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FUNCEB – FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA DIRETORIA DE ARTES VISUAIS _______________________________________________________________ PROJETO DE MAPEAMENTO DE PAINÉIS E MURAIS ARTÍSTICOS DE SALVADOR SEGUNDA ETAPA – 2010 RELATÓRIO FINAL Pesquisadora: Neila Maciel Salvador, 30 de julho de 2010

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Page 1: Direção: Conselho Editorial: Administração: Jornalista ... · Dr. Kênio de Souza Pereira Condomínios Novo CPC promete celeridade na cobrança de débitos condominiais Raquel
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2 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias BlochFrank Wendell ChossaniGeraldo Beire Simões

Héctor Luiz Borecki CarrilloJackson Paulo FachinelloJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuciano Douglas Cavalcanti PinheiroLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de AlmeidaMário Cerveira Filho

Michel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSérgio Eduardo MartinezSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaThiago Bonaccorsi FernandinoThiago NicolayWendell Salomão

Colaboradores:○

Direção: Dominique Pierre FagaConselho Editorial:Dominique Pierre FagaAlberto Prates dos SantosHeronides Dantas de FigueiredoJulio Cesar Borges BaizJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº [email protected]: 1982-4599Coordenadores:Julio Cesar Borges BaizKênio de Souza Pereira

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - Saõ Paulo - SP11 3673-3155www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 [email protected]ão: Gráfica JosemarNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial. Os arti-gos assinados não refletem necessariamente a opinião dadireção do BDI.

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31ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

ADMINISTRAÇÃO IMOBILIÁRIA: Rescisão pelo locador ........................................................... 14

ASSUNTOS CARTORÁRIOSContrato particular - CEF – a quem interessa?...................................................................... 21Penhora é ato de registro ou de averbação?.......................................................................... 23Escritura de conferência de bem clausulado de incomunicabilidade ....................................... 24Direitos de compromisso cedidos por escritura requer nova escritura pública ........................ 24

CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIOUso exclusivo por coproprietário em detrimento do direito dos demais .................................. 28

CONDOMÍNIOSCobrança de débitos: Maior rapidez com o novo CPC ............................................................. 5Reeleição sucessiva do síndico e dos membros da administração .......................................... 7Lojas localizadas no térreo: Rateio da despesa condominial .................................................. 8Anulação de assembleia realizada sem atender o quorum mínimo......................................... 9Lançamento de objetos originados dos andares superiores: Responsabilização ..................... 9

COMPRA E VENDAVenda de imóvel rural com área menor que o módulo fiscal exigido ....................................... 17Rescisão contratual por falta de pagamento: Devolução dos valores pagos ........................... 18Loteamento - Reajuste das prestações – Taxa pela cessão de contrato ................................. 18

CORRETAGEMIlegalidade na cobrança de corretagem e Taxa Sati ............................................................... 15

EXECUÇÃO E PENHORA: Bem de família e a penhora de garagem ........................................... 25

INCORPORAÇÃO E CONSTRUÇÃOAverbação da incorporação para outorga de “habite-se” ...................................................... 32Garantia da construção ......................................................................................................... 33

INVENTÁRIO: Alvará Judicial para venda de imóvel a fim de pagar dívidas tributárias ............ 28

LOCAÇÃOFiador pode perder a casa destinada à sua residência ........................................................... 11Rescisão pelo locatário que pede transferência de local de trabalho ...................................... 12Retomada de locação comercial: Aviso prévio de 30 dias....................................................... 12Locador não responde por danos morais por desavenças entre vizinhos ................................ 13Falta de pagamento: Penhora do Fundo de Previdência do locatário ...................................... 14

LOTEAMENTO: Município: Loteamento aprovado em área de banhado – Responsabilidade ...... 32

PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA: Remoção de poste de energia que impede o acesso ao imóvel... 34

REINTEGRAÇÃO DE POSSEImóvel cujo uso foi autorizado em comodato verbal .............................................................. 27Posse decorrente de comodato verbal – Ressarcimento de benfeitorias ................................ 27

TRIBUTOS: Substituição do nome do contribuinte responsável pelo IPTU................................ 34

USUCAPIÃO: O procedimento do art. 216-A da Lei 6015/73 não configura uma usucapião ..... 29

Sumário

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51ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Coordenação:Dr. Kênio de Souza Pereira

Condomínios

Novo CPC promete celeridadena cobrança de débitos condominiais

Raquel Guerreiro Braga*

A Lei 13.105, de 16 de março

de 2015, também chamada de

novo Código de Processo Civil, em

vigor desde o último dia 18, as-

segurará maior celeridade na co-

brança judicial de crédito refe-

rente às contribuições ordinárias

ou extraordinárias de condomínio

edilício, desde que previstas na

respectiva convenção ou apro-

vadas em assembleia-geral, bem

como documentalmente compro-

vadas no momento do ingresso

da ação.

Isso porque, com a nova re-

dação dada pelo legislador, os

“débitos condominiais” passaram

a integrar o rol dos títulos exe-

cutivos extrajudiciais, o que per-

mite aos condomínios a adoção

imediata do processo de execu-

ção, sem a necessidade de um

processo de conhecimento pré-

vio (ação de cobrança).

O procedimento atual prevê

que, logo após a distribuição da

ação de cobrança de débitos

condominiais, deve haver a de-

signação de audiência para ten-

tativa de conciliação. Restando

infrutífera a conciliação, no mes-

mo momento o condômino terá a

oportunidade de apresentar sua

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6 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Condomínios

defesa. Havendo necessidade de

produção de outras provas, que

não sejam as documentais, será

designada audiência de instrução

e julgamento. Concluída a fase

probatória, será proferida senten-

ça, contra a qual caberá recurso

de apelação.

Esgotadas as vias recursais,

o condomínio poderá dar início

ao cumprimento de sentença,

executando o título executivo ju-

dicial (sentença). Nesse momen-

to, o condômino inadimplente

será intimado para efetuar o pa-

gamento no prazo de 15 dias, sob

pena de incidência de multa e

do condomínio tomar medidas

constritivas, como por exemplo,

pedido de penhora online ou da

própria unidade.

Como se vê, o caminho atual,

pelo qual passa o condomínio, é,

até o início da fase de cumpri-

mento de sentença, longo e po-

derá demorar anos.

Agora, entretanto, nos termos

do novo CPC, o condomínio inici-

ará a cobrança de seu crédito di-

retamente por meio de execução,

requerendo a imediata intimação

do condômino inadimplente para

efetuar o pagamento do débito e

dos honorários advocatícios no

prazo de três dias, sob pena de

sofrer medidas coercitivas (tais

como a penhora online ou da pró-

pria unidade).

O condômino, intimado a efe-

tuar o pagamento, poderá, nos

termos da lei, apresentar defesa

(“embargos”). A rigor, tratando-

se de um processo de execução,

ao menos em tese, as matérias

de defesa, provas e hipóteses de

recursos são reduzidas.

Com isso, objetiva o novo

CPC compensar a morosida-

de do Judiciário, bem como o

próprio número de ações que

visam à cobrança de débitos

condominiais, na medida em

que a celeridade prometida

também possu i o v iés de

desestimular aqueles devedo-

res que preferem não pagar

e aguardar calmamente até

que atos constritivos sobre

seu patrimônio sejam efeti-

vamente concluídos.

* A autora é sócia da Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra Advogados.

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71ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Condomínios

Reeleição sucessiva do síndico e demaismembros da administração do condomínio

Prestamos serviços a um condomínio e está ocorrendo um impasse na interpretação do dispositivo

constante da Convenção, no que diz respeito ao tempo de mandato de síndico e demais membros da

administração.

No texto da convenção do condomínio cita o seguinte: “Da administração. O Condomínio Portal de (….)

será administrado por um Síndico, juntamente com uma Companhia Administradora (se assim o desejar)

escolhida entre, pelo menos, três empresas propostas pelo primeiro, com demonstração de suas creden-

ciais de idoneidade, mediante aprovação da Assembleia Geral, e coadjuvado, outrossim, por um Subsíndico

e um Conselho Consultivo composto de três membros efetivos e três suplentes, todos eleitos por um ano,

permitida a reeleição por igual período.”

Recentemente ocorreu uma assembleia, e o presidente da mesma entendeu que o mandato do síndico,

subsíndico e membros do conselho somente poderia ser de, no máximo, dois anos, ou seja, o primeiro

ocorrido em AGO anterior e mais um por igual período, não tendo direito à reeleição.

Na última assembleia, o presidente, com base na sua interpretação, ao redigir a ata excluiu membros

reeleitos para exercer a função de conselheiro fiscal por entender já haver ultrapassado os dois anos, já

que agora seria o terceiro ano.

Pergunta: A fim de dissipar dúvida a respeito, solicito definir a interpretação buscando dar fim ao

problema instalado, solicitando ainda matéria jurídica que trate do assunto, caso a tenha.

Diário das Leis Responde: O art. 1.347 do Código Civil não proíbe que o síndico e subsíndico sejam

reeleitos mais de uma vez, sucessivamente, ou seja, não impõe limite quanto ao número de reeleições a

cada dois anos.

Cabe à convenção estipular estas questões, de período inferior a um ano, ou como por exemplo,

prever que os síndicos ou os membros do conselho nunca mais poderão candidatarem-se quando já

tenham exercido certa vez, dois anos de mandato (gestão) ou de um, conforme a previsão da convenção,

situação esta que não é comum nas convenções.

No texto parcial da convenção apresentado acima, não vemos nada que impeça a reeleição por mais de

uma vez. Ali diz que é “permitida a reeleição por igual período.” Não especifica quantas vezes podem ser

reeleitos. Portanto, a nosso ver, a reeleição poderá se dar indefinidamente.

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8 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Condomínios

Rateio da despesa condominialLojas localizadas no térreo

Tenho dúvida atinente ao pagamento de taxa condominial: Cliente construiu um prédio comercial,

sendo que nos dois primeiros andares há 18 salas comerciais. Os respectivos locatários utilizarão o mesmo

acesso de entrada e no local há elevador e banheiros de uso comum. Assim sendo, as despesas para a

manutenção desses bens serão rateadas proporcionalmente entre os locatários.

Todavia, há 9 salas no piso térreo, voltadas para a rua; locatários e usuários destas não se utilizarão

do elevador e banheiros do prédio.

Pergunta: Os futuros locatários destas salas, voltadas para a rua, deverão também efetuar o paga-

mento da taxa condominial com os demais locatários dos pisos superiores?

Diário das Leis Responde: Os futuros locatários deverão arcar com as despesas ordinárias do condo-

mínio, conforme a determinação da convenção condominial e/ou obrigações resultantes inseridas no

contrato de locação.

Primeiramente, todos os condôminos devem concorrer para o custeio e a conservação do prédio

condominial, conforme determina a convenção. Entretanto, no que se refere às lojas que têm saída direta

para a rua, sem comunicação interna com o edifício, o rateio das despesas dependerá do que diz a

convenção a respeito.

Entendemos que uma convenção justa excluiria das lojas independentes com saída direta para a rua,

as seguintes despesas: manutenção de elevadores, limpeza de corredores, salários dos empregados

internos, luz, água, vigilância interna etc.

Entretanto, as lojas poderão suportar as seguintes despesas relacionadas com a estrutura do prédio

como um todo: seguro contra incêndio, despesas referentes a manutenção da estrutura do prédio;

iluminação das áreas externas do edifício; lavagem das calçadas; água dos hidrantes para proteção do

edifício em caso de incêndio; eletricidade para funcionamento da bomba de água para o enchimento da

caixa d’água contra incêndio (caso não use a caixa de água normal); redução da taxa de administração e

dos honorários do síndico, salário do zelador, cópias, correios, cartório, tarifas bancárias etc. proporcional

pelas poucas despesas que contribui.

A forma de cálculo das verbas a serem cobradas, bem como os casos duvidosos, deverão ser aprova-

dos em assembleia.

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91ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Condomínios

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Assembleia sem quorum mínimopara alteração da convenção é anulada pela Justiça

Ementa: Apelação Cível. Direito Civil. Condomínio. Anulação de deliberação tomada em assembleia

extraordinária. Modificação da convenção condominial sem o quorum mínimo exigido por lei. Nulidade

declarada. Sentença mantida.

1. Cabe à assembleia de condôminos, por meio do quorum qualificado de 2/3, deliberar sobre a altera-

ção da convenção do condomínio (art. 1.351 do Código Civil de 2002).

2. A decisão tomada em assembleia de condomínio, acerca da imposição de novas regras para os

condôminos pretendentes aos cargos de síndico, subsíndico, conselheiro fiscal e secretário, representa

alteração da convenção do condomínio e somente pelo quorum de pelo menos 2/3 dos condôminos poderia

ser ultimada, de acordo com o disposto no artigo 1.351 do Código Civil.

3. Não havendo o quorum mínimo exigido por lei, imperativa é a anulação de deliberação efetuada em

assembleia extraordinária.

4. Apelação conhecida, mas não provida. Unânime.

Dados da Decisão: TJDFT - Nº Processo: 20150610040907APC - Órgão: 3ª Turma Cível - Apelante(s):

Condomínio Setor de Mansões Sobradinho Quadra Comercial e Residencial - Apelado(s): José Valmir Fernandes

de Farias, Antonio Carlos Dutra Mendes, Gilvan Alves Batista, Erima Lemos de Lima, Pablo Jose Ramos,

Geralda Rodrigues Gomes - Relatora: Desembargadora Fátima Rafael - Data de Julgamento: 3.2.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Lançamento de objetosdos andares superiores: Responsabilização

Ementa: Apelação Cível - Ação de obrigação de fazer c/c indenização - Objetos lançados em área

privativa - Ausência de provas - Impossibilidade de responsabilização do condomínio - Manter sentença

por seus próprios fundamentos.

- O contexto probatório dos autos não nos traz a segurança necessária de que o condomínio réu tenha

causado qualquer tipo de prejuízo para a autora. Assim, tenho que a autora não desincumbiu do seu ônus

de comprovar as alegações da inicial, e, com isso, não demonstrou o fato constitutivo de seu direito.

Dados da Decisão: TJMG - Apelação Cível nº 1.0024.10.310145-7/003 - Comarca de Belo Horizonte -

Apelante(s): Silvana Aparecida Ribeiro - Apelado(a)(s): Condomínio do Edifício Residencial Floresta -

Relatora: Desa. Shirley Fenzi Bertão - Data de Julgamento: 17.2.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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111ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Locação

Fiador de aluguel pode perder a casaque usa de residência?

Giovani Duarte Oliveira*

Curioso é o fato de que deve-

dor não pode perder a sua resi-

dência de moradia, sob o argu-mento legal que lhe protege que

é a garantia do “bem de família”

e o fiador do aluguel pode.A lei 8.009 de 29 de março de

1.990 descreve que:

Artigo 1º. O imóvel residencial

próprio do casal, ou da entidade

familiar, é impenhorável e não res-

ponderá por qualquer tipo de dívi-

da civil, comercial, fiscal,

previdenciária ou de outra nature-

za, contraída pelos cônjuges ou

pelos pais ou filhos que sejam seus

proprietários e nele residam, salvo

nas hipóteses previstas nesta lei.

E em seu parágrafo terceiro

aparecem as ressalvas, que den-

tre elas está a da fiança locatícia,

veja:

Artigo 3º. A impenhorabilidade

é oponível em qualquer processo

de execução civil, fiscal,

previdenciária, trabalhista ou de

outra natureza, salvo se movido:

(...)

VII - por obrigação decorren-

te de fiança concedida em con-

trato de locação.

Com isso, fica claro o que mui-

tas vezes as pessoas não se dãoconta de que fazendo a fiança

de contrato de locação, o seu

imóvel que é por ele considerado“bem de família”, nesse caso res-

ponderá pela dívida do locatário

afiançado.Curioso não?

Sim, o devedor não poderá

perder o bem de família, mas o

fiador do aluguel sim. Por outro

lado dá para entender o que o

legislador desejou com essa res-salva.

Ora, se o fiador faz a fiança

de um contrato de locação, eleestá legalmente garantindo o pa-

gamento, e se ele não dispõe de

outros bens passíveis de penho-ra, ele terá de responder com o

bem de moradia da família. Não

fosse assim, estaria causandouma insegurança jurídica para o

contrato de locação que desejou

garantir no momento de sua as-sinatura.

Dessa forma, se o fiador de

contrato de locação não dispõede outros bens que possam ser-

vir para a garantia locatícia, deve

promover rapidamente a sua exo-neração, conforme descrevemos

em outro artigo de nosso escri-

tório, intitulado “Eu assinei de fi-ador e desejo sair desse compro-

misso”.

O ideal ao locador é exigir fa-zer averbação da garantia de lo-

cação na escritura do imóvel ofe-

recido pelo fiador em garantia,sendo que se houver a venda, o

comprador será considerado de

má-fé e a garantia persistirá.

* O autor é Advogado, Especialista em Direito Processual Civil, Especialista em Gestão Estratégica

de Empresas.

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12 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Locação

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Locatário que pede transferência de local de trabalhosujeita-se a multa pela rescisão do contrato de locação

Inquilina, profissional pública, informou que foi transferida e pediu a isenção da multa por mudança de cidade.Na declaração de transferência apresentada informa que a mesma pediu transferência por decisão

dela, não que foi transferida por decisão do empregador. O Art. 4º da Lei do Inquilinato diz: “Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se a

devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestarserviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador comprazo de, no mínimo, trinta dias de antecedência.

Ela defende uma outra “interpretação” deste Artigo, afirmando que, no que diz respeito ao tipo deemprego que tem, a isenta da multa.

Pergunta: Como devemos proceder a este respeito?

Diário das Leis Responde: Neste caso, como a locatária solicitou a transferência, esta deverá arcarcom a multa contratual estipulada.

A Lei é taxativa e não admite extensão, deixando claro que a isenção da multa se dá quando atransferência do empregado é solicitada pelo empregador e não pelo funcionário.

Segue uma jurisprudência de decisão ratificando esse posicionamento, isentando o pagamento demulta somente quando o empregador solicita a transferência: Locação de imóvel execução fundada emtítulo extrajudicial. Embargos do devedor. Acolhimento. Sentença mantida. É cabível a isenção do paga-mento da multa pela rescisão antecipada do contrato de locação (parágrafo único, do art. 4º, da Lei8.245/91), quando a transferência do local de emprego for determinada pelo empregador e envolverqualquer um dos cônjuges e não apenas aquele que contratou pessoalmente a locação. (TJSP - Apelação0005263-14.2012.8.26.0577, da Comarca de São José dos Campos - Apelante: Elenimara Maria BarbosaMarangoni - Apelados: Francine Camila de Faria Melo, Aparecida Brasília Moreira de Faria e Miguel Fernandesde Faria - Julgamento: 18.2.2013).

Locação comercial antiga a prazo indeterminado:Retomada com aviso de 30 dias

Contrato de locação comercial iniciada em 1974, a prazo indeterminado, e agora o locador pede a

desocupação do imóvel em 30 dias.

Pergunta: Existe alguma possibilidade para seguir a locação, contrariando o desejo de retomada pelo locador?

Diário das Leis Responde: No contrato comercial por prazo indeterminado, poderá o locador reaver o

imóvel através de denúncia vazia, estipulando o prazo de 30 dias para desocupação do imóvel, como dizo art. 57 da Lei do Inquilinato: “O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por

escrito, pelo locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação”.

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131ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Locação

Locador não responde por danos moraispor desavenças entre o locatário e seus vizinhos

Ementa: Apelação Cível. Responsabilidade civil. Ação de reparação por danos morais. Desavenças

entre vizinhos. Ameaças e atos de violência não comprovados no curso da instrução. Legitimidade passiva

da locadora do imóvel não configurada. Dever de indenizar inexistente. Sentença mantida.

1. Ilegitimidade passiva da locadora do apartamento vizinho. Em regra, o proprietário de unidade

autônoma não detém legitimidade passiva “ad causam” para responder por danos decorrentes de atos

cometidos por conta e risco de seu locatário no âmbito das suas relações interpessoais e de vizinhança.

Ausência de disposição legal ou contratual que permita, no caso, a responsabilização civil da locadora por

suposto ilícito absoluto perpetrado por seu inquilino em área comum do condomínio. Sentença confirmada

no ponto.

2. Responsabilidade civil do locatário do imóvel vizinho.

2.1. A responsabilidade civil extracontratual subjetiva pressupõe a existência de três pressupostos:

conduta culposa do agente, dano e nexo causal entre ambos.

2.2. Caso concreto em que não ficou demonstrada a conduta culposa do inquilino demandado, pois

ausente prova suficiente de que teria ele ameaçado a autora e praticado atos outros que lhe causassem

abalo moral. Improcedência do pedido indenizatório que, nesse contexto, é medida que se impõe, consi-

derando que a requerente não se desincumbiu do seu ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito

(art. 333, I, do CPC/1973). Deve-se pontuar, ademais, que a revelia gera apenas presunção relativa de

veracidade dos fatos alegados na inicial, sem importar, necessariamente, em juízo de procedência do

pedido. 2.3 Por fim, é válido registrar que a monetarização de relações interpessoais em nada contribui

para o apaziguamento de conflitos como o posto nos autos.

Apelo desprovido.

Dados da Decisão: TJRS - Apelação Cível nº 70067265363 - Nona Câmara Cível - Comarca de Porto

Alegre - Relator: Des. Carlos Eduardo Richinitti - Apelante: Adeuziras de Lima Wannmacher - Apelado:

Jussamara Telles Araujo Silva - Data de Julgamento: 29.1.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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14 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Locação

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Despejo por falta de pagamento c/c cobrança -Admissibilidade de penhora determinada sobre Fundo de

Previdência do locatário

Ementa: Locação de imóvel. Ação de despejo por falta de pagamento c.c. cobrança, ora em fase decumprimento de sentença. Agravo de instrumento tirado contra r. decisão que determinou a penhorasobre as previdências privadas da agravante. Fundo de previdência privada. Ausência de caráter alimen-tar. Natureza de aplicação financeira, com possibilidade de resgate dos valores investidos, a qualquermomento. Investimento visando acúmulo de capital. Inadmissibilidade de se reconhecer a impenhorabilidadedesses fundos, já que apenas visam, em tese, futura aposentadoria, estando ausente o caráterprevidenciário. Recurso improvido, com integral manutenção da decisão combatida.

Dados da Decisão: TJSP - Agravo de Instrumento nº 2036641-94.2016.8.26.0000 - Comarca de SãoPaulo - Agravante: Elaine de Diego Monge - Agravada: Ana Maria Olga Barone Nasses - Relator: CarlosNunes - Data de Julgamento: 8.3.2016

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Administração ImobiliáriaAdministração imobiliária sem contrato escrito

Rescisão pelo locador

Temos na imobiliária 4 imóveis alugados com contratos antigos e renovados a cada vencimento, sendoque o último venceu em novembro/2015, estando portanto no prazo indeterminado.

Herdeiros querem administrar por conta própria, não se interessando mais na locação pela imobiliária.Não temos contrato de locação, apenas uma autorização de locação para os procedimentos de captaçãode clientes, elaboração de contratos e recebimentos dos aluguéis, etc. Locações todas em dia.

Perguntas:1) Há direitos legais da imobiliária em manter as locações até a efetiva desocupação dos Imóveis?;2) Independente de quaisquer direitos, se a imobiliária concordar com o encerramento do compromisso

mesmo divergindo, qual o procedimento a ser adotado?;3) Havendo do desinteresse por parte dos herdeiros, faço uma solicitação nesse sentido para eles

assinarem?

Diário das Leis Responde: Pelo que entendemos, não há contrato de administração, mas apenas umaautorização para recebimento dos aluguéis, sem prazo determinado. É possível para o locador desfazer aparceria de prestação de serviço a qualquer momento sem o pagamento de multa.

Nesse caso, basta um documento identificando as partes e solicitando o distrato, dando um prazo paraa entrega dos documentos que estão em posse da imobiliária.

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151ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Corretagem

STJ pode corrigir ilegalidadena cobrança de corretagem e taxa Sati

José Luiz Parra Pereira*

Acompanhamos, com grande

expectativa, o julgamento do Re-

curso Especial 1.551.956/SP que

questiona a legalidade e validade

de cláusulas contratuais que

transferem ao consumidor a obri-

gação de pagar comissão de cor-

retagem e taxa de assessoria

técnico-imobiliária (Sati), além da

prescrição da pretensão de res-

tituição dos respectivos valores,

temas estes que foram afetados

em decisão do ministro Tarso

Sanseverino, de 16 de dezembro

de 2015, com a expressa deter-

minação de suspensão, em todo

o país, das ações que discutam

tais questões de direito.

Sem dúvida, a decisão vem ao

encontro do que dispõe o novo

Código de Processo Civil, garan-

tindo maior efetividade na análi-

se do tema e a uniformização de

decisões, evitando assim a proli-

feração de recursos e decisões

desconexas em um país continen-

tal como o nosso.

Não obstante a adequada re-

percussão dada ao tema, obser-

vamos atônitos que, até mesmo

na hipótese do consumidor diri-

gir-se ao stand de vendas do

empreendimento, em verdadeira

conduta abusiva, as construto-

ras repassam o ônus de remune-

ração do corretor responsável

por realizar a suposta aproxima-

ção e concretizar o negócio, o

que não reflete a realidade na

maioria das ocasiões, tendo em

vista que o próprio cliente visi-

tou a equipe de vendas de plan-

tão no empreendimento após pu-

blicidade, consulta na internet ou

indicação de amigos e parentes.

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16 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Frise-se, por oportuno, que em

muitas oportunidades o compra-

dor sequer conhece as inúmeras

pessoas hipoteticamente interme-

diadoras do negócio, bem como

é obrigado a arcar com uma des-

pesa que no mercado imobiliário

é de responsabilidade do vende-

dor.

Vale ressaltar, por oportuno,

que a taxa de corretagem só é

devida quando se demonstra a

atuação de um profissional (cor-

retor) na realização do negócio

jurídico, nos termos do artigo 722

e seguintes do Código Civil, o qual

segundo disposição da Lei 6.530/

78 tem como função precípua

aproximar as partes (vendedor e

comprador) e intermediar a

comercialização imobiliária, o que

torna evidente a conduta abusiva

das Construtoras, o que deve ser

veementemente combatido pelo

Judiciário, sob pena de onerar-se

ainda mais o consumidor em ne-

gociações desiguais.

Outro ponto que merece análi-

se diz respeito à conhecida taxa

Sati, importância esta que é im-

posta pelas construtoras ou suas

incorporadoras sob justificativa de

honorários profissionais relaciona-

dos a serviços jurídicos inerentes

ao negócio, como redação do con-

trato, sem qualquer faculdade do

consumidor quanto à contratação

de um profissional da área jurídi-

ca, o que realça a prática de ven-

da casada em indubitável viola-

ção da legislação consumerista.

Após análise mais detida da

prática, identificamos a existên-

cia de um contrato de adesão

onde o adquirente do imóvel é

obrigado a aceitar a contratação

do “serviço de assessoria”, o que

inevitavelmente ocasionou a dis-

tribuição de inúmeras ações no

Judiciário, tendo em vista que

além de não ser esclarecida a

natureza da taxa, as construto-

ras e incorporadoras optam por

ocultar a quantia em um fluxo de

pagamentos de parcelas onde o

consumidor sequer constata a

real natureza do valor.

Apesar da inegável ilegalidade

de tais cláusulas contratuais,

muito nos preocupa qual será o

caminho do Superior Tribunal de

Justiça na análise, pois estamos

diante de flagrante desrespeito

com a legislação consumerista,

buscando as construtoras o au-

mento de suas receitas alteran-

do, inclusive, a própria natureza

jurídica da corretagem e da as-

sessoria técnica, que além de

obrigatória privilegia apenas os

grandes grupos imobiliários.

Em nossa opinião, portanto,

temos a possibilidade, talvez

única, de corrigir a ilegalidade

de tais cláusulas que ainda in-

tegram a maioria dos contratos

imobiliários, retomando assim as

adequadas e coerentes decisões

proferidas em grande maioria nos

tribunais pátrios antes do reco-

nhecimento da repercussão do

tema.

Corretagem

* O autor é especialista em Direito Empresarial, Processo Civil e advogado associado do escritório

Lima e Takashima Advogados Associados.

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171ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Venda de imóvel rural com área menorque o módulo fiscal previsto para a região

Somos um escritório de advocacia e estamos com a seguinte situação.

Cliente do escritório, comprou e pagou totalmente, através de contrato particular de compra e venda,

área rural de 25mil/m2. O módulo fiscal de área mínima para o município onde se localiza a área de terras

é de 30mil/m2.

O vendedor nega inclusive a posse ao nosso cliente, muito embora o mesmo tenha pago o preço

contratado. Ingressamos com a competente ação de imissão de posse, sobrevindo sentença de improce-

dência do pedido sob o argumento de que a gleba de terra objeto do contrato de compra e venda trata-

se de “objeto ilícito (parcela não desmembrável de imóvel rural), conforme artigo 166, II do Código Civil”,

em função de ser menor do que 30mil/m2.

No decorrer do processo solicitamos que, em caso de impossibilidade de desmembramento em matrícula

individual, o magistrado determinasse a inclusão do nosso cliente na matrícula do imóvel em regime de

copropriedade, ou seja, propriedade em condomínio. Neste sentido a sentença quedou-se inerte.

Pergunta: Existe efetivamente esta possibilidade de propriedade rural em condomínio? Qual seria o

embasamento legal?

Diário das Leis Responde: Nos termos do art. 1.314 do Código Civil, o condômino pode alhear (ven-

der) a sua respectiva parte ideal, ou gravá-la.

Nos termos do art. 504 do Código Civil, o condômino pode vender a sua parte ideal, dando o direito de

preferência aos outros condôminos.

Existe a possibilidade de se vender toda a área rural para várias pessoas, ficando os mesmos como

coproprietários (condôminos de toda a gleba), sem que haja desmembramento ou divisão da gleba, nem

localização, numeração ou metragem da parte ideal dentro de toda área, bem como, o condômino que

vende a sua fração ideal a outro interessado, poderá ficar no estado de comunhão com os outros

coproprietários, dentro do imóvel indivisível, bastando tirar o coproprietário vendedor da matrícula e

substituir pelo comprador de sua parte ideal. Não se tratando, no caso, de um loteamento simulado.

Imóvel Rural

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18 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

RescisãoRescisão de contrato de compra e venda

por falta de pagamento cumulada com reintegraçãode posse - Devolução parcial dos valores pagos

Ementa: “Apelação. Ação de rescisão de contrato de promessa de compra e venda de imóvel cumulada

com reintegração de posse e indenização por danos materiais. Pleito ajuizado pela vendedora em face dos

compradores, sob o fundamento de inadimplência destes últimos. Sentença de procedência, com determi-nação, porém, de restituição de 80% dos valores pagos pelos réus. Afastamento do pedido de retenção

por benfeitorias, em virtude da falta de comprovação de existência das acessões. Inconformismo de

ambas as partes. Preliminar de nulidade da sentença por cerceamento defensório, suscitada pelos réus.Inconsistência. Patrona dos réus que somente teve cancelada sua inscrição junto à OAB anos após a

publicação do despacho que determinou a especificação de provas. Prazo que transcorreu sem providên-

cias pelos réus. Inadimplência confessa e prolongada que permite a manutenção da rescisão do contrato,com determinação de reintegração na posse pela autora, assim como retenção de 20% dos valores pagos

pela vendedora. Compradores que tiveram anos para efetuar a purgação da mora e não o fizeram.

Ocupação indevida do imóvel que deve ser objeto de indenização. Arbitramento da indenização em 0,6%do valor atualizado do contrato por mês de atraso. Possibilidade de compensação entre o valor devido a

título de indenização por ocupação do imóvel e valor a ser restituído pela vendedora aos compradores.Benfeitorias e acessões que não foram demonstradas. Possibilidade de indenização que poderá ser busca-

da por via judicial adequada. Recurso da autora provido. Negado provimento ao recurso adesivo dos réus”.

Dados da Decisão: TJSP - Apelação nº 0363057-56.2008.8.26.0577 - Comarca de São José dosCampos - Relatora: Viviani Nicolau - Apelante: Predial Novo Mundo Ltda. - Apelados: Placidinio Jose

Honorio Filho (Justiça Gratuita) e Maria Heloisa da Costa Honório (Justiça Gratuita) - Data de Julgamento:

26.1.2016.Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Imóvel loteado - Reajuste mensal das prestaçõespelos índices da caderneta de poupança - Ilegalidade

de cobrança de taxa pela cessão do contrato

Ementa: Apelações Cíveis - Ação de revisão contratual - Contrato particular de promessa de compra

e venda - Imóvel loteado - Regramento do Código de Defesa do Consumidor - Aplicabilidade - Parcelascontratadas - Critérios de reajuste - Cumulação indevida de juros remuneratórios - Capitalização anual -

Viabilidade da contratação - Taxa de transferência por anuência à cessão de direitos - Ilegalidade da

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191ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

exigência - Encargos exigidos em período de normalidade - Reconhecimento judicial da abusividade -

Descaracterização da mora - Pedido contraposto - Rescisão do contrato por inadimplência dos promissárioscompradores - Insubsistência - Necessidade de notificação prévia.

- Em negócio de venda e compra de imóvel, com financiamento concedido pela pessoa jurídica Vendedora,

esta se enquadra no conceito de fornecedora de produto (imóvel) e o adquirente, pessoa física, como

destinatário final, sendo aplicáveis as normas do Código de Defesa do Consumidor.

- O art. 46, caput, da Lei nº 10.931/2004, autoriza que, nos contratos de comercialização de imóveis,

de financiamento imobiliário em geral e nos de arrendamento mercantil de imóveis, bem como nos títulos e

valores mobiliários por eles originados, com prazo mínimo de trinta e seis meses, seja estipulada cláusula

de reajuste, com periodicidade mensal, pelo índice de remuneração básica dos depósitos de poupança.

- O aludido índice de remuneração básica se restringe à Taxa Referencial (TR), sem a remuneração

adicional representada, a rigor, pelos juros de 0,5% (cinco décimos por cento), que, somadas, perfazem a

remuneração total aplicada às cadernetas de poupança, nos termos do art. 12, I e II, da Lei nº 8.177/91.

- É irregular a atualização mensal das parcelas ajustadas no Instrumento Contratual, com base nos

fatores integrais de remuneração dos depósitos de poupança (TR + juros de 0,5%), quando contratado,

também, o acréscimo de juros remuneratórios, uma vez que a cumulação destes com os correspondentes

à remuneração adicional dos depósitos de poupança (0,5%) configura bis in idem.

- O art. 5º, III, e §2º, da Lei nº 9.514/97, em interpretação conjunta e sistemática com o art. 4º, do

Decreto nº 22.626/33, autoriza a capitalização de juros nos contratos de financiamento imobiliário, limita-

da à periodicidade anual.

- A Cláusula que fixa encargo por anuência (taxa de transferência) com cessão dos direitos e obriga-

ções do Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel, sem qualquer discriminação objetiva de

prestações e de custos geradores da exigência, afronta o Princípio do Equilíbrio nas Relações Contratuais,

expondo o consumidor a uma situação de desvantagem exagerada e onerosidade excessiva, a teor do art.

51, IV, §1º, II e III, do Código de Defesa do Consumidor.

- O reconhecimento judicial da abusividade de encargos exigidos em período de normalidade contratual

descaracteriza a mora.

- Descaracterizada a mora, não subsiste o pedido contraposto formulado pela Promitente Vendedora,

com o propósito de que seja declarada a rescisão do Contrato, por inadimplemento dos Promissários

Compradores.

- Nos Contratos de Promessa de Compra e Venda de Imóvel loteado não se observa a mora ex re,

prevista no art. 397, do Código Civil, mas a mora ex persona, conforme a inteligência do art. 32, da Lei nº

6.766/79, sendo necessária para a sua constituição a prévia notificação do devedor.

Dados da Decisão: TJMG - Apelação Cível nº 1.0024.10.205545-6/001 - Comarca de Belo Horizonte -

Apelante(s): Sandra Aparecida de Araújo, Andre da Silva Cunha e outro(a)(s) - Apte(s) Adesiv: Vitória

União Empreend Imobil Ltda - Apelado(a)(s): Vitória União Empreend Imobil Ltda., Andre da Silva Cunha e

outro(a)(s) - Relator: Des. Roberto Soares de Vasconcellos Paes - Data de Julgamento: 29.3.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Rescisão

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211ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Assuntos Cartorários Criado em 1990, porAntonio Albergaria Pereira.

Boletim Cartorário

Contrato particular – CEF - a quem interessa?

Eduardo Pacheco Ribeiro de Souza*

Os recentes acontecimen-

tos[1] nos fazem, mais uma vez,

refletir sobre os contratos parti-

culares. A quem interessa afas-

tar o tabelião das contratações

imobiliárias? Interessa à CEF man-

ter uma enorme estrutura para a

elaboração dos contratos se o

sistema adotado no Brasil coloca

à disposição das partes profissi-

onais preparados, e a custo infe-

rior para os contratantes? Os

tabeliães, agentes da fé pública,

são especialistas na redação dos

instrumentos adequados e atu-

am com imparcialidade, visando

a segurança jurídica.

As fraudes anunciadas nos

contratos da CEF deixam claro

que a empresa pública não esta-

va preparada para atender à de-

manda adequadamente, e que

muitos de seus agentes não es-

tavam preparados para o exercí-

cio da função que lhes foi atribu-

ída.

No registro de imóveis enfren-

tamos diversos problemas com os

contratos particulares da CEF, e,

apenas para ilustrar, relato uma

ocorrência: recebi para registro

um contrato de compra e venda

com mútuo e alienação fiduciária;

ao ser feita a qualificação, se

constatou que os vendedores re-

ceberam o imóvel em doação, e

que havia na doação uma cláu-

sula de reversão. Foi, então, for-

mulada exigência, pois o valor

seria liberado aos vendedores e

a garantia da credora estaria

infirmada pela cláusula de rever-

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22 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Assuntos Cartorários

são. A exigência, como sói acon-

tecer, causou a ira dos interes-

sados, que atribuíam ao registro

a responsabilidade pela demora na

liberação do dinheiro. Diante do

impasse, entrei em contato com

o gerente da CEF que assinou o

contrato e, para minha surpresa,

ele disse desconhecer o que se-

ria cláusula de reversão e que sim-

plesmente assinava os contratos

sem qualquer orientação jurídica.

Após saber do que se tratava,

agradeceu o contato e buscou

solução junto às partes.

Contratos em que um dos pro-

prietários do imóvel não figura en-

tre os vendedores, contratos sem

a indicação precisa do imóvel, con-

tratos em que o vendedor alterou

seu estado civil sem serem ob-

servadas as consequências de tal

alteração, enfim, falhas diversas

e repetidas que demonstram a fra-

gilidade do universo dos instru-

mentos particulares.

Diante de tal quadro, os

fraudadores perceberam o ambi-

ente propício para atuarem. Pro-

vavelmente, ou certamente, não

encontrariam o mesmo campo fér-

til fossem os contratos celebra-

dos por instrumento público, com

o aconselhamento de um tabe-

lião.

As demandas judiciais envol-

vendo os contratos da CEF, ago-

ra, vão extrapolar a seara cível

para ingressar na seara criminal.

Para pensar: a quem interes-

sam os contratos particulares?

[1] Uma operação da Polícia

Federal busca suspeitos de inte-

grarem uma organização crimino-

sa de fraude a financiamentos

imobiliários. A ação, intitulada

Dolos, é realizada no Rio de Ja-

neiro, São Paulo e Minas Gerais.

Segundo a investigação, a frau-

de, que ocorria em três agências

bancárias da Caixa Econômica

Federal (CEF), causou um prejuí-

zo estimado em R$ 100 milhões.

Disponível em http://www.correio

braziliense.com.br/app/noticia/

brasil/2015/03/17/internas_

polbraeco,475761/pf-busca-sus-

peitos-de-fraude-em-financia-

mento-imobiliario-da-caixa.shtml,

acesso em 18/03/15.

* O autor é tabelião e registrador do 2º Ofício de Teresópolis – RJ, professor e articulista. Especi-

alizado em Direito Registral Imobiliário pela Universidade de Córdoba.

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231ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Assuntos Cartorários

Penhora é ato de registro ou de averbação?

Nos termos do Art. 167 da Lei 6.015/73 consta que: “Art. 167. No Registro de Imóveis, além damatrícula, serão feitos:

(...)5) das penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis;(...)Nas notas explicativas para aplicação à tabela VII (emolumentos, em vigência no Estado do Ceará

consta que: “NOTA 4 - Os emolumentos, Fermoju e ACM, devidos pelos registros de penhora, arrestos,sequestros, ou outra medida cautelar em processo trabalhista, ou de execução fiscal, ou ainda, qual-quer outro em que seja promovente a União, Estado ou Município, serão pagos, ao final do processo, porocasião do cancelamento respectivo, pelos valores vigentes à época do pagamento, exceto no caso emque a parte vencida seja a União, o Estado ou o Município, caso em que os emolumentos não serãocobrados, nem serão devidos sobre eles o recolhimento das contribuições devidas ao Fermoju e ACM.”

No Prov. 08/2014 da CGJ do TJCE (vigente) consta nos artigos abaixo:“Art. 707 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, far-se-á o registro dos atos previstos em Lei,

como, por exemplo:(...)V - penhoras, arrestos e sequestros de imóveis (Lei nº 6.015/73, art. 167, inciso I, item 5; Código de

Processo Civil (CPC), arts. 646 e ss., 813 e ss., e 822 e ss.);(...)Art. 725 - As penhoras, arrestos e sequestros de imóveis serão registrados depois de pagos os

emolumentos pelo interessado, em cumprimento de ordem judicial ou à vista de certidão do Diretor deSecretaria, constando, além dos requisitos exigidos para o registro, os nomes do Juiz, do depositário edas partes e a natureza do processo.

(...)§ 2º. Nos processos de execução, o Juiz exigirá do exequente o registro de qualquer ato constritivo

oponível a terceiro (penhora, arresto, sequestro), como condição para o prosseguimento do processo e,especialmente, para a venda judicial.”

Diante do exposto acima, verifica-se que a Lei 6015/73 e o provimento do Estado do Ceará ao se referira penhora considera ato de registro.

Todavia, o art 828 do CPC ao tratar da penhora se refere à mesma como um ato de averbação, emconflito com o disposto na Lei específica (Lei 6.015/73)

“Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identifica-ção das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou deoutros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.”

Pergunta: Diante do exposto acima, a penhora deve ser realizada no registro de imóveis como um atode averbação ou um ato de registro?

Diário das Leis Responde: A penhora continua sendo objeto de registro e não de averbação, comotratado na lei processual. E assim o é, porque a penhora constitui um direito em favor do credor exequente.E, sendo ato constitutivo de direito, caberá, então, o seu registro. Ademais, a lei especial (Lei deRegistros Públicos) é que faz a definição dos atos que deverão ser levados a registro ou a averbação.

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24 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Assuntos Cartorários

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Registro de escritura de conferênciade bem clausulado de incomunicabilidadeNecessidade de sub-rogação do vínculo

Ementa: Registro de imóveis - Dúvida - Registro de “escritura de conferência de bens” - Impossi-

bilidade - Cláusula de incomunicabilidade - Necessidade de sub-rogação do vínculo - Recurso despro-

vido.

Dados da Decisão: TJSP - Apelação n° 1036521-30.2014.8.26.0100 - Comarca de São Paulo - Relator:

Elliot Akel - Apelante: Sônia Maria Simão Jacob - Apelado: 17° Oficial de Registro de Imóveis da Comarca

da Capital - Data de Julgamento: 23.2.2015.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Compromisso de compra e venda e posterior cessãode direitos celebrados por escritura pública

Necessidade de nova escritura pública

Ementa: Registro de imóveis - Compromisso de compra e venda e posterior cessão dos direitos

celebrados por escritura pública - Necessidade de nova escritura pública, definitiva, de compra e venda,

após pago o preço - Inteligência dos artigos 108, 1.245, 1.417 e 1.418 do Código Civil - Recurso despro-

vido.

Dados da Decisão: TJSP - Apelação n° 1066059-56.2014.8.26.0100 - Comarca de São Paulo - Relator:

Elliot Akel - Apelantes: Sylvio Antônio Bittencourt Barberi, Silvia Helena Barberi Cruz, Analucia Bittencourt

Barberi e João Eduardo Bittencourt Barberi - Apelado: 1º Oficial do Cartório de Registro de Imóveis da

Capital - Data de Julgamento: 11.6.2015.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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251ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Execução e Penhora

Bem de família e a penhora de garagem

Anne Lacerda de Brito*

É comum ouvir de muitas pes-

soas que o “bem de família” não

pode ser atingido em caso de dí-

vida; é impenhorável.

Bem de família é aquele indi-

cado por escritura pública ou tes-

tamento como tal ou o imóvel

residencial próprio do casal ou da

entidade familiar, nela incluída não

somente pais e filhos, mas tam-

bém enteados, sobrinhos ou ne-

tos, por exemplo.

Segundo a legislação brasilei-

ra, Regra Geral[1] esse tipo de

imóvel é impenhorável e não res-

ponde por qualquer tipo de dívi-

da civil, comercial, fiscal,

previdenciária ou de outra natu-

reza, contraída pelos cônjuges ou

pelos pais ou filhos que sejam

seus proprietários e nele residam,

salvo nas hipóteses previstas em

lei[2].

Isso significa que existindo uma

dívida, o imóvel que serve de lar

para a família não pode ser pe-

nhorado como garantia de paga-

mento. Na postagem de hoje da-

remos destaque à penhora de

vaga de garagem.

Esta alternativa surgiu como

uma forma de que o credor tenha

seu crédito resguardado, poden-

do utilizar não o apartamento ou

casa de residência do devedor,

mas a garagem, ainda que ligada

a ele.

Segundo a Súmula 449 do Su-

perior Tribunal de Justiça, “A vaga

de garagem que possui matrícula

própria no registro de imóveis não

constitui bem de família para efei-

to de penhora”.

Isso significa que a proteção

legal do bem de família não es-

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26 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

tende à vaga de garagem com

matrícula própria, ou seja, matrí-

cula distinta do apartamento.

Por ser uma unidade autônoma

em relação à unidade residencial,

a vaga da garagem pode ser ob-

jeto de circulação independente

e, portanto, penhorável.

Mesmo a existência de regra

no Regulamento Interno/Conven-

ção do Condomínio que proíba a

utilização de vaga de garagem por

pessoa diferente dos condôminos

não é motivo, segundo os tribu-

nais brasileiros, para que a pe-

nhora ou mesmo a hasta pública

seja realizada. Há decisões, ain-

da, no sentido de que a venda

só será permitida a outros condô-

minos.

Diante de uma situação seme-

lhante, busque auxílio de um ad-

vogado de sua confiança para

estudar as hipóteses cabíveis

para seu caso.

[1] Há diversas correntes e

exceções a serem abordadas em

outro post.

[2] a) pelo titular do crédito

decorrente do financiamento

destinado à construção ou à

aquisição do imóvel, no limite

dos créditos e acréscimos cons-

tituídos em função do respec-

tivo contrato; b) pelo credor de

pensão alimentícia; c) para co-

brança de impostos, predial ou

territorial, taxas e contribuições

devidas em função do imóvel fa-

miliar; d) para execução de hi-

poteca sobre o imóvel oferecido

como garantia real pelo casal ou

pela entidade familiar; e) por ter

sido adquirido com produto de

crime ou para execução de sen-

tença penal condenatória a res-

sarcimento, indenização ou

perdimento de bens; f) por obri-

gação decorrente de fiança

concedida em contrato de lo-

cação.

* A autora é advogada e sócia do Brito & Simonelli Advocacia e Consultoria, em Vitória/ES.

Execução e Penhora

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271ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Reintegração de posse de imóvelcujo uso foi autorizado em comodato verbal

Minha cliente me procurou para ajudá-la na regularização dos documentos de um imóvel de seu pai.

O imóvel foi adquirido em 1982, mediante contrato particular direto da loteadora e integralmente pago,com quitação em mãos. Porém até a presente data não transmitiu escritura.

Ocorre que o imóvel vem sendo ocupado há mais de 20 anos pela mesma pessoa, que possui contas de

água e luz ligadas em seu nome; recentemente fez muros divisórios no terreno. O IPTU sempre foi pago peloproprietário, pai da minha cliente, e não há qualquer irregularidade quanto ao pagamento desse imposto.

Pergunta: 1 - O simples e único fato de pagar o IPTU daria a ele alguma chance de sucesso em uma

reintegração de posse e possível defesa contra um eventual pedido de usucapião? 2 - Se ele ingressar como pedido de retomada do imóvel antes de um pedido de usucapião, favoreceria a situação para ele em

alguma coisa? 3 - Há algum procedimento (alternativa) a ser adotado para orientar clientes nesta situação?

Na realidade ele “abandonou” o imóvel na mão do terceiro, deixando esse terceiro ali morar com afamília, sem oposição por tanto tempo, sem cobrar nada, porém apenas continuou pagando o IPTU. Existe

algum julgado sobre essa questão?

Diário das Leis Responde: Neste caso, como o proprietário autorizou a ocupação do imóvel e vem

pagando o imposto do mesmo, tais pagamentos tem grande valor no momento de comprovação paracaracterização de um contrato de comodato verbal em eventual processo de reintegração de posse,

sendo aconselhável a apresentação de testemunhas e qualquer outro documento que convalide a posse

do imóvel por parte de seu cliente. Caso queira a retomada deste, deverá notificar o atual morador paraque o desocupe e, caso não o faça, deve-se ajuizar a competente ação de reintegração de posse.

Portanto, é improvável que o atual morador consiga usucapir o imóvel, caso seja demonstrado que foi

cedida a posse a ele para ali residir, com anuência do proprietário.

Reintegração de Posse

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Uso concedido em comodato verbal - Esbulho, posse precá-ria e de má-fé - Indevido o ressarcimento de benfeitorias

Ementa: Civil. Cabimento de reintegração de posse. Posse do imóvel decorrente de comodato verbal.

Mera detenção. Negativa de devolução do imóvel. Esbulho. Falta de comprovação da compra do bem.

Posse precária e de má-fé. Inexistência dos requisitos para a prescrição aquisitiva. Indevido o ressarci-mento de benfeitorias. Recurso conhecido e desprovido.

Dados da Decisão: TJBA - Apelação nº 0021164-57.2010.8.05.0001 - Foro de Origem: Salvador -

Órgão: Quinta Câmara Cível - Relator: Renato Ribeiro Marques da Costa - Apelante: Cremilda Silva Pereira- Apelado: Maria Jose Lemos Silva.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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28 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Condomínio VoluntárioUso exclusivo por um dos coproprietários

- Direito dos demais coproprietários em receber aluguel

Ementa: Civil e Processual Civil. Ação de indenização. Condomínio de imóvel. Uso exclusivo por um dos

coproprietários. Pagamento de aluguel. Cabimento. Termo a quo da condenação. Manutenção da decisão

recorrida.

1. A jurisprudência é pacífica quanto ao direito do condômino, que não se encontra na posse do bem

em condomínio voluntário, de receber aluguel referente à sua quota-parte, desde a citação ou de even-

tual notificação extrajudicial, até o término da ocupação exclusiva do imóvel.

2. Eventual dificuldade financeira por parte do coproprietário que ocupa o imóvel tido em condomínio de

forma exclusiva não configura circunstância apta a afastar a sua obrigação de promover o pagamento de

aluguel aos demais condôminos que ficaram privados do uso do bem.

3. Recurso conhecido e não provido.

Dados da Decisão: TJDFT - Apelação nº 20130110743977APC - Órgão: 1ª Turma Cível - Relatora:

Desembargadora Nídia Corrêa Lima - Apelante(s): Renato Benac - Apelado(s): Roger Benac, Rosanne

Benac, Ieda Maria Benac - Data de Julgamento: 3.2.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

InventárioAlvará judicial para venda de imóvel

do inventário a fim de pagar dívidas tributárias

Ementa: Ementa: Agravo de Instrumento - Inventário - Pedido de alvará para venda do único imóvel

do espólio, em razão de considerável dívida tributária e da inexistência de numerário para o pagamento do

IPTU. Coerdeiro que se encontra foragido da polícia e, portanto, não pode se aquiescer ao pleito. Irrelevância,

no caso. Justa causa para a venda do bem. Decisão reformada. Agravo provido, com observação.

Dados da Decisão: TJSP - Agravo de Instrumento nº 2253471-88.2015.8.26.0000 - Comarca de

Avaré - Agravantes: José Ferreira Bezerra (Inventariante), Ana Maria da Silva Bezerra e Ivaneida Cordeiro

da Silva (Espólio) - Agravado: Carlos Eriberto Bezerra - Data de Julgamento: 16.3.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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291ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Usucapião

O procedimento do art. 216-A da Lei 6.015/73não configura uma usucapião

Marcelo Augusto Santana de Melo*

A prescrição aquisitiva ou

usucapião como é cediço é uma

instituição jurídica que possui an-tecedentes remotos e se origi-

nou no Direito Romano, na Lei das

XII Tábuas, segundo Gayo: “[…]

A usucapião das coisas móveis

ocorre em um ano, dos imóveis

e casas por dois anos, assim dis-

põe a Lei das XII Tábuas. Isto

parece haver sido admitido para

que o domínio das coisas não

permanecesse demasiado tem-

po na incerteza. Como bastaria

ao dono para recuperar sua coi-

sa, um ou dois anos, este tempo

foi cedido ao possuir para

usucapir”.[1]O fundamento para a

usucapião continua o mesmo, ou

seja, a necessidade de estabili-zação das relações jurídicas en-

volvendo imóveis. A função soci-

al da propriedade, no entanto, e

– em especial – das cidades, atri-buiu nova roupagem ao instituto

que passou a ser utilizado como

importante instrumento de regu-larização fundiária.

O conteúdo essencial da figu-

ra da usucapião é a posse. Ausucapião é nada mais do que

uma consequência necessária da

proteção dispensada para a pos-se qualificada[2]. A usucapião é

comumente chamada de prescri-

ção aquisitiva e nada mais é quea consequência de uma posse

prolongada, a qual atendeu aos

requisitos constantes na legisla-ção. Diz-se aquisitiva em com-

paração com a prescrição ordi-

nária extintiva, prevista nos arts.205 e 206 do Código Civil. O ele-

mento principal é o tempo que

extingue e cria direitos.

É a posse o elemento mais im-portante para a compreensão

correta da usucapião no âmbito

do Registro de Imóveis, cuja dis-cussão, principalmente num pri-

meiro momento de discussão aca-

dêmica, foi olvidada. A posse,como leciona Moreira Alves, “não

é a situação de exercício de fato,

mas, ao contrário, a possibilida-

de, reconhecida juridicamente,

de poder exercer o correspon-

dente direito em qualquer esfe-

ra”[3]. O exercício aparente dos

atributos do direito de proprie-

dade não pode ser confundidocom o próprio direito de proprie-

dade.

Pontes de Miranda é de umaclareza única ao afirmar que “não

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30 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Usucapião

se adquire, pela usucapião, de

alguém”. Na usucapião, o fato

principal é a posse, suficientepara originariamente se adquirir;

não, para se adquirir de al-

guém”[4].A posse, sublinhada por requi-

sito como o tempo, constitui oque na técnica jurídica se chama

posse ad usucapionem, que pro-

duz o importantíssimo efeito degerar o direito de propriedade[5].

Entre os requisitos da usucapião,

facilmente observado dos arts.1.238 e seguintes, do Código Ci-

vil, considerando, ainda as diver-

sas modalidades de usucapião,chegamos à conclusão de que não

é necessária uma relação direta

com o direito de propriedade, ouseja, a posse, não tem vínculo

direto com o direito registrado na

respectiva matrícula do Registrode Imóveis. A relação entre pos-

se e direito de propriedade, é as-

sim, de independência ou auto-nomia.

Não é nossa intenção entrar

na discussão acadêmica do con-

ceito de posse, ainda pelo fatodo Código Civil de 2002 ter se

inclinado a Ihering e sua teoria

objetiva, de forma que posse é aconduta de dono. Assim, existin-

do elementos no exercício da pos-se, idênticos ao direito de propri-

edade, estamos diante de uma

posse que pode se qualificar[6].Na usucapião, não existe su-

cessão, nenhuma relação, existe

entre “o perdente do direito de

propriedade e o usucapiente”[7].

Benedito Silvério ressalta, ainda,

que o “registro nunca é objetivoà ação de usucapião, porque se

usucape por se ter posse, e não

por se ter direito, nem sequer di-reito à posse”[8]. Flagrante, as-

sim, a incompatibilidade da con-

cordância expressa dos titularesde direitos com o instituto de

usucapião.

O inciso II, do art. 216-A, daLRP, exige que assinem a planta

e o memorial descritivo que se-

rão apresentados ao oficial do

registro de imóveis os titulares dedireitos (notoriamente os reais)

inscritos na matrícula do imóvel

usucapiendo e na dos confi-nantes. Assim, se o titular de di-

reito inscrito na matrícula do imó-

vel usucapiendo ou nas dosconfinantes não responder à no-

tificação de que trata o § 2º, do

art. 216-A, da Lei nº 6.015/73, oprocedimento será encerrado pelo

registrador diante da discordância

“tácita”. É preciso, pois, anuênciaexpressa[9].

Felipe Pires Pereira, em exce-

lente artigo publicado ainda an-tes da vigência dessa usucapião,

já atentava para a incompatibili-

dade do consentimento expres-so. Para o autor, “a necessidade

de concordância dos titulares de

direito real sobre o imóvel aten-

ta contra o próprio instituto da

usucapião. […] é incompreensí-

vel a exigência de concordância

expressa do titular que, mesmo

notificado, não apresenta

impugnação, interpretando-se

seu silêncio como discordância”

[10].

Dessa forma, ao vincular o di-reito de propriedade constante do

Registro de Imóveis como condi-

ção, sine qua non, para o êxitoda usucapião administrativa, não

há outra conclusão de que o pro-

cedimento não se trata de usu-

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311ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

capião, mas sim de outro institu-

to, atípico, muito mais próximo de

um negócio jurídico.

O argumento de que existem no

procedimento etapas do procedi-

mento ordinário de usucapião não

é suficiente para que o novo insti-

tuto seja considerado usucapião.

Não se nega que a ata notarial de

justificação de posse e ciência dos

entes políticos sejam típicos de um

processo de usucapião, no entan-

to, a vinculação com o direito de

propriedade é fator de muito maior

relevância e, em essência,

desnatura totalmente a usucapião.

Notas

[1] LEVITÁN, José. Prescripción

Adquisitiva de Dominio. Buenos

Aires: Editorial Astrea, 1990, p. 2.

[2] MORENO-TORRES

HERRERA, María Luisa. La

usucapión. Marcial Pons: Madrid,

2012, p. 74.

[3] MOREIRA ALVES, José Carlos.

Posse. 2ª edição. Volume II. Tomo I.

Forense: Rio de Janeiro, 1999, p. 10.

[4] MIRANDA, Pontes. Tratado de

direito privado. 3ª ed. Rio de Ja-

neiro: Borsoi, 1971. t. XI. § 1.192,

1, p. 117.

Usucapião

[5] BARROS MONTEIRO, Wa-

shington. Curso de direito civil.

3º volume. 34ª edição. Saraiva:

São Paulo, p. 30.

[6] Ihering, como lembra Bar-

ros Monteiro, “não contesta a

necessidade do elemento inten-

cional, não sustenta que vonta-

de deva ser banida; apenas en-

tende que esse elemento implíci-

to se acha no poder de fato exer-

cido sobre a coisa (Curso de di-

reito civil. 3º volume. 34ª edição.

Saraiva: São Paulo, p. 18).

[7] MIRANDA, Pontes. Trata-

do de direito privado. 3ª ed. Rio

de Janeiro: Borsoi, 1971. t. XI. §

1.192, 1, p. 117

[8] SILVÉRIO RIBEIRO, Bene-

dito. Tratado de usucapião. Vo-

lume I. 8ª edição. Saraiva: São

Paulo, 2012, p. 240.

[9] PROCESSO Nº 2012/24480

– SÃO PAULO – CORREGEDORIA

GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO

DE SÃO PAULO – DJe de 15/1/

2015.

[10] PEREIRA, Felipe Pires. A

interpretação do silêncio na

usucapião extrajudicial do novo

CPC, Revista Consultor Jurídico,

9 de janeiro de 2016, disponível

em http://www.conjur.com.br/

2016-jan-09/interpretacao-silen-

cio-usucapiaoextrajudicial-cpc,

acesso em 12/08/2016.

* O autor é registrador imobiliário em Araçatuba, São Paulo. Mestre em Direito Civil pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Especialista em Direito Imobiliário pela Universidade de

Córdoba, Espanha e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUCMINAS. Membro da Acade-

mia Brasileira de Direito Registral Imobiliário – ABDRI.

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32 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Incorporação e Construção

LoteamentoMunicípio condenado a indenizar adquirente de lote,

por ter aprovado loteamento em área de banhado

Ementa: Apelação Cível e Recurso Adesivo. Ação de indenização. Aprovação de loteamento em área

de banhado. Laudo pericial. Imóvel sujeito a constantes alagamentos, mesmo em períodos de seca.Omissão do ente público municipal caracterizada. Danos materiais e morais comprovados. Dever de inde-

nizar inarredável. Apelo conhecido e parcialmente provido. Recurso adesivo não acolhido. Remessa neces-

sária desprovida.Dados da Decisão: TJSC - Apelação Cível nº 2012.058921-1 - Brusque - Relator: Des. Júlio César

Knoll - Apelante e Recorrida Adesiva: Irene Elkes Tolzmann - Apelado e Recorrente Adesivo: Município de

Brusque - Data de Julgamento: 19.1.2016.Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Averbação da incorporação para outorga de “habite-se”

Minha cliente comprou apartamento já concluído, porém, a construtora, por não ter feito a averbaçãodo imóvel, colocou como fração ideal.

Perguntas: Como posso refazer esse processo? se lá no primeiro registro no cartório de imóvel consta

que ela comprou fração ideal? A construtora deverá assinar? Será o caso de entrar com ação judicial, umavez que na prefeitura já consta como imóvel todo concluído?

Diário das Leis Responde: Sempre que uma construtora/incorporadora vende um apartamento, este-ja ou não concluído, mas ainda sem o “habite-se”, o instrumento da negociação refere-se à fração ideal.

O que é averbado na matrícula é apenas a fração ideal. É isso que foi feito com a sua cliente.

Após a expedição do “habite-se” pela Prefeitura a incorporadora deverá averbar a construção namatrícula. Somente depois disso é que a incorporadora e/ou Construtora poderá outorgar a escritura do

apartamento todo, incluindo a fração ideal.

Portanto, caso já tenha o “habite-se” e a construção tenha sido averbada no Registro de Imóveis, aconstrutora/incorporadora deverá outorgar à sua cliente a escritura do apartamento como um todo.

Na guia do imposto de transmissão deverá constar a construtora como vendedora e a sua cliente como

compradora.Se a construtora outorgar a escritura, não haverá nenhuma ação judicial a ser proposta.

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331ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Garantia da construção

Comprei um apartamento intei-

ramente novo, nunca habitado an-tes. Conforme o tempo foi passan-

do, apareceram infiltrações nas pa-

redes, ora numa ora noutra pare-de. A construtora tem feito a re-

paração e, por algum tempo a in-

filtração desaparece. Depois dealgum tempo surge novamente, no

mesmo lugar, ou surgem novas in-

filtrações em outra parede.Pergunta: Por quanto tempo

a construtora responde por tais va-

zamentos? E se passado esse prazoem que é dela construtora a responsabilidade para eliminar os vazamentos, se eles continuarem a surgir, o

custo para realizar esses reparos serão de minha responsabilidade?

Diário das Leis Responde: Conforme o Código Civil, em seu art. 618, o prazo de Garantia da constru-

ção é de cinco anos, contados da entrega da obra ou habite-se ou da data do aparecimento de vício

oculto, como no caso, somente após a constatação do vazamento, com o aparecimento de chuvas (art.445, § 1.º do Código Civil).

Já o prazo para a propositura da ação judicial (de obrigação de fazer, ou rescisão contratual com a

devolução das prestações pagas, do abatimento do preço etc), não havendo acordo, será pelo prazodecadencial de 180 (cento e oitenta) dias seguintes do aparecimento do vício (aparente ou oculto - art.

618, parágrafo único).

De qualquer forma, o prazo máximo para reclamar é de dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazomenor, conforme o art. 205 do Código Civil.

Conforme o Código de Defesa do Consumidor, havendo vícios de construção, como: infiltrações, falhas

de impermeabilização etc., o prazo de Garantia é de 90 (noventa) dias após a entrega do imóvel ou daconstatação do vício oculto (art. 26, II, do CDC).

O Código de Defesa do Consumidor assegura nestes casos os seguintes direitos:

a) O consumidor pode pedir a rescisão contratual, com a devolução por inteiro das parcelas pagascorrigidas, já que a culpa foi da construtora;

b) A reparação de todos os problemas em 30 (trinta) dias; ou solicitar um abatimento no preço.

Se foi realizada qualquer das opções acima, o consumidor ainda terá até 5 (cinco) anos para pedirindenização por danos materiais e morais, com base no Código de Defesa do Consumidor, embora a

responsabilidade do construtor sobre a obra e sua segurança seja de 10 anos.

Incorporação e Construção

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34 1ª quinzena - Agosto 2016 – nº 15

Tributos

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Recusa por parte da Prefeitura Municipal em substituiro nome de contribuinte responsável pelo IPTU

Minha cliente comprou um imóvel por contrato particular. O contrato não contém todas as medidas e

confrontações do lote adquirido, porém o define como lote, quadra, matrícula tal, etc.

De posse desse contrato, ela se dirigiu à Prefeitura municipal de Curitiba para pedir a troca/inclusão do

seu nome no IPTU (substituição tributária). Porém, o funcionário condicionou a realização da troca do

nome a uma nova medição do lote.

Pergunta: Isso é possível? Não bastaria comprovar apenas a aquisição? Em caso negativo, como

proceder para que a prefeitura realize a troca do nome?

Diário das Leis Responde: A princípio, não há qualquer impedimento para que não seja efetuada a

troca. Nos parece que é uma solicitação fora dos padrões normais. Caso a Prefeitura insista em não

realizar a alteração, é aconselhável apresentar requerimento à Prefeitura requerendo a troca de nomes de

contribuinte para o IPTU.

Propriedade ImobiliáriaRemoção de poste de energia elétrica

que impede o acesso ao imóvel

Ementa: Apelação Cível. Ação cominatória c/c obrigação de fazer. Poste de energia elétrica localizado

em frente à residência da autora, dificultando o acesso à garagem do imóvel. Pretensão de remoção doposte às expensas da concessionária (Celg). Preexistência do poste em relação à edificação. Ônus da

interessada. Improcedência da ação mantida.

No caso dos autos, é incontroverso que o poste de energia elétrica é preexistente à construção daresidência da autora, razão pela qual, mediante prévia solicitação, é ônus da autora (consumidora) arcar

com a postulada remoção, a teor do citado art. 142 do Decreto nº 41.019/57, com a redação dada pelo

Decreto nº 98.335/89, combinado com os artigos 102, incisos XIII e XIV, da Resolução 414/10 da ANEEL.Apelação conhecida e desprovida.

Dados da Decisão: TJGO - Apelação Cível Nº 200914-41.2014.8.09.0074 - Ipameri - Câmara: 3ª Cível

- Relator: Juiz Fernando de Castro Mesquita - Apelante: Juliana Gonçalves dos Santos Carneiro - Apelada:Celg Distribuição S/A Celg D - Data de Julgamento: 16.2.2016.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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