dimensÕes da acÇÃo humana e os valores (de acordo com manual "pensar azul")
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Apoio às aulas de FilosofiaTRANSCRIPT
III. Dimensões da acção humana e dos valores
1. A dimensão ético política – análise e compreensão da experiência convivencial
2. A dimensão estética – análise e compreensão da experiência estética
3. A dimensão religiosa - análise e compreensão da experiência religiosa
III. Dimensões da acção humana e dos valores
1. A dimensão ético política
– análise e compreensão da
experiência convivencial
Ética
No oceano da existência, qual a rota que devo escolher?
SUMÁRIO Análise de uma Situação-Problema Dimensão ética Intenção e norma Distinção conceptual entre Moral e Ética
1.1 Intenção ética e norma moral
1. A dimensão ético-política Ética
Situação-Problema
Alguém tem em seu poder um bem alheio confiado emdepósito pelo dono, que entretanto faleceu. Os herdeirosnunca podem vir a saber desse depósito. O guardador dodepósito caiu na ruína total, a família está aflita e cheia deprivações; ele sabe que se se apropriar do depósito poderálivrar-se de privações. Suponhamos que esse homem éfilantropo e caritativo, enquanto que os herdeiros são ricos,egoístas e gastadores. Se se pergunta se seria permitido emtais circunstâncias o uso do depósito em benefício próprio,deveria-se-ia responder: ”Não!” E em vez de justificações,dir-se-ia somente: “é injusto, opõe-se ao dever”.
Immanuel Kant, Sobre o lugar comum: isso pode ser correcto em teoria mas nada vale na prática
Pensar Azul, p. 95
Immanuel Kant (Königsberg, 1724 -1804)
Situação-Problema
Guião de exploração
• Como actuar na situação imaginada por Kant?
• Que está em jogo na tomada de decisão do depositário?
• Sendo único a saber, por que não é lícito apropriar-se do depósito?
• A quem terá de prestar contas, a não ser à sua consciência?
• Num momento difícil, será lícito apropriar-se de um bem alheio (o depósito)?
• Por que razão conclui Kant que isso seria injusto?
Problema
Em que consiste uma
opção moral?
Em que consiste uma opção moral?
As interrogações anteriores apontam para a dimensão ética da acção
Dimensão ética Domínio da acção humana orientado por valores morais (bem/mal, justo/injusto) propostos pela consciência
Consciência Capacidade interior de orientação, de avaliação e de crítica da nossa conduta em função de valores
Seria lícito em tais circunstâncias o uso do depósito em benefício próprio?
Kant responde: “Não, é injusto”, porque, ainda que o dono tenha falecido e mais ninguém saiba do depósito,
→ a decisão deve ser tomada em função do dever de respeitar o compromisso assumido.
Assim:A consciência impõe o respeito pelo compromisso
O agente respeita a norma que reconheceu como válida
A norma torna-se um guia da acção (é a moralidade)
Moralidade
É o esforço para orientar a nossa conduta por princípios racionalmente justificados, tendo em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os que serão afectados pelas nossas acções
Acção moral
É a vivência guiada por valores autoimpostos pela consciência(ainda que possamos agir exclusivamente segundo códigos de conduta exteriores - códigos jurídicos ou padrões sociais)
Define o indivíduo como um ser ético/moral
Um ser ético-moral
• Avalia imparcialmente os seus interesses e os alheios
• Reconhece princípios éticos de conduta
• Não se deixa guiar por impulsos, mas escuta a razão
• Delibera com autonomia, independentemente das pressões
• Guia-se por valores para se tornar melhor ser humano
Como identificar as acções boas ?
Savater responde
Boas acções
São as que convêm à nossa condição de seres racionais, promovendo tanto a nossa humanidade como a dos outros
Más acções
São as que não nos convêm e que nos diminuem por serem contrárias àquilo que devemos ser
“Quando no Western o herói tem ensejo
de disparar contra o vilão pelas costas,
mas diz: «Eu não posso fazer uma coisa
dessas», todos percebemos o que ele
quer dizer. Disparar, claro que poderia
fisicamente fazê-lo, só que o herói não
tem tais costumes. Por alguma coisa é
ele o «bom» da história!”
F. Savater, Ética para um Jovem Fernando Savater
(n. 1947), filósofo basco
contemporâneo
Ética e telos da acção
Os seres humanos definem fins ou finalidades (telos) para as suas vidas
Exemplo
A dignidade é um fim: devemos ser honestos para estar à altura dessa dignidade
Fim (finalidade)
Fim ou finalidade é o que dá sentido à acção, aquilo para que as acções tendem
Intenção e Norma
Para a moralidade de uma acção não basta o acordo externo com a norma é necessário
o acordo interno, a intenção
Intenção é o julgamento íntimo que cada um faz do que é permitido e do que é proibido
Aplicação à Situação-Problema
◄ Auto aperfeiçoar-se
Acção em conformidade com a consciência (intenção de respeitar o dever)
Honestidade ►
Manter a ◄credibilidade
(aparência )
Acção em conformidade com a norma (acordo externo)
Medo de ser apanhado ►
Fim da AcçãoTipo de AcçãoMotivação
Opção moral
Só há opção moral/decisão ética quando o indivíduo se “obriga” a si mesmo a respeitar o fim que definiu como bom
(ainda que só ele saiba a verdadeira intenção)
No domínio da moralidade
O indivíduo só tem que prestar contas à sua
própria consciência (autoridade que o guia e
perante a qual tem de responder)
O indivíduo é responsável pelos seus actos,
uma vez que pode escolher
Liberdade e responsabilidade
Liberdade moral
Traduz a obrigação da pessoa (sujeito moral) se orientar pelos valores que a própria razão reconhece como bons
Responsabilidade moral
Expressa o reconhecimento da autoria da acção e a obrigação de responder perante a própria consciência
Moral e Ética
Embora eu use as palavras moral e ética comoequivalentes, elas não significam o mesmo:
Moral é o conjunto de condutas e normas que tu,eu e alguns dos que nos rodeiam costumamosaceitar como válidas
Ética é a reflexão sobre o porquê de as considerarmos válidas, bem como a suacomparação com outras ‘morais’
Savater
ÉticaResponde à questão “que princípios devem orientar a vida humana?”
Analisa os princípios e os fundamentos que regem a constituição das normas orientadoras da acção
Princípio: A vida humana tem um valor incalculável
A ética pergunta: que valor ou princípio justifica tal ou tal proibição? O que é o bem? Por que razão devemos agir moramente?
Moral
Responde à questão “como devo agir em tal circunstância concreta?”
Designa o conjunto das normas obrigatórias (imperativos e interditos) estabelecidas para orientar a acção.
Norma moral: não matarás!
Analisa os problemas práticos e as dificuldades que a aplicação das normas coloca