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Brbara Martins dos Santos Cristina Grott Fellipe da Silva Costa Jessica Cristina Faleiros Gonalves Letcia de Barros Rosso 2 perodo, DIREITO 2010/1

FRAUDE CONTRA CREDORES

Porto Velho 20101

Brbara Martins dos Santos Cristina Grott Fellipe da Silva Costa Jessica Cristina Faleiros Gonalves Letcia de Barros Rosso

FRAUDE CONTRA CREDORES

Trabalho apresentado na disciplina de Direito Civil I, Faculdade So Lucas. 2 perodo, DIREITO 2010/1 Docente: Maria Eugnia Rodrigues Luz

Porto Velho 2010

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SUMRIO 1. INTRODUO......................................................................................................... 04 2. DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO E A FRAUDE CONTRA CREDORES ..................................................................... 05 2.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS .......................................................................... 06 2.2. HIPTESES LEGAIS .............................................................................................. 07 2.2.1. Atos de Transmisso Gratuita de Bens ou Remisso de Dvida .......................... 07 2.2.2. Atos de Transmisso Onerosa .............................................................................. 07 2.2.3. Pagamento Antecipado de Dvida ....................................................................... 08 2.2.4. Concesso Fraudulenta de Garantias ................................................................... 08 3. AO PAULIANA ................................................................................................. 09 3.1. CASOS PARTICULARES ESTATUDOS NA LEI ............................................... 10 4. OUTROS CASOS PARTICULARES DE FRAUDE CONTRA CREDORES ........................................................................................... 11 4.1. FRAUDE DE EXECUO ..................................................................................... 12 5. AO REVOCATRIA FALENCIAL ................................................................ 13

6. CONCLUSO .......................................................................................................... 15 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 16

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1. INTRODUO Este trabalho trata sobre o ato ilcito denominado fraude contra credores, o qual sua respectiva regulamentao se encontra no novo Cdigo Civil na categoria dos defeitos do negcio jurdico como vcio social, nos artigos 158 at 165. Este tema de interesse da sociedade, pois diz respeito opresso da possibilidade de algum obter proveito pela prpria fraude, foram consultadas para a elaborao destes pargrafos diversas doutrinas de autores renomados, dos quais se destacam Maria Helena Diniz, Carlos Roberto Gonalves e Silvio Venosa.

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2. DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO E A FRAUDE CONTRA CREDORES Faz-se necessrio primeiramente discorrer um pouco sobre defeitos do negcio jurdico, onde se encontra a fraude contra credores. O Negcio Jurdico deriva basicamente da manifestao da vontade, por isso, esta no pode ser ferida, mal entendida ou contrariada. Deste modo, qualquer situao em que a vontade se apresenta de forma confusa e imprecisa, h defeito ou vcio, que leva a sua ineficcia, e assim tal ato jurdico pode ser nulo ou anulvel. A fraude um vcio que existe de maneiras diversificadas e que est presente em muitas situaes, de modo mais simples, explicado como ato de m-f que uma pessoa usa para violar o Direito e prejudicar terceiros, esta m-f no se encontra somente na fraude como tambm em outros vcios, como o dolo e a coao, que esto no rol do vcio do consentimento, e na simulao e fraude contra credores, estes dois ltimos inseridos como vcio social, todos estes atos jurdicos viciados so anulveis, ou no caso da simulao, nulo. A simulao possui algumas semelhanas com a fraude contra credores, na primeira, as partes fazem aparentar um negcio que no tinham a inteno de praticar, afim de infrigir a lei e iludir a terceiros, isso configura um descompasso entre a vontade declarada e a vontade interior, no declarada. Por outro lado, na fraude contra credores o negcio jurdico ser real, com o intuito de burlar a lei e prejudicar a terceiros, por este motivo esta caracterizada como vcio social porque no haver descompasso entre o querer do agente e sua declarao, a vontade manifestada corresponder ao seu desejo e exteriorizada com a inteno de prejudicar a terceiros. Segundo Maria Helena Diniz: O ato negocial apenas produzir efeitos jurdicos se a declarao de vontade das partes houver funcionado normalmente. Se inexistir correspondncia entra a vontade declarada e a que o agente quer exteriorizar, o ato jurdico ser viciado.

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No Cdigo de 1916, a simulao estava inserida na categoria de vcio social ao lado da fraude contra credores, mas foi movida para o captulo da invalidade dos negcios jurdico, como causa de nulidade absoluta.

2.1.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

Silvio Venosa estabelece trs elementos constitutivos para a tipificao da fraude contra credores, tais como a anterioridade do crdito, o consilium fraudis e o eventus damni. Porm, Maria Helena Diniz e Carlos Roberto Gonalves classificam em dois elementos, o objetivo (eventus damni) e o subjetivo (consilium fraudis). Segundo Silvio Venosa, a anterioridade do crdito diante da prtica fraudulenta est expressamente prevista no art. 158, 2, Cdigo Civil (pargrafo nico do art. 106 do Cdigo Civil de 1916). Quem contrata com algum j insolvente no encontra patrimnio garantidor. Com isso, os credores posteriores no descobrem a garantia ansiada pela lei, cuja responsabilidade assegurar-se da situao patrimonial do devedor. Desta maneira, o objeto pode deslocar-se para a prova a respeito de quando o foi dbito adquirido. Se o documento foi registrado, a data do registro constatar a precedncia do crdito, sobretudo porque o documento deve ser registrado para ter eficcia contra terceiros. Nas demais doutrinas, o segundo requisito o eventus damni, o qual precisa estar presente para ocorrer a fraude tratada. Nesta no h divergncias doutrinrias. Caso no haja prejuzo, no existe legtimo interesse para propositura da ao pauliana. O propsito da ao revogar o ato em fraude, ou, segundo a doutrina, declarar a ineficcia do ato em relao aos credores. Esse ato nocivo para o credor tanto pode ser alienao, gratuita ou onerosa, como remisso de dvida, etc. O eventus damni protege o credor quirografrio e, aquele cuja garantia se mostrar insuficiente (art. 158, 1 do atual Cdigo). Portanto, o dano constitui componente da fraude contra credores. O autor da ao pauliana ou revocatria tem assim o nus de provar, nas transmisses onerosas, o eventus damni e o consilium fraudis. O terceiro requisito o consilium fraudis, o elemento subjetivo. Esse elemento subjetivo dispensa o propsito precpuo de prejudicar, bastando para a existncia da fraude o conhecimento dos danos resultantes da prtica do ato. Segundo Carlos Roberto Gonalves, o elemento subjetivo (consilium fraudis) ou fraudulento m-f do devedor, a conscincia de prejudicar terceiros. O art. 159 do Cdigo Civil presume a m-f do adquirente e, esta matria resolvida dentro da ao pauliana. A 6

notoriedade da insolvncia pode se revelar por diversos atos, embora no seja notria, pode o adquirente ter motivos para conhec-la. Os contratos se presumem fraudulentos pela clandestinidade do ato; pela continuo dos bens alienados na posse do devedor quando, segunda a natureza do ato, deviam passar para o terceiro; pela falta de causa; pelo parentesco ou afinidade entre o devedor e o terceiro; pelo preo vil; e, pela alienao de todos os bens. A inteno de prejudicar, segundo Silvio Venosa, no considerada elemento constitutivo. De modo geral, quem contrata com insolvente no conhece seus credores. Se a inteno fosse estabelecida em requisito para a ao, estaria ela frustada, pois, muito difcil o exame do foro ntimo do indivduo. O elemento est na previso do juzo.

2.2.

HIPTESES LEGAIS

No somente nas transmisses onerosas pode acontecer fraude contra credores, como tambm em outras trs hipteses. As espcies de negcios jurdicos passveis de fraude so: os atos de transmisso gratuita de bens ou remisso de dvida, o pagamento antecipado de dvida e a concesso fraudulenta de garantias.

2.2.1. Atos de Transmisso Gratuita de Bens ou Remisso de Dvida Atos de transmisso gratuita de bens so de variadas espcies, como doaes, renncia de herana, etc. Ou seja, a pessoa deixa testamento e qualquer direito j adquirido que v beneficiar determinada pessoa. O Cdigo Civil refere expressamente a remisso ou perdo de dvida como liberalidade que tambm reduz o patrimnio do devedor, sujeita mesma consequncia dos demais atos de transmisso: a anulabilidade. diferente o tratamento para os atos ou negcios a ttulo gratuito e a ttulo oneroso, em nossos ambos ordenamentos civis. Nos casos de transmisso gratuita e de remisso de dvidas, nos termos do art. 158, a fraude constitui-se por si mesma. Basta o estado de insolvncia do devedor para que o ato seja tido como fraudulento, pouco importando que o devedor ou o terceiro conhecesse o estado de insolvncia.

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2.2.2. Atos de Transmisso Onerosa O art. 159 do Cdigo Civil trata dos casos de anulabilidade do negcio jurdico oneroso, exigindo, alm da insolvncia ou eventus damni, o conhecimento dessa situao pelo terceiro adquirente, o consilium fraudis. Ocorrer anulabilidade dos contratos onerosos tanto no caso de conhecimento real da insolvncia pelo outro contratante (insolvncia notria), como no caso de conhecimento presumvel, em face da notoriedade ou da existncia de motivos para esse fato (insolvncia presumida). No exigido o conluio entre as partes, basta a prova da cincia dessa situao pelo adquirente. Porm, caso fique evidenciado a boa-f no contrato, ignora-se a insolvncia do alienante e, o negcio jurdico ser vlido.

2.2.3. Pagamento Antecipado de Dvida O art. 162 do Cdigo Civil dispe sobre o credor quirografrio. Segundo Carlos Roberto Gonalves, o conceito, etimologicamente, de credor quirografrio o que tem seu crdito decorrente de um ttulo ou documento escrito. O objetivo da lei colocar em situao de igualdade todos os credores quirografrios. A inteno fraudulenta e o credor beneficiado ficaro obrigados a repor, em benefcio do acervo, o que recebeu, instaurado o concurso de credores. Essa regra no se aplica ao credor privilegiado. Como o seu direito estaria sempre a salvo, o pagamento antecipado do dbito a credores frustra a igualdade que deve existir entre os credores quirografrios, pois, podero propor ao pauliana para invalid-lo, determinando que o beneficiado reponha o que recebeu em proveito do acervo, mas, no causa prejuzo aos demais credores, desde que limitado ao valor da garantia. Assim, o credor que vier a receber pagamento de dvida ainda no vencida ser forado a restituir o que recebeu, mas essa restituio no apenas aproveitar aos que o acionaram, pois retroceder em proveito do acervo do devedor, que dever ser partilhado entre todos dos credores que legalmente estiverem habilitados no concurso creditrio.

2.2.4. Concesso Fraudulenta de Garantias 8

O art. 163 prescreve sobre as garantias. A garantia dada de certo modo sai parcialmente do patrimnio do devedor, para certificar a liquidao do crdito hipotecrio, pignoratcio ou anticrtico. Os outros credores, em consequncia, recebero menos, para que o beneficirio da garantia receba mais. essa desigualdade que a lei quer evitar, presumindo fraudulento o procedimento do devedor. A presuno, in casu, resulta do prprio ato, uma vez demonstrada a insolvncia do devedor, sendo juris et de jure. O que se invalida, na hiptese, apenas a garantia, a preferncia concedida a um dos credores. Preceitua, com efeito, o pargrafo nico do art. 165 do Cdigo Civil sobre os negcios fraudulentos anulados. Apenas na fraude cometida nas alienaes onerosas se exige o requisito do consilium fraudis ou m-f do terceiro adquirente, sendo presumido ex vi legis nos demais casos, ou seja, nos de alienao a ttulo gratuito e remisso de dvidas, de pagamento antecipado de dvida e de concesso fraudulenta de garantia.

3. AO PAULIANA A Ao Pauliana tem como finalidade anular o ato fraudulento; que os credores movem em seus nomes atacando o ato fraudulento como um direito seu. Pauliana devido ao pretor Paulo, que a introduziu no direito romano. Para o professor Silvio Venosa, tem como finalidade tornar o ato ou negocio jurdico ineficaz, proporcionando que o bem alienado retorne massa patrimonial do devedor, beneficiando em sntese, todos os credores. Mas o nosso atual Cdigo Civil manteve o mesmo sistema do anterior que pelo o qual a fraude contra credores acarreta anulabilidade do negocio jurdico, e no adotou em tese de que se trataria de ineficcia relativa, como defendida por maior parte das doutrinas, segundo a qual, demonstrada a fraude ao credor a sentena no anular a alienao, mas simplesmente, como nos casos de fraude a execuo, declarar a ineficcia do ato fraudatrio perante o credor permanecendo o negcio vlido entre os contratantes. O Cdigo Civil de 1916, j havia dispensado a esse tipo de fenmeno a tratamento adequado da ineficcia em relao fraude praticada no mbito do direito falimentar e do direito processual civil. Trata-se de uma questo polmica, o Superior

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Tribunal de Justia, nos procedentes que levaram a criao da Smula 195, j vinha aplicando por maioria de votos a tese da anulabilidade do negocio, e no da ineficcia. Apenas sero legitimados a ajuizar a Ao Pauliana, os credores quirografrios (aqueles destitudos de qualquer privilgio), para Maria Helena Diniz, pode se dizer que os avalistas que pagaram a dvida sub-rogando-se nos direitos do credor originrio, tambm podem ajuizar a ao. Os que se tornaram credores depois da alienao j encontraram desfalcado o patrimnio do devedor e mesmo assim negociaram com ele. Nada podem reclamar. O credor com garantia tambm pode ajuizar a ao se a garantia for insuficiente, ele se tornar um credor quirografrio do qual a garantia no o protege, e ter que provar que a garantia no suficiente para cobrir a integridade de seu crdito. A ao deve ser intentada contra o devedor insolvente e tambm contra a pessoa que com ele celebrou a estipulao fraudulenta. De acordo com o art. 161, do nosso Cdigo, fica claro que a ao deve ser movida contra todos os participantes do ato em fraude, porque assim com a participao de todos ser atingido o objetivo de anulao ou ineficcia do negcio, com efeito de coisa julgada. O terceiro adquirente pode ser chamado relao processual em vrias hipteses, desde que se constate a sua conspirao e m-f, que existir sempre que a insolvncia for notria ou sempre que esse terceiro tenha motivos para conhec-la.

3.1.

CASOS PARTICULARES ESTATUDOS NA LEI

Nos artigos 160, 162, 163, 164 do atual Cdigo, so tratadas situaes particulares relativas fraude contra credores. No art. 160, fala dos meios que o adquirente possui de evitar a anulao do ato, mediante a ao revocatria, so requisitos: que o adquirente no tenha pagado o preo; que o preo do negocio seja aproximadamente o corrente; que seja feito o deposito desse preo em juzo, com citao de todos os interessados. O atual Cdigo auxilia a referencia a citao por edital, que ser vlida e necessria desde que obedecidos os princpios processuais para o caso concreto que a propicia. O adquirente s pode utilizar desse meio se o preo contratado for justo devendo consignar em juzo e citar todos os interessados. O meio processual a ao de consignao em pagamento, na qual algum credor poder contestar e alegar que o preo no real, no o valor corrente de mercado. Cabe a percia dizer se real ou no, se o preo for realmente inferior, o adquirente poder depositar o preo faltante. 10

No art. 162, pagamento de divida no vencida feito por devedor insolvente. Trata do credor quirografrio que receber do devedor insolvente o pagamento da dvida ainda no vencida, fica obrigado a repor o que recebeu em beneficio do acervo. O devedor insolvente deu vantagem a um de seus credores, que ficou em uma situao melhor que a dos outros, a igualdade deve ser estabelecida. A fraude contra credores s ocorre nessa hiptese, de pagamento adiantado. Se o pagamento for a valor superior ao dado em garantia e antecipado, tambm pode gerar dano aos credores. No art. 163, outorga de garantias reais. A ao pauliana nesse dispositivo tem como fundamento por fim anular as garantias dadas. A ao pode ser intentada inda que o credor no conhea o estado de insolvncia. Uma vez que as garantias pessoais em nada afetam o patrimnio do devedor, o texto refere-se s garantias reais. No importando se ela est vencida ou no. Se um credor quirografrio fica em posio privilegiada em relao aos outros, os mesmos podero mover contra o devedor a ao pauliana para declar-la anulada, por estar configurada a fraude contra credores. Se tal garantia for dada antes da insolvncia do devedor, no haver que se falar em fraude contra credores. No art. 164, preservao do patrimnio do devedor insolvente. Trata dos atos no passveis de ao pauliana, presumisse vlidos os negcios indispensveis a subsistncia do devedor e de sua famlia, caso contrario, o devedor estaria predestinado a insolvncia ou a falncia. Como por exemplo: Um devedor insolvente contrai um novo dbito, e compra objetos imprescindveis no s ao funcionamento do seu estabelecimento, mas tambm para evitar a paralisao das suas atividades e evitar a piora de seu estado de insolvncia e o aumento do prejuzo de seus credores, mas tambm garantir a sua sobrevivncia e de sua famlia, o negocio por ele contrado ser vlido, ante a presuno juris tantum em favor da boa-f. Todos os compromissos do devedor insolvente relacionados preservao de seu patrimnio, mesmo que o novo credo reconhea seu estado de insolvncia, sero tidos como vlidos, e no se constituir fraude contra credores. O fato de saber se os negcios praticados eram essncias para a manuteno do patrimnio do devedor, fica sob responsabilidade da percia que dever ser minuciosa.

4. OUTROS CASOS PARTICULARES DE FRAUDE CONTRA CREDORES Alm dos casos especficos existentes, outras situaes legais existem com a inteno de coibir a fraude. De acordo com o artigo 1.813, podem os credores aceitar herana 11

renunciada pelo devedor. Essa aceitao deve ser feita com a autorizao do juiz, em nome do herdeiro, at o montante suficiente para cobrir o dbito. O saldo eventualmente remanescente ser devolvido ao monte para a partilha entre aos demais herdeiros. Em face do princpio da saisine (onde a lei considera que no momento da morte, o autor da herana transmite seu patrimnio, de forma ntegra a seus herdeiros), o herdeiro que renuncia herana abre mo de direito praticamente adquirido, acaba por diminuir seu patrimnio e prejudica, portanto, seus credores. Basta provar a insolvncia, sendo desnecessria a inteno de fraudar. Existem muitas diferenas doutrinrias acerca do que diz respeito a aceitao por parte dos credores, porm, o mestre Washington De Barros Monteiro o doutrinador que obtm maior sucesso em seu estudo. Ele acredita que a renncia ao legado pode vir repleta de razes morais, como tambm porque o legado disposio testamentria feita na razo direta do beneficiado. Admitir-se fraude contra credores no repdio ao legado deixar de atender a vontade do testador, que, presumivelmente, no faria o benefcio se o legatrio no quisesse ou no pudesse aceit-lo, porque j estava assoberbado por dvidas, em estado de insolvncia. O mesmo pode ser dito sobre a doao. Outro caso encontrado no estatuto civil o do artigo 193. Por esse dispositivo, qualquer interessado pode alegar a prescrio. Assim, podem os credores apelar para a prescrio na hiptese de quedar-se inerte o devedor quando demandado, como tambm podem interromper a prescrio de acordo com o artigo 203. Ingressam os credores no processo por meio do instituto da assistncia. A soluo de dvida por dao em pagamento (quando o credor aceita que o devedor d fim a relao de obrigao existente entre eles pela substituio do objeto da prestao), ainda que vencida, pode ser anulada se, por exemplo, o bem dado for de valor superior ao da dvida. Em todas essas hipteses, o princpio geral da fraude contra credores que opera. Demonstram que o Direito no tolera a fraude, no importando de que forma seja revestida.

4.1. Dispe o artigo 593 do CPC:

FRAUDE DE EXECUO

Considera-se em fraude de execuo a alienao ou onerao de bens: I Quando sobre eles pender ao fundada em direito real; II Quando, ao tempo de alienao ou 12

onerao corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo insolvncia; III nos demais casos expressos em lei. As atitudes do proprietrio que pretende furtar-se ao pagamento de seus credores podem acontecer de dois modos, com denominao semelhante, mas origens diferentes: a fraude contra credores e a fraude contra execuo. Trata-se de dupla aplicao do termo fraude, mas no h equivalncia nos dois institutos, se bem que a finalidade seja a mesma. Na fraude contra credores, o devedor adianta-se a qualquer providncia judicial de seus credores para dissipar bens, remir dvidas, beneficiar certos credores, etc. Nesse caso, o credor ainda no agiu em juzo, pois a obrigao pode estar em curso, sem poder ser exigido seu cumprimento. A fraude contra credores at aqui vista, de mbito privado. A insolvncia do devedor requisito fundamental para o instituto. Na fraude de execuo, o elemento m-f indiferente, tanto do devedor como do adquirente a qualquer ttulo, pois presumido. Nesse caso, existe mera declarao de ineficcia dos atos fraudulentos. No se trata de anulao, como na fraude contra credores; A moderna doutrina tende a considerar esses negcios ineficazes. Na fraude de execuo, ocorre um procedimento mais simplificado para o credor, que no necessitar do remdio pauliano para atingir seus fins. O fato, porm, de o ato inquinado ser anulado na ao pauliana ou declarado ineficaz na fraude de execuo no ter maior importncia prtica, desde que o credor seja satisfeito. O diploma processual refere-se no s alienao dos bens em fraude, como tambm onerao, no referida no Cdigo processual anterior. A fraude do devedor pode ser tanto unilateral como bilateral. Para existir a fraude de execuo, em qualquer das espcies descritas no cdigo processual, que j exista ao judicial proposta. A ideia central da fraude de execuo impedir o descrdito do Poder Judicirio; Impedir que o credor depois de mais ou menos longo caminho judicial veja frustrada sua pretenso e o adimplemento de seu crdito. Sustentada e provada a fraude no curso da ao, pode o credor pedir a penhora do bem fraudulentamente alienado, pois tal alienao para o direito pblico ineficaz em relao a terceiros. Estes, claro, tero ao regressiva contra o transmitente para se ressarcirem do que pagaram, cumulada com perdas e danos, se presentes seus requisitos. A jurisprudncia majoritria entende que a fraude de execuo pode ocorre a partir da citao, quando se tem a ao por proposta e ajuizada. 5. AO REVOCATRIA FALENCIAL 13

chamada de ao revocatria ou pauliana a ao anulatria do negcio jurdico celebrado em fraude contra os credores. a ao pela qual os credores combatem os atos fraudulentos de seus devedores. Na falncia a ao revocatria tem a mesma finalidade, ela no anula o ato, mas o torna eficaz em relao massa. Neste caso, no se confunde com a ao pauliana. A Ao Revocatria falencial existe to s em razo da quebra. Caso haja concordata suspensiva da falncia, a ao perde sua razo de ser.

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6. CONCLUSO A fraude contra credores apenas um captulo da fraude em geral. Acontece quando o devedor insolvente ou na iminncia de se tornar insolvente se desfaz de seus bens para impossibilitar que seus credores tomem esses bens como pagamentos de dvidas. um artifcio ilcito e anulvel, previsto no artigo 158 at o artigo 165 do Cdigo Civil de 2002. O Cdigo permite aos credores, em prejuzo de seus interesses, desfazer os atos fraudulentos praticados pelos devedores atravs da ao pauliana, desde que ocorridos os pressupostos que caracterizam a fraude contra credores. de se concluir que o Direito procura, por todas as formas, privar-se da m-f, sempre protegendo o que age de boa-f. No existe fraude reprimida pelo ordenamento apenas nos fatos tpicos descritos na lei, mas tambm em todos os casos onde o fraudador estiver frente do legislador.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS GONALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1 : parte geral / Carlos Roberto Gonalves. 8. ed. So Paulo : Saraiva, 2010.

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