dir constitucional trt ba aula 08

109
Aula 08 Curso: Direito Constitucional p/ TRT-BA-Analista Jud. (Área Jud. e Oficial de Justiça) Professor: Nádia Carolina

Upload: maciel-tais

Post on 29-Nov-2015

66 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

  • Aula 08

    Curso: Direito Constitucional p/ TRT-BA-Analista Jud. (rea Jud. e Oficial de Justia)

    Professor: Ndia Carolina

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 108

    AULA 08: Controle de Constitucionalidade

    SUMRIO PGINA 1-Teoria e Questes Comentadas 1-88 2-Listas de Questes 89-106 3- Gabarito 107-110

    Ol, querido (a) aluno (a)!

    Hoje trataremos de um tema muitssimo cobrado em provas de concurso: o controle de constitucionalidade!

    Mos obra!

    Conceito de controle de constitucionalidade

    Entende-se por controle de constitucionalidade a aferio, por rgo determinado pelo constituinte originrio, da validade de uma norma primria luz da Constituio Federal. A partir desse controle, as normas so consideradas invlidas quando em desacordo com a Carta Magna ou vlidas, quando em acordo. As normas invlidas so expurgadas (eliminadas) do ordenamento jurdico.

    Pressupostos do Controle de Constitucionalidade

    Segundo a doutrina, so pressupostos do controle de constitucionalidade: i) existncia de uma Constituio escrita e rgida; ii) existncia de um mecanismo de fiscalizao das leis, com previso de, pelo menos, um rgo com competncia para o exerccio da atividade de controle.

    Nos pases de Constituio escrita e rgida, por vigorar o princpio da supremacia formal da Constituio, todas as demais espcies normativas devem ser compatveis com as normas elaboradas pelo constituinte originrio, tanto do ponto de vista formal (procedimental), quanto material (contedo). Isso porque como consequncia da rigidez constitucional as leis constitucionais so hierarquicamente superior s demais.

    Outro pressuposto a previso constitucional de um mecanismo de fiscalizao das leis. O poder constituinte originrio deve definir quem ser o rgo competente para decidir acerca da ocorrncia ou no de ofensa Constituio e o processo pelo qual tal deciso ser formalizada.

    O rgo competente para exercer o controle de constitucionalidade pode exercer tanto funo jurisdicional quanto poltica, integrando (no primeiro caso) ou no (no segundo) a estrutura do Poder Judicirio. No caso do Brasil,

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 108

    compete ao Judicirio exercer o controle de constitucionalidade das leis, embora haja a possibilidade de os demais Poderes, em situaes excepcionais, realizarem o controle de constitucionalidade.

    importante ressaltar que a regra que se presumam as leis como vlidas. Elas somente podem ser consideradas inconstitucionais aps declarao formal do rgo competente para tanto. Trata-se do princpio da presuno de constitucionalidade das leis.

    Evoluo do Controle de Constitucionalidade

    O primeiro marco histrico do controle de constitucionalidade foi o caso Marbury vs Madison, julgado em 1803 nos Estados Unidos pelo Chief of Justice John Marshall. No caso Marbury vs Madison, realizou-se o controle difuso de constitucionalidade, em que se decidiu a constitucionalidade de uma lei em um caso concreto. A deciso de Marshall consolidou a supremacia da Constituio em relao s demais normas jurdicas, bem como o poder-dever dos juzes de negar a aplicao s leis contrrias Constituio.

    O segundo marco histrico desse controle foi o surgimento do controle concentrado de constitucionalidade, por obra de Hans Kelsen, que apresentou um projeto elaborao da Constituio da ustria (chamada Oktoberverfassung), promulgada em 1920. Para ele, o controle de constitucionalidade deveria ser exercido exclusivamente por um rgo jurisdicional especial, e no por qualquer juiz, como no sistema americano. Esse rgo, o Tribunal Constitucional, no julgaria nenhuma pretenso concreta, mas apenas o problema abstrato de compatibilidade lgica entre a lei e a Constituio.

    Espcies de Inconstitucionalidade

    A inconstitucionalidade pode se dar por ao ou omisso.

    Na inconstitucionalidade por ao, o desrespeito Constituio resulta de uma conduta positiva de um rgo estatal. Exemplo: edio de medida provisria pelo Presidente da Repblica em desacordo com a Constituio. Pode ser total ou parcial. No primeiro caso, todos os dispositivos da norma so contrrios Constituio. No segundo, apenas alguns deles.

    J na inconstitucionalidade por omisso, verifica-se a inrcia do legislador frente a um dispositivo constitucional carente de regulamentao por lei. Ocorre quando o legislador permanece omissivo diante de uma norma constitucional de eficcia limitada, obstando o exerccio de direito.

    A inconstitucionalidade por omisso tambm pode ser total ou parcial. Na primeira, o legislador se abstm de regular a norma constitucional, gerando uma lacuna no ordenamento jurdico. Na segunda, o legislador produz a norma

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 108

    de maneira insatisfatria, deixando de atender aos pressupostos constitucionais da norma de regncia.

    A omisso parcial pode, ainda, ser parcial propriamente dita ou relativa.

    No primeiro caso, a lei, embora tenha sido editada, regula o texto de maneira deficiente. o caso da lei que regulamenta o art. 7, IV, da Constituio, que estabelece o direito ao salrio mnimo. Embora ela preveja o seu valor, este muito inferior ao necessrio para cumprir todas as garantias do dispositivo constitucional.

    No segundo caso, de omisso parcial relativa, a lei confere o benefcio previsto pela Constituio a uma categoria, deixando de conced-lo a outra que deveria ser contemplada. Nesse caso, por no ter funo legislativa, no pode o Judicirio estender o benefcio a essa categoria, sob pena de violar a separao dos Poderes1.

    A inconstitucionalidade tambm pode ser material ou formal.

    A inconstitucionalidade material ou nomoesttica se d quando o contedo da lei contraria a Constituio. o caso de lei que suprima as imunidades parlamentares, por exemplo. Tal lei ser considerada invlida mesmo que tenha obedecido fielmente ao processo legislativo preconizado pela Carta Magna. A denominao nomoesttica se d em funo de o vcio material se referir substncia, tendo carter esttico.

    J na inconstitucionalidade formal ou nomodinmica, o desrespeito se d quanto ao processo de elaborao da norma, preconizado pela Constituio. o caso do vcio quanto iniciativa existente quando o Presidente da Repblica prope lei cuja iniciativa de competncia privativa do STF, por exemplo. A denominao nomodinmica se d em funo de o vcio formal decorrer da violao ao processo legislativo, o que traz, consigo, uma ideia de dinamismo, movimento.

    A inconstitucionalidade formal poder ser de trs tipos: orgnica, formal propriamente dita ou formal por violao a pressupostos objetivos do ato. Vejamos o que cada um significa:

    x Inconstitucionalidade formal orgnica: decorre da inobservncia da competncia legislativa para a elaborao do ato. Exemplo: lei municipal que discipline sobre direito penal ser inconstitucional, por ser essa matria de competncia da Unio. x Inconstitucionalidade formal propriamente dita: decorre da inobservncia do processo legislativo, seja na fase de iniciativa ou nas demais.

    1 Smula 339/STF

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 108

    Se o vcio ocorrer na fase de iniciativa, ter-se- o chamado vcio formal subjetivo. o caso, por exemplo, de iniciativa parlamentar de projeto que modifique os efetivos das Foras Armadas. Essa competncia exclusiva (reservada) do Presidente da Repblica, sendo este o nico que pode iniciar processo legislativo da matria. Caso contrrio, o projeto sofrer de vcio formal subjetivo, insanvel pela sano do Presidente da Repblica.

    Por outro lado, caso esse vcio se d nas demais fases do processo legislativo, ter-se- o vcio formal objetivo. o caso, por exemplo, de no obedincia ao qurum de votao de emenda constitucional (trs quintos). Nesse caso, a emenda votada padecer de vcio de inconstitucionalidade formal objetiva.

    x Inconstitucionalidade formal por violao a pressupostos objetivos do ato normativo: decorre da inobservncia de elementos no reentrantes no processo legislativo, pressupostos constitucionalmente considerados como determinantes de competncia dos rgos legislativos em relao a certas matrias. o caso de medida provisria editada sem a observncia dos requisitos de relevncia e urgncia, por exemplo (art. 62, FDSXW&) Outra importante classificao para a inconstitucionalidade aquela que a divide em total e parcial. No primeiro tipo, todo o ato normativo considerado invlido; no segundo, apenas parte dele.

    No Brasil, o Judicirio pode declarar a inconstitucionalidade parcial de frao de artigo, pargrafo, inciso, alnea ou at mesmo sobre uma nica palavra ou expresso do ato normativo. Trata-se do chamado princpio da parcelaridade. Entretanto, tal declarao no poder modificar o sentido e o alcance da lei, sob pena de ofensa separao dos Poderes, que impede ao Poder Judicirio atuar como legislador positivo.

    Alm disso, de acordo com o STF, a declarao parcial da inconstitucionalidade da norma s possvel no controle abstrato quando for possvel presumir que o restante do dispositivo seria editado independentemente daquela parte considerada inconstitucional.

    Destaca-se, tambm, que possvel que o STF verifique a existncia de vcio em determinado ato normativo, mas no declare sua inconstitucionalidade. O STF, nesses casos, evita o chamado agravamento do estado de inconstitucionalidade, situao em que a retirada do ato do ordenamento jurdico resulta em maior leso Constituio que a manuteno do mesmo.

    Declarao parcial de nulidade sem reduo de texto e interpretao conforme a Constituio

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 108

    A declarao parcial de nulidade sem reduo de texto uma tcnica usada pelo STF para declarar a inconstitucionalidade de determinadas aplicaes da lei sem excluir parte de seu texto. usada quando a supresso de parte do texto legal impossvel, por subverter completamente a vontade do legislador ou por levar consigo dispositivos constitucionais. Nesses casos, o STF considera que aquela lei no poder ser aplicada a determinadas pessoas ou situaes, enquanto para as demais permanecer vlida.

    Imagine que uma lei disponha da seguinte forma:

    Art. 1. Aos titulares do cargo XXX, aplicam-se as seguintes vedaes: I vedao x; II vedao y. Art. 2. Aos titulares do cargo YYY aplicam-se as vedaes dos incisos I e II do art. 1.

    Caso o STF entendesse que a extenso da vedao y ao cargo YYY foi inconstitucional, no teria como retirar essa regra do texto legal por meio de supresso de alguma palavra ou expresso, sob pena de subverter a vontade do legislador quanto aplicao da vedao y aos titulares do cargo XXX ou da vedao x aos titulares do cargo YYY. Nesse caso, o STF poderia resolver a questo declarando a inconstitucionalidade, sem reduo de texto, do art. 2 da lei no que se refere vedao y aos titulares do cargo YYY.

    J a interpretao conforme a Constituio tcnica usada pelo STF para eliminar algumas possibilidades de interpretao da lei que so ofensivas Constituio. Assim, a norma ser considerada constitucional desde que interpretada de determinada maneira ou desde que no se lhe d determinada interpretao.

    importante ressaltar que para o STF s existe a inconstitucionalidade direta, ou seja, a desconformidade de norma primria com a Constituio. A chamada inconstitucionalidade indireta, em que um ato normativo secundrio (um decreto expedido pelo Presidente da Repblica, por exemplo) ofende a Carta Magna, considerada pelo Pretrio Excelso mera ilegalidade. Isso porque a norma secundria tem sua validade aferida a partir da norma primria, e no da Constituio, sendo a ofensa a esta apenas indireta.

    Outro aspecto importante a destacar que o STF no admite a inconstitucionalidade superveniente, de uma norma primria em relao a uma Constituio posterior. Isso porque entende que a nova Constituio revoga a norma primria incompatvel. No se trata de inconstitucionalidade, mas de revogao.

    $LQFRQVWLWXFLRQDOLGDGHSRUDUUDVWDPHQWRRXSRUDWUDomR

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 108

    Essa teoria considera que se, em determinado processo de controle de constitucionalidade, a norma principal for julgada inconstitucional, outra norma daquela dependente dever ser igualmente considerada inconstitucional. Trata-se do chamado vcio de inconstitucionalidade por arrastamento, por atrao ou consequente, que decorre da relao de instrumentalidade entre as normas.

    A tcnica se justifica pelo fato de algumas normas guardarem ntima relao entre si, formando uma verdadeira unidade jurdica. Com isso, torna-se impossvel a declarao de constitucionalidade de algumas e a manuteno das demais no ordenamento jurdico.

    A inconstitucionalidade por atrao pode ser usada tanto na anlise de processos distintos quanto no mbito de um mesmo processo. Isso significa que na deciso o STF enumera as normas atingidas pela inconstitucionalidade GDQRUPDSULQFLSDOUHFRQKHFHQGRVXDLQYDOLGDGHSRUDUUDVWDPHQWR$WpFQLFDtambm se aplica a decreto fundado na lei declarada inconstitucional (ADI 2.995/PE, 13.12.2006).

    Sistemas de controle

    O sistema de controle diz respeito aos rgos aos quais o legislador O sistema de controle diz respeito aos rgos aos quais o legislador constituinte atribuiu competncia para controlar a constitucionalidade das leis. Os sistemas de controle podem ser: judiciais ou jurisdicionais, polticos ou mistos.

    Tem-se o controle Judicial ou jurisdicional quando apenas o Judicirio tem competncia para declarar a inconstitucionalidade das leis. adotado pelos Estados Unidos.

    J o Poltico ou francs se d quando rgo no pertencente ao Judicirio detm essa competncia. Nesse caso, o controle de constitucionalidade realizado por rgo poltico, no por rgo jurisdicional.

    Por fim, ocorre controle de constitucionalidade misto quando a fiscalizao da constitucionalidade de algumas normas cabe ao Judicirio e a de outras, no.

    Modelos de controle

    Importante classificao do controle de constitucionalidade aquela que considera o modo ou a forma do controle. Com base nessa classificao, o controle pode ser incidental ou principal.

    No incidental, a inconstitucionalidade discutida no mbito de um processo ou ao judicial, como um incidente. Nesse caso, a

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 108

    constitucionalidade no o objeto da ao. Em geral, est associado ao modelo difuso, embora haja excees.

    J no principal, a questo constitucional discutida autonomamente em um processo ou ao principal, constituindo o objeto desse processo.

    No que se refere ao nmero de rgos do Poder Judicirio com competncia para fiscalizar a constitucionalidade das leis, h trs modelos de controle distintos: o difuso, o concentrado e o misto.

    No controle difuso, ou aberto, tambm chamado americano, a competncia para exercer o controle de constitucionalidade das leis atribuda a todos os rgos do Poder Judicirio. Esse modelo surgiu nos Estados 8QLGRV D SDUWLU GR FDVR 0DUEXU\ YHUVXV 0DGLVRQ HP TXH VH ILUPRX Rentendimento de que o Judicirio poderia deixar de aplicar uma lei aos casos concretos quando a considerasse inconstitucional.

    J no controle concentrado, reservado, tambm chamado austraco ou europeu, o controle de constitucionalidade de competncia de um nico rgo jurisdicional, ou de um nmero bastante limitado de rgos. Esse modelo teve origem na ustria, por influncia de Hans Kelsen, para quem a fiscalizao da constitucionalidade das leis deveria caber a uma Corte Constitucional.

    No Brasil, adota-se o controle jurisdicional misto, porque realizado pelo Judicirio tanto de forma concentrada quanto de forma difusa (por qualquer juiz ou tribunal).

    Momentos do controle

    O controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo.

    preventivo ou DSULRUL quando a fiscalizao se d sobre projeto de lei. o caso da anlise feita pelo Poder Judicirio nos casos de mandado de segurana impetrados por parlamentar com o objetivo de sustar a tramitao de proposta de emenda constitucional ofensiva Constituio, por exemplo.

    O controle preventivo tem como caracterstica ocorrer enquanto o processo legislativo est em andamento, iniciando-se com apreciao do projeto pelas Comisses de Constituio e Justia, prosseguindo no Plenrio das Casas Legislativas e terminando com o veto do Poder Executivo. Alm disso, tem natureza poltica, uma vez que exercido pelo Executivo ou pelo Legislativo.

    No Brasil, a nica possibilidade de controle preventivo a ser realizado pelo Judicirio aquela em que esse Poder atua sobre projeto de lei em trmite na Casa Legislativa. Nesse caso, o Judicirio garante ao parlamentar o

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 108

    direito ao devido processo legislativo, impedindo que este seja obrigado a participar de procedimento que viole as regras da Constituio Federal. Seu exerccio se d de modo incidental, pela via de exceo ou de defesa.

    J no Poder Executivo, esse tipo de controle poder ocorrer, por exemplo, quando o Presidente da Repblica vetar projeto de lei por considera-lo inconstitucional (veto jurdico). Por sua vez, no Legislativo, poder ocorrer, dentre outras hipteses, quando da anlise da constitucionalidade dos projetos de lei pelas Comisses de Constituio e Justia, nas Casas Legislativas.

    Em oposio, repressivo, sucessivo ou D SRVWHULRUL quando o controle incide sobre norma pronta, integrante do ordenamento jurdico. Em regra, realizado pelo Judicirio, mas pode, tambm, ser exercido pelo Legislativo e pelo Executivo.

    Vias de ao

    As vias de ao so os modos pelos quais uma lei pode ser impugnada perante o Judicirio. So elas a via incidental (de defesa ou de exceo) e a via principal (abstrata ou de ao direta).

    Na via incidental, a aferio de constitucionalidade se d diante de uma lide, um caso concreto, em que uma das partes requer a declarao de inconstitucionalidade de uma lei. A aferio da constitucionalidade no o objeto principal do pedido, apenas um incidente do processo, um meio para se UHVROYHU D OLGH 3RU LVVR p FKDPDGD LQFLGHQWDO RX LQFLGHQWHU WDQWXP. o modelo adotado nos Estados Unidos da Amrica. Pode ser exercido perante qualquer juiz ou tribunal do Poder Judicirio, em qualquer processo, sempre que uma das partes alegar que determinada lei aplicvel ao caso concreto inconstitucional.

    Por outro lado, na via principal, a aferio da constitucionalidade o principal pedido do autor, a razo do processo. O autor requer que determinada lei tenha sua constitucionalidade aferida a fim de resguardar o ordenamento jurdico.

    Controle repressivo realizado pelo Legislativo

    A Constituio Federal prev duas possibilidades de controle de FRQVWLWXFLRQDOLGDGHDSRVWHULRULSHOR3RGHU/HJLVODWLYR$SULPHLUDGHODVVHGino art. 49, V, da CF/88, que estabelece que competncia exclusiva do Congresso NaFLRQDO sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegao legislativa(VVHFRQWUROHVHGiSRUPHLRGHGHFUHWROHJLVODWLYRH[SHGLGRSHORCongresso Nacional.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 108

    A segunda possibilidade est prevista no art. 62 da Carta Magna. Nesse dispositivo, a CF/88 prev que, em caso de medida provisria entendida como inconstitucional pelo Congresso Nacional, estas no sero convertidas em lei.

    Destaca-se ainda que o TCU, ao exercer suas atividades, poder, de modo incidental, deixar de aplicar lei que considere inconstitucional. Nesse sentido, GLVS}H D 6~PXOD 67) TXH R 7ULEXQDO GH &RQWDV QR H[HUFtFLR GH VXDVatribuies, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder 3~EOLFR 1RWH TXH D &Rrte de Contas no tem competncia para declarar a inconstitucionalidade das leis ou atos normativos em abstrato.

    Controle repressivo realizado pelo Executivo

    Segundo a doutrina, pode o Chefe do Poder Executivo descumprir lei considerada, por ele, inconstitucional. Isso porque o controle concentrado vincula esse Poder (art. 28, pargrafo nico, Lei 9.868/99; art. 102, 2, CF/88) e o mesmo ocorre com a smula vinculante (art. 64-B, Lei 9.784/99).

    1HVVHVHQWLGRHQWHQGHR67)TXHRFRQWUROHGHFRQVWLWXFLRnalidade da lei ou dos atos normativos da competncia exclusiva do Poder Judicirio. Os Poderes Executivo e Legislativo, por sua chefia e isso mesmo tem sido questionado com o alargamento da legitimao ativa na ao direta de inconstitucionalidade podem to s determinar aos seus rgo subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com fora de lei que considerem inconstitucionais $', -MC/DF, DJ de 22.10.1993).

    Controle difuso

    O controle difuso tambm chamado controle pela via de exceo ou defesa, ou controle aberto. Verifica-se em um caso concreto, em que a GHFODUDomR GH LQFRQVWLWXFLRQDOLGDGH VH Gi GH IRUPD LQFLGHQWDO LQFLGHQWHUWDQWXP YLQFXODQGR DSHQDV DV SDUWHV GR SURFHVVR FRP YLVWDV j VROXomR GDlide.

    A. Legitimao ativa

    Como vimos, o controle de constitucionalidade incidental se d no curso de qualquer ao submetida anlise do Poder Judicirio em que haja um interesse concreto em discusso. Assim, so legitimados ativos (competentes para provocar o Judicirio) todas as partes do processo e eventuais terceiros intervenientes no processo, bem como o Ministrio Pblico, que atua como ILVFDOGDOHLFXVWRVOHJLV Alm disso, o Poder Judicirio pode, sem provocao, declarar de ofcio a inconstitucionalidade da lei, afastando sua aplicao ao caso concreto. Diz-se,

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 108

    ento, que o juiz ou tribunal tambm so legitimados ativos no controle difuso, quando declaram a inconstitucionalidade do ato normativo de ofcio.

    B. Competncia

    Qualquer juiz ou tribunal competente para declarar a inconstitucionalidade de ato normativo ou lei conflitante com a Constituio, afastando sua aplicao ao caso concreto. Entretanto, no que se refere aos WULEXQDLVpQHFHVViULRDREHGLrQFLDjUHVHUYDGHSOHQiULR, nos termos do art. 97 da CF/88:

    Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo rgo especial podero os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Pblico.

    Assim, para que a declarao de inconstitucionalidade por tribunal seja vlida, necessrio voto favorvel da maioria absoluta dos juzes que compem aquele tribunal, independentemente do nmero de magistrados presentes seo de julgamento.

    Questo de prova:

    1. (FCC/2012/TRE-SP) A clusula de reserva de plenrio no se aplica aos processos de competncia da Justia do Trabalho e da Justia Eleitoral. Comentrios:

    A clusula de reserva de plenrio se aplica a todos os tribunais, inclusive aos da Justia do Trabalho e da Justia Eleitoral. Questo incorreta.

    A CF/88 prev a instituio de rgo especial pelos tribunais no seu art. 93, XI:

    XI - nos tribunais com nmero superior a vinte e cinco julgadores, poder ser constitudo rgo especial, com o mnimo de onze e o mximo de vinte e cinco membros, para o exerccio das atribuies administrativas e jurisdicionais delegadas da competncia do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleio pelo tribunal pleno (...)

    Os rgos fracionrios (turmas, cmaras e sees) e monocrticos dos tribunais no podem decretar a inconstitucionalidade das leis. Na falta de rgo especial, a inconstitucionalidade s poder ser declarada pelo plenrio do tribunal.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 108

    Mesmo no caso de no declararem expressamente a inconstitucionalidade da lei, os rgos fracionrios no podero afastar sua aplicao no todo ou em parte, conforme reza a Smula Vinculante 10 do STF:

    Smula Vinculante no 10 - Viola a clusula de reserva de plenrio (CF, artigo 97) a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico, afasta sua incidncia, no todo ou em parte.

    Destaca-se, entretanto, que a exigncia de reserva de plenrio s se aplica apreciao da primeira controvrsia referente inconstitucionalidade de uma lei. Caso j tenha havido deciso do plenrio ou do rgo especial do respectivo tribunal, ou do plenrio do STF declarando a inconstitucionalidade da lei analisada no caso concreto, podero os rgos fracionrios ou monocrticos proclamarem a inconstitucionalidade daquele ato normativo.

    Questo de prova:

    2. (FCC/2012/TRE-SP) Viola a clusula de reserva de plenrio a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico, afasta sua incidncia, no todo ou em parte.

    Comentrios:

    Tem-se, aqui, a literalidade da sumula vinculante no 10. Questo correta.

    C. Requisitos Subjetivos

    O controle de constitucionalidade incidental exercido por qualquer rgo do Poder Judicirio. A deciso feita sobre questo prvia, indispensvel ao julgamento do mrito, no recaindo sobre o objeto principal da lide, tendo como efeito afastar a incidncia da norma viciada.

    A questo de constitucionalidade pode ser suscitada pelas partes ou pelo Ministrio Pblico, ou ser reconhecida de ofcio pelo juiz ou tribunal. No ltimo caso, somente poder ser pronunciada pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do rgo especial (art. 97, CF).

    D. Requisitos objetivos

    No que se refere ao controle de constitucionalidade exercido pelos tribunais, mesmo no cabendo ao rgo fracionrio declarar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, caber a ele acolher ou rejeitar a arguio de inconstitucionalidade. O pronunciamento desse rgo, pela rejeio ou acolhimento da arguio de

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 108

    inconstitucionalidade, irrecorrvel. Caso a rejeite, o julgamento prosseguir, sendo aplicada a lei ou o ato normativo. Caso a acolha, o que poder se dar por maioria simples, a questo ser submetida ao tribunal pleno ou ao rgo especial.

    Percebe-se que o Plenrio s poder se posicionar sobre questo acolhida pelo rgo fracionrio, no podendo emitir juzo sobre questo rejeitada por Turma ou Cmara. A inconstitucionalidade, ento, s poder ser declarada havendo, no mnimo, os votos da maioria absoluta nesse sentido.

    A deciso do Plenrio irrecorrvel e vincula o rgo fracionrio, no caso concreto. Publicado o acrdo dessa deciso, reinicia-se o julgamento da questo concreta perante o rgo fracionrio. Ento, procede-se a juntada do acrdo do Pleno ou do rgo especial sobre a inconstitucionalidade da lei, sob pena de, no caso de interposio de recurso extraordinrio, entender o Supremo Tribunal Federal que no pode conhecer do apelo por ausncia de pea fundamental para o julgamento definitivo.2

    Por outro lado, o rgo fracionrio pode decidir pela constitucionalidade da lei.3 Isso se d, como dissemos anteriormente, quando a Turma ou a Cmara rejeita a arguio de inconstitucionalidade.

    Questo relevante diz respeito necessidade de se observar a regra do art. 97 da Constituio (reserva de Plenrio) no caso da declarao de inconstitucionalidade sem reduo de texto. Segundo a doutrina, nesse caso, por haver inequvoca declarao de inconstitucionalidade, o referido dispositivo , sim, de observncia obrigatria4.

    Outro ponto importante diz respeito necessidade ou no de se provocar o Plenrio ou o rgo especial do Tribunal toda vez que se discutir a constitucionalidade de lei ou ato normativo que j teve sua legitimidade discutida naquele Tribunal. Segundo o STF, fixada a orientao do Pleno ou do rgo especial, em consonncia com o art. 97 da Constituio, poder o rgo fracionrio decidir como de direito, observando a deciso sobre a questo constitucional5.

    2 STF, RE-AgRg 158.540, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 23.05.1997.

    3 STF, RE AgRg 161.475, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 11.02.1994.

    4 Mendes, Gilmar; Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6 edio, 3 tiragem, 2011. Ed.

    Saraiva.

    5 RE 190.728, Rel. Min. Ilmar Galvo, DJ de 30.05.1997; RE 191.896, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 29.08.1997,

    RE-AgRg 433.806, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 01.04.2005.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 108

    E no caso de j existir pronunciamento do STF sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo? H necessidade de observncia do art. 97 da Constituio pelos Tribunais? Nesse caso, entende o Pretrio Excelso que dispensvel encaminhar-se o tema constitucional ao Plenrio do Tribunal6. Segundo o STF, a reserva de plenrio da declarao de inconstitucionalidade funda-se na presuno de constitucionalidade das leis e atos normativos, somada a razes de segurana MXUtGLFD'HVVHPRGRDGHFLVmRSOHQiULDGR6XSUHPR7ULEXQDOGHFODUDWyULDGHinconstitucionalidade de norma, posto que incidente, sendo pressuposto QHFHVViULRHVXILFLHQWHDTXHR6HQDGROKHFRQILUDHIHLWRVHUJDRPQHVHOLGHDpresuno de sua constitucionalidade; a partir da, podem os rgos parciais dos outros tribunais acolh-la para fundar a deciso de casos concretos ulteriores, prescindido de submeter a questo de constitucionalidade ai seu prprio plenrio.

    A Lei 9.756 de 17.12.1998 introduziu pargrafo nico ao art. 481 da Lei 5.869 de 11.01.1973 (Cdigo de Processo Civil) nesse sentido, positivando a orientao do STF.

    E. Efeitos da deciso

    A deciso no controle de constitucionalidade incidental s alcana as SDUWHV GR SURFHVVR RX VHMD WHP HILFiFLD LQWHU SDUWHV $OpP GLVVR QmRvincula os demais rgos do Judicirio e a Administrao, por isso diz-se no vinculante.

    Os efeitos da deciVmRHPUHJUDVmRUHWURDWLYRVH[WXQFDWLQJLQGRa relao jurdica motivadora da deciso desde sua origem. Entretanto, poder o Supremo, por deciso de dois teros dos seus membros, em situaes especiais, tendo em vista razes de segurana jurdica ou relevante interesse QDFLRQDO GDU HIHLWRV SURVSHFWLYRV H[ QXQF j GHFLVmR RX IL[DU RXWURmomento para que sua eficcia tenha incio. Trata-se da chamada modulao de efeitos pelo Poder Judicirio.

    Questes de prova:

    3. (FCC/2012/TRT 6 Regio) Um juiz de primeiro grau, ao declarar a inconstitucionalidade de lei em sentena, pode, tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcional interesse social, determinar que a declarao de inconstitucionalidade tenha eficcia erga omnes ou decidir que ela s tenha eficcia a partir de seu trnsito em julgado.

    6 1 Turma do STF, RE 190.728, RE 191.898, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 22.08.1997.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 108

    Comentrios:

    As decises dos juzes de primeiro grau se do no controle difuso de FRQVWLWXFLRQDOLGDGHWHQGRHIHLWRLQWHUSDUWHVHH[QXQF4XHVWmRLQFRUUHWD 4. (FCC/2012/TRT 6 Regio) Um juiz de primeiro grau, ao declarar a inconstitucionalidade de lei em sentena, realiza controle de constitucionalidade difuso, no qual o exame da compatibilidade de uma lei com a Constituio incidental e relacionado a um determinado caso concreto.

    Comentrios:

    De fato, os juzes singulares apenas realizam controle de constitucionalidade difuso. Questo correta.

    5. (FCC/2012/TRE-SP) As decises proferidas pela maioria absoluta dos membros dos Tribunais, no exerccio do controle incidental de constitucionalidade, produzem efeitos contra todos e vinculantes relativamente aos demais rgos do Poder Judicirio.

    Comentrios:

    No controle incidental de constitucionalidade, as decises tm eficcia apenas entre as partes. Questo incorreta.

    F. ,QWHUYHQomRGH$PLFXV&XULDH, do Ministrio Pblico e de outros interessados

    O art. 29 da Lei 9.869/99 deu ao art. 482 do Cdigo de Processo Civil nova redao. Por meio desse dispositivo, permitiu-se que o Ministrio Pblico e as pessoas jurdicas de direito pblico responsveis pela edio do ato questionado, se assim o requererem, manifestem-se no incidente de inconstitucionalidade. Tambm os titulares do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituio podero manifestar-se, por escrito, sobre a questo constitucional objeto de apreciao pelo rgo especial ou pelo Pleno do Tribunal, sendo-lhes assegurado o direito de apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos. Por fim, o relator, considerando a relevncia da matria e a representatividade dos postulantes, poder admitir, por despacho irrecorrvel, a manifestao de outros rgos ou entidades.

    Alm disso, o Regimento Interno do STF prev que poder o relator ou o Presidente convocar audincia pblica para ouvir o depoimento de pessoas com experincia e autoridade em determinada matria, sempre que entender necessrio o esclarecimento de questes ou circunstncias de fato, com repercusso geral e de interesse pblico relevante, debatidas no mbito

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 108

    do Tribunal. Com isso, amplia-se a possibilidade de participao de terceiros interessados na resoluo de questes constitucionais.

    G. Atuao do Senado Federal

    O Senado Federal tem, por disposio constitucional, a faculdade de suspender, por meio de resoluo, ato declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso de constitucionalidadeFRQIHULQGRHILFiFLDJHUDOHUJDRPQHV j GHFLVmR GD &RUWH (VVH DWR WHP VHJXQGR D GRXWULQD PDMRULWiULDHIHLWRV ex tunc UHWURDWLYRV 7UDWD-se de ato poltico, que visa a conferir HILFiFLDHUJDRPQHVDXPDGHFLVmRSURIerida pelo STF no caso concreto. Como ato poltico que , a suspenso da norma no uma obrigao do Senado Federal. Caso o rgo permanea inerte, no h qualquer infrao ao ordenamento jurdico.

    Caso declare tal suspenso, entretanto, esta recair sobre tudo aquilo que foi declarado inconstitucional pelo STF. Exemplo: se o Pretrio Excelso considerou todo o texto legal inconstitucional, no pode o Senado suspend-lo apenas em parte. No pode a Casa Alta do Congresso Nacional restringir ou ampliar a extenso do julgado do STF.

    Outro ponto de destaque que, caso o STF em momento futuro, reveja sua opinio, considerando constitucional a norma outrora tida como invlida, a suspenso realizada pelo Senado Federal perde seus efeitos jurdicos.

    Por fim, deve-se observar que a atuao do Senado atinge no s as normas federais, mas tambm as estaduais e as municipais.

    H. Smula vinculante

    Com o objetivo de evitar que milhares de aes com mesmo objeto chegassem ao Supremo no mbito concreto, foi criada a smula vinculante pela Emenda Constitucional no 46/2004:

    Art. 103-A, CF/88. O Supremo Tribunal Federal poder, de ofcio ou por provocao, mediante deciso de dois teros dos seus membros, aps reiteradas decises sobre matria constitucional, aprovar smula que, a partir de sua publicao na imprensa oficial, ter efeito vinculante em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e administrao pblica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder sua reviso ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 108

    1 A smula ter por objetivo a validade, a interpretao e a eficcia de normas determinadas, acerca das quais haja controvrsia atual entre rgos judicirios ou entre esses e a administrao pblica que acarrete grave insegurana jurdica e relevante multiplicao de processos sobre questo idntica.

    2 Sem prejuzo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovao, reviso ou cancelamento de smula poder ser provocada por aqueles que podem propor a ao direta de inconstitucionalidade.

    3 Do ato administrativo ou deciso judicial que contrariar a smula aplicvel ou que indevidamente a aplicar, caber reclamao ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anular o ato administrativo ou cassar a deciso judicial reclamada, e determinar que outra seja proferida com ou sem a aplicao da smula, conforme o caso.

    A smula vinculante no tem eficcia sobre a funo tpica do Poder /HJLVODWLYR,VVRSDUDHYLWDUDFKDPDGDIRVVLOL]DomRFRQVWLWXFLRQDOWHUPRGHDXWRULD GR 0LQLVWUR GR 67) &H]DU 3HOXVR ([SOLFD R 0LQLVWUR TXH DVconstituies, enquanto planos normativos voltados para o futuro, no podem de maneira nenhuma perder sua flexibilidade e abertura. (...) Decerto, preciso preservar o equilbrio entre o Supremo e o Legislativo, cuja tarefa de criar leis no pode ficar reduzida, a ponto de prejudicar o espao democrtico-representativo de sua legitimidade poltica, fossilizando, assim, a prpria Constituio de 1988, que consagra a harmonia entre os Poderes (CF, art.

    A iniciativa para aprovao, reviso ou cancelamento da smula vinculante pode se dar por iniciativa do prprio Tribunal (de ofcio) ou pela iniciativa dos legitimados arrolados na Lei 11.417/2006:

    Art. 3o So legitimados a propor a edio, a reviso ou o cancelamento de enunciado de smula vinculante:

    I - o Presidente da Repblica; II - a Mesa do Senado Federal; III a Mesa da Cmara dos Deputados; IV o Procurador-Geral da Repblica; V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI - o Defensor Pblico-Geral da Unio; VII partido poltico com representao no Congresso Nacional; VIII confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional; IX a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal; X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 108

    XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justia de Estados ou do Distrito Federal e Territrios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.

    O municpio tambm legitimado a propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edio, a reviso ou o cancelamento de enunciado de smula vinculante, o que no autoriza a suspenso do processo.

    A aprovao, reviso ou cancelamento de smula vinculante exige deciso de 2/3 dos membros do STF (oito Ministros), em sesso plenria.

    Somente a partir da publicao na imprensa oficial o enunciado da smula passar a ter efeito vinculante em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e Administrao Pblica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

    Em geral, a eficcia da smula vinculante imediata. Entretanto, tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcional interesse pblico, o STF poder, por deciso de 2/3 dos seus membros, restringir seus efeitos ou decidir que a smula s tenha eficcia a partir de outro momento.

    Caso seja praticado ato ou proferida deciso que contrarie os termos da smula, a parte prejudicada poder intentar reclamao diretamente perante o STF. Salienta-se, contudo, que o uso da reclamao s ser admitido aps o esgotamento das vias administrativas.

    I. Os meios de acesso ao controle difuso do STF

    O STF, como guardio da Constituio e instncia mxima da jurisdio brasileira, soluciona demandas que j foram decididas em ltima ou nica instncia por outros rgos do Poder Judicirio ou a ele submetidas por sua competncia originria. Nesse sentido, vrias so as aes apreciadas pela Corte Excelsa em sede de controle difuso de constitucionalidade. o caso dos PDQGDGRV GH VHJXUDQoD RX KDEHDV FRUSXV TXH WHQKDP FRPR SDFLHQWHdetentor de foro especial no STF, por exemplo.

    Atualmente, o recurso extraordinrio o principal meio de acesso jurisdio do STF.

    J. Modulao Temporal

    O STF pode, ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcional interesse social, por maioria de dois teros de seus membros, restringir os efeitos daquela declarao ou decidir que ela s tenha eficcia a partir de seu

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 108

    trnsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.. Trata-se da chamada modulao temporal dos efeitos da deciso.

    Essa tcnica foi utilizada pelo STF em vrios de seus julgados, como, por exemplo, a ADI 3.022/2004, o HC 82.959 e os Recursos Extraordinrios 560.626, 556.664 e 559.882. Nesses julgados, o Pretrio Excelso declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos, mas, considerando a repercusso e a insegurana jurdica desses casos, modulou os efeitos da deciso.

    6. (FCC/2012/TRE-SP) O controle de constitucionalidade no pode ser exercido por juzes em estgio probatrio. Comentrios:

    A Constituio no faz essa ressalva. Tambm os juzes substitutos podem exercer controle de constitucionalidade. Questo incorreta. 7. (FCC/2010/MPE-SE) A inconstitucionalidade formal decorrente da desconformidade do seu processo de elaborao com alguma regra ou princpio da Constituio. Comentrios:

    Na inconstitucionalidade formal ou normodinmica, o desrespeito se d quanto ao processo de elaborao da norma, preconizado pela Constituio. Questo correta.

    8. (FCC/2009/TCE-PI) No julgamento da Ao Direta de Inconstitucionalidade n 1.127-8, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a expresso "ou desacato", contida no 2 do artigo 7 da Lei n 8.906, de 1994, a seguir transcrito na ntegra: "O advogado tem imunidade profissional, no constituindo injria, difamao ou desacato punveis qualquer manifestao de sua parte, no exerccio de sua atividade, em juzo ou fora dele, sem prejuzo das sanes disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer." Nesse caso, o Supremo Tribunal Federal procedeu declarao parcial de inconstitucionalidade do texto normativo submetido sua apreciao. Comentrios:

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 108

    No Brasil, o Judicirio pode declarar a inconstitucionalidade parcial

    de frao de artigo, pargrafo, inciso, alnea ou at mesmo sobre uma nica palavra ou expresso do ato normativo. Trata-se do chamado princpio da parcelaridade. Questo correta.

    9. (FCC/2008/TCE-SP) Por fora da Emenda Constitucional no 52, de 8 de maro de 2006, foi dada nova redao ao 1o do artigo 17 da Constituio da Repblica, estabelecendo-se inexistir obrigatoriedade de vinculao entre as candidaturas dos partidos polticos em mbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Referido dispositivo foi objeto de impugnao por meio de ao direta de inconstitucionalidade, ao final julgada procedente, pelo Supremo Tribunal Federal, para o fim de declarar que a alterao promovida pela referida emenda constitucional somente fosse aplicada aps decorrido um ano da data de sua vigncia (ADI 3685-DF, Rel. Min. Ellen Gracie, publ. DJU de 10 ago. 2006). Na hiptese relatada, o Supremo Tribunal Federal procedeu : a) interpretao, conforme a Constituio, sem reduo de texto normativo. b) declarao parcial de inconstitucionalidade, com reduo de texto normativo. c) declarao total de inconstitucionalidade, com reduo de texto normativo. d) interpretao, conforme a Constituio, com reduo de texto normativo. e) declarao de situao de norma ainda constitucional. Comentrios: A declarao parcial de nulidade sem reduo de texto uma tcnica usada pelo STF para declarar a inconstitucionalidade de determinadas aplicaes da lei sem excluir parte de seu texto. usada quando a supresso de parte do texto legal impossvel, por subverter completamente a vontade do legislador ou por levar consigo dispositivos constitucionais. Nesses casos, o STF considera que aquela lei no poder ser aplicada a determinadas pessoas ou situaes, enquanto para as demais permanecer vlida. A letra A o gabarito da questo.

    10. (FCC/2007/TCE-MG) Por fora de lei promulgada em 2001, inseriu-se no Cdigo de Processo Civil a possibilidade de o magistrado impor multa queles que, participantes do processo, praticassem atos especificados de obstruo da Justia, ressalva feita aos advogados que se sujeitassem exclusivamente aos estatutos da Ordem dos Advogados do Brasil. Referido dispositivo foi objeto de impugnao por meio de ao direta de inconstitucionalidade, ao final julgada procedente pelo Supremo Tribunal Federal, para o fim de "declarar que a ressalva contida na parte inicial desse artigo alcana todos os advogados, com esse ttulo atuando em juzo, independentemente de

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 108

    estarem sujeitos tambm a outros regimes jurdicos" (ADI 2652-DF, Rel. Min. Maurcio Corra, publ. DJU de 14 nov. 2003). Na hiptese relatada, procedeu o Supremo Tribunal Federal : a) interpretao conforme a Constituio, sem reduo de texto normativo. b) declarao parcial de inconstitucionalidade, com reduo de texto normativo. c) declarao total de inconstitucionalidade, com reduo de texto normativo. d) interpretao conforme a Constituio, com reduo de texto normativo. e) declarao de situao de norma ainda constitucional.

    Comentrios:

    Novamente, aplica-se a interpretao conforme a Constituio, sem reduo de texto. A letra A o gabarito.

    11. (FCC/1999/TJ-RJ) Conforme a Constituio brasileira e a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, dentre os atos sujeitos ao controle concentrado de constitucionalidade no Brasil incluem-se as leis anteriores Constituio, fulminadas pelo vcio da inconstitucionalidade superveniente e os decretos normativos regulamentares. Comentrios:

    O STF no admite a inconstitucionalidade superveniente, de uma norma primria em relao a uma Constituio posterior. Isso porque, como j dissemos, nesse caso a Constituio revoga a norma primria incompatvel. No se trata de inconstitucionalidade, mas de revogao. Questo incorreta.

    12. (FCC/2007/TCE-MG) O MXGLFLDOUHYLHZFRPRVHQGRDIDFXOGDGHque as Constituies outorgam ao Poder Judicirio de declarar a inconstitucionalidade de lei e de outros atos do Poder Pblico que contrariem, formal ou materialmente, preceitos ou princpios constitucionais, como ocorre nos Estados Unidos da Amrica do Norte, caracteriza o controle como jurisdicional. Comentrios:

    De fato, o sistema de controle judicial adotado pelos EUA, cabendo ao Poder Judicirio a declarao da constitucionalidade das leis. Questo correta.

    13. (FCC/2009/TRT 16 Regio) No Brasil, o controle de constitucionalidade repressivo jurdico ou judicirio misto, pois exercido tanto da forma concentrada, quanto da forma difusa.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 108

    Comentrios: De fato, essa a modalidade de controle de constitucionalidade exercida pelo Brasil. Questo correta. 14. (FCC/2007/TCE-MG) Quando a Constituio submete certas categorias de leis ao controle poltico e outras ao controle jurisdicional, em que as leis federais ficam sob o controle do Congresso Nacional, e as leis locais sob o controle dos Tribunais Superiores, como ocorre na Sua, caracteriza-se o controle como poltico, por ser este o predominante. Comentrios: Nesse caso, tem-se o controle de constitucionalidade misto. Questo incorreta. 15. (FCC/2007/TCE-MG - adaptada) Considera-se mecanismo de controle poltico de constitucionalidade o veto do Presidente da Repblica a projeto de lei, ordinria ou complementar, por contrariedade ao interesse pblico. Comentrios: Nesse caso, no h controle de constitucionalidade, mas mero juzo poltico sobre o projeto de lei. Haveria controle de constitucionalidade poltico se o veto se desse por inconstitucionalidade do projeto. Questo incorreta. 16. (FCC/2007/TCE-MG) Considera-se mecanismo de controle poltico repressivo de constitucionalidade a deciso do Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado em que se modulem os efeitos de seu alcance temporal. Comentrios: Tem-se, nesse caso, o controle judicial ou jurisdicional de constitucionalidade. Questo incorreta. 17. (FCC/2007/TCE-MG) Considera-se mecanismo de controle poltico repressivo de constitucionalidade a suspenso, pelo Senado Federal, da execuo total ou parcial de lei declarada inconstitucional por deciso definitiva do Supremo Tribunal Federal. Comentrios: Agora sim, tem-se um caso de controle poltico (exercido pelo Poder Legislativo) de constitucionalidade. Questo correta.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 108

    18. (FCC/2010/TRE-AM) No que diz respeito ao controle repressivo em relao ao rgo controlador, a ocorrncia em Estados onde o rgo que garante a supremacia da Constituio sobre o ordenamento jurdico distinto dos demais Poderes do Estado caracteriza espcie de controle: a) indeterminado. b) jurdico. c) judicirio. d) misto. e) poltico. Comentrios: No caso proposto no enunciado, h um rgo poltico, que no faz parte de qualquer dos Poderes do Estado, encarregado de realizar o controle de constitucionalidade. A letra E a alternativa da questo. 19. (FCC/2009/TRT 16 Regio) cabvel a realizao de controle de constitucionalidade difuso ou concentrado em relao a normas elaboradas em desrespeito ao devido processo legislativo, por flagrante inconstitucionalidade formal. Comentrios:

    De fato, pode-se declarar a inconstitucionalidade formal de norma elaborada em desrespeito ao devido processo legislativo tanto em sede de controle difuso quanto de concentrado. Questo correta.

    20. (FCC/2010/PGE-AM) Aos juzes de primeiro grau no cabe declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, ainda que incidentalmente no processo, tendo em vista a clusula de "reserva de plenrio" prevista na Constituio Federal. Comentrios: Podem sim, os juzes de primeiro grau, determinarem a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, em controle incidental. Questo incorreta. 21. (FCC/2006/TCE-PB) O sistema brasileiro, a despeito de sua complexidade, jamais atribuiu aos rgos do Poder Legislativo instrumentos de controle poltico repressivo de constitucionalidade. Comentrios:

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 108

    Como vimos, pode o Legislativo realizar controle repressivo de constitucionalidade. o caso, por exemplo, de decreto legislativo que suspenda a execuo de decreto que exorbite do poder regulamentar (art. 49, V, CF). Questo incorreta. 22. (FCC/2006/MPE-PE) correto afirmar que o controle da constitucionalidade das leis pode ser preventivo e repressivo, sendo, de regra, o primeiro exercido tanto pelo Poder Legislativo como pelo Poder Executivo e, o segundo, pelo Poder Judicirio. Comentrios: De fato, no Brasil o controle de constitucionalidade pode ser tanto repressivo quanto preventivo. O controle repressivo de competncia do Judicirio e do Legislativo (arts. 49, V e 62, da CF). J o preventivo exercido pelo Legislativo (arts. 22, 47-49, 58, 60-62, 64 e 65, da CF) e pelo Executivo, por meio do veto jurdico (art. 66, 1, CF).

    Questo correta.

    23. (FCC/2010/PGE-AM) Aos juzes de primeiro grau no cabe declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, ainda que incidentalmente no processo, tendo em vista a clusula de "reserva de plenrio" prevista na Constituio Federal. Comentrios:

    Os juzes de primeiro grau podem, sim, declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, por meio do controle difuso de FRQVWLWXFLRQDOLGDGH$FOiXVXODGHUHVHUYDGHSOHQiULRFRPRYLPRVDSOLFD-se a Tribunais. Questo incorreta.

    24. (FCC/2010/TJ-MS) No exerccio do controle de constitucionalidade no Direito brasileiro, juiz de primeiro grau, nos autos de processos de sua competncia, pode declarar a Inconstitucionalidade de leis, inclusive de ofcio, o que no permitido a desembargador fora da composio plenria ou do rgo especial que exera competncias jurisdicionais por delegao do tribunal pleno (salvo se houver precedente da prpria Corte ou do Supremo Tribunal Federal ). Comentrios:

    De fato, pode o juiz de primeiro grau declarar, no controle difuso e na via incidental, a inconstitucionalidade das leis, inclusive de ofcio. Tambm os tribunais podem faz-lo sendo, entretanto, necessrio obedincia clusula da UHVHUYD GH SOHQiULR, nos termos do art. 97 da CF/88. Nesse caso, a

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 108

    inconstitucionalidade somente poder ser declarada pelo voto da maioria absoluta dos membros do tribuna ou por seu rgo especial.

    Contudo, a exigncia de reserva de plenrio s se aplica apreciao da primeira controvrsia referente inconstitucionalidade de uma lei. Caso j tenha havido deciso do plenrio ou do rgo especial do respectivo tribunal, ou do plenrio do STF declarando a inconstitucionalidade da lei analisada no caso concreto, podero os rgos fracionrios ou monocrticos proclamarem a inconstitucionalidade daquele ato normativo.

    Questo correta.

    25. (FCC/2010/TJ-PI) Os Tribunais de Justia Estaduais, no controle de constitucionalidade, participam do controle de constitucionalidade difuso, podendo declarar a inconstitucionalidade de leis desde que respeitem a clusula de reserva de plenrio. Comentrios:

    De fato, os Tribunais de Justia so competentes para realizar o controle GLIXVR GH FRQVWLWXFLRQDOLGDGH REHGHFLGD D FOiXVXOD GH UHVHUYD GR SOHQiULR(art. 97, CF). Questo correta. 26. (FCC/2011/PGE-RO) uma das caractersticas da ao direta de inconstitucionalidade no controle abstrato das normas na Constituio )HGHUDOEUDVLOHLUDUHVXOWDUHPXPDGHFLVmRMXGLFLDOILQDOFRPHIHLWRH[WXQF VHPSUH QmR VH DGPLWLQGR D PRGXODomR GH HIHLWos pelo Poder Judicirio. Comentrios:

    A deciso no controle de constitucionalidade incidental s alcana as SDUWHV GR SURFHVVR RX VHMD WHP HILFiFLD LQWHU SDUWHV $OpP GLVVR QmRvincula os demais rgos do Judicirio e a Administrao, por isso diz-se no vinculante.

    2VHIHLWRVGDGHFLVmRHPUHJUDVmRUHWURDWLYRVH[WXQFDWLQJLQGRa relao jurdica motivadora da deciso desde sua origem. Entretanto, poder o Supremo, por deciso de dois teros dos seus membros, em situaes especiais, tendo em vista razes de segurana jurdica ou relevante interesse QDFLRQDO GDU HIHLWRV SURVSHFWLYRV H[ QXQF j GHFLVmR RX IL[DU RXWURmomento para que sua eficcia tenha incio. Trata-se da chamada modulao de efeitos pelo Poder Judicirio.

    Questo incorreta.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 108

    27. (FCC/2006/PM Jaboato dos Guararapes) A Constituio atribui competncia ao Senado Federal para a suspenso, no todo ou em parte, da execuo de lei declarada inconstitucional por deciso definitiva do Supremo Tribunal Federal. Comentrios:

    O Senado Federal tem, por disposio constitucional, a faculdade de suspender, por meio de resoluo, ato declarado inconstitucional pelo STF em controle difuso de constitucionalidade FRQIHULQGR HILFiFLD JHUDO HUJDRPQHV j GHFLVmR GD &RUWH (VVH DWR WHP segundo a doutrina majoritria, HIHLWRVex tuncUHWURDWLYRV Caso declare tal suspenso, entretanto, esta recair sobre tudo aquilo que foi declarado inconstitucional pelo STF. Exemplo: se o Pretrio Excelso considerou todo o texto legal inconstitucional, no pode o Senado suspend-lo apenas em parte.

    Questo correta.

    28. (FCC/2006/TCE-AM) Compete ao Supremo Tribunal Federal editar smula com efeitos vinculantes em relao aos demais rgos do Poder Judicirio, administrao pblica direta e indireta e ao Poder Legislativo. Comentrios: Com o objetivo de evitar que milhares de aes com mesmo objeto chegassem ao Supremo no mbito concreto, foi criada a smula vinculante pela Emenda Constitucional no 46/2004:

    Art. 103-A, CF/88. O Supremo Tribunal Federal poder, de ofcio ou por provocao, mediante deciso de dois teros dos seus membros, aps reiteradas decises sobre matria constitucional, aprovar smula que, a partir de sua publicao na imprensa oficial, ter efeito vinculante em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e administrao pblica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder sua reviso ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

    A smula vinculante no tem eficcia sobre a funo tpica do Poder /HJLVODWLYR,VVRSDUDHYLWDUDFKDPDGDIRVVLOL]DomRFRQVWLWXFLRQDOWHUPRGHDXWRULD GR 0LQLVWUR GR 67) &H]DU 3HOXVR ([SOLFD R 0LQLVWUR TXH DVconstituies, enquanto planos normativos voltados para o futuro, no podem de maneira nenhuma perder sua flexibilidade e abertura. (...) Decerto, preciso preservar o equilbrio entre o Supremo e o Legislativo, cuja tarefa de criar leis no pode ficar reduzida, a ponto de prejudicar o espao democrtico-

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 108

    representativo de sua legitimidade poltica, fossilizando, assim, a prpria Constituio de 1988, que consagra a harmonia entre os Poderes (CF, art. Questo incorreta.

    29. (FCC/2006/TCE-AM) Compete ao Supremo Tribunal Federal editar smula com efeitos vinculantes em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e administrao pblica direta e indireta federal, mas no em relao estadual. Comentrios: A smula vinculantes tem efeitos sobre a administrao pblica de todos os entes federativos (art. 103-$FDSXW&)4XHVWmRLQFRUUHWD 30. (FCC/2006/TCE-AM) Compete ao Supremo Tribunal Federal editar smula com efeitos vinculantes em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e administrao pblica direta e indireta federal, mas no em relao estadual. Comentrios: A smula vinculantes tem efeitos sobre a administrao pblica de todos os entes federativos (art. 103-$FDSXW&)4XHVWmRLQFRUUHWD 31. (FCC/2006/TCE-AM) Compete ao Supremo Tribunal Federal editar smula com efeitos vinculantes sendo vedada sua aprovao por ato de ofcio do Tribunal. Comentrios:

    A iniciativa para aprovao, reviso ou cancelamento da smula vinculante pode se dar por iniciativa do prprio Tribunal (de ofcio) ou pela iniciativa dos legitimados arrolados na Lei 11.417/2006. Questo incorreta.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 108

    Controle abstrato

    O controle abstrato possui vrias denominaes, a que voc deve se habituar: controle concentrado, controle LQDEVWUDWRFRQWUROHGLUHWRFRQWUROHpor via de ao, controle por via principal e controle em tese.

    Esse controle, como j dissemos, exercido em tese, sem relao com um caso concreto, por um tribunal com competncia especfica e originria (no recursal). Quando realizado em face da Constituio Federal, exercido exclusivamente perante o STF, por meio das aes a seguir:

    x Ao direta de inconstitucionalidade genrica (ADI); x Ao direta de inconstitucionalidade por omisso (ADO);

    x Ao declaratria de constitucionalidade (ADC); x Ao direta de inconstitucionalidade interventiva (ADI interventiva);

    x Arguio de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). 1. Ao direta de inconstitucionalidade genrica (ADI)

    A ao direta de inconstitucionalidade , sem dvida, a mais cobrada em concursos. Ateno para os detalhes que estudaremos a seguir!

    A primeira Constituio a tratar dessa ao foi a de 1946, aps a EC no 16/1965. Antes dessa previso, o controle de constitucionalidade realizado no Brasil era apenas o difuso, previsto na Constituio de 1981.

    i. Competncia Compete exclusivamente ao STF processar e julgar, originariamente, a ao direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual em face da Constituio Federal.

    ii. Parmetro de Controle

    A Constituio em vigor o nico parmetro do controle abstrato de FRQVWLWXFLRQDOLGDGH DUW , D &) 1HVVH VHQWLGR R 67) FRQVLGHUDinadmissvel a aferio de constitucionalidade de ato em face de norma constitucional j revogada7. Nesse caso, o controle de constitucionalidade s possvel na via incidental.

    Entretanto, entende a Corte que possvel o exame de constitucionalidade caso o parmetro de controle (norma constitucional) tenha sido modificado aps a propositura da ao8. O Tribunal Excelso acolheu 7 Rp. 1.016, Rel. Min. Moreira Alves, RTJ, 95 (3)/993.

    8 ADI 509, Rel. Min. Menezes Direito, deciso de 01.08.2008, DJ de 08.09.2008.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 108

    questo de ordem para afirmar que a revogao ou alterao superveniente de parmetro de controle no impede o conhecimento da ao em relao norma constitucional em vigor quando da propositura da ao. Caso a norma ordinria impugnada venha a ser declarada inconstitucional, o processo restaria integralmente concludo. Caso, porm, a lei fosse reconhecida como constitucional, a questo, conforme doutrina majoritria, seria examinada em sede de ADI, mas com caractersticas de controle incidental, para averbar a recepo ou no do direito ordinrio9.

    Destaca-se, ainda, que por fora do 3 do art. 5 da Constituio, tratado sobre direitos humanos incorporado ao ordenamento jurdico pelo procedimento legislativo de emenda constitucional ser, tambm parmetro de controle de constitucionalidade. Isso porque esse tratado adquirir fora de emenda constitucional.

    iii. Legitimao ativa So legitimados a propor ADI perante o STF:

    Art. 103. Podem propor a ao direta de inconstitucionalidade: e a ao declaratria de constitucionalidade:

    I - o Presidente da Repblica;

    II - a Mesa do Senado Federal;

    III - a Mesa da Cmara dos Deputados;

    IV - a Mesa de Assemblia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal;

    V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

    VI - o Procurador-Geral da Repblica;

    VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

    VIII - partido poltico com representao no Congresso Nacional;

    IX - confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional.

    Dentre esses legitimados, apenas dois necessitam de advogado para a propositura da ao: partido poltico com representao no Congresso 9 Mendes, Gilmar; Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6 edio, 3 tiragem, 2011. Ed.

    Saraiva.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 108

    Nacional e confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional. No curso do processo, entretanto, podero praticar todos os atos, sem necessidade de advogado, segundo entendimento do STF. Outro ponto importante a se destacar que segundo o STF, a aferio da legitimidade do partido poltico para propor a ao deve ser feita no momento da propositura da mesma. Caso haja perda superveniente de representao do partido no Congresso Nacional, isso no o desqualifica como legitimado ativo. Alm disso, entende a Corte que suficiente, para a instaurao do controle abstrato, a deciso do presidente do partido, no havendo necessidade de manifestao de seu diretrio.

    Destaca-se tambm que o STF admite a instaurao do controle abstrato SRU DVVRFLDo}HV GH DVVRFLDo}HV RX VHMD DVVRFLDo}HV TXH FRQJUHguem apenas pessoas jurdicas. Entretanto, para a Corte as centrais sindicais no tm legitimidade ativa para instaurar o controle abstrato, uma vez que a legitimidade alcana somente as confederaes sindicais.

    Ressalta-se, ainda, que o Pretrio Excelso diferencia os legitimados em dois grupos: legitimados universais e legitimados especiais. Os primeiros compreendem aqueles que podem propor ADI sobre qualquer matria; os segundos, aqueles que s podem propor ADI quando haja comprovado interesse de agir, ou seja, pertinncia entre a matria do ato impugnado e as funes exercidas pelo legitimado. Veja como se classificam os legitimados na tabela a seguir:

    Por fim, importante saber que a Constituio de 1988 rompeu com o monoplio do Procurador-Geral da Repblica para a propositura de aes no controle abstrato de constitucionalidade. Houve um significativo aumento do nmero de legitimados, conforme se verifica no art. 103 da Carta Magna.

    Legitimados universais

    Presidente da Repblica

    Procurador-Geral da Repblica

    Mesa do Senado Federal e da Cmara dos Deputados

    Conselho Federal da OAB

    Partido poltico com representao no Congresso Nacional

    Legitimados especiais

    Governador de Estado e do DF

    Mesa de Assembleia Legislativa e da Cmara Legislativa do DF

    Confederao sindical ou entidade de classe de mbito

    nacional

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 108

    Questo de prova:

    32. (FCC/2012/TRT 4 Regio/Juiz) Governador do Estado do Paran ajuizou ao direta de inconstitucionalidade, perante o Supremo Tribunal Federal, tendo por objeto o artigo 78, 3, da Constituio do Estado, segundo o qual "as decises fazendrias de ltima instncia, contrrias ao errio, sero apreciadas pelo Tribunal de Contas em grau de recurso" (ADI 523, Rel. Min. Eros Grau). A esse respeito, luz da disciplina constitucional da matria, correto afirmar que o Governador do Estado no possui legitimidade para ajuizar ao direta de inconstitucionalidade que tenha por objeto dispositivo da Constituio estadual, fruto que esta do poder constituinte decorrente, institudo pelo poder constituinte originrio.

    Comentrios:

    O Governador de Estado , sim, legitimado a propor ADI (art. 103, V, CF). Questo incorreta.

    iv. Objeto

    A ADI instrumento para aferio da validade de lei ou ato normativo federal ou estadual, editados posteriormente promulgao da Constituio Federal. Portanto, o direito municipal bem como as leis e atos normativos do Distrito Federal editados no desempenho de sua competncia municipal no podero ser impugnados em sede de ADI.

    Tambm no podero ser objeto de ADI as normas constitucionais originrias, segundo o STF10. 1DVSDODYUDVGH -RUJH0LUDQGD QR LQWHULRU GDmesma Constituio originria, obra do mesmo poder constituinte formal, no divisamos como possam surgir normas inconstitucionais. Nem vemos como rgos de fiscalizao institudos por esse poder seriam competentes para apreciar e no aplicar, com base na Constituio, qualquer de suas normas. um princpio de identidade ou de no contradio que o impede11 Outro ponto a se destacar que s podem ser impugnados via ADI atos que possuam normatividade, ou seja, generalidade e abstrao. Atos de efeitos concretos, em regra, no podem ser objeto de controle abstrato de constitucionalidade.

    Entretanto, em julgado recente o STF abriu uma exceo. Como toda exceo costuma ser bastante cobrada em concursos, guarde bem esta!

    10

    ADI-AgR 4.097/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, Julgamento 08.10.2008.

    11 Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, Coimbra, Coimbra Ed., 2001.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 108

    Segundo a Corte Suprema, atos de efeitos concretos aprovados sob a forma de lei em sentido estrito, elaborada pelo Poder Legislativo e aprovada pelo Chefe do Executivo. Com esse entendimento, a Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) passou a ser passvel de fiscalizao via ADI, modificando a orientao anterior da Corte.

    No que se refere jurisprudncia, destaca-se tambm que o STF no admite impugnao em ADI de leis e atos normativos revogados, nem de normas cuja eficcia tenha se esgotado, como seria o caso, por exemplo, de medida provisria rejeitada pelo Congresso Nacional. Como a ADI tem por objetivo expurgar a norma invlida do ordenamento jurdico, no faz sentido a anlise da ao se a norma no mais integra o Direito vigente. Mesmo que a revogao tenha se dado aps a impugnao do ato via ADI, a ao restar prejudicada, total ou parcialmente, por falta de objeto (STF, RTJ, 130:1002).

    Tambm vlido destacar que as smulas no possuem normatividade, por isso no podem ser objeto de controle concentrado (STF, ADI 594-MC/DF). Isso vale, inclusive, para as smulas vinculantes, que no possuem caractersticas de ato normativo.

    Por fim, o STF no admite a inconstitucionalidade indireta ou reflexa, que ocorre quando se faz necessrio o exame do contedo de outras normas infraconstitucionais ou da matria de fato (STF, RTJ, 164:897). Nesse caso, o ato infralegal desobedece a lei, havendo que se falar em mero controle de legalidade. Por esse motivo, o STF no tem competncia para apreciar, via ADI, a adequao entre leis editadas sob a gide de Constituies anteriores e a Constituio de 1988.

    Ponto importante diz respeito possibilidade de as medidas provisrias serem objeto de ADI. A jurisprudncia pacfica no sentido de que medidas provisrias podem sofrer controle abstrato12. Entretanto, cabe destacar que a ao direta de inconstitucionalidade precisa ser aditada caso a medida provisria seja convertida em lei13. Por outro lado, caso a medida provisria seja rejeitada ou no seja apreciada, dentro do prazo constitucionalmente estabelecido, pelo Congresso Nacional, a ao direta de inconstitucionalidade restar prejudicada14.

    Outra questo digna de nota a possibilidade de os decretos legislativos que contenham a aprovao do Congresso Nacional aos tratados e autorizao para que o Presidente da Repblica os ratifique em nome do Brasil (CF, art. 49, I) serem objeto de ADI. O controle abstrato possvel, sim, aps a

    12

    ADI 293, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 16.04.1993; ADI 427, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 01.02.1991.

    13 ADI 1.922, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ de 18.05.2007.

    14 ADI 525, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 04.09.1991; ADI 529, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 04.09.1991.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 108

    promulgao do decreto legislativo, por se tratar de ato legislativo que produz consequncias para a ordem jurdica15. O mesmo vale para o decreto do Chefe do Executivo que promulga os tratados e convenes internacionais.

    v. Causa de pedir aberta

    O controle abstrato realizado pelo Poder Judicirio est sujeito ao denominado princpio do pedido, ou seja, deve haver provocao de algum legitimado para que possa haver a fiscalizao da validade das leis.

    Todavia, o Supremo Tribunal poder utilizar como fundamento para a declarao de inconstitucionalidade da lei ou parte dela um dispositivo constitucional diferente daquele apontado pelo autor em seu pedido. Trata-se da chamada causa de pedir aberta.

    vi. Imprescritibilidade

    No h prazo prescricional ou decadencial para a propositura da ADI. Salienta-se apenas que o controle abstrato em sede de ADI s pode ter como objeto leis ou atos normativos expedidos aps a entrada em vigor da Constituio de 1988. Alm disso, as leis e atos normativos devero estar em seu perodo de vigncia para serem objeto da ao.

    Questo de prova:

    33. (FCC/2012/TRE-SP) A pretenso deduzida em ao direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo prescreve em vinte anos. Comentrios:

    No h prazo prescricional para a pretenso, em face de ADI. Questo incorreta.

    vii. Impossibilidade de desistncia Proposta a ADI, o autor da ao no poder dela desistir. Isso porque o

    controle abstrato processo objetivo, que tem como fim a defesa do ordenamento jurdico. Uma vez proposta a ao, dado o interesse pblico, o legitimado no pode impedir seu curso. Isso tambm vale para a medida cautelar em sede de ADI.

    viii. Impossibilidade de interveno de terceiros No se admite interveno de terceiros no processo de ADI, por ser este

    objetivo, no qual inexistem partes e direitos subjetivos envolvidos. Isso

    15

    Rp. 803, Rel. Min. Djaci Falco, RTJ 84/724 e s.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 108

    significa que no pode um terceiro entrar no processo alegando interesse no objeto da ao.

    ix. Admissibilidade de DPLFXVFXULDHDPLJRGD&RUWH

    Entidades e rgos podem solicitar ao relator da ADI o direito de se manifestarem sobre o assunto discutido. O relator levar, ento, em considerao, a relevncia da matria e a representatividade dos postulantes para deferir ou no pedido.

    x. Atuao do Advogado-Geral da Unio (AGU) e do Procurador-Geral da Repblica (PGR)

    O Advogado-Geral da Unio, no processo de ADI, atua, em regra, em defesa da constitucionalidade da norma impugnada, com base na competncia que lhe atribuda no art. 103, 3, da CF/88. Cabe destacar, porm, que o Supremo Tribunal Federal entende que possvel que este deixe de defender a norma cuja constitucionalidade est sendo questionada, de acordo com sua convico jurdica.

    J o Procurador-Geral da Repblica, chefe do Ministrio Pblico da Unio, atua como fiscal da Constituio, devendo opinar com independncia para cumprir seu papel de defesa do ordenamento jurdico. Sua manifestao imprescindvel para o processo, sendo obrigatria sua participao opinando sobre a procedncia ou improcedncia da ao. Esse parecer, salienta-se, no vincula o STF.

    Destaca-se que, de acordo com o STF, a autonomia do PGR subsiste mesmo quando ele atuou previamente como autor da ao, podendo ele opinar, inclusive, pela improcedncia da mesma.

    xi. Medida cautelar &DEH SHGLGR GH FDXWHODU HP$', GH DFRUGR FRPR DUW , S GD&) 8PD YH] SUHVHQWHV RV UHTXLVLWRV IXPX ERQL MXULV UD]RDELOLGDGHUHOHYkQFLDHSODXVLELOLGDGHGRSHGLGRHSHULFXOXPLQPRUDSHULJRGHKDYHUdanos causados pela demora da tramitao e do julgamento do processo), o STF apreciar o pedido.

    A medida cautelar concedida por deciso da maioria absoluta dos membros do Tribunal (seis votos), devendo estar presentes na sesso, pelo menos, oito. Ministros, salvo no perodo de recesso, quando poder ser FRQFHGLGD SHOR 3UHVLGHQWH 7ULEXQDO DG UHIHUHQGXP GR 7ULEXQDO 3OHQRFuturamente, como o prprio nome diz, a deciso dever ser referendada, ou seja, aprovada, pelo Plenrio.

    Outro detalhe interessante que tendo em vista a relevncia da matria e seu significado especial para a ordem social e a segurana jurdica, o relator

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 108

    poder propor ao Plenrio que converta o julgamento da medida cautelar em julgamento definitivo de mrito.

    O incio da produo de efeitos pela medida cautelar se d com a publicao, no Dirio de Justia da Unio, da ata de julgamento do pedido, ressalvadas as situaes excepcionais expressamente reconhecidas pelo STF. (P UHJUD RV HIHLWRV GD PHGLGD VmR H[ QXQF SRUpP H[FHSFLRQDOPHQWHSRGHUi VHU FRQFHGLGD FRP HILFiFLD H[ WXQF GHVGH TXH R 67) GHFLGDH[SUHVVDPHQWH QHVVH VHQWLGR $OpP GLVVR p GRWDGD GH HILFiFLD JHUDO HUJDRPQHVHHIHLWRYLQFXODQWHHPUHODomRDRVdemais rgos do Poder Judicirio e Administrao Pblica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

    Dada sua caracterstica de ser vinculante, a medida tambm tem automaticamente o condo de suspender, durante o perodo de sua eficcia, o julgamento de todos os processos que envolvam a aplicao da lei ou ato normativo objeto da ao. Com isso, provoca a repristinao das normas eventualmente revogadas pela lei ou ato normativo impugnado. Isso significa que aquelas normas revogadas pela lei ou ato normativo suspenso tornam-se novamente aplicveis, salvo manifestao do STF em sentido inverso. a YROWDGRVPRUWRV-YLYRV No que se refere repristinao, importante destacar que esta s pode ser afastada pelo STF quando houver pedido expresso do autor da ADI.

    Por fim, saliento que, em regra, a liminar em ADI suspende provisoriamente tanto a eficcia quanto a vigncia da lei impugnada. Isso justifica a repristinao das normas por ela revogadas.

    xii. Deliberao

    A deciso de mrito da ADI tem como requisito a presena, na sesso, de pelo menos oito 0LQLVWURVGR67)6HPHVVHTXRUXPHVSHFLDOQmRSRGHhaver deciso deliberativa. A proclamao da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade da norma ou do dispositivo impugnado depender, ento, da manifestao de pelo menos seis Ministros em um sentido ou em outro, GHYLGRjUHVHUYDGHSOHQiULRTXHMiHVWXGDPRV Caso no se alcance o nmero de seis votos, estando ausentes Ministros em nmero suficiente para influir no julgamento, esse ser suspenso para aguardar o comparecimento dos Ministros ausentes, at que se atinja o nmero necessrio para a deciso num ou noutro sentido. O Presidente do STF no est obrigado a votar, devendo faz-lo apenas quando assim quiser ou quando for necessrio desempate, por terem cinco Ministros votados no sentido da constitucionalidade da norma analisada e cinco votado no sentido da inconstitucionalidade.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 108

    xiii. Natureza dplice ou ambivalente

    A deciso de mrito proferida em ADI produz eficcia tanto quando o pedido provido quanto quando ele negado. Isso porque caso o STF d provimento ao, estar declarando a inconstitucionalidade da norma que foi seu objeto. Por outro lado, caso o Tribunal negue o provimento, declarar a constitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado.

    xiv. Efeitos da deciso

    Proclamada a inconstitucionalidade do dispositivo impugnado, julgar-se- procedente a ao direta de inconstitucionalidade. Caso o dispositivo seja considerado vlido, por outro lado, a ADI ser julgada improcedente.

    Em regra, a deciso de mrito em ADI possui eficciDFRQWUDWRGRVHUJDRPQHVHIHLWRUHWURDWLYRH[WXQFH vinculante e, por fim, repristinatrio em relao legislao anterior. Caso haja desrespeito a essa deciso, o prejudicado poder propor reclamao perante o STF, que determinar a anulao do ato administrativo ou a cassao da deciso judicial reclamada.

    Destaca-se que o efeito vinculante no alcana nem o STF, que poder futuramente mudar seu entendimento em uma outra ao, nem o Poder Legislativo, que poder posteriormente editar nova lei de contedo idntico ao da norma impugnada.

    Outro ponto importante a se destacar que o STF poder declarar a inconstitucionalidade da norma impugnadora (objeto da ao) e tambm das normas por ela revogadas, evitando o efeito repristinatrio da deciso de mrito. Entretanto, para que isso ocorra necessrio que o autor impugne tanto a norma revogadora quanto os atos revogados por ela.

    Cabe salientar tambm que a deciso de mrito em ADI definitiva, irrecorrvel, ressalvada a interposio de embargos declaratrios. S para facilitar o entendimento: os embargos declaratrios so o recurso cabvel para

    DECISO EM SEDE DE ADI E ADC

    PRESENA PELO MENOS 8 MINISTROS

    VOTO PELO MENOS 6 MINISTROS

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 108

    esclarecer uma deciso judicial em que h contradio, omisso ou obscuridade.

    Tambm no cabe ao rescisria contra deciso proferida em sede de ADI. Explico: a ao rescisria aplicvel no Direito para impugnar aes judiciais transitadas em julgado. Entretanto, como vimos, no cabvel no caso de deciso de mrito em ADI.

    Por fim, o STF entende que a deciso, em regra, comea a produzir efeitos a partir da publicao da ata de julgamento no Dirio da Justia (DJU), sendo desnecessrio aguardar o trnsito em julgado, exceto nos casos excepcionais a serem examinados pelo Presidente do Tribunal de modo a garantir a eficcia da deciso (ADI 711, Rcl 2.576, Rcl 3.309 e Inf. 395/STF).

    Questo de prova:

    34. (FCC/2012/TRT 6 Regio) O Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional, em sede de ao direta de inconstitucionalidade, norma federal que estendeu a incidncia de tributo para determinado segmento produtivo. A deciso, nos termos da Constituio Federal, a) aplica-se apenas aos contribuintes que aderiram ao polo ativo da ao. b) produz eficcia somente em relao aos contribuintes que aderiram ao polo ativo da ao, mas possui efeito vinculante no que concerne aos demais rgos do Poder Judicirio. c) produz eficcia contra todos, alcanando, assim, todos os contribuintes do tributo cujo lanamento foi julgado inconstitucional. d) aplica-se a todos os contribuintes do tributo, que podero requerer a devoluo somente dos valores pagos aps o trnsito em julgado da ao. e) produz eficcia parcial, na medida em que no produz efeito vinculante no que concerne aos demais rgos do Poder Judicirio.

    Comentrios:

    $ GHFLVmR HP VHGH GH $', WHP HILFiFLD FRQWUD WRGRV HIHLWR H[ WXQF Hvinculante. A letra C o gabarito da questo.

    35. (FCC/2012/TCE-AP) As decises definitivas de mrito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas aes diretas de inconstitucionalidade, podem ser atacadas por recurso extraordinrio, desde que seja demonstrada a repercusso geral das questes discutidas no caso.

    Comentrios:

    As decises em sede de ADI so irrecorrveis, ressalvada a interposio de embargos declaratrios. Por isso, no cabe recurso extraordinrio contra elas.

    76309585010

  • Direito Constitucional P/ TRT-BA Analista Jud. (rea Judiciria e Oficial de Justia) Profa. Ndia Carolina Aula 08

    Prof. Ndia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 108

    Questo incorreta.

    36. (FCC/2012/TCE-AP) As decises definitivas de mrito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas aes diretas de inconstitucionalidade, produzem efeitos integrais apenas depois da Resoluo do Senado Federal que suspende a execuo da lei declarada inconstitucional.

    Comentrios:

    As decises definitivas de mrito em sede de ADI produzem efeitos integrais aps a publicao da ata de julgamento no Dirio de Justia. Questo incorreta.

    37. (FCC/2012/TCE-AP) As decises definitivas de mrito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas aes diretas de inconstitucionalidade, geram efeito vinculante em relao ao Poder Judicirio, ao Poder Legislativo e Administrao Pblica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

    Comentrios: As decises definitivas de mrito do STF em sede de ADI tm efeito vinculante em relao aos demais rgos do Poder Judicirio e Administrao Pblica direta e indireta federal, estadual e municipal. Elas no vinculam nem o STF, nem o Poder Legislativo. Questo incorreta.

    38. (FCC/2012/TCE-AP) As decises definitivas de mrito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas aes diretas de