dezembro 2009

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios,

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1CIDADE, Dezembro de 2009

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4 CIDADE, Dezembro de 2009

Dezembro, 2009 Número 38

www.revistacidade.com.br

VERTICALIZAÇÃOCabo Frio discute

mudanças na Lei de Zoneamento Urbano

CAPA - Vista aérea de Cabo Frio - Foto de Ernesto Galiotto

CAPA18

08 Panorama

12 Meio Ambiente De olho nos RoyaltiesPorto do Forno consegue licença ambiental mas plataformas fi cam de fora

17 Nutrição

23 Angela

24 DesenvolvimentoPortas AbertasCom adaptações, aeroporto de Cabo Frio se prepara para diferentes tipos de mercadoria

26 Holofote

28 SaneamentoDiscutindo a concessãoAudiência pública discute contratos das concessionárias Prolagos e Águas de Juturnaíba

31 Responsabilidade SocialProjeto em São Pedro da Aldeia leva cidadania e aulas de inglês para crianças

32 GastronomiaPapo de Cozinha

35 InboxDe Cabo Frio para a América Latina

36 GentePapo de Cozinha

37 Artigo

38 JustiçaAlta ProdutividadePromotor se despede de Cabo Frio mas promete fi car de olho nos processos em andamento

42 EsporteHeróis da resistênciaCopa Pé de Vento de Vela mantém o fôlego, forma campeões e desafi a o desinteresse do poder público

44 CulturaE agora?Movimento quer tombamento da Casa Scliar

47 Livros

49 Resumo

50 Galeria

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ENTREVISTA

5CIDADE, Dezembro de 2009

C a s i m i r o V a l e

Niete Martinez

Nós, corretores de imóveis, não queremos só vender imóveis, mas também oferecer qualidade de vida. O aumento do gabarito proporcionaria mais imóveis para vender, mas, em compensação, poderia descaracterizar a cidade.

presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado do Rio de Janeiro (Creci-RJ), Casimiro Vale, é um homem experiente em negócios imobili-ários. A partir de janeiro, entra

em seu segundo mandato consecutivo à frente da entidade, da qual se tornou pre-sidente em 2007 e tem gestão garantida até 2012. Antes disso, foi vice-presidente por duas vezes e conselheiro federal do Creci, além de Presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Município do Rio de Janeiro (Sindimóveis Rio) por quatro mandatos (1993 a 2007). Com tanto conhecimento no assunto, Casimiro Vale sabe que a Região dos Lagos se torna um polo de destaque cada vez maior no mercado imobiliário estadual. Nesta entrevista, ele fala sobre a ascenção do mercado e comenta a pro-posta de aumento no gabarito (número de andares nos prédios) de Cabo Frio, o que, segundo ele, poderia descaracteri-zar a cidade. E também alerta para que compradores de imóveis certifi quem-se de estarem tratando com um corretor devidamente credenciamendo antes de fechar um negócio.

O

CASIMIRO VALEPresidente do Creci-RJ

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C a s i m i r o V a l eENTREVISTA

6 CIDADE, Dezembro de 2009

A Região dos Lagos vive um momento de franca expansão no mercado imobiliário. De que forma o Creci-RJ está acompanhando e se preparando para o lançamento de tantos empreendimentos?

Preparando os corretores para o mercado de trabalho, através de projetos que visam o aperfeiçoamento dos profi ssionais, como, por exemplo, o projeto palestras de aprimoramento profi ssional, realizado em Cabo Frio no último dia 18 de novembro.

Por que a Região dos Lagos entrou tão rapidamente na rota das grandes construtoras e passou a despertar o interesse dos compradores de imóveis?

Cabo Frio é um ótimo lugar para se morar. A tranquilidade e a segurança da região infl uenciam no interesse das construtoras e, consequentemente, dos compradores de imóveis. A expectativa pelo novo aeroporto da cidade e a infraestrutura local também infl uenciam no interesse das grandes construtoras.

Todo esse interesse por parte da construção civil, em sua opinião, é positivo para a região?

É positivo devido aos grandes investimentos que poderão ser feitos na cidade, mas pode ser negativo, caso não haja um intenso trabalho de pesquisa sobre a melhor forma de investir os recursos. Deve haver um cuidado com o meio ambiente para que a qualidade de vida local não seja afetada.

Um projeto polêmico sobre o aumento do gabarito no centro de Cabo Frio foi proposto pelo governo municipal e está sendo analisado pelo Conselho do Plano Diretor. Quais os pontos positivos e negativos que, na opinião

corretores de imóveis possam estar preparados para o dia-a-dia de trabalho.

Qual o caminho a ser seguido por quem pretende trabalhar e se tornar um corretor credenciado pelo Creci?

Para tirar o registro no Creci-RJ é preciso se formar no curso Técnico em Transações Imobiliárias (TTI) ou no curso superior de Gestão em Negócios Imobiliários. Antes de se formar, o estudante pode exercer o cargo de estagiário.

Os preços de venda e aluguel de imóveis em áreas nobres de Cabo Frio já estão nos mesmos patamares de alguns bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Há quem diga que isso é uma “bolha”, ou seja, que os preços estariam infl ados, fora do patamar real. O senhor concorda?

O que acontece é que em Cabo Frio o gabarito é de quatro pavimentos, ao contrário do Rio de Janeiro. Comprar um terreno de R$ 3 milhões, e só poder distribuir as unidades em quatro pavimentos, faz com que o preço fi que alto, por exemplo. Os preços dos imóveis devem sempre ser negociados de acordo com a demanda e em cada época devida.

O que signifi cou a crise fi nanceira mundial deste ano para o mercado imobiliário no estado do Rio?

Em virtude das providências

do senhor, poderiam ser provocados com essa medida?

Nós, corretores de imóveis, não queremos só vender imóveis, mas também oferecer qualidade de vida. O aumento do gabarito proporcionaria mais imóveis para vender, mas, em compensação, poderia descaracterizar a cidade. Caso aconteça, será negativo para Cabo Frio. Entre as consequências está o aquecimento da região e a queda na qualidade de vida.

Um dos maiores problemas enfrentados pelo Creci-RJ na Região dos Lagos é a atuação de corretores não-credenciados. Por outro lado, o aumento do número de imóveis deverá expandir ainda mais as oportunidades de trabalho para os profi ssionais do setor. Como a entidade pretende fazer para controlar o mercado e manter as negociações imobiliárias sob o controle de corretores credenciados?

Primeiramente não existe corretor não credenciado. A população deve tomar cuidado para não sofrer prejuízos. Os profi ssionais ilegais são encaminhados pelo Creci-RJ para o Ministério Público para que sejam tomadas as devidas providências legais.

Como estão sendo preparados os novos corretores?

O Creci-RJ oferece projetos que visam oferecer conhecimentos práticos para que os novos

Cabo Frio é um ótimo lugar para se morar. A tranquilidade e a segurança da região infl uenciam no interesse das construtoras e, consequentemente, dos compradores de imóveis.

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7CIDADE, Dezembro de 2009 7CIDADE, Dezembro de 2009

imediatas do governo federal no sentido de investir no mercado imobiliário, a crise só foi sentida nos três primeiros meses, retornando rapidamente à sua normalidade.

Quais foram as principais ações da Administração 2007/2009 do Creci-RJ?

As principais ações da nossa gestão foram: Implantação do Plano de Gestão do Conselho; criação da Ouvidoria, da Biblioteca do Corretor de Imóveis, do Espaço Cultural do Creci-RJ e das Minibibliotecas nas 41 sub-regiões; eventos de aperfeiçoamento profi ssional (projetos Creci Cultural, Treinamento para Corretores de Imóveis, Fórum da Defesa do Consumidor no Mercado Imobiliário, Café da Manhã Cultural, Cursos Livres e Palestras

de Aperfeiçoamento Profi ssional); reformulação do portal do Creci-RJ; criação da Revista Stand; convênio com o Ministério Público; criação dos projetos Conselheiros de Plantão e Despachante Imobiliário; Reestruturação geral do Setor de Fiscalização do Conselho; Novo setor de atendimento na sede e nas sub-regiões; criação da Comenda Ulysses Guimarães; e inauguração de novas sub-regiões em diversos municípios do Estado.

O senhor foi reeleito presidente do Creci-RJ. Quais são os planos para a gestão 2010/2012 , que começa no próximo dia 1º de janeiro?

Dar continuidade ao trabalho de valorização dos corretores de imóveis, manter os corretores atualizados, abrir novos pontos de atendimento e adquirir novas sedes próprias. Entre os novos projetos estão o lançamento da Biblioteca on-line, da TV Crec-RJ e dos Classifi cados Eletrônicos, entre outros.

Caso aconteça (o aumento do gabarito), será negativo para Cabo Frio. Entre as consequências está o aquecimento da região e a queda na qualidade de vida.

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8 CIDADE, Dezembro de 2009

Sem alagar

O B R A S P O L Í T I C AC O M É R C I O

Comerciantes, turistas e moradores que passam pela Rua das Pedras, não precisam mais se preocupar com os constantes alagamentos provocados em dias de chuva forte, próximo ao Shopping Nº 1, que impossibilitavam a circulação de pedestres. A secretaria de Serviços Públicos realizou hoje obras de drenagem no início da rua. Segundo o secretário Municipal de Serviços Públicos, Henrique Gomes, o serviço irá acabar defi nitivamente com o problema.A prefeitura utilizou 30 metros de manilhas, que agora irão direcionar a água da chuva para a rede de águas pluviais.

Inaugurada no mês passado, a subsede da Associação Comercial de Cabo Frio (Acia), na Rua Major Bele-gard, 409, já oferece a clientes e associados todos os serviços da entidade. Três novos números de telefo-ne foram instalados para a realização de consultas automáticas, exclusivas para sócios: 2645-4718, 2645-4721 e 2645-4559. O telefone de atendi-mento ao público em geral continua sendo o 2647-6333.Com a mudança de todos os funcionários, equipamentos e ser-viços de atendimento, a sede da Rua Bento José Ribeiro, 18, passará por reformas e ganhará um novo espaço para o atendimento jurídico gratuito. O auditório principal será reformado e, no espaço onde antes fi cava toda a parte funcional, será criado um novo espaço para pequenas palestras e eventos em geral. O novo telefone da sede é o 2647-6572.

J I U - J I T S U

Nova sede

Na EuropaO lutador de jiu-jitsu Dar cy Ferreira, de São Pedro da Aldeia, vai dis-putar o campeonato eu-ropeu da modalidade no mês que vem. O lutador da categoria meio-medio vai atuar em ringues de Portugal, Alemanha, Áustria, Itália e Espanha.

Depois de sediar a preparação da Seleção Brasileira de Futebol de Areia para a Copa do Mundo de Dubai, nos Emiradores Árabes, onde o time sagrou-se campeão pela décima terceira vez, a cidade de Arraial do Cabo será também a casa do América, campeão carioca da Série B, que fará sua pré-temporada de 2010 em solo cabista. A negocição foi feita entre o ex-jogador Romário, atual diretor do América, e o prefeito de Arraial, Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho. O time do América tem vaga garantida na Série A do Campeonato Carioca do ano que vem, e deverá fi car em Arraial do Cabo por 15 dias no mês que vem, treinando no estádio municipal Hermenegildo Barcellos, o Barcellão, que teve as instalações aprovadas pelo ex-craque e cartola do América.

O EX-JOGADOR Romário (E) foi recebido pelo prefeito Andinho

FGV começa estudos do Centrode Convenções de Cabo Frio

Arraial: terra do esporte

Divulgação

A Fundação Getúlio Vargas (FGV), através dos consultores Luiz Antônio Tavares, Laura Monteiro e Gabriela Serpa, está realizando o estudo de viabilidade econômica para a instalação do Centro de Convenções em Cabo Frio. Os consultores elogiaram a infraestrutura da cidade e a facilidade de acesso ao município através de via marítima e via aérea, e pelas estradas novas e bem cuidadas. O espaço reservado para o Centro de Convenções fi ca na Avenida Wilson Mendes.

T U R I S M O

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Cada vez mais essencial no figurino de mulheres bem produzidas, os assessórios ganharam atenção especial da design de moda Mariana Moço. Apaixonada pela con-fecção de pulseiras, cordões e braceletes, Mariana está lançando uma coleção própria de assessórios, e suas peças

já podem ser encontrados na loja Malacco, no centro de Cabo Frio.“São peças únicas e per-sonalizadas”, ela pontua, mostrando parte do trabalho que é feito, principalmente, em couro e metal.Mariana concluiu em dezem-bro do ano passado o curso superior em desing de moda que fazia no Rio de Janeiro. O próximo passo, segundo ela, é fazer um site na internet para divulgar as peças.“Sempre tive o gosto pela costura, e comecei com os assessórios por ser mais sim-ples de fazer do que roupa. Mas acabei voltando toda a minha atenção para eles devido ao momento da moda, que é bem positivo para os assessórios”, conta.

P a n o r a m a

V Ô L E I

J U S T I Ç A

N E G Ó C I O S

O Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação civil pública contra o Município de Cabo Frio, por ter danifi -cado um sítio arqueológico (sambaqui) formado há mais de seis mil anos. Em 2006, a prefeitura degradou a área preservada ao demolir de maneira imprópria um hotel em construção que invadia o sítio arqueológico, no Morro do Índio. A ação, proposta pelo procurador da República Thia-go Simão Miller, será julgada na Vara Federal de São Pedro da Aldeia.

Durante a demolição, um muro que separava o prédio do sítio arqueológico foi derrubado, apesar das advertências do Ins-tituto Nacional do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Depois, o Município construiu uma cerca para proteger o local, mas ela foi erguida em cima do sambaqui, danifi can-do ainda mais sua estrutura. Uma fi scalização técnica do Iphan também concluiu que o sítio foi invadido e tem sido usado como estacionamento para salva-vidas que traba-lham nas proximidades.

Búzios será a representante do Rio de Janeiro na temporada 2010 de vôlei de praia. O anuncio foi feito dois dias depois do fi m da temporada 2009, quando foi divulgado o calendário do Circuito Banco do Brasil Vôlei de Praia, a principal competição de vôlei de praia nacional. O torneio será realizado entre os dias 20 de janeiro e 28 de novembro. Búzios vai receber a última das doze etapas da competição entre os dias 24 e 28 de novembro.

Marconi Castro

A Casa dos 500 Anos, em Cabo Frio, será palco da 1ª Feira de Artesanato do Mar que acontecerá entre os dias 18 e 24 de janeiro. Na feira, serão realizados, além da mostra do artesanato local, atendimento de bar com comidas do mar, típicas da região, e ofi cinas.Os artesãos interessados em participar da feira devem entrar em contato com a Coordenadoria Geral de Indústria, Comércio, Pesca e Trabalho localizada à Avenida Nossa Senhora da Assunção, s/nº, no Píer dos Transatlânticos.

No calendário Peças do mar

SAMBAQUI complica prefeitura

A R T E S A N A T O

Quem termina 2009 com a meta de estudar inglês no ano que vem acaba de ganhar uma nova opção em Cabo Frio. Chegou à cidade em novembro o Yes Curso de Idiomas, com inauguração super concorrida na Avenida Vereador Antônio Ferreira dos Santos, 1051, no Braga. Franqueado pelo casal Alessandra Urany Bittencourt e Luiz Henrique Bittencourt, e sob a coordenação pedagógica de Alessandra da Silveira, o curso promete um método de ensino moderno e diferenciado, além de contar com o momento positivo pelo qual atravessa o mercado das escolas de idiomas para o sucesso do empreendimento.

Assessórios para todos os gostos

YES Cabo Frio

MARIANA MOÇO, design de moda

Divulgação

O SÍTIO ARQUEOLÓGICO, na área verde, foi danifi cado quando a prefeitura derrubou um hotel em construção que fi cava do lado esquerdo

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10 CIDADE, Dezembro de 2009

Vencedor de licitaçõesJOSÉ CAVALCANTI Nove anos sem perder

PapiPressA D V O C A C I A

A S S I S T Ê N C I A S O C I A L

E S P O R T E

V E R B A S P Ú B L I C A S

José Cavalcanti, da Spaço Publicidade, é mesmo um sortudo, além da comprovada competência. Oriundo do “Diário de Notícias”, sua “escola”, como declara, veio para a região, instalando-se em Búzios e começou a participar de concorrências públicas na prefeitura de Cabo Frio, ainda no mandato do antigo prefeito Alair Corrêa. Nove anos depois, pode comemorar: começou a operar a verba de mídia impressa de Cabo Frio em “1999, 2000, por aí”, diz, e nunca mais perdeu nenhuma licitação! Segundo ele a verba é pequena, em torno de R$ 600 mil por ano.

A Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (Frerj), realizou no dia 29 de novembro a primeira competição de remo olímpico da Região dos Lagos. O Torneio de Apresentação foi realizado em Cabo Frio com a participação de vários barcos trazidos pela Federação, que junto com outros barcos, alguns fabricados na região, promoveram uma demonstração do esporte na Praia de São Bento, no Canal Itajuru.

O evento contou com o apoio da Avecsol (Associação de Vela da Costa do Sol) e é o primeiro do gênero envolvendo uma classe olímpica de remo em Cabo Frio. Alessandro Zelesco, presidente de Frerj, diz

que a ideia é interiorizar o esporte. “Estamos vindo aqui para disseminar o esporte e ampliar a base de participantes. A região oferece excelentes condições para a prática do remo”, afi rma.

A solução defi nitiva para os idosos do Lar da Cidinha pode estar perto de acontecer. A prefeitura de Cabo Frio deu início a entendimentos com as administrações municipais vizinhas visando a criação de um consórcio para a abertura de um espaço comum com capacidade para abrigar até 40 idosos da região. O local escolhido foi o prédio do antigo hotel Nevada, na avenida América Central. Para lá devem ser encaminhados os 19 idosos do Lar da Cidinha, que permanecem no prédio onde estão até a conclusão das obras. A prefeitura fez a contratação dos funcionários do Lar de Cidinha para que eles possam continuar atendendo os idosos internados.

A 20ª subsessão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Cabo Frio) reconduziu Eisenhower Dias Mariano à presidência da entidade no mês passado. O novo mandato da chapa vencedora, cujo lema foi “Prerroativa e Independência” vai até 31 de dezembro de 2012. Este é o terceiro mandado conssecutivo de Eisenhower à frente da OAB-Cabo Frio.

Consórcio para abrigar idosos

REMO Olímpico em Cabo Frio

OAB reelegePapiPress

ALESSANDRO ZELESCO

EISENHOWER Terceiro mandato

PapiPress

PapiPress

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11CIDADE, Dezembro de 2009

Água Viva, uma ONG à serviço da Leitura

P a n o r a m a

L I V R O SDivulgação

Moradores do Bairro Recanto das Dunas, em Cabo Frio foram contemplados com uma mini biblioteca no dia 24 de julho, instalada pela ONG Associação Cultural AguaViva, dentro do Projeto Gotas do Saber. Esta foi a 10ª unidade a ser inaugurada dentro de um projeto que pretende disponibilizar pontos de leitura em 40 bairros da Região. Tendo como patrono e homenageado o Sr Alencar Pereira dos Santos, morador no local desde 1979, a biblioteca vai funcionar na sede da Associação de Moradores do Bairro, localizada na Rua Angustura, quadra M, casa 37.A Água Viva é uma Organização Não Governamental mantida por empresários e profi ssionais liberais da cidade, e o Projeto Gotas do Saber surgiu a partir da observação de que

muitas vezes um livro que já foi lido vai ser guardado numa estante, quando poderia estar sendo usado por outras pessoas de menor poder aquisitivo.De acordo com o engenheiro José Artur da Costa Lima, um dos representantes da entidade, os mantenedores da ONG estão arrecadando além de livros, computadores usados que são reformados e utilizados para a cursos de informática no sentido de promover a inclusão digital de jovens carentes, além de disponibilizar também a leitura de “livros falados”, para pessoas portadoras de defi ciência visual e analfabetos. Os interessados em participar podem entrar em contato através dos telefones (22) 9936- 6080, e 2647-3549. Email AC. [email protected].

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De olho nos royalties No ano em que completou 80 anos de operação, o Porto do Forno, em Arraial do Cabo, enfrentou o crivo do governo federal, através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade, para conseguir o licenciamento ambiental e ampliar as atividades portuárias no município. Ainda que um dos itens mais cobiçados pelo porto e pelo governo municipal, a manutenção e reparo de plataformas petrolíferas, tenha fi cado de fora, a concessão da licença foi bastante comemorada em solo cabista. Na onda de outras cidades praianas situadas nas bacias petrolíferas de Santos e de Campos, Arraial quer aumentar a sua fatia no bolo da arrecadação dos royalties do petróleo, e, para isso, ter um porto devidamente licenciado é o primeiro passo a fi m de fi rmar contratos com empresas de apoio logístico offshore, o que pode fazer com que o município saia da classifi cação de limítrofe para a de intermediário junto à Petrobras.

12 CIDADE, Dezembro de 2009

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13CIDADE, Dezembro de 2009

Loisa Mavignier

existência da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (Resex), uma unidade de conservação federal criada em 1997 pela Presidência da

República, tornou imprescindível a conces-são da licença ambiental para autorizar o Porto do Forno a realizar serviços de apoio à industria do petróleo, incrementando as operações portuárias offshore no município de praias paradisíacas e grande diversidade de fauna e fl ora marinhas. Intenção que enfrentou a oposição de ambientalistas, temerosos que o aumento no movimento portuário/cargueiro possa gerar danos ambientais e sociais na pequena cidade, onde só a pesca tradicional artesanal é per-mitida e a reserva marinha é considerada Patrimônio Nacional.

Com o Porto do Forno licenciado, o au-mento das atividades offshore e o vínculo com a Petrobras, a arrecadação de Arraial do Cabo com os royalties do petróleo sal-taria dos atuais R$ 400 mil para cerca de R$ 2 milhões ao mês. Além da perspectiva de aumentar o repasse do Imposto Sobre Serviços (ISS) oriundos de novas empresas e das operações portuárias, em outros R$ 2 milhões/mês, projeta o prefeito cabista Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho. Cifras que fariam o caixa de qualquer administrador de um pequeno município parecer um sonho dourado, num balneário em que o alicerce da economia é o turismo e a pesca artesanal. Ali, a população sofre com a sazonalidade das altas e baixas temporadas turísticas e a luta contra o desemprego é uma constante.

“Vamos tratar esse licenciamento com muita responsabilidade. A licença não serve para destruir o nosso meio ambiente e esse também não é o nosso projeto de vida. Agora vamos operar sem entraves jurídicos, seja no sal, no malte ou como base de apoio (da indústria petrolífera). Arraial sempre foi o município mais pobre da região, o mais castigado, mas fi zemos nosso dever de casa e agora temos a chan-ce de mudar esse quadro”, comemorou o prefeito.

“Infelizmente não conseguimos que o licenciamento contemplasse também as operações com plataformas, que é uma ati vidade importante porque traz qualifi cação. Essa licença já é um grande avanço, mas as plataformas também nos interessam e

M e i o A m b i e n t e

A

13CIDADE, Dezembro de 2009

PORTO DO FORNOAtividade offshore pode ser a saída

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14 CIDADE, Dezembro de 2009

M e i o A m b i e n t e

AUDIÊNCIA PÚBLICA que discutiu o licenciamento ambiental do Porto do Forno lotou o Ciep da Prainha, em Arraial do Cabo

vamos continuar tentando”, completou o presidente do Porto do Forno, Justino Maceió.

Questionado sobre possíveis impactos ao meio ambiente e sobre o aumento do tráfego na única via de acesso que liga a entrada da cidade ao porto, o prefeito Andinho foi enfático: disse que a possibi-lidade de um desastre ambiental é mínima e admitiu que a cidade não tem um plano viário que anule o aumento do tráfego de caminhões.

“O estudo de impacto ambiental do porto, feito pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, da Marinha do Brasil (IEAPM), um dos órgãos que tem a maior referência no que diz respeito ao mar em todo o Brasil, é claro neste senti-do. Podemos garantir que não haverá esse impacto que estão falando, mesmo porque, hoje estamos preparados para uma eventual emergência. Quanto à malha viária, temos um projeto de construir um túnel que sairia da Prainha direto para o Porto do Forno, mas é algo fora de cogitação nesse mo-mento devido ao alto custo. É claro que teremos algum desgaste, ninguém disse o contrário. Mas vamos tentar amenizar esse desgaste colocando a Guarda Municipal para viabilizar e melhorar o trânsito no centro da cidade”, afi rmou o prefeito.

De olho no jorro do petróleo, a Compa-nhia Municipal de Administração Portuária (Comap), com mais de 150 funcionários, foi reformulada este ano para tirar o Porto do Forno do vermelho e ganhou uma Gerência Ambiental. Dívidas foram parceladas e, em alguns casos, a prefeitura entrou com recursos na Justiça. A licença ambiental concedida no mês passado, en-tretanto, é apenas o primeiro passo para a regularização das atividades, uma vez que a legislação exige licenças específi cas para cada tipo de operação.

Geografi a favoreceTer um pequeno porto com uma área

de dez mil metros quadrados licenciado e com uma média mensal de 40 atracações, na grande maioria supply boats (navios de apoio às plataformas de petróleo que utili-zam o porto para troca de turno e reposição de água e suprimentos, e, algumas vezes, de peças para plataformas), é até uma ousadia do pequeno município. Poucos portos no Brasil têm a licença, e sequer o porto do Rio de Janeiro a possui. Na capital, algumas atividades têm licenças específi cas.

Para a diretoria da Comap, a posição

geográfi ca favorece Arraial do Cabo. O porto está a 80 milhas das plataformas de petróleo da Bacia de Santos. O percurso dos supply boats para troca de turno e suprimentos no município é bem menor do que ir a Macaé. Além disso, eles visua-lizam mais empregos para os nativos, em atividades, porém, que exigem qualifi cação de mão de obra. Nesse sentido, a Comap está se mobilizando com a realização, neste ano, de cursos de Brigadista Industrial, de Soldador e de Agentes Ambientais Voluntários. Também pretende intensifi car a qualifi cação cabista para o mercado de trabalho offshore, por meio de convênios com universidades e o Senai.

Estacionamento portuárioCriado na década de 20, exclusivamente

para o transporte de sal e de barrilha, época áurea da Companhia Nacional de Álcalis e da Companhia Salinas Perynas, quando as salineiras na Região dos Lagos produziam a todo vapor, hoje o forte das operações no Porto do Forno já está mesmo nos supply boats, afirma o diretor Operacional da Comap, Marcelo Magno. A Comap cobra taxas pré-fi xadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antac) por essas operações. Ou seja, o porto funciona como um estacionamento, sem contratos.

“A Petrobras só permite alguns barcos dela em portos licenciados. Apesar da limitação de cais e de área, com a licença poderemos ter serviços de maior qualida-de e maior valor agregado”, vislumbra o diretor operacional.

O presidente do Sindicato dos Estiva-dores de Cabo Frio, Macaé, Campos e Ar-raial do Cabo, Valério Alex Mendonça, está ansioso pelas cargas offshore. A entidade tem 63 estivadores sindicalizados, mas somando com outras categorias, tais como conferentes, capatasia e arrumadores, mais de 100 trabalhadores dependem de cargas portuárias. Ele diz que a estiva está “ago-nizando” com a redução no desembarque de sal, hoje numa média de carga a cada 70 dias, somada ao embargo dos silos de malte no Porto do Forno.

“Rebocador (supply boat) não gera tra-balho para a estiva. Precisamos de outros tipos de carga no cais. Nossa expectativa é de muito trabalho com as operadoras por-tuárias que se instalarão no porto. Estamos negociando. Do jeito que está o estivador não consegue ganhar nem um salário míni-mo por mês. A gente chega a fi car 30 dias parados”, reclama o sindicalista.

Princípio da precauçãoCom a missão de assegurar que a ati-

vidade portuária não prejudique a pesca tradicional na unidade de conservação fe-deral, o chefe da Resex e analista ambiental do Instituto Chico Mendes, Álvaro Braga, entende que a atividade portuária tem que ser democraticamente trabalhada. Foi do Instituto Chico Mendes e do Ministério Público Federal (MPF) a iniciativa de realizar uma audiência pública no mês passado, para discutir com a população cabista a liberação da licença ambiental requisitada ao Ibama pela prefeitura. “A

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Tatiana Grynberg

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15CIDADE, Dezembro de 2009

O Porto do Forno é a nossa principal porta de entrada para captação de recursos, principalmente os provenientes do petróleo

ANITA MUREB

Por que voltar tudo para o petróleo e o gás que são bens fi nitos?

ANDINHO, prefeito de Arraial do cabo

licença requisitada para o Porto do Forno é especifi ca para executar as atividades portuárias corriqueiras, que já são feitas no porto. O porto já trabalha com o princípio da precaução. Mas será preciso qualifi car o que é a atividade offshore pretendida”, enfatiza.

O Gerente Ambiental do porto, Alexan-dre Pereira, garante que a unidade está pre-parada para operar com toda a segurança ambiental. Possui a Brigada SMA (Segu-rança, Meio Ambiente e Saúde) a postos, e o Plano Emergencial Individual (PEI), um serviço terceirizado da Alpina Briggs, contratado pela Comap. Toda embarcação que atraca ali tem de colocar a barreira de contenção, bóias que evitam maiores danos em caso de desastre ambiental, como um derrame de hidrocarbonetos (óleos e outras substâncias poluentes). Ele explica que a Brigada Ambiental está pronta para fazer os primeiros socorros em toda a área de infl uência do terminal. “Antes tínhamos que chamar socorro em Macaé”, ressalta.

Para o diretor, a atividade portuária é menos impactante ao meio ambiente do que as da Marina dos Pescadores (bem ao lado), na Praia dos Anjos, com sua super lotação e circulação incessante de barcos de pesca e de turismo.

O Movimento Ressurgência, uma entidade civil organizada, é um dos que veem com restrições a meta da prefeitura de apostar na atividade portuária offshore como única saída para o desenvolvimento de Arraial do Cabo.

A presidente da entidade e chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) de Massambaba, Anita Mureb, considera que o Estudo de Impacto Ambiental e o Rela-tório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para o licenciamento ambiental do Porto do Forno não foram esclarecedores para a grande maioria da população.

Com foco na defesa do desenvol-vimento sustentável do município, a ambientalista avalia que várias situações em Arraial são incompatíveis com o incremento da atividade portuária, espe-cialmente por se tratar de uma unidade de conservação federal e com peso nacional na preservação da pesca tradicional. Para ela, o município possui uma qualidade e relevância ambiental rara em toda a costa brasileira.

“Acho que Arraial não precisa ver a atividade portuária como única luz no fi m do túnel. O turismo e a pesca, se bem conduzidos, são menos impactantes e precisam da qualidade ambiental que o município possui, podendo gerar divisas superiores àquelas que provêem do pe-tróleo, sem o ônus dele derivado. Por que voltar tudo para o petróleo e o gás que são bens fi nitos. Um dia acabam. E no futuro, como vai ser?”, questiona, referindo-se às cidades com total dependência econômica dos royalties, que terão difi culdades para se manter quando acabar a muleta petro-lífera. Para Anita, a geografi a da cidade, com uma única via de acesso ao porto, é um dos fatores limitantes para o incremen-to de cargas no terminal do Forno.

“Para onde o porto vai crescer? Só para o mar”, alerta.

Faca de dois gumesA ambientalista esclarece que o

Movimento Ressurgência não é contra a atividade portuária existente, mas não vê com bons olhos licenciamentos para

novas operações, além das que já são feitas.

“Que atividades serão essas? Pode ser uma faca de dois gumes. Eles estão achando que o Porto vai empregar 1.500 pessoas. Não é assim tão simples”, avalia Anita.

A entidade protocolou um documento, entregue ao representante do Ministério Público Federal (MPF), questionando o EIA/RIMA entregue ao Ibama para o licenciamento do porto. Mesmo com a licença já concedida, o MPF afi rma que as denúncias continuam em investigação.

“O MPF, como instituição imparcial, não se coloca, de antemão, favorável nem contrário à licença concedida. De todo modo, como o MPF também é uma instituição comprometida com a defesa da ordem jurídica, caso se comprove ilegalidade na licença, serão tomadas as medidas cabíveis, como ação judicial para anulação da licença ou alguma outra providência para restaurar a legalidade”, declarou o procurador da República Gus-tavo de Carvalho Fonseca, responsável pelo caso.

Desenvolvimento sustentável

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Tatiana Grynbergg

PapiPress

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16 CIDADE, Dezembro de 2009

C a r t a s

www.revistacidade.com.brDezembro, 2009

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Estamos de voltaO leitor que nos acompanha fi el e atentamente deve ter sentido a falta de CIDADE nos últimos seis meses. A explicação, que vem acompanhada de nossas sinceras desculpas, está, em parte, nas difi culdades enfrentadas com a crise fi nanceira, mas passa também pela inconstância do mercado publicitário na Região dos Lagos. Diante das adversidades, esse tempo de ausência foi essencial para formar bases sólidas a fi m de entrar, defi nitivamente, no mercado publicitário profi ssional, capaz de trazer verdadeira estabilidade a veículos sérios e comprometidos com a informação isenta e de qualidade, como é o caso de CIDADE.Todo o pânico gerado em torno da crise fi nanceira (muito mais pânico do que crise em si), com o consequente esvaziamento das verbas de propaganda, mostra como é urgente repensar os investimentos publicitários na Região dos Lagos, onde o amadorismo e os interesses políticos ainda ditam as regras para empresas, governos e agências de publicidade. Sem contar com a chamada mídia de ocasião, aqueles veículos oportunistas, na maioria das vezes atendendo a interesses político-partidários, que disputam de forma desleal os recursos destinados ao jornalismo profi ssional. A mídia de ocasião desestabiliza o mercado e sobrevive apenas enquanto for necessária ao projeto político que a desenvolveu. A profi ssionalização do mercado publicitário e, consequentemente, a melhor distribuição das verbas de propaganda não salvarão apenas a Revista CIDADE, mas todas as empresas de comunicação que buscam o equilíbrio fi nanceiro através dos bons serviços prestados, sem interesses escusos ou obscuros. Quando chegar a esse patamar, o mercado será justo com quem simplesmente realiza um trabalho digno de confi ança.Neste recomeço, CIDADE renova com você, leitor, o compromisso de levar informação de qualidade, desde as grandes linhas até os menores detalhes, estabelecendo a mesma postura de diálogo e atenção aos seus interesses que nos fez chegar até aqui. Assim, continuaremos na busca incansável de pautas originais, matérias completas e fotos excepcionais, como você já se acostumou a ver nessas páginas.

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

Diretor de RedaçãoTomás [email protected]

ReportagensJoão Phellipe SoaresLoisa MavignierRenato Silveira

Fotografi asJoão Phellipe SoaresLoisa MavignierPapiPressPedro Paulo CamposRicardo CoxTatiana Grynberg Sérgio Quissak

ColunistasAngela BarrosoErnesto LindgrenDanuza LimaFernanda CarriçoOctavio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

TOMÁS BAGGIODiretor de Redação

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17CIDADE, Dezembro de 2009

N U T R I Ç Ã O

DANUZA LIMA é [email protected]

GELÉIA REALgeléia real é uma substância leitosa que produzem as abelhas operárias na colméia para alimentar a abelha

rainha e suas larvas. Durante três dias esse é o único alimento que as larvas consomem para ganhar peso e o único que consome a abelha rainha durante toda a sua vida. Durante esses 3 dias, as crias de abelhas operárias alcançam o maior desenvolvimento e aumentam seu peso em cerca de 250 vezes mais. A rainha, por sua vez, terá o dobro do peso da operária e a sua vida pode chegar até 5 anos, podendo colocar cerca de 3000 ovos por dia. Por outro lado, a abelha operária, que é geneticamente igual a rainha, e não recebe geléia real diaria-mente, vive apenas 35 a 40 dias.

A geléia real aporta 16 vitaminas, muitas delas com importante efeito an-tioxidante, acetilcolina, excelente para a memória e sistema nervoso, contém substâncias com atividade antibiótica, 18 aminoácidos, alguns deles essenciais para o organismo, além de silício, potás-sio, fósforo entre outros minerais.

Melhora a resistência física e men-tal, assim como o estado de ânimo; reforça o sistema imunológico sendo recomenda em casos de cansaço, as-tenia, falta de apetite, nos estados de esgotamento físico e nervoso, transtor-nos de comportamento, de adaptação social e escolar (rendimento psíquico baixo), sendo indicada também para jovens durante o período de puberdade e adolescência.

É importante saber que a geléia real não é remédio, e sim um alimento concentrado, com efi cácia para o cres-cimento, a longevidade e a reprodu-ção. Sempre informe seu médico sobre o uso de novos alimentos.

A

Usar uma colher de café, que corres-ponde a 1,00g diariamente em jejum, colocando em baixo da língua. Pode ser inserida com mel, sucos, diluída em água fi ltrada.É necessário estocar a Geléia Real à temperaturas abaixo de 0º C. (Frezzer). Ao abrir a embalagem, manter na ge-ladeira enquanto se consome.

Como usar a Geléia Real

prefeito de Armação dos Bú-zios, Mirinho Braga, recebeu homenagem especial no mês

passado, no Senado Federal, em Brasília. Ele foi ndicado como um dos cem melhores prefeitos das Américas pela Organização Brasil Américas. Na ocasião, a cidade de Armação dos Búzios foi contem-plada com o prêmio “Homenagem Especial 06 Melhores Governos e Prefeitos das Américas” pela Orga-nização Mundial de Estados e Mu-nicípios e Províncias - OMEMP, órgão internacional.

Recepcionado pessoalmente pelo Ministro do Trabalho Carlos Lupi, o prefeito Mirinho Braga agradeceu a homenagem, esten-dendo o prêmio a todos de sua equipe. Para ele, a premiação é resultado do esforço de todos os fun-cionários nesse difícil primeiro ano de governo.

A escolha foi feita através de uma pesquisa de dados e do cruzamento de informações da Organização das Nações Unidas (ONU); Ministério das Cidades, Meio Ambiente, Turismo, Educação e Saúde; Banco Interamericano de De-senvolvimento (Bid) e Instituto Brasi-leiro de Geografi a e Estatística (IBGE), sobre o Índice de Qualidade de Vida

(IQV) das cidades brasileiras. Búzios foi considerada a quinta cidade brasileira com melhor índice de qualidade de vida. Goiânia levou o título de município com o melhor IQV do Brasil, seguido por ci-dades como Paraty, Macaé e Petrópolis, entre outras.

Mirinho Braga é um dos cem melhores prefeitos das Américas e recebe homenagem em Brasília

O PREFEITO MIRINHO BRAGA com o presidente da Organização Mundial de Estados e Municípios e Províncias - OMEMP

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CORAÇÃO DE

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Renato Silveira

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MÃESempre cabe mais um. O ditado popular está em vias de ser materializado na cidade de Cabo Frio, onde a área central já está inteiramente tomada.Um dos fantasmas do progresso, temido por onze entre dez ambientalistas, volta a rondar Cabo Frio nas discussões para a criação das leis complementares do Plano Diretor elaborado pela Fundação Getúlio Vargas para a cidade. A verticalização do gabarito para novas construções na cidade é um dos temas que vem sendo debatido no Conselho implantado para colocar as novas medidas em vigor e, como não poderia deixar de ser, está causando polêmica.

Avenida Teixeira e Souza, no centro de Cabo Frio: espaço só para cima

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omo as discussões já saltaram das reuniões internas para as ruas, muita lenda vem se criando sobre o as-sunto. Uma delas dá conta de que o tamanho das edifi cações para a orla

saltaria para 12 andares, causando arrepios em quem conhece, por exemplo, o Balne-ário Camboriú, em Santa Catarina, cuja sombra nas areias da praia central começa a se formar logo no início da tarde. Trata-se, obviamente, de excesso de criatividade popular. Pelo menos, por enquanto.

De acordo com a coordenadora de Planejamento, Rosane Vargas, a discussão para a implementação da verticalização vem sendo feita nas reuniões do Conselho, mas locais como a orla e o centro da cidade, já por demais adensados, estão de fora do projeto.

“Nos estudos preliminares para a ocupação e uso do solo, chegou-se a conclusão que na parte sul da cidade, ou seja, do lado direito do Canal Itajuru, já não há muitos locais para crescimento. Por outro lado, na área norte e no Segundo Distrito, estão as possibilidades. Nas dis-cussões posteriores, novos rumos para o assunto foram sendo tomados”, explicou.

Com isso, o Braga, fi xado na área sul da cidade, sofreria alterações em seu gabarito, mas mantendo o padrão atual de quatro pavimentos mais garagem, podendo chegar no máximo a 24 metros, conforme determi-nação do Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (IPHAN). Porém, para a construção de empreendimentos hotelei-ros na área, o anteprojeto de lei permitia 36 metros, com seis pavimentos.

“Essa permissão valerá apenas para hotéis e, no restante, não haverá grandes modifi cações. O padrão de construção no centro e na orla será mantido, mas alguns outros bairros deverão sofrer alterações, conforme os estudos preliminares”, diz.

Entre eles, está o bairro de São Cris-

readores pelo Executivo depois do recesso parlamentar. A Câmara, por sua vez, deverá convocar uma audiência pública antes de colocar o projeto em votação.

ImpactosMudanças como essa podem causar

profundos impactos na vida da cidade, afe-tando áreas diversas como abastecimento de água e luz, tratamento de esgoto, coleta de lixo, trânsito, entre outras. A Prolagos

(concessionária de água e esgoto), por exemplo, afi rma que terá de re-calcular sua planilha elaborada para os próximos anos, caso a medida seja adotada.

“Estamos acompanhando, junto à prefeitura, a análise do anteprojeto da Lei de Zoneamento do município, mantendo um bom canal de comuni-cação com as secretarias diretamente envolvidas nesse processo, no senti-do de conciliar os projetos e planos

de investimentos com as necessidades apontadas pelo poder público municipal. A mudança no gabarito das edifi cações da cidade podem gerar impactos no plano de investimentos da concessionária no que se refere ao abastecimento de água e coleta de esgoto. Caso esse anteprojeto seja aprova-do, o planejamento da empresa para Cabo Frio poderá necessitar de algum nível de adequação e será amplamente discutido com a prefeitura e a sociedade civil orga-nizada por meio do Comitê de Bacias no

Se for isso mesmo que a população quer, terá de se estudar o impacto disso sobre o transporte urbano, o abastecimento, coleta de lixo, trânsito. Chico Salles, arquiteto

Tatiana Grynberg Ascom/ProlagosPapiPress

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tóvão, apontado pelos estudos como um dos capazes de absorver o impacto de uma verticalização, no caso um pouco maior.

“Os estudos mostram que há capaci-dade para absorção de edifi cações de 12 metros, com quatro pavimentos em toda a área do bairro, estendendo-se para o Jardim Caiçara, apenas na Rua Porto Alegre. Outra área prevista para mudanças no gabarito é a Estrada do Guriri”, contou Rosane, acrescentando que o anteprojeto já está pronto e deve ser enviado à Câmara de Ve-

C A PA

ROSANE VARGAS, coordenadora de Planejamento

JUAREZ LOPES, engenheiro sanitarista

FELIPE FERRAZ, diretor da Prolagos

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Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ)”, explicou o diretor da empresa, Felipe Ferraz.

Para o arquiteto buziano Chico Salles, a questão é simples. Segundo ele, tais

Embora pareça uma operação de emergên-cia, o trabalho de desobstrução de redes, fl agrado por CIDADE, é uma operação de rotina no Boulevard Canal, onde o gabarito é de dois andares. Como a rede não suporta o volume de esgoto produzido pelos mui-tos restaurantes da rua, a prefeitura realiza semanalmente o trabalho de retirada dos dejetos, que fi cam acumulados em caixas construídas especialmente para isso.

não é muito favorável à verticalização por entender que Cabo Frio é uma cidade peque-na e pode não absorver bem esse impacto. Mas está acompanhando as discussões.

“Temos um exemplo aqui do lado, em Armação dos Búzios, que mostra que não é preciso subir prédios para se desenvolver. Não sei se a cidade tem capacidade para absorver com boa infraestrutura a quantidade de pesso-as que prédios maiores irão trazer”, preocupa-se.

Para o engenheiro sanitarista e membro da diretoria da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla), Juarez Lopes, caso a verticalização proposta seja apenas para atender a especulação imobiliária,

posiciona-se contra o projeto. “Na Asaerla, discutimos o assunto e

chegamos a conclusão que há espaço para

ESTRADA DO GURIRI Projeto prevê quatro andares.

PapiPress PapiPress

Não sei se a cidade tem capacidade para absorver com boa infraestrutura a quantidade de pessoas que prédios maiores irão trazer Alfredo Gonçalves, presidente da Câmara de Vereadores

a verticalização na área esquerda do Canal Itajuru, mesmo assim, realizando profundos estudos de impacto sobre os meios de trans-porte, serviços em geral, trânsito e outros. Temos de pensar que isso pode ser um tiro no pé para o desenvolvimento efetivo da qualidade de vida da cidade”, declarou.

Ele, que também faz parte do Fórum de Saneamento e Saúde Ambiental da Região dos Lagos, afi rma que o colegiado pretende fazer uma outra audiência pública sobre o assunto.

“Nossa intenção é fazer uma audiência diferente, mais educativa, e não apenas uma discussão entre os que são a favor e os que são contrários à ideia. A verticalização pode trazer crescimento, mas não garante desenvolvimento na qualidade de vida. Precisamos encontrar uma maneira de crescer melhorando a estrutura urbana”, opinou Juarez.

Rotina

medidas podem até ser tomadas, porém mediante um sério estudo sobre o impacto dessas ações, observando todos os setores que possam ser afetados pelo adensamento da população nas áreas verticalizadas.

“Se a cidade optar por essa forma de desenvolvimento, há de se levar em conta antes uma série de questões. Se for isso mesmo que a população quer, terá de se estudar o impacto disso sobre o transporte urbano, o abastecimento, coleta de lixo, trânsito. Tudo tem de estar funcionando prevendo o crescimento populacional que a verticalização trará”, afi rmou.

O presidente do Legislativo cabo-friense, Alfredo Gonçalves, também está preocupado com a questão e, a princípio,

CHICO SALLES, arquiteto

PapiPress

continua...

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- Vila do Sol 8 metros - Foguete 8 metros - Braga, Algodoal, Vila Nova, Centro, União e Marlin 24 metros- Braga Hotelaria 36 metros- Manoel Correia (AEIS), Jardim Náutilus, Célula Mater 8 metros- Av. Teixeira e Souza ( Alex Novelino a J. Nogueira) 30 metros- Parque Burle, São Cristóvão 13 metros- Palmeiras, Portinho e Praia do Siqueira 8 metros- Guarani, Jardim Flamboyant, São Francisco, Caiçara, Jardim Olinda, Jardim d. Excelsior, Parque Riviera e Itajuru (parte oeste) 8 metros- Caminho para Perynas 8 metros- Ilha do Anjo 8 metros- Canal Palmer 8 metros- Moringa (parte de São Bento) 8 metros- Av. América Central (J. Nogueira a Rua da Marina) 18 metros- Av. Joaquim Nogueira e Ver. Manoel Antunes 18 metros- Ogiva e Caminho Verde 8 metros- Cajueiro (AEIS), Peró e Salinas Ipiranga 11 metros- Gamboa 8 metros- Marina do Canal 8 metros- Estrada do Guriri - face norte 13 metros- Monte Alegre (parte); Bosque do Peró, Cond. dos Passaros, Loteamento Chácara do Peró 8 metros - Parque Eldorado 8 metros- Estrada de São Jacinto 8 metros- Rasa e Maria Joaquina 8 metros- Unamar, Aquarius e Santo Antônio 8 metros- Nova Califórnia e Centro Hípico 8 metros- Estrada São Jacinto 8 metros- Botafogo 8 metros- Limite Sudoeste 1º Distrito - Perynas 11 metros- Limite Nordeste 1º Distrito 11 metros- Rural urbano 8 metros- Itajuru, Centro (lotes lindeiros à Rua Major Belegard), Canto do Forte, Passagem e São Bento 7,5 metros

As mudanças no gabarito propostas na Lei de Zoneamento do Uso e da Ocupação do Solo

Local

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Altura máxima permitida

Fonte: Lei de Zoneamento do Uso e da Ocupação do Solo - Tabela II (em estudo)

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[email protected]

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Com a presença de autoridades e do ex-ministro do STJ, Paulo Costa Leite, a Apae de Búzios inaugurou, no dia 14 de novembro, sua piscina semi-olímpica doada pelos familiares e amigos da estilista carioca Bruna Bianchi, falecida no início do ano no Rio de Janeiro.

Eleito um dos melhores hotéis de luxo das Américas e indicado como uma das 40 atrações imperdíveis do Brasil, o Insólito Boutique Hotel acaba de lançar o Beach Lounge Insólito na Praia da Ferradura. O casal Emmanuelle e Philippe Meeus recebeu com todo requinte a sociedade carioca e buziana, para coquetel no espaço que promete ser o point do verão em Búzios.

A super atriz Lucélia Santos e o super chef de cuisine Nelsinho ”Quintal” Ramos foram presenças marcantes no Beach Lounge Insólito na Praia da Ferradura. O espaço contará à partir da 2ª quinzena de dezembro com programação diária de DJ e música ao vivo.

No 3º Queijos e Vinhos em benefício da Apae de Búzios, o médico e maestro Dr. Marcos Szpilman e sua fi lha Taryn na apresentação da Rio Jazz Orchestra no último dia 14/11 no Iate Club. Noite de muita elegancia e charme, que aconteceu para comemorar a inauguração do Parque Aquático Bruna Bianchi.

A Secretária de Desenvolvimento Social, Cristina Braga, marcando sua presença no 1º Torneio de Natação na nova piscina semi-olímpica e falando dos projetos da Prefeitura para a APAE em 2010.

Os empresários Thomas Werber e Mario Fernandez marcando presença no coquetel de abertura do 15º Festival de Cinema de Búzios

O Búzios Cine Festival, que aconteceu entre os dias 25 a 29 de novembro, chegou a sua 15ª edição com uma seleção de longas-metragens inéditos nos cinemas brasileiros.O cinéfi lo argentino, buziano, proprietário do Cine Bardot e diretor do evento, Mario José Paz, brilhou na noite de abertura não só pelo Festival como também pelo seu personagem “Maradona” na novela Viver a Vida.

Praias paradisíacas e belas paisagens servi-ram de cenário para o 8º Festival Gastronômico de Búzios. Foram 41 restaurantes que serviram desde a mais sofi sticada comida até os sabores regionais. As “Receitas de Família”, como pirão de carne-seca, sopa de siri, peixe escalado com banana, guando com carne-seca e macarrão com garoupa, tudo feito pelas mãos divinas das mulheres da terra.Na foto, o prefeito Mirinho Braga e o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, da Coluna Gente do jornal “O Globo”, no restaurante Quadrucci. Joaquim, grande admirador do balneário, era só elogios aos restaurantes que participaram do evento.

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Portas AbertasAeroporto Internacional de Cabo Frio está preparado para atender o mercado de carga e pode funcionar como entreposto para importações, armazenamento e distribuição de produtos

C a b o F r i o

Aeroporto de Cabo Frio tem capacidade para receber aeronaves de todos os tipos e tamanhos

Fotos: PapiPress

Depois da reforma, aeroporto de Cabo Frio passou a receber aeronaves de todos os tipos e tamanhos

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lheio aos problemas que enfrenta a aviação civil brasileira, o Aeroporto Internacional de Cabo Frio teve um ano para comemorar. Não só por

ter aumentado substancialmente o volu-me de operações no Terminal de Cargas, mas também por ter ganhado o noticiário nacional por conta de diferenciais como a localização, a pista de pouso e a gestão privada de suas instalações, uma novidade que está mudando o conceito das adminis-trações aeronáuticas no país.

No centro de uma das regiões mais bonitas do Brasil, mas fora dos grandes centros urbanos, a localização poderia ser vista como um empecilho se não fosse a capacidade de adaptação do aeroporto cabo-friense. Os primeiros anos, no en-tanto, foram muito difíceis, como diz o diretor da Costa do Sol, concessionária que administra o aeroporto há cinco anos, Murilo Junqueira.

“Como o aeroporto não está locali-zado numa centralidade, é difícil trazer trânsito para cá. Tivemos que oferecer condições diferenciadas para isso”, diz, acrescentando que a saída foi aproveitar a forte demanda pelo transporte de carga do mercado offshore.

“A primeira coisa que fi zemos, por causa da proximidade com o mercado de petróleo, foi procurar identifi car todo tipo de regime aduaneiro que fosse útil à indús-tria de petróleo”, explica Murilo.

No começo foi montada uma operação exclusivamente para atender a indústria offshore. Com isso, o aeroporto instalou um terminal especializado da Receita Federal, o que deu condições para operar com outros tipos carga.

“A partir daí começamos a nos qualifi -car para outros tipos de mercadorias, e as primeiras foram as indústrias farmacêutica e de alimentos, junto à ANVISA e a Vi-

Remédios, alimentos e a industria do petróleo fazem a base de operações do Terminal de Cargas

Diferentemente de outros aeroportos que só fazem a nacionalização de uma carga importada ou a exportação de uma carga nacional, aqui operamos vários outros regimes

gilância Sanitária. Construímos câmaras frigorifi cas de vários níveis de temperatu-ras para atender as diversas necessidades. Temos um núcleo da Vigilância Sanitária e também um da Vigilância Agropecuária. Hoje todas as autoridades intervenientes estão presentes no aeroporto. O atendimen-to é mais ágil e o cliente é muito melhor atendido”, afi rma.

Cargueiro gigante faz pouso tranquilo

Um dos principais trunfos do aeroporto é a segunda maior pista de pouso do estado do Rio, com 2.560 metros por 45 metros de largura (perde apenas para o Aeroporto do Galeão, na capital), que possibilitou no mês passado a chegada, por duas semanas consecutivas, do segundo maior avião de cargas do mundo, o Antonov, provando a capacidade da pista de receber aviões de todos os tipos e tamanhos. Em cada via-gem, a aeronave trouxe dois helicopteros com capacidade para 20 passageiros /cada, que serão utilizados no transporte de traba-lhadores para plataformas petrolíferas que atuam na Bacia de Campos.

Os números demonstram que o cami-nho feito até agora está dando resultados. Se em 2007 o aeroporto movimentou R$ 287 milhões em cargas, o valor subiu para R$ 304 milhões no ano passado e, em 2009, saltou para os R$ 525 milhões. Um reco-lhimento de R$ 157 milhões em impostos municipais, estaduais e federais somente este ano. A movimentação de passageiros, por sua vez, também teve um crescimento relevante. Em 2006 foram 3.843; em 2007, 5.157; e em 2008, 27.392. Os dados deste ano para a movimentação de passageiros não haviam sido totalizados até o fecha-mento desta edição.

“Diferentemente de outros aeroportos que só fazem a nacionalização de uma carga

importada ou a exportação de uma carga nacional, aqui operamos vários outros regi-mes”, explica o diretor Murilo Junqueira.

“Uma das providências foi a de qualifi -car o aeroporto como entreposto. Já temos o entreposto de armazenagem e já foram criadas as condições para o entreposto industrial. Outro regime que criamos é o Deposito Alfandegado Certifi cado”.

As vantagens para esse tipo de comér-cio podem ser muitas. “O entreposto é um instrumento muito importante. E pode ser usado de duas maneiras: o importador importa sem fechar o câmbio, manda o produto que fi ca no entreposto. Durante esse período os impostos fi cam suspensos e só são pagos quando a mercadoria for reti-rada. E o estado ainda dá incentivo fi scal do ICMS na forma de aumento no prazo para o pagamento. Reduzindo muito a necessi-dade de capital de giro”, esclarece.

MURILO JUNQUEIRA, diretor da concessionária Costa do Sol

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região que tem um sistema único de esgotamento sanitário no país passou, esse mês, por uma revisão nos contratos das concessionárias

de água e esgoto. A revisão, que acontece

a cada cinco anos, teve uma novidade desta vez: duas audiências públicas convocadas pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), onde foram analisados os trabalhos da Prolagos e da Águas de Juturnaíba.

Na audiência de revisão do contrato da Prolagos, que atende as cidades de Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Armação de Búzios e Arraial do Cabo (esta última somente com a rede de água, o esgoto é responsabilidade do próprio município), a recuperação da Lagoa de

Tomás Baggio / Fotos: Ricardo Cox

Discutindo a conce sA

Auditório da Estácio de Sá, em Cabo Frio, recebeu população e autoridades para a audiência

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R e g i ã o d o s L a g o s

Araruama foi comemorada por todas as autoridades que discursaram. O presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Luis Firmino Martins Pereira, disse que o sistema adotado para o tratamento de esgo-to na região, que funciona em tempo seco, foi uma escolha correta apesar das críticas

que são feitas nas épocas de chuva, quando o esgoto precisa ser liberado in natura na Lagoa de Araruama para não voltar pelo ralo das casas.

“A adoção desse sistema foi uma esco-lha tecnicamente acertada, a despeito das mudanças climáticas que, de certa forma, estão prejudicando esse processo. A região recebeu muito mais chuva do que o normal nos últimos dois anos, o que despertou uma interpretação injusta, mas compreensível, desse sistema em tempo seco. Tínhamos uma situação de emergência e essa foi a melhor forma de acelerar a recuperação da lagoa”, afi rmou.

Prefeitos elogiam diálogo com empresa

O prefeito de Armação dos Búzios, Mirinho Braga, lembrou a história da Prolagos e elogiou o trabalho da atual gestão.

“Costumo dizer que, em dez anos de concessão, nós tivemos três Prolagos. A primeira foi a dos banqueiros, que não fez absolutamente nada. Depois veio a Águas de Portugal, que até melhorou um pouco o trabalho, fez obras importantes, mas o relacionamento era um pouco complicado. Agora temos um grupo que está buscando prestar um serviço de qualidade. Hoje o di-retor da Prolagos despacha comigo mais do que alguns secretários do meu governo”, declarou Mirinho.

Já o prefeito de Arraial, Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho, cobrou in-vestimentos na cidade.

“Há dez anos não recebemos uma melhoria sequer feita pela Prolagos. Nos-so diálogo é bom, então está na hora de estreitar essa relação e, para isso, preci-samos que a empresa faça a extensão da rede de água até (os distritos) Monte Alto e Figueira”, considerou Andinho, comen-tando, também, a tentativa da empresa de administrar o esgoto cabista, que não faz parte da concessão da Prolagos porque, na época em que a empresa chegou à região, Arraial era a única cidade que já tinha uma Estação de Tratamento de Esgoto. O município queria ser indenizado pela unidade já construída, mas não se chegou a um acordo fi nanceiro.

“A Prolagos propôs um investimento de R$ 6 milhões no esgoto de Arraial até o fi -nal da concessão. Mas estamos articulando com o governo estadual e o governo federal e, só no primeiro momento, já conseguimos investimentos que ultrapassam os R$ 10

milhões a partir do ano que vem. Não te-mos como desperdiçar essa oportunidade”, afi rmou o prefeito cabista.

Proposta de novos investimentosO diretor-executivo da Prolagos, Felipe

Ferraz, disse que, pelo contrato atual, a em-presa deverá investir cerca de R$ 60 milhões até o fi m da concessão, em 2023. Mas apre-sentou um pacote de novos investimentos de R$ 147 milhões para acelerar o processo de separação das redes de água e esgoto. Em contrapartida, quer assumir o tratamento do esgoto em Arraial do Cabo, um aumento da tarifa de 6% (escalonado em três vezes) e a prorrogação da concessão por mais 23 anos a partir de 2023. A consultoria da Fundação Getúlio Vargas, contratada pela Agenersa, propõe a extensão da conces-são da Prolagos entre 12 a 15 anos. Já o Ministério Público questionou a extensão do prazo sem nova licitação pública para as concessões.

A proposta também provocou a reação

e ssão

Esse investimento extra é uma solicitação dos municípios. Mas para que a população não seja penalizada com aumento de tarifa, temos que encontrar uma forma de fi nanciar esse custo. O aumento do prazode concessão é uma possibilidade

FELIPE FERRAZ , diretor-executivo da Prolagos

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R e g i ã o d o s L a g o s

do deputado estadual Gilberto Palmares (PT).

“Ainda faltam 12 anos para o fi m da concessão e já querem discutir a renova-ção? A realidade às vezes muda, e tomar uma decisão como essa faltando tanto tempo pode se tornar um problema no futuro”, ponderou.

Felipe Ferraz, por sua vez, apontou que a renovação da concessão é uma das formas de fi nanciar os novos investimentos, mas que está aberto a outras alternativas.

“Esse investimento extra é uma so-licitação dos municípios e do Consórcio Lagos São João. Mas para que a popula-ção não seja penalizada com aumento de tarifa, temos que encontrar uma forma de fi nanciar esse custo. O aumento do prazo de concessão é uma possibilidade”, respon-deu, mostrando os investimentos feitos até

agora, que, segundo ele, já ultrapassam a faixa dos R$ 300 milhões.

Águas de Juturnaíba em difi culdades

A situação é diferente no caso da concessionária Águas de Juturnaíba, que atende os municípios de Araruama, Sa-quarema e Silva Jardim. De acordo com o superintendente da empresa, Carlos Gontijo, a antecipação de investimentos fez com que as contas da empresas entrassem no vermelho.

“Teríamos que ter investido, até agora, 25% do total para toda a concessão, mas já investimos 58% do que está no contrato. Por conta disso, estamos há cinco anos com prejuízo nas contas”, afi rmou ele.

De acordo com o superintendente, a concessionária propõe um aumento de 70%

na tarifa, a extensão do prazo de concessão e a retirada de outorgas futuras. A FGV propõe a retirada das outorgas, a extensão da concessão por 12 anos e o reajuste da tarifa, de 3 em 3 anos, a partir de 2011.

“Precisamos negociar um mix de coisas para acertar as nossas contas, que passe pela renovação da concessão, aumento de tarifa e isenção de outorgas futuras”, defendeu.

O presidente da Agenersa, José Carlos dos Santos Araújo, comemorou o resultado das audiências realizadas na Região dos Lagos.

“Podemos dizer, agora, que a região passou da primeira metade do século 20 na questão do esgoto. Mas ainda precisamos chegar ao século 21. Daqui para frente entramos na segunda fase do processo. Não dá mais para adiar as questões ambientais”, declarou.

O presidente do Inea, Luis Firmino, entre os prefeitos de Búzios, Mirinho Braga (esquerda) e de Araruama, André Mônica (direita, de camisa azul)

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DAS RUAS PARA A SALA DE AULA:estudos de inglês e refeições diárias mudam a rotina das crianças

(*) Nós somos o mundo. Então nós somos muito importantes!

Assim começa a aula de inglês para crian-ças carentes no projeto Crescer Grow, em São Pedro da Aldeia. São mais de 45 crianças que diariamente buscam na organização o carinho social das aulas de inglês, reforço escolar, desenho e pintura, atividades esportivas e, principalmente, a refeição e o lanche que recebem gratuita-mente. O projeto, hoje uma ONG, nasceu da compaixão de um grupo do Clube Internacional de Mulheres de Macaé, que, numa visita aos bairros pobres da cidade em 2005, decidiu se mobilizar para ajudar as crianças aldeenses.

O Crescer Grow é um exemplo de que com uma dose de solidariedade e um trabalho formiguinha, onde cada um faz a sua parte, é possível amenizar o sofri-mento e abrir uma portinha para ampliar o horizonte daqueles que têm pouco ou quase nada. Com apoio de voluntários, o projeto funciona em sede cedida em sistema de comodato pelo pastor Oséas da Fonseca, da Igreja Congregacional no Porto da Aldeia, onde já havia uma escola montada com oito salas de aula e toda a estrutura necessária para o atendimento às crianças. “Vi a necessidade das famílias e resolvi ajudar. Gosto das crianças”, explica a auxiliar de professora, Tatiana Valente Meirelles, que integra o volunta-riado há um mês.

Ali, meninos e meninas das escolas públicas, passam as manhãs ou as tardes recebendo uma assistência extra, ao invés

de perambularem pelas ruas do Porto. Nas aulas de inglês aprendem o vocabulário básico e também a cantar na língua es-trangeira. Além disso, recebem noções de higiene e saúde, educação ambiental entre outras atividades. Para o segundo semestre deste ano estão previstas aulas básicas de informática. Anderson Gomes dos Santos, 15 anos, frequenta o projeto desde 2007 e gosta de aprender inglês e a desenhar. Espontaneamente, ele também ajuda as crianças menores no dever escolar. “As pequenas me pedem e eu ajudo”, diz orgulhoso.

Investimento no futuroFormada em inglês e acadêmica de

pedagogia da UERJ, Olinda França Pires, contribui dando aulas de inglês nas férias escolares, época em que as crianças fi cam ainda mais ociosas pelos bairros. “Tudo que a gente faz em prol das crianças é um investimento no futuro da comunidade. Não é um trabalho em vão. É fazer também por nós mesmos”, ressalta a voluntária.

No início, muitas crianças tinham madrinhas estrangeiras. Hoje, no entanto, apenas dois têm meia bolsa de estudo no colégio particular de São Pedro da Aldeia, o Disnelândia, uma delas doada pela pro-prietária da escola. O projeto que contava com ajuda de várias beméritas “gringas”,

que apadrinhavam menores bancando um pouco de suas necessidades e, no ano passado, foi patrocinado pela Noble do Brasil, com sede em Macaé, passa por uma situação difícil para a preocupação da vice-presidente Heleni F. Gevert.

“Infelizmente a presidência da Noble mudou e não renovaram o patrocínio; e o Clube Internacional de Mulheres de Macaé decidiu priorizar os projetos sociais só naquele município. Estamos sobrevivendo com muita dificuldade. Algumas senhoras ainda nos ajudam, mas são poucas. A igreja cede o espaço físico, a luz e a água e tem nos apoiado com alimentos. Nunca recebemos nenhu-ma ajuda do governo de São Pedro da Aldeia. Nada, nem um quilo de açucar”, lamenta ela.

Heleni explica que o Crescer Grow atende crianças do Camerum, do Porto da Aldeia, do Poço Fundo e da Baleia, para as quais o projeto é mais que um apoio, devido às condições precárias das famí-lias e, muitas, com um legado de crianças sem infância. “Eles têm que saber que eles podem, se quiserem, mudar esse des-tino e ter um futuro brilhante. Saber que são capazes. Essa a missão do projeto. E não vamos abandoná-la”, enfatiza.

Responsabilidade Social

Texto e fotos Loisa Mavignier

We are the world. So we are very important!(*)

mundo

Nósfazemos

doparte

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ezembro é um mês fas-cinante. Escrevo no úl-

timo dia de novembro e penso que amanhã, sendo dezembro, tudo muda. Meu coração dispara assim como quando estou apaixonada. Rabanadas, peru com molho de abacaxi – já abundante nesta época do ano. Farofa de miúdos. Nozes. Torta de Nozes. Castanhas portu-guesas. Torta de Damasco. Panetone. Vinho. Cham-pagne (se der, se não os espumantes nacionais dão um show e são muito mais em conta). Hum, tem tanto motivo para engordar nas festas de fi m de ano, que é a época que como sem culpa.

Devo confessar que comida de ceia de Natal e Ano Novo só admito na mesa nessa época mesmo. A raba-nada é um exemplo. Amo! Adoro! É o que espero ansiosamente todos os trezentos e tantos dias do ano, nas quatro estações. Mas dezembro chega e me traz a possibilidade de fazer e comer minhas rabanadas – as mais tradicionais possíveis: pão de um dia para o outro, leite, açúcar, ovos e, obviamente, canela. Gosto delas bem molhadinhas e ainda mais de tomar café da manhã no dia 25 saboreando-as geladas, com um copo de refrigerante igualmente refrescante. Faço esse ri-tual desde muito menina e a sensação que tenho neste momento é a mesma nesses anos todos. Sinto-me como a menina de antes, cheia de sonhos e ilusões. Sinto o gosto da infância me invadir e, sei, como é bom reviver.

Podia faltar presente, peru, ceia,

festa, o que fosse, menos minhas rabanadas. Mesmo porque prepará-las também faz parte de um antigo e delicioso ritual. Reservo um tempo no fi m do dia 24, abro uma gelada, coloco o CD do Rei Roberto Carlos no som e pronto. Rio, choro, me queimo na fritura, refl ito no ano todo que passou, sinto o delicioso cheiro das raba-nadas sendo feitas. Aí sou invadida por uma enorme satisfação por estar simplesmente viva. O que quero dizer com isso tudo é que as coisas mais simples, como uma rabanada, podem nos trazer tanta satisfação e cheiros e gostos tão especiais que vale muito a pena saber identifi car e aproveitar estes momentos. Então, curta o mês de dezembro, o natal e o ano novo: com ou sem dinheiro. Porque mesmo com pouco dinheiro dá para fazer uma ceia criativa, com produtos mais baratos. E, se der, cozinhe, pois esta é a época de dar muito amor e, cozinhar, é um dos maiores atos.

Feliz fim de ano! E que venha 2010!

Eu e minhas Rabanadas

Fernanda Carriço é jornalista e trabalhou como chef de cozinha

Papo de Cozinha

Fernanda Carriç[email protected]

D

em data defi nida para sua rea-lização, o anunciado concurso público para a prefeitura de

Búzios, já movimenta a cidade. A Associação de Servidores e Funcioná-rios Públicos de Armação dos Búzios (Asfab) lançou inscrições para um curso preparatório e contabiliza 2.775 pré-inscritos.

A realização do concurso, que de-verá acontecer no primeiro semestre de 2010, é uma exigência do Ministério Público conseguida através de Ação Civil Pública.

Segundo informou o presidente da Asfab, Osmane Simas, a prefeitura já deveria ter realizado o concurso no ano passado. “Achamos que a prefeitura tem a necessidade de preencher um mínimo de 600 vagas, para todas as áreas”. Segundo ele, a regra, que é a exigência do concurso para o ingresso no serviço público, passou a ser a exce-ção. “A prefeitura tem quase o mesmo número de funcionários concursados e contratados. O que deveria ser uma excepcionalidade virou regra. Hoje são uns 1.200 concursados contra uns 1.000 contratados, ou seja, quase 90% do quadro”, explica.

O presidente lembrou ainda, que o governo se comprometeu a fazer a regulamentação do Estatuto Geral dos Servidores, a criação do Plano de Car-reiras e o Regime de Previdência antes da realização do concurso público.

O curso preparatório é gratuíto e deverá ter início em janeiro de 2010, com duração de três meses. Vai oferecer qualifi cação a funcionários e moradores da cidade. A prefeitura disponibilizará as salas e professores da rede pública para as aulas.

Búzios preparaconcurso público

OSMANE SIMAS presidente da Asfab Hoje são

uns 1.200 concursados contra uns 1.000 contratados

S

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velho era eu; o mar, o nosso; mas a novela é bem menos que a de He-mingway. Na véspera ouvíramos

uma notícia espantosa: um marlin fora visto na Praia Azedinha. Não contarei onde fi ca a Azedinha; quem sabe, sabe, quem não sabe procure no mapa; não achará, e a nossa prainha continuará como é, pequena e doce, escondida do mundo. A notícia era absurda: os mar-lins costumam passar a muitas milhas da costa. Pois uma senhora o viu no ra-sinho, junto da pedra. As senhoras veem muita coisa no mar e no ar, que não há: mas Manuel também viu, e Manuel é pescador de seu ofício, e quando lhe mostramos a fotografi a de um marlin disse: “Era esse mesmo.”

Não acreditamos – mas passamos a manhã inteira no barco, para um lado e outro. De repente vimos uma coisa preta no mar. Que monstro do mar se-ria? Era grande o bicho dono daquela nadadeira, talvez um enorme cação; chegamos lá, era um peixe imenso e estranho que eu nunca tinha visto, e Zé Carlos diagnosticou ser peixe-lua, com uma cabeça enorme e um corpo curto, e Manuel confi rmou: “Lá fora, no Mar Novo, eles tratam de rolão.” O bicho rolava sobre si mesmo, na verdade, perto da laje da Emerência.

Dei linha. Zé Carlos me orientava aos berros. Manuel achava que o anzol tinha é pegado na pedra, eu no fundo do

No momento em que Búzios discu-te os destinos das praias Azeda e Azedinha, após a assinatura do De-creto 33, no qual o prefeito Mirinho Braga declara a área (141.825,72 metros quadrados) de utilidade pú-blica para efeito de desapropriação, abrindo caminho para a sua preservação em defi nitivo, um texto escrito em 1960 por um dos maiores cronistas brasileiros, o escritor Rubem Braga, nos chega como uma certeza. Descobrir que Rubem Braga escreveu o quanto queria manter esse paraíso intacto, trouxe o desejo que as palavras do autor prevaleçam e permaneçam para sempre como uma oração em proteção a esta área deslumbrante.

meu coração achei que era o marlin. Não era, como vereis. Só fi camos sabendo o que era no fi m de meia hora, na primeira vez que o bicho consentiu em vir à tona: um olho-de-boi que tinha seus vinte e cinco quilos. Era grande e forte; logo disparou para o fundo, eu rodava a car-retilha para um lado, ele puxava a linha para o outro; no que ele cansava um pouco, eu fazia força, ele vinha vindo a contragosto como um burro empacado, depois ganhava distância outra vez.

De uma vez que veio à tona ele entendeu de se meter debaixo do barco; agora ele surge à popa, dá uma súbita guinada para boreste, volta... Estou de pé, o cabo do caniço fi ncado na barriga, suando, fazendo força, Manuel ergue o bicheiro...

Acabou a novela: Zé Carlos fi zera a hélice rodar, o bicho viu tudo, deu uma volta a ré, afundou, andou em roda, a hélice pegou a linha e partiu, adeus, olho-de-boi, meu recorde internacional de linha de 9 libras, para sempre adeus! Ficaste por esse mar de Deus com meu corocoxô de penas, meu anzol, uma quina amarela e umas braças de linha, adeus!

Búzios, março, 1960

Saiba mais sobre a Azeda, histórico, depoimentos e informações sobre a área, acessando:www.comunicabuzios.wordpress.com

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5,7222 e pú-ú-priação,o, preservaçãoão m 1960 por um dos maiores b B h

História de PescariaRubem Braga

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I N B O X

ompletou 10 anos em 2009 a primeira cirurgia de embolização de miomas uterinos realizada na América Latina.

A técnica importada dos EUA pelos mé-dicos cabo-frienses Paulo Barrozo, e Fer-nando Santana, foi realizada pela primeira vez no Brasil, em Cabo Frio, em 99. De lá para cá, evitou que milhares de mulheres perdessem o útero em função de miomas, que provocam dores e sangramentos nas mulheres. Pelos dados científi cos, 1/3 das mulheres brancas têm miomas; e 2/3 das negras apresentam os tumores musculares benignos. Embora a técnica tenha evoluído ainda é uma cirurgia cara que não tem co-bertura do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje no Brasil cerca de 300 mil mulheres/ano passam por uma histerectomia (retira-da do útero), sendo 50% delas por causa de miomas. Em contrapartida, no RJ, SP e Cabo Frio, Barrozo e Santana já realizaram cerca de 500 embolizações de miomas

De Cabo Frio para a América Latina

melhorando a saúde e a qualidade de vida das pacientes, entre as quais estrangeiras que procuram o serviço na Região dos Lagos. A Resolução Normativa 167/08, de janeiro de 2008, tornou obrigatória a cobertura da cirurgia de embolização de miomas nos convênios e planos de saúde, mas muitas empresas ainda resistem em pagar a intervenção.

Detentor do prêmio de melhor tra-balho científi co de preservação de útero no Congresso Mundial de Endoscopia

Ginecológica, em Berlim, o médico Paulo Barrozo, é a maior autoridade do Brasil em miomas, e professor de pós-graduação da Fiocruz e do Instituto de Cirurgia e Endoscopia Ginecológica da Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte (MG); e dirigente de centros de tratamento de miomas no Rio de Janeiro e São Paulo. E Fernando Santana, cardiologista e ra-diologista intervencionista com formação em manipulação de cateter no Instituto do Coração de São Paulo.

Texto e fotos: Loisa Mavignier

Fernando Santana Paulo Barrozo

C

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Mídia para TatiO novo livro da jornalista Tati Bueno, “De Paz e de Paixão” (editora Ibis Libris), além de sucesso de vendas (a primeira edição está esgotada), já ganhou a mídia nacional. Depois de ter sido destaque em nota publicada na coluna Gente Boa, do jornal “O Globo”, a escritora foi convidada para uma entrevista no Programa do Jô, da Rede Globo de Televisão, e mostrou que tem estrela. Falou sobre a carreira e contou histórias da época em que era vizinha do apresentador Jô Soares, no Arpoador, Rio de Janeiro. No fi nal, ainda ganhou o famoso “Ahh” da platéia, que se manifesta dessa forma quando gosta da entrevista que chega ao fi m. Um fato, porém, chamou atenção. Apesar de estar morando em Cabo Frio há mais de 20 anos, Tati não falou sobre a cidade. “Muita gente me cobrou por isso. Eu adoro Cabo Frio e gosto de morar aqui, mas acho que a cidade atravessa um momento difícil e jamais falaria sobre isso em rede nacional”, afi rmou ela, que vai passar o reveillon em Nova Iorque e, quando voltar, será entre-vistada pela jornalista Leda Nagle, no programa Sem Censura, da TV Brasil.

Dez anos de tonturaSe chamado de Carlos D’Almeida, pouca gente sabe quem é. Em Cabo Frio, ele é o Tonto desde que teve um derrame cerebral e passou a ter tonturas constantes. Doença que, por sinal, mudou a sua vida. Durante a recuperação, procurava uma terapia ocupacional e, pimba, aprendeu uma receita de pizza no programa Mais Você, da apresenta-dora Ana Maria Braga. O negócio deu certo e ele resolveu abrir uma pizzaria, que, assim como o programa, completou dez anos em 2009. A história, como não poderia deixar de ser, foi contada e uma matéria feita com Tonto e a esposa, exibida no dia 26 de outubro durante as comemorações do programa. “Eu fi z a primeira pizza, melhorei a se-gunda e criei a terceira. Hoje temos 92 sabores”, comemora, fazendo da sua história uma lição de vida. “Hoje tenho uma nova visão sobre as difi culdades. É preciso insistir, desistir nunca”.

Moda e medicina

Marcus Vinícius de Oliveira é a mais nova revelação da moda na Região dos Lagos. No mês passado, venceu o concurso de beleza do Colegio Francisco Porto de Aguiar, em Arraial do Cabo, onde recebeu o título de “Garoto mais bonito da escola”.Aos 18 anos, tem medidas perfeitas para seguir a carreira: 1m e 82cm de altura e 74 quilos. Estudante do 3° ano do Ensino Médio, ele se prepara para o vestibular e pretende fazer faculdade de Medicina. Enquanto isso, desenvolve sua carreira artística fazendo danca, teatro e modelagem. Que tenha sorte.

G e n t ePapiPress

PapiPress

Tamirez Oliveira

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37CIDADE, Dezembro de 2009

A r t i g o

A que chamam liberdade de pensar?

ão nos referimos à liberdade de emitir opiniões, consagrada por nossas leis, mas à liberdade

de pensar em seu sentido íntimo: a possibilidade de refl etir e atuar a todo momento com independência de pre-conceitos, de ideias alheias, do “que dirão”, etc., e, além disso, não fazer, pensar ou dizer o que não se deve.

Nesse sentido, quem se supõe am-plamente livre?

Em diversas oportunidades, fi ze-mos notar que quase todos cremos agir conforme nossa vontade e ser donos de nossa mente, sem advertir que fatores alheios a nossos propósitos interferem em tal circunstância – alguns deles da mais duvidosa origem –, como seriam os muitos pensamentos que costumam tomar conta da mente e atuar burlando o controle do homem.

Observe o leitor essas pessoas cujas vidas são um refl exo do torve-linho psicológico que reina em suas mentes. Mudam sem cessar de direção, de rota, de propósito; jamais se sentem seguras de nada; aqui e ali tratam de adquirir, emprestada, a convicção ou a certeza que nunca podem obter por si mesmas. Hoje a pedem a um livro, amanhã a um conferencista, depois a uma ideologia, a uma religião, a um partido, etc.

Têm essas pessoas liberdade de pensamento? Pensam e agem de acordo com suas vontades? Fácil é a resposta: nelas, a vontade se encontra dominada por conciliábulos de pensa-mentos alheios, que, a certa altura da vida, chegam a ser-lhes tão necessá-rios como a droga ao toxicomaníaco. “Não posso lhe dar minha opinião sobre este assunto; ainda não li os jornais...” Esta sutileza de Bernard Shaw encerra, desgraçadamente, uma verdade muito comum.

E observe-se também o caso daque-les que estão de tal forma absorvidos por um pensamento, que este chega quase a constituir uma obsessão. Em circunstâncias como esta, o indivíduo acaba muitas vezes por adquirir as

características do pensamento que o embarga, e até seu nome: diz-se que “fulano é um beberrão”, “é um maní-aco”, “é um amargurado”.

No primeiro dos exemplos que expusemos, quer dizer, quando os pen-samentos se sucedem sem ordem nem harmonia na mente, falar da liberdade que se tem para satisfazer os desejos é um contrassenso. Essas pessoas não fazem o que “querem”, mas o que “podem”: o pouco que podem alcançar entre os vaivéns e os tombos que a he-terogênea mescla de pensamentos que levam em seu interior lhes acarreta. No segundo exemplo, é bem claro que não é a vontade da pessoa a que atua, mas sim o pensamento que lhe causa obsessão. O governo do indivíduo está exercido – ditatorialmente – por um ou vários pensamentos que formam um desejo, o qual instiga os instintos até obrigá-los a satisfazer suas exi-gências.

Enquanto o ser viver alheio por completo a quanto ocorre em sua região mental e não conhecer a cha-ve mediante a qual poderá obter um severo controle sobre ela, não poderá jamais alegar que é dono de si mesmo e, portanto, não poderá pensar livre-mente.

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D I R E I T O

ALTA produtividadePromotor se despede de Cabo Frio mas promete fi car de olho nos processos em andamento

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Tomás Baggio

Publico vibra em show na Lagoa de Iriry

Se eu tivesse que apontar o mais delicado, sem dúvidas seria a questão fundiária de MassambabaMURILO BUSTAMANTE

ue semelhança pode existir entre o luxuoso projeto Reserva Peró, que planeja trazer o Club Méditerranée a Cabo Frio, com o processo de favelização que ameaça a Restinga

de Massambaba, no distrito de Monte Alto, em Arraial do Cabo?Esses, na opinião do promotor de Justiça Murilo Bustamante, são os casos mais delicados em que o Ministério Público Estadual (MPE) se envolveu desde que ele assumiu, há cinco anos atrás, a função de titular da Promotoria de Tutela Coletiva de Cabo Frio. Murilo deixa o cargo este mês, mas explica que vai continuar acompa-nhando os processos.“Para nós não existe um caso que seja mais importante que o outro. Todos devem ser tratados com a mesma atenção. Mas se eu tivesse que apontar o mais delicado, sem dúvidas seria a questão fundiária de Massambaba. Porque o caso do (projeto) Reserva Peró já tem o apelo da sociedade, as pessoas estão fi scalizando. É uma coisa que chama atenção, a mídia acompanha de perto. Mas em Massambaba a coisa é diferente, não existe uma participação tão forte por parte da sociedade. Por isso a participação do MP nesse caso era tão necessária”, considera.Com ele à frente da Promotoria, o MPE em Cabo Frio moveu 113 ações judiciais e protocolou 360 inquéritos e recomenda-ções sobre casos investigados. Polêmicas das mais variadas, como a disputa por terras em áreas nobres de Armação dos Búzios, as fi las nos bancos de Cabo Frio, o local de realização da micareta Cabo Folia, a qualidade do transporte público e o tratamento de esgoto na Região dos Lagos, entre outros, passaram pelas mãos do promotor. A partir do ano que vem, Bustamante será subcoordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Tutela Coletiva do Estado do Rio de Janeiro na área ambiental, função que ele poderá ocupar por ter concluído mestrado em

Direito Ambiental, este ano, nos Estados Unidos. Com isso, dará suporte ao trabalho de todos os promotores do estado quando o assunto for meio ambiente. Inclusive ao promotor que irá substituí-lo na Promotoria cabo-friense.

“Massambaba é exemplo”Murilo Bustamante acredita que o controle às invasões de terra na Área de Proteção Ambiental (APA) da Massambaba, em Arraial do Cabo, é um exemplo para o Brasil.“Era uma situação de total descontrole, um processo de favelização crescente em uma área absolutamente inapropriada. E não se sabia quantas pessoas estavam ali, quantas casas, nada”.O primeiro passo, ele diz, foi cercar a área que já estava invadida, em novembro de 2006, e estancar a expansão territorial do problema. Ainda assim, as invasões conti-nuaram, em ritmo menor e dentro da área delimitada, enquanto as partes envolvidas (MP, prefeitura e órgãos ambientais) elabo-ravam um plano de ação para o local. “A cerca foi importante para evitar que novas áreas fossem degradadas. Depois fi zemos uma audiência pública na praça de Monte Alto, quando ouvimos e tira-mos as dúvidas dos moradores. Fizemos um levantamento fotográfi co, descritivo e social da área, e a conclusão é que as quase 400 casas que estão no local terão que ser retiradas da Área de Proteção. No momento, a prefeitura de Arraial está tentando desapropriar um terreno que fi ca entre Monte Alto e Figueira, porque tem que ser um local integrado à cidade, que tenha os serviços públicos por perto, e não um lugar isolado”, explica o promotor.O que falta para completar mais esta etapa é verba para reassentar aproximadamente 1500 pessoas que moram no local. Por isso, o MPE trabalha com a possibilidade de que uma multa dada à Petrobras ainda na década de 90, no valor de R$ 2 milhões,

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MURILO BUSTAMANTE e as três mil folhas do processo de regularização fundiária de Massambaba

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D I R E I T O

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Um dos idealizadores do Projeto Reserva Peró, através da construtora Agenco, o empresário Ricardo Amaral falou com exclusividade a CIDADE sobre o atraso no cronograma de obras e os questionamentos feitos por órgãos ambientais da Região dos Lagos. Apesar do Club Med já ter licença de instalação expedida, Amaral afi rma que as obras só irão começar após o licenciamento de todo o complexo, que está programado para receber outros hotéis, lotes imobiliários e áreas de lazer. Processo que, segundo ele, “leva muito tempo”.

por conta de um derramamento de óleo em praias cabistas, seja revertida para essa fi nalidade.“O dinheiro, a princípio, vai para um fun-do federal. Estamos tentando um acordo para que o valor da multa seja destinado ao município para a recuperação daquela área. Está tudo dentro do projeto de regu-larização fundiária que elaboramos para Massambaba”, conta Bustamante.

Peró: a justiça vai decidirQuando o assunto é o projeto Reserva Peró, no entanto, o promotor se diz preo-cupado. O motivo é o caminho escolhido por entidades ambientais de Cabo Frio, ao entrar, este ano, com um processo na Justiça Federal pedindo o cancelamento da licença prévia que foi aprovada pela extinta Fundação de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), agora Instituto Estadu-al do Ambiente (Inea). Bustamante critica que todo o empreendimento esteja sendo questionado em um mesmo processo, e defende a análise separada, em cada uma das 17 licenças de instalação que ainda precisam ser expedidas para que todo o complexo seja autorizado. Carro-chefe dos investimentos que serão aportados no local e tido como capaz de mudar o eixo turístico no Estado do Rio, o Club Med é a única fração do Reserva Peró com licença de instalação já expedida. E os ambien-talistas também pedem o cancelamento desta licença.“Estamos falando de uma área equivalente aos bairros de Copacabana e Leme juntos, ou seja, é uma área enorme, em que a existência de algum empreendimento é possível. Se a intenção de quem entrou com esse processo na Justiça Federal for apenas embargar qualquer coisa, não deixar que nada seja construído, pode até dar certo, porque foge de uma análise técnica e deta-lhada”, declarou o promotor, classifi cando a estratégia adotada como “perigosa”.

“Se o juiz não der o embargo, isso signifi ca que ele está concordando com o projeto da maneira como ele está. O resultado desse processo pode acabar se tornando um obstáculo”, completou.

Ambientalistas evocam proteção permanenteO processo que pede o cancelamento das licenças concedidas até o momento foi

movido por quatro entidades: Associação do Meio Ambiente (AMA-Cabo Frio), Associação de Turismo Ecológico Inte-grado à Arqueologia (Ateia), Associação de Surf de Cabo Frio e Movimento Viva Búzios. De acordo com a advogada Thaís de Figueiredo, o grupo pede também a proibição de novas licenças para o local. Eles também entraram com uma liminar para que os efeitos da licença prévia sejam imediatamente suspensos. “A licença prévia foi concedida nos mes-mos moldes que (o projeto) foi apresenta-do. Não tivemos sequer a possibilidade de discutir o teor da licença, nossas reivindi-cações foram deixadas de lado. Se o Mi-nistério Público não entende que a licença foi mal concedida, nós entendemos que foi. E a única coisa a ser feita, agora, é pedir o cancelamento”, declarou Thaís, alegando que a área seria de proteção permanente.“Os estudos que embasaram a licença prévia foram feitos por profissionais contratados pela empresa interessada no empreendimento. Temos diversos laudos de especialistas renomados em vegetação de restinga garantindo que o local é uma Área de Proteção Permante e não comporta um empreendimento desse porte”, afi rmou a advogada.

Flávio Pettinichi

RESTINGA DE MASSAMBABA, em Arraial do Cabo: para o promotor, problema fundiário foi o mais complicado que enfrentou

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Marconi Castro

PRAIA DO PERÓ poderá receber o maior investimento turístico do estado do Rio

Mesmo com a liberação da licença prévia para todo o Reserva Peró e da licença de instalação para o Club Med, ainda não há sinais de obras no local, cujo o início chegou a ser divulgado para agosto desse ano. Quais os motivos para o atraso?

Inúmeros procedimen-tos legais são necessários para dar inicio a um em-preendimento. As etapas estão sendo cumpridas para que se possa dar início às obras com todo o con-junto de outras licenças, aprovações, memoriais de incorporação e todos os documentos legais em ordem. Na licença prévia

constam todas as exigên-cias para a retirada da licença de instalação.

O recente processo movido por entidades ambientais de Cabo Frio na Justiça Fede-ral, pedindo o cancelamento das licenças expedidas até o momento, foi motivo de críticas feitas pelo promotor de justiça Murilo Bustama-mente. De acordo com ele, o empreendimento não deve ser aprovado ou rejeitado em um único processo, mas analisado em partes, atra-vés de cada pedido de licen-ça de instalação. O senhor concorda com o promotor? Como o senhor vê a reação dos ambientalistas?

As licenças ambien-tais emitidas pelos órgãos licenciadores exigiram minucioso trabalho técni-co de nossa parte, além de todas as exigências legais cabíveis. A Procuradoria Geral do Estado, de um

lado, e nossos advogados, de outro, estão cuidando do caso. O procedimento legal será exatamente o descrito pelo promotor do Ministério Público: cada licença de instalação será solicitada após o cum-primento das exigências impostas para tal, contidas na licença prévia. Isso so-mente será possível depois de cada projeto legal estar realizado, o que leva muito tempo.

Existe algum receio por par-te dos investidores de que o projeto seja inteiramente embargado?

Um projeto grande, inovador, corajoso fica sempre sujeito a interpre-tações. Os mecanismos legais sempre podem ser usados a critério da justiça, mas estamos planejando um empreendimento obe-decendo todos os parâme-tros legais.

RICARDO AMARALIdealizador do Projeto Peró

Os mecanismos legais sempre podem ser usados a critério da justiça

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V e l a

Copa Pé de Vento de Vela deste ano congregou mais de 50 velejadores de diversas cidades em nove etapas, realizadas de abril a dezembro, sendo quase todas na Praia das Palmeiras, em Cabo Frio. “A

ideia é diversifi car, tanto que este ano fi zemos uma etapa em Arraial do Cabo”, conta o criador do evento César Trindade.

Para ele, que destaca a ausência de apoio por parte da prefeitura de Cabo Frio em 2009, o ano foi difícil. “Mas toda a temporada que se consegue fechar é produtiva”, ressalta.

Andrea de Thuin, esposa e companheira de César na organização da regata, também faz um balanço positivo do ano. “Valeu a pena, o mais difícil foi mesmo a falta de apoio da prefeitura. Tirando a Secaf e a Guarda Marítima, nunca tivemos ajuda nenhuma. Teve uma época que a gente tinha até que abastecer o barco da guarda para eles virem. Mas agora, nem isso mais”, esclarece.

Para 2010, o calendário, programado para ter início em abril, está mantido. Nos planos dos organizadores, continua a ideia de diversifi car os locais das competições e haverá mudanças nas categorias dos barcos. A mais importante será na classe Laser. “A classe vai ser desmembrada em velas 4,7 e standard, para atender aos garotos que deixaram a classe Optimist e passaram para o Laser”, explica Andrea.

E não são poucos os jovens que têm se interessado pelo esporte. Na Copa Pé de Vento, pelo menos cinco deles chamam a atenção, sendo o talentoso e aplicado Marco Antonio Pinheiro, 13 anos, o principal destaque. Velejando com um Laser desde 2008, este ano lidera a competição na categoria, superando velejadores experientes. Nos planos, nada mais, nada menos que as Olimpíadas de 2016. “Quero treinar para as Olimpíadas, e também quero participar de competições fora daqui”, diz Marco, que já faz a cabeça dos pais para passar a frequentar uma escola de vela pro-fi ssional em Niterói.

Outro destaque é a jovem Melina Albuquerque, 13 anos. Filha de velejadores, nasceu num barco e veleja por ins-tinto. Bi-campeã da Classe Optimist na Copa Pé de Vento, Melina passou para o Laser este ano e é apontada com um dos destaques da competição. Modesta e inteligente, brinca com a conquista: “é porque sou a única menina velejando”, diz, sorrindo.

MARCO ANTÔNIO PINHEIRO

Heróis da Resistên cAo fi nal do quarto ano de competições, a Copa Pé de Vento de Vela mantém o fôlego, forma campeões e desafi a o desinteresse do poder público com a manutenção do único calendário regular de regatas de Cabo Frio.

Niete Martinez

Quero treinar para as Olimpíadas, e também quero participar de competições fora daqui

APraia das Palmeiras recebeu 8 das 9 etapas da Copa Pé de Vento

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CÉSAR TRINDADE

LUIZ JERONYMO

MELINA ALBUQUERQUE

n cia

É porque sou a única menina velejando

Crescemos e aparecemos

A ideia é diversifi car, tanto que este ano fi zemos uma etapa em Arraial do Cabo

Esporte ganhou visibilidade“Para mim a maior conquista da Copa Pé de Vento foi a visibili-

dade que deu ao esporte e que serviu de alavanca para tudo que está acontecendo com a vela agora”, afi rma César, que quer fazer as coisas devagar, investindo na base do esporte. “Um passo de cada vez, essa é a nossa ideia. Quando comecei meu pensamento era fazer uma coisa duradora, e isso acho que eu consegui. Quero ver Cabo Frio como um polo de vela”.

O presidente da Associação de Vela da Costa do Sol (Avecsol), Luiz Jeronymo, diz que o esporte cresceu em 2009. “Crescemos e aparece-mos. Realmente conseguimos evoluir. O número de velejadores está aumentando. Hoje temos 70 associados e já levamos regatas para Iguaba e São Pedro”, relata Jeronymo.

A visibilidade já começa a render frutos. “Fechamos com a prefeitura de Iguaba para fazer uma escola de vela para os alunos da rede pública. E, provavelmente, vamos fazer um escola em São Pedro também”, comemora o presidente .

A entidade, única referência do esporte em Cabo Frio, mantém uma guarderia na Praia das Palmeiras, onde também funciona uma escolinha de Vela. “Em um ano, conseguimos avançar. Muitos projetos dependem do poder público, e isso em Cabo Frio é muito difícil. Mas, sempre contamos com a iniciativa privada e parceiros como a Prolagos, que instalará um ponto de água na nossa guarderia”, fi naliza Jeronymo.

Pedro Paulo Campos

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m pequeno sobrado de arquitetura colo-nial, com dois andares e às margens do Canal Itajurú, no centro de Cabo Frio.

Esse foi o lar-doce-lar do artista plástico Carlos Scliar desde a década de 60. Nascido na cidade de Santa Maria (RS), levou sua pintura para todos os cantos do mundo, mas foi em Cabo Frio que o renomado artista passou boa parte da sua vida.

A casa se tornou um museu; são mui-tos quadros (cerca de 200), de diversos artistas como Djanira da Motta e Silva, Di Cavalcante, e até esculturas como a do austríaco Krasjberg, e muita história para

Título de obra questiona a situação da casa onde viveu o autor durante 40 anos

Texto e fotosJoão Phelipe Soares

contar. Mas em tempos de crise, o grande acervo histórico-cultural corre sérios riscos de sair da rota dos passeios pela cidade. Na entrada, janelas com problemas e falta de pintura denunciam a necessidade de reparos.

“As pessoas não sabem citar dez nomes da pintura brasileira, e aqui queremos su-prir a carência da cultura. Mas para manter isso, precisamos do tombamento da casa do Scliar, só assim podemos contar com as leis de incentivo. Como vão ajudar, investir em uma casa que não é tombada? A casa ainda é da família do Carlos Scliar, que também

C U LT U R A

E agora?

U

Antiga casa do pintor é atração turística em Cabo Frio

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quer tombá-la”, relatou a coordenadora da Casa Scliar e arquiteta Cristina Ventura.

Além dos quadros, o museu ainda conta com documentos antigos, como o de Vinícius de Moraes convidando Scliar para fazer os cartazes de uma peça na década de 50, e outros acervos. Cerca de 500 fi l-mes estão guardados no local, à espera de uma possível inauguração de uma sala de cinema com capacidade para 50 pessoas. A biblioteca tem mais de sete mil títulos, que variam entre livros e periódicos de arte contemporânea e art noveau. Segundo a bibliotecária e também coordenadora da Casa Scliar, Regina Lamenza, essa quantidade de livros ultrapassa o acervo da fundação Vieira da Silva, em Portugal.

“Ter uma tela de algum pintor é raro. Imagina ter acervos como esses juntos? O museu é o único que leva três estrelas no Guia Quatro Rodas, em toda Região dos Lagos”, comentou Cristina Ventura.

Mas as estrelas somadas pelo Guia referencial no país podem cair. São muitos reparos à serem feitos por todo o museu. Além das janelas citadas anteriormente, problemas como infi ltração nas paredes e no piso são visíveis. O telhado também precisa ser reformado.

“Nós temos um gasto mensal de R$ 8 mil com contas de luz, água, telefone, internet, segurança e material de limpeza. Nós tínhamos um monitor, mas tivemos que cortar por falta de verba. A prefeitura nos ajuda como pode, entendemos que o mundo está passando por uma crise

fi nanceira e isso nos atrapalhou também”, lamenta Ventura.

Atualmente o museu vive de doações de amigos do pintor Carlos Scliar para driblar os obstáculos encontrados no dia-a-dia, tudo para propagar a importância do trabalho deixado por ele.

Para manter isso, precisamos do tombamento da casaCRISTINA VENTURA

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R o b e r t o A r a c r iO P I N I Ã O

á quatro anos o núcleo buziano do Ins-tituto de Arquitetos do Brasil organizou um seminário para analisar o “Estilo

Búzios” na arquitetura. Profi ssionais de diversas áreas de atuação foram convidados para as palestras. A intenção era identifi car claramente as principais características do conjunto arquitetônico e paisagístico que conquista a atenção das pessoas, confron-tando o ponto de vista do morador com o do visitante, e sair do seminário com uma base teórica que ajudasse a cidade a criar leis que resguardassem a sua identidade.

Nos dois meses de preparação que ante-cederam o evento foram gravados vários depoimentos com os moradores. Entre eles, muitos arquitetos. Dos fatores extra-arquitetura, o modo de vida na península apareceu com destaque nos depoimentos, junto com a formação multicultural da sociedade que abraça habitantes de mais de cinqüenta nacionalidades e o ar cosmopolita proporcionado também pela proximidade com o Rio. No contexto arquitetônico, o gabarito, limitado em dois pavimentos em todo o território do município, foi o parâmetro urbanístico que mereceu grande destaque dos entrevistados, a principal ferramenta do processo de evolução da ocupação do solo buziano.

Os temas abordados pelos palestrantes durante o seminário examinaram e per-correram da história à geologia, ganhando contornos socioeconômicos na medida em que a propriedade e o uso da terra foram sendo debatidos e a inquietante ociosidade dos espaços urbanos provocada pelo dese-quilíbrio do fl uxo de pessoas durante o ano exposta. Foi um fi m de semana de estudos e debates, que contou com a preciosa colabo-ração do “olhar de fora” dos pesquisadores sobre a nossa realidade.

Naquele fi m de semana adquiri a com-preensão plena, como muita gente, que a maior virtude da arquitetura de Búzios não está no tipo, mas na escala, O tamanho das construções em relação ao terreno em que elas são erguidas. E que o grande problema é a informalidade cada vez maior no pro-cesso de ocupação. Longe do sistema legal representado por escrituras registradas, projetos aprovados, obras licenciadas e al-varás de habite-se, a cidade informal cresce e se desenvolve muito rápido, retirando da paisagem de Búzios características que a diferenciam das outras cidades. Também ganhou destaque na discussão os vazios urbanos representados pelas ruas que fi cam desertas na maior parte do ano. O vertigi-noso crescimento populacional que toda a Região dos Lagos vivenciou nas últimas dé-cadas, não foi capaz de reverter este quadro.

Cabo Frio do mesmo modo sofre, e muito, com a ociosidade dos seus espaços urbanos. Existe na cidade uma massa de prédios que só é ocupada na alta temporada.

Transitar em Cabo Frio por uma rua re-pleta de prédios vazios, no meio do dia ou no início da noite, desperta uma sensação incômoda de estranheza. A impressão se-guramente não é de tranquilidade, talvez um grande desconforto por estar num lugar fantasmagórico. Quem gosta de cinema vai lembrar do cenário do Blade Runner ou, mais recente, Eu sou a Lenda.

Nenhuma cidade do mundo pode se dar ao luxo de deixar vazias durante tantos meses do ano áreas tão nobres. A sociedade é a cidade. E a cidade é a rua com as suas casas, prédios e jardins. É preciso enxergar o óbvio.

Sem a presença do homem, a cidade perde o sentido da sua existência. Construir mais alto não resolve o problema. É possí-vel que agrave. O apelo comercial da vista para as belas paisagens é um atrativo que só convence o comprador, principalmente o da cobertura. A questão favorável mais importante do ponto de vista urbanístico, é que o adensamento através da verticalização aproveitando a infraestrutura existente, racionaliza o seu uso e gera economia. Por este caminho, se chega ao conceito de sustentabilidade, e aí a discussão ganha uma nova perspectiva. Neste caso, com vantagem para a construção de prédios mais altos. Mesmo assim, sem garantir a ocupação na maior parte do ano, o conceito perde a força, podendo até mesmo ser usado como argumento contrário.

O adensamento é proposto pelo poder público como medida de planejamento, a justifi cativa é que as regiões centrais da ci-dade apresentam uma infraestrutura ociosa e que a verticalização evitaria assim o cres-cimento horizontal com a expansão da peri-feria, que não apresenta infraestrutura ideal sequer para dar conta da atual população. Mas é preciso medir as consequências deste caminho também. Os impactos gerados no ambiente pela verticalização vão desde a impermeabilização total do solo, aumento da densidade demográfi ca, diminuição da insolação, até as alterações na dinâmica dos ventos e a criação de microclimas.

Construir ou não prédios mais altos é uma discussão que não deve, de forma alguma, fi car restrita aos gabinetetes da adminis-tração municipal. São muitos os contras e também os prós, e ninguém melhor do que os próprios moradodores para decidir.

H

Roberto Aracri é Arquiteto

Gabarito em Cabo Frio

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Livros

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Octavio Perelló

PÉROLAS DAS ESTANTES

VALSA NEGRA(Companhia das Letras, 2003, 240 páginas), de Patrícia Melo.

LEIA MAIS LIVROS LEIA MAIS LIVROSO QUE MUDA COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO(Nova Fronteira, 2008, 80 páginas), de Evanildo Bechara.

DICAS DE COMPRAS

“E quando várias aldeias se unem em uma única e completa comunidade, a qual possui todos os meios para bastar-se a si mesma, surge a Cidade (pólis).”(Aristóteles, Política, Martin Claret, 2007, 289 páginas)

Este é outro grande romance de quem já não é mais acusação e sim elogio chamar de “Rubem Fonseca de saias”, pela forma como domina a arte do romance noir, tal qual o mestre. Permeado de música clássica, judaísmo, paixão, sexo, psicaná-lise, crise no Oriente Médio, ataques terroristas, arte, cultura, miséria existencial e encadeamento alucinante de tramas e paranóias, Valsa Negra é mais uma obra de Patrícia Melo que se lê de arrancada, em busca da próxima frase e dos diálogos sempre inteligentes, oscilando entre a sensualidade, a fúria e o humor. Ciúme e obsessão amorosa é o fi o condutor do relacionamento do maestro e da violinista em meio à orquestração de interferências psíquicas e emocionais. A autora, que está na segunda década de carreira literária, se afi rma a cada obra.

EM NOME DO PAI E DO FILHO (Editora Futuro, 2009, 180 páginas), de Vinícius Leôncio.

Candidato à polêmica, o livro analisa como a Bíblia vê tabus do mundo mo-derno como o aborto, clonagem humana, homossexualismo, transfusão de sangue e prostituição, entre outros temas controver-sos. Fruto de mais de vinte anos de estudo bíblico, o livro recorre a trechos retirados do Livro Sagrado para provar que não há reprovação, por parte de Deus, em nenhum trecho da Bíblia, de práticas consideradas “pecaminosas” por parcela da população religiosa. A proposta do autor, advogado tributarista atuante em Minas Gerais, dedicado ao estudo do Direito Canônico, que escreveu também “A quarta fi losofi a: Jesus Cristo não pagou o tributo”, é redis-cutir as escrituras em busca de uma maior humanização do mundo, pois, segundo este, a interpretação errônea tem levado ao preconceito contra as mais diversas condições humanas.

Já que o governo brasileiro afobou-se em antecipar um “acordo” que ainda não foi adotado pelas outras partes “desinteressadas”, gastan-do muito dinheiro e criando mais confusões para a nossa língua, não dá para fugir daquela atualizada, digamos, básica. Eis uma obra simples e séria para ajudar os interes-sados.

É sempre bom indicar pontos de venda de livros, e quando se trata de obras de autores cabo-frienses ou que escrevam sobre a cidade e a região é raro prazer. É o caso da Piccola Galeria, na Rua Marechal Floriano, 319, que entre outras preciosi-dades, dispõe de títulos de Célio Guima-rães, Cláudio Machado, Luiz Carlos da Cunha Silveira e Cláudio D. C. Leal.

EsmFodmlisaaé adseamdqse

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Ernesto Lindgren (*)

P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

m 1815 o Reino Unido tomou posse da África do Sul, a rai-nha Vitória aboliu a escravidão

em 1833. Em 1860 foi instada a visitar o lugar, mas mandou o fi lho Alfred, 16 anos, que estava em visita aos Estados Unidos e Canadá. Visto andando descalço no convés do navio que o levava, a imprensa noticiou. Lá chegando manifestou desejo de fazer uma caçada e a comitiva consistiu do guia, 14 membros da tripulação do navio, 26 do governo local, 50 cavalariços, 27 carroças puxadas por bois, um fotógrafo e ajudantes “coloureds”. Milhares de Zulus conduziram para uma fazenda todo tipo de bicho e no dia 23 de agosto foram mortos “640 animais, todos maiores que um cavalo” e “milhares de outros que ninguém se importou em contar”. Satisfeito, Alfred mandou que tudo fosse distribuído entre os Zulus, declarando que “esta noite eles não passarão fome”. Foi um momento mágico: inventou o Vale Bicho, precursor da Cesta Básica. A prática de usar nativos para juntar animais para caçadas foi inaugurada. O fotógrafo registrou um momento de descanso do príncipe-inventor e de um papagaio de pirata. Marx escreveu num panfl eto que “na medida em que a classe média se ex-pande a de serviçais se expande mais rapidamente”. Nada imaginativo. Alfred sabia disso e estamos cansados de saber. Lá se vão 509 anos, mas 11/11/2009 deve ser relembrado, nosso Lula anunciando que o Brasil vive um “momento má-gico”. Histórico, alcançando um nível de “investment grade” nunca dantes experimentado. Nos últimos oito anos a classe média se expandiu, o Dólar vis-à-vis o Real se desvalorizou em mais de 25% desde o início de 2009, a entrada de dólares lembra o saque de famintos atacando um caminhão carregado de fubá e com os produtos externos se tornando mais ba-

MOMENTOS Mágicos

ratos não faz sentido nos preocuparmos com a produção industrial e agrícola. É perda de tempo produzir o que se importa pagando menos. A relação número de leitos para 10 mil habitantes nas UTI caiu de dois para menos de um, mulheres dão à luz nos saguões de hospitais, o défi cit habitacional foi de 10 para 12 milhões, todo cidadão tem a mesma probabilidade de ser atingido por uma bala perdida, o medo impera em qualquer cidade. A lista de situações em que os direitos do cidadão são ignorados é longa. A classe de serviçais aglomerou-se verticalmente mantendo-se próxima da classe a que atende. No Rio dois milhões, em São Paulo quatro e não há cidade sem favela, labirinto canudense dominada por Antô-nios Vicente Mendes Maciel. Tropa da ONU nela não entraria e o que ali se cria ali se guarda: lixo e esgoto. São coisas do momento mágico.O país teve um upgrade e a dignidade dos brasileiros um downgrade. Outro momento mágico. Parabéns Lula, que observa o mundo do seu Monte Santo, o Palácio da Alvorada, convocando reuni-ões às quais não comparece. Fica na sala alheio ao que acontece na cozinha.

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Doce selvagemFeito com frutas de Murici, uma planta típica das regiões norte e nordeste, o Licor de Murici é uma delícia selvagem que vale a pena provar. Produzido artesanalmente pelo bom baiano James Jefferson, que viaja 4.000 km, entre idae volta, para buscar as frutinhas, é vendido apenas por encomenda e custa R$ 15,00 a garrafi nha com 350 ml.Quem se interessar pela iguaria encontra James nos telefones (22) 2646-5634 ou 9255-6334, ou ainda pelo email [email protected].

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R E S U M O

Guardas ambientais de Iguaba participam de curso do IneaA guarda ambiental de Iguaba Grande participou, no início do mês, no Horto Escola Artesanal de São Pedro da Aldeia, do curso de prevenção e combate à incêndios fl orestais promovido pelo Serviço de Guarda Parques do INEA e ministrado pelo Chefe das APAs Pau Brasil e Serra da Sapeatiba, Márcio Beranger. O curso foi direcionado aos representantes das Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios de Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Iguaba e Búzios. Nos três dias do curso os participantes tiveram acesso à informação e a prática para que possam agir em um incêndio inicial.

Arte especial no convento de Cabo FrioAlunos do Departamento de Apoio à Pessoa com Defi ciência de Cabo Frio participaram da primeira Mostra Especialmente Arte, que aconteceu entre os dias 2 e 6 de dezembro no Convento Nossa Senhora dos Anjos, no centro da cidade. A exposição marca o encerramento do ano de atividades voltadas para a profi ssionalização de defi cientes auditivos, visuais, mentais e cadeirantes. O objetivo do trabalho é criar uma fonte de renda com os trabalhos manuais.

Maricá deixa de ser Região dos LagosA Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, no início do mês, três projetos de lei complementar (PLC) que incluirão os municípios de Maricá e Mesquita na região Metropolitana do estado. A inclusão de Maricá foi defendida pelos autores como uma chance de dotar a cidade de desenvolvimento urbano, a fi m de evitar a favelização. “A medida incentiva o desenvolvimento urbano planejado, principalmente nas regiões primárias e próximas aos vultosos investimentos em novas atividades econômicas, como é o caso do Comperj, o novo polo petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, no município de Itaboraí”, argumentou o deputado estadual Paulo Melo.

Eliethon Dias/Divulgação

Peças foram expostas no Convento Nossa Senhora dos Anjos

Professores protestam e escola diz que falta dinheiro até para copos d’água Fim de ano conturbado para a educação pública de Cabo Frio. Enquanto os professores da rede municipal de ensino protestam por reajuste salarial e revisão no plano de cargos e salários, algumas escolas demostram difi culdades fi nanceiras. A Escola Municipal Renato Azevedo, por exemplo, chegou a emitir bilhete pedindo aos alunos que levassem sua própria garrafa ou copo d’água. De acordo com o documento, a unidade escolar “não tem mais condições de manter o gasto com copos descartáveis”.

Bilhete pede que aluno leve o próprio copo

Pica-Pau no PTMais do que um apelido, Pica-Pau é o nome que marca a trajetória política do sindicalista Carlos Roberto da Silva. Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) na década de 80, ele agora vai assumir o comando da legenda em Arraial do Cabo com a missão de consolidar a aliança feita com o PMDB do prefeito Andinho, e promete trabalhar fi rme para ajudar o colega Cláudio Vasque Chumbinho, do PT de São Pedro da Aldeia, rumo a uma vaga na Alerj no ano que vem.

Seis anos de TribalA Associação Cultu-ral Tributo à Arte e à Liberdade (Tribal), de Cabo Frio, completou seis anos de existên-cia no último dia 7 de dezembro, com mui-tos motivos para co-memorar. Neste ano, a Tribal foi aprovada no programa “Pontos de Cultura”, do governo federal, e passará a receber incentivo fi nanceiro para tocar o projeto “Tribal sobre rodas”, que irá levar espetáculos e ativida-des culturais a todas as cidades da Região dos Lagos

Renato Proença

Reprodução

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G A L E R I A

A conhecida aquarelista SONIA MADRUGA apresenta em Búzios a exposição “Nas Águas de Búzios”, no ateliê/galeria da escultora Flory Menezes. Fazem parte da mostra telas com originais de pin ups de Brigitte Bardot que foram pintadas com águas de chuva de Paris.

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