diário do festival - 2010

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Gramado, sábado, 7 de agosto de 2010 Jornal oficial do 38 o Festival de Cinema de Gramado l Ano 5 l N o 17 l Distribuição gratuita Foto Mauricio Mussi / PressPhoto Bróder! abre as portas de Gramado Tudo que vai acontecer durante o festival Página central Os homenageados da 38 a edição Páginas 8 e 10 José Carlos Avellar destaca filmes fora de competição Página 4 ENTREVISTA PROGRAMAÇÃO RECONHECIMENTO

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Jornal oficial do 38º Festival de Cinema de Gramado

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Page 1: Diário do festival - 2010

Gramado, sábado, 7 de agosto de 2010 Jornal oficial do 38o Festival de Cinema de Gramado l Ano 5 l No 17 l Distribuição gratuitaFoto Mauricio Mussi / PressPhoto

Bróder! abre as portas de Gramado

Tudo que vai acontecer durante o festival

Página central

Os homenageados da 38a edição

Páginas 8 e 10

José Carlos Avellar destaca filmes fora de competição

Página 4

ENTREVISTA PROGRAMAÇÃO RECONHECIMENTO

Page 2: Diário do festival - 2010

No final da tarde desta sexta-feira, 6, a Rua Coberta foi palco da solenida-

de de abertura do Festival de Cinema de Gramado. Sob o frio rigoroso típico desta época do ano na serra gaúcha, o evento começou às 17h30, com um pequeno atraso de 30 mi-nutos, e transcorreu por apro-ximadamente uma hora. A Orquestra da Unisinos encan-tou o público presente com trilhas sonoras de filmes na-cionais e estrangeiros.

O entorno do tapete verme-lho não chegou ficar lotado, uma vez que a movimentação de pessoas na cidade só au-menta na noite de sexta e no decorrer do final de semana. Outro fator que parece não ter agradado aos moradores e visi-tantes foi o alto valor da con-sumação cobrada pelos bares e restaurantes da badalada rua gramadense, entre R$ 100 e R$ 200 por mesa.

Antes da apresentação mu-sical, as autoridades de Gra-mado fizeram discursos para celebrar a 38ª edição do even-to. Participaram da cerimônia o presidente do festival, Ale-mir Coletto, o secretário de Cultura do RS, César Prestes, representando a governadora Yeda Crusius, o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, o se-

cretário municipal do Turis-mo, Gilberto Tomasini, e o vi-ce-prefeito Luia Barbacovi.

Entre os artistas que mar-caram presença, destacam-se o ator Paulo César Pereio, que será homenageado com o Tro-féu Oscarito deste ano, Leo-nardo Machado, designado para ser o apresentador desta edição, e as atrizes conhecidas dos palcos gaúchos, Sandra

Dani e Araci Esteves, entre outros. Também estiveram presentes os representantes de todos os patrocinadores do festival: Oi, Petrobras, Stella Artois, Kia Motors, Banrisul e Correios.

O filme exibido na noite de abertura, no Palácio do Festivais, foi Bróder!, de Jefer-son De, que compete na mos-tra de longas nacionais. Na

sequência, teve sessão de En-quanto a Noite Não Chega, de Beto Souza, que também inte-gra a mostra competitiva. Neste sábado, 7, serão realiza-das as exibições dos filmes in-tegrantes da mostra panorâ-mica, e das mostras e ativida-des paralelas promovidas na Expogramado e no Centro Municipal de Cultura. À noi-te, haverá sessões de mais dois filmes em concorrentes aos Kikitos: o uruguaio de Ojos Bien Abiertos: Un Viaje por la Sudámerica de Hoy, de Gonza-lo Arijon, e180º, do diretor ca-rioca Eduardo Vaisman.

Este ano, o evento tem acréscimo de dois dias e maior oferta de filmes disponíveis. A programação se estenderá até o dia 14, sábado, quando serão entregues os Kikitos para os vencedores. O encerramento fi-cará a cargo de Ex-Isto, de Cao Guimarães, e terá ainda a exi-bição especial de 5 x Favela: Agora por Nós Mesmos, de Cacá Diegues. Serão sete concorren-tes nas mostras competitivas de longas nacionais, sete na de longas estrangeiros, 16 curtas na competição nacional e 12 na mostra gaúcha. Assim como nas quatro últimas edições, a curadoria dos filmes permane-ce nas mãos do crítico de cine-ma José Carlos Avellar e do ci-neasta Sérgio Sanz.

A festa do cinema já começou

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hoto

Gra ma do, 7 de agosto de 20102 Diá rio do Fes ti val

Presidente Alemir Coletto deu as boas-vindas à 38ª edição do festival

Orquestra da Unisinos se apresentou na abertura do evento

Di re ção Ge ral

Flá vio Di fi ni Lei te

fla [email protected]

Av. Ta qua ra, 98 conj. 504

Fo ne/fax (51) 3024-0677

Por to Ale gre - RS

CEP 90460-210

www.novapauta.com.br

Co mer cia li za ção

Ge ren te Co mer cialAl ber to Mi ran da

co mer [email protected]

Pa ra anun ciar li gue

(51) 3024-0337

(51) 9246-0703

Os ar ti gos as si na dos não

re pre sen tam ne ces sa ria men te

a opi nião do jor nal e são de

res pon sa bi li da de dos autores.

Ano 5, no 17 – 7/8/2010

Jor nal oficial do 38º Festival de Cinema de Gramado

Distribuição gratuita

Pu blis herFlá vio Di fi ni Lei te

Edi torGus ta vo Fa raon

gus ta [email protected]

Re por ta gemKa tia na Ri bei roLuciana ThoméVicente Fonseca

Pla ne ja men to grá fi coKras kin Co mu ni ca ção

Dia gra ma çãoVinícius Kraskin

Taciana Pessetto

Im pres sãoPio nei ro – Gru po RBS

Page 3: Diário do festival - 2010

Um dos mais presti-giados eventos cul-turais do país, o Festival de Cinema

de Gramado foi criado a partir das mostras promovidas du-rante a Festa das Hortênsias, entre 1969 e 1971. O lança-mento da primeira edição, re-alizada de 10 a 14 de janeiro de 1973, apontou Toda Nudez Será Castigada, de Arnaldo Ja-bor, como melhor filme da mostra competitiva, que tam-bém deu a Darlene Glória o título de melhor atriz. Desde então, o festival alterou para sempre a rotina e o perfil de uma outrora pequena e bucó-lica cidade da serra gaúcha. Nas últimas três décadas, Gra-mado vem exibindo o melhor da produção cinematográfica nacional em meio ao glamour do tapete vermelho que leva ao Palácio dos Festivais.

Inicialmente, o evento ocor-ria no verão, depois no outono e, a partir dos anos 1990, no mês de agosto. Sua origem coincide com o período da di-tadura do governo Médici. O jornalista e crítico de cinema Hiron Goidanich, conhecido como Goida, lembra que o Fes-tival de Gramado driblou a fal-ta de liberdade de expressão da época. “Era um espaço para de-bates e polêmicas, com exibi-ção de filmes censurados, como Iracema: Uma Transa Amazôni-ca”. O longa-metragem de 1976, de Jorge Bodanzky e Or-lando Senna, ficou proibido durante seis anos porque mos-trava os problemas que a cons-trução da rodovia Transamazô-nica traria para a região: des-matamento, queimadas, traba-lho escravo, prostituição infan-til. Até mesmo o Festival de Brasília foi interrompido por intervenção da ditadura militar entre 1972 e 1974. Gramado surgiu nesse vácuo e se caracte-rizou como um festival aberto e democrático.

Com o aprimoramento das discussões sobre arte e cultura, o evento conquistou o título de um dos maiores do gênero no Brasil durante os anos 1980, status que mantém até os dias de hoje. Em 1992, frente às di-ficuldades da indústria cine-matográfica brasileira, passou a dialogar com os vizinhos his-

pano-americanos. Foi realiza-da a primeira edição interna-cional, passando a se chamar Festival de Gramado – Cine-ma Iberoamericano. Retornou ao seu nome original em 2007, porém seguindo com mostras competitivas de cinema brasi-leiro e estrangeiro, já que é permitida a participação de produções que não somente de países latinos.

Ao longo da história do festival, centenas de longas e

curtas foram levadas ao pú-blico, contribuindo para a di-vulgação, discussão, crítica e incentivo à criação cinemato-gráfica nacional e do exterior. Diretores, roteiristas, atores, atrizes, entre outros profissio-nais da sétima arte, tiveram seu trabalho reconhecido com os Kikitos dourados, além de homenagens especiais com os troféus Oscarito e Eduardo Abelin, e o Kikito de Cristal. Vai Trabalhar, Vagabundo (Hu-

go Carvana, 1973), Pra Frente, Brasil (Roberto Farias, 1982), Ilha das Flores (Jorge Furtado, 1989), E no Meio Passa um Trem (Fernando Meirelles e Nando Olival, 1998) são algu-mas das obras que se consa-graram na grande festa do ci-nema. Paralelo à premiação, o desfile de celebridades televi-sivas no tapete vermelho é uma constante em Gramado, sempre atraindo muita aten-ção dos visitantes da cidade.

3Gra ma do, 7 de agos to de 2010 Diá rio do Fes ti val

HISTÓRIA

38 anos dedicados à sétima arte

Silvia Zorzanello e Osmar Meletti, em 1973, apresentando o 1º Festival de Cinema de Gramado

O Kikito, estatueta símbolo e prêmio do Festival de Gramado, foi criado pela artista Elisabeth Rosenfeld por volta de 1966. Antes de ser "adotado" pelo Festival, o Kikito tornou-se símbolo da cidade de Gramado. No final de 1970, o então presidente do Instituto Nacional do Cinema (INC), Ricardo Cravo Albim, sugeriu que a estatueta fosse utilizada como troféu máximo de festivais de cinema. Como troféu do evento, o Kikito mede 33cm de altura e foi confeccionado em madeira de imbuia até o ano de 1989. A partir de 1990, passou a ser feito de bronze. A estatueta risonha é conhecida como o símbolo do bom humor. Desde a sua criação, o Kikito tem sido confeccionado pelo escultor Orival da Silva Marques, o "Xixo", que trabalhava com Elisabeth Rosenfeld nos primeiros anos do festival. Elisabeth morreu em 24 de janeiro de 1980.

O bom humor do Kikito

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Page 4: Diário do festival - 2010

Pelo quinto ano con-secutivo na curado-ria ao lado do cineas-ta Sérgio Sanz, o crí-

tico de cinema José Carlos Avellar é um dos responsáveis pelo desenvolvimento recente do Festival de Gramado. Nesta entrevista, ele fala sobre o au-mento do número de dias do evento, a expansão das mos-tras paralelas e os diálogos que ocorrem entre o cinema de fic-ção e documental que compe-tem nas mesmas categorias.

Quais as principais as novi-dades do festival deste ano em relação ao ano passado que me-recem destaque?

O que a gente está apresen-tando esse ano como uma coisa que não existia ano passado é a criação de um prêmio para os filmes exibidos na mostra pa-norâmica que nós fazemos na parte da tarde. Esses filmes vão receber um prêmio dado por um júri de estudantes de cine-ma. É um deslocamento para uma sessão do festival que reú-ne filmes que são tão significa-tivos quanto os que estão na competição, mas que não esta-vam conseguindo uma visibili-dade maior porque as pessoas costumam ver um festival co-mo uma espécie de campeona-to de filmes.

Desde que você e o Sérgio Sanz entraram na curadoria, têm se preocupado em aumen-tar as mostras paralelas...

Claro, um festival não deve ser feito apenas para privilegiar o filme que sai vencedor da competição. Esse filme recebe um destaque, mas é preciso que todos os filmes que estejam dentro do programa recebam também um destaque, uma apresentação, alguma coisa que possa chamar a atenção para eles, porque o que acontece num festival é que os filmes in-teragem. Um deles estimula, explica, discute com o outro.

No ano passado, quando ventilada a possibilidade de mais dias para o festival, você falou que não se aumenta festi-val com mais dias, mas com mais salas.

Evidente. Existe um projeto da cidade de construir um con-

junto de salas ao lado do cinema já existente, de modo que você possa ter uma programação mais intensa. Não é o nosso pa-pel, mas em reuniões, quando nós estamos com a decisão dos títulos que vão ser selecionados, essa questão retorna porque nós temos poucas salas. Nós temos uma sala e alguns cinemas de complemento. Na verdade, um festival deveria oferecer ao lado dessa programação que nós ofe-recemos a possibilidade de que um produtor levasse os seus fil-mes e estabelecesse ali um mer-cado ou um show prévio. Por exemplo, nós procuramos sele-cionar para o festival um cine-ma autoral. Mas existem produ-ções de características das mais variadas, e é possível que o fil-me não-autoral possa ser apre-sentado num mercado, num es-

paço paralelo, numa mostra dentro do programa geral do festival, mesmo que seja para o público especializado. Essas coi-sas eu acho que o complemen-tariam. Me parece que o au-mento que se fez dos dias do festival não é uma coisa negati-va. Eu acho que se chegou a uma medida bem razoável. Eu tenho a impressão que o festival estava desperdiçando um dos momentos que em geral é onde as pessoas correm para ver fil-me, que é o fim de semana.

Os documentários continu-am sendo a maioria dos filmes inscritos?

Continuam. A gente encon-tra em toda América Latina e em boa parte da Europa um crescimento considerável da produção filmes documentários.

De documentários dirigidos a salas de cinema, não à televisão. E é uma impressão pessoal mi-nha que o documentário está sendo muito praticado como um espaço de criação mais livre do que os modelos de ficção já conhecidos. Eu acho que a fic-ção está buscando outras formas de composição cinematográfica e que pra isso o documentário se mostra um exemplo impor-tante, significativo, estimulante, que chama atenção para como se pode inventar novas fórmulas de ficção. E isso eu vejo na Ar-gentina, no México, na Colôm-bia, no Peru, na Venezuela e no Paraguai, que estão produzindo muitos filmes documentários.

Seria o caso de separar os documentários dos filmes de fic-ção na mostra competitiva?

Creio que não. Essa é uma questão que nós discutimos muito. Houve um momento em que chegamos a pensar na colocação de todos os docu-mentários em uma competição separada dos filmes de ficção. Eu tenho a impressão de que hoje em dia, com um certo es-fumaçamento da fronteira en-tre documentário e ficção, você precisa colocar os dois juntos. Vários dos documentários que nós vamos apresentar têm in-seridos dentro dele elementos de ficção e vice-versa. E tenho impressão de que a colocação de um ao lado do outro ajuda. Eu acho que há efetivamente um diálogo entre os dois gêne-ros. Creio que eles estão reci-procamente se estimulando. Um ajuda o outro. Eu acho que, no momento, a contribui-ção do documentário para a ficção é mais forte, mas isso não é duradouro.

O Troféu Eduardo Abelin para a Ana Carolina Soares de certa maneira representa uma homenagem para todas as mu-lheres cineastas que vêm se des-tacando no Brasil?

Eu acho que a Ana Carolina começou antes delas. Não é que tenha sido apenas ela a fazer filmes ou que tenha sido a pri-meira a fazer filmes, mas na história do cinema brasileiro foi uma diretora que impôs um estilo muito pessoal. O cinema da Ana Carolina joga todo tem-po entre imagens visuais e ima-gens verbais, nos títulos, nos diálogos. Ela joga muito com uma fala poética que não é ne-cessariamente uma fala colo-quial. O último filme dela foi sobre um poeta, não esqueça-mos, sobre Gregório de Mattos. Basta lembrar os títulos. Mar de Rosas. Sonho de Valsa. Das Tripas Coração. São todas ima-gens verbais muito fortes per-tencentes ao dia-a-dia do brasi-leiro. Acho que o prêmio dela se justifica especialmente pela tenacidade na invenção de um estilo próprio feminino, mas ci-nematográfico. Não era só do ponto de vista feminista. Era principalmente por uma mu-lher se afirmando com um esti-lo próprio, individual, muito sensível, numa atividade domi-nantemente masculina.

Gra ma do, 7 de agosto de 2010

ENTREVISTA4 Diá rio do Fes ti val

Por um festival além da competição de filmes

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Para o curador José Carlos Avellar, filmes da mostra paralela também merecem atenção especial por parte do público

Page 5: Diário do festival - 2010
Page 6: Diário do festival - 2010

7/8 – SÁBADO

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorMostra Panorâmica� 14h – Dois Irmãos, de Daniel Burman – LM Argentina – 105’ � 17h – Quebradeiras, de Evaldo Mocarzel – LM Brasil – 71’Mostra Competitiva� 19h - Ojos Bien Abiertos: Un Viaje por la Sudámerica de Hoy, de Gonzalo Arijon – LM Uruguai – 110’ � 20h45 – Homenagem a APTC/ABD-RS e Fórum dos Festivais� 21h – 180º, de Eduardo Vaisman – LM Brasil – 85’ � 23h – 5X Favela: Agora Por Nós Mesmos, de Manaíra Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcelos, Luciana Bezerra – LM Brasil – 103’

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição � 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Fórum de Políticas Culturais

8/8 – DOMINGO

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anterior� 14h – A Casa Errada, de Maciel Brum – CM – 25’Mostra Panorâmica� 14h30 – Elvis e Madona, de

Marcelo Laffitte – LM Brasil – 105’ Sessão Especial� 17h – Chantal Akerman de Cá, de Gustavo Beck e Leonardo Luiz Ferreira – LM Brasil – 61’ Mostra Competitiva � 19h – La Vieja de Atrás, de Pablo Meza – LM Argentina – 112’ � 20h45 – Homenagem à Silvia Zorzanello� 21h – O Último Romance de Balzac, de Geraldo Sarno – LM Brasil – 74’

Centro de Eventos - Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição � 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 15h – Apresentação do projeto de preservação da Revista Filme Cultura/ Debate com Gustavo Dahl e críticos de cinema

9/8 – SEGUNDA-FEIRA

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorRevelando os Brasis� 14h - A Dois Passos do Paraíso, de Alan Russel – 15’Mostra Panorâmica� 14h15min – Os Inquilinos, de Sergio Bianchi – LM Brasil – 103’Mostra Competitiva � 17h – Um Lance do Acaso, de Beatriz Taunay – CM – 10’ Pinball, de Ruy Veridiano – CM – 15’ Ninjas, de Dennison Ramalho – CM – 23’A Minha Alma é Irmã de Deus, de

Luci Alcântara – CM – 18’ Mostra Competitiva � 19h – Mi Vida Con Carlos, de German Berger – LM Chile – 83’ � 20h45 – Homenagem à Revista do Cinema Brasileiro e Cinédia� 21h – Não Se Pode Viver Sem Amor, de Jorge Duran – LM Brasil – 102’

Centro de Eventos - Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 13h30 – Encontro de Secretários Municipais de Cultura: Nova Lei da LIC e sua importância – Coord. Da LIC, Fábio Rosenfeldt/ Modelagem de projeto – Rafael Bali� 16h – Cinema, Crítica e Novas Tecnologias – Presidente da ACCIRS – Roger Lerina

Cinema nos Bairros� 19h30 – Altos da Viação Férrea: Divã – 93’ � 19h30 – Vila do Sol: A Guerra dos Rocha – 77’� 19h30 – Casagrande: O Coração às Vezes Para de Bater – 14’ e Antes que o Mundo Acabe - 97’

Centro Municipal de Cultura� 9h – Mostra Especial: Hochtijd: Um Casamento Pomerano – 40'� 14h30 – Mostra Infantil: Xuxa em o Mistério da Feiurinha – 75'� 20h – Sessão Especial: Bezerra de Menezes – 75'

10/8 – TERÇA-FEIRA

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorRevelando os Brasis� 14h – Ibiri: Tua Boca Fala Por Nós, de Nilma Teixeira Accioli – CM – 15’Mostra Panorâmica� 14h15min – A Última Estrada da Praia, de Fabiano Souza – LM Brasil – 93’Mostra Competitiva� 17h – Amigos Bizarros de Ricardinho, de Augusto Canani – CM – 20’Pimenta, de Eduardo Mattos – CM – 13’Carreto, de Cláudio Marques e Marília Hughes – CM – 12’Vento, de Marcio Salem – CM – 20’ � 18h45min – Homenagem a Péricles Gomide e Natalino Tomasi� 19h – Historia de un Dia, de Rosana Matecki – LM Venezuela – 89’� 20h45 – Troféu Oscarito oferecido pela Oi para Paulo César Pereio� 21h – O Contestado - Restos Mortais, de Sylvio Back - LM Brasil - 155

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 10h – Programação Café e Negócios� 10h30 – Debates filmes de curta-metragem concorrentes� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Seminário Fundos de Financiamento Audiovisual� 14h – Encontro de Negócios� 15h – Oficina de Crítica de Cinema

Cinema nos Bairros� 9h – Várzea Grande (Centro de Cultura): Antes que o Mundo Acabe – 97’� 19h30 – Jardim: Bezerra de Menezes – 75’

Centro Municipal de Cultura� 9h – Mostra Especial: A Guerra dos Rocha – 77'� 14h30 – Mostra Infantil: O Coração às Vezes Para de Bater – 14' e A Casa Verde – 72'� 20h – Sessão Especial: Maridinho de Luxo – 83'

11/8 – QUARTA-FEIRA

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorRevelando os Brasis� 14h – O Paraíso de Maria – 15’Mostra Panorâmica� 14h15 – As Cartas Psicografadas por Chico Xavier, de Cristiana Grumbach – LM Brasil – 105’Mostra Competitiva � 17h – Naiá e A Lua, de Leandro Tadashi – CM – 13’Um Animal Menor, de Pedro Harres e Marcos Contreras – CM – 20’Mar Exílio, de Eduardo Morotó – CM 13’Em Trânsito, de Cavi Borges – CM – 11’� 19h – El Vuelco del Cangrejo, de Oscar Ruiz Navia – LM Colômbia – 95’� 20h45 – Troféu Eduardo Abelin oferecido pela Petrobras para Ana Carolina Teixeira Soares� 21h – Ponto Org, de Patricia Moran – LM Brasil – 80’

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 10h – Programação Café e Negócios� 10h30 – Debates filmes de curta-metragem concorrentes� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Seminário de Apresentação da Proposta do VIII Congresso Brasileiro de Cinema� 14h – Encontro de Negócios� 15h – Oficina de Crítica de Cinema com Ivonete Pinto

Cinema nos Bairros� 9h – Centro: Antes que o Mundo Acabe – 97’� 14h30 – Várzea Grande (Centro de Cultura): As Aventuras de Gui e Estopa – 72’� 19h30 – Várzea Grande: Maridinho de Luxo – 83’� 19h30 – Piratini: A Casa Verde – 72’

Centro Municipal de Cultura� 9h – Mostra Especial: As Melhores Coisas do Mundo – 107’� 14h30 – Mostra Infantil: O Grilo feliz e Os Insetos Gigantes – 82’� 20h – Sessão Especial: É Proibido Fumar – 84’

12/08 – QUINTA-FEIRA

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorRevelando os Brasis� 14h – Talhado, de José Aderivaldo

Silva da Nóbrega – 15’Mostra Panoramica� 14h15 – Terra Deu, Terra Come, de Rodrigo Siqueira – LM Brasil – 88’Mostra Competitiva � 17h – Os Anjos do Meio da Praça, de Alê Camargo & Camila Carrossine – CM – 10’Haruo Ohara, de Rodrigo Grota – CM – 16’Ratão, de Santiago Dellape – CM – 20’Babás, de Consuelo Lins – CM – 20’� 19h – Perpetuum Móbile, de Nicolás Pereda – LM México – 90’� 20h45 – Premiação Mostra Gaúcha – Prêmio Assembléia Legislativa de Cinema� 21h – Diário de uma busca, de Flávia Castro – LM Brasil – 105’

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 10h30 – Debates filmes de curta-metragem concorrentes� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Histórias Curtas Sem Parar – Comemoração 10 anos do Núcleo de Especiais da RBS� 15h – Lançamento de Livros (em frente à secretaria)

Cinema nos Bairros � 14h – Centro (Escola Santos Dumontt): O Grilo feliz e os Insetos gigantes – 82’� 19h30 – Prinstrop: Melhores Coisas do Mundo – 107’� 20h – Várzea Grande (Centro de Cultura): É Proibido Fumar – 84’

Centro Municipal de Cultura� 10h – Mostra Competitiva Gaúcha� 14h – Mostra Competitiva Gaúcha� 20h – Sessão Especial: Divã – 93’

13/08 – SEXTA-FEIRA

Palácio dos Festivais� 10h – Reprise programação competitiva da noite anteriorMostra Panorâmica� 14h – Walachai, de Rejane Zilles – LM Brasil – 84’� 17h – 5 + 5 +, de Rodrigo Lamounier – LM Brasil – 52’Mostra Competitiva � 19h – La Yuma, de Florence Jaugey – LM Nicarágua – 91’ � 20h45 – Troféu Kikito de Cristal oferecido pelo Ambev para Manuel Martinez Carril� 21h – Sessão especial de encerramento: Ex-Isto, de Cao Guimarães – LM Brasil – 86’

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 10h30 – Debates filmes de curta-metragem concorrentes� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Fórum de Políticas Culturais� 14h – Histórias Curtas Sem Parar – Comemoração 10 anos do Núcleo de Especiais da RBS� 15h – Debate – O Curta-metragem na Produção Gaúcha/ Promoção – Curso de Realização Audiovisual da Unisinos

Cinema nos Bairros� 18h – Três Pinheiros: Casa Verde – 72’� 18h – Moura: É Proibido Fumar – 84’� 19h30 – Carniel: Bezerra de Menezes – 75’� 19h30 – Centro (Escola Santos Dumont): Divã – 93’

Centro Municipal de Cultura� 9h – Mostra Especial: Orgulho e Tradição – 51’� 14h30 – Mostra Infantil: As Aventuras de Gui e Estopa – 72’20h – Sessão Especial: Antes que o Mundo Acabe – 97’

14/8 – SÁBADO

Palácio dos Festivais� 21h – Solenidade de Premiação – Entrega dos Kikitos

Centro de Eventos – Expogramado� 10h – Exposição do Burle – área de exposição� 11h30 – Debates filmes de longa-metragem concorrentes� 14h – Projeto Videoteca Petrobras 3ª edição/ Exibição do filme Lula, o Filho do Brasil com legenda oculta� 15h – Projeto Videoteca Petrobras 3ª edição/ Exibição do filme Lula, o Filho do Brasil com legenda com audiodescrição

Cinema nos Bairros� 14h30 – Canela: A Guerra dos Rocha – 77’ � 19h30 – Moreira: Xuxa em o Mistério da Feiurinha – 75’

PROGRAMAÇÃO7Gramado, 7 de agosto de 2010

Tudo que vai acontecer no 38º Festival de Cinema de Gramado

VENDA E INFORMAÇÕES SOBRE OS INGRESSOSA compra dos ingressos pode ser

efetuada diretamente no Palácio dos

Festivais. O telefone é (54)

3286.1058, Atendimento diário: das

9h às 19h. Também é possível ad-

quirir pelo site do Festival no link

http://www.festivaldegramado.net/2010/ingressos.php

De sexta-feira (6/8) a terça-feira (10/8), por noite:� Plateia R$ 50� Mezanino R$ 30

Quarta-feira (11/8) e quinta-feira (12/8), por noite:� Plateia R$ 70� Mezanino R$ 50

Sexta-feira (13/8)� Plateia R$ 80� Mezanino R$ 60

Noite de encerramento (sábado, 14/8)� Plateia R$ 100� Mezanino R$ 80

Reprises (por manhã)� De segunda a sexta-feira: R$ 15

O público pode ainda participar do

evento através de programação

gratuita que ocorre no Centro de

Eventos Expogramado e Centro

Municipal de Cultura, além do Ci-

nema nos Bairros.

Os filmes de curta-metragem são

exibidos no Palácio dos Festivais

às 17h com entrada franca.

6 Diá rio do Fes ti val

Historia de un Día Não Se Pode Viver Sem Amor O ContestadoLa Yuma

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Page 7: Diário do festival - 2010

A autoralidade é uma das características marcantes do traba-lho da cineasta Ana

Carolina Teixeira Soares. Paulis-tana, nascida em 1949, ela impri-miu sua marca na filmografia do cinema brasileiro. Na 38ª edição do Festival de Cinema de Gra-mado, ela será homenageada com o Troféu Eduardo Abelin.

Formada em Medicina, e com passagem pela Faculdade de Ciências Sociais, Ana Caro-lina cursou cinema em São Luiz, e iniciou sua carreira, em 1967, como continuísta de Wal-ter Hugo Khouri em As Amoro-sas. No início da década de 1970, firmou-se como docu-mentarista em produções de curta e média-metragem como Guerra do Paraguai e Nelson Pe-reira dos Santos Saúda o Povo e Pede Passagem. Em 1974, fez sua estreia no formato longa-metragem, com Getúlio Vargas. O filme, que utilizou materiais de arquivo e compôs um retra-to do político dos anos 1930 ao

seu suicídio em 1953, projetou seu nome no mercado cinema-tográfico.

Três anos depois, Ana Caro-lina dirigiu Mar de Rosas, sua primeira ficção. O filme foi bem recebido pela crítica e é considerado por muitos sua melhor produção. O longa ini-cia uma trilogia criada pela di-

retora, que é completada por Das Tripas Coração (1982), que lhe rendeu um Kikito de me-lhor direção no festival de 1983, e Sonho de Valsa (1987), filmes marcados pelo olhar crítico da condição feminina e pelo tra-balho com a linguagem.

Nos anos 2000, Ana Caroli-na consolidou sua excelência

na direção de atores. Em Amé-lia, abordou a passagem da atriz francesa Sarah Bernhardt pelo Brasil e seu encontro com três mulheres do campo, evi-denciando um choque de cul-turas. Sua produção mais re-cente, Gregório de Mattos, reali-zada em 2003, misturou cenas inspiradas nos versos do maior

poeta do período colonial no Brasil com imagens que narra-vam trechos de sua biografia. No elenco, destaques para Waly Salomão, Marília Ga-briela e Ruth Escobar.

Radicada no Rio de Janei-ro, a diretora dedica-se, há al-guns anos, à captação e pré-produção de obra sobre um épico da história: a primeira missa realizada no Brasil, em 1500. O longa inspira-se na imagem do quadro do pintor brasileiro Victor Meirelles.

O agraciado com o Kikito de Cristal nesta edição de Gra-mado é o jornalista, crítico e pesquisador uruguaio Manuel Martínez Carril. Nascido em Montevidéu, em 1938, ele foi, durante muitos anos, dirigente da Cinemateca Uruguaia, re-conhecida como uma das mais importantes do mundo e gran-de responsável pela aproxima-ção e divulgação das produ-ções da América do Sul.

Ao longo de 50 anos, as ati-vidades de Carril na área do cinema variaram entre cine-clubista, jornalista, crítico de cinema, pesquisador, progra-mador e diretor da Cinemate-ca Uruguaia. Também foi cria-dor de diversos cursos da cine-mateca, nos quais diversos ci-neastas uruguaios começaram as suas carreiras. Como crítico cinematográfico, escreveu para publicações como os semaná-rios El Sol e Izquierda, e os di-

ários El Popular, Diario de la Mañana e Última Hora.

Durante os festivais da ci-nemateca, Carril sempre des-tacou as produções gaúchas e brasileiras. O acervo da cine-mateca possui filmes realiza-dos desde 1908, reunindo qua-

se a totalidade da memória ci-nematográfica do Uruguai, além de uma videoteca priva-da que tem mais de 15 mil tí-tulos. A instituição também foi responsável pela elaboração de centenas de publicações, com críticas, artigos e ensaios sobre

temas como diretores e escolas de cinema. Exemplo latino de qualidade de programação e organização, a Cinemateca re-cebeu, em 2002, durante o 30º Festival de Cinema de Grama-do, um Kikito Especial em ho-menagem aos 50 anos de sua criação.

A atuação de Carril é reco-nhecida pela comunidade cul-tural na América do Sul e Eu-ropa. Além de participar de congressos e encontros como representante uruguaio, expo-sitor e coordenador, ele atuou como jurado em festivais de ci-nema no Chile, Argentina, Pe-ru, Espanha e Brasil, incluin-do o Festival de Gramado.

Carril já recebeu distinções e prêmios de países como França, Chile, Polônia, Itália e Cuba. No Uruguai, recebeu, em dezembro de 2009, o título de cidadão ilustre da cidade de Montevidéu, concedido pela

Intendência Municipal, e prê-mios pela sua trajetória na área do cinema entregues pela Associação de Críticos de Ci-nema do Uruguai e Prêmio ICAU do Instituto de Cinema e Audiovisual do Uruguai.

Troféu Eduardo Abelin celebra cinema autoral de Ana Carolina

■ 2003 – Gregório de Mattos

■ 2000 – Amélia

■ 1987 – Sonho de Valsa

■ 1982 – Das Tripas Coração

■ 1977 – Mar de Rosas

■ 1974 – Getúlio Vargas

■ 1970 – Nelson Pereira dos

Santos Saúda o Povo e Pede

Passagem (curta-metragem)

■ 1970 – Guerra do Paraguai

(curta-metragem)

■ 1968 – Indústria

Filmografia

■ 1990 – Cavaleiro das Artes e

das Letras (Governo da França)

■ 1992 – Ordem do Mérito –

Medalha Gabriela Mistral (Go-

verno do Chile)

■ 1994 – Reconhecimento ao

trabalho no cinema (Vinã del

Mar, Chile)

■ 2003 – Ordem do Mérito

Cultural (Governo da Polônia)

■ 2006 – Cavaliere, Onorefi-

cenza (Itália)

■ 2007 – Homenagem do Insti-

tuto Cubano de Arte e Indústria

Cinematográfica (ICAIC – Cuba)

■ 2010 – Kikito de Cristal do

Festival de Cinema de Gramado

Distinções recebidas

Reconhecimento ao incentivador do cinema no Uruguai

Cineasta paulistana já recebeu um Kikito de melhor direção em Gramado, em 1983, por Das Tripas Coração

Manuel Martínez Carril foi, por muitos anos, dirigente da Cinemateca Uruguaia

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HOMENAGEM8 Diá rio do Fes ti val

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"O Kikito é horrível, uma bunda na frente e outra atrás, e o Candango eu

dei para uma amiga minha ba-ter no namorado", declarou Paulo César Pereio em entre-vista à Playboy em 2006. Qua-tro anos depois, ele é o escolhi-do pelo Festival de Cinema de Gramado para receber o Tro-féu Oscarito, importante dis-tinção concedida pelo conjun-to da obra de um ator. Os mais apressados poderiam julgar que se trata de um contra-cen-so dos organizadores, ou ainda que seria um paradoxo Pereio aceitar a homenagem e apare-cer na serra gaúcha como a grande estrela do evento. Mas só pode pensar assim que não o conhece.

Paulo César Pereio é, bem da verdade, uma mistura de homem e personagem criado por ele mesmo. Nascido Paulo César de Campos Velho, em 1940, em Alegrete, no interior do Rio Grande do Sul, ganhou o apelido da família e o adotou como sobrenome. Logo cedo, escolheu sair de casa para po-der ser ator, atividade que seu pai considerava “coisa de mu-lherzinha”. Daí em diante, nunca mais se soube como dis-tinguir o intérprete do mito criado em volta dele.

Sua carreira conta com mais de uma centena de parti-cipações em filmes e talvez outra centena em peças de tea-tro, sem contar locuções – é hoje um dos locutores preferi-dos do meio publicitário por conta de sua voz aveludada in-confundível – e outras apari-ções esporádicas em televisão. Enumerar sua filmografia é passar em revista quase tudo que foi produzido pelo cinema brasileiro nas últimas décadas (veja quadro). Foi dirigido por expoentes nacionais da sétima arte como Glauber Rocha, Ar-naldo Jabor, Hugo Carvana, Ruy Guerra e Hector Babenco. Já ganhou dois Kikitos em Gramado e também foi pre-miado outras duas vezes no Festival de Brasília.

De todas as suas manias, que são inúmeras, uma que virou verdadeira marca regis-trada foi o uso incontido de palavrões. Quase não há frase que não seja pontuada, ao fi-nal, por um sonoro “porra”. Mas há outras, muito mais curiosas. Um exemplo: Pereio não carrega com sigo uma carteira (nem pasta, nem bol-sa, nem nada). Também acha um absurdo ter que andar com um documento de identi-dade (afirma ter vivido mais de dez anos sem possuir um). Quando precisa viajar, não le-va nada, apenas um documen-to em um bolso e um cartão de crédito no outro. Afirma que não consegue ter dinhei-ro, e sempre que ganha uma boa grana acaba se livrando dela na primeira oportunida-de, normalmente com prosti-tutas. Mora no centro de São Paulo e deixa a chave do apar-tamento aos cuidados do pes-soal do boteco ao lado do pré-dio. Sua vida é organizada-mente bagunçada. Um turbi-lhão mantido com esmero.

Por esse jeito apaixonado e incontido de ser talvez passe a sua ótima relação com o cine-ma e que nunca conseguiu manter com a televisão. A TV exige disciplina, pontualidade e dedicação que Pereio jamais

esteve disposto a oferecer ao que quer que fosse. Passou por três casamentos, e, no mais co-nhecido deles, esposou uma Cissa Guimarães ainda menor de idade, que lhe daria dois fi-lhos e um recolhimento à pri-

são por falta de pagamento da pensão aos pequenos, anos mais tarde.

O único relacionamento só-lido e duradouro, e que persiste até hoje, é mesmo o de Pereio com os filmes.

� 2009 – É Proibido Fumar� 2008 – Pereio, Eu te Odeio� 2008 – Nossa Vida Não Cabe num Opala� 2007 – O Cheiro do Ralo� 2003 – Harmada� 2003 – O Homem do Ano� 1999 – O Viajante� 1997 – Navalha na Carne� 1996 – Bahia de Todos os Sambas� 1992 – Vagas para Moças de Fino Trato� 1990 – Barrela: Escola de Crimes� 1989 – Dias Melhores Virão� 1986 – Um Filme 100% Brasileiro� 1984 – Noite� 1982 – Rio Babilônia� 1982 – Retrato Falado de uma Mulher sem Pudor� 1982 – Bar Esperança, O Último que Fecha

� 1981 – Iracema, uma Transa Amazônica � 1980 – Eu Te Amo� 1979 – L'uomo della guerra possibile� 1978 – Assim Era a Pornochanchada� 1978 – A Dama do Lotação � 1977 – Chuvas de Verão� 1977 – Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia� 1977 – Se Segura, Malandro� 1977 – Vida Vida � 1976 – As loucuras de um sedutor � 1975 – As Aventuras Amorosas de um Padeiro� 1973 – Vai Trabalhar, Vagabundo� 1973 – Sagarana, o Duelo� 1972 – Toda Nudez Será Castigada� 1967 – Terra em Transe� 1963 – Os Fuzis

A filmografia de Pereio é extensa. Somente no IMDB, há 104 registros de participações do ator em produções audiovisuais, seja como ator ou narrador em filmes e pro-gramas para a televisão. Além disso, ainda foi produtor associado do longa-metragem Barrela: Escola de Crimes (Marco Antonio Cury, 1990) e escreveu o roteiro de A Pe-núltima Donzela (Fernando Amaral, 1969). Confira abaixo um breve resumo:

Troféu Oscarito vai para o ator Paulo César Pereio

FILMOGRAFIA

Pereio, que será homenageado no 38º Festival de Cinema de Gramado, em Eu Te Amo, filme dirigido por Arnaldo Jabor

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O Troféu Oscarito, ba-tizado com esse nome em homenagem ao comedian-te que ajudou a populari-zar o nosso cinema, nos anos 1940/50, foi criado para premiar personalida-des e entidades marcantes para a cinematografia bra-sileira. Institucionalizado em 1990, consagrou na-quele seu primeiro ano Grande Otelo, compa-nheiro de Oscarito em vá-rias comédias de sucesso produzidas pela Atlântida.

Como surgiuEm 1990, durante uma

visita a Brasília, em busca de patrocinadores para o festival daquele ano, Es-dras Rubim, coordenador da mostra, e o prefeito Nelson Dinnebier foram recebidos pelo diretor de marketing do Banco do Brasil, que realizava na época uma campanha do cartão de crédito Ouro-card. Foi então sugerida a criação de um prêmio es-pecial. Como se tratava de algo que não estava previsto no regulamento do festival, um novo artigo teve que ser adicionado, instituindo e oficializando o prêmio. Para reforçar a campanha Ouro, surgiu o Troféu Oscarito, premian-do personalidades e enti-dades marcantes do cine-ma brasileiro.

Texto extraído do livro Gramado: 35 anos de Cine-ma Brasileiro, de 2008.

Troféu Oscarito

Gra ma do, 7 de agosto de 2010

HOMENAGEM10 Diá rio do Fes ti val

CAUSOS DO GOIDA

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EM DESTAQUE

Casaco, touca, luvas e ca-checol. Com a precipitação de neve registrada nos últimos dias em algumas cidades da serra gaúcha e catarinense, os visitantes se preparam para o rigoroso inverno em Grama-do. De acordo com o Clima-tempo, neste sábado, 7, e do-mingo, 8, haverá geada no

início da manhã e sol durante a tarde. A temperatura deve variar entre 7 e 14 graus. No decorrer semana, os dias de sol irão predominar, com pou-cas ocorrências de chuva. As temperaturas podem variar de 7 até 24 graus. Para a insa-tisfação de muitos, não há previsão de neve.

Muito frio, mas sem neve

A realização do 1º Fórum de Política Cultural, nos dias 7 e 13, no prédio da ExpoGrama-do, promete causar burburinho com a presença dos presidenci-áveis Dilma Rousseff (PT) e Jo-sé Serra (PSDB), que já pré-agendaram as datas. Promovido pela Revista Voto em parceria com o Festival de Cinema de Gramado, o evento dará espaço para os candidatos apresenta-rem suas propostas para a cul-

tura brasileira. O principal ob-jetivo do fórum é discutir e bus-car soluções para as demandas das diversas áreas culturais co-mo cinema, teatro, música, au-diovisual. Nomes como o do di-retor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Glauber Pi-va, de Marta Porto, da X Brasil, e do ator Paulo César Pereio (que será homenageado com o Troféu Oscarito), estão entre os participantes convidados.

Além da programação cine-matográfica, a presença das ce-lebridades e as temperaturas baixas, Gramado também é op-ção para quem deseja cair na balada nos próximos dias. En-tre quinta-feira, 12, e domingo, 15, o clima deve esquentar du-rante o Winter Festival, reali-zado anualmente no Serrano Resort Convenções & Spa (Av. das Hortênsias, 1480). A 5ª edi-ção do evento reunirá grandes nomes da cena eletrônica, co-mo o DJ Kevin Yost, dos Esta-

dos Unidos, e os alemães Pho-nique e Solomu. Outra tradi-cional festa é a Queimando O Filme!, promovida em parceria entre a Rádio Ipanema e Beco Produtora. São duas pistas: uma de rock e outra de electro-rock. Está marcada para a noite de encerramento do Festival de Gramado, 14, às 23h, no Vox Music Bar (Av. das Hortências, 4890). Na mesma data, tam-bém acontece a Festa Green Valley, na Expogramado (Av. Borges de Medeiros, 4111).

Gramado Cine Vídeo em carreira soloA partir deste ano, o Gra-

mado Cine Vídeo deixa de ser um evento paralelo e vin-culado ao Festival de Cine-ma e conquista espaço pró-prio no calendário cultural do sul do país. A 18ª edição da mostra de obras audiovi-suais será realizada de 8 a 13 de novembro de 2010. O ob-jetivo é dar mais visibilidade aos produtores universitários e independentes, que muitas vezes ficavam ofuscados com a concorrência do Festival de Cinema. Assim, não haverá mais competição entre os dois eventos, uma vez que as

atividades de ambos ocor-riam paralelamente.

O Gramado Cine Vídeo foi criado em 1993 e, desde então, se consolidou como um dos mais prestigiados eventos do audiovisual brasileiros. A ampla programação inclui mostras competitivas de víde-os nacionais com a entrega do troféu Galgo Alado, palestras, debates, mostras específicas como Cine Ambiental, Cine Social, o festival de animação Granimado, os festivais de fil-mes de celular e de vídeos es-colares, painéis, oficinas co-munitárias, entre outros pro-

jetos sociais, além de uma no-va categoria para concurso que se chama Meu 1ª Filme Longa-Metragem.

Em artigo publicado na primeira edição do Diário do Festival, em 2006, o crítico Goida já sinalizava para ne-cessidade de realizar o Gra-mado Cine Vídeo separada-mente do Festival de Cinema. “Os dois eventos cresceram demais. Têm que ser feitos em datas separadas. Juntos, atrolham a cidade e criam uma confusão de compromis-sos, festividades e outras inu-tilidades sociais”.

Homenagem aos 80 anos da CinédiaCompletando 80 anos de

trajetória em 2010, a Ciné-dia será homenageada pelo 38º Festival de Cinema de Gramado. Na segunda-feira, às 20h45, no Palácio do Fes-tivais, haverá exibição de uma obra restaurada que in-tegra o acervo da companhia cinematográfica. Em 15 março de 1930, foi fundada oficialmente por Adhemar Gonzaga (1901-1978). O ci-neasta estagiou nos estúdios de Hollywood e defendia pa-ra o cinema brasileiro pa-drões estéticos semelhantes aos dos filmes norte-ameri-canos. Nesse sentido, dedi-cou-se a realizar dramas po-pulares e comédias musi-cais, que ficaram conhecidas

pela denominação genérica de chanchadas. Produziu mais de 60 títulos, com des-taque para O Ébrio (Gilda de Abreu, 1946), e lançou ato-res como Oscarito, Grande

Otelo e Dercy Gonçalves. Ela se mantém até os dias atuais, servindo, principal-mente, à televisão e abrigan-do precioso arquivo sobre o cinema no Brasil.

Os vencedores da edição 2009

Os atores Miguel Ramos e Clenia Teixeira vieram preparados para as baixas temperaturas

Revista Voto promove1º Fórum de Política Cultural

Festas agitam a noite da serra

Rua Coberta inflacionadaOs turistas foram pegos de surpresa na sexta-feira, du-

rante a abertura do festival. Aqueles que quisessem desfru-tar de um lugar nos bares da Rua Coberta para acompanhar a cerimônia de abertura do evento, tiveram que desembol-sar de R$ 100 a R$ 200 de consumação mínima por mesa.

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Gramado, Sábado, 7 de agosto de 2010

HISTÓRIA

A história do Festival de Gramado come-çou propriamente em 1969, quando foi

realizada uma mostra de cine-ma durante a Festa das Hor-tênsias. Prestigiaram o evento celebridades como Eva Wilma e John Herbert, o que deu im-pulso à segunda edição, em 1971, e, consequentemente, ao primeiro Festival de Cinema, em 1973. Desde lá, o evento é realizado todos os anos, e che-ga em 2010 à sua 38ª edição sendo considerado um dos principais encontros cinemato-gráficos do continente.

Entretanto, a história do ci-nema na capital nacional da sé-tima arte começou quatro déca-das antes da mostra que trouxe famosos atores brasileiros pela primeira vez à cidade. Se em 1907 Caxias do Sul ganhou a primeira sala de cinema da re-gião serrana, foi no ano de 1929 que Gramado inaugurou o Ci-ne 3 de Outubro, de proprieda-de de Ludovino Pasqual.

A chegada do primeiro ci-nema coincidiu com uma série de atos importantes para o crescimento de Gramado. Três anos antes, foi inaugurada a Exatoria Estadual no então distrito gramadense, que à época contava com 3,5 mil ha-bitantes. Logo após a fundação do primeiro cinema, veio a abertura de escolas e hospitais. Em 1935, foi lançada a pedra fundamental para a construção da Igreja da Matriz, aberta sete anos depois.

Multifuncional, o 3 de Ou-tubro tinha cadeiras removíveis que, ao serem retiradas por Lu-dovino, transformavam a sala de cinema em um ringue de pa-tinação com rodas. Além disso, servia como palco para apresen-tações teatrais e de mágicas de grupos vindos de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. To-dos os filmes eram mudos. As trilhas sonoras eram desempe-nhadas por músicos locais, os quais davam uma mostra de su-as habilidades antes mesmo de a sessão começar, entretendo o

público com valsas. Segundo o livro Era uma Vez... Relatos de Gramado, de Carlos Gilberto Drecksler e Iraci Casagrande Kopee, havia um acordo entre os cinemas da região: os filmes que passassem em Canela no sábado chegavam a Gramado no domingo. Entre as cidades, as latas com os filmes eram transportadas a cavalo, dentro de sacolas de couro.

Não apenas o cinema era multifuncional, como também os próprios funcionários, todos da família Pasqual. Além de Ludovino, proprietário, e Cláu-dio, fundador, vários familiares auxiliavam nas mais diversas tarefas que envolviam o cine-ma. Itiberê Pasqual, filho de Cláudio, foi um dos que traba-lhou no 3 de Outubro: “minha função era a de coringa. Eu pro-jetava o filme na tela, ficava na bilheteria, era porteiro ou fiscal. Fazia de tudo, como todo mun-do”, recorda.

Em 1936, sete anos após a inauguração, a sala ganhou tela e poltronas novas, além de co-meçar a exibir filmes sonoros. Com isso, seu nome mudou pa-

ra Cine Splendid. Segundo Iti-berê Pasqual, o sucesso do cine-ma pioneiro gramadense se de-ve, primordialmente, ao fato de ele ter sido o primeiro polo de divertimento importante da ci-dade: “a integração com a co-munidade era muito grande, não só pelo cinema, mas tam-bém pelos bailes que eram rea-

lizados lá no Splendid”.Não é apenas com relação

ao entretenimento que a histó-ria do Splendid se confunde com a da cidade. Em 15 de de-zembro de 1954, o distrito de Gramado tornou-se município. Dois meses depois, o cinema foi palco de uma sessão solene rea-lizada pelos vereadores da cida-

de aos seus precursores. Sete anos depois, porém, o

Splendid fechou suas portas em definitivo. Segundo a neta de Cláudio Pasqual, Rejane, o cinema acabou desencadeando um forte processo de integra-ção comunitária que culminou com a fundação do Cine Em-baixador. “Na minha opinião, este caminho mais voltado à comunidade foi um dos moti-vos do fechamento do Splen-did. O Embaixador era uma sociedade anônima”, lembra, em contraposição ao estilo fa-miliar de gerenciamento da sa-la da família Pasqual.

Hoje, no local onde funcio-nou o Cine Splendid por 33 anos, há um prédio de três an-dares, que sedia uma galeria comercial no piso térreo. Uma das lojas é o Atelier do Café, de Rejane Pasqual, o qual não tem qualquer ligação com o antigo cinema da família, a não ser pela localização (Largo Cláu-dio Pasqual, nº 55, Loja 1). A pedido dos fundadores, há uma foto antiga que relembra a fa-chada do Cine Splendid na en-trada do edifício.

3 de Outubro e Cine Splendid:os primeiros cinemas de Gramado

Ilustração da fachada do Cine Splendid, inaugurado em 1936, onde foi também o primeiro cinema da cidade, o 3 de Outubro. A sala permaneceu aberta até 1961

Local que abrigou o Cine Splendid hoje serve de endereço para o Atelier do Café

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