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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS VARGINHA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DETERMINANTES DA MORTALIDADE NA INFÂNCIA NO BRASIL: UM ESTUDO ECONOMÉTRICO DE DADOS EM PAINEL DOS EFEITOS DA INFRAESTRUTURA DOMICILIAR MARCELA DE MARILLAC CARVALHO Varginha/MG 2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – CAMPUS VARGINHA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DETERMINANTES DA MORTALIDADE NA INFÂNCIA NO BRASIL: UM

ESTUDO ECONOMÉTRICO DE DADOS EM PAINEL DOS EFEITOS DA

INFRAESTRUTURA DOMICILIAR

MARCELA DE MARILLAC CARVALHO

Varginha/MG

2016

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MARCELA DE MARILLAC CARVALHO

DETERMINANTES DA MORTALIDADE NA INFÂNCIA NO BRASIL: UM

ESTUDO ECONOMÉTRICO DE DADOS EM PAINEL DOS EFEITOS DA

INFRAESTRUTURA DOMICILIAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para conclusão do curso de Economia com ênfase em Controladoria da Universidade Federal de Alfenas campus Varginha. Orientador: Manoel Vitor de Souza Veloso Coorientadora: Juliana Souza Scriptore

Varginha/MG 2016

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RESUMO

O objetivo neste trabalho é verificar empiricamente o impacto de componentes da

infraestrutura domiciliar sobre a taxa de mortalidade de crianças menores de cinco

anos nos municípios brasileiros nos anos de 1991, 2000 e 2010 utilizando um modelo

de efeitos fixos para dados em painel. A hipótese que se estabelece é de domicílios

com infraestrutura precária influenciam de forma relevante a saúde das crianças. Os

principais resultados apontam que a atuação e evolução de fatores presentes nos

domicílios, como saneamento básico e juntamente com avanços na área de educação e

melhora do nível de renda foi decisiva para reduzir a mortalidade na infância no

Brasil.

Palavras-Chave: Infraestrutura Domiciliar, Dados em Painel, Efeitos Fixos.

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Sumário 1. Introdução ...................................................................................................................... 1

2. Referencial Teórico ........................................................................................................ 2

2.1. Mortalidade na Infância .......................................................................................... 2

2.2. Determinantes da Mortalidade na Infância .............................................................. 4

2.2.1. Determinantes Socioeconômicos ........................................................................ 5

2.2.2. Determinantes Proximais: Impactos da infraestrutura domiciliar ..................... 9

2.3. Modelos de Regressão com Dados em Painel .......................................................... 13

2.3.1. O Modelo Geral para Dados em Painel ............................................................ 14

2.3.2. Efeitos Fixos .................................................................................................... 15

2.3.3. Modelo de Efeitos Aleatórios ........................................................................... 16

2.3.4. Teste de Hausman ........................................................................................... 17

3. Materiais e Métodos ..................................................................................................... 18

4. Resultados e Discussão ................................................................................................. 20

4.1. Análise Descritiva .................................................................................................. 20

4.2. O Ajuste do Modelo ............................................................................................... 20

5. Considerações Finais .................................................................................................... 26

6. Referencias ................................................................................................................... 26

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1. Introdução

A taxa de mortalidade na infância é um indicador determinado por diversos

fatores que variam conforme o tempo e a região, sendo relevante para a avaliação das

condições de vida e de desenvolvimento econômico de um país, refletindo tanto a

situação de saúde da população como a eficácia dos serviços na área de educação e

saneamento, bem como geração e distribuição de renda.

A importância deste indicador foi evidenciada pela Organização das Nações

Unidas (ONU) que elaborou a Cúpula do Milênio, em Nova Iorque no ano de 2000,

com líderes de 190 países que concordaram em apoiar e cumprir metas estabelecidas

visando o desenvolvimento global, sendo conhecida como Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio (ODM). Entre as oito metas estipuladas o quarto objetivo

propõe que a taxa de mortalidade na infância, até o ano de 2015, deveria ser reduzida a

dois terços do nível observado em cada país em 1990, alcançando uma taxa de 17,9

óbitos por mil nascidos vivos (NAÇÕES UNIDAS, 2000).

No Brasil a meta foi alcançada em 2011, com quatro anos de antecedência, em

que a taxa passou de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos, em 1990, para 17,7 óbitos por

mil (IPEA, 2014 p.66). Este cenário é resultado de mudanças econômicas e

demográficas favoráveis no país ao longo do tempo, sendo as condições de

infraestrutura domiciliar e sanitárias nas áreas urbanas um dos principais determinantes

da mortalidade na infância por identificarem o grau de vulnerabilidade de exposição a

doenças e enfermidades que representam uma das principais causas de mortes de

crianças a cada ano no mundo.

Os riscos em relação a saúde no ambiente domiciliar são de extrema relevância,

principalmente para crianças. Dessa forma, este trabalho enfatiza o impacto de

elementos da estrutura habitacional que auxiliaram a promover desenvolvimento

saudável de crianças menores de cinco anos nos municípios brasileiros ao longo do

tempo.

A compreensão dessa relação é importante principalmente sob o ponto de vista

do desenvolvimento socioeconômico de um país. O objetivo deste trabalho é verificar

empiricamente o impacto de componentes da infraestrutura domiciliar sobre a taxa de

mortalidade de crianças menores de cinco anos nos municípios brasileiros nos anos de

1991, 2000 e 2010.

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Para isso, utilizou-se a técnica de análise de dados em painel de efeitos fixos

utilizando variáveis socioeconômicas, como o nível educacional e a renda familiar per

capita, para isolar o efeito das variáveis do domicilio, estabelecendo a forma como cada

fator influência as variações da mortalidade na infância no país.

2. Referencial Teórico

2.1. Mortalidade na Infância

A taxa de mortalidade de menores de cinco anos (TMM5), definida como

mortalidade na infância, expressa o número de óbitos de menores de cinco anos de

idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço

geográfico, no ano considerado. É influenciada pela composição da mortalidade infantil,

amplificando o impacto das causas pós-neonatais, a que estão expostas também as

crianças entre 1 e 4 anos de idade, mortalidade pré-escolar, estimando o risco de morte

dos nascidos vivos durante os cinco primeiros anos de vida (RIPSA, 2008). De acordo

com Laurenti e Santos (1996) a TMM5 é um indicador que visa amenizar as distorções

das estimativas de mortalidade infantil e pré-escolar devido à má qualidade dos registros

de nascimentos e mortes, coletadas por cartórios locais, que podem prejudicar a

elaboração e mensuração destes indicadores.

A taxa de mortalidade na infância reflete o estado de saúde da população por

estar associada com as políticas de saúde que prestam ações preventivas no âmbito

nutricional e de hábitos de vida (NORONHA et al. 2010). Ao ser utilizada na análise

das variações populacionais, geográficas e temporais da mortalidade de menores de

cinco anos embasa a formulação de planejamento, gestão e avaliação de política de

públicas, sobretudo na área ambiental, e de ações de saúde voltadas para a atenção pré-

natal e ao parto e proteção da saúde na infância (SIMÕES 1999; JANNUZZI 2002).

Quando associado a outros indicadores, revela importantes informações

socioeconômicas de um país ou uma região, demonstrando a qualidade da infraestrutura

ambiental por meio da eficácia dos serviços voltados para áreas de saúde, educação e

saneamento, bem como geração e distribuição de renda (PIOLA et al. 2009).

Compreender as causas e como elas determinam os níveis de mortalidade na

infância é importante para a análise deste indicador. Ao nascer até o primeiro ano de

vida uma pessoa está sujeita a riscos endógenos de morte, que são os riscos

provenientes da má formação ocasional, ou risco que a mãe pode vir a sofrer durante o

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parto, dado a saúde da mãe e as suas condições na hora do parto. Após esse período, a

criança fica sujeita a riscos exógenos que basicamente se originam no ambiente em que

ela está inserida, como condições climáticas, acidentes corporais, deficiência na

alimentação e higiene, além de precárias condições de saúde (BRACARENSE, 2009).

Relatórios do Fundo das Nações Unidas (UNICEF) apresentam as principais causas da

mortalidade de crianças menores de cinco anos no mundo.

A cada dia, em média, mais de 26 mil crianças menores de 5 anos de idade

morrem em todas as partes do mundo, e a maioria delas por causas evitáveis.

Mais de 30% dessas crianças morrem durante seu primeiro mês de vida,

normalmente em casa, e sem acesso a serviços de saúde essenciais e recursos

básicos que poderiam salvá-las da morte. Algumas crianças sucumbem a

infecções respiratórias ou diarreicas que atualmente já não constituem

ameaças nos países industrializados, ou morrem devido a doenças da

primeira infância, como o sarampo, que podem ser facilmente evitadas por

meio de vacinas. Em cerca de 50% das mortes de menores de 5 anos, uma

causa subjacente é a desnutrição, que priva o corpo e a mente da criança

pequena dos nutrientes necessários para seu crescimento e seu

desenvolvimento. Água de má qualidade, saneamento precário e higiene

inadequada também contribuem para a mortalidade e a morbidade de crianças

(UNICEF 2008, p. 1).

No Brasil relatórios recentes da UNICEF apontam que a TMM5 caiu 77% entre

1990 e 2012, constituindo uma das quedas mais significativas no mundo nesse período,

devido ao estabelecimento de estratégias de forma efetiva. Entretanto, o desafio ainda

continua sendo a redução dessa taxa, principalmente, nas populações mais vulneráveis

(UNICEF,2013).

Segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(IPEA), essa situação reflete o fato de que a meta estabelecida pela ONU foi alcançada

pelo Brasil em 2011, com quatro anos de antecedência, apresentando uma taxa de

mortalidade na infância de 17,7 óbitos por mil nascidos vivos com uma redução em

todas as regiões do país verificando-se um ritmo mais acelerado no Nordeste, com

queda de 76%, média de 6,6% ao ano. Houve também ao longo deste processo uma

redução na desigualdade regional sendo que em 1990 a mortalidade na região Nordeste

era 2,5 vezes maior que a do Sul e a diferença em 2011 foi reduzida para 1,6 vezes

(IPEA,2014). A Tabela 1 apresenta as TMM5 verificada nos anos de 1991,2000 e 2010

no Brasil:

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Tabela 1: Número de óbitos de menores de cinco anos por mil nascidos vivos

segundo regiões do Brasil

Região 1991 2000 2010

Norte 51,26 38,62 25,04

Nordeste 80,98 41,15 22,1

Sudeste 34,95 23,08 15,54

Sul 33,24 19,84 13,45

Centro Oeste 39,17 25,96 18,58

Brasil 50,60 32,00 18,60 Fonte: DATASUS,2016.

Este cenário é resultado de mudanças no campo demográfico, favoráveis na

urbanização e no tamanho das famílias e socioeconômico no país ao longo do tempo,

propiciadas pelo crescimento econômico, com melhoria da saúde, com o

estabelecimento programas de saúde comunitários e estratégias de saúde da família, a

partir da década de 1990, que propiciaram aleitamento materno, cobertura de

imunização, melhoria da nutrição infantil e monitoramento do crescimento e

desenvolvimento das crianças e as intervenções externas ao setor de saúde com

melhorias em água e saneamento, na infraestrutura em geral, melhora nos níveis

educacionais, principalmente das mulheres, e crescimento da renda das famílias

vulneráveis, em parte devido aos programas de transferência de renda (VICTORA et al.

2011; UNICEF 2012).

2.2. Determinantes da Mortalidade na Infância

Os determinantes da mortalidade infantil e infância são os fatores que definem

as condições em que se dá o desenvolvimento e sobrevivência de uma criança sendo

qualificados como proximais, ou intermediários, e socioeconômicos. Eles se relacionam

a saúde materna e da criança, principalmente o acesso a serviços de saúde,

disponibilidade de renda da família, o acesso a água limpa para beber e de instalações

de saneamento básico (Mosley e Chen 1984 apud Barufi 2009). De acordo com

Noronha et al. (2010) a maioria das mortes de crianças resultam de causas evitáveis

relacionadas com características socioeconômicas no ambiente em que se inserem.

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Segundo Victora (2001) as causas proximais de óbito de crianças menores de

cinco anos correspondem, principalmente, a problemas perinatais ou doenças

infecciosas e são influenciados por fatores socioeconômicos e culturais, como renda e

educação, por meio de fatores como exposição à instalações inadequadas de moradia e

saneamento a falta de acesso a serviços de atenção à saúde materno-infantil. Barufi

(2009) descreve estes fatores como essenciais para a sobrevivência e desenvolvimento

saudável de uma criança sendo importante os fatores maternos, que são associados a

idade da mãe, a saúde, quantidade de filhos e o intervalo entre os nascimentos e,

também, os que são relacionados as necessidades médicas, sanitárias, alimentares,

moradia e de cuidados gerais.

Já os fatores socioeconômicos se relacionam à distribuição de renda, à educação

e às políticas públicas, pois são importantes para viabilizar a inserção das crianças em

um ambiente familiar com boas condições de alimentação e moradia, aliadas à

existência de saneamento básico e acesso à saúde protegendo-as contra causas de

doenças infecciosas, danos físicos e desnutrição (BARUFI,2009).

2.2.1. Determinantes Socioeconômicos

Vários estudos referentes a mortalidade consideram a educação uma variável

socioeconômica relevante para redução da mortalidade na infância. Gomes et al. (2006)

utilizando um modelo econométrico de dados em painel para analisar a relação entre

fatores econômicos como renda, pobreza e desigualdade e fatores demográficos como a

fecundidade, constataram que a educação é essencial para redução de morte de crianças.

Em 2001, a taxa de alfabetização era de 63% nas economias de baixa renda,

86,6% nas economias de renda média e de 99% nos países de alta renda. A

redução do índice de analfabetismo, principalmente entre as mulheres, é

muito importante porque vai se refletir em menores taxas de mortalidade

infantil (SOUZA, 2005 p.8).

Segundo Simões (2002) a educação influencia no comportamento da mãe desde

a gravidez até a criação dos filhos, pois com um nível de instrução maior ela

compreende melhor a importância dos cuidados que uma criança necessita e detém um

maior poder de decisão dentro do domicílio, principalmente em relação a sua

contribuição na renda familiar e a proteção das crianças comprovando a forte influência

da educação materna na sobrevivência dos filhos. Alves e Belluzzo (2004) também

apontam a educação da mãe como um importante fator na redução as taxas de

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mortalidade infantil por ocasionar melhoras diretas na saúde das crianças. Já a educação

do pai também contribui, mas em menor grau. Conforme Barufi (2009) o nível

educacional do pai, associa-se principalmente ao nível de renda por afetar a condição

socioeconômica do grupo familiar influenciando o bem-estar e saúde dos filhos. Logo,

pais que possuem um nível de renda adequado e maior nível de educação conseguem

compreender e propiciar essas condições para o desenvolvimento da criança conforme.

A renda é um dos principais condicionantes socioeconômicos por influenciar de

forma expressiva nas taxas de mortalidade na infância, em virtude de sua óbvia relação

com as condições de vida, níveis de instrução e acesso aos serviços médico-sanitários

essenciais (DE CARVALHO FORMIGA et al., 2002). Victora (2009, p.4) aponta que

no Brasil ocorreram relevantes transformações ocorreram na economia brasileira ao

longo do tempo, propiciando melhoras nas condições de saneamento e da água, assim

como um processo geral de desenvolvimento econômico que reduziu os níveis de

pobreza absoluta em nosso país.

Dedecca e Lopreato (2013) descrevem as modificações no contexto econômico e

das políticas adotadas no país depois de longo período de crise econômica, marcada por

baixas taxas de crescimento e alta inflação.

Na década de 1990 o país adotou uma política de estabilização econômica com

âncora cambial viabilizada pela elevada taxa de juros interna e pelas privatizações,

principalmente a partir de 1994, em que a política fiscal passa a ser basear na

sustentação da dívida pública ao ser fiadora do espaço de valorização do capital. Em

1999 ocorre uma desvalorização cambial, gerando uma de crise de financiamento

externo, ocasionando mudanças na política macroeconômica que utiliza o câmbio

flexível, regime de metas de inflação e a consolida a atuação da política fiscal. O ano de

2003 começa com o novo governo progressista realizando políticas econômicas

contracionistas para garantir sua legitimidade na comunidade financeira internacional.

Assim, com a reativação gradual da entrada de capitais e com o boom das commodities

no mercado internacional ocorre uma melhora no cenário econômico brasileiro que

permite, a partir de então, a adoção de um conjunto de medidas voltadas para elevar o

crescimento econômico e reduzir a desigualdade promovendo a recuperação da

atividade econômica gerando empregos e com recomposição do rendimento médio e da

massa de renda das famílias (LOPREATO E DEDECCA 2013; DEDECCA E

LOPREATO 2013).

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Dados do governo federal mostram que programas como Bolsa Família e Saúde

Família acarretam a queda da desnutrição infantil, ao complementar a renda das famílias

mais pobres com o pagamento dos benefícios, e aumenta o acesso a saúde o que evita

casos graves e diminui a incidência de doenças o que estimula a redução da mortalidade

infantil. Diante desse quadro Rassela (2013) evidencia, que além de intervir para

redução da pobreza os Programas de Transferências Condicionadas (PTCs) estabelecem

condições específicas que devem ser cumpridas pelos pais, voltadas para a melhoria da

saúde e educação de seus filhos ligadas à frequência escolar e a visita regular aos

centros de saúde para realizar uma rotina de check-ups de saúde, monitorar o

crescimento, cumprir o calendário vacinal e, em alguns casos, as mães têm que assistir

às sessões educacionais sobre saúde e nutrição. Alguns programas ainda fornecem bens

em espécie, como alimentos enriquecidos com micronutrientes

Dedecca (2015) ressalta que juntamente com as políticas de transferência de

renda, política de valorização do salário mínimo e a geração de novos empregos formais

foram fatores determinantes para a queda de desigualdade da renda familiar,

relativamente de forma mais expressiva na renda corrente das famílias mais pobres, no

Brasil durante a fase de crescimento econômico do país depois de 2004. Como as

pessoas beneficiadas com o aumento do salário mínimo estão localizadas em sua grande

maioria abaixo do rendimento familiar per capita médio, é de se esperar que o aumento

do salário mínimo tenha como resultado final a melhoria da distribuição de renda

(SABOIA, 2007 p.14).

Dessa forma, tanto a renda quanto a escolaridade parecem estar associadas, de

maneira robusta, com a situação de saúde das crianças. A relação existente entre a

mortalidade na infância e a situação socioeconômica familiar é apresentada por Garcia e

Santana (2011) em que ao utilizar um Índice de Concentração (IC) constatam uma

redução das desigualdades mortalidade na infância, no período de 1993 a 2008, sendo

que a considerável concentração dos óbitos de crianças em camadas com menor renda

domiciliar per capita e nível de instrução das mães, foi se reduzindo ao longo do tempo,

até que em 2008 apresentou uma distribuição mais homogênea.

Em estudo preliminar Veloso et al. (2016) analisam a estrutura da mortalidade

na infância nos estados brasileiros e seus determinantes, por meio da técnica de

regressão robusta. Os resultados apontaram a importância da atuação de indicadores

socioeconômicos no processo de redução da TMM5, sendo que a melhora do nível de

renda da população, e uma melhor distribuição, foi relevante por viabilizar o acesso a

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categorias como saneamento e educação, propiciando um avanço na qualidade de vida

das crianças e da população em geral.

Entretanto, mesmo com esses importantes ganhos no âmbito de renda per capita

no Brasil, Sousa et al.(2010) usou estimativas para medir as tendências de desigualdade

de mortalidade neonatal e menores de cinco anos entre os municípios brasileiros, de

1991 a 2000, dado o status socioeconômico, para inferir se estas políticas públicas e

intervenções ocorridas no país foram bem sucedidas em alcançar os pobres. Os autores

constataram que ocorreu um declínio da mortalidade infantil e na infância nos

municípios do país, mas que a redução foi maior nos municípios mais ricos sendo que

os municípios mais pobres apresentavam em 1991 taxas de mortalidade na infância 3,7

vezes maior do que nos municípios mais ricos e esta diferença aumentou para quase

cinco vezes mais em 2000. Os municípios mais pobres estão concentrados em quatro

estados da Região Nordeste, que apresentaram maiores TMM5, mas alguns são

encontrados também em estados mais ricos e regiões mais ricas.

Como apresentado no Atlas Brasil (2013) a renda per capita mensal dos

brasileiros teve um ganho de R$ 346,31 entre 1991e 2010, sendo a classificação dada da

seguinte maneira: uma faixa entre R$180 e R$333 é considerada baixa, de R$333 a

R$618 média e entre R$624 e R$1157 alta. Assim, pode ser possível que famílias

situadas nas faixas menores podem estar desprovidas de elementos essenciais para o

desenvolvimento saudável de crianças.

Conforme informações da PNAD 2013, em 2002 na classe de rendimento de até

½ salário mínimo médio mensal per capita domiciliar, apenas 38,4% declararam ter

acesso ao saneamento adequado, chegando a 82% para a faixa acima de 2 salários

mínimos per capita. Em 2012, essas proporções foram de 51,7% e 83,6%,

respectivamente. Os aumentos percentuais mais significativos ocorreram, justamente,

onde historicamente havia maior carência de acesso a serviços de saneamento, como os

domicílios com baixos rendimentos e situados nas regiões Norte e Nordeste (IBGE

2013). Portanto, como também demonstra Sousa et al. (2010), é fundamental prosseguir

com as intervenções para a melhoria das condições socioeconômicas dos municípios

pobres.

De acordo com Espínola e Zimmermann (2012, p. 3) neste contexto surgem

questionamentos a respeito da definição e da mensuração da pobreza, dada a fragilidade

e insuficiência do fator renda como única variável analítica. É necessário entender

outros aspectos envolvidos na mensuração da pobreza e uma das concepções utilizadas

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é a basic needs, em que assume que a pobreza pode também ser observada em cada

família da população comparando suas necessidades básicas a renda real disponível

(MARTINI, 2009; MOREIRA E CRESPO, 2012).

Conforme Rocha(2003) essa abordagem compreende em uma ampla gama de

necessidades humanas, como educação, saneamento e educação, como escopo para o

entendimento da situação de pobreza. A ótica das basic needs, diferente da abordagem

da pobreza em termos apenas do nível de renda, da ênfase no caráter multidimensional

da pobreza e reconhecimento da inter-relação entre as diversas carências. Martini (2009,

p.9) apresenta que pelo critério das basic needs, é calculada uma linha de pobreza para

uma sociedade com base nos gastos com necessidades básicas previamente definidas, e

são consideradas pobres as famílias cujas dotações de recursos lhes permita níveis de

consumo abaixo dessa linha.

2.2.2. Determinantes Proximais: Impactos da infraestrutura domiciliar

As condições de infraestrutura domiciliar e sanitárias nas áreas urbanas são

identificadas como um dos principais determinantes da TMM5 tendo sua relevância

destacada em relatórios da UNICEF por serem fatores que transformam a vida das

crianças evitando sua exposição a doenças e enfermidades que representam uma das

principais causas de mortes de crianças a cada ano no mundo (UNICEF,2008).

Conforme Crespo e Gurovitz (2002) para as camadas mais pobres pode ser mais

importante ter acesso a ativos, como infraestrutura básica, por exemplo, do que a renda

sendo que a ausência destes ativos, identifica o grau de vulnerabilidade e exposição ao

risco.

As principais características estruturais dos domicílios no país destacadas na

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, no período de 1996-

2006, são acesso à energia elétrica, formas de abastecimento de água, proveniência de

água para beber, presença de sanitário, forma de escoadouro sanitário e número médio

de pessoas por cômodo sendo consideradas importantes formas de analisar o local de

moradia e o status das condições de vida dos moradores (PNDS, 2009). Conforme

apresentado na PNAD (2013), domicílios inadequados apresentam são aqueles cuja

densidade de moradores por dormitório é superior a 2,5 pessoas e detêm acesso restrito

aos serviços básicos de saneamento e iluminação, em que o abastecimento de água não

é por rede geral, esgotamento sanitário não realizado por rede coletora de esgoto ou

fossa séptica, não há qualquer tipo de coleta de lixo e ainda sem energia elétrica.

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A qualidade da moradia é considerada, assim, como um importante fator de risco

na mortalidade de menores de cinco anos, pois um espaço físico inadequado com um

expressivo contingente de pessoas aumenta a incidência de doenças, principalmente as

transmitas pelo ar e respiratórias, repercutindo diretamente no atendimento de suas

necessidades humanas básicas, sendo as crianças as mais afetadas (VICTORIA 2001;

XIMENES et al. 2004).

Esta situação é apresentada nos estudos de corte transversal de Lamy Filho et al.

(2011) com indicadores domiciliares e de desenvolvimento em comunidades de baixa

renda na periferia de São Luís no estado do Maranhão, em que os resultados indicam

que o ambiente doméstico é fundamental para o desenvolvimento de crianças na faixa

de dois anos de idade, sendo que a presença de hiperlotação na casa, tanto de adultos

como de crianças menores de 5 anos, é considerado o elemento que mais contribui para

o atraso no desenvolvimento infantil.

Entretanto, os efeitos da densidade não aparecem de forma tão clara e seus

impactos não são diretos, pois conforme Pasternak (2016), por não ter condições de

morar melhor, uma pessoa desprovida de recursos financeiros pode habitar em uma casa

superadensada. Sendo assim, é necessário também considerar aspectos relacionados ao

grau de atendimento a serviços de infraestrutura e equipamento social ao avaliar a

qualidade da moradia. Os modelos econométricos estimados por Alves e Belluzzo

(2004) indicam a importância de componentes da estrutura da moradia, assim como os

apresentados na PNDS (2009) e PNAD(2013), na melhoria da saúde das crianças sendo

as variáveis relacionadas aos serviços de infraestrutura de água corrente e esgotos,

eletricidade e coleta de lixo significantes para redução da mortalidade infantil.

Souza (2005) apresenta como um dos fatores fundamentais para a melhoria da

saúde da população o acesso a saneamento com instalações sanitárias adequadas e à

água tratada. Em sua análise de indicadores de desenvolvimento econômico na América

Latina, baseados em dados do Banco Mundial e do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), em 2000 os países desenvolvidos tinham 100% de acesso a

água tratada e saneamento melhorado. A situação no Brasil indicava que 87% da

população tinha acesso à água potável e 76% a saneamento melhorado. Segundo

Teixeira e Pungirum (2005) este fato se deve ao processo crescente e contínuo de

urbanização, em países da América Latina e no Caribe, que nem sempre está sendo

acompanhado da implantação de infraestrutura urbana necessária, o que pode impactar

aumentando os níveis de mortalidade na infância.

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A ampliação da infraestrutura sanitária nos países com deficientes condições

de saneamento ambiental é uma solução capaz de reduzir a mortalidade

infantil e a mortalidade em menores de cinco anos de idade, melhorando as

condições de saúde infantil e, portanto, a qualidade de vida existente nos

países latino-americanos e caribenhos (TEIXEIRA E PUNGIRUM, 2005 p.

375).

Costa et al. (2005) aponta com uma análise econométrica o percentual da

população do município com coleta regular de lixo como um dos principais indicadores

sanitários para prevenção e controle de doenças e agravos por todas as causas em

crianças de até cinco anos. Um adequado serviço de coleta de lixo é um principais

fatores que apresentam impactam de forma significativa na redução da mortalidade

infantil por permitir que a sociedade se insira em um ambiente mais saudável e limpo

prevenindo a morte de crianças (PAIXÃO E FERREIRA, 2012).

Outro aspecto importante referente a qualidade da moradia refere-se a

disponibilidade de energia elétrica nos domicílios. Goldemberg (1998) aponta a

importância da energia elétrica como um indicador de desenvolvimento, sendo que

países que apresentam níveis de consumo de energia comercial per capita inferior a

uma tonelada, equivalente de petróleo, por ano as taxas de mortalidade infantil e

fertilidade total são altas, enquanto a expectativa de vida é baixa. Gonçalves e

Valle(2011) analisa este aspecto em âmbito estadual, demostrando o desenvolvimento

socioeconômico ocorrido em Goiás, entre 1995 e 2009, por meio da correlação de

índices do setor energia elétrica com indicadores sociais, entre eles a TMM5. Os

resultados mostraram uma correlação negativa significativa entre os indicadores de

energia elétrica com a mortalidade na infância, sendo indicio da importância da

eletricidade na infraestrutura domiciliar para reduzir a mortalidade de crianças.

O acesso aos serviços de saneamento básico, relacionados à água tratada e

esgoto sanitário, são medidas preventivas que além de gerar externalidades positivas ao

meio ambiente evitam os riscos de proliferação de doenças (MENDONÇA E MOTTA,

2008). Segundo Scriptore et al. (2015) a ausência de serviços adequados de saneamento

básico impactam de forma negativa na saúde da população reduzindo seus potenciais

benefícios à saúde por gerar condições propícias para propagação de doenças infecto

parasitárias, entre outras, responsáveis por importante parcela dos óbitos na infância.

De acordo com UNICEF(2008) nos países mais pobres uma das causa mais

comum de morte em crianças atingindo aproximadamente dois milhões de menores de 5

anos é a diarreia que chega a ser causa primária em muitos países apresentando níveis

de cerca de 20% a proporção de mortes infantis sendo atribuídas, essencialmente, a

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práticas de higiene precárias, abastecimento inseguro de água para beber e acesso

inadequado a instalações de saneamento. Teixeira E Guilhermino (2006) analisando

dados dos Indicadores e Dados Básicos para a Saúde do Ministério da Saúde do ano de

2003 evidenciam que diarreia aguda, em menores de cinco anos de idade, e doenças

infecciosas e parasitárias, para todas as idades, podem ser reduzidas, entre outros

fatores, por meio da ampliação da cobertura populacional por redes de abastecimento de

água e por sistemas de esgotamento sanitário.

A discussão da relação entre saúde e saneamento realizada por Heller (1998)

aponta além da importância do acesso a melhores condições de saneamento básico na

prevenção de doenças a necessidade de realizar práticas higiênicas e de educação

sanitária evidenciando que, principalmente, a qualidade da água pode ter seus efeitos

sobre a saúde minimizados ou até mesmo anulados devido a fatores comportamentais

ou ambientais.

Realizando uma análise descritiva a PNDS(2009) apresenta que no ano de 2006

em 32,8% dos domicílios na área urbana a água não era fervida nem filtrada, e na área

rural esta percentagem chegou a 42,7% o que ressalta a importância de filtrar ou ferver a

água de beber para que as contaminações não apareçam podendo manter-se as

condições de higiene da população. Kassouf (1995) em sua análise dos efeitos da

relação entre educação materna e saneamento básico sobre a saúde de crianças em

diferentes faixas etárias, enfatiza a relevância do nível de educação para que se utilize

de forma adequada do saneamento básico no ambiente familiar. Mães com um maior

nível educacional além de assegurar a presença de saneamento básico no ambiente

familiar também utilizam de alternativas, em situações de precariedade no saneamento

básico, como cloro ou fervura de água, construção de fossa séptica e limpeza adequada

da habitação favorecendo o estado nutricional e de higiene dos filhos assegurando a

saúde das crianças.

A melhoria das condições ambientais com a ampliação do saneamento básico

no país, principalmente o acesso à água, constituem um dos principais fatores para a

redução da mortalidade infantil e na infância no Brasil (PIOLA et al. 2009). Victora

(2009) apresenta que no Brasil melhorias nas condições de saneamento e na qualidade

da água asseguraram o sucesso e manutenção das campanhas de terapia de reidratação

oral, nos centros de saúde e comunidades, a partir da década de 1980. Além disso o

acesso à assistência primária à saúde aumentou substancialmente com a criação do

Sistema Único de Saúde (SUS). Estes elementos foram fundamentais para redução da

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mortalidade por diarreia no país podendo ser considerado um modelo com que o mundo

pode aprender.

Oliveira (2008) destaca a importância de investimentos públicos no setor de

saneamento básico e a criação de programas específicos de políticas públicas com ações

voltadas para melhorias em setores como habitação, formação educacional e atenção

médico-sanitária para que haja uma queda consistente da mortalidade infantil e na

infância. A expansão nos gastos com saneamento básico no país, principalmente em

regiões em que é precário esse tipo de serviço, também é enfatizada por outros autores

que constatam que a implantação de medidas preventivas em saneamento, em especial o

gasto no tratamento da água, são mais compensatórias economicamente do que

posteriormente no gasto defensivo nos serviços de saúde (MENDONÇA E MOTTA

2008; TEIXEIRA E GUILHERMINO 2006).

Os resultados do modelo econométrico de Mendonça e Motta (2008) indicam

que o custo unitário por morte evitada seria no valor de R$ 282 mil com aumento nos

gastos totais com saúde, R$ 241 mil com a coleta de esgoto e R$168 mil em tratamento

de água. Vinagre (2007) examinou os investimentos necessários em saneamento no

estado do Pará para que a meta da ONU de redução da mortalidade na infância fosse

alcançada. Os resultados indicam que além de auferir de uma provisão de 94% para

abastecimento de água, 36% para esgotamento sanitário e 74% para coleta de lixo é

necessário maiores investimentos anuais em esgoto sanitário, atingindo o valor de R$

136,30, milhões no período 2000-2015 para atingir uma TMM5 de 21,5% que é a

compatível com a meta dos ODM para o Pará.

2.3. Modelos de Regressão com Dados em Painel

Os dados econômicos podem ser representados por cortes transversais, séries

temporais e os painéis. Os dados em painel consistem em uma série de tempo para cada

membro do corte transversal do conjunto de dados, ou seja, eles combinam

características de séries temporais com dados de corte transversal e são amplamente

utilizados em estudos econométricos e nas ciências sociais aplicadas (WOOLDRIDGE,

2011). Conforme Duarte et al. (2007), os dados em painel contêm informações tanto da

dinâmica intertemporal e a individualidade das entidades o que permite o controle dos

efeitos não observados das variáveis.

Segundo Hsiao (2003, p.8), em geral, indivíduos diferentes podem estar sujeito

às influências de fatores diferentes. Dessa forma, o autor enfatiza como uma das

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principais vantagens da estimação com dados em painel é a consideração da

heterogeneidade, isto é, existência de diferentes características de cada indivíduo do

corte transversal, que podem ou não ser constantes ao longo do tempo, e que se forem

ignoradas acarretam estimativas inconsistentes ou sem sentido de interesse para os

parâmetros.

A heterogeneidade entre as unidades é uma parte de fato integral, muitas vezes o

foco, no centro da análise (GREENE,2002 p.283). Os efeitos da heterogeneidade não

observada pode ser variáveis aleatórias, referido como o modelo de efeitos aleatórios,

ou parâmetros fixos, referido como o modelo de efeitos fixos (HSIAO, 2006).

Além da questão da heterogeneidade, os dados em painel são mais adequados

para examinar o comportamento dinâmico, uma série de questões econômicas

importantes, detectando e medindo melhor os efeitos que simplesmente não podem ser

observados em um corte transversal puro ou em uma série temporal pura. Além disso,

os dados em painel são também mais informativos, apresentam maior variabilidade,

menor colinearidade entre as variáveis, maior número de graus de liberdade e maior

eficiência na estimação (MARQUES 2000).

2.3.1. O Modelo Geral para Dados em Painel

Um modelo de regressão com dados em painel, com 𝑖 observações na unidade

do corte em 𝑡 períodos de tempo, pode ser representado da seguinte forma:

𝒀𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝜷𝑻𝑿𝑖𝑡 + 𝒖𝑖𝑡

em que, 𝑌𝑖𝑡 a matriz contendo os valores da variável dependente, 𝑋𝑖𝑡 é a matriz

que contém as variáveis explicativas, 𝛽𝑇 é o vector coeficientes associados às variáveis

explicativas, para todo 𝑡 e 𝑖, e 𝑢𝑖𝑡 a matriz contendo o erro uma variável aleatória

independente e identicamente distribuída com uma distribuição de probabilidade

Normal. O termo 𝛼 representa a heterogeneidade não-observada em cada unidade do

corte transversal ao longo do tempo (CROISSANT E MILLO 2008).

Para que o modelo seja estimado consistentemente é necessário estabelecer

hipóteses em relação ao termo 𝛼. O desafio da metodologia de painel é controlar o

impacto da heterogeneidade não observada para obter uma inferência válida na matriz

de parâmetros estruturais 𝛽 (HSIAO, 2006). Segundo Gujarati e Porter (2011) por

considerar características individuais, de cada membro do corte, em diferentes períodos

de tempo, os dados em painel podem apresentar problemas com as pressuposições, de

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heterocedasticidade e autocorrelação, o que pode requerer diferentes alternativas de

estimação do modelo. Logo, a questão é como lidar com esses problemas, especificando

suposições, para se obter estimativas consistentes e/ou eficientes dos parâmetros do

modelo.

Holland e Xavier (2005) exprimem que a análise de painel pode ser realizada

basicamente de duas formas por meio de modelo de efeitos fixos, que abrange uma

análise estática, ou por modelo de efeitos aleatórios que estão relacionados à uma

especificação mais dinâmica. Conforme Bouzada (2014) como a variável dependente e

os regressores podem variar simultaneamente, ao longo do tempo e entre as unidades do

corte transversal, é essencial analisar a distinção das variações para definir a melhor

modelagem com dados em painel.

2.3.2. Efeitos Fixos

Os modelos de efeitos fixos (MEF) são aqueles cujo o intercepto varia entre os

indivíduos e é constante ao longo do tempo, ao passo que os coeficientes de regressão

permanecem como constantes fixas para todos os indivíduos e em todos os períodos de

tempo (GREENE,2002). Sua forma geral é dada por:

𝑌𝑖 = 𝑎𝑖 + 𝛽1𝑋1𝑖𝑡 + 𝛽2𝑋2𝑖𝑡 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑋𝑘𝑖𝑡 + 𝑢𝑖𝑡

em que, 𝑌𝑖 e 𝑋𝑖 correspondem as observações das variáveis dependentes e

independentes, respectivamente, para a unidade i no instante t. 𝛽 os parâmetros de

regressão a serem estimados e 𝑢𝑖𝑡 o termo de erro. O termo 𝑎𝑖 é um parâmetro

desconhecido a ser estimado, sendo constante ao longo do tempo que capta as

diferenças entre os indivíduos, que podem apresentar características próprias que se

correlacionam entre os indivíduos. Além disso, presume-se que esse termo seja

correlacionado com as variáveis explicativas.

O MEF é a melhor opção para modelar os dados em painel, quando o

intercepto 𝛼𝑖, é correlacionado com as variáveis explicativas em qualquer

período de tempo. Além disso, como o intercepto é tratado como um

parâmetro fixo é desejável usar os efeitos fixos quando as observações são

obtidas de toda população e o que se deseja fazer são inferências para os

indivíduos que se dispõem nos dados (DUARTE et al. 2007, p.6).

Verifica-se que o MEF é uma generalização do modelo geral para dados em

painel. Entretanto, pode-se introduzir variáveis dummys para os efeitos das variáveis

omitidas e que permanecem constantes no tempo. Uma forma de especificar o MEF é

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utilizando i-1 variáveis binárias para representar um intercepto relacionado a cada

indivíduo. Nesse modelo, denominado de Mínimos Quadrados para Variáveis Dummy

(MQVD), conta-se a heterogeneidade entre os indivíduos, e ao longo do tempo,

permitindo que cada um tenha seu próprio intercepto (GUJARATI E PORTER, 2011).

Para introduzir a versão da variável binária, define-se:

𝐷1={

1; 𝑖=00; 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

𝐷2={

1; 𝑖=20; 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

𝐷3={

1; 𝑖=30; 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

, etc.

Tem-se então:

𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0+ 𝛽1𝑋1𝑖𝑡 + 𝛽2𝑋2𝑖𝑡 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑋𝑘𝑖𝑡 +𝛼2 𝐷2𝑖 + 𝛼3 𝐷3𝑖+ ⋯ + 𝛼𝑛 𝐷𝑛𝑖 + 𝑢𝑖𝑡

em que, 𝐷𝑛𝑖 representa a n-ésima variável dummy incluída no modelo e indica a

variação do valor do intercepto, dado o unidade do corte transversal e/ou o tempo, e

𝛽0, 𝛽1, … , 𝛽𝑘, 𝛼2, … , 𝛼𝑛 os parâmetros a serem estimados. Quando 𝑖 = 1 o intercepto é

dado por 𝛽0 = 𝛼1 e para 𝑖 ≥ 2 o intercepto é dado por 𝛽0 + 𝛼𝑖.

Os parâmetros do MEF são estimados por meio do Método do Mínimos

Quadrados Ordinários (MQO), o qual fornece estimativas não tendenciosas e

consistentes uma vez que as pressuposições dos erros de normalidade, variância

constante e independência são atendidas (SOUSA E LEITE FILHO,2008; CROISSANT

E MILLO 2008). O estimador MQVD de 𝛽 é numericamente idêntico com o estimador

de efeitos fixos e, portanto, é consistente sob as mesmas premissas (SCHMIDHEINY,

2015).

2.3.3. Modelo de Efeitos Aleatórios

O modelo de efeitos aleatórios (MEA) apresenta todas as suposições do MEF, o

que os diferenciam é o tratamento do intercepto que não é tratado como um parâmetro

fixo, mas sim como variável aleatória (WOOLDRIDGE, 2011). O intercepto de cada

unidade do corte transversal será, portanto, composto tanto pelo intercepto que capta as

diferenças dos indivíduos e por um componente idiossincrático.

Esta especificação pressupõe que o comportamento específico dos indivíduos

e períodos de tempo é desconhecido, não podendo ser observado, nem

medido: é parte da nossa “ignorância geral”. Assim, em amostras

longitudinais de grande dimensão, podemos sempre representar estes efeitos

individuais ou temporais específicos sob a forma de uma variável aleatória

normal (MARQUES 2000, p.13).

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O MEA é representado da seguinte forma:

𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋1𝑖𝑡 + 𝛽2𝑋2𝑖𝑡 + ⋯ + 𝛽𝑘𝑋𝑘𝑖𝑡 + 𝑣𝑖𝑡

em que, 𝑣𝑖𝑡 é o termo de erro composto pelo componente de erro específico dos

indivíduos (𝛼𝑖) que é uma variável aleatória latente, e pode estar correlacionado com as

variáveis independentes, e pelo termo de erro do modelo (𝑢𝑖𝑡) que varia tanto de acordo

com as unidades do corte como ao longo do tempo. Logo:

𝑣𝑖𝑡 = 𝛼𝑖+ 𝑢𝑖𝑡

em que, 𝑉(𝑣𝑖𝑡) = 𝜎2𝛼 + 𝜎2

𝑢 e 𝐶𝑜𝑣(𝑣𝑖𝑡, 𝑣𝑖𝑠) = 𝜎2𝛼 , 𝑡 ≠ 𝑠.

No MEA pressupõe-se, que os componentes dos erros individuais não estão

correlacionados entre si nem com as unidades do corte transversal e da série temporal e

que 𝑣𝑖𝑡 não está correlacionado com as variáveis independentes do modelo. Porém,

como existe correlação entre os erros de um mesmo indivíduo, em períodos de tempos

distintos, as estimativas de MQO podem ser inconsistentes, dessa maneira o Método de

Mínimos Quadrados Generalizados (MQG) produz estimativas mais eficientes dos

parâmetros de regressão (GUJARATI E PORTER, 2011).

2.3.4. Teste de Hausman

Evidencia-se que a metodologia de dados em painel permite a utilização de dois

estimadores com diferentes propriedades, considerando a existência ou não de

correlação dos efeitos com as variáveis explicativas. Com a realização do teste de

Hausman pode-se determinar a especificação mais adequada, ou seja, o modelo de

efeitos fixos ou aleatórios (SOUSA, 2008). Conforme Croissant e Millo (2008) o teste

de Hausman consiste em comparar os dois estimadores sob a hipótese nula de não haver

diferença significativa, sendo que se esta não for rejeitada o estimador de efeitos

aleatórios é escolhido.

O teste de Hausman (1978) decorre da premissa da existência de um estimador

que é consistente em ambas as hipóteses nula e alternativa. Comparando as estimativas

deste estimadores e notando se os efeitos específicos não estão correlacionados com as

variáveis explicativas o estimador será eficiente e consistente quando a hipótese nula

não for rejeitada, ou seja, a especificação adequada será de efeitos aleatórios.

Caso a hipótese nula seja rejeitada, em que os efeitos são correlacionados com as

variáveis explicativas, o estimador de efeitos fixos será consistente enquanto que o de

efeitos aleatórios será inconsistente. O teste de Hausman é utilizado para testar a

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ortogonalidade dos efeitos aleatórios e os regressores, tendo como resultado essencial

que a covariância de um estimador eficiente, com sua diferença a partir de um estimador

ineficiente, é zero (GREENE, 2002).

Os testes de especificação são realizada através da construção de um teste da

hipótese (HAUSMAN,1978):

𝐻0: Modelo de efeitos aleatórios

𝐻1: Modelo de efeitos fixos

em que, a estatística deste teste terá sob a hipótese nula uma distribuição assintótica qui-

quadrado com 𝑘 graus de liberdade.

3. Materiais e Métodos

A pesquisa foi realizada com informações anuais com dados provenientes dos

Censos Demográficos do IBGE, nos anos de 1990, 2000 e 2010, disponibilizados e

tratados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com

informações atualizadas de indicadores que refletem as condições de vida nos

municípios do país afetando a taxa de mortalidade infantil do Brasil.

O foco do trabalho é análise do impacto de elementos da infraestrutura

domiciliar, como o saneamento básico, sendo as demais variáveis utilizadas como

controle para isolar esse efeito. Além disso, foi averiguado a evolução dos níveis de

mortalidade de crianças menores de cinco anos ao longo dos períodos considerados com

a inserção de variáveis dummy, referentes aos anos, visando mostrar a melhora que

ocorreu ao longo do tempo neste indicador.

Para verificar de que forma essas variáveis explicam os níveis de mortalidade na

infância no país foi adotado um Modelo de Regressão com dados em painel. Para a

escolha entre a melhor modelagem para os dados, ou seja, modelo de efeitos fixos ou

aleatórios foi utilizado o teste de especificação de Hausman (1978). A hipótese nula

apresenta que se os efeitos específicos não estão correlacionados com as variáveis

explicativas, dessa forma o estimador de efeitos aleatórios é o mais apropriado,

entretanto caso tais efeitos sejam correlacionados com as variáveis explicativas a

hipótese nula é rejeitada e o estimador de efeitos fixos será o apropriado para

especificação do modelo.

O ajuste dos coeficientes do modelo é realizado com o método dos Mínimos

Quadrados para Variáveis Dummy (MQVD) que permite a obtenção de estimadores

eficazes para determinar as relações entre variável dependente com as variáveis

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regressoras com a inclusão de variáveis dummy para representar as variações ao longo

do período analisado.

Além disso, viabiliza a realização de testes de hipótese para a verificação de

significância individual dos estimadores e do modelo de regressão ajustado. O valor

ajustado da variável dependente é a resposta do modelo, ou seja, o valor esperado da

taxa de mortalidade na infância determinado pelos coeficientes de regressão (𝛽). Dada a

variação de 1 unidade em determinada variável independente 𝑥𝑗, mantendo as demais

constantes, o valor da taxa de mortalidade na infância varia 𝛽𝑗 vezes 𝑗 = 1,2, … , 𝑘.

As variáveis utilizadas para construção do modelo, sua descrição e o sinal

esperado são apresentados na Tabela 2. Para avaliar a taxa de mortalidade de crianças

menores de cinco anos é necessário a formulação de um modelo que contenha variáveis

relevantes para explicar o padrão dessa variável no país. A variável dependente (𝑌)

utilizada no modelo é a taxa de mortalidade até cinco anos de idade. Já as variáveis

independentes (𝑥𝑗) consideradas pra construção do modelo estão relacionadas com

indicadores de desenvolvimento socioeconômico, que são determinantes importantes da

taxa de mortalidade na infância como, principalmente, as variáveis ligadas ao acesso a

serviços de infraestrutura para o domicílio que estão ligadas a questões sanitárias e de

higiene.

Tabela 2: Descrição das Variáveis Utilizadas

Notação Sigla Nome da variável Sinais

esperados

Y TMM5 Taxa de Mortalidade na Infância

X1 FECTOT Taxa de Fecundidade +

X2 T_ANALF Taxa de Analfabetismo da população maior de 15 anos +

X3 P_POBRES % dos mais pobres da população +

X4 RDPCT Renda domiciliar per capita média, exceto renda nula -

X5 DENS % da população com densidade nos domicílios superior a 2

pessoas por dormitório +

X6 LIXO % da população que vive em domicílios com coleta

adequada de lixo -

X7 S_LUZ % da população que vive em domicílios sem energia elétrica +

X8 S_AE % população que vive em domicílios sem água e esgoto

adequado +

X9 POPURB População Urbana +

A relação entre a variável dependente com as variáveis independentes é dada a

partir de uma equação linear é determinada da seguinte forma:

𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0+ 𝛽1𝑋1𝑖𝑡 + ⋯ + 𝛽4𝑋4𝑖𝑡 + 𝛽5𝑋24𝑖𝑡+ 𝛽6𝑋5𝑖𝑡 … + 𝛽10𝑋9𝑖𝑡 +𝛼2 𝐷2𝑡 + 𝛼3 𝐷3𝑡 + 𝑢𝑖𝑡

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em que, o subscrito i indica cada município (𝑖 = 1, . . . , 5565), o subscrito t denota os

períodos considerados para analise (𝑡 = 1991,2000,2010) . Já 𝑋𝑘𝑖𝑡 é o valor da k-ésima

variável explicativa para a unidade i no instante t (𝑘 = 1, . . . , 9); 𝛽𝑘𝑖 são os parâmetros a

serem estimados; 𝛽0 é o intercepto da equação referente ao ano de 1991 e 𝐷2𝑡 e 𝐷3𝑡 as

variáveis dummy que indicam a variação do valor do intercepto nos anos de 2000 e

2010. O termo 𝛼𝑖 capta todos os fatores não observados dos municípios, constantes no

tempo, que afetam a taxa de mortalidade na infância e 𝜀𝑖𝑡 é o termo de erro para a i-

ésima unidade em t.

4. Resultados e Discussão

4.1. Análise Descritiva

A Tabela 3, a seguir, traz as estatísticas descritivas referentes as variáveis

utilizadas no estudo no período de 1991,2000 e 2010. Nessa análise evidencia-se uma

melhorias ocorridas nas condições de vida da população brasileira com avanços

expressivos destes indicadores, no âmbito econômico e social, destacando a redução

significativa da taxa de mortalidade na infância indicando as alterações consideráveis

que ocorreram nesse indicador no país confirmando a tendência de redução da

mortalidade de crianças ao longo dos anos.

Tabela 3: Análise Descritiva das Variáveis no ano de 1991

Variáveis Média Desvio Padrão

1991 2000 2010 1991 2000 2010

𝑌 59,90 39,30 21,53 31,61 18,71 07,32

𝑋1 3,73 2,87 02,19 1,23 00,73 00,50

𝑋2 30,17 20,82 16,15 16,9 12,16 09,84

𝑋3 56,70 41,05 23,20 23,63 22,77 17,91

𝑋4 237,20 347,36 498,82 143,30 188,39 241,00

𝑋5 51,18 38,13 25,13 14,93 14,91 13,00

𝑋6 50,62 79,20 94,04 34,71 25,59 11,05

𝑋7 30,42 13,39 02,81 26,04 17,03 06,02

𝑋8 17,24 13,47 09,20 24,20 15,60 12,84

𝑋9 24714,09 25055,21 28917,48 183806 180028,3 201551

4.2. O Ajuste do Modelo

O teste de Hausman apontou o modelo de efeitos fixos como o mais adequado.

Além disso, a teoria mostra que as especificidades encontradas em cada municípios

apresentam relação com as variáveis independentes utilizadas no modelo o que pode

determinar diferentes resultados para os indicadores utilizados na análise.

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Os resultados da estimação do modelo em painel de efeitos fixos com a adição dos

controles é apresentada nas Tabelas 4 e 5.

Com a obtenção dos coeficientes estimados, além de mensurar de que forma as

variáveis independentes do modelo se relacionam com a taxa de mortalidade na

infância, possibilitando que a meta fosse alcançada em 2011, com quatro anos de

antecedência, pode-se constatar quais são significativos para o modelo a partir da

execução do teste t.

Tabela 4: Coeficientes Estimados do Modelo de Dados em Painel – Efeitos Fixos

Variáveis

Coeficientes

Estimativas

Estatística do

Teste

Valor p

FECTOT 𝛽1 5,2281 23,76 <0,0001

T_ANALF 𝛽2 0,9771 32,76 <0,0001

P_POBRES 𝛽3 0,2884 17,90 <0,0001

RDPCT 𝛽4 0,0455 14,34 <0,0001

RDPCT² 𝛽5 -0,000008 -4,12 <0,0001

DENS 𝛽6 0,0183 0,85 0, 394

LIXO 𝛽7 -0,0245 -3,90 <0,0001

S_LUZ 𝛽8 0,1024 9,45 <0,0001

S_AE 𝛽9 0,1404 18,18 <0,0001

POPURB 𝛽10 0,1028 6,70 <0,0001

Tabela 5: Dummys Temporais do Modelo de Dados em Painel – Efeitos Fixos

Variáveis

Coeficientes

Estimativas

Estatística do

Teste

Valor p

𝐷1 𝛽0 -25,0656 -12,52 <0,0001

𝐷2 𝛼2 -5,4548 -12,28 <0,0001

𝐷3 𝛼3 -13,9754 -17,29 <0,0001

Os resultados do modelo de efeitos fixos apontam que apenas o coeficiente

associado a variável densidade nos domicílios (𝑋5) não apresentou uma relação

significativa com a TMM5. Como já visto teoricamente este indicador é relevante na

melhoria da saúde das crianças, principalmente no que se refere a incidência de

doenças. Entretanto, de acordo com Pasternak (2016) pessoas pobres por não ter

condições de morar melhor podem habitar em uma casa com densidade maior que 2

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pessoas por dormitório sendo necessário a existência de outros aspectos do ambiente

para amenizar o efeito de altas densidades.

Como destacado na análise tem-se o papel da infraestrutura domiciliar na

redução da TMM5, em que as variáveis que apresentaram uma relação significante na

determinação da taxa de mortalidade na infância foram percentual de domicílios com

água e esgoto inadequado, sem energia elétrica e com uma coleta adequada de lixo.

Evidencia-se a relevância de um melhor e maior acesso ao saneamento básico no

país para aumentar a sobrevida das crianças e reduzir as TMM5, em que à medida que

aumenta o número de domicílios que possuem um acesso inadequado de agua e esgoto,

referente à variável 𝑋8, a morte de crianças tende a aumentar, ou seja, dada a variação

de 1% na proporção de domicílios com água encanada e esgoto inadequado a taxa de

mortalidade na infância aumenta aproximadamente 0,14%. Conforme indicado por

Piola et al. (2009) a melhora nas condições de saneamento básico, principalmente o

acesso à água e esgoto sanitário, constituem um dos principais fatores para o declínio

das taxas de mortalidade na infância no Brasil.

A ampliação da cobertura populacional de serviços de saneamento com

instalações sanitárias adequadas e à água tratada promovem uma melhora na saúde tanto

de crianças como da população em geral por evitar o aumento da disseminação de

doenças infecto parasitárias, entre outras, principalmente a diarreia que constitui uma

das causas mais comum de morte em crianças em países pobres do mundo (TEIXEIRA

E GUILHERMINO 2006; SCRIPTORE et al. 2015). Para Victora (2009) estes são um

dos fatores essenciais para evitar mortes a curto prazo sendo o Brasil um modelo com

que o mundo pode aprender no que se refere a redução da mortalidade por diarreia.

Outro resultado importante do saneamento básico refere-se a coleta adequada de

lixo nos domicílios, variável 𝑋6, que acarretaram uma redução da TMM5 em 0,0245%

ao longo do período analisado. Este resultado corrobora com o que foi encontrado no

modelo de efeitos fixos de Paixão e Ferreira (2012) comprovando a relevância de um

adequado serviço de coleta de lixo para reduz as mortes de crianças no país. A coleta de

lixo configura também um dos principais indicadores sanitários na melhoria da saúde e

do ambiente por atuar na prevenção e controle de doenças e agravos, por todas as causas

em crianças de até cinco anos (COSTA et.al,2005).

Ademais, os impactos desses indicadores na redução da mortalidade de crianças

relacionam-se também com o tempo que os efeitos do acesso à rede de saneamento

básico acontecem, pois, não ocorrem de forma imediata, mas sim a partir de uma

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mudança de hábitos das famílias para melhorar seu aproveitamento. Diversos estudos

apontam a questão da realização de práticas higiênicas e educação sanitária, como

fervura de água, construção de fossa séptica e limpeza adequada da habitação, para que

os efeitos da falta de saneamento básico sejam amenizados ou que com sua presença os

benefícios sejam ainda mais efetivos assegurando de todas as formas possíveis a

manutenção do estado de saúde das crianças (HELLER 1998; KASSOUF 1995).

A disponibilidade de energia elétrica nos domicílios também atuou na redução

da TMM5, sendo que a falta desse serviço, evidenciada pela variável 𝑋7, faz com que a

mortalidade na infância aumente em 0,1024%. A importância deste indicador no

ambiente domiciliar é evidenciada em pesquisas como a PNDS (2009) e PNAD(2013),

que mostram que a energia elétrica está presente em aproximadamente 98,7% dos

domicílios do país. A falta de luz elétrica também é considerada em outros estudos

como um indicador de desenvolvimento social que se relaciona à altas taxas de

mortalidade na infância, indicando a presença de eletricidade na infraestrutura

domiciliar considerável para reduzir níveis de mortalidade de crianças

(GOLDEMBERG,1998; GONÇALVES E VALLE, 2011).

Verificada a importância dos indicadores de infraestrutura a literatura enfatiza a

necessidade da ampliação de investimentos públicos na melhora das condições de

habitação da população, promovendo acesso à saneamento básico e energia elétrica de

qualidade para além da melhora na saúde das crianças (OLIVEIRA 2008). Conforme

apontado por Vinagre (2007) um aumento com gastos no abastecimento de água,

esgotamento sanitário e coleta de lixo é essencial para que a meta de redução de mortes

de crianças menores de cinco anos, estabelecida pela ONU, fosse alcançada no estado

do Pará. Além disso, os resultados do modelo econométrico de Mendonça e Motta

(2008) demonstram que os gastos totais com saúde são maiores do que uma ação

defensiva com coleta de esgoto e tratamento de água, reforçando o papel da expansão

desses serviços para redução da TMM5 no país.

No que se refere as variáveis de controle utilizadas diversos estudos mostram que

de tanto a renda quanto a escolaridade estão associadas com a mortalidade na infância

(BARUFI, 2009; GARCIA E SANTANA, 2011). Verifica-se a importância da renda e

de uma melhor distribuição na redução das mortes de crianças, em que os resultados

apontam a existência de um efeito positivo, de aproximadamente 0,29%, da proporção

de pobres, sobre a TMM5. Esta variável (𝑋3) é especificada pelo percentual de

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indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais, em

reais de agosto de 2010.

Evidencia-se que só a partir de um nível de renda domiciliar per capita média,

exceto renda nula, de R$ 2920,92, ocorre uma redução efetiva da mortalidade de

crianças, o que é verificado ao se analisar o coeficiente da variável renda ao quadrado

(𝑋42).

Ao longo do período analisado verificou-se um aumento na renda dos cidadãos

no país, principalmente nas camadas mais pobres, ao longo do período analisado com a

implantação dos PTC’s e de uma política de valorização do salário mínimo foram

fatores substanciais para a queda de desigualdade da renda familiar propiciando o

acesso a determinantes essenciais para reduzir a mortalidade na infância no Brasil

(SABOIA, 2007; RASSELA,2013; DEDECCA 2015).

Entretanto, mesmo com esses importantes ganhos no âmbito de renda per capita

no Brasil ainda persistem desigualdades no status socioeconômico da população, sendo

que as camadas mais pobres podem não ter acesso de qualidade à fatores essenciais para

o desenvolvimento saudável de crianças, como os na área de infraestrutura,

principalmente em municípios do estado do Norte e Nordeste como confere-se nos

resultados de Sousa et al. (2010). Este fato é verificado com dados apresentados pela

PNAD (2013), em que no ano 2012 famílias com rendimentos per capita superiores

declararam ter um maior acesso ao saneamento adequado do que famílias com

rendimento per capita menores.

Surge, assim, a necessidade de entender outros aspectos envolvidos na

mensuração da pobreza da população do país e como eles afetam a mortalidade de

crianças, sendo o basic needs uma dessas concepções por examinar a pobreza através da

detenção de serviços básicos como de educação e saneamento básico (ROCHA 2003;

MARTINI, 2009; MOREIRA E CRESPO, 2012). Isto posto, famílias pobres são

aquelas que não só tem um baixo nível de renda, mas as que são desprovidas de

recursos que lhe permita o obter fatores relacionados a suas necessidades básicas e que

possam promover desenvolvimento saudável de crianças.

Como já mencionado, a existência destes elementos no ambiente familiar,

principalmente o saneamento básico, e sua utilização de maneira ótima, auxiliaram para

melhorar a qualidade de vida da população e que a meta proposta pela ONU fosse

alcançada no país. Este fato confirma que, além do importante papel de um adequado

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nível renda como eficaz indicador de qualidade de vida, este também foi um fator

relevante para que a meta de queda da TMM5 fosse atingida no país.

A variável 𝑋2, taxa de analfabetismo da população maior de 15 anos apresenta

uma associação positiva com a TMM5, o que confirma a relevância do nível

educacional para reduzir os níveis da mortalidade na infância nos municípios do Brasil.

Analisando teoricamente, esse resultado reforça-se o papel deste indicador, constatando

o seu considerável impacto para reduzir a mortalidade de crianças, sendo que a

educação atua de maneira expressiva para redução da taxa mortalidade na infância, em

que quanto maior a proporção de pessoas alfabetizadas no país maior a possibilidade de

uma criança estar inserida em um ambiente saudável em que existam condições básicas

para o seu desenvolvimento (SIMÕES 2002; GOMES et al. 2006, BARUFI 2009).

As variáveis referentes as mudanças no campo demográfico favoráveis na

urbanização e no tamanho das famílias no país ao longo do tempo foram significativas

para explicar as variações da mortalidade na infância. O processo de urbanização

geralmente é acompanhado pela implantação de serviços de infraestrutura domiciliar,

mas como aponta Teixeira e Pungirum (2005) isto nem sempre ocorre ou ocorre de

forma deficiente podendo impactar aumentando os níveis de mortalidade na infância,

como verifica-se nos resultados do coeficiente da taxa de urbanização que apresenta

uma relação positiva com a TMM5.

A variável 𝑋1, taxa de fecundidade também foi significativa para explicar as

variações da mortalidade na infância já que famílias com uma quantidade menor de

filhos pode propiciar uma melhor assistência e maior perspectiva para uma criança

(PIOLA et al., 2009). No modelo verifica-se que as chances de mortalidade na infância

aumenta com o aumento da fecundidade evidenciando como esse indicador avalia

projeções de população e consequentemente, o comportamento dos níveis de

mortalidade de crianças do país.

Já em relação os coeficientes associados as variáveis dummy para ano inseridas no

modelo, sua significância demonstra a redução da taxa de mortalidade na infância ao

longo dos períodos analisados. Verifica-se avanços importantes nos níveis de

mortalidade de crianças sendo que se comparar os níveis da TMM5, dado os mesmos

indicadores analisados, em 2000 os níveis de mortalidade na infância foram em média

5,4548% a menos que em 1991, e em 2010, 13,9754% a menos que em 1991.

Isto é resultado do estabelecimento de estratégias efetivas a partir da década de

1990, que propiciaram melhorias na condições de vida das crianças devido avanços no

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status de saúde e nutricional infantil, com melhorias em água e saneamento, melhora

nos níveis educacionais e crescimento da renda das famílias vulneráveis (VICTORA et

al. 2011; UNICEF 2012). A década de 1990 foi marcada pela utilização de políticas

macroeconômicas voltadas a estabilização, mas após a entrada para o novo século o

cenário econômico se torna mais favorável permitindo a adoção de um conjunto de

medidas importante para um desenvolvimento melhor das crianças elevando o

crescimento econômico e reduzindo a desigualdade de renda das famílias (DEDECCA

E LOPREATO, 2013).

5. Considerações Finais

A análise apresentada neste trabalho verificou de forma empírica o impacto dos

principais determinantes proximais da mortalidade na infância relacionados à

características estruturais dos domicílios, sobre a taxa de mortalidade de crianças

menores de cinco anos nos municípios brasileiros nos anos de 1991, 2000 e 2010 por

meio de um modelo de efeitos fixos para dados em painel.

A redução da taxa de mortalidade de crianças, em diferentes faixas etárias,

implica em ganhos da qualidade de vida e, portanto, no aumento expectativa de vida do

país. Enfatiza-se a evolução temporal dos níveis de mortalidade na infância sendo que

os principais fatores que contribuíram neste processo de redução são relacionados à

melhoria das condições ambientais com o maior acesso ao saneamento básico e à

tendência de queda da fecundidade, sendo estas influenciadas pela melhora do nível

educacional.

Deste modo, conclui-se que a existência destes elementos no ambiente familiar e

sua utilização foram fundamentais para que a melhora na qualidade de vida da

população e para que a meta proposta pela ONU fosse alcançada no país, reduzindo a

mortalidade de menores de cinco anos de idade.

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