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DETERMINANTES DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS DAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA Daniel Burman Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho, D. Sc. Rio de Janeiro Setembro de 2017

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!

DETERMINANTES DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS DAS

EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA

Daniel Burman

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho, D. Sc.

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

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Burman, Daniel

Determinantes da política de dividendos das empresas listadas

na BM&FBOVESPA / Daniel Burman – Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2017.

X, 104 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Produção, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 79-89.

1. Política de Dividendos. 2. Governança Corporativa. 3.

Finanças Corporativas. 4. Econometria.

I. Lima Filho, Roberto Ivo da Rocha II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de

Produção. III. Determinantes da política de dividendos das

empresas listadas na BM&FBOVESPA.

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! ""!

Agradecimentos Gostaria de agradecer aos meus pais, Marisa e Walter, meu irmão, Bruno, e minha avó,

Fany, por todo o amor e carinho que sempre tiveram comigo. Vocês são as razões da

minha vida e minhas maiores inspirações. Sinto-me abençoado por ter vocês como

minha família.

Agradeço também ao meu avô e melhor amigo Jayme (em memória) por ter sido tão

importante na minha vida. Todo o meu caráter foi moldado pelos seus ensinamentos e

princípios. Obrigado por nunca ter medido esforços desde o dia do meu nascimento.

Você é o meu maior exemplo de vida e sempre estará no meu coração.

Sou grato aos meus avós Sara e Moisés (em memória) pelo afeto durante o tempo em

que convivemos. Vocês também fazem parte desta conquista.

Externo ainda minha gratidão aos meu tios, primos e amigos, pelo companheirismo e

apoio. Todos vocês contribuíram muito na minha formação.

Por fim, agradeço a dois professores em particular, os quais já considero como amigos.

Ao Professor Roberto Ivo pela sua dedicação, bem como suas orientações que foram

essenciais para a elaboração do trabalho, e ao Professor João Granja, do departamento

de contabilidade da Universidade de Chicago, por despertar em mim o interesse por

finanças corporativas, e ter me permitido trabalhar sob sua supervisão em um projeto de

investigação na Booth School of Business.

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! """!

!!!!!!!!!!

"As pessoas raramente reconhecem a oportunidade porque ela surge disfarçada em trabalho árduo"

H. L. Mencken

"O investimento em conhecimento paga os melhores dividendos"

Benjamin Franklin

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

DETERMINANTES DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS DAS EMPRESAS

LISTADAS NA BM&FBOVESPA

Daniel Burman

Setembro/2017

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Curso: Engenharia de Produção

A política de dividendos corporativos vem sendo tratada como objeto de investigação

de muitas pesquisas acadêmicas ao longo dos anos. Os debates incessantes acerca do

referido tema são justificados pelas evidências empíricas divergentes, encontradas em

vários destes estudos. Lintner (1959), e Miller e Modigliani (1961) obtiveram resultados

controversos à respeito de uma possível relação entre o pagamento de dividendos e o

valor de mercado das empresas, desencadeando a formulação de muitas teorias sobre os

seus determinantes. O presente trabalho contempla o estudo dos fatores que

influenciaram a política de dividendos das companhias listadas na Bolsa de Valores de

São Paulo (BMF&FBOVESPA) entre 2011 e 2015. Empregou-se a estimação por

efeitos fixos para o tratamento dos dados em painel desbalanceado. A regressão gerada

pela metodologia de Arellano-Bond mostrou que a proporção de ativos imobilizados,

ROA, ROE e a concentração do capital votante do maior acionista afetam positivamente

o índice de payout de dividendos, enquanto que a taxa de juros de longo prazo (TJLP), o

nível de utilização da capacidade instalada (NUCI), e a concentração de direito de votos

dos três e quatro maiores acionistas provocam efeitos negativos na variável dependente.

Adotou-se ainda um modelo de regressão logística para examinar os elementos

relevantes para a tomada de decisão de distribuir ou não lucros.

Palavras-chave: Política de Dividendos, Governança Corporativa, Finanças

Corporativas, Econometria

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! #!

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

DETERMINANTS OF DIVIDEND POLICY OF COMPANIES LISTED ON THE

BM&FBOVESPA STOCK EXCHANGE

Daniel Burman

September/2017

Advisor: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Course: Industrial Engineering

The corporate dividend policy has been approached as the object of investigation of

many academic papers over the years. The incessant debates about this topic are

justified by the divergent empirical evidence found in several of these studies. Lintner

(1959), and Miller and Modigliani (1961) obtained controversial findings regarding a

possible relation between the payment of dividends and the market value of the

companies, triggering the formulation of many theories about its determinants. The

present paper contemplates the study of the factors that influenced the dividend policiy

of companies listed on the São Paulo Stock Exchange (BMF & FBOVESPA) from 2011

to 2015. Fixed-effects estimation was used for the treatment of unbalanced panel data.

The regression generated by the Arellano-Bond methodology showed that the ratio of

fixed assets, ROA, ROE and the concentration of voting capital of the major

shareholder positively affect the dividend payout ratio, while the long-term interest rate

(TJLP), the level of utilization of installed capacity (NUCI), and the concentration of

voting rights of the three and four largest shareholders have negative effects on the

dependent variable. A logistic regression model was also used to examine the relevant

elements for decision-making to distribute profits.

Keywords: Dividend Policy, Corporate Governance, Corporate Finance, Econometrics

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! #"!

SUMÁRIO

1.! INTRODUÇÃO!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%!1.1! Objetivos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&!1.2! Contribuição!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&!1.3! Justificativa!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'!1.4! Limitações!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'!1.5! Descrição dos Capítulos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(!

2.! REVISÃO DA LITERATURA!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)!2.1! Indicadores Financeiros!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)!

2.1.1! Índices de Liquidez!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*!2.1.2! Índices de Atividades!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!+!2.1.3! Índices de Endividamento!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%,!2.1.4! Índices de Mercado!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%&!2.1.5! Índices de Rentabilidade!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%'!2.1.6! Sistema Du Pont!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%*!

2.2! Política de Dividendos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%-!2.2.1! Efeito Clientela!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&,!2.2.2! Hipótese de Sinalização!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&&!2.2.3! Hipótese do Fluxo de Caixa Livre e Teoria da Agência!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&'!

2.3! Governança Corporativa!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!&)!&$(! ."#"/01/23!0!4!506"374892!:"3;47!<=43"70"=4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!',!2.5! Modelos de Dividendos!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!''!

2.5.1! Modelo de Desconto de Dividendos (DDM) de Crescimento Constante!$$$!''!2.5.2! Modelo de Walter!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'(!

&$*! >?7";48@03!A4;"214"3!0!B1C0=14;"214"3!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!'*!3.! ASPECTOS METODOLÓGICOS!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(,!

3.1! Mínimos Quadrados Generalizados!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(,!3.2! Regressão com Dados em Painel!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(%!3.3! Efeitos Fixos e Aleatórios!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!('!'$(!!!!>=077412D<21/!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(*!'$)!!!!E06=03392!526F3C";4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(*!

4.! AMOSTRA!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G!4.1! Definição da Amostra!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G!($&! H"?IC0303!0!J4="K#0"3!B1/0?01/01C03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!),!4.3! Estatísticas Descritivas!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)(!4.4! Evolução no tempo!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*,!4.5! Correlações!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*+!

5.! REGRESSÕES!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-&!6.! CONCLUSÃO!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!--!7.! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-G!

8.1! Apêndice A – Histogramas!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!G,!+$&! >?L1/";0!<!MNO?=0343!/4!>O23C=4!PC"7"Q4/4!143!E06=033@03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!%,%!

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE TABELAS ^4W074!%!M!Y2O?23"892!/4!4O23C=4!?2=!30C2=!/0!4CS4892!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!(G!^4W074!&!M!N3C4CF3C";43!/03;="C"#43!/4!4O23C=4!2="6"147!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!))!^4W074!'!M!N3C4CF3C";43!/03;="C"#43!4?I3!=0C"=4/4!/23!2SC7"0=3!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)*!^4W074!(!M!NO?=0343!;2O!?4_2SC!`!,a!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)-!^4W074!)!M!NO?=0343!;2O!?4_2SC!4;"O4!/0!%,,a!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)-!^4W074!*!M!Vb/"4!/0!?4_2SC!?2=!30C2=!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)+!^4W074!-!M!Y2O?23"892!4;"21K="4!/4!4O23C=4!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!)G!^4W074!+!M!N3C4CF3C";4!/03;="C"#4!?2=!412!/4!#4="K#07![4_2SC!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*,!^4W074!G!M!Vb/"4!?2=!412!/43!#4="K#0"3!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*&!^4W074!%,!M!V0/"414!?2=!412!/43!#4="K#0"3!/0!;21C=270!0!?=2?="0/4/0!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*&!Tabela 11 – N3C4CF3C";4!/03;="C"#4!cOb/"4d!?2=!412!/43!/0O4"3!#4="K#0"3!"1/0?01/01C03!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*+!^4W074!%&!M!V4C="Q!/0!Y2==074892!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!*G!^4W074!%'!M!E03S7C4/23!/43!E06=033@03!5"104=03!Ve7C"?743!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-(!^4W074!%(!M!E03S7C4/23!/43!E06=033@03!526F3C";43!$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$!-)!

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LISTA DE GRÁFICOS

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GLOSSÁRIO DE SIGLAS

BLUE – Best Linear Unbiased Estimator

BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias e Futuros & Bolsa de Valores de São Paulo

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CVM – Comissão de Valores Mobiliários

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa GLS – Generalized Least Square GMM – Generalized Method of Moments ICEI – Índice de Confiança do Empresário Industrial IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo JCP – Juros sobre Capital Próprio NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria OLS – Ordinary Least Squares PIB – Produto Interno bruto

ROA – Return On Assets ROE – Return On Equity ROI – Return On Investment SA – Sociedades Anônimas

TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo NASDAQ – National Association of Securities Dealers Automated Quotations NYSE – New York Stock Exchange

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1. INTRODUÇÃO

Os dividendos são concebidos como as distribuições dos lucros em ativos reais entre os

acionistas da empresa na proporção de suas propriedades (Frankfurter, Wood e Wansley,

2003). A dificuldade em entender os fatores que moldam as políticas de dividendos das

corporações, torna este assunto bastante complexo, bem como abordado de forma recorrente

na literatura acadêmica.

As primeiras discussões relacionadas ao tema surgiram em 1956, quando Lintner

constatou a relevância da política de dividendos para os investidores, considerando-a um

elemento de grande influência na valoração de mercado das empresas. Segundo o autor, os

gestores são relutantes em alterar suas políticas de distribuição de lucros, optando pela

estabilização dos índices de pagamento (payout). Desse modo, as entidades conseguiriam

minimizar o risco de no futuro serem obrigadas a cortar dividendos, uma decisão que poderia

ser mal interpretada pelos investidores e demais stakeholders externos, afetando

negativamente a precificação acionária das organizações.

Na direção oposta, Miller e Modigliani (1961) defendem que a política de dividendos é

irrelevante para a maximização da riqueza dos acionistas. Na visão dos autores, a distribuição

de lucros implica em uma desvalorização futura nas ações da companhia. Da mesma forma, a

retenção de caixa acarreta em uma posterior valorização das ações, de modo que sempre

existirá este trade-off. Todas estas argumentações são embasadas em um mercado perfeito, o

que não condiz com a realidade.

Em conformidade com Lintner, Gordon (1963) foi um dos primeiros pesquisadores a

contestar as ideias de Miller e Modigliani. Na opinião do estudioso, a política de dividendos é

de fato importante para o valor de mercado de uma firma. De acordo com a teoria do pássaro

na mão (“bird in the hand”) formulado pelo mesmo, o caráter comportamental dos

investidores é justificado pelas incertezas futuras. Os acionistas preferem receber os

dividendos hoje ao invés dos dúbios ganhos de capital futuros.

Desde então, diversas teorias e estudos têm sido desenvolvidos para examinar os

determinantes das políticas de dividendos. Nos últimos anos, especialistas têm se

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!

! &!

fundamentado na ideia de que o comportamento dos dividendos pode ser explicado pelas

teorias da agência e do ciclo de vida. Segundo Easterbrook (1984), empresas pagam

dividendos de modo a atenuar os custos decorrentes do problema principal-agente, haja vista

que uma menor retenção dos lucros implica consequentemente em uma redução no fluxo de

caixa disponível para os administradores. Além disso, Fama e French (2001) atestam que

companhias que apresentam alta lucratividade e baixa perspectiva de crescimento, são mais

propensas a pagar dividendos, enquanto que aquelas que possuem as características opostas às

mencionadas tendem a reter os fluxos de caixa.

Apesar de muitas evidências empíricas, como as mencionadas acima, terem ajudado a

desmistificar parcialmente o enigma dos dividendos, não há ainda uma total

compreensibilidade acerca deste tópico.

1.1 Objetivos

Diante do contexto apresentado, esta monografia visa determinar como são modelados

os dividendos das empresas estudadas durante o período de 2011 à 2015. Como objetivo

secundário, busca-se identificar a existência de correlação entre suas respectivas estruturas de

controle e propriedade e as políticas de distribuição de lucros.

1.2 Contribuição

Como já relatado na seção introdutória, a política de dividendos é um tópico bastante

explorado e discutido no âmbito das finanças corporativas, principalmente devido à

divergência de alguns resultados encontrados. Miller e Modigliani (1961) formularam o

teorema de irrelevância dos dividendos, o qual diz que a política de dividendos é irrelevante

para o valor da empresa quando as condições de mercado são perfeitas e os investimentos são

mantidos constantes. Este pensamento contrapõe-se aos estudos de Lintner (1965), e Allen e

Michaely (2003), os quais indicam a existência de padrões na distribuição de dividendos ao

revelarem que os índices de pagamento de dividendos não decresciam mesmo com o aumento

de recompras de ações, comprovando, assim, a importância dos mesmos para as instituições,

gestores e órgãos reguladores do mercado.

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!

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Outro exemplo de inconsistência presente na literatura reside na teoria de sinalização, a

qual enfatiza o conteúdo informativo da declaração da distribuição ou não de dividendos.

Bhattacharya (1979), John e Williams (1985), e Miller e Rock (1985) sugerem uma forte

associação entre a precificação acionária e a política de distribuição de proventos. Entretanto,

esta proposição é refutada pelas pesquisas de Watts (1973) e de Benartzi, Michaely e Thaler

(1997), na qual concluiu-se que as mudanças de dividendos não são necessariamente

indicativos de alterações nos lucros futuros.

Portanto, em razão da falta de consenso entre os principais estudiosos deste campo de

pesquisa, julga-se interessante a elaboração de um novo trabalho sobre o referido tema, de

modo a trazer outras discussões à tona, assim como, possivelmente, descobertas instigantes.

1.3 Justificativa

A distribuição dos lucros entre os acionistas é considerada uma prática de grande valia

para as companhias, funcionando como um importante mecanismo de captação e manutenção

de novos investidores. Um dos principais fatores fomentadores para a escolha deste tema foi a

necessidade de atualizar a literatura nacional. Diferentemente de muitos trabalhos sobre a

política de dividendos no Brasil, o presente projeto analisará também a influência de fatores

macroeconômicos no índice payout, não restringindo-se apenas ao estudo das variáveis

empresariais tradicionais. Deve-se ainda salientar a dicotomia legislativa e tributária no que

concerne ao pagamento de dividendos entre os Estados Unidos e Inglaterra, países que

apresentaram estudos de destaques nesta linha, e o Brasil, foco do artigo. Uma das principais

diferenças compreende a imposição legal do pagamento de dividendos mínimos obrigatórios

que existe no Brasil.

1.4 Limitações

Este projeto de investigação está restrito apenas às empresas nacionais que negociaram

suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&FBOVESPA) entre 2011 e 2015.

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!

! (!

1.5 Descrição dos Capítulos

Além da parte inicial introdutória, este trabalho está estrutura em mais 5 capítulos. No

capítulo 2 será realizada uma revisão da literatura, de modo a enriquecer o referencial teórico

do presente trabalho. Os principais conceitos referentes aos indicadores financeiros, políticas

e modelos de dividendos, e de governança corporativa serão expostos. Trabalhos recentes,

nacionais e internacionais, relacionados ao tema em questão, também serão retratados. O

capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada, justificando como se dará o tratamento dos

dados para a criação do modelo econométrico. No capítulo 4 será definida a amostra,

apresentando as estatística descritivas, a análise temporal, além da matriz de correlação das

variáveis do estudo. No capítulo 5, encontram-se detalhados os principais resultados das

regressões. No capítulo 6, estão resumidas as descobertas inerentes à este projeto,

averiguando, assim, a conformidade ou não com as evidências empíricas da literatura. No

capítulo 7 serão documentadas todas as referências bibliográficas que foram empregadas no

trabalho, enquanto que no capítulo 8 exibe-se os apêndices do trabalho.

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!

! )!

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Indicadores Financeiros

As informações mais relevantes dos balanços contábeis são interpretados de maneira

mais clara e precisa a partir da determinação dos indicadores financeiros, instrumentos que

auxiliam a tomada de decisão dos gestores, especialmente em relação à qual tipo de política

de dividendos assumir, na medida em que permitem a avaliação da performance, assim como

da eficiência da gestão do negócio.

Segundo Assaf Neto (2006, págs. 103 e 104), “a análise das demonstrações financeiras

visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em

determinado período do passado, para diagnosticar, em consequência, sua posição atual e

produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras”.

“A análise por índices compreende o cálculo de quocientes resultado do inter-

relacionamento dos saldos das diversas contas das demonstrações contábeis. Por

meio de quocientes calculados, denotados na forma decimal ou percentual,

associados a outras técnicas de análise, além de informações setoriais e conjunturais,

o analista procurará interpretar os números obtidos e vislumbrar qual a perspectiva

do desempenho futuro da empresa” (SECURATO, 2000, pág. 76 apud NETO e

SÉRGIO, 2009, pág. 91).

De acordo com Assaf Neto (2001, pág. 55), um indicador não deve ser julgado

isoladamente, uma vez que o mesmo, sozinho, não irá fornecer informações que representem

a real solidez financeira da organização. É necessário comparar a evolução dos resultados das

empresas e de seus concorrentes ao longo dos anos, para que, assim, seja possível obter um

retrato mais condizente com a realidade econômico-financeira das companhias. Para uma

análise ainda mais completa e conclusiva, Costa, Limeira, Gonçalves e Carvalho (2011)

sugerem que as condições setoriais e macroeconômicas sejam consideradas.

Segundo Gitman (2004), os principais indicadores financeiros são categorizados em 5

(cinco) grupos: liquidez, atividade, endividamento, valor de mercado e rentabilidade.

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!

! *!

2.1.1 Índices de Liquidez

Conforme Limeira et al. (2010, pág. 34), “os índices de liquidez apontam a capacidade

financeira da empresa para honrar os compromissos com terceiros. Evidenciam quanto a

empresa dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo período”.

Assim, é razoável pensar que firmas com maiores liquidez possuem uma boa saúde

financeira. Porém, Damodaran (2004) interpreta que um índice de liquidez muito alto pode

também sinalizar que a corporação está enfrentando problemas diminuindo seu estoque, ou

seja, dificuldades em conseguir mais fundos para o seu capital de giro líquido.

2.1.1.1 Liquidez Corrente

O índice de Liquidez Corrente reflete a capacidade da empresa em saldar suas dívidas

no curto prazo. Este é calculado pela divisão do ativo circulante pelo passivo circulante.

Marion (2009, pág. 38) pondera que a análise deste indicador possui algumas limitações: (1) o

índice não revela a qualidade dos itens no Ativo Circulante; (2) o índice não aponta a

sincronização entre recebimento e pagamento, ou seja, por meio dele não identificamos se os

recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas vincendas; (3) o índice pode estar

distorcido em razão dos critérios para avaliação dos estoques.

2.1.1.2 Liquidez Seca

Para a obtenção do índice de Liquidez Seca, exclui-se o estoque do cálculo. É um índice

considerado mais rigoroso, pois o Estoque é o ativo circulante menos líquido, ou seja, que

apresenta maior dificuldade em se transformar em caixa. O seu resultado, portanto, indica

qual o nível de dependência da empresa com a realização de seu estoque para o cumprimento

de suas obrigações no curto prazo.

2.1.1.3 Liquidez Imediata

Como o próprio nome sugere, este indicador mede a capacidade de pagamento sobre o

Passivo Circulante, contabilizando apenas os ativos de tesouraria. Em outras palavras, este

índice trabalha somente com as contas disponíveis de forma imediata, tais como: caixa,

bancos e aplicações financeiras.

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!

! -!

2.1.1.4 Liquidez Geral

A Liquidez Geral, diferentemente dos 3 (três) índices citados anteriormente, leva em

consideração todos os ativos realizáveis, sejam de curto ou longo prazo, para a quitação de

todas as exigibilidades. O quadro 1 apresenta um resumo de todos estes índices de liquidez,

com suas respectivas fórmulas e análises.

!Índice de Liquidez Fórmula Análise Referência

Liquidez Corrente

(LC)!

!"#$%!!"#$%&'()*!"##$%&!!"#$%&'()*!

“Para um credor – especialmente um de curto

prazo, como um fornecedor – quanto maior o índice de

liquidez corrente melhor. Para a empresa, um índice de liquidez

corrente alto indica liquidez, mas também pode indicar um uso ineficiente do caixa e de outros ativos de curto prazo”

Ross, Westerfield, Jordan e Lamb (2013, pág. 61)

Liquidez Seca (LS)!

!"#$%!!"#$%&'()* ! !"#$%&'!"##$%&!!"#$%&'()* !

“Índice de liquidez seca alto implica menos risco da empresa experimentar uma falta de caixa

em um futuro próximo”

Berk, DeMarzo, Harford

(2010, pág. 65)

Liquidez Imediata

(LI)

!"#$%&"'"(")*)+!"##$%&!!"#$%&'()*

“ Em um cenário de retração econômica, a empresa deve

manter uma margem de segurança nesse índice para

garantir seus pagamentos sem necessidade de crédito. Já em um cenário de aquecimento

econômico, a empresa poderá concentrar suas disponibilidades

em estoques e duplicatas para atingir uma maior lucratividade”

Debastiani e Russo (2008, pág. 83)

Liquidez Geral (LG)

!"#$%!!"#$%&'()* ! !"#$%&!!"#!!"!"##$%&!!"#$%&'()* ! !"#$!!"#!!"

“Podemos dizer que este indicador não dá uma

informação relevante. Isso porque o perfil de longo prazo pode ser variável. Aceitam-se

indicadores abaixo de 1,00 porque, para a maioria das

empresas, o exigível a longo prazo pode ser amortizado em

vários anos”

Padoveze (2004, pág. 163)

!

Quadro 1 – Índices de Liquidez

Fonte: O autor (2017)

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!

! +!

2.1.2 Índices de Atividades

Os índices de atividades mensuram as durações de um ciclo operacional, fornecendo

informações referentes à liquidez e rentabilidade da empresa, a partir da determinação do

tempo que a mesma leva para obter o retorno de suas vendas, efetuar o pagamento de suas

compras e renovar seus estoque.

2.1.2.1 Prazo Médio de Recebimento

De acordo com Pereira (2009, pág. 47), “o prazo médio de recebimento compreende o

tempo que decorre entre o momento em que a venda ocorre e o seu efetivo recebimento”.

2.1.2.2 Prazo Médio de Pagamento

O prazo médio de pagamento representa a média de dias que a empresa dispõe para

realizar o pagamento de suas contas (duplicatas, títulos, etc...), atendendo todas suas

obrigações junto aos fornecedores e outros credores.

2.1.2.3 Prazo Médio de Estoques

O prazo médio de estoques mostra o período compreendido entre a aquisição de matéria

prima e a venda dos bens, isto é, a duração com que o estoque é renovado.

2.1.2.4 Giro de Estoques

O giro de estoque, também denominado de rotação de estoque, denota a quantidade de

vezes que o estoque é renovado durante certo período contábil.

2.1.2.5 Giro do Ativo Total

Santos (2012) declara que o giro do ativo revela a competência com que a empresa

utiliza seus ativos na geração de receita.

!!

!

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!

! G!

Índice de Atividade Fórmula Análise Referência

Prazo Médio de

Recebimento (PMR)

!"#$%&!!!!"#"$"%!"#$%&!!"#$%&

!"#!

!

“Reflete a política adotada junto aos clientes e é representado pelo prazo média (em dias)

dos principais clientes e das vendas mais relevantes. Em princípio, quanto menor este prazo, melhor; mas deve-se analisar também

o custo financeiro embutido na compra prazo”

Kassai (1997, pág. 14)

Prazo Médio de Pagamento

(PMP)

!"#$%&!!!!"#"$!"#$%&'!!!!"#"$

!"#!

!

“ O prazo Médio de Pagamento só é significativo em comparação com as

condições médias de crédito concedidas pelo empreendimento. Em termos de liquidez, é saudável uma dilatação do Prazo Médio de

Pagamento, sem entretanto cometer exageros. Quanto mais dilatado for o prazo obtido junto

aos fornecedores, maior será o ônus financeiro por aplicação deste capital”

Salim, Salim, Ferreira (2011)

Prazo Médio de Estoques

(PME)

!"#$%&'!"#$%!!"#$%&#!!"#$%$&

!"#!

!

“ O prazo médio de estocagem deve refletir a política de estoques da empresa. Caso o

prazo médio de estocagem seja superior ao estabelecido, é um indicativo de que existe estoque em demasia em relação ao volume

atual de vendas”

Padoveze (2004, pág. 87)

Giro de Estoques

!"#$%!!"#!!"#$%&#'!!"#$%$&'!"#$%&' !

“ Comparando as médias industriais, um baixo giro pode indicar excesso de estoque,

sinal pouco salutar, pois esses excessos representam um investimento com uma taxa de retorno baixa ou nenhuma taxa de retorno

e também porque tornam a empresa mais vulnerável à queda de preços. Uma contínua queda no giro do estoque, em comparação a períodos anteriores, pode revelar ausência de

uma política de vendas suficientemente agressiva ou compras ineficientes”

Downes, Goodman (1993,

pág. 245)

Giro do Ativo Total

!"#$%&!"#$%!!"#$%!

!

“ (...) quanto mais alto o índice de giro do ativo total e mais baixo o índice de

intensidade do capital, mais eficiente é a gestão de ativos no geral. No entanto, se o

índice de giro do ativo total é extremamente alto e o índice de intensidade do capital é extremamente baixo, a empresa poderá realmente ter um problema em relação a

gestão de ativos”

Cornett, Adair, Nofsinger

(2013, pág. 51)

Quadro 2 – Índices de Atividade

Fonte: O autor (2017) !!

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!

! %,!

2.1.3 Índices de Endividamento

Estes índices retratam a situação patrimonial de uma organização, apontando o seu grau

de endividamento. Os mesmos estabelecem em que proporção os recursos próprios e capitais

de terceiros são utilizados para o financiamento dos ativos. De acordo com o estudo de Rajan

e Zingales (1995) apud Brealey, Myers e Allen (2013, pág. 427), os índices de endividamento

são dependentes de 4 (quatro) elementos principais:

1. Tamanho: As grandes empresas tendem a ter índices de endividamento maiores.

2. Ativos tangíveis: As empresas com elevados índices de ativos fixos sobre os ativos

totais têm índices de endividamento maiores.

3. Lucratividade: As empresas mais lucrativas tendem a ter índices de endividamento

menores.

4. Índice valor de mercado-valor contábil: As empresas com índices mais elevados entre

o valor de mercado e o valor contábil têm índices de endividamento menores.

2.1.3.1 Índice de Endividamento Geral

O endividamento geral expõe a necessidade da instituição em recorrer aos credores para

a capitalização de recursos. De forma simplificada, esta medida identifica a proporção de

ativos obtidos junto ao capital de terceiros.

2.1.3.2 Índice de Cobertura de Juros

O índice de cobertura de juros quantifica a capacidade da entidade em liquidar os juros

contratuais. Damodaran (2004) manifesta a existência de correlação significativa entre o

índice de cobertura de juros e: (1) classificações de títulos; (2) índice de cobertura de dívida;

(3) índices de fluxo de fundos.

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!

! %%!

2.1.3.3 Composição do Endividamento

A composição do endividamento exibe um panorama de todas as obrigatoriedades a

serem cumpridas pela companhia, assinalando a proporção de dívidas que devem ser

atendidas no curto prazo e no longo prazo. Logo, este índice descreve como é estruturada a

política de captação de recursos de terceiros.

!Índice de

Endividamento Fórmula Análise Referência

Endividamento Geral !"##$%&!!"#$%!"#$%!!"#$% !

!

“Quanto maior for este índice, maior será o montante de capital

de terceiros, que vem sendo utilizado para gerar lucros”

Gitman (1997, pág.117)

Cobertura de Juros

!"#$!"#$%!

!

“Quanto mais altos os índices de cobertura de juros, de cobertura de obrigações fixas e de cobertura de

caixa, mais capital próprio e menos dívida o postulante usa para

financiar seus ativos. Assim, os níveis baixos de dívida levarão à

diluição do retorno para os acionistas, devido a um aumento maior no uso de capital próprio, e ao não aproveitamento da dedução

fiscal da despesa de juros”

Cornett, Adair, Nofsinger (2013,

pág. 55)

Composição do Endividamento

!"##$%&!!"#$%&'()*!!"##$%&!!"#$%&'()* ! !!!!!"#$%&'()*!

“Admite-se que quanto maior a concentração de endividamento no

curto prazo, maior será o risco oferecido pela empresa a seus credores. Por outro lado, um

endividamento com perfil de longo prazo, principalmente para o financiamento do ativo não

circulante, propicia à empresa situação mais confortável, podendo

sinalizar, portanto, eficiente política de captação de recursos”

Limeira, Silva, Vieira, Silva

(2015)

!

Quadro 3 – Índices de Endividamento

Fonte: O autor (2017) !!!!!!

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!

! %&!

2.1.4 Índices de Mercado

Os índices de valor de mercado vinculam a precificação acionária de uma firma com

sua rentabilidade, valor patrimonial e fluxo de caixa. Seus resultados possibilitam realizar

comparações entre os valores das ações de diferentes corporações. A sua análise é essencial

para os investidores, uma vez que permite aos mesmos a aferição das empresas sob aspectos

de risco e retorno.

2.1.4.1 Índice Preço por Lucro (P/L)

Este múltiplo mede o quanto os investidores estão dispostos a pagar por unidade

monetária do lucro corrente. Agentes de mercado selecionam as ações a partir destes

indicadores, que trazem informações referente aos seus custos e rendimentos.

2.1.4.2 Índice Preço por Valor Patrimonial (P/VP)

O preço por valor patrimonial é um indicador que dá suporte às decisões dos

investidores, visto que estabelece uma comparação entre as cotações das ações e o quanto os

acionistas estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da empresa.

!

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Índice de Mercado Fórmula Análise Referência

Preço por Lucro (P/L)

!"#!!!!"!!"#$%&'!!"!!!"!!"#$%!!"#$!"!

!

“Um índice preço-lucro alto significa que os investidores estejam dispostos a pagar um prêmio pelas ações da empresa – isso porque, ao certo, espera-se que os lucros

da empresa tenham um crescimento futuro mais alto que a média. Ao

contrário, se os investidores acreditarem que as perspectivas de crescimento dos

lucros futuros de uma empresa são restritas, o índice preço-lucro seria

relativamente baixo”

Garrison, Noreen, Brewer

(2013, pág.681)

Preço por Valor Patrimonial

(P/VP)

!"#$!"!!!"!!!"!!"#$%!!"#$%&'(%")!!"!!!"!!

“A situação ideal para esse indicador é que seu valor seja maior que 1,

denunciando a existência do ágio nas negociações. Porém, um P/VP muito

elevado pode representar risco ao investimento, indicando valorização

especulativa sem amparo nos fundamentos da empresa”

Debastiani e Russo (2008, pág. 97)

!

Quadro 4 – Índices de Mercado

Fonte: O autor (2017) !!

2.1.5 Índices de Rentabilidade

A performance de uma companhia também pode ser constatada através dos índices de

rentabilidade, os quais demonstram a eficácia da mesma no que tange a aplicação de ativos

para geração de resultados. De forma resumida, os índices de rentabilidade mensuram o

retorno do capital investido na empresa, mostrando em que condições atinge-se ou não a

lucratividade.

2.1.5.1 Margem Líquida

Expressa a relação entre o lucro líquido da empresa e suas vendas líquidas. É um

indicador que traduz a eficiência e viabilidade de um negócio.

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!

! %(!

2.1.5.2 Lucro por Ação

Corresponde ao lucro líquido de cada ação ordinária emitida pela companhia. Deve-se

atentar que a fórmula que expressa este índice, considera apenas o montante disponível aos

acionistas ordinários, ou seja, o lucro corrente deduzido dos dividendos preferenciais.

2.1.5.3 Retorno sobre o Ativo Total (ROA)

Povoa (2008, pág. 53) explica que “o ROA mensura a rentabilidade dos recursos

aplicados pelos acionistas e credores da empresa. O indicador deve ser sempre comparado ao

chamado custo de capital, que é a média ponderada entre o custo da dívida e o custo de capital

próprio”.

De acordo com Wernke (2008, págs. 284 e 285) apud Vieira et al (2011), a análise do

ROA apresenta os seguintes benefícios: (1) identificação de como a margem de lucro aumenta

ou se deteriora; (2) a possibilidade de medir a eficiência dos ativos permanentes em produzir

vendas; (3) possibilidade de avaliar a gestão do capital de giro por intermédio de indicadores

mensurados em dias; (4) faculta o estabelecimento de medidas que aferem a habilidade do

gestor para controlar custos e despesas em função do volume de vendas; (5) propicia a

comparação das medidas de eficiência citadas anteriormente e estabelece o patamar máximo

de custo de captação de recursos que a empresa pode suportar.

2.1.5.4 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)

Também conhecido como Retorno do Capital Próprio, o ROE delineia a capacidade da

organização na geração de resultados sobre o capital investido. Mauad (2015) afirma que o

ROE, assim como o ROA, deve ser analisado de forma comparativa, levando em

consideração os concorrentes e os relatórios contábeis anteriores da companhia.

2.1.5.5 Retorno sobre o Investimento (ROI)

Os resultados financeiros resultantes de determinados investimentos são medidos

através do ROI. Isto é, esta métrica examina o custo benefício destes investimentos,

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!

! %)!

comparando os custos incorridos destas aplicações financeiras com os rendimentos

provenientes das mesmas.

!!

Índice de Rentabilidade Fórmula Análise Referência

Margem Líquida

!"#$%!!!!"#$%!"#"$%&!!"#$%&'()%*!!!!"#$%!

!

“ O gestor deve estar muito atento a esse indicador, pois a sua

evolução no sentido positivo é de fundamental importância para o fortalecimento da empresa. A

geração de despesas e/ou custos, sem o aumento proporcional de

receita, acarretará perdas de resultado e, por consequência,

“enfraquecimento” da empresa”

Galvão et al (2007, pág. 75)

Lucro por Ação (LPA)

!"#$%!!!!"#$%!!!"#$!!"!!!"!"!

!

“Do ponto de vista do acionista, um aumento fixo nos lucros por ação é uma boa medida de uma

empresa bem-sucedida”

Markham (2005, pág. 359)

Retorno do Ativo Total (ROA)

!"#$%!!!!"#$%!"#$%!!"#$% !

!

“Casos de ROA ou ROE negativos significam prejuízo no balanço do ano corrente, e revelam não estar a empresa usando adequadamente os recursos nela investidos. Tanto o

ROA quanto o ROE de uma empresa devem ser superiores à taxa de juros livre de risco, para

manter a atratividade do investimento na ação e cobrir os custos de oportunidade para os

acionistas. Quando uma empresa apresenta um ROA ou ROE abaixo da taxa de juros livre de risco não estará gerando lucros satisfatórios dado o nível de sua dívida e nem remunerando adequadamente o

capital investido pelos acionistas, dado o seu nível de risco”

Mauad (2015, pág. 92)

Retorno do Capital Próprio (ROE)

!"#$%!!!!"#$%!"#$%&!!"#!!!!"#$%!

!

Retorno sobre o Investimento (ROI)

!"#$%!!!!"#$%!"#$%&'($"&) !

!

“Com a análise do ROI a empresa verifica suas diferentes linhas de produtos e verifica onde o capital está sendo empregado com maior

eficiência, além de poder fazer uma aplicação balanceada do capital para alcançar um lucro

global maior”

Chiaventato (2007, pág. 348)

Quadro 5 – Índices de Rentabilidade

Fonte: O autor (2017)

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!

! %*!

2.1.6 Sistema Du Pont

O sistema Du Pont é utilizado para analisar de forma mais criteriosa o ROA e o ROE,

reconhecendo os fatores responsáveis por eventuais variações nestes índices de rentabilidade.

Póvoa (2012) entende que o desmembramento destes indicadores pelo Sistema Du Pont

proporciona uma melhor compreensão do perfil de lucratividade de uma companhia.

Seu conceito é expresso pela seguinte equação (1):

!"# ! !"#!! ! !"#$%&%"'(!"#$%&!!"#!!!!"#$% (1)

Esta fórmula principal é decomposta da seguinte maneira (2):

!"# ! !"#$%!!!"!!"#$%!!!!!"#$!!"!!"#$%!!"!#$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!"#$%&#%'()*+!!"!!"#$%&!!"#!!!!"#$%!

Assim, o ROE pode ser calculado por meio de 3 elementos principais, que representam

a eficiência operacional e no uso dos ativos, além da alavancagem financeira.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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!

! %-!

2.2 Política de Dividendos

Baker (2009) define a política de dividendos como a diretriz de pagamento que uma

empresa segue para determinar o tamanho e padrão da distribuição de caixa aos acionistas ao

longo do tempo. De acordo com Damodaran (2002), esta política, juntamente com as de

investimento e de financiamento, compreendem a base para as decisões pertinentes à esfera

das finanças corporativas.

Os debates sobre as tendências e comportamentos dos dividendos corporativos foram

enfatizados a partir das investigações de 3 (três) principais doutrinas. A primeira delas diz

respeito à Teoria de irrelevância dos dividendos, apoiada na hipótese de Miller e Modigliani

(1961). Os autores afirmam que o pagamento de dividendos não influencia na valoração da

empresa, sendo portanto irrelevantes. Em outras palavras, a riqueza dos acionistas é

dependente dos lucros da empresa, que por sua vez provém de sua respectiva política de

investimento ao invés da política de dividendo. Estes argumentos sustentam-se em um cenário

econômico ideal, caracterizado pelos seguintes pressupostos assumidos:

1. Mercado de capitais perfeito: Os preços das ações e títulos de valores mobiliários não

são impactados pelos agentes de mercado; O acesso às informações concernente as

ações é igualmente disponibilizado e de forma gratuita à todos os interessados; A

comercialização de ações não ocasiona custos de transição; Não há distinção de

tributação entre lucros distribuídos e retidos ou entre dividendos e ganhos de capital.

2. Comportamento racional: Para os investidores, quanto mais riqueza melhor,

independente se o ganho adicional é sob a forma de pagamento em dinheiro ou na

valorização das ações.

3. “Certeza perfeita”: Não há risco de incerteza em relação aos futuros programas de

investimentos e os futuros lucros das empresas.

Assim, o modelo de valuation formulado por Miller e Modigliani (1961) não inclui os

efeitos das decisões de dividendos, considerando apenas os níveis de investimento e a receita

líquida da empresa, conforme a equação 3:

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!

! %+!

!! ! ! !!!!! ! !!! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!! (3)

Onde:

!! ! – Valor da empresa no período t

! ! – Investimento da empresa no período t

! ! – Receita Líquida no período t

! - Taxa Interna de Retorno

Contrário à esta ideia, Lintner (1956) estudou 28 empresas dos Estados Unidos e

observou a existência de padrões e regras claras na determinação da política de dividendos,

sendo esta parametrizada por 2 (dois) elementos principais: O Índice de Pagamento dos

Dividendos (Lucro Líquido/Dividendos) e a velocidade com que os mesmos ajustam-se a

meta. O autor pode constatar que os acionistas preferem a estabilidade dos dividendos e que o

lucro corresponde o determinante mais relevante para qualquer alteração na distribuição de

dividendos. A modificação de fato ocorrerá somente quando os lucros atingirem níveis

sustentáveis. Além disso, o artigo evidencia a priorização da política de dividendos em

detrimentos das demais decisões competentes à uma entidade.

Gordon (1959/1963) foi mais um pesquisador a apoiar a teoria de relevância de

dividendos, na qual afirma que o incremento no pagamento de dividendos pode propiciar um

aumento no valor de mercado da empresa, devido à redução do custo de capital. O autor ainda

acredita que a distribuição de lucros é uma forma de sinalizar ao mercado que a corporação

possui uma situação financeira favorável. Desse modo, a mesma tende a obter um rating

maior, facilitando, consequentemente, a arrecadação de capital ou o recebimento de

empréstimos junto às instituições financeiras credoras. Gordon (1963) também sugere a

preferência dos investidores em receber seus dividendos no presente momento, em relação

aos potencias ganhos futuros do capital investido, por causa da incerteza associada à esta

possível valorização. Este argumento constitui o princípio da Teoria do Pássaro na Mão

(“Bird in the Hand”), desenvolvida pelo referido autor, em conjunto com Lintner (1962).

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Outra vertente de pensamento sobre os efeitos dos dividendos é sintetizada pelas

descobertas de Damodaran (1999). O autor mostra que as políticas de dividendos se

comportam de acordo com o ciclo de vida das firmas. As empresas são suscetíveis a não

pagar dividendos durante a fase de expansão rápido, enquanto que no estágio de maturidade

os mesmos tendem a aumentar. A etapa de declínio, por sua vez, é caracterizada pelo uso de

dividendos especiais, bem como pela recompra de ações. Damodaran (1999) também verifica

que a distribuição de maiores dividendos minimiza a valorização das ações, por causa das

suas implicações fiscais e tributárias para os investidores que os recebem.

Diante das concepções divergentes sobre as políticas de dividendos, muitas outras

teorias e hipóteses, ao longo dos últimos anos, foram criadas com o intuito de solucionar o

“Dividend Puzzle1”. Estas explicações serão detalhadas a seguir.

!!!!!!!!!!!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1 Artigo escrito por F. Black (1976) em que é exposta a ideia de que os investidores não necessitam de dividendos como incentivo para comprar ações em uma companhia. Diante da ausência de explicações para tal fato, o autor compara a questão dos dividendos com um quebra-cabeça/enigma. !

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2.2.1 Efeito Clientela

Esta hipótese baseia-se na premissa de Miller e Modigliani (1961), a qual diz que as

companhias atraem investidores que possuem preferências condizentes com a política de

dividendos das mesmas. Investidores tendem a direcionar seus recursos em firmas que

apresentem uma filosofia e intensidade de distribuição de fluxo de caixa que atendam às suas

expectativas. Elton e Gruber (1970) foram um dos precursores a demonstrarem a veracidade

desta teoria. As seguintes hipóteses foram testadas e aceitas estatisticamente por eles:

1. “Quanto menor for o rendimento do dividendo (dividend yield) de uma empresa,

menor será a porcentagem de seu retorno total que um acionista espera receber sob a

forma de dividendos e maior será o percentual que ele espera receber na forma de

ganhos de capitais.” (Tradução do autor, pág 68-74)

2. “Empresas que exercem um maior payout são propensas a atrair investidores que estão

situados em uma faixa de tributação na pessoa física relativamente mais baixa do que

as empresas que apresentam um baixo payout.” (Tradução do autor, pág 68-74)

Alguns questionamentos sobre o referido trabalho foram levantados em estudos

posteriores. Kalay (1982) considera os custos de transação decorrentes da negociação das

ações como fatores responsáveis pela queda do preço das ações na data ex dividendos,

negando que tal fato tenha qualquer relação com o efeito da tributação. Na pesquisa de Bali e

Hite (1988) esta queda é explicada pelas imposição de microestruturas de mercado.

Milonas e Travlos (2001) analisaram a bolsa de valores de Atenas, onde não há nenhum

tipo de incidência tributária sob dividendos e ganhos de capital. Os autores averiguaram que

no dia ex dividendos, os preços das ações caíram menos do que os dividendos pagos, o que

também gerou indagações sobre as conclusões de Elton e Gruber (1970).

Pettit (1977) encontrou evidências empíricas que corroboram o efeito clientela. Através

de uma base de mais de 900 portfólios de ações de investidores americanos, o autor sustenta a

existência de diferentes perfis de investidores no mercado. Aqueles mais idosos, menos

avessos ao ricos e de classe social mais baixa possuem predileção pelo pagamento de altos

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payouts. Já os investidores mais jovens e pertencentes a classes sociais mais altas, tendem a

selecionar empresas com menores níveis de dividendos.

Conforme as descrições anteriores, ainda não há unanimidade entre os estudiosos no

que tange a autenticidade do efeito clientela. O quadro 6 resume as conclusões de alguns

outros importante estudos realizados neste campo particular.

!!

Autor Artigo Conclusões

F. Black e M. Scholes (1974)

“The effects of dividend yield and dividend

policy on common stock prices and returns”

Não há distinção entre os retornos esperados sobre as ações que pagam elevados rendimentos em dividendos e os

retornos esperados das que pagam baixos rendimentos em dividendos. Ou seja, a hipótese de que há alguma relação

estatisticamente significante entre o rendimento em dividendos e o retorno dos títulos é refutada.

S.Abrutyn e R.W. Turner (1990)

“Taxes and firms’ dividend policies:

survey results”

Os questionários respondidos pelos CEO’s de 550 importantes firmas dos EUA indicam que o comportamento dos dividendos não pode ser explicado pelas teoria do efeito

clientela, custos de agência, sinalizações, entre outras clássicas

R. Michaely (1991)

“Ex-dividend Day Stock Price Behavior: The

Case of the 1986 Tax Reform Act”

O comportamento dos preços das ações de ex-dividendo não são afetadas pelas alterações das taxas de impostos entre dividendos e os rendimentos de ganho de capital, para

investidores individuais de longo prazo

F. Allen, A. Bernardo, e I. Welch (2000)

“A theory of dividends based on tax clientele”

Empresas que pagam dividendos atraem mais investidores/instituições, assim como apresentam um

desempenho melhor

!

Quadro 6 – Artigos sobre o Efeito Clientela

Fonte: O autor (2017) !

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2.2.2 Hipótese de Sinalização

Uma falha de mercado apontada por Akerlof (1970) é a chamada assimetria de

informação. A alta gerência, por estar envolvida no cotidiano da empresa, tem informações

mais privilegiadas sobre a situação financeira da mesma, em comparação com os acionistas.

De acordo com a hipótese de sinalização, os dividendos possuem caráter informacional

ao mercado, correspondendo um reflexo da performance e sustentabilidade financeira das

instituições. Segundo Bhattacharya (1979), Miller e Rock (1985) e John e Williams (1985),

um aumentos no pagamento dos dividendos seriam um prenúncio de um cenário positivo

quanto aos lucros futuros das mesmas, trazendo uma posterior valorização das ações. Da

mesma forma, reduções ou cortes dos dividendos poderiam ser interpretados como uma

perspectiva de baixa rentabilidade da corporação, resultando na diminuição dos preços das

ações. Os estudos de Amihud e Murgia (1997), e Nissim e Ziv (2001) também confirmaram o

poder de transmissão de informação dos dividendos ao identificarem uma relação positiva

entre os mesmos e os lucros futuros.

Em contrapartida, Grullon, Michaely e Swaminathan (2002) refutam a teoria de

sinalização ao mostrar que os dividendos possuem uma relação inversa com o risco da

empresa. Eles acreditam que os dividendos elevam-se quando a companhia encontra-se na

fase de maturidade, em que oportunidades de investimentos são mais limitadas. O quadro 7

mostra as conclusões de renomados trabalhos desta linha de investigação.

Autor Artigo Conclusões

R. Richardson Pettit (1972)

“Dividend Announcements, Security Performance, and Capital

Market Efficiency”

O aumento nos dividendos sugere uma perspectiva de maiores lucros no futuro, enquanto que a redução na distribuição dos dividendos gera

incertezas sobre a performance futura da firma

H. DeAngelo, L. DeAngelo, L e D. J.

Skinner (1996)

“Reversal of Fortune, Dividend Signalling and the Disappearance of Sustained Earnings Growth”

Alterações nos dividendos não transmitem informação sobre mudanças nos lucros futuros da

entidade

J. Benzinho (2004) “The dividend policy of the

Portuguese corporations: Evidencef rom Euronext Lisbon”

Os dividendos do ano anterior e o resultado líquido do exercício são os principais fatores que

impactam positivamente a decisão de distribuir proventos

Quadro 7 – Artigos sobre a Hipótese da Sinalização. Fonte: O autor (2017)

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2.2.3 Hipótese do Fluxo de Caixa Livre e Teoria da Agência

A separação entre propriedade acionária e o controle administrativo, somada a

assimetria de informação, desencadeia conflitos de interesse entre os stakeholders e a

administração corporativa de uma organização. Este tipo de desentendimento é também

denominado de problema principal-agente. As ações dos gestores não são fáceis de serem

observadas pelos acionistas, o que estimula os agentes a tomarem decisões que visam

potencializar seus próprios interesses, os quais costumam não coincidir com os objetivos dos

principais (maximização da riqueza dos acionistas).

A dificuldade em atenuar este problema se dá pelos altos custos de agência, que

segundo Jensen e Meckling (1976), englobam 3 principais despesas:

1. gastos de monitoramento das atividades dos agentes pelo principal

2. custos de implantação e adesão aos mecanismos de controle pelo agente

3. perdas residuais, provenientes da redução do preço da ação, causada pelas decisões do

agente, desalinhadas com os interesses do principal.

Os mesmos autores também alegam que o fornecimento de incentivos por parte dos

principais para os agentes, é uma forma de fomentar que os gestores façam alocações de

recursos que convirjam com os interesses dos acionistas. Estas compensações incluem

participação nos lucros da empresa e elevados bônus, por exemplo.

Jensen (1986) propõe o modelo de fluxo de caixa livre, o qual relaciona os custos de

superinvestimentos com a disponibilidade de fluxo de caixa para os gestores. Uma maior

quantidade de ativos sob o controle dos administradores tende a ocasionar decisões de

investimentos não rentáveis, contrárias à vontade dos proprietários. O mesmo autor também

declara que o pagamento de maiores dividendos é um mecanismo de restringir e inibir a

liberdade e poder dos gestores nas escolhas de investimento, haja vista que a distribuição de

proventos diminui o valor dos recursos disponíveis para a gerência.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Easterbrook (1984) é mais um pesquisador a

manifestar a importância do pagamento de dividendos para a redução dos custos de agência.

Segundo o respectivo autor, a distribuição contínua dos lucros incita a empresa a procurar

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alternativas de aumentar o seu capital através de financiamento e custeio externo, por

exemplo. Isto acaba sendo benéfico para os principais, pois a companhia passa a ser

monitorada não só por eles, mas também pelos referidos credores e investidores externos.

Logo, a exposição da corporação ao mercado de capitais, em busca de novas oportunidades,

minimiza os custos de agência.

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2.3 Governança Corporativa !

Em busca de transparência e otimização organizacional, companhias têm intensificado

suas práticas de governança corporativa nos últimos anos. Uma definição completa deste

termo, dentre as inúmeras existentes na literatura, é dada por Di Miceli (2015, pág. 2):

!

“ O que chamamos de governança corporativa diz respeito à maneira pela qual as

sociedades são dirigidas e controladas, incluindo suas regras explícitas e tácitas, com

destaque para o relacionamento entre principais e personagens: diretoria, conselho

de administração e acionistas. Trata-se de uma tema que exige uma abordagem

multidisciplinar, englobando áreas como ética empresarial, gestão, liderança,

psicologia social, direito, economia, finanças, contabilidade, entre outras. Em última

instância, a governança corporativa visa criar, nas empresas, um ambiente no qual

as pessoas procurem voluntariamente cumprir as regras e tomar decisões no melhor

interesse comum no longo prazo da organização...”

!

A governança corporativa surgiu ao longo do século 20, em razão da reformulação da

estrutura de controle das instituições, caracterizada pela separação entre propriedade e gestão

empresarial, o que fez com que investidores e principalmente acionistas minoritários

percebessem a necessidade do estabelecimentos de diretrizes que os protegessem contra os

modelos de administração desalinhados com seus interesses, a ausência de auditorias

externas, negligência dos conselhos de administração, os abusos das diretorias executivas,

entre outras medidas prejudiciais, intrínsecas à este novo modelo de gerência.

A importância das práticas de governança corporativa ganhou ainda mais notoriedade

após os escândalos de fraude contábil de grandes corporações norte-americanas como a

Enron, WorldCom e Tyco. Estas companhias forjavam suas demonstrações financeira a fim

de mascarar suais reais conjunturas econômicas. Depois destes episódios, muitos agentes de

mercado ficaram relutantes em realizar novos investimentos. Assim, o congresso dos Estados

Unidos aprovou, em 30 de julho de 2002, a Lei Sarbanes-Oxley (Sox), visando garantir a

autenticidade dos balanços contábeis divulgados, bem como uma maior fiscalização dos

procedimentos de controle financeiro interno.

O papel da governança corporativo no combate à corrupção também é reiterado pela

organização Transparency International: “Governança corporativa envolve a direção e

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!

! &*!

supervisão dos valores e responsabilidades de uma empresa e, assim, reduz os riscos

financeiros e não financeiros (operacionais), incorporando integridade, transparência e

responsabilidade dentro da empresa. A governança corporativa garante que os membros da

diretoria, gerentes e funcionários direcionem e controlem a empresa para fornecer os

resultados adequados dentro de um código de integridade, em conformidade com os interesses

dos acionistas e outras partes interessadas. Além disso, serve como uma estrutura para

garantir a confiança dos investidores, melhorar o acesso aos mercados de capitais, promover o

crescimento e reforçar as economias”.

A aplicação da governança corporativa objetiva eliminar ou ao menos diminuir o

problema principal-agente, a partir de medidas de monitoramento e incentivos, assegurando,

assim, a confiabilidade da corporação para os seus acionistas. A factibilidade de um bom

sistema de governança requer que determinados princípios sejam atribuídos e respeitados pela

empresa, conforme listados no quadro 8.

Existe uma ampla variedade de ações de governança, de natureza interna e externa à

empresa, capazes de contornar estas divergências entre gestores e investidores ou até mesmo

o conflito entre acionistas majoritários e minoritários. No que diz respeito aos mecanismos

internos, pode-se mencionar o Conselho de Administração. No Brasil, os códigos de melhores

práticas de governança divulgados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), recomendam que haja uma

quantidade ímpar de conselheiros, geralmente este número situa-se entre 5 (cinco) e 11

(onze). O tamanho do conselho é negativamente associado com a performance das

companhias e, por conseguinte, com a qualidade das decisões tomadas. (Hermalin e

Weisbach, 2003).

Relativo aos mecanismos externos, Jensen (1988) e Denis e McConnell (2003)

defendem que a possibilidade de aquisição hostil ameaçaria o comportamento indevido dos

executivos, incentivando um maior alinhamento entre suas decisões com os objetivos dos

principais. Jensen (1988) também acredita que o preço da ação limita as decisões arbitrárias

dos gestores, visto que uma alocação indevida de recursos pode implicar na redução do valor

de mercado da empresa.

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Princípio global de governança corporativa Descrição

Transparência e integridade das informações prestadas

Divulgação aberta, honesta e tempestividade das informações materiais financeiras e não financeiras aos públicos interno e externo. Entre os aspectos não financeiros, destacam-se os relativos ao modelo de governança, estrutura acionária, principais

políticas e diretrizes, perspectivas estratégicas, sistemas de incentivos, avaliação de desempenho, impacto socioambiental etc.

Prestação de contas voluntárias e responsabilização pelas

decisões tomadas

Vontade dos administradores de apresentar os resultados de sua gestão e os elementos que fundamentaram as principais decisões tomadas, bem como de assumir a

responsabilidade pelas ações e omissões ocorridas durante seus mandatos

Avaliação de desempenho, remuneração justa e

meritocracia

Necessidade de avaliar regular e formalmente o desempenho de todos os administradores e órgãos de governança, atribuindo remuneração em montante

adequado, vinculada a desempenho levando em consideração os riscos incorridos e a visão de longo prazo do negócio. Além de impactar a remuneração, a avaliação de

desempenho deve resultar em recompensações e sanções justas, de modo a fomentar um ambiente meritocrático

Contrapesos independentes no processo decisório

Implantação de um modelo de governança que incentive visões diferentes na tomada de decisões, de modo a evitar excessiva concentração de poder e mitigar potenciais

análises parciais ou vieses cognitivos. Deve haver regras para mitigar situações envolvendo conflitos de interesses e mecanismos eficientes para a resolução de

disputas

Sustentabilidade e visão de longo prazo na condução do

negócio

Adoção de um horizonte de longo prazo com prioridade nas decisões, o que implica assegurar relações saudáveis com as partes interessadas (stakeholders) e iniciativas

concretas a fim de melhorar a situação das comunidades nas quais a organização está inserida. Temas como sucessão de lideranças, mitigação de potenciais passivos futuros

e impactos socioambientais inserem-se nesse princípio

Respeito às formalidades, controles e supervisão

independentes

Conscientização de que a informalidade é um inimigo de boa governança e de que controle e supervisão independentes são elementos essenciais. É necessário desenhar

os processos e estabelecer as regras a serem cumpridas antes, durante e depois das reuniões dos órgãos de governança. Entre os controles contidos neste princípio,

destacam-se os relacionados à gestão formal dos riscos do negócio, o compliance e as auditorias. Essas áreas e seus responsáveis devem contar com toda a independência e

os recursos humanos, financeiros e tecnológicos necessários

Tom e comportamento ético das lideranças

Necessidade de que os membros da cúpula organizacional, notadamente conselheiros e diretores, comportem-se com integridade e apliquem elevados padrões éticos e de

conduta em suas decisões, liderando pelo exemplo. É preciso promover incessantemente os valores da organização por meio de ações de aculturamento e

atitudes concretas, como a priorização da ética na seleção dos administradores

Cooperação entre colaboradores e promoção do interesse coletivo da organização

Criação de um contexto social que fomenta a cooperação entre os colaboradores e os executivos, evitando a competição excessiva e rivalidades internas que releguem o

interesse coletivo comum a um segundo plano. É necessária a conscientização de que o interesse da empresa deve prevalecer em todas as situações, mesmo quando houver conflito com os interesses pessoais dos indivíduos ou dos acionistas que os elegeram.

Equidade e promoção da participação efetiva de todos os

acionistas

Observância da igualdade de direitos de todos os acionistas e facilitação do exercício efetivo desses direitos. A empresa precisa estabelecer uma boa comunicação com seus acionistas de maneira proativa, incentivando e facilitando ao máximo sua participação

nas assembleias. O tratamento com os acionistas deve ser imparcial, evitando benefícios particulares decorrentes de informações privilegiadas

Diversidade interna, tratamento justo dos stakeholders e

ausência de políticas discriminatórias

Criação de políticas concretas para ampliar a diversidade (de gênero, etnia, formações acadêmicas, idade, cultural, etc.) de pensamento nos órgãos de governança, bem como

para evitar preconceitos e punir quaisquer atitudes discriminatórias para com seus stakeholders. É preciso definir e monitorar parâmetros concretos em relação a esses

temas

Quadro 8 – Princípios da Governança Corporativa

Fonte: DI MICELI, ALEXANDRE (2015) !

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! &+!

Dentre as vantagens inerentes à um modelo de governança eficiente encontram-se a

maior transparência e respeito administrativo da instituição para com os stakeholders, a

geração de um ambiente meritocrático, e o aprimoramento na gestão dos riscos e no

desempenho operacional. No longo prazo, estes benefícios podem resultar em um aumento do

valor da empresa. As Investigações de Durnev e Kim (2005), Dahya, Dimitrov e McConnell

(2008) comprovam tal afirmativa. Isto acontece porque organizações que apresentam uma

melhor gerenciamento das relações empresarias são mais atraentes para os investidores, o que

facilita a captação de recursos externos, acarretando na redução do custo de capital geral da

empresa.

A implementação de um sistema de governança, em contrapartida, demanda custos:

“A opção por maior transferência, por exemplo, pode ocasionar gastos adicionais na

produção de relatórios financeiros mais amplos e sofisticados, além dos maior

investimento na área dedicada ao relacionamento com investidores. A eleição de

conselheiros independentes, por sua vez, também tende a impor gastos adicionais,

tendo em vista que a remuneração dos membros deverá ser compatível com suas

elevadas responsabilidades” (DI MICELI, 2015, pág. 6).

No Brasil, a relevância da governança corporativa foi difundida principalmente em

1995, ano de fundação do IBGC. Este órgão foi responsável pela elaboração do primeiro

código de melhores práticas de governança corporativa, criado em 1999.

Segundo o IBGC, “em cada país, as melhores práticas de Governança Corporativa são

instituídas de acordo com o seu ambiente social, econômico, corporativo e regulatório. Dadas

às peculiaridades empresariais de cada país, torna-se impossível descrever de forma detalhada

todos os modelos de Governança vigentes no mundo”.

A estrutura patrimonial de grande parte das companhias brasileiras é relativamente

concentrada, geralmente composta por um único acionista majoritário ou um pequeno grupo

controlador, detentor da maior parte do capital votante, conforme evidenciado nos estudos de

Carvalhal (2004), Okimura, Silveira e Rocha (2007), Dalmácio e Corrar (2007), Hanh et al

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(2010), Sonza e Kloeckner (2013). De acordo com o IBGC, o modelo de governança

corporativa brasileiro apresenta maior similaridade com o Insider System2.

A relação entre política de dividendos e práticas de governança corporativa constou no

escopo de muitas pesquisas. Dittmar (2000), Jagannathan et al (2000) apontam uma

associação entre baixos níveis de governança e maiores distribuições de lucros aos acionistas.

Já com relação ao contexto nacional, Mota (2007) indica que empresas que apresentam uma

maior preocupação com a governança corporativa tendem a pagar elevados proventos. Isto se

deve ao fato de que firmas que aderem altos padrões de governança, oferecem uma maior

proteção aos acionistas, de modo que os mesmos teriam condições de reivindicar com maior

poder e veemência os gestores a pagarem elevados dividendos.

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!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!2 Refere-se ao sistema em que os acionistas se colocam no comando das operações diárias, diretamente ou via pessoa de sua indicação, cujas características que lhes são peculiares são: (1) estrutura de propriedade mais concentrada; (2) presença de conglomerados indústrias- financeiros; (3) baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais; (4) reconhecimento mais explícito e sistemático de outros stakeholder não financeiros, principalmente funcionários (stakeholder oriented).(MICHAELIS, 2001, p. 316). !

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2.4 Dividendos e a Legislação Fiscal Brasileira

Como já relatado, a legislação brasileira, no que diz respeito à política de dividendos,

apresenta algumas singularidades em relação aos países que foram objetos de trabalhos de

investigação nesta área, tais como Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra.

O artigo 202 da lei 6.407/76 destaca que, para as empresas listadas em bolsa, há uma

obrigatoriedade na distribuição de um valor mínimo dos dividendos, em caso de omissão no

estatuto social. O percentual de distribuição mínimo é de 50% do lucro para empresas que

ocultam informações referentes à este assunto em seus estatutos. Para as companhias que

apresentavam um estatuto omisso anteriormente, mas que já retificaram o mesmo através da

inclusão de cláusulas relacionadas as suas respectivas políticas de dividendos, a legislação

estabelece um payout compulsório de 25%. A isenção do cumprimento deste dever está

condicionada às seguintes situações, de acordo com o referido artigo:

“A lei societária prevê que o dividendo obrigatório pode deixar de ser distribuído ou pode ser

distribuído por valor inferior ao determinado no estatuto social da entidade, quando não houver lucro

realizado em montante suficiente (Art. 202, inciso II). Quando o dividendo obrigatório, devido por

força do estatuto social ou da própria lei, excede o montante do lucro líquido do exercício realizado

financeiramente, pode a parcela não distribuída ser destinada à constituição da reserva de lucros a

realizar.”

“A lei societária ainda prevê que o dividendo obrigatório pode deixar de ser distribuído quando os

órgãos da administração informarem à assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a situação

financeira da companhia (Art. 202, § 4º). É uma discricionariedade conferida por lei aos

administradores com vistas a evitar o comprometimento da gestão de caixa e equivalente de caixa da

entidade, desde que observadas outras condicionantes legais. A parcela dos lucros não distribuída deve

ser destinada à constituição de reserva especial.”

“O dividendo obrigatório pode também deixar de ser distribuído, ou pode ser distribuído por valor

inferior ao determinado no estatuto social da entidade ou na lei, por decisão soberana e unânime da

assembleia geral de acionistas de: (a) companhia aberta, se com registro na CVM exclusivamente para

captação de recursos por debêntures não conversíveis em ações; ou (b) companhia fechada, exceto se

controlada por companhia aberta registrada na CVM para captação de recursos por meio de qualquer

valor mobiliário que não seja debênture não conversível em ações (Art. 202, § 3º)”

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Conforme Ambrozini (2011) enfatiza, muitas firmas decidem distribuir 25% do lucro

líquido ajustado do exercício aos seus acionistas, o que faz com que muitos pensem que este

valor específico do payout é imposto pela legislação. Entretanto, como já salientado acima, a

obrigatoriedade da distribuição de lucros é apenas para aquelas corporações com estatutos

omissos ou que no passado eram omissos e agora reportam esta questão. O índice de

pagamento de dividendos de pelo menos 25% possibilita que as empresas comercializem suas

ações preferenciais em Bolsa, como documentado na Lei 6.407/76 (parágrafo I, alterado pela

Lei 10.303/01). Por isso, este valor específico de payout é definido de forma recorrente nos

estatutos sociais das firmas.

!

O artigo 17 da Lei 6.407/76 também aborda as particularidades das ações

preferencialistas, que ao contrário das ordinárias, não conferem aos acionistas o direito a voto

na Assembleia Geral. Entretanto, estas ações dispõem das seguintes vantagens (Redação dada

pela Lei nº 10.303, de 2001):

I – prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo

II – prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou

III – acumulação das preferências e vantagens de I e II

A legislação, ao conceder tais benefícios aos preferencialistas, visa reduzir os conflitos

entre os mesmos e os ordinários, os quais possuem maior poder de decisão. O artigo 11 da Lei

6.404/76 corrobora tal fato ao enunciar que: “As ações preferenciais sem direito de voto

adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não

superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a

que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem

cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.”

Além disso, outras alterações promovidas na lei nº 6.404/76, através da incorporação do

artigo 161, visam assegurar uma maior participação dos acionistas preferencialistas nos

conselhos de administração e fiscal, possibilitando que seus interesses sejam defendidos de

forma mais eficaz.

!

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!

! '&!

“Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em

votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas

minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a

voto”

!

Com a promulgação da lei 9.249/95, os acionistas e sócios passam a ter a opção de

receber seus resultados sob a forma de um outro tipo de pagamento de provento, denominado

juros sobre o capital próprio (JCP). O JCP tende a ser benéfico para a corporação, sob o ponto

de vista fiscal, na medida que esta forma de remuneração é registrada como uma despesa

financeira, o que implica na redução do lucro tributável e consequentemente na diminuição do

imposto de renda (IR) a ser pago pela companhia.

O valor do JCP é restringido pala taxa de juros de longo prazo (TJLP Pro Rata Die), um

indexador econômico instituído pela Medida Provisória nº 684 (31/10/1994). O Banco Central

(BACEN), principal autoridade monetária do país, é responsável pela divulgação da TJLP, a

qual é calculada a partir de 2 (dois) parâmetros principais: a meta de inflação e o prêmio de

risco, conforme a equação 4:

!

!"#$ ! !! !"# !!!!! !"# !!! !"# !!!!! !"#!" ! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!c(d!

!

Onde:

I (cor) – meta de inflação fixada pelo CMN para o ano corrente

M (cor) – número de meses desde a vigência da taxa até o fim do ano corrente

I (seg) – meta de inflação fixada pelo CMN para o ano seguinte

M (seg) – número de meses desde o fim do ano anterior até a vigência da taxa

R – prêmio de risco

!

!

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!

! ''!

2.5 Modelos de Dividendos

2.5.1 Modelo de Desconto de Dividendos (DDM) de Crescimento Constante

Os economista Myron J. Gordon e Eli Shapiro (1956) desenvolveram um modelo de

precificação acionária baseado no fluxo de dividendos futuros descontados. Este modelo

supõe que os dividendos crescem a uma taxa constante, portanto, sua aplicação, de acordo

com Damodaran (1999), é mais eficaz para a avaliação patrimonial de empresas que

apresentam um crescimento baixo e constante ao longo do tempo.

Deve-se ressaltar a simplicidade e praticidade deste modelo, o qual necessita apenas da

determinação de 3 parâmetros para a estimação do preço da ação, conforme a equação a 5:

!

!! ! !!! ! ! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

!

Onde:

!! – preço da ação

!! – dividendo antecipado do primeiro período

! – taxa de capitalização de mercado

! – taxa de crescimento esperado dos dividendos

Por outro lado, o modelo possui algumas limitações. Os dividendos e sua taxa de

crescimento são difíceis de serem previstos de forma precisa. Na verdade, muitas firmas

podem até mesmo optar por não distribuir seus dividendos, o que tornaria o modelo

completamente ineficiente. O DDM de crescimento constante também só é viável quando a

taxa de capitalização de mercado é superior a taxa de crescimento esperado dos dividendos,

pois, caso contrário, o valor da ação tenderia ao infinito.

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!

! '(!

Segundo Damodaran (1999) a utilização deste modelo também não é recomendada para

a avaliação de organizações que encontram-se nas seguintes circunstâncias: (1) Empresas em

dificuldades financeiras e expectativas de fluxo de caixa negativo nos próximos períodos; (2)

Empresas cíclicas, caracterizadas por terem lucros e fluxos de caixa que comportam-se

conforme a economia, ou seja, sobem durante as boas fases e decaem durante as recessões;

(3) Empresas com ativos não utilizados; (4) Empresas com patentes ou opções de produtos;

(5) Empresas em processo de reestruturação; (6) Empresas envolvidas em aquisições; (7)

Empresas de capital fechado.

2.5.2 Modelo de Walter

Outra forma de valoração do preço da ação consiste no modelo proposto por James E.

Walter (1956), mais um estudioso a defender a teoria de relevância dos dividendos. De acordo

com o autor, as decisões de dividendos estão interligadas com as políticas de investimento de

uma instituição. Walter também entende que o custo de capital e a taxa interna de retorno de

uma entidade são direcionadores de uma política de dividendos ótima, que irá maximizar o

valor da mesma, como ilustrado no quadro 9.

!

Relação entre a taxa interna de retorna (r) e custo de capital (k) Política de dividendos para a maximização do valor da empresa

r>k Os lucros devem ser totalmente retidos (taxa de payout = 0%)

r<k Os lucros devem ser totalmente distribuídos (taxa de payout = 100%)

r=k Dividendos são irrelevantes e não impactam o valor da firma

Quadro 9 – Modelo de Walter

Fonte: O autor (2017) com base em FILHO, ARTHUR BARRIONUEVO (1987) !

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!

! ')!

!Para a construção deste modelo, as seguintes suposições foram atribuídas:

1. Todo o financiamento provém unicamente dos lucros retidos.

2. O custo de capital e a taxa interna de retorno da companhia são constantes.

3. Existem apenas 2 (duas) destinações possíveis para os lucros: eles podem ser

distribuídos em sua totalidade aos acionistas ou podem ser retidos integralmente,

para serem reinvestidos na firma posteriormente.

4. Os ganhos por ação, assim como os dividendos por ação permanecem constantes.

5. A companhia possui uma vida perpétua.

O modelo matemático é expresso pela equação 6:

!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ! !! !

!!!!!!!!!!!! ! ! ! ! !!!!!!!!!c*d!

!

Onde:

P – preço do mercado por ação

D – dividendo por ação

E – lucro por ação

r – taxa interna de retorno da empresa

k – custo de capital da empresa

Muitas destas premissas assumidas não condizem com a realidade, o que torna o

modelo alvo de críticas. Walter não levou em consideração o impacto do risco do negócio na

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!

! '*!

valoração da corporação, ao considerar o custo de capital constante. Além disso, a taxa

interna de retorno varia em função dos tipos de investimentos, o que contradiz o pressuposto

de que a mesma é constante. Outra limitação do modelo é a de que muitas empresas de fato

recorrem ao custeio externo para realizar novos investimentos, não restringindo-se apenas ao

financiamento interno, como proposto pelo autor.

2.6 Aplicações Nacionais e Internacionais

Muitos artigos vinculados ao tema desta monografia foram publicados recentemente.

Esta seção irá abordar apenas alguns deles, destacando os seus propósitos de investigação, as

metodologias aplicadas, além das principais descobertas.

O estudo realizado em 2013 por Cristiano Forti, Fernanda Peixoto e Denis Alves, visou

reconhecer os fatores que determinam a política de distribuição de dividendos no Brasil,

especificamente para empresas de capital aberto. A amostra final utilizada foi formada por

300 companhias listadas na BM&FBOVESPA. A base de dados, que englobou o período de

1995 a 2011, foi composta por informações financeiras, contábeis e de governança

corporativa, oriunda da base do Economática, CVM e da própria BM&FBOVESPA.

Empregou-se as técnicas econométricas Tobit e Generalized Method of Moments (GMM). A

utilização deste último método foi justificada por problemas de endogenia existentes entre

algumas das variáveis candidatas a ingressar no modelo, tais como: Retorno sobre o Ativo

(ROA), Leverage, Payout, Liquidez e Capex. Como descobertas relevantes, o trabalho

concluiu que o Tamanho, ROA, Market to Book, Liquidez e Crescimento dos Lucros são

variáveis significativas, que impactam positivamente a política de distribuição de proventos,

enquanto que Leverage, Liquidez elevada ao quadrado, Capex, Beta e Tag Along 100%, são

variáveis que influem negativamente o pagamento de dividendos corporativos.

Outro trabalho de destaque foi elaborado por Flávia Nazaré de Souza Barletta, em 2014.

Em sua dissertação, buscou-se identificar quais os fatores afetaram o Dividend Yield e o

Dividend Payout das instituições não financeiras negociadas na BM&F Bovespa entre os anos

de 2008 e 2013. Para a amostra final, selecionou-se 144 empresas. As informações pertinentes

às mesmas e requeridas ao modelo foram extraídas por meio do sistema Economática. A

metodologia econométrica escolhida pela autora foi a de dados em painel. Barletta concluiu

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!

! '-!

que as variáveis lucratividade (ROA) e tamanho (log do ativo total) são determinantes

significativos do payout das empresas do estudo. Além disso, constatou-se que a variável

tamanho é o principal fator de influência do dividend yield. É importante ressaltar que a

autora não considerou em seu modelo econométrico os efeitos tributários e indicadores

macroeconômicos como as taxa de inflação e de juros.

Ainda em 2014, Jairo Laser Procianoy e Daniel Francisco Vancin desenvolveram um

estudo cuja finalidade era compreender os motivos que levam as firmas a pagarem taxa de

dividendos maiores que os valores mínimos estabelecidos nas regulamentações. A amostra

consistiu em empresas nacionais listadas na BM&FBOVESPA e que distribuíam dividendos

entre os anos de 2007 e 2011. Os dados das demonstrações financeiras das mesmas foram

obtidos pelo Economática. Através do método estatístico de regressão múltipla descobriu-se

que as variáveis dívidas, investimento, concentração de propriedades e estabilidade da política

de dividendos influenciavam as empresas a pagarem dividendos superiores aos mínimos

obrigatórios legais.

O payout incremental também foi tema de investigação no estudo de Kécia da Silveira

Galvão, realizado em 2015. Este trabalho objetivou apurar os aspectos associados ao

pagamento de dividendos em um valor excedente ao definido nos estatutos sociais. A amostra

foi composta por 287 organizações que comercializavam suas ações na bolsa de valores de

São Paulo entre os anos de 2002 a 2013. As informações coletadas foram organizadas sob a

forma de painel desbalanceado. Efetuou-se regressões logit com efeitos aleatórios. Os

resultados deste trabalho indicam que empresas com maior rentabilidade, proporção de caixa,

concentração acionária e as que apresentavam práticas diferenciadas de governança, são mais

propensas a distribuir o payout incremental, enquanto que aquelas que dispõem de maiores

oportunidades de crescimento, tendem a não pagar o payout incremental, em virtude da

necessidade de retenção de caixa para investimentos.

Muitos trabalhos acadêmicos internacionais também têm explorado a questão dos

dividendos ao longo dos últimos anos. O artigo de Henk von Eije, Abhinav Goyal e Cal B.

Muckley, publicado em 2014, teve o intuito de entender como as políticas de payout estão

associadas com os riscos das corporações norte-americanas. A base de dados utilizada

compreendeu informações referentes ao eventos de payout (inicialização e omissão), no

período de 1972 à 2012, de companhias negociadas nas bolsas de New York Stock Exchange

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!

! '+!

(NYSE) ou National Association of Securities Dealers Automated Quotations (NASDAQ).

As metodologias de diferenças-em-diferenças, em combinação com o pareamento por escore

de propensão (Propensity Score Matching – PSM) foram aplicadas para o tratamento dos

dados. Os autores verificaram que o conteúdo informativo das iniciações de dividendos

influencia o risco sistemático agregado das empresas, enquanto que os riscos idiossincráticos

e totais são impactados por iniciações e omissões de dividendos. Estes resultados convergem

com as descobertas de Grullon, Michaely, and Swaminathan (2002). Atestou-se também que

o conteúdo informativo de dividendos e recompra de ações difere.

Dentre os trabalhos direcionados aos países asiáticos, pode-se citar a pesquisa de

Yordying Thanatawee, em 2012. O autor buscou analisar a relação entre estrutura de

propriedade e políticas de dividendos na Tailândia. A amostra abrangeu 1927 observações

durante o período de 2002 à 2010. As informações de propriedade e os dados financeiros

foram provenientes das bases de dados da bolsa de valores da Tailândia (Stock Exchange of

Thailand – SET) e do Euromoney Institutional Investor, respectivamente. As metodologias

adotadas foram as regressão de Tobit e de Logit. O procedimento de dois-estágios de Smith e

Blundell’s (1986) foi usado para testar o problema de endogeneidade no modelo de Tobit. As

evidências sugerem que as empresas tailandesas detentoras de uma estrutura societária mais

concentrada ou aquelas que contém uma outra instituição como acionista majoritária, são

suscetíveis ao pagamento de maiores dividendos.

O primeiro artigo à examinar instituições não financeiras de países pertencentes ao

Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) foi escrito por Duha-Al-Kuwari no ano de 2009.

Este trabalho foi realizado com o intuito de apontar os fatores que influenciam na política de

dividendos das empresas listadas nas bolsas de valores do Kuwait, Arábia Saudita, Omã,

Qatar e Bahrein durante o período de 1999 à 2003, focando nas teorias de agência e de custo

de transação. A amostra incluiu 191 companhias. A principal fonte de dados foi o Gulf

Investment Guide (GIG). Os diretórios das bolsas de valores dos referidos países forneceram

as demais informações necessárias ao estudo. Utilizou-se séries de modelos de Tobit de

efeitos aleatórios. Os modelos levaram em conta o impacto da propriedade do governo, fluxo

de caixa livre, tamanho da firma, taxa de crescimento, riscos do negócio, oportunidade de

crescimento, e rentabilidade das empresas sobre os índices de pagamento de dividendos. O

autor conclui que as companhias pagam dividendos a fim de reduzir o problema principal-

agente, bem como melhorar suas reputações. O estudo sugere que empresas públicas pagam

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!

! 'G!

mais dividendos em comparação com aquelas controladas pelo setor privado. Os resultados

propõem que as variáveis propriedade do governo, tamanho, ratio de alavancagem e

rentabilidade da firma influem no comportamento dos dividendos.

Com relação aos trabalhos realizados na Europa, é importante mencionar o artigo de

Alexandrino Ribeiro, publicado em 2010. Nesta pesquisa, o autor averiguou os determinantes

da política de dividendos de empresas não financeiras cotadas na Euronext Lisbon. Os dados

foram coletados por meio dos diretórios da própria bolsa de valores de Lisboa, além dos

relatórios emitidos pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Foram

definidas duas amostras, uma representativa da generalidade das empresas não financeiras

cotadas na Euronext Lisbon e outra composta somente por empresas não financeiras

pertencentes ao PSI 20, principal índice bolsista do mercado de capitais português. Optou-se

pelo método dos mínimos quadrados ordinários (OLS) para a estimação do modelo

econométrico. A principal descoberta deste estudo foi a de que o fluxo de caixa gerado e o

preço de mercado das ações da empresa provocam efeitos positivos na distribuição dos

dividendo. Para o grupo de firmas integrantes do PSI 20, em particular, existe ainda um efeito

negativo do resultado líquido na distribuição de dividendos.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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!

! (,!

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão abordadas as principais técnicas econométricas empregadas no

presente estudo para estimar os parâmetros do modelo de regressão linear que quantifica o

comportamento dos índices de pagamento de dividendos das empresas analisadas.

3.1 Mínimos Quadrados Generalizados

De acordo com Gujarati (2006), o método dos mínimos quadrados generalizados

(MQG, ou, em inglês, Generalized Least Square – GLS), considera a importância de cada

observação no modelo de regressão, discriminando seus pesos, em função da variabilidade

dos resíduos, sendo portanto, capaz de gerar estimadores BLUE3 , o que não é possível

através do método dos mínimos quadrados ordinários (MQO, ou, em inglês, Ordinary Least

Square – OLS) em condições específicas. Gujarati e Porter (2011, pág. 425) explicam que em

determinadas situações a utilização do MQO não proporcionará uma inferência significativa e

confiável.

“Como no caso da heterocedasticidade, na presença de autocorrelação, os

estimadores de MQO ainda são lineares e não tendenciosos, bem como consistentes

e com distribuição normal assintótica, mas deixam de ser eficientes (de ter variância

mínima)”.

!

Assim, a opção pelo MQG, em detrimento do MQO, está condicionada ao não

atendimento dos seguintes requisitos: (1) o erro estatístico ser uma variável aleatória

independente, com média zero, distribuição normal e variância constante (propriedade da

homocedasticidade); e (2) as variáveis independentes não serem correlacionadas entre si

(propriedade de ausência de multicolinearidade) (REBELATTO et al, 2014, pág. 152 )

Por meio do MQG, os estimadores são obtidos minimizando-se a soma ponderada dos

quadrados dos resíduos, conforme a equação 7. O peso de cada resíduo na soma é

determinado pela matriz de variância e covariância dos mesmos. (NETO, 2006 pág. 217).

Com isso, maximiza-se o grau de ajuste do modelo de regressão.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!'!Abreviação do termo “melhores estimadores lineares não tendenciosos” em inglês!

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!

! (%!

!!!!! ! ! !! !!! ! !!!!!!!"!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!c-d!!

Onde:

!" – inverso da variância da i-ésima observação

!!! – erro ao quadrado da i-ésima observação

!" – valor real da variável independente na i-ésima observação

!!!– coeficientes de regressão transformado da i-ésima variável independente

!" – i-ésima variável explicativa

3.2 Regressão com Dados em Painel

A análise empírica pode ser realizada através da utilização de diferentes tipos de dados:

séries temporais, cross sections (cortes transversais) e painéis. Nas séries temporais,

observam-se informações de uma única entidade em diferentes períodos. Nos cortes

transversais, por outro lado, uma ou mais variáveis ou entidades amostrais são examinadas em

um único momento específico. Já os dados em painel são definidos como a combinação das

características de séries temporais e de dados em cross section.

Segundo Gujarati (2006, pág. 513):

!

“Nos dados em painel, a mesma unidade de corte transversal (uma família, uma

empresa, um estado) é acompanhada ao longo do tempo. Em síntese, os dados em

painel têm uma dimensão espacial e outra temporal.”

!

Dados longitudinais são balanceados quando as informações de cada indivíduo estão

disponíveis em todos os períodos de tempo, enquanto que no painel não balanceado, as

unidades de dados transversais apresentam distintas quantidades de observações temporais.

Arellano (2003, pág. 7) estabelece 2 (duas) principais motivações para o uso de dados

em painel: (1) controle da heterogeneidade invariante no tempo e não observada em modelos

transversais; e (2) desmembramento dos componentes de variância, estimação das

probabilidades de transição entre estados e o estudo da dinâmica de populações transversais.

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!

! (&!

De acordo com Baltagi (1998, pág. 304) e Hsiao (2013, pág 4.) os modelos de dados em

painel apresentam muitas vantagens em relação às outras formas de estruturação de dados

econométricos. Os autores argumentam que as técnicas de estimação em painel dispõem de

“dados mais informativos, mais variabilidade e menos colinearidade entre as variáveis, mais

graus de liberdade e mais eficiência”. Além disso, os dados em painel permitem uma maior

acurácia nas estimações, bem como possibilitam testar hipóteses comportamentais mais

complexas, com um menor número de pressupostos restritivos. Outro benefício citado por

Baltagi e Hsiao consiste na eficácia deste modelo no controle da heterogeneidade individual e

na identificação e mensuração de efeitos que não são observados através de uma análise

unicamente de corte transversal ou temporal. Sabe-se que a desconsideração da existência de

características diferenciadores das “unidades estatísticas de base” implica em resultados

enviesados.

Esta metodologia de tratamento de dados, entretanto, possui algumas limitações,

conforme reportadas por Hsiao (1986). Os dados em painel requerem um grande conjunto de

observações o que compromete a sua execução, devido às dificuldades e custos envolvidos no

processo de coleta dos mesmos. Considerando uma pesquisa populacional, por exemplo,

frequentemente enfrenta-se o problema de “missing values”, o qual tende a afetar a qualidade

da estimação. As causas para a ausência de dados são diversas. O entrevistado pode esquecer-

se de responder às perguntas em algum período, a população de interesse pode ser

determinada de forma equivocada, o entrevistador pode não computar alguma resposta obtida.

Na opinião de Frees (2004, pág. 8), o principal obstáculo para a implementação de dados em

painel é a questão do atrito, em que ocorre a interrupção da participação de alguns sujeitos,

antes mesmo da conclusão do estudo, o que pode resultar em estimativas inconsistentes,

comprometendo a capacidade preditiva do modelo.

Segundo Baltagi (2002), as regressões em modelos de dados em painel geralmente são

expressas como na equação 8:

!

!"#!`!h!i!jk"#$l!i!%"#!!!!!!!!!!"!`!%m$$$m!An!!!!C!`!%m$$$m^!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!c+d!

!

onde i denota o aspecto espacial (empresas, países, estados, indivíduos, etc...) e t representa o

aspecto temporal. Yit é a variável dependente, ! refere-se ao intercepto (escalar), " é K x 1 e

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!

! ('!

Xit é a observação da i-ésima unidade de corte transversal, do t-ésimo período de tempo e da

K-ésima variável explicativa.

Os distúrbios costumam ser calculados sob a forma do modelo de “one way error

componente” (equações 9, 10 e 11).

!

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$&"#$'$$o"!i!p"C!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (9)

!

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$(c%"#d!`!,!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!(10)

!

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$)*+!c%"#d!`!"#$!i!"#p!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!(11)!

!

em que µi corresponde ao efeito da unidade específica não observado e #it é o erro

idiossincrático. Os dois termos do erro agregado de painel são variáveis independentes e

identicamente distribuídas (i.i.d):

!

o"!!q!""/!c,m"#$d!

p"C!q!""/!c,m"#pd!

!

3.3 Efeitos Fixos e Aleatórios

A análise de painel pode ser feita através dos modelos de estimação de efeitos fixos ou

efeitos aleatórios. O tratamento por efeitos fixos assume que existe correlação entre os efeitos

individuais e as variáveis explanatórias. Na direção oposta, o modelo de efeitos aleatórias

parte da premissa de que as heterogeneidades individuais não estão correlacionadas com os

regressores. Assim, conforme Frees (2003) e Gujarati (2006), a decisão pelo melhor modelo

de painel deve ser tomada com base na finalidade da estimação, disponibilidade das

informações e nos pressupostos atribuídos.

Hsiao (2014, pág. 470) discorre sobre as vantagens e desvantagens de ambas

abordagens: !

“A formulação de efeitos fixos condiciona a inferência aos efeitos específicos;

Portanto, tem a vantagem de não exigir que se postule a distribuição dos efeitos. No

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!

! ((!

entanto, há também uma perda de eficiência na inferência condicional por causa da

perda de graus de liberdade na estimativa dos efeitos específicos. Pode até mesmo

introduzir o problema de parâmetros acidentais se a dimensão dos efeitos aumentam

na mesma taxa que o tamanho da amostra. As vantagens de uma especificação de

efeitos aleatórios é que a função de probabilidade dos efeitos em geral depende

apenas de um número finito de parâmetros e não há problema de parâmetro

incidental e é possível inferir eficientemente. A desvantagem é que requer

conhecimento explícito sobre a forma como os observáveis e os não observáveis

interagem”.

!

A diferença entre os dois modelos também é reportada pelo mesmo autor (1999, pág.

42):

!

“O modelo de efeitos fixos é visto como aquele em que os investigadores fazem as

inferências condicionais aos efeitos que estão na amostra. O modelo de efeitos

aleatórios é visto como aquele em que os investigadores fazem inferências não

condicionais ou marginais com respeito à população de todos os efeitos”

!

!

No modelo de efeitos fixos, os efeitos das variáveis omitidas são captadas pela variável

latente µi, a qual é constante ao longo do tempo, mas varia para cada indivíduo. Supondo que

as inclinações são constantes e o intercepto difere entre os indivíduos, a regressão pode ser

apurada pela equação 12:

!

!

!"#!`!h"!i!jk"#$l!i!%"#$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$(12)

!

Neste caso, em que assume-se a condição de ortogonalidade do efeito fixo e dos

regressores, pode-se empregar os métodos dos Mínimos Quadrados Ordinários ou os

Mínimos Quadrados com Dummies para a estimação dos coeficientes angulares ".

No que diz respeito ao modelo de efeitos aleatórios, insere-se a heterogeneidade no

termo do distúrbio. Os efeitos específicos !i são tratados agora como variáveis aleatórias. Um

estimador eficiente de " pode ser obtido através dos Mínimos Quadrados Generalizados. Os

interceptos são calculados pela soma entre os interceptos do modelo de efeitos fixos e o

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!

! ()!

intercepto populacional médio. O modelo geral de efeitos aleatórios é representado pelas

equações 13 e 14:

!

!

!"#!`!h!i!jk"#$l!i!co"!i!%"#d (13)!

!

0!

!

h"!`!h!i!o"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!(14)!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

!

A verificação do modelo de estimação mais eficiente e consistente é apurada através do

teste de Hausman. Neste procedimento estatístico, constata-se a relação entre os componentes

do erro uit e as variáveis independentes Xit , a partir do estabelecimento das seguintes

hipóteses:

• H0 : ruído branco ui não é correlacionado com as variáveis explicativas

• H1: ruído branco ui é correlacionado com as variáveis explicativas

A estatística do teste de Hausman é dada pela seguinte fórmula:

!

! ! !!" ! !!" !!!!"# !!" ! !!"# !!" !!! !!" ! !!" !!!!!! !!

onde !!" e !!" são os estimadores, em forma vetorial, dos modelos de efeitos aleatórios e

fixos, respectivamente, e k refere-se à quantidade de variáveis explanatórias.

Se o valor crítico, considerando determinado nível de significância, for inferior a

estatística de teste H, rejeita-se H0, e, portanto, a aplicação do modelo de efeitos fixos é a

mais adequada. Caso não seja possível rejeitar a hipótese nula, o modelo de efeitos aleatórios

é o mais apropriado, visto que não há endogeneidade comprovada entre os efeitos não

observados e Xt.

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!

! (*!

3.4 Arellano-Bond

Com o intuito de maximizar a robustez econométrica, a estimação do modelo através da

técnica de Arellano-Bond é válida. Esta metodologia é aplicada em casos em que não é

possível assegurar a exogeneidade estrita das variáveis independentes do modelo. Em outras

palavras, segundo Wooldridge (2010), quando o erro idiossincrático no presente momento

possui correlação com os valores no passado das variáveis explicativas, a estimação de painel

tradicional via efeitos fixos ou aleatórios não produzirá resultados consistentes. Assim, para

esta situação específica, recomenda-se o emprego da metodologia de Arellano-Bond. De

modo a solucionar a questão da endogeneidade, o mesmo autor salienta que o modelo de

Arellano-Bond propõe testes baseados no método dos momentos generalizados (MMG, ou,

em inglês, Generalized Method of Moments – GMM), utilizando-se como instrumentos de

outros valores defasados das variáveis explicativas. Por meio de uma matriz de ponderação

eficiente, consegue-se gerar estimadores eficazes.

3.5 Regressão Logística

Evidências empíricas como as encontradas em Stroher (2015) atestam o caráter não

linear do comportamento dos dividendos corporativos. Assim, também será testado um

modelo de regressão logística. Esta técnica caracteriza-se por ter uma variável resposta de

natureza binária, na qual assumirá valores de 0 (casos de não distribuição de dividendos) e 1

(casos em que houve distribuição de dividendos). Diferentemente dos modelos de regressão

linear, a regressão logística não exige o cumprimento de algumas suposições como por

exemplo a premissa de normalidade multivariada. Portanto, a regressão logística é vista como

uma técnica bastante flexível, sendo utilizada em trabalhos acadêmicos de destaque e

relacionados ao tema, como em Fama e French (2001), DeAngelo, DeAngelo e Stulz (2006)

e Galvão (2015). De acordo com Gujarati (2006), a função de distribuição logística é descrita

através da equação 15.

!!! ! !!! ! !!!!!!! ! !!!!!!! !!! !!!!"!!!!

(15)

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!

! (-!

Onde:

!!! – função de distribuição logística. Seu cálculo é dado por !!"!! !!!!!!!

! , em que !! é a

probabilidade do evento ocorrer e !!! !!!! é a probabilidade do evento não ocorrer;

!!"!!! - k-ésima variável explicativa da i-ésima empresa no t-ésimo período;

!! - coeficiente de regressão da k-ésima variável explicativa;

A equação 16 representa o modelo básico de regressão a ser estimado pelo método

linear, enquanto que a equação 17 exemplifica o modelo candidato a ser obtido através da

regressão logística.

!!"#$%!!"!!"#$%&!!!! ! !! ! !!!"#$!!! ! !!!"#$%$#!!! ! !!!"#!!! !!!!"#!!!! ! !!!"#!!! ! !!!!"!!!!! ! !!!!!"!!!! ! !!!!!"!!!! ! !!!!"#!!!! !!!"!"#$!!!! ! !!!!"#$!!!! ! !!"!"#$!!!! ! !!"!"#!!!! ! !!"!"#!!!!! ! !!!!!!!!

!!!!! ! !! ! !!!"#$!!! ! !!!"#$%$#!!! ! !!!"#!!! ! !!!"#!!!! ! !!!"#!!! !!!!!"!!!!! ! !!!!!"!!!! ! !!!!!"!!!! ! !!!!"#!!!! ! !!"!"#$!!!! ! !!!!"#$!!!! !!!"!"#$!!!! ! !!"!"#!!!! ! !!"!"#!!!!! ! !!!!!!!!

Onde:

!!"#$%!!"!!"#$%&!!!! – proporção do lucro líquido da empresa i no ano t, que é distribuídos

em forma de dividendos;

!!!!! – Variável dependente binária, que pode assumir o valor de 0 (quando não há

pagamento de dividendos) e 1 (quando há pagamento de dividendos);

!"#$!!! – razão dos ativos imobilizados da empresa i no ano t e o ativo total da empresa i no

ano t;

(16)

(17)

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!

! (+!

!"#$%$#!!! – proporção do passivo exigível em termos do ativo total da empresa i no ano t;

!"#!!! – logaritmo neperiano do ativo total da empresa i no ano t;

!"#!!!! – retorno sobre o ativo total da empresa i no ano t;

!"#!!! – retorno sobre o patrimônio da empresa i no ano t;

!!"!!!!!! – % de capital votante do maior acionista da empresa i no ano t;

!!"!!!!!! – % de capital votante dos 3 maiores acionistas da empresa i no ano t;

!!"!!!!!! – % de capital votante dos 4 maiores acionistas da empresa i no ano t;

!"#!!!!– taxa (%) de CDI acumulada no ano t;

!"#$!!!!– taxa de juros de longo prazo (%)acumulada no ano t;

!"#$!!!! - IPCA (%) acumulado no ano t;

!"#$!!!! - Nível de utilização da capacidade instalada no último mês do no ano t;

!"#!!!!– variação (%) do último mês do ano t em relação ao mesmo período do ano anterior

!"#!!!!! - Índice de Confiança do Empresário Industrial no último mês do no ano t no ano t;

!!!!!– termo de erro;

!É importante ressaltar que os modelo acimas (16) e (17) podem sofrer alterações, com a

remoção de algumas variáveis, em caso de colinearidade.

!!!!

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!

! (G!

4. AMOSTRA

4.1 Definição da Amostra !

A base de dados obtida é oriunda do sistema Economática. Foram extraídos dados de

caráter contábil, econômico-financeiro, bem como informações relativas às composições

acionárias, de uma amostra de 172 empresas de capital aberto, listadas na

BMF&FBOVESPA. O horizonte temporal de investigação engloba o período de 2011 à 2015.

A tabela 1 fornece uma visão geral do grupo amostral estudado.

!

Tabela 1 – Composição da amostra por setor de atuação

Setor de Atuação Quantidade de Empresas Consumo e Varejo 22

Energia e Saneamento 20 Industrial 19

Imobiliário e Construção 17 Holding 13

Transporte e Logística 12 Petróleo e Gás 10

Saúde 8 Petroquímico 7 Siderúrgico 5

Tecnologia e Internet 5 Papel e Celulose 5

Telecomunicações 4 Seguros 4

Mineração 4 Financeiro 4

Outros 13 !Fonte: Economática (2017)

A categoria “Outros” possui considerável representatividade (7,5%) na amostra. Nela,

estão inclusas empresas de diversas áreas de atuação. Com o intuito de trabalhar com um

menor número de setores e facilitar a análise, entende-se que a manutenção da classificação

original provida pela própria Bovespa seja a melhor opção.

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!

! ),!

4.2 Hipóteses e Variáveis Independentes !

Nesta seção serão descritas de forma minuciosa as variáveis adotadas no modelo de

regressão, assim como as hipóteses presentes na literatura, as quais serão testadas para

corroboração ou rejeição das ideias dos principais estudiosos.

Tangibilidade

Indica a representatividade do ativo imobilizado em relação ao ativo total, isto é, a

proporção de recursos que são alocados para a aquisição de bens de capital, de natureza

tangível. De acordo com os trabalhos de La Porta, Lopez-De-Silanes, Shleifer e Vishny

(2000), e Mota (2007), espera-se que este indicador influencie negativamente a taxa de

pagamento de dividendos, haja vista que tais investimentos requerem uma grande

disponibilidade de recursos no caixa da companhia.

O modelo de Pecking Order, proposto por Myers (1984), e Myers e Majluf (1984), é

mais uma evidência da existência de uma correlação negativa entre investimentos e

dividendos. Esta teoria diz que as firmas seguem uma sequência hierárquica de

financiamento: fundos gerados internamente, títulos sem risco, títulos com risco e emissão de

novas ações. A redução do pagamento de dividendos, seria, portanto, uma das ações

prioritárias para a captação de recursos necessários para o financiamento dos investimentos.

Tendo em vista que os ativos tangíveis são uma boa proxy para os níveis de

investimentos de uma empresa, estabeleceu-se a seguinte hipótese:

H1: Quanto maior o investimento, menor será o índice de payout de dividendos.

Endividamento

Conforme descrito na sessão de indicadores financeiros, este índice mostra o grau de

dependência da empresa com o capital de terceiros. O seu cálculo é dado pela divisão do

Passivo Exigível pelo Ativo Total. Há muitas divergências em relação ao efeito que esta

variável exerce no nível de dividendos. É razoável pensar que companhias que apresentam

uma estrutura de capital mais alavancada são mais suscetíveis a destinar seus lucros para a

quitação de dívidas, priorizando maiores desembolsos para o pagamentos de juros e

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!

! )%!

amortizações, em detrimento da distribuição dos dividendos. Este mesmo pensamento foi

sustentado no trabalho de Jensen et al. (1992).

Todavia, alguns autores consideram que um maior endividamento implica em um

aumento no pagamentos de dividendos. Heineberg e Procianoy (2003), explicam que as

despesas com juros, inerentes às dívidas contraídas, reduzem o valor a ser pago no imposto de

renda.

Diante desta discussão, será testada a seguinte hipótese:

H2: Quanto maior o endividamento, menor será o índice de payout de dividendos.

Tamanho

A métrica que quantifica o tamanho de uma firma é dada pelo logaritmo neperiano de

seu ativo total. Segundo Fama e French (2001), empresas maiores e mais maduras, por

apresentarem poucas oportunidades de crescimento e menor necessidade de retenção de caixa,

são mais propensas a possuir payouts de maior valor.

Assim, formulou-se a seguinte hipótese:

H3: Empresas maiores apresentam maiores índices de payout de dividendos.

ROA

O Retorno sobre o Ativos (ROA) retrata o fluxo de caixa da empresa, indicando a

lucratividade da mesma. Seu cálculo é dado pela divisão entre lucro líquido e o ativo total. De

acordo com John e Knyazeva (2006), presume-se um sinal positivo entre ROA e dividendos.

Esta mesma relação foi validada no trabalho de Forti, Peixoto e Alves (2013).

ROE

O Retorno sobre Equity (ROE) é uma outra forma de expressar a rentabilidade de uma

empresa. O seu cálculo é obtido pela razão do lucro líquido com o patrimônio líquido.

Heineberg e Procianoy (2003) mostram que há uma relação positiva entre esta variável e o

índice de pagamento de dividendos.

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!

! )&!

Dada os diversos indicadores de rentabilidade, anuncia-se a seguinte hipótese:

H4: Empresas mais rentáveis apresentam maiores níveis de pagamento de dividendos

Concentração de Controle

As concentrações de controle serão dimensionadas pelos percentuais de direito de voto

do maior, e dos 3 e 4 maiores acionistas. Na visão de Silva (2004), empresas com estruturas

patrimoniais mais concentradas dispõem de oportunidades e circunstâncias que possibilitam

expropriar os acionistas minoritários e, assim, tendem a apresentar um menor pagamento de

dividendos. Por outro lado, Michaely e Roberts (2007) demonstram que uma estrutura de

propriedade e controle mais dispersa fomenta um outro tipo de conflito de agência, entre

acionistas e gestores. Diante destes pensamentos divergentes, relata-se a seguinte hipótese:

H5: A fim de reduzir o problema principal agente (entre acionistas e gestores), as firmas, que

apresentam uma estrutura de propriedade mais dispersa, tendem a aumentar o índice de

payout de dividendos aos acionistas

Macroeconômicas

A influência de fatores macroeconômicas no índice de payout de dividendos ainda foi

pouco explorada na literatura, de modo que não há muitas informações sobre uma possível

correlação entre os mesmos. A análise da inflação, em particular, é bastante relevante para a

escolha da política de dividendos, como constatado por Jablónski (2013). O autor concluiu

que, em períodos de pelo menos 2 dígitos de inflação, as empresas preferem reter seus lucros,

alocando-os em reinvestimentos para os seus desenvolvimentos. No presente trabalho serão

consideradas as seguintes variáveis macroeconômicas:

1. Cerificado de Depósito Interbancário (CDI): A taxa CDI sinaliza as condições de

liquidez do mercado. Sua finalidade reside no lastreamento das transações

interbancárias.

2. Taxas de Juros de Longo Prazo (TJLP): A TJLP foi instituída com o objetivo de

fomentar investimentos em diversos setores econômicos, principalmente os de

infraestrutura. Seu cálculo é parametrizado por duas métricas: inflação e prêmio de

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!

! )'!

risco. Desde 1995 incorrem nos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

3. Inflação: Neste trabalho a inflação será mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA)

4. Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI): “O Nível de Utilização da

Capacidade Instalada (NUCI) é um indicador econômico que procura medir, a partir

de dados individuais de empresas, a relação entre o produto efetivamente gerado em

determinado setor como proporção do produto potencial caso toda sua capacidade

produtiva estivesse em uso.” (FGV IBRE)

5. Produto Interno Bruto (PIB): Compreende a soma dos valores de todos os bens e

serviços produzidos no país em determinado momento. Será utilizada a variação

percentual do 4º trimestre de cada ano em relação ao mesmo período do ano anterior.

6. Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI): Consiste em uma quantificação

quanto a confiança dos empresários sobre as condições econômicas e perspectivas

futuras.

As principais variáveis independentes utilizadas no modelo estão sintetizadas no quadro

10. Nele, podem ser visualizadas os cálculos e os sinais esperados de influência das mesmas

com relação ao índice de pagamento de dividendos das empresas.

!

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!

! )(!

Variável Definição Sinal esperado Literatura

IMOB Ativos Imobilizados/Ativo Total (-) La Porta et al (2000); Mota (2007)

ENDIVID Passivo Exigível/Ativo Total (+) Heineberg e Procianoy

(2003)

(-) Jensen et al. (1992)

TAM Ln (Ativo Total) (+) Fama e French (2001)

ROA Lucro Líquido/Ativo Total (+) John e Knyazeva (2006);

Forti, Peixoto e Alves (2013)

ROE Lucro Líquido/Patrimônio Líquido (+) Heineberg, Procianoy (2003)

C1ON % Capital Votante do maior acionista (-) (+)

Silva (2004) Michaely e Roberts

(2007)

C3ON % Capital Votante dos 3 maiores acionistas

(-) (+)

Silva (2004) Michaely e Roberts

(2007)

C4ON % Capital Votante dos 4 maiores acionistas

(-) (+)

Silva (2004) Michaely e Roberts

(2007)

CDI Cerificado de Depósito Interbancário (taxa acumulada anual) ? -

TJLP Taxas de Juros de Longo Prazo

? - (taxa acumulada anual)

IPCA Inflação (taxa acumulada anual) (-) Jablónski (2013)

NUCI Nível de Utilização da Capacidade Instalada ? -

PIB Produto Interno Bruto

? - (variação percentual em relação ao mesmo período anterior)

ICEI Índice de Confiança do Empresário Industrial ? -

Quadro 10 – Variáveis Independentes

Fonte: O autor (2017) !

4.3 Estatísticas Descritivas

A tabela 2 exibe características importantes da base de dados, permitindo um maior

entendimento do seu comportamento ao longo do tempo. A média da variável dependente

PAYOUT entre os anos de 2011 e 2015 foi de 80,5% O coeficiente de variação de 4,776

indica que houve uma certa discrepância entre os valores que esta variável assumiu ao longo

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!

! ))!

do período de análise. Outra evidência do caráter heterogêneo do grupo amostral é a grande

diferença dos valores mínimos e máximos desta variável.

Tabela 2 – Estatísticas descritivas da amostra original

Variável Média Desvio padrão Min Máx Mediana Coeficiente

de Variação

IMOB 0,247 0,248 0 1,35 0,182 1,004

ENDIVID 0,677 0,47 0,06 5,266 0,611 0,693

PAYOUT 0,805 3,847 0 81,377 0,286 4,776

TAM 14,955 1,947 9,027 20,755 15,109 0,13

ROA 0,098 2,745 -3,382 76,912 0,028 28,104

ROE 0,797 18,825 54,52 532,428 0,088 23,607

!Fonte: O autor (2017)

Dada esta considerável disparidade entre a média e a mediana da variável dependente,

julga-se interessante eliminar os outliers e, assim, realizar uma nova análise das dados. Os

“pontos fora da curva” foram identificados através do critério do diagrama de caixa (box-

plot). O diagrama de caixa é uma ferramenta estatística que avalia a distribuição empírica das

observações, estabelecendo os extremos superior e inferior para determinação dos outliers. Os

valores situados fora deste intervalo, ou seja, acima do limite superior LS = 3Q+1,5*IQ e

abaixo do limite inferior LI = 1Q–1,5*IQ são classificados como observações anormais e

possíveis outliers, onde 1Q é o primeiro quartil, 3Q é o terceiro quartil e IQ é o intervalo entre

o terceiro e primeiro quartil. Assim como no trabalho de Lima (2014), utilizou-se 3 como

multiplicador em ambas as fórmulas, ao invés de 1,5. A ideia por traz desta alteração é a de

eliminar o mínimo de observações possíveis. Neste trabalho foi possível manter 95,1% das

observações da variável dependente da amostra original. A tabela 3 mostra as novas

estatísticas descritivas após a remoção dos outliers extremos.

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!

! )*!

Tabela 3 – Estatísticas descritivas após retirada dos outliers

Variável Média Desvio padrão Min Máx Mediana Coeficiente

de Variação

IMOB 0,248 0,249 0 1,35 0,183 1,001

ENDIVID 0,684 0,476 0,06 5,266 0,615 0,696

PAYOUT 0,381 0,466 0 2,400 0,266 1,221

TAM 14,934 1,932 9,027 20,755 15,059 0,129

ROA 0,03 0,082 -0,269 0,294 0,032 2,733

ROE 0,095 0,1834 -0,544 0,745 0,091 1,93

!Fonte: O autor (2017) !

Verifica-se que a média do payout neste novo cenário é de 38,1%, valor bastante

inferior ao apresentado na tabela 2, da amostra original. Além disso, percebe-se que há uma

menor variação em torno deste índice, apesar do desvio padrão (46,6%) ainda ser superior à

média.

As variáveis IMOB (imobilizado), ENDIVID (endividamento) e TAM (tamanho)

permaneceram com valores bem próximos aos calculados preliminarmente, considerando os

outliers. O endividamento e o tamanho, em particular, possuem coeficientes de variação

pequenos, o que sugere uma certa simetria na distribuição da média destas variáveis. O

imobilizado, por outro lado, possui um desvio padrão superior à média, indicando a existência

de dispersão em torno dele.

Em contrapartida, observa-se que as variáveis de rentabilidade sofreram grandes

alterações em comparação com as estatísticas da amostra original. Ainda na tabela 3, após a

remoção dos outliers as médias do ROA e ROE foram 0,030 e 0,095, respectivamente.

Muitas das empresas estudadas decidiram não distribuir dividendos, ou seja,

apresentaram um índice de payout = 0%, conforme na tabela 4. A principal razão para tal fato

é a insuficiência de lucros para o pagamento dos proventos mínimos obrigatórios. Empresas

que obtém resultados positivos no exercício social, mas dispõem de uma situação financeira

incompatível, também estão protegidas pela legislação (Artigo 202, parágrafos 4º e 5º da Lei

das Sociedades Anônimas), e portanto isentas de realizar tal prática.

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!

! )-!

Tabela 4 – Empresas com payout = 0%

N / ano 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de empresas que não distribuíram dividendos 37 46 56 53 56

% da amostra 23% 28% 33% 31% 33%

!Fonte: O autor (2017) !!

Por outro lado, também estão presentes na amostra firmas que exerceram um índice de

payout acima de 100%, vide tabela 5. O valor máximo apurado foi de 239,7%. Isto quer dizer

que foram distribuídos dividendos em valores superiores aos lucros líquidos do período,

através da utilização de reservas de lucro ou de capital.

!

Tabela 5 – Empresas com payout acima de 100%

N / ano 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de empresas com índice payout acima de 100% 24 20 24 26 21

% da amostra 15% 12% 14% 15% 13%

Fonte: O autor (2017) !

Outra característica interessante da base de dados é a descriminação do rácio de

pagamento de dividendos por setor de atuação. Conforme Silva (2004), “cada setor industrial

pode estar em um estágio diverso de maturidade, crescimento e apresentar peculiaridades que

determinam a avaliação, a estrutura de capital e a política de dividendos de suas companhias.”

Da mesma forma, Heineberg e Procianoy (2003) adotam dummies setoriais em suas análises.

De acordo com os autores, cada setor possui suas próprias demandas de investimentos,

aspectos sazonais e outras especificidades operacionais e financeiras que influenciam nas

políticas de distribuição de lucros.

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!

! )+!

Tabela 6 – Média de payout por setor

Setor Média Desvio padrão Min Máx Mediana Coeficiente de

Variação N

Consumo e Varejo 0,37 0,44 0,00 2,32 0,28 1,18 109

Energia e Saneamento 0,51 0,49 0,00 1,98 0,37 0,97 94

Financeiro 0,41 0,17 0,21 0,77 0,35 0,41 20

Holding 0,55 0,60 0,00 2,10 0,37 1,09 56 Imobiliário e Construção 0,23 0,23 0,00 1,06 0,22 0,97 83

Industrial 0,27 0,49 0,00 2,33 0,00 1,81 92

Mineração 0,19 0,30 0,00 1,20 0,00 1,58 17

Outros 0,34 0,46 0,00 1,84 0,15 1,35 51

Papel e Celulose 0,38 0,41 0,00 1,49 0,33 1,10 22

Petróleo e Gás 0,21 0,43 0,00 1,88 0,00 2,04 41

Petroquímico 0,23 0,32 0,00 1,27 0,02 1,37 32

Saúde 0,45 0,53 0,00 2,33 0,27 1,17 35

Seguros 0,42 0,42 0,00 1,26 0,41 0,98 12

Siderúrgico 0,67 0,57 0,01 2,01 0,45 0,84 22

Tecnologia e Internet 0,26 0,28 0,00 0,89 0,14 1,08 22

Telecomunicações 0,71 0,58 0,00 2,33 0,54 0,82 19

Transporte e Logística 0,51 0,51 0,00 2,40 0,39 1,00 62 Fonte: O autor (2017) !!

Constata-se na tabela 6 que os setores que distribuíram mais dividendos

proporcionalmente aos lucros obtidos foram os de Telecomunicações (71%), Siderúrgicos

(64%), Holdings (55%) e Energia e Saneamento (51%). Na direção contrária, as menores

médias de payout estão concentrada nas empresas dos setores de Mineração (19%), Petróleo e

Gás (21%) e Petroquímico (23%).

Já era de se esperar um alto índice de payou para o setor de utilities, uma vez que os

produtos e serviços ofertados pelas companhias deste segmento de mercado possuem

demandas inelásticas, ou seja, o consumo destes bens não é impactado fortemente por

mudanças macro e microeconômicas (alterações nos preços e/ou na própria renda dos

consumidores). As Holdings são corporações que detém participação acionária majoritária em

pelo menos 1 (uma) empresa. Quanto mais diversificado for o portfólio de participação da

Holding, maior será a sua capacidade de diluir os riscos de investimentos. Assim, uma

Holding que controla subsidiárias de diferentes setores tende a alcançar lucros mais estáveis

ao longo dos anos, possibilitando remunerar os acionistas com maiores dividendos.

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!

! )G!

Com relação à composição acionária das empresas contidas na amostra, identifica-se

uma forte concentração em ambas as estruturas de controle e propriedade. A tabela 7 traz

informações referentes ao percentual de ações ordinárias e de ações totais (ON+PN) do maior,

e dos três e quatro maiores acionistas.

Tabela 7 – Composição acionária da amostra

Acionista

Companhias Com Acionista

Majoritário

Companhias Sem um Acionista

Majoritário Total da Amostra

Capital Votante

(%)

Capital Total (%)

Capital Votante

(%)

Capital Total (%)

Capital Votante

(%)

Capital Total (%)

Maior 70,05 55,67

28,18 25,32

48,98 40,68 Três Maiores 82,98 70,98

53,78 48,88

68,76 59,68

Quatro Maiores 84,32 73,47

59,51 54,13

71,17 63,57 Nota: Uma companhia com um acionista majoritário é aquela na qual um acionista possui mais de 50% do capital votante diretamente. Fonte: O autor (2017) !!

Dentre as empresas que possuem um acionista majoritário, cerca de 70% dos direitos de

voto estão aglomerados em uma única pessoa, o qual também detém em média

aproximadamente 56% dos direitos de fluxo de caixa. Considerando os três e quatro maiores

acionistas, o grau de concentração é ainda mais notório, superando 82%. As companhias com

acionistas minoritários apresentam uma disposição de controle e propriedade um pouco mias

pulverizada como pode ser visto na tabela 7. De forma geral, pode-se dizer que há uma forte

concentração acionária entre as empresas brasileiras de capital aberto, com uma diferença

significativa entre o percentual de capital votante e o capital total. Diversos estudos anteriores

como os de Valadares e Leal (2000), Silva (2004), Mota (2007), Bortolon (2013) e Lima

(2014) corroboram a presença de um alto nível de concentração na estruturas patrimoniais das

companhias listadas na Bovespa.

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!

! *,!

4.4 Evolução no tempo

De forma a entender o comportamento do índice de payout e das variáveis

independentes ao longo do período de investigação, será realizado um estudo sobre a

evolução de algumas de suas medidas de dispersão entre os anos de 2011 e 2015.

A tabela 8 mostra que tanto a média quanto a mediana do índice de payout sofreram

certa oscilações durante cada ano. Os desvios padrões em todos os anos atingiram valores

superiores às próprias médias.

!

Tabela 8 – Estatística descritiva por ano da variável Payout

Ano Média Desvio padrão Min Máx Mediana

2015 0,36 0,47 0,00 2,28 0,22

2014 0,41 0,50 0,00 2,40 0,29

2013 0,38 0,47 0,00 2,33 0,25

2012 0,37 0,45 0,00 2,33 0,27

2011 0,40 0,44 0,00 1,94 0,29

Fonte: O autor (2017) !

Todavia, considerando a evolução da média e da mediana entre os anos, pode-se dizer

que a variação foi suave. O valor médio anual esteve sempre entre 36% e 41%, enquanto que

a mediana permaneceu no intervalo de 22% e 29%, como ilustrado nos gráficos 1 e 2.

!

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Gráfico 1 – Evolução temporal da variável payout (média). Fonte: O autor (2017)

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Gráfico 2 – Evolução temporal da variável payout (mediana). Fonte: O autor (2017)

!As variabilidades das estruturas de controle e propriedade são mínimas, vide tabelas 9 e

10. Verifica-se que a média do percentual de capital votante do maior acionista apresenta um

crescimento a partir de 2013. Esta mesma tendência é observada na média das concentrações

de direito de voto dos três e quatro maiores acionistas. Já em relação ao percentual de capital

total (ações ordinárias e preferenciais), visualiza-se este mesmo comportamento, porém em

uma proporção um pouco maior.

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!

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A análise sob o víeis das medianas mostra que as oscilações são maiores, porém longe

de serem acentuadas. Ao longo do tempo, observa-se que o maior, e os três e quatro maiores

controladores apresentam uma pequena redução em seus direitos de voto. Por outro lado, os

direitos de fluxos de caixa apresentaram um aumento neste mesmo período de tempo. Esta

fato pode ser interpretado como um indício de que a alavancagem de controle, isto é, a

diferença de concentração de controle e propriedade diminuiu. Os gráficos 3 e 4 retratam

estes movimentos.

!

Tabela 9 – Média por ano das variáveis de controle e propriedade

Ano C1 – ON (%)

C1 –TOTAL (%)

C3 – ON (%)

C3 –TOTAL (%)

C4 – ON (%)

C4 –TOTAL (%)

2015 49,1 41,2 67,7 60,1 71,4 64,2

2014 49,0 40,8 67,9 59,8 71,6 63,8

2013 48,4 39,8 67,6 59,1 71,1 63,0

2012 48,4 39,6 68,1 59,1 71,4 62,8

2011 49,3 40,3 68,5 59,5 72,1 63,3

!Fonte: O autor (2017)!!!

Tabela 10 – Mediana por ano das variáveis de controle e propriedade

Ano C1 – ON (%)

C1 –TOTAL (%)

C3 – ON (%)

C3 –TOTAL (%)

C4 – ON (%)

C4 –TOTAL (%)

2015 48,6 35,4 68,9 59,7 71,4 63,4

2014 49,2 35,2 68,2 60,7 71,7 65,8

2013 48,2 34,5 68,9 58,8 71,5 64,1

2012 49,5 33,5 71,4 59,7 74,0 64,7

2011 50,5 33,4 70,5 60,7 74,0 66,8

!Fonte: O autor (2017)!

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Gráfico 3 – Evolução temporal da estrutura de controle e propriedade (média)!Fonte: O autor (2017)!!

Gráfico 4 – Evolução temporal da estrutura de controle e propriedade (mediana)!Fonte: O autor (2017)!!

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!

! *(!

As causas para a situação macroeconômica que o Brasil vem vivenciando desde meados

de 2014 são diversas, de modo que não há um consenso unânime entre os especialistas acerca

destas questões. Serão elencados apenas alguns eventos domésticos que potencialmente

influenciaram de forma positiva ou negativa a conjuntura econômica nacional. O propósito

desta contextualização é de mostrar ao leitor prováveis fatores que afetaram as variáveis

macroeconômicas empregadas neste estudo durante o horizonte temporal de investigação,

conforme ilustrado nos gráficos 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

1. Operação “Lava Jato”: Em março de 2014, iniciou-se a 1ª fase da operação “Lava

Jato”, considerada a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro realizada

no país, em que foram movimentados e desviados mais de R$ 1.000.000.000 (um

bilhão de reais) da maior estatal do Brasil, a Petrobrás. Este esquema perdurou por

mais de 10 anos e contou com a participação de funcionários da empresa,

empreiteiras, operadores financeiros e agentes políticos. Resumidamente, os processos

licitatórios referentes aos contratos com a Petrobrás eram totalmente irregulares, um

jogo de “cartas marcadas”. As grandes empreiteiras forjavam uma concorrência real e

estabeleciam um cartel. Os funcionários da estatal, além de consentirem com tal

prática, facilitavam e permitiam vantagens, garantindo a contratação por preços

superiores, gerando desse modo, um enorme déficit financeiro na companhia. Os

operadores financeiros recebiam a propina das empreiteiras envolvidas no esquema e

repassavam aos diretores, lavando o dinheiro, de modo a tentar ludibriar a Policia

Federal no que se refere à ilicitude do montante adquirido. Membros políticos também

embolsavam propina ao indicar os diretores em suas funções. A operação atualmente

encontra-se na 42ª fase. As consequências deste esquema foram desastrosos para a

economia nacional. Desinvestimentos, demissões em massa, menores arrecadações,

desvalorizações do valor de mercado das empresas participantes são apenas alguns

exemplos.

2. Crise hídrica: A crise hídrica no Estado de São Paulo, com início em Janeiro de 2014 e

término em Março de 2016, foi a maior registrada em 86 anos. O fenômeno climático

crítico, caracterizado por períodos extremos de estiagens, índices pluviométricos

abaixo da média histórica e o consequente esvaziamento dos reservatórios

potencializaram a escassez de água. Outras causas deste evento residem na alta

concentração do consumo da água e o aumento substancial da poluição ao longo dos

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!

! *)!

anos. Durante este período houve um encolhimento significativo na produção

industrial, setor responsável por cerca de 25% do PIB do estado.

3. Impeachment de Dilma Roussef: Em dezembro de 2015, iniciou-se o processo de

impeachment contra a então presidente na época, Dilma Roussef. As acusações de

crimes de responsabilidade fiscal e abertura de créditos suplementares sem autorização

legislativa foram aceitas pela Câmara dos Deputados. A instabilidade política e a

consequente incerteza sobre o apoio que Dilma Roussef receberia do Congresso para a

aprovação de medidas importantes de consolidação fiscal do país, foram citados pela

Moody’s, agência de classificação de risco, como justificativas para um possível

rebaixamento a nota de crédito soberano do Brasil. Naquele momento, o Brasil estava

no último nível dentro do grau de investimento (nota Baa3).

!

Gráfico 5 – Evolução temporal da taxa mensal de CDI Fonte: http://www.portaldefinancas.com/cdi1415.htm!!

Gráfico 6 – Evolução temporal da TJLP acumulada!Fonte:http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/taxa-de-juros-de-longo-prazo-tjlp!!

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TJLP acumulada

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!

! **!

Gráfico 7 – Evolução temporal do IPCA mensal!Fonte: https://www.portalbrasil.net/ipca.htm!!

Gráfico 8 – Evolução temporal do NUCI!Fonte: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/ina-levantamento-de-conjuntura-3/ !!

Gráfico 9 – Variação percentual do PIB trimestral em relação ao mesmo período do ano anterior!Fonte: http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?serid=38414 !

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! *-!

Gráfico 10 – Evolução temporal do ICEI!Fonte: http://www6.sistemaindustria.org.br/gpc/externo/listaResultados.faces?codPesquisa=180 !

No que diz respeito às demais variáveis independentes do modelo, as tendências de

evolução temporal de suas médias estão expostas na tabela 11. Nota-se que que o imobilizado

(IMOB) apresentou um decaimento a partir de 2012, o que significa dizer que uma menor

proporção de recursos vem sendo direcionada para a aquisição de ativos tangíveis. A O

endividamento (ENDIVID), por outro lado, vem experimentado um crescimento ao longo dos

anos, ou seja, há evidências de que as companhias ficaram mais dependentes do capital de

terceiros.

Desde 2011, o tamanho das empresas (TAM) enfrentou um suave progresso, atingindo

seu valor médio máximo em 2015 (15,022). Uma vez que esta variável é quantificada pela

logaritmo natural do ativo total, pode-se afirmar que de forma geral as companhias

aumentaram a valoração de seus bens e direitos.

Com relação aos índices de rentabilidade, ambos apresentaram atenuações em seus

valores médios entre 2013 e 2015. A redução do ROA mostra que há uma menor eficiências

na gestão dos ativos para geração de resultados financeiros. No caso do ROE, a análise é

semelhante. O encolhimento deste indicador revela que o capital acionário investido tem

proporcionado menores retornos ao longo dos anos.

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!

! *+!

Tabela 11 – Estatística descritiva (média) por ano das demais variáveis independentes

Ano IMOB ENDIVID TAM ROA ROE

2015 0,230 0,726 15,022 0,018 0,064

2014 0,239 0,681 14,936 0,024 0,086

2013 0,251 0,679 14,926 0,034 0,104

2012 0,269 0,667 14,964 0,030 0,090

2011 0,265 0,626 14,882 0,038 0,111

!Fonte: O autor (2017)!!!

4.5 Correlações

A análise de correlação entre as variáveis independentes é pressuposto básico para que

as regressões multivariadas apresentem resultados consistentes. De acordo com Wooldridge

(2012, pág. 74), se existir uma combinação linear entre as variáveis independentes, então o

modelo sofre de colinearidade perfeita, e portanto não pode ser estimado pelo método dos

mínimos quadrados ordinários. Recomenda-se ainda que não ingressem no modelo as

variáveis explicativas com coeficientes de correlação superiores, em módulo, a 0,7.

Afere-se pela tabela 12 que apenas algumas variáveis macroeconômicas e de

concentração acionária possuem um grau de linearidade forte entre elas, e, por isso, serão

testadas de forma isolada no modelo.

Por serem índices da mesma natureza, também já era de se esperar uma alta correlação

entre ROA-ROE (0,986), portanto, 1 (uma) destas variáveis será desconsiderada do modelo

de regressão.

Todas as demais variáveis independentes apresentam correlações de baixo nível de

linearidade, de modo que o maior coeficiente de correlação obtido é o do par TAM –

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!

! *G!

ENDIVID (-0,225), que ainda assim é bem inferior, em módulo, à 0,7. Esta relação negativa

demonstra que empresas de menor tamanho são mais alavancadas. Os juros elevados

praticados no Brasil e a ausência de financiamento de longo prazo podem explicar por que

empresas grandes, que têm acesso a outras fontes de financiamento, como a emissão de ações

no exterior, parecem optar por menor alavancagem financeira, restando às empresas menores,

o endividamento de curto prazo (LEAL, 2001, pág. 13).

A segunda maior correlação é entre IMOB e ENDIVID (0,181). A relação positiva entre

estas variáveis também é verificada nos estudos de Daher (2004), Terra (2002), Brito e Lima

(2003), e Bressan et al. (2009). De acordo com os autores, os ativos tangíveis podem ser

utilizados como garantias para a tomada de financiamentos, permitindo, assim, a contração de

maiores níveis de endividamento.

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Tabela 12 – Matriz de C

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A

-0,05 -0,026

-0,05

RO

E -0,039

0,023 -0,065

0,986

C1O

N

0,012 0,131

-0,123 -0,004

-0,004

C3O

N

0,048 0,16

-0,178 -0,032

-0,027 0,855

C4O

N

0,063 0,159

-0,211 -0,038

-0,032 0,792

0,983

CD

I -0,046

0,008 0,0008

0,011 0,017

0,02 0,012

0,018

TJLP 0,006

-0,001 0,007

-0,038 -0,033

0,022 0,018

0,017 0,637

IPCA

-0,061

0,036 0,004

-0,013 -0,003

0,011 0,002

0,005 0,811

0,652

NU

CI

0,077 -0,039

-0,001 -0,017

-0,026 -0,005

0,003 -0,002

-0,796 -0,319

PIB

0,07 -0,043

-0,003 -0,007

-0,017 -0,005

0,003 -0,002

-0,776 -0,451

ICEI

0,075 -0,039

-0,002 -0,017

-0,027 -0,0055

0,003 -0,004

-0,811 -0,348

!Fonte: O autor (2017)!

!!!!!!!

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!!!Continuação Tabela 12 – M

atriz de Correlação

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ID

TAM

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R

OE

C1O

N

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N

C4O

N

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I

TJLP

IPCA

N

UC

I -0,903

PIB

0,977

0,977

IC

EI -0,907

0,998 0,982

!Fonte: O

autor (2017)!!!

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5. REGRESSÕES

!A escolha pelo melhor método de estimação entre efeitos fixos e efeitos aleatórios

será definida por meio do teste de Hausman. Como já reportado previamente na seção

de aspectos metodológicos, a hipótese nula é a de que o modelo de efeitos aleatórios é o

mais apropriado, enquanto que a hipótese alternativa defende a adoção do modelo de

efeitos fixos. O resultado abaixo evidencia que não podemos afirmar que não há

correlação entre o termo do erro aleatório e os regressores, e, portanto, a opção pelo

modelo de efeitos fixos é a mais adequada.

!!

!!!

Os resultados das regressões múltiplas encontrados na tabela 13, todavia, foram

gerados via metodologia Arellano-Bond. A opção por esta técnica de estimação reside

no fato de que não é possível assegurar a exogeneidade estrita das variáveis

independentes. Assim, garante-se um maior grau de confiabilidade aos resultados

obtidos, o que não seria possível através do método de efeitos fixos. A grande

descoberta surpreendente é a relação positiva e altamente significativa entre IMOB

(imobilizado) e a variável dependente em todas as especificações geradas. Este

resultado se opõe às evidências empíricas da literatura como as encontradas por

Aizavian et al (2003) e Mota (2007). Segundo os respectivos autores, a tangibilidade

dos ativos possuem uma correlação negativa com o índice de payout, devido a

necessidade de retenção de caixa, que seria direcionados para arcar com estes

investimentos. A correlação positiva encontrada neste trabalho sugere a validação da

teoria da sinalização. As companhias, temendo uma reação negativa do mercado, em

caso de redução ou corte do pagamento de dividendos, optaram por distribuí-los,

mesmo apresentando uma alta proporção de ativos imobilizados. Como consequência,

os investidores e demais agentes de mercado entenderiam que estas empresas

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!

! "$!

apresentavam no atual momento, bem como teriam perspectivas futuras de um ótimo

desempenho financeiro, acarretando, assim, na valorizações das cotações de suas ações.

Os índices de rentabilidade ROA e ROE foram testados separadamente a fim de

evitar qualquer tipo de problema de colinearidade, o que afetaria os resultados das

regressões. Observa-se que o ROA apresentou correlação positiva e estatisticamente

significativa com o índice de payout na especificação (1). Este sinal já era expectável

uma vez que há evidências empíricas como as encontradas nos trabalhos de John e

Knyazeva (2006); Forti, Pexito e Alves (2013). Da mesma forma, o ROE mostrou-se ser

estatisticamente significativo e com coeficiente positivo nas especificações (2) e (4), o

que também já era esperado. A explicação é a mesma para as 2 (duas) relações

constatadas: maiores fluxos de caixa possibilitam aos gestores distribuir mais

dividendos aos acionistas. É importante frisar, entretanto, que os impactos marginais

que ambos índices exercem na variável dependente são baixos. O aumento de 1 ponto

percentual no ROA resulta em um crescimento de 0,1% no índice de pagamento de

dividendos. Já o ROE apresenta um efeito marginal ainda menor, de apenas 0,02% na

variável dependente. !

No caso das variáveis de estrutura controle, as concentrações de capital votante do

maior (C1ON), e dos três (C3ON) e quatro maiores (C4ON) acionistas foram aceitas

estatisticamente nos modelos de regressão, porém com sinais distintos. O coeficiente

positivo de C1ON indica que o aumento da concentração de ações ordinárias em apenas

1 (um) acionista possibilita um melhor monitoramento aos administradores,

proporcionando uma atenuação dos conflitos principal-agente e consequentemente

maiores distribuições de dividendos, conforme reportado nos estudos de Meckling

(1976) e Shleifer e Vishny (1986). O sinal negativo obtido em C3ON e C4ON, por sua

vez, está em conformidade com as pesquisas de La Porta et. Al (2000), Carvalhal

(2002), Leal (2005), e Lopes e Walker (2008). De acordo com os autores, firmas que

apresentam uma alta concentração de direitos de votos, mas ao mesmo tempo uma

estrutura de direitos de fluxo de caixa mais pulverizadas, estão propensas a conflitos

entre os acionistas majoritários e minoritários. Os controladores majoritários tendem,

portanto, a reduzir o pagamento de dividendos, já que os mesmos possuem a

oportunidade de expropriar os acionistas minoritários.

!

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!

! "%!

Com relação as variáveis macroeconômicas, a Taxa de Juros de Longo Prazo

(TJLP) e o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) foram as únicas

estatisticamente significantes. Os resultados mostram que ambas influenciam

negativamente o índice de payout. Um aumento da TJLP implica em menores

pagamentos de dividendos, uma vez que as empresas priorizariam a amortização

imediata de seus empréstimos, de modo a minimizar os pagamentos dos juros, que

aumentariam de valor em caso de atrasos. Um aumento do NUCI pode significar que

houve uma redução da capacidade ociosa, em função do aumento de demanda e com

isso, as empresas produziriam melhores resultados. Portanto, esperava-se inicialmente

uma relação positiva entre esta variável explicativa e o índice de pagamento de

dividendos. Todavia, existe também uma possível justificativa para o coeficiente

negativo obtido nos modelos. Um alto NUCI representa uma menor capacidade da

indústria em aumentar a oferta dos produtos, estimulando, assim, um cenário de maior

inflação.

Paralelamente, julga-se interessante abordar os determinantes da política de

dividendos sob a óptica de um modelo de regressão não linear. Será utilizado a

regressão logística, na qual a variável resposta é binária, ou seja, assumirá apenas 2

(dois) valores: 0 – empresas que não distribuíram dividendos; e 1 – empresas que

distribuíram dividendos. Diferentemente da regressão linear por Arellano-Bond, os

resultados da tabela 14 mostram que empresas com maiores proporções de ativos

imobilizados, são menos prováveis de pagar dividendos. Afere-se ainda que o tamanho

da empesa, bem como o índice de endividamento da mesma são elementos

estatisticamente significantes utilizados na tomada de decisão dos gestores para a

distribuição ou não dos lucros aos acionistas. A primeira variável possui relacionamento

positivo com a variável dependente, o que converge com as descobertas de Fama e

French (2001), ou seja, que empresas maiores e mais maduras, por apresentarem poucas

oportunidades de crescimento e menor necessidade de manutenção de caixa, são mais

propensas ao pagamento de dividendos. Já segunda variável, possui coeficiente de

correlação negativa, corroborando o pensamento de que os lucros são prioritariamente

destinados ao pagamento das dívidas, conforme verificado por Jensen et al (1992).

C1ON, C3ON e C4ON foram também aceitas estatisticamente em grande parte das

especificações, apresentando os mesmos sinais obtidos no modelo de regressão linear

via Arellano-Bond. As mesmas justificativas também podem ser estendidas à este

modelo particular.

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Tabela 13 – Resultados das Regressões Lineares Múltiplas

Especificações Variáveis (1) (2) (3) (4) (5) (6)

IMOB 0,226** 0,207*** 0,236** 0,237** 0,231** 0,231** (0,022) (0,054) (0,018) (0,018) (0,020) (0,020)

ENDIVID -0,206 -0,018 -0,271 -0,0277 -0,034 -0,034 (0,279) (0,386) (0,169) (0,159) (0,322) (0,322)

TAM -0,013 -0,013

(0,726) (0,726)

ROA 0,001*** 0,001 0,0003 0,0003 (0,097) (0,113) (0,911) (0,911)

ROE 0,0002*** 0,0002* (0,081) (0,009)

C1 ON 0,011** 0,011 0,110*** 0,110*** 0,011*** 0,011*** (0,057) (0,060) (0,059) (0,059) (0,058) (0,058)

C3 ON -0,009** -0,009** (0,040) (0,042)

C4 ON -0,010** -0,010** -0,009** -0,009**

(0,021) (0,021) (0,021) (0,021)

IPCA 0,032 0,031 0,032

(0,104) (0,122) (0,101)

ICEI 0,002 0,002 0,002

(0,565) (0,669) (0,612)

PIB -0,0008 0,0003 0,001 (0,952) (0,983) (0,957)

NUCI -0,0365** -0,038* -0,039*

(0,012) (0,010) (0,007)

CDI -0,334 -0,0334 -0,334

(0,159) (0,162) (0,163)

TJLP -0,067** -0,069** -0,070** (0,034) (0,032) (0,027)

Constante 0,285 3,425* 0,428 3,621* 0,577 3,895*

(0,316) (0,006) (0,111) (0,004) (0,416) (0,004) !Nota: Os símbolos *, ** e *** indicam diferença estatisticamente significativa a 1%, 5% e 10%, respectivamente. A variável dependente é o ln (payout+1). Foram testadas seis especificações de modelos. Os valores-p são reportados entre parênteses. !!

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Tabela 14 – Resultados das Regressões Logísticas

Especificações Variáveis (1) (2) (3) (4) (5) (6)

IMOB -12,37*** -12,76*** -14,88*** -15,35** -10,36 -11,37

(0,080) (0,076) (0,059) (0,053) (0,216) (0,179)

ENDIVID -29,95* -30,35* -31,18* -31,33* -26,97* -26,09* (0,001) (0,001) (0,002) (0,001) (0,001) (0,001)

TAM 4,433** 4,326** 5,273** 5,199** (0,031) (0,026) (0,018) (0,014)

ROA 2,801 2,554 2,475

(0,641) (0,694) (0,655)

ROE 1,238 1,368 1,142

(0,372) (0,341) (0,281)

C1 ON 0,282* 0,285* 0,303* 0,304* 0,125 0,108 (0,009) (0,008) (0,004) (0,003) (0,241) (0,279)

C3 ON -0,235** -0,237** 0,415 0,429 (0,012) (0,012) (0,230) (0,210)

C4 ON -0,264* -0,265* -0,539*** -0,544***

(0,006) (0,005) (0,083) (0,083)

IPCA -0,089 -0,017 0,161 (0,934) (0,987) (0,880)

ICEI -0,236 -0,346 -0,330 (0,828) (0,764) (0,771)

PIB -0,001 -0,013 -0,133 (0,995) (0,940) (0,364)

NUCI 0,651 (0,862)

1,014 0,873 (0,798) (0,823)

CDI 0,033 0,010 -0,059

(0,880) (0,964) (0,786)

TJLP 0,121 -0,088 -0,763

(0,955) (0,969) (0,714) !Nota: Os símbolos *, ** e *** indicam diferença estatisticamente significativa a 1%, 5% e 10%, respectivamente. A variável dependente é a variável binária que assume o valor de 1 para empresas que distribuem dividendos, e 0, caso contrário.. Foram testadas seis especificações de modelos. Os valores-p são reportados entre parênteses. !!

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6. CONCLUSÃO

!Este trabalho objetivou identificar os fatores que influenciam a distribuição de

dividendos, uma das mais importantes tomadas de decisão empresariais no âmbito das

finanças corporativas, juntamente com as decisões de financiamento e de investimento

(DAMODARAN, 2002, pág. 31). Diferentemente dos dois últimos tipos de escolha

referenciados acima, ainda não há uma unanimidade entre os especialistas acerca dos

parâmetros que modelam o comportamento da política de dividendos corporativos, o

que fomentou a elaboração desta monografia. Todas as informações que compuseram a

base de dados do estudo foram extraídas do sistema Economática. A amostra limitou-se

às empresas listadas na BM&FBOVESPA durante o período de 2011 a 2015.

A partir do primeiro método de estimação (Arellano-Bond), concluiu-se que a

proporção de ativos imobilizados, ROA, ROE e concentração de capital votante do

maior acionista afetam positivamente o índice de payout de dividendos. Verificou-se

ainda que a concentração de direitos de votos dos três e quatro maiores acionistas, a

TJLP e o NUCI impactam negativamente o pagamento de dividendos. A constatação de

que os coeficientes de regressão de C3ON e C4ON são negativos, evidencia que este

grupo de 3 e 4 maiores acionistas possuem uma quantidade de ações ordinárias

majoritárias, porém direitos de fluxos de caixa não tão significativos, o que fazem com

que os mesmo prefiram não distribuir lucros já que podem expropriar os acionistas

minoritários.

Empregou-se uma outra técnica de estimação que objetivou identificar os fatores

mais importantes para a escolha de distribuição ou não dos dividendos. Através do

modelo de regressão logística, percebe-se que o tamanho da empresa e a concentração

acionária de direito de voto do maior acionista influenciam positivamente esta tomada

de decisão, enquanto que as variáveis tangibilidade dos ativos, índice de endividamento

e concentração de ações ordinárias dos 3 e 4 maiores acionistas provocam efeito

negativo na variável resposta.

Para trabalhos futuros, que pretendam dar continuidade ao presente projeto,

recomenda-se uma maior exploração entre os aspectos de governança corporativa e as

políticas de dividendos. O presente trabalho utilizou a estrutura de concentração e

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propriedade como uma proxy para avaliação de possíveis problemas entre principais e

gestores, bem como conflitos entre acionistas majoritários e minoritários. A associação

entre dividendos e governança corporativa pode ser investigada de maneira mais

aprofundada a partir da coleta de outros tipos de informações. No ano de 2000, por

exemplo, a BOVESPA estabeleceu segmentos especiais que quantificam os níveis de

governança corporativa das instituições de capital aberto. A adoção desta variável

tornaria a análise ainda mais completa. Outras opções englobam a incorporação de

parâmetros como free-float e estruturas piramidais, além da discriminação do tipo de

controlador por empresa. O estudo da relação entre valor de mercado e política de

dividendos, bem como a análise dos determinantes do pagamento de payout incremental

são outras alternativa a serem consideradas para a complementação deste trabalho.

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8. APÊNDICE

8.1 Apêndice A – Histogramas 8.1.1 Payout

Histograma – Payout – 2015

Histograma – Payout – 2014

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Histograma – Payout – 2013

Histograma – Payout – 2012

Histograma – Payout – 2011

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8.1.2 Imobilizado

Histograma – Imobilizado – 2015

Histograma – Imobilizado – 2014

Histograma – Imobilizado – 2013

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Histograma – Imobilizado – 2012

Histograma – Imobilizado – 2011

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8.1.3 Endividamento

Histograma – Endividamento – 2015

Histograma – Endividamento – 2014

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Histograma – Endividamento – 2013

Histograma – Endividamento – 2012

Histograma – Endividamento – 2011

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8.1.4 Tamanho

Histograma – Tamanho – 2015

Histograma – Tamanho – 2014

Histograma – Tamanho – 2013

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Histograma – Tamanho – 2012

Histograma – Tamanho – 2011

8.1.5 ROA

Histograma – ROA – 2015

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Histograma – ROA – 2014

Histograma – ROA – 2013

Histograma – ROA – 2012

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Histograma – ROA – 2011

8.1.6 ROE

Histograma – ROE – 2015

Histograma – ROE – 2014

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Histograma – ROE – 2012

Histograma – ROE – 2011

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8.2 Apêndice B –Empresas da Amostra Utilizada nas Regressões ABC Brasil AES Tietê AG Concessões Aliansce Aliperti All Norte Alpargatas Altus S/A. Ambev Ampla Energia Aço Altona B2W Digital BR Malls Participações BRF SA Battistella Baumer Bic Monark Biomm Biosev Bombril Bradesco Braskem Brazilian Fr CCR SA CVC Brasil Cabambiental Cambuci CCX Carvão Cedro Celul Irani Cia Hering Cielo Comgas Concessionária Rio Teresópolis SA. Const A Lind Contax Copasa Cosan Cosan Log Cremer Cyrela Reault DHB Dasa Dimed Direcional Dtcom Direct Duratex EMAE Ecorodovias

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Eleikeroz Eletrobrás Eletropar Embraer Encopar Energias BR. Energisa Eneva Engie Brasil Equatorial Estrela Estácio Part. Eternit Eucatex Eztec Fer Heringer Ferbasa Fibam Fibria Fleury GPC Part. General Shopping Brasil SA. Gerdau Gerdau Met Grafisa Grazziotin Grendene Hotheis Othon Hypermarcas Ideiasnet Iguatemi Itausa Itautec JHSF JSL Jereissati Josapar Karsten Klabin Kroton Light Linx Litel Localiza Locamerica Lojas Americanas Lojas Hering Lojas Renner Lupatech MILLS MMX Mineração MRS Logística SA.

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MRV Magazine Luiza Marfrig Melhor SP Mendes Jr. Metalfrio Minerva Mont Aranha Multiplus Natura Neoenergia Nova Óleo Nutriplant OGX Petróleo OSX Brasil OdontoPrev Oi Ourofino PDG Panatlântica Par Al Bahia Par Corretora Paranapanema Pet Manguinhos Petrobrás Petrorio Portobello Porto Seguro Positivo Informática Profarma Prumo Pão de Açúcar QGEP Part Qualicorp Raia Drogasil Recrusul Rede Energia Rossi Residencial Sabesp Sanepar Sansuy Saraiva Schultz Sid Nacional CSN Smiles Sondotécnica Sul América Suzano Papel e Celulose Suzano Holding Taesa Technos Tecnisa

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