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1 Desigualdade de renda e as especificidades da inserção familiar no mercado de trabalho Lilia Montali e Marcelo Lima Resumo A continuidade da progressiva entrada da mulher no mercado de trabalho nos anos 2000 e 2010 vem consolidando os arranjos familiares de inserção identificados a partir dos anos 1990. Este ensaio procura mostrar que existem diferenças na inserção dos diferentes componentes familiares, orientadas pelos princípios da divisão sexual do trabalho e que este fato, principalmente nos estratos de renda mais baixos, dificulta a superação da pobreza. Nesse sentido, na análise das tendências recentes, procura identificar padrões distintos ao considerar as especificidades entre os arranjos domiciliares em diferentes estratos de renda, comparando os domicílios situados abaixo da mediana e acima da mediana do rendimento domiciliar per capita metropolitano. Os arranjos domiciliares de inserção evidenciam a crescente participação da mulher- cônjuge entre os ocupados da família e na composição da renda domiciliar em todos os arranjos familiares, partilhando a provisão domiciliar com o responsável masculino e filhos. A mulher chefe de família manteve sua participação elevada entre os ocupados, partilhando com filhos e parentes, ao passo que manteve sua posição de provedora principal do domicílio. A análise toma como referência empírica as pesquisas domiciliares realizadas pelo IBGE e tem por objeto a população metropolitana correspondente às 9 regiões metropolitanas analisadas pela PNAD e também o Distrito Federal, dessa forma, serão analisados dados da PNAD, IBGE, série 2001-2015 e dos censos demográficos. Introdução Os arranjos familiares de inserção identificados a partir dos anos 1990 vêm se consolidando nos anos 2000 e 2010, relacionados à continuidade da progressiva entrada da mulher no mercado de trabalho. Destaca-se, entre os componentes da família, a crescente participação da mulher-cônjuge entre os ocupados da família e sua crescente participação na composição da renda domiciliar. Considerando as mulheres cônjuge e mulheres chefe de família como os componentes femininos com responsabilidade pelo domicílio, constata-se nos anos recentes semelhança crescente entre estas na inserção no mercado de trabalho no que se refere às taxas Trabalho apresentado no XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Poços de Caldas MG Brasil, 22 a 28 de setembro de 2018. Apresenta resultados do projeto “Família, trabalho e pobreza: entre as mudanças sociodemograficas e as políticas sociais - décadas de 80 a 2010” desenvolvido com o apoio do CNPq, junto ao NEPP/UNICAMP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp (NEPP). Professor da Anhanguera Educacional.

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Desigualdade de renda e as especificidades da inserção familiar no mercado

de trabalho

Lilia Montali e Marcelo Lima

Resumo

A continuidade da progressiva entrada da mulher no mercado de trabalho nos anos 2000 e 2010 vem consolidando os arranjos familiares de inserção identificados a partir dos anos 1990. Este ensaio procura mostrar que existem diferenças na inserção dos diferentes componentes familiares, orientadas pelos princípios da divisão sexual do trabalho e que este fato, principalmente nos estratos de renda mais baixos, dificulta a superação da pobreza. Nesse sentido, na análise das tendências recentes, procura identificar padrões distintos ao considerar as especificidades entre os arranjos domiciliares em diferentes estratos de renda, comparando os domicílios situados abaixo da mediana e acima da mediana do rendimento domiciliar per capita metropolitano. Os arranjos domiciliares de inserção evidenciam a crescente participação da mulher-cônjuge entre os ocupados da família e na composição da renda domiciliar em todos os arranjos familiares, partilhando a provisão domiciliar com o responsável masculino e filhos. A mulher chefe de família manteve sua participação elevada entre os ocupados, partilhando com filhos e parentes, ao passo que manteve sua posição de provedora principal do domicílio. A análise toma como referência empírica as pesquisas domiciliares realizadas pelo IBGE e tem por objeto a população metropolitana correspondente às 9 regiões metropolitanas analisadas pela PNAD e também o Distrito Federal, dessa forma, serão analisados dados da PNAD, IBGE, série 2001-2015 e dos censos demográficos.

Introdução

Os arranjos familiares de inserção identificados a partir dos anos 1990 vêm se

consolidando nos anos 2000 e 2010, relacionados à continuidade da progressiva

entrada da mulher no mercado de trabalho. Destaca-se, entre os componentes da

família, a crescente participação da mulher-cônjuge entre os ocupados da família e

sua crescente participação na composição da renda domiciliar. Considerando as

mulheres cônjuge e mulheres chefe de família como os componentes femininos com

responsabilidade pelo domicílio, constata-se nos anos recentes semelhança

crescente entre estas na inserção no mercado de trabalho no que se refere às taxas

Trabalho apresentado no XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Poços de Caldas – MG – Brasil, 22 a 28 de setembro de 2018. Apresenta resultados do projeto “Família, trabalho e pobreza: entre as mudanças sociodemograficas e as políticas sociais - décadas de 80 a 2010” desenvolvido com o apoio do CNPq, junto ao NEPP/UNICAMP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp (NEPP). Professor da Anhanguera Educacional.

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de participação, ocupação e desemprego bem como sua proporcionalmente maior

inserção em trabalhos precários (não formalizados e sem proteção social),

comparativamente aos demais componentes do domicílio. Estas características da

inserção no mercado de trabalho evidenciam que ambas sofrem com maior

intensidade os constrangimentos impostos pela divisão sexual do trabalho, limitando

seu acesso ao trabalho e a formas de inserção de melhor qualidade.

O período selecionado, 2001 a 2015, possibilita acompanhar os arranjos domiciliares

de inserção no mercado de trabalho em períodos de baixo crescimento da economia

e em períodos de expansão e identificar o que permanece e o que muda, tendo por

referência a divisão sexual do trabalho. Este ensaio procura mostrar que existem

diferenças na inserção dos diferentes componentes familiares, orientadas pelos

princípios da divisão sexual do trabalho e que este fato, principalmente nos estratos

de renda mais baixos, dificulta a superação da pobreza. A análise das tendências

recentes procura identificar padrões distintos de inserção familiar no mercado e de

responsabilidade na provisão do grupo doméstico, ao analisar especificidades entre

os arranjos domiciliares em diferentes estratos de renda domiciliar, comparando os

domicílios situados abaixo da mediana e acima da mediana do rendimento domiciliar

per capita metropolitano. A hipótese, com base em dados de nossos estudos

anteriores e em outros estudos acadêmicos sobre a inserção feminina, é que as

mulheres responsáveis pelo domicílio (cônjuges e chefes de família) do segmento de

domicílios abaixo da mediana do rendimento domiciliar sofrem maiores

constrangimentos em sua inserção no mercado de trabalho, em decorrência da

divisão sexual do trabalho, limitando sua contribuição para a composição do

rendimento domiciliar e também para a elevação do rendimento domiciliar.

A análise toma como referência empírica as pesquisas domiciliares realizadas pelo

IBGE e tem por objeto a população metropolitana correspondente às 9 regiões

metropolitanas analisadas pela PNAD e também o Distrito Federal, dessa forma,

serão analisados dados da PNAD, IBGE, série 2001-2015 e dos censos

demográficos. Na análise serão consideradas as variáveis relativas à inserção no

mercado de trabalho (PIA, PEA e taxas específicas) por posição na família e sexo.

Também são consideradas aquelas relativas ao nível educacional e aos rendimentos

individuais e domiciliares.

3

Deve-se ressaltar que a presente análise toma como limite temporal da série o ano

de 2015, que corresponde ao último levantamento anual da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), para permitir a comparabilidade das informações

sobre a dinâmica da relação família-trabalho durante o período de 15 anos. A

continuidade do estudo para os anos de 2016 e 2017 demanda a construção de

outra série com base na PNAD Contínua, com levantamentos mensais e que

substituiu o levantamento anual. Ainda que a comparabilidade de algumas variáveis

seja possível, seriam necessárias aproximações que poderiam induzir a

interpretações imprecisas.

O período entre 2001 e 2015, analisado neste ensaio, abrange conjunturas

recessivas (2001 a 2003) e de expansão da economia (2004 a 2014), e inicio de

novo período recessivo em 2015. Tais conjunturas afetam a dinâmica do mercado

de trabalho e as oportunidades de inserção para os componentes das famílias. Entre

2004 a 2014 o país experimenta um momento de crescimento econômico e de

redução da desigualdade de renda resultante de políticas econômicas e sociais, que

tiveram êxito na redução da pobreza. Dentre as políticas sociais que exerceram

maior impacto sobre a redução da pobreza e da desigualdade na primeira década do

século XXI destacam-se a política de recuperação do salário mínimo, as medidas

para a recuperação do emprego e a política de transferência condicionada de renda,

com ações e programas dirigidos aos grupos mais vulneráveis.

Porém, a situação do mercado de trabalho sofre profundas alterações a partir de

2015, como decorrência da crise política e institucional que se instala desde o

processo de impeachment da presidente da república, cujo desenlace se dá em

2016. Crise econômica e elevado desemprego caracterizam os últimos três anos,

bem como a deterioração do mercado trabalho com a redução dos empregos

formalizados e com proteção social, explicitados pelos resultados da PNAD

Contínua/IBGE e por analises sobre o período. A fragilização dos direitos do

trabalhador através da nova lei trabalhista, associada à crise econômica prolongada

e refletindo os impactos das políticas de austeridade praticadas, afeta postos de

trabalho e a renda do trabalho e das famílias, retrocedendo a níveis de pobreza e de

pobreza extrema superados a partir de 2005. Além da deterioração do mercado de

trabalho, a política de austeridade reduz a cobertura das políticas sociais e os

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indicadores sociais apontam seus reflexos negativos na saúde da população e na

mortalidade infantil (Menezes; Jannuzzi, 2018; Dweck; Oliveira; Rossi, 2018).

Retomando a questão objeto deste ensaio que procura identificar entre os anos de

2001 e 2015 padrões distintos de inserção familiar no mercado e de

responsabilidade na provisão do grupo doméstico, investigando especificidades dos

arranjos domiciliares de inserção em distintos estratos de renda domiciliar, serão

comparados os domicílios situados abaixo da mediana e acima da mediana do

rendimento domiciliar per capita metropolitano. Tem-se por hipótese que, ao passo

em que se amplia a participação feminina no mercado de trabalho, e especialmente

das mulheres na posição de cônjuge e de chefes de família - ambas responsáveis

pelo domicílio -, pouco se alteram os constrangimentos em sua inserção no mercado

de trabalho em decorrência da divisão sexual do trabalho, induzindo-as a aceitar

condições mais desfavoráveis, desde que possibilitem a articulação das atividades

econômicas e das atividades domésticas. Supõe-se ainda, que as mulheres

responsáveis pelo domicílio (cônjuges e chefes de família) do segmento de

domicílios abaixo da mediana do rendimento domiciliar sofrem maiores

constrangimentos em sua inserção no mercado de trabalho, fato que limita sua

contribuição para a composição do rendimento domiciliar e para a elevação do

mesmo, restringindo, em muitas situações, a possibilidade de superação da

condição de pobreza.

Esse tema será explorado em três itens além desta introdução. No primeiro são

apresentadas as características dos arranjos domiciliares nos dois estratos de renda

indicados e as tendências da evolução dos mesmos nestes quinze anos entre 2001

e 2015. No segundo, será analisada a especificidade dos arranjos domiciliares de

inserção abaixo e acima da mediana do rendimento per capita domiciliar,

considerando a questão da divisão sexual do trabalho; no último são apresentadas

as considerações finais.

1. As características e evolução dos arranjos domiciliares entre 2001 e 2015

Em decorrência das mudanças pelas quais vêm passando as famílias brasileiras,

observam-se como tendências nas famílias metropolitanas a redução proporcional

dos domicílios de casais com filhos e o aumento dos domicílios de casais sem filhos,

de famílias monoparentais e de domicílios unipessoais (Tabela 1). Os domicílios

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nucleados pelo casal se reduzem nesse período de quinze anos, compunham 66%

dos arranjos domiciliares metropolitanos em 2001 e são 59% em 2015. Dentre estes

observam-se, no período, tendências de redução daqueles nucleados por casais de

até 34 anos com filhos, que correspondem à “etapa de constituição” no ciclo vital da

família (19,3% em 2001 e 10,8% em 2015), bem como daqueles em idades entre 35

e 49 anos, com a presença de filhos, que correspondem aos arranjos na “etapa da

consolidação” do ciclo de vida da família (21,7% em 2001 e 17,1% em 2015). Por

outro lado se observa praticamente a manutenção da proporção dos domicílios

monoparentais femininos em cerca de 20% dos arranjos domiciliares. Estes três

arranjos domiciliares são identificados nesta investigação como mais vulneráveis ao

empobrecimento (Montali, Lima, 2014). Por sua vez, os domicílios nucleados por

casais com 50 anos e mais, com a presença de filhos, apresentam leve tendência de

crescimento e os arranjos de casais sem filhos acentuado crescimento (Tabela 1).

Na análise do segmento de domicílios abaixo do valor mediano do rendimento

domiciliar per capita se evidencia a maior concentração dos domicílios identificados

como mais suscetíveis ao empobrecimento (casais jovens, até 34 anos, com filhos;

casais de 35 a 49 anos com filhos e chefe feminina monoparental), que perfazem

72% destes arranjos domiciliares, em 2001, 64%, em 2011 e 59,8% em 2015

(Tabela 1 e Gráfico 1). Nesse segmento, as maiores proporções de arranjos

correspondem àqueles com a presença de crianças e adolescentes – como se verá

adiante –, todos estes com tendência de redução. Os arranjos nucleados por casais

de até 34 anos com filhos, representam 28% dos domicílios abaixo da mediana em

2001 e 15 % em 2015; os arranjos nucleados por casais entre 35 e 49 anos, com a

presença de filhos, são 22% dos domicílios nesse segmento em 2001 e 19,1% em

2015, e os domicílios monoparentais femininos são 22% em 2001 e passam a

compor 25% dos domicílios do segmento com rendimento abaixo da mediana em

2015. Apresentando as menores proporções e com tendência de crescimento,

compõem esse segmento os arranjos domiciliares de casais sem filhos, 12,9% dos

arranjos domiciliares em 2015, de casais de 50 anos e mais com a presença de

filhos, 8,8% e domicílios unipessoais com responsável feminino (6,7%) e com

responsável masculino (4,3%).

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Tabela 1 Distribuição dos domicílios segundo arranjo domiciliar por decís per capita (%) Regiões Metropolitanas - 2001 a 2015

Tipos de Arranjos

50% abaixo da mediana

50% acima da mediana

Total

2001 2011 2015 2001 2011 2015 2001 2011 2015

Casais 68,4 63,8 60,4 63,7 60,6 57,2 66,2 63,9 58,9

Casal sem filhos 7,7 11,9 12,9 16,8 21,9 21,5 12,3 13,1 17,1

Casal com filhos e parentes 60,6 51,9 47,5 46,9 38,7 35,7 53,9 50,8 41,7

Casal até 34 anos com filhos e parentes 27,7 20,5 15,9 11,9 7,9 5,9 19,3 17,0 10,8

Casal de 35 a 49 anos com filhos e parentes 21,8 19,7 19,1 21,2 16,6 15,1 21,7 20,5 17,1

Casal de 50 anos e mais com filhos e parentes 7,1 7,9 8,8 11,2 11,9 12,4 9,6 9,8 10,7

Responsável feminina sem cônjuge 26,0 29,4 31,4 24,8 25,6 27,5 25,4 26,9 29,6

Responsável feminina sem cônjuge e filhos e/ou parentes

22,1 23,5 24,8 17,0 15,7 16,2 19,6 20,5 20,6

Responsável feminina unipessoal 3,9 6,0 6,7 7,8 9,9 11,4 5,8 6,4 9,0

Responsável masculino sem cônjuge 5,7 6,8 8,2 11,5 13,7 15,2 8,4 9,2 11,5

Responsável masculino sem cônjuge e filhos e/ou parentes

2,9 3,2 3,8 4,6 4,7 4,6 3,8 3,7 4,2

Responsável masculino unipessoal 2,7 3,6 4,3 6,9 9,0 10,7 4,7 5,5 7,4

Total (1) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP / UNICAMP. (1) O Total inclui outros arranjos domiciliares.

Gráfico 1 Distribuição dos domicílios segundo arranjo domiciliar por decís per capita (%) Regiões Metropolitanas - 2001 a 2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP / UNICAMP. (1) O Total inclui outros arranjos domiciliares.

Entre os domicílios com rendimento domiciliar per capita acima do valor mediano é

comparativamente menor e decrescente a participação dos três arranjos

identificados como mais vulneráveis ao empobrecimento, ou seja, estes perfazem

50%, em 2001, 40%, em 2011 e 37,2% em 2015 (Tabela 1). Assim, os arranjos

nucleados por casais que correspondem à “etapa de constituição” no ciclo vital da

família são, em 2011, 8% dos domicílios acima da mediana e apenas 6% dos

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mesmos em 2015; nesse último ano os arranjos na “etapa da consolidação” são

15%, e aqueles monoparentais femininos perfazem 16% (Tabela 1 e Gráfico 1).

Apresentam proporções comparativamente maiores e crescentes, os arranjos que se

caracterizam por apresentarem renda per capita mais elevada, como se verá no

gráfico 3: casais sem filhos (16,8% em 2001 e 21,5% em 2015), os casais nucleados

por pessoas maiores de 50 anos com a presença de filhos (11,2% em 2001 e 12,4%

em 2015) e os domicílios unipessoais (14,7% em 2001 e 22,4% em 2015).

O gráfico 2 explicita como se distribuem os arranjos domiciliares segundo tipo e suas

proporções em relação à mediana do rendimento domiciliar per capita entre as

famílias metropolitanas, padrão que se mantém no período.

Gráfico 2 Distribuição dos domicílios segundo arranjo domiciliar e mediana do rendimento domiciliar per capita (%) Regiões metropolitanas brasileiras, 2001 e 2015

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP.

Outro aspecto que se destaca na diferenciação entre os arranjos domiciliares dos

segmentos abaixo e acima do valor mediano é a maior proporção de crianças entre

os componentes do domicílio naqueles situados abaixo da mediana (Tabela 2). É

também entre estes que se observa a maior queda na proporção de crianças entre

os componentes do domicílio, que era da ordem de 40% em 2001 e chega a ser

31,3% em 2015, com queda de 8,7 pontos percentuais. Entre os domicílios acima da

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mediana a proporção de crianças e adolescentes também se reduziu, passando de

21,3% em 2001, para 14,5% em 2015, com variação menor, em 6,8 pontos

percentuais. Observe-se a coincidência entre os arranjos domiciliares com maior

presença de crianças e aqueles que apresentam maior predomínio no segmento

abaixo da mediana do rendimento domiciliar.

Tabela 2 Proporção de crianças e adolescentes segundo tipo de arranjo domiciliar % Regiões Metropolitanas – 2001 a 2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Tipo de arranjo domiciliar 2001 2006 2011 2015 2001 2006 2011 2015

Casais 40,9 37,6 35,1 31,9 23,9 19,9 18,2 17,2

Casal sem filhos - - - - - - - -

Casal com filhos e parentes 43,0 40,1 38,5 35,7 28,2 24,5 23,7 22,8

Casal até 34 anos com filhos e parentes 49,4 48,1 47,0 46,0 40,8 39,5 38,9 38,5

Casal de 35 a 49 anos com filhos e parentes 42,9 39,7 38,4 36,4 31,3 29,1 28,5 29,3

Casal de 50 anos e mais com filhos e parentes 22,6 19,3 18,3 16,2 9,2 7,6 7,1 7,4

Responsável feminina sem cônjuge 39,2 37,6 34,7 32,1 16,2 13,2 10,3 9,6

Responsável feminina sem cônjuge - e filhos e/ou parentes

41,0 39,3 37,3 34,7 18,7 15,6 12,7 12,2

Responsável feminina unipessoal - - - - - - - -

Responsável masculino sem cônjuge 25,0 21,2 22,0 18,0 7,7 6,1 5,5 4,5

Responsável masculino sem cônjuge – e filhos e/ou parentes

31,3 27,6 29,7 24,8 11,9 10,1 9,5 8,6

Responsável masculino unipessoal - - - - - - - -

Total 40,0 37,0 34,4 31,3 21,3 17,5 15,6 14,5

(1) Proporção de indivíduos com idades entre 0 e 17 anos em relação aos componentes do domicílio, excluídos aqueles em condição de responsável ou cônjuge. Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP.

Considerando-se os arranjos domiciliares com maior presença de crianças e

adolescentes, destacam-se os casais mais jovens (até 34 anos com filhos e/ou

parentes) com maiores proporções em ambos os estratos do rendimento domiciliar

per capita. É importante ressalvar que os casais mais jovens pertencentes ao estrato

50% acima da mediana apresentam proporção de crianças e adolescentes menor

em quase dez pontos percentuais quando comparados com aqueles que pertencem

ao estrato 50% abaixo da mediana, em 2015. Também apresentam elevadas

proporções de crianças e adolescentes os arranjos domiciliares de casais de 35 a 49

anos com presença de filhos e aqueles da responsável feminina monoparental. Em

todos estes arranjos é comparativamente maior a proporção de crianças e

adolescentes no segmento de domicílios abaixo da mediana, merecendo destaque

aqueles monoparentais femininos que apresentam mais que o dobro da proporção

de crianças e adolescentes, quando comparados ao arranjo do mesmo tipo no

segmento acima da mediana em todos os anos analisados (Tabela 2). Em todos os

arranjos domiciliares se observou redução na proporção de crianças/adolescentes

9

presentes no domicílio ao longo do período, independente do estrato do rendimento

domiciliar per capita.

Gráfico 3 Rendimento domiciliar per capita médio segundo arranjo domiciliar (1) Regiões metropolitanas brasileiras, 2009 a 2015

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP. (1) Em valores de 2015 (INPC).

Em relação aos rendimentos per capita médios dos domicílios segundo o tipo de

arranjo domiciliar, analisando os últimos anos do período, observa-se crescimento

do rendimento domiciliar no período 2009 a 2013, que corresponde a anos de bom

desempenho da economia e, redução dos mesmos entre 2013 e 2015, também,

para todos os arranjos metropolitanos, já expressando os efeitos da crise econômica

que se inicia em 2015 (Gráfico 3). Observe-se na ordem crescente dos rendimentos

domiciliares, que os arranjos identificados como mais vulneráveis ao

empobrecimento por esta investigação apresentam os menores valores no período,

comparativamente aos outros arranjos domiciliares e à média regional.

2. A especificidade dos arranjos domiciliares de inserção sob a desigualdade de rendimento per capita domiciliar e a divisão sexual do trabalho

Em estudo de caráter longitudinal que tratou das tendências da relação família-

trabalho entre 1985 e 2003 evidenciou-se, que durante os anos 90, sob o contexto

de crise econômica e da reestruturação produtiva, ocorreram rearranjos familiares

de inserção no mercado de trabalho, articulados como enfrentamento ao

desemprego e à mudança do padrão do emprego, sugestivos de mudanças na

10

divisão sexual do trabalho na família e na responsabilidade pela provisão familiar.

Constatou-se, ainda, que frente à ampliação do trabalho feminino e das mulheres na

posição de cônjuge nos domicílios, os rearranjos observados se estabeleceram

fortemente marcados pelas relações de gênero vigentes na família e no mercado de

trabalho. Assim, ocorreu um gradual movimento de alteração nos arranjos de

inserção dos componentes da família no mercado de trabalho nos anos 90,

ampliando a participação da mulher e explicitando um maior partilhamento entre

estes na responsabilidade pela manutenção da família, com especificidades nos

distintos arranjos familiares, bem como nos diferentes momentos do ciclo de vida

familiar. No entanto, naquele período de crise econômica, apesar da articulação dos

rearranjos familiares de inserção - entendidos como mobilização das famílias no

sentido de organizar estratégias para enfrentar o desemprego e a precarização do

trabalho, estes tiveram êxito relativo nesse propósito em decorrência de terem sido

articulados sob os constrangimentos impostos pelos papéis familiares e relações de

gênero, além de sujeitos à instabilidade do mercado de trabalho sob a conjuntura de

sucessivos períodos recessivos (Montali, 2005; 2017).

O conceito de divisão sexual do trabalho (Hirata, 2002; Kergoat, 2000) possibilitou

evidenciar um dos desafios que afetam a superação da pobreza, por limitar a

inserção em empregos de qualidade especialmente para mulheres responsáveis por

crianças e adolescentes; este fato incide com bastante evidência entre os “arranjos

mais vulneráveis ao empobrecimento” (Montali; Lima, 2008). A investigação constata

que a permanência da desigualdade para os arranjos identificados como mais

vulneráveis ao empobrecimento está profundamente relacionada à desigualdade de

gênero e ao acesso desigual a serviços de cuidado, que atuam no sentido de

minimizar os efeitos negativos da divisão sexual do trabalho vigente sobre as

possibilidades de inserção de qualidade para as mulheres. Indaga-se, frente à

mudança no perfil etário da população, se essas limitações podem ser acentuadas

pela dependência de idosos. O exame da literatura em especial a latino-americana

acerca dos arranjos domiciliares que apresentam maior vulnerabilidade, aponta

convergências com nossos resultados e aponta caminhos que orientam nossa

investigação (Lavinas e Nicoll, 2006; Vignoli, 2000; dentre outros). Alguns resultados

desta investigação indicam que as limitações impostas pela divisão sexual do

trabalho afetam de forma mais contundente as mulheres de domicílios com

rendimentos abaixo da mediana e as menos escolarizadas.

11

A partir dos anos 1990, é crescente a participação da mulher no mercado de

trabalho para todos os componentes femininos quando considerada a posição na

família, com destaque para a mulher em posição de cônjuge. As taxas de

participação e de ocupação das mulheres cônjuges e responsáveis femininas se

mantêm crescentes, embora permanecendo em patamares inferiores quando

comparadas às filhas adultas, filhos adultos e responsáveis masculinos. Em análise

anterior sobre o período 2001 a 2015, constatou-se que embora a continuidade da

participação destas no mercado de trabalho essa característica se mantém (Montali,

2017). Nesse período, a taxa de participação e de ocupação das mulheres cônjuge

cresce nos anos de recuperação da economia até 2009, com oscilação no mesmo

patamar e crescimento em 2014. Comportamento semelhante é observado para a

responsável feminina entre 2009 e 2014. Desde 2001 observam-se as tendências de

redução das taxas de participação e de ocupação do responsável masculino e de

crescimento dessas taxas para os filhos e filhas adultos até 2009, com período de

estabilidade entre 2011 e 2014. Em 2015, ocorre queda nas taxas de participação e

de ocupação para o conjunto dos componentes familiares, com menor impacto sobre

as cônjuges e chefes femininas (Montali, 2017).

As mudanças na conjuntura econômica afetaram o mercado de trabalho e o

comportamento das taxas específicas no período, expressando as possibilidades

diferenciadas de absorção dos distintos componentes familiares pelo mercado de

trabalho. Foram também afetadas pelas políticas que favoreceram o crescimento do

emprego e do emprego formal, bem como por políticas de desenvolvimento social

implementadas entre 2003 e 2014, que favoreceram a elevação da renda e o acesso

à educação.

O padrão de inserção dos componentes familiares indicado acima, que revela os

constrangimentos decorrentes de papeis familiares e relações de gênero, se repete

na análise dos segmentos abaixo e acima da mediana do rendimento domiciliar per

capita. É interessante mencionar que a mediana do rendimento domiciliar

metropolitano, referência para a presente análise, equivale a pouco mais de um

salário mínimo nominal correspondente aos anos analisados (Ver Anexo 1). Como

foram considerados valores nominais, a manutenção dessa relação do rendimento

domiciliar per capita mediano com o salário mínimo indica, por um lado, a elevação

da renda dos domicílios no período, já que o salario mínimo real cresceu 76,5%

12

entre 2003 e 2015 (DIEESE, 2015). Por outro lado, indica que se mantém a elevada

desigualdade de renda na população metropolitana, considerando-se que metade

desta dispõe de no máximo pouco mais que o salário mínimo. Além disso, merece

menção o fato de que, considerando a série em análise, a partir de 2006, há

coincidência entre o valor de corte do quarto decil e o valor do salário mínimo,

indicando que 40% dos domicílios metropolitanos têm rendimento per capita de até

um salário mínimo. Assim, é dessa população que se trata na análise do segmento

de domicílios abaixo da mediana do rendimento domiciliar per capita metropolitano.

A diferenciação principal na condição de inserção dos componentes dos domicílios

desses dois segmentos são as taxas mais desfavoráveis para os componentes de

domicílios com rendimento per capita com valores abaixo da mediana metropolitana.

Estes apresentam taxas comparativamente mais baixas de participação, de

ocupação e taxas de desemprego comparativamente mais elevadas (Gráfico 4).

É bastante distinta também, quando comparados os segmentos abaixo e acima da

mediana da renda domiciliar metropolitana, a inserção ocupacional da PIA

(população em idade ativa) dos componentes familiares, que experimentam níveis

educacionais distintos e distintas oportunidades de trabalho, como se verá adiante.

Comparando-se inicialmente entre ambos os segmentos de renda o comportamento

das taxas indicativas da inserção no mercado para os componentes adultos

responsáveis pelo domicílio: responsável masculino, cônjuge e responsável

feminino, é possível identificar algumas coincidências de tendências, embora com

valores distintos (Gráfico 4). Iniciando pelo responsável masculino, as semelhanças

entre estes em ambos os segmento de rendimento domiciliar residem no

comportamento decrescente das taxas de participação e de ocupação e por

apresentarem taxas de desemprego comparativamente mais baixas que os demais

componentes familiares A principal diferença entre estes reside nas taxas de

ocupação e de desemprego: a taxa de ocupação do responsável masculino acima

da mediana é de 80% da respectiva PIA em 2006, passa a ser de 81% em 2011 e

oscila em torno de 80 entre 2013 e 2014, caindo para 79% no ano que se inicia a

recessão, 2015.

13

Gráfico 4 Taxas de participação, ocupação, desemprego e inatividade por posição na família Regiões Metropolitanas - 2001 – 2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana Participação (%)

Ocupação (%)

Desemprego (%)

Fonte: IBGE -Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP. (1) PIA: Pessoas de 10 anos e mais.

14

Entre os responsáveis masculinos no segmento de renda abaixo da mediana, a

maior taxa de ocupação foi registrada correspondendo ao período de recuperação

da economia, 2006, da ordem de 78%, com queda acentuada a partir de então,

mesmo no período de estabilidade entre 2011 e 2013, chegando ao valor mais

baixo, 67% no ano de 2015, primeiro ano da recessão.

Quanto ao desemprego, enquanto cerca de 6% da população economicamente ativa

(PEA) do responsável masculino abaixo da mediana está desempregada entre 2011

e 2013 (período de estabilidade), e 10,4% em 2015 - inicio da recessão -, entre

aqueles acima da mediana a taxa de desemprego é cerca de 1% entre 2011 e 2013

e de 1,3% em 2015 (Gráfico 4).

A comparação entre cônjuges dos dois segmentos de renda evidencia contrastes

maiores. Iniciando pela taxa de participação, observa-se que esta é muito mais

elevada no segmento acima da mediana, ascendente e não sofre oscilações no

período: em 2006 é 62%, entre 2011 e 2013 é superior a 64%, passando a ser

65,4% em 2014 e 65% em 2015. Comportamento distinto é observado na taxa de

participação das cônjuges abaixo da mediana, que se eleva no período de expansão

da economia para 50,4% em 2006, apresenta pequena queda e se mantém em 47%

entre 2011 e 2013, elevando-se novamente para 50,5%, em 2014; no ano recessivo

de 2015 cai para 48,7%. As responsáveis femininas abaixo da mediana apresentam

comportamento das taxas de participação e de ocupação semelhantes às cônjuges,

embora apresentassem taxas mais elevadas no início do período, entre 2001 e 2006

(Gráfico 4).

Esta constatação remete à análise de Leone sobre o período 2004-2013, na qual

evidencia que há redução na taxa de participação das mulheres apenas nos

domicílios com renda per capita inferior ao salário mínimo e constata que nos

domicílios com rendimento acima do salário mínimo a taxa de participação feminina

aumentou (Leone, 2018). Leone afirma ser importante levar-se em consideração o

nível socioeconômico das famílias no estudo da evolução da participação na

atividade econômica das mulheres, pois essa diferenciação também evidencia

experiências distintas no acesso ao trabalho relacionadas ao grau de escolaridade e

às dificuldades de conciliar o trabalho remunerado e as responsabilidades familiares.

A presente análise da taxa de ocupação dos componentes femininos responsáveis

pela família: cônjuge e responsável feminina, também evidencia comportamento

15

bastante distinto entre os dois segmentos de rendimento domiciliar. A taxa de

ocupação da cônjuge no segmento acima da mediana mostra tendência de

crescimento até 2014 (63,7%) com pequena redução em 2015 (62,9%); por sua vez,

a taxa de ocupação da responsável feminina apresenta comportamento de certa

estabilidade no período, mas com valores menores, o maior valor é verificado em

2014, da ordem de 58%, caindo para 57% em 2015.

No segmento abaixo da mediana, a taxa de ocupação da cônjuge é

comparativamente bastante mais baixa e apresenta elevação no período de

recuperação da economia, quando alcança 40% da PIA específica em 2006; oscila

em torno de 40% no período de estabilidade, 2011 e 2013; se eleva até 43,6% em

2014, para voltar aos 40% em 2015, sob a crise. A responsável feminina que

apresentava taxas mais elevadas em 2006, 51%, apresenta tendência de queda,

oscilando em torno de 45% entre 2011 e 2013, se eleva para 47% em 2014,

reduzindo-se novamente em 2015 para 44% (Gráfico 4).

A taxa de desemprego é muito mais baixa para cônjuges e responsáveis femininos

no segmento acima da mediana. No caso da cônjuge a taxa de desemprego cai

entre 2001 e 2006, quando é cerca de 5%, já refletindo a recuperação da economia

e atinge o menor valor em 2014, com 2,7%, elevando-se para 3,3% em 2015. São

mais baixas as taxas de desemprego das responsáveis femininas, em torno de 3%

até 2006, reduzindo-se a cerca de 2% entre 2011 e 2014, com pequena elevação

em 2015. Para aquelas abaixo da mediana são bastante elevadas as taxas de

desemprego. A cônjuge apresenta taxa de desemprego mais elevada, da ordem de

21%, no ano de 2006, que representa a etapa de recuperação da economia,

evidenciando sua mobilização para o mercado frente às novas possibilidades de

inserção; o sucesso se evidencia na redução da taxa de desemprego destas no

período de estabilidade, chegando em 2014 a 13,6%, ao passo que elevou-se sua

taxa de ocupação; experimenta entretanto nova elevação do desemprego no ano de

2015 (18,5%). As responsáveis femininas, apresentam taxas mais baixas de

desemprego, declinando até 2011, com taxas que oscilam cerca de 12% entre esse

ano e 2014; eleva-se novamente seu desemprego em 2015, quando apresenta taxa

de 16%.

A comparação das taxas indicativas da inserção no mercado dos filhos maiores de

18 anos, dos dois segmentos de domicílios sob análise, evidencia que embora as

16

taxas de participação sejam mais baixas para os filhos adultos do segmento de

domicílios abaixo da mediana, são também mais baixas suas taxas de ocupação e

portanto mais elevadas as taxas de desemprego, que chegam, em 2015, a cerca de

30% para os filhos adultos masculinos e 32% para os femininos, no segmento

abaixo da mediana; em contraste, no segmento acima da mediana, a taxa de

desemprego é de 9% para os filhos masculinos maiores e 10% para as filhas

maiores de 18 anos, no mesmo ano (Gráfico 4).

Como se viu, entre os anos 2014 e 2015 já se notam os efeitos da crise econômica

na redução das taxas de ocupação e na elevação do desemprego nas áreas

metropolitanas, comportamento que se mostra com maior intensidade entre os

domicílios com rendimento per capita abaixo da mediana metropolitana.

Observe-se que no segmento de domicílios com rendimento domiciliar per capita

acima da mediana são mantidas as taxas de participação das mulheres em posição

de cônjuges e de responsáveis femininos e são comparativamente menores as

reduções nas taxas de ocupação.

No segmento de domicílios abaixo da mediana metropolitana se identifica queda nas

taxas de participação e de ocupação da cônjuge e da responsável feminina em

oposição à manutenção dessas taxas para o segmento de domicílios acima da

mediana (Gráfico 4).

O nível de escolaridade tem um papel importante como facilitador do acesso ao

trabalho para os componentes familiares e a comparação da escolaridade das

pessoas de 15 anos ou mais evidencia desigualdades entre os domicílios abaixo e

acima da mediana do rendimento per capita.

Observa-se que no segmento abaixo da mediana de rendimento per capita

predomina o nível de escolaridade mais baixo (Gráfico 5). Nesses domicílios cerca

de metade dos adultos responsáveis pela família apresenta nível fundamental e

cerca de um terço tem nível médio, com destaque para as mulheres cônjuges com

42% com ensino médio nesse segmento de renda. No caso dos filhos adultos, mais

que a metade apresenta nível médio de ensino, com destaque para as filhas que

apresentam 61% nesse nível, menor proporção em nível de ensino fundamental e

21% em ensino superior, enquanto a média nesse segmento é de 8%.

Comparativamente, o nível de escolaridade do segmento de domicílios acima da

mediana é mais elevado para todos os componentes familiares: entre os

17

componentes adultos, cerca de um terço tem ensino médio e mais que um terço tem

nível superior. Entre os filhos adultos é mais elevada a proporção com ensino

superior: cerca de 48% dos filhos e 63% das filhas, enquanto a média desse

segmento é de 40% (Gráfico 5). Essa desigualdade na escolaridade possibilita

explicar as maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho entre os

componentes dos domicílios abaixo do rendimento per capita mediano, evidenciadas

nas taxas de ocupação e desemprego.

Gráfico 5 Distribuição das pessoas de 15 anos ou mais segundo nível de escolaridade e posição na família Regiões Metropolitanas - 2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP.

No entanto, não explica a desigualdade na inserção observada em ambos os

segmentos de renda em relação aos adultos masculinos e femininos responsáveis

pela família, revelada pelas taxas de participação, ocupação e desemprego (Gráfico

4). Constata-se que existe similaridade no nível educacional de responsáveis

masculinos e dos componentes femininos responsáveis pela família – chefes

femininos e cônjuges femininos –, não oferecendo, assim, explicação para a

diferenciação entre estes componentes nas restrições à inserção explicitadas nas

taxas de ocupação e desemprego e na distinta qualidade da inserção ocupacional.

Atribui-se aqui a desigualdade da inserção entre estes à divisão sexual do trabalho e

aos constrangimentos diferenciados das atribuições familiares relacionadas ao

gênero, bem como à discriminação do mercado em relação à mulher com

responsabilidade familiar.

18

A análise da PIA dos componentes familiares diferenciados por posição na família e

sexo, incluindo a condição de precariedade na ocupação também indica

especificidades que são explicadas pelas desigualdades associadas ao gênero e às

atribuições familiares. São identificadas para as mulheres-cônjuge e para as

mulheres-chefes de família, as maiores proporções absorvidas em trabalhos

precários, perfazendo quase a metade das ocupadas, bem como as taxas de

inatividade mais elevadas do que o responsável masculino e filhos e filhas maiores

de 18 anos, considerando-se os domicílios metropolitanos, constatados por análise

anterior (Montali, 2015). Constatou-se ainda que tais especificidades, quando

considerados a posição na família e gênero, são mantidas no período de

recuperação da economia, entre 2004 e 2014. Nesse período, gradualmente, eleva-

se o emprego não precário e se observa a redução do desemprego, para a

população em idade ativa, afetando positivamente a inserção dos componentes

familiares. No entanto, se, por um lado, eleva-se a inserção em empregos não

precários, por outro lado, observa-se a manutenção de elevada proporção de

ocupados em emprego precário, em especial para cônjuges femininos e chefes

femininos e de taxas de participação e de ocupação em níveis comparativamente

mais baixos em relação aos demais componentes familiares, inclusive quando

comparados ao outro componente feminino, as filhas adultas com atribuições

familiares distintas. Tais características da PIA foram também percebidas nesta

análise da inserção familiar considerando-se os segmentos de domicílios acima e

abaixo da mediana do rendimento domiciliar metropolitano e indicadas no gráficos 4

e 6.

Nesta análise que leva em conta os segmentos de domicílios acima e abaixo da

mediana do rendimento domiciliar metropolitano per capita, observam-se

características semelhantes no perfil de inserção dos componentes da família no

mercado de trabalho, reiterando, entretanto, as condições bastante mais favoráveis

para aqueles no segmento acima da mediana (Gráficos 4 e 6). São recorrentes, nos

dois segmentos, as especificidades de inserção no mercado por posição na família e

gênero, merecendo destaque as taxas de ocupação mais elevadas e também as

maiores proporções em ocupações não precárias para o chefe masculino e os filhos

adultos masculinos e femininos, comparativamente a às cônjuges e chefes

femininas, em ambos os segmentos.

19

Gráfico 6

Distribuição da PIA por tipologia de arranjo segundo situação ocupacional e condição de precariedade na ocupação Regiões Metropolitanas – 2001-2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP.

Devem ser mencionados os efeitos do início do período recessivo em 2015 sobre os

arranjos domiciliares de inserção, que como se viu, elevou o desemprego e a perda

de empregos formais, impactando o rendimento domiciliar per capita nas regiões

metropolitanas, que se reduz em 8,7% entre 2014 e 2015 (Montali, 2017). O gráfico

6 mostra o impacto desse momento de forma distinta nos dois segmentos de

domicílios, considerando-se os componentes domiciliares. Entre os componentes

dos domicílios do segmento mais pobre, comparativamente cai de forma mais

acentuada a taxa de ocupação e a proporção de ocupados não precários para todos

componentes da família, reduzindo-se, respectivamente, em 3,2 pontos percentuais

a taxa de ocupação e em 2,4% a ocupação não precária. Considerando-se a

posição na família, as maiores reduções na taxa de ocupação entre 2014 e 2015,

foram experimentadas pelo responsável masculino (4 pontos percentuais) e filhas e

filhas adultos (5,8% e 8,2%), seguidos pelo cônjuge (3,9) e responsável feminino

(2,5 p.p.). Os maiores recuos do emprego não precário foram sentidos também pelo

responsável masculino (3,6 pontos percentuais), filhos adultos (3,7 p.p os

masculinos e 5,2 p.p. os femininos). As mulheres cônjuge e responsáveis tiveram as

menores perdas na proporção em emprego não precário, da ordem de 1,5 p.p.,

embora tenham sofrido redução da taxa de ocupação.

Entre os domicílios acima da mediana do rendimento domiciliar per capita

20

metropolitano, são muito menores os impactos do inicio do período recessivo: a

redução da taxa de ocupação é da ordem de 1,9 pontos percentuais e a redução de

empregos não precários da ordem de 1,4 p.p.. Neste segmento se repetem os

menores impactos negativos para a ocupação das responsáveis femininas e

cônjuges femininas, redução da ordem de 1 p.p na taxa de ocupação e redução

cerca de 0,5 p.p. na ocupação não precária. São também muito pequenas as

reduções na ocupação não precária dos demais componentes: responsáveis

masculinos e filhos adultos, considerando-se a comparação 2014 e 2015, porque no

caso dos filhos adultos acima da mediana, essa cai a partir de 2013. Deve-se

observar que entre os 50% mais pobres, a redução do emprego não precário dos

filhos maiores de 18 anos já se inicia em 2011 (Gráfico 6).

Os arranjos domiciliares de inserção, analisados na população metropolitana,

evidenciam a crescente participação da cônjuge entre os ocupados da família e na

composição da renda domiciliar em todos os arranjos familiares nucleados pelo

casal, partilhando com o responsável masculino e filhos. No caso da mulher chefe

de família, esta manteve sua participação elevada entre os ocupados, partilhando

com filhos e parentes, ao passo que manteve sua posição de provedora principal do

domicílio. A conclusão de análise realizada por Montali, 2017 (p.125), sobre o

mesmo período, que já inclui informações sobre o inicio da recente crise econômica

no Brasil com impactos nas taxas de participação e de ocupação, bem como

elevação das taxas de desemprego para os componentes familiares, é que não são

observadas alterações significativas nos arranjos de inserção familiar, nem na

participação dos componentes domiciliares na composição dos rendimentos

familiares; sugerindo a continuidade do partilhamento da responsabilidade

predominantemente entre os componentes do casal e gradual redução na

participação dos filhos; no caso dos arranjos monoparentais, a continuidade do

partilhamento entre o responsável masculino ou feminino, filhos e outros parentes.

Na análise considerando as especificidades encontradas nos domicílios segundo

segmentos acima e abaixo da mediana, constata-se que essa tendência se mantém

em ambos os segmentos, tanto em relação ao crescimento da participação da

cônjuge entre os ocupados e na provisão da família, como no padrão de arranjo

domiciliar de inserção (Gráficos 7 e 8).

21

Entre os ocupados na família, comparativamente, no segmento abaixo da mediana

observa-se maior proporção dos responsáveis masculinos embora em declínio

(passa de 51% dos ocupados em 2001, para 45% em 2015), e menor proporção de

cônjuges, ainda que com acentuada tendência de crescimento de nove pontos

percentuais (26% em 2001 e 35% em 2015); maior presença de filhos menores de

18 anos e menor proporção de filhos maiores de 18 anos entre os ocupados (Gráfico

7). Esta característica da inserção domiciliar no mercado de trabalho está em grande

parte associada às características dos arranjos domiciliares preponderantes no

segmento abaixo da mediana, como se viu no item anterior, nas etapas iniciais do

ciclo de vida familiar e com maiores proporções de crianças e adolescentes.

Gráfico 7 Distribuição dos ocupados segundo posição na família e arranjo domiciliar * Regiões Metropolitanas – 2001 - 2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Fonte: IBGE - Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP (1) Pessoas de 10 anos e mais.

(2) Excluídos pensionistas, empregados domésticos e parentes de empregados domésticos. O total inclui outros arranjos

domiciliares.

(3) Arranjos familiares de chefes/responsáveis sem cônjuges excluem aqueles unipessoais.

(4) O Total inclui outros arranjos domiciliares

A principal especificidade constatada nos domicílios nucleados por casal, entre

aqueles com rendimentos acima da mediana, é a maior participação das cônjuges

entre os ocupados dos domicílios e dos filhos adultos, resultando em relativamente

menor peso da presença dos responsáveis masculinos (Gráfico 7). As tendências,

entretanto, são semelhantes à observada no segmento abaixo da mediana:

declinante para os responsáveis masculinos e crescente para as cônjuges além da

redução da proporção de filhos entre os ocupados da família.

22

Entre os arranjos nucleados pela responsável feminina há certa estabilidade no

arranjo de inserção familiar e no partilhamento da responsabilidade da manutenção

da família entre a responsável, filhos e parentes, com destaque para o crescimento

da participação da responsável feminina no segmento abaixo da mediana e redução

da participação dos filhos menores de 18 anos entre os ocupados da família (Gráfico

7).

A análise da participação dos componentes domiciliares na composição dos

rendimentos familiares evidencia o maior peso da renda dos responsáveis

masculinos nos arranjos domiciliares nucleados pelo casal e também da renda dos

responsáveis no caso dos arranjos monoparentais feminino e masculino (Gráfico 8),

recorrente em ambos os segmentos de domicílios com rendimentos abaixo e acima

da mediana metropolitana. Observe-se que nos arranjos nucleados por casal,

embora o maior peso da renda dos responsáveis masculinos, esta é declinante e se

reduz em 13 pontos percentuais naqueles domicílios acima da mediana e em 8

pontos percentuais naqueles com rendimentos superiores à mediana. Essa

tendência é observada em todos os tipos de arranjos diferenciados pelo momento do

ciclo vital e presença ou não de filhos.

Por outro lado, destaca-se em ambos os segmentos, nos arranjos domiciliares

nucleados pelo casal, o aumento constante e mais acentuado da participação da

cônjuge na composição da renda domiciliar. Naqueles do segmento abaixo da

mediana do rendimento metropolitano, o crescimento da participação da cônjuge na

composição da renda cresceu em 13,6 pontos percentuais entre 2001 e 2015,

passando de 19% em 2001 para 32,7% em 2015; naqueles acima da mediana, o

crescimento foi menos intenso, da ordem de 10 pontos percentuais: apresenta em

2001 participação um pouco mais elevada, 23,4%, chegando em 2015 com 33,5%.

Note-se que no último ano os valores da participação da cônjuge na renda domiciliar

são bastante próximos, comparando-se os domicílios situados em ambos os

segmentos de renda domiciliar.

23

Gráfico 8 Participação na massa da renda domiciliar segundo posição na família por tipologia de arranjos domiciliares Regiões Metropolitanas Brasileiras - 2001-2015

50% abaixo da mediana 50% acima da mediana

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP. (1) Pessoas de 10 anos e mais com rendimento.

(2) Excluídos pensionistas, empregados domésticos e parentes de empregados domésticos. O total inclui outros arranjos

domiciliares.

(3) Arranjos familiares de chefes/responsáveis sem cônjuges excluem aqueles unipessoais.

(4) O Total inclui outros arranjos domiciliares.

Considerações finais

Neste ensaio foi possível tratar da questão da relação família-trabalho em domicílios

em situação desigual de rendimento domiciliar per capita. A análise sobre os

primeiros quinze anos do século XXI, tendo por objeto a população metropolitana,

evidencia a crescente participação da mulher entre os ocupados da família e na

provisão domiciliar em ambos os segmentos de renda domiciliar analisados.

Sob a perspectiva da divisão sexual do trabalho que permeia as esferas da

produção e da reprodução definindo o lugar de homens e de mulheres em suas

relações sociais, são interpretadas a informações que sustentam a afirmação das

especificidades da inserção de homens e de mulheres em distintas posições no

domicílio. A análise no período 2001-2015 explicitou comportamentos específicos da

dinâmica da inserção no mercado de trabalho relacionado ao sexo e à posição na

família e tais especificidades se adensam quando as variáveis sobre nível

educacional e qualidade do emprego desenham perfis distintos para responsáveis

masculinos, responsáveis femininos e cônjuges femininos.

24

Também se definem os perfis dos filhos adultos diferenciados por sexo, explicitando

as formas de inserção dos mesmos e a forma como contribuem para a formação do

rendimento domiciliar.

Por fim, sob essa perspectiva da divisão sexual do trabalho e, considerando a

desigualdade de rendimento dos domicílios, definem-se os perfis de inserção por

posição na família e relações de gênero com grande semelhança entre os 50%

abaixo da mediana e os 50% acima da mediana. A grande diferenciação se mostra

na maior precariedade da inserção familiar naqueles domicílios no segmento inferior

de rendimento domiciliar. Esta diferenciação se por um lado pode ser explicada pelo

menor acesso aos níveis médio e superior de ensino, por outro, pode ser explicada

pelo maior constrangimento sofrido pelos responsáveis femininos da família:

cônjuges e chefes femininos. A maior proporção de crianças no segmento de

domicílios abaixo da mediana resulta da maior concentração nesse segmento de

domicílios nas primeiras etapas do ciclo de vida das famílias (“etapa da constituição”

e “etapa da consolidação”. Este fato e o menor acesso dos domicílios no segmento

abaixo da mediana a equipamentos e serviços de educação infantil explicam o maior

constrangimento no acesso a trabalho de qualidade e à obtenção de rendimento

pelas mulheres desse segmento responsáveis pelo domicílio: cônjuges e chefe

feminina. Este fato aponta para a necessidade de políticas sociais para famílias, que

venham interferir na reprodução do ciclo de efeitos negativos sobre a inserção de

mulheres responsáveis por domicílios e filhos do segmento abaixo da mediana, que

criem condições efetivas para que o rendimento de seu trabalho contribua para a

renda domiciliar e a superação das condições de pobreza.

Mudanças na divisão sexual do trabalho não têm sido observadas. A literatura

aponta para alguns avanços na divisão do trabalho doméstico, ainda de forma muito

tímida, por outro lado, reitera a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e na

remuneração do trabalho.

Assim, os constrangimentos relacionados à divisão sexual do trabalho se

manifestam também na inserção das mulheres responsáveis pelos domicílios no

segmento superior à mediana do rendimento domiciliar, ainda que de forma mais

atenuada e evidenciando menores constrangimentos ao trabalho destas, pela

possibilidade de remunerar apoio no cuidado, exercido por outras mulheres ou

instituições.

25

Para finalizar, é importante relembrar que os domicílios abaixo da mediana do

rendimento domiciliar per capita metropolitano dispõem de rendimentos de no

máximo pouco mais que um salário mínimo, retratando a desigualdade de renda nas

metrópoles brasileiras e os desafios para a redução desta.

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VIGNOLI, Jorge R.. Vulnerabilidad demográfica: una faceta de las desventajas sociales. Serie Población y Desarrollo. CELADE,CEPAL. Santiago-Chile, 2000.

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ANEXO 1

Valores de salário mínimo brasileiro (SM), valor da mediana do rendimento domiciliar per capita (RPC) e relação entre SM e mediana (1). Regiões metropolitanas brasileiras, 2001-2015

Ano Valor (R$) Valor da mediana da RPC (R$)

Relação Mediana/SM

2001 180 250 1,38

2006 350 405 1,17

2011 545 650 1,19

2012 622 740 1,19

2013 678 800 1,18

2014 724 900 1,24

2015 788 900 1,14

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Elaboração: NEPP/UNICAMP.

(1) Em valores nominais.