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Querido evangelizador, abaixo compartilhamos algumas dicas sobre “Contação de Histórias”, não tendo porem a pretensão de darmos uma receita, mas sim, uma pista sobre a direção a seguir. Um farol que nos guiará a diretrizes significativas para um melhor entendimento da arte de contar historias. Apenas um começo para um longo caminho a ser trilhado por aqueles que desejam passar os ensinamentos de nosso querido Mestre através de historias. Muito há que ser pesquisado e estudado, uma vez que antes de qualquer coisa, o “Contador” deve se preparar, não pode contar uma história sem ter o preparo psicológico, de voz, corpo, gestualidade, respiração, etc., e esses itens devem serem muito bem trabalhados e explorados por quem quiser se aprofundar na arte de contar histórias, pois contribuem com grande relevância nessa grandiosa tarefa. “A criança. à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor; com isto, torna-se mais capaz de entender os outros, e eventualmente pode-se relacionar com eles de forma mutuamente satisfatória e significativa. Para encontrar um significado mais profundo, devemos ser capazes de transcender os limites estreitos de uma existência autocentrada e acreditar que daremos uma contribuição significativa para a vida - senão imediatamente agora, pelo menos em algum tempo futuro. Este sentimento é necessário para uma pessoa estar satisfeita consigo mesma e com o que está fazendo. Para não ficar à mercê dos acasos da vida, devemos desenvolver nossos recursos interiores, de modo que nossas emoções, imaginação e intelecto se ajudem e se enriqueçam mutuamente. Nossos sentimentos positivos dão-nos força para desenvolver nossa racionalidade; só a esperança no futuro pode sustentar-nos nas adversidades que encontramos inevitavelmente.” BRUNO BETTELHEIM “A psicanálise dos contos de fadas” DICAS PARA CONTAR HISTORIAS Sejam bem-vindos ! Hoje começamos uma jornada em direção à magia escondida por detrás das histórias,

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DICAS PARA SE CONTAR HISTÓRIAS

Querido evangelizador, abaixo compartilhamos algumas dicas sobre “Contação de Histórias”, não tendo porem a pretensão de darmos uma receita, mas sim, uma pista sobre a direção a seguir.

Um farol que nos guiará a diretrizes significativas para um melhor

entendimento da arte de contar historias.

Apenas um começo para um longo caminho a ser trilhado por aqueles que desejam passar os ensinamentos de nosso querido Mestre através de historias.

Muito há que ser pesquisado e estudado, uma vez que antes de qualquer coisa, o “Contador” deve se preparar, não pode contar uma história sem ter o preparo psicológico, de voz, corpo, gestualidade, respiração, etc., e esses itens devem serem muito bem trabalhados e explorados por quem quiser se aprofundar na arte de contar histórias, pois contribuem com

grande relevância nessa grandiosa tarefa.

“A criança. à medida que se desenvolve, deve aprender passo a passo a se entender melhor; com isto, torna-se mais capaz de entender os outros, e eventualmente pode-se relacionar com eles de forma mutuamente satisfatória e significativa.

Para encontrar um significado mais profundo, devemos ser capazes de transcender os limites estreitos de uma existência autocentrada e acreditar que daremos uma contribuição significativa para a vida - senão imediatamente agora, pelo menos em algum tempo futuro.

Este sentimento é necessário para uma pessoa estar satisfeita consigo mesma e com o que está fazendo. Para não ficar à mercê dos acasos da vida, devemos desenvolver nossos recursos interiores, de modo que nossas emoções, imaginação e intelecto se ajudem e se enriqueçam mutuamente.

Nossos sentimentos positivos dão-nos força para desenvolver nossa racionalidade; só a esperança no futuro pode sustentar-nos nas adversidades que encontramos inevitavelmente.”

BRUNO BETTELHEIM

“A psicanálise dos contos de fadas”

DICAS PARA CONTAR HISTORIAS

Sejam bem-vindos !

Hoje começamos uma jornada em direção à magia escondida por detrás das histórias, contos, fabulas e que as transformam  em algo especial... encantador... MÁGICO!

Sim, porque elas,  precisam ganhar VOZ...

Sair do papel para vir ao mundo. Só assim elas  se vivificam e passam a existir verdadeiramente.

Este é o desafio dos “Contadores de Histórias”, estas "Gentes das Maravilhas" como eram chamados nos tempos antigos.

INTRODUÇAO

Este trabalho tem por objetivo apontar algumas contribuições na contação de histórias para o desenvolvimento das crianças em sala de aula.

Dentre elas, podemos citar algumas: suscitar o imaginário infantil, responder indagações, enriquecer o vocabulário, favorecer a reflexão crítica, respeitar os turnos de fala, auxiliar na leitura e na escrita, conhecer aspectos da própria cultura e possibilitar a interação social.

Contar histórias para as crianças possibilita suscitar o imaginário infantil, responder perguntas, encontrar e criar novas idéias, estimular o intelecto, descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções.

É ouvindo histórias que se pode sentir emoções como: raiva, tristeza, irritação, pavor, alegria, medo, angustia, insegurança e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam e suscitam em quem as ouve ou as lê, com toda a significância e verdade que cada uma delas faz ou não brotar.

Contar histórias implica também em desenvolver todo o potencial crítico da criança, pois através da audição de histórias a criança é levada a pensar, questionar e duvidar, estimulando desta forma o seu senso crítico. Com isso, entendemos que a oralidade da comunicação se coloca para além do texto escrito.

A força da história é tamanha que narrador e ouvintes caminham juntos na trilha do enredo e ocorre uma vibração recíproca de sensibilidades, a ponto de diluir-se o ambiente real ante a magia da palavra que comove e enleva. A ação se desenvolve e nós participamos dela, ficando magicamente envolvidos com os personagens; mas sem perder o senso crítico, que é estimulado pelos enredos.

Podemos ainda falar da constituição das historias para confirmarmos a sua importância no

desenvolvimento das crianças.

“O conto constitui uma memória da comunidade - maneira de ver o mundo, esperanças e medos, anseio de transcendência - possibilitando sua transferência às novas gerações. O jovem aprende quais os valores do clã. Através dos contos, a criança descobre uma ética, as regras entre membros dos dois sexos: o interditado, o permitido e o desejável. A criança aprende não somente as leis da comunidade, as regras a serem cumpridas com os amigos ou com os inimigos, mas também as que regem a vida do homem no planeta e sua natureza. Aprende que existem ações perigosas e outras benéficas, que algumas são elogiadas e outras punidas. Descobre a relação entre causa e conseqüência, o papel do tempo no envelhecimento e a inexorabilidade da morte (BAJARD apud PATRINI, 2005, p. 18)”.

A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS

As historias nos arrancam do tempo e do espaço comuns e nos transportam para um reino onde os sentimentos humanos têm o poder de transformar a realidade.

No mundo das historias, os sentimentos podem fazer com que as pessoas comuns tenham força suficiente para sobrepujar qualquer dificuldade e conquistar um príncipe ou uma princesa. As historias conservam a esperança de que, mesmo que o mundo possa ser complicado e assustador, o mal deve ser combatido para que o amor verdadeiro possa triunfar no final.

Assim com o ato de contar historias, pretende-se ajudar o individuo, a entender melhor o seu dia-a-dia, cercado de limitações, frustações, conflitos, auxiliando sua adaptação à vida ou problemas rotineiros, facilitando assim a comunicação entre a criança e o adulto ou qualquer classe de individuo (ouvinte da historia).

O contar história ocorre em toda parte do mundo, este impulso de contar histórias nasceu do homem, no momento em que sentiu necessidade de se comunicar uns com os outros.

O ser humano deseja comunicar-se, deseja dizer algo para aqueles que o cercam.

A história não se concentrada em um único objetivo, ela tem várias funções que podem despertar e influenciar em seu ouvinte estimulando diversas áreas.

Enumeramos abaixo a importância das histórias em cinco aspectos:

1ª) Recreativo – é um suave divertimento para as crianças.

2ª) Educativo - a história pode educar, pois guardamos na memória tudo que ouvimos.

3ª) Instrutivo – podemos colher muitos ensinamento e informações.

4ª) Religioso – ensino religioso e educação religiosa dos povos.

5ª) Físico – as histórias oferecem ações benéficas para pessoas enfermas.

Outro ponto, Bettelheim, justifica a importância do conto no desenvolvimento psicológico das crianças.

Para ele os contos de fadas além de tratarem de problemas universais, ajudam a lidar com problemas psicológicos nas fases de integração da personalidade.

SELEÇÃO DAS HISTÓRIAS INFANTIS

A história tem uma contribuição significativa para a criança, desta forma ela não pode ser improvisada.

A narrativa só terá sucesso se esta for planejada, organizando o desempenho do narrador.

É imprescindível fazer uma seleção inicial, levando em conta, entre outros fatores, o ponto de vista literário, o interesse do ouvinte, sua faixa etária, suas condições sócio–econômicas.

A história deve ser bem escolhida, o contador não deve escolher uma história se essa não lhe agrada, pois não conseguirá passar a emoção para a criança.

Antes de sensibilizar o ouvinte o conto preocupa em sensibilizar o contador, desta forma é imprescindível que haja relação entre o conto e o contador.

Pode-se comparar a escolha da história e a sua contação com um quadro artístico e uma peça musical.

A história é o mesmo que um quadro artístico ou uma bonita peça musical: não poderemos descrevê-los ou executá-los bem se não os apreciarmos. Se a história não nos desperta a sensibilidade, a emoção, não iremos contá-la com sucesso. Primeiro, é preciso gostar dela, compreendê-la, para transmitir tudo isso ao ouvinte. Há quem diga: “Não gosto de contar histórias tristes, que devo fazer?” A resposta óbvia é: “Não as conte. Escolha o que gosta de contar”.

A seleção das histórias deve se encaixar com o interesse do público ouvinte, e esta deve apresentar diversos fatores que vão de encontro com a necessidade das crianças, por esse motivo é importante salientar: “Antes de contar uma história, precisamos saber se trata de assunto interessante, bem trabalhado. Se é original, se demonstra a riqueza de imaginação e se consegue agradar as crianças.”

A história é um alimento para a imaginação e deve ser dosada de acordo com sua estrutural cerebral.

É relevante pensar na maturação de cada criança e o estágio emocional que a criança se encontra.

A história tem que alcançar a criança sem haver saturação.

Sob esta perspectiva deve-se considerar, não só a história que irá contar, mas também a duração da história é muito relevante. O contador deve ter em mente o tempo de duração de uma história pensando em cada faixa etária.

AS DIFERENTES FORMAS DE CONTAR HISTÓRIAS

A história infantil infiltrada dentro da escola precisa ser entendida como meio pedagógico e para tanto se faz indispensável uma responsabilidade por parte dos professores para que não aborde a leitura de uma historia tão simplesmente, mas com objetivo para compor a formação da criança.

Contar historias é um ritual mágico entre o contador e seus ouvintes.

Esse ato socializa e cura, possibilita novas descobertas, torna as vivencias mais transformadoras.

Não se conta uma boa história sem antes haver um preparo prévio para tal tarefa. Desta forma se faz necessário estudar o que vai contar e mais do que isso é escolher a forma como essa história chegará à criança.

“Estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado de apresentá-la”

Em cada história pode se desenvolver uma apresentação diferenciada, dando riqueza e tornando-a mais viva, mais rica e interessante, podendo de forma criativa cativar a criança já no primeiro contato, chamando sua atenção.

A apresentação da história pode ser feita de várias formas, de acordo com os artifícios ou recursos empregados pelo narrador.

Assim as histórias não têm um único jeito para se narrar, mas pode e deve ser contada utilizando vários recursos e artifícios para que chame mais a atenção de seu expectador. Dentre esses recursos, apresentamos alguma delas:

◊ História em simples narrativa;

◊ História com interferência;

◊ História cantadas;

◊ História com sombrinhas;

◊ História com flanelógrafo;

◊ História em teatrinhos de varas;

◊ Histórias com marionetes;

◊ História com fantoches, etc.

A simples narrativa é a mais fascinante de todas as formas, a mais antiga, tradicional e autêntica expressão do contador de histórias. Não requer nenhum acessório e se processa por meio da voz do narrador, de sua postura.

É necessário organizar o corpo da história, podendo a criança entender por completo, portanto uma história deve ter sempre começo, meio e fim.

Abaixo a estrutura da narrativa, com seus elementos:

1) Introdução – formado pela parte inicial da história. (A introdução diz quando, onde e quem);

2) enredo – é a sucessão dos episódios, os conflitos que surgem e a ação dos personagens;

3) Clímax ou ponto culminante – surge como resultante única, e bem destacada de todos os eventos e conflitos que formam o enredo. E o ápice, onde o ouvinte muitas vezes prende a respiração, aguardando os próximos acontecimentos;

4) Desfecho – é o desenrolar da trama. O desenlace final da história.

O momento reservado para a contação de uma historia deve ser planejado pelo evangelizador.

Qual a criança que não gosta de ouvir uma historia? Trata-se de um momento especial.

Por isso fazem um rebuliço. Então preparar as crianças para a história também é essencial, e não deve ser contada com as crianças agitadas.

Uma sugestão seria colocar uma música no momento que antecede a contaçao da história, isso exerce um efeito mágico. Outro recurso é gastar a energia dos ouvintes: o contador tem todo um preparo de aquecimento de voz, gestualidade, etc., antes de iniciar a contação, então pode-se envolver os ouvintes nesses exercícios: Cantar, dizer trava-linguas, exercícios de respiração, exercícios corporais planejados, etc., tudo isso facilita a concentração dos ouvintes na hora da contação da história.

Teremos em seguida no primeiro momento as chamadas fórmulas clássicas iniciais.

Em segundo momento as fórmulas clássicas conclusivas que dão ênfase para o que irá começar e finalizar uma história. Explicitaremos a seguir no que consiste estes dois momentos.

No primeiro momento as frases iniciais, que os contadores de histórias preferem utilizar como:

◊ Era uma vez...

◊ Havia, antigamente...

◊ No tempo em que os animais falavam...

◊ Num reino muito rico e muito bonito...

◊ Quando Nosso Senhor andou pelo mundo...

Estas frases não devem divagar sem sentido algum, mas deve ser um canal para transmitir as crianças que estes prelúdios significam a narrativa de alguma historia muito interessante.

Assim como é importante o inicio, o mesmo valor é a finalização, que é o segundo momento.

No segundo momento as frases conclusivas como:

◊ Eles se casaram e foram muito felizes...

◊ E os dois viveram muito felizes...

◊ Viveram ricos e felizes por muito tempo...

◊ Houve festanças a valer no dia do casamento... sendo todos felizes...

◊ Entrou por uma perna de pinto, saiu por uma perna de pato...

O PAPEL DO CONTADOR DE HISTÓRIAS

Há pessoas que cultivam esta arte e procuram se desenvolver e se especializar para fazer desta arte reconhecida e aceita.

Há muitos anos atrás, eram os responsáveis em preservarem as tradições orais de seu povo. Tinham um logo preparo, anos de estudo devido a grande responsabilidade que tinham em mãos de perpetuarem suas crenças, alguns eram os responsáveis também de transmitirem as noticias e promoverem a diversão das pessoas.

O papel de um contador de histórias não se restringe apenas a um determinado espaço, mas sim aonde encontre pessoas que estão dispostas a ouvi-lo.

Contar histórias é uma arte, mas para muitos, uma profissão, por conseguinte requer certa tendência inata, uma predisposição latente, aliás, em todo educador, em toda pessoa que se propõe a lidar com crianças.

“Contar histórias é uma arte porque traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser”.

O contador tem papel fundamental. É muito importante para a formação de uma criança.

Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo. Todo bom contador de histórias deve ser também um bom ouvinte de si mesmo, do mundo e de outras pessoas. O contador deve ser sensível para ouvir e falar.

Sendo assim, a história quando contada seja ela por quem quer que seja, deve vir do coração, buscando ao narrar contar e encantar aquele que ouve. O texto do contador de história precisa encantar o seu ouvinte.

É preciso que o ouvinte saia da realidade do seu dia-a-dia e se transporte para um outro espaço interno, seu, um espaço onde no seu imaginário ele vai construir os cenários, as situações que o contador sugere.

O contar é o uso simples e harmônico da voz.

O simples fato de ler um livro não significa contar uma boa história, existem algumas características que devemos levar em conta para sermos bons contadores: viver a história, ter confiança em si mesmo, ter espírito inventivo, muita originalidade, poder de impressionar e atração pessoal.

A arte de contar histórias possui segredos e técnicas, depende de certa tendência inata, mas que pode ser desenvolvida, cultivada.

O contador de histórias precisa estar consciente que a história é a mais importante, pois ele é apenas o transmissor, desta forma é necessário buscar conhecimento e se preparar para que a história chegue da melhor forma para a criança, por isso o contador deve estar preparado e buscar segurança que é adquirida na certeza que conhece a história, e o sucesso da narrativa vai depender também do seu preparo com relação ao seu corpo, gesto, expressão, olhar, voz, entonação, ritmo, relação com o ouvinte.

Conhecer a história, ter domínio da técnica traz naturalidade e segurança para quem conta.

Para que isso aconteça o contador vai escolher a história que mais mexe com ele, é como se o conto escolhesse o contador, assim automaticamente o contador teria mais apropriação na hora da contação da história. “É preciso ter tempo para sonhar os contos, isto é, ruminá-los interiormente, mas também é preciso ter a oportunidade de praticá-los, senão podem ser esquecidos”.

Contador preparado, não deve significar ser saliente, pois é a historia que deve ser destacada para que haja interação com a criança ouvinte.

*SOBRE A PESSOA DO CONTADOR INTERFERIR NA APRESENTAÇÃO: aí vai mais um segredo – o narrador deve estar consciente de que importante é a história, ele apenas conta o que aconteceu, emprestando vivacidade a narrativa, cuidando de escolher bem o texto e recriando – na linguagem oral, sem as limitações impostas pela escrita. A história é que sugere o melhor recurso de apresentação, sugere inclusive as interferências feitas por quem a conta.

Lembrando porem que nunca se deve mudar o sentido da historia, a sua mensagem.

“O compromisso do narrador é com a história, enquanto fonte de satisfação de necessidades básicas das crianças”.

“Um bom contador (e leitor) de história não se avalia pela quantidade de livros lidos e sim pela intensidade com que ele faz as suas leituras e releituras, pelo modo com que lê e trata as histórias e os livros”.

“O Narrador é a entidade que conta uma história. É uma das três pessoas em uma historia, sendo os outros o autor e o leitor/espectador. O leitor e o autor habitam o mundo real. É função do autor criar um mundo alternativo, com personagens e cenários e eventos que formem as historias. É função do leitor entender e interpretar a historia. Já o narrador existe no mundo da historia (apenas nele) e aparece de uma forma que o leitor possa compreendê-lo.”

Ao contar doamos o nosso afeto, a nossa experiência de vida, abrimos o peito e compactuamos com o que o conto quer dizer. Por isso torna-se fundamental que haja uma identificação entre narrador e o conto narrado.

A medida que o contador amadurece, vai percebendo o quanto as histórias escolhidas por ele, revelam de seu interior.

A RELAÇÃO DAS CRIANÇA COM AS HISTÓRIAS

As histórias podem ser um grande aliado do educador em suas várias possibilidades.

O contar histórias pode divertir, estimular a imaginação, quando bem contada pode atingir outros objetivos, como: educar, instruir, conhecer melhor os interesses pessoais, desenvolver raciocínio, ser ponto de partida para trabalhar algum conteúdo programático, assim podendo aumentar o interesse pela aula, favorece a compreensão de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos e agrada a todos independente de idades e classe social.

Haja vista que a criança irá ouvir uma história e se envolverá com os seus personagens ao se identificar com eles levando do fictício daquela história para a vida real, para sua própria vida através do processo de identificação com os personagens, a criança passa a viver o jogo ficcional projetando–se na trama da narrativa. Sob essa perspectiva é que a criança irá experimentar e poderá viver temporariamente vários sentimentos dos personagens da história, podendo com isso ter suas experiências sem correr nenhum risco.

Sob este assunto, Bettelheim, afirma que a estória abre visões gloriosas que permitem à criança vencer sentimentos momentâneos de absoluta desesperança. De forma a creditar na estória e fazer uma visão otimista dela, uma parte da sua experiência do mundo, por isso a criança necessita ouvi-la muitas vezes.

E afirma ainda que: Escutando repetidamente um conto de fadas e sendo dado tempo e oportunidade para demorar-se nele, uma criança é capaz de aproveitar integralmente o que a estória tem a lhe oferecer com respeito à compreensão de si mesma e de sua experiência do mundo. Só então as associações livres da criança com a estória fornecem-lhe o significado mais pessoal, e assim ajudam-na a lidar com problemas que a oprimem.

A criança internaliza algumas inquietações e sentimentos que mexem com seu ser e a história é parceira para ajudar a criança nesta situação.

Acredita-se que, “a arte de contar histórias nos liga ao indizível e traz respostas às nossas inquietações”. Mas esta chegará diferente para cada ouvinte, e não provocará a mesma sensação nas pessoas que as ouvem.

É a história da vida de cada um que determinará com que cores e com que música ela vai soar.

Cada criança tem sua especificidade e apresenta necessidades diferentes das outras.

É nessa perspectiva que a história irá alcançar cada criança de modo diferente permitindo a cada uma buscar para si aquilo que é necessário e prazeroso.

Levando em consideração isto, a historia deve ser levada a sério, exigindo cuidados, uma vez que exercerá influencias em todas as pessoas que a ouvem.

É preciso levar a sério algo que provoca relevante impressão e exerce grande influência sobre as crianças. Assim, os grupos de ouvintes foram se multiplicando, expandindo-se: filhos, sobrinhos, alunos, no aconchego do colo, na sala de aula, em livrarias, crianças de creches, orfanatos, enfermos, incapacitados física ou mentalmente.

Em todas essas crianças pode-se perceber o mesmo brilho nos olhos, o sorriso iluminado no rosto – “Conte de novo!”, “conte outra vez!” desta forma a história exerce grande influencia sobre a vida daqueles que a escutam.

As crianças escutam uma mesma história, mas irão sentir algo diferente uma das outras, cada um experimentará de forma diferente, pois nem mesmo o contador irá contá-la da mesma forma que já havia contado, pois o ambiente as pessoas e até mesmo o estado de espírito do contador influenciarão em sua performance.

Cada performance nova, coloca tudo em causa. A forma se percebe em performance, mas a cada performance ela se transmuda.

Todos ganham com a contação de histórias, sejam os ouvintes que durante as histórias foram instigados a pensar, cria e recriar, seja o contador que teve que recriar e conhecer mais histórias. E mesmo se pensarmos na escola, os alunos, os professores, todos terão uma aula mais atrativa e motivadora ao utilizar das histórias. A história faz todos sorrirem, a aula passa a ser divertida e gente grande volta a ser criança.

QUESTIONAMENTOS:

● O QUE SÃO AS HISTORIA E PORQUE QUE CONTA-LAS? O QUE EU QUERO ATINGIR QUANDO EU CONTO? Isso é muito importante saber quando se escolhe uma historia.

Contar uma historia é falar por imagens, e essa é a forma que chegamos mais diretamente ao ser humano.

As historias trabalham com uma gama de valores muito grande: aspectos éticos, morais, psicológicos, educacionais, etc.

Esses aspectos são muito importantes, pois visam colocar a “casa” em ordem, mexer com a nossa vivencia interna e tentar colocar as coisas de forma que a gente comece a ver esse significado na vida.

Lidam com os problemas íntimos que todos os seres humanos tem e enfrentam, propiciando as suas soluções. Mostra a vida sentida a partir do interior de cada um. Ajudam as crianças a enfrentar os desafios, organizando esse mar de sentimentos, de emoções que vem do seu intimo, destacando valores sem serem moralistas*(quando escolhemos historias que valorizam as virtudes).

A vida tem uma natureza problemática, e com o auxilio das historias podemos ajudar a criança a amadurecer com segurança.

● QUAL O OBJETIVO DAS HISTORIAS?

Tem como objetivo a formação do ser humano, o desenvolvimento sadio da personalidade do ser humano, buscando desta forma um significado para a vida de cada um.

Faz com que os ouvintes ao escutar a historia se identifique com ela e mergulhe na sua própria historia, trazendo a seguinte pergunta para a criança: - Com quem eu quero me parecer?

As crianças se projetam nos personagens. Trazem também o alento de que vale a pena ser honesto, verdadeiro, bondoso... que vale a pena trilhar o caminho do bem.

As historias com seu desenrolar ajuda a criança a ver que apesar das dificuldades, a vida vale a pena e que todo problema tem uma solução.

● O QUE É CONTAR UMA HISTORIA?

Contar uma historia é como se você convidasse seus ouvintes a dar as mãos para você e todos juntos fazer um passeio. Andar em todas as paisagens, encontrar todos os personagens, vivenciar todas as situações, visitar todos os lugares.

Se tiver um castelo, vamos visitar todos os cantinhos do castelo juntamente com os ouvintes.

Para que o passeio seja agradável, você deve estar bem seguro e mostrar que conhece realmente o que esta narrando, que já foi naqueles lugares. Se tiver um castelo, conhece todas as salas e salinhas deste castelo, já conversou com o rei, com a rainha, tem uma certa intimidade com esses personagens.

Você conhece cada personagem, ser humano ou animal. Isso é que te dará credibilidade perante aos ouvintes e trazer o encantamento e vai fazer com que os ouvintes fiquem realmente atentos ao que estão ouvindo.

● O QUE AS HISTORIAS TRAZEM?

Conteúdo que falam do nosso interior, da problemática que o ser humano enfrenta e como enfrentar essa problemática toda.

● QUAL O SEGREDO GUARDADO NAS HISTÓRIAS?

É que elas falam por imagens e também porque as histórias são coisas mágicas por vários motivos: porque foram feitas sempre por pessoas como a gente, mas que a gente não conhece e que não nos conhecem e, ainda assim, chegam a nós como se fossem cartas soltas no tempo e no espaço, à procura de quem as “leia contando” uma e outra vez.

As histórias muitas vezes nos mostram que, para as grandes perguntas da vida, nunca há somente

uma resposta, mas várias e diferentes respostas, e que é só um outro jeito de nos mostrar que sempre temos escolhas, qualquer que seja a situação, sobre a forma como vamos viver cada situação de nossas vidas.

● PORQUE AS HISTORIAS SÃO TÃO ATRATIVAS?

Porque as histórias são parecidas com a própria vida, todos os povos do mundo contam, criam, escrevem, transmitem e recontam suas histórias, especialmente para as crianças, como uma forma de ajudá-las a entender como funciona o mundo em que chegaram.

Este poder que as histórias têm de explicar o mundo, é tão impressionante que às vezes alguns povos até usam as histórias como memória, como uma forma de manter vivo aquilo que eles não querem esquecer, exatamente como algumas pessoas usam, hoje em dia, as fotografias ou os filmes.

● O QUE DEVE SER PRIORIZADO NA CONTAÇÃO DE UMA HISTORIA?

Ao contar uma historia, o contador deve sempre se manter fiel ao seu conteúdo. Ele não precisa saber palavra por palavra, ele tem que saber o que esta por trás desta historia e isso ele não pode mudar: o significado, o seu sentido, a mensagem que a historia quer passar.

Se não concordamos com alguns aspectos apresentados numa historia, não mudemos “a” historia mas sim, mudemos “de” historia.

Devemos lembrar que o autor gastou seu tempo para realizar seu trabalho e que, portanto não temos o direito de mudá-lo. Lembremo-nos: “A perfeição não é deste mundo”.

● O QUE É FALAR POR IMAGENS?

Falamos em imagens, toda vez que temos algo a comunicar, seja uma historia que estamos contando, um livro que estamos lendo. Qualquer comunicação que chega até uma pessoa, ela chega sob forma de imagens. Assim: quando escutamos algo, começamos a formar imagens dentro de nosso cérebro a respeito do que estamos escutando. Começamos a imaginar, a desenhar o que estamos ouvindo, criando como se fosse um filme e essas imagens são muito ricas e elas tem mobilidade.

Essas imagens vem de fora (você ouve alguma coisa ou lê) e isso provoca em nosso interior o surgimento dessas imagens: uma força, uma cor, um cheiro, uma temperatura, uma ambientação... que são de uma riqueza fantástica.

As historia contada apresenta seu conteúdo através de imagens que vão se formando no cérebro, sugestionadas através do conto da historia. Uma forma que fala mais a alma, ao coração do que ao intelecto.

**Podemos usar esse recurso em sala de aula, por exemplo: a princípio pede-se o que gostaria que a criança fizesse, não conseguindo que a ação se realizasse por parte da criança, sugestiona relacionando a atitude positiva desejada, através de uma pergunta, um exemplo: após varias vezes pedindo para que o evangelizando(a) se comporte durante a aula de evangelização e sem o evangelizador ter sucesso, ele pergunta: - Como você se comporta dentro de sua sala de aula em sua escola? O evangelizando ira formar a imagem no seu cérebro de seu comportamento (mesmo que obrigado) em sua sala escolar, o que resultará na mesma atitude no momento presente. O evangelizador também tem que “sentir” o que propõe para que o proposto comece a surtir efeito logo nas primeiras insinuações.

** Para quem quiser se aprofundar mais sobre esses recursos, os estudos contidos na PNL (Programação Neurolinguística), tras um vasto material sobre este assunto e muitos outros.

● PODE-SE TRAZER RECURSOS PARA ENRIQUECER A HISTORIA?

Pode e deve, desde que isso não desvie a importância e a atenção da história para qualquer outra coisa que não seja o conteúdo da historia. Que seja algo para enriquecer, não para destruir a narrativa.

Objetos relacionados com a historia, instrumentos a ser tocados que tem a ver com a historia, com a região de onde a historia vem, alguma coisa da natureza que tem a ver com aquela época do ano, flores; são sempre bem vindas, elas já trazem esse encantamento. Tecidos: os tecidos vestem os lugares.

● O QUE SE CONTA PARA CADA IDADE?

Na medida em que você conhece o que cada idade necessita, isso vai guiar a sua seleção.

É fundamental observar as crianças : seus interesses, preferências, maneira de manifestar-se no mundo, suas habilidades, capacidades e necessidades...

O mais importante é selecionar uma historia aonde não exista margem de dúvidas perante a verdade e o bem, pois esses aspectos NUNCA são relativos.

● QUAL O TEMPO DE DURAÇÃO PARA SE CONTAR UMA HISTORIA?

O tempo de duração é o tempo que você consegue segurar sua platéia, independente da idade.

O tempo de duração pode variar muito e isso vai depender muito do contador.

Existem historias que são muito longas, mas é apresentada de maneira tão interessante e tão cativante que o tempo cronológico fica “fora”, começamos a viver o tempo kairós; o tempo do prazer, do conhecimento, do encontro humano. O tempo do encontro da historia que estamos ouvindo com a nossa historia pessoal e com a historia das outras pessoas. Esse é o tempo de duração, e também podemos observar pelo movimentar-se da platéia, onde esse tempo se esgotou ou não.

**Kronos é o tempo mensurado, com dias, meses e anos. É finito, metódico, controlado, igual para todos. É o tempo linear, que cobramos aos outros e do qual dizemos que “tempo é dinheiro”. É o tempo do calendário, o tempo do relógio.

**Kairós significa “o momento certo ou oportuno”. Quando estamos totalmente absorvidos e vivemos no momento presente, sempre que nos sentimos apaixonados pelo que estamos a fazer ou pelas pessoas com quem estamos, empenhados, absorvidos, vivemos no Kairos.Kairós é o tempo que alimenta a alma.Como dizia T.S.Elliot, escutamos música tão profundamente ouvida que nem é ouvida, mas somos nós a música enquanto dura a música…

Enquanto o kronos é um tempo espacializado e objetivo, o kairos (afirmava Lévinas), é um tempo significativo segundo um horizonte de sentido.

● A LEITURA DAS HISTORIAS É UMA FORMA POSITIVA DE SE NARRAR UMA HISTÓRIA?

Algumas pessoas ainda usam esse recurso, mas isso é porque ainda não entendem, ou não aprenderam o valor de uma história contada, que traz muitas possibilidades além das linhas escritas.

O contador não pode e não deve em hipótese alguma mudar o sentido de uma historia.

Pode sim, acrescentar detalhes, que muitas vezes um texto escrito se limita para não parecer muito extenso.

Sem falar que a leitura da historia trás uma problemática muito seria. Na hora que o contador pega um livro e mostra as figuras, no momento em que abaixa o olhar para fazer a leitura, acabou, cessou o seu contato com a platéia e o contador passa a se ligar no que esta lendo e isso é muito ruim porque ocorre um rompimento, e provavelmente o encantamento também vai embora, por isso que não se deve ler.

O contador deve sentir a historia e contá-la.

● O QUE PROPORCIONA AS FIGURAS JÁ PRONTAS PARA AS HISTORIAS E PARA QUEM AS VÊ?

Quando trazemos as figura através das palavras, cada qual cria o seu personagem da forma que a sua criatividade permitir.

As imagens prontas seja ela apresentada da forma que o contador achar melhor (fotos, desenhos, vídeos, etc.), já trazem pronto o aspecto físico do personagem, do lugar ou da ocasião, não necessitando que o ouvinte use a sua imaginação. Tira a oportunidade riquíssima da criança construir esse imaginário, dela trabalhar sua criatividade. A imagem formada de cada personagem quando se escuta uma historia, ela é única, ela é original, é individual e isso é que vai alimentando a criatividade, a fantasia.

A figura, o desenho, fixa uma coisa que é móvel, corporifica uma coisa que é sutil, o que vive na imaginação, empobrecendo algo que é rico.

Dificilmente um filme preenche o nosso interior de uma maneira tão satisfatória com as imagens que a gente vê.

Quando observamos as imagens prontas, ficamos prisioneiros destas imagens, nosso cérebro não precisará trabalhar para compô-las.

Hoje em dia os brinquedos prontos ocuparam os espaços das brincadeiras de antigamente, fazendo com que a imaginação seja pouco explorada, quando a fase adulta é instalada, em nossos trabalhos que passamos a desenvolver, são exigidos de nós, que sejamos criativos, que sejamos flexíveis, que sejamos uma porção de coisas que não tivemos a oportunidade de trabalhar na realidade pessoal de cada um.

Muitos pais nem mesmo querem que seus filhos tenham um animal de estimação por não quererem mais trabalho para si e isso se dá ao fato de não terem noção do que um animal representa e ensina para uma criança e até mesmo para nós adultos.

Hoje em dia até mesmo as crianças não querem mais ser crianças e existe todo um trabalho da mídia e do comércio em cima de adultizar as crianças (sapatinho de salto, roupa de gente grande, maquiagem...)

As próprias crianças dizem que já não são crianças e com isso tiram de si próprias a grande oportunidade de curtir essa fase tão maravilhosa da infância e de aproveitar dessa coisa de viver um pouco mais nesse mundo mais nativo que é uma coisa tão fantástica e enriquecedora para nossas vidas, a qual não se pode retornar.

Os próprios adultos dão suas contribuições para que isso aconteça. Começam a preparar os filhos desde a mais tenra idade para o mercado de trabalho, se esquecendo porem de prepará-los para a vida.

● QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE COMPOR UM CENÁRIO, UM ESPAÇO PARA A CONTAÇAO DE HISTÓRIAS?

Isso vai depender da importância que o contador dá as histórias, mas ao planejá-lo, quanto mais simples melhor. Um cenário muito trabalhado e rico em detalhes pode trazer a atenção mais para si, do que para a historia a ser contada. Qualquer coisa que desvie o foco da historia não é bom.

Quanto menos detalhes melhor, isso nos convida a imaginar, a passear em nosso imaginário.

Quando se trás tudo pronto, ocorre ai um apelo visual muito grande, e isso já temos muito em nosso cotidiano, o que dificulta a imaginação correr solta.

Portanto os recursos escolhidos devem ser para enriquecer, para encantar, para convidar a imaginação à fantasia, para criar livremente e não aprisionar a imaginação dos ouvintes. Devemos portanto, tomar muito cuidado com nossas escolhas: o que a gente vai usar, como vamos usar e a que momento a gente usa.

O foco sempre deve ser a mensagem da historia e isso é muito importante que fique bem claro.

Mesmo para as salas de aulas, é muito importante que se preserve um local para a contação de histórias. Um cantinho específico com algum tipo de decoração: um tapete, algum tecido que possa compor um tipo de palco na parede, etc.

Quando se conta uma historia saímos do cotidiano para adentrarmos na fantasia; na imaginação; nas diversas possibilidades, então é natural que haja também um deslocamento físico para adentrarmos no mundo imaginário, sem falar do aconchego que o local proporcionara para todos; um verdadeiro ninho, criando assim uma situação de acolhimento.

Esse espaço criado, tem também o poder de elevar a nossa faixa mental, tão logo nos instalemos nele!

● O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NA ESCOLHA DE UM REPERTÓRIO?

Quando fazemos as escolha de repertorio, temos que ter como base o desenvolvimento humano.

Nossas escolhas devem ser baseadas no conhecimento profundo e cuidadoso do ser humano - como é o ser em desenvolvimento e em seus diversos âmbitos (físico, psicológico, social, emocional, espiritual, cultural), o que infelizmente não é algo fácil ou comum. A maior parte das pessoas que lidam com outras pessoas, sejam pais, educadores e até terapeutas, desconhecem ou conhecem  muito superficialmente, e muitas vezes não consideram ou valorizam muito pouco estes conhecimentos tão fundamentais.

E isto acaba levando a delegarem a outrem sua escolhas, ou se baseiam em  "listinhas" que aparecem em muitos livros com estas correspondências, mas que não se justificam o porquê  de cada escolha.Um dado importante que sempre vale a pena considerar é partir do mais simples para o mais elaborado, e observar as crianças: seus interesses, preferências, maneira de manifestar-se no mundo, suas habilidades, capacidades e necessidades...

Para as crianças devemos sempre perguntar: do que elas se encantam? do que elas gostam? O que realmente chama a atenção dela? O que ela esta fazendo nesse período de idade?

Seria preferível que ao invés de escolhermos historias que vão falar do roubo, mentira, preguiça, historias que vão falar dos defeitos, dos desvios humanos (muitas vezes essas historias disfarçam, camuflam um chamar atenção, um apontar defeitos ou atitudes inadequadas), que apelam direto para o intelecto, apontando essas atitudes, não seria mais interessante, contar histórias que valorizasse a verdade, a honestidade, a dignidade, a fidelidade, exaltando as qualidades ao invés de apontar os defeitos?

Devemos tomar muito cuidado quando formos escolher uma história para ajudarmos as crianças a superar determinados desvios, determinados comportamentos inadequados, trazendo aquilo que “a gente quer”. Temos que valorizar. Valorizar o trabalho para aquele que é preguiçoso, valorizar a honestidade, a verdade para aquele que esta titubeando nestes assuntos. Temos que evidenciar as atitudes dos heróis e não a dos anti-heróis.

● COMO O SER HUMANO SE DESENVOLVE? QUAIS SÃO SUAS CAPACIADADES, POTENCIALIDADES, NECESSIDADES E COMO FAZER PARA TRABALHÁ-LAS?

Infelizmente algumas pessoas, ou elas não consideram, ou não aprenderam ou elas não sabem como é que um ser humano se desenvolve. O que é o ser humano em suas diversas etapas, quais são suas capacidades, suas potencialidade, suas necessidades emocionais, anímicas e de personalidade, e como fazer para trabalhá-las (trazer o alimento certo para aquela faixa etária).

Se conhecemos um pouco do desenvolvimento humano em todos os seus aspectos: físico, emocional, social, de personalidade, fica mais fácil responder a pergunta: O que encanta as crianças de terminada faixa etária? O que chama a atenção dela?

Hoje em dia as qualidades anímicas, de personalidade, de caráter, coisas sutis; as histórias trazem, abordam e propiciam.

Isso no nosso mundo contemporâneo anda muito mal. Vemos que o errado muitas vezes é o que vence, o mal nem sempre é punido, o bem nem sempre vale a pena. Mas na hora da formação humana não se pode trazer esse tipo de conceito e os adultos também deveriam ser sempre lembrados disso.

Para a criança tudo deve estar bem claro: o certo é certo, o bem é o bem e a verdade deve prevalecer em qualquer circunstância.

Sabemos o mal que uma mãe ou um pai ambivalente, em que uma hora alguma coisa pode e daqui a pouco a coisa não pode. Nunca pode uma determinada coisa, mas quando a mãe esta cansada ou a criança pede pela terceira ou quarta vez, ela fala: - Ta bom, faz! E autoriza uma coisa que intimamente ela e a criança sabem que são erradas.

Diz que não se deve mentir, mas ao tocar o telefone e a criança atende e diz quem é, o pai manda dizer:

- Diga que não estou!

O que será que acontece dentro da cabeça dessa criança?

Dentro da alma dessa criança? Isso traz muita insegurança.

Para muitos as regras são criadas de acordo com a conveniência do momento.

Hoje em dia vemos a quantidade de problemas que nossas crianças, adolescentes e jovens apresentam devido a “aparente” pequenas coisas que decorrem de situações como essas.

Toda vez que minimizamos, modificamos ou suprimimos o mal, estamos contribuindo para mais problemas.

Na vida as dificuldades acontecem, as crianças têm que enfrentar as adversidades da vida, devemos fortificá-las mostrando toda a verdade da vida: separações, mortes de familiares..., mas muitas vezes não é isso que acontece, alguns preferem que a criança não enfrente a verdade e mascaram a verdade contando mentiras para as crianças.

Mascarar algum fato, é uma forma de escapismo, em vez de enfrentar a verdade, contam uma mentira.

Fogem das situações, mas em compensação essa criança não terá forças para enfrentar os problemas quando eles se apresentarem. Como vão saber solucioná-los, se não aprenderam.

Mostram apenas que a vida é maravilhosa, que ninguém tem dificuldade, todo mundo é bom e quando essa criança vira um adolescente, ela vai ver que a vida não é bem assim e em momento algum ela foi preparada para isso.

As historias com seu desenrolar ajuda a criança a ver que apesar das dificuldades a vida vale a pena e que todo problema tem uma solução.

O consumismo excessivo, o buling, as drogas, a mentira, todos filhotes do escapismo.

A criança à medida que se desenvolve vai construindo a sua identidade através daquilo que percebe refletido nas pessoas que a rodeiam particularmente daquelas responsáveis pelo seu cuidado.

O deboche, o sarcasmo, e a inversão de papeis, trás algum significado para a vida?

Toda vez que aplicamos o certo é certo, o bem é o bem, a verdade é a verdade, vamos apontando diretrizes para a formação do caráter de uma criança.

Seria muito mais proveitoso e interessante se todas as pessoas que se propusessem a trabalhar com as crianças, antes de qualquer coisa tomassem conhecimento de como acontece o desenvolvimento humano em suas varias etapas de vida.

● O QUE É MAIS APROPRIADO COM RELAÇAO A MORAL DA HISTÓRIA?

Nunca se deve contar a moral da historia. As Histórias devem ficar "cozinhando" dentro de cada um - ouvintes e contador por algum tempo e com isso vão trazer respostas, questões, aconchego, ensinamentos, diretrizes, sem que precisemos ficar "cutucando" seus conteúdos.

Elas atuam em outro nível: inconsciente - semi-consciente e só vem à tona (consciente) no momento certo.

Se explicamos uma historia é porque pensamos que os nossos ouvintes não tem condições de entender o que contamos ou seja, agindo assim estaremos subestimando a inteligência de nossos ouvintes.

Não devemos nunca menosprezar nosso publico e sim estimula-lo, trazendo sempre coisas mais complexas que eles possam absorver, entender. O próprio contexto da historia é auto-explicativo.

● PODE-SE CONTAR UMA MESMA HISTÓRIA NOVAMENTE?

Não existe problema algum em contar uma historia varias vezes, as crianças adoraram a repetição, o famoso: “Conta de novo”. Uma historia bem contada deixa marcas profundas em quem a escutou, porque ela vai para dentro, ela mergulha no interior da pessoa, lá dentro ela se mistura com outras historias pessoais e outras histórias escutadas, histórias de vida e ai alguma coisa acontece.

Essa mistura vai desencadeando situações até então difíceis de serem resolvidas. Brotando novas possibilidades até então não visualizadas para a soluções de alguns de seus problemas pessoais.

Devemos levar em conta também, que uma mesma historia poderá ser interpretada de formas diversas, por ângulos diferentes, quando ouvidas em outras oportunidades.

Uma única historia poderá trazer vários ensinamentos através dos seus diversos personagens e quem esta ouvindo vai somente observar o ensinamento de um determinado personagem, o que ele estiver se identificando no momento em seu interior.

Em outra oportunidade que ouvir novamente a história, terá um olhar, um entendimento diferente da antes ouvida e se for outro contador a narrar a história, mais diferente ainda será sua interpretação no momento e mesmo que seja o mesmo contador, este também narrará diferentemente da primeira vez que o fez.

● SERÁ QUE É MESMO IMPORTANTE DEDICAR UM TEMPO PRECIOSO NA PREPARAÇÃO DE UMA HISTÓRIA?

Não são raros os contadores que afirmam que "nem precisam decorar ou estudar a história.

Dão uma lida, e aprendem o que é mais importante e na hora improvisam"!

Geralmente esta prática além de perigosa é totalmente descabida, descartando as principais funções e objetivos de uma narrativa.Ao apresentarmos uma história de forma "resumida" deixamos de fora todo o que a faz tornar-se uma OBRA DE ARTE: ao eliminarmos todo o seu "linguajar" característico e rico, eliminamos também a possibilidade de levar o ouvinte a criar imagens ricas e significativas, responsáveis pelo encantamento, e a eliminar/modificar o seu simbolismo. Sem falar que esse tipo de comportamento não tráz o encantamento da história e com isso teremos problemas de disciplina e atenção e consecutivamente ficará complicado manter a atenção dos ouvintes. Depois que perdemos o ouvinte fica difícil recuperá-lo.

O preparo de uma historia, também diz respeito ao respeito para com as pessoas que estão nos ouvindo, respeito para com a historia e para conosco mesmo.

O preparo de uma historia é uma coisa muito seria, precisa-se de conscientização, dedicação e disciplina.

● HÁ CONTADORES MAIS CRIATIVOS DO QUE OUTROS?

Não existem pessoas que têm o "dom" da criatividade, da fantasia...

Todos temos potencialmente essa capacidade criadora, mas se ela não for nutrida, acabará ficando fraca, raquítica, podendo ser apagada, e até substituída, então a nossa capacidade de "gerar internamente imagens únicas, individuais, grandiosas" vai cedendo lugar ás imagens "prontas" oferecidas pela mídia, e por outros interesses que nada tem a  ver com o nossa humanidade, com a nossa liberdade , com a nossa possibilidade de expressão.

Daí a importância das “imagens”, elemento primordial para que a FANTASIA se manifeste e a CRIATIVIDADE se desenvolva.

● DECORAR OU NÃO DECORAR O TEXTO DA HISTÓRIA?Quando decoramos um texto, além de corrermos o risco de oferecer uma apresentação mecânica e pouco embebida com as nossas características- se acaso "perdermos uma palavrinha que seja", podemos perder a história toda, ou "travar" no meio da narrativa, o que seria um desastre! Certamente não a contaremos "com o coração."

● MAS COMO MANTER O ENCANTAMENTO DO TEXTO ESCRITO – (alguns contam com descrições de uma riqueza de detalhes e de um refinamento gramatical incrível), E QUE MUITAS VEZES SÃO TRECHOS EXTREMAMENTE LONGOS?Este é o trabalho que temos que fazer durante a preparação da história, além do hábito de ler muitas e muitas histórias (elas irão despertar em nós imagens sempre novas e mais e mais imagens).

Toda vez que nos propomos a narrar uma história nós pegamos todos os nossos ouvintes pelas mãos e os levamos para um enorme passeio história adentro e como já conhecemos o caminho, as pedras, plantas, animais, pessoas e cada recanto de todos os ambientes pelos quais caminharemos podemos convidá-los a olhar e a deslumbrar-se a cada momento,  sentindo seguros e estimulados a permanecer até o final dessa caminhada ao nosso lado. E quando ela terminar, terão saudades e desejarão repeti-la!

Mas para fazer isto temos que ter realizado ANTES (e muitas vezes!) este passeio e entrado em contato com todos os caminhos, pedras, plantas, animais, pessoas e cada recanto de todos os ambientes que constituem a história  de forma viva, pulsante!

Isto só conseguiremos se tivermos nos dedicado nos passos de 2 a 5 da atividade n° 02 logo a seguir.

FÓRMULAS DE AQUECIMENTOS PARA O CONTADOR, MAS QUE PODEM SEREM TRABALHADAS JUNTAMENTE COM OS OUVINTES:

1. Os marinheiros franceses usam essa fórmula para começar a contar suas histórias. Eles começam dizendo o seguinte:

Todas as histórias moram num grande poço, o poço das histórias. Nesse poço os personagens vivem em perfeita harmonia. Eles vão levando sua vida à espera de

que alguém os chame para que suas histórias possam ser contadas.

O contador de histórias é alguém que sabe como girar a manivela desse poço para trazer à tona todos esses personagens com suas surpresas e encantamentos. Mas o contador só consegue girar a manivela se vocês o ajudarem.

Então: Quando eu disser CRIC, vocês dirão CRAC

Quando eu disser MISTICRIC, vocês dirão MISTICRAC

Quando eu disser DECLIC, vocês dirão DECLAC

Vamos lá:

CRIC!

CRAC!

MISTICRIC!

MISTICRAC!

DECLIC

DECLAC!

E agora a manivela gira... gira...

Era uma vez...

2. Nas Guianas, o contador grita:

- Massak!

O auditório responde:

- Kam!

3. Entre os bambaras (um povo da África) o primeiro que toma a palavra diz:

- Eu vou contar meu conto.

O público responde:

- Namoun!

- É uma mentira – diz o contador.

- Namoun!

- Nem tudo é falso – retoma o contador.

- Namoun!

4. Em outras regiões, o aquecimento pode ser uma brincadeira.

5. Na Turquia, o contador senta-se numa cadeira e usa um lenço e um bastão.

Antes de iniciar a história, ele faz malabarismos e mímicas com o lenço para prender a

atenção dos ouvintes.

Depois de dar os exemplos, o professor, então, convidará os alunos e alunas para que se reúnam em grupos e criem suas próprias fórmulas de aquecimento.

É importante lembrá-los que não há fórmulas certas ou erradas e que dêem asas à sua imaginação para criá-las. Podem usar palavras, gestos, sons, objetos e tudo o que desejarem.

Os grupos que se sentirem dispostos, podem apresentar suas fórmulas na frente de toda a sala.

SOBRE OS COMEÇOS - AS FÓRMULAS INTRODUTÓRIAS:

Os contos etiológicos (aqueles que explicam porque as coisas são assim) podem começar com uma pergunta, e logo depois uma afirmação:

- Houve um tempo em que a água do mar era doce como melado, agora ela é salgada. Vocês sabem por que ela ficou salgada? Pois vou contar por quê...

No Marrocos, os chleuhs começam seduzindo o auditório:

- Eis o que escutei entre os nobres. Eu o contarei a vocês...

Os contadores espanhóis dizem:

- Habia una vez... (Havia uma vez...)

- Aunque lês cueste creerlo... (Embora seja difícil de acreditar...)

- Em um lejano lugar... (Num lugar distante)

- Hace mucho, mucho tiempo (Há muito, muito tempo...)

Nos contos húngaros, encontramos:

- Onde foi, onde não foi, além dos sete reinos e pra cá do mar Openciano (um mar ou rio imaginário)

- Bem pra lá do cafundó onde fuça o porquinho Rabicó...

- Num lugar distante, vivia certa vez um rei...

- Além dos sete reinos...

- Faz tanto tempo que naquela época as pedras ainda nem tinham endurecido...

Fórmulas utilizadas na Idade Média ainda são utilizadas hoje:

- No tempo em que Deus passeava pela terra...

- No tempo em que os animais falavam...

- Quando Nosso Senhor andava pelo mundo...

Os índios da Amazônia dizem:

- Uatá, uatá, uatá (Andou, andou, andou)

Os contadores russos dizem:

- Foi lá que isso se passou, além do Mar Vermelho, além da Floresta Azul, além da Montanha de Cristal, além da Cidade de Palha, lá onde se junta água na peneira...

- Muito longe, além da extremidade do mundo e além mesmo das Montanhas dos Sete Cães, era uma vez um rei...

**As informações contidas nesta atividade relativas às fórmulas de aquecimento e introdutórias foram coletadas da publicação intitulada “O Oficio do Contador de Histórias”, de Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy, editadas pela WMF Martins Fontes. Vale a pena a leitura completa desta bela obra.

SOBRE OS FECHAMENTOS DAS HISTORIAS:

... Entrou na boca do sapo, saiu na perna do pinto. ... El-Rei mandou que vos contasse mais cinco. ... O que era de papel se rasgou, o que era de vidro se quebrou, quem quiser que conte outra. ...Se não morreram, vivem felizes ate hoje. ...O canto respondeu e eu me calo. ...Entrou por uma porta e saiu pela outra e quem quiser que conte outra. ...Entrou pela pena do pato, saiu pela perna do pinto quem quiser que conte cinco. ...No fio das historias como no fio da vida, cada um tece o seu tecido. ...O galo cantou e meu canto se acabou.

OBS.: As aberturas e fechamentos nos ajudam a fazer uma transição de um mundo para o outro.

OUTRA DICA: manter a delicadeza (sem microfones), platéia minorizadas (poucas pessoas).

● POR ONDE COMEÇAR?

Temos sempre que partir de nós mesmos, do nosso corpo, uma vez que este é o caminho mais seguro. Partir dos nossos recursos internos.

Começarmos a observar tudo: tentar colocar atenção naquilo que estamos vendo.

Observação  de tudo: pessoas, animais, plantas, objetos e situações e suas diversas possibilidades de manifestação  e isso tem como objetivo ampliar o nosso repertório de possibilidades expressivas e gestuais, e propiciar a oportunidade de entrarmos em contato com as nossas imagens internas significativas.

ATIVIDADE 01:

OBSERVAÇÃO:

Quando vamos observar, vamos observar as coisas, mas mantendo um certo afastamento. Temos que estar isentos, observar o fenômeno puramente, sem julgamento, sem opinião, sem colocar nada seu.

Como é que a coisa se apresenta pra você?

Quando observamos é como se entrássemos naquele objeto, naquela pessoa, naquele animal, naquela planta e conseguisse enxergar ou se aproximar da sua essência. Conseguir olhar as suas manifestações e trazer isso. Isso ira trazer um enriquecimento para nós. Vamos observando como as coisas se manifestam, a expressividade, a gestualidade que cada coisa tem. Com isso vamos ampliando nosso repertorio, não só o repertório de gesto e expressões, mas também o repertorio de imagens significativas.

Vai nos sensibilizando para as coisas. Depois vamos usar nas historias, para saber o que significa cada coisa, cada personagem que compõe a história.

Para sabermos como realmente esses elementos se expressam, devemos ser curiosos, com relação a determinadas atitudes: atitudes do humor, capacidade de brincar, de correr risco.

Fazer perguntas, tentar olhar algo de seus diversos pontos de vista.

Com isso teremos uma visão global da situação. Tentar entrar em contato com as imagens internas que esses fatos suscitam e que são significativas.

Como essas coisas refletiram dentro de nós. Observar as possibilidades de comunicações, de expressividade que as pessoas apresentam: gestos, olhares, postura, voz.

Obs.: Este exercício é para ser feito sempre!  Juntamente com os exercícios RESPIRATÓRIOS (sugerir aqui, a apostila: O Poder Curativo da Respiração e CD e livro Daniel Goleman), ele nos traz tantos benefícios, tanto enriquecimento que a sua simplicidade (simples não que dizer fácil!) pode nos levar a pensar que não é tão valioso assim...

ATIVIDADE 02:

Outra atividade proposta, foi trazida dentro de  um panorama amplo do preparo de uma história que envolve alguns passos:1°- Selecionar a História;2°- Fazer sua leitura algumas vezes e em voz alta (antes de se fazer o resumo), o que é bastante recomendável, pois já podemos atentar para a curva melódica, modulações, entonação, pausas,etc.

3°- Percepção e registro de sua estrutura* ( início meio e fim, percebendo seu desenrolar, a tesão ou clímax e o desfecho);4°- Observar e registrar* os climas apresentados;5°- Observar e registrar* os personagens, o que eles trazem para a história; objetos e eventos que são importantes.

6°- começar a se aventurar a pensar sobre a possibilidade de enriquecer esta narrativa com recursos externos ( música, canto, objetos , instrumentos), e levantar e registrar quais poderiam ser.

Pensar em como usar as manifestações que observei e relacioná-los a história escolhida.

7° - Começar a contar a história para si mesmo em voz alta.

*Registrar: Anotar no papel tudo o que se pede, assim como fazemos em nossas aulas.

*Registro de sua estrutura: fazer um resumo da historia.

**Os registros - sob qualquer tipo: escrita, desenhos, simbolos - são fundamentais, pois eles "apoiam" a nossa memória, favorecem e enriquecem a FORMAÇÃO de IMAGENS SIGNIFICATIVAS. 

É a partir dos registro (da estrutura – clímax – personagens da história) que vamos olhar de maneira especial para essa história, que vamos conseguir formar as imagens significativas que surgem dentro de nós e devolver isso para os ouvintes.

**Um recurso que pode ser usado, é  gravar a história enquanto se conta para si, num gravador e ouvir várias vezes. Contar novamente a partir da identificação do que se pode mudar em nova gravação, até que fique de forma satisfatória. 

OBSERVAÇÃO IMPORTANTISSIMA: A principio esta tarefa pode se mostrar chata e trabalhosa, mas vale lembrar que em todo trabalho sério, devemos ter disciplina e dedicação.

Sem falar que com o passar do tempo, a partir dos registros anteriores, vamos observar mudanças significativas, apontando nosso crescimento pessoal e profissional.

Para o 1° passo da atividade n° 02 escolhemos a historia de “João Batista”.

A escolha dessa história foi devido os vários personagens e lugares a serem explorados pela nossa criatividade, sem falar que é uma historia que esta no nosso currículo de aulas.

2° Passo: Após fazer a leitura da historia (2, 3, 4 vezes), e seguir para o 3° passo: observar a estrutura da historia: começo, meio e fim, percebendo seu desenrolar, a tensão ou clímax e o desfecho, e fazer o registro de sua estrutura (resumo) – cada resumo é pessoal e poderá ser feito de varias formas:

RESUMO DA HISTÓRIA (Pode ser feito de forma escrita, em forma de desenho, varias maneiras que o contador melhor se identificar):

Os detalhes da história deverão ser acrescentados pelo contador durante a narrativa – e são fundamentais para o enriquecimento da narrativa.

INICIO:

- Quando Nosso Senhor andava pelo mundo...

Herodes governava a Judéia que viviam por lá um casal já bastante idosos que queriam muito ter um filho. O homem se chamava Zacarias e era sacerdote do Templo e sua mulher, Isabel. Faziam sempre fervorosas preces para alcançar seus desejos de ter um filho, apesar de nunca serem atendidos em suas preces.

Certo dia a acordar, Isabel relata a Zacarias o sonho que teve durante a noite, dizendo que nesse sonho lhe foi revelado que o Senhor enviaria um filho.

Zacarias não acredita no sonho da esposa e quando esta no Templo, aparece-lhe um anjo que diz que suas orações foram ouvidas, Isabel terá um filho, e que seu nome será João. Será o mensageiro que ira preparar os caminhos do Senhor. Zacarias por ter duvidado do que o anjo diz, fica mudo ate ocorra o que o anjo disse.

Maria futura mãe de Jesus, também sonha com a chegada da criança e vai visitar Isabel.

Meses depois, Isabel deu à luz ao seu filho. Vizinhos e parentes foram visitá-la. Sugerem que coloquem o mesmo nome do pai: Zacarias. Isabel diz que se chamara João. Zacarias ainda mudo, confirma escrevendo numa tabua; “Seu nome é João”. Naquele instante a sua língua soltou-se e voltou a falar. E o menino cresce e...

MEIO:

ao atingir a idade adulta, contrariando seus pais que queriam que ele se tornasse sacerdote no templo, João vai para o deserto. No deserto, adquire hábitos simples, vestindo-se de pele de carneiro presa à cintura, com uma cinta de couro e alimentando-se de mel e gafanhotos.

No deserto, tem a visão de um espírito que lhe revela ser ele teria como missão a tarefa de preparar os corações das pessoas para receberem os ensinamentos que Jesus traria. Começou então a fazer pregações por toda parte ao povo, apontando os erros e pedindo a todos uma mudança de conduta. . E a multidão perguntava: - Que devemos fazer? João ensinava: - Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem, quem tiver alimentos faça da mesma maneira.O povo ouvia a pregação, arrependia-se e era batizado por ele no rio Jordão. Passou então a ser chamado de João Batista.João descia o rio Jordão quando um homem perturbado, lançando-se aos seus pés lhe implora que o auxilie, pois sentia-se preso ao remorso e à culpa. Tomado de compaixão, João coloca suas mãos na cabeça do homem e lhe diz – só a consciência livre de culpa pode nos trazer a paz, não basta limparmos nossos corpos se o que temos dentro de nós for impuro. Purifique primeiro seu coração praticando o bem aos que estão em volta de ti e verás que a paz retornará ao seu coração. João continua sua pregação preparando o caminho para Jesus. O tempo passava, os seguidores de João aumentavam e, certo dia, um homem aproxima-se de João para ser batizado. João sentiu as vibrações de paz e harmonia que emanavam daquele ser superior. Era Jesus. João olha em seus olhos e diz: Por que pede que voz batizeis, não tendes pecados. E Jesus, voltando-se a João, lhe diz: A tarefa que voz cabe executar na grande obra do Senhor está apenas começando; muito deverá ser feito até que a semente que eu vim plantar germine e frutifique. E, ajoelhando-se perante João, luzes do céu iluminam aquela cena e uma voz do alto diz: ”Este é o meu filho bem amado, no qual deposito a minha compaixão”. Quando Jesus se afasta, João reúne seus seguidores e diz: - Aquele é o Mestre que deveis seguir, é Ele que eu vim anunciar.João Batista continuou a batizar, a pregar e a apontar os erros e pecados para que o povo se arrependesse.

FIM

A fama de João havia chegado aos ouvidos do rei, que estava temeroso com o que João dizia e com a forma que o povo o ouvia e lhe dava crédito. João não poupava críticas ao rei e à corte e, com isso despertou a ira de Salomé, a quem o rei amava. Salomé, aproveitando-se da fraqueza do rei, manda que este lhe dê de presente a cabeça de João numa bandeja de prata. Contrariado e temeroso, o rei manda prender João. Na prisão, João recebe a visita de Jesus e os dois trocam um profundo e significativo olhar. Não era preciso dizer mais nada: a tarefa de João estava encerrada, ele voltaria à pátria espiritual e Jesus daria cumprimento à sua missão, que João tão dignamente havia iniciado.No dia seguinte, a cabeça de João era entregue a Salomé. Jesus inicia sua missão como enviado de Deus. Vários discípulos o seguiam.

4° Passo: Momentos de tensão, importantes e decisivos:

Contrariado e temeroso, o rei manda prender João.

Salomé, aproveitando-se da fraqueza do rei, manda que este lhe dê de presente a cabeça de João numa bandeja de prata. A tarefa de João estava encerrada, ele voltaria à pátria espiritual.

5° Passo: Observar e registrar os personagens, o que eles trazem para a história. Como são estes personagens fisicamente? Como se vestiam? Quais seus gostos, gestos, modo de falar, de andar?

Zacarias: Sacerdote do templo.

Isabel: Esposa de Zacarias.

Anjo Gabriel: Enviado de Deus que aparece para Zacarias no Templo.

Maria Mãe de Jesus: visita a prima Isabel.

Parentes e Vizinhos: Questionam sobre o nome a ser dado ao filho de Zacarias e Isabel.

João Batista: Enviado de Deus para preparar os corações humanos para a chegada de Jesus. Promovia o batismo do arrependimento. . No deserto, adquire hábitos simples, vestindo-se de pele de carneiro presa à cintura com uma cinta de couro e alimentando-se de mel e gafanhotos.

Homem perturbado: implora que João Batista o auxilie, pois sentia-se preso ao remorso e à culpa.

Jesus: O mestre que todos deveriam seguir. Vibrações de paz e harmonia emanavam por toda parte onde passava.

Seguidores de João Batista: vinham até ele para ouvir suas palavras, que traziam consolação para as almas verdadeiramente arrependidas. Muitos receberam seu batismo e, com isso, se preparavam para a vinda de Jesus.Rei Herodes: Rei da Judéia, temeroso por pelas pregações de João, manda prende-lo e decapitá-lo.

Salome: aproveita-se da fraqueza do rei, manda que este lhe dê de presente a cabeça de João numa bandeja de prata.

AMBIENTES:

Casa de Zacarias e Isabel – Templo – Deserto - Rio Jordão – Prisão: quais são as cores que esses lugares deveriam ter? Quanto a luminosidade, esse ambiente deveria ser mais luminoso ou menos luminoso? Que tipo de aromas podem existir nesses lugares? Que tipo de texturas? Seria um lugar mais rústico, mais refinado? Como é o ar desse lugar? Que tipo de calor existe nesses lugares? Que tipo de vegetação existe neste local? Como eram as águas do Rio Jordão? Era raso ou era fundo? O Templo, como será que eram os Templos de antigamente? Quais eram os costumes da época? Varias possibilidades a se pensar!

Obs.: Nos evangelizadores, devemos ter certeza do que contamos, portanto devemos saber por completo o que se passou na história. Mas ao contá-la, devemos focalizar somente no objetivo que queremos atingir quando contamos, não precisando discorrer de detalhes que não vem ao caso para o momento presente.

Nessa história que escolhemos por exemplo não precisamos salientar a relação de Salomé com Herodes, fato totalmente desprezível para o aprendizado que se faz necessário para o momento.

Momentos importantes devem ser gastos com ensinamentos que promovam as coisas positivas da vida.

● OBSERVAÇÕES A SEREM TRABALHADAS NUMA HISTÓRIA:

• Selecionar – Procurar dentro daquilo que se quer ensinar ou de acordo com o contexto da aula que será dada; pesquisar até encontrar algo que toque o contador de maneira especial. Se for uma história que já veio no material, leia várias vezes buscando encontrar nela algo especial que toque o contador, porque é só assim que ela será transmitida autenticamente ao público.

• Recriar – Não se deve pegar uma história e contá-la como vem escrita, é preciso passá-la para a linguagem oral. Saiba contar a história e não apenas decorá-la.

• Ensaiar – Procurar não repetir nem exagerar nos gestos e movimentos. A voz deve ser aquecida para garantir um tom adequado; O olhar deve ser dirigido para todos os lados e para todos os ouvintes; corrigir os vícios de linguagem, tais como: então, né, daí e outros.

• Estrutura – deve seguir estas 4 fases:

1. Introdução: deve ser rápida, interessante apresentando os personagens sem divagação. Ex: há muito tempo, era uma vez…

2. Desenvolvimento: são contados os fatos essenciais com bastante ação.

3. Clímax: ponto de maior emoção da história. O contador deve sentir e passar essa emoção.

4. Conclusão: Aqui você deve ter maior atenção, pois na conclusão é que transmitimos a lição, o ensinamento para quem ouve.

Preparação do ambiente:

A preparação do ambiente é muito importante. Se o contador está numa sala de aula, deve fazer algo que mostre que naquele momento será contada uma história, chamando assim a atenção dos ouvintes para o momento. Como? Usando um objeto sobre a mesa ou um lenço jogado no ombro etc. O contador deve se prevenir contra ruídos e interrupções. Enfim, encontrar uma posição agradável.

Elementos fundamentais e necessários para se contar uma história:

• Emoção – O contador deve gostar do que faz e do que vai contar; deve antes navegar na história para depois transmiti-la.

• Expressão – é muito importante, o olhar deve transmitir o que está sendo falado, daí a importância de olhar para todos os ouvintes. Você pode se expressar durante a história com música, barulhos de objetos, com o corpo, tudo que deixe a história mais atrativa, mas sem exageros.

• Improvisação – Este recurso vale apenas no caso o contador se esqueça de uma parte da história, devendo ai, encontrar um modo de continuá-la, encaixando o que faltou (sem mudar o seu conteúdo), por isso a importância de saber o esqueleto da história e não decorá-la.

• Espontaneidade – O conhecimento da história oferece ao contador segurança, naturalidade, desinibição e espontaneidade para a contação.

• Credibilidade – O contador não deve denunciar o seu erro. Para consegui-la é que se faz necessário o conhecimento de todos os detalhes do lugar e características dos personagens da historia, detalhes que muitas vezes não vem escrito na história mas, que o contador deve usar sua imaginação para cria-los e senti-los.

• Voz – é um elemento dramático e essencial; é o instrumento de trabalho do contador. Por isso deve observar o seguinte:

1. Altura – muito bem calculada para caracterizar os personagens.

2. Volume – é a variação entre forte e fraco, mostrando as emoções dos personagens.

3. Ritmo – é a variação de velocidade.

4. Pausa – é o silêncio no meio da fala, para dar o clima de suspense ou também para dar um tempo para que os ouvintes entendam o que foi narrado ate então, mas não pode comprometer o significado das frases.

5. Pronúncia - Procurar narrar com clareza e usar palavras de fácil compreensão para o público ouvinte.

Atividades podem ser desenvolvidas a partir da história:

• Dramatização: após o término da história, reúna as crianças para juntos encenarem o que acabaram de ouvir. • Trabalhos manuais: Recortes, dobraduras, colagem, pintura, atividades manuais que lembrem o que foi contado. • Brincadeiras, jogos e atividades que complementem o ensino passado.

☺SUGESTÕES DE ALGUNS VÍDEOS COM EXERCÍCIOS PARA O CONTADOR E OUTROS ESCLARECIMENTOS, MAS HÁ UM VASTO MATERIAL A SER DESVENDADO PARA QUEM QUISER SE APROFUNDAR NA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS:

http://www.youtube.com/watch?v=1h1VBxPDcus&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=gekljpfvvoU&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=tl5v1fQwJ9w&feature=relmfu

http://www.youtube.com/watch?v=qWmnudsljYk&feature=relmfu

http://www.youtube.com/watch?v=DgWl_WedNGg

http://www.youtube.com/watch?v=0eQ4qVAoDS8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=R9SbY6kxcBc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DYf8OmWOOQs&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=qxYAflXHD5M&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=X3pLj_d0WPg&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=WHTr7SDAqbA&feature=related

OUTROS:

http://www.youtube.com/watch?v=5T3oXc7guIM&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=0ztl5geWp8c&feature=related

POSSIBILIDADES DE RECURSOS:

http://www.youtube.com/watch?v=oeZwjzt5adw&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=xfv4U0V2PCk&NR=1

DICAS DE LIVROS:

BRUNO BETTELHEIM - A psicanálise dos contos de fadas.

DIANA L. CORSO e MARIO CORSO - Fadas no Divã.

INNO SORSY, GISLAYNE A. MATOS - O ofício do contador de histórias. (Martins Fontes)

REGINA MACHADO,- Acordais- Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias.

GISLAYNE A. MATOS - A palavra do contador de histórias. (Martins Fontes)

CELSO SISTO - Textos e Pretextos sobre a arte de contar histórias.

CLARISSA P. ESTÉS - Mulheres que correm com os lobos.

TATIANA BELINKY - Os Contos de Grimm.

CLARISSA P. ESTÉS - Contos dos Irmãos Grimm.

GILKA GIRARDELLO, (org.) - Baús e chaves da narração de histórias.

'O poder do mito' é o fruto de uma série de conversas mantidas entre Joseph Campbell.

DICAS DE FILMES – IMPERDÍVEIS (Muitas coisas vamos entender sobre o que já foi dito nessas dicas após assistirmos a esses filmes):

▪ Em busca da Terra do Nunca (Finding Neverland).

▪ Peixe Grande (Big Fish).

CUIDADOS E HIGIENE VOCAL: DICAS IMPORTANTÍSSIMAS!!

a ) Hidratação : beber pelo menos 2 litros de água por dia , e ter disponível durante o uso intenso da voz ( aulas, palestras e contação de Histórias);b) Ambiente saudáveis : livres de poeiras, ácaros, fungos;  evitar o ar refrigerado ( inclusive resseca o corpo de uma maneira geral);c) Evitar choques térmicos : entrar  e sair de ambiente aquecidos para frios e vice versa; ingerir liquidos gelados;d) Fumo , álcool  café , mate, coca-cola ( bebidas "escuras");e) Pigarro , tosse intensa ou encadeada: evitar , pois não "limpam " a garganta, apenas irritam e provocam o atrito intenso entre as pregas vocais, prejudicando-as;f) Quando em estados alégicos ou gripais  - evitar e fazer repouso vocal:g) Evitar a "competição sonora";h) Evitar alimentos gordurosos ou condimentados quando for usá-la por mais tempo ( palestra, apresentação etc);i) evitar sobrecarregar o uso vocal em períodos de alterações hormonais ( menstruação);j) NÃO USAR pastilhas, balas e sprays- hortelão ou gengibre : "anestesiam" criando uma falsa sensação de melhora e levando à um uso abusivo da voz;k) quando rouco, ou com algum processo inflamatório ou alérgico sussurrar - é um esfoço vocal mascarado;l ) SEMPRE FAZER : aquecimento vocal e relaxamento( bocejos,bochechos e gargarejos), exercícios respiratórios; m ) incluir no cardápio regular , caso a VOZ seja seu instrumento de trabalho : maçã e salsão ( pois são adstringentes, "limpam" as pregas do muco que se forma); n) cuidar de postura corporal ao falar;o) EVITAR :stress-agitação/tensão;p) Ter um  ritmo de vida equilibrado.q) problemas vocais que perdurarem mais que 15 dias : procurar o Médico !!! 

O que faz bem e o que faz mal para a VOZ

Os alimentos podem ser grandes aliados da voz. Alguns atuam praticamente como medicamentos naturais, que podem melhorar a qualidade vocal. Mas fique atento! Existem alguns que podem ser prejudiciais.  Estes alimentos, em geral, não precisam ser suspensos da sua dieta. Devem apenas ser evitados durante o uso profissional da voz, antes de uma palestra ou aula por exemplo.

     Pessoas alérgicas e mais suscetíveis à problemas de voz devem procurar seguir estas orientações independente do uso profissional da voz.

    

O que faz bem:

- Maçã: sua ação adistringente deixa a saliva mais fina. Além disso, devido à sua consistência, sua mastigação exercita e relaxa a musculatura orofacial, melhorando a articulação dos fonemas durante a fala. Atua também na higiene da cavidade oral e trato vocal, pois contém uma substância chamada pectina. Faria, Camisa e Guimarães (2007) recomendam antes do uso intensivo da voz ou quando estiver com pigarro. O salsão tembém é adstringente , e  ótimo !

- Água: a primeira e mais importante de todas as orientações quanto à saúde vocal é sempre a hidratação! Nada ajuda mais à manter a boa qualidade vocal. deve ser ingerida para evitar o ressecamento, em caso de ambientes com ar condicionado e quando estiver falando muito. Ajuda também a dimunuir acessos de tosse.

- Mel e própolis: tem eficiente ação antibacteriana. Em alguns casos, porém seu uso tende a deixar a saliva mais viscosa. Por isso, seu uso não é recomendado antes do uso prolongado da voz. Deixe seu consumo para momentos mais expecíficos, como em casos de tosse ou rouquidão.

    

O que faz mal:

- Leite e derivados: como contém gordura, podem deixar a saliva engrossada. Esta saliva mais grossa cai na região do tracto vocal e torna a articulação das palavras mais difícil.

- Chocolate, café e chá preto: tendem a desidratar o organismo, aumentando a acidez estomacal, o que pode causar refluxo gastroesofágico. Este refluxo, pode prejudicar a movimentação adequada do diafragma (músculo da respiração) durante a fonação.

- Refrigerante: seu gás também atua negativamente sobre o diafragma, além de dificultar a digestão.

- Alimentos muito condimentados: dificultam a digestam e portanto, a movimentação livre do diafragma.

- Balas e pastilhas: causam um efeito anestésico nas pregas vocais, além de aumentar a quantidade e a viscosidade da saliva. Evite sempre seu uso. Utilize apenas com receita médica.

- Alcool: seu efeito anestésico mascara um possível abuso vocal. O álcool irrita e agride toda a região do trato vocal.

Muito perigosos....

Fumo: É altamente prejudicial para o trato vocal, pois, o calor da fumaça agride todo o sistema respiratório, trato vocal e pregas vocais. Ocasiona irritação de todo o trato vocal e edema em pregas vocais, facilitando o surgimento de pigarro e tosse decorrentes do aumento da secreção. Além disto, o cigarro é considerado uma das maiores causas da câncer de pulmão e de laringe.

Álcool: Sua ingestão resulta em irritação de todo o trato vocal. Causa uma redução das defesas do organismo, decorrentes da ação de imunodepressão. Aparentemente, a ingestão de uma pequena dose de álcool parece provocar uma "melhora" na qualidade vocal. Isto se deve a uma liberação do controle cortical, associada à anestesia da região faríngea. Tal anestesia, na realidade, resulta em redução da sensibilidade, permitindo que vários abusos vocais sejam cometidos sem serem percebidos. Os destilados são piores para a saúde vocal do que as bebidas fermentadas, mas seus efeitos dependem mesmo é da quantidade que será ingerida.

Maconha: É extremamente irritante para a mucosa do trato vocal. Geralmente, a droga é consumida enrolada em papéis muito tóxicos, sem filtro e costuma-se tragá-la com muita força. Segundo Andrada e Silva, esta maneira de fumar faz com que, através da pressão negativa criada em decorrência da erva estar muito comprimida, se crie uma enorme elevação da temperatura do trato vocal; a fumaça entra muito aquecida na região laríngea, e muitas vezes, as pessoas retém a fumaça na garganta. Esta maneira de fumar, associadas à alterações de ordem neurológicas e cardiovasculares, pode produzir: estado de sonolência, hipoglicemia reativa, imprecisão articulatória, alterações no ritmo e na fluência da fala, extrema secura do trato vocal, aumento de pigarro e voz agravada e pastosa.

Cocaína: Seu pó quando aspirado, lesiona qualquer região do trato vocal. Pode causar perfurações no septo nasal e ulcerações na região da mucosa das pregas vocais. Além disto, provoca alterações neurológicas e vasculares como: taquicardia, enrijecimento da musculatura que envolve a articulação temporomandibular, ritmo de fala acelerado, imprecisão articulatória, ataque vocal brusco, voz aguda e hipernasal.

Sprays e pastilhas: Sua utilização sem prescrição médica pode ter efeito semelhante ao álcool. Podem portanto, irritar o trato vocal e causar efeito analgésico, "mascarando" a dor na garganta. A qualidade e viscosidade da saliva também é alterada.

Automedicação: Os pacientes disfônicos, em sua grande maioria, tem o mau hábito de se automedicar. Todos conhecem sempre um "bom medicamento" ou uma "boa receita caseira". Quase sempre estes medicamentos causam alterações no trato vocal, portanto, devemos evitar medicamentos que não foram prescritos por um médico otorrinolaringologista.

Saúde Vocal :

Os cuidados com a voz vem sendo chamados de higiene vocal pela maioria dos médicos e fonoaudiólogos. Ao ler um texto da fonoaudióloga Marta Andrada e Silva passei a adotar assim como ela, o termo "saúde vocal". A autora refere que o termo "higiene" tende a inibir e constranger os pacientes, pois, tal denominação causa ao paciente a inpressão de que suas pregas vocais estariam "sujas", não cuidadas, não "limpas". Esta idéia de falta de higiene é algo extremamente inibidor. Para Andrada e Silva, as orientações quanto à saúde vocal são decisivas para o sucesso da terapia, pois tendem à conscientizar o paciente sobre a importância de se preservar e valorizar a adequada produção da voz, evitando assim prejuízos ao trato vocal.

     As autoras Behlau & Pontes definem a saúde vocal da seguinte forma: "Algumas normas básicas que auxiliam a preservação da saúde vocal, prevenindo o aparecimento de alterações e doenças. Tais normas devem ser seguidas por todos, particularmente por aqueles que se utilizam mais da voz profissionalmente ou que apresentam tendência a alterações vocais."

     Veja a seguir algumas das principais orientações:

Beber de 7 a 8 copos de água por dia, em temperatura ambiente: Uma hidratação adequada permite uma boa flexibilidade e vibração das cordas vocais, evitando o ressecar a laringe.

Evitar ambientes com ar condicionado: O ar condicionado resseca a mucosa do trato vocal. Recomenda-se a ingestão de muita água.

Mudanças bruscas de temperatura: Causam uma mudança momentânea que diminui os mecanismos de defesa do organismo, podendo levar a problemas inflamatórios.

Não gritar: No grito ocorre uma verdadeira “trombada” entre as cordas vocais, pois a velocidade da passagem do ar pode chegar a 80 km por hora na região do trato vocal.

Não Tossir: Na tosse as cordas vocais batem com força uma contra a outra.

Não pigarrear: No pigarro o movimento é de “raspar” uma prega sobre a outra.

Não praticar exercícios físicos falando: Durante o exercício físico há uma maior tensão na região do pescoço e ombros, aumentando o atrito das cordas vocais.

Não fumar: O fumo é altamente prejudicial para o trato vocal. A fumaça quente agride o sistema respiratório, trato vocal e principalmente as cordas vocais. Esta agressão pode levar a irritação, pigarro, tosse e aumento da secreção.

Evitar bebidas alcoólicas: Além de irritação, causa anestesia da região da faringe. Esta anestesia reduz a sensibilidade, permitindo que vários abusos vocais sejam cometidos sem serem percebidos.

Evitar alimentos muito condimentados, derivados do leite e refrigerantes: Os alimentos condimentados dificultam a digestão e prejudicam a movimentação livre do diafragma (músculo da respiração). A refeição antes do uso profissinal da voz deve ser tranquila, os alimentos bem mastigados irão propiciar um relaxamento da musculatura e da mandíbula. O refrigerante, por conter gases também prejudica a movimentação do diafragma. Os derivados do leite são prejudiciais porque aumentam e engrossam a saliva, dificultando a articulação.

Evitar pastilhas, balas e sprays: Tem efeito semelhante ao álcool, causando uma falsa sensação de alívio. Recomenda-se o uso de produtos naturais como mel e própolis. É melhor usar somente em casos de extrema necessidade e sob prescrição médica.

Respeite suas horas de sono: Uma boa noite de sono resulta numa voz descansada e livre de tensão.

Use roupas confortáveis: Roupas que apertam a região do pescoço e do abdomem atrapalham a movimentação do diafragma causando sobrecarga vocal.

Evite sapatos de salto alto: O salto muito alto altera a postura corporal, necessária para uma respiração adequada e uma fala livre de tensão.Além de provocar deformidades nos dedos e nos pés ( joenetes, entre outras !)

Lembre-se : Falar ou cantar demasiada e abusivamente causa sobrecarga vocal!

A Boa VOZ e a Bela VOZ

Uma boa voz é antes de tudo uma voz flexível, bem adaptada, que funciona livremente e com durabilidade, considerando sua fisiologia e seus limites naturais explorados ao máximo ao serem desenvolvidos. Uma boa voz responde a certos critérios mensuráveis, determinados por comparação com as performances médias de sua população sem classificação prévia. Esses resultados correspondem mais ou menos às normas que servem de referência para julgar as performances de determinada voz. O que muitos não sabem, é que existe uma diferença clara entre uma bela voz e uma boa voz. Uma voz bela pode não ser boa, uma boa voz não é necessariamente bela.

     A voz bela segue crtérios subjetivos de gosto pessoal, cultural, de gênero e de época. A voz baseia-se sobre índices objetivos e objetiváveis como, por exemplo, a flexibilidade. Uma voz flexível é uma voz capaz de responder a múltiplas demandas soc