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Informativo da União Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Ano 4 - Números 9 e 10 Janeiro/Dezembro de 2008 Em Defesa do Rupestre Expedição Mambaí 2008 Tutorial 2: Survex Topografia: Prevenção de erros Nova trilha para o Areado Mantendo a Chama acesa 24 mm - Crônica Espeleológica Informativo da União Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Ano 4 - Números 9 e 10 Janeiro/Dezembro de 2008

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Informativo da União Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Informativo da União Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Ano 4 - Números 9 e 10 Janeiro/Dezembro de 2008 Ano 4 - Números 9 e 10 Janeiro/Dezembro de 2008

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Informativo da União Paulista de Espeleologiawww.upecave.com.br

Ano 4 - Números 9 e 10Janeiro/Dezembro de 2008

Em Defesa do RupestreExpedição Mambaí 2008Tutorial 2: SurvexTopografia: Prevenção de errosNova trilha para o AreadoMantendo a Chama acesa24 mm - Crônica Espeleológica

Informativo da União Paulista de Espeleologiawww.upecave.com.br

Ano 4 - Números 9 e 10Janeiro/Dezembro de 2008

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8Comissão Editorial

Ricardo Martinelli; Gabriela Slavec;Renata Shimura; Eduardo Portella &

Fabio Kok Geribello

União Paulista de EspeleologiaEndereço para correspondência:

Rua Loefgreen 1291, Cj 61 - São Paulo - SPCEP: 04040-031

Desnível é uma publicação eletrônica semestral daUnião Paulista de Espeleologia (UPE).

As opiniões expressas em artigos assinados são deresponsabilidade dos respectivos autores. As maté-rias não assinadas são de responsabilidade dos edi-tores e não refletem necessariamente a opinião daUPE. Artigos publicados no Desnível podem ser re-produzidos na íntegra desde que citados fonte, autor,URL e data de consulta na web. Reproduções parci-ais somente com autorização prévia dos editores. Oinformativo em formato PDF poderá ser repassadopara outras pessoas e listas de discussão.

Para enviar um artigo utilize o e-mail:[email protected]

As datas limite são os meses de junho e novembro.

O Desnível se encontra em regularidade com as leisanti-spam. Se deseja não mais recebê-lo, favor envi-ar um e-mail para: [email protected]

Expediente

11

Veja Também

Memória

EspeleologMaillon RapidFoto em Destaque

40

3

39

42

Foto da Capa:Reunião de trabalho

Autor:Ricardo Martinelli

Um novo caminho para oAreado

24 mm - Crônica

Editorial

Plantão Médico7

DiagramaçãoRicardo Martinelli

RevisãoRenata Shimura / Gabriela Slavec

Tutoriais 29

Lojinha da UPE38

Foto: Equipe trabalhando na gruta “Posto de Vacas II” durante a ExpediçãoMambaí 2008.

Índice 1

Expedição Mambaí 2008

Parceiros:

leia também a revista eletrônicaLajedos em:

http://www.lajedos.com.br A UPE é filiada à SBE

13

Topografia - Prevenção deerros grosseiros

35

Equipamentos28

Mantendo a chama acesa 22

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Desenvolvimento X Natureza

Boa Leitura!

Texto: Ricardo MartinelliContate o Autor

[email protected]

Editorial 2

Vivemos uma época nebulosa e ape-sar deste tema ser recorrente emnosso país, nunca o meio ambiente

foi tão ameaçado como nos tempos atuais.O Decreto 6.640/2008 assinado por nossoPresidente coloca em risco um patrimônioinestimável, pouco conhecido e que com todacerteza esconde dados incalculáveis sobrediversos aspectos: biológico, geológico,paleontológico, antropológico, climatológicoentre outros. Éinegável que a le-gislação precisaser modificada,porém esta dis-cussão poucochegou a socie-dade civil organi-zada, que se sen-tiu acuada e traí-da pelos fatos.Determinar queexistam cavida-des que podemsimplesmenteser destruídassem que ocorra sequer uma compensaçãoà sociedade é um dos absurdos do decreto,sem falar da tentativa “forçada” de classifi-car nossas cavernas.

E os fatos não param, o que se perce-be é algo premeditado, principalmente apósa saída da Ministra Marina Silva do Ministé-rio do Meio Ambiênte (MMA) e a entrada doSr. Carlos Minc, que ainda como Secretáriodo Governo do Estado do Rio de Janeiro ti-nha o apelido de “O Licenciador”, por facili-tar o andamento de obras com grande im-pacto ambiental. Depois do decreto 6.640,a nova vítima parece ser as ditas “FlorestasNacionais” (ver artigo em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090101/not_imp301153,0.php). A pressão é sempre amesma, loteamentos, mineração, exploraçãode recursos, e os protegidos do governo, o

MST! No caso paulista, o que está em jogoé a maior área de Mata Atlântica do interiordo estado, usada por universidades e alvode estudos em diversas disciplinas, sem fa-lar em sua grande importância histórica comoberço da siderurgia nas américas, onde sedeu a primeira tentativa de fabricação de fer-ro em solo americano reconhecida pela As-sociação Mundial de Produtores de Aço.

É difícil entender o homem que destróio ambiente emque vive, onde agrande maioriada populaçãonão se preocupacom este tipo dequestão pois pre-cisa pensar pri-meiro em comovai sobreviver atudo isso; é difícilentender um paísonde os políticostomam atitudescontra a vontadeda população,

pessoas estas que os elegeram justamentepara representá-los. Particularmente tenhouma visão um tanto “pouco otimista” sobre ahumanidade: não estamos preparados paracuidar de nós mesmos, vide as guerras, con-flitos, “distorções” de renda e total “descon-trole” de natalidade, quem dirá cuidar do pla-neta... pois é, o ser humano veio com defeitoe pouco se pode fazer a este respeito!

Enquanto isso vamos fazendo nossaparte, protestando, alertanto e tentando co-locar estas questões em pauta, e é isso quese vê em mais um número do Desnível Ele-trônico, artigos importantes, técnicas, expe-dições, tudo na intenção de colaborar com apreservação do patrimônio natural de nossopaís e no desenvolvimento de nossaespeleologia.

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Considerações sobre o seu conteúdo histórico e pré-histórico, bem comocomentários sobre devastações em cavernas e abrigos sob rochas no estadode S. Paulo, constatadas pelo grupo BAGRUS.

Por Guy Christian Collet - Setembro de 1985

Fotos Ilustrativas: Rogério Dell Antônio

ABSTRACT

The Itambé cave is one of the largest caves insandstone in Brazil and it is quite important from theArcheological point of view. Unfortunately the recentbuild touristic infra-structure destroyed part of the mainroom of the cave where most of the drawings andtestimonials were written. Also some ancient objectswere found in the cave but the tractors destroyed mostlyall of the remained vestiges. So part of the story ofthe people from this region was erased and there is noway to recover it anymore.

A caverna de Itambé, cadastrada naSBE sob o nº 179, Altinópolis/SP, éinteressante sob vários aspectos. Ela

se desenvolve em arenito, tem um pórticomonumental e é uma das mais compridas eespaçosas do Brasil, nesta modalidade derocha.

Considerando a Pré-História ela torna-se ainda mais notável, por conter várias es-truturas arqueológicas distintas; uma exten-sa oficina lítica no planalto superior; um sítiode permanência demorada, dentro do imen-so salão de entrada, provavelmente ultrapas-sando 800 metros quadrados e, para com-pletar, relicatas substanciais de um grandepainel de gravuras rupestres. A história temtambém as suas manifestações através deinúmeras inscrições modernas, indo de 1844até os nossos dias.

Localizamos, em 1984 (COLLET eCHABERT) em galerias laterais a uns 70metros da entrada, inscrições perfeitamenteconservadas que identificam nominalmentemoradores que visitaram a caverna desde oinício de 1853. Portanto, há mais de 130 anos

que esta cavidade é frequentada, fato pou-co comum e documentado nas grutas brasi-leiras.

Várias dezenas destas datas e nomes,com caligrafia e ortografia tipicamente daépoca, são testemunhos de turistas que men-cionam também algumas cidades da região- Recomendamos um levantamento minuci-oso desses grafitis que, certamente, trará àhistória local esclarecimentos e dados com-plementares sobre a identificação dos pio-neiros que povoaram e desbravaram essesertão.

Este registro secreto, fielmente conser-vado nas trevas, localiza com precisão notempo e até no espaço, a presença e de certaforma o grau de cultura de famílias que,provavelmente não constam nos poucos do-cumentos oficiais conservados.

Lamentamos o tratamento inadequadodo meio ambiente circunvizinho à caverna.Procedimento não refletido, mal planejado,tão mal executado que as consequênciassão desastrosas, destruindo quase que to-talmente a infra-estrutura recente destinadaao turismo.

De fato, após ter nivelado a frente e aárea interna do grande salão para facilitar oestacionamento de veículos, até mesmo den-tro da gruta, foi feita uma drenagem paraescoamento e desvio das águas provenien-tes da cavidade. O desconjuntamento e des-locamento das grandes manilhas de cimen-to ocasionaram uma erosão intensa e rápi-da que removeu centenas de metros cúbi-cos de areia fina levando o pátio de estacio-namento e parte da via de acesso.

Esta erosão arrasta para longe os se-dimentos arqueológicos que já tinham sidoperturbados pelos tratores de lâminas. A cra-tera atual cavada tem mais de 4 metros de

Em Defesa do Rupestre: Gruta de Itambé/SPEm Defesa do Rupestre: Gruta de Itambé/SPEm Defesa do Rupestre: Gruta de Itambé/SPEm Defesa do Rupestre: Gruta de Itambé/SPEm Defesa do Rupestre: Gruta de Itambé/SP

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profundidade, deixando aparecer novamen-te o perfil original local, mostrando o leito doriacho, peças líticas manufaturadas edeslocadas. O resto esta irremediavelmen-te estragado.

Ng

Gruta Itambé - SP 179munic: Altinópolis - São PauloJulho de 1984

topografia : 4C BCRALat: 21º04'05" / Long : 47º26'14" Alt.: 650m

S.B.M.P. MartinsS.R. MalaguttiM.Malaguttiapoio : FAPESP - processos 83/2552-3, 84/0383-2

Proj. Horizontal : 352 mDesenvolvimento : 355 mDesnivel: 5 m

Algumas palavras sobre as gravurasRupestres

A superfície remanescente do grandepainel que cobria a parede direita de signosnão figurativos é de aproximadamente 4 m2.Dois estilos diferentes são presentes nesteconjunto. Um geométrico, atualmente repre-sentando a parte melhor conservada com

Memória 4

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patinta cinza azulada escura. Ele é nitidamen-te posterior. Sem realismo, parecendo ter ul-trapassado o estágio primitivo. São dese-nhos abstratos, bem acabados, de certa for-ma estéticos, tendo quase o rítmo e a regu-laridade da escrita. Outro, com traços bemmais profundos e largos, figuras maiores,menos geométricas, compostas principal-mente de um sulco marcando um eixo mé-dio e várias ramificações laterais, novamen-te ramificadas. Não existe simetria axial e to-das as figuras são em traçado linear.

Utilizam a parte relativamente lisa daparede que oferecia poucas rachaduras oucavidades além de bem iluminada. Infeliz-mente a retirada de blocos e material no péda parede pelos tratores, provocou o desa-bamento de boa parte do barranco superiordas sinalações parietais. É pena que espe-cialistas provavelmente chegaram tarde de-mais para um estudo da tecnologia de ela-boração, estilístico e comparativo com ou-tras regiões do Brasil. A degradação é acen-tuada pelo aumento do fluxo turístico facilita-do pelo asfaltamento recente da estrada.Destruição irreversível e lamentável. Perde-mos desses fatos um dos mais característi-cos e importantes sítios arqueológicos emcavernas do norte do Estado de São Paulo.Comparado ao abrigo SARANDI - Guarei/

SP (ver Ciência Hoje, vol.4 nº19 jul/ago/85),descoberto também por Collet e seu grupo,julgamos que Itambé devia representar umacervo pré-histórico cinco ou seis vezes maisvolumoso, sem incluir a oficina lítica dedebitagem, localizada em cima do estratoarenito silicificado, fonte de matéria-prima deexcelente qualidade. Devemos associar àoficina lítica e ao sítio arqueológico da ca-verna, uma outra ocorrência próxima, situa-da ao redor do laguinho aonde cai uma cas-cata de quase 20 metros de altura, impres-sionante em tempo de chuvas. Lá pode-seobservar superficialmente, na areia, artefa-tos de arenito distintos dos de Itambé, pelamorfologia, pelo tamanho, pela patina e prin-cipalmente pelo fato de serem erodidos porterem permanecido muito tempo na corren-teza do riacho resultante do salto. Obviamen-te uma prospecção sistemática na regiãodeveria revelar outros locais de acampamen-tos ou aldeias pré-históricas, próximos entresí, e onde o arenito silicificado de Itambé seráencontrado, já que são poucos os locais deafloramento desta rocha privilegiada. Aliás,já temos informações de que há, de fato,ocorrências de peças líticas em localidadeslimítrofes.

Do mesmo modo foi parcialmentedestruído em +/- 50% a área de um sítio ar-

As paredes de Arenito da grutaserviram durante décadas comolocal para “diversão”, danificandoinscrições e apagando vestígios.

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queológico dentro de um abrigo sob rochano município de Analândia - SP. Trata-se doabrigo de SANTA (COLLET-BAGRUS/1981). A prefeitura, por querer incrementar oturismo, resolveu instalar dentro do abrigo,

várias e pesadas mesas deconcreto, bem como banco dealvenaria e churrasqueiras. Asfundações e bases destasconstruções removeram, per-turbando vários metros cúbicosde um sedimento arqueológi-co, rico em lítico fino (pontas deprogéteis em silex preto entreoutros). Ateriormente, uma ca-pela interna já haviadescaracterizado o ambienteprimitivo, destruindo magnífi-cos afiadores e polidores so-bre rochas areníticas e prova-velmente gravuras rupestres deum tipo particular, dos quais so-breviveram algumas, sobreuma rocha isolada.

Terminaremos nossaslamentações, assinalandomais uma perturbação do meioambiente pondo em sério peri-go os remanescentes de vári-as dezenas de belíssimas gra-vuras rupestres no “Abrigo doAlvo” também no município deAnalândia/SP. Situada numaárea de manobras militares,esse grande abrigo localiza-sea 150 metros de um esporãorochoso que servia de alvo à ar-tilharia e a blindados. Tiros er-rados chegavam a atingir o bar-ranco, 20 metros à frente dospainéis, aniquilando rochas evegetações, além de provocarincêndios periódicos que dei-xaram a região semi-desértica.

Uma vez descoberto(COLLET/BAGRUS - 1980) co-municamos o fato ao Departa-mento de Relações Públicas doIIº Exército que, felizmente, sus-pendeu os exercícios de artilha-

ria, eliminando as explosões próximas e astão prejudiciais ondas de choque decorren-tes. A retirada da vegetação arborescentefrente ao pá do paredão acelerou a degra-dação dos petroglifos, possibilitando a inci-

As interferências dentro e fora da caverna sãoimensas e em grande parte explicadas pela ignorân-cia humana e devoção de alguns que pensam sereste um local “divino”.

Memória 6

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Plantão Médico - “Ferimentos”Responsável: Ricardo Martinelli

Qualquer rompimento anormal dapele ou superfície do corpo é chamadode ferimento. A maioria dessas lesõescomprometem os tecidos moles, a pele eos músculos. As feridas podem ser aber-tas ou fechadas. A ferida aberta é aquelana qual existe uma perda de continuida-de da superfície cutânea. Na ferida fecha-da, a lesão do tecido mole ocorre abaixoda pele, porém não existe perda da conti-nuidade na superfície.

Todos os ferimentos logo que ocor-rem, causam dor, produzemsangramentos e podem causar infecções.As roupas sobre um ferimento deverãoser sempre removidas para que osocorrista possa melhor visualizar a árealesada. Remova-as com um mínimo demovimento. É melhor cortá-las do que ten-tar retirá-las inteiras, porque a mobilizaçãopoderá ser muito dolorosa e causar le-são e contaminação dos tecidos.

O socorrista não deverá tocar noferimento, caso a ferida estiver suja, ouainda, se for provocada por um objetosujo, deverá ser limpa com o uso de águae sabão. Diminua a probabilidade de con-taminação de uma ferida, utilizando ma-teriais limpos e esterilizados para fazer ocurativo inicial. Todos os ferimentos de-vem ser cobertos por uma compressa(curativo universal), preparada com umpedaço de pano bem limpo ou gaze este-rilizada. Esta compressa dever serposicionada sobre a ferida e fixada firme-mente com uma atadura ou bandagem.

No socorro pré-hospitalar é indi-cado o uso de bandagens triangularesque podem ser confeccionadas em diver-sos tamanhos, no entanto, recomenda-se o uso de bandagens com base de nomínimo 1 metro de comprimento. Confec-cionada em algodão crú com costura du-pla nos acabamentos, a bandagem é lar-gamente utilizada na proteção deferimentos, quer na posição aberta (es-tendida) ou dobrada, proporcionando umatécnica de socorro rápido e seguro.

Antes de utilizar a bandagem, osocorrista deverá proteger o ferimento comcompressas limpas e de tamanho ade-quado. Deixe sempre as extremidadesdescobertas para observar a circulação eevite o uso de bandagens muito aperta-das que dificultam a circulaçãosangüínea, ou ainda, as muito frouxas,pois soltam.

Não devemos remover corpos es-tranhos (facas, lascas de madeira, peda-ços de vidro ou ferragens) que estejamfixados em ferimentos. As tentativas deremoção do corpo estranho (objeto cra-vado) podem causar hemorragia grave oulesar ainda mais nervos e músculos pró-ximos a ele. Controle as hemorragias porcompressão e use curativos volumosospara estabilizar o objeto encravado. Apli-que ataduras ao redor do objeto, a fim deestabilizá-lo e manter a compressão, en-quanto a vítima é transportada para o hos-pital, onde o objeto será removido.

Se o ferimento provocar uma feridaaberta no tórax da vítima (ferida aspirante)e, for possível perceber o ar entrando esaindo pelo orifício, o socorrista deveráimediatamente providenciar seutamponamento, para tal, deverá usar sim-plesmente a mão (protegida por uma luvadescartável) sobre a ferida ou fazer um cu-rativo oclusivo com material plástico oupapel alumínio (curativo de três pontas).Após fechar o ferimento no tórax, conduzaa vítima com urgência para um hospital.

Se o ferimento for na região abdo-minal da vítima e houver a saída de ór-gãos (evisceração abdominal), osocorrista deverá cobrir as vísceras comum curativo úmido e não tentar recolocá-las para dentro do abdome. Fixe o curativocom esparadrapo ou uma atadura nãomuito apertada. Em seguida, transporte avítima para um hospital. Não dê alimentosou líquidos para o vitimado.

Em alguns casos, partes do corpoda vítima poderão ser parcialmente oucompletamente amputadas. Às vezes, épossível, por meio de técnicasmicrocirúrgicas, o reimplante de partesamputadas. Quanto mais cedo a vítima,junto com sua parte amputada, chegar nohospital, melhor. Conduza a parte ampu-tada protegida dentro de um saco plásticocom gelo moído. O frio ajudará a preser-var o membro. Não deixe a parte amputa-da entrar em contato direto com o gelo.Não lave a parte amputada e não ponhaalgodão em nenhuma superfície em car-ne viva.

Em casos de esmagamento (nor-malmente encontrados nos acidentes detrânsito, acidentes de trabalho, desaba-mentos e colapsos estruturais), se a víti-ma ficar presa por qualquer período detempo, duas complicações muito sériaspoderão ocorrer. Primeiro, a compressãoprolongada poderá causar grandes danosnos tecidos (especialmente nos múscu-los). Logo que essa pressão deixa de serexercida, a vítima poderá desenvolver umestado de choque, à medida que o fluidodos tecidos vá penetrando na área lesa-da. Em segundo lugar, as substâncias tó-xicas que se acumularam nos músculossão liberadas e entram na circulação, po-dendo causar um colapso nos rins (pro-cesso grave que poderá ser fatal).

O tratamento merecido por uma ví-tima com parte do corpo esmagado é oseguinte:1.Evite puxar a vítima tentando liberá-la. So-licite socorro especializado para procedero resgate (emergência fone 193);2.Controle qualquer sangramento externo;3.Imobilize qualquer suspeita de fratura;Trate o estado de choque e promova su-porte emocional à vítima;4.Conduza a vítima com urgência para umhospital.

fonte: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/4723

dência solar direta, um aumento con-siderável da temperatura da rocha, asua desidratação e favoreceu aindaum processo constante de dilatação/ retração da camada superficial de-sagregando e, em certos lugares,escamando, as figuras. Recentemen-te pediu-se ao proprietário, que atu-almente arrenda a fazenda para oplantio de cana, que procedesse aoreflorestamento da parte frontal doabrigo com essências de crescimen-to rápido, afim de proteger o paredãoda insolação e reconstruir umambiênte de penumbra e de umida-de próximo do meio primitivo (verifi-camos a realização desta promessa).

Experiências com produtos quí-mico-plásticos feitas por Collet e suaequipe em 1981 para estabilizar eaglutinar os componentes soltos dasuperfície do arenito, deram excelen-tes resultados, que foram constata-dos e confirmados quatro anos após(agosto/85), o que possiblilitou a apli-cação do produto experimental sobrevárias outras gravuras ameaçadas.Esse processo e trabalho pioneiro foiobjeto de uma comunicação duranteo Iº Simpósio Mundial sobre ArteRupestre em La Habana (CUBA) or-ganizado e promovido pela UNESCOem Janeiro de 1986.

ConclusãoOs espeleólogos em geral, por

suas andanças e contatos com luga-res ermos de possíveis moradias depaleo índios, são suceptíveis, comoé o nosso caso, de trazer à Arqueo-logia Brasileira dados até hoje igno-rados e portanto, interessantes. Po-rém, para um aproveitamento eficien-te destas descobertas, antes queseja tarde demais, seria bom que asentidades informadas estejam aten-tas sobre o valor destes achados ese dignem a prestar atenção às vo-zes ou escritas dos colaboradoresdesinteressados que somos.

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um novo caminhoum novo caminhoum novo caminhoum novo caminhoum novo caminho

para o Areadopara o Areadopara o Areadopara o Areadopara o AreadoTexto e Fotos: Ricardo MartinelliMapas: Toni Cavalheiro

Contate o Autor: [email protected]

ABSTRACT

Oprimeiro semestrede 2008 foi marcadopor grande incerteza

no meio espeleológico, a in-terdição do PETAR pelo mi-nistério público foi como umaducha de água fria emtodos, e, como reflexo,poucas foram asinvestidas no parque. Oartigo a seguir mostra abusca da UPE por umavia mais fácil para oAreado, pois, já que nin-guém estava autorizadoa entrar nas cavernas,nem mesmo os pesqui-sadores, o grupo optoupor realizar atividadesde prospecção de su-perfície.

A região que compreen-de o antigo bairro do AreadoGrande é atualmente umadas mais inacessíveis doPETAR (Parque Estadual Tu-rístico do Alto Ribeira). AUPE retomou as atividadesna região em 1996 e vem tra-balhando mais ativamente naregião desde 2005, retoman-do topografias antigas doCAP (Clube Alpino Paulista),que nas décadas de 70 e 80exploraram o local. Entretan-to, o potencial espelológico étamanho a ponto de compor-tar talvez a maior caverna doparque.

No início utilizava-seuma trilha que passava pelo

antigo bairro de Buenos,seguindopela antiga estrada,atualmente fechada pelamata, que levava ao Bairrodo Areado e de lá para ascavernas do sistema. Com aretomada dos trabalhos em2005, e a ajuda do “mateiro”Gastão, uma via por Cabo-clos foi usada, passando pe-las grutas do rio Temimina, ri-beirão da Cabana e subindoaté o Areado. Este caminhofoi largamente utilizado parapraticamente tudo o que foifeito até hoje pelo grupo, quenão foi pouco. Só na GrutaAreado III já foramtopografados mais de 6.000metros de galerias, sem fa-

Foto 1: Trator do Zé Guapiaradeixando a equipe na margem

oposta do Rio Buenos.

From 2005 on the group UPE hasbeen working at the Areado region insidePETAR - the main park with caves in SaoPaulo state. In early 70’s and 80’s therewas a dirty road to access this region bycar but now it takes about four hours toget there walking. After finding more twocaves at the Areado system this waybecame too long and time consuming. In2007 the group decided to try a differentway to get there and found an easierpath through Buenos region. Now thesurveys at the Areado system will continuesmoothly and without having to spendone entire day walking through the forestand caves to get to the working area.

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Foto 2: Ribeirão do Areadoengrunando!

lar na re-descoberta das gru-tas Areado IV e V.

A exploração se tornoumuito penosa, pois a cami-nhada pela trilha então usa-da, até a boca da GrutaAreado III, levava entre 4 e 5horas. A travessia da caver-na era obrigatória, uma vezque não existe trilha externaaté a ressurgência docórrego Areado Grande, elevava até 3 horas, e só en-tão, chegava-se até a quar-ta caverna do sistema. De-pois dela ainda existia aAreado cinco! Éra óbvia anecessidade de uma nova tri-lha.

Dentro da UPE já seespeculava voltar a utilizar atrilha pelo antigo bairro deBuenos, mesmo porque aabertura de um novo núcleodo parque nas imediações(Núcleo Bulhas) revitalizouinvestidas de outros grupospor aquelas bandas, porémsomente quando se acessoua gruta do Fundão, uma anti-ga caverna explorada tam-bém pelo CAP, é que tudo setornou mais claro. Em mea-dos de 2007 já dispunhamosde coordenadas precisasdas Grutas Areado IV e V ecom a coordenada da Grutado Fundão, foi possível pla-nejar uma primeira investidaaté o local.

Um antigo morador doBairro do Areado, o Sr. ZéGuapiara, foi contactado eprocedeu a abertura da trilhaaté um ponto por eles chama-do “Areadinho”. Assim, cou-be a nós apenas constatar seo local realmente coincidiacom as Grutas Areado IV e Ve também a viabilidade docaminho, quanto tempo leva-

ríamos e os desníveis a seremvencidos. Observando os ma-pas e pelos nossos cálculosdeveríamos chegar exatamen-te na ressurgência da AreadoV.

Tudo pronto, uma pe-quena equipe se dirigiu até asproximidades do antigo Bair-ro Buenos, onde mora o ZéGuapiara, pois havíamos com-binado uma carona de tratoraté o ribeirão de mesmonome, prática muito utilizadapor todos os grupos que ex-ploram a região. A trilha semostrou tranquila, com peque-

no desnível na direção denosso objetivo. Passandopela dolina da Gruta doFundão, acessamos rapi-damente um leito seco (Foto4), que mais adiante cons-tatamos ser o Rio AreadoGrande, que “engruna” emponto mais acima (Foto 2).O GPS já acusava a proxi-midade das coordenadascaptadas anteriormente e fi-nalmente chegamos até aressurgência da GrutaAreado V. Missão cumpri-da! Havíamos, enfim, encon-trado uma via de acesso

Prospecção 9

Foto 3: Ressurgência da Gruta Areado V.

Foto 5: Ressurgência da Gruta Areado IV.Foto 4: Leito seco do Ribeirão doAreado. Onde está a água?

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bem mais fácil e rápida atéo Sistema Areado, o que iráviabilizar o trabalho demapeamento das grutas.

Aproveitando a trilhaaberta, outra equipe, um mêsdepois tentou iniciar omapeamento das cavernas,mas em pleno 1º de maio aschuvas foram tão fortes quepraticamente impediram oacesso às grutas. O Rio

Areado que normalmentenão passa dos tornozelosatingia em alguns pontos aaltura do peito.

O grupo usou paraacampamento uma áreaprovavelmente já ocupadapor palmiteiros, que alideixaram panelas e algumlixo. A área fica bem próximada ressurgência da AreadoV, um pouco acima de umpequeno afluente à direita doleito do rio. Para se entrar nacaverna, basta subir algunsmetros por dentro do rio. Pordentro da Areado V, subindoo rio, se percebe pequenasbocas laterais secas e um

Prospecção 10

salão seco de boasdimensões se abre para aesquerda. Ali encontramosenormes casas de insetosformadas no chão, comocupinzeiros em forma de ovo-de-páscoa (ou de Alien, sepreferirem algo maisassustador) e formaçõesvariadas. Não foi possívelavançar mais pelo rio porconta da grande quantidade

de água em trechos comcorredeiras e cachoeiras.

Subindo a trilha que saido acampamento cruzamospor cima da caverna edescemos mais adiante emfrente ao seu sumidouro,numa dolina desmoronada.Por ali foi impossível entrar,o rio descia enfurecido porum cânion estreito e nãodava para escutar umcompanheiro gritando a ummetro de distância.

Logo além dosumidouro da Areado V o rionovamente fica calmo esegue em remanso até aressurgência da Areado IV.

Novamente não deu paraatravessar toda a caverna,havia muita água para poucoteto. De todo modo, já sesabe que a entrada daAreado IV é muito próximada saída da Areado III,inclusive ambas já estãounidas na topografia. O quefica faltando é abrir uma trilhaque permita o acesso àAreado III sem precisar

passar por dentro da IV, oterreno ali não parece termuitos declives, a conexãonão deve ser difícil. A dúvidaque permanece é o quantoesse novo acesso podeeconomizar de suor para sechegar às últimaspendências de topografia naAreado III. Vamos ver, sãotodos objetivos para 2009,terminar definitivamente atopografia da (grande)Areado Grande III e de suasirmãs caçulas IV e V, quecertamente ocultamsurpresas e belezas que alinos aguardam para seremmelhor conhecidas.

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Na sexta de noite me perguntaram quanto defato era 24 mm de chuva. Eu havia acabadode ver a previsão na Internet para Iporanga e

lá dizia 24 mm de chuva distribuídos durante o dia.Eu logo pensei: 1 mm por hora é quase nada. Bem, équase quase nada. Fazendo a conta. Digamos, 1morro de 10.000 metros quadrados drenando águapara uma dolina de 1 metro quadrado (a boca doGurutuva). Um mm de coluna d‘água no morro setornam 10.000 mm na dolina, ou seja, 10 metros!Claro que em 1 hora isso dilui para 17 cm. Agora, aencrenca começa quando os 24 mm resolvem cairem 1/4 do tempo, durante 6 horas, nesse ritmo aconcentração de água no tal metro gurutuvado saltapara quase 70 cm.

Foi mais ou menos isso que vimos acontecerno sábado. Descontadas as aproximações, as poçasna mata e a lama chupadora de água, o rio subiupelo menos 50 cm e nos proporcionou momentos depura alegria e entretenimento para sair de lá dedentro.

Por conta da equipe reduzida, já na sextatínhamos mudado os planos de topografar os salõessuperiores e a parte do rio lá depois do lago dosbagres. Valeu a precaução, se tivéssemos descido,a água grande teria nos atropelado no caminho, eno mínimo teria nos trancado, nos sifonado e noscongelado lá para baixo.

O plano B agora consistia em atacar ascachoeiras logo no início da caverna, trecho comgrandes lances verticais e que necessitaria instalarcordas e bater spits. Fomos lá, com toda a tralha,duas cordas de 20m, uma de 10, cadeirinhas, batedor,fitas, o pacote todo. Sem esquecer o lanche dequeijo, mas esquecendo o gatorade e, pra variar, o

relógio.O Gurutuva fica lá pra depois da Alambari de

Baixo e da Alambari de Cima. Subimos a trilha comtempo enxuto, mas bastante nublado.Cruzamoscriancinhas indo pra Alambari, uma turma de porquinhoselameados passeando (não as crianças, elas estavamlimpas, estou me referindo a porquinhos mesmo,leitões), a família toda do Sr. “Albino” entretida emvacinar um burrico. O Sr. Albino Jr. nos contou quepor ali, por perto e por não tão perto da casa delestem vários buracos que ele conhece, que soltam vapor,vento frio, água, tudo. Precisamos voltar lá para elenos levar a esses lugares. A serra ali deve ter muitacoisa escondida.

No caminho, dois fatos abalaram por momentosa moral da equipe. Primeiro um burro agonizando nocaminho, de fazer dó. Segundo, um bom pedaço demata queimada e derrubada para um roçado. Nesseponto, quase que perdemos a trilha.

Já no Gurutuva, começou a chuviscar assimque entramos. Chuva fina, pensamos. Quando saímos,horas depois, tinha até trovoadas. Descemos até abase fixa onde a galeria se divide e começamos atopografar. Duas visadas, mais de 10 m topografados,bem mais que 10 metros, e já tivemos que pararporque o abismo era fundo. E lá vai o Portella instalarum spit.

O começo da cachoeira é mais tranquilo, dápra descer até chegar num patamar em que o tetoabaixa e tem duas colunas à esquerda. Dá para seesgueirar por trás delas e chegar a outro patamarzinhomais abaixo. Dali pra frente é direto e reto para baixo,uns 10 metros? Instalamos uma ancoragem naturalnas colunas e o Portella foi ali pro canto na beira doabismo bater o spit. O problema ali é que a rocha étoda lapiazada, muito fina e cortante. Não dá praarriscar descer só com protetores de corda, porqueprecisaria muitos e se um sai do lugar o risco é alto.Por isso, fomos colocar um spit num ponto mais alto,na beirada mais exposta possível.

24 mm24 mm24 mm24 mm24 mmTexto: Mauro ZackiewiczFotos: Ricardo Martinelli

ABSTRACT

Crônica Espeleológica

Foto 1: Pequeno riacho que forma o Abismo da Gurutuva. Incrível comoum pequeno “filete” de água pode se transformar em um pesadelo dentrode uma caverna.

Contate o Autor: [email protected]

The 24 mm of rain expected by the forecast wasconcentrated in less than 6 hours raining over a largeregion. All the water drained to the Gurutuva abyss atthe same time became quite a problem to the groupworking at the waterfall inside the cave. In about 5minutes the level of the water increased about 20 cm.The waterfall increased twice the volume. They reacheda dry area to wait for the level of the river to decreasebut it didn’t for more than one hour. The cold wasintense and they decided to go out by the river to thenear entrance of the cave instead of taking the long waythrough a narrow and instable path. The decision forthe river was right. It was still raining a lot outside butthey could safely walk back to the village.

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Fotos 2 e 3: Acima a colocação cuidadosa de ancoragem no iníciodo trecho da cachoeira, abaixo a tentativa de inciar o mapeamento,interrompido pelo aumento do nível do rio.

Enquanto o Portella martelava, eu e Martinellificamos ali atrás das colunas tentando se esconder dovento e dos respingos. Apaguei a carbureteira para nãocorrer o risco de por fogo na corda que passava bem naminha frente. Ficamos ali, não dava para conversar porcausa do barulho da água, então só dava para ficarpensando na vida, filosofando, lembrando do jegueenlameado caído na trilha, das unhas do Sr. Albino, essascoisas.

- Martô, é paranóia ou a água tá subindo?- É paranóia.

Sei lá, pensei, daqui a pouco a gente sobe ali paraver se está igual ou aumentou. Que saco esses respingos.

- Mauro, olha ali, tá passando por cima!- Fica de olho!!- Vou ali olhar.

Em 5 minutos a água já tinha subido uns 20 cm.Isso é mais que o suficiente para uma cachoeira semultiplicar em duas.

- Portella!!-.... Que??- A água!!

E iluminei para ele o tufo d‘água que a cachoeira estavase tornando.

- Espera aí, tô acabando.

E o Martinelli dizia lá de cima “Galera, vamo embora!”

- Mais 2 minutos, Martô!!

Spit instalado, corda recolhida, ancoragem desfeitaem tempo recorde. E a água subindo. Subimos de voltaaté a base fixa e saímos de lado para a ex-galeria seca.O rio alto agora descia para lá também. Ali estavatranquilo o suficiente para podermos tirar as cadeirinhas.

- Vamos lá pro próximo salão seco dar um tempo paraver o que acontece.

A água estava alta, bem alta, mas parecia terestabilizado naquilo. Subimos mais um lance e ficamosali por quase uma hora, comendo lanchinho e falandobobagem. Falando bobagem e comendo lanchinho.Suquinho de graviola master, chocolate com amendoimsalgado. Mais bobagem, mais suquinho, mais bolachinha.O maior tédio. E o rio roncando alto. Aí começou a darfrio. Ficar parado dá frio. Os três começaram a tiritar aomesmo tempo. Não dava mais para ficar parado. Ou agente encarava o rio ou ia ter que descer aquela fendatorta, aquela chatíssima fenda do corrimão, inclinada naareia. Dane-se, vamos tentar o rio, se não rolar, voltamos.A água estava grande mas a boca estava próxima.

Voltamos ao ponto da base fixa e o rio tinha subidoainda mais durante o recreio. A marquinha feita na pedraagora estava submersa. Vamos lá. Subida por dentro de

muita água, ora pendurados nas paredes, ora pordentro mesmo procurando as agarras certas. Noúltimo lance, água para todo lado. Tinha que seaproximar por baixo, atrás da queda. Mas ao sairdali a água vinha no rosto. Tateando a rochaaparecia a agarra, o apoio para o pé e pronto, umimpulso e dava novamente para respirar e enxergar.Em 5 minutos estávamos do lado de fora, no riozinhocom água até as coxas e trovoadas acendendo océu.

Na volta, o coitado do burro, estava quieto.Também ficamos. Caminhando na chuva,escolhendo a lama certa, a pedra firme e tufo demato. Puxa, a coisa tinha sido intensa. Chegamosno Bairro da Serra bem mais cedo que de costume,um pouco antes das 21h. Tudo bem vazio, o asfaltonovo reluzindo na chuva, uns gatos pingadosfazendo um pagode no bar da Zeni. Duas cervejase três pastel! Naquela madrugada, dois daquelaturma ainda iriam pegar a estrada para Iporanga,sair da pista e cair com o carro uns 5 metrosbarranco abaixo, quase dentro do Bethary. A bruxaestava solta. Eles se machucaram mas deram sorte,sobreviveram.

De volta à casinha da Cris, macarrão e cama,enquanto ainda chovia. Noite boa para se dormir.Gurutuva agora, só ano que vem!!

Crônica 12

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ExpedicaoMambai2008 2008

GREGO - UPE

Texto : Gabriela Slavec - [email protected]: Ricardo Martinelli - [email protected]

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Entre os dias 26 de julho e 3 de agosto, aconteceu a Expedição UPE/GREGO Mambaí 2008, integrando cinco grupos

de espeleologia e 20 participantes, sendo 11 daUnião Paulista de Espeleologia – UPE, 5 doGrupo Espeleológico Goiano – GREGO, 2 doEspeleo Clube de Avaré – ECA e 1 do Grupode Espeleologia Serra da Bodoquena – GESB e1 do Grupo de Espeleologia da Geologia da USP– GEGEO, com objetivo de dar continuidade aos

ABSTRACT

When working in the Mambai region, theUPE group have been concentrating itsefforts in the Tarimba cave. After twoexpeditions it has surveyed more than 6.650meters of this cave. During the week long2008 expedition there were four teams inaction and the result was the exploration,surveying and documentation of new areasalso outside the Tarimba cave.

trabalhos de mapeamento e prospecçãoiniciados em 2007.

Situada na APA (Área de ProteçãoAmbiental) Nascentes do Rio Vermelho, aregião de Mambaí tem um enorme potencialespeleológico, com diversas cavernas aserem exploradas e muitas ainda por sedescobrir. Além dos atrativos espeleológicos,Mambaí começa a se destacar como destinode ecoturismo e turismo de aventura, porconta de belas cachoeiras, lagos e rioscaudalosos, que convidam às atividades derafting e outras modalidades aquáticas.Dentre as cavernas mais visitadas estão aLapa do Penhasco, a própria Tarimba e aGruta do Funil, que possibilita também arealização de uma descida de rapel nacachoeira que despenca mais de 20 metrospara dentro da caverna.

Como em 2007, a expedição contou comapoio da Prefeitura de Mambaí, sendodisponibilizados alojamento e alimentação,através dos Secretários de Saúde e Educação,

Foto 1: Clarabóia na Gruna da Tarimba

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respectivamente. Este apoio foi importantíssimopara a logística do evento, possibilitandoconforto e integração entre as equipes efacilitando a comunicação e o planejamento dasáreas que deveriam ser trabalhadas. EmílioCalvo, Secretário de Turismo e membro doGREGO, organizou a logística da expedição deforma impecável, fornecendo subsídios para oplanejamento da atuação das equipes na Tarimbae orientou os trabalhos de cadastramento,

exploração e mapeamento de novas cavernasna região.

Os trabalhos da UPE em Mambaícomeçaram em 2007, sempre com ênfase natopografia da Gruna da Tarimba, que ultrapassouos 3.000 metros de linha de trena já na primeiraexpedição. Além da Tarimba, no primeiro anode trabalho foi realizada a prospecção e ocadastramento de 9 novas cavernas, sendomapeadas mais 2 cavernas (Gruta Jaú, com DL

Fotos 2,3 e 4: Durante a expedição a troca de informação e experiências foi constanteentre os participantes e os grupos envolvidos. Apesar dos esforços se concentraem naTarimba, sobrou tempo também para o cadastramento e mapeamento de novas grutas.

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de 138m e Gruta Rio Ventura I, com DL de284m), além da realização de um rápidolevantamento do potencial espeleológico daregião como um todo, para utilização noplanejamento da Expedição 2008.

O dia-a-dia de trabalhoO dia-a-dia de trabalhoO dia-a-dia de trabalhoO dia-a-dia de trabalhoO dia-a-dia de trabalhoNo primeiro dia as equipes passaram por

um balizamento a fim de padronizar a formacom que a coleta de dados seria feita durantea topografia. Depois de organizadas asequipes e definidos os locais de trabalho,todos seguiram para a entrada principal daGruna da Tarimba e iniciou-se o mapeamentodas galerias.

Foi traçada uma estratégia de trabalho,de forma que não se deixasse pendênciasnos trechos iniciais, chamado de PrimeiraFronteira. Vários condutos superiores,muitas vezes com feições labirínticas, foramtopografados, como o Salão Pó de Ouro eduas áreas importantes na parte central dacaverna, além de outras galerias que nãoconstavam do mapa antigo.

O trecho da Primeira Fronteira, na áreanorte da caverna, foi praticamente terminadoem 2008, restando apenas condutossuperiores na galeria do rio e algunspequenos condutos de fácil acesso.

Algumas áreas de trabalho estavamlocalizadas há mais de duas horas decaminhada dentro da caverna, como as áreasalém do Conduto dos Escorpiões. Assim, atopografia de trechos isolados na caverna foiplanejada para ataques de um dia, ou seja,cada equipe trabalhou independente,buscando finalizar a sua área. Normalmente,os grupos entravam na caverna por volta das11:00h e cada um tinha um horário diferentepara sair, dependendo da extensão do trechotopografado. Muitas vezes aconteceu deequipes saírem da caverna só durante amadrugada do dia seguinte, mas com ostrabalhos na área finalizados.

A composição das equipes variou, deacordo com a disposição de cada um paratrabalhos mais exaustivos, em galerias maiscomplicadas. Este revezamentoproporcionou, além de uma maior integração

do grupo, um melhor rendimento da topografia.Depois de dois longos dias de trabalho na

Tarimba, o grupo decidiu realizar umaprospecção externa. Uma equipe deu início aomapeamento da Gruta do Funil, cartão postalde Mambaí, enquanto que as outras foramcadastrar algumas cavernas que dão seqüência àlinha de drenagem à jusante da Tarimba,registrando as grutas Saruê, Boca do Saruê, Postode Vacas I e II. No mesmo dia, iniciou-se atopografia da Gruta Posto de Vacas II. Uma dasequipes de prospecção, após uma mal sucedidainvestida em uma gruta cuja entrada encontrava-se obstruída, chegou até um cânion, ondeencontraram mais duas novas cavidades.

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Devido ao sucesso das novas explorações,no dia seguinte as equipes retornaram aotrabalho fora da Tarimba. A equipe do Funilterminou o mapeamento e as duas outrasequipes, que mapeavam a Posto de Vacas II e umadas novas cavidades do cânion, se encontraramem uma das galerias, unificando o trabalho emuma só caverna. A topografia da Posto de VacasI, entretanto, não foi finalizada.

Retomando os trabalhos na Gruna daTarimba, desta vez entrando na caverna pela“Entrada do Porco”, que está localizada emum belíssimo cânion, três equipes seguiramcom a topografia e uma equipe deexploração seguiu pelo rio. Neste dia forammapeados condutos laterais e superiores ao

longo do rio, além de um exaustivo trabalho noSalão Pó de Ouro, onde podem ser encontradasformações do tipo cabelo de anjo.

No final de cada dia, era feita a digitação dosdados de campo e conferência da qualidade datopografia, de acordo com o padrão BCRA5,normalmente atingido pelas equipes da UPE. Emmuitos casos, foram observados erros deanotação ou leitura, que puderam seresclarecidos e corrigidos com as equipes namesma hora. Em dois casos, voltou-se paraconferir leituras que não estavamcorrespondendo a este grau de precisão,resolvendo as pendências ainda no campo. Maisuma vez comprovamos que é importantevisualizar os dados obtidos ainda na região de

Mapa 1: Gruta Posto de Vacas II, ao final, após uma equipe conseguir vencer um desmoronamento, duas cavernas se conectaram.

Veja o mapa em detalhes!

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trabalho, principalmente quando se trata de umaviagem de mais de 1.000 km de casa. No final daviagem, graças à estrutura que montamos dentroda escola-alojamento, com computadores escanner, todos os dados estavam verificados e

os croquis estavam digitalizados, prontos paraserem trabalhados no Therion, softwareutilizado atualmente pela UPE para a elaboraçãodos mapas finais.

O último dia do grupo em Mambaí foidedicado ao descanso e contemplação dasbelezas naturais. Seguimos até a CachoeiraParaíso do Cerrado, onde o dia terminoudepois de algumas horas no rio e debaixode uma maravilhosa queda d’água.

Depois de uma semana de trabalhos, saímosno sábado de Mambaí com mais de 5.000 metrosde linha de trena mapeados e com a certeza determos feito um ótimo trabalho, além de termosreforçado os laços de amizade com osintegrantes do GREGO, dentro da UPE e comos demais grupos que participaram. Ficou avontade de que o próximo ano chegue logo, paramais uma expedição cheia de surpresas, muitotrabalho nas cavernas de Goiás e a alegria dereencontrar os amigos.

Gruna da Gruna da Gruna da Gruna da Gruna da TTTTTarimbaarimbaarimbaarimbaarimbaO objetivo principal dos trabalhos em

Mambaí continua sendo a Gruna da Tarimba.Na Expedição de 2008 foram topografados3.350 metros de galerias em diversos pontosda caverna.

O mapa original da Tarimba, feito peloGREGO durante a década de 90, apresentaa caverna com 6.680 metros. Com atopografia de mais 3.350 metros realizadana última expedição, a caverna já se encontracom 6.659 metros de desenvolvimento linear.Como a caverna possui uma morfologiapredominantemente meândrica, comcondutos longos, mas estreitos, pode-sedizer que a sua projeção horizontal final vaise aproximar muito deste montante.

Entretanto, como ainda há várioscondutos do mapa original que não forammapeados, inclusive o trecho sul da galeriaprincipal do rio, certamente a caverna vaisuperar o seu desenvolvimento oficial durantea próxima expedição, que vai ocorrer em julhode 2009.

Outras GrutasOutras GrutasOutras GrutasOutras GrutasOutras GrutasAlém da Tarimba foram mapeadas mais

quatro outras cavernas, sendo que três delas

Fotos 5 e 6: Acima a ressurgência do córrego da Gruta Posto deVacas II. Na seqüência, a equipe se deslocando em meio aos nu-merosos pastos da região.

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estão com a topografiafinalizada. A Gruta do Funil,um dos principais atrativosturísticos de Mambaí,devido à bela cachoeira naentrada principal dacaverna, totalizou 760metros. A topografia daGruta Posto de Vacas IItambém foi concluída,totalizando 580 metros dedesenvolvimento linear, e agruta Posto de Vacas I, quese encontra com 380metros atualmente, e

deverá ser terminada por uma equipedo GREGO em breve. Estas duascavernas também fazem parte damesma rede de drenagem da Tarimba.A Gruta Saruê foi finalizada, comdesenvolvimento de 40 metros.

A expedição deste anobuscou a exploração e mapeamentode novas cavidades, abrindopossibilidades para diferentestrabalhos na região e encontrandouma alternativa de topografia para osdias de descanso da Gruna daTarimba.

20092009200920092009A próxima expedição já estamarcada e será também no final dejulho, entre os dias 17 e 26, em 2009.O objetivo principal continuarásendo a Tarimba, porém outrascavernas importantes da regiãotambém deverão ter seu mapainiciado, como é o caso das grutasMeândrica e Sumidouro. Osinteressados em participar podemenviar e-mail [email protected].

Mapa 2: Gruta Saruê, umapequena cavidade descoberta emapeada.

Foto 7: Um dos alvos da expedição foientrar pela “boca do porco” da Tarimba etopografar condutos superiores como omostrado na imagem.

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Veja o mapa em detalhes!

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Em 2007, na Gruna da Tarimba, o trabalho das equipes se concentrou emtraçar uma linha de trena que pudesse servir de base para as expediçõesque viessem a se suceder, deixando bases permanentes em locaisestratégicos e onde já havia comprovação de novas galerias laterais.

Já em 2008, como é possível observar abaixo, os trabalhos foramdesenvolvidos com base nas pendências deixadas no ano anterior,topografando galerias laterais e superiores, algumas delas labirínticas.

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Fotos 8, 9 e 10: O pórtico de entrada da Gruta Funil, comuma gigantesca queda d’água, que forma um lindo poço,onde o trabalho de mapeamento foi muito gratificante.

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Veja o mapa em detalhes!

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MANTENDO A CHAMA ACESA: NOTAS SOBRE O USO DASCARBURETEIRAS EM CAVERNAS (A PARTIR DE DADOS COLETADOSEM BURITINÓPOLIS-GO E NO PETAR-SP)

Autores:Heros Augusto Santos Lobo – UPE/SETUR-SBE/UNESP-Rio ClaroSilmara Zago – UPE

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoO presente artigo tem por objetivo

apresentar nossa opinião sobre a questão do usodos reatores de carbureto – popularmenteconhecidos como carbureteiras – para aexploração de cavernas. Para tanto, dados depesquisas já publicadas e outras em fase depublicação foram compilados e re-organizadoscom outro enfoque, livre de pressupostoscalcados em princípios de precaução. Estes,muitas vezes, culminam por criar regrasdemasiadamente restritivas sem o devidoembasamento científico, restringindodeterminadas práticas em nome de umaaparente conservação ambiental.

Para auxiliar na discussão, brevesconceitos de impacto e dano ambiental sãoabordados à luz das resoluções do CONAMA– Conselho Nacional do Meio Ambiente.Posteriormente, são apresentados dadoscoletados em quatro pesquisas distintas,conduzidas nas cavernas Santana (Scaleante, 2003;Lobo e outros, pesquisa em andamento1), MorroPreto (Lobo et al., 2009) e lapa do Penhasco(Lobo & Zago, 2009). O ponto convergentedestas pesquisas é a tentativa de relacionar apresença humana com as alterações naatmosfera cavernícola, com ênfase nos atributosmicroclimáticos: temperatura ambiente – T – eumidade relativa do ar – UR –, bem como noacúmulo de dióxido de carbono – CO2.

Antecedentes técnicos e teóricosAntecedentes técnicos e teóricosAntecedentes técnicos e teóricosAntecedentes técnicos e teóricosAntecedentes técnicos e teóricosA preocupação com os impactos

ambientais do uso humano de cavernas é fatobastante recente, mesmo se comparado aodesenvolvimento das exploraçõesespeleológicas, de um modo geral. É fruto deuma tendência que foi ampliada no Brasil a partirde 1992, com a conferência mundial para o meioambiente “Eco 92”, no Rio de Janeiro.

No entanto, alguns trabalhos pioneiros anível mundial que ressaltam preocupações destaordem são dignos de nota, alguns delespublicados até mesmo antes do eventomencionado no parágrafo anterior. Cigna & Forti(1988) estão entre estes pioneiros, com umaproposta sobre estudos prévios que deveriamser feitos antes de se permitir a visitação turística

de uma caverna. Em 1993, Cigna também levantaquestões basilares sobre a capacidade de cargaturística de uma caverna.

Aproveitamos para ressaltar que nãoexiste um consenso sobre as possibilidades eformas de se identificar a capacidade de cargade um ambiente, qualquer ele que seja, dada ainerente complexidade da natureza face àslimitações espaço-temporais e de recursos quepairam sobre as pesquisas focadas nestesaspectos. Alia-se a isso a diversidade decorrentes de interpretação sobre o queefetivamente seria um limite de alterações feitasao ambiente que permitisse a sua regeneraçãoem condições próximas as originais após aintervenção realizada. Todavia, se buscamos umacompreensão sobre a “idéia” que o termocapacidade de carga quer nos transmitir, devemosnos concentrar nos limites de alteração quepodem ser feitos a uma determinada áreaespacial sem, no entanto, gerar modificaçõesindesejadas – sob o ponto de vista estritamenteambiental, antes de mais nada – que sejamirreversíveis.

Com isso, adentramos automaticamentena seara dos impactos e danos ambientais. Naconcepção ora posta, a definição de impactoambiental que nos interessa é aquela que serefere às alterações geradas pelo uso humanono meio físico e biótico ou em suaspropriedades e processos, e que podemprejudicar tanto o meio quanto o próprio serhumano. Assim, devemos compreender que osimpactos ambientais sempre se farão presentesno meio a partir da presença humana. Por outrolado, o dano ambiental seria o nível de impactonão aceito, uma resposta negativa ao excessode impactos causados, alterando definitivamenteo meio afetado.

Considerando estas concepções, voltemosaos impactos em cavernas. Estes serão maisabrangentes à medida que ampliarmos a escalade detalhe dos estudos realizados. Oconfinamento espacial das cavernas é fatorlimitador nas trocas atmosféricas, fluídicas, físicase tróficas com o ambiente externo,concentrando por um tempo maior os impactosdecorrentes da presença humana.

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A escala de presença humana, bem comosua finalidade e comportamento serão fatoresdecisivos para os impactos existentes. Umgrande grupo de turistas gera excesso de CO2por conta da respiração, além de aumentar a Tem alguns casos (Pulido-Bosch et al., 1997;Hoyos et al., 1998; Song et al., 2000; Liñán et al.,2008). Dependendo da necessidade destesturistas, estruturas de acesso e segurança serãoconstruídas, podendo gerar ainda mais calor –conforme o tipo de iluminação utilizada – edanos direto ao ambiente. Mesmo grupospequenos de curiosos aventureiros podemcausar danos irreversíveis, muitas vezes peladesatenção ou até mesmo despreocupação como ambiente visitado. Algumas cavernas fechadasao turismo “oficial” possuem belos conjuntosde espeleotemas danificados pela condutainadequada e inconseqüente deste tipo deaventureiro – empregando aqui o termo emdiversos sentidos.

Nesse leque de possibilidades de visitação,estão os espeleólogos. Executando trabalhostécnicos, científicos ou apenas aficionados porcavernas, são os visitantes mais constantes efreqüentes do ambiente subterrâneo. Em meioao seu aparato técnico, as carbureteiras sãoelementos essenciais para o bomdesenvolvimento de seus trabalhos eexplorações.

Por muitos anos, o carbureto foi a melhoropção de iluminação para todos os tipos devisitantes de cavernas. Com a evoluçãotecnológica a partir das diversas possibilidadesde lanternas elétricas com luzes brancas debaixo consumo, para muitos casos o carburetovem sendo considerado obsoleto.

Seria uma resistência romântica dosdiversos espeleólogos pela continuidade do usodo carbureto? De fato, para muitos o odorproveniente do uso do equipamento incita amemória olfativa de tal forma que adquire umsignificado que vai além da prática espeleológicae do momento em que se está dentro dacaverna. Outros justificam seu posicionamentode modo mais técnico, enumerando as diversasvantagens da iluminação primordial à base defogo, que é mais barata, mais ampla, maisduradoura e por aí vai.

Não vamos julgar o mérito dos quedefendem ou dos que abominam ascarbureteiras, isso tornaria a nossa mera opiniãomuito calcada em preceitos, paixões e conceitostendenciais. O que queremos colocar emdiscussão é a questão dos impactos do carbureto.E mais: demonstrar que, até o presente, nãoexistem pesquisas conclusivas que comprovema existência de danos ambientaisdanos ambientaisdanos ambientaisdanos ambientaisdanos ambientais derivadosdo uso deste equipamento.

Estudos feitos no Brasil : objetivos,Estudos feitos no Brasil : objetivos,Estudos feitos no Brasil : objetivos,Estudos feitos no Brasil : objetivos,Estudos feitos no Brasil : objetivos,resultados e conclusões obtidasresultados e conclusões obtidasresultados e conclusões obtidasresultados e conclusões obtidasresultados e conclusões obtidas

Na linha de raciocínio até entãodesenvolvida, podemos mencionar quatroestudos básicos que nos permitem questionaracerca da escala e intensidade de visitação, bemcomo do uso de carbureteiras. São trabalhosfeitos em duas cavernas do Parque EstadualTurístico do Alto Ribeira – PETAR – nos anosde 2003 e 2008 e na lapa do Penhasco, emBuritinópolis, Goiás, também em 2008. Vejamoscaracterísticas básicas de cada um destesestudos:CaCaCaCaCavvvvverna de Santanaerna de Santanaerna de Santanaerna de Santanaerna de Santana::::: o primeiro trabalhomencionado foi realizado por Scaleante (2003).Este autor utilizou termohigrômetros eregistradores de pessoas para identificar arelação entre o uso de carbureteiras e asvariações na T e UR, tanto na galeria seca quantona galeria do rio. Reparem as distintas situações:a galeria seca, mais confinada, sem um riocorrente em seu interior, superior à galeria dorio, sem clarabóias aparentes nem outroscontatos diretos com o meio externo; a galeriado rio, com maior fluxo de ar e água, com umcontato direto com o meio externo(ressurgência do rio Roncador). O trabalhoidentificou grandes alterações com uso dacarbureteira na galeria superior, o que não serepetiu na galeria do rio. A finalidade destetrabalho era subsidiar a proibição do uso decarbureteiras nos passeios turísticos na cavernade Santana.

Os dados apresentados neste estudoforam coletados em uma escala de maiordetalhe, com intervalo de registro de um minuto.O tempo de coleta se limitou a períodos de uma três dias, sem continuidade maior entre osintervalos de coleta.

Na mesma caverna, foi conduzido umtrabalho de monitoramento dos mesmosparâmetros em setembro de 2008. A situaçãoatual é totalmente diferente, condicionada pordois cenários: a proibição do uso de carburetonos passeios turísticos e as limitações impostaspor meio de um Termo de Ajustamento deConduta – TAC –, que limita em grupos de oitoturistas mais um monitor em intervalos de trintaminutos.

Durante todo o mês, deztermohigrômetros registraram ocomportamento microclimático da caverna, comintervalos de aferição de uma hora. Ao que sepercebeu, mesmo nos dias de pico de visitaçãonão houve alteração significativa com origemcomprovada pela presença humana.

Gruta do Morro PretoGruta do Morro PretoGruta do Morro PretoGruta do Morro PretoGruta do Morro Preto::::: no mês de maio de2008, foi realizado um evento em comemoraçãoaos cinqüenta anos do PETAR no interior da

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gruta. Paralelamente, conduziu-se umexperimento de monitoramento da T, UR e CO2no entorno imediato e interior da gruta, de formaa buscar identificar se houveram interferênciassignificativas no ambiente em função do evento.Ao todo, 247 pessoas visitaram a gruta no diado evento, com pico entre as 15:00hs e 16:00hs,com aproximadamente 200 pessoassimultaneamente no salão de entrada e noanfiteatro.

Os resultados e discussões evidenciamas pequenas alterações atmosféricas ocorridasno ambiente em decorrência do evento, sendopraticamente nulas para T e UR e mínimas parao CO2. Concluiu-se que no caso específico dagruta Morro Preto, a grande concentração depessoas – nesse caso, sem uso de carbureteiras– não causou impactos ambientais negativos àatmosfera cavernícola em função dascaracterísticas naturais da caverna quepossibilitam troca relativamente alta de energiaentre o ambiente subterrâneo e o externo(Lobo et al., 2009). Quanto aos resultados desteestudo, por meio de um aplicativo deinterpolação de dados para uso emprocedimentos geoestatísticos, foramproduzidos mapas de isotermas (linhas comtemperaturas idênticas) para situações anteriore posterior ao evento, de forma a ilustrar adinâmica natural do ambiente (figura 1).

Lapa do PenhascoLapa do PenhascoLapa do PenhascoLapa do PenhascoLapa do Penhasco::::: em julho de 2008, a UPErealizou uma expedição à região cárstica deMambaí, interior de Goiás. Na ocasião,vislumbrou-se uma oportunidade de realizar ummonitoramento experimental de T e UR deforma a identificar dados de outra região do país.

Em contato com Emílio M. Calvo,espeleólogo local e membro do GREGO –Grupo Espeleológico Goiano – optou-se porrealizar a atividade na lapa do Penhasco,localizada no município vizinho de Buritinópolis(figura 2). A atividade se desenvolveu por 5 dias,com intervalo de registro de dados de 30minutos.

Durante o experimento, a presença de trêsespeleólogos portando carbureteiras dentro dacaverna permitiu a aferição de uma considerávelinterferência atmosférica, o que pode serobservado na figura 3.

Figura 1 – Mapas de isotermas da gruta do MorroFigura 1 – Mapas de isotermas da gruta do MorroFigura 1 – Mapas de isotermas da gruta do MorroFigura 1 – Mapas de isotermas da gruta do MorroFigura 1 – Mapas de isotermas da gruta do MorroPreto em dois momentos do experimento realizadoPreto em dois momentos do experimento realizadoPreto em dois momentos do experimento realizadoPreto em dois momentos do experimento realizadoPreto em dois momentos do experimento realizado(Lobo et al.,(Lobo et al.,(Lobo et al.,(Lobo et al.,(Lobo et al., 2009). 2009). 2009). 2009). 2009). As alterações nos padrões deAs alterações nos padrões deAs alterações nos padrões deAs alterações nos padrões deAs alterações nos padrões deisotermas nos dois episódios considerados nãoisotermas nos dois episódios considerados nãoisotermas nos dois episódios considerados nãoisotermas nos dois episódios considerados nãoisotermas nos dois episódios considerados nãoindica um impacto ambiental, mas sim, uma tendênciaindica um impacto ambiental, mas sim, uma tendênciaindica um impacto ambiental, mas sim, uma tendênciaindica um impacto ambiental, mas sim, uma tendênciaindica um impacto ambiental, mas sim, uma tendênciade dados baseados em condições naturais dade dados baseados em condições naturais dade dados baseados em condições naturais dade dados baseados em condições naturais dade dados baseados em condições naturais daatmosfatmosfatmosfatmosfatmosfera caera caera caera caera cavvvvvernícola.ernícola.ernícola.ernícola.ernícola.

Figura 2 – Planta baixa e seções da Lapa doFigura 2 – Planta baixa e seções da Lapa doFigura 2 – Planta baixa e seções da Lapa doFigura 2 – Planta baixa e seções da Lapa doFigura 2 – Planta baixa e seções da Lapa doPenhasco, com posicionamento dosPenhasco, com posicionamento dosPenhasco, com posicionamento dosPenhasco, com posicionamento dosPenhasco, com posicionamento dostermohigrômetros utilizados no experimento etermohigrômetros utilizados no experimento etermohigrômetros utilizados no experimento etermohigrômetros utilizados no experimento etermohigrômetros utilizados no experimento elocalização do ponto onde os espeleólogoslocalização do ponto onde os espeleólogoslocalização do ponto onde os espeleólogoslocalização do ponto onde os espeleólogoslocalização do ponto onde os espeleólogosficaram concentrados por aprox. duas horas (Loboficaram concentrados por aprox. duas horas (Loboficaram concentrados por aprox. duas horas (Loboficaram concentrados por aprox. duas horas (Loboficaram concentrados por aprox. duas horas (Lobo& Zago, 2009)& Zago, 2009)& Zago, 2009)& Zago, 2009)& Zago, 2009)

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Os gráficos não deixam dúvidas quanto àocorrência de impactos na atmosfera da cavernana estação 40 no dia 30/07/2008 e,posteriormente, na estação 39 – portanto, semovendo em direção ao pórtico de entrada –no dia 31/07/2009.

Dos dados para uma discussão necessária:Dos dados para uma discussão necessária:Dos dados para uma discussão necessária:Dos dados para uma discussão necessária:Dos dados para uma discussão necessária:constatado o impacto, em que issoconstatado o impacto, em que issoconstatado o impacto, em que issoconstatado o impacto, em que issoconstatado o impacto, em que issoimplica?implica?implica?implica?implica?

Os poucos dados compilados – talvez osúnicos produzidos no Brasil com este enfoqueespecífico – nos permitem afirmar, sem margem

de dúvidas, que o carbureto causa impactosambientais na atmosfera cavernícola. Isso foiconstatado em situações bem distintas: em umacaverna úmida, em meio à floresta tropical emais confinada, bem como em uma caverna maisseca – com um pequeno córrego interno –, emárea de cerrado e extremamente ampla (figura4). O quadro 1 sintetiza as principais conclusõesdestes estudos e suas relações com os fluxosde visitação e o uso de carbureteiras.

Figura 3 – gráficos dos pontos 31, 33, 38, 39, 40 e 41. Note-se a grande interferênciaFigura 3 – gráficos dos pontos 31, 33, 38, 39, 40 e 41. Note-se a grande interferênciaFigura 3 – gráficos dos pontos 31, 33, 38, 39, 40 e 41. Note-se a grande interferênciaFigura 3 – gráficos dos pontos 31, 33, 38, 39, 40 e 41. Note-se a grande interferênciaFigura 3 – gráficos dos pontos 31, 33, 38, 39, 40 e 41. Note-se a grande interferênciacausada na estação 40 poucas horas após o experimento, alterando seus padrõescausada na estação 40 poucas horas após o experimento, alterando seus padrõescausada na estação 40 poucas horas após o experimento, alterando seus padrõescausada na estação 40 poucas horas após o experimento, alterando seus padrõescausada na estação 40 poucas horas após o experimento, alterando seus padrõesde variabilidadede variabilidadede variabilidadede variabilidadede variabilidade..... A mesma massa de ar aquecido fA mesma massa de ar aquecido fA mesma massa de ar aquecido fA mesma massa de ar aquecido fA mesma massa de ar aquecido foi detectada no dia seguinteoi detectada no dia seguinteoi detectada no dia seguinteoi detectada no dia seguinteoi detectada no dia seguinte,,,,, na na na na naestação 39.estação 39.estação 39.estação 39.estação 39. A estação 41,A estação 41,A estação 41,A estação 41,A estação 41, limítr limítr limítr limítr limítrofofofofofe à estação 40,e à estação 40,e à estação 40,e à estação 40,e à estação 40, não r não r não r não r não recebeu nenhuma interfecebeu nenhuma interfecebeu nenhuma interfecebeu nenhuma interfecebeu nenhuma interferênciaerênciaerênciaerênciaerênciado experimento. Horário de Brasília-DF (Lobo & Zago, 2009).do experimento. Horário de Brasília-DF (Lobo & Zago, 2009).do experimento. Horário de Brasília-DF (Lobo & Zago, 2009).do experimento. Horário de Brasília-DF (Lobo & Zago, 2009).do experimento. Horário de Brasília-DF (Lobo & Zago, 2009).

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Alguns aspectos precisam ser levados emconta na análise destes dados. Nenhum dosestudos realizados se deu por período maislongo, de no mínimo um ano tal comorecomendado para estudos de atmosferacavernícola (Cigna, 2002). Com um estudo maisamplo, poder-se-ia conhecer a amplitude térmicaanual à qual a caverna é submetida, o quepermitiria sabermos se a breve alteraçãoocorrida naquele determinado momento seriaum estresse térmico além daquele ao qual oambiente já é naturalmente submetido. Seformos conversar “cientificamente”, os estudosclimatológicos costumam ser conduzidos comdados de 30 anos, de forma a se identificar osanos mais úmidos e secos, para somente entãotecer considerações acerca da dinâmica climáticada área estudada.

Por outro lado, estatisticamente pode-se concluir que as variações térmicasidentificadas nestes estudos são decorrentes dapresença humana, e não de ordem natural. Sendoa questão dos impactos um ponto pacífico no

que diz respeito aosdados coletados, abre-se espaço para umanova discussão: afinal,qual o real problemade se causarem taisimpactos?

S o m o stotalmente favoráveise incentivadores deações que visem àconservação e o usoracional dos recursosnaturais. Senecessário, ações deprecaução, quepermitam resguardarmais tempo para quee s t u d o sr a z o a v e l m e n t eaprofundados possamdelimitar diretrizesadequadas paranortear as práticasexistentes.

Mas tudo commuito bom senso,ponderação e,p r i n c i p a l m e n t e ,visualização dasdistintas necessidadese limites para osgrupos interessadosno uso das cavernas.E x e m p l i f i c a m o s :E x e m p l i f i c a m o s :E x e m p l i f i c a m o s :E x e m p l i f i c a m o s :E x e m p l i f i c a m o s :proibir o uso decarbureteiras para a

visitação turística nos parece uma medidabastante razoável, adequada considerando quemuitas vezes o montante de grupos que visitamuma caverna em um mesmo dia poderia gerarum acúmulo térmico de conseqüênciasdesconhecidas, talvez danosas, cabendo umaação de precaução. Deduzir que este mesmoprincípio se aplica a grupos de espeleólogos epesquisadores, soa como precipitado, visto queas visitas destes são pontuais e esporádicas.

Também compreendemos que essapostura de homogeneização dos diversos tiposde visitantes pode ser explicada pelo fato de quea linha que separa turistas, pesquisadores eespeleólogos é por vezes tênue, frágil ediscutível. Dependendo da concepção declassificação que se use, todos estes podem sercompreendidos como turistas. Por outro lado,também é fato que os pesquisadores não só nãose vêem como turistas como estão nas cavernaspor finalidades totalmente distintas, usandomuitas vezes as mesmas estruturas de visitação– seria este o ponto mais evidente em comum.

Figura 4 – Foto do Salão principal da lapa do Penhasco, ilustrando seuFigura 4 – Foto do Salão principal da lapa do Penhasco, ilustrando seuFigura 4 – Foto do Salão principal da lapa do Penhasco, ilustrando seuFigura 4 – Foto do Salão principal da lapa do Penhasco, ilustrando seuFigura 4 – Foto do Salão principal da lapa do Penhasco, ilustrando seugrande volume interno.grande volume interno.grande volume interno.grande volume interno.grande volume interno.

Quadro 1 – Relação entre uso de carbureto, concentração de pessoas eQuadro 1 – Relação entre uso de carbureto, concentração de pessoas eQuadro 1 – Relação entre uso de carbureto, concentração de pessoas eQuadro 1 – Relação entre uso de carbureto, concentração de pessoas eQuadro 1 – Relação entre uso de carbureto, concentração de pessoas eimpactos ambientais em caimpactos ambientais em caimpactos ambientais em caimpactos ambientais em caimpactos ambientais em cavvvvvernas brasileirasernas brasileirasernas brasileirasernas brasileirasernas brasileiras

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Convidamos o colega leitor a fazerconosco esta reflexão. Seria o momento de seracionalizar a questão do uso do carbureto,deixando de lado a postura apenas condenatória?Ou seria o caso de assumirmos a evoluçãotecnológica, banirmos o carbureto e nosposicionarmos de modo pretensamente menosimpactante (mesmo sem ter clareza acercadestes impactos e suas conseqüências)? Asrespostas para estas perguntas, dadas nos maisdiversos fóruns e com diferentes enfoques dediscussão, poderão indubitavelmente contribuirpara o encaminhamento de propostasregulatórias mais condizentes com as diferentesrealidades de usuários, enfoques e em funçãoda diversidade da patrimônio espeleológiconacional.

ReferênciasReferênciasReferênciasReferênciasReferências

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PPPPPenhascoenhascoenhascoenhascoenhasco,,,,, Buritinópolis-GO). Buritinópolis-GO). Buritinópolis-GO). Buritinópolis-GO). Buritinópolis-GO). 2009.Inédito.

LOBO, H.A.S.; PERINOTTO, J.A. de J.;BOGGIANI, P.C.; ZAGO, S. EvEvEvEvEventosentosentosentosentosMusicais em CaMusicais em CaMusicais em CaMusicais em CaMusicais em Cavvvvvernas Causam Impactosernas Causam Impactosernas Causam Impactosernas Causam Impactosernas Causam ImpactosAmbientais? Ambientais? Ambientais? Ambientais? Ambientais? AAAAAvaliação das valiação das valiação das valiação das valiação das Alterações naAlterações naAlterações naAlterações naAlterações naAtmosfera Subterrânea da Gruta doAtmosfera Subterrânea da Gruta doAtmosfera Subterrânea da Gruta doAtmosfera Subterrânea da Gruta doAtmosfera Subterrânea da Gruta doMorMorMorMorMorrrrrro Pro Pro Pro Pro Preto (PETeto (PETeto (PETeto (PETeto (PETAR-IPORANGA,AR-IPORANGA,AR-IPORANGA,AR-IPORANGA,AR-IPORANGA, SP) SP) SP) SP) SP).2009. Inédito.

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SCALEANTE, J.A.B. AAAAAvaliação do Impactovaliação do Impactovaliação do Impactovaliação do Impactovaliação do Impactode de de de de Atividades Atividades Atividades Atividades Atividades TTTTTurísticas em Caurísticas em Caurísticas em Caurísticas em Caurísticas em Cavvvvvernas.ernas.ernas.ernas.ernas.Campinas, 2003, 82 p. Dissertação (Mestradoem Geociências), Instituto de Geociências,Universidade Estadual de Campinas.

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Projeto integrante da pesquisa dedoutoramento do primeiro autor deste artigo.Além dos orientadores– profs. Dr. José Alexandre de Jesus Perinottoe Dr. Paulo César Boggiani– colaboram neste projeto: José A. BassoScaleante, Silmara Zago, Vandir de AndradeJúnior, Fábio Leonardo Tomas, StanislavPoudou, Renato Augusto de Castro Santos eTatiane V. Barbosa.

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Em cavernas, nunca podemos depender de apenas um equipamento de iluminação, pois se este tiver algumproblema você não terá iluminação. O ideal são três iluminações independentes, onde pelo menos duasdelas devem estar na cabeça (para deixarmos as mãos livres). A escolha de sua iluminação vai dependertambém para qual atividade será usada. Hoje, a utilização do carbureto está cada vez mais restrita e só éjustificável quando existe a necessidade de grande quantidade de luz com facho aberto, o que pode não seaplicar em turismo e esporte.

Os tipos de iluminação são basicamente dois:

1) Carbureteira: é uma iluminação bastante confiável e têm um ótimo ângulo de abertura, dando uma dasmelhores soluções.

FAVOR:- Ótima potência de iluminação;- Ótimo ângulo de abertura da luz;- Fonte de calor para uma necessidade de aquecimento em caso de frio excessivo;- O refil não necessita de sacos estanque;- Confiabilidade.

CONTRA:- O peso do carbureto de refil e o peso do produto de descarte;- A necessidade de se carregar água para a carbureteira em locais onde não há água;- O aquecimento demasiado do ambiente cavernícola em locais de pouca ventilação;- A fuligem produzida pela chama;- Não funciona embaixo d’água;- O perigo de utilizar esta iluminação quando se pratica técnicas verticais;- Perigo de explosão caso os gases produzidos fiquem retidos em uma sacola;- O cheiro que o gás produz.

2) Elétrica: é uma iluminação prática e leve, mas nem sempre têm grande potência e têm o foco dirigido.

FAVOR:- Boa potência de iluminação;- Baixo volume e peso das pilhas de refil e descarte;- Funciona em baixo d’água.

CONTRA:- Baixo ângulo de abertura da luz - focado;- O refil necessita de saco estanque;- As pilhas são um problema ambiental quando não descartadas corretamente;- Não são confiáveis quando há falta de manutenção.

A iluminação elétrica tem algumas variações de:

MODELO:- Modelo de mão, que facilita direcionar um foco para pontos específicos.- Modelo de cabeça, que libera as mãos para outras funções e acompanha o movimento da cabeça.- Modelo de lampião, que é utilizado para pendurar ou colocar apoiado sobre algum local estacionário.OBS: Todos estes modelos podem ser ou não resistentes ou até a prova d’água.

POTÊNCIA DE LUZ E CONSUMO DE ELETRICIDADE:- Tipos de lâmpada: halógena (alta potência e grande consumo); led (baixo consumo e durabilidade); krypton(boa potência e alto consumo); fluorescente (baixo consumo);- Fontes de energia: pilhas comuns (baixa durabilidade); pilhas alcalinas (alta durabilidade); pilhas recarregáveis(boa durabilidade e não é descartável); baterias (alta durabilidade, mas necessita de modelo específico paracada lanterna); dínamo (baixa durabilidade e baixa potência, mas com fácil recarga);

Iluminação Texto: Eduardo [email protected]

Equipamentos 28

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tutoriaistutoriaistutoriaistutoriaistutoriais

Tópico 1 - Juntando trechos de topografias de uma mesma caverna.

Organização é tudo, como dito anteriormente, e nisso o Survex é implacável. Se não estivertudo arquivado, separado e nomeado, fica mais complicado. O exemplo escolhido paraexplicar a junção de topografias é a gruta Posto de Vacas II, mapeada durante a ExpediçãoMambaí 2008, cujo mapa pode ser visto na página 18 deste informativo.

Para uma topografia de qualidade, é importante que as equipes tomem certos cuidados nahora de nomear as bases e a anotação precisa ser minuciosa, especialmente na junçãoentre topos de equipes diferentes e de dias de trabalho diferentes. Isso permitirá que seidentifique em que ponto as topografias ficarão conectadas e sem estes dados organiza-dos, não é possível fazer a junção.

Como prometido na edição anterior, neste novo tutorial do SURVEX será mostradocomo é possível “juntar” pedaços de topografias, definir onde são as bocas e basesfixas e incluir e fixar coordenadas.

Comandos deste Tutorial

*export - Sintaxe *export <base> Validade Logo após o *Begin Descrição *export marca as bases queserão referenciadas no fechamento da topografia. Para ser possível se referir a uma base de uma topo-grafia diversos níveis acima, é necessário que esta seja exportada.

*include - Sintaxe *include <arquivo> Descrição: *include enxerta outro arquivo .svx na linha do arquivocorrente. Caso o nome do arquivo tenha espaços ele precisa vir entre aspas.

*equate - Sintaxe *equate <base><base2> Descrição: *equate especifíca que os nomes das baseslistadas se referem à mesma estação topográfica.

*fix - Sintaxe *fix Sintaxe *fix <base> <x> <y> <z>Descrição: *fix referencia a posição de uma base a uma coordenada específica.

*entrance - Sintaxe *entrance <base> Descrição *entrance marca uma base com um sinal de entrada.Esta informação é usada pelo aven para realçar as entradas.

Texto e prints: Ricardo MartinelliRevisão: Fabio Kok Geribello

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Escritório 30

No exemplo ao lado, a base 14 éa entrada de um conduto que continuae não foi topografado no dia por faltade tempo, portanto foi colocada umabase fixa na parede (1f) por segurança,caso a 14 sofresse algum deslocamen-to, e no dia seguinte retomamos a to-pografia a partir desse ponto.

Sendo esta a base eleita para ajunção, coloca-se o comando “*export14”, o que significa que esta base seráexportada para outro arquivo, conformeexplicação mais adiante.

No dia seguinte, a mesma equi-pe continuou a topografia do conduto,porém a topo foi separada em arqui-vos diferentes. Dessa forma, asequência de bases foi modificada,sendo nomeada agora como “2r”. Re-pare que no início é colocado que abase usada é da “1r”, ficando anotadobase 1r14. O processo é o mesmo: *export 1r14. Na base 5 ocorreu outrajunção, agora com um trechotopografado por outra equipe, a topo“3l”.

Vale salientar que, se durante atopografia outras bases de topos ante-riores forem usadas, é possível e reco-mendável que se utilize o mesmo pro-cesso.

Com todas as bases devidamen-te exportadas, é necessária a elabora-ção de um “arquivo de junção”, que iráprocessar todos os dados. Neste arqui-vo teremos que incluir as topografiasque compõe a caverna, usando o co-mando *include, como no exemplo aolado. Feito isso a tarefa é “equalizar”as bases exportadas dos arquivos detrechos usando o comando *equate.Proceda exatamente como ao lado,usando ponto para diferenciar o arqui-vo da base e espaço para separar asduas bases que você pretende juntar.

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Escritório 31

Se tudo estiver correto, o programa entenderá os comandos que você colocou e irá proceder a uniãoda linha de trena. No exemplo acima existem somente três topografias unidas, porém em cavernas maiscomplexas, principalmente as labirínticas e muito extensas, o número de topos pode ser muito grande, traba-lhados em diversas épocas e até em anos ou décadas diferentes como é o caso da Toca da Boa Vista, naBahia, ou a Gruta Areado III, no PETAR, que já conta com mais de 20 topografias distintas e algumas comvárias bases interligadas ou “equalizadas”.

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Escritório 32

Tópico 2 - Definir onde são as entradas da caverna.

O processo é bem simples,primeiramente abra seu arquivo dejunção e utilizando o comando*entrance (entrada em inglês) defi-na as bases que correspondam aosumidouro, ressurgência ou qual-quer outro acesso que a cavidadepossua com a superfície. No casodo exemplo utilizado, temos 4 basesdefinidas.

Antes de processar novamen-te o arquivo, é necessário que vocêtambém “exporte” as bases quecorrespondam às entradas, comoao lado.

Não se esqueça de sempresalvar as alterações que são feitasnos arquivos.

Após o processamentodo arquivo é só habilitar obotão com o símbolo“Ômega”, que é umasimbologia internacionalpara definir entrada de ca-verna, e pequenas bolas ver-des vão indicar as entradas.

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Escritório 33

Tópico 3 - Fixar a coordenada na boca da caverna.

No Survex, também é possívelfixar a coordenada da caverna nasbases externas, onde foram “amar-radas” as coordenadas adquiridascom GPS. Utilize o comando *Fix,determine a base da coordenada ecoloque em UTM os eixos E e N edepois a altitude. Coloque apenasnúmeros, como ao lado, e sempreseparados por espaço ou TAB.

Certifique-se da qualidade dainformação colhida em campo e nãodeixe passar nenhum detalhe, comoo “DATUM” utilizado. Usualmente,utilizamos o WGS-84, e o erro em-butido no momento.

Fixar a coordenada irá facilitar todos os procedimentos de geo-referenciamento dacaverna. Com isso é possível, por exemplo, exportar sua linha de trena para visualização no“Google Earth”. Também é possível saber a coordenada das outras bases da gruta, sendoque o programa irá calculá-las a partir da coordenada “fixada”, como na figura acima.

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Escritório 34

Tópico 4 - determinar onde foram colocadas bases permanentes.

Este cuidado é importante para planejamento de novas investidas de mapeamento,ou para determinar setores dentro da caverna que possam ser alvo de estudos posterioresou indicar locais de maior importância como salões ornamentados, com relevância biológi-ca ou geológica. Na verdade não existe um comando específico, basta exportar as basespermanentes como fora explicado anteriormente e pronto, é só habilitar o botão epronto, as bases serão indicadas em azul.

Chegamos ao final de mais um tutorial doSurvex, espero que tudo tenha ficado claro e queisso contribua para que mais e melhores topo-grafia possam sair das gavetas dos espeleólogosbrasileiros. Muita coisa ainda está por vir e nopróximo número tentaremos avançar mais umpouco, até lá!

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Técnicas para execução datopografia

Prevenção de erros grosseiros

1. Escolhendo as bases

• O Croquista é quem determina ocomprimento das visadas e ocaminhamento da topografia, nacolocação das bases.

• Bases bem colocadas têm altoimpacto na eficiência da equipe.

• Evite visadas muito longas. Elasdiminuem a precisão e dificultama execução de um bom croquis.No geral, visadas de até 20 mnão causam problemas naprecisão.

• Coloque as bases em locais quefacilitem a leitura para ambos oslados.

• Deixe bases permanentes “àprova de bomba”, ondepossivelmente serão amarradasfuturas topografias.

2. Lendo os números

• Prepare a leituraantecipadamente, mas aguarde aautorização do croquista parainiciar a leitura.

• A primeira preocupação doinstrumentista deve ser aprevenção de erros.

• Verifique sempre que possível seo fio de prumo está calibrado esem nós adicionais (os nós seprocriam dentro dos bolsos).

• Faça a leitura sempre na mesmaordem (de, para, distância,azimute, inclinação). Esta práticadiminui erros de anotação e ajudao croquista a manter a atençãofocada no croquis.

• Use sempre apenas um olho naleitura da bússola (o uso do doisolhos introduz um erro sistemáticona topografia).

• Verifique sempre seseus óculos, lanternas,capacetes estãoafastados da bússola,principalmente durante aleitura. Atenção: as pilhase equipamentos metálicosalteram o campomagnético causandoerros na leitura dabússola.

• Tenha certeza dabússola estar nivelada.Faça o teste: caso aleitura não mude quandovocê a rotaciona issosignifica que ela não estánivelada.

Texto Original: Common blunders during the survey tripCompiled by Bob Hoke and Pat Kambesis

Originally printed in Compass & Tape(V17n4i60p17)Traduzido e adaptado por Fabio Kok Geribello

M ostraremos a seguir uma coletânea de sugestões de práticas que

ajudarão a equipe na execução de uma topografia rápida e precisa.

Leitura de bússola na Gruta da Tarimba, Mambaí, GOFoto: Gabriela Slavec

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• Leia a bússola na escala corretae estando sempre atendo nadireção da escala.

• Atenção à centena na leitura dabússola! (125º - 25º)

• Leia o clinômetro na escalacorreta (a mais próxima do vidro).Na dúvida, aponte o clinômetropara baixo. Use a escala quemostrar –90º.

• Atenção para o crescimento daescala no clinômetro - em ângulosnegativos a escala cresce parabaixo.

• Leia a trena sempre no sentidocorreto para medir centímetros.(Achando os cm, busque sempreo inteiro menor).

• Saiba sempre onde está o zeroda trena.

• Evite trenas com escalasdiferentes em ambas as faces.Você com certeza irá ler o ladoerrado!!

• Mantenha os visores dosinstrumentos limpos e em bomestado.

• Diga sempre ao croquista qualmedida está sendo lida (distânciax, azimute y, inclinação z).

3. Anotando os números

• Mantenha a caderneta limpa eseca (dentro do macacão, naboca, tanto faz).

• Anote os sinais “+” e “-” paratodas as visadas de inclinação.

• Repita a leitura após a anotaçãodo número na caderneta (nãoantes).

• Use uma barra / na marcação dodecimal. A vírgula ou o pontopodem ser confundidos comsujeira. Se tiver espaço use o 0(15/30 ou 050).

• O croquista deve executar umteste de sanidade nas leiturasque ouve (364º, 20m em visadascurtas ou +15 em descidas sãodados inconsistentes).

4. Desenhando o croquis

• Faça o croquis em escala (facilitadetecção de erros e execução domapa final).

• Perceba sempre a direção que agaleria tende a desenvolver eindique a posição do norte emtodas as folhas novas.

• Use um transferidor e escala paraplotar as bases ou um protractor,que une as duas funções.

• Considere o ângulo verticaldurante a plotagem da visada.

• Faça traços firmes e claros.

• Não tenha pressa para ir embora(voltar para refazer uma visada outodo o trabalho é sempre maiscansativo).

• Faça pausas para descansarsempre que se sentir estressado.

• Não esqueça os cortes e o perfil.Procure registrar as principaisfeições da caverna.

• Não perca um detalhe, todoburaco pode levar a um novo salão.

• Atenção redobrada na mudança depágina (sempre copie a últimavisada e duplique o desenho).

Topografia 36

Trena não pode ter “barriga”!!!!Foto: Ricardo Martinelli

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5. Conselhos

• Mantenha os instrumentos secose limpos. Eles não são a provad’água, independente da formausada pelo dono para protegê-lo.

• Leituras de bússola muito inclinadas sãodifíceis e imprecisas. Use uma visadavertical (up) intermediária para facilitara leitura. Caso a visada continue muitoinclinada, deixe a trena esticada entreas bases e leia a bússola na trena.

• Leituras de bússola para cima são maisprecisas que as para baixo. Inverta adireção da visada, sempre quenecessário.

• Alguns croquistas usam a trena esticadapara auxílio na execução do croquisapós a visada. Espere sempre aorientação dele.

• Não fale com o croquista quando eleestiver concentrado.

• No caso da utilização de up, basesflutuantes, as bases deverão tersempre um sufixo u, i, etc. (Base 43u).

• Para iluminar a base, evite o foco deluz na cara do instrumentista, use umapequena lanterna de mira.

• Evite conversas durante a leitura dasmedidas.

• Sempre pense no que está fazendo,evite a rotina burra.

6. Erros mais comuns

• Leitura da trena na direção oposta (até1m de erro).

• Bússola não nivelada (erro aleatório).

• Esquecimento da leitura da centena nabússola!!!! (leitura incompleta, erroaleatório).

• Leitura da bússola na escala errada (ocroquista perceberá erro de 180º).

• Leitura do clinômetro na escala errada(normalmente 10º-15º de erro).

• Inversão da direção da escala na bússola– leitura na direção errada (até 10º deerro).

• Inversão da direção da escala noclinômetro – leitura na direção errada (até10º de erro)

• Anotação mal feita, números ilegíveis (erroaleatório, potencial de erro grosseiro).

• Anotação do sinal da inclinação invertido(erro aleatório, potencial de errogrosseiro).

• Inversão da visada (de/para) durante aanotação (o croquista perceberá erro de180º).

• Interferência do campo magnético,capacete, lanterna, ferro (5º - 10º).

• Caderneta ilegível, lama, rasuras (errosaleatórios).

Topografia 37

Leitura de clinômetro naGruta da Tarimba,

Mambaí, GOFoto: Gabriela Slavec

Page 39: Desnivel9 e 10

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Lojinha da UPE 38

Macacoes Mochilas

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Log de AtividadesTudo o que a UPE fez ou participou no ano de 2008

Coordenação: Fabio Geribello ([email protected])

EspeleoMARCHE 39

12/1/2008 a 13/1/2008Gruta Crystal - Iporanga - SPLocal: Fazenda CaraíbaObjetivo: MapeamentoParticipantes:Marcelo GonçalvesRenata ShimuraMichel Sanches FrateBruno Silva PastorelloFelipe CostaIvan Stacioni Cerqueira Oliveira

29/3/2008 a 29/3/2008Treino de VerticalLocal: Campo Escola Itamira SãoPauloObjetivo: Treinamento de TécnicasVerticaisParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliPaulo de Valhery JolkeskyEduardo Tastaldi PortellaMarcelo GonçalvesMauro Zackiewicz

19/4/2008 a20/4/2008Local: PETAR -Areado Grande SãoPauloObjetivo: Abertura daTrilha Via BulhasParticipantes:Ricardo de SouzaMartinelliLeandro ValentimMilanezToni Cavalheiro

1/5/2008 a 3/5/2008Local: PETAR - Areado Grande SãoPauloObjetivo: Abertura da Trilha ViaBulhasParticipantes:Mauro ZackiewiczFernando G. Bruno FilhoJosé Augusto Cabral Arouca

1/5/2008 a 3/5/2008Local: Itaoca São PauloObjetivo: Prospectar abismopossível ZeroParticipantes:Josef Herman PokerToni Cavalheiro

31/5/2008 a 31/5/2008Local: Sede SBE - Campinas SãoPauloObjetivo: XXIX SBE DE PORTASABERTASPalestra: Fotografando cavernasParticipantes:Ricardo de Souza MartinelliPaulo Jolkesky

5/7/2008 a 6/7/2008Local: PETAR - Caboclos SPObjetivo: Término da Topo fartinhoParticipantes:Marcelo Fontes NevesRicardo Ulhôa Cintra de AraújoLeandro Valentim MilanezMarcelo GonçalvesMauro ZackiewiczMichel Sanches FrateBruno Silva PastorelloLuis Gustavo Pinheiro MachadoIvan Stacioni Cerqueira Oliveira

26/7/2008 A 3/8/2008Expedição MambaíLocal: Mambaí GoiásObjetivo: Topo da Tarimba, cadastr emap de novas grutasParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliCláudia de Caiado CastroEduardo Tastaldi PortellaRicardo Ulhôa Cintra de AraújoMarcelo GonçalvesSilmara ZagoMauro ZackiewiczMichel Sanches FrateJosé Augusto Cabral AroucaHeros Augusto Santos Lobo

30/8/2008 a 31/8/2008Local: PETAR - Caboclos São PauloObjetivo: Término da Topo fartinhoParticipantes:Leandro Valentim MilanezMarcelo GonçalvesMauro ZackiewiczFrancisco Carlos Pereira GabasMichel Sanches FrateLuis Gustavo Pinheiro Machado

13/9/2008 a 14/9/2008Gurutuva Insano - 24mmLocal :PETAR - Santana São PauloObjetivo: Continuação da Topografiado GurutuvaParticipantes:Ricardo de Souza MartinelliEduardo Tastaldi PortellaMauro Zackiewicz

1/11/2008 a 2/11/2008Planos de Manejo Espeleológicos - 1ªSaídaLocal: PETAR - Caboclos São PauloObjetivo: Apoio ao mapeamento para oPME -TemiminasParticipantes:Fabio Kok GeribelloRicardo Luiz TerzianGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliRonald Jorge WelzelEduardo Tastaldi PortellaMarcelo GonçalvesSilmara ZagoMichel Sanches FrateLuis GustavoPinheiro MachadoHeros AugustoSantos Lobo

29/11/2008 a30/11/2008Planos de ManejoEspeleológicos - 2ªSaídaLocal: PETAR -Caboclos São PauloObjetivo: Apoio ao mapeamento parao PME -TemiminasParticipantes:Fabio Kok GeribelloEduardo Tastaldi PortellaSilmara ZagoMauro ZackiewiczMichel Sanches FrateToni CavalheiroLuis Gustavo Pinheiro MachadoIvan Stacioni Cerqueira OliveiraHeros Augusto Santos Lobo

13/12/2008 a 13/12/2008Churrasco de Fim de anoLocal: Sorocaba São PauloObjetivo: Confraternização AnualParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliPaulo de Valhery JolkeskyRonald Jorge WelzelSilmara ZagoElvira Maria Antunes BrancoMauro ZackiewiczMichel Sanches FrateToni CavalheiroLuis Gustavo Pinheiro MachadoIvan Stacioni Cerqueira OliveiraHeros Augusto Santos Lobo

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Notícias curtas sobre a UPE e a espeleologia nacional

Maillon Rapid 40

Participação da UPE no Plano de Manejodo PETAR

A UPE está participando da elaboração dosPlanos de Manejo Espeleológicos dos ParquesEstaduais Intervales, PETAR, Caverna do Diabo eRio Turvo (este últimos, integrantes do Mosaico doJacupiranga). Fruto de anos de exploração ededicação de seus sócios, o clube já forneceu osmapas das Grutas Pescaria, Ouro Grosso e Casade Pedra. Ficaram sob responsabilidade da UPE omapeamento das Grutas Temimina I e II e Arataca,considerados insuficientes pela Fundação Florestal.O trabalho de campo deverá terminar em Abril próximo.

UPE pede desligamento daRedespeleo

No final de 2008 a UPE pediu desligamentoda Redespeleo Brasil, instituição da qual faziaparte praticamente desde a sua fundação.

Mais do Decreto

O Centro Nacional de Estudo, Proteção eManejo de Cavernas (CECAV), do Instituto ChicoMendes (MMA/ICMBio) realizou nos dias 26 e 27 dejaneiro, em Brasília-DF, a primeira reunião técnica paraa elaboração dos critérios de relevância, conformeprevisto no Decreto 6.640/2008 que legaliza adestruição de cavernas. Apesar de convidada aparticipar da reunião, a SBE não enviou representantesjá que o Decreto que fundamenta estes critérios é, nomínimo, inadequado, além disso, o poder executivoainda não demonstrou interesse em corrigir as diversasfalhas apontadas nas manifestações da SociedadeCivil e ratificadas em reunião com ICMBio.

Enquando o decreto 6.640/2008 não for revogadoou substituido, não há qualquer garantia de que asconsiderações feitas pela Sociedade Civil epesquisadores nestas reuniões serão acatadas.

O convite, ou mesmo a participação derepresentantes nestas reuniões não pode ser entendidocomo a efetiva participação da sociedade civil noprocesso. Não há abertura para discutir os reaisinteresses por trás deste decreto e seu impacto sobrea economia, sociedade e o ambiente. O poder dedecisão continua em outras instâncias fechadas àcomunidade espeleológica.Fonte: SBE notícias Nº 112 - www.sbe.com.br

Nova Diretoria da UPE

No dia 4 de março, 2009, foi eleita emAssembléia a Diretoria da UPE para o biênio2009/2010:

- Presidente: Fabio Kok Geribello- Vice-presidente: Elvira Maria Branco- Secretário: Ricardo Martinelli- Tesoureiro: Mauro Zackiewicz- Almoxarife: Eduardo Tastardi Portella

Parabéns aos sócios eleitos e muitosucesso nesta nova empreitada dentro da UPEe da espeleologia nacional.

Revista da SBE

Nova revista da SBE, sobre pesquisas emTurismo e Paisagens Cársticas. Leia em

http://www.sbe.com.br/ptpc_v1_n2.asp

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Maillon Rapid 41

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Foto : Ricardo Martinelli Dados Técnicos: velocidade 8seg; abertura F3.5; ISO 200; distância focal 18 mm; Máquina - Nikon D300

Foto em Destaque 42

Gruna da TarimbaMambaí - GO