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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO II – JUR 3212 APOSTILA 1 – SERVIDORES PÚBLICOS PROFª PAMORA F. CORDEIRO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

DIREITO ADMINISTRATIVO II – JUR 3212

APOSTILA 1 – SERVIDORES PÚBLICOS

PROFª PAMORA F. CORDEIRO

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Direito Administrativo II

Ponto I – SERVIDORES PÚBLICOS

1) CONSIDERAÇÕES GERAIS –

“Servidores Públicos” são uma espécie do gênero “Agentes Públicos”, expressão atualmente utilizada para

designar o amplo conjunto de pessoas responsáveis pela manifestação da vontade estatal e pelo

desempenho de suas diversas atividades e funções.

Como bem menciona CARVALHO FILHO1, “a expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o

conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado”.

DI PIETRO2 ensina que “Agente Público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas

jurídicas da Administração Indireta”.

Essa função, por sua vez, pode ser remunerada ou gratuita; definitiva ou temporária; com ou sem vínculo

formal como o Estado, como se verifica no conceito legal conferido a matéria pela Lei nº 8.249/923, em seu

art. 2º que assim dispõe:

“Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que

transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer

outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades

mencionadas no artigo anterior4**”.

**ou seja: são agentes públicos em caráter genérico todos os que compõem a Administração direta

e indireta de todos os Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (nas três esferas e

nos três poderes)

São agentes públicos, ou agentes do Estado, portanto, desde as mais altas autoridades da República,

como os chefes do Executivo e os membros do legislativo e do Judiciário, até os servidores públicos que

exercem funções subalternas.

2 – CLASSIFICAÇÃO -

Os agentes públicos (gênero) podem ser agrupados em categorias (espécies) e, dentro desse contexto,

podemos encontrar várias classificações doutrinárias.

Dentre elas adotamos de maneira simultânea e adaptada para melhor didática e compreensão os

posicionamento dos professores Maria Sylvia, José dos Santos e Rafael Carvalho5, da seguinte forma:

1 José dos Santos, Manual de Direito Administrativo, 26ª ed. Editora Atlas, São Paulo 2013, pág. 589 2 Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 22ª ed., Editora Atlas, São Paulo 2009, pág. 510 3 Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de

mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. 4 Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração

direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei. 5 Curso de Direito Administrativo. Editora Método, São Paulo, 2013.

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Agentes Públicos de direito a – Agentes Políticos b – Servidores Públicos b.1 – Estatutários b.2 – Trabalhistas b.3 – Temporários c – Militares ** d – Particulares em colaboração com o serviço público

Agentes Públicos de fato f – putativos 6 g - necessários7

** Antes da EC 18/98 os militares recebiam a denominação de servidores militares, tendo sido a expressão

“servidor” retirada do texto constitucional por virtude da referida emenda. Por essa razão a profª Maria Sylvia

entende que houve a inclusão de uma nova categoria no gênero “agente público”. No entanto, não existe

distinção entre os servidores civis e militares, a não ser pelo regime jurídico parcialmente diverso.

a – AGENTES POLÍTICOS

Em primeiro lugar, deve ser ressaltado que o conceito de agente político não é uniforme na doutrina.

Nesse contexto, temos um posicionamento mais amplo, adotado por Hely Lopes Meirelles8, que aponta

como critério para essa definição o exercício dos encargos e poderes previstos na Carta Maior quando afirma

que: “agentes políticos são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, investidos em cargos,

funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício de

atribuições constitucionais”.

Assim sendo, adotando-se como elemento para se definir a categoria de agente político como sendo

aqueles que tem funções demarcadas na Constituição Federal, estão incluídos nesta espécie de agentes

aqueles que ocupam os órgãos independentes ou de cúpula, como os chefes do executivo federal, estadual e

municipal (Presidente, Governadores e Prefeitos), os membros das casas legislativas (Senadores, Deputados e

Vereadores), os membros dos Ministério Público, Magistrados e os membros dos Tribunais de Contas.

No entanto, esse não é o entendimento da doutrina majoritária que adota um posicionamento mais

restrito na medida em que utiliza como critério para classificar os agentes como políticos não só pelo fato de

serem mencionados na Carta Maior ou, ainda terem suas atribuições alí definidas, mas sim, por exercerem

efetivamente função política, de governo, de comando e administração.

Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Melo, José dos Santos Carvalho Filho, Maria Sylvia Zanella di

Pietro entre outros.

Portanto, nessa classificação mais restritiva, exclui-se desta categoria de agentes os membros da

magistratura, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, vez que, embora sejam categorias com

caracterísitcas diferenciadas previstas na CF/88 e possam ser vistos como servidores públicos especiais, NÃO

PARTICIPAM DIRETAMENTE DAS DECISÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO SÃO OS RESPONSÁVEIS POR “TRAÇAR

OS DESTINOS DO PAÍS9”.

6 Agentes que praticam uma atividades pública com aparência de legitimidade (presunção de legitimidade). No entanto, sua investidura não ocorreu dentro do procedimento legal exigido. Ex: um servidor que pratica vários atos de administração, tendo sido investido sem aprovação em concurso público (MOREIRA NETO, apud CARVALHO FILHO, José dos Santos, 27ª ed., Editora Atlas, pág. 599. 7 Agentes que excepcionalmente praticam atos e/ou executam atividades em colaboração com o Poder Público como se fossem agentes de direito. Ex: em situações de calamidade ou emergência. 8 Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros Editores. 9 9 José dos Santos, Manual de Direito Administrativo, 26ª ed. Editora Atlas, São Paulo 2013, pág. 591

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PONTOS QUE IDENTIFICAM OS AGENTES POLÍTICOS

Vín

Vínculo com Estado -> natureza política e não profissional

Acesso ao cargo político ocorre por meio de ELEIÇÃO (chefes do executivo e membros legislativo)/por NOMEAÇÃO por agentes eleitos para ocuparem cargos em comissão (ex: secretários estaduais)

Responsáveis pela formulação das decisões políticas ou de governo

Função transitória

Competência tirada da própria constituição

Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral

Normalmente são investidos em seus cargos por nomeação, eleição ou designação

Seus direitos e devers não advém de contrato firmado com o Poder Público, mas descendem diretamente da Constituição e das Leis.

Não são hierarquizados (com excecão dos auxiliares dos chefes dos executivo), sujeitando-se, tão somente, às regras constitucionais.

“Os agentes políticos possuem certas prerrogativas, hauridas diretamente da constituição, que os distinguem

dos demais agentes públicos. Essas prerrogativas não são privilégios pessoais, mas sim garantias necessárias

para o regular exercício de suas relevantes funções. Sem tais prerrogativas, os agentes políticos não teriam

liberdade para a tomada de suas decisões governamentais, em face do temor de serem responsabilizados

segundo as regras comuns da culpa civil, aplicáveis aos demais agentes públicos.”10

Por fim, é importante mencionar que o conceito legal de agente público citado na fl. 1 (Lei 8.429/92 –

que tipifica e sanciona os atos de improbridade adminstrativa, de que trata o art. 37, §4º da CF/88) não se

aplica a todos os agentes políticos. Isso porque, de acordo com decisão proferida pelo eg. STF (Rcl 2138/DF) a

referida norma não é aplicável àqueles agentes polítivos sujeitos ao “regime de crime de responsabilidade”,

que são os especificados na Lei 1.079/1950 – norma que define os crimes de responsabilidade e regula o

respectivo processo de julgamento).

Veja-se nesse sentido o que dispõe o art. 2º da citada Lei, in verbis:

Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do

cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado

Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do

Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República.

b – SERVIDORES PÚBLICOS

No atual posicionamento doutrinário, os servidores públicos integram uma categoria de agentes

públicos que presta serviços ao Estado e que tem como características o vínculo profissional e o desempenho

da função pública de forma remunerada e não eventual.

De acordo com DI PIETRO: “São as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da

Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos11”.

10 Direito Administrativo Descomplicado. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. 17ª ed. Editora Método, São Paulo, 2009, pág. 125. 11 Direito Administrativo, 22ª ed., Editora Atlas, São Paulo, 2009, pág. 512

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Esta é, sem dúvida, a mais numerosa categoria entre todos aqueles que servem ao Estado. Constituem, assim, a grande massa de seus agentes profissionais e estáveis.

● A categoria de Servidores Públicos, por sua vez, pode ser dividida em: b.1) SERVIDORES

ESTATUTÁRIOS; b.2) EMPREGADOS PÚBLICOS; b.3) SERVIDORES TEMPORÁRIOS.

REGIMES JURÍDICOS

● As peculiaridades das categorias funcionais dos servidores públicos (dentro de suas divisões – servidores

estatutários/empregados públicos e servidores temporários) variam exatamente em função do regime jurídico

que incide sobre as respectivas relações de trabalho.

- Regime Jurídico – é o conjunto de regras que regulam determinada relação jurídica.

- O REGIME JURÍDICO dos servidores civis consubstancia (consolida) os preceitos legais sobre a

acessibilidade de cargos públicos, a investidura em cargo efetivo (por concurso público) e em comissão, as

nomeações para funções de confiança, os deveres e direitos dos servidores; a promoção e os respectivos critérios,

o sistema remuneratório (subsídios ou remuneração, envolvendo os vencimentos, com as especificações das

vantagens de ordem pecuniária, os salários e as reposições pecuniárias), as penalidades e sua aplicação, o

processo administrativo, e a aposentadoria.

****Todas as categorias são regidas por seus Regimes Jurídicos Funcionais próprios= conjunto de regras de

direito que regulam determinada relação jurídica.

b.1) Servidores (públicos) Estatutários – Regime Estatutário

- são os servidores sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos. - subordinam-se a regime estatutário estabelecido em lei por cada uma das unidades da federação e modificável unilateralmente (com autorização legal e modificável pela Administração Pública), desde que respeitados os direitos já adquiridos pelo servidor12. - não há possibilidade de modificação das normas vigentes por meio de contrato, ainda que com a concordância da Administração e do Servidor, porque se trata de normas de ordem pública, cogentes, não derrogáveis pelas partes. - além da inexistência de contrato entre o Poder Público e o servidor estatuário, outra característica deste regime o distingue dos demais, a pluralidade normativa estatutos funcionais são multiplos cada pessoa da federação, desde que adote o regime estatutário para os seus servidores, precisa ter a sua lei estatutária para que possa identificar a disciplina da relação jurídica funcional entre as partes.

●Esse conjunto normativo se encontra no Estatuto funcional da pessoa jurídica (como vimos os entes federados tem autonomia para organizar seu funcionalismo, com respectivos direitos, encargos e vantages). ●As regras estatutárias básicas devem estar contidas em lei, há outras regras, entretanto, mais de caráter organizacional que podem estar previstas em atos administrativos (decretos, portarias, circulares). Litígios entre o Estado e os Servidores estatutários são dirimidos/resolvidos perante a justiça comum (JF no caso dos servidores federais/ Justiça Estadual, em se tratando de servidores estaduais e municipais (neste caso a competência interna será estabelecida no respectivo código de organização judiciária)

b.2) Servidores (Públicos) trabalhistas – empregados públicos – regime trabalhista. - são contratados sob o regime da legislação trabalhista e ocupantes de emprego público.

12 Ex. Lei 8.112/90 Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais e Lei 10.460/88 Estatuto dos Funcionários Civis do Estado de Goiás e de suas autarquias.

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- não podem os Estados e Municípios derrogar (revogar parcialmente) outras normas da legislação trabalhista, já que não tem competência para legislar sobre Direito do Trabalho, competência esta reservada privativamente à União (art. 22, I, da CF/88). - O regime trabalhista é aquele constituído das normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e seus empregados/ou seja/seus servidores trabalhistas. - A relação jurídica, neste caso é de natureza contratual e, assim sendo, aplica-se o regime pertinente às relações jurídicas entre empregadores e empregados no campo privado. - Tal regime encontra-se na Consolidação das Leis de Trabalho – CLT (Decreto n° 5.452/43). * ainda que sujeitos à CLT, submetem-se a todas as normas constitucionais referentes a requisitos para a investidura, acumulação de cargos, vencimentos, entre outras previstas no Capítulo VII, do Título III, da Constituição (Da administração pública – arts. 37 a 43).-CONCURSO PÚBLICO, ISONOMIA, RESPONSABILIDADE CIVIL, IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS. - na esfera federal, o regime de emprego público da Administração Direta, autárquica e fundacional está disciplinado pela Lei n. 9.962/0013. as características deste regime se antagonizam as do regime estatutário. - primeiro porque caracteriza-se pelo princípio da unidade normativa porque o conjunto integral das normas reguladoras se encontra em um único diploma legal – CLT Assim, quantas sejam as pessoas que adotem esse regime, todas elas deverão guiar-se pelas regras desse único diploma legal – CLT. A outra característica diz respeito a natureza da relação jurídica entre o Estado e o servidor trabalhista porque, diferentemente do regime estatutário, que não tem natureza contratual, neste caso existe contrato entre as partes. Na hipótese de litígios entre servidores trabalhistas/empregados públicos e a União, Estados, DF e Municípios, o foro competente para solucioná-los é o do Justiça do Trabalho, ex vi do art. 114, I da CF/88 (EC 45/04) b.3) Servidores (Públicos) temporários.

- são os servidores contratados para exercer funções de caráter temporário, mediante regime jurídico especial a ser disciplinado em lei de cada unidade da federação. - a previsão legal para a contratação deste servidores está localizada no inciso IX do art. 37 da CF/88 que assim dispõe:

“(...) IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público14”

e na Lei 8.745, de 9 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Neste caso a lei que estabelece a contratação e o regime – é a norma de eficácia limitada. Como assim?

13 Disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e

fundacional, e dá outras providências.

14 Além da Lei 8.745/93 existe a Lei nº 13.196/97 contratação por tempo determinado para atender necessidade

temporária das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista nos termos da CLT.

Como esse contrato temporário traduz interesse para algumas pessoas e desinteresse para outras pessoas federativas – a Lei reguladora deverá ser da pessoa federativa que pretender a inclusão dessa categoria de servidores.

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EX: Lei 13.664/200015 (Art. 92, inc. X, CEG) Natureza jurídica do contrato de trabalho – contrato administrativo de natureza funcional. a Lei que instituiu o regime pode incluir algumas normas que mais se aproximem do regime estatutário –, mas a natureza é contratual. Considera-se (inclusive entendimento do STJ) que esse tipo de contratação não revela qualquer vínculo trabalhista disciplinado pela CLT, pois da JF a competência para dirimir questões de pagamento de verba quando for ré a União Federal. Nos Estado que adotarem semelhante regime, portanto, a competência será dos juízos fazendários, os mesmos que normalmente processam e julgam litígios de servidores estatutários. Jurisprudência STJ sobre o tema:

Processo

CC 96608 / PB

CONFLITO DE COMPETENCIA

2008/0130014-4

Relator(a)

Ministro CASTRO MEIRA (1125)

Órgão Julgador

CE - CORTE ESPECIAL

Data do Julgamento

18/12/2009

Data da Publicação/Fonte

DJe 18/02/2010

Ementa

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS PROPOSTA PELOS PAIS DE

TRABALHADOR FALECIDO. EXTINÇÃO DA REDE FERROVIÁRIA FEDERAL SUCESSÃO

PELA UNIÃO. ART. 109, I, DA CF/88.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.

1. Conflito submetido à Corte Especial por deliberação unânime da Primeira Seção,

em acolhimento da Questão de Ordem suscitada pelo Sr. Min. Teori Zavascki.

2. A presença na lide da Funasa, fundação pública federal, não interfere na fixação do

juízo competente, pois as ações de acidente de trabalho, lato sensu, foram

expressamente excluídas da competência federal, nos termos do art. 109, I, da

Constituição da República.

3. A competência para julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais

decorrentes de acidente de trabalho quando envolverem servidor e ente público será

da Justiça comum, Estadual ou Federal, conforme o caso. Entendimento consolidado

em decorrência do julgamento da ADI-MC 3.395/DF, que excluiu da expressão

"relação de trabalho" as ações decorrentes do regime estatutário.

4. O art. 37, inciso IX, da Constituição Federal autoriza que a lei estabeleça "os casos

de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de

excepcional interesse público" da Administração.

5. O servidor temporário, contratado à luz do disposto no artigo 37, inciso IX, da

Constituição da República, não assume vínculo trabalhista, o que determina a

competência da Justiça Comum. Precedentes.

6. O Supremo firmou a tese de que o ajuizamento da ação pelos herdeiros em nada

altera a competência da Justiça do Trabalho para as ações de indenização por danos

15 Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de

excepcional interesse público, nos termos do art. 92, inciso X, da Constituição do Estado de Goiás, e dá outras providências.

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morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho (CC 7545/SC - Informativo

549/STF), orientação referendada por esta Corte ao julgar o CC 101.977/SP, quando

se cancelou a Súmula 366/STJ.

7. Contudo, essa orientação não se aplica ao caso dos autos, por tratar-se de servidor

sob vínculo estatutário (contrato temporário de trabalho, embasado no art. 37, inciso

IX, da CRFB/88), aplicando-se a ADI-MC 3.395/DF.

8. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da

Vara de Itaporanga/PB, ora suscitado.

As contratações temporárias, como bem esclarece o inc. IX, art. 37, foram previstas

para atender necessidade temporária – transitória ou não permanente, ou seja, aquele

que se sabe ter um fim próximo.

Ex: a restauração do sistema viário e dos serviços de comunicação destruídos em uma

inundação; a continuidade dos serviços de magistério em razão do afastamento súbito

e prolongado do professor titular, a vacinação emergencial da população em razão de

um surto epidêmico.

D) PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO.

Pessoas físicas que prestam serviços ao Estado sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração,

sob títulos diversos:

- Tais agentes são particulares que executam certas funções especiais qualificadas como públicas, de interesse

público, que justificam seu vínculo jurídico com o Estado. São também chamados por parte da doutrina de

“agentes honoríficos”

Como bem menciona o profº CARVALHO FILHO16, muitos desses agentes “exercem um verdadeiro munus

público”, pois estão sujeitos a certas obrigações (encargos) em favor da coletividade a que pertencem, sendo

suas funções transitórias.

Esses agentes em geral não recebem remuneração, como é o caso dos mesários, jurados, membros de juntas

apuratórias em eleições, comissários de menores voluntários, mas, em compensação podem receber

benefícios, como a anotação em suas apostilias funcionais ou a “concessão de um período de descanso

remunerado após o cumprimento da tarefa”. Esses agentes colaboradores passam a integrar essa categoria de

agente público através de REQUISIÇÃO, NOMEAÇÃO OU DESIGNAÇÃO.

São também agentes colaboradores particulares aqueles que rebecem delegação do Poder Público para a

prestação de serviços públicos, como os concessionários e permissionários e os titulares de ofícios de notas e

de registros não oficializados (art. 236, CF/88)17.

Nesse último caso, vale dizer que o regime jurídico a que se sujeitam os titulares de registro e oficios de notas

é distinto dos demais, pois contemplado em lei específica - como bem determinado nos parágrafos do citado

artigo 236 – de nº 8.935/94.

Assim, apesar da função pública exercida por esses agentes particulares não ocupantes de cargo público, sua

atuação é controlada pelo Poder Judiciário e para que passem a exerce-la devem ser aprovados em concurso

16 Idem, pág. 591 17 Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

Lembrete: a necessidade além de temporária, tem

que ser de EXCEPCiONAL interesse público.

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público. O fundamento para a o regime híbrido aplicado a essa categoria (público/privado) ocorre em virtude

do regime especial das funções exercidas em carater de definitividade.

Esses agentes não tem vínculo empregatício com a Administração Pública e a remuneração que recebem não

é paga pelos cofres públicos, mas pelos terceiros usuários do serviço.

COMPETÊNCIA ORGANIZACIONAL ●A competência para organizar o serviço público é da unidade federativa/entidade estatal a que pertence o respectivo serviço. ●Sobre essa matéria, ou seja, no tocante a organização do serviço público as competências são estanques e incomunicáveis. Assim, as normas estatutárias federais não se aplicam aos servidores estaduais ou municipais, nem as do Estado-membro se estendem aos servidores do Municípios. ●Cada entidade estatal é autônoma para organizar seus serviços e compor seu pessoal. ●AUTONOMIA DOS ESTADOS FEDERADOS, MUNICÍPIOS E DF PARA ORGANIZAR SEU FUNCIONALISMO(ESTABELECER DIREITOS, ENCARGOS, VANTAGENS, REGIME DE TRABALHO, PAGAMENTO) ARTS. 25, 30 E 32 DA CF/88. ●Dessa forma, atendidos os princípios constitucionais e os preceitos das leis nacionais de caráter complementar, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios instituirão seus regimes jurídicos, segundo suas conveniências administrativas e a força de seus erários.(CF/88, arts.39 e 169). ● A competência da União para organizar seu serviço público só encontra limites na CF/88 e não enseja conflito de normas, porque suas leis orgânicas jamais poderão colidir, nesse campo, com a legislação dos Estado, DF e dos Municípios. ● Vale dizer que a legislação federal, fora os casos expressamente previstos no texto constitucional, só atinge os servidores estaduais, do DF e dos municípios quando TEM NATUREZA DE LEI NACIONAL. Exs: as que dispõe sobre crimes funcionais (CP, arts. 312 a 327; CPP, arts. 513 a 518); inviolabilidade no exercício da função pública (CP, art. 142,III); perda da função pública e interdição de direitos (CP, art. 92, I, e 47, I); sanções específicas, seqüestro e perdimento de bens, pela pratica de atos de improbidade administrativa (Lei 8.429/92); Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público – PASEP (Lei complementar 8, de 3.12.70). ●Essa legislação federal e as demais que tenham a mesma natureza de leis nacionais são aplicáveis à todas as entidades estatais – União, Estados, DF e Municípios, obrigatoriamente, sem que se possa falar em quebra de suas respectivas autonomias administrativas, porque tais leis nacionais são HIERARQUICAMENTE SUPERIORES, POR FORCA DA PRÓPRIA CF. INSTITUTOS BÁSICOS: ● O funcionalismo público é organizado em cargos, classes, carreiras, quadros, empregos e funções. - CARGO –cargo público é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei ou diploma a ela equivalente18. - Cargo Público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na organização administrativa do Estado. Deve ser criado por lei, com número certo e pago pelos cofres da pessoa governamental criadora. ●Existem três espécies de CARGOS PÚBLICOS no direito brasileiro: 1- EM COMISSÃO 2 -EFETIVO 3 VITALÍCIO

18 José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2009, pág. 581.

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1 EM COMISSÃO - Esse é o cargo de provimento em caráter transitório. Os servidores nomeados nessa condição não adquirem estabilidade. ● Refere-se aos chamados cargos em comissão ou de confiança (cargos de chefia, assessoramento ou pertencentes a quadro transitório), cuja nomeação ou destituição ad nutum é feita a critério da autoridade nomeante. 2- EFETIVO - é o cargo de nomeação que se reveste de permanência, precedida de concurso público e destinado a adquirir estabilidade(relativa) nos termos do art. 41, caput, ou seja, após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público só podem perder o cargo se houver sentença judicial ou processo administrativo em que lhes seja facultada a ampla defesa e o contraditório e, agora também, como alteração introduzida pela EC 19/98, em virtude de avaliação negativa de desempenho (incisos I, II e III do art. 41). + art. 169, §4º. ●é normalmente utilizado para a grande massa dos servidores públicos civis administrativos que correspondem a parte mais numerosa, profissional e permanente dos agentes público. 3- VITALÍCIO - Corresponde ao cargo cujo provimento é feito em caráter definitivo, precedido ou não de concurso público em alguns casos, que oferece maiores garantias aos seus ocupantes. O titular de cargo de provimento vitalício, uma vez cumprido o estágio probatório de dois anos, só pode ser demitido em razão de sentença judicial transitada em julgado (Constituição Federal, art. 95, I). O provimento vitalício que se destinava aos cargos de Magistrados e Ministros dos Tribunais de Contas, foi estendido pela Constituição aos membros do Ministério Público (Constituição Federal, art. 128, I, "a"). Os conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais e municipais, os Ministros do Tribunal de Contas da União, bem como os Ministros dos Tribunais Superiores do Poder Judiciário e os Desembargadores nos Estados, são nomeados em caráter VITALÍCIO sem a precedência do concursos público. * DA CRIAÇÃO, TANSFORMAÇÃO E EXTINÇÃO DE CARGOS, FUNÇÕES OU EMPREGOS PÚBLICOS. ● na criação de cargos, formam-se novos cargos na estrutura funcional, na extinção, eliminam-se os cargos e na transformação extingue-se e cria-se simultaneamente cargos, ou seja, um cargo desaparece para dar lugar a outro. ● o cargo público deve ser criado por lei a regra geral de criação, transformação e extinção de cargos públicos está disposta no art. 48, X da CF/88 que determina: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49,51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,VI, b; o art. 84, da CF/88 por sua vez dispõe sobre as competências privativas do Presidente da República, e, especificamente em seu inc. IV, b, autoriza o mesmo, mediante decreto extinguir funções ou cargos públicos vagos. o art. 61, §1°, inc. II, alínea “a”, por sua vez, determina que é da iniciativa PRIVATIVA do Presidente da República a criação de cargos, funções ou empregos da administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração. Os Estados (art. 25, § 1°), e Municípios (art. 29) e também o DF (art. 32 e § 1° , seguindo os preceitos já perfilados na competência organizacional, e organizando, portanto, suas estruturas administrativas –

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observadas, como dito anteriormente os princípios constitucionais, reproduzem a exigência para criação e extinção de cargo. ●Nesse sentido, a melhor doutrina informa que o processo legislativo será desencadeado por um ato (iniciativa) que dará início a uma série de outros atos, que resultarão no provimento legislativo respectivo. Para a criação e extinção de cargos, empregos ou funções na Administração direta e autárquica (não abrangendo, portanto, as empresas públicas, sociedades de economia mista e as fundações privadas do Poder Público) a iniciativa do processo legislativo é deferida como mencionado ao Presidente, hipótese que é reproduzida simetricamente no âmbito estadual e nas leis orgânicas municipais. ●Essa iniciativa se concretiza pelo envio, pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo, de mensagem e projeto de lei, que poderá ser emendado pelo parlamento, sendo, entretanto, vedado nesse poder de emenda o aumento de despesa prevista (art. 63/ CF/88). ● Cumpre ressaltar que compete à Câmara dos Deputados (art. 51, inc. IV, CF/88), ao Senado Federal (art. 52, XIII19), aos Tribunais em Geral, inclusive de contas (art. 96, II, b) e ao Ministério Público (art. 127, §2°) e às Assembleias Legislativas dos Estados e Distrito Federal a iniciativa da criação e extinção de seus cargos e de seus auxiliares. ● A extinção de cargos públicos deve acontecer, também, fundamentada em lei, pelo princípio do paralelismo das formas, segundo o qual, caso a lei não determine de maneira diversa, deve ser observada a mesma forma, o mesmo procedimento, e a intervenção da mesma autoridade ou de autoridade de nível hierárquico pelo menos equivalente, para o desfazimento ou modificação do ato jurídico.

● O ato inferior deixaria vigente o ato de hierarquia superior, mas, na área federal, a Constituição atribui ao Presidente da República competência para extinguir cargos públicos federais, na forma da lei e, no caso de cargos vagos, mediante decreto20, ressalvas estas que inexistiam no ordenamento constitucional anterior. ● A EC 32/01 alterou o art. 8421, inc. VI, b da CF/88 para permitir a extinção de CARGOS VAGOS por decreto exarado pelo Chefe do Executivo. - EMPREGO – admissão que ocorre através de vínculo empregatício com a AP sob regime celetista, normalmente para entes da AI. (empresas públicas, sociedades de economia mistas e fundações)

19 arts. 51 e 52 – referem-se aos casos em que dispensa a sanção do Presidente, uma vez que os arts em questão autorizam a Câmara e

o Senado a dispor sobre sua organização e sobre a criação transformação e extinção de seus cargos. E , ressalte-se, quando se trata de

organização funcional destes órgãos, esta não depende de lei, como nos demais casos. Como resultado seus cargos são criados,

transformados e extintos por resolução.

20 EC 31/2001 que alterou o art. 84 da CF/88 conferiu ao Presidente da República e aos demais Chefes de Executivo, competência

para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração, desde que não haja aumento de despesa, nem

criação ou extinção de órgãos públicos.

Logicamente, embora se admita o decreto para a organização e funcionamento da administração, com a vedação de aumento de

despesa impede a criação de novos cargos por decreto vez que isso certamente resultaria no aumento vedado.

21 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI - dispor, mediante decreto, sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

● Lei REVOGA Lei ou ato inferior, DECRETO revoga decreto ou ato inferior, mas

não a lei, e só emenda constitucional derroga dispositivos constitucionais que

possam ser alterados.

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- FUNÇÃO – na melhor doutrina tem-se 22 como conceito residual, ou seja, o que resta após a conceituação de cargo e emprego, função é o conjunto de atribuições a que não corresponde um cargo ou emprego. - tem caráter transitório e excepcional - Atualmente, sob a égide da CF/88 são duas as hipóteses em que se aplica essa nomenclatura: 1) a função exercida por servidores contratados temporariamente com base no art. 37, inc. IX da CF/88, para o qual não se exige necessariamente concurso público, porque muitas vezes a própria urgência da contratação é incompatível com a demora do procedimento; 2) a função de natureza permanente, corresponde a chefia, direção, assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador não crie o cargo respectivo. São as chamadas funções de confiança, de livre provimento e exoneração. - São as previstas no art. 37, inc. V da CF/88 que assim determina:

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

- Nos casos de função, portanto, não existe a exigência de concurso público. Isso porque, quem as exerce ou é contratado temporariamente para atender às necessidades emergentes da Administração, ou são ocupantes de funções de confiança, para as quais não se exige concurso público. - Existe ainda uma categoria de indivíduos ocupantes de função pública que não consta dos livros, mas que existem e tem representando centenas de pessoas prestando serviços terceirizados à Administração Pública. São prestadores de serviços vinculados a empresas que ganham licitações para prestar serviços de limpeza e conservação etc, mas que por exigência da AP passam a contratar auxiliares administrativos, telefonistas etc.. - QUADRO – quadro funcional é o conjunto de carreiras, cargos isolados23 e funções públicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus órgãos24. O quadro pode ser permanente ou provisório, mas sempre estagnado, não admitindo promoção ou acesso de um para outro. - CARREIRA – é o conjunto de classes funcionais em que seus integrantes vão percorrendo os diversos patamares de que se constitui a progressão funcional25. - série de classes, ou seja, mais de uma classe, com atividades idênticas ou correlatas, disposição hierárquica escalonada, elevando-se os funcionários da classe inferior à superior, normalmente por concurso de promoção, e adentrando-se a classe, no primeiro provimento, nos graus iniciais da escala hierárquica; por outro lado aumentam-se as responsabilidades e a remuneração, conforme a progressão funciona26l. - para que realmente exista uma carreira há de existir há possibilidade do servidor ascender, gradativamente, na escala hierárquica. Caso isso não ocorra, estaremos diante dos casos de classes singulares, que são integradas por cargos isolados, e, nas quais, evidentemente, não existe possibilidade de ascensão. - São exemplos de carreira: Promotores de Justiça, Juízes, Procuradores do Estado e Fiscais de Renda.

22 Direito Administrativo, 22ª ed., Editora Atlas, São Paulo, 2009, pág. 517 23 São cargos únicos em determinada categoria de servidores públicos, o que não permite a progressão funcional. A criação de

cargos isolados deve ser considerada excepcional, pois é da natureza da organização administrativa o escalonamento hierarquico dos agentes oucpantes de cargos. OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Ed. Método. São Paulo: 2013, pág. 633 24 Hely Lopes Meirelles apud José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2009, pág. 580 25 José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2009, pág. 580 26 Edmir Netto de Araújo. Curso de Direito Administrativo, 4ª ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2009, pág. 274.

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- CLASSE – as classes são compostas de conjunto de cargos que tenham a mesma denominação, atribuições e remuneração e constituem degraus de acesso na carreira. - instrumento importante para a concessão de benefícios e promoções funcionais, pois uniformiza funções e vencimentos. Na lição da doutrina majoritária – “é o agrupamento de cargos da mesma profissão, e com idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos27”. - Por exemplo: Lei Gestores - “Caso determinado grupo de funcionários ocupem cargos públicos idênticos ou muito semelhantes, para os quais se exige formação idêntica ou similar, e que coincidam direitos, deveres, responsabilidades e vencimentos básicos, estamos diante do que se costuma denominar, na linguagem técnica, com classe28”. - VACÂNCIA29 – é o fato administrativo-funcional que indica que determinado cargo público não está provido, ou, em outras palavras, está sem titular.

VACÂNCIA - 30 A PEDIDO - 1 – EXONERAÇÃO EX- OFFICIO I – COM EXTINÇAO DE VÍNCULO - 2 – REMISSÃO - 3 – MORTE - 4 – APOSENTADORIA - 5 – POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL II – SEM EXTINÇÃO DE VÍNCULO 1 – PROMOÇÃO 2 – READAPTAÇÃO

CONCEITO – A SITUAÇÃO NORMAL DO CARGO PÚBLICO É O SEU PREENCHIMENTO, COM O SEU TITULAR EM EFETIVO EXERCÍCIO, ATENDENDO AO PRINCIPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS. QUANDO ESTE CARGO, POR ALGUMA RAZÃO, DEIXA DE TER TITULAR, OCORRE SUA VACÂNCIA. A PALAVRA SIGNIFICA JURIDICAMENTE SIMPLESMENTE A VAGA OU O ESTADO DE VAGO. COM EXTINÇÃO DO VÍNCULO EXONERAÇÃO – É O DESLIGAMENTO DO SERVIDOR DO QUADRO DE PESSOAL DA ENTIDADE A QUE SE VINCULA, SEM CARATÉR PUNITIVO. PODE SER A PEDIDO OU POR DELIBERAÇÃO (EX OFFICIO) DA ENTIDADE A QUE ESTAVA VINCULADO.

27 Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro, 29ª ed., Editora Malheiros, São Paulo, 2004, pág. 397. 28 Edmir Netto de Araújo. Curso de Direito Administrativo, 4ª ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2009, pág. 273.

29 ●LEI 8.112/90 Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: I - exoneração; II - demissão; III - promoção; IV - ascensão; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.9729) V - transferência (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) VI - readaptação; VII - aposentadoria; VIII - posse em outro cargo inacumulável; IX - falecimento.

30 De Plácido e Silva. Vocabulário Jurídico, 23ª ed. 1454

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A EXONERAÇÃO EX OFFICIO SOMENTE PODE OCORRER SE O SERVIDOR TITULARIZAVA CARGO DE PROVIMENTO EM COMISSÃO OU SE ERA OCUPANTE DE CARGO DE PROVIMENTO EFETIVO ANTES DE OCORRER A ESTABILIDADE (HIPÓTESE EM QUE SE EXIGE A APURAÇÃO, EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DA INADEQUAÇÃO DO SERVIDOR NA EXECUÇÃO DA ATIVIDADE PÚBLICA). HÁ EXTINÇAO DO VÍNCULO, MAS NÃO A EXTINÇÃO DO CARGO, QUE AGUARDARÁ NOVO TITULAR. DEMISSÃO – É O DESLIGAMENTO DO SERVIDOR DO QUADRO DE PESSOAL DA ENTIDADE A QUE SE VINCULAVA, COMO MEDIDA PUNITIVA É, PORTANTO, SANÇÃO, COMO DISPOSTO NO ART. 127 DA LEI 8.112/90

Aplicável nos casos de crimes contra a Administração Pública, abandono de cargo, inassiduidade habitual, improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiro público, corrupção, acumulação ilegal de cargos etc.

FALECIMENTO - A MORTE DO SERVIDOR PÕE FIM AO VINCULO QUE O MESMO MANTINHA COM A ENTIDADE A QUE SE LIGAVA, CORRENDO ASSIM A VACÂNCIA.

APOSENTADORIA – É A PASSAGEM DO SERVIDOR DA ATIVIDADE PARA A INATIVIDADE, VAGANDO ASSIM O RESPECTIVO CARGO.

POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL

É espécie de vacância, na medida em que pela nova posse acontece a vaga do cargo anteriormente ocupado, pois significa a renúncia do cargo precedente que, por isso, fica vago. Há rompimento do vínculo até então existente entre a AP e o Servidor sem a extinção do cargo.

- O servidor, no caso, passa a ocupar outro cargo em razão do novo vínculo que se constituiu

SEM EXTINÇÃO DO VÍNCULO são formas de vacância e, também, de investidura e serão abordadas quando falarmos sobre formas de provimento

- LOTAÇÃO – A lotação de cargos define os locais, as repartições onde os servidores respectivos devem exercer suas atividades. ● DEFINIÇÕES CONTIDAS NA LEI 8.112/9031 ● DEFINIÇÕES CONTIDAS NA LEI 10.460/8832

31 Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. hierarquicamente, de acordo com a complexidade ou dificuldade das atribuições e o nível de responsabilidade, constituindo a linha natural de promoção do funcionário; V - categoria funcional é o conjunto de cargos não hierarquizados segundo a estrutura organizacional, integrantes dos campos de atuação operacional, adiministrativo e manutenção do serviço público estadual.

32 Art. 4º - Para os efeitos desta lei serão observadas as seguintes definições:

I - cargo é o posto de trabalho, instituído na organização do funcionalismo, caracterizado por deveres e responsabilidades, com criação e jornada de trabalho estabelecidas em lei, denominação própria, número certo e remuneração pelos cofres públicos;

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DIREITO DE ACESSO

● A redação original do inc. I do art. 37 da CF/88 assegurava o direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas apenas aos brasileiros que preenchessem as condições estabelecidas em lei, o que abrangia os brasileiros natos e naturalizados (art. 12, incs. I e II da CF/88), já que a CF/88 não faz distinção, a não ser aquela prevista no § 3°33 do inc. II do art. 12 da Carta Maior quanto aos cargos privativos de brasileiros natos.

● Com a nova redação conferida ao inc. I do art. 37 pela Emenda Constitucional n° 19/98, o direito de acesso foi estendido também aos estrangeiros, “na forma da lei”.

Veja-se o teor do citado artigo após a citada modificação:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

● Por outro lado, a hipótese de contratação de estrangeiro para ocupar função pública nos termos do art. 37, IX da CF/88 sempre foi possível. Tanto que a Lei 8.745/93 que dispõe sobre a contratação de servidor temporário inclui, entre os casos ali previstos a contratação de professor estrangeiro e pesquisador visitante.

● É importante ressaltar que a admissão de estrangeiros para exercer cargo, emprego ou função pública estava prevista na CF/88 antes da emenda constitucional 19/98 em virtude da emenda constitucional 11/96 que alterou o disposto no art. 207, §§ 1° e 2° da Carta Maior, para autorizar a admissão pelas universidades, e instituições de pesquisa científica e tecnológica, de professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.

●A Lei que regulamente esses dispositivos no âmbito federal é a de n° 9.515/97 – que dispõe sobre a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros pelas universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais, sendo que a referida norma introduziu na Lei 8.112/90, especificamente em seu art. 5°, o §3°, estabelecendo que “As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)”

● Essa lei somente se aplica à esfera federal, cabendo aos Estados e Municípios editar suas próprias normas a esse respeito, pois a matéria relativa a servidores públicos não é reservada à competência

- Regime Jurídico Único e a Extinção da Obrigatoriedade pela EC 19/1998.

II - função é a atribuição ou o conjunto de atribuições específicas que devem ser executadas por um funcionário na estrutura organizacional, fornecendo elementos para a caracterização, descrição, classificação e avaliação do cargo; III - classe é o agrupamento de cargos de mesmos vencimentos e responsabilidades, para os quais sejam exigidos os mesmos requisitos gerais de instrução e experiência para o provimento;IV - série de classes é o conjunto de classes do mesmo grau profissional, dispostas 33 § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

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O caput do art. 39 da CF/88, originalmente estabelecia a obrigatoriedade de adoção, por parte de cada ente da federação, de um só regime jurídico aplicável a todos os servidores integrantes da Administração Direta, autárquica e fundacional e, também, tornava obrigatória a instituição de planos de carreira para esses servidores. Assim, antes da EC 19/98 cada entidade federada, ou seja, cada município, estado-membro, o Distrito Federal e a União tinha, teoricamente, a liberdade de estabelecer o regime jurídico a que estariam submetidos os agentes públicos de suas Administrações Diretas, autárquicas e fundações públicas, desde que esse regime jurídico fosse unificado para todos os servidores desses órgãos e entidades de cada pessoa política. (ex: Lei 8.112/90) A referida Emenda Constitucional SUPRIMIU a OBRIGATORIEDADE de um regime jurídico único para todos os servidores – Assim, até recentemente o regime podia ser estatutário34, celetista (o da CLT) e o administrativo especial. Em consequência, em razão de suas autonomias políticas, a União, os Estado, o Distrito Federal e os Municípios podiam, após a EC 19/98, estabelecer regime jurídico não contratual para os titulares de cargo público, sempre através de lei geral ou de leis específicas para determinadas categorias profissionais, as quais consubstanciam o chamado regime estatutário regular, geral ou peculiar. Poderiam, ainda, adotar parte de seus servidores o regime da CLT. Por fim, devem adotar um de natureza administrativa especial, na forma da lei de cada pessoa política, prevista pelo art. 37, IX, da CF/88, para a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. No entanto, a modificação introduzida pela EC 19/98 no caput do art. 39 da CF/88 teve sua eficácia suspensa, pelo Supremo Tribunal Federal, a partir da AGOSTO de 2007, sob o fundamento de inconstitucionalidade formal (na tramitação da emenda, a Câmara dos Deputados não observou o processo legislativo estabelecido no art. 60, §2°, da CF/88, especificamente quanto ao caput do art. 39, que não foi submetido a aprovação de dois turnos). Por esta razão, no julgamento da ADI 2.135/DF, em 02.08.2007, o STF deferiu medida cautelar para suspender a eficácia do art. 39, caput, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC 19/98. A decisão teve efeitos ex nunc, ou seja, daquele momento para frente, sem efeitos retroativos, isto é toda a legislação editada durante a vigência do art. 39, caput, com a redação dada pela EC 19/98, continua válida. Evidentemente, portanto, que com a referida suspensão, voltou a vigorar a redação original do art. 39 da CF, que exige sejam admitidos sob UM ÚNICO REGIME JURÍDICO os agentes públicos da Agentes da Administração Direta, autárquica e fundações públicas de cada um dos entes federados.

Condições de ingresso. Concurso Público

34 ** Vale ressaltar que firmou-se entendimento doutrinário e jurisprudencial de que a liberdade de escolha de regime não era

totalmente aleatória. Isso porque pela própria natureza das atividades típicas de Estado (atividades-fim) para as pessoas que as exercem (fundamental a estabilidade dos agentes) deve ser adotado o regime estatutário.

Finalidade = estabelecer regime uniforme p/ as

pessoas de Direito Público

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** O Ingresso no quadro de pessoal da Administração Pública direta, autárquica ou fundacional pública é direito de brasileiros e estrangeiros, como visto no item 1.5, conforme assegurado no art. 37; inc. I35 da CF/88, desde que preencham os requisitos indicados em lei ou resolução. ** Como visto nem todos os brasileiros e estrangeiros podem ou devem integrar esse quadro, haja vista a condição de preenchimento dos requisitos exigidos em lei. **Além disso devem ser observados na escolha daqueles que exercerão cargo público, os princípios da isonomia e da impessoalidade. ** Confere-se com isso às Administrações autorização para prescrever em lei as exigências quanto a capacidade física, moral, técnica, científica e profissional que entenderem convenientes, como condições de eficiência, moralidade e aperfeiçoamento do serviço público. ***Ressalva: É vedado a Lei específica local dispensar as condições estabelecidas em lei nacional para a investidura em cargos públicos, como por exemplo, as exigidas pelas leis eleitorais e do serviço militar, ou para o exercício de determinadas profissões (CF, art. 22, XVI). ***As duas leis, ou seja, tanto a local, quanto a nacional deverão respeitar e resguardar as garantias asseguradas no art. 5°, da CF/88, que veda distinções baseadas em sexo, idade, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. ** A escolha, portanto, para apontar os mais capazes e habilitados a manter a relação jurídica desejada pelo Estado, e com o Estado dentro, obviamente, das exigências legais pertinentes, ou seja, daqueles mais indicados para prover cargos e/ou empregos públicos, observado o princípio da isonomia, é feita por concurso público exigência constitucional insculpida no art. 37, II36 da CF/88,

O concurso público é, portanto, o instrumento/procedimento pratico-jurídico posto à disposição da Administração Pública direta e indireta de qualquer nível de governo, para a seleção do futuro melhor servidor, necessário à execução de serviços sobre sua responsabilidade.

O entendimento doutrinário é de que o concurso público é o meio técnico posto à disposição da Administração para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço público e, ao mesmo tempo, atender ao princípio da isonomia, uma vez que propicia igual oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos a todos os que atendam aos requisitos estabelecidos de forma geral e abstrata em lei Dispensa de Concurso Público No entanto não deve ser esquecido que para os cargos em Comissão previstos no art. 37, II da CF/88 é dispensado o concurso público, sendo os respectivos cargos a serem preenchidos nos “casos, condições e percentuais mínimos” previstos em Lei. Nesse contexto deve ser ressaltado também o disposto na Súmula Vinculante n° 13 do STF que impõe restrição ao nepotismo nos seguintes termos: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da

35 Dispõe o referido artigo que:

Art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos

estrangeiros , na forma da lei;

36 ARt. 37 –

(...) II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de acordo com a

natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em

lei de livre nomeação e exoneração;

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mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública Direta e Indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal” – (violação do princípio da moralidade administrativa previsto no art. 37, I da CF/88). Além dos cargos em comissão, a própria Carta Magna estabelece outras exceções de investidura em cargo público sem concurso público no caso das nomeações dos membros dos Tribunais: Art. 73, §1°37, 9438, 10139, 104, parágrafo único, II40, 10741, 111-A42, 119, II43, 120, III44 e 12345 O outro caso de dispensa é o das CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS previstas no inciso IX do art. 37 da CF/88 e regulamentados por lei própria. * relembrando-se que neste caso trata-se NECESSIDADE TRANSITÓRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. (Ver situações enumeradas pela Lei 8.745/93). Com relação as funções de confiança, também não se justifica o concurso público, exigindo a CF/88, no art. 37, V, que sejam exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo e que se limitem às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Essa exigência, que decorre de alteração introduzida

37 Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal

e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. § 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: 38 Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios

será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico

e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de

representação das respectivas classes

39 Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco

e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

40 Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e

Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94

41 Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na

respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: 42 Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais

de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 43 Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

44 Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 45 Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,

depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

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pela EC 19/98, impede que pessoas estranhas aos quadros do funcionalismo sejam admitidas para funções de confiança

Quanto a Forma do Concurso Público

A CF/88 não estabeleceu para o concurso público forma ou procedimentos determinados.

A EC 19/98 alterou o art. 37, II, pra afirmar que os concursos poderão apresentar diferentes formas, desde que previstas em lei, de acordo com a natureza e complexidade do cargo.

O concurso terá sempre que ser de provas e provas e títulos/ A Lei não pode estabelecer para o provimento efetivo de cargos ou empregos públicos processos seletivos com base somente em entrevistas, análise curricular, testes psicotécnicos.

No caso do exame psicotécnico _ critério subjetivo - , o e. STF já decidiu sobre a possibilidade de que eles sejam exigidos em concurso público, desde que haja previsão legal (não apenas em edital).

Somam-se a essa exigência outros pressupostos para que o exame psicotécnico seja exigido em concurso público.

** estabelecimento de critérios objetivos de reconhecido caráter científico para a avaliação dos candidatos

** possibilidade de recurso.

Veja-se o teor da Súmula 686 do e. STF:

SÚMULA Nº 686 SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A CARGO PÚBLICO.

Prazo de Validade

O inciso III do art. 37 da CF/88 dispõe que “o prazo de validade do concurso será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período”.

** como visto o prazo de validade É ATÉ DOIS ANOS, e pode ser prorrogado uma única vez por igual período. Significa que, por exemplo, se o edital estabelecia em noves meses contados da homologação, o prazo inicial de validade do concurso, a prorrogação pela Administração, se ocorrer, somente poderá ser feita por mais nove meses, totalizando 18 meses.

Entende-se por prazo de validade do concurso público, o período durante o qual a Administração poderá nomear ou contratar os aprovados para o provimento ou preenchimento do cargo ou emprego público a que se destinava o concurso.

*O prazo deve sempre constar expressamente do edital e/ou da lei sob pena de ser improrrogável.

o desrespeito ao prazo de validade do concurso implicará na nulidade do ato e na punição da autoridade responsável nos termos da lei.(§ 2° do art. 37 da CF/88)

** Isso quer dizer que o ato de nomeação, no caso de cargos públicos, ou a celebração do contrato de trabalho, no caso de empregos públicos podem ser anulados.

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o prazo de validade é contado a partir da homologação do concurso (entende-se por homologação o ato administrativo mediante o qual a autoridade competente certifica que o procedimento do concurso foi válido e regularmente concluído.

Reserva de Vaga para portadores de deficiência

A CF/88 exige no inc. VIII do art. 37 que seja definido em lei percentual de cargos e empregos públicos a serem preenchidos por pessoas portadoras de deficiências, estabelecendo ainda os critérios de sua admissão.

A Lei que regulamenta o citado dispositivo constitucional é a de nº 7.853/99 que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social, tendo sido a citada norma regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99.

O artigo 37 daquele regulamento garante a toda pessoa portadora de deficiência, quer seja ela auditiva, visual, mental ou múltipla, o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com suas dificuldades. Para tanto, deverá ser reservado 5% (cinco por cento) do total de vagas previstas para os referidos concursos públicos.

Além da referida norma também a Lei 8.112/90 assegura aos portadores de deficiência o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que sejam portadoras, reservando-se até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas para serem preenchidas por essas pessoas.

No âmbito federal, portanto, o percentual de vagas destinadas para portadores de deficiência parte de 5% e vai até 20%.

Prioridade na Nomeação

INC. IV, ART. 37, CF/88 – apenas estabelece prioridade para a nomeação de candidatos aprovados em um concurso anterior ainda dentro do prazo de validade sobre os aprovados no novo concurso para o mesmo cargo ou emprego, mas não proíbe a realização/abertura de outro concurso para determinado cargo ou emprego enquanto ainda esteja dentro do prazo de validade um concurso anterior realizado pela mesma administração.

a Lei 8.112/90 restringe em seu §2°, art. 12 (não se abrirá novo concurso enquanto houve candidato aprovado em concurso anterior ao prazo de validade não expirado.

Investidura

LEI 8.112/90

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o gozo dos direitos políticos;

III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;

IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;

V - a idade mínima de dezoito anos;

VI - aptidão física e mental.

§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.

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§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para

provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas

serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com

professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela

Lei nº 9.515, de 20.11.97)

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:

I - nomeação;

II - promoção;

III - ascensão;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

IV - transferência; (Execução suspensa pela RSF nº 46, de 1997) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

V - readaptação;

VI - reversão;

VII - aproveitamento;

VIII - reintegração;

IX - recondução.

Após o concurso segue-se a NOMEAÇÃO do candidato aprovado, sendo a nomeação o ato de provimento de cargo que se completa com a posse e o exercício. Conceito nomeação46 – única forma de provimento originário compatível com a CF/88 e pode dar-se em caráter efetivo ou em comissão, para cargos de confiança, esta última, repita-se, não exigindo concurso público. A nomeação em caráter efetivo depende de prévia aprovação em concurso público compatível com a natureza e a complexidade do cargo a ser preenchido De acordo com a lição de José dos Santos Carvalho Filho47 a investidura retrata uma operação complexa, constituída de atos do Estado e do interessado, para permitir o legítimo provimento do cargo público, sendo a POSSE O ATO DE INVESTIDURA PELO QUAL FICAM ATRIBUÍDOS AO SERVIDOR AS PRERROGATIVAS, OS DIREITOS E DEVERES DO CARGO ou do mandato. É o momento em que o servidor assume o compromisso do fiel cumprimento dos deveres e atribuições Como visto no art. 7° da Lei 8.112/90 a investidura ocorre com a posse. Ou seja o ato de posse que completa a investidura, sendo, portanto a conditio iuris para o exercício da função pública. sem a posse o provimento não se completa, nem pode haver exercício da função pública ** A NOMEAÇÃO É ATO ADMINISTRATIVO UNILATERAL - QUE NÃO GERA, POR SI SÓ, QUALQUER OBRIGAÇÃO PARA O SERVIDOR, MAS SIM O DIREITO SUBJETIVO PARA QUE ELE FORMALIZE SEU VÍNCULO COM A ADMINISTRAÇÃO, POR MEIO DA POSSE ** A POSSE É ATO JURÍDICO BILATERAL, EM QUE O SERVIDOR É INVESTIDO EM ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES INERENTES AO CARGO. O nomeado somente se torna servidor com a posse.

46 Art. 9°, Lei 8.112/90 – Art. 9o A nomeação far-se-á: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 47 Direito Administrativo, 21ª ed. Editora lúmen Júris,Rio de Janeiro, 2009, pág. 589

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O art. 1348 da Lei 8.112/90 define a forma em que ocorre a posse e o prazo para que venha a ocorrer, nos seguintes termos: ** Nos termos do §3° do art. 13, a posse poderá dar-se mediante procuração específica ** Nos termos do §5° do art. 13, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. O art. 1549 da Lei 8.112/90 define o que é exercício e o prazo para que o servidor empossado em cargo público, entre em exercício.

Formas de Provimento50

48 “Art. 13 – A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as

responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. §1°- A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento. §2°- Em se tratando de servidor, que esteja na data da publicação do ato de provimento, em uma das licenças prevista abaixo, o prazo será contado do término do impedimento: I – por motivo de doença em pessoa da família; Etc. 49 Art. 15 – Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. §1° - É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. §2°- O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de co§1°nfiança, se não entrar em exercício nos prazo previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18

50 Esquema retirado do Livro Lei nº 8.112/90 esquematizada. CARVALHO, Janaína e BRAGA, Renato. 2ª ed., Editora Ferreira, Rio de Janeiro, 2008, pág. 19

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DICAS:

PROMOÇÃO – “É o progresso funcional em que o servidor é deslocado de cargo de classe inferior para outro cargo de classe superior dentro da mesma carreira (ex: magistrado de primeira instância é promovido para o cargo de desembargador)”51 READAPTAÇÃO – neste caso o servidor passa a ocupar cargo diferente daquele que ocupava em virtude de limitação sofrida em sua capacidade mental ou física. Assim sendo, há uma mudança de cargo visando a compatibilização de suas atuais condições para o exercício da função pública com o cargo a ser por ele ocupado. Ex: motorista acometido de disfunções motoras ou problemas de visão que passa a ocupar (é readaptado) cargo administrativo REVERSÃO52 É o retorno à atividade de servidor aposentado quando assim o solicitar (a pedido53), ou quando determinado o retorno pela entidade a que se ligava (ex-officio), dado que insubsistentes (decisão viciada) os motivos da aposentação (ilegalidade na concessão da aposentadoria ou por não mais subsistirem (desaparecerem) os motivos determinantes de sua aposentadoria. Neste último caso, há a constatação por junta médica (laudo) da inexistência das razões da aposentadoria por invalidez). REINTEGRAÇÃO – É A FORMA DE PROVIMENTO DERIVADO EXPRESSAMENTE PREVISTA NA CONSTITUIÇÃO (ART. 41, §2°).

51 Curso de Direito Administrativo. Rafael Carvalho Rezende Oliveira. Editora Método. São Paulo:2013, pág. 637

52 ART 25 DA LEI 8.112/90

53 Essa opção prevista na Lei 8.112/90 é considerada inconstitucional pela doutrina majoritária, vez que atenta contra a regra

constitucional do concurso público. A aposentadoria extingue a relação estatutária e acarreta a vacância do respectivo cargo.

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Ocorre quando o servidor estável, anteriormente demitido, tem a decisão administrativa ou judicial que determinou sua demissão invalidada. O irregularmente demitido retornará, então, ao cargo de origem, com ressarcimento de todas as vantagens a que teria feito jus durante o período de seu afastamento ilegal, inclusive às promoções por antiguidade que teria obtido nesse ínterim. Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, até se adequado aproveitamento. Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante, se estável, será reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade (nesse caso com remuneração proporcional). Se não estável deverá ser exonerado APROVEITAMENTO – É A FORMA DE PROVIMENTO DERIVADO EXPRESSAMENTE PREVISTA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 41, § 3°) Trata-se do retorno do servidor colocado em disponibilidade ( portanto estável) a cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado (o qual foi extinto ou declarado desnecessário). RECONDUÇÃO54 – é o retorno de servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, podendo decorrer de: a) inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; ou b) reintegração do anterior ocupante

No entendimento jurisprudencial firmado pelo e. STF é possível ao servidor estável aprovado para outro cargo, dentro do período de estágio probatório, optar pelo retorno ao antigo cargo, se assim o desejar.

Em virtude desse entendimento a AP federal terminou por editar a Súmula Administrativa AGU 16, de 19.06.2002, de observância obrigatória por toda Administração Federal, cujo teor é o seguinte:

“O servidor estável investido em cargo público federal, em virtude de habilitação em concurso público,

poderá desistir do estágio probatório a que é submetido com apoio no art. 20 da Lei 8.112, de 11 de

dezembro de 1990, a ser reconduzido no cargo inacumulável de que foi exonerado, a pedido. Não se

interporá recurso da decisão judicial que reconhecer esse direito. ACUMULAÇÃO A regra é a titularização por alguém de um só cargo A mesma pessoa em tese não pode ocupar 2 cargos A CF/88 estabelece a regra da proibição de exercício simultâneo, remunerado, de cargos, funções e empregos públicos (art. 37, incs. XVI e XVII) O preceito abrange os agentes da administração direta e das autarquias, fundações, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas direta e indiretamente pelo poder público (art. 37, XVII com a redação dada pela EC/98. Porém o mesmo dispositivo que fixa a regra abre exceções para os seguintes casos: a) dois casos de professor; b) um cargo de professor e outro técnico ou científico ( o cargo técnico e o cargo científico exigem habilitação específica para seu provimento) c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (aliena c, redação dada pela EC34/01) Tais exceções significam acumulações legais, configurando direito de quem se encontra aí enquadrado. A CF/88 condiciona a acumulação a compatibilidade de horários.

54 art. 29 da Lei 8.112/90

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A CF/88 prevê ainda duas outras hipóteses de acumulação legal. ** O cargo de Juiz e um cargo de Magistério (art. 95, § único, I), um cargo no MP e um cargo ou função de Magistério (art. 128, § 5°, II, d) DIREITOS E DEVERES Os direitos dos servidores públicos estão consagrados em grande parte na CF/88 (arts. 37 a 41). Os direitos e deveres do servidor público estatutário constam do Estatuto do Servidor que cada unidade da federação tem competência para estabelecer, ou da CLT, se o regime celetista for o escolhido para reger as relações de emprego. Em qualquer hipótese deverão ser observadas as normas da CF/88 Dentre os direitos, incluem-se os concernentes a férias, licenças (licença-gestante; licença ao funcionário acidentado ou acometido de doença profissional e auxílio funeral), vencimento e demais vantagens pecuniárias, assistência, direito de petição, disponibilidade e aposentadoria. Além disso, forma estendidos aos servidores públicos alguns dos direitos e garantias dos trabalhadores em geral, nos termos da art. 39, §3º, da CF/88, que remete ao disposto no art. 7° , incs. IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX. Outro direito que merece destaque é o da irredutibilidade de vencimentos prevista no art. 37, inc. XV da CF/88 ** A remuneração tem destaque no tópico relativo aos direitos, pela importância e complexidade de seu estudo, merecendo, portanto, uma maior abordagem Nesse contexto, é importante frisar que com relação a retribuição pecuniária, houve alteração imposta pela EC 19/98, que adicionou ao regime remuneratório ou vencimental dos servidores, o sistema de subsídio. Para estes, o estipêndio (retribuição pecuniária) constitui-se de uma parcela única, vedado acréscimo de outras vantagens de qualquer espécie. Para os servidores em regime de remuneração, continuam a existir as vantagens pecuniárias acrescidas ao padrão fixado em lei. Nesse contexto, é importante esclarecer que não existe distinção entre os vocábulos vencimento e remuneração em sua utilização pela CF/88. No entanto Hely Lopes Meirelles afirma que a Constituição e Emendas em alguns pontos empregam terminologia equivocada e não sistematizada. Exemplifica colocando que o art. 37, inc. XV quando fala em vencimento quer se referir a remuneração, e no inc. X do mesmo artigo remuneração significa vencimentos. No entanto, a Lei Federal 8.112/90 especifica que: VENCIMENTO é a retribuição pecuniária pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao padrão fixado em lei (art. 40 da Lei 8.112/90)

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REMUNERAÇÃO é o vencimento + as vantagens pecuniárias atribuídas em Lei (art. 41). PROVENTO – é a retribuição pecuniária a que faz jus o aposentado. PENSÃO – é o benefício pago aos dependentes do servidor falecido. Provento e pensão definidos no art. 37, X, 40, 61, §1°, a e c da CF/88 SUBSÍDIOS – sistema de estipêndio introduzido pela EC 19/98 – caracteriza-se pela retribuição pecuniária fixada em parcela única, vedado qualquer acréscimo de qualquer vantagem (abono, premio, verba de representação, adicional, etc). É modalidade de remuneração de aplicação55:

VANTANGES PECUNIÁRIAS - “são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de serviço56 (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais57 (ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se realiza o serviço (propter laborem), ou finalmente, em razão das condições pessoais do servidor (propter personam). ** As duas primeiras constituem os adicionais de vencimento e função respectivamente, e as duas últimas formam a categoria das gratificações (de serviço e pessoais) são os “demais componentes do sistema remuneratório”- art. 39, §°, da CF/88. **Como exemplo da gratificação de serviço (condições anormais em que o serviço é prestado) podem ser mencionadas as gratificações de representação, de insalubridade, de risco de vida e saúde. **Como exemplo de gratificação pessoal (situações individuais do servidor), o salário-esposa e o salário-família.

55 *art. 39, §4º

*art, 128,§5º, I, d *art. 135 *art. 73,§3º *art. 144, §9º 56 **Como exemplo de adicional por tempo de serviço podemos mencionar os acréscimo devidos por qüinqüênio e afirmar que eles aderem aos vencimentos e incluem-se nos cálculos para proventos de aposentadoria. De acordo com Hely Lopes este adicional “torna-se devido desde logo e para sempre com o só exercício do cargo pelo tempo fixado em lei”. 57 ** Como exemplo de adicional de função pode se dizer que são pagos em decorrência da natureza especial da função ou do regime especial do trabalho, como as vantagens de dedicação exclusiva/plena, nível universitário. Quanto a este adicional existe entendimento doutrinário no sentido de que o mesmo, em regra, se incorpora aos vencimentos e aos proventos desde que atendidas as condições legais.

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** A Lei 8.112/90 em seu art. 49, prevê as vantagens e gratificações, também as indenizações, que compreendem ajusta de custo, as diárias, o transporte e ao auxílio moradia (definidos nos artigos seguintes). É direito do servidor também a previdência social, ou mais amplamente, a seguridade social (que abrange previdência + saúde + assistência). DEVERES E RESTRIÇÕES

Os regimes jurídicos impõe uma serie de deveres aos servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos.

De acordo com a melhor doutrina dentre os deveres mencionado existem três que devem ser ressaltados: o da lealdade à Administração, o de obediência às ordens superiores e o da conduta ética. ** DEVER DE LEALDADE - também denominado dever de fidelidade, exige de todo servidor a maior dedicação ao serviço e o integral respeito às leis e às instituições constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. ** DEVER DE OBEDIÊNCIA58 – impõe ao servidor o acatamento das ordens legais de seus superiores e sua fiel execução. Resulta da subordinação hierárquica e assenta no princípio disciplinar que informa toda organização administrativa. . ** DEVER DE CONDUTA ÉTICA – decorre do princípio constitucional da moralidade administrativa e impõe ao servidor público a obrigação de jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Existem outros deveres dos servidores previstos nas Lei Estatutárias, abrangendo, entre outros, os de assiduidade, pontualidade, discrição, urbanidade, mas, como mencionado pela melhor doutrina, os deveres de lealdade e obediência constituem a matriz dos demais. O descumprimento enseja punição disciplinar. (arts. 116/117 Lei 8.112/90) Veja-se a esse título o previsto no art. 116 e 117 do Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.

58 Por esse dever não quer dizer que o servidor está obrigado a cumprir mecanicamente toda e qualquer ordem, mas, unicamente,

as ordens legais (emanadas de autoridades competentes, em forma adequada e com objetivos lícitos). Nesse contexto é bom

observar que tanto o cumprimento de ordem manifestamente ilegal como o descumprimento de ordem legal acarretem para o

servidor responsabilidade disciplinar e criminal (CP., art. 22), conforme seja a lesão causada à Administração ou a terceiros

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RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR “Os servidores públicos, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las, podem cometer infrações de quatro ordens: administrativa, civil e criminal e improbidade administrativa. Por essas infrações deverão ser responsabilizados no âmbito interno da Administração e/ou judicialmente59” Assim, o descumprimento de deveres e a inobservância de proibições acarretam consequências para o agente público. Se a conduta inadequada afeta a ordem interna dos serviços e vem caracterizada somente como infração ou ilícito administrativo remete à RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA que poderá levar o agente a sofrer SANÇÃO ADMINISTRATIVA. Essa responsabilidade é apurada no âmbito da administração, mediante PROCESSO ADMINISTRATIVO e a possível sanção é aplicada também nessa esfera. Se o agente, por AÇÃO ou OMISSÃO, DOLOSA ou CULPOSA, casou dano à Administração, deverá repará-lo, sendo responsabilizado civilmente. A apuração da responsabilidade civil poderá ter início e termino no âmbito administrativo ou ter início nesse âmbito e ser objeto, depois, de ação perante o Judiciário. A responsabilidade criminal do servidor é apurada mediante processo penal, nos respectivos juízos. ***É possível que a mesma conduta configure INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA, ACARRETE DANO À ADMINISTRAÇÃO e seja tipificada como CRIME. Nesse caso obviamente, o servidor arcará com as consequências da responsabilidade administrativa, civil e criminal, pois as três TEM FUNDAMENTO E NATUREZA DIVERSOS. O mesmo se aplica na ocorrência de duas modalidades de infração.

59 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 29ª ed. São Paulo, 2004, Pág. 473

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**IMPORTANTE: Em virtude da INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO, os ocupantes de cargos ou funções de chefia e direção tem o dever de tomar as providências para apurar a responsabilidade de servidores, assim que tiverem ciência de atos ou fatos que possam importar infrações60 RESPONSABILIDADE ADMINSTRATIVA É a que resulta da violação de normas internas da Administração pelo servidor sujeito ao estatuto e disposições complementares estabelecidas em lei, decreto, ou qualquer outro provimento regulamentar da função pública. As FALTAS FUNCIONAIS geram os ILÍCITOS ADMINISTRATIVOS, sendo que estes apresentam os mesmos elementos básicos do ilícito civil: AÇÃO OU OMISSÃO CONTRÁRIA À LEI, CULPA ou DOLO e DANO. O ilícito administrativo dá ensejo à aplicação de pena disciplinar, pelo superior hierárquico, no devido processo legal Nesse caso, repita-se, a infração será apurada pela própria Administração Pública, assegurando-se ao servidor o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, nos termos do art. 5°, inciso LV, da CF/88. A punição administrativa ou disciplinar não depende de processo civil ou criminal a que se sujeite também o servidor pela mesma falta, nem obriga a Administração a aguardar o desfecho dos demais processos, nem mesmo em face da presunção constitucional de não culpabilidade. Apurada a falta funcional, pelos meios adequados (PROCESSO ADMINISTRATIVO, SINDICÂNCIA OU MEIO SUMÁRIO), o servidor fica sujeito, desde logo, à penalidade administrativa correspondente. A punição interna, autônoma que é, pode ser aplicada ao servidor antes do julgamento judicial do mesmo fato, pois o ilícito administrativo INDEPENDE do ilícito penal. A absolvição criminal só afastará o ato punitivo se ficar provada, na ação penal, a INEXISTENCIA DO FATO OU QUE O ACUSADO NÃO FOI SEU AUTOR. . As sanções exigem fiel observância da lei para sua pratica e impõe à Administração o dever de motivá-los (demonstrar sua conformidade com os dispositivos em que se baseiam) Na motivação da penalidade61, a autoridade administrativa competente para sua aplicação deve justificar a punição imposta, alinhando os atos irregulares praticados pelo servidor, analisando sua repercussão danosa para o Poder Público, apontando os dispositivos legais ou regulamentares violados e a cominação prevista. A extinção da pena administrativa dá-se normalmente pelo seu cumprimento, e excepcionalmente pela prescrição e pelo perdão por parte da Administração. O cumprimento da pena exauri a sanção; a prescrição62

60 Condescendência criminosa

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no

exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

O mesmo princípio informa um dever geral, previsto nos Estatutos, de representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder,

praticados por agente, de qualquer grau hierárquico (por exemplo, art. 116, XII da Lei 8.112/90.

61 Art. 127. São penalidades disciplinares:

I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 62 Lei 8.112/90

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

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extingui a punibilidade, com a fluência do prazo fixado em lei, ou, na sua omissão, pelo da norma criminal correspondente; o perdão da pena é ato de clemência da Administração e só por ela pode ser concedido em caráter geral (a que se denomina, impropriamente, “anistia administrativa”), ou em cada caso, sempre por atuação do Executivo que aplicou a sanção. Não pode o legislativo conceder a referida anistia por lei de sua iniciativa, porque isto importaria o cancelamento do ato do Executivo por norma legislativa, o que é vedado por nosso sistema constitucional (art. 2°). A pena expulsiva (demissão) é insuscetível de extinção, porque todos os seus efeitos se consumam no ato de sua imposição, fazendo cessar o vínculo funcional com a Administração. RESPONSABILIDADE CIVIL “A responsabilidade civil é a obrigação que se impõe ao servidor de reparar o dano causado à Administração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções. Não há, para o servidor, responsabilidade objetiva ou sem culpa. A sua responsabilidade nasce com o ato culposo e lesivo e se exaure com a indenização. Essa responsabilidade é independente das demais e se apura na forma do Direito Privado, perante a Justiça Comum63”. A responsabilidade civil do servidor é de ordem patrimonial e decore do artigo 186 do Código Civil, que consagra a regra segundo a qual todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo Assim, essencial para existência de responsabilidade civil é que o ato do servidor cause dano patrimonial à Administração. Para que se configure o ilícito civil, exige-se: 1. AÇÃO ou OMISSÃO ANTIJURÍDICA 2. CULPA ou DOLO – culpa na ação ou omissão lesiva, resultante de imprudência, negligência ou imperícia do agente; dolo ocorre quando o agente deseja a ação ou omissão lesiva ou assume o risco de produzi-la.

“64Com relação a este elemento de difícil comprovação, a lei admite alguns casos de responsabilidade objetiva (sem culpa) e também de culpa presumida; uma ou outra constituem exceções à regra geral de responsabilidade subjetiva, somente sendo cabíveis diante de norma legal expressa; 3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ente a ação ou omissão e o dano verificado 4. Ocorrência de um DANO MATERIAL ou MORAL. *Quando dano é causado por servidor púbico, é necessário distinguir duas hipóteses: 4.1 – dano causado ao Estado; 4.2 – dano causado a terceiros

No primeiro caso, a sua responsabilidade é apurada pela própria Administração, por meio de processo administrativo cercado de todas as garantias de defesa do servidor, conforme artigo 5° , LV da CF/88. As leis estatutárias em geral estabelecem procedimento auto executórios (não dependentes de autorização judicial), pelos quais a Administração desconta dos vencimentos do servidor a importância necessária ao ressarcimento dos prejuízos, respeitado o limite mensal fixado em lei, preservando assim o caráter alimentar da retribuição pecuniária.

I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. 63 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 29ª ed., São Paulo, 2004, pág. 475. 64 Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito Administrativo. Editora Atlas, 22ª ed., São Paulo, 2009, pág. 609

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Quando o servidor é contratado pela legislação trabalhista, o artigo 462, §1° da CLT só permite o desconto com a concordância do empregado ou em caso de dolo.

No segundo caso, quando se trata de danos causados a terceiros no exercício de suas atividades funcionais65, aplica-se a norma do artigo 37, §6°, da CF/88, em decorrência da qual o Estado responde objetivamente, ou seja, independentemente de culpa ou dolo, mas fica com o direito de regresso contra o servidor que causou o dano, desde que tenha agido com culpa ou dolo. ***A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL SÓ AFASTA A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA E A CIVIL QUANDO FICAR DECIDIDA A INEXISTÊNCIA DO FATO OU A NÃO AUTORIA IMPUTADA AO SERVIDOR, DADA A INDEPENDENCIA DAS TRÊS JURISDIÇÕES. A ABSOLVIÇÃO NA AÇÃO PENAL, POR FALTA DE PROVAS OU AUSENCIA DE DOLO, NÃO EXCLUI A CULPA ADMINSTRATIVA E CIVIL DO SERVIDOR PÚBLICO, QUE PODE, ASSIM, SER PUNIDO, ADMINISTRATIVAMENTE E RESPONSABILIZADO CIVILMENTE. RESPONSABILIDADE CRIMINAL A Responsabilidade Criminal é a que resulta do cometimento de crimes funcionais. O servidor responde penalmente quando pratica crime ou contravenção. Existem, no ilícito penal, os mesmos elementos caracterizadores dos demais tipos de atos ilícitos, porém com algumas particularidades: 1 – a ação ou omissão deve ser antijurídica e típica, ou seja, corresponder ao tipo, ao modelo de conduta definido na lei penal como crime ou contravenção; 2 – dolo ou culpa, sem possibilidade de haver hipóteses de responsabilidade objetiva; 3 – Relação de causalidade; 4 – dano ou perigo de dano: nem sempre é necessário que o dano se concretize; basta haver o risco de dano, como ocorre na tentativa e em determinados tipos de crime que põem em risco a incolumidade pública. O ilícito penal sujeita o servidor a responder a processo crime e a suportar os efeitos legais da condenação (CP, arts. 91e 92). O Estado-membro e o Município não podem legislar sobre crimes funcionais, porque tal matéria é de Direito Penal e constitui reserva constitucional da União (CF/88, art. 22,I). A maioria dos CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA está definida no tit. XI, caps. I (arts. 312 a 326) e II (arts. 359-A a 359-II), do Código Penal Considera-se SERVIDOR PÚBLICO, para efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (art. 37 do CP). O parágrafo único desse artigo 327, na redação que lhe foi conferida pela Lei 9.983/2000, equipara a “funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal66 e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”. O processo dos crimes previstos no Código Penal em lei esparsas obedece ao rito estabelecido nos arts. 513 a 518 do CPP, ficando o réu, desde o indiciamento, sujeito ao sequestro de bens, a requerimento do Ministério Público, quando houver prejuízo para a Fazenda Pública RESPONSABILIDADE POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA O Artigo 12, caput, da Lei 8.429/92 diz que, independentemente das sanções penais, civis e administrativas, o responsável pelo ato de improbidade administrativa fica sujeito às punições previstas nos seus incs. I, II e III.

65 Depende da comprovação de sua culpa na ação regressiva proposta pela pessoa jurídica de Direito Público

depois de condenada a reparação

66 De acordo com Maria Sylvia Zanella di Pietro, o sentido da expressão entidade paraestatal nesse caso, tem sido

objeto de divergências doutrinárias, alguns entendendo que só abrange as autarquias, outros incluindo as empresas

públicas e sociedades de economia mista. A professora entende que razão assiste a estes últimos, pois, se o

empregado de entidade privada é considerado funcionário público, para fins criminais, pelo fato de a mesma prestar

atividade típica da Administração Pública, com muito mais razão o empregado das sociedades de economia mista,

empresas públicas e demais entidades sob controle direto ou indireto do poder público, que fazem parte integrante

da Adm. Pública Indireta.

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Conclui-se, portanto, que a punição por improbidade administrativa decorre de responsabilidade distinta e independente das responsabilidades penal, civil e administrativa previstas na legislação específica. A lei 8.429/92 classifica e define os atos de improbidade administrativa em três espécies: a) os que importam enriquecimento ilícito (art. 9°) b) os que causam prejuízo ao erário (art. 10); e c) os que atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11). Para cada espécie há uma previsão de punição, descrita nos incisos I a III do art. 12. ESTABILIDADE

Antes de conceituarmos estabilidade é necessário identificar a correta aplicação da expressão

efetividade.

Efetividade – é um atributo do cargo, é uma característica do cargo e não do servidor público; diz

respeito à sua forma de provimento, que como já estudado, depende de concurso público de prova e provas

e títulos.

É condição para que o servidor adquira estabilidade, sendo um pressuposto indispensável para sua

aquisição.

Estabilidade – consiste em uma garantia constitucional de permanência no serviço público e não no

cargo, vinculado à atividade de mesma natureza de quando ingressou, assegurada ao servidor público

nomeado para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público, que tenha cumprido um período

de prova, após ser submetido à avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Sobre o tema esclarecedor o r. julgado proferido pelo e. STF no RE n° 167.635, Segunda Turma, publicado

em 07/02/92, nos seguintes termos:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTADUAL

ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO E REDISTRIBUÍDO PARA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO. EFETIVAÇÃO POR

RESOLUÇÃO DA MESA. FORMA DERIVADA DE INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO. DESFAZIMENTO DO ATO

ADMINISTRATIVO PELA MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. ILEGALIDADE DO ATO QUE DECLAROU A

NULIDADE DA INVESTIDURA DO SERVIDOR. IMPROCEDÊNCIA. EFETIVIDADE E ESTABILIDADE. (...)2.Efetividade e

estabilidade. Não há que confundir efetividade com estabilidade. Aquela é atributo do cargo, designando o funcionário

desde o instante da nomeação; a estabilidade é aderência, é integração no serviço público, depois de preenchidas

determinadas condições fixadas em lei, e adquirida pelo decurso de tempo. 3. Estabilidade: artigos 41 da Constituição

Federal e 19 do ADCT. A vigente Constituição estipulou duas modalidades de estabilidade no serviço público: a

primeira, prevista no art. 41, é pressuposto inarredável à efetividade. A nomeação em caráter efetivo constitui-se em

condição primordial para a aquisição da estabilidade, que é conferida ao funcionário público investido em cargo, para

o qual foi nomeado em virtude de concurso público. A segunda, prevista no art. 19 do ADCT, é um favor constitucional

conferido àquele servidor admitido sem concurso público há pelo menos cinco anos antes da promulgação da

Constituição. Preenchidas as condições insertas no preceito transitório, o servidor é estável, mas não é efetivo, e possui

somente o direito de permanência no serviço público no cargo em que fora admitido, todavia sem incorporação na

carreira, não tendo direito a progressão funcional nela, ou a desfrutar de benefícios que sejam privativos de seus

integrantes...”

Art. 41 (EC 19/98) prevê em defesa do servidor estatutário e no interesse público que são “estáveis após

3 (três) anos de efetivo exercício os servidores nomeados para provimento efetivo em virtude de concurso

público”.

Adquirida a vantagem denominada estabilidade, o servidor que a ela fazer jus só poderá ser desinvestido

por meio de processo administrativo com contraditório e ampla defesa, por processo judicial transitado em

julgado e avaliação periódica (art. 41, §1°, incs. I, II e III).

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De acordo com Diógenes Gasparini67 a estabilidade pode ser definida como “a garantia constitucional

de permanência no serviço público, do servidor estatutário nomeado, em razão de concurso público, para

titularizar cargo de provimento efetivo, após o transcurso do triênio constitucional.

Assim tal garantia, como dito, é do servidor estatutário efetivo; não é atributo do cargo e somente se

tem como estabilizado o servidor estatutário que satisfaça ao mesmo tempo os seguintes requisitos:

1) Nomeação em razão de concurso público;

2) Titularizar cargo de provimento efetivo;

3) Três anos de efetivo exercício no cargo;

4) Avaliação especial por comissão instituída para essa finalidade (art. 41, §4°, da CF/88)

Evidentemente, portanto, que os nomeados para ocupar Cargos de provimento em comissão, ainda

que considerados servidores estatutários, jamais adquirirão a estabilidade. A impossibilidade neste caso é

absoluta.

Vale esclarecer ainda que a EC19/98 trouxe algumas alterações na sistemática de alcance da

permanência no serviço público –estabilidade.

Primeiramente porque alterou o prazo para se adquirir a estabilidade de dois para três anos (caput do

art. 41).

Em segundo lugar porque com o advento daquela emenda constitucional foram previstas (incluídas)

mais duas hipóteses de perda de cargo para pelo servidores estáveis:

1ª) a prevista no art. 41, §1°, inc. III – perda de cargo ocorrerá mediante “procedimento administrativo de avaliação de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”. *Vale dizer que o dispositivo não é autoaplicável, uma vez que depende de lei complementar que discipline a matéria. *Assim a perda de estabilidade neste caso, até que saia essa lei, continua a depender de sentença judicial ou procedimento disciplinar, em que seja assegurada ampla defesa.

2ª)a outra hipótese de perda de cargo além daquelas previstas no art. 41, foi inserida pela referida emenda nos acréscimos realizados na redação do art. 169 da CF/88. *O art. 169, §4°(disciplinado pela Lei Complementar n°101, de 4-5-200068, determina que: Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Neste caso, portanto, se não for cumprido o limite com despesa de pessoal previsto no citado dispositivo, poderá haver perda de cargo. *No entanto, a perda de cargo só poderá ocorrer depois que houver a redução em 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança, exoneração de servidores não

67 Direito Administrativo. 14ª Ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2009, pág. 212.

68 Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras

providências.

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estáveis e exoneração dos que adquiriram estabilidade sem concurso (art. 3369 da EC 19/98, pois para fins do art. 169, esses servidores são considerados não estáveis)70. *Assim, caso adotadas essas medidas e não obtendo-se a redução de despesa até os limites previstos em lei complementar, aí sim poderá ser exonerado o servidor que tenha adquirido estabilidade mediante concurso. *Neste caso a exoneração dependerá de que “ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal” (art. 169, §4°) *O Servidor fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço (art. 169, §5°). * O cargo objeto da redução será considerado extinto, proibida a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos(art. 169, §5°). * Essa hipótese de perda de cargo está disciplinada pela Lei n° 9.801/9971, aplicável a todos os níveis de governo, já que tem natureza de norma geral, conforme previsto no §7°, do art. 169 da CF/88. * Ressaltando-se nesse ponto que a estabilidade garantida pela CF antes mesmo da EC/88 foi estendida para aqueles servidores que não foram nomeados por concurso, desde que estivessem em exercício na data da promulgação da Constituição (05/10/88) há pelo menos 5 (cinco)anos continuados (art. 19 EC 19/98) *Vale dizer ainda que para aqueles servidores que estavam em estágio probatório na época da promulgação da referida emenda, ficou garantido o prazo de 2 (dois) anos para o alcance da estabilidade, sem prejuízo da avaliação de desempenho indicada no art. 41, §4°, da CF/88 (art. 28 da EC 19/98)

À evidência que a condição de cargo efetivo impressa no caput do art. 41 colocou fim a divergência

doutrinária existente até a EC, na qual alguns doutrinadores defendiam que os servidores celetistas

(empregados públicos), sendo contratados mediante concurso público, também faziam jus ao benefício da

estabilidade.

Isso porque a redação do art. 41 antes da EC19/98 garantia a estabilidade após dois anos de efetivo

exercício para os “servidores nomeados em virtude de concurso público”, reconhecendo assim a estabilidade

para os servidores da Administração direta, autárquica e fundacional, pessoas jurídicas de direito público,

independentemente de serem eles titulares de cargo público ou de emprego público, ou seja, genericamente,

desde que preenchidos os requisitos de aprovação em concurso público e dois anos de efetivo exercício.

Diante disso, a aplicação do disposto na Súmula 390 do TST quando estabelece que “o servidor celetista

da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da

CF/1988”, de acordo com alguns doutrinadores só se aplica atualmente no caso dos empregados públicos

aprovados em concurso público antes da EC 19/98, ou seja, antes de 04/06/1998.

69 Art. 33. Consideram-se servidores não estáveis, para os fins do art. 169, § 3º, II, da Constituição Federal aqueles

admitidos na administração direta, autárquica e fundacional sem concurso público de provas ou de provas e títulos após o dia 5 de outubro de 1983.

70 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei

complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

71 Dispõe sobre as normas gerais para perda de cargo público por excesso de despesa e dá outras providências.

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Esse entendimento chegou a ser adotado pelo STF até o advento da referida ementa, haja vista que esta

estabeleceu o benefício somente para o servidor nomeado para CARGO DE PROVIMENTO EFETIVO, não se

justifica, portanto a outorga da estabilidade ao servidor celetista, que é contratado (e não nomeado) para

emprego (e não cargo).

Nesse contexto, vale mencionar a lição de Fernanda Marinela72 quando ressalta que “o empregado

público hoje não goza dessa garantia, ficando somente resguardado tal direito àqueles que ingressaram no

serviço público antes da promulgação da EC 19/98. A Súmula 390 do TST, não é aplicável para os atuais

empregados, conforme orienta o próprio TST.”

No entendimento de Maria Sylvia Zanella di Pietro73 a referida Súmula do TST “iguala situações que, pela

Constituição são submetidas a regimes jurídicos diferenciados”.

De outro lado, ainda que por algum tempo, em razão da redação original do art. 41 da CF os servidores

celetistas das pessoas jurídicas de direito público (entes políticos – União, Estados, Municípios e DF) -

Administração direta, além das autarquias e fundações usufruíssem da estabilidade, aqueles empregados sem

vínculo com a Administração Pública por um liame institucional, como por exemplo aqueles ligados às

entidades governamentais/ pessoas jurídicas de direito privado (sociedade de economia mista, fundação

privada e empresa pública), nunca fizeram jus a estabilidade prevista no citado artigo, ou seja, nem antes –

com a redação originária da CF/88 e, muito menos depois, com o advento da EC 19/98

Vale dizer que a distinção entre cargo e emprego é evidenciada na CF (art. 37, I, II e VIII) e também do

respectivo regime previdenciário.

Os ocupantes de emprego são beneficiados com os direitos sociais previstos no art. 7° (proteção contra

despedida arbitraria, seguro desemprego, fundo de garantia), não assegurados aos servidores estatutários; e

o próprio regime previdenciário é diverso, consoante decorre do art. 40, §13 da CF/88 – Regime Geral de

Previdência Social.

Impende ressaltar que os servidores celetistas, estes gozam de uma “estabilidade relativa” criada pela

Lei n° 9.962/200074 - que disciplina, na esfera federal, o regime de emprego público do pessoal da

Administração direta, autárquica e fundacional, que é diversa da garantida constitucionalmente ao servidor

estatuário, senão vejamos:

Art. 2o A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego.

Art. 3o O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes hipóteses:

I – prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

II – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

III – necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição Federal;

72 Direito Administrativo. 4ªed., Editora Impetus, Niterói/RJ, pág. 638 73 Direito Administrativo, 22ªed. Editora Atlas, São Paulo, 2008, pág. 593

74 Disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e

fundacional, e dá outras providências.

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IV – insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.

Estágio Probatório – de acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro75 é “o período compreendido entre o

início do exercício e a aquisição da estabilidade” (três anos).

DIREITO DE GREVE E DE LIVRE ASSOCIAÇÃO SINDICAL

Sindicalização

- A Constituição anterior (1967) vedava em seu art. 162, a greve nos serviços públicos e atividade essenciais

previstas em lei, mas silenciava quanto ao direito de associação sindical.

- De outro lado, a CLT em seu art.566 determinava que: Art. 566 - Não podem sindicalizar-se os servidores do

Estado e os das instituições paraestatais. Parágrafo único - Excluem-se da proibição constante deste artigo os

empregados das sociedades de economia mista, da Caixa Econômica Federal e das fundações criadas ou

mantidas pelo Poder Público da União, dos Estados e Municípios. (Redação dada pela Lei nº 7.449, de

20.12.1985)

- Esse entendimento vigorava (princípio da vedação a sindicalização de servidores públicos) até as inovações

trazidas pela Carta Maior de 1988.

- A Constituição atual assegura em aos servidores públicos o direito à livre associação sindical (art. 37, inc.VI)

-De acordo com José dos Santos Carvalho Filho “Esse direito retrata a possibilidade de o servidor aderir ao

sindicato representativo de sua categoria profissional e corresponde ao direito já há muito exercido pelos

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho”

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

- Esse direito é autoaplicável e deve ser exercido pelo servidor com absoluta liberdade e não há obrigação de filiação do mesmo.

- Nesse contexto vale lembrar que a CF ressalta o princípio da liberdade de associação tanto p/ o servidor quanto para o trabalhador em geral, como previsto no em seu art. 8°76

- Vale dizer que a CF/88 veda a sindicalização ao militar em seu art. 142, §3°, IV, sendo que esta norma aplica-

se aos militares dos Estados, DF e Territórios por força do art. 42, §1° também da CF.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade

75Direito Administrativo, 22ªed. Editora Atlas, São Paulo, 2008, pág. 593

76 Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

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suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

Direito de Greve

- Já quanto ao direito de greve antes proibido foi permitido ao servidor pelo inciso VII também do art. 37 (redação EC 19/98) que dispõe;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

- Como visto, no caso da greve o dispositivo constitucional não é autoaplicável, pois depende de lei para ser

regulamentado.

- Na redação original do inciso VII, do art. 37, exigia-se lei complementar para regulamentar o direito de greve,

pela nova redação (EC 19/98) exige-se lei específica.

- Diante da autonomia conferida aos entes federados para organizar seu pessoal e não sendo, portanto, a

matéria de servidor público privativa da União, entende-se que cada esfera de Governo deverá disciplinar o

direito de greve por lei própria.

- O direito de greve do trabalhador em geral é previsto no art. 9° da CF/88 que assim determina: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

_ Neste caso o direito de greve foi disciplinado pela Lei n° 7.783/8977, cujo art. 16 estabelece que: “Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido”.

77 Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis

da comunidade, e dá outras providências.

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- Como visto, a própria redação da lei afastou a hipótese de sua aplicação aos servidores públicos.

- No entanto, ainda que a redação do art. 3778 inclua os servidores da Administração direta e indireta, a lei de greve aplica-se aos empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista por força do art. 173, §1°, II79, que lhes impõe regime jurídico igual ao das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações trabalhistas.

- Assim, como consequência, quando exerçam atividade essencial80, estarão sujeitos aos artigos 10 a 1381 da Lei 7.783/89 e à norma do art. 114, §3°da CF/88 (EC 45/04), segundo o qual “em casos de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão ao interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”.

- A respeito da aplicação do art. 114, é importante mencionar que a EC 45/04 definiu a competência da Justiça do Trabalho para dirimir as questões relacionadas às relações de trabalho no âmbito dos entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, Estados e DF e dos Municípios.

- Tal dispositivo evidencia portanto que nos casos regidos dos empregados públicos e daqueles servidores que sejam regidos pelo regime celetista a competência para dirimir tais questões é da Justiça do Trabalho.

III Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

78 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

79 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só

será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários

80 Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária.

81 Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis. Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.

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II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

- Dentro desse contexto, vale dizer que os litígios de questões trabalhistas representados sindicalmente (entre sindicatos e trabalhadores e sindicatos e empregados) no caso dos sindicatos de servidores públicos também são dirimidos pela JT nos termos do art. 114, III, haja vista a ausência de qualquer distinção a respeito pelo citado mandamento constitucional.

- Impende ressaltar que a GREVE, ou o direito à ela, no âmbito do art. 37, VII, ou seja, para os servidores púbicos civis/estatutários ainda não foi regulamentado (não é autoaplicável).

- No entanto o e. STF ao julgar mandados82 de injunção83em que se pleiteava fosse reconhecido o exercício do direito de greve em razão da ausência de lei sobre a matéria, tem conhecido destes pedidos para determinar a aplicação da Lei n° 7.783/89 - que regula o direito de greve dos empregados em geral - provisoriamente (na hipótese dos denominados “serviços essenciais”) aos servidores públicos, até que seja suprida a omissão legislativa.

APOSENTADORIA

O entendimento do regime de previdência dos servidores públicos hoje e a aquisição do direito de

aposentadoria pode ser compreendidos através de conceitos + premissas + mudanças constitucionais sobre o

assunto.

Conceito – é uma garantia, atribuída ao trabalhador comum e ao servidor público, prevista no texto

constitucional, de receber determinada remuneração quando da inatividade, desde que atendidos certos

requisitos.

Nas palavras de Maria Sylvia Zanella de Pietro84: é o direito à inatividade remunerada, assegurada ao servidor

público em caso de invalidez, idade ou requisitos conjugados de tempo de exercício no serviço público e no

cargo, idade mínima e tempo de contribuição. Daí as três modalidades de aposentadoria: por invalidez,

compulsória e voluntária.

Fato administrativo que se formaliza através de um ato administrativo complexo, pois é requerida e concedida

via processo administrativo e depende de duas manifestações de vontade, uma da autoridade competente e

a outra do Tribunal de Constas responsável pelo controle de sua legalidade

Essa é a orientação do e. STF como demonstra parte do julgado proferido pelo Tribunal Pleno no MS 26085/DF

de 2008, senão vejamos:

(...) 5. Ato administrativo complexo, a aposentadoria do servidor, somente se torna ato perfeito e acabado

após seus exame e registro pelo Tribunal de Contas da União. 6. Segurança parcialmente concedida.

82 MI 712/PA; MI 708/DF, Rcl 6568 / SP 83 Art. 5°, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne

inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 84 Direito Administrativo, 22ªed., Editora Atlas, São Paulo, 2009, pág. 551

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Provento – é a remuneração paga aos servidores inativos e consiste na designação técnica dos valores

pecuniários devidos aos inativos. O objetivo prover o servidor e sua família quando ele já não tiver a mesma

energia para o trabalho, garantindo assim uma inatividade tranquila.

REGIMES PREVIDENCIÁRIOS

- é previsto para todas as categorias de servidores, porém com duas modalidades um pouco diversas.

O texto constitucional atual prevê dois regimes de aposentadoria:

1) O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – art. 201 e s/s – que tem sua administração nas mãos do

Ministério da Previdência Social, auxiliado pelo Instituto Nacional de Seguro Social, o INSS, autarquia a ele

vinculado.

●Esse regime foi pouco alterado pelas diversas emendas constitucionais e é objeto de estudo do direito

previdenciário

●Estão sujeitos a esse regime (RGPS) os empregados da iniciativa privada, também os empregados da

administração direta e indireta, os contratados temporariamente (cargo temporário) e os servidores

ocupantes exclusivamente de cargos em comissão, sendo este regime no tocante àquele que exerce função

pública nas modalidades acima mencionadas em tudo igual ao do trabalhador privado (§13 do art. 40)

2) O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL, que está previsto no art. 40 da CF e é considerado regime de

previdência de direito público, objeto de estudo do direito administrativo.

●Estão sujeitos a esse regime (RPPS) os servidores públicos titulares de cargos efetivos e os servidores públicos

titulares de cargos vitalícios.

●São, portanto, beneficiários desse regime os ocupantes de cargos efetivos da União, Estados, Distrito Federal

e Municípios, bem como suas autarquias e fundações, submetendo-se ao art. 40 da CF e não ao RGPS previsto

no art. 201 e s/s.

- Para o servidor público vinculado ao regime previdenciário referido no art. 40, caput, sã previstas no §1° três

modalidades.

1. Por invalidez

2. Compulsória

3. Voluntária

Na aposentadoria por invalidez permanente os proventos são proporcionais ao tempo de contribuição,

exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,

na forma da lei (redação concedida pela EC 41/03)

A Lei 8.112/90 que instituiu o regime jurídico na esfera federal, indica no art. 186, §1°, as doenças que ensejam

a aposentadoria por invalidez como proventos integrais.

No art. 212 da mesma lei está definido o acidente em serviço como “o dano físico ou mental sofrido pelo

servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido”. O parágrafo

único equipara ao acidente em serviço o dano: “I- decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo

servidor no exercício do cargo; II – sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa”

Na aposentadoria compulsória (em que a invalidez é presumida) ocorre aos 70 anos de idade, com proventos

proporcionais ao tempo de contribuição. Em consequência, somente dará direito a proventos integrais se o

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funcionário já tiver completado o tempo de contribuição exigido para a aposentadoria voluntária, ou seja, 35

anos para homem e 30 para mulher.

Na aposentadoria voluntária, que ocorre a pedido do interessado, é preciso distinguir três situações: voluntária

por tempo de contribuição, com proventos integrais; voluntária por idade, com proventos proporcionais ao

tempo de contribuição; aposentadoria especial.

Aposentadoria voluntária por tempo de contribuição, proventos integrais art. 40, §1º, III, a, CF

Aposentadoria voluntária por idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição art. 40, §1º, III,

b, CF

Aposentadoria Especial art. 40, §4º, CF

10 anos de efetivo no exercício do serviço público

10 anos de efetivo no exercício no serviço público

5 anos de ocupação no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria

5 anos de ocupação no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria

35 anos de contribuição – homem e 30 anos se mulher

Idade mínima 65 anos homem e 60 mulher

Idade mínima 60 anos homem e 55 mulher

Idade e tempo de contribuição reduzidos em 5 anos aposentadoria professores tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio art. 40, §5º, CF exclusivamente

Idade mínima 65 anos homem e 60 mulher

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (EC nº 47/05)

I portadores de deficiência: (EC nº 47/05)

II que exerçam atividades de risco: (EC nº 47/05)

III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. : (EC nº 47/05)

MILITARES Os MILITARES abrangem as pessoas físicas que prestam serviços às FORÇAS ARMADAS – MARINHA, EXERCÍTO E AERONÁUTICA (art. 142, caput, e §3°, da CF/88) e às POLICIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (art. 42), COM VÍNCULO ESTATUTÁRIO sujeito a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga pelos cofres púbicos. A partir da Emenda Constitucional 18/98 (até então eram considerados servidores públicos), ficaram excluídos da categoria servidores públicos, só lhes sendo aplicáveis as normas, referentes aos servidores quando houver previsão expressa nesse sentido, como a contida no artigo 142, §3°, inciso VIII. Esse dispositivo manda aplicar aos militares das Forças Armadas os incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV do artigo 7° e os incisos XI, XIII, XIV e XV do artigo 37.

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Os militares fazem jus a algumas vantagens próprias do trabalhador privado: décimo terceiro salário, salário-família, férias anuais remuneradas, licença à gestante, licença-paternidade e assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas. E estão sujeitos e algumas normas próprias dos servidores públicos: teto salarial, limitações, forma de cálculo dos acréscimos salariais e irredutibilidade de vencimentos. Essas mesmas normas são aplicadas aos militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios com base no artigo 42, §§ 1° e 2°. Seu regime é estatutário, porque estabelecido em lei a que se submetem independentemente de contrato. Esse regime jurídico é definido por legislação própria dos militares, que estabelece normas sobre ingresso, limites de idade, estabilidade, transferência para a inatividade, direitos, deveres, remuneração, prerrogativas (art. 42,§1°, e 142, §3°, X, da CF/88 85* TEXTOS RETIRADOS DO LIVRO RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO, MARCELO ALEXANDRINO E VICENTE PAULO, 2ª ED. EDITORA MÉTODO, 2009