuposto para a aplicação damulta por litigância de má-fé prevista no art. 18 doCPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sançãoprocessual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem porfinalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª Turma. REsp1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdãoMin. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/2/2017(Info 601).

Mandado de segurançaO STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em

nome da segurança jurídicaEm um caso específico, a A 1ª Turma do STF reconheceuque o MS foi impetrado fora do prazo decadencial, noentanto, como foi concedida liminar e esta perdurou pormais de 12 anos, os Ministros entenderam que deveria serapreciado o mérito da ação, em nome da segurançajurídica. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min. GilmarMendes, julgado em 28/3/2017 (Info 859).Cumprimento de sentençaTermo inicial do prazo para apresentar impugnação emcaso de comparecimento espontâneo logo após apenhoraNo CPC/2015, o prazo para impugnação inicia-seimediatamente após acabar o prazo de 15 dias que oexecutado tinha para fazer o pagamento voluntário (art.525, caput). Não é necessária nova intimação. Acabou umprazo, começa o outro. Logo, para fins de início do prazoda impugnação, não mais interessa o dia em que ocorreua penhora. Isso porque a penhora (garantia do juízo) não émais um requisito para que haja impugnação noCPC/2015.

ExecuçãoAcordo de reparação de danos feito no bojo dasuspensão condicional do processo é título executivojudicialSTJ. 4ª Turma. REsp 1.123.463-DF, Rel. Min. Maria IsabelGallotti, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

O fato de ter sido decretada a indisponibilidade dobem não impede que ele seja objeto de adjudicaçãodecretada em outro processoA indisponibilidade de bens do executado deferida emação civil pública não impede a adjudicação de umdeterminado bem ao credor que executa o devedorcomum com substrato em título executivo judicial. STJ. 3ªTurma. REsp 1.493.067-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 21/3/2017 (Info 600).

Obrigação de fazer não está sujeita a precatórioA execução provisória de obrigação de fazer em face daFazenda Pública não atrai o regime constitucional dosprecatórios.Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível aexecução provisória contra a Fazenda Pública, nãohavendo incompatibilidade com a Constituição Federal.STF. Plenário. RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin,julgado em 24/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).

Execução fiscalO prazo prescricional para cobrança das anuidades dosconselhos somente se inicia quando se atinge opatamar mínimo do art. 8º da Lei 12.514/2011O prazo prescricional para cobrança das anuidades pagasaos conselhos profissionais tem início somente quando ototal da dívida inscrita, acrescida dos respectivosconsectários legais, atingir o patamar mínimo estabelecido

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pela Lei 12.514/2011)STJ. 2ª Turma. REsp 1.524.930-RS, Rel.Min. Og Fernandes, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

É válida a penhora realizada sobre bens de sociedadede economia mista que posteriormente foi sucedidapela UniãoÉ válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direitoprivado, realizada anteriormente à sucessão desta pelaUnião, não devendo a execução prosseguir medianteprecatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição Federal).STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min.Gilmar Mendes, julgado em 09/02/2017 (repercussãogeral) (Info 853).

Honorários advocatíciosAdvogado deve receber seus honorários calculadossobre o total do precatório, antes de ser realizadaeventual compensação de créditoSTJ. 1ª Turma. REsp 1.516.636-PE, Rel. Min. NapoleãoNunes Maia Filho, julgado em 11/10/2016 (Info 597).

Honorários com cláusula ad exitum e renúncia doadvogado antes do fim da demandaNos contratos em que estipulado o êxito como condiçãoremuneratória dos serviços advocatícios prestados, arenúncia do patrono originário, antes do julgamentodefinitivo da causa, não lhe confere o direito imediato aoarbitramento de verba honorária proporcional ao trabalhorealizado, sendo necessário aguardar o desfechoprocessual positivo para a apuração da quantia devida.STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis FelipeSalomão, julgado em 14/2/2017 (Info 601).

Fixação de honorários recursais mesmo quando não háa apresentação de contrarrazões ou contraminutaÉ cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art.85, § 11, do CPC/2015, mesmo quando não apresentadascontrarrazões ou contraminuta pelo advogado. STF.Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio,red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2017 (Info865).

Para que a cessão do precatório seja válida, énecessário que o crédito cedido esteja expressamenteconsignado no precatório O cessionário de honorários advocatícios tem legitimidadepara se habilitar no crédito consignado em precatóriodesde que comprovada a validade do ato de cessão porescritura pública e seja discriminado o valor devido a títulode verba honorária no próprio requisitório, nãopreenchendo esse último requisito a simples apresentaçãode planilha de cálculo final elaborada pelo Tribunal deJustiça. STJ. Corte Especial. EREsp 1.127.228-RS, Rel. Min.Benedito Gonçalves, julgado em 21/6/2017 (Info 607).

IMPEDIMENTO PARA ADVOCACIA Impedimento à advocacia envolvendo parlamentares

O art. 30, II, da Lei nº 8.906/94, prevê que os membros doPoder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores)são impedidos de exercer a advocacia contra ou a favordas pessoas jurídicas de direito público, empresaspúblicas, sociedades de economia mista, fundaçõespúblicas, entidades paraestatais ou empresasconcessionárias ou permissionárias de serviço público.Essa proibição abrange a advocacia envolvendo qualquerdos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios).Assim, o desempenho de mandato eletivo no PoderLegislativo impede o exercício da advocacia a favor oucontra pessoa jurídica de direito público pertencente aqualquer das esferas de governo – municipal, estadual oufederal. STJ. 1ª Seção. EAREsp 519.194-AM, Rel. Min. OgFernandes, julgado em 14/6/2017 (Info 607).

Honorários periciaisMesmo que o dispositivo da sentença mencioneapenas a condenação em custas processuais, é possívelincluir a cobrança dos honorários periciaisÉ adequada a inclusão dos honorários periciais em contade liquidação mesmo quando o dispositivo de sentençacom trânsito em julgado condena o vencido,genericamente, ao pagamento de custas processuais. STJ.3ª Turma. REsp 1.558.185-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 2/2/2017 (Info 598).

Honorários sucumbenciaisÔnus da sucumbência em caso de sentença de extinçãodo processo sem resolução do méritoNas hipóteses de extinção do processo sem resolução demérito provocada pela perda do objeto da ação em razãode ato de terceiro e sem que exista a possibilidade de sesaber qual dos litigantes seria sucumbente se o mérito daação fosse julgado, o pagamento das custas e doshonorários advocatícios deve ser rateado entre as partes.STJ. 3ª Turma. REsp 1.641.160-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 16/3/2017 (Info 600).

AstreintesÉ possível que as astreintes sejam alteradas de ofíciono recurso, no entanto, para isso, é indispensável que orecurso tenha sido conhecidoO valor das astreintes não pode ser reduzido de ofício emsegunda instância quando a questão é suscitada emrecurso de apelação não conhecido. STJ. 3ª Turma. REsp1.508.929-RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em7/3/2017 (Info 600).

É possível a imposição de astreintes contra a FazendaPública para fornecimento de medicamento É permitida a imposição de multa diária (astreintes) a entepúblico para compeli-lo a fornecer medicamento a pessoadesprovida de recursos financeiros. STJ. 1ª Seção. REsp1.474.665-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em26/4/2017 (recurso repetitivo) (Info 606).

Thiago Queiroz de BritoAtualizado até INFO 615 STJ e 887 STF

Coisa JulgadaCBF não poderia ter editado resolução declarandotanto o Sport como o Flamengo campeões de 1987porque já havia uma decisão transitada em julgadoconsiderando vencedor o SportA decisão judicial que conferiu ao Sport o título decampeão brasileiro de 1987 transitou em julgado e nãopodia ser alterada por resolução posterior da CBF. A coisajulgada, como manifestação do princípio da segurançajurídica, assume a estatura de elemento estruturante doEstado Democrático de Direito.A autonomia das entidades desportivas não autoriza atransformação da CBF em órgão revisor depronunciamentos jurisdicionais alcançados pela preclusão.STF. 1ª Turma. RE 881864 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 18/4/2017 (Info 861).

Ação RescisóriaNão é cabível a propositura de rescisória fundada noart. 485, V, do CPC/1973 com base em julgados quenão sejam de observância obrigatóriaNos casos em que se admite a relativização da Súmula 343do STF, não é cabível propositura da ação rescisória combase em julgados que não sejam de observânciaobrigatória. Não há como autorizar a propositura de açãorescisória - medida judicial excepcionalíssima - com baseem julgados que não sejam de observância obrigatória,sob pena de se atribuir eficácia vinculante a acórdão que,por lei, não o possui. STJ. 3ª Turma. REsp 1.655.722-SC, Rel.Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).Obs: prevalece que a Súmula 343 do STF não está maisválida tendo em vista a previsão contida no art. 966, V, §5º e no art. 525, § 15 do CPC/2015.

Figura do revisor na ação rescisóriaAinda existe a figura do revisor na ação rescisória?• Nas rescisórias julgadas pelo TJ e TRF: NÃO. O CPC/2015eliminou, como regra geral, a figura do revisor em caso deação rescisória.• Nas rescisórias julgadas pelo STJ: SIM. Nas açõesrescisórias processadas e julgadas originariamente no STJ,mesmo após o advento do CPC/2015, continua existindo afigura do revisor. Isso porque existe previsão específica noart. 40, I da Lei nº 8.038/90, que continua em vigor. STJ.Corte Especial. AR 5.241-DF, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, julgado em 5/4/2017 (Info 603).

Se a ação rescisória busca desconstituir também ocapítulo dos honorários advocatícios, o advogadobeneficiado na primeira demanda deverá estar no polopassivo da rescisória A ação rescisória, quando busca desconstituir sentençacondenatória que fixou honorários advocatíciossucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra otitular do crédito principal formado em juízo, mas tambémcontra o advogado em favor de quem foi fixada a verbahonorária.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.651.057-CE, Rel. Min. Moura Ribeiro,julgado em 16/5/2017 (Info 605).

Processo ColetivoPara ser beneficiada pela sentença favorável de açãocoletiva, proposta por associação, é necessário que apessoa esteja filiada no momento da propositura e sejaresidente no âmbito da jurisdição do órgão julgadorA eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir deação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associaçãocivil na defesa de interesses dos associados, somentealcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição doórgão julgador, que o fossem em momento anterior ouaté a data da propositura da demanda, constantes darelação jurídica juntada à inicial do processo deconhecimento. STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel. Min.Marco Aurélio, julgado em 10/5/2017 (repercussão geral)(Info 864).

MP não pode obter, em ACP, informações bancáriassobre os clientes da instituição porque estas sãoprotegidas pelo sigilo bancário O exercício da legitimação extraordinária, conferida paratutelar direitos individuais homogêneos em ação civilpública, não pode ser estendido para abarcar a disposiçãode interesses personalíssimos, tais como a intimidade, aprivacidade e o sigilo bancário dos substituídos. Configuraquebra de sigilo bancário a decisão judicial que antecipaos efeitos da tutela para determinar que o banco forneçaos dados cadastrais dos correntistas que assinaramdeterminado tipo de contrato, a fim de instruir ação civilpública. STJ. 3ª Turma. REsp 1.611.821-MT, Rel. Min. MarcoAurélio Bellizze, julgado em 13/6/2017 (Info 607).

AÇÃO MONITÓRIA Pedido de alongamento da dívida em embargos àmonitória O pedido de alongamento da dívida originada de créditorural pode ser feito em sede de embargos à monitória oucontestação, independentemente de reconvenção. O preenchimento dos requisitos legais para a securitizaçãoda dívida originada de crédito rural (ou alongamento)constitui matéria de defesa do devedor, passível de seralegada em embargos à monitória ou contestação,independentemente de reconvenção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.531.676-MG, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 18/5/2017 (Info 604).

AGRAVO DE INSTRUMENTO Se o processo é eletrônico na 1ª instância, mas é físicono Tribunal, não se aplica a dispensa de juntada dedocumentos prevista no art. 1.017, § 5º do CPC/2015 A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015,que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formaçãodo agravo de instrumento em se tratando de processoeletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos

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tramitem por meio digital tanto no primeiro quanto nosegundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.643.956-PR, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 605).

DENUNCIAÇÃO DA LIDE Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação dalide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciadocomparece apenas para contestar o pedido do autor Não é extinta a denunciação da lide apresentadaintempestivamente pelo réu nas hipóteses em que odenunciado contesta apenas a pretensão de mérito dademanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel.Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

TÍTULO EXECUTIVO Construcard não é título executivo O contrato particular de abertura de crédito a pessoa físicavisando financiamento para aquisição de material deconstrução – Construcard –, ainda que acompanhado dedemonstrativo de débito e nota promissória, não é títuloexecutivo extrajudicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1.323.951-PR,Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/5/2017 (Info606).

DEPÓSITOS JUDICIAIS A correção monetária dos depósitos judiciais deveincluir os expurgos inflacionários A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluiros expurgos inflacionários. STJ. Corte Especial. REsp1.131.360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel.para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgadoem 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).

EXECUÇÃO Demora de se obter documentos em poder de terceiroe prescrição da execução A partir da vigência da Lei nº 10.444/2002, que incluiu o §1º ao art. 604, dispositivo que foi sucedido, conforme Leinº 11.232/2005, pelo art. 475-B, §§ 1º e 2º, todos doCPC/1973, não é mais imprescindível, para acertamento decálculos, a juntada de documentos pela parte executadaou por terceiros, reputando-se correta a contaapresentada pelo exequente, quando a requisição judicialde tais documentos deixar de ser atendida,injustificadamente, depois de transcorrido o prazo legal.Assim, sob a égide do diploma legal citado, incide o lapsoprescricional, pelo prazo respectivo da demanda deconhecimento (Súmula 150/STF), sem interrupção oususpensão, não se podendo invocar qualquer demora nadiligência para obtenção de fichas financeiras ou outrosdocumentos perante a administração ou junto a terceiros.STJ. 1ª Seção. REsp 1.336.026-PE, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 28/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).

ASTREINTES

Ao se calcular os honorários advocatíciossucumbenciais, não se deve incluir o valor dasastreintes O valor da multa cominatória (astreintes) não integra abase de cálculo da verba honorária. Ex: juiz proferiusentença condenando o réu a pagar: a) R$ 100 mil a títulode danos morais; b) R$ 40 mil de multa cominatória(astreintes); c) 10% de honorários advocatícios sobre ovalor da condenação. Os 10% do advogado serãocalculados sobre R$ 100 mil (e não sobre R$ 140 mil). Abase de cálculo dos honorários advocatíciossucumbenciais na fase de conhecimento é a condenaçãoreferente ao mérito principal da causa. STJ. 3ª Turma. REsp1.367.212-RR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 20/6/2017 (Info 608).RECURSOS O pedido de antecipação dos efeitos da tutela pode serfeito em sede de sustentação oral É possível o requerimento de antecipação dos efeitos datutela em sede de sustentação oral. STJ. 4ª Turma. REsp1.332.766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em1/6/2017 (Info 608).

FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO Índices de juros e correção monetária aplicados paracondenações contra a Fazenda Pública O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Leinº 11.960/2009, na parte em que disciplina os jurosmoratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, éinconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos derelação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicadosos mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Públicaremunera seu crédito tributário, em respeito ao princípioconstitucional da isonomia (art. 5º, da CF/88). Quanto àscondenações oriundas de relação jurídica não-tributária, afixação dos juros moratórios segundo o índice deremuneração da caderneta de poupança é constitucional,permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art.1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009.O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Leinº 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualizaçãomonetária das condenações impostas à Fazenda Públicasegundo a remuneração oficial da caderneta de poupança,revela-se inconstitucional ao impor restriçãodesproporcional ao direito de propriedade (art. 5º, XXII, daCF/88), uma vez que não se qualifica como medidaadequada a capturar a variação de preços da economia,sendo inidônea a promover os fins a que se destina. STF.Plenário. RE 870947/SE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em20/9/2017 (repercussão geral) (Info 878).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Possibilidade de apreciação do recurso extraordináriocom repercussão geral mesmo que, no caso concreto,tenha havido prejudicialidade do tema discutido Determinado indivíduo ingressou com pedido de registro

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para concorrer às eleições de Prefeito sem estar filiado apartido político (candidatura avulsa). O pedido foiindeferido em todas as instâncias e a questão chegou atéo STF por meio de recurso extraordinário. Ocorre que,quando o STF foi apreciar o tema, já haviam sidorealizadas as eleições municipais. Diante disso, suscitou-seque o recurso estava prejudicado. O STF reconheceu que,na prática, realmente havia uma prejudicialidade dorecurso tendo em vista que as eleições se encerraram. Noentanto, o Tribunal decidiu superar a prejudicialidade eatribuir repercussão geral à questão constitucionaldiscutida dos autos. Isso significa que o STF admitiu oprocessamento do recurso e em uma data futura iráexaminar o mérito do pedido, ou seja, se podem ou nãoexistir candidaturas avulsas no Brasil. Entendeu-se que omérito do recurso deveria ser apreciado tendo em vistasua relevância social e política. STF. Plenário. ARE 1054490QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/10/2017(Info 880).

EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO Conceito de documento comum do art. 844, II, doCPC/1913 O conceito de documento comum, previsto no art. 844, II,do CPC/1973, não se limita àquele pertencente a ambas aspartes, mas engloba também o documento sobre o qualelas têm interesse comum, independentemente de osolicitante ter participado de sua elaboração. STJ. 3ªTurma. REsp 1.645.581-DF, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 8/8/2017 (Info 609).

RECLAMAÇÃO Necessidade de esgotamento das instâncias paraalegar violação à decisão do STF que decidiu pelaconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 • Em caso de descumprimento de decisão do STFproferida em ADI, ADC, ADPF: cabe reclamação mesmoque a decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não seexige o esgotamento de instâncias. • Em caso de descumprimento de decisão do STFproferida em recurso extraordinário sob a sistemática darepercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se oesgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, doCPC/2015). Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar asinstâncias ordinárias para ajuizar reclamação discutindoesse tema. STF. 1ª Turma. Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/10/2017 (Info 882).

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Cabem embargos de divergência no âmbito de agravoque não admite recurso especial com base na Súmula83/STJ para dizer que, no mérito, o acórdão impugnadoestaria em sintonia com o entendimento firmado por estaCorte Superior.

EXECUÇÃO FISCAL O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação voluntária de imóvel. Ex: em 01/01/2015, data do fato gerador do IPTU, João eraproprietário de um imóvel; alguns meses mais tarde ele aliena para terceiro; Município poderá ajuizar execução fiscal contra João cobrando IPTU do ano de 2015. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 942.940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/8/2017 (Info 610).

IMPEDIMENTO Decisão que não aprecia o mérito não gera impedimento por parentesco entre magistrados Decisão que não aprecia o mérito não gera impedimentopor parentesco entre magistrados. Ex: em uma ação que tramitava na 1ª instância, o juizproferiu decisão interlocutória e, contra ela, o autorinterpôs agravo de instrumento. No Tribunal, a relatoradeste agravo foi a Des. Maria. O agravo foi extinto semjulgamento do mérito por um “vício” processual nesterecurso. Passado mais algum tempo, o juiz sentenciou oprocesso. Contra a sentença, o autor interpôs apelação efoi sorteado como relator do recurso no Tribunal o Des.João. João é marido de Maria. Mesmo assim ele não estáimpedido de julgar porque sua esposa não apreciou omérito da causa no julgamento anterior. STJ. 3ª Turma. REsp 1.673.327-SC, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativofacultativo, propuseram uma ação ordinária contradeterminada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoasque poderiam litigar individualmente contra a ré decidiramse unir e contratar um só advogado para propor a açãoconjuntamente. A ação foi julgada procedente,condenando a entidade a pagar "XX" reais ao grupo de 30pessoas. Na mesma sentença, a autarquia foi condenada apagar R$ 600 mil reais de honorários advocatíciossucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou noprocesso. O advogado dos autores, quando for cobrarseus honorários advocatícios, terá que executar o valortotal (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordocom a fração que cabia a cada um dos clientes (ex: eram30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30execuções cobrando R$ 20 mil em cada)? SIM. É legítima a execução de honorários sucumbenciaisproporcional à respectiva fração de cada um dossubstituídos processuais em "ação coletiva" contra aFazenda Pública (STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, Rel. Min. EdsonFachin, julgados em 15/12/2015. Info 812). NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honoráriosadvocatícios em litisconsórcio ativo facultativo simples em

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execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regimedo precatório (STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig.Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgadoem 7/11/2017. Info 884). É a corrente que prevalece. STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/11/2017 (Info 884).

MANDADO DE SEGURANÇA Início do prazo decadencial do MS em caso de atopraticado em processo administrativo do qual ointeressado seja parte Se no curso de um processo administrativo federal épraticado ato contrário aos interesses da parte, o prazo de120 dias para impetração de mandado de segurançasomente se inicia quando a parte for intimadadiretamente, na forma do § 3º do art. 26 da Lei nº9.784/99. O termo inicial para a formalização de mandado desegurança pressupõe a ciência do impetrante, nos termosdos arts. 3º e 26 da Lei nº 9.784/99, quando o atoimpugnado surgir no âmbito de processo administrativodo qual seja parte. Ex: o Ministro da Justiça negou o pedido de anistia políticaformulado por João; esta decisão foi publicada no DiárioOficial; o prazo para o MS não se iniciou nesta data; issoporque, como há um processo administrativo, serianecessária a intimação do interessado, na forma do art. 26,§ 3º da Lei nº 9.784/99; somente a partir daí se inicia oprazo decadencial do MS. STF. 1ª Turma. RMS 32487/RS, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 7/11/2017 (Info 884).

COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública porservidor que ingressou como celetista antes da CF/88 ecuja lei posteriormente transformou o vínculo emestatutário Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionadacom depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço(FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antesda Constituição de 1988 sem prestar concurso. STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 14/09/2016 (Info 839). Compete à Justiça do Trabalho processar e julgardemandas propostas contra órgãos da AdministraçãoPública, por servidores que ingressaram em seus quadros,sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT,com o objetivo de obter prestações de naturezatrabalhista. STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki,julgado em 01/10/2015 (repercussão geral). Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsiareferente aos reflexos de vantagem remuneratória, queteve origem em período celetista anterior ao advento doregime jurídico único.

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e aAdministração Pública é estatutário, compete à Justiçacomum processar e julgar a causa. É a natureza jurídica do vínculo existente entre otrabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo dapropositura da ação, que define a competênciajurisdicional para a solução da controvérsia,independentemente de o direito pleiteado ter seoriginado no período celetista. STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em22/09/2016 (Info 840). STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. EdsonFachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em21/11/2017 (Info 885).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Não cabem embargos de declaração contra decisão depresidente do tribunal que não admite recursoextraordinário Não cabem embargos de declaração contra a decisão depresidente do tribunal que não admite recursoextraordinário. Por serem incabíveis, caso a parte oponhaos embargos, estes não irão suspender ou interromper oprazo para a interposição do agravo do art. 1.042 doCPC/2015. Como consequência, a parte perderá o prazopara o agravo. Nas palavras do STF: os embargos dedeclaração opostos contra a decisão de presidente dotribunal que não admite recurso extraordinário nãosuspendem ou interrompem o prazo para interposição deagravo, por serem incabíveis. STF. 1ª Turma. ARE 688776ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgadosem 28/11/2017 (Info 886).

PROCESSO COLETIVO Não se aplica a remessa necessária do art. 19 da LAPpara as ações coletivas tutelando direitos individuaishomogêneos Não se admite o cabimento da remessa necessária, talcomo prevista no art. 19 da Lei nº 4.717/65, nas açõescoletivas que versem sobre direitos individuaishomogêneos. Ex: ação proposta pelo MP tutelandodireitos individuais homogêneos de consumidores. STJ. 3ªTurma. REsp 1.374.232-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 26/09/2017 (Info 612).

CURADOR ESPECIAL Curador especial pode apresentar reconvenção O curador especial tem legitimidade para proporreconvenção em favor do réu cujos interesses estádefendendo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.088.068-MG, Rel. Min.Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/08/2017 (Info 613).

RECURSOS Se a decisão proferida pelo juiz induzir a parte ainterpor o recurso errado, deve-se reconhecer que

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houve dúvida objetiva, que justifica o princípio dafungibilidade O conceito de "dúvida objetiva", para a aplicação doprincípio da fungibilidade recursal, pode ser relativizado,excepcionalmente, quando o equívoco na interposição dorecurso cabível decorrer da prática de ato do próprioórgão julgador. STJ. 2ª Seção. EAREsp 230.380-RN, Rel.Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 13/09/2017(Info 613).

EXECUÇÃO Penhora de valores depositados em conta bancáriaconjunta Se forem penhorados valores que estão depositados emconta-corrente conjunta solidária, o cotitular da conta, quenão tenha relação com a penhora, pode tentar provar quea totalidade do dinheiro objeto da constrição pertencia aele. Se conseguir fazer isso, o numerário seráintegralmente liberado. Se não conseguir, presume-se queos valores constantes da conta pertencem em partesiguais aos correntistas, de forma que se mantémpenhorada apenas a parte do cotitular que tenha relaçãocom a penhora (cotitular devedor/executado). Ex: Joãoingressou com execução contra Luciana. Forampenhorados R$ 100 mil da conta conjunta solidária. Pedro,marido de Luciana, apresentou embargos de terceiroafirmando que os valores penhorados pertenciamexclusivamente a ele. Se ele tivesse conseguido provarisso, teria todo o dinheiro liberado. Como não conseguiufazer essa prova, o juiz deverá considerar que apenasmetade da quantia pertence a ele, liberando R$ 50 mil.Assim, em se tratando de conta-corrente conjuntasolidária, na ausência de comprovação dos valores queintegram o patrimônio de cada um, presume-se a divisãodo saldo em partes iguais, de forma que os atospraticados por quaisquer dos titulares em suas relaçõescom terceiros não afetam os demais correntistas. STJ. 3ªTurma. REsp 1.510.310-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 03/10/2017 (Info 613). STJ. 4ª Turma. REsp1.184.584-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em22/4/2014 (Info 539).

EXECUÇÃOAtraso na entrega da coisa e conversão doprocedimento para execução por quantia certaÉ possível a conversão do procedimento de execução paraentrega de coisa incerta para execução por quantia certana hipótese em que o produto perseguido for entreguecom atraso, gerando danos ao credor da obrigação. STJ. 3ªTurma. REsp 1.507.339-MT, Rel. Min. Paulo de TarsoSanseverino, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

IMPENHORABILIDADERecursos do FIES transferidos para as instituições deensino são impenhoráveisSão absolutamente impenhoráveis os créditos vinculadosao programa Fundo de Financiamento Estudantil - FIES

constituídos em favor de instituição privada de ensino.Fundamento: art. 833, IX, do CPC/2015. O FIES tem porobjetivo conceder financiamento a estudantes de cursossuperiores que sejam integrantes de famílias de menorrenda. Se fosse permitida a penhora dos recursos públicostransferidos às instituições particulares de ensino paracustear o FIES, isso poderia frustrar a adesão ao programae, em consequência, o atingimento dos objetivos por eletraçados. STJ. 3ª Turma. REsp 1.588.226-DF, Rel. Min.Nancy Andrighi, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

IMPENHORABILIDADENão se pode penhorar FGTS para pagamento dehonorários sucumbenciaisImportante!!! Não é possível a penhora do saldo do Fundode Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para opagamento de honorários de sucumbência. STJ. 3ª Turma.REsp 1.619.868-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,julgado em 24/10/2017 (Info 614).

JUSTIÇA GRATUITARecurso contra a decisão que julga a impugnação àjustiça gratuitaA impugnação à justiça gratuita é feita nos autos dopróprio processo ou em autos apartados? • Antes do CPC/2015: autos apartados. • Depois do CPC/2015: nos autos do próprio processo. Qual é o recurso cabível contra a decisão que acolhe ourejeita a impugnação à gratuidade de justiça?• Antes do CPC/2015: apelação. • Depois do CPC/2015: agravo de instrumento.Se a parte ingressou com a impugnação antes doCPC/2015, mas esta somente foi julgada após a vigênciado novo Código, qual é o recurso que deverá serinterposto contra essa decisão que rejeitou ou acolheu aimpugnação? Agravo de instrumento. Cabe agravo deinstrumento contra o provimento jurisdicional que, após aentrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidentede impugnação à gratuidade de justiça instaurado, emautos apartados, na vigência do regramento anterior.Aplica-se aqui o princípio do tempus regit actum, no qualse fundamenta a teoria do isolamento dos atosprocessuais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min.Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

CUMPRIMENTO DE SENTENÇAÉ incabível a rejeição do seguro garantia judicial peloexequente, salvo por insuficiência, defeito formal ouinidoneidade da salvaguarda oferecida Dentro do sistema de execução, a fiança bancária e oseguro garantia judicial produzem os mesmos efeitosjurídicos que o dinheiro para fins de garantir o juízo, nãopodendo o exequente rejeitar a indicação, salvo porinsuficiência, defeito formal ou inidoneidade dasalvaguarda oferecida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.691.748-PR,Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em07/11/2017 (Info 615).

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AÇÃO CIVIL PÚBLICAEmenda da inicial da ACP mesmo após ter sidoapresentada contestaçãoAdmite-se emenda à inicial de ação civil pública, em faceda existência de pedido genérico, ainda que já tenha sidoapresentada a contestação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.279.586-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 03/10/2017(Info 615).

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DIREITO PENAL

Concurso de pessoasNão se pode invocar a teoria do domínio do fato, purae simplesmente, sem nenhuma outra provaA teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, semnenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretorestatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscalque teria sido supostamente praticado na filial de umEstado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa.Em matéria de crimes societários, a denúncia deveapresentar, suficiente e adequadamente, a condutaatribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar aidentificação do papel desempenhado pelos denunciadosna estrutura jurídico-administrativa da empresa.Não se pode fazer uma acusação baseada apenas nocargo ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª Turma. HC136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em23/5/2017 (Info 866).

Necessidade de prova de que o Prefeito que assinoudocumentos do Município tinha ciência inequívoca deque a declaração era falsaSTF. 1ª Turma. AP 931/AL, Rel. Min. Roberto Barroso,julgado em 6/6/2017 (Info 868).

Teoria da penaCulpabilidade de parlamentar que exerce mandato hámuitos anos é mais intensaA transgressão da lei por parte de quem usualmente édepositário da confiança popular para o exercício dopoder enseja juízo de reprovação muito mais intenso doque seria cabível em se tratando de um cidadão comum.STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgadoem 23/5/2017 (Info 866).

Perda do cargoA pena de perdimento deve ser restrita ao cargoocupado no momento do delito, salvo se o novo cargotiver relação com as atribuições anterioresAssim, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargoocupado ou função pública exercida no momento dodelito, à exceção da hipótese em que o magistrado,motivadamente, entender que o novo cargo ou funçãoguarda correlação com as atribuições anteriores. STJ. 5ªTurma. REsp 1452935/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares daFonseca, julgado em 14/03/2017 (Info 599).EXCEÇÃO: se o juiz, motivadamente, considerar que onovo cargo guarda correlação com as atribuições doanterior, ou seja, daquele que o réu ocupava no momentodo crime, neste caso mostra-se devida a perda da novafunção como uma forma de anular (evitar) a possibilidadede que o agente pratique novamente delitos da mesmanatureza.

Princípio da insignificânciaÉ possível aplicar o princípio da insignificância para aconduta de manter rádio clandestinaSTJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insignificância aodelito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, nashipóteses de exploração irregular ou clandestina de rádiocomunitária, mesmo que ela seja de baixa potência, umavez que se trata de delito formal de perigo abstrato, quedispensa a comprovação de qualquer dano (resultado) oudo perigo, presumindo-se este absolutamente pela lei.Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA,Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em14/02/2017.STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, oreconhecimento do princípio da insignificância desde quea rádio clandestina opere em baixa frequência, emlocalidades afastadas dos grandes centros e em situaçõesnas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade.STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. RicardoLewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

Pesca de um único peixe que é devolvido, ainda vivo,ao rio em que foi pescado: princípio da insignificânciaSTJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,julgado em 20/4/2017 (Info 602).

LEI MARIA DA PENHA Lesão corporal resultante de violência domésticacontra a mulher é crime de ação públicaincondicionadaSTJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio SchiettiCruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesãocorporal resultante de violência doméstica contra a mulheré pública incondicionada.

O CP prevê, em algum dispositivo, que o crime delesões corporais é de ação pública condicionada? NÃO. O CP não prevê, em nenhum lugar, que o crime delesões corporais seja de ação pública condicionada.Quando a lei não afirma que determinado crime é de açãopública condicionada, a regra é que este delito seja deação pública incondicionada. Assim, em regra, todos os crimes são de ação públicaincondicionada, salvo se a lei prevê expressamente que eleseja de ação pública condicionada ou de ação privada.Esse comando está no art. 100, § 1º do CP: Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a leiexpressamente a declara privativa do ofendido. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público,dependendo, quando a lei o exige, de representação doofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

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Logo, se formos analisar unicamente o texto do CP,deveríamos entender que o crime de lesões corporais ésempre de ação pública incondicionada. Isso porque nãoexiste nenhum dispositivo do CP que afirme o contrário.Por essa razão, até 1995, sempre se entendeu que todas asespécies de lesão corporal (incluindo a leve e a culposa)seriam crimes de ação penal pública incondicionada.

Lei nº 9.099/95 veio alterar esse cenário Ocorre que, em 1995, foi editada a Lei dos JuizadosEspeciais (Lei nº 9.099/95). Essa Lei, com o objetivo deinstituir medidas despenalizadoras, afirmou que os delitosde lesões corporais leves e de lesões corporais culposasdeveriam ser crimes de ação penal pública condicionada.Veja a redação do art. 88 da Lei nº 9.099/95: Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e dalegislação especial, dependerá de representação a açãopenal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesõesculposas. Assim, por exemplo, quando, em uma briga de bar, Joãodesfere um soco em Ricardo, causando-lhe lesõescorporais leves, este crime é de ação penal públicacondicionada, ou seja, qualquer providência para apurareste delito e para dar início ao procedimento criminal sóse inicia se o ofendido (no caso, Ricardo) tiver interesse eprovocar os órgãos públicos (procurar a polícia ou oMinistério Público). Repita-se que, se não houvesse este art. 88 da Lei n.9.099/95, a ação penal nos crimes de lesões corporaisleves e culposas seria pública incondicionada,considerando que o CP não exige representação para estecrime (art. 129 c/c art. 100, § 1º do CP).

As lesões corporais leves e culposas praticadas contraa mulher no âmbito de violência doméstica são deação pública incondicionada ou condicionada? Emoutras palavras, este art. 88 da Lei n. 9.099/95também vale para as lesões corporais leves e culposaspraticadas contra a mulher no âmbito de violênciadoméstica? NÃO. Qualquer lesão corporal, mesmo que leve ouculposa, praticada contra mulher no âmbito das relaçõesdomésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA, ouseja, o Ministério Público pode dar início à ação penal semnecessidade de representação da vítima. O art. 88 da Lei nº 9.099/95 NÃO vale para as lesõescorporais praticadas contra a mulher no âmbito deviolência doméstica.

Observação: Continuam existindo crimes praticadoscontra a mulher (em violência doméstica) que são de açãopenal condicionada, desde que a exigência derepresentação esteja prevista no Código Penal ou emoutras leis, que não a Lei n. 9.099/95.

Crimes contra a dignidade sexualBisavô é considerado ascendente para os fins da causa

de aumento do art. 226, II, do CPNo caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a216-A) e crimes sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a218-B), se o autor do delito for ascendente da vítima, apena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP).O bisavô está incluído dentro dessa expressão“ascendente”, figurando no terceiro grau da linha reta enão há nenhuma regra de limitação quanto ao número degerações.Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra suabisneta, deverá incidir a causa de aumento de penaprevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em23/5/2017 (Info 866).

Crimes AmbientaisO crime do art. 64 (edificação proibida) da Lei9.605/98 absorve o delito do art. 48 (destruição devegetação)O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98)absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48 damesma lei) quando a conduta do agente se realiza com oúnico intento de construir em local não edificável. STJ. 6ªTurma. REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgadoem 7/2/2017 (Info 597).

Lei de DrogasOcorrendo o tráfico de drogas nas imediações depresídio, incidirá a causa de aumento do art. 40, III, daLD, não importando quem seja o compradorA aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, daLei nº 11.343/2006 se justifica quando constatada acomercialização de drogas nas dependências ouimediações de estabelecimentos prisionais, sendoirrelevante se o agente infrator visa ou não aosfrequentadores daquele local.Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações deum estabelecimento prisional, incidirá a causa deaumento, não importando quem seja o comprador doentorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

Se o réu, não reincidente, for condenado a penasuperior a 4 anos e que não exceda a 8 anos, e se ascircunstâncias judiciais forem favoráveis, o juiz deveráfixar o regime semiabertoO condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de cumprir apena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, doCP), caso as circunstâncias judiciais do art. 59 lhe foremfavoráveis. Obs: não importa que a condenação tenha sidopor tráfico de drogas.A imposição de regime de cumprimento de pena maisgravoso deve ser fundamentada, atendendo àculpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, àpersonalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias econsequências do crime, bem como ao comportamento

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da vítima (art. 33, § 3°, do CP).A gravidade em abstrato do crime não constitui motivaçãoidônea para justificar a fixação do regime mais gravoso.STF. 2ª Turma. HC 140441/MG, Rel. Min. RicardoLewandowski, julgado em 28/3/2017 (Info 859).

O confisco de bens apreendidos em decorrência dotráfico pode ocorrer ainda que o bem não fosseutilizado de forma habitual e mesmo que ele não tenhasido alteradoÉ possível o confisco de todo e qualquer bem de valoreconômico apreendido em decorrência do tráfico dedrogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade,reiteração do uso do bem para tal finalidade, a suamodificação para dificultar a descoberta do local doacondicionamento da droga ou qualquer outro requisitoalém daqueles previstos expressamente no art. 243,parágrafo único, da Constituição Federal. STF. Plenário. RE638491/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/5/2017(repercussão geral) (Info 865).

A grande quantidade de droga, isoladamente, nãoconstitui fundamento idôneo para afastar a causa dediminuição de pena do art. 33, § 4º da LDSe o réu é primário e possui bons antecedentes, o juizpode, mesmo assim, negar o benefício do art. 33, § 4º daLD argumentando que a quantidade de drogasencontrada com ele foi muito elevada?O tema é polêmico.

1ª Turma do STF: encontramos precedentesafirmando que a grande quantidade de droga pode serutilizada como circunstância para afastar o benefício.Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido commais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, dealguma forma, a organização criminosa, circunstância quejustifica o afastamento da causa de diminuição prevista noart. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min.Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844).

2ª Turma do STF: a quantidade de drogasencontrada não constitui, isoladamente, fundamentoidôneo para negar o benefício da redução da penaprevisto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel.Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info866).

É possível aplicar o § 4º do art. 33 da lei de drogas às“mulas”O fato de o agente transportar droga, por si só, não ésuficiente para afirmar que ele integre a organizaçãocriminosa.A simples condição de “mula” não induz automaticamenteà conclusão de que o agente integre organizaçãocriminosa, sendo imprescindível, para tanto, provainequívoca do seu envolvimento estável e permanente

com o grupo criminoso.Portanto, a exclusão da causa de diminuição de penaprevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 somentese justifica quando indicados expressamente os fatosconcretos que comprovem que a “mula” integra aorganização criminosa. STF. 1ª Turma. HC 124107, Rel. Min.Dias Toffoli, julgado em 04/11/2014. STF. 2ª Turma. HC131795, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/05/2016.STJ. 5ª Turma. HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,julgado em 6/4/2017 (Info 602).

Estatuto Do DesarmamentoDelegado de Polícia que mantém arma em sua casasem registro no órgão competente pratica crime deposse irregular de arma de fogoÉ típica e antijurídica a conduta de policial civil que,mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, nãoobserva as imposições legais previstas no Estatuto doDesarmamento, que impõem registro das armas no órgãocompetente. STJ. 6ª Turma. RHC 70.141-RJ, Rel. Min.Rogério Schietti Cruz, julgado em 7/2/2017 (Info 597).

Portar granada de gás lacrimogênio ou de pimenta nãoconfigura crime do Estatuto do DesarmamentoA conduta de portar granada de gás lacrimogênio ougranada de gás de pimenta não se subsome (amolda) aodelito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram noconceito de artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma. REsp1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,julgado em 21/02/2017 (Info 599).

Crimes contra a Administração PúblicaO crime do art. 89 da Lei 8.666/93 exige resultadodanoso (dano ao erário) para se consumar?O objetivo do art. 89 não é punir o administrador públicodespreparado, inábil, mas sim o desonesto, que tinha aintenção de causar dano ao erário ou obter vantagemindevida. Por essa razão, é necessário sempre analisar se aconduta do agente foi apenas um ilícito civil eadministrativo ou se chegou a configurar realmente crime.Deverão ser analisados três critérios para se verificar se oilícito administrativo configurou também o crime do art.89:1º) existência ou não de parecer jurídico autorizando adispensa ou a inexigibilidade. A existência de parecerjurídico é um indicativo da ausência de dolo do agente,salvo se houver circunstâncias que demonstrem ocontrário.2º) a denúncia deverá indicar a existência de especialfinalidade do agente de lesar o erário ou de promoverenriquecimento ilícito.3º) a denúncia deverá descrever o vínculo subjetivo entreos agentes.STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em7/3/2017 (Info 856).

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Se o software adquirido sem licitação tinha maisespecificações do que os das concorrentes e era maisadequado ao seu objeto, não há o crime do art. 89STF. 1ª Turma. Inq 3753/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em18/4/2017 (Info 861).

Administrador que contrata empresa para reforma deginásio sem situação de emergência e que depois fazaditivo para ampliar o objeto pratica, em tese, osdelitos dos arts. 89 e 92Algumas conclusões do STF no momento do recebimentoda denúncia:1) A declaração de emergência feita por Governador doEstado, por si só, não caracteriza situação que justifique adispensa de licitação;2) O crime do art. 89 da Lei de Licitações não éinconstitucional nem viola o princípio daproporcionalidade;3) O aditamento realizado descaracterizou o contratooriginal e, portanto, configura, em tese, a prática do art.92;4) O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento docontrato terem sido precedidos de parecer jurídico não ébastante para afastar o dolo caso outros elementosexternos indiciem a possibilidade de desvio de finalidadeou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer.STF. 1ª Turma. Inq 3621/MA, rel. orig. Min. Rosa Weber,red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em28/3/2017 (Info 859).

Crimes contra a ordem tributáriaPagamento da multa tributária não extingue apunibilidade do crime previsto no art. 1º, V, da Lei8.137/90STJ. 6ª Turma. REsp 1.630.109-RJ, Rel. Min. Maria Therezade Assis Moura, julgado em 14/2/2017 (Info 598).

Lavagem de capitaisCondenação por lavagem no “caso Maluf”Pratica o crime de lavagem de dinheiro o DeputadoFederal que encobre (oculta) o dinheiro recebidodecorrente de corrupção passiva, utilizando-se, para tanto,de contas bancárias e fundos de investimentos situados naIlha de Jersey, abertos em nome de empresas “offshores”,com o objetivo de encobrir a verdadeira origem, naturezae propriedade dos referidos aportes financeiros. STF. 1ªTurma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em23/5/2017 (Info 866).

Lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultar”, é crimepermanente O prazo prescricional somente tem início quando asautoridades tomam conhecimento da conduta do agente.STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgadoem 23/5/2017 (Info 866).

Pena pode ser aumentada se a lavagem de dinheiro

ocorreu por meio de várias transações financeirasenvolvendo diversos paísesSTF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgadoem 23/5/2017 (Info 866).

Pena pode ser aumentada se o crime de lavagemenvolveu grandes somas de valoresSTF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgadoem 23/5/2017 (Info 866).

Julgados referentes à crimes em espécieA extorsão pode ser praticada mediante a ameaça feitapelo agente de causar um "mal espiritual" na vítimaSTJ. 6ª Turma. REsp 1.299.021-SP, Rel. Min. Rogerio SchiettiCruz, julgado em 14/2/2017 (Info 598).

Representante legal de empresa que contratou arealização de obra não responde penalmente pordesabamento ocorrido na construçãoO representante legal de sociedade empresáriacontratante de empreitada não responde pelo delito dedesabamento culposo (art. 256, parágrafo único, do CP)ocorrido na obra contratada, quando não demonstrado onexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, naqualidade de garante, se não havia o dever legal de agir, aassunção voluntária de custódia ou mesmo a ingerênciaindevida sobre a consecução da obra. STJ. 6ª Turma. RHC80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgadoem 28/3/2017 (Info 601).

Agente que participou do roubo pode responder porlatrocínio ainda que o disparo que matou a vítimatenha sido efetuado pelo corréuAquele que se associa a comparsa para a prática de roubo,sobrevindo a morte da vítima, responde pelo crime delatrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparofatal ou que sua participação se revele de menorimportância, pois assumiu o risco de produzir resultadomais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, noqual as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira dearma de fogo. STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min.Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

O que fazer se foi atingido um único patrimônio, mashouve pluralidade de mortes?STJ: concurso formal impróprio (STJ. 5ª Turma. HC336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015)STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio(STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 21/2/2017) (Info 855).

CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIROUtilização de “laranjas” para comprar moedaestrangeira configura o crime do art. 21 da Lei7.492/86 A utilização de terceiros (“laranjas”) para aquisição demoeda estrangeira para outrem, ainda que tenham anuído

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com as operações, se subsome à conduta tipificada no art.21 da Lei nº 7.492/86. O bem jurídico resta violado com a dissimulação deesconder a real identidade do adquirente da moedaestrangeira valendo-se da identidade, ainda queverdadeira, de terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro,julgado em 2/5/2017 (Info 604).

Crime do art. 21 da Lei 7.492/96 pressupõe fraude A conduta prevista no art. 21, Lei nº 7.492/86, pressupõefraude que tenha o potencial de dificultar ou impossibilitara fiscalização sobre a operação de câmbio, com o escopode impedir a constatação da prática de condutas delitivasdiversas ou mesmo eventuais limites legais para aaquisição de moeda estrangeira. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.546-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro,julgado em 2/5/2017 (Info 604).

CRIMES DE TRÂNSITO Em caso de concurso formal de crimes, o perdãojudicial concedido para um deles não necessariamentedeverá abranger o outro O fato de os delitos terem sido cometidos em concursoformal não autoriza a extensão dos efeitos do perdãojudicial concedido para um dos crimes, se não restoucomprovada, quanto ao outro, a existência do liamesubjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: o réu,dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte desua noiva e de um amigo; o fato de ter sido concedidoperdão judicial para a morte da noiva não significará aextinção da punibilidade no que tange ao homicídioculposo do amigo. STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel.Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 1/6/2017 (Info 606).

DIFAMAÇÃO Difamação pode ser praticada mediante a publicaçãode vídeo no qual o discurso da vítima seja editado Configura, em tese, difamação a conduta do agente quepublica vídeo de um discurso no qual a frase completa doorador é editada, transmitindo a falsa ideia de que eleestava falando mal de negros e pobres. A edição de umvídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e,quando feita com o objetivo de difamar a honra de umapessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltarque esta conduta do agente, ainda que praticada porDeputado Federal, não estará protegida pela imunidadeparlamentar. STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. LuizFux, julgado em 5/9/2017 (Info 876).

DESACATO Desacatar funcionário público no exercício da funçãoou em razão dela continua a ser crime STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo Soaresda Fonseca, Rel. para acórdão Min. Antônio SaldanhaPalheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA "Lucro fácil" e “cobiça” não podem ser usados comoargumentos para aumentar a pena da concussão e dacorrupção passiva STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min.Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info608).

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO O superior hierárquico não pode ser punido com basena teoria do domínio do fato se não tiver sidodemonstrado o dolo A teoria do domínio do fato não permite que a meraposição de um agente na escala hierárquica sirva parademonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmomodo, também não permite a condenação de um agentecom base em conjecturas. Assim, não é porque houveirregularidade em uma licitação estadual que oGovernador tenha que ser condenado criminalmente porisso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin,julgado em 3/10/2017 (Info 880).

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Não é possível a execução provisória de penasrestritivas de direito É cabível execução provisória de penas privativas deliberdade, mas não de penas restritivas de direito. STJ. 3ªSeção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza deAssis Moura, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgadoem 14/6/2017 (Info 609).

Lesão corporal contra irmão configura o § 9º do art.129 do CP não importando onde a agressão tenhaocorrido Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, §9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela violênciadoméstica, tão somente em razão de o crime não terocorrido no ambiente familiar. Ex: João agrediufisicamente seu irmão na sede da empresa ondetrabalham, causando-lhe lesão corporal leve. O agentedeverá responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesãocorporal praticada contra ascendente, descendente, irmão,cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do§ 9º não importando onde a agressão tenha ocorrido. STJ.5ª Turma. RHC 50.026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares daFonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 609).

LEI DE DROGAS O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato dainstrução STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 397382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em3/8/2017 (Info 609).

REGIME INICIAL

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Fixada a pena-base no mínimo legal, não é possível aimposição de regime inicial mais severo do que aqueleabstratamente imposto Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, deforma que a pena-base foi fixada no mínimo legal, então,neste caso, não cabe a imposição de regime inicial maisgravoso.STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 10/10/2017 (Info 844). Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, évedado o estabelecimento de regime prisional maisgravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,com base apenas na gravidade abstrata do delito.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Causa de aumento do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crimede sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) deveráser aumentada no caso de o delito “ocasionar grave danoà coletividade”. A jurisprudência entende que se configura a referida causade aumento quando o agente deixa de recolher aos cofrespúblicos uma vultosa quantia. Em outras palavras, se ovalor sonegado foi alto, incide a causa de aumento do art.12, I. A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral daFazenda Nacional, prevê que os contribuintes que estãodevendo acima de R$ 10 milhões são considerados“grandes devedores” e devem receber tratamentoprioritário na atuação dos Procuradores. Diante disso, surgiu uma tese defensiva dizendo quesomente as dívidas acima de R$ 10 milhões poderiam serconsideradas de grande porte, justificando a incidência dacausa de aumento do art. 12, I. Essa tese não foi acolhida pelo STF e STJ.

Não é razoável dizer que somente deverá incidir acausa de aumento de pena do art. 12, I, se o valor dostributos sonegados for superior a R$ 10 milhões,previsto no art. 2º da Portaria nº 320/PGFN. Issoporque este dispositivo define "quantia vultosa" parafins internos de acompanhamento prioritário pelaFazenda Nacional dos processos de cobrança, nãolimitando ou definindo o que seja grave dano àcoletividade. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1274989/RS, Rel. Min. LauritaVaz, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/10/2017 (Info 882).

FALSIDADE IDEOLÓGICA Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dadoque não condiz com a realidade. Isso não configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) porque: 1) currículo Lattes não é considerado documento por ser eletrônico e não ter assinatura digital;

2) currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não é objeto material de falsidade ideológica. Quando o documento é passível de averiguação, o STJ entende que não há crime de falsidade ideológica mesmo que o agentetenha nele inserido informações falsas. STJ. 6ª Turma. RHC 81.451-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610).

PECULATO Os valores apropriados possuem natureza semelhantea de tributos, devendo ser suspensa a ação penalenquanto perdurar o parcelamento da dívida A ação penal que apura a prática de crime de peculato dequantia de natureza sui generis com estreita derivaçãotributária, por suposta apropriação, por Tabelião, devalores públicos pertencentes a Fundo deDesenvolvimento do Judiciário deve ser suspensaenquanto o débito estiver pendente de deliberação naesfera administrativa em razão de parcelamento perante aProcuradoria do Estado. STJ. 6ª Turma. RHC 75.768-RN, Rel. Min. Antônio SaldanhaPalheiro, julgado em 15/8/2017 (Info 611).

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Extinção da punibilidade pelo pagamento integral de débito mesmo após o trânsito em julgado O pagamento integral do débito tributário, a qualquertempo, até mesmo após o trânsito em julgado dacondenação, é causa de extinção da punibilidade doagente, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi,julgado em 14/9/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.

ATIVIDADE CLANDESTINA DE TELECOMUNICAÇÕES (LEI 9.472/97) Transmitir sinal de internet como provedor semautorização da ANATEL configura o crime do art. 183da Lei nº 9.472/97? A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, comose fosse um provedor de internet, sem autorização daANATEL, configura o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97? STJ: SIM. A transmissão clandestina de sinal de internet, viaradiofrequência, sem autorização da ANATEL, caracteriza,em tese, o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97.Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1077499/SP,Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em26/09/2017. STF: NÃO. A oferta de serviço de internet é concebidacomo serviço de valor adicionado e, portanto, não podeser considerada como atividade clandestina detelecomunicações, não caracterizando o crime do art. 183da Lei nº 9.472/97. Foi o que decidiu a 1ª Turma do STF noHC 127978, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em24/10/2017 (Info 883).

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STF. 1ª Turma. HC 127978, Rel. Min. Marco Aurélio, julgadoem 24/10/2017 (Info 883).

LEI MARIA DA PENHA Impossibilidade de pena restritiva de direitos em casode contravenção penal envolvendo violênciadoméstica contra a mulher Cabe substituição da pena privativa de liberdade porrestritiva de direitos em caso de contravenção penalenvolvendo violência doméstica contra a mulher? NÃO. Posição majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016).

CRIMES POLÍTICOS Para a configuração do crime político exige-se opreenchimento de requisitos objetivo e subjetivo O réu ingressou clandestinamente em uma UsinaHidrelétrica e alterou a posição da chave da bomba de altapressão de óleo. O MPF denunciou o agente pela prática do delito desabotagem, previsto no art. 15 d Lei de SegurançaNacional (Lei nº 7.170/83), que consiste em crime político. O STF entendeu que não houve crime políticoconsiderando que: • não houve lesão real ou potencial a um dos bensjurídicos listados no art. 1º da Lei nº 7.170/83 (requisitoobjetivo); e • o agente não tinha motivação política (requisitosubjetivo). Além disso, o Tribunal entendeu que se tratava de crimeimpossível, considerando que essa alteração da posição dachave não tinha condão de provocar qualquer embaraçoao funcionamento da Usina. STF. 1ª Turma. RC 1473/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

CRIMES NO ECA Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réudeverá ser condenado por dois crimes de corrupção demenores (art. 244-B do ECA) A prática de crimes em concurso com dois adolescentesdá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção demenores. Ex: João (20 anos de idade), em conjunto comMaikon (16 anos) e Dheyversson (15 anos), praticaram umroubo. João deverá ser condenado por um crime de rouboqualificado e por dois crimes de corrupção de menores,em concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). STJ. 6ªTurma. REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,julgado em 10/10/2017 (Info 613).

CRIME AMBIENTAL Art. 56 da Lei 9.605/98 é crime de perigo abstrato edispensa prova pericial O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é deperigo abstrato, sendo dispensável a produção de provapericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos

produtos transportados, bastando que estes estejamelencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT. Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar,comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar,ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica,perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente,em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ounos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatroanos, e multa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.439.150-RS, Rel. Min.Rogério Schietti Cruz, julgado em 05/10/2017 (Info 613).

ESTUPRO DE VULNERÁVELSúmula 593-STJSúmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável seconfigura com a conjunção carnal ou prática de atolibidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevanteeventual consentimento da vítima para a prática do ato,sua experiência sexual anterior ou existência derelacionamento amoroso com o agente. STJ. 3ª Seção.Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAIn(aplicabilidade) do princípio da insignificância aoscrimes contra a Administração PúblicaSúmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicávelaos crimes contra a administração pública. STJ. CorteEspecial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017.

LEI MARIA DA PENHADispensabilidade de coabitação entre autor e vítimaSúmula 600-STJ: Para a configuração da violênciadoméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige acoabitação entre autor e vítima. STJ. 3ª Seção. Aprovadaem 22/11/2017, DJe 27/11/2017.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

CompetênciaEstelionato praticado por falso tribunal internacionalde conciliação é julgado pela Justiça EstadualCompete à Justiça Estadual apurar suposto crime deestelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízode vítimas particulares mantidas em erro mediante acriação de falso Tribunal Internacional de Justiça eConciliação para solução de controvérsias. STJ. 3ª Seção.CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,julgado em 14/12/2016 (Info 597).

Competência da justiça federal para julgar crimesambientais envolvendo animais silvestres, em extinção,exóticos ou protegidos por compromissosinternacionaisSTF. Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em9/2/2017 (repercussão geral) (Info 853)

Conduta de um dos pedófilos conexa com um grupomaior localizado em outro juízoSe o crime do art. 241-A do ECA for praticado por meio docomputador da residência do agente localizada em SãoPaulo (SP), mesmo assim ele poderá ser julgado pelo juízode Curitiba (PR) se ficar demonstrado que a conduta doagente ocorreu com investigações que tiveram início emCuritiba, onde um grupo de pedófilos ligados ao agentefoi preso e, a partir daí, foram obtidas todas as provas.Neste caso, a competência do juízo de Curitiba ocorrerápor conexão, não havendo ofensa ao princípio do juiznatural. STF. 1ª Turma. HC 135883/PR, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgadoem 6/6/2017 (Info 868).

Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECApraticado por meio de Whatsapp ou chat do Facebook:Justiça EstadualCompete à Justiça Federal processar e julgar os crimesconsistentes em disponibilizar ou adquirir materialpornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts.241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meioda rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário.RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ oacórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015(repercussão geral) (Info 805).O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que,quando se fala em “praticados por meio da rede mundialde computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é quea postagem de conteúdo pedófilo-pornográfico deve tersido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso.Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreuentre destinatários certos no Brasil, não há relação deinternacionalidade e, portanto, a competência é da JustiçaEstadual. STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo

Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).

Competência para julgar Procurador da República Compete ao TRF julgar os crimes praticados porProcurador da República, salvo em caso de crimeseleitorais, hipótese na qual a competência é do TRE. Valeressaltar que o Procurador da República é julgado peloTRF em cuja área exerce suas atribuições, sob pena deofensa ao princípio do juiz natural. Ex: o Procurador daRepública lotado em Recife (PE) pratica um crime emBrasília. Ele será julgado pelo TRF da 5ª Região (Tribunalque abrange o Município onde ele atua) e não pelo TRF da1ª Região (que abrange Brasília). Imagine agora que João,Procurador da República, é lotado na Procuradoria deGuarulhos (SP), área de jurisdição do TRF-3. Ocorre queeste Procurador estava no exercício transitório de funçãono MPF em Brasília. O Procurador pratica um crime nesteperíodo. De quem será a competência para julgar João: doTRF3 ou do TRF1? Do TRF1. A 2ª Turma, ao apreciar umasituação semelhante a essa, decidiu que a competênciaseria do TRF1, Tribunal ao qual o Procurador da Repúblicaestá vinculado no momento da prática do crime, ainda queesse vínculo seja temporário. STF. 2ª Turma. Pet 7063/DF,rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. RicardoLewandowski, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).Obs: houve empate na votação (2x2) e a conclusão acimaexposta prevaleceu em virtude de a decisão ter sidotomada em habeas corpus no qual, em caso de empate,prevalece o pedido formulado em favor do paciente.

Foro por prerrogativa de funçãoArquivamento da investigação com relação àautoridade com foro privativo e remessa dos autospara a 1ª instância para continuidade quanto aosdemaisSe o STF entende que não há indícios contra a autoridadecom foro privativo e se ainda existem outros investigados,a Corte deverá remeter os autos ao juízo de 1ª instânciapara que continue a apuração da eventualresponsabilidade penal dos terceiros no suposto fatocriminoso. STF. 1ª Turma. Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min.Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em7/2/2017 (Info 853).

Simples menção do nome de autoridade detentora deprerrogativa de foro não obriga a remessa dainvestigação ao TribunalA simples menção ao nome de autoridades detentoras deprerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados portestemunhas ou investigados, seja em diálogos telefônicosinterceptados, assim como a existência de informações,até então, fluidas e dispersas a seu respeito, sãoinsuficientes para o deslocamento da competência para o

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Tribunal hierarquicamente superior.STF. 2ª Turma. Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 14/2/2017 (Info 854)

Inquérito PolicialPossibilidade de reabertura de inquérito policialarquivado por excludente de ilicitudeO arquivamento de inquérito policial por excludente deilicitude realizado com base em provas fraudadas não fazcoisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel.Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info858).Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivadopor excludente de ilicitude pode ser reaberto mesmo quenão tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for comprovas fraudadas, como no caso acima, com maior razãopode ser feito o desarquivamento.Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que oarquivamento do inquérito policial baseado em excludentede ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, nãopode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC46.666/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em05/02/2015.

Não se admite habeas corpus para reexame dospressupostos de admissibilidade de recurso interpostono STJSTF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 21/3/2017 (Info 858).

Ação PenalA mera posição hierárquica do titular da empresa decomunicação não presume o dolo para a caracterizaçãode crime contra a honraSeria necessário que o querelante tivesse descrito eapontado elementos indiciários que evidenciassem avontade e consciência do querelado de praticar os crimesimputados. Não tendo isso sido feito, a queixa-crime deveser rejeitada por manifesta ausência de justa causa. STF. 1ªTurma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em14/3/2017 (Info 857).

Provas Obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz”no momento de uma ligação é considerado provailícita, assim como as que derivarem delaSem consentimento do réu ou prévia autorização judicial,é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva pela polícia, deconversa travada pelo investigado com terceira pessoa emtelefone celular, por meio do recurso "viva-voz", queconduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito deentorpecentes. STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min.Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017 (Info 603).

INGRESSO EM DOMICÍLIO SEM AUTORIZAÇÃO

Mera intuição de que está havendo tráfico de drogasna casa não autoriza o ingresso sem mandado judicialou consentimento do morador O ingresso regular da polícia no domicílio, semautorização judicial, em caso de flagrante delito, para queseja válido, necessita que haja fundadas razões (justacausa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior daresidência. A mera intuição acerca de eventual traficânciapraticada pelo agente, embora pudesse autorizarabordagem policial em via pública para averiguação, nãoconfigura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso emseu domicílio, sem o seu consentimento e semdeterminação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS,Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info606).

Interceptação telefônicaRenovação das interceptaçõesA Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica"não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável porigual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade domeio de prova." (art. 5º).A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias.Contudo, pode ser renovada por igual período, nãohavendo restrição legal ao número de vezes para talrenovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ªTurma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,julgado em 21/2/2017 (Info 855).

Crime achadoO Min. Alexandre de Moraes definiu como “crime achado”hipótese em que uma infração penal desconhecida e nãoinvestigada até o momento em que, apurando-se outrofato, descobriu-se esse novo delito.Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é consideradalícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (nãoseja conexo) com o delito que estava sendo investigado,desde que tenham sido respeitados os requisitosconstitucionais e legais e desde que não tenha havidodesvio de finalidade ou fraude. STF. 1ª Turma. HC129678/SP, rel. orig.

Colaboração PremiadaSe a colaboração do agente não foi tão efetiva ele terádireito apenas a redução da pena, e não ao perdãojudicialO réu colaborador não terá direito ao perdão judicial, masapenas à redução da pena, caso a sua colaboração nãotenha tido grande efetividade como meio para obterprovas, considerando que as investigações policiais, emmomento anterior ao da celebração do acordo, já haviamrevelado os elementos probatórios acerca do esquemacriminoso integrado. STF. 1ª Turma. HC 129877/RJ, Rel.Min. Marco Aurélio, julgado em 18/4/2017 (Info 861).

Diversos aspectos relacionados com a homologação doacordo

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A colaboração premiada é um negócio jurídico processualentre o Ministério Público e o colaborador, sendo vedadaa participação do magistrado na celebração do ajusteentre as partes.A colaboração é um meio de obtenção de prova cujainiciativa não se submete à reserva de jurisdição (nãoexige autorização judicial), diferentemente do que ocorrenas interceptações telefônicas ou na quebra de sigilobancário ou fiscal.Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença sãomantidas exclusivamente entre o Ministério Público e opretenso colaborador.O Poder Judiciário é convocado ao final dos atos negociaisapenas para aferir os requisitos legais de existência evalidade, com a indispensável homologação.A decisão do magistrado que homologa o acordo decolaboração premiada não julga o mérito da pretensãoacusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Porisso, esta decisão tem natureza meramentehomologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre aregularidade, legalidade e voluntariedade do acordo (art.4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013).O juiz, ao homologar o acordo de colaboração, não emitejuízo de valor a respeito das declarações eventualmenteprestadas pelo colaborador à autoridade policial ou aoMinistério Público, nem confere o signo da idoneidade aseus depoimentos posteriores.A análise se as declarações do colaborador sãoverdadeiras ou se elas se confirmaram com as provasproduzidas será feita apenas no momento do julgamentodo processo, ou seja, na sentença (ou acórdão), conformeprevisto no § 11 do art. 4º da Lei.O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibilizana exata medida em que ele cumpre seus deveres.Assim, o cumprimento dos deveres pelo colaborador écondição sine qua non para que ele possa gozar dosdireitos decorrentes do acordo.Por isso diz-se que o acordo homologado como regular,voluntário e legal gera vinculação condicionada aocumprimento dos deveres assumidos pela colaboração,salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidadeou anulação do negócio jurídico. STF. Plenário. Pet7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e29/6/2017 (Info 870).

PrisãoAdvogado condenado em 2ª instância ainda temdireito à prisão em sala de Estado-maior?A prerrogativa conferida ao advogado da prisão em salade Estado-Maior (art. 7º, V, da Lei nº 8.906/94) continuaexistindo mesmo que já estejamos na fase de execuçãoprovisória da pena?

Redação literal da Lei: SIM. O art. 7º, V, afirmaque o advogado terá direito de ser preso em sala deEstado-Maior até que haja o trânsito em julgado.

STJ: NÃO. A prerrogativa conferida aos

advogados pelo art. 7º, V, da Lei nº 8.906/94, refere-se àprisão cautelar, não se aplicando para o caso de execuçãoprovisória da pena (prisão pena). STJ. 6ª Turma. HC356.158/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgadoem19/05/2016.

STF: ainda não tem posição expressa sobre otema. No entanto, a Corte não admite reclamação contradecisões dos Tribunais que determinam a prisão dosadvogados condenados em 2ª instância em unidadesprisionais comuns (STF. 2ª Turma. Rcl 25111 AgR/PR, Rel.Min. Dias Toffoli, julgado em 16/5/2017. Info 865).

Prisão preventivaDescumprimento de colaboração premiada nãojustifica, por si só, prisão preventivaNão há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entrea prisão preventiva e o acordo de colaboração premiada.Tampouco há previsão de que, em decorrência dodescumprimento do acordo, seja restabelecida prisãopreventiva anteriormente revogada.Por essa razão, o descumprimento do que foi acordadonão justifica a decretação de nova custódia cautelar. STF. 1ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fáchin,julgado em 25/4/2017 (Info 862).

Réu pronunciado e que aguarda Júri há 7 anos preso,sem culpa da defesa, deverá ter direito à revogação dapreventivaEm nosso sistema jurídico, a prisão meramente processualdo indiciado ou do réu reveste-se de caráter excepcional,mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito a esteequiparado. A duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisãocautelar ofende, de modo frontal, o postulado dadignidade da pessoa humana, que representa significativovetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conformae inspira todo o ordenamento constitucional. STF. 2ªTurma. HC 142177/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgadoem 6/6/2017 (Info 868).

Medidas cautelares diversas da prisãoNão se pode determinar a incomunicabilidade entrepai e filho(a), mesmo eles sendo corréusNão é possível que o juiz determine, como medidacautelar substitutiva da prisão, a incomunicabilidade doacusado com seu genitor/corréu. A fixação da medidarestritiva substitutiva não deve se sobrepor a um bem tãocaro como é a família, sendo isso protegido inclusive pelaConstituição Federal, em seu art. 226. STJ. 6ª Turma. HC380.734-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,julgado em 28/3/2017 (Info 601).

Tribunal do JúriO testemunho por ouvir dizer, produzido somente nafase inquisitorial, não serve como fundamento parapronúnciaO testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido

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somente na fase inquisitorial, não serve como fundamentoexclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu ajulgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp1.373.356-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em20/4/2017 (Info 603).

Nulidades"Denúncia anônima" e interceptação telefônicaSegundo a jurisprudência do STJ e do STF, não háilegalidade em iniciar investigações preliminares com baseem "denúncia anônima" a fim de se verificar aplausibilidade das alegações contidas no documentoapócrifo.No caso em análise o STJ e o STF entenderam que adecisão do magistrado foi correta considerando que adecretação da interceptação telefônica não foi feita combase unicamente na "denúncia anônima" e sim após arealização de diligências investigativas por parte doMinistério Público e a constatação de que a interceptaçãoera indispensável neste caso. STJ. 6ª Turma. RHC38.566/ES, Rel. Min. Ericson Maranho (Des. Conv. do TJ/SP),julgado em 19/11/2015. STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel.Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info855).

A investigação criminal contra Prefeito deverá ser feitacom o controle jurisdicional do TJO prefeito detém prerrogativa de foro,constitucionalmente estabelecida. Desse modo, osprocedimentos de natureza criminal contra ele instauradosdevem tramitar perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, daCF/88). Isso significa dizer que as investigações criminaiscontra o Prefeito devem ser feitas com o controle(supervisão) jurisdicional da autoridade competente (nocaso, o TJ).

Declarações colhidas em âmbito estritamente privadosem acompanhamento de autoridade pública nãoapresentam confiabilidadeDeve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúnciaque, ao arrepio da legalidade, baseia-se em supostasdeclarações, colhidas em âmbito estritamente privado,sem acompanhamento de qualquer autoridade pública(autoridade policial, membro do Ministério Público)habilitada a conferir-lhes fé pública e mínimaconfiabilidade.

A denúncia contra Prefeito por crime em licitaçãomunicipal deve indicar sua participação ouconhecimento acerca dos fatosA denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitaçãomunicipal deve indicar, ao menos minimamente, que oacusado tenha tido participação ou conhecimento dosfatos supostamente ilícitos. O Prefeito não pode serincluído entre os acusados unicamente em razão dafunção pública que ocupa, sob pena de violação àresponsabilidade penal subjetiva, na qual não se admite a

responsabilidade presumida.

Em caso de denúncia envolvendo crime do DL 201/67 edelito diverso, deverá ser assegurada a defesa préviapara ambas as imputaçõesSTF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em7/3/2017 (Info 856).

RecursosNão é possível a interposição de recurso por e-mailO art. 1º da Lei nº 9.800/99 prevê que "é permitida àspartes a utilização de sistema de transmissão de dados eimagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática deatos processuais que dependam de petição escrita."O e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax,para fins da aplicação do disposto no art. 1º da Lei nº9.800/99, porquanto não guarda a mesma segurança detransmissão e registro de dados. STJ. 6ª Turma. AgRg noAREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgadoem 13/09/2016. STF. 1ª Turma. HC 121225/MG, Rel. Min.Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).A suspensão dos processos em virtude de reconhecimentode repercussão geral (§ 5º do art. 1.035 do CPC) pode seraplicada para processos criminaisO STF fixou as seguintes conclusões a respeito dessedispositivo:a) a suspensão prevista nesse § 5º não é umaconsequência automática e necessária do reconhecimentoda repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontecesempre. O Ministro Relator do recurso extraordinárioparadigma tem discricionariedade para determiná-la oumodulá-la;b) a possibilidade de sobrestamento se aplica aosprocessos de natureza penal. Isso significa que,reconhecida a repercussão geral em um recursoextraordinário que trata sobre matéria penal, o MinistroRelator poderá determinar o sobrestamento de todos osprocessos criminais pendentes que versem sobre amatéria;c) se for determinado o sobrestamento de processos denatureza penal, haverá, automaticamente, a suspensão daprescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes queforem objeto das ações penais sobrestadas. Isso com baseem uma interpretação conforme a Constituição do art.116, I, do Código Penal;d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processospenais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º,do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimentosinvestigatórios conduzidos pelo Ministério Público; e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processospenais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º,do CPC abrangerá ações penais em que haja réu presoprovisoriamente; f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penaldeterminado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC,poderá o juízo de piso, no curso da suspensão, proceder,conforme a necessidade, à produção de provas de

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natureza urgente. STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel.Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).

Não cabe recurso adesivo no processo penal Em matéria criminal, não deve ser conhecido recursoespecial adesivo interposto pelo Ministério Públicoveiculando pedido em desfavor do réu. STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.636-RN, Rel. Min. Sebastião ReisJúnior, julgado em 2/5/2017 (Info 605).

O CPP prevê a figura do recurso adesivo? NÃO. O Código de Processo Penal brasileiro não prevê oinstituto do recurso adesivo, não cabendo, ao intérprete,ampliar as modalidades recursais além daquelas previstasem lei, em respeito ao princípio da taxatividade.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA A competência para a execução provisória do julgado édo juízo originário mesmo que tenha havidodesaforamento O desaforamento de um caso se encerra com o vereditodo júri popular. Por isso, a execução provisória da pena(que ocorre depois de a condenação ser confirmada peloTribunal em 2ª instância) deverá ser determinada pelojuízo originário da causa, e não pelo presidente doTribunal do Júri onde se deu o julgamento. Em outras palavras, em caso de desaforamento, odeslocamento da competência ocorre apenas para ojulgamento no Tribunal do Júri. Uma vez tendo este sidoencerrado, esgota-se a competência da comarcadestinatária, devendo a execução provisória ser conduzidapelo juízo originário da causa. STJ. 6ª Turma. HC 374.713-RS, Rel. Min. Antônio SaldanhaPalheiro, julgado em 6/6/2017 (Info 605).

O que é o desaforamento? Desaforamento é o deslocamento do julgamento do casopara outra comarca, alterando-se a competência territorialdo júri, em virtude de motivos previstos taxativamente nalei.

Motivos que autorizam o desaforamento (arts. 427 e428 do CPP): a) interesse de ordem pública; b) dúvida sobre a imparcialidade do júri; c) falta de segurança pessoal do acusado; d) em razão do comprovado excesso de serviço, se ojulgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis)meses, contado do trânsito em julgado da decisão depronúncia.

Quem pode requerer: • Ministério Público; • Assistente de acusação; • Querelante; • Acusado;

• Também é possível o desaforamento medianterepresentação do juiz competente.

Quem decide se realmente é caso de desaforamento: oTribunal de Justiça (ou TRF).

Para onde ocorre o desaforamento? O art. 427 fala que o desaforamento do julgamento serápara outra comarca da mesma região, onde não existamaqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.

Não cabimento de habeas corpus contra decisão doMinistro do STJ que nega a liminar em ação cautelar Não cabe habeas corpus para o STF contra decisãomonocrática do Ministro do STJ que negou o pedido dadefesa formulado em ação cautelar (medida cautelar)proposta com o objetivo de conferir efeito suspensivo aorecurso especial. Incide, no caso, o óbice previsto naSúmula 691 do STF. STF. 1ª Turma. HC 138633/RJ, rel. Min.Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,julgado em 8/8/2017 (Info 872).

Habeas CorpusPossibilidade de interposição de HC de formamonocrática pelo Ministro RelatorEm regra, não cabe habeas corpus para o STF contradecisão monocrática do Ministro do STJ que não conheceou denega habeas corpus que havia sido interpostonaquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetranteexaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as viasrecursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental).STF. 1ª Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre deMoraes, julgado em 25/4/2017 (Info 862)Exceção: essa regra pode ser afastada em casosexcepcionais, quando a decisão atacada se mostrarteratológica, flagrantemente ilegal, abusiva oumanifestamente contrária à jurisprudência do STF,situações nas quais o STF poderia conceder de ofício ohabeas corpus.

Não cabimento de HC contra ato de Ministro do STFNão cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada emface de decisões monocráticas proferidas por Ministro doSupremo Tribunal Federal. STF. Plenário. HC 115787/RJ,Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,julgado em 18/5/2017 (Info 865).

Não cabe HC para pedir autorização de visita Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita empresídio. STF. 1ª Turma. HC 128057/SP, Rel. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgadoem 1º/8/2017 (Info 871).

REVISÃO CRIMINAL Laudo pericial juntado quando estava pendente apenasagravo para destrancar recurso especial é consideradoprova nova para fins de revisão criminal

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O laudo pericial juntado em autos de ação penal quandoainda pendente de julgamento agravo interposto contradecisão de inadmissão de recurso especial enquadra-se noconceito de prova nova, para fins de revisão criminal (art.621, III, do CPP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.660.333-MG, Rel.Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2017 (Info 606).SUSPEIÇÃO Arguição de suspeição de Rodrigo Janot em relação aMichel Temer É possível a arguição de suspeição de membros doMinistério Público, inclusive do Procurador-Geral daRepública nos processos que tramitam no âmbito do STF.O STF entendeu que o então Procurador-Geral daRepública Rodrigo Janot não era suspeito para investigar edenunciar Michel Temer. Entendeu-se que o fato de o PGRdar entrevistas falando sobre o caso, requerer que oinquérito fosse dirigido para determinado Delegado eainda que um determinado Procurador, em tese, tenhaorientado o advogado do réu acerca da colaboraçãopremiada não caracterizam hipóteses de suspeição. STF.Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em13/9/2017 (Info 877).

COLABORAÇÃO PREMIADA O § 3º do art. 7º da Lei nº 12.850/2013 prevê um limitemáximo de duração do sigilo, sendo possível que eleseja retirado antes do recebimento da denúncia O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deveperdurar, no máximo, até o recebimento da denúncia (art.7º, § 3º da Lei nº 12.850/2013). Esse dispositivo não trazuma regra de observância absoluta, mas sim um termofinal máximo. Para que o sigilo seja mantido até orecebimento da denúncia, deve-se demonstrar a existênciade uma necessidade concreta. Não havendo essanecessidade, deve-se garantir a publicidade do acordo.STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Descumprimento de colaboração premiada nãojustifica, por si só, prisão preventiva O descumprimento de acordo de delação premiada ou afrustração na sua realização, isoladamente, não autoriza aimposição da segregação cautelar. Não se pode decretar aprisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele terdescumprido acordo de colaboração premiada. Não há,sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisãopreventiva e o acordo de colaboração premiada.Tampouco há previsão de que, em decorrência dodescumprimento do acordo, seja restabelecida prisãopreventiva anteriormente revogada. Por essa razão, odescumprimento do que foi acordado não justifica adecretação de nova custódia cautelar. É necessárioverificar, no caso concreto, a presença dos requisitos daprisão preventiva, não podendo o decreto prisional tercomo fundamento apenas a quebra do acordo. STJ. 6ªTurma. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio SaldanhaPalheiro, julgado em 27/6/2017 (Info 609). STF. 2ª Turma.

HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em25/4/2017 (Info 862).

PROGRESSÃO DE REGIME Data da prisão preventiva como marco inicial dotempo para a progressão de regime Se o condenado estava preso preventivamente, a data daprisão preventiva deve ser considerada como termo inicialpara fins de obtenção de progressão de regime e demaisbenefícios da execução penal, desde que não ocorracondenação posterior por outro crime apta a configurarfalta grave. STF. 1ª Turma. RHC 142463/MG, Rel. Min. LuizFux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Em princípio, não se anula provas obtidas em busca eapreensão pelo fato de não terem sido lacrados osmateriais apreendidos A ausência de lacre em todos os documentos e bens - queocorreu em razão da grande quantidade de materialapreendido - não torna automaticamente ilegítima a provaobtida. STJ. 5ª Turma. RHC 59.414-SP, Rel. Min. ReynaldoSoares da Fonseca, julgado em 27/6/2017 (Info 608).

PRISÃO Há excesso de prazo em caso de réu preso há mais dequatro anos sem ter sido sequer realizado seuinterrogatório Embora a razoável duração do processo não possa serconsiderada de maneira isolada e descontextualizada daspeculiaridades do caso concreto, diante da demora noencerramento da instrução criminal, sem que o paciente,preso preventivamente, tenha sido interrogado e sem quetenham dado causa à demora, não se sustenta amanutenção da constrição cautelar. STF. 2ª Turma. HC141583/RN, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2017(Info 878).

NULIDADES Situação na qual não houve violação ao Princípio doPromotor Natural Não viola o Princípio do Promotor Natural se o Promotorde Justiça que atua na vara criminal comum oferecedenúncia contra o acusado na vara do Tribunal do Júri e oPromotor que funciona neste juízo especializado seguecom a ação penal, participando dos atos do processo até apronúncia. No caso concreto, em um primeiro momento,entendeu-se que a conduta não seria crime doloso contraa vida, razão pela qual os autos foram remetidos aoPromotor da vara comum. No entanto, mais para frentecomprovou-se que, na verdade, tratava-se sim de crimedoloso. Com isso, o Promotor que estava no exercícioofereceu a denúncia e remeteu a ação imediatamente aoPromotor do Júri, que poderia, a qualquer momento, nãoratificá-la. Configurou-se uma ratificação implícita dadenúncia. Não houve designação arbitrária ou quebra deautonomia. STF. 1ª Turma. HC 114093/PR, rel. orig. Min.

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Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,julgado em 3/10/2017 (Info 880).

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA Não é possível a execução provisória de penasrestritivas de direito Não é possível a execução da pena RESTRITIVA DEDIREITOS antes do trânsito em julgado da condenação.Assim, é cabível execução provisória de penas privativasde liberdade, mas não de penas restritivas de direito. STJ.3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza deAssis Moura, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgadoem 14/6/2017 (Info 609).

SENTENÇA Princípio da correlação (congruência), causa deaumento e emendatio libelli O princípio da congruência preconiza que o acusadodefende-se dos fatos descritos na denúncia e não dacapitulação jurídica nela estabelecida. Assim, para que esse princípio seja respeitado énecessário apenas que haja a correlação entre o fatodescrito na peça acusatória e o fato pelo qual o réu foicondenado, sendo irrelevante a menção expressa nadenúncia de eventuais causas de aumento oudiminuição de pena. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. RicardoLewandowski, julgado em 17/10/2017 (Info 882).

TRIBUNAL DO JÚRI Documento ou objeto somente pode ser lido ouexibido no júri se a parte adversa tiver sido cientificadade sua juntada com até 3 dias úteis de antecedência Segundo o art. 479 do CPP: “Durante o julgamento nãoserá permitida a leitura de documento ou a exibição deobjeto que não tiver sido juntado aos autos com aantecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-seciência à outra parte.” O prazo de 3 dias úteis a que se refere o art. 479 do CPPdeve ser respeitado não apenas para a juntada dedocumento ou objeto, mas também para a ciência daparte contrária a respeito de sua utilização no Tribunal doJúri. Em outras palavras, não só a juntada, mas também aciência da parte interessada deve ocorrer até 3 dias úteisantes do início do júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1.637.288-SP, Rel. Min. Rogerio SchiettiCruz, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgadoem 8/8/2017 (Info 610).

MINISTÉRIO PÚBLICO Intimação pessoal dos membros do Ministério Públicono processo penal O termo inicial da contagem do prazo para impugnardecisão judicial é, para o Ministério Público, a data daentrega dos autos na repartição administrativa do órgão,

sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dadoem audiência, em cartório ou por mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo) (Info 611).

DEFENSORIA PÚBLICA A intimação da Defensoria somente se aperfeiçoa coma remessa dos autos mesmo que o Defensor estejapresente na audiência na qual foi proferida a decisão A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê,como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos, queeles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e128, I). Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz naprópria audiência, estando o Defensor Público presente,pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente naqueleato ou será necessário ainda o envio dos autos àDefensoria para que a intimação se torne perfeita? Para que a intimação pessoal do Defensor Público seconcretize, será necessária ainda a remessa dos autos àDefensoria Pública. A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presençado defensor na audiência de leitura da sentençacondenatória, somente se aperfeiçoa com sua intimaçãopessoal, mediante a remessa dos autos. Assim, a data da entrega dos autos na repartiçãoadministrativa da Defensoria Pública é o termo inicial dacontagem do prazo para impugnação de decisão judicialpela instituição, independentemente de intimação do atoem audiência. STJ. 3ª Seção. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério SchiettiCruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

INDULTO O indulto da pena privativa de liberdade não alcança apena de multa se o condenado parcelou este valorpara ter direito à progressão de regime O indulto da pena privativa de liberdade não alcança apena de multa que tenha sido objeto de parcelamentoespontaneamente assumido pelo sentenciado. O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniáriadeve ser rigorosamente cumprido sob pena dedescumprimento de decisão judicial, violação ao princípioda isonomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. RobertoBarroso, julgado em 8/11/2017 (Info 884).

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Excepcionalmente, o STF mantém no Tribunal aapuração dos fatos envolvendo pessoas sem foro porprerrogativa de função caso o desmembramento causeprejuízo às investigações Em regra, o STF entende que deverá haver odesmembramento dos processos quando houver corréussem prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF

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apenas a apuração do investigado com foro porprerrogativa de função e os demais são julgados em 1ªinstância. No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves,sua irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiuque, no atual estágio, não deveria haver odesmembramento e a apuração dos fatos deveriapermanecer no Supremo para todos os envolvidos. Issoporque entendeu-se que o desmembramentorepresentaria inequívoco prejuízo às investigações. STF. 1ª Turma. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgadoem 14/11/2017 (Info 885).

PROVA TESTEMUNHAL Ordem de inquirição das testemunhas Segundo a redação atual do art. 212 do CPP, quemprimeiro começa fazendo perguntas à testemunha é aparte que teve a iniciativa de arrolá-la. Em seguida, a outraparte terá direito de perguntar e, por fim, o magistrado. Assim, a inquirição de testemunhas pelas partes devepreceder à realizada pelo juízo. Em um caso concreto, durante a audiência de instrução, amagistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, somenteentão, permitiu que as partes formulassem perguntas. O STF entendeu que houve violação ao art. 212 do CPP e,em razão disso, determinou que fosse realizada uma novainquirição das testemunhas, observada a ordem previstano CPP. STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio,red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info885).

PRISÃO Prisão domiciliar em caso de mulher com filho até 12anos de idade incompletos O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016),ao alterar as hipóteses autorizativas da concessão deprisão domiciliar, permite que o juiz substitua a prisãopreventiva pela domiciliar quando o agente for gestanteou mulher com filho até 12 anos de idade incompletos(art. 318, IV e V, do CPP). STF. 1ª Turma. HC 136408/SP,Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (Info 887).STF. 2ª Turma. HC 134069/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,julgado em 21/6/2016 (Info 831).

HABEAS CORPUS Não cabe habeas corpus para discutir processocriminal envolvendo o art. 28 da LD O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenadoreceber pena privativa de liberdade. Assim, não existepossibilidade de que o indivíduo que responda processopor este delito sofra restrição em sua liberdade delocomoção. Diante disso, não é possível que a pessoa queresponda processo criminal envolvendo o art. 28 da LDimpetre habeas corpus para discutir a imputação. Não

havendo ameaça à liberdade de locomoção, não cabehabeas corpus. Em suma, o habeas corpus não é o meioadequado para discutir crime que não enseja penaprivativa de liberdade.STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. MarcoAurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgadoem 05/12/2017 (Info 887).

HABEAS CORPUS Não cabe HC para obter direito à visita íntima O habeas corpus não é o meio adequado para se buscar oreconhecimento do direito a visitas íntimas. Isso porquenão está envolvido no caso o direito de ir e vir.STF. 1ª Turma. HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio, julgadoem 5/12/2017 (Info 887).

COLABORAÇÃO PREMIADA Homologação de colaboração premiada que mencioneautoridade com foro privativo A homologação de acordo de colaboração premiada porjuiz de 1º grau de jurisdição, que mencione autoridadecom prerrogativa de foro no STJ, não traduz em usurpaçãode competência deste Tribunal Superior. Ocorrendo adescoberta fortuita de indícios do envolvimento de pessoacom prerrogativa de foro, os autos devem serencaminhados imediatamente ao foro prevalente, definidosegundo o art. 78, III, do CPP, o qual é o único competentepara resolver sobre a existência de conexão ou continênciae acerca da conveniência do desmembramento doprocesso. STJ. Corte Especial. Rcl 31.629-PR, Rel. Min.Nancy Andrighi, julgado em 20/09/2017 (Info 612).

COMPETÊNCIANão compete à JF julgar crime ambiental ocorrido emprograma Minha Casa Minha Vida pelo simples fato dea CEF ter atuado como agente financiador da obraCompete à Justiça estadual o julgamento de crimeambiental decorrente de construção de moradias deprograma habitacional popular, nas hipóteses em que aCaixa Econômica Federal atue, tão somente, na qualidadede agente financiador da obra. O fato de a CEF atuar comofinanciadora da obra não tem o condão de atrair, por si só,a competência da Justiça Federal. Isto porque para suaresponsabilização não basta que a entidade figure comofinanceira. É necessário que ela tenha atuado naelaboração do projeto ou na fiscalização da segurança eda higidez da obra. STJ. 3ª Seção. CC 139.197-RS, Rel. Min.Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/10/2017 (Info 615).

NULIDADEIndeferimento do pedido de incidente de falsidadeformulado anos após a prova ter sido juntada e depoisda sentença condenatóriaNão há nulidade na decisão que indefere pedido deincidente de falsidade referente à prova juntada aos autoshá mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurgesomente após a prolação da sentença penal condenatória,

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uma vez que a pretensão está preclusa. STJ. 5ª Turma. RHC79.834-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 07/11/2017(Info 615).

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EXECUÇÃO PENAL

A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da tornozeleira eletrônica deveráapontar a necessidade da medida no caso concretoA manutenção de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidenciaconstrangimento ilegal ao apenado. STJ. 6ª Turma. HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

Progressão de RegimeNão viola a SV 56 a situação do condenado ao regime semiaberto que está cumprindo pena em presídio do regimefechado, mas em uma ala destinada aos presos do semiabertoOs presos do regime semiaberto podem ficar em outra unidade prisional que não seja colônia agrícola ou industrial,desde que se trate de estabelecimento similar (adequado às características do semiaberto). STF. 2ª Turma. Rcl 25123/SC,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/4/2017 (Info 861).

Execução provisória da penaSe a defesa ainda não foi intimada do acórdão condenatório, não é possível se iniciar a execução provisória dapenaSe ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão condenatório, mostra-se ilegal a imediataexpedição de mandado de prisão em desfavor do condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi intimada, não seencerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível que interponha embargos de declaração, porexemplo. STJ. 5ª Turma. HC 371.870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).

Remição da penaTrabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de remição caso tenhasido uma determinação da direção do presídioSegundo o art. 30 da LEP, a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo, 8horas.Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias (menos do que prevêa Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como esse trabalho do preso foi feito pororientação ou estipulação da direção do presídio, isso gerou uma legítima expectativa de que ele fosse aproveitado, nãosendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança.STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860).

REMIÇÃO É possível a remição pela participação em coral musical O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma. REsp1.666.637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613).

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DIREITO TRIBUTÁRIO

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITOTRIBUTÁRIO Revogada a medida liminar que suspendia aexigibilidade do crédito tributário, volta a correr oprazo prescricional STJ. 1ª Seção. EAREsp 407.940-RS, Rel. Min. Og Fernandes,julgado em 10/5/2017 (Info 605).

Mesmo que o contratante tenha se tornadoinadimplente, a empresa prestadora do serviço decomunicação não terá direito de receber de volta oICMS pagoAinda que as prestações de serviços de comunicaçãosejam inadimplidas pelo consumidor-final (contratante),não cabe a recuperação dos valores pagos pela prestadora(contratada) a título de ICMS-comunicação incidentessobre o serviço prestado.O fato gerador do ICMS-comunicação ocorre com aprestação onerosa do serviço de comunicação. Acircunstância de o contratante (consumidor-final) ter setornado inadimplente não interessa para o fato gerador.STJ. 1ª Turma. REsp 1.308.698-SP, Rel. Min. NapoleãoNunes Maia Filho, julgado em 6/12/2016 (Info 597).

Incide PIS e COFINS sobre o percentual repassado pelaempresa de transporte à empresa rodoviária quevende as passagensIncide a contribuição ao PIS e COFINS sobre o valor dopercentual repassado pelas empresas de transporte depassageiros às empresas rodoviárias. STJ. 2ª Turma. REsp1.441.457-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgadoem 16/3/2017 (Info 600).

O valor da TUSD compõe a base de cálculo do ICMSA Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) compõeo preço final da operação de fornecimento de energiaelétrica e está incluída na base de cálculo do ICMS.O ICMS incide sobre todo o processo de fornecimento deenergia elétrica, tendo em vista que as fases de geração,transmissão e distribuição da energia são indissociáveis.Assim, o custo inerente a cada uma dessas etapas - entreelas a referente à TUSD - compõe o preço final daoperação e, consequentemente, a base de cálculo doimposto, nos termos do art. 13, I, da LC 87/96. STJ. 1ªTurma. REsp 1.163.020-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,julgado em 21/3/2017 (Info 601).

Constitucionalidade de regime tributário opcional comredução da base de cálculo condicionada à renúncia aoregime de apuração normal de créditos e débitosO STF entendeu que não é inconstitucional lei estadualque permita que o contribuinte opte por um regimeespecial de tributação de ICMS com base de cálculo

reduzida, mediante expressa renúncia ao aproveitamentode créditos relativos ao imposto pago em operaçõesanteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola oprincípio da não cumulatividade.Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema dabase de cálculo reduzida, não terá direito ao creditamentode ICMS. STF. 1ª Turma. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel.orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. RosaWeber,julgado em 21/2/2017 (Info 855).

ECT tem direito à repetição do indébito relativo ao ISSsem necessidade de prova de ter assumido o encargopelo tributo e sem autorização dos tomadores dosserviçosOs Correios gozam de imunidade tributária recíproca,razão pela qual os Municípios não podem cobrar ISS sobrea prestação dos serviços postais.Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípioscobravam o imposto porque ainda não se tinha umacerteza, na jurisprudência, acerca da imunidade dosCorreios.A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISScobrado sobre os serviços postais, sem que precisemprovar que assumiram o encargo pelo tributo nemprecisam estar expressamente autorizados pelostomadores dos serviços.Presume-se que os Correios não repassaram o custo doISS nas tarifas postais cobradas dos tomadores dosserviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeue defendeu que não estava sujeita ao pagamento desseimposto.Não havendo repasse do custo do ISS ao consumidor final,os Correios podem pleitear a restituição sem necessidadede autorização do tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma.REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em16/3/2017 (Info 602).

TaxasBase de cálculo da taxa municipal de fiscalização efuncionamentoAs taxas municipais de fiscalização e funcionamento nãopodem ter como base de cálculo o número deempregados ou ramo de atividade exercida pelocontribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 20/6/2017 (Info 870).A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter comobase de cálculo a área de fiscalização, na medida em quetraduz o custo da atividade estatal de fiscalização. STF. 1ªTurma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgadoem 04/08/2015.

Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistrosinstituída por lei municipal

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É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituídapor lei municipal. A prevenção e o combate a incêndiossão atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros,sendo consideradas atividades de segurança pública, nostermos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança públicaé atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentadapor meio de impostos (e não por taxa). Desse modo, não épossível que, a pretexto de prevenir sinistro relativo aincêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, coma criação de tributo sob o rótulo de taxa. Tese fixada peloSTF: “A segurança pública, presentes a prevenção e ocombate a incêndios, faz-se, no campo da atividadeprecípua, pela unidade da Federação, e, porque serviçoessencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação deimpostos, não cabendo ao Município a criação de taxapara tal fim.” STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. MarcoAurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info871)

Imunidade tributáriaA imunidade tributária subjetiva é aplicada se aentidade imune for contribuinte de fatoA imunidade tributária subjetiva aplica-se a seusbeneficiários na posição de contribuinte de direito, masnão na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante,para a verificação da existência do beneplácitoconstitucional, a repercussão econômica do tributoenvolvido STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral)(Info 855).• se a entidade imune for contribuinte de direito: incide aimunidade subjetiva.• se a entidade imune for contribuinte de fato: não incidea imunidade subjetiva.

Os requisitos para o gozo de imunidade devem estarprevistos em lei complementarOs requisitos para o gozo de imunidade hão de estarprevistos em lei complementar. STF. Plenário. ADI2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min.Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgadosem 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE566622/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/2/2017(Info 855).

Os livros eletrônicos gozam de imunidade tributáriaA imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, daConstituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizadospara fixá-lo. STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 daCF/88 alcança componentes eletrônicos destinados,exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos.STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio,julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Empresa privada com finalidade lucrativa e que forarrendatária de imóvel público não goza de imunidadetributáriaA imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, daConstituição Federal, não se estende a empresa privadaarrendatária de imóvel público, quando seja elaexploradora de atividade econômica com fins lucrativos.Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU peloMunicípio. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. MarcoAurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Info860).

Se uma pessoa jurídica de direito público faz contratode cessão de uso de imóvel com empresa privada, estaúltima não goza de imunidade e deverá pagar IPTUIncide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica dedireito público cedido a pessoa jurídica de direito privado,devedora do tributo. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig.Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Infos 860 e 861).

Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca seo bem está desvinculado de finalidade estatalSe fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria,como efeito colateral, uma vantagem competitiva artificialem favor da empresa, que teria um ganho em relação aosseus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite oaumento do lucro ou a formação de preços menores, oque provoca desequilíbrio das relações de mercado.Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se obem está desvinculado de finalidade estatal. STF. Plenário.RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac.Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017 (Info 861).

IPIO art. 2º da Lei 8.393/91 era constitucionalSurge constitucional, sob o ângulo do caráter seletivo, emfunção da essencialidade do produto e do tratamentoisonômico, o art. 2º da Lei nº 8.393/91, a revelar alíquotamáxima de Imposto sobre Produtos Industrializados - IPIde 18%, assegurada isenção, quanto aos contribuintessituados na área de atuação da Superintendência deDesenvolvimento do Nordeste - SUDENE e daSuperintendência de Desenvolvimento da Amazônia -SUDAM, e autorização para redução de até 50% daalíquota, presentes contribuintes situados nos Estados doEspírito Santo e do Rio de Janeiro.Obs: o art. 2º da Lei nº 8.393/91 encontra-se atualmenterevogado. Dessa forma, este julgamento do STF refere-sea casos concretos ocorridos na época em que vigia essanorma. STF. Plenário. RE 592145/SP, Rel. Min. MarcoAurélio, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info860).

Inconstitucionalidade de lei estadual que concedeisenção de ICMS para empresas patrocinadoras de

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bolsas de estudoÉ inconstitucional lei estadual que concede, semautorização de convênio interestadual, dedução de ICMSpara empresas que patrocinarem bolsas de estudo paraprofessores. O Estado-membro só pode conceder isençãode ICMS se isso tiver sido combinado com os demaisEstados-membros/DF por meio de um convênio. É o queprevê o art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC24/75. STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux,julgado em 8/3/2017 (Info 856).

Inconstitucionalidade de lei estadual que concedevantagens no parcelamento do ICMS para empresasque aderirem a programa de geração de empregosÉ inconstitucional lei estadual que concede, semautorização de convênio interestadual, vantagens noparcelamento de débitos do ICMS para empresas queaderirem a programa de geração de empregos.O Estado-membro só pode conceder benefícios de ICMSse isso tiver sido previamente autorizado por meio deconvênio celebrado com os demais Estados-membros eDF, nos termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art.1º da LC 24/75. A concessão unilateral de benefícios deICMS sem previsão em convênio representa um incentivoà guerra fiscal. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. GilmarMendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

O valor pago a título de ICMS não deve ser incluído nabase de cálculo do PIS/PASEP e COFINSO Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS) não compõe a base de cálculo para a incidência dacontribuição para o PIS e da COFINS. STF. Plenário. RE574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017(repercussão geral) (Info 857).Obs: o STJ possui entendimento em sentido contrário: STJ.1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel. Min. Napoleão NunesMaia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro CampbellMarques, julgado em 10/8/2016 recurso repetitivo) (Info594).

Mesmo antes da EC 20/98, a contribuição social acargo do empregador incidia sobre quaisquer ganhoshabituais do empregadoA contribuição social a cargo do empregador incide sobreganhos habituais do empregado, quer anteriores ouposteriores à Emenda Constitucional 20/1998. STF.Plenário. RE 565160/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgadoem 29/3/2017 (repercussão geral) (Info 859).

A contribuição social do empregador rural sobre areceita bruta, prevista no art. 25 da Lei 8.212/91, comredação dada pela Lei 10.256/2001, é constitucionalÉ constitucional formal e materialmente a contribuiçãosocial do empregador rural pessoa física, instituída pela Leinº 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida coma comercialização de sua produção. STF. Plenário. RE718874/RS, Rel. Orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.

Alexandre de Moraes, julgado em 29 e 30/3/2017(repercussão geral) (Info 859).

Homologação da opção pelo REFIS e prestação degarantia ou arrolamentoExcetuadas as hipóteses em que o crédito está garantidoem medida cautelar fiscal ou execução fiscal, ahomologação da opção pelo REFIS está sujeita à prestaçãode garantia ou arrolamento. STJ. 1ª Seção. EREsp1.349.584-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em26/4/2017 (Info 603)PERDIMENTO O erro na classificação aduaneira de produtosimportados, sem a constatação de má-fé doimportador, não gera pena de perdimento O erro culposo na classificação aduaneira de mercadoriasimportadas e devidamente declaradas ao fisco não seequipara à declaração falsa de conteúdo e, portanto, nãolegitima a imposição da pena de perdimento. STJ. 1ª Turma. REsp 1.316.269-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria,julgado em 6/4/2017 (Info 604).

RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO Caso IPSEMG (STF ADI 3106-MG) e repetição deindébito aos que, a partir de 14/4/2010, tenham sidocobrados sem adesão aos serviços de saúde A partir de 14/4/2010 deve ser reconhecida a naturezacontratual da relação firmada entre os servidores doEstado de Minas Gerais e o IPSEMG, instituída pelo art. 85da Lei Complementar Estadual nº 64/2002, sendogarantida a restituição de indébito somente àqueles que,após essa data, não tenham aderido expressa outacitamente aos serviços de saúde disponibilizados. STJ. 1ª Seção. REsp 1.348.679-MG, Rel. Min. HermanBenjamin, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info604).

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O FGTS É legítima a cobrança da contribuição social ao FGTS dasempresas optantes pelo Simples As empresas optantes do Simples Nacional também estãoobrigadas a pagar a contribuição ao FGTS prevista no art.1º da LC 110/2001. STJ. 2ª Turma. REsp 1.635.047-RS, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/6/2017 (Info606).

ICMS É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência doICMS sobre operações de importação editada após avigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002 É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência doICMS sobre operações de importação editada após avigência da EC 33/2001 (12/12/2001), mas antes da LCfederal 114/2002, visto que é plena a competêncialegislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobrenorma geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88.Nesse sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP,

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editada em 21/12/2001, que prevê a incidência de ICMSsobre importação de veículo por pessoa física e para usopróprio. Não há inconstitucionalidade uma vez que a leifoi editada após a EC 33/2001, que autorizou a tributação.STF. 2ª Turma. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. TeoriZavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em5/12/2017 (Info 887).

TAXAS Isenção da taxa de registro de arma de fogo não seaplica para policiais rodoviários federais aposentados A isenção do recolhimento da taxa para emissão,renovação, transferência e expedição de segunda via decertificado de registro de arma de fogo particular previstano art. 11, § 2º, da Lei nº 10.826/2003 não se estende aospoliciais rodoviários federais aposentados. STJ. 1ª Turma.REsp 1.530.017-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgadoem 21/09/2017 (Info 612).

IMPOSTO DE RENDA A cessão do precatório a terceiro não modifica arelação jurídica tributária existente entre o titularoriginário e o Fisco, para fins de incidência do IR A cessão de crédito de precatório não tem o condão dealterar a base de cálculo e a alíquota do Imposto deRenda, que deve considerar a origem do crédito e opróprio sujeito passivo originariamente favorecido peloprecatório. STJ. 1ª Turma. REsp 1.405.296-AL, Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 19/09/2017 (Info612). STJ. 2ª Turma. RMS 42.409/RJ, Rel. Min. MauroCampbell Marques, julgado em 06/10/2015.

IPI Quais indústrias podem gozar da suspensão de IPIprevista no art. 29, caput e § 5º da Lei nº 10.637/2002? A manutenção e a utilização do crédito de IPI submetido àsuspensão são incentivos fiscais reservados aoestabelecimento industrial fabricante das matérias-primas,dos produtos intermediários e dos materiais deembalagem que os vende (saída) para empresas que osutilizam na industrialização de produtos destinados àexportação. STJ. 1ª Turma. REsp 1.382.354-PE, Rel. Min.Gurgel de Faria, julgado em 22/08/2017 (Info 612).

PIS/PASEP E COFINS Lei 10.865/2004 autorizou que decreto reduzisse ourestabelecesse as alíquotas do PIS/PASEP e COFINS, deforma que o Decreto nº 8.426/2015 é válido O Decreto nº 8.426/2015, que restabeleceu as alíquotas dacontribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentessobre receitas financeiras, conforme limites previstos noart. 27, § 2º, da Lei nº 10.865/2004, não ofende o princípioda legalidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1.586.950-RS, Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria,julgado em 19/09/2017 (Info 613).

CIDE-Remessas

A Lei 11.452/2007 foi isentiva, e não meramenteinterpretativa Configura fato gerador da CIDE-Remessas o envio aoexterior de remuneração pela licença de uso ou de direitosde comercialização ou distribuição de programa decomputador (software), ainda que desacompanhado da"transferência da correspondente tecnologia", porquanto aisenção para tais hipóteses somente adveio com a Lei nº11.452/2007. STJ. 2ª Turma. REsp 1.642.249-SP, Rel. Min.Mauro Campbell Marques, julgado em 15/08/2017 (Info614).

IMPOSTO DE RENDASúmula 598-STJSúmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudomédico oficial para o reconhecimento judicial da isençãodo imposto de renda, desde que o magistrado entendasuficientemente demonstrada a doença grave por outrosmeios de prova. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 08/10/2017.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS JUDICIALMENTEO art. 115, II, da Lei 8.213/91 não pode ser aplicadopara cobrança de valores pagos pelo INSS por força dedecisão judicial posteriormente revogada O art. 115, II, da Lei nº 8.213/91 não autoriza o INSS adescontar, na via administrativa, valores concedidos atítulo de tutela antecipada (tutela provisória de urgência),posteriormente cassada com a improcedência do pedido. Em outras palavras, o art. 115, II, da Lei nº 8.213/91 nãoautoriza o INSS a cobrar, administrativamente, valorespagos a título de tutela judicial, sob pena de afronta aoprincípio da segurança jurídica. A autarquia previdenciária deverá se valer dosinstrumentos judiciais próprios para ter de volta essaquantia. STJ. 1ª Turma. REsp 1.338.912-SE, Rel. Min. BeneditoGonçalves, julgado em 23/5/2017 (Info 605).

Adicional de periculosidade não deve integrarcomplementação de aposentadoria dos ex-ferroviáriosda RFFSAO adicional de periculosidade está diretamente ligado aoexercício da função, sendo, portanto, uma vantagem decaráter transitório, que cessa com a eliminação dascondições ou dos riscos que deram causa à sua concessão.Por ser vantagem pecuniária de caráter transitório, nãodeve integrar os proventos de aposentadoria. STJ. 2ªTurma. REsp 1643409/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin,julgado em 16/02/2017 (Info 599).

O valor não recebido em vida pelo segurado deverá serpago aos seus dependentes previdenciários e, na faltadeles, aos seus sucessores na forma do Código CivilOs valores previdenciários não recebidos pelo seguradoem vida, mesmo que reconhecidos apenas judicialmente,devem ser pagos, prioritariamente, aos dependenteshabilitados à pensão por morte, para só então, na faltadestes, serem pagos aos demais sucessores na forma dalei civil.Isso se deve à regra do art. 112 da Lei nº 8.213/91, quedeve ser aplicada tanto no âmbito administrativo como nojudicial. STJ. 2ª Turma. REsp 1.596.774-RS, Rel. Min. MauroCampbell Marques, julgado em 21/3/2017 (Info 600).

Não se pode conferir à aposentadoria complementaros aumentos reais concedidos para benefíciosmantidos pelo INSSNos planos de benefícios de previdência complementaradministrados por entidade fechada, a previsãoregulamentar de reajuste, com base nos mesmos índicesadotados pelo Regime Geral de Previdência Social, nãoinclui a parte correspondente a aumentos reais. STJ. 2ªSeção. REsp 1.564.070-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,

julgado em 22/3/2017 (recurso repetitivo) (Info 601).

Estrangeiros residentes no Brasil têm direito aobenefício de prestação continuadaOs estrangeiros residentes no País são beneficiários daassistência social prevista no art. 203, V, da ConstituiçãoFederal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais elegais. STF. Plenário. RE 587970/SP, Rel. Min. MarcoAurélio, julgado em 19 e 20/4/2017 (repercussão geral)(Info 861).

Exercentes de mandato eletivo que não foremvinculados a regime próprio deverão pagarcontribuição previdenciária ao RGPSIncide contribuição previdenciária sobre os rendimentospagos aos exercentes de mandato eletivo, decorrentes daprestação de serviços à União, aos Estados e ao DistritoFederal ou aos Municípios, após o advento da Lei nº10.887/2004, desde que não vinculados a regime própriode previdência. STF. Plenário. RE 626837/GO, Rel. Min. DiasToffoli, julgado em 25/5/2017 (repercussão geral) (Info866).

APOSENTADORIA DE PROFESSOR Aplica-se o fator previdenciário no cálculo daaposentadoria de professor É legítima a aplicação do fator previdenciário no cálculo daaposentadoria do professor da educação básica,ressalvados os casos em que o segurado tenhacompletado tempo suficiente para a concessão dobenefício antes da edição da Lei nº 9.876/99. STJ. 1ªTurma. REsp 1.599.097-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes MaiaFilho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, por maioria,julgado em 20/6/2017 (Info 607). STJ. 2ª Turma. EDcl noAgRg no AgRg no REsp 1.490.380/PR, Rel. Min. MauroCampbell Marques, julgado em 9/6/2015.

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA Não se exige incapacidade absoluta para conceder obenefício de prestação continuada A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) não exigeincapacidade absoluta de pessoa com deficiência paraconcessão do Benefício de Prestação Continuada. STJ. 1ªTurma. REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes MaiaFilho, julgado em 27/6/2017 (Info 608).

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Em caso de migração, o participante não tem direitode aplicação dos índices de correção monetária sobrea reserva de poupança Em caso de migração de plano de benefícios deprevidência complementar, não é cabível o pleito derevisão da reserva de poupança ou de benefício, com

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aplicação do índice de correção monetária. STJ. 2ª Seção.REsp 1.551.488-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgadoem 14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info 608).

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR A nulidade de uma das cláusulas da migração do planoimplica a nulidade de todo o negócio jurídico Em havendo transação para migração de plano debenefícios, em observância à regra da indivisibilidade dapactuação e proteção ao equilíbrio contratual, a anulaçãode cláusula que preveja concessão de vantagemcontamina todo o negócio jurídico, conduzindo ao retornoao status quo ante. STJ. 2ª Seção. REsp 1.551.488-MS, Rel.Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/6/2017 (recursorepetitivo) (Info 608).

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA O auxílio quebra de caixa consubstancia-se no pagamentoefetuado mês a mês ao empregado como uma forma decompensar os riscos assumidos pela função exercida queenvolve guarda e conferência de dinheiro. Incide contribuição previdenciária sobre o auxílio quebrade caixa. O auxílio quebra de caixa tem nítida natureza salarial eintegra a remuneração. Logo, possuindo natureza salarial,conclui-se que esta verba integra a remuneração, razãopela qual incide contribuição previdenciária. STJ. 1ª Turma. EREsp 1.467.095-PR, Rel. Min. MauroCampbell Marques, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes,julgado em 10/5/2017 (Info 610).

AUXÍLIO-RECLUSÃOConcessão do auxílio-reclusão e prisão domiciliarOs dependentes de segurado preso em regime fechadoou semiaberto fazem jus ao auxílio-reclusão ainda que ocondenado passe a cumprir a pena em prisão domiciliar.STJ. 1ª Turma. REsp 1.672.295-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,julgado em 17/10/2017 (Info 614).

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ECA

ADOÇÃO Possibilidade de revogação da adoção unilateral se isso for melhor para o adotando No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente podeser flexibilizada no melhor interesse do adotando. Ex: filho adotado teve pouquíssimo contato com o pai adotivo e foicriado, na verdade, pela família de seu falecido pai biológico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.545.959-SC, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 608).

ATO INFRACIONAL Judiciário pode determinar que Estado implemente plantão em Delegacia de Atendimento ao adolescenteinfrator A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24 horas em DelegaciaEspecializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso de poder, tampouco extrapola o controle domérito administrativo pelo Poder Judiciário. STJ. 1ª Turma. REsp 1.612.931-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,julgado em 20/6/2017 (Info 609).

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SÚMULAS

Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetivatransposição de fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção derealizar o tráfico interestadual.

Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambientedoméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra amulher no âmbito das relações domésticas.

Súmula 590-STJ: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em caso de liquidação deentidade de previdência privada, a quantia que couber a cada participante, por rateio do patrimônio, superior ao valordas respectivas contribuições à entidade em liquidação, devidamente atualizadas e corrigidas.

Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamenteautorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.

Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houverdemonstração de prejuízo à defesa.

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso commenor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexualanterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ouadolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nassituações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outrosquestionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.

Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados peloaluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenhasido dada prévia e adequada informação.

Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando nocaso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.

Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização dos serviços de assistênciamédica nas situações de emergência ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horascontado da data da contratação.

Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção doImposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios deprova.

Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.

Súmula 600-STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Mariada Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.

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