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2 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch

Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida

Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão

Colaboradores:

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorHeronides Dantas de FigueiredoLeonardo CostaMauricio Francisco LeiteNathan [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamen-te a opinião da direção do Diário das Leis.

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31ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

SumárioAlienação Fiduciária: Quais os prazos para consolidação de imóvel? ................................. 11

Aluguel por Temporada: Nos condomínios via aplicativos de internet................................ 11

Análise do Inquilino: A importância de uma correta análise do inquilino para o seu imóvel .. 15

Apropriação Indébita: Síndico de condomínio foi condenado a 2 anos de reclusãopor apropriação indébita ............................................................................................. 26

Assessoria Jurídica em Despejo: Em caso de despejo por falta de pagamento, quemadministra o imóvel é obrigado a oferecer assessoria jurídica gratuita? ............................. 13

Atraso na Entrega do Imóvel: Promitente vendedor não pode cobrar taxas de condomínioantes da entrega das chaves ....................................................................................... 24

AVCB: É dever da construtora entregar o prédio com AVCB aprovado .................................. 5

Cancelamento de Hipoteca: Instituição financeira é condenada ao cancelamento da hipoteca .. 27

Comissão de Corretagem: É indevida quando há desistência por parte do comprador ......... 31

Câmeras no Condomínio: Câmeras de monitoramento em edificações .............................. 9

Desapropriação Indireta: Desapropriação indireta é efetuada sem que o município paguea devida indenização ................................................................................................... 22

Fornecimento de Água: Corte de água do condômino inadimplente. Isso pode? ................. 10

Herança: Como vender imóvel de herança se os outros herdeiros não concordam? ............... 28

Multa por Quebra de Contrato: Funcionária Pública que vai mudar de cidade devido aotrabalho deverá pagar multa pela quebra de contrato de aluguel? .................................... 17

Notificação Extrajudicial: De distrato de compra e venda de loteamento .......................... 21

Perícia Imobiliária: Peritos e assistentes técnicos carecem de treinamento sobre aspectosprocessuais para efetivamente contribuírem com a justiça ............................................... 32

Registro de Partilha: Mesmo com a negativa do oficial, herdeiros conseguem obtero direito ao registro da partilha .................................................................................... 19

Reintegração de Posse: Compradores de imóvel oferecido pela internet não tiveramcautela ao adquiri-lo ................................................................................................... 20

Rescisão de Compra e Venda: Com retenção de 10% dos valores pagos para os vendedores ... 23

Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35

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51ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

AVCB

É dever da construtora entregaro prédio com AVCB aprovado

Kênio de Souza Pereira*

Diante do fato de ser quase

impossível o proprietário de um

apartamento, sala ou loja que

faz parte de um condomínio ter

condições de arcar com a in-

denização de toda a totalidade

do prédio no caso da ocorrên-

cia de um incêndio, o legisla-

dor determinou desde 1964, no

artigo 13 da Lei nº 4.591/64,

ser obrigatório o condomínio

realizar o seguro da edificação,

sendo que em 2002 essa obri-

gação foi reiterada no Código

Civil, nos seguintes termos:

“Art. 1.348. Compete ao síndi-

co: [...] IX - realizar o seguro

da edificação”.

Dessa forma, os condomíni-

os comerciais e residências têm

anualmente pago os prêmios

de seguros para as Companhi-

as Seguradoras. A legislação

estadual da maioria dos esta-

dos da federação, determina

que as edificações coletivas

(prédios de apartamentos, sa-

las e lojas), bem como outras

construções, conforme classi-

ficação realizada pelo Corpo de

Bombeiros (que pode ser

verificada no site da corporação

do respectivo estado), são obri-

gadas a possuir o Auto de Vis-

toria do Corpo de Bombeiros

(AVCB). Sua falta acarreta a

autuação do Corpo de Bombei-

ros, gerando multa e até a in-

terdição do prédio no caso do

mesmo não ser realizado.

O AVCB é um documento

emitido pelo Corpo de Bombei-

ros da Polícia Militar (CBPM), o

qual pode variar de nome de-

pendendo do estado, sendo que

ele certifica que, durante a vis-

toria, a edificação possuía con-

dições de segurança contra in-

cêndio implantadas e em fun-

cionamento. Dessa maneira, o

Corpo de Bombeiros verifica o

conjunto de medidas estrutu-

rais, técnicas e organizacionais

integradas para garantir que a

edificação possui o nível ade-

quado de segurança contra in-

cêndios e pânico, conforme

previsto na lei. Seu objetivo é

preservar a vida dos morado-

res e ocupantes, obrigando o

construtor a edificar de manei-

ra que facilite a evacuação das

pessoas. O risco é determina-

do a partir da análise da

edificação considerando a sua

área, ocupação e a atividade

desenvolvida.

CIA. SEGURADORA NÃO

EXIGE AVCB PARA PODER

NEGAR A INDENIZAÇÃO

Na verdade a maioria dos

edifícios no país não possui

AVCB, inclusive os prédios pú-

blicos. O problema é que mi-

lhares de condomínios têm

pago anualmente o prêmio do

seguro e diante da falta do

AVCB existe um consenso en-

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6 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

AVCB

tre as Cias. Seguradoras que

entendem que poderão sim-

plesmente negar o pagamento

da indenização sob a alegação

de faltar documentação legal.

Tal situação gera inseguran-

ça jurídica, sendo que é notó-

rio que no nosso país há cen-

tenas de processos judiciais

contra as Cias Seguradoras que

procuram desculpas, seja nos

mais variados casos (automó-

veis, roubos, furtos de celula-

res, incêndios, etc) para deixar

de arcar com a indenização ao

segurado.

Ao realizar a apólice de se-

guro constata-se que a Cia. de

Seguros não realiza nenhuma

vistoria nos edifícios e nem exi-

ge o AVCB e assim criam uma

situação ideal para alegarem,

no momento que ocorrer o si-

nistro, que a edificação estava

irregular, que a falta dos equi-

pamentos exigidos pelo Corpo

de Bombeiros provocou ou

agravou os danos e assim pro-

curam justificar o não paga-

mento da indenização.

FALTA DE CONHECIMENTO

DOS ADQUIRENTES

FAVORECE CONSTRUTORA

A maioria dos 5.570 muni-

cípios do Brasil não exige o

AVCB para conceder a Certi-

dão de Baixa de Construção,

também denominada Habite-

se. Diante disso, as constru-

toras averbam as edificações

no Ofício de Registro de Imó-

veis, as vende e entrega os

empreendimentos imobiliários

coletivos, às vezes, sem fazer

as obras e instalar os equipa-

mentos que são exigidos para

a aprovação do AVCB.

Ocorre que esse procedimen-

to fere as leis estaduais que

exigem que toda edificação co-

letiva tem o dever de possuir o

AVCB, sendo ilegal o procedi-

mento da incorporadora ou da

construtora entregar as unida-

des e o prédio sem cumprir essa

determinação legal que visa ga-

rantir a segurança e a vida dos

que vierem ali residir, trabalhar

ou simplesmente transitar.

Vejam por exemplo a legis-

lação de Minas Gerais:

Lei 14.130/2001 –“Dispõe

sobre a prevenção contra in-

cêndio e pânico no Estado e dá

outras providências.”

“Art. 1º - A prevenção e o

combate a incêndio e pânico

em edificação ou espaço desti-

nado a uso coletivo no Estado

serão feitos com a observância

do disposto nesta lei. Parágra-

fo único - Consideram-se

edificação ou espaço destina-

do a uso coletivo, para os fins

desta lei, os edifícios ou espa-

ços comerciais, industriais ou

de prestação de serviços e os

prédios de apartamentos

residenciais.

O artigo 2º estabelece que

o Corpo de Bombeiro, desen-

volverá as seguintes ações:“I

- análise e aprovação do sis-

tema de prevenção e combate

a incêndio e pânico; II - pla-

nejamento, coordenação e

execução das atividades de

vistoria de prevenção a incên-

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71ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

dio e pânico nos locais de que

trata esta lei; III - estabeleci-

mento de normas técnicas re-

lativas à segurança das pes-

soas e seus bens contra incên-

dio ou qualquer tipo de catás-

trofe; IV - aplicação de san-

ções administrativas nos casos

previstos em lei. [...]”

A Lei 14.130/2001, foi re-

gulamenta pelo Decreto nº

44.746/08, que estipula:

“Art. 2º – As exigências das

medidas de segurança contra

incêndio e pânico das edifica-

ções e áreas de risco devem ser

cumpridas visando atender aos

seguintes objetivos: I – propor-

cionar condições de segurança

contra incêndio e pânico aos

ocupantes das edificações e áre-

as de risco, possibilitando o

abandono seguro; II – mini-

mizar os riscos de eventual pro-

pagação do fogo para edifi-

cações e áreas adjacentes, re-

duzindo danos ao meio am-

biente e patrimônio; III – pro-

porcionar meios de controle e

extinção do incêndio e pânico;

IV – dar condições de acesso

para as operações do Corpo de

Bombeiros Militar; e V – garan-

tir as intervenções de socorros

de urgência.”

Para verificar a situação do

seu condomínio, basta o cida-

dão acessar o site do Corpo de

Bombeiro do seu estado para

conferir a legislação aplicável à

sua edificação e consultar se a

mesma possui o AVCB. Nos ter-

mos do Código de Defesa do

Consumidor (CDC), conforme

art. 10: “O fornecedor não po-

derá colocar no mercado de

consumo produto ou serviço

que sabe ou deveria saber

apresentar alto grau de

nocividade ou periculosidade à

saúde ou segurança”.

Portanto, não tem o in-

corporador e nem o constru-

tor o direito de ignorar as leis

que visam propiciar condições

seguras de abandono da

edificação no caso de incên-

dio, sendo obrigação da cons-

trutora entregar um produto

adequado ao consumidor.

Conforme art. 12 do CDC, o

construtor responde, indepen-

dentemente da existência de

culpa, pela reparação dos da-

nos causados aos consumido-

res por defeitos decorrentes

de projeto, fabricação, cons-

trução, montagem, bem como

por informações insuficientes

ou inadequadas sobre sua uti-

lização e riscos.

CONDOMÍNIO TEM O

DIREITO DE EXIGIR

AVCB DA CONSTRUTORA

Cabe ao síndico e à empre-

sa que administra o condomí-

nio tomar providências para

que o condomínio esteja regu-

larizado, de maneira a reduzir

o risco de morte no caso de um

incêndio. Diante da inércia do

administrador, qualquer condô-

mino tem direito de exigir pro-

vidências por ter direito de pro-

teger seu patrimônio e a sua

vida e de seus familiares.

Quanto à prescrição para

exigir da construtora o AVCB,

entende-se que o prazo é de

dez anos, nos termos do arti-

go 205 do Código Civil, pois

não se trata de vício de cons-

trução previsto no art. 618 e

sim do descumprimento de

uma lei estadual.

O Tribunal de Justiça de Mi-

nas Gerais, ao tratar do tema

deixou claro ser obrigação da

Construtora Tenda S/A, que

agravou a fazer e apresentar

o AVCB ao condomínio, ao jul-

gar no dia 24/01/18, o Agravo

de Instrumento nº 1.002-

4.10.149891-3/001, com a

seguinte fundamentação:“A

construtora agravante possui

obrigação de obter o auto de

vistoria do corpo de bombei-

ros (AVCB), bem como o ha-

bite-se da obra, os quais vi-

sam atestar que a edificação

foi construída conforme as exi-

gências legais e está pronta

para ser habitada, bem como

AVCB

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8 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

garantir que a construção se-

guiu corretamente tudo o que

estava previsto no projeto an-

tes aprovado. Desse modo,

tenho que se mostra absolu-

tamente adequada e razoável

a atribuição à agravante (cons-

trutora) do encargo de exibi-

ção dos referidos documentos,

uma vez que ela é quem de-

tém o conhecimento dos mei-

os adequados e local de requi-

sição destes documentos,

notadamente porque foi ela a

responsável pela construção

do imóvel e, portanto, quem

diligenciou e promoveu os pro-

cessos administrativos peran-

te aos referidos órgãos para a

obtenção ao final das autori-

zações”.

CDC EXIGE EDIFICAÇÃO

QUE ATENDA NORMAS

DE SEGURANÇA

Tendo em vista que as leis

estaduais exigem o AVCB de

forma que as construções pos-

sam vir a ser ocupadas com

segurança e diante da aplica-

ção do CDC, caracteriza afron-

ta à lei a inobservância dos se-

guintes artigos:

“Art. 6º. São direitos básicos

do consumidor: I – a proteção

da vida, saúde e segurança con-

tra os riscos provocados por

práticas no fornecimento de

produtos... III – a informação

adequada e clara sobre os dife-

rentes produtos ... sobre os ris-

cos que apresentem;”

Não pode a construtora ela-

borar cláusula contratual na

promessa de compra e venda

que venha a transferir para o

condomínio ou adquirente a

obrigação de obter o AVCB, pois

afrontaria o inciso VI do art. 6º

que estabelece o direito do con-

sumidor: “a modificação das

cláusulas contratuais que esta-

beleçam prestações despropor-

cionais ou a sua revisão em ra-

zão de fatos supervenientes

que as tornem excessivamen-

te onerosas”.

Diante da falta de assesso-

ria jurídica especializada inú-

meros condomínios têm assu-

mido custos que variam de R$

50.000,00 a R$ 400.000,00

para realizar as obras, com-

prar os equipamentos, contra-

tar empresa especializada

para elaborar o projeto de in-

cêndio e pânico. A inércia do

condomínio resulta no paga-

mento de multas sucessivas e

até na interdição pelo Corpo

de Bombeiros.

O condomínio, ao ser inter-

ditado em decorrência da ne-

gligência, poderá o proprietá-

rio de um consultório ou escri-

tório que for impedido de tra-

balhar, bem como o lojista,

acionar judicialmente o condo-

mínio em busca de indeniza-

ção pelos danos materiais e

morais. Para evitar esses pro-

blemas, cabe ao condomínio

apurar se a edificação possui

o AVCB e, não tendo, exigir da

construtora ou arcar com o

custo de sua elaboração caso

já tenha ocorrido a prescrição.

A inércia do responsável pelo

condomínio, especialmente, no

momento da ocorrência de um

incêndio, poderá resultar em

prejuízo de elevado valor. Po-

derá a Cia. Seguradora apro-

veitar-se da falta de providên-

cias para criar obstáculos ao

pagamento da indenização,

podendo ao final, o síndico ou

aqueles que deixar de agir vi-

rem a figurar como réus para

arcarem com os prejuízos que

poderiam ser evitados se tives-

sem agido com cautela e res-

ponsabilidade.

* O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da

Câmara do Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor de pós-graduação na Escola

Superior de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis. Cola-borador do BDI, desde 1998.

AVCB

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91ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Câmeras no Condomínio

Câmeras de monitoramento em edificações

Perguntas: Tenho dúvidas sobre a instalação de câmeras de monitoramento em condomínio:

Qual o quórum necessário para a aprovação da instalação? Instalação de câmeras considera-se

obra útil ou necessária?

Resposta: O crescimento da violência e a precariedade da estrutura da segurança pública não

são novidades para os cidadãos brasileiros. Em busca de preventivas medidas, proprietários e

condôminos têm aderido, cada dia mais, à implantação de circuitos internos de TV com o objetivo

de inibir atos ilícitos, bem como facilitar a identificação de quem pratica condutas antissociais ou

lesivas ao patrimônio. Nesse sentido, se há reiteradas reclamações dos condôminos acerca da

prática recorrente de atos ilícitos e antissocial, ou até mesmo da sensação de insegurança, a obra

será classificada como necessária. O condomínio poderá instalar o circuito interno da TV com a

aprovação da maioria simples na assembleia específica. Sendo aprovada a instalação do circuito

interno de TV, caberá à assembleia buscar assessoria jurídica para formalizar as regras que evitarão

riscos e polêmicas, tendo em vista serem diversas as situações que exigem prévia regulamentação

para que o administrador saiba agir com celeridade no momento que forem utilizadas as imagens.

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10 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Fornecimento de Água

Corte de água do condômino inadimplente. Isso pode?

Ana Lidia Carvalho Villela Godoy*

Esse é um questionamentocomum entre os condôminos,síndicos e administradoras.

A inadimplência nos condo-mínios atingiu elevados índicesnos últimos anos e a prática docorte de água para coibir o au-mento da inadimplência e di-minuir os índices foi uma “saí-da” encontrada pelos síndicose administradoras.

Pode o condomínio, atravésdo síndico ou administradoracortar o abastecimento de águado condômino inadimplente?

NÃO.O Código Civil em seu arti-

go 1336, inciso I, determinaque é dever do condôminocontribuir com as despesas docondomínio na proporção dassuas frações ideais.

Caso o condômino não cum-pra com o seu dever de con-tribuição, ficará sujeito aos ju-ros moratórios previstos nalegislação, sendo dever do sín-

dico (ou administradora con-tratada) realizar a cobrança,impondo as multas devidas.

Observa-se que o CódigoCivil estabelece que as sançõesa serem impostas ao condô-mino inadimplente são de cu-nho estritamente pecuniário,não podendo restringir uso deserviço essencial para habita-ção, a pretexto de falta de pa-gamento.

Nosso ordenamento jurídi-co permite que a cobrança sejarealizada por outros meios(extrajudiciais e judiciais). In-clusive a unidade condominialconstitui garantia de viabilida-de de satisfação de seu crédi-to, sendo suficiente para coi-bir a inadimplência.

No entanto, ainda há quemdiga que basta a existência deprevisão na convenção, devi-damente aprovada em assem-bléia, e aviso prévio ao condô-mino inadimplente para que

esta medida seja consideradalegal.

CUIDADO!A água é um bem essencial

à qualidade de vida e à saúdede todos, independentementede serem devedores ou não.

Ainda que a convenção decondomínio, aprovada em as-sembléia, traga essa hipótesede sanção aos inadimplentes,o condomínio ficará suscetívelao questionamento por meiode uma ação judicial.

Portanto, apesar do forne-cimento de água ser um ser-viço pago, entende-se que ainterrupção é reservada ape-nas à concessionária do servi-ço público, em situações bemespecíficas, conforme dispõe oart. 6º, § 3º, inciso II da Lei8.987/95.

A supressão do fornecimen-to de água é medida drásticae abusiva, não aceita pela ju-risprudência majoritária.

* A autora é Advogada, em Taubaté, SP. Atuante no mercado imobiliário. Pós graduanda emDireito Imobiliário pela EBRADI (Escola Brasileira de Direito) e pela EPD (Escola Paulista de Direito).

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111ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Alienação Fiduciária

Aluguel por temporada noscondomínios via aplicativos de internet

Suéllen Rodrigues Viana*

Estamos vivenciando uma

nova era nos contratos de lo-

cações de imóveis, pois tem

se tornado cada vez mais co-

mum no Brasil – e no mundo

– o aluguel por temporada via

aplicativos de internet, sendo

o mais famoso deles o

“Airbnb”.

Conforme descrição do pró-

prio site, o Airbnb fornece uma

plataforma on-line que conec-

ta proprietários e administra-

dores que possuem acomoda-

ções para anunciar e reservar,

com os potenciais locatários

que procuram reservar tais

acomodações”.

Tudo começa com o proprie-

tário cadastrando no “Airbnb”

o seu imóvel, detalhando-o

com todas as descrições soli-

citadas, bem como anexando

fotos do interior do mesmo.

Através do site, há a possibi-

lidade de locar toda a propri-

edade ou apenas um dormi-

tório. Todos os passos são re-

alizados através do site ou,

até mesmo, do aplicativo:

desde o pedido de reserva

pelo usuário, o aceite pelo

proprietário, bem como o pa-

gamento. Há, ainda, um sis-

tema de qualificação de anfi-

triões e de hospedes, além de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Aluguel por Temporada

Quais os prazos para consolidação de imóvel?

Trata-se de uma consolidação de imóvel com alienação fiduciária procedida através de uma

cédula de crédito bancário.

Pergunta: Quais os prazos para essa consolidação? Prazo de ingresso no cartório e prazo finalde ingresso?

BDI Responde: Em se tratando de consolidação do imóvel pelo pagamento total da dívida,conforme art. 25 §1º o prazo para o fiduciário fornecer o respectivo termo de quitação ao fiduciante

é de trinta dias. No entanto, conforme art. 26 § 1º, ambos da lei 9.514/1997, se a consolidação do

imóvel objeto de alienação fiduciária, for decorrente da falta de pagamento da prestação, o proce-dimento será iniciado pela intimação do fiduciante, através do oficial do competente do Registro de

Imóveis, para pagamento da dívida, no prazo de quinze dias. Após esse prazo o oficial promoverá

a averbação na matrícula do imóvel, para a consolidação da propriedade em nome do fiduciário.

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12 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Aluguel por Temporada

seguro para danos na proprie-

dade.

Por conta de todas essas

seguranças contra riscos nas

hospedagens, o Airbnb possui

maior valor de mercado do

que as maiores redes de ho-

téis do mundo, sem possuir

um imóvel sequer em seu

nome para locação.

Antes de descrevermos so-

bre a nova modalidade de lo-

cação de curta temporada,

faz-se necessário mencionar

que a locação de um dormitó-

rio de uma residência se rege

pelo Código Civil (Lei nº

10.406/2002), enquanto

alocação do imóvel inteiro é

regida pela Lei de Locações

(Lei nº 8.245/91).

Em virtude disso, é grande

a dificuldade de se entender

qual legislação será aplicada

para as locações realizadas

através dos aplicativos de

internet e quais as limitações

que o condomínio pode impor.

Todavia, é inegável que,

com o anúncio da disponibili-

dade de aluguel do imóvel na

internet, o condomínio come-

çará a ser frequentado, mes-

mo que esporadicamente, por

pessoas estranhas ao condo-

mínio. Esses usuários não po-

dem ser considerados inquili-

nos no sentido tradicional do

termo, tendo em vista o curto

tempo que costumam ficar no

imóvel. Ademais, tem-se que

a maioria dos condomínios

atualmente não prevê qual-

quer regulamentação dessa

nova realidade em suas con-

venções e regimentos inter-

nos, haja vista que tal prática

se tornou bastante comum

apenas há alguns anos.

Assim, por conta da moder-

nização e da nova economia

global, cada vez mais basea-

da no uso da internet, os con-

domínios devem se adaptar a

essas inovações, a fim de que

consigam acompanhá-las sem

que lhes acometam de prejuí-

zos ou complicações futuras.

Portanto, para que os con-

domínios possam vir a aceitar

gradativamente a utilização de

aplicativos como o ”Airbnb”,

faz-se necessária a forma-

lização do aceite mediante

aprovação em assembleia ge-

ral, a qual votará sobre este

tema. Podendo ainda, proce-

der com a alteração da con-

venção.

Destaca-se também que,

enquanto não há uma legis-

lação específica para esse tipo

de aluguel por temporada, o

condomínio pode: Criar re-

gras para esses aplicativos,

restringindo ou não o acesso

a áreas comuns pelos não

condôminos (aqueles que lo-

caram o imóvel através do

aplicativo), ou o pagamento

de taxas extras pelo proprie-

tário do imóvel para cada dia

de utilização do locatário tem-

porário, o que poderia con-

tribuir e somar com o caixa

do condomínio;

Solicitar ao proprietário

que, antes do início de cada

locação, divulgue as regras do

condomínio no seu anúncio e

deixe na portaria autorização

específica com nome dos hós-

pedes, bem como a data de

chegada e de saída.

No mais, muitos problemas

e dúvidas seriam sanados se,

de fato, ocorresse a promul-

gação de uma legislação es-

pecífica que, sem restringir

em excesso o direito de pro-

priedade e de forma menos

burocrática possível, venha a

dar diretrizes positivas para a

utilização do “Airbnb” e seme-

lhantes em condomínios.

* A autora é Advogada, em Içara, SC. Atuante prestando consultoria e assessoria tanto no

contencioso quanto no preventivo.

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131ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Assessoria Jurídica em Despejo

Em caso de despejo por falta de pagamento, quem administra o imóvel é obrigado aoferecer assessoria jurídica gratuita?

Pergunta: O corretor de imóveis, a imobiliária ou o advogado que administra os imoveis são

obrigados a fornecer assessoria advocatícia gratuita, em caso de despejo por falta de pagamento?

BDI Responde: A imobiliária e o corretor de imóveis não estão obrigados a arcar com as

despesas decorrentes da ação por despejo. Porém, se estiver estipulada esta obrigação em contrato

de administração, firmado com o proprietário do imóvel, aí a parte que se comprometeu não pode

cobrar do locador.

Cabe ressaltar que a assessoria advocatícia apenas poderá ser prestada por advogado, nunca um

corretor de imóveis ou a imobiliária pode prestar esse tipo de assessoria jurídica, pois configura

crime. Assim, o advogado que representa a imobiliária não está obrigado a prestar esse tipo de

serviço de forma gratuita, pois se assim o fizer cometerá infração ética disciplinar, conforme Esta-

tuto da Advocacia.

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14 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Análise do InquilinoA importância de uma correta

análise do inquilino para o seu imóvel

Lucas Daniel Medeiros Cezar*

Duas das apreensões que os

proprietários de imóveis tem ao

alugarem é sem dúvida: (I) o

receito de o locatário não

ter o devido zelo e cuidado

com o imóvel locado e (II)

a falta de pagamento dos

alugueis em dia.

Pois bem, o medo de locar e

ter prejuízos - decorrente de

um inquilino inadequado - mui-

tas vezes é realmente assus-

tador, contudo certos cuidados

na análise da documentação de

um potencial inquilino podem

diminuir as possibilidades de

inadimplência e deixar a loca-

ção mais segura.

Como profissional da área

das locações, sempre recomen-

do que, o proprietário que de-

seja alugar seu imóvel, procu-

re uma imobiliária e ou um cor-

retor de imóveis devidamente

habilitado para fazer a inter-

mediação. Contudo, não sen-

do possível ou desejando alu-

gar o imóvel diretamente, siga

as orientações a seguir para,

ao menos, deixar a locação

mais segura.

“Uma seleção cuidadosa, ali-

ada a uma análise bem feita,

podem evitar muita dor de ca-

beça” - Lucas D. Medeiros

Cezar.

Confira algumas dicas im-

portantes para selecionar ade-

quadamente os futuros inquili-

nos do seu imóvel:

Documentos básicos

de identificação

Normalmente ao alugar um

imóvel, são solicitados os do-

cumento de identificação, tais

como RG e CPF. Contudo, uma

orientação interessante é que

você solicite uma ficha cadas-

tral (para que o locatário pre-

encha com maior número de in-

formações possíveis) e solicite

um segundo documento de

identificação (exemplo: Cartei-

ra de Trabalho e Previdência

Social (CTPS), Carteira de Ór-

gão ou Conselho de Classe

(OAB, CRM, CRP. Etc.), Cartei-

ra Nacional de Habilitação

(CNH) com foto, passaporte,

Carteiras expedidas por órgãos

públicos que por Lei Federal va-

lem como identidade). Nos dias

atuais é bastante comum en-

contrar fraudes como por

exemplo, documentos falsos.

Penso que solicitando um do-

cumento a mais a possibilida-

de de fraude pode diminuir.

Consulta aos órgãos de

proteção ao crédito

(SPC/Serasa) e protestos

Uma locação segura, passa

pela análise do histórico de cré-

dito dos futuros inquilinos –

saúde financeira. Evite pesso-

as negativadas e que possuem

um mal histórico. Contudo, não

haja de forma discriminatória,

pois existem restrições que

podem ser toleradas. Acredite,

existem ainda, restrições em

que o negativado não tem o co-

nhecimento. Se quem preten-

de a locação se dispor a regu-

larizar a situação antes de alu-

gar, dê uma oportunidade, pois

mostra uma boa vontade de re-

solver as pendências. A consul-

ta a estes órgãos podem ser

feitas de várias maneiras; uma

delas é através de empresas

relacionadas com o comércio e

que possuem acesso a esse

tipo de sistema.

Análise de renda:

um fator crucial

Na análise da renda, reco-

mendo que estipule um

parâmetro mínimo de renda

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151ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Análise do Inquilino

para ser o locatário do imóvel.

Tenha em mente que o futuro

inquilino ou o conjunto familiar

(moradores que possuem ren-

da e irão contribuir com as con-

tas do imóvel) não poderão

comprometer mais do que 33%

(trinta e três por cento) da ren-

da familiar. Com isso quero di-

zer que, a pessoa ou conjunto

familiar que for alugar o imó-

vel deverá auferir uma renda

maior ou igual a 3 (três) ve-

zes o valor do aluguel. Com

isso é possível evitar possíveis

atrasos e até mesmo falta de

pagamento de alugueis e de-

mais encargos. Procure exigir

comprovantes de renda idône-

os, como contracheques não

adulterados ou fraudados, car-

teira de trabalho que apresen-

te o valor do salário e histórico

de contratações, assim como,

extratos bancários de períodos

anteriores, como por exemplo,

de 1 ano, para aqueles traba-

lhadores informais e ou autô-

nomos. Solicite, sempre que

possível, a declaração de Im-

posto de Renda.

Dica: verifique se o traba-

lho não é temporário e se o fu-

turo inquilino costuma trocar de

emprego com frequência. Lem-

bre-se: sem trabalho, sem ren-

da; sem condições de pagar o

aluguel.

Consulta a processos

ativos ou encerrados.

Solicite a apresentação

de certidões judiciais –

Cíveis e Criminais.

Parece exagero, mas é im-

portante pedir certidões judi-

ciais cíveis e criminais quando

da análise dos locatários. Com

esta medida é possível saber

se os pretendentes a locação

possuem algum processo em

trâmite ou finalizado. Lembre-

se de solicitar as certidões ne-

gativas referentes às cidades

em que o locatário residiu. Es-

tas negativas são expedidas

com os dados de identificação

dos futuros locatários. Analise

se possuem fatores que podem

ou não interferir na locação.

Mas, lembre-se, não haja de

forma discriminatória , existem

situações que precisam de

uma análise cuidadosa. Vale

ressaltar que: a discriminação

é crime.

Dica: procure saber se o in-

quilino já foi despejado, se não

possui processo por crimes, ou

outros ilícitos.

Converse com

o interessado!

Disponha-se para uma boa

conversa com o interessado,

isto é muito importante! Co-

mece convidando o futuro lo-

catário para conhecer o imó-

vel juntamente com você. Faça

algumas perguntas para co-

nhecer melhor o locatário, as-

sim como, ele também irá per-

guntar sobre o imóvel, vizinhos

inclusive sobre você proprie-

tário! Descubra se é a pessoa

indicada para o seu imóvel. Há

certas qualidades que você

deve procurar e que geralmen-

te indicam se o inquilino é

bom, bem como, indicadores

de que um candidato poderá

causar problemas no curso da

locação. Procure referências do

inquilino como, últimos imó-

veis em que residiu e contatos

de locadores anteriores.

Não abra mão de uma

garantia locatícia!

Nos contratos de locação é

faculdade do proprietário-loca-

dor exigir do locatário uma das

modalidades de garantias pre-

vistas no artigo 37 da Lei do

Inquilinato, quais sejam: cau-

ção; fiança; seguro fiança

locatícia; cessão fiduciária de

quotas de fundo de investimen-

to. Normalmente, as garantias

mais usadas são a fiança.

Quando o locatário apresenta

um fiador, geralmente, com um

bem imóvel ou renda suficien-

te e/ou caução, que geralmen-

te varia de 1 a 3 vezes o valor

do aluguel. É válido lembrar

que é vedada, sob pena de

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16 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

nulidade, mais de uma das

modalidades de garantia num

mesmo contrato de locação.

Por outro lado, existe ain-

da a possibilidade de o con-

trato de locação, por vontade

das partes, não possuir pre-

visão de nenhuma garantia.

Apesar de muitos pensarem

que esta opção é desfavorá-

vel para o locador, ela, na rea-

lidade, possui certos benefí-

cios, que devem ser muito

bem analisados por quem pre-

tende locar seu imóvel, como

por exemplo, podemos citar a

facilidade para proceder ao

despejo liminar do locatário,

contudo, existem algumas

desvantagens como a moro-

sidade do judiciário e, em al-

guns casos, a necessidade de

caução para o despejo liminar.

Conclusões

Como proprietários ou ad-

ministradores de imóveis,

deve-se selecionar adequada-

mente cada inquilino em po-

tencial. Afinal, tanto o propri-

etário-locador, quanto o inqui-

lino, definitivamente não de-

sejam passar pelo exaustivo e

desgastante processo judicial

de despejo.

Lembre-se: isto não signi-

fica que você precisa se tor-

nar um “investigador neuróti-

co” toda vez que alguém

demostrar interesse em alugar

a sua casa ou seu apartamen-

to. Use uma boa e sincera con-

versa e tente ter uma ideia ou

perfil da pessoa interessada,

e então firme-se em dados e

informações concretas presta-

das na análise de crédito e ele-

mentos fornecidos pela pessoa

interessada na locação do imó-

vel. Tenha cuidado para não

ultrapassar os limites, o que

pode colocá-lo em algum ato

discriminatório grave, qualifi-

cado como crime!

Selecionar adequadamente

um inquilino é compreender

quem são os futuros morado-

res de sua casa ou apartamen-

to. Selecionar adequadamente

é analisar se aquela pessoa ou

aquele conjunto familiar é ade-

quado e tem condições para

alugar e, acima de tudo, man-

ter uma saudável locação du-

rante determinado período de

tempo, tudo isto, com base em

documentos fornecidos, infor-

mações prestadas e entrevis-

tas realizadas. O que se busca

em todo o processo de análise

é uma estimativa sobre a pes-

soa correta no imóvel correto.

Importante destacar que as

medidas acimas propostas, re-

duzem significativamente as

possibilidades de inadimplên-

cia, bem como problemas fu-

turos, contudo não querem di-

zer que você não terá proble-

mas futuro.

Fontes

1.Lei nº 8.245 /91;

2.Tribunal de Justiça do

Estado do Rio Grande do Sul;

3.Código Civil Brasileiro;

Análise do Inquilino

* O autor é Advogado, em Alegrete/RS. Corretor de Imóveis. Estuda pós graduação em

Advocacia Imobiliária, Urbanística, Registral e Notarial em UNISC-RS.

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171ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Multa por Quebra de Contrato

Funcionária Pública que vai mudar de cidade devido ao trabalho deverá pagar multa

pela quebra de contrato de aluguel?

Temos uma Locatária, que é funcionária Pública, prestando serviço em nossa cidade, onde locou

um imóvel. Recentemente nos comunicou que passou em outro Concurso Público e que vai embora

para outra cidade e alegou que não vai pagar a multa por ser Funcionária Pública.

Ela não foi transferida, ela mudou de trabalho e de empresa, pois foi trabalhar em outra Prefei-

tura. A Lei diz que o Locatário estará isento de multa somente no caso de transferência pelo

empregador para outra cidade.

Pergunta: Estaria correto cobrarmos a multa proporcional de 3 alugueis, conforme menciona o

contrato?

BDI Responde: A lei é taxativa no sentido de que, a dispensa da multa somente ocorrerá

quando a transferência decorrer por iniciativa do empregador. Nesse caso, a locatária está traba-

lhando e optou por trocar de emprego, assim, a multa contratual é devida.

Portanto, deverá ser cobrada a multa proporcional.

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191ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Registro de Partilha

Mesmo com a negativa do oficial, herdeirosconseguem obter o direito ao registro da partilha

Comentário do BDI: Trata-se de uma dúvida de um Oficial que negou o pedido de registro departilha de um imóvel.

O Oficial argumentou que no título apresentado não constam as individualizações da incidência

da meação¹ e das cotas hereditárias. Alegou vício na partilha apresentada e a repercussão do art.653, II, do Código de Processo Civil, que obriga a identificação dos bens ou partes de cada um dos

bens que couberem a um e a outro.

Uma das herdeiras informou que a escritura de inventário e partilha foi lavrada nos moldes da Lein° 11.441/2007, da Lei n° 6.015/1973 e da Resolução n° 35 do CNJ. Afirmou que o imóvel foi

mantido em condomínio entre as partes, afastando assim os argumentos do Oficial.

O Tribunal verificou que não se refere propriamente ao vício na partilha, mas sim, à forma eleitapara descrever a destinação dos quinhões, o que não configura afronta às leis citadas pela herdeira,

tampouco às normas do atual Código de Processo Civil, incluindo o seu artigo 653.

Portanto, conforme os documentos apresentados, não resta dúvida quanto à distribuição paracada herdeiro e de suas cotas-partes ideais no imóvel.

Por terem os herdeiros preenchido os requisitos da Resolução nº 35, de 24.4.2007, do CNJ e não

configurados os vícios na partilha apresentada, portanto, é possível o registro do título.A dúvida do Oficial foi julgada improcedente.

1. A meação decorre do regime de bens adotado no casamento.

Ementa: Escritura pública - Inventário extrajudicial – Partilha - Meação - Individualização -Condomínio.

Dados da Decisão: 1ª VRPSP – Processo n° 1029812-37.2018.8.26.0100 – Relatora: Tânia

Mara Ahualli – Data do julgamento: 16.4.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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20 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Reintegração de Posse

Compradores de imóvel oferecido pelainternet não tiveram cautela ao adquiri-lo

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de reintegração de posse de um imóvel que foivendido por terceiro de má-fé.

Os proprietários não concordam com a decisão que foi proferida pelo Juiz de 1ª instância, em que

eles foram condenados ao pagamento das benfeitorias realizadas pelos compradores. Sustentaram,que essas benfeitorias são inaproveitáveis e contém defeitos estruturais.

Os compradores se defenderam dizendo que têm o direito à indenização pelas benfeitorias que

realizaram, pois adquiriram o imóvel em desconhecimento de que pertencia a outrem, e que so-mente descobriram o golpe após a obra sofrer embargo pelo Município. Afirmaram ter encontrado

o imóvel em anúncio de um site, especializado em veiculação de ofertas, e que compraram e

ergueram a construção.O Tribunal verificou que, em suma, o que se tem é um terreno supostamente oferecido pela

internet, por alguém que não apresentou provas concretas de que o possuía e que por ele cobrou

preço tão baixo que divergia dos valores no entorno, sem que tivesse sido verificado pelos compra-dores que não tiveram a cautela mínima para a proteção do seu direito.

Portanto, foi julgado procedente o pedido dos proprietários de reintegrar-se na posse de seu

imóvel, e afastada a obrigação de indenizar aos compradores, que foram condenados, no prazo de60 dias, para que promovam a demolição e removam os materiais do imóvel.

Ementa: Apelação Cível. Ação Possessória. Imóvel vendido por terceiro. Acessões artificiais.

Construções. Documentos novos. Boa-fé objetiva. Inexistência. Dever de diligência. Indenizaçãoafastada. Recurso provido.

Dados da Decisão: TJAC – Apelação n° 0705728-52.2015.8.01.0001 – Relator: Roberto Barros

- Data do julgamento: 24.4.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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211ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Notificação Extrajudicial

Notificação Extrajudicial de distratode compra e venda de loteamento

Trata-se da intenção de rescisão de compra e venda de loteamento por iniciativa do comprador,

em que a imobiliária se posicionou no sentido de querer devolver somente 50% do valor pago e deforma parcelada.

Pergunta: Solicito modelo de Notificação Extrajudicial e de Ação de Rescisão de compra e venda

de loteamento por iniciativa do comprador.

BDI Responde: Segue modelo de notificação extrajudicial. No entanto, a ação de rescisão de

compra e venda de loteamento tem um dispositivo próprio, que seria o “Apoio Processual”disponibilizado em nosso site: https://www.diariodasleis.com.br/servico-de-apoio-processual.php

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL DEDISTRATO DE COMPRA E VENDA DE LOTEAMENTO

Pela presente Notificação de Distrato, faço saber ao VENDEDOR Sr. ___________________(nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, endereço), casado pelo Regime da Comu-

nhão Parcial de Bens com ______________ (nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF,

endereço), que o COMPRADOR Sr________________________(nome, nacionalidade, estado civil,profissão, RG, CPF, endereço), requer que seja proferido o DISTRATO DE RELAÇÃO JURÍDICA DE

COMPRA E VENDA DE LOTEAMENTO, com fundamento nos arts. 472 e 473 do Código Civil, que se

regerá de acordo com as cláusulas e condições estipuladas, com a devida devolução dos valorespagos até a presente data.

Local/DataCOMPRADOR: ____________________

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22 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Desapropriação indireta é efetuada semque o município pague a devida indenização

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de indenização em que a prefeitura desapropriou o

imóvel de um proprietário.

O proprietário pediu indenização por perdas e danos que sofreu pela desapropriação indireta(*),

feita pela prefeitura, que deixou de pagá-lo.

O município alegou que o proprietário perdeu o tempo para pedir a indenização.

Caso o proprietário não conteste o ato no momento oportuno, deixando que a Administração dê

uma destinação pública ao bem, ocorre um “fato consumado”, gerador da desapropriação indireta.

A partir de então, o ex-proprietário não mais poderá reivindicar o bem, pois, nos termos do art. 35

do Decreto 3.365/1941: “os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem

ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação”.

O Tribunal, através de análise documental, verificou que o proprietário não perdeu o prazo para

pedir indenização do município. Assim, julgou procedente o pedido de indenização por desapropria-

ção indireta, condenando o município a pagar o valor atualizado monetariamente.

(*) Desapropriação indireta é a que se processa sem observância do devido processo legal, vale

dizer, o apossamento é efetuado sem que o Poder Público, no caso o município, declare o bem como

de interesse público ou pague a devida indenização.

Ementa: Apelação Cível. Desapropriação indireta. Município de Lagoa Grande. Indenização.

Prescrição. Súmula nº 119, do colendo STJ. Aplicabilidade da regra de transição. Artigo 2.028, do

Código Civil de 2002. Termo inicial. Vigência do novo Código. Decurso do prazo. Inocorrência.

Pretensão não fulminada. Artigo 1.013, § 4º, do CPC de 2015. Aplicabilidade. Julgamento imediato

do mérito, pelo tribunal. Laudo pericial. Indenização justa. Juros de mora. Juros compensatórios.

Correção monetária. Incidência. Honorários advocatícios. Artigo 27, §§ 1º e 3º, do Decreto Lei nº

3.365/41.

Dados da Decisão: TJMG – Apelação Cível nº 10534120001696001 – Relator: Washington

Ferreira - Data do julgamento: 3.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Desapropriação Indireta

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231ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Rescisão de Compra e VendaAção de rescisão de compra e venda com retenção

de 10% dos valores pagos para os vendedores

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de distrato contratual cumulada com a restituição

de valores na compra e venda de imóvel alienado fiduciariamente como garantia.

Os promitentes compradores alegaram que estavam em dia com as prestações quando procura-

ram os promitentes vendedores para rescindirem o contrato de compra e venda do imóvel, por não

terem condições financeiras para manter as prestações.

Pediram assim, a restituição dos valores das prestações que pagaram na compra do imóvel.

Sustentaram, que a sua inadimplência posterior, decorreu por culpa exclusiva dos promitentes

vendedores que se negaram a rescindir o contrato, quando ainda estavam adimplentes com as

prestações contratuais e que foram taxativos em responder que o contrato era irretratável e

irrevogável.

O Tribunal verificou que houve boa-fé dos promitentes compradores quando solicitaram a resci-

são contratual por não terem mais condições financeiras de prosseguirem com o negócio jurídico.

Desse modo, a pretensão dos promitentes compradores, deve ser analisada à luz do artigo 53,

do CDC, que assim dispõe: “Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante

pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas

de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do

credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto

alienado”.

Além disso, o STJ entendeu que, em caso de resolução do compromisso de compra e venda por

culpa do promitente comprador, é lícito ao vendedor reter certo percentual dos valores pagos.

Portanto, ficou determinado a rescisão do contrato de compra e venda do imóvel e a condenação

dos promitentes vendedores a restituírem os valores pagos pelas parcelas, devidamente corrigidos,

bem como, a retenção de 10% sobre os valores pagos a favor dos promitentes vendedores.

Ementa: Apelação Cível. Ação de rescisão c/c restituição de valores. Contrato particular de

compra e venda de imóvel com pacto de alienação fiduciária em garantia. Pretensão do comprador

que se encontra em dificuldade financeira. Sentença de improcedência. Reforma. Imposição. 1.

Aplicabilidade do procedimento previsto na Lei nº 9.514/97. Impossibilidade. Inexistência de formal

inadimplemento que afasta a hipótese de consolidação da propriedade em favor da credora fiduciária

e, consequentemente, de realização de leilão extrajudicial. Manifestação do intento de rescisão

anterior ao efetivo inadimplemento contratual. Incidência do código de defesa do consumidor.

Dados da Decisão: TJPR – Apelação Cível n° 0007633-09.2017.8.16.0014 – Relator: Péricles

Bellusci de Batista Pereira - Data do julgamento: 30.5.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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24 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Atraso na Entrega do Imóvel

Promitente vendedor não pode cobrar taxasde condomínio antes da entrega das chaves

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de indenização por danos morais e materiais execu-

tada pelos promitentes compradores, referente ao atraso na entrega do imóvel, bem como, a

restituição correspondente às taxas de condomínio pagas antes da entrega da unidade.

O promitente vendedor alegou que embora os promitentes compradores tenham cumprido a obri-

gação financeira prevista em contrato, para o recebimento das chaves do imóvel, seria necessária a

assinatura de um termo contendo a firma do casal adquirente, ou seja, a apresentação de mandado

público contendo a assinatura dos dois, já que a relação jurídica fora estabelecida com o casal.

Salientou que o documento particular apresentado pelos promitentes compradores, com firma

reconhecida de sua esposa para o recebimento das chaves, não é válido para produzir efeitos na

esfera do direito real e possessório. As taxas de condomínio que foram cobradas correspondem ao

fato de a obra estar integralmente concluída, inclusive com condomínio instalado, sendo por isso,

dos promitentes compradores a responsabilidade pelo pagamento das referidas taxas.

O Tribunal verificou que a exigência pelo promitente vendedor traduz excesso de formalismo,

porque o ingresso do promitente comprador na posse do imóvel, não importaria em qualquer viola-

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251ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Atraso na Entrega do Imóvel

ção aos direitos reais e possessórios.

Portanto, a conduta do promitente vendedor em recusar a entrega das chaves ao promitente

comprador é abusiva e as taxas de condomínio somente serão cobradas a partir de quando se

ingressa na posse do imóvel com a entrega das chaves.

Assim, o promitente vendedor foi condenado ao pagamento de indenização por danos materiais,

no montante correspondente às taxas de condomínio cobradas, antes da imissão na posse do

imóvel, além de reparação moral no valor de R$ 5.000,00.

Ementa: Civil e Processo Civil. Apelação Cível. Ação de indenização por danos materiais e mo-

rais. Atraso na entrega de imóvel. Procedência na origem. Contrato de promessa de compra e venda

de imóvel. Separação superveniente dos promitentes compradores. Entrega das chaves condiciona-

da à aquiescência da ex-cônjuge. Apresentação de procuração particular pelo promitente compra-

dor, com firma reconhecida. Exigência de instrumento público pela construtora. Ausência de dispo-

sição contratual nesse sentido. Recusa injustificada na entrega das chaves. Cobrança de taxas

condominiais antes da imissão de posse. Conduta abusiva. Repetição do indébito que deve ocorrer

de forma simples. Excludentes de responsabilidade não evidenciadas. Danos morais configurados.

Quantum indenizatório fixado acima dos parâmetros de precedentes da corte. Redução possível.

Apelo conhecido e parcialmente provido.

Dados da Decisão: TJRN – Apelação n° 2016.005572-9 – Relator: Dilermando Mota - Data do

julgamento: 10.5.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

Apropriação Indébita

Síndico de condomínio foi condenado a2 anos de reclusão por apropriação indébita

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação penal em que um síndico de condomínio edilício, foiacusado de usar cheques do condomínio para a compra de itens particulares, bem como deixou de

pagar as contas. Foi condenado por apropriação indébita, e contesta o tempo da pena de 2 anos e

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26 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

sete meses de reclusão pelo delito praticado.A defesa do síndico aponta que houve a violação do artigo 168, § 1°, II, do Código Penal,

alegando ser incabível a condenação na forma qualificada do delito, uma vez que o síndico a que se

refere o aumento da pena é o síndico da massa falida “administrador judicial” e não o síndicoadministrador de um prédio. Argumentou que o síndico nunca exerceu a função de síndico de massa

falida, tendo apenas administrado as funções de um condomínio edilício.

O Superior Tribunal de Justiça verificou que de fato, a maioria dos doutrinadores, entende que afigura do síndico descrita no artigo citado faz referência ao síndico agora denominado “administra-

dor judicial” (Lei n. 11.101/2005), ou seja, aquele profissional nomeado pelo juiz e responsável

pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial.Portanto, o delito do síndico foi desclassificado para sua forma simples e acertada a sua pena em

2 anos de reclusão.

Ementa: Recurso especial. penal. Apropriação indébita. Síndico de condomínio edilício. Nãoenquadramento na forma qualificada do delito. Desclassificação. Necessidade. Recurso provido. 1.

A figura do síndico a que se refere o inciso II, do § 1º, do art. 168, do Código Penal, diz respeito ao

síndico da massa falida, hoje denominado administrador judicial (Lei 11.101/2005), e não ao síndi-co de condomínio edilício. 2. Recurso especial provido para redimensionar a pena do recorrente

para 2 (dois) anos de reclusão.

Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial n° 1.552.919 – Relator: Reynaldo Soares da Fonse-ca - Data do julgamento: 24.5.2016

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

Apropriação Indébita

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271ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Cancelamento de Hipoteca

Instituição financeira é condenadaao cancelamento da hipoteca

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação cominatória, com pedido de liminar, ajuizada por

uma construtora em desfavor de uma instituição financeira.A Construtora e a instituição financeira firmaram um contrato de financiamento imobiliário com

alienação fiduciária.

A construtora adquiriu, através de cessão de direitos, um imóvel e não conseguiu registrá-lo emrazão do registro de hipoteca averbada na matrícula e, portanto, pediu à instituição financeira pelo

cancelamento.

A instituição financeira se defendeu dizendo que não é legítima para responder pelo cancelamen-to da hipoteca.

O Tribunal verificou que a instituição financeira é legítima para figurar no processo e tem a

responsabilidade em realizar o procedimento de cancelamento da hipoteca por ter participado doempreendimento na qualidade de agente financeiro.

Portanto, foi julgado procedente o pedido da construtora e concedida a liminar a seu favor para

que seja desconstituído o registro da hipoteca averbada na matrícula do imóvel.Ementa: Ação Cominatória. Apelação Cível. Recurso parcialmente conhecido. Insurgência quan-

to à condenação em danos morais. Pleitos autorais e sentença que não trataram da matéria. Con-

trato de compra e venda de imóvel. Quitação integral do débito. Necessidade de liberação do gravamehipotecário. Responsabilidade da instituição financeira para proceder com a medida. Aplicabilidade

da Súmula 308 do STJ. Efeitos da hipoteca resultante de financiamento imobiliário são ineficazes

em relação a terceiro adquirente de boa-fé, que pagou pelo imóvel e não participou da avençafirmada entre a instituição financeira e a construtora. Recurso parcialmente conhecido. Provimento

negado.

Dados da Decisão: TJAL – Apelação n° 0700152-21.2017.8.02.0053 – Relatora: Elisabeth Car-valho Nascimento - Data do julgamento: 4.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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28 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Herança

Como vender imóvel de herança seos outros herdeiros não concordam?

Paulo Henrique Brunetti Cruz*

Tema recorrente em meus

atendimentos é o de saber

como vender imóvel de heran-

ça se os outros herdeiros não

concordam com a alienação,

notadamente quando o inven-

tário teve apenas um bem

imóvel partilhado.

Suponha-se que a pessoa

falecida tenha deixado como

herança um único imóvel a

partilhar e quatro herdeiros,

todos filhos do finado.

Após a tramitação do inven-

tário é feita a partilha da se-

guinte maneira: cada um dos

quatro filhos fica com 25% do

imóvel. Com isso, o bem ago-

ra passa a ter quatro proprie-

tários.

Como só um dos irmãos

mora no imóvel, instaura-se

um mal-estar com os demais,

porque apenas um está utili-

zando 100% do bem, enquan-

to os outros, que detêm 75%

da propriedade, pagam alu-

guel em outras casas e nada

estão ganhando desde a par-

tilha.

Então os outros três irmãos

decidem vender o bem, mas

o quarto irmão, que está mo-

rando no imóvel, manifesta-

se contra a alienação. Ele ale-

ga que também é dono, e,

como proprietário, tem o di-

reito de definir sobre o imó-

vel, e estipula que ele não será

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291ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

vendido.

Bom, este quarto irmão

não tem razão. Com efeito,

basta que somente um dos

irmãos queira vender, e,

automaticamente, todos os

demais ficarão obrigados a

assim proceder.

Nessa situação considera-

se que os herdeiros vivem em

um condomínio (mais de um

dono) de um bem indivisível

(não é possível “retalhar” o

imóvel em uma parte para

cada irmão).

Em havendo condomínio, se

um dos herdeiros optar pela

venda, os demais não têm

o direito de resisti-la, senão

o de comprar a parte

daquele(s) que quer(em) a

alienação¹.

O que fazer se

um dos herdeiros

não aceitar a venda?

Nos termos do que expli-

quei, ele não poderia não acei-

tar a venda. Em o fazendo, a

providência a se tomar é a ali-

enação forçada, por meio de

ação judicial.

No processo, o consenti-

mento desse herdeiro será su-

prido pelo do(a) juiz(a), inclu-

sive expedindo escritura públi-

ca de compra e venda sem a

necessidade de assinatura do

herdeiro contrário.

Se não houver acordo so-

bre a forma de venda do bem,

será feito leilão judicial. Não

aconselho enveredar pelo ca-

minho do leilão, posto que os

valores de arrematação cos-

tumam ser muito menores

que os de mercado.

Ressalto, porém, que não se

deve confundir ausência de

consenso sobre a venda com

a divergência quanto ao modo

de efetuá-la. No primeiro caso,

basta o suprimento do consen-

timento, enquanto no segun-

do é que se chega ao leilão².

Dificilmente há dissenso quan-

to ao método, e sim quanto à

alienação em si.

Há como preservar

a memória desse

bem da herança?

Outro aspecto que deve ser

levado em consideração é o

do herdeiro que não quer a

alienação em razão de desejar

preservar aquele bem que

considera precioso, que foi

do pai, da mãe, etc.

Friso que um direito assiste

a esse herdeiro: o direito de

preferência. Isso significa que

ele poderá comprar o imó-

vel pelo mesmo preço que

uma terceira pessoa ofere-

cer, sem precisar aumentar

a oferta.

Se o maior valor achado pe-

rante terceiros para a venda for

de R$ 500.000,00, poderá

comprá-lo pelos mesmos R$

500.000,00, sem necessidade

de dar um lance maior.

Pode parecer algo sem sen-

tido, a priori. Entretanto, não é

difícil encontrar verdadeiras bir-

ras entre irmãos, nas quais um

deles, que almeje comprar o

imóvel, seja interpelado por

seus pares no sentido de exigir

Herança

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30 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Herança

dele valor maior que o ofere-

cido por terceira pessoa.

Imagine-se que no exemplo

dos R$ 500.000,00 o irmão

que queira comprar o imóvel

ouça dos demais: “Ora, mas

R$ 500.000,00 nós já encon-

tramos. Se você quiser adqui-

rir, tem que pagar R$ 510.0

00,00.”

Como visto supra, este ir-

mão poderá adquirir o bem

pelos mesmos R$ 500.000,00,

sem dar um centavo a mais.

Poderá fazer isto valer até

mesmo judicialmente.

Não obstante, precisará dis-

por de dinheiro para isso. Não

poderá impor aos demais her-

deiros que mantenham o imó-

vel sem pô-lo à venda para

preservar as lembranças do fa-

lecido, a não ser que estes as-

sim também entendam.

* O autor é Advogado, Sócio Honorário da Academia Brasileira de Direito Processual

Civil – ABDPC. Membro Efetivo da Associação de Direito de Família e das Sucessões -ADFAS. Ex-Adjunto da Procuradoria dos Municípios de Marilac/MG e Jampruca/MG. Ex-

Adjunto da Procuradoria das Câmaras Municipais de Alpercata/MG, Jampruca/MG e Peri-

quito/MG. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce – FADIVALE.Advogado militante nas áreas de Direito de Família, Direito das Sucessões (Inventário) e

Direito Público Municipal. Parecerista. Articulista jurídico.

Ora, sendo eles também

donos, e conferindo o direito

de propriedade a prerrogativa

de dispor daquilo que se é

dono³, de outra maneira não

poderia portar a lei.

NOTAS

1. Cf. art. 1.322 do CC/2002.

2. Vide art. 730 do CPC/

2015.

3. Art. 1.228, caput, do Di-

ploma Substantivo Civil.

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311ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Comissão de Corretagem

Comissão de Corretagem é indevida quandohá desistência por parte do comprador

Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de cobrança de comissão de corretagem de imóveis.

A corretora alegou que intermediou a venda e quer receber pela comissão de corretagem. Disse

que deveria receber o valor de R$ 55.800,00, enquanto que, pelos serviços prestados de corretora,apenas recebeu R$ 4.800,00. Pediu a condenação do promissário vendedor ao pagamento do ser-

viço no valor de R$ 51.000,00, mesmo que o negócio não se efetive, em virtude do arrependimento

das partes.O promissário vendedor sustentou que a promissária compradora desistiu do negócio e que

inexiste o direito à comissão de corretagem.

O Tribunal verificou que não se trata de arrependimento, mas de desistência, ante a impossibili-dade de o promissário comprador obter certidões municipais para levar á frente o empreendimento.

Portanto, foi julgado improcedente o pedido da corretora na ação de cobrança.

Ementa: Apelação Cível. Ação de cobrança de comissão por corretagem de imóveis. Intermediaçãona negociação envolvendo compra de bem residencial. Comissão contratada em 6% sobre valor do

instrumento prevista em cláusula. Quitação de parte do avençado. Escusa baseada na não

concretização do negócio intermediado. Rescisão por culpa do comprador. Inviabilidade na utiliza-ção do imóvel para o fim pretendido. Impossibilidade de o comprador obter certidões municipais

para levar a frente o empreendimento que seria erguido sobre o terreno. Resultado útil não alcan-

çado. Remuneração indevida. Recurso provido.Dados da Decisão: TJSC – Apelação n° 0312036-84.2016.8.24.0005 – Relator: Fernando Carioni

- Data do julgamento: 10.4.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br

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32 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Perícia Imobiliária

Peritos e assistentes técnicos carecemde treinamento sobre aspectos processuais

para efetivamente contribuírem com a justiça

Daniela Almeida Tonholli*

O Direito Imobiliário levapara a justiça uma série de de-

mandas judiciais que depen-

dem de perícia, seja ao longodo processo ou de forma an-

tecipada. São ações referen-

tes a Revisional de Aluguel, Re-novatória de Contrato de Lo-

cação, Indenização por Vícios

de Construção, Prestação deContas, Interdito Proibitório,

Usucapião, Revisão de Quota

de Condomínio Baseada emFração Ideal, Direito de Vizi-

nhança, Demolitória, Nun-

ciação de Obra Nova, Repara-ção de Danos, entre tantas

outras. São vários os conflitos

que demandam a judicia-lização, que exigem uma diver-

sidade de especialistas para

realizar perícias em processos

que discutam cada um dessesinúmeros aspectos do Direito

Imobiliário.

Uma vez ajuizada uma açãoe determinada uma perícia, o

juiz nomeará o perito e as par-

tes deverão formular seus que-sitos e indicar seu assistente

técnico. Cada vez menos os

peritos serão nomeados pelalivre escolha do juiz, sendo

certo que muitos Tribunais Es-

taduais já atenderam à exigên-cia trazida pelo Novo Código

de Processo Civil que determi-

nou a criação de um banco deperitos que contenha um ca-

dastro de todos os profissio-

nais que se interessem em serperitos. Contudo, em Minas

Gerais, dentre outros estados

da federação, isso ainda não

foi feito, o que representa umatraso na prática processual.

Com o sorteio que deverá ser

realizado dentre os cadastra-dos, o banco de peritos per-

mitirá que um maior número

de profissionais faça perícia deforma mais equitativa.

No que diz respeito ao As-

sistente Técnico das partes, aquestão é de outra ordem, já

que a parte é livre para ter ou

não um assistente técnico,podendo escolher quem quer

que seja para desempenhar tal

tarefa, incluindo pessoas sema formação específica do ob-

jeto da perícia. Isso não retira

a importância da parte ter umprofissional habilitado para ser

seu assistente técnico. Mas,

não sendo este um expert, o

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331ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

Perícia Imobiliária○

risco é da parte, sendo que alei processual não proíbe.

O objeto da períciaNa prática, vemos que

mesmo os profissionais for-

mados e habilitados na ma-

téria objeto da perícia, e queàs vezes já atuam como pe-

ritos, não estão devidamente

preparados para a tarefa. Umperito que conhece bem a

matéria c ientí f ica a ser

periciada, muitas vezes con-duz mal a perícia porque não

compreende o objeto dela,

porque essa dedução deveriadecorrer da compreensão que

ele tem do que se objetiva

com a própria ação e o quegera a necessidade da perí-

cia. Ao contrário do que al-

guns peritos temem, não énecessário que tenham co-

nhecimentos do direito que

está em jogo. Mas é neces-sário que o perito domine to-

das as regras processuais

previstas sobre perito e perí-cia. Conhecendo-as, sua vi-

são se modifica. Percebe por-

que o juiz precisa de sua pe-rícia, embora o perito não

saiba o que a lei ou jurispru-

dência dizem sobre o caso aser periciado. Consegue deli-

mitar bem o objeto da perí-

cia e estabelecer o métodonecessário para a sua reali-

zação.

Perícia em direitoimobiliário – O perito

deve focar na sua ciênciae não no direito discutido

No campo do Direito Imobi-

liário a perícia feita por enge-

nheiros é muito recorrente.Numa ação em que se discuta,

por exemplo, o direito do mo-

rador de uma cobertura pagara taxa de condomínio no mes-

mo valor e percentual de todos

os demais moradores, muitasvezes o perito se confunde. Tal

ação é fundada na tese de que

a taxa de condomínio refere-seaos serviços comuns prestados

a todos os condôminos e que

isso independe do tamanho decada apartamento, ou seja,

quem mora na cobertura ou nos

apartamentos com áreas priva-tivas, não usam mais o portei-

ro, ou a luz do corredor, ou a

limpeza do prédio.Designado um engenheiro

para averiguar como se dá o uso

das partes comuns pelos mora-dores do prédio, o mesmo, com

a ideia fixa de que “em todo

condomínio o morador da co-bertura paga mais e isso deve

se manter assim”, porque que-

rem que o critério seja o depercentual da taxa proporcional

à fração ideal de cada aparta-

mento, o perito engenheiro afir-ma e reafirma que, mesmo não

existindo nada que demonstre

que o morador da cobertura nãousa mais as áreas comuns e

nem os serviços prestados

igualmente aos condôminos, asua taxa de condomínio deve

ser maior porque seu aparta-

mento é maior.Observamos facilmente que

o perito deixou o objeto da pe-

rícia, que era averiguar comocada condômino usa as áreas

comuns e como recebem os

serviços prestados, e passa afocar na noção de direito que

ele tem sobre o assunto. Em

verdade, se o juiz vai declararque de fato o morador da co-

bertura deva pagar igual aos

demais ou com base na fraçãoideal do seu imóvel, não impor-

ta para a perícia, bem como não

importa para a perícia o que alei diz sobre isso porque a parte

autora entrou com a ação jus-

tamente para discutir a lei, e elaapresenta um fundamento ju-

rídico plausível que somente o

juiz irá enfrentar. A lei, no Bra-sil, não é absoluta. Não é um

dogma, e as pessoas têm direi-

to de questionar em juízo direi-tos que podem estar sendo pre-

judicados, inclusive, pela pró-

pria lei.De forma semelhante, um

engenheiro que faz perícia em

imóvel comercial visando avali-ar o preço de mercado para fins

de Revisional de aluguel, que,

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34 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17

ao final dos cálculos advindos

de um método previsto em nor-ma da ABNT, entende que o

valor ficou “barato”, às vezes,

resolve abandonar o método daABNT e instituir o próprio mé-

todo que leve a um resultado

mais “justo” porque na visãodele aquele preço está baixo.

Isso traz implicações severas,

porque um perito que escolheabandonar um método

preestabelecido e aceito pela

sua comunidade científica, cor-re o risco de produzir resulta-

dos não apenas errados, mas

considerados inverdades, o quepode trazer para ele uma con-

denação tanto de natureza ci-vil, que o impedirá de fazer

novas perícias por até 5 anos,

o obrigará a indenizar a partee terá seu Conselho Profissio-

nal oficiado, como também

pode ter uma condenação peloCrime de Falsa Perícia previsto

no artigo 342 do Código Penal.

E veja que muitas vezes operito “só” achou que estava

barato, porque na visão dele a

decoração do lugar era muitoluxuosa, ou destoava de outro

comerciante de igual ramo na

mesma região, porque tinha a

aparência de que o fatura-

mento do empreendimento eramuito elevado.

O perito, assim como a jus-

tiça deve ter os olhos vendadospara as impressões e deixar sua

ciência operar o “milagre” peri-

cial, que mostrará a verdade.Profissionais que

fazem perícia em juízodevem se atualizar

Os peritos judiciais deverão

se adequar a uma nova reali-

dade quanto à produção deprova pericial que impôs requi-

sitos formais, devendo o laudo

conter, entre outros, o objetoda perícia e o método utilizado

e a demonstração de que essemétodo seja aceito cientifica-

mente. Portanto, as perícias

exigirão que os peritos estejamaptos a atender essas novida-

des sob pena de terem seus

laudos impugnados pelo réu oupelo autor que se sentir preju-

dicado. Logicamente, sendo o

perito um auxiliar do juiz, ca-berá a ele elaborar seu traba-

lho com perfeição, evitando

assim críticas que venham agerar retrabalho e atrasar o an-

damento do processo.

E mais: muitos processos

que necessitaram de perícias

judiciais antes da vigência doNovo Código de Processo Civil

(18/05/2016), terão as períci-

as devolvidas para os peritospara que adequem o laudo pe-

ricial às novas regras, tendo em

vista que a nova lei atinge osprocessos em andamento.

Quanto mais cedo o perito

se atualizar, melhor será o seudesempenho profissional e

maior a sua contribuição com

a Justiça, sendo que o juiz teráque mencionar o laudo perici-

al e o método nele utilizados,

mesmo que o laudo em nadainfluencie em sua decisão,

como podemos constatar noartigo 479 do CPC: “O juiz

apreciará a prova pericial de

acordo com o disposto no art.371, indicando na sentença os

motivos que o levaram a con-

siderar ou a deixar de consi-derar as conclusões do laudo,

levando em conta o método

utilizado pelo perito”.As partes do processo têm

o direito de solicitar a adequa-

ção da perícia para que conte-nha os novos requisitos. Todos

terão que se adequar em prol

de uma justiça mais eficiente.

* A autora é Advogada. Mestre. Doutora. Professora do Curso de Capacitação e Aperfeiçoa-mento em Perícia Judicial na Aspejudi (Associação dos Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores

e Mediadores de Minas Gerais). Professora do Curso de Imersão em Perícia Judicial. Professora

no Curso de Pós-graduação em Perícia Médica da Faculdade Unimed.

Perícia Imobiliária○

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Ago./2017 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967

Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184

Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224

Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889

Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483

Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629

Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166

Mar. 0,6351 0,5625 0,1719 0,7708 0,2424 0,0699 0,0900 0,0032

Abr. 0,5697 0,9255 0,3363 1,2647 0,2879 0,2100 0,2200 (-) 0,0260

Mai. 1,3782 1,6410 0,4131 2,3546 0,2314 0,4299 0,4001 0,1947

Jun. 1,8672 1,4779 1,1884 1,6719 0,9714 1,4299 1,2600 1,0102

Jul. 0,5067 0,4442 0,1688 0,5202 0,6135 0,2500 0,3301 0,2283

MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)

% % R$ COMERCIAL PARALELO

Ago./2017 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100

Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200

Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400

Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900

Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000

Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800

Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200

Mar. 0,0000 0,5000 954,00 3,2440 3,3700

Abr. 0,0000 0,5000 954,00 3,3010 3,4600

Mai. 0,0000 0,5000 954,00 3,5050 3,6300

Jun. 0,0000 0,5000 954,00 3,7370 3,8800

Jul. 0,0000 0,5000 954,00 3,8780 4,0600

Ago. 0,0000 0,5000 954,00 4,3741 3,7491

1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)

Reajuste em Mai./2018 Reajuste em Jun./2018 Reajuste em Jul./2018 Reajuste em Ago./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 1,0189 IGP-M/FGV 1,0426 IGP-M/FGV 1,0692 IGP-M/FGV 1,0824

IGP-DI/FGV 1,0297 IGP-DI/FGV 1,0520 IGP-DI/FGV 1,0779 IGP-DI/FGV 1,0859

IPC-DI/FGV 1,0298 IPC-DI/FGV 1,0287 IPC-DI/FGV 1,0443 IPC-DI/FGV 1,0422

INPC/IBGE 1,0169 INPC/IBGE 1,0176 INPC/IBGE 1,0353 INPC/IBGE 1,0361

IPC-A/IBGE 1,0276 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE 1,0439 IPC-A/IBGE 1,0448

IPC/FIPE 1,0129 IPC/FIPE 1,0154 IPC/FIPE 1,0251 IPC/FIPE 1,0276

3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.