diagnÓstico ambiental do cone do rio grande bacia de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA FÍSICA, QUÍMICA E GEOLÓGICA LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CONE DO RIO GRANDE BACIA DE PELOTAS, RS Oc. Thayná Martins Brandão Correia Orientador. Prof. Dr. Paulo R. Baisch Coorientador. Profa. Dra. Maria Isabel Machado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA FÍSICA,

QUÍMICA E GEOLÓGICA

LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CONE DO RIO GRANDE –

BACIA DE PELOTAS, RS

Oc. Thayná Martins Brandão Correia

Orientador. Prof. Dr. Paulo R. Baisch

Coorientador. Profa. Dra. Maria Isabel Machado

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Thayná Martins Brandão Correia

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CONE DO RIO GRANDE –

BACIA DE PELOTAS, RS

Oc. Thayná Martins Brandão Correia

Orientador. Prof. Dr. Paulo R. Baisch

Corientador. Profa. Dra. Maria Isabel Machado

Rio Grande, abril de 2012.

Dissertação apresentada como

requisito parcial para obtenção do

título de mestre em Oceanografia

Física, Química e Geológica.

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“Todo mundo ama um dia,

Todo mundo chora

Um dia a gente chega

E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz

E ser feliz’’.

Renato Teixeira e Almir Sater

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Para meus pais, irmã, avós e Wagner,

pois eles fazem parte de mim.

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~ v ~

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que fizeram parte não apenas deste trabalho, mas

de minha formação profissional e pessoal nesta etapa da minha vida.

Agradeço aos meus pais Eduardo e Márcia, e irmã Thabata, pelo amor, apoio e

compreensão. Pelas reuniões de família e presentes via sedex. Ao meu avô Júlio que me

passou valores que escola nenhuma poderia me ensinar e aos meus avós Lídia, Júlia e

José pelo carinho sempre que retorno para casa. Ao Wagner, por estar sempre ao meu

lado, me ajudando a enfrentar a vida, me forçando a ler jornal e me mostrando, mesmo

sem saber, que sempre podemos ser melhores.

Agradeço também aos Professores Paulo Baisch pela orientação. A Isabel

Machado pelo esforço de tornar-se também uma oceanóloga e pelos puxões de orelha

durante esses 4 anos de convivência! Ao Professor Gilberto Griep pelo amor à profissão

e por me mostrar que o que vale é fazermos o que gostamos, o resto é conseqüência.

Aos Professores René e Liliana Lopez pelo gentil auxílio nas análises e metodologias,

ao Bhramam Tohidi, pela atenção e hospitalidade e ao George Stilgoe pelo envio de

informações extremamente úteis para este trabalho.

Agradeço ao Paulo de Tarso pelo tempo cedido e por ter aceitado participar

desta banca de avaliação.

Agradeço à ANP pela concessão da bolsa e pelas amostras cedidas e ao PRH-27

pelas experiências de vida, pelos congressos e cursos e por ter contribuído,

imensamente, na minha formação profissional.

Não posso deixar de agradecer aos meus amigos, poucos, mas verdadeiros,

Michelle Pieroni, Vivian Martinho, Rayd Nunes, Rafa Marreto, Luiz Laurino, que, perto

ou longe, ajudaram a enfrentar os dias de tormenta. E também a querida Marília Wally,

pelas grandes parcerias nestes 2 anos de convivência. Agradeço aos amigos Elisa Seus,

Laura Moreira, Keith da Collina, Débora Diniz, Mariana Gripp e Nicolas Zanella que

ajudaram no transporte, abertura ou análise das amostras utilizadas neste trabalho, e

também aos funcionários do LOG Manolo, Clabisnei e Glória pelos cafés e conversas.

Agradeço também aos colegas Marcelo Pinho, Lelo, Pri Teixeira, Rodrigo

Paulista e Marília Wally (novamente) que, com muita paciência, atenderam meus

suplícios de ajuda com o mundo tecnológico.

E, finalmente, agradeço ao Santo Expedito pela graça alcançada!

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RESUMO

O Cone do Rio Grande é uma feição sedimentar localizada ao sul da Bacia

Pelotas, formada no Holoceno, com sedimentos provenientes da Lagoa dos Patos e do

Rio da Prata através de paleocanais formados pelas regressões e transgressões marinhas

desta época. Através de registros sísmicos, foi identificada presença de hidratos de gás

nesta feição. Estes compostos, apesar de ainda não explorados nos sedimentos

marinhos, são recursos passíveis de exploração e diversos países têm investido na

tecnologia para este fim. Através de levantamento bibliográfico e análises físico-

químicas em amostras de sedimento obtidas por testemunhagem, demonstrou-se que o

Cone do Rio Grande possui sedimentos dominantemente de textura fina, com

predominância da fácie silte argilosa, com uma reduzida taxa de sedimentação atual

quando comparada ao período de formação desta feição. A precipitação dos sedimentos

atuais do Cone é fortemente influenciada pelo sistema de correntes da região. Os valores

encontrados de pH indicam que os sedimentos possuem características que variam de

neutra à levemente alcalinas. As concentrações de COT e carbonatos apresentaram

médias de 0,46% e 14,37%, respectivamente, e estes valores estão dentro do normal

para sedimentos marinhos de mesma textura. As concentrações de Nitrogênio Total e P

apresentaram médias de 731,08 ppm e 1745,44 ppm, respectivamente, situando-se um

pouco acima da média mundial deste elemento em sedimentos de granulometria fina de

plataforma e marinhos. Esta característica é atribuída à circulação local e fertilização

das águas devido ao encontro da Corrente Malvinas, carregadas de nutrientes, com a

Corrente do Brasil. As concentrações médias de metais foram 15,54 ppm para o Cu,

14,32 ppm para o Cr, 14,98 ppm para o Pb, 2,01% para o Fe, 12,61 ppm para o Ni e

64,82 ppm para o Zn. Para todos os elementos metálicos, as concentrações situam-se

abaixo das descritas para regiões oceânicas similares, entretanto o Cone apresentou

maiores teores metálicos em comparação com as outras regiões da Bacia Pelotas. Os

elementos metálicos, COT, NT e P apresentaram uma distribuição geográfica

semelhante, concentrando-se em sua maioria na porção sul do Cone. As espécies de

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos encontrados foram: naftaleno, 1

Metilnaftaleno, Bifenil, Acenafteno, Fluoreno, Dibenzothiofeno, Fenantreno,

Antraceno, Fluoranteno, Pireno, Benzo(a)antraceno, Criseno, Benzo(b)fluoranteno,

Benzo(k)fluoranteno, Benzo(a)pireno, Perileno, Benzo(e)pireno, Indeno(1,2,3-

cd)pireno, Dibenzo(a,h)antraceno e Benzo(g.h.i)perileno. Os HPAs apresentaram razões

geoquímicos que indicam fontes petrogênicas para os hidrocarbonetos dos sedimentos

do Cone. Este quadro é atribuído a possíveis exsudações de hidrocarbonetos na região,

visto que não foram encontrados indícios de contaminação na área. Dentre as espécies

bentônicas identificadas na borda oeste do Cone, destacam-se algumas espécies de

~ vi ~

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corais azooxantelados, que podem formar bancos de corais de profundidade, de extrema

importância ecológica para regiões oceânicas. Os organismos planctônicos não

apresentam grande diversidade nesta região, entretanto, há registros de aumento na

biomassa fitoplanctônica na estação de inverno. A área do Cone, plataforma e talude

continentais são importantes regiões de pesca para diferentes espécies como atuns e

afins, bonito-listrado, corvina, camarão-rosa, sardinha-verdadeira, polvo. Há registros

de espécies de elasmobrânquios, cetáceos, tartarugas e aves, algumas, ameaçadas de

extinção. Este trabalho alcançou o objetivo de agregar dados de diversas áreas do Cone

do Rio Grande, a fim de elaborar seu Diagnóstico Ambiental, entretanto, com exceção

das análises físico-químicas do sedimento, os dados apresentados foram produzidos há

algumas décadas, com objetivos diversos e sem foco na região do Cone. Assim, há

necessidade de realizar uma campanha oceanográfica para estudar, exclusivamente, o

Cone do Rio Grande, visto sua importância ecológica e econômica, e da grande

perspectiva que esta área apresenta de tornar-se fonte importante de recurso energético

para o país.

Palavras chave: Bacia Pelotas, Cone do Rio Grande, Diagnóstico Ambiental.

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ABSTRACT

The Cone of Rio Grande is a sedimentary structure located in the south portion

of Pelotas Basin, formed in the Holocene by sediments from the estuaries of Patos

Lagoon an Plata River through paleochanels formed by marine transgressions and

regretions in this epoch. Through seismic data, it was identified the presence of gas

hydrates in this sedimentary feature. These compounds, beyond not commercially

explored in the marine sediment yet, they are energy resources that could be explored

and several countries are developing technology for that. Through bibliographic

research and physical-chemical analysis in sediment samples collected by vibra core,

this work demonstrated that the Cone of Rio Grande is formed dominantly by fine

texture sediments, with the predominance of silte and clay, where the actual

sedimentation rate is quite reduced compared to its formation. The sediment

precipitation is strongly influenced by the oceanic currents that occur in that area. The

pH values indicate that the sediments are lightly neutral to lightly alkaline. The total

carbon e carbonates media concentration were 0.46% e 14.37%, respectively. These

values found are in the medium values found to marine sediment with same texture. The

total nitrogen and phosphorus media were 731.08 ppm and 1745.44 ppm, respectively,

and the media for these parameters were a little higher than the media found for marine

sediment with same granulometric composition. This characteristic is attributed to the

local circulation and fertilization caused by the encounter of Falkland Current,

containing a large quantity of nutrients and Brazil Current. The media concentration of

metals were 15.54 ppm to Cu, 14.32 ppm to Cr, 14.98 ppm to BP, 2.01% to Fe, 12.61

ppm, to Ni and 64.82 ppm to Zn. To all these elements, the concentrations found are

lower than the described to similar oceanic areas, however the Cone presented higher

concentration to these elements comparing to the Pelotas Basin. The TOC, TN, P and

metallic elements, organic and not organic presented a similar geographic distribution,

were the highest values were found in the Cone of Rio Grande south portion. The PAHs

found were naftalene, 1 Metilnaftalene, Bifenil, Acenaftene, Fluorene,

Dibenzothiophene, Fenantrene, Antracene, Fluorantene, Pirene, Benze(a)antraceno,

Criseno, Benze(b)fluoranteno, Benze(k)fluoranteno, Benze(a)pireno, Perilene,

Benze(e)pirene, Indene(1,2,3-cd)pirene, Dibenze(a,h)antracene and

Benze(g.h.i)perilene. The PAHs presented geochemistry ratios that indicates petrogenic

source. This characteristic suggests natural hydrocarbon exudation, once there is no

contamination evidence in this area. Among the benthonic species identified in Cone of

Rio Grande west side, detaches some azooxantaled coral, species that can form coral

reef, extremely important for the deep oceanic biodiversity. The planktonic organisms

did not present high diversity in this area; nevertheless there are data from high levels of

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phytoplanktonic biomass on winter. In the Cone area, platform and slope there are

important fishery resource, like tuna, bonito-listrado, corvine, shrimp, sardine and

octopus. It also occurs the register of elasmobranches, cetaceous, turtle and birds, some

of them, endangered. This work reached the objective to aggregate data from several

areas from Cone of Rio Grande, with the objective to elaborate an Environmental

Diagnosis, however, excluding the sediment physic-chemical analyses, the data

presented were produced a long time ago, with several different objectives, with no

focus in the Cone area. Therefore there is the necessity to perform an specific

oceanographic campaign to study, exclusively the Cone of Rio Grande in order to its

ecologic and economic importance, and the high perspective this area presents to be the

source of an important energy resource to the country.

Key words: Pelotas Basin, Cone of Rio Grande, Environmental Diagnosys.

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LISTA DE SIGLAS

ACAS: Água Central do Atlântico Sul

ACP: Análise de Componentes Principais

ACS: Água Circumpolar Superior

AIA: Água Intermediária Antártica

ANP: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ANTAQ: Agência Nacional de Transportes Aquaviários

APAN: Água Profunda do Atlântico Norte (APAN)

ASAP: Água Subantártica de Plataforma

ASTP: Água Subtropical de Plataforma

AT: Água Tropical

AVHRR: Advanced Very High Resolution Radiometer

BSR: Bottom Simulatting Reflectors

Bz(a)Ant/Cr: Benzo(a)antraceno/Criseno

CB: Corrente do Brasil

CDB: Convenção de Diversidade Biológica

COPESUL: Companhia Petroquímica do Sul

COT: carbono orgânico total

ECOPEL: Projeto Ecossistema Pelágico no Extremo Sul do Brasil

F2: fração da extração dos HPAs

Fen/Ant: Fenantreno/Antraceno

FEPAM: Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

Fl/Pi: Fluoranteno/Pireno

FURG: Universidade Federal do Rio Grande

GC-MS: cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

HPAs: Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

L: Leste

LD: Limite de detecção

LOG: Laboratório de Oceanografia Geológica

MetilNaf/Naf: Metil naftalenos/Naftalenos

MMA: Ministério do Meio Ambiente

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MOST: Microbial Oil Survey Technique

MPA: Ministério da Pesca e Aquicultura

N: Norte

n: número de amostras

Naf/Fen: Naftaleno/Fenantreno

ND: não detectável

NT: Nitrogênio Total

O: Oeste

ONG: Organização Não Governamental

p: nível de significância

P: Fósforo

pH: potencial hidrogeniônico

PNAP: Plano Nacional de Áreas Protegidas

PRP: Pluma do Rio da Prata

REFAP: Refinaria Alberto Pasqualini

REMAC: Projeto Reconhecimento Global da Margem Continental Brasileira

REVIZEE: Programa Recursos Vivos da Zona Econômica

RS: Rio Grande do Sul

S: Salinidade

S: Sul

SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

T: Temperatura

TEDU: Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra

TS: Temperatura/Salinidade

UC: Unidade de Conservação

UNEP: United Nations Environment Programme

USEPA: United States Environmental Protection Agency

ZEE: Zona Econômica Exclusiva

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LISTA DE UNIDADES

%: por cento

3D: Tridimensional

células/l: células por litro

cm: centímetros

cm/103: centímetros por 1000

eV: eletro volts

g: gramas

h: horas

ha: hectare

Kg: quilogramas

Km: quilômetros

Km2: quilômetros quadrados

l: litro

m: metros

m²: metro quadrado

m³: metro cúbico

m.a.: milhões de anos

min: minutos

ml: mili litros

mm: milímetro

N:normal

Nm: nanômetro

oC: grau Celsius

oC/min: grau Celcius por minuto

org/100m³: organismos por 100 metros cúbicos

ppb: parte por bilhão

ppm: parte por milhão

t: tonelada

μg: micro grama

μL: micro litro

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SUMÁRIO

Resumo ............................................................................................................................vi

Abstract..........................................................................................................................viii

Lista de Siglas ...................................................................................................................x

Lista de Unidades . .........................................................................................................xii

Lista de Figuras ..............................................................................................................xv

Lista de Tabelas .............................................................................................................xxi

1. Introdução ................................................................................................................... 22

1.1. O Cone do Rio Grande ........................................................................................ 23

1.2. O Cone do Rio Grande no Contexto da Indústria Energética.............................. 26

1.3. Objetivos .............................................................................................................. 31

1.3.1. Objetivo Geral .............................................................................................. 31

1.3.2. Objetivos Específicos ................................................................................... 31

2. Área de Estudo ........................................................................................................... 32

2.1. A Bacia de Pelotas ............................................................................................... 32

2.1.1. Características Geológicas e Geomorfológicas ............................................ 32

2.1.2. Morfologia da Plataforma Continental ......................................................... 36

3. Material e Métodos ..................................................................................................... 37

3.1. Etapa investigativa ............................................................................................... 37

3.2. Etapa analítica...................................................................................................... 38

3.2.1. Abertura dos Testemunhos e Coleta das Amostras ...................................... 40

3.2.2. Metodologia analítica ................................................................................... 44

3.2.3. Tratamento Estatístico .................................................................................. 50

4. Resultados & Discussão ............................................................................................. 51

4.1. Meio Físico-Químico ........................................................................................... 51

4.1.1. Formação e Geologia do Cone do Rio Grande ............................................. 51

4.1.2. Granulometria e Faciologia do Cone do Rio Grande ................................... 55

4.1.3. Clima e circulação atmosférica das áreas adjacentes ao Cone do Rio Grande

................................................................................................................................ 62

4.1.4. Circulação oceânica da região do Cone do Rio Grande ............................... 65

4.1.5. Estudos Paleooceanográficos e Datação do Cone do Rio Grande................ 72

4.1.5. Geofísica do Cone do Rio Grande ................................................................ 75

4.1.6. Geoquímica do Cone do Rio Grande ............................................................ 85

4.2. Meio Biótico ...................................................................................................... 120

4.2.1. Caracterização da microbiologia ................................................................ 120

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~ xiv ~

4.2.2. Caracterização da fauna .............................................................................. 121

4.3. Meio Sócioeconômico ....................................................................................... 167

4.3.1. Atividades Pesqueiras ................................................................................. 167

4.3.2. Tráfego de navios e grandes embarcações na região do Cone do Rio Grande

.............................................................................................................................. 176

4.3.3. Atividades da Indústria do Petróleo............................................................ 177

5. Conclusões ................................................................................................................ 180

6. Sugestões para Trabalhos Futuros ............................................................................ 182

7. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 183

ANEXO I ..................................................................................................................... 215

ANEXO II .................................................................................................................... 216

ANEXO III .................................................................................................................. 217

ANEXO IV .................................................................................................................. 218

ANEXO V ................................................................................................................... 219

ANEXO VI .................................................................................................................. 220

ANEXOVII .................................................................................................................. 221

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~ xv ~

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do Cone do Rio Grade ............................................................... 25

Figura 2. Blocos ofertados pela ANP durante a 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Rodadas de Licitação e

Blocos adquiridos pela PETROBRAS durante a 6ª Rodada de Licitações ................... 27

Figura 3. Queima de hidrato de gás e molécula deste composto .................................. 28

Figura 4. Mapa das reservas de hidratos de gás até então identificadas no planeta ...... 29

Figura 5. Limites geológicos e geográficos da Bacia de Pelotas ................................... 33

Figura 6. Carta estratigráfica da Bacia de Pelotas ......................................................... 35

Figura 7. Perfil das províncias submarinas de uma margem tipo Atlântica .................. 36

Figura 8. Fluxograma das etapas realizadas para a elaboração do Diagnóstico Ambiental

do Cone do Rio Grande ................................................................................................. 38

Figura 9. Localização dos testemunhos coletados pela Fugro Brasil e cedidos ao LOG

pela ANP ........................................................................................................................ 39

Figura 10. Localização dos testemunhos do Cone do Rio Grande utilizados neste

trabalho. Imagem do Google Earth com altitude aproximada de 353 Km .................... 40

Figura 11. Procedimentos tomados durante a abertura dos testemunhos e coletas das

amostras de sedimento ................................................................................................... 42

Figura 12. Localização das amostras utilizadas para a determinação de hidrocarbonetos

Figura 13. Fluxograma do método de análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(F2) ................................................................................................................................ 48

Figura 14. Mapa fisiográfico com as principais feições estruturais definidas para a Bacia

de Pelotas ....................................................................................................................... 52

Figura 15. Morfologia e sedimentos da Plataforma Continental do Rio Grande do

Sul/Uruguai , indicando a contribuição fluvial na sedimentação pré-Holoceno e

paleocanais ..................................................................................................................... 53

Figura 16. Sistema de paleodrenagem existente na plataforma continental interna,

próximo a saída da Lagoa dos Patos. As letras delimitam os trechos de paleocanais

analisados ....................................................................................................................... 54

Figura 17. Granulometria e faciologia da Plataforma do Rio Grande do Sul, Uruguai e

Tierra Del Fuego ............................................................................................................ 57

Figura 18. Mapa faciológico da plataforma do Rio Grande do Sul ............................... 58

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Figura 19. Distribuição granulométrica média das amostras de sedimento analisadas do

Cone do Rio Grande ...................................................................................................... 61

Figura 20. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos

valores médios das amostras dos testemunhos do Cone do Rio Grande ....................... 61

Figura 21. Balanço das massas de ar na região nos períodos de verão (A) e inverno (B) e

sua relativa posição latitudinal ...................................................................................... 62

Figura 22. Faixa de precipitação anual .......................................................................... 64

Figura 23. Representação esquemática do Giro Subtropical do Atlântico Sul .............. 65

Figura 24. Diagrama TS e identificação das principais massas d’água do Atlântico Oeste

Sul .................................................................................................................................. 66

Figura 25. Imagem AVHRR de 20/03/1993, onde identifica-se a Corrente Malvinas

(cores frias), de temperaturas mais baixas, em encontro com a Corrente do Brasil (cores

quentes), de temperaturas mais quentes .........................................................................68

Figura 26. Estações de coleta dos dados ambientais dos cruzeiros REVIZEE Pelágicos.

Destaca-se os dados utilizados para identificação de massas d’água na área do Cone do

Rio Grande ..................................................................................................................... 69

Figura 27. Diagramas TS dos cruzeiros REVIZEE 1, 2 e 3 para as áreas próximas ao

Cone do Rio Grande ..................................................................................................... 72

Figura 28. Diagrama percentual dos principais palinofácies na amostra de testemunho

do Cone do Rio Grande ................................................................................................. 74

Figura 29. Idades e relação 13C/12C encontradas nas amostras de testemunho do Cone

do Rio Grande analisadas por Diniz (2011) .................................................................. 75

Figura 30: Linha sísmica de reflexão 317 com a divisão cronoestratigráfica da Bacia de

Pelotas ............................................................................................................................ 76

Figura 31. Multicanal sísmico na linha GeoB 01-159 no sul da margem continental

brasileira ao longo da margem do Cone do Rio Grande ................................................ 77

Figura 32. Mapa de Isópacas, referente ao intervalo Mioceno Médio – Recente,

mostrando o desenvolvimento do Cone do Rio Grande ................................................ 78

Figura 33. Identificação de uma feição característica de escape de gás encontrada no

Cone do Rio Grande ...................................................................................................... 79

Figura 34. Linhas sísmicas (em vermelho) interpretadas por Rosa et. al., 2007 ........... 80

Figura 35. Um dos perfis sísmicos obtidos por Rosa et. al., 2007 na seção sísmica

J99B342 interpretada e sua localização ......................................................................... 81

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~ xvii ~

36. Seção dip J99B342 mostrando a disposição das rochas geradoras turonianas e os

prováveis caminhos migratórios através dos diversos sistemas de falhas até os prováveis

reservatórios ................................................................................................................... 82

Figura 37. Modelo estrutural tridimensional do Cone do Rio Grande, identificando as

falhas encontradas por Castillo et al., 2009 ................................................................... 82

Figura 38. Sistema de falhas normais do Cone do Rio Grande ..................................... 83

Figura 39. Quadro comparativo com a carta estratigráfca, curva eustática,

bioestratigrafia do nível do mar e a evolução dos trabalhos de estratigrafia de sequências

aplicados para o Cone do Rio Grande ........................................................................... 84

Figura 40. Linha sísmica com 330 km reprocessada, com origem na plataforma e em

direção ao SE do Cone do Rio Grande .......................................................................... 85

Figura 41. Mapa de distribuição de concentração de carbonatos para o Cone do Rio

Grande ............................................................................................................................89

Figura 42. Distribuição da concentração (%) de carbonatos no Cone do Rio Grande ...89

Figura 43. Distribuição de carbonatos (%) nas diferentes regiões oceânicas do planeta91

Figura 44. Mapa de distribuição de concentração de Carbono Orgânico Total para o

Cone do Rio Grande ...................................................................................................... 92

Figura 45. Distribuição da concentração (%) de Carbono Orgânico Total no Cone do

Rio Grande ..................................................................................................................... 93

Figura 46. Mapa de distribuição de concentração de Nitrogênio Total para o Cone do

Rio Grande ..................................................................................................................... 94

Figura 47. Distribuição da concentração, em ppm (mg/Kg) de Nitrogênio Total no Cone

do Rio Grande ................................................................................................................95

Figura 48. Mapa de distribuição de concentração de Fósforo Total para o Cone do Rio

Grande ........................................................................................................................... 96

Figura 49. Distribuição da concentração, em ppm (mg/Kg) de Fósforo Total no Cone do

Rio Grande ..................................................................................................................... 97

Figura 50. Distribuição dos elementos metálicos e seus respectivos desvios padrão para

os sedimentos do Cone do Rio Grande .................................................................102-104

Figura 51. Mapa de distribuição de concentração de Cobre, em ppm, para o Cone do

Rio Grande ................................................................................................................... 105

Figura 52. Mapa de distribuição de concentração de Cromo, em ppm, para o Cone do

Rio Grande ................................................................................................................... 105

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Figura 53. Mapa de distribuição de concentração de Chumbo, em ppm, para o Cone do

Rio Grande ................................................................................................................... 106

Figura 54. Mapa de distribuição de concentração de Ferro, em ppm, para o Cone do Rio

Grande . ....................................................................................................................... 106

Figura 55. Mapa de distribuição de concentração de Níquel, em ppm, para o Cone do

Rio Grande ................................................................................................................... 107

Figura 56. Mapa de distribuição de concentração de Zinco, em ppm, para o Cone do Rio

Grande ......................................................................................................................... 107

Figura 57. Estruturas químicas dos HPAs analisados neste trabalho .......................... 110

Figura 58. Cromatogramas das amostras 2 (A), 3(B) e 4(C) ...................................... 111

Figura 59. Cromatograma e identificação dos biomarcadores terpanos e esterano na

amostra SIS-757 .......................................................................................................... 115

Figura 60. Projeção dos fatores 1 e 2 extraídos da Análise de Componentes

Principais.......................................................................................................................120

Figura 61. Mapa com distribuição dos valores MOST em sedimentos do topo dos

testemunhos analisados por Mello et al., 2008. A presença de áreas onde os valores

mais elevados de MOST foram observados, contendo uma maior abundancio de

micróbios consumidores de butano, foram observados na parte sul da Bacia, junto ao

Cone do Rio Grande .....................................................................................................122

Figura 62. Variação do número de espécies de acordo com as estações de coleta ...... 123

Figura 63. Limopsis janeiroensis, espécie de bivalve mais abundante no Cone do Rio

Grande ......................................................................................................................... 124

Figura 64. Localização das espécies de corais azooxantelados na plataforma externa e

talude do Rio Grande do Sul ........................................................................................ 125

Figura 65. Espécies de corais de profundidade encontrados na plataforma externa e

talude do Rio Grande do Sul......................................................................................... 126

Figura 66. Densidade de cladocera e percentual das espécies referentes às amostras de

rede Bongo durante inverno de 1988 e verão de 1990 ................................................ 129

Figura 67. Densidade de cladocera e percentual das espécies referentes às amostras de

rede de fechamento para diferentes estratos da coluna d’água .................................... 130

Figura 68. Distribuição da biomassa de zooplâncton em volume (ml/m³) sobre a

plataforma continental ................................................................................................. 131

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Figura 69. Valores médios em escala logaritmizada de biomassa (B=~gC/l) e densidade

(D=cels/l) do microplâncton para a Zona de Convergência Brasil-Malvinas no Oceano

Atlântico Sul Ocidental em novembro de 1992 ........................................................... 132

Figura 70. Áreas de estudo com distribuição horizontal e vertical dos grupos nas

estações de inverno de 1988 e verão de 1990 .............................................................. 133

Figura 71. Imagem da concentração média de clorofila-a para o período de outubro de

1997 a setembro de 2005 ............................................................................................. 134

Figura 72. Médias sazonais de clorofila-a na costa do Atlântico Sudoeste ................. 135

Figura 73. Abundância de larvas (a) e ovos (c) e assembléias de larvas (b) de peixes na

plataforma externa do Rio Grande do Sul ................................................................... 137

Figura 74. Espécies de peixes teleósteos encontrados na plataforma externa e talude sul

brasileiros ..................................................................................................................... 139

Figura 75. Área de captura da albacora-laje entre agosto de 1988 e outubro de 1990. 140

Figura 76. Espécies de peixes pelágicos de interesse comercial ................................. 142

Figura 77. Espécies de elasmobrânquios de maior ocorrência no sul do Brasil .......... 144

Figura 78. Tubarão azul - Prinace glauca e anequim - Isurus oxyrinchus encontrados no

talude e águas profundas do sul do Brasil ................................................................... 145

Figura 79. Área de ocorrência das espécies de tubarão azul e anequim amostrada por

Vaske-Júnior.& Rincón- Filho em 1998 ...................................................................... 145

Figura 80. Espécies de cefalópodes registradas ou de interesse comercial capturadas no

sul do Brasil ................................................................................................................. 147

Figura 81. Densidade de pesca da frota que utiliza Petrecho Potes para captura de Polvo

na região Sul em 2010 ................................................................................................. 148

Figura 82. Espécies de camarões pescadas no sul do Brasil ....................................... 148

Figura 83. Delimitação dos estoques de caranguejo-real - Chaceon ramosae e

caranguejo-vermelho - Chaceon notialis no sul do Brasil .......................................... 149

Figura 84. Espécies de cetáceos mais comuns na costa, plataforma e talude sul

brasileiro....................................................................................................................... 151

Figura 85. Descolamento de 4 indivíduos diferentes (T1, T2, T3 e T4) da espécie

tartaruga-de-couro, Dermochelys coriácea ................................................................. 153

Figura 86. Espécies de tartarugas ocorrentes no Brasil ............................................... 155

Figura 87. Algumas espécies de aves marinhas encontradas na região sul brasileira ..156

Figura 88. Unidades de Conservação do Estado do Rio Grande do Sul ..................... 158

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Figura 89. Banhado e Espécie migratória (Coscoroba coscoroba) nidificando na

Estação Ecológica do Taim ......................................................................................... 159

Figura 90. Parque Nacional da Lagoa do Peixe e espécie de flamingo encontrada na

região ........................................................................................................................... 160

Figura 91. Algumas paisagens do Parque Estadual de Itapeva ................................... 161

Figura 92. Áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos

benefícios da biodiversidade brasileira ........................................................................ 165

Figura 93. Importância Biológica da zona costeira e marinha que contemplam a Bacia

de Pelotas e um trecho da Bacia de Santos .................................................................. 166

Figura 94. Produção de pescado (t) nacional da pesca extrativa marinha em 2009 e 2010

discriminada por região ............................................................................................... 168

Figura 95. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho de espinhel horizontal de

superfície para captura de Atuns e Afins em 2010 .......................................................169

Figura 96. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho de vara com isca-viva para a

captura de Bonito-listrado na região sul/sudeste em 2010 .......................................... 170

Figura 97. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho emalhe de fundo na região

sul/sudeste em 2010 ..................................................................................................... 171

Figura 98. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho arrasto duplo para a captura

de Camarão-rosa na região sul/sudeste em 2010 .........................................................172

Figura 99. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho rede de cerco para captura

de sardinha verdadeira na região sul/sudeste em 2010 ................................................ 173

Figura 100. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho potes para captura de

Polvo na região sul em 2010 ........................................................................................174

Figura 101. Trapiches para desembarque de pescados e caminhão frigorífico em São

José do Norte, mercado de peixes em Rio Grande e trapiches de desembarque de

pescados em indústrias processadores de pescado ...................................................... 175

Figura 102. Cadeia produtiva do pescado ................................................................... 176

Figura 103. Rotas de navios no globo ......................................................................... 177

Figura 104. Terminais de petróleo, monobóias e refinaria REFAP da PETROBRAS 178

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Coordenadas geográficas, profundidades de coleta (lâmina d’água),

comprimento total e profundidades amostradas de cada testemunho .............................43

Tabela 2 Limites de detecção do AA GBC 932 para os metais determinados ...............47

Tabela3. Granulometria percentual dos sedimentos em termo de areia, silte e argila ... 60

Tabela 4 - Limites termohalinos utilizados na classificação das massas d’água ........... 70

Tabela 5. Potencial hidrogeniônico (pH) medido na abertura dos testemunhos ........... 87

Tabela 6. Concentrações médias, em peso seco, de carbonatos totais nas amostras ..... 90

Tabela 7. Teores médios das concentrações (%) de Carbono Orgânico Total (COT),

Nitrogênio Total (ppm) e Fósforo Total (ppm) em peso seco das amostras analisadas e

suas respectivas médias, desvios padrão, mínimos e máximos ..................................... 98

Tabela 8. Médias, desvio padrão, valores mínimos e máximos dos metais analisados

(Cu, Cr, Pb, Fe, Ni e Zn) em ppm ............................................................................... 101

Tabela 9. Valores metálicos de referência, de diversos autores, para diferentes classes de

sedimentos marinhos ................................................................................................... 108

Tabela 10. Concentrações em ppb para os 23 HPAs analisados ................................. 112

Tabela 11. Razões de HPAs calculadas para as amostras de sedimentos do Cone do Rio

Grande ......................................................................................................................... 114

Tabela 12. Matriz de correlação entre os parâmetros analisados nas amostras de

sedimento do Cone do Rio Grande............................................................................... 118

Tabela 13. Variáveis associadas a cada componente principal e a contribuição na

variância total na análise de Componentes Principais ................................................. 119

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com uma das maiores extensões de margem continental do

mundo, que assim como as regiões costeiras, engloba diversos segmentos e bacias

sedimentares com características geológicas distintas e diferentes graus de

conhecimento (BIZZI et al., 2003). Com esta ampla diversidade de ambientes costeiros

e oceânicos, vem a disponibilidade de recursos minerais, biológicos e energéticos já

explorados pela indústria e aqueles ainda inexplorados ou até mesmo ainda

desconhecidos.

Borges (2007) realizou um levantamento dos bens minerais em exploração na

zona costeira e plataforma continental brasileira, que podem ser classificados em dois

grupos, os socioeconômicos ocorrentes e os políticos estratégicos. Os socioeconômicos

movimentam a economia e geram empregos a curto e médio prazo, como granulados

litoclásticos, granulados bioclásticos, placeres, fosforitas, evaporitos, enxofre, carvão e

hidratos; os político-estratégicos possuem acentuada importância estratégica, garantindo

o predomínio brasileiro em áreas internacionais adjacentes à jurisdição nacional, que

incluem crostas cobaltíferas, sulfetos e nódulos polimetálicos.

Em relação aos recursos biológicos, diversos organismos marinhos são

utilizados como fontes de matéria prima, como as algas, coletadas em larga escala,sendo

utilizadas na indústria de alimentos e cosméticos. A obtenção de drogas medicinais e

novos princípios ativos extraídos de organismos marinhos também têm progredido

significativamente nas últimas décadas (WEBER, 1992).

O crescimento exponencial da população mundial demanda um maior consumo

dos recursos naturais. O esgotamento destes recursos explorados nas regiões costeira

leva a indústria para as regiões mais distais da costa, para a plataforma e o talude

continental. Um exemplo deste tipo de indústria é a petrolífera, migrando as

prospecções da costa para o oceano profundo, em busca de novas jazidas, cada vez mais

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~ 23 ~

distante da zona costeira, acompanhada do crescimento tecnológico e da modificação na

estrutura das plataformas (NETO & COSTA, 2007).

Entretanto, diferentemente da região costeira, as províncias de plataforma e

talude não são conhecidas em sua totalidade, mas são estudadas de modo pontual e

espaçadamente, seguindo os interesses diversos da academia e da indústria, e assim é

produzido um conhecimento segregado destas regiões.

Dentre as diversas áreas da plataforma e talude continental do Brasil ainda

inexploradas pela indústria e pouco conhecida pela academia, encontra-se uma feição

conhecida como Cone do Rio Grande, situada ao sul da Bacia de Pelotas, a cerca de 200

km da costa do Rio Grande do Sul.

1.1. O CONE DO RIO GRANDE

Os Cones submarinos são feições localizadas nos taludes e sopé das margens

continentais do tipo passiva, associados a deposições deltaicas e depósitos de matéria

orgânica (SANTOS, 2009).

O Cone do Rio Grande (Fig. 1) é caracterizado como uma feição formada por

espessa cunha de sedimentos (MARTINS, 1984) e destaca-se pelo seu expressivo

tamanho e registros de sísmica (FONTANA, 1989; FONTANA & MUSSUMECI,1994;

SAD et al., 1997 e SAD et al.,1998, LÓPES, 2009 e ROBERTS et al., 2012) que

levantam a possível existência de um recurso energético. Esta feição localiza-se na

região sul da Bacia de Pelotas, aproximadamente entre as latitudes 31° a 34°S e as

longitudes de 45° a 51°W(GONÇALVES & DEHNHARDT, 1999),apresentando forma

assimétrica sendo estendida para o extremo sudoeste do Offshore da Bacia de Pelotas

desde a plataforma até o talude e parte do sopé (LÓPES, 2009). Sua formação teve

início no Mioceno Superior e continuou até o Pleisto-Holoceno e, segundo Martins

(1984), os sedimentos que o compõem são provenientes do Rio da Prata e do estuário da

Lagoa dos Patos.

Esta feição destaca-se pelo grande espessamento da seqüência sedimentar,

associada às altas taxas de sedimentação no Terciário. Segundo Fontana (1989),

Fontana & Mussumeci (1994), Sad. (1997) e Sad et al. (1998), o rápido soterramento

propiciou a preservação de matéria orgânica e a formação de gás biogênico, registrando-

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~ 24 ~

se, através de estudos sísmicos, ocorrência de hidratos de gás em profundidades que

estão entre 100 e 1.000 m na coluna sedimentar, em batimetrias de 1.000 a 2.500 m.

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Figura 1. Localização do Cone do Rio Grade.

(Fonte: Adaptado de Rosa et al., 2007).

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~ 26 ~

1.2. O CONE DO RIO GRANDE NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA ENERGÉTICA

As Rodadas de Licitações para exploração, desenvolvimento e produção de

petróleo e gás natural realizadas periodicamente pela Agência Nacional do Petróleo,

Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) constituem, desde a promulgação da Lei nº 9.478

de 1997 - a Lei do Petróleo - o único meio legal no Brasil para a contratação, pelo

regime de concessão, dessas atividades econômicas pela União (ANP, 2012). Através da

oferta de blocos para exploração de petróleo e gás natural, as empresas nacionais e

estrangeiras podem adquirir blocos para a exploração destes recursos por um

determinado período de tempo. Também fica sob a responsabilidade das empresas

vencedoras da licitação, a realização de estudos específicos para a prospecção destes

recursos energéticos.

Nos anos de 2002 a 2006 durante a 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Rodadas de Licitação, a

ANP loteou e ofereceu blocos para exploração na porção sul da Bacia de Pelotas. Sendo

que dos 33 blocos ofertados, apenas 6 foram adquiridos pela Petróleo Brasileiro S.A. –

PETROBRAS em 2004 durante a 6ª Rodada de Licitações (Fig.2). É importante

ressaltar que os blocos adquiridos pela PETROBRAS, encontram-se exatamente na

região do Cone do Rio Grande. Dos 6 blocos adquiridos, 2 deles – P-M-1267 e P-M-

1349 – foram devolvidos à ANP

Até o momento, nos 4 blocos recentemente adquiridos pela PETROBRAS não

foram realizadas atividades físicas, apenas interpretação de dados sísmicos. Entretanto a

empresa confirmou em Junho de 2011 que pretende iniciar em 2012 a perfuração de um

poço – P-M-1353 – para prospecção de petróleo e gás natural na Bacia de Pelotas

(FAGUNDES, 2011).

Apesar do interesse da indústria energética no Cone, não existem estudos que

comprovem a presença de petróleo ou gás natural nesta região. No entanto, diversos

pesquisadores (FONTANA, 1989; FONTANA & MUSSUMECI,1994; SAD et al.,

1997 e SAD et al.,1998, LÓPES, 2009 e ROBERTS et al., 2012) através de estudos de

sísmica, relatam grande perspectiva na presença de hidratos de gás nos sedimentos do

Cone do Rio Grande.

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Figura 2. Blocos ofertados pela ANP durante a 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Rodadas de Licitação (amarelo)

e Blocos adquiridos pela PETROBRAS (rosa) durante a 6ª Rodada de Licitações.

(Fonte: ANP em www.anp.gov.br, acesso em 15/01/2012)

Hidratos de gás são compostos sólidos de baixo peso molecular que constituem

uma forma de ocorrência do gás metano, onde este aparece aprisionado às células de

gelo conhecidas como clatratos (Fig. 3). Costumam ocorrer naturalmente em áreas onde

o metano e água podem combinar-se em condições apropriadas de temperatura e

pressão (CRUICKSHANK & MASUTANI, 1999). Os hidratos são abundantes em

sedimentos submarinos nas margens continentais (Fig. 4) e ocorrem naturalmente em

certas áreas dos oceanos, vinculadas especialmente ao declive e à elevação continental

(MARTINS, 2003) onde sua reserva chega a ser três vezes maior que as reservas de

petróleo e gás natural conhecidas no mundo inteiro, podendo vir a serem utilizados

como combustíveis fósseis (CLENELL, 2000b).

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Figura 3. Queima de hidrato de gás (esq.) e molécula deste composto (dir.).

(Fonte: http://egqsociesc.blogspot.com, acesso em 02/11/2011).

Apesar de sua importância energética, a tecnologia para este tipo de exploração e

utilização ainda é limitada, e sua exploração restringe-se à permafrost (solo congelado)

de países do hemisfério Norte como Canadá, Rússia e Japão (MAKOGON et al., 2005).

Contudo, de acordo com Machado (2009), o principal programa de pesquisas sobre o

composto foi criado no Japão, em 1999. Já a Coréia do Sul formou em 2005 a primeira

instituição de pesquisa e desenvolvimento em hidrato de gás e prevê para 2015 a

produção comercial do composto. Adicionalmente, Índia, Canadá, Estados Unidos,

Rússia e China estão entre os países que investem nas pesquisas sobre o hidrato de gás,

tanto em iniciativas locais quanto em parcerias internacionais.

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Figura 4. Mapa das reservas de hidratos de gás até então identificadas no planeta.

(Fonte: adaptado de Makogon et al., 2005)

Apesar da região do Cone do Rio Grande ser de grande interesse da indústria

energética, ainda são poucos os estudos nesta província e muito pouco se conhece sobre

sua constituição biológica, geoquímica e sedimentar. Os poucos estudos realizados na

maioria foram efetuados pela empresa possuidora dos blocos para exploração, sendo,

portanto, considerados de segredo industrial e não são divulgados para o conhecimento

científico, ou então pela própria ANP em parceria com algumas universidades.

Atualmente a disponibilidade de dados de fácil acesso sobre os fundos

submarinos da costa do Brasil ainda é pequena (COOKE, 2007). Mais escassos ainda

são os Diagnósticos Ambientais e Relatórios de Impacto Ambiental elaborados para

empreendimentos específicos, o que torna o conhecimento da região oceânica brasileira

bastante segregado.

A expansão da indústria de exploração dos recursos marinhos é regida pela

legislação ambiental e susceptível ao licenciamento ambiental, portanto requer o

conhecimento das áreas onde atuará, produzindo assim, estudos ambientais relativos aos

aspectos ambientais e socioeconômicos relacionados à localização, instalação, operação

e ampliação desta atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para

análise da licença requerida ao órgão ambiental competente (ARAÚJO et al., 2004).

BSR

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De acordo com a Lei Federal 6.938 de 1981, no Brasil o Licenciamento

Ambiental é obrigatório para atividades efetiva ou potencialmente poluidoras de obras

com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional (MMA, 2002).

A Resolução CONAMA nº 237/97 definiu como impacto ambiental regional

todo e qualquer impacto que afete diretamente, no todo ou em parte, o território de dois

ou mais Estados (MMA, 2002). Estão incluídos nessa classificação os empreendimentos

de extração e transporte de minérios e recursos marinhos. Além disso, as atividades de

extração de recursos marinhos são tidas como atividades modificadoras do meio

ambiente, estando seu licenciamento pelo órgão estadual competente e IBAMA,

dependente da elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto

Ambiental (EIA/RIMA) de acordo com o Artigo 2º da resolução CONAMA 001/86.

A elaboração de um Diagnóstico Ambiental de determinada área tem como

objetivo subsidiar a avaliação dos impactos ambientais, uma vez que a listagem dos

impactos é gerada a partir do cruzamento dos fatores ambientais afetáveis pelo

empreendimento, identificados a partir da análise integrada do diagnóstico ambiental,

com os aspectos ou atividades do empreendimento passíveis de causar alteração no

ambiente, identificados a partir das informações relativas ao empreendimento

(BORGES et al., 2011).

A Petróleo Brasileiro S.A., em parceria com instituições de pesquisa brasileiras e

empresas fornecedoras, apresentou em 2011 o Diagnóstico Ambiental da Bacia de

Campos, um trabalho que integrou diversos dados físicos, químicos, biológicos e sócio-

econômicos sobre a Bacia de Campos, resultando no primeiro diagnóstico ambiental

oficial da Bacia. Segundo a PETROBRAS, os resultados vão possibilitar melhoria na

tomada de decisões referentes aos processos de exploração na região, com a

incorporação do conceito de sustentabilidade (DANTAS, 2011), o que indica a

importância de estudos desta abrangência.

Assim, a realização de Diagnósticos Ambientais tem como principal objetivo a

descrição de uma determinada área, acerca de todos os aspectos ambientais possíveis, e

não da avaliação de impactos, estudo este específico para cada empreendimento.

Em relação ao Cone do Rio Grande, existem alguns estudos segregados da

região, baseados em suas características geológicas e estruturais, porém, até o momento,

não há ainda um estudo que integre todos os dados obtidos do Cone, visando a

elaboração de um Diagnóstico Ambiental desta região. Sendo assim, este trabalho

assume um aspecto pioneiro, no sentido de integrar todos os dados encontrados na

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literatura sobre o Cone do Rio Grande, completados com a realização de análises

geoquímicas.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é realizar um Diagnóstico Ambiental do Cone do

Rio Grande através de análises geoquímicas e compilação de dados já existentes na

literatura.

1.3.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

1. Alimentar um banco de dados ambiental já existente da Bacia de Pelotas;

2. Fornecer subsídio para elaboração de um “background” geoquímico da região, e

conseqüentemente para Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto

Ambiental;

3. Contribuir para a avaliação do potencial energético da região do Cone do Rio

Grande através da avaliação geoquímica de amostras de sedimento.

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2. ÁREA DE ESTUDO

2.1. A BACIA DE PELOTAS

A Bacia de Pelotas é uma bacia sedimentar marginal brasileira, que teve o início

de sua formação durante a separação dos continentes há, aproximadamente, 115 milhões

de anos. A bacia possui mais de 210.000 km² entre a costa e a cota batimétrica de 2.000

m e é preenchida por depósitos sedimentares com idades que variam do Neocomiano ao

Holoceno (SILVEIRA & MACHADO, 2004), sendo que na sua porção emersa, os

depósitos mais antigos datam do Eomioceno (GOMIDE, 1989).

A porção brasileira desta bacia sedimentar compreende o trecho da margem

continental sul-brasileira localizada entre o Alto de Florianópolis e a fronteira com o

Uruguai (Fig. 5). A continuidade ao sul desta bacia é conhecida como Bacia do Leste e

se estende até o Alto do embasamento de La Coronilla, em território uruguaio. A Bacia

de Pelotas tem direção geral NE-SW e de acordo com Weeks (1952), é uma bacia

marginal aberta, do tipo costeira estável e cuja espessura ultrapassa 10.000 m.

2.1.1. Características Geológicas e Geomorfológicas

As bacias da margem continental brasileira foram formadas pelos processos

distensionais durante a ruptura continental no Neojurássico-Eocretáceo, ocasionando a

fragmentação do Supercontinente Gondwana há, aproximadamente, 115 milhões de

anos (ASMUS, 1975). Assim, a estruturação da Bacia de Pelotas está intimamente

relacionada a estes eventos tectônicos.

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Figura 5. Limites geológivos e geográficos da Bacia de Pelotas.

(Fonte: Anjos-Zerfass, 2008).

A Bacia sedimentar de Pelotas apresenta as mesmas características de formação

de outras bacias da margem sudeste-sul brasileira, como as bacias de Santos e Campos,

porém devido às condições de mar aberto, não houve o desenvolvimento da secção

evaporítica aptiana, que é particularmente notável a partir da Bacia de Santos (BUENO

et al., 2007).

De acordo com Mohriak (2003), o desenvolvimento geológico da Bacia de

Pelotas pode ser divido em três megasseqüências ou fases principais de evolução

tectônica. A megasseqüência pré-rifte corresponde a sedimentos do Paleozóico e

Mesozóico da Bacia do Paraná. De acordo com Dias et al. (1994a) esses sedimentos são

reconhecidos apenas na área do sinclinal de Torres, onde a seção paleozóica da Bacia do

Paraná está sobreposta ao pacote cenozóico da Bacia de Pelotas.

A megasseqüência sinrifte (Neocomiano – Barremiano) foi caracterizada por

Dias et al. (1994b) como falhamentos antitéticos que definem semi-grábens na

plataforma continental, com interpretação de que a magnitude dos falhamentos aumenta

para leste. A base dessa seqüência assenta-se sobre rochas vulcânicas, representadas

pela Formação Imbituba.

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A terceira megasseqüência, ou transicional, que nas bacias a norte do lineamento

de Florianópolis incluem evaporitos com halita (Formação Ariri), é reconhecida apenas

na região da Plataforma de Florianópolis, onde se constatou anidrita. Localmente,

abaixo da Formação Ariri, Dias et al. (1994a) registraram a ocorrência de traquiandesito

cinza esverdeado, uma rocha de granulação fina (Formação Curumim), cuja datação Ar-

Ar apresentou idade de 113 milhões de anos.

Estruturalmente, a Bacia de Pelotas é considerada monótona. Nos depósitos da

fase rifte, os extratos mergulham ligeiramente em direção ao oceano, formando uma

cunha que recobre o embasamento (SAD et al., 1997). A deformação da fase pós-rifte

da bacia é incipiente, constituindo-se em exceções as estruturas de escorregamento

associadas a falhas lístricas que afetam os depósitos pós-oligocênicos na região do Cone

do Rio Grande (FONTANA, 1990; CHANG et al. 1992). A Figura 6 representa a carta

estratigráfica da Bacia de Pelotas, onde pode ser observada a deposição sedimentar das

principais fases de evolução tectônica desta bacia sedimentar.

Desde sua formação foram acumulados na Bacia de Pelotas mais de 10 km de

espessura de sedimentos. Carvalho & Francisconi (1981) estabeleceram três

compartimentos semi-isolados de deposição sedimentar. O depocentro norte, em frente

ao Cabo de Santa Marta, apresentando 6 km de sedimentos. O depocentro central, na

latitude de Porto Alegre, apresenta-se com pouco mais de 7 km e o terceiro depocentro,

maior do que os dois anteriores, com 8 km, ocorrendo na parte Sul da bacia, na latitude

da cidade de Rio Grande. Este depocentro é denominado Cone do Rio Grande.

De acordo com Martins et al.(1984), o Cone do Rio Grande teve sua formação

no início do Mioceno Superior sendo uma feição tipicamente deposicional terrígena,

com predominância de lamas relíquias proveniente da drenagem das Terras Altas do Rio

Grande do Sul com contribuição da drenagem platina.

A importância desta feição deve-se aos registros de hidratos de gás identificados

através de estudos de sísmica (FONTANA, 1989; FONTANA & MUSSUMECI, 1994;

SAD et al., 1997 e SAD et al., 1998), que tornam o Cone do Rio Grande atrativo para a

indústria energética e uma importante reserva de recursos energéticos que possam vir a

ser explorados.

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Figura 6. Carta estratigráfica da Bacia de Pelotas.

(Fonte: Bueno et al., 2007)

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2.1.2. Morfologia da Plataforma Continental

A plataforma continental da região sul brasileira é bastante extensa comparada a

outras regiões do país. Seu relevo é suave, com baixa declividade e, em geral, os

contornos batimétricos acompanham a morfologia da costa.

A largura média desta plataforma é de 125 km e sua declividade varia entre

valores menores que 1:700 nas regiões mais estreitas até valores maiores que 1:1000 nas

regiões mais largas. A partir de Mostardas em direção ao Chuí, a plataforma continental

apresenta-se mais ampla e, de acordo com Calliari (1984) é caracterizada por inúmeros

vales pertencentes à paleodrenagens fluviais e por inúmeros bancos arenosos.

Alguns níveis marinhos pretéritos foram identificados na plataforma sul-

brasileira por Corrêa (1996) através de feições que constituem antigas linhas de praia,

que apresentam degraus marinhos com considerável aumento de inclinação. Estes níveis

podem ser seguidos desde o Cabo São Tomé, no Rio de Janeiro, até o Chuí.

O talude continental estende-se a profundidades de 2.600 a 3.000 m e possui um

gradiente médio de 10 a 40 m/km. São comuns vales e cânions em toda a extensão do

talude. No flanco sul do Cone do Rio Grande desenvolve-se o mais importante vale do

setor, o Vale do Rio Grande, que se estende desde a plataforma externa até o sopé

continental. Pela sua extensão, o sopé continental constitui a província de maior

expressão na margem continental deste setor.

A Figura 7 apresenta as principais províncias submarinas encontradas em um

fundo oceânico.

Figura 7. Perfil das províncias submarinas de uma margem tipo Atlântica.

(Fonte: Projeto Reconhecimento Global da Margem Continental Brasileira – REMAC, 1975)

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Para realizar o Diagnóstico Ambiental do Cone do Rio Grande, a coleta e

tratamento de dados deste trabalho dividiram-se em duas etapas. Primeiramente foi

realizado intenso levantamento bibliográfico sobre todos os dados disponíveis na

literatura desta região. Então foram realizadas análises físico-químicas em amostras de

testemunhos do Cone do Rio Grande, a fim de obter uma caracterização geoquímica a

mais completa possível. Por fim, com os dados selecionados, foi realizada interpretação

e elaboração do Diagnóstico proposto nesta dissertação.

3.1. ETAPA INVESTIGATIVA

Nesta etapa do trabalho, foram levantados dados geológicos, estruturais,

batimétricos, biológicos e sócio-econômicos do Cone do Rio Grande e região de

plataforma e talude adjacentes, em referências publicadas ou dados ainda não

processados, a fim de obter o maior conjunto de dados desta região, e,

conseqüentemente, um Diagnóstico Ambiental mais completo.

A busca por dados foi realizada através de trabalhos científicos/acadêmicos

publicados, nas áreas de plataforma externa e talude do Rio Grande do Sul, a fim de

padronizar a área de abrangência das pesquisas.

Alguns dados, ainda não processados, foram cedidos por pesquisadores da

Universidade e obtidos em campanhas para coleta de dados que abrangiam a área

selecionada para este trabalho.

Para complementar os dados obtidos através deste levantamento bibliográfico,

foram, então, realizadas análises geoquímicas de amostras do Cone (Etapa Analítica).

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Com posse de todos estes dados, foi elaborado o Diagnóstico Ambiental do Cone do

Rio Grande (Fig. 8).

Figura 8. Fluxograma das etapas realizadas para a elaboração do Diagnóstico Ambiental do

Cone do Rio Grande.

3.2. ETAPA ANALÍTICA

Em 2007 a ANP contratou a FUGRO Brasil - Serviços Submarinos e

Levantamentos LTDA - para realizar uma operação oceanográfica na Bacia de Pelotas

destinada à coleta de sedimentos para estudos futuros. Entre dezembro de 2007 e

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fevereiro de 2008 foram coletados cerca de 1.000 testemunhos (Fig.9) com um

testemunhador piston core ao longo de toda bacia. Após separação de alíquotas das

amostras dos testemunhos, estes foram cedidos ao Laboratório de Oceanografia

Geológica (LOG) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e armazenados em

um container refrigerado nesse laboratório, onde permaneceram até a sua abertura.

Figura 9. Localização dos testemunhos coletados pela Fugro Brasil e cedidos ao LOG pela

ANP.

(Fonte: Santos, 2009)

As análises físico-químicas dos sedimentos do Cone do Rio Grande foram

realizadas em 2011 em 31 dos testemunhos disponíveis (Fig.10). A identificação dos

testemunhos segue a nomenclatura estipulada pela empresa contratada para este

trabalho, que se referem aos diferentes cruzeiros na região, contendo o número do

cruzeiro e a identificação da amostra.

Durante a coleta os testemunhos foram divididos em parte I e parte II, sendo

tratados como topo e base, respectivamente. Ainda na embarcação, foram retirados os

primeiros 20 cm do topo e os primeiros 20 cm da base para análise em laboratório

contratado pela ANP. Por este motivo, não foi possível coletar a parte mais superficial

dos testemunhos.

Para as análises propostas foram tomadas todas as bases dos testemunhos

escolhidos onde as profundidades de coleta da amostra variaram conforme o tamanho

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do testemunho. A decisão de utilizar a base dos testemunhos selecionados foi baseada

em análises pretéritas do Cone do Rio Grande (CORREIA, 2009), onde não foram

observadas diferenças significativas dos parâmetros analisados entre topo e base.

Figura 10. Localização dos testemunhos do Cone do Rio Grande utilizados neste trabalho.

Imagem do Google Earth com altitude aproximada de 353 Km.

(Fonte: adaptado de Rosa et al., 2007).

3.2.1. Abertura dos Testemunhos e Coleta das Amostras

Os testemunhos foram abertos no Setor de Sedimentologia do LOG, com o

auxílio de uma serra em uma mesa própria para esta finalidade.

Logo após a abertura, os testemunhos foram escaneados, fotografados e

estimada a granulometria qualitativa e coloração (Fig. 11) com o auxílio de uma agulha

histológica e de uma carta de coloração de rochas de Damuth (1948). Os dados

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escaneados e de coloração foram arquivados para eventuais checagens conforme os

resultados analíticos.

Em cada testemunho foi retirada uma amostra de sedimento, sempre nos

primeiros 30 cm. As coordenadas geográficas, profundidades de coleta, profundidades

amostradas e tamanho total de cada testemunho encontram-se descritos na Tabela 1.

Foram tomados todos os cuidados necessários para prevenir a contaminação das

amostras, obedecendo aos critérios de normatização de acordo com as análises a serem

executadas. Imediatamente após a coleta, foram realizadas as medições de pH em cada

amostra de sedimento.

As amostras foram transferidas para uma placa de petri e secas em estufa à 45ºC

por 48h, posteriormente foram desagregadas em almofariz de porcelana e armazenadas

em recipientes de vidro previamente limpos.

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Figura 11. Procedimentos tomados durante a abertura dos testemunhos e coletas das amostras de

sedimento. Abertura dos testemunhos em mesa própria para esta finalidade (a); estimativa da

granulometria qualitativa (b) e coloração (c); coleta das amostras para análises físico-químicas

(d) e estimativa da coloração e escaneamento dos testemunhos (e).

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

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Tabela 1. Coordenadas geográficas, profundidades de coleta (lâmina d’água), comprimento total

e profundidades amostradas de cada testemunho.

Testemunho Profundidade (m)

(Lâmina d’água)

Lat

(S)

Long

(W)

Comprimento

testemunho (m)

Profundidade

amostrada (m)

SIS 774 1280 -32,5804 -49,9655 3,45 1,56-1,86

SIS 757 1340 -32,7843 -49,8365 1,90 0,97-1,27

SIS 679 2210 -32,8842 -49,2101 3,45 2,07-2,37

SIS 721 1618 -32,9402 -49,4947 4,45 2,39-2,69

REG 740 1598 -33,1496 -49,4995 4,10 1,82-2,12

SIS 820 1192 -33,1879 -49,8150 2,00 1,11-1,41

SIS 928 645 -33,2018 -50,4611 2,05 1,15-1,45

SIS 898 834 -33,2642 -50,1727 2,60 1,25-1,55

SIS 925 544 -33,2995 -50,3994 3,25 1,52-1,82

SIS 892 1020 -33,3597 -50,0568 2,75 1,65-1,95

SIS 840 1337 -33,3842 -49,8232 3,70 2,20-2,50

SIS 936 645 -33,4474 -50,4392 3,50 2,35-2,65

REG 964 313 -33,5995 -50,8495 3,90 2,13-2,43

REG 957 580 -33,5996 -50,6996 3,75 1,91-2,21

REG 946 1410 -33,7495 -50,3993 4,40 2,39-2,69

REG 977 1841 -33,7495 -50,9993 4,60 2,42-2,72

REG 963 1121 -33,7496 -50,6994 3,65 1,78-2,08

REG 884 2839 -33,7496 -49,6495 4,60 2,52-2,82

REG 962 1526 -33,8994 -50,5494 1,80 1,06-1,36

REG 976 1841 -33,8994 -50,8494 2,35 1,33-1,63

REG 985 1572 -33,8994 -50,9997 4,20 1,96-2,25

REG 915 2878 -33,8995 -49,9495 1,80 0,57-0,87

REG 942 2360 -33,8996 -50,0996 2,65 1,68-1,98

REG 961 2197 -34,0493 -50,3995 2,45 1,43-1,73

REG 943 2801 -34,0495 -49,9495 2,25 1,30-1,60

REG 995 1600 -34,0495 -51,1495 1,50 0,99-1,29

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3.2.2. Metodologia analítica

3.2.2.1. Limpeza dos materiais

Toda a vidraria utilizada para as análises de hidrocarbonetos foi limpa

primeiramente com detergente comum. Logo após, o material foi imerso em detergente

especial Extran® alcalino da Merck® a 5% durante 24 h. Em seguida, o material foi

abundantemente enxaguado com água corrente e depois com água destilada. Logo após,

foi seco em estufa a 105°C, e, em seguida limpo com acetona e n-hexano e novamente

seco. Amostras de brancos foram realizadas para verificar a limpeza da vidraria.

Para as análises de metais, o material utilizado foi lavado com água corrente e

imerso em uma solução de ácido nítrico (HNO3), sendo lavado novamente com água

corrente e posteriormente com água destilada e seco à temperatura ambiente. Para as

análises de carbono, nitrogênio e fósforo, o material foi lavado com detergente livre de

fósforo, enxaguado com água corrente e com água destilada, em seguida foi seco à

temperatura ambiente.

3.2.2.2. Determinações de Potencial Hidrogeniônico (pH)

A medição do pH dos sedimentos foi feita com a utilização de pH-metro da

marca Oakton® (modelo pH6/00702-75, Acorn Series), calibrado com padrões de pH 4

e 7, utilizando eletrodo combinado de vidro tipo baioneta, de acordo com a metodologia

descrita em Camargo (1986). Logo após a abertura dos testemunhos, cada amostra de

sedimento coletada foi acondicionada em frascos e, em seguida foram realizadas as

medições do pH.

3.2.2.3. Umidade

Para a análise de umidade utilizou-se o método descrito em Tedesco et al.

(1995), pesando-se dois gramas de amostra seca de sedimento a temperatura ambiente

(± 25ºC) em uma cápsula de vidro, previamente seca e tarada. Em seguida, levou-se a

cápsula a uma estufa com temperatura de 105ºC por três horas. A amostra foi então

retirada da estufa e colocada em dessecador até entrar em equilíbrio com a temperatura

ambiente, sendo novamente pesada. Realizou-se este procedimento até chegar-se a um

peso constante.

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De acordo com Tedesco et al. (1995), a perda de peso representa a umidade

bruta, ou seja, todos os compostos voláteis à 105ºC.

Todos os cálculos estequiométricos foram corrigidos de acordo com a umidade,

sendo representados, portanto, em peso seco.

3.2.2.4. Análises Granulométricas

As análises granulométricas foram realizadas no Setor de Sedimentologia do

LOG segundo métodos tradicionais de peneiragem/pipetagem descritos em Suguio

(1973). As amostras foram inicialmente lavadas, para retirada dos sais, secas em estufa

a 60ºC e quarteadas. Os sedimentos grosseiros (>0,063 mm) foram peneirados e os

sedimentos finos (<0,063 mm) foram separados por decantação e pipetagem. Os

resultados obtidos foram classificados em areia, silte e argila.

3.2.2.5. Carbonatos Totais

A análise de carbonatos totais seguiu a metodologia descrita em Baisch et al.

(1997), onde se determinou a concentração de carbonatos totais pela sua eliminação

através do tratamento com ácido clorídrico.

Pesou-se aproximadamente 20g de amostra, e esta foi transferida para um béquer

e, com o auxílio de uma pipeta, adicionou-se lentamente ácido clorídrico (HCl) a 30%.

Quando todo o carbonato foi eliminado, lavou-se a amostra com água,

sucessivamente, para retirar o sal formado. As amostras foram secas em estufa até

eliminar completamente a umidade, então, pesou-se e, através da diferença de peso,

calculou-se a concentração de carbonatos totais das amostras.

3.2.2.6. Carbono Orgânico Total (COT)

Para a determinação do carbono orgânico total seguiu-se o método descrito por

Strickland & Parsons (1972) e modificado por Gaudette et.al. (1974). As análises foram

realizadas em triplicata.

As amostras foram pesadas e transferidas para um erlenmeyer onde adicionou-se

ácido fosfórico para a eliminação de carbonatos e levou-se ao aquecimento durante 30

min (100-110ºC). Posteriormente adicionou-se uma solução oxidante (H2SO4/K2Cr2O7)

e levou-se ao aquecimento durante 60 min. Após o resfriamento, a amostra foi diluída,

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acrescentou-se 6 gotas do indicador ferroína, então foi titulada com sulfato ferroso

amoniacal (0,1 N).

3.2.2.7. Fósforo Total (P)

De acordo com o procedimento descrito por Ruttenberg (1992), as amostras

foram pesadas e calcinadas em mufla durante 1 h, a fim de eliminar a matéria orgânica.

Após a mineralização, o sedimento foi digerido com solução de ácido clorídrico e

agitado por 16 h, em seguida, filtrou-se a solução para retirar o material em suspensão.

Após a filtragem, adicionou-se ácido ascórbico e molibdato de amônio para a formação

de um complexo de fosfo-molibdato de cor azulada, possibilitando a determinação da

concentração por colorimetria em espectrofotômetro no comprimento de onda de 885

nm. As análises foram realizadas em triplicata.

3.2.2.8. Nitrogênio Total (N)

Para a determinação do nitrogênio total foi usado o método Micro-Kjeldhal,

segundo os procedimentos descritos em Tedesco et al. (1995). A amostra foi digerida

com ácido sulfúrico à 350ºC para que todo o nitrogênio orgânico fosse convertido à

forma amoniacal. Então, a mistura foi alcalinizada com hidróxido de sódio e toda a

amônia pôde ser destilada com vapor d‘água. O destilado alcalino foi recebido por uma

solução de ácido bórico, a qual se titulou com ácido sulfúrico diluído e então calculou-

se a concentração de Nitrogênio Total das amostras. As análises foram realizadas em

triplicata.

3.2.2.9. Elementos Metálicos

Neste trabalho foram determinados os seguintes metais: chumbo (Pb), cobre

(Cu), cromo (Cr), ferro (Fe), níquel (Ni) e zinco (Zn).

Para a determinação dos metais utilizou-se o método 3050B da U.S.

Environmental Protection Agency (USEPA). Pesou-se 1g de amostra do sedimento já

macerado, adicionou-se 10 mL de ácido nítrico (HNO3) e colocou-se as amostras em

uma chapa quente à aproximadamente 80ºC por cerca de 20 min. Posteriormente,

adicionou-se 5 mL de HNO3 concentrado. Após 30 min, concentrou-se a amostra a 5

mL, então adicionou-se 2 mL de água miliq e 3 mL de água oxigenada (H2O2). As

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amostras foram novamente colocadas na chapa até atingirem 5 mL. A seguir, adicionou-

se 10 mL de ácido clorídrico (HCl) e as amostras foram aquecidas por mais 20 min. Em

seguida retirou-se as amostras da chapa quente e, após o esfriamento, adicionou-se água

miliq, fitrou-se e aferiu-se o extrato a 20 mL.

A leitura dos metais foi realizada por espectrofotometria de absorção atômica

com chama em equipamento de modelo AA GBC 932. A exatidão e precisão das

análises foram asseguradas pela digestão seqüencial e os limites de detecção, em partes

por milhão (ppm), para cada metal, são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Limites de detecção do AA GBC 932 para os metais determinados.

Metais Limite de Detecção

Pb (ppm) 0,06

Cu (ppm) 0,025

Cr (ppm) 0,05

Fe (%) 0,0005

Ni (ppm) 0,12

Zn (ppm) 0,008

3.2.2.10. Hidrocarbonetos

Para a quantificação dos hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos (HPAs), foram

selecionadas 5 amostras (Fig.12), que apresentaram as maiores concentrações de

Carbono Orgânico Total, que podem ser indicativo da presença de hidrocarbonetos no

sedimento.

Os procedimentos utilizados nas análises dos hidrocarbonetos neste trabalho,

seguiram as recomendações do Reference methods for pollution estudies, no 20:

determinations of petroleum hydrocarbons in sediment (UNEP, 1991), ilustrado na

Figura 13.

Para este procedimento, as amostras foram desagregadas em graal de ágata. Para

realizar a extração foi utilizado 100 g de sedimento, que foram pesados em filtro de

papel, previamente extraído. Foram adicionados os padrões surrogados, para a

verificação da eficiência de extração da metodologia, sendo 100 μL de o-terfenil

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(Supelco®) para os HPAs. Um intervalo de 4 h foi realizado antes de iniciar a extração.

Então, as amostras foram levadas a um extrator Soxhlet e procedeu-se a extração por 12

h com uma mistura de solventes n-hexano (50%) e diclorometano (50%), da marca

Mallinckrodt Chemicals e J. T. Baker, respectivamente, ambos grau pesticida. No balão

foram adicionados pedaços de cobre metálico ativado, para que os compostos de

enxofre não interferissem nas amostras.

Figura 12. Localização das amostras utilizadas para a determinação de hidrocarbonetos.

(Fonte: Google Earth)

O extrato foi então concentrado em evaporador rotativo a vácuo até

aproximadamente 2 mL. Para a separação dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(F2) foi utilizada uma coluna cromatográfica, feita em coluna de vidro, a qual foi

preenchida com 2 g de sulfato de sódio, 1,8 g de alumina, 3,2 g de sílica desativada

(ativação foi feita com água, 5% do peso da sílica) e no topo mais 2 g de sulfato de

sódio, com a finalidade de filtrar e reter a umidade do extrato.

Feita a separação, a fração F2 foi novamente concentrada no evaporador rotativo

a vácuo até 1 mL e o solvente foi seco, lentamente, em gás nitrogênio (N2). Junto às

extrações, foi feita uma análise em branco dos reagentes para verificar a pureza dos

solventes orgânicos e reagentes inorgânicos, assim como a limpeza da vidraria.

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A determinação dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos dos sedimentos foi

efetuada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa modelo Clarus

600, marca PerkinElmer®, com coluna Elite5MS (30 m x 0.25 mm x 0.25 μm). A

temperatura inicial foi de 40oC, mantida por 1min, seguida de um aumento gradual de

10oC/min até 60

oC, então, há um aumento da temperatura na razão 5°C/min até 290°C,

permanecendo isotérmica por 5 mim. A temperatura do injetor e do detector foi de

280oC. O volume injetado foi de 1 μL, com split de 1/50 e fluxo de 1,5 mL/min de gás

hélio. A energia do detector foi de 70eV.

Figura 13. Fluxograma do método de análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(F2).

A identificação dos hidrocarbonetos aromáticos foi realizada através de injeção

de padrões e comparação dos espectros de massas dos compostos com os espectros dos

compostos padrões ou por comparação com os espectros da biblioteca de dados do

equipamento. A quantificação foi feita pela técnica de padronização interna, usando

uma mistura de hidrocarbonetos aromáticos deuterados. A quantificação foi realizada

F2

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por cálculos de comparação de áreas de picos do analito com picos de padrões

autênticos (misturados 16 PAHs marca Sulpeco®).

Os HPAs investigados foram as 16 espécies classificadas como poluentes

prioritários segundo a USEPA (Environmental Protection Agence of United States):

Acenafteno, Acenaftleno, Antraceno, Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno,

Benzo(b)fluorantreno, Benzo(g,h,i)perileno, Indeno(1,2,3-cd)pireno, Benzo(k)

fluorantreno, Criseno, Dibenzo(a,h)antraceno, Fenantreno, Fluorantreno, Fluoreno,

Naftaleno, Pireno e ainda Metilnaftaleno, 2 Metilnaftaleno, Bifenil, 2,6

Dimetilnaftaleno, Dibenzothiofeno, Perileno e Benzo(e)pireno.

Os resultados dos hidrocarbonetos alifáticos e dos HPAs foram expressos em μg

do composto por kg de sedimento (μg.kg-1 ou ppb) e a recuperação das amostras

apresentou-se acima dos 65%.

3.2.3. Tratamento Estatístico

Os dados foram analisados pela estatística descritiva, utilizando-se o software

Excel®. Outras análises estatísticas foram realizadas pelo software STATISTICA 10.0,

onde foi aplicado o método de Matriz de Correlação e Análise de Componentes

Principais. Todos os tratamentos consideraram o intervalo de confiança de 95%

(P<0,05).

Os parâmetros também foram interpolados por krigagem através do software

ArqGIS 10 para gerar mapas de concentração ao longo da área em estudo.

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4. RESULTADOS & DISCUSSÃO

Neste capítulo será apresentado e discutido o Diagnóstico Ambiental do Cone do

Rio Grande, o que inclui a análise dos dados secundários e resultados obtidos pelo

estudo de testemunhos.

O Diagnóstico Ambiental do Cone do Rio Grande foi dividido em áreas, assim,

será apresentado o meio físico-químico (4.1), dividido em formação e geologia,

granulometria e faciologia, clima e circulação atmosférica, circulação de massas d’água,

estudos paleoceanográfcos e datação, geofísica e geoquímica; meio biótico (4.2),

apresentando a caracterização da fauna e reservas biológicas; e meio socioeconômico

(4.3), que trata dos recursos econômicos presentes na área.

4.1. MEIO FÍSICO-QUÍMICO

4.1.1. Formação e Geologia do Cone do Rio Grande

A área de estudo está geograficamente inserida na Bacia de Pelotas, que se

caracteriza por ser a mais setentrional do Brasil. Na Figura 14 é apresentado o mapa

fisiográfico com as principais feições estruturais definidas para a Bacia de Pelotas.

A origem do Escudo Uruguaio-Sul-Riograndense está vinculada ao Ciclo

Orogênico Brasiliano, entre 450 e 700 m.a. (SCHOBBENHAUS & CAMPOS, 1984), e

é constituido pelo Cráton do Rio de La Plata de idade Arqueana, e pela faixa móvel

Brasiliana desenvolvida na sua borda oriental, o Cinturão Dom Feliciano (CÉSAR,

1980). Essa unidade lito-estrutural, cuja zona central é composta essencialmente por

complexos granitóides, foi a principal fonte de sedimentos para a Bacia de Pelotas.

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Diversos trabalhos se concentram no estudo da origem do Cone do Rio Grande.

Sua formação é fruto do rearranjo e das mudanças nas taxas de convergência das placas

Pacífica Antártica e Africana e do tectonismo andino, onde ocorreram prováveis

soerguimentos tectônicos associados ao vulcanismo paleoeocênico. Durante esses

períodos ocorreu um acréscimo substancial do aporte detrítico na margem continental

sudeste brasileira (BARBOZA et al., 2008), formando-se ao longo do tempo diversos

sistemas deltaicos progradantes (DELLA-FÁVERA, 2001).

Figura 14. Mapa fisiográfico com as principais feições estruturais definidas para a Bacia de

Pelotas.

(Fonte: Barboza et al., 2008).

Desde o final da última glaciação pleistocênica, o nível do mar começou a

elevar-se de sua posição mais baixa, iniciando uma transgressão marinha que marcou o

início do Holoceno (URIEN & MARTINS, 1989). O Pleistoceno comportou-se dessa

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forma em relação ao nível do mar, gerando pelo menos dois significativos estágios

representados por uma paisagem regressiva quando o nível do mar atingiu sua posição

mais baixa. Nestas condições, a plataforma continental foi convertida em uma extensa

planície costeira, na qual desenvolveu-se um sistema fluvial, cujos rios atingiram a

borda da plataforma, construindo uma série de complexos deltaicos, dentre eles o Cone

do Rio Grande (MARTINS et al., 2005).

Esta região está cortada por uma série de paleocanais (Fig. 15), responsáveis

pelo porte continental dos sedimentos ao longo da extensa plataforma continental

existente durante a regressão marinha (MARTINS et al., 1967).

Figura 15. Morfologia e sedimentos da Plataforma Continental do Rio Grande do Sul/Uruguai ,

indicando a contribuição fluvial na sedimentação pré-Holoceno e paleocanais.

(Fonte: Martins et al., 2005)

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Analisando modelos deposicionais na plataforma continental do Rio Grande do

Sul, Uruguai e Argentina, Urien & Martins (1980) ressaltam que os atuais complexos

fluviais do Guaíba, Camaquã, São Lourenço e Piratini, no Brasil e Prata e Salado no

Uruguai possuem extensões de seus caudais sobre a plataforma continental.

Mais recentemente, Abreu & Calliari (2005) afirmaram que as flutuações

ocorridas durante o Período Quaternário deixaram evidências, entre as quais se

destacam os canais soterrados na plataforma continental, que comprovam a ocorrência

de fases de exposição e submersões sucessivas da costa. Através de análise de dados

geofísicos e de granulometria esses autores conseguiram detectar alguns canais

soterrados na plataforma sul do Rio Grande do Sul (Fig. 16), relativamente profundos e

de largura expressiva alcançando até 3.700 m.

Figura 16. Sistema de paleodranagem existente na plataforma continental interna, próximo a

saída da Lagoa dos Patos. As letras delimitam os trechos de paleocanais analisados.

(Fonte: Abreu & Calliari, 2005)

Através dos paleocanais formados na regressão marinha, o Cone do Rio Grande

recebeu sedimentos provenientes do Rio de La Plata e das Terras Altas do Rio Grande

do Sul (MARTINS et al., 2003). Esta origem sedimentar foi comprovada através de

análises da mineralogia dos sedimentos realizadas inicialmente por Martins (1984),

confirmado mais tarde por estudos palinológicos de Lorscheiter & Romero (1985).

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Correntes de turbidez e outros tipos de fluxos e correntes geostróficas de

contorno modelaram estes sedimentos em várias regiões do Cone, apresentando maior

sedimentação na parte distal como conseqüência de fornecimento de material fluído

capaz de migrar para regiões mais profundas (MARTINS, 1984).

Vicalvi (1977) aponta que a taxa de sedimentação holocênica deve ter variado de

l,4 cm/103 anos a 5,0 cm/10

3 anos. De acordo com Millamann & Santana (1974), a

inatividade atual do Cone deve-se à ausência de grandes rios desaguando na plataforma

e ao reduzido transporte de material terrígeno em suspensão nesta área.

Na região em estudo, os rios que drenavam a plataforma emersa foram afogados

pelo mar, diminuindo gradativamente a influência da sedimentação terrígena fluvial no

talude e na elevação continental. A redução do aporte de terrígenos atinge seu máximo

na atualidade, quando os sedimentos grosseiros e a quase totalidade dos finos é trapeada

em estuários e lagunas costeiras, e somente uma pequena parte das partículas mais finas

consegue ultrapassar essas barreiras naturais. Essa quantidade mínima de partículas

sedimentares em suspensão pode, pelo fenômeno de by passing, ultrapassar a

plataforma continental, depositando-se a grandes profundidades (GONÇALVES &

DEHNHADT, 1999).

O último evento deposicional terrígeno observado sobre a região do Cone do Rio

Grande foi praticamente nulo, prevalecendo, durante todo o Holoceno, uma

sedimentação marinha, estritamente pelágica (ALVES, 1977).

4.1.2. Granulometria e Faciologia do Cone do Rio Grande

A cobertura sedimentar presente na plataforma continental é formada por

sedimentos cuja distribuição encontra-se vinculada à história evolutiva do Quartenário,

tendo como agentes governantes principais as transgressões e regressões marinhas

(MARTINS et al., 2005).

As primeiras descrições sobre a cobertura sedimentar dessa região foram

realizadas por Urien (1967) e Martins & Urien (1977). Esses autores apresentaram

resultados obtidos na zona exterior do Rio de La Plata, na plataforma continental do

Uruguai e do Rio Grande do Sul com caracterização de suas principais fácies

sedimentares e da distribuição espacial dos sedimentos.

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A sedimentologia da plataforma interna adjacente ao Estado do Rio Grande do

Sul e Uruguai é amplamente dominada pela fácie arenosa, constituída de areias

quartzosas médias a finas, de características muito similares às atuais areias de praia e

dunas da planície costeira (MARTINS et al., 1972). Esta cobertura sedimentar está

vinculada em origem a uma deposição pretérita considerável em termos de volume de

sedimentos e a presença de ambientes transicionais sobre uma extensa planície costeira

de idade pleistocênica, posteriormente remobilizada e retrabalhada pela migração da

linha de costa em direção oeste, através da elevação progressiva do nível do mar durante

o Holoceno (MARTINS et al., 2005).

Em direção à plataforma média e externa começam a aparecer feições

sedimentares de granulometria mais fina, também conhecidas como lama de plataforma.

As primeiras descrições de lama ocorrentes na plataforma externa gaúcha foram

realizadas por Martins et al. (1967) e Martins & Urien (1969). Assim os sedimentos

lutáceos presentes são classificados como relíquias de material transportado e

depositado durante o Pleistoceno, especialmente pelo sistema de drenagem captado das

Terras Altas do Rio Grande do Sul, que se constitui em uma pré-geração de uma costa

de barreira. Mais tarde, Martins (1984) verificou uma influência parcial das lamas

distais platinas como um agente de contribuição da porção sul do Cone do Rio Grande,

confirmado por estudos de Lorscheiter & Romero (1985).

Os sedimentos formadores do Cone do Rio Grande representam o resíduo de

uma paisagem instalada no limite externo da antiga planície costeira pleistocênica

desenvolvida há 18000 anos, e refletida na presença de ambientes transicionais, como

lagunas, deltas e estuários, com forte influência da descarga fluvial.

Martins et al. (2003) elaboraram um mapa faciológico da plataforma do Rio

Grande do Sul, Uruguai e Argentina, no qual podem ser observados diversos padrões de

depósitos sedimentares, onde areia, silte argiloso, argila síltica, areia e cascalho

bioclástico são as principais fácies encontradas nesta região (Fig. 17). Através do

trabalho destes autores, é possível observar que na altura do Cone do Rio Grande

encontra-se uma zona de menor concentração de areia. O aumento gradativo da

percentagem de lama encontrada no Cone do Rio Grande pode atingir 100%

(MARTINS et al., 2003).

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Figura 17. Granulometria e faciologia da Plataforma do Rio Grande do Sul, Uruguai e Tierra

Del Fuego.

(Fonte: Martins et al., 2003)

Santos (2010) elaborou o mais recente mapa faciológico atual da plataforma do

Rio Grande do Sul através da interpretação de dados obtidos em seu trabalho e dados

adicionais obtidos da literatura (Fig. 18).

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Figura 18. Mapa faciológico da plataforma do Rio Grande do Sul

(Fonte: Santos, 2010).

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O mapa fisiográfico de Santos (2010) mostrou que as áreas cascalhosas se

situam em locais bem específicos, apresentando uma concentração bastante extensa ao

redor da isóbata de 100 m englobando nesta área a plataforma e o talude. Outras zonas

com teores mais reduzidos são encontradas nas regiões do Albardão e do Parcel do

Carpinteiro.

Na desembocadura do Estuário da Lagoa dos Patos e em outras pequenas regiões

localizadas na plataforma média, foram encontradas as maiores concentrações de silte e

argila. Na região do estuário, a lama representa sedimentação atual proveniente da

drenagem do Rio Grande do Sul, e na plataforma seriam lamas relíquias ligadas ao

deságüe fluvial do sistema deltaico platino estabelecido na borda da plataforma durante

o Winconsin e da drenagem das Terras Altas.

As áreas arenosas são as mais expressivas constituindo a maior parte da

cobertura sedimentar da plataforma. Esta fácie foi controlada pelo estoque de areia

contido em zonas praiais, restingas e dunas existentes na planície costeira pretérita e

retrabalhada durante a subida do nível do mar (MARTINS, 1978).

Entretanto, o Cone do Rio Grande não aparece satisfatoriamente representado

neste último trabalho, porém através das análises granulométricas dos sedimentos dos

testemunhos do Cone, foi possível observar uma distribuição bastante homogenea das

fácies sedimentares.

Os dados de granulometria obtidos neste trabalho corroboram com as descrições

fisiográficas existentes do Cone do Rio Grande. Os resultados da granulometria são

apresentados na forma de porcentagem das frações areia, silte e argila para cada amostra

de sedimento (Tab. 3), onde também se encontram as médias, desvio padrão, máximos e

mínimos de cada fração granulométrica.

A porcentagem de areia foi a menos representativa nas amostras e variou de

0,40% a 11,98%, e as porcentagens de silte e argila foram mais representativas,

variando de 14,34% a 67,50% para o silte e de 29,87% a 79,73% para a argila. A Figura

19 apresenta a distribuição granulométrica média dos testemunhos analisados.

Efetuou-se, com base nos dados apresentados na Tabela 3, a classificação da

granulometria dos sedimentos com emprego do diagrama textural de Shepard (1954).

Observa-se que as granulometrias dos testemunhos apresentam características muito

semelhantes e com uma predominância da fácie silte argiloso (Fig. 20). Também estão

presentes as fácies argila síltica, argila arenosa e argila.

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Tabela3. Granulometria percentual dos sedimentos em termo de areia, silte e argila.

Testemunho Areia(%) Silte(%) Argila(%)

SIS 774 1,30 50,14 48,55

SIS 757 6,00 36,31 57,69

SIS 679 10,11 18,76 71,13

SIS 721 9,02 51,55 39,43

REG 740 16,57 28,11 55,31

SIS 820 2,63 67,5 29,87

SIS 928 0,40 61,85 37,69

SIS 898 4,87 37,54 57,59

SIS 925 11,98 18,71 69,30

SIS 892 2,66 56,05 41,29

SIS 840 3,24 32,67 64,09

SIS 936 2,01 41,78 56,21

REG 964 6,74 38,35 54,91

REG 957 2,74 41,51 55,75

REG 946 11,86 46,87 41,27

REG 977 5,93 14,34 79,73

REG 963 2,06 45,57 52,37

REG 884 3,85 42,44 53,70

REG 962 5,08 50,02 44,91

REG 976 0,64 55,35 44,01

REG 985 1,85 52,4 45,75

REG 915 2,93 51,82 45,25

REG 942 2,21 56,02 41,77

REG 961 3,24 49,69 47,07

REG 943 1,79 53,16 45,05

REG 995 6,80 53,38 39,82

MEDIA 4,94 44,30 50,75

DESV PAD 4,04 13,34 11,45

MIN 0,40 14,34 29,87

MÁX 11,98 67,50 79,73

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Figura 19. Distribuição granulométrica média das amostras de sedimento analisadas do Cone do

Rio Grande.

Portanto, a granulometria do Cone apresenta-se bem caracterizada como

sedimentos relíquia de granulometria fina. A sedimentação atual do Cone é bastante

restrita, devido à distância desta feição de fontes de sedimento terrígeno. Com isso os

sedimentos recentes do Cone são provenientes de partículas sedimentares em suspensão

que, ao ultrapassarem a plataforma continental, depositam-se a grandes profundidades

(GONÇALVES & DEHNHADT, 1999).

Conforme já observado, na atual sedimentação do Cone contribuem tanto os

sedimentos vindos das chamadas terras altas e província externa do Rio Grande do Sul,

como os da província platina, entretanto a uma taxa bastante lenta (FONTANA, 1990).

Figura 20. Diagrama triangular de classificação granulométrica (Shepard, 1954) dos valores

médios das amostras dos testemunhos do Cone do Rio Grande.

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4.1.3. Clima e circulação atmosférica das áreas adjacentes ao Cone do

Rio Grande

Por estar localizada na zona tropical sul da costa oriental da América do Sul, a

plataforma continental sul brasileira possui um clima regional controlado por massas de

ar marítimas de origem tropical e polar. A região é submetida ao balanço posicional de

dois principais sistemas meteorológicos (Fig. 21), o Sistema do Anticiclone Subtropical

semi-permanente do Atlântico Sul e os Sistemas de Anticiclones Móveis de origem

polar (TOLDO JR., 1994; KEIN, 1998).

Segundo o sistema de Köppen, o Rio Grande do Sul se enquadra na zona

temperada ou “C” e no tipo fundamental “Cf” ou temperado úmido. A variedade “Cfb”

apresenta chuvas bem distribuídas ao longo do ano, tendo a temperatura do mês mais

quente inferior a 22 °C e a do mês mais frio superior a 3 °C. Dessa forma, a área de

estudo classifica-se em “Cfb”, ou seja, o clima é subtropical, com forte influência

oceânica.

Figura 21. Balanço das massas de ar na região nos períodos de verão (A) e inverno (B) e sua

relativa posição latitudinal.

(Fonte: Klein, 1998).

4.1.3.1. Regime de Ventos

A costa leste brasileira pode ser considerada como uma área calma, governada

pelo anticiclone do Atlântico Sul, localizado permanentemente sobre o Oceano

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Atlântico Sul e sazonalmente varia seu posicionamento latitudinal (COLI & GARCIA,

2000).

Este sistema anti-ciclônico é fortemente atuante na região Sul do Brasil durante

o verão austral. De acordo com Toldo Jr. (1994), no inverno austral este sistema

desloca-se para baixas latitudes, promovendo assim, a intensificação de influências de

massas de ar de origem polar na região.

O sistema de circulação atmosférica dominante na região sul brasileira é

associado a Sistemas Frontais (Fig. 21), provenientes das latitudes médias e é parte

intrínseca de ondas atmosféricas de larga escala. Os sistemas frontais diminuem o

gradiente térmico entre o Equador e os Pólos através da injeção de ar polar nas latitudes

mais baixas, enquanto o ar tropical desloca-se para as latitudes mais altas (COLI &

GARCIA, 2000).

De acordo com Lima et al. (1996) o regime de ventos na plataforma continental

sul brasileira é marcadamente sazonal e a alternância entre Sistemas de Altas Pressões

Tropicais e Polares (Anticiclones) determinam um regime de vento para a costa sul do

Brasil, com a predominância de ventos do quadrante NE nos meses de primavera e

verão, e dos ventos de W-SW nos meses de inverno (LIMA et al.,1996) . Este regime de

ventos atua concomitante com a presença de sistemas móveis de origem polar na região,

como visto em Tomazelli (1993) apud Coli & Garcia (2000).

Cerca de 6 a 7 sistemas frontais por mês atingem a região costeira do sul do

Brasil (STECH & LORENZZETTI, 1992). O número de frentes é ligeiramente maior

no período de inverno (6-7) e menor em março/abril (5-6) na região sul.

Os vórtices ciclônicos que se propagam desde o Oceano Pacífico,

freqüentemente, causam ciclogênese na superfície. O inverno é a estação do ano com

maior incidência de ciclones que cruzam os Andes (8), seguido do outono (6),

primavera (4) e verão (3) (GAN, 1992). Em geral, esses ciclones acabam levando à

ciclogênese em superfície que eventualmente influenciam o tempo na região costeira.

O outono e inverno apresentam, aproximadamente, o mesmo número de

ciclogêneses na superfície, da ordem de 30 por estação/ano, seguido pela primavera (27)

e verão (22). Logo, a probabilidade de ocorrência de ciclogênese na costa sul do Brasil é

relativamente alta, da ordem de 2/semana no inverno e 1 - 1,5/semana no verão (GAN,

1992).

Necco (1982), Taljaard (1972) e Satyamurty et al. (1990) também identificaram

um máximo de ocorrência de ciclogênese no litoral do Uruguai. Esses sistemas tendem

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a provocar intensos ventos ao longo do litoral sul, freqüentemente atingindo também o

litoral da Região Sudeste. Há fortes indícios de que o máximo de ocorrência no período

de inverno esteja associado à presença do contraste térmico entre a corrente do Brasil e

das Malvinas, o que provocaria a intensificação do fluxo de calor nas massas de ar frio,

que se deslocam do continente para o mar (SARAIVA, 1996).

O fenômeno El Niño/Oscilação Sul (ENOS) também tem impacto significativo

no clima no sul do Brasil. Anos de ocorrência do El Niño tendem a ser mais chuvosos

na região sul, principalmente no período de primavera. O estabelecimento de um forte

fluxo subtropical na alta troposfera parece influenciar o estacionamento de frentes frias

na Região Sul e Sudeste, favorecendo o aumento da precipitação (KOUSKI &

CAVALCANTI, 1984).

4.1.3.2. Pluviosidade

A pluviosidade abrange cerca de 112 dias por ano distribuída igualmente nos

doze meses. No sul do Brasil a distribuição das chuvas ocorre de forma bastante

uniforme (MATZENAUE et al., 2007), apresentando uma média anual da precipitação

que varia de 1.250 a 2.000 mm em quase toda região (Fig. 22).

A principal contribuição da pluviosidade para a área de estudo, deve-se às

descargas de água, em especial do Estuário da Lagoa dos Patos, aportando material em

suspensão à plataforma adjacente, rico em matéria orgânica e nutrientes, que

contribuem para a produção biológica da região.

Figura 22. Faixa de precipitação anual.

(Fonte: http://www.scp.rs.gov.br, acesso em 09/01/2012)

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~ 65 ~

4.1.4. Circulação oceânica da região do Cone do Rio Grande

As correntes superficiais que estão na região de influência da Bacia de Pelotas

mais próximo à região do Cone do Rio Grande são a Corrente do Brasil e a Corrente das

Malvinas, onde a confluência resulta na Convergência Subtropical.

A Corrente do Brasil (CB) (Fig. 23) é uma corrente relativamente estreita, fraca

e não muito profunda (WUST, 1965). De acordo com este autor, a corrente do Brasil

deveria apresentar uma intensificação do lado oeste devido à variação do parâmetro de

Coriolis com a latitude, similar à corrente do Golfo, contudo este fato não ocorre. Uma

das causas para esta anomalia pode ser a existência de uma contracorrente, a Corrente

Intermediária Subantártica em direção norte, entre 100 e 500 m ao longo do talude

continental brasileiro, que reduz a velocidade de ambas correntes diminuindo o

movimento de Coriolis.

Partindo-se das camadas superficiais até o nível da termoclina, a corrente mais

importante que flui ao longo da costa brasileira é a Corrente do Brasil, a corrente de

contorno oeste associada ao Giro Subtropical do Atlântico Sul (CIRANO et al., 2006).

Figura 23. Representação esquemática do Giro Subtropical do Atlântico Sul.

(Fonte: CIRANO et al., 2006 apud Peterson & Stramma, 1991).

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A região da CB é formada pelo empilhamento das massas de água características

do Atlântico Sul (Fig. 24). Nos primeiros três quilômetros de coluna d'água encontram-

se a Água Tropical (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS), Água Intermediária

Antártica (AIA), Água Circumpolar Superior (ACS) e Água Profunda do Atlântico

Norte (APAN) (SILVEIRA et al., 2000).

A AT foi descrita por Emílsson (1961) como parte da massa de água quente e

salina que ocupa a superfície do Atlântico Sul Tropical, a qual é transportada para o sul

pela CB. Forma-se como conseqüência da intensa radiação solar e excesso de

evaporação em relação à precipitação, característico do Atlântico tropical. Ao

movimentar-se para o sul, ocorre a mistura com águas de origem costeiras mais frias e

de menor salinidade, caracterizando-se, por fim, como uma massa d’água com

temperaturas maiores que 20 ºC e salinidades acima de 36.ao longo ao sudeste brasileiro

(ROSSI-WONGTSCHOWSKI & MADUREIRA, 2006).

Figura 24. Diagrama TS e identificação das principais massas d’água do Atlântico Oeste Sul:

Água Tropica (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS), Água Intermediária Antártica

(AIA), Água Circumpolar Superior (ACS) e Água Profunda do Atlântico Norte (APAN).

(Fonte: Rossi-Wongtschowski & Madureira, 2006)

Formada na região de convergência Subtropical Subjacente à AT, encontra-se a

Água Central do Atlântico Sul (ACAS), com temperaturas entre 6°C e 18°C, salinidade

entre 34,5 e 36, e espessura de 450 m (ROCHA, 2007).

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A Água Intermediária Antártica (AIA) é caracterizada por temperaturas entre

3ºC e 6ºC, salinidade entre 34,2 e 34,6 e, devido às baixas temperaturas, é encontrada

nos estratos mais profundos, imediatamente abaixo da ACAS. Enquanto apresenta-se

como uma corrente de contorno oeste bem definida, a AIA move-se na direção do

equador ao norte de 25ºS, fluindo para o sul em 28ºS (MÜLLER et al., 1998).

A Água Circumpolar Superior (ACS) é uma massa de água intermediária do

Atlântico Sul, nomeada por Reid et al. (1977) para designar a parte superior da Água

Circumpolar (AC) provinda do oceano Pacífico, que através da Passagem de Drake,

entra no Atlântico Sul e se encontra com a APAN na Bacia Argentina, na região da

confluência Brasil-Malvinas. Ao norte da região de confluência, depois do encontro com

a APAN, a AC é separada em dois núcleos de mínimos de oxigênio e máximos em

nutrientes, especialmente o silicato. O padrão de circulação da ACS é ainda

controvertido, mas usualmente, atribui-se que seja similar ao da AIA (STRAMMA &

ENGLAND,1999).

Por fim, a Água Profunda do Atlântico Norte (APAN), situada logo abaixo da

AIA é parte integrante da circulação termohalina, caracterizada por baixos valores de

temperatura, normalmente em torno dos 3ºC e salinidades entre 34,6 e 35, ocupando

níveis entre 1500 m e 3000 m ao longo do Sudeste brasileiro (SILVEIRA et al., 2000).

Apresenta-se como um fluxo organizado, fluindo para o sul ao longo do contorno oeste

até cerca de 32ºS, onde pelo menos parte da corrente retorna em direção ao equador

(CIRANO et al., 2006).

Há registros de ressurgências que envolvem a CB ao longo da costa brasileira,

entretanto estes fenômenos não ocorrem na área de influência do Cone do Rio Grande.

Um dos principais processos oceanográficos que influenciam na dinâmica da

plataforma nas regiões costeira e oceânica sul-sudeste do Brasil é a penetração das

águas de origem sub-antártica transportadas para norte por uma ramificação costeira da

Corrente das Malvinas (CM). Estas águas frias e de baixa salinidade, dividem a

dinâmica da região, com as águas quentes e salinas de origem tropical transportadas

pela CB (SILVA JR. et al., 1996). A estas duas massas de água, ainda verifica-se a

contribuição de águas de origem continental provenientes da Lagoa dos Patos e do

próprio estuário do Rio da Prata. Silva Jr. et al. (1996) constatam que devido à diferença

de temperatura entre as águas frias presentes predominantemente sobre a plataforma

continental e as águas tropicais quentes sobre o talude, pode-se identificar um forte

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contraste térmico nesta região, o que facilita a visualização de feições termais aí

existentes (Fig. 25).

De acordo com Pickard (1975), a Corrente das Malvinas, situada próximo à

costa argentina procede da região Subantártica, transpõe a passagem de Drake e segue

em direção ao norte, até aproximadamente 25º-30ºS, transportando água de baixa

salinidade e temperatura.

A Convergência Subtropical resultante da confluência da Corrente do Brasil com

as Malvinas, como toda zona de convergência, é também caracterizada por correntes

que fluem em diferentes proporções e pelo encontro de massas de água de temperatura e

salinidade distintas (EMILSSON, 1961; BROSIN & NEHRING, 1967; MIRANDA,

1972; MIRANDA & MAGLIOCA, 1975; SIGNORINI, 1975).

O limite oeste desta confluência varia em função das variações na intensidade do

centro de alta pressão tropical do Atlântico Sul.

.

Figura 25. Imagem AVHRR de 20/03/1993, onde identifica-se a Corrente Malvinas (cores

frias), de temperaturas mais baixas, em encontro com a Corrente do Brasil (cores quentes), de

temperaturas mais quentes.

(Fonte: Silva Jr. et al., 1996).

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São poucos os trabalhos que possuem dados oceanográficos da região do Cone

do Rio Grande. Em 1996 e 1997 foi criado o Programa Recursos Vivos da Zona

Econômica Exclusiva (REVIZEE), com o objetivo principal de realizar um

levantamento dos potenciais sustentáveis de captura dos recursos vivos na Zona

Econômica Exclusiva (ZEE), que se estendeu desde o limite exterior do Mar Territorial,

de 12 milhas de largura até 200 milhas náuticas da costa, abrangendo uma extensão de

cerca de 35.000.000 km2.

Durante os 3 primeiros cruzeiros REVIZEE denominados “Pelágicos”,

realizados entre agosto de 1996 e dezembro de 1997, foram efetuadas coletas de dados

próximos à região do Cone, como batimetria, sedimentologia e dados de CTD

(Conductivity, Temperature and Depth). Estes cruzeiros foram limitados ao norte pelo

Cabo de São Tomé, RJ (22° 00’S) e ao sul pelo Arroio Chuí, RS (34°44’S), e foram

interpretados e apresentados por Pinho (2009). Neste trabalho foram utilizados dados de

temperatura e salinidade, em função da profundidade em 479 estações oceanográficas.

A coleta dos dados físicos seguiu a mesma metodologia nos três cruzeiros com estações

de coleta distantes não mais do que 20 milhas náuticas (Fig. 26).

Figura 26. Estações de coleta dos dados ambientais dos cruzeiros REVIZEE Pelágicos. Destaca-

se os dados utilizados para identificação de massas d’água na área do Cone do Rio Grande.

(Fonte: adaptado de Pinho, 2009).

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Os dados obtidos neste trabalho para caracterização das massas d’água na região

do Cone do Rio Grande foram cedidos pelo Laboratório de Hidroacústica Pesqueira da

Universidade Federal do Rio Grande, para que fossem selecionadas as estações

oceanográficas que contemplassem a região do Cone.

Os dados foram filtrados a partir dos arquivos brutos utilizando-se uma rotina

desenvolvida em MatLab R2008, sendo padronizados em tabelas com formato único de

temperatura e salinidade.

As massas d’água presentes foram identificadas com a utilização da

representação 3D e de ferramentas clássicas para análise de dados oceanográficos, tais

como Diagramas TS (Temperatura e Salinidade).

Os limites termohalinos utilizados para a classificação das massas d’água são

mostrados na Tabela 4.

Foram gerados Diagramas TS (Fig. 27) e identificadas às massas d’água

presentes na plataforma externa próxima ao Cone do Rio Grande. Os diagramas TS

gerados a partir dos índices termohalinos e dos dados de temperatura e salinidade dos

três cruzeiros permitiu identificar seis massas d’água: Pluma do Rio da Prata (PRP),

Água Subtropical de Plataforma (ASTP), Água Subantártica de Plataforma (ASAP),

Água Tropical (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e Água Intermediária

Antártica (AIA).

Tabela 4. Limites termohalinos utilizados na classificação das massas d’água (Pinho, 2009).

PRP ASAP ASTP ACAS AT

Inverno S <= 33.5;

T >= 10

33.5 < S < 34.1;

T <= 14

33.5 < S < 35.3; T > 14 &

35.3 <= S < 36; T >= 18.5

S >= 35.3;

T < 18.5

S >= 36;

T >= 18.5

Primavera S <= 33.5;

T >= 11

33.5 < S < 34.1;

T <= 17

33.5 < S < 35.3; T > 17 &

35.3 <= S < 36; T >= 18.5

S >= 35.3;

T < 18.5

S >= 36;

T >= 18.5

Verão S <= 33.5;

T >= 16

33.5 < S < 34.2;

T <= 21

33.5 < S < 35.3; T > 21 &

35.3 <= S < 36; T >= 20

S >= 35.3;

T < 20

S >= 36;

T >= 20

Outono S <= 33.5;

T >= 11

33.5 < S < 34.1;

T <= 17

33.5 < S < 35.3; T > 17 &

35.3 <= S < 36; T >= 18.5

S >= 35.3;

T < 18.5

S >= 36;

T >= 18.5

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Além das massas d’água identificadas anteriormente componentes da Corrente

do Brasil (CB), aparecem também na região do Cone do Rio Grande as massas PRP,

ASTP e ASAP.

PRP é a denominação dada às águas de baixa salinidade (S < 33,5) que se

distribuem ao longo da costa da Argentina, Uruguai e Brasil, misturando-se lateralmente

e verticalmente com outras massas d’água (MÖLLER et al., 2008; PIOLA et al., 2008).

Esta denominação se deve a origem dessas águas no estuário do Rio da Prata, muito

embora as águas do complexo Lagoa dos Patos/Mirim também contribuam, mesmo que

em menor escala, para a formação das águas de baixa salinidade presentes ao longo da

costa sul do Brasil, sendo também denominadas de Águas Costeiras (AC) (PIOLA et

al., 2008).

A plataforma brasileira ao sul de Cabo Frio é ocupada pela ASTP diluída pela

mistura com águas do Rio da Prata. Esta massa d’água é relativamente quente (T >

14°C) e salina (S > 33,5) resultante da modificação da ACAS e da AT (PIOLA et al.,

2000).

A característica hidrográfica mais marcante na área externa da plataforma

continental é o ingresso da Água Subantártica de Plataforma no inverno e a intrusão da

ACAS no verão (CASTELLO et al., 1997; PIOLA et al., 2000). O ingresso da ASP

ocorre, principalmente, através do canal do Albardão, se estendendo no setor médio da

plataforma e ultrapassando os 32ºS de latitude (PIOLA et al., 2000). A ASAP

caracteriza-se por apresentar uma salinidade sazonalmente uniforme, em média 33,8, e

grandes variações na temperatura superficial, passando de aproximadamente 21°C no

verão a 11°C no inverno.

De acordo com Piola et al. (2008), a ASTP e ASAP são separadas por uma zona

de transição termohalina observada sobre a plataforma continental uruguaia e

sulbrasileira, sendo denominada Frente Subtropical de Plataforma (FSTP).

A análise dos diagramas TS dos cruzeiros de inverno e verão indicou a presença

de uma zona de mistura intensa no setor ao sul do Cabo de Santa Marta Grande. A água

presente nessa zona é, provavelmente, proveniente da mistura entre ACAS e ASAP.

Imediatamente abaixo da ACAS encontra-se a AIA, com temperaturas entre 3°C e 6°C

e salinidades entre 34,2 e 34,6 (CIRANO et al., 2006). A AIA pode ser observada em

todos os cruzeiros e em toda a área de estudo. Cabe salientar que, por uma questão de

padronização, o limite máximo de profundidade estabelecido para análise dos dados

físicos – 611m – foi o máximo atingido no Cruzeiro REVIZEE 1. Os Cruzeiros

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REVIZEE 2 e 3 realizados no outono e verão de 1997, atingiram profundidades de até

1000 m nas estações mais oceânicas, nas quais estaria mais marcada a presença da AIA.

Figura 27. Diagramas TS dos cruzeiros REVIZEE 1 (superior esquerda), 2 (superior direita) e 3

(inferior), para as áreas próximas ao Cone do Rio Grande.

A principal influência das massas d’água identificadas nas áreas próximas ao

Cone do Rio Grande é o aporte de nutrientes minerais, provenientes principalmente da

Corrente das Malvinas, que exercem uma ação fertilizante sobre as águas da plataforma

continental com as quais se misturam (GODÓI, 1982). Esses nutrientes disponíveis

favorecem a produção biológica no local, promovendo a fertilização das águas e, através

da sedimentação das carcaças destes organismos, a disponibilidade destes nutrientes no

sedimento marinho.

4.1.5. Estudos Paleooceanográficos e Datação do Cone do Rio Grande

Os estudos paleooceanográficos e bioestratigráficos estudam fósseis de diversos

organismos marinhos na reconstrução das condições oceanográficas pretéritas. Estes

estudos se fazem necessários também na indústria do petróleo, para fins de detecção de

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descontinuidades no registro estratigráfico, apoiando pesquisas que enfoquem a

delimitação de possíveis reservatórios (ANJOS-ZERFASS, 2008).

A micropaleontologia da plataforma sul brasileira e talude tem sido objeto de

estudo desde o início dos anos 70, através de pesquisas com foraminíferos, radiolários,

ostracodes e palinomorfos, além de estudos sobre nanofósseis calcários (GOMIDE,

1989).

Diversos autores estudaram as oscilações do nível do mar através dos

microfósseis retirados de amostras da plataforma continental sul brasileira, uruguaia e

argentina (VICALVI, 1977; BERTELS & MADEIRA-FALCETTA, 1977; BERTELS

et al., 1980). Entretanto, o primeiro estudo que traz dados do Cone do Rio Grande sobre

este aspecto foi apresentado por Lorscheitter (1984), que encontrou um predomínio de

pólens e esporos alternado com o de formas tipicamente marinhas, como indicativo da

maior ou menor influência continental na acumulação de sedimentos.

Mais tarde em 1999, Gonçalves & Dehnhardt realizaram um estudo detalhado de

nanofósseis calcários em um testemunho da região central do Cone do Rio Grande que

apresentou indícios de variações do nível do mar, através da presença de organismos de

ambiente marinho e continental e também de águas quentes e pouco profundas,

provavelmente indicativas do período interglacial. Os autores identificaram um nível de

retrabalhamento na base do testemunho onde foi verificada uma mistura de espécies do

Plioceno e Pleistoceno. O intervalo de topo foi datado como eopleistocênico, e a

assembléia identificada neste período indicou temperaturas mais altas do que as atuais.

Análises de foraminíferos nanofosséis coletados no cruzeiro Meteor M49 no

Cone do Rio Grande mostraram que os sedimentos entre 1464 e 3170 m de

profundidade possuíam formação holocênica (BLEIL et al., 2001).

Esses autores afirmaram que as secções mais profundas do Cone são formadas

principalmente por grãos terrígenos ricos em lama hemipelágica, praticamente livre de

carbonatos. Por fim, os autores afirmam que a região do Cone do Rio Grande é de idade

Quartenária e que uma amostra da base do testemunho apresentou idade inferior a

70.000 anos, o que sugere taxas de sedimentação maiores que 9 cm por ano.

Anjos-Zerfass et al. (2009) confirmaram, através da análise de foraminíferos e

palionomorfos, o resfriamento das águas a 10.4 Ma, que corresponde ao início da

formação do Cone do Rio Grande. O resfriamento seria decorrente do isolamento

térmico da Antártica e, conseqüentemente, da Corrente Circumpolar Antártica. Com

base em estudos bioestratigraficos os autores afirmam que a coerência desta

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descontinuidade é consistente aos dados cronoestratigráficos obtidos a partir da razão

isotópica 87

Sr/86

Sr.

Um estudo de palinomorfos de um testemunho do sul do Cone mostrou 5 zonas

de palinomorfos correspondentes à cinco estágios de desenvolvimento paleoambiental e

paleoclimático da área estudada (Fig. 28), indicando que a formação dos sedimentos

ocorreu em ambiente marinho, mas sob influência de correntes (paleorios e paleocanais)

que aportaram material continental (DINIZ, 2011).

O mesmo estudo mostrou que durante a formação desses sedimentos, o nível

médio do mar não esteve estável, com uma transgressão e posterior regressão marinha,

indicado pela ocorrência de vários palinomorfos de origem marinha, como cistos de

dinoflagelados, palinoforaminíferos, silicoflagelados, também de palinomorfos

terrestres, como esporos de briófitas e pteridófitas, pólens de pinófitas e magnoliofitas e

fungos, e aquáticos, como algas clorófitas.

Figura 28. Diagrama percentual dos principais palinofácies na amostra de testemunho do Cone

do Rio Grande.

(Fonte: Diniz, 2011).

Através da datação pelo método 14

C Diniz (2011), estabeleceu uma idade entre

5000 e 2000 anos para os sedimentos do Cone em um testemunho de 2,0 m de

comprimento (Fig. 29). A estrutura sedimentar foi considerada bastante complexa,

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influenciada por oscilações do nível médio do mar, o clima da região continental e os

índices de pluviosidade.

Figura 29. Idades e relação 13C/12C encontradas nas amostras de testemunho do Cone do Rio

Grande analisadas por Diniz (2011).

(Fonte: Diniz, 2011).

Em conclusão é possível dizer que a formação do Cone do Rio Grande teve

início a 10,4 milhões de anos, em condições de nível médio do mar abaixo das atuais.

Ao passar do tempo, as condições oceânicas na área do Cone se modificaram de acordo

com a influência das massas d’água com diferentes propriedades, o que ocasionou o

aparecimento de diferentes organismos, indicadores de condições adversas, indicando

variabilidade durante a formação desta feição sedimentar.

4.1.5. Geofísica do Cone do Rio Grande

Os primeiros trabalhos a apresentarem dados gravimétricos da Bacia de Pelotas

foram apresentados por Celmins (1957) e Ghignone (1960), que realizaram um

levantamento gravimétrico de toda a Bacia de Pelotas.

Em um trabalho coordenado pela PETROBRAS, Bisol (1968) foi o primeiro

autor a apresentar um perfil sísmico da parte submersa da bacia. Alguns anos depois,

Francisconi & Kowsmann (1975) apresentaram a síntese de dados sísmicos de refração

e reflexão, definindo um arcabouço estrutural para a porção rasa da Bacia e construíram

um mapa com a espessura dos sedimentos e da profundidade do embasamento desta

bacia.

Alves (1977) apresenta o primeiro trabalho a descrever de forma sistemática,

através de dados sísmicos de refração, as características morfológicas e as estruturas

internas do Cone do Rio Grande desde o Mioceno superior até o Pleistoceno/Holoceno.

O autor descreve a estrutura sedimentar do Cone como uma sedimentação

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predominantemente pelágica, disposta próximo à borda da plataforma, sendo

influenciada por correntes de contorno no sopé continental e por quedas eustáticas

ocorridas no Neoterciário e Pleistoceno dividindo-o em quatro seqüências distintas.

Através da análise de dados de BSR (Bottom Simulatting Reflectors), Fontana

(1989) apresentou a primeira evidência da presença de hidratos de gás na Bacia de

Pelotas, nas proximidades do Cone do Rio Grande, sendo a reserva estimada

quantitativamente por Fontana & Mussumeci (1994). A partir de então, muitos trabalhos

de geofísica que envolvem o Cone do Rio Grande, basearam-se na identificação e/ou

quantificação de hidratos de gás.

Através da análise de dados sísmicos Fontana (1996) descreveu detalhadamente

a geotectônica e a sismoestratigrafia da Bacia de Pelotas e da Plataforma de

Florianópolis (Fig. 30). Neste trabalho, o autor divide a região que engloba o Cone do

Rio Grande em 17 seqüências deposicionais de 2a ordem. Na porção rasa da bacia e

paralelo ao fundo oceânico, identificou-se o BSR que pode vir a indicar a presença de

hidratos de gás.

Figura 30: Linha sísmica de reflexão 317 com a divisão cronoestratigráfica da Bacia de Pelotas.

(Fonte: adaptado de Fontana, 1996).

O perfil obtido da região do Cone do Rio Grande do estudo paleooceanográfico

de Bleil et al. (2001) revelou uma topografia não usual em três diferentes regimes

deposicionais (Fig. 31). O primeiro seguindo a quebra de plataforma, onde ondulações

paralelas ou reflexões onduladas são interrompidas por uma pronunciada sedimentação

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tectônica, a cerca de 1100 – 1700 m de profundidade. Adjacente ao talude encontrou-se

uma grande erosão marcada por deriva sedimentar. Aproximadamente a 750 m de

profundidade foram identificados pacotes de sedimentos hemipelágicos, o que indica a

influência de correntes de contorno abaixo dos 3400 m.

Neste trabalho também foram identificados sinais de BSR, porém a origem desse

sinal não fica clara para os autores, mas podem indicar registros de hidratos de gás.

Entretanto outros processos controlados pela profundidade dos sedimentos, temperatura

e pressão poderiam causar o efeito de atenuação de BSR observados.

Figura 31. Multicanal sísmico na linha GeoB 01-159 no sul da margem continental brasileira ao

longo da margem do Cone do Rio Grande.

(Fonte: Bleil et al. 2001).

Deckelman et al. (2006) fazem uma análise dos prováveis sistemas petrolíferos

que podem ser encontrados na Bacia de Pelotas e destacam os hidratos como possíveis

reservas a serem exploradas.

Um trabalho realizado por Sad et al. (1997) estimaram um volume para a reserva

de hidratos do Cone do Rio Grande em torno de 780 TFC. Esse valor equivalente a 135

bilhões de m3, que corresponde a 2,2 x 10

13 m

3 de metano, em condições normais de

temperatura e pressão. Estes autores ainda afirmam que o Cone do Rio Grande sofre

grande influência da corrente de contorno AIA que provavelmente é responsável por

manter as temperaturas baixas, preservando assim as camadas de hidratos. Através de

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registros sísmicos identificaram que os hidratos ocorrem numa área de

aproximadamente 45.000 km2, sob o intervalo de lâmina d’água de 500 a 3.500 m, em

pacotes sedimentares com cerca de 200 m de espessura e ocupando aproximadamente

1,5% do espaço poroso.

Corrêa (2004) apresentou um mapa de isópacas (Fig. 32), onde são visualizadas

linhas de igual espessura e os limites offshore do Cone aparecem menores do que os

previamente descritos, indicando a variabilidade desta estrutura sedimentar.

Neste trabalho, o autor afirma ainda que os processos, atuais e passados,

condicionantes na morfologia do Cone estão associados à ação de correntes de fundo,

face ao grande número de feições erosivas e deposicionais encontradas. A abrupta

diminuição das espessuras sedimentares na terminação do Cone mostra a ação dos

processos de correntes termohalinas na modulação do Cone.

Figura 32. Mapa de Isópacas, referente ao intervalo Mioceno Médio – Recente, mostrando o

desenvolvimento do Cone do Rio Grande.

(Fonte: Corrêa, 2004)

O estudo de sísmica 2D de Rosa et al. (2006) identificou na região estudada

feições características de escape de gás (Fig. 33), também conhecidos como seepages,

cujas dimensões estão em torno de 300 m de extensão lateral. Segundo os autores, os

hidratos de gás ocorrem preenchendo os poros dos sedimentos, os quais são

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denominados hidrato-cimentados. Isto ocorre nos locais onde existem condições de

temperatura e pressão nas quais o hidrato atinge sua estabilidade. Desta forma os

sedimentos hidrato-cimentados não correspondem diretamente a um determinado estrato

sedimentar, o que pode ser visualizado através de BSR.

Figura 33. Identificação de uma feição característica de escape de gás encontrada no Cone do

Rio Grande.

(Fonte: Rosa et. al., 2006).

Os seepages são formados devido a escape de fluidos o qual pode ser água, gás

ou óleo, devido ao aumento da pressão dos sedimentos ou através de zonas de falhas

gerando na superfície oceânica uma cratera característica (HOVLAND & JUDD, 1988).

Mais recentemente, Rosa et al. (2007) interpretaram 5 linhas sísmicas, cedidas

pela ANP, que englobam a porção sul da bacia, onde se encontra a feição

geomorfológica do Cone (Fig. 34).

Nesse trabalho, a região do Cone é caracterizada por espessos pacotes pelíticos

nos quais se encontram intercalados lobos arenosos dispostos na base de cada

subseqüência. No intervalo que antecede ao Cone foram encontradas, na base da bacia,

seqüências sísmicas de caráter transgressivo, depositadas continente adentro com a

sobreposição de tratos de sistema de mar baixo, transgressivo e de mar alto. Tanto na

região do Cone do Rio Grande como nas demais áreas da bacia, foram identificados

diversos sistemas de falhas e uma zona de descolamento formada na região de

instabilidade do talude. Estas falhas são decorrentes do grande aporte sedimentar

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ocorrido num curto espaço de tempo, o que pode ter favorecido a formação ou a

destruição de armadilhas de aprisionamento de hidrocarbonetos ou ainda no escape do

mesmo (Fig. 35).

Figura 34. Linhas sísmicas (em vermelho) interpretadas por Rosa et. al., 2007.

(Fonte: Rosa et. al., 2007)

Estes autores realizaram também uma avaliação do potencial petrolífero da

Bacia de Pelotas, pela identificação de diferentes estratos de rochas geradoras e

armazenadoras de hidrocarbonetos (Fig. 36).

As rochas geradoras foram associadas aos pelitos turonianos e aos pelitos

terciários devido ao provável teor de matéria orgânica e eventual maturidade térmica da

rocha. Os folhelhos terciários e a camada de hidratos de gás são identificados como as

rochas selantes. Os reservatórios são representados por arenitos que constituem os

leques de fundo de bacia, dispostos sobre as descontinuidades que constituem o topo da

seqüência subjacente. Já a migração dos hidrocarbonetos pode ocorrer através de

sistemas de falhas encontrados ao longo da bacia. Com relação ao sincronismo destes

elementos, pode-se dizer que as rochas geradoras de idade turoniana atingiriam a janela

de geração antes da formação das armadilhas oligomiocênicas, portanto não permitindo

a acumulação dos hidrocarbonetos neste sistema petrolífero. Entretanto, a geração de

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gás proveniente dos folhelhos terciários, pode vir a acumular ao longo das armadilhas

estruturais e estratigráficas também formadas durante o terciário.

Figura 35. Um dos perfis sísmicos obtidos por Rosa et. al., 2007 na seção sísmica J99B342

interpretada e sua localização, mostrando o topo de Seqüência Sísmica 13 (SS13) (azul), com

leque de fundo de bacia (verde), falhas distensionais (amarela) e intermediárias (laranja), e uma

zona de descolamento (vermelho).

(Fonte: Rosa et. al., 2007).

Castillo et al. (2009) elaboraram um modelo 3D do Cone, onde pode ser

visualizado com mais detalhe o sistema de falhas desta feição (Fig. 37), onde identifica-

se algumas falhas na seção distal do Cone, as quais mudam o estilo estrutural para

falhas inversas, que podem ser identificadas no final da seção sísmica.

Os autores identificaram que a fina camada sedimentar recente é cortada por

sistema de falhas e também pela presença de anomalias geofísicas, como o BSR, já

identificado anteriormente por outros autores. Esta anomalia em pacotes sedimentares

pode indicar a presença de hidratos de gás.

Abaixo dos 500 m, os autores observaram um sistema de falhas que corta todas

as sequências sedimentares superiores e concluem que o Cone é uma estrutura

sedimentar influenciada por estruturas complexas, que atuam sobre todo o pacote

sedimentar.

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Figura 36. Seção dip J99B342 mostrando a disposição das rochas geradoras turonianas (azul) e

os prováveis caminhos migratórios () através dos diversos sistemas de falhas (verde e laranja)

até os prováveis reservatórios (amarelo).

(Fonte: Rosa et al., 2007).

Figura 37. Modelo estrutural tridimensional do Cone do Rio Grande, identificando as falhas

encontradas por Castillo et al., 2009.

(Fonte: Castillo et al., 2009).

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~ 83 ~

Lópes (2009) produziu um modelo aproximado dos corpos geológicos

encontrados no subsolo desta feição, os quais não podem ser mapeados com técnicas

diretas.

Esse autor identificou a grande influência e reativação de ao menos três fases

tectônicas no Cone do Rio Grande, como o sistema de falhamento normal (Fig. 38); o

sistema inverso e sistema de falhamento transcorrente. Ele sugere que a tectônica do

Cone tem sido controlada por processos distensivos com pulsos compressivos, devido à

resposta da competência rochosa da geoforma, o aporte sedimentar, o carregamento

litostático e a conseqüente subsidência sedimentar e tectônica.

Ainda neste trabalho foi apresentado um quadro comparativo com a carta

estratigráfca, curva eustática, bioestratigrafia do nível do mar e a evolução dos trabalhos

de estratigrafia de sequências aplicados para o Cone do Rio Grande (Fig. 39).

Figura 38. Sistema de falhas normais do Cone do Rio Grande.

(Fonte: Lópes, 2009).

O trabalho mais recente que apresenta dados geofísicos sobre o Cone do Rio

Grande foi apresentado por Roberts et al. (2012), onde foram reprocessados dados

sísmicos da ANP e puderam ser identificados com mais clareza zonas de perda de

refletividade, que podem indicar a presença de gás (Fig. 40). Estes autores afirmam

também que a Bacia de Pelotas é uma bacia produtora de hidrocarbonetos.

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.

Figura 39. Quadro comparativo com a carta estratigráfca, curva eustática, bioestratigrafia do nível do mar e a evolução dos trabalhos de estratigrafia de

sequências aplicados para o Cone do Rio Grande.

(Fonte: Lópes, 2009).

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Figura 40. Linha sísmica com 330 km reprocessada, com origem na plataforma e em direção ao

SE do Cone do Rio Grande.

(Fonte: Roberts et al., 2012).

Em conclusão é possível afirmar que a estrutura do Cone do Rio Grande é um

depósito sedimentar complexo modificado por diversos sistemas de falhas e onde

diferentes camadas sedimentares identificadas pelos registros sísmicos podem atuar

como rochas fonte ou reservatórios de hidrocarbonetos. Além disso, os registros de BSR

identificados em diversos trabalhos indicam a presença de hidratos de gás, entretanto,

ainda não há trabalhos direcionados a amostragem de sedimentos com a finalidade de

estudar estes compostos, visto que são necessários equipamentos de tecnologia bastante

avançada. As grandes necessidades financeiras em material, equipamentos e meios

flutuantes adequados para efetuar missões específicas para esse fim dificultam uma

expedição com finalidade acadêmica.

4.1.6. Geoquímica do Cone do Rio Grande

Os dados geoquímicos obtidos através de medidas e da análise das amostras de

sedimento dos testemunhos possibilitaram a investigação desta feição sob o aspecto

geoquímico. No presente trabalho foram medidos os seguintes parâmetros: Potencial

Hidrogeniônico (pH), Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Total (NT), Fósforo

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(P), Carbonatos (CARB), os elementos metálicos Pb, Cr, Cu, Fe, Ni e Zn e

Hidrocarbonetos.

4.1.6.1. Potencial Hidrogeniônico (pH)

Os dados relativos ao pH e potencial redox (Eh) são parâmetros muito

importantes para o monitoramento dos sistemas marinhos, pois fornecem dados sobre as

variações globais das condições geoquímicas ambientais.

Os valores de pH dos sedimentos, juntamente com suas médias, desvio padrão,

valores mínimos e máximos são apresentados na Tabela 5. Este parâmetro variou de

6,74 a 7,44.

Os resultados indicam que os sedimentos possuem características variando de

neutra, com valores pouco superiores a 7, à levemente alcalinas, com valores de pH

maiores que 7. As diferenças de pH podem estar relacionadas aos valores de carbonatos

totais presente nos sedimentos. Entretanto, é importante salientar que como estes

testemunhos foram coletados em 2007/2008, mesmo com a conservação correta, os

valores de pH podem ter sofrido alguma alteração.

Correia et. al. (2009) realizando análises geoquímicas preliminares em 8

testemunhos do Cone do Rio Grande, encontraram uma tendência redutora nestas

amostras, visto que os sedimentos com granulometria mais fina tendem a apresentar esta

característica devido às condições de menor aporte de oxigênio aos níveis de soterramento

(BAISCH, 1997).

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Tabela 5. Potencial hidrogeniônico (pH) medido na abertura dos testemunhos.

Testemunho pH

SIS 774 7,4

SIS 757 6,85

SIS 679 6,99

SIS 721 7,32

REG 740 7,29

SIS 820 7,39

SIS 928 7,44

SIS 898 6,90

SIS 925 7,22

SIS 892 7,26

SIS 840 7,23

SIS 936 7,14

REG 964 6,91

REG 957 7,10

REG 946 7,16

REG 977 6,85

REG 963 7,16

REG 964 7,03

REG 957 6,82

REG 946 6,74

REG 985 7,01

REG 915 7,03

REG 942 6,83

REG 961 6,95

REG 943 6,94

REG 995 7,01

MEDIA 7,08

DESV PAD 0,20

MIN 6,74

MÁX 7,44

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4.1.6.2. Carbonatos Totais

Os carbonatos são importantes constituintes de análises geoquímicas, pois fazem

parte do ciclo biogeoquímico do carbono. O ciclo do carbonato de cálcio (CaCO3)

marinho tem importante atuação no ciclo do carbono entre os sistemas atmosfera e

oceano pois o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera., combinado com a água, forma o

ácido carbônico, o qual reage lentamente com o Ca e com o Mg da crosta terrestre,

formando os carbonatos.

Os carbonatos podem também serem levados aos oceanos através dos processos

de erosão de rochas continentais e carreados pelos rios que deságuam no mar. No

ambiente marinho, os carbonatos podem ser assimilados por organismos plantônicos,

especialmente os foraminíferos, tornando-se parte constituinte destes que, ao morrerem,

são depositados no fundo oceânico. De acordo com Le & Schoonmaker (2003), a

quantidade total de CaCO3 nos oceanos é aproximadamente 50 vezes maior que na

atmosfera e metade da dissolução total de CaCO3 ocorre nos sedimentos de mar

profundo.

Em regiões que contem hidratos de metano e também atividades de

microorganismos, as mudanças físico-químicas no sistema induzem à precipitação de

carbonatos (RITGER et al., 1987).

As concentrações de Carbonatos Totais, apresentadas em porcentagem, variaram

de 10,32% a 20,01% (Tab. 6) que são similares às concentrações preliminares

apresentadas por Correia et al. (2009).

As maiores concentrações deste parâmetro foram identificadas na região central

do Cone e na borda do talude central ao Cone, entretanto não foi apresentado uma

distribuição espacial deste parâmetro, indicando que as concentrações não variam

conforme as diferentes regiões (norte, centro e sul) do Cone (Figs. 41 e 42).

De acordo com Morse & Makenzie (1990), a concentração de carbonatos nos

sedimentos para a região de estudo é de aproximadamente 20% (Fig. 43), assim, é

possível afirmar que as concentrações determinadas através da análise das amostras de

sedimento corrobam com os valores estimados para a região.

Segundo Le & Schoonmaker (2003), a concentração de carbonatos é diretamente

proporcional à característica alcalina do sedimento e da água do mar ao redor, assim, é

possível sugerir que a característica neutra a levemente alcalina dos sedimentos

contribui para que a concentração de carbonatos tenha ficado em torno dos 15%.

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Figura 41. Mapa de distribuição de concentração de carbonatos para o Cone do Rio Grande.

Figura 42. Distribuição da concentração (%) de carbonatos no Cone do Rio Grande.

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Tabela 6. Concentrações médias, em peso seco, de carbonatos totais nas amostras.

Testemunho Carbonatos (%)

SIS 774 11,09

SIS 757 15,67

SIS 679 10,45

SIS 721 12,65

REG 740 18,66

SIS 820 10,32

SIS 928 14,87

SIS 898 14,32

SIS 925 17,54

SIS 892 19,54

SIS 840 11,45

SIS 936 20,01

REG 964 11,00

REG 957 16,87

REG 946 15,42

REG 977 12,98

REG 963 11,56

REG 884 19,87

REG 962 10,32

REG 976 15,88

REG 985 14,00

REG 915 13,90

REG 942 11,65

REG 961 11,80

REG 943 13,09

REG 995 18,76

MEDIA 14,37

DESV PAD 3,20

MIN 10,32

MÁX 20,01

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Figura 43. Distribuição de carbonatos (%) nas diferentes regiões oceânicas do planeta.

(Fonte: Morse & Makenzie,1990).

4.1.6.3. Carbono Orgânico Total

A matéria orgânica encontrada nos sedimentos marinhos pode ter origem

alóctone ou autóctone, ou mesmo uma combinação de ambas. De acordo com

Sommaruga & Conde (1990) a distribuição é afetada por muitas variáveis

oceanográficas, como a profundidade da coluna de água, a hidrodinâmica local, o

diâmetro das partículas, dentre outros.

O conteúdo de carbono orgânico nos sedimentos dos fundos oceânicos tem sido

diretamente correlacionado à produtividade das águas superficiais. Contudo, o

incremento na produção e nas condições de preservação do carbono orgânico marinho, e

o aumento no aporte de carbono orgânico terrígeno são fatores que contribuem

particularmente na deposição deste elemento nos sedimentos (STEON, 1991).

Os teores de COT oscilaram de 0,17 % a 0,95 % nas amostras de sedimento

(Tab. 7), com média de 0,46% e desvio padrão de 0,18%, mostrando uma considerável

variação de acordo com a localização.

As maiores concentrações de COT foram observadas ao sul do Cone do Rio

Grande (Figs. 44 e 45), que diminuem em direção ao norte, sugerindo que a

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disponibilidade de matéria orgânica para o sul do Cone seja maior que para as outras

áreas desta feição.

Li & Schoonmaker (2003) apresentam concentrações médias de 0,45% para

regiões de argilas pelágicas. Bostrom (1973) apresenta concentração de COT média nas

proximidades da plataforma continental dos oceanos de 1,2 %. Assim as concentrações

de COT nos sedimentos do Cone do Rio Grande estão dentro das médias encontradas

em ambiente similares.

As diferentes concentrações ao longo do Cone podem ser explicadas devido à

circulação de correntes marítimas, que fertilizam as águas oceânicas, através do input de

nutrientes nestas regiões. De acordo com Godói (1982), a Corrente das Malvinas

caracteriza-se por seu alto conteúdo de nutrientes minerais (fosfatos e nitratos), que

exercem uma ação fertilizante sobre as águas da plataforma continental com as quais se

misturam. Como o encontro desta corrente com a do Brasil ocorre ao sul do Cone do

Rio Grande, as diferenças das concentrações de COT encontradas entre as regiões do

Cone podem ter origem neste sistema de circulação marinha.

Figura 44. Mapa de distribuição de concentração de Carbono Orgânico Total para o Cone do

Rio Grande.

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Figura 45. Distribuição da concentração (%) de Carbono Orgânico Total no Cone do Rio

Grande.

As informações obtidas indicam claramente que o COT encontrado para o Cone

do Rio Grande é de origem natural, isento de contaminação, mostrados pela baixa

concentração de matéria orgânica e pela muito reduzida probabilidade de aportes

antrópicos nesta região.

Em relação à formação de hidrocarbonetos, Bordenave et al. (1993) apontam

que as rochas geradoras de hidrocarbonetos com concentração de COT abaixo de 0,5%

são consideradas muito pobres. As concentrações de 0,5 à 1% são consideradas pobres;

de 1 à 2%, razoáveis; de 2 à 4, boas; de 4 à 12 muito boas; e acima de 12, excelentes

para a geração de hidrocarbonetos. O Cone do Rio Grande enquadra-se nas

classificações muito pobre e pobre. Entretanto, para a formação de hidratos de gás em

quantidades apreciáveis, as concentrações de teor de material orgânico necessárias estão

entre 0,5 % e 1,0 % (CLENELL, 2000a). Waseda & Nishita (1998) consideram altas as

concentrações de 1,7% de COT das reservas de hidratos da América Central, entre

México e Guatemala. Teores similares foram apresentados por Borowski et. al. (1999)

para a Elevação de Blake, apresentando 0,67% de valor médio.

Assim, apesar da baixa concentração de COT para a formação de

hidrocarbonetos de petróleo, as concentrações encontradas no Cone do Rio Grande

enquadram-se dentre as condições necessárias para a formação de hidratos de gás

biogênico. Entretanto, existem outras condições importantes na formação de hidratos de

gás como porosidade dos sedimentos e taxa de sedimentação.

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4.1.6.4. Nitrogênio Total

As concentrações de NT variaram de 261,21 ppm a 1967,95 ppm, com média de

731,08 ppm e desvio padrão de 363,21 ppm nas amostras de sedimento dos testemunhos

e, da mesma maneira que o COT, mostrou uma variação de acordo com o

posicionamento destes (Fig. 46). As concentrações por testemunho, média, desvio

padrão, máximos e mínimos são apresentadas na Tabela 7.

As formas orgânicas do carbono e nitrogênio são os principais constituintes da

matéria orgânica depositada no compartimento de fundo. A análise destes componentes

é umas das formas mais eficazes de assinaturas oceanográficas ao longo de um

ambiente sedimentar.

Assim como o COT, as concentrações de NT variaram espacialmente, onde os

maiores valores são encontrados ao sul do Cone (Fig. 47), tornando a porção sul do

cone mais rica em matéria orgânica.

Figura 46. Mapa de distribuição de concentração de Nitrogênio Total para o Cone do Rio

Grande.

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Figura 47. Distribuição da concentração, em ppm (mg/Kg) de Nitrogênio Total no Cone do Rio

Grande.

O valor médio encontrado para esse elemento na Bacia de Pelotas é de 620,66

ppm (WALLY, 2011), enquanto que a concentração média de NT para argilas pelágicas

é de 600 ppm (LI & SCHOONMAKER, 2003). Assim, as concentrações médias

encontradas para o Cone estão acima dos valores encontrados para este tipo de

sedimento, inclusive em relação às médias mundiais para este elemento. Este fato é

atribuído a circulação local e fertilização das águas, visto que as maiores concentrações

deste elemento encontram-se ao sul do Cone e coincidem com a mistura das águas das

correntes do Brasil e Malvinas.

4.1.6.5. Fósforo Total

Partículas de fósforo chegam aos sedimentos marinhos tanto em frações

orgânicas quanto inorgânicas. Em um recente estudo, Faul et al. (2005) investigaram a

distribuição de fósforo do material particulado de diversos regimes oceânicos e

chegaram à conclusão que o fluxo de P dos sedimentos é dominado por reações com P

orgânico, autigênico e uma parcela que contêm o P associado a óxidos e hidróxidos de

ferro. As frações de P no sedimento em que não ocorre nenhuma destas reações são

apenas 13% do total. Esta porcentagem que não participa das reações consistem em

matéria orgânica e detritos de organismos marinhos.

Após a acumulação na superfície do fundo, o P é redistribuído pelo sedimento de

acordo com uma modificação diagenética primária, que, de acordo com Schenau & De

Lange (2001) pode ser utilizado em atividades metabólicas de bactérias presentes neste

compartimento.

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~ 96 ~

Dentre os elementos orgânicos analisados, a concentração de Fósforo Total (P)

apresentou as maiores variações do que o COT e NT na região de estudo. As

concentrações deste elemento variaram de 753,17 ppm a 3602,73 ppm, com média de

1745,44 ppm e desvio padrão de 783,56 (Tab. 7).

Para este elemento foi encontrada uma considerável variação entre as amostras,

e, assim como os parâmetros COT e NT, também apresentou uma distribuição espacial

de sul para norte (Figs. 48 e 49).

Os valores médios da concentração de P apresentaram-se um pouco acima da

média mundial deste elemento em sedimentos de plataforma e marinhos, que apresenta

valor de 1500 ppm (LE & SCHOONMAKER, 2003). Este quadro pode ser resultado do

encontro da Corrente do Brasil com as Malvinas, que favorece a remineralização destes

nutrientes por organismos planctônicos, próximo as linhas batimétricas de 1000 m, e

aumentam a sua concentração nos sedimentos de sua proximidade, como mostrado por

Schulz & Zabel (2005).

Figura 48. Mapa de distribuição de concentração de Fósforo Total para o Cone do Rio Grande.

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~ 97 ~

Figura 49. Distribuição da concentração, em ppm (mg/Kg) de Fósforo Total no Cone do Rio

Grande.

Assim, a partir dos resultados obtidos, é possível considerar a porção sul do

Cone do Rio Grande como a mais rica em questão de matéria orgânica, apresentando as

maiores concentrações dos elementos estudados, o que pode favorecer a formação de

gás biogênico nesta feição.

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~ 98 ~

Tabela 7. Teores médios das concentrações (%) de Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio

Total (ppm) e Fósforo Total (ppm) em peso seco das amostras analisadas e suas respectivas

médias, desvios padrão, mínimos e máximos.

Testemunhos COT (%) NT (ppm) P (ppm)

SIS 774 0,29 458,71 1245,66

SIS 757 0,38 612,16 1461,94

SIS 679 0,51 537,47 1233,99

SIS 721 0,20 617,20 946,04

REG 740 0,24 261,21 1612,18

SIS 820 0,28 818,55 2821,86

SIS 928 0,54 1032,33 1666,78

SIS 898 0,51 393,79 1271,59

SIS 925 0,39 300,74 765,70

SIS 892 0,17 702,69 1554,00

SIS 840 0,25 635,92 913,19

SIS 936 0,43 491,17 1274,10

REG 964 0,45 822,01 1737,16

REG 957 0,45 983,83 2240,61

REG 946 0,48 631,10 763,58

REG 977 0,70 997,68 1617,06

REG 963 0,42 508,76 3602,73

REG 964 0,48 935,57 753,17

REG 957 0,36 418,45 2257,73

REG 946 0,78 1274,60 1990,86

REG 985 0,95 1967,95 3381,62

REG 915 0,44 1199,14 2821,16

REG 942 0,40 548,84 1046,58

REG 961 0,62 629,69 2300,52

REG 943 0,66 523,55 2040,99

REG 995 0,47 705,06 2060,61

MEDIA 0,46 731,08 1745,44

DESV PAD 0,18 363,21 783,56

MIN 0,17 261,21 753,17

MÁX 0,95 1967,95 3602,73

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~ 99 ~

4.1.6.6. Elementos Metálicos

Segundo Salomons & Forstner (1984), os metais traço têm sido transportados ao

longo do ciclo hidrológico desde a primeira ocorrência de água no Planeta Terra. Ao

longo do caminho entre o continente e o oceano, os metais traço estão sujeitos a uma

grande quantidade de processos ocasionados pelas mudanças no meio ambiente e que

afetam a distribuição destes elementos nas fases dissolvidas e particuladas. Os

sedimentos têm um papel preponderante nesse processo, pois atuam como um

reservatório nos quais mudanças nas condições ambientais podem causar a

remobilização dos metais acumulados.

Os metais traço são caracterizados pela baixa concentração no ambiente,

normalmente em partes por milhão (ppm), e seus teores no ambiente marinho dependem

da proximidade às fontes naturais continentais ou marinhas como as erupções

vulcânicas; ou de origem antrópica, como rios e estuários contaminados com estes

elementos. Os metais traço estão associados aos sedimentos através dos diferentes

suportes litosedimentares. Dentre eles podem ser citados o suporte granulométrico e a

associação de metais com os diferentes componentes litogeoquímicos1.

Em termos mais específicos, os metais estão ligados aos sedimentos através de:

1. Sítios de troca iônica, especialmente ligados aos argilominerais;

2. Metais ligados à matéria orgânica do sedimento;

3. Metais ligados aos carbonatos;

4. Metais ligados aos óxidos e hidróxidos de ferro (Fe) e manganês (Mn);

5. Metais ligados aos sulfetos e,

6. Metais ligados à matriz alumino-silicatada dos minerais.

Tendo em vista a abrangência do trabalho, não foi possível abordar uma gama

suficientemente significativa de parâmetros e extrações (entre elas as seqüenciais)

capazes de responder de forma mais completa as diferentes interações dos metais com

os substratos sedimentares-geoquímicos. Portanto, no presente trabalho se tentará

caracterizar as relações acima citadas com uma base de dados geoquímicos onde foram

analisados os metais cobre (Cu), cromo (Cr), chumbo (Pb), ferro (Fe), níquel (Ni) e

zinco (Zn) e suas médias aritméticas, desvio padrão, valores mínimos e máximos de

todas as amostras, que são apresentados na Tabela 8. Todos os metais estão em mg/Kg,

ou seja, em partes por milhão (ppm).

1 Prof. Dr. Paulo Baisch em comunicação pessoal em dezembro de 2010.

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~ 100 ~

O elemento Cu apresentou concentrações que variaram de 8,12 a 22,93 ppm,

com desvio padrão de 3,23 ppm e média entre as amostras de 15,54 ppm. Semelhante

aos valores encontrados para o elemento Cu, o Cr apresentou concentrações que

variaram de 5,63 a 21,13 ppm, com desvio padrão de 3,73 ppm e média entre todas as

amostras de 14,32 ppm.

O metal Pb apresentou variação de 7,76 a 23,45 ppm com desvio padrão de 4,38

ppm para o Pb e e Ni de 9,09 a 20,03 ppm com desvio padrão de 2,67 ppm. As médias

de todas as amostras foi de 14,98 ppm para o Pb e de 12,61 ppm para o Ni. O

comportamento destes metais foi similar aos anteriores, apresentando baixa variação

entre as amostras.

O elemento Fe, por possuir concentração caracterísitica, tem seu valor

apresentado em %. As concentrações de Fe variaram de 1,46% a 2,51%, com desvio

padrão de 0,31% e média de 2,01%.

O Zn apresentou as maiores variações na região estudada, oscilando de 46,32 a

128,09 ppm, com um desvio padrão de 17,16 ppm e média de 64,82 ppm. Este elemento

foi o metal mais abundante dentre os analisados. A Figura 50 apresenta as

concentrações médias para cada amostra e os mapas de distribuição (Figs. 51, 52, 53,

54, 55 e 56) indicam a distribuição das concentrações médias destes elementos.

Como é possível observar nos mapas de distribuição, os elementos metálicos não

apresentaram um mesmo padrão de distribuição espacial, sendo específico para cada

elemento. Os elementos Cu, Cr e Ni apresentaram as maiores concentrações na porção

sul do Cone, entretanto, a distribuição destes elementos parece não estar ligada apenas à

região sul do Cone, mas também à profundidade, uma vez que as maiores concentrações

aparecem após o talude.

As concentrações de Pb parecem não apresentarem uma distribuição espacial,

onde as maiores concentrações não encontram-se agrupadas em uma mesma região.

Entretanto é importante ressaltar que este metal não possui fonte marinha, sendo toda

sua deposição proveniente de sedimentos terrígenos.

. O Fe apresentou as maiores concentrações na porção central do Cone, e também

em maiores profundidades, após o talude.

Por fim, o Zn apresentou as maiores concentrações na porção norte do Cone e

em zonas de maiores profundidades. Este metal tem fonte natural pelo intemperismo de

rochas básicas (VALADARES & CATANI , 1975). Outros estudos têm apontado que o

zinco na coluna da água entra na ciclagem de silício e fosfato, através da incorporação

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~ 101 ~

pelo fitoplâncton, e da sedimentação no fundo oceânico (MARTIN et al., 1980 apud

BARCELLOS, 1995), assim a concentração deste elemento no Cone pode estar

relacionada à produção primária local.

Tabela 8. Médias, desvio padrão, valores mínimos e máximos dos metais analisados (Cu, Cr,

Pb, Fe, Ni e Zn) em ppm.

Testemunho

s

Cobre

(mg/kg)

Cromo

(mg/kg)

Chumbo

(mg/kg)

Ferro

(%)

Níquel

(mg/kg)

Zinco

(mg/kg)

SIS 774 13,51 14,35 15,29 1,98 11,42 53,53

SIS 757 12,75 11,46 21,67 1,83 10,26 52,01

SIS 679 13,27 14,36 12,53 1,75 10,64 50,45

SIS 721 13,58 15,16 11,74 2,09 12,64 57,83

REG 740 10,51 5,63 11,85 1,47 9,36 128,09

SIS 820 16,58 16,08 13,53 2,51 14,38 98,26

SIS 928 16,84 16,15 21,15 2,44 14,22 61,97

SIS 898 20,07 17,43 20,97 2,36 13,00 61,52

SIS 925 13,22 11,68 14,96 1,72 9,09 57,24

SIS 892 15,07 14,02 8,08 2,28 10,58 54,69

SIS 840 16,85 11,50 23,45 2,10 11,85 61,02

SIS 936 16,78 15,63 20,52 2,26 14,23 62,57

REG 964 8,12 8,57 9,17 1,56 9,36 46,32

REG 957 9,60 6,41 8,45 1,48 11,44 56,48

REG 946 15,51 16,41 16,06 1,96 11,57 56,40

REG 977 12,76 10,53 15,64 1,46 10,13 50,00

REG 963 18,09 18,49 20,14 2,43 12,74 62,47

REG 964 17,31 17,71 7,76 1,97 14,77 64,22

REG 957 16,17 15,92 17,42 2,25 10,70 79,57

REG 946 22,93 11,99 10,55 1,82 19,15 63,18

REG 985 18,54 12,96 14,15 1,69 20,03 60,25

REG 915 17,16 15,72 15,12 2,11 14,92 64,70

REG 942 18,21 17,81 17,81 2,21 13,27 64,35

REG 961 17,23 19,71 14,15 2,05 14,00 66,09

REG 943 18,50 21,13 15,42 2,40 13,59 93,24

REG 995 14,93 15,52 11,80 2,14 10,56 59,02

MEDIA 15,54 14,32 14,98 2,01 12,61 64,82

DESV PAD 3,23 3,73 4,38 0,31 2,67 17,16

MIN 8,12 5,63 7,76 1,46 9,09 46,32

MÁX 22,93 21,13 23,45 2,51 20,03 128,09

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ppm

ppm

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~ 103 ~

ppm

ppm

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~ 104 ~

]

Figura 50. Distribuição dos elementos metálicos e seus respectivos vios

desvios padrão para os sedimentos do Cone do Rio Grande .

ppm

ppm

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~ 105 ~

Figura 51. Mapa de distribuição de concentração de Cobre, em ppm, para o Cone do Rio

Grande.

Figura 52. Mapa de distribuição de concentração de Cromo, em ppm, para o Cone do Rio

Grande.

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~ 106 ~

Figura 53. Mapa de distribuição de concentração de Chumbo, em ppm, para o Cone do Rio

Grande.

Figura 54. Mapa de distribuição de concentração de Ferro, em ppm, para o Cone do Rio Grande.

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~ 107 ~

Figura 55. Mapa de distribuição de concentração de Níquel, em ppm, para o Cone do Rio

Grande.

Figura 56. Mapa de distribuição de concentração de Zinco, em ppm, para o Cone do Rio

Grande.

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~ 108 ~

Os dados obtidos no Cone são comparados com valores obtidos na literatura

para sedimentos e argila pelágica (Tab. 9), onde se observa que os sedimentos do Cone

do Rio Grande apresentam, para todos os elementos metálicos analisados, valores

abaixo do reportado para sedimentos e argilas pelágicas. Uma explicação para as baixas

concentrações é a margem costeira brasileira ser passiva e com isto não possuir zonas de

vulcanismo, fonte natural destes elementos.

Entretanto, em comparação aos valores médios obtidos para a Bacia de Pelotas

por Wally (2011), as concentrações encontradas no Cone para todos os elementos, com

exceção do Ni, encontram-se acima das médias calculadas para esta bacia. O aporte

continental do Estuário da Lagoa dos Patos, carregado de sedimentos em suspensão que,

pelo fenômeno de by passing, podem ultrapassar a plataforma continental, depositando-

se a grandes profundidades, podem explicar as maiores concentrações de elementos

metálicos na região do Cone. A ausência de aporte continental expressivo nas porções

central e norte da Bacia de Pelotas também podem ser motivos das menores

concentrações encontradas para estas regiões.

Tabela 9. Valores metálicos de referência, de diversos autores, para diferentes classes de

sedimentos marinhos.

Este

Trabalho

Wally et al.,

2011 Bowen, 1979 Li & Schoonmaker, 2003

Metal Cone do Rio

Grande Bacia de Pelotas Crosta

Sedimentos

lamosos Folhelhos

Argila

Pelágica

Cu (ppm) 15,54 14,49 50 33 45 250

Cr (ppm) 14,32 14,10 100 72 90 90

Pb (ppm) 14,98 14,39 14 19 20 80

Fe (%) 2,01 1,92 4,1 4,1 4,72 6,5

Ni (ppm) 12,61 13,56 80 52 50 230

Zn (ppm) 64,82 59,96 75 95 95 170

4.1.6.7. Hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados exclusivamente por

carbono e hidrogênio. Apresentam características apolares e hidrófobas, assim não são

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~ 109 ~

hidrofílicos. Desse modo, eles têm uma maior tendência de associação às fases sólidas,

tais como as partículas em suspensão, os tecidos biológicos e os sedimentos.

As principais classes de hidrocarbonetos constituintes do petróleo são os

alifáticos e os cíclicos. Os hidrocarbonetos alifáticos se dividem em n-alcanos ou

parafinas, alcanos ramificados ou isoprenóides e alcenos. Os hidrocarbonetos cíclicos

são divididos em ciclo alcanos ou naftenos e aromáticos (UNEP, 1991).

Os hidrocarbonetos que possuem dois ou mais anéis são denominados

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA). Os HPAs são substâncias lipofílicas

que apresentam uma grande persistência no ambiente, distribuindo-se de acordo com as

propriedades estruturais e químicas do composto e das condições ambientais (SISINNO

et al., 2003).

Devido à grande estabilidade das moléculas, uma das principais utilidades dos

hidrocarbonetos para a geoquímica é a sua utilização como marcadores. Marcadores

geoquímicos são moléculas orgânicas e estáveis, presentes em rochas, óleos e

sedimentos.

Neste trabalho não foram identificados os marcadores moleculares e

hidrocarbonetos alifáticos, apenas os HPAs. Entretanto, Da Collina (2011) realizou

análises preliminares destes compostos em amostras de sedimento do Cone do Rio

Grande, porém os cromatogramas gerados a partir da fração de alifáticos das amostras,

não exibiram os compostos procurados (n-alcanos, isprenóides, esteranos e terpanos

alifáticos). Tal como os marcadores alifáticos, também não foram encontrados

marcadores da fração aromática, como esteranos e hopanos.

A ausência destes marcadores geoquímicos nas amostras de sedimento do Cone

do Rio Grande pode estar ligada às baixas concentrações de carbono encontradas para o

Cone, visto que estas análises são normalmente realizadas em rochas-fonte, portanto

com grandes concentrações de matéria orgânica.

Os HPAs são encontrados naturalmente no ambiente, em depósitos de carvão e

petróleo e na biossíntese por micróbios e plantas, podendo fazer parte da composição

natural do ambiente. Para a determinação de HPAs, utilizou-se 5 amostras de sedimento

escolhidas devido ao seu teor de COT, sendo que uma destas 5 amostras foi analisada

por Da Collina et al. (2011).

Foram analisadas 23 diferentes espécies de HPAs (Fig. 57), das quais 16 são

considerados poluentes prioritários para monitoramento ambiental pela United States

Environmental Protection Agency (USEPA) em função de seu potencial tóxico.

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As 7 moléculas analisadas que não se enquadram nas prioridades da USEPA

foram 1 Metilnaftaleno, 2 Metilnaftaleno, Bifenil, 2,6 Dimetilnaftaleno,

Dibenzothiofeno, Perileno e Benzo(e)pireno. A Tabela 10 apresenta as concentrações

encontradas para todos os HPAs analisados e a Figura 58, os cromatogramas de três

amostras analisadas.

Figura 57. Estruturas químicas dos HPAs analisados neste trabalho.

(Fonte: Lourenço, 2003).

De todos os HPAs analisados, poucos apresentaram concentrações expressivas.

Os principais compostos encontrados foram o Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno,

Criseno, Dibenzo(a,h)antraceno e Benzo(g.h.i)perileno para a amostra 1; o Fluoranteno

e Pireno para as amostras 1 e 2; Benzo(e)pireno para as amostras 1, 2, 3 e 5;

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Indeno(1,2,3-cd)pireno e Benzo(k) fluoranteno para a amostra 4; e Benzo(b)fluoranteno

para as amostras1, 2, 3 e 4, indicando que a distribuição de HPAs não segue um padrão.

O composto com as maiores concentrações foi o Benzo(e)pireno, uma molécula

complexa, formada por 5 anéis aromáticos (KENNISH, 1997). A concentração máxima

aceitável para este composto em sedimentos não contaminados foi descrito pela USEPA

(2003) como sendo 4300 ppb.

Se comparados aos HPAs de menor massa molecular, o Benzo(e)pireno não

apresenta toxicidade aguda significativa (NEFF, 1979). É mais resistente à

biodegradação, devido à forte interação com o material particulado consolidado, que

funciona como uma proteção ao ataque microbiano (BOULOUBASSI & SALIOT,

1993), o que pode explicar sua concentração nos sedimentos.

Outro fator importante é que o Benzo(e)pireno é associado prioritariamente à

fontes pirolíticas , porém está também presente na composição de óleos lubrificantes, e

portanto pode também ter origem em fontes petrogênicas (SCHUETZLE et al., 1986).

Figura 58. Cromatogramas das amostras 2 (A), 3(B) e 4(C).

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Tabela 10. Concentrações em ppb para os 23 HPAs analisados. ND = abaixo do limite de

detecção do equipamento.

Composto

Amostra

# 1 # 2 # 3 # 4

Keith et al.

(2011)

# 5

REG 973 REG 976 REG 946 SIS 679 REG 961

Centro Cone Sul Cone Sul Cone Norte Cone Sul Cone

Naftaleno 0,93 0,8 0,1 0,33 6,35

1 Metilnaftaleno 0,16 ND ND 0,12 40,29

2 Metilnaftaleno ND ND ND ND 21,75

Bifenil ND 12,74 0 12,77 16,89

2,6 dimetilnaftaleno ND ND 12,78 12,6 33,17

Acenaftileno ND ND ND ND ND

Acenafteno 2,86 1,52 0,58 0,19 6,63

Fluoreno 5,71 ND ND ND 15,91

Dibenzothiophene ND 1,13 ND 11,34 ND

Fenantreno 53,18 26,87 8,06 16,04 33,71

Antraceno 1,09 0,94 ND ND ND

Fluoranteno 207,13 131,02 33,33 39,96 20,12

Pireno 302,69 105,89 8,65 ND 25,76

Benzo(a)antraceno 123,22 34,75 22,97 ND ND

Criseno 562,98 163,32 159,97 ND 69,79

Benzo(b)fluoranteno 292,5 160,1 100,07 484,91 ND

Benzo(k)fluoranteno 42,79 35,04 21,03 1672,87 20,55

Benzo(a)pireno 288,55 65,33 85,52 ND ND

Perileno 58,2 18,8 23,49 3808,63 ND

Benzo(e)pireno 3608,54 3091,59 2108,18 ND 2316,83

Indeno(1,2,3-

cd)pireno 139,18 153 55,23 974,32 ND

Dibenzo(a,h)antraceno 237,96 58,35 56,18 ND ND

Benzo(g.h.i)perileno 1051,02 171,89 280,73 ND 86,01

Uma alternativa para verificar as fontes de HPAs no meio ambiente é a

utilização de índices geoquímicos, propostos para auxiliarem nas interpretações

ambientais e geológicas. Neste trabalho foram calculados os índices

Naftaleno/Fenantreno (Naf/Fen), Fenantreno/Antraceno (Fen/Ant), Fluoranteno/Pireno

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(Fl/Pi), Benzo(a)antraceno/Criseno (Bz(a)Ant/Cr), Naftalenos e metilados/Naftalenos

(MetilNaf/Naf).

A razão Naftaleno/Fenantreno, quando maior que 1, indica aportes de petróleo

não intemperizado, pois os compostos derivados de fenantreno podem ser pirogênicos,

petrogênicos e diagenéticos. O naftaleno e seus derivados são característicos de óleo cru

e pouco degradados (BOEHM & FARRINGTON, 1984).

A razão Fenantreno/Antraceno também é utilizada para identificar as fontes de

HPAs, os valores acima de 10 indicam fontes petrogênicas e abaixo de 10 apontam

fontes pirogênicas.

A razão Fluoranteno/Pireno é empregada para estabelecer a temperatura de

combustão, valores maiores que 1 indicam uma combustão de alta temperatura, portanto

pirogênica; enquanto que valores abaixo de 1 indicam combustão a menores

temperaturas (MCCARTHY et al., 2000). O emprego de apenas 1 ou poucos índices são

frequetemente insuficientes e por vezes apresentam resultados conflitantes nas análises

de processos ambientais, pois dependem de interações complexas de inúmeros fatores

físicos, químicos e biológicos (PEDERZOLLI, 2006). Assim, é recomendável a

utilização de vários índices conjugados: Fenantreno/Antraceno > 10 e

Fluoranteno/Pireno > 1, a origem é petrogênica e, quando Fenantreno/Antraceno < 10 e

Fluoranteno/Pireno < 1, indica predominância de fontes pirolíticas.

Para determinar a presença de hidrocarbonetos petrogênicos também utiliza-se

as seguintes razões: Benzo(a)antraceno/Criseno entre 0,06 e 0,4 e Naftalenos

metilados/Naftaleno acima de 1, mostram uma presença de metilados, o que indica a

presença de HPAs de origem petrogênica no ambiente estudado. As razões são

apresentadas na Tabela 11.

Através da análise das razões é possível observar que, com exceção da razão

Fl/Pi para as amostras 1 e 5, as demais razões para todas as amostras, indicam que os

HPAs encontrados nos sedimentos do Cone do Rio Grande possuem origem

petrogênica.

Os aportes antrópicos de origem petrogênica são gerados por derrames,

vazamentos e manipulação industrial, comercial e doméstica de petroquímicos e pela

lixiviação de óleos, graxas e combustíveis. Entretanto, deve ser lembrado que no

presente estudo foram analisados sedimentos subsuperficiais, com profundidade mínima

de 1,3 m. Assim, devido à baixa taxa de sedimentação atual do Cone pode-se rejeitar a

hipótese da presença de HPAs petrogênicos de origem antrópica nesses sedimentos.

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Tabela 11. Razões de HPAs calculadas para as amostras de sedimentos do Cone do Rio Grande.

Razão Amostra

Razão # 1 # 2 # 3 # 4 # 5

Keith et al. (2011)

Naf/Fen 0,02 0,03 0,01 0,02 0,19 < 1 : Aporte de petróleo fresco

Fen/Ant 48,79 28,59 - - - > 10: fontes petrogênicas

< 10: fontes pirolíticas

Fl/Pi 0,68 1,24 3,85 - 0,78 > 1 : origem petrogênica

< 1 : origem pirolítica

Bz(a)ant/Cr 0,22 0,21 0,14 - - Entre 0,06 e 0,4 : Fonte

petrogênica

MetilNaf/Naf - - - - 9,77 > 1 : Origem petrogênica

Alguns HPAs de origem petrogênica encontrados nos sedimentos subsuperficiais

podem ter origem natural, como os provenientes de exudações (NRC, 1985), portanto

essa hipótese deve ser considerada. Entretanto esta hipótese exige um maior esforço

analítico, incluindo os hidrocarbonetos alifáticos, que são importantes indicadores das

fontes de matéria orgânica de origem biogênica, uma vez que podem ser provenientes

de plantas terrestres, fitoplâncton, zooplâncton, bactérias ou sintetizados por

organismos.

Esta hipótese de origem petrogênica pôde ser comparada aos dados obtidos pelo

projeto Bacia de Pelotas da ANP, projeto do qual foram originadas as amostras

utilizadas nesta dissertação, onde foram gerados uma quantidade considerável de dados

sobre a região que tiveram por objetivo identificar e caracterizar a origem e grau de

evolução térmica de hidrocarbonetos, assim como o grau de craqueamento de óleo para

gás (MELLO et al., 2008).

Através deste estudo, que incluíram a análise de vários métodos geoquímicos,

especialmente os dados de gas head space e diamantóides, houve a comprovação da

presença de micro-exsudações de gás termogênico, principalmente, na área do Cone do

Rio Grande, que reveste-se da maior importância exploratória, pois indica a presença de

gás e condensado e mostra uma similaridade com sistemas petrolíferos comerciais

observados em outras bacias brasileiras, como por exemplo, a Bacia de Santos.

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Na amostra SIS-757, ao norte do Cone, foram identificados os biomarcadores

terpanos e esteranos (Fig. 59), marcadores que indicam o grau de evolução térmica da

matéria orgânica.

Figura 59. Cromatograma e identificação dos biomarcadores terpanos e esterano na amostra

SIS-757.

(Fonte: Mello et al., 2008).

Os resultados obtidos dos marcadores biológicos de compostos saturados para

todas as amostras confirmam o caráter estéril quanto à presença de hidrocarbonetos

termogênicos nas amostras analisadas indicando a ausência de petróleo em sedimentos

de fundo marinho. As amostras que apresentam valores de concentração de

diamantóides próximos a 5 ppm ou mais elevados, são interpretadas como tendo a

presença de hidrocarbonetos termicamente craqueados.

Com o avanço da maturação dos óleos nos reservatórios, por efeito do

craqueamento térmico, são formadas grandes quantidades de hidrocarbonetos saturados,

o que pode explicar as concentrações de HPAs encontradas nas 5 amostras analisadas

neste trabalho.

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4.1.6.8. Análises Integradas dos Dados

Para uma análise integrada do conjunto de dados foram utilizados os métodos

estatísticos de Correlação e Análise de Componentes Principais (ACP). A ACP tem a

propriedade de facilitar a avaliação de um grande número de dados, agrupando os dados

de covariância similar e apresentando-os de maneira mais simplificada. Estes métodos

também organizam os dados de forma a obter informações mais precisas a respeito do

comportamento das variáveis analisadas, principalmente em termos de correlação entre

os diversos componentes.

Para as análises estatísticas utilizou-se os dados de todos os testemunhos, com

exceção dos hidrocarbonetos, uma vez que esta análise não foi realizada para todo o

conjunto de amostras. Para ambas as análises utilizou-se o STATISTICA 10.0.

4.1.6.8.1. Matriz de Correlações

Na teoria da probabilidade e estatística, correlação, também chamada de

coeficiente de correlação, indica a força e a direção do relacionamento linear entre duas

variáveis aleatórias. No uso estatístico geral, a correlação se refere à medida da relação

entre duas variáveis.

Inicialmente é preciso destacar que a interdependência estatística não implica

que exista, necessariamente, uma associação geoquímica direta entre as duas variáveis.

Portanto deve ser assumido que um coeficiente de correlação significativo apenas indica

que duas variáveis têm covariância semelhantes.

Deve-se destacar que as correlações dependem muito do número de amostras (n)

e, no presente trabalho, utilizou-se um número relativamente pequeno de amostras. No

entanto, considera-se que o valor de n (n=26) seja suficiente para observar o

comportamento que os diferentes parâmetros apresentam quando analisados em

conjunto.

A matriz de correlação entre todas as análises é apresentada na Tabela 12, onde

as correlações mais significativas (P<0,05) estão destacadas em vermelho.

Verifica-se que a maioria dos parâmetros não apresentou correlação

significativa, mas observa-se associação estatística mútua entre Ni e COT e NT. A

correlação do Ni com COT e NT pode indicar uma possível associação à matéria

orgânica, mas esse efeito pode ser indireto à matéria orgânica do sedimento, presente

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em sua maioria na fração fina, pois o Ni também apresentou correlação negativa com a

areia.

A correlação entre COT e NT é esperada, pois são elementos essenciais para a

formação da matéria orgânica.

A mesma correlação positiva aparece entre alguns elementos metálicos, como Cr

e Cu e Fe, é possível perceber uma associação entre estes três elementos, visto que os

elementos metálicos apresentam tendência a um comportamento semelhante. Entretanto,

seria esperado que todos os elementos metálicos apresentassem correlação positiva com

o silte ou argila, uma vez que estes apresentam tendência de estarem associados a este

tipo de sedimento.

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Tabela 12. Matriz de correlação entre os parâmetros analisados nas amostras de sedimento do Cone do Rio Grande. Os valores em vermelho são as concentrações mais

significativas (p 0,05).

COT NT P CARB Ni Zn Cr Pb Cu Fe Areia Silte Argila pH

COT 1,00

NT 0,65 1,00

P 0,35 0,47 1,00

CARB -0,04 0,03 -0,26 1,00

Ni 0,61 0,71 0,41 -0,01 1,00

Zn -0,17 -0,24 0,22 0,06 0,04 1,00

Cr 0,14 -0,13 0,10 -0,22 0,34 -0,01 1,00

Pb -0,03 -0,25 -0,03 -0,27 0,01 -0,04 0,28 1,00

Cu 0,40 0,25 0,21 -0,04 0,75 0,08 0,67 0,32 1,00

Fe -0,23 -0,22 0,16 -0,16 0,24 0,15 0,80 0,43 0,61 1,00

Areia -0,28 -0,44 -0,40 0,18 -0,60 0,24 -0,40 -0,18 -0,54 -0,49 1,00

Silte -0,01 0,30 0,39 -0,08 0,54 0,17 0,48 -0,07 0,47 0,64 -0,59 1,00

Argila 0,12 -0,19 -0,31 0,03 -0,42 -0,28 -0,42 0,14 -0,35 -0,58 0,33 -0,96 1,00

pH -0,55 -0,16 -0,10 0,11 -0,14 0,20 -0,07 0,02 -0,23 0,23 0,10 0,18 -0,25 1,00

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4.1.6.8.2. Análise de Componentes Principais

A ACP das amostras baseou-se na inter-relação do conjunto original de dados,

onde foram extraídos os fatores que agrupam um novo conjunto de variáveis sintéticas.

Nessa análise estatística foram selecionados apenas os fatores que contribuíram com

peso acima de 5 %, considerados significativos para a explicação da variância total.

Esse procedimento determinou o emprego de 4 componentes principais, que juntos

explicam 78% da variância total (Tab. 13).

Tabela 13. Variáveis associadas a cada componente principal e a contribuição na variância total

na análise de Componentes Principais.

Componente Principal Parâmetros

Variância (%) + -

CP1 Fe Cr, Cu, Ni, P e Silte 35,56

CP2 pH, Zn e Pb - 18,87

CP3 Zn COT e NT 15,41

CP4 Areia, Argila e CARB - 8,16

A primeira componente principal é constituída positivamente pelo Fe e

negativamente pelo Cr, Cu, Ni, P e silte. A segunda componente é composta

positivamente pelo pH, Zn e Pb . A terceira componente é formada positivamente pelo

Zn e negativamente pelos parâmetros COT e NT. A última componente apresenta

positivamente a areia, a argila e os carbonatos (Fig. 60).

No polo positivo da CP1 e negativo da CP2, encontram-se as variáveis Cr, silte,

P, Ni e Cu, além do Fe nos eixos positivos de ambos fatores, formando um grande

grupo. Esta CP parece ser constituída pelo resultado do efeito granulométrico, pois se

opõe à areia e agrupa a maioria dos elementos metálicos que podem estar acumulados

nas fácies sedimentares finas.

Os carbonatos encontram-se quase no centro da projeção do gráfico CP1 x CP2,

indicando uma provável baixa influência sobre o restante dos fatores, e aparentemente

sua distribuição independe da fração granulométrica.

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O COT e o NT aparecem juntos no polo negativo da CP1 e negativo da CP2. Sua

relação explica-se pois ambos são componentes da matéria orgânica do sedimento,

entretanto não parecem estar relacionados à distribuição dos elementos metálicos.

Por fim, nos eixos positivos de ambas as CPs, encontram-se Zn, Pb e pH, que

relaciona estes dois elementos metálicos à características físico-químicas do sedimento.

Figura 60. Projeção dos fatores 1 e 2 extraídos da Análise de Componentes Principais.

4.2. MEIO BIÓTICO

4.2.1. Caracterização da microbiologia

A microbiologia aplicada estuda como os microrganismos podem ser usados ou

controlados para várias finalidades práticas. Os principais campos de aplicação da

microbiologia incluem: medicina, alimentos e laticínios, agricultura, indústria e

ambiente. A indústria do petróleo têm utilizado bactérias e seus produtos, como os

polissacarídeos presentes externamente à célula bacteriana, para aumentar a extração do

petróleo de rochas reservatório. (BOSSOLAN, 2002) e também para caracterização de

reservas de hidrocarbonetos, expandido as técnicas geoquímicas da exploração para a

produção (TUCKER & HITZMAN, 1994).

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O uso do processo metabólico das bactérias na prospecção de petróleo reside na

habilidade que algumas delas possuem em oxidar porções de hidrocarbonetos que

migram para a superfície (MELLO et al., 2007). Dentre as técnicas utilizadas para este

fim, destaca-se a técnica de microbiologia de levantamento de óleo denominada MOST

(Microbial Oil Survey Technique) desenvolvida pelo Diretor de Pesquisa da GMT, Dr.

Donald O. Hitzman, para a empresa Phillips Petroleum Company. Através da MOST,

micro-exsudações são detectadas pela observação das concentrações e distribuições de

micróbios que oxidam hidrocarbonetos nos sedimentos superficiais. Há uma relação

direta e positiva entre a concentração de hidrocarbonetos nos sedimentos e as

populações desses microorganismos, relação essa que pode ser facilmente medida e

reproduzida.

Mello et al.(2008) utilizaram a técnica de MOST em testemunhos analisados ao

longo da Bacia de Pelotas (Fig. 61). Os valores de MOST apresentaram-se muito baixos

e, portanto dentro da faixa considerada como background. Entretanto encontraram a

presença de valores mais expressivos associados a parte Sul da área estudada relativa ao

Cone do Rio Grande. A consistência destes valores mais elevados de MOST detectados

nas amostras coletadas na seção superior dos testemunhos nesta área e sua correlação

com valores anômalos dos resultados de gases livres, sugere a possibilidade da presença

de exsudações de hidrocarbonetos gasosos na área do Cone do Rio Grande.

4.2.2. Caracterização da fauna

A caracterização da fauna estudada do Cone do Rio Grande é apresentada na

discussão dos diferentes componentes da cadeia trófica encontrada nesta região, a saber:

comunidade bentônica, comunidade planctônica, teleósteos, elasmobrânquios, outros

recursos pesqueiros, cetáceos, tartarugas e aves marinhas. Uma vez que não existem

estudos de caracterização biológica específicos do Cone, foram agrupados os dados de

diversos trabalhos que apresentam dados no Cone ou em suas adjacências.

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Figura 61 Mapa com distribuição dos valores MOST em sedimentos do topo dos testemunhos

analisados por Mello et al., 2008. A presença de áreas onde os valores mais elevados de MOST

foram observados, contendo uma maior abundancio de micróbios consumidores de butano,

foram observados na parte sul da Bacia, junto ao Cone do Rio Grande.

(Fonte: Mello et al., 2008)

4.2.2.1. Comunidades Bentônicas da Região do Cone do Rio Grande

A grande maioria dos dados que descrevem as comunidades bentônicas na

plataforma e talude continental do sul do Brasil são provenientes de grandes projetos,

que utilizam as expedições oceanográficas para a coleta da maior quantidade possível de

dados. A maior parte dos dados biológicos obtidos próximos ou na área do Cone do Rio

Grande foram extraídos de trabalhos resultantes dos Projetos TALUDE e REVIZEE.

O Projeto TALUDE, realizado pela Universidade Federal do Rio Grande

(FURG) em 1986 e 1987, utilizou o Navio Oceanográfico Atlântico Sul para quatro

cruzeiros de prospecção pesqueira demersal na plataforma continental externa e talude

superior do Rio Grande do Sul, abrangendo a área do Chuí até o Cabo de Santa Marta,

destacando-se pela coleta de excelente material. Já o REVIZEE (Programa de Avaliação

do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva), citado

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anteriormente neste trabalho, foi executado em 1996 e teve como objetivo coletar e

identificar organismos marinhos ao longo da Zona Econômica Exclusiva Brasileira,

gerando considerável quantidade de dados, que ainda são utilizados por pesquisadores

de diversas áreas.

Em 2004, Capítoli & Bemvenuti utilizaram os dados destes dois projetos para

realizar um levantamento da fauna macrobentônica da plataforma e talude Sul

brasileiro, onde encontraram um número médio para cada arrasto de 60 espécies, que

variaram sua distribuição de acordo com a profundidade e o substrato (Fig. 62).

Figura 62. Variação do número de espécies de acordo com as estações de coleta.

(Fonte: Capítoli & Bemvenuti, 2004).

Na região do Cone, foram registrados, em sua maior extensão, grupos com

menos de 10 espécies. Entretanto, em duas regiões do Cone próximas à plataforma,

registraram-se grupos com 20-30 espécies. A baixa diversidade do Cone pode ser

explicada devido ao tipo de substrato e a homogeneidade do mesmo e as principais

espécies para esta região encontram-se listadas no ANEXO I.

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Huston (1979) relata que, em ambientes onde são raros os distúrbios no

sedimento, normalmente encontra-se uma baixa diversidade de organismos, visto que as

perturbações atuam na renovação e competição das espécies. Locais onde as

perturbações são raras, como no Cone, permitem a exclusão das espécies exercida pelos

competidores dominantes.

Além das baixas perturbações, substratos homogêneos limitam a diversidade. Na

maioria das plataformas continentais, a distribuição das espécies de macroinvertebrados

bentônicos está, principalmente, relacionada com as variações que apresenta o substrato

com o aumento da profundidade (MCLUSKY & MCINTYRE, 1988). Assim, ambientes

com maior variedade de tipos de fundo tendem a apresentar maior número de espécies

(FRESI et al., 1983). Entretanto, regiões com condições mais estáveis, apesar de

resultarem na menor abundância de organismos e baixa dominância, levam ao

predomínio de espécies de crescimento lento e maior longevidade (CARNEY et al.,

1983).

Pimpão et al. (2004) também utilizou os dados do Projeto REVIZEE para

identificar 37 famílias de bivalves próximas à região do Cone do Rio Grande (ANEXO

I), dentre estas, a espécie mais abundante foi Limopsis janeiroensis (Fig. 63).

Figura 63. Limopsis janeiroensis, espécie de bivalve mais abundante no Cone do Rio Grande.

(Fonte: Natura History Museum Rotterdam, em http://www.nmr-

pics.nl/Limopsidae_new/album/index.html, acesso em 03/03/2012).

Através da análise da coleção de Scleractinia azooxantelados depositados na

Seção de Invertebrados do Museu Oceanográfico do Vale do Itajaí e também de

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amostras obtidas no Projeto TALUDE, Kitahara (2006) avaliou o padrão de diversidade

de algumas espécies de corais azooxantelados na plataforma externa e talude do Rio

Grande do Sul, identificando 4 espécies importantes de corais azooxantelados na área

estudada, 2 delas aparecem região do Cone do Rio Grande (Fig. 64).

As espécies azooxanteladas, não dependem de altas taxas de luminosidade para

sobreviver, uma vez que substituem a nutrição fornecida pelas microalgas por uma

alimentação heterotrófica, fixando-se em locais de passagem de correntes marinhas

ricas em nutrientes (KITAHARA & CAINRS, 2005). Assim apresentam ampla

distribuição geográfica e atingem profundidades superiores a 6.000 m ao redor do

mundo (KITAHARA, 2006). A faixa batimétrica com a maior diversidade e abundância

de corais azooxantelados é a de 200 a 1.000 m (KITAHARA et al. 2009).

Figura 64. Localização das espécies de corais azooxantelados na plataforma externa e talude do

Rio Grande do Sul.

(Fonte: Kitahara, 2006).

As 4 espécies encontradas por Kitahara (2006), Trochocyathus laboreli,

Madrepora oculata, Lophelia pertusa e Solenosmilia variabillis (Fig. 65), mais tarde

estudadas por este mesmo autor e seus colaboradores em 2008 e 2009, são construtoras

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fundamentais dos “bancos de corais”, tendo funções ecológicas essenciais para muitas

comunidades, além de constituir uma das principais áreas de biodiversidade dos

ambientes profundos, sendo comparadas às comunidades recifais e florestas tropicais.

A associação de L. pertusa – M. oculata – S. variabilis pode ser considerada a de

maior importância ecológica, principalmente por serem formadoras de recifes que

desempenham um papel ecológico de importância ímpar, como áreas de refúgio,

alimentação e procriação, inclusive de espécies de elevado interesse comercial (HALL-

SPENCER et al., 2002).

Figura 65. Espécies de corais de profundidade encontrados na plataforma externa e talude do

Rio Grande do Sul. Solenosmilia variabillis (sup. esq.), Lophelia pertusa (sup. dir), Madrepora

oculata (inf. esq.) e Trochocyathus laboreli (inf. dir.).

(Fonte: Enciclopedia of Life, em http://eol.org, acesso em 05/03/2012)

Destaca-se que algumas espécies de corais azooxantelados permitem o

desenvolvimento de um substrato duro a partir de um inicialmente inconsolidado,

criando novas condições tanto para a fauna séssil do ambiente profundo, quanto para

espécies sedentárias, pouco vágeis e de passagem (TOMMASI, 1970), assim, a presença

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destas espécies coloniais possibilitam a ocorrência de inúmeras outras espécies animais.

De modo geral, o padrão de diversidade das espécies bentônicas encontradas nas

regiões de plataforma e talude do Rio Grande do Sul indica um leve aumento do número

de espécies com o aumento da profundidade até regiões entre 2.000 e 3.000 m,

explicada, principalmente pelas mudanças das condições ambientais que, a partir dos

150 m de profundidade caracterizam o início do ambiente de bentos profundo.

Entretanto, como as condições no Cone do Rio Grande são bastante estáveis

comparadas às outras províncias da plataforma e talude, há uma queda na diversidade

das espécies, porém, as espécies desta província apresentam características de

crescimento lento e maior longevidade (CARNEY et al., 1983).

De acordo com Cairns (2007), em termos globais, a faixa batimétrica entre 200 e

1.000 m é a que apresenta a maior diversidade e abundância em relação aos corais

azooxantelados, também encontrados na borda oeste do Cone do Rio Grande.

4.2.2.2. Comunidades Planctônicas da Região do Cone do Rio Grande

A comunidade planctônica é composta por organismos pelágicos cujo poder de

deslocamento é insuficiente para vencer a dinâmica das massas d’água e correntes, mas

é de vital importância para os ecossistemas marinhos, pois representa a base da cadeia

alimentar pelágica nos oceanos, e mudanças em sua composição e estrutura podem

ocasionar profundas modificações em todos os níveis tróficos (POMEROY, 1974).

A comunidade planctônica apresenta um caráter muito dinâmico, com elevadas

taxas de reprodução e perda, respondendo rapidamente às alterações físicas e químicas

do meio aquático e estabelecendo complexas relações intra e interespecíficas na

competição e utilização do espaço e dos recursos (VALIELA, 1995). Variações no

regime meteorológico, características geomorfológicas regionais e os impactos

antropogênicos nas áreas costeiras, estabelecem, em conjunto, o regime hidrográfico

particular de cada região e, conseqüentemente, as características taxonômicas e a

dinâmica espaço-temporal de suas comunidades planctônicas (BRANDINI et al., 1997).

A composição de espécies e a distribuição espacial e temporal dos organismos

planctônicos estão relacionadas diretamente com a dominância das diferentes massas de

água sobre a plataforma e talude no Sul do Brasil (SEELIGER et al., 1997).

Adicionalmente, a comunidade plantônica é utilizada para caracterizar diferentes massas

d’água. (DADON & BOLTOVSKOY, 1982). Uma vez que a dinâmica das massas

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d’água e correntes exerce grande influência sobre a estrutura destas comunidades, estas

são consideradas um bom indicador das características das massas d’águas relacionadas

(MANN & LAZIER, 1991).

Ao contrário de outras regiões dos oceanos no Hemisfério Sul, o Oceano

Atlântico Sul Ocidental permanece carente de estudos qualitativos e biogeográficos,

particularmente em áreas de plataforma externa e oceânicas. Assim, foram encontradas

poucas referências que abrangiam também o Cone do Rio Grande. Entretanto, alguns

trabalhados, em especial da Universidade Federal do Rio Grande apresentam dados

sobre a comunidade planctônica desta área e serão descritos a seguir.

4.2.2.2.1. Bacterioplâncton

A despeito de sua relevância, muito pouco é conhecido sobre a biologia e

ecologia dos organismos do bacterioplâncton em águas costeiras e oceânicas dessa

região. Na água superficial da plataforma e talude (31º 30’S – 34º 30’S) o número de

bactérias livres, de comprimento entre 0,5 e 1 μm e largura entre 0,3 e 0,5 μm, oscila

entre 0 e 1,35 x 105 células/l, enquanto que o número de bactérias aderidas às partículas

varia entre 0 e 5,25 105 células/l. Bactérias livres ou aderidas à partículas em suspensão

são mais abundantes durante a primavera e seus padrões de distribuição geralmente

seguem àqueles da biomassa fitoplanctônica (clorofila a), sendo maior em águas

costeiras e durante a influência de água de origem subantártica (SEELIGER et al.,

1997)

4.2.2.2.2. Fitoplâncton e Zooplâncton

O fitoplâncton é o principal produtor primário dos oceanos, fixando pela

atividade fotossintética na zona eufótica, a matéria orgânica inicial que permitirá o

funcionamento da quase totalidade das teias alimentares marinhas (NIBAKKEN, 1993):

O zooplâncton é o segundo elo da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos.

Estes organismos se alimentam do fitoplâncton e do bacterioplâncton, sendo assim os

consumidores primários de toda a trama trófica marinha.

A presença de fito e zooplâncton no sedimento marinho está diretamente

relacionada à formação de hidrocarbonetos neste ambiente. O tipo de petróleo formado

depende fundamentalmente do tipo de matéria orgânica preservada na rocha geradora e

do estágio de evolução térmica. Matérias orgânicas derivadas de vegetais superiores

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tendem a gerar gás, enquanto o material derivado do zooplâncton e fitoplâncton,

marinho ou lacustre, tende a gerar óleo (TISSOT & WELTE, 1984).

O Projeto Ecossistema Pelágico no Extremo Sul do Brasil (ECOPEL), realizado

pela FURG entre 1987 e 1989 apresentou os primeiros esforços amostrais de

fitoplâncton para esta região de plataforma e talude do Rio Grande do Sul que,

juntamente com imagens de AVHRR, Gayoso & Podestá (1996) apresentaram

resultados sobre a composição e abundância de espécies. Neste estudo, os autores

identificaram um domínio de diatomáceas e dinoflagelados, e também observaram um

bloom na borda oeste da CB dominado por Thalassiosira delicatura.

Também com os dado do ECOPEL, Resgalla Jr. & Montú (1993) apresentaram

um estudo sobre as espécies de cladóceros na plataforma do Rio Grande do Sul,

identificando 3 espécies nas proximidades do Cone (Fig. 66) no verão de 1990. Os

autores também identificaram as espécies em diferentes profundidades (Fig. 67),

encontrando para a região do Cone 2 espécies para a profundidade até 25m; 2 espécies

para a profundidade de 25 a 50 m e apenas 1 espécie para a profundidade de 50 a 100 m.

Figura 66. Densidade de cladocera e percentual das espécies referentes às amostras de rede

Bongo durante inverno de 1988 (A) e verão de 1990 (B).

(Fonte: Resgalla Jr. & Montú, 1993).

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As espécies mais abundantes de cladóceros nas proximidades do Cone do Rio

Grande, tanto na superfície quanto em diferentes profundidades foram P. avirostris e E.

tergestina.

Uma interessante relação entre massas de águas e distribuição de quetognatos foi

apresentada por Resgalla Jr. & Montú (1995), que identificaram os seguintes grupos de

espécies: Sagitta tenuis em águas costeiras; S. tasmanica em águas subantárticas; S.

enflata e S. hispida em águas tropicais de plataforma; S. hexaptera, Pterosagitta draco e

Krohnitta pacifica em águas tropicais oceânicas; e S. decipiens, S. lyra e K subtilis em

águas subtropicais do talude. Este autor ainda afirmou que nos meses quentes, S. enflata

e S. híspida podem indicar a forte influência da Corrente do Brasil.

Figura 67. Densidade de cladocera e percentual das espécies referentes às amostras de rede de

fechamento para diferentes estratos da coluna d’água.

(Fonte: Resgalla Jr. & Montú, 1993).

Dentre as massas d’água atuantes nas regiões de plataforma e talude do sul do

Brasil, a confluência Brasil-Malvinas possui importante influência no Cone do Rio

Grande. Do ponto de vista biogeográfico, a CBM tem sido considerada uma zona

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transicional onde organismos de águas frias e quentes coexistem ao longo de nítidos

gradientes fisicos e químicos (BOLTOVSKOY, 1981).

Seeliger et al. (1997) apresentam um estudo de biomassa do zooplâncton,

variável de acordo com a estação do ano (Fig. 68), onde é possível observar que as

concentrações de biomassa são mais significativas na região do Cone na estação de

primavera.

Figura 68. Distribuição da biomassa de zooplâncton em volume (ml/m³) sobre a plataforma

continental.

(Fonte: Seeliger et al., 1997)

Em 1999, Fernandes & Brandini apresentaram dados de biomassa e distribuição

da comunidade microplantônica de dados obtidos em novembro de 1992. Os autores

caracterizaram a Zona de Confluência Brasil-Malvinas como o limite de distribuição de

várias espécies do plâncton de águas subantártica e subtropical. Neste trabalho, os

autores detectaram a presença conjunta de espécies subtropicais e

subantárticas/antárticas, mostrando a existência de mistura entre as duas massas de

água. Por outro lado, alguns dinoflagelados subtropicais dos gêneros Ceratium e

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Protoperidium ocorreram em águas subantárticas, evidenciando que a Confluência não é

totalmente refratária à invasão de espécies alóctones. Aumentos de biomassa foram

observados em ambas as extremidades da Confluência, com dominância das

diatomáceas. (Fig. 69).

Em 2008, Resgalla Jr. apresentou dados de grupos de plânctons, coletados de

1988 a 1990, nas estações de inverno e verão, que atuaram como bioindicadores de

massas d’água nestas duas estações (Fig. 70).

Figura 69. Valores médios em escala logaritmizada de biomassa (B=~gC/l) e densidade

(D=cels/l) do microplâncton para a Zona de Convergência Brasil-Malvinas no Oceano Atlântico

Sul Ocidental em novembro de 1992.

(Fonte: adaptado de Fernandes & Brandini,1999).

Os grupos de espécies que abrangem as proximidades do Cone do Rio Grande de

acordo com Resgalla Jr (2008) são os grupos 1 e 2 tanto para o inverno quanto para o

verão. No inverno, as espécies encontradas para o Grupo 1 foram o cladócero Pleopis

polyphemoides e os quetognatos Sagitta tenuis e Evadne nordmanni, espécies típicas de

águas frias. Para o Grupo 2, encontrou-se o pterópodo Limacina retroversa e o

quetognato Sagitta tasmanica. Já no verão, as espécies encontradas para o Grupo 1

foram Pleopis polyphemoides e Sagitta tenuis e pelo cladócero P. schmackeri. No

Grupo 2, estavam presentes o pterópodo Creseis virgula,o cladócero Penilia avirostris,

e os quetognatos Sagitta enflata e S. hispida.

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Recentemente, em 2011, Islabão & Odebrecht realizaram um levantamento de

dinoflagelados na plataforma do Rio Grande do Sul, sendo algumas amostras da região

sudoeste do Cone. Neste trabalho, os autores destacam a presença das espécies

Protoperidinium pentagonum, P. divergens e P. cf. parviventer na água Subtropical de

Plataforma.

Figura 70. Áreas de estudo com distribuição horizontal e vertical dos grupos nas estações de

inverno de 1988 e verão de 1990.

(Fonte: Resgalla Jr., 2008)

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Estudos sobre a concentração de clorofila-a na superfície do oceano, realizados

através de imagens de satélite com dados da cor do oceano e coleta in situ para

validação destas imagens também são trabalhos importantes para a avaliação da

produção biológica das massas d’água. Garcia & Garcia (2008) apresentaram dados de

variabilidade da clorofila-a no período de 8 anos, mostrando uma grande variabilidade

deste parâmetro na plataforma sul brasileira.

A plataforma Sul brasileira, ao receber os aportes de água doce do Rio da Plata e

Lagoa dos Patos, aumenta a concentração de nutrientes na coluna d’água, favorecendo a

produção primária. As concentrações médias de clorofila-a para o período estudado

pelos autores supracitados estão representadas na Figura 71.

Figura 71. Imagem da concentração média de clorofila-a para o período de outubro de 1997 a

setembro de 2005.

(Fonte: adaptado de Garcia & Garcia, 2008)

Apesar de concentrações elevadas próximas à costa, as médias para a região

próxima ao Cone do Rio Grande são baixas. Este estudo foi apresentado por Gianinni &

Garcia (2009), onde as concentrações de clorofila-a apresentam valores próximos a 5

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mg/m³ no inverno. As menores concentrações para a região do Cone referem-se à

estação de verão (Fig. 72).

Figura 72. Médias sazonais de clorofila-a na costa do Atlântico Sudoeste.

(Fonte: Gianinni & Garcia, 2009)

4.2.2.2.3. Protozooplâncton

Os organismos do protozooplâncton são um componente importante do sistema

pelágico da plataforma continental do sul do Brasil. O padrão de distribuição vertical e

horizontal de suas concentrações tende a coincidir com o de fitoplâncton e de clorofila-

a, com os maiores valores na camada superficial ou sob influência de águas ricas em

nutrientes de origem subantártica, subtropical e águas costeiras (SEELIGER et al.,

1997).

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4.2.2.2.4. Ictioplâncton

O ictioplâncton é constituído pelos ovos e estado larvares dos peixes. A maioria

dos Osteichthyes marinhos emitem ovos planctônicos. (ANACLETO & GOMES,

2006). São poucos os trabalhos que trazem as espécies deste grupo na plataforma

externa e talude do Rio Grande do Sul.

Lima & Castello (1995) demonstraram a influência dos processos físicos sobre o

ictioplâncton e relataram que a estabilidade da coluna de água, o transporte e retenção

larval, bem como o enriquecimento ambiental, tornam-se o habitat ideal para ovos e

larvas de algumas espécies, como da anchoíta.

Esses autores ainda sugerem que o enriquecimento causado por vórtices e

meandros na quebra da plataforma sul seria um mecanismo de retenção e acumulação

de ovos e larvas. Por outro lado, a presença de vórtices na plataforma externa e talude

força águas de origem tropical para a plataforma interna, reduzindo a diversidade e a

abundância de larvas neríticas e permitindo a ocorrência de grupos mesopelágicos

(Myctophidae e Scombridae) em áreas mais costeiras (FRANCO et al., 2005).

Utilizando amostras coletadas durante cruzeiros realizados pelos projetos

REVIZEE e ARGO (Levantamento dos Recursos Vivos do Ambiente pelágico da ZEE-

Região Sul) de dezembro de 1997, Franco & Muelbert (2003) identificaram 124 ovos e

103 larvas de 7 espécies na região sudoeste do Cone e encontraram maior abundância de

ovos e larvas associada à região de quebra de plataforma. A concentração das larvas

variou entre 8,5 e 39,2 org/100m³, e a de ovos entre 1 e 34,6 org/100m³. Os maiores

tamanhos larvais de Engraulis anchoita dominam a plataforma continental e a região de

quebra de plataforma apresentou domínio de larvas menores.

As propriedades físicas, químicas e biológicas da frente subtropical da costa sul

brasileira foi apresentada por Muelbert et al. (2008), onde a abundância de larvas e ovos

e assembleias de larvas de peixes (Fig. 73) mostram-se baixas nas proximidades do

Cone, mas altas na plataforma continental.

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Figura 73. Abundância de larvas (a) e ovos (c) e assembléias de larvas (b) de peixes na

plataforma externa do Rio Grande do Sul.

(Fonte: Adaptado de Muelbert et al., 2008)

4.2.2.2.4. Considerações finais sobre a comunidade planctônica

Através da análise dos dados obtidos sobre a comunidade bentônica da

plataforma e talude do sul do Brasil, é possível observar que a confluência Brasil-

Malvinas possui importante papel na distribuição destes organismos, formando uma

zona de transição e resultando em uma baixa diversidade da comunidade planctônica

nas proximidades do Cone do Rio Grande.

São poucos os dados destes organismos para a região de estudo. Lopes (2007)

realizou uma avaliação dos estudos sobre o zooplâncton no Brasil e afirma que as áreas

oceânicas têm sido pouco estudadas e praticamente inexistem dados sobre a distribuição

espacial e vertical das espécies meso e batipelágicas. Levantamentos faunísticos

adicionais devem focalizar os táxons e locais menos conhecidos. Sob o ponto de vista

ecológico, o autor destaca que é necessário dar prioridade a estudos de processos

voltados ao entendimento dos mecanismos que governam a distribuição, as interações

tróficas nas teias alimentares pelágicas e os ciclos de produção do zooplâncton em

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~ 138 ~

relação ao ambiente físico. As espécies planctônicas encontradas na bibliografia são

apresentadas no ANEXO II.

4.2.2.3. Teleósteos pelágicos, de talude, demersais e bentônicos

Os peixes pelágicos das regiões de plataforma e do talude continental do sul do

Brasil podem ser classificados em habitantes das águas costeiras e de plataforma até

aproximadamente 30 m de profundidade, habitantes entre a costa e a quebra de

plataforma em águas de até 200 m e habitantes do oceano sobre o talude continental e

águas mais profundas.

Uma vez que o Cone do Rio Grande situa-se na quebra de plataforma e talude,

foram consideradas, para descrição, apenas as espécies que são encontradas entre a

costa e a quebra de plataforma em águas de 200 m e habitantes do oceano sobre o talude

continental e águas mais profundas. Visto que os teleósteos, elasmobrânquios, cetáceos

e tartarugas não são organismos sésseis, considerou-se provável a presença destes nas

regiões próximas ao Cone, mesmo não tendo sido capturados exatamente naquela

região.

A plataforma continental do Sul do Brasil é uma área de grande interesse

econômico e oceanográfico. Nesta área são capturados alguns dos principais recursos

pesqueiros do Brasil, como a pescada, corvina, castanha, merluza (HAIMOVICI et al.,

1989) e a enchova (KRUG & HAIMOVICI, 1991). Além de espécies de interesse

comercial, esta região contém espécies de importância ecológica, como a anchoíta, que

tem um papel relevante na transferência de energia no ecossistema (SCHWINGEL,

1991). Na região de quebra de plataforma uma nova pescaria tem se desenvolvido em

torno da captura de atuns e afins (ANDRADE, 1996).

Em 2007, Seeliguer et al. realizaram um levantamento bastante completo das

espécies de peixes encontrados na plataforma e talude do Sul do Brasil. Os dados foram

obtidos através de diversos cruzeiros oceanográficos de prospecção pesqueira, além de

dados obtidos diretamente da frota de pesca.

A anchova Pomatomus saltatrix, o serrinha Sarda sarda, a cavalinha Scomber

japonicus, o xixarro Trachurus lathami, o bonito listado Katsuwonus pelamis, três

espécies de tainha (Mugil curema, M. gaimardianus e Mugil platanus) adultos de

anchoita, Engraulis anchoita (Fig. 74), são as espécies pelágicas freqüentemente

encontradas no pelagial da plataforma continental (SEELIGER et al., 2007). Acuña e

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Castello (1986) relatam a importância de uma espécie em especial, a Engraulis

anchoita. devido à sua grande abundância, ampla distribuição e sua função como

consumidor secundário.

Figura 74. Espécies de peixes teleósteos encontrados na plataforma externa e talude sul

brasileiros. Anchoita (a), anchova (b), bonito listrado (c), cavalinha (d), tainha - M.

gaimardianus (e), tainha - Mugil platanus) (f), tainha - Mugil curema (g), serrinha (h) e

xixarro (i).

(Fonte: http://www.dinara.gub.uy; www.pesca.tur.br e http://www.fishbase.org, acesso em

13/02/2012).

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Das três espécies de tainha, Mugil curema e M. gaimardianus são

essencialmente de águas quentes, sendo encontradas quando predominam as águas de

alta temperatura e salinidade, durante o verão e outono.

De acordo com Krug (1984), a enchova Pomatomus saltatrix tem uma ampla

distribuição biogeográfica, e está presente na região ao longo de todo o ano. A cavalinha

Scomber japonicus também é encontrada durante todo o ano e realiza migrações

latitudinais no Oceano Atlântico Sudoeste.

O bonito listrado, Katsuwonus pelamis, é uma espécie abundante de tamanho

pequeno a médio, largamente distribuída nos oceanos tropicais e subtropicais. É

considerado um importante recurso pesqueiro, especialmente no verão, quando a

espécie é capturada basicamente na costa sul (VILELA & CASTELO, 1993).

Dentre as espécies de alto valor comercial que ocorrem na região Sul estão os

atuns albacora-de-lage Thunnus albacares, albacora-branca T. alalunga, atum comum

T. thynnus e bandolim T. obesus, sendo a pescaria do albacora-de-lage a mais

importante. A albacora-laje é a principal espécie de atum capturada pela frota

espinheleira de Santos e a segunda em pesca de vara e isca viva (IBAMA, 1991) e foi a

terceira espécie capturada pela frota arrendada que atuou em Rio Grande entre 1977 e

1987 (ZAVALA-CAMIN & ANTERO-SILVA, 1991), e sua captura também é

realizada sobre as águas do Cone do Rio Grande (Fig. 75).

Figura 75. Área de captura da albacora-laje entre agosto de 1988 e outubro de 1990.

(Fonte: Vaske Jr & Castello, 1998).

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Dentre outras espécies afins, como agulhões, espadartes, marlins e dourados,

existem várias de interesse comercial, capturadas na região, como Euthynnus

alletteratus, Xiphias gladius, Isthiophorus albicans, Tetrapturus albidus, Makaira

nigricans e Coryphaena hippurus (Fig. 76) (ZAVALA-CAMIN, 1978).

Em relação aos teleósteos demersais, as principais espécies encontradas são

Micropogonias furnieri, Umbrina canosai e Cynoscion guatucupa, sendo que as

espécies dominantes de teleósteos demersais e bentônicos são Trachurus lathami, T.

lepturus, e juvenis de C. guatucupa, Umbrina canosai, e Scomber japonicus.

O número total de espécies varia pouco entre as estações do ano, sendo que a

maior riqueza de espécies sobre a quebra da plataforma se deve, provavelmente, aos

diferentes tipos de substrato e camadas de água presentes. A redução pronunciada no

número total de espécies em profundidades superiores a 350 m parece estar associada à

pobreza da fauna dos invertebrados bentônicos (CAPÍTOLI, 1997).

Em uma série de cruzeiros realizados entre 1981 e 1983, Haimovici (1997)

identificou 43 diferentes espécies de teleósteos (ANEXO III) em profundidades que

variaram de 250 a 587 m, em regiões de extensas áreas de fundos irregulares, onde a

fauna de peixes demersais é composta principalmente por peixes das famílias

Serranidae, Macrouridae, Trichiuridae, e Myctophidae.

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Figura 76. Espécies de peixes pelágicos de interesse comercial: robalo - Euthynnus alletteratus

(a), peixe espada - Xiphias gladius (b), agulhão bandeira - Isthiophorus albicans (c), marlim

branco - Tetrapturus albidus (d), marlim azul - Makaira nigricans (e) e dourado do mar -

Coryphaena hippurus (f) e teleósteos demersais: corvina - Micropogonias furnieri (g), castanha

Umbrina canosai (h), pescada-olhuda Cynoscion guatucupa (i) e C. guatucupa (j), e peixe

espada - T. lepturus (k).

(Fonte: http://www.fishbase.org, acesso em 13/02/2012).

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4.2.2.4. Elasmobrânquios demersais

Os peixes cartilaginosos são comumente capturados em várias artes de pescarias,

como nos arrastos de fundo, nos espinhéis e nas redes de emalhe, intencionalmente ou

como fauna acompanhante. No entanto, dados sobre o desembarque pesqueiro são

escassos e muitas espécies encontram-se ameaçadas, devido a suas características de

crescimento lento, maturação sexual tardia, vida longa, baixa fecundidade e baixa

mortalidade natural (STEVENS et al., 2000).

A área compreendida pelas regiões Sudeste e Sul apresenta o maior volume de

desembarque da pesca extrativa marinha do Brasil. Segundo dados do Programa

Estatpesca, o volume de produção dessa área ultrapassou as 280 mil toneladas em 2006

(IBAMA, 2008).

A partir de pesquisa com barcos pesqueiros sobre os registros de lances de

pesca, Vooren (1998), identificou 25 espécies de elasmobrânquios na plataforma

externa e talude da costa sul do Brasil, que constituíram 94% da biomassa total de

lances de pesca registrados entre 1981 e 1983. Os cações-anjo e raias constituíramem

torno de 90% da biomassa de elasmobrânquios demersais. Squatina guggenheim,

Squatina occulta,Sympterigia acuta, Sympterigia bonapartei e Raja castelnaui (Fig. 77)

constituíram, em conjunto, 80% da biomassa de elasmobrânquios bentônicos. No

inverno, Galerhinus galeus e Mustelus schmitti, contribuíram com75% da biomassa dos

elasmobrânquios.

Dentre as espécies encontradas no talude e águas profundas, destacam-se o

tubarão azul, Prinace glauca, e anequim, Isurus oxyrinchus (Fig. 78). São espécies

oceânicas e ocorrem em águas tropicais e temperadas quentes de todo o mundo

(CASTELLO, 2007).

Estas espécies são os principais tubarões pelágicos capturados na pesca de

espinhel de atum no Sul do Brasil, em que não raras vezes correspondem a mais da

metade da captura total nos cruzeiros de pesca por barcos espinheleiros nacionais da

frota de Santos e Rio Grande (VASKE-JÚNIOR.& RINCÓN-FILHO, 1998). Estas

espécies destacam-se entre as demais apresentadas uma vez que sua captura ocorre em

águas com profundidades que variam entre 500 e 3500 m, na área de abrangência do

Cone do Rio Grande (Fig. 79).

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Figura 77. Espécies de elasmobrânquios de maior ocorrência no sul do Brasil. Cações-anjo -

Squatina Guggenheim (a) e Squatina occulta (b), raias - Sympterigia acuta (c), Sympterigia

bonapartei (d) e Raja castelnaui (e) e tubarões - Galerhinus galeus (f) e Mustelus schmitti (g).

(Fonte: http://www.fishbase.org, http://myakalimar.com.ar e http://www.discoverlife.org acesso

em 13/02/2012)

A pesca industrial realizada na costa sudeste e sul do Brasil, especificamente no

Rio Grande do Sul, vem comprometendo as populações de elasmobrânquios pelo

impacto que imprimem nas áreas de berçário e nos locais mais profundos onde se

distribuem os adultos (MMA, 2011). A população de viola Rhinobatos horkelii está em

perigo de extinção há duas décadas (VOOREN, 1981).

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Figura 78. Tubarão azul - Prinace glauca (a) e anequim - Isurus oxyrinchus (b) encontrados no

talude e águas profundas do sul do Brasil.

(Fonte: http://www.discoverlife.org, acesso em 13/02/2012).

Devido ao grande valor comercial das barbatanas, existe na plataforma uma

pesca de emalhe direcionada para a captura de tubarões-martelo, especialmente Sphyrna

lewini (HAIMOVICI et al., 2006), o que está impactando as populações dessa espécie,

por este motivo, o Ministério do Meio Ambiente criou recentemente, em 2011, a

“Proposta de plano de gestão para o uso sustentável de elasmobrânquios sobre-

explorados ou ameaçados de sobre-explotação no Brasil”, para, através da gestão destes

recursos pesqueiros, manter a população destas espécies ameaçadas de extinção.

O ANEXO IV lista as espécies de elasmobrânquios identificados na região de

plataforma e talude do Rio Grande do Sul.

Figura 79. Área de ocorrência das espécies de tubarão azul e anequim amostrada por Vaske-

Júnior.& Rincón- Filho em 1998.

(Fonte: Vaske-Júnior.& Rincón- Filho, 1998)

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4.2.2.5. Outros recursos pesqueiros encontrados na plataforma externa e

talude do sul do Brasil

A pesca na região de plataforma e talude sul brasileiros é intensa, e as espécies

demersais representaram em média mais de 75% da produção pesqueira no período

1975-1994 nessa região, destacando-se nesse grupo os peixes teleósteos, já descritos

previamente, com mais de 70% desse montante (HAIMOVICI et al., 1998).

As modalidades de pesca que ocorrem na costa sul são: pesca artesanal estuarina

e costeira; pesca costeira de cerco; pesca de arrasto de portas e parelha; pesca de

tangones; pesca de covos; pesca de linha de mão, boinha e espinhel de fundo; e pesca de

emalhe para os cefalópopdes (HAIMOVICI, 1998).

Através de dados dos projetos TALUDE (1986-1987) e REVIZEE 2ª etapa

(2001-2002), Fischer et al. (2008) identificaram todas as espécies demersais

encontradas na região de plataforma e talude do sul do Brasil. Além dos teleósteos e

elasmobrânquios, 5 espécies de cefalópodes são importantes recursos pesqueiros nessa

região.

Cerca de 80% dos desembarques pesqueiros de cefalópodes na costa sul do

Brasil são de duas espécies de lulas neríticas - Loligo plei e Loligo sanpaulensis.

Abralia redfieldi, Eledone massyae (Fig. 80) foram as outras espécies identificadas por

Fischer et al. (2008).

O polvo Octopus vulgaris, também apresenta alta freqüência nas pescarias de

arrasto e grande interesse econômico. Em 2010, o Ministério da Pesca e Aquacultura

(MPA) apresentou o Boletim estatístico da Pesca, onde foram analisados dados de

rastreamento de oito embarcações que atuam na região sul, com o petrecho de Potes

Abertos, direcionadas à captura dos Polvos Octopus vulgaris e Octopus insularis, que

são capturados, inclusive, em áreas que abrangem o Cone do Rio Grande (Fig. 81).

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Figura 80. Espécies de cefalópodes registradas ou de interesse comercial capturadas no sul do

Brasil – as lulas Loligo plei (a), Loligo sanpaulensis (b), Abralia redfieldi (c) e Illex argentinus

(e) e os polvos Eledone massyae (d), Octopus vulgaris (f) e Octopus insularis (g).

(Fonte: http://www.discoverlife.org, http://www.fishbase.org, acesso em 15/02/2012).

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Figura 81. Densidade de pesca da frota que utiliza Petrecho Potes para captura de Polvo na

região Sul em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

Estoques relativamente grandes de camarões, como o sete barbas, o rosa e o

branco (Fig. 82) também são capturados nas regiões de plataforma e talude nas regiões

sul e sudeste do Brasil. (MPA, 2010).

Figura 82. Espécies de camarões pescadas no sul do Brasil. Camarão sete barbas -

Xiphopenaeus kroyeri (a), rosa - Penaeus Paulensis (b) e branco - Litopenaeus schmitti (c).

(Fonte http://www.fishbase.org, acesso em 15/02/2012).

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~ 149 ~

Em relação ao camarão rosa, D’Incao et al. (2002) realizaram um estudo sobre a

pesca desta espécie e apontam que o estado crítico dos estoques determinou uma

situação de crise na pescaria industrial, cuja sustentação econômica está sendo mantida

pelo direcionamento do esforço de pesca a outros recursos demersais, convertendo-a

em uma atividade mono em multiespecífica. A pescaria dirigida ao camarão-rosa nas

regiões Sudeste e Sul do Brasil mostra sinais evidentes de colapso, e devem ser tratadas

como prioridade para o manejo destas espécies.

Desde setembro de 1999 iniciou-se no Brasil uma segunda etapa da exploração do

Chaceon ssp , o carangueijo-de-profundidade. (PEREZ et al., 2002). Em uma análise da

pesca do carangueijo-de-profundidade, Pezzuto et al.(2002) identificaram as áreas de

ocorrência das duas espécies de carangueijo-de-profundidade economicamente

interessantes para a região sul do Brasil . É interessante notar que a área de ocorrência

da espécie de caranguejo vermelho – Chaceon notialis, encontra-se na região de

abrangência do Cone do Rio Grande (Fig. 83).

Figura 83. Delimitação dos estoques de caranguejo-real - Chaceon ramosae e caranguejo-

vermelho - Chaceon notialis no sul do Brasil.

(Fonte: Pezzuto et al., 2002).

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Desde o início dos anos 1980 tem sido constatado um paulatino declínio nas

tonelagens desembarcadas da maioria das espécies-alvo da pesca demersal,

evidenciando a falta de êxito no manejo dos recursos pesqueiros demersais da região,

mostrando a importância do manejo na pesca brasileira (VOOREN & KLIPPEL, 2005;

VALENTINI & PEZZUTO, 2006).

O ANEXO V lista as espécies dos recursos pesqueiros, além dos teleósteos e

elasmobrânquios, encontrados e descritos para a plataforma e talude do Rio Grande do

Sul.

4.2.2.6. Cetáceos da plataforma sul brasileira

A maioria dos cetáceos da plataforma continental sul brasileira são espécies

costeiras. As espécies mais freqüentemente encontradas nesta região são Pontoporia

blainvillei, Tursiops truncatus, Eubalaena australis e Delphinus delphis (PINEDO,

1998).

A toninha, Pontoporia blainvillei (Fig.84), é uma espécie de pequeno porte, e

sua distribuição vai do Espírito Santo até a Argentina. Este cetáceo é a espécie mais

ameaçada na América do Sul, devido às capturas acidentais em redes de pesca em toda

sua distribuição geográfica. Na costa do Brasil, a região onde a espécie sofre os mais

altos níveis de mortalidade acidental é o Rio Grande do Sul (SANTOS et al., 2002).

O golfinho nariz-de-garrafa, Tursiops truncatus, é uma das espécies mais

conhecidas entre todos os cetáceos. Sua distribuição parece ser limitada pela

temperatura da água e/ou pela distribuição das presas, ocorrendo ao longo das zonas

tropicais e temperadas do mundo e habitando tanto em áreas costeiras como oceânicas

(KENNEY, 1990).

A distribuição original das baleias francas austrais, Eubalaena australis, na costa

brasileira se estendia desde o Rio Grande do Sul até a Bahia. A intensa caça realizada

por mais de 400 anos levou a espécie a beira da extinção. Atualmente, a população

remanescente frequenta principalmente a costa centro-sul do estado de Santa Catarina,

de julho a novembro para acasalar, parir e amamentar seus filhotes (PALAZZO &

FLORES, 1998).

Delphinus delphis é a espécie mais comum de golfinho observada nas regiões de

plataforma do Rio Grande do Sul. Existem registros que estes animais são capturados

acidentalmente, como fauna acompanhante, pela frota pesqueira (ZERBINI & KOTAS,

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1998), indicando que é necessário manejo, para que esta espécie não sofra redução pela

pesca incidental no sul do Brasil.

O ANEXO VI lista as espécies de cetáceos encontradas para a plataforma e

talude do Rio Grande do Sul.

Figura 84. Espécies de cetáceos mais comuns na costa, plataforma e talude sul brasileiro. A

toninha Pontoporia blainvillei (a), os golfinhos Tursiops truncatus (b) e Delphinus delphis (c) e

a baleia franca Eubalaena australis (d).

(Fonte: http://www.discoverlife.org, acesso em 15/02/2012).

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4.2.2.7. Tartarugas marinhas

As tartarugas marinhas atravessaram as eras geológicas com poucas

modificações na sua morfologia e estão entre os animais mais antigos do planeta, com a

sua origem há mais de 150 milhões de anos. Migradoras, estas espécies constituem um

recurso compartilhado por muitas nações, passando a vida toda no mar e subindo às

praias somente para desovar. Nascem e vivem em áreas diferentes, por este motivo

ainda existem muitas lacunas no conhecimento científico sobre a sua ecologia

(EPPERLY & FRAZIER, 2000).

As áreas de reprodução das tartarugas marinhas, no Brasil, são restritas às

latitudes ao norte de 19º 38’S (MARCOVALDI, 1991). As espécies Dermochelys

coriacea, Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea e, mais

freqüentemente Caretta caretta são encontradas da primavera ao outono entre 29º 20’e

33º 45’S (PINEDO, 1998).

A tartaruga-de-couro, Dermochelys coriácea, é a maior espécie do grupo de

tartarugas encontradas no Brasil. É uma espécie pelágica que passa a maior parte de sua

vida no oceano aberto (BENSON et al., 2007).

Através de eventos de captura e recaptura, Billes et al. (2006) identificaram o

deslocamento de espécimes da África para o Rio de Janeiro, costa norte de São Paulo e

litoral do Rio Grande do Sul. Em 2008, López-Mendilaharsu et al. descreveram, através

de dispositivos monitorados por satélite, a migração de indivíduos desta espécie que

ocorreram nos litorais do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo e também no Uruguai

(Fig. 85).

A tartaruga-verde, Chelonia mydas , encontra-se distribuída em mares tropicais e

subtropicais, em geral, entre 40°N e 40°S de latitude (HIRTH, 1997). As áreas de

desova dessa espécie no litoral brasileiro são as ilhas oceânicas, especialmente Trindade

(ES), Atol das Rocas (RN) e Fernando de Noronha (RN) (BELLINI & SÁNCHEZ,

1996).

Domingo et al. (2006) descrevem os padrões de migração dessa espécie no

litoral sudeste-sul do Brasil, onde espécimes juvenis marcados em Ubatuba (SP) foram

recapturados ao longo do litoral brasileiro, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além da costa do Uruguai. De

acordo com Bugoni et al. (2001), as áreas de alimentação dessa espécie estendem-se do

Rio Grande do Sul ao Amapá. A tartaruga-de-pente, Eretmochelys imbricata, também

conhecida pelos nomes de tartaruga-de-casco-vinho, tartaruga-legítima e tartaruga-

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verdadeira, é uma espécie encontrada em mares tropicais e subtropicais. De acordo com

Sanches (1999), as áreas de desova desta espécie são, em especial, os estados do Rio

Grande do Norte, Sergipe e Bahia.

Figura 85. Descolamento de 4 indivíduos diferentes (T1, T2, T3 e T4) da espécie tartaruga-de-

couro, Dermochelys coriácea.

(Fonte: López-Mendilaharsu et al., 2009)

Em relação aos seus padrões de migração, essa espécie pode migrar distâncias

consideráveis entre sítios de desova fora do litoral brasileiro, como a África, e áreas de

alimentação no Brasil, como o Arquipélago de Fernando de Noronha. Entretanto,

Domingo et al. (2006) observaram uma tendência mais frequente de movimentos curtos

entre as áreas de alimentação ao longo da costa brasileira. Esta espécie, por estar

associada, principalmente, às regiões costeiras próximas a recifes de corais, tem

ocorrência mais provável no litoral nordeste do Brasil. Entretanto, Soto & Beheregaray

(1997) documentaram encalhes dessa espécie no litoral de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul

A tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta, apresenta distribuição em mares

temperados, subtropicais e tropicais (DODD, 1988). Esta espécie foi registrada na costa

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de diversos estados do Brasil entre o Pará e o Rio Grande do Sul, em águas costeiras e

oceânicas. São altamente migratórias: as fêmeas migram das áreas de alimentação e

descanso para as áreas de reprodução, em deslocamentos que podem chegar a mais de

1.500 km (SANTOS et al., 2011).

As principais ameaças para C. caretta no passado foram coleta de ovos e abate

de fêmeas, o que não acontece mais nas áreas prioritárias de reprodução, desde a

implantação do Projeto TAMAR/ICMBio em 1982.

Caretta caretta é a espécie mais abundante no Rio Grande do Sul, com cerca de

55% dos registros de encalhes. A espécie é considerada em perigo (EN) a nível mundial

(IUCN, 2011) e vulnerável (VU) no Brasil (MACHADO et al., 2005).

A última espécie de tartaruga que ocorre no Brasil é a Lepidochelys olivacea,

também conhecida como trataruga-olivaanexo. Esta espécie tem distribuição

circunglobal e sua área prioritária de desova está localizada entre o litoral sul do estado

de Alagoas e o litoral norte da Bahia com maior densidade de desovas no estado de

Sergipe. Juvenis e adultos ocorrem em áreas costeiras e oceânicas desde o Rio Grande

do Sul até o Pará, e em águas internacionais adjacentes à zona econômica exclusiva do

Brasil (CASTILHOS et al., 2011).

Há registros de captura incidental nas pescarias oceânicas de longline ou

espinhel de superfície, do norte/Nordeste e sul/sudeste do Brasil com capturas se

estendendo para águas internacionais adjacentes (SALES et al., 2008).

As tartarugas marinhas (Fig. 86) são capturadas incidentalmente em

praticamente todas as pescarias no Brasil (SANTOS et al., 2011) e as cinco espécies de

tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil são mencionadas na Lista Nacional das

Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção: C. mydas e C. caretta estão

listadas na categoria vulnerável, L. olivacea e E. imbricata como em perigo e D.

coriacea como criticamente em perigo (IBAMA, 2011).

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Figura 86. Espécies de tartarugas ocorrentes no Brasil. Tartaruga-de-couro, Dermochelys

coriáce (a), Tartaruga-verde, Chelonia mydas (b), Tartaruga-de-pente - Eretmochelys imbricata

(c), Tartaruga-cabeçuda - Caretta caretta (d) e tartaruga-oliva, Lepidochelys olivacea (e).

(Fonte: http://www.icmbio.gov.br, acesso em 16/02/2012).

4.2.2.8. Aves Marinhas

Oitenta e três espécies de aves marinhas e costeiras ocorrem no litoral sul-

brasileiro e nas águas adjacentes, entre as latitudes 28º 40’S e 34º 34’S. Destas espécies,

72 nidificam em regiões distantes e migram sazonalmente para o sul do Brasil.

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De acordo com Vooren (1998), no ambiente marinho do Rio Grande do Sul

ocorrem 33 espécies de aves pelágicas, entre as quais 25 da Ordem Procellariiformes

(albatrozes e petréis).

Pelo menos sete espécies de aves oceânicas que frequentam as águas da

plataforma sul são migrantes sazonais do Hemisfério Norte. Dessas, cinco têm

populações que nidificam na Região Neártica: o bobo-pequeno, Puffinus puffinus, as

espécies da família Stercorariidae, mandriãopomarino, Stercorarius pomarinus,

mandrião-parasítico, S. parasiticus e mandriãode-cauda-comprida, S. longicaudus e o

trinta-réis-ártico, Sterna paradisea (Fig. 87) (VOOREN, 1998; VOOREN &

CHIARADIA, 1989; CARLOS, 2006; NEVES et al., 2006).

Embora sejam tipicamente pelágicos, os mandriões permanecem de forma

isolada nas praias, onde praticam cleptoparasitismo sobre bandos de trinta-réis Sterna

spp. e Thalasseus spp. (Sternidae) e gaivotas Larus spp. e Chroicocephalus spp.

(Laridae). Todas são mais frequentes entre setembro e dezembro, mas, de janeiro em

diante, prosseguem em direção ao sul até a plataforma continental da argentina ao norte

de Mar del Plata, seguindo o deslocamento da Convergência Subtropical (CARLOS,

2006).

Figura 87. Algumas espécies de aves marinhas encontradas na região sul brasileira. O bobo-

pequeno - Puffinus puffinus (a), o mandrião-pomarino Stercorarius pomarinus (b) e o trinta-

réis-ártico - Sterna paradisea (c).

(Fonte: http://www.surfbirds.com, acesso em 17/02/2012).

A costa e as águas da plataforma continental e do talude do sul do Brasil

sustentam populações de aves que nidificam no Ártico da América do Norte, na costa

atlântica da Grã-Bretanha, nas ilhas oceânicas portuguesas, no Arquipélago de Tristão

da Cunha, na Patagônia, nas Ilhas Malvinas, nos Arquipélagos de Georgia do Sul e

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Orcadas do Sul, e na Península Antártica. Na região sul-brasileira, estas aves encontram

os recursos ecológicos indispensáveis para a sua sobrevivência e seu acondicionamento

físico entre as etapas dos seus ciclos migrátorios. A região ocupa uma posição

estratégica em uma rede de relações ecológicas que abrange as Américas e o Oceano

Atlântico como um todo. A conservação dos ambientes costeiros e marinhos do sul do

Brasil possui significado a nível mundial (VOOREN, 2005).

Em várias partes do mundo a captura incidental de aves marinhas por diferentes

aparelhos de pesca tem sido reconhecida como um sério problema para a sua

conservação. Na plataforma sul, as aves migratórias pelágicas não são capturadas pelos

espinhéis e podem, inclusive, estar sendo beneficiadas pelo consumo dos descartes

dessa atividade pesqueira. Por outro lado, operações com outros aparelhos, tais como as

redes de arrasto e emalhe, podem, sim, capturar aves do gênero Puffinus, entre outras.

Esse problema já foi constatado na costa da argentina (TAMINI et al., 2004).

O ANEXO VII lista as espécies de aves encontradas nas regiões de plataforma e

talude do Rio Grande do Sul.

4.2.2.9. Unidades de Conservação

A Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, criou o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), que estabelece critérios e normas para a

sua criação, implantação e gestão. De acordo com o artigo 2º desta Lei, entende-se

como Unidade de Conservação (UC) todo espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais com características naturais relevantes, legalmente

instituído pelo Poder Público, com objetivo de conservação e limites definidos, sob

regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

As UCs podem ser classificadas em dois grandes grupos, de acordo com a forma

de uso dos seus recursos naturais: Unidades de Proteção Integral ou Estação Ecológica,

Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre;

Unidades de Uso Sustentável ou Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante

Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva

de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural.

O SNUC é constituído pelo conjunto das UCs Federais, Estaduais e Municipais.

De acordo com o artigo 7º do SNUC, as UCs podem ser de Proteção Integral ou de Uso

Sustentável. O principal objetivo das UCs de Proteção Integral é preservar a natureza,

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permitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. As UCs de Uso Sustentável

têm como objetivo básico a compatibilização da conservação da natureza com o uso

sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

4.2.2.9.1. Unidades de Conservação na Região Costeira

O estado do Rio Grande do Sul conta atualmente com um total de 104 unidades

de conservação que abrange 3,4% da área total do Estado incluindo áreas criadas por lei

e ainda não implementadas. Destas, 12 são federais, 26 estaduais, 42 municipais,

incluindo áreas de usos múltiplos e parque urbanos, e 24 RPPNs- Reserva Particular do

Patrimônio Natural (FEPAM, 2012). Entretanto, apenas 4 encontram-se na porção

litoral do estado (Fig. 88), a saber a Reserva Ecológica do Taim, Parque Nacional Lagoa

do Peixe, Parque Estadual de Itapeva e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Figura 88. Unidades de Conservação do Estado do Rio Grande do Sul.

(Fonte: http://www.scp.rs.gov.br/atlas, acesso em 12/02/2012).

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4.2.2.9.1.1. Estação Ecológica do Taim

Das poucas unidades de conservação localizadas na zona costeira e litoral do Rio

Grande do Sul, destaca-se a UC Estação Ecológica do Taim, uma área de jurisdição

Federal, situada nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (32o 20’ e 33

o

00’S e 52o 20’ e 52

o 45’W), entre o Oceano Atlântico e a Lagoa Mirim.

A área desta Unidade de Conservação é de 33.818 ha, que inclui os banhados do

Taim, do Albardão, lagoas do Nicola e do Jacaré e a porção mais ao norte da lagoa

Mangueira, as áreas de banhados constituem cerca de 60% do total da UC (GOMES,

1987). Dentre as características físicas do banhado, destacam-se a composição do solo,

arenoso, de origem Quaternária, que suporta uma vegetação herbácea rasteira

(CALLIARI, 1998). O clima é subtropical úmido e as estações são bem definidas, sendo

os invernos frios e verões com altas temperaturas, com precipitação média anual de

1252 mm.

Um dos principais motivos que levaram à sua criação foi o fato de esta área ser

um dos locais por onde passam várias espécies de animais migratórios vindos da

Patagônia, por este motivo, ocorre uma grande diversidade de aves no local (Fig. 89).

Figura 89. Banhado (esq) e Espécie migratória (Coscoroba coscoroba) nidificando na Estação

Ecológica do Taim.

(Fonte: Instituto Carbono Brasil, em http://www.institutocarbonobrasil.org.br, acesso em

23/02/2012).

O banhado, que constitui a maior parte da Estação, oferece refúgio para diversas

espécies, além de mamíferos e répteis, como o jacaré-de-papo-amarelo, incluído nas

listas nacionais e internacionais dos animais ameaçados de extinção. (Instituto Carbono

Brasil, 2012).

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Dentre as inúmeras importâncias aplicadas a este sistema, estão a diversidade

biológica, produtividade, armazenamento de água, controle de grandes inundações,

recarga de aqüíferos subterrâneos, purificação da água e estabilidade climática; além de

proporcionarem condições favoráveis à produção de peixes e à agricultura

(MALTCHIK, 2003).

4.2.2.9.1.2. Parque Nacional da Lagoa do Peixe

A planície costeira do extremo sul do Brasil corresponde a uma zona

biogeográfica de transição temperada quente. Esta região apresenta cerca de 50 lagoas

costeiras, sendo que a maioria é alongada, paralela a praia e de pouca profundidade

(RAMBO, 1994). Localizado no segmento mediano dessa planície, entre a Lagoa dos

Patos e o Oceano Atlântico, encontra-se o Parque Nacional da Lagoa do Peixe.

O Parque foi criado em 1986, sob sugestão do IBAMA através do Decreto-Lei

n° 93.546, com a finalidade de proteger um dos sítios mais importantes da América do

Sul para as aves migratórias (LOEBMANN & VIEIRA, 2005).

Atualmente, o Parque possui status de Reserva da Biosfera, Sítio Ramsar e

Reserva Internacional de Aves Limnícolas, com uma área de mais de 34.400 ha (Fig.

90), composta por ambientes lagunares, matas, banhados, marismas, campos úmidos,

praias e a Lagoa do Peixe, o principal corpo hídrico do parque, cujas características

peculiares permitem o desenvolvimento da grande biomassa utilizada como alimento

pelas aves migratórias.

Figura 90. Parque Nacional da Lagoa do Peixe e espécie de flamingo encontrada na região.

(Fonte: http://www.ufrgs.br/fotografia/port/, acesso em 12/02/2012)

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Esse sítio é reconhecido mundialmente por abrigar grandes concentrações de

espécies de aves limícolas. Seis espécies são encontradas em concentrações que

excedem 1% de suas populações biogeográficas. Destacam-se entre elas duas espécies

em estado de conservação preocupante, o maçarico-de-papo-vermelho, Calidris

canutus, e o maçarico-acanelado, Tryngites subruficollis.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga, ainda, três espécies ameaçadas de

extinção, o flamingo-grande-dos-andes, Phoenicoparrus andinus, o sanã-cinza, Porzana

spiloptera, e a gaivota-de-rabo-preto, Larus atlanticus.

Em 1990, o Parque foi oficialmente nomeado pela Rede Hemisférica de

Reservas para Aves Limícolas (RHRAP) como um sítio de importância internacional. A

RHRAP é uma estratégia internacional de conservação que tem como missão proteger

espécies de aves limícolas e seus habitats, através do estabelecimento de uma rede de

sítios em todo o continente americano (Notas de Imprensa, Parque Nacional da Lagoa

do Peixe, 2012).

4.2.2.9.1.3. Parque Estadual de Itapeva

Criado em dezembro de 2002 pelo Decreto Estadual 42.009 o Parque Estadual

de Itapeva (PEVA) constitui-se numa importante unidade de conservação da Mata

Atlântica e de seus ecossistemas associados no Rio Grande do Sul (Fig. 91). Localiza-se

em uma estreita faixa entre a Estrada do Mar (RS-389) e a praia de Itapeva, nas

imediações da cidade de Torres, extremo norte da planície costeira do Estado

(29º 21’ 2’’S e 49º 45’ 19’’W).

Figura 91. Algumas paisagens do Parque Estadual de Itapeva.

(Fonte: Dobrovolski, 2006).

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No Parque, observa-se uma paisagem que foi muito característica nesta região

do Rio Grande do Sul, composta por grandes dunas móveis e dunas fixadas com

vegetação de restinga, um dos poucos e maiores remanescentes protegidos de floresta

paludosa no Estado, além de outros ambientes diferenciados, como campos alagados,

campos secos, turfeiras, mata da restinga, banhados, arroio e vassourais, caracterizando

um gradiente ambiental desde o mar até o fragmento de mata paludosa (KINDEL,

2002).

Dentre os diversos ambientes no Parque encontram-se dunas primárias, dunas

móveis, dunas fixas, baixada atrás das dunas primárias, campos alagados, campo seco,

capoeira e mata paludosa (DOBROVOLSKI, 2006).

4.2.2.9.1.4. Reserva da Biosfera

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica contou inicialmente no Rio Grande do

Sul com 40.174 km2, isto é, 14,02% do território gaúcho. Depois de três anos de

trabalho, o Comitê Estadual propôs ampliar a área para 48.695 km2, 17% do Rio Grande

do Sul. A proposta de ampliação foi aprovada pelo Conselho Nacional da Reserva da

Biosfera em novembro de 1997.

A área ampliada, localizada na planície costeira, totaliza 852.184 ha distribuídos

em 165.443 ha de zona núcleo, 253.197 ha de zona de amortecimento e 433.544 ha de

zona de transição. A ampliação da RBMA integra o Parque Nacional da Lagoa do Peixe

e a Estação Ecológica do Taim aos demais ecossistemas da planície (MARCUZZO et

al., 1998).

A gestão da Reserva da Biosfera é um trabalho conjunto de instituições

governamentais, não-governamentais, comunidade científica e moradores. Este trabalho

de integração busca atender às necessidades das populações e fomentar um melhor

relacionamento entre elas e os seus ambientes.

Em nível federal, a gestão da Reserva é feita pelo Conselho Nacional,

constituído por entidades governamentais dos 14 Estados integrantes e IBAMA e pela

sociedade civil organizada, representada pelas ONGS, comunidade científica e

moradores locais. Em nível estadual, cada Estado brasileiro dispõe de um Comitê

formado paritariamente por representantes de instituições governamentais e não-

governamentais, que procura assegurar a implantação da Reserva da Biosfera,

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~ 163 ~

priorizando a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e o

conhecimento científico (FEPAM, 2012).

4.2.2.9.2. Unidades de Conservação em Mar Territorial

Na área em que se encontra o Cone do Rio Grande, não existe nenhuma UC no

mar territorial. Das mais de 5000 áreas protegidas do mundo, apenas 1.300 incluem

componentes marinhos e costeiros, correspondendo a menos de 1% dos oceanos. Esse

desequilíbrio acontece devido a diversos fatores como: dificuldades de acesso ao

ambiente marinho, noção de que o ambiente marinho é uma propriedade comum a

todos, sendo disponível para exploração e a idéia de que seus recursos são infinitos

(MMA, 2002).

Por outro lado, é crescente a disseminação dos conceitos de que as áreas

protegidas marinhas são essenciais para conservar a biodiversidade dos oceanos,

aliando-se, desde a década de 90, a idéia de que também servem para manter a

produtividade, especialmente dos estoques de pesqueiros. Diversos cientistas apontam

que o estabelecimento de reservas marinhas pode ajudar na recuperação de estoques

colapsados ou considerados ameaçados, servindo como berçários e fonte de exportação

de indivíduos maduros para as áreas adjacentes (MMA, 2008).

Toda diversidade de ecossistemas e espécies demanda ações específicas e

integradas para sua conservação. Nesse sentido, houve avanços significativos nas

políticas públicas. Com base nas decisões da Convenção de Diversidade Biológica

(CDB), o governo assumiu o compromisso de elaborar um Plano Nacional de Áreas

Protegidas (PNAP), o qual contempla as especialidades costeiras e marinhas. O PNAP

foi reconhecido pelo Decreto nº 5.758/2006 definindo princípios, diretrizes, objetivos e

estratégias para o estabelecimento de um sistema abrangente de áreas protegidas,

representativo e efetivamente manejado de áreas terrestres até 2010, e de áreas marinhas

até 2012.

Destaca-se a diretriz de que as áreas marinhas devem ser criadas e geridas

visando à conservação da biodiversidade e à recuperação dos estoques pesqueiros. Uma

das principais estratégias é a identificação de áreas propícias à criação de novas áreas

protegidas. Nesse sentido, o processo de revisão e atualização das Áreas Prioritárias

para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade

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Brasileira, concluiu um dos objetivos de desenhar um sistema de áreas protegidas nos

diversos biomas brasileiros, entre eles a Zona Costeira e Marinha (MMA, 2008).

Com o intuito de priorizar áreas para conservação no PNAP, o Ministério do

Meio Ambiente (MMA) criou o Marcodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do

Brasil (2008), onde foram indicadas 506 áreas prioritárias para a Zona Costeira e 102 na

Zona Marinha, nesta última, incluindo o Cone do Rio Grande (Fig. 92).

Assim, através da proteção e conservação destas áreas, têm-se pela primeira vez

um zoneamento da Zona Econômica Exclusiva brasileira, usando como premissa as

necessidades de conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da

biodiversidade costeira e marinha.

Através da análise de um banco de dados sobre a biodiversidade das áreas

costeiras e marinhas, o MMA classificou a importância biológica destas áreas, sendo a

região do Cone do Rio Grande classificada como alta, em sua porção leste e extrema em

sua porção oeste (Fig. 93), mostrando a grande importância ecológica para esta feição,

já observada através das espécies ocorrentes nesta área e descritas anteriormente.

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Figura 92. Áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da

biodiversidade brasileira.

(Fonte: adaptado de MMA, 2008)

Importância Biológica

Extrema

Muito Alta

Alta

Insuficientemente Conhecidas

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Figura 93. Importância Biológica da zona costeira e marinha que contemplam a Bacia de Pelotas e um trecho da Bacia de Santos.(Fonte: MMA, 2008)

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~ 167 ~

4.3. MEIO SÓCIOECONÔMICO

A caracterização do meio sócioeconômico, como uma das dimensões de análise

do Diagnóstico Ambiental, tem como objetivo fornecer uma descrição das condições

econômicas e sociais de um grupo humano inserido historicamente em uma determinada

porção do espaço da área que está em estudo.

Este levantamento permite a melhor compreensão da dinâmica sócioeconômica

da área de estudo, cujo objetivo é fornecer um suporte à tomada de decisão e a avaliação

de potenciais impactos diretos e indiretos relacionados a um futuro empreendimento.

A região do Cone do Rio Grande, por ser uma área oceânica, possui poucas

atividades sócioeconômicas que contemplam esta região. Neste trabalho foram

consideradas as atividades pesqueiras, o tráfego de navios e as atividades da indústria do

petróleo, com uma breve descrição de cada atividade.

4.3.1. Atividades Pesqueiras

A pesca representa a principal forma de uso dos ecossistemas costeiro e marinho

na área de influência do Cone do Rio Grande.

De acordo com o Boletim Estatístico da Pesca e Aqüicultura de 2010, a

produção de pescado do Brasil, para o ano de 2010, foi de 1.264.765 t, registrando-se

um incremento de 2% em relação a 2009, quando foram produzidas 1.240.813 t de

pescado.

A produção total da pesca extrativa no Brasil foi de 785.366 t em 2010. A pesca

marinha foi responsável por 68,3 % da produção total nacional oriunda da pesca

extrativa em 2010, sendo que a região Nordeste foi responsável pela maior parcela da

produção nacional, com 195.842 t, representando 36,5% do total capturado. A região

Sul ficou em segundo lugar, com 156.574 t e 29,2% do total (Fig. 94).

O Estado de Santa Catarina foi o maior produtor de pescado oriundo da pesca

extrativa marinha do Brasil em 2010, contribuindo com 23% da produção nacional desta

modalidade. O Estado do Rio Grande do Sul ocupou a posição de sexto maior produtor

nacional.

No Rio Grande do Sul, a pesca realizada em ambiente marinho se dá através de

média escala industrial. Nesta região marinha, não atuam pescadores artesanais.

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Figura 94. Produção de pescado (t) nacional da pesca extrativa marinha em 2009 e 2010

discriminada por região.

(Fonte: MPA, 2010).

O litoral do Rio Grande do Sul é uma das regiões mais ricas em peixes

demersais marinhos do Brasil (NEIVA & MOURA, 1977). É também uma das regiões

onde a pesca de arrasto de fundo desenvolvida por arrasteiros de portas e em parelhas é

mais intensa (YESAKI & BAGER, 1975).

Nos últimos anos, a maior parte do pescado capturado nesta região foi

desembarcado no porto de Rio Grande, embora também tenham operado na área

arrasteiros com base nos estados de Santa Catarina e São Paulo (HAIMOVICI, 1987).

Nos desembarques predominam peixes demersais, como corvina, castanha e

pescadas, e peixes pelágicos, como a tainha, enchova, bonitos e atuns, camarões

costeiros e caranguejos de profundidade (HAIMOVICI et al., 2006).

De acordo com o MPA (2010), foram 7 os principais recursos pesqueiros

capturados nas regiões de plataforma e talude do Rio Grande do Sul para o ano de 2010.

As principais artes de pesca, para a captura de atuns e afins; bonito-listrado; corvina;

camarão-rosa, sardinha-verdadeira, polvo são, respectivamente, petrecho de espinhel,

vara com isca-viva, emalhe de fundo, arrasto duplo, rede de cerco e potes, onde as

densidades de pesca para cada arte, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura

(2010), estão representadas nas Figuras 95, 96, 97, 98, 99 e 100.

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Figura 95. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho de espinhel horizontal de superfície

para captura de Atuns e Afins em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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Figura 96. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho de vara com isca-viva para a captura

de Bonito-listrado na região sul/sudeste em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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Figura 97. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho emalhe de fundo na região

sul/sudeste em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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Figura 98. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho arrasto duplo para a captura de

Camarão-rosa na região sul/sudeste em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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Figura 99. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho rede de cerco para captura de

sardinha verdadeira na região sul/sudeste em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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Figura 100. Densidade de pesca da frota que utiliza petrecho potes para captura de

Polvo na região sul em 2010.

(Fonte: MPA, 2010).

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É interessante observar que há registro de todas as artes de pesca na região do

Cone do Rio Grande.

Em relação ao desembarque do pescado, a pesca costeira ou da frota de médio

porte e a pesca industrial do Rio Grande do Sul tem seu desembarque localizado em três

áreas principais no Estado. Na proximidade da entrada do estuário, 5ª Secção da Barra,

na doca municipal de São José do Norte e no grupo de entrepostos situado na margem

oeste do estuário, compreendendo o município de Rio Grande (Fig. 101).

Figura 101. Trapiches para desembarque de pescados e caminhão frigorífico em São José do

Norte (esquerda), mercado de peixes em Rio Grande (centro) e trapiches de desembarque de

pescados em indústrias processadores de pescado (direita).

(Fonte: http://www.skyscrapercity.com e http://www.turismo.rs.gov.br, acesso em 18/02/2012)

Na cidade de Rio Grande e São José do Norte, que recebem o pescado

capturado, as formas de comercialização deste produto variam segundo fatores como o

distanciamento dos centros urbanos e o grau de organização dos pescadores. A venda da

produção pode ser realizada diretamente aos consumidores, para

intermediários/atravessadores, mercados locais, peixarias, indústrias beneficiadoras de

pescado, bares, restaurantes ou cooperativas (Fig. 102), como descrevem Garcez &

Sanchez-Botero (2005).

Assim é possível afirmar que a pesca nas regiões de plataforma e talude do Rio

Grande do Sul representa um importante recurso socioeconômico tanto para as cidades

do sul do estado, que recebem diretamente este produto, quanto para outras cidades e

estados que recebem este produto bruto ou processado, visto que o Rio Grande do Sul é

o sexto no ranking nacional de produção pesqueira marinha.

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Figura 102. Cadeia produtiva do pescado.

(Fonte: Garcez e Sánchez-Botero, 2005).

4.3.2. Tráfego de navios e grandes embarcações na região do Cone do

Rio Grande

Além da frota pesqueira que atua na plataforma e talude continental nas

proximidades do Cone do Rio Grande, esta região é uma importante rota de navios que

tem como destino as zonas portuárias de Paranaguá, Rio Grande ou de Santos.

A economia dos transportes e da logística tem passado por um período de

grandes mudanças. O fenômeno da globalização das economias tem provocado um forte

impacto nas soluções de exigências de transporte e de logística (BRAGA, 2006),

aumentando, significativamente a importância do transporte pelos mares e oceanos. De

acordo com Souza Junior (2008), os portos são um elo fundamental da cadeia de

transportes, pois são nas instalações portuárias que se desenvolvem as interligações

modais entre transporte terrestre e marítimo.

O Porto Organizado do Rio Grande é o porto marítimo mais meridional do

Brasil e está localizado na margem oeste do Canal do Norte, o qual liga a Laguna dos

Patos ao Oceano Atlântico, no Rio Grande do Sul, tornando- se o principal porto do

Cone Sul. Já o Porto Organizado de Santos situa-se no litoral central do estado de São

Paulo e é principal porto do país.

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Juntos, os portos de Paranaguá, Rio Grande e Santos movimentaram, em 2010,

aproximadamente 45% da movimentação de cargas dos portos de todo o Brasil

(ANTAQ 2010).

A rota dos navios que chegam ou saem destes portos passam pela região do

Cone do Rio Grande (Fig. 103) e o fluxo de navios nesta região varia de 50 a 200 navios

por ano para cada rota, tornando a região do Cone, além das atividades pesqueiras,

importante rota para o transporte marítimo, de fundamental importância econômica.

Figura 103. Rotas de navios no globo.

(Fonte: Kaluza et al., 2009).

4.3.3. Atividades da Indústria do Petróleo

O Estado do Rio Grande do Sul é cenário do transporte e produção de petróleo e

seus derivados, apresentando estruturas como o Porto do Rio Grande, o terminal da

TRANSPETRO de Rio Grande, o Terminal de Tramandaí, além das refinarias

Riograndense, em Rio Grande e REFAP, em Triunfo.

O Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra (TEDUT) tem uma instalação

industrial em Osório e o acesso marítimo a este terminal ocorre através de monobóias

(Fig. 104) localizadas em mar aberto em frente à cidade de Tramandaí. As monobóias

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são rota de navios petroleiros da Argentina, África e de outros locais do Brasil

(FREIRE, 2006).

Figura 104. Terminais de petróleo, monobóias e refinaria REFAP da PETROBRAS.

(Fonte: Adaptado de Transpetro em

<http://www.transpetro.com.br/TranspetroSite/appmanager/transpPortal/transpInternet?_nfpb=tr

ue&_windowLabel=barraMenu_3&_nffvid=%2FTranspetroSite%2Fportlets%2FbarraMenu%2

FbarraMenu.faces&_pageLabel=pagina_base&formConteudo:codigo=264>. Acesso em

30/03/2012).

O Pólo Petroquímico de Triunfo (RS) é composto por uma série de indústrias

implantadas desde o início da década de 1980. A produção do Pólo envolve o

processamento da nafta como matéria prima básica, e dela derivam diversos produtos

Algum destes são produzidos e fornecidos pela COPESUL (Companhia Petroquímica

do Sul), que é a central de matérias-primas do Pólo Petroquímico.

Em Rio Grande, a Refinaria de Petróleo Riograndense, inaugurada em setembro

de 1937, é a mais antiga Refinaria em operação no país. Sua Planta Industrial tem

capacidade de processamento de 17 mil barris/dia de petróleo (REFINARIA

RIOGRANDENSE, 2012).

REFAP

OSÓRIO COPESUL

TERMINAL DE RIO GRANDE

TERMINAL DE NITEROI

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O beneficiamento e o transporte de petróleo podem provocar prejuízos

ambientais nas áreas circunvizinhas dessas atividades, uma vez que ocorre a geração de

resíduos gasosos, líquidos e sólidos. Também podem ocorrer impactos por pequenos

vazamentos e acidentes durante o trajeto de veículos, embarcações ou pelo transporte.

As operações de transbordo, carregamento e descarregamento dos produtos são críticas

para esse tipo de ocorrência, bem como lavagens dos tanques de armazenamento e

manutenção de equipamentos.

O último acidente ambiental com petróleo no Rio Grande do Sul aconteceu em

janeiro de 2012, nas monobóias de Tramandaí, onde o volume estimado de óleo vazado

foi de 1,2 mil litros (ALVES, 2012) e o óleo atingiu a praia dos municípios de

Tramandaí e Imbé.

As pesquisas sobre melhores métodos e produtos de contenção e recolhimento a

serem usados em um derramamento têm avançado a cada dia. No entanto, a busca das

empresas por melhores posições no mercado, e o avanço da tecnologia para a prevenção

de acidentes são obstáculos que precisam ser superados.

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5. CONCLUSÕES

A partir da análise de todos os dados apresentados, é possível concluir que

1. O Cone do Rio Grande é uma feição sedimentar formada no Holoceno, por

material particulado proveniente do Estuário da Lagoa dos Patos e do Rio de la

Plata, através de paleocanais formados pelas conseqüentes regressões e

transgressões marinhas desta época;

2. A sedimentologia desta feição é marcada por uma textura fina que, também são

considerados sedimento relíquia, visto que foram depositados há centenas de

anos. A sedimentação atual no Cone do Rio Grande não é tão intensa quando da

sua formação, entretanto, as correntes oceânicas que influenciam esta região

possuem papel fundamental na distribuição dos sedimentos recentes e na

distribuição dos nutrientes disponíveis na coluna d’água;

3. Dentre as diversas massas d’água presentes na área do Cone, a confluência

Brasil Malvinas é a que parece mais contribuir para a presença de nutrientes no

sedimento, como P e N, e também para a produção primária do local, esta que

também está condicionada às descargas dos estuários da Lagoa dos Patos e da

Prata;

4. Estudos de geofísica identificaram, através de registros BSR, a presença de

hidratos de gás, com reserva estimada de 135 bilhões de m3

que ocorrem em

uma área de aproximadamente 45.000 km2. Entretanto, nenhum estudo até o

momento focou a viabilidade de exploração deste recurso;

5. As porcentagens de carbono encontradas foram baixas em comparação a regiões

com acúmulo de hidrocarbonetos, mas dentro do limite necessário para a

formação de hidratos. As concentrações de carbonatos estão dentro das

concentrações normalmente encontradas para sedimentos marinhos de textura

fina; as concentrações nitrogênio total e de fósforo apresentaram teores um

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pouco acima das estimadas para este tipo de sedimento. As concentrações dos

elementos metálicos são, quase na totalidade, menores que em outras regiões

oceânicas de mesma textura, indicando ausência de contaminação no Cone do

Rio Grande. As razões geoquímicas de HPAs indicam fontes petrogênicas, o que

pode sugerir um processo de exsudação natural.

6. As concentrações da maioria dos elementos analisados foram maiores ao sul do

Cone. Esta distribuição geográfica indica influência da circulação local;

7. Há uma grande biodiversidade na região do Cone comprovada por um grande

número de espécies bentônicas, planctônicas, de peixes, cetáceos, tartarugas e

aves. Algumas espécies encontram-se ameaçadas de extinção;

8. A presença de espécies de corais azoozantelados construtores de bancos de

corais na borda oeste do Cone mostra que esta área em especial pode ter um

papel especial em termos da biodiversidade da região;

9. Diversos recursos pesqueiros são explorados no Cone do Rio Grande,

plataforma e talude do Rio Grande do Sul;

10. Há necessidade de obtenção de dados, físicos, químicos e biológicos recentes, de

toda a região do Cone do Rio Grande, visto que grande parte dos dados

biológicos apresentados foram obtidos a algumas décadas, o que também ocorre

com a maioria dos dados físicos da região.

11. Há necessidade de realizar uma campanha oceanográfica para estudar,

exclusivamente, o Cone do Rio Grande, visto sua importância ecológica e

econômica, e da grande perspectiva que esta área apresenta de tornar-se fonte

importante de recurso energético para o país.

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6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para futuros trabalhos de pesquisa que incluam a área de domínio desta

dissertação, as sugestões são:

1. Para amplo conhecimento do Cone, é necessário analisar, além dos parâmetros

físico-químicos estudados nesta dissertação, a maior gama de parâmetros

possíveis, dentre eles o restante dos elementos metálicos, enxofre e datação

detalhada de todos os estratos sedimentares, visto que são poucos os dados desta

região;

2. Dentre os parâmetros a serem analisados, é fundamental o estudo de

diamantóides, biomarcadores e hidrocarbonetos alifáticos, para melhor

identificação da fonte dos hidrocarbonetos encontrados na região do Cone do

Rio Grande;

3. Para melhor conhecimento da biodiversidade local, é indispensável a realização

de uma campanha oceanográfica que colete dados em todas as áreas do Cone, se

possível, uma campanha específica para o Cone do Rio Grande, para nova coleta

de dados físicos, químicos e geológicos;

4. Em termos de potencialidade de hidrocarbonetos, recomenda-se um estudo

detalhado da viabilidade de exploração de hidrocarbonetos na área, que

contemplem também coleta e amostragem direta de hidratos, já identificados

através de registros sísmicos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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~ 215 ~

ANEXO I

Principais espécies bentônicas identificadas na região do Cone do Rio Grande.

Referência Grupo Espécie

Referência Grupo Espécie

PIM

O e

t a

l.,

20

04

Gastropoda

Nuculana larranagai

CA

PÍT

OL

I &

BE

MV

EN

UT

I, 2

00

4

Crinoidea Xantidae indet

Yoldiella sp. Gorgonacea Brissopsis atlantica

Yoldia sp. Gorgonacea Trochocyathus cf. laboreli

Yoldia riograndensis

Brachyura

Cirolana cf. exigua

Limopsis janeiroensis Acanthocarpus alexandri

Ostrea equestris Munida forceps

Thyasira aff.trisinuatta Isopoda

Verruca caribbea

Carditamera guppyi Arcoscalpellum triangulare

Cyclocardia moniliata Zoanthidea Cladopsammia manuelensis

Crassatela

riograndensis Priapulida Amphioplus sp

Mactra sp. Ophiuroidea Molpadia sp.

Abra aequalis Anomura Ageidae

Corbula ssp. Pelecypoda Epitonium pourtalesii

CA

PÍT

OL

I &

BE

MV

EN

UT

I, 2

00

4

Parapandalus sp. Gorgonacea Acanella sp.

Chicoreus beauii Actiniaria Edwardsidae

Fulgurofusus coronatum Alcyonacea Alcyonacea

Shyllis sp. Caridea Onuphis fragilis

Polychaeta

Ehlersileanira incisa Hidrozoa

Hydroida D

Galatowenia sp. Hydroida B

Aglaophamus uruguayi Holoturoidea

Rostratoverruca nexa

Asychis brasiliensis Crinoidea Indet.

Holoturoidea A

Scleractinia

Cladocora debilis

Megalomma sp. Zoanthidea

Flabelligeridae A Priapulus sp.

Eunice vittata Flabellum cf. apertum

Arabella sp.

KIT

AH

AR

A e

t a

l.,

20

08

Cladocora debilis

Primnoella distans Dasmosmilia lymani

Spiochaetopterus B Deltocyathus calcar

Orbinia sp. Deltocyathus eccentricus

Myriowenia sp Deltocyathus italicus

Maldanidae A Dendrophyllia alternata

Eunice magellanica Enallopsammia rostrata

Nereidae D Flabellum apertum

Echinoidea

Stylocidaris affinis Fungiacyathus symmetricus

Myropsis

quinquespinosa Javania cailleti

Cirripedia

Primnoella biserialis Lophelia pertusa

Serpulidae D Madrepora oculata

Altiverruca sp. Madrepora sp.

Yoldia sp. Caryophyllia ambrosia

caribbeana

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~ 216 ~

ANEXO II

Principais espécies plantônicas identificadas na região do Cone do Rio Grande e sua relação com as massas d’água: Confluência Brasil-Malvinas (CBM), Água

Subtropical de Plataforma (ASP), Água Costeira (AC), Água de Plataforma Subtropical (APST), Água Tropical de Plataforma (ATP), Água Tropical Oceânica

(ATO), Água Subtropical de Tabule, estações do ano ou vórtices oceânicos.

Referência Grupo Espécie

Relação massa

d'água / Estação

do ano Referência Grupo Espécie

Relação massa

d'água / Estação

do ano

Fer

nan

des

l &

Bra

ndin

i 19

99

Mic

rop

lânct

on

Chaetoceros spp.

CBM

Res

gal

la J

r. &

Mon

tú (

1993

)

Zoo

plâ

nct

on

E. tergestina

Verão

Proboscia alata

Rhizosolenia spp.

Thalassion. nitzschioides

P. avirostris Eucampia comuta

Thalassiosira spp.

Corethron criophilum

E. spinifera Cerafium pentagonum

Dinophysis aff. okamurai

Dinophysis spp.

Coscinodiscus spp.

Res

gal

la J

r. &

Mon

tú (

1995

)

S. tasmanica ASP

Hemiaulus spp S. enflata

ATP

Gay

oso

& P

odes

tá (

199

6)

Fit

oplâ

nct

on

Thalassiosira delicatura

S. hispida

Isla

bão

&

Od

ebre

cht

(20

11

)

Protoperidinium pentagonum

ASP

S. hexaptera

ATO P. divergens

Pterosagitta draco

P. cf. parviventer Krohnitta pacifica

Lim

a &

Cas

tell

o

(199

5)

Icti

oplâ

nct

on

Engraulis anchoita Vórtices

S. decipiens

Fra

nco

& M

uel

ber

t (2

003

)

Família Engraulidae

AC e APST

S. lyra

AST Família Bregmacerotidae K. subtilis Família Gonostomatidae

Família Myctophidae

Res

gal

la J

r. (

2008

)

Pleopis polyphemoides

Inverno

Família Scombridae Sagitta tenuis

Família Carangidae Evadne nordmanni

Família Gempylidae Limacina retroversa

Fra

nco

et

al.

, 2

005

Família Myctophidae

Vórtices

Sagitta tasmanica

Família Scombridae

Pleopis polyphemoides

Verão

Sagitta tenuis

P. schmackeri

Creseis virgula

Penilia avirostris

Sagitta enflata

S. hispida

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~ 217 ~

ANEXO III

Espécies de teleósteos identificados na região de plataforma e talude do Rio Grande do

Sul.

Ref. Nome comum Espécie Ref. Nome comum Espécie

SE

EL

IGE

R e

t a

l. (

20

07

)

anchova Pomatomus saltatrix

HA

IMO

VIC

I (1

99

7)

pescada-olhuda Cynoscion guatucupa

serrinha Sarda sarda peixe-porco Balistes capriscus

cavalinha Scomber japonicus Cabrinha Prionotus punctatus

xixarro Trachurus lathami linguado-branco Paralichthys patagonicus

bonito listado Katsuwonus pelamis mamangá-liso Porichthys porosissimus

tainha Mugil curema Goete Cynoscion jamaicensis

tainha M. gaimardianus -

Ctenosciaena

gracilicirrhus

tainha Mugil platanus - Saurida caribbaea

anchoita Engraulis anchoita - Thyrsitops lepidopoides

KRUG

(1984) enchova Pomatomus saltatrix Pargo Pagrus pagrus

IBA

MA

(1

99

1) albacora-de-

lage Thunnus albacares cabrinha do sul Prionotus nudigula

albacora-

branca T. alalunga Merluza Merluccius hubbsi

atum comum T. thynnus Trilha Mullus argentinae

bandolim T. obesus linguado-preto Paralichthys isosceles

ZA

VA

LA

-CA

MIN

(1

97

8)

bonito pintado Euthynnus alletteratus peixe-diabo Lophius gastrophysus

peixe-espada Xiphias gladius

galo-de-

profundiade Zenopsis conchifera

agulhão de vela Isthiophorus albicans Periquito Antigonia capros

marlim-branco Tetrapturus albidus cardeal-pintado Synagrops spinosus

marlim-azul Makaira nigricans

abrótea-de-

profundiade Urophycis mystacea

dourado Coryphaena hippurus peixe-bata Lopholatilus villarii

CA

PÍT

OL

I

(19

97

)

corvina Micropogonias furnieri congro-rosa Genypterus brasiliensis

castanha Umbrina canosai peixe-lagarto Bembrops heterurus

pescada-olhuda Cynoscion guatucupa - Benthodesmus elongatus

- T. lepturus

falso-carapau-

prateado Ariomma bondi

HA

IMO

VIC

I (1

99

7)

papa terra Menticirrhus littoralis - Synagrops bellus

Maria Luiza

Paralonchurus

brasiliensis Sarrão Helicolenus lahillei

pescada-

foguete Macrodon ancylodon - Argentina striata

pampo/gordinh

o Peprilus paru cherne-poveiro Polyprion americanus

abrotea Urophycis brasiliensis

divertido/escolarinh

o Diaphus dumerilii

bagre Netuma sp. Ferrinho Polymixia lowei

congro Conger orbignyanus -

Malacocephalus

occidentalis

peixe-rato Caelorinchus marinii

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~ 218 ~

ANEXO IV

Espécies de elasmobrânquios identificados na região de plataforma e talude do Rio

Grande do Sul.

Referência Espécie Referência Espécie

CA

ST

EL

LO

(2007) Isurus oxyrinchus

VO

OR

EN

(1997)

Carcharhinus signatus

Prinace glauca

Rhizoprionodon lalandei

VO

OR

EN

(1981)

Rhinobatos horkelii Sphyrna lewini

S. guggenheim Dasyatis say

S. argentina Myliobatis freminvillei

S. megalops Narcine brasilienses

S. mitsukurii Galeocerdo cuvier

VO

OR

EN

(1997)

S. acanthias Carcharhinus brevipinna

Myliobatis DE Carcharhinus acronotus

Myliobatis DL Carcharhinus brachyurus

Psammmobatis

glandissimilis Scyliorhinus besnardi

Psammobatis rutrum Scroederichthys bivius

Psamobatis bergi Alopias vulpinus

Mustelus fasciatus Alopias superciliosus

Zapteryx brevirostris Squaliolus laticaudus

Raja agassizi Etmopterus hillianus

Raja platana Etmopterus pusillus

Raja cyclophora

Centroscymnus

cryptacanthus

Carcharhinus plumbeus Echinorhinus brucus

Carcharhinus obscurus Hexanchus griséus

Squatina occulta Raja trachyderma

Sympterigia acuta Psammobatis lentiginosa

Sympterigia bonapartei Gurgesiella dorsalifera

Raja castelnaui Torpedo puelcha

Galerhinus galeus Benthobatis sp.

Squatina Guggenheim

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~ 219 ~

ANEXO V

Espécies de recursos pesqueiros, além de teleósteos e elasmobrânquios,

identificados na região de plataforma e talude do Rio Grande do Sul.

Referência Grupo Espécie F

isch

er e

t al.

(2008)

Cef

alopodes

Loligo plei

Loligo sanpaulensis

Abralia redfieldi

Eledone massyae

Illex argentinus

MP

A (

2010)

Octopus vulgaris

Octopus insularis

Cru

stác

eos

Xiphopenaeus kroyeri

Litopenaeus schmitti

D’I

cao e

t al.

(2002)

Penaeus Paulensis

Pez

zuto

et

al.

(2002)

Chaceon notialis

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~ 220 ~

ANEXO VI

Espécies de cetáceos encontradas para a plataforma e talude do Rio Grande do Sul.

Referência Família Espécie P

INE

DO

(2007).

Balaenopteridae

Balaenoptera acutorostrata

Balaenoptera musculus

Megaptera novaeangliae

Balaenidae Eubalaena australis

Delphinidae

Delphinus delphis

Tursiops truncatus

Globicephala melas

Grampus griseus

Stenella clymene

Stenella coeruleoalba

Stenella frontalis

Stenella longirostris

Physeteridae Physeter macrocephalus

Pontoporiidae Pontoporia blainvillei

Ziphiidae

Hyperoodon planifrons

Mesoplodon densirostris

Ziphius cavirostris

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~ 221 ~

ANEXO VII

Espécies de aves marinhas encontradas nas regiões de plataforma e talude do Rio

Grande do Sul.

Referência Ordem Espécie

Voore

n (

1997

)

Pro

cell

arii

form

es

Diomedea chlororhynchos

D. chrysostoma

D. epomophora

D. exulans

D. melanophrys

Phoebetria palpebrata

Calonectris diomedea borealis

Daption capense

Fulmarus glacialoides

Macronectes sp.

Pachyptila belcheri

P. desolata

P. vittata

Procellaria aequinoctialis aequinoctialis

P. aequinoctialis conspicillata

P. cinerea

Pterodroma brevirostris

P. incerta

P. lessoni

P. mollis

Puffinus gravis

P. griseus

P. puffinus

Oceanites oceanicus

Pelecanoides magellani

Phalacrocorax olivaceus

Fregata magnificens

Char

adri

iform

es

Stercorarius pomarinus

S. parasiticus

S. longicaudus

Sterna paradisea

Car

los

(2006) Thalasseus ssp.

Larus spp

Chroicocephalus spp.