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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
DIFERENTES MÉTODOS DE FIXAÇÃO DA CÓRNEA NO TRANSPLANTE LAMELAR
ANTERIOR ALÓGENO EM COELHOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Francieli Marconato
Santa Maria, RS, Brasil
2011
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DIFERENTES MÉTODOS DE FIXAÇÃO DA CÓRNEA NO TRANSPLANTE LAMELAR ANTERIOR ALÓGENO EM
COELHOS
por
Francieli Marconato
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Medicina Veterinária, Área de Concentração em
Cirurgia de Pequenos Animais, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Cirurgia Veterinária.
Orientador: Ney Luis Pippi
Santa Maria, RS, Brasil
2011
3
Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária Departamento de Clínica de Pequenos Animais
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
DIFERENTES MÉTODOS DE FIXAÇÃO DA CÓRNEA NO
TRANSPLANTE LAMELAR ANTERIOR ALÓGENO EM COELHOS
Elaborada por Francieli Marconato
Como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Cirurgia Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________ Ney Luis Pippi, Dr., UFSM (Presidente/Orientador)
________________________
Anne Santos do Amaral , Dr., UFSM
________________________ João Antônio Tadeu Pigatto, Dr., UFRGS
Santa Maria, de 2011
4
Dedico este trabalho aos meus pais
Cláudio e Neusa e ao meu irmão Felipe
que me deram muita força, conselhos,
apoio, atenção, amizade e amor. Sem
eles não chegaria até aqui.
Dedico também a todos os animais,
em especial para a Lara, Oddy e Mel, por
seu amor, carinho e atenção. Muitos
serviram para que pudéssemos aprender
e me tornar uma profissional melhor
qualificada. A minha mais sincera
gratidão, admiração e respeito.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente aos meus pais Neusa e Cláudio e ao meu irmão
Felipe por sempre me apoiarem nas minhas decisões, pelo incentivo,
investimento, carinho, amizade, companheirismo. Vocês são meu porto seguro,
são pessoas maravilhosas, exemplos de vida, seus ensinamentos fizeram a
pessoa que sou hoje, admiro e amo muito vocês.
Aos meus amigos queridos Graciane, André, Rogério, Bianca, Paula e
Daniel pelo companheirismo, pela amizade verdadeira, pessoas que sempre
posso contar a qualquer hora. A amizade de vocês é especial, aliás, vocês são
especiais em minha vida, espero ter vocês muito tempo por perto.
Ao meu orientador Ney Luis Pippi pelos ensinamentos, pela oportunidade
de aprender mais sobre a área de oftalmologia.
Ao professor Alceu Gaspar Raiser pelo aprendizado nesses dois anos,
também agradeço a confiança, a oportunidade de fazer diversas cirurgias dos
mais variados tipos sob orientação desse professor maravilhoso, seus
ensinamentos me ajudaram muito no aprendizado e na realização de diferentes
procedimentos. Não tenho palavras para agradecer essa oportunidade.
A professora Anne Amaral pela amizade, companheirismo, ensinamentos,
por sempre estar disposta a ajudar com minhas dúvidas sempre com todo bom
humor, por sempre ouvir as reclamações, pelas conversas, pelas risadas, por
tudo.
A minha equipe Bianca, Tiago, João Paulo, Cristiano, Marcella, Ialo e
Thiago pela ajuda e contribuição para o bom andamento do experimento.
A professora Dominguita Graça pela ajuda com as análises
histopatológicas.
Aos amigos e colegas Tiagão, Laetícia, João Paulo, Cristiano, Bia, André
Sturion, Larissa, Jorge, Verônica, Maurício, Rosmarini, Gabriele Serafine,
Gabriele Freitas, Carlize, Érika, Antônio, Paulo, Andressa, Amanda obrigada pela
amizade de vocês.
Aos estagiários, Marcella, Thiago, Ialo, Diego, Carol e Marlane pela ajuda,
pela dedicação e cuidados com os animais.
6
Aos funcionários em especial a Nelci, Rosi, Evinha, Glaucia, Bel, Airton,
Vicente, Marcos e Mairí por toda ajuda, carinho, conversas e amizade.
Ao laboratório Diagnóstika pelo emblocamento das amostras e pela
confecção das lâminas.
A Universidade Federal de Santa Maria pela oportunidade de desenvolver
o projeto nessa instituição.
Ao CNPq pela bolsa concedida.
Aos animais que contribuíram com nossas aulas da pós-graduação em
especial a Granita, Flap, Chuleta e Matambre.
Aos coelhos que sem eles esse projeto não seria possível, os meus
sinceros agradecimentos e desculpas pela finalização do projeto.
A minha querida e amada cachorra Mel, que já se foi, mas estará sempre
em meu coração e em minha memória.
Aos animais em especial a Lara e o Oddy cães maravilhosos e muito
especiais que amo muito.
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RESUMO
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
DIFERENTES MÉTODOS DE FIXAÇÃO DA CÓRNEA NO TRANSPLANTE LAMELAR ANTERIOR ALÓGENO EM COELHOS
Autora: Francieli Marconato Orientador: Ney Luis Pippi
Santa Maria, 29 de setembro de 2011
Os animais domésticos são frequentemente acometidos por afecções corneanas e o principal objetivo para a reparação é manter a integridade ocular e a transparência da córnea, evitando a diminuição da acuidade visual. O presente trabalho teve como objetivo, avaliar a viabilidade do transplante alógeno de córnea sob diferentes métodos de fixação como fio de ácido poliglicólico, adesivo de octil-cianoacrilato e adesivo de fibrina. Para tanto foram usados 15 coelhos divididos em três grupos: o grupo 1 – sutura fio ácido poliglicólico (G1 – 5 animais), grupo 2 – adesivo de octil-cianoacrilato (G2 – 5 animais) e grupo 3 – adesivo de fibrina (G3 – 5 animais). Nesses animais realizou-se, no olho direito, ceratectomia lamelar de 5mm de diâmetro e 0,45mm de profundidade, as córneas foram trocadas entre os animais e utilizou-se para a fixação oito pontos isolados simples, ou adesivo de cianoacrilato ou o adesivo de fibrina de acordo com o grupo. No pós-operatório, foram realizadas avaliações oftálmicas diárias e semanalmente com o auxílio do microscópio cirúrgico além do estudo histopatológico. Clinicamente houve diferença significativa entre os grupos para as variáveis blefarospasmo, lacrimejamento, edema de córnea, hiperemia conjuntival, pigmentação do implante, permanência do implante, neovascularização e presença de hipópio. À histopatologia, no grupo 1 verificou-se hiperplasia do epitélio corneano, neovascularização e moderada reação inflamatória. Já no grupo 2 observou-se hiperplasia do epitélio corneano, neovascularização, pigmentação e moderada reação inflamatória. No grupo 3 constatou-se hiperplasia discreta do epitélio corneano, ausência de neovascularização e inflamação. Conclui-se que o transplante alógeno a fresco pode ser usado em ceratoplastia lamelar anterior sem ocorrência de rejeição e o adesivo de fibrina, utilizado para fixação dos transplantes, apresentou melhores resultados clínicos e histopatológicos em córneas de coelhos quando comparados com o fio ácido poliglicólico e o adesivo de octil-cianoacrilato.
Palavras-chave: Cirurgia, Córnea, Ceratoplastia, Adesivos, Coelhos.
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ABSTRACT
Master´s Dissertation Post-Graduate Program in Veterinary Medicine
Federal University of Santa Maria
DIFFERENT METHODS OF FIXATION OF THE ANTERIOR LAMELLAR
CORNEAL TRANSPLANT ALLOGRAFT IN RABBITS
Author: Francieli Marconato Adviser: Ney Luis Pippi
Santa Maria, September 29th, 2011
Domestic animals are often affected by corneal diseases and corneal repair main objective is to maintain ocular integrity and transparency of the cornea, avoiding the decrease in visual acuity. This study aimed to assess the viability of corneal allograft transplantation under different fixation methods such as polyglycolic acid, octyl-cyanoacrylate adhesive and fibrin glue. Therefore, 15 rabbits divided into three groups: group 1 - suture (G1 - 5 animals), group 2 - octyl-cyanoacrylate (G2 - 5 animals) and group 3 - fibrin adhesive (G3 - 5 animals) were used. In these animals a lamellar keratectomy of 5mm in diameter and 0.45 mm deep. The corneas were exchanged between the animals and for fixing, was held in the right eye several simple eight points, or cyanoacrylate adhesive or fibrin glue according to the group were used. Postoperatively, ophthalmic evaluations were performed daily and weekly with the aid of surgical microscope in addition to histopathology. Clinically significant differences for the variables blepharospasm, epiphora, corneal edema, conjunctival injection, pigmentation of the implant, the implant permanence, neovascularization and presence of hipopio. At the histopathology, in group 1 ocurred hyperplasia of the corneal epithelium, vessels and moderate inflammation. In group 2 hyperplasia of the corneal epithelium, neovascularization, pigmentation and moderate inflammatory reaction were observed. In group 3 slight hyperplasia of the corneal epithelium, absence of neovascularization and inflammation was found. It was concluded that fresh allogeneic transplantation can be used in lamellar keratoplasty without occurrence of rejection and that fibrin glue used for fixing the transplant showed better results in clinical and pathological corneas of rabbits.
Key words: Surgery, Cornea, Keratoplaty, Adhesives, Rabbits.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Imagem da realização da ceratectomia lamelar anterior utilizando o
trépano de Castroviejo posicionado centralmente a pupila.................
30
Figura 2 – Pós-operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada
com pontos isolados simples com fio ácido poliglicólico 8-0 em córnea
de coelhos. (A) aspecto lateral e (B) aspecto frontal.............................
31
Figura 3 – Pós-operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada
com adesivo de cianoacrilato............................................................
32
Figura 4 – Pós- operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada
com adesivo de fibrina.........................................................................
32
Figura 5 - Representação gráfica das médias da variável Teste de Schirmer em
ambos os olhos em relação ao tempo em coelhos após ceratoplastia..
41
Figura 6 - Representação gráfica das médias das variáveis analisadas aos 7
dias em coelhos após ceratoplastia com sutura (1), Dermabond (2) e
Tissucol (3).............................................................................................
51
Figura 7 – As letras A, B e C representam, respectivamente, os grupos 1
(sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 7 dias de pós-
operatório. As letras D, E e F representam, respectivamente, os
grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 14 dias de
pós-operatório. As letras G, H e I representam, respectivamente,
os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 21 dias de
pós-operatório. As letras J, L e M representam, respectivamente,
10
os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 30 dias de
pós-operatório....................................................................................
53
Figura 8 – Aspecto microscópico aos 40 dias dos animais do grupo 1 (sutura), 2
(Dermabond) e 3 (Tissucol) representados, respectivamente pelas
letras A, B e C, coradas com Hematoxilina-Eosina. Aumento de
100x. * representa a desorganização do estroma com presença de
células inflamatórias e vasos sanguíneos. # representa estroma
corneano com a presença de células inflamatórias e
neovascularização. ¤ representa o estroma corneano sem a
presença de neovascularização e de células inflamatórias..............
54
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Escores estabelecidos para observações clínicas diárias realizadas durante as avaliações clínicas em coelhos..........................................
34
Tabela 2 - Escores estabelecidos para observações realizadas semanalmente com os animais anestesiados..............................................................
35
Tabela 3 - Médias estimadas da variável blefarospasmo de acordo com os tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos.........................................................................
37
Tabela 4 - Médias estimadas da variável epífora de acordo com os tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos...................................................................................................
38
Tabela 5 - Médias estimadas da variável edema corneal de acordo com os tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos.........................................................................
39
Tabela 6 - Médias estimadas da variável hiperemia conjuntival de acordo com os tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos...........................................................................
39
Tabela 7 - Médias estimadas da variável Teste de Schirmer de acordo com os tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos...........................................................................
40
Tabela 8 - Médias estimadas da variável Teste de Schirmer de acordo com os tempos, em coelhos...............................................................................
40
Tabela 9 - Distribuição de frequências de escore da prova de fluoresceína segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=negativo e 1=positivo.....................................................................
42
12
Tabela 10 - Valores médios atribuídos a prova de fluoresceína nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico....................................................................
42
Tabela 11 - Distribuição de frequências de escore do edema corneal segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.........................................................................................
43
Tabela 12 - Valores médios atribuídos ao edema corneal nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico.........................................................................
43
Tabela 13 - Distribuição de frequências de escore da permanência do implante segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente......................................................................
44
Tabela 14 - Valores médios atribuídos a permanência do implante nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico..................................................
44
Tabela 15 - Distribuição de frequências de escore de epífora segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente........
45
Tabela 16 - Valores médios atribuídos a epífora nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico.........................................................................
45
Tabela 17 - Distribuição de frequências de escore de hiperemia conjuntival segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente....................................................................
46
Tabela 18 - Valores médios atribuídos a hiperemia conjuntival nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico....................................................................
47
Tabela 19 - Distribuição de frequências de escore de neovascularização segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e
13
1=presente............................................................................................. 48
Tabela 20 - Valores médios atribuídos a neovascularização nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico................................................
48
Tabela 21 - Distribuição de frequências de escore de pigmentação do implante segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente......................................................................
49
Tabela 22 - Valores médios atribuídos a pigmentação do implante nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico..................................................
49
Tabela 23 - Distribuição de frequências de escore de hipópio segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.........................................................................................
50
Tabela 24 - Valores médios atribuídos ao hipópio nos animais dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico......................................................................
50
14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................ 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... 18
2.1. Anatomia Corneal................................................................................. 18
2.2. Cicatrização corneal............................................................................. 20
2.3. Ceratoplastia......................................................................................... 22
2.4. Sutura da córnea.................................................................................. 23
2.5. Adesivo de cianoacrilato..................................................................... 24
2.6. Adesivo de fibrina................................................................................. 26
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 28
3.1. Animais.................................................................................................. 28
3.2. Grupos experimentais.......................................................................... 28
3.3. Procedimento pré-operatório.............................................................. 29
3.4. Procedimento cirúrgico....................................................................... 30
3.5. Preparação do adesivo de fibrina (Tissucol)..................................... 32
3.6. Pós-operatório...................................................................................... 33
3.7. Protocolos de avaliação....................................................................... 33
3.7.1. Avaliações clínicas................................................................................. 33
3.7.2. Avaliações semanais.............................................................................. 34
3.7.3. Avaliação histopatológica....................................................................... 35
3.7.4. Avaliação estatística............................................................................... 36
15
4. RESULTADOS........................................................................ 37
4.1. Avaliações clínicas.................................................................................. 37
4.1.1. Blefarospasmo........................................................................................ 37
4.1.2. Epífora..................................................................................................... 37
4.1.3. Edema corneal........................................................................................ 38
4.1.4. Hiperemia conjuntival.............................................................................. 39
4.2. Avaliações semanais............................................................................ 39
4.2.1. Teste de Schirmer................................................................................... 40
4.2.2. Prova de Fluoresceína............................................................................ 41
4.2.3. Edema corneano..................................................................................... 42
4.2.4. Permanência do implante....................................................................... 44
4.2.5. Epífora.................................................................................................... 45
4.2.6. Hiperemia conjuntival.............................................................................. 46
4.2.7. Neovascularização corneana.................................................................. 47
4.2.8. Pigmentação do implante....................................................................... 48
4.2.9. Hipópio.................................................................................................... 49
4.2.10. Outras alterações encontradas.......................................................... 51
4.3. Avaliação Histopatológica................................................................... 53
5. DISCUSSÃO........................................................................... 55
6. CONCLUSÕES....................................................................... 67
7. REFERÊNCIAS....................................................................... 68
16
1. INTRODUÇÃO
Os animais domésticos são frequentemente acometidos por afecções
corneanas e diversos estudos visam à reparação das mesmas com o mínimo
possível de sequelas, evitando assim a diminuição da acuidade visual. Devido à
córnea ser uma estrutura transparente que necessita desta característica para a
perfeita refração a busca por tratamentos que preservem a integridade da córnea
é frequente (MARINHO, 2006).
A córnea apresenta duas funções, uma mecânica, em que juntamente com
a esclera mantém a integridade física do olho. A outra função é a óptica que
permite a passagem de luz até a retina e atua na função de foco (BRAGA, 2007).
A córnea está sujeita a traumas e lesões devido a sua localização exposta.
Entre as afecções corneanas destacam-se as abrasões, úlceras, lacerações e
perfurações. As reparações cirúrgicas têm sido muito estudadas para buscar uma
forma de manter a integridade do globo ocular, estabilizar o conteúdo intra-ocular,
preservar a visão e prevenir o glaucoma. As correções das lesões de córnea
podem ser realizadas utilizando enxertos pediculados de conjuntiva, transplantes
de córnea com tecidos autólogos ou homólogos, implantes sintéticos, enxertos
biológicos, com pericárdio equino, escamas de sardinha, enxertos autólogos de
conjuntiva não-pediculado, adesivos biológicos ou sintéticos (MOTA, 2003).
A ceratoplastia é frequentemente empregada em condições que diminuam
ou impeçam a visão e seus resultados visuais são geralmente dramáticos. Esta
técnica ainda é precisa e depende da experiência do cirurgião (BRAGA, 2007).
Os adesivos de cianoacrilato apresentam diversas indicações na medicina.
Em oftalmologia humana, há décadas, estes biomateriais são utilizados com
resultados satisfatórios. Entretanto, na veterinária, ainda são escassos o
conhecimento de suas propriedades e sua aplicação (BARBOSA, 2007).
O adesivo biológico mimetiza as últimas reações envolvidas na cascata da
coagulação através da polimerização do fibrinogênio pela trombina levando à
formação de um firme coágulo de fibrina. Assim, sua aplicação visa proporcionar
a aderência entre os tecidos durante procedimentos cirúrgicos tornando-se uma
alternativa ao uso de suturas (PIZZOL et al., 2009).
17
O presente trabalho teve como objetivos avaliar a viabilidade do
transplante alógeno de córnea, em coelhos sendo fixados com fio de ácido
poliglicólico, adesivo de 2-octil-cianoacrilato e adesivo de fibrina observando a
fixação, a manutenção e a evolução clínica de botões corneais alógenos em
ceratoplastias lamelares anteriores.
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Anatomia corneal
A córnea forma juntamente com a esclera o arcabouço do bulbo ocular,
contribuindo para a definição de sua forma e proteção das estruturas
intraoculares. A córnea está localizada na face anterior do olho e apresenta-se
como a porção transparente da túnica fibrosa, responsável pela refração da luz
que, após atravessar todos os meios de refringência intra-oculares, alcança a
túnica nervosa, situada no fundo do olho (SAMPAIO, 2004).
A córnea é uma porção única da túnica fibrosa mais externa do olho, é
transparente, sua maior função é refrativa e também mantém uma barreira física,
dura e impermeável entre o olho e o ambiente (HERRERA, 2008; GELATT, 2003).
Por ser a parte mais exposta do bulbo do olho, ela sofre lesão com maior
frequência (HERRERA, 2008; MARINHO, 2006).
Segundo Gelatt (2003) e Barbosa (2007) a transparência da córnea é
mantida pelo filme lacrimal, por seu epitélio não ceratinizado, pela ausência de
vascularização e pigmentação, pela forma com que são organizadas as camadas
do estroma, pelo relativo estado de deturgência e pelas fibras nervosas
amielínicas.
As camadas epiteliais da córnea são altamente inervadas por nervos
sensoriais, sendo um dos tecidos mais sensíveis do corpo e essa sensibilidade
serve como proteção à córnea. Os nervos ciliares são derivados da divisão
oftálmica do nervo trigêmio que se ramificam dentro do estroma anterior e do
epitélio, onde as ramificações nervosas ficam desembainhadas. Esta densa
inervação do epitélio explica o porquê das lesões corneais superficiais serem
mais dolorosas que as úlceras corneais profundas (SLATTER E DIETRICH,
2007). Já no estroma, as ramificações nervosas entram pelo limbo e distribuem-
se radialmente (BARBOSA, 2007).
A córnea de cães, gatos e coelhos é constituída de cinco camadas que são
o filme lacrimal pré-corneal, o epitélio e membrana basal, o estroma, a membrana
19
de Descemet e o endotélio (ALMEIDA, 2009; SLATTER E DIETRICH, 2007). A
espécie humana, alguns primatas e as aves apresentam ainda a membrana de
Bowman situada entre o epitélio e o estroma, considerada a membrana basal do
epitélio, ou seja, lâmina limitante anterior do estroma (ALMEIDA, 2009; PONTES,
2007). Relativamente à sua espessura, existem diferenças relacionadas às
espécies, entretanto, o valor máximo não ultrapassa um milímetro (SAMUELSON,
1999).
Os coelhos apresentam a córnea proeminente em relação à órbita e é
relativamente larga. Sua forma não é circular, apresentando diâmetro horizontal
de 15mm e vertical de aproximadamente 14mm. A espessura corneana de
coelhos encontra-se entre 0,3 a 0,4mm no centro e 0,45mm na periferia próxima
ao limbo (ALMEIDA, 2009).
O filme lacrimal pré-corneal cobre a córnea e a conjuntiva e apresenta três
camadas diferentes na composição e função. A camada superficial externa é
composta por fosfolipídeos das glândulas tarsais sebáceas e são responsáveis
por aumentar a tensão da superfície, ligar o filme lacrimal pré-corneal à superfície
corneal e limitar a evaporação da bainha da camada aquosa. O centro da camada
aquosa é secretado pela glândula lacrimal principal e pela glândula da terceira
pálpebra; ele limpa o material estranho da bolsa conjuntival, lubrifica a passagem
das pálpebras e da terceira pálpebra sobre o epitélio, serve como meio de
passagem de oxigênio, células inflamatórias e imunoglobulinas A e G para a
córnea e fornecer uma superfície lisa corneal para maior eficiência óptica. A
camada interna ou mucóide é composta de mucina derivada de células
caliciformes conjuntivais; esta camada liga a camada aquosa hidrofílica, lipofóbica
ao epitélio corneal hidrofóbico, lipofílico com moléculas bipolares de mucoproteína
(BARBOSA, 2007; SLATTER E DIETRICH, 2007).
O epitélio corneal é composto de células epiteliais do tipo pavimentoso
estratificado e não ceratinizadados, ele é fixado a sua membrana basal por
hemidesmossomas (SLATTER E DIETRICH, 2007).
O estroma representa 90% da espessura corneal e possui meticuloso
arranjo de fibras colágenas. A regulação precisa do diâmetro e orientação destas
fibras, bem como do espaço interfibrilar, estão diretamente ligados à manutenção
da transparência corneal (BARBOSA, 2007). Além das fibras colágenas, o
20
estroma é composto por uma matriz celular, linfócitos, macrófagos, neutrófilos
ocasionais e por ceratócitos (SLATTER E DIETRICH, 2007). Os ceratócitos, além
da síntese de colágeno, são responsáveis pela expressão seletiva de
proteoglicanos e de glicosaminoglicanos durante a estruturação estromal. Sua
forma difere dos fibroblastos da pele, por serem poligonais e por apresentarem
prolongamentos citoplasmáticos que mantém as células unidas (BARBOSA, 2007;
MARINHO, 2006).
A membrana de Descemet é a membrana basal do endotélio e é composta
por finas fibrilas de colágeno e é elástica. Na descemetocele, na qual o estroma
excessivo foi destruído, a membrana de Descemet frequentemente ressalta
drasticamente por causa da sua elasticidade. Após o rompimento, o endotélio
secreta uma nova membrana para preencher pequenos defeitos (SLATTER E
DIETRICH, 2007; MARINHO, 2006).
O endotélio é uma camada celular espessa, posterior e adjacente à
membrana de Descemet. Ela possui capacidade limitada de replicar-se e quando
o endotélio é perdido, o defeito é reposto pela migração de células adjacentes
existentes. Com o avanço da idade, o número de células endoteliais diminui
(SLATTER E DIETRICH, 2007). As células endoteliais limitam a entrada de água
e de solutos oriundos da câmera anterior para o estroma corneano (ALMEIDA,
2009).
2.2. Cicatrização corneal A integridade de todas as camadas da córnea, bem como a presença de
filme lacrimal em quantidade e qualidade adequada, responde por uma
transparência corneal satisfatória, o que favorece suas funções fisiológicas. Além
disto, o aparelho nervoso composto de receptores da dor no epitélio e de
receptores de pressão no estroma é de grande importância para a defesa da
córnea. Este rico sistema, oriundo das ramificações dos nervos ciliares longos
que partem do ramo oftálmico do nervo trigêmeo permite, de forma eficiente, a
21
ativação do ramo aferente do reflexo corneal, mediante da estimulação dos
axônios das terminações epiteliais (SAMPAIO, 2004).
O epitélio apresenta uma enorme capacidade regenerativa, isso significa
que dentro de pouco tempo, as células ao redor da lesão deslizam sobre o
defeito. A córnea pode ser reepitelizada totalmente entre 4 a 7 dias. Assim que as
células cobrirem o defeito, ocorre mitose e o epitélio com múltiplas camadas é
reconstituído. Durante essa migração celular, os melanócitos do limbo podem ser
carregados para dentro de áreas antes transparentes (SLATTER E DIETRICH,
2007; MARINHO, 2006).
A cicatrização estromal avascular começa imediatamente após a lesão
estromal com a formação de edema, dentro de um a dois dias, os neutrófilos das
lágrimas e dos vasos sanguíneos limbais infiltram-se na ferida por quimiotaxia. Os
ceratinócitos adjacentes a ferida se degeneram, já nas áreas circundantes eles
transformam-se em fibroblastos, migram para a área lesada e produzem colágeno
e mucopolissacarídeo da substância fundamental corneal. Após 48 horas, os
macrófagos invadem a lesão, removem os detritos celulares e transformam-se em
ceratinócitos. As fibrilas de colágeno do estroma regenerado estão organizadas
irregularmente causando opacidade (SLATTER E DIETRICH, 2007).
Na cicatrização estromal vascular a infiltração celular é mais extensa, os
vasos sanguíneos originam-se do plexo vascular limbal e invadem a área. O
tecido de granulação está depositado e forma uma cicatriz mais densa. Os vasos
sanguíneos entram em colapso, mas não desaparecem (SLATTER E DIETRICH,
2007).
A membrana de Descemet é elástica e se retrai e se torce quando lesada
expondo o estroma corneal, as células endoteliais próximas deslizam para cobrir
a área e uma nova membrana de Descemet é construída. Nas lesões extensas, o
endotélio pode não cobrir o defeito, causando uma área de tumefação persistente
e estroma edematoso, se for amplamente lesado resulta em opacidade
permanente. A regeneração endotelial ocorre em cães e coelhos, mas em menor
extensão em gatos e primatas (SLATTER E DIETRICH, 2007).
Segundo Almeida (2009) a reparação do endotélio corneano ocorre por
hipertrofia e migração de células remanescentes. Já em coelhos, além da
22
hipertrofia e da migração celular, a reparação endotelial ocorre devido à mitose
celular.
Devido ao rico suprimento nervoso local a agressão da superfície ocular é
manifestada na forma de sinais clínicos como dor, caracterizada por fotofobia e
blefarospasmo, lacrimejamento ativo, secreção ocular e uveíte reflexa. Outros
sinais podem estar presentes, dependendo da intensidade da lesão, do grau de
contaminação e do tipo de microorganismo presente; bem como, da capacidade
de resposta do organismo. Entre estes, cita-se o aparecimento de secreções
oculares, presença de um halo esbranquiçado ou acinzentado indicando a
presença de células polimorfonucleares e proteólise local, além de edema
corneal. A vascularização sangüínea e linfática e a pigmentação também se
fazem presentes nas ceratites ulcerativas, sendo mais comuns nos processos
crônicos ou nas perdas graves de substância da córnea, bem como nas
deficiências das células tronco do limbo. A intensidade e a duração destas
manifestações dependerão do curso clínico da doença que, por sua vez, é
determinado pelo equilíbrio entre os fatores de agressão do agente patogênico e
dos mecanismos de defesa do organismo (SAMPAIO, 2004).
2.3. Ceratoplastia A ceratoplastia é utilizada na substituição da córnea enferma. Existem
basicamente dois tipos de transplantes de córnea que são os transplantes
lamelares, nos quais se realiza a substituição parcial da espessura corneana e os
transplantes de espessura total ou penetrantes nos quais o tecido afetado é
removido em toda a sua espessura e substituído por um botão doador sadio
(BRAGA, 2007).
O transplante corneal (ceratoplastia lamelar anterior) é amplamente
utilizado na cirurgia oftálmica veterinária e pode ser útil em grandes lesões e
lesões axialmente localizados. Ela é indicada em casos de úlceras estromais
profundas e grandes descemetoceles, abscessos estromais e opacidade corneal
axial grave. A ceratoplastia lamelar posterior é a única terapia específica para
23
edema corneal crônico devido à distrofia endotelial canina e deve ser considerada
nos animais com deficiência visual bilateral grave. A vascularização preexistente
aumenta o risco de rejeição do enxerto corneal, por isso, a córnea deve ficar livre
de vascularização (SLATTER E DIETRICH, 2007).
Apesar da córnea ser considerada um órgão privilegiado para a
transplantação, com alto poder de aceitação pelo receptor, diversos estudos
sobre transplantes penetrantes de córnea têm se voltado para a descrição de
fenômenos imunológicos relacionados à inflamação e à rejeição, além de primar
pelo desenvolvimento de métodos de cultura de tecidos que permitam o
crescimento de córneas em laboratório e diminuam a ocorrência de complicações,
como a vascularização dos tecidos transplantados e a consequente rejeição
(SAMPAIO, 2004).
A ceratite ulcerativa ocupa grande destaque, pois é uma doença ocular
comum e muito séria quando a visão e o bulbo do olho são atingidos. Embora o
tratamento inicial desta afecção seja a antibioticoterapia agressiva, a intervenção
cirúrgica na forma de ceratoplastia terapêutica deve ser considerada. O momento
da cirurgia é decisivo para que os resultados terapêuticos satisfatórios sejam
obtidos. Quanto antes o procedimento for realizado, melhor, pois se já houver
infecção na esclera ou lente os resultados serão insatisfatório (BRAGA, 2007).
O epitélio e o estroma superficial são dissecados livremente e repostos
com tecido doador de mesma espessura, geralmente para suporte estrutural
durante a cicatrização (SLATTER E DIETRICH, 2007; GELATT, 2003).
Braga (2007) citou que o transplante de córnea é indicado para melhorar a
visão, aliviar a dor, manter a integridade estrutural do olho e ocasionalmente para
deter ou controlar processos infecciosos.
2.4. Sutura da córnea
Segundo Dourado et al. (2005) os fios de sutura são causadores de
irritação aos tecidos, determinam uma resposta inflamatória de baixa intensidade
e curta duração. Porém, são resistentes à tração e à torção, possuem calibre fino
24
e regular, são macios, flexíveis, pouco elásticos, de fácil esterilização e baixo
custo. A reação cicatricial provocada pelos fios é diretamente proporcional à sua
espessura.
Acredita-se que o uso das suturas, embora amplamente utilizadas nas
cirurgias oftalmológicas com altas taxas de sucesso, aumente a manipulação dos
tecidos, exigindo seu constante reposicionamento para uma adequada fixação.
Ocasiona ainda maior trauma tecidual devido à passagem da agulha e do fio pela
estrutura, formação de granuloma e aumento do tempo cirúrgico. Suturas podem
aumentar a chance de infecções e quando frouxas ou soltas necessitam ser
removidas (PIZZOL, et al., 2009).
A procura de alternativas para a fixação dos enxertos utilizados em defeitos
corneais é realizada de forma incessante. Diversos tipos de fios e técnicas de
sutura já foram empregados como sutura cruzada, de limbo a limbo, contínuo ou
isolado simples com seda, polidioxanone, poliglactina 910 ou náilon (BRAGA,
2007).
A utilização do fio de sutura com as pontas aparadas provoca menor
desconforto e limita o grau de irritação inespecífica, pelo contato com a córnea e
conjuntiva palpebral, provocando assim menor índice de rejeição e indução de
neovascularização. Ocorre a deposição de secreção mucosa sobre os pontos
devido um estímulo causado nas células caliciformes sugerindo-se o
sepultamento correto dos nós (ALMEIDA, 2009).
2.5. Adesivo de cianoacrilato
Os cianoacrilatos são adesivos líquidos, transparentes, com alguma
atividade antimicrobiana, que quando em contato com superfícies úmidas
polimerizam em pouco tempo (4 a 15 segundos) estabelecendo adesão e
tornando alguns procedimentos que envolvem a sutura significativamente mais
rápidos (BARBOSA, 2007; BRAGA, 2007; BRAGA et al., 2004).
Os adesivos teciduais são utilizados em oftalmologia com o objetivo de
manter a integridade ocular, isolando o meio intraocular do meio extraocular,
25
prevenindo o desenvolvimento de endoftalmite e outras complicações como
catarata, uveíte, glaucoma etc (PONTES, 2010).
Os adesivos de cianoacrilato são solidificados por um mecanismo de
polimerização aniônica que se inicia pelo contato com a água ou com uma base
fraca presente na superfície de adesão. Os efeitos tóxicos dos polímeros
sintéticos nos tecidos estão relacionados à sua degradação em formaldeído e
ácido fórmico. Quanto menor o número de radicais presentes no adesivo (metil e
etil) mais rápido ele se degrada e maior será sua concentração de produtos de
degradação e a toxicidade para o tecido. Os adesivos com maior número de
cadeias carbônicas (butil, heptil, octil, isobutil) são polimerizados rapidamente e
degradados de forma lenta formando pequena quantidade de produtos de
degradação sendo pouco tóxicos para o tecido (BRAGA, 2007; PONTES, 2010).
Corrêa e Bicas (2005) observaram que os efeitos tóxicos dos cianoacrilatos
estão relacionados com sua degradação, quando há liberação de formaldeído e
outros produtos. Os derivados metil degradam-se rapidamente, enquanto as
cadeias maiores degradam-se muito devagar, sendo mais bem toleradas por
tecidos vivos. O poder adesivo é maior com o n-butil e o iso-butil-cianoacrilatos,
decrescendo com as variantes de cadeia maior, na seguinte ordem: hexil, octil e
decil-cianoacrilatos.
Embora um polímero de cadeia longa seja muito menos tóxico que o de
cadeia curta, ele ainda apresenta toxicidade, mas a toxicidade residual dos
polímeros de cadeia longa não é suficiente para restringir completamente a sua
utilização. Os produtos tóxicos derivados da degradação do cianoacrilato podem
induzir à reação inflamatória, vascularização corneal, reação do tipo corpo
estranho e necrose tecidual (ALMEIDA, 2009; PONTES, 2010).
As indicações para a utilização dos adesivos sintéticos em oftalmologia são
para o tratamento de perfurações e lacerações do bulbo, sejam elas, traumática,
infecciosa ou degenerativa. Eles também podem ser utilizados para substituir as
suturas em cirurgias oculares e no manejo de complicações pós-operatórias. O
adesivo protege a córnea, possui propriedades antimicrobianas e promove uma
barreira contra microrganismos, porém, causa desconforto devido ao atrito com a
conjuntiva palpebral por sua superfície ser rugosa (PONTES, 2010).
26
O adesivo pode permanecer no local em que foi aplicado por um período
que varia de cinco dias e cinco semanas ou mais. Ele parece estimular a
reparação epitelial abaixo dele. Assim, o adesivo é deslocado ao se completar a
reparação (PONTES, 2010).
Os requisitos para o sucesso da aplicação de um adesivo são o
debridamento do tecido inviável, a obtenção de superfície seca, a aplicação
mínima do adesivo, a não aderência de tecidos adjacentes e a utilização de
instrumental adequado (PONTES, 2010).
O 2-octil-cianoacrilato promove uma barreira de proteção à córnea, não
permitindo que o humor aquoso extravase através da incisão corneana. Suas
propriedades físicas o tornam um agente ideal para o fechamento da lesão
corneal quando comparada à sutura. As principais vantagens são a fácil
aplicação, ausência de toxicidade corneana, baixo custo, ser ideal para prevenir o
extravasamento do humor aquoso, porém pode causar, no pós-operatório
imediato, desconforto ocular (ALMEIDA, 2009).
2.6. Adesivo de fibrina O adesivo de fibrina é um material biológico e natural. Apresenta a
característica de mimetizar a cascata de coagulação, ou seja, o processo
cicatricial fisiológico (ALMEIDA, 2009).
O adesivo de fibrina é composto de fibrinogênio e trombina. O fibrinogênio
é o precursor direto da fibrina insolúvel que é fundamental na estrutura do
coágulo. A trombina é uma enzima proteolítica que ativa o fibrinogênio rompendo-
os em dois fibrinopepitídeos A e B formando assim o monômero de fibrina
(PIZZOL et al., 2009; MOLINARI E MURANAKA, 2001).
A cola de fibrina é biocompatível, biodegradável, não provoca desconforto,
necrose tecidual nem reação do tipo corpo estranho (CHO, 2008). Além disso
causa mínima reação inflamatória (ALMEIDA, 2009).
O Tissucol é preparado a partir de “pools” de plasma humano, esse plasma
é obtido de doadores rigorosamente selecionados e controlados. Para aumentar a
27
segurança evitando riscos de infecções virais, o produto passa por diversos
tratamentos pelo vapor (MOLINARI E MURANAKA, 2001).
O adesivo biológico é totalmente absorvível e suas principais indicações
são: hemostasia, vedação, adesão, vedação tecidual e apoio à cicatrização
(MOLINARI E MURANAKA, 2001).
Em oftalmologia esse produto foi testado em diversos procedimentos
cirúrgicos experimentais tais como: cirurgias maculares, descolamento de retina,
cirurgias de estrabismo, cirurgias anti-glaucomatosas, cirurgia de catarata,
facoemulsificacao com túnel escleral, cirurgia orbitária, perfurações corneanas,
plástica ocular, conjuntiva, ceratotomia radial, transplante lamelar, transplante
penetrante, esclera e vias lacrimais (MOLINARI E MURANAKA, 2001).
28
3. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido no Laboratório de Cirurgia Experimental (LACE)
do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria. Previamente aos
procedimentos cirúrgicos, os animais foram submetidos à avaliação oftálmica para
inclusão no estudo.
O projeto para realização deste estudo foi aprovado pela Comissão de
Ética e Bem Estar Animal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) sob
protocolo de número 126/2010 e seguiu as normas do Comissão de Ética no Uso
de Animais (CEUA).
Este estudo está em conformidade com as normas para experimentação
oftalmológica, seguindo os critérios da Associacion for Research in Vision and
Ophthalmology (ARVO), a qual exige que apenas um dos olhos de cada animal
seja comprometido, para que as alterações relacionadas ao ato cirúrgico e ao
processo de reparação corneana não interfiram com o bem estar do animal
durante o período pós-operatório.
3.1. Animais
Foram utilizados 15 coelhos da raça Nova Zelândia, machos e fêmeas,
com peso entre 2 a 4 kg, provenientes do Biotério Central da Universidade
Federal de Santa Maria.
Selecionados os coelhos sadios, estes foram identificados e mantidos em
gaiolas apropriadas, em ambiente ventilado, limpo e seco. Para alimentação
forneceu-se ração comercial1 e água potável ad libitum.
3.2. Grupos Experimentais 1 Ração para coelhos- Purina.
29
Constituíram-se de três grupos experimentais composto por cinco animais
por grupo. Cada animal teve apenas um dos olhos submetido a ceratectomia
lamelar para aplicação do implante. Os animais do grupo um (G1) receberam o
implante alógeno que foi fixado utilizando o fio ácido poliglicólico12 8-0, os animais
do grupo dois (G2) receberam o implante que foi fixado com adesivo 2-octil-
cianoacrilato3 e os animais do grupo 3 (G3) receberam o implante que foi fixado
com adesivo de fibrina4.
3.3. Procedimento pré-operatório
Os animais foram pré-medicados com cloridrato de cetamina5 (20mg/kg),
midazolam6 (1mg/kg) e sulfato de morfina7 (1mg/kg) administrados por via
intramuscular. Para manutenção utilizou-se anestesia inalatória com isofluorano8
diluído em 100% de oxigênio, fornecido com máscara facial em circuito
semiaberto. Para fornecer fluidoterapia transoperatória com solução de ringer
lactato9, a veia marginal da orelha foi canulada com cateter 24G e a velocidade
média de fornecimento foi de 10ml/kg/hora. Antes do procedimento cirúrgico
realizou-se o Teste de Schirmer, após instilou-se uma gota de colírio anestésico10
composto de cloridrato de tetracaína e cloridrato de fenilefrina.
Como terapia antimicrobiana os animais receberam cefalotina sódica11
(30mg/kg) por via intravenosa. Realizou-se antissepsia do globo ocular direito
com solução de clorexidine12 0,12%. Convencionou-se realizar a cirurgia apenas
no olho direito, evitando maiores desconfortos para o animal.
2 Ácido poliglicóico – Brasuture – São Sebastião da Gama-SP. 3 Dermabond – Ethicon – Johnson & Johnson. 4 Tissucol – Baxter – São Paulo-SP. 5 Cetamin - Syntec,- Hortolândia-SP 6 Midazolam- Hipolabor- Belo Horizonte- MG. 7 Sulfato de morfina- Hipolabor- Belo Horizonte- MG. 8 Isoflurane – Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda – São Paulo-SP. 9 Ringer Lactato- Equiplex Indústria Farmacêutica. 10 Colírio Anestésico- Allergan- Guarulhos-SP. 11 Cefalotina Sódica- Novafarma- Anápolis- SP. 12 Solução clorexidine 0,12% - Dermapele – Santa Maria-RS.
30
3.4. Procedimento Cirúrgico
As intervenções cirúrgicas foram efetuadas com auxílio do microscópio
cirúrgico, em aumento de 16 vezes. Após medidas rotineiras de antissepsia,
proteção do campo operatório, blefarostase fez-se a fixação do bulbo do olho com
um ponto escleroconjuntival às seis e 12 horas, correspondentes a um relógio,
com fio mononáilon13 4-0. Com um trépano de Castroviejo14 de 5mm de diâmetro
e profundidade de 0,45mm um botão lamelar compreendendo epitélio e cerca da
metade da espessura do estroma, posicionado centralmente à pupila (Figura 2), a
ceratectomia foi realizada com auxílio de uma lâmina de bisturi número 15
montado em um cabo de bisturi número três. Esse botão corneal foi mantido em
solução fisiológica 0,9%15 até o momento do transplante.
13 Nylon 4-0 – Ethicon – Johnson & Johnson. 14 Trépano de Castroviejo – Petrovich Instrumental Cirúrgico – São Paulo-SP. 15 Solução fisiológica 0,9%- Texon Ltda- Viamão-RS.
Figura 1 – Imagem da realização da ceratectomia lamelar anterior utilizando o trépano de Castroviejo posicionado centralmente a pupila.
31
Em outro animal foi também realizado o mesmo procedimento e as córneas
transplantadas foram trocadas entre eles. Após as coletas dos dois botões, o
botão corneal do primeiro animal foi implantado no segundo e vice-versa.
Nos animais do G1, o botão foi fixado com fio ácido poliglicólico16 8-0 com
pontos isolados simples (Figura 2), o implante foi totalmente perfurado, mas a
córnea receptora não, inicialmente aplicaram-se quatro pontos cardeais e
posteriormente, os demais pontos necessários para a fixação adequada do
implante, totalizando oito pontos. Nos animais do G2, foi utilizado adesivo de 2-
octil-cianoacrilato (Dermabond)17 (Figura 3), para isso, o implante foi posicionado,
a região foi seca com hastes absorventes estéreis e o adesivo foi cuidadosamente
depositado com uma seringa conectada a uma agulha hipodérmica posicionada
entre o implante e o estroma corneano, sendo aplicada a quantidade mínima
necessária para o preenchimento completo da lesão. Nos animais do G3, foi
utilizado adesivo de fibrina (Tissucol)18 (Figura 4), após sua diluição conforme as
instruções do fabricante, o adesivo foi armazenado em um sistema duploject que
acompanha o produto e com ele foi realizada a aplicação do adesivo entre o
implante e o estroma.
16 Ácido Poliglicólico 8-0- Brasuture- São Sebastião da Grama- SP. 17 Dermabond- Ethicon- Johnson & Johnson. 18 Tissucol- Baxter- São Paulo- SP.
Figura 2 – Pós-operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada com pontos isolados simples com fio ácido poliglicólico 8-0 em córnea de coelhos. (A) aspecto lateral e (B) aspecto frontal.
A B
32
3.5. Preparação do adesivo de fibrina (Tissucol)
O Tissucol apresenta uma preparo um tanto quanto complexo; o primeiro
passo é a preparação da solução de fibrinogênio, quando os frascos contendo o
fibrinogênio e a aprotinina foram aquecido em banho-maria a 37ºC por 10
minutos. Após este período a solução de aprotinina foi transferida para o frasco
contendo fibrinogênio e foram mantidos em banho-maria até sua utilização.
Figura 3 – Pós- operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada com adesivo de cianoacrilato.
Figura 4 – Pós- operatório imediato após ceratectomia lamelar anterior fixada com adesivo de fibrina.
33
A trombina de 500UI foi dissolvida em solução de cloreto de cálcio para
formar a solução de trombina, depois de homogeneizados os componentes foram
mantidos em banho-maria a 37ºC até o momento da utilização.
A aplicação da cola de fibrina foi realizada utilizando o dispositivo duploject.
As seringas forma preenchidas cada uma com seu conteúdo (fibrinogênio e
trombina) e acopladas ao dispositivo no momento do uso.
3.6. Pós-operatório
No pós-operatório imediato, os animais receberam meloxicam19 (0,2mg/kg),
cloridrato de tramadol20 (4mg/kg), colírio de cloranfenicol21 (1gota) e colírio de
sulfato de atropina22 a 1% (1gota).
Para manutenção foi utilizado meloxicam (0,1mg/kg) a cada 24 horas,
cloridrato de tramadol a cada oito horas durante cinco dias, colírio de cloranfenicol
a cada oito horas por 40 dias e colírio de atropina a cada 12 horas por sete dias.
O colírio de cloranfenicol foi utilizado até o teste de fluoresceína obter
resultado negativo, neste momento passou-se a utilizar o colírio maxitrol23
composto de sulfato de neomicina, sulfato de polimixina B e dexametasona.
Todos os animais utilizaram colar Elizabetano.
3.7. Protocolos de avaliações
3.7.1. Avaliações clínicas
19 Meloxican 2%- Ouro fino- Cravinhos-SP. 20 Cloridratoto de Tramadol- Hipolabor- Belo Horizonte- MG. 21 Colírio cloranfenicol- Allerga- São Paulo-SP. 22 Colírio de atropina 1%a- Allerga- São Paulo-SP. 23 Maxitrol- Alcon- São Paulo- SP.
34
Os estudos clínicos tiveram seu início no primeiro dia de pós-operatório e
se seguiram diariamente nos dez primeiros dias e após, as avaliações foram
realizadas nos dias 12, 14, 16, 20 e 27.
Avaliaram-se os graus de blefarospasmo, epífora, edema corneal e
hiperemia conjuntival, além de outros possíveis achados clínicos. Para tanto, os
parâmetros de avaliação adotados foram subjetivamente classificados em (0)
ausência de qualquer evento, (1) manifestação leve, (2) sinais moderado e (3)
sinais intenso, conforme exemplificado na tabela 1.
Tabela 1 - Escores estabelecidos para observações clínicas diárias realizadas
durante as avaliações clínicas em coelhos.
Observação Escore
Blefarospasmo
Epífora
Edema corneal
Hiperemia conjuntival
0 - ausente
1 - leve
2 - moderado
3 – intenso
3.7.2. Avaliações semanais
Nos dias 0, 7, 14, 21 e 30 de pós-operatório os animais foram anestesiados
utilizando cloridrato de cetamina (20mg/kg) e midazolam (2mg/kg) para realizar a
avaliação clínica com auxílio do microscópio cirúrgico utilizando, aumento de 16X.
Os critérios avaliados foram o teste lacrimal de Schirmer24, prova de
fluoresceína25, edema corneal, permanência do implante, epífora, hiperemia
conjuntival, neovascularização, pigmentação do implante e hipópio. O teste de
Schirmer recebeu o número correspondente ao resultado do teste (mm/min), a
prova de Fluoresceína foi classificado em (0) como negativo e (1) como positivo;
24 Teste de Shirmer- Ophthalmos- São Paulo- SP. 25 Fluoresceína- Allergan- São Paulo- SP.
35
os demais testes foram classificados em (0) ausência de sinais e (1) presença de
sinais, conforme exemplificado na tabela 2.
Tabela 2 - Escores estabelecidos para observações realizadas semanalmente
com os animais anestesiados.
Observação Escore
Teste de Schirmer 0 a 25mm/min
Prova de Fluoresceína 0 - negativo
1 – positivo
Edema corneal
Permanência do implante
Hiperemia conjuntival
Neovascularização
Pigmentação do implante
Hipópio
0 - ausente
1 – presente
3.7.3. Avaliação histopatológica
Aos 40 dias de pós-operatório, os animais foram submetidos a eutanásia,
quando receberam tiopental sódico26 na dose de 12,5mg/kg intravenoso seguido
de cloreto de potássio27 suficiente para promover parada cardiorrespiratória. Só
então a córnea do olho que recebeu o implante foi removida e fixada em solução
de formaldeído tamponado a 10%. Após a córnea foi processada rotineiramente
para inclusão em parafina; foram realizados cortes de 5 µm corados pela
Hematoxilina-Eosina (HE) e analisados ao microscópio de luz.
26 Thiopentax- Cristália- Itapira- SP. 27 Cloreto de potássio 10%- Equiplex Indústria Farmacêutica.
36
3.7.4. Avaliação Estatística
Os dados avaliados diariamente relacionados aos sinais de blefarospasmo,
epífora, edema corneal e hiperemia conjuntival foram submetidos ao teste de
Tukey para comparação entre os grupos. Os dados analisados semanalmente
com os animais anestesiados foram avaliados da seguinte forma: o teste lacrimal
de Schirmer foi analisado pelo teste de Tukey para comparação entre os grupos e
entre os tempos, já a prova de fluoresceína, edema corneano, permanência do
implante, epífora, hiperemia conjuntival, neovascularização, pigmentação do
implante e hipópio foram analisados pelo teste de Qui-quadrado e teste de
Wilcoxon. Os dados foram considerados significativamente diferentes com
probabilidade (P) menor que 5%. O programa SAS - Statistical Analysis System
foi utilizado para realização de todos os testes estatísticos. Os resultados obtidos
encontram-se apresentados na forma de tabelas e figuras.
37
4. RESULTADOS
Com o objetivo de esclarecer a proposta de trabalho anteriormente
apresentada e ilustrar os resultados obtidos a partir da aplicação dos métodos
descritos, foram avaliados parâmetros referentes à evolução clínica diária e a
evolução a cada sete dias.
4.1. Avaliações clínicas
4.1.1. Blefarospasmo
Sob a evolução pós-operatória dos graus de blefarospasmo foi observada
diferença significativa entre os tratamentos. Na tabela 3 são apresentadas as
médias estimadas dessa variável de acordo com o tratamento, em coelhos.
Tabela 3 - Médias estimadas da variável blefarospasmo de acordo com os
tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em
coelhos.
Grupo Média
1 0,71a
2 0,37b
3 0,02c a,b,c – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si
ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
4.1.2. Epífora
38
A evolução clínica da variável epífora, não houve diferença significativa
entre os grupos 1 e 2, mas houve diferença significativa no grupo 3. Na tabela 4
são apresentadas as médias estimadas dessa variável de acordo com o
tratamento, em coelhos.
Tabela 4 - Médias estimadas da variável epífora de acordo com os tratamentos
sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em coelhos.
Grupo Média
1 1,05a
2 1,01a
3 0,18b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
4.1.3. Edema corneal
Sua ocorrência foi apenas peri-lesional, sendo que nos grupos 1 e 2 não
houve alteração significativa, mas o grupo 3 foi significativamente inferior aos
demais. Na tabela 5 são apresentadas as médias estimadas dessa variável de
acordo com o tratamento, em coelhos.
39
Tabela 5 - Médias estimadas da variável edema corneal de acordo com os
tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em
coelhos.
Grupo Média
1 1,01a
2 0,96a
3 0,13b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
4.1.4. Hiperemia conjuntival
Na variável hiperemia conjuntival não houve diferença entre os grupos 1 e
2, no entanto quando comparado ao grupo 3 obteve-se diferença significativa. Na
tabela 6 são apresentadas as médias estimadas dessa variável de acordo com o
tratamento, em coelhos.
Tabela 6 - Médias estimadas da variável hiperemia conjuntival de acordo com os
tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em
coelhos.
Grupo Média
1 1,09a
2 1,12a
3 0,15b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
4.2. Avaliações semanais
40
4.2.1. Teste de Schirmer
A avaliação quantitativa da produção lacrimal foi realizada nos dias 0, 7,
14, 21 e 30 dias do pós-operatório em ambos os olhos. O valor basal (dia 0)
médio para os coelhos foi de 9,3. Na tabela 7 são apresentadas as médias da
variável em cada olho de acordo com os tratamentos, já na tabela 8 são
apresentadas as médias da variável em relação ao tempo, em coelhos. Para essa
variável não houve diferença entre os grupos e entre os tempos. Na Figura 5
estão representados os valores dos testes realizados em ambos os olhos.
Tabela 7 - Médias estimadas da variável Teste de Schirmer de acordo com os
tratamentos sendo que o grupos 1 (Sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), em
coelhos
Sutura Dermabond Tissucol
Olho direito 6,76a 8,17a 7,84a
Olho esquerdo 9,00a 8,04a 7,48a a – Médias seguida de letras iguais não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade
pelo teste de Tukey.
Tabela 8 - Médias estimadas da variável Teste de Schirmer de acordo com os
tempos, em coelhos.
Tempo Olho Direito (Média) Olho Esquerdo (Média)
0 8,60a 10,13a
7 6,46a 7,93a
14 7,07a 7,60a
21 8,14a 7,85a
30 7,64a 7,29a
41
a – Médias seguida de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Figura 5 - Representação gráfica das médias da variável Teste de Schirmer
em ambos os olhos em relação ao tempo em coelhos após ceratoplastia.
4.2.2. Prova de fluoresceína
A prova de fluoresceína foi positiva em 100% dos animais aos 7 dias, aos
14 dias foi positivo em 100% dos animais do grupo 1, em 80% dos animais do
grupo 2 e em 60% dos animais do grupo 3. Aos 21 dias foi positivo em 100% dos
animais e aos 30 dias foi positivo em 40% dos animais do grupo 2 e em 60% dos
animais do grupo 3. Na tabela 9 são apresentadas as frequências dos escores
segundo os grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela confirma
que não há acréscimo significativo entre os tempos de observação.
Na tabela 10 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não há diferença significativa entre os grupos.
Dias
42
Tabela 9 - Distribuição de frequências de escore da prova de fluoresceína
segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=negativo e
1=positivo.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 0 100 0 100 60 40
2 100 0 0 100 20 80 0 100 60 40
3 100 0 0 100 40 60 0 100 40 60 Aos 14 dias P=0,28 e aos 30 dias P=0,76.
Tabela 10 - Valores médios atribuídos a prova de fluoresceína nos animais dos
grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do
procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 39a
2 37,5a
3 37,5a a – Médias seguida de letras iguais não diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon. P=0,94.
4.2.3. Edema corneano
O edema corneano Peri-lesional foi observado em todos os animais do G1
e do G2. Nos animais do grupo 1 estava presente em 80% dos animais aos 7
dias, em 100% aos 14 dias e em 60% aos 21 dias. Nos animais do grupo 2 estava
presente em 40% dos animais aos 7 dias, em 60% aos 14, em 80% aos 21 dias e
em 60% aos 30 dias. Os animais do grupo 3 não apresentaram edema corneano
em nenhum período de avaliação. Na tabela 11 são apresentadas as frequências
43
dos escores segundo os grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela
confirma que há diferença significativa nos tempos 7, 14, 21 e 30 dias de
observação.
Na tabela 12 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não há diferença significativa entre os grupos 1 e 2, mas obteve-se
significância comparando o grupo 3.
Tabela 11 - Distribuição de frequências de escore do edema corneal segundo os
grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 20 80 0 100 40 60 100 0
2 100 0 60 40 40 60 20 80 40 60
3 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 Aos 7 dias P= 0,03, aos 14 dias P=0,0062, aos 21 dias P=0,03 e aos 30 dias P=0,02.
Tabela 12 - Valores médios atribuídos ao edema corneal nos animais dos grupos
tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento
cirúrgico.
Grupo Média
1 44a
2 44a
3 26b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P=0,0002.
44
4.2.4. Permanência do implante
O implante estava presente em 100% dos animais aos 7 dias, em 80% dos
animais aos 14 e 21 dias e em 60% aos 30 dias nos animais do grupo 2 e em
80% dos animais dos grupos 1 e 3 nos dias 7, 14, 21 e 30. Na tabela 13 estão
apresentadas as frequências dos escores segundo os grupos de acordo com o
tempo, em coelhos. Essa tabela confirma que não houve diferença significativa
entre os tempos de observação.
Na tabela 14 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não ocorreu diferença significativa entre os grupos.
Tabela 13 - Distribuição de frequências de escore da permanência do implante
segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e
1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 20 80 20 80 20 80
2 100 0 0 100 20 80 20 80 40 60
3 100 0 0 100 20 80 20 80 20 80 Aos 14 e 21 dias P= 1 e aos 30 dias P=0,71.
Tabela 14 - Valores médios atribuídos a permanência do implante nos animais
dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do
procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 38,5a
2 37,0a
3 38,5a
45
a – Médias seguida de letras iguais não diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon. P=0,94.
4.2.5. Epífora
A epífora estava presente nos animais do grupo 1 em 100% dos animais
aos 7 dias, em 60% dos animais aos 14 dias, e ausente aos 21 e 30 dias. Nos
animais do grupo 2 estava presente em 80% aos 7 e 14 dias, em 60% aos 21 dias
e aos 30 dias estava presente em 20% dos animais. No grupo 3 estava ausente
em todo o período de avaliação. Na tabela 15 estão apresentadas as frequências
dos escores segundo os grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela
confirma que há diferença significativa nos dias 7, 14 e 21 e não há diferença
significativa aos 30 dias.
Na tabela 16 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que há diferença significativa entre os grupos.
Tabela 15 - Distribuição de frequências de escore de epífora segundo os grupos
nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 40 60 100 0 100 0
2 100 0 20 80 20 80 40 60 80 20
3 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 Aos 7 dias P=0,0029, aos 14 dias P= 0,03, aos 21 dias P=0,02 e aos 30 dias P=0,34.
Tabela 16 - Valores médios atribuídos a epífora nos animais dos grupos tratados
com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico.
46
Grupo Média
1 40a
2 46b
3 28c a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P=0,0005.
4.2.6. Hiperemia conjuntival
A hiperemia conjuntival estava presente em 100% dos animais do grupo 1
aos 7 dias, em 80% aos 14 dias, em 60% aos 21 dias e em 40% aos 30 dias. No
grupo 2 ocorreu em 80% dos animais aos 7 e 14 dias, em 60% aos 21 dias e em
40% aos 30 dias. Nos animais do grupo 3 estava presente apenas em 20% dos
animais aos 7 dias. Na tabela 17 estão apresentadas as frequências dos escores
segundo os grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela confirma
que há diferença significativa nos dias 7 e 14 dias.
Na tabela 18 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não há diferença significativa entre os grupos 1 e 2, mas há diferença
significativa com o grupo 3.
Tabela 17 - Distribuição de frequências de escore de hiperemia conjuntival
segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e
1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 20 80 40 60 100 0
2 100 0 20 80 20 80 40 60 60 40
3 100 0 80 20 100 0 100 0 100 0
47
Aos 7dias P= 0,02, aos 14 dias P= 0,01, aos 21 dias P=0,08 e aos 30 dias P= 0,09.
Tabela 18 - Valores médios atribuídos a hiperemia conjuntival nos animais dos
grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do
procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 43a
2 44,5a
3 26,5b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P=0,0004.
4.2.7. Neovascularização corneal
A neovascularização estava presente em 100% dos animais do grupo 1
aos 7 dias, em 100% aos 14 dias, em 100% aos 21 e 30 dias. Nos animais do
grupo 2 estava presente em 100% aos 7 dias , em 80% aos 14, 21 e 30 dias. Nos
animais do grupo 3 estava ausente em todo período de avaliação. Na tabela 19
estão apresentadas as frequências dos escores segundo os grupos de acordo
com o tempo, em coelhos. Essa tabela confirma que há diferença significativa nos
dias 7, 14, 21 e 30 dias.
Na tabela 20 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que há diferença significativa entre os grupos.
48
Tabela 19 - Distribuição de frequências de escore de neovascularização segundo
os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 0 100 0 100 0 100
2 100 0 0 100 20 80 20 80 20 80
3 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 Aos 7 dias P=0,0006, aos 14 dias P=0,0029, aos 21 dias P=0,0029 e aos 30 dias P= 0,0029.
Tabela 20 - Valores médios atribuídos a neovascularização nos animais dos
grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do
procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 49,5a
2 45,0b
3 19,5c a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P<0,0001.
4.2.8. Pigmentação do implante
A pigmentação do implante estava presente nos animais do grupo 1 e 2 em
100% dos animais aos 7, 14, 21 e 30 dias. No grupo 3 em 20% dos animais aos 7
dias, em 40% aos 14 dias, em 60% aos 21 dias e em 20% dos animais aos 30
dias. Na tabela 21 estão apresentadas as frequências dos escores segundo os
grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela confirma que há
49
diferença significativa nos dias 7, 14 e 30 dias, não havendo diferença significativa
aos 21 dias.
Na tabela 22 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não há diferença significativa entre os grupos 1 e 2, mas há diferença
significativa no grupo 3.
Tabela 21 - Distribuição de frequências de escore de pigmentação do implante
segundo os grupos nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e
1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 0 100 0 100 0 100 0 100
2 100 0 0 100 0 100 0 100 0 100
3 100 0 80 20 60 40 40 60 80 20 Aos 7 dias P= 0,0043, aos14 dias P=0,023, aos 21 dias P=0,09 e aos 30 dias P= 0,004.
Tabela 22 - Valores médios atribuídos a pigmentação do implante nos animais
dos grupos tratados com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do
procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 44,5a
2 44,5a
3 25b a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P<0,0001.
4.2.9. Hipópio
50
O hipópio foi observado em 20% dos animais do grupo 2 aos 7 dias, em
40% dos animais aos 14 dias, em 60% dos animais aos 21 dias e 20% dos
animais aos 30 dias. Nos grupos 1 e 2 não foi observada a presença de hipópio
no período avaliado. Na tabela 23 estão apresentadas as frequências dos
escores segundo os grupos de acordo com o tempo, em coelhos. Essa tabela
confirma que há diferença significativa nos 21 dias de pós-operatório.
Na tabela 24 observam-se as médias obtidas em cada grupo confirmando
que não há diferença significativa entre os grupos 1 e 3, mas há diferença
significativa no grupo 2.
Tabela 23 - Distribuição de frequências de escore de hipópio segundo os grupos
nos períodos de avaliação, sendo que 0=ausente e 1=presente.
DIAS 0 7 14 21 30
ESCORE (%) 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
GRUPOS
1 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0
2 100 0 80 20 60 40 40 60 80 20
3 100 0 100 0 100 0 100 0 100 0 Aos 7 dias P=0,34, aos 14 dias P=0,0995, aos 21 dias P=0,02 e aos 30 dias P=0,34.
Tabela 24 - Valores médios atribuídos ao hipópio nos animais dos grupos tratados
com sutura, Dermabond e Tissucol após realização do procedimento cirúrgico.
Grupo Média
1 34,5a
2 45b
3 34,5a
51
a,b – Médias seguida de letras diferentes diferem entre si ao
nível de 5% de probabilidade pelo teste de Wilcoxon.
P=0,0005.
Estão representadas na Figura 6 as médias encontradas para cada sinal
clínico nos grupos G1, G2 e G3.
Figura 6 - Representação gráfica das médias das variáveis analisadas aos 7
dias em coelhos após ceratoplastia com sutura (1), Dermabond (2) e
Tissucol (3).
4.2.10. Outras alterações encontradas
Não foram verificadas alterações sistêmicas em nenhum dos animais do
estudo.
Em um animal do G1 foi necessária a remoção do implante aos 14 dias,
pois estava solto e dois animais apresentaram uveíte. Em todos os animais deste
grupo verificou-se deposição de fibrina nas córneas transplantadas. Ao teste de
fluoresceína houve impregnação apenas no implante, sendo que aos 21 dias
estava impregnada apenas na região dos pontos de sutura.
52
No G2 foi necessária a remoção do implante em dois animais, um aos 14
dias e outro aos 21 dias, três animais apresentaram hipópio em um deles ocorreu
perfuração da córnea, sendo necessária a realização de um flap de conjuntiva.
Aos 30 dias removeu-se o flap e observou-se melhora do olho.
Nos animais do G3, não foram observadas alterações significativas.
Todos os animais apresentaram dermatite devido o uso do colar
Elizabetano, sendo este removido aos sete dias de pós-operatório, em um animal
do grupo 2 a dermatite foi grave ocasionando a ruptura corneana, acredita-se que
esse fato ocorreu devido desconforto do animal nessa situação. A dermatite foi
tratada com tricotomia da região e limpeza diária com solução anti-séptica.
Aos 40 dias os animais do G1 apresentaram a córnea transparente com
uma pequena região esbranquiçada no centro e pouca neovascularização. Os
animais do G2 apresentaram a córnea bem esbranquiçada no centro, pouca
neovascularização, um animal apresentou edema corneano. Os animais do G3
apresentaram a córnea bem transparente com ponto esbranquiçado no centro,
em um animal esse branco era mais denso, em dois animais não havia sinal do
transplante, nenhum animal do grupo apresentou neovascularização.
A Figura 7 demonstra a evolução pós-operatória aos 7, 14, 21 e 30 dias.
53
4.3. Avaliação histopatológica
Figura 7 – As letras A, B e C representam, respectivamente, os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 7 dias de pós-operatório. As letras D, E e F representam, respectivamente, os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 14 dias de pós-operatório. As letras G, H e I representam, respectivamente, os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 21 dias de pós-operatório. As letras J, L e M representam, respectivamente, os grupos 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol), aos 30 dias de pós-operatório.
54
Aos 40 dias, nos animais do G1 (sutura) observou-se hiperplasia do epitélio
de revestimento, em quatro animais do grupo, sendo que em um deles ocorreu o
desprendimento do epitélio com intensa hiperplasia; em outro animal a hiperplasia
do epitélio foi discreta; em um animal foi detectada intensa proliferação do
estroma corneano. Um animal apresentou epitélio de aspecto normal. A
neovascularização foi verificada em 4 animais, não estando presente em um
animal do grupo. Em um animal a membrana de Descemet foi envolvida pelo
estroma. Em três animais verificou-se pouca quantidade de células inflamatórias.
Nos animais do G2 (Dermabond), observou-se hiperplasia do epitélio de
revestimento em todos os animais, sendo que em um deles era discreta e em
outro de discreta a moderada. Em todos os animais se verificou
neovascularização do estroma, que em um dos animais ocorreu de forma
discreta. Todos os animais apresentaram pouca quantidade de células
inflamatórias. Em dois animais verificou-se pigmentação (melanócitos) no estroma
próximo à Membrana de Descemet. Em três animais foram observados
macrófagos espumosos.
Nos animais do G3 (Tissucol) encontrou-se discreta hiperplasia do epitélio
corneal. Em quatro animais observou-se estroma e Membrana de Descemet sem
alterações, em um animal verificou-se desorganização do estroma e a substância
fundamental amorfa predomina sobre as células e fibras. Em nenhum animal se
observou neovascularização, presença de células inflamatórias ou presença de
macrófagos espumosos.
A Figura 8 mostra o aspecto microscópico aos 40 dias de pós-operatório.
Figura 8 – Aspecto microscópico aos 40 dias dos animais do grupo 1 (sutura), 2 (Dermabond) e 3 (Tissucol) representados, respectivamente pelas letras A, B e C, coradas com Hematoxilina-Eosina. Aumento de 100x. * representa a desorganização do estroma com presença de células inflamatórias e vasos sanguíneos. # representa estroma corneano com a presença de células inflamatórias e neovascularização. ¤ representa o estroma corneano sem a presença de neovascularização e de células inflamatórias.
A B C
* # ¤
55
5. DISCUSSÃO
Devido à constante busca por alternativas para reparar danos a córnea,
optou-se pela realização desse trabalho, pois, são muitas as situações nas quais
os Médicos Veterinários se deparam com condições de lesão grave à superfície
ocular anterior, com comprometimento da integridade das estruturas que a
compõem. Muitos destes episódios colocam em risco a visão do animal, quando
já não estão lhe causando grande desconforto há algum tempo. O
comprometimento da visão traz prejuízos irreparáveis podendo determinar a sua
própria sobrevivência (SAMPAIO, 2004). Diversas são as alternativas para
reparar a córnea e manter sua estrutura e, se possível, a transparência e a
função; quando há perda do tecido corneal, apenas a substituição da córnea pode
ser realizado de acordo com Teixeira et al. (2004).
Os transplantes de córnea podem cumprir finalidade óptica, com o objetivo
de promover a visão; terapêutica, para controlar doença corneal refratária a
tratamento clínico e tectônico para restabelecer a integridade estrutural do bulbo
ocular. Ceratite infecciosa resistente a tratamento clínico trata-se de doença grave
cuja evolução clínica depende do agente agressor e da resistência do hospedeiro.
Apesar dos avanços na terapia antimicrobiana, antifúngica e antiviral, a ceratite
infecciosa pode progredir rapidamente em extensão e profundidade, com
afinamentos e perfurações segundo Oliveira et al. (2007).
Dentre as doenças relacionadas à perda da visão no homem e no cão, as
úlceras de córnea ainda se destacam como as mais importantes, não só pelo alto
índice de morbidade, como, também, pela gravidade das lesões. Estudos
envolvendo os mais diversos métodos de reparação das lesões da córnea são
frequentes nos periódicos de oftalmologia; entre elas estão as pesquisas
envolvendo os transplantes de córnea, a aplicação de membranas biológicas e os
enxertos conjuntivais. Buscando métodos seguros, rápidos, de fácil execução,
baixo custo e com interferência mínima na cicatrização da córnea, com mínima
formação de reação granulomatosa e tecido cicatricial, iniciaram os estudos das
substâncias adesivas como sugerido por Sampaio e Ranzani (2005). Assim,
56
optou-se pela comparação entre o fio de sutura que é geralmente utilizado para
reparos na córnea, adesivos sintéticos e adesivos biológicos.
Seguindo as normas para experimentação oftalmológica de acordo com a
Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO), apenas um dos
olhos de cada animal deve ser comprometido para que o trauma cirúrgico e a
evolução do processo de cicatrização mão interferissem com visão e qualidade de
vida dos animais no período pós-operatório.
O protocolo anestésico utilizado mostrou-se seguro e de fácil execução. A
aplicação de anestesia dissociativa em coelhos de forma isolada nos
procedimentos oftálmicos é de uso comum de muitos pesquisadores como
Sampaio et al. (2006). Porém a anestesia inalatória utilizando máscara, torna o
procedimento mais seguro, com maior facilidade de controle do plano anestésico
e melhor recuperação, além da dificuldade de intubação em coelhos já observado
por Braga (2007). O uso de colírio anestésico objetivou a suplementação do
protocolo anestésico, aumentando a insensibilidade da córnea e conjuntiva aos
procedimentos cirúrgicos. Porém, para Pontes (2007) a utilização dos anestésicos
tópicos deve ser restrita apenas no auxílio para o exame oftálmico, pois são
tóxicos para o epitélio corneano interferindo na reparação das lesões.
Visando uma alternativa para correção das alterações que acometem a
córnea optou-se pela ceratectomia lamelar utilizando córnea alogênica, que de
acordo com Braga (2007) os objetivos do enxerto a fresco são o restabelecimento
óptico, reconstrutivo e terapêutico. Também, o uso da ceratoplastia em medicina
veterinária tem como principal indicação as úlceras corneais graves profundas ou
perfuradas como relatado por Laus et al. (1999) e Braga (2007). A ceratoplastia
lamelar anterior também tem sido realizada para reparação de opacificação
corneal, como nas distrofias corneais, leucomas, queimaduras químicas, feridas
traumáticas, neoplasias, ulcerações e ceratites pigmentares (EURIDES et al.,
2006; ABDELKADER et al., 2010).
A ceratoplastia lamelar anterior apresentou baixa incidência de rejeição
nesse estudo, mesmo sem a utilização de medicações imunossupressoras, que
conforme Wiley et al. (2008) e Abdelkader et al. (2010) a ceratoplastia lamelar
apresenta como vantagem a baixa incidência de rejeição devido o endotélio não
57
ser transplantado além de minimizar os riscos de complicações operatórias, pois
não ocorre comunicação com o interior do globo ocular.
Optou-se pela utilização da córnea alógena sem meio de conservação
para o transplante para avaliar se há rejeição da córnea transplantada quando
não se usa medicações imunossupressoras, visando assim, a utilização desse
tipo de material em animais de rotina. Apesar de a córnea ser o material ideal
para o transplante, sua disponibilidade não é vasta, por isso a investigação de
novos materiais que sirvam como substitutos na reconstrução da superfície ocular
tem sido extensamente pesquisado por Godoy et al. (2002). Macedo et al. (2009)
referem que, em medicina veterinária, o transplante de córnea é menos utilizado
devido a dificuldade de manter a córnea viável em um banco de córneas.
As ceratoplastias lamelares superficiais foram realizadas com utilização de
instrumentais específicos, como microscópio cirúrgico e também utilizando
trépano de 5mm de diâmetro como recomendado por Souza (2003), Gonçalves et
al. (2003), Eurides et al. (2006), Macedo (2008), Macedo et al., (2009).
Para a realização do transplante foi necessária a utilização do microscópio
cirúrgico para amplificação da imagem e realizou-se treinamento prévio de acordo
com o descrito por Sampaio e Ranzani (2005) e Barbosa (2007), de que o
manuseio e técnica para aplicação destes adesivos sobre a superfície corneal
requerem treinamento prévio e magnificação da imagem para certificação de que
os parâmetros como quantidade e localização do implante estavam sendo
respeitados. A aplicação do adesivo de cianoacrilato com o uso de seringa e
agulha mostrou-se de fácil execução, além de promover melhor direcionamento
do adesivo sobre o local desejado.
Eurides et al. (2006), Braga et al. (2004) citam que os defeitos corneais de
até 5mm de diâmetro podem, em alguns casos, ser aproximados com pontos de
sutura. As trepanações realizadas, de 5mm, devem ser ocluídas com um enxerto
de 6mm de diâmetro, isto é, 0,1mm maior que a área receptora. Esta diferença é
necessária para melhor justaposição das bordas em consequência da distensão
da área receptora após a ceratectomia. Mas, nesse estudo, como os botões
lamelares removidos foram transplantados em outro animal, optou-se pela
utilização do botão removido com o mesmo diâmetro.
58
Algumas características dos fios sintéticos podem ser responsáveis pela
grande preferência dos cirurgiões, como, por exemplo, a maior força de tensão
durante a fase de cicatrização e a maior rapidez de absorção uniforme. Por
conseguinte, a menor reação inflamatória pós-operatória, decorrente da menor
antigenicidade e, também, a facilidade e segurança relativa ao nó cirúrgico,
explicam a maior utilização dos fios sintéticos por Moreira et al. (2004).
A opção da utilização do fio de ácido poliglicólico foi tomado devido os
custos elevados e dificuldade de aquisição da poliglactina 910 e por ser um
material absorvível . O fio de sutura utilizado foi o ácido poliglicólico, embora seja
recomendado também o mononáilon, a poliglactina 910 e PDS e com espessuras
variando entre 7-0 e 10-0 conforme citado por Featherstone et al. (2001) e Souza
(2003).
Os autores Pizzol et al. (2009) acreditam que o uso das suturas, embora
amplamente utilizadas nas cirurgias oftalmológicas com altas taxas de sucesso,
aumente a manipulação dos tecidos, exigindo seu constante reposicionamento
para uma adequada fixação. Ocasiona ainda maior trauma tecidual devido à
passagem da agulha e do fio pela estrutura, formação de granuloma, aumento do
tempo cirúrgico, o que aumentam as chances de infecções e quando frouxas ou
soltas necessitam ser removidas. O uso de adesivos teciduais proporciona
algumas vantagens como, por exemplo, um menor tempo para realização do
procedimento, ausência de atrito e tensão aplicados aos tecidos, adesão mais
uniforme entre as estruturas manipuladas, maior conforto ao paciente, menor
risco de necrose tecidual, menor reação inflamatória, menor risco de infecções e
menor risco de formação de granuloma por corpo estranho. Porém, sua aplicação
exige rapidez e destreza do cirurgião devido a sua rápida precipitação além de
não ser completamente esclarecido o seu papel na cicatrização e regeneração
celular.
Nos animais do grupo sutura, observou-se a presença de granuloma no
local dos nós, o que poderia ter sido evitado realizando a retirada dos pontos
como indicado por Souza (2003). Porém, devido o fio ser um material absorvível,
os pontos não foram removidos durante o período de avaliação evitando que à
sua retirada interferissem ou mascarassem as avaliações clínicas conforme
indicado por Andrade et al. (1999). A fixação dos implantes à córnea foi realizada
59
com pontos simples separados e não perfurantes. A literatura recomenda que
seja feita a retirada dos pontos com quatro a seis semanas de pós-operatório, por
sua permanência provocar neovascularização tardia como descrito por Gimenez e
Fariña (1998) e Souza (2003).
As colas cirúrgicas apareceram como uma alternativa interessante às
suturas e já têm sido utilizadas por aproximadamente uma década. O 2-octil
cianoacrilato é um cianoacrilato de cadeia longa que foi formulado para suprir
algumas deficiências dos seus derivados de cadeia curta. Sua força de quebra é
parecida com a da sutura, e sua taxa de degradação lenta produz menor reação
inflamatória e menor histotoxicidade de acordo com Júnior et al. (2008).
Com o surgimento dos adesivos de cianoacrilato e seus derivados e da
cola de fibrina eles passaram a ser utilizados em animais, em quase todos os
tecidos orgânicos, por apresentarem propriedades vedantes (AMARAL, 2003). O
adesivo também serve de apoio ao crescimento cicatricial, possui propriedades
bacteriostáticas e inibe a migração de células inflamatórias, retardando a necrose
estromal da córnea como citado por Garrido et al. (1999), Felberg et al. (2003) e
Ueda e Ottaiano (2004). Neste estudo utilizou-se o adesivo sintético octil-
cianoacrilato por possuir menor reação exotérmica em relação aos seus derivados
com menor cadeia carbônica visto que à medida que aumenta o número de
carbono do radical diminui a reação tissular e por ser bactericida e possuir
propriedades vedantes. A cola de fibrina também foi utilizada por apresentar
propriedades hemostáticas, não tóxicas e vedantes. Garrido et al. (1999) referem
que a cola de fibrina vai sendo naturalmente substituído por tecido fibroso além de
apresentar a superfície da cola lisa, não promovendo, segundo Almeida (2009),
desconforto, necrose tecidual e mínima reação inflamatória.
A quantidade de cola utilizada nos animais do grupo Dermabond foi
suficiente para cobrir toda a região da ceratectomia (aproximadamente 0,1ml),
porém, Garrido et al. (1999) e Ueda e Ottaiano (2004) verificaram que o adesivo
octil-cianoacrilato, mesmo sendo menos tóxico que outros cianoacrilatos, deve ser
aplicado em pequena quantidade (≤3µl), pois pode causar reação inflamatória
intensa, vascularização e necrose corneana ao redor da área colada. Por este
motivo, acredita-se que os animais submetidos a esse tratamento apresentaram
60
mais complicações devido à necessidade de uma quantidade maior de cola que o
indicado, ou também pela profundidade da lesão provocada (0,45mm).
Conforme Bonatti et al. (2007) e Silva et al. (2007) o adesivo de fibrina age
positivamente favorecendo a cicatrização, pois produz hemostasia local e
estimula o fluxo de macrófagos com formação de fatores como a angiotensina,
que liberados favorecem a angiogênese, induz a proliferação de fibroblastos e a
produção de colágeno. Além de não provocar reação inflamatória e tecidual no
local da aplicação, possui efeito tóxico e carcinogênico desprezíveis, é
biodegradável. Seu mecanismo de liberação nos tecidos é lento, não gera
produtos de degradação tóxicos, sendo que 20% de sua massa original são
desintegrados por fibrinólise, em 72 horas, após a aplicação. O adesivo de fibrina
induziu pouca ou nenhuma resposta inflamatória de acordo com Bonatti et al.
(2007), Felberg et al. (2003) e Rosenthal et al. (1975) portanto acredita-se que as
alterações que ocorreram nos animais do grupo 3, nos primeiros dias pós
cirúrgicos, deve-se resposta inflamatória devido ao trauma cirúrgico e não à
presença do adesivo.
O adesivo biológico apresenta um custo elevado dificultando o seu
emprego frequente em estudos experimentais. A preparação do adesivo biológico
é mais difícil devido seu minucioso processo de reconstituição dos componentes
do adesivo, com temperaturas e tempo de preparo preciso, onde qualquer erro
pode comprometer a viabilidade do processo e integridade do material, fatores
estes também observados por Moreira et al. (2004).
A escolha do antibiótico tópico na apresentação de solução foi devido às
soluções apresentarem maior concentração do fármaco no filme lacrimal quando
comparado com a pomada, além da facilidade de administração e por ser mais
confortável a aplicação para o paciente. A aplicação de antimicrobiano de amplo
espectro de ação foi estabelecida como terapia profilática com a finalidade de
impedir a invasão bacteriana secundária, uma vez que a própria lesão tecidual e a
proximidade com a microflora ocular poderiam propiciar infecção secundária
conforme Souza (2003), embora os cuidados referentes à anti-sepsia tenham sido
instituídos.
No pós-operatório foi utilizado o colírio de atropina 1% para controle de
espasmos da musculatura ciliar e alívio da dor que acompanham as úlceras de
61
córnea, concordando com Cremonini et al. (2010). Conforme Pontes (2010) a dor
pode ser minimizada pelo uso de cicloplégicos Estes agentes causam midríase e
cicloplegia pelo bloqueio dos nervos parassimpáticos da íris e corpo ciliar,
prevenindo a formação de sinéquias em casos de úlceras perfurantes com o
envolvimento da úvea e aliviando o espasmo ciliar e, por conseguinte a dor.
Como cuidado pós-operatório, foi estabelecido o uso de colar Elizabetano
para que fatores comportamentais, relativos a automutilação, não interferissem na
evolução do pós-operatório, mas os animais apresentaram dermatite sendo
removido o colar no início das lesões, em um animal ocorreu perfuração corneana
e acredita-se que foi devido a traumatismo pelo desconforto ocular. A
automutilação é comumente observada em traumas oculares, cujo desconforto e
dor são evidenciados nas primeiras semanas, sendo responsável por acidentes
variados, para evitar, utiliza-se o colar Elizabetano como instituído por Tognoli
(2008), Souza (2003) e Mota et al. (2003).
Obteve-se diferença significativa na variável blefarospasmo entre os grupos
pesquisados, sendo esses sinais menos evidentes nos animais do grupo 3.
Acredita-se que o blefarospasmo ocorreu devido a presença de corpos estranho
na córnea, como o fio de sutura e o adesivo de cianoacrilato que apresenta uma
superfície rugosa, há a sensibilização da conjuntiva palpebral como relatado por
Mota et al. (2003), Pontes et al. (2008) e Andrade et al. (2009), como o adesivo de
fibrina tem uma superfície lisa, esse grupo apresentou blefarospasmo apenas nos
três primeiros dias pós-cirúrgico devido a manipulação cirúrgica. Resultados
semelhantes foram descritos por Barbosa et al. (2007), Gonçalves et al. (2003),
que ao testarem o cianoacrilato em córneas de coelhos, verificaram aumento
significativo deste parâmetro no primeiro dia de pós-operatório, tendendo à
diminuição e retorno aos índices normais nos dias posteriores. A tendência à
normalização deve-se ao fato da superfície sobre o adesivo se tornar menos
irregular com o passar dos dias, ensejando menor desconforto, porém, Ollivier et
al. (2001) acreditam que os animais se adaptam a essa nova condição e com o
tempo a inflamação diminui. Já Braga (2007) afirma que o blefarospasmo ocorre
devido ao ato cirúrgico em si que faz com que exista a exposição das terminações
nervosas da córnea sendo mantido até ocorrer a reepitelização desta. Já o fio de
sutura irrita a conjuntiva palpebral produzindo desconforto (Cremonini et al.,
62
2007). A presença dos fios e nós sem sepultamento promove a estimulação dos
nervos corneanos sensoriais, cujo achado é frequente em ceratoplastias
lamelares e penetrantes coforme citado por Souza (2003).
Neste trabalho, a epífora ocorreu nos grupos 1 e 2 durante 15 e 13 dias,
respectivamente, permanecendo em apenas um animal do grupo 2 aos 21 dias,
diferente do grupo 3 onde a epífora ocorreu apenas nos dois primeiros dias, pois,
acredita-se que houve estímulo das células caliciformes, e irritação com a
presença do fio de sutura e do adesivo de cianoacrilato. A epífora está
relacionada aos processos conjuntivais e corneanos por estímulo das células
caliciformes comum às afecções ulcerativas da córnea como relatado por Godoy
et al. (2002) e Souza (2003) ou também por reação inflamatória ao fio de sutura
(MACEDO, 2008; PONTES et al., 2008).
No presente experimento, a hiperemia conjuntival ocorreu devido a irritação
mecânica da conjuntiva pela manipulação cirúrgica, o adesivo foi aplicado na
porção central da córnea, não havendo contato com a conjuntiva em qualquer dos
momentos. Nos animais do grupo 1 esse sinal esteve presente até o 15º dia, no
grupo 2 até o 12º dia e no grupo 3 apenas nos dois primeiros dias. Similar aos
estudos de Felberg et al. (2003), a ocorrência de hiperemia conjuntival em seres
humanos foi relacionada ao contato do adesivo, ainda em seu estado líquido
(irritação química), com a conjuntiva. Já Souza (2003) e Pontes (2010) acreditam
que a hiperemia ocorre devido à manipulação cirúrgica e pela colocação de
pontos conjuntivo-esclerais para promover a imobilização do bulbo ocular.
O edema corneal foi peri-lesional nos animais do grupo tratado com sutura
e 2-octil-cianoacrilato, aos 7 dias ocorreu em quatro animais do grupo 1 e em dois
animais do grupo 2, aos 14 dias ocorreu em todos os animais do grupo 1 e em 3
animais do grupos 2, aos 21 dias ocorreu em 3 animais do grupo 1 e em 4 do
grupo 2 e aos 30 dias estava presente em apenas três animais do grupo 2. O
grupo 3 não apresentou edema corneal. Acredita-se que o edema corneal ocorreu
devido o influxo de água para o estroma, desestruturando as fibras colágenas.
Mota et al. (2004) constataram menor ocorrência do evento em lesões tratadas
com butilcianoacrilato, comparativamente à sutura corneal. Segundo os autores, o
adesivo proporcionou melhor aposição entre as bordas da lesão,
impermeabilizando-a e auxiliando na reorganização estromal.
63
O edema de córnea também é um indicativo que houve lesão no epitélio
corneano, pois ocorre a entrada de água no estroma resultando em edema
conforme citado por Slatter & Dietrich (2007) e Macedo et al. (2009). Os animais
do grupo 3 foram os que responderam melhor a reparação das camadas epiteliais
da córnea, pois não apresentaram edema na região do transplante.
O valor médio para o teste lacrimal de Schirmer foi de 9,33mm/min, tais
achados diferem dos encontrados por Barbosa (2007) que obteve a média basal
de 6,2mm/min. O aumento das variações no grupo do adesivo de cianoacrilato
representadas pelo teste, mesmo sem ocorrer diferença significativa entre eles
decorreu da irritação conjuntival e corneal pela presença do adesivo que
apresenta uma superfície rugosa. Não há informações sobre alterações nos
valores do teste lacrimal de Schirmer após aplicação de adesivos teciduais em
córneas de coelhos.
Neste estudo, verificou-se que não há diferença significativa entre os
tratamentos para o teste da fluoresceína, pois, por ser um corante hidrofílico ele
tem afinidade por moléculas de água presentes no estroma corneal. Nos animais
do grupo 1 e 2 verificou-se que houve impregnação do corante apenas no
implante, já no grupo 3 o corante impregnou apenas uma porção no centro do
transplante. O principal objetivo, quando se utiliza um adesivo na córnea, é o de
se promover a impermeabilização do leito da lesão até que esta se repare
conforme observado por Felberg et al. (2003).
A irritação conjuntival mecânica a corpos estranhos presentes na córnea
como fios de sutura, adesivos, biomembranas, entre outros, causando
blefarospasmo, hiperemia conjuntival, foi observado por Barbosa (2007) e
também nesse estudo.
A opacidade corneana está relacionada a edema por captação de água e
desorganização do padrão normal de lamelas colágenas do estroma de acordo
com Mota et al. (2003), Gonçalves et al. (2003) e Binotto et al. (2009), esta
opacidade foi verificada aos 40 dias em animais do grupo 1 e 2 na região
transplantada. Segundo Oliveira et al. (2007), a porcentagem de botão
transparente é normalmente atingida com enxertos medindo 9,0 mm ou menos.
No estudo de Barbosa (2007), comparando a síntese corneal com fio de
sutura absorvível sintético e adesivo de cianoacrilato, verificou-se a
64
histopatologia, reparação completa do epitélio e estroma corneais, sem presença
de células inflamatórias aos 30 dias de pós-operatório nos animais dos grupos do
adesivo de cianoacrilato. Resultado diferente foi encontrado nesse estudo, pois,
três animais do grupos sutura apresentaram células inflamatórias a histopatologia
e todos os animais do grupo do adesivo de cianoacrilato apresentaram células
inflamatórias aos 40 dias. Porém, nos animais do grupo do adesivo de fibrina as
células inflamatórias não foram encontradas.
O adesivo de fibrina apresenta características biológicas, além de
promover uma cicatrização mais próxima da cicatrização fisiológica e ainda
promove menor quantidade de neovascularização corneana sendo esses
resultados semelhantes ao encontrado por Almeida (2009). Nassari et al. (2011)
citam ainda que o adesivo de fibrina além de reduzir o tempo cirúrgico
proporciona um melhor conforto ao paciente no período pós-operatório. Na
histopatologia verificou-se que os animais tratados com este adesivo
apresentaram o estroma com aspecto normal, não foi verificado
neovascularização e não apresentaram células inflamatórias.
Os eventos à histopatologia aos 40 dias pós-operatórios nos animais do
grupo 1 e 2 apresentaram um decréscimo gradual na intensidade da hiperplasia
epitelial, foram evidenciadas células inflamatórias nestes períodos além da
presença de neovascularização assim como o descrito por Barbosa (2007).
Conforme citado por Pontes (2010) a hiperplasia epitelial é verificada quando o
epitélio já se encontra em processo de reorganização celular e resulta de tentativa
de restaurar a conformação original da córnea, bem como de restabelecer a
regularidade da sua superfície, por ser um processo fisiológico de reparação, a
hiperplasia epitelial esteve presente em todos os animais independente do grupo,
variando apenas a intensidade em que aparece. Nos animais do grupo 1 ocorreu
de forma discreta a intensa, no grupo 2 ocorreu de forma discreta a moderada e
no grupo 3 ocorreu de forma discreta.
A cicatrização da córnea ocorre de maneira diferente, quando a lesão é
superficial ou profunda. As lesões epiteliais reparam-se por migração e mitose
das células epiteliais adjacentes, e se resolvem em um período curto de tempo.
Já as lesões estromais têm reparação mais lenta, podendo demorar meses.
Iniciam-se por deslizamento epitelial e proliferação de fibroblastos e podem ser
65
acompanhadas por neoformação vascular, advinda dos vasos do limbo e na
dependência do tipo e da duração da lesão conforme relatado por Souza (2003).
Nos animais do grupo 1 e 2, verificou-se a presença de células
inflamatórias, além da presença de macrófagos espumosos em três animais do
grupo 2, acredita-se que a resposta inflamatória está estreitamente interligada ao
processo de reparação. A inflamação é fundamentalmente uma resposta
protetora, cujo objetivo final é livrar o organismo da causa inicial da lesão celular.
A reação inflamatória a uma lesão tecidual ocorre imediatamente após a
agressão. A infiltração de células inflamatórias caracteriza-se pela invasão de
leucócitos polimorfonucleares e mononucleares originados do filme lacrimal e
oriundos de vasos límbicos após a ocorrência da lesão tecidual, cujo objetivo é
promover o debridamento proteolítico, caracterizando a resposta inflamatória
aguda do processo de reparação da córnea. Logo após surgem macrófagos
provenientes dos vasos límbicos, assim como macrófagos teciduais derivados de
células estromais, promovendo o debridamento celular e a angiogênese.
Evidências experimentais sugerem que antígenos associados a macrófagos
possam ser importantes para o início da estimulação de elementos linfocitários
como constatado por Souza (2003).
A neovascularização foi involuindo gradualmente e aos 40 dias era muito
discreta, já os animais do grupo 3 não apresentaram neovascularização nos
períodos de avaliação. Esta neovascularização encontra-se diretamente
relacionada à natureza e permanência da injúria, da qualidade das manobras
microcirúrgicas e materiais de suturas empregados (EURIDES et al., 2006). A
neovascularização é manifestada durante os processos ulcerativos da córnea
assim como em outras enfermidades corneanas. Este fenômeno pode ser
considerado como parte da resposta inflamatória da reparação. Não é
normalmente vista durante a fase inicial da inflamação, embora os estímulos
iniciais para promover o desenvolvimento desta resposta já tenham ocorrido. Este
fenômeno parece ser estimulado por vários fatores, dentre eles edema, infiltração
celular, necrose tecidual, alteração do pH, modificação no processo oxidativo e
liberação de enzimas por células inflamatórias. Inicialmente, a reação vascular
pela inflamação corneana se manifesta por hiperemia perilimbar e estes neovasos
que surgem do limbo próximo ao local da lesão, terminam superficialmente
66
quando estiverem associados à camada subepitelial, e tendem a aprofundar-se
quando o estroma estiver envolvido. Os neovasos progridem 1mm ao dia e sua
manifestação, quando de intensa, é indicativo de cronicidade do processo de
acordo com Souza (2003). Pontes et al. (2008) e Eurides et al. (2006) referem que
a neovascularização pode ocorrer pela presença do fio de sutura e que ocorre
involução após a remoção do mesmo. No presente estudo a neovascularização
foi observada aos 7 dias nos grupos 1 e 2 como citado por Binotto et al., 2009,
diferente do encontrado por Cremonini et al., 2007 que observou a
neovascularização a partir do quarto dia.
A opacidade corneana foi mais intensa nos animais dos grupos 1 e 2, este
resultado pode ser devido à presença de neovascularização corneana nos
animais desses grupos, o que permitiu a deposição de tecido de granulação e a
formação de cicatriz, que foi mais densa e mais opaca que nos coelhos do grupo
3, onde a reparação corneana se deu de forma avascular. Segundo Souza (2003),
a opacidade da córnea é caracterizada pela perda da transparência, parcial ou
completa, podendo resultar da alteração na hidratação da córnea ou de presença
de exsudato inflamatório. Inúmeros processos avulsivos da córnea e exposição do
estroma estão relacionados com a opacidade. Este fenômeno é justificado
quando se depara com grandes perdas de áreas epiteliais e ocorre intensificação
do processo, caso haja grande destruição tecidual ou em decorrência de uveíte
ou glaucoma. Pontes (2010) manifesta que a ausência de vascularização justifica
a não observação de pigmentação na córnea, pois a vascularização precede a
deposição de pigmento. Em dois animais do grupo 2 verificou-se na histopatologia
a presença de pigmentação (melanócitos), sendo essa característica indesejável
no processo de cicatrização da córnea, pois ela precisa ser transparente para
adequada refração.
67
6. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos da pesquisa, na forma como ela foi
conduzida, permite-se concluir que:
O implante alógeno sem meio de conservação apresenta bons resultados quando
utilizado na ceratoplastia lamelar em coelhos, ocorrendo a assimilação do
implante e ausência de rejeição.
Quando comparados as variáveis quanto aos achados clínicos, à estatística e a
histopatologia, o adesivo de fibrina mostrou-se mais vantajoso que o fio de ácido
poliglicólico e o adesivo de octil-cianoacrilato para uso em transplantes de córnea
em coelhos.
68
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