diÁrio das leis ltda. · aluguel por temporada: nos condomínios via aplicativos de internet ......
TRANSCRIPT
2 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch
Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida
Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão
Colaboradores:
Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599
Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorHeronides Dantas de FigueiredoLeonardo CostaMauricio Francisco LeiteNathan [email protected]
DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamen-te a opinião da direção do Diário das Leis.
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
31ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
SumárioAlienação Fiduciária: Quais os prazos para consolidação de imóvel? ................................. 11
Aluguel por Temporada: Nos condomínios via aplicativos de internet................................ 11
Análise do Inquilino: A importância de uma correta análise do inquilino para o seu imóvel .. 15
Apropriação Indébita: Síndico de condomínio foi condenado a 2 anos de reclusãopor apropriação indébita ............................................................................................. 26
Assessoria Jurídica em Despejo: Em caso de despejo por falta de pagamento, quemadministra o imóvel é obrigado a oferecer assessoria jurídica gratuita? ............................. 13
Atraso na Entrega do Imóvel: Promitente vendedor não pode cobrar taxas de condomínioantes da entrega das chaves ....................................................................................... 24
AVCB: É dever da construtora entregar o prédio com AVCB aprovado .................................. 5
Cancelamento de Hipoteca: Instituição financeira é condenada ao cancelamento da hipoteca .. 27
Comissão de Corretagem: É indevida quando há desistência por parte do comprador ......... 31
Câmeras no Condomínio: Câmeras de monitoramento em edificações .............................. 9
Desapropriação Indireta: Desapropriação indireta é efetuada sem que o município paguea devida indenização ................................................................................................... 22
Fornecimento de Água: Corte de água do condômino inadimplente. Isso pode? ................. 10
Herança: Como vender imóvel de herança se os outros herdeiros não concordam? ............... 28
Multa por Quebra de Contrato: Funcionária Pública que vai mudar de cidade devido aotrabalho deverá pagar multa pela quebra de contrato de aluguel? .................................... 17
Notificação Extrajudicial: De distrato de compra e venda de loteamento .......................... 21
Perícia Imobiliária: Peritos e assistentes técnicos carecem de treinamento sobre aspectosprocessuais para efetivamente contribuírem com a justiça ............................................... 32
Registro de Partilha: Mesmo com a negativa do oficial, herdeiros conseguem obtero direito ao registro da partilha .................................................................................... 19
Reintegração de Posse: Compradores de imóvel oferecido pela internet não tiveramcautela ao adquiri-lo ................................................................................................... 20
Rescisão de Compra e Venda: Com retenção de 10% dos valores pagos para os vendedores ... 23
Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35
51ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
AVCB
É dever da construtora entregaro prédio com AVCB aprovado
Kênio de Souza Pereira*
Diante do fato de ser quase
impossível o proprietário de um
apartamento, sala ou loja que
faz parte de um condomínio ter
condições de arcar com a in-
denização de toda a totalidade
do prédio no caso da ocorrên-
cia de um incêndio, o legisla-
dor determinou desde 1964, no
artigo 13 da Lei nº 4.591/64,
ser obrigatório o condomínio
realizar o seguro da edificação,
sendo que em 2002 essa obri-
gação foi reiterada no Código
Civil, nos seguintes termos:
“Art. 1.348. Compete ao síndi-
co: [...] IX - realizar o seguro
da edificação”.
Dessa forma, os condomíni-
os comerciais e residências têm
anualmente pago os prêmios
de seguros para as Companhi-
as Seguradoras. A legislação
estadual da maioria dos esta-
dos da federação, determina
que as edificações coletivas
(prédios de apartamentos, sa-
las e lojas), bem como outras
construções, conforme classi-
ficação realizada pelo Corpo de
Bombeiros (que pode ser
verificada no site da corporação
do respectivo estado), são obri-
gadas a possuir o Auto de Vis-
toria do Corpo de Bombeiros
(AVCB). Sua falta acarreta a
autuação do Corpo de Bombei-
ros, gerando multa e até a in-
terdição do prédio no caso do
mesmo não ser realizado.
O AVCB é um documento
emitido pelo Corpo de Bombei-
ros da Polícia Militar (CBPM), o
qual pode variar de nome de-
pendendo do estado, sendo que
ele certifica que, durante a vis-
toria, a edificação possuía con-
dições de segurança contra in-
cêndio implantadas e em fun-
cionamento. Dessa maneira, o
Corpo de Bombeiros verifica o
conjunto de medidas estrutu-
rais, técnicas e organizacionais
integradas para garantir que a
edificação possui o nível ade-
quado de segurança contra in-
cêndios e pânico, conforme
previsto na lei. Seu objetivo é
preservar a vida dos morado-
res e ocupantes, obrigando o
construtor a edificar de manei-
ra que facilite a evacuação das
pessoas. O risco é determina-
do a partir da análise da
edificação considerando a sua
área, ocupação e a atividade
desenvolvida.
CIA. SEGURADORA NÃO
EXIGE AVCB PARA PODER
NEGAR A INDENIZAÇÃO
Na verdade a maioria dos
edifícios no país não possui
AVCB, inclusive os prédios pú-
blicos. O problema é que mi-
lhares de condomínios têm
pago anualmente o prêmio do
seguro e diante da falta do
AVCB existe um consenso en-
6 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
AVCB
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
tre as Cias. Seguradoras que
entendem que poderão sim-
plesmente negar o pagamento
da indenização sob a alegação
de faltar documentação legal.
Tal situação gera inseguran-
ça jurídica, sendo que é notó-
rio que no nosso país há cen-
tenas de processos judiciais
contra as Cias Seguradoras que
procuram desculpas, seja nos
mais variados casos (automó-
veis, roubos, furtos de celula-
res, incêndios, etc) para deixar
de arcar com a indenização ao
segurado.
Ao realizar a apólice de se-
guro constata-se que a Cia. de
Seguros não realiza nenhuma
vistoria nos edifícios e nem exi-
ge o AVCB e assim criam uma
situação ideal para alegarem,
no momento que ocorrer o si-
nistro, que a edificação estava
irregular, que a falta dos equi-
pamentos exigidos pelo Corpo
de Bombeiros provocou ou
agravou os danos e assim pro-
curam justificar o não paga-
mento da indenização.
FALTA DE CONHECIMENTO
DOS ADQUIRENTES
FAVORECE CONSTRUTORA
A maioria dos 5.570 muni-
cípios do Brasil não exige o
AVCB para conceder a Certi-
dão de Baixa de Construção,
também denominada Habite-
se. Diante disso, as constru-
toras averbam as edificações
no Ofício de Registro de Imó-
veis, as vende e entrega os
empreendimentos imobiliários
coletivos, às vezes, sem fazer
as obras e instalar os equipa-
mentos que são exigidos para
a aprovação do AVCB.
Ocorre que esse procedimen-
to fere as leis estaduais que
exigem que toda edificação co-
letiva tem o dever de possuir o
AVCB, sendo ilegal o procedi-
mento da incorporadora ou da
construtora entregar as unida-
des e o prédio sem cumprir essa
determinação legal que visa ga-
rantir a segurança e a vida dos
que vierem ali residir, trabalhar
ou simplesmente transitar.
Vejam por exemplo a legis-
lação de Minas Gerais:
Lei 14.130/2001 –“Dispõe
sobre a prevenção contra in-
cêndio e pânico no Estado e dá
outras providências.”
“Art. 1º - A prevenção e o
combate a incêndio e pânico
em edificação ou espaço desti-
nado a uso coletivo no Estado
serão feitos com a observância
do disposto nesta lei. Parágra-
fo único - Consideram-se
edificação ou espaço destina-
do a uso coletivo, para os fins
desta lei, os edifícios ou espa-
ços comerciais, industriais ou
de prestação de serviços e os
prédios de apartamentos
residenciais.
O artigo 2º estabelece que
o Corpo de Bombeiro, desen-
volverá as seguintes ações:“I
- análise e aprovação do sis-
tema de prevenção e combate
a incêndio e pânico; II - pla-
nejamento, coordenação e
execução das atividades de
vistoria de prevenção a incên-
71ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
dio e pânico nos locais de que
trata esta lei; III - estabeleci-
mento de normas técnicas re-
lativas à segurança das pes-
soas e seus bens contra incên-
dio ou qualquer tipo de catás-
trofe; IV - aplicação de san-
ções administrativas nos casos
previstos em lei. [...]”
A Lei 14.130/2001, foi re-
gulamenta pelo Decreto nº
44.746/08, que estipula:
“Art. 2º – As exigências das
medidas de segurança contra
incêndio e pânico das edifica-
ções e áreas de risco devem ser
cumpridas visando atender aos
seguintes objetivos: I – propor-
cionar condições de segurança
contra incêndio e pânico aos
ocupantes das edificações e áre-
as de risco, possibilitando o
abandono seguro; II – mini-
mizar os riscos de eventual pro-
pagação do fogo para edifi-
cações e áreas adjacentes, re-
duzindo danos ao meio am-
biente e patrimônio; III – pro-
porcionar meios de controle e
extinção do incêndio e pânico;
IV – dar condições de acesso
para as operações do Corpo de
Bombeiros Militar; e V – garan-
tir as intervenções de socorros
de urgência.”
Para verificar a situação do
seu condomínio, basta o cida-
dão acessar o site do Corpo de
Bombeiro do seu estado para
conferir a legislação aplicável à
sua edificação e consultar se a
mesma possui o AVCB. Nos ter-
mos do Código de Defesa do
Consumidor (CDC), conforme
art. 10: “O fornecedor não po-
derá colocar no mercado de
consumo produto ou serviço
que sabe ou deveria saber
apresentar alto grau de
nocividade ou periculosidade à
saúde ou segurança”.
Portanto, não tem o in-
corporador e nem o constru-
tor o direito de ignorar as leis
que visam propiciar condições
seguras de abandono da
edificação no caso de incên-
dio, sendo obrigação da cons-
trutora entregar um produto
adequado ao consumidor.
Conforme art. 12 do CDC, o
construtor responde, indepen-
dentemente da existência de
culpa, pela reparação dos da-
nos causados aos consumido-
res por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, cons-
trução, montagem, bem como
por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua uti-
lização e riscos.
CONDOMÍNIO TEM O
DIREITO DE EXIGIR
AVCB DA CONSTRUTORA
Cabe ao síndico e à empre-
sa que administra o condomí-
nio tomar providências para
que o condomínio esteja regu-
larizado, de maneira a reduzir
o risco de morte no caso de um
incêndio. Diante da inércia do
administrador, qualquer condô-
mino tem direito de exigir pro-
vidências por ter direito de pro-
teger seu patrimônio e a sua
vida e de seus familiares.
Quanto à prescrição para
exigir da construtora o AVCB,
entende-se que o prazo é de
dez anos, nos termos do arti-
go 205 do Código Civil, pois
não se trata de vício de cons-
trução previsto no art. 618 e
sim do descumprimento de
uma lei estadual.
O Tribunal de Justiça de Mi-
nas Gerais, ao tratar do tema
deixou claro ser obrigação da
Construtora Tenda S/A, que
agravou a fazer e apresentar
o AVCB ao condomínio, ao jul-
gar no dia 24/01/18, o Agravo
de Instrumento nº 1.002-
4.10.149891-3/001, com a
seguinte fundamentação:“A
construtora agravante possui
obrigação de obter o auto de
vistoria do corpo de bombei-
ros (AVCB), bem como o ha-
bite-se da obra, os quais vi-
sam atestar que a edificação
foi construída conforme as exi-
gências legais e está pronta
para ser habitada, bem como
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
AVCB
8 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
garantir que a construção se-
guiu corretamente tudo o que
estava previsto no projeto an-
tes aprovado. Desse modo,
tenho que se mostra absolu-
tamente adequada e razoável
a atribuição à agravante (cons-
trutora) do encargo de exibi-
ção dos referidos documentos,
uma vez que ela é quem de-
tém o conhecimento dos mei-
os adequados e local de requi-
sição destes documentos,
notadamente porque foi ela a
responsável pela construção
do imóvel e, portanto, quem
diligenciou e promoveu os pro-
cessos administrativos peran-
te aos referidos órgãos para a
obtenção ao final das autori-
zações”.
CDC EXIGE EDIFICAÇÃO
QUE ATENDA NORMAS
DE SEGURANÇA
Tendo em vista que as leis
estaduais exigem o AVCB de
forma que as construções pos-
sam vir a ser ocupadas com
segurança e diante da aplica-
ção do CDC, caracteriza afron-
ta à lei a inobservância dos se-
guintes artigos:
“Art. 6º. São direitos básicos
do consumidor: I – a proteção
da vida, saúde e segurança con-
tra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de
produtos... III – a informação
adequada e clara sobre os dife-
rentes produtos ... sobre os ris-
cos que apresentem;”
Não pode a construtora ela-
borar cláusula contratual na
promessa de compra e venda
que venha a transferir para o
condomínio ou adquirente a
obrigação de obter o AVCB, pois
afrontaria o inciso VI do art. 6º
que estabelece o direito do con-
sumidor: “a modificação das
cláusulas contratuais que esta-
beleçam prestações despropor-
cionais ou a sua revisão em ra-
zão de fatos supervenientes
que as tornem excessivamen-
te onerosas”.
Diante da falta de assesso-
ria jurídica especializada inú-
meros condomínios têm assu-
mido custos que variam de R$
50.000,00 a R$ 400.000,00
para realizar as obras, com-
prar os equipamentos, contra-
tar empresa especializada
para elaborar o projeto de in-
cêndio e pânico. A inércia do
condomínio resulta no paga-
mento de multas sucessivas e
até na interdição pelo Corpo
de Bombeiros.
O condomínio, ao ser inter-
ditado em decorrência da ne-
gligência, poderá o proprietá-
rio de um consultório ou escri-
tório que for impedido de tra-
balhar, bem como o lojista,
acionar judicialmente o condo-
mínio em busca de indeniza-
ção pelos danos materiais e
morais. Para evitar esses pro-
blemas, cabe ao condomínio
apurar se a edificação possui
o AVCB e, não tendo, exigir da
construtora ou arcar com o
custo de sua elaboração caso
já tenha ocorrido a prescrição.
A inércia do responsável pelo
condomínio, especialmente, no
momento da ocorrência de um
incêndio, poderá resultar em
prejuízo de elevado valor. Po-
derá a Cia. Seguradora apro-
veitar-se da falta de providên-
cias para criar obstáculos ao
pagamento da indenização,
podendo ao final, o síndico ou
aqueles que deixar de agir vi-
rem a figurar como réus para
arcarem com os prejuízos que
poderiam ser evitados se tives-
sem agido com cautela e res-
ponsabilidade.
* O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da
Câmara do Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor de pós-graduação na Escola
Superior de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis. Cola-borador do BDI, desde 1998.
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
AVCB
91ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Câmeras no Condomínio
Câmeras de monitoramento em edificações
Perguntas: Tenho dúvidas sobre a instalação de câmeras de monitoramento em condomínio:
Qual o quórum necessário para a aprovação da instalação? Instalação de câmeras considera-se
obra útil ou necessária?
Resposta: O crescimento da violência e a precariedade da estrutura da segurança pública não
são novidades para os cidadãos brasileiros. Em busca de preventivas medidas, proprietários e
condôminos têm aderido, cada dia mais, à implantação de circuitos internos de TV com o objetivo
de inibir atos ilícitos, bem como facilitar a identificação de quem pratica condutas antissociais ou
lesivas ao patrimônio. Nesse sentido, se há reiteradas reclamações dos condôminos acerca da
prática recorrente de atos ilícitos e antissocial, ou até mesmo da sensação de insegurança, a obra
será classificada como necessária. O condomínio poderá instalar o circuito interno da TV com a
aprovação da maioria simples na assembleia específica. Sendo aprovada a instalação do circuito
interno de TV, caberá à assembleia buscar assessoria jurídica para formalizar as regras que evitarão
riscos e polêmicas, tendo em vista serem diversas as situações que exigem prévia regulamentação
para que o administrador saiba agir com celeridade no momento que forem utilizadas as imagens.
10 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Fornecimento de Água
Corte de água do condômino inadimplente. Isso pode?
Ana Lidia Carvalho Villela Godoy*
Esse é um questionamentocomum entre os condôminos,síndicos e administradoras.
A inadimplência nos condo-mínios atingiu elevados índicesnos últimos anos e a prática docorte de água para coibir o au-mento da inadimplência e di-minuir os índices foi uma “saí-da” encontrada pelos síndicose administradoras.
Pode o condomínio, atravésdo síndico ou administradoracortar o abastecimento de águado condômino inadimplente?
NÃO.O Código Civil em seu arti-
go 1336, inciso I, determinaque é dever do condôminocontribuir com as despesas docondomínio na proporção dassuas frações ideais.
Caso o condômino não cum-pra com o seu dever de con-tribuição, ficará sujeito aos ju-ros moratórios previstos nalegislação, sendo dever do sín-
dico (ou administradora con-tratada) realizar a cobrança,impondo as multas devidas.
Observa-se que o CódigoCivil estabelece que as sançõesa serem impostas ao condô-mino inadimplente são de cu-nho estritamente pecuniário,não podendo restringir uso deserviço essencial para habita-ção, a pretexto de falta de pa-gamento.
Nosso ordenamento jurídi-co permite que a cobrança sejarealizada por outros meios(extrajudiciais e judiciais). In-clusive a unidade condominialconstitui garantia de viabilida-de de satisfação de seu crédi-to, sendo suficiente para coi-bir a inadimplência.
No entanto, ainda há quemdiga que basta a existência deprevisão na convenção, devi-damente aprovada em assem-bléia, e aviso prévio ao condô-mino inadimplente para que
esta medida seja consideradalegal.
CUIDADO!A água é um bem essencial
à qualidade de vida e à saúdede todos, independentementede serem devedores ou não.
Ainda que a convenção decondomínio, aprovada em as-sembléia, traga essa hipótesede sanção aos inadimplentes,o condomínio ficará suscetívelao questionamento por meiode uma ação judicial.
Portanto, apesar do forne-cimento de água ser um ser-viço pago, entende-se que ainterrupção é reservada ape-nas à concessionária do servi-ço público, em situações bemespecíficas, conforme dispõe oart. 6º, § 3º, inciso II da Lei8.987/95.
A supressão do fornecimen-to de água é medida drásticae abusiva, não aceita pela ju-risprudência majoritária.
* A autora é Advogada, em Taubaté, SP. Atuante no mercado imobiliário. Pós graduanda emDireito Imobiliário pela EBRADI (Escola Brasileira de Direito) e pela EPD (Escola Paulista de Direito).
111ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Alienação Fiduciária
Aluguel por temporada noscondomínios via aplicativos de internet
Suéllen Rodrigues Viana*
Estamos vivenciando uma
nova era nos contratos de lo-
cações de imóveis, pois tem
se tornado cada vez mais co-
mum no Brasil – e no mundo
– o aluguel por temporada via
aplicativos de internet, sendo
o mais famoso deles o
“Airbnb”.
Conforme descrição do pró-
prio site, o Airbnb fornece uma
plataforma on-line que conec-
ta proprietários e administra-
dores que possuem acomoda-
ções para anunciar e reservar,
com os potenciais locatários
que procuram reservar tais
acomodações”.
Tudo começa com o proprie-
tário cadastrando no “Airbnb”
o seu imóvel, detalhando-o
com todas as descrições soli-
citadas, bem como anexando
fotos do interior do mesmo.
Através do site, há a possibi-
lidade de locar toda a propri-
edade ou apenas um dormi-
tório. Todos os passos são re-
alizados através do site ou,
até mesmo, do aplicativo:
desde o pedido de reserva
pelo usuário, o aceite pelo
proprietário, bem como o pa-
gamento. Há, ainda, um sis-
tema de qualificação de anfi-
triões e de hospedes, além de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Aluguel por Temporada
Quais os prazos para consolidação de imóvel?
Trata-se de uma consolidação de imóvel com alienação fiduciária procedida através de uma
cédula de crédito bancário.
Pergunta: Quais os prazos para essa consolidação? Prazo de ingresso no cartório e prazo finalde ingresso?
BDI Responde: Em se tratando de consolidação do imóvel pelo pagamento total da dívida,conforme art. 25 §1º o prazo para o fiduciário fornecer o respectivo termo de quitação ao fiduciante
é de trinta dias. No entanto, conforme art. 26 § 1º, ambos da lei 9.514/1997, se a consolidação do
imóvel objeto de alienação fiduciária, for decorrente da falta de pagamento da prestação, o proce-dimento será iniciado pela intimação do fiduciante, através do oficial do competente do Registro de
Imóveis, para pagamento da dívida, no prazo de quinze dias. Após esse prazo o oficial promoverá
a averbação na matrícula do imóvel, para a consolidação da propriedade em nome do fiduciário.
12 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Aluguel por Temporada
seguro para danos na proprie-
dade.
Por conta de todas essas
seguranças contra riscos nas
hospedagens, o Airbnb possui
maior valor de mercado do
que as maiores redes de ho-
téis do mundo, sem possuir
um imóvel sequer em seu
nome para locação.
Antes de descrevermos so-
bre a nova modalidade de lo-
cação de curta temporada,
faz-se necessário mencionar
que a locação de um dormitó-
rio de uma residência se rege
pelo Código Civil (Lei nº
10.406/2002), enquanto
alocação do imóvel inteiro é
regida pela Lei de Locações
(Lei nº 8.245/91).
Em virtude disso, é grande
a dificuldade de se entender
qual legislação será aplicada
para as locações realizadas
através dos aplicativos de
internet e quais as limitações
que o condomínio pode impor.
Todavia, é inegável que,
com o anúncio da disponibili-
dade de aluguel do imóvel na
internet, o condomínio come-
çará a ser frequentado, mes-
mo que esporadicamente, por
pessoas estranhas ao condo-
mínio. Esses usuários não po-
dem ser considerados inquili-
nos no sentido tradicional do
termo, tendo em vista o curto
tempo que costumam ficar no
imóvel. Ademais, tem-se que
a maioria dos condomínios
atualmente não prevê qual-
quer regulamentação dessa
nova realidade em suas con-
venções e regimentos inter-
nos, haja vista que tal prática
se tornou bastante comum
apenas há alguns anos.
Assim, por conta da moder-
nização e da nova economia
global, cada vez mais basea-
da no uso da internet, os con-
domínios devem se adaptar a
essas inovações, a fim de que
consigam acompanhá-las sem
que lhes acometam de prejuí-
zos ou complicações futuras.
Portanto, para que os con-
domínios possam vir a aceitar
gradativamente a utilização de
aplicativos como o ”Airbnb”,
faz-se necessária a forma-
lização do aceite mediante
aprovação em assembleia ge-
ral, a qual votará sobre este
tema. Podendo ainda, proce-
der com a alteração da con-
venção.
Destaca-se também que,
enquanto não há uma legis-
lação específica para esse tipo
de aluguel por temporada, o
condomínio pode: Criar re-
gras para esses aplicativos,
restringindo ou não o acesso
a áreas comuns pelos não
condôminos (aqueles que lo-
caram o imóvel através do
aplicativo), ou o pagamento
de taxas extras pelo proprie-
tário do imóvel para cada dia
de utilização do locatário tem-
porário, o que poderia con-
tribuir e somar com o caixa
do condomínio;
Solicitar ao proprietário
que, antes do início de cada
locação, divulgue as regras do
condomínio no seu anúncio e
deixe na portaria autorização
específica com nome dos hós-
pedes, bem como a data de
chegada e de saída.
No mais, muitos problemas
e dúvidas seriam sanados se,
de fato, ocorresse a promul-
gação de uma legislação es-
pecífica que, sem restringir
em excesso o direito de pro-
priedade e de forma menos
burocrática possível, venha a
dar diretrizes positivas para a
utilização do “Airbnb” e seme-
lhantes em condomínios.
* A autora é Advogada, em Içara, SC. Atuante prestando consultoria e assessoria tanto no
contencioso quanto no preventivo.
131ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Assessoria Jurídica em Despejo
Em caso de despejo por falta de pagamento, quem administra o imóvel é obrigado aoferecer assessoria jurídica gratuita?
Pergunta: O corretor de imóveis, a imobiliária ou o advogado que administra os imoveis são
obrigados a fornecer assessoria advocatícia gratuita, em caso de despejo por falta de pagamento?
BDI Responde: A imobiliária e o corretor de imóveis não estão obrigados a arcar com as
despesas decorrentes da ação por despejo. Porém, se estiver estipulada esta obrigação em contrato
de administração, firmado com o proprietário do imóvel, aí a parte que se comprometeu não pode
cobrar do locador.
Cabe ressaltar que a assessoria advocatícia apenas poderá ser prestada por advogado, nunca um
corretor de imóveis ou a imobiliária pode prestar esse tipo de assessoria jurídica, pois configura
crime. Assim, o advogado que representa a imobiliária não está obrigado a prestar esse tipo de
serviço de forma gratuita, pois se assim o fizer cometerá infração ética disciplinar, conforme Esta-
tuto da Advocacia.
14 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Análise do InquilinoA importância de uma correta
análise do inquilino para o seu imóvel
Lucas Daniel Medeiros Cezar*
Duas das apreensões que os
proprietários de imóveis tem ao
alugarem é sem dúvida: (I) o
receito de o locatário não
ter o devido zelo e cuidado
com o imóvel locado e (II)
a falta de pagamento dos
alugueis em dia.
Pois bem, o medo de locar e
ter prejuízos - decorrente de
um inquilino inadequado - mui-
tas vezes é realmente assus-
tador, contudo certos cuidados
na análise da documentação de
um potencial inquilino podem
diminuir as possibilidades de
inadimplência e deixar a loca-
ção mais segura.
Como profissional da área
das locações, sempre recomen-
do que, o proprietário que de-
seja alugar seu imóvel, procu-
re uma imobiliária e ou um cor-
retor de imóveis devidamente
habilitado para fazer a inter-
mediação. Contudo, não sen-
do possível ou desejando alu-
gar o imóvel diretamente, siga
as orientações a seguir para,
ao menos, deixar a locação
mais segura.
“Uma seleção cuidadosa, ali-
ada a uma análise bem feita,
podem evitar muita dor de ca-
beça” - Lucas D. Medeiros
Cezar.
Confira algumas dicas im-
portantes para selecionar ade-
quadamente os futuros inquili-
nos do seu imóvel:
Documentos básicos
de identificação
Normalmente ao alugar um
imóvel, são solicitados os do-
cumento de identificação, tais
como RG e CPF. Contudo, uma
orientação interessante é que
você solicite uma ficha cadas-
tral (para que o locatário pre-
encha com maior número de in-
formações possíveis) e solicite
um segundo documento de
identificação (exemplo: Cartei-
ra de Trabalho e Previdência
Social (CTPS), Carteira de Ór-
gão ou Conselho de Classe
(OAB, CRM, CRP. Etc.), Cartei-
ra Nacional de Habilitação
(CNH) com foto, passaporte,
Carteiras expedidas por órgãos
públicos que por Lei Federal va-
lem como identidade). Nos dias
atuais é bastante comum en-
contrar fraudes como por
exemplo, documentos falsos.
Penso que solicitando um do-
cumento a mais a possibilida-
de de fraude pode diminuir.
Consulta aos órgãos de
proteção ao crédito
(SPC/Serasa) e protestos
Uma locação segura, passa
pela análise do histórico de cré-
dito dos futuros inquilinos –
saúde financeira. Evite pesso-
as negativadas e que possuem
um mal histórico. Contudo, não
haja de forma discriminatória,
pois existem restrições que
podem ser toleradas. Acredite,
existem ainda, restrições em
que o negativado não tem o co-
nhecimento. Se quem preten-
de a locação se dispor a regu-
larizar a situação antes de alu-
gar, dê uma oportunidade, pois
mostra uma boa vontade de re-
solver as pendências. A consul-
ta a estes órgãos podem ser
feitas de várias maneiras; uma
delas é através de empresas
relacionadas com o comércio e
que possuem acesso a esse
tipo de sistema.
Análise de renda:
um fator crucial
Na análise da renda, reco-
mendo que estipule um
parâmetro mínimo de renda
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
151ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Análise do Inquilino
para ser o locatário do imóvel.
Tenha em mente que o futuro
inquilino ou o conjunto familiar
(moradores que possuem ren-
da e irão contribuir com as con-
tas do imóvel) não poderão
comprometer mais do que 33%
(trinta e três por cento) da ren-
da familiar. Com isso quero di-
zer que, a pessoa ou conjunto
familiar que for alugar o imó-
vel deverá auferir uma renda
maior ou igual a 3 (três) ve-
zes o valor do aluguel. Com
isso é possível evitar possíveis
atrasos e até mesmo falta de
pagamento de alugueis e de-
mais encargos. Procure exigir
comprovantes de renda idône-
os, como contracheques não
adulterados ou fraudados, car-
teira de trabalho que apresen-
te o valor do salário e histórico
de contratações, assim como,
extratos bancários de períodos
anteriores, como por exemplo,
de 1 ano, para aqueles traba-
lhadores informais e ou autô-
nomos. Solicite, sempre que
possível, a declaração de Im-
posto de Renda.
Dica: verifique se o traba-
lho não é temporário e se o fu-
turo inquilino costuma trocar de
emprego com frequência. Lem-
bre-se: sem trabalho, sem ren-
da; sem condições de pagar o
aluguel.
Consulta a processos
ativos ou encerrados.
Solicite a apresentação
de certidões judiciais –
Cíveis e Criminais.
Parece exagero, mas é im-
portante pedir certidões judi-
ciais cíveis e criminais quando
da análise dos locatários. Com
esta medida é possível saber
se os pretendentes a locação
possuem algum processo em
trâmite ou finalizado. Lembre-
se de solicitar as certidões ne-
gativas referentes às cidades
em que o locatário residiu. Es-
tas negativas são expedidas
com os dados de identificação
dos futuros locatários. Analise
se possuem fatores que podem
ou não interferir na locação.
Mas, lembre-se, não haja de
forma discriminatória , existem
situações que precisam de
uma análise cuidadosa. Vale
ressaltar que: a discriminação
é crime.
Dica: procure saber se o in-
quilino já foi despejado, se não
possui processo por crimes, ou
outros ilícitos.
Converse com
o interessado!
Disponha-se para uma boa
conversa com o interessado,
isto é muito importante! Co-
mece convidando o futuro lo-
catário para conhecer o imó-
vel juntamente com você. Faça
algumas perguntas para co-
nhecer melhor o locatário, as-
sim como, ele também irá per-
guntar sobre o imóvel, vizinhos
inclusive sobre você proprie-
tário! Descubra se é a pessoa
indicada para o seu imóvel. Há
certas qualidades que você
deve procurar e que geralmen-
te indicam se o inquilino é
bom, bem como, indicadores
de que um candidato poderá
causar problemas no curso da
locação. Procure referências do
inquilino como, últimos imó-
veis em que residiu e contatos
de locadores anteriores.
Não abra mão de uma
garantia locatícia!
Nos contratos de locação é
faculdade do proprietário-loca-
dor exigir do locatário uma das
modalidades de garantias pre-
vistas no artigo 37 da Lei do
Inquilinato, quais sejam: cau-
ção; fiança; seguro fiança
locatícia; cessão fiduciária de
quotas de fundo de investimen-
to. Normalmente, as garantias
mais usadas são a fiança.
Quando o locatário apresenta
um fiador, geralmente, com um
bem imóvel ou renda suficien-
te e/ou caução, que geralmen-
te varia de 1 a 3 vezes o valor
do aluguel. É válido lembrar
que é vedada, sob pena de
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
16 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
nulidade, mais de uma das
modalidades de garantia num
mesmo contrato de locação.
Por outro lado, existe ain-
da a possibilidade de o con-
trato de locação, por vontade
das partes, não possuir pre-
visão de nenhuma garantia.
Apesar de muitos pensarem
que esta opção é desfavorá-
vel para o locador, ela, na rea-
lidade, possui certos benefí-
cios, que devem ser muito
bem analisados por quem pre-
tende locar seu imóvel, como
por exemplo, podemos citar a
facilidade para proceder ao
despejo liminar do locatário,
contudo, existem algumas
desvantagens como a moro-
sidade do judiciário e, em al-
guns casos, a necessidade de
caução para o despejo liminar.
Conclusões
Como proprietários ou ad-
ministradores de imóveis,
deve-se selecionar adequada-
mente cada inquilino em po-
tencial. Afinal, tanto o propri-
etário-locador, quanto o inqui-
lino, definitivamente não de-
sejam passar pelo exaustivo e
desgastante processo judicial
de despejo.
Lembre-se: isto não signi-
fica que você precisa se tor-
nar um “investigador neuróti-
co” toda vez que alguém
demostrar interesse em alugar
a sua casa ou seu apartamen-
to. Use uma boa e sincera con-
versa e tente ter uma ideia ou
perfil da pessoa interessada,
e então firme-se em dados e
informações concretas presta-
das na análise de crédito e ele-
mentos fornecidos pela pessoa
interessada na locação do imó-
vel. Tenha cuidado para não
ultrapassar os limites, o que
pode colocá-lo em algum ato
discriminatório grave, qualifi-
cado como crime!
Selecionar adequadamente
um inquilino é compreender
quem são os futuros morado-
res de sua casa ou apartamen-
to. Selecionar adequadamente
é analisar se aquela pessoa ou
aquele conjunto familiar é ade-
quado e tem condições para
alugar e, acima de tudo, man-
ter uma saudável locação du-
rante determinado período de
tempo, tudo isto, com base em
documentos fornecidos, infor-
mações prestadas e entrevis-
tas realizadas. O que se busca
em todo o processo de análise
é uma estimativa sobre a pes-
soa correta no imóvel correto.
Importante destacar que as
medidas acimas propostas, re-
duzem significativamente as
possibilidades de inadimplên-
cia, bem como problemas fu-
turos, contudo não querem di-
zer que você não terá proble-
mas futuro.
Fontes
1.Lei nº 8.245 /91;
2.Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul;
3.Código Civil Brasileiro;
Análise do Inquilino
* O autor é Advogado, em Alegrete/RS. Corretor de Imóveis. Estuda pós graduação em
Advocacia Imobiliária, Urbanística, Registral e Notarial em UNISC-RS.
171ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Multa por Quebra de Contrato
Funcionária Pública que vai mudar de cidade devido ao trabalho deverá pagar multa
pela quebra de contrato de aluguel?
Temos uma Locatária, que é funcionária Pública, prestando serviço em nossa cidade, onde locou
um imóvel. Recentemente nos comunicou que passou em outro Concurso Público e que vai embora
para outra cidade e alegou que não vai pagar a multa por ser Funcionária Pública.
Ela não foi transferida, ela mudou de trabalho e de empresa, pois foi trabalhar em outra Prefei-
tura. A Lei diz que o Locatário estará isento de multa somente no caso de transferência pelo
empregador para outra cidade.
Pergunta: Estaria correto cobrarmos a multa proporcional de 3 alugueis, conforme menciona o
contrato?
BDI Responde: A lei é taxativa no sentido de que, a dispensa da multa somente ocorrerá
quando a transferência decorrer por iniciativa do empregador. Nesse caso, a locatária está traba-
lhando e optou por trocar de emprego, assim, a multa contratual é devida.
Portanto, deverá ser cobrada a multa proporcional.
191ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Registro de Partilha
Mesmo com a negativa do oficial, herdeirosconseguem obter o direito ao registro da partilha
Comentário do BDI: Trata-se de uma dúvida de um Oficial que negou o pedido de registro departilha de um imóvel.
O Oficial argumentou que no título apresentado não constam as individualizações da incidência
da meação¹ e das cotas hereditárias. Alegou vício na partilha apresentada e a repercussão do art.653, II, do Código de Processo Civil, que obriga a identificação dos bens ou partes de cada um dos
bens que couberem a um e a outro.
Uma das herdeiras informou que a escritura de inventário e partilha foi lavrada nos moldes da Lein° 11.441/2007, da Lei n° 6.015/1973 e da Resolução n° 35 do CNJ. Afirmou que o imóvel foi
mantido em condomínio entre as partes, afastando assim os argumentos do Oficial.
O Tribunal verificou que não se refere propriamente ao vício na partilha, mas sim, à forma eleitapara descrever a destinação dos quinhões, o que não configura afronta às leis citadas pela herdeira,
tampouco às normas do atual Código de Processo Civil, incluindo o seu artigo 653.
Portanto, conforme os documentos apresentados, não resta dúvida quanto à distribuição paracada herdeiro e de suas cotas-partes ideais no imóvel.
Por terem os herdeiros preenchido os requisitos da Resolução nº 35, de 24.4.2007, do CNJ e não
configurados os vícios na partilha apresentada, portanto, é possível o registro do título.A dúvida do Oficial foi julgada improcedente.
1. A meação decorre do regime de bens adotado no casamento.
Ementa: Escritura pública - Inventário extrajudicial – Partilha - Meação - Individualização -Condomínio.
Dados da Decisão: 1ª VRPSP – Processo n° 1029812-37.2018.8.26.0100 – Relatora: Tânia
Mara Ahualli – Data do julgamento: 16.4.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
20 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Reintegração de Posse
Compradores de imóvel oferecido pelainternet não tiveram cautela ao adquiri-lo
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de reintegração de posse de um imóvel que foivendido por terceiro de má-fé.
Os proprietários não concordam com a decisão que foi proferida pelo Juiz de 1ª instância, em que
eles foram condenados ao pagamento das benfeitorias realizadas pelos compradores. Sustentaram,que essas benfeitorias são inaproveitáveis e contém defeitos estruturais.
Os compradores se defenderam dizendo que têm o direito à indenização pelas benfeitorias que
realizaram, pois adquiriram o imóvel em desconhecimento de que pertencia a outrem, e que so-mente descobriram o golpe após a obra sofrer embargo pelo Município. Afirmaram ter encontrado
o imóvel em anúncio de um site, especializado em veiculação de ofertas, e que compraram e
ergueram a construção.O Tribunal verificou que, em suma, o que se tem é um terreno supostamente oferecido pela
internet, por alguém que não apresentou provas concretas de que o possuía e que por ele cobrou
preço tão baixo que divergia dos valores no entorno, sem que tivesse sido verificado pelos compra-dores que não tiveram a cautela mínima para a proteção do seu direito.
Portanto, foi julgado procedente o pedido dos proprietários de reintegrar-se na posse de seu
imóvel, e afastada a obrigação de indenizar aos compradores, que foram condenados, no prazo de60 dias, para que promovam a demolição e removam os materiais do imóvel.
Ementa: Apelação Cível. Ação Possessória. Imóvel vendido por terceiro. Acessões artificiais.
Construções. Documentos novos. Boa-fé objetiva. Inexistência. Dever de diligência. Indenizaçãoafastada. Recurso provido.
Dados da Decisão: TJAC – Apelação n° 0705728-52.2015.8.01.0001 – Relator: Roberto Barros
- Data do julgamento: 24.4.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
211ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Notificação Extrajudicial
Notificação Extrajudicial de distratode compra e venda de loteamento
Trata-se da intenção de rescisão de compra e venda de loteamento por iniciativa do comprador,
em que a imobiliária se posicionou no sentido de querer devolver somente 50% do valor pago e deforma parcelada.
Pergunta: Solicito modelo de Notificação Extrajudicial e de Ação de Rescisão de compra e venda
de loteamento por iniciativa do comprador.
BDI Responde: Segue modelo de notificação extrajudicial. No entanto, a ação de rescisão de
compra e venda de loteamento tem um dispositivo próprio, que seria o “Apoio Processual”disponibilizado em nosso site: https://www.diariodasleis.com.br/servico-de-apoio-processual.php
NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL DEDISTRATO DE COMPRA E VENDA DE LOTEAMENTO
Pela presente Notificação de Distrato, faço saber ao VENDEDOR Sr. ___________________(nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, endereço), casado pelo Regime da Comu-
nhão Parcial de Bens com ______________ (nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF,
endereço), que o COMPRADOR Sr________________________(nome, nacionalidade, estado civil,profissão, RG, CPF, endereço), requer que seja proferido o DISTRATO DE RELAÇÃO JURÍDICA DE
COMPRA E VENDA DE LOTEAMENTO, com fundamento nos arts. 472 e 473 do Código Civil, que se
regerá de acordo com as cláusulas e condições estipuladas, com a devida devolução dos valorespagos até a presente data.
Local/DataCOMPRADOR: ____________________
22 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Desapropriação indireta é efetuada semque o município pague a devida indenização
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de indenização em que a prefeitura desapropriou o
imóvel de um proprietário.
O proprietário pediu indenização por perdas e danos que sofreu pela desapropriação indireta(*),
feita pela prefeitura, que deixou de pagá-lo.
O município alegou que o proprietário perdeu o tempo para pedir a indenização.
Caso o proprietário não conteste o ato no momento oportuno, deixando que a Administração dê
uma destinação pública ao bem, ocorre um “fato consumado”, gerador da desapropriação indireta.
A partir de então, o ex-proprietário não mais poderá reivindicar o bem, pois, nos termos do art. 35
do Decreto 3.365/1941: “os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem
ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação”.
O Tribunal, através de análise documental, verificou que o proprietário não perdeu o prazo para
pedir indenização do município. Assim, julgou procedente o pedido de indenização por desapropria-
ção indireta, condenando o município a pagar o valor atualizado monetariamente.
(*) Desapropriação indireta é a que se processa sem observância do devido processo legal, vale
dizer, o apossamento é efetuado sem que o Poder Público, no caso o município, declare o bem como
de interesse público ou pague a devida indenização.
Ementa: Apelação Cível. Desapropriação indireta. Município de Lagoa Grande. Indenização.
Prescrição. Súmula nº 119, do colendo STJ. Aplicabilidade da regra de transição. Artigo 2.028, do
Código Civil de 2002. Termo inicial. Vigência do novo Código. Decurso do prazo. Inocorrência.
Pretensão não fulminada. Artigo 1.013, § 4º, do CPC de 2015. Aplicabilidade. Julgamento imediato
do mérito, pelo tribunal. Laudo pericial. Indenização justa. Juros de mora. Juros compensatórios.
Correção monetária. Incidência. Honorários advocatícios. Artigo 27, §§ 1º e 3º, do Decreto Lei nº
3.365/41.
Dados da Decisão: TJMG – Apelação Cível nº 10534120001696001 – Relator: Washington
Ferreira - Data do julgamento: 3.4.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Desapropriação Indireta
231ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Rescisão de Compra e VendaAção de rescisão de compra e venda com retenção
de 10% dos valores pagos para os vendedores
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de distrato contratual cumulada com a restituição
de valores na compra e venda de imóvel alienado fiduciariamente como garantia.
Os promitentes compradores alegaram que estavam em dia com as prestações quando procura-
ram os promitentes vendedores para rescindirem o contrato de compra e venda do imóvel, por não
terem condições financeiras para manter as prestações.
Pediram assim, a restituição dos valores das prestações que pagaram na compra do imóvel.
Sustentaram, que a sua inadimplência posterior, decorreu por culpa exclusiva dos promitentes
vendedores que se negaram a rescindir o contrato, quando ainda estavam adimplentes com as
prestações contratuais e que foram taxativos em responder que o contrato era irretratável e
irrevogável.
O Tribunal verificou que houve boa-fé dos promitentes compradores quando solicitaram a resci-
são contratual por não terem mais condições financeiras de prosseguirem com o negócio jurídico.
Desse modo, a pretensão dos promitentes compradores, deve ser analisada à luz do artigo 53,
do CDC, que assim dispõe: “Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante
pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas
de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do
credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto
alienado”.
Além disso, o STJ entendeu que, em caso de resolução do compromisso de compra e venda por
culpa do promitente comprador, é lícito ao vendedor reter certo percentual dos valores pagos.
Portanto, ficou determinado a rescisão do contrato de compra e venda do imóvel e a condenação
dos promitentes vendedores a restituírem os valores pagos pelas parcelas, devidamente corrigidos,
bem como, a retenção de 10% sobre os valores pagos a favor dos promitentes vendedores.
Ementa: Apelação Cível. Ação de rescisão c/c restituição de valores. Contrato particular de
compra e venda de imóvel com pacto de alienação fiduciária em garantia. Pretensão do comprador
que se encontra em dificuldade financeira. Sentença de improcedência. Reforma. Imposição. 1.
Aplicabilidade do procedimento previsto na Lei nº 9.514/97. Impossibilidade. Inexistência de formal
inadimplemento que afasta a hipótese de consolidação da propriedade em favor da credora fiduciária
e, consequentemente, de realização de leilão extrajudicial. Manifestação do intento de rescisão
anterior ao efetivo inadimplemento contratual. Incidência do código de defesa do consumidor.
Dados da Decisão: TJPR – Apelação Cível n° 0007633-09.2017.8.16.0014 – Relator: Péricles
Bellusci de Batista Pereira - Data do julgamento: 30.5.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
24 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Atraso na Entrega do Imóvel
Promitente vendedor não pode cobrar taxasde condomínio antes da entrega das chaves
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de indenização por danos morais e materiais execu-
tada pelos promitentes compradores, referente ao atraso na entrega do imóvel, bem como, a
restituição correspondente às taxas de condomínio pagas antes da entrega da unidade.
O promitente vendedor alegou que embora os promitentes compradores tenham cumprido a obri-
gação financeira prevista em contrato, para o recebimento das chaves do imóvel, seria necessária a
assinatura de um termo contendo a firma do casal adquirente, ou seja, a apresentação de mandado
público contendo a assinatura dos dois, já que a relação jurídica fora estabelecida com o casal.
Salientou que o documento particular apresentado pelos promitentes compradores, com firma
reconhecida de sua esposa para o recebimento das chaves, não é válido para produzir efeitos na
esfera do direito real e possessório. As taxas de condomínio que foram cobradas correspondem ao
fato de a obra estar integralmente concluída, inclusive com condomínio instalado, sendo por isso,
dos promitentes compradores a responsabilidade pelo pagamento das referidas taxas.
O Tribunal verificou que a exigência pelo promitente vendedor traduz excesso de formalismo,
porque o ingresso do promitente comprador na posse do imóvel, não importaria em qualquer viola-
251ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Atraso na Entrega do Imóvel
ção aos direitos reais e possessórios.
Portanto, a conduta do promitente vendedor em recusar a entrega das chaves ao promitente
comprador é abusiva e as taxas de condomínio somente serão cobradas a partir de quando se
ingressa na posse do imóvel com a entrega das chaves.
Assim, o promitente vendedor foi condenado ao pagamento de indenização por danos materiais,
no montante correspondente às taxas de condomínio cobradas, antes da imissão na posse do
imóvel, além de reparação moral no valor de R$ 5.000,00.
Ementa: Civil e Processo Civil. Apelação Cível. Ação de indenização por danos materiais e mo-
rais. Atraso na entrega de imóvel. Procedência na origem. Contrato de promessa de compra e venda
de imóvel. Separação superveniente dos promitentes compradores. Entrega das chaves condiciona-
da à aquiescência da ex-cônjuge. Apresentação de procuração particular pelo promitente compra-
dor, com firma reconhecida. Exigência de instrumento público pela construtora. Ausência de dispo-
sição contratual nesse sentido. Recusa injustificada na entrega das chaves. Cobrança de taxas
condominiais antes da imissão de posse. Conduta abusiva. Repetição do indébito que deve ocorrer
de forma simples. Excludentes de responsabilidade não evidenciadas. Danos morais configurados.
Quantum indenizatório fixado acima dos parâmetros de precedentes da corte. Redução possível.
Apelo conhecido e parcialmente provido.
Dados da Decisão: TJRN – Apelação n° 2016.005572-9 – Relator: Dilermando Mota - Data do
julgamento: 10.5.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
Apropriação Indébita
Síndico de condomínio foi condenado a2 anos de reclusão por apropriação indébita
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação penal em que um síndico de condomínio edilício, foiacusado de usar cheques do condomínio para a compra de itens particulares, bem como deixou de
pagar as contas. Foi condenado por apropriação indébita, e contesta o tempo da pena de 2 anos e
26 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
sete meses de reclusão pelo delito praticado.A defesa do síndico aponta que houve a violação do artigo 168, § 1°, II, do Código Penal,
alegando ser incabível a condenação na forma qualificada do delito, uma vez que o síndico a que se
refere o aumento da pena é o síndico da massa falida “administrador judicial” e não o síndicoadministrador de um prédio. Argumentou que o síndico nunca exerceu a função de síndico de massa
falida, tendo apenas administrado as funções de um condomínio edilício.
O Superior Tribunal de Justiça verificou que de fato, a maioria dos doutrinadores, entende que afigura do síndico descrita no artigo citado faz referência ao síndico agora denominado “administra-
dor judicial” (Lei n. 11.101/2005), ou seja, aquele profissional nomeado pelo juiz e responsável
pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial.Portanto, o delito do síndico foi desclassificado para sua forma simples e acertada a sua pena em
2 anos de reclusão.
Ementa: Recurso especial. penal. Apropriação indébita. Síndico de condomínio edilício. Nãoenquadramento na forma qualificada do delito. Desclassificação. Necessidade. Recurso provido. 1.
A figura do síndico a que se refere o inciso II, do § 1º, do art. 168, do Código Penal, diz respeito ao
síndico da massa falida, hoje denominado administrador judicial (Lei 11.101/2005), e não ao síndi-co de condomínio edilício. 2. Recurso especial provido para redimensionar a pena do recorrente
para 2 (dois) anos de reclusão.
Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial n° 1.552.919 – Relator: Reynaldo Soares da Fonse-ca - Data do julgamento: 24.5.2016
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
Apropriação Indébita
271ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Cancelamento de Hipoteca
Instituição financeira é condenadaao cancelamento da hipoteca
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação cominatória, com pedido de liminar, ajuizada por
uma construtora em desfavor de uma instituição financeira.A Construtora e a instituição financeira firmaram um contrato de financiamento imobiliário com
alienação fiduciária.
A construtora adquiriu, através de cessão de direitos, um imóvel e não conseguiu registrá-lo emrazão do registro de hipoteca averbada na matrícula e, portanto, pediu à instituição financeira pelo
cancelamento.
A instituição financeira se defendeu dizendo que não é legítima para responder pelo cancelamen-to da hipoteca.
O Tribunal verificou que a instituição financeira é legítima para figurar no processo e tem a
responsabilidade em realizar o procedimento de cancelamento da hipoteca por ter participado doempreendimento na qualidade de agente financeiro.
Portanto, foi julgado procedente o pedido da construtora e concedida a liminar a seu favor para
que seja desconstituído o registro da hipoteca averbada na matrícula do imóvel.Ementa: Ação Cominatória. Apelação Cível. Recurso parcialmente conhecido. Insurgência quan-
to à condenação em danos morais. Pleitos autorais e sentença que não trataram da matéria. Con-
trato de compra e venda de imóvel. Quitação integral do débito. Necessidade de liberação do gravamehipotecário. Responsabilidade da instituição financeira para proceder com a medida. Aplicabilidade
da Súmula 308 do STJ. Efeitos da hipoteca resultante de financiamento imobiliário são ineficazes
em relação a terceiro adquirente de boa-fé, que pagou pelo imóvel e não participou da avençafirmada entre a instituição financeira e a construtora. Recurso parcialmente conhecido. Provimento
negado.
Dados da Decisão: TJAL – Apelação n° 0700152-21.2017.8.02.0053 – Relatora: Elisabeth Car-valho Nascimento - Data do julgamento: 4.4.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
28 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Herança
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Como vender imóvel de herança seos outros herdeiros não concordam?
Paulo Henrique Brunetti Cruz*
Tema recorrente em meus
atendimentos é o de saber
como vender imóvel de heran-
ça se os outros herdeiros não
concordam com a alienação,
notadamente quando o inven-
tário teve apenas um bem
imóvel partilhado.
Suponha-se que a pessoa
falecida tenha deixado como
herança um único imóvel a
partilhar e quatro herdeiros,
todos filhos do finado.
Após a tramitação do inven-
tário é feita a partilha da se-
guinte maneira: cada um dos
quatro filhos fica com 25% do
imóvel. Com isso, o bem ago-
ra passa a ter quatro proprie-
tários.
Como só um dos irmãos
mora no imóvel, instaura-se
um mal-estar com os demais,
porque apenas um está utili-
zando 100% do bem, enquan-
to os outros, que detêm 75%
da propriedade, pagam alu-
guel em outras casas e nada
estão ganhando desde a par-
tilha.
Então os outros três irmãos
decidem vender o bem, mas
o quarto irmão, que está mo-
rando no imóvel, manifesta-
se contra a alienação. Ele ale-
ga que também é dono, e,
como proprietário, tem o di-
reito de definir sobre o imó-
vel, e estipula que ele não será
291ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
vendido.
Bom, este quarto irmão
não tem razão. Com efeito,
basta que somente um dos
irmãos queira vender, e,
automaticamente, todos os
demais ficarão obrigados a
assim proceder.
Nessa situação considera-
se que os herdeiros vivem em
um condomínio (mais de um
dono) de um bem indivisível
(não é possível “retalhar” o
imóvel em uma parte para
cada irmão).
Em havendo condomínio, se
um dos herdeiros optar pela
venda, os demais não têm
o direito de resisti-la, senão
o de comprar a parte
daquele(s) que quer(em) a
alienação¹.
O que fazer se
um dos herdeiros
não aceitar a venda?
Nos termos do que expli-
quei, ele não poderia não acei-
tar a venda. Em o fazendo, a
providência a se tomar é a ali-
enação forçada, por meio de
ação judicial.
No processo, o consenti-
mento desse herdeiro será su-
prido pelo do(a) juiz(a), inclu-
sive expedindo escritura públi-
ca de compra e venda sem a
necessidade de assinatura do
herdeiro contrário.
Se não houver acordo so-
bre a forma de venda do bem,
será feito leilão judicial. Não
aconselho enveredar pelo ca-
minho do leilão, posto que os
valores de arrematação cos-
tumam ser muito menores
que os de mercado.
Ressalto, porém, que não se
deve confundir ausência de
consenso sobre a venda com
a divergência quanto ao modo
de efetuá-la. No primeiro caso,
basta o suprimento do consen-
timento, enquanto no segun-
do é que se chega ao leilão².
Dificilmente há dissenso quan-
to ao método, e sim quanto à
alienação em si.
Há como preservar
a memória desse
bem da herança?
Outro aspecto que deve ser
levado em consideração é o
do herdeiro que não quer a
alienação em razão de desejar
preservar aquele bem que
considera precioso, que foi
do pai, da mãe, etc.
Friso que um direito assiste
a esse herdeiro: o direito de
preferência. Isso significa que
ele poderá comprar o imó-
vel pelo mesmo preço que
uma terceira pessoa ofere-
cer, sem precisar aumentar
a oferta.
Se o maior valor achado pe-
rante terceiros para a venda for
de R$ 500.000,00, poderá
comprá-lo pelos mesmos R$
500.000,00, sem necessidade
de dar um lance maior.
Pode parecer algo sem sen-
tido, a priori. Entretanto, não é
difícil encontrar verdadeiras bir-
ras entre irmãos, nas quais um
deles, que almeje comprar o
imóvel, seja interpelado por
seus pares no sentido de exigir
Herança
30 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Herança
dele valor maior que o ofere-
cido por terceira pessoa.
Imagine-se que no exemplo
dos R$ 500.000,00 o irmão
que queira comprar o imóvel
ouça dos demais: “Ora, mas
R$ 500.000,00 nós já encon-
tramos. Se você quiser adqui-
rir, tem que pagar R$ 510.0
00,00.”
Como visto supra, este ir-
mão poderá adquirir o bem
pelos mesmos R$ 500.000,00,
sem dar um centavo a mais.
Poderá fazer isto valer até
mesmo judicialmente.
Não obstante, precisará dis-
por de dinheiro para isso. Não
poderá impor aos demais her-
deiros que mantenham o imó-
vel sem pô-lo à venda para
preservar as lembranças do fa-
lecido, a não ser que estes as-
sim também entendam.
* O autor é Advogado, Sócio Honorário da Academia Brasileira de Direito Processual
Civil – ABDPC. Membro Efetivo da Associação de Direito de Família e das Sucessões -ADFAS. Ex-Adjunto da Procuradoria dos Municípios de Marilac/MG e Jampruca/MG. Ex-
Adjunto da Procuradoria das Câmaras Municipais de Alpercata/MG, Jampruca/MG e Peri-
quito/MG. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce – FADIVALE.Advogado militante nas áreas de Direito de Família, Direito das Sucessões (Inventário) e
Direito Público Municipal. Parecerista. Articulista jurídico.
Ora, sendo eles também
donos, e conferindo o direito
de propriedade a prerrogativa
de dispor daquilo que se é
dono³, de outra maneira não
poderia portar a lei.
NOTAS
1. Cf. art. 1.322 do CC/2002.
2. Vide art. 730 do CPC/
2015.
3. Art. 1.228, caput, do Di-
ploma Substantivo Civil.
311ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Comissão de Corretagem
Comissão de Corretagem é indevida quandohá desistência por parte do comprador
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de cobrança de comissão de corretagem de imóveis.
A corretora alegou que intermediou a venda e quer receber pela comissão de corretagem. Disse
que deveria receber o valor de R$ 55.800,00, enquanto que, pelos serviços prestados de corretora,apenas recebeu R$ 4.800,00. Pediu a condenação do promissário vendedor ao pagamento do ser-
viço no valor de R$ 51.000,00, mesmo que o negócio não se efetive, em virtude do arrependimento
das partes.O promissário vendedor sustentou que a promissária compradora desistiu do negócio e que
inexiste o direito à comissão de corretagem.
O Tribunal verificou que não se trata de arrependimento, mas de desistência, ante a impossibili-dade de o promissário comprador obter certidões municipais para levar á frente o empreendimento.
Portanto, foi julgado improcedente o pedido da corretora na ação de cobrança.
Ementa: Apelação Cível. Ação de cobrança de comissão por corretagem de imóveis. Intermediaçãona negociação envolvendo compra de bem residencial. Comissão contratada em 6% sobre valor do
instrumento prevista em cláusula. Quitação de parte do avençado. Escusa baseada na não
concretização do negócio intermediado. Rescisão por culpa do comprador. Inviabilidade na utiliza-ção do imóvel para o fim pretendido. Impossibilidade de o comprador obter certidões municipais
para levar a frente o empreendimento que seria erguido sobre o terreno. Resultado útil não alcan-
çado. Remuneração indevida. Recurso provido.Dados da Decisão: TJSC – Apelação n° 0312036-84.2016.8.24.0005 – Relator: Fernando Carioni
- Data do julgamento: 10.4.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
32 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Perícia Imobiliária
Peritos e assistentes técnicos carecemde treinamento sobre aspectos processuais
para efetivamente contribuírem com a justiça
Daniela Almeida Tonholli*
O Direito Imobiliário levapara a justiça uma série de de-
mandas judiciais que depen-
dem de perícia, seja ao longodo processo ou de forma an-
tecipada. São ações referen-
tes a Revisional de Aluguel, Re-novatória de Contrato de Lo-
cação, Indenização por Vícios
de Construção, Prestação deContas, Interdito Proibitório,
Usucapião, Revisão de Quota
de Condomínio Baseada emFração Ideal, Direito de Vizi-
nhança, Demolitória, Nun-
ciação de Obra Nova, Repara-ção de Danos, entre tantas
outras. São vários os conflitos
que demandam a judicia-lização, que exigem uma diver-
sidade de especialistas para
realizar perícias em processos
que discutam cada um dessesinúmeros aspectos do Direito
Imobiliário.
Uma vez ajuizada uma açãoe determinada uma perícia, o
juiz nomeará o perito e as par-
tes deverão formular seus que-sitos e indicar seu assistente
técnico. Cada vez menos os
peritos serão nomeados pelalivre escolha do juiz, sendo
certo que muitos Tribunais Es-
taduais já atenderam à exigên-cia trazida pelo Novo Código
de Processo Civil que determi-
nou a criação de um banco deperitos que contenha um ca-
dastro de todos os profissio-
nais que se interessem em serperitos. Contudo, em Minas
Gerais, dentre outros estados
da federação, isso ainda não
foi feito, o que representa umatraso na prática processual.
Com o sorteio que deverá ser
realizado dentre os cadastra-dos, o banco de peritos per-
mitirá que um maior número
de profissionais faça perícia deforma mais equitativa.
No que diz respeito ao As-
sistente Técnico das partes, aquestão é de outra ordem, já
que a parte é livre para ter ou
não um assistente técnico,podendo escolher quem quer
que seja para desempenhar tal
tarefa, incluindo pessoas sema formação específica do ob-
jeto da perícia. Isso não retira
a importância da parte ter umprofissional habilitado para ser
seu assistente técnico. Mas,
não sendo este um expert, o
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
331ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
Perícia Imobiliária○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
risco é da parte, sendo que alei processual não proíbe.
O objeto da períciaNa prática, vemos que
mesmo os profissionais for-
mados e habilitados na ma-
téria objeto da perícia, e queàs vezes já atuam como pe-
ritos, não estão devidamente
preparados para a tarefa. Umperito que conhece bem a
matéria c ientí f ica a ser
periciada, muitas vezes con-duz mal a perícia porque não
compreende o objeto dela,
porque essa dedução deveriadecorrer da compreensão que
ele tem do que se objetiva
com a própria ação e o quegera a necessidade da perí-
cia. Ao contrário do que al-
guns peritos temem, não énecessário que tenham co-
nhecimentos do direito que
está em jogo. Mas é neces-sário que o perito domine to-
das as regras processuais
previstas sobre perito e perí-cia. Conhecendo-as, sua vi-
são se modifica. Percebe por-
que o juiz precisa de sua pe-rícia, embora o perito não
saiba o que a lei ou jurispru-
dência dizem sobre o caso aser periciado. Consegue deli-
mitar bem o objeto da perí-
cia e estabelecer o métodonecessário para a sua reali-
zação.
Perícia em direitoimobiliário – O perito
deve focar na sua ciênciae não no direito discutido
No campo do Direito Imobi-
liário a perícia feita por enge-
nheiros é muito recorrente.Numa ação em que se discuta,
por exemplo, o direito do mo-
rador de uma cobertura pagara taxa de condomínio no mes-
mo valor e percentual de todos
os demais moradores, muitasvezes o perito se confunde. Tal
ação é fundada na tese de que
a taxa de condomínio refere-seaos serviços comuns prestados
a todos os condôminos e que
isso independe do tamanho decada apartamento, ou seja,
quem mora na cobertura ou nos
apartamentos com áreas priva-tivas, não usam mais o portei-
ro, ou a luz do corredor, ou a
limpeza do prédio.Designado um engenheiro
para averiguar como se dá o uso
das partes comuns pelos mora-dores do prédio, o mesmo, com
a ideia fixa de que “em todo
condomínio o morador da co-bertura paga mais e isso deve
se manter assim”, porque que-
rem que o critério seja o depercentual da taxa proporcional
à fração ideal de cada aparta-
mento, o perito engenheiro afir-ma e reafirma que, mesmo não
existindo nada que demonstre
que o morador da cobertura nãousa mais as áreas comuns e
nem os serviços prestados
igualmente aos condôminos, asua taxa de condomínio deve
ser maior porque seu aparta-
mento é maior.Observamos facilmente que
o perito deixou o objeto da pe-
rícia, que era averiguar comocada condômino usa as áreas
comuns e como recebem os
serviços prestados, e passa afocar na noção de direito que
ele tem sobre o assunto. Em
verdade, se o juiz vai declararque de fato o morador da co-
bertura deva pagar igual aos
demais ou com base na fraçãoideal do seu imóvel, não impor-
ta para a perícia, bem como não
importa para a perícia o que alei diz sobre isso porque a parte
autora entrou com a ação jus-
tamente para discutir a lei, e elaapresenta um fundamento ju-
rídico plausível que somente o
juiz irá enfrentar. A lei, no Bra-sil, não é absoluta. Não é um
dogma, e as pessoas têm direi-
to de questionar em juízo direi-tos que podem estar sendo pre-
judicados, inclusive, pela pró-
pria lei.De forma semelhante, um
engenheiro que faz perícia em
imóvel comercial visando avali-ar o preço de mercado para fins
de Revisional de aluguel, que,
34 1ª quinzena - Setembro 2018 – nº 17
ao final dos cálculos advindos
de um método previsto em nor-ma da ABNT, entende que o
valor ficou “barato”, às vezes,
resolve abandonar o método daABNT e instituir o próprio mé-
todo que leve a um resultado
mais “justo” porque na visãodele aquele preço está baixo.
Isso traz implicações severas,
porque um perito que escolheabandonar um método
preestabelecido e aceito pela
sua comunidade científica, cor-re o risco de produzir resulta-
dos não apenas errados, mas
considerados inverdades, o quepode trazer para ele uma con-
denação tanto de natureza ci-vil, que o impedirá de fazer
novas perícias por até 5 anos,
o obrigará a indenizar a partee terá seu Conselho Profissio-
nal oficiado, como também
pode ter uma condenação peloCrime de Falsa Perícia previsto
no artigo 342 do Código Penal.
E veja que muitas vezes operito “só” achou que estava
barato, porque na visão dele a
decoração do lugar era muitoluxuosa, ou destoava de outro
comerciante de igual ramo na
mesma região, porque tinha a
aparência de que o fatura-
mento do empreendimento eramuito elevado.
O perito, assim como a jus-
tiça deve ter os olhos vendadospara as impressões e deixar sua
ciência operar o “milagre” peri-
cial, que mostrará a verdade.Profissionais que
fazem perícia em juízodevem se atualizar
Os peritos judiciais deverão
se adequar a uma nova reali-
dade quanto à produção deprova pericial que impôs requi-
sitos formais, devendo o laudo
conter, entre outros, o objetoda perícia e o método utilizado
e a demonstração de que essemétodo seja aceito cientifica-
mente. Portanto, as perícias
exigirão que os peritos estejamaptos a atender essas novida-
des sob pena de terem seus
laudos impugnados pelo réu oupelo autor que se sentir preju-
dicado. Logicamente, sendo o
perito um auxiliar do juiz, ca-berá a ele elaborar seu traba-
lho com perfeição, evitando
assim críticas que venham agerar retrabalho e atrasar o an-
damento do processo.
E mais: muitos processos
que necessitaram de perícias
judiciais antes da vigência doNovo Código de Processo Civil
(18/05/2016), terão as períci-
as devolvidas para os peritospara que adequem o laudo pe-
ricial às novas regras, tendo em
vista que a nova lei atinge osprocessos em andamento.
Quanto mais cedo o perito
se atualizar, melhor será o seudesempenho profissional e
maior a sua contribuição com
a Justiça, sendo que o juiz teráque mencionar o laudo perici-
al e o método nele utilizados,
mesmo que o laudo em nadainfluencie em sua decisão,
como podemos constatar noartigo 479 do CPC: “O juiz
apreciará a prova pericial de
acordo com o disposto no art.371, indicando na sentença os
motivos que o levaram a con-
siderar ou a deixar de consi-derar as conclusões do laudo,
levando em conta o método
utilizado pelo perito”.As partes do processo têm
o direito de solicitar a adequa-
ção da perícia para que conte-nha os novos requisitos. Todos
terão que se adequar em prol
de uma justiça mais eficiente.
* A autora é Advogada. Mestre. Doutora. Professora do Curso de Capacitação e Aperfeiçoa-mento em Perícia Judicial na Aspejudi (Associação dos Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores
e Mediadores de Minas Gerais). Professora do Curso de Imersão em Perícia Judicial. Professora
no Curso de Pós-graduação em Perícia Médica da Faculdade Unimed.
Perícia Imobiliária○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES
FGV % IBGE % FIPE %
IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC
Ago./2017 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967
Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184
Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224
Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889
Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483
Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629
Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166
Mar. 0,6351 0,5625 0,1719 0,7708 0,2424 0,0699 0,0900 0,0032
Abr. 0,5697 0,9255 0,3363 1,2647 0,2879 0,2100 0,2200 (-) 0,0260
Mai. 1,3782 1,6410 0,4131 2,3546 0,2314 0,4299 0,4001 0,1947
Jun. 1,8672 1,4779 1,1884 1,6719 0,9714 1,4299 1,2600 1,0102
Jul. 0,5067 0,4442 0,1688 0,5202 0,6135 0,2500 0,3301 0,2283
MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)
% % R$ COMERCIAL PARALELO
Ago./2017 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100
Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200
Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400
Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900
Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000
Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800
Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200
Mar. 0,0000 0,5000 954,00 3,2440 3,3700
Abr. 0,0000 0,5000 954,00 3,3010 3,4600
Mai. 0,0000 0,5000 954,00 3,5050 3,6300
Jun. 0,0000 0,5000 954,00 3,7370 3,8800
Jul. 0,0000 0,5000 954,00 3,8780 4,0600
Ago. 0,0000 0,5000 954,00 4,3741 3,7491
1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015
Base de Cálculo (R$)
Até 1.903,98
De 1.903,99 até 2.826,65
De 2.826,66 até 3.751,05
De 3.751,06 até 4.664,68
Acima de 4.664,68
Alíquota (%)
Isento
7,5
15
22,5
27,5
Parcela a Deduzir (R$)
—
142,80
354,80
636,13
869,36
DEDUÇÕES:
a) R$ 189,59 por dependente;
b) Pensão alimentícia integral;
c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a
reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;
d) Contribuição à Previdência Social.
COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)
Reajuste em Mai./2018 Reajuste em Jun./2018 Reajuste em Jul./2018 Reajuste em Ago./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual
IGP-M/FGV 1,0189 IGP-M/FGV 1,0426 IGP-M/FGV 1,0692 IGP-M/FGV 1,0824
IGP-DI/FGV 1,0297 IGP-DI/FGV 1,0520 IGP-DI/FGV 1,0779 IGP-DI/FGV 1,0859
IPC-DI/FGV 1,0298 IPC-DI/FGV 1,0287 IPC-DI/FGV 1,0443 IPC-DI/FGV 1,0422
INPC/IBGE 1,0169 INPC/IBGE 1,0176 INPC/IBGE 1,0353 INPC/IBGE 1,0361
IPC-A/IBGE 1,0276 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE 1,0439 IPC-A/IBGE 1,0448
IPC/FIPE 1,0129 IPC/FIPE 1,0154 IPC/FIPE 1,0251 IPC/FIPE 1,0276
3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.