direito constitucional - 09ª aula - 21.11.2008 (1)

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Assuntos tratados 1º Horário � PROCESSO LEGISLATIVO � Conceito � Espécies normativas primárias � Tipos � No que tange à organização política: Autocrático; Direto; Semi direto; Indireto � No que tange à técnica jurídica: Ordinário; Sumário; Especial � Fases: Introdutória ou de iniciativa; Constitutiva; Complementar ou de integração

de eficácia � Análise específica do processo legislativo ordinário: Fase de Iniciativa; Fase

Constitutiva 2º Horário � PROCESSO LEGISLATIVO (continuação) � Análise específica do processo legislativo ordinário (continuação): Fase

constitutiva (continuação); Fase Complementar � Processos Legislativos Especiais � Leis Complementares: Conceito; Procedimento;

1º HORÁRIO

PROCESSO LEGISLATIVO Conceito Conjunto de fases e atos pré-ordenados que visem à produção das leis em nosso Ordenamento. Espécies normativas primárias São as únicas produzidas no processo legislativo – art. 59, da CF. São espécies constitutivas de direito novo. Trazem novidade para o Ordenamento. Tipos No que tange à organização política - Autocrático: as leis são produzidas sem a legitimidade, participação popular; - Direto: é aquele em que o povo produz diretamente as leis. Não há representação

popular; - Semi-direto: é aquele em que os representantes do povo elaboram as leis que

posteriormente são submetidas a referendo, para que o povo diga sim ou não sobre as mesmas;

- Indireto: as leis são produzidas por representantes populares (fazem as leis por mandato conferido pelo povo).

É o adotado no Brasil, mas com alguns institutos do processo legislativo semi-direto. Quanto à técnica jurídica

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Ordinário: visam à produção das leis ordinárias; Sumário: é o processo padrão, comum, porém dotado de celeridade. Características: - Depende sempre de solicitação do Presidente da República em matérias de sua

iniciativa, seja privativa ou concorrente; - Prazo máximo de 45 dias na Câmara + 45 dias no Senado + 10 dias para apreciar

possíveis emendas = 100 dias. Sanção para descumprimento do prazo: todas as matérias que estão tramitando na Casa ficaram sobrestadas, paralisadas. Exceção: matérias com prazo constitucionalmente definido não ficaram sobrestadas (Ex.: Medidas Provisórias: prazo de 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias). - Seu prazo não corre no recesso; - Não se aplica aos projetos de Código; - Também é chamado de regime de urgência constitucional. É diferente de regime de

urgência regimental, que é previsto nos regimentos internos das Casas (prazo ainda mais célere).

Especial São aqueles que visam à elaboração das Emendas Constitucionais, Leis Complementares, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos e Resoluções. Obs.: A lei orçamentária, também, é fruto de um processo legislativo especial. Fases Para a corrente majoritária existem três grandes fases: - Fase introdutória ou de iniciativa: é a fase de deflagração do processo legislativo –

apresentação da proposição. Conceito: a iniciativa é a faculdade atribuída a um ente para deflagrar o processo legislativo. Espécies - Privativa ou exclusiva ou reservada: é aquela na qual a faculdade é atribuída a um ente

com a exclusão dos demais. Ex.: art. 61, § 1º – Presidente da República. Ex: art. 93, caput, e art. 48, XV, do STF. - Concorrente: é atribuída a mais entes em concorrência, ou seja, os entes vão concorrer

para deflagrar o processo legislativo. Ex.: art. 61, caput, da CF. - Conjunta: é aquela na qual a faculdade é atribuída a mais de um ente, porém em

comunhão, em grupo.

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Ex.: antigo art. 48, XV, da CF (antes da EC 41/03). Atualmente não existe mais nenhum exemplo. - Parlamentar: é aquela atribuída a: deputados, comissão de deputados ou Mesa da

Câmara; senadores, comissão de senadores ou Mesa do Senado; comissão do Congresso Nacional ou Mesa do Congresso Nacional.

- Extraparlamentar: é atribuída ao Presidente da República, ao STF, aos Tribunais

Superiores, ao PGR e ao povo (art. 61, § 2º, da CF). Vício de iniciativa Caso haja vício de iniciativa (que seria do Presidente da República) e, posteriormente, houver sanção do Presidente da República, a lei padecerá de inconstitucionalidade formal ou a sanção vício suprirá o vício? - 1ª corrente: súmula 5, do STF: a sanção supre o vício. - 2ª corrente: Representação 890 de 1974: o STF muda de entendimento: a sanção não

tem o poder de suprir o vício. A lei é formalmente inconstitucional por descumprimento de regra do processo legislativo.

- Posicionamento atual do STF, embora não tenha sido cancelada a súmula. Obs.: Conflito aparente entre o art. 61, § 1º, II, “d” e o art. 128, § 5º, ambos da CF. Para o STF, por uma interpretação sistemática da CF, a iniciativa desse projeto de lei será concorrente sobre a organização (apenas) do MP entre o Presidente da República e os Procuradores Gerais. Fase constitutiva É a fase de tramitação da proposição, na qual haverá a discussão e votação da proposição. É nessa fase que nasce a lei no Ordenamento: sanção do Presidente da República ou com a rejeição do veto do Presidente da República pelo Congresso Nacional. Fase complementar ou de integração de eficácia A lei já existe no Ordenamento. Nessa fase há o atestado de existência da lei e a sua oficialização para todo o território nacional. Análise específica do processo legislativo básico, padrão, ordinário Fase de iniciativa É a de apresentação do projeto de lei. Apresentado na Mesa da Casa. Fase constitutiva Obs.: Os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribunais Superiores e de iniciativa popular, deverão sempre ser apresentados na Câmara dos Deputados (Casa Iniciadora). Obs.: Casa Iniciadora: é a Casa na qual o processo se inicia.

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Casa Revisora é aquela que faz nova análise do projeto – O nosso estudo terá por base a câmara como Casa Iniciadora. Após a apresentação na Mesa: lido em Plenário, publicado em Diário Oficial e em avulsos, ganhará um número. Três decisões do Presidente da Casa: - Juízo de admissibilidade. Análise da devida formalização do projeto de lei (pode ser devolvido). Obs.: Projeto de lei de iniciativa popular não pode ser devolvido se não estiver formalizado (Lei 9.706/98), devido à dificuldade de sua iniciativa deve encaminhar para a CCJ dar a devida formalização. Pode devolver projeto: anti-regimental; com matéria alheia à competência da Casa; com matéria evidentemente inconstitucional.

2º HORÁRIO PROCESSO LEGISLATIVO (continuação) Análise específica do processo legislativo ordinário (continuação) Fase constitutiva (continuação) Regime de Tramitação. Se o projeto não tiver nenhum vício ele será admitido pelo Presidente da Casa, que decidirá qual o regime de tramitação. - Regime de tramitação tradicional: o projeto é votado em Plenário; - Regime de tramitação conclusivo: o projeto é votado apenas pelas comissões (art. 58, §

2º, I, da CF – não vai ao Plenário). Pode haver recurso de um décimo dos membros da Casa para o projeto ir à Plenário.

Define para quais comissões o projeto de lei irá. Obs.: sempre tem que passar pela CCJ, pois ela fará o controle de constitucionalidade do projeto de lei. Ela pode arquivar projetos de lei. Ela também faz outros controles: legalidade, juridicidade, regimentalidade, técnica legislativa. Obs.: comissão de finanças tem poder de arquivar o projeto, mas só passam por ela os projetos com impacto orçamentário. Comissões - Regime tradicional as comissões vão elaborar pareceres de balizamento do projeto. O

projeto vai a Plenário onde se aprova (seguirá para a Casa Revisora) ou rejeitado (irá para o arquivo – art. 67, da CF).

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- Regime Conclusivo: se as comissões aprovarem, segue para a Casa Revisora; se for rejeitado, vai para o arquivo.

Obs.: Regime conclusivo: recurso de um décimo dos membros da Casa contra o regime adotado – julgado em Plenário: se for provido, o projeto vai à Plenário; se for rejeitado, continua o regime conclusivo. Obs.: independentemente do regime de tramitação adotado, poderá haver a apresentação de emendas ao projeto. Emendas Conceito São proposições apresentadas com exclusividade por deputados e senadores como acessórias à proposição principal (Presidente da República não pode apresentar emendas). Espécies - Aditivas: são as que acrescentam algo à proposição principal; - Supressivas: retiram algo da proposição principal; - Aglutinativas: resultam da fusão de duas ou mais emendas com a proposição principal; - Modificativas: alteram a proposição principal sem modificar sua essência; - Substitutivas: alteram a proposição principal, formal ou substancialmente, modificando a

sua essência de tal modo que se apresentam como um sucedâneo da proposição principal;

- De redação: são aquelas que visam a sanar vícios de linguagem ou incorreções técnicas.

Casa revisora Também recebe um número, lido em Plenário e publicado. O Presidente da Casa toma as mesmas decisões do Presidente da Casa Iniciadora. Obs.: Se o regime foi tradicional na Casa Iniciadora terá que ser tradicional também na Casa Revisora. Obs.: Também tem que obrigatoriamente passar pela CCJ. Projeto rejeitado: arquivo. Projeto aprovado sem emendas: segue para sanção ou veto do Presidente da República. Projeto aprovado com emendas: volta para a Casa Iniciadora para a apreciação das emendas. (art. 65, pu, da CF). Obs.: o STF vem entendendo que só deve voltar para a Casa Iniciadora para apreciação as emendas se houver uma alteração substancial do projeto. Obs.: a Casa Iniciadora vai apreciar apenas as emendas. Obs.: é proibida a apresentação de subemendas. Obs.: a apreciação das emendas pela Casa iniciadora é feita, em regra, em bloco. Mas existem duas exceções em que as emendas serão votadas em separado:

– Existirem pareceres divergentes nas comissões que analisaram as emendas;

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– Quando ocorre o pedido de destaque. - Emendas aprovadas: projeto com as emendas vai para sanção ou veto do Presidente. - Emendas rejeitadas: projeto original, sem as emendas, vai para sanção ou veto – a Casa

Iniciadora sempre dará a última palavra. Sansão ou veto do Presidente - Sanção: é a aquiescência do Presidente da República ao projeto de lei. Expressa: realizada dentro de 15 dias úteis (da chegada do projeto); Tácita: não sanciona nem veta dentro dos 15 dias úteis. Pode ser total ou parcial. Não há controle judicial sobre a sanção: o controle judicial é sobre o produto da sanção, ou seja, a lei. - Veto: é a discordância do Presidente da República ao projeto de lei. Veto político: feito por entender que há contrariedade ao interesse público. Veto jurídico: feito por entender que há inconstitucionalidade. Características: - Expresso: não existe veto tácito; - Motivado e formalizado: tem que ser sempre fundamentado para possibilitar a sua

apreciação pelo Congresso Nacional. Sem motivação o veto será nulo: sanção tácita. Além disso, o veto tem ser reduzido a termo escrito;

- Total ou parcial: atenção para o art. 62, § 2º, da CF – pois senão poderia haver manipulação do processo legislativo;

Obs.: Princípio da Parcelaridade: o STF pode declarar a inconstitucionalidade de palavras de uma lei (é um privilégio do STF). - Supressivo; - Relativo. Fase complementar ou de integração de eficácia Promulgação é o atestado de existência da lei – é declaratória da inovação do Ordenamento Jurídico. Publicação é a oficialização, a publicização para todo o território nacional. Obs.: a promulgação e a publicação podem não ser atos conjuntos. Ex.: EC 45 foi promulgada em 8 de dezembro e publicada apenas em 31 de dezembro.

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Processos legislativos especiais Leis complementares Conceito Espécie normativa primária, que envolve hipóteses taxativamente previstas na CF e que necessita de um quorum de maioria absoluta para aprovação. Procedimento Existem três grandes diferenças em relação ao processo ordinário (no resto os processos são iguais): - Diferença material: matérias taxativamente previstas na CF (Ex.: art. 22, pu; art. 93,

caput; 128, § 5º, da CF). A lei ordinária é sempre subsidiária em relação a todas as outras espécies normativas;

- Diferença formal: é o quorum de maioria absoluta (art. 69, da CF). No Ordinário sempre será o de maioria simples (art. 47, da CF).

- Regime de tramitação: os projetos de lei complementar sempre terão o regime tradicional de tramitação.