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Dimensionamento e gestão de energia em sistemas de
propulsão elétrica: aplicação a um barco solar de
competição com recuperação de energia.
Francisco Alberto Lopes Duarte
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
Orientadores: Prof. Paulo José da Costa Branco e
Prof. Stanimir Stoyanov Valtchev
Júri
Presidente: Prof. Rui Manuel Gameiro de Castro
Orientador: Prof. Paulo José da Costa Branco
Vogal: Prof. Luís Alberto Gonçalves de Sousa
Maio 2017
i
Resumo
A presente dissertação de mestrado tem como objetivos o dimensionamento dos componentes
e desenvolvimento de uma estratégia de gestão de energia para uma embarcação elétrica solar de
competição do Instituto Superior Técnico (equipa Técnico Solar Boat).
A equipa Técnico Solar Boat é constituída por alunos do Instituto Superior Técnico com o
propósito comum de construir a primeira embarcação de competição ibérica movida exclusivamente a
energia solar. O principal objetivo é participar em competições internacionais, nomeadamente a
competição Dutch Solar Challenge e a Solar1 no Mónaco. Todo o trabalho desenvolvido ao longo
desta dissertação está assim integrado com todas as áreas de desenvolvimento da equipa Técnico
Solar Boat.
É certo que a maior limitação dos veículos elétricos continua a ser o armazenamento de
energia, isto porque para além da bateria ser um componente pesado e volumoso, os carregamentos
ainda são demasiado demorados.
São necessários um controlo e uma estratégia de gestão de energia bastante rígida e eficiente,
para que se utilize a energia disponível de uma forma sustentável. Para isto foi criado um algoritmo
de gestão de energia.
De forma a testar o algoritmo e assim rentabilizar o consumo de energia elétrica durante a
competição foi criada uma plataforma de simulação utilizando um programa de cálculo numérico.
Para além do dimensionamento e testes experimentais do sistema de propulsão, esta plataforma de
simulação possibilita o conhecimento prévio do consumo de energia da embarcação durante a
competição.
Os resultados obtidos, tanto pela plataforma de simulação como pelos ensaios experimentais,
evidenciam não apenas a potencialidade da existência de um sistema de gestão de energia em
veículos elétricos, mas também a necessidade de um esforço acrescido no desenvolvimento desta
mesma estratégia de gestão de energia.
Palavras-chave – Propulsão elétrica, veículos elétricos, gestão de energia, energia fotovoltaica,
barco, sistemas elétricos.
ii
iii
Abstract
The purpose of this Master's Dissertation is components sizing and to develop an energy
management strategy for a competition solar electric vessel of the Instituto Superior Técnico (Técnico
Solar Boat team).
The team Técnico Solar Boat is composed by students from Instituto Superior Técnico with the
common purpose of building the first Iberian competition vessel exclusively powered by solar energy.
Its main objective is to participate in international competitions, namely the Dutch Solar Challenge
competition and Solar1 in Monaco. All the work done throughout this dissertation is integrated with all
the development areas of the Técnico Solar Boat team.
It is certain that for electric vehicles the limitation remains in the energy storage, this because of
the battery weight and volume, charging times are still too time-consuming.
A very rigid and efficient energy management strategy is required, in order to use the available
energy in a sustainable way. For this, an energy management algorithm was created.
In order to test the energy management algorithm and thus to adjust the respective
consumption of electric energy during the competition, a simulation platform was created using a
numerical calculation program. In addition to the sizing and experimental tests of the propulsion
system, this simulation platform allows the prior knowledge of the vessel's energy consumption during
the competition.
The results obtained, both by the simulation platform and the experimental tests, demonstrate
not only the potential of the existence of an energy management system in electric vehicles, but also
the need for an increased effort in the development of this energy management strategy.
Keywords - Electric propulsion, electric vehicles, energy management, photovoltaic power, boat,
electrical systems.
iv
v
Agradecimentos
Em primeiro lugar um agradecimento muito especial ao meu orientador e amigo Professor
Paulo José da Costa Branco por todo o apoio, empenho e disponibilidade prestados.
A todos os meus amigos e colegas que me acompanharam durante esta longa jornada, e
aqueles que de alguma forma se cruzaram comigo durante este árduo mas compensador caminho,
nomeadamente ao meu amigo Jóni e toda a equipa Técnico Solar Boat um sincero agradecimento
por todos os momentos, experiências e conhecimentos partilhados.
Ao Engenheiro Eduardo Marques da empresa “Dunbelt – Rolamentos e Transmissões” um
muito obrigado pelo apoio e material fornecidos quer para a realização da minha dissertação quer
para o projeto Técnico Solar Boat.
E porque o mais importante é a família, a base sólida e ponto de partida desta aventura,
agradeço e dedico esta conquista aos meus pais e avós que tornaram tudo isto alcançável, à minha
irmã Jennifer e à minha namorada Mariana por toda a força e carinho dados nos piores e melhores
momentos ao longo de todo este percurso.
vi
vii
Índice
Resumo .....................................................................................................................................................i
Abstract.................................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ........................................................................................................................................v
Índice ...................................................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ....................................................................................................................................... ix
Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... xi
Lista de Símbolos ................................................................................................................................... xii
Lista de Acrónimos ................................................................................................................................. xv
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento e Motivação ................................................................................................... 1
1.2. Objetivos .................................................................................................................................. 1
1.3. Estado da arte ......................................................................................................................... 2
1.4. Estrutura da dissertação .......................................................................................................... 4
2. Algoritmo para um sistema de gestão de energia adaptado ao percurso de um veículo ............... 5
2.1. Algoritmo de consumo energético ........................................................................................... 5
2.2. Dimensionamento e escolha de componentes ....................................................................... 7
2.2.1. O barco solar: Competição Dutch Solar Challenge ......................................................... 7
2.2.2. Dimensionamento do Motor ............................................................................................ 9
2.2.3. Dimensionamento dos Painéis Fotovoltaicos ................................................................ 13
2.2.4. Dimensionamento do conjunto de baterias ................................................................... 19
2.3. Plataforma de simulação híbrida do movimento da embarcação em pista. ......................... 27
2.3.1. Funcionamento .............................................................................................................. 27
2.3.2. Resultados ..................................................................................................................... 33
2.4. Gestão de energia ................................................................................................................. 49
3. Ensaios experimentais relativos ao trânsito de potência no barco solar na plataforma de
simulação híbrida .................................................................................................................................. 53
3.1. Caso de estudo – Barco solar de competição ....................................................................... 53
3.1.1. Consumo de energia durante um arranque .................................................................. 57
3.1.2. Consumo de energia durante o percurso de duas horas .............................................. 58
viii
3.1.3. Teste térmico ao motor BLDC ....................................................................................... 64
4. Conclusão e Perspetivas de trabalho futuro ................................................................................. 67
4.1. Conclusão .............................................................................................................................. 67
4.2. Perspetivas de trabalho futuro ............................................................................................... 68
Referências bibliográficas ..................................................................................................................... 69
Anexo A. Células fotovoltaicas Solbian Maxeon Gen III – datasheet ............................................... 71
Anexo B. Células LiFePO4 LFP – 40152SE – datasheet .................................................................. 72
Anexo C. Fonte DC Mean Well RSP-3000- 48 – datasheet ............................................................. 74
Anexo D. Motor CPMotion CPM90-45 – Manual............................................................................... 76
Anexo E. Painéis fotovoltaicos Solbian SP125 – datasheet ............................................................. 82
Anexo F. Regulamento da competição Dutch Solar Challenge........................................................ 84
ix
Lista de Figuras
Figura 1.1 Tûranor PlanetSolar [6] ......................................................................................................... 4
Figura 1.2 Tûranor PlanetSolar [7] ......................................................................................................... 4
Figura 2.1 Algoritmo de consumo energético geral. .............................................................................. 8
Figura 2.2 Motor CPM90 e acessórios. ................................................................................................ 12
Figura 2.3 Rendimento do motor de 3 kW, CPM90-45 48 V, adaptado de imagem do anexo D. ....... 13
Figura 2.4 Potência solar média para um dia do mês de Junho em Harlingen, Holanda. ................... 14
Figura 2.5 Painéis fotovoltaicos SP125 da Solbian. ............................................................................ 15
Figura 2.6 Dimensões das células constituintes dos painéis fotovoltaicos, ver anexo A. ................... 15
Figura 2.7 Potência solar à saída dos painéis fotovoltaicos durante a etapa em Harlingen, Holanda.17
Figura 2.8 Esquema de ligação dos painéis fotovoltaicos. .................................................................. 18
Figura 2.9 Células LiCoO2 (oxido de lítio-cobalto), adaptado de [14]. ................................................. 20
Figura 2.10 Células LiFePO4 (Lítio-ferro-fosfato) cilíndricas [15]. ........................................................ 20
Figura 2.11 Células LiFePO4 LFP - 40152SE ...................................................................................... 22
Figura 2.12 Células LiFePO4 WN10AH ................................................................................................ 22
Figura 2.13 Células LiFePO4 HW - 38120S ......................................................................................... 22
Figura 2.14 Curvas de descarga para diferentes temperaturas, para as células LFP- 40152SE (Ver
anexo B). ............................................................................................................................................... 26
Figura 2.15 Configuração e ligação das células da bateria. ................................................................ 26
Figura 2.16 Esquema geral do funcionamento do algoritmo de cálculo da velocidade ótima ao longo
de um percurso. ..................................................................................................................................... 30
Figura 2.17 Rendimento do conjunto motor e hélice. .......................................................................... 32
Figura 2.18 Potência de entrada no motor durante a aceleração [W]. ................................................ 33
Figura 2.19 Percurso da etapa de Harlingen com marcação das curvas em que há uma redução de
velocidade. ............................................................................................................................................ 34
Figura 2.20 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a aceleração [W]. ..................... 35
Figura 2.21 Energia armazenada na bateria durante a aceleração [Wh]. ........................................... 35
Figura 2.22 Aceleração da embarcação [m/s2]. ................................................................................... 36
Figura 2.23 Velocidade da embarcação durante a aceleração [m/s]. .................................................. 37
Figura 2.24 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a aceleração [%]. ............................... 38
Figura 2.25 Potência de entrada no motor durante a desaceleração [W]. .......................................... 38
Figura 2.26 Energia armazenada na bateria durante a desaceleração [Wh]. ..................................... 39
Figura 2.27 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a desaceleração [W]. ................ 39
Figura 2.28 Aceleração da embarcação durante a travagem [m/s2]. ................................................... 40
Figura 2.29 Velocidade da embarcação durante a desaceleração [m/s]. ............................................ 40
Figura 2.30 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a desaceleração [%]. ......................... 41
Figura 2.31 Potência de entrada no motor durante a curva [W]. ......................................................... 41
Figura 2.32 Aceleração da embarcação durante a curva [m/s2]. ......................................................... 42
Figura 2.33 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a curva [W]. .............................. 42
x
Figura 2.34 Energia armazenada na bateria durante a curva [Wh]. .................................................... 43
Figura 2.35 Velocidade da embarcação durante a curva [m/s]............................................................ 44
Figura 2.36 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a curva [%]. ........................................ 44
Figura 2.37 Potência de entrada no motor durante a prova [W]. ......................................................... 45
Figura 2.38 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a prova [W]. .............................. 45
Figura 2.39 Energia armazenada na bateria durante a prova [Wh]. .................................................... 46
Figura 2.40 Aceleração da embarcação durante a prova [m/s2]. ......................................................... 46
Figura 2.41 Velocidade da embarcação durante a prova [m/s]. .......................................................... 47
Figura 2.42 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a prova [%]. ....................................... 47
Figura 2.43 Ligações do sistema de Propulsão Elétrica. ..................................................................... 49
Figura 2.44 Caso 1, trânsito de potência. ............................................................................................ 50
Figura 2.45 Caso 2, trânsito de potência. ............................................................................................ 50
Figura 2.46 Caso 3, trânsito de potência. ............................................................................................ 51
Figura 2.47 Caso 4, trânsito de potência. ............................................................................................ 51
Figura 3.1 Esquema de ligações da plataforma de ensaios laboratorial. ............................................ 53
Figura 3.2 Montagem da plataforma de ensaios no laboratório........................................................... 54
Figura 3.3 Controlador do motor e caixa de proteção da transmissão de potência. ........................... 55
Figura 3.4 Transmissão de potência mecânica.................................................................................... 55
Figura 3.5 Fonte de alimentação do motor. ......................................................................................... 55
Figura 3.6 Polos salientes do gerador síncrono. .................................................................................. 56
Figura 3.7 Troços e respetiva potência para a primeira volta do percurso em Harlingen na Holanda.58
Figura 3.8 Troços e respetiva potência para a segunda volta do percurso em Harlingen na Holanda.
............................................................................................................................................................... 59
Figura 3.9 Potência obtida na simulação e potência obtida no ensaio experimental durante o percurso
de duas horas. ....................................................................................................................................... 61
Figura 3.10 Potência obtida na simulação e potência obtida no ensaio experimental para uma curva.
............................................................................................................................................................... 61
Figura 3.11 Potência obtida na simulação, potência no tempo e potência média obtida no ensaio
experimental para uma reta................................................................................................................... 62
Figura 3.12 Valores de energia obtidos através da plataforma de simulação e ensaios experimentais.
............................................................................................................................................................... 63
Figura 3.13 Valores de energia obtidos através da plataforma de simulação e ensaios experimentais.
............................................................................................................................................................... 63
Figura 3.14 Temperatura do motor e temperatura do controlador do motor. ...................................... 65
Figura 3.15 Limites superiores e inferiores de temperatura do motor e controlador. .......................... 65
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 Características da embarcação de algumas equipas participantes na competição Dutch
Solar Challenge. ...................................................................................................................................... 3
Tabela 2.1 Motores e referentes características. ................................................................................. 11
Tabela 2.2 Dados de placa do motor CMP90. ..................................................................................... 11
Tabela 2.3 Dados dos painéis fotovoltaicos SP125. ............................................................................ 17
Tabela 2.4 Tipos de células e suas características. ............................................................................ 19
Tabela 2.5 Valores de potência e corrente de descarga do motor para vários regimes de
funcionamento. ...................................................................................................................................... 21
Tabela 2.6 Valores de potência e corrente de carregamento da bateria para funcionamento nominal e
pico. ....................................................................................................................................................... 21
Tabela 2.7 Valores de corrente de carregamento e descarga dos 3 tipos de células propostos. ....... 23
Tabela 2.8 Características determinantes na escolha da bateria a ser utilizada na embarcação....... 24
Tabela 2.9 Dados das células a serem utilizadas na embarcação, LFP- 40152SE. ........................... 25
Tabela 2.10 Resultados para várias potências máximas de aceleração. ............................................ 48
Tabela 2.11 Rendimento do conjunto motor e hélice para várias potências de aceleração. .............. 49
Tabela 3.1 Energia consumida para várias potências máximas de aceleração. ................................. 57
Tabela 3.2 Potência e tempo ao longo da primeira volta do percurso em Harlingen na Holanda. ...... 59
Tabela 3.3 Potência e tempo ao longo da segunda volta do percurso em Harlingen na Holanda. ..... 60
Tabela 3.4 Energia armazenada na bateria no final da etapa. ............................................................ 64
xii
Lista de Símbolos
𝑎 – Aceleração [m/s2]
𝑎𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 – Aceleração atual [m/s2]
𝐴𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎_𝑓𝑜𝑡 – Área de uma célula [m2]
𝐴𝑓 – Área frontal [m2]
𝐴𝑝 – Área de painéis fotovoltaicos instalada [m2]
𝐴𝑈𝑡𝑖𝑙 – Área útil dos painéis fotovoltaicos [m2]
𝐶𝑛𝑜𝑚 – Capacidade nominal [Ah]
𝐶𝑟 – Coeficiente de atrito das rodas
𝐶𝑡𝑎𝑟 – Coeficiente de atrito aerodinâmico
𝐶𝑡𝑎𝑔 – Coeficiente de atrito hidrodinâmico
𝑑𝑒𝑐𝑒𝑙 – Desaceleração [m/s2]
𝐸 – Energia [Wh]
𝐸𝑏𝑎𝑡 – Energia na bateria [Wh]
𝐸𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 – Energia total disponível na bateria [Wh]
𝐸𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 – Energia armazenada na bateria no final da etapa [Wh]
𝐸𝑗 – Energia consumida até ao instante j [Wh]
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 – Energia total [Wh]
𝐸𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎1 – Energia consumida durante a primeira volta [Wh]
𝐸𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎_𝑟𝑒𝑔 – Energia consumida durante uma volta regular [Wh]
𝑓 – Frequência [Hz]
𝐹 – Força [N]
𝐹𝑎_𝑎𝑒𝑟𝑜 – Força de atrito aerodinâmico [N]
𝐹𝑎_ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 – Força de atrito hidrodinâmico [N]
𝐹𝑎𝑟𝑜𝑑𝑎𝑠 – Força de atrito das rodas com o solo [N]
𝐹𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 – Força inercial [N]
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 – Força total [N]
𝑔 – Aceleração da gravidade [m/s2]
𝐼 – Corrente [A]
𝐼𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 – Corrente de descarga [A]
I𝐸𝑥𝑐 – Corrente de excitação do gerador [A]
I𝐹𝑜𝑛𝑡𝑒 – Corrente de saída da fonte DC [A]
I𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 – Corrente de saída do gerador [A]
𝑚 – Massa [kg]
𝑁 – Velocidade de rotação [rpm]
𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑏𝑎𝑡 – Número de células da bateria
𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑓𝑜𝑡 – Número de células fotovoltaicas
xiii
𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒 – Número de células fotovoltaicas em série
𝑁𝑛 – Velocidade de rotação nominal [rpm]
𝑁𝑃𝑎í𝑛𝑒𝑖𝑠 – Número de painéis
𝑁𝑃𝑎𝑟𝑒𝑠_𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 – Número de pares de polos
𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 – Número de ramos em paralelo
𝑁𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠 – Número de voltas
𝑃 – Potência [W]
𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑚𝑎𝑥 – Potência máxima instantânea proveniente da bateria [W]
𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑜𝑢𝑡 – Potência instantânea proveniente da bateria [W]
𝑃𝐸𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜_𝑜𝑢𝑡 – Potência a ser dada à embarcação [W]
𝑝𝑒𝑟𝑐 – Percentagem da energia armazenada na bateria que não é consumida [%]
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 – Perda de potência devido à queda de tensão na bateria
𝑃𝐼𝑛 – Potência de entrada no motor/controlador [W]
𝑃𝑗 – Potência no instante j [W]
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟 – Potência do motor [W]
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑖𝑛 – Potência instantânea de entrada no motor [W]
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑝𝑖𝑐𝑜 – Potência máxima de entrada no motor [W]
𝑃𝑂𝑢𝑡 – Potência que é necessária fornecer ao veículo [W]
𝑃𝑂𝑢𝑡_𝑟𝑒𝑠 – Potência dissipada nas resistências [W]
𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠 – Potência instantânea proveniente dos painéis fotovoltaicos [kW]
𝑃𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 – Potência solar [kW]
𝑃𝑇𝑖 – Potência de entrada na transmissão [W]
𝑃𝑇𝑜 – Potência de saída na transmissão [W]
𝑄𝑡 – Queda de tensão na bateria [V]
𝑄𝑡1 – Queda de tensão na bateria do tipo 1 [V]
𝑄𝑡2 – Queda de tensão na bateria do tipo 2 [V]
𝑅 – Resistência [Ω]
𝑅𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 – Resistência interna [Ω]
𝑅𝑇 – Relação de transmissão
𝑡𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 – Instante de tempo atual [s]
𝑈 – Tensão [V]
𝑈𝐸𝑥𝑐 – Tensão de excitação do gerador [V]
𝑈𝐹𝑜𝑛𝑡𝑒 – Tensão da fonte DC [V]
𝑈𝐺𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 – Tensão no gerador [V]
𝑣 – Velocidade [m/s]
𝑣𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 – Velocidade atual [m/s]
𝑉𝑛_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 – Tensão nominal da bateria [V]
𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 – Tensão nominal de uma célula [V]
𝑣𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒 – Velocidade seguinte [m/s]
xiv
𝑦(𝑡) – Potência em função do tempo [kW/m2]
𝜌𝑎𝑔 – Densidade da água [kg/m3]
𝜌𝑎𝑟 – Densidade do ar [kg/m3]
Ѳ – Ângulo com a normal a superfície da terra [º]
𝜂 – Rendimento [%]
𝜂𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠_𝑓𝑜𝑡 – Rendimento dos painéis fotovoltaicos [%]
𝜂𝐻é𝑙𝑖𝑐𝑒_𝑡í𝑝𝑖𝑐𝑎 – Rendimento de uma Hélice típica [%]
𝜂𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑡í𝑝𝑖𝑐𝑜 – Rendimento de um motor típico [%]
𝜂𝑃𝑟𝑜𝑝𝑢𝑙𝑠ã𝑜_𝑡í𝑝𝑖𝑐𝑜 – Rendimento típico de propulsão [%]
𝜂𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜_𝑡í𝑝𝑖𝑐𝑎 – Rendimento de uma transmissão típica [%]
Ø – Diâmetro [mm]
xv
Lista de Acrónimos
BLDC – Motor de corrente contínua sem escovas
Imp – Corrente na potência máxima
Isc – Corrente de curto-circuito
LiCoO2 – Óxido de Lítio-cobalto
LiFePO4 – Lítio-ferro-fosfato
MRU – Movimento retilíneo uniforme
PI – Controlo proporcional-Integral
PMDC – Motor de corrente contínua com magnetos permanentes
SOC – Estado de carga
Voc – Tensão em circuito aberto
Vmp – Tensão na potência máxima
xvi
1
1. Introdução
1.1. Enquadramento e Motivação
Está na natureza do ser humano querer evoluir e competir de forma a obter um lugar de
destaque. Todos tencionam ser vencedores, para tal, preparação e previsão tomam um papel
principal na conquista desse objetivo.
Neste contexto, o desafio de participar numa competição internacional de embarcações
movidas a energia solar e com propulsão exclusivamente elétrica, desperta a ambição de fazer
mais e melhor, isto é, utilizando um algoritmo de consumo energético.
A fonte de energia utilizada pela embarcação é dita “limpa”, i.e., utiliza energia
proveniente do sol, pelo que, devido a utilizar painéis fotovoltaicos, e, num certo intervalo de
tempo, é uma fonte com energia limitada. Sendo que a energia armazenada nas baterias é
também restringida, o modo como esta energia é utilizada dita a classificação final.
Sendo um dos objetivos primários desta dissertação de mestrado dimensionar o sistema
de propulsão para um barco elétrico de competição que vai participar na competição Dutch
Solar Challenge, torna-se necessária a conceção de uma plataforma capaz de prever o
comportamento da embarcação no seu movimento, para que o sistema de propulsão elétrico
esteja ajustado às condições de funcionamento a que vai estar sujeito.
Foi desta forma desenvolvida uma plataforma de simulação realizada num programa de
cálculo numérico.
No decorrer do desenvolvimento da plataforma de simulação tornou-se ainda mais clara
a sua importância, sendo que foram acrescentadas funções de forma a melhorar a fiabilidade
da mesma, conseguindo-se assim proceder a um correto dimensionamento dos componentes a
utilizar na embarcação, nomeadamente, motor, painéis fotovoltaicos e bateria. Garante-se que
toda a energia disponível é consumida e que é utilizada pela embarcação da forma mais
eficiente possível.
Mostra-se, assim, a elevada importância do estudo realizado e dos resultados obtidos.
1.2. Objetivos
A presente dissertação possui três objetivos principais. Estes são apresentados de
seguida:
1 – Dimensionamento do sistema de propulsão elétrica para um barco de competição para
satisfazer as especificações requeridas em termos de performance;
2
2 – Modelação de todo o sistema de propulsão e desenvolvimento de uma estratégia de gestão
de energia;
3 – Desenvolvimento de uma plataforma experimental para testar e validar a estratégia de
gestão de energia sugerida.
1.3. Estado da arte
Cada vez mais o ser humano tem tomado consciência dos problemas ambientais
causados pelo uso excessivo de combustíveis fósseis. Desta forma, normas e
regulamentações têm vindo a ser implementadas no que diz respeito às emissões de gases
poluentes, provenientes de motores de combustão interna, para a atmosfera.
Para alcançar essas metas, tem vindo a ser realizada uma transição para meios de
transporte mais eficientes e menos poluentes. Assim, sendo esta tecnologia uma tecnologia
transversal, com uma manutenção muito reduzida e com um rendimento superior relativamente
aos clássicos motores de combustão interna, tem conquistado adeptos em todo o mundo. No
entanto, o ponto mais fraco desta tecnologia continua a ser o armazenamento de energia, pois
relativamente aos combustíveis fósseis possui uma densidade energética baixa ([Wh/kg]). Este
facto remete para a necessidade de uma gestão de energia eficiente para que se consiga
aumentar a autonomia.
Há no mercado atual um grande número de embarcações movidas a energia solar, com
armazenamento de energia. São maioritariamente utilizadas para passeios turísticos em águas
calmas, sendo que as competições com este tipo de embarcação são cada vez mais
populares.
Existem embarcações elétricas de dimensões e feitios muito diversificados, em especial,
para a competição Dutch Solar Challenge, atenta a flexibilidade proporcionada pelo
regulamento da competição, pelo que cada embarcação utiliza os componentes que melhor se
adequam ao orçamento da equipa, à classe a que pertence e ao objetivo que se proponham a
atingir. Assim, cada embarcação é diferente de todas as outras, promovendo uma grande
variedade de arquiteturas e performances.
São embarcações pequenas, de peso reduzido e com a parte superior do casco coberta
de painéis fotovoltaicos. Tipicamente utilizam motores de corrente contínua pois dispensam de
conversor DC/AC. As potências nominais dos motores que utilizam variam entre 2 e 5 kW.
Na tabela 1.1 encontram-se algumas características das embarcações de três equipas
participantes na competição Dutch Solar Challenge [1] [2] [3] [4].
Não com o objetivo de competir, mas para demonstrar que a humanidade já possui os
conhecimentos e a tecnologia necessários para terminar com a dependência energética de
combustíveis fósseis, foi criado por uma empresa Suíça denominada por PlanetSolar, o MS
Tûranor PlanetSolar apresentado nas figuras 1.1 e 1.2. [5]
3
Tabela 1.1 Características da embarcação de algumas equipas participantes na competição Dutch Solar Challenge.
Solar ROC
Fruese Poort
Leeuwarden
Universitas
Indonesia Solar
Boat Team
Marine Solar
Boat team
Jalapatih III
Marine Solar
Boat team
Jalapatih II
Dimensões
Comprimento [m] 6.02 6 5.25 5
Largura [m] 1.67 2.3 1.6 1.7
Altura [m] 0.34 0.45 0.5 0.5
Submergido [m] 0.05 ND 0.12 0.15
Peso
Peso total [kg] 170 175 200 300
Casco 40 ND ND ND
Painéis Fotovoltaicos
Número de células
fotovoltaicas 72 ND ND ND
Área [m2] 5 ND 7.2 4.8
Tipo de painel ND ND Flexível Vidro
Eficiência das
células [%] 19.3 ND 23 23
Potência instalada
[W] ND 1040 ND ND
Células da Bateria
Tipo de bateria Iões de Lítio Iões de Lítio Iões de Lítio Iões de Lítio
Capacidade [Ah] ND 30 ND ND
Energia
armazenada [Wh] ND ND 1750 1500
Motor
Tipo de motor ND ND DC DC
Potência máxima
[kW] ND ND 5 2
Performance
Velocidade
máxima estimada
[km/h]
26 16 31.5 20.4
Velocidade média
[km/h] 14 ND ND ND
Tempo de
endurance
estimado [h]
ND ND 3 2
4
Figura 1.1 Tûranor PlanetSolar [6]
Figura 1.2 Tûranor PlanetSolar [7]
Sendo atualmente a maior embarcação movida exclusivamente a energia solar, o MS
Tûranor PlanetSolar foi lançado a 31 de Março de 2010. A 4 de Maio de 2012, depois de 585
dias de navegação, terminou, com sucesso, a volta ao Mundo.
A embarcação, de 89 toneladas, utiliza dois motores de 60 kW, num total de 120 kW de
potência, localizados nos cascos submersos. Tem instalada uma área de células fotovoltaicas
de 512 m2. Estas células possuem um rendimento de 22.6 % e alimentam 8.5 toneladas de
baterias de iões de lítio, sendo esta a única forma de armazenamento de energia utilizada.
Como resultado final é possível navegar a uma velocidade máxima de 26 km/h. A sua
velocidade média é de 9.25 km/h, com um consumo médio de 20 kW. [8]
Esta embarcação possui um algoritmo de gestão de energia inteligente que tem em
conta as condições e previsões meteorológicas de forma a melhorar a produção,
armazenamento e consumo de energia.
1.4. Estrutura da dissertação
A dissertação encontra-se dividida em 6 capítulos, seguidamente apresentados:
Capítulo 1 – Capítulo introdutório;
Capítulo 2 – Neste capítulo aborda-se o algoritmo de consumo energético, a plataforma de
simulação, e o dimensionamento dos componentes da embarcação, nomeadamente motor,
painéis fotovoltaicos e bateria;
Capítulo 3 – O presente capítulo é referente ao trabalho experimental realizado no laboratório,
aborda desde a idealização da plataforma de ensaios até aos resultados obtidos e à respetiva
discussão;
Capítulo 4 – Neste capítulo apresentam-se as conclusões do trabalho realizado e as
perspetivas de trabalho futuro.
5
2. Algoritmo para um sistema de gestão de energia
adaptado ao percurso de um veículo
2.1. Algoritmo de consumo energético
Para ser possível prever o comportamento de um veículo num determinado percurso é
necessário elaborar uma plataforma de simulação, na qual seja possível calcular e determinar
todo o seu movimento com base em equações físicas. Primeiramente é necessário determinar
duas grandezas. São elas: a velocidade e a potência de propulsão do veículo.
A função de cálculo da potência para um veículo terrestre é obtida da forma abaixo
descrita.
Sabe-se que a força inercial é,
𝐹𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑚𝑎 [N] (2.1)
A força de atrito aerodinâmico, é dada por:
𝐹𝑎_𝑎𝑒𝑟𝑜 =1
2𝜌𝑎𝑟𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑟𝑣
2 [N] (2.2)
e a força de atrito das rodas com o chão é dada por:
𝐹𝑎_𝑟𝑜𝑑𝑎𝑠 = 𝐶𝑟(𝑚𝑔)cos (ѳ) [N] (2.3)
A força total que é necessária ser fornecida ao veículo é então a soma das anteriores:
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑚𝑎 + 𝐶𝑟(𝑚𝑔)cos (ѳ) +1
2𝜌𝑎𝑟𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑟𝑣
2 [N] (2.4)
Através da seguinte equação que relaciona potência com força,
𝑃 = 𝐹𝑣 [W] (2.5)
Chega-se à equação de cálculo da potência, esta é representada seguidamente.
𝑃𝑂𝑢𝑡 = (𝑚𝑎)𝑣 + (𝐶𝑟(𝑚𝑔)cos (ѳ) +1
2𝜌𝑎𝑟𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑟𝑣
2) 𝑣 [W] (2.6)
6
Lista de Variáveis:
𝑃𝑜𝑢𝑡 - Potência que é necessária fornecer
ao veículo [W]
𝑚 - Massa do veículo [kg]
𝑎 - Aceleração [m/s2]
𝑣 - Velocidade [m/s]
𝜌𝑎𝑟 - Densidade do ar [kg/m3]
𝐴𝑓 - Área frontal [m2]
𝐶𝑡𝑎𝑟 - Coeficiente de atrito aerodinâmico
𝑔 - Aceleração da gravidade [m/s2]
𝐶𝑟 - Coeficiente de atrito das rodas
Ѳ - Ângulo de inclinação [º]
Através da equação 2.6 consegue-se relacionar a potência necessária a ser fornecida ao
veículo com a sua velocidade. Deste modo, torna-se possível criar um algoritmo capaz de
caracterizar o veículo em todos os pontos do trajeto a percorrer.
Com a algoritmo de consumo energético pretende-se que no final seja possível
comandar a potência que está a ser enviada para o motor. Assim, durante o percurso, é
consumida toda a energia disponível da maneira mais eficiente possível.
Para o piloto do veículo a grandeza trivial pela qual ele se vai reger é a velocidade.
Através da equação 2.6, consegue-se o elo de ligação entre o que se pretende atingir e o
comando para o realizar. Foi então formulado um algoritmo que permite determinar a
velocidade ótima ao longo de um percurso, de forma a melhorar o consumo da energia
disponível.
O diagrama da figura 2.1 representa esse mesmo algoritmo, tem como entrada um
percurso dividido por troços, nos quais se pretendem realizar os testes.
Passo 1: O percurso é introduzido respeitando o seguinte formato:
[ xj, vj;
xj+1, vj+2
…, …
xj+n, vj+n; ]
Em que xj representa o comprimento do troço e vj representa a velocidade imposta como
condição inicial para cada troço.
Passo 2: Calcula-se a potência instantânea necessária em cada ponto desse mesmo
percurso de forma a cumprir as velocidades impostas. Este cálculo é realizado utilizando a
equação 2.6.
Passo 3: Após a obtenção da potência instantânea, calcula-se a energia gasta em
função do tempo decorrido fazendo uma integração trapezoidal cumulativa.
Passo 4: A energia final presente na bateria é então comparada com a energia
disponível para o percurso, em que perc é a percentagem de energia que fica na bateria de
forma a não comprometer o seu bom funcionamento.
7
Passo 5: É feito um ajuste de todas as velocidades mediante o resultado obtido, i.e.,
caso a energia final seja inferior à desejada, a velocidade de todos os troços é decrementada
de uma constante de forma a diminuir o consumo de energia. De forma análoga, caso a
energia final seja superior à desejada, a velocidade de cada troço é aumentada de forma a ser
consumida mais energia. Este processo repete-se de forma iterativa até a energia final ser
exatamente a energia disponível.
2.2. Dimensionamento e escolha de componentes
2.2.1. O barco solar: Competição Dutch Solar Challenge
Para ser feito o dimensionamento correto dos componentes é necessário saber algumas
das grandezas características com que se vai operar. Para isto é fundamental saber quais as
exigências e restrições presentes no regulamento da competição.
A Dutch Solar Challenge é uma conceituada competição internacional realizada na
Holanda com mais de uma década de existência.
A competição tem a duração de sete dias nos quais as equipas são postas à prova em
diversas etapas.
Existem quatro classes, A Class, B Class, Top Class e V20 Class. A classe para o qual a
equipa Técnico Solar Boat (TSB) se propõe em participar é a Top Class, devido a existirem
menos restrições. Desta forma há mais liberdade para a inovação e diferenciação entre as
embarcações.
Assim, todo o dimensionamento foi realizado para uma embarcação na Top Class e para
uma etapa típica da competição Dutch Solar Challenge, mais especificamente, foi concretizado
utilizando como base a etapa de Harlingen cujo objetivo é percorrer o maior número de voltas
possível do percurso durante 2 horas.
No decorrer da competição as equipas competem em várias modalidades,
nomeadamente Sprint, Endurance e Slalom. Todos estes modos de prova são
obrigatoriamente realizados, no entanto, as provas de Endurance têm uma maior relevância na
classificação final.
A prova de Endurance consiste em navegar entre 20 a 60 km diariamente. Por outro
lado, a modalidade de Sprint consiste em percorrer um pequeno percurso em linha reta de 150
a 250 m, e por fim o Slalom tem como objetivo navegar um curto percurso com obstáculos.
A equipa mais rápida ganhará a competição.
Principais restrições da Top Class, ver anexo F:
• Energia máxima armazenada na bateria: 1500 Wh
8
𝑣𝑗 = 𝑣𝑗 𝐶𝑡𝑒 𝑣𝑗 = 𝑣𝑗 + 𝐶𝑡𝑒
𝑗 𝑣𝑗 𝐼 í𝑐 𝑜
𝑃 = 𝑚𝑎𝑗 𝑣𝑗 + 𝐶𝑟𝑗(𝑚𝑔)cos Ѳ𝑗 +1
2𝜌𝑎𝑟𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑟𝑗𝑣𝑗
2 𝑣𝑗
𝐸𝑗 = 𝑃𝑗 𝑑𝑡𝑡
𝑣𝑗 𝑜𝑡 𝑚𝑜𝐸𝑗 = 𝑝𝑒𝑟𝑐𝐸𝑏𝑎𝑡
𝐸𝑗 𝑝𝑒𝑟𝑐𝐸𝑏𝑎𝑡
𝐸𝑗 𝑝𝑒𝑟𝑐𝐸𝑏𝑎𝑡
SimNão
Figura 2.1 Algoritmo de consumo energético geral.
9
• Com exceção da carga inicial a bateria apenas pode ser carregada pelos painéis
fotovoltaicos
• Potência máxima de painéis fotovoltaicos: 1750 Wp ± 2 %
• Tensão máxima permitida: 52 Vdc ou 52 Vrms
• Velocidade média mínima da embarcação em 10 km de navegação: 12 km/h
O regulamento impõe restrições no que diz respeito à energia armazenada na bateria e à
potência máxima de painéis fotovoltaicos instalados.
Não existe, no entanto, restrição para o motor a utilizar.
2.2.2. Dimensionamento do Motor
Utilizando a plataforma de simulação e, utilizando um percurso apenas em linha reta e
com um valor de aceleração fixo, foi possível retirar valores da potência necessária ser
fornecida à embarcação para os vários regimes de funcionamento. Sabendo os valores típicos
de rendimento de um motor e de uma hélice para a potência em causa é então possível iniciar
uma hipótese e posteriormente selecionar o motor a utilizar.
ηMotor_típico = 0.85
ηHélice_típica = 0.60
ηTransmissão_típica = 0.95
Pode assim calcular-se o rendimento da propulsão.
ηPropulsão_típico = ηMotor_típicoηHélice_típicaηTransmissão_típica [%] (2.7)
ηPropulsão_típico = 0.85(0.6)(0.95) = 0.485 = 48.5 [%]
Para a modalidade de Endurance, mais especificamente para o percurso de 2 horas em
Harlingen, retirou-se da plataforma de simulação o valor de potência médio que é necessário
fornecer à embarcação (𝑃𝑂𝑢𝑡), esse valor é 842 W.
Utilizando o rendimento típico de propulsão calculado anteriormente na equação 2.7 e a
potência média necessária ao longo do percurso calcula-se a potência média que o motor terá
de ser capaz de fornecer.
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟 =𝑃𝑂𝑢𝑡
𝜂𝑃𝑟𝑜𝑝𝑢𝑙𝑠ã𝑜_𝑡𝑖𝑝𝑖𝑐𝑜=842
0.485= 1736 [W] (2.8)
Assim, surge como óbvia a seleção de um motor de 1800 W (valor de potência nominal),
no entanto, este valor de potência nominal não cumpre os objetivos na sua totalidade. Isto
10
deve-se ao facto de existirem outras modalidades de prova durante a competição Dutch Solar
Challenge. São estas, já referidas no capítulo 2.1.1, Sprint e Slalom, em que é requerido
funcionar com o motor em regimes mais altos de potência. Pelo que, um motor com estas
características não seria indicado por ser limitativo na velocidade máxima atingida e na
aceleração capaz de gerar. O motor a ser utilizado teria então de ter idealmente 1800 W de
potência nominal para a modalidade de Endurance, e ser simultaneamente um motor mais
potente, para as restantes modalidades em que, como acima mencionado, são necessárias
grandes acelerações e velocidades.
Para estas duas últimas modalidades de prova, uma vez que o único objetivo é percorrer
o pequeno percurso o mais rapidamente possível, a potência pico do motor deverá ser tão alta
quanto a soma da potência de descarga da bateria e da potência dos painéis fotovoltaicos
permitam.
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑚𝑎𝑥 + 𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠 [W] (2.9)
Como mencionado anteriormente a modalidade com mais relevância na classificação
final é a prova de Endurance. Desta forma, para a decisão final do motor a utilizar optou-se por
esta modalidade em detrimento das restantes. Por esta razão terá de ser selecionado um
motor de potência nominal superior a 1800 W, mas que o seu rendimento para esta potência
de entrada seja próximo do nominal, isto é, que a sua potência máxima seja tão alta quanto
possível, não sacrificando o rendimento para os valores médios de potência em que irá
funcionar.
Sendo que não existe restrição no motor a utilizar a decisão teve como base alguns
fatores determinantes, nomeadamente:
-Tipo de motor
-Potência nominal
-Potência de pico
-Mapa de rendimento
-Peso
-Volume
Para decidir o motor a utilizar, através da tabela 2.1, foram comparados 3 tipos de
motores distintos. Um motor de corrente contínua sem escovas (BLDC), um motor de corrente
contínua com magnetos permanentes (PMDC) [10] e um motor de indução [11].
O peso é um fator fulcral na escolha final, pois tem uma implicação direta no coeficiente
de atrito hidrodinâmico da embarcação. Desta forma, sem sacrificar a potência e para que o
peso e volume do motor sejam tão baixos quanto possível, a gama de motores apropriados
reduz-se a motores que usem magnetos permanentes.
Motores de tensão alternada são à partida excluídos pois são, por si só, mais pesados
e necessitam de inversor devido às fontes de energia da embarcação serem de tensão
contínua (bateria e painéis fotovoltaicos).
11
Tabela 2.1 Motores e referentes características.
Tipo
BLDC (CPM90)
Indução *
PMDC *
(PMG132)
Potência [W] 3000 3000 4700
Peso [kg] 3.7 21.5 12.5
Dimensões [mm] Ø 138.2 x 141 Ø150 x 236 Ø222 x 172
Rendimento máximo
[%] 90 94 89
Tensão Nominal [V] 48 48 48
*não inclui controlador
Pela mesma razão o motor PMDC foi também excluído devido ao seu peso
aproximadamente 3 vezes superior ao BLDC e devido à sua necessidade de controlador
externo.
O motor capaz de cumprir todas as exigências e restrições é então o CPmotion CPM90-
45 de 48V e 3kW de potência nominal, apresentando na figura 2.2. Este motor adequa-se a
todos os requisitos mencionados acima.
Os dados de placa do motor CMP90 são os seguintes (ver anexo D):
Tabela 2.2 Dados de placa do motor CMP90.
Potência Nominal [W] 3000
(4300Rpm/6.66Nm) Dimensões [mm] 126x126x141.5
Potência de pico [W] 5000 Peso [kg] 3.7
Tensão nominal [V] 48 Velocidade em vazio
[1/min] 4500
Velocidade máxima
[1/min] 6000
Constante de binário
[Nm/A] 0.077
Binário máximo [Nm] 14 Momento de inércia
do rotor [gcm2] 13000
Resistência fase-fase
20ºC [mΩ] 23
Resistência térmica
do isolamento dos
enrolamentos [K/W]
0.18*
Indutância fase-fase
[µH] 120
*a potência nominal e com um fluxo de ar a 8 m/s
12
Figura 2.2 Motor CPM90 e acessórios.
Na figura 2.3 está representado o diagrama de rendimento do motor CPM90 para todos
os seus valores de potência e rotação. A metade superior do diagrama é relativa ao
funcionamento como motor, a metade inferior, ao seu funcionamento como gerador. Para o
estudo em questão, devido à inexistência de recuperação de energia apenas tem relevância a
metade relativa ao funcionamento como motor.
Pode ver-se na figura, destacado de cor verde, que para uma potência 𝑃 є [≈
1500 W, 3000 W] e 𝑁 є [≈ 3000 rpm,≈ 4500 rpm] o rendimento é 89%, apenas 1 % abaixo do
rendimento nominal do motor. Assim, devido ao seu peso diminuto (3.7 kg) e com uma
potência máxima de 5 kW consegue cumprir os requisitos impostos para a modalidade de
Endurance assim como para Sprint e Slalom.
13
Figura 2.3 Rendimento do motor de 3 kW, CPM90-45 48 V, adaptado de imagem do anexo D.
2.2.3. Dimensionamento dos Painéis Fotovoltaicos
Como mencionado previamente, segundo o regulamento da competição a potência
máxima instalada não poderá exceder os 1750 Wp ± 2 %. Ora, sabendo que a principal fonte
de energia durante a competição é proveniente dos painéis fotovoltaicos, fica claro que este é o
valor de potência instalada a ser utilizado.
Através do valor de potência instalada, o ângulo de instalação dos painéis, o mês do ano
e a localização da competição, consegue-se obter a potência solar média por metro quadrado
que vai estar disponível sobre os painéis fotovoltaicos. [12]
14
A potência instantânea média diária no mês de Junho em Harlingen, Holanda, é então:
0 5 10 15 200
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Horas do dia [h]
Po
tên
cia
so
lar
[kW
/m2]
𝑃𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 = 5×10−5ℎ4 0,0024ℎ3 + 0,0321ℎ2 0,077h 0,037
Figura 2.4 Potência solar média para um dia do mês de Junho em Harlingen, Holanda.
O gráfico representado na figura 2.4 tem em conta o ângulo do sol relativamente aos
painéis fotovoltaicos da embarcação instalados na horizontal e a potência solar por metro
quadrado, média para o mês de Junho, em Harlingen na Holanda.
Existem atualmente no mercado painéis fotovoltaicos feitos de silício monocristalino e de
silício policristalino. No entanto, como os painéis fotovoltaicos mais indicados para este tipo de
utilização têm de ser leves e com um rendimento o mais elevado possível, opta-se por painéis
fotovoltaicos de silício monocristalino, pois estes últimos possuem um rendimento superior.
Desta forma, devido ao seu rendimento, o mais alto do mercado, e ao seu peso diminuto, foram
selecionados os painéis SP125 fornecidos pela Solbian, tal como consta no anexo E, e
presentes na figura 2.5.
Cada painel solar SP125 como o nome indica é de 125 W. Assim, calcula-se o número
de painéis fotovoltaicos necessários para perfazer o total de 1750 Wp.
𝑁𝑃𝑎í𝑛𝑒𝑖𝑠 =1750
125= 14
Terão de ser utilizados 14 painéis de 125 W cada de modo a conseguir chegar à potência
máxima permitida por regulamento.
15
Figura 2.5 Painéis fotovoltaicos SP125 da Solbian.
Assumindo um rendimento constante ao longo do dia, e através da consulta da respetiva
datasheet fixa-se o rendimento total da conversão em 23 %.
A área útil instalada é calculada utilizando as medidas de uma célula fotovoltaica
individual, como presente no anexo C, assim, através da área de uma célula calcula-se a área
total útil do painel fotovoltaico SP125 e multiplica-se pelo número de painéis utilizados. Desta
forma evita-se o erro introduzido pelas faixas laterais dos painéis, sendo que estas não
contribuem para a produção de energia elétrica.
Através da figura 2.6 pode calcular-se a área de cada célula, consequentemente calcula-
se a área útil como está presente na equação 2.10.
Figura 2.6 Dimensões das células constituintes dos painéis fotovoltaicos, ver anexo A.
Pela figura 2.5 sabe-se que são usadas 40 células no painel solar SP125, assim, calcula-
se a área útil do conjunto de painéis fotovoltaicos.
16
𝐴𝑈𝑡𝑖𝑙 = 𝐴𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎_𝑓𝑜𝑡𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑓𝑜𝑡𝑁𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 [m2] (2.10)
𝐴𝑈𝑡𝑖𝑙 = 0.125(0.125)(40)(14) = 8.75 [m2]
Imediatamente pode ser elaborado um gráfico da potência que os painéis fotovoltaicos
instalados vão fornecer ao longo da etapa. O início da etapa está predefinido para as 10 horas
da manhã e duração tem total de 2 horas.
Através da área útil e o respetivo rendimento dos painéis fotovoltaicos calcula-se a
potência que efetivamente vai estar disponível à saída dos mesmos, usa-se a seguinte
expressão:
𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠 = 𝑦(𝑡)𝐴𝑝𝜂𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠_𝑓𝑜𝑡 , 𝑡 є [10,12] [kW] (2.11)
Em que:
𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠 – Potência instantânea proveniente dos painéis fotovoltaicos [kW]
𝑦(𝑡) = Potência em função do tempo [kW/m2]
𝐴𝑝 = Área de painéis fotovoltaicos instalada [m2]
𝜂𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒ì𝑠_𝑓𝑜𝑡 = Rendimento dos painéis fotovoltaicos [%]
Obtém-se assim o gráfico da potência que o conjunto de painéis fotovoltaicos irá
fornecer durante a etapa.
Muito embora se saiba que não corresponde totalmente à realidade, devido à
impossibilidade de previsão, assume-se que os painéis fotovoltaicos estão sempre
perfeitamente na horizontal e que não haverá nuvens durante a etapa. Na figura 2.7 está
representada a potência solar estimada disponível para a propulsão da embarcação durante a
prova de 2 horas em Harlingen, com início às 10 horas da manhã.
Imediatamente, analisando o gráfico da potência solar ao longo do percurso, conclui-se
que os painéis fotovoltaicos são capazes de fornecer à embarcação uma potência instantânea
entre [≈ 1030, 1120] [W].
Devido à imposição do regulamento que diz que a tensão máxima na embarcação não
pode ser superior a 52 VDC, os painéis terão de ser ligados em paralelo de dois em série.
Na figura 2.8 apresenta-se o esquema com a proposta de ligação entre os catorze
painéis fotovoltaicos da embarcação.
17
9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.51020
1040
1060
1080
1100
1120
1140
Horas do dia [h]
Po
tên
cia
[W
]
Potência(h)
Curva de Tendência
𝑃𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 = 20,125h2 + 489,04h 1849,5
Figura 2.7 Potência solar à saída dos painéis fotovoltaicos durante a etapa em Harlingen, Holanda.
Na tabela 2.3 apresentam-se os dados dos painéis fotovoltaicos SP125:
Tabela 2.3 Dados dos painéis fotovoltaicos SP125.
Potência [W] 125 Comprimento [mm] 1363
Largura [mm] 546 Espessura [mm] 2
Peso [kg] 1.70 Nº de células 40
Voc [V] 27 Vpm [V] 24
Isc [A] 6.10 Imp [A] 5.70
Após o dimensionamento dos painéis fotovoltaicos, confirma-se que para provas de
grande duração, como é particular das provas de endurance, a maior contribuição de potência
provém dos painéis fotovoltaicos e não da bateria. Deste modo, para que seja possível
alcançar um lugar cimeiro da grelha de qualificação foi necessário selecionar os mais eficientes
painéis fotovoltaicos do mercado. Fazer uma previsão cuidada e precisa da potência solar
disponível para o percurso foi também crucial.
No final do dimensionamento dos painéis fotovoltaicos, conseguiu-se perfazer os 1750
Wp máximos impostos pelo regulamento. Desta forma maximiza-se a capacidade de geração
de energia elétrica da embarcação.
18
Figura 2.8 Esquema de ligação dos painéis fotovoltaicos.
48V
19
2.2.4. Dimensionamento do conjunto de baterias
Devido à inteira dependência da bateria com o motor e os painéis fotovoltaicos, apenas
após o respetivo dimensionamento e seleção de componentes feito anteriormente é possível
dimensionar com sucesso a bateria da embarcação.
Para se selecionar as células constituintes da bateria é necessário previamente escolher
a composição química das células a utilizar, desta forma foi realizado um estudo comparativo
dos tipos de células mais comuns no mercado para que se possa optar pelas que mais se
adequam às exigências da competição. As células comparadas são de ácido-chumbo, lítio-
ferro-fosfato e óxido de Lítio-cobalto [13].
A decisão da composição química das células tem em conta como fatores de decisão os
seguintes:
- Energia específica [Wh/kg]
- Número de ciclos
- Segurança
- Tempo de recarga [h]
- Preço
Tabela 2.4 Tipos de células e suas características.
Tipo
Símbolo
Químico
Energia
especifica
[Wh/Kg]
Número de
ciclos
(descarga a
80 %)
Tempo de
recarga [h]
Chumbo-Ácido Pb 30-50 200-300 8
Lithium Iron
Phosphate LiFePO4 90-120 500-1000 2-3
Lithium Cobalt
Oxide LiCoO2 150-225 2000-3000 2-3
Analisando a tabela 2.4, devido à sua elevada energia específica e baixo tempo de
recarga, as células mais indicadas serão de LiFePO4 ou de LiCoO2. Estas estão presentes nas
figuras 2.9 e 2.10. No entanto, as células desta composição química (LiCoO2), mesmo sendo
as mais indicadas pela análise da tabela 2.4, são altamente intolerantes a carregamentos ou
descargas excessivos, podendo arder ou mesmo explodir.
Devido à pequena margem para erros no manuseamento desta composição química,
opta-se pelas células de LiFePO4. Assim, não só se promove a segurança de todos os
elementos responsáveis pelo manuseamento das mesmas, como também se assegura a
permanência na competição até à sua conclusão. Estas, sendo mais tolerantes a erros tornam-
se numa solução mais atrativa para os atuais requisitos da equipa. Sabe-se que o volume e
peso das LiFePO4 é superior, no entanto a disposição e fixação entre as várias células feita
20
através de um parafuso nos seus terminais torna simples substituir células mortas ou
defeituosas. Desta forma excluem-se as células de LiCoO2, não comprometendo a performance
geral da embarcação tal como será abordado e comprovado no decorrer do dimensionamento.
Figura 2.9 Células LiCoO2 (oxido de lítio-cobalto), adaptado de [14].
Figura 2.10 Células LiFePO4 (Lítio-ferro-fosfato) cilíndricas [15].
Após a decisão da composição química das células é necessário determinar quais as
células que mais se adequam às necessidades da embarcação. Para isso é necessário saber
algumas características e especificações, pois existem células com características díspares
para a mesma composição química.
Desta forma, as características sobre as quais é feita a decisão final das células LiFePO4
a utilizar são as seguintes:
-Corrente máxima de descarga (contínua)
[A]
-Corrente recomendada de descarga [A].
-Corrente máxima de descarga (pulso de
30 segundos) [A]
-Corrente máxima de carga contínua [A]
-Corrente recomendada de carga [A]
-Tensão máxima por célula [V]
-Tensão mínima por célula [V]
-Peso [kg]
-Volume [m3].
Como mencionado previamente, e imposto por regulamento, em nenhum caso a tensão
na embarcação poderá exceder os 52 VDC. Em especial, para o uso de células de lítio existe
uma outra restrição, que impõe que no máximo seja utilizada uma montagem com 14 células
em série.
Sendo a tensão nominal de cada célula de lítio 3.2 V, como presente no anexo B, sabe-
se:
𝑉𝑛_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 [V] (2.12)
𝑉𝑛_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = 14(3.2) = 44.80 [V]
21
Utilizando o valor de tensão nominal da bateria e a potência necessária no motor é
possível calcular todos os valores de corrente de descarga que a bateria vai ter de ser capaz
de fornecer. Sabe-se:
𝑃 = 𝑈𝐼 [W] (2.13)
Para se realizar um correto dimensionamento da bateria tem de se garantir o pleno
funcionamento do sistema de propulsão em todas as condições. O dimensionamento é
efetuado para o pior caso, contabilizando como zero a contribuição de potência dos painéis
fotovoltaicos. Desta forma, será possível utilizar a embarcação em todas as suas
potencialidades durante nevoeiro ou chuva forte, casos em que a irradiância solar que chega
aos painéis fotovoltaicos é reduzida ou mesmo nula.
Adotando como referência a tensão da bateria, utilizando a equação 2.13 podem
calcular-se os valores de correntes necessários ao dimensionamento para os vários regimes de
funcionamento.
Modo descarga (Motor)
Tabela 2.5 Valores de potência e corrente de descarga do motor para vários regimes de funcionamento.
Aceleração máxima Nominal Média (Plataforma de
simulação)
Potência [W] 5000 3000 1736
Corrente [A] 111.60 67 38.75
Analogamente à descarga da bateria, calculam-se os valores de correntes respeitantes
ao carregamento das mesmas.
Modo carregamento (Painéis Fotovoltaicos)
Tabela 2.6 Valores de potência e corrente de carregamento da bateria para funcionamento nominal e pico.
Pico Nominal
Potência [W] 1750 1120
Corrente [A] 36.50 23.33
Através das tabelas 2.5 e 2.6 torna-se possível concluir que células são ou não passíveis
de ser utilizadas na embarcação.
Atendendo às restrições, a forma de ligar as células entre si terá de ser com catorze
células em série e seguidamente ligar séries de catorze células em paralelo até se atingir o
valor mais próximo possível de 1500 Wh permitidos.
22
Escolheram-se três células de LiFePO4 distintas, apresentadas nas figuras 2.11 a 2.13,
existentes no mercado e fez-se um estudo de modo a perceber quais poderiam ou não ser
utilizadas na embarcação.
As células são as apresentadas seguidamente:
Tipo 1 - LiFePO4 WN10AH [16]
Tipo 2 - LiFePO4 HW - 38120S [17]
Tipo 3 - LiFePO4 LFP - 40152SE, ver anexo B
Figura 2.11 Células LiFePO4 LFP - 40152SE
Figura 2.12 Células LiFePO4 WN10AH
Figura 2.13 Células LiFePO4 HW - 38120S
Calcula-se o número de ligações em paralelo de séries de catorze células que se terá de
utilizar para cada tipo utilizando a seguinte equação:
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒 𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝐶𝑛𝑜𝑚 [Wh] (2.14)
Para as células do tipo 1 - LiFePO4 WN10AH e tipo 2 - LiFePO4 38120S, ambas de
10Ah, tem-se:
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒 𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝐶𝑛𝑜𝑚 ⟺
⟺ 1500 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜3.2(14)(10) ⟺
𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 =1500
3.2(14)(10)= 3.35 ⟹ 3
Conclui-se que tanto para as células do tipo 1 como para as células do tipo 2, terão de
se ligar 3 séries em paralelo, cada série com 14 células, de modo a obter o valor mais próximo
de 1500 Wh, sem que este seja ultrapassado.
Utilizando novamente a equação 2.14 calcula-se o valor da energia que vai estar
armazenada utilizando células tipo 1 ou do tipo 2, de 10 Ah.
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒 𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝐶𝑛𝑜𝑚 ⟺
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 3(3.2)(14)(10) = 1344 [Wh]
23
Analogamente, recorrendo à equação 2.14, calculam-se o número de ramos em paralelo
necessários para as células do tipo 3, de 15Ah:
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑉𝑛_𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 𝐶𝑛𝑜𝑚 ⟺
⟺ 1500 = 𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜× 3.2×14×15 ⟺
𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 =1500
3.2(14)(15)= 2.23 ⟹ 2
Para as células do tipo 3 serão apenas duas séries de catorze células em paralelo, no
entanto, a energia final armazenada é a mesma.
𝐸𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2(3.2)(14)(15) = 1344 [Wh]
Neste ponto deixa-se de falar em células individuais, passa-se a tratar o conjunto de
células previamente dimensionado, por bateria. Seguidamente verifica-se se a corrente de que
o motor necessita, para operar em todos os seus regimes de funcionamento, pode ser
fornecida pelos vários tipos de células propostos.
Valida-se também se a corrente proveniente dos painéis fotovoltaicos pode ser
direcionada na sua totalidade para a bateria durante o carregamento das mesmas.
Através de uma consulta cuidada das respetivas datasheets obtém-se a tabela 2.7
constituída por valores de corrente máximos e valores de corrente recomendados:
Tabela 2.7 Valores de corrente de carregamento e descarga dos 3 tipos de células propostos.
Modo carregamento Modo descarga
Pico Nominal Pico Nominal Média
Potência [W] 1750 1121 5000 3000 1736
Corrente [A] 36.50 23.35 111.60 67 38.75
Bateria
Tipo 1 30A Max. 30A Max.
9.9A Rec.
90A Max.
15 seg
60A Max.
9.9A Rec.
60A Max.
9.9A Rec.
Tipo 2 90A Max.
15A Rec.
90A Max.
15A rec.
300A Max.
30 seg
90A Max.
30A Rec.
90A Max.
30A Rec.
Tipo 3 90A Max
15A Rec.
90A Max.
15A rec.
300A Max.
30 seg
90A Max.
30A Rec.
90A Max.
30A Rec.
Analisando a tabela 2.7, exclui-se a bateria do tipo 1 pois não está apta a fornecer a
corrente necessária para que o motor funcione em todos os regimes para que foi projetado.
Sendo que as células do tipo 1 e 2 são igualmente capazes, importa agora determinar qual
será a solução mais adequada.
24
As seguintes tabelas foram realizadas utilizando os preços presentes no endereço
eletrónico e consulta na respetiva datasheet [17] [18].
Tabela 2.8 Características determinantes na escolha da bateria a ser utilizada na embarcação.
Célula LiFePO4 HW - 38120S LiFePO4 LFP- 40152SE
Número de células necessárias 14(3) = 42 14(2) = 28
Preço unitário [$] 23.75 37.95
Preço total [$] 42(23.75) = 997.5 28(37.95) = 1062.6
Peso unitário [g] 330 480
Peso total [g] 42(330) = 13860 28(480) = 13440
Resistência interna [mΩ] ≤ 8 ≤ 4
A tabela 2.8 foi utilizada de forma a determinar quais as células que iriam constituir a
bateria da embarcação. Uma vez que as duas células em comparação possuem a mesma
capacidade de descarga e de carregamento, será feita uma ponderação custo-benefício.
Para ser possível perceber quais as implicações da queda de tensão (𝑄𝑡), calcula-se
para uma corrente de descarga de 40A, valor próximo da média, utilizando a seguinte equação:
𝑄𝑡 =𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠_𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑁𝑅𝑎𝑚𝑜𝑠_𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜
𝑅𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝐼𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 [V] (2.15)
Através da equação 2.15, determina-se a queda de tensão para a bateria do tipo 1:
𝑄𝑡1 =14
3(8×10−3)(40) = 1.49 [V]
Calcula-se a potência a ser retirada da bateria utilizando a equação 2.13 mencionada
previamente:
𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑜𝑢𝑡 = 40(44.8 1.49) = 1732 [W]
Seguidamente calcula-se a queda de tensão para a bateria do tipo 2:
𝑄𝑡2 =14
2(4×10−3)(40) = 1.12 [V]
Calcula-se a potência a ser retirada da bateria:
𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑜𝑢𝑡 = 40(44.8 1.12) = 1747 [W]
25
Conclui-se que para a mesma energia de armazenamento embora a resistência interna
por célula seja o dobro, devido ao número de ramos em paralelo a diferença de perda de
potência devido á queda de tensão na resistência interna é desprezável:
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 = (1 (1732
1747) (100)) = 0.86 [%]
Devido ao preço das duas soluções ser aproximadamente o mesmo, opta-se pela
bateria do tipo 2 que utiliza células LiFePO4 LFP- 40152SE devido ao seu peso inferior, e ao
facto de serem menos células.
Abaixo, na tabela 2.9 apresentam-se os dados das células a serem utilizadas na
embarcação:
Tabela 2.9 Dados das células a serem utilizadas na embarcação, LFP- 40152SE.
Nome Célula cilíndrica LiFePO4
Modelo LFP- 40152SE
Capacidade Nominal: 15000 mAh
Tensão nominal 3.2 V
Densidade de energia (Wh/kg) 100
Resistência interna ≤4 mΩ
Corrente de carregamento máxima 3C(45 A)
Tensão de carregamento padrão 3.65± 0.05 V
Corrente de carregamento recomendada 0.5C, 5 A ×2 hours
Corrente de descarga máxima recomendada continua 3C (45 A) -10C (150 A)
Corrente de descarga máxima (pulso de 30seconds) 10C(150 A)
Corrente de descarga recomendada 1C (15 A)
Tensão minima 2.0 V
Ritmo de Auto descarga (mensalmente) 2-3 %
Altura/Diâmetro 165.5 ± 0.5 / 40 ± 1
Peso (Approx.) 480 g
Assim como, se apresenta na figura 2.14, as curvas de descarga para vários valores de
temperatura.
26
Figura 2.14 Curvas de descarga para diferentes temperaturas, para as células LFP- 40152SE (Ver anexo B).
Por fim, na figura 2.15, é apresentada a configuração proposta para a bateria:
Figura 2.15 Configuração e ligação das células da bateria.
Tal como no dimensionamento dos painéis fotovoltaicos, devido às imposições do
regulamento, como mencionado previamente, as células da bateria terão de ser ligadas em
paralelos de catorze células em série. Assim, o esquema com a proposta de ligação das
células constituintes da bateria da embarcação é o apresentado na figura 2.15.
44.8 Vn
3.2 Vn
27
2.3. Plataforma de simulação híbrida do movimento da
embarcação em pista.
2.3.1. Funcionamento
A plataforma de simulação híbrida concebida, que consiste num programa desenvolvido
num programa de cálculo numérico, utiliza como base o algoritmo mencionado e explicado na
seção 2.1. Em que, como grandezas de entrada, e para os testes realizados, todas as
velocidades em linha reta são inicializadas com o valor de 𝑣𝑗 = 15.6 km/h e as velocidades
em curva, são todas iniciadas a 𝑣𝑗 = 10 km/h. Estes valores são apenas condições iniciais a
partir dos quais o algoritmo vai calcular a velocidade ótima, foram selecionados de modo a que
a média de velocidades seja aproximadamente 15 km/h para o percurso de 2 horas de
duração. A denominação híbrida vem do facto da plataforma de simulação ser composta por
uma parte de cálculos numéricos efetuados no computador e por uma parte obtida
experimentalmente.
O peso total da embarcação com tripulante e o comprimento do casco utilizados na
plataforma de simulação foram fornecidos pela área de casco da equipa TSB e são
respetivamente 280 kg e 7 metros.
Pela plataforma de simulação desenvolvida num programa de cálculo numérico, obtém-
se os seguintes valores:
• Energia Final
• Energia armazenada durante o
percurso
• Potência média de entrada no
motor
• Potência instantânea de entrada no
motor
• Potência solar média
• Potência solar instantânea
• Potência média extraída da bateria
• Potência instantânea extraída da
bateria
• Velocidade média
• Velocidade instantânea
• Coeficiente de atrito hidrodinâmico
• Distância percorrida
• Duração da etapa
De forma análoga ao algoritmo do catulo 2.1, obtém-se a função de cálculo da potência.
Sabe-se que a força inercial se mantém inalterada em relação à equação 2.1.
Assim como a força de atrito aerodinâmico, sendo diferentes apenas nos coeficientes
utilizados, a força de atrito hidrodinâmico é dada por:
𝐹𝑎_ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 =1
2𝜌𝑎𝑔𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑔𝑣
2 [N] (2.16)
28
Devido à força de atrito hidrodinâmico ser aproximadamente mil vezes superior à força
de atrito aerodinâmico, esta é desprezada. Logo, a força total que é necessária ser fornecida à
embarcação é a seguinte:
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑚𝑎 +1
2𝜌𝑎𝑔𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑔𝑣
2 [N] (2.17)
Através da equação 2.5 que relaciona potência com força, chega-se à equação final
representada seguidamente.
𝑃𝐸𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜_𝑜𝑢𝑡 = (𝑚𝑎)𝑣 + (1
2𝜌𝑎𝑔𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑔𝑣
2) 𝑣 [W] (2.18)
Lista de Variáveis:
𝑃𝐸𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜_𝑜𝑢𝑡 - Potência a ser fornecida à
embarcação [W]
𝑚- Massa [kg]
𝑎 - Aceleração [m/s2]
𝑣 - Velocidade [m/s]
𝜌𝑎𝑔 - Densidade da água [kg/m3]
𝐴𝑓 - Área frontal do casco [m2]
𝐶𝑡𝑎𝑔 - Coeficiente de atrito hidrodinâmico
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 - Força total [N]
𝐹𝑎_ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜 – Força de atrito hidrodinâmico [N]
Após se saber (𝑃𝐸𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎çã𝑜_𝑜𝑢𝑡 ) pela equação 2.18, é calculada a potência necessária
ser fornecida ao motor. Posteriormente, utilizando a potência solar estimada calcula-se a
potência a ser retirada da bateria e a ser fornecida ao motor de modo a que a velocidade seja a
pretendida.
Sabe-se:
𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑖𝑛 = 𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑜𝑢𝑡 + 𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 ⟺ 𝑃𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎_𝑜𝑢𝑡 = 𝑃𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟_𝑖𝑛 𝑃𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 (2.19)
No caso da velocidade atual ser superior à pretendida, a velocidade da embarcação é
reduzida impondo a potência de entrada no motor a 0 W. Desta forma a velocidade reduz-se
apenas devido ao atrito com a água. Isto é feito para todos os troços do percurso.
Seguidamente, o algoritmo verifica se é possível percorrer todo o percurso planeado
utilizando a energia solar disponível e ≈ 70 % do total da energia armazenada na bateria.
𝐸𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑣𝑒𝑙_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = 1500(0.7) = 1050 Wh
𝐸𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙_𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = 1500(0.3) = 450 Wh
Caso a energia disponível na bateria no final da primeira iteração do cálculo seja
superior ou inferior a esta (450 Wh), realiza-se um ajuste de todas as velocidades. As
velocidades predefinidas sofrem um acréscimo ou decréscimo do valor inicial para que o
29
consumo de energia aumente ou diminua, respetivamente. É feito um novo cálculo e o
procedimento repete-se até que a energia final armazenada na bateria seja igual 450 Wh.
Desta forma consegue-se obter a velocidade para cada percurso de modo a consumir
exatamente toda a energia disponível.
O esquema presente na figura 2.16 é o caso particular para uma embarcação, sendo
que, apenas é alterada a equação de cálculo da potência necessária ser fornecida à
embarcação.
Ao longo do desenvolvimento foi sendo incrementado o nível de complexidade da
plataforma de simulação desenvolvida. Torna-se assim o algoritmo o mais fidedigno possível.
Para isto, foram a si associadas várias funções auxiliares.
Abaixo descreve-se em detalhe as funções auxiliares de cálculo utilizadas no programa
principal, assim como, na figura 2.16 se apresenta o esquema geral do funcionamento do
algoritmo de cálculo da velocidade ótima.
Calc_acel - Calcula a aceleração da embarcação dependendo da velocidade a que se
encontra, do respetivo coeficiente de atrito hidrodinâmico e da potência máxima disponível
nesse ponto. Para os testes realizados a potência é limitada pela potência de 2000 W, por uma
questão de coerência com os ensaios experimentais.
Entradas:
- Velocidade atual
- Potência instantânea
O cálculo da aceleração é feito através da equação geral de cálculo da potência
instantânea, esta é adaptada e toma o seguinte especto:
𝑎 =(𝑃 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠𝑜∗ (0.5𝜌𝐴𝐶𝑡(𝑣2)𝑣)
(𝑚𝑣) [m/s2] (2.20)
*valor que vai sendo incrementado ao longo do tempo, corrigindo assim valores de aceleração
inexequíveis para valores de velocidade próximos de zero.
Saídas:
- Aceleração em cada ponto.
Calc_decel - Função similar à anterior mas com a particularidade de receber uma potência
igual a zero.
𝑑𝑒𝑐𝑒𝑙 =( (0.5𝜌𝐴𝐶𝑡(𝑣2)𝑣)
(𝑚𝑣)[m/s2] (2.21)
30
𝑣𝑗 = 𝑣𝑗 𝐶𝑡𝑒 𝑣𝑗 = 𝑣𝑗 + 𝐶𝑡𝑒
𝑗 𝑣𝑗 𝐼 í𝑐 𝑜
𝑃 = 𝑚𝑎𝑗 𝑣𝑗 +1
2𝜌𝑎𝑔𝐴𝑓𝐶𝑡𝑎𝑔𝑗
𝑣𝑗2 𝑣𝑗
𝐸𝑗 = 𝑃𝑗 𝑑𝑡𝑡
𝑣𝑗 𝑜𝑡 𝑚𝑜𝐸𝑗 = 𝐸𝑏𝑎𝑡0,3
𝐸𝑗 0,3𝐸𝑏𝑎𝑡
𝐸𝑗 0,3𝐸𝑏𝑎𝑡
SimNão
Figura 2.16 Esquema geral do funcionamento do algoritmo de cálculo da velocidade ótima ao longo de um percurso.
31
Calc_ct – Calcula o coeficiente de atrito hidrodinâmico em função da velocidade da
embarcação.
Entradas:
- Velocidade atual
Saídas:
- Coeficiente de atrito hidrodinâmico relativo à velocidade atual.
A função de cálculo foi fornecida pela área de casco da equipa Técnico Solar Boat.
𝐶𝑡𝑎𝑔 = 2.650269×10
−7𝑣6 + 1.089431×10−5𝑣5 – 1.767133×10−4𝑣4 + 1.419965×
10−3𝑣3 – 5.754569×10−3𝑣2 + 1.020569×10−2𝑣 6.681868×10−5
(2.22)
Pin_to_Pout_mot_helice – Calcula a potência necessária ser fornecida à embarcação através
da potência de entrada no motor.
Entradas:
- Potência de entrada do motor
Saídas:
- Potência à saída da hélice, isto é, a potência que é efetivamente fornecida à
embarcação.
Esta função faz uso do diagrama de rendimento do conjunto motor e hélice fornecido
pela Torqeedo, cujo motor é um CPM90. A hélice utilizada foi otimizada pela Torqeedo para o
motor, desta forma assume-se o rendimento da hélice como um rendimento típico.
Através da curva de rendimento foi elaborada uma função, e esta foi incluída na
plataforma de simulação de forma a calcular a potência à saída da hélice.
O rendimento do conjunto motor e hélice presente na figura 2.17 varia com a potência de
entrada, tem um ponto máximo para aproximadamente 1000 W de potência de entrada [19].
Pou_to_Pin_mot_helice – Função inversa da anterior, calcula a potência de entrada no motor
dada a potência à saída da hélice.
Entradas:
- Potência à saída da hélice
Saídas:
- Potência de entrada do motor
Psolar_inst – Calcula a potência solar instantânea para cada ponto do percurso.
Entradas:
- Hora de início da etapa
- Tempo decorrido
Saídas:
32
- Potência solar
𝑃𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 = 5×10−5h4 0,0024h3 + 0,0321h2 0,077h 0,037 [W] (2.23)
𝑅𝑒 𝑑 = 8,412034215×10−20p6 6,641709268×10−16p5 + 1,915191063×10−12p4
2,263167414×10−9p3 + 4,418796702×10−7p2 + 1,033200888×10−3p + 1,915678296×10−2
Figura 2.17 Rendimento do conjunto motor e hélice.
Como mencionado no dimensionamento dos painéis fotovoltaicos realizado no capítulo
2.1.3, através da localização e data da competição, é possível, obter-se o gráfico para um dia
do mês de Julho, em Harlingen, Holanda. Desta forma, utiliza-se uma regressão polinomial de
forma a extrair a potência no tempo.
Utilizando a área e o rendimento dos painéis fotovoltaicos a serem instalados, obtém-se
a potência solar estimada para a duração e hora do dia da etapa.
𝑃𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠 = 𝑃𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟𝐴𝑝𝜂𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑖𝑠_𝑓𝑜𝑡 [kW] (2.24)
Na figura 2.18 apresentada seguidamente, mostra-se o percurso de Harlingen na
Holanda. É um percurso com cerca de 3.6 km e ganha quem em duas horas de navegação der
o maior número de voltas.
Para este percurso foram apenas consideradas 4 curvas críticas por volta, em que há
uma implicação de redução de velocidade. Estas 4 curvas são inicializadas com uma
velocidade máxima de 10 km/h ao serem discretizadas para a plataforma de simulação.
Todas as restantes curvas têm um raio 𝑟 50 𝑚 , pelo que não existe uma implicação de
redução de velocidade. Desta forma, são tratadas como troços em linha reta. Cada volta é
desta forma discretizada em 4 curvas e 13 retas. Devido ao facto do casco da embarcação não
estar terminado aquando da realização desta dissertação de mestrado, não é possível, ainda,
0 500 1000 1500 2000 25000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Potência de Propulsão [W]
Re
nd
ime
nto
Rendimento(P)
Curva de Tendência
33
adiquirir com mais precisão informações acerca da sua manobrabilidade e comportamento
durante curvas com diferente ângulo e comprimento.
Nas seguintes figuras podem observar-se os resultados mencionados previamente,
extraídos da plataforma de simulação. Estão divididos em 4 conjuntos:
a. Aceleração
b. Desaceleração
c. Curva completa
d. Prova completa
2.3.2. Resultados
Os resultados seguintes são respetivos a uma aceleração posterior a uma curva do
percurso em questão.
a. Aceleração.
Figura 2.18 Potência de entrada no motor durante a aceleração [W].
Na figura 2.19 pode ver-se a potência de entrada no motor, em que, durante a curva está
a consumir 981 W. Entrando em aceleração, o motor recebe mais potência e passa a consumir
2000 W. Por fim, chega à velocidade pretendida após a saída da curva e fica a consumir 1675
W até chegar à próxima curva.
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.05800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Tempo [min]
Po
tên
cia
de
en
tra
da
no
mo
tor
[W]
34
Figura 2.19 Percurso da etapa de Harlingen com marcação das curvas em que há uma redução de velocidade.
35
Figura 2.20 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a aceleração [W].
A figura 2.20 representa a potência solar que o sistema recebe durante o tempo em que
a aceleração ocorre. Conclui-se, pela análise das figuras 2.19 e 2.20, que a energia
proveniente dos painéis fotovoltaicos apenas é consumida na totalidade após o início da
aceleração. Durante esta, é necessário ser consumida também energia proveniente da bateria
de forma a perfazer os 2000 W de consumo. Ao longo da curva, a potência de entrada no
motor é inferior à potência solar. Devido a este facto conclui-se que a bateria durante a curva é
carregada com a potência excedente proveniente dos painéis fotovoltaicos.
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.051460.2
1460.4
1460.6
1460.8
1461
1461.2
1461.4
1461.6
1461.8
Tempo [min]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
[W
h]
Figura 2.21 Energia armazenada na bateria durante a aceleração [Wh].
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.051017
1017.2
1017.4
1017.6
1017.8
1018
1018.2
1018.4
1018.6
1018.8
1019
Tempo [min]
Po
tên
cia
fo
rne
cid
a p
elo
s p
ain
eis
so
lare
s [
W]
36
Na aceleração parte da potência é extraída da bateria de modo a compensar o défice
existente entre a potência de entrada no motor e a potência solar disponível. Desta forma,
assumindo como 1018 W a potência proveniente dos painéis fotovoltaicos retiram-se da bateria
≈ 982 W durante a aceleração, e ≈ 657 W após a saída da curva. Tal pode ser confirmado
através da análise da figura 2.21, que representa a energia armazenada na bateria ao longo do
tempo.
𝐸𝑗 = 𝑃𝑗 𝑑𝑡𝑡
[Wh] (2.25)
Esta energia, apresentada na equação 2.25, é calculada através de uma integração
trapezoidal cumulativa. Consiste em fazer uma soma cumulativa da diferença entre a potência
de entrada (painéis fotovoltaicos) e a potência de saída (motor).
Verifica-se através da análise da figura 2.21 que, até ao instante 3.97, a energia
armazenada na bateria está a aumentar. Isto deve-se ao facto de, durante a curva, a potência
solar não estar a ser consumida na totalidade pelo motor. Após o início da aceleração, a
energia diminui com um declive elevado em consequência de estarem a ser consumidos
2000 W em cada instante e apenas 1018 W a serem fornecidos pelos painéis fotovoltaicos.
Após alcançar a velocidade final o declive reduz novamente pois a potência que está a
ser extraída da bateria passa para o valor de 657 W.
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.050
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
Tempo [min]
Ace
lera
çã
o [
m/s
2]
Figura 2.22 Aceleração da embarcação [m/s2].
Na figura 2.22 está representada a aceleração da embarcação. Esta é dependente da
potência, isto é, a potência fornecida está limitada pela potência máxima do motor. No caso do
motor utilizado (CPM90-45 48V) esta potência é de 5000 W. No entanto, por uma questão de
37
coerência, tanto nos ensaios laboratoriais como na plataforma de simulação foi utilizado o valor
máximo de potência de 2000 W devido à limitação da bancada de testes.
Existe um ponto em que a aceleração é máxima, que corresponde ao ponto de inflexão,
no qual se atinge a potência de propulsão máxima. Após o ponto de inflexão a aceleração
diminui embora a velocidade da embarcação continue a aumentar. A aceleração é calculada
pela função Calc_acel mencionada nas funções auxiliares.
Qualquer aceleração implica uma mudança de velocidade, pelo que, está expressa na
figura 2.23 a mudança de velocidade resultante da mesma. Sendo o valor da aceleração
sempre positivo implica uma velocidade sempre crescente, desde o valor de ≈ 2.80 m/s até ≈
4.40 m/s de valor final.
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.052.5
3
3.5
4
4.5
5
Tempo [min]
Ve
locid
ad
e [
m/s
]
Figura 2.23 Velocidade da embarcação durante a aceleração [m/s].
Por último, na figura 2.24 está presente o rendimento do conjunto (motor e hélice)
durante a aceleração. O rendimento do conjunto toma o seu valor máximo de ≈ 57.50 % para
2000 W, assim que se inicia a aceleração.
Verifica-se pela figura 2.17 que este valor corresponde ao valor nominal de rendimento
do conjunto motor e hélice. Assim garante-se que a aceleração é feita da maneira mais
eficiente possível. Após a aceleração, o rendimento retorna para os valores de ≈ 55 % onde
permanece durante a maior parte do percurso (MRU).
38
3.95 3.96 3.97 3.98 3.99 4 4.01 4.02 4.03 4.04 4.0530
35
40
45
50
55
60
Tempo [min]
Re
nd
ime
nto
do
co
nju
nto
(m
oto
r e
hé
lice
) [%
]
Figura 2.24 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a aceleração [%].
b. Desaceleração.
Presente na figura 2.24, e para o caso da desaceleração, é possível observar a potência
de entrada no motor. Esta tem o valor de 1675 W, imediatamente antes de entrar no troço
curva. Ao entrar no troço curva, onde a velocidade é inferior, a potência do motor é retirada.
Assim, passam a ser consumidos 0 W e o barco desacelera apenas devido à força de atrito.
Isto mantem-se até alcançar a velocidade pretendida no interior da curva. Assim que esta é
atingida o motor passa a ter uma potência de entrada de 981 W, correspondente à potência
necessária para manter o barco a andar a 2.8 m/s no interior da curva.
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.77
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Tempo [min]
Po
tên
cia
de
en
tra
da
no
mo
tor
[W]
Figura 2.25 Potência de entrada no motor durante a desaceleração [W].
39
É possível observar na figura 2.27 a potência solar para esta secção do troço, que no
ponto máximo é ≈ 1018 W. Analogamente à aceleração, mas desta vez o motor estando a
consumir 0 W, toda a energia proveniente dos painéis fotovoltaicos será armazenada na
bateria. Pode ser notado na figura 2.26 que o declive da reta de subida da energia na bateria é
mais elevado, isto é, para este momento do percurso está a ser armazenada toda a energia
elétrica que é gerada pelos painéis fotovoltaicos.
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.77
1460.6
1460.8
1461
1461.2
1461.4
1461.6
Tempo [min]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
[W
h]
Figura 2.26 Energia armazenada na bateria durante a desaceleração [Wh].
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.771017.75
1017.8
1017.85
1017.9
1017.95
Tempo [min]
Po
tên
cia
fo
rne
cid
a p
elo
s p
ain
eis
so
lare
s [
W]
Figura 2.27 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a desaceleração [W].
A figura 2.28 representa a aceleração negativa que é imposta ao barco devido ao atrito
entre a água e o casco. A potência de atrito tem dependência da velocidade, isto é, aumenta
com o aumento de velocidade. Assim, inerente à diminuição da velocidade, existe uma
diminuição em módulo, da aceleração.
40
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.77
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
Tempo [min]
Ace
lera
çã
o [
m/s
2]
Figura 2.28 Aceleração da embarcação durante a travagem [m/s2].
A figura 2.29 representa a velocidade da embarcação, esta está a diminuir até atingir a
velocidade pretendida no interior da curva. Esta velocidade é calculada através da seguinte
equação:
𝑣𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒 = 𝑣𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 + 𝑎𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙𝑡𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 [m/s] (2.26)
Desta forma a velocidade em cada ponto depende da aceleração nesse mesmo ponto.
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.772.6
2.8
3
3.2
3.4
3.6
3.8
4
4.2
4.4
4.6
Tempo [min]
Ve
locid
ad
e [
m/s
]
Figura 2.29 Velocidade da embarcação durante a desaceleração [m/s].
A figura 2.30 representa o rendimento do conjunto motor mais hélice para a aceleração
negativa. Este é zero quando o motor está desligado, durante a desaceleração, e ≈ 30 %
quando a embarcação está a percorrer a curva e a consumir 981 W.
41
3.7 3.71 3.72 3.73 3.74 3.75 3.76 3.770
10
20
30
40
50
60
Tempo [min]
Re
nd
ime
nto
do
co
nju
nto
(m
oto
r e
hé
lice
) [%
]
Figura 2.30 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a desaceleração [%].
c. Curva completa.
Agrupando os dois casos anteriores obtém-se os resultados para uma curva completa.
Deste modo é possível ter uma visão geral do comportamento da embarcação durante uma
curva, desde a desaceleração da velocidade até à aceleração após a saída da curva.
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.05
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Tempo [min]
Po
tên
cia
de
en
tra
da
no
mo
tor
[W]
Figura 2.31 Potência de entrada no motor durante a curva [W].
Na figura 2.31 está presente a potência de entrada no motor durante uma curva
completa. Como explicado anteriormente, ao entrar na curva o motor é desligado (0 W) para
desacelerar apenas devido ao atrito com a água. No interior da curva passa a consumir 981 W
42
para manter a velocidade de ≈ 2.80 m/s. Após a curva, para voltar à velocidade de MRU o
consumo volta a ser de 2000 W, predefinidos para a aceleração.
A figura 2.32 representa as acelerações existentes durante a curva já expostas
anteriormente. Primeiramente a embarcação tem uma aceleração negativa para reduzir a
velocidade e à saída da curva passa a ter uma aceleração positiva para voltar para a
velocidade MRU.
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.05-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
Tempo [min]
Ace
lera
çã
o [
m/s
2]
Figura 2.32 Aceleração da embarcação durante a curva [m/s2].
A potência instantânea dos painéis fotovoltaicos presente na figura 2.33 mantém as
mesmas características das apresentadas anteriormente.
Atento o facto da prova ser realizada durante a manhã, a potência gerada pelos painéis
fotovoltaicos está a aumentar até que seja atingido o ponto máximo de produção.
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.051017.7
1017.8
1017.9
1018
1018.1
1018.2
1018.3
1018.4
Tempo [min]
Po
tên
cia
fo
rne
cid
a p
elo
s p
ain
eis
so
lare
s [
W]
Figura 2.33 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a curva [W].
43
Para que seja percetível o impacto que cada uma das curvas tem no armazenamento e
consumo de energia da bateria, ilustra-se na figura 2.34 a curva completa. Primeiramente a
embarcação encontra-se em MRU e está a consumir uma potência constante da bateria. Após
entrar em desaceleração, consumo 0 W, toda a potência gerada pelos painéis fotovoltaicos vai
ser armazenada na bateria. Isto resulta num aumento do valor da energia armazenada na
bateria. Durante a curva, para manter a embarcação a ≈ 2.80 m/s passam a ser consumidos
981 W, sendo que a potência gerada pelos painéis é de ≈ 1018 W. Assim, o excedente de
potência proveniente dos painéis fotovoltaicos vai ser armazenado na bateria. Ora, vai fazer
com que a energia armazenada suba a um ritmo inferior comparativamente à desaceleração.
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.051460.2
1460.4
1460.6
1460.8
1461
1461.2
1461.4
1461.6
1461.8
Tempo [min]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
[W
h]
Figura 2.34 Energia armazenada na bateria durante a curva [Wh].
Na figura 2.35 é possível observar a velocidade da embarcação durante a curva, ocorre
uma redução de ≈ 4.40 m/s para ≈ 2.80 m/s e em seguida, à saída da curva, um aumento de
velocidade para ≈ 4.40 m/s.
Através da análise das figuras 2.31 e 2.36, conclui-se que se obtém um rendimento de
propulsão máximo para uma potência de entrada de 2000 W. Uma diminuição de velocidade,
que implica uma diminuição da potência consumida, origina um consumo de energia menos
eficiente.
Por fim representa-se a etapa na sua totalidade, são percorridas aproximadamente oito
voltas completas no percurso fechado em Harlingen. É agora possível ver o diagrama completo
da potência consumida durante toda a etapa, em que cada “traço” vertical presente na figura
2.37 representa uma desaceleração seguida de uma aceleração realizada em cada uma das
curvas.
44
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.052.6
2.8
3
3.2
3.4
3.6
3.8
4
4.2
4.4
4.6
Tempo [min]
Ve
locid
ad
e [
m/s
]
Figura 2.35 Velocidade da embarcação durante a curva [m/s].
3.7 3.75 3.8 3.85 3.9 3.95 4 4.050
10
20
30
40
50
60
Tempo [min]
Re
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nto
do
co
nju
nto
(m
oto
r e
hé
lice
) [%
]
Figura 2.36 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a curva [%].
45
d. Prova completa.
0 20 40 60 80 100 120
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Tempo [min]
Po
tên
cia
de
en
tra
da
no
mo
tor
[W]
Figura 2.37 Potência de entrada no motor durante a prova [W].
Na figura 2.38 está presente a potência solar instantânea disponível em cada momento
da etapa.
0 20 40 60 80 100 120950
1000
1050
1100
1150
Tempo [min]
Po
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cia
fo
rne
cid
a p
elo
s p
ain
eis
so
lare
s [
W]
Figura 2.38 Potência proveniente dos painéis fotovoltaicos durante a prova [W].
A figura 2.39 representa o SOC da bateria ao longo da etapa, no início com 100 % (1500
Wh) e no fim da etapa com 30 % do inicial (450 Wh). Como imposto previamente, toda a
energia disponível para o percurso foi consumida até ao último instante da etapa, conseguiu-se
defini a velocidade da embarcação em todos os pontos do percurso, de forma a gastar
exatamente toda a energia disponível. Evita-se assim chegar ao fim ainda com energia útil na
46
bateria ou, num pior caso, gastar-se toda a energia armazenada e ter de se percorrer parte do
percurso restringido pela energia solar.
0 20 40 60 80 100 120400
600
800
1000
1200
1400
1600
Tempo [min]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
[W
h]
Figura 2.39 Energia armazenada na bateria durante a prova [Wh].
Na figura 2.40 estão exibidas todas as acelerações correspondentes a cada curva da
etapa. É de notar que a aceleração mais alta corresponde à aceleração inicial, a partir de
0 m/s. Devido à velocidade ser próxima de zero a potência de atrito é também
aproximadamente nula, assim utilizando a mesma potência de entrada no motor atinge-se uma
aceleração superior.
0 20 40 60 80 100 120-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
Tempo [min]
Ace
lera
çã
o [
m/s
2]
Figura 2.40 Aceleração da embarcação durante a prova [m/s2].
47
A velocidade da embarcação em cada ponto do percurso está representada na figura
2.41 em que a velocidade mínima correspondente a curvas é ≈ 2.80 m/s e a velocidade
máxima em MRU é ≈ 4.40 m/s.
0 20 40 60 80 100 1200
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
Tempo [min]
Ve
locid
ad
e [
m/s
]
Figura 2.41 Velocidade da embarcação durante a prova [m/s].
Por último, apresenta-se na figura 2.42 o rendimento do conjunto motor e hélice para
todo o percurso. Fica claro que o percurso é percorrido maioritariamente com um rendimento
próximo do rendimento nominal. Sendo este o subsistema com mais perdas de potência, tem
especial importância manter a embarcação o mais próximo do rendimento nominal possível.
Utilizando o motor e hélice selecionados, e através da plataforma de simulação foi
possível verificar que o dimensionamento foi realizado com sucesso.
0 20 40 60 80 100 1200
10
20
30
40
50
60
Tempo [min]
Re
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do
co
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nto
(m
oto
r e
hé
lice
) [%
]
Figura 2.42 Rendimento do conjunto (motor e hélice) durante a prova [%].
48
Efetuaram-se também testes para vários valores de potência máxima de aceleração,
desta forma é possível comparar e perceber melhor a relevância da plataforma de simulação.
Para este ensaio fixou-se a distância total da etapa de forma a obter o ganho temporal.
Os resultados obtidos estão presentes na tabela 2.10.
Analisando a tabela 2.10, confirma-se a importância da utilização da plataforma de
simulação e da realização do algoritmo que aperfeiçoa o consumo de potência e velocidade em
cada ponto do percurso. Consegue-se numa etapa de 30.64 km ser 48 segundos mais rápido
apenas devido a fazer as acelerações a uma potência inferior. Isto é, com uma aceleração
inferior termina-se a prova de endurance num intervalo de tempo inferior. A razão pela qual isto
acontece deve-se ao rendimento do conjunto motor e hélice.
Tabela 2.10 Resultados para várias potências máximas de aceleração.
Potência de
aceleração [W] 5000 3000 2500 2000 1645
Duração da
etapa [min] 120.60 120 120 119.90 119.80
Distância
percorrida [km] 30.64 30.64 30.64 30.64 30.64
Energia final
[Wh] 452 451 459.50 457 457.50
Velocidade
média [km/h] 15.26 15.31 15.31 15.33 15.34
Potência média
de entrada no
motor [W]
1597 1599 1595 1596 1597
Confirma-se pela tabela 2.11 que para valores de potência de aceleração inferiores o
rendimento médio durante a prova é maior, consequentemente consegue-se transmitir mais
potência para a embarcação (potência útil). Desta forma o percurso de 30.64 km é então
concluído mais rapidamente.
Para uma competição em que é sagrada vencedora a equipa com menor tempo
acumulado ao longo dos sete dias de prova, torna-se imprescindível fazer a utilização da
plataforma de simulação de forma a elaborar a estratégia de gestão de energia adequada.
49
Tabela 2.11 Rendimento do conjunto motor e hélice para várias potências de aceleração.
Potência de
aceleração
[W]
1645 2000 2500 3000 5000
Rendimento
médio [%] 52.80 52.74 52.65 52.62 52.49
Rendimento
em MRU [%] 54.64 54.53 54.58 54.53 54.40
Rendimento
durante a
aceleração
[%]
56.14 57.73 56.26 54.06 50.90
2.4. Gestão de energia
Para que seja posto em prática o algoritmo de consumo energético é necessário criar um
sistema capaz de canalizar a energia para que esta não seja desperdiçada.
O esquema de ligações proposto para o sistema de propulsão elétrica, que está
representado na figura 2.43, consiste numa ligação em paralelo da bateria, painéis
fotovoltaicos e motor.
Sendo este sistema um sistema isolado, a potência proveniente dos painéis fotovoltaicos
é direcionada para o motor ou para a bateria dependendo do consumo que se está a fazer em
cada instante.
Painéis Solares
Bateria Motor e Controlador
Figura 2.43 Ligações do sistema de Propulsão Elétrica.
Desta forma, podem ocorrer 4 casos distintos de trânsito de potência, apresentam-se
nas figuras 2.44 a 2.47.
48 V
1750 Wp
1500 Wh 3 kW
50
Caso 1, a potência consumida é superior à proveniente dos painéis fotovoltaicos.
Painéis Solares
Bateria Motor e Controlador
Figura 2.44 Caso 1, trânsito de potência.
Confirmado pelos resultados obtidos através da plataforma de simulação, este será o
caso usual de funcionamento durante a etapa em Harlingen. Maioritariamente, o motor vai
consumir uma potência superior à proveniente dos painéis fotovoltaicos, desta forma a energia
armazenada na bateria decresce ao longo da etapa. Como mencionado previamente, a bateria
vai terminar a etapa apenas com 30 % do valor inicial. Isto para que se garanta um
funcionamento saudável da bateria e evitando danos irreversíveis.
Caso 2, a potência consumida é igual à proveniente dos painéis fotovoltaicos.
Painéis Solares
Bateria Motor e Controlador
Figura 2.45 Caso 2, trânsito de potência.
Este será um caso pontual e apenas ocorrerá durante curtos períodos de tempo durante
a etapa. Períodos em que a potência consumida é rigorosamente igual à potência proveniente
dos painéis fotovoltaicos.
51
Caso 3, a potência consumida é inferior à proveniente dos painéis fotovoltaicos.
Painéis Solares
Bateria Motor e Controlador
Figura 2.46 Caso 3, trânsito de potência.
O terceiro caso pode ocorrer em três situações principais.
1. Durante uma curva em que se verifique a necessidade de redução de velocidade.
2. Durante um troço da etapa em que a velocidade máxima seja limitada por questões de
segurança.
3. Durante um troço em que não seja possível ultrapassar um oponente mais lento.
Neste caso o motor estará a consumir a potência proveniente dos painéis fotovoltaicos,
mas não na sua totalidade. Assim, o excedente de potência é armazenado na bateria.
Caso 4, modo carregamento de bateria.
Painéis Solares
Bateria Motor e Controlador
Figura 2.47 Caso 4, trânsito de potência.
52
No intervalo, entre etapas, a bateria da embarcação é carregada exclusivamente pelos
painéis fotovoltaicos. O motor não está a consumir potência e toda a potência proveniente dos
painéis fotovoltaicos irá ser armazenada na bateria.
53
3. Ensaios experimentais relativos ao trânsito de potência
no barco solar na plataforma de simulação híbrida
3.1. Caso de estudo – Barco solar de competição
Para ser possível verificar se os valores obtidos na plataforma de simulação vão de
encontro à realidade foram realizados ensaios laboratoriais ao motor utilizando uma carga
variável. Esta carga representa a carga que a hélice ao rodar realizará no motor durante a
etapa em Harlingen.
Os ensaios laboratoriais são realizados através da montagem conceptual que se mostra
na figura 3.1:
Figura 3.1 Esquema de ligações da plataforma de ensaios laboratorial.
Ufonte – Tensão da fonte DC [V]
Ifonte – Corrente de saída da fonte DC [A]
PIn – Potência de entrada no
motor/controlador [W]
PTi – Potência de entrada na transmissão
[W]
PTo – Potência de saída na transmissão [W]
UGerador – Tensão no gerador [V]
IGerador – Corrente de saída do gerador [A]
UExc – Tensão de excitação do gerador [V]
IExc – Corrente de excitação do gerador [A]
POut_res – Potência dissipada nas
resistências [W]
Em que, a fonte DC alimenta o controlador do motor, este comanda o motor excitando
sequencialmente as bobinas dispostas no estator, fazendo com que o rotor rode. Após estar
em rotação, a potência mecânica no eixo é transmitida ao gerador através da transmissão por
corrente. Devido à excitação imposta pela fonte DC ligada ao indutor do gerador, a rotação do
seu eixo induz uma tensão no induzido. Por fim, ao ser ligado a resistências vai dissipar a
potência gerada. Desta forma, alterando a resistência ligada ao gerador consegue-se alterar a
carga “sentida” pelo motor BLDC.
Ifonte
3:1
Ufont
e
UGerador
IGerador
IExc
UExc
PTo PTi PIn POut_res
54
Nas figuras 3.2 a 3.5, mostra-se a montagem real realizada no laboratório. Podem
observar-se os vários componentes ligados entre si, completando assim a montagem
conceptual da figura 3.1.
Resistências Gerador Fonte DC (excitação do gerador)
Figura 3.2 Montagem da plataforma de ensaios no laboratório.
Por uma questão de segurança, devido às elevadas rotações do motor e a transmissão
por corrente utilizada, foi elaborada uma caixa de proteção.
É utilizada uma fonte de tensão contínua, Mean Well RSP-3000-48, de 48 V e uma
corrente máxima de 62.5 A para alimentar o motor, ver anexo E. Para a transmissão de
potência mecânica entre o motor e o gerador foi necessária uma transmissão por corrente com
uma relação de transmissão. Para excitar o indutor do gerador síncrono é também utilizada
uma fonte tensão contínua. Por fim, de forma a dissipar a potência elétrica gerada através da
rotação do gerador síncrono são utilizadas resistências, estas são ligadas a cada uma das
fases do induzido do gerador.
Desta forma é possível simular a carga que a hélice produz no motor. Como explicado
anteriormente, a carga que o gerador impõe ao motor BLDC depende da corrente de saída do
gerador síncrono, isto é, depende da corrente que é dissipada nas resistências que estão
ligadas às fases do gerador. Assim, pelas equações 3.1 e 2.13, à medida que se diminui a
resistência total, e mantendo constante a tensão de excitação, consequentemente a tensão do
induzido, será dissipada mais potência.
55
Caixa de proteção Controlador do Motor
Figura 3.3 Controlador do motor e caixa de proteção da transmissão de potência.
Motor Transmissão de potência 3:1 Fonte de alimentação DC
Figura 3.4 Transmissão de potência mecânica.
Figura 3.5 Fonte de alimentação do motor.
𝑈 = 𝑅𝐼 (3.1)
Para transmitir potência do motor para o gerador é necessário ser utilizada uma
transmissão mecânica. Para dimensionar essa relação de transmissão que liga o motor ao
gerador é essencial saber qual a velocidade nominal de rotação de ambas as máquinas.
56
Assim, devido à inexistência de informação nos dados de placa do gerador síncrono,
calcula-se a velocidade nominal através da seguinte equação:
𝑁𝑛 =60𝑓
𝑁𝑃𝑎𝑟𝑒𝑠_𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 [rpm] (3.2)
Em que, o número de polos foi obtido pela observação do gerador.
Polos salientes
Figura 3.6 Polos salientes do gerador síncrono.
Sendo que o gerador tem 4 polos, isto é, 2 pares de polos, conclui-se que a velocidade
nominal de funcionamento é:
𝑁𝑛 =(60)(50)
2= 1500 [rpm]
Sabe-se através da respetiva datasheet que a velocidade nominal de funcionamento do
motor BLDC é 4300 rpm pelo que a relação de transmissão a utilizar é calculada da seguinte
forma:
𝑅𝑇 =4300
1500= 2.87 ≈ 3
Logo, para que as velocidades nominais de ambas as máquinas sejam
aproximadamente as mesmas, a relação de transmissão a ser utilizada na transmissão de
potência mecânica é de 3:1.
57
3.1.1. Consumo de energia durante um arranque
Como se concluiu com os resultados obtidos pela plataforma de simulação, a potência
máxima de aceleração influencia a duração da prova, deste modo efetuaram-se ensaios
laboratoriais de forma a confirmar os já obtidos resultados de simulação. No entanto, devido a
limitações da montagem efetuada no laboratório apenas foi possível realizar arranques para 3
potências distintas. Essas potências são: 1645 W, 2000 W, 2500 W.
Pela equação 2.25, obtêm-se os valores presentes na tabela 3.1 de consumo de energia,
tanto para os ensaios laboratoriais como para os valores extraídos da plataforma de simulação.
Tabela 3.1 Energia consumida para várias potências máximas de aceleração.
Potência de
aceleração [W] 1645 2000 2500 3000 5000
Duração da
aceleração [s]
12.0
6.60 4.80 4.38 3.42
Energia
consumida
ensaio
laboratorial [Wh]
5.76 3.28 2.79 ------- -------
Energia
consumida
simulação [Wh]
5.48 3.67 3.33 3.65 4.75
Distância
percorrida
durante a
aceleração [m]
41.28 16.25 11.16 8.70 5.60
Energia gasta
por metro
percorrido
(ensaio
laboratorial)
[Wh/m]
0.14 0.20 0.25 ------- -------
Energia gasta
por metro
percorrido
(simulação)
[Wh/m]
0.13 0.23 0.30 0.42 0.85
58
Ora, tanto para as condições do laboratório como para os valores retirados da plataforma
de simulação, verifica-se que o consumo de energia por metro percorrido durante o arranque
diminui com o aumento da potência. Estes valores vão ao encontro dos resultados obtidos na
tabela 2.11, em que se verificou que havia um aumento no rendimento durante a aceleração
sempre que a potência de aceleração diminuía.
3.1.2. Consumo de energia durante o percurso de duas horas
A fim de realizar um ensaio experimental para os valores obtidos com a plataforma de
simulação, são extraídos para cada troço, os valores de potência de entrada no motor e a
respetiva duração.
Realizaram-se dois ensaios distintos, um para a primeira volta do percurso, e outro para
a segunda e seguintes voltas. Ora, para a primeira volta na qual existe uma aceleração inicial,
obtém-se a sequência de valores de potência de entrada no motor apresentada na figura 3.7:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R
- Aceleração - Desaceleração - Potência em curva - Potência em reta
Figura 3.7 Troços e respetiva potência para a primeira volta do percurso em Harlingen na Holanda.
0
W
2
0
0
0
W
0
W
0
W
0
W
1
6
4
5
W
9
8
2
W
2
0
0
0
W
2
0
0
0
W
2
0
0
0
W
2
0
0
0
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
9
8
2
W
9
8
2
W
9
8
2
W
59
Tabela 3.2 Potência e tempo ao longo da primeira volta do percurso em Harlingen na Holanda.
A - [0.00 ; 0.11] min
- 6.6s 2000 W
J - [10.10 ; 11.61]
min - 90.6s 1645 W
B - [0.11 ; 3.71] min
- 3min e 36s 1645 W
K - [11.61 ; 11.67]
min - 3.6s 0 W
C - [3.71 ; 3.77] min
- 3.6s 0 W
L - [11.67 ; 11.84]
min - 10.2s 982 W
D - [3.77 ; 3.97] min
- 12s 982 W
M - [11.84 ; 11.91]
min - 4.2s 2000 W
E - [3.97 ; 4.04] min
- 4.2s 2000 W
N - [11.91 ; 12.71]
min - 48s 1645 W
F - [4.04 ; 9.87] min
5min e 50s 1645 W
O - [12.71 ; 12.77]
min - 3.6s 0 W
G - [9.87 ; 9.92] min
- 3s 0 W
P - [12.77 : 12.94]
min -10.2s 982 W
H - [9.92 ; 10.03] min
- 6.6s 982 W
Q - [12.94 ; 13.01]
min - 4.2s 2000 W
I - [10.03 ; 10.10]
min - 4.2s 2000 W
R - [13.01 ; 13.78]
min - 46.2s 1645 W
Para a segunda e restantes voltas (volta regular), em que já não existe uma aceleração
inicial, obtém se a sequência de valores de potência de entrada no motor presente na figura
3.8:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q
- Aceleração - Desaceleração - Potência em curva - Potência em reta
Figura 3.8 Troços e respetiva potência para a segunda volta do percurso em Harlingen na Holanda.
0
W
9
8
2
W
W
2
0
0
0
W
0
W
0
W
0
W
1
6
4
5
W
9
8
2
W
W
9
8
2
W
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
1
6
4
5
W
2
0
0
0
W
2
0
0
0
W
2
0
0
0
W
9
8
2
W
W
60
Tabela 3.3 Potência e tempo ao longo da segunda volta do percurso em Harlingen na Holanda.
A - [13.78 ; 17.53]
min - 225s 1645 W
J - [25.44 ; 25.49]
min - 3s 0 W
B - [17.53 ; 17.59]
min - 3.6s 0 W
K - [25.49 ; 25.66]
min - 10.2s 982 W
C - [17.59 ; 17.79]
min - 12s 982 W
L - [25.66 ; 25.73]
min - 4.2s 2000 W
D - [17.79 ; 17.86]
min - 4.2s 2000 W
M - [25.73 ; 26.53]
min - 48s 1645 W
E - [17.86 ; 23.69]
min - 349.8s 1645 W
N - [26.53 ; 26.59]
min - 3.6s 0 W
F - [23.69 ; 23.74]
min - 3s 0 W
O - [26.59 ; 26.76]
min - 10.2s 982 W
G - [23.74 ; 23.86]
min - 7.2s 982 W
P - [26.76 ; 26.83]
min - 4.2s 2000 W
H - [23.86 ; 23.93]
min - 4.2s 2000 W
Q- [26.83 ; 27.68]
min - 51s 1645 W
I - [23.93 ; 25.44]
min - 90.6s 1645 W
Através dos diagramas das figuras 3.7, 3.8 e tabelas 3.2 e 3.3 foi possível reproduzir em
laboratório o resultado do algoritmo de consumo energético realizado através da plataforma de
simulação. De forma a comparar os gráficos da potência consumida para ambos os resultados,
tanto experimental como simulação, foi realizada uma figura com os dois resultados
simultaneamente.
O resultado do ensaio laboratorial obtido para o percurso de duas horas está
representado a cor azul. A vermelho está representada a figura 2.37 mencionada previamente
no capítulo 2.2.2.
61
0 20 40 60 80 100 120
0
500
1000
1500
2000
2500
Tempo [min]
Po
tên
cia
sim
ula
çã
o [
w],
Po
tên
cia
re
al [w
]
Preal
Psim
Figura 3.9 Potência obtida na simulação e potência obtida no ensaio experimental durante o percurso de duas horas.
Através da análise das figuras 3.9 e 3.10, que representam a potência consumida pelo
motor ao longo de uma curva completa, pode concluir-se que o ensaio experimental foi bem-
sucedido. É apenas possível observar uma sobre-elevação no sinal a azul (Potência real)
relativamente ao sinal a vermelho (Potência simulação), devido à ondulação do sinal real e ao
controlador do motor.
215 220 225 230 235 240 245 250
0
500
1000
1500
2000
2500
Tempo [s]
Po
tên
cia
sim
ula
çã
o [
w],
Po
tên
cia
re
al [w
]
Preal
Psim
Figura 3.10 Potência obtida na simulação e potência obtida no ensaio experimental para uma curva.
Na figura 3.11 apresenta-se o gráfico da potência obtida na simulação e potência obtida
no ensaio experimental para uma reta.
62
20 20.5 21 21.5 22 22.5 23 23.5 24 24.5 251000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
Tempo [s]
Po
tên
cia
sim
ula
çã
o [
w],
Po
tên
cia
re
al [w
],
Po
tên
cia
re
al m
éd
ia [
w]
Preal
Psim
Preal
med
Figura 3.11 Potência obtida na simulação, potência no tempo e potência média obtida no ensaio experimental para uma reta.
É possível notar, na figura 3.11, a diferença entre o sinal real e o sinal obtido na
simulação. É de evidenciar a diferença entre a média do valor de potência obtido e o valor
extraído da plataforma de simulação. Esta diferença implicará, ao longo do tempo, um
consumo de energia inferior. Deve-se à dificuldade que existe em controlar a potência
fornecida ao motor.
Simulação Ensaio experimental
Potência média [W] 1645 1579,9
Para calcular a energia consumida ao longo do tempo utiliza-se novamente a equação
2.25. Isto é, integra-se no tempo cada uma das curvas de potência obtidas, tanto nos ensaios
experimentais como pela plataforma de simulação. Calcula-se assim o consumo de energia
para toda a etapa. Este, consiste apenas em somar cada um dos consumos individuais de
cada uma das restantes voltas regulares. E é dado pela seguinte equação:
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐸𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎1 +𝑁𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠𝐸𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎_𝑟𝑒𝑔 [Wh] (3.4)
63
215 220 225 230 235 240 245 2501458
1459
1460
1461
1462
1463
1464
1465
1466
1467
1468
Tempo [s]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
sim
ula
çã
o [
Wh
], E
ne
rgia
arm
aze
na
da
re
al [W
h]
Earm
real
Earm
sim
Figura 3.12 Valores de energia obtidos através da plataforma de simulação e ensaios experimentais.
Na figura 3.12, apresenta-se uma comparação da energia armazenada na bateria para
ambos os casos, simulação e experimental. Desta forma, pode verificar-se a semelhança entre
estes.
0 20 40 60 80 100 120400
600
800
1000
1200
1400
1600
Tempo [min]
En
erg
ia a
rma
ze
na
da
sim
ula
çã
o [
Wh
], E
ne
rgia
arm
aze
na
da
re
al [W
h]
Earm
real
Earm
sim
Figura 3.13 Valores de energia obtidos através da plataforma de simulação e ensaios experimentais.
No gráfico da figura 3.13 está representada e evolução da energia ao longo da etapa de
duas horas em Harlingen. Como já foi mencionado anteriormente, a energia consumida durante
o ensaio experimental é inferior à prevista pela simulação, devido a este facto o
comportamento ilustrado é o expectável. No final da etapa a energia armazenada na bateria
tem uma diferença de 114.8 Wh.
Na tabela 3.4, apresentam-se os valores da energia armazenada na bateria no final da
etapa, tanto para a simulação, como para os ensaios experimentais.
64
Tabela 3.4 Energia armazenada na bateria no final da etapa.
Simulação Ensaio experimental Diferença
Energia total
consumida [Wh] 3191.3 3076.4
114.8 Energia final na
bateria [Wh] 457 571.8
A diferença entre a energia consumida através do ensaio experimental e o previsto pela
plataforma de simulação calcula-se da seguinte forma:
𝐷 𝑓𝑒𝑟𝑒 ç𝑎 = 100 (3191 3076
1500) ≈ 8 [%]
Em que 1500 Wh é a energia armazenada quando a bateria está totalmente carregada.
Com um erro de apenas 7.65 % conclui-se que através da plataforma de simulação se
conseguiu uma adequada representação da realidade.
3.1.3. Teste térmico ao motor BLDC
No dimensionamento dos componentes não foram considerados fatores como a
temperatura, no entanto, sendo a temperatura um agente limitativo foram realizados ensaios
térmicos à potência média de 1736 W (1678 W medidos) durante 72 minutos. Após o minuto 68
ambas as temperaturas, motor e controlador estabilizaram nos valores, 95.4º e 71.6º
respetivamente.
O motor CPM90 foi desenhado para funcionar com ventilação ativa, pelo que, para a
competição e para ser possível tirar proveito de todo o potencial do motor terá de ser utilizado
um sistema de refrigeração.
65
Figura 3.14 Temperatura do motor e temperatura do controlador do motor.
Não sendo disponibilizada documentação acerca dos limites máximos e mínimos de
temperatura retirou-se da interface do motor com o utilizador a escala de temperaturas de
funcionamento.
Figura 3.15 Limites superiores e inferiores de temperatura do motor e controlador.
Caso o motor entre em modo “Overtemperature” irá entrar em modo segurança e
desliga-se automaticamente de forma a evitar danos internos.
Desta forma, conclui-se que é necessário desenvolver um sistema capaz de refrigerar o
motor e o controlador. Poderá ser utilizado um dissipador ou através de ventilação forçada de
forma a evitar entrar em modo de segurança.
0 10 20 30 40 50 60 7020
30
40
50
60
70
80
90
100
Tempo [min]Te
mp
era
tura
mo
tor
[º],
Te
mp
era
tura
co
ntr
ola
do
r [º
]
Temperaturamotor
Temperaturacontrolador
66
67
4. Conclusão e Perspetivas de trabalho futuro
4.1. Conclusão
Nesta dissertação foi realizada a primeira abordagem ao dimensionamento e sistema de
gestão de energia de uma embarcação solar de competição. Dos aspetos tidos em conta é de
evidenciar a equação física respeitante ao movimento da embarcação na água, a potência do
motor elétrico escolhido, a potência solar disponível e a energia armazenada na bateria.
O maior contributo deste trabalho foi o desenvolvimento do algoritmo de consumo
energético realizado num programa de cálculo numérico. Sendo que, o dimensionamento do
motor, painéis fotovoltaicos e bateria tem também um papel de destaque, pois são
interdependentes relativamente à plataforma de simulação.
Foi validada a necessidade da execução do algoritmo de algoritmo de consumo
energético e comprovado experimentalmente o ganho de eficácia e eficiência
comparativamente à não existência do mesmo. Através do algoritmo de consumo energético foi
possível extrair a velocidade ótima em cada ponto do percurso, assim como quantificar a
importância de realizar as acelerações utilizando uma potência de aceleração no ponto máximo
de rendimento. Ao efetuar uma comparação entre a velocidade média estimada da
embarcação da equipa Solar ROC Fruese Poort Leeuwarden e a velocidade média estimada
calculada pela plataforma de simulação é de salientar que se conseguiu obter um valor
superior em 1.3 km/h.
Ora, devido à adaptabilidade do algoritmo torna-se possível percorrer cada etapa da
competição com a certeza de que a velocidade é a velocidade ótima. Garante-se assim que no
fim de cada uma das etapas a energia consumida é exatamente a energia disponível.
Foi realizado o dimensionamento dos componentes, motor, painéis fotovoltaicos e
baterias em conformidade com o regulamento e sempre com o objetivo de tornar a embarcação
o mais competitiva possível. Para isso realizou-se um dimensionamento completamente
direcionado para os requisitos da competição, ajustando cada componente para o regime de
funcionamento em que será utilizado. Garantiu-se que para o pior caso, a bateria, por si só,
conseguiria fornecer toda a potência necessária para o motor funcionar à carga máxima, para
que independentemente das condições meteorológicas fosse possível tirar partido de toda a
performance do mesmo.
Através da montagem experimental realizada em laboratório, foi possível comprovar a
necessidade para a utilização de ventilação forçada no compartimento do motor, como também
se conseguiram resultados muito próximos, na ordem dos 8 %, para o consumo de energia ao
longo do percurso de Harlingen.
68
4.2. Perspetivas de trabalho futuro
Sendo este trabalho a primeira abordagem ao tema existem muitos melhoramentos a
serem realizados, dos quais, são sugeridos os seguintes:
Plataforma de simulação:
- Transição de potências para tensões e correntes;
- Implicação do ângulo da curva no comportamento do modelo dinâmico da embarcação;
- Realização de um modelo de forma a caracterizar cada subsistema (painéis fotovoltaicos,
bateria, motor e hélice) de forma mais precisa;
- Discretização de cada percurso e tipo de etapa, de forma a realizar um estudo prévio e
independente para cada um deles;
- Incluir uma previsão meteorológica;
- Implementar a variação do rendimento dos painéis fotovoltaicos ao longo do dia (devido à
temperatura);
- Ajuste do modelo dinâmico de forma a ser o mais fidedigno e com a maior aproximação
possível à realidade. É apenas possível de ser concretizado após serem realizados testes em
navegação;
- Cálculo de ajuste de velocidades em tempo real.
Sistema de gestão de energia:
- Transmissão de todos os sinais para um computador “outboard”, de forma a ser realizado um
processamento de dados em tempo real e assim realizar uma comparação com o esperado.
Desta forma podem dar-se instruções ao piloto de como proceder;
- Testes ao sistema real, incluindo motor, painéis fotovoltaicos e bateria. Desta forma já é
possível fazer testes sem as limitações de potência do laboratório.
Estes são os melhoramentos que se sugere que sejam implementados, têm a finalidade
de criar a embarcação o mais competitiva possível, antecipando e angariando toda a
informação a priori para que a gestão de energia seja o mais eficaz e eficiente possível.
69
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d%20motors.htm [Accessed 22-07-2016]
Anexo A. Células fotovoltaicas Solbian Maxeon Gen
III – datasheet
72
Anexo B. Células LiFePO4 LFP – 40152SE –
datasheet
~
73
74
Anexo C. Fonte DC Mean Well RSP-3000- 48 –
datasheet
75
76
Anexo D. Motor CPMotion CPM90-45 – Manual
77
78
79
~
80
81
82
Anexo E. Painéis fotovoltaicos Solbian SP125 –
datasheet
83
84
Anexo F. Regulamento da competição Dutch Solar
Challenge
85
86
87
88
89
90
91