ódio. odiava com umaimg.travessa.com.br/capitulo/saida_de_emergencia/pedras... · 2014. 10. 8. ·...

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  • E o demônio tinha ódio. Odiava com uma intensidade que beirava a loucura. Centenas de anos de aprisionamento dentro da fortaleza negra que jazia além da muralha da Proibição deram ao seu ódio tempo mais do que sufi ciente para supurar e crescer. Ele agora o consumia. Era tudo para ele. Dava-lhe poder, e ele usaria tal poder para esmagar as criaturas que lhe causaram tanta agonia.

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    manifesto da coleção bang!Este é o nosso compromisso com você:

    Queremos ser a melhor coleção de literatura fantástica do Brasil.

    Vamos publicar apenas os grandes livros dos grandes autores.

    Todas as obras são válidas, desde que ignorem as limitações do realismo.

    Queremos mexer com a sua cabeça. Mas um clique não basta.

    É preciso um Bang!

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    as pedras élficas de shannara

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  • Sumário

    Prefácio ………………………………………… 13Capítulo I ……………………………………… 15Capítulo II …………………………………… 20Capítulo III …………………………………… 26Capítulo IV …………………………………… 35Capítulo V …………………………………… 44Capítulo VI …………………………………… 55Capítulo VII …………………………………… 66Capítulo VIII …………………………………… 72Capítulo IX …………………………………… 85Capítulo X …………………………………… 97Capítulo XI …………………………………… 105Capítulo XII …………………………………… 112Capítulo XIII …………………………………… 116Capítulo XIV …………………………………… 127Capítulo XV …………………………………… 138Capítulo XVI …………………………………… 148Capítulo XVII …………………………………… 155Capítulo XVIII …………………………………… 167Capítulo XIX …………………………………… 178Capítulo XX …………………………………… 185Capítulo XXI …………………………………… 193Capítulo XXII …………………………………… 199Capítulo XXIII ………………………………… 210

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  • Capítulo XXIV ………………………………… 218Capítulo XXV ………………………………… 228Capítulo XXVI ………………………………… 248Capítulo XXVII ………………………………… 255Capítulo XXVIII ……………………………… 260Capítulo XXIX ………………………………… 268Capítulo XXX ………………………………… 275Capítulo XXXI ………………………………… 284Capítulo XXXII ………………………………… 292Capítulo XXXIII ……………………………… 304Capítulo XXXIV ……………………………… 313Capítulo XXXV ………………………………… 317Capítulo XXXVI ……………………………… 331Capítulo XXXVII ……………………………… 340Capítulo XXXVIII ……………………………… 353Capítulo XXXIX ………………………………… 362Capítulo XL …………………………………… 371Capítulo XLI …………………………………… 382Capítulo XLII …………………………………… 393Capítulo XLIII ………………………………… 404Capítulo XLIV ………………………………… 409Capítulo XLV ………………………………… 423Capítulo XLVI ………………………………… 435Capítulo XLVII ………………………………… 445Capítulo XLVIII ………………………………… 453Capítulo XLIX ………………………………… 456Capítulo L ……………………………………… 463Capítulo LI …………………………………… 469Capítulo LII …………………………………… 478Capítulo LIII …………………………………… 481Capítulo LIV …………………………………… 493

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  • Para Barbara,com amor

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    Prefácio

    Eu terminei o trabalho de revisão de A Espada de Shannara no outono de 1975, uma tarefa que acabou consumindo quase um ano, e voltei a trabalhar, muitos meses depois, em um novo livro. Delineei três quartos da história, mas a última parte não parecia se encaixar, então a deixei de lado. Sentei para escrever. Contei ao meu editor, Lester Del Rey, o que estava fazendo. Ele disse que tudo bem, mas quis saber se poderia ver alguma coisa da obra. Pelo menos o argumento? Às vezes, o segundo livro podia ser mais difícil de escrever do que o primeiro, avisou ele. Velho e bobo Lester, pensei, e deixei para lá. Queria surpreendê-lo. A verdade era que eu pensei ser capaz de surpreendê-lo, pois estava certo de que esse livro seria muito melhor do que o primeiro.

    Na primavera de 1977, escrevendo durante a noite e nos fi nais de sema-na enquanto advogava, eu já tinha completado os três quartos do livro e ain-da não havia desvendado o fi nal. A história parecia bastante correta, porém alguma coisa estava errada. Então fi nalmente embalei o livro e o mandei para Lester. Ele certamente saberia o que fazer para fi nalizá-lo.

    Lester sabia exatamente o que fazer, e me disse isso de forma bem dire-ta. A história teria que ser estraçalhada, escreveu ele de volta. Tinha tantos problemas que não havia como salvá-la. Eu poderia publicá-la se quisesse — o sucesso de A Espada assegurava que alguém iria comprá-la. Mas ele era contra. Ele estava tão seguro disso que disse que iria me retornar o ma-nuscrito com comentários detalhados sobre o que estava errado, página por página.

    Fiquei chocado. Dois anos e meio de trabalho jogados no ralo. Eu não sabia se seria capaz de aceitar isso. Mesmo assim, esperei que os comentá-rios chegassem, e quando chegaram, eu os li cuidadosamente e por várias vezes. Eles catalogavam vários problemas com trama, personagens, ritmo, perspectiva e foco, e por mais que eu odiasse admitir, acertavam em cheio.

    Aquele foi o começo da minha educação profi ssional como escritor. A contragosto, admiti que o manuscrito era um desastre. Eu faria como suge-rido e recomeçaria, dessa vez enviando um argumento antes, em um esforço para identifi car problemas em potencial antes de todo o trabalho estar feito.

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    Voltei-me para uma obra muito prometida e necessária sobre a história dos elfos. Não tinha nenhuma personagem feminina forte em A Espada, então o novo livro teria uma. Amberle, a Escolhida élfi ca com um passado secreto e um futuro incerto, surgiu. Como sua contraparte, havia Eretria, a fogosa garota nômade. Allanon estaria de volta, assim como Eventine Eles-sedil, agora nos seus últimos anos como Rei dos Elfos. O Comandante Stee Jans, dos Voluntários, preencheria o lugar deixado por Balinor. E dessa vez o perigo que ameaçaria o povo das Quatro Terras viria de fora e de uma outra época, e usaria muitas faces

    Depois de pensar um pouco, o título do novo livro fi cou As Pedras Él-fi cas de Shannara.

    Minha educação como escritor continuou. Depois de enviar o argu-mento da minha história e receber a aprovação de Lester no fi nal de 1978, comecei a trabalhar. As Pedras Élfi cas levou dois anos para ser escrito, e quando estava concluído, eu o despachei com um suspiro de alívio um tanto inseguro. Estava feito, mas estava feito da forma certa? Eu não estava mais tão confi ante em mim. Lester escreveu de volta em fevereiro de 1981. A carta que ele mandou tinha 25 páginas, com espaço simples. Eu respirei fundo e li. O livro estava tomando forma, disse. Mas... e deu o golpe. Mais de duzentas páginas no meio do livro teriam que ser reescritas. O motivo? Toda a ação estava sendo narrada de forma muito desapaixonada pelo pon-to de vista do autor. Precisava ser observada e sentida por um personagem do livro. MOSTRE — NÃO CONTE! Assim falou Lester. O ponto focal da narrativa era para ser Ander Elessedil, um personagem que até então era secundário para a história. Eu não podia acreditar nisso. Vinte e cinco pági-nas de mudanças. Mais de duzentas páginas para reescrever. Depois de um bocado de ranger de dentes e algumas ameaças resmungadas, voltei para a máquina de escrever. Quatro meses mais tarde, a história foi mandada de novo. Mais umas poucas mudanças adicionais e Lester fi cou feliz.

    Até hoje, As Pedras Élfi cas permanece como meu livro favorito, mesmo que seja somente por ter trabalhado tanto para completá-lo. Fazendo uma retrospectiva, penso que Lester me ensinou quase tudo que sei sobre ser um escritor profi ssional naquela única experiência. Eu esqueci o título daquele outro livro e o manuscrito há muito se perdeu, mas eu me lembro de cada erro que cometi e de cada lição que isso me ensinou.

    E eu deveria. Isso me tornou um escritor melhor.

    Terry Brooks

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    Capítulo I

    A leste, o céu noturno brilhava vagamente devido à chegada da auro-ra, quando os Escolhidos entraram nos Jardins da Vida. Do lado de fora, a cidade élfi ca de Arborlon continuava dormindo, seu povo ainda envolvido no calor e na solidão de suas camas. No entanto, para os Escolhidos, o dia já começara. Com as roupas brancas e compridas esvoa-çando de leve com uma rajada de vento de verão, passaram entre as sentine-las da Guarda Negra, rígidas e indiferentes como sempre estiveram durante séculos, na frente do portão de ferro em arco incrustado com arabescos de prata e tiras de marfi m. Seguiram depressa, e apenas suas vozes baixas e o som de suas sandálias no caminho de cascalho perturbavam o silêncio do novo dia enquanto se deslocavam para a escuridão das sombras dos pinhei-ros mais adiante.

    Os Escolhidos eram os guardiões da Ellcrys, a estranha e fabulosa árvo-re que fi cava no centro dos Jardins — a árvore que, segundo a lenda, servira como proteção contra um mal primitivo que quase destruíra os elfos séculos antes; um mal que fora expulso da terra antes da alvorada da antiga raça dos homens. Durante todo o período posterior, houvera Escolhidos para cuidar da Ellcrys. Aquela tradição passava de geração em geração de elfos; um serviço tradicional que consideravam tanto uma honra cobiçada quanto um dever solene.

    Porém, havia poucos indícios de solenidade na procissão que seguia pelos Jardins naquela manhã. Duzentos e trinta dias de serviço haviam transcorrido, e aqueles espíritos joviais não podiam mais ser facilmente con-trolados. A primeira sensação de deslumbramento com a responsabilidade recebida já passara havia muito, e os Escolhidos dos elfos eram apenas seis jovens rapazes a caminho de uma tarefa que vinham executando todos os dias desde que tinham sido escolhidos, uma tarefa antiga e familiar — a saudação da árvore ao primeiro toque do nascer do sol.

    Apenas Lauren, o mais novo dos Escolhidos daquele ano, estava em silêncio. Ficou um pouco atrás dos outros enquanto caminhavam, sem par-ticipar da conversa descontraída do grupo. Sua cabeça ruiva estava abaixa-da em concentração e sua testa estava profundamente franzida. Estava tão

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    absorto em seus pensamentos que não percebeu quando o barulho adiante cessou, nem quando os passos se reduziram para acompanhá-lo, até que a mão de alguém lhe tocou o braço. Seu rosto perturbado se ergueu abrupta-mente e fl agrou Jase observando-o.

    — O que houve, Lauren? Você está doente? — perguntou Jase. Como era alguns meses mais velho do que todos, Jase era o líder reconhecido dos Escolhidos.

    Lauren balançou a cabeça, mas a expressão fechada não abandonou seu rosto completamente.

    — Estou bem.— Algo está incomodando você. Ficou de cara fechada a manhã toda. E,

    pensando bem, você esteve bem calado ontem à noite também. — A mão de Jase em seu ombro fez o elfo mais novo se virar para encará-lo. — Vamos, de-sembuche. Ninguém espera que você trabalhe se não estiver se sentindo bem.

    Lauren hesitou, depois suspirou e assentiu.— Tudo bem, então. É a Ellcrys. Ontem, ao pôr do sol, pouco antes de

    a deixarmos, pensei ter visto manchas em suas folhas. Parecia estar mur-chando.

    — Murchando? Tem certeza? Nunca aconteceu nada parecido com Ellcrys, pelo menos é o que sempre nos disseram — respondeu Jase, em dúvida.

    — Posso ter me enganado — admitiu Lauren. — Estava escurecendo. Na hora eu disse a mim mesmo que provavelmente era só o efeito das som-bras recaindo sobre as folhas. Mas quanto mais tento me lembrar d e como era, mais penso que realmente vi as folhas murchando.

    Houve um murmúrio desconcertado entre os outros, e um deles falou:— É culpa de Amberle. Eu avisei que algo ruim aconteceria se uma

    garota se tornasse parte dos Escolhidos.— Já houve outras garotas entre os Escolhidos e nada aconteceu por

    causa disso — protestou Lauren. Ele sempre gostara de Amberle. Era fácil conversar com ela, mesmo sendo neta do Rei Eventine Elessedil.

    — Não nos últimos quinhentos anos, Lauren — disse o outro.— Tudo bem, já chega — interrompeu Jase. — Nós concordamos em

    não falar sobre Amberle. Vocês sabem disso. — Ele fi cou em silêncio por um momento, pensando no que Lauren dissera, depois deu de ombros. — Seria muito ruim se algo acontecesse à árvore, especialmente enquanto ela estiver sob nossos cuidados. Mas, afi nal, nada dura para sempre.

    Lauren fi cou chocado.

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    — Mas Jase, quando a árvore enfraquecer, a Proibição acabará e os de-mônios serão libertados...

    — Você realmente acredita nessas histórias antigas, Lauren? — riu Jase.Lauren encarou o elfo mais velho.— Como você pode ser um Escolhido e não acreditar?— Não me lembro de ninguém ter me perguntado no que eu acreditava

    quando fui escolhido, Lauren. Perguntaram a você?Lauren sacudiu a cabeça. Nunca perguntavam nada aos candidatos à

    honra de serem Escolhidos. Simplesmente eram levados até a árvore — jo-vens elfos que tinham chegado à maturidade no ano anterior. No nascimen-to do ano novo, reuniam-se para passar por baixo de seus galhos, cada um parando momentaneamente para ser aceito. Aqueles que a árvore tocava nos ombros se tornavam os novos Escolhidos, para servir até o fi m do ano. Lauren ainda conseguia se lembrar da mistura de êxtase e orgulho que sen-tira no momento em que um galho fi no se inclinara para tocá-lo e ele a ouvira chamando seu nome.

    E ele também se lembrava do espanto de todos quando Amberle fora chamada...

    — É apenas uma velha história para assustar crianças — Jase continu-ava dizendo. — A verdadeira função da Ellcrys é servir como lembrete ao povo élfi co de que eles, assim como ela, sobrevivem apesar de todas as mu-danças que aconteceram na história das Quatro Terras. Ela é um símbolo da força de nosso povo, Lauren, nada mais.

    Ele fez um gesto para que retomassem a caminhada até os Jardins e se virou. Lauren voltou a mergulhar em seus pensamentos. A despreocupação casual do elfo mais velho pela lenda da árvore o incomodou. Jase era da ci-dade, claro, e Lauren já havia notado que as pessoas de Arborlon pareciam levar as velhas crenças menos a sério do que aquelas da aldeia ao norte de onde viera. Mas a história da Ellcrys e da Proibição não era apenas uma história; era a base de tudo considerado verdadeiramente élfi co, o aconteci-mento mais importante na história de seu povo.

    Tudo tinha acontecido muito tempo antes, antes mesmo do nascimen-to do novo mundo. Houvera uma grande guerra entre o bem e o mal — uma guerra que os elfos fi nalmente venceram ao criar a Ellcrys e uma Proi-bição que banira os malignos demônios para uma escuridão atemporal. E enquanto a Ellcrys estivesse bem, o mal seria mantido fora daquela terra.

    Enquanto a Ellcrys estivesse bem...Ele sacudiu a cabeça em dúvida. Talvez o murchar das folhas fosse ape-

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    nas um truque de sua imaginação. Ou um truque de luz. E se não fosse, teriam simplesmente de encontrar uma cura. Sempre havia uma cura.

    Pouco depois, já estava com os outros em frente à árvore. Hesitante, olhou para cima e suspirou aliviado. A Ellcrys parecia inalterada. Seu tron-co branco-prateado perfeitamente formado subia para os céus numa rede simetricamente equilibrada de galhos cobertos com folhas largas de cinco pontas de um tom vermelho-sangue. Em sua base, faixas de musgo verde cresciam em tapetes de retalhos pelas rachaduras e fendas da casca lisa, feito riachos cor de esmeralda descendo uma encosta montanhosa. Não havia divisões para macular os contornos uniformes do tronco, nenhum galho partido ou quebrado. Tão linda, pensou ele. Olhou de novo e, ainda assim, não conseguiu ver nenhum sinal da doença que havia temido.

    Os outros foram pegar as ferramentas que usariam para alimentar e cuidar da árvore e para a manutenção geral dos Jardins. Jase, porém, segu-rou Lauren.

    — Você gostaria de fazer a saudação hoje, Lauren? — perguntou.Lauren gaguejou num agradecimento surpreso. Jase estava abrindo

    mão de sua vez na mais especial das tarefas, um óbvio esforço para ani-má-lo.

    Deu um passo à frente, embaixo dos galhos abertos, para colocar as mãos no tronco liso. Os outros se reuniram ao redor alguns passos atrás para recitar a saudação matutina. Ele olhou para cima, cheio de expectativa, à procura do primeiro raio de sol que cairia sobre ela.

    Afastou-se abruptamente. As folhas logo acima dele estavam murchas e escurecidas. Seu coração se apertou. Havia manchas em outros lugares tam-bém, espalhadas pela árvore. Não era uma ilusão causada pela luz e pelas sombras. Era real.

    Gesticulou freneticamente para Jase e apontou quando o outro chegou perto. Como era costume naquele momento, não falaram, mas Jase arque-jou ao ver o tamanho do dano já feito. Lentamente, os dois rodearam a ár-vore, descobrindo manchas em todos os lugares, algumas quase invisíveis, enquanto outras já tinham escurecido tanto aquelas folhas que a cor de san-gue parecia ter sido drenada.

    Quaisquer que fossem suas crenças sobre a árvore, Jase fi cou profun-damente abalado; seu rosto expressava seu desespero quando se reuniu aos outros para conversar em sussurros. Lauren fez menção de juntar-se a eles, mas Jase rapidamente sacudiu a cabeça, apontando para a ponta da árvore, onde a luz da alvorada já quase alcançava os galhos mais ao alto.

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    Lauren conhecia seu dever e voltou-se outra vez para a árvore. O que quer que estivesse para acontecer, os Escolhidos deveriam saudar a Ellcrys naquele dia tal como haviam feito todos os dias, desde o início da Ordem.

    Colocou as mãos gentilmente na casca prateada e as palavras de sauda-ção já estavam se formando em seus lábios quando um galho fi no da velha árvore se abaixou lentamente para lhe tocar o ombro.

    — Lauren...O jovem elfo pulou ao ouvir seu nome. Contudo, ninguém falara nada.

    O som fora em sua mente; a voz não era mais do que uma imagem do pró-prio rosto.

    Era a Ellcrys!Ele prendeu a respiração, girando a cabeça levemente para olhar de re-

    lance o galho em seu ombro antes de virar para frente de novo. A confusão o tomou. Ela só falara com ele uma vez — no dia em que fora Escolhido. Ela dissera seu nome na época, dissera o nome de todos eles. Fora a última vez. Ela nunca mais falara com nenhum deles depois disso. Nunca — exceto com Amberle, claro, mas Amberle não era mais um deles.

    Ele olhou apressadamente para os outros. Todos o encaravam, curiosos para saber por que tinha parado. O galho pousado sobre seu ombro deslizou levemente para se enrolar nele, fazendo-o encolher-se involuntariamente ao toque.

    — Lauren. Chame os Escolhidos para mim...As imagens surgiram rapidamente em sua mente e sumiram. Hesitante,

    Lauren chamou seus companheiros. Eles avançaram, as perguntas se for-mando em seus lábios enquanto olhavam para cima, para os galhos pra-teados da árvore. Galhos se abaixaram tocando cada um deles, e a voz de Ellcrys sussurrou, suavemente:

    — Escutem-me. Lembrem-se do que irei dizer. Não falhem comigo...Um calafrio percorreu seus corpos e os Jardins da Vida foram envoltos

    em um silêncio profundo e oco, como se só eles continuassem vivos em todo o mundo. Imagens encheram suas mentes, fl uindo uma após a outra, numa rápida sucessão. Havia horror naquelas imagens. Caso pudessem, os Escolhidos teriam virado as costas para a árvore para fugir e se esconder até o pesadelo que os possuíra terminar e ser esquecido. Mas a árvore os segu-rou com fi rmeza; as imagens continuaram a fl uir e o horror a crescer, até eles não aguentarem mais.

    Finalmente, terminou. A Ellcrys fi cou em silêncio mais uma vez e seus

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    galhos se ergueram dos ombros dos Escolhidos e se esticaram para captar o calor do sol da manhã.

    Lauren fi cou paralisado. Lágrimas corriam por suas bochechas. Arrasa-dos, os seis Escolhidos se entreolharam, e em cada mente a verdade sussur-rava sem emitir qualquer som.

    A lenda não era lenda. A lenda era verdadeira. O mal realmente esta-va além de uma Proibição que a Ellcrys sustentava. Apenas ela mantinha o povo élfi co a salvo.

    E ela estava morrendo.

    Capítulo II

    Bem a oeste de Arborlon, além da Linha-de-Quebra, havia uma agita-ção no ar. Algo mais negro do que a escuridão do começo da alvora-da apareceu, retorcendo-se e tremendo com a força de algum golpe que parecera receber. Por um momento, o véu de negrume aguentou. Mas logo se partiu, lacerado pela força que veio de dentro de si. Uivos e berros de alegria espalharam-se, vindos da impenetrável escuridão além, enquanto dúzias de membros com garras arranhavam e rasgavam a brecha repentina, esforçando-se para alcançar a luz. Um fogo vermelho explodiu e as mãos recuaram, retorcidas e queimadas.

    Dagda Mor saiu da escuridão, sibilando com raiva. Seu Cajado de Poder soltava vapor enquanto ele empurrava os ansiosos e corajosamente passava pela abertura. Um instante depois, as formas escuras do Ceifador e do Me-tamorfo o seguiram. Outros corpos tentaram avançar em desespero, mas as bordas do rasgo rapidamente se uniram, fechando o negrume e as coisas que nele moravam. Em segundos, a abertura havia sumido completamente e o estranho trio encontrava-se a sós.

    O Dagda Mor olhou ao seu redor com atenção. Estavam na sombra da Linha-de-Quebra e a alvorada que já havia despedaçado a paz dos Escolhi-dos era pouco mais do que uma luz vaga no céu a leste, do outro lado da monstruosa muralha de montanhas. Os picos imensos se projetavam como adagas para o céu, projetando pilares de escuridão a uma longa distância na devastação da planície de Hoare. A planície em si se estendia para oeste a partir das montanhas, rumo ao vazio — um descampado duro e árido onde

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    a vida era medida em minutos e horas. Nada se movia em sua superfície. Nenhum som quebrava a quietude do ar da manhã.

    Dagda Mor sorriu com seus dentes tortos e brilhantes. Sua chegada pas-sara despercebida. Depois de todos aqueles anos, estava livre. Estava solto novamente entre aqueles que o haviam aprisionado.

    À distância, poderia passar por um deles. Tinha basicamente a apa-rência de um humano. Andava ereto em duas pernas e seus braços eram apenas levemente mais longos do que os de um homem. Andava inclina-do, seus movimentos difi cultados por sua forma de andar curvado — po-rém, as roupas negras que o envolviam tornavam difícil perceber o motivo. Somente se olhasse bem de perto que alguém notaria claramente a imensa corcova que quase dobrava sua espinha ao meio na altura dos ombros. Ou os grandes tufos de pelo esverdeado que surgiam em todas as partes do corpo como grama cortada. Ou as escamas que cobriam seus braços e a parte inferior das pernas. Ou as mãos e as pernas terminadas em garras. Ou o focinho vagamente felino. Ou os olhos, negros e brilhantes, engano-samente plácidos na superfície, como lagos gêmeos que escondiam algo maligno e destrutivo.

    Assim que tais características eram vistas, não restava mais dúvida acer-ca da identidade de Dagda Mor. O que se revelava não era humano, mas demônio.

    E o demônio tinha ódio. Odiava com uma intensidade que beirava a loucura. Centenas de anos de aprisionamento dentro da fortaleza negra que jazia além da muralha da Proibição deram ao seu ódio tempo mais do que sufi ciente para supurar e crescer. Ele agora o consumia. Era tudo para ele. Dava-lhe poder, e ele usaria tal poder para esmagar as criaturas que lhe cau-saram tanta agonia. Os elfos! Todos os elfos. E mesmo isso não seria mais o sufi ciente para satisfazê-lo — não naquele momento, não depois de séculos sendo mantido isolado daquele mundo que já fora seu — mantido naquele limbo inanimado, sem forma, de estagnação abjeta, lenta, escura e sem fi m. Não, a destruição dos elfos não seria o bastante para reparar a indignidade que sofrera. Os outros também deveriam ser destruídos. Homens, anões, trolls, gnomos — todos aqueles que faziam parte da humanidade que tanto detestava, as raças da humanidade que viviam no seu mundo e o haviam reivindicado para si.

    Sua vingança chegaria, pensou. Assim como a liberdade chegara. Con-seguia sentir. Esperara por séculos, posicionado na muralha da Proibição, testando sua força, procurando fraquezas — sempre sabendo que em algum

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    momento ela iria começar a falhar. E o dia chegara. A Ellcrys estava mor-rendo. Ah, que palavras doces! Ele queria gritá-las! Ela estava morrendo! Ela estava morrendo e não podia mais sustentar a Proibição!

    O Cajado do Poder brilhava em vermelho em suas mãos conforme o ódio fl uía dentro dele. A terra sob a outra ponta queimou até virar cinza. Com esforço, Dagda Mor acalmou-se e o Cajado esfriou novamente.

    Claro que a Proibição ainda resistiria por um tempo. Uma erosão com-pleta não aconteceria do dia para a noite, nem mesmo em semanas. Mesmo a pequena brecha que conseguira abrir havia requerido um poder imenso. Mas Dagda Mor possuía este poder imenso, mais poder do que qualquer um dos que ainda estavam presos atrás da Proibição. Ele fora o líder en-tre eles; sua palavra os governara. Alguns poucos haviam desafi ado aquela palavra durante os longos anos de banimento — apenas alguns. Ele os des-truíra. Tornara-os exemplos desagradáveis. E todos passaram a obedecê-lo. Temiam-no. Mas compartilhavam de seu ódio em relação ao que fora feito com eles. Também se nutriam daquele ódio. O sentimento os levara a uma necessidade frenética de vingança, e quando fi nalmente estivessem livres novamente, tal necessidade levaria muito, muito tempo para ser satisfeita.

    Por ora, no entanto, precisavam esperar. Por ora, precisavam ser pacien-tes. Não demoraria muito. A Proibição iria enfraquecer um pouco mais a cada dia, deteriorando-se conforme a Ellcrys morresse lentamente. Apenas uma coisa poderia impedir isso — um renascimento.

    Dagda Mor assentiu para si. Ele conhecia bem a história da Ellcrys. Não estivera ele presente quando a árvore vira a vida pela primeira vez, quando ela banira a ele e a seus irmãos do mundo de luz para uma prisão de escu-ridão? Não vira a natureza da feitiçaria que os derrotara — uma feitiçaria tão poderosa que podia transcender até a morte? E sabia que sua liberda-de ainda poderia ser retirada. Se um dos Escolhidos tivesse permissão para carregar uma semente da árvore até a origem do poder dela, a Ellcrys po-deria renascer e a Proibição poderia ser invocada novamente. Sabia disso, e por causa disso estava ali. Não tivera certeza alguma de que conseguiria abrir uma brecha na muralha da Proibição. Tinha sido uma aposta perigosa gastar tanto poder naquela tentativa, pois, caso tivesse falhado, ele teria fi -cado terrivelmente enfraquecido. Havia alguns além da muralha quase tão poderosos quanto ele; e teriam aproveitado a oportunidade para destruí-lo. Mas a aposta tinha sido necessária. Os elfos ainda não tinham percebido o tamanho da ameaça. Por enquanto ainda acreditavam estar a salvo. Não achavam que dentro dos limites da Proibição houvesse alguém dotado de

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    poder sufi ciente para romper a passagem. Descobririam aquele erro tarde demais, quando Dagda se certifi caria de que a Ellcrys jamais pudesse renas-cer e nem a Proibição pudesse ser restaurada.

    Era por esse motivo que tinha trazido os outros dois.Olhou ao redor, procurando-os. Achou o Metamorfo imediatamente,

    seu corpo passando por uma transição crescente de cores e formas confor-me exercitava duplicar a vida que encontrava ali — no céu, um falcão e um corvo pequeno; no solo, uma marmota, depois uma cobra, um inseto com muitas pernas e tenazes, e sempre mudando para algo novo, quase rápido demais para os olhos acompanharem. Pois o Metamorfo poderia ser qual-quer coisa. Trancado na escuridão com apenas seus iguais para servirem de modelo, tinham lhe negado o uso total de seus poderes. Lá, seu potencial fora desperdiçado. Mas ali, naquele mundo, as possibilidades eram infi nitas. Todas as coisas, não importava se humanas ou animais, peixe ou ave, não importava seu tamanho, forma, cor ou habilidades — poderia ser qualquer um deles. Poderia assimilar suas características perfeitamente. Nem mesmo o Dagda Mor tinha certeza sobre a verdadeira aparência do Metamorfo; a criatura era tão inclinada a se adaptar a outras formas de vida que passava praticamente o tempo todo sendo algo ou alguém diferente do que realmen-te era.

    Tratava-se de um dom extraordinário, possuído por uma criatura cuja capacidade para o mal era quase tão grande quanto a de Dagda Mor. O Metamorfo também era um demônio. Era egoísta e detestável. Gostava de duplicidade, gostava de ferir os outros. Sempre fora um inimigo do povo élfi co e de seus aliados, detestando-os por sua piedosa preocupação com o bem-estar das formas de vida inferiores que habitavam seu mundo. Criatu-ras inferiores não signifi cavam nada para o Metamorfo. Eram fracas e vul-neráveis; eram destinadas a serem usadas por seres mais poderosos — seres assim como ele. Os elfos não eram melhores do que as criaturas que bus-cavam proteger. Não conseguiam ou não queriam enganar, como ele fazia. Todos eles estavam presos pelo que eram; não conseguiam ser nada mais. Ele podia ser o que quisesse. Desprezava a todos. O Metamorfo não tinha amigos. Não queria nenhum. Nenhum além de Dagda Mor, no caso, pois Dagda Mor possuía a única coisa que ele respeitava — um poder maior do que o seu. Era por esse motivo, e somente por esse motivo, que o Metamorfo o servia.

    Dagda Mor levou bem mais tempo para localizar o Ceifador. Finalmen-te o encontrou, a não mais do que três metros de distância, perfeitamente

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    imóvel, pouco mais que uma sombra na luz fraca do começo da manhã, outro pedaço da noite acocorado contra o cinza da planície. Envolto da ca-beça aos pés em mantos da cor de cinzas molhadas, o Ceifador estava quase invisível, com seu rosto cuidadosamente escondido na sombra de um capuz imenso. Ninguém jamais olhara para aquele rosto mais de uma vez. O Cei-fador só permitia que suas vítimas vissem esse tanto, e suas vítimas estavam todas mortas.

    Se o Metamorfo deveria ser considerado perigoso, então o Ceifador o era dez vezes mais. O Ceifador era um assassino. Matar era o único propó-sito de sua existência. Era uma criatura imensa, incrivelmente musculosa, com mais de dois metros de altura quando completamente ereto. Mas seu tamanho era enganoso, pois não era pesado. Movimentava-se com a facili-dade e com a graça dos melhores caçadores élfi cos — suave, fl uido, rápido e silencioso. Assim que começava uma caçada, nunca desistia. Nenhuma presa sua jamais escapara. Mesmo Dagda Mor era cauteloso ao lidar com o Ceifador, embora este não possuísse poder à altura. Tinha esse cuidado por-que o Ceifador o servia por capricho, não por medo ou respeito, como todos os outros. O Ceifador não temia nada. Era um monstro que parecia não se importar com a vida, nem mesmo com a própria. Nem sequer matava por gostar de matar, embora gostasse mesmo de fazê-lo. Matava porque matar era instintivo. Matava porque achava que matar era necessário. Às vezes, dentro da escuridão da Proibição, afastado de todas as formas de vida que não os seus irmãos, tornara-se quase incontrolável. Dagda Mor se vira for-çado a lhe dar demônios menores para matar, mantendo-o sob seu controle com uma promessa. Assim que estivessem livres da Proibição — e um dia estariam livres — o Ceifador receberia um mundo inteiro de criaturas para caçar. Poderia caçá-las pelo tempo que quisesse. No fi nal, poderia matar a todas.

    O Metamorfo e o Ceifador. Dagda Mor escolhera bem. Um seria seus olhos, o outro, suas mãos; olhos e mãos que iriam fundo no coração do povo élfi co para acabar para sempre com a chance de fazer a Ellcrys renascer.

    Olhou bruscamente para o leste, onde a borda do sol da manhã se er-guia rapidamente ao topo da Linha-de-Quebra. Era hora de ir. De noite, de-veriam estar em Arborlon. Também planejara isso com cuidado. O tempo lhe era precioso; não podia desperdiçá-lo se quisesse pegar os elfos cochi-lando. Eles não deveriam saber de sua presença até ser tarde demais para se fazer algo a respeito.

    Com um gesto rápido para seus companheiros, Dagda Mor virou-se

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    e se arrastou pesadamente em direção ao abrigo da Linha-de-Quebra. Seus olhos negros semicerraram-se com prazer enquanto a mente sabo-reava o sucesso que a noite lhe traria. Depois daquela noite, os elfos es-tariam condenados. Depois daquela noite, eles seriam forçados a ver sua amada Ellcrys morrendo sem ter sequer a menor esperança de fazê-la renascer.

    De fato. Porque depois daquela noite, os Escolhidos estariam todos mortos.

    Várias centenas de metros além das montanhas, bem para dentro da sombra protetora delas, Dagda Mor parou. Com as duas mãos agarrando o Cajado de Poder, ele o segurou com uma ponta para cima e a outra plantada com fi rmeza na terra seca e rachada. Abaixou a cabeça ligeiramente e apertou o Cajado. Por vários minutos, fi cou parado sem se mexer. Atrás dele, os outros dois observavam, curiosos, com suas formas sombrias encolhidas e seus olhos como pedaços de luz amarela.

    De repente, o Cajado de Poder começou a brilhar, uma luz pálida, débil e avermelhada que destacava a forma gigantesca do demônio na escuridão. Um instante depois, o brilho se intensifi cou bruscamente e começou a pul-sar. Correu do Cajado para os braços de Dagda Mor, deixando a pele esver-deada da cor do sangue. A cabeça do demônio se ergueu e o Cajado atirou fogo no céu num arco fi no e brilhante que voou para a alvorada como uma coisa viva e assustada. Sumiu em segundos. O brilho que acendeu o Cajado do Poder ardeu uma vez e morreu.

    Dagda Mor recuou um passo, abaixando o Cajado. A terra ao redor dele estava carbonizada e negra, e o ar úmido cheirava a brasas. A planície que o cercava caíra num silêncio mortal. O demônio sentou-se, os olhos opacos semicerrando-se de contentamento. Não se mexeu de novo, nem as criaturas que estavam com ele. Juntos, aguardaram — meia hora, uma hora, duas. Ainda esperavam.

    E fi nalmente, vindo da vastidão vazia das Terras do Norte, surgiu o monstruoso pesadelo alado que o demônio havia invocado para levá-los para o leste, até Arborlon.

    — Agora nós veremos — sussurrou Dagda Mor.

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