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DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Estudo de Caso sobre a Taesa Marianna Cruz Lion Projeto de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino Rio de Janeiro Julho de 2019

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DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

Estudo de Caso sobre a Taesa

Marianna Cruz Lion

Projeto de graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de

Aquino

Rio de Janeiro

Julho de 2019

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iii

“Há vinte brilhantes e altamente qualificadas mulheres no grupo oeste

de computação e temos orgulho de fazer nosso trabalho para o país.

Então, sim, eles deixam mulheres fazerem algumas coisas na NASA, Sr

Johnson. E não é porque usamos saias. É porque usamos óculos.”

Estrelas Além do Tempo

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iv

Lion, Marianna Cruz

Determinação do Valor de Empresas do Setor de

transmissão de Energia Elétrica - Estudo de Caso sobre a

Taesa./Marianna Cruz Lion - Rio de Janeiro:

UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2019.

XIV, 126 p.: il.; 29,7 cm

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Projeto de Graduação – UFRJ/POLI/Curso de

Engenharia de Produção, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 118 - 122

Valoração de Empresas 2. Setor de transmissão de

Energia Elétrica 3. Fluxo de Caixa Descontado

I. Aquino, Thereza II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção III.

Determinação do Valor de Empresas do Setor de

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v

AGRADECIMENTOS

MARIANNA CRUZ LION

Agradeço, primeiramente, a minha família, pelo apoio, incentivo e amor durante a realização

deste trabalho e em toda a minha vida, em especial aos meus pais, Paulo Leandro Soares Lion

e Lucia Afonso Cruz Lion, minhas irmãs Patricia Cruz Lion e Juliana Cruz Lion que me

tornaram grande parte do que sou hoje e minhas avós, Augusta Cruz e Marli Lion, que

infelizmente não se fazem mais presente em vida, mas que sei que sempre estiveram torcendo

por mim.

Agradeço também aqueles que por algum motivo entraram em minha vida e se tornaram

pessoas extremamente importantes e especiais, entre eles meu cunhado e amigo Gabriel do

Lago Fernandes e minhas amigas de infância Giovanna Rocha, Fernanda Lobianco, Renata

Parpinelli, Daniela Schittini, Ana Clara Deslandes e Fernanda Magno. Agradeço em especial

também aqueles que fizeram parte de toda minha trajetória durante a faculdade e me ensinaram

muito, entre eles, Eduardo Menezes, Arthur Rocha, Luiz Eduardo Gopfert, João Victor Paiva,

Victor Hugo Santos, Vitor Lobo, Nicole Nigri e Lorrayna Sant’Anna.

À minha orientadora, Thereza Cristina Nogueira de Aquino, pelo empenho dedicado à

elaboração, orientação, apoio e confiança a este trabalho. Com ela o trabalho pôde ficar mais

consistente e exato, para que pudéssemos ter um bom resultado. Aos professores participantes

da banca examinadora, Roberto Ivo e Adriano Proença, por dividirem comigo esse momento

tão importante da minha vida, me incentivando, apoiando e contribuindo para enriquecimento

deste trabalho. À Universidade Federal do Rio de Janeiro, seu corpo docente, direção e

administração por me proporcionarem o conhecimento, não apenas racional, mas a

manifestação do caráter e afetividade da educação no processo de formação profissional. A

todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação, o meu muito obrigada.

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vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

Estudo de Caso sobre a Taesa

Marianna Cruz Lion

Julho/2019

Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Curso: Engenharia de Produção

Resumo

O presente estudo tem como objetivo apresentar uma análise econômica financeira de

valoração de empresas do setor de transmissão de energia elétrica por meio de um estudo de

caso do grupo Taesa (Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.), uma das líderes do setor

no Brasil. Dessa forma, foram descritos os principais modelos teóricos de valoração e os

fundamentos básicos para a análise da empresa e do setor que ela pertence: histórica,

governança corporativa, estrutura societária e estratégia de operação. Feito isso, foi escolhido

um dos modelos teóricos que se julgou o mais adequado e foram realizadas as projeções para

os próximos anos, dentro de um espaço de tempo pré determinado, analisando-se os resultados

e conclusões obtidas a partir do modelo feito.

Palavras-chave: Valoração de Empresas, Setor de transmissão de energia elétrica, Fluxo de

Caixa Descontado

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vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

DETERMINATION OF THE VALUE OF COMPANIES OF THE ELECTRICITY

TRANSMISSION SECTOR

Case Study about Taesa

Marianna Cruz Lion

July/2019

Advisor: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Course: Industrial Engineering

Abstract

The present study aims to present a theoretical model of valuation of companies in the electric

power transmission sector through a case study of the Taesa group (Transmissora Aliança de

Energia Elétrica S.A.), one of the industry leaders in Brazil. Thus, the main theoretical models

of valuation and the basic fundamentals for the analysis of the company and of the sector that

it belongs to are described: historical, corporate governance, corporate structure and

operational strategy. Once this was done, one of the theoretical models was chosen, which was

considered the most appropriate and the projections were carried out for the next years, within

a predetermined period of time, analyzing the results and conclusions obtained from the model.

Keywords: Valuation of Companies, Electric Power Transmission Sector, Discounted Cash

Flow

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viii

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

1.1 Relevância do Tema ....................................................................................................... 15

1.2 Motivação ...................................................................................................................... 15

1.3 Objetivos ........................................................................................................................ 16

1.4 Metodologia da Pesquisa ............................................................................................... 17

1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 18

1.6 Limitações do Estudo ..................................................................................................... 18

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTOS DE VALORAÇÃO DE EMPRESAS ........................ 20

2.1 Lucro por Ação - LPA ................................................................................................... 21

2.2 Retorno sobre o Patrimônio Líquido - ROE .................................................................. 22

2.3 Valor de Mercado Adicionado - MVA .......................................................................... 23

2.4. Valor de Livro Ajustado ............................................................................................... 24

2.5 Avaliação de Ações e Dívidas ....................................................................................... 25

2.6 Comparação Direta baseada em Múltiplos do Mercado ................................................ 26

2.7 Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado.............................................................. 27

2.7.1 O Fluxo de Caixa Descontado ................................................................................ 29

2.7.1.1 O Fluxo de Caixa do Acionista ........................................................................ 29

2.7.1.2 O Fluxo de Caixa da Empresa ......................................................................... 31

2.7.2 A Taxa de Desconto ................................................................................................ 32

2.7.2.1 Custo do Capital Próprio .................................................................................. 33

2.7.2.2 Custo Médio Ponderado de Capital ................................................................. 35

2.7.3 O Valor Residual..................................................................................................... 36

2.8 Avaliação pela Teoria de Opções Reais......................................................................... 36

2.9 Índices Preço/Lucro ....................................................................................................... 39

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CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DO SETOR ELÉTRICO NO BRASIL ................................. 41

3.1 História do Setor Elétrico Brasileiro .............................................................................. 41

3.2 Órgãos Reguladores do Setor Elétrico Brasileiro .......................................................... 43

3.3 Funcionamento do Setor Elétrico Brasileiro .................................................................. 46

3.4 O segmento de Transmissão do setor Elétrico Brasileiro .............................................. 49

3.5 Projeções para o setor elétrico nos próximos anos ........................................................ 55

CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA TAESA .......................................... 59

4.1 Apresentação da Empresa .............................................................................................. 59

4.2 Práticas Contábeis do Setor de Transmissão de Energia Elétrica .................................. 62

4.3 Desempenho Econômico-Financeiro Histórico da Empresa ......................................... 64

4.3.1 Desempenho Operacional ....................................................................................... 64

4.3.2 Receita Anual Permitida (RAP) .............................................................................. 66

4.3.3 Ativo Contratual de Concessão e Receita Operacional .......................................... 69

4.3.4 Custos e Despesas ................................................................................................... 72

4.3.5 Imobilizado e Intangível ......................................................................................... 75

4.3.6 Impostos .................................................................................................................. 76

4.3.7 Receitas e Despesas Financeiras ............................................................................. 78

4.3.8 Investimentos .......................................................................................................... 80

4.3.9 Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio ............................................................ 82

CAPÍTULO 5 - MODELAGEM E EXPERIMENTOS NUMÉRICOS............................ 85

5.1 Projeção da Receita Anual Permitida (RAP) ................................................................. 86

5.2 Projeção da Receita Operacional Bruta ......................................................................... 93

5.3 Projeção das Deduções da Receita Operacional Bruta ................................................ 102

5.4 Projeção dos Custos e Despesas .................................................................................. 103

5.5 Projeção das Receitas Financeiras ............................................................................... 106

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x

5.6 Projeção das Despesas Financeiras .............................................................................. 107

5.7 Projeção da Equivalência Patrimonial ......................................................................... 109

5.8 Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio ................................................................. 110

5.9 Modelo de Valoração e Resultados .............................................................................. 111

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO .......................................................................................... 114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 118

ANEXOS ............................................................................................................................... 123

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ÍNDICES DE FIGURAS

Figura 1: Fluxo de Caixa do Acionista .................................................................................... 30

Figura 2: Fluxo de Caixa da Empresa ...................................................................................... 31

Figura 3: O Modelo Binomial de Precificação de Opções ...................................................... 38

Figura 4: Estrutura Institucional do Setor de Energia Elétrica ................................................ 44

Figura 5: Funcionamento do Setor de Energia Elétrica ........................................................... 48

Figura 6: Sistema Interligado Nacional (SIN) – Horizonte 2017 ............................................ 51

Figura 7: Linhas de concessão pertencentes à TAESA - ref. 2018 .......................................... 59

Figura 8: Organograma Atual da TAESA - ref. 2018 .............................................................. 61

Figura 9: Dívida por Empresa 4T2018 (R$ MM) e Estrutura de Capital - ref. 2019 .............. 80

Figura 10: Projetos em Construção - ref. 2019 ........................................................................ 81

Figura 11: Premissas Utilizadas para cálculo do Custo do Capital Próprio ..........................112

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xii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Fases dos Leilões definidas pelos deságios verificados - ref. 2009 - 2017 .............. 53

Tabela 2: Projeção Anual de crescimento do PIB entre 2019 e 2023 ...................................... 57

Tabela 3: Carga de Energia projetada para 2019 - 2023 (MWmédios) ................................... 58

Tabela 4: Taxa de Crescimento projetada da Carga de Energia (% ao ano) ............................ 58

Tabela 5: Posição Acionária TAESA- ref. 2019 ...................................................................... 61

Tabela 6: Reajuste das Concessões entre os Ciclos de 2011-2012 e 2018-2019 ..................... 67

Tabela 7: Ciclos da RAP proporcionais à participação da Taesa ............................................ 68

Tabela 8: Regime Fiscal de cada Concessão - ref. 2019.......................................................... 77

Tabela 9: Evolução do Custo de Construção - ref. 2019 ......................................................... 80

Tabela 10: Projeção da Inflação Acumulada no ano de 2019 .................................................. 87

Tabela 11: Projeção da RAP entre os Ciclos 2019/2020 e 2025/2026 .................................... 88

Tabela 12: Projeção da RAP entre os Ciclos 2026/2027 e 2034/2035 .................................... 89

Tabela 13: Projeção da RAP das novas concessões entre os Ciclos 2019/2020 e 2025/2026 . 90

Tabela 14: Projeção da RAP das novas concessões entre os Ciclos 2026/2027 e 2034/2035 . 91

Tabela 15: Projeção da Receita de Remuneração entre os anos de 2019 e 2026..................... 95

Tabela 16: Projeção da Receita de Remuneração entre os anos de 2027 e 2034..................... 96

Tabela 17: Projeção da Receita de Correção Monetária entre os anos de 2019 e 2026 .......... 98

Tabela 18: Projeção da Receita de Correção Monetária entre os anos de 2027 e 2034 .......... 99

Tabela 19: Projeção da Receita de Operação e Manutenção entre os anos de 2019 e 2034 .. 100

Tabela 20: Projeção da Receita de Construção entre os anos de 2019 e 2034 ...................... 100

Tabela 21: Projeção da Parcela Variável entre os anos de 2019 e 2034 ................................ 101

Tabela 22: Taxa Média de Depreciação e Amortização dos últimos oito anos ..................... 104

Tabela 23: Concessões pertencentes a TAESA - ref. 2018 ................................................... 123

Tabela 24: Balanço Patrimonial da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019 ....................................... 124

Tabela 25: Demonstrativo de Resultado da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019 ........................... 125

Tabela 26: Demonstrativo de Fluxo de Caixa Indireto da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019 ..... 126

Tabela 27: Detalhamento da Dívida Bruta 4T2018 - ref. 2019 ............................................. 127

Tabela 28: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2019 e 2024 .......................... 128

Tabela 29: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2025 e 2030 .......................... 128

Tabela 30: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2031 e 2034 .......................... 129

Tabela 31: Projeção do Balanço Patrimonial entre os anos de 2019 e 2026 ......................... 130

Tabela 32: Projeção do Balanço Patrimonial entre os anos de 2027 e 2034 ......................... 131

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xiii

Tabela 33: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2019 e 2026............. 132

Tabela 34: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2027 e 2034............. 133

Tabela 35: Projeção do Fluxo de Caixa Indireto entre os anos de 2019 e 2026 .................... 134

Tabela 36: Projeção do Fluxo de Caixa Indireto entre os anos de 2027 e 2034 .................... 135

Tabela 37: Valuation pelo método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do

Acionista ................................................................................................................................ 135

Tabela 38: Índices Financeiros entre os anos de 2019 e 2026 ............................................... 136

Tabela 39: Índices Financeiros entre os anos de 2027 e 2034 ............................................... 136

Tabela 40: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2019 e 2026 com análise

de sensibilidade da Receita Anual Permitida ......................................................................... 137

Tabela 41: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2027 e 2034 com análise

de sensibilidade da Receita Anual Permitida ......................................................................... 138

Tabela 42: Projeção do Fluxo de Caixa entre os anos de 2019 e 2026 com análise de

sensibilidade da Receita Anual Permitida .............................................................................. 139

Tabela 43: Projeção do Fluxo de Caixa entre os anos de 2027 e 2034 com análise de

sensibilidade da Receita Anual Permitida .............................................................................. 140

Tabela 44: Valuation pelo método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do

Acionista com análise de sensibilidade da Receita Anual Permitida .................................... 140

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xiv

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Matriz de Energia Elétrica Brasileira – ref. 2019 ................................................... 47

Gráfico 2: Extensão da Rede de Transmissão por faixa de tensão (km) - ref. 2017 ................ 50

Gráfico 3: Participação das empresas no setor de transmissão de energia .............................. 50

Gráfico 4: Extensão das Linhas de Transmissão em mil km – ref. 2019 ................................. 55

Gráfico 5: Taxa de Disponibilidade da Linha 2012 - 2018 - ref. 2019 .................................... 64

Gráfico 6: Parcela Variável / RAP (%) 2012 - 2018 - ref. 2019 .............................................. 65

Gráfico 7: Parcela Variável (R$ MM) 2012 - 2018 - ref. 2019 ............................................... 65

Gráfico 8: Evolução da Receita Operacional Bruta Consolidada IFRS (R$ MM) .................. 72

Gráfico 9: Evolução dos Custos e Despesas Consolidado IFRS (R$ MM) 2011-2018........... 74

Gráfico 10: Evolução dos Custos e Despesas Consolidado IFRS por grupo (R$ MM) .......... 74

Gráfico 11: Receitas e Despesas Financeiras Consolidadas (R$ MM) 2011-2018 ................. 79

Gráfico 12: Dividendos e Juros sobre Capital Próprio - ref. 2019........................................... 84

Gráfico 13: Histórico e Projeção da RAP em R$ MM ............................................................ 92

Gráfico 14: Variação Anual da RAP em % entre os Ciclos 2004/2005 e 2034/2035 ............. 92

Gráfico 15: Projeção da Receita Operacional Bruta (R$ MM) 2019 - 2034 ......................... 101

Gráfico 16: Projeção de Custos e Despesas (R$ MM) 2019 - 2034 ...................................... 104

Gráfico 17: Projeção das variações da linha de Investimentos (R$ MM) 2019 - 2034 ......... 105

Gráfico 18: Projeção dos Custos de Depreciação e Amortização (R$ MM) 2019 - 2034 ..... 105

Gráfico 19: Projeção das Receitas Financeiras (R$ MM) 2019 - 2034 ................................. 106

Gráfico 20: Variação do Saldo de Títulos e Valores Mobiliários (R$ MM) 2019 - 2034 ..... 107

Gráfico 21: Patrimônio Líquido x Dívida Líquida (R$ MM) 2019 - 2034 ............................ 108

Gráfico 22: Projeção da Equivalência Patrimonial (R$ MM) 2019 - 2034 ........................... 110

Gráfico 23: Projeção de Payout (R$ MM) 2019 - 2034 ......................................................... 110

Gráfico 24: Relação entre o preço da ação (R$) e o Custo do Capital Próprio (%) .............. 117

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15

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 Relevância do Tema

FALCINI (1995) afirma que uma avaliação econômica, ao contrário do que possa

parecer, não é uma fixação concreta de um preço ou valor específico de um bem, mas é uma

estimativa de base, uma tentativa de estabelecer, diante de uma faixa, um valor referencial de

tendência em torno do qual atuarão as forças de mercado.

É importante saber diferenciar os conceitos de valor e preço para compreender o

processo de valoração de empresas. Valor pode ser entendido como a apreciação de uma

empresa feita por determinado indivíduo levando em conta a importância desse bem e a

utilidade do mesmo para os seus consumidores. E como importância e utilidade não são fatores

objetivos e mensuráveis, não se consegue desagregar de certa subjetividade na determinação

de valores dos ativos. Dessa forma, conforme o objetivo da avaliação e as informações

disponíveis, uma mesma pessoa pode chegar a vários valores diferentes para uma empresa.

Dessa forma, enquanto o conceito de valor é relativo e depende de vários fatores, muitos

deles inclusive subjetivos, o preço de uma empresa é único e preciso e reflete fielmente a

mensuração financeira da empresa. O preço será definido como uma conclusão do processo de

negociação entre o desejo do comprador e a expectativa e necessidade do vendedor, o qual fará

uso das suas mensurações de valor como referência para a tomada de decisão.

Assim, a determinação do valor de uma empresa consiste na busca de um valor

econômico que expresse o potencial de geração futura da organização e é fundamental para a

gestão da sua carteira de investimentos, para a análise de fusões e aquisições, liquidações,

abertura de capital e privatizações. Além disso, funciona como um importante meio de

feedback para gestores e sócios de empresas sob o ponto de vista da eficiência na administração

dos seus negócios.

1.2 Motivação

O desenvolvimento social e econômico das nações está diretamente relacionado com o

desenvolvimento e a expansão do setor de energia elétrico. A difusão das formas de energia no

passado foi de vital importância para o crescimento acelerado do mundo moderno. A indústria,

que esteve e está técnica e economicamente no centro desse paradigma, é dependente das

técnicas de extração de energia da natureza. Dessa forma, o desenvolvimento dessas técnicas

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16

ou a falta delas determinou de forma considerável o destino dos países no mundo moderno. Os

países que foram capazes de desenvolvê-las e explorá-las lideraram o processo de

industrialização. Por outro lado, os que não investiram no setor energético se tornaram países

defasados tecnologicamente, prejudicando a sua vida social.

No Brasil, a Constituição brasileira prevê que a exploração dos serviços e instalações

de energia elétrica pode ser realizada diretamente pelo Governo Federal ou indiretamente por

meio da outorga de concessões, permissões e autorizações. Historicamente, o setor elétrico

brasileiro foi explorado principalmente por concessionárias de geração, transmissão e

distribuição controladas pelo Governo Federal, mas nos últimos anos, diversas medidas foram

adotadas para reformular esse setor, que em geral, visaram aumentar o investimento privado e

eliminar restrições aos investimentos estrangeiros, elevando a concorrência no setor elétrico.

Assim, a partir de 1995, foi autorizado o investimento estrangeiro em geração de energia

elétrica e uma parcela das participações representativas detidas desde então pelo Governo

Federal, por vários estados e por alguns governos estaduais foi vendida a investidores privados.

Com isso, diante da intensa atividade de desagregação dos setores, negociações e licitações, a

adequada aplicação do ferramental teórico de avaliação de empresas faz-se necessária para que

as partes envolvidas estabeleçam entre si um relacionamento econômico equilibrado,

justificando a livre concorrência do mercado.

Nesse contexto, foi pensando na relação existente entre o desenvolvimento tecnológico,

o crescimento industrial e a melhora no padrão de vida em determinada sociedade com a

evolução do consumo de energia por meio do aumento dos recursos energéticos. Além disso,

tendo em mente a mudança que o setor de energia elétrica passou nos últimos vinte anos, com

a maior abertura desse setor para o investimento privado e estrangeiro, o presente trabalho tem

com uma das suas principais motivações estudar o histórico desse setor e abordar as estratégias

perseguidas por uma das líderes no segmento de transmissão de energia elétrica. Assim,

buscando compreender se o valor gerado pela mesma está condizente com que os investidores

têm esperado do seu desempenho, aplicando para tal as práticas de valoração de empresas.

1.3 Objetivos

Inserida em um contexto de pós privatização e modernização do setor, a indústria de

transmissão de energia elétrica mostra-se bastante atrativa ao capital privado, tanto nacional

quanto estrangeiro. Por isso, tende a proporcionar uma forte competição pela aquisição dos

direitos de exploração de recursos.

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Além disso, o elevado volume dos recursos envolvidos de investimento e manutenção

dos projetos, o longo prazo de maturação desses investimentos e duração dos contratos de

concessão e o significativo valor presente dos diversos fluxos de caixa demandam dos

interessados um ferramental de análise de preço rigoroso e preciso, de forma a evitar níveis de

incerteza altos na determinação dos preços de negociação desse tipo de empresa.

Com isso, o estudo proposto nessa dissertação aborda as diversas metodologias de

avaliação de empresas presentes na literatura financeira e entre analistas do mercado, buscando

entender e comparar os benefícios e limitações de cada método de forma a poder aplicar em

um estudo de caso prático aquele que melhor se propõe a valorar empresas do setor de

transmissão de energia elétrica.

Desse modo, o objetivo desse trabalho é conseguir chegar a uma análise econômica

financeira de valoração que explique ou refute os futuros ganhos esperados para uma das

empresas líder do setor de transmissão de energia elétrica brasileiro fazendo uso das técnicas

disponíveis para valoração de empresas aplicáveis a esse mercado específico à luz da realidade

empresarial brasileira.

Nesse contexto, o presente trabalho busca identificar os direcionadores de valor

característicos de empresas transmissoras de energia elétrica, para que as ferramentas de

avaliação de projetos sejam aplicadas de maneira adequada, visando obter com maior precisão

estimativas do valor de negociação de uma empresa desse setor. De forma geral, foram

utilizadas as ferramentas de avaliação mais citadas por autores conhecidos, identificadas na

bibliografia recente sobre o assunto, e procurou-se questionar e falsear premissas

simplificadoras desses modelos que venham a trazer impactos significativos na avaliação.

1.4 Metodologia da Pesquisa

O presente estudo se iniciou com uma pesquisa bibliográfica sobre o tema do trabalho,

além de estudar sobre a estrutura do setor elétrico, a situação do setor elétrico brasileiro, a

situação da empresa objeto do estudo a partir de informações levantadas de dados sobre o

desempenho econômico-financeiro dos relatórios públicos disponibilizados, além de técnicas

para a valoração de empresas.

Não se buscou discutir a validade científica dos modelos existentes, mas sim sua

aplicabilidade técnica ou não às características do objeto de análise e do seu ambiente. Com

relação ao tratamento dos dados obtidos, buscou-se fazer também uma análise qualitativa,

buscando-se validar simultaneamente a dimensão dos resultados obtidos e sua significância em

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relação ao objeto de análise. Esse estudo analítico serviu de base para as considerações e/ou

conclusões finais apresentadas.

1.5 Estrutura do Trabalho

A teoria necessária ao desenvolvimento do tema central do trabalho é abordada no

Capítulo 2, onde os modelos de avaliação de empresas são explorados e conceituados e

criticados de forma genérica, destacando os seus componentes principais e eventuais formas

alternativas de aplicação.

No Capítulo 3, foi feita uma apresentação sobre o mercado de eletricidade brasileiro,

onde são discutidos sua estrutura física e financeira, a história do desenvolvimento desse setor

na realidade brasileira, e também são abordados os órgãos de regulamentação do setor no

Brasil. Por fim é feita uma abordagem mais detalhada do segmento de transmissão de energia

elétrica e o que se espera do setor nos próximos anos.

No Capítulo 4, foi realizada uma análise da empresa escolhida como objeto de estudo,

onde buscou-se realizar uma apresentação da mesma, em torno da sua história, da sua estrutura

societária e do seu desempenho econômico-financeiro nos últimos anos. Vale comentar que

nessa seção todos os dados expostos são amplamente disponibilizados pela empresa estudada

por meio da seção de relação com investidores do site próprio da Companhia.

No Capítulo 5, é feita a avaliação econômico-financeira dessa empresa líder no setor de

transmissão de energia elétrica no Brasil, utilizando os métodos apresentados no Capítulo 2 e

os elementos observados nos Capítulos 3 e 4 relativos ao segmento. Finalmente, no Capítulo 6

são feitas as considerações finais no trabalho e as conclusões obtidas com o mesmo.

Cabe comentar que todas as informações quantitativas relativas à análise do estudo de

caso são abordadas de forma resumida em cada capítulo, de acordo com a necessidade de

interpretação do problema. Essas informações estão expostas em sua totalidade nos anexos que

se seguem ao Capítulo 6.

1.6 Limitações do Estudo

O principal limitante encontrado durante a realização do presente estudo diz respeito à

obtenção e análise de determinados dados. Isso ocorreu porque, apesar da empresa objeto de

estudo ser aberta ao mercado de ações desde o ano de 2006, desse ano até os dias atuais as leis

de divulgação de dados foram se alterando, bem como a própria forma de apresentação dos

dados da empresa e, portanto, algumas informações obtidas nos anos mais recentes não foram

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encontradas nos anos mais passados, limitando a análise de dados históricos em um espaço de

tempo mais curto.

Além disso, o próprio fato das regras contábeis no setor passarem por mudanças,

conforme explicado em maior detalhe ao longo do trabalho, também faz com que haja uma

certa limitação de comparação no histórico da empresa, dificuldade em parte a projeção dos

próximos anos. Esse fato é especialmente frágil no setor de transmissão de energia elétrica

porque os projetos possuem longos ciclos de maturação. Portanto, algumas simplificações

foram adotadas ao longo do estudo de caso e comentadas conforme foram ocorrendo.

Por fim, o longo período de maturação dos projetos também é um fator limitante na

projeção de dados futuros desse setor porque, por exemplo, como o primeiro grande ciclo de

obtenção de concessões da empresa objeto de estudo iniciou-se por volta do ano de 2000 e irá

durar até o ano de 2030, quando as primeiras concessões iniciam seu término de concessão,

não foi possível observar os ciclos completos existentes nesse setor.

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20

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTOS DE VALORAÇÃO DE EMPRESAS

Segundo CORNELL (1993) a avaliação ou valoração de empresas - tradução mais

correta na língua portuguesa para o termo em inglês valuation - tem como objetivo estimar o

valor justo de mercado de uma empresa. Sendo assim, tanto o termo avaliação quanto o termo

valoração referem-se ao processo de estimar o preço pelo qual uma propriedade trocaria de

mãos entre um comprador e um vendedor. Dessa forma, quando o ativo que está sendo

negociado consiste em uma empresa ou organização, o que ambos estão negociando é o direito

dos títulos da empresa, ou seja, suas ações, títulos e dívidas privadas.

Se, contudo, a avaliação de um único ativo ou investimento gera uma série de

questionamentos e discordância quanto à metodologia adequada a ser utilizada, o processo de

avaliação de uma empresa composto de inúmeros ativos, tangíveis e intangíveis, onde

interagem interesses conflitantes é ainda mais complexo e delicado.

Um analista ao avaliar uma empresa deve ter como objetivo alcançar um valor

econômico justo, isto é, um valor que represente o potencial e as perspectivas da organização

e do mercado no qual ela está inserida. Tal avaliação, porém, apesar de fazer uso de métodos e

modelos quantitativos, não se caracteriza como uma ciência exata e, com isso, não permite a

comprovação absoluta dos resultados, pois depende de premissas e hipóteses comportamentais

incorridas segundo a percepção do analista.

Sendo assim, a decisão de se optar por um determinado método em detrimento dos

demais geralmente leva em conta a limitação das informações e do tempo disponíveis. Alguns

métodos irão necessitar de maior conhecimento estatístico e desenvolvimento técnico,

enquanto outros irão requerer maior riqueza e certeza das informações coletadas.

Nesse tópico, serão abordados os principais conceitos da teoria de valoração de

empresas, além das limitações e vantagens identificados para cada um dos métodos.

Nessa perspectiva, o capítulo conta com as contribuições de CORNELL (1993) o qual

identifica quatro modelos de avaliação de empresas, sendo eles: Avaliação pelo valor de Livro

Ajustado, Avaliação de Ações e Dívidas, Avaliação por Múltiplos do Mercado e Avaliação

pelo Fluxo de Caixa Descontado.

Ademais, também será comentado sobre os estudos feitos por COPELAND (1994),

focado na avaliação pelo método do Fluxo de Caixa Descontado e na sua comparação com os

indicadores de Lucro por Ação, Retorno sobre o Patrimônio Líquido e o Valor de Mercado

Adicionado.

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Por fim, também serão abordados os estudos feitos por DAMODARAN (2003) que,

segundo esse autor, existem basicamente três abordagens para a valoração de uma empresa,

sendo elas:

1. Avaliação pelo método do Fluxo de Caixa Descontado: relaciona o valor de um

Ativo ao valor presente dos Fluxos de Caixa dos benefícios futuros esperados

relativos àquele ativo;

2. Avaliação Relativa: estima o valor de um Ativo, levando em conta a precificação de

ativos comparáveis a uma variável comum, como lucro, Fluxos de Caixa, valor

contábil ou vendas;

3. Avaliação de Direitos Contingentes: utiliza modelos de precificação de Opções para

medir o valor de Ativos que possuam características de opções e se aplica,

principalmente, a empresas que estejam com dificuldades, empresas de recursos

naturais ou empresas de tecnologias por se basear na aplicação a ativos não

financeiros.

2.1 Lucro por Ação - LPA

De acordo com COPELAND (1994), o Lucro por Ação é um indicador que busca avaliar

a empresa, mas seu objetivo não é mensurar o valor de negociação da mesma, mas sim o de

estimar o provável resultado obtido a partir de recursos proporcionados pela aquisição de

participações da empresa.

Desse modo, o Lucro por Ação se encaixa no grupo de indicadores denominados de

índices de Mercado, os quais relacionam o valor de mercado de uma organização, obtido a

partir do preço de sua ação, com certos valores contábeis.

Assim, mostram a opinião dos investidores acerca da empresa e o desempenho da

mesma em função de seu retorno e risco e costumam ser úteis quando se quer avaliar e comparar

uma grande quantidade de empresas a fim de identificar melhores oportunidades de

investimentos, servindo como um filtro de pré-qualificação.

O Lucro por Ação é calculado da seguinte forma:

𝐿𝑃𝐴 = 𝐿𝐿 ÷ 𝑁𝐴 (Equação 1)

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Onde:

LL = Resultado obtido pela empresa durante determinado período de avaliação

NA = Número de Ações em que encontra-se dividido o Capital da empresa no mesmo

período analisado

Em relação ao denominador dessa equação, não existe uma definição clara se deve ser

usado o número total de ações da empresa - ordinárias e preferenciais - ou se deve-se usar

apenas as ações ordinárias, isto é, aquelas que são responsáveis pelos resultados acumulados

decorrentes da atividade da empresa. No mercado de Capitais é possível encontrar empresas

que fazem uso dos dois tipos de casos.

Sendo assim, ainda segundo COPELAND (1994) a principal característica desse

indicador é sua simplicidade devido a exigência de poucas informações e sendo estas de fácil

acesso e entendimento. Contudo, se por um lado essa característica pode ser considerada uma

vantagem, por outro ela também pode ser vista como uma restrição. Ao fazer uso de poucas

informações relevantes para o seu cálculo e a adoção do lucro como parâmetro, esse indicador

tende a focar a gestão da empresa na Demonstração de Resultados, ignorando o Fluxo de Caixa

da empresa. Ademais, a volatilidade dos lucros pode fazer com que esse índice mude

consideravelmente de um período para o outro.

Por fim, o Lucro por Ação também não leva em conta a eficiência no emprego de

recursos, pois não compara o resultado com o quanto foi investido na empresa no período

estudado. Nesse sentido, com o objetivo de levar isso em conta, COPELAND (1994) cita o

indicador Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), explicado a seguir.

2.2 Retorno sobre o Patrimônio Líquido - ROE

O índice Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou Return on Equity (ROE), citado por

COPELAND (1994) se encaixa no grupo de indicadores de Rentabilidade que evidenciam o

quanto renderam os investimentos efetuados, podendo ser entendidos como o grau de

remuneração do negócio. Nesse sentido, ele mede o retorno sobre investimento dos acionistas

da empresa, indicando assim a situação econômica dos proprietários.

Dessa forma, assim como o Lucro por Ação, seu objetivo não é o de mensurar o valor

de negociação de uma empresa, mas sim estimar o provável nível de rentabilidade média

esperada por um investidor que adquira participações na empresa.

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O Retorno sobre o Patrimônio Líquido é calculado da seguinte forma:

𝑅𝑂𝐸 = 𝐿𝐿 ÷ 𝑃𝐿 (Equação 2)

Onde:

LL = Resultado obtido pela empresa durante determinado período de avaliação

PL = Patrimônio Líquido médio da empresa durante o mesmo período de avaliação

Em relação às vantagens e limitações no uso desse indicador, valem as mesmas

observações apontadas por COPELAND (1994) para a análise do Lucro por Ação, isto é, sua

simplicidade, apesar de facilitar os cálculos e a obtenção de informações, deixa de levar em

conta aspectos importantes da saúde financeira da empresa, como sua geração de caixa.

2.3 Valor de Mercado Adicionado - MVA

O próximo indicador citado por COPELAND (1994) é o Valor de Mercado Adicionado

ou Market Value Added (MVA) que, assim como os explicados anteriormente, não possui como

objetivo quantificar o valor de determinada empresa. Dessa forma, esse índice se presta a

qualificar uma empresa para avaliações mais precisas.

Seu cálculo é obtido a partir da margem entre o Retorno sobre o Capital Investido ou

Return on Invested Capital (ROIC) e o Custo de Capital próprio da Empresa, este por sua vez

obtido a partir do modelo desenvolvido por SHARPE (1970) de apreçamento de ativos

denominado de Capital Assets Pricing Model (CAPM).

O ROIC pode ser definido, em termos percentuais, como o quanto de dinheiro a

organização é capaz de gerar com o capital que foi investido e pode ser calculado dividindo-se

o NOPLAT (Net Operational Profits Less Adjusted Taxes) pelo valor contábil do Capital

Investido. O NOPLAT é o lucro operacional líquido da empresa decrescido dos impostos a

serem pagos sobre o resultado, ou seja, o resultado da empresa antes dos efeitos financeiros.

Investimentos de Capital são aqueles necessários à manutenção do nível de produção da

empresa, isto é, seus ativos permanentes e investimentos em Capital de Giro.

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Assim, o cálculo do MVA se resume em:

𝑀𝑉𝐴 = 𝑅𝑂𝐼𝐶 ÷ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 (Equação 3)

Onde:

𝑅𝑂𝐼𝐶 = 𝑁𝑂𝑃𝐿𝐴𝑇 ÷ 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙

Custo de Capital = Retorno esperado pelo Acionista, calculado pelo modelo CAPM

Segundo COPELAND (1994) esse indicador contribui com uma avaliação mais precisa

do desempenho da organização, indicando o grau em que a eficiência do capital empregado

supera o retorno esperado pelos acionistas ou proprietários da empresa. Entretanto, como ponto

negativo, o autor cita que esse índice fornece uma métrica ruim quando aplicado apenas no

curto prazo e também corre o risco de incentivar desinvestimentos, pois isso aumentaria o valor

do ROIC.

2.4. Valor de Livro Ajustado

O método do Valor de Livro Ajustado ou Valor Contábil é o mais simples para se

determinar o valor de negociação de uma empresa. Isso porque esse método utiliza as

informações diretamente do Balanço Patrimonial da empresa analisada.

De acordo com CORNELL (1993), o Valor de Livro Ajustado leva em conta que uma

empresa vale a soma dos valores de todas as exigibilidades que investidores tenham na mesma.

Dessa forma, o valor contábil pode ser obtido de dois modos distintos, mas que levam ao

mesmo resultado.

O primeiro deles é por meio do somatório do valor de todas as ações da empresa, dos

lucros acumulados, das reservas e das dívidas não operacionais de curto e longo prazos

(Empréstimos e Financiamentos). O segundo modo é obtido a partir da diferença entre os ativos

- circulantes e permanentes - e os passivos operacionais - excluindo-se as dívidas não

operacionais (Empréstimos e Financiamentos) e compromissos da empresa com investidores e

sócios.

Contudo, apesar de ser um método simples e fácil, diferentes formas de contabilização

das contas patrimoniais e de resultado, como, por exemplo, o método de depreciação dos ativos

permanentes, os sistemas de amortizações usados, a existência ou não de correção monetária e

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o índice aplicado, podem levar a valores de patrimônio de duas empresas estabelecidas na

mesma data e com os mesmos investimentos realizados e resultados obtidos diferentes.

Com isso, apesar do valor contábil de um ativo ser conhecido quando este é adquirido

e, nessa data, o valor econômico ser idêntico ao valor contábil, com o passar do tempo, esse

valor vai ficando cada vez mais irrelevante e se distanciando do valor econômico. No Brasil,

por exemplo, quando a taxa de inflação é relativamente alta, esse método não é o mais adequado

para determinação do valor de uma empresa e dos ativos da mesma, por distorcer os resultados.

Outro ponto importante desse método é que os valores dos ativos e passivos são

baseados em seus custos históricos, não levando em conta fatores como a inflação,

obsolescência, depreciação, mudanças tecnológicas e condições mercadológicas, o que leva a

divergências entre o valor contábil e o valor de mercado da organização.

Outro ponto evidenciado por CORNELL (1993) é que as empresas possuem ativos

valiosos que não são contabilizados no Balanço Patrimonial, como o que o autor chama de

Capital Organizacional ou mesmo o peso do nome que algumas marcas possuem, como a

Amazon, a Apple, a Coca Cola. Segundo o autor, por exemplo, o Capital Organizacional

representa o valor criado quando se reúne os empregados, consumidores, fornecedores e toda

cadeia de suprimentos da mesma que não é contabilizada porque não são ativos reconhecidos

no Balanço, porém que juntos geram grande valor a empresa quando funciona de forma

integrada. A Intel, por exemplo, pode contabilizar em seu Ativo toda a receita com a venda de

seus chips, mas não consegue contabilizar a expertise dos pesquisadores que desenvolvem

esses chips.

Apesar disso, o valor contábil ainda pode ser um método utilizado para valorar uma

empresa. CORNELL (1993) desenvolveu dois métodos que fazem o ajuste desse para contornar

essas limitações. O primeiro deles substitui o valor dos ativos da empresa por seus custos de

reposição e o outro método substitui o valor dos ativos da empresa pelo seu valor de liquidação

no mercado, levando em conta, assim, a inflação e a obsolescência e trazendo maior

complexidade a esse método.

2.5 Avaliação de Ações e Dívidas

Outro método citado por CORNELL (1993) diz respeito à avaliação das ações e dívidas

da empresa, ou seja, soma-se o valor de mercado de todos os títulos exigíveis da empresa,

incluindo as ações e dívidas com investidores e bancos. Dessa forma, esse método baseia-se

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em observar o preço de mercado dos títulos da empresa. Com isso, quando a mesma é de capital

aberto, essa metodologia torna-se bastante simples e objetiva.

Em relação à volatilidade do preço das ações, defende-se o uso de uma média dos preços

recentes, ao invés de fazer uso do preço da ação em uma determinada data. Desse modo,

CORNELL (1993) defende que na hipótese de o mercado ser eficiente, ou seja, definindo

preços justos a seus títulos e taxas de juros, a aplicação desse método fornece a estimativa mais

precisa do valor de uma empresa.

2.6 Comparação Direta baseada em Múltiplos do Mercado

Na definição de CORNELL (1993), o método de Comparação Direta baseada em

Múltiplos do Mercado, ajustado por diferenças de escala, envolve duas quantidades, sendo elas

um indicador de valor e uma variável observável que esteja relacionada ao valor. Assim, para

viabilizar comparações diretas tanto os dados para o indicador de valor quanto para a variável

observável devem estar disponíveis para o múltiplo de mercado e os dados para a variável

observável precisam estar disponíveis para o ativo a ser avaliado.

Dessa forma, se definirmos como V o indicador de valor e como x a variável observável,

a suposição crítica da qual depende o sucesso da aplicação desse método é que a relação entre

V e x para o ativo a ser avaliado é igual ou muito próximo à relação entre V e x para as empresas

comparáveis, de acordo com a seguinte relação mostrada pelas equações 2.4 e 2.5.

𝑉𝑎𝑙𝑣𝑜 ÷ 𝑥 𝑎𝑙𝑣𝑜 = 𝑉𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 ÷ 𝑥 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 (Equação 4)

𝑉 𝑎𝑙𝑣𝑜 = (𝑉 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 ÷ 𝑥 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜) × 𝑥 𝑎𝑙𝑣𝑜(Equação 5)

Entretanto, a escolha da variável observável deve ter uma relação consistente com o

valor V para diferentes empresas. Uma forma de conseguir isso é encontrando variáveis x que,

segundo a Teoria Econômica, tenham relação de causalidade com o valor das empresas, como

o Fluxo de Caixa e os Lucros.

Nesse sentido, a avaliação por múltiplos de mercado baseia-se no princípio da Teoria

Econômica de que ativos similares devem ser negociados a preços similares e que diferenças

de valor entre o ativo do mercado e o ativo em análise decorrem de alguma característica

comparável que possa fornecer um parâmetro de proporcionalidade. Assim, uma forma simples

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de valorar uma empresa é encontrando um ativo idêntico ou muito próximo que tenha sido

negociado recentemente entre partes bem informadas sobre.

Contudo, segundo DAMODARAN (2003), esse método possui uma série de problemas.

À princípio, a definição do que é uma empresa “comparável” é essencialmente subjetiva e

mesmo o uso de outras empresas do mesmo setor como grupo de controle frequentemente não

é solução porque as empresas dentro do mesmo setor podem ter mix de negócios, risco e perfis

de crescimento muito distintos. Segundo, mesmo quando um grupo válido de empresas

comparáveis pode ser selecionado, continuarão a persistir diferenças nos dados básicos entre a

empresa que está sendo avaliada e esse grupo. Utilizar uma variável de proporcionalidade não

fornece uma solução satisfatória para esse problema.

Além disso, CORNELL (1993) ainda aponta mais um problema crítico no uso desse

método. Como o número de empresas vendidas é pequeno, torna-se difícil identificar a venda

de empresas comparáveis. Nesse caso, uma solução seria usar os dados de empresas de capital

aberto negociadas em Bolsa. Embora elas dificilmente sejam vendidas, seus proprietários

minoritários representados pela posse de ações e títulos são comprados e vendidos diariamente

e, assim, elas podem ser valoradas utilizando o método da Avaliação de Ações e Dívidas.

2.7 Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado

O método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado é a metodologia mais

estudada e comentada pelos autores que pretendem explicar o tema de valoração de empresas.

Esse método tem suas origens no trabalho “Dividend policy, growth and the valuation of

shares” de MILLER E MODIGLIANI de 1961. A partir desse trabalho, outras variantes da

metodologia foram surgindo, mas as características principais do modelo se mantiveram desde

então.

Segundo DAMODARAN (2003), nesse método entende-se que o Valor Presente do

Fluxo de Caixa Projetado procura determinar o valor da empresa com base na capacidade de

remunerar seus acionistas no longo prazo, por meio dos fluxos de caixa futuros esperados.

Sendo assim, sua principal característica é a de explicitar as variáveis chave para a formação

de valor e permitir a simulação dos mais diferentes cenários e premissas macroeconômicas,

estratégicas, operacionais e financeiras quando da projeção dos fluxos de caixa, supondo-se,

portanto, que o valor da empresa corresponde ao valor atual do fluxo de caixa projetado,

descontado às taxas que reflitam o custo de oportunidade do acionista.

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Desse modo, COPELAND (1994) ainda defende que isso significa, em essência, que os

investidores estão pagando pelo desempenho que esperam obter da empresa no futuro, não por

aquilo que ela fez no passado e, certamente, não pelo custo do seu ativo e que para entender a

criação de valor é preciso usar um ponto de vista de longo prazo, gerenciando todos os fluxos

de caixa com base tanto na Demonstração de Resultado quanto no Balanço Patrimonial e

entender como comparar fluxos de caixa de diferentes períodos de tempo em uma base ajustada

ao risco.

Nessa perspectiva, a aplicação desse método requer a determinação de três principais

variáveis, sendo elas:

1. Fluxo de Caixa Descontado: são os recursos líquidos gerados pelas operações da

empresa e que ficarão disponíveis para distribuição aos acionistas, sendo sua

projeção determinada por meio dos modelos de simulação que levam em conta as

variáveis de natureza econômico-financeira que tenham impacto na formação dos

fluxos de caixa futuros, como as vendas, estrutura de custos, investimentos,

depreciação etc.

2. A Taxa de Desconto: é a taxa que será utilizada para trazer a valor presente os fluxos

de caixa projetados e que pode ser determinada tanto pelo método do Custo Médio

Ponderado de Capital (Weighted Average Cost of Capital - WACC), quando for

utilizado o método do Fluxo de Caixa da Empresa ou pelo método do Custo de

Capital Próprio (Capital Assets Pricing Model - CAPM) quando for utilizado o

método do Fluxo de Caixa do Acionista.

3. Valor Residual: é o valor do negócio ao final do período em análise ou então o valor

do fluxo de caixa perpétuo, assumindo-se um estado de equilíbrio constante a partir

de determinada data, determinando-se uma taxa de crescimento “g”, que é uma

estimativa da taxa de crescimento constante do negócio a partir do momento em que

se estabelece o estado de equilíbrio na projeção.

Assim, o Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado pode ser calculado da seguinte

forma:

𝑉𝑜 = ∑𝑛𝑡 = 1 [ 𝐹𝐶𝑡 ÷ (1 + 𝑖)

𝑡 ] (Equação 6)

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Onde:

Vo = Valor presente de negociação da empresa

FC = Fluxos de Caixa projetados no período t

i = taxa de desconto aplicada nos fluxos de caixa

n = número de períodos de projeção do fluxo de caixa

2.7.1 O Fluxo de Caixa Descontado

Segundo DAMODARAN (2003), “existem dois caminhos para a avaliação pelo Fluxo

de Caixa Descontado: o primeiro deles é avaliar apenas a participação acionária do negócio,

enquanto o segundo é avaliar a empresa como um todo, que inclui, além da participação

acionária, a participação dos demais detentores de direitos na empresa - detentores de bônus,

acionistas preferenciais etc.” Sendo assim, embora ambas as abordagens descontem fluxos de

caixa esperados, os fluxos de caixa e as taxas de desconto utilizadas são diferentes em cada

caso.

2.7.1.1 O Fluxo de Caixa do Acionista

No Fluxo de Caixa do Acionista, o valor do Patrimônio Líquido é obtido descontando-

se os fluxos de caixa residuais após a dedução de todas as despesas, bônus fiscais e pagamentos

de juros e principal ao custo da taxa de retorno exigida pelos investidores sobre o patrimônio

líquido da empresa (ke).

Segundo DAMODARAN (2003), o Fluxo de Caixa do Acionista pode ser calculado da

seguinte forma:

FCFE = Receita Líquida + Depreciação - Desembolsos de Capital - ΔCapital de Giro -

Amortização de Dívida + Novas Emissões de Dívida

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Figura 1: Fluxo de Caixa do Acionista

Fonte: Tradução livre de Damodaran, 2003

Embora a depreciação e a amortização sejam tratadas como despesas no Demonstrativo

de Resultado, elas não implicam em saída de caixa para a empresa, pois são apenas despesas

contábeis que oferecem um benefício por reduzirem o resultado tributável da empresa, criando,

assim, uma redução no imposto de renda pago. Então, para o cálculo do Fluxo de Caixa, esses

valores devem ser adicionados ao lucro líquido da empresa.

Capital de Giro é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, sendo que

variações positivas nesse resultado significam que a empresa está reduzindo seu caixa

disponível.

Para empresas não alavancadas, não é feito o pagamento de principal ou a captação de

novas dívidas e para empresas que possuem o nível de alavancagem desejado, essas parcelas

serão iguais, para manutenção do índice “dívida/capital total”.

Assim, o Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do Acionista pode ser calculado

da seguinte forma:

𝑉𝑜 = ∑𝑛𝑡 = 1 [ 𝐹𝐶𝑡 𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑖𝑠𝑡𝑎 ÷ (1 + 𝑘𝑒)

𝑡 ] (Equação 7)

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31

Onde:

Vo = Valor presente de negociação da empresa

FCt acionista = Fluxos de Caixa do Acionista projetados no período t

ke = Custo do Capital Próprio

n = número de períodos de projeção do fluxo de caixa

2.7.1.2 O Fluxo de Caixa da Empresa

No Fluxo de Caixa da Empresa, o valor do Patrimônio Líquido é obtido descontando-

se os fluxos de caixa residuais após a realização de todas as despesas operacionais e impostos,

mas antes do pagamento de juros e principal de dívidas e da captação de novas dívidas, ao custo

médio ponderado de capital.

Segundo DAMODARAN (2003), o Fluxo de Caixa da Empresa pode ser calculado da

seguinte forma:

FCFF = EBIT (1 - percentual de juros) + Depreciação - Desembolsos de Capital -

ΔCapital de Giro

Figura 2: Fluxo de Caixa da Empresa

Fonte: Tradução livre de Damodaran, 2003

Assim, o Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado da Empresa pode ser calculado

da seguinte forma:

𝑉𝑜 = ∑𝑛𝑡 = 1 [ 𝐹𝐶𝑡 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 ÷ (1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)

𝑡 ] (Equação 8)

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32

Onde:

Vo = Valor presente de negociação da empresa

FCt empresa = Fluxos de Caixa da Empresa projetados no período t

WACC = Custo Médio Ponderado de Capital

n = número de períodos de projeção do fluxo de caixa

Com isso, embora as duas abordagens utilizem definições diferentes de fluxos de caixa

e taxas de desconto, as duas produzirão estimativas consistentes de valor, desde que o mesmo

conjunto de premissas seja utilizado, porque, apesar do fluxo de caixa da empresa não ser

afetado pelo montante de endividamento assumido pela empresa, o valor presente descontado

irá sofrer efeitos da alavancagem, devido a utilização do custo médio ponderado de capital.

2.7.2 A Taxa de Desconto

Conforme mencionado no item 2.7, há dois caminhos para se construir o Fluxo de Caixa

Descontado da empresa, sendo um deles projetando o fluxo de caixa gerado para o acionista,

descontado ao custo de capital próprio pelo modelo CAPM e a segunda projetando o fluxo de

caixa da empresa descontado ao custo médio ponderado de capital pelo modelo WACC. Com

isso, o custo de capital age como um limite mínimo para o retorno dos investimentos feitos

pela empresa.

Porém, pelo fato de o capital empregado nos ativos e nas operações das empresas não

ser originado de uma única fonte, faz-se necessário buscar uma taxa que reflita o custo médio

do capital utilizado, o que é feito, em ambos os modelos, por meio de uma ponderação entre o

custo efetivo de cada tipo de capital e sua participação percentual na empresa.

Dessa forma, a identificação do custo de capital de terceiros costuma ser a mais simples

das duas, uma vez que a empresa financia sua atividade com títulos, dívidas e compromissos

cujas condições de pagamentos são objetivas e claramente definidas. A complexidade maior

está na identificação do custo do capital próprio da empresa, que é o capital originado de seus

sócios e/ou proprietários e de sua própria atividade - levando-se em conta que o acúmulo de

lucros é uma forma de investimento - porque a remuneração esperada pelo investidor varia em

função do risco associado ao país, ao setor de atividade e à própria empresa analisada.

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33

2.7.2.1 Custo do Capital Próprio

O Custo do Capital Próprio ou Custo de Oportunidade é a expectativa do investidor de

obter retorno do capital investido no negócio, sendo um percentual utilizado como parâmetro

de decisão para escolha de projetos ou oportunidade de investimento na hora de aplicação de

seus recursos. Isso significa que esse retorno deve levar em consideração as características da

empresa e seus riscos comparados às demais alternativas do mercado.

É consenso na literatura financeira sobre a necessidade do retorno esperado de um ativo

ser proporcional ao seu risco, pois os investidores somente assumirão riscos adicionais se forem

compensados de forma conveniente. Apesar disso, as discussões sobre qual medida relevante

de risco e qual a forma correta de traduzir essa medida estão longe de convergirem para um

mesmo raciocínio.

Atualmente, as duas principais abordagens encontradas na literatura financeira dizem

respeito às a) proposições de Modigliani e Miller que afirmam que o LAJIR explica a relação

entre a alavancagem e o custo de capital e às b) proposições a partir do modelo de apreçamento

de ativos com risco (CAPM) desenvolvido por SHARPE (1970) no qual existe uma estrutura

“ótima” de capital e a empresa pode aumentar seu valor total mediante a utilização de seu grau

de alavancagem.

No presente estudo, será abordado apenas o segundo caso, por ser um padrão proposto

por diversos autores para relacionar risco e retorno, entre eles COPELAND (1994) e

DAMODARAN (2003) e possui como vantagem ser um modelo simples e intuitivo.

Dessa forma, o CAPM propõe uma formulação na qual o risco de um ativo é

decomposto em um fator que depende do mercado como um todo (risco sistêmico, mensurado

por meio do índice Beta) e uma parcela referente apenas ao risco próprio, inerente ao ativo.

Contudo, apenas a parcela referente ao risco de mercado deve ser recompensada, pois como

demonstra a Moderna Teoria de Portfólios, o risco próprio dos ativos pode ser eliminado em

uma carteira por meio da diversificação.

O Custo do Capital Próprio pelo modelo CAPM pode ser calculado da seguinte forma:

𝑘𝑒 = 𝑟𝑓 + 𝛽 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 (𝐸[𝑟𝑚] − 𝑟𝑓) (Equação 9)

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Onde:

ke = Custo do Capital Próprio

β alavancado = Coeficiente de risco sistêmico

rf = Taxa atual livre de risco

E[rm] = Retorno esperado com base no índice de mercado

Nessa fórmula, o Beta de uma ação mede a sua tendência de variação em relação ao

mercado como um todo. Com isso, uma empresa que possui um Beta igual a 1 indica que as

ações dessa empresa tendem a subir e descer na mesma proporção do mercado. Da mesma

forma, ações com Beta maior que 1 tendem a apresentar oscilações maiores do que as do

mercado, tanto nas altas quanto nas baixas. Por fim, ações com Beta menor do que 1 tendem a

apresentar menor variabilidade em relação aos movimentos do mercado e, portanto, a

apresentarem menores riscos e retornos.

Estatisticamente, o Beta é calculado pela seguinte fórmula:

𝛽 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 = 𝐶𝑜𝑣 (𝑟𝑎, 𝑟𝑚) ÷ 𝑆2

(𝑟𝑚) (Equação 10)

Onde:

β alavancado = Índice beta do ativo em análise

ra = Retorno do ativo em análise

rm = Retorno médio do mercado

Cov (ra, rm) = Covariância entre ra e rm

𝑆2

= Variância do retorno do índice do mercado

O principal problema em utilizar esse método é a dificuldade ou impossibilidade de

medir o Beta da dívida e para eliminar esse problema, DAMODARAN (2003) supõe que seja

calculado o Beta desalavancado, ou seja, o Beta que a empresa teria se ela não tivesse dívida

alguma e obter uma estimativa do atual Beta do patrimônio líquido, além do coeficiente

endividamento/patrimônio líquido da empresa para, posteriormente, calcular o Beta alavancado

para diferentes níveis de endividamento, conforme mostrado pelas equações 2.11 e 2.12.

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𝛽𝑢 = 𝛽 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 ÷ (1 + [1 − 𝑡] × 𝐷 ÷ 𝐸) (Equação 11)

𝛽 𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 = 𝛽𝑢 × (1 + [1 − 𝑡] × 𝐷 ÷ 𝐸) (Equação 12)

Onde:

𝛽𝑢 = Beta não alavancado para a empresa

𝛽 atual = Beta do patrimônio atual da empresa

𝛽 alavancado = Índice beta do ativo em análise

t = Percentual de imposto da empresa

D = Valor de mercado da dívida da empresa (Debt)

E = Valor de mercado do capital próprio da empresa (Equity)

2.7.2.2 Custo Médio Ponderado de Capital

Como comentado anteriormente, caso decida-se projetar o Fluxo de Caixa Descontado

da Empresa, deve-se utilizar como taxa de desconto o custo médio ponderado de capital

calculado por meio do método do WACC, o qual faz a conjugação de dois componentes sendo

eles a) o custo de oportunidade do capital próprio, calculado pelo método CAPM e b) o custo

de capital de terceiros ou da dívida da empresa.

Nesse sentido, o Custo Médio Ponderado de Capital pode ser calculado da seguinte

forma:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑘𝑒 × (𝐸 ÷ (𝐸 + 𝐷)) + 𝑘𝑑 × (1 − 𝑇) × (𝐷 ÷ (𝐸 + 𝐷)) (Equação 13)

Onde:

ke = Custo do Capital Próprio

kd = Custo do Capital de Terceiros

T = Alíquota de imposto sobre o lucro

D = Valor de mercado da dívida da empresa (Debt)

E = Valor de mercado do capital próprio da empresa (Equity)

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36

2.7.3 O Valor Residual

Uma empresa vale no mercado o que ela é capaz de gerar de recursos ao longo de toda

a sua vida útil. Para casos específicos identifica-se um horizonte de tempo finito que a empresa

terá para gerar resultados, como os casos de concessões ou empreendimentos com prazo

determinado. Todavia, para a maioria dos casos supõe-se que a organização gerará recursos

contínua e infinitamente.

Nessa perspectiva, o conceito dado ao termo Valor Residual é aquele relacionado ao

conceito de perpetuidade ao qual se confere um valor total do resíduo na data n igual a:

𝑉𝑛 − 1 = 𝐹𝐶𝑛 ÷ (𝑖 − 𝑔) (Equação 14)

Onde:

FCn = Valor do enésimo fluxo de caixa, a partir do qual supõe-se perpetuidade

i = Taxa de desconto do fluxo de caixa

g = Taxa de crescimento perpétua do fluxo de caixa

2.8 Avaliação pela Teoria de Opções Reais

Há um consenso entre os principais autores que estudam sobre valoração de empresas

de que o método mais preciso de avaliação é aquele que emprega a Teoria das Opções Reais.

DAMODARAN (2003), por exemplo, critica a avaliação pelo fluxo de caixa descontado “por

deixar de levar em consideração as opções que estão embutidas em muitas empresas” enquanto

COPELAND (1994) discorre que “a análise pelo Fluxo de Caixa Descontado tende a

subestimar o valor de um projeto porque ela é ineficaz ao capturar adequadamente os benefícios

da flexibilidade operacional e outros fatores estratégicos como investimentos subsequentes”.

Desse modo, o diferencial do método das Opções Reais estaria na sua capacidade de avaliar a

flexibilidade que surge das decisões gerenciais, desde que existam alternativas gerenciais de

decisão.

Nesse contexto, podemos dizer que enquanto o método do Valor Presente Líquido

ignora as flexibilidades gerenciais que dão aos gerentes de projetos opções para revisarem suas

decisões de acordo com as mudanças ocorridas no mercado, a Teoria das Opções Reais é uma

metodologia para avaliação de ativos reais que oferece a flexibilidade para expandir, estender,

contrair, abandonar ou adiar um projeto de investimento ao longo da vida útil do mesmo.

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37

Com isso, ainda segundo DAMODARAN (2003), “uma opção confere ao investidor o

direito de comprar ou vender uma quantidade predeterminada de um ativo subjacente a um

preço fixo (denominado preço de exercício) antes ou na data de vencimento da opção. Como

se trata de um direito e não uma obrigação, o investidor pode se decidir por não exercer esse

direito e permitir que a opção expire”.

Contudo, para entender melhor o que é uma opção, devemos explicar os dois conceitos

existentes, quais sejam, a opção de compra e a opção de venda. Assim, uma opção de compra

(também conhecida como call) dá ao comprador o direito de adquirir o ativo subjacente por

um preço fixo a qualquer momento antecedente1 à data de vencimento da opção e o comprador

deve pagar um prêmio por esse direito. Enquanto isso, uma opção de venda (também conhecida

como put) dá ao comprador o direito de vender o ativo subjacente por um preço fixo a qualquer

momento antecedente à data de vencimento da opção e o comprador recebe um prêmio por este

direito.

O modelo de precificação de opções teve início nos estudos de BLACK; SCHOLES

apud DAMODARAN (2003) quando eles publicaram um modelo para avaliação de opções

europeias protegidas por dividendos, utilizando uma “carteira replicante”, ou seja, uma carteira

composta pelo ativo subjacente e o ativo livre de risco que possuía os mesmos fluxos de caixa

que a opção sendo avaliada para chegarem a sua formulação final. Porém, como o modelo

matemático por eles desenvolvido tem uma lógica complicada, DAMODARAN (2003)

desenvolveu seus estudos em volta de um modelo Binomial mais simples, mas que utiliza a

mesma fonte de lógica.

Nesse sentido, o modelo binomial de precificação de opções “se baseia em uma

formulação simples do processo de preço do ativo, em que o ativo pode, a qualquer dado

momento, passar para um dentre dois preços possíveis. A formulação genérica desse processo

de preço de uma ação que segue o binômio é apresentada em relação a um processo em dois

períodos. De acordo com a figura 3 a seguir, S é o preço atual da ação; o preço tem

probabilidade p de subir para Su e 1-p de descer para Sd em qualquer período; o movimento

ascendente é chamado de u e o descendente é chamado de d”. (DAMODARAN, 2003).

1 As Opções Americanas conferem ao detentor da opção o poder de exercê-las em qualquer período até a data

de vencimento, porém as Opções Européias são aquelas em que o exercício somente se realizará no vencimento

do título.

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Figura 3: O Modelo Binomial de Precificação de Opções

Fonte: DAMODARAN (2003)

No caso da formulação geral indicada na figura 3, em que os preços das ações podem

subir para Su ou descer para Sd em qualquer período, a carteira réplica de uma opção de compra

com preço de exercício K envolverá a tomada de um valor determinado B em empréstimo e a

aquisição de Δ do ativo objeto, onde:

Δ = Número de unidades adquiridas do ativo objeto = (Cu - Cd) / (Su / Sd)

Su = Novo preço provável da ação em caso de incremento de valor

Sd = Novo preço provável da ação em caso de queda de valor

Cu = Valor da opção de compra se o preço da ação for Su

Cd = Valor da opção de compra se o preço da ação for Sd

Ainda segundo DAMODARAN (2003), “em um processo binomial de múltiplos

períodos, a avaliação precisará avançar de forma iterada, ou seja, partindo do último exercício

e voltando no tempo até o momento atual. Assim, as carteiras réplica da opção são criadas e

avaliadas a cada ponto no tempo, dando os valores da opção no momento em questão. O

resultado final do modelo binomial de apreçamento das opções é o valor da opção em termos

de carteira réplica, composta de Δ ações do ativo objeto e de uma tomada / concessão de

empréstimo livre de risco”.

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Nessa perspectiva, a criação da carteira réplica tem como objetivo utilizar uma

combinação de concessão / tomada de empréstimo livre de risco com o ativo objeto para criar

fluxos de caixa iguais aos da opção objeto de avaliação.

Onde:

Valor da opção de compra = Valor corrente do ativo objeto x Δ da Opção - Empréstimo

necessário para replicar a opção

Nesse contexto, para calcular o valor de uma opção, um dos dados necessários, entre

outros, é a volatilidade do preço do ativo subjacente. COPELAND (1994) sugere que no lugar

de se procurar um ativo no mercado financeiro, seja usado o valor presente do próprio projeto,

sem flexibilidade como ativo objeto sujeito a risco, porque, segundo o autor “o valor presente

líquido dos fluxos de caixa do projeto, sem flexibilidade (isto é, o VPL tradicional) é a melhor

estimativa não tendenciosa do valor de mercado do projeto, se esse fosse um ativo negociado”.

Sendo assim, é possível avaliar opções reais relativas a qualquer ativo real para o qual

seja possível estimar o VPL tradicional, sem flexibilidade, sendo necessário estimar a

volatilidade do valor do projeto. Todavia, os parâmetros necessários para estimar a volatilidade

de um projeto - variação no preço dos produtos, variação no preço dos insumos, variações na

demanda etc - não podem ser encontrados com a mesma facilidade que informações obtidas a

partir do mercado financeiro e, portanto, estimar a volatilidade do valor presente do projeto

consiste em uma dificuldade da aplicação da Teoria das Opções Reais.

2.9 Índices Preço/Lucro

Segundo DAMODARAN (2003), o indicador ou índice Preço/Lucro (PL) é um dos

indicadores mais usados no mercado para Valoração de Empresas. Sua simplicidade o torna

uma opção atraente para aplicações que variam da fixação de preços de ofertas públicas iniciais

à realização de análises de valor relativo.

Os índices PL são determinados pelos mesmos parâmetros que determinam o valor em

modelos de Fluxo de Caixa Descontado, contudo as premissas utilizadas pelos analistas para

cálculo desses indicadores não ficam tão explícitas quanto nos modelos do FC Descontado.

Assim, o uso dos índices PL é uma forma, para alguns analistas, de não precisar ser explícito

quanto às hipóteses a respeito do risco, do crescimento e dos índices de pagamento.

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Outra razão para se utilizar os índices PL de empresas comparáveis é que eles refletirão

com muito maior probabilidade as percepções do mercado. Desse modo, se os investidores

estiverem otimistas em relação a ações de determinadas empresas, os índices PL dessas ações

serão maiores de modo a refletir esse otimismo. Contudo, esse argumento também pode ser

considerado um ponto fraco a partir do momento em que os mercados fazem erros sistemáticos

na avaliação de setores.

O índice PL pode ser calculado da seguinte forma:

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑃𝐿 = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐴çã𝑜 ÷ 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐴çã𝑜 (Equação 15)

Onde:

Preço por Ação = Preço de mercado de uma ação

Lucro por Ação = Lucro Líquido mais recente da empresa no período de um ano

dividido pelo número de ações

Apesar de ser um dos indicadores mais usados no mercado, DAMODARAN (2003) cita

problemas gerais associados à estimativa de índices PL que tornam seu uso problemático. A

começar, os índices PL não têm significado quando os lucros por ação forem negativos, porque

embora isso por ser parcialmente resolvido utilizando os lucros normalizados ou médios por

ação, o problema não pode ser eliminado. Segundo, a volatilidade dos lucros pode fazer com

que o índice PL mude de um período para o outro de forma relevante. Para empresas cíclicas,

por exemplo, os lucros seguirão a economia, enquanto os preços refletirão as expectativas a

respeito do futuro. Assim, não é incomum que o índice PL de uma empresa cíclica atinja um

pico em uma recessão e um mínimo em um boom econômico.

Com isso, tendo feita uma revisão bibliográfica dos principais modelos de valoração de

empresas atualmente difundidos e utilizados no mercado, o próximo capítulo irá estudar e

comentar sobre o setor elétrico brasileiro.

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CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DO SETOR ELÉTRICO NO BRASIL

3.1 História do Setor Elétrico Brasileiro

A história da eletricidade surge no Brasil na segunda metade do século XIX, ainda

durante o período imperial, por iniciativa do então imperador D. Pedro II que concedeu a

Thomas Edison o privilégio de introduzir no país os aparelhos e processos destinados à

utilização da luz elétrica na iluminação pública. Dessa forma, pouco mais de um século atrás,

meia dúzia de lâmpadas alimentadas por dínamos – geradores mecânicos de corrente contínua

– iluminavam a Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II. Para proporcionar uma base

de comparação entre grandezas, atualmente, temos uma capacidade aproximada de geração

instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN) da ordem de 162 GW2, o equivalente ao

consumo de 2,7 bilhões de lâmpadas de 60W. Nessa época, a participação da eletricidade como

fonte de energia era inexpressiva devido, principalmente, à atividade econômica do país,

predominantemente agrária.

Foi somente a partir de 1920, com o desenvolvimento das cidades do Rio de Janeiro e

São Paulo, que ocorreram investimentos de capitais estrangeiros – principalmente dos grupos

Light e American & Foreign Power (AMFORP) – para instalação de companhias de energia

elétrica e o número de usinas hidrelétricas começou a ter um crescimento mais constante, sem

a necessidade de grandes investimentos no segmento de transmissão, dado que se priorizaram

os aproveitamentos próximos aos centros de consumo. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO

& LUDOVIQUE, 2018). Contudo, até a década de 30, a presença do Estado em tal atividade

era limitada a conferir autorizações para seu funcionamento e, assim, estados e municípios

possuíam autonomia para estabelecer contratos e autorizações para as empresas privadas de

energia.

Desse modo, tal situação só foi mudar em 1934, quando foi promulgado o Código de

Águas, o qual atribuiu à União o poder de autorizar e conceder o aproveitamento de energia

hidráulica e demais fontes para efeito de aproveitamento industrial e, após, em 1939 quando

criou-se o Conselho Nacional das Águas – CNAE – com o objetivo de sanar os problemas de

suprimento, regulamentação e tarifas referentes à indústria de energia elétrica no país. (VEIGA

& FONSECA, 2002).

2 Fonte: ONS - ref. 2018. Disponível em: http://ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-sistema-em-numeros. Acesso

em: 23/03/2019.

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Posteriormente à Segunda Guerra Mundial, em decorrência do processo de urbanização

(Êxodo Rural) e industrialização pautado na substituição de importações, a demanda começou

a ultrapassar a oferta, iniciando um processo de racionamento nas principais capitais

brasileiras, forçando a realização de mais investimentos em novas usinas hidrelétricas. (VEIGA

& FONSECA, 2002). A solução encontrada foi um modelo de investimento coordenado e

executado diretamente pelo Estado, através da criação de empresas públicas, reduzindo assim

os riscos e custos do financiamento. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE,

2018). Nesse contexto, entre as décadas de 60 e 80, em virtude do crescimento anual do

consumo, o governo decidiu executar dois grandes projetos: a hidrelétrica de Tucuruí e a

hidrelétrica de Itaipu.

No caso brasileiro, o modelo de investimento estatal, teve no Grupo Eletrobrás um

consistente e eficiente instrumento de política pública para o setor elétrico, que possibilitou a

expansão da oferta, suficiente para suportar o acelerado crescimento econômico que o país

experimentou entre 1964 a 1982. Deve-se destacar também, dentro desta lógica de

investimento, as empresas públicas estaduais – Cemig, CEEE, CESP, etc. – que

desempenharam papel complementar. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO &

LUDOVIQUE, 2018).

Contudo, a partir dos anos 80, devido à escassez de crédito nacional e internacional, os

investimentos foram praticamente interrompidos, inclusive os de infraestrutura, como os do

setor elétrico, os quais possuem longos períodos de maturação. Em particular, o esgotamento

da política de financiamento desse setor, identificado no baixo nível tarifário e na eliminação

das fontes de financiamento, desencadeou a necessidade de uma nova estrutura na política de

financiamento para sua expansão. Um fator adicional que contribuiu para a crise foi o

comprometimento do setor elétrico com duas obras consideradas monumentais, sendo elas a

própria hidrelétrica de Itaipu e o Programa Nuclear Brasileiro. (VEIGA & FONSECA, 2002).

Porém, a situação da crise se agravou ainda mais com as mudanças promovidas pela

Constituição de 1988 que extinguiu o imposto único sobre energia elétrica e transferiu para os

estados a arrecadação tributária equivalente, por meio do ICMS – Imposto sobre circulação de

mercadorias e serviços. Com isso, as condições de funcionamento do setor elétrico brasileiro

estavam se deteriorando e as soluções alternativas encontradas foram se delineando no sentido

de uma mudança na atuação do Estado quanto ao setor.

Nessa perspectiva, em 1992, o governo Collor lança o Plano Nacional de Desestatização

(PND) que tinha como objetivo privatizar as empresas estatais, começando pelo setor de

energia elétrica. Sendo assim, o processo se deu com a venda das concessionárias federais

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atuantes no ramo de distribuição, onde grande parte das distribuidoras foram privatizadas, e se

intensificou em 1995 no governo de Fernando Henrique Cardoso com a criação do Conselho

Nacional de Desestatização (CND) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em

substituição ao antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), dando

poderes ao Congresso para venda das estatais, com o decreto n° 1024 de julho de 1994.

A resultante desse processo foi a estruturação do modelo do Setor Elétrico Brasileiro

(SEB), que buscava transferir para agentes privados as decisões e responsabilidade dos novos

investimentos e do próprio planejamento. Adotou-se em grande parte as premissas das reformas

do setor elétrico do Chile e Grã-Bretanha. O novo modelo implementado nos anos de 1990

promoveu a desverticalização contábil das empresas estatais de energia elétrica, a fim de criar

condições efetivas para a concorrência, possibilitando investimentos por unidades produtivas

de geração e transmissão. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE, 2018).

No entanto, com a paralisação do planejamento estatal, por conta da prioridade às

privatizações, e como os investimentos na expansão não foram retomados no nível necessário,

criou-se um desequilíbrio entre demanda e oferta de energia elétrica que, juntamente com um

prolongado período hidrológico adverso, resultou na crise do racionamento de 2001-2002. No

entanto, para o segmento de transmissão e, posteriormente, para o segmento de geração, foram

definidas e estruturadas as bases de um modelo de investimento que pretendia viabilizar a

expansão através de leilões por lotes, ou seja, linhas de transmissão específicas, garantindo a

competitividade e a ampliação da capacidade instalada em geração e transmissão.

Nesse sentido, a reestruturação do modelo em 2003 suspendeu o processo de

privatizações das empresas estatais federais e estaduais, sob o argumento de que o Setor

Elétrico Brasileiro precisava mobilizar recursos para investimentos em novos ativos e não para

a troca de propriedade. Além disso, e sob a mesma lógica, permitiu-se que as empresas estatais

federais e estaduais participassem dos leilões de geração e transmissão, mas limitando a

participação nas SPE’s em 49%, sem o que não teriam direito de acesso às linhas de

financiamento do BNDES. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE, 2018).

Assim, com poucas modificações, é esse modelo que se mantém duradouro até hoje.

3.2 Órgãos Reguladores do Setor Elétrico Brasileiro

As atividades relacionadas ao setor elétrico brasileiro são orientadas por normas e leis

emanadas dos poderes legislativo e executivo e dos órgãos reguladores. A seguir será explicado

o funcionamento desse setor no que diz respeito a sua regulamentação.

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Figura 4: Estrutura Institucional do Setor de Energia Elétrica

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

As políticas, diretrizes e regulamentação do setor de Energia Elétrica são ditadas pelo

Congresso Nacional e pelo Conselho Nacional de Política e Energia (CNPE), criado em agosto

de 1997 para prestar assessoria ao Presidente da República no que diz respeito ao

desenvolvimento e criação da política nacional de energia. Dessa forma, o CNPE é presidido

pelo Ministro de Minas e Energia, sendo a maioria dos seus membros ministros do Governo

Federal, e tem como objetivo principal otimizar a utilização dos recursos energéticos do Brasil

e assegurar o fornecimento de energia elétrica no país, por meio de concessões e a expedição

de normas que gerem o processo licitatório para concessões de serviços públicos e instalações

de energia elétrica, garantindo o equilíbrio entre oferta e demanda.

Respeitada a competência do MME, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

é o órgão regulador do setor elétrico, criada em 1996, com a missão de “proporcionar condições

favoráveis para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com equilíbrio entre os agentes

e em benefício da sociedade”. Nesse contexto, suas principais atribuições são as de normatizar

as políticas e diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal, fiscalizar a prestação do

fornecimento de energia elétrica à sociedade, fazer a mediação de conflitos entre os agentes do

setor e definir tarifas de energia, de acordo com o que está estabelecido em lei e nos contratos

de concessão assinados com as empresas. Ademais, cabe ainda à ANEEL, mediantes delegação

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do MME, conceder o direito de exploração dos serviços de geração, transmissão, distribuição

e comercialização de energia elétrica.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) foi criada em 2004 sob a

forma jurídica de direito privado e sob regulação e fiscalização da ANEEL, com a finalidade

de viabilizar a comercialização de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN),

promovendo, desde que delegado pela ANEEL, os leilões de compra e venda de energia

elétrica, sendo responsável pelo registro de todos os contratos de compra de energia no

Ambiente Regulado e pela contabilização e liquidação dos montantes de energia elétrica

comercializados no mercado.

O Operador Nacional do Sistema (ONS) foi criado em 1998 como pessoa jurídica de

direito privado sem fins lucrativos, composto por membros associados e membros

participantes, sendo eles as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,

consumidores livres3 e importadores e exportadores de energia. O principal papel do ONS é

coordenar e controlar as operações de geração e transmissão no SIN, de acordo com a

regulamentação e supervisão da ANEEL. Desse modo, suas responsabilidades incluem: (a)

Planejamento da operação da geração e transmissão; (b) Organização e controle da utilização

do SIN e interconexões internacionais; (c) Garantia da rede de transmissão de maneira não

discriminatória a todos os agentes do setor; (d) Fornecimento de subsídios para o planejamento

da expansão do sistema elétrico; (e) Apresentação ao MME de propostas de ampliações da

Rede Básica; e (f) Proposição de normas para operação do sistema de transmissão para

posterior aprovação pela ANEEL.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) foi fundado em 2004 e é

presidido e coordenado pelo MME e composto por representantes da ANEEL, da Agência

Nacional do Petróleo, da CCEE, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do ONS. As

principais atribuições do CMSE consistem em: (a) Acompanhar as atividades do setor

energético; (b) Avaliar as condições de abastecimento e atendimento ao mercado de energia

elétrica; e (c) Elaborar propostas de ações preventivas visando a manutenção ou restauração da

segurança no abastecimento e no atendimento eletroenergético, encaminhado-as ao CNPE.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) também foi fundada em 2004, sendo

responsável pela condução de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do

setor energético, incluindo as indústrias de energia elétrica, petróleo, gás natural e seus

3 Consumidores aptos e escolher seu próprio fornecedor de energia elétrica. Fonte: ABRACEEL - ref. 2019.

Disponível em: http://www.abraceel.com.br/zpublisher/secoes/consumidor_livre.asp. Acesso em 24/03/2019.

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derivados – carvão mineral, fontes energéticas renováveis, dentre outros – bem como na área

de eficiência energética. Os estudos e pesquisas desenvolvidos pela EPE subsidiam a

formulação, o planejamento e a implementação de ações do MME no âmbito da política

energética nacional.

Com isso, em síntese, podemos dizer que o Congresso e o CNPE são os responsáveis

pelas políticas e diretrizes do setor energético, enquanto o MME cuida do planejamento e

garantia do equilíbrio entre oferta e demanda e atua como o Poder Concedente, sendo esses três

órgãos as instâncias máximas do Setor Elétrico Brasileiro.

Abaixo deles encontra-se a ANEEL, responsável pela regulação, fiscalização e

mediação setorial. Logo após encontra-se o CCEE que cuida do gerenciamento dos contratos

de compra e venda de energia elétrica e pela contabilização e liquidação no setor e a ONS que

supervisiona, controla e opera os sistemas elétricos. Por fim, existem o CMSE responsável pelo

acompanhamento e avaliação da continuidade e segurança dos suprimentos eletro energéticos

do território nacional e a EPE que é responsável pelos estudos e pesquisas no setor energético.

Além disso também existem os demais agentes que atuam no setor, como, por exemplo, os

agentes executores e prestadores de serviços e os próprios usuários.

3.3 Funcionamento do Setor Elétrico Brasileiro

A energia elétrica é um insumo essencial à sociedade, indispensável ao

desenvolvimento econômico das nações. No Brasil, segundo dados da ANEEL, a principal

fonte de geração é a hidrelétrica – água corrente dos rios – a qual responde por cerca de 61%

da capacidade instalada em operação no país, seguida das termelétricas – gás natural, carvão

mineral, combustíveis fósseis, biomassa e nuclear – com 25% e o restante é proveniente de

usinas eólicas – energia dos ventos (8,7%), importação da energia de outros países (4,7%) e

Solar (1,2%).

Nos últimos anos, a instalação de usinas eólicas, principalmente nas regiões Nordeste e

Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância dessa geração para o

atendimento ao mercado. Enquanto isso, as usinas térmicas, em geral localizadas nas

proximidades dos principais centros de carga, desempenham papel estratégico relevante, pois

contribuem para a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN). Essas usinas entram em

funcionamento em função das condições hidrológicas vigentes, permitindo a gestão dos

estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, de forma a assegurar

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o atendimento futuro. Assim, os sistemas de transmissão integram as diferentes fontes de

produção de energia e possibilitam o suprimento do mercado consumidor.

Gráfico 1: Matriz de Energia Elétrica Brasileira – ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

O trânsito da energia é possível graças ao Sistema Interligado Nacional (SIN), uma

grande rede de transmissão com mais de 100 mil quilômetros (km) de extensão constituído por

quatro subsistemas (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte) a

qual permite o intercâmbio da energia produzida em todas as regiões, exceto nos sistemas

isolados, localizados principalmente na região Norte e que hoje representam cerca de 2% do

mercado nacional, segundo dados da ANEEL, permitindo a obtenção de ganhos sinérgicos e

explorando a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias.

O SIN foi criado em 1998 por meio da resolução 351/98 do Ministério de Minas e

Energia, em conformidade com a Lei 9.648/98 e o Decreto 2.655/98 com o objetivo de que a

integração dos recursos de geração e transmissão por meio do SIN permitisse e facilitasse o

atendimento ao mercado com segurança e economicidade.

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Figura 5: Funcionamento do Setor de Energia Elétrica

Fonte: Elaboração Própria

Um ponto de destaque sobre a produção e consumo de energia elétrica é que,

diferentemente de outros sistemas de redes, como saneamento e gás, a energia elétrica não pode

ser armazenada de forma economicamente viável e, portanto, deve existir um equilíbrio

constante entre a oferta e a demanda, o que significa dizer que toda energia consumida deve

ser produzida instantaneamente e, quando há desequilíbrios, mesmo que muito rápidos, todo o

sistema corre o risco de desligamentos em cascata, que são os chamados “apagões”.

A energia elétrica é gerada, quase sempre, muito longe de onde precisam dela. Ela é

produzida pelas geradoras em médias tensões (cerca de 15.000 volts) nas centrais de geração,

e partem para as subestações, onde as tensões são elevadas para os níveis de transmissão. O

sistema de transmissão é o sistema que transporta a energia do ponto de geração até os centros

consumidores. Essa rede opera em altas tensões (acima dos 230.000 volts) e, no final dela, uma

subestação chamada de “abaixadora” reduz a tensão para conectar com a rede de distribuição.

Já na rede de distribuição, a tensão é reduzida diversas vezes pelos transformadores de

distribuição para que a energia chegue em níveis de consumo adequados para o funcionamento

de tudo aquilo que usamos no dia a dia. Há ainda as comercializadoras, empresas autorizadas

a comprar e vender energia para os consumidores livres, aqueles que precisam de maior

quantidade de energia.

A partir da década de 90, buscando eficiência econômica, o setor elétrico começa a

passar por reformas estruturais em sua forma de operação, sofrendo influência da doutrina do

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estado mínimo no pensamento econômico. A ideia predominante foi a de que a livre

concorrência deveria prevalecer onde fosse possível, relegando ao Estado o papel de regulação

onde necessário. (ABRADEE, 2019).

Nesse contexto, os segmentos de geração e comercialização foram caracterizados como

segmentos competitivos, devido a existência de muitos agentes e também pelo fato do produto,

a energia elétrica, ser homogêneo, ou seja, como uma commodity. Enquanto isso, os setores de

transporte de energia – a transmissão e a distribuição – são considerados monopólios naturais4,

pois sua estrutura física torna economicamente inviável a competição entre dois agentes em

uma mesma área de concessão.

3.4 O segmento de Transmissão do setor Elétrico Brasileiro

Desde a descoberta da eletricidade até os dias de hoje, ainda não foi possível transmitir

a energia elétrica pelo ar, pelo menos não de forma economicamente viável. Desse modo, surge

a necessidade de levar a energia gerada nas usinas, seja ela de origem térmica, hidráulica,

térmica-nuclear, eólica, solar etc., até os centros urbanos, onde essa energia será consumida.

Assim, surge a necessidade de construção das redes de transmissão de energia elétrica.

No Brasil, as linhas de transmissão são classificadas de acordo com o nível de tensão

de sua operação, mensurado em kilo Volt (kV – milhares de volts). Dessa forma, para cada

faixa de tensão, existe um código que representa todo um conjunto de linhas de transmissão de

mesma classe. A classe A1 representa as tensões de fornecimento igual ou superior a 230 kV e

é representativa do Sistema Interligado Nacional (SIN), também denominado de rede básica.

Nessa classe, as concessionárias de transmissão, segundo dados da ANEEL, são responsáveis

pela administração de cerca de 141.0005 km de linhas.

4 Monopólio Natural consiste em uma situação de mercado na qual os custos fixos são muito elevados e os custos

variáveis são muito próximos de zero. Os monopólios naturais são caracterizados por serem referentes a bens

exclusivos e com pouca ou nenhuma rivalidade. Fonte: Varian, H. R., Microeconomia: Uma abordagem Moderna.

Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2012.

5 Fonte: ONS - ref. 2017. Disponível em: http://ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-sistema-em-numeros. Acesso

em: 30/03/2019.

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Gráfico 2: Extensão da Rede de Transmissão por faixa de tensão (km) - ref. 2017

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS

Como é possível ver no gráfico 3, das concessionárias existentes no setor de transmissão

de energia elétrica, oito delas respondem por quase 90% do mercado.

Gráfico 3: Participação das empresas no setor de transmissão de energia

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do site próprio de cada empresa

Já as classes A2 e A3 representam as tensões de fornecimento entre 88 kV a 138 kV e

69 kV, respectivamente, que são chamadas Demais Instalações da Transmissão (DIT) e podem

ser administradas tanto pelas empresas de transmissão quanto por empresas de distribuição.

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Além disso, as redes de transmissão também contam com as subestações de transmissão

localizadas nos pontos de conexão com os geradores, consumidores e empresas distribuidoras,

com o objetivo de reduzir as perdas elétricas inerentes ao transporte de energia. Para isso, as

subestações elevam o nível da tensão nos pontos de conexão com geradores e reduzem as

tensões nos pontos de conexão com consumidores e distribuidoras.

Nesse sentido, a interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão,

favorece a transferência de energia entre os subsistemas – Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste

e Norte – permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes

hidrológicos das bacias.

Figura 6: Sistema Interligado Nacional (SIN) – Horizonte 2017

Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico – NOS

Conforme já comentado nesse presente estudo, a partir da década de 1990, com a

intenção de expandir a capacidade de transmissão brasileira, passou a ser adotado no Brasil o

modelo de contratação do serviço público de transmissão mediante outorga de concessão, onde

é a ANEEL quem determina os preços a serem praticados pelas empresas, os quais devem

cobrir os custos de capital e de operação e manutenção considerados eficientes.

Dessa forma, o leilão de energia elétrica é um processo licitatório, ou seja, é uma

concorrência promovida pelo poder público com vistas a se obter energia elétrica em um prazo

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futuro (pré determinado nos termos de um edital), exclusivamente por meio de leilões por

“lotes”, ou seja, unidades produtivas específicas, definidas pelo MME com base em projeções

de necessidades de ampliações elaboradas pelo ONS e, a partir de 2004, em conjunto com a

EPE. (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE, 2018).

Para cada novo lote são estimados os investimentos para sua construção e os custos de

operação, ao longo do período de contrato. Com base nesses parâmetros é determinado um teto

para o valor a ser pago anualmente para o vencedor do leilão, denominado de Receita Anual

Permitida (RAP). O leilão tem como vencedor quem oferece maior desconto – deságio – em

relação à RAP teto. O vencedor recebe a RAP somente após a conclusão das obras, que é paga

por todos os consumidores de energia elétrica, durante o período de vigência do contrato da

concessão, com duração de 30 anos, (CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE,

2018) por meio da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica (TUST6). Essa

tarifa é calculada na conta de energia e enviada a todos os consumidores que devem pagá-la às

distribuidoras. Feito isso, o valor é repassado para as transmissoras pelas distribuidoras.

As concessões que compõem o mercado de transmissão no Brasil podem ser divididas

em três categorias principais em termos de RAP.

1. Concessões anteriores à 1998

2. Concessões leiloadas entre 1999 e novembro de 2006

3. Concessões leiloadas após novembro de 2006

A primeira categoria engloba os ativos já existentes antes de 1998. Essas concessões

têm a sua RAP ajustada anualmente pelo IGP-M, seus contratos venceram em 2015 e algumas

dessas concessões estavam sujeitas a uma revisão tarifária ampla.

Já as concessões da segunda categoria são Projetos Greenfield7, leiloados entre 1999 e

novembro de 2006, que têm sua RAP ajustada anualmente pelo IGP-M ou pelo IPCA e que

sofrerão redução da RAP de 50% no 16º ano de operação. Além disso, conforme previsto nos

6 TUST RB é a tarifa relativa ao uso das instalações de transmissão da Rede Básica, e TUST FR é referente ao

uso das instalações de fronteira com a Rede Básica.

7 Projetos Greenfield é um termo aplicado quando o produto do projeto é realizado a partir do zero, em situações

em que não se conta com instalações e facilidades pré-existentes que possam ser incorporadas ao produto do

projeto. Geralmente refere-se a novos empreendimentos, sendo a origem do termo remetente à implantação física

em lugares em que só havia anteriormente mato (green).

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contratos de concessão, essas concessões não estão sujeitas a revisão tarifária e expiram 30

anos após a assinatura do contrato.

Por fim, as concessões da terceira categoria também são Projetos Greenfield leiloados

a partir de novembro de 2006, que têm sua RAP ajustada anualmente pelo IPCA e que estão

sujeitas a revisão tarifária restrita. Assim como as concessões da segunda categoria, esses

contratos de concessão vão expirar 30 anos após a assinatura.

O consórcio vencedor do leilão constitui uma Sociedade de Propósito Específico (SPE)

que assina o contrato de concessão e fica responsável por construir o empreendimento no prazo

definido pelo edital do leilão e por garantir a qualidade do empreendimento de forma que o

ONS possa operar quando e por quanto tempo for necessário, sem restrições.

O grupo de estudos GESEL-UFRJ definiu cinco fases para os 45 leilões realizados entre

os anos de 1999 e 2017, tendo como variável central de corte o valor dos deságios médios

observados.

Tabela 1: Fases dos Leilões definidas pelos deságios verificados – ref. 2009 – 2017

Fonte: Grupo de Estudos do Setor Elétrico – GESEL baseado em dados da ANEEL

A primeira fase de investimento, de 1999-2002, foi a etapa inicial do modelo de

contratação com financiamento via Project Finance. Os baixos deságios podem ser atribuídos

a (i) falta de confiança dos agentes em firmar contratos de longo prazo, mesmo com

financiamento do BNDES (ausência de histórico) e (ii) relutância dos agentes em razão das

expectativas negativas que a crise de oferta de 2001-2002 impôs ao SEB.

Na segunda fase, de 2003-2007, os deságios foram maiores em função de um maior

conhecimento e confiança no modelo de investimento e dos contratos, além da abertura desse

mercado às empresas públicas federais e estaduais, focado não mais na privatização, mas na

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expansão da capacidade instalada. Outro fator que impactou no crescimento dos deságios nesse

período foi a decisão de alterar o cálculo da RAP em 2007, que passou a ser feita de forma

plana, sem queda de 50% após 15 anos de operação do ativo, como ocorria antes.

Na terceira fase, entre 2008-2012, os deságios caem em relação à segunda fase devido

a crise financeira internacional, mas se mantém em patamar elevado graças, em grande parte,

a uma atuação mais agressiva das empresas públicas, em especial do grupo Eletrobrás, que

recebeu muitas críticas fundamentadas em argumentos sobre a falta de critérios econômicos

financeiros em relação aos deságios resultantes.

A quarta fase, de 2013-2015, pode ser considerada como a mais problemática em função

dos impactos da Medida Provisória n.º 579 de setembro de 2012 que possibilitou a renovação

dos contratos de concessão de transmissão que iriam vencer a partir de 2015 por novos

contratos com mais 30 anos de duração, mas com condições financeiras bem menos favoráveis,

representando uma perda significativa de receita para as transmissoras, na medida em que

permitiam uma redução da tarifa média ao consumidor final em todo país de 20%. Ademais, o

governo demorou a definir os valores das indenizações para os investimentos realizados na

Rede Básica no período anterior a 2000. Com isso, esses dois fatores determinaram uma

redução da capacidade de investimentos das empresas com concessões antigas e reduziu a

rentabilidade teto dos leilões.

Dessa forma, esses problemas só foram superados nos editais dos leilões de 2016, quinta

fase, com alterações e ajustes significativos nesses contratos, tais como: (i) aumentos do

WACC; (ii) aumento do prazo de construção; (iii) diferenciação maior no volume de

investimentos dos lotes e (iv) definição mais precisa nas responsabilidades dos atrasos no

licenciamento ambiental que determinaram níveis de deságios superiores à média da quarta

fase.

Entretanto, a estruturação e dinâmica do modelo de investimento só foi possível graças

à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A base

do modelo de investimento estruturada está na adoção da metodologia de Project Finance,

onde passaram a ser disponibilizadas linhas de financiamento aos menores custos do mercado

financeiro brasileiro, em função da garantia estar assentada nas ações da SPE e no contrato de

concessão, obtido por meio de leilão, e que prevê uma receita fixa, indexada, por 30 anos.

(CASTRO & MARTINI & BRANDÃO & LUDOVIQUE, 2018).

Sem os leilões seria difícil para o setor elétrico conseguir equilibrar oferta e consumo

de energia e, consequentemente, aumentariam-se os riscos de falta de energia e de

racionamento. Como é possível ver no gráfico 4 abaixo, dos 45 leilões com seus 409 lotes

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realizados entre 1999 e 2017, segundo dados do Grupo de Estudo do Setor Elétrico (GESEL-

UFRJ), determinaram uma expansão expressiva do sistema de transmissão do SEB.

Gráfico 4: Extensão das Linhas de Transmissão em mil km – ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS

3.5 Projeções para o setor elétrico nos próximos anos

Segundo um estudo anual da EPE em parceria com o ONS e a CCEE sobre a previsão

de carga para o Planejamento Anual da Operação Energética, diversos fatores influenciaram o

comportamento da carga no SIN ao longo de 2018. Entre eles, destacaram-se uma atenuação

da expectativa de crescimento econômico, intensificada pela greve dos caminhoneiros entre o

final de maio e início de junho, redução da produção de plantas energointensivas e as

temperaturas acima da média histórica no Norte do país no final do ano.

Dessa forma, levando-se em consideração a reavaliação do impacto desses fatores sobre

o consumo e a carga, as previsões contemplaram um aumento de consumo de eletricidade no

SIN de 1,1% no ano de 2018, com crescimento observado nas classes residencial (1,3%),

industrial (1,4%), comercial (0,5%) e nas demais classes (0,9%).

Com isso, apenas no subsistema Norte houve redução do consumo, explicada pela

menor produção na indústria metalúrgica no Pará, devido a redução pela metade na produção

de planta do setor desde abril/2018. Já no Sul e no Nordeste, a maior contribuição veio do

consumo de baixa tensão, principalmente, pelo aumento do consumo nas residências.

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No subsistema Sudeste/Centro-Oeste foi o desempenho da classe industrial que

explicou o resultado positivo de 2018, destacando-se os setores metalúrgico, de extração de

minerais metálicos e automotivo.

Em relação às premissas macroeconômicas, é possível perceber que a economia

brasileira mostra sinais de uma retomada gradual, ainda que em um ritmo mais lento do que o

esperado. Desse modo, a taxa de desemprego ainda está acima de 12% e as melhorias

observadas se devem, sobretudo, ao aumento da informalidade.

Com relação aos anos seguintes, a expectativa segundo a EPE é de crescimento

econômico moderado, considerando que o país está saindo de uma crise econômica severa. Os

fatores que possibilitam o crescimento no curto prazo são o alto nível de capacidade ociosa da

economia, o estímulo da política monetária e o bom desempenho do mercado de crédito.

Enquanto isso, entre os fatores que podem limitar o crescimento destaca-se a situação fiscal

que exigirá medidas restritivas, a reforma da previdência e os impactos das políticas

protecionistas americanas sobre a economia global.

Ainda em 2019, o estudo prevê que haja retomada do nível de confiança dos empresários

e, consequentemente, aumento dos investimentos. Entretanto, um nível maior de investimentos

só deve começar a ser alcançado nos anos posteriores, quando um ambiente de maior

estabilidade e previsibilidade forem determinantes para o crescimento do setor de

infraestrutura. Além disso, ao longo do horizonte é esperado que a retomada do mercado de

trabalho proporcione um maior consumo das famílias.

Em contrapartida, com relação aos fatores que poderão limitar um melhor desempenho

da economia brasileira no médio prazo destacam-se as baixas taxas de poupança e da

produtividade da economia brasileira. Nesse sentido, espera-se um crescimento médio da

economia brasileira de 2,7% a.a. entre 2019 e 2023, com média de crescimento de 2,9% para a

agropecuária, de 3,0% para a indústria e de 2,6% para serviços.

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Tabela 2: Projeção Anual de crescimento do PIB entre 2019 e 2023

Fonte: Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética 2019 – 2023 – 1ª Revisão

Quadrimestral – EPE

Com relação ao consumo de energia elétrica entre o período de 2019 e 2023, é esperada

uma taxa de crescimento de 3,8% a.a, com expectativa de que o consumo industrial no SIN

nesse período observe uma taxa de crescimento de 3,4% ao ano influenciado por alguns

segmentos eletrointensivos, em especial, a indústria de alumínio primário. As classes

residencial e comercial devem registrar valores anuais de aproximadamente 3,8% e 4,0%,

respectivamente. Com isso, a projeção de consumo na rede para o horizonte em análise aponta,

em média, 187 Mwmédios.

Enquanto isso, a previsão da carga de energia, realizada a partir da previsão do consumo,

contempla a agregação de parcela de perdas. As perdas totais englobam as chamadas perdas

técnicas inerentes ao transporte da energia elétrica na rede de transmissão e distribuição e as

denominadas perdas não técnicas, que consideram ligações irregulares/clandestinas, erros de

medição, erros no processo de faturamento, unidades consumidoras sem equipamento de

medição, efeito calendário, etc.. Adicionalmente, as perdas totais contabilizam outras

diferenças relativas aos próprios conceitos utilizados de carga global e de consumo na rede,

como é o caso de alguns consumidores livres conectados na Rede Básica que possuem

autoprodução de energia, cujo consumo é integralmente considerado na carga global, porém

não no consumo na rede.

Assim, com base na projeção do consumo total e na evolução do índice de perdas e

diferenças, a carga de energia no SIN, obtida a partir da geração de energia de todas as usinas

ligadas ao ONS, prevista para o ano de 2019 deverá crescer em torno de 3,4% relativamente

ao ano anterior, ou seja, 2.268 Mwmédio superior à carga verificada em 2018. Nesse sentido,

no período de 2019 a 2023, prevê-se um crescimento médio da carga de energia do SIN de

3,7% ao ano, significando uma expansão média anual nos cinco anos de 2.653 Mwmédio.

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58

Tabela 3: Carga de Energia projetada para 2019 – 2023 (Mwmédios)

Fonte: Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética 2019 – 2023 – 1ª Revisão

Quadrimestral – EPE

Tabela 4: Taxa de Crescimento projetada da Carga de Energia (% ao ano)

Fonte: Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética 2019 – 2023 – 1ª Revisão

Quadrimestral – EPE

Desse modo, após ter sido analisado o funcionamento e a estrutura do setor elétrico

brasileiro atualmente, o presente trabalho irá se propor a analisar no próximo capítulo sobre as

principais informações que dizem respeito a empresa base do estudo de caso.

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59

CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA TAESA

4.1 Apresentação da Empresa

A Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA - é um dos maiores grupos

privados de transmissão de energia elétrica no Brasil em termos de Receita Anual Permitida

(RAP). A empresa é dedicada exclusivamente à construção, operação e manutenção de ativos

de transmissão, com aproximadamente 9.8698 km em operação e 2.857 km de extensão em

construção, totalizando cerca de 12.726 km de linhas de transmissão.

Além disso, a TAESA possui ativos em 70 subestações em operação com nível de tensão

entre 230 e 525 kV, presença em todas as regiões do país e um centro de Operação e Controle

localizado em Brasília.

Figura 7: Linhas de concessão pertencentes à TAESA - ref. 2018

Fonte: Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

A história do Grupo TAESA se inicia no ano de 2000, quando a Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL) realiza o Leilão 002/2000-ANEEL, composto por instalações de

transmissão de energia elétrica dividida em três lotes (A, B e C). O Lote A foi vencido pelo

8 Fonte: TAESA - ref. 2018. Disponível em: http://institucional.taesa.com.br/a-companhia/nosso-negocio/.

Acesso em: 13/04/2019.

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Consórcio Novatrans Energia, do qual faziam parte as empresas Civilia Engenharia S.A. e

Camargo Corrêa. Este consórcio constituiu uma sociedade de propósito específico (SPE)

denominada “Novatrans Energia S.A” para construir e explorar as instalações de transmissão.

Enquanto isso, o Lote C foi vencido pelo Consórcio INEPAR/ENELPOWER, constituído pelas

empresas Enelpower S.p.A. e Inepar Energia S.A. que também constituíram uma SPE

denominada “Transmissora Sudeste Nordeste S.A.” com o mesmo objetivo.

Pouco tempo após o leilão, uma das empresas integrantes do Consórcio

INEPAR/ENELPOWER adquiriu 100% do controle da TSN e da Novatrans e o transferiu para

a empresa Terna S.p.A em 2003, uma empresa italiana de grande expertise no mercado de

transmissão de energia elétrica. Em 2006, a Terna S.p.A. decide constituir no Brasil uma

holding, a Terna Participações S.A. e transfere para essa holding o controle da TSN e da

Novatrans.

Em 2009, a Terna S.p.A. vende a Terna Participações S.A. para o Fundo de Investimento

em Participações Coliseu e para a Cemig Geração e Transmissão S.A., quando a holding passa

a se chamar então Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A., dando origem a empresa

objeto do presente estudo.

Em 2006, a Terna abriu seu capital por meio de uma oferta pública inicial de ações na

BM&FBOVESPA, aderindo ao Nível 2 de Governança Corporativa, sendo a Terna S.p.A.

responsável por 66% do capital social da empresa e os outros 34%9 detidos por acionistas

minoritários (FreeFloat) e hoje a Cemig detém 21,68%10 do capital social da Taesa, a Isa

Investimentos detém 14,88% e os demais 63,44% são de acionistas minoritários.

9 Fonte: TAESA - ref. 2019. Disponível em: http://institucional.taesa.com.br/a-companhia/nossa-historia. Acesso

em: 13/04/2019.

10

Fonte: BM&FBOVESPA - ref. 2019. Disponível em: http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-

listadas/ResumoEmpresaPrincipal.aspx?codigoCvm=20257&idioma=pt-br. Acesso em: 13/04/2019.

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61

Tabela 5: Posição Acionária TAESA- ref. 2019

Fonte: Bolsa de Valores do Brasil - BM&FBOVESPA

Atualmente, a empresa detém 36 concessões de transmissão, sendo 10 concessões que

compõem a empresa Holding (TSN, Novatrans, ETEO, GTESA, PATESA, Munirah, NTE,

STE, ATE e ATE II), 6 investidas integrais (ATE III, São Gotardo, Mariana, Miracema,

Janaúba e Sant’Ana) possuindo 100% dos ativos e 20 participações (ETAU, Brasnorte,

Paraguaçu e Aimorés, ERB1 e em quinze concessões da TBE - Transmissoras Brasileiras de

Energia S.A.).

Figura 8: Organograma Atual da TAESA - ref. 2018

Fonte: Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

Controladores: Possuem controle compartilhado da Companhia, por meio de acordo de

Acionistas - atualmente é composto pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e

a ISA Investimentos e Participações do Brasil.

Controladas: ATE III, São Gotardo, Mariana, Miracema, Janaúba e Sant’Ana

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Controladas em Conjunto: ETAU, Brasnorte, Aimorés, Paraguaçu e Ivaí (ERB1)

Coligadas11: (i) Com participação direta: EATE, ECTE, ENTE e ETEP; (ii) Com

participação indireta: STC, ESDE, Lumitrans, ETSE e ESTE e (iii) Com participação direta e

indireta: EBTE, ERTE, EDTE, Transleste, Transirapé e Transudeste. Em conjunto, todas essas

empresas são denominadas de “Grupo TBE”.

As empresas controladas, controladas em conjunto e coligadas são sociedades de capital

fechado, não possuem ações negociadas em Bolsa de Valores e são domiciliadas no Brasil com

sede nos seguintes estados: Rio de Janeiro (ATE III, São Gotardo, Mariana, Miracema,

Janaúba, ETAU, Brasnorte e Sant’Ana), Santa Catarina (Lumitrans, STC e ECTE), São Paulo

(Aimorés, Paraguaçu e Ivaí (ERB1), ERTE, EBTE, ETEP, ETSE, EATE, ENTE, ESDE e

ESTE), Minas Gerais (Transleste, Transudeste e Transirapé) e Bahia (EDTE).

Todas as empresas nas quais a Companhia possui participação têm por objetivo social

principal operar e usar as concessões de serviços públicos de transmissão de energia para

implementar, operar e manter as instalações da Rede Básica por um período mínimo de 30

anos.

4.2 Práticas Contábeis do Setor de Transmissão de Energia Elétrica

Antes de iniciar a análise dos Resultados da empresa dos anos anteriores para buscar

tendências que nos ajudem a projetar o futuro dessa organização, faz-se necessário entender

quais são as particularidades das práticas contábeis existentes do mercado de Energia Elétrica

brasileiro.

Há dois métodos de contabilização aplicados no setor de transmissão no Brasil. Um

deles segue as práticas contábeis das Normas Internacionais de Relatório Financeiro, o IFRS

(International Financial Reporting Standards), também conhecido como Contabilização em

IFRS ou Contabilização Societária. O outro método utilizado segue as normas contábeis do

Manual de Contabilidade do Setor Elétrico da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),

sendo conhecido como Contabilização Regulatória.

O Brasil passou a adotar, a partir de 2010, as Normas Internacionais de Contabilidade

(IFRS) com base na Lei 11.638/2007 sancionada pelo Governo Federal brasileiro no final de

2007, alterando a Lei das Sociedades por Ações de 1976. A nova lei determinou que todas as

11

Coligada é uma entidade sobre a qual o Grupo possui influência significativa e que não se configura como uma

Controlada. Influência significativa é o poder de participar nas decisões sobre as políticas financeiras e

operacionais da investida, sem exercer controle individual ou conjunto sobre essas políticas.

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63

empresas brasileiras de capital aberto devem apresentar seus demonstrativos financeiros

elaborados segundo a norma internacional de contabilidade IFRS.

Com isso, na Contabilização em IFRS, os investimentos são reconhecidos no balanço

patrimonial como ativo financeiro, conforme a Resolução nº 1.261 de 10/12/2009 (Conselho

Federal de Contabilidade). Como consequência, a receita societária reflete a movimentação do

ativo financeiro. Enquanto isso, na Contabilização Regulatória, a receita representa de fato os

recebimentos, a Receita Anual Permitida (RAP), e portanto, o resultado Regulatório reflete o

fluxo de caixa da companhia. Além disso, os investimentos são reconhecidos no balanço

patrimonial como ativo imobilizado.

Ademais, em 2009, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, conhecido como CPC,

emitiu o ICPC 01, uma instrução normativa que define como deve ser feita a contabilização de

concessões de serviço públicos a entidades privadas, caso do setor de transmissão de energia

elétrica. Tal instrução é uma tradução fiel do IFRIC 12 - instrução emitida pelo Conselho

Internacional de Normas Contábeis.

Nesse sentido, seguindo o processo de convergência das normas de contabilidade

brasileira à contabilidade internacional, em 2009, a CVM obrigou a adoção do ICPC 01 para

os exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010. Desde então, o setor de transmissão de

energia passou a utilizar para a contabilização de seu negócio a norma internacional IFRS a

partir do IFRIC 12/ICPC 01.

Desse modo, no âmbito da instrução, a entidade privada constrói uma infraestrutura,

conhecida como Sociedade de Propósito Específico (SPE), para utilização de um serviço

público e sua manutenção e operação ficam a cargo dessa entidade durante determinado

período de tempo. Assim, a infraestrutura construída pelo operador não é registrada como ativo

imobilizado do próprio operador porque o contrato de concessão não transfere ao

concessionário o direito de controle e muito menos de propriedade do uso da infraestrutura de

serviços públicos, ou seja, o concessionário obtém o direito de operar a infraestrutura para a

prestação dos serviços públicos e é remunerado pela disponibilização dessa infraestrutura.

Como, apesar da Contabilização Regulatória refletir o fluxo de caixa da companhia, a

distribuição de dividendos aos acionistas é realizada com base nas demonstrações financeiras

em IFRS, além da Contabilização em IFRS ser o método contábil reconhecido pelo fisco e a

Contabilização Regulatória não ser auditada, o presente estudo irá analisar os resultados da

empresa estudada, bem como projetar os resultados futuros esperados, com base no método de

Contabilização em IFRS.

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64

4.3 Desempenho Econômico-Financeiro Histórico da Empresa

4.3.1 Desempenho Operacional

O desempenho operacional das empresas de transmissão de energia elétrica pode ser

medido por dois indicadores, sendo eles a Taxa de Disponibilidade da Linha e a Parcela

Variável. A Taxa de Disponibilidade da Linha é uma medida de tempo, sendo estritamente um

indicador operacional e seu cálculo consiste em dividir o número de horas que a linha fica

disponível pelo número de horas contidas em 1 ano (8.760 horas), medido por trechos de 100

km.

Abaixo é disponibilizado o gráfico 5 com o desempenho consolidado da taxa de

disponibilidade das linhas de transmissão da Taesa entre os anos de 2012 e 2018, não

considerando, portanto, o desempenho das empresas ETAU, Brasnorte, Transmineiras e TBE,

onde é possível ver um desempenho operacional consistente ao longo dos anos.

Gráfico 5: Taxa de Disponibilidade da Linha 2012 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados 4T2018 - TAESA

Enquanto a Taxa de Disponibilidade da Linha não tem impacto sobre os resultados da

Companhia, a Parcela Variável (PV) é o indicador que mostra o impacto da indisponibilidade

da linha de transmissão na demonstração de resultados da empresa. Contudo, devido ao

comportamento instável da Parcela Variável no curto prazo, as empresas de transmissão

medem esse indicador analisando o valor da Parcela Variável em relação à RAP.

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65

Nos gráficos 6 e 7 a seguir é possível ver como esse indicador variou ao longo dos anos

de 2012 a 2018. Em 2018, a PV foi de R$ 20,3 MM impactada, principalmente, por (i)

desligamentos automáticos na ATE III devido a danos por tiro em cadeia de isoladores; (ii)

dois desligamentos automáticos na ATE III, os dois por explosão em fases e (iii) reversões de

uma série de provisionamentos em 2017. Já em 2015, a PV ocorreu devido, principalmente, a

(i) eventos intempestivos no Compensador Estático, queima de um reator e incêndio em um

filtro na TSN e (ii) acidentes no reator de linha e danificações da bucha do reator na Novatrans.

Gráfico 6: Parcela Variável / RAP (%) 2012 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados 4T2018 - TAESA

Gráfico 7: Parcela Variável (R$ MM) 2012 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados 4T2018 - TAESA

* Considera a PV referente à participação de 50% nas concessões da Usina durante o 1S12

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66

4.3.2 Receita Anual Permitida (RAP)

De acordo com a definição da ANEEL, a Receita Anual Permitida (RAP) é o valor, em

reais (R$), por ano, que as transmissoras têm direito pela prestação de serviço público de

transmissão aos usuários a partir da entrada em operação comercial das instalações de

transmissão, entendendo-se que operação comercial é a situação em que as instalações de

transmissão estejam à disposição do ONS para operação, após execução de todos os

procedimentos de comissionamento das instalações de transmissão e emissão do Termo de

Liberação (TL), expedido pelo ONS, segundo regras e condições estabelecidas pela ANEEL.

Ainda segundo a ANEEL, para cada concessão, a Receita Anual Permitida é

determinada pelo método do Fluxo de Caixa Descontado do projeto, sendo obtida pelo valor

capaz de tornar igual a zero o valor presente líquido (VPL) do fluxo de caixa do projeto (FCP)

e utilizando como taxa de desconto a taxa calculada pelo método WACC (Custo Médio

Ponderado de Capital).

Para as transmissoras que têm seus contratos de concessão renovados, a RAP é

calculada com base nos custos de Operação e Manutenção conforme estabelece a Lei 12.783,

de 11 de janeiro de 2013, e nos casos em que os estudos indicam a necessidade de reforços na

concessão de transmissão, a ANEEL calcula um valor adicional a RAP com o intuito de

remunerar as novas instalações, sempre por meio de uma Resolução Autorizativa.

Como as Receitas são ajustadas anualmente pelo IGP-M ou pelo IPCA, as empresas de

transmissão são naturalmente protegidas contra a inflação. Assim, a RAP é anualmente

ajustada pelo índice de inflação de 12 meses. Contudo, a ANEEL prevê que a RAP seja

descontada, mediante redução em base mensal, devido à indisponibilidade e/ou redução de

capacidade operativa das funções de transmissão, conforme regulamentação estabelecida pelo

órgão.

De acordo com Contrato de Concessão da ANEEL, a fórmula para reajuste da RAP das

transmissoras para cada ano de prestação de serviço é dada como segue.

RAi = RAi-t x [V]i (Equação 16)

Onde:

i = Ano de referência para o qual está sendo calculado o reajuste

RAi = Receita Anual Permitida para o ano i

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67

RAi-t = Receita Anual Permitida no ano i-1

[V]i = Número obtido pela divisão do IGP-M (ou IPCA) do segundo mês anterior à data

de reajuste em processamento pelo IGP-M (ou IPCA) do segundo mês anterior à data de

referência definida no Contrato de Concessão.

IGP-M = Índice Geral de Preços do Mercado, da Fundação Getúlio Vargas

IPCA = Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE)

Na tabela 7 é possível ver um histórico da evolução da RAP da TAESA entre os ciclos

de 2011-2012 e 2018-2019, o qual valerá até 30 de junho de 2019.

Tabela 6: Reajuste das Concessões entre os Ciclos de 2011-2012 e 2018-2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados das Demonstrações de Resultado da TAESA

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Tabela 7: Ciclos da RAP proporcionais à participação da Taesa

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados das Demonstrações de Resultado da TAESA

O reajuste da RAP para o Ciclo 2018-2019 foi diferente da inflação em algumas

concessões pelos seguintes motivos: (i) Novatrans, TSN, GTESA NTE, EATE e ETEP

sofreram o corte de 50% da RAP em razão da entrada no 16º (décimo sexto) ano de operação

comercial, quando a RAP passa a ser de 50% da RAP do 15º (décimo quinto) ano de operação

comercial, estendendo-se até o término do prazo de concessão fixado nos Contratos de

Concessão nas concessões leiloadas entre os anos de 1999 e Novembro/2006, conforme

explicado no item 3.4 desse presente estudo; (ii) STE apresentou entrada em operação de novas

melhorias; (iii) São Gotardo apresentou efeito de revisão tarifária; (iv) Brasnorte apresentou

entrada em operação de novas melhorias e (v) EBTE apresentou entrada em operação de

reforço.

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Apesar de seis concessões terem sofrido redução de 50% da RAP, a mesma não teve

uma queda acentuada no Ciclo 2018-2019 porque essa redução foi em grande parte

compensada pela correção monetária positiva nos últimos 12 meses.

Ademais, cabe comentar também que algumas concessões só passaram a ter suas RAPs

consideradas receitas a partir do momento em que foram adquiridas pela empresa. Por exemplo,

a concessão EATE entrou em operação comercial em março de 2003, porém sua RAP só passou

a ser contabilizada na receita da Taesa no Ciclo 2013-2014 quando a ANEEL autorizou a

transferência para a TAESA das ações detidas pela CEMIG e pela CEMIG-GT em

concessionárias de transmissão de energia elétrica que, em conjunto, são conhecidas como

“Transmissoras Brasileiras de Energia S.A.” (“TBE”).

Enquanto isso, as concessões de Mariana, Miracema, Aimorés, Paraguaçu, ESTE,

Janaúba, Ivaí, EDTE e Sant’Ana ainda encontram-se em fase de construção e, portanto, suas

RAPs não estão sendo consideradas na demonstração da tabela 7 por não fazerem parte da RAP

Operacional da empresa no ciclo 2018-2019.

4.3.3 Ativo Contratual de Concessão e Receita Operacional

Conforme comentado anteriormente no item 4.2 do presente estudo, na Contabilização

Regulatória o resultado representa de fato os recebimentos da companhia, refletindo o fluxo de

caixa da mesma em determinado período e, portanto, a receita contabilizada é a Receita Anual

Permitida.

Enquanto isso, na contabilização em IFRS até o 3º trimestre de 2018 os investimentos

eram reconhecidos como Ativo Financeiro a custo amortizado, conforme Resolução nº 1.261

de 10/12/2009. Como consequência, a receita em IFRS refletia a movimentação do Ativo

Financeiro. Contudo, a partir de janeiro/2018, passou a ser obrigatório a adoção do IFRS 9

(CPC 48) ou IFRS 15 (CPC 47), cujos princípios se baseiam no modelo de negócio que

identifica o contrato com o cliente e suas respectivas obrigações contratuais, definindo-se o

preço da transação e reconhecimento da receita a partir da realização dessas obrigações.

Dessa forma, algumas mudanças contábeis precisaram ser realizadas no resultado de

2018 da Companhia para atender as novas especificações. Por exemplo, a taxa considerada

para cálculo do Ativo Financeiro era a Taxa de Remuneração do Ativo Financeiro (TRAF) que

igualava o valor presente dos investimentos com o valor presente do fluxo de recebimentos do

ativo financeiro, ou seja, a taxa interna de retorno do fluxo. Para o cálculo do Ativo Contratual

de Concessão, a taxa adotada passa a ser a taxa de mercado à época do Leilão, fixada ao longo

do prazo de concessão.

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Nesse sentido, o Ativo Contratual de Concessão passa a ser calculado mensalmente a

partir do fluxo futuro dos recebimentos trazidos a valor presente pela Taxa do Projeto, enquanto

a Receita de Remuneração é calculada com base na Taxa do Projeto sobre o saldo do Ativo

Contratual e passa a ser contabilizada somente após a entrada em operação do projeto.

Além disso, no novo método contábil adotado, as eficiências geradas no projeto em

construção são contabilizadas como margem de construção na receita. Isto é, a Receita de

Construção passa a constituir uma margem de construção, calculada pela diferença entre o VPL

da RAP e Valor Futuro do Custo de Construção no momento da entrada em operação. Isso

ocorre porque entende-se que mesmo após a conclusão da fase de construção da infraestrutura

de transmissão segue existindo um ativo de contrato, uma vez que é necessário a satisfação da

obrigação de operar e manter para que a Companhia passe a ter direito incondicional de receber

caixa.

Portanto, se antes no Ativo Financeiro o impacto da construção no resultado era

praticamente nulo durante a fase pré-operacional (receita de construção era igual ao custo de

construção mais PIS/COFINS), agora no Ativo Contratual a margem de construção impactará

a Demonstração de Resultados do projeto. Em outras palavras, a Receita de Construção passa

a ser calculada pelo custo de construção mais a margem de construção ao longo do período pré-

operacional.

Resumindo-se, as receitas que geram resultado para a Companhia são classificadas nos

seguintes grupos:

a) Remuneração do Ativo Contratual de Concessão: Juros reconhecidos pelo

método linear com base na taxa que melhor representa a remuneração dos

investimentos da infraestrutura de transmissão (WACC Aneel), por considerar os

riscos e prêmios específicos do negócio. A taxa busca precificar o componente

financeiro do ativo de contrato, determinada na data de início de cada contrato de

concessão. A taxa de retorno incide sobre o montante a receber do fluxo futuro de

recebimento de caixa.

b) Receita de Correção Monetária do Ativo Contratual de Concessão: Correção

reconhecida com base no índice de correção definido para cada contrato de

concessão (IGP-M ou IPCA) assinado com o Poder Concedente, a partir da entrada

em operação comercial do empreendimento.

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c) Receita de Operação e Manutenção (O&M): Serviços de operação e manutenção

das instalações de transmissão de energia elétrica, que tem início após o término da

fase de construção e que visa a não interrupção da disponibilidade dessas

instalações e é ajustado anualmente pela inflação (IGP-M ou IPCA) da mesma

forma que a RAP. Ou seja, quando a concessionária presta serviços de operação e

manutenção, é reconhecida a receita pelos valores dos custos incorridos no primeiro

ano de operação, com base nos valores estimados no momento do leilão, acrescida

da margem de operação. Posteriormente, a receita sofrerá alteração em função da

inflação, à medida em que ocorrer a prestação de serviços.

d) Receita de Construção: Serviços de implementação da infraestrutura, ampliação,

reforço e melhorias das instalações de transmissão de energia elétrica. As receitas

de infraestrutura são reconhecidas conforme os gastos incorridos e calculadas

acrescendo-se as alíquotas de PIS e COFINS e margem de construção ao valor do

investimento, uma vez que os projetos embutem margem suficiente para cobrir os

custos de implementação da infraestrutura e encargos, considerando que boa parte

de suas instalações é implementada através de contratos terceirizados com partes

não relacionadas. As variações positivas ou negativas em relação à margem

estimada são alocadas no resultado quando incorridas.

e) Parcela Variável (PV): Penalidade decorrente da indisponibilidade das linhas de

transmissão, aplicada sobre as receitas de operação, manutenção e construção.

Já a movimentação do Ativo Contratual de Concessão é feita a partir da seguinte

fórmula:

Ativo Contratuali = Ativo Contratual i-1 + Remuneração do Ativo Contratual + Receita

de Correção Monetária + Receita de Construção - RAP (Equação 17)

Ao final do prazo de 30 anos de Concessão é facultado à ANEEL o pleno direito de

extinção da concessão e o exclusivo critério de prorrogar o referido Contrato até a assunção de

uma nova transmissora. Com isso, com a extinção da concessão, ocorrerá a reversão dos bens

vinculados ao serviço ao Poder Concedente, sendo aqui o MME, o qual deverá proceder ao

levantamento e avaliações para determinação do montante de indenização devida à

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transmissora. Entretanto, para fins de estudo e levantamento de dados, entende-se que a melhor

estimativa para o valor de indenização é o valor residual contábil do ativo imobilizado.

Todavia, a outra opção que também depende de critério exclusivo da ANEEL constitui-

se na renovação do Contrato de concessão que poderá ser prorrogado por no máximo mais 30

anos, mediante requerimento prévio da transmissora e com o objetivo de assegurar a

continuidade e qualidade do serviço público.

Gráfico 8: Evolução da Receita Operacional Bruta Consolidada IFRS (R$ MM)

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados - TAESA

A Receita Bruta Operacional IFRS Consolidado teve um aumento de 49% em 2018 em

comparação com 2017 impactada pela maior inflação no último ano e pela adoção do CPC 47

que, conforme explicado, gera impacto contábil nas linhas de Receita de Remuneração e de

Receita de Construção. Nesse sentido, devido a eficiência dos empreendimentos de Miracema

e Janaúba, subsidiárias integrais da Taesa, a empresa registrou um aumento na Receita de

Construção de R$ 326,6 MM entre os anos de 2017 e de 2018.

Já no ano de 2017, a receita operacional bruta teve uma queda de R$ 330,4 MM

comparada com o ano de 2016 e abaixo do que vinha sendo realizado nos anos anteriores em

razão, principalmente, do índice IGP-M acumulado entre esses anos no qual foi apurada uma

inflação de 7,12% em 2016 e uma deflação de 0,88% em 2017, sendo a base de correção de

2017 os meses de dezembro de 2016 a novembro de 2017.

4.3.4 Custos e Despesas

Contabilmente falando, os custos são gastos diretamente relacionados à atividade fim

de uma empresa, ou seja, são aqueles gastos que tem relação direta com a produção ou a

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73

aquisição de estoques, como o custo da matéria prima, mercadorias compradas para revenda e

o salário dos trabalhadores de uma linha de produção, por exemplo.

Já as despesas não têm ligação direta com a atividade fim desempenhada, abrangendo

os gastos administrativos e os gastos relacionados com a atividade de venda do produto, como

as comissões dos vendedores, a publicidade e os salários dos funcionários do escritório, por

exemplo.

Desse modo, no que diz respeito a classificação de custos e despesas na Demonstração

de Resultados, a companhia Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. utiliza uma

classificação baseada na função desses custos e despesas, cuja natureza dos principais

montantes é demonstrada a seguir.

a) Custos com Materiais: Estão diretamente relacionados aos custos de aquisição de

materiais, serviços prestados e outros custos utilizados na fase de construção e na

manutenção das linhas de transmissão.

b) Custos com Pessoal: Custos relacionados a mão de obra empregada direta ou

indiretamente, consistindo dos custos de salários dos funcionários, dos encargos

previstos em Lei, do custo com benefícios oferecidos de forma espontânea ou

concedidos em razão de acordos firmados e custos com rescisões trabalhistas,

dentre outros.

c) Custo com Serviços de Terceiros: Custos com operação, manutenção,

compartilhamento de instalações, comunicação, vigilância e serviços de

engenharia, dentre outros.

d) Despesas com Serviços de Terceiros: Despesas com consultorias, serviços

gráficos, comunicação, manutenção de veículos, viagens, Auditoria, serviços

Advocatícios e com T.I, entre outros.

e) Outros custos Operacionais: Custos com aluguéis, combustível, seguros,

reembolso de custos e perda na alienação de bens.

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74

f) Outras Receitas (Despesas) Operacionais: Despesas com taxas, contribuições,

ganhos na alienação de bens, aluguéis, indenizações, doações, patrocínios e

compensação ambiental.

Gráfico 9: Evolução dos Custos e Despesas Consolidado IFRS (R$ MM) 2011-2018

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Gráfico 10: Evolução dos Custos e Despesas Consolidado IFRS por grupo (R$ MM)

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Em 2018, os custos e despesas consolidados IFRS foram acima da média anual que a

empresa vinha seguindo e essa variação foi ocasionada principalmente pelos seguintes fatores.

Na linha de Pessoal, o aumento positivo de 3,7% entre 2017 e 2018 está relacionado ao

reajuste salarial dos funcionários pelo acordo coletivo e aumento do quadro de pessoal em

2018. No que diz respeito aos Serviços de Terceiros, houve aumento de 9,4% entre os dois

últimos anos explicado principalmente pelo maior gasto com manutenção de equipamentos,

serviços advocatícios e de T.I. e viagens.

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75

A linha de Outras Despesas Operacionais foi impactada em 2018 pela revisão e

atualização das provisões para contingências judiciais no valor de aproximadamente R$ 14

MM. Excluindo esse evento não recorrente, o resultado de 2018 ficaria em linha com o

registrado nos anos anteriores.

Por fim, no que diz respeito a linha de Material, a qual teve a maior variação em 2018,

pode-se justificar pelo crescimento de R$ 161,8 MM na evolução na construção do projeto de

Miracema (R$ 79,8 MM) - o qual já tinha impactado positivamente o aumento desse custo em

60,2% entre 2016 e 2017 - Janaúba (R$ 26,9 MM), do banco de Capacitores (R$ 27,4 MM) e

dos reforços e melhorias na TSN e na ATE II (R$ 36,8 MM).

4.3.5 Imobilizado e Intangível

Itens do imobilizado são mensurados pelo custo histórico de aquisição ou construção,

deduzidos do valor da depreciação acumulada e perdas de redução ao valor recuperável

(“impairment”) acumuladas, referentes aos ativos tangíveis não vinculados à infraestrutura de

concessão. Quando há ganhos e perdas na alienação12 de um item do imobilizado, apurados

pela diferença entre os recursos advindos da alienação e o valor contábil do imobilizado, esses

valores são reconhecidos em outras receitas e despesas operacionais no resultado.

Os itens do imobilizado são depreciados a partir da data em que são instalados e estão

disponíveis para uso, normalmente pelo método linear, no resultado do exercício com base na

vida útil econômica de cada componente, sendo que terrenos não são depreciáveis. No caso da

Taesa, as taxas médias ponderadas de depreciação utilizadas para os itens do imobilizado são

as seguintes:

- Edifícios: 4%

- Máquinas e Equipamentos: 4,5%

- Edificações, obras civis e benfeitorias: 3,7%

- Móveis e Utensílios: 11%

- Veículos: 24%

Enquanto isso, são itens considerados intangíveis: (i) Softwares mensurados pelo custo

total de aquisição deduzidos das despesas de amortização; (ii) Marcas e Patentes registradas

12

Alienação de Bens contabilmente é a transferência de bens de um indivíduo para um terceiro, devendo, portanto,

serem baixados do Ativo o custo de aquisição dos bens e os acréscimos posteriores e/ou as reavaliações, se

houverem.

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76

pelo custo de aquisição e (iii) Intangível de concessão referente à alocação da mais-valia nas

combinações de negócios.

No caso da amortização desses itens, o valor é calculado sobre o custo do ativo, ou outro

valor substituto ao custo, deduzido do valor residual e é reconhecido no resultado com base,

normalmente, no método linear com relação às vidas úteis estimadas de ativos intangíveis, que

não ágio, a partir da data em que estes estão disponíveis para uso. A Taesa utiliza como taxa

média ponderada de amortização para os itens do intangível com vida útil definida os seguintes

valores:

- Softwares: 20%

- Intangíveis de Concessão: 4,96%

- Marcas e Patentes: Não sofrem amortização, por terem vida útil considerada indefinida

4.3.6 Impostos

Contabilmente, considera-se como imposto corrente os impostos a pagar ou a receber

esperados sobre o lucro ou prejuízo tributável do exercício, às taxas de impostos determinadas

na data de apresentação das demonstrações financeiras e qualquer ajuste aos impostos a pagar

com relação aos exercícios anteriores.

Já os impostos diferidos são reconhecidos com relação às diferenças temporárias entre

os valores contábeis de ativos e passivos para fins contábeis e os correspondentes valores

usados para fins fiscais. Os impostos diferidos são mensurados pelas alíquotas que se espera

serem aplicadas às diferenças temporárias quando elas revertem, baseando-se nas alíquotas

vigentes na data de apresentação das demonstrações financeiras.

Em relação aos impostos devidos, as empresas de transmissão de energia elétrica são

responsáveis pelo ISS (Imposto sobre serviços), pelo PIS (Programa de Integração Social), pelo

COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), pelo IRPJ (Imposto de

Renda das Pessoas Jurídicas) e pelo CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Todavia, algumas empresas do grupo Taesa possuem o benefício fiscal

SUDAM/SUDENE os quais têm como base de cálculo o resultado IFRS de cada concessão.

Esses benefícios são incentivos fiscais conferidos pela Superintendência do Desenvolvimento

da Amazônia (SUDAM) e pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)

em atividades diretamente relacionadas à produção nessas regiões e reduzem em 75% o

Imposto de Renda devido na exploração das concessões de transmissão.

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77

A tabela 8 mostra o regime fiscal de cada concessão, bem como indica aquelas que

possuem benefício fiscal, a data de término do benefício e a alíquota de PIS e COFINS de cada

concessão.

Tabela 8: Regime Fiscal de cada Concessão - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados - TAESA

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78

O Imposto de Renda e a Contribuição Social correntes e diferidos são calculados com

base no lucro real, a alíquota de 15%, acrescida do adicional de 10%, sobre o lucro tributável

excedente de R$ 240 para Imposto de Renda e 9% sobre o lucro tributável para Contribuição

Social, e consideram a compensação de prejuízos fiscais e base negativa de contribuição social,

limitada a 30% do lucro tributável anual.

Contudo, como pode ser visto na tabela 8, existem dois tipos de regra de incidência de

IRPJ e CSLL por regime fiscal, sendo eles:

a) Lucro Real: A empresa deve antecipar os tributos mensalmente, com base no

faturamento mensal, sobre o qual aplicam-se percentuais predeterminados, de

acordo com o enquadramento das atividades, para obter uma margem de lucro

estimada sobre a qual recai o IRPJ e a CSLL. No final do ano, a pessoa jurídica

levanta o balanço anual e apura o lucro real do exercício, calculando em definitivo

o IRPJ e a CSLL e descontando as antecipações realizadas mensalmente.

Eventualmente, as antecipações podem ser superiores aos tributos devidos,

ocasionando um crédito em favor do contribuinte.

b) Lucro Presumido: O IRPJ e a CSLL pelo Lucro Presumido são apurados

trimestralmente. A alíquota de cada tributo (IRPJ e CSLL) incide sobre as receitas

com base em percentual de presunção variável, dependendo da atividade. No caso

da Taesa, as alíquotas de presunção de IRPJ e CSLL são 8% e 12%,

respectivamente.

4.3.7 Receitas e Despesas Financeiras

As Receitas Financeiras são receitas geradas, na sua essência, de um superávit

temporário de caixa provocado pelo desequilíbrio entre as entradas e as saídas de eventos

ligados à operação. Dessa forma, esse caixa temporariamente ocioso é aplicado no mercado

financeiro, até o momento da sua saída para o pagamento de um serviço da dívida, de um

dividendo, entre outros. Com isso, as receitas financeiras são relacionadas aos fluxos da

empresa de caráter monetário, constituindo-se de juros recebidos e dos rendimentos das

aplicações financeiras.

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79

Enquanto isso, as despesas financeiras são as despesas provenientes da contratação de

financiamentos bancários ou operações semelhantes, sendo os principais gastos com a

amortização desses financiamentos e o pagamento dos juros a eles relacionados.

Gráfico 11: Receitas e Despesas Financeiras Consolidadas (R$ MM) 2011-2018

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Analisando a evolução do resultado financeiro da Taesa ao longo dos anos de 2011 a

2018, no que diz respeito às receitas financeiras é possível perceber que a mesma segue uma

evolução linear, sendo a variação entre os anos explicada, principalmente, pelo maior (menor)

acúmulo de caixa em razão do menor (maior) volume de dividendos pagos em função da queda

(aumento) do resultado no exercício, sendo os anos de 2012 e 2013 exceções em relação aos

demais porque nesses dois anos a Companhia detinha em caixa os recursos do IPO.

No que diz respeito às despesas financeiras, a queda entre os anos de 2016 e 2017 é

explicada, principalmente, pela queda do CDI e do IPCA e pela redução da dívida bruta em R$

289,7 MM em razão da amortização de principal e juros no valor de R$ 1.054,6 MM referente

a 2ª e a 3ª emissão de debêntures e a captação de R$ 542,7 MM.

Em relação ao endividamento do Grupo, consolidando proporcionalmente as empresas

controladas em conjunto e coligadas, o total da dívida bruta fechou o ano de 2018 em R$ 3.908

MM com um caixa de R$ 1,708 MM, considerando os seguintes valores: (i) Dívidas da TBE

no montante de 569,6 MM e caixa/aplicações de R$ 234,1 MM; (ii) Dívidas da ETAU no valor

de R$ 16,7 MM e caixa/aplicações de R$ 6,8 MM; (iii) Caixa/aplicações da Brasnorte no valor

de R$ R$ 3,8 MM e (iv) Dívida das Transmineiras no montante de R$ 51,1 MM e

caixa/aplicações de R$ 9,4 MM. Dessa forma, a relação dívida líquida sobre EBITDA ficou

em 1,7x ao final do ano de 2018, 13,3% maior que o 1,5x registrado em 2017.

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Figura 9: Dívida por Empresa 4T2018 (R$ MM) e Estrutura de Capital - ref. 2019

Fonte: Dados da Divulgação de Resultados - TAESA

4.3.8 Investimentos

Em 2018, o Grupo Taesa, considerando suas controladas, controladas em conjunto e

coligadas, investiram o total de R$ 208,7 MM contra R$ 94,5 MM investidos em 2017,

referentes aos empreendimentos em construção. O aumento de R$ 114,2 MM entre os períodos

foi decorrente, principalmente, dos maiores gastos com a construção de Miracema e aos

maiores gastos com os projetos EDTE, Ivaí, ESTE, Aimorés e Paraguaçu, conforme pode ser

visto na tabela 9.

Tabela 9: Evolução do Custo de Construção - ref. 2019

Fonte: Dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Atualmente, a Taesa possui nove empreendimentos em construção sendo quatro deles

concessões com participação de 100% com um investimento total estimado de R$ 5.595 MM

e uma RAP de R$ 964 MM (Ciclo 2018-2019). Considerando apenas a participação da Taesa

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81

nessas concessões, o montante a ser investido é de R$ 3.774 MM com uma RAP de R$ 643

MM.

Figura 10: Projetos em Construção - ref. 2019

Fonte: Dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Dos nove empreendimentos, o mais recente é o projeto de Sant’Ana que foi assinado

em março de 2019 e houve apenas a constituição da empresa. O projeto de Ivaí, segundo mais

recente adquirido, está com o projeto básico em desenvolvimento e licenciamento ambiental

em andamento, mas já adquiriu Licença Prévia (LP) para as instalações de 230 kV, emitida em

setembro 2018.

Os projetos de ESTE, Janaúba, Aimorés e Paraguaçu foram todos concedidos em

fevereiro de 2017, mas encontram-se em estados diferentes de andamento. Os projetos de

Aimorés e Paraguaçu já obtiveram o projeto básico protocolado na ANEEL e foi emitida

Licença Prévia (LP) de ambos em outubro de 2018, aguardando agora a Licença Ambiental. O

projeto de ESTE também já teve seu projeto básico protocolado na ANEEL, mas o mesmo já

foi aprovado no ONS, bem como já obteve Licença Prévia (LP) emitida em janeiro 2019,

aguardando Licenciamento Ambiental.

Já o projeto de Janaúba é o mais avançado dos quatro, tendo seu projeto básico aprovado

pela ANEEL e pelo ONS e Licença Prévia (LP) emitida em setembro 2018, bem como já foi

protocolado no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis) o relatório de respostas ao parecer com comentários, visando a obtenção da

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Licença de Instalação. O projeto agora aguarda o Licenciamento Ambiental, mas já houve

contrato de financiamento assinado junto ao BNB (Banco do Nordeste do Brasil S.A.) em

setembro 2018 e foi feita a 1ª emissão de Debêntures em janeiro de 2019.

Os projetos de Mariana, Miracema e EDTE têm previsão de conclusão para dezembro

2019, mas também encontram-se em fases distintas de projeto. O mais antigo deles, Mariana,

teve sua Licença Prévia (LP) emitida em março 2017 e as Licenças de Instalação (LI) e

Operação (LO) emitidas em dezembro 2018, iniciando as obras das subestações, contudo ainda

aguarda o Licenciamento Ambiental.

O projeto de Miracema já teve todas as licenças ambientais adquiridas e, com isso, as

obras de todos os empreendimentos estão em andamento dentro do cronograma ANEEL. Por

fim, o projeto EDTE teve sua Licença Prévia emitida em junho de 2018 e Licença de Instalação

emitida em janeiro de 2019, aguardando o Licenciamento Ambiental, já tendo realizado a 2ª

Emissão de Debêntures em dezembro 2018.

4.3.9 Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio

Dividendos são parte do lucro de uma empresa que são divididos com seus acionistas,

como uma forma de bonificação ao investimento feito. Ou seja, ao adquirir uma ação, o

acionista passa a ter parte da empresa e, com isso, os direitos acerca dos lucros que ela tiver,

podendo os dividendos serem pagos em dinheiro ou em forma de ações adicionais.

Assim, ao fim do exercício da empresa, normalmente ao ano, ao semestre ou ao

trimestre, são mensurados os gastos e rendimentos do período, inclusive o quanto deve ser pago

ao governo em forma de impostos. Se houver lucro, o conselho administrativo da empresa

decide o quanto deve ser distribuído, considerando que no Brasil é obrigatório às Sociedades

Anônimas distribuírem no mínimo 25% do lucro aos acionistas.

Aos acionistas inscritos na empresa são transferidos os valores que correspondem às

suas partes, o que significa que cada um recebe um valor fixo por ação adquirida, ou calculado

percentualmente. Quanto menos dividendos a empresa pagar, pode significar que ela pretende

fazer um reinvestimento em suas atividades.

Como os dividendos são uma parcela do lucro que é apurado pela companhia, quando

entram na conta do acionista, já o fazem com todos os seus impostos devidamente tributados

pela companhia em questão, visto que, se ocorresse um desconto ali proveniente de algum

imposto, este seria um caso de bitributação.

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Enquanto isso, os Juros sobre Capital Próprio (JCP) são uma outra forma de uma

empresa distribuir os seus lucros, porém, contabilmente falando, este provento é visto como

uma despesa para a Companhia, pois o mesmo é considerado antes do seu lucro líquido.

Consequentemente, por ser entendido pela contabilidade como uma despesa, os JCP

afetam diretamente os lucros da Companhia, da mesma forma que outras despesas como

despesas comerciais e administrativas. Dessa forma, como resultado da redução dos lucros, a

empresa paga menos Imposto de Renda sobre seus resultados. Então, quando os JCP são pagos

aos acionistas, estes ainda não foram tributados, o que faz com que os mesmos tenham seu

imposto de renda devidamente descontados do acionista no ato do pagamento.

No caso da Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A., o estatuto social prevê o

pagamento de dividendo anual mínimo obrigatório de 50%, calculado sobre o lucro líquido do

exercício nos termos da Lei nº 6.404/76. Ademais, a Companhia poderá, a critério da

Administração, pagar juros sobre o capital próprio, cujo valor líquido será imputado aos

dividendos mínimos obrigatórios, conforme previsto no artigo 9º da Lei nº 9.249/95, sendo os

juros sobre capital próprio calculados com base no saldo do patrimônio líquido, limitado à

variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP.

No gráfico 12 é possível ver o histórico de pagamento de dividendos e juros sobre o

capital próprio da Taesa, onde fica claro que nos últimos anos a empresa manteve um nível de

payout de 90% do seu lucro líquido.

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Gráfico 12: Dividendos e Juros sobre Capital Próprio - ref. 2019

Fonte: Dados da Divulgação de Resultados - TAESA

Em 2018, por exemplo, a Taesa pagou R$ 960,2 MM (R$ 2,79/Unit) a título de

dividendos e juros sobre capital próprio. Este montante pode ser dividido em (i) Dividendos de

R$ 159,3 MM (R$ 0,46/Unit) referentes ao resultado de 2017; (ii) Dividendos intercalares no

total de R$ 525,0 MM (R$ 1,52/Unit) referentes ao resultado de 2018 e (iii) R$ 275,8 MM (R$

0,80/Unit) como juros sobre capital próprio, também referentes ao resultado de 2018.

Considerando que o efeito do CPC 47, explicado no item 4.3.3 do presente estudo, não

tem impacto no caixa da Companhia, foi considerado para o pagamento de dividendos o Lucro

Líquido Ajustado de R$ 954,4 MM. Desse montante, o valor de R$ 858,1 MM será considerado

para efeito de distribuição de dividendos e juros sobre capital, já tendo sido distribuídos R$

800,8 MM, conforme mencionado no parágrafo acima.

O valor remanescente a ser pago é de R$ 57,2 MM (R$ 0,17/Unit) a título de dividendos

adicionais propostos. Caso seja aprovada em Assembleia, o total de dividendos e JCP

distribuídos referente ao exercício social de 2018 será de R$ 858,1 MM, representando um

dividend payout de 89,9% sobre o lucro líquido ajustado.

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85

CAPÍTULO 5 - MODELAGEM E EXPERIMENTOS NUMÉRICOS

Nesse capítulo será explicada a metodologia escolhida e utilizada para projeção dos

dados do estudo de caso base, bem como serão detalhadas as premissas utilizadas em cada

cenário desenvolvido e, por fim, serão demonstrados os resultados alcançados. Contudo, com

o objetivo de centrar o estudo nos métodos de avaliação e não em características acessórias,

como particularidades contábeis e aspectos macroeconômicos, e considerando as limitações

encontradas durante o estudo, algumas premissas simplificadoras foram adotadas ao longo do

trabalho. Com isso, as mesmas serão citadas nesse capítulo na medida em que ocorrerem,

possibilitando a futuras avaliações um aprofundamento e rigor necessários a esses aspectos.

Nesse sentido, para se atingir as conclusões analíticas do estudo quando da aplicação

dos modelos, foi empregado o método de valoração de empresas por meio do Valor Presente

do Fluxo de Caixa Descontado. Conforme comentado no item 2.7 desse presente trabalho, essa

é atualmente a metodologia mais estudada e comentada pelos autores que pretendem explicar

o tema de valoração de empresas. Dessa forma, esse ponto facilita a busca por informações,

bem como formula uma base teórica sólida para validação do modelo.

Ademais, o modelo do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado tem como uma

das suas principais características, ao contrário de outros modelos também citados no capítulo

2 desse trabalho, explicitar de forma clara as variáveis chave para a formação de valor,

permitindo a simulação dos mais diferentes cenários e premissas macroeconômicas,

estratégicas, operacionais e financeiras quando da projeção dos fluxos de caixa. Desse modo,

como o presente trabalho foi desenvolvido como um dos pré-requisitos para obtenção do título

de Engenheiro(a) de Produção e não como consultoria específica para o mercado, a ideia é que

as premissas utilizadas sejam claramente expostas e comentadas.

A projeção realizada contempla um espaço de tempo que vai do ano de 2019 ao ano de

2034. Como atualmente as duas maiores concessões em termos de RAP em poder da empresa

estudada, Novatrans e Transmissora Sudeste Nordeste (TSN), têm seu período de concessão

até o ano de 2030, abrangendo esse espaço de tempo escolhido é possível estudar todo o período

de concessão das mesmas e ainda ter um período disponível para projetar novos cenários.

Nessa perspectiva, cabe comentar que o modelo desenvolvido será baseado em um

cenário, aqui chamado de “Cenário sem Renovação das Concessões”, onde a análise será

desenvolvida considerando que as duas concessões citadas acima terão seu período de

concessão finalizado em 2030 e as mesmas não serão renovadas.

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86

Cabe lembrar que, além das empresas que compõem a Holding e das controladas, a

Taesa tem participação em outras concessões que são controladas em conjunto ou coligadas.

Dessa forma, tanto a produção própria quanto os rendimentos provenientes das subsidiárias

foram considerados no modelo teórico, sendo que nas demonstrações financeiras consolidadas

da Companhia as informações financeiras da holding e das controladas são consolidadas linha

a linha, enquanto as informações financeiras das controladas em conjunto e das coligadas são

reconhecidas pelo método de Equivalência Patrimonial.

Por fim, é importante salientar também que ao longo dos anos algumas considerações

contábeis foram realizadas, modificando a forma como os resultados da Companhia são

divulgados, como é o caso da adoção do CPC 47 explicado no tópico 4.3.3 desse trabalho.

Assim, é importante ter cuidado ao traçar comparações dos dados entre os períodos passados e

entre os períodos passados e os projetados.

5.1 Projeção da Receita Anual Permitida (RAP)

Inicialmente, será explicado como foram realizadas as projeções das receitas em um

cenário que não contempla a renovação das concessões que tiverem seu prazo de término ainda

dentro do espaço de tempo aqui considerado. Dessa forma, para as concessões já em controle

da Taesa, primeiramente foi feita a projeção da inflação acumulada ao longo dos anos, tanto o

IPCA quanto o IGP-M.

Desse modo, segundo o relatório de mercado Focus, do Banco Central do Brasil,

publicado no dia 10 de maio de 2019, o IPCA será de 4,04% a.a. no ano de 2019, de 4,00% a.a.

em 2020 e a partir de 2021 a projeção é de que o IPCA seja de 3,75% a.a.. Enquanto isso, o

IGP-M deve fechar o ano de 2019 em 5,86% a.a. e ser de 4,00% a.a. a partir de 2020.

Com isso, na tabela 10 é possível ver a projeção realizada para o ano de 2019. Os

demais anos e seus respectivos dados estão anexados no capítulo 7 desse presente trabalho,

pois seguem o mesmo raciocínio de cálculo desenvolvido para o ano de 2019.

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Tabela 10: Projeção da Inflação Acumulada no ano de 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Relatório Focus do BCB

Feito isso e com base na equação 16 de reajuste da RAP, foi possível calcular a evolução

da Receita Anual Permitida de cada concessão em posse da Taesa entre os anos de 2019 e 2034,

lembrando que a RAP é anualmente ajustada pelo índice de inflação de 12 meses pelo IPCA

ou IGP-M, conforme acordado em cada contrato de concessão.

Com isso, se usarmos como exemplo a concessão da Novatrans que tem sua receita

ajustada pelo IGP-M, conforme as Demonstrações Financeiras publicadas pela Taesa e com

relatório do Auditor Independente, a RAP no Ciclo de 2018/2019 dessa concessão foi de R$

392.729 Mil. Assim, para cálculo da RAP do Ciclo de 2019/2020, passando a valer a partir de

1º de julho de 2019 até 30 de junho de 2020, deve-se multiplicar o valor do IGP-M acumulado

de 12 meses do mês de Maio/2019 (7,61%) pelo valor da RAP do ciclo anterior. Ou seja:

RAP NOVATRANS 2019/2020 = (1+IGP-M (maio 2019)) * RAP NOVATRANS 2018/2019

RAP NOVATRANS 2019/2019 = 1,0761 * R$ 392.729 Mil

RAP NOVATRANS 2019/2020 = R$ 422.597 Mil

Repetindo o mesmo raciocínio para as demais concessões, chegou-se no resultado

demonstrado nas tabelas 11 e 12 demonstradas abaixo.

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Tabela 11: Projeção da RAP entre os Ciclos 2019/2020 e 2025/2026

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 12: Projeção da RAP entre os Ciclos 2026/2027 e 2034/2035

Fonte: Elaboração Própria

As células com coloração em vermelho fazem referências às concessões que sofreram

o corte de 50% da RAP em razão da entrada no 16º (décimo sexto) ano de operação comercial,

quando a RAP passa a ser de 50% da RAP do 15º (décimo quinto) ano de operação comercial,

estendendo-se até o término do prazo de concessão fixado nos Contratos.

Dessa forma, o crescimento projetado nas tabelas anteriores diz respeito ao crescimento

da RAP em função da inflação. Contudo, se observarmos os últimos anos, é possível perceber

que a Taesa entrou em leilões e fez novas aquisições de empresas que passaram a ser

controladas 100% pela Holding.

Assim, em 2018, por exemplo, foi assinado o Contrato de Concessão de Sant’Ana com

RAP de R$ 59.000 Mil no Ciclo 2018/2019, localizada no estado do Rio Grande do Sul e com

aproximadamente 610 quilômetros de linhas de transmissão. Em 2017, a Taesa sagrou-se

vencedora no leilão de concessão de Janaúba que integra o sistema de transmissão de energia

elétrica dos estados da Bahia e Minas Gerais, cobrindo aproximadamente 542 quilômetros e

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com RAP de R$ 185.400 Mil no Ciclo 2018/2019. Enquanto isso, em 2016, enfatizando apenas

as concessões próprias, a Companhia foi vencedora em dois leilões. A concessão de Mariana,

localizada no estado de Minas Gerais, com aproximadamente 85 quilômetros e RAP de R$

14.700 Mil no Ciclo 2018/2019 e a concessão de Miracema, localizada no estado de Tocantins,

com cerca de 90 quilômetros e RAP no Ciclo de 2018/2019 de R$ 62.100 Mil.

Nesse sentido, para projeção do crescimento da Companhia em termos de novas

aquisições, optou-se por considerar que a Taesa incorpore na sua Estrutura Societária uma

concessão nova a cada ano, controlada 100% pela Holding. Nesse momento, não julgou-se

importante a localização das concessões, bem como a extensão das mesmas, focando-se apenas

na RAP esperada para cada uma das novas concessões.

Com isso, considerando que a média da RAP entre os anos de 2016 e 2018 das novas

concessões foi de R$ 80.000 Mil, projetou-se o seguinte fluxo de novas aquisições, mais

conservador do que a média dos últimos anos em visto da economia brasileira mostrar sinais

de uma retomada gradual, ainda em um ritmo mais lento do que o esperado. Assim, segundo o

estudo da EPE analisado no tópico 3.5 desse trabalho, o mesmo prevê que haja uma retomada

do nível de confiança dos empresários em 2019 e, consequentemente, aumento dos

investimentos. Entretanto, um nível maior de investimentos só deve começar a ser alcançado

nos anos posteriores, quando um ambiente de maior estabilidade e previsibilidade forem

determinantes para o crescimento do setor de infraestrutura.

Tabela 13: Projeção da RAP das novas concessões entre os Ciclos 2019/2020 e 2025/2026

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 14: Projeção da RAP das novas concessões entre os Ciclos 2026/2027 e 2034/2035

Fonte: Elaboração Própria

Como é possível perceber nas tabelas acima, a maior aquisição projetada, com RAP

considerada de R$ 300.000 Mil, encontra-se no ano de 2026. Tal consideração foi feita

levando-se em conta que o cenário aqui proposto não considera a renovação das concessões já

em poder exploratório da Companhia estudada e que, assim, as duas principais fontes de receita

atualmente da Taesa, as concessões da Novatrans e da TSN, têm vigência até dezembro de

2030. Sendo assim, seria interessante para a Companhia adquirir um novo grande

empreendimento no ano de 2026 que, considerando o prazo normal de cinco anos de

construção, estivesse gerando receita no ano de 2031.

Ademais, não foram feitas projeções de aquisições para além do ano de 2029, porque,

considerando o período de construção de cinco anos, as mesmas não iriam gerar receitas ainda

dentro do prazo de tempo aqui estudado.

Nessa perspectiva, analisando todo o período histórico e projetado da Receita Anual

Permitida (RAP) Operacional entre os ciclos de 2004/2005 e 2034/2035, ou seja, considerando

apenas o momento em que a Companhia adquiriu em sua estrutura societárias as concessões e

as mesmas já encontravam-se em operação comercial, foi possível gerar os gráficos 13 e 14

mostrados a seguir, no qual o período realizado encontra-se em coloração azul mais escura e o

período projetado encontra-se em coloração azul hachurada.

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Gráfico 13: Histórico e Projeção da RAP em R$ MM

Fonte: Elaboração Própria

Gráfico 14: Variação Anual da RAP em % entre os Ciclos 2004/2005 e 2034/2035

Fonte: Elaboração Própria

À princípio, parece que a projeção da receita anual permitida para os próximos anos não

condiz com o observado nos anos históricos realizados. Contudo, algumas considerações

devem ser feitas nesse momento para fins de entendimento das premissas levadas em

consideração.

Com isso, quando observamos os ciclos de 2004/2005 a 2018/2019, ou seja, o período

já realizado, a primeira observação que podemos ter é que a variação anual da RAP é

consideravelmente instável de ano para ano. Contudo, uma das explicações para isso é o fato

de que nos primeiros anos da Companhia, a mesma precisou fazer grandes aquisições com o

intuito de crescer e ganhar market share. Tal fato é observado, principalmente, na virada do

ano de 2007 para 2008 com a aquisição de participações nas concessões da ETAU, ETEO,

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Patesa e Gtesa e entre os anos de 2011 e 2014 com a aquisição de participações nas concessões

da NTE, STE, ATE I, ATE II, ATE III, EATE, ETEP, ENTE, ECTE, ERTE, STC, Lumitrans,

EBTE, ESDE, ETSE, São Gotardo, Transleste, Transirapé e Transudeste.

Já as variações observadas nos ciclos mais recentes, dois fatos são os principais

responsáveis por essas variações. Um deles é a dependência da RAP em relação à inflação e o

segundo é a redução sofrida de 50% da RAP nas principais concessões da Companhia incluídas

na Categoria 2 que hoje representam 73% em termos de RAP das concessões totais da Taesa.

Assim, a redução de 4% no Ciclo 2017/2018 está diretamente ligada ao corte de 50% da RAP

em parte de suas funções das concessões da TSN, EATE, ETEP, ETEO e ECTE e do menor

reajuste inflacionário se comparado ao ciclo anterior. Já o Ciclo de 2018/2019 também

apresentou decréscimo de 11% da RAP em função da redução plena das receitas das concessões

da Novatrans, GTESA, NTE, TSN, EATE e ETEP. Enquanto o aumento da inflação entre os

dois ciclos fez com que essa redução fosse menor do que a prevista inicialmente.

Nesse sentido, quando (i) Eliminamos a premissa de crescimento agressivo observada

nos primeiros anos, devido a projeção de um crescimento mais estável explicada anteriormente;

(ii) Consideramos uma inflação também mais linear nos próximos anos conforme projeções do

Banco Central e (iii) Reduzimos o efeito de redução da RAP já que as principais concessões já

sofreram essa redução nos últimos ciclos e as novas concessões, pertencentes a Categoria 3,

não sofrem essa redução, conforme previsto nos Contratos, chegamos a uma projeção de receita

crescente (193,8%) para os próximos 16 anos menor do que o observado no crescimento dos

últimos 15 anos (309,5%), mas mantendo um CAGR13 para os próximos 16 anos de 7,0%, isto

é, abaixo dos 10,6% realizado nos últimos 15 anos, mas ainda assim acima da inflação

projetada.

5.2 Projeção da Receita Operacional Bruta

Conforme comentado anteriormente no item 4.2 do presente estudo, na Contabilização

Regulatória o resultado representa de fato os recebimentos da companhia, refletindo o fluxo de

caixa da mesma em determinado período e, portanto, a receita contabilizada é a Receita Anual

Permitida.

Enquanto isso, na contabilização em IFRS, utilizada para projeção do presente estudo,

a partir de janeiro/2018, passou a ser obrigatório a adoção do IFRS 9 (CPC 48) ou IFRS 15

13

CAGR (Compound Annual Growth Rate) pode ser traduzida como Taxa de Crescimento Anual Composta,

ou seja, a taxa de retorno necessária para um investidor crescer de um saldo inicial para um saldo final e

funcionando como um dos principais indicadores para analisar a viabilidade de um investimento.

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(CPC 47), cujos princípios se baseiam no modelo de negócio que identifica o contrato com o

cliente e suas respectivas obrigações contratuais, definindo-se o preço da transação e

reconhecendo-se a receita a partir da realização dessas obrigações. Dessa forma, as receitas que

geram resultado para a Companhia, isto é, aquelas que aparecem no Demonstrativo de

Resultado, são classificadas em cinco grupos: receita de remuneração do ativo contratual de

concessão, receita de correção monetária do ativo contratual de concessão, receita de operação

e manutenção (O&M), receita de construção e parcela variável. Tais receitas são derivadas da

RAP, porém são contabilizadas no resultado de forma diferente, exatamente por fazerem uso

do conceito de Ativo Contratual de Concessão.

A receita de Remuneração do Ativo Contratual de Concessão representa a remuneração

dos investimentos da infraestrutura de transmissão, com a taxa de retorno incidindo sobre o

montante a ser recebido do fluxo futuro de recebimento de caixa. Com isso, a tendência é que

essa receita seja menor conforme a concessão for evoluindo e chegando ao fim do seu prazo,

quando o risco do projeto se torna cada vez menor.

Contudo, cabe comentar que nos resultados publicados pela Companhia até o ano de

2016 essa receita era contabilizada juntamente com a receita de correção monetária e, portanto,

não foi possível encontrar um histórico da evolução da mesma em separado. Além disso,

também não foi possível encontrar em todos os Contratos de Concessão anexados no site da

ANEEL a taxa utilizada em cada concessão para cálculo dessa receita. Desse modo, foi feita

uma simplificação no presente estudo, onde estudou-se o decaimento do valor da receita de

remuneração de cada concessão entre 2016 e 2018 e projetou-se esse percentual para os

próximos anos. Nas tabelas 15 e 16 é feito o detalhamento dessa receita.

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Tabela 15: Projeção da Receita de Remuneração entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 16: Projeção da Receita de Remuneração entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Analisando as tabelas anexadas acima é importante comentar quanto ao prazo

considerado de reconhecimento da Receita de Remuneração. Assim, conforme definição, a

mesma só deve passar a ser contabilizada como receita operacional da Companhia a partir da

entrada em operação comercial das instalações de transmissão, entendendo-se que operação

comercial é a situação em que as instalações de transmissão estejam à disposição do ONS para

operação.

Nessa perspectiva, como os prazos para início da operação das concessões de Mariana

e Miracema são para dezembro de 2019 e para as concessões de Janaúba e Sant’Ana são,

respectivamente, fevereiro de 2022 e março de 2023, a receita de remuneração dessas empresas

só passou a ser contabilizada a partir das suas respectivas datas. Sendo assim, quando

observamos o fluxo projetado, é possível perceber que há um aumento da Receita de

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Remuneração entre os anos de 2021 (R$ 434.778 Mil) e 2022 (R$ 520.860 Mil), exatamente

por conta da entrada na contabilização da receita de Janaúba.

A receita de Correção Monetária do Ativo Contratual de Concessão é reconhecida com

base no índice de correção definido para cada contrato de concessão (IPCA ou IGP-M) assinado

com o Poder Concedente e, assim como a receita de Remuneração do Ativo Contratual de

Concessão, também só deve ser contabilizada como receita operacional da Companhia após a

entrada em operação comercial do empreendimento. Assim, considerou-se o valor da receita

de Correção Monetária de cada concessão realizada no ano de 2018 e disponibilizada pelos

relatórios auditados da Companhia e projetou-se a receita para os próximos anos incidindo o

valor da inflação conforme o relatório Focus do Banco Central do Brasil.

Enquanto isso, para as novas concessões, considerando que também não temos um

histórico longo da evolução dessa receita para as concessões já existentes de modo a estudar

com maior detalhe qual o valor inicial considerado para incidência da inflação, foi projetado

um valor de receita inicial com base em um percentual histórico entre os anos de 2016 e 2018

em relação à RAP das concessões já existentes e, assim, esse percentual foi aplicado à RAP

estipulada de cada nova concessão. Ademais, considerou-se também que os novos contratos

são todos ajustados anualmente pelo IPCA.

Assim, é demonstrado nas tabelas 17 e 18 o fluxo projetado para receita de Correção

Monetária do Ativo Contratual de Concessão de cada empreendimento.

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Tabela 17: Projeção da Receita de Correção Monetária entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 18: Projeção da Receita de Correção Monetária entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Conforme explicado em maior detalhe no item 4.3.3 desse estudo, a receita de Operação

e Manutenção pode ser entendida como aquela referente aos serviços de operação e

manutenção das instalações de transmissão de energia elétrica e tem início após o término da

fase de construção, visando a não interrupção da disponibilidade dessas instalações.

Nos relatórios de demonstrativos de resultados da Companhia não foi possível ter acesso

a essa receita por cada concessão. Nesse sentido, para projeção da receita de Operação e

Manutenção entre os anos de 2019 a 2026 foi considerado que a mesma crescerá no mesmo

nível da inflação de 4,00% a.a., ou seja, em termos nominais, essa receita se manteria constante

nesses oito anos. A partir de 2027, com a aquisição de novas concessões e com a maior

depreciação das concessões mais antigas, projetou entre 2027 e 2034 um crescimento dessa

receita de 4,5% a.a., ou seja, cerca de 0,5% maior do que a inflação esperada.

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Tabela 19: Projeção da Receita de Operação e Manutenção entre os anos de 2019 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Já a receita de construção diz respeito a margem de construção com o custo de

implementação da infraestrutura, ampliação, reforço e melhoria das instalações de transmissão

de energia elétrica durante o período de construção, sendo reconhecidas conforme os gastos

incorridos. Dessa forma, como a projeção de crescimento e aquisição de novas concessões

segue a ideia básica de que a Companhia irá adquirir um novo empreendimento por ano e com

a evolução das concessões recentemente adquiridas, projetou-se uma taxa de crescimento de

6,00% a.a. para a receita de construção, ou seja, 2,00% acima da inflação.

Tabela 20: Projeção da Receita de Construção entre os anos de 2019 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Por fim, a Parcela Variável é a penalidade da indisponibilidade das linhas de

transmissão, aplicada sobre as receitas de operação, manutenção e construção. Conforme

exposto no item 4.3 desse trabalho, o desempenho operacional da Taesa se manteve constante

nos últimos anos e sem previsão de piora nos serviços prestados. Com isso, projetou-se o

crescimento da Parcela Variável em 4,00% a.a. conforme a inflação esperada para o período,

ou seja, em termos nominais, considerou-se que essa parcela de desconto se manterá linear.

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Tabela 21: Projeção da Parcela Variável entre os anos de 2019 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Nessa perspectiva, tendo projetado todas as linhas de receita que geram resultado

operacional para a Companhia, chegou-se no resultado para Receita Operacional Bruta

demonstrado no gráfico 15 para o cenário onde não se considera a renovação das concessões

que tenham seu prazo de término ainda dentro do período estudado.

Gráfico 15: Projeção da Receita Operacional Bruta (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

Desse modo, como pode ser visto na evolução exposta no gráfico acima, a tendência

projetada no estudo que se segue é que a receita operacional bruta será sempre crescente,

diferentemente do que foi observado nos últimos anos. Contudo, cabe comentar que a receita

das empresas de transmissão de energia é muito exposta às variações da inflação e assim, como

em 2017 o país experimentou um período de deflação, a receita observada foi impactada por

essa variável macroeconômica e seguiu um padrão de evolução diferente nesse ano.

Ademais, conforme explicado no item 4.3.3 desse estudo, em 2018, com a adoção do

CPC 47, a receita de Construção passou a ser contabilizada como uma margem de construção

dos empreendimentos na receita operacional, influenciando no padrão esperado de receitas para

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aquele ano. Nesse sentido, as mudanças que ocorreram nos dois últimos anos explicam,

principalmente, a diferença entre o padrão observado nos últimos anos para a receita

operacional bruta realizada e a projetada.

5.3 Projeção das Deduções da Receita Operacional Bruta

Conforme explicado no item 4.3.6 do presente trabalho, em relação aos impostos

devidos, as empresas de transmissão de energia elétrica são responsáveis pelo ISS (Imposto

sobre Serviço), pelo PIS (Programa de Integração Social) e pelo COFINS (Contribuição para

o Financiamento da Seguridade Social), além do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas)

e pelo CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Todavia, cabe lembrar também que algumas empresas do grupo Taesa possuem o

benefício SUDAM/SUDENE, os quais têm como base de cálculo o resultado IFRS de cada

concessão. Esses benefícios são incentivos fiscais conferidos pela Superintendência do

Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e pela Superintendência do Desenvolvimento do

Nordeste (SUDENE) em atividades diretamente relacionadas à produção nessas regiões e

reduzem em 75% o Imposto de Renda devido na exploração das concessões de transmissão. O

detalhamento de quais empresas possuem os benefícios está disposto no item 4.3.6 desse

trabalho.

Desse modo, duas limitações foram observadas ao longo das projeções das deduções

que impactam na redução da Receita Operacional Bruta da Companhia. A primeira delas é a

dificuldade em projetar o resultado de cada empreendimento em separado para, assim,

conseguir incidir as alíquotas de cada concessão na base da receita operacional de cada uma.

Conforme já foi explicado nesse trabalho, por exemplo, nem a receita de construção e nem a

receita de operação e manutenção são demonstradas por empreendimento nos resultados

auditados da Companhia.

Ademais, a outra dificuldade seria projetar as alíquotas incidentes sobre cada nova

concessão projetada entre os anos de 2019 e 2029. Isso porque as alíquotas de PIS e COFINS

não são únicas, podendo ser de 0,65% ou de 1,65% para o PIS e de 3,00% ou 7,60% para o

COFINS e não é clara essa regra nos resultados auditados pela Companhia.

Dessa forma, para projeção das deduções da Receita Operacional Bruta, foi estudado o

histórico entre os anos de 2011 e 2018 do percentual dessa linha em relação a própria receita e

o resultado encontrado foi uma média de 9% no período analisado. Feito isso, esse foi o

percentual utilizado para projeção entre os anos de 2019 e 2034. Assim, o estudo prevê que as

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103

concessões que possuem os benefícios da SUDAM/SUDENE continuam tendo esse benefício

renovado ao longo dos anos e que a proporção de concessões que possuem o benefício também

se mantenha em relação ao total de empreendimentos.

Além disso, ao assumir que a alíquota de deduções da receita se mantenha em 9% ao

ano também assume-se que a proporção de empreendimentos que possuem alíquota de 0,65%

ou 1,65% para o PIS e de 3,00% ou 7,60% para o COFINS se mantenha, mesmo diante das

novas concessões projetadas.

Tais premissas podem ser arriscadas devido a falta de previsibilidade em tais resultados,

porém, considerando que seria mais arriscado buscar projetar em separado cada uma das

concessões para, assim, incidir a alíquota correta em cada uma, preferiu-se adotar esse método.

5.4 Projeção dos Custos e Despesas

Os custos da Taesa são divididos em quatro classificações gerais, sendo elas: (i) Custos

com Pessoal; (ii) Custos com Material; (iii) Custos com Serviços de Terceiros e (iv) Outras

Despesas Operacionais, os quais estão mais bem detalhados e explicados no item 4.3.4 do

presente estudo.

Analisando o histórico dos últimos oito anos, foi possível perceber que em 2017 e 2018

o total de custos e despesas foi acima da média que vinha sendo observada, sendo que em 2017

o custo representou um total de 26% da Receita Operacional Bruta e em 2018 esse mesmo

resultado foi de 28%. Tal aumento foi explicado, principalmente, por maiores gastos na linha

de pessoal com o aumento no quadro de funcionários e por conta de reajustes de salários

firmados em acordos coletivos, além da evolução dos projetos de Miracema e Janaúba que

contribuíram para o aumento na linha de materiais.

Dessa forma, para projeção da linha de custos e despesas do Demonstrativo de

Resultado da Companhia no cenário considerando que não haverá renovação das concessões

que tenham seu período de término ainda dentro do período projetado, considerou-se que o

total dos custos e despesas serão de 30% da Receita Operacional Bruta. Esse percentual foi

adotado levando-se em consideração o fato de que, apesar de não serem renovadas as

concessões, o cenário prevê o crescimento da Companhia com a aquisição de novos

empreendimentos, o que exige que o quadro de pessoal continue crescendo, bem como os

gastos com material durante os períodos de construção, os quais foram os que mais

representaram custos nos últimos anos.

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104

Gráfico 16: Projeção de Custos e Despesas (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

Para a projeção dos custos com Depreciação e Amortização, apesar da empresa

disponibilizar dados a respeito dos percentuais utilizados para contabilização da depreciação e

da amortização por classes de ativos, conforme descrito no item 4.3.5 desse estudo, não foi

possível encontrar maiores informações a respeito dos ativos que a empresa detém atualmente

por concessão ou de forma geral. Com isso, assumiu-se que a depreciação e a amortização

podem ser calculadas com base na taxa histórica sobre o imobilizado e intangível. Analisando

essa taxa nos últimos oito anos chegou-se ao percentual médio de 7,00%.

Tabela 22: Taxa Média de Depreciação e Amortização dos últimos oito anos

Fonte: Elaboração Própria

Nessa perspectiva, para projeção do crescimento dos investimentos em ativos

imobilizados e intangíveis também foi usada uma projeção com base no histórico observado

em relação a Receita Operacional Bruta (ROB) dos últimos anos, já que, nesse caso, o aumento

da receita é um bom indicador da quantidade de ativos que a Companhia tende a possuir,

considerando que o aumento da receita projetado está diretamente ligado à aquisição de novas

concessões, o que aumenta a necessidade de máquinas e equipamentos, principalmente.

A média observada dessa proporção entre os anos de 2011 e 2015 foi de 2,16% da

Receita Operacional Bruta, contudo em 2016 esse valor subiu para 3,02%, foi para 4,86% em

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2017 e por fim chegou ao percentual de 4,92% no ano de 2018. Como não foram encontradas

explicações para o aumento observado nos últimos três anos, preferiu-se assumir um percentual

estável de 4,80% em relação a Receita Operacional Bruta para os próximos quinze anos, mais

próximo ao realizado nos últimos dois anos devido ao crescimento projetado na aquisição de

novas concessões. O resultado encontrado é dado conforme gráficos 17 e 18.

Gráfico 17: Projeção das variações da linha de Investimentos (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

Gráfico 18: Projeção dos Custos de Depreciação e Amortização (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

Nesse sentido, a projeção da Depreciação e Amortização considera que essa linha de

despesa terá um crescimento de 4,8% no resultado da Companhia nos próximos quinze anos,

ou seja, crescimento menor do que o observado nos últimos sete anos (23%), assim como

ocorreu na projeção da Receita Bruta, visto que o estudo considera a premissa de que a

economia brasileira ainda não está estabilizada e vem crescendo a um ritmo mais lento do que

o esperado.

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106

5.5 Projeção das Receitas Financeiras

Conforme explicado no item 4.3.7, as Receitas Financeiras são receitas geradas, na sua

essência, de um superávit temporário de caixa provocado pelo desequilíbrio entre as entradas

e as saídas de eventos ligados à operação. Dessa forma, esse caixa temporariamente ocioso é

aplicado no mercado financeiro, até o momento da sua saída para o pagamento de um serviço

da dívida, de um dividendo, entre outros. Com isso, as receitas financeiras são relacionadas aos

fluxos da empresa de caráter monetário, constituindo-se de juros recebidos e dos rendimentos

das aplicações financeiras e, portanto, a gestão do dinheiro em caixa é importante para a

geração das receitas financeiras.

Em relação ao grupo TAESA, a Holding e suas Controladas aplicam parte de seus

recursos financeiros em Títulos e Valor Mobiliários que são, em sua maioria, ações, debêntures

ou quotas de fundos de investimento.

Assim, analisando o histórico dos últimos quatro anos, a taxa média de rentabilidade

para as aplicações financeiras foi de 102,11% do CDI na Controladora ao final do ano de 2015,

de 103,25% do CDI em 2016, de 103,12% do CDI ao final de 2017 e de 104,73% do CDI em

2018 em relação ao Caixa e Equivalentes disponíveis pela Companhia.

Dessa forma, para a projeção das Receitas Financeiras nos próximos quinze anos,

considerou-se que elas irão crescer a uma taxa de 2,5%, mantendo o histórico observado nos

últimos cinco anos, conforme gráfico demonstrado no gráfico 19. Desconsiderou-se o resultado

dos anos de 2012 e 2013 na projeção porque ambos os anos estão considerando os recursos do

IPO detidos temporariamente em caixa.

Gráfico 19: Projeção das Receitas Financeiras (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

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107

Com isso, analisando a variação do saldo de Títulos e Valores Imobiliários resultante

da diferença entre o que foi investido ano a ano e as receitas financeiras geradas a partir desses

investimentos, é possível chegar a algumas conclusões. Assim, por exemplo, conforme é

possível observar no gráfico 20, nos anos de 2022 e 2023 há uma pequena queda na variação

dessa linha, resultante do menor caixa operacional disponível devido à queda de 50% da

Receita Anual Permitida de algumas concessões.

Enquanto isso, a partir do ano de 2031, os investimentos em Títulos e Valores

Imobiliários têm uma queda acentuada devido a perda da receita das grandes concessões da

Novatrans, TSN e ETEO, as quais tiveram seu prazo de concessão finalizado nesse ano. Desse

modo, apesar da geração de caixa ter sido positiva, permitindo a continuidade dos

investimentos e ganhos auferidos por meio deles, precisou-se reduzir o nível de aplicações

devido a menor receita.

Gráfico 20: Variação do Saldo de Títulos e Valores Mobiliários (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

5.6 Projeção das Despesas Financeiras

Enquanto as receitas financeiras são os ganhos de caráter monetário, constituindo-se,

principalmente, de juros recebidos e do rendimento das aplicações financeiras, as despesas

financeiras são as despesas provenientes da contratação de financiamentos bancários ou

operações semelhantes, sendo os principais gastos com a amortização desses financiamentos e

o pagamento dos juros a eles relacionados.

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108

Em relação ao Grupo Taesa, existem três formas principais de financiamento atualmente

realizadas pela empresa, sendo elas, em ordem decrescente, (i) a emissão de Debêntures, (ii)

por meio de Empréstimos e Financiamento junto a bancos ou instituições financeiras e (iii) a

aquisição de instrumentos financeiros derivativos.

Dessa forma, como os diferentes financiamentos apresentam diferentes prazos de

captação, carência e pagamentos e considerando a complexidade de se projetar o fluxo de cada

um deles até o final de suas dívidas, bem como a necessidade de se realizar novos

financiamentos, com diferentes prazos de captação, carência e pagamento, foi adotado no

modelo desenvolvido a premissa de manutenção do nível de despesas financeiras que veio

sendo realizado nos últimos anos com base no resultado operacional apresentado antes do

resultado financeiro.

Essa premissa foi adotada considerando que a empresa mantenha um nível de

investimento em novas concessões próximo ao que é realizado atualmente, bem como

mantenha sua estrutura de custos. Assim, um nível de financiamento em linha com o que é

necessário hoje seria capaz de manter o crescimento da Companhia e, portanto, assumiu-se que

a proporção Dívida Líquida / Patrimônio Líquida continue sendo de 35% / 65% e o percentual

da Dívida Líquida / EBITDA mantenha a média de 1,70 observada no último ano considerando

o baixo caixa acumulado da empresa, mas diminui ao longo dos anos projetados, quando as

concessões atualmente em construção começam a entrar no período de operação comercial e,

assim, a geração de caixa para pagamento de dívidas aumenta.

Gráfico 21: Patrimônio Líquido x Dívida Líquida (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

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109

5.7 Projeção da Equivalência Patrimonial

Para os princípios contábeis, a riqueza real de uma empresa é avaliada pelo montante

do seu Patrimônio Líquido. Assim, quando uma empresa detém um percentual do capital de

outra empresa, é correto dizer que ela detém, por direito, esse mesmo percentual do patrimônio

líquido dessa empresa. Tal avaliação é feita por meio do método da Equivalência Patrimonial

que surgiu com o Decreto 1598/77 em atendimento à Lei das Sociedades Anônimas (Lei

6.404/76). Segundo esse decreto, as Sociedades Anônimas devem avaliar em seus balanços o

investimento feito em controladas ou coligadas pelo valor do Patrimônio Líquido. Portanto,

por meio desse método se atualiza o valor contábil do investimento ao valor equivalente à

participação societária da investidora no patrimônio líquido da sociedade investida e no

reconhecimento dos seus efeitos na Demonstração de Resultado.

Atualmente, o Grupo Taesa possui cerca de R$ 2.574.000 Mil em termos de Receita

Anual Permitida, Ciclo 2018/2019, considerando as concessões em operação e aquelas que

estão em fase de construção. Desse total, 70% é referente às concessões que compõem a

Holding e as controladas 100% e os demais 30% são referentes às empresas controladas em

conjunto e coligadas.

Nesse sentido, para projeção da equivalência patrimonial das controladas em conjunto

e das coligadas em relação aos resultados dos próximos anos, estimou-se que a equivalência

patrimonial mantenha o percentual de 15% da Receita Operacional Bruta, conforme histórico

dos anos mais recentes, considerando a aquisição das principais concessões, e com crescimento

apenas sendo refletido pela inflação, ou seja, em nosso modelo não está sendo projetado a

aquisição de novas concessões controladas em conjunto ou coligadas.

Tal premissa foi assumida porque dos 30% da RAP que são referentes às empresas

controladas em conjunto e coligadas, a maior parte das concessões são transferências para a

Taesa das ações detidas pelo CEMIG e CEMIG GT em concessionárias de transmissão de

energia elétrica autorizada pela ANEEL que em conjunto são conhecidas como TBE -

Transmissoras Brasileiras de Energia S.A.. Assim, apenas 10% da RAP são de empresas

controladas em conjunto e que foram incorporadas na Estrutura Societária da Companhia em

momentos distintos, dificultando o entendimento da estratégia perseguida pela empresa em

relação a essas aquisições e, consequentemente, na projeção de um fluxo de novas aquisições.

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Gráfico 22: Projeção da Equivalência Patrimonial (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

5.8 Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio

Conforme explicado no item 4.3.9 do presente estudo, o estatuto social da Companhia

prevê o pagamento de dividendo anual mínimo obrigatório de 50%, calculado sobre o lucro

líquido do exercício nos termos da Lei nº 6.404/76. Contudo, o histórico de pagamento de

dividendos e juros sobre o capital próprio da Taesa é de um payout de 95% do seu lucro líquido.

Dessa forma, para a projeção de pagamento dos Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio

manteve-se a média dos últimos anos de 95% de payout do lucro líquido até o ano de 2031,

quando o percentual projetado passou a ser de 90% de payout devido a diminuição do caixa

com o término do período de concessão da Novatrans, TSN e ETEO. Tais resultados são

demonstrados no gráfico 23.

Gráfico 23: Projeção de Payout (R$ MM) 2019 - 2034

Fonte: Elaboração Própria

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111

5.9 Modelo de Valoração e Resultados

O modelo de valoração foi desenvolvido por meio do programa Microsoft Office Excel,

utilizando o método do Fluxo de Caixa Descontado do Acionista e com as estimativas de

crescimento com base nas premissas estabelecidas nos tópicos anteriores. O período projetado

foi de 2019 até 2034, onde, a partir dessa data, estimou-se um crescimento perpétuo.

Entretanto, para o cálculo do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do

Acionista é preciso definir primeiro alguns parâmetros, sendo eles, (i) o beta alavancado, (ii) a

taxa atual livre de risco e (iii) o retorno esperado com base no índice de mercado para que seja

possível calcular a taxa de desconto do projeto, ou melhor, o custo de capital próprio por meio

do modelo CAPM e (iv) o valor residual.

Nesse sentido, para estimativa do beta alavancado da Companhia estudada, que

representa o coeficiente de correlação entre os retornos da ação da Taesa e o índice Ibovespa,

utilizou-se as estimativas de Damodaran divulgadas pelo site da Universidade de Nova York

(New York University - NYU) no dia 05 de Janeiro de 2019 para o setor de energia, sendo esse

valor de 0,44. Isso significa que as ações da Taesa são menos arriscadas que a carteira média

do mercado, exigindo, com isso, um prêmio de risco mais baixo. Tal fato decorre,

principalmente, pelo fato das receitas das empresas de transmissão de energia serem

determinadas no início de cada projeto e sofrerem reajustes pela inflação.

Enquanto isso, a taxa atual livre de risco é especialmente complexa de ser determinada

no caso do Brasil devido a maior fragilidade da nossa economia com relação à americana, isto

é, a volatilidade da taxa básica de juros determinada pelo Banco Central do Brasil é maior do

que a dos norte-americanos. Por exemplo, em 1997, nossa taxa básica de juros era de cerca de

42,0% ao ano, hoje ela está em torno de 6,5% ao ano, ainda sendo considerada elevada. Com

isso, a taxa SELIC não costuma ser uma referência adequada para a taxa de juros livre de risco.

Dessa forma, na necessidade de uma referência de mercado, o Banco Nacional do

Desenvolvimento instituiu pela Medida Provisória nº 684, de 31/10/1994, uma taxa específica

para indexar os seus contratos de financiamento, denominada de Taxa de Juros de Longo Prazo

(TJLP) que foi substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP) em 2018. Muitas vezes essa taxa

costuma ser usada como a taxa livre de risco. Contudo, uma outra maneira também de

determinar a taxa livre de risco no Brasil é adicionar um “Risco Brasil” à taxa de risco do

mercado americano.

No presente estudo, escolheu-se o primeiro método para determinação da taxa livre de

risco, sendo esse valor, portanto, de 6,26% ao ano, conforme valor divulgado da TLP pelo

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112

Banco Nacional de Desenvolvimento no dia 02 de junho de 2019. Para estimativa do retorno

esperado com base no índice de mercado foi utilizada a taxa pré negociada em 31/05/2019 para

5.400 dias, ou seja, o período de projeção de 15 anos, calculada pela Bolsa de Valores de São

Paulo, obtendo-se o valor de 8,72% ao ano. Por meio dessas variáveis e utilizando a equação

9, foi encontrado um custo de capital próprio de 7,34% ao ano.

Figura 11: Premissas Utilizadas para cálculo do Custo do Capital Próprio

Fonte: Elaboração Própria

Por fim, para cálculo do valor residual de um projeto existem dois métodos mais

comuns, sendo eles, o valor de liquidação dos ativos e o método da perpetuidade. Nesse sentido,

o método do valor de liquidação dos ativos consiste em determinar uma estimativa do valor

pelo qual os ativos do projeto poderiam ser vendidos ao final do período de análise e,

normalmente, esse valor difere do valor contábil dos ativos, porque deve-se levar em conta o

valor comercial de venda. Esse procedimento é muito utilizado para projetos nos quais o

horizonte de análise do fluxo de caixa coincide com a vida útil estimada para os ativos

operacionais e, assim, sua vida útil é finita. Todavia, a maior parte das empresas têm, a priori,

uma vida útil indeterminada. Nesse caso, a melhor estimativa para o cálculo do valor residual

torna-se então o método pelo valor da perpetuidade do fluxo de caixa.

Esse método, por sua vez, considera que o fluxo de caixa do projeto analisado estende-

se infinitamente e assume-se a repetição de “N” ciclos de investimento para garantir a

sobrevivência do projeto. Para cálculo do valor residual pelo método da perpetuidade do fluxo

de caixa, pode-se usar o modelo de crescimento de Gordon para empresas maduras que estejam

crescendo a taxas compatíveis com o crescimento de longo prazo da economia. A equação do

modelo de Gordon é dada por:

Vop = FCt / (ke - g) (Equação 18)

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113

Onde:

Vop = Valor Presente da Perpetuidade

FCt = Fluxo de Caixa do projeto no ano em que termina a projeção

ke = Custo de Capital Próprio

g = Taxa de Crescimento Perpétua

Nesse contexto, tendo sido feitas todas as considerações descritas acima no modelo do

Fluxo de Caixa Descontado do Acionista para encontrar o valor presente líquido do Grupo

Taesa e dividindo-se esse valor encontrado pela quantidade de ações atualmente disponíveis da

empresa, chegou-se ao valor de R$ 24,05 para o valor justo de suas ações. Com isso, para

efeitos comparativos, no dia 07 de junho de 2019, as ações da Companhia estavam sendo

negociadas a R$ 27,23.

Alguns motivos pelo quais o valor encontrado no presente estudo ter sido inferior ao

valor a qual a ação está sendo negociada pode ser explicado porque apesar de historicamente o

Grupo Taesa ter se mostrado ativo nos leilões de transmissão e mostrar boa disciplina de

alocação de capital, existem grandes concorrentes no mercado que podem dificultar o

crescimento intensivo da empresa no futuro. Além disso, a estrutura criada pela ANEEL, a qual

requer capex intensivo tende a forçar as empresas a serem mais cautelosas em seus

investimentos, pois dada a natureza de regulamentação dos setores de energia elétrica, elas

estão sujeitas a interferências políticas e/ou legais que podem ser implementadas pelos

governos federais ou estaduais e que afetem negativamente o fluxo de caixa dessas empresas,

como foi o caso de redução de 50% da RAP nos Contratos de Concessão entre 1999 e

Novembro de 2016. Com isso, projetou-se um crescimento mais tímido devido aos momentos

de incertezas políticas e econômicas pelas quais o país vem passando.

Ademais, como as empresas de transmissão de energia possuem receitas fixas que estão

protegidas da inflação, elas conseguem projetar melhor suas estratégias e pagar bons

dividendos. Tal fato motiva os investidores a avaliarem positivamente a empresa, o que

contribui para o valor de suas ações. Contudo, se observamos o histórico nos últimos oito anos

da Companhia, apesar da sua geração de resultado ter sido crescente, o seu caixa foi consumido

intensivamente, saindo de um valor de R$ 495.406 Mil em 2011 para o valor de R$ 20.869 Mil

ao final de 2018, apesar do lucro líquido gerado nesse ano ter sido de R$ 1.071.305 Mil,

fazendo com os primeiros anos de projeção tivessem um resultado inferior ao esperado e

influenciando, assim, no resultado encontrado do valor justo das ações.

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114

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO

Ao longo do presente trabalho, buscou-se apresentar da forma mais completa possível

todo o contexto mercadológico no qual se encontra o Grupo Taesa, além de ter sido feita uma

análise específica sobre a empresa em si, sua história, estratégia de operação e governança

corporativa. Tais pontos são talvez os mais importantes, já que formam a base de entendimento

sobre os quais as premissas serão construídas. Além disso, o trabalho também discutiu as bases

teóricas envolvendo o tema de valoração de empresas.

Nesse sentido, a revisão bibliográfica realizada identificou diversas aplicações para as

técnicas de avaliação econômico-financeira de uma empresa. Nem todos os autores que se

dedicam a estudar o tema são unânimes em definir o termo avaliação de empresas como um

conjunto de ferramentas para determinar o valor justo de negociação de uma empresa. Assim,

alguns indicadores apontados na literatura como método de avaliação de empresas não se

prestam a esse fim, mas sim o de proporcionar uma avaliação comparada de desempenho de

resultados financeiros. Portanto, indicadores como o Lucro por Ação (LPA), Retorno sobre o

Patrimônio Líquido (ROE) e Valor de Mercado Adicionado (MVA) devem ser utilizados

apenas como referência ou parâmetro para outras técnicas mais específicas de valoração de

empresas.

Desse modo, considerando as técnicas de avaliação mais difundidas e que realmente se

prestam a valorar uma empresa, tais como o método de Avaliação de Ações e Dívidas, o método

do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado e o método de Avaliação pela Teoria de

Opções Reais, foi possível realizar um estudo de caso de valoração de empresas, aplicando o

método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do Acionista para o Grupo Taesa,

uma das empresas líderes no Brasil no segmentos de transmissão de energia elétrica.

Contudo, nesse ponto é importante lembrar que o modelo de valoração apresenta

algumas limitações e deficiências, tanto devido a questões inerentes ao método do Fluxo de

Caixa Descontado, quanto a decisões de modelagem e incertezas em torno de diversas

variáveis. Com isso, embora o modelo do Fluxo de Caixa Descontado seja a técnica de

avaliação de empresas mais amplamente adotada para o cálculo do valor econômico de uma

empresa, os resultados obtidos por esse modelo não podem ser considerados como um valor

final e inquestionável.

Tal fato ocorre porque o modelo gera um resultado baseado em premissas construídas

em um ambiente complexo em que o valor de diversas variáveis pode oscilar de forma

considerável e envolve grandes incertezas. Além disso, as variáveis, muitas vezes, interagem e

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são afetadas por pontos não observados ou considerados. Cabe comentar também que algumas

dessas variáveis não estão sequer sob controle da própria Companhia analisada, como é o caso

da abertura de novos leilões. Desse modo, embora todo o processo de análise da empresa e do

mercado do qual ela faz parte busque melhorar a compreensão e aumentar a precisão das

estimativas, os resultados quantitativos nada mais são do que a expressão de opiniões do

analista baseadas em seus estudos.

No caso do Grupo Taesa, vale destacar que existem grandes incertezas em torno de

ações governamentais que possuem grande poder de influência sobre o setor. Dessa forma,

dada a significativa estabilidade operacional, a menor relevância dos custos operacionais

dentro da estrutura geral de custos da empresa e a configuração de prazos específicos de

concessão que determinam com grande precisão o horizonte de resultados, identificou-se como

principais condicionantes do valor da empresa os parâmetros de preço dos contratos e a

estrutura de financiamentos para determinação do valor de negociação de empresas desse setor.

Além disso, o custo de capital utilizado nos modelos é outro ponto crítico. Isso porque

o custo de capital próprio foi calculado com base no método CAPM, que apesar de ser uma das

teorias mais aceitas academicamente, possui aplicação restrita para os países em

desenvolvimento, em especial aquelas com altas taxas de juros como o Brasil que possui hoje

uma taxa SELIC de 6,5% ao ano, o que aumenta o custo de oportunidade e faz com que o custo

de capital empregado no modelo seja realmente elevado.

Por fim, um ponto fundamental na valoração de empresas e determinação de qualquer

recomendação de compra ou venda envolve a posição competitiva da empresa analisada em

relação aos seus concorrentes. Assim, no caso do Grupo Taesa, a análise da empresa e do

mercado permitem observar que a empresa tem uma trajetória de liderança e vantagens

competitivas sólidas que se ilustram tanto em margens e retornos favoráveis como em escala e

presença nacional.

Dessa forma, levando-se em conta os principais fatores de risco aqui observados e com

o intuito de entender como o preço das ações do Grupo Taesa seria afetado caso o preço dos

contratos das próximas concessões obtidas não fosse conforme o projetado e caso o custo de

capital variasse em relação ao projetado, foram realizadas duas análises de sensibilidade.

A primeira dessas análises de sensibilidade feita foi considerando o preço dos contratos

das próximas concessões obtidas. Ou seja, espera-se que nos próximos anos a empresa estudada

mantenha seu bom desempenho e capacidade de planejamento porque atualmente a mesma é

uma das líderes do seu setor e, como a RAP é uma receita fixa e protegida da inflação, ela tende

a manter os ganhos gerados com as concessões atuais. Contudo, a ideia da primeira análise de

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sensibilidade é testar o caso em que a Taesa não consiga manter o alto nível de concessões em

sua estrutura social em termos de Receita Anual Permitida.

Nesse sentido, no modelo foi considerado que seria adquirida em 2026 uma nova

concessão com RAP projetada de R$ 300.000 Mil que, com um período médio de construção

de cinco anos, estaria em operação comercial em 2031, compensando a perda das receitas das

concessões da Novatrans e TSN - principais do Grupo em termos de RAP - com o fim do

período do contrato de concessão dessas. Assim, na primeira análise de sensibilidade feita

considerou-se que essa receita da nova concessão não mais seria de R$ 300.000 Mil, mas

manteria a média dos demais anos e seria de R$ 90.000 Mil.

Ao projetar essa nova premissa é possível chegar no valor de R$ 23,44 para o preço

justo das ações, ou seja, cerca de R$ 0,60 abaixo do que o encontrado anteriormente. Tal

diferença pode não ser considerada relevante para certos investidores, porém é preciso lembrar

que essa nova concessão projetada só começa a afetar o fluxo de recebimento projetado a partir

do ano de 2031, quando a mesma entra em operação comercial e sua receita é auferida.

Como o valor presente dos fluxos de caixa torna-se menos relevante nas parcelas

projetadas nos anos finais do modelo, visto que o custo de capital é elevado ao número de

períodos considerados e, assim, o divisor da equação é maior conforme o passar dos anos, a

diferença dessa premissa no modelo atual pode ser considerada com baixo impacto para

determinados investidores. Contudo, se formos pensar no longo prazo de sobrevivência dessa

empresa, essa redução pode afetar a sua posição competitiva frente aos seus concorrentes. Isto

é, apesar do impacto da perda das grandes concessões atualmente não ser relativamente

relevante, para os investidores que pensam no longo prazo da empresa, para além do ano de

2030, se a Taesa não mantiver seu nível de investimento em novas concessões, ela pode vir a

perder espaço no setor e perder valor de mercado.

A segunda análise de sensibilidade foi realizada variando o custo de capital e, assim,

chegando-se aos valores de preço da ação. Conforme pode ser visto no gráfico 24, onde foi

relacionado essas duas variáveis, o valor mais próximo para o preço das ações cotados nos dias

de hoje (R$ 27,23) é encontrado quando assumimos uma taxa de 6,50% para o custo de capital

próprio, que corresponde a um valor próximo da taxa atual livre de risco (6,26%), aqui

assumida como a taxa de juros de longo prazo do Banco Nacional do Desenvolvimento

(BNDES), ou seja, o prêmio de risco do mercado para o acionista seria praticamente zero, já

que ele teria um retorno muito próximo ao que teria se investisse em uma ação sem risco.

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117

Gráfico 24: Relação entre o preço da ação (R$) e o Custo do Capital Próprio (%)

Fonte: Elaboração Própria

Com isso, tendo sido feitas as considerações acima, como sugestões para trabalhos

futuros, sugere-se que sejam feitas novas projeções, considerando um período de análise

diferente do aqui proposto. Ou seja, até o ano de 2030, é muito provável que a empresa

mantenha o bom desempenho que vem apresentando já que o mercado de transmissão de

energia elétrica tem estabilidade quanto às receitas a serem recebidas e é protegido da inflação.

Contudo, o grande desafio do Grupo Taesa será manter a competitividade e posição de

liderança depois que as principais concessões tiverem seus prazos de término alcançados. Em

nosso modelo, apesar dessa premissa ter sido levada em conta, a análise da sua proporção no

resultado ficou prejudicada em virtude do espaço de tempo até o ano de 2030 ainda ser

relativamente longo, o que influencia menos no preço justo da ação hoje. Nesse contexto,

acredita-se que considerando um período iniciando-se no ano de 2030 e projetando novas

concessões, tais premissas estratégicas sejam mais bem observadas e analisadas.

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ANEXOS

Tabela 23: Concessões pertencentes a TAESA - ref. 2018

Fonte: Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

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Tabela 24: Balanço Patrimonial da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

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Tabela 25: Demonstrativo de Resultado da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

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Tabela 26: Demonstrativo de Fluxo de Caixa Indireto da Taesa 2011 - 2018 - ref. 2019

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados da Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

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Tabela 27: Detalhamento da Dívida Bruta 4T2018 - ref. 2019

Fonte: Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. - TAESA

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Tabela 28: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2019 e 2024

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Relatório Focus do BCB

Tabela 29: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2025 e 2030

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Relatório Focus do BCB

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Tabela 30: Projeção da Inflação Acumulada entre os anos de 2031 e 2034

Fonte: Elaboração Própria baseado em dados do Relatório Focus do BCB

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Tabela 31: Projeção do Balanço Patrimonial entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

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131

Tabela 32: Projeção do Balanço Patrimonial entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Page 132: DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029271.pdf · 2019-09-05 · iv Projeto de Graduação Lion, Marianna Cruz Determinação

132

Tabela 33: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

Page 133: DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029271.pdf · 2019-09-05 · iv Projeto de Graduação Lion, Marianna Cruz Determinação

133

Tabela 34: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Page 134: DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029271.pdf · 2019-09-05 · iv Projeto de Graduação Lion, Marianna Cruz Determinação

134

Tabela 35: Projeção do Fluxo de Caixa Indireto entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

Page 135: DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029271.pdf · 2019-09-05 · iv Projeto de Graduação Lion, Marianna Cruz Determinação

135

Tabela 36: Projeção do Fluxo de Caixa Indireto entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 37: Valuation pelo método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do Acionista

Fonte: Elaboração Própria

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136

Tabela 38: Índices Financeiros entre os anos de 2019 e 2026

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 39: Índices Financeiros entre os anos de 2027 e 2034

Fonte: Elaboração Própria

Page 137: DETERMINAÇÃO DO VALOR DE EMPRESAS DO SETOR DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029271.pdf · 2019-09-05 · iv Projeto de Graduação Lion, Marianna Cruz Determinação

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Tabela 40: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2019 e 2026 com análise de sensibilidade

da Receita Anual Permitida

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 41: Projeção do Demonstrativo de Resultado entre os anos de 2027 e 2034 com análise de sensibilidade

da Receita Anual Permitida

Fonte: Elaboração Própria

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139

Tabela 42: Projeção do Fluxo de Caixa entre os anos de 2019 e 2026 com análise de sensibilidade da Receita

Anual Permitida

Fonte: Elaboração Própria

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Tabela 43: Projeção do Fluxo de Caixa entre os anos de 2027 e 2034 com análise de sensibilidade da Receita

Anual Permitida

Fonte: Elaboração Própria

Tabela 44: Valuation pelo método do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontado do Acionista com análise

de sensibilidade da Receita Anual Permitida

Fonte: Elaboração Própria