diário da pequena grande conquista

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Marco Aurélio Diário da pequena grande conquista São José dos Pinhais, 2014.

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livro publicado por mim, para análise e sugestões.

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Marco Aurélio

Diário da pequena grande conquista

São José dos Pinhais, 2014.

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Dedico esta obra a todos que Se dedicam à realização de um sonho.

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A obra aqui apresentada relata uma história fruto de livre criação do autor, sendo totalmente fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera

coincidência.

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Capítulo 1

Novos planos

Primeiro dia do ano. Meu entusiasmo toma conta de

mim por mais um ano que começa. Sinto-me na obrigação e na responsabilidade de fazer o melhor para mim e para minha família. É hora de fazer planos! Sei que esta não é uma tarefa fácil, mas tenho que me dedicar ao máximo para fazer com que o ano que se inicia neste momento seja inesquecível.

Ao mesmo tempo em que penso isso, cumprimentos e bons votos enchem as casas da vila. Quais são meus planos? Concluir meus estudos e ingressar na Força Aérea Brasileira, que é o meu grande sonho e conquistar minha casa própria, na vila dos oficiais. Eram coisas que ano passado eu julgava impossíveis de serem realizadas, mas este ano as coisas mudaram. Tudo mudou! E vejo uma grande chance de realizar todos esses meus desejos.

Muitos me consideram louco, e muitas vezes dizem que a Força Aérea “é muita areia pro meu caminhão”. Não acho. Acredito que pode ser uma boa oportunidade de quebrar certas barreiras impostas por mim mesmo, de dirimir certos paradigmas e certos preconceitos que as pessoas têm de mim.

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De mostrar ao mundo que eu possuo a força que eu quiser, que eu posso ser mais do que as pessoas pensam que sou. Passaram-se mais de dez minutos enquanto pensei em tudo isso... Não deixam de ser planejamentos, metas a serem atingidas, alvos a serem focados, e tenho certeza, depois de tudo, e com muito esforço, irei conquistar.

Por um momento quase me esqueço dos planos que fiz na noite anterior. Mas foi só por um instante. Logo minhas memórias vão sendo refeitas da noite de sono, e vou recobrando as coisas que fiz, falei e pensei durante a noite e os dias anteriores.

Tomo meu café da manhã em silêncio. Não tem ninguém em casa: somente eu e os meus pensamentos. Depois do café, busco na Internet meios de realizar alguns dos meus desejos. Quero obter mais informações de ingresso na carreira militar, mais especificamente na Força Aérea Brasileira.

Passo alguns minutos olhando à tela do computador, buscando informações, até que encontro um meio fácil de unir o útil ao agradável. Poderia ingressar na Academia da Força Aérea, onde teria a chance de concluir o ensino médio e, ao mesmo tempo, ingressar na carreira militar. Não vejo nenhum empecilho a não ser a viagem até São Paulo, mais precisamente até Pirassununga, no interior do estado.

Trabalhando como assistente administrativo, não consigo me sustentar e bancar uma viagem de tamanha proporção. Volto-me aos meus pensamentos para tentar

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achar uma saída. “E se eu mudasse para outro emprego?”, ou “e se eu fizesse uma poupança?”. As ideias vão entrando na cabeça como se fossem marteladas que me deixam um pouco confuso. “Achei a ideia da poupança uma boa!”. Vou dormir com mais essa meta na cabeça.

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Capítulo 2

O começo da odisseia

Acordo de manhã determinado a abrir uma poupança

para mim, qualquer que fosse o banco. Tomo meu café e pego o primeiro ônibus que vejo passar. Vou ao centro, entro em várias agências e decido abrir a conta em uma agência onde tenho um bom atendimento, pois as taxas da poupança são iguais em todos os bancos.

Fiz um depósito inicial de vinte reais. Considero isso como o primeiro tijolo de uma grande construção, de um grande empreendimento. É como se fosse a escalada de uma grande montanha, que é feita em várias partes, várias investidas para se chegar a um objetivo, que é o topo. No meu caso, o topo seria conquistar dinheiro suficiente para fazer a viagem até Pirassununga e ingressar na Academia da Força Aérea.

Volto para casa com o cartão do banco em mãos. Agora minha determinação vai passar por um grande teste: vou saber se terei condições de depositar mensalmente uma quantia razoável para que, no final do ano (ou antes) eu possa conquistar meu objetivo.

Vou dormir ao mesmo tempo mais tranquilo e mais preocupado: “será que vou conseguir?”.

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Meu dia começa como todos os anteriores: lento e em silêncio. Enquanto tomo meu café da manhã, foco meus pensamentos em uma só coisa: como irei juntar dinheiro. Precisaria de pelo menos dois mil reais para fazer a viagem e pagar algumas taxas para fazer o concurso para a Academia da Força Aérea. Não tenho nem um décimo de por cento do meu objetivo, mas tenho uma grata certeza de que irei conseguir.

Almoço e vou trabalhar, pela primeira vez no ano. Minha repartição estava em férias coletivas em virtude do ano novo. Como falei, trabalho de assistente administrativo em uma grande empresa ligada ao ramo automotivo. Meus colegas de serviço me cumprimentam felizes. No fundo tenho uma incerteza, mas estou feliz que poderei pelo menos tentar realizá-la.

Meu trabalho é bem tranquilo, pois consiste em atender telefonemas, receber e enviar e-mails, gerenciar contas bancárias e algum serviço externo. Após o meu expediente, que se encerra às cinco da tarde, volto para casa de ônibus, pois não sinto vontade nenhuma de aprender a dirigir.

Acho que isso é para as pessoas que vão trabalhar neste ramo. Nós, que podemos muito bem andar com um chofer a disposição a cada vinte minutos, sem precisar preocupar-se com o trânsito, com o que está acontecendo, ficando cada vez mais impacientes e nervosos... Eu quero só saber do sossego de sentar-me ao meu lugar no coletivo e voltar para casa.

Chegando em casa, pouco mais de meia hora depois,

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tomo um banho revigorante e vou assistir televisão. Adoro assistir novela, acompanhar as tramas e ver que, no final, o mocinho sempre se sai bem e o vilão se dá mal. Talvez eu esteja vivendo uma novela, onde tenho um objetivo e a incerteza do final da história. O sono logo vem, e vou para a cama.

Minha janela é invadida pela luz do sol. A cena me deixa animado e feliz, para começar um novo dia. Parece que foi ontem que o ano começou, e já faz uma semana. Tomo meu café da manhã, como pão com manteiga e vou para frente do computador. Tento buscar informações sobre o concurso para a Academia da Força Aérea e sinto-me feliz ao ver que não demorará ter uma seleção. Eu preciso do dinheiro, eu preciso ir até lá, participar desta seleção. As inscrições se iniciam no final do mês. Penso em me inscrever, mas não sei se terei condições de ir até lá.

Minha sina parece cada vez mais complicada e cheia de entraves, mas meu dia receberia uma dose extra de alegria: hoje é dia de pagamento. Como na maioria das empresas, o pagamento sai até o quinto dia útil, que é hoje. Como minhas contas foram quitadas antes do ano novo, não tenho nada para pagar e posso depositar o dinheiro integral do meu salário em minha poupança.

Após o expediente, vou até o caixa eletrônico e deposito quatrocentos e cinquenta reais do meu salário, restando outros trezentos para despesas de última hora.

Novamente pego o ônibus, vou para minha casa e fico assistindo à novela das oito, da qual eu mais gosto. Além disso, assisto o jornal para saber das notícias do mundo à

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minha volta. Como alguma coisa e vou dormir.

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Capítulo 3

Apoio moral

Mais um dia começa, novamente com meu

companheiro inseparável: o silêncio. Tomo meu café da manhã. Logo recebo uma visita inesperada: minha mãe veio me trazer um dinheiro, sempre preocupada comigo. Como a quantia era considerável e poderia muito bem cuidar das minhas despesas extras com o dinheiro que já havia separado do meu salário, peço à minha mãe se eu poderia guardá-lo em minha poupança:

- Você tem uma poupança? – pergunta mamãe, quase que espantada.

- Sim, mãe. Estou guardando dinheiro para realizar o meu desejo.

- Que desejo? – pergunta mamãe, curiosa.

- Quero fazer uma viagem para São Paulo. Tentar ingressar na Academia da Força Aérea.

- Que bom, meu filho! Apoio você totalmente – conclui mamãe, dando-me apoio.

Apoio era tudo que eu precisava nesse momento. Meus

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dias passaram de uma total monotonia e incerteza, para momentos de pura alegria e confiança. Mamãe me diz que dará, a cada quinze dias, uma quantia em dinheiro para eu depositar em minha poupança. Fazendo os cálculos, eu teria chance de viajar ainda em fevereiro e participar da primeira seleção, que será no início do mês.

Meu trabalho não podia render mais: alegre, feliz e esperançoso, até meu chefe imediato veio me elogiar pela minha presteza e eficiência no serviço. Depois de mais um dia de trabalho, pego minha condução e volto para casa.

Chego em casa e não vou assistir à novela: prefiro ficar no computador focando no meu objetivo. Com o dinheiro que possuo em minha conta, poderia pagar a inscrição para a seleção da Academia da Força Aérea, mas pinta a incerteza: “Será que vai dar para eu estar lá?”, “Será que vai dar certo?”. Durmo novamente com uma incerteza.

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Capítulo 4

Promoção

Mais uma manhã típica: monótona e silenciosa. Tomo

meu café e me preparo para mais um dia de trabalho. Ao chegar ao meu trabalho e sentar em minha mesa, recebo uma ligação do meu chefe, que me chama em sua sala.

Ao chegar à sala do chefe, ele me pergunta:

- No último expediente, você me disse que está tentando realizar um desejo. Gostaria de saber que desejo é esse.

- Eu gostaria de ingressar na Força Aérea Brasileira. – respondo com entusiasmo.

- Muito boa iniciativa – respondeu. – Tem alguma coisa que eu possa fazer para lhe ajudar a alcançar este objetivo?

- Não, chefe, já estou recebendo ajuda suficiente para conquistar, só peço seu apoio moral.

Neste instante, meu chefe imediato toma uma decisão que poderia mudar os rumos da minha odisseia:

- Você vai ganhar uma promoção salarial. – afirma ele, enfático.

- Mas, assim... do nada? – pergunto perplexo.

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- Eu já estava querendo te dar um aumento – continua. - Tem vários funcionários meus que efetuam as mesmas atividades que você e ganham muito mais. Vou lhe pagar o dobro.

Meu salário não era nada ruim, de setecentos e cinquenta reais, agora que irei ganhar mil e quinhentos por mês, ou seja, o dobro do meu salário anterior, poderei alcançar minha meta muito mais rapidamente. Volto para casa com o mesmo ônibus de sempre, chego em casa e assisto minha novela. Depois faço um macarrão e vou dormir.

Minha manhã não foi tão monótona como sempre. De manhã, consegui acordar cedo, por volta das sete horas, peguei o ônibus e fui ao centro. Precisava obter mais informações sobre o alistamento militar. Fui até o escritório do serviço militar em minha cidade e obtive mais informações sobre o ingresso nas Forças Armadas, mais especificamente na Aeronáutica. O rapaz me atende muito bem e confirma todos os passos para o ingresso, conforme havia constatado no site da aeronáutica.

O funcionário do escritório de alistamento me informou que há uma série de documentos que precisam ser anexados ao processo de ingresso, tais como: atestado médico de saúde física e psicológica, além de um exame médico que será realizado após meu ingresso; cópia dos documentos pessoais, como RG, CPF e comprovante de endereço; uma certidão de antecedentes criminais, para provar minha condição de exercer funções de segurança pública; entre outros tantos. Saí do escritório com a lista de

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documentos e pinta a dúvida: “Como será que conseguirei esses documentos”.

Volto para casa rapidamente, almoço e volto ao centro para exercer minhas atividades profissionais. O serviço foi extremamente tranquilo: nas terças-feiras o meu expediente é mais tranquilo – não tem tantas cartas para mandar, nem e-mails para receber, nem muitas atividades extras. Volto para casa sempre com o mesmo ônibus, chego em casa e assisto minha novela. Depois janto e vou dormir.

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Capítulo 5

O sonho

Sonho que eu estava entrando em uma aeronave,

pintada nas cores vermelha e branca. Não tinha ninguém em lugar nenhum. Ligo a ignição. Saio do hangar e vou para a pista, decolando logo em seguida. Sobrevoo a Academia da Força Aérea e a cidade. Começo a fazer algumas manobras com a aeronave, que solta fumaça ao apertar um botão vermelho no manche.

Mais de meia hora se passa quando eu pouso novamente a aeronave na pista da Academia da Força Aérea. Saio do avião e vou até o prédio da instituição. Ando por todos os aposentos, salas de aula e de reunião daquele lugar, constatando estar sozinho ali. Acordo com a televisão ligada, passando um filme sobre aviação. Desligo a televisão e vou dormir na cama.

Deito a cama e passam-se horas de insônia. Logo vejo o sol raiar pela janela. Penso que já são seis da manhã e então levanto. Passo o café e tomo-o sem ninguém. Mas minha solidão teria fim, pois minha mãe chegaria trazendo mais um pouco de dinheiro para colocar na minha poupança.

Vamos novamente até o banco, onde deposito o

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dinheiro: mais quatrocentos reais vão para minha conta. Também tiro um extrato da conta, para ver quanto tenho no banco. Com o rendimento dos juros, tenho mais de mil e oitocentos reais.

Vamos almoçar em um restaurante no centro e logo vou trabalhar. Meu trabalho é movimentado, com muitos e-mails a responder e idas frequentes a diversos bancos. Volto para casa de ônibus, como de praxe.

Chego em casa e assisto minha novela. Depois vou dormir sem jantar, pois não tenho fome.

Meus finais de semana são sempre iguais, monótonos e à frente da televisão. Na segunda-feira, acordo animado, pois faltam dez dias para findar o mês. Meus pensamentos surgem ao despertar: “Como será a minha vida na Academia da Força Aérea?”. Acabo por acordar definitivamente e tomar meu café da manhã.

Solitário, e confesso que um pouco anestesiado pelas minhas constantes vitórias na minha odisseia, Tomo meu desjejum. Cada gole de café quente que eu tomo desce como um gato aranhando minha garganta. Termino o café e olho no relógio, constatando ser dez para as oito.

Este é outro fator que eu acredito ser de difícil adaptação à vida militar, afinal, os militares levantam as cinco e meia, e já estão em formação às seis. Na minha vida atual, eu costumo levantar entre sete e oito horas, quando eu não perco a hora.

Mas eu acredito que não há nada que, com determinação, a gente não consiga fazer. Adaptar-se à

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rotina e a disciplina militar é difícil para qualquer um que leva uma vida como a minha, normal, de ir trabalhar diariamente, levantar sete e quinze, tomar café, ir trabalhar de manhã, ou, como no meu caso, somente à tarde, voltar para casa e ficar curtindo a família ou tirar a noite para assistir televisão.

Minha tarde de trabalho foi um pouco diferente, pois precisei ir até uma cidade vizinha fazer um pagamento. Como não sei dirigir, peguei um ônibus e fui. Gastei mais de duas horas só para ir até a casa do sujeito a quem eu iria pagar. O pagamento foi rápido. Ele morava em um bairro de alto padrão. Para voltar, peguei o mesmo ônibus e voltei à repartição, de onde peguei outro ônibus, dessa vez para ir para casa.

Minha noite foi como todas as noites: monótona e fria. Logo, toca o telefone. Vou atender e ouço a voz da minha mãe, dizendo que estava indo à minha casa. Em trinta minutos, ela chega e faz o jantar para nós dois: macarrão alho e óleo. Comemos fartamente o macarrão, e ainda sobra para o dia seguinte. Depois minha mãe vai embora e eu vou dormir.

Acordo demasiadamente eufórico, pois continua minha jornada para ir até Pirassununga, tentar ingressar na Força Aérea Brasileira. Tomo meu café e penso: “Tenho certeza de que esta minha investida dará certo!”. Otimismo é muito bom e favorece-nos a concluir com êxito nossas empreitadas. E era exatamente isso que eu precisava nesta manhã.

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Capítulo 6

A preocupação de mamãe

Minha mãe vem me ver. Quer saber como estou. Digo a

ela que estou mais animado e firme a fim de alcançar meu objetivo.

Ela passa a manhã comigo e me leva ao serviço, onde faço minhas atividades corriqueiras. Hoje foi o dia de passar a tarde em filas de banco. Tive que pagar seis boletos, dois deles estavam vencendo hoje. Sendo assim, enfrentei quatro bancos e fiquei mais de duas horas só em filas de atendimento nos caixas. O restante da tarde eu passei indo aos diversos bancos, que ficam distantes uns dos outros.

Voltei à repartição e encerrei minhas atividades profissionais do dia de hoje à frente do computador. Quando deu cinco da tarde, desliguei tudo, peguei meu ônibus e voltei para casa.

Fiz uma janta especial, pois iria receber uma visita à altura. Durante o meu trabalho, conheci uma menina muito bonita e cheia de predicados que me pediu em namoro. Como sou desimpedido, aceitei fazer uma experiência com a menina, que se chama Beatriz.

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Com aproximadamente 25 anos, olhos azuis, cabelos castanhos e com uma franja, olhos puxados, parecendo oriental, mas de descendência alemã, chegou a minha casa por volta das oito e meia da noite. Disse que iria dormir comigo, mas em camas separadas. Eu já não gostava muito da ideia de dormir juntos, mas, quem sabe como desenrolar do namoro, a gente não pense nesta possibilidade.

Jantamos e fomos assistir televisão. A menina também é apaixonada por novela, e assistimos juntos o capítulo de hoje. Depois fomos dormir.

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Capítulo 7

Viajando rumo à um sonho

Meu último dia aqui nesta cidade: amanhã estarei em

Pirassununga, onde farei a inscrição para o ingresso na Academia da Força Aérea na segunda-feira e a prova do concurso na sexta. Aviso todos meus colegas que irei viajar, para fazer minha investida e ingressar na Aeronáutica. Todos me desejam boa viagem e boa sorte, incluindo meu chefe, que ainda tira do bolso um maço de notas de cinquenta e me dá, dizendo:

- Espero que você consiga concluir seus estudos, ingressar na FAB e, quem sabe, não passe voando aqui por cima para nos visitar.

- Obrigado, só posso agradecer o apoio que você me deu desde o início da minha empreitada, agora é só torcer para que dê certo.

Meu dia de trabalho foi praticamente inteiro dedicado a mim mesmo, fazendo tudo com muita calma e muita presteza, como sempre foi. Depois pego o ônibus, mas dessa vez, não vou para casa; estou indo em direção à rodoviária, pegar o ônibus que me levará para a realização do meu sonho.

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Após chegar em Pirassununga, ficar em uma casa que aluguei pela Internet e passar o final de semana conhecendo as belezas da cidade, na segunda-feira fui até a Academia da Força Aérea, onde fiquei impressionado com a grandeza do lugar. Nem em sonho eu poderia imaginar coisas tão grandes como as que eu via.

Chegando ao prédio principal, falei com o encarregado pelas inscrições no concurso. Ele me levou à outra sala, onde preenchi um formulário e entreguei-o, junto com os documentos necessários. Ele me avisou que a prova seria na sexta-feira, conforme anunciado anteriormente.

Fui dormir pensando: “Olha onde eu fui me meter...”.

… … …

Eis que chega o dia da prova. Meu nervosismo vai às alturas. Não sei se terei condições psicológicas de realizar a prova. Chegando à sede da Academia, e sentando-me ao meu lugar, fico um pouco mais tranquilo.

A prova é distribuída e começo a fazê-la mentalmente. São perguntas de múltipla escolha, ou seja, não é nenhum bicho de sete cabeças. Tenho uma hora inteira para fazer a prova, e mais uma hora para repassar as respostas no gabarito.

Considero a prova fácil, porém, com muitas “pegadinhas”, que tirei de letra. Volto para casa e encontro minha mãe me esperando. Tomo um susto muito grande:

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- Mãe! O que você está fazendo aqui?

- Sabia que hoje seria sua prova, e gostaria de te dar apoio. – responde.

- Obrigado, mas poderia pelo menos avisar que estava vindo... Fiquei assustado.

Na segunda-feira já terei o resultado do concurso, e ficarei sabendo se fui aprovado. À noite, meu pensamento é invadido por ideias: “Como será que fui na prova?”, ou “Qual será o resultado?”. “E depois?”.

Fico entusiasmado para saber se fui aprovado no concurso. Vou até o edital. Minha emoção não podia ser contida ao ver meu nome entre os 20 melhores colocados na prova, que seriam automaticamente inseridos no quadro de funcionários da Academia da Força Aérea. Sonho realizado, hora de pensar em como será meu trabalho.

Após checar se meu nome estava na lista dos aprovados, vou até uma sala para fazer os trâmites burocráticos da minha admissão como membro das Forças Armadas.

Após verificar os meus documentos, enviados no ato da inscrição, o chefe de Recursos Humanos me diz que está tudo certo e me encaminha para o teste físico.

Durante a minha odisseia, pensei que teria de fazer dezenas de repetições de exercícios pesados para poder ser aprovado, correr dezenas de quilômetros em uma esteira. Que engano... Bastava um teste de esforço simples.

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Aliás, não é tão simples assim: o teste físico consistia em colocar uma máscara, por onde eu iria respirar; uma cinta no peito para monitorar a frequência cardíaca; um clipe no dedo para verificar a quantidade de oxigênio no sangue e, depois de tudo, correr em uma esteira que vai acelerando e aumentando a inclinação. O teste é rápido e em meia hora sai o resultado: estou apto a exercer a atividade militar.

Passo o restante do dia em minha nova função: Assistente Administrativo da Academia da Força Aérea.

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Capítulo 8

O primeiro dia na Academia da Força Aérea

Meu dia começa cedo: às seis e meia da manhã, ao

contrário do que achava durante a minha odisseia: que teria de acordar às cinco e meia, para formar-se às seis. Meu expediente começa às oito da manhã e nem preciso fazer formação, pois apesar de trabalhar em um ambiente militar, minha atividade é como civil. Quando adquirir experiência no ramo, poderei fazer cursos de aperfeiçoamento no ramo militar.

Meu salário inicial foi combinado em dois mil reais; excelente para quem ganhava mil e quinhentos depois de um aumento forçado. Meu trabalho não era muito diferente do que já vinha realizando: fiquei como auxiliar do chefe de relações públicas e minha função principal era gerenciar os e-mails encaminhados ao setor, ou seja, filtrar os e-mails internos dos externos, encaminhá-los ao chefe e enviar as respectivas respostas.

Mas um aumento significativo de salário têm suas consequências: eu passei de funcionário em meio-período para o período integral, fazendo uma jornada de oito horas diárias, de segunda a quinta e somente pela manhã na

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sexta-feira. Assim, uma vez por semana, tenho a tarde disponível para minhas atividades pessoais, sem precisar deixar o trabalho de lado.

Considero meu emprego atual melhor do que o anterior, não só por estar realizando meu sonho de trabalhar em uma organização militar, mas por estar igualmente rodeado de pessoas boas, por ter um salário melhor e por estar ocupando todo meu tempo.

Meu primeiro dia inteiro de trabalho foi um tanto agitado, pois somente pela manhã, recebi mais de cem e-mails, com os assuntos mais variados: desde pedidos de visita à unidade, passando por solicitações de demonstrações da Esquadrilha da Fumaça, que fica sediada na unidade, demonstrativos bancários, entre tantos outros. Repassando-os para seus respectivos setores e, quando necessário, retornando as respostas para seus remetentes.

À tarde o movimento foi mais tranquilo e pude conhecer melhor meus colegas de trabalho. Meu chefe imediato é o Major Santos, sendo auxiliado por mim e por mais dois funcionários, a Tenente Estela e o Sargento Lucas, cujas funções são distintas: Lucas cuida das mídias da organização, tais como site, páginas em redes sociais e Web-Rádio. Ele também é responsável pela produção e publicação de vídeos relativos à unidade.

Estela cuida da parte logística, gerenciando os veículos e suas saídas, envio e recebimento de encomendas via motoboy ou via correio. É ela que vai até a agência dos correios para enviar as correspondências inerentes à Academia da Força Aérea.

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Meu expediente continua terminando às cinco da tarde, quando o ônibus do Comando da Aeronáutica me deixa na porta de casa.

Mesmo longe da minha cidade natal, continuo acompanhando as notícias do Brasil e a minha novela. Quando meu relógio marca nove e meia da noite, tomo um copo de leite e vou dormir.

… … …

Continuo trabalhando feliz da vida, no entanto meu telefone toca pouco antes das seis. Estranhando aquilo, olho na tela e vejo que há uma ligação. Ao atender, uma grande surpresa: Beatriz, a menina que eu conheci no meu trabalho anterior, quer saber se eu estou bem e se passei no concurso da Academia da Força Aérea. Digo que sim e ouço uma comemoração do outro lado, seguidos de votos de felicidades.

Digo que estou gostando muito do trabalho que realizo, que estou me sentindo muito feliz e que, em breve, poderei me tornar um aviador, que é, na verdade, o meu sonho e que estar envolvido diretamente com o ramo aeronáutico militar me deixa cheio de esperança.

Ela termina a ligação pedindo para que eu vá visitá-la nas férias. Digo que isso pode demorar um pouco, mas que, se possível, farei isso. Ela desliga o telefone e eu levanto, faço meu café e tomo-o. A época das incertezas se foi, só

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resta agora concluir o meu sonho.

Logo nos primeiros minutos deste ano, depois de pensar em ingressar na Força Aérea, formalizei outro ensejo: de conquistar minha casa própria, na vila militar. Este é um dos assuntos que comento com o Major Santos assim que chego:

- A Estela conseguiu um apartamento pelo fundo de habitação da aeronáutica. Ela pode lhe explicar melhor como funciona. – Disse o major.

Ao falar com Estela sobre o assunto, ela me dá explicações que me deixa bastante esperançoso. Ela diz que o apartamento que ela conquistou pelo fundo não fica na vila militar, mas em um condomínio controlado pela aeronáutica. Ela me disse ainda que você dá uma entrada parcelada, descontada no contracheque em até 12 meses e que, depois, paga-se parcelas mensais durante 180 meses. Acaba saindo bem mais barato do que financiar uma casa em uma modalidade diferente.

O tráfego de e-mails é constante e diário, sendo assim, tenho todos os dias uma cota de e-mails para despachar e, quase sempre, dou conta de fazê-lo.

Mais um final de tarde se aproxima quando encerramos mais um expediente. Volto para casa com o ônibus da aeronáutica e assisto minha televisão antes de ir dormir, novamente as nove e meia.

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Capítulo 9

Realizando o sonho da casa própria

Enfim, a sexta-feira. Hoje tenho a tarde mais voltada

para minhas atividades pessoais. Pela manhã, vou trabalhar. O movimento de e-mails é constante e não deixo nenhuma mensagem para trás. Ao cravar o meio-dia, vamos embora. O ônibus da aeronáutica me deixa em casa, onde almoço e, logo depois, pego um ônibus do transporte coletivo da cidade.

O transporte público de Pirassununga é bastante organizado, com várias linhas que passam pelos diversos bairros da cidade. O sistema é integrado, onde os ônibus saem de uma central para pararem em estações, de onde pode-se fazer conexões para os bairros mais distantes.

Chegando à estação central, abro a carteira e dou de cara com o cartão da poupança que abri ainda em minha cidade natal, a fim de juntar dinheiro para realizar o sonho de entrar na aeronáutica, coisa que, felizmente, acabou acontecendo. Vejo que há uma agência do banco na minha nova cidade, e vou até ela, para tirar um extrato da minha conta.

Fico surpreso ao ver se sobraram trezentos reais na minha conta, mesmo depois de pagar a viagem e a

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inscrição no concurso. Com este dinheiro seria possível pagar a entrada de um apartamento pelo fundo militar de habitação, e depois seriam descontadas no meu contracheque as mensalidades. Assim, vou até a agência corretora de imóveis desta modalidade, para me informar melhor.

Chegando lá, falo com Ângela, a corretora de imóveis, que me explica melhor como funciona este esquema de financiamento. Mesmo assim, pergunto por imóveis em vilas militares: - Eu trabalho como civil, mas recebo como militar. Posso adquirir uma casa em vila militar?

- Sim. – explica – Recebendo como militar você pode comprar uma casa em vila militar, mesmo que não seja oficial.

- E como funciona? – pergunto, começando a me interessar.

Ângela explica que, dando o dinheiro restante em minha poupança como entrada, seria possível fazer prestações de no mínimo cento e cinquenta reais, também descontadas em minha folha de pagamento.

- Que ótimo! – Exclamo. - Como é que nós fazemos isso?

- Basta preencher este formulário e pagar a guia de entrada, no próximo pagamento já vem descontada a primeira parcela e você já pode escolher o imóvel e a localização.

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Preencho a ficha e entrego-a à Ângela, que me entrega o boleto a ser pago para dar entrada em minha nova casa.

Me sinto realizado indo ao meu banco, sabendo que sairia da casa alugada por um curto período para uma casa própria, na vila dos oficiais da Academia da Força Aérea. Pago a fatura no caixa eletrônico, por ser cliente do banco. Dentro de poucos dias, estarei morando em uma casa conquistada com meu próprio esforço. Pego o ônibus das cinco e volto para casa, onde fico no computador, atualizando minhas mensagens em páginas de rede social e meus e-mails. Também ouço a Web-Rádio da Academia da Força Aérea. Acabo ficando com sono e vou dormir.

… … …

Meu dia começa novamente às seis da manhã. Acordo um pouco mais cedo, então posso fazer algumas atividades pessoais enquanto espero a água do café ferver. Ligo o computador e ouço um pouco a rádio da Academia da Força Aérea, chamada Rádio Academia, que possui uma programação bastante variada, me agradando bastante. Logo, a água ferve e eu passo o café. Tomo uma xícara de café preto, me arrumo e vou trabalhar.

Minha atividade de receber e enviar e-mails continua, só esperando o dia do pagamento, para ver descontada a primeira parcela da minha casa na vila militar.

O dia passa depressa e logo vou embora para casa com

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o mesmo ônibus da Força Aérea, que me deixa em casa.

A noite logo chega e faço o jantar. Como sozinho, pois moro sozinho, assisto televisão e logo o sono chega, então vou dormir.

O sábado eu tiro para ir até a corretora de imóveis. Vou conhecer a Vila dos Oficiais da Academia da Força Aérea, onde, futuramente, terei uma casa própria.

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Capítulo 10

Conhecendo a vila militar

Ângela vai comigo até um dos imóveis disponíveis, em

uma das ruas principais da vila. Descemos do carro e entramos na casa. É uma casa espaçosa, com oitenta metros quadrados, com dois quartos e ampla garagem. Acho a casa interessante, mas logo vamos até outro imóvel.

O segundo imóvel fica em uma área um pouco mais afastada da entrada, porém, com bastante área verde, uma pequena praça com uma árvore grande, que cobre quase que toda a extensão da praça. Nela encontram-se alguns brinquedos para o caso de algum militar possuir filhos que morem com ele. Se eu tiver um, pelo menos o meu pode ir andando até o parquinho, pois o movimento de carros nas vias da vila é mínimo.

Conhecendo a casa, ela é um pouco maior que a anterior, com cento e cinco metros quadrados, três quartos, sendo uma suíte e sala para dois ambientes, integrada à cozinha. Gosto da casa, mas acho muito grande somente para mim.

Vamos ainda à uma terceira casa, um pouco mais à frente, quase que na divisa com a área militar. É uma casa com apenas um quarto e pouco mais de cinquenta metros

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quadrados. Acho esta casa muito pequena para mim, e acredito ser a primeira casa a melhor opção.

Voltamos à corretora, de onde eu pego o ônibus e volto à minha casa. Aproveito o restante do sábado para organizar minha casa, que, desde que cheguei em Pirassununga, não consegui arrumar.

Confesso que não sou bagunceiro, mas também não dou exemplo de organização. Sendo assim, minha casa anda meio desorganizada. Preciso ainda fazer o serviço de limpeza, pois também ainda não o fiz na nova casa.

A faxina transcorre de forma organizada, começando pela louça do dia, depois pelo meu quarto. A cozinha é a parte mais complicada da organização, pois preciso lavar o chão. Decido apenas passar um pano umedecido com produtos de limpeza. Depois passo uma solução com álcool nos vidros da casa, finalizando minha limpeza.

Finalmente, me sento à frente da televisão para assistir o capítulo de hoje da novela. Depois de quase cochilar na frente da televisão de tão cansado, desligo a televisão e vou dormir na cama.

… … …

Último dia do mês é dia de pagamento. Recebo um cartão magnético com uma conta salário, onde receberei todo meu pagamento. Indo ao caixa eletrônico existente dentro da Academia, ou à agência no centro da cidade,

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poderei depositar ou sacar dinheiro desta conta, que poderá ser usada também para pagar as prestações da minha nova casa e fazer compras no comércio. O valor será descontado automaticamente da minha conta salário para efetivar o pagamento.

Meu trabalho continua, com uma semana começando e um mês terminando. No meio da tarde, faço uma pausa para conhecer melhor as instalações da Academia da Força Aérea. Como no meu sonho, ainda durante a minha odisseia, é tudo muito grande. Vamos até os hangares, e vejo diversas aeronaves utilizadas para treinamento dos cadetes; conheço as salas de instrução e as salas de Briefing, que é onde os pilotos se reúnem para dirimir certas dúvidas e fazer esclarecimentos sobre o voo a ser realizado e também as salas de instrução, onde os alunos aprendem tudo que é necessário para a atividade deles.

Voltamos à minha sala, onde concluo o dia de serviço. Logo, o ônibus da aeronáutica me leva para casa. Assisto à televisão e fico um pouco à frente do computador antes de ir dormir às nove e meia.

Hoje consegui uma folga pela manhã para escolher meu novo lar. Vou até a corretora e digo que gostei mais da primeira casa que vimos naquela ocasião. Ângela me diz que posso me mudar quando quiser. Feliz com minha nova conquista, meu serviço rende mais e, no meio da tarde, dou conta de terminar todos os e-mails, inclusive os atrasados.

A mudança para minha casa na vila militar ficou marcada para a sexta-feira à tarde. Assim, passo os últimos dias na minha moradia provisória. À noite, ligo para o

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proprietário da casa e digo que poderei livrar o imóvel no final de semana. Assisto um pouco de televisão e vou dormir novamente às nove e meia.

Hoje é o dia. Mais um momento especial na minha vida, que já tem sido feita de vitórias e conquistas. As oito da manhã estou no meu serviço novamente, e, como sempre, atualizo os e-mails inerentes à instituição. Mas hoje o dia de serviço é só pela manhã; à tarde irei fazer minha mudança para minha nova casa.

Pontualmente à uma da tarde, o caminhão da aeronáutica chega a minha casa antiga e os militares removem tudo com muito cuidado. Logo, vamos até a vila militar da Academia da Força Aérea, onde os móveis e objetos são colocados na nova casa.

Passo o restante do dia organizando os móveis nos locais desejados. Como a casa em que estava era menor que a nova, terei de comprar alguns móveis para completar alguns espaços vazios. Finalizada a organização, sento-me à frente da televisão para ver a minha novela e depois faço o jantar. Enquanto estou preparando a comida, ouço meu telefone tocar.

Vejo no visor do telefone o nome da minha mãe, que, ao atender, diz que está viajando para me visitar. Passo o meu novo endereço a ela, que fica emocionada ao saber que conquistei minha casa própria.

Janto e fico no computador ouvindo rádio enquanto espero minha mãe chegar. Logo o sono vem, e vou dormir.

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Capítulo 11

Nova morada, paixão antiga

Minha mãe chegou de madrugada, e trouxe uma

companheira: Beatriz, a menina que eu havia conhecido no meu emprego anterior, veio junto com ela. Ao encontrar novamente com ela, abraço-a. Ela me pede para morar junto comigo, diz que sentiu muitas saudades minhas e que fica feliz de ver que estou realizando meus sonhos. Aceito o pedido dela, apesar de achar estranho ela se mudar para uma cidade distante da família dela. Tenho uma cama sobrando, que ela poderia usar para dormir.

Mamãe pergunta se não tenho que ir trabalhar, e digo que não trabalho nos finais de semana. Ainda explico que, na sexta-feira, meu expediente é somente pela manhã.

Beatriz quer conhecer meu trabalho, e prometo levá-la até a Academia na segunda-feira, para ela conhecer as instalações.

Mamãe fica em casa enquanto eu e Beatriz vamos até o shopping, tomar um sorvete e conversar um pouco. Sentamo-nos em uma mesa da grande praça de alimentação. Entre os assuntos, lógico, está o me novo emprego. Ela quer saber se estou gostando da minha nova função. Digo que sim, explico toda a minha atividade e,

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novamente, prometo levá-la na segunda-feira até a academia.

Voltamos para casa. Faço a janta e comemos todos reunidos. Mamãe também quis saber mais sobre o meu novo trabalho. Tive de explicar novamente nos mínimos detalhes como se desenrolava minha atividade, para não deixá-la preocupada demais. Digo que minha função principal era gerenciar os emails da divisa de relações públicas. Depois de jantar, fomos todos dormir.

… … …

Depois de cumprimentar mina mãe e Beatriz pelo Dia da Mulher, que foi ontem, levei as duas para conhecer a Academia da Força Aérea. Ambas ficaram encantadas com a grandeza do lugar, com os aviões e com o pessoal sempre muito gentil.

Levei-as para conhecer minha sala e meus colegas de trabalho. Ambas gostaram muito do jeito com que foram tratadas e agradeceram a oportunidade dada a mim.

Depois, o comandante da organização convidou-me para um sobrevoo de helicóptero sobre a Academia da Força Aérea. Fiquei emocionado com a chance de experimentar a sensação de um voo. No helicóptero havia ainda espaço para mamãe e Beatriz, mas elas recusaram o convite, por morrerem de medo de avião Tentei convencê-las a me acompanhar, dizendo que era seguro, e só assim

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elas entraram na aeronave.

Sobrevoei, maravilhado, a Academia onde eu trabalhava. Ainda passamos pelo centro de Pirassununga e pela área de mata preservada. Após pouco mais de vinte minutos de voo, voltamos à academia, onde iniciamos nossas atividades diárias.

Depois do serviço, mamãe chamou Beatriz e eu para jantar fora, em uma churrascaria próxima à Vila Militar. Chegamos pouco antes das oito da noite, sentamos em uma mesa e fomos nos servir.

A mamãe elogiou muito a comida, como bela apreciadora de carnes. Mamãe ama ir a churrascarias e, sempre que posso, vou junto com ela. Voltamos para casa, onde nos preparamos para dormir.

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Capítulo 12

Iniciação à vida militar

Chega o final do mês, mais um pagamento, e uma

grande chance de mudar os rumos da minha profissão. Inicia-se hoje as inscrições para o Curso de Formação de Aviadores da Academia da Força Aérea.

Como já conclui o ensino médio, poderia ingressar neste curso de formação para adquirir conhecimento sobre a carreira e a vida militar e achar uma forma de realizar o meu desejo de pilotar uma aeronave da Força Aérea, qualquer que fosse.

Eu sabia que, ingressando neste curso, eu iria ter meios de fazê-lo. Sendo assim, me inscrevi no curso. Tinha a certeza de que teria de me dedicar ao máximo para alcançar meu objetivo, mas para quem se dedicou ao máximo para alcançar o status atual, não seria nenhum sacrifício.

Continuava exercendo meu trabalho com presteza, voltando para casa para fazer um lanche rápido e voltava à academia para o curso de formação.

Foram semanas e semanas de intensa rotina, até completar os três meses iniciais. Após isso, eu passaria a

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morar na Academia da Força Aérea.

A rotina dos militares era realmente exaustiva, como já imaginava antes. Mas eu tinha uma grata esperança que eu iria conseguir ingressar na Força Aérea como militar.

Os dias passavam como se durassem uma eternidade...

Passou-se mais um mês de intensa instrução, e chegava a hora da minha formatura.

Mamãe e Beatriz estavam presentes, todos se emocionaram na hora de jogar o quepe para cima, simbolizando nosso efetivo ingresso na Força Aérea Brasileira. Mamãe me abraçou e chorei em seus ombros de tanta emoção. Estava realizando efetivamente meu sonho.

Mas faltava ainda alguma coisa: meu primeiro voo solo. Eu achava que ainda não estava preparado para isso, então, resolvi fazer mais uma série de instruções, dessa vez, práticas.

Um instrutor da academia me mostraria na prática tudo que eu havia visto somente na teoria. Desde como se liga a aeronave, como colocar os cintos de segurança, como usar o assento ejetável, entre tantas outras coisas.

Por um momento pensei que não fosse dar conta de aprender tudo de uma só vez. Sendo assim, pedi paciência ao instrutor, pois aprender a pilotar um avião é mais complicado que aprender a dirigir um carro, coisa que eu não faria. Mesmo assim, estava aprendendo a pilotar uma aeronave.

Seriam mais dois meses de instrução. Como eu não

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precisava mais morar na academia, voltei a morar na minha casa, na vila militar. Ia todos os dias até a seção de instrução de voo, e cada dia, aprendia algo novo. Continuava, também, com meus serviços diários, ainda na seção de comunicação social, mas, agora, como militar, e somente em meio período, para que eu pudesse aprender mais sobre pilotagem.

Após mais uma semana de instrução, já estou quase pegando o jeito da coisa, mas ainda está difícil estabilizar a aeronave. Deve ser porque eu fico nervoso na hora da instrução e acabo tremendo a mão na hora de controlar o avião. Estou pensando até em tomar calmantes antes dos voos.

Mas para evitar isso, eu teria de me concentrar, mas ficava ansioso e tenso só de pensar em pilotar uma aeronave. O instrutor, vendo o elevado nível de estresse que estava, resolveu me levar para um voo sentado à direita, como se fosse apenas para um passeio.

Entramos na aeronave e sentei-me ao assento direito. Logo decolamos da pista da Academia da Força Aérea. Subimos e vimos toda a cidade do alto. Só assim consegui me tranquilizar e curtir o voo.

Mas o instrutor reservava-me uma surpresa. Em determinado ponto do voo, que ele julgara que eu estivesse completamente tranquilo, passaria o controle do avião para mim:

- Pode assumir! – Disse ele.

- Como assim? – perguntei confuso.

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Ele explicou que o comando do avião estava comigo. Entusiasmado, pilotei o avião com destreza, como se isso já fosse natural para mim. Após 30 minutos de voo, voltamos. Minha mãe, que acompanhava o meu voo através do rádio, ficou muito feliz em saber que quebrei mais uma barreira na minha vida.

Minhas instruções continuavam, eu continuava voando, adquirindo experiência, cada vez mais me superando. Minhas crises de ansiedade haviam desaparecido depois daquele meu primeiro voo, e já tinha completo domínio sobre a máquina. Eu sabia que meu voo solo estaria próximo. Dentro de mais uma semana estaria pilotando sem a ajuda do instrutor. No meu trabalho todos me deixavam animado. Estela e Lucas diziam-me:

- Puxa, você está fazendo uma coisa que nós nunca pensamos em fazer. – Dizia Lucas.

- Eu nem quero aprender a pilotar, tenho muito medo... – Completou Estela.

Expliquei à Estela minha sina com a direção de carros:

- Eu também tinha muito medo de aprender a dirigir e agora estou pilotando um avião.

Acho besteira que alguém neste mundo tenha medo de avião, pois voar é uma coisa tão gostosa, tão bonita... A gente se sente leve e entusiasmado de ver o mundo lá de cima. É verdadeiramente uma sensação de paz.

Pilotar dá a mesma sensação, só que um pouco mais prazerosa pelo fato de você estar controlando a aeronave.

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E eu, a cada dia, me sentia mais confiante para finalmente fazer meu voo solo.

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Capítulo 13

O Voo Solo

Mais um momento importante na minha carreira

aeronáutica estava por vir. Meu primeiro voo solo. Faltavam apenas algumas horas para isso acontecer. Estava um pouco tenso, mas não me impediria de voar. Sentei-me ao assento esquerdo da aeronave. O instrutor veio me dar os votos de bom voo e fechou a porta.

Eu voaria com uma aeronave de treinamento que não possuía carlinga com abertura superior, como os aviões de caça e de ataque: ele possuía uma porta lateral, do lado direito. Logo decolei e olhei meu roteiro de voo, onde eu teria de realizar diversas curvas. Chegando a área definida, comecei a fazer as curvas.

Só que, ao fazer a primeira curva para a direita o avião começou a fazer um barulho ensurdecedor, como se fosse lata batendo, e a sacudir inteiro. Eu não tinha nem um rádio no avião para me comunicar. Ao desfazer a curva, o barulho cessou.

Fiz, então, somente curvas para a esquerda até voltar à academia. Ao chegar ao hangar, o pessoal estava me esperando. Me chamaram até o meio do pátio, onde um caminhão da brigada de incêndio estava me esperando...

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Um caminhão de bombeiro? Pra quê?

Pra me dar um banho! O esguicho do caminhão jogava em mim uma água extremamente gelada. Foram dois minutos de banho, ainda com o macacão de voo que usara no meu primeiro solo. Saí todo molhado, porém feliz

Mesmo molhado, minha mãe me abraçou, coisa que Beatriz se recusou a fazer:

- Te abraço em casa, quando você estiver seco! – Brincou.

Fomos à churrascaria no centro de Pirassununga comemorar minha conquista.

Depois de tudo isso, de me mudar para Pirassununga, ingressar na Academia da Força Aérea, fazer instrução, agora me tornando Tenente-Aviador da Força Aérea Brasileira, esqueci completamente dos meus momentos de incerteza e expectativa do começo do ano. Só não esqueci dos meus planos, que, graças a Deus, consegui realizar.

Perdi muita coisa mudando-me para tão longe, mas ao mesmo tempo ganhei muito mais: um bom emprego, pessoas que me querem bem, um brevê no peito. Se eu não tivesse cogitado em realizar tais coisas e sobretudo, não tivesse força de vontade e estado de espírito para conquistar, nada disso teria acontecido na minha vida.

Escrevi este livro para provar que quando se quer algo, quando se deseja muito atingir um alvo, superar alguma barreira ou simplesmente realizar um desejo antigo, não precisa de muita coisa: apenas de sua própria vontade e

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seu próprio esforço.

Enfim, dedico este livro aqueles que de certa forma se dedicam diariamente a fim de conquistar seus objetivos e não se cansam de buscar sempre os seus alvos.