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DIAGNÓSTICO DE FAUNA DO LITORAL MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL E ZONEAMENTO TEMÁTICO DO MEIO BIÓTICO CONSULTORA RESPONSÁVEL: BIÓLOGA CAROLINE ZANK CRBIO 34553-03D PORTO ALEGRE, 10 DE DEZEMBRO DE 2013.

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DIAGNÓSTICO DE FAUNA DO LITORAL MÉDIO DO

RIO GRANDE DO SUL E ZONEAMENTO TEMÁTICO

DO MEIO BIÓTICO

CONSULTORA RESPONSÁVEL: BIÓLOGA CAROLINE ZANK

CRBIO 34553-03D

PORTO ALEGRE, 10 DE DEZEMBRO DE 2013.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 1

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................................ 1

3. DIAGNÓSTICO DE FAUNA DO LITORAL MÉDIO DO RS ................................................... 3

3.1.Metodologia empregada ............................................................................................ 3

3.2.Caracterização da fauna de vertebrados .................................................................. 4

3.2.1. Peixes................................................................................................................... 7

3.2.2. Anfíbios .............................................................................................................. 16

3.2.3. Répteis ............................................................................................................... 21

3.2.4. Aves ................................................................................................................... 25

3.2.5. Mamíferos .......................................................................................................... 31

4. PRINCIPAIS AMEAÇAS A FAUNA .................................................................................... 39

5. METODOLOGIA EMPREGADA NA DEFINIÇÃO DAS ZONAS........................................ 41

5.1.Definições gerais ..................................................................................................... 41

5.2.Metodologia utilizada para definição das zonas .................................................... 42

6. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ZONAS DEFINIDAS PARA O MEIO BIÓTICO. 43

6.1. Zona I - Butiazal e comunidades associadas........ ............................................. 45

6.2. Zona II - Áreas úmidas e Matas de Restinga ......................................................... 49

6.3. Zona III - Dunas marítimas, lacustres e areais ...................................................... 57

6.4. Zona IV - Floresta Estacional ................................................................................. 64

6.5. Zona V - Campos arenosos .................................................................................... 70

7. RESUMO DAS RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES POR ZONA DEFINIDA .............. 74

8. ÁREAS IMPORTANTES PARA CONSERVAÇÃO .......................................................... 77

8.1. Unidades de Conservação ..................................................................................... 77

8.2. Indicação de remanescentes de áreas naturais prioritárias para conservação .. 78

9. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSERVAÇÃO DO MEIO BIÓTICO .............. 88

10. ANEXOS ......................................................................................................................... 89

11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................... 112

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1. APRESENTAÇÃO

O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) é uma importante ferramenta na

gestão da biodiversidade, e tem como objetivo definir unidades homogêneas

considerando as potencialidades e vulnerabilidade da sua fauna associada. A

elaboração do mapeamento da fauna característica da região e seu respectivo

zoneamento temático, são parte integrante do conjunto de dados a serem cruzados

para a construção de um ZEE.

Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo diagnosticar e zonear a

fauna da área 4 – Litoral Médio do Projeto RS Biodiversidade, indicando as

restrições e potencialidades de uso do recurso por zona definida, a fim de subsidiar

o posterior ZEE desta região.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

A Área 4- Litoral Médio do Projeto RS Biodiversidade corresponde a área de

abrangência dos municípios de Barra do Ribeiro, Capivari do Sul, Mostardas,

Palmares do Sul, São José do Norte, Tapes, Tavares e Viamão no Estado do Rio

Grande do Sul, Brasil.

A Planície Costeira do RS, na qual está inserido o Litoral Médio do Rio

Grande do Sul, cobre uma área aproximada de 33 mil km2 representada um longa

faixa de dunas e lagoas. Nossa Planície Costeira do lado Atlântico, possui uma

largura variável de 10 km, no norte do Estado, até quase 100 km, nas proximidades

da cabeceira da Lagoa dos Patos, e está caracterizada por uma sequencia de

ambientes no sentido da costa para o interior, que inclui deste um complexo mosaico

de dunas, banhados, campos e matas, até um rico sistema de lagoas costeiras,

incluindo inúmeros corpos d´água de diferentes tamanhos, deste pequenas lagoas,

até alguns de grandes dimensões, tais como o Laguna dos Patos, com uma área de

10.000 km2.

O Litoral Médio do Rio Grande do Sul pertence a duas unidades biogeográfica

distintas, a Atlântica, a qual possui uma vegetação florestal com características

predominantemente tropicais e a Pampeana caracterizada por um vegetação

campestre subtropical, e atualmente determinadas como Florestas úmidas tropicais

e subtropicaia e Campos e Savanas tropicais e subtropicais, respectivamente

(Dinerstein et al., 1995; Olson et al., 2001)

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Na região da Planície Costeira destacamos a dominância dos ecossistemas

de áreas úmidas, que em um conceito mais amplo englobam grande parte dos

ecossistemas naturais presentes na região, como estuários, praias, rios, lagoas e

lagunas de água-doce ou salobra, banhados e florestas de inundação (Burger &

Ramos, 2007). De especial importância, são indicados os banhados, que nesta

região estão principalmente associados as lagoas costeiras e apresentam uma

grande variedade de comunidades vegetais e animais estritamente relacionadas a

esses ambientes.

Nos limites do Litoral Médio do RS existem quatro áreas protegidas como

Unidades de Conservação (UCs) federais e estaduais, das quais três estão na

categoria de proteção integral, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, o Parque

Estadual de Itapuã e o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, e uma na

de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PARNA Lagoa do Peixe), localizada

nos municípios de Mostardas, Tavares e São José do Norte é uma das áreas

úmidas de importância internacional, reconhecida pela Convenção RAMSAR. Foi

criada com o objetivo principal de proteger espécies de aves, em especial as

migratórias, desta forma preserva ambientes de lagunas, banhados, dunas,

marismas e mata de restinga. No entanto, ainda apresenta problemas com a invasão

de Pinus sp. e falta de regularização fundiária. O Parque Estadual de Itapuã está

localizado no município de Viamão onde estão representados alguns dos

ecossistemas naturais da região metropolitana de Porto Alegre, como morros

graníticos com campos rupestres, praias lagunares, dunas, lagoas e banhados.

Já na O Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, situado no

município de Viamão sofre forte pressão devido a sua proximidade com o município

de Porto Alegre. Esta área preserva uma grande variedade de ambientes, como

mata paludosa e ripária e campos úmidos, e portanto também abriga um grande

diversidade de espécies animais. Nesta área foram registradas muitas espécies de

mamíferos e aves ameaçadas de extinção, como o cervo-do-Pantanal uma espécie

criticamente ameaçada no Estado e que só possui ocorrência conhecida para os

limites do Refúgio. Na área de entorno do RVS Banhado dos Pachecos, está situada

a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APA do Banhado Grande),

abrangendo os municípios de Glorinha, Santo Antônio da Patrulha, Viamão e

Gravataí. Esta área de uso sustentável foi criada para preservar o Banhado Grande

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do rio Gravataí, constituindo uma importante área para conservação de aves

migratórias.

Como ameaças aos ambientes naturais do Litoral Médio do RS, destacamos

para as áreas de dunas e campos nativos a conversão desses ambientes para a

silvicultura com espécies exóticas, como o Pinus e Eucalyptus. Tais culturas

florestais ocupam uma grande extensão de ambientes nativos na região (Gautreau &

Vélez, 2011). Já as áreas úmidas costeiras e as lagoas sofrem com a pressão da

expansão agrícola, principalmente para o cultivo de arroz irrigado que é a principal

cultura agrícola na região (Chomenco, 2007). Devido a aceleração no processo de

alteração e fragmentação dos habitats naturais, observado na região nos últimos

anos, há também uma maior preocupação com a manutenção e conservação das

populações da fauna associada.

Neste contexto, é fundamental o planejamento do uso dos recursos naturais

da região do Litoral Médio através de um Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e

suas partes integrantes, a fim de proporcionar a conservação efetiva da

biodiversidade local.

3. DIAGNÓSTICO DA FAUNA DO LITORAL MÉDIO

3.1. Metodologia empregada

Para o levantamento de dados sobre a fauna ocorrente no Litoral Médio do

RS, utilizamos três diferentes fontes de informação: bibliografia especializada,

coleção científica e trabalhos técnicos. Primeiramente, nosso levantamento de

dados foi baseado na consulta a bibliografia especializada, tomando como base o

levantamento de todo material bibliográfico produzido para a área de abrangência do

Litoral Médio do Rio Grande do Sul, e especificamente os que continham

informações sobre as espécies de fauna presente na região, como listas de espécies

e diagnósticos de fauna. Simultaneamente, consultamos os registros de material

testemunho depositados, para cada um dos municípios de interesse (Barra do

Ribeiro, Capivari do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, São José do Norte, Tapes,

Tavares e Viamão), nas três principais coleções científicas do Rio Grande do Sul,

que correspondem às coleções científicas do Departamento de Zoologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Museu de Ciências e

Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MCT), e do

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Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

(MCN). Por fim, foram consultados alguns trabalhos técnicos, como diagnósticos e

monitoramentos de fauna desenvolvidos na região do Litoral Médio para fins de

licenciamento ambiental de empreendimentos, como, parques eólicos, rodovias e

estaleiros.

Durante o levantamento de dados, encontramos um número ainda muito

reduzido de trabalhos científicos publicados com a fauna local, principalmente no

que diz respeito a fauna de invertebrados. Portanto, devido a essa lacuna de

informação observada para invertebrados, optamos por utilizar no presente

Zoneamento somente a fauna de vertebrados.

Baseando-se na consulta realizada a bibliografia especializada, coleções

científicas e trabalhos técnicos, elaboramos uma base de dados com todas as

espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos com ocorrência confirmada

ou potencial ocorrência para a área do Litoral Médio do RS. A seguir foram

selecionadas algumas espécies de interesse especial para representar cada um dos

grupos de vertebrados a serem utilizados no Zoneamento de Fauna. Para a seleção

das espécies utilizamos dois critérios principais: sua presença em alguma das listas

de espécies ameaçadas em âmbito regional, nacional e/ou global (Fontana et al.,

2003; Machado et al., 2008; IUCN 2013), e/ou grande especificidade ambiental. Por

fim, para cada uma dessas espécies selecionadas foi gerado um bando de dados

com todos os registros de ocorrência conhecidos para dentro dos limites da área do

Litoral Médio do RS.

A partir dessa seleção de espécies foi gerado o mapa georeferenciado com a

distribuição das espéceis de fauna do Litoral Médio do RS. O mapa de fauna será

entregue em conjunto com o presente relatório, mas somente em meio digital.

Conforme solicitado, em arquivo vetorial digital ARC-GIS, na escala 1:100.000, e

com o Sistema de Referência utilizado para o georreferenciamento sendo o

SIRGAS 2000.

3.2. Caracterização da fauna de vertebrados

A partir do levantamento de dados, encontramos um número ainda reduzido

de trabalhos científicos publicados com a fauna de vertebrados. Apesar de ainda

existirem grandes lacunas de informação para muitas regiões do Litoral Médio,

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algumas poucas áreas importantes são bem conhecidas e possuem dados bastante

qualificados sobre a fauna de vertebrados.

Verificamos que existem pelo menos três regiões bem inventariadas e

estudadas dentro dos limites do Litoral Médio do RS. Uma dessas áreas

corresponde ao PARNA Lagoa do Peixe que foi criado com o objetivo de proteger

uma amostra dos ecossistemas litorâneos da região da Laguna do Peixe, e em

particular, as espécies de aves migratórias que dela dependem. É uma das áreas de

grande importância para conservação da fauna no Litoral Médio, em especial a

avifauna (ver detalhes item 3.2.4 Aves). O PARNA Lagoa do Peixe possui bons

inventários disponíveis para espécies de anfíbios, peixes e aves (e.g. Plano de

Manejo PARNA Lagoa do Peixe, 1999; Loebmann & Vieira, 2005a; Loebmann &

Vieira, 2005b; Nascimento, 1995; Correa et al., 2010).

Além disso, Becker et al., (2007a) desenvolveram um intenso trabalho e uma

excelente síntese do conhecimento existente em duas áreas denominadas como

região dos Butiazais de Tapes e região da Lagoa do Casamento ambas localizadas

na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Este estudo foi desenvolvido através do

Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira

(PROBIO) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que tem como finalidade suprir

lacunas de conhecimento, e desta forma auxiliar no planejamento e conservação da

diversidade biológica de áreas previamente determinadas como prioritárias no Brasil.

Como resultado, forneceram um estudo bastante completo sobre a biodiversidade

local, e indicando áreas prioritárias para a conservação da fauna e flora (Becker et

al., 2007a). Estas regiões apresentaram uma fauna de vertebrados, em especial de

aves aquáticas, abundante e com uma alta riqueza de espécies (Burger & Ramos,

2007).

Fora estes dois estudos abrangendo três regiões importantes dentro dos

limites do Litoral Médio do RS, destacamos alguns estudos pontuais desenvolvidos

no Parque Estadual de Itapuã, que possui uma lista completa com as espécies de

répteis, alguns estudos desenvolvidos com aves, caracterização das espécies de

peixes em dois ambientes aquáticos e uma lista não publicada de anfíbios (Silva &

Fallavela, 1981; Scherer et al., 2000; Scherer et al., 2007; Dufech & Fialho, 2009;

Souza-Filho & Verrastro, 2012; Vinciprova & Colombo, com. pess.).

A partir da compilação de dados disponíveis sobre a fauna de vertebrados

ocorrente no Litoral Médio do RS, chegamos a um riqueza de 145 espécies de

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peixes, 44 de anfíbios, 62 de répteis, 362 de aves e 77 de mamíferos, totalizando

uma riqueza de 690 espécies de vertebrados para a região. Destacamos que o

grupo das aves foi o mais representativo, abrangendo mais de 52% das espécies

registradas. Um grande parcela dessas espécies são comuns e apresentam ampla

distribuição no Estado, no entanto algumas merecem especial atenção por estarem

classificadas em alguma categoria de ameaça em âmbito regional, nacional e/ou

mundial, e/ou por apresentarem baixa plasticidade ambiental. Desta forma, a partir

deste total de vertebrados registrados, foram selecionadas algumas espécies-chave

para representar cada um dos grupos de vertebrados na elaboração do Zoneamento

de fauna, dos quais indicamos 22 espécies de peixes, três de anfíbios, quatro de

répteis, 29 de aves e 17 de mamíferos (Figura 1).

Figura 1. Mapa georeferenciado com a distribuição da fauna de vertebrados

selecionada do Litoral Médio do RS (arquivo entregue somente em meio digital).

A partir do laventamento dos pontos de ocorrência conhecidos para cada um

dessas espécies ao logo dos limites do Litoral Médio, fica evidente as lacunas de

informação existentes sobre a distribuição da fauna na região. Observamos que para

a maior parte das espécies os pontos de ocorrência conhecidos estão concentrados

nas unidades de conservação ou áreas próximas, ou em duas áreas bem

inventariadas que são a região dos Butiazais de Tapes e da Lagoa do Casamento

(Figura 1).

Algumas exceções são observadas para espécies que possuem grupos de

pesquisa com projetos específicos, como o caso das espécies de roedores do

gênero Ctenomys (tuco-tuco) e as lagartixas do gênero Liolaemus. Ambas possuem

linhas de pesquisa lideradas por professores da UFRGS, Thales de Freitas e Laura

Verrastro, respectivemente (http://www.ufrgs.br/projetotucotuco;

http://www.ufrgs.br/herpetologia). Além desses projetos destacamos o programa

Macacos Urbanos onde são levantados os dados para o bugio-ruivo (Alouatta

guariba clamitans) (http://www.ufrgs.br/macacosurbanos).

De maneira geral a fauna que compõem a nossa Planície Costeira apresenta

um baixo nível de endemismo, se comparada a outras regiões como a Mata

Atlântica, por exemplo. Esse baixo número de endemismos ocorre principalmente

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devido a historia geológica bastante recente dos habitat presentes na região (Rocha

et al., 2000).

No presente estudo, não registramos endemismos para a região do Litoral

Médio, no entanto, pelo menos duas espécies que são endêmicas do Rio Grande do

Sul, possuem distribuição geográfica muito restrita e concentram a maior parte desta

nos limites do Litoral Médio, são elas: a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis)

e o tuco-tuco (Ctenomys lami). Ambos ocorrem em substratos arenosos das dunas

costeiras, no entanto a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) ocorre na

restinga sobre depósitos arenosos holocênicos a noroeste da Laguna dos Patos,

desde Itapuã no município de Viamão até São Lourenço do Sul (Verrastro, 2001;

Verrastro et al., 2003). O tuco-tuco (Ctenomys lami), por sua vez, habita somente

uma linha estreita de dunas antigas que se estende desde o norte do Lago Guaíba

até as restingas a noroeste da Lagoa dos Barros chamada de Coxilha das Lombas

(municípios de Viamão e Santo Antônio da Patrulha) (Freitas, 2001; Fernandes et

al., 2007) (detalhes nos itens 3.2.3 répteis e 3.2.5 mamíferos).

Por outro lado, a fauna de vertebrados encontrada na região, em especial das

aves aquáticas, é considerada rica e abundante. Além dessa elevada diversidade de

aves observada, o Estado tem importância significativa para a conservação de aves

migratórias, tanto como área de descanso ou como área propícia para o

forrageamento e nidificação (detalhes no item 3.2.4 aves).

A seguir apresentamos em maior detalhe os resultados obtidos

separadamente para cada grupo de vertebrados avaliado, bem como uma descrição

sobre as espécies, seus habitats e as principais ameaças para cada grupo.

3.2.1. Peixes

O sistema da Laguna dos Patos (SLP), onde está inserida a maior

parcela da nossa área de estudo, possui um conhecimento taxonômico satisfatório

sobre a ictiofauna, sendo conhecidas 121 espécies de peixes de água doce somente

para este sistema (Reis et al., 2003; Becker et al., 2007b). No sistema rio Tramandaí

(Bacia do rio Tramandaí), no estremo norte do Litoral Médio, está confirmada a

ocorrência de cerca de 100 espécie de peixes, uma riqueza considerada elevada

para uma região geográfica tão restrita (Artioli, 2012; Malabarba et al., 2013). Cabe

ressaltar que a composição da ictiofauna observada nos corpos d´água da planície

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costeira são comuns aos registradas na bacia da Laguna dos Patos, evidenciando

uma origem comum e recente desses sistemas (Malabarba et al., 2013).

Outro ambiente importante para ictiofauna da região são os estuários, que

suportam grandes estoques de peixes, principalmente juvenis, e para as regiões

temperadas são as principais áreas de criação para a maioria dos estoques de

espécies de importância comercial (Kennish, 1990). No Litoral Médio do Rio Grande

do Sul ocorrem dois importantes sistemas estuários, que são o da Lagoa do Peixe e

da Laguna dos Patos, onde estão registradas pelo menos 30 espécies de peixes

estuarinos residentes, dependentes ou visitantes marinhos ou de água doce (Ramos

& Vieira, 2001; Oliveira & Bemvenuti, 2006).

Com base principalmente nos trabalhos científicos produzidos com a

ictiofauna do Litoral Médio do RS, compilamos a ocorrência de 145 espécies de

peixes para a região (Ramos & Vieira, 2001; Loebmann & Vieira, 2005a; Becker et

al., 2007b; Malabarba, 2008; Corrêa et al., 2010, Artioli, 2012; Malabarba et al.

2013). Esta lista foi composta principalmente pelas espécies de peixes de água doce

que ocorrem nos riachos, lagoas e banhados ao longo da planície costeira, e foi

complementada com algumas espécies estuarinas mais comuns ou de importância

comercial (Anexo 1).

As 145 espécies de peixes registradas para o Litoral Médio estão distribuídas

em 11 ordens e 43 famílias, das quais a mais representativa foi Characidae onde

estão incluídos os peixes popularmente conhecidos como lambaris.

A ictiofauna da região está constituída por dois conjuntos principais de

espécies, o primeiro deles e mais numeroso está composto pelos peixes de água

doce. Nesse grupo estão incluídas algumas espécies com grande especificidade

ambiental, que é o caso dos peixes anuais (família Rivulidae), que tem seu ciclo de

vida estritamente relacionado a ambientes banhados e alagados temporários. O

segundo grupo é constituído por um número menor de espécies, cujo ciclo de vida

realiza-se parcialmente no oceano ou nas regiões estuarinas da Lagoa do Peixe e

Laguna dos Patos. Entre esses, estão algumas das espécies mais exploradas pela

pesca artesanal, como o bagre (Genidens barbus), a corvina (Micropogonias furnieri)

e a tainha (Mugil platanus) (Milani, 2005).

Assim como observado para a maior parte das espécies ameaçadas de

extinção de diferentes grupos de organismos, para os peixes de água doce a

principal ameaça provem das alterações ambientais provocadas pelo homem (Reis

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et al., 2003). Para os ambientes de água doce da planície costeira, algumas

atividades antrópicas são potencialmente mais impactantes, incluindo desde

algumas das atividades mais tradicionais na região, como a orizicultura, pecuária e

silvicultura, a ocupação humana desordenada, e mais recentemente, a implantação

de centrais de geração de energia eólica (Malabarba et al., 2013). Já para as

espécies de peixe estuarinas e marinhas, a principal ameaça é a sobrepesca de

espécies com importância comercial, onde os estoques de algumas espécies mais

importantes como bagre, corvina, tainha já sofrem risco de sobreexplotação

(Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente; Rosa & Lima, 2008).

Das espécies de peixes registradas para o litoral médio, 14 estão ameaçadas

de extinção ou sobreexplotadas (Marques, 2002; Rosa & Lima, 2008). Neste sentido,

tais espécies foram selecionadas como espécies de interesse especial, buscando

representatividade de ambientes importantes para a manutenção da ictiofauna como

um todo. Além dessas, outras espécies foram acrescentadas, por apresentarem

áreas de distribuição muito restritas dentro dos limites do litoral médio (Tabela 1).

Das espécies ameaçadas de peixes para o Rio Grande do Sul, cerca de 40%

pertencem a família Rivulidae (ou peixes anuais), devido a uma combinação de

fatores, inúmeras espécies da família se encontram ameaçadas de extinção (Reis et

al., 2003; Rosa & Lima, 2008). Entre esses fatores, os principais parecem ser o ciclo

de vida intimamente relacionado à dinâmica temporal das áreas úmidas temporárias,

áreas de distribuição restrita, limitada capacidade de dispersão e a acentuada

destruição das áreas úmidas (Reis et al., 2003; Costa, 2002a; Rosa & Lima, 2008;

Lanés & Maltchik, 2010). Outro fator importante parece ser o tamanho corporal

reduzido, já que as espécies de peixes que apresentam pequeno porte, como é o

caso dos peixes anuais, são especialmente suscetíveis a extinção (Olden et al.,

2007).

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Tabela 1. Espécies de peixes selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS

Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Nome comum Status de ameaça Pesca Sobre- Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS explotação

ATHERINIFORMES

Atherinopsidae

Odontesthes sp.1 peixe-rei NA NA X provavelmente endêmica da região da Lagoa do Casamento.

Odontesthes sp.2 peixe-rei NA NA X provavelmente endêmica da região da Lagoa do Casamento.

Odontesthes ledae peixe-rei LC LC X endêmico do sistema do rio Tramandaí, ocorre nas lagoas mais ao sul do sistema

CHARACIFORMES

Anostomidae

Schizodon jacuiensis voga LC LC X peixe de piracema, presentes apenas em algumas estações do ano, com distribuição restrita ao SLP.

Characidae

Oligosarcus jenynsii branca LC LC X peixe exclusivo de água doce. Não tolera salinidade.

Erythrinidae

Hoplias aff. malabaricus traíra LC LC X espécie comum e abundante em águas interiores como riachos, lagos e canais de água doce.

CYPRINODONTIFORMES

Rivulidae

Austrolebias adloffi peixe-anual CR CR banhados e alagadiços temporários

Austrolebias minuano peixe-anual EN EN banhados e alagadiços temporários

Austrolebias wolterstorffi peixe-anual CR CR banhados e alagadiços temporários

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Taxa Nome comum Status de ameaça Pesca Sobre- Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS explotação

Atlantirivulus riograndensis killifish-sulino NA NA riachos e poças rasas e pequenas dentro ou em áreas adjacentes a floresta.

Cynopoecilus fulgens peixe-anual VU NA banhados e alagadiços temporários

Cynopoecilus melanotaenia peixe-anual LC banhados e alagadiços temporários

Cynopoecilus multipapillatus peixe-anual LC banhados e alagadiços temporários

Cynopoecilus nigrovittatus peixe-anual LC banhados e alagadiços temporários

SILURIFORMES

Ariidae

Genidens barbus bagre LC X X passa a maior parte de sua vida no mar, mas migram para águas salobras e doces em determinadas épocas do ano a fim de se reproduzir.

Callichthyidae

Lepthoplosternum tordilho tamboatá EN EN pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas, com densa vegetação de macrófitas aquáticas

Heptapteridae

Rhamdia aff. quelen jundiá LC X trata-se de um complexo de espécies e ocupam os mais diversos ambientes lênticos e lóticos.

Loricariidae

Loricariichthys anus cascudo-viola LC X ocorre em rios, lagos e lagoas com águas calmas, vivendo junto ao fundo lodoso e arenoso.

PERCIFORMES

Pomatomidae

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Taxa Nome comum Status de ameaça Pesca Sobre- Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS explotação

Pomatomus saltarix anchova LC X X é uma espécie pelágica, que no inverno se aproxima da costa para formação de cardumes. Eventualmente entram em águas estuarinas para se alimentar.

Sciaenidae

Micropogonias furnieri corvina LC X X desova no oceano, porém passa parte da fase de crescimento no interior de estuários e lagoas

Serranidae

Epinephelus marginatus garoupa LC X X espécie marinha associada a fundos rochosos sendo comum em águas costeiras, os juvenis visitam áreas de estuário.

Mugilidae

Mugil platanus tainha LC X X encontrada em grande abundância nas lagoas estuarinas, locais que dependem diretamente para completarem seu ciclo de vida.

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Froese & Pauly, 2013. Legenda: O Status de conservação seguiu classificação de Rosa & Lima, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. Nos campos Pesca e Sobreexplotação estão marcadas as espécies utilizadas como recurso pesqueiro e as que correm risco de sobreexplotação segundo a Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente.

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No Rio Grande do Sul, a maioria das espécies de peixes anuais são

encontradas geralmente em áreas baixas e planas, próximas a rios ou lagoas, e

localizadas principalmente na Planície Costeira e na Depressão Central do Estado

(Lanés, 2011). Somente para o nosso Estado, são conhecidas 26 espécies de

peixes anuais, das quais 20 pertencem ao gênero Austrolebias, cinco a

Cynopoecilus e somente um ao gênero Atlantirivulus (Costa, 2002b; Costa & Lanes,

2009; Cheffe et al., 2010; Volcan et al., 2010; Costa, 2011; Volcan et al., 2011). No

entanto, a riqueza de espécies desse grupo para região está subestimada, visto que

estudos recentes apontam a ocorrência de espécies desse grupo ainda não

descritas nas regiões da Lagoa do Casamento e Butiazais de Tapes, e na metade

sul do Estado (Becker et al., 2007b; Lanés, 2011). Além disso, a alta

representatividade de espécies deste grupo observada em nosso Estado, e

especialmente na planície costeira, demonstra a importância da região para a

manutenção e conservação dos peixes anuais.

Na ocasião do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio

Grande do Sul, foram indicadas 11 espécies do gênero Rivulidae como ameaçadas

de extinção para o Estado, destas, três tem ocorrência confirmada para o Litoral

Médio, são elas Austrolebias adloffi, Austrolebias minuano (Figura 2) e Austrolebias

wolterstorffi (Tabela 1), e pelo menos outras duas tem ocorrência potencial para a

região, como Austrolebias charrua que é conhecida para a várzea do Arroio Chuí e

Austrolebias nigrofasciatus que ocorre na margem esquerda do canal de São

Gonçalo (Reis et al., 2003; Costa, 2006). Para as quatro espécies do genero

Cynopoecilus (Figura 3) e uma Atlantirivulus que também possuem registro

confirmado para o Litoral Médio, é provável a inclusão das mesmas em futuras

listagens de espécies ameaçadas, principalmente em função do elevado grau de

endemismo e da situação de degradação das áreas úmidas da região (Costa,

2002a; Costa & Lanés, 2009; Volcan et al., 2011).

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Figura 2. Fêmea (esquerda) e macho (direita) do peixe-anual (Austrolebias

minuano) (Foto de Daniel Loebmann).

A principal causa apontada para o grande número peixes anuais sob algum

grau de ameaça na região, está relacionada principalmente da perda e

fragmentação do seu habitat, como resultado da drenagem das áreas úmidas para a

agricultura, em especial aos cultivos de arroz, e ao avanço desordenado das áreas

urbanas (Reis et al., 2003; Volcan et al., 2010; Lanés & Maltchik, 2010). Além da

agricultura e urbanização, a crescente instalação de novos empreendimentos na

região, como silvicultura, instalação de parques eólicos e a construção ou duplicação

de estradas, indicam a necessidade de acompanhamento técnico e científico nessas

atividades a fim de garantir a conservação das populações de peixes anuais

remanescentes (Lanés & Maltchik, 2010; Volcan et al., 2011; Lanés, 2011).

Devido ao número elevado de espécies endêmicas e ameaçadas, os peixes

anuais representam um dos grupos animais que necessitam de estratégias

conservacionistas imediatas (Volcan et al., 2011). Como principais recomendações

para a conservação dos peixes anuais está a identificação e proteção dos habitats

remanescentes, realização de inventários específicos para confirmar a presença e

avaliar as populações do grupo em Unidades de Conservação, a criação de novas

unidades de conservação, entre outras (Rosa & Lima, 2008; Lanés & Maltchik, 2010;

Volcan et al., 2011; Lanés, 2011; Portaria Nº 198, de 19 de junho de 2013).

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Figura 3. Macho de Cynopoecilus fulgens, holótipo coletado no município de São José do Norte (Foto retirada de Costa, 2002b).

Além dos peixes anuais, outra espécie de peixe ameaçada de extinção em

ambito nacional e regional registrada para a área do Litoral Médio, é o tamboatá

(Lepthoplosternum tordilho). Esta espécie é endêmica do Rio Grande do Sul e

conhecida apenas para algumas poucas localidades nos municípios de Eldorado do

Sul, Porto Alegre e Barra de Ribeiro (Reis et al., 2003; Becker et al., 2007b). É

encontrada apenas em pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas, com densa

vegetação de macrófitas aquáticas, e é naturalmente pouco abundante nos locais

onde ocorre (Reis, 1997). A descaracterização das áreas alagadas e pequenos

riachos para utilização agrícula e a poluição desses córpos d´água com pesticidas

agrícolas e esgoto doméstico, são algumas das principais ameaças a espécie (Reis

et al., 2003; Rosa & Lima, 2008).

Um segundo grupo de espécies de peixes que merece atenção especial são

as espécies de importância para a pesca, das quais algumas delas já encontra-se

em risco de sobreexplotação (Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio

Ambiente). Um grande número dessas espécies ocorre na área do Litoral Médio, e

passam parte do seu ciclo de vida áreas estuarinas ou marinhas, utilizando essas

áreas com parte da etapa de reprodução e crescimento (Oliveira & Bemvenuti, 2006;

Becker et al., 2007b). As espécies desse grupo sobre risco de sobreexplotação

registradas na área do Litoral Médio foram o bagre (Genidens barbus), a anchova

(Pomatomus saltarix), a corvina (Micropogonias furnieri), a garoupa (Epinephelus

marginatus) e a tainha (Mugil platanus) (Tabela 1). A corvina (Micropogonias furnieri)

representa um dos mais importantes recursos pesqueiros do sul do Brasil, a espécie

desova no oceano, no entanto passa parte da sua fase de crescimento no interior de

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estuários e lagoas, como no SLP (Paiva,1997; Robert & Chaves, 2001). A introdução

de uma espécie exótica e invasora corvina-de-rio (Pachyurus bonariensis) no SLP,

pode representar um outro impacto importante a espécie, já que pode estar

exercendo impacto sobre as populações da corvina nativa (Micropogonias furnieri), e

reduzindo ainda mais a disponibilidade deste recurso pesqueiro (Becker et al.,

2007b).

Outras três espécies de água-doce, bastante representativas na pesca da

região, cascudo-viola (Loricariichthys anus), traíra (Hoplias aff. malabaricus) e jundiá

(Rhamdia aff. quelen) merecem atenção, já que a conservação destas espécies

como recurso pesqueiro não depende somente do manejo e gestão da pesca, mas

principalmente da conservação de tipos diferentes de habitat lênticos e lóticos

(Milani, 2005; Becker et al., 2007b). Desta forma, é importante a identificação de

áreas chaves para a reprodução e crescimento dessas espécies (Braun, 2005).

Por fim destacamos que para a conservação dos peixes no Litoral Médio do

RS, devemos considerar como importantes diversos tipos de habitat que são

essenciais para a manutenção deste grupo animal. As lagoas litorâneas são

importantes por abrigarem um maior riqueza de espécies, por outro lado, os

banhados temporários, e outros ambientes semelhantes, apesar de apresentarem

um baixa riqueza, abrigam espécies únicas e são de igual relevância para a

conservação (Becker et al., 2007b). Desta forma, para uma efetiva conservação dos

peixes dessa região é necessária, além da conservação de diferentes tipos de

ambientes de água-doce e estuarinos, a conexão entre os diferentes tipos de

ambientes, que permitirá a manutenção da ictiofauna como um todo.

3.2.2. Anfíbios

Os anfíbios representam um dos grupos de vertebrados mais conspícuos e

diversos, incluindo mais de 6.000 espécies reconhecidas e ocupando uma grande

variedade de ambientes terrestres e aquáticos (Duellman & Trueb, 1994; Frost et al.,

2006). Por apresentarem uma pele bastante fina e permeável, são bastante

sensíveis a alterações ambientais, e desta forma são considerados excelentes

indicadores de qualidade ambiental.

O Brasil é atualmente o país com a maior riqueza de anfíbios no mundo, com

946 espécies registradas (Segalla et al., 2012), já para o Rio Grande do Sul estão

confirmadas mais de 100 dessas espécies de anfíbios (e.g. Braun & Braun 1980;

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Garcia & Vinciprova 1998; Machado & Maltchik, 2007; Rosset 2008; Colombo et al.,

2007; Zank et al., 2008; Zank, 2012).

Para a área do Litoral Médio do RS compilamos um total de 44 espécies de

anfíbios, das quais 40 tiveram sua ocorrência confirmada por meio de testemunho

depositado em coleção científica (Anexo 2). Além disso, indicamos a ocorrência

potencial de pelo menos mais quatro espécies para a região, (Anexo 2), que são o

sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus montevidensis), o sapo-boi

(Ceratophrys ornata), a rã-criola (Leptodactylus chaquensis) e a cobra-de-duas-

cabeças (Chthonerpeton indistinctum).

Do total de 44 espécies de anfíbios indicadas para a região, a grande maioria

pertence a Ordem Anura (onde estão incluídos os sapos, rãs e pererecas), com 43

representantes distribuídos em nove famílias, das quais Hylidae foi a mais

representativa com 15 espécies, seguida de Leptodactylidae com 13 espécies

(Anexo 2).

Com relação as espécies com ocorrência potencial duas merecem atenção

especial, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus montevidensis) e o sapo-

boi (Ceratophrys ornata). A primeira delas, M. montevidensis, possui distribuição

restrita no Uruguai e é conhecida de somente duas localidades do extremo sul do

Rio Grande do Sul (municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí) (Zank, 2012), no

entanto ocorre em um habitat bastante comum na área do Litoral Médio e, portanto

pode vir a ser registrado dentro dos limites do mesmo. Esta espécie ocorre em

banhados temporários ou semi-temporários localizados atrás das dunas primárias, e

entre os impactos e ameaças conhecidas para a espécie no estado, destacamos as

atividades agrícolas da cultura do arroz e atividades relacionadas (Marcelo D. Freire

com. press). As ameaças eminentes, bem como o grau de fragmentação de suas

localidades conhecidas sugerem a classificação desta espécie em algum grau de

ameaça após a revisão da Lista de Espécies da Fauna Ameaçada do RS. A

segunda delas, é o sapo-boi (Ceratophrys ornata) que tem seu registro confirmado

exclusivamente nas áreas de dunas costeiras em duas localidades a extremo sul do

Estado (municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar). Está classificada

como vulnerável na lista de espécies ameaçadas do RS (Garcia e Vinciprova, 2003),

e não é registrada desde o início da década de 80 no Estado, além disso seu habitat

encontra-se bastante impactado pela cultura de arroz e monoculturas de Pinus sp.

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Já as espécies de anfíbios com ocorrência confirmada para o Litoral Médio do

RS, são em sua maioria comuns e possuem ampla distribuição no Estado (Zank,

2012). Apesar disso, três delas merecem destaque, são elas a rã-das-matas

(Ischnocnema henselii), o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis) e o

sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado (Melanophryniscus pachyrhynus) (Tabela 2).

Tais espécies são de interesse especial para a região por estarem classificadas em

alguma categoria de ameaça em âmbito global, nacional e/ou regional, ou

apresentarem grande especificidade ambiental, desta forma foram selecionadas

como espécies chave para direcionar o Zoneamento de Fauna com relação aos

anfíbios.

A primeira delas, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis)

(Figura 4a) está ameaçada em âmbito global, nacional e regional, sendo que no Rio

Grande do Sul está classificada como vulnerável entre as categorias de ameaça

(Garcia & Vinciprova 2003; Subirá et al., 2012; IUCN, 2013). Sua distribuição

geográfica está limitada a região costeira do extremo sul do Brasil, e se estende de

Imbituba, Santa Catarina a Rio Grande (Ilha dos Marinheiros), Rio Grande do Sul

(Garcia & Vinciprova 2003; Quintela et al. 2007). Esta espécie se reproduz em

banhados temporários, comumente encontrados nas áreas de baixada após dunas

primárias (Colombo et al., 2008). Entre as principais ameaças a espécies na região

do Litoral Médio do RS estão a urbanização desordenada das zonas litorâneas e o

cultivo de espécies exóticas e de arroz (Garcia & Vinciprova, 2003).

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Tabela 2. Espécies de anfíbios selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do

Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS

ANURA

Bufonidae Melanophryniscus dorsalis sapinho-de-barriga-vermelha VU VU distribuíção limitada a região costeira do extremo sul do

Brasil, ocorre em banhados temporários, nas áreas de baixada após dunas primárias

Melanophryniscus pachyrhynus sapinho-de-barriga-vermelha-marmoreado LC LC distribuição associada a morros com afloramentos rochosos da Serra do Sudeste, sua reprodução ocorre em pequenos riachos temporários

Brachycephalidae Ischnocnema henselii rã-das-matas LC LC ocorre em florestas úmidas maduras ou secundárias

avançadas e restritas as formações de Floresta Ombrófila Mista

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Segalla et al., 2012. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS.

ex Espécie exótica e invasora. O Status de conservação seguiu classificação de Subirá et al., 2012 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC

são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião.

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Sua congênere o sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado

(Melanophryniscus pachyrhynus) (Figura 4b) apesar de não estar classificada

em alguma categoria de ameaça, e de ter sua presença conhecida em diversas

localidades ao longo da Serra do Sudeste, é uma espécie que possui grande

especificidade ambiental (Zank, 2012). Esta espécie tem sua distribuição

associada a terrenos íngremes com formações rochosas graníticas e

vegetação composta por um mosaico de áreas abertas e florestais,

características da Serra do Sudeste (Vaz-Silva et al., 2008; Zank, 2012).

Aspectos sobre sua reprodução e história natural ainda são pouco conhecidos,

no entanto, sabe-se que sua reprodução ocorre em pequenos riachos

temporários formados após períodos de chuva intensa (Santos et al., 2011).

Nos limites do Litoral Médio do RS possui registro histórico para o Morro

Santana e Parque Saint Hilaire ambos no município de Viamão, mas pode

ocorrer em outras localidades de morros graníticos.

Figura 4. Exemplares dos sapinhos-de-barriga-vermelha (a) Melanophryniscus dorsalis e (b) Melanophryniscus pachyrhynus (Fotos (a) de Márcio Borges Martins e (b) Caroline Zank).

A rã-das-matas (Ischnocnema henselii) possui apenas um registro

histórico para o município de Viamão nos limites do Litoral Médio do RS, que

representa atualmente seu limite sul de distribuição (Caroline Zank, com.

pess.). Sua área de ocorrência está restrita as formações de Floresta Ombrófila

Mista, mais precisamente dentro de florestas maduras ou secundárias

avançadas (Kwet & Solé, 2005). É uma espécie terrícola e sua desova ocorre

no chão da floresta, debaixo de folhas ou troncos caídos (Kwet et al., 2010). Os

ambientes utilizados pela espécie já encontram-se bastante alterados e

fragmentados na região. Sendo que, a redução desses ambientes florestais

úmidos utilizados pela espécie, é ocasionada principalmente devido ao

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crescimento das áreas urbanas, mas também em decorrência da expansão das

atividades agrícolas e silvicultura (Garcia & Vinciprova, 2003; Subirá et al.,

2012).

3.2.3. Répteis

Com relação ao número de espécies de répteis, o Brasil está na

segunda colocação dos países com maior riqueza, até o momento 744

espécies registradas (Bérnils & Costa, 2012). Apesar do grande número de

espécies, os répteis despertam pouco interesse popular, devido principalmente

à falta de informação, medo, ou antipatia por parte da maioria das pessoas (Di-

Bernardo et al., 2003). Devido a isso, ainda são propositalmente exterminados,

e apesar desse extermínio de indivíduos contribuir para o declínio populacional

de algumas espécies, de maneira geral, são a descaracterização e destruição

dos habitat que constituem a ameaça mais severa ao grupo (Di-Bernardo et al.,

2003).

Na área do Litoral Médio do RS registramos a ocorrência de 62 espécies

de répteis, das quais a grande maioria pertence a Ordem Squamata

(representada pelas cobras e lagartos) (Anexo 3). Destas espécies, a família de

serpentes Dipsadidae foi a mais representativa abrangendo mais da metade

das espécies confirmadas para a região, com 32 ao total (Anexo 3).

Com relação as espécies de répteis registradas, a grande maioria delas

são espécie não ameaçadas, comuns e bem distribuídas no Estado, no

entanto, três espécies lagartos e uma serpente foram selecionadas como

espécies-chave de répteis para o Zoneamento na área do Litoral Médio do RS

(Tabela 3). Tais espécies correm risco de extinção e/ou apresentam restrição

quanto ao tipo de habitat e/ou representam um táxon novo, e desta forma são

espécies importantes direcionar o Zoneamento de fauna.

A lagartixa-listrada (Contomastix aff. lacertoides) e a serpente

mussurana (Phimophis aff. guerini) foram destacadas por se tratarem de táxon

novos (Márcio Borges-Martins com. pess.), e portanto ainda serem

insuficientemente conhecidos, mas que parecem estar associados as

formações campestres e arenosas, as quais são bastante abundantes no

Litoral Médio.

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A lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) é um pequeno lagarto que

ocorre nos ambientes de dunas costeiras do extremo sul do Brasil, nos Estados

do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e na costa do Uruguai (Verrastro, 1991;

Verrastro et al., 2006). Vive associado às moitas de vegetação herbácea

presentes nas dunas de areia móvel, sendo que essa vegetação presente nas

dunas é essencial para a alimentação, o refúgio de predadores e a

termorregulação desta espécie (Verrastro & Bujes, 1998; Bujes & Verrastro,

2008). Este lagarto está ameaçado de extinção no Brasil e em nosso Estado,

devido principalmente a redução severa de suas áreas de distribuição

causadas pela fragmentação e, em casos mais extremos, à perda total de seus

habitats devido ao crescimento da atividade humana nas últimas décadas

(Fontana et al., 2003).

Figura 5. Exemplar da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) em seu habitat natural (município de Mostardas, RS) (Foto de Laura Verrastro).

A presença da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) (Figura 5) está

associada principalmente a comunidades vegetais que ocorrem em ambientes

não antropizados, sendo que a presença da espécie em áreas semi-

urbanizadas e urbanizadas é muito baixa, e quando ocorre, está associada a

plantas que caracterizam o ambiente natural, como o capim-das-dunas

(Panicum racemosum) e a erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis) (Melamed &

Verrastro, 1997). O Litoral Médio do RS representa uma região extremamente

importante para a conservação de L. occipitalis, visto que ainda abriga grandes

populações da espécie por ter sofrido menos impacto antrópico, ao contrário do

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observado no litoral norte do RS, onde grande parte das populações desta

espécies foi reduzida e algumas foram até mesmo extintas ( Silva, 2013).

A lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) (Figura 6) é uma espécie

endêmica do Rio Grande do Sul, e com distribuição geográfica muito restrita,

ocorrendo desde Itapuã no município de Viamão até São Lourenço do Sul

(Verrastro et al., 2003). Ocorre em substrato arenoso, associada à vegetação

herbácea e arbustivo/arbórea, típicas das regiões de restinga sobre depósitos

arenosos holocênicos a noroeste da Laguna dos Patos (Verrastro, 2001).

Devido a sua descrição recente, apenas em 2003, não foi avaliada na ocasião

da elaboração das listas de espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul e

Nacional (Fontana et al., 2003; Verrastro et al., 2003; Martins & Molina, 2008).

É uma espécie que sofre as mesmas pressões antrópicas de sua

congênere L. occipitalis, e portanto espera-se que seja classificada em alguma

categoria de ameaça após revisão das listas regionais e nacional. Isso ocorre

pelo fato de seu habitat estar restrito às restingas arenosas da região da Lagoa

dos Patos, e tais ambientes vem sofrendo um grande decréscimo, já que

representam áreas de grande interesse econômico, seja para especulação

imobiliária, empreendimentos de lazer, ou mesmo construção de rodovias

(Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003).

Figura 6. Exemplar da lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) em seu

habitat natural (município de Barra do Ribeiro, RS) (Foto de Márcio Borges Martins).

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Tabela 3. Espécies de répteis selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do

Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS

SQUAMATA

Dipsadidae Phimophis aff. guerini mussurana NA NA taxon novo, sua distrubuição parece estar associada a áreas de Savana, campo aberto.

Liolaemidae

Liolaemus arambarensis lagartixa-da-areia NA NA endêmica do RS, apresenta distribuição geográfica muito restrita as regiões de restinga a noroeste da Laguna dos Patos.

Liolaemus occipitalis lagartixa-da-praia VU VU ocorre no extremo sul do Brasil (RS e SC) e na costa do Uruguai e vive associado às moitas de vegetação herbácea presentes nos ambientes de dunas costeiras.

Teiidae

Contomastix aff. lacertoides lagartixa-listrada NA NA taxon novo, sua área de distribuição parece estar associada a formações campestres e arenosas.

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Bérnils & Costa, 2012. Legenda: O Status de conservação seguiu classificação de Martins & Molina, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião.

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Os ecossistemas de dunas e restingas litorâneas utilizados por essas

espécies de lagartos (L. arambarensis e L. occipitalis) tem sido fortemente

descaracterizados, sendo que entre os grandes impactos sobre estas

formações destacam-se o aumento indiscriminado dos loteamentos em

balneários, a expansão da silvicultura em áreas de duna, a retirada de areia e a

contaminação do solo e de corpos d'água (Melamed & Verrastro, 1997; Silva,

2013). Já como medidas sugeridas para a conservação dessas espécies, a

principal seria a conservação das dunas costeiras, no entanto a criação e

manutenção de unidades de conservação, a fim de evitar que as áreas

urbanas se interliguem e ocupem a costa de maneira contínua, também é uma

medida importante (Verrastro, 2001; Martins & Molina, 2008).

3.2.4. Aves

O Rio Grande do Sul, por sua localização e constituição geomorfológica,

ocupa uma posição de transição entre várias formações florestais e

campestres, sendo limite de distribuição para várias espécies de aves. Como

marco topográfico importante, a ruptura perto da escarpa da serra delimita as

florestas do norte do Estado e os terrenos mais abertos ao sul, contribuindo

para uma transição na avifauna (Belton, 1994).

Além da elevada diversidade avifaunística existente, o Estado tem

significativa importância para a conservação de aves migratórias, seja como

área de descanso para espécies que buscam as latitudes extremas do

continente ou como área propícia ao forrageamento e nidificação de outras

espécies. Das 624 espécies listadas em Bencke (2001), 31 (incluindo 2

espécies pelágicas) são consideradas como visitantes migratórios provenientes

do Hemisfério Norte, 31 (incluindo 14 espécies pelágicas) são consideradas

como visitantes migratórios do Cone Sul do continente e 68 (incluindo espécies

com status assumido, mas não confirmado, e não considerando espécies

vagantes) permanecem no Estado durante a primavera/verão, aqui nidificando.

Dentre os ecossistemas existentes no Estado, a Planície Costeira

merece destaque por sua extensa área de praia e planícies entremeadas por

florestas aluviais, campos, banhados, muitas vezes conectados por estreitos

canais, lagoas e lagunas, que reúnem uma expressiva riqueza ornitológica.

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Na planície costeira riograndense, a Lagoa do Peixe, ao sul de

Mostardas, oferece refúgio para flamingos (Phoenicopterus chilensis e, em

menor número, Phoenicoparrus andinus) (Figura 7) e uma variedade de

espécies de praia. As praias de mar e águas costeiras perto da Barra de Rio

Grande (desembocadura da Laguna dos Patos) são locais propícios para aves

pelágicas. Muitas áreas no sul do Estado são ricas em anatídeos (marrecas,

cisnes e capororocas), entre outras espécies (Belton, 1994).

Figura 7. Indivíduos de flamingo-andino (Phoenicoparrus andinus) em seu

habitat natural (foto de Jan Karel Felix Mähler Junior).

Das 661 espécies de aves listadas para o Rio Grande do Sul (Bencke et

al., 2010), 362 (54,8% do total) apresentam registros para a área de interesse

no presente estudo (Anexo 4). Deste total, 29 espécies, incluindo três apenas

com registros históricos obtidos há mais de 80 anos, apresentam algum grau

de ameaça de extinção ou estão próximas a essa condição – Near Threatened

(Marques et al., 2002; Monteiro et al., 2008; IUCN, 2013) (Tabela 4). Na

seleção das espécies ameaçadas não foram consideradas as espécies

marinhas.

A maior ameaça as aves em perigo de extinção no Estado é sem dúvida

a destruição do habita, sejam eles florestas, campos ou banhados, já a

degradação do habitat representa outro grande problema, pois ocasiona perda

na qualidade do ambiente utilizado (Bencke et al., 2003).

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Tabela 4. Espécies de aves selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto

RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS Mundial

ACCIPITRIFORMES

Accipitridae

Busarellus nigricollis gavião-velho LC VU áreas relativamente abertas junto a ambientes aquáticos, como extensos pântanos, banhados, manguezais, campos inundados, lagoas, margens de rios e matas alagadas

Circus cinereus gavião-cinza VU VU banhados temporários, áreas de baixada após dunas primárias

Geranoaetus melanoleucus* águia-chilena VU campos com coxilhas e morros e áreas abertas com árvores esparsas

Pseudastur polionotus gavião-pombo-branco EN NT florestas

Urubitinga coronata* águia-cinzenta VU CR EN ambientes abertos com árvores e arbustos, ocupando também áreas de floresta em regiões montanhosas

ANSERIFORMES Anatidae Cairina moschata pato-do-mato EN lagos, rios e banhados cercados de florestas

Sarkidiornis sylvicola pato-de-crista VU banhados, rios com florestas marginais, lagoas, açudes, depressões alagadas em meio a lavouras, arrozais, margens de canais e reservatórios.

CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae Hydropsalis anomala curiango-do-banhado EN NT campos úmidos ou secos, banhados e suas margens, beiras de matas

ciliares, áreas arbustivas, restingas e savanas

CHARADRIIFORMES Laridae Larus atlanticus gaivota-de-rabo-preto VU VU VU costas oceânicas, sendo encontrada em praias, costões rochosos, baías,

lagoas salobras e, especialmente, estuários

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Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS Mundial

Scolopacidae Gallinago undulata narcejão VU varjões, tremedais, pequenos brejos, banhados, lagoas e lagunas

litorâneas, áreas pantanosas e pastagens

Tryngites subruficollis maçarico-acanelado VU NT campos de vegetação rasteira com altura ao redor de 2-5 cm e, em menor escala, áreas de orizicultura

Sternidae Thalasseus maximus trinta-réis-real VU ambientes costeiros

GRUIFORMES Rallidae Porzana spiloptera sanã-cinza VU EN VU marismas, banhados e capinzais inundáveis

PASSERIFORMES Cotingidae Carpornis cucullata corocoxó NT áreas florestais

Emberizidae Sporophila angolensis curió EN beiras de floresta, áreas de vegetação arbustiva, capoeiras e terrenos

pantanosos

Sporophila collaris coleiro-do-brejo VU banhados e suas imediações, especialmente com vegetação aquática alta, densa e variada onde haja também arbustos e arvoretas

Fringillidae Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro VU florestas ombrófilas e estacionais

Furnariidae Limnoctites rectirostris arredio-do-gravatá VU VU NT gravatazais

Spartonoica maluroides boininha VU NT áreas parcialmente alagadas ou inundáveis, tais como marismas, depressões e margens de banhados, lagoas ou cursos d´água

Icteridae Xanthopsar flavus veste-amarela VU VU VU áreas de campos entremeados por banhados de turfa, campos pedregosos,

campos úmidos e pastagens

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Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS Mundial

Motacillidae Anthus nattereri caminheiro-grande VU VU VU campos nativos (não ralos), campos com afloramentos rochosos

Tyrannidae Alectrurus risora* tesoura-do-campo VU áreas abertas

Cnemotriccus fuscatus fuscatus guaracavuçu VU florestas costeiras e restingas arbóreas

Xolmis dominicanus noivinha-de-rabo-preto VU VU campos sujos próximos a banhados, campos pedregosos e banhados

PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae Phoenicoparrus andinus flamingo-andino VU Lagoa do Peixe

Phoenicopterus chilensis flamingo NT lagoas costeiras rasas

PICIFORMES Picidae Piculus aurulentus pica-pau-dourado NT diferentes tipos de floresta

Ramphastidae Ramphastos toco tucanuçu VU bordas e estrato emergente de florestas, capões e matas ripárias, savanas

STRUTHIONIFORMES Rheidae Rhea americana ema NT áreas campestres

A classificação e nomenclatura seguem compilação de CBRO, 2011, e os nomes populares seguem Bencke et al.,2010. Legenda: * Espécies com apenas

registro histórico para a região (Gliesch, 1930). O Status de conservação seguiu classificação de Silveira & Straube, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003

(Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção,

CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião.

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Uma das principais atividades econômicas do Litoral Médio, a rizicultura,

em especial do arroz irrigado, representam um impacto importante para as

aves aquáticas, pois provoca múltiplas alterações no ambiente, simplificando a

paisagem e mudando a oferta de abrigo, de áreas para nidificação e de

alimentação (Menegheti, 2009). Esta perda e fragmentação de habitat gera

mudanças importantes, tanto na composição e quanto na abundância das

populações de aves.

Neste sentido, Bencke et al. (2006) descrevem três áreas importantes

para a conservação das aves no Rio Grande do Sul:

O Banhado dos Pachecos, onde foi criado o Refúgio de Vida Silvestre

Banhado dos Pachecos, está incluído no Sistema Banhado Grande, complexo

de áreas alagadas que dá origem ao rio Gravataí. Grande parte do Banhado

dos Pachecos já foi convertida em lavouras ou açudes, restando atualmente

cerca de 1.685 ha de banhados naturais. A área apresenta grande importância

como hábitat de aves que dependem de banhados densos e capinzais úmidos.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga uma laguna rasa e salina,

de características únicas no contexto da costa brasileira. Variações no nível de

água da laguna ou na direção e intensidade dos ventos expõem extensos

bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de alimentação. Além

do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água doce, marismas

(banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários, matas de restinga

e paludosas, dunas móveis e fixas e um extenso segmento de praia oceânica.

A Lagoa do Peixe representa uma área de grande importância para aves

migratórias em toda a costa leste da América do Sul. Várias espécies limícolas

oriundas do sul do continente ou da região neártica congregam-se em números

significativos nessa área, ali invernando ou realizando escala durante suas

migrações até regiões mais austrais. No entorno da unidade de conservação

são desenvolvidas principalmente a silvicultura e a pecuária extensiva.

Por fim, o estuário da Laguna dos Patos corresponde à orla da

extremidade meridional da laguna dos Patos, aproximadamente entre a barra

do canal São Gonçalo e a foz da laguna no oceano Atlântico. Destacam-se na

região as marismas, pântanos salobres caracterizados por vegetação halófila e

profundidade influenciada pelas oscilações da maré. A área é importante tanto

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visitantes austrais (p. ex., Phoenicopterus chilensis, Charadrius modestus,

Larus atlanticus) quanto setentrionais (p. ex., Pluvialis spp., Calidris spp.,

Tryngites subruficollis, Sterna hirundo), muitas delas congregando-se em

números expressivos. L. atlanticus parece ter no estuário da laguna dos Patos

sua única área de invernagem regular em território brasileiro. Em anos de

estiagem, Cygnus melancoryphus refugia-se em grande número nas enseadas

do estuário.

3.2.5. Mamíferos

Apesar dos mamíferos representarem o grupo de organismos mais bem

conhecidos, lacunas de conhecimento ainda dificultam iniciativas de

conservação e manejo, principalmente em análises regionais (Brito, 2004). A

perda e a fragmentação de habitat, resultantes de atividades humanas,

constituem as maiores ameaças aos mamíferos terrestres no Brasil, além disso

para mamíferos terrestres de grande e médio porte ainda há a pressão de caça

(Costa et al., 2005).

A região de abrangência do Litoral Médio do RS apresenta uma riqueza

confirmada de 66 espécies nativas de mamíferos terrestres e semi-aquáticos

(Anexo 5). Essa riqueza é representada por 26 espécies de roedores (Ordem

Rodentia), 14 carnívoros (Carnivora), 13 morcegos (Chiroptera), 5 tatus

(Cingulata), 4 marsupiais (Didelphimorphia), 2 cervídeos (Artiodactyla), um

primata (Primates) e um tamanduá (Pilosa).

Outras seis espécies exóticas tem presença confirmada para a região, e

grande parte delas apresentando impactos negativos sobre a fauna local, com

a predação e/ou competição com animais nativos (ex. cachorro-doméstico,

gato-doméstico e lebre-européia), degradação e alteração dos ambientes

nativos, como o javali-europeu e problemas para a saúde pública (camundongo

e rato-domético) (Anexo 5).

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Tabela 5. Espécies de mamíferos selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do

Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS

ARTIODACTYLA

Cervidae Blastocerus dichotomus cervo-do-Pantanal VU CR áreas úmidas (banhados, campos alagáveis, várzeas)

Mazama gouazoubira veado-catingueiro LC VU florestas e savanas

CARNIVORA

Felidae

Leopardus braccatus gato-palheiro VU EN savanas e campos

Leopardus geoffroyi gato-do-mato-grande

LC VU florestas e savanas

Leopardus pardalis jaguatirica VU VU florestas e savanas, tende a evitar áreas mais abertas

Leopardus tigrinus gato-do-mato-pequeno

VU VU florestas e savanas

Leopardus wiedii gato-maracajá VU VU florestas

Puma concolor onça-parda VU EN florestas, campos, savanas

Puma yagouaroundi gato-mourisco LC VU florestas, campos, savanas

Mustelidae

Eira barbara irara LC VU florestas

PILOSA

Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim LC VU florestas e savanas

PRIMATES

Atelidae

Alouatta guariba clamitans bugio-ruivo LC VU florestas

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Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição

ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS

RODENTIA

Cuniculidae

Cuniculus paca paca LC EN florestas

Dasyproctidae

Dasyprocta azarae cutia LC VU florestas

Ctenomyidae

Ctenomys flamarioni tuco-tuco-branco VU VU primeira linha de dunas das praias litorâneas e campos arenosos

Ctenomys lami tuco-tuco LC LC campos arenosos da Coxilha das Lombas

Ctenomys minutus tuco-tuco LC LC habita as dunas primárias e especialmente os campos arenosos da Planície Costeira do sul do Brasil

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Wilson & Reeders, 2011 e Voss et al., 2013. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS.

ex Espécie exótica. O Status de conservação seguiu classificação de Chiarello et al., 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003

(Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião.

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Além dessas, pelo menos mais cinco espécies de mamíferos tem

ocorrência potencial para a região, são eles: cuíca-lanosa (Caluromys lanatus),

cuíca-d'água (Chironectes minimus), veado-mateiro (Mazama americana), quati

(Nasua nasua) e morcelo (Myotis ruber) (Anexo 5). Todas essas espécies

apesar de não possuírem registros confirmados para a região abrangência do

Litoral Médio do RS, possuem ocorrência conhecida para municípios próximos

a região e desta forma podem ocorrer nos limites do Litoral Médio. Desta

forma, chegamos a um total de 77 espécies de mamíferos terrestres e semi-

aquáticos com ocorrência indicada para região (Anexo 5).

Dezessete espécies (26 %) encontradas na região estão classificadas

como ameaçadas de extinção em nível regional, nacional e/ou mundial

(Fontana et al., 2003; Chiarello et al., 2008; IUCN, 2013). O tuco-tuco

(Ctenomys lami), embora não esteja classificada como ameaçada pelo Livro

Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção do RS de 2003 (Fontana et al.,

2003), é considerado Vulnerável mundialmente (Bidau et al., 2008). Para o

Estado do Rio Grande do Sul, 13 destas espécies são classificadas como

Vulneráveis, duas como Em Perigo e uma como Criticamente em Perigo, o

cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) (Tabela 5). A maior parte dessas

espécies foram selecionadas como espécies importantes para representar os

mamíferos no Zoneamento de fauna do Litoral Médio do RS (Tabela 5).

Embora os limites políticos municipais da região de abrangência do

Litoral Médio não apresentem nenhum endemismo em nível de espécie de

mamíferos reconhecido, a região abriga importantes populações de algumas

espécies. O cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) (Figura 8) é uma

espécie considerada Vulnerável nacional e mundialmente, e a única população

atual conhecida para o Estado do RS se constitui de poucos indivíduos (< 10)

que habitam a área do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos,

município de Viamão.

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Figura 8. Indivíduo do cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) em seu

ambiente natural (Foto de Igor Pfeifer Coelho).

Outro grupo de espécies ameaçadas importantes são os carnívoros, que

por serem em sua grande maioria predadores, são considerados espécies-

chave para a conservação da biodiversidade em geral, visto que regulam as

populações de suas presas e desta forma ajudam a estruturar as comunidades

naturais (Indrusiak & Eizirik, 2003). Por necessitarem de grandes áreas para

manter suas populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à

conservação de carnívoros acabam por preservar também as outras espécies

da comunidade (Chiarello et al., 2008). A destruição, fragmentação e alteração

de habitats representam a principal causa de ameaça para todas as espécies

deste grupo, sendo que a segunda principal causa de ameaça para as

espécies de carnívoros são a mortalidade pela caça, atropelamento e doenças

(Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008). Na área do Litoral Médio do

RS ocorrem sete espécies de carnívoros ameaçadas de extinção, todas da

família dos felinos, e todas elas foram incluídas como espécies-chave para o

presente Zoneamento de fauna (Tabela 5).

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Figura 9. Indivíduo de onça-parda (Puma concolor) fotografado em seu ambiente natural (Foto de Oliveira LFB, Hofmann GS & Coelho IP).

Os roedores também representam um grupo importante, se levarmos em

consideração o número total de espécies ameaçadas de mamíferos no Brasil,

os roedores em risco apesar de representarem apenas 7% desse total,

somente um não é endêmico ao Brasil (Costa et al., 2005). Para os limites do

Litoral Médio do RS temos a presença confirmada de representantes

importantes deste grupo, como as espécies do gênero Ctenomys (tuco-tucos)

que são roedores subterrâneos.

No sul do Brasil nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são

conhecidas atualmente cinco espécies de tuco-tuco: Ctenomys flamarioni,

Ctenomys lami, Ctenomys minutus, Ctenomys torquatus e Ctenomys

ibicuiensis (Fernandes et al., 2007; Freitas et al., 2012). Destas espécies

somente as três primeiras tem registro confirmado para a região do Litoral

Médio do Rio Grande do Sul (Figura 10).

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Figura 10. Distribuição geográfica das espécie do gênero Ctenomys no sul do Brasil (Fonte : Kubiak, 2013).

Ctenomys lami é uma espécie endêmica do Rio Grande do Sul, e habita

a região arenosa chamada Coxilha das Lombas (municípios de Viamão e Santo

Antônio da Patrulha), que representa uma linha estreita de dunas antigas que

se estende desde o norte do Lago Guaíba até as restingas a noroeste da

Lagoa dos Barros (Freitas, 2001; Freitas, 2007; Fernandes et al., 2007). O

tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni), está ameaçado de extinção, e é

endêmico da primeira linha de dunas do litoral do RS, sendo o Litoral Médio a

área central de sua distribuição é que está limitada ao norte pelo município de

Arroio Teixeira e ao sul pelo arroio Chuí (Freitas, 1995; Fernández-Stolz et al.,

2007). Recentemente foi localizada a primeira população de C. flamarioni que

habita campos arenosos, na beira da Laguna dos Patos em São José do Norte,

representando também a única área de simpatria conhecida para esta espécie

e C. minutus nos limites do Litoral Médio do RS (Kubiak, 2013).

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Figura 11. Indivíduo do tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni) em seu

ambiente natural (foto de Tatiane Noviski Fornel).

Esta outra espécie de tuco-tuco (Ctenomys minutus) é um espécie

bastante similar a C. lami, mas ao contário desta sua distribuição geográfica

começa em Laguna, SC e vai até São José do Norte no RS (Freitas, 1995). E

assim como, C. flamarioni, também habita as dunas primárias, mas

especialmente os campos arenosos da Planície Costeira do sul do Brasil,

sendo os campos costeiros do Litoral Médio do RS uma área central e o limite

austral de sua distribuição (Freitas, 1995; Freygang et al., 2004).

As alterações ambientais causadas pelo homem como urbanização em

áreas de dunas, a presença de animais domésticos e a introdução de

vegetação exótica vem modificando o habitat das espécies de tuco-tuco por

anos, e como consequencia tornando os habitats nativos cada vez mais

fragmentados ou destruídos (Fernández-Stolz, 2007; Fernandes et al., 2007).

Com já observado no Litoral Norte do RS, o avanço de condomínios sobre as

áreas de dunas, faz com que o contínuo de dunas se torne fragmentado e,

consequentemente, causa o isolamento das populações de tuco-tuco

(Fernández, 2002). Como estratégias para a conservação dessas espécies,

são indicadas a conservação das áreas de dunas, com construção de

passarelas que facilitem o trânsito das pessoas, sem alterar as dunas, a

fiscalização afim de controlar a retirada de areia, estudos de impacto ambiental

com as populações para que a exploração imobiliária poupe as áreas de dunas

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que se sobrepõem à distribuição geográfica dessas espécies, além do

desenvolvimento de trabalhos de educação ambiental e monitoramento de

populações através de trabalhos de estimativa populacional em regiões mais

impactadas (Chiarello et al., 2008).

Figura 12. Indivíduo do tuco-tuco (Ctenomys minutus) em seu ambiente natural

(foto de Tatiane Noviski Fornel).

4. PRINCIPAIS AMEAÇAS A FAUNA

A fragmentação e alteração do habitat são sem dúvida as principais

ameaças a fauna do Litoral Médio do RS, e elas decorrem principalmente das

rizicultura e silvicultura que representam as duas principais atividades

econômicas da região.

A cultura de arroz representa um ameaça importante para a maior parte

das espécies aquáticas, causando perda total ou o empobrecimento na

qualidade do ambiente utilizado. Grandes extensões de áreas de várzea são

comumente aproveitadas para o cultivo de arroz ao longo de todo Litoral Médio

do RS, tornando as áreas úmidas remanescentes fragmentadas e com porte

reduzido, e desta forma abrigando uma riqueza menor de espécies se

comparadas as áreas úmidas maiores (Maltchik et al., 2010).

A conversão de ambientes naturais para a silvicultura atinge

principalmente as áreas consideradas improdutivas para a agricultura, como é

o caso das áreas de dunas. Por serem áreas pouco produtivas para agricultura

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e pecuária são frequentemente convertidas em extensas monoculturas

florestais. No entanto, este ecossistema aparentemente pobre, abriga um

grande número de espécies importantes, como os roedores subterrâneos do

gênero Ctenomys, os lagartos do gênero Liolaemus, além de algumas espécies

de sapos, peixes e aves que ocupam os numerosos banhados distribuídos ao

longo das dunas.

A ocupação urbana desordenada das áreas litorâneas também

representa uma ameaça importante, apesar de até o momento ser bem menos

intensa do que a observada no Litoral Norte do RS. Além disso, a pecuária,

também ocasiona a degradação dos ambientes aquáticos e campestres, desta

forma e empobrece a qualidade desses habitas na região.

Mais recentemente outra preocupação crescente decorre a implantação

de Parques eólicos ao longo de toda a Planície Costeira, sendo que muitos

desses empreendimentos serão localizados no Litoral Médio do RS. Neste

sentido, é fundamental a elaboração e aplicação de ferramentas de gestão,

como os Zoneamento dos eólicos que está em andamento, para controlar e

direcionar o avanço desses empreendimentos na região.

Em nosso o Litoral Norte, uma parte expressiva dos ecossistemas

naturais encontram-se alterados e fragmentados, pelo avanço das áreas

urbanas, condomínios, estradas, além das culturas agropastoris, que decorrem

principamente pela gestão inadequada dos recursos naturais. Devido a essa

falta de planejamento na utilização dos recursos naturais, muitas populações

da fauna, como os roedores subterrâneos do gênero Ctenomys, os lagartos do

gênero Liolaemus, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), e

grande parte da fauna ameaçada de extinção, sofrem com as ameaças

associadas a isso. Desta forma torna-se evidente a importância ferramentas

de gestão, como o Zoneamento Ecológico-Econômico, a fim de proporcionar o

uso sustentável dos recursos naturais e assim evitar o empobrecimento da

nossa biodiversidade. Direcionando assim o uso e a conservação dos nossos

recursos naturais de uma forma sustentável.

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5. METODOLOGIA EMPREGADA NA DEFINIÇÃO DAS ZONAS

5.1.Definições gerais

A execução do zoneamento temático do meio biótico do Litoral Médio

baseou-se no diagnóstico de fauna (presente relatório) e de flora (produzido

pelo consultor Julian Mauhs) elaborados e apresentados na primeira fase desta

consultoria.

Para compor o presente zoneamento temático, procurou-se atender o

que preconiza o decreto federal 4.297/2002, que estabelece os critérios para o

zoneamento ecológico-econômico do Brasil. Foi considerado em especial o Art.

14º, que dita as diretrizes gerais e específicas para o zoneamento, levando em

conta os seguintes aspectos:

I – atividades adequadas a cada zona, de acordo com a fragilidade ecológica,

capacidade de suporte ambiental e potencialidades;

II – necessidades de proteção ambiental e conservação das águas, do solo, do

subsolo, da fauna e da flora e demais recursos naturais renováveis e não-

renováveis;

III – definição de áreas para unidades de conservação, de proteção integral e

de uso sustentável;

IV – critérios para orientar atividades madeireira e não-madeireira, agrícola,

pecuária, pesqueira e de piscicultura, urbanização, industrialização, mineração

e de outras opções de uso dos recursos ambientais;

V – medidas destinadas a promover, de forma ordenada e integrada, o

desenvolvimento ecológico e economicamente sustentável do setor rural, com

o objetivo de melhorar a convivência entre a população e os recursos

ambientais, inclusive com a previsão de diretrizes para implantação de infa-

estrutura de fomento às atividades econômicas;

VI – medidas de controle e de ajustamento de planos de zoneamento de

atividades econômicas e sociais resultantes da iniciativa dos municípios,

visando a compatibilizar, no interesse da proteção ambiental, usos conflitantes

em espaços municipais contíguos e a integrar iniciativas regionais amplas e

não restritas às cidades;

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VII – planos, programas e projetos dos governos federal, estadual e municipal,

bem como suas respectivas fontes de recursos com vistas a viabilizar as

atividades apontadas como adequadas a cada zona.

5.2.Metodologia utilizada para definição das zonas

Devido a peculiaridades inerentes a cada zona, em função do(s)

habitat(s) abrangido(s), foram empregadas metodologias diferentes em suas

delimitações. Sendo assim, apresentam-se abaixo as metodologias utilizadas

em cada zona:

Zona I – Butiazal e comunidades associadas

A zona circunscreve as comunidades com presença de butiá (Butia

odorata), em sua ocorrência pura na forma de parque, ou associada a

comunidades florestais. A delimitação da zona se deu por interpretação da

imagem. A formação vegetal típica é o parque de butiá, onde a palmeira ocorre

como espécie dominante no estrato arbóreo, sobre uma matriz campestre. As

comunidades associadas, consideradas integrantes da zona II, correspondem a

florestas e turfeiras. A floresta ocorre parcialmente sobreposta ao ambiente

relictual do parque de butiás. A presença do butiá é visível em meio à floresta,

mesmo nas imagens aéreas, o que colaborou na sua delimitação. As turfeiras

ocorrem completamente inseridas no butiazal.

Zona II – Áreas úmidas e Matas de Restinga

Foi delimitada pela união de três classes mapeadas no diagnóstico:

matas de restinga (arenosas e paludosas), áreas úmidas e lagoas. Aplicou-se

um buffer de 250 metros no entorno dos polígonos, com o objetivo de formar

uma faixa de amortecimento, dando espaço para a expansão sazonal dos

sistemas úmidos. No caso das matas de restinga, a faixa de amortecimento se

justifica para evitar interferências das atividades econômicas do entorno,

especialmente da silvicultura.

Zona III – Dunas marítimas, lacustres e areais

Corresponde exatamente à classe com a mesma descrição, delimitada

no diagnóstico (flora e fauna). Quando os areais ocorrem formando um

mosaico com outros tipos de vegetação, mais frequentemente com áreas

úmidas, atribui-se maior peso ao areal, englobando o mosaico na zona III.

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Zona IV – Floresta Estacional

A zona IV foi delimitada com base na topografia da região, adotando a

cota de 20 metros de altitude, em relação ao nível do mar, como ponto de

corte. A área com elevação superior a 20 metros, exceto quando abrangido

pela zona I (butiazal), foi inserida na zona IV.

A cota de 20 metros separa naturalmente os terrenos da Planície

Costeira e das coxilhas graníticas, sendo bastante visíveis as diferenças na

cobertura vegetal. Acima desta cota altimétrica, passa a predominar cobertura

do tipo florestal (Floresta Estacional Semidecidual), em composição e estrutura

diferentes das matas de restinga, que ocorrem na Planície Costeira.

Eventualmente ocorrem elevações superiores a 20 metros na Planície

Costeira, associadas à paleodunas, dispostas em faixas longas e estreitas nas

bordas das lagoas isoladas ou da Laguna dos Patos. Estas paleodunas são

cobertas por matas arenosas e foram considerados como pertencentes à zona

II (áreas úmidas e matas de restinga).

Zona V – Campos arenosos

A delimitação da Zona 5 se deu por exclusão das demais zonas. Inclui

as áreas que eram originalmente cobertas por campos litorâneos (na Planície

Costeira), campos das planícies aluviais e campos das coxilhas graníticas (nos

municípios de Barra do Ribeiro e Tapes).

A característica principal da zona V é o alto grau de alteração da

cobertura vegetal, e conseqüentemente da fauna associada, por atividades

antrópicas, especialmente a orizicultura.

6. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ZONAS DEFINIDAS PARA O

MEIO BIÓTICO

A partir da aplicação das metodologias descritas no item anterior,

delimitamos as cinco zonas do meio biótico para os limites do Litoral Médio do

RS. Na tabela 6 apresentamos a denominação indicada, descrevemos o tipo de

habitat compreendido, bom como a área total englobada por cada uma das

cinco zonas.

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Tabela 6. Zonas definidas a partir do Zoneamento Temático do Meio Biótico para a Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral

Médio do Rio Grande do Sul.

ZONA DENOMINAÇÃO HABITAT ÁREA TOTAL

hectares %

I Butiazal e comunidades associadas Formação vegetal do tipo parque, em que o butiazeiro (Butia odorata) é a espécie dominante, e comunidades vegetais que ocorrem associadas, tais como turfeiras e formações florestais

6,605 0.81

II Áreas úmidas e Matas de Restinga Lagoas, banhados, áreas inundáveis, estuários, marismas, cursos d'água, e formações florestais que ocorrem associadas (matas de restinga arenícola e paludosa, e matas de galeria)

231,150 28.35

III Dunas marítimas, lacustres e areais Dunas primárias, secundárias e areais, em áreas de influência marítima e lacustre

95,184 11.68

IV Floresta Estacional Floresta estacional semidecidual e comunidades campestres e savanóides, naturais ou antrópicas, das coxilhas graníticas; na área mapeada situadas acima de 20 metros de altitude e localizadas nos municípios de Viamão, Barra do Ribeiro e Tapes

151,220 18.55

V Campos arenosos Campos nativos e alterados, e áreas utilizadas para atividades agrícolas, eventualmente colocadas em pousio; na área mapeada inclui áreas ocupadas por silvicultura

331,116 40.61

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A seguir descrevemos cada um das zonas definidas para o meio biótico

e, indicamos com base nas tendências de ocupação observadas na região,

algumas das fragilidades ambientais, potencialidades e restrições quanto ao

uso dos seus recursos naturais. A partir de tais definições, buscamos direcionar

o uso dos recursos naturais de maneira sustentável e assim evitar o

empobrecimento ou a perda da biodiversidade local.

6.1. ZONA 1 – Butiazal e comunidades associadas (Figura 13)

Caracterização

Os Butiazais apresentam formação vegetal do tipo savanóide, em que o

butiazeiro (Butia odorata) é a espécie dominante ou mesmo exclusiva no

componente arbóreo. A fisionomia típica é de parque, em que os butiazeiros

estão dispersos sobre a vegetação graminácea. Oliveira et al. (2006)

estimaram em 77 ind./ha a densidade média de butiazeiros no palmar de

Tapes, mas há trechos em que a palmeira ocorre com abundância maior. O

estrato herbáceo é dominado por gramíneas, compostas, leguminosas e várias

outras espécies de famílias diversas.

Onde a ação do gado é menos intensa, estabelece-se uma comunidade

florestal. Suspeita-se que a floresta estacional semidecidual existente na região

tenda a suplantar o butiazal, na medida em que preenche o espaço aberto,

elimina o caráter de parque, e impede a regeneração da palmeira.

Com relação a fauna, apesar da Zona 1 não apresentar espécies

exclusivas, compartilha com as Zonas 2, 4 e 5 um grande número de espécies

ameaçadas e com restrições ambientais, e desta forma é uma área

complementar importante para a conservação destas espécies no Litoral Médio

(ver mais detalhes sobre as espécies da fauna nos textos de caracterização

das Zonas 2, 4 e 5). Entre essas espécies, duas aves, merecem destaque o

corocoxó (Carpornis cucullata) que é uma espécie de pássaro frugívoro que

habita somente matas bem conservadas, e o tucanuçu (Ramphastos toco) que

ocorre em bordas e estrato emergente de florestas, capões e matas ripárias, e

parece estar próximo da extinção em toda a região (Bencke et al. 2003).

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Figura 13. Distribuição do butiazal e das comunidades consideradas como integrantes da Zona 1 na área do Litoral Médio.

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Fragilidade ambiental

O butiazal de Barra do Ribeiro e Tapes ocupa uma área reduzida (ca.

2.700 ha), correspondente a 0,25% da região litoral médio. Nestes números

estão incluídas as florestas que se sobrepõem e limitam com o butiazal, cujas

características são diferenciadas do restante das florestas do RS, já que se

situam na transição da mata de restinga para a floresta estacional semidecidual

do interior.

O butiazal é uma formação relictual, cujas condições ideais ocorreram

num período climático frio e seco. Atualmente, o clima quente e úmido favorece

o avanço das formações florestais, que tendem a se sobrepor ao butiazal,

limitando ou mesmo inviabilizando a regeneração da palmeira.

O ecossistema está localizado, e de certa forma limitado, pela unidade

de paisagem da Coxilha das Lombas. Uma lacuna na mancha de distribuição

do butiazal ocorre nas proximidades de Tapes, insinua que o butiazal foi

suprimido naquele trecho, para dar lugar à atividade de silvicultura. A mancha

remanescente e disjunta, mais ao sul, segue a mesma tendência e visivelmente

não apresenta mais a vitalidade do remanescente situado mais ao norte.

Há descrições históricas sobre butiazais em Palmares do Sul, mas

atualmente a localização desta formação naquele município pode ser apenas

inferida, com base em poucos butiazeiros remanescentes. A formação já não

apresenta as qualidades florísticas e paisagísticas que justificariam sua

inclusão na mesma zona.

Considerando a beleza, a raridade e o estrito espaço ocupado pelo

butiazal de Barra do Ribeiro e Tapes, pode-se atribuir elevado grau de

fragilidade à formação.

A diversidade do butiazal pode ser considera relevante e de especial

interesse à conservação, em especial por congregar espécies de fauna e flora

dos biomas Mata Atlântica e Pampa. As espécies componentes do ambiente

savânico são predominantemente do bioma Pampa, como é o caso do próprio

butiazeiro. Estas espécies habitam o estrato herbáceo entre as palmeiras,

associação que confere o aspecto de parque ao butiazal. Já as espécies

atlânticas ocorrem na comunidade florestal que contorna e eventualmente se

sobrepõe ao butiazal. Algumas delas, como as epífitas, habitam o estipe do

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butiazeiro, como é o caso de algumas orquídeas (Cattleya intermedia e

Catasetum atratum).

Foram registradas espécies raras e ameaçadas nas comunidades

vegetais que formam a Zona 1, assim como na fauna ocorrente. E embora

nenhuma delas seja exclusiva da formação do butiazal, agregam valor para a

conservação dos mesmos. Exemplo disto, é que 7% das espécies de aves

registradas na região dos Butiazais de Tapes por Bencke et al. (2007) são

endêmicas da Mata Atlântica.

Potencialidades e restrições de uso da terra

Destaca-se o potencial uso econômico do butiá e da fibra das folhas. A

Embrapa vem pesquisando as variedades de Butia odorata, evidenciadas por

diferenças de tamanho, coloração e sabor dos frutos, bem como em

alternativas de processamento do fruto.

Em alguns poucos trechos a maior parte do butiazal foi conservada, e

vem sendo mantida, aparentemente, por consideração dos proprietários das

terras em que ocorre a formação. O mesmo não vem ocorrendo no extremo sul

da formação, onde a sobreposição da atividade de silvicultura, agricultura

familiar e a expansão urbana de Tapes vêm reduzindo o espaço e a qualidade

do butiazal.

Devido a sua raridade, beleza cênica e reduzido espaço geográfico

ocupado, o butiazal requer toda proteção possível para sua manutenção.

Portanto, a implantação de uma unidade de conservação é plenamente

justificável, pela raridade da formação vegetal. Isto se faz mais urgente na

porção mais próxima de Tapes, onde se fará necessário implementar ações de

remoção de espécies exóticas, que descaracterizam o butiazal.

No restante da área, correspondente às fazendas em que o butiazal está

preservado, recomenda-se avaliar o tipo de UC que melhor se aplicaria. Dado o

zelo que tem sido mostrado até então, a instalação de RPPNs ou de uma APA

poderia ser uma opção viável e interessante para o Estado e proprietários. Isto

vem sendo considerado pela Fundação Zoobotânica do RS.

Recomenda-se que toda atividade dentro do perímetro da zona seja

licenciada pelo órgão ambiental estadual. É recomendável estabelecer

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restrições com relação ao parcelamento de solo e prever averbação das

restrições de uso nas escrituras e no registro de imóveis.

Resumo das atividades possíveis:

Pecuária, em lotação adequada e sob sistema de rotação, que permitam a

regeneração natural do butiá;

Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não comprometendo a

diversidade biológica (flora, fauna e processos ecológicos);

Atividades de turismo, sendo recomendável localizar a instalação de infra-

estruturas fora do butiazal.

6.2. ZONA 2 – Áreas úmidas e Mata de Restinga (Figura 14)

Caracterização

A Zona 2 constitui a união de três ambientes distintos: as matas de

restinga, os ambientes aquáticos de água-doce (lagoas, banhados, riachos e

áreas inundáveis), e os ambientes aquáticos com influência marinha (estuários

e marismas).

Os ecossistemas de áreas úmidas, em um conceito mais amplo

englobam grande parte dos ecossistemas naturais presentes na Zona 2 como

estuários, rios, lagoas e lagunas de água-doce ou salobra, banhados e

marismas (Burger & Ramos, 2007).

As lagoas do Litoral Médio se situam predominantemente próximo da

linha da costa, separadas do oceano por barreiras arenosas, formadas pelos

processos de transgressão e regressão marinha. Algumas delas, nos meses

mais chuvosos (julho/agosto), drenam diretamente para o oceano. Já a Lagoa

do Peixe e algumas lagoas próximas, que na época chuvosa se comunicam por

banhados, drenam para o mar através de uma barra, permitindo a entrada de

água salgada para o interior (Schäfer et al., 2009).

Nas margens rasas das lagoas desenvolvem-se comunidades vegetais,

geralmente dominadas por Schoenoplectus californicus. A partir da margem,

em sentido oposto à lagoa, o terreno pode variar de permanente a

sazonalmente inundado, onde se desenvolvem comunidades vegetais

aquáticas e anfíbias. Estas comunidades são frequentemente dominadas por

uma ou poucas espécies, podendo se alternar e/ou justapor em espaços

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relativamente pequenos. A ligação entre as comunidades anfíbias/aquáticas

com as comunidades perilacunares e as lagoas forma um contínuo, sendo

facilmente perceptível a interdependência dos elementos bióticos e abióticos.

No litoral médio em especial, os banhados são de grande importância, já

que estão associados as lagoas costeiras e apresentam uma grande variedade

de comunidades vegetais e animais estritamente relacionadas a esses

ambientes, nos quais aves aquáticas e os peixes são sem dúvida os grupos da

fauna mais diversos.

As aves aquáticas, e em especial as migratórias, utilizam as áreas

úmidas presentes na Zona 2 como área de descanso ou como área propícia

para o forrageamento e nidificação, representando assim ambientes de

importância significativa para a conservação deste grupo. Destas áreas,

Bencke et al. (2006) destacam três áreas importantes para a conservação das

aves no Rio Grande do Sul. A primeira delas, o Banhado dos Pachecos, onde

foi criada a UC Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos. Esta área

apresenta grande importância como hábitat de aves que dependem de

banhados densos e capinzais úmidos, e além disso abriga a única população

atual conhecida para o Estado do RS do cervo-do-Pantanal (Blastocerus

dichotomus), que ocupa ambientes como banhados, campos alagáveis e

várzeas.

A segunda área, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga uma

laguna rasa e salina, de características únicas no contexto da costa brasileira,

que sofre variações no nível de água ou na direção e intensidade dos ventos e

expõem extensos bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de

alimentação. Além do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água

doce, marismas (banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários e

matas de restinga, entre outros. A Lagoa do Peixe representa uma área de

grande importância para aves migratórias em toda a costa leste da América do

Sul. Várias espécies limícolas oriundas do sul do continente ou da região

neártica congregam-se em números significativos nessa área, ali invernando ou

realizando escala durante suas migrações até regiões mais austrais. A última

área corresponde ao estuário da Laguna dos Patos, onde destacam-se as

marismas e os pântanos salobres, caracterizados por vegetação halófila e

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profundidade influenciada pelas oscilações da maré. Representa uma área

importante tanto visitantes austrais (p. ex., Phoenicopterus chilensis,

Charadrius modestus, Larus atlanticus) quanto setentrionais (p. ex., Pluvialis

spp., Calidris spp., Tryngites subruficollis, Sterna hirundo), e muitas delas

congregando-se em números expressivos. A gaivota-de-rabo-preto (Larus

atlanticus) parece ter no estuário da laguna dos Patos sua única área de

invernagem regular em território brasileiro, e em anos de estiagem, o cisne-do-

pescoço-preto (Cygnus melancoryphus) refugia-se em grande número nas

enseadas do estuário.

Com relação aos peixes, podemos dividi-los em dois grupos principais,

as espécies ameaçadas, nas quais estão inseridos os peixes anuais, e as de

interesse comercial (em especial aquelas com risco de sobreexplotação). Os

peixes anuais, que abrigam o maior número de espécies ameaçadas, tem seu

ciclo de vida intimamente relacionado à dinâmica temporal das áreas úmidas

temporárias, que são encontradas geralmente em áreas baixas e planas,

próximas a rios ou lagoas. Outra espécie importante e ameaçada que também

ocupa ambientes temporários, é o sapinho-de-barriga-vermelha

(Melanophryniscus dorsalis), uma espécie com distribuição limitada a região

costeira do extremo sul do Brasil, e que se reproduz em banhados temporários,

comumente encontrados nas áreas de baixada após dunas primárias (Colombo

et al., 2008).

Além dos peixes anuais, outra espécie de peixe ameaçada de extinção,

que é encontrada apenas em pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas,

com densa vegetação de macrófitas aquáticas, é o tamboatá

(Lepthoplosternum tordilho). Esta espécie é endêmica do Rio Grande do Sul e

conhecida apenas para algumas poucas localidades nos municípios de

Eldorado do Sul, Porto Alegre e Barra de Ribeiro (Reis et al., 2003; Becker et

al., 2007b). O segundo grupo de espécies de peixes que merece atenção

especial são as espécies de importância para a pesca, das quais três espécies

de água doce bastante representativas na pesca da região, cascudo-viola

(Loricariichthys anus), traíra (Hoplias aff. malabaricus) e jundiá (Rhamdia aff.

quelen).

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No Litoral Médio do Rio Grande do Sul ocorrem dois importantes

sistemas estuários e marismas associados (o da Lagoa do Peixe e da Laguna

dos Patos), que são regiões de extrema importância pois, além de servirem

como escala para repouso e alimento de diversas espécies de aves

aquáticas migratórias, suportam grandes estoques de peixes de interesse

comercial como o bagre (Genidens barbus), a anchova (Pomatomus saltarix),

a garoupa (Epinephelus marginatus), a tainha (Mugil platanus) e a corvina

(Micropogonias furnieri), esta última representando um dos mais importantes

recursos pesqueiros do sul do Brasil. Entre as espécies de aves ameaçadas e

estritamente relacionadas as áreas de marismas e estuários destacamos a

presença do sanã-cinza (Porzana spiloptera) e da gaivota-de-rabo-preto (Larus

atlanticus).

Por outro lado, as matas de restinga constituem o “elemento estranho”

nesta zona, mas justifica-se a sua inclusão pela proximidade com que ocorrem

no espaço da restinga. As matas de restinga se distribuem invariavelmente em

faixas mais ou menos paralelas, contíguas aos sistemas de lagoas e áreas

úmidas. Algumas vezes as áreas úmidas e as matas se sobrepõem, dando

origem à versão paludosa da mata de restinga. As matas arenícolas

(psamófilas) ocupam terrenos mais elevados e francamente arenosos,

geralmente sobre paleodunas. A composição de ambas as versões da mata de

restinga é semelhante, diferindo principalmente no estrato herbáceo. A riqueza

de espécies da flora é baixa, quando comparado a qualquer outra formação

florestal do interior do Estado, mas constituem verdadeiros refúgios da vida

silvestre, em meio à matriz campestre do litoral médio.

Com relação a fauna das Matas de Restinga do Litoral Médio, não

existem espécies exclusivas desta formação, a maior parte das espécies ocorre

associada a outras formações limítrofes, como áreas úmidas e/ou dunas. Entre

estas espécies, algumas espécies de aves florestais ameaçadas também

ocupam estes ambientes, como o guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus

fuscatus), o tucanuçu (Ramphastos toco) e o corocoxó (Carpornis cucullata),

além das da lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) e lagartixa-da-praia

(Liolaemus occipitalis) que ocorrem em áreas de dunas associadas a Matas de

Restinga.

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Figura 14. Distribuição das lagoas, áreas úmidas e matas de restinga que compõem a Zona 2 no Litoral Médio.

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Fragilidade ambiental

As fragilidades da Zona 2 estão relacionadas, principalmente, às

limitações de disponibilidade hídrica da região e à escassez de áreas cobertas

por mata de restinga.

As áreas úmidas são regiões naturalmente frágeis, e na região do Litoral

Médio sofrem com o impacto da atividade econômica predominante na região,

a orizicultura, que já reduziu consideravelmente o espaço das áreas úmidas.

Além disto, a demanda de água para irrigação das plantações é significativa, e

ocorre numa época de baixa pluviosidade. A tendência natural à eutrofização

das lagoas costeiras pode sofrer um incremento em função da retirada da água

e do retorno de nutrientes.

O comprometimento da função ecológica das lagoas e dos banhados

recebe um peso adicional porque a região é um corredor de aves migratórias,

cuja importância tem reconhecimento internacional. Uma das principais

atividades econômicas do Litoral Médio, a rizicultura, em especial do arroz

irrigado, representam um impacto importante para as aves aquáticas e

migratórias, pois provoca múltiplas alterações no ambiente, simplificando a

paisagem e mudando a oferta de abrigo, de áreas para nidificação e de

alimentação (Menegheti, 2009). Esta perda e fragmentação de habitat gera

mudanças importantes, tanto na composição quanto na abundância das

populações de aves.

Para os ambientes de água doce da planície costeira, algumas

atividades antrópicas são potencialmente mais impactantes a fauna, incluindo

desde algumas das atividades mais tradicionais na região, como a orizicultura,

pecuária e silvicultura, a ocupação humana desordenada, e mais

recentemente, a implantação de centrais de geração de energia eólica

(Malabarba et al., 2013). Entre os ambientes de água doce os mais sensíveis

as alterações ambientais estão as áreas úmidas temporárias que além de

abrigarem uma parcela importante de aves aquáticas, guardam o grupo de

peixes mais ameaçados no Estado, que são os peixes-anuais.

Das espécies ameaçadas de peixes no Rio Grande do Sul, quase

metade pertencem a família Rivulidae (ou peixes anuais), que possui um alto

percentual de espécies ameaçadas devido a uma combinação de fatores, entre

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os quais, os principais parecem ser o ciclo de vida intimamente relacionado à

dinâmica temporal das áreas úmidas temporárias, áreas de distribuição restrita,

limitada capacidade de dispersão e a acentuada destruição das áreas úmidas

(Reis et al., 2003; Costa, 2002a; Rosa & Lima, 2008; Lanés & Maltchik, 2010).

Outro fator importante parece ser o tamanho corporal reduzido, já que as

espécies de peixes que apresentam pequeno porte, como é o caso dos peixes

anuais, são especialmente suscetíveis a extinção (Olden et al., 2007).

Na região do Litoral Médio, a principal causa apontada para o grande

número peixes anuais sob algum grau de ameaça, está relacionada

principalmente da perda e fragmentação do seu habitat, como resultado da

drenagem das áreas úmidas para a agricultura, em especial aos cultivos de

arroz, e ao avanço desordenado das áreas urbanas (Reis et al., 2003; Volcan

et al., 2010; Lanés & Maltchik, 2010). Tais ameaças também afetam

diretamente o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), uma

espécie de anfíbio ameaçada de extinção em âmbito global, nacional e

regional, e o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus), espécie de mamífero

classificada como criticamente em perigo de extinção em nosso Estado.

Já para as espécies de peixe estuarinas e marinhas, a principal ameaça

é a sobrepesca de espécies com importância comercial, onde os estoques de

algumas espécies mais importantes como bagre, corvina, tainha já sofrem risco

de sobreexplotação (Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio

Ambiente; Rosa & Lima, 2008). Outras três espécies de água-doce, bastante

representativas na pesca da região, cascudo-viola (Loricariichthys anus), traíra

(Hoplias aff. malabaricus) e jundiá (Rhamdia aff. quelen) merecem atenção, já

que a conservação destas espécies como recurso pesqueiro não depende

somente do manejo e gestão da pesca, mas principalmente da conservação de

tipos diferentes de habitat lênticos e lóticos (Milani, 2005; Becker et al., 2007b).

Além disso, as espécies relacionadas as áreas de marismas e estuários sofrem

com as ameaças oriundas da degradação e destruição desses ambientes

causadas principalmente pelo avanço da ocupação humana.

No que se refere à flora, as espécies que compõem as comunidades

vegetais, sejam anfíbias/aquáticas ou arbóreas, são na maioria de ampla

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distribuição geográfica e comuns em formações semelhantes em todo o

Estado.

As matas de restinga ocupam cerca de 1% do território do litoral médio,

constituindo naturalmente uma formação rara na paisagem.

Potencialidades e restrições de uso da terra

Para a Zona 2 destacamos seu potencial turístico, seja para atividade de

lazer recreativo (balneários, práticas esportivas), seja para atividades de

turismo ecológico (observação de aves e outros grupos da fauna nativa), assim

como para a pesca esportiva.

As atividades de turismo ecológico devem ser incentivadas, dado o

potencial da região na realização dessas atividades, em especial os grupos de

observadores de aves, como o Clube de Observação de aves de Porto Alegre

(COA-POA). Neste sentido, as unidades de conservação presentes na região

(o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos e o Parque Nacional da

Lagoa do Peixe) também desempenham um importante papel, buscando

incentivar a prática dessas atividades em áreas dentro e fora de suas áreas de

proteção, já que tais atividades ajudam a divulgar a importância dessas UCs

para a conservação das aves migratórias e residentes.

A alta produtividade primária dos banhados (áreas úmidas) poderia ser

explorada, embora os produtos potencialmente exploráveis (fibras provenientes

de ciperáceas) tenham baixo apelo comercial. Neste sentido, a prática de

pesca esportiva nos ambientes aquáticos de água doce e marinhos deve ser

encarada como uma atividade a ser incentivada, mas sempre de maneira

sustentável. Portanto, deve-se apoiar a utilização de espécies nativas de forma

sustentável, em detrimento das espécies exóticas que devem ser proibidas e

controladas para fins de pesca esportiva.

Resumo das atividades possíveis:

Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não comprometendo a

diversidade biológica (flora, fauna e processos ecológicos);

Atividades de turismo recreativo, esportivo (exceto motorizados, como lanchas

e jet-skis), contemplativo e científico.

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Pesca esportiva (de maneira sustentável e evitando a introdução de espécies

exóticas).

Boa parte das áreas úmidas foi transformada em áreas agriculturáveis,

de maneira que a expansão da orizicultura nestas áreas deve ser interrompida.

Considerando que a orizicultura é uma das principais atividades econômicas da

região, devem ser incentivadas as práticas de aumento da produtividade nas

áreas cultivadas, e direcionar a expansão para zonas com menor importância

ecológica, como as áreas de campo já impactadas por outros usos.

As áreas de marismas, e suas espécies associadas por consequência,

vem sofrendo com as reduções constantes nas suas áreas de extensão, em

especial as localizadas no estuário da Laguna dos Patos, devido

principalmente aos aterros de áreas rasas intermareais e submareais para fins

do desenvolvimento portuário, residencial e industrial crescente na região. Em

adição, as áreas de marismas deste estuário destinadas a criação de gado é

bastante extensa, nas quais já são observadas diferença importantes na

diversidade de plantas entre as áreas pastadas e não-pastadas (Machado et

al., 2005). Um fator agravante, é que as áreas de marismas localizadas na

PARNA Lagoa do Peixe, devido a falta da regularização fundiária, ainda sofrem

constantemente com a pressão do uso humano através do trânsito de veículos,

pisoteio e uso por gado, e outros animais domésticos.

Neste sentido, reforçamos a necessidade de cumprimento da legislação

ambiental, visando a preservação das APPs e Reservas Legais, e intensificar

ações de fiscalização a fim de inibir a alteração e supressão, com especial

atenção aos ambientes temporários que só tornam-se evidentes em algumas

ocasiões.

6.3. ZONA 3 - Dunas marítimas, lacustres e areais (Figura 15)

Caracterização

Na área mapeada, as dunas e os areais cobrem cerca de 95 mil

hectares, representando pouco mais de 10% do Litoral Médio. Ocorrem

predominantemente ao longo da costa oceânica, numa faixa paralela à linha da

praia, com largura média de dois quilômetros, mas podendo chegar a mais de

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cinco em alguns trechos. No município de São José do Norte, uma faixa larga

de dunas “descola” da margem oceânica, e avança para o interior. Este desvio

forma um corredor de areais e baixadas úmidas, desde a ponta sul do banhado

do Estreito até a cidade de São José do Norte.

Dunas lacustres ocorrem também em faixas alongadas, paralelas à

Laguna dos Patos, mas cobrem uma área muito menor do que as dunas

marítimas. Neste sentido, considerando a pequena área coberta por elas,

ganham importância enquanto ambiente a ser conservado. Os trechos mais

extensos de dunas lacustres ocupam o Pontal de Tapes e toda orla da laguna

até a Ponta da Formiga, em Barra do Ribeiro; e no Pontal das Desertas, no

Parque Estadual de Itapuã.

Quanto à flora, estes ambientes apresentam limitações ao

estabelecimento de vegetação, ficando as comunidades restritas a poucas

espécies, tolerantes às condições de mobilidade e baixa fertilidade do

substrato, e da forte ação do vento. As dunas primárias, expostas ao borrifo da

água salgada, formam a faixa que apresenta menor cobertura vegetal. O capim

Paspalum vaginatum é uma das mais importantes espécies deste ambiente,

capaz de promover a fixação das dunas primárias e secundárias. Nas baixadas

úmidas, a espécie mais abundante passa a ser o junco-da-praia (Androtrichum

trigynum), junto com qual medram outras espécies rasteiras, menos

abundantes (Pfadenhauer, 1978).

As áreas de dunas litorâneas e lacustres abrigam alguns dos

representantes da nossa fauna mais característicos da Planície Costeira do Rio

Grande do Sul. São espécies exclusivas ou fortemente associadas a tais

formações, entre os quais: o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus

dorsalis), a lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), a lagartixa-da-areia

(Liolaemus arambarensis), o tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni) e o tuco-

tuco (Ctenomys minutus).

A lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) é um pequeno lagarto que

ocorre nos ambientes de dunas costeiras do extremo sul do Brasil e vive

associado às moitas de vegetação herbácea presentes nas dunas de areia

móvel, sendo que tal vegetação é essencial para a alimentação, o refúgio de

predadores e a termorregulação desta espécie (Verrastro & Bujes, 1998; Bujes

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& Verrastro, 2008). O Litoral Médio do RS representa uma região

extremamente importante para a conservação de L. occipitalis, visto que ainda

abriga grandes populações da espécie, ao contrário do observado no litoral

norte do RS, onde grande parte das populações desta espécies foram

reduzidas e algumas foram até mesmo extintas (Silva, 2013). Já a lagartixa-da-

areia (Liolaemus arambarensis) é uma espécie endêmica do Rio Grande do

Sul, e com distribuição geográfica muito restrita, ocorrendo de Itapuã no

município de Viamão até São Lourenço do Sul (Verrastro et al., 2003). Ocorre

em substrato arenoso, associada à vegetação herbácea e arbustivo/arbórea,

típicas das regiões de restinga sobre depósitos arenosos holocênicos a

noroeste da Laguna dos Patos (Verrastro, 2001).

O tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni), por sua vez, é endêmico da

primeira linha de dunas do litoral do RS, sendo o Litoral Médio a área central de

sua distribuição é que está limitada ao norte pelo município de Arroio Teixeira e

ao sul pelo arroio Chuí (Freitas, 1995; Fernández-Stolz et al., 2007). A outra

espécie de tuco-tuco (Ctenomys minutus) , assim como, C. flamarioni, também

habita as dunas primárias, mas especialmente os campos arenosos da Planície

Costeira do sul do Brasil, sendo os campos costeiros do Litoral Médio do RS

uma área central e o limite austral de sua distribuição (Freitas, 1995; Freygang

et al., 2004).

Além das espécies de lagarto e roedores subterrâneos intimamente

conectados as áreas de dunas, outras espécies dependem dos ambientes

relacionados as formações de dunas, como é o caso do sapinho-de-barriga-

vermelha (Melanophryniscus dorsalis) e o gavião-cinza (Circus cinereus) que

ocupam os banhados temporários presentes nas áreas de baixada após dunas

primárias. Além destas espécies, destacamos também as aves migratórias e

residentes que utilizam as praias como áreas de descanso, nidificação ou

alimentação, como as residentes gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus) e

trinta-réis-real (Thalasseus maximus).

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Figura 15. Distribuição das dunas marítimas e lacustres, e dos areais que

compõem a Zona 3 no Litoral Médio.

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61

Fragilidade ambiental

A conversão de ambientes naturais para a silvicultura atinge

principalmente as áreas consideradas improdutivas para a agricultura, como é

o caso das áreas de dunas. Por serem áreas pouco produtivas para agricultura

e pecuária são frequentemente convertidas em extensas monoculturas

florestais. No entanto, este ecossistema aparentemente pobre, abriga um

grande número de espécies importantes, como os roedores subterrâneos do

gênero Ctenomys, os lagartos do gênero Liolaemus, além de algumas espécies

de sapos, peixes e aves que ocupam os numerosos banhados associados as

áreas de dunas.

Historicamente as áreas de dunas são tratadas como ambientes "sem

vida", ou como ambientes pobres em biodiversidade, e talvez por isso apenas

recentemente passaram a receber a atenção e esforços buscando a proteção e

conservação de sua rica fauna e flora exclusiva de tais ambientes. Reflexo

disso é que os ecossistemas de dunas litorâneas e lacustres tem sido

fortemente descaracterizados, tornando os habitats nativos cada vez mais

fragmentados ou destruídos (Fernández-Stolz, 2007; Fernandes et al., 2007).

Entre os grandes impactos sobre estas formações destacam-se o aumento

indiscriminado dos loteamentos em balneários, a expansão da silvicultura em

áreas de duna, a retirada de areia e a contaminação do solo e de corpos

d'água (Melamed & Verrastro, 1997; Verrastro et al., 2003; Silva, 2013). Como

já observado no Litoral Norte do RS, o avanço de condomínios sobre as áreas

de dunas, faz com que o contínuo de dunas se torne fragmentado e,

consequentemente, cause o isolamento das populações de tuco-tuco (C.

flamarioni e C. minutus), por exemplo (Fernández, 2002). A presença da

lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), por sua vez, está associada

principalmente a comunidades vegetais que ocorrem em ambientes não

antropizados, sendo que a presença da espécie em áreas semi-urbanizadas e

urbanizadas é muito baixa, e quando ocorre, está associada a plantas que

caracterizam o ambiente natural, como o capim-das-dunas (Panicum

racemosum) e a erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis) (Melamed & Verrastro,

1997).

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62

Potencialidades e restrições de uso da terra

Devido a baixa disposição dos ambientes de dunas da Zona 3 para a

agricultura e pecuária, destacamos para a região seu grande potencial turístico,

buscando incentivar principalmente as atividades de turismo ecológico, com

programas voltados a divulgação da fauna associada a essas formações, além

dos grupos de observação de aves já bem difundidos. Por outro lado, as

atividade de lazer recreativo (trilhas, práticas esportivas, como "sandboard")

devem ser incentivadas de maneira sustentável. Neste sentido, a fiscalização

deve ser intensificada durante o período de veraneio, quando essas atividades

são mais comuns, e buscando também coibir a entrada e circulação de

veículos motores na áreas de dunas e nas áreas de praia.

Atualmente, uma preocupação crescente decorre da expansão no

número de usinas eólicas em todo o Litoral gaúcho, e em especial no Litoral

Médio, onde existem diversos projetos de implantação e alguns já

implementados. A região possui um alto potencial para a geração de energia

eólica, no entanto a expansão desses empreendimentos deve ocorrer de

maneira sustentável. Neste sentido, fica evidente a importância da conclusão e

aplicação imediata do Zoneamento Ambiental para Implantação de Parques

Eólicos, que tem como objetivo definir as áreas passíveis de licenciamento, ou

com ou sem restrições para implantação de tais empreendimentos.

Resumo das atividades possíveis:

Atividades de turismo recreativo, esportivo, contemplativo e científico

sustentáveis.

Implantação de Parque Eólicos, respeitando as restrições impostas pelo

Zoneamento Ambiental para Implantação de Parques Eólicos do RS.

A Zona 3 abrange áreas que sofrem com alteração e destruição dos

seus ambientes, devido principalmente, a ocupação humana desregrada

frequentemente observada ao longo de todo o litoral riograndense. Essas

ocupações são muitas vezes irregulares, e atingem APPs que são protegidas

por lei, desta forma as ações de fiscalização são fundamentais para controlar

essas práticas.

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Outra medida importante, seria a restrição ou proibição da

implementação de novas áreas para a Silvicultura, além da fiscalização das

áreas licenciadas a fim de exigir que medidas de controle sobre a expansão

dessas culturas em áreas naturais sejam tomadas. Além disso, neste

momento, a retomada de projetos de implantação de áreas de mineração no

litoral do RS, causam grande apreensão. Áreas destinadas a mineração, além

de apresentarem alto potencial poluidor, causam intensa alteração e

fragmentação nas características originais do ambiente, tornando-os

inapropriados para a permanência de espécies mais exigentes, as quais em

sua maioria já encontram-se em algum grau de ameaça de extinção. Desta

forma, tendo como exemplo as experiências vivenciadas com outros

empreendimentos, como a silvicultura e atualmente os parques eólicos,

destacamos a importância de elaboração de um Zoneamento Ambiental

também para a Implantação de Áreas de Mineração em nosso Estado.

Já como medidas sugeridas para a conservação das espécies de fauna

e flora, a principal seria a conservação das dunas costeiras e lacustres, no

entanto a criação e manutenção de unidades de conservação, a fim de evitar

que as áreas urbanas se interliguem e ocupem a costa de maneira contínua,

também é uma medida importante (Verrastro, 2001; Martins & Molina, 2008).

Portanto, encorajamos a criação de uma UC (estadual, federal ou outras

particulares como a RPPN Barba Negra) afim de proteger algumas áreas de

dunas lacustres, e em especial nas áreas de ocorrência da lagartixa-da-areia

(Liolaemus arambarensis).

Adicionalmente, como estratégias para garantir a conservação dessas

espécies de dunas, são sugeridas algumas medidas como a construção de

passarelas que facilitem o trânsito das pessoas sem alterar as dunas, a

fiscalização afim de controlar a retirada de areia, estudos de impacto ambiental

com as populações para que a exploração imobiliária poupe as áreas de dunas

que se sobrepõem à distribuição geográfica dessas espécies, além do

desenvolvimento de trabalhos de educação ambiental e monitoramento de

populações através de trabalhos de estimativa populacional em regiões mais

impactadas (Chiarello et al., 2008).

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Uma região de dunas e campos arenosos que merece atenção especial,

está localizada na beira da Laguna dos Patos em São José do Norte. Um

estudo realizado recentemente localizou a primeira população de C. flamarioni

que habita campos arenosos, neste local, representando assim a única área

de simpatria conhecida para esta espécie e C. minutus nos limites do Litoral

Médio do RS, e devido a essa característica particular é uma área de extrema

importância para a conservação destas espécies (Kubiak, 2013).

6.4. ZONA 4- Floresta Estacional (Figura 16)

Caracterização

A Zona 4 abrange a região onde as condições ecológicas são propícias

ao desenvolvimento de cobertura florestal. Na região, o tipo de floresta que se

estabelece naturalmente é a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada

pela decidualidade em cerca de ¼ dos espécimes que compõem o estrato

emergente.

A área delimitada pela zona 4 distribui-se em dois setores: 1) ao norte do

Lago Guaíba e noroeste da Lagoa do Casamento, sobre a Coxilha das

Lombas, coincidindo com o município de Viamão; e 2) na faixa mais a oeste da

área de mapeamento, sobre coxilhas graníticas do Escudo Riograndense e em

parte da Coxilha das Lombas, coincidindo com os municípios de Barra do

Ribeiro e Tapes. Esta separação física dos setores não interfere grandemente

na composição da floresta. O tipo de uso da terra, no entanto, é bastante

diferente nos dois setores, o que acaba por se refletir na qualidade dos

remanescentes florestais em cada lado do Guaíba.

No setor de Viamão, a cobertura florestal faz parte da Área de Tensão

Ecológica (Teixeira et al., 1986; IBGE, 1992), em contato com formações

arbustivas e campestres (savana-estepe gramíneo-lenhosa). No setor de Barra

do Ribeiro/Tapes, as comunidades florestais compõem a própria região da

Floresta Estacional Semidecidual, embora ocorram amplas áreas cobertas por

campo nativo.

A floresta típica da zona 4 é uma versão diferenciada da Floresta

Estacional Semidecidual, comparativamente às florestas do mesmo tipo no

interior do Estado. Na região em foco, existe maior participação de espécies da

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Floresta Ombrófila Densa, e falta completamente a espécie emblemática das

floresta estacionais no RS, a grápia (Leite, 2002).

Em ambos os setores a fragmentação da floresta é intensa, cedendo

espaço para comunidades herbáceas diversas, muitas vezes dominadas por

espécies exóticas, e outros tipos de uso da terra. A despeito do nome atribuído

para a zona, seguramente a área coberta por floresta é menor do que a área

coberta por usos diversos, onde lavouras, pomares, pastagens, silvicultura e

ocupação humana formam um intrincado mosaico. A tendência espontânea

em restabelecer comunidades florestais, quando uma determinada atividade

agrícola é abandonada, e da floresta expandir seus limites sobre as áreas

abertas, caracteriza uma unidade ecológica, cuja vocação natural é a floresta.

Com relação a fauna, a formação florestal característica da Zona 4

abriga um número importante de representantes da fauna de mamíferos e de

aves, principalmente, mas também de alguns anfíbios de interesse especial.

Entre as espécies de aves ameaçadas de extinção que ocorrem na região,

estão o gavião-pombo-branco (Pseudastur polionotus), o pato-do-mato (Cairina

moschata), o corocoxó (Carpornis cucullata), o gaturamo-verdadeiro (Euphonia

violacea), o pica-pau-dourado (Piculus aurulentus) e o tucanuçu (Ramphastos

toco).

Além destas, duas espécies de anfíbios também possuem suas

distribuições relacionadas à formações florestais como o sapo-de-barriga-

vermelha-marmoreado (Melanophryniscus pachyrhynus) e a rã-das-matas

(Ischnocnema henselii). O sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado

(Melanophryniscus pachyrhynus) é uma espécie que possui grande

especificidade ambiental, tendo sua distribuição associada a terrenos íngremes

com formações rochosas graníticas e vegetação composta por um mosaico de

áreas abertas e florestais, que são características da Serra do Sudeste (Vaz-

Silva et al., 2008; Zank, 2012). A rã-das-matas (Ischnocnema henselii), por sua

vez, possui sua ocorrência restrita ao interior de florestas maduras ou

secundárias avançadas, pois é uma espécie terrícola e sua desova ocorre no

chão da floresta, debaixo de folhas ou troncos caídos (Kwet & Solé, 2005; Kwet

et al., 2010).

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Figura 16. Área de ocorrência natural da floresta estacional, atualmente coberta por remanescentes fragmentados, muito diferenciados quanto ao estado de conservação.

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Entre os mamíferos ocorrem muitas espécies ameaçadas de extinção

estritamente relacionadas a áreas florestais como, o bugio-ruivo (Alouatta

guariba clamitans), a cutia (Dasyprocta azarae), a paca (Cuniculus paca), a

irara (Eira Barbara) e o gato-maracajá (Leopardus wiedii), e algumas menos

restritivas quanto ao habitat ocorrendo em áreas florestais, campos e/ou

savanas como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), o gato-mourisco

(Puma yagouaroundi), a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-pequeno

(Leopardus tigrinus),a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-mato-grande

(Leopardus geoffroyi), o gato-palheiro (Leopardus braccatus) e o veado-

catingueiro (Mazama gouazoubira).

Fragilidade ambiental

No setor de Viamão, dada sua inserção na região metropolitana de Porto

Alegre, existe forte pressão imobiliária, desde empreendimentos voltados para

o público de alto poder aquisitivo, até assentamentos populares. De acréscimo,

a proximidade com o mercado consumidor impulsiona a atividade agrícola,

focada na produção de hortifrutigrangeiros.

A ocupação do espaço para sítios de lazer também é bastante difundida,

o que pode tanto promover a restauração natural dos fragmentos florestais, por

abandono de lavouras, como também servir de focos de dispersão de espécies

exóticas, frequentemente introduzidas pelos proprietários. Desta forma, a

vocação agrícola, somada à pressão imobiliária, resultou numa intensa

fragmentação e descaracterização da floresta, com grande participação de

espécies exóticas, neste setor da zona 4.

Já no setor de Barra do Ribeiro/Tapes, os remanescentes florestais

estão um tanto melhor conservados, uma vez que a produção na região está

focada na pecuária1 e a ocupação humana é mais rarefeita. Neste setor da

zona 4 os remanescentes florestais apresentam composição e estrutura bem

conservadas, sentindo-se algum impacto pelo gado nos estratos herbáceo e

arbustivo da floresta. A presença de espécies exóticas neste setor ocorre nos

plantios comerciais de acácia-negra e eucalipto, que raramente se infiltram na

1 Nos municípios de Barra do Ribeiro e Tapes a orizicultura é talvez a atividade produtiva mais importante,

mas é praticada nas baixadas mais úmidas, terrenos estes que não estão incluídos na zona 4.

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floresta, mas acabam tomando o espaço das comunidades campestres e

savânica.

A presença de butiazeiro (Butia odorata) na zona 4 pode ser interpretada

como um testemunho das formações savânicas, que ocorreriam originalmente

na região. É interessante observar como esta palmeira se regenera bem nos

corredores laterais às estradas. Isto revela sua aptidão para regenerar em

ambientes abertos e livres da ação do gado.

Já com relação a fauna, as ameaças decorrem das fragilidades

ambientais ocasionadas principalmente pelo avanço desordenado das áreas

urbanas, que tornam os ambientes utilizados pela fauna bastante alterados e

fragmentados na região. Apesar da redução desses ambientes florestais ser

ocasionado principalmente pelo crescimento das áreas urbanas, outras

alterações ambientais importantes na região decorrem da expansão das

atividades agrícolas e da silvicultura (Fontana et al. 2003).

Um grupo de espécies bem representativa nesta Zona, são os

carnívoros, que são considerados espécies-chave para a conservação da

biodiversidade em geral, visto que por necessitarem de grandes áreas para

manter suas populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à

conservação de carnívoros acabam por preservar também as outras espécies

da comunidade (Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008). A destruição,

fragmentação e alteração de habitats representam a principal causa de ameaça

para todas as espécies deste grupo, sendo que a segunda principal causa de

ameaça para as espécies de carnívoros são a mortalidade pela caça,

atropelamento e doenças (Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008),

fatores que se agravam devido a proximidade com os centros urbanos.

Potencialidades e restrições de uso da terra

As potencialidades e restrições de uso para a zona 4 devem considerar

as características de ocupação já instaladas na região, no período histórico,

sob pena de se estabelecerem metas e expectativas de disciplinamento

inalcançáveis, ainda que fosse desejável promover uma ampla recuperação da

cobertura vegetal natural.

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Destaca-se a importância de manter e recuperar os remanescentes

florestais nativos, ou predominantemente nativos, compatibilizada com a

atividade agrícola. Neste sentido, o atendimento do quê preconiza a legislação

ambiental, quanto às áreas de preservação permanente e reserva legal,

representaria um enorme avanço.

A adequação das propriedades produtivas ao código florestal deveria ser

conduzida em programas de extensão rural, congregando minimamente

instituições como a EMATER e o(s) Comitê(s) de Bacia Hidrográfica. Seria

ainda recomendável inserir as instituições de ensino e pesquisa (universidades

da região)2. O controle e substituição das espécies exóticas, especialmente das

invasoras, representam desafio adicional no manejo das propriedades rurais,

tanto das produtivas como dos sítios de lazer/moradia.

As reservas legais deveriam, dentro do possível, ser organizadas não de forma

independente para cada propriedade rural, mas combinadas em vizinhança,

procurando restabelecer pequenos corredores e/ou aumentando o tamanho

dos fragmentos florestais.

Resumo das atividades possíveis:

Prática da agricultura/pecuária em propriedades rurais, adequadas ao

que preconiza o código florestal quanto às áreas de preservação

permanente;

Práticas silviculturais, controladas, eliminando propágulos “fugidos” do

cultivo e respeitando recuos em relação aos remanescentes florestais

nativos e outras comunidades vegetais (afloramentos rochosos, por

exemplo);

Práticas agroflorestais, desde que não em APP e sem introdução de

espécies exóticas invasoras;

Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não

comprometendo a diversidade biológica (flora, fauna e processos

ecológicos);

Atividades de lazer, turismo rural e ecoturismo.

2 A Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS tem experiência acumulada nesta prática, no

curso de Agronomia, aplicado em diferentes regiões do Estado.

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6.5. ZONA 5- Campos arenosos (Figura 17)

Caracterização

A Zona 5 corresponde à área de distribuição original dos campos nativos

e comunidades savânicas, atualmente alterados em alto grau pela prática

agrícola, incluindo lavouras, pecuária e silvicultura.

Os campos nativos na área de mapeamento são do tipo campo arenoso,

em cuja composição entram predominantemente gramíneas (Poaceae), nos

trechos mais secos, e ciperáceas (Cyperaceae), nas baixadas mais úmidas.

Outras famílias botânicas importantes são Asteraceae, Fabaceae e Apiaceae.

A zona 5 se caracteriza atualmente por áreas ocupadas pela agricultura

(especialmente a cultura do arroz), pecuária e silvicultura. Segundo Garcia &

Boldrini (2007), praticamente não existem mais trechos de campos não

alterados na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Nas excursões a campo

realizadas na região isto se confirma. Áreas cobertas com campo

predominantemente nativo são pequenas, e geralmente mostram sinais de já

terem sido cultivadas ou sobrepastejadas.

Com relação a fauna associada a essas formações, destacamos uma

espécie de roedor subterrâneo endêmica do Rio Grande do Sul o tuco-tuco

(Ctenomys lami). Esta espécie habita exclusivamente a região arenosa

chamada Coxilha das Lombas (municípios de Viamão e Santo Antônio da

Patrulha), que representa uma linha estreita de dunas antigas que se estende

desde o norte do Lago Guaíba até as restingas a noroeste da Lagoa dos

Barros (Freitas, 2001; Freitas, 2007; Fernandes et al., 2007). Além desta,

outras espécies de mamíferos menos restritivas quanto ao habitat, visto que

habitam áreas florestais, campos e/ou savanas, também ocorrem na Zona 4: o

tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), o gato-mourisco (Puma

yagouaroundi), a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-pequeno

(Leopardus tigrinus),a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-mato-grande

(Leopardus geoffroyi), o gato-palheiro (Leopardus braccatus) e o veado-

catingueiro (Mazama gouazoubira).

Algumas espécies de aves intimamente relacionadas a áreas

campestres como a ema (Rhea americana) e a tesoura-do-campo (Alectrurus

risora) que habitam áreas campestres e caminheiro-grande (Anthus nattereri)

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71

que ocorre em campos nativos (não ralos) ou campos com afloramentos

rochosos são representantes notáveis dessas formações. .Além disso, duas

espécies de répteis provavelmente novas a lagartixa-listrada (Contomastix aff.

lacertoides) e a serpente mussurana (Phimophis aff. guerini) foram destacadas

por se tratarem de táxons novos (Márcio Borges-Martins com. pess.), e

portanto ainda serem insuficientemente conhecidos, e que parecem estar

associados as formações campestres e arenosas presentes na Zona 5.

Fragilidade ambiental

Os ambientes abertos no Rio Grande do Sul, tais como o campo e as

comunidades arbustivas, congregam cerca de 2.200 espécies vegetais, o que

pode ser considerado uma elevada diversidade em termos globais (Boldrini,

2009).

Historicamente, a valoração das espécies herbáceas tem sido preterida

em relação a espécies arbóreas e, considerando que algumas delas ocorrem

naturalmente com baixa densidade, o comprometimento destas espécies em

habitats campestres alterados pode ter atingido níveis preocupantes.

Na região do litoral médio, as áreas cobertas por campo, nas diferentes

situações em que ocorria originalmente, foram profundamente alteradas. No

entanto, mesmo sob intenso uso agrícola, algumas avaliações da diversidade

têm mostrado que o campo litorâneo apresenta boa capacidade de resiliência

(Garcia & Boldrini, 2007). A alternância de espaços em cultivo e em pousio,

mesmo quando o pousio é consorciado com a pecuária, cria um mosaico em

que alguns trechos mantêm cobertura vegetal predominantemente nativa,

enquanto outros estão em uso, e isto pode ter evitado uma perda excessiva da

diversidade vegetal na região.

Por outro lado, a atividade de silvicultura com Pinus tem demonstrado,

em observações empíricas realizadas a campo, uma tendência contrária. Nos

trechos onde o plantio de Pinus é interrompido, após o corte, deflagra-se um

processo de regeneração natural que estabelece vegetação arbustiva,

dominada por Asteráceas, e não mais o campo litorâneo.

Além da agropecuária e da silvicultura, a urbanização de balneários,

especialmente na orla marítima, e a expansão urbana das sedes dos

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municípios abrangidos pela área de estudo, podem ser apontadas como

atividades antrópicas relevantes. Neste caso, o impacto fica restrito a espaços

menores, mas a alteração do ambiente é irreversível.

No caso do tuco-tuco (Ctenomys lami), a progressiva ocupação humana

da região da Coxilha das Lombas pela urbanização, pecuária e agricultura,

principalmente do cultivo arroz e soja, reduzem a distribuição geográfica já

limitada da espécie (Fernandes et al. 2007). Tais impactos em conjunto com

características demográficas e genéticas de C. lami, podem colocar em risco o

processo de diferenciação e evolução em que essa espécie está envolvida,

requerendo, desta forma, atenção conservacionista especial (Lopes & Freitas,

2012).

Mais recentemente na história da ocupação do litoral médio, os parques

de geração de energia eólica têm se destacado como uma atividade de grande

porte. Do ponto de vista da cobertura vegetal, os parques eólicos têm um

impacto pequeno, exceto pela modificação da paisagem.

Pode-se dizer que a fragilidade ambiental da zona 5 é dependente do

tipo de atividade praticada sobre o habitat campestre, bem como pela extensão

que a atividade ocupa, sendo que as práticas agrícola e pecuária parecem ter

efeito menos danoso do que a silvicultura.

Potencialidades e restrições de uso da terra

As potencialidades e restrições de uso para a zona 5 devem considerar

as características de ocupação já instaladas, ao longo do período histórico, e

que constituem a base da economia regional. Igualmente ao que foi

mencionado para a zona 4, o atendimento do quê preconiza a legislação

ambiental, quanto às áreas de preservação permanente e reserva legal,

representaria um enorme avanço para a recuperação ambiental na zona 5.

As reservas legais deveriam, dentro do possível, ser organizadas não de

forma independente para cada propriedade rural, mas combinadas em

vizinhança, procurando restabelecer pequenos corredores ou áreas maiores,

que possibilitassem habitat para a flora e fauna nativas e/ou para as espécies

migratórias (no caso das aves).

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Figura 17. Área ocupada por campos arenosos na região do Litoral Médio, atualmente alterados por atividades antrópicas, principalmente por agricultura e silvicultura.

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Resumo das atividades possíveis:

Prática da agricultura em propriedades rurais, adequadas ao que

preconiza o código florestal quanto às áreas de preservação

permanente;

Incentivar a pecuária extensiva buscando a adequada manutenção dos

campos nativos em detrimento da utilização de espécies exóticas para

pastagem;

Práticas silviculturais, controladas, eliminando propágulos “fugidos” do

cultivo e respeitando recuos em relação aos remanescentes florestais

nativos;

Empreendimentos de geração de energia eólica, observadas as áreas

de passagem, refúgio e forrageio de aves migratórias, e/ou habitats de

espécies ameaçadas;

Urbanização de balneários, ao longo das costas marítima e lacustres,

bem como a expansão urbana das sedes municipais e distritos, desde

que planejadas e atendendo aos preceitos ambientais, minimamente os

cuidados com saneamento básico;

Expansão e instalação de infra-estruturas, como estradas, portos,

aeroportos, terminais de carga, silos, e outras, e buscando sempre

indicar medidas compensatórias e não apenas mitigatórias como

compensação ambiental.

7. RESUMO DAS RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES POR ZONA

DEFINIDA

A tabela 7 apresenta um quadro comparativo com um resumo das

funções, restrições e potencialidades quanto ao uso dos recursos naturais

definidos para cada uma das cinco zonas do meio biótico. Para uma descrição

mais detalhada de cada um dos itens, indicamos a leitura do item 6.

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Tabela 7. Resumo das funções, restrições e potencialidades definidas por zona do Meio Biótico para os limites da Área 4 do

Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

ZONA FUNÇÕES RESTRIÇÕES POTENCIALIDADES

I Butiazal e comunidades associadas

Conservação do butiazal de Tapes/Barra do Ribeiro e das comunidades associadas (formações florestais e turfeiras); os butiazais ou palmares são formações do tipo parque, e têm ocorrência relictual no Rio Grande do Sul; a unidade existente na área mapeada é a mais extensa e melhor conservada no Estado; embora não exclusivas do butiazal, ocorrem espécies da flora e fauna ameaçadas e raras.

Silvicultura Exploração sustentável do butiá, pecuária extensiva, turismo, criação de UC

II Áreas úmidas e Matas de Restinga

Conservação de ambientes sensíveis e que congregam a maior diversidade biológica na área mapeada; as áreas úmidas e as lagoas, que correspondem à maior parte da zona II, figuram como áreas de alta produtividade, dando suporte à fauna associada; as matas de restinga constituem habitat naturalmente raro no litoral médio, sendo por isso importantes enquanto refúgios para a fauna; importante para a conservação de espécies da flora ameaçadas e raras; para a conservação da fauna destacam-se os banhados temporários, marismas e estuários que abrigam um número expressivo de espécies ameaças, ou em risco de sobreexplotação.

Orizicultura, pesca comercial, urbanização

Pesca esportiva, turismo, exploração de recursos naturais sob forma sustentável, criação de UC´s

III Dunas marítimas, lacustres e areais

Conservação de ambientes frágeis, susceptíveis à invasão e descaracterização por espécies exóticas (pinus e acácia-trinervis) e por ocupações humanas (urbanização); importante para a manutenção do habitat exclusivo de algumas espécies da fauna ameaçada de extinção, em especial os tuco-tucos (Ctenomys flamarioni e Ctenomys minutus) e as lagartixas (Liolaemus occipitalis e Liolaemus arambarensis).

Mineração, urbanização, silvicultura

Turismo

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ZONA FUNÇÕES RESTRIÇÕES POTENCIALIDADES

IV Floresta Estacional

Abrigo para uma biota diferente daquela que ocupa o restante da área mapeada, o que confere uma diversidade biológica maior para a região do litoral médio; importante para preservação de nascentes e áreas de recarga de aqüíferos; e na conservação de espécies estritamente florestais.

Urbanização Agricultura, pecuária, silvicultura, centros de lazer e recreação, turismo, expansão urbana, desde que observadas as restrições preconizadas em lei, em especial o código florestal

V Campos arenosos

Continuidade e expansão das atividades econômicas regionais, desde que reestruturadas para atender à legislação ambiental; constitui a unidade com maior superfície na área mapeada, e também a mais descaracterizada por atividades agrícolas e silviculturais; originalmente reunia grande riqueza de espécies, tanto da flora como da fauna, de modo que seria desejável selecionar áreas para recuperação e conservação de remanescentes.

Mineração e silvicultura Destaca-se como atividade econômica sustentável a pecuária em campo nativo; considerando a grande extensão de áreas já descaracterizadas, a zona V admite agricultura, pecuária, silvicultura, geração de energia eólica, expansão urbana, instalação de obras de infra-estrutura e outras, desde que observadas as restrições legais

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8. ÁREAS IMPORTANTES PARA CONSERVAÇÃO NO LITORAL MÉDIO DO

RIO GRANDE DO SUL

8.1. Unidades de Conservação

Nos limites do Litoral Médio do RS existem apenas quatro áreas

protegidas como Unidades de Conservação (UCs) federais ou estaduais, das

quais três estão na categoria de proteção integral, o Parque Nacional da Lagoa

do Peixe, o Parque Estadual de Itapuã e o Refúgio de Vida Silvestre Banhado

dos Pachecos, e uma na de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental do

Banhado Grande. Todas essas áreas são de extrema importância para a

conservação de muitas das espécies da fauna ameaçadas de extinção no

Litoral Médio.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PARNA Lagoa do Peixe) além

de ser uma das áreas úmidas de importância internacional, reconhecida pela

Convenção RAMSAR, é um área de extrema importância para a conservação

de aves aquáticas e migratórias. Foi criada com o objetivo principal de proteger

espécies de aves, em especial as migratórias. Desta forma preserva ambientes

de lagunas, banhados, dunas, marismas e mata de restinga. Abriga também

um número expressivo de espécies de peixes-anuais: Austrolebias wolterstorffi,

Austrolebias minuano, Atlantirivulus riograndensis e Cynopoecilus fulgens,

além de outras espécies de peixe estuarinas, com importância para pesca e em

perigo de sobreexplotação, como a tainha (Mugil platanus), a corvina

(Micropogonias furnieri). Na faixa de dunas e campos arenosos abriga também

lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), espécie ameaçada. No entanto, é

uma UC que ainda apresenta vários problemas que comprometem os

ambientes e comunidades vivas silvestres, como a invasão de Pinus sp. e falta

de regularização fundiária.

O Parque Estadual de Itapuã protege alguns dos ecossistemas naturais

da região metropolitana de Porto Alegre, como morros graníticos com campos

rupestres, praias lacustres, dunas, lagoas e banhados. Abriga espécies

importantes da fauna do Litoral Médio do RS, como a lagartixa-da-areia

(Liolaemus arambarensis), uma espécie nova de lagartixa-listrada (Contomastix

aff. lacertoides), o peixe-anual (Cynopoecilus nigrovittatus), os peixes

importantes para pesca como a branca (Oligosarcus jenynsii) e o jundiá

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(Rhamdia aff. quelen). Abriga também muitas espécies ameaçadas ou

importantes de mamíferos, como o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans),

tuco-tuco (Ctenomys lami), cutia (Dasyprocta azarae), gato-morisco (Puma

yagouaroundi), onça-parda (Puma concolor), além de ser área potencial para a

ocorrência de outras espécies como o tamanduá-mirin (Tamandua tetradactyla)

e o sapo-de-barriga-vermelha-marmoreada (Melanophryniscus pachyrhynus).

Entre as espécies da flora, ocorrem espécies raras e ameaçadas, como

Chiropetalum foliosum (EUPHORBIACEAE), Sellocharis paradoxa

(FABACEAE), e ameaçadas, como algumas bromeliáceas e cactáceas, e uma

Apocinácea criticamente ameaçada (Aspidosperma riedelii).

Já na O Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos é uma UC

que sofre forte pressão devido a sua proximidade com o município de Porto

Alegre. Esta área preserva uma grande variedade de ambientes, como mata

paludosa e ripária e campos úmidos, e portanto também abriga um grande

diversidade de espécies animais. Nesta área foram registradas muitas espécies

de mamíferos e aves ameaçadas de extinção, como o cervo-do-Pantanal

(Blastocerus dichotomus) uma espécie criticamente ameaçada no Estado, que

no momento só possui ocorrência conhecida para os limites do Refúgio.

Na área de entorno do RVS Banhado dos Pachecos, está situada a Área

de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APA do Banhado Grande), uma

área de uso sustentável que foi criada com o objetivo de preservar o Banhado

Grande do rio Gravataí, constituindo uma importante área para conservação de

aves migratórias. Por abrigar em seus limites remanescentes de floresta,

também é de suma importância para a conservação de espécies florestais,

como a rã-das-matas (Ischnocnema henselii) e todas as espécies já indicadas

para o RVS Banhado dos Pachecos.

8.2. Indicação de remanescentes de áreas naturais prioritárias para a

conservação

Tendo em vista, o alto grau de ameaça em que se encontram nossos sistemas

naturais, e por conseqüência a sua fauna associada, é aparente a necessidade

de se indicar áreas prioritárias para a conservação dos mesmos. Além das UCs

existentes na região de interesse, durante as amostragens em campo

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localizamos algumas áreas que foram definidas como prioritárias para a

conservação dentro dos limites do Litoral Médio do RS, por se tratarem de

remanescentes de ambientes naturais em bom estado de conservação. Desta

forma, devem receber medidas especiais para sua proteção e/ou restauração.

Além de avaliar o estado de conservação destes remanescentes, definimos as

áreas buscando contemplar o maior número de habitat representativos da

região em estudo. A partir disso, definimos as seguintes áreas: Marismas,

Lagoa Moinho, Banhado das Capivaras, e o Sistema Bojuru (no município de

São José do Norte); a Lagoa da Reserva (no município de Mostardas), o Pontal

do Anastácio e a Lagoa do Casamento (nos municípios de Viamão e Palmares

do Sul), os Butiazais de Tapes (nos municípios de Tapes e Barra do Ribeiro),

os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual (município de Barra do

Ribeiro), e por fim o Pontal localizado entre os municípios de Tapes e

Arambaré. Destacamos que grande parte dessas áreas já foram indicadas

previamente por autores como áreas prioritárias para a conservação (Burger &

Ramos, 2007; MMA, 2007), o que reforça ainda mais a importância de tais

ambientes naturais.

A seguir descrevemos brevemente cada um dos remanescentes das

áreas naturais prioritárias para a conservação para o Litoral Médio do RS,

selecionadas em nossa avaliação (Figura 18). Junto com identificação de cada

área, é apresentada uma figura, procurando situar as formações naturais que

orientaram a seleção. Estas figuras têm caráter meramente ilustrativo, de

maneira que um detalhamento futuro das condições de conservação do(s)

habitat(s), das interações com o entorno, da situação fundiária e tantos outros

aspectos envolvidos, deverão necessariamente fazer parte de estudos

objetivos, visando avaliar a proposição de alguma modalidade de UC.

Marismas (Figura 19)

Áreas alagadiças, sob influência das marés, banhadas por águas salinizadas.

No Litoral Médio cobrem superfícies pequenas, no estuário da Laguna dos

Patos e na barra da Lagoa do Peixe, não mapeáveis na escala do zoneamento.

Uma vez que as marismas situadas na Lagoa do Peixe já estão inseridas em

Parque Nacional, destaca-se a prioridade de conservação das marismas

localizadas próximo da sede de São José do Norte.

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Figura 18. Localização das áreas indicadas como prioritárias para a conservação da fauna e flora da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

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Isto se justifica tanto mais pela iminente pressão que se fará sobre os

ambientes, a partir da expansão do pólo naval, quanto principalmente pela

riqueza e peculiaridade da fauna local, em especial a de aves. Na figura abaixo

são indicadas as posições das marismas no contexto mencionado.

Figura 19. Marismas localizadas na orla do estuário da Laguna dos Patos.

32o 09’ 40” S

52º 05’ 49” O

São José do Norte

(zona urbana)

31o 54’ 07” S

51º 59’ 57” O

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Lagoa Moinho e Banhado das Capivaras (Figura 20)

Complexo de ambientes, formado pela Lagoa do Moinho, Banhado das

Capivaras, marismas da Ponta Rasa, areais e matas de restinga (arenosas e

paludosas). Inclui dentro de seus limites uma colônia de pescadores.

De maneira geral os ambientes encontram-se preservados, mas sofrem

progressiva pressão pelas atividades de orizicultura e silvicultura (Pinus),

especialmente no entorno do Banhado das Capivaras. A figura 15 apresenta,

sob forma muito simplificada e meramente ilustrativa, a distribuição dos

ambientes em bom estado de conservação. Destaca-se a importância desta

região como área de simpatria de duas espécies de tuco-tuco (Ctenomys

flamarioni e Ctenomys minutus) (Kubiak, 2013).

Figura 20. Distribuição dos ambientes considerados prioritários para

conservação na região da Lagoa do Moinho e Banhado das Capivaras; Lm – Lagoa do Moinho, Bc – Banhado das Capivaras, Ae – areais, Ma – marisma da Ponta Rasa.

Sistema Bojuru (Figura 21)

A costa do Bojuru em contato com a Laguna dos Patos, ao norte da Barra

Falsa, constitui um dos trechos mais conservados do Litoral Médio, onde

ocorrem banhados, matas de restinga paludosa e arenosa, dunas lacustres e

Bc Lm

Ae

Ae Ma

31o 48’ 49” S

52º 05’ 54” O

31o 54’ 06” S

51º 58’ 45” O

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campo nativo. Em visita realizada ao local, foi constatada a presença de

espécies da flora ameaçada, tais como Ephedra tweediana, Cattleya

intermedia, Sideroxylon obtusifolium. Além disso, uma grande diversidade de

espécies da fauna ocupam os ambientes presentes na região, em especial

destacamos o grande número de aves aquáticas observadas em campo.

Destaca-se o zelo dedicado à conservação, por parte do(s) proprietário(s), o

que deveria ser levado em conta quando da proposição das futuras medidas

que venham a ser propostas para a região. Por outro lado, há uma iminente

ameaça de invasão por pinus, já notada nas bordas das dunas lacustres.

Figura 21. Complexo do Bojuru, junto da Laguna dos Patos, reunindo

diferentes ambientes de restinga em bom estado de conservação. Bf – Barra

falsa; as setas indicam silvicultura com Pinus, por onde a invasão por

dispersão tem grande probabilidade de avançar.

Lagoa da Reserva (Figura 22)

Esta área está basicamente focada na Lagoa que empresta o nome, e

ambientes associados ou que ocorrem nas adjacências, como banhados e

dunas lacustres. Destaca-se a elevada diversidade de fauna silvestre, fácil e

abundantemente vistas na rápida visita realizada ao local. A Lagoa da Reserva

é uma das lagoas mais rasas do litoral, com menos de um metro de

Bf

31o 29’ 01” S

51º 28” 00” O

31o 35’ 20” S

51º 22” 00” O

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profundidade média (Schäfer et al., 2009). Isto talvez explique a grande

importância para conservação de aves, enquanto sistema que tende a alta

produtividade primária, mas também a torna extremamente vulnerável aos

efeitos do cultivo de arroz irrigado, praticado intensivamente no seu entorno

imediato.

Figura 22. Lagoa da Reserva localizado junto a Laguna dos Patos, abriga um ambiente composto por uma grande diversidade de áreas úmidas que sofrem forte pressão das culturas de arroz.

Pontal do Anastácio e Lagoa do Casamento (Figura 23)

Reúne ambientes de campos nativos, lagoas, banhados e comunidades

perilacunares, com destacada importância para a fauna nativa. A principal

ameaça à conservação está relacionada às lavouras de arroz irrigado. Na Ilha

Grande (Lagoa do Casamento), a presença de animais exóticos (javali e

cavalos) também constitui uma pressão contrária à conservação ambiental.

30o 54’ 20” S

50º 49” 09” O

30o 49’ 45” S

50º 45” 25” O

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Figura 23. Região da Lagoa do Gateado (Ga), Pontal do Anastácio (An), Ilha

Grande (Ig) e Lagoa do Casamento.

Butiazais de Tapes (Figura 24)

Apresenta elevada importância fitogeográfica, enquanto formação

relictual, que tende a desaparecer. Embora não exclusiva da formação do

parque de butiás, ocorrem espécies da flora e da fauna ameaçadas e/ou raras.

Destaca-se a importância de preservar ambientes próximos, como as lagoas do

Cerro e Formosa, e os banhados associados a estes corpos d’água, dentre os

quais o banhado das capivaras (nome aplicado a diversas localidades no litoral

médio). Também de elevada importância ecológica (habitat de Liolaemus

Ga

An Ig

Lagoa do

Casamento

30o 10’ 32” S

50º 47’ 40” O

30o 33’ 51” S

50º 32’ 12” O

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arambarensis) e cênica são as dunas lacustres, que se estendem desde o

Pontal de Tapes até a latitude da Ilha da Barbanegra. As principais ameaças:

sobre o butiazal – silvicultura; sobre as lagoas e banhados – orizicultura; sobre

as dunas – silvicultura e invasão por pinus.

Figura 24. Delimitação dos butiazais (Bt), e outras áreas importantes para a

conservação, no entorno; Ce – Lagoa do Cerro e áreas úmidas, Fo – Lagoa Formosa e áreas úmidas, Du – dunas lacustres e Pontal de Tapes.

30o 26’ 17” S

51º 14’ 54” O

Bt

Bt

Ce

Fo

Tapes

Du

30o 48’ 59” S

51º 26’ 51” O

Du

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Remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual

(Figura 25)

Na área delimitada ocorre uma extensa e bem preservada mancha de

floresta estacional. Considerando a descaracterização sofrida por este tipo de

floresta no RS, o remanescente ganha importância, podendo servir como área

para pesquisas, relacionadas a fitossociologia, processos sucessionais,

interações com a fauna, banco genético e outras.

Figura 25. Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual sobre coxilhas

graníticas, no município de Barra do Ribeiro.

Pontal de Tapes e Arambaré (Figura 26)

Na divisa sul do município de Tapes, no limite com Arambaré, estende-se um

pontal que reúne ambientes diversificados. Predominam áreas úmidas, em que

as espécies vegetais dominantes se alternam constantemente. Destaca-se a

presença de extensos sarandizais (dominados por Cephalanthus glabratus),

importantes formadores de ninhais. Abriga fauna e flora variada, inclusive

espécies ameaçadas de extinção e/ou raras, como a lagartixa-da-areia

(Liolaemus arambarensis). Entre a flora, destaca-se a presença de Monnina

itapoanensis (Polygalaceae), uma espécie descrita recentemente, com

30o 28’ 10” S

51o 22’ 24” O

30o 24’ 26” S

51o 26’ 36” O

Arroio Araçá

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distribuição restrita a Viamão e Tapes, além de outras espécies ameaçadas,

comuns a matas de restinga, banhados e campos arenosos (p. ex.: Zizaniopsis

bonariensis, Tibouchina asperior, Sideroxylon obtusifolium).

Figura 26. Pontal entre Tapes e Arambaré, com extensas áreas de banhado,

matas de restinga, campo, lagoas e dunas lacustres.

9. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSERVAÇÃO DO MEIO

BIÓTICO

Para a conservação do meio biótico indicamos algumas recomendações

gerais:

Fortalecer medidas que visem o cumprimento da legislação ambiental, em

especial as relacionadas a conservação adequada das APPs e Reservas

Legais, e a intensificação das ações de fiscalização;

Fomentar a orientação e apoio para a adequação das propriedades ao

cadastro ambiental rural, visando maximizar o efeito ecológico das reservas

legais no contexto regional;

Incentivar e fomentar estudos e pesquisas sobre a biologia e conservação das

espécies de flora e fauna, em especial daquelas em risco de extinção;

30o 48’ 22” S

51o 22’ 00” O

30o 53’ 00” S

51o 29’ 00” O

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Divulgar nas comunidades locais o conhecimento gerado pela comunidade

científica, buscando informar sobre a importância da conservação da fauna e

flora locais;

Indicar medidas de compensação ambiental para empreendimentos passíveis

de licenciamento na região (aquisição de áreas para a conservação, como

medida efetiva de compensação por instalação de grandes empreendimentos);

Implementar e ou efetivar o sistema de unidades de conservação existente,

tendo em vista os problemas recorrentes de invasão, caça, pesca predatória e

a coleta de plantas e animais nativos para a comercialização nas UCs;

Criar e implementar novas UCs nos limites do Litoral Médio com base nas

indicações de áreas prioritárias existentes, como as identificadas no item

anterior, bem como por Burger e Ramos (2007) e MMA (2007).

10. ANEXOS

Anexo 1: Tabela geral com todas as espécies de peixe compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

ATHERINIFORMES

Atherinopsidae

Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825)

Odontesthes argentinensis (Valenciennes, 1835) peixe-rei

Odontesthes bonariensis (Valenciennes, 1835) peixe-rei

Odontesthes humensis Buen, 1953 peixe-rei

Odontesthes ledae Malabarba & Dyer, 2002 peixe-rei

Odontesthes mirinensis Bemvenuti, 1996 peixe-rei

Odontesthes perugiae Evermann & Kendall, 1906 peixe-rei

Odontesthes sp.1 peixe-rei

Odontesthes sp.2 peixe-rei

CHARACIFORMES

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus pantaneiroex

Menezes, 1992 peixe-cachorro

Anostomidae

Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836) piava

Schizodon jacuiensis Bergman, 1988 Voga

Characidae

Aphyocharax anisitsi Eigenmann & Kennedy, 1903 lambari-sangue

Astyanax aff. fasciatus (Cuvier, 1819) lambari-do-rabo-

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90

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

vermelho

Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) lambari

Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) lambari-de-olho-vermelho

Astyanax henseli Melo & Buckup, 2006

Astyanax jacuhiensis (Cope, 1894) lambari-do-rabo-amarelo

Astyanax laticeps (Cope, 1894) lambari cabeçudo

Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) lambari

Charax stenopterus (Cope, 1894) lambari-corcunda

Cheirodon ibicuhiensis Eigenmann, 1915 lambarizinho

Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842) lambari-serrilha

Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870) lambari-branco

Diapoma speculiferum Cope, 1894 lambari

Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 lambari

Hyphessobrycon boulengeri (Eigenmann, 1907) lambari-prata

Hyphessobrycon igneus Miquelarena, Menni, López & Casciotta, 1980

lambari-limão

Hyphessobrycon togoi Miquelarena & López, 2006

Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) lambari

Hyphessobrycon meridionalis Ringuelet, Miquelarena & Menni, 1978

lambari

Macropsobrycon uruguayanae Eigenmann, 1915 lambari

Mimagoniates inequalis (Eigenmann, 1911) lambari-coaxador

Mimagoniates microlepis (Steindachner, 1877) lambari-azul

Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) branca

Oligosarcus robustus Menezes, 1969 branca

Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 lambari-bandeira

Serrapinnus calliurus (Cuvier, 1816) lambari

Crenuchidae

Characidium occidentale Buckup & Reis, 1997 canivete

Characidium rachovii Regan, 1913 canivete

Characidium tenue (Cope, 1894) canivete

Characidium aff. zebra Eigenmann, 1909 canivete-zebra

Curimatidae

Cyphocharax saladensis (Meinken, 1933) biruzinho-do-banhado

Cyphocharax spilotus (Vari, 1987) biru

Cyphocharax voga (Hensel, 1870) biru

Steindachnerina biornata (Braga & Azpelicueta, 1987) biruzinho-tracejado

Erythrinidae

Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) Traíra

Lebiasinidae

Pyrrhulina australis Eigenmann & Kennedy, 1903 pirrulina

Prochilodontidae

Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) grumatã

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

CLUPEIFORMES

Clupeidae

Brevoortia pectinata (Jenyns, 1842) savelha

Harengula clupeola (Cuvier, 1829) sardinha-cascuda

Platanichthys platana (Regan, 1917) sardinha-de-água-doce

Ramnogaster arcuata (Jenyns, 1842)

Engraulidae

Lycengraulis grossidens Agassiz, 1829 manjubão

CYPRINIFORMES

Cyprinidae

Cyprinus carpioex

Linnaeus, 1758 carpa

CYPRINODONTIFORMES

Anablepidae

Jenynsia lineata (Jenyns, 1842) barrigudinho

Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) barrigudinho-listrado

Poeciliidae

Cnesterodon decemmaculatus (Jenyns, 1842) barrigudinho

Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) barrigudinho

Phalloptychus iheringii (Boulenger, 1889) barrigudinho-riscado

Rivulidae

Austrolebias adloffi (Ahl, 1922) peixe-anual

Austrolebias minuano Costa & Cheffe, 2001 peixe-anual

Austrolebias wolterstorffi (Ahl, 1924) peixe-anual

Atlantirivulus riograndensis (Lanés & Costa, 2009) killifish-sulino

Cynopoecilus fulgens Costa, 2002 peixe-anual

Cynopoecilus melanotaenia (Regan, 1912) peixe-anual

Cynopoecilus multipapillatus Costa, 2002 peixe-anual

Cynopoecilus nigrovittatus Costa, 2002 peixe-anual

GYMNOTIFORMES

Hypopomidae

Brachyhypopomus draco Giora, Malabarba & Crampton, 2008 tuvira-dragão

Brachyhypopomus gauderio Giora & Malabarba, 2009 tuvira-de-sela

Brachyhypopomus pinnicaudatus

(Hopkins, 1991) tuvira

Gymnotidae

Gymnotus aff. carapo Linnaeus, 1758 tuvira-tigre

Sternopygidae

Eigenmannia trilineata López & Castello, 1966 peixe-faca

Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1836)

PERCIFORMES

Carangidae

Caranx latus Agassiz, 1831

Trachinotus falcatus (Linnaeus, 1758)

Trachinotus marginatus Cuvier, 1832

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Cichlidae

Australoheros facetus (Jenyns, 1842) cará-amarelo

Cichlasoma portalegrense (Hensel, 1870) cará

Crenicichla lepidota Heckel, 1840 joaninha

Crenicichla maculata Kullander & Lucena, 2006 joaninha-pintada

Crenicichla punctata Hensel, 1870 joana-mixola

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard 1824) cará-cartola

Gymnogeophagus gymnogenys

(Hensel 1870) cará-de-lábio-azul

Gymnogeophagus labiatus (Hensel 1870) cará-beiçudo

Gymnogeophagus lacustris Reis & Malabarba 1988 cará-de-lagoa

Gymnogeophagus rhabdotus (Hensel 1870) cará-azul

Centropomidae

Centropomus parallelusex

Poey, 1860 robalo

Gerreidae

Eucinostomus gula (Quoy & Gaimard, 1824)

Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863)

Ulaema lefroyi (Goode, 1874) mojarra

Gobiidae

Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770)

Haemulidae

Pomadasys corvinaeformis (Steindachner, 1868)

Pomatomidae

Pomatomus saltarix* (Linnaeus, 1766) anchova

Sciaenidae

Micropogonias furnieri* (Desmarest, 1823) corvina

Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758)

Menticirrhus littoralis (Holbrook, 1847)

Pachyurus bonariensisex

Steindachner, 1879 corvina-de-rio

Serranidae

Epinephelus marginatus* (Lowe, 1834) garoupa

Trichiuridae

Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758

Gobiidae

Ctenogobius shufeldti (Jordan & Eigenmann, 1887) emborê

PLEURONECTIFORMES

Achiridae

Catathyridium garmani (Jordan, 1889) Linguado

Paralichthyidae

Citharichthys spilopterus Günther, 1862

Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1839) Linguado

Pleuronectidae

Oncopterus darwinii Steindachner, 1874

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

MUGILIFORMES

Mugilidae

Mugil platanus* Günther, 1880 tainha

Mugil curema Valenciennes, 1836 tainha

Mugil gaimardianus Desmarest, 1831 tainha

SILURIFORMES

Ariidae

Genidens barbus* (La Cépède, 1803) bagre

Genidens genidens (Cuvier 1829) bagre

Aspredinidae

Bunocephalus iheringii Boulenger, 1891

Auchenipteridae

Trachelyopterus lucenai Bertoletti, Pezzi da Silva & Pereira, 1995

porrudo

Callichthyidae

Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) tamboatá

Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) limpa-fundo

Corydoras undulatus Regan, 1912 tamboatazinho

Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) tamboatá

Lepthoplosternum tordilho Reis, 1997 tamboatá

Clariidae

Clarias gariepinusex

(Burchell, 1822) bagre africano

Heptapteridae

Heptapterus mustelinus (Valenciennes, 1840) bagre-de-pedra

Heptapterus sympterygium Buckup, 1988 bagrinho-de-aguapé

Pimelodella australis Eigenmann, 1917 mandinho-listrado

Rhamdella eriarcha (Eigenmann & Eigenmann, 1888) mandi

Rhamdia aff. quelen (Quoy & Gaimard, 1824) jundiá

Loricariidae

Ancistrus brevipinnis (Regan, 1904) cascudo-de-espinhos

Hemiancistrus punctulatus Cardoso & Malabarba 1999 cascudo-pintado

Hisonotus laevior Cope, 1894

Hisonotus leucofrenatus (Miranda Ribeiro, 1908) cascudinho-pintado

Hisonotus nigricauda (Boulenger, 1891) cascudinho

Hisonotus taimensis (Buckup, 1981) cascudinho

Hypostomus aspilogaster (Cope, 1894b) cascudinho

Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836 cascudinho

Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836) cascudo-viola

Otothyris rostrata Garavello, Britski & Schaefer, 1998 cascudinho-de-crista

Rineloricaria cadeae (Hensel, 1868) cascudo-viola

Rineloricaria longicauda Reis, 1983

Rineloricaria microlepidogaster

(Regan, 1904)

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Rineloricaria quadrensis Reis, 1983 violinha-de-lagoa

Rineloricaria strigilata (Hensel, 1868) cascudo-viola

Pimelodidae

Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1889) mandi

Pimelodus maculatus Lacepede, 1803 pintado

Pseudopimelodidae

Microglanis cottoides (Boulenger, 1891) bagrinho

Microglanis cibelae Malabarba & Mahler, 1998

Trichomycteridae

Homodiaetus anisitsi Eigenmann & Ward, 1907 chupa-chupa

Scleronema minutum (Boulenger, 1891)

SYMBRANCHIFORMES

Synbranchidae

Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 muçum

Total de espécies 145

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Froese & Pauly, 2013. Legenda: *Espécies com risco de sobreexplotação segundo a Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente.

ex Espécie exótica para na região.

Anexo 2: Tabela geral com todas as espécies de anfíbios compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

ANURA

Batrachylidae

Hylodes meridionalis (Mertens, 1927) rã-das-cachoeiras

Brachycephalidae

Ischnocnema henselii (Peters, 1870) rã-das-matas

Bufonidae

Melanophryniscus dorsalis (Mertens, 1933) sapinho-de-barriga-vermelha

Melanophryniscus montevidensis*

(Philippi, 1902) sapinho-de-barriga-vermelha

Melanophryniscus pachyrhynus

(Miranda-Ribeiro, 1920) sapinho-de-barriga-vermelha-marmoreado

Rhinella arenarum (Hensel, 1867) sapo-da-areia

Rhinella dorbignyi (Duméril and Bibron, 1841)

sapinho-de-jardim

Rhinella fernandezae (Gallardo, 1957) sapinho-de-jardim

Rhinella henseli (Lutz, 1934) sapo-cruz

Rhinella icterica (Spix, 1824) sapo-cururu

Ceratophyidae

Ceratophrys ornata* (Bell, 1843) sapo-boi

Hylidae

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) perereca-rajada

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) perereca

Dendropsophus sanborni (Schmidt, 1944) perereca

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) sapo-ferreiro

Hypsiboas pulchellus (Duméril and Bibron, 1841)

perereca-do-banhado

Phyllomedusa iheringii Boulenger, 1885 perereca-macaco

Pseudis minuta Günther, 1858 rã-boiadora

Scinax berthae (Barrio, 1962) perereca

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) perereca-raspa-de-cuia

Scinax granulatus (Peters, 1871) perereca-de-banheiro

Scinax nasicus (Cope, 1862) perereca-de-peito-manchado

Scinax squalirostris (Lutz, 1925) perereca-nariguda

Scinax tymbamirin perereca

Scinax uruguayus (Schmidt, 1944) perereca-uruguaia

Trachycephalus mesophaeus (Hensel, 1867) perereca-leiteira

Leptodactylidae

Physalaemus biligonigerus (Cope, 1861) rã-chorona

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 rã-cachorro

Physalaemus gracilis (Boulenger, 1883) rã-chorona

Physalaemus lisei Braun and Braun, 1977 rã-chorona

Physalaemus henselii (Peters, 1872) rã

Physalaemus riograndensis Milstead, 1960 rã-chorona

Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) rãzinha

Leptodactylus chaquensis* Cei, 1950 rã-criola

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) rã-assobiadora

Leptodactylus gracilis (Duméril and Bibron, 1840)

rã-listrada

Leptodactylus latinasus Jiménez de la Espada, 1875

rã-assobiadora

Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) rã-criola

Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) rã-de-bigode

Microhylidae

Elachistocleis bicolor (Guérin-Méneville, 1838) rã-de-barriga-amarela

Odontophrynidae

Odontophrynus americanus (Duméril and Bibron, 1841)

sapo-da-enchente

Odontophrynus maisuma Rosset, 2008 sapo-da-enchente

Ranidae

Lithobates catesbeianusex

(Shaw, 1802) rã-touro

GYMNOPHIONA

Typhlonectidae

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Chthonerpeton indistinctum* (Reinhardt and Lütken, 1862)

cobra-de-duas-cabeças

Total de espécies 44

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Segalla et al., 2012. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS.

ex Espécie exótica e

invasora.

Anexo 3: Tabela geral com todas as espécies de répteis compiladas para

Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

CROCODYLIA

Alligatoridae

Caiman latirostris (Daudin, 1802) jacaré-do-papo-amarelo

SQUAMATA

Amphisbaenidae

Amphisbaena darwini Duméril & Bibron, 1839 cobra-cega

Amphisbaena kingii (Bell, 1833) cobra-cega-de-crista

Amphisbaena munoai Klappenbach, 1966 cobra-cega

Amphisbaena prunicolor (Cope, 1885) cobra-cega

Amphisbaena trachura Cope, 1885 cobra-cega

Colubridae

Chironius bicarinatus (Wied, 1820) caninana-verde

Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820) jararaca-do-banhado

Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) caninana

Tantilla aff. melanocephala (Linnaeus, 1758) falsa-cabeça-preta

Diploglossidae

Ophiodes aff. striatus (Spix, 1825) cobra-de-vidro

Ophiodes fragilis Peters,1877 cobra-de-vidro

Dipsadidae

Atractus reticulatus (Boulenger, 1885) cobra-de-terra

Boiruna maculata (Boulenger, 1896) muçurana-preta

Paraphimophis rustica (Cope, 1878) muçurana-parda

Echinanthera cyanopleura (Cope, 1885) corredeira-do-mato

Elapomorphus sp.n.

Helicops infrataeniatus (Jan, 1865) cobra-d'água-meridional

Erythrolamprus almadensis (Wagler, 1824) jararaquinha-do-campo

Lygophis anomalus (Günther, 1858) jararaquinha-d'água

Lygophis flavifrenatus (Cope, 1862) corredeira-listrada

Erythrolamprus jaegeri (Günther, 1858) cobra-d'água-verde

Erythrolamprus miliaris (Cope, 1868) cobra-lisa

Erythrolamprus poecilogyrus

(Wied, 1825) cobra-verde

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril, 1854 falsa-coral

Phalotris lemniscatus (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra-preta-da-areia

Philodryas aestiva (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra-cipó-verde

Philodryas agassizii (Jan, 1863) parelheira-dos-formigueiros

Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) cobra-cipó-verde

Philodryas patagoniensis (Girard, 1858) papa-pinto

Phimophis aff. guerini (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) mussurana

Psomophis obtusus (Cope, 1864) corredeira

Ptychophis flavovirgatus Gomes, 1915

Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911) dormideira-cinzenta

Sibynomorphus ventrimaculatus

(Boulenger, 1885) dormideira

Taeniophallus occipitalis (Jan, 1863) cobra-de-folhiço

Taeniophallus poecilopogon

(Cope, 1863) corredeira-do-mato

Thamnodynastes hypoconia

(Cope, 1860) corredeira-carenada

Thamnodynastes cf. nattereri

(Mikan, 1828) corredeira

Thamnodynastes strigatus (Günther, 1858) corredeira-lisa

Tomodon dorsatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cobra-espada

Tomodon ocellatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cobra-espada-pampeana

Tropidodryas striaticeps (Cope, 1869) cobra-cipó

Xenodon dorbignyi (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) nariguda

Xenodon merremii (Wagler, 1824) boipeva

Elapidae

Micrurus altirostris (Cope, 1859) cobra-coral

Gymnophthalmidae

Cercosaura ocellata petersi

Ruibal 1952 lagartixa-listrada

Cercosaura schreibersii Wiegmann, 1834 lagartixa-marrom

Leiosauridae

Urostrophus vautieri Duméril & Bibron, 1837 papa-vento-de-barriga-lisa

Leptotyphlopidae

Epictia munoai (Orejas-Miranda, 1961) cobra-de-duas-cabeças

Liolaemidae

Liolaemus arambarensis Verrastro, Veronese, Bujes & Dias-Filho, 2003

lagartixa-da-areia

Liolaemus occipitalis Boulenger, 1885 lagartixa-da-praia

Mabuyidae

Aspronema dorsivittatum (Cope, 1862) scinco-dourado

Teiidae

Contomastix aff. lacertoides

(Duméril & Bibron, 1839) lagartixa-listrada

Teius oculatus (D'Orbigny & Bibron, 1837) lagartixa-verde

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 teiú

Viperidae

Bothrops alternatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cruzeira

Bothrops jararaca (Wied, 1824) jararaca

Bothrops pubescens (Cope, 1870) jararaca-pintada

TESTUDINES

Chelidae

Acanthochelys spixii (Duméril & Bibron, 1835) cágado-negro

Hydromedusa tectifera Cope, 1869 cágado-de-pescoço-comprido

Phrynops hilarii (Duméril & Bibron, 1835) cágado-de-barbelas-cinzentos

Total de espécies 62

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Bérnils & Costa, 2012.

Anexo 4: Tabela geral com todas as espécies de aves compiladas para Área 4

do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

ACCIPITRIFORMES

Accipitridae

Accipiter striatus Vieillot, 1808 gaviãozinho

Busarellus nigricollis (Latham, 1790) gavião-velho

Buteo brachyurus Vieillot, 1816 gavião-de-rabo-curto

Circus buffoni (Gmelin, 1788) gavião-do-banhado

Circus cinereus Vieillot, 1816 gavião-cinza

Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco

Geranoaetus melanoleucus* (Vieillot, 1819) águia-chilena

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo

Pseudastur polionotus (Kaup, 1847) gavião-pombo-branco

Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) gavião-caramujeiro

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó

Urubitinga coronata* (Vieillot, 1817) águia-cinzenta

Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) gavião-preto

Pandionidae

Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) águia-pescadora

ANSERIFORMES

Anatidae

Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) marreca-pé-vermelho

Anas bahamensis Linnaeus, 1758 marreca-toicinho

Anas discors Linnaeus, 1766 marreca-de-asa-azul

Anas flavirostris Vieillot, 1816 marreca-pardinha

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Anas georgica Gmelin, 1789 marreca-parda

Anas platalea Vieillot, 1816 marreca-colhereira

Anas sibilatrix Poeppig, 1829 marreca-oveira

Anas versicolor Vieillot, 1816 marreca-cricri

Cairina moschata (Linnaeus, 1758) pato-do-mato

Callonetta leucophrys (Vieillot, 1816) marreca-de-coleira

Coscoroba coscoroba (Molina, 1782) capororoca

Cygnus melancoryphus (Molina, 1782) cisne-de-pescoço-preto

Dendrocygna bicolor (Vieillot, 1816) marreca-caneleira

Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) marreca-piadeira ou irerê

Heteronetta atricapilla (Merrem, 1841) marreca-de-cabeça-preta

Netta peposaca (Vieillot, 1816) marrecão

Nomonyx dominica (Linnaeus, 1766) marreca-de-bico-roxo

Oxyura vittata (Philippi, 1860) marreca-pés-na-bunda

Sarkidiornis sylvicola Ihering & Ihering, 1907 pato-de-crista

Anhimidae

Chauna torquata (Oken, 1816) tachã

APODIFORMES

Apodidae

Chaetura cinereiventris Sclater, 1862 andorinhão-de-sobre-cinzento

Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 andorinhão-do-temporal

Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) andorinhão-de-coleira

Trochilidae

Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) beija-flor-de-veste-preta

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho

Florisuga fusca (Vieillot, 1817) beija-flor-preto-de-rabo-branco

Hylocharis chrysura (Shaw, 1812) beija-flor-dourado

Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) beija-flor-de-papo-branco

Stephanoxis lalandi (Vieillot, 1818) beija-flor-de-topete

CAPRIMULGIFORMES

Caprimulgidae

Chordeiles minor (Forster, 1771) bacurau-norte-americano

Chordeiles nacunda (Vieillot, 1817) corucão

Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) bacurau

Hydropsalis anomala (Gould, 1838) curiango-do-banhado

Hydropsalis longirostris (Bonaparte, 1825) bacurau-da-telha

Hydropsalis parvula (Gould, 1837) bacurau-pequeno

Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) bacurau-tesoura

Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) tuju

Nyctibiidae

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) urutau

CARIAMIFORMES

Cariamidae

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema

Cathartidae

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha

Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça-amarela

Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta

Charadriidae

Charadrius collaris Vieillot, 1818 batuíra-de-coleira

Charadrius falklandicus Latham, 1790 batuíra-de-coleira-dupla

Charadrius modestus Lichtenstein, 1823 batuíra-de-peito-avermelhado

Charadrius semipalmatus Bonaparte, 1825 batuíra-norte-americana

Oreopholus ruficollis (Wagler, 1829) batuíra-de-papo-ferrugíneo

Pluvialis dominica (Statius Muller, 1776) batuiruçu

Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758) batuiruçu-de-axila-preta

Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero

Chionidae

Chionis alba (Gmelin, 1789) pomba-antártica

Haematopodidae

Haematopus palliatus Temminck, 1820 piru-piru

Jacanidae

Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã

Laridae

Chroicocephalus cirrocephalus

(Vieillot, 1818) gaivota-de-cabeça-cinza

Chroicocephalus maculipennis

(Lichtenstein, 1823) gaivota-maria-velha

Larus atlanticus Olrog, 1958 gaivota-de-rabo-preto

Larus dominicanus Lichtenstein, 1823 gaivotão

Leucophaeus pipixcan (Wagler, 1831) gaivota-de-franklin

Recurvirostridae

Himantopus melanurus Vieillot, 1817 pernilongo

Rostratulidae

Nycticryphes semicollaris (Vieillot, 1816) narceja-de-bico-torto

Rynchopidae

Rynchops niger Linnaeus, 1758 talha-mar

Scolopacidae

Actitis macularius (Linnaeus, 1766) maçarico-pintado

Arenaria interpres (Linnaeus, 1758) vira-pedra

Bartramia longicauda (Bechstein, 1812) maçarico-do-campo

Calidris alba (Pallas, 1764) maçarico-branco

Calidris bairdii (Coues, 1861) maçarico-de-bico-fino

Calidris canutus (Linnaeus, 1758) maçarico-de-papo-vermelho

Calidris fuscicollis (Vieillot, 1819) maçarico-de-sobre-branco

Calidris himantopus (Bonaparte, 1826) maçarico-pernilongo

Calidris melanotos (Vieillot, 1819) maçarico-de-colete

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101

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Calidris minutilla (Vieillot, 1819) maçariquinho

Calidris pusilla (Linnaeus, 1766) maçarico-miúdo

Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) narceja

Gallinago undulata (Boddaert, 1783) narcejão

Limnodromus griseus (Gmelin, 1789) maçarico-de-costas-brancas

Limosa haemastica (Linnaeus, 1758) maçarico-de-bico-virado

Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758) maçarico-de-bico-torto

Phalaropus tricolor (Vieillot, 1819) pisa-n´água

Philomachus pugnax (Linnaeus, 1758) combatente

Tringa flavipes (Gmelin, 1789) maçarico-de-perna-amarela

Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789) maçarico-grande-de-perna-amarela

Tringa semipalmata (Gmelin, 1789) maçarico-de-asa-branca

Tringa solitaria Wilson, 1813 maçarico-solitário

Tryngites subruficollis (Vieillot, 1819) maçarico-acanelado

Stercorariidae

Stercorarius chilensis Bonaparte, 1857 gaivota-rapineira-chilena

Sternidae

Chlidonias niger (Linnaeus, 1758) trinta-réis-negro

Gelochelidon nilotica (Gmelin, 1789) trinta-réis-de-bico-preto

Phaetusa simplex (Gmelin, 1789) trinta-réis-grande

Sterna hirundinacea Lesson, 1831 trinta-réis-de-bico-vermelho

Sterna hirundo Linnaeus, 1758 trinta-réis-boreal

Sterna paradisaea Pontoppidan, 1763 trinta-réis-ártico

Sterna trudeaui Audubon, 1838 trinta-réis-de-coroa-branca

Sternula superciliaris (Vieillot, 1819) trinta-réis-anão

Thalasseus acuflavidus (Cabot, 1847) trinta-réis-de-bico-amarelo

Thalasseus maximus (Boddaert, 1783) trinta-réis-real

CICONIIFORMES

Ciconiidae

Ciconia maguari (Gmelin, 1789) joão-grande

Mycteria americana Linnaeus, 1758 cabeça-seca

COLUMBIFORMES

Columbidae

Columba liviaex

Gmelin, 1789 pombo-doméstico

Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picuí

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa

Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) pariri

Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792)

juriti-gemedeira

Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) asa-branca ou pombão

Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando

CORACIIFORMES

Alcedinidae

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102

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde

Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno

Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande

CUCULIFORMES

Cuculidae

Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 papa-lagarta-verdadeiro

Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato

Tapera naevia (Linnaeus, 1766) saci

FALCONIFORMES

Falconidae

Caracara plancus (Miller, 1777) caracará

Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira

Falco peregrinus Tunstall, 1771 falcão-peregrino

Falco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri

Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) gavião-caburé

Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro

Milvago chimango (Vieillot, 1816) chimango

GALLIFORMES

Cracidae

Ortalis guttata (Spix, 1825) aracuã

Penelope obscura Temminck, 1815 jacuaçu

GRUIFORMES

Aramidae

Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) carão

Rallidae

Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) três-potes

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato

Aramides ypecaha (Vieillot, 1819) saracuruçu

Fulica armillata Vieillot, 1817 carqueja-de-bico-manchado

Fulica leucoptera Vieillot, 1817 carqueja-de-bico-amarelo

Fulica rufifrons Philippi & Landbeck, 1861

carqueja-de-escudo-vermelho

Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) galinhola ou frango-d´água

Gallinula melanops (Vieillot, 1819) frango-d´água-carijó

Laterallus leucopyrrhus (Vieillot, 1819) pinto-d´água-avermelhado

Laterallus melanophaius (Vieillot, 1819) pinto-d´água-comum

Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) saracurã-sanã

Pardirallus sanguinolentus (Swainson, 1837) saracura-do-banhado

Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) frango-d´água-azul

Porzana albicollis (Vieillot, 1819) sanã-carijó

Porzana spiloptera Durnford, 1877 sanã-cinza

PASSERIFORMES

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103

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Cardinalidae

Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão

Cyanoloxia glaucocaerulea (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837)

azulinho

Coerebidae

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica

Conopophagidae

Conopophaga lineata (Wied, 1831) chupa-dente

Corvidae

Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) gralha-picaça

Cotingidae

Carpornis cucullata (Swainson, 1821) corocoxó

Dendrocolaptidae

Dendrocolaptes platyrostris Spix, 1825 arapaçu-grande

Lepidocolaptes falcinellus (Cabanis & Heine, 1859) arapaçu-escamoso-do-sul

Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-verde

Emberizidae

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo

Donacospiza albifrons (Vieillot, 1817) tico-tico-do-banhado

Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) canário-do-campo

Emberizoides ypiranganus Ihering & Ihering, 1907 canário-do-brejo

Embernagra platensis (Gmelin, 1789) sabiá-do-banhado

Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 cigarra-bambu

Poospiza cabanisi Bonaparte, 1850 quete

Poospiza nigrorufa (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837)

quem-te-vestiu

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro

Sicalis luteola (Sparrman, 1789) tipio

Sporophila angolensis (Linnaeus, 1766) curió

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho

Sporophila collaris (Boddaert, 1783) coleiro-do-brejo

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico

Formicariidae

Chamaeza campanisona (Lichtenstein, 1823) tovaca-campainha

Fringillidae

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim

Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818) gaturamo-rei

Euphonia pectoralis (Latham, 1801) gaturamo-serrador ou ferro-velho

Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) gaturamo-verdadeiro

Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) Pintassilgo

Furnariidae

Anumbius annumbi (Vieillot, 1817) cochicho

Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) curutié

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Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Cinclodes fuscus (Vieillot, 1818) pedreiro-dos-andes

Cranioleuca obsoleta (Reichenbach, 1853) arredio-oliváceo

Cranioleuca sulphurifera (Burmeister, 1869) arredio-de-papo-manchado

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro

Limnoctites rectirostris (Gould, 1839) arredio-do-gravatá

Limnornis curvirostris Gould, 1839 joão-da-palha

Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) joão-porca

Phacellodomus ferrugineigula

(Pelzeln, 1858) joão-botina

Phacellodomus striaticollis (d´Orbigny & Lafresnaye, 1838)

tio-tio

Phleocryptes melanops (Vieillot, 1817) bate-bico

Schoeniophylax phryganophilus

(Vieillot, 1817) bichoita

Spartonoica maluroides (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837)

boininha

Synallaxis cinerascens Temminck, 1823 pi-puí

Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 pichororé

Synallaxis spixi Sclater, 1856 joão-teneném

Syndactyla rufosuperciliata (Lafresnaye, 1832) trepador-quiete

Hirundinidae

Alopochelidon fucata (Temminck, 1822) andorinha-morena

Hirundo rustica Linnaeus, 1758 andorinha-de-bando

Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande)

Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo

Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa

Riparia riparia (Linnaeus, 1758) andorinha-do-barranco

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora

Tachycineta leucopyga (Meyen, 1834) andorinha-chilena

Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) andorinha-de-testa-branca

Icteridae

Agelaioides badius (Vieillot, 1819) asa-de-telha

Agelasticus thilius (Molina, 1782) sargento

Amblyramphus holosericeus (Scopoli, 1786) cardeal-do-banhado

Cacicus chrysopterus (Vigors, 1825) tecelão

Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi

Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) chopim ou graúna

Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) encontro

Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta

Molothrus rufoaxillaris Cassin, 1866 vira-bosta-picumã

Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) chopim-do-brejo

Pseudoleistes virescens (Vieillot, 1819) dragão

Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa

Xanthopsar flavus (Gmelin, 1788) veste-amarela

Incertae sedis

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105

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 patinho

Tachuris rubrigastra (Vieillot, 1817) papa-piri

Mimidae

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo

Mimus triurus (Vieillot, 1818) calhandra-de-três-rabos

Motacillidae

Anthus correndera Vieillot, 1818 caminheiro-de-espora

Anthus furcatus d´Orbigny & Lafresnaye, 1837

caminheiro-de-unha-curta

Anthus hellmayri Hartert, 1909 caminheiro-de-barriga-acanelada

Anthus lutescens Pucheran, 1855 caminheiro-zumbidor

Anthus nattereri Sclater, 1878 caminheiro-grande

Parulidae

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula

Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) pula-pula-assobiador

Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra

Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita

Passeridae

Passer domesticusex

(Linnaeus, 1758) pardal

Pipridae

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) dançador

Polioptilidae

Polioptila dumicola (Vieillot, 1817) balança-rabo-de-máscara

Rhynchocyclidae

Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) borboletinha-do-mato

Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) tororó

Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) bico-chato-de-orelha-preta

Scleruridae

Geositta cunicularia (Vieillot, 1816) curriqueiro

Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) vira-folha

Thamnophilidae

Mackenziaena leachii (Such, 1825) brujarara-assobiador

Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 choca-da-mata

Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 choca-de-boné-vermelho

Thraupidae

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul

Hemithraupis guira (Linnaeus, 1766) papo-preto

Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) tico-tico-rei

Lanio melanops (Vieillot, 1818) tiê-de-topete

Paroaria coronata (Miller, 1776) cardeal

Pipraeidea bonariensis (Gmelin, 1789) sanhaçu-papa-laranja

Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) saíra-viúva

Saltator similis d´Orbigny & Lafresnaye, trinca-ferro-verdadeiro

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106

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

1837

Stephanophorus diadematus (Temminck, 1823) sanhaçu-frade

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto

Tangara preciosa (Cabanis, 1850) saíra-preciosa

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento

Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha

Tityridae

Pachyramphus polychopterus

(Vieillot, 1818) caneleirinho-preto

Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816) caneleirinho-verde

Troglodytidae

Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra

Turdidae

Turdus albicollis Vieillot, 1818 sabiá-coleira

Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco

Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira

Turdus subalaris (Seebohm, 1887) sabiá-ferreiro

Tyrannidae

Alectrurus risora* (Vieillot, 1824) tesoura-do-campo

Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) freirinha

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha

Cnemotriccus fuscatus fuscatus

(Wied-Neuwied, 1831) guaracavuçu

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela

Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830) tuque

Elaenia obscura (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837)

tucão

Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868 guaracava-de-bico-curto

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica

Euscarthmus meloryphus Wied, 1831 barulhento

Hymenops perspicillatus (Gmelin, 1789) viuvinha-de-óculos

Knipolegus cyanirostris (Vieillot, 1818) maria-preta-de-bico-azulado

Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado

Lessonia rufa (Gmelin, 1789) colegial

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei

Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 irré

Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) bem-te-vi-rajado

Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) guaracava-de-crista-alaranjada

Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe

Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) piolhinho

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi

Pseudocolopteryx flaviventris (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837)

amarelinho-do-junco

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107

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Pseudocolopteryx sclateri (Oustalet, 1892) tricolino

Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) príncipe

Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) suiriri-pequeno

Serpophaga nigricans (Vieillot, 1817) joão-pobre

Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) alegrinho

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri

Tyrannus savana Vieillot, 1808 tesourinha

Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera

Xolmis dominicanus (Vieillot, 1823) noivinha-de-rabo-preto

Xolmis irupero (Vieillot, 1823) noivinha

Vireonidae

Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) gente-de-fora-vem ou pitiguari

Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) juruviara

PELECANIFORMES

Ardeidae

Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grande

Ardea cocoi Linnaeus, 1766 garça-moura ou socó-grande

Botaurus pinnatus (Wagler, 1829) socó-boi-baio

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira

Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho

Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) garça-azul

Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena

Ixobrychus involucris (Vieillot, 1823) socoí-amarelo

Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu

Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira

Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi-verdadeiro

Threskiornithidae

Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) maçarico-de-cara-pelada ou chapéu-velho

Platalea ajaja Linnaeus, 1758 colhereiro

Plegadis chihi (Vieillot, 1817) maçarico-preto

Theristicus caerulescens (Vieillot, 1817) maçarico-real

Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) curicaca

PHOENICOPTERIFORMES

Phoenicopteridae

Phoenicoparrus andinus (Philippi, 1854) flamingo-andino

Phoenicopterus chilensis Molina, 1782 Flamingo

PICIFORMES

Picidae

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde-barrado

Melanerpes candidus (Otto, 1796) pica-pau-branco

Piculus aurulentus (Temminck, 1821) pica-pau-dourado

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108

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) picapauzinho-verde-carijó

Ramphastidae

Ramphastos toco Statius Muller, 1776 tucanuçu

PODICIPEDIFORMES

Podicipedidae

Podicephorus major (Boddaert, 1783) mergulhão-grande

Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) mergulhão

Rollandia rolland (Quoy & Gaimard, 1824) mergulhão-de-orelha-branca

Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) mergulhão-pequeno

PROCELLARIIFORMES

Diomedeidae

Phoebetria fusca (Hilsenberg, 1822) piau-preto

Thalassarche chlororhynchos (Gmelin, 1789) albatroz-de-nariz-amarelo

Thalassarche melanophris (Temminck, 1828) albatroz-de-sobrancelha

Procellariidae

Calonectris borealis (Cory, 1881) pardela-de-bico-amarelo

Daption capense (Linnaeus, 1758) pomba-do-cabo

Macronectes giganteus (Gmelin, 1789) pardelão-gigante-de-bico-verde

Pachyptila belcheri (Mathews, 1912) faigão-de-bico-fino

Pachyptila desolata (Gmelin, 1789) faigão-rola

Puffinus gravis (O´Reilly, 1818) pardela-grande-de-sobre-branco

Puffinus griseus (Gmelin, 1789) pardela-escura

Puffinus puffinus (Brünnich, 1764) pardela-pequena

PSITTACIFORMES

Psittacidae

Myiopsitta monachus (Boddaert, 1783) caturrita

Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) tiriba-de-testa-vermelha

SPHENISCIFORMES

Spheniscidae

Aptenodytes patagonicus Miller, 1778 pinguim-rei

Spheniscus magellanicus (Forster, 1781) pinguim-de-magalhães

STRIGIFORMES

Strigidae

Asio clamator (Vieillot, 1808) coruja-orelhuda

Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-do-campo

Bubo virginianus (Gmelin, 1788) jacurutu

Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) caburé

Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato

Megascops sanctaecatarinae (Salvin, 1897) corujinha-do-sul

Tytonidae

Tyto alba (Scopoli, 1769) coruja-de-igreja

STRUTHIONIFORMES

Rheidae

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109

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Rhea americana (Linnaeus, 1758) ema

SULIFORMES

Anhingidae

Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) biguatinga

Fregatidae

Fregata magnificens Mathews, 1914 tesourão

Phalacrocoracidae

Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá

Sulidae

Sula leucogaster (Boddaert, 1783) atobá-pardo

TINAMIFORMES

Tinamidae

Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) inambuguaçu

Nothura maculosa (Temminck, 1815) perdiz ou codorna

Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) perdigão

TROGONIFORMES

Trogonidae

Trogon surrucura Vieillot, 1817 surucuá-variado

Total de espécies 362

A classificação e nomenclatura seguem compilação de CBRO, 2011, e os nomes populares seguem Bencke et al.,2010. Legenda: * Espécies com apenas registro histórico para a região (Gliesch, 1930) e

ex Espécie exótica.

Anexo 5: Tabela geral com todas as espécies de mamíferos compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul.

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

ARTIODACTYLA

Cervidae

Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) cervo-do-Pantanal

Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814) veado-catingueiro

Mazama americana* (Erxleben, 1777) veado-mateiro

Suidae

Sus scrofaex

Linnaeus, 1758 javali-europeu

CARNIVORA

Felidae

Felis catusex

Linnaeus, 1758 gato-doméstico

Leopardus braccatus (Cope, 1889) gato-palheiro

Leopardus geoffroyi (d’Orbigny & Gervais, 1844) gato-do-mato-grande

Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) gato-do-mato-pequeno

Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-maracajá

Puma yagouaroundi (É. Geoffory Saint-Hilaire, 1803) gato-mourisco

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110

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Puma concolor (Linnaeus, 1771) onça-parda

Canidae

Canis familiarisex

Linnaeus, 1758 cachorro-doméstico

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) graxaim

Lycalopex gymnocercus (G. Fischer, 1814) raposa-do-campo

Mustelidae

Eira barbara (Linnaeus, 1758) irara

Galictis cuja (Molina, 1782) furão

Lontra longicaudis (Olfers, 1818) lontra

Mephitidae

Conepatus chinga (Molina, 1782) zorrilho

Procyonidae

Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) mão-pelada

Nasua nasua* (Linnaeus, 1766) quati

CHIROPTERA

Noctilionidae

Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) morcego-pescador-grande

Phyllostomidae

Desmodus rotundus (É. Geoffroy, 1810) morcego-vampiro

Glossophaga soricina (Pallas, 1766) morcego-beija-flor

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) morcego

Artibeus fimbriatus (Gray, 1838) morcego

Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) morcego

Vespertilionidae

Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) morcego-orelhudo

Lasiurus ega (Gervais, 1856) morcego

Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) morcego-borboleta

Myotis nigricans (Schinz, 1821) morcego

Myotis ruber* (É. Geoffroy, 1806) morcego

Molossidae

Molossus molossus (Pallas, 1766) morcego-de-cauda-livre

Molossus rufus (É. Geoffroy, 1805) morcego

Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) morcego-do-telhado

CINGULATA

Dasypodidae

Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) tatu-de-rabo-mole-grande

Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) tatu-mulita

Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-galinha

Dasypus septemcinctus (Linnaeus, 1758) tatuí

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-peba

DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae

Caluromys lanatus* (Olfers, 1818) cuíca-lanosa

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111

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Chironectes minimus* (Zimmermann, 1780) cuíca-d'água

Cryptonanus guahybae (Tate, 1931) catita

Didelphis albiventris (Lund, 1840) gambá

Gracilinanus sp. cuíca

Lutreolina crassicaudata (Desmarest, 1804) cuíca-de-cauda-grossa

LAGOMORPHA

Leporidae

Lepus sp.ex

lebre-européia

PILOSA

Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) tamanduá-mirim

PRIMATES

Atelidae

Alouatta guariba clamitans (Cabrera, 1940) bugio-ruivo

RODENTIA

Cricetidae

Akodon azarae (G. Fischer, 1829) rato

Akodon montensis (Thomas, 1913) rato

Calomys laucha (G. Fischer, 1814) rato

Brucepattersonius iheringi (Thomas, 1896) rato

Delomys dorsalis (Hensel, 1873) rato-do-mato

Deltamys kempi (Thomas, 1917) rato-do-mato

Holochilus brasiliensis (Desmarest, 1819) rato-d'água

Oligoryzomys flavescens (Waterhouse, 1837) rato-do-mato

Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) rato-do-mato

Oxymycterus nasutus (Waterhouse, 1837) rato-do-brejo

Scapteromys tumidus (Waterhouse, 1837) rato-d'água

Sooretamys angouya (G. Fischer, 1814) rato-do-mato

Wilfredomys oenax (Thomas, 1928) rato-do-mato

Caviidae

Cavia aperea (Erxleben, 1777) preá

Cavia magna (Ximenez, 1980) preá

Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) capivara

Ctenomyidae

Ctenomys flamarioni (Travi, 1981) tuco-tuco-branco

Ctenomys lami (Freitas, 2001) tuco-tuco

Ctenomys minutus (Nehring, 1887) tuco-tuco

Cuniculidae

Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) paca

Dasyproctidae

Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) cutia

Erethizontidae

Coendou spinosus (F. Cuvier, 1823) ouriço-cacheiro

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112

Taxa Autor e ano Nome comum

ORDEM/ Família/ Espécie

Echimyidae

Kannabateomys amblyonyx (Wagner, 1845) rato-da-taquara

Phyllomys dasythrix (Hensel, 1872) rato-da-árvore

Euryzygomatomys spinosus (G. Fischer, 1814) guirá

Myocastoridae

Myocastor coypus (Molina, 1782) ratão-do-banhado

Muridae

Mus musculusex

Linnaeus, 1758 camundongo

Rattus rattusex

(Linnaeus, 1758) rato-doméstico

Total de espécies 77

A classificação e nomenclatura seguem compilação de Wilson & Reeders, 2011 e Voss et al., 2013. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS.

ex

Espécie exótica.

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