direito À alimentaÇÃo adequada nos grandes … · • ultraprocessados: prejudiciais à saúde....

21
DIREITO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA NOS GRANDES CENTROS URBANOS Juliana Tângari

Upload: trinhlien

Post on 13-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DIREITO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA NOS GRANDES CENTROS URBANOS

Juliana Tângari

SEGURANÇA ALIMENTAR: Muito Mais Do Que Não Passar Fome

Direito Humano à Alimentação Adequada

•  1948: Declaração Universal de Direitos Humanos. Art. 25 (1) – direito humano à alimentação.

•  1974: Declaração Universal para Erradicação da Fome. Art. 1 – direito fundamental a não passar fome.

•  1976: Entra em vigor a Convenção Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Art. 11 – direito humano à alimentação adequada.

•  1996: Declaração de Roma, Cúpula Mundial da Alimentação /FAO. Preâmbulo – direito à alimentação adequada = direito de acesso a alimento saudável, seguro, nutritivo; requer políticas sustentáveis de segurança alimentar.

•  1999: ONU - interpretação Art. 11: “O direito à alimentação adequada é realizado quando cada homem, mulher e criança, sozinho ou em comunidade com outros, possui a todo tempo acesso físico e econômico a alimentação adequada ou a meios de adquiri-la.”

Direito à Alimentação Adequada no Direito Brasileiro

•  2006. Lei Federal 11.346 – “LOSAN” “Art. 2º A alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição Federal, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população.”

•  2010. EC 64. CF, Art. 6º – alimentação como direito fundamental

“Comida de Verdade

•  FAO: acesso a alimentos nutritivos é dimensão essencial da segurança alimentar.

•  Guia Alimentar Brasileiro. Reconhecido internacionalmente (FAO-Oxford Sustainable Dietary Guidelines)

•  Ultraprocessados: prejudiciais à saúde. Vetor de “fome oculta”

•  Hábitos alimentares saudáveis •  Alimentos da época / safra

FAO: Segurança alimentar consiste em que todas as pessoas, a todo tempo, tenham acesso físico, social e econômico a alimentação suficiente, segura e nutritiva, que garanta suas necessidades e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável.

LOSAN: Art. 3o A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.

Segurança Alimentar e Nutricional

Soberania Alimentar Garantia de que a população de um país produza seus próprios alimentos e os consuma conforme os seus hábitos, cultura e tradições, para viabilizar que segurança alimentar seja duradoura e sustentável.

•  Respeito à Diversidade Cultural na Produção Alimentar e nos Hábitos Alimentares

•  Sustentabilidade Ambiental e Social da Produção de Alimentos

•  Respeito à Biodiversidade na Produção e Consumo de Alimentos

•  Autonomia dos Produtores no Uso de Sementes e Métodos de Produção

•  Autonomia dos Consumidores na Escolha dos Alimentos

Conferências (Sociedade Civil)

Conselhos (Sociedade Civil + Governo)

Câmaras (Governo) = Política pública interdisciplinar para garantir segurança alimentar e direito à alimentação adequada

Eixos de Controle: 1.  Produção 2.  Abastecimento 3.  Consumo 4.  Monitoramento da Insegurança

Alimentar

PROBLEMAS ATUAIS (I) Produção de Alimentos Inadequados

Externalidades negativas da atividade agrícola intensiva

•  Contaminação de solos e água e prejuízo à biodiversidade;

•  Impactos na saúde coletiva – risco à saúde do agricultor e do consumidor;

•  Desigualdade/ empobrecimento/ vulnerabilidade rural

#Y

#Y

BUENOS AIRES

ASUNCIÓN

ARGENTINA

P A R A G U A Y

U R U G U A YBUENOS AIRES

ASUNCIÓN

ARGENTINA

P A R A G U A Y

U R U G U A YR.

LADE

RÍOUR

UGUAY

RIO

-60°-70°

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y

#Y #Y

#Y

#Y

#Y #Y #Y

O C

E A

N O

A

T L

Â

N T I

C O

-10°

O C E

A N O

-30°

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

-40°-50°-60°-70°

EQUADOR

-20°

-30°

-70° -60° -50° -40°

-30°

-20°

-10°

P A C

Í F I C

O

0°EQUADOR

PALMAS

VITÓRIA

BELÉM

MANAUSFORTALEZA

TERESINA

MACEIÓ

SALVADOR

GOIÂNIA

BELOHORIZONTE

CURITIBA

CUIABÁ

RECIFE

SÃO PAULO

MACAPÁ

RIO BRANCO

SÃO LUÍS

JOÃO PESSOA

ARACAJU

FLORIANÓPOLIS

RIO DE JANEIRO

PORTO ALEGRE

PORTOVELHO

BOA VISTA

CAMPOGRANDE

NATAL

BUENOS AIRES

BOGOTÁ

LA PAZ

SANTIAGOMONTEVIDEO

CAYENNE

BRASÍLIA

ASUNCIÓN

D.F.

PARANÁ

B A H I A

TOCANTINS

SERGIPE

ALAGOASPERNAMBUCO

PARAÍBA

RIO GRANDE DO NORTE

CEARÁ

PIAUÍ

MARANHÃO

RORAIMA

A M A Z O N A S

ACRE

RONDÔNIA

P A R Á

MATO GROSSO

G O I Á S

MINAS GERAIS

MATO GROSSO DO SUL ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

SÃO PAULO

SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL

AMAPÁ

C H

I

L E

C O L O M B I A

A R G E N T I N A

V E N E Z U E L A

P E R Ú

P A R A G U A Y

U R U G U A Y

SURINAME GUYANE

GUYANA

B O L I V I A

O C

E A

N O

A

T L

Â

N T I

C O

-10°

O C E

A N O

-30°

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

-40°-50°-60°-70°

EQUADOR

-20°

-30°

-70° -60° -50° -40°

-30°

-20°

-10°

P A C

Í F I C

O

0°EQUADOR

PALMAS

VITÓRIA

BELÉM

MANAUSFORTALEZA

TERESINA

MACEIÓ

SALVADOR

GOIÂNIA

BELOHORIZONTE

CURITIBA

CUIABÁ

RECIFE

SÃO PAULO

MACAPÁ

RIO BRANCO

SÃO LUÍS

JOÃO PESSOA

ARACAJU

FLORIANÓPOLIS

RIO DE JANEIRO

PORTO ALEGRE

PORTOVELHO

BOA VISTA

CAMPOGRANDE

NATAL

BUENOS AIRES

BOGOTÁ

LA PAZ

SANTIAGOMONTEVIDEO

CAYENNE

BRASÍLIA

ASUNCIÓN

D.F.

PARANÁ

B A H I A

TOCANTINS

SERGIPE

ALAGOASPERNAMBUCO

PARAÍBA

RIO GRANDE DO NORTE

CEARÁ

PIAUÍ

MARANHÃO

RORAIMA

A M A Z O N A S

ACRE

RONDÔNIA

P A R Á

MATO GROSSO

G O I Á S

MINAS GERAIS

MATO GROSSO DO SUL ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

SÃO PAULO

SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL

AMAPÁ

C H

I

L E

C O L O M B I A

A R G E N T I N A

V E N E Z U E L A

P E R Ú

P A R A G U A Y

U R U G U A Y

SURINAME GUYANE

GUYANA

B O L I V I A

BANANAL

ILHA DEMARAJÓ

I. DO

Cabo Raso do Norte

Cabo Orange

I. Caviana

I. de Itaparica

I. de São

La. MangueiraLa. Mirim

La. dos Patos

I. de Santa CatarinaI. de São Francisco

Sebastião

Arquip. de Abrolhos

I. da Trindade

Arquip. de Fernando de Noronha

Atol das Rocas

Para

guai

Ara

g uai

a

PAR

ANÁ

PA

RA NÁ

TAPA JÓS T

OC

AN T

INS

Parna

íb a

Parn

a íba

Toca

nti n

s

PARA

NAÍBA

Francisc

o

S.

R. PARÁ

SOLIMÕES

R.

R.

R.PLATALADE

RÍOUR

UGUAY

R.

RioUruguai

ManuelSão

R.

R.

S.

R.

R.

Rio

Pires

Teles

R.

RÍO

Negro

MADEIRA

Rio

Rio

RioJuruen

a

XINGU

Rio

Rio

ou

Paranapanema

RIOSÃO

FRANCISCO

R.

Rio

RioRIO GUAPORÉ

Francis

co

Rio

PARAGUAYRIO

ARAGUAI

A

RIOXingu

RIO

AMAZONAS

RIO

RIO

Javari

RIONEGRO

Poluição por agrotóxicosna captação de água

Tipos de captaçãopor municípioSuperficialPoço profundoPoço rasoMais de uma opção125 1250 250 375

PROJEÇÃO POLICÔNICA

ESCALA : 1 : 25 000 000500 km

Brasil: campeão mundial de consumo de agrotóxicos desde 2008

•  Glifosato (Roundup), o mais vendido. Maior uso em: soja, milho, cana de açúcar.

•  1/3 dos alimentos produzidos no Brasil estão contaminados por agrotóxicos (Anvisa, 2011)

•  Pronara 2015 - não implementado.

•  Transgênicos e rotulagem Projeto de lei em curso.

•  Como garantir o direito de informação do consumidor?

DH - ONU 2017

“O aumento da produção de alimentos não conseguiu eliminar a fome no mundo.

“A afirmação promovida pela indústria agroquímica de que pesticidas são necessários para garantir a segurança alimentar é perigosamente enganosa.

“O uso de pesticidas é uma solução de curto prazo que compromete o direito à alimentação adequada e o direito à saúde para as gerações presente e futura.

“A agroecologia é capaz de produzir alimento para toda a população mundial e garantir que ela seja adequadamente nutrida.

PROBLEMAS ATUAIS (II) Abastecimento Alimentar Inadequado

Desertos Alimentares

•  Concentração urbana. Mais de 50% da população mundial vive em cidades.

•  Demanda crescente por alimentos nas cidades. Pressão sobre áreas rurais e nas cadeias de produção alimentar. Falta de conexão estratégica campo-cidade.

•  Dificuldades de logística de abastecimento e controle sanitário.

•  Hábitos alimentares urbanos: tendência ao consumo de ultraprocessados.

•  Desperdício de alimentos. •  Custo do alimento aumenta e gera dificuldade de acesso

físico e financeiro ao alimento saudável. •  SDG 11. Sustentabilidade e resiliência das cidades depende

de uma política alimentar inteligente e integrada, capaz de lidar com os desafios solucionáveis no plano local.

ESTRATÉGIAS: Alguns Parâmetros

•  Decreto 7.272/2010 (Regulamento da LOSAN) Diretrizes: Ø  Democratização do acesso à alimentação

saudável; Ø  Sistemas alimentares sustentáveis de base

agroecológica; Ø  Educação alimentar; Ø  Promoção da soberania alimentar.

•  Mitigação dos riscos à saúde do consumidor. Assegurar direito de informação.

•  Incentivo à transição agroecológica e inclusão socioprodutiva.

•  Fortalecimento da agricultura familiar, com a criação de demanda estruturada e promoção de assistência técnica.

•  Circuito curto de abastecimento alimentar. •  Papel da produção local.

SOLUÇÕES: Alguns Exemplos

•  Plano Municipal ou Metropolitano de Segurança Alimentar e Nutricional

•  Ampliação de feiras, especialmente feiras orgânicas ou feiras dos produtores.

•  Feirantes e mercados: dever de indicar a origem (localidade) do alimento in natura.

•  Cozinhas comunitárias e restaurantes populares que empreguem as práticas de alimentação do Guia Alimentar.

•  Fortalecimento e plena execução do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar (Lei 11.947/2009), com implantação de medidas de educação alimentar e uso de alimentos orgânicos, de produtores familiares.

•  Preferência ou exclusividade de orgânicos nas compras de alimentos pelo poder público

FAO: “As cidades estão crescendo rapidamente nos países em desenvolvimento. Esse processo é acompanhado por altos níveis de pobreza e fome, levando seus habitantes a se engajar em atividades agrícolas para ajudar a satisfazer suas necessidades alimentares. Os gestores públicos precisam reconhecer essa realidade e aproveitar as oportunidades oferecidas pela agricultura urbana. A agricultura urbana proporciona alimentos frescos, gera emprego e recursos para pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade, recicla o lixo urbano, cria cinturões verdes, e fortalece a resiliência das cidades às mudança climáticas.”“Ainda há marginalização e invisibilidade da agricultura urbana tanto nas políticas agrícolas quanto no planejamento urbano, deixando de receber a assistência pública adequada, apesar de ser internacionalmente reconhecida como uma forma legítima de ocupação territorial e atividade econômica.”

•  Plano Diretor Municipal inclusivo da agricultura urbana. Horticultura local reduz o custo de frutas e hortaliças nos mercados urbanos.

•  Incentivo a hortas urbanas – tanto as de consumo próprio (domésticas, escolares, comunitárias, institucionais) quanto as de comercialização – melhoria no acesso ao alimento saudável.

•  Desincentivo gradual até total vedação ao uso de agrotóxicos no território.