dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de achras

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL NADJAMA BARRETO DO PRADO DESSECAÇÃO E TEMPERATURAS NA QUALIDADE DAS SEMENTES DE Achras sapota L. ILHÉUS - BAHIA 2012

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Page 1: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

NADJAMA BARRETO DO PRADO

DESSECAÇÃO E TEMPERATURAS

NA QUALIDADE DAS SEMENTES DE Achras sapota L.

ILHÉUS - BAHIA

2012

Page 2: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

i

NADJAMA BARRETO DO PRADO

DESSECAÇÃO E TEMPERATURAS

NA QUALIDADE DAS SEMENTES DE Achras sapota L.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Produção Vegetal, da

Universidade Estadual de Santa Cruz –

UESC, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em

Produção Vegetal.

Área de Concentração: Cultivo em

ambiente tropical úmido.

Orientador: Profª. Dra. Eusínia Louzada

Pereira

Co-orientador: Profº. Dr. Jadergudson

Pereira

ILHÉUS - BAHIA

2012

Page 3: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

ii

NADJAMA BARRETO DO PRADO

DESSECAÇÃO E TEMPERATURAS

NA QUALIDADE DAS SEMENTES DE Achras sapota L.

Ilhéus, BA, 23/07/2012.

________________________________________________

Dra. Eusínia Louzada Pereira

DCAA/UESC

________________________________________________

Dr. Marcelo Schramm Mielke

DCB/UESC

________________________________________________

Dr. Abel Rebouças São José

DFZ/UESB

Page 4: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

iii

DEDICO

A DEUS, força que me alimenta espiritualmente.

Aos meus queridos pais, Valtemi e Mª Auxiliadora que,

com muito amor e apoio, não mediram esforços para que

eu cumprisse mais esta etapa de minha vida.

Ao meu irmão Cristiano e família (Ana Márcia, Bruno Vicenzo e

Pedro Artur) pela atenção e carinho, e para demonstrar que

dedicação + persistência = sucesso.

Page 5: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por estar sempre iluminando os meus caminhos e

abençoando a minha vida.

Sou e serei eternamente grata aos meus pais, Valtemi Lemos do Prado e Mª

Auxiliadora Barreto do Prado, pelo apoio e amor incondicional que tornou possível a

concretização de mais um desejo almejado por mim.

A meu irmão Cristiano Barreto do Prado, pela amizade, companheirismo e

amor. E a minha cunhada Ana Márcia e meus sobrinhos Bruno Vicenzo e Pedro

Artur, pela atenção e carinho, que me faz me sentir querida sempre que nos

encontramos.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –CAPES,

pela concessão da bolsa.

A minha orientadora, Dra. Eusínia Louzada Pereira pela paciência, respeito e

contribuições que me conduziram ao sucesso dessa conquista.

Ao meu co-orientador, Dr. Jadergudson Pereira, pela disponibilidade e ajuda

nos trabalhos experimentais.

Aos meus colegas de curso e de república, Adriano Murielli e Cristina de

Paula Martins, que devido aos momentos de alegria e tristeza que vivemos juntos se

tornaram meus irmãos de coração.

A Alayana e Ana Luíza pelo companheirismo no laboratório e pela valiosa

ajuda na montagem e avaliação dos experimentos.

Ao Sr. Julival administrador da fazenda Planalto, por ter doado os frutos para

instalação do experimento.

Aos colegas da Pós-graduação em Produção Vegetal da UESC, Mariana,

Rodrigo, Eliane, Cristiane, Téssio, Lucas, Eullaysa, Patrícia e demais colegas pelo

companheirismo e carinho.

A Carol, secretária da PPGPV-UESC, por sua disposição para solucionar e

informar sobre as atividades desenvolvidas na instituição.

Ao corpo docente do Curso de Pós-Graduação em Produção Vegetal

(PPGPV) – UESC, pelas contribuições na minha formação.

Aos membros da banca examinadora pelas preciosas sugestões e correções

desse trabalho.

A todos que de alguma forma contribuíram para realização desse trabalho e

por esta conquista.

Page 6: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

v

“Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem

crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a

coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O

impossível torna-se possível com a força de vontade.”

Dalai Lama

Page 7: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

vi

SUMÁRIO

RESUMO ..........................................................................................................x

ABSTRACT .................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................. 3

2.1. Geral ..................................................................................................... 3

2.2. Específicos ............................................................................................ 3

3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 4

3.1. Importância da Fruticultura .................................................................... 4

3.2. A cultura da sapota ............................................................................... 5

3.3. Reprodução e Propagação ................................................................... 7

3.4. Dessecação das sementes ................................................................... 7

3.5. Temperatura x Germinação de sementes ........................................... 11

3.6. Sanidade de sementes ....................................................................... 13

4. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 15

4.1. Obtenção e Preparo das Sementes .................................................... 15

4.2. Experimento I: Tolerância de sementes de sapota (Achras sapota L.) à

dessecação. ................................................................................................. 16

4.2.1. Grau de umidade ............................................................................... 17

4.2.2. Condutividade elétrica ........................................................................ 18

4.2.3. Emergência de plântulas .................................................................... 18

4.2.4. Primeira contagem do teste de emergência ....................................... 20

4.2.5. Tempo médio de emergência ............................................................. 20

4.2.6. Comprimento de plântulas ................................................................. 20

4.2.7. Massa seca de plântulas .................................................................... 20

4.3. Experimento II: Biometria de sementes, feito da temperatura na

qualidade fisiológica e sanidade de sementes de sapota (Achras sapota

L.).................................................................................................................. 21

4.3.1. Grau de umidade ............................................................................... 22

4.3.2. Teste de germinação ......................................................................... 22

4.3.3. Primeira contagem do teste de germinação ....................................... 23

4.3.4. Velocidade de germinação ................................................................. 23

4.3.5. Tempo médio de germinação. ............................................................ 23

Page 8: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

vii

4.3.6. Comprimento de plântulas ................................................................. 23

4.3.7. Massa seca de plântulas .................................................................... 23

4.3.8. Sanidade ............................................................................................ 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 25

5.1. Experimento I. ..................................................................................... 25

5.2. Experimento II ..................................................................................... 35

6. CONCLUSÕES ...................................................................................... 389

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 40

Page 9: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

viii

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Frutos maduros de Achras sapota no momento da extração das sementes (A) e sementes sendo beneficiadas (B). ................................................................... 16 Figura 2: Bandeja de malha de alumínio utilizada para secagem das sementes (A);sementes de Achras sapota distribuídas na bandeja de malha de alumínio (B) e acondicionamento das bandejas na estufa de circulação forçada (30 + 2°C) (C). .... 17 Figura 3: Sementes de Achras sapota distribuídas em copos plásticos contendo 75 mL de água destilada autoclavada (A); Amostras acondicionadas em câmara tipo B.O.D. (B); Mensuração da condutividade elétrica de sementes de sapota (C)........ 18 Figura 4: Plântulas de Achras sapota classificadas como normais no teste de emergência e germinação. ........................................................................................ 19 Figura 5: Plântulas anormais de Achras sapota em seus diferentes estágios de desenvolvimento. ...................................................................................................... 19 Figura 6: Mensuração do comprimento total de uma plântula normal de Achras sapota. ...................................................................................................................... 20 Figura 7: Sementes de Achras sapota semeadas em bandeja de polietileno (dimensões 45 x 28 x 7,5 cm) contendo como substrato areia autoclavada, umedecida com 60% da sua capacidade de campo. ................................................ 22 Figura 8: Tempo estimado no processo de dessecação de sementes de Achras sapota até atingir 7% de teor de água, utilizando o método da estufa à temperatura de 30º ± 2°C,UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. .......................................................... 25 Figura 9: Grau de umidade de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ......................... 26 Figura 10: Emergência de plântulas (%) oriundas de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ...................................................................................................................... 28 Figura 11: Plântulas anormais (%) oriundas de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ...................................................................................................................... 28 Figura 12: Condutividade elétrica da solução de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ...................................................................................................................... 30

Page 10: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

ix

Figura 13: Primeira contagem do teste de emergência (%) após as sementes de Achras sapota serem submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ............................................................................................ 31 Figura 14: Comprimento de plântulas (cm.plântula-¹) de Achras sapota, oriundas de sementes submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ............................................................................................................... 31 Figura 15: Tempo médio de emergência (dias) de Achras sapota, oriundas de sementes submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão. ............................................................................................................... 32 Figura 16: Frequência de ocorrência de fungos detectados em sementes de Achras sapota pelo método “blotter test”, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. .......................... 38 Tabela 1: Estimativa dos coeficientes de correlação simples de Pearson (r) das variáveis estudadas em sementes de Achras sapota, submetidas à dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. ............................................................................... 33 Tabela 2: Média, valor máximo, valor mínimo e coeficiente de variação (C.V.) para as variáveis de biometria e caracterização física de sementes de Achras sapota, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012 (n= 200). ............................................................................ 35 Tabela 3: Dados médios de Germinação (G), Primeira Contagem do Teste de Germinação (PC), Plântulas Anormais (PA), Sementes Mortas (SM), Comprimento de Plântulas (CP), Massa Seca de Plântulas (MS) e Tempo Médio de Germinação (TMG) de sementes de Achras sapota, submetidas a diferentes temperaturas, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. ............................................................................... 36

Page 11: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

x

PRADO, Nadjama Barreto do, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

julho de 2012. Dessecação e temperaturas na qualidade de sementes de Achras

sapota L. Orientadora: Dra. Eusínia Louzada Pereira. Co-orientador: Dr.

Jadergudson Pereira.

RESUMO

Os processos metabólicos que ocorrem no interior das sementes podem ser

alterados por diversos fatores, dentre eles o teor de água, a temperatura do

ambiente de germinação e a presença de microrganismos associados às sementes

podem acarretar na diminuição do seu potencial fisiológico e viabilidade. Diante

disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da dessecação e de duas

temperaturas na qualidade de sementes de Achras sapota L. Os experimentos foram

desenvolvidos no Laboratório de Fitotecnia da Universidade Estadual de Santa Cruz,

Bahia, onde o experimento I consistiu no decréscimo de aproximadamente 5% do

teor de água (dessecação) até atingir 7%. No experimento II foram realizadas a

biometria das sementes, a análise da germinação e vigor sob temperaturas

constante 28°C e alternada 20-30°C, e o teste de sanidade. Diante dos resultados

obtidos concluiu-se que, o decréscimo do teor de água das sementes de A. sapota

até os valores de 11 e 7% resultam na desestruturação das membranas celulares

aumentando a quantidade de solutos lixiaviados, reduzindo o vigor das sementes.

No entanto, quando dessecadas até atingir o teor de água de 16% não há o

comprometimento de sua viabilidade (germinação). A temperatura constante de

28°C é a que melhor favorece os testes de germinação e vigor utilizados, não sendo

recomendada para a espécie a temperatura alternada 20-30°C. As sementes de A.

sapota oriundas de frutos coletados na fazenda Planalto, localizada no município de

Canavieiras-BA, apresentaram maior freqüência de fungos Penicillium sp.,

Lasiodiplodia theobromae e Trichoderma sp.

Palavras chave: condutividade elétrica, secagem, viabilidade, vigor.

Page 12: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

xi

PRADO, Nadjama Barreto do, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

julho de 2012. Desiccation and temperature on seed quality Achras sapota L.

Orientadora: Dra. Eusínia Louzada Pereira. Co-orientador: Dr. Jadergudson Pereira.

ABSTRACT

The metabolic processes that occur inside the seed can be altered by various

factors, including water content, temperature of the germination environment and the

presence of microorganisms associated with seeds can result in decreased

physiological potential and feasibility. Therefore, the objective of this study was to

evaluate the effects of desiccation and temperature in two seed quality Achras

sapota L. The experiments were conducted at the Laboratory of Plant Science, State

University of Santa Cruz, Bahia, where the first experiment consisted in a decrease

of approximately 5% water content (desiccation) up to 7%. In experiment II were

made of the seeds biometrics, the analysis of germination and vigor under constant

temperature 28 ° C and alternating 20-30 ° C, and sanity. Based on these results it

was concluded that the decrease of the water content of the seeds of A. sapota up to

values of 11 and 7% results in disruption of cell membranes by increasing the

amount of solute leachates, reducing the vigor. However, when dried until water

content of 16% no compromise its viability (germination). A constant temperature of

28 ° C is the best that favors germination and vigor used and is not recommended for

the species to alternating temperature of 20-30 ° C. The seeds of A. sapota derived

from fruits collected in Plateau farm, located in the municipality of Canavieiras-BA

showed higher frequency of fungus Penicillium sp., Lasiodiplodia theobromae and

Trichoderma sp.

Key words: electrical conductivity, drying, feasibility, force.

Page 13: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

1

1. INTRODUÇÃO

A Achras sapota L. é uma espécie frutífera de porte arbóreo pertencente à

família Sapotaceae, originária da América Central. De clima tropical e subtropical,

adaptou-se muito bem no Brasil, sendo cultivada desde as faixas subtropicais de

São Paulo até a Floresta Tropical Úmida da Região Amazônica, como também no

litoral e serras Nordestinas, onde as condições climáticas são bastante favoráveis

(pluviosidade acima 1.000 mm e temperatura média anual maior que 20°C), ao seu

desenvolvimento e produção (ALVES; FILGUIERAS; MOURA, 2000; GOMES, 2007;

LORENZI et al., 2006).

Os frutos dessa espécie são conhecidos popularmente como sapoti e sapota

a depender da cultivar, e na América de idioma espanhol são empregados os nomes

zapotilla e sapota chico. Eles são atrativos por sua polpa ser considerada suculenta

e bastante doce, não apresentando fibras, podendo ser comercializados in natura ou

processado na forma de suco, doces, sorvetes, entre outras, agregando valor ao

produto final (GOMES, 2007).

A multiplicação da sapoteira pode ser sexuada ou assexuada. Embora a

propagação por enxertia, seja muito utilizada visando à produção de mudas, a

disponibilidade de sementes de boa qualidade é necessária para a produção de

portas-enxerto. Sendo assim, é importante o conhecimento do comportamento

fisiológico pós-colheita das sementes em relação aos teores de água limitantes e

condições ambientais que favoreçam a manutenção da viabilidade e potencial

fisiológico, pois as modificações progressivas e determinadas por fatores genéticos,

bióticos e abióticos, durante a secagem, beneficiamento, manuseio e

Page 14: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

2

armazenamento podem resultar em alterações durante o desenvolvimento da planta

(FERREIRA; BORGHETTI, 2004). Portanto é necessário evidenciar dois aspectos

práticos nos padrões de comportamento contrastante no período de armazenamento

de sementes; o efeito da dessecação sobre a viabilidade das sementes, e a resposta

à longevidade das sementes para o ambiente de armazenamento (HONG; ELLIS,

1996).

A perda da viabilidade das sementes de espécies sensíveis à desidratação

está diretamente relacionada com a tolerância à dessecação, que é avaliada a partir

da determinação do teor de água mínimo suportável pelos tecidos das sementes. A

dessecação é um dos métodos adotados para aumentar a longevidade das

sementes, mas nem todas toleram o processo de secagem, fator este que

compromete diretamente a sua qualidade e a viabilidade. Esse comportamento pode

variar entre as sementes de algumas espécies, classificando-as em ortodoxas,

recalcitrantes e intermediárias. No caso da espécie A. sapota são poucos os

trabalhos que relatam as características fisiológicas e estruturais dessas sementes,

e o que interfere em sua qualidade fisiológica durante o processo de germinação e

desenvolvimento das plântulas (FONSECA; FREIRE, 2003; HONG; ELLIS, 1996;

LEON, 1969; LORENZI et al., 2006; GOMES, 2007).

O conhecimento das condições ótimas para a germinação, principalmente

temperatura ambiental e sanidade das sementes, é imprecindível para a formação

de uma plântula normal e vigorosa. Esses fatores podem afetar negativamente os

processos metabólicos das sementes acarretando em sua deterioração e na perda

de sua viabilidade (MARCOS FILHO, 2005). Portanto, o desenvolvimento de estudos

que visem um maior conhecimento em relação aos fatores que favoreçam a

manutenção da qualidade fisiológica de sementes da espécie A. sapota é essencial

durante a multiplicação e desenvolvimento da planta.

Page 15: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

3

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Avaliar os efeitos da dessecação e de duas temperaturas na qualidade de sementes de Achras sapota L.

2.2. Específicos

a) Avaliar a tolerância das sementes à dessecação e sua relação com a estruturação das membranas celulares por meio do teste de condutividade elétrica. b) Determinar o ponto de alteração do potencial fisiológico das sementes em função dos pontos de dessecação. c) Verificar os efeitos das temperaturas constante e alternada na germinação e vigor de sementes de A. sapota. d) Isolar e identificar os fungos associados às sementes de A. sapota.

Page 16: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

4

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Importância da Fruticultura

O Brasil apresenta uma grande diversidade de espécies de plantas, devido à

sua extensa área continental com os mais diferentes ecossistemas. Dentre as

categorias florísticas existentes, as espécies frutíferas destacam-se pela sua

importância nutricional e econômica, com o sustento de populações de baixa renda

em várias partes do país e a comercialização de frutas in natura e/ou processadas

no mercado interno e externo (ALMEIDA et al., 2011).

A fruticultura é uma dos segmentos do agronegócio brasileiro mais importante,

respondendo por 25% do valor da produção agrícola nacional, posicionando o Brasil

em terceiro lugar dentre os maiores produtores mundiais de frutas frescas. São

produzidas no país frutas tropicais, subtropicais e de clima temperado, lançando no

mercado uma grande diversidade de frutas durante todo o ano, e várias delas

exclusivas da região. A produção no país está em torno de 43 milhões de toneladas,

se destacando internacionalmente como grande supridor de frutas frescas (47%) e

processadas (53%). As principais regiões produtoras são Sudeste; Nordeste e Sul,

com destaques para os Estados de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul (IBRAF,

2012; BRAZILIAN FRUIT, 2012).

Na Bahia, a fruticultura possui uma área cultivada de 263 mil hectares, com

produção de mais de 3,7 milhões de toneladas de frutas. Se tornando um dos mais

importantes segmentos da agropecuária, devido à inserção de novas tecnologias

Page 17: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

5

que são favorecidas pelas condições ambientais, o que tem propiciado a produção

de frutas de ótima qualidade, contribuindo para a expansão nos mercados, interno e

externo, resultando na geração de emprego e renda nas regiões produtoras

(SANTOS; FERRAZ, 2012).

Segundo Lorenzi (2006) observa-se uma necessidade no mercado interno e

externo por frutíferas que apresentem sabores, cores e texturas diferentes das já

existentes no mercado, como exemplo destas espécies pode-se citar a carambola, a

phisalis, a sapota, a atemóia, o cajámanga e a graviola, que são espécies exóticas,

que se convencionou chamar de “potenciais”.

De acordo com Almeida et al. (2011), a grande maioria das plantas frutíferas

consumidas e exportadas no Brasil são compostas por espécies de frutíferas

exóticas. Apesar do seu grande potencial agronômico, devido as suas

características de rusticidade e adaptação às condições adversas das regiões onde

são cultivadas, ainda há pouco conhecimento em relação ao seu cultivo e produção.

A existência de um grande potencial de várias espécies de fruteiras exóticas, ainda

pouco exploradas, assim como a necessidade urgente de seleção de cultivares mais

adaptáveis às condições locais, que atendam melhor às exigências dos

consumidores, evidenciam a importância de pesquisas que auxiliem no manejo e

produção das mesmas.

3.2. A Cultura da Sapota

A espécie Achras sapota é uma frutífera tropical nativa da América Central,

incluindo o sul do México. No Brasil é cultivada principalmente no Norte e Nordeste.

No entanto, o sudeste brasileiro tem excelentes condições para produzir frutos

deliciosos. No Brasil esta espécie é conhecida popularmente como sapoti, sapota,

zapotilla e sapota chico empregadas na América de idioma espanhol, a depender da

cultivar (LORENZI et al., 2006; GOMES, 2007).

Essa espécie teve adaptação muito boa em praticamente todo o Brasil, sendo

plantada desde o Sul do Estado de São Paulo até a região Amazônica. No Nordeste

brasileiro foi inicialmente cultivada nas serras úmidas, onde as condições climáticas

são bastante favoráveis ao seu desenvolvimento e produção, e posteriormente

Page 18: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

6

expandiu-se para outros ecossistemas. Em nosso país o fruto é muito apreciado e

considerado um dos melhores devido às suas características organolépticas, como a

suculência e sabor adocicado que agradam o paladar. Na primeira metade do século

20, desenvolveu-se no México e na América Central uma grande indústria de goma

de mascar tendo como matéria-prima o látex exsudado do tronco da planta. No

Brasil, no entanto, só é comercializado o fruto na forma in natura (GOMES, 2007).

Pertencente à família Sapotaceae, A. sapota é uma espécie arbórea

perenifólia, latescente, podendo atingir uma altura de 10-20 m. As folhas são

simples, coloração glabra (face superior) e ferrugíneas-tomentosa (face inferior),

dispostas no ápice dos ramos, com pecíolo de 1-2 cm. As flores são solitárias,

andróginas, nas colorações brancas ou levemente róseas (GOMES, 2007; LORENZI

et al., 2006).

O fruto é chamado de sapota tem forma arredondada, casca muito fina, de

coloração marrom-escura, possui uma cobertura parecida com pó de serra que se

desprende facilmente quando o fruto é esfregado entre as mãos. A polpa, algumas

vezes apresenta cor de chocolate, no entanto é mais comum à coloração amarelo-

esbranquiçada, transparente, bem tenra, sem fibras, doce. Os frutos com polpa de

cor chocolate quando maduros são suculentos, doces e de boa palatabilidade.

Quando imaturos possuem um sabor pouco enjoativo, apresentando um látex leitoso

e uma pequena percentagem de tanino, tornando-o desagradável ao paladar. Os

frutos podem conter de 1 a 4 sementes. Elas são duras, de coloração escura,

achatadas, tamanho médio 0,7 x 1,2 x 2,0 cm e se mantém viáveis por um longo

período quando armazenadas sob condições adequadas. As mesmas se

desprendem facilmente da polpa se o fruto estiver maduro, caso contrário deixa um

resíduo de látex leitoso, junto à polpa, dando um sabor desagradável à mesma

(GOMES, 2007).

A sapoteira é uma fruteira espontânea em locais de clima quente e úmido.

São cultivadas em locais onde a pluviosidade ultrapassa os 1.000 mm, e a

temperatura média anual é superior a 20°C. Apesar da sua adaptação a diferentes

condições edafoclimáticas, a sua produtividade responde melhor quando a mesma é

cultivada em altitudes inferiores a 400 m, sob temperatura acima de 28°C e se

beneficia com irrigação em épocas críticas. A multiplicação desta espécie por ser

através da semente ou enxertia (ALVES; FILGUIERAS; MOURA, 2000; GOMES,

2007).

Page 19: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

7

De acordo com Lima (2005), faz-se necessário uma maior divulgação e

promoção de trabalhos que proporcionem um maior conhecimento do cultivo e

formas de comercialização desta espécie, proporcionando o aumento do consumo

da fruta e assegurando a expansão do seu cultivo nas regiões potencialmente

produtoras.

3.3. Reprodução e Propagação

A multiplicação da espécie A. sapota pode ser sexuada ou assexuada, ou

seja, por semente ou propagação vegetativa (ALVES; FILGUIERAS; MOURA, 2000).

A enxertia é o método mais utilizado na propagação da sapota e para o

desenvolvimento do porta-enxerto. Portanto é importante o conhecimento das

características físicas e ecofisiológicas das sementes, pois através dessas

informações é possível produzir plantas-mãe com bons padrões de qualidade

favorecendo todos os métodos de propagação vegetativa a serem utilizados na

multiplicação da espécie (MARQUES, 2007).

No entanto, os pesquisadores ressaltam a importância da semente na

continuidade da vida da planta após a senescência da planta-mãe. Ela responsável

pela diversificação da espécie, e é o mecanismo mais rápido e eficiente na difusão

de novas cultivares através dos programas de melhoramento genético (BANDEIRA

et al. 2000; MARCOS FILHO, 2005). Diante disso faz-se necessário um maior

conhecimento em termos da multiplicação da espécie A. sapota, pois a mesma

apresenta uma grande variabilidade genética. Esse fator constitui um dos problemas

no momento da definição dos sistemas de cultivo, resultando na variação das

características físicas da planta e de seus frutos (LEON, 1969).

3.4. Dessecação das Sementes

Roberts (1972) em suas pesquisas agrupou as sementes em relação ao seu

comportamento fisiológico associado indiretamente à sua viabilidade, separando-as

Page 20: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

8

em dois tipos: ortodoxas e recalcitrantes. No entanto, este agrupamento trouxe

discussões à medida que novas informações eram geradas pela pesquisa, por tais

motivos sugeriram a introdução de um terceiro grupo de espécies, as intermediárias,

como exemplo as sementes de café, que inicialmente foram classificadas como

recalcitrantes, devido à sensibilidade a dessecação, sendo constatado

posteriormente que elas toleram uma perda de umidade maior do que as sementes

recalcitrantes, e menores que as ortodoxas (ELLIS, 1990 citado por PEIXOTO et al.,

2006).

Segundo Dickie e Pritchard (2002), tolerância à dessecação em sementes é a

capacidade de recuperar as atividades metabólicas depois de quase completa a

remoção da água presente no interior da semente, conservando sua germinabilidade

e vigor. Para que isto ocorra é necessário que as sementes tenham habilidade de se

reidratar de forma coordenada preservando a estrutura das membranas celulares e

das organelas integralmente, reparando os danos quando houver maior

disponibilidade de água.

Durante o desenvolvimento inicial das sementes elas são intolerantes à

dessecação, a aquisição da tolerância pelas sementes ocorre durante a formação e

maturação, fases na qual a água assume um papel fundamental durante todo o

processo. Na maioria das sementes, o desenvolvimento é dividido em três fases. A

primeira fase caracteriza-se pela histodiferenciação, onde ocorre a divisão celular e

o acúmulo do conteúdo de água resultando no aumento rápido no peso fresco da

semente. Em seguida, na segunda fase ou fase intermediária de maturação, ocorre

o aumento do tamanho da semente devido, principalmente, à expansão das células

e à deposição de reservas (proteínas, como as do tipo Late-embryogenesis-

abundant – LEA, junto com lipídeos ou carboidratos); durante essa fase há o

aumento do peso seco e diminuição do conteúdo de água. Por fim, na terceira fase o

desenvolvimento termina com a secagem pré-programada das sementes tolerantes

à dessecação (BLACKMAN et al., 1992; FERREIRA; BORGHETTI, 2004; MARCOS

FILHO, 2005).

Os trabalhos que relacionam a presença da proteína LEA à tolerância a

dessecação não esclarecem a função dessas proteínas, mas por se apresentar de

forma abundante e estável, desempenhando a habilidade de atrair moléculas de

água, podendo de alguma forma até substituir a água em organismos que toleram a

desidratação, sugerem um importante papel na tolerância à dessecação (BEWLEY;

Page 21: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

9

BLACK, 1994; BLACKMAN et al., 1992). A associação dessas proteínas à

dessecação de sementes de frutíferas não é relatado na literatura, sendo possível

observar apenas em trabalhos com sementes de soja, milho e café (FARIA et al.,

2004; VEIGA, ADRIANO et al., 2007; VEIGA, ANDRÉ et al.; 2007).

A diminuição do teor de água em sementes tolerantes proporciona uma

redução do metabolismo e um estado de quiescência do embrião. Neste estado a

semente resiste a condições adversas do ambiente, podendo voltar à suas

atividades metabólicas (crescimento e desenvolvimento) durante o processo de re-

hidração, quando as condições ambientais forem favoráveis. No entanto, o grau

máximo de tolerância à dessecação e a taxa em que se desenvolvem, varia

substancialmente entre as espécies (BEWLEY; BLACK, 1994; HONG; ELLIS, 1996).

A tolerância à dessecação é avaliada a partir da determinação do grau de

umidade mínimo suportável pelos tecidos das sementes. Sendo assim, a tolerância

à dessecação está diretamente ligada à proteção das membranas celulares dos

efeitos deletérios oriundos da remoção da água. A desidratação pode induzir danos

à bicamada fosfolipídica das membranas celulares, porque durante esse processo a

membrana muda do estado fluído para o estado de gel alterando sua integridade

funcional e estrutural. A desestruturação das membranas promove uma maior

liberação de íons, açúcares, proteínas e tanto a taxa como a extensão da perda da

solução citoplasmática podem ser correlacionadas com o grau de sensibilidade à

dessecação (LEPRINCE et al., 1993).

Quanto à viabilidade das sementes, o seu declínio é provocado pela redução

do teor de água a níveis inferiores àqueles considerados críticos, ou seja, quando

apresentam valores iguais ou inferiores aos considerados letais (HONG; ELLIS,

1992). Cada espécie possui um nível crítico representado pelo grau de umidade no

qual as sementes apresentam queda de sua viabilidade, e o nível letal, onde o teor

de água apresentado pela semente à torna completamente inviável (PEIXOTO,

2006).

Para avaliação do potencial fisiológico das sementes são exigidos

principalmente a aplicação de métodos rápidos que estejam relacionados a eventos

de deterioração, como as atividades respiratórias e a integridade do sistema de

membranas celulares. Dentre eles, destaca-se o teste de condutividade elétrica que

pode ser correlacionado aos resultados obtidos no teste de germinação (teste que

demanda um tempo bem maior a depender da espécie analisada). De acordo com o

Page 22: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

10

princípio do teste as sementes que durante o processo de embebição, liberarem

uma maior quantidade de solutos para o meio externo, em consequência da menor

velocidade de restabelecimento da integridade das membranas celulares, estão

mais deterioradas, ou seja, são sementes menos vigorosas (KRZYZANOWSKI et al.,

1999; MARCO FILHO, 2005).

Cruz (2006) em seu trabalho com sementes de Theobroma grandiflorum

(Willd. Ex Spreng.) K. Schum (cupuaçuzeiro) obteve 92% de germinação quando as

sementes foram dessecadas até 41,4% de umidade, e observou que 28,3% e 14,6

% são os pontos crítico e letal, respectivamente, para as sementes desta espécie.

Tal tolerância à perda da umidade é menor em sementes de Talisia esculenta (A. St.

Hil) Radlk (pitombeira), onde o potencial fisiológico das sementes foi

significativamente prejudicada quando o teor de água foi reduzido de 40,23% para

39,41% concluindo que o teor de água crítico é superior a 39% (ALVES et al., 2008).

Há vários fatores que contribuem para o aumento dos danos causados

durante o processo de dessecação em sementes sensíveis, como a temperatura e a

taxa de secagem, o estádio de desenvolvimento e atividade metabólica das

sementes quando desidratadas. Esta influência foi observada na germinação de

sementes de Mangifera persiciformis Wu et Ming (pêssego enxertado com manga)

quando submetidas aos tratamentos de secagem rápida e lenta, onde na secagem

rápida o decréscimo do teor de água de 32,4% (umidade inicial) para 18,2% resultou

na diminuição gradual da viabilidade, de 100% para 53,2%; e quando dessecadas

até 13,7% de teor de água a viabilidade das sementes foi rapidamente perdido.

Enquanto que na secagem lenta, a perda da umidade foi menor (21,5%), mas

resultou na perda de 50% da viabilidade das sementes, e quando o teor de água

atingiu 18,3% quase nenhuma germinou (TANG; TIAN; LONG, 2008).

Comportamento semelhante foi observado por Melchior et al. (2006) em

sementes de Campomanesia adamantium Camb. (gabirobeira), no qual a

temperatura de 25°C e a semeadura logo após a extração dos frutos proporcionou

índices de germinação de, no mínimo, 74%, concluindo que a espécie pode ser

classificada como recalcitrante por ser intolerante à dessecação.

Barros et al. (2010) constataram que não houve diferença significativa entre

os tratamentos de secagem na avaliação do potencial fisiológico de sementes de

Hancornia speciosa Gomes (mangabeira). A secagem em dois ambientes (ambiente

de laboratório e dessecador) avaliada em cinco períodos (0, 12, 24, 36 e 48 horas),

Page 23: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

11

promoveu valores de 76 a 72,3% de germinação e vigor quando as sementes foram

dessecadas em ambiente de laboratório, e 78% para as mesmas características

descritas acima, nas sementes que ficaram no dessecador. Santos et al. (2010)

estudando a qualidade de sementes da mesma espécie após a secagem em

condições de ambiente de laboratório pelos seguintes períodos: 0 (sem secagem),

24, 48, 72, 96, 120 e 144 horas observaram que a secagem das sementes por até

48 horas, não afeta a emergência de plântulas apresentando valores acima de 80%,

sob condições de ambiente de laboratório (27°C, 45% U.R.).

O conhecimento do grau de tolerância das sementes à desidratação é

importante para o planejamento dos procedimentos a serem aplicados ao manejo da

cultura, caso ocorra um período de estiagem após a semeadura efetuada sob

condições hídricas adequadas e, posteriormente, interrupção do processo pela seca,

após o início de captação de água pelas sementes; ou quando a semeadura é feita

em solos com quantidade insuficientes de água, manejo adotado por alguns

produtores, quando ocorre atraso do início da estão chuvosa (MARCOS FILHO,

2005).

3.5. Temperatura X Germinação de Sementes

Fatores de naturezas diversas, como a temperatura, a umidade, o

armazenamento, o substrato, a luz, a qualidade fisiológica, a formação das

sementes, os microorganismos, podem influenciar no processo de germinação

(FERREIRA; BORGHETTI, 2004).

Dentre esses fatores, a temperatura do ambiente promove uma grande

influência sobre a germinação, pois altera o metabolismo das sementes, provocando

a redução da viscosidade e aumento da energia cinética da água, beneficiando a

embebição e a velocidade das reações bioquímicas dos componentes do

metabolismo. No entanto, estas reações são diferenciadas entre espécies, já que

cada espécie possui uma faixa característica de temperatura que favorece a

germinação de suas sementes (BEWLEY; BLACK, 1994; MARCOS FILHO, 2005).

Espécies subtropicais e tropicais apresentam uma faixa de temperatura ótima

para germinação dentro de 20° a 30°C, sendo esta também a faixa de temperatura

Page 24: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

12

adequada para a maioria das espécies cultivadas. Algumas podem apresentar

limites mais altos porque pode necessitar de exigências distintas. Dentre as faixas

de temperaturas encontram-se as máximas de 35 e 40°C e mínimas inferiores a

15°C. A temperatura ótima é àquela que promove a melhor combinação entre a

percentagem e a velocidade de germinação (MARCOS FILHO, 2005).

Dias et al. (2011) observaram que a temperatura ambiente de 30°C favoreceu a

germinação e o vigor de plântulas de Myrciaria cauliflora B. (jabuticabeira)

semeadas em substrato constituído de terra, areia e esterco quando comparadas as

temperaturas constante de 20ºC e alternada de 20-30ºC.

Gama et al. (2010) em seu trabalho sobre a influência de diferentes substratos

e temperaturas (20-30; 25; 30 e 35°C) para condução de testes de germinação e

vigor de sementes de Euterpe oleracea Mart. (açaizeiro) observaram que não houve

diferença significativa entre as temperaturas constantes, para os dados de

germinação, velocidade de germinação, comprimento de plantas e massa seca. No

entanto, as temperaturas constantes de 30 e 35ºC proporcionaram melhor

crescimento e desenvolvimento das plântulas, sendo consideradas as mais

favoráveis para as sementes desta espécie.

Resultado diferente foi observado por Silva (2006) em seu trabalho com

frutíferas nativas do nordeste, no qual a temperatura constante de 30°C favoreceu a

germinação das espécies Psidium arboreum Vell (araçazeiro boi), Psidium araça

Raddi (araçazeiro) e Jaracatia spinosa (Aubl.) A. DC. (jaracatiazeiro) apresentando

valores de 87% a 70%; enquanto que para a espécie Bromelia karacas L. (bananeira

de raposa), o maior valor de germinação (80%) foi resultante das condições de

temperatura alternada 20-30°C. Em contra partida, na espécie Talisia esculenta

Radlk (pitombeira) as temperaturas constante (30°C) e alternada (20-30°C), não

proporcionaram diferença significativa nos valores de germinação obtidos 91 e 93%,

respectivamente.

Vários autores afirmam que a temperatura do ambiente é um dos fatores que

afetam a germinação das sementes e desenvolvimento das plântulas, de maneira

favorável ou limitante. Portanto, é importante determinar a faixa de temperatura e o

período de exposição que melhor propicia uma porcentagem de germinação máxima

em menor espaço de tempo, pois a redução da temperatura, afeta o processo de

embebição, podendo provocar a redução do crescimento das plântulas, mesmo

quando a temperatura retornar a níveis favoráveis. As exposições por períodos e

Page 25: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

13

temperaturas não adequadas podem estender o problema por todo o ciclo da planta,

prejudicando o seu desenvolvimento e produção por área (CARVALHO;

NAKAGAWA, 2000).

3.6. Sanidade de sementes

Muito embora os agentes bióticos causadores, em sua maioria fungos, seguido

por bactérias, nematoides e vírus, sejam externos, a sanidade das sementes é uma

característica intrínseca. Esses microrganismos patogênicos se associam as

sementes durante o desenvolvimento vegetativo ou o processo reprodutivo. No

entanto, o transporte e a transmissão de doenças provenientes desses patógenos

são verificados na maioria das espécies multiplicadas sexuadamente, ou seja, de um

modo geral as sementes podem abrigar e transportar microrganismos ou agentes

patogênicos de todos os grupos taxonômicos, causadores ou não de doenças

(BRASIL, 2009; MARCOS FILHO, 2005).

Ecologicamente esses organismos podem ser separados em dois grupos: os de

campo, onde predominam espécies fitopatogênicas, e os de armazenamento,

representado por um pequeno número de espécies que deterioram as sementes

durante esta fase. Os fungos englobam o maior número de espécies associadas às

sementes, seguidos pelas bactérias, com um número expressivo de representantes

e os vírus e nematóides, em menor número. Dentre os fungos que contaminam as

sementes após o longo período que permanecem no campo depois de atingirem a

maturidade destacaram-se os dos gêneros Fusarium, Colletotrichum, Alternaria,

Helminthosporium. Por outro lado, os fungos dos gêneros Aspergillus, Penicillium e

Paecilomyces invadem as sementes após a colheita e se desenvolvem durante o

armazenamento quando a umidade do ar é superior a 80%, sendo chamados de

“fungos de armazenamento” (BARROCAS; MACHADO, 2010; BRASIL, 2009;

MARCOS FILHO, 2005).

Magalhães et al. (2008) identificando e quantificando os microrganismos que

estavam presentes em sementes de Butia capitata Mart. Bess. (coquinho-azedo)

após dois meses de armazenamento sob temperatura ambiente, por meio dos testes

“blotter test” e meio batata-dextrose-ágar (BDA) detectaram a ocorrência de oito

Page 26: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

14

espécies de fungos tanto em sementes com ou sem endocarpo (Aspergillus flavus,

Aspergillus Níger, Cladosporium sp., Epicoccum sp., Fusarium sp., Mucor sp.,

Penicillium spp. e Trichoderma sp.) e um actinomiceto. Fusarium sp. (72,3%) e

Penicillium spp. (32,5%) foram os de maior predominância. Viana et al. (2003)

utilizando o método do papel filtro “blotter test” para fazer o levantamento da

microflora fúngica associada às sementes frescas e armazenadas de A. sapota com

e sem tegumento identificaram nove diferentes gêneros, sendo eles: Aspergillus

spp., Penicillium spp., Pestalotiopsis, Cladosporium, Alternaria sp., Fusarium sp.,

Rhizopus sp., e o fungo antagônico Trichoderma sp.. De acordo com os autores, as

sementes armazenadas e frescas com tegumento, apresentaram na soma total das

colônias dos diferentes gêneros uma freqüência de 100% e 86%, respectivamente,

enquanto as que estavam sem tegumento apresentaram uma freqüência total de

4,0% e 28,0% para sementes frescas e armazenadas, respectivamente. Esses

dados indicam que a maior parte dos fungos da semente do sapoti estão associados

à superfície das mesmas.

A presença de agentes patogênicos nas sementes de diversas culturas afeta

a germinação, a emergência de plântulas, o vigor e a produção da cultura e, além

disso, pode se constituir em risco para a disseminação de patógenos para cultivos

posteriores e para novas áreas. Para culturas agronômicas, esses danos resultam

em redução do “stand” e da produtividade (MACHADO, 1988).

Page 27: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

15

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Obtenção e Preparo das Sementes

Os frutos de Achras sapota foram provenientes de plantas da cultivar IPA 180,

denominada chocolate, oriundos da Fazenda Planalto, localizada no município de

Canavieiras-BA a 15° 40‟ 30‟‟S – 38° 56‟ 49‟‟O. As mudas dessa cultivar foram

provenientes da seleção de genótipos pertencentes ao Banco Ativo de

Germoplasma (BAG) de Sapotizeiro na Estação Experimental de Itapirema, em

Goiana, PE, pertencente a Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária- IPA.

Os frutos foram colhidos no estágio de maturidade fisiológica e acondicionados

em sacos de polietileno preto, nos meses de agosto e novembro de 2011. Em

seguida foram transportados para o Laboratório de Fitotecnia da Universidade

Estadual de Santa Cruz – Bahia, onde foram mantidos por oito dias, sob temperatura

de 25°C, para completarem o processo de maturação do fruto, facilitando a retirada

das sementes.

Page 28: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

16

Figura 1: Frutos maduros de Achras sapota no momento da extração das sementes (A) e sementes sendo beneficiadas (B).

As sementes foram facilmente extraídas com as mãos por meio da abertura

dos frutos, sendo submetidas a um jato d‟água visando à retirada de qualquer

substância aderida ao seu tegumento (Figura 1). Aquelas sementes danificadas

mecanicamente ou por incidência de pragas e doenças, bem como os resíduos

provenientes do endocarpo dos frutos foram retiradas, sendo as demais secas com

papel toalha e submetidas ao processo de assepsia. Esse processo foi realizado em

capela de fluxo laminar onde as sementes foram desinfestadas em álcool 70% por 1

minuto, lavadas três vezes em água destilada. Em seguida imersas em solução

comercial de água sanitária por três minutos e novamente lavadas três vezes com

água destilada. Por fim foram imersas em solução de nistatina (fungicida) a 1% por

10 minutos, passado esse tempo foram lavadas três vezes. Após a assepsia, as

sementes foram colocadas para secar, por uma hora, sobre papel toalha para

remoção da água superficial, sob temperatura ambiente.

4.2. Experimento I: Tolerância de sementes de sapota (Achras sapota) à

dessecação.

As sementes, após o processo de assepsia e secagem inicial, foram

distribuídas sobre bandeja de malha de alumínio de 32 x 32 cm e acondicionadas

em estufa de circulação forçada de ar mantida a temperatura de 30 ± 2ºC (Figura 2).

B A

Page 29: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

17

Figura 2: Bandeja de malha de alumínio utilizada para secagem das sementes (A); sementes de Achras sapota distribuídas na bandeja de malha de alumínio (B) e acondicionamento das bandejas na estufa de circulação forçada (30 + 2°C) (C).

Aproximadamente, a cada decréscimo de 5% na massa de sementes, as

mesmas foram amostradas para avaliação da viabilidade, conforme metodologia

utilizada por Masetto et al. (2008) até atingir 7% de umidade. A estimativa do

conteúdo de água foi realizada pela diferença de massa, de acordo com a expressão

proposta por Cromarty et al. (1985):

Mf = Mi (100 – Ui)

100 - Uf

Onde:

Mf = massa da amostra (g) após a secagem;

Mi = massa da amostra (g) antes da secagem;

Ui = grau de umidade (%) antes da secagem;

Uf = grau de umidade (%) desejado após a secagem.

A cada ponto de secagem até atingir 7% de teor de água, uma amostra de

sementes foi retirada para a determinação do grau de umidade e os seguintes

testes:

4.2.1. Grau de umidade

Determinado pelo método da estufa (temperatura de 105ºC ± 2ºC/24 horas),

onde foram utilizadas quatro repetições de 10 sementes. Os resultados foram

obtidos através da média aritmética das porcentagens de cada uma das repetições

(BRASIL, 2009).

A B C

Page 30: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

18

4.2.2. Condutividade elétrica

Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes, pesadas (precisão de

0,0001g) e colocadas em copos plásticos contendo 75 mL de água destilada

autoclavada e mantidas em incubadora do tipo B.O.D. a 25ºC, por 24 horas. A leitura

foi realizada em um condutivímetro e os resultados obtidos foram divididos pelo peso

de cada repetição e os valores expressos em µS.cm-1.g-1 (KRZYZANOWSKI et al.,

1999).

Figura 3: Sementes de Achras sapota distribuídas em copos plásticos contendo 75

mL de água destilada autoclavada (A); Amostras acondicionadas em

câmara tipo B.O.D. (B); Mensuração da condutividade elétrica de

sementes de sapota (C).

4.2.3. Emergência de plântulas

Foram semeadas quatro repetições de 50 sementes numa profundidade de

2,5 cm em jardineiras de polietileno (dimensões 46 x 20 x 15 cm) contendo o

substrato areia autoclavada, umedecida com 60% da sua capacidade de retenção

de água, e mantidas em ambiente de laboratório sob temperatura média de 25° ±

2°C. Ao final do teste, quando as plântulas apresentaram as folhas cotiledonares

totalmente expandidas, foram computadas a porcentagem de plântulas normais

(Figura 4), plântulas anormais (Figura 5) e sementes mortas (BRASIL, 2009).

A B C

Page 31: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

19

Figura 4: Plântulas de Achras sapota classificadas como normais no teste de emergência e germinação.

Figura 5: Plântulas anormais de Achras sapota em seus diferentes estágios de

desenvolvimento.

Page 32: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

20

4.2.4. Primeira contagem do teste de emergência

Foi realizada em conjunto com o teste de emergência, registrando-se a

porcentagem de plântulas normais na primeira contagem, realizada ao décimo oitavo

dia após a semeadura (VIEIRA; CARVALHO, 1994).

4.2.5. Tempo médio de emergência

Foi calculado empregando-se a equação em que ni representa o número de

sementes germinadas dentro de um intervalo de tempo ti-1 e ti. Os resultados foram

expressos em dias (FERREIRA; BORGHETTI, 2004).

tmédio = ∑ni . ti ∑ ni

4.2.6. Comprimento de plântulas

Realizado ao final do teste de emergência mensurando o comprimento total

das plântulas normais, tomando-se a medida da ponta da raiz principal até a

inserção dos cotilédones, com o auxílio de uma régua graduada em centímetro

(Figura 5). Os comprimentos médios das plântulas foram obtidos somando as

medidas tomadas de cada plântula normal, em cada repetição, e dividindo, a seguir,

pelo número de plântulas normais mensuradas. Os resultados foram expressos em

cm/plântula, considerando uma casa decimal (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

Figura 6: Mensuração do comprimento total de uma plântula normal de Achras

sapota.

Page 33: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

21

4.2.7. Massa seca de plântulas

Após a mensuração do comprimento das plântulas normais de cada

repetição, as mesmas foram colocadas em sacos de papel e levadas para secar em

estufa de circulação forçada de ar regulada a 80°C, durante 24 horas. Os resultados

foram expresso em mg/plântula (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualisado com sete

tratamentos (teor de água) e quatro repetições. Verificou-se pelos testes de Lilliefors

para normalidade e de Cochran e Bartlett para homogeneidade, a necessidade de

transformação dos dados para fins de análise estatística. Nas transformações foram

utilizadas arcoseno √x/100 para as variáveis com dados expressas em porcentagem,

e log (x + 1) para as decimais. Os dados normais foram submetidos à análise de

variância e os que não seguiram distribuição normal foram submetidos ao teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis. As médias das variáveis que apresentaram

resultados significativos foram ajustadas modelos de regressão. Posteriormente

calcularam-se os coeficientes de correlação simples de Pearson (r) entre as

variáveis estudadas.

4.3. Experimento II: Biometria de sementes; efeito da temperatura na

qualidade fisiológica e sanidade de sementes de sapota (Achras

sapota).

Para a caracterização física das sementes foi feita a biometria, sendo utilizadas

quatro repetições de 50 sementes. As medidas de comprimento, largura e espessura

foram mensuradas com o auxílio de um paquímetro digital, com precisão de 0,01

mm. A partir dos valores obtidos calcularam-se os valores máximo, mínimo e a

média aritmética das repetições, e os resultados foram expressos em centímetros.

Na determinação do peso de 1000 sementes foram pesadas oito repetições

de 100 sementes e em seguida calculados a variância, o desvio padrão e o

coeficiente de variação. O resultado foi calculado multiplicando-se por 10 o peso

médio obtido das repetições de 100 sementes, e o resultado expresso em gramas

(BRASIL, 2009).

Page 34: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

22

Em seguida foi determinado o grau de umidade e realizados os testes

descritos abaixo.

4.3.1. Grau de umidade

Determinado pelo método da estufa (temperatura de 105ºC ± 2ºC/24 horas),

onde foram utilizadas quatro repetições de 10 sementes. Os resultados foram

obtidos através da média aritmética das porcentagens de cada uma das repetições

(BRASIL, 2009).

4.3.2. Teste de germinação

Foram semeadas quatro repetições de 50 sementes numa profundidade de

2,5 cm em bandejas de polietileno (dimensões 45 x 28 x 7,5 cm) contendo o

substrato areia autoclavada (Figura 7), umedecida com 60% da sua capacidade de

retenção de água e acondicionadas em incubadora do tipo B.O.D. (modelo TE-

401/TECNAL e modelo NI 1718/NOVA), regulados a temperatura constante de 28° ±

2°C e alternada 20-30°C, ambas sob fotoperíodo de 12 horas de luz. A contagem

iniciou no décimo dia e findou no quadragésimo sétimo dia após a semeadura, e os

resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais (Figura 4),

plântulas anormais (Figura 5) e sementes mortas (BRASIL, 2009).

Figura 7: Sementes de Achras sapota semeadas em bandeja de polietileno

(dimensões 45 x 28 x 7,5 cm) contendo como substrato areia

autoclavada, umedecida com 60% da sua capacidade de campo.

Page 35: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

23

4.3.3. Primeira contagem do teste de germinação

Foi realizado em conjunto com o teste de germinação, registrando a

porcentagem de plântulas normais, verificadas aos dez dias após a semeadura

(VIEIRA; CARVALHO, 1994).

4.3.4. Velocidade de germinação

Conduzido conjuntamente com o teste de germinação computando

diariamente o número de plântulas normais e, posteriormente, determinado o índice

de velocidade de germinação utilizando-se a fórmula descrita abaixo proposta por

Maguire (1962) citado por Vieira e Carvalho (1994). O resultado foi obtido através do

cálculo da média aritmética das quatro repetições; por se tratar de um índice não foi

usada nenhuma unidade.

IVG = G1 + G2 + ... + Gn

N1 N2 Nn

Onde:

IVG = índice de velocidade de germinação;

G1, G2, Gn = número de plântulas normais, computadas na primeira, na segunda e na

última contagem, respectivamente;

N1, N2, Nn = número de dias de semeadura à primeira, segunda e última contagem,

respectivamente.

4.3.5. Tempo médio de germinação

Foi calculado empregando-se a equação em que ni representa o número de

sementes germinadas dentro de um intervalo de tempo ti-1 e ti. Os resultados foram

expressos em dias (FERREIRA; BORGHETTI, 2004).

tmédio = ∑ni . ti

∑ ni

4.3.6. Comprimento de plântulas

A mesma metodologia aplicada no item 4.2.6. (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

4.3.7. Massa seca de plântulas

A mesma metodologia aplicada no item 4.2.7. (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

Page 36: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

24

O delineamento foi inteiramente casualizado com quatro repetições e os

resultados foram submetidos à análise estatística descritiva.

4.3.8. Sanidade

Foi aplicado o método do “Blotter test” utilizando-se três repetições de 100

sementes. As sementes depois de desinfestadas (item 4.1.) e secas foram

distribuídas em caixas do tipo gerbox esterilizadas contendo três folhas de papel tipo

mata borrão autoclavadas, umedecidas com solução de sal 2,4-D (2,4-

diclorofenoxiacetato de sódio) a 5 ppm de concentração (BRASIL, 2009). As gerbox

foram incubadas em estufa B.O.D. durante quatro semanas, sob fotoperíodo de 12

horas luz/escuro e temperatura constante de 252°C. A identificação dos

microorganismos foi realizada aos 8 e 16 dias após a incubação, utilizando-se

microscópios estereoscópico e ótico, no qual foram observadas lâminas

microscópicas contendo estruturas dos fungos para a devida identificação, com

auxílio de chaves taxonômicas. Os fungos encontrados foram isolados em placas de

Petri contendo o meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Agar) e mantidos sob

temperatura ambiente, para obtenção de culturas puras das espécies de fungos

encontrados nas sementes de A. sapota.

Page 37: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Experimento I

O teor de água inicial das sementes de A. sapota foi de 36% e a redução

desse teor foi relativamente rápida nos primeiros pontos de dessecação (29, 22, 18

e 16%) levando pouco mais de 24 horas. Ao atingir o teor de água de 16%

observou-se praticamente o dobro do tempo necessário para dessecar as sementes

até os valores de 11 e 7% (FIGURA 8).

Figura 8: Tempo estimado no processo de dessecação de sementes de Achras

sapota até atingir 7% de teor de água, utilizando o método da estufa à

temperatura de 30º ± 2°C,UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012.

Page 38: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

26

O tempo para a perda de água das sementes é variável entre espécies e é

influenciado por alguns fatores desde a estrutura das sementes, como um pericarpo

mais espesso e mais denso; a pressão osmótica do endosperma; o teor de água; a

temperatura ambiente; dentre outros fatores. A diferença entre espécies e a

influência dos fatores intrínsecos e extrínsecos na velocidade da perda de água

pelas sementes foi observado por Andrade et al. (2005) quando submeteram as

sementes de Archantophoenix alexandrae Wendl & Drud (palmeira real australiana)

à secagem em ambiente natural por um período de 24, 54, 78, 102, 127 e 151 horas.

Os autores constataram velocidade de perda de água gradual e relativamente lenta

requerendo 151 horas para reduzir umidade inicial de 46,38% para 16,68%.

Resultado semelhante foi observado por Santos et al. (2010), onde o teor de água

das sementes de Hancornia speciosa (mangabeira) foi reduzido de 56% para 12%

após 144 horas de secagem em ambiente de laboratório (temperatura média de 24,5

± 0,5°C e umidade relativa média de 78 ± 3%).

Quando analisado estatisticamente os valores do teor de água estimados (30,

25, 20, 15, 10 e 5%) com os valores obtidos (29, 22, 18, 16, 11 e 7 %), obteve-se

resultado altamente significativo demonstrando que a equação aplicada pode ser

utilizada para determinar previamente a massa final das amostras, correspondente

aos teores de água desejados (FIGURA 9).

Figura 9: Grau de umidade de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes

pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Page 39: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

27

A aplicabilidade desta equação pode ser observada nos trabalhos de

Nascimento et al. (2006) utilizada para determinar previamente a massa final das

amostras de sementes de Euterpe oleracea, conhecida como açaizeiro,

correspondente aos teores de água desejados, e por Scalon et al. (2012) em

sementes de Eugenia pyriformis Cambess. (uvaia).

A redução progressiva do teor de água das sementes de A. sapota influenciou

nas porcentagens de emergência e plântulas anormais (FIGURAS 10 e 11), não

havendo resultado significativo para porcentagem de sementes mortas a 5% de

significância. Foi observado que o valor do grau de umidade de 25% representa o

ponto de máxima emergência de plântulas (99 %) e que a partir desse ponto a

emergência começa a reduzir. No entanto, esta redução só é expressiva quando as

sementes são dessecadas a partir 16% do teor de água (FIGURA 10). Assim, pode-

se afirmar que de acordo com os resultados obtidos sob as condições na qual foi

instalado o experimento, 16% é o teor de água crítico para as sementes de A.

sapota culminando com o aumento da porcentagem de plântulas anormais, como

observado na Figura 11.

O reflexo da redução do teor de água das sementes na emergência de

plântulas está de acordo com as informações de alguns pesquisadores que afirmam

que, a retirada de água das células pode causar vários danos ao metabolismo,

provocando alterações no ciclo celular, diminuindo ou inviabilizando a ocorrência da

germinação após o período de secagem (MARCOS FILHO, 2005; PAMMENTER;

BERJAK, 1999).

Page 40: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

28

Figura 10: Emergência de plântulas (%) oriundas de sementes de Achras sapota submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Figura 11: Plântulas anormais (%) oriundas de sementes de Achras sapota

submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Estudos realizados por Oliveira et al. (2011) mostraram que sementes de

Genipa americana L. (jenipapeiro) dessecadas por 24 horas em ambiente de

laboratório (temperatura média 28°C e umidade relativa do ar de 75%) apresentam

ŷ = 0,1179x2

- 6,2495x + 79,897

R² = 0,93**

Page 41: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

29

máxima de emergência de plântulas (92%), momento no qual o teor de água se

encontrava acima de 40%. Após este período ocorreu redução progressiva do teor

de água comprometendo e até anulando a emergência quando a desidratação

atingiu valores abaixo de 5%. Zucarelli et al. (2009), por sua vez, verificaram em

sementes de citrumelo „Swingle‟ (Citrus paradisi Macf X Poncirus trifoliata (L) Raf.)

redução da porcentagem de germinação de 72% (grau de umidade de 35%) para

40% e aumento de sementes mortas (44%) quando foram dessecadas até 13% de

teor de água, em estufa com circulação forçada de ar (32±2°C).

Na avaliação das variáveis, condutividade elétrica, primeira contagem do teste

de emergência, comprimento total de plântulas e tempo médio de emergência de

plântulas de A. sapota foram constatadas diferenças estatísticas a 1% de

significância (FIGURAS 12, 13, 14 e 15) entre os pontos de dessecação, exceto para

variável massa seca de plântulas.

Os resultados médios das variáveis, condutividade elétrica e comprimento

total de plântulas seguiram a tendência linear com valores inversamente

proporcionais à redução do teor de água das sementes, ou seja, os maiores valores

em contraste com o menor teor de água encontrado. Diferentemente dessas

variáveis, os valores médios obtidos na primeira contagem seguiram ajuste

quadrático, indicando que sementes frescas e recém beneficiadas (36% de

umidade) promoveram maior número de sementes emergidas na primeira contagem,

quando comparado às sementes que foram dessecadas. Os resultados obtidos

demonstram que a secagem afetou o vigor das sementes (FIGURA 13), mas não

prejudicou a sua viabilidade como constatado nos dados de emergência de plântulas

(FIGURA 10) e na correlação significativa entre essas variáveis (TABELA 1).

A redução progressiva do teor de água das sementes resultou na emergência

tardia, levando assim um maior tempo para atingirem o estádio de plântula,

refletindo nos resultados do tempo médio de emergência como pode ser observado

na FIGURA 15. Esse comportamento corresponde à média do tempo necessário

para um conjunto de sementes emergirem, inferindo que o menor tempo para a

formação das plântulas normais (24 dias) foi proveniente de sementes frescas com

teor de água inicial inalterado (36%). No entanto, a redução do teor de água das

sementes para 7% de umidade ocasionou no maior tempo para a emergência de

plântulas (44 dias) (FIGURA 15), além de afetar negativamente o potencial

fisiológico das sementes (63%) (FIGURA 10) em consequência da quantidade de

Page 42: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

30

solutos liberados durante o processo de embebição utilizado no teste de

condutividade elétrica.

A diminuição no vigor das sementes de A. sapota provavelmente ocorreu em

resposta às condições de estresse durante a desidratação, pois de acordo com os

resultados da condutividade elétrica (FIGURA 12), a diminuição do teor de água das

sementes promoveu aumento da quantidade de lixiviados. Esses resultados estão

de acordo com Walters (2000) quando afirma que a perda de água, expõe os sítios

macromoleculares a ação de radicais livres que promovem consequentemente a

perda da função ou desestruturação das macromoléculas e membranas celulares,

alterando sua integridade funcional e estrutural.

Figura 12: Condutividade elétrica da solução de sementes de Achras sapota

submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Page 43: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

31

Figura 13: Primeira contagem do teste de emergência (%) após as sementes de

Achras sapota serem submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Figura 14: Comprimento de plântulas (cm.plântula-¹) de Achras sapota, oriundas de sementes submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

ŷ = 0,0524x2

- 1,489x + 9,1837

R² = 0,97**

Page 44: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

32

Figura 15: Tempo médio de emergência (dias) de Achras sapota, oriundas de

sementes submetidas a diferentes pontos de dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012. Cada ponto no gráfico representa a média de cada tratamento e as barras o erro padrão.

Os dados obtidos no presente trabalho demonstraram danos significativos no

sistema de membranas das células de A. sapota durante o processo de dessecação.

Esses resultados contradizem os encontrados por Corsato (2010), no estudo de

sementes de Annona emarginata (Schldt.) H. Rainer (araticum-de-terra-fria), onde a

perda do material celular foi maior em sementes que não foram submetidas ao

processo de secagem ocorrendo à redução na quantidade de material lixiviado

quando o teor de água foi reduzido de 31% para 19%, demonstrando efeito de

mecanismos de proteção das sementes quanto à tolerância à dessecação, uma vez

que a germinação não foi afetada.

Os efeitos da dessecação sobre o desempenho fisiológico de sementes

também foi verificado por Nascimento et al. (2010) onde a desidratação progressiva

(37,4; 30,3; 26,1; 21,0; 15,1 e 11,9% de água) realizada em estufa de circulação

forçada de ar (30±2°C) intensificou o processo de deterioração das sementes de

Euterpe oleracea (açaizeiro), com anulação da germinação ao atingirem 15% de teor

de água. Esses resultados diferem dos encontrados por Rebouças (2010), para

sementes de Astrocaryum aculeatum G. Mey (tucumã), onde a redução do conteúdo

de água das sementes até 14,2% não ocasionou redução do potencial fisiológico.

Page 45: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

33

Na Tabela 1 observa-se que correlação do teste de condutividade elétrica

com todas as variáveis analisadas foi altamente significativa, exceto para a variável

sementes mortas, que não apresentou correlação com a condutividade elétrica a 5%

de significância. Os dados de condutividade elétrica apresentaram correlação

significativa e negativa com as variáveis emergência e primeira contagem; enquanto

que em relação ao tempo médio de emergência, a correlação foi signficativa e

positiva. Destaca-se também, a correlação significativa e negativa entre a

emergência e o tempo médio de emergência. Esses resultados permitem afirmar

que o aumento da liberação de solutos das sementes em resposta a menor

velocidade de restabelecimento da integridade das membranas celulares, reflete na

emergência de plântulas, comprovando a confiabilidade da aplicação do teste de

condutividade elétrica para demonstrar os danos causados pelo processo de

dessecação em sementes de A. sapota.

Tabela 1: Estimativa dos coeficientes de correlação simples de Pearson (r) das

variáveis estudadas em sementes de Achras sapota, submetidas à

dessecação, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012.

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO ( r )

VARIÁVEIS CE E PA SM PC CP MS TME

GU -0,93** 0,55** -0,63** 0,43* 0,80** -0,54** -0,55** -0,75**

CE -0,68** 0,72** -0,30ns -0,61** 0,62** 0,63** 0,75**

E -0,96** 0,07ns 0,15ns -0,39* -0,79** -0,65**

PA -0,28ns -0,27ns 0,43* 0,79** 0,71**

SM 0,38* -0,44* -0,17ns -0,31ns

PC -0,16ns -0,27ns -0,50**

CT 0,45* 0,46*

MST 0,49**

Condutividade Elétrica (CE), Emergência (G), Plântulas Anormais (PA), Sementes Mortas (SM), Primeira Contagem do Teste de Emergência (PC), Comprimento de Plântula (CP), Massa Seca de Plântula (MS) e Tempo Médio de Emergência (TME). Coeficiente de correlação (r) significativo a 1% (**), 5% (*) de probabilidade e (

ns) não-

significativo.

Resultados semelhantes aos obtidos no presente trabalho foram constatados

por Martins et al. (2009) durante a avaliação do potencial fisiológico de lotes de

sementes de Euterpe oleracea (açaízeiro) com teor de água de 32,2 a 45,5%, onde

Page 46: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

34

os resultados de correlação simples entre condutividade elétrica e os dados de

germinação indicaram correlação negativa altamente significativa, ou seja, aumentos

nos valores de condutividade elétrica, decorrentes da desestruturação das

membranas celulares quando do processo de deterioração, corresponderam à

queda da germinação e vigor.

Tokuhisa et al. (2009) verificaram que o teste de condutividade elétrica

conduzido sob duas temperaturas (25°C e 30°C), dois volumes de água (50 e 75

mL) e seis períodos de embebição (2, 4, 6, 8, 24 e 48 horas), apresentaram

correlação negativa significativa com a emergência de plântulas de Carica papaya L.

(mamoeiro), provenientes de diferentes lotes de sementes, destacando a eficiência

do teste para detectar diferenças no potencial fisiológico de diferentes lotes,

especialmente quando as sementes são imersas em 50 e 75 mL de água e 25°C e

30°C, respectivamente.

Pouquíssimos são os trabalhos com frutíferas que correlacionam os testes de

vigor, mais especificamento o teste de condutividade elétrica, com os dados de

germinação ou emergência. Podendo ser observado esta comparação em sementes

de cereais, como é o caso de sementes de X. triticosecale Wittmack triticale); cereal

resultante da hibridação das espécies Triticum aestivum L. (trigo) e Secale cereale L.

(centeio); no qual foi observado por Steiner et al. (2011) correlação negativa

significativa entre os testes de condutividade elétrica e a germinação, e correlação

positiva significativa entre o teste de condutividade elétrica com quase todos os

testes de vigor utilizados no experimento.

Apesar do teste de condutividade elétrica ser mais utilizado para diferenciar o

desempenho entre lotes de alto e baixo vigor, de acordo com dados apresentados

nesse trabalho, pode-se recomendar a utilização do teste para avaliação eficiente e

rápida do potencial fisiológico de sementes de A. sapota, podendo assegurar que a

diminuição do vigor dessas sementes não atribui-se à influência do genótipo, nem

tão pouco está associada às características de dormência ou impermeabilidade do

tegumento, como observado por Azerêdo et al. (2002) e Matos et al. (2003).

Page 47: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

35

4.4. Experimento II

Com base nos baixos valores do coeficiente de variação em relação às médias

dos valores máximo e mínimos de comprimento, largura e espessura das sementes,

1,82 - 2,66; 1,07 - 1,38 e 0,48 - 0,72 cm, respectivamente, pressupõem que o lote de

sementes utilizado era homogêneo (TABELA 2). Os resultados médios de tamanho

das sementes de A. sapota estão de acordo com os descritos por Gomes (2007) em

sementes da mesma espécie, que encontrou as dimensões de comprimento, largura

e espessura de 0,7; 1,2 e 2,0 cm, respectivamente. Em sementes de Manilkara

achras (Miller) Fosberg, espécie também pertencente à família Sapotaceae, Alves,

Filguieras e Moura (2000) encontraram medidas de tamanho dentro do mesmo

padrão médio, 2,13 cm.

Quanto ao peso de 1000 sementes, o valor médio obtido foi de 696,80g, o que

permite inferir que o quilograma de sementes de Achras sapota contém

aproximadamente, 1.435 sementes. Com base nos dados do coeficiente de variação

pode-se afirmar que as sementes não apresentaram variação acentuada em relação

ao peso (TABELA 2). Resultado superior em relação ao número de sementes por

quilograma foi observado por Almeida Júnior et al. (2010) em sementes de Manilkara

salzmannii (A. DC.) H. J. Lam pertencente também à família Sapotaceae, onde o

peso de 1000 sementes foi 271,04g resultando em cerca de 3.689

sementes/quilograma. Conforme os resultados apresentados para o peso de 1000

sementes pode-se afirmar que, apesar de pertencerem à mesma família, as

características das sementes podem variar entre e dentre espécies.

Tabela 2: Média, valor máximo, valor mínimo e coeficiente de variação (C.V.) para as

variáveis de biometria e caracterização física de sementes de Achras sapota, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012 (n= 200).

Variável (unidades) Média Valor

Máxima Valor

Mínima C.V. (%)

Comprimento (cm) 2,12 2,66 1,82 0,53

Largura (cm) 1,20 1,38 1,07 0,48

Espessura (cm) 0,59 0,72 0,48 0,70

Peso de 1000 sementes (g) 696,80 707,90 687,70 0,96 n = número de sementes utilizados nas avaliações biométricas

Page 48: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

36

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados referentes à germinação e

vigor de sementes de A. sapota submetidas às temperaturas constante (28ºC) e

alternada (20° - 30°C). As sementes apresentaram maior valor de germinação (93%)

na temperatura constante de 28°C. Essa temperatura também favoreceu um rápido

e melhor desenvolvimento das plântulas, como observado nas variáveis primeira

contagem (7%) e comprimento total (12 cm) com menor tempo médio de germinação

(14 dias). Observou-se que o valor da massa seca de plântulas na temperatura

constante de 28°C (0,1731g) foi inferior ao encontrado na temperatura alternada 20°

- 30°C (0,1787g). Este resultado foi consequência da alta temperatura durante todo

o período da germinação que favoreceu maior crescimento das plântulas, quando

comparado aos resultados obtidos na germinação sob temperatura alternada. Com

isso pode-se inferir que 28°C foi a temperatura que favoreceu o processo de

germinação de sementes da espécie A. sapota.

Gama et al. (2010) observaram que a utilização do substrato areia sob

temperaturas constantes de 30 e 35°C favoreceram a germinação de sementes de

Euterpe oleracea (açaizeiro) apresentando 97 e 92%, respectivamente, diferindo

significativamente da temperatura alternada onde a germinação foi de 85%.

Tabela 3: Dados médios de Germinação (G), Primeira Contagem do Teste de

Germinação (PC), Plântulas Anormais (PA), Sementes Mortas (SM), Comprimento de Plântulas (CP), Massa Seca de Plântulas (MS) e Tempo Médio de Germinação (TMG) de sementes de Achras sapota, submetidas a diferentes temperaturas, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012.

TRAT G

(%) PC (%)

PA (%)

SM (%)

CP (cm.plântula¹)

MS (g.plântula¹)

TMG (dias)

28°C 93 7 4 3 12,00 0,1731 14

20-30°C 37 0 63 0 9,35 0,1787 57

CV (%) 10.23** 14.52** 9.65** 168.22ns

1.22** 2.63ns

10.03* C.V. = coeficiente de variação (**) e (*) Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F. Não significativo (

ns)

A alternância da temperatura proporcionou menor porcentagem de

germinação (37%), tendo como consequência maior estande de plântulas anormais

(63%), e com menor crescimento (9,35 cm) resultando em plântulas estioladas,

provavelmente devido à variação da temperatura. Essa variação favoreceu o

Page 49: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

37

incremento na massa seca das plântulas, porém, o aumento do tempo,

correspondeu a uma média de 57 dias para completarem o desenvolvimento de uma

plântula normal (TABELA 3).

O levantamento da micobiota associada às sementes de A. sapota permitiu a

identificação de cinco diferentes gêneros (FIGURA 16). Dentre as espécies

registradas, Penicillium sp. foi a mais freqüente, atingindo um índice médio de 31%,

seguida de Lasiodiplodia theobromae, com 20,9% e de Mucor sp. com 14,8%.

Rhizopus nigricans e Aspergillus spp. foram pouco frequentes. Também foi

registrado o fungo antagonista Trichoderma sp. (17,2%), utilizado em estudos como

agente de controle biológico.

Penicillium sp., Rhizopus nigricans, Aspergillus spp. e Mucor sp., embora não

sejam primariamente patógenos de sementes, podem comprometer a qualidade das

mesmas quando armazenadas com teor de água alto e em ambiente com

temperatura elevada. A detecção desses fungos, associados às sementes, comuns

em uma ampla gama de ambientes, pode ser atribuída à contaminação durante a

manipulação das mesmas, pois se apresentavam de forma superficial, ou, em

alguns casos, como associação endofítica, especialmente Trichoderma.

Lasiodiplodia theobromae é um fungo cosmopolita, polífago, oportunista e

capaz de infectar frutos e disseminar doenças em várias espécies de frutíferas,

sendo um dos mais eficientes patógenos disseminados por meio de sementes e

causadores de problemas pós-colheita. Como pode ser observado nos resultados do

trabalho de Pereira et al. (2006) onde os oito isolados de L. theobromae estudados

mostraram-se patogênicos quando inoculados em frutos sadios de caju, maracujá,

manga, coco e mamão, os quais exibiram sintomas entre 48 e 72 h após a

inoculação, variando quanto à agressividade. A ocorrência desse fungo também foi

detectada na espécie Manilkara achras Fosberg (Sapotaceae), na qual foi observada

a presença em suas sementes, o que resultou na disseminação da doença

conhecida como seca-descendente provocando a morte de plantas enxertadas em

condições de viveiro (Freire et al., 2004).

Viana et al. (2003) estudando a aplicação de diferentes métodos para a

detecção de fungos associados aos frutos e sementes de Achras sapota

(sapotizeiro), encontraram nove gêneros de fungos associados às sementes, sendo:

Aspergillus spp. e Penicillium spp. os mais frequentes (16 e 8%, respectivamente) e

em menor porcentagem Lasiodiplodia theobromae, Trichoderma sp. e Rhizopus sp.

Page 50: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

38

(3,5, 2,5 e 1,0%, respectivamente). A menor frequência de L. theobromae observada

pelos autores diverge dos resultados obtidos nesse trabalho, onde o fungo L.

theobromae foi o segundo mais frequente em sementes de A. sapota Isso indica que

deve-se ter preocupação na reprodução seminal dessa espécie frutífera no sul da

Bahia, uma vez que o patógeno em questão pode ser limitante à sua produção

comercial nesta região. Portanto, ensaios visando o tratamento de sementes dessa

frutífera para o controle de fungos fitopatogênicos devem ser realizados.

* Frequência obtida considerando a soma total das colônias nas diferentes bandejas.

Figura 16: Frequência de ocorrência de fungos detectados em sementes de Achras

sapota pelo método “blotter test”, UESC-Ilhéus-BA, julho de 2012.

Page 51: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

39

6. CONCLUSÕES

a) O decréscimo no teor de água das sementes resulta no aumento da

condutividade elétrica, promovendo a diminuição do potencial fisiológico das

sementes de Achras sapota nos valores de 11 e 7% de teor de água;

b) As sementes de A. sapota podem ser dessecadas até o teor de água de 16%

sem comprometimento da viabilidade (germinação) das sementes, sendo 25% de

teor de água o ponto de máxima;

c) A temperatura constante de 28°C é a que melhor favorece os testes de

germinação e vigor utilizados, não sendo recomendada para a espécie a

temperatura alternada 20-30°C.

d) As sementes de A. sapota oriundas de frutos coletados na fazenda Planalto,

localizada no município de Canavieiras-BA, apresentaram maior freqüência de

fungos Penicillium sp., Lasiodiplodia theobromae e Trichoderma sp.

Page 52: Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras

40

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