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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA FÍSICA, QUÍMICA E
GEOLÓGICA
ANGELO TEIXEIRA LEMOS
DETERMINAÇÃO DA ZONA DE EXCLUSÃO PARA AS ATIVIDADES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D) DE PETRÓLEO NA REGIÃO DO BANCO DE ABROLHOS E
ADJACÊNCIAS
Orientador: Prof. Dr. Ivan Dias Soares
Rio Grande, Fevereiro de 2009
Dissertação apresentada à Comissão de Pós-Graduação
do Curso de Oceanografia Física, Química e Geológica - FURG, para obtenção do grau
de Mestre.
1
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo realizar modelagens de diferentes cenários de
derramamentos de óleo em blocos de petróleo (BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e
ES-M-418) e em outros três cenários teóricos aonde não há blocos (CT-1, CT-2 e
CT-3) em áreas adjacentes ao Banco de Abrolhos, a fim de se determinar uma zona
de exclusão para as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento de petróleo na
região. Foram realizadas simulações de 30 dias de derramamento de óleo de grau
API (American Petroleum Institute) leve e intermediário, utilizando como ferramenta
o modelo OSCAR, sendo alimentado com dados hidrodinâmicos simulados pelo
modelo POM e dados de vento sinótico simulados pelo modelo ETA, o qual foi
alimentado com dados de reanálise do NCEP. Os períodos abordados foram o
inverno e o verão do ano de 1989 e os resultados foram discutidos em termos das
variações de intensidade e direção do espalhamento causado pelo vento sinótico de
cada estação, assim como pelos processos de meso-escala e pela maré. O efeito
causado pela maré foi analisado através da comparação de simulações com e sem
maré. Apenas o bloco ES-M-418 e o CT-1 não ofereceram nenhum risco de
contaminação. Os blocos com resultados mais críticos de contaminação do óleo às
áreas de proteção são os blocos BM-CUM-1 e BM-CUM-2 da Bacia de
Cumuruxatiba nas simulações com óleo leve (BM-CUM-1 no inverno e BM-CUM-2
no verão) e intermediário (verão para ambos), onde em todos os cenários analisados
o óleo atingiu alguma área de preservação. Segundo os dados diferencias entre
verão e inverno com simulações com óleo leve e intermediário, o pior período
sazonal para ocorrência de um derramamento de óleo foi no verão com a utilização
de óleo intermediário. Concluiu-se que a maré influenciou fortemente nos resultados
probabilísticos de destino do óleo nos cenários de derramamento. Muitos fatores
mostraram influenciar nesse destino do espalhamento do óleo com a ausência dos
processos supra-inerciais, como a localização geográfica do derramamento, o tipo
do óleo utilizado nas simulações, os ventos predominantes e o comportamento da
maré na região. A ausência da maré nos dados hidrodinâmicos não permitiu
encontrar os cenários de pior caso de derramamento em simulações nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2 e J-M-259, principalmente no verão e utilização de óleo
intermediário, subestimando os cenários reais de derramamento. A zona de
exclusão englobou todos os blocos e cenários teóricos onde o óleo atingiu alguma
2
área de preservação ambiental e, portanto, se estendeu desde os limites sul da
Bacia do Jequitinhonha (aproximadamente 16oS, englobando o bloco J-M-259) até
os limites norte da Bacia do Espírito Santo (aproximadamente 19o
15’S).
3
ABSTRACT
This study presents a comparative analysis of several theoretical oil spill scenarios
occurring in the vicinity of the Abrolhos Bank, a preservation area located off the
Brazilian east coast. The main objective is to establish a zone of exclusion for oil
production activities in the region. The following petroleum blocks were considered in
the study: BM-CUM-1, BM-CUM-2, JM-259 and ES-M-418, as well as three other
theoretical blocks: CT-1 CT-2 and CT-3. The probabilistic oil spill simulations were
carried out for 30 days and considered two types of oil: low API type and
intermediate API type. The simulations were performed by the OSCAR model which
was fed by sinoptic wind data and hydrodynamic data simulated by the POM model.
Two distinct seasonal scenarios were studied: the austral winter and the austral
summer of 1989 and the results were discussed in terms of seasonal variability
caused by the winter/summer winds and differences in mesoscale instabilities. The
effect caused by tidal currents were analysed through the comparison between
simulations with and without the tides. Only the block ES-M-418 and CT-1 offers no
risk of contamination. The blocks with results more critical by oil contamination in the
areas of protection were BM-CUM-1 e BM-CUM-2 from Cumuruxatiba Basin in the
simulations with light oil (BM-CUM-1 on winter and BM-CUM-2 on summer) and
intermediate oil (summer to both), whereas in all the scenarios analyzed the oil
reached some area of preservation. The differential data between summer and winter
with simulation with light and intermediate oil showed that the worse seasonal period
to occur an oil spill was the summer with the use of intermediate oil. It was concluded
that the tide strongly influenced the probabilistic results of fate of oil in the spill
scenarios. Many factors have influenced these fate of the spreading of oil in the
absence of supra-inertial processes, such as the location of the spill, the type of oil
used in the simulations, the behavior of the prevailing winds and tides in the region.
The tide absence in the hydrodynamic data did not found the worst case scenarios of
the spill in simulations in blocks BM-CUM-1, BM-CUM-1 and J-M-259, mainly in
summer with use of intermediate oil, underestimating the real scenarios of spill. The
exclusion zone covered all blocks and theoretical scenarios where the oil have
reached some areas of environmental preservation and, so, extending itself from the
southern limits of Jequitinhonha Basin (approximately 16oS, covering the block J-M-
259) to the northern limits of the Basin of Espírito Santo (approximately 19o15'S).
4
AGRADECIMENTOS
- Certamente essa é uma das partes desse trabalho que eu estava muito ansioso em
escrever. Sem essas pessoas aqui citadas essa dissertação não teria saído.
- Meu primeiro agradecimento é a Deus. Sem Ele nada disso seria possível, e só eu e Ele
sabemos o quão foi difícil chegar até aqui. Mas valeu muito a pena.
- Meu segundo agradecimento sem dúvidas vai para minha família. Sem todos eles e a
confiança que depositam em quem eu sou no que eu posso me tornar, esse trabalho não
chegaria nem a começar.
- Meu terceiro agradecimento vai ao meu orientador Ivan Dias Soares e ao LENOC/FURG,
por ter aceitado me orientar e por toda ajuda que me ofereceu, com o máximo de paciência.
Por todo o incentivo à ciência, pelas ajudas financeiras nos cursos e viagens através da
ATLANTIS. E é claro, pelo bom humor de sempre.
- Agradeço enormemente a Isabel Machado e Gilberto Griep, pela força e incentivo moral
que me passaram assim que cheguei a Rio Grande, e a todas as experiências
compartilhadas durante as viagens e cursos.
- Agradeço ao PRH-27/ANP pelo apoio financeiro ao longo desses dois anos, sem o qual
certamente esse trabalho não certamente não seria possível.
- Gostaria de agradecer ao meu co-orientador Renato David Ghisolfi, por todos os
ensinamentos sobre o OSCAR e modelagem de derramamento de óleo, e pela
disponibilização dos novos computadores (ele sabe o desespero que fiquei para que eles
chegassem logo) durante os meses que passei em Vitória. Obrigado pela força.
- Agradeço a Mark Reed e Ben Hetland da SINTEF, por todas as conversas e apoio
científico na utilização do modelo OSCAR.
- Gostaria muito de agradecer a aos professores do Curso de Pós-graduação, certamente os
ensinamentos e experiências que obtive com os precursores da oceanografia no Brasil
ficarão guardados comigo pelo resto da vida.
- Gostaria de agradecer à SACC, pelo apoio financeiro disponibilizado para a realização do
curso sobre processos físicos no Chile, onde os ensinamentos obtidos ajudarão muito na
minha vida profissional.
- E por fim, e não menos importante, a todos os amigos que fiz aqui na universidade, e com
absoluta certeza muitas delas serão amizades para sempre, quem sabe profissionais um
dia.
5
“Conta certa lenda que estavam duas crianças patinando num lago congelado.
Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas.
De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que formou.
A outra, vendo seu amiguinho preso e congelado, tirou um dos patins
E começou a golpear o gelo com todas as suas forças,
Conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido,
Perguntaram ao menino: - Como você conseguiu fazer isso ?
É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo,
sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis !
Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como ?!
- É simples - respondeu o velho. – Não havia ninguém ao seu redor,
Para lhe dizer que não seria capaz.”
(Albert Einstein)
6
SUMÁRIO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO...............................................................................................................13
1.1 Introdução...........................................................................................................................14
1.2 Objetivos.............................................................................................................................16
1.2.1 Objetivo Geral.....................................................................................................16
1.2.2 Objetivos Específicos..........................................................................................17
1.3 Justificativa..........................................................................................................................17
1.4 Antecedentes da modelagem de derramamento de óleo...................................................18
CAPÍTULO 2: ÁREA DE ESTUDOS.....................................................................................................28
2.1 As bacias do Espírito Santo, Jequitinhonha e Cumuruxatiba.............................................29
2.2 Clima e regime de ventos...................................................................................................30
2.3 Aspectos oceanográficos....................................................................................................32
2.4 O Parque Nacional Marinho de Abrolhos...........................................................................37
2.5 Aspectos geológicos...........................................................................................................38
CAPÍTULO 3: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO PETRÓLEO.........................................44
3.1 Hidrocarbonetos de petróleo...............................................................................................45
3.2 Composição........................................................................................................................45
3.3 Propriedades físicas...........................................................................................................47
3.3.1 Massa específica, densidade e grau API............................................................47
3.3.2 Viscosidade.........................................................................................................48
3.3.3 Ponto de fluidez ou “pour point”..........................................................................49
3.3.4 Volatilidade..........................................................................................................49
3.3.5 Ponto de ignição.................................................................................................50
3.3.6 Solubilidade.........................................................................................................50
3.3.7 Tensão superficial...............................................................................................50
3.4 O comportamento do petróleo no mar................................................................................51
3.4.1 Processos intempéricos......................................................................................51
3.4.1.1 Espalhamento......................................................................................52
3.4.1.2 Evaporação.........................................................................................55
7
3.4.1.3 Dissolução...........................................................................................55
3.4.1.4 Dispersão natural................................................................................56
3.4.1.5 Emulsificação......................................................................................56
3.4.1.6 Sedimentação......................................................................................59
3.4.1.7 Foto-oxidação......................................................................................60
3.4.1.8 Biodegradação....................................................................................61
CAPÍTULO 4: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, O MODELO HIDRODINÂMICO POM E O MODELO DE
DERRAMAMENTO DE ÓLEO OSCAR................................................................................................62
4.1 Os aspectos da legislação ambiental industrial..................................................................63
4.2 A legislação ambiental da indústria do petróleo.................................................................63
4.3 A legislação ambiental voltada ao derramamento de petróleo...........................................65
4.4 O modelo hidrodinâmico POM (Princeton Ocean Model)...................................................68
4.5 A Modelagem numérica de derramamentos de óleo..........................................................69
4.6 O modelo de derramamento de óleo OSCAR (Oil Spill Contingency and
Response.............................................................................................................................70
CAPÍTULO 5: METODOLOGIA............................................................................................................74
5.1 Fluxograma de etapas metodológico..................................................................................75
5.2 A implementação do modelo POM na área de estudos.....................................................76
5.3 A importação de dados no modelo OSCAR.......................................................................77
5.4 Os parâmetros ambientais das simulações do OSCAR.....................................................80
5.5 As estratégias de modelagem............................................................................................81
CAPÍTULO 6: RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................88
6.1 Interpolações e padrões hidrodinâmico de verão e inverno............................................................90
6.2 Blocos licenciados pela ANP e Cenários Teóricos..........................................................................99
6.2.1 Período sazonal de verão................................................................................................99
6.2.1.1 Presença de processos supra-inerciais...........................................................99
6.2.1.1.1 Simulações com óleo leve................................................................99
6.2.1.1.2 Simulações com óleo intermediário...............................................101
6.2.1.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo
leve e intermediário.......................................................................106
8
6.2.1.2 Ausência de processos supra-inerciais..........................................................109
6.2.1.2.1 Simulações com óleo leve..............................................................109
6.2.1.2.2 Simulações com óleo intermediário...............................................110
6.2.1.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo
leve e intermediário....................................................................... 114
6.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com presença e
ausência de processos supra-inerciais.........................................................116
6.2.1.3.1 Simulações com óleo leve..............................................................116
6.2.1.3.2 Simulações com óleo intermediário...............................................119
6.2.2 Período sazonal de inverno...........................................................................................121
6.2.2.1 Presença de processos supra-inerciais.........................................................121
6.2.2.1.1 Simulações com óleo leve..............................................................121
6.2.2.1.2 Simulações com óleo intermediário...............................................123
6.2.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo
leve e intermediário........................................................................128
6.2.2.2 Ausência de processos supra-inerciais..........................................................130
6.2.2.2.1 Simulações com óleo leve..............................................................130
6.2.2.2.2 Simulações com óleo intermediário...............................................132
6.2.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo
leve e intermediário.........................................................................135
6.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com presença e
ausência de processos supra-inerciais..........................................................137
6.2.2.3.1 Simulações com óleo leve..............................................................137
6.2.2.3.2 Simulações com óleo intermediário...............................................139
6.3 Análise comparativa entre simulações de verão e inverno...........................................................141
6.3.1 Simulações com óleo leve.............................................................................................142
6.3.2 Simulações com óleo intermediário...............................................................................145
6.4 A Zona de Exclusão.......................................................................................................................148
CAPÍTULO 7: CONCLUSÃO..............................................................................................................153
CAPÍTULO 8: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................158
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Bacias do Espírito Santo, Cumuruxatiba e Jequitinhonha................................................29
Figura 2.2 - Representação do Giro Subtropical do Atlântico Sul........................................................33
Figura 2.3 - Campo de velocidade sinótico a 10m de profundidade na região de estudos..................35
Figura 2.4 - Região do Banco de Abrolhos...........................................................................................37
Figura 2.5 - Feições geológicas da área de estudo..............................................................................39
Figura 2.6 - Detalhamento do Arquipélago de Abrolhos.......................................................................40
Figura 2.7a - Imagem LANDSAT TM de inverno do Arquipélago de Abrolhos.....................................42
Figura 2.7b - Imagem LANDSAT TM de verão do Arquipélago de Abrolhos.......................................43
Figura 3.1 - Representação esquemática do comportamento do óleo.................................................53
Figura 3.2 - Formação de emulsão água-óleo......................................................................................57
Figura 3.3 - Emulsão água-óleo semelhante a um “mousse de chocolate”..........................................57
Figura 3.4 - Microfotografia epi-fluorescente de aglomerados de óleo com minerais..........................60
Figura 4.1 - Fluxograma de processamento do modelo de dispersão de óleo OSCAR.......................73
Figura 5.1 - Fluxograma das etapas metodológicas.............................................................................75
Figura 5.2 - Batimetria da grade curvilinear simulada pelo modelo POM.............................................76
Figura 5.3 - Grade numérica utilizada no modelo OSCAR para a realização das simulações.............78
Figura 5.4 - Diagrama representativo dos níveis de profundidade utilizados no modelo OSCAR.......79
Figura 5.5 - Localização dos pontos de simulação de derramamento de óleo....................................83
Figura 5.6 - Composição padrão dos óleo Aquila e Belayim importados do OSCAR..........................84
Figura 5.7 - Diagrama dos cenários de simulação de derramamento na área de estudos..................87
Figura 6.1 - Padrão de circulação superficial de verão na área de estudos.........................................91
Figura 6.2 - Padrão de circulação superficial de inverno na área de estudos......................................92
Figura 6.3 - Padrão de circulação em 20 metros de profundidade na área de estudos.......................93
Figura 6.4 - Padrão de circulação superficial filtrado de verão na área de estudos.............................94
Figura 6.5 - Padrão de circulação superficial filtrado de inverno na área de estudos..........................95
Figura 6.6 - Padrão de circulação atmosférica superficial de verão na área de estudos.....................97
Figura 6.7 - Padrão de circulação atmosférica superficial de inverno na área de estudos..................98
10
Figura 6.8 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Figura 6.9 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do
óleo em superfície nos blocos licenciados pela ANP..........................................................................104
3.dia-1
Figura 6.10 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com aplicação de filtro para remoção de
processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do
óleo em superfície nos cenários de derramamento nos cenários teóricos..........................................105
3.dia-1
Figura 6.11 - Profundidade e distribuição das componentes de velocidade u e v superficial no sistema
cartesiano para cada ponto analisado.................................................................................................118
de óleo de grau API
intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em
superfície nos cenários de derramamento nos blocos licenciados pela ANP.....................................113
Figura 6.12 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Figura 6.13 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada
do óleo superficial nos cenários de derramamento nos blocos licenciados pela ANP........................126
3.dia-1
Figura 6.14 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com aplicação de filtro para remoção de
processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada
do óleo superficial nos cenários de derramamento nos cenários teóricos..........................................127
3.dia-1
Figura 6.15 - Padrão de circulação superficial filtrado de inverno no dia 30/05/89............................137
de óleo de grau API
intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em
superfície nos cenários de derramamento nos blocos licenciados pela ANP.....................................134
Figura 6.16 - Padrão de circulação superficial de inverno nos dias 13/07/89....................................148
Figura 6.17 - Localização da área de estudos com a delimitação da zona de exclusão....................149
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Classificação dos tipos de óleo.........................................................................................48
Tabela 3.2 - Propriedades físicas dos tipos de óleo.............................................................................51
Tabela 5.1 - Localização dos pontos de simulação de derramamento de óleo....................................82
Tabela 6.1 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Tabela 6.2 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-
418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3.......................................................................................100
3.dia-1
Tabela 6.3 - Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192
m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-
259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3....................................................................102
3.dia-1
Tabela 6.4 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3............................106
3.dia-1
Tabela 6.5 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau
API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-
418.......................................................................................................................................................109
3.dia-1
Tabela 6.6 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos
filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau
API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-
M-418...................................................................................................................................................111
3.dia-1
Tabela 6.7 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro
de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de
192 m
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-
CUM-2, J-M-259 e ES-M-418..............................................................................................................114
3.dia-1
Tabela 6.8 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro
de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de
192 m
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-
CUM-2, J-M-259 e ES-M-418..............................................................................................................116
3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-
1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418...................................................................................................120
12
Tabela 6.9 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Tabela 6.10 - Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m
de óleo
de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-
M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3..................................................................................121
3.dia-1
Tabela 6.11 - Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192
m
de óleo
de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-
259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3....................................................................123
3.dia-1
Tabela 6.12 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3............................128
3.dia-1
Tabela 6.13 - Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau
API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-
418.......................................................................................................................................................130
3.dia-1
Tabela 6.14 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos
filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m
de óleo de grau
API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e
ES-M-418.............................................................................................................................................132
3.dia-1
Tabela 6.15 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de
filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento
de 192 m
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1,
BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418.......................................................................................................135
3.dia-1
Tabela 6.16 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de
filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento
de 192 m
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1,
BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418.......................................................................................................138
3.dia-1
Tabela 6.17 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas nos cenários de verão e
inverno com derramamento de 192 m
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418..........................................................................................140
3.dia-1
Tabela 6.18 - Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas nos cenários de verão e
inverno com derramamento de 192 m
de óleo de grau API leve durante 30 dias nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e cenários teóricos CT-1, CT-2 e CT-3..............................142
3.dia-1
Tabela 7.1 - Blocos licenciados pela ANP que ofereceram riscos de contaminação às áreas de
proteção ambiental..............................................................................................................................157
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias nos
blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e cenários teóricos CT-1, CT-2 e CT-3............144
13
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
1.2.2 Objetivos específicos
1.3 Justificativa
1.4 Antecedentes da modelagem de derramamento de óleo
14
1.1 Introdução
O petróleo é a principal fonte de energia do planeta, movendo uma indústria
presente em todos os setores da sociedade. O petróleo não é usado somente como
fonte de energia, existe uma ampla gama de produtos derivados do seu refino e
tratamento, utilizados por toda a sociedade em diversas atividades.
Derramamentos de petróleo no meio marinho e costeiro estão entre os impactos
sócio-ambientais mais graves e danosos existentes na atualidade. A indústria do
petróleo é a atividade que apresenta o maior risco de acidentes ambientais com
derramamentos em todas as suas etapas de atividades, desde a perfuração até a
distribuição (SILVA, 1996).
Os grandes acidentes com derramamento de óleo atraem a atenção de toda a
sociedade e da mídia, sendo classificados como acidentes crônicos, de alto impacto
sócio-ambiental e de grandes proporções, que ocorrem geralmente em acidentes
com petroleiros e plataformas de petróleo. Porém, existem os chamados
derramamentos agudos, de pequeno volume, que ocorrem corriqueiramente. Este
último tipo de derramamento também merece bastante atenção, pois geralmente
ocorre em problemas nas tubulações, nos estaleiros, e em processos de carga e
descarga do petróleo e seus derivados. Diferentes zonas contaminadas por petróleo
possuem diferentes características de cenário, dependendo das propriedades dos
poluentes, condições hidrodinâmicas, e uma variedade de características físicas,
químicas, biológicas e dos processos de interação entre eles (POURVAKHSHOURI
et al., 2005). Dentre as características mais relevantes a mais significativa é o tipo de
óleo, pois quanto mais pesado ele for mais problemático será o impacto causado por
ele, devido a sua alta viscosidade, uma característica mais pronunciada em águas
frias e durante os meses de inverno (ANSELL et al., 2001).
A questão da poluição por óleo nos oceanos, incluindo os estuários, está
relacionada a dois aspectos potencialmente opostos da atividade humana: por um
lado existe a poluição resultante de atividades empreendidas com o intuito de
atender às necessidades da sociedade - a extração, o transporte, e o uso do
petróleo como fonte de energia - e por outro há um forte anseio na preservação dos
recursos vivos marinhos (KAMPEL E AMARAL, 2001).
15
Um derrame de óleo pode gerar uma série de impactos sobre os organismos,
ecossistemas e nas atividades costeiras, prejudicando a recreatividade como banho
de praia, mergulho, pescaria, e gerando contestações por parte da população, do
comércio (hotéis, restaurantes, turismo, etc.), do governo local, de indústrias que
usam recursos do mar e outros setores da sociedade que se utilizam do ambiente
afetado (KHANNA E BARUA, 2001).
O equilíbrio sustentável entre as atividades da indústria do petróleo com os aspectos
ambientais é o principal objetivo dos pesquisadores e empresários de ambos os
lados, buscando soluções plausíveis e adequadas para uma maior exploração do
recurso, sem degradar o meio ambiente.
Nesse sentido, uma poderosa ferramenta disponível para a comunidade científica
com a finalidade de conciliar os caminhos entre exploração e preservação é a
modelagem de derramamentos de óleo. Um grande número desses modelos está
sendo usado pela comunidade científica atualmente. Esses modelos vão desde
simples determinações de trajetórias ou monitoramento de partículas, até modelos
tridimensionais de trajetórias de óleo que incluem em suas simulações ações de
resposta, processos biológicos, etc. (REED et al., 1999). A modelagem de
derramamento de óleo define a área de influência indireta da atividade de petróleo,
na qual se baseia todo o diagnóstico ambiental, bem como define cenários através
das simulações, permitindo a elaboração de estratégias necessárias ao atendimento
emergencial de acidentes que envolvam derramamento de óleo no mar, no contexto
do plano de emergência individual. Constitui, segundo a Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2003), como uma
ferramenta fundamental na elaboração do estudo e da gestão das atividades de
exploração e produção. É nesse contexto que o presente trabalho se baseia, na modelagem de cenários de
derramamentos de óleo em blocos de petróleo licenciados pela ANP (Agência
Nacional do Petróleo) em áreas adjacentes ao Banco de Abrolhos, forçados por
dados hidrodinâmicos do modelo POM (Princeton Ocean Model), a fim de se
determinar uma zona de exclusão para as atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) de petróleo na região. A região do Banco de Abrolhos e
adjacências apresenta-se como uma área de extrema sensibilidade a acidentes
ambientais, devido à presença de uma rica fauna e flora marinha presentes na
16
região (site oficial do Ministério do Meio Ambiente – www.mma.gov.br). O modelo de
derramamento de óleo a ser utilizado neste estudo é o OSCAR (Oil Spill
Contingency and Response), um modelo da Fundação de Pesquisa Científica e
Industrial do Instituto de Tecnologia da Noruega (SINTEF Applied Chemistry) de
amplo uso a nível mundial para estudos referentes a suporte a ações de resposta a
derramamentos de óleo, avaliação de logística e estratégias de resposta a esses
derramamentos, análise de risco e avaliação de impactos (REED et al., 1999). A
aplicação desse modelo requer dois conjuntos de informações básicas: 1 -
informações sobre forçantes ambientais (hidrodinâmica e regime de ventos) e 2 -
dados físico-químicos do óleo.
O trabalho está organizado da seguinte forma: no Capítulo 1 são apresentados,
além dessa introdução, os objetivos, as justificativas e os antecedentes da
modelagem de derramamento de óleo no mar; no Capítulo 2 é feita uma análise
geral da área de estudo, a região costeira do Espírito Santo e sul da Bahia, com
suas características geológicas, biológicas, oceanográficas, meteorológicas, e uma
abordagem sobre o Parque Nacional Marinho de Abrolhos; as características físico-
químicas do petróleo são apresentadas no Capítulo 3; os aspectos da legislação
ambiental e as descrições dos modelos POM e OSCAR são mostrados no Capítulo
4, enquanto que a metodologia é descrita no Capítulo 5; os resultados e discussões
são apresentados no Capítulo 6 e, por fim, a conclusão e as referências
bibliográficas são mostradas nos Capítulos 7 e 8 respectivamente.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral: Determinar uma zona de exclusão para as atividades de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) de petróleo na região do Banco de Abrolhos e
adjacências.
17
1.2.2 Objetivos Específicos:
- Implementar o modelo OSCAR para a região de estudo, analisando a distribuição
sazonal de correntes simuladas pelo modelo POM;
- Determinar quais blocos leiloados pela ANP oferecem riscos de contaminação para
áreas de preservação ambiental do ecossistema de Abrolhos e Área de Proteção
Ambiental (APA) Ponta das Baleias.
- Verificar os efeitos das correntes de alta freqüência (banda supra-inercial) no
espalhamento do óleo na área de estudos.
1.3 Justificativa
Nos dias atuais, o petróleo é o recurso natural que melhor personifica o debate entre
preservação do meio ambiente e exploração do recurso natural. A indústria do
petróleo trabalha com riscos potenciais, em todos os seus segmentos, seja no
upstream (exploração), midstream (produção) ou downstream (transporte, logística e
distribuição). No entanto, os registros indicam que o maior índice de acidentes no
setor petroleiro ocorre durante o transporte de cargas, merecendo atenção
redobrada nesse setor, principalmente na produção offshore.
Vazamentos de petróleo no mar prejudicam de forma intensa e duradoura a vida
marinha, desde o fitoplâncton até as aves. As manchas de óleo impedem ou
diminuem a entrada de luz no mar, o que prejudica a fotossíntese, e o óleo também
impregna as penas das aves, matando-as por hipotermia, destrói as vias
respiratórias dos mamíferos, interfere nos quimio-receptores de animais migratórios,
deixando-os desorientados, afeta as atividades de quem vive da pesca e do turismo,
promovendo, de modo geral, perdas irreparáveis (CARDOSO, 2005).
Segundo dados do IBAMA apresentados no Guia de Licenciamento Ambiental das
Atividades de Perfuração de Óleo e Gás - 4º Rodada de Licitações, se ocorrer um
derramamento de óleo no Bloco Marítimo Cumuruxatiba-3 (BM-CUM-3) as correntes
de nordeste podem levar o óleo na direção do Parque Nacional (PARNA) Marinho de
Abrolhos e APA Estadual da Ponta das Baleias/Abrolhos. O bloco mencionado
18
possui extrema proximidade à Abrolhos e a APA Caraiva/Trancoso. As demais
rodadas de licitações que por ventura ocorrerão, estão oferecendo blocos
exploratórios situados cada vez mais próximos à região de proteção ambiental.
Outros blocos, localizados na Bacia do Jequitinhonha e na Bacia do Espírito Santo,
também possuem indícios de oferecerem riscos ao PARNA de Abrolhos caso ocorra
um eventual derramamento de petróleo.
No entanto, a maior parte dos estudos hidrodinâmicos feitos na região não levam em
consideração as correntes de alta freqüência, como a maré, brisa e movimentos
inerciais.
Os resultados aqui apresentados mostram que essas correntes podem causar um
espalhamento considerável do óleo.
O conjunto formado pelos bancos de Royal-Charlotte e Abrolhos são os mais ricos
recifes de corais do Brasil, e são significantemente diferentes daqueles descritos na
literatura tanto em termos de morfologia das estruturas recifais quanto ao tipo de
sedimento do fundo, e aos principais organismos construtores (LEÃO, 1999).
Segundo o site oficial do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
(www.abrolhos.com.br), o banco apresenta uma grande diversidade de fauna
marinha, com inúmeras espécies de peixes, moluscos, corais, esponjas, etc. Para a
fauna terrestre destacam-se as aves que se reproduzem nas ilhas: atobás (Sula
leucogaster), trinta-réis (Anous stolidus), fragata (Fregata magnificens) e a grazina
(Phaethon aethereus). A baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae) e as tartarugas
marinhas também procuram o parque para se reproduzirem.
Sendo assim, é de suma importância a presente proposta de trabalho a fim de
avaliar danos acidentais de derramamento de óleo em áreas de preservação
ambiental.
1.4 Antecedentes da modelagem de derramamento de óleo
Fay (1969), que foi um dos precursores no estudo da fluidodinâmica de derrames de
petróleo, caracterizou o comportamento de uma mancha de petróleo a partir das
forças que atuam no espalhamento da mesma dividindo o fenômeno em três
19
regimes, gravitacional-inercial, gravitacional-viscoso e viscoso-tensão superficial.
Assim, derivou a partir da análise de ordens de grandeza, correlações para
derrames de volume constante com formas idealizadas. Estas correlações
permitiram avaliar, em função do tempo transcorrido a partir de produzido o
derramamento, o tamanho de manchas unidimensionais ou circulares (modelo axi-
simétrico) se espalhando em águas totalmente calmas. Estas correlações foram
deduzidas separadamente para cada um dos regimes de espalhamento
mencionados, fazendo-se um balanço entre as forças predominantes em cada fase.
Posteriormente, Fay (1971) revisou as fórmulas de espalhamento e acrescentou
coeficientes obtidos empiricamente que melhoraram a capacidade preditiva das
correlações obtidas em seu trabalho inicial.
Fannelop e Waldman (1971) fizeram um estudo teórico do espalhamento sob os
regimes inercial e viscoso, integrando na espessura da mancha as equações da
conservação da massa e quantidade de movimento na forma bi-dimensional (2DYZ
Hoult (1972) levou em conta as correntes advectivas propondo que o espalhamento
do óleo pode ser visto como composto de duas partes: a advecção devida às
correntes e os ventos e a tendência natural do óleo a se espalhar em águas calmas.
No mesmo trabalho, o autor reformulou as equações de Fay (1971) e as
desenvolveu através de soluções de similaridade das equações do movimento
aplicadas a mancha de óleo.
)
e utilizando uma correlação aproximada para avaliar a tensão de cisalhamento da
camada limite de água sobre o óleo. O regime de espalhamento em tensão
superficial é equacionado aproximadamente, fazendo-se um balanço de forças na
borda da mancha e utilizando a mesma correlação para a tensão de cisalhante na
interface. Os resultados são utilizados para avaliar de forma teórica os coeficientes
para as correlações, obtendo boas aproximações com aqueles obtidos em Fay
(1971) exceto para o regime de espalhamento em tensão superficial, onde o erro é
um pouco maior.
Buckamster (1973) apresentou um modelo apenas considerando o espalhamento
gravitacional-viscoso. O autor apresentou uma solução analítica por séries e uma
solução numérica. Esta solução, similar à de Hoult (1972) e diferentemente da
apresentada por Fay (1971), não deixou parâmetros livres a serem ajustados
empiricamente.
20
DiPietro e colaboradores (1978) fizeram um estudo teórico bi-dimensional do
espalhamento unidirecional da expansão de uma mancha de óleo sob os três
regimes de espalhamento. O modelo se baseou na resolução das equações do
movimento aplicadas à mancha de óleo, acopladas com as equações da camada
limite da água através de um método de perturbação e solução por similaridade,
utilizando como parâmetro de perturbação a relação entre a espessura da mancha e
sua largura. O fato de considerar este parâmetro pequeno levantou a hipótese de
que os vetores normais às superfícies da mancha são verticais. Esta hipótese foi
considerada na maioria dos modelos.
Hess e Kerr (1979) apresentaram um modelo para o espalhamento do óleo devido à
gravidade e ao transporte causado pelas correntes e ventos de uma mancha de óleo
derramada no mar. Este modelo utilizou as equações de conservação da massa e
quantidade de movimento aplicadas às manchas de óleo integradas na direção
vertical. Além disso, o modelo considerou o espalhamento sob os três regimes, já
que levou em conta todas as forças atuantes sobre a mancha, gravidade, tensão
superficial, inércia e viscosidade.
Foda e Cox (1980) estudaram o espalhamento unidirecional de uma mancha de óleo
considerando apenas o regime de espalhamento em tensão superficial através de
uma solução de similaridade, resolvendo numericamente as equações ordinárias
resultantes.
Benqué e colaboradores (1982) apresentaram um modelo bi-dimensional para
regime gravitacional-viscoso. O modelo é similar ao apresentado por Hess e Kerr
(1979), porém não considerou as forças inerciais e de tensão superficial. Pelo fato
dos termos convectivos não serem considerados, as equações do movimento
mostraram-se simplificadas, já que estas resultaram de um balanço entre as tensões
devidas às correntes, aos ventos e as forças gravitacionais. Logo, as velocidades
foram isoladas das equações do movimento e substituídas na equação da
conservação da massa, resultando em uma única equação para o cálculo da
espessura da mancha de petróleo.
Shen e Yapa (1988) utilizaram as correlações de Fay (1971) em superposição com
um algoritmo de Parcelas Discretas Lagrangeanas (Lagrangian Discrete-Parcel
Algorithm) para avaliar a advecção e o espalhamento. Este modelo também
considerou derrames contínuos e instantâneos, levando em conta a difusão
21
turbulenta horizontal através de um procedimento de caminho aleatório, evaporação,
diluição e deposição na costa. O modelo tem demonstrado ser preciso no cálculo da
trajetória e com baixo custo computacional.
Venkatesh (1988) apresentou o modelo do Serviço Canadense de Atmosfera e Meio
Ambiente (AES Oil Spill Model), baseado em uma equação de convecção-difusão de
espécies.
Cuesta e colaboradores (1990) utilizaram o modelo de Benqué e colaboradores
(1982) melhorando as condições de contorno para quantificar, dispersão e
acumulação do óleo sobre a linha de costa e permitiu a saída de massa do domínio
de cálculo. Na avaliação das velocidades de transporte foram consideradas as
correntes de maré, correntes residuais e os ventos no local. Além disso, o modelo
levou em consideração a evaporação, através de um modelo de decaimento
logarítmico apresentado por Stiver e Mackay (1984) e foi implementado em
coordenadas generalizadas, para facilitar o tratamento das geometrias. O modelo foi
testado e comparado com valores observados do derrame do petroleiro Amoco
Cadiz, mostrando bons resultados.
Após a revisão do desenvolvimento de códigos e teorias sobre os modelos de
derramamento de óleo e suas inovações, serão abordados a seguir os exemplos de
aplicações de alguns modelos de derramamento de óleo, como o ADIOS, o
GNOME, o OILMAP e o OSCAR. De forma geral, os modelos de derramamento de
óleo podem ser probabilísticos e/ou determinísticos. Os primeiros fornecem cenários
de probabilidade de uma determinada característica especificada pelo usuário como,
por exemplo, a probabilidade de chegada de óleo na costa. A probabilidade é
calculada com base na compilação dos resultados de uma série de simulações
determinísticas, inicializadas em datas determinadas dentro do período de tempo de
interesse da simulação. Os modelos probabilísticos têm a capacidade de considerar
a variabilidade das forçantes ambientais por meio da variação aleatória do momento
de início do derramamento dentro do período dos dados de entrada, como ventos e
correntes.
Os modelos determinísticos são realizados para a análise de um determinado
cenário em específico como, por exemplo, o que resultou em maior volume de óleo
na costa a partir de resultados de modelos probabilísticos. Em modelos
22
determinísticos podem ser incorporados estratégias de resposta a derramamentos,
devido a simularem um cenário único.
Segundo Lehr e colaboradores (2002), o modelo ADIOS (Automated Data Inquiry for
Oil Spills), que foi desenvolvido por pesquisadores norte-americanos, é um dos
modelos de derramamento de óleo mais utilizados no mundo, contendo até 1.000
tipos de óleos e produtos combinados com processos ambientais em seu banco de
dados (LEHR et al, 1994). Os primeiros autores, que são responsáveis por melhorias
dos códigos das primeiras versões do modelo, desenvolveram o modelo como
sendo capaz de interagir com quatro processos de intemperismo (evaporação,
espalhamento, dispersão vertical do óleo na coluna d’água e emulsificação), com
aspectos ambientais (correntes, ondas, ventos, etc.) e de processos de limpeza e
recolhimento. Assim, ambos os grupos de autores afirmaram que os mais
importantes aspectos dos modelos de derramamento de óleo são os que
representam eficientemente as análises ambientais em seus códigos, e o ADIOS se
enquadra nessa classificação.
Devido ao modelo ADIOS vir provido de técnicas de limpeza e recolhimento de óleo
derramado, Etkin (1990) analisou os resultados desse modelo para os processos de
limpeza e recolhimento bem como os custos associados a tais processos. O autor
concluiu que os resultados de custos relacionados a limpeza e recolhimento de óleo
derramado é bem representado pelo modelo ADIOS, e que ele fornece uma boa
premissa da quantidade de recursos financeiros que o poluidor irá gastar para
recuperar o meio ambiente em caso de derrame, levando-se em consideração o
ambiente que ele ocorre.
Segundo Beegle-Krause (1998), o modelo GNOME (General NOAA Oil spill
Modeling Environment) foi designado para ser um modelo de trajetória usado em
três diferentes formas: Padrão, Saída SIG (Sistema de Informação Geográfica) e o
Diagnóstico. O modelo imprime as trajetórias do óleo na tela com o auxílio de
ferramentas SIG, além de proporcionar imagens lagrangeanas do movimento do
óleo. As duas primeiras formas do modelo incorporaram informações hidrográficas
regionais conjuntas com mapas, correntes oceânicas e parâmetros físico-ambientais
do modelo, incluindo tópicos de ajuda.
O modelo GNOME foi aplicado por Mearns e colaboradores (2001) para avaliar a
trajetória e espalhamento ao longo do tempo de um derramamento de óleo próximo
23
a costa numa região sob influência da Corrente da Califórnia, no oeste dos Estados
Unidos. O trabalho visou mostrar os efeitos do derramamento sobre a comunidade
biológica e distinguir, em diferentes passos de tempo, os efeitos do óleo sobre cada
grupo biológico. Em resumo, o trabalho conseguiu concluir que a região costeia da
Califórnia é bastante sensível a um derramamento de óleo nos padrões testados,
devido à rica fauna e flora da região costeira analisada, e que o modelo serviu para
evidenciar preventivamente o tempo e concentração do óleo quando ele atinge tais
regiões.
Um dos modelos de derramamento de óleo mais empregados pela comunidade
científica do setor é o OILMAP. O modelo foi designado para simplificar a interação
dos usuários com o conjunto sofisticado de ferramentas de modelagem de óleo
(JAYKO E HOWLETT, 2002), além de proporcionar melhor inserção de dados físico-
ambientais e químicos do óleo (ANDERSON, 1998). O modelo permitiu, através de
uma interface simplificada, a inserção da localização geográfica, dados de entrada
(ventos, correntes, ondas, dados do óleo) e visualização de dados de saída.
O sistema OILMAP incluiu os seguintes modelos: um modelo de trajetória e
transformações (trajectory and fates) para o óleo de superfície e sub-superfície, um
modelo de resposta a derramamento de óleo, modelos probabilísticos, e um modelo
receptor que através do método inverso localizou a origem do derramamento a partir
de informações da posição da mancha (CAMPOS E YASSUDA, 1997). O modelo de
trajetória e transformações previu o transporte e a degradação do óleo a partir de
derramamentos instantâneos e contínuos. As estimativas demonstraram a
localização e concentração do óleo de superfície e sub-superfície versus o tempo. O
modelo estimou a variação temporal da cobertura de área, espessura da mancha, e
viscosidade do óleo. Os processos de transformações biogeoquímicas no modelo
incluíram dispersão, evaporação, entranhamento (ou arrastamento) e dispersão
natural (por suspensão e emulsificação).
López e colaboradores (2006) utilizaram o OILMAP para realizar uma série de
simulações de derramamento de óleo cru em um local na Plataforma de Casablanca
(Tarragona, Espanha), considerando 51 toneladas de óleo e um vento de 1 m.s-1. O
modelo mostrou com as simulações que os hidrocarbonetos não atingiram a costa
mesmo num período de 54h, e que o mesmo teve 39.2% de seu volume evaporado,
onde o óleo remanescente aumentou de viscosidade.
24
López e colaboradores (2007) também realizaram diferentes simulações de
derramamentos de óleo no porto de Ibiza (Ilhas Baleares, Espanha) utilizando
12.500 litros de óleo diesel, correntes típicas da área e vento de 3 m.s-1
O OILMAP também foi utilizado por Anderson e Atkinson (1996) como modelo de
trajetória de derramamento de óleo forçado por dados de estações de vento em
tempo real em Rhode Island (EUA). As estações meteorológicas cobriram uma
ampla área costeira dos Estados Unidos, e serviram de base para forçar o óleo. O
modelo, o qual foi licenciado pela empresa ASA (Applied Science Associates) dos
Estados Unidos, foi implementado com dados de vento tratados para poderem ser
inseridos no modelo em formato compatível e, assim, predizer a trajetória e destino
do óleo. O uso do modelo em uma operação local com uma coleção de dados de
vento proporcionou resultados satisfatórios com precisão de cenários de
derramamento de óleo na costa nordeste dos Estados Unidos, permitindo dessa
forma um melhor preparo das equipes de contenção e remoção em caso de
acidente.
na direção
oeste. Os autores consideraram o modelo adequado para a região e condições
aplicadas, além de informarem que ações de remediação e utilização do plano de
contingência da região devem ser feitas rápidas e eficientemente, a fim de não
permitirem que o óleo atinja a região costeira próxima ao porto.
Clem (2007) também utilizou o OILMAP em sua tese de doutorado para demonstrar
como o comportamento do óleo reagiu com a entrada de dados de vento e correntes
de modelos numéricos da Naval Oceanographic Office, Fleet Numerical Meteorology
e do Oceanography Center no Estreito de Hormuz (Golfo Persa). O autor observou
que ventos com menos de 5 m.s-1 no Estreito não afetaram o deslocamento de uma
mancha de óleo em uma situação em que a corrente foi de 10-15 cm.s-1
O modelo OSCAR foi desenvolvido especificamente para auxiliar nas tomadas de
decisão relacionadas a ações de resposta e contingência de derramamentos de
óleo. Como conseqüências ambientais são componentes importantes para esse tipo
de decisão, o modelo permitiu avaliar os potenciais efeitos de derramamentos na
coluna de água, na superfície, nos sedimentos e na linha de costa.
, e que
dados de maré juntamente com dados de corrente determinaram melhor o destino
do óleo nessa região do que somente dados meteorológicos.
25
Reed e colaboradores (1999) usaram o modelo OSCAR para avaliar o
derramamento de óleo em uma região offshore da Namíbia. Nesse estudo os
pesquisadores utilizaram como cenários poços localizados a 180, 290 e 100 km da
costa mais próxima, implementando o modelo com dados de vento, correntes e
marés próprias da região, e supondo um derrame de 11.000 barris.dia-1 de óleo cru
leve (em 10 dias) e 150m3
Daling e Strom (1999) realizaram testes laboratoriais para verificar os processos de
intemperismo do óleo no mar, e compararam os resultados de análises de campo
com os dados obtidos do modelo OSCAR. O resultado foi bastante satisfatório, com
uma boa margem de correlação em todos os processos analisados e presentes no
modelo, mostrando a sua eficiência para os processos físico-químico-ambientais.
de óleo diesel. O cenário utilizando óleo diesel
demonstrou que o óleo é rapidamente dispersado naturalmente, sempre em
condições de ventos fracos, não oferecendo riscos às comunidades biológicas ou à
costa. No primeiro cenário de derrame, com óleo cru leve, o modelo mostrou que o
recolhimento mecânico reduziu (e em alguns casos eliminou) as conseqüências
ambientais nos cenários de pior caso. A aplicação de dispersante na superfície
também reduziu os riscos potenciais.
Diversos testes foram realizados para demonstrar a eficiência do modelo OSCAR,
dentre eles, e um dos mais importantes, é em relação às ações de resposta a um
derramamento de óleo, visto os custos que tais operações requerem. Nesse
contexto que Reed e colaboradores (1995) elaboraram um estudo em que
simularam um derramamento pequeno (<500m3
Aamo e colaboradores (1997) realizaram 48 diferentes simulações com o modelo
OSCAR para avaliar seus aspectos de sensibilidade, focando em parâmetros que
afetaram direta ou indiretamente os processos ambientais. As principais conclusões
dos autores apontaram que o número de partículas utilizadas no modelo refletiu em
) e utilizaram cenários de
equipamentos disponíveis (diferentes modelos e taxas de recolhimento), tempo de
mobilização, óleo cru tipo A e B, pessoal disponível e diferentes condições
ambientais. Nesses testes os autores analisaram estatisticamente os resultados
obtidos, e comprovaram, segundo os cenários realizados, que o modelo OSCAR é
bem adaptado a unir os modelos de destino e concentração do óleo com medidas de
resposta ao derramamento, sendo capaz de simular situações reais de combate ao
derrame.
26
pouca influência no balanço de massa final, e que em águas calmas a eficácia das
operações de recolhimento afetou fracamente a quantidade total de óleo recolhido,
já em águas em regiões com velocidade de vento maiores, a quantidade total de
óleo recolhido foi fortemente em função da eficácia. Os autores concluíram também
que a quantidade de óleo que é quimicamente dispersada por helicópteros foi mais
dependente do retardamento devido às viagens de reabastecimento do que sobre a
própria eficácia do dispersante.
Reed e colaboradores (2004) também avaliaram a aplicação de dispersantes em
manchas de óleo em águas rasas na baía de Matagorda, Texas, usando diferentes
cenários de derramamento. Eles observaram que o modelo funcionou corretamente,
principalmente na interação óleo-sedimento, e que o OSCAR foi capaz de simular a
aplicação de dispersantes mesmo em áreas próximas à costa, as quais costumam
ter maior sensibilidade.
Pimentel (2007) também utilizou o modelo OSCAR com a finalidade de analisar
estratégias de resposta a derramamentos de óleo no Campo de Golfinho (ES -
Brasil). Em seu trabalho, a autora utilizou dados de correntes e ventos referentes
aos meses de verão de 1998 (Janeiro a Março), gerados com o modelo SINMOD e
fornecidos pela SINTEF (Fundação de Pesquisa Científica e Industrial do Instituo de
Tecnologia da Noruega), e o óleo utilizado (27.5 oAPI) já se encontrava no banco de
dados do modelo de óleo. Os volumes de derrame utilizados foram 350.000 m3 e
15.000 m3, sendo que o primeiro valor correspondente ao volume de derramamento
de pior caso da unidade FPSO Capixaba, segundo o Estudo de Impacto Ambiental
do Campo de Golfinho (EIA, 2005). No estudo de caso apresentado pela autora para
um derramamento de 350.000 m3
O modelo OSCAR também foi utilizado por Pinheiro (2006) para avaliar um estudo
de caso de derramamento de óleo na Bacia de Camamu-Almada a partir de uma
unidade FPSO, com um volume de vazamento de 20.200 m
, a estratégia de retenção e recolhimento
apresentou-se ineficiente, mesmo com aumento de 50% da estrutura de resposta
prevista na legislação. Este resultado permitiu uma visão geral da magnitude dos
prejuízos ambientais e socioeconômicos que um derramamento de grande volume
poderia causar na região.
3. Em sua conclusão, a
autora informou que o modelo OSCAR apresentou resultados eficientes para as
empresas petrolíferas na questão de derramamentos de óleo, e que a costa
27
brasileira necessita cada vez mais de estudos referentes à modelagem de óleo para
incrementar e aprimorar planos de contingência.
Cirano (2002) mostrou em seu trabalho a importância de modelos de circulação
hidrodinâmica regionais como forte ferramenta para o entendimento da circulação
superficial local de uma determinada região. O autor informou também que tais
modelos, como o POM, se corretamente utilizado, podem representam corretamente
os movimentos do mar, e que seus dados podem servir de base de entrada para
qualquer modelo de derramamento de óleo.
No Brasil a utilização de modelos de derramamento de óleo já vem sendo feita por
empresas e universidades de forma abrangente nas últimas décadas. Os dois
modelos aplicados no Brasil são o OILMAP (licenciado pela ASA - Applied Science
Associates) e o OSCAR (licenciado pela SINTEF Applied Chemistry), este último
com maior abrangência nas universidades e centros de pesquisas do país. Ambos
os modelos são utilizados pela PETROBRAS para a modelagem de cenários de
derramamento de óleo nas bacias marítimas da costa brasileira.
28
CAPÍTULO 2: ÁREA DE ESTUDOS
2.1 As bacias do Espírito Santo, Jequitinhonha e Cumuruxatiba
2.2 Clima e regime de ventos
2.3 Aspectos oceanográficos
2.4 O Parque Nacional Marinho de Abrolhos
2.5 Aspectos geológicos
29
2.1 As bacias do Espírito Santo, Jequitinhonha e Cumuruxatiba
As bacias do Espírito Santo, Jequitinhonha e Cumuruxatiba possuem uma
localização estratégica na plataforma continental leste brasileira (Figura 2.1).
Figura 2.1: Bacias do Espírito Santo, Cumuruxatiba e Jequitinhonha. Fonte: OSCAR e Agência Nacional do Petróleo (ANP).
As três regiões são caracterizadas por uma complexa estrutura geológica, com a
presença de cadeias vulcânicas (Cadeia Vitória-Trindade na bacia do Espírito
Santo), bancos (Banco de Abrolhos na bacia de Cumuruxatiba e Royal-Charlotte na
bacia de Jequitinhonha) e montes submarinos (Hot Spur).
As bacias de Jequitinhonha e de Cumuruxatiba são chamadas de novas fronteiras
exploratórias de petróleo e gás, e por tais motivos são alvo de intensos estudos
30
sócio-ambientais. Essas duas regiões apresentam características bastante similares
em relação à geologia, atividades econômicas e biodiversidade, sendo esta última a
principal característica da região que a distingue de todas as demais bacias
oceânicas.
2.2 Clima e regime de ventos.
O clima no litoral capixaba e sul baiano pode ser classificado como pseudo-
equatorial, com chuvas tropicais de verão e com a estação mais seca no outono e
inverno podendo, contudo, por efeito de frentes frias apresentar altos níveis
pluviométricos que aumentariam o regime de chuvas nessas épocas (KOPPEN,
1948).
O Espírito Santo apresenta significativas variações em seu relevo, resultando em
fortes gradientes de temperatura entre regiões costeiras e montanhosas
(PEZZOPANE et al., 2004). As temperaturas médias mensais apresentam grande
variabilidade espacial e temporal no Estado. A região com temperaturas mais
amenas no Estado coincide com a Serra do Caparaó (região sudoeste) e região
serrana central, enquanto que a porção com temperaturas mais elevadas
corresponde à região norte do Estado. Entre os meses de novembro e abril, quase
todo o norte do Estado, a região litorânea e a parte hidrográfica do rio Itapemirim (sul
do Estado) apresentam temperatura média mensal acima de 24oC. No período de
inverno (junho, julho e agosto), a área central do Estado apresenta temperatura
média mensal entre 16oC e 22o
A região do Jequitinhonha e de Cumuruxatiba apresenta um clima úmido, com
inverno e verão bem marcados. O inverno, de maio a setembro, é caracterizado por
temperaturas menos elevadas (máximas em torno de 20
C.
oC) e menores índices de
precipitação e evaporação, embora seja o período de maior ocorrência de
tempestades e ressacas. O verão, de outubro a abril, apresenta temperaturas mais
elevadas (máximas em torno de 30oC) e os maiores índices de precipitação e
evaporação observados, segundo o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) de
atividade de perfuração no bloco BM-J-2 bloco (2006).
31
No Atlântico Sul, o sistema de alta pressão (SAP) localizado em torno de 30oS
Assim, os ventos mais freqüentes são de Leste (E) a Nordeste (NE), oriundos desse
sistema meteorológico, mas que podem ser cessados com a chegada de sistemas
de correntes atmosféricas de Sul, Oeste e Leste (TOFFOLI, 2006). Os primeiros são
representados pela entrada de anticiclone polar, com ventos dos quadrantes sul e
sudeste; os segundos ocorrem de meados de primavera a meados de outono, com a
entrada de ventos de oeste a noroeste, trazidos por linhas de instabilidade tropicais
e, os últimos, mais freqüentes no inverno e outono, são devido às ondas de leste,
que provocam ventos do mesmo quadrante (NIMER, 1989). Segundo Fragoso
(2004) os ventos leste e nordeste estão diretamente associados à ressurgência
costeira que ocorre de forma endêmica entre o litoral do Espírito Santo e Cabo Frio-
RJ.
é de
grande importância para o clima da América do Sul (BASTOS E FERREIRA, 2005).
O SAP afeta o clima do Brasil tanto no inverno como no verão, gerando um fluxo
atmosférico sinótico de direção predominantemente nordeste sobre a região de
plataforma sudeste do Brasil, afetando o Espírito Santo e sul da Bahia. No inverno, o
SAP inibe a entrada de frentes e causa inversão térmica e concentração de
poluentes nos principais centros urbanos das regiões sudeste e sul. A localização e
a intensidade do SAP oscilam sazonalmente (juntamente com a oscilação da Zona
de Convergência Intertropical - ZCIT), afetando diretamente a magnitude e a direção
dos ventos que atuam na região do Espírito Santo e adjacências (CASTRO E
MIRANDA, 1998).
Detalhadamente na região do Banco de Abrolhos, Teixeira e colaboradores (2005)
concluíram que a velocidade média dos ventos para a região é de 4,25 m.s-1, sendo
que a maior velocidade observada foi de 13,40 m.s-1. Segundo os autores, as
maiores velocidades estiveram associadas aos ventos de nordeste e leste,
superiores a 8,80 m.s-1. Os ventos do quadrante nordeste na região representam
23,82%, de leste representam 16,7%, enquanto que de sudeste e sul representam
13,3% e 16,5% respectivamente das ocorrências avaliadas. Os autores concluíram
que houve uma tendência de diminuição das velocidades médias ao longo de 3
anos, principalmente dos quadrantes norte e nordeste (relacionados a tempo estável
e normalmente mais fortes) e, conseqüentemente, o aumento da freqüência dos
ventos de sul e sudeste (relacionados a sistemas frontais de tempo instável).
32
Os sistemas frontais afetam a circulação superficial da região, principalmente na
plataforma interna, onde as correntes podem mudar de direção, sofrendo rotação
anticiclônica (CASTRO E MIRANDA, 1998). A passagem de uma frente fria nesta
região normalmente caracteriza-se por queda de temperatura do ar, zonas de
instabilidade na interface do oceano (ou continente) com a atmosfera (associadas à
precipitação) e alteração na direção dos ventos.
2.3 Aspectos oceanográficos
Os padrões de ondas na costa do Espírito Santo e sul da Bahia ainda não são
totalmente conhecidos, sendo os dados existentes obtidos nas proximidades de
portos e plataformas de petróleo por ocasião de suas construções. O padrão de
ventos nessa região gera ondas oriundas de dois quadrantes principalmente,
nordeste/leste e sudeste/leste, com predominância do primeiro, o que corresponde
ao sistema de ventos predominante encontrados nesta área. As ondas do setor sul,
embora sejam menos freqüentes, são muito mais fortes. A altura significativa das
ondas para o litoral pouco ultrapassa 1,5m, sendo as alturas de 0,9 e 0,6m as mais
freqüentes. O período freqüentemente encontra-se em torno de 5 a 6,5s, não
ultrapassando 9,5s (ALBINO, 1999).
No Banco de Abrolhos a altura significativa média das ondas é de 0,4m com período
de 5s (TEIXEIRA et al., 2005). O clima de ondas na região é determinado quase que
exclusivamente pelo vento local. Os autores verificaram que tanto a altura quanto o
período das ondas apresentaram uma tendência de aumento ao longo de 3 anos de
monitoramento, equivalente a uma taxa linear de aproximadamente 0,02m e 0,08 s
por mês.
A Corrente do Brasil é a corrente de contorno oeste associada ao Giro Subtropical
do Atlântico Sul (Figura 2.2) que se origina em aproximadamente 10o
S, na região
onde o ramo mais ao sul da Corrente Sul Equatorial (CSE) se bifurca formando
também a Corrente Norte do Brasil (STRAMMA E ENGLAND, 1999).
33
Figura 2.2: Representação do Giro Subtropical do Atlântico Sul. Fonte: Silveira e colaboradores
(2000).
Nessa região de contorno oeste do Atlântico Sul diferentes autores informaram
sobre a Bifurcação da Corrente Sul Equatorial (BiCSE) com a formação da Corrente
do Brasil. Stramma e England (1999) mostraram com médias anuais que a
bifurcação ocorre aproximadamente em 15oS, nos primeiros 150 metros de
profundidade, porém Rodrigues e colaboradores (2006) mostraram que a BiCSE
ocorre em 14oS com dados de médias anuais, na mesma profundidade e, por fim,
Soutelino (2008) mostrou com dados sinóticos e médias de verão que a BiCSE nos
primeiros 150 metros ocorre em 10oS. Após a bifurcação, a Corrente do Brasil flui
para o sul ao longo da região de quebra de plataforma, até atingir a área da
Convergência Subtropical (entre 33oS e 38oS), onde conflui com a Corrente das
Malvinas e se separa da costa (SILVEIRA et al., 2000). Segundo Silveira e
colaboradores (2008) a Corrente do Brasil tem uma máxima velocidade superficial
variando entre 0.4 e 0.7 m.s-1 e uma largura de aproximadamente 100 - 120 km,
associada à presença da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e a Água Tropical
34
(AT). A ACAS foi descrita primeiramente por Wüst (1935) e Defant (1941), e consiste
numa massa d’água formada por subducção na Convergência Subtropical, e
subseqüente espalhamento ao longo da superfície de densidade adequada a seu
ajustamento hidrostático (SVERDRUP et al., 1942). A AT foi descrita primeiramente
por Emilson (1961) como parte da massa de água quente e salina que ocupa a
superfície do Atlântico Sul Tropical, a qual é transportada para o sul pela Corrente
do Brasil, podendo atingir transporte de massa de 5 a 10 Sv nos primeiros 500m de
profundidade (SILVEIRA et al., 2000). Abaixo dos 500m existe uma mudança de
sentido do fluxo hidrodinâmico, direcionado para norte-nordeste com a Corrente de
Contorno Oeste Intermediário (CCOI) (BOEBEL et al., 1999). A CCOI transporta a
Água Intermediária Antártica (AIA), com aproximadamente 2 - 4 Sv entre 800 e
100m de profundidade, atingindo velocidades máximas de 0.3 m.s-1
Na plataforma externa ocorre a mistura entre a AT (aproximadamente 36.5 de
salinidade e 20.5
(SCHMID et al.,
1995).
o
O sistema de correntes superficiais associados à Corrente do Brasil até 10 metros
de profundidade é bastante complexo no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, com
a presença de vórtices e meandros devido à presença do Banco de Abrolhos e
Royal Charlotte (Figura 2.3).
C de temperatura - SIGNORINI et al., 1989) e a ACAS, enquanto
que a plataforma interna é dominada na superfície por água costeira, bem misturada
pela maré, e no fundo, perto da costa, pode ser dominada pela ACAS,
principalmente no verão (CASTRO E MIRANDA, 1998).
35
Figura 2.3: Campo de velocidade sinótico a 10m de profundidade derivado de dados de ADCP ao
largo da plataforma leste brasileira no período de verão. Fonte: Soutelino (2008).
A cadeia Vitória-Trindade representa uma feição de origem vulcânica que tem
influência na hidrodinâmica oceânica, determinando uma variabilidade espacial e
temporal do movimento da Corrente do Brasil. Segundo Evans e colaboradores
(1985), através de dados batitermométricos e hidrográficos, mostraram que a
corrente fluiu continuamente um uma passagem da cadeia localizada mais próxima
à costa, com transporte geostrófico de aproximadamente 4 Sv.
A costa capixaba também engloba o Giro de Vitória, um vórtice ciclônico formado na
porção sul do Banco de Abrolhos (SCHIMID et al., 1995) que está associado à
presença da Corrente do Brasil. Os autores utilizaram imagens termais dos dias
julianos 31 e 32 de 1991 e identificaram uma forte ressurgência causada pelos
ventos de nordeste, e concluíram que tal fenômeno levou a formação de um
meandro que resultou no vórtice ciclônico de Vitória e migrou para nordeste.
Banco de Royal
Charlote
Banco de Abrolhos
36
Gaeta e colaboradores (1999) realizaram um estudo biológico sobre o Vórtice de
Vitória, analisando a biomassa e a produtividade através de imagens de satélite,
dados hidrográficos, nutrientes e clorofila-a. Os autores concluíram que o vórtice é
uma feição semi-permanente e representa uma estrutura que pode estar ligada aos
efeitos da topografia no fluxo da Corrente do Brasil, tendo importante papel biológico
na região.
Segundo Costa (2007), em seus dados sinóticos hidrodinâmicos de campo anual
não há nenhuma manifestação do Vórtice de Vitória, o que mostrou que essa feição
não representa uma estrutura permanente nos dados climatológicos. Porém, o autor
realizou estudos sazonais e mensais para análise de ocorrência do vórtice, e
observou que a estrutura se fez presente somente durante a estação do outono.
Desta forma, o autor conclui que o Vórtice de Vitória não é uma estrutura
permanente no Embaiamento de Tubarão, e que ocorre apenas em alguns meses
do ano, mais especificamente em Março e Abril com maior recorrência.
Segundo Mesquita (1997), a costa do Espírito Santo e adjacências é influenciada
por dois pontos anfidrômicos, um localizado à 32oS e 45oW com giro ciclônico e o
outro a 30oS e 25o
Através da modelagem numérica, Lemos (2006) evidenciou a influência marcante da
profundidade nas elevações e velocidade de maré nas regiões sobre a plataforma
continental, onde as profundidades são menores e a força de fricção é maior. A
batimetria e linha de costa principalmente da região de São Tomé-RJ (próxima a
22
W, com giro anticiclônico.
oS e 41oW) ,Banco de Abrolhos e sul da Bahia (entre 18oS e 19oS de latitude e
39oW e 40o
Segundo a Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN em 2004, o litoral capixaba é
classificado como sendo de micromaré (<2m), devido à amplitude variar entre 1,40m
e 1,60m. Já no sul da Bahia, a maré é classificada como meso-maré (entre 2 e 4
metros de amplitude), segundo dados da DHN, com as amplitudes variando de 2,1m
e 3,2m. Especificamente em Abrolhos, as médias de preamares de sizígia e
quadratura são de 2,45m e 1,79m respectivamente, enquanto que as médias de
baixa-mares de sizígia e quadratura são de 0,22m e 0,88m, respectivamente para
W de longitude) representam regiões de atraso da propagação da fase e
amplitude da onda de maré. Por outro lado, como a plataforma na região central do
Espírito Santo é estreita, foi onde foram encontradas as menores velocidades de
maré na plataforma continental do Estado.
37
níveis acima do nível do mar, segunda dados da Fundação de Estudos do Mar
(FEMAR).
2.4 O Parque Nacional Marinho de Abrolhos
Os recifes de Abrolhos, localizados no sul da Bahia, são os maiores e os mais ricos
recifes de corais do Brasil, e são significativamente diferentes dos modelos recifais
descritos na literatura (LEÃO, 1999). Essas diferenças dizem respeito à morfologia
das estruturas recifais, ao tipo de sedimento do fundo, e aos seus principais
organismos construtores. O complexo abrange corais, ilhas vulcânicas, bancos
rasos e canais, estando localizado entre as latitudes de 17o20’S e 18o10’S e
longitudes de 38o35’W e 39o
20’W (Figura 2.4).
Figura 2.4: Região do Banco de Abrolhos mostrando a área do Parque (polígonos contínuos), o arco
costeiro e externo e os recifes marinhos. Fonte: Site oficial do PARNA de Abrolhos.
38
Segundo o site oficial do PARNA de Abrolhos, os recifes distribuem-se em dois
arcos ocupando uma área de aproximadamente 6.000km2
Nas bordas dos arcos crescem crostas algais semelhantes àquelas descritas nos
recifes do oceano Pacífico. O arco externo abrange recifes em franja bordejando as
ilhas vulcânicas do arquipélago de Abrolhos e chapeirões isolados. Corais,
mileporas e algas coralinas são os principais organismos construtores dos recifes.
. A estrutura básica é o
chapeirão, pináculo coralino com forma de cogumelo. No arco costeiro, os topos de
chapeirões adjacentes coalescem lateralmente formando bancos recifais com
extensão de 1 a até 20 km em formas variadas. Estes bancos recifais não
apresentam as mesmas zonas morfológicas descritas para os recifes do oceano
Atlântico Norte.
Segundo Leão (1999), o número de espécies de corais é quatro vezes menor que o
número de espécies descritas para os recifes do Atlântico Norte, e muitas delas são
espécies endêmicas, arcaicas, isoladas de uma fauna de idade Terciária a qual se
tornou resistente ao stress provocado pela turbidez periódica das águas brasileiras.
Em contraste com a predominância de sedimentação carbonática na maioria dos
recifes dos mares tropicais, os recifes costeiros de Abrolhos estão circundados por
sedimentos lamosos com 40 a 70% de areias quartzosas e minerais de argilas.
O PARNA de Abrolhos foi criado pelo Decreto no
88.218 de 06/04/1986 após várias
reuniões e manifestações de políticos na década de 1970 e princípio dos anos 80
ficando, no entanto, desprovido de planejamento até 1991. A unidade era
anteriormente uma área de pesca onde ocorria grande número de naufrágios devido
às dificuldades de navegação entre os corais existentes no arquipélago.
2.5 Aspectos geológicos
Os principais aspectos geológicos característicos da região compreendem o Banco
de Abrolhos e a Cadeia Vitória-Trindade (Figura 2.5), apresentando forte influência
na distribuição da biota e hidrodinâmica local.
39
Figura 2.5: Feições geológicas da área de estudo mostrando a presença do Banco de Abrolhos,
Banco de Royal Charlotte e a Cadeia Vitória-Trindade. Fonte: Soutelino (2008).
Cinco ilhas formam o arquipélago de Abrolhos (Figura 2.6). Santa Bárbara é a maior
ilha, tem aproximadamente 1 km de comprimento (leste-oeste), 300m de largura e
35m de altitude. A oeste dessa ilha, separada por um canal de cerca de 4m de
profundidade, está a ilha Redonda, que tem cerca de 400m de diâmetro e 36m de
altitude. A ilha Siriba tem 300m de comprimento (leste-oeste), 100m de largura e
16m de altitude, e está localizada a sul da ilha Redonda, separada por um canal com
menos de 4m de profundidade. A ilha mais ao sul do arquipélago é a ilha Sueste,
com cerca de 500m de comprimento, 200m de largura e 15m de altitude.
40
Figura 2.6: Detalhamento do Arquipélago de Abrolhos com destaque para as cinco ilhas que formam
o Parque Nacional Marinho. Fonte: www.riogrande.com.br.
A região de Abrolhos é caracterizada por uma forte interação dinâmica entre
depósitos sedimentares siliciclásticos e carbonáticos, permitindo a coexistência de
um sistema recifal com uma sedimentação terrígena ativa, caracterizando o Parque
como um Sítio Geológico.
As ilhas de Abrolhos são afloramentos de um alto estrutural chamado de Alto de
Santa Bárbara (ASMUS E PORTO, 1972), e de acordo com Fisher e colaboradores
(1974) e Ponte e Asmus (1976), os seus estratos sedimentares pertencem a um
sistema deposicional de talude, de idade do Cretáceo Superior à Terciário Inferior.
41
Os tipos litológicos que afloram nas ilhas sugerem a ocorrência de uma fase
transgressiva seguida de uma regressão. Este evento pode ser uma pequena
oscilação da Seqüência Marinha Regressiva, definida por Chang e colaboradores
(1991), a qual caracterizou uma fase de evolução das bacias marginais brasileiras.
Os diques de basalto se originaram de uma intrusão vulcânica Terciária (CORDANI,
1970), uma acresção à plataforma que foi responsável pela formação do Banco de
Abrolhos (ASMUS, 1970). Todas essas intrusões basálticas e alcalinas que
ocorreram nas bacias marginais brasileiras estão relacionadas ao vulcanismo da
Bacia do Paraná (Formação Serra Geral), ou podem ser um evento tardio da
margem leste dessa bacia cratônica (ASMUS E GUAZELLI, 1981).
Em Abrolhos a produção de sedimento carbonático a partir dos organismos recifais
gerou uma transição de fácies sedimentares que é caracterizada atualmente pela
dominância de sedimentos siliciclásticos na zona costeira (areias quartzosas), e
sedimentos carbonáticos recifais no restante da região (material biogênico
dominante), sendo criada uma faixa intermediária de sedimentos mistos entre os
arcos recifais e os sedimentos de costa.
A concentração de sedimento em suspensão em áreas recifais é bastante danosa
ao meio biótico, podendo afetar os recifes de corais fotossintética, física e
quimicamente (ROGERS, 1990). Além disso, altos níveis de sedimentação nos
ambientes recifais podem causar nos organismos vivos asfixia, abrasão,
sombreamento e afetar o recrutamento do coral (HUBBARD,1997). O sedimento em
suspensão pode ser oriundo de diversas fontes, como ressuspensão do fundo,
aporte de rios, derretimento de geleiras, remoção da areia de praias pela turbulência
causada pelas ondas, etc. (PAYNE et al., 2003). Esse material em suspensão pode
formar aglomerados com partículas de óleo que sofreram dispersão através de
interações químicas e processos de adsorção, formando flocos e migrando para o
sedimento.
A taxa de sedimentação na região costeira próxima ao Banco de Abrolhos pode
atingir níveis de 225 mg.cm-2.dia-1 no inverno (SEGAL et al., 2003). Tal informação,
segundo Leão (1999), é devido ao aumento do desflorestamento e da indústria da
celulosa no sul do Estado da Bahia. Porém, os sedimentos da pluma do rio
Jequitinhonha podem ser transportados para o sul, atingindo eventualmente os
42
recifes de corais (LEÃO et al., 1988), cujo transporte é influenciado pela Corrente do
Brasil fluindo para o sul.
Utilizando amostragens de sedimentos, análises radiométricas, análises
mineralógicas e o processamento de imagens de satélites, Segal e colaboradores
(2008) mostraram os potenciais impactos de frentes polares sobre os processos de
sedimentação nos recifes de corais dos Abrolhos. Os autores observaram um fluxo
de sedimentação durante o período de verão (Novembro de 1999 até Janeiro de
2000) de 5 mg.cm-2.dia-1, enquanto que para o período de inverno (Maio de 2000 até
Julho de 2000) foram encontrados valores de 10 mg.cm-2.dia-1 (Figura 2.7a e 2.7b)
.
Os autores informaram que duas principais condições ambientais estiveram
associadas aos processos de sedimentação na região do Banco de Abrolhos: o
padrão anual de chuvas que determinou a carga sedimentar dos rios e a erosão
costeira da região, e a freqüência, trajetória e intensidade das frentes polares que se
deslocam ao longo da costa brasileira, as quais induziram turbulência na superfície
do mar.
Figura 2.7a: Locais dos recifes de corais no Arquipélago de Abrolhos. (A) Imagem LANDSAT TM de
inverno de composição colorida 1B2G3R. Fonte: Segal e colaborados (2008).
Local dos recifes de corais
Caravelas - BA
43
Figura 2.7b: Locais dos recifes de corais no Arquipélago de Abrolhos. (B) Imagem LANDSAT TM de
verão de composição colorida 1B2G3R. Fonte: Segal e colaborados (2008).
Caravelas - BA
44
CAPÍTULO 3: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO PETRÓLEO
3.1 Hidrocarbonetos de petróleo
3.2 Composição
3.3 Propriedades físicas
3.3.1 Massa específica, densidade e grau API
3.3.2 Viscosidade
3.3.3 Ponto de fluidez ou “pour point”
3.3.4 Volatilidade
3.3.5 Ponto de ignição
3.3.6 Solubilidade
3.3.7 Tensão superficial
3.4 O comportamento do petróleo no mar
3.4.1 Processos intempéricos
3.4.1.1 Espalhamento
3.4.1.2 Evaporação
3.4.1.3 Dissolução
3.4.1.4 Dispersão natural
3.4.1.5 Emulsificação
3.4.1.6 Sedimentação
3.4.1.7 Foto-oxidação
3.4.1.8 Biodegradação
45
3.1 Hidrocarbonetos de petróleo
Apresenta-se a seguir uma breve descrição da complexidade das propriedades
físico-químicas do petróleo. Essa complexidade faz com que a modelagem da deriva
das manchas de óleo na água do mar seja muito difícil, uma vez que o
comportamento das manchas seja dependente das especificações exatas da maioria
dessas características para o modelo de óleo.
3.2 Composição
Óleo é geralmente um termo que descreve uma ampla variedade de substâncias
naturais de plantas, animais, ou origem mineral, bem como de substâncias sintéticas
(FINGAS, 2001). O petróleo possui uma composição variada, cada tipo de produto
de óleo ou petróleo cru tem certamente características ou propriedades únicas
possuindo, segundo Milanelli (1994), cerca de 200 a 300 componentes químicos,
dos quais 50 a 98 desses são de hidrocarbonetos (PIOVESAN, 2006). Essas
características influenciam no comportamento do óleo quando ele é derramado,
determinam seus efeitos nos organismos vivos e no meio ambiente, além de
influenciar diretamente também nas operações de limpeza.
Os óleos crus são misturas de componentes de hidrocarbonetos que vão desde
pequenos compostos voláteis até compostos grandes não voláteis. Essa mistura de
compostos varia de acordo com a formação geológica da área na qual o óleo é
encontrado, dependendo fortemente da rocha geradora. A rocha geradora é aquela
que se formou, cronológica e estruturalmente, com características de granulação
muito fina, rica em matéria orgânica (CORRÊA, 2003).
Os hidrocarbonetos são formados por átomos de carbono e hidrogênio, os quais são
os principais elementos do óleo. Os óleos também possuem uma variedade
considerável de enxofre (0 a 10% do petróleo), ácidos graxos (gorduras) (até 5% do
total), nitrogênio, oxigênio, e vários sais minerais, bem como metais traços e níquel,
vanádio, urânio, ferro, cobre e cromo (BÍCEGO, 1988). A estrutura dos
hidrocarbonetos encontrados nos óleos divide-se basicamente em saturados,
46
olefinos, aromáticos e compostos polares. Os componentes do óleo do grupo dos
saturados consistem primariamente de alcanos, os quais são compostos de
hidrogênio e carbono com o máximo de número de átomos de hidrogênio ao redor
de cada átomo de carbono. Exemplos desse grupo são os metanos, etanos,
propanos, butanos e os hexanos, alguns sendo gases na temperatura ambiente
(metano, propano, butano), outros líquidos (pentano), e outros sólidos (compostos
com no mínimo 16 carbonos e com mais de 34 hidrogênios). Esses compostos são
relativamente pouco tóxicos aos organismos vivos, sendo biodegradados por uma
variedade de microorganismos (GERLACH, 1976), entretanto eles possuem efeitos
anestésicos e narcotizantes (EVANS E RICE, 1974).
O grupo dos saturados também inclui os ciclo-alcanos (toxicidade intermediária entre
os saturados e os aromáticos), os quais são compostos constituídos dos mesmos
carbonos e hidrogênios, porém com os átomos de carbono unidos em anéis ou
ciclos (FINGAS, 2001). As olefinas, ou compostos insaturados, representam outro
grupo de compostos que contém menos átomos de hidrogênio do que o máximo
possível. Olefinas têm pelo menos uma dupla ligação carbono-carbono que desloca
dois átomos de hidrogênio. Quantidades consideráveis de olefinas são encontradas
somente em produtos refinados. Os compostos aromáticos incluem pelo menos 1
anel benzênico de 6 carbonos. Três duplas ligações carbono-carbono circundam o
anel e adicionam estabilidade ao composto, devido aos anéis benzênicos serem
muito persistentes no ambiente e terem severos efeitos tóxicos e carcinogênicos. A
proporção de aromáticos no petróleo (bem como dos outros componentes) varia
extremamente, dependendo da região de origem. Segundo Carvalho (1970), o
petróleo das Américas é constituído basicamente por parafinas, tendo características
de óleo pesado, enquanto que no Leste Europeu o petróleo é quase que 100 %
composto por saturados. As parafinas são derivadas do petróleo formadas por uma
mistura de hidrocarbonetos saturados de alto peso molecular. Os compostos
aromáticos mais conhecidos são os do grupo BTEX, benzeno, tolueno, etil-benzeno
e xileno, os quais são os menores e mais voláteis compostos encontrados no óleo.
Já os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos consistindo de
pelo menos 2 anéis benzênicos, e formam cerca de 0 a 60% da composição dos
óleos.
47
Os compostos polares são aqueles que têm uma significativa mudança molecular
como resultado da incorporação de moléculas tais como enxofre, nitrogênio ou
oxigênio que fornecem polaridade a molécula final. Na indústria do petróleo esses
compostos são chamados de resinas, menores compostos polares, e os asfaltenos,
maiores compostos polares (FINGAS, 2001).
3.3 Propriedades físicas
3.3.1 Massa específica, densidade e Grau API.
A massa específica é a massa (peso) de um dado volume de óleo, tipicamente
expressa em gramas por centímetro cúbico (g.cm-3). Essa propriedade é usada na
indústria do petróleo para definir óleos crus como leve ou pesado. A massa
específica também é importante porque indica se um tipo particular de óleo irá
flutuar ou afundar na coluna d’água. Como a massa específica da água pura é de
1.0 g.cm-3 em 15oC e a massa específica da maioria dos óleos fica na faixa de 0.7 a
0.99 g.cm-3, esses óleos irão flutuar sobre a água (FINGAS, 2001). Como a massa
específica da água do mar é 1.03 g.cm-3
A densidade do óleo consiste na relação entre sua massa específica e a massa
específica da água a 15
, mesmo os óleos pesados flutuarão
também. Porém, a massa específica do óleo aumenta com o tempo, devido à perda
dos componentes mais leves (voláteis) e a formação de emulsões. Assim, predizer
se um determinado óleo irá flutuar ou afundar na coluna d’água deve levar em
consideração por quanto tempo o óleo está no ambiente. Caso o óleo permaneça
muito tempo no mar a evaporação tenderá a aumentar devido à superfície livre de
contato do óleo com o ar se expandir, os compostos pesados remanescentes
aumentam a densidade o óleo, fazendo com que ele afunde.
o
Outra escala relacionada à gravidade foi implementada pela American Petroleum
Institute (API), chamada de grau API. O grau API é baseado na densidade da água
C. A densidade da maioria dos óleos crus e refinados varia
entre 0.78 e 1.00 (CLARK E BROWN, 1977).
48
pura, a qual tem um valor de grau API atribuído de 10o. Óleos com menor densidade
possuem maior grau API, o qual é escalado de 10 até 50o
API.
A Tabela 3.1 ilustra a classificação dos óleos quanto ao seu grau API, segundo a
ITOF - The International Tankers Owner Pollution Federation (1986).
Tabela 3.1: Classificação dos tipos de óleo. Fonte: ITOF (1986).
Grupo Densidade API Composição Meia-vida Persistência
I < 0.8 > 45 Leve ~ 24h 1 – 2 dias
II 0.8 a 0.85 35 a 45 Leve ~ 48h 3 – 4 dias
III 0.85 a 0.95 17.5 a 35 Pesado ~ 72h 6 – 7 dias
IV < 0.95 < 17.5 Pesado ~ 162h > 7 dias
Na Tabela 3.1 meia-vida é a quantidade de tempo necessária para o decaimento do
óleo se reduzir pela metade, e a persistência indica por quanto tempo o óleo
permanecerá no ambiente marinho logo após um derramamento.
3.3.2 Viscosidade.
Viscosidade é a resistência ao fluxo de um fluido. Quanto menor for a viscosidade de
um líquido, melhor ele fluirá. A viscosidade do óleo é amplamente determinada pela
quantidade de frações leves e pesadas que ele contém. Os óleos que possuem em
sua maioria componentes leves (compostos saturados) e uma pequena
porcentagem de asfaltenos terão uma baixa viscosidade.
Assim como outras propriedades físicas, a viscosidade é influenciada pela
temperatura, ou seja, em uma baixa temperatura o óleo tenderá a ser mais viscoso.
49
Para a maioria dos óleos, a viscosidade varia como uma função logarítmica da
temperatura. Em termos de limpeza, a viscosidade pode afetar o comportamento do
óleo. Óleos viscosos demoram maior tempo para se espalharem, não penetram no
solo rapidamente, e afetam a eficiência de bombas e recolhedores do óleo. A
viscosidade é expressa por unidades de Poise ou centiPoise (mPA.s).
3.3.3 Ponto de Fluidez ou “Pour Point”
O ponto de fluidez de um óleo é a temperatura na qual o óleo deixa de fluir
naturalmente, definindo, assim, a temperatura em que o óleo passa a fluir de forma
mais lenta do que a natural. Essa propriedade dos óleos é bastante relevante, pois
em locais de clima frio o ponto de fluidez é menor do que em regiões de clima
quente, porque o frio faz com que o óleo deixe de fluir em temperaturas mais altas.
Também em regiões frias, muitos produtos refinados pesados que possuem altas
temperaturas associadas aos pontos de fluidez, devem ser aquecidos durante o
transporte e bombeio (CETESB, 2003). Geralmente óleos leves e menos viscosos
apresentam ponto de fluidez mais baixo, ou seja, esses óleos que quimicamente
fluem com maior facilidade necessitam serem resfriados em temperaturas baixas
para poderem deixar de fluir.
Essa propriedade é altamente dependente da temperatura do ar e da água no local
de derramamento, pois determinará se o óleo irá se espalhar com maior ou menor
facilidade.
3.3.4 Volatilidade
A volatilidade de um óleo é caracterizada por sua destilação. Conforme a
temperatura de um óleo aumenta, diferentes componentes atingem seu ponto de
ebulição. As características de destilação são expressas pela proporção do óleo
original destilado a uma dada temperatura.
A volatilidade é uma das propriedades mais importantes de um óleo, e a primeira a
ocorrer logo após um derramamento. Os componentes de menor peso molecular,
50
com até 4 átomos de carbono, metano, etano, propano e butano, são extremamente
voláteis, e se perdem facilmente para a atmosfera. Quanto mais leve for o óleo
(maioria de componentes de baixo peso molecular) mais rapidamente ele irá
volatilizar. Essa propriedade é extremamente importante para as equipes que irão
remover o óleo derramado no meio ambiente, pois se o óleo for muito volátil a
equipe terá menos custos operacionais para remover a pouca quantidade
remanescente que permanecerá no ambiente (componentes mais pesados).
3.3.5 Ponto de Ignição
O ponto de ignição de um óleo é a temperatura na qual o produto irá ignizar (pegar
fogo) em contato com uma fonte ignizadora. De qualquer forma, o ponto de ignição é
um fator de segurança altamente importante durante operações de limpeza. Óleos
leves e produtos refinados podem ignizar facilmente, enquanto que óleos pesados
e/ou intemperizados não causam sérios riscos de incêndio.
3.3.6 Solubilidade
Solubilidade na água (solvente) é a medida de quanto do óleo (soluto) irá se
dissolver na coluna d’água. A solubilidade do óleo na água é extremamente baixa
(geralmente menos do que 100ppm - equivalente a aproximadamente a um grama
de açúcar dissolvido em um copo d’água). A importância de se conhecer a
solubilidade de um óleo refere-se a sua toxicidade. Frações solúveis são geralmente
tóxicas à vida selvagem, especialmente em altas concentrações.
3.3.7 Tensão Superficial
Tensão superficial é a força de atração ou repulsão entre as moléculas superficiais
do óleo e da água. Juntamente com a viscosidade, a tensão superficial é uma
indicação da rapidez na qual o óleo será espalhado sobre a água. Quanto menor a
51
tensão superficial com a água, maior será o espalhamento. A Tabela 3.2 apresenta
um resumo dos óleos e suas principais propriedades físicas.
Tabela 3.2: Propriedades físicas dos tipos de óleo. Fonte: FINGAS (2001).
Propriedade Unidade Gasolina Diesel Óleo cru leve
Óleo cru pesado
Óleo combustível intermediário
Óleo pesado
Óleo cru emulsificado
Viscosidade
a 15o mPa.s C
0.5 2 5 a 50 50 a 50.000 1000 a 15.000 10.000 a
50.000 20.000 a 100.000
Densidade
a 15o g.mLC
-1 0.72 0.84 0.78 a 0.88
0.88 a 1.00 0.94 a 0.99 0.96 a
1.04 0.95 a 1.0
Ponto de ignição
o -35 C 45 -30 a 30 -30 a 60 80 100 > 100 > 80
Solubilidade em água ppm 200 40 10 a 50 5 a 30 10 a 30 1 a 5 -
Ponto de fluidez
o Não relevante C -35 a
1 -40 a 30 -40 a 30 -10 a 10 5 a 20 >50
Grau API - 65 35 30 a 50 10 a 30 10 a 20 5 a 15 10 a 15
Tensão superficial
a 15oMn/m
C 27 27 10 a 30 15 a 30 25 a 30 25 a 35 Não relevante
3.4 O comportamento do petróleo no mar
3.4.1 Processos intempéricos
O petróleo possui características físicas e químicas próprias, naturais do combustível
fóssil. Porém essas propriedades são modificadas quando o petróleo entra em
contato com a água do mar. Este tema específico é bastante relevante para as
equipes de emergência, pois conhecer os processos modificadores do óleo no mar
irá ajudar no sucesso das operações de contingência.
O termo intemperismo geralmente é aplicado às rochas, aos processos de desgaste
e degradação por agentes naturais, mas também pode ser aplicado a qualquer outra
52
substância, como o petróleo. O intemperismo do petróleo se constitui na gama de
processos modificadores do óleo, tanto quanto à sua composição quanto à
toxicidade. Esses processos ocorrem simultaneamente, dependendo fortemente do
tipo de óleo em questão.
Os processos que ocorrem logo após um derramamento de óleo no mar irão
determinar como o óleo deverá ser removido da água e quais serão os seus efeitos
sobre o meio ambiente. Por exemplo, se um óleo evapora rapidamente, a limpeza
será menos intensa, mas os hidrocarbonetos no óleo entrarão na atmosfera e irão
causar poluição atmosférica. Uma mancha de óleo pode ser carregada pelo vento e
pelas correntes para áreas de proteção ambiental, colônias de pássaros, recifes de
corais, praias, etc.
Segundo Fingas (2001), a evaporação é o principal processo de intemperismo
quando o óleo atinge o oceano, pois é o que ocorre primeiramente e influencia
fortemente no destino do óleo remanescente. O segundo processo mais importante
segundo o autor é a emulsificação da água com óleo, pois a emulsão torna o óleo
mais denso, além de aumentar consideravelmente o volume do óleo derramado ao
longo do tempo, dificultando o trabalho das equipes de combate.
Os principais processos discutidos na seqüência serão o espalhamento, a
evaporação, a dissolução, a dispersão natural, a emulsificação, a sedimentação, a
foto-oxidação e a biodegradação.
3.4.1.1 Espalhamento
Logo após o óleo ser derramado na água ele tende a formar uma mancha sobre a
superfície, inicialmente em forma circular. O espalhamento se dá de forma horizontal
originando a mancha de óleo, a partir dos efeitos de gravidade, inércia, fricção,
viscosidade e tensão superficial (CETESB, 2003). A viscosidade do óleo se opõe a
essas forças. Com o passar do tempo, o efeito da gravidade sobre o óleo diminui,
mas a força de tensão superficial continua a espalhar o óleo. A transição entre essas
forças ocorre nas primeiras 4 horas após o derramamento (FINGAS, 2001).
53
O comportamento de diferentes tipos de óleos em relação ao espalhamento é
mostrado na Figura 3.1. Produtos mais leves, como a gasolina e o diesel, evaporam
quase que completamente em intervalos de 24 a 96 horas, respectivamente,
enquanto que óleo de maior densidade como o óleo pesado e a emulsão óleo-água
praticamente não são afetados pelo processo de espalhamento e evaporação, não
diminuindo seu volume nos béqueres e praticamente inalterados na sua forma após
96 horas.
Figura 3.1: Representação esquemática do comportamento do óleo de diferentes densidades, partindo do mais leve (gasolina) até o mais denso (emulsão), mostrando os efeitos da evaporação (volume nos beckers - à esquerda) e do espalhamento (área da mancha na Placa de Petri - à direita). Fonte: FINGAS (2001).
54
Na presença de vento e correntes os processos de espalhamento serão acelerados.
A mancha de óleo tenderá a se alongar na direção do vento e da corrente, ou na
direção resultante das duas forçantes, e formará filamentos alongados nessa
direção. Uma mancha de óleo freqüentemente quebra-se sobre o mar em pedaços
ou em outros filamentos devido a influência de ondas ou zonas de convergência ou
divergência. Assim, o óleo tende a se concentrar na crista da onda devido à força de
gravidade.
Convergências de pequena escala ocorrem freqüentemente na superfície dos
oceanos e águas costeiras, geralmente de forma linear paralela à direção do vento,
ao longo das células de Langmuir (CL) (COOLING, 2001), onde existem sistemas
locais de recirculação ocorrendo geralmente nos primeiros 10 metros de
profundidade.
As CL contribuem no espalhamento de materiais, no caso óleo, pois os processos
convectivos associados aos processos advectivos geram maior turbulência no
ambiente marinho, facilitando o espalhamento do óleo. Outros autores, como Lehr e
Simecek-beatty (2000) também associam as CL aos processos de espalhamento,
juntamente com a dispersão de partículas na coluna d’água e o transporte do centro
de massa da mancha de óleo.
A tendência natural do óleo é espalhar-se sendo forçado pelas correntes e pelo
vento, porém, a proximidade do óleo à costa e a velocidade do vento irão determinar
quais forçantes exercem principal papel no espalhamento. Caso a mancha de óleo
esteja próxima à costa e a velocidade do vento for menor do que 10 km.h-1, a
mancha será forçada principalmente pelas correntes superficiais com um fator de
3% da velocidade do vento acima da superfície. Porém, se a velocidade do vento for
maior do que 20 km.h-1
e a mancha estiver em águas fora da plataforma continental,
o vento será a forçante principal do movimento da mancha e determinará o seu
deslocamento (FINGAS, 2001).
55
3.4.1.2 Evaporação
A evaporação é o processo natural mais importante em um derramamento de óleo.
Ele tem o maior efeito sobre a quantidade remanescente de óleo sobre a água após
o vazamento.
A taxa na qual um óleo irá evaporar depende fortemente de sua composição química
e da temperatura ambiente onde ocorreu o incidente. A radiação solar produz
aumento na temperatura da água, aumentando o processo evaporativo. A
evaporação prossegue mesmo sob condições instáveis (tempo nublado) e até
mesmo a noite, embora a uma taxa reduzida. A evaporação também afeta a
toxicidade do óleo, uma vez que muitos dos compostos leves do óleo (C1 à C8
Óleos que apresentam em sua composição predominância de componentes
pesados (com moléculas mais complexas) podem permanecer na superfície da água
por várias semanas até um ano após o óleo ter sido lançado no ambiente (FINGAS,
2001). O comportamento de diferentes tipos de óleos em relação à evaporação foi
mostrado na Figura 3.1.
) que
se evaporam são considerados mais tóxicos, por serem mais biodisponíveis. Esses
componentes se evaporam nas primeiras horas após o vazamento (CETESB, 2003).
As propriedades de um óleo podem mudar significativamente ao longo do processo
de evaporação. Se aproximadamente 40% de um óleo evapora, sua viscosidade
pode aumentar até mil vezes, sua densidade pode aumentar em até 10% e seu
ponto de ignição em até 400% (CETESB, 2003).
3.4.1.3 Dissolução
Através do processo de dissolução muitos dos componentes solúveis do óleo são
perdidos para a água abaixo da mancha. Esses componentes são os aromáticos de
baixo peso molecular e os compostos polares, caracterizados como resinas.
Somente uma pequena parcela do óleo derramado é dissolvida na coluna d’água,
geralmente em torno de 2 a 5% do óleo derramado, e quanto mais agitado o mar
estiver melhor será a dissolução (CETESB, 2003).
56
A importância da dissolução reside no fato de que os compostos dissolvidos são
extremamente tóxicos aos peixes e à vida marinha. Gasolina, diesel e óleos crus
leves são geralmente os maiores causadores de aumento de toxicidade no meio
aquático em um derramamento. As maiores concentrações de compostos tóxicos do
óleo são encontradas próximas a subsuperfície, logo abaixo da mancha de óleo,
portanto a ameaça desses compostos a vida aquática na coluna d’água é localizada
e de curta duração devido às perdas evaporativas (FINGAS, 2001).
3.4.1.4 Dispersão Natural
A dispersão natural ocorre quando pequenas partículas do óleo chamadas “droplets”
são transferidas para dentro da coluna d’água pela ação de ondas ou da turbulência.
Pequenas partículas de óleo (menor do que 20 µm ou 0.020 mm) são relativamente
estáveis na água e permanecerão no ambiente por um longo tempo. Partículas
formadas pelo processo de dispersão que possuem dimensão maior do que 0,1 mm
em diâmetro tendem a se agrupar e permanecerem próximas à superfície, já
partículas menores do que esse valor tendem a se dispersar mais facilmente na
coluna d’água (CETESB, 2003).
Dependendo das condições físico-químicas do óleo e da hidrodinâmica, a dispersão
natural pode ser insignificante (FINGAS, 2001). Óleos pesados não dispersam
naturalmente em qualquer tipo de condição, já os óleos leves como gasolina e diesel
possuem maior facilidade de dispersão. Em 30 anos de monitoramento de
derramamentos de óleo nos oceanos feito por pesquisadores noruegueses, aqueles
incidentes onde o óleo foi dispersado naturalmente teve ocorrência de alta
hidrodinâmica marinha.
3.4.1.5 Emulsificação
Emulsificação é o processo no qual um líquido é disperso dentro de outro na forma
de pequenas partículas. Partículas de água podem permanecer dentro de uma
camada de óleo em uma forma estável e o material resultante é completamente
57
diferente. A emulsão óleo-água muda as características e as propriedades do óleo
derramado substancialmente, chegando a englobar em sua formação cerca de 50 a
80% de água, expandindo o volume do óleo de 2 a 5 vezes do volume original
(FINGAS et al., 2003). Segundo Fingas e colaboradores (1999), a densidade do óleo
emulsificado também é alterada, podendo atingir níveis de 1,03, enquanto o óleo
natural chegaria a densidades menores do que 0,08.
A emulsão água-óleo é também chamada de “mousse” ou “mousse de chocolate”,
devido à sua aparência (Figuras 3.2 e 3.3).
Figura 3.2: Formação de emulsão água-óleo. Fonte: FINGAS (2001).
Figura 3.3: Emulsão água-óleo semelhante a um “mousse de chocolate”. Fonte: FINGAS (2001).
58
O mecanismo de formação da emulsão não é totalmente bem conhecido, mas ele
provavelmente começa com a hidrodinâmica forçando a entrada de pequenas
parcelas de água, de tamanho aproximado de 10 a 25 µm, para dentro do óleo. Se o
óleo for pouco viscoso, então essas pequenas partículas não sairão do óleo
rapidamente, já se o óleo for muito viscoso, as partículas não conseguirão entrar no
óleo (FINGAS, 2001).
Os asfaltenos (compostos químicos orgânicos de maior peso molecular e maior
ponto de ebulição) e as resinas presentes no óleo interagem com as partículas de
água e se estabilizam. Dependendo da quantidade de asfaltenos e resinas, bem
como de compostos aromáticos, uma emulsão será formada. A evaporação tem um
papel importante na formação de uma emulsão, pois ela diminui a quantidade de
compostos aromáticos de baixo peso molecular e aumenta a viscosidade até um
valor crítico, favorecendo a emulsificação.
A emulsão tem a coloração meio marrom avermelhado, sendo levemente sólida.
Devido a sua alta viscosidade e seu caráter viscoso, as emulsões não se espalham
facilmente e tendem a permanecer no sedimento ou na costa. A emulsão pode
permanecer no ambiente, geralmente no sedimento, por semanas ou até meses. A
viscosidade do óleo pode aumenta em até 1000 vezes do valor original, dependendo
do tipo de emulsão formada (FINGAS, 2001).
Os aumentos de volume e viscosidade dificultam bastante as operações de limpeza
e remoção. Óleo emulsificado é difícil ou impossível de dispersar, para recolher com
recolhedores (skimmers) ou para queimar.
A formação de emulsificação também muda o destino do óleo. Tem sido notado que
quando o óleo forma emulsões estáveis ou meso-estáveis, a evaporação diminui
consideravelmente, a biodegradação também diminui, e a dissolução de
componentes solúveis a partir do óleo cessa quando a emulsificação é formada
(CETESB, 2003).
59
3.4.1.6 Sedimentação
A sedimentação é o processo pelo qual o óleo é depositado no fundo do corpo
d’água. A sedimentação ocorre quando as partículas de óleo atingem uma
densidade maior do que a da água após a interação com material mineral na coluna
d’água, ou quando a emulsificação atinge níveis de densidade maiores do que da
água ao redor. Essas interações geralmente ocorrem com maior intensidade quando
há maior quantidade de material em suspensão, geralmente próximo à costa ou na
desembocadura de algum rio ou laguna.
Uma vez que o óleo encontra-se depositado no sedimento, uma fina camada de
sedimentos minerais e orgânicos o cobrirá lentamente. Geralmente uma pequena
parcela do óleo derramado vai parar no sedimento. Segundo estudos realizados
cerca de aproximadamente 10% do óleo total é depositado no fundo (FINGAS,
2001).
A sedimentação é um processo muito importante em águas rasas, condições de mar
agitado onde parte do sedimento é constantemente ressuspenso.
Segundo Boehm (1987), a taxa de sedimentação do óleo é fortemente influenciada
pela concentração de sedimentos em suspensão na região de derramamento do
óleo. Segundo o autor, para concentrações entre 1-10mg.L-1 nenhum transporte
substancial de partículas associadas ao óleo migram para o sedimento. Em
ambientes com níveis de 10-100mg.L-1 de sedimentos em suspensão, consideráveis
taxas de transporte de sedimento para o leito marinho podem ocorrer na presença
de turbulência, já níveis maiores do que 100mg.L-1 ocorre transporte massivo de
óleo adsorvido pelo sedimento para o leito marinho. Nesses dois últimos casos, a
adsorção de partículas de óleo em material em suspensão pode proporcionar um
eficiente mecanismo de sedimentação do volume de óleo derramado. Demais
autores, como Owens (1999) provaram em laboratório que a formação de
aglomerados óleo-mineral aumenta a dispersão do óleo derramado e reduz
eficientemente as propriedades adesivas do óleo residual. Floch e colaboradores
(2002) também analisaram e mostraram que muitos conglomerados de óleo e
minerais podem ocorrer próximo às regiões costeiras, inclusive com os minerais
determinando a forma do conglomerado (Figura 3.4).
60
Figura 3.4: Microfotografia epi-fluorescente de aglomerados de óleo com minerais. As cores claras
que imitem iluminação representam o óleo. (a) Agregação de uma partícula de óleo cercada por
partículas minerais. (b) múltiplas partículas agregadas às partículas minerais. (c) agregação com
partículas minerais dentro das partículas de óleo determinando a forma do conglomerado. Fonte:
Floch e colaboradores (2002).
3.4.1.7 Foto-oxidação
A foto-oxidação pode mudar a composição do óleo. Esse processo de intemperismo
gera uma variedade de compostos oxigenados como compostos sulfúricos, ácidos
carboxílicos, aldeídos, ésteres, fenóis, etc., todos de alta polaridade, contribuindo
para a solubilidade e desaparecimento da mancha de óleo no mar (FLOCH et al.,
2002). Os compostos mencionados são consideravelmente mais tóxicos e mais
solúveis na água (CETESB, 2003), porém são mais susceptíveis as ações de
degradação fotolítica, permanecendo por menos tempo no ambiente.
De uma maneira geral a foto-oxidação desempenha um papel menos importante
quando comparado aos demais processos de intemperização. Geralmente esse
processo é limitado às altas latitudes, onde há pouca luz solar, especialmente
durante inverno.
61
3.4.1.8 Biodegradação
Biodegradação de óleo é um dos mais importantes processos envolvidos no
intemperismo e remoção do petróleo do meio marinho, principalmente se as
características químicas do óleo forem basicamente de compostos não voláteis
(VENOSA E ZHU, 2003).
Um amplo número de organismos é capaz de degradar os hidrocarbonetos de
petróleo. Muitas espécies de bactérias, fungos e leveduras metabolizam petróleo
como uma fonte energética de alimentação. Os hidrocarbonetos metabolizados
pelos organismos são geralmente convertidos em compostos oxidados, os quais
podem ser degradados e solúveis, ou podem acumular no óleo remanescente. A
toxicidade aquática associada aos processos de biodegradação é, às vezes, maior
do que aquela encontrada nos compostos solúveis do petróleo (FINGAS, 2001).
Após um derramamento de óleo, a população de microorganismos aumenta em
função da fonte de alimento. A taxa pela qual o óleo é biodegradado está
diretamente ligada à disponibilidade de oxigênio, nutrientes e temperatura. O
oxigênio aparentemente não se traduz como um problema para a maioria dos
ambientes marinhos, especialmente porque este se encontra em abundância nesse
meio (coluna d’água, água de superfície, superfície do sedimento). A dificuldade
ocorre quando o óleo atinge a subsuperfície do sedimento, região com deficiência de
oxigênio, onde microorganismos degradam o óleo a uma taxa reduzida.
O processo de biodegradação é um processo lento em águas frias. O tempo para se
degradar o mesmo volume de óleo quando a temperatura da água está a 14oC é
quatro vezes maior do que se o mesmo estivesse a 18oC (LEBLANC, 1990). A
dependência de nutrientes refere-se, principalmente, a disponibilidade de fósforo e
nitrogênio. A taxa de biodegradação de hidrocarbonetos ocorre preferencialmente na
seguinte ordem: alcanos normais, alcanos ramificados, aromáticos e cicloalcanos
(CETESB, 2003). Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, incluindo aqueles com 5 e
6 anéis, sofrem também biodegradação. Tanto hidrocarbonetos aromáticos quanto
parafínicos são susceptíveis a oxidação microbiológica. Hidrocarbonetos aromáticos
dinucleares são eliminados por biodegradação, enquanto que os mononucleares são
perdidos principalmente por evaporação (FINGAS, 2001).
62
CAPÍTULO 4: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, O MODELO HIDRODINÂMICO POM E O MODELO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO OSCAR
4.1 Os aspectos da legislação ambiental industrial
4.2 A legislação ambiental da indústria do petróleo
4.3 A legislação ambiental voltada ao derramamento de petróleo
4.4 O modelo hidrodinâmico POM (Princeton Ocean Model)
4.5 A Modelagem numérica de derramamentos de óleo
4.6 O modelo de derramamento de óleo OSCAR (Oil Spill Contingency and
Response)
63
4.1 Os aspectos da legislação ambiental industrial.
Toda atividade industrial é regida por uma legislação vigente, a qual tem por objetivo
tornar os processos industriais legais perante a lei, à sociedade e ao meio ambiente.
A população mundial vive, desde muitas décadas, uma necessidade crescente de
aumento de produtividade em suas atividades, muitas vezes consumindo recursos
naturais em excesso. As indústrias de modo geral, a até duas décadas atrás, não se
importavam com os aspectos ecológicos em torno do parque industrial, despejando
todo tipo de resíduos no ambiente sem qualquer tratamento ou investimento para
essa finalidade.
A partir da década de 90 que os aspectos ambientais foram levados em
consideração pelas indústrias, devido à obrigatoriamente do cumprimento de uma
série de leis ambientais que, caso não fossem cumpridas, a indústria seria multada e
encerrava suas atividades. As empresas foram obrigadas a seguir uma série de
instrumentos de gestão ambiental, criterizadas conforme o tipo de atividade
desenvolvida, como implantar suas instalações seguindo o zoneamento de uso do
solo, estabelecer padrões de qualidade ambiental, licenciar ambientalmente suas
atividades, ter estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA) e a realizar auditorias
ambientais, dentre outros (CETESB, 2003).
É neste contexto que surge o direito ambiental, ou seja, uma série de obrigações
ambientais a serem realizadas pelas indústrias a fim de preservarem o meio
ambiente.
Atualmente existem aproximadamente 11 mil leis federais, das quais cerca de 150
relacionadas ao meio ambiente. Decretos ambientais totalizam em torno de 350, e
393 resoluções CONAMA estão diretamente relacionadas às questões ambientais
(ZURITA E RODRIGUES, 2008).
4.2 A legislação ambiental da indústria do petróleo.
A Lei do Petróleo (Lei 9.478/97) representou a confirmação da abertura do mercado
brasileiro de petróleo às companhias internacionais, sendo iniciado em 1975 com os
64
contratos de risco. Essa Lei teve como função regular as atividades relativas ao
monopólio do petróleo, além de dispor sobre os objetivos da política energética
nacional. Além disso, a lei criou o CNPE (Conselho Nacional de Políticas
Energéticas) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo). A CNPE é um órgão de
assessoramento da Presidência da República com a atribuição de elaborar
propostas para assegurar o abastecimento interno e o aproveitamento racional dos
recursos energéticos. Já a ANP, que após ser criada foi implementada pelo Decreto
no
O licenciamento das atividades de petróleo é executado pela Coordenação Geral de
Licenciamento de Petróleo e Gás (CGPEG), instalada na Superintendência do
IBAMA no Rio de Janeiro. O CGPEG dividiu as atividades de petróleo relacionadas
ao meio ambiente em três classes. Segundo o site oficial da CGPEG, a classe I
compreende estudos e levantamentos em profundidades inferiores a 50m ou em
áreas de alta sensibilidade ambiental onde existem ecossistemas ecologicamente
importantes, tais como recifes de corais, bancos de algas calcárias, estuários e alta
atividade pesqueira artesanal. A classe II compreende estudos e levantamentos em
profundidade entre 50 e 200m, em área com baixa intensidade de pesca artesanal e
ausência de ecossistemas sensíveis. A classe III compreende levantamentos em
profundidade superior a 200m e/ou em áreas com baixa intensidade de pesca
artesanal e ausência de ecossistemas sensíveis.
2.455 de 14 de janeiro de 1998, teve por finalidade exercer as funções de órgão
regulador e fiscalizador das atividades referentes ao petróleo e ao gás natural no
país. A ANP ficou responsável pela estruturação do setor petrolífero, através do
controle sobre as práticas concorrenciais e o seu estímulo, até o fim da cadeia
produtiva.
Diferentemente do licenciamento ambiental para atividades industriais gerais, os
empreendimentos relacionados ao petróleo e gás devem passar por um
procedimento dividido em quatro fases, conforme é apresentado no Artigo 5o da
Resolução no 2 do CONAMA, a saber (MONTEIRO E LEITE, 2003): a) Licença
Prévia para Perfuração, a qual autoriza a atividade de perfuração, devendo o
empreendedor apresentar o Relatório de Controle Ambiental (RCA) das atividades e
a delimitação da área de atuação pretendida; b) Licença Prévia de Produção para
Pesquisa, que autoriza a produção e viabilidade econômica da jazida, obrigando a
empresa concessionária a providenciar o Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA); c)
65
Licença de Instalação, requerida após a aprovação do EIA (Estudo de Impacto
Ambiental) ou RAA (Relatório de Avaliação Ambiental), sendo responsável pela
autorização da instalação de unidades e sistemas necessários à produção e ao
escoamento; d) Licença de Operação, que autoriza, após a aprovação do Projeto de
Controle Ambiental (PCA), o início da operação do empreendimento ou das
unidades das instalações e sistemas integrantes da atividade na área de interesse.
Na expedição das quatro espécies de licenças descritas, o órgão ambiental
competente poderá utilizar instrumentos patrocinados pelo empreendedor ou
concessionário, como o EIA e o respectivo RIMA (Relatório de Impacto Ambiental,
de acordo com as diretrizes gerais fixadas pela Resolução no
001/86 do CONAMA),
Relatório de Controle Ambiental (contém a descrição da atividade de perfuração,
riscos ambientais, identificação dos impactos e medidas mitigadoras), Estudo de
Viabilidade Ambiental (compreende o plano de desenvolvimento da produção para a
pesquisa pretendida, com avaliação ambiental e indicação das medidas de controle
a serem adotadas), Relatório de Avaliação Ambiental (traz o diagnóstico ambiental
da área onde já se encontra implantada a atividade, descrição dos novos
empreendimentos ou ampliações, identificação e avaliação do impacto ambiental e
medidas mitigadoras a serem adotadas, considerando a introdução de outros
empreendimentos) e Projeto de Controle Ambiental (contém os projetos executivos
de minimização dos impactos ambientais avaliados nas fases de Licença Prévia
para Perfuração, Licença Prévia de Produção para Pesquisa e Licença de
Instalação).
4.3 A legislação ambiental voltada ao derramamento de petróleo.
Segundo Bethlem e colaboradores (2002), a modelagem de derramamento de óleo
define a área de influência indireta da atividade, na qual se baseia todo o diagnóstico
ambiental, bem como define cenários através das simulações, permitindo a
elaboração de estratégias necessárias ao atendimento emergencial de acidentes
que envolvam derramamento de óleo no mar, no contexto do Plano de Emergência
Individual. Constitui, dessa maneira, uma ferramenta fundamental na elaboração do
estudo e da gestão ambiental das atividades de exploração e produção.
66
A modelagem de derramamento de óleo no mar segue o escopo desenvolvido pelo
ELPN/IBAMA (Escritório de Licenciamento de Atividades do Petróleo e Nuclear),
atual CGPEG, estabelecendo critérios técnicos para consolidar as diretrizes da
modelagem.
Segundo o CGPEG, é obrigação do empreendedor apresentar a modelagem do
derramamento de óleo para delimitação da Área de Influência Indireta (AII) da
atividade, bem como realizar a coleta de dados para calibrar e validar os modelos.
Porém, a maior dificuldade encontrada pelos empreendedores é a falta de uma base
de dados meteorológicos e oceanográficos consistente para as diversas bacias
sedimentares marinhas. Um segundo problema enfrentado em decorrência do
licenciamento atual é a falta de padronização dos modelos aplicados, e sua
validação para as condições ambientais da costa brasileira (BETHLEM et al, 2002).
Atualmente, dentro do escopo do licenciamento ambiental, se utiliza esta ferramenta
computacional como diretriz para avaliação dos possíveis impactos das atividades
petrolíferas, em acordo com os dados apresentados no Diagnóstico Ambiental do
Meio Físico, como orientação das estratégias de resposta do Plano de Emergência
Individual. O Modelo de Termo de Referência relaciona as premissas básicas para a
elaboração das simulações a serem incorporadas nos estudos para licenciamento.
As principais informações que devem constar no Relatório de Impacto Ambiental em
relação às simulações de derramamento de óleo são as análises probabilísticas
(considerando as condições sazonais), e a determinística crítica, se referindo aos
piores cenários possíveis (em relação à chegada do óleo na costa), também levando
em consideração as condições sazonais.
As informações referentes aos parâmetros ambientais e propriedades físico-
químicas do óleo também devem ser informadas no documento. Nas áreas situadas
fora da plataforma continental, a simulação deve englobar dados de vento e de
corrente oceânica. Já em áreas onde sejam simulados cenários de derramamento
de óleo sobre a plataforma continental e em águas rasas (profundidades menores do
que 60m), a modelagem deverá abranger, além dos dados de vento e correntes
costeiras, parâmetros de ondas e correntes de maré.
Em relação ao óleo utilizado nas simulações, o empreendedor deverá justificar a
utilização de determinado tipo de óleo nos cenários de derramamento. Em relação
67
ao volume de óleo derramado, as modelagens deverão utilizar cenários de descarga
de pior caso, conforme consta na Seção 2.2.1 do Anexo II da Resolução CONAMA
398/2008. O RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) deverá conter os piores
cenários de simulação, com uma previsão de tempo e concentração de óleo na
costa. Outras informações importantes referentes aos cenários de derramamento de
óleo devem constar nos documentos finais, conforme rege a Resolução CONAMA
398/2008, como a grade numérica utilizada no modelo, com informações de cotas
batimétricas referenciadas, tipo de interpolação de dados utilizada e a exibição de
mapas e figuras representativas para a região. As descrições das forçantes
ambientais também devem constar no documento, como dados meteorológicos,
oceanográficos e referentes às características do óleo. Deve ser informado o
domínio e condições de contorno utilizadas, além da descrição de equações do
modelo numérico utilizado no derramamento de óleo.
A determinação da área de influência indireta da atividade é feita a partir da
simulação dos piores cenários para o toque de óleo na costa e de acordo com a
análise probabilística de séries temporais de dados meteorológicos e
oceanográficos. Quanto aos aspectos inerentes às atividades petrolíferas no mar, o
CGPEG subdivide os ecossistemas da plataforma continental em águas rasas (entre
zero e 60m de profundidade), intermediárias (entre 60 e 200m de profundidade) e
profundas (profundidades maiores do que 200m), baseando-se no clima de ondas
da costa brasileira.
Atenção especial deve ser dada às áreas consideradas muito sensíveis, como o
Banco de Abrolhos (sul da Bahia), Parcel Manuel Luís (costa do Maranhão),
Pesqueiros da Costa do Nordeste, e outros santuários da biodiversidade da costa
brasileira. Nestes locais as modelagens ainda são problemáticas, visto que existem
dificuldades em estabelecer os limites, em especial para feições submersas e, desta
forma, determinar os reais impactos dos derramamentos de óleo.
Atendendo as diretrizes da Resolução CONAMA (RC) no 398 de 11 de Junho de
2008, o Plano de Emergência Individual deve ser elaborado considerando, dentre
outras informações, a probabilidade do óleo atingir determinadas áreas e a
sensibilidade destas ao óleo. De acordo com esta Resolução, uma das maneiras de
se determinar as áreas passíveis de serem atingidas é a utilização de modelos de
transporte e dispersão de óleo. Neste caso, a RC 398 estabelece que a simulação
68
deva considerar o volume de derramamento correspondente à descarga de pior
caso.
O cálculo do volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso para
plataformas de produção e tanques (navios FPO e FPSO - escopo do presente
trabalho) deve ser realizado com base na produção dessas estações, bem como a
soma total da capacidade máxima de estocagem, supondo um derramamento diário
sem ações de resposta de combate, durante 30 dias de perda do controle do poço.
Segundo a RC 398, caso a perda de controle do poço não comprometa a estocagem
da plataforma, deverá ser utilizado apenas o volume relativo ao descontrole
multiplicado por 30 dias. No entanto, uma análise técnica comprobatória deva
justificar o não comprometimento da estocagem na estação de produção.
4.4 O modelo hidrodinâmico POM (Princeton Ocean Model)
O modelo hidrodinâmico POM possui estrutura tridimensional, não linear, com as
equações hidrodinâmicas escritas na forma de fluxo, sob as aproximações de
Boussinesq e hidrotástica (BLUMBERG E MELLOR, 1987). Este modelo permite a
utilização de grades curvilíneas de coordenadas σ na vertical, escalonada de acordo
com a profundidade local, e a resolução das camadas turbulentas de superfície e de
fundo, por meio de um submodelo de fechamento turbulento de ordem 2.5 (MELLOR
E YAMADA, 1982). O modelo possui três componentes de velocidade de fluxo,
temperatura e salinidade, assim como energia cinética turbulenta e mistura
turbulenta (KAWASE, 1998). Além disso, o POM integra as equações primitivas de
Reynolds discretizadas por diferenças finitas segundo o método Leapfrog.
O uso de coordenadas σ facilita a representação da estrutura vertical do sistema
costeiro com morfologia de fundo irregular, como o da área de estudo (Bacia do
Espírito Santo, Cumuruxatiba e Jequitinhonha). O fechamento turbulento de ordem
2.5 utiliza os resultados das equações da energia cinética turbulenta e da escala de
comprimento, bem como a turbulência no cálculo dos coeficientes cinemáticos, tanto
de viscosidade quanto de difusão turbulenta de calor e sal na vertical. Esses
cálculos são efetuados com base em equações empíricas que utilizam constantes
estabelecidas em experimentos de laboratório e em observações de campo. Com o
69
fechamento turbulento de ordem 2.5, o modelo reproduz de maneira mais realística
as camadas de Ekman de superfície e de fundo (BLUMBERG E MELLOR, 1987).
Além dos aspectos específicos acima mencionados, o modelo adota soluções
largamente utilizadas na literatura, como gradeamento do tipo C de Arakawa e
métodos de integração diferentes na horizontal e na vertical - integração horizontal e
temporal explícita e vertical implícita. O modelo apresenta uma superfície livre e dois
intervalos de tempo distintos, um para o modo de oscilação externo e outro para os
internos. O modo externo (barotrópico) é bidimensional e usa um intervalo de tempo
menor, baseado na condição de estabilidade computacional de Courant-Friedrichs-
Levy (CFL). Os modos internos (baroclínicos) são tridimensionais e usam um
intervalo de tempo mais longo (MELLOR E YAMADA, 1982).
4.5 A modelagem numérica de derramamentos de óleo no mar.
Um grande número de modelos de derramamento de óleo está em uso no mundo
hoje. Eles compreendem ferramentas poderosas nos planos de emergência dos
derrames de óleo. Estes vão na capacidade de simples trajetórias, ou modelos de
monitoramento de partículas, até modelos de trajetória de destino tri-dimensionais
que incluem simulações com ações de resposta e estimação de efeitos biológicos
(REED et al., 1999). Dois modelos contendo os mesmo algoritmos podem dar
resultados bastante diferentes com os mesmos dados de entrada. A implementação
do algoritmo é crucial para o seu desempenho, e a interação deste com outros
códigos, por exemplo, aqueles referentes ao espalhamento, evaporação,
emulsificação, dispersão, etc., vão garantir a eficácia do modelo. Os algoritmos
referentes aos processos de intemperismo do óleo no mar são as principais
características do modelo que o faz eficiente e realístico aos cenários. Atualmente a
comunidade científica interessada na modelagem de derramamentos de óleo tem
obtido conhecimento cada vez mais detalhado desses processos, criando códigos
cada vez mais aprimorados. O crescente poder computacional continuará
melhorando a interpretação e funcionamento dos códigos de processos ambientais,
permitindo maior detalhamento das características físicas e químicas do óleo no
70
ambiente, juntamente com um melhor acoplamento de dados oceanográfico e
meteorológicos.
Basicamente os modelos de derramamento de óleo possuem três principais etapas
no processo de simulação: a entrada de dados (tipo de óleo, taxa de derramamento,
localização, condições especiais, linha de costa, correntes, batimetria, estado do
mar, velocidade do vento, temperatura do mar, gelo, etc.), os processos de
compilação e execução dos dados em diferentes intervalos de tempo (advecção,
espalhamento, dissolução, emulsificação, evaporação, etc.) e a saída (balanço de
massa do óleo, distribuição geográfica e propriedades) (REED, et al., 1999).
4.6 O modelo de derramamento de óleo OSCAR (Oil Spill Contingency and
Response)
O modelo OSCAR (Oil Spill Contingency And Response) é um modelo amplamente
usado em planos de contingência para análise de um cenário pré- derramamento de
óleo, quantificação de destino da mancha, simulação de processos de intemperismo,
análise de potenciais conseqüências ambientais e eficiência de diversos métodos de
combate ao óleo derramado (incluindo o uso de dispersantes) (DALING et al. 2002).
Estes mesmos autores realizaram vários testes e fizeram uma revisão dos dados
atuais referentes ao uso de dispersantes no Mar do Norte para derramamentos de
óleo, a fim de poderem dar melhor suporte a esta ferramenta no modelo OSCAR. O
desenvolvido do modelo também objetivou auxiliar nas tomadas de decisão
relacionadas a resposta e contingência de derramamentos de óleo. Como as
conseqüências ambientais são componentes importantes para esse tipo de decisão,
o modelo permite avaliar os potenciais efeitos de derramamentos na coluna de água,
na superfície, nos sedimentos e na linha de costa.
Os componentes chaves do modelo são o banco de dados de óleo, a trajetória tri-
dimensional de destino da mancha (superfície e coluna d’água) (REED et al., 1995),
os principais processos de intemperismo ambiental (evaporação, advecção,
dissolução, emulsificação, espalhamento, degradação, sedimentação, coluna
d’água, linha de costa e ações de resposta) (AAMO et al., 1993), o modelo de
destino de compostos químicos, o modelo de combate ao derramamento de óleo e o
71
modelo de exposição para peixes e ictioplâncton (REED et al., 1995), aves e
mamíferos marinhos (DOWNING E REED, 1996).
O modelo OSCAR é um modelo de código fechado, isento de alterações do código
fonte. Desta forma, a única forma de interação do modelo com o usuário é através
de janelas gráficas onde dados referentes ao derramamento podem ser informados.
Muitos parâmetros de entrada podem ser alterados e/ou importados para dentro do
modelo, como o fluxo de correntes, o regime de ventos, o perfil vertical de
temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido, o número de partículas sólidas e
dissolvidas, a temperatura da água e do ar, a taxa de vazamento do óleo, a
composição padrão do óleo, dados referentes ao sedimento em suspensão, etc. O
usuário pode, ao final das simulações probabilísticas e determinísticas, visualizar
uma grande quantidade de mapas referentes ao resultado das simulações. Os
mapas determinísticos podem ser visualizados de forma 3-D no eixo x-y-z de forma
lagrangeana, podendo informar a quantidade de óleo que vai para fundo marinho, a
viscosidade do óleo, a quantidade de água misturada ao óleo, a concentração do
óleo, o diâmetro de partículas, a concentração de óleo na linha de costa e a
espessura da mancha de óleo, além do balanço de massa com os principais
processos de intemperismo e as variações temporais de direção e intensidade do
vento atuante sobre o local de derramamento.
Já os mapas probabilísticos informam resultados eulerianos para a superfície
(probabilidade, toneladas de óleo, mínimo tempo de chegada, máximo tempo de
exposição, a massa de óleo emulsificado, a espessura do óleo, a quantidade de
água aderida ao óleo, a espessura), para a coluna d’água (probabilidade de
ocorrência de óleo, tonelagem de óleo na costa, mínimo tempo de chegada do óleo,
profundidade de mistura, tempo de chegada do óleo, máximo tempo de exposição,
etc.), na linha de costa (idem a superfície). Além disso, através da ferramenta Área
em Função do Tempo, é possível estabelecer áreas prioritárias para proteção onde
é informada a quantidade de óleo que atingiu a área durante o período simulado.
Nesse caso é possível visualizar e analisar separadamente todos os mapas
explicados acima.
O modelo OSCAR trabalha com intervalos de tempo de cálculos dos resultados
finais (tanto dados referentes aos processos de intemperismo atuantes sobre a
mancha de óleo quanto sobre as ações de combate), onde o valor padrão utilizado é
72
10 minutos. Tanto esse como outros parâmetros, tais como o fator do vento
induzindo corrente (3.5% como valor padrão) e o tempo de gravação de saída dos
dados em arquivos de texto de 2 em 2 horas (passo de tempo de escrita) são
passíveis de alteração pelo usuário. A grade utilizada nas simulações numéricas é
construída no próprio modelo OSCAR de forma regular sendo possível definir a área
de abrangência e o número de células no plano x-y.
A linha de costa utilizada pelo modelo possui resolução de 1 km, sendo importada
da Agência de Mapeamento de Defesa dos EUA. Já a batimetria é definida no
modelo através do SeaTopo 6.2, o qual cobre uma área que se extende de 72 oS até
72 o
Através dos dados de velocidade do vento (U), profundidade da coluna d’água (d) e
a aceleração da gravidade (g), o modelo OSCAR é capaz de estimar a alta
significativa (H) e o período (F) da onda, segundo as Equações 2 e 3 presentes no
U.S. Army Corps of Engineers Shore Protection Manual.
N, numa resolução de 3 a 10 km. Esse conjunto de dados é baseado na
combinação de dados altimétricos de satélite com os dados coletados por navios
(REED, 2001).
Equação 2
Equação 3
No contexto apresentado acima com as informações referentes ao OSCAR, se
resume o funcionamento do fluxo computacional do modelo OSCAR através do
diagrama da Figura 4.1.
De acordo com o diagrama deve-se informar o tipo e composicao do óleo, condicoes
de vazamento (taxa, localização, profundidade, temperatura e salinidade) e as
condições de implementacao do modelo, isto é, número de partículas, grade de
73
simulação, níveis de profundidade, fator do vento, etc. À essas informações devem
ser implementados no modelo dados da dinâmica meteoceanografica, batimétricos,
do estado do mar e o contorno de linha de costa.
Figura 4.1: Fluxograma de processamento do modelo de dispersão de óleo OSCAR. Adaptado de
Reed (2001).
A etapa processamento refere-se a execução de uma série de algoritmos referentes
aos principais processos de intemperismo, como advecção, espalhamento,
evaporação, emulsificação, dispersão natural, dissolução, degradação e
sedimentação, além de realizar cálculos referentes às ações de combate ao
derramamento. Uma vez finalizado o processamento, os resultados podem ser
visualizados via balanço de massa e mapas bi-dimensionais.
74
CAPÍTULO 5: METODOLOGIA
5.1 Fluxograma de etapas metodológicas
5.2 A implementação do modelo POM na área de estudos
5.3 A importação de dados no modelo OSCAR
5.4 Os parâmetros ambientais das simulações do OSCAR
5.5 As estratégias de modelagem
75
5.1 Fluxograma de etapas metodológicas
A seqüência de passos desenvolvidos na metodologia do presente trabalho resume-
se no fluxograma da Figura 5.1.
Figura 5.1: Fluxograma das etapas metodológicas.
76
5.1 A implementação do modelo POM na área de estudos
O modelo POM foi implementado para a área de estudos pelo Laboratório de
Experimentação Numérica em Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande
- LENOC/FURG em dois períodos sazonais de 90 dias de verão e inverno, iniciando
no dia 20/12/1988 e 20/05/1989 respectivamente.
O modelo incorporou dados de vento do SOMAR Meteorologia produzidos pelo
modelo ETA alimentado com dados de reanálise do NCEP/NCAR (National Center
for Environmental Prediction/National Center for Atmospheric Research) com
resolução temporal de 6 horas, as cinco principais componentes harmônicas de
maré (M2, S2, N2, K2 e O1) importadas do FES95.2 e a Corrente do Brasil, em uma
grade numérica de 200x300 pontos com resolução espacial de ¼ de grau,
aproximadamente 28 km, e vertical com 11 níveis sigma. O campo termohalino
inicial foi derivado do modelo global OCCAM (Ocean Circulation and Climate
Advanced Modeling Project) com resolução de ¼ de grau. A Figura 5.2 mostra a
batimetria da região da grade numérica curvilinear implementada pelo modelo POM.
Figura 5.2: Batimetria da grade curvilinear simulada pelo modelo POM.
77
5.2 A importação de dados no modelo OSCAR
As séries temporais de dados hidrodinâmicos e eólicos foram importadas pelo
modelo OSCAR a fim de funcionarem como as principais forçantes nos cenários de
derramamento de óleo. Os dados de vento incorporados ao modelo OSCAR são os
mesmos usados como forçante externa no modelo POM, implementado pelo
LENOC/FURG, possuindo a mesma distribuição espacial sem a necessidade de
interpolação.
Os dados de vento necessitaram ser rearranjados em arquivos específicos para
poderem ser importados pelo OSCAR. O rearranjo consistiu em separá-los em
função da data (6 em 6 horas a partir do dia 30/12/1988) e das componentes u e v
do movimento. Cada arquivo de conjunto de dados de vento foi relacionado a um
arquivo de importação (“.imp”), o qual funciona como um direcionador dos arquivos
de dados de cada série temporal, sendo desta forma importado pelo modelo
OSCAR.
Os dados hidrodinâmicos resultantes das simulações realizados pelo modelo POM
foram interpolados tanto na horizontal quanto na vertical antes de serem importados
pelo modelo OSCAR. No primeiro caso foi utilizada a interpolação cúbica (ou
trilinear) e, no segundo caso foi utilizada a interpolação linear. Assim, no plano x-y
os dados hidrodinâmicos da grade original com 200x300 pontos do modelo POM
foram rearranjados em uma grade numérica de 91x91 pontos, com resolução de 1/10
de grau (aproximadamente 10 km), com limites espaciais de 23oS a 14oS e 43oW a
34oW, como mostra a Figura 5.3.
78
Figura 5.3: Grade numérica utilizada no modelo OSCAR para a realização das simulações. As cores
azul, amarela e verde representam o continente, sedimentos costeiros (areia) e a água,
respectivamente. Em destaque a região costeira de Caravelas - BA.
Na vertical, os dados hidrodinâmicos foram transformados de coordenadas σ para
coordenadas z e, assim, interpolados de forma linear em quatro níveis. Os níveis de
profundidade escolhidos foram: 5 metros, 20 metros, 80 metros e 300 metros, sendo
níveis representativos para derramamentos superficiais de óleo segundo
pesquisadores noruegueses da SINTEF.
Os quatro níveis z de dados hidrodinâmicos escolhidos representam toda coluna
d’água, conforme a Figura 5.4.
79
Figura 5.4: Diagrama representativo dos níveis de profundidade utilizados no modelo OSCAR.
Os níveis escolhidos funcionam como camadas de um cubo no modelo OSCAR. Os
dados hidrodinâmicos referentes ao 1o nível, 5 metros, são dados representativos
desde a superfície até o topo do nível abaixo, ou seja, 7.5 metros, e assim por
diante, até o 4o
Os dados hidrodinâmicos que foram importados pelo modelo OSCAR também foram
filtrados a fim de constituírem em uma nova base de dados. Para tanto, esses dados
foram submetidos a um filtro de 40 horas para a remoção de processos de escala
supra-inerciais, removendo-se, por exemplo, a maré como forçante do sistema.
Desta forma, esse novo conjunto de dados foi importado pelo modelo OSCAR da
mesma maneira com que os dados originais foram importados, tanto na vertical
quanto na horizontal, conforme mostrado anteriormente. Essa análise é viável visto
nível ser representativo até o fundo batimétrico do local.
O conjunto total de dados (data, localização dos pontos de grade e componentes u e
v da velocidade, organizados por dia e por nível de profundidade) foi organizado em
apenas um arquivo de extensão CDL (Commom Data Language), transformado para
o formato NetCDF (Network Commom Data Form) e, finalmente, importado para
dentro do OSCAR.
80
que muitos estudos ambientais, tanto no Brasil quanto no mundo, utilizam o
resultado de simulações de derramamento de óleo forçados por uma hidrodinâmica
resultante de modelos globais de circulação superficial e profunda, os quais não
incorporam a maré como forçante do modelo.
5.3 Parâmetros ambientais das simulações do OSCAR
Os parâmetros ambientais são importantes no destino do óleo e nos processos de
intemperismo associados, influenciando fortemente em estratégias de contenção e
recolhimento bem como na elaboração de estudos ambientais.
Os principais parâmetros ambientais a serem considerados são a temperatura do ar
e da água, a salinidade, a concentração de sedimento em suspensão, a
porcentagem da velocidade do vento induzindo corrente superficial e a taxa de
oxigênio dissolvido.
A temperatura do ar de verão e inverno foi obtida no site do CPTEC/INPE (Centro de
Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), com um valor médio climatológico de 26oC e 22oC respectivamente,
medidos na região costeira mais próxima da área de estudo. Os dados de
temperatura e salinidade da coluna d’água até 300 metros foram obtidos do conjunto
de banco de dados do WOCE Global Data Resource (World Ocean Circulation
Experiment). Estudos feitos por Teixeira e colaboradores (2005) próximo ao Banco
de Abrolhos demonstraram que em média a região possui uma taxa de 10mg.L-1 de
concentração de sedimentos em suspensão. Esse parâmetro é fundamental visto
que é um dos principais causadores da sedimentação do óleo no leito marinho
(BOEHM, 1987). A taxa de oxigênio dissolvido, segundo pesquisadores
noruegueses, ainda não é relevante para as simulações do OSCAR na versão 4.0
utilizada, sendo usado um valor padrão no modelo de 10mg.L-1
.
81
5.4 As estratégias de modelagem
A modelagem de derramamento de óleo visando a delimitação de uma zona de
exclusão para as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de petróleo
próximo ao Banco de Abrolhos envolveu quatro etapas:
1a - escolha dos locais de derramamento;
2a - os tipos de óleo utilizados nas simulações;
3a - o volume e taxa do derramamento utilizados;
4a - os parâmetros ambientais.
Os blocos onde as simulações foram implementadas foram escolhidos seguindo três
critérios:
1b - proximidade ao Banco de Abrolhos;
2b - localização próxima da quebra de plataforma;
3b - abrangência das três bacias sedimentares marinhas.
Essas profundidades próximas da quebra de plataforma foram escolhidas visando a
proximidade à Corrente do Brasil, na zona de plataforma externa e talude, onde as
velocidades superficiais da corrente são maiores, podendo levar o óleo para áreas
mais distantes.
Essas profundidades também foram escolhidas porque são locais onde se
encontram grandes poços de produção de petróleo segundo o site oficial da ANP
(Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis), ou seja, na plataforma
continental externa e talude. Os blocos leiloados até a 9a
A partir dessa premissa, foram escolhidos 4 (quatro) blocos onde as simulações
foram realizadas, estando distribuídos na Bacia do Espírito Santo (1 bloco), na Bacia
de Cumuruxatiba (2 blocos) e na Bacia de Jequitinhonha (1 bloco). Além destes,
foram acrescentados mais 3 (três) pontos de derramamento de óleo, chamados de
Cenários Teóricos (CT’s), onde não há nenhum bloco de petróleo (Figura 6.4). A
adição destes pontos resultará numa maior precisão na determinação da área de
exclusão da atividade de petróleo na região.
rodada de licitações que
estão enquadrados nesses critérios foram utilizados nas simulações.
82
As regiões de proteção ambiental na área de estudo são as duas áreas do Parque
Nacional Marinho de Abrolhos (polígono menor sendo a Zona de Amortecimento 2 e
o polígono médio sendo a Zona de Amortecimento 1) e a Área de Proteção
Ambiental Ponta das Baleias (polígono maior), marcados na Figura 5.5.
A Tabela 5.1 mostra as principais características dos locais de simulação de
derramamento de óleo especificadas na Figura 6.4.
Tabela 5.1: Localização dos pontos de simulação de derramamento de óleo.
Bloco e CT Bacia Latitude Longitude Profundidade (metros)
BM-CUM-1 Cumuruxatiba -17o -3800’00’’ o 104 41’15’’
BM-CUM-2 Cumuruxatiba -17o -3832’30’’ o 86 15’00’’
J-M-259 Jequitinhonha -16o -3715’00’’ o 1.179 52’00’’
ES-M-418 Espírito Santo -19o -3830’00’’ o 69 45’00’’
CT-1 Jequitinhonha -16o -3811’00’’ o 33 30’00’’
CT-2 Mucuri -18o -3711’30’’ o 69 38’30’’
CT-3 Espírito Santo -19o -3701’00’’ o 61 52’00’’
83
Figura 5.5: Localização dos pontos de simulação de derramamento de óleo. Em verde os níveis
batimétricos da região até 3.200 metros segundo o SeaTopo6.2. Em branco destacam-se a APA
Ponta das Baleias (polígono maior) e o PARNA de Abrolhos (polígono médio - Zona de
Amortecimento 1; polígono menor - Zona de Amortecimento 2).
Como muitas dessas regiões são consideradas como novas fronteiras exploratórias
de petróleo, não se sabe ao certo qual o tipo de óleo presente nessas bacias, não
sendo possível estimar um grau API fixo para o óleo da região. Dessa forma, as
simulações nos locais escolhidos serão feitas utilizando dois tipos diferentes de óleo:
óleo leve (grau API > 30) e óleo intermediário (grau API entre 22 e 30). Esses
valores estão de acordo com a ONIP (Organização Nacional da Indústria do
Petróleo). O modelo OSCAR possui um banco de dados com 354 tipos de óleo com
seus respectivos grau API, os quais podem ter suas composições alteradas
84
manualmente. Foram extraídos para as simulações numéricos os óleos Aquila
(35.67864 oAPI) e Belayim (27.61391 oAPI), leve e intermediário respectivamente. A
composição padrão desses dois óleos é mostrada na Figura 5.6.
85
Figura 5.6: Composição padrão dos óleo Aquila e Belayim importados do banco de dados do modelo OSCAR para as simulações de derramamento de óleo.
86
Como nesses blocos e CT’s escolhidos ainda não existe nenhum tipo de produção de
petróleo, não é possível afirmar com certeza qual seria o volume de óleo possível
derramado em cada ponto. Porém, como esses blocos localizam-se em zonas de
plataforma média, externa e talude, pode-se fazer uma estimativa de valor a partir de
uma plataforma em produção localizada próxima à área de estudo. Assim, foi utilizada
a vazão de 192 m3.dia-1 de derramamento de óleo, valor este presente no Relatório de
Impacto Ambiental de produção do bloco BM-J-2, localizado na Bacia do
Jequitinhonha. O volume corresponde a aproximadamente 5 mil toneladas de óleo
derramado continuamente durante 30 dias, seguindo a legislação de cenários de pior
caso da Resolução CONAMA 398/2008, sendo um valor plausível e possível de ocorrer
em caso de atividades de produção nos demais locais de derramamento no presente
estudo.
A determinação da zona de exclusão e das áreas de risco foi feita a partir da análise de
5 (cinco) resultados de campos probabilísticos das simulações numéricas de
derramamento de óleo:
1c - Probabilidade de ocorrência superficial do óleo (%);
2c - Toneladas por célula de grade de 10km2
A probabilidade percentual de ocorrência do óleo na superfície representa a área na
qual o petróleo estará presente ao longo dos 30 dias de simulação de cada cenário.
Um total de 80 simulações foram realizadas para cada um dos períodos (verão e
inverno) de 80 dias de dados meteoceanográficos disponíveis. O segundo parâmetro
representa a quantidade de óleo, em toneladas, presente em cada célula de grade do
modelo OSCAR, ou seja, 10km
;
3c - Mínimo tempo de chegada do óleo superficial (dias);
4c - Tempo de exposição (dias);
5c - Profundidade máxima de mistura (metros).
Esses resultados foram tabelados em cenários de verão e inverno, com e sem os
efeitos supra-inerciais, utilizando os dois tipos de óleo já mencionados.
2. Esse valor é altamente dependente do tipo de óleo
derramado, quanto mais leve for o óleo menor será a quantidade encontrada na área
de derramamento. O mínimo tempo de chegada do óleo estima a área de abrangência
do óleo em função do tempo (dias), ou seja, o modelo é capaz de prever as áreas onde
87
o óleo chegará primeiro em caso de derramamento. Essa informação é altamente
importante principalmente para as equipes de combate a um acidente de óleo no mar,
pois tais dados informarão as áreas prioritárias onde as estruturas de contenção e
remoção devem ser colocadas. O tempo de exposição do óleo superficial (dias) informa
o tempo que ele irá permanecer numa determinada área até ser intemperizado para a
atmosfera, coluna d’água, sedimento, decaimento, etc. E por fim, a profundidade
máxima de mistura (metros) informa até qual nível de profundidade o óleo será
encontrado na coluna d’água.
A Figura 5.7 mostra os distintos cenários de derramamento de óleo na região de
estudos, abrangendo as bacias do Espírito Santo, Cumuruxatiba, Jequitinhonha e os
Cenários Teóricos, onde em cada simulação com óleo leve e intermediário nos blocos
licenciados pela ANP (BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418) foram utilizados
dados hidrodinâmicos com a presença e ausência de processos supra-inerciais. Desta
forma, totalizando 44 cenários de derramamento.
88
VERÃO
VERÃO
VERÃO
VERÃO
INVERNO
VERÃO
VERÃO
VERÃO
INVERNO
INVERNO
INVERNO
INVERNO
INVERNO
INVERNO
BM-CUM-1
BM-CUM-2
J-M-259
ES-M-418
CT - 1
CT - 3
CT - 2
Figura 5.7: Diagrama dos cenários de simulação de derramamento de óleo na área de estudos, totalizando 44 diferentes cenários (verde escuro e claro).
LEGENDA
Óleo intermediário
Óleo leve
88
CAPÍTULO 6: RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Interpolações e padrões hidrodinâmicos de verão e inverno 6.2 Blocos licenciados pela ANP e Cenários Teóricos
6.2.1 Período sazonal de verão 6.2.1.1 Presença de processos supra-inerciais 6.2.1.1.1 Simulações com óleo leve 6.2.1.1.2 Simulações com óleo intermediário
6.2.1.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário
6.2.1.2 Ausência de processos supra-inerciais 6.2.1.2.1 Simulações com óleo leve 6.2.1.2.2 Simulações com óleo intermediário 6.2.1.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário 6.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com presença e ausência de processos supra-inerciais 6.2.1.3.1 Simulações com óleo leve 6.2.1.3.2 Simulações com óleo intermediário
6.2.2 Período sazonal de inverno 6.2.2.1 Presença de processos supra-inerciais 6.2.2.1.1 Simulações com óleo leve 6.2.2.1.2 Simulações com óleo intermediário 6.2.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário 6.2.2.2 Ausência de processos supra-inerciais 6.2.2.2.1 Simulações com óleo leve 6.2.2.2.2 Simulações com óleo intermediário 6.2.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário 6.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com presença e ausência de processos supra-inerciais 6.2.2.3.1 Simulações com óleo leve 6.2.2.3.2 Simulações com óleo intermediário
89
6.3 Análise comparativa entre simulações de verão e inverno 6.3.1 Simulações com óleo leve 6.3.2 Simulações com óleo intermediário 6.4 A Zona de Exclusão
90
6.1 Interpolações e padrões hidrodinâmicos de verão e inverno
Os resultados hidrodinâmicos de verão do modelo POM mostraram um fluxo mais
intenso e contínuo associado à Corrente do Brasil ao largo da zona de quebra de
plataforma, com velocidades em torno de 0.5 e 1 m.s-1
No verão, ao norte de 18
(Figura 6.1). Esse fator
pareceu ser determinante no destino final do óleo derramado nesta área. A Corrente
do Brasil e as instabilidades presentes na plataforma externa como vórtices e
meandros carregaram o óleo para zonas mais distantes da origem do
derramamento, causando maior espalhamento e, conseqüentemente, maiores danos
nesse período sazonal. No inverno (Figura 6.2) o padrão hidrodinâmico mostrou um
enfraquecimento da Corrente do Brasil ao largo da zona de quebra de plataforma em
comparação com o período de verão.
oS observou-se a formação do vórtice de Ilhéus, como
também observado por Soutelino (2008) (Figura 6.3). As instabilidades encontradas
nessa porção associadas à Corrente do Brasil foram menos intensas do que no
período de inverno, apesar do Banco de Royal Charlotte ter proporcionado a
formação de vórtices e meandros próximos à quebra de plataforma e talude. Ao sul
de 18oS observou-se uma marcante continuidade da Corrente do Brasil até o sul do
Estado do Espírito Santo, em torno de 22oS, onde iniciou-se a formação do vórtice
de São Tomé, feição anticiclônica associada à descontinuidade da quebra de
plataforma.
91
Figura 6.1: Padrão de circulação superficial de verão nos dias 30/12/88 (canto superior esquerdo), 14/01/89 (canto inferior esquerdo), 29/01/89 (canto superior direito) e 13/02/89 (canto inferior direito).
92
Figura 6.2: Padrão de circulação superficial de inverno nos dias 30/05/89 (canto superior esquerdo), 14/06/89 (canto inferior esquerdo), 29/06/89 (canto superior direito) e 13/07/89 (canto inferior direito).
93
Figura 6.3: Padrão esquemático de circulação em 20 metros de profundidade a partir de dados de
ADCP sobreposto ao campo geostrófico em um período de verão. Em destaque a Corrente do Brasil
(CB), o Vórtice de Ilhéus (VI), o Vórtice de Royal Charlote (VRC) e o Vórtice de Abrolhos (VAb).
Fonte: Soutelino (2008).
Os dados hidrodinâmicos de verão e inverno filtrados para a retirada de fenômenos
supra-inerciais são mostrados na Figura 6.4 e 6.5, respectivamente. Observou-se
que as correntes de maré foram removidas, principalmente nas regiões com
profundidades inferiores a 200 metros. Por outro lado, as instabilidades associadas à
Corrente do Brasil visíveis nos dados interpolados (Figuras 6.1 e 6.2) continuaram
presentes nesse novo conjunto de dados sem os fenômenos de alta freqüência.
94
Figura 6.4: Padrão de circulação superficial filtrado de verão nos dias 30/12/88 (canto superior esquerdo), 14/01/89 (canto inferior esquerdo), 29/01/89 (canto superior direito) e 13/02/89 (canto inferior direito).
95
Figura 6.5: Padrão de circulação superficial filtrado de inverno nos dias 30/05/89 (canto superior esquerdo), 14/06/89 (canto inferior esquerdo), 29/06/89 (canto superior direito) e 13/07/89 (canto inferior direito).
96
As Figuras 6.6 e 6.7 apresentam os dados de vento utilizados nesse estudo para os
períodos de verão e inverno, respectivamente. As principais diferenças sazonais
encontradas referem-se à freqüência de passagem de frentes frias pela região
(maior ocorrência de frentes no período de inverno segundo os dados temporais de
6 em 6 horas visualizados no modelo OSCAR), com intensidade podendo atingir de
10 a 15 m.s-1 no período de inverno. O trabalho desenvolvido por Souza e
colaboradores (2007) também mostrou uma maior intensidade de ventos no período
de inverno na região do Banco de Abrolhos com os dados do SOMAR Meteorologia
obtidos através do modelo ETA, o qual foi forçado por dados de reanálise do
NCEP/NCAR, atingindo até 8 m.s-1
Segundo os dados de vento de Lessa e Cirano (2006) obtidos através de estação
meteorológica costeira no sul da Bahia (intervalo de amostragem de ½ de hora a
partir de Janeiro de 2001) e registros climatológicos (intervalo temporal de 3 horas a
partir de 1957 até 1997), os ventos na região do Banco de Abrolhos são
predominantementes do quadrante nordeste (30% de ocorrência), seguidos pelo
quadrante leste (24% de ocorrência) e sudeste (14% de ocorrência) e, por fim, pelos
quadrantes sul e norte, com 14% e 12% de ocorrência, respectivamente. Segundo
os autores, as passagens de frentes frias, referentes aos ventos dos quadrantes
sudeste, sul e sudoeste, ocorrem preferencialmente durante o outono e início do
inverno, com mais de 42% dos registros sendo encontrados entre Abril e Julho
(máximo de 52% dos registros em Maio).
no mês de Julho.
97
Figura 6.6: Padrão de circulação atmosférica superficial de verão nos dias 30/12/88 (canto superior esquerdo), 14/01/89 (canto inferior esquerdo), 29/01/89 (canto superior direito) e 13/02/89 (canto inferior direito).
98
Figura 6.7: Padrão de circulação atmosférica superficial de inverno nos dias 30/05/89 (canto superior esquerdo), 14/06/89 (canto inferior esquerdo), 29/06/89 (canto superior direito) e 13/07/89 (canto inferior direito).
99
6.2 Blocos licenciados pela ANP e Cenários Teóricos
Os blocos licenciados pela ANP da Bacia de Cumuruxatiba (BM-CUM-1 e BM-
CUM-2), Bacia do Jequitinhonha (J-M-259) e da Bacia do Espírito Santo foram
analisados juntamente com os Cenários Teóricos (CT-1, CT-2 e CT-3). A análise
consistiu primeiramente na separação das informações, onde foram realizadas
análises comparativas e individuas referentes aos períodos sazonais de verão e
inverno, presença e ausência de processos supra-inerciais e utilização de óleo leve
e intermediário nas simulações.
6.2.1 Período sazonal de verão
6.2.1.1 Presença de processos supra-inerciais
6.2.1.1.1 Simulações com óleo leve
Os resultados probabilísticos de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API
leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259,
ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3 são mostrados na Tabela 6.1.
Os dados mostraram que com a utilização de óleo leve nas simulações de verão os
locais de derramamento mais críticos são dos blocos da Bacia de Cumuruxatiba,
onde existiu até 70% (BM-CUM-1) de probabilidade do óleo superficial ter atingido
a área do Banco de Abrolhos na porção leste da Zona de Amortecimento 2. Os
blocos dessa bacia também mostraram os piores cenários referentes à tonelagem
de óleo por célula de 10 km2 (atingindo o máximo de 3.0 toneladas), tempo mínimo
de chegada do óleo superficial às áreas de proteção (2 dias nas porções leste das
Zonas de Amortecimento 1 e 2 nos derramamentos nos blocos BM-CUM-2 e BM-
CUM-1 respectivamente) e, máximo tempo de exposição atmosférica do óleo
(atingindo 2 dias nas porções oeste das Zonas de Amortecimento 1 e 2 nos
cenários de derramamento nos blocos BM-CUM-2 e BM-CUM-1, respectivamente).
Nesses blocos o óleo também atingiu a máxima profundidade de mistura, onde
100
preencheu quase toda a coluna d’água nas simulações no bloco BM-CUM-1 (47.1
metros de camada de mistura do óleo na porção leste da Zona de Amortecimento
2). Nenhum resultado probabilístico de chegada do óleo nas áreas de proteção
ambiental foi encontrado para as simulações nos blocos da Bacia do
Jequitinhonha, Bacia do Espírito Santo e para os cenários teóricos.
Tabela 6.1: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 20 20 - 5 70 40 BM-CUM-2 30 5 50 50 5 -
J-M-259 - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
1.0 3.0 - 1.0 3.0 3.0 BM-CUM-2 3.0 0.5 3.0 3.0 0.1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 4 4 - 14 2 4 BM-CUM-2 4 10 2 4 14 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 1 1 - 1 1 2 BM-CUM-2 1 1 1 2 1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
101
Tabela 6.1 (cont.): Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 1.5 1.6 - 12.2 47.1 34.4 BM-CUM-2 1.6 0.7 51.0 31.9 0.1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
6.2.1.1.2 Simulações com óleo intermediário
Os resultados probabilísticos de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API
intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos e BM-CUM-1, BM-CUM-
2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3 são mostrados na
Tabela 7.2. Os piores cenários de derramamento com óleo intermediário no
período de verão ocorreram novamente nos blocos da Bacia de Cumuruxatiba.
Nesses blocos, o óleo atingiu 90% de probabilidade de atingir o Banco de Abrolhos
em derramamentos no bloco BM-CUM-1, além da maioria das probabilidades de
óleo superficial encontradas estarem acima de 50% nos cenários de derramamento
nos blocos da Bacia de Cumuruxatiba. A maior tonelagem encontrada por célula de
10km2 foi referente ao derramamento no bloco BM-CUM-2, atingindo o máximo de
10 toneladas de óleo na Zona de Amortecimento 1. Nas duas zonas que
representam o Banco de Abrolhos o óleo derramado pôde atingi-las em até 2 dias
nos cenários de derramamento nos blocos de Cumuruxatiba. O óleo também
permaneceu superficialmente por mais tempo nas áreas de proteção ambiental nos
cenários de derramamento nos blocos desta bacia, permanecendo por até 4 dias
na superfície nas duas zonas de amortecimento. O cenário de verão com o óleo
intermediário também mostrou que o bloco J-M-259 ofereceu risco de
contaminação às áreas de proteção ambiental. Os valores encontrados foram
menores se comparados com os blocos da Bacia de Cumuruxatiba, porém deve-se
ressaltar que se presumivelmente nenhum óleo deva atingir as áreas de proteção
102
ambiental, então a região da Bacia do Jequitinhonha, onde encontra-se o bloco J-
M-259, deva ser considerada como uma região de risco ao ecossistema de
Abrolhos. Nenhum risco de contaminação foi encontrado para o bloco ES-M-418 da
Bacia do Espírito Santo e nem para os cenários teóricos.
Tabela 6.2: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 40 70 5 30 90 90 BM-CUM-2 40 10 80 60 20 5
J-M-259 5 - 5 5 5 5 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
5.0 5.0 0.3 5.0 5.0 5.0 BM-CUM-2 3.0 3.0 10.0 10.0 1.0 0.1
J-M-259 0.3 - 0.5 0.3 0.1 0.1 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - CT-3 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 4 4 25 25 2 2 BM-CUM-2 4 7 2 2 7 7
J-M-259 25 - 14 14 25 25 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - CT-3 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 2 2 1 2 4 4 BM-CUM-2 4 2 2 4 2 1
J-M-259 1 - 1 1 1 1 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - CT-3 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 51.4 49.3 0.6 51.5 51.5 51.2 BM-CUM-2 51.5 29.1 51.5 51.5 1.4 0.6
J-M-259 2.0 - 2.0 2.0 2.0 2.0 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - CT-3 - - - - - -
103
Devido aos cenários de simulação com óleo intermediário terem apresentado os
resultados mais críticos em comparação com as simulações com óleo leve, a
Figura 6.8 mostra os dados probabilísticos de chegada do óleo superficial
referentes aos cenários de derramamento com a utilização do óleo mais denso
(Tabela 6.2). Nessas simulações observou-se o sentido preferencial do óleo
derramado, fluindo para o sul seguindo principalmente a Corrente do Brasil próximo
ao largo da zona de quebra de plataforma. O vento nordeste/leste também exerceu
influência no óleo derramado, influenciando no sentido da mancha para os
quadrantes sul/sudoeste. Os resultados probabilísticos de derramamento nos
cenários teóricos mostrados na Figura 6.9 confirmaram os dados das Tabelas 6.1 e
6.2, onde nenhum óleo atingiu as áreas de proteção ambiental.
Como observado na Figura 6.8, os locais de derramamento na Bacia de
Cumuruxatiba (BM-CUM-1 e BM-CUM-2) estão a norte/nordeste e, portanto, mais
próximos ao Banco de Abrolhos e adjacências, e se configuraram como os blocos
de maior ameaça potencial às áreas de proteção ambiental como observado na
Tabela 6.2.
104
Figura 6.8: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em superfície nos cenários de derramamento nos blocos BM-CUM-1 (canto superior esquerdo), BM-CUM-2 (canto inferior esquerdo), J-M-259 (canto superior direito) e ES-M-259 (canto inferior direito). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
105
Figura 6.9: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em superfície nos cenários de derramamento nos cenários teóricos CT-1 (canto superior esquerdo), CT-2 (canto superior direito), CT-3 (centro inferior). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
106
6.2.1.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário
A Tabela 6.3 mostra os resultados diferenciais no período de verão entre os dados
dos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
com óleo leve e intermediário da
Tabela 6.1 e Tabela 6.2, respectivamente, nos blocos licenciados pela ANP e nos
cenários teóricos (as cores pretas e azuis indicaram as áreas e porções onde as
simulações com óleo intermediário e leve apresentaram os piores cenários,
respectivamente).
Tabela 6.3: Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de verão com a presença de processos
supra-inerciais Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 20 50 5 25 20 50 BM-CUM-2 10 5 30 10 15 5
J-M-259 5 - 5 5 5 5 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
4.0 2.0 0.3 4.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 1.0 2.5 7.0 7.0 0.9 0.1
J-M-259 0.3 - 0.5 0.3 0.1 0.1 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 - - 25 11 - 2 BM-CUM-2 - 3 - 2 7 7
J-M-259 25 - 14 14 25 25 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
107
Tabela 6.3 (cont.): Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de verão com a presença de processos supra-
inerciais Área de Proteção
Ambiental Área de Proteção
Ambiental Área de Proteção
Ambiental Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ)
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 1 1 1 1 3 2 BM-CUM-2 3 1 1 2 1 1
J-M-259 1 - 1 1 1 1 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 49.9 47.7 0.6 39.3 4.4 16.8 BM-CUM-2 49.9 28.4 0.5 19.6 1.3 0.6
J-M-259 2.0 - 2.0 2.0 2.0 2.0 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
A análise comparativa mostrou a diferença quantitativa entre os dados das
simulações com os dois tipos de óleos, e estabeleceu em quais áreas e porções
eles apresentaram os piores cenários no período de verão.
Os resultados comparativos mostraram que as simulações que usaram óleo
intermediário apresentaram os cenários de pior caso. A diferença de probabilidade
máxima superficial entre óleo leve e intermediário atingiu o valor máximo de 50%
entre as simulações com os dois tipos de óleo na porção oeste da Área de
Proteção Ambiental, onde a cor preta indicou que o pior cenário de simulação foi a
que utilizou óleo intermediário. A diferença quantitativa de toneladas também
mostrou dados significativos de no máximo 4 toneladas por célula de 10 km2 a mais
nas simulações com óleo intermediário do que com simulações com óleo leve. A
diferença no tempo mínimo de chegada do óleo superficial também foi acentuada,
onde nas simulações em que foi utilizado óleo intermediário o petróleo atingiu os
blocos J-M-259 e BM-CUM-1 em 14 e 25 dias de antecedência respectivamente,
em comparação com as simulações que utilizaram óleo leve. Esses valores
108
reforçaram a confirmação de que os cenários de pior caso no período de verão
foram os que utilizaram óleo mais denso nas simulações.
O óleo leve tendeu a evaporar-se mais rapidamente devido as elevadas
temperaturas do ar no período de verão, onde o óleo deixou o ambiente marinho
com maior facilidade e, portanto, deixou de atingir áreas mais distantes como as
áreas de proteção ambiental. O óleo intermediário possui compostos de maior peso
molecular, oferecendo maior resistência à evaporação, permanecendo portanto por
mais tempo no ambiente marinho, atingindo regiões mais distantes com maior
facilidade devido ao arraste imposto pelo vento e correntes superficiais, explicando,
dessa forma, como o óleo intermediário foi encontrado com maior freqüência no
Banco de Abrolhos e na APA Ponta das Baleias.
As diferenças entre os tipos de óleo nos cenários de derramamento no mar são
importantes principalmente nos aspectos ecológicos. Os recifes de corais, por
serem ecossistemas de alta sensibilidade ambiental, podem sofrer diversos danos,
dependendo da localização. Recifes localizados próximos da franja do infralitoral,
em regiões de alta energia (elevado hidrodinamismo), exibem menor
susceptibilidade do que recifes localizados em águas calmas. Nestes últimos, o
tempo de permanência do óleo pode atingir longos períodos. Em recifes de águas
mais profundas, entretanto, a grande agitação da água pode favorecer a deposição
do óleo para o fundo, podendo vir a atingi-los. Recifes infralitorais de águas calmas
raramente são atingidos quando se trata de derrames de óleo do tipo pesado (RPI,
1978).
Óleos leves por apresentarem maior quantidade de frações tóxicas solúveis,
exibem elevado perigo aos recifes de corais de águas rasas, já óleos mais pesados
dificilmente entram em contato com corais das regiões do sublitoral (RPI, 1978).
Águas com altas temperaturas, necessárias ao desenvolvimento de corais,
asseguram um rápido crescimento de microorganismos capazes de degradar
hidrocarbonetos. Entretanto, a natureza calcária formadora do esqueleto desses
animais é um fator agravante, pois nesse substrato o petróleo adere e é absorvido.
Dentro deste contexto, o óleo pareceu persistir nestes ambientes por longos
períodos, apesar das condições de temperatura serem favoráveis aos processos
de biodegradação. Os próprios efeitos do óleo podem ser maiores em ambientes
109
tropicais (águas com temperaturas mais elevadas), onde o produto é geralmente
mais solúvel. O aumento na concentração das frações hidrossolúveis leva muitos
organismos a uma rápida incorporação do contaminante (API, 1985).
Gundlanch e Hayes (1987) indicaram a necessidade de estudos mais detalhados
para determinar a vulnerabilidade dos recifes de coral aos impactos por petróleo.
Baseados em considerações dos danos biológicos potenciais, estes mesmos
autores classificaram os recifes de coral como medianamente (recifes localizados
em maiores profundidades) a altamente sensíveis (recifes de águas rasas). O fato
dos recifes de coral necessitarem de muita luz para seu desenvolvimento os torna
mais vulneráveis aos derrames de óleo, uma vez que o recobrimento afeta
diretamente a incidência luminosa sobre os corais.
6.2.1.2 Ausência de processos supra-inerciais
6.2.1.2.1 Simulações com óleo leve
Os resultados probabilísticos com aplicação de um filtro de alta freqüência para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192
m3.dia-1
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418 são mostrados na Tabela 6.4.
Tabela 6.4: Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 10 - - 30 20 BM-CUM-2 40 5 50 50 5 5
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
1.0 3.0 - - 3.0 3.0 BM-CUM-2 3.0 1.0 5.0 5.0 0.3 0.1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
110
Tabela 6.4 (cont.): Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 7 7 - - 4 7 BM-CUM-2 4 7 4 4 10 20
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 1 1 - - 2 1 BM-CUM-2 2 1 1 2 1 1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 0.2 0.8 - - 5.5 0.7 BM-CUM-2 35.4 2.0 50.3 51.4 2.0 2.0
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Os dados da Tabela 6.4 mostraram que o óleo derramado atingiu as áreas de
proteção ambiental somente nas simulações de vazamento nos blocos BM-CUM-1
e BM-CUM-2 da Bacia de Cumuruxatiba. O óleo atingiu 50% de probabilidade de
atingir o Banco de Abrolhos na Zona de Amortecimento 1, causando uma mistura
que atingiu toda a coluna d’água (50.3 e 51.4m) em alguns locais no cenário mais
crítico de vazamento no bloco BM-CUM-2. Os blocos da Bacia do Jequitinhonha e
da Bacia do Espírito Santo não ofereceram nenhum risco de contaminação às
áreas de proteção ambiental com a utilização de óleo leve sem os processos
supra-inerciais.
6.2.1.2.2 Simulações com óleo intermediário
Os resultados probabilísticos com aplicação de um filtro de alta freqüência para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192
m3.dia-1
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos
blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418 são mostrados na Tabela 6.5.
111
Tabela 6.5: Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 30 40 5 10 80 70 BM-CUM-2 40 10 70 50 10 5
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
5.0 5.0 0.1 3.0 5.0 5.0 BM-CUM-2 5.0 0.5 5.0 5.0 0.5 0.3
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 4 4 25 20 2 4 BM-CUM-2 4 7 2 7 7 14
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 2 2 1 1 4 4 BM-CUM-2 4 2 2 2 2 1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 49.3 44.4 2.0 51.5 51.5 41.3 BM-CUM-2 50.4 1.9 51.5 51.5 1.9 0.3
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Através dos dados da Tabela 6.5 observou-se que o pior cenário de derramamento
com a utilização de óleo intermediário foi no bloco BM-CUM-1 da Bacia de
Cumuruxatiba. Nesse bloco, as probabilidades do óleo superficial atingir as áreas
de proteção ambiental foram de 70% e 80%, nas porção oeste e leste da Zona de
Amortecimento 2, respectivamente. Nessa área o óleo chegou a ocupar toda a
coluna d’água em alguns locais, atingindo o sedimento em profundidades maiores
do que 50 metros.
O bloco BM-CUM-2 apresentou o maior risco para a Zona de Amortecimento 1,
com probabilidades do óleo superficial atingir a Zona de Amortecimento 1 em 70 e
50% nas porções leste e oeste, respectivamente.
A Figura 6.10 mostra os resultados probabilísticos de chegada do óleo
intermediário derramado superficialmente no período de verão na área de estudos.
Os resultados mostraram o óleo seguindo preferencialmente para o sul se
aproximando da costa. Os piores cenários observados, referentes aos blocos da
Bacia de Cumuruxatiba, mostraram ainda que o óleo intermediário possuiu uma
112
tendência de aproximação da costa (derramamentos no bloco BM-CUM-1),
enquanto que o resultado final do bloco BM-CUM-2 mostrou dois caminhos
preferenciais: sobre a plataforma continental e ao largo da zona de quebra de
plataforma, acompanhando a Corrente do Brasil.
113
Figura 6.10: Resultados de 80 simulações probabilísticas com aplicação de filtro para remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em superfície nos cenários de derramamento nos blocos BM-CUM-1 (canto superior esquerdo), BM-CUM-2 (canto inferior esquerdo), J-M-259 (canto superior direito) e ES-M-259 (canto inferior direito). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
114
6.2.1.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário
A Tabela 6.6 mostra os dados comparativos entre cenários de derramamento de
192 m3.dia-1
de óleo leve e intermediário com a aplicação de um filtro de alta
freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos resultados das
simulações numéricas nos blocos licenciados pela ANP e nos cenários teóricos (as
cores pretas e azuis indicaram as áreas e porções onde as simulações com óleo
intermediário e leve apresentaram os piores cenários, respectivamente).
Tabela 6.6: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-
1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de verão com a ausência de processos supra-
inerciais Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 20 30 5 10 50 50 BM-CUM-2 - 5 20 - 5 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
4.0 2.0 0.1 3.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 2.0 0.5 - - 0.2 0.1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 3 3 25 20 2 3 BM-CUM-2 - - 2 3 3 6
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 1 1 1 1 2 3 BM-CUM-2 2 1 1 - 1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 49.1 43.6 2.0 51.5 46 40.6 BM-CUM-2 15 0.1 1.2 0.1 0.1 1.7
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
Os dados comparativos das simulações numéricas com os dois tipos de óleo e a
aplicação de um filtro de alta freqüência mostraram os piores cenários para os
115
derramamentos com óleo intermediário. Os vazamentos com esse óleo no bloco
BM-CUM-1 da Bacia de Cumuruxatiba chegaram a ter 50% a mais de chances de
atingir as áreas de proteção ambiental (Zona de Amortecimento 2) superficialmente
do que os vazamentos com óleo leve. O bloco também mostrou o pior cenário
dentre os analisados, com as simulações com óleo intermediário chegando a atingir
até 4 toneladas a mais em cada célula de 10 km2
Diferenças acentuadas também foram verificadas em relação à profundidade
máxima de mistura do óleo. Os cenários de simulações com o óleo intermediário
atingiram profundidades muito maiores do que as simulações com óleo leve,
preenchendo em certos locais toda a coluna d’água (porção oeste da Zona de
Amortecimento 1 e 2). Esta diferença foi verificada devido às características físico-
químicas do óleo intermediário, o qual por ser mais denso do que o óleo leve
afunda com maior facilidade, e fica menos suscetível à evaporação. Outra
explicação para a presença desta diferença diz respeito à filtragem dos processos
supra-inerciais, onde foram removidos, dentre outros fatores, os efeitos da maré e
as correntes associadas, diminuindo as instabilidades baroclínicas da coluna
d’água e, por conseqüência, com menos turbulência associada à maré sobre a
plataforma continental o óleo leve permaneceu por mais tempo nas primeiras
camadas superficiais, ficando suscetível às condições atmosféricas.
(porção leste da Área de
Proteção Ambiental) do que as simulações com óleo leve.
As correntes de maré são processos fundamentais para a ressuspensão de
sedimento e mistura da coluna d’água sobre a plataforma continental, atingindo até
5 m.s-1
De maneira geral, as simulações com a filtragem de processos supra-inerciais
mostraram, novamente, os piores cenários nos vazamentos com óleo intermediário,
onde se destacou principalmente as diferenças marcantes entre as simulações com
óleo leve e intermediário. O primeiro, devido à ausência dos processos supra-
inerciais, principalmente a maré, permaneceu nas primeiras camadas de
profundidade, pouco espalhou-se em relação ao óleo intermediário (diferenças de
em águas costeiras de profundidades baixas (STEWART, 2006), podendo
influenciar fortemente na sedimentação do óleo. As marés barotrópicas e
baroclínicas podem causar mistura na coluna d’água, gerando um importante
impacto sobre a produção biológica devido ao fluxo ascendente de nutrientes das
camadas abaixo da zona eufótica (PEREIRA et al., 2005).
116
50% em toda Zona de Amortecimento 2 e 30% na porção oeste da APA, nos
cenários de derramamento no bloco BM-CUM-1) e atingiu a porção oeste da Zona
de Amortecimento 2 com 6 dias de atraso em comparação com as simulações que
utilizaram óleo intermediário.
6.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com presença e ausência de
processos supra-inerciais
6.2.1.3.1 Simulações com óleo leve
As diferenças entre a hidrodinâmica padrão resultante do modelo POM e a
aplicação do filtro de alta freqüência nas simulações com óleo leve no período de
verão são mostradas na Tabela 6.7 (as cores pretas e azuis indicaram as áreas e
porções onde as simulações com ausência e presença de processos supra-
inerciais apresentaram os piores cenários, respectivamente).
Tabela 6.7: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre presença e ausência (Δ) de processos supra-inerciais nas simulações com óleo leve.
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 10 - 5 40 20 BM-CUM-2 10 - - - - 5
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
- - - 1.0 - - BM-CUM-2 - 0.5 2.0 2.0 0.2 0.1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 3 3 - 14 2 3 BM-CUM-2 - 3 2 - 4 20
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com a presença de processos supra-inerciais Pior cenário com a ausência de processos supra-inerciais
117
Tabela 6.7 (cont.): Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre presença e ausência (Δ) de processos supra-inerciais nas simulações com óleo leve.
Área de Proteção Ambiental
Área de Proteção Ambiental
Área de Proteção Ambiental
Leste (Δ)
Leste (Δ)
Leste (Δ)
Leste (Δ)
Leste (Δ)
Leste (Δ)
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - - - 1 1 1 BM-CUM-2 1 - - - - 1
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 1.3 0.8 - 12.2 41.6 33.7 BM-CUM-2 33.8 1.3 0.7 19.5 1.9 2
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com a presença de processos supra-inerciais Pior cenário com a ausência de processos supra-inerciais
Observou-se nos dados da Tabela 6.7 que não existiu um único padrão de pior
caso nos resultados com a presença ou ausência dos processos supra-inerciais na
hidrodinâmica da região de estudos com derramamentos com óleo leve.
As simulações mostraram que os resultados de derramamento no bloco BM-CUM-1
apresentaram os piores cenários com a presença dos processos supra-inerciais,
enquanto que os resultados de derramamento no bloco BM-CUM-2 apresentaram
os piores cenários com a ausência dos processos supra-inerciais.
Segundo os dados da Tabela 6.7, as simulações que utilizaram dados
hidrodinâmicos com a ausência dos processos supra-inerciais mostraram que o
óleo leve permaneceu por mais tempo no ambiente (1 dia a mais na porção leste
da APA e oeste da Zona de Amortecimento 2 com derramamentos no bloco BM-
CUM-2) em relação as simulações que tiveram a presença dos processos supra-
inerciais e, com isso, o óleo teve mais tempo de residência onde pôde penetrar em
profundidades maiores, principalmente nas simulações de derramamento
realizadas no bloco BM-CUM-2 (33.8m de profundidade a mais em comparação
com as simulações com a presença dos processos supra-inerciais).
Estes resultados são devidos, provavelmente, à localização geográfica dos dois
blocos e do sentido das elipses de maré na região (nordeste/sudoeste - Lemos,
2006) (Figura 6.11).
118
Figura 6.11: Profundidade e distribuição das componentes de velocidade u e v superficial no
sistema cartesiano para cada ponto analisado. Observou-se o direcionamento nordeste e sudoeste
para os pontos localizados até os 1.000m de profundidade (1, 2, 3, 5, 6, 11, 12, 13, 14, 15), e
direcionamento noroeste e sudeste para os pontos em profundidade acima de 1.000m (4, 7, 8, 9,
10, 16). Fonte: Lemos (2006).
Banco de Abrolhos
119
Segundo o estudo de Lemos (2006) as componentes u e v da velocidade das
correntes de maré na região próxima ao Banco de Abrolhos seguem a forma de
uma elipse de direcionamento nordeste/sudoeste em profundidades até 1.000m.
Assim, como o bloco BM-CUM-1 localiza-se ao norte das áreas de proteção
ambiental, as elipses de maré combinadas com os ventos predominantemente
nordestes da região tenderam a direcionar o óleo para essas áreas sobre a
plataforma continental, onde gerou os piores cenários com a presença dos
processos supra-inerciais.
Em situação diferente, devido ao bloco BM-CUM-2 localizar-se a leste/nordeste das
áreas de proteção, as elipses de maré e os ventos tenderiam a direcionar o óleo
para sul das áreas de proteção ambiental, e a presença da Corrente do Brasil ao
largo da quebra de plataforma favorecia tal direcionamento. Porém, sem as elipses
de maré (ausência dos processos supra-inerciais) o direcionamento para o sul do
óleo derramado no bloco BM-CUM-2 diminuiu de intensidade e, assim, o óleo
penetrou sobre a plataforma continental forçado principalmente pelo vento, e
atingiu as áreas de proteção ambiental, gerando os piores cenários com a ausência
dos processos supra-inerciais.
6.2.1.3.2 Simulações com óleo intermediário
As diferenças entre a hidrodinâmica padrão resultante do modelo POM e a
aplicação do filtro de alta freqüência nas simulações com óleo intermediário são
mostradas na Tabela 6.8 (as cores pretas e azuis indicaram as áreas e porções
onde as simulações com ausência e presença de processos supra-inerciais
apresentaram os piores cenários, respectivamente).
Os resultados com óleo intermediário mostraram um padrão distinto em relação
aos resultados com óleo leve. As análises da Tabela 6.8 mostraram que, os
cenários de derramamento com óleo intermediário permaneceram como os
cenários de maior risco.
120
Tabela 6.8: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o verão nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre presença e ausência (Δ) de processos supra-inerciais nas simulações com óleo
intermediário Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 30 -- 20 10 20 BM-CUM-2 - - 10 10 10 -
J-M-259 5 - 5 5 5 5 ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula
de 10km
BM-CUM-1
2
- - 0.2 2.0 - - BM-CUM-2 2.0 2.5 5.0 5.0 0.5 0.3
J-M-259 0.3 - 0.5 0.3 0.1 0.1 ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 - - - 5 - 2 BM-CUM-2 - - - 5 - 7
J-M-259 25 - 14 14 25 25 ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - - - 1 - - BM-CUM-2 - - - 2 - -
J-M-259 1 - 1 1 1 1 ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 1.1 4.9 2.0 - - 10.1 BM-CUM-2 1.1 27.2 - - 0.5 0.3
J-M-259 2.0 - 2.0 2.0 2.0 2.0 ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com a presença de processos supra-inerciais Pior cenário com a ausência de processos supra-inerciais
Esse resultado encontrado mostrou que o óleo intermediário, por ser constituído
predominantemente de componentes de alta viscosidade e peso molecular (menos
sujeito à evaporação do que o óleo leve), apresentou os cenários mais críticos de
derramamento com a presença de processos supra-inerciais no blocos BM-CUM-1,
BM-CUM-2 e J-M-259, onde a energia hidrodinâmica de processos turbulentos de
pequena escala temporal espalharam o óleo superficial para uma área maior
(atingiu 30 e 20% a mais de probabilidade de atingir as porções oeste da Área de
Proteção Ambiental e Zona de Amortecimento 1 em comparação às simulações
com a ausência de processos supra-inerciais nas simulações de derramamento no
bloco BM-CUM-1). Assim, presumiu-se que a utilização de dados hidrodinâmicos
sem os processos associados às marés nas simulações de derramamento de óleo
intermediário no período de verão não irá permitir encontrar os piores cenários de
risco ambiental na região, visto que esses cenários críticos só foram encontrados
121
com a presença dos processos supra-inerciais, desta forma, subestimando os
cenários reais de derramamento.
6.2.2 Período sazonal de inverno
6.2.2.1 Presença de processos supra-inerciais
6.2.2.1.1 Simulações com óleo leve
Os resultados probabilísticos de derramamento de 192 m3.dia-1
de óleo de grau API
leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-
259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3 são mostrados na Tabela
6.9.
Tabela 6.9: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 20 30 5 20 40 40 BM-CUM-2 - - 5 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
3.0 3.0 0.1 3.0 3.0 3.0 BM-CUM-2 - - 0.1 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
122
Tabela 6.9 (cont.): Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 10 10 25 10 4 10 BM-CUM-2 - - 25 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 1 1 1 1 2 2 BM-CUM-2 - - 1 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 21.1 27 2 29.1 51.1 49.8 BM-CUM-2 - - 2 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Os dados mostraram que, com a utilização do óleo leve nas simulações de inverno
os únicos locais críticos de derramamento foram os blocos da Bacia de
Cumuruxatiba, devido à alta proximidade ao Banco de Abrolhos e APA Ponta das
Baleias, principalmente nas simulações de vazamento realizadas no bloco BM-
CUM-1, onde existiu até 40% de chances do óleo superficial atingir a área do
Banco de Abrolhos na Zona de Amortecimento 2. Esse bloco também mostrou o
pior cenário referente à tonelagem de óleo presente por célula de 10 km2 (atingindo
o máximo de 3.0 toneladas em alguns locais nas porções da Área de Proteção
Ambiental e da Zona de Amortecimento 2), ao tempo mínimo de chegada do óleo
superficial às áreas de proteção (atingiu a porção leste da Zona de Amortecimento
2 depois de 4 dias de início do derramamento) e ao máximo tempo de exposição
atmosférica do óleo (2 dias de exposição superficial em alguns locais nas porções
da Zona de Amortecimento 2).
123
O bloco BM-CUM-1 também mostrou os piores resultados referentes à
profundidade máxima de mistura, onde o óleo ultrapassou os 20m de profundidade
em quase todas as áreas, e chegou a tingir toda a coluna d’água em alguns locais
das porções leste e oeste da Zona de Amortecimento 2 (profundidades próximas a
50m). O bloco BM-CUM-2 apresentou resultados críticos somente na porção leste
da Zona de Amortecimento 2, onde mesmo com resultados menos expressivos em
relação aos do bloco BM-CUM-1, o óleo superficial atingiu a área de proteção com
5% de probabilidade nesse cenário.
Nenhum resultado probabilístico de chegada do óleo superficial nas áreas de
proteção ambiental foi encontrado para as simulações de derramamento nos
blocos da Bacia do Jequitinhonha, Bacia do Espírito Santo e para os cenários
teóricos.
6.2.2.1.2 Simulações com óleo intermediário
Os resultados probabilísticos de derramamento de 192 m3.dia-1
de óleo de grau API
intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2,
J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3 são mostrados na
Tabela 6.10.
Tabela 6.10: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 30 20 5 30 40 40 BM-CUM-2 - - 5 - - -
J-M-259 - - - - 5 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 5 - - - CT-3 20 5 30 20 5 5
124
Tabela 6.10 (cont.): Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
3.0 3.0 3.0 5.0 5.0 5.0 BM-CUM-2 - - 3.0 - - -
J-M-259 - - - - 0.3 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.1 - - - CT-3 3.0 1.0 3.0 3.0 0.1 0.1
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 4 4 10 4 2 7 BM-CUM-2 - - 20 - - -
J-M-259 - - - - 25 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 14 - - - CT-3 4 7 2 4 20 20
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 2 2 1 2 2 2 BM-CUM-2 - - 1 - - -
J-M-259 - - - - 1 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 1 - - - CT-3 1 1 1 1 1 1
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 51.1 14.8 2 51.5 51.5 51.5 BM-CUM-2 - - 32.6 - - -
J-M-259 - - - - 2 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.6 - - - CT-3 12.6 14.9 31.9 15.6 0.6 0.6
Os dados mostraram resultados mais críticos com a utilização do óleo intermediário
do que com a utilização com óleo leve nas simulações de derramamento no
período de inverno (o óleo atingiu as áreas de proteção em mais locais de origem
de derramamento - bloco J-M-259 e cenários teóricos CT-2 e CT-3), onde os locais
que ofereceram mais riscos foram principalmente o bloco BM-CUM-1 da Bacia de
Cumuruxatiba e o cenário teórico CT-3, seguidos pelo bloco BM-CUM-2 e cenário
teórico CT-2. O bloco BM-CUM-1 mostrou o pior cenário das simulações com o
óleo superficial atingindo 40% de probabilidade de atingir a Zona de Amortecimento
2. Valor similar foi encontrado nas simulações de derramamento no CT-3, onde o
óleo atingiu 30% de probabilidade de atingir a porção leste da Zona de
Amortecimento 1. Altos valores referentes à tonelagem de óleo por célula de 10
125
km2
O cenário teórico CT-3 também mostrou dados críticos referentes ao mínimo tempo
de chegada do óleo superficial, onde o petróleo atingiu a porção leste da Zona de
Amortecimento 1 em 2 dias, e a porção leste da Área de Proteção Ambiental em 4
dias.
foram encontrados nas simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1
(atingindo o máximo de 5.0 toneladas em alguns locais na porção oeste da Zona de
Amortecimento 1 e em todas as porções da Zona de Amortecimento 2) e no CT-3
(atingindo o máximo de 3.0 toneladas em alguns locais na Zona de Amortecimento
1 e na porção leste da Área de Proteção Ambiental). Nas simulações de
derramamento no bloco BM-CUM-1 o tempo mínimo de chegada do óleo superficial
nas porções leste da Zona de Amortecimento 2 e Área de Proteção Ambiental foi
de 2 e 4 dias, respectivamente.
A camada de mistura do óleo preencheu quase toda a coluna d’água
(aproximadamente 51.5m na plataforma interior) na Zona de Amortecimento 2, na
porção leste da Área de Proteção Ambiental e na porção oeste da Zona de
Amortecimento 1 nos cenários de derramamento no bloco BM-CUM-1. Nas
simulações no cenário teórico CT-3 o óleo não chegou a preencher toda a coluna
d’água, ficando restrito em aproximadamente 15m de profundidade em alguns
locais da Área de Proteção Ambiental e na porção oeste da Zona de
Amortecimento 1. Porém, na porção leste da Zona de Amortecimento 1 o óleo
preencheu grande parte da coluna d’água, atingindo 31.9m de profundidade.
Os dados de derramamento referentes aos blocos BM-CUM-2 e CT-2 são menos
expressivos comparados aos demais locais simulados, oferecendo menor risco do
óleo atingir as áreas de proteção ambiental. Nenhum resultado probabilístico de
chegada do óleo superficial nas áreas de proteção foi encontrado para as
simulações de derramamento nos blocos da Bacia do Jequitinhonha, Bacia do
Espírito Santo e para o cenário teórico CT-1. As Figuras 6.12 e 6.13 mostram os
dados probabilísticos de chegada do óleo superficial referentes aos cenários de
pior caso de derramamento com a presença dos processos supra-inerciais no
período de inverno nos blocos BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418 e nos cenários
teóricos CT-1, CT-2 e CT-3, respectivamente, encontrados nas simulações com a
utilização de óleo intermediário (Tabela 6.10).
126
Figura 6.12: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada do óleo superficial nos cenários de derramamento nos blocos BM-CUM-1 (canto superior esquerdo), BM-CUM-2 (canto inferior esquerdo), J-M-259 (canto superior direito) e ES-M-259 (canto inferior direito). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
127
Figura 6.13: Resultados de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada do óleo superficial nos cenários de derramamento nos cenários teóricos CT-1 (canto superior esquerdo), CT-2 (canto superior direito) e CT-3 (meio inferior). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
128
6.2.2.1.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário
A Tabela 6.11 mostra os resultados probabilísticos diferenciais do período de inverno
entre os dados dos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
com óleo leve e
intermediário, referentes às Tabela 6.9 e 6.10, respectivamente (as cores pretas e
azuis indicaram as áreas e porções onde as simulações com óleo intermediário e leve
apresentaram os piores cenários, respectivamente).
Tabela 6.11: Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de inverno com a presença de processos
supra-inerciais Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 10 - 10 - - BM-CUM-2 - - - - - -
J-M-259 - - - - 5 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 5 - - - CT-3 20 5 30 20 5 5
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
- - 2.9 2.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 - - 2.9 - - -
J-M-259 - - - - 0.3 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.1 - - - CT-3 3.0 1.0 3.0 3.0 0.1 0.1
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 6 6 15 6 2 3 BM-CUM-2 - - 5 - - -
J-M-259 - - - - 25 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 14 - - - CT-3 4 7 2 4 20 20
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 1 1 - 1 - - BM-CUM-2 - - - - - -
J-M-259 - - - - 1 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 1 - - - CT-3 1 1 1 1 1 1
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
129
Tabela 6.11 (cont.): Resultados diferencias de 80 simulações probabilísticas de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e Cenários Teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de inverno com a presença de processos
supra-inerciais Área de Proteção
Ambiental Área de Proteção
Ambiental Área de Proteção
Ambiental Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ) Leste
(Δ)
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 30.0 12.2 - 22.4 0.4 1.7 BM-CUM-2 - - 30.6 - - -
J-M-259 - - - - 2 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.6 - - - CT-3 12.6 14.9 31.9 15.6 0.6 0.6
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
Os resultados comparativos mostraram que as simulações que usaram óleo
intermediário apresentaram os cenários de pior caso. As propriedades físico-químicas
desse óleo justificaram esses resultados, onde sua maior densidade e viscosidade em
comparação com óleo leve implicaram, possivelmente, em menores taxas de
evaporação, permitindo que o óleo permanecesse por mais tempo no ambiente e,
conseqüentemente, por mais tempo sujeito ao arraste do vento e correntes superficiais.
A diferença de probabilidade máxima superficial nas simulações com os dois tipos de
óleos não atingiu um valor alto, como por exemplo, as simulações no bloco BM-CUM-1,
onde os cenários de derramamento com óleo intermediário tiveram 10% a mais de
probabilidade do óleo superficial atingir a porção leste da Área de Proteção Ambiental e
oeste da Zona de Amortecimento 1 em comparação com as simulações com óleo leve.
Entretanto, a tonelagem máxima por célula de 10km2 atingiu diferenças maiores entre
os dois tipos de óleos. A Tabela 6.11 mostrou que, em toda Zona de Amortecimento 2
e porções leste e oeste da Zona de Amortecimento 1 as simulações de derramamento
com óleo intermediário no bloco BM-CUM-1 chegaram a preencher, respectivamente,
2.9, 2.0 e 2.0 toneladas a mais em algumas células de 10km2
Os dados comparativos referentes ao tempo mínimo de chegada do óleo superficial
mostraram que nas simulações que utilizaram óleo intermediário o petróleo atingiu as
áreas de proteção em menor tempo, como mostraram as simulações no bloco BM-
em comparação com as
simulações que utilizaram óleo leve.
130
CUM-1 da Tabela 6.11, onde o óleo atingiu toda a Área de Proteção Ambiental e a
porção oeste da Zona de Amortecimento 1 com 6 dias de antecedência do que as
simulações com óleo leve.
Em relação ao tempo máximo de exposição atmosférica os resultados mostraram que
todas as simulações que utilizaram óleo intermediário o petróleo permaneceu 1 dia a
mais no ambiente.
As simulações de derramamento com óleo leve nos cenários teóricos não mostraram
nenhum risco de contaminação às áreas de proteção ambiental, porém, com a
utilização de óleo intermediário, os cenários teóricos CT-2 e CT-3 apresentam riscos
significativos em todas as áreas de preservação, principalmente na Área de Proteção
Ambiental e Zona de Amortecimento 1, por serem áreas mais próximas do local de
origem do derramamento. O bloco ES-M-418 não apresentou nenhum risco de
contaminação às áreas de proteção ambiental com a utilização de ambos os óleos.
6.2.2.2 Ausência de processos supra-inerciais
6.2.2.2.1 Simulações com óleo leve
Os resultados probabilísticos com aplicação de um filtro de alta freqüência para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-
CUM-2, J-M-259 e ES-M-418 são mostrados na Tabela 6.12.
Tabela 6.12: Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 20 - - 30 20 BM-CUM-2 5 - 5 5 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
131
Tabela 6.12 (cont.): Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
3.0 3.0 - - 5.0 5.0 BM-CUM-2 0.1 - 1.0 1.0 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 10 10 - - 10 10 BM-CUM-2 20 - 14 14 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 1 2 - - 2 1 BM-CUM-2 1 - 1 1 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 13.3 12.5 - - 50.5 29.9 BM-CUM-2 1.6 - 0.5 24.7 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Os dados mostraram os piores cenários de derramamento nos blocos da Bacia de
Cumuruxatiba, principalmente o bloco BM-CUM-1. Nesse bloco o derramamento com
óleo leve apenas não atingiu a Zona de Amortecimento 1, por se encontrar mais
distante em comparação com as demais áreas de proteção. Os cenários mostraram
que o óleo superficial atingiu a porção leste da Zona de Amortecimento 2 com máximo
de 30% de probabilidade. As simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1
apresentaram os piores cenários nessa área (devido à proximidade), onde o óleo leve
atingiu em alguns locais 5.0 toneladas por célula de 10km2
Os cenários de derramamento no bloco BM-CUM-2 apresentaram riscos somente na
Zona de Amortecimento 1 e na porção leste da Área de Proteção Ambiental. Os
cenários de simulações nos blocos da Bacia do Jequitinhonha (J-M-259) e do Espírito
Santo (ES-M-418) não apresentaram nenhum risco de contaminação ás áreas de
proteção nas simulações com óleo leve na ausência de processos supra-inerciais.
e uma profundidade
máxima de mistura de até 50.5m em alguns locais da porção leste.
132
6.2.2.2.2 Simulações com óleo intermediário
Os resultados probabilísticos com aplicação de um filtro de alta freqüência para a
remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-
CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418 são mostrados na Tabela 6.13.
Tabela 6.13: Resultados de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que o óleo não chegou àquela região especificada.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área e porção
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento
2 Leste Oeste Leste Oeste Leste Oeste
Probabilidade Máxima Superficial de
Ocorrência (%)
BM-CUM-1 5 5 - 5 30 20 BM-CUM-2 5 - 5 5 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de 10km
BM-CUM-1
2
1.0 1.0 - 3.0 3.0 3.0 BM-CUM-2 0.1 - 3.0 1.0 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 14 14 - 14 4 10 BM-CUM-2 25 - 20 25 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição Atmosférica
(dias)
BM-CUM-1 1 1 - 1 2 1 BM-CUM-2 1 - 1 1 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 2.3 1.7 - 20.3 51.3 7.1 BM-CUM-2 0.6 - 27.6 8.8 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Os resultados mostraram novamente os piores cenários referentes aos blocos da Bacia
de Cumuruxatiba, principalmente nos cenários de derramamento no bloco BM-CUM-1.
As simulações nesse bloco apresentaram os resultados mais críticos, onde o óleo
intermediário superficial atingiu 30% de probabilidade de atingir a porção leste da Zona
de Amortecimento 2, onde o óleo chegou em apenas 4 dias após o início do
derramamento. Os piores resultados referentes à profundidade máxima de mistura
também foram com as simulações nesse bloco, aonde o óleo chegou a preencher
133
quase toda a coluna d’água em 51.3 e 20.3m em alguns locais, na porção leste da
Zona de Amortecimento 2 e na porção oeste da Zona de Amortecimento 1,
respectivamente.
A Figura 6.14 mostra os dados probabilísticos de chegada do óleo superficial referentes
aos cenários de pior caso de derramamento com a ausência dos processos supra-
inerciais no período de inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-
418, encontrados nas simulações com a utilização de óleo intermediário (Tabela 6.13)
134
Figura 6.14: Resultados de 80 simulações probabilísticas com aplicação de filtro para remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1 de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno, mostrando a probabilidade de chegada do óleo em superfície nos cenários de derramamento nos blocos BM-CUM-1 (canto superior esquerdo), BM-CUM-2 (canto inferior esquerdo), J-M-259 (canto superior direito) e ES-M-259 (canto inferior direito). As áreas em branco representam o PARNA de Abrolhos (dois polígonos menores) e a APA da Ponta das Baleias (polígono maior) e o local de derramamento está assinalado por um x.
135
6.2.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com óleo leve e intermediário
A Tabela 6.14 mostra os dados comparativos entre cenários de derramamento de 192
m3.dia-1
de óleo leve e óleo intermediário com a aplicação de um filtro de alta
freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos resultados das simulações
numéricas nos blocos licenciados pela ANP (as cores pretas e azuis indicaram as
áreas e porções onde as simulações com óleo intermediário e leve apresentaram os
piores cenários, respectivamente).
Tabela 6.14: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com dados hidrodinâmicos filtrados para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve e intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre óleo leve e intermediário (Δ) nos cenários de inverno com a ausência de processos
supra-inerciais Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 5 15 - 5 - - BM-CUM-2 - - - - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
2.0 2.0 - 3.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 - - 2.0 - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 4 4 - 14 6 - BM-CUM-2 5 - 6 9 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - 1 - 1 - - BM-CUM-2 - - - - - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 11 10.8 - 20.3 0.8 22.8 BM-CUM-2 1 - 27.1 15.9 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com óleo leve Pior cenário com óleo intermediário
Os dados da Tabela 6.14 mostraram que as simulações probabilísticas com dados
hidrodinâmicos de inverno filtrados apresentaram os piores cenários com a utilização
136
de óleo leve nas simulações. As principais diferenças foram encontradas na Área de
Proteção Ambiental, onde derramamentos com óleo leve no bloco BM-CUM-1 atingiram
a área com 5 e 15% a mais de probabilidade e 2.0 toneladas a mais por célula de
10km2
Estes resultados foram encontrados devido a ausência dos processos supra-inercias
(incluindo a maré) e também ao padrão hidrodinâmico do período de inverno. A
remoção da maré, como um dos processos de mistura turbulenta e instabilidades na
zona de plataforma média e interior, implicou no aumento da importância da forçante
do vento no destino do óleo sobre a plataforma continental, e como a densidade do
óleo leve é inferior em relação ao óleo intermediário, o primeiro tendeu a se espalhar
para áreas mais distantes. No inverno, como as temperaturas do ar são mais baixas, o
óleo leve sofreu menos evaporação e permaneceu por mais tempo no ambiente,
favorecendo em seu espalhamento. Em contrapartida, presumiu-se que, o óleo
intermediário por ser mais denso e viscoso, foi menos impulsionado pelo vento em
comparação com o óleo leve, sendo espalhado para distâncias menores.
em comparação com as simulações com óleo intermediário, nas porções leste e
oeste respectivamente. Os piores cenários com a utilização de óleo intermediário nas
simulações foram encontrados principalmente na porção oeste da Zona de
Amortecimento 1, nas simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1.
Presumiu-se que os processos de emulsificação também se tornaram mais importantes
em temperaturas mais baixas e com óleos mais viscosos, dessa forma o óleo
intermediário mostrou maior tendência de formar parcelas de emulsões água-óleo.
Essas emulsões, por serem mais densas que a água ao redor, afundaram e se
depositaram no sedimento, retirando o óleo intermediário das camadas superficiais da
coluna d’água.
Os piores cenários de derramamento com óleo intermediário ocorrem na porção oeste
da Zona de Amortecimento 1, principalmente devido à hidrodinâmica sem os efeitos
supra-inerciais. Como mostra a Figura 6.15, o padrão hidrodinâmico de inverno no dia
30/05/1985 sem os efeitos supra-inerciais mostrou as maiores velocidades de correntes
superficiais referentes à Corrente do Brasil ao largo da zona de quebra de plataforma.
Desta forma, com a ausência de fenômenos de alta freqüência a Corrente do Brasil
exerceu maior arraste sobre óleos intermediários (mais densos e viscosos do que óleos
leves) derramados no mar do que o vento. Como a porção oeste da Zona de
Amortecimento 1 encontra-se mais offshore dentre todas as áreas de proteção
137
ambiental, a Corrente do Brasil impulsionou maior arraste sobre o óleo intermediário
para essa porção, determinando o pior cenário.
Figura 6.15. Padrão de circulação superficial filtrado de inverno no dia 30/05/89.
6.2.2.3 Análise comparativa entre simulações com presença e ausência de processos
supra-inerciais
6.2.2.3.1 Simulações com óleo leve
As diferenças entre a hidrodinâmica padrão resultante do modelo POM e a aplicação
do filtro de alta freqüência nas simulações com óleo leve nos blocos licenciados pela
ANP para o período de inverno são mostradas na Tabela 6.15 (as cores pretas e azuis
indicaram as áreas e porções onde as simulações com ausência e presença dos
processos supra-inerciais apresentaram os piores cenários, respectivamente).
138
Tabela 6.15: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre presença e ausência (Δ) de processos supra-inerciais nas simulações com óleo leve.
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 10 5 20 10 20 BM-CUM-2 5 - - 5 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
- - 0.1 3.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 0.1 - 0.9 1.0 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 - - 25 10 6 - BM-CUM-2 20 - 9 14 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - 1 1 1 - 1 BM-CUM-2 1 - - 1 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 7.8 14.5 2 29.1 0.6 19.9 BM-CUM-2 1.6 - 1.5 24.7 - -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com a presença de processos supra-inerciais Pior cenário com a ausência de processos supra-inerciais
Observou-se nos dados da Tabela 6.15 que não existiu nenhum padrão dominante nos
resultados das simulações de derramamento de óleo leve com a presença ou ausência
dos efeitos supra-inerciais na hidrodinâmica da região de estudos no período de
inverno.
Contudo, os resultados comparativos das simulações da Tabela 6.15 mostraram que os
resultados de derramamento no bloco BM-CUM-1 apresentaram, de maneira geral, os
piores cenários com a presença dos processos supra-inerciais, enquanto que os
resultados de derramamento no bloco BM-CUM-2 apresentaram os piores cenários
com a ausência dos processos supra-inerciais. Estes resultados são devidos,
provavelmente, à localização geográfica dos dois blocos e do sentido
nordeste/sudoeste das elipses de maré na região (LEMOS, 2006).
Seguindo o mesmo resultado encontrado na Seção 6.2.3.1, segundo o estudo de
Lemos (2006) as componentes u e v da velocidade das correntes de maré na região
139
próxima ao Banco de Abrolhos seguem a forma de uma elipse de direcionamento
nordeste/sudoeste em profundidades até 1.000m. Assim, como o bloco BM-CUM-1
localiza-se ao norte das áreas de proteção ambiental, as elipses de maré combinadas
com os ventos predominantemente nordestes da região formaram uma resultante que
direcionou o óleo para essas áreas sobre a plataforma continental, onde gerou os
piores cenários com a presença dos processos supra-inerciais.
Em situação contrária, o bloco BM-CUM-2 localiza-se a leste/nordeste das áreas de
proteção e, assim, as elipses de maré influenciadas pelo vento nordeste/leste da região
e a Corrente do Brasil ao largo da quebra de plataforma tenderiam a afastar o óleo das
áreas de proteção ambiental, direcionando-o para o sul/sudoeste. Porém, com a
ausência dos processos supra-inerciais, o direcionamento do óleo derramado no bloco
BM-CUM-2 para esses quadrantes diminuiu de intensidade e, portanto, o óleo penetrou
sobre a plataforma continental impulsionado principalmente pelo vento nordeste/leste, e
atingiu as áreas de proteção ambiental gerando os piores cenários com a ausência dos
processos supra-inerciais.
Os dados diferenciais referentes à probabilidade do óleo superficial apresentaram
pequenas diferenças, onde as simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1 que
utilizaram os fenômenos de alta freqüência apresentaram 20% a mais de probabilidade
do óleo superficial atingir as porções oeste da Zona de Amortecimento 1 e 2.
As diferenças encontradas nos dados de máxima profundidade de mistura do óleo
atingiram altos valores, onde o óleo preencheu aproximadamente 20 e 30m a mais de
coluna d’água nas simulações com a presença dos processos supra-inerciais nas
simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1 nas porções oeste da Zona de
Amortecimento 1 e 2.
6.2.2.3.2 Simulações com óleo intermediário
As diferenças entre a hidrodinâmica padrão resultante do modelo POM e a aplicação
do filtro de alta freqüência nas simulações com óleo intermediário para o período de
inverno são mostradas na Tabela 6.16 (as cores pretas e azuis indicaram as áreas e
porções onde as simulações com ausência e presença dos processos supra-inerciais
apresentaram os piores cenários, respectivamente).
140
Tabela 6.16: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas com e sem aplicação de filtro de alta freqüência para a remoção de processos supra-inerciais nos cenários de derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias durante o inverno nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e ES-M-418. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre presença e ausência (Δ) de processos supra-inerciais nas simulações com óleo
intermediário. Área de Proteção
Ambiental Zona de
Amortecimento 1 Zona de
Amortecimento 2 Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ) Leste
(Δ) Oeste
(Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 25 15 5 25 10 20 BM-CUM-2 5 - - 5 - -
J-M-259 - - - - 5 - ES-M-418 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
2.0 2.0 3.0 2.0 2.0 2.0 BM-CUM-2 0.1 - - 1.0 - -
J-M-259 - - - - 0.3 - ES-M-418 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 10 10 10 10 2 3 BM-CUM-2 25 - - 25 - -
J-M-259 - - - - 25 - ES-M-418 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 1 1 1 1 - 1 BM-CUM-2 1 - - 1 - -
J-M-259 - - - - 1 - ES-M-418 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 48.8 13.1 2 31.2 0.2 44.4 BM-CUM-2 0.6 - 5 8.8 - -
J-M-259 - - - - 2 - ES-M-418 - - - - - -
Pior cenário com a presença de processos supra-inerciais Pior cenário com a ausência de processos supra-inerciais
Os dados da Tabela 6.16 seguiram o mesmo padrão dos dados encontrados na Tabela
6.15, com a predominância de piores cenários com a presença de processos supra-
inerciais nas simulações de derramamento no bloco BM-CUM-1 e com a ausência de
processos supra-inerciais nas simulações no bloco BM-CUM-2.
Entretanto, os dados da Tabela 6.16 apresentaram valores maiores, principalmente
referentes à probabilidade máxima superficial de ocorrência do óleo e da profundidade
máxima de mistura, em relação aos dados da Tabela 6.15.
As probabilidades do óleo superficial atingir as porções oeste das Zonas de
Amortecimento 1 e 2 e a porção leste da Área de Proteção Ambiental foram 20%
maiores do que nos cenários sem os processos supra-inerciais, nas simulações
realizados no bloco BM-CUM-1.
141
Essas diferenças encontradas nos dados com ausência e presença dos processos
supra-inerciais nas simulações com o óleo intermediário foram maiores em
comparação com as simulações com óleo leve devido principalmente às propriedades
físico-químicas do óleo mais denso. A importância do papel dos fenômenos de alta
freqüência como forçantes nos derramamentos de petróleo é maior em óleos mais
densos, pois a maré, por proporcionar maior energia de mistura e turbulência sobre a
plataforma continental do que em áreas oceânicas, misturou o óleo denso na coluna
d’água mais rapidamente do que o óleo leve (maiores diferenças encontradas na
porção leste da Área de Proteção Ambiental - 48.8m - e na porção oeste da Zona de
Amortecimento 2 - 44.4m). Desta forma, presumiu-se que na presença da maré o óleo
leve tendeu a se dissolver mais superficialmente, aumentando a superfície livre de
contato com a atmosfera e evaporando mais rapidamente.
A ausência da maré nas simulações com óleo mais denso causou as maiores
diferenças devido também ao arraste do vento. Nos cenários de ausência de processos
supra-inerciais, o vento teve papel menos importante no arraste superficial do óleo de
maior viscosidade sobre a plataforma continental, onde as correntes de maré teriam
maior energia para transportar o óleo mais denso.
6.3 Análise comparativa entre simulações de verão e inverno
A análise comparativa sazonal mostrou as principais diferenças entre as simulações de
verão e inverno que utilizaram óleo leve e intermediário, a fim de se identificar quais os
piores cenários possíveis das simulações numéricas de derramamento de óleo nos
dois períodos sazonais.
6.3.1 Simulações com óleo leve
As diferenças nos resultados das simulações probabilísticas realizadas com óleo leve
nos períodos sazonais de verão e inverno são mostradas na Tabela 6.17 (as cores
pretas e azuis indicaram as áreas e porções onde as simulações de inverno e verão
apresentaram os piores cenários, respectivamente).
142
Tabela 6.17: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas nos cenários de verão e inverno com derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API leve durante 30 dias nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e cenários teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre verão e inverno (Δ) nas simulações com óleo leve.
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 - 10 5 15 30 - BM-CUM-2 30 5 45 50 5 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
2.0 - 0.1 2.0 - - BM-CUM-2 3.0 0.5 2.9 3.0 0.1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 6 6 25 4 2 6 BM-CUM-2 4 10 23 4 14 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - - 1 - 1 - BM-CUM-2 1 1 - 2 1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 19.6 25.4 2 16.9 4 15.4 BM-CUM-2 1.6 0.7 49 31.9 0.1 -
J-M-259 - - - - - - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - - - - - CT-3 - - - - - -
Pior cenário no período de verão Pior cenário no período de inverno
Os resultados diferenciais da Tabela 6.17 mostraram que as simulações de
derramamento com a utilização de óleo leve foram distintas entre os períodos de verão
e inverno. Observou-se que os derramamentos simulados no bloco BM-CUM-1 tiveram,
de modo geral, os piores cenários no período de inverno, enquanto que no período de
verão os piores cenários foram aqueles com origem no bloco BM-CUM-2. Essas
143
diferenças encontradas foram em função, além da origem geográfica do
derramamento, dos padrões hidrodinâmicos de verão e inverno e das características
físico-químicas do óleo leve.
Segundo a Figura 6.1, a Corrente do Brasil mostrou uma maior intensificação iniciando-
se em aproximadamente 18oS ao largo da zona de quebra de plataforma,
principalmente no período de verão. Desta forma, a Corrente do Brasil exerceu maior
influência no transporte do óleo derramado no bloco BM-CUM-2 por encontra-se mais
ao sul (próximo a 18o
Durante o inverno, segundo a Figura 6.2, a Corrente do Brasil foi menos intensa e com
maiores instabilidades de vórtices e meandros, principalmente acima de 18
S) em relação ao bloco BM-CUM-1. Assim, os piores cenários de
derramamento de óleo leve foram encontrados no verão em vazamentos no bloco BM-
CUM-2, onde o óleo superficial atingiu as porções leste e oeste da Zona de
Amortecimento 1 com 45 e 50% a mais de probabilidade, respectivamente, em
comparação com as simulações de inverno.
o
O óleo atingiu a coluna d’água em todas as áreas de preservação, onde as simulações
de derramamento no bloco BM-CUM-1 mostraram os piores resultados no inverno em
comparação com o verão, com o óleo leve atingindo uma profundidade de mistura de
25.4 e 19.6m a mais nas porções oeste e leste da Área de Proteção Ambiental,
respectivamente. Já os resultados de derramamento no bloco BM-CUM-2, se
destacaram os cenários mais críticos na Zona de Amortecimento 1, onde o óleo
S. Esse
padrão hidrodinâmico é desfavorável à aproximação do óleo para as áreas de proteção
ambiental, as quais encontram-se ao sul e sudoeste em relação aos blocos da Bacia de
Cumuruxatiba e, assim, o óleo leve derramado no bloco BM-CUM-2 não atingiu essas
áreas nas simulações de inverno. As simulações de derramamento realizadas no bloco
BM-CUM-1 mostraram que o óleo leve atingiu as áreas de proteção ambiental, onde a
possível explicação é que o óleo menos denso apresentou menos evaporação no
inverno do que no verão devido às diferenças de temperatura do ar (ficando por mais
tempo sujeito ao arraste do vento e correntes superficiais). Outra explicação diz
respeito à localização geográfica, pois o bloco BM-CUM-1 localiza-se mais próximo das
áreas de proteção ambiental em comparação com o bloco BM-CUM-2. Os dados de
derramamento no período de inverno no bloco BM-CUM-1 da Tabela 6.17 mostraram
que o óleo leve superficial atingiu as porções leste e oeste da Zona de Amortecimento
1 com 5 e 15% a mais de probabilidade do que no período de verão, respectivamente.
144
superficial teve 50 e 45% a mais de probabilidade de atingir a área no período de verão
nas porções oeste e leste, respectivamente, e onde foram encontradas as maiores
profundidades de mistura (49 e 31.9m a mais no período de verão nas porções leste e
oeste, respectivamente).
6.3.2 Simulações com óleo intermediário
As diferenças entre os períodos sazonais de verão e inverno com a utilização de óleo
intermediário nas simulações numéricas são mostradas na Tabela 6.18 (as cores
pretas e azuis indicaram as áreas e porções onde as simulações de inverno e verão
apresentaram os piores cenários, respectivamente).
Tabela 6.18: Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas nos cenários de verão e inverno com derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e cenários teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre verão e inverno (Δ) nas simulações com óleo intermediário.
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Probabilidade Máxima Superficial de Ocorrência (%)
BM-CUM-1 10 50 - - 50 50 BM-CUM-2 40 10 75 60 20 5
J-M-259 5 - 5 5 - 5 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 5 - - - CT-3 20 5 30 20 5 5
Tonelagem Máxima por Célula de
10km
BM-CUM-1
2
2.0 2.0 2.7 - - - BM-CUM-2 3.0 3.0 7.0 10.0 1.0 0.1
J-M-259 0.3 - 0.5 0.3 0.2 - ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.1 - - - CT-3 3.0 1.0 3.0 3.0 0.1 0.1
Tempo Mínimo de Chegada (dias)
BM-CUM-1 - - 15 21 - 5 BM-CUM-2 4 7 18 2 7 7
J-M-259 25 - 14 14 - 25 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 14 - - - CT-3 4 7 2 4 20 20
Pior cenário no período de verão Pior cenário no período de inverno
145
Tabela 6.18 (cont.): Resultados comparativos de 80 simulações probabilísticas nos cenários de verão e inverno com derramamento de 192 m3.dia-1
Dados
de óleo de grau API intermediário durante 30 dias nos blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259, ES-M-418 e cenários teóricos CT-1, CT-2 e CT-3. A ausência de dados indica que os valores referentes aos dois óleos são iguais.
Probabilísticos, Blocos da ANP e Cenários Teóricos
Área, porção e diferença entre verão e inverno (Δ) nas simulações com óleo intermediário.
Área de Proteção Ambiental
Zona de Amortecimento 1
Zona de Amortecimento 2
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Leste (Δ)
Oeste (Δ)
Máximo Tempo de Exposição
Atmosférica (dias)
BM-CUM-1 - - - - 2 2 BM-CUM-2 4 2 1 4 2 1
J-M-259 1 - 1 1 - 1 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 1 - - - CT-3 1 1 1 1 1 1
Profundidade de Mistura (m)
BM-CUM-1 0.3 34.5 0.4 - - 0.3 BM-CUM-2 51.5 29.1 18.9 51.5 1.4 0.6
J-M-259 2.0 - 2.0 2.0 - 2.0 ES-M-418 - - - - - -
CT-1 - - - - - - CT-2 - - 0.6 - - - CT-3 12.6 14.9 31.9 15.6 0.6 0.6
Pior cenário no período de verão Pior cenário no período de inverno
Os resultados diferenciais da Tabela 6.18 mostraram que as simulações com óleo
intermediário apresentaram os cenários mais críticos no período de verão nos blocos
licenciados pela ANP e no período de inverno nos cenários teóricos. Essas diferenças
foram encontradas principalmente em função da origem geográfica do derramamento e
dos padrões hidrodinâmicos de verão e inverno, além das características físico-
químicas do óleo intermediário.
Os resultados de derramamento de óleo intermediário no bloco J-M-259 da Bacia do
Jequitinhonha mostraram que apenas nos cenários de verão com utilização de óleo
mais denso é que o petróleo atingiu todas as áreas de proteção ambiental. O mesmo
padrão de resultados das simulações também foi encontrado nos cenários de
derramamento nos blocos da Bacia de Cumuruxatiba (BM-CUM-1 e BM-CUM-2),
atingindo as áreas de proteção ambiental principalmente no verão. Os piores cenários
foram observados na Zona de Amortecimento 1 nos derramamentos no bloco BM-
CUM-2, onde as probabilidades do óleo intermediário atingir as porções leste e oeste
foram 60 e 75% a mais no período de verão, respectivamente. As maiores diferenças
de profundidade de mistura do óleo na coluna d’água em derramamentos nesse bloco
foram encontradas na porção leste e oeste (51.5m a mais de profundidade no período
146
de verão) da Área de Proteção Ambiental e Zona de Amortecimento 1,
respectivamente.
Esses resultados foram encontrados devido ao fator combinado de duas
características: a Corrente do Brasil torna-se mais intensa no verão (espalhando o óleo
para os quadrantes sul e sudoeste com maior intensidade) e onde o óleo intermediário
evapora-se menos em relação ao óleo leve, permitindo-o que permaneça por mais
tempo na superfície e seja transportando pela Corrente do Brasil e pelo vento
nordeste/leste para áreas mais distantes da origem do derramamento.
Os resultados de derramamento no cenário teórico CT-3 também mostraram que o óleo
intermediário atingiu todas as áreas de proteção ambiental. Os cenários mais críticos
foram encontrados no inverno na Zona de Amortecimento 1 (área de proteção
ambiental mais próxima ao cenário teórico CT-3) com a probabilidade do óleo
superficial atingir as porções leste e oeste com 30 e 20% a mais do que as simulações
no período de verão, respectivamente. Os dados do cenário teórico CT-2 também
mostraram riscos à porção leste da Zona de Amortecimento 1, mesmo em menor
intensidade, com probabilidade do óleo superficial atingir essa porção 5% a mais no
inverno do que no verão.
Em ambos os cenários teóricos, o óleo intermediário atingiu as áreas de proteção
principalmente devido às instabilidades de vórtices e meandros próximos a 18o
Segundo os cenários probabilísticos de derramamento de óleo leve e intermediário no
verão e inverno, o pior período sazonal para a ocorrência de um derramamento foi no
verão, com a utilização de óleo intermediário.
S no
período de inverno, como mostra a Figura 6.16. Essas instabilidades e o
enfraquecimento da Corrente do Brasil no inverno associadas às correntes de maré
sobre a plataforma continental favoreceram o destino do óleo para nordeste/leste nos
cenários de derramamento com óleo intermediário nesses cenários teóricos.
147
Figura 6.16: Padrão de circulação superficial de inverno nos dias 13/07/89.
6.4 A Zona de Exclusão
Segundo os cenários probabilísticos de derramamento de óleo leve e intermediário no
período de verão e inverno, pôde-se delimitar uma área de exclusão para as atividades
de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de petróleo próximo ao Banco de Abrolhos e
adjacências. Os blocos licenciados pela ANP ou cenários teóricos em que o óleo
atingiu alguma porção das áreas de proteção, mesmo em pequenos valores
probabilísticos, compõem a área de exclusão onde, preferencialmente, não deva haver
nenhuma atividade ligada à indústria do petróleo que ofereça riscos de derramamento
de óleo.
A Figura 6.17 mostra a região de estudos com a zona de exclusão segundo os cenários
probabilísticos das simulações do modelo OSCAR com os parâmetros ambientais
fornecidos e as estratégias de modelagem.
148
Figura 6.17: Localização da área de estudos com níveis batimétricos até 3.200 metros, os blocos
licenciados pela ANP e os Cenários Teóricos. A região em vermelho representa a Zona de Exclusão, e
os polígonos em branco representam a APA Ponta das Baleias (polígono maior) e o PARNA de Abrolhos
(polígono médio - Zona de Amortecimento 1; polígono menor - Zona de Amortecimento 2).
A Zona de Exclusão delimitada no presente estudo abrangeu as três bacias marítimas
presentes na região, toda a Bacia de Cumuruxatiba, a porção norte da Bacia do
Espírito Santo e a porção sul da Bacia do Jequitinhonha. O limite leste da Zona de
Exclusão é a região de quebra de plataforma, pois como mostraram os dados
hidrodinâmicos do modelo POM (Figuras 6.1 e 6.2), as correntes superficiais em águas
profundas são relativamente mais fracas do que a Corrente do Brasil e as correntes de
maré sobre a plataforma continental, influenciando pouco no espalhamento do óleo
superficial. O limite oeste da Zona de exclusão é a região costeira, pois mesmo em
águas da plataforma interna e média as velocidades residuais das correntes de maré
149
podem levar o óleo tanto para sul quanto para o norte (resultados das simulações do
cenário teórico CT-1), ou seja, em cenários de maior volume de derramamento o óleo
pode atingir as áreas de proteção.
A Zona de Exclusão significou, segundo o presente estudo, como uma área onde
preferencialmente não deva haver nenhuma atividade da indústria do petróleo onde
derramamentos de óleo possam ocorrer. Caso alguma exploração ou produção seja
desenvolvida nessa área, o máximo de precaução deve ser aplicado, onde se sugere
que as próprias empresas encarregadas de conter um derramamento de óleo instalem
equipes altamente eficientes e equipamentos modernos nas plataformas marítimas
dessa área, aumentando as probabilidades de contenção e remoção do óleo
superficial.
154
Conclui-se pelo presente trabalho que a determinação da zona de exclusão para as
atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de petróleo na região do Banco de
Abrolhos e adjacências usando o modelo numérico de derramamento de óleo
OSCAR foi satisfatória utilizando as estratégias de simulações apresentadas
anteriormente.
Os dados hidrodinâmicos do modelo POM mostraram a distribuição sazonal das
correntes superficiais na região, com o período de verão correspondendo às maiores
velocidades da Corrente do Brasil (CB) ao largo da zona de quebra de plataforma.
Nesse período também foi observada a estável continuidade da CB em toda a área
de estudos, com a presença de poucas instabilidades ao norte de 18oS referentes a
presença de vórtices e meandros. Também foi observada a presença do Vórtice de
São Tomé próximo à 22oS e o início da formação do Vórtice de Royal Charlotte
próximo à 17oS.
No período de inverno o padrão hidrodinâmico da região de estudos mostrou-se
diferente do período de verão segundo os dados do modelo POM. Nesse período
sazonal se destacou as fortes instabilidades presentes ao norte de 18oS, com a
presença acentuada e bem desenvolvida do Vórtice de Ilhéus, em aproximadamente
16oS, e o Vórtice de Royal Charlote em aproximadamente 17oS. Nessa região
também se verificou a descontinuidade e enfraquecimento da CB ao largo da zona
da quebra de plataforma. Ao sul de 18o
Concluiu-se que a maré influenciou fortemente nos resultados probabilísticos de
destino do óleo nos cenários de derramamento. Muitos fatores mostraram influenciar
o destino do espalhamento do óleo com a ausência dos processos supra-inerciais,
como a localização geográfica do derramamento, o tipo do óleo utilizado nas
S a CB estabilizou-se novamente, porém com
algumas porções tendendo a fluir para o norte com as correntes de maré, e também
a completa ausência do Vórtice de São Tomé. Esses padrões hidrodinâmicos de
corrente superficial no período de verão e inverno mostraram-se determinantes no
destino do espalhamento do óleo superficial na região de estudos.
A aplicação de um filtro de 40 horas para a remoção dos processos de alta
freqüência nos dados hidrodinâmicos do modelo POM mostrou-se adequada ao
presente estudo como novas fontes de forçantes externas ao sistema para as
simulações de derramamento de óleo.
155
simulações, os ventos predominantes e o comportamento da maré na região. Na
região do Banco de Abrolhos, por apresentar alta energia hidrodinâmica associada
aos fenômenos de maré, as elipses impulsionaram o óleo preferencialmente para
oeste/sudoeste, juntamente com o vento nordeste. Desta forma, no período de
verão, os piores cenários de derramamento com óleo leve e intermediário no bloco
BM-CUM-1 da Bacia de Cumuruxatiba foram encontrados com a presença dos
processos supra-inerciais, ou seja, utilizar uma forçante hidrodinâmica sem a maré
não permitiria encontrar os piores cenários de derramamentos nesse bloco,
subestimando os resultados reais. Esse bloco também apresentou alta proximidade
às áreas de proteção ambiental do Banco de Abrolhos e APA Ponta das Baleias,
intensificando os cenários críticos de derramamento. Nas simulações de verão de
derramamento no bloco BM-CUM-2 os resultados mais críticos foram encontrados
com a ausência dos processos supra-inerciais, ou seja, em cenários reais de
derramamento com a presença da maré os resultados serão menos críticos do que
com a ausência da maré.
Nas simulações de derramamento no bloco J-M-259 da Bacia do Jequitinhonha no
mesmo período sazonal o óleo apenas chegou às áreas de proteção ambiental com
a presença dos processos supra-inerciais, ou seja, retirando a maré dos dados
hidrodinâmicos não foi possível observar tal resultado.
No inverno, as simulações com óleo leve e intermediário apresentaram o mesmo
padrão, onde a ausência dos processos supra-inerciais mostrou os piores resultados
finais de espalhamento do óleo apenas nos derramamentos do bloco BM-CUM-2 da
Bacia de Cumuruxatiba, ou seja, retirando a maré dos dados hidrodinâmicos no
período de inverno não foi possível observar os piores cenários de derramamento no
bloco BM-CUM-1 e J-M-259, os quais só mostraram os piores cenários com a
presença da maré. Assim, de maneira geral, as simulações numéricas de
derramamento de óleo que não utilizarem os fenômenos de alta freqüência nos
dados hidrodinâmicos não irão observar os piores cenários de vazamento de óleo.
Os blocos e cenários teóricos utilizados nas estratégias de simulações apresentaram
resultados satisfatórios em relação aos locais de risco em caso de derramamento de
óleo. Os blocos que mais ofereceram riscos de contaminação do óleo às áreas de
proteção foram o BM-CUM-1 e o BM-CUM-2 da Bacia de Cumuruxatiba nas
simulações com óleo leve (BM-CUM-1 no inverno e BM-CUM-2 no verão) e
156
intermediário (verão para ambos), onde em todos os cenários analisados no
presente estudo o óleo atingiu alguma porção das áreas de proteção ambiental.
Segundo os dados diferencias entre verão e inverno das Tabelas 6.16 e 6.17 com
simulações com óleo leve e intermediário, respectivamente, o pior período sazonal
para ocorrência de um derramamento de óleo foi no verão com a utilização de óleo
intermediário.
O bloco J-M-259 apresentou riscos somente nas simulações com óleo intermediário,
principalmente no período de verão, tornando a Bacia do Jequitinhonha como área
de altos índices de risco de contaminação somente em sua porção sul. Já o bloco
ES-M-418 não apresentou nenhum risco às áreas de proteção em nenhum cenário
de derramamento de óleo no presente estudo, colocando a porção norte da Bacia do
Espírito Santo como área sem riscos de contaminação ao Banco de Abrolhos e
adjacências.
Os cenários teóricos se mostraram úteis no auxílio de melhor delimitar uma área de
exclusão na região de estudos. O cenário teórico CT-1 foi o único cenário onde o
óleo não atingiu as áreas de proteção, porém, como os resultados mostraram uma
alta proximidade do óleo superficial a estas áreas, essa região da Bacia do
Jequitinhonha pode representar áreas de risco de contaminação ao Banco de
Abrolhos e adjacências em cenários de derramamento com quantidades maiores de
vazão do óleo. O cenário teórico CT-2 apresentou riscos somente nas simulações de
inverno com derramamento de óleo intermediário, delimitando essa porção da Bacia
do Jequitinhonha como áreas de índices potenciais de contaminação às áreas de
proteção ambiental. O cenário teórico CT-3 da Bacia do Espírito Santo apresentou
riscos também somente no inverno e com simulações com óleo intermediário,
enquadrando os limites norte dessa bacia como áreas de índices de contaminação
ao Banco de Abrolhos e adjacências.
Pelo apresentado acima, concluiu-se que a zona de exclusão deva englobar todos
os blocos e cenários teóricos de derramamento em que houve alguma contaminação
às áreas de proteção, como os blocos BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259 e os
cenários teóricos CT-2 e CT-3. Assim, a zona de exclusão se estendeu desde os
limites sul da Bacia do Jequitinhonha (aproximadamente 16oS) até os limites norte
da Bacia do Espírito Santo (aproximadamente 19o 15’S). O limite leste é a zona de
157
quebra de plataforma devido à forte hidrodinâmica da Corrente do Brasil na região e
no limite oeste estabeleceu-se a zona costeira.
As conclusões podem ser resumidas na Tabela 7.1.
Tabela 7.1: Blocos licenciados pela ANP que ofereceram riscos de contaminação às áreas de proteção ambiental.
Período Sazonal
Padrão hidrodinâmico Simulação
Blocos que ofereceram
contaminação
Bloco que ofereceu cenário de pior caso
Verão
Presença da maré
Óleo leve BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-1
Óleo intermediário
BM-CUM-1, BM-CUM-2 e J-M-259 BM-CUM-1
Ausência da Maré
Óleo leve BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-2
Óleo intermediário
BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-1
Inverno
Presença da maré
Óleo leve BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-1
Óleo intermediário
BM-CUM-1, BM-CUM-2, J-M-259,
CT-2 e CT-3 BM-CUM-1
Ausência da maré
Óleo leve BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-1
Óleo intermediário
BM-CUM-1 e BM-CUM-2 BM-CUM-1
Por fim, recomenda-se que futuras simulações de derramamento de óleo devam ser
realizadas na região de estudos com diferentes taxas e volumes de derramamento
de óleo, tanto na Bacia do Espírito Santo quanto na Bacia do Jequitinhonha, para
determinar com maior precisão quais outras localidades oferecem riscos ao Banco
de Abrolhos e áreas adjacentes, configurando uma zona de exclusão com limites
mais precisos.
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