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Dicionário das Crises

e das Alternativas

Centro de Estudos Sociais

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DICIONÁRIO DAS CRISES E DAS ALTERNATIVASautorCentro de Estudos Sociais – Laboratório Associado Universidade de CoimbraeditorEDIÇÕES ALMEDINA, S.A.Rua Fernandes Tomás, nos 76, 78 e 793000-167 CoimbraTel.: 239 851 904 · Fax: 239 851 901www.almedina.net · [email protected] de capaFBArevisãoVictor Ferreirapré-impressãoEDIÇÕES ALMEDINA, S.A.impressão e acabamentoG.C. – GRÁFICA DE COIMBRA, LDA.Palheira Assafarge, 3001-453 Coimbraproducao@grafi cadecoimbra.ptAbril, 2012depósito legal....

Os dados e as opiniões inseridos na presente publicação são da exclusiva res-ponsabilidade do(s) seu(s) autor(es).Toda a reprodução desta obra, por fotocópia ou outro qualquer processo, sem prévia autorização escrita do Editor, é ilícita e passível de procedimento judicial contra o infractor.

______________________________________________________biblioteca nacional de portugal – catalogação na publicaçãoCentro de Estudos Sociais – Laboratório AssociadoUniversidade de CoimbraDICIONÁRIO DAS CRISES E DAS ALTERNATIVASISBN 978-972-40-4820-8CDU 316

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plemento de escalas mais alargadas, assim como de reforço da identidade como elemento territorial diferenciador. O OT, no contexto das mudanças sociais, deve igualmente ser entendido como espaço de informação e parti-cipação cívica, de credibilidade de processos e reconhecimento de saberes, assim como de mobilização de atores e comunidades para as epistemologias do território.

Alexandre Oliveira Tavares

Paraísos fiscaisA Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Económica (OCDE) estima em cerca de um bilião de dólares o capital privado acumulado em paraísos fi scais. Cinco vezes mais do que há duas décadas. A mesma fonte admite que mais de um milhão de empresas, sobretudo norte-americanas e europeias, usa estas praças. Sejam os “off shores fi scais” Estados ou regiões autónomas, todos têm quadros legais que atraem os capitais porque a impo-sição fi scal é reduzida ou nula e a identidade dos seus proprietários é cio-samente protegida. Também a atribuição de licenças para a abertura de empresas é facilitada. É por isto que os paraísos fi scais surgem associados a estratégias de lavagem de dinheiro. Tolerados, quando não protegidos, por países democráticos das regiões mais ricas do mundo, os paraísos fi s-cais suscitam críticas em todo o mundo. A crise fi nanceira de 2007 e 2008 trouxe para a ribalta a realidade da fuga de capitais e o G20 prometeu agir em nome da transparência. Embora com resistências e atrasos, há mudanças nas regras de funcionamento em vários deles, em particular na adaptação dos quadros legais que possam garantir a cedência de informações para efei-tos de investigação criminal. Outras alterações têm passado pelo aumento da taxação nalguns destes territórios. Por exemplo, Gibraltar impôs uma taxa de 10% sobre as sociedades, o que não anda longe das taxas que se cobram na Holanda ou na Irlanda.

A existência de paraísos fi scais contraria os princípios de solidariedade, justiça e redistribuição, permitindo às grandes fortunas e a empresas multi-nacionais exercerem formas de pressão ilícita sobre os governos, particular-mente nos países em desenvolvimento.

Na Europa, deram-se passos em matéria de cooperação administrativa, de assistência mútua e de isolamento das praças fi nanceiras que se mantenham

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em posições de não cooperação. Mas está-se ainda longe da proibição destas jurisdições ou mesmo da taxação exemplar dos capitais que para elas se diri-jam ou nelas tenham origem. Só assim é possível resolver uma das maiores contradições das políticas de austeridade: milhões e milhões de cidadãos suportam cargas fi scais adicionais enquanto se mantêm incólumes ou isen-tas de pagamento as fortunas que nunca pagam.

Marisa Matias

Parcerias público-privadasAs parcerias público-privadas (PPP), tributárias de uma ideia de coopera-ção e divisão de riscos entre o setor público e o setor privado no investi-mento e prestação de serviços públicos, surgem, na viragem neoliberal da década de 1970, de forma algo nebulosa, num contexto de crise económica e de contração de um Estado crescentemente conotado com inefi ciência e despesismo. A introdução do parceiro privado “racional” na prestação de um serviço público suprimiria os vícios do parceiro público mau gestor e burocrata, diminuindo o nível de endividamento público e otimizando o sistema de gestão.

Foi em 1992, no Reino Unido, com o governo de John Major, que se lançou o primeiro programa sistemático de incentivo às parcerias público--privadas – a private fi nance iniciative. Portugal recebeu com entusiasmo esta nova forma de olhar para os serviços públicos, recorrendo sistematicamente ao setor privado para o seu fi nanciamento. Primeiro, por via das concessões rodoviárias; depois, alargando a setores parcamente utilizados noutros paí-ses, como a saúde, a justiça e a água.

De solução para a inefi ciência do Estado, as PPP passaram rapidamente a agentes provocadores da sua própria crise, restringindo o campo de deci-são política e onerando o interesse público. O recurso às PPP foi acompa-nhado da redução dos quadros do Estado nas áreas de intervenção do setor privado, provocando um esvaziamento da competência técnica do setor público. A longo prazo, as PPP colocam o Estado na dependência crescente dos parceiros privados, vendo-se impedido de avaliar convenientemente parcerias futuras. Por outro lado, surgem notícias que colocam em causa a génese das PPP (a divisão de riscos entre o setor público e o setor pri-vado), multiplicando-se exemplos em que a repartição de vantagens e riscos entre público e privado é profundamente desigual e em que o pretendido

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