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Caos no trânsito reduz produtividade do país em 5%, diz Citigroup SÍLVIO CRESPO DO UOL ECONOMIA Os problemas de congestionamento de automóveis devem limitar o potencial de crescimento econômico do Brasil e de outros países latino-americanos nos pró- ximos anos, segundo estudo realizado pelo Citigroup. A pesquisa levou em consideração o tempo que se gasta em viagens urbanas e concluiu que o trânsito gera uma perda de 5% na produtividade do Brasil. En- tre os países da América Latina, apenas no México os gargalos de tráfego provocam uma perda semelhante à brasileira (veja gráco). Venda de veículos dispara; emprego em montadoras, não. A produtividade corresponde à relação entre quan- to se produz e quanto se gasta na produção, incluindo o pagamento de funcionários. Se um entregador, por exemplo, é capaz de fazer um serviço em 20 minutos quando não há trânsito, mas leva 40 minutos em momento de tráfego intenso, diz-se que, nesse caso, a produtividade cai à metade devido ao congestionamento. O documento, obtido por UOL Economia, não foi divulgado para a imprensa. É a primeira edição de um estudo que será anual e se propõe a tratar de temas que, apesar de inuenciarem a atividade econômica, são pouco analisados pela instituição nanceira. O próprio nome do relatório —”Fora do caminho batido” (em inglês, “Off the Beaten Path”) — indica a intenção de arejar o mundo das análises econômicas. A pesquisa reúne dados da Cepal (Comissão Eco- nômica para a América Latina e o Caribe), da UITP (associação internacional na área de transporte públi- co), de instituições estatais dos países analisados e do próprio Citigroup. Locomoção lenta Cada viagem urbana de um morador da cidade de São Paulo levava 44 minutos em média no ano de 2001, quando a UITP fez um levantamento so- bre o tempo de deslocamento nas grandes cidades do mundo. A capital paulista ca em situação pior que a Ci- dade do México (onde a viagem leva cerca de 40 mi- nutos, em média), Santiago, no Chile (pouco mais de 30 minutos), e Rio de Janeiro (perto de 25 minutos). Em Nova York e Londres, segundo a mesma pesqui- sa, gastam-se entre 20 e 25 minutos por viagem. Em Paris e Berlim, o tempo despendido ca entre 15 e 20 minutos, de acordo com o levantamento. Considerando só as viagens para o trabalho, esse tempo aumenta ainda mais. A média que se gasta para ir ao escritório e voltar nas grandes cidades é de 2 horas e 36 minutos no Brasil, 2 horas na Ar- gentina e 3 horas no México, diz a pesquisa. Em pa- íses desenvolvidos, esse trajeto costuma levar cerca de uma hora. A velocidade média de locomoção dos veículos nas ruas, ainda segundo o estudo da UITP, de 2001, era de aproximadamente 24 quilômetros por hora em São Paulo, 30 no Rio de Janeiro, 22 no México e 25 em Santiago. Entre as metrópoles de países desenvolvidos, a média de velocidade era de 29 km/h em Londres, 31 km/h em Berlim, 36 km/h em Paris e 38 km/h em Nova York. Perspectiva ruim Alguns indicadores mostram que “a situação só piorou desde 2001” na América Latina, arma o re- latório do Citigroup, citando especicamente a cidade de São Paulo. “Temos razões para acreditar que o fu- turo não vai ser melhor”, diz o documento. O aumento do número de carros em circulação, a mudança da população de classes média e alta para o subúrbio e as más condições do transporte público são os fatores que o Citigroup vê como responsáveis pela recente piora no trânsito das grandes cidades la- tino-americanas Excesso de veículos afeta produtividade do país, arma Citigroup SÍLVIO CRESPO DO UOL ECONOMIA O aumento do número de veículos em circulação nas grandes cidades latino-americanas, junto com os problemas de transporte público, contribui para a pio- ra das condições do trânsito e acaba sendo um fator limitador do crescimento econômico, segundo estudo do Citigroup. Em 2005, cerca de 22,1 milhões de carros circula- vam no Brasil; em 2007, eram 24,4 milhões, arma a pesquisa, com base em dados da Thomson and Bull. No México, o número passou de 14,6 milhões para 15,9 milhões. Na Argentina, de 5,2 milhões para 5,6 milhões, sempre na comparação entre 2005 e 2007. O crescimento econômico é afetado pelos pro- blemas de trânsito porque, segundo cálculos do Citi- group, o país tem uma perda de produtividade de 5% devido aos congestionamentos. Além do aumento do número de veículos, os pro- blemas de transporte público também contribuem para a diculdade de deslocamento da população, se- gundo a pesquisa. A mudança das famílias de classe média e alta para o subúrbio é outro fator que ajuda a aumentar o tem- po médio que se gasta para percorrer as ruas da cida- de, diz o estudo do Citi. C4 cotidiano SEGUNDA, 09 DE JUNHO DE 2008 - 07h00 FOLHA DE S.PAULO Extensas las de veículos se formam na Marginal Tietê, nas proximidades do Terminal Rodoviário RODRIGO LIMA DE ANDRADE DATA: 09/06/2008 DIBA3N FACULDADE PAULISTA DE ARTES METODOLOGIA DO PROJETO PROFª. SANDRA SECCO

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Caos no trânsito reduz produtividade do paísem 5%, diz CitigroupSÍLVIO CRESPODO UOL ECONOMIA

Os problemas de congestionamento de automóveis devem limitar o potencial de crescimento econômico do Brasil e de outros países latino-americanos nos pró-ximos anos, segundo estudo realizado pelo Citigroup.

A pesquisa levou em consideração o tempo que se gasta em viagens urbanas e concluiu que o trânsito gera uma perda de 5% na produtividade do Brasil. En-tre os países da América Latina, apenas no México os gargalos de tráfego provocam uma perda semelhante à brasileira (veja gráfi co).

Venda de veículos dispara; emprego em montadoras, não.

A produtividade corresponde à relação entre quan-to se produz e quanto se gasta na produção, incluindo o pagamento de funcionários.

Se um entregador, por exemplo, é capaz de fazer um serviço em 20 minutos quando não há trânsito, mas leva 40 minutos em momento de tráfego intenso, diz-se que, nesse caso, a produtividade cai à metade devido ao congestionamento.

O documento, obtido por UOL Economia, não foi divulgado para a imprensa. É a primeira edição de um estudo que será anual e se propõe a tratar de temas que, apesar de infl uenciarem a atividade econômica, são pouco analisados pela instituição fi nanceira.

O próprio nome do relatório —”Fora do caminho batido” (em inglês, “Off the Beaten Path”) — indica a intenção de arejar o mundo das análises econômicas.

A pesquisa reúne dados da Cepal (Comissão Eco-nômica para a América Latina e o Caribe), da UITP (associação internacional na área de transporte públi-co), de instituições estatais dos países analisados e do próprio Citigroup.

Locomoção lentaCada viagem urbana de um morador da cidade

de São Paulo levava 44 minutos em média no ano de 2001, quando a UITP fez um levantamento so-bre o tempo de deslocamento nas grandes cidades do mundo.

A capital paulista fi ca em situação pior que a Ci-dade do México (onde a viagem leva cerca de 40 mi-nutos, em média), Santiago, no Chile (pouco mais de 30 minutos), e Rio de Janeiro (perto de 25 minutos).Em Nova York e Londres, segundo a mesma pesqui-sa, gastam-se entre 20 e 25 minutos por viagem. Em Paris e Berlim, o tempo despendido fi ca entre 15 e 20 minutos, de acordo com o levantamento.

Considerando só as viagens para o trabalho, esse tempo aumenta ainda mais. A média que se gasta para ir ao escritório e voltar nas grandes cidades é de 2 horas e 36 minutos no Brasil, 2 horas na Ar-gentina e 3 horas no México, diz a pesquisa. Em pa-íses desenvolvidos, esse trajeto costuma levar cerca de uma hora.

A velocidade média de locomoção dos veículos nas ruas, ainda segundo o estudo da UITP, de 2001, era de aproximadamente 24 quilômetros por hora em São Paulo, 30 no Rio de Janeiro, 22 no México e 25 em Santiago.

Entre as metrópoles de países desenvolvidos, a média de velocidade era de 29 km/h em Londres, 31 km/h em Berlim, 36 km/h em Paris e 38 km/h em Nova York.

Perspectiva ruimAlguns indicadores mostram que “a situação só

piorou desde 2001” na América Latina, afi rma o re-latório do Citigroup, citando especifi camente a cidade de São Paulo. “Temos razões para acreditar que o fu-turo não vai ser melhor”, diz o documento.

O aumento do número de carros em circulação, a mudança da população de classes média e alta para o subúrbio e as más condições do transporte público são os fatores que o Citigroup vê como responsáveis pela recente piora no trânsito das grandes cidades la-tino-americanas

Excesso de veículos afeta produtividade do país, afi rma CitigroupSÍLVIO CRESPODO UOL ECONOMIA

O aumento do número de veículos em circulação nas grandes cidades latino-americanas, junto com os problemas de transporte público, contribui para a pio-ra das condições do trânsito e acaba sendo um fator limitador do crescimento econômico, segundo estudo do Citigroup.

Em 2005, cerca de 22,1 milhões de carros circula-vam no Brasil; em 2007, eram 24,4 milhões, afi rma a pesquisa, com base em dados da Thomson and Bull.

No México, o número passou de 14,6 milhões para 15,9 milhões. Na Argentina, de 5,2 milhões para 5,6 milhões, sempre na comparação entre 2005 e 2007.

O crescimento econômico é afetado pelos pro-blemas de trânsito porque, segundo cálculos do Citi-group, o país tem uma perda de produtividade de 5% devido aos congestionamentos.

Além do aumento do número de veículos, os pro-blemas de transporte público também contribuem para a difi culdade de deslocamento da população, se-gundo a pesquisa.

A mudança das famílias de classe média e alta para o subúrbio é outro fator que ajuda a aumentar o tem-po médio que se gasta para percorrer as ruas da cida-de, diz o estudo do Citi.

C4 cotidiano SEGUNDA, 09 DE JUNHO DE 2008 - 07h00 FOLHA DE S.PAULO

Extensas fi las de veículos se formam na Marginal Tietê, nas proximidades do Terminal Rodoviário

RODRIGO LIMA DE ANDRADEDATA: 09/06/2008DIBA3N

FACULDADE PAULISTA DE ARTESMETODOLOGIA DO PROJETOPROFª. SANDRA SECCO