diário de uma mente adormecida 15

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Diário de uma mente adormecida retrata a intimidade de um homem que esteve em coma por um longo período e que sobreviveu ao impossível para viver durante meses uma história de amor, desilusão e superação. Durante esse tempo ele experimentou todos os sentimentos possíveis para um ser humano que o levaram do céu ao inferno em questão de dias e que nem mesmo o mais otimista de todos os homens imaginaria um final com desfecho semelhante.

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O DiáriO De uma mente aDOrmeciDa

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Zeca de Medeiros

O DiáriO De uma mente aDOrmeciDa

São Paulo - 2015

Page 6: Diário de uma mente adormecida 15

Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa AF Capas

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Alessandra Angelo Primavera

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________

M44d

Medeiros, Zeca de O diário de uma mente adormecida / Zeca de Medeiros. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0298-8

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-20904 CDD: PREENCHER CDU: 821.134.3(81)-3

________________________________________________________________12/03/2015 17/03/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Esse livro conta a história de um brasileiro que após meses em coma em um hospital na cidade de Xangai, na China, acorda numa madrugada e não se recorda de absolutamente nada da sua vida e muito menos de como ele foi parar ali numa cidade do outro lado do planeta. A partir desse momento ele se vê numa situação desespe-radora enfrentando pelos meses seguintes naquela cama algo que se revelará como surpreendente do ponto de vista médico e humano e que nenhum outro indivíduo ainda tivesse experimentado.

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Hospital Quarta-feira, 10 de julho de 2002.

Tudo começou numa madrugada quente daquele dia que eu jamais iria esquecer e que levaria para o resto da minha vida.

Ao acordar tomei um susto uma vez que eu não ti-nha a mínima ideia de onde eu estava, entretanto era um lugar totalmente diferente de tudo que eu supostamente tinha visto até então.

Olhei na parede e vi um relógio que marcava as ho-ras e também a data.

Era uma quarta-feira do dia 10 de julho de 2002 e o relógio marcava 4 horas da manhã.

Logo notei que se tratava de um hospital, pois eu esta-va numa cama cheio de coisas de hospital em minha volta.

Também notei que não estava na minha terra natal, pois o lugar era bem diferente, eu não entendia nada do que estava escrito nos cartazes colados nas paredes.

Comecei a entrar em desespero e então tentei me mexer, no entanto não consegui, pois eu estava total-mente paralisado naquela posição e parecia que eu es-tava ali há muitos anos.

Naquele momento tentei recobrar minha consciência e nada vinha, exceto dores fortes que eu sentia na fronte.

Com muito esforço consegui virar um pouco a ca-beça para a esquerda e notei que havia uma moça com aparência asiática dormindo numa poltrona que ficava ao lado da minha cama.

Tudo estava em silêncio e às vezes eu podia escutar vozes de pessoas que vinham do outro lado da parede.

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Eu também escutava pessoas caminhando num suposto corredor que parecia existir diante da porta do meu quarto.

O tempo passava e o relógio já marcava 5 horas da manhã e eu permanecia acordado enquanto a moça con-tinuava a dormir e barulhos de ambulância começavam a soar bem perto da minha janela que eu não conseguia ver, uma vez que ela estava nas minhas costas e eu não con-seguia fazer movimentos longos, muito menos para trás.

Depois das 6 horas da manhã não eram somente barulhos de ambulância, como de carros, ônibus, pessoas e outros, e estes já estavam mais altos que minutos atrás. Co-mecei a perceber que eu estava numa metrópole, pois o ba-rulho era imenso já naqueles primeiros minutos da manhã.

De novo tentei relembrar de alguma coisa da minha vida, no entanto a cabeça começava a doer, o que fazia eu quase desmaiar de tanta dor.

Eu também tentava me mexer, no entanto eu não conseguia e aquilo me dava um desespero, eu não sabia de nada do que tinha acontecido comigo e ao mesmo tempo estava com medo de saber.

Naquele momento tentei me acalmar um pouco, en-tretanto era difícil ter controle, eu não sabia se era sonho ou realidade tudo aquilo, o que me levava a pensar o pior.

Já eram quase 7 horas da manhã e o barulho au-mentava cada vez mais do lado de fora, assim como no corredor, e foi aí que de repente tomei mais um susto.

Naquele momento eu havia relaxado um pouco e estava de olhos fechados e subitamente escuto um ba-rulho, quando abro os olhos vejo que aquela moça que estava dormindo na poltrona ao lado acordou e estava ali em pé diante de mim.

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Quando abri os olhos ela tomou um susto e por isso ela gritou, o que me pareceu ser de alegria e logo em seguida ela falou comigo em uma língua estranha, o que não entendi nada.

Em seguida não obtendo sucesso em se comunicar comigo ela saiu do quarto.

Notei que aquela jovem enfermeira havia ficado sur-presa e nervosa com a situação.

Passados alguns minutos ela voltou e com ela mais três pessoas e todos ao me verem ali de olhos abertos pareciam não acreditar no que estavam vendo perante seus olhos.

Todos eles com aparência semelhante falavam en-tre eles uma língua estranha, o que eu não entendia absolutamente nada.

Percebi na conversa que eles chamavam a moça que estava dormindo ao meu lado na hora em que acordei de Jia-Li e mais tarde ela me confirmou como esse sendo seu nome mesmo.

Eles estavam ali em minha volta felizes e conversan-do e logo a moça começou a falar comigo em inglês, en-tendi e então pude responder com dificuldade, uma vez que minha boca parecia estar travada.

Em seguida foi a vez de um senhor começar a falar comigo e lembro que ele se apresentou dizendo que era o diretor daquele hospital e que o nome dele era Wang e que ele e todo o pessoal do hospital estavam felizes por terem visto que eu tinha acabado de acordar do coma após muito tempo.

Ao escutar aquelas palavras me dei conta de que es-tava ali por muito tempo e comecei a ficar confuso e um

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pouco nervoso, e foi aí que escutei um aparelho fazer ba-rulho cada vez mais alto e naquele momento vi a moça com uma seringa na mão se aproximar de mim e de re-pente tudo começou a ficar escuro e apaguei.

Passadas várias horas de sono acordei novamente e pude notar os raios de sol que atravessavam o vidro da ja-nela e que ele estava se pondo, olhei no relógio e já eram quase 18 horas e lembrei que tinha acordado naquela manhã depois de algum tempo que ainda era mistério para mim, o que me deixava muito confuso e nervoso. Por um instante achei que tudo era sonho, entretanto vi uma moça entrando pela porta e lembrei que a tinha visto naquela manhã.

Ela entrou e me falou um oi e então com um pouco de dificuldade consegui responder um oi para ela.

Em seguida ela ficou ali ao meu lado me observando e perguntou como eu me sentia, e então respondi que não sabia de nada.

Ela falou para eu ter paciência, que tudo ia ficar bem e que o nome dela era Jia-Li e que eu podia cha-má-la a hora que eu quisesse e precisasse que ela estaria à minha disposição.

Perguntei para Jia-Li o que ela sabia de mim e ela então disse que muito pouco e que eles todos do hospital me chamavam de Marlon e era basicamente isso que sa-biam sobre mim.

Perguntei para ela se meu nome era Marlon e ela respondeu que não e diante disso perguntei por que Mar-lon, e então ela me disse que ela e outra enfermeira da-quele hospital me acharam parecido com um ator famoso de Hollywood e que o nome dele era Marlon.

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Sorri para ela achando aquilo engraçado e então tentei recordar de algum ator com esse nome e naquele momento nada veio à minha mente.

Continuei a rir após ter escutado aquilo sobre meu apelido e mesmo que eu não gostasse dele eu não podia fazer nada, pois não sabia o meu nome verdadeiro.

Mesmo com dificuldade conversei bastante com aquela jovem enfermeira Jia-Li e continuei pensando na minha situação, o que fazia minha mente imaginar tudo, menos algo bom.

Após algum tempo de conversa a jovem se retirou e foi até uma porta que parecia ser um banheiro.

Fiquei ali em silêncio e percebi que a moça estava preparando algo lá e após eu ouvir barulho de chuveiro pude confirmar que realmente se tratava de um banhei-ro. Minutos depois ela voltou com uma bacia com água quente e uma toalha.

Ela então disse que iria me dar um banho e com a cabeça fiz um gesto de concordância.

Jia-Li então tirou o lençol que me cobria e começou a me lavar e ao mesmo tempo fazia massagem e uns exer-cícios físicos no meu corpo que mais tarde eu saberia que se tratava de fisioterapia.

Tudo isso de uma vez e eu não sentia nada a não ser um pouco de cócegas e uma leve sensibilidade onde ela tocava.

Eu estava muito perdido, não conseguia me lembrar de nada e para aquelas pessoas parecia tudo normal eu estar ali naquela situação.

Apesar de eu não estar à vontade pude notar que Jia-Li estava familiarizada com a situação, fato que me

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deixou mais tranquilo e pude relaxar um pouco enquanto ela me lavava e me massageava.

Após aquele estranho banho ela me secou e me cobriu com um novo lençol e me perguntou se estava tudo bem comigo, que se eu desejasse ela tinha mais cobertores.

Agradeci respondendo que não precisava e que esta-va tudo bem e com calor.

Minutos depois ela fez um pouco mais de exercício no meu pescoço e no meu maxilar.

A língua oficial daquela moça não era a língua ingle-sa, o que era evidente e eu a entendia com certa dificulda-de, porém era plausível para aquele momento.

Aliás, eu nem mesmo sabia como eu estava falando e entendendo inglês, mesmo que pouco naquele momento eu não recordava de nada da minha vida, muito menos que um dia eu tinha aprendido inglês.

Eu não sabia muita coisa naquele momento, no en-tanto eu tinha certeza que minha língua não era o inglês.

Ao me comunicar com Jia-Li eu sentia uma dificulda-de imensa e ela ao notar aquilo e vendo minha impaciência em não conseguir me expressar muito bem me aconselhou a ter paciência comigo mesmo e que com o tempo eu vol-taria a falar normalmente e entender tudo melhor.

Jia-Li terminou aquela massagem no meu pescoço e então perguntou se eu queria algo, então falei para ela que eu estava com sede, o que a deixou surpresa, ela foi até a mesa e pegou um copo e o encheu de água de uma garrafa que estava ali e em seguida trouxe para me dar de beber.

Após ter me dado aquele copo de água ela voltou à mesa e colocou mais um pouco de água e pingou umas gotas de remédio e trouxe novamente para eu beber.

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Tomei aquela água que estava com um gosto horrí-vel devido ao remédio que Jia-Li tinha misturado nela.

Já era tarde daquele inesquecível dia em que acordei sem me lembrar de nada e após eu ter tomado aquele remédio comecei a ter sono.

Fiquei ali deitado na cama e enquanto isso Jia-Li sentou-se na poltrona que ficava ao lado esquerdo da mi-nha cama, pegou um livro e começou a ler, ao mesmo tempo ela falava algumas coisas comigo, no entanto eu já estava morrendo de sono, o que fazia com que eu não entendesse quase nada.

Passados alguns minutos ali acordado e não supor-tando mais o sono adormeci.

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Hospital Quinta-feira, 11 de julho de 2002. Eram quase 5 horas daquela manhã e acordei.Estava um silêncio e o único barulho no quarto era o

ponteiro do relógio que batia se afastando daquele horário.Eu também escutava alguns passos que vinham

do corredor.Ouvi um leve barulho de alguém respirando forte

e então com muito esforço consegui virar meu pescoço para o lado esquerdo e notei que Jia-Li continuava ali sentada na poltrona com seu livro no colo, no entanto estava dormindo.

Fiquei ali acordado e não consegui mais dormir e de repente a moça acordou.

Ela se levantou e veio até mim e sorrindo me deu um bom dia e perguntou se estava tudo bem e se eu esta-va acordado havia muito tempo.

Disse a ela que eu estava bem e que eu havia aca-bado de acordar.

Em seguida ela foi até o banheiro e notei que ela ligou o que parecia ser um chuveiro e ali ficou por alguns minutos, o que me fez imaginar que ela devia estar to-mando um banho.

Enquanto Jia-Li estava no banheiro fiquei imagi-nando quanto tempo eu estava ali naquela cama, o que parecia ser muito tempo, pois aquela moça me tratava de um jeito que parecia que me conhecia há muito tempo e era como se eu estivesse ali por muitos anos, coisa que me deixou um pouco assustado.

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Pensar aquilo me fez ficar com medo do que havia acontecido e o porquê de eu me encontrar ali.

As perguntas para mim mesmo eram muitas e eu pa-recia saber das respostas, o que me fazia sentir muito medo.

Minutos depois escutei a porta se abrir e então Jia-Li veio com uma pequena bacia de água quente e lavou meu rosto e em seguida começou a fazer alguns exercícios nos meus braços e nas minhas pernas.

Tudo aquilo era muito estranho, pois eu não sabia meu real estado de saúde e estava curioso para saber e ao mesmo tempo tinha medo de perguntar qualquer coisa para Jia-Li.

Após a massagem e os exercícios Jia-Li deu uns re-médios na minha boca e disse que estava muito feliz com minha recuperação.

Foi naquele minuto que tive coragem e então per-guntei para ela há quanto tempo eu estava ali naquela cama e o que havia acontecido comigo.

Naquele mesmo momento me arrependi de pergun-tar e comecei a ficar nervoso e a cabeça começou a doer e foi então que ela me respondeu dizendo que não era hora de perguntas e que a hora das perguntas e respostas iria chegar, o que naquele momento me fez pensar que ela es-tava certa, e então balancei a cabeça concordando com ela.

Aquela resposta imediatamente me deixou aliviado e a dor na minha cabeça começou a parar.

Já eram quase 7 horas daquela manhã e a moça me deu tchau e saiu pela porta dizendo que mais tarde estaria de volta.

Logo em seguida chegou uma senhora que sorrindo para mim me chamou de Marlon e disse alguma coisa

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que não entendi nada, uma vez que era a mesma língua das outras pessoas daquele local.

Tudo estava confuso na minha cabeça, no entanto parecia que todos me conheciam há muito tempo e eu não me lembrava de nada do que havia acontecido e tam-bém de nada da minha vida.

A senhora ficou um pouco ali me olhando e em se-guida foi para o banheiro e após uns minutos ela saiu de lá com roupa de enfermeira.

Ela veio até o meu lado e agora em inglês ela disse que todos estavam surpresos e felizes por eu ter acordado.

Perguntei o nome dela e ela me respondeu que era Chan.Então ela me contou que cuidava de mim durante o

dia e que ao saber da notícia que eu havia acordado ficou muito feliz, o que fez com que ela no dia anterior logo que soube da notícia esperasse ansiosa o dia todo eu acordar para ela poder me falar um oi, no entanto o dia passou e eu permaneci dormindo até a hora que ela foi embora.

Falei para ela que acordei no dia anterior às 18 horas e diante disso ela disse que tinha acabado de ir embo-ra naquele horário sem ter me visto acordado como ela gostaria, no entanto ela completou dizendo que o mais importante era que eu estava de volta do coma.

Naquele momento sorri para ela e assim eu já sa-bia que Jia-Li ficava comigo à noite e a senhora Chan ficava durante o dia.

Após conversar com a senhora Chan por alguns mi-nutos o sono começou a bater de novo e dormi.

Às 18 horas e 30 minutos daquele dia eu acordei de-pois de ter dormido o dia todo, a senhora Chan já tinha