agravo - declarou preclusa a impugnação - sem transferencia-cotas - ilegitimidade, saque, juros...

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Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. BANCO BANESTADO S.A., com sede na Rua Marechal Deodoro, 802, 2º andar, em Curitiba-PR, inscrito no CNPJ sob nº 76.492.172/0001-91 , por intermédio de seus procuradores e advogados que esta subscrevem, inscritos na OAB-PR sob nºs. 20.457 e 20.456, com escritório profissional na Avenida Paraná, no. 242, 13 o . andar, salas 1304/1306, Edifício Centro Comercial Paraná, na cidade e Comarca de Maringá-PR, inconformado com a r. decisão de fls. 230, proferida nos autos nº 769/2010 de Cumprimento de Sentença, pelo Juízo de Direito da Vara Cível de MANDAGUAÇU - PR, que lhe promove CELSO MORENO BARBOSA, vem, tempestivamente, nos termos das anexas razões, interpor o presente Recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido de efeito suspensivo, porquanto: “A decisão que resolve a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento,...” (CPC, art. 475-M,§3º), buscando, assim, a reforma do julgado. O recurso é instruído, além das guias recursais, com cópia de peças do processo, onde encontram-se aquelas obrigatórias, elencadas no inciso I, do art. 525, do CPC: a) decisão agravada; b) certidão de publicação e prazo, que prova a tempestividade do recurso; c) instrumentos de representação outorgados aos advogados das partes, bem como outras cópias, tais como: petição de cumprimento de sentença, extratos, etc, declaradas autênticas, neste ato, pelos advogados do agravante, com supedâneo no artigo 544, §1º do Código de Processo Civil e no artigo 246, §6º do Regimento Interno desse e. Tribunal. Maringá/PR, 22 de Julho de 2011. MARINGÁ - PR: Avenida Paraná, 242 - Ed. Centro Com. Paraná - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 1 LONDRINA-PR: Avenida Higienópolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected]

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Excelentssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrgio Tribunal de Justia do Estado do Paran.

BANCO BANESTADO S.A., com sede na Rua Marechal Deodoro, 802, 2 andar, em Curitiba-PR, inscrito no CNPJ sob n 76.492.172/0001-91 , por intermdio de seus procuradores e advogados que esta subscrevem, inscritos na OAB-PR sob ns. 20.457 e 20.456, com escritrio profissional na Avenida Paran, no. 242, 13 o. andar, salas 1304/1306, Edifcio Centro Comercial Paran, na cidade e Comarca de Maring-PR, inconformado com a r. deciso de fls. 230, proferida nos autos n 769/2010 de Cumprimento de Sentena, pelo Juzo de Direito da Vara Cvel de MANDAGUAU - PR, que lhe promove CELSO MORENO BARBOSA, vem, tempestivamente, nos termos das anexas razes, interpor o presente Recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido de efeito suspensivo, porquanto: A deciso que resolve a impugnao recorrvel mediante agravo de instrumento,... (CPC, art. 475-M,3), buscando, assim, a reforma do julgado. O recurso instrudo, alm das guias recursais, com cpia de peas do processo, onde encontram-se aquelas obrigatrias, elencadas no inciso I, do art. 525, do CPC: a) deciso agravada; b) certido de publicao e prazo, que prova a tempestividade do recurso; c) instrumentos de representao outorgados aos advogados das partes, bem como outras cpias, tais como: petio de cumprimento de sentena, extratos, etc, declaradas autnticas, neste ato, pelos advogados do agravante, com supedneo no artigo 544, 1 do Cdigo de Processo Civil e no artigo 246, 6 do Regimento Interno desse e. Tribunal.

Maring/PR, 22 de Julho de 2011. Braulio Belinati Garcia Perez Advogado OAB/PR 20.457

Mrcio Rogrio Depolli Advogado - OAB/PR 20.456

Elisngela de A. Kavata Advogado - OAB/PR 50.089

MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected]

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RAZES

RECURSAIS

Colendo Tribunal,

nclitos Julgadores

I - DA AUTENTICIDADE DAS PEAS PROCESSUAIS DECLARAO DO SUBSCRITOR

Inicialmente a fim de dar cumprimento ao Juzo de admissibilidade e cumprir com os requisitos estabelecidos na legislao processual, o subscritor do presente recurso declara, com supedneo no artigo 544, 1 do Cdigo de Processo Civil 1 , que as peas insertas so cpias fieis das extradas dos autos de origem, estando, por conseguinte, devidamente autenticadas. II - DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO: Analisando a certido de publicao e prazo, verifica-se que os advogados do Agravante foram devidamente intimados do despacho de fls. 162, em data de 13.07.2011, atravs de publicao no Dirio da Justia Eletrnico deste Estado. Deste modo, tem-se que o incio do prazo de 10 (dez) dias para a interposio do presente recurso se deu em 14.07.2011, e seu vencimento se opera em 25.07.2011, posto que os dias 23 e 24 de julho caiu no sbado e domingo, sendo, portanto, tempestivo o recurso ora manejado. III - DOS FATOS E DA R. DECISO AGRAVADA:

Trata-se de pedido de cumprimento de sentena originrio de sentena proferida nos autos da Ao Civil Pblica movida pela APADECO contra o BANESTADO, que tramitou perante a 1. Vara da Fazenda Pblica, Falncia e Concordatas da Comarca da Capital do Estado do Paran (Processo n. 38.765/98).1

#Art. 544 - No admitido o recurso extraordinrio ou o recurso especial, caber agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justia, conforme o caso.# 1 - O agravo de instrumento ser instrudo com as peas apresentadas pelas partes, devendo constar obrigatoriamente, sob pena de no conhecimento, cpias do acrdo recorrido, da certido da respectiva intimao, da petio de interposio do recurso denegado, das contra-razes, da deciso agravada, da certido da respectiva intimao e das procuraes outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cpias das peas do processo podero ser declaradas autnticas pelo prprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 2

Recebida a ao, o ora Agravante apresentou exceo de prescrio as fls. 58/62 com documentos de fls. 64/78, sobrevindo o r. despacho de fls. 80 informando que a exceo de prescrio teria carter de impugnao e fora apresentada sem que o juzo estivesse garantido por depsito prvio, determinando, por conseqncia, a penhora de valores via Bacen Jud, inclusive com a incluso da multa de 10%, cujo bloqueio fora comandado as fls. 82/84, sem a transferncia de valores e efetivao da penhora, ou seja, sem a devida garantia do Juzo.

Em prosseguimento, da r. deciso de fls. 80, o ora agravante manejou recurso de embargos de declarao as fls. 87/88, informando que a prescrio argida no tratava-se de impugnao e, por ser matria de ordem publica, seria passvel de argio atravs de simples petio, e que, naquela pea informal, o Banco-Embargante no deduzira todas as matrias de defesa, tais como excesso de execuo, multa do art. 475-J do CPC, etc, as quais seria apresentadas em momento oportuno em sede de impugnao, qual seja, aps a intimao da lavratura do termo de penhora, nos termos do art. 475-J, 1 do CPC. Ainda apresentou cotas de fundo de investimento como garantia da ao, em substituio ordem de bloqueio on line via Bacen Jud. A MM. Juiza a quo deu total provimento ao recurso de Embargos de Declarao do Banco (fl. 102), esclarecendo que aps o julgamento da prescrio, concederia o prazo de 15 dias para o Banco impugnar a ao, deferindo ainda a substituio do Bacen pelas Cotas ofertadas, determinando a lavratura do auto de penhora das cotas e o conseqente levantamento da constrio junto ao Bacen Jud. Importante destacar que, desta deciso de fls. 102, o Exeqente no interps qualquer recurso, permanecendo silente. Posteriormente, s fls. 116/118, a MM. Juza proferiu deciso que rejeitou a prescrio, concedendo ento o prazo de 15 dias para impugnar, anteriormente estabelecido, cujo prazo para impugnao expiraria em 27.01.2011, porquanto a deciso foi publicada na imprensa em 10.02.2011.

A competente impugnao fora apresentada em 09.02.2011, onde o BancoAgravante aduziu todas as suas matrias de defesa, inclusive matrias de ordem pblica, tais como ilegitimidade Ativa da parte Exeqente, ainda erro material nos clculos dos Exeqentes em razo do saque realizado e no computado nos clculos e no utilizao da variao negativa existente na tabela do TJPR.

Posteriormente, s fls. 162, a MM. Juza proferiu deciso que considerou preclusa a impugnao:MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 3

Assim que, em flagrante equivoco, o Douto Juzo a quo proferiu despacho ora agravado s fls. 162, deixando de receber a impugnao ao cumprimento de sentena, declarando a precluso de tal direito processual. Embora no tenha havido precluso do direito de impugnar, o que por si s permitiria a anlise pelo Magistrado a quo das matrias de ordem pblica lanadas nos autos, tais como ilegitimidade ativa da parte Exeqente, ainda erro material nos clculos dos Exeqentes, nada impede que, diante do posicionamento adotado pelo Juzo a quo, o tema seja devolvido essa colenda Casa de Justia. o que ser feito nestas razes de agravo. Isto posto, insurgem-se o ora Agravante contra a r. deciso agravada, por entender que o posicionamento adotado pelo Juzo singular colide contra o regime jurdico aplicvel em hipteses como a presente, no refletindo a melhor interpretrao das disposies legais sobre essa questo, de acordo com a posio doutrinria e jurisprudencial ptria, clamando por reforma, conforme adiante se ver. IV DAS RAZES DE REFORMA DA DECISO:

MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected]

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Excelncias, a r. deciso recorrida de fls. 162 entendeu pela precluso do direito do Agravante em apresentar impugnao ao cumprimento de sentena, deixando contudo, de analisar as matrias de ordem publica abordadas nos autos, tais como ilegitimidade ativa da parte Exeqente, e ainda erro material nos clculos dos Exeqentes. Contudo, Senhores Desembargadores, vislumbra-se que na realidade no houve precluso nos autos, na medida em que o magistrado deixou de analisar as matrias de ordem publica lanadas no bojo do processo. Todavia, nada impede que, diante do posicionamento isolado e equivocado do Juzo a quo, o tema seja devolvido essa colenda Casa de Justia, por tratarem de matrias argidas e passveis de analise em qualquer tempo ou grau de jurisdio. o que ser feito nestas razes de agravo. PRAZO PARA IMPUGNAO 15 DIAS APS A EFETIVA GARANTIA DO JUIZO IMPOSSIBILIDADE DE INVERSO DOS ATOS PROCESSUAIS Conforme deciso do Juzo singular, foi declarado precluso o direito do executado de apresentar impugnao ao cumprimento de sentena, ao argumento de estar intempestiva, deixando de receber a pea processual apresentada pelo Agravante. Contudo Excelncias, tal entendimento no deve prosperar, haja vista o contido no 1, art. 475-J do CPC, tendo o MM. Juz de primeiro grau invertido a ordem legal processual e causado tumulto no presente feito, fato este que no pode ser admitido, sob pena de gerar grave leso a direito do Agravante e cerceamento de defesa. Dispoe o 1., do art. 475-J do CPC que: Art. 475 J - Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se- mandado de penhora e avaliao. 1o - Do auto de penhora e de avaliao ser de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias. (Grifo nosso) Do acima exposto extrai-se que, apenas aps a efetiva penhora de bens e intimao do executado da lavratura do auto de penhora que comea a correr o prazo de 15 dias para que a parte possa oferecer a impugnao. Assim, para que o prazo de 15 dias comece a fluir, deve primeiro haver a efetiva garantia do Juizo com a concretizao real da penhora e lavratura do auto,

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do qual deve o executado ser intimado, no bastando o simples bloqueio de valores via Bacen Jud. Ocorre que, diferentemente do contido no 1., art. 475-J do CPC, o Douto Magistrado a quo, entendeu que o momento processual adequado para que o Agravante tivesse apresentado a impugnao seria aps o simples bloqueio dos valores via Bacen Jud, ou seja, antes mesmo da real garantia do Juzo atravs da efetiva transferncia dos valores, invertendo a ordem processual constante de referido dispositivo legal. Notem, Nobres Julgadores, que no Detalhamento de Ordem Judicial de Bloqueio de Valores anexo as fls. 82/84, claramente demonstra que NO houve a penhora de valores, na medida em que NO SE OPEROU A TRANSFERENCIA da quantia que se pretendia bloquear. Vejam que o saldo bloqueado 0,00, o que leva a concluso de que, na realidade dos fatos, NO HOUVE A EFETIVA GARANTIA DE VALORES.

Neste termos Excelncias, imperioso destacar que a posio isolada adotada pelo Juzo monocrtico em DECLARAR PRECLUSO O DIREITO DO AGRAVANTE EM APRESENTAR IMPUGNAO NO PODE PROSPERAR, haja vista que contrrio a PROSPERARMARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 6

disposio de Lei, sendo que, EM NO HAVENDO A EFETIVA GARANTIA DO JUZO por penhora de bens ou depsito de valores, no h que se falar sequer em incio do prazo para apresentao de impugnao, muito menos no exaurimento do seu direito para tal. No obstante, frisa-se que os Agravantes compareceram aos autos

requerendo a substituio dos valores bloqueados por cotas do Fundo de Investimento, sendo certo que tal nomeao serviria como depsito e, portanto, garantia do Juzo, sendo que referido pleito no fora analisado pelo Magistrado. Excelencias, importante destacar que no h como confundir

depsito judicial com o simples bloqueio de valores. Para que a execuo esteja garantida, necessrio que os valores bloqueados sejam TRANSFERIDOS PARA CONTA JUDICIAL DISPOSIO DO JUZO, ocasio em que o depsito ser JUZO considerado realmente efetivado e a partir da se inicia o prazo de 15 dias para impugar. E a despeito da transferencia dos valores bloqueados via Bacen Jud para uma conta judicial a disposio do juizo, frisa-se que est transferencia ainda no ocorreu nos autos. Portanto, incontestvel, que o Agravante ter a seu favor o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar impugnao, contados da efetiva e real garantia do juzo, ou seja, contados da efetiva transferncia interbancria de valores, a qual, destarte, AINDA NO OCORREU NOS AUTOS. Salienta-se, neste diapaso, que este o posicionamento que vem sendo adotado pelo Superior Tribunal de Justia, seno vejamos: "AGRAVO REGIMENTAL - CUMPRIMENTO DE SENTENA - DEPSITO JUDICIAL - TERMO INICIAL DO PRAZO PARA APRESENTAR IMPUGNAO - ART. 475-J, 1, DO CPC - DECISO AGRAVADA MANTIDA IMPROVIMENTO. I. Efetuado o depsito judicial da quantia objeto do cumprimento de sentena, conta-se a partir da o prazo para apresentar Impugnao (cf. EREsp 846.737/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA SEO, DJe 21.11.08). II. A agravante no trouxe nenhum argumento capaz de modificar a concluso do julgado, a qual se mantm por seus prprios fundamentos. III. Agravo Regimental improvido." (STJ, AgRg no REsp 1128590/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 13/11/2009) "PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENA. TERMO INICIAL PARA A IMPUGNAO DO DEVEDOR. DATA DO DEPSITO, EM DINHEIRO, POR MEIO DO QUAL SE GARANTIU O JUZO. - No cumprimento de sentena, o devedor deve ser intimado do auto de penhora e de avaliao, podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias (art. 475-J, 1o, CPC). - Caso o devedor prefira, no entanto, antecipar-se constrio de seu patrimnio, realizando depsito, em dinheiro, nos autos, para a garantia do juzo, o ato intimatrio da penhora no necessrio. - O prazo para o devedor impugnar o cumprimento deMARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 7

sentena deve ser contado da data da efetivao do depsito judicial da quantia objeto da execuo. Recurso Especial no conhecido." (STJ, REsp 972.812/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/09/2008, DJe 12/12/2008) Esse ltimo julgado , portanto, extrado de um caso anlogo ao

presente, sendo que seus fundamentos so os seguintes: "Quanto ao cumprimento de sentena, indica o art. 475-J, 1 o, CPC, que do auto de penhora e de avaliao ser de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (...), podendo oferecer impugnao, querendo, no prazo de quinze dias. A lei no trata, no entanto, das hipteses que envolvem a nomeao espontnea de bens penhora e tampouco da situao particular em que o devedor se antecipa e oferece garantia em dinheiro para o juzo. Portanto, a problemtica anterior vigncia da Lei 11.38205 persiste, mas est adstrita agora ao cumprimento de sentena. O relevante para o legislador a comunicao ao executado para que ele possa, se entender necessrio, manifestar seu inconformismo. Entretanto, em se tratando de depsito efetuado pelo prprio executado, prescindvel sua intimao, porque a finalidade do ato j foi alcanada - cincia do devedor. Logo nada mais razovel e de acordo com a simplificao e racionalizao do processo que contar o prazo para a impugnao desde a data do depsito. Como se no bastasse isso, o dinheiro bem que se encontra em primeiro lugar na lista de preferncia do art. 655, CPC, e, quando depositado para garantia do juzo, no expe o credor a vicissitudes que justifiquem eventual recusa da nomeao. Lembro, nesse sentido, que este era o entendimento inicial da Quarta Turma deste Tribunal. O Min. Ruy Rosado de Aguiar, no julgamento do REsp 163.990SP, DJ 09111998, assim elucidou a questo: "A simples nomeao de bens penhora, que exige depois dela a prtica de ato de constrio, formalizada com o termo lavrado em cartrio, distingue-se do depsito do dinheiro em juzo, atravs de conta judicial, aberta no banco oficial, em nome do credor. Nesse ltimo caso, a constrio j aconteceu por iniciativa do prprio devedor e se formalizou com o comprovante do depsito judicial juntado aos autos. Nada mais seria necessrio fazer para deixar aquele numerrio disposio do juzo. Querer mais seria exigir a reiterao de ato j agora intil, pois o depsito, comprovado pela documentao bancria apresentada, significava que o numerrio estava constrito, indisponvel para o executado". Por tudo isto, deve-se concluir que o acrdo recorrido no violou o art. 475-J, 1, CPC." (sem grifo no original) Conclui-se, portanto, que a partir da efetiva e real garantia do juzo, no caso dos autos, com a efetiva transferncia de valores bloqueados via Bacen Jud com a posterior intimao da lavratura do auto de penhora, comear a fluir o prazo de quinze dias para impugnar, conforme preceitua o 1, art. 475-J, CPC, razo pela qual a reforma da deciso recorrida medida que se impe, para o fim de que, a partir da efetiva transferncia interbancria de valores, a qual, destarte, ainda no ocorreu nos autos, CONCEDER ao Agravante a oportunidade de apresentar Impugnao ao Cumprimento de Sentena.

Neste sentido, vale citar recente deciso proferida em caso anlogo, da Comarca de Barraco, que teve seu entendimento totalmente reformado por essa c. Casa de Justia. Vejamos:

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(...) Dessa maneira, dou provimento, liminarmente, ao presente agravo de instrumento, para que o prazo para a apresentao da impugnao ao cumprimento de sentena tenha como termo inicial o depsito judicial ou a efetiva penhora de bens. (TJPR, 4 CC, EDAgrInstr bens. 662483-7/01, Relatora Juza Astrid Maranho de Carvalho, j. 13/04/2010, DJe 23/04/2010) sem grifo no original Diante do exposto, a reforma da deciso a quo medida que se impe para o fim de que seja RECEBIDA A IMPUGNAO AO CUMPRIMENTO DE SENTENA, pronunciando-se que o prazo para oferecimento de Impugnao somente comear a fluir a partir da efetiva e real garantia do juzo, determinadose a analise e julgamento desta defesa pelo Magistrado a quo. DA SUSPENSO DO PRAZO PARA APRESENTAO DE IMPUGNAO Numa anlise mais detida do processo, no resta dvida alguma que o prazo para apresentao de impugnao realmente comeou a fluir aps o julgamento da Exceo de Prescrio, na medida em que somente seria concedido aps ser decidido tal incidente. Isto porque a deciso de fl. 74 disps expressamente que aps resolvida a Exceo de Prescrio, se no acolhida a mesma, conceder-se- o prazo de 15 dias para apresentao de impugnao, nos termos do art. 475-J, do CPC. Como visto, a deciso clara ao ordenar a suspenso do processo, o que vale afirmar, CONCEDEU EFEITO SUSPENSIVO EXCEO DE PRESCRIO. Assim, certamente com o intuito de evitar tumulto processual, o Juzo a quo determinou que primeiro fosse julgada o incidente de Exceo de Prescrio, pois, se acolhida, logicamente no haveria espao para a impugnao. Noutro norte, caso no acolhida a Exceo, os autos retornariam ao trmite normal, devolvendo-se ao Agravante, executado, a oportunidade para apresentar sua defesa por meio de Impugnao. No entanto, porm, o Agravante foi surpreendido pelo contedo da deciso recorrida de fl. 154, a qual, modificando deciso anteriormente lanada, veio causar surpresa e cerceio do direito de defesa do recorrente, pois entendeu agora pela intempestividade da impugnao oferecida dentro do prazo concedido, ou seja, aps a cincia do julgamento da Exceo! certo que havendo deciso assegurando que o prazo para Impugnao s se daria aps resolvido o incidente processual (exceo de prescrio), no pode a parte agora ser surpreendida com a mudana de entendimento, que ao repelir esse direito, cerceou o direito de defesa do Agravante.

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Assim, pede a Vossas Excelncias, se dignem em reformar a deciso de recorrida de fl. 154, para declarar a tempestividade da Impugnao e, via de regra, determinar que o Juzo a quo, promova sua anlise e julgamento. o que se pede, por ser medida de Justia! DA IRREGULARIDADE DO TERMO DE PENHORA

Imprescindvel destacar que no presente caso no se pode afirmar o vencimento do prazo para apresentao da impugnao, ante a ausncia de formalizao vlida do termo de penhora, uma vez que no cumprido o requisito expresso no artigo 665, IV do CPC, qual seja, a nomeao do depositrio dos bens. Vejamos: Artigo 665. O auto de penhora conter: ... IV a nomeao do depositrio dos bens. Destarte, conforme se verifica as fls. 96 o ato est eivado de nulidade, visto que no h constituio do fiel depositrio, no preenchendo, desta forma, a condio elencada na norma supracitada, por conseguinte, no h que se considerar a penhora no estrito sentido da lei, e no havendo penhora, no h tambm o incio do prazo para apresentao da impugnao, nos termos do artigo 475-J, 1 do CPC. Tal vcio processual no pode ser levado a contento, pois, sendo a penhora uma garantia do juzo e no estando a mesma perfectibilizada, deve o juiz declarar nulo todos os atos jurdicos ulteriormente praticados. Note bem Excelncias, a simples ausncia de assinatura do depositrio acarreta a nulidade do termo, logo, inimaginvel que a inexistncia do depositrio poderia ser satisfatria, capaz de fazer iniciar o prazo aqui discutido. Neste sentido, seguem recentes decises: EMENTA: EXECUO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA. DEPSITO. AUSNCIA DE NOMEAO DE DEPOSITRIO. LAUDO DE AVALIAO DO BEM CONSTRITO. AVALIAO IRREGULAR. EDITAL DE HASTA PBLICA SEM VALOR DO BEM. NULIDADE DA PENHORA. A ausncia de nomeao de depositrio torna irregular os atos processuais posteriormente praticados penhora. Para que a penhora se concretize, deve-se obedecer os atos estabelecidos no artigo 665, do Cdigo de Processo Civil, que dentre outras determinaes, diz que o ato de penhora conter a nomeao do depositrio dos bens. A penhora constitui-se em uma garantia do juzo, e para que se concretize deve haver a regular nomeao de depositrio do bem constrito. No havendo, portanto, a nomeao do depositrio, o juiz deve, demandado ou ex officio, declarar nulos os atos jurdicos posteriormente efetuados. O artigo 681 do Cdigo de Processo Civil determina que o laudo feito pelo avaliador conter a descrio dos bens, com os seus caractersticos, e a indicao do estado em que se encontram os bens. No edital de hasta pblica deve conter, dentre outros requisitos, o valor do bem, o que determina o artigo 686 do Cdigo de Processo

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Civil. Acrdo n 2.0000.00.348186-5/000(1) de TJMG. Tribunal de Justia do Estado de Minas Gerais, 24 de Novembro de 2011. AGRAVO - EXECUO - AUTO DE PENHORA - IRREGULARIDADE AUSNCIA DE ASSINATURA DO DEPOSITRIO - VCIO SANVEL - A F PBLICA DOS OFICIAIS DE JUSTIA NO SUPERA A EXIGNCIA FORMAL DA APOSIO DA ASSINATURA - ART. 664 DO CPC - REFORMA DA DECISO. A despeito de ser o vcio da ausncia de assinatura no auto de penhora sanvel, enquanto no realizado o depsito, no se aperfeioa a constrio, inviabilizando-se conseqentemente a oposio dos embargos execuo, devendo a penhora ser regularizada, mediante a assinatura do depositrio no auto. "Se o depositrio nomeado no assinou o auto ou termo de penhora assumindo o encargo, no h penhora regular. admissvel a baixa dos autos, em diligncia, para que se proceda regularizao da penhora, com o que evitar-se- a extino dos embargos sem julgamento de mrito". Acrdo n 2.0000.00.459077-0/000(1) de TJMG. Tribunal de Justia do Estado de Minas Gerais, 01 de Setembro de 2004. EMENTA: PROCESSO CIVIL. EXECUO. TERMO DE PENHORA. ASSINATURA. REQUISITO INDISPENSVEL. PENHORA DE BENS INCORPREOS. IRRELEVNCIA. ART. 665, CPC. RECURSO DESACOLHIDO. I Nos termos do art. 665 IV, CPC, requisito indispensvel do auto de penhora a nomeao de depositrio do bem, assim como a assinatura no termo, independente da natureza do bem penhorado. II A regular penhora antecede intimao para apresentao dos embargos. III Segundo antigo brocardo latino, ubi Lex non distinguit nc interpres distinguere debet. STJ RESp 420.303 - SP (Proc. 2002/0031425-0) Rel. Min. Slvio de Figueiredo Teixeira j. 06/06/2002). Diante do exposto, medida de ldima justia a declarao de nulidade dos atos que sucederam a penhora realizada em dissonncia com o procedimento ordinrio ptrio, reconhecendo, por conseguinte, que o prazo para o executado apresentar impugnao deve ser contado a partir da formalizao regular do autor de penhora. o que se requer. TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAO - INTIMAO PESSOAL DO AUTO DE PENHORA Neste caso, quando da lavratura do auto de penhora no foram observadas as formalidades legais, e assim, por conseguinte, no se pode considerar validamente aberto o prazo para impugnao. Isto porque, em primeiro lugar, a intimao quanto penhora foi dirigida nica e exclusivamente aos advogados, inexistindo intimao pessoal do agravante, gerando nulidade insanvel desse ato de cientificao da parte. Destarte, em tal hiptese, imprescindvel a intimao pessoal, sem o que no se pode considerar iniciado o prazo para oferecimento da Impugnao, como entendeu a deciso recorrida. Nesse sentido, o Colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA j teve a oportunidade de decidir, em caso anlogo, que:

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PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTRIO EXECUO FISCAL PENHORA PRAZO INTIMAO PESSOAL PARA OFERECIMENTO DE EMBARGOS PRECEDENTES. 1. A jurisprudncia desta Corte posiciona-se no sentido de que, no processo de execuo fiscal, para que seja o devedor efetivamente intimado da penhora, necessria a sua intimao pessoal, e deve constar, expressamente, como requisito no mandado, a advertncia do prazo para o oferecimento dos embargos execuo. Precedentes: AgRg no REsp 933.275/RS, Rel. Min. Jos Delgado, Primeira Turma, DJe 23.6.2008; AgRg no Ag 793.455/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, DJ 8.11.2007; EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 448.134/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 29.6.2006; REsp 445.550/DF, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 18.5.2006, DJ 1.8.2006 . Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 1085967/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 23/04/2009) Ante o exposto e tambm sob este ngulo, deve ser reformada a r. deciso recorrida, porquanto ausente a intimao pessoal do Agravante para a defesa cabvel, impugnao e, via de regra, ordenar que o Juzo a quo, conhea e aprecie as razes expostas na Impugnao, apresentada no prazo de 15 (quinze) dias aps sua intimao pessoal.

V DA ILEGITIMIDADE ATIVA DA PARTE EXEQENTE/AGRAVADA - DO ALCANCE TERRITORIAL DO TTULO EXECUTIVO ARTIGO 16 DA LEI 7.347/85 Embora no tenha havido precluso do direito de impugnar, o que por si s permitiria a anlise pelo Magistrado a quo das matrias de ordem pblica lanadas nos autos, tais como ilegitimidade ativa da parte Exeqente, nada impede que, diante do posicionamento adotado pelo Juzo a quo, o tema seja devolvido essa colenda Casa de Justia. Isto porque o ajuizamento da presente execuo indevido, uma vez que o suposto credor ora agravado parte ilegtima para tanto. Conforme se extrai da sentena do citado processo coletivo, devero ser observadas as disposies do art. 16 da Lei 7.347/85, o qual ganhou nova redao com a Lei n. 9.494/97: Art. 16. A sentena civil far coisa julgada erga omnes, NOS LIMITES DA COMPETNCIA TERRITORIAL DO RGO PROLATOR, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar ao com idntico fundamento, valendose de nova prova. (destacou-se) Deste modo, interpretando-se a norma legal, observa-se que a deciso judicial da ao civil pblica to somente produz efeitos nos limites da comarca de

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competncia do juzo da origem, ou seja, a abrangncia territorial da deciso limita-se comarca do juzo de primeiro grau que processou e julgou a demanda. Portanto, como a sentena foi prolatada por Juzo de Direito localizado na Comarca de Curitiba - PR, e como o impugnado reside e manteve conta de poupana em Comarca diversa a de Curitiba -PR, logo este no detm legitimidade para o ajuizamento da execuo, ante a norma mencionada. a legislao, como visto, que reduziu os limites da coisa julgada da ao civil pblica, delimitando seus efeitos aos limites de competncia territorial do rgo prolator, neste caso, da Comarca de Curitiba. A respeito da atual redao deste dispositivo, h que se dizer que foi indeferida a medida liminar para suspender sua vigncia, requerida na ao direta de inconstitucionalidade n. 1.576-1/DF (Relator Min. Marco Aurlio), proposta pelo Partido Liberal PL, ainda contra o texto da Medida Provisria n. 1570/97, que foi posteriormente convertida na Lei n. 9.494/97. Ou seja, na nica oportunidade concreta em que o E. Supremo Tribunal Federal foi clamado a examinar a atual redao deste dispositivo, o seu Plenrio decidiu pela sua constitucionalidade, como no poderia deixar de ser, por tudo o quanto aqui aduzido; inclusive, e especialmente, em razo da autonomia dos Estados e dos seus poderes (legislativo, executivo e judicirio). Transcreve-se, para elucidar, o V. voto do Ministro MARCO AURLIO, Relator daquela ao, que com invulgar nitidez bem decidiu a questo: ... A alterao do artigo 16 ocorreu conta da necessidade de explicitar-se a eficcia erga omnes da sentena proferida na ao civil pblica. Entendo que o artigo 16 da Lei n. 7.347, de 25 de julho de 1985, harmnico com o sistema Judicirio ptrio, jungia, mesmo na redao primitiva, a coisa julgada erga omnes da sentena civil rea de atuao do rgo que viesse a prolat-la. A aluso eficcia erga omnes sempre esteve ligada ultrapassagem dos limites subjetivos da ao, tendo em conta at mesmo o interesse em jugo difuso ou coletivo no alcanando, portanto, situaes concretas, quer sob o ngulo objetivo, quer subjetivo, notadas alm das fronteiras fixadoras do juzo. Por isso, tenho a mudana da redao como pedaggica, a revelar o surgimento de efeitos erga omnes na rea de atuao do Juzo e, portanto, o respeito competncia geogrfica delimitada pelas leis de regncia. Isso no implica esvaziamento da ao civil pblica nem, tampouco, ingerncia indevida do Poder Executivo no Judicirio. Indefiro a liminar12. A jurisdio, por sua vez, eminentemente ligada ao territrio. Em razo disso, a estruturao e o concretizar da jurisdio se d precisamente em funo das regras

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de competncia; por isso, a diviso judiciria dos Estados, das Comarcas e dos Foros. Logo, a ao ajuizada em Curitiba tem sua abrangncia to-somente naquele territrio. Ora, o legislador, ao alterar o artigo 16 da LACP, adotou o critrio da competncia para limitao dos efeitos das decises proferidas nas aes coletivas e esse critrio no pode ser simplesmente ignorado (sob o argumento de que inoperante). Confira-se a Exposio de Motivos da Lei 9.494/97, a qual traz justificativas da sua promulgao e indica a linha de raciocnio do intrprete: Tal proposta resolve uma conhecida deficincia do processo de ao civil pblica que tem dado ensejo a inmeras distores, permitindo que alguns juzes de primeiro grau se invistam de uma pretensa jurisdio nacional. A despeito das censuras j emitidas pelo Supremo Tribunal Federal sobre o mau uso da ao civil pblica inclusive como instrumento de controle de constitucionalidade com eficcia contra todos, persistem algumas tentativas de conferir eficcia universal as decises liminares ou as sentenas dos juzes de primeiro grau. DA A NECESSIDADE DE QUE SE EXPLICITE, DE CERTA FORMA, O BVIO, ISTO , QUE A DECISO JUDICIAL PROFERIDA NA AO CIVIL PBLICA TEM EFICCIA NOS LIMITES DA COMPETNCIA TERRITORIAL DO RGO JUDICIAL. (destacou-se) Complementando o raciocnio, escreveu com brilhantismo sobre o tema JOS DOS SANTOS CARVALHO FILHO, verbis: O limite da territorialidade, no caso, no pretende ofender as competncias territoriais atribudas aos Tribunais, mas, ao contrrio, o que se pretende demarcar a rea em que podero ser produzidos esses efeitos, TOMANDO EM CONISDERAO O TERRITRIO DENTRO DO QUAL O JUIZ DE PRIMEIRO GRAU TEM COMPETNCIA PARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DESSES EFEITOS. De todo o exposto, certo que, por expressa disposio legal, a eficcia da deciso proferida na ao civil pblica dever ficar adstrita aos limites de competncia territorial do rgo prolator, ou seja, aos limites da competncia do juzo de primeiro grau: no caso em exame, restrito, pois, Comarca de Curitiba. Trata-se de matria de ordem pblica, que deveria ter sido conhecida pelo Juzo ex officio, quando do recebimento da execuo, uma vez que se trata de condio da ao de execuo, que tambm se submete norma do art. 267, VI, do CPC, ante a disposio do art. 598 do mesmo cdigo. V-se, portanto, que a ilegitimidade da parte exeqente manifesta e no demanda maior anlise, uma vez que a disposio da norma processual em referncia inequvoca e dispensa maior exegese.

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Deveria ento a parte exeqente ter procedido comprovao, de plano, de que poca da prolao da sentena residia e possua conta de poupana na comarca de Curitiba - PR, sob pena de extino do feito. Portanto, verifica-se a ausncia de comprovao da legitimidade para pleitear a execuo da sentena, motivo pelo qual ela deve ser extinta de plano, com fulcro no art. 475-L, IV, c/c art. 267, VI e 598, todos do Cdigo de Processo Civil. DO ALCANCE PESSOAL DO TTULO EXECUTIVO ARTIGO 2-A DA LEI 9.494/97 Excelncias, complementando o entendimento do item anterior, em torno da ilegitimidade ativa do impugnado, observa-se a necessidade de reforma da deciso a quo, tambm pela ausncia de comprovao de manuteno de caderneta de poupana na comarca de Curitiba, poca do ajuizamento da ao coletiva. De sorte que mister analisar o artigo 2-A da Lei 9.494/97 que dispe o seguinte: A SENTENA CIVIL PROLATADA EM AO DE CARTER COLETIVO, PROPOSTA POR ENTIDADE ASSOCIATIVA, NA DEFESA DOS INTERESSES E DIREITOS DE SEUS ASSOCIADOS, ABRANGER APENAS OS SUBSTITUDOS QUE TENHAM, NA DATA DA PROPOSITURA DA AO, DOMICLIO NO MBITO DA COMPETNCIA TERRITORIAL DO RGO PROLATOR. Diante isso, a parte impugnada deveria, primeiramente, fazer prova em juzo que era residente na comarca de Curitiba poca do ajuizamento da ao. Contudo, alm de no demonstrar que os fatos ensejadores da execuo ocorreram no mbito de jurisdio do juzo de primeiro grau (item A), tambm no cumpriu a previso legal supra, deixando de colacionar provas de sua residncia no em Abril/1998. Portanto, comportaria extino por esses motivos. No entanto, a parte impugnada no demonstrou a existncia de vnculos com a APADECO, ou seja, no trouxe aos autos nenhuma prova de que era associado da autora da ao civil pblica poca do ajuizamento da demanda. Assim, a parte impugnada carecedora da execuo, na medida em que no comprovou ser beneficiria da sentena coletiva. Somente aqueles que eram associados da APADECO, quando da propositura da ao, podem ser beneficiados pela deciso proferida na ao civil pblica. Diante da substituio processual ocorrida na ao originria do ttulo executivo, mister se faz que o impugnado traga aos autos identificao de sua natureza de associados. Quando a associao representa seus associados, agindo em nome deles, deve estar expressamente autorizada, alm de mencionar, nominalmente, quais osMARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 15

a execuo j

associados que esto sendo representados. Veja o que delimita o inciso XXI da Constituio Federal: As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, TM LEGITIMIDADE PARA REPRESENTAR SEUS FILIADOS JUDICIAL e extrajudicialmente. (destacou-se) Interpretando o texto constitucional, a doutrina unnime na compreenso de que a associao tem legitimidade to-somente para tutelar direitos e interesses de seus associados. Veja-se: Embora o texto constitucional fale em representao, a hiptese de legitimao das associaes para tutela de direitos individuais de seus associados, configurando verdadeira substituio processual' (art.6, CPC)14. Em qualquer das hipteses pode a associao, em nome prprio, defender em juzo o direito de seu associado15. Outrossim, o dispositivo constitucional foi reforado pelo art. 4 da MP 2.180-35/2001, modificador do art. 2 da Lei 9.494/97, que por sua vez, deu nova redao ao art. 16 da Lei 7.347/85, tendo determinado expressamente que a sentena civil prolatada em ao de carter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos de seus associados (...), logo inequvoco que a APADECO representou apenas os interesses de seus associados e que a deciso judicial alcana somente aqueles que comprovarem o vnculo associativo quando da propositura do feito. Desse modo, competia parte exeqente, ab initio, comprovar a condio de associada para ser beneficirio da demanda coletiva e fazer jus aos valores pleiteados em grau de execuo individual. Nesse sentido o magistrio de HUMBERTO TEODORO JNIOR: (...) a substituio processual que a Constituio conferiu s associaes tem um alcance predeterminado, isto , a entidade jurdica pode agir em juzo na defesa dos interesses de terceiros, mas estes devem ser integrantes de seu quadro social. No se concebe uma substituio autnoma, que propiciasse a uma associao privada tornar-se representante no processo de toda comunidade nacional ou de uma parcela indivisa da sociedade16. A redao dada pelo art. 2-A da Lei 9.494/97, ao fazer expressa referncia substituio dos associados, confirma o entendimento acima. Diante do acima exposto, vislumbra-se que a reforma da r. deciso agravada medida de imprio, visto que patente, portanto, a ilegitimidade ativa da parte exeqenteagravada, haja vista no ter comprovado sua residncia na Comarca de Curitiba - PR, nem tampouco o respectivo vnculo associativo com a APADECO, quando do ajuizamento da ao civil pblica, pelo que se faz imperativa a extino da execuo, sem anlise do mrito. o que se requer, por ser medida de Justia!

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VI - EXCESSO DE EXECUO - ERRO MATERIAL SAQUES EFETUADOS NAS CONTAS POUPANAS DOS EXEQUENTES AFASTAMENTO QUE SE IMPE Inobstante a impugnao ao cumprimento de sentena, fundamentada em evidente erro material nos clculos apresentados pelo ora Impugnante, o MM. Juiz a deixou de apreciar a impugnao ao cumprimento de sentena. Entretanto, importante frisar que, em nenhum momento se perquiriu sobre o contedo da impugnao, calcada em EVIDENTE ERRO MATERIAL, razo pela qual, o Agravante maneja a presente recurso para reconhecer o excesso do valor executado, pelas razes a seguir expostas: Dispondo sobre o erro material e a possibilidade de seu conhecimento em qualquer fase do processo, da lio de Teresa Arruda Alvim Wambier que enganos, objetivamente constatveis, cuja constatao no deixe margem de dvida, so sempre retificveis. (Conta de Atualizao erro de clculo despacho que a aprova, ao anulatria, in Revista de processo n. 59, ano 15, jul/set/1990, p. 227) Recentemente, o STJ teve a oportunidade de decidir que correo de erro material pode ser feita a qualquer tempo, mesmo que a deciso onde esteja inserido j se mostre acobertada pelo manto da coisa julgada, posto que a ela no est submetido (REsp 502.557/RS, Rel. Min. Fernando Gonalves j. 19/02/2009). Por sua vez, no julgamento do REsp 941.403/SP, o mesmo STJ deixa claro que a jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia firmou o entendimento no sentido de que o erro material pode ser corrigido a qualquer tempo, ainda que a deciso haja transitado em julgado, sem que se ofenda a coisa julgada (artigo 463, I, CPC). Outrossim, fundamental evidenciar o entendimento do ex Tribunal de Alada do Paran, o qual no julgamento do Agravo de Instrumento n. 156.436-1, sendo Relator o Juiz Jurandyr Souza Junior, pontificou que A conta homologada judicialmente no implica em precluso, quando se cuida de inexatido material, proveniente de lapso manifesto, consistente em erro de clculo. Tal entendimento cai como uma luva ao caso concreto, afinal no se poderia admitir que o Exeqente se locupletasse indevidamente, acobertado pelo erro material em seus clculos. Por isso, o ERRO MATERIAL no atingido pela imutabilidade da coisa julgada, e pode ser apreciado em qualquer tempo e grau de jurisdio. No caso em tela, os

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executados equivocaram-se ao tomar como base de clculo algum valor incorreto , uma vez que, houve saque parcial, que no foi computado. Vejamos: EXCESSO: SAQUE PARCIAL ERRNEO CMPUTO DOS JUROS, ETC A prpria sentena da APADECO condiciona o exerccio do direito de cobrar o crdito relativo a essa diferena prova da existncia de saldo at o dia quinze de junho de 1987 e janeiro de 1989 e prova de que o depsito permaneceu em conta at o dia do seu aniversrio (data para o crdito de rendimentos), na primeira quinze do ms seguinte, ou seja, julho de e fevereiro de 1989. No caso, os saques parciais foram efetuados dentro do perodo aquisitivo, sendo que os valores apontados na memria de clculo s fls., no permaneceram aplicados pelos trinta dias necessrios para a remunerao. O extrato juntado s fls. 20 comprova a ocorrncia de saque parcial no valor de NCZ$ 300,00 no dia 06.01.1989, reduzindo o saldo para NCZ$ 658,62.

O extrato juntado s fls. 23 comprova a ocorrncia de saque parcial no valor de NCZ$ 17,00 no dia 06.01.1989, reduzindo o saldo para NCZ$ 514,91

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O extrato juntado s fls. 30 comprova a ocorrncia de saque parcial no valor de CZ$ 5.000,00 no dia 16.07.1987, reduzindo o saldo para CZ$ 2.057,99

Sendo certo que somente sobre a remunerao do saldo que tenha permanecido ininterruptamente aplicado durante o perodo aquisitivo da conta-poupana (30 dias) que recairia a correo monetria. Neste sentido preceitua o Superior Tribunal de Justia: "II - A RETIRADA DO DINHEIRO ANTES DE COMPLETADOS OS TRINTA DIAS - E ESSA CONSCINCIA O POUPADOR A TEM TAMBM NO MOMENTO DA CELEBRAO OU RENOVAO DA APLICAO - IMPORTA APENAS NA PERDA VOLUNTRIA DO DIREITO AO RENDIMENTO, PERDA QUE, CONTUDO, DECORRE DE ATITUDE UNILATERAL FACULTADA CONTRATUALMENTE AO INVESTIDOR DE NO MAIS SE DISPOR A CUMPRIR A CONDIO SUSPENSIVA A QUE SE DEVERIA SUBMETER PARA FAZER JUS CONTRAPRESTAO REMUNERATRIA AJUSTADA. III - O QUE NO SE ADMITE, PORM, QUE, UMA VEZ TRANSCORRIDO O LAPSO TEMPORAL EXIGVEL SEM RETIRADAS, CUMPRIDO PORTANTO PELO POUPADOR TUDO O QUE LHE INCUMBIA, A INSTITUIO FINANCEIRA VENHA A CREDITAR O RENDIMENTO COM BASE EM NDICE DIVERSO DO VIGENTE POCA DA CONTRATAO" (STJ, REsp 77709/MG, Rel. Ministro SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13/05/1996, DJ 10/06/1996 p. 20339). Desta forma, sobre a importncia objeto do saque no incide qualquer correo do ms de junho 1987 para julho de 1987 e janeiro de 1989 para fevereiro de 1989, motivo pelo qual, a diferena apontada pela parte Exeqente em sua memria de clculo encontra-se equivocada. Em suma, por todos os ngulos analisados, percebe-se o desacerto nos calculos da parte Agravada pugnando a reforma r. deciso, para reconhecer a existncia de ERRO MATERIAL DE CLCULO, com o acolhimento das materias aqui aduzidas, por serem de Ordem Publica, e, portanto, passvel de argio em qualquer fase processual ou grau de jurisdio. DOS JUROS REMUNERATRIOS E SUA INCIDNCIA AT O ENCERRAMENTO DA CONTA

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Excelncias, conforme j mencionado em sede de impugnao os juros remuneratrios decorrem do contrato de depsito em conta poupana, ou seja, trata-se de um bem acessrio diretamente atrelado ao capital, porque o direito ao seu recebimento existe em decorrncia do direito de propriedade sobre a moeda que se caracteriza como bem principal. Assim, considerando que os juros remuneratrios correspondem exatamente ao perodo aquisitivo do capital principal disposto no contrato de depsito em conta poupana, chegamos na terminologia de juros contratuais de modo que no resta duvidas de que referido juros remuneratrios contratuais remunerao do capital principal - so devidos somente enquanto perdurar o contrato de conta poupana, no presente caso a parte Exeqente encerrou sua conta poupana n 002.715-5, encerrada dia 02.10.2001. Neste sentido, diante da considerao que os juros remuneratrios integram o principal, a partir do momento que este capital principal devolvido ao titular da conta poupana, com o posterior encerramento desta conta, os juros remuneratrios perdem a sua razo de existir. Logo, a incidncia dos juros remuneratrios sobre as diferenas no pagas, esvai-se com a extino do contrato de poupana, ou seja, ainda que reconhecido o direito s diferenas de correo monetria (expurgos inflacionrios), os juros remuneratrios so devidos sobre estas diferenas, mas somente enquanto vigente o contrato que prev a recomposio do prprio capital, j que o juro remuneratrio decorre exclusivamente do contrato de conta poupana. Nota-se que no outro o entendimento consolidado da jurisprudncia: "CADERNETA DE POUPANA. PLANOS BRESSER E VERO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO HSBC COMO SUCESSOR DO BANCO BAMERINDUS. CARNCIA DE INTERESSE RECURSAL QUANTO AO PLEITO DE JUROS DE MORA A CONTAR DA CITAO. JUROS REMUNERATRIOS DEVIDOS AT O ENCERRAMENTO DAS POUPANAS. RECURSO EM PARTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, PARCIALMENTE PROVIDO. (...) IV. Os juros remuneratrios s so devidos sobre as diferenas no pagas poca do aniversrio das poupanas at a data de encerramento das contas, ou seja, enquanto permaneceu ativa a poupana, j que eles decorrem do contrato e no do ttulo executivo judicial. Assim, a remunerao do capital deve perdurar somente enquanto estiver ativa a conta poupana. V. Recurso em parte conhecido e, nesta parte, parcialmente provido." (TJ/PR, Dcima Terceira Cmara Cvel, rel. Juiz Conv. Fernando Wolf Filho, AP 434.368-0, DJ. 18/04/2008 grifei) EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAO CVEL. AO DE COBRANA. DIFERENA NA REMUNERAO DA CADERNETA DE POUPANA. PLANO VERO. PERCENTUAL APLICADO. SENTENA REFORMADA. JUROS REMUNERATRIOS E CORREO MONETRIA. PRESCRIO.MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 20

INOCORRNCIA. INCIDNCIA DOS ARTS. 177, CAPUT, DO CC DE 1916 E 2028 DO CC ATUAL. [...] JUROS REMUNERATRIOS. INCIDNCIA. TERMO INICIAL. DATA DO LANAMENTO A MENOR. TERMO FINAL. DATA EM QUE AINDA HAVIA VALORES EM CONTA. JUROS DE MORA. INCIDNCIA. TERMO INICIAL. DATA DA CITAO. TERMO FINAL. DATA DO EFETIVO PAGAMENTO. [...]. 5. Sobre o valor devido a ttulo de diferena na remunerao de cadernetas de poupana, alm de correo monetria, devem incidir juros remuneratrios, a partir da data do lanamento a menor na caderneta de poupana at a data em que ainda havia valores em conta, bem como juros moratrios, a partir da citao at a data do efetivo pagamento. Apelao Cvel provida em parte. (TJPR - Acrdo 12168 - 0508102-1 Apelao Cvel - 15 Cmara Cvel - rel. Jucimar Novochadlo - Julg. 06/08/2008 - Public. 22/08/2008 grifei) EMENTA: APELAO CVEL E RECURSO ADESIVO. AO ORDINRIA DE COBRANA. CADERNETA DE POUPANA. PLANOS GOVERNAMENTAIS COLLOR E VERO. EXPURGOS INFLACIONRIOS. RECURSO ADESIVO - 1) OMISSO DA SENTENA NO TOCANTE CONDENAO DO BANCO AO PAGAMENTO DA CONDENAO DAS DIFERENAS REFERENTE AO MS DE MAIO/90. CORREO DEVIDA. 2) JUROS REMUNERATRIOS. TERMO FINAL. DATA DO ENCERRAMENTO DA CONTA. 3) JUROS MORATRIOS DE 1%. AUSNCIA DE INTERESSE RECURSAL. SENTENA QUE FOI FAVORVEL AO APELANTE NESTE PONTO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA PARTE CONHECIDA, PARCIALMENTE PROVIDO. [...]. 2. Do termo final dos juros remuneratrios. Segundo os apelantes os juros remuneratrios devem ser capitalizados e pagos a partir da violao contratual at a data do pagamento e no somente at a data do seu encerramento, consoante previsto na r. sentena objurgada. sabido que os juros remuneratrios so devidos ao poupador porque o saldo sobre o qual at ento incidiram no fora creditado em conta na totalidade devida. Desta forma, a incidncia dos juros remuneratrios deve se operar a partir da data do lanamento a menor na caderneta de poupana (data do prejuzo suportado) at a data em que ainda havia valores em conta ou do seu encerramento, conforme j decidiu este Tribunal. (TJPR Acrdo Apelao Cvel n 553.844-9, Foro Central da Comarca da Regio Metropolitana de Curitiba - Relator: Juiz Convocado Francisco Eduardo Gonzaga de Oliveira Julg. 22/04/2009 grifei) O Superior Tribunal de Justia em excelentes julgados sobre questo anloga, enfatizou: "CADERNETA DE POUPANA. CRITRIO DE ATUALIZAO MONETRIA. EXPURGO INFLACIONRIO. JUROS REMUNERATRIOS. LIMITE. ENCERRAMENTO DA CONTA. DISSENSO JURISPRUDENCIAL NO CARACTERIZADO. 1. O STJ tem entendimento de que devida a aplicao dos ndices de inflao expurgados pelos planos econmicos governamentais, como fatores de atualizao monetria de dbitos judiciais. 2. Os juros remuneratrios incidem at a data de encerramento da caderneta de poupana. 3. No se caracteriza o dissenso interpretativo quando inexiste similitude ftica-jurdica entre os arestos confrontados. 4. Agravo conhecido para conhecer do recurso especial e dar-lhe parcial provimento". (STJ, Dec. Mono. em Agr. Instr. 921.326 - SP, Relator Ministro Joo Otvio de Noronha, j. 07.02.2008, grifei). Por fim, apenas para que no pairem dvidas, a remunerao do capital, pela sua prpria natureza compensatria, no pode ser confundida com os juros moratrios, que surgem pelo atraso no cumprimento da obrigao. Fazer incidir os juros remuneratrios aps

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o encerramento do contrato de conta poupana seria atribuir-lhe efeitos moratrios, o que caracterizaria verdadeiro bis in idem, bem como, enriquecimento sem causa.

DA VARIAO NEGATIVA EXISTENTE NA TABELA DO TJPR Excelncias, em sua planilha de clculo a parte Agravada no considera as variaes negativas existentes na tabela do TJPR. Observe-se que a mesma deixa de indicar qual a variao utilizada ms a ms. Nobres Julgadores, Tabela do Tribunal de Justia do Paran possui algumas variaes negativas, como por exemplo, julho/98 (-0,33%), Agosto/98 (-0,33%), Setembro/98 (-0,17%), Novembro/98 (-0,18%), Maio/99 (-0,15%), Junho/2005 (-0,28%), Julho/2005 (-0,19), Agosto/2005 (-0,40%), Maro/2006 (-0,09%), Agosto/2008 (-0,085%), Dezembro/2008 (-0,075%), Maro/2009 (-0,320%), Julho/2009 (-0,205%). Entretanto, para os perodos de ndices negativos a parte Agravada no os utiliza, simplesmente no corrige o valor para o ms, menciona 0,00%. Com isto ele no respeita a tabela do Tribunal e chega a um valor final maior. Outro ponto crucial, na memria de clculo utilizada pela Agravada em sua memria de clculo aplica o ndice par ao ms cheio. Isto , considera o nmero de meses do intervalo e multiplica pelo percentual correspondente ao perodo, j o Agravante na planilha de clculo ora anexada aplicou os juros demora pelo nmero de dias do intervalo. Exemplo: a citao da Ao Civil Pblica ocorreu em 28.05.1998, a parte Exeqente em sua planilha de clculo considera 0,5% de juros de mora para o ms de maio de 1998, j o Impugnante aplica juros de mora apenas para os dias 28, 29, 30 e 31 de maio de 1998. E ainda, a parte Agravada em sua memria de clculo aplica mais 0,5% de juros de mora a mais no primeiro intervalo (maio/98 a janeiro/2003), utilizando o percentual de 28,5, enquanto que o realmente devido 28,00% VII - DA ATRIBUIO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO De acordo com o inciso III, do art. 527, do CPC, o relator, recebendo o agravo de instrumento, poder atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipao de tutela, total ou parcialmente, a pretenso recursal, comunicando ao juiz sua deciso. Por sua vez, o art. 558, do mesmo diploma, estabelece que o relator poder, a requerimento do agravante, nos casos de priso civil, adjudicao, remio de bens, levantamento de dinheiro sem cauo idnea e em outros casos dos quais possa resultar

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leso grave e de difcil reparao, sendo relevante a fundamentao, suspender o cumprimento da deciso at o pronunciamento definitivo da turma ou cmara. Configuraram-se no presente caso, certo, os requisitos necessrios para atribuio de efeito suspensivo ao presente recurso. A relevncia da fundamentao, no presente caso, est mais do que evidenciada. O entendimento privilegiado na r. deciso agravada est em situao de evidente coliso com o que estabelecem a Smula 150, do Supremo Tribunal Federal, as regras dos arts. 205 e 206, pargrafo 3., inciso IV, do Cdigo Civil em vigor e a recente posio do STJ (REsp 1070896/SC). Portanto, o d. Juzo a quo autorizou o processamento de execuo apesar da evidentssima prescrio da pretenso executiva muito antes do ajuizamento da demanda pelo Agravado. Por outro lado, o perigo de dano para o Agravante, caso no atribudo efeito suspensivo ao presente agravo, evidente, j que a prpria deciso j autorizou a expedio de alvar para levantamento do valor incontroverso, em caso de recurso, sabendo-se que a tese central gera exatamente em torno do acolhimento da prescrio, que torna toda a pretenso executiva contraditria, levando-se em conta, ainda, a vultuosa importncia do numerrio em questo. No se pode perder de vista que, no caso de no ser concedida a pretendida suspenso, podero ser praticados atos de efetiva satisfao da dvida afirmada pelo Agravado. E disso resultam conseqncias inevitavelmente danosas para o Agravante. Os danos mencionados dificilmente sero reversveis, no plano dos fatos, pois no existe comprovao de que a parte Agravada dispe de patrimnio suficiente para proceder devoluo de valores que incorretamente sejam liberados em seu favor, por conta do processamento indevido do cumprimento de sentena. Por todas razes j delineadas nesta pea, repita-se, sempre requerido que se mantenha a importncia colocada disposio desse Juzo em depsito judicial, porquanto uma vez acolhida nas Instncias Superiores a tese de prescrio, esvaziado ser, totalmente, o objeto da execuo, a qual ser extinta, pela inexistncia de direito ao crdito perseguido. Conforme j se disse, outros juzos de primeira instncia esto acolhendo e declarando a prescrio, como o recente julgado da Vara Cvel de SALTO DO LONTRA (cpia anexa), onde foi reconhecida a prescrio qinqenal, fundada na conjuno da posio consolidada pelo Superior Tribunal de Justia (REsp 1.070.896/SC, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMO, DJe 04/08.2010), quanto ao prazo prescricional da Ao Civil PblicaMARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 23

e o emprego da Smula 150, do STF, ao contar mais cinco anos para o direito de execuo. E esse atual entendimento, de igual forma, tambm serviu de fundamento ao SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA, por sua Terceira Turma, na recente deciso proferida em 11/04/2011, pelo Min. VASCO DELLA GIUSTINA, nos autos de Medida Cautelar n 17.923-PR (cpia anexa), para impedir o levantamento de qualquer quantia depositada no juzo da execuo, porquanto o douto Ministro detectou plausibilidade jurdica no que tange tese de prescrio da ao executiva, tambm ao avaliar, num exame perfunctrio, a regra da Smula 150-STF com a deciso j consagrada da Segunda Seo em torno do prazo prescricional de cinco anos para a ao civil pblica. O caso tratado pelo Superior Tribunal de Justia idntico ao aqui presente. Ambos dizem respeito execuo individual de sentena decorrente da ao civil pblica da APADECO, onde se reconheceu o direito de reposio das perdas dos depsitos de poupana nos planos econmicos Bresser (junho/87) e Vero (janeiro/89). Por toda esta fundamentao, requer a Vossa Excelncia, se digne em deferir o pedido ora manejado, para conceder o EFEITO SUSPENSIVO almejado, determinando assim que os valores objetos das constries (penhora ou depsito), permaneam em conta judicial disposio do r. Juzo da execuo, at que final deciso seja proferida pelas Instncias Superiores, em especial quanto matria atinente prescrio, impedindo-se o levantamento de qualquer quantia no r. Juzo a quo. Por derradeiro, sendo outro o entendimento de Vossa Excelncia, importante registrar, por cautela, a incidncia, por analogia ao caso dos autos, a regra do 1, do art. 475-M, CPC, pelo qual, ainda que em carter sucessivo, requer seja determinado aos exeqentes que prestem, nestes autos, cauo real idnea e suficiente." Por essas razes, o efeito suspensivo ao presente recurso medida necessria para resguardar o direito do ora Agravante de no sofrer constries pecunirias antes do julgamento do presente recurso, e para evitar a prtica de atos de levantamento, que possam ensejar a imediata satisfao da dvida discutida em 1. grau. Inequvoca, ento, a configurao dos requisitos a que alude o art. 558 do CPC, impondo-se a atribuio de efeito suspensivo ao presente recurso, para o fim de impedir que a r. deciso agravada surta efeitos at o julgamento final do recurso. VIII - DO PREQUESTIONAMENTO: O Agravante prequestiona, para efeito de eventual interposio de recurso, a negativa de vigncia Lei Federal, especialmente o artigo 475-J, 1. do Cdigo

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de Processo Civil. IX CONCLUSO: Posto isso, demonstrado quantum satis que a r. deciso recorrida ampara-se em elementos que contrariam as normas legais aplicveis espcie, o Agravante requer, com fulcro no art. 522 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, seja o presente recurso de Agravo de Instrumento recebido e conhecido por essa Colenda Corte e, por conseqncia, seja-lhe dado provimento total, para o fim de reformar a r. deciso de 162, que declarou precluso o direito do Agravante de apresentar impugnao ao cumprimento de sentena, determinando-se a analise e julgamento da impugnao pelo juzo a quo. o que se pede, por ser medida de Justia! Outrossim, no sendo este o entendimento de Vossas Excelncias, o que se admite apenas por cautela, pelo principio da eventualidade, requer sejam apreciadas por esta Colenda Cmara Cvel as matrias de ordem publica: - pronunciar a ilegitimidade ativa da parte Agravada e a extino do procedimento executrio; - reconhecer o excesso do valor executado s fls., tendo em vista, a existncia de erro material de clculo, o qual no atingido pela imutabilidade da coisa julgada. O presente Recurso de Agravo de Instrumento instrudo com as peas obrigatrias elencadas no inciso I, do art. 525, do CPC, quais sejam: cpia da deciso agravada, certido de publicao que provam a tempestividade do recurso, com a procurao outorgada aos advogados do Agravante, com a procurao outorgada ao advogado do Agravado, bem como com demais peas facultativas (inciso II, do mesmo artigo), que se reputam relevantes para um correto julgamento, declaradas autnticas pelo Patrono do Agravante. Informa o Agravante que no prazo legal juntar aos autos, cpia e comprovante da interposio do presente recurso de agravo de instrumento, determinado pelo artigo 526, caput, do Cdigo de Processo Civil. Requer finalmente, seja a agravada intimada atravs do Dirio da Justia deste Estado, nos termos do art. 527, CPC e artigo 246, 3 do Regimento Interno desse e. Tribunal, na pessoa de seu procurador judicial, Dr. Fabio Stecca Cioni, OAB/PR 37.163, Dr. Leandro Depieri, OAB/PR 40.456, advogados com endereo profissional em Maring PR, na Av. Brasil, n 4312, CEP 87.705-000. para, querendo, responder ao presente recurso no prazo de 10 (dez) dias.MARING - PR: Avenida Paran, 242 - Ed. Centro Com. Paran - salas 1304/1306 - tel. (044) 3304-4700 LONDRINA-PR: Avenida Higienpolis, 210, Ed. Trade Center, sala 904, tel. (43) 3028-8292 E-mail: [email protected] 25

conforme

Protesta, o recorrente, para que todas as suas intimaes sejam realizadas excluvamente em nome dos advogados Braulio Belinati Garcia Perez e Mrcio Rogrio Depolli, sob pena de nulidade.

Pede Deferimento. Maring/Curitiba-PR, 22 de Julho de 2011. Braulio Belinati Garcia Perez Advogado OAB/PR 20.457 Mrcio Rogrio Depolli Advogado - OAB/PR 20.456

Elisngela de A. Kavata Advogado - OAB/PR 50.089

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