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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ BRUNA BOLGENHAGEN XAVIER DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE SISTEMAS NANODISPERSOS CONTENDO EXTRATO DOS FRUTOS DA Rapanea ferruginea Itajaí 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

BRUNA BOLGENHAGEN XAVIER

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA

DE SISTEMAS NANODISPERSOS CONTENDO EXTRATO DOS

FRUTOS DA Rapanea ferruginea

Itajaí

2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

BRUNA BOLGENHAGEN XAVIER

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA

DE SISTEMAS NANODISPERSOS CONTENDO EXTRATO DOS

FRUTOS DA Rapanea ferruginea

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profª. Dra. Angélica Garcia Couto

Itajaí, Março de 2015

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Dedicatória

A Deus, por me conduzir em toda trajetória e por

permitir que tudo pudesse ser realizado;

E a minha mãe, pelo apoio incondicional e por me fazer

acreditar que eu seria capaz.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela proteção do início ao fim, por ser meu principal guia e

me dar forças para seguir em frente mesmo perante as dificuldades;

A minha orientadora, Profª. Dra. Angélica, por ter aceitado me orientar, por

todo conhecimento compartilhado, ensinamentos, paciência, dedicação e amizade.

Ter sido sua orientanda trouxeram grandes aprendizados que serão levados como

exemplo, pois tenho imensa admiração por sua ética e profissionalismo;

Aos que foram minha motivação maior de chegar até aqui: minha mãe, por

ser a grande incentivadora para a realização dos meus sonhos, foi quem me ajudou,

acalmou e esteve presente em todos os momentos e meu pai, obrigada pelo amor,

incentivo, orações, suporte moral e financeiro e por acreditar na minha capacidade;

Aos meus irmãos que sempre estiveram ao meu lado, me encorajarando nas

horas difíceis e me aplaudindo em todas as conquistas;

A minha vó Eli por sempre estar presente e pelo apoio para meu crescimento

profissional, suporte financeiro, orações e todas as vibrações por minhas conquistas;

A minha vó Elenita, pelas orações, preocupações e pela paz e ao amor

transmitidos em suas visitas;

A minha prima Bettieli, que me acolheu e se tornou uma grande amiga,

compartilhando todas as vivências diárias;

Aos meus tios Nilza e Gegê e a minha prima Estela, que sempre me

receberam de portas abertas, me motivaram a continuar e me acolheram sempre

quando precisei;

Aos meus primos Márcia e Fábio, por estarem comigo desde o primeiro dia de

mudança, por me receberem em sua casa e pelo apoio de sempre;

As amizades que ganhei em minha vivência em Balneário Camboriú, obrigada

por serem excelentes companhias, por me proporcionarem momentos divertidos,

viagens e conversas;

As minhas amigas de longe, que sempre estiveram presentes, obrigada pelo

carinho, apoio e compreensão;

As minhas colegas de mestrado, aos professores, aos técnicos dos

laboratórios, ao pessoal da secretaria e aos alunos da graduação pela amizade,

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companheirismo, trocas de ideias e pela disposição em ajudar e auxiliar quando

preciso;

A Ionice, pelo auxílio, companheirismo e amizade ao longo do mestrado;

A Tailyn, pela parceria e amizade no presente estudo;

A Profª. Dra. Angela Malheiros pela disponibilidade dos frutos da R. ferruginea

e parceria no projeto;

A Profª. Dra. Márcia Maria de Souza pela ajuda nos testes farmacológicos;

A Profª. Dra. Joana Lea Meira Silveira da Universidade Federal do Paraná por

possibilitar as análises para caracterização das amostras;

A UNIVALI e ao suporte financeiro cedido pela CAPES, CNPQ e FAPESC

(PRONEM), pela oportunidade de realizar o mestrado;

Enfim, aqueles que não foram citados, mas que contribuíram de alguma forma

para a realização deste trabalho.

A todos vocês, meus sinceros agradecimentos.

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“Esforça-te e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor está contigo, por onde quer que andares.”

Josué:1.9

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DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE SISTEMAS NANODISPERSOS CONTENDO EXTRATO DOS

FRUTOS DA Rapanea ferruginea

Bruna Bolgenhagen Xavier Março/2015

Orientadora: Angélica Garcia Couto, Drª. Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas Número de Páginas: 117 A nanotecnologia é aplicada a diversas áreas, sendo de especial interesse quando se busca o aumento da efetividade nos tratamentos, sobretudo aliado ao potencial farmacológico das plantas medicinais. O extrato dos frutos da espécie vegetal Rapanea ferruginea tem despertado o interesse na pesquisa de desenvolvimento de fitoterápicos devido às suas propriedades antioxidante, cognitiva e anticolinesterásica. Neste extrato, foram identificados marcadores de grande interesse, o ácido mirsinoico A (AMA) e um triglicerídeo ainda não elucidado. O presente estudo teve por objetivo desenvolver sistemas nanoemulsionados contendo extrato mole dos frutos da R. ferruginea com avaliação da atividade antinociceptiva. A droga vegetal, as soluções extrativas (SE) e o extrato mole (EM) foram caracterizados por métodos farmacopeicos, cromatografia em camada delgada (CCD) e de alta eficiência (CLAE), avaliando-se o teor do marcador AMA, o sistema solvente e as condições extrativas em frutos maduros e imaturos. As SE foram avaliadas quanto à citotoxicidade por MTT. No EM a atividade antioxidante foi determinada pelo método de DPPH. Neste trabalho os sistemas foram otimizados a partir da seleção do óleo, do sistema tensoativo e dos métodos de preparo e de incorporação do EM, determinados em estudo prévio. As formulações previamente selecionadas foram submetidas ao estudo de estabilidade preliminar e acelerada. O EM, a formulação selecionada (SND – sistema nanodisperso) e o AMA foram avaliados por modelo in vivo de contorções abdominais induzidas por ácido acético, por via oral e intraperitoneal (i.p.). O perfil de CCD demonstrou a semelhança na composição dos frutos maduros e imaturos e o teor de AMA foi diretamente proporcional ao grau alcoólico. O etanol revelou-se o melhor sistema solvente, cujos extratos não foram citotóxicos e apresentaram atividade antioxidante (IC50 aprox. 20 µg/mL). No estudo de estabilidade preliminar e acelerada, os SNDs mostraram-se instáveis com o aumento de tamanho médio da fase interna, porém o teor de AMA em CLAE manteve-se relativamente constante. O ensaio farmacológico in vivo evidenciou que a atividade antinociceptiva foi potencializada para o EM incorporado no SND na dose de 100 mg/kg, tendo inibição do processo doloroso (IM) calculada para 61,2% via oral, quando comparado com o grupo controle. Em conclusão, o presente estudo demonstra que o SND, de tamanho médio da fase interna de 10 nm, contendo 5% de óleo, 10% de tensoativos e 1% do EM etanólico dos frutos da R. ferruginea aumentou o efeito antinociceptivo, representando um sistema com potencial contra a nocicepção. Palavras-chave: Nanodispersões. Rapanea ferruginea. Frutos. Antioxidante.

Antinociceptivo.

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TECHNOLOGICAL DEVELOPMENT AND BIOLOGICAL EVALUATION OF NANODISPERSION SYSTEMS CONTAINING EXTRACT OF

FRUITS OF Rapanea ferruginea

Bruna Bolgenhagen Xavier

March/2015

Supervisor: Angélica Garcia Couto, Drª. Area of Concentration: Natural Products and Sinthetic Bioactive Substances Number of Pages: 117 Nanotechnology is applied to various fields, and is of particular interest when seeking increased effectiveness in treatments, especially when combined with the pharmacological potential of medicinal plants. The extract of the fruit of the plant species Rapanea ferruginea has attracted interest in herbal development research because of its antioxidant, cognitive and acetylcholinesterase properties. In this extract, markers of great interest have been identified: mirsinoic acid A (AMA) and a triglyceride not yet elucidated. This study aimed to develop nanoemulsified systems containing soft extract of the fruits of R. ferruginea with evaluation of antinociceptive activity. The plant drug, extractive solutions (ES) and soft extract (SE) were characterized by pharmacopoeial methods, thin layer chromatography (TLC), and high performance (HPLC), evaluating the AMA marker content, the solvent system and extractive conditions in mature and immature fruit. The ES were evaluated for cytotoxicity by MTT. In the SE, antioxidant activity was determined by the DPPH method. In this work, the systems were been optimized through the selection of oil, surfactant system, and the methods of preparation and incorporation of SE, determined in a previous study. The previously selected formulations were submitted to the study of preliminary and accelerated stability. The SE, the selected formulation (NDS - nanodispersion system) and the AMA were evaluated through in vivo model of writhing induced by acetic acid, by the oral and intraperitoneal routes (i.p.). The TLC profile demonstrated similarity in the composition of mature and immature fruit, and the AMA content was directly proportional to the alcohol content. Ethanol proved to be the best solvent system, as its extracts were not cytotoxic and showed antioxidant activity (IC50 approx. 20 µg/ml). In the study of preliminary and accelerated stability, NDSs proved to be unstable with increasing average size of the inner phase, but AMA HPLC content remained relatively constant. The pharmacological testing in vivo showed that the antinociceptive activity was enhanced for the SE incorporated into the SND at a dose of 100 mg/kg, with inhibition of the painful process (IM) calculated for 61.2% via the oral route, compared with the control group. In conclusion, this study demonstrates that the NDS, of average size of the internal phase of 10 nm, containing 5% oil, 10% surfactant and 1% ethanolic SE of fruits of R. ferruginea, increased the antinociceptive effect, representing a system with potential against nociception. Keywords: Nanodispersions. Rapanea ferruginea. Fruits. Antioxidant.

Antinociceptive.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 Nanoemulsão do tipo O/A........................................................................ 34

Figura 2 Ilustração esquemática dos dois tipos de inversão de fases para a

preparação de nanoemulsões O/A.........................................................

36

Figura 3 Frutos maduros e imaturos da R. ferruginea.......................................... 39

Figura 4 Estrutura química dos ácidos mirsinoicos A e B, respectivamente...... 39

Figura 5 Teste de contorções abdominais............................................................ 49

Figura 6 Sistemas nanodispersos obtidos usando o diagrama pseudoternário... 62

Figura 7 Frutos maduros (1) e frutos imaturos (2) da R. ferruginea, antes (A) e

após a moagem (B).................................................................................

71

Figura 8 Distribuição granulométrica da droga vegetal- frutos maduros (FM) e

imaturos (FI) da R. ferruginea.................................................................

72

Figura 9 Soluções extrativas etanólicas (álcool 30, 50, 70, 90 e 96 ºGL)

contendo frutos maduros (1) e imaturos (2) da R. ferruginea.................

73

Figura 10 Cromatografia em camada delgada das soluções extrativas dos frutos

maduros (FM) e frutos imaturos (FI) da R. ferruginea nos diferentes

graus alcoólicos, utilizando como padrões o AMA e o AMB. Como

fase estacionária utilizou-se sílica gel (GF254) e, como fase móvel,

hexano:acetato de etila (6:4), após revelação com anisaldeído

sulfúrico e aquecimento..........................................................................

75

Figura 11 Exemplo de cromatograma das soluções extrativas dos frutos da R.

ferruginea por CLAE. Fase estacionária: coluna de fase reversa

Kinetex® C18 150 x 4,6 mm, com partículas core-shell com tamanho de

2,6 µm. Fases móveis: acetonitrila (ACN), metanol (MeOH) e água

acidificada com ácido fosfórico a pH 2,5. Leitura em comprimento de

onda = 260 nm........................................................................................

75

Figura 12 Cromatografia em camada delgada das soluções extrativas dos frutos

da R. ferruginea nos diferentes graus alcoólicos. Como fase

estacionária utilizou-se sílica gel (GF254) e, como fase móvel,

hexano:acetato de etila (6:4), após revelação com anisaldeído

sulfúrico e aquecimento..........................................................................

78

Figura 13 Teor de AMA (mg/g) para as soluções extrativas de álcool 70 °GL (A)

e álcool 96 °GL (B) dos frutos da R. ferruginea em relação à

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proporção droga:solvente (%) e ao tempo (h)........................................ 79

Figura 14 Viabilidade das células L929 expostas às soluções extrativas dos

frutos da R. ferruginea na concentração de 5 µg/mL, utilizando como

controle negativo meio DMEM e DMSO 0,01%......................................

80

Figura 15 A: Atividade antioxidante do EM álcool 96 °GL dos frutos da R.

ferruginea; B: Atividade antioxidante do ácido ascórbico (Vit. C)...........

83

Figura 16 Análise visual das formulações do diagrama pseudoternário após 24 h

de preparo. A: formulações com EM dos frutos da R. ferruginea; B:

formulações sem EM..............................................................................

87

Figura 17 Tamanho médio da fase interna (nm) dos sistemas nanodispersos

contendo extrato mole dos frutos da R. ferruginea (SND_EM) e dos

sistemas nanodispersos sem extrato mole (SND), em função da

proporção de óleo e tensoativo (%)........................................................

88

Figura 18 Análise da distribuição de tamanho médio da fase interna por

intensidade dos sistemas nanodispersos contendo EM dos frutos da

R. ferruginea...........................................................................................

90

Figura 19 Aspecto visual dos sistemas nanodispersos, 1.1, 2.1, 5.1 e 14.1,

respectivamente, submetidos ao estudo de estabilidade preliminar.......

91

Figura 20 Análise do tamanho médio das formulações contendo EM dos frutos

da R. ferruginea sujeitas ao estudo de estabilidade preliminar..............

92

Figura 21 Fotomicrografias (MET) dos SND1 EM 1% - Aumento 20000 (A),

SND1 sem EM - Aumento 40000 (B), SND14 EM 1% - Aumento

25000 (C), SND14 sem EM (D) - Aumento 20000 e SND14 EM 0,25%

- Aumento 25000 (E)...............................................................................

94

Figura 22 Análise visual dos SND1 com e sem EM dos frutos da R. ferruginea

submetidos ao estudo de estabilidade acelerada...................................

96

Figura 23 Análise do tamanho médio dos SND com e sem EM dos frutos da R.

ferruginea sujeitos ao estudo de estabilidade acelerada........................

97

Figura 24 Exemplo do perfil cromatográfico apresentado em todas as condições

e tempos analisados para os SND1 com e sem extrato mole da R.

ferruginea submetidos ao estudo de estabilidade acelerada..................

99

Figura 25 Perfil dos cromatogramas das amostras submetidas ao teste de

fotoestabilidade na radiação UVA em 260 nm e 280 nm,

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respectivamente...................................................................................... 101

Figura 26 Perfil dos cromatogramas das amostras submetidas ao teste de

fotoestabilidade na radiação visível em 260 nm e 280 nm,

respectivamente......................................................................................

101

Figura 27 Análise de agarose overlay para (1 e 4) extrato mole da R. ferruginea,

(2) SND1 sem EM, (3) controle negativo - meio DMEM, (4), (5) SND1

com EM 1%, (6) controle positivo – Triton X-100....................................

103

Figura 28 Efeito do extrato etanólico contendo os frutos de R. ferruginea (50 -

300 mg/kg), do AMA (40 mg/kg) e da indometacina (10 mg/kg)

administrados por via oral, sobre as contorções abdominais induzidas

por ácido acético (0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a

média dos experimentos (N=8) seguidas dos respectivos E.P.Ms.

Asteriscos (*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001) denotam significância

estatística quando comparado com o grupo controle (veículo). ANOVA

- Bon Ferroni...........................................................................................

104

Figura 29 Efeito do SND1 contendo extrato dos frutos da R. ferruginea (10 - 100

mg/kg) e da indometacina (10 mg/kg) administrados por gavagem (via

oral) sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético

(0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a média dos

experimentos (n = 8) seguidas dos respectivos E.P.Ms. Asteriscos

(**p<0,01; ***p<0,001) denotam significância estatística quando

comparado com o grupo controle (veículo). ANOVA - Bon

Ferroni.....................................................................................................

105

Figura 30 Efeito do SND1 contendo extrato dos frutos da R. ferruginea (100

mg/kg) e indometacina (10 mg/kg) administrados por via

intraperitoneal) sobre as contorções abdominais induzidas por ácido

acético (0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a média

dos experimentos (n = 8) seguidas dos respectivos E.P.Ms. Asteriscos

(***p<0,001) denotam significância estatística quando comparado com

o grupo controle (sistema sem incorporação do extrato). ANOVA - Bon

Ferroni.....................................................................................................

105

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Relação dos compostos isolados e identificados da R. ferruginea.......... 43

Quadro 2 Relação entre os compostos isolados e atividade farmacológica da R.

ferruginea................................................................................................

44

Quadro 3 Relação de modelos utilizados nos estudos farmacológicos da R.

ferruginea................................................................................................

45

Quadro 4 Planejamento fatorial para o desenvolvimento das soluções extrativas. 56

Quadro 5 Gradiente empregado para análise em CLAE das soluções extrativas

da R. ferruginea......................................................................................

59

Quadro 6 Quantidades dos componentes do diagrama pseudoternário................ 63

Quadro 7 Composição das formulações submetidas ao espalhamento de luz

multi-ângulos...........................................................................................

66

Quadro 8 Classificação do grau de reatividade...................................................... 68

Quadro 9 Divisão dos grupos experimentais para a realização do teste

farmacológico de nocicepção induzida por ácido

acético.....................................................................................................

69

Quadro 10 Características físicas das formulações do diagrama pseudoternário

após centrifugação..................................................................................

87

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 Caracterização dos frutos maduros e imaturos moídos da R.

ferruginea.................................................................................................

72

Tabela 2 Rendimento (%), pH, resíduo seco (%), teor do AMA (mg/g) e área do

pico referente ao TGL das soluções extrativas a partir dos frutos

maduros e imaturos da R. ferruginea, variando-se o solvente de

extração..................................................................................................

74

Tabela 3 Rendimento (%), pH , resíduo seco (%), teor do AMA (mg/g) e área do

pico referente ao TGL das soluções extrativas dos frutos da R.

ferruginea na maximização do processo extrativo..................................

77

Tabela 4 Caracterização da solução extrativa a 5% (m/v) e extrato mole dos

frutos da R. ferruginea preparados com álcool 96 °GL, 5 h de

extração..................................................................................................

81

Tabela 5 Caracterização das formulações do diagrama pseudoternário quanto

ao tamanho médio da fase interna por número e PDI............................

89

Tabela 6 Resultados do estudo de estabilidade preliminar dos sistemas

nanodispersos (1.1, 2.1, 5.1 e 14.1).......................................................

93

Tabela 7 Comparação do tamanho médio da fase interna entre Goniômetro e

ZetaSizer Nano ZS..................................................................................

95

Tabela 8 Análise do PDI, potencial zeta e pH dos SND sujeitos ao estudo de

estabilidade acelerada............................................................................

98

Tabela 9 Análise por CLAE do sistema nanodisperso SND1 contendo 1% de

extrato mole dos frutos da R. ferruginea submetidos ao estudo de

estabilidade acelerada............................................................................

100

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LISTA DE ABREVIATURAS AA = Atividade Antioxidante

Abs = Absorbância

AMA = Ácido mirsinoico A

AMB = Ácido mirsinoico B

ANOVA = Análise de Variância

ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária

C+ = Controle Positivo

C- = Controle Negativo

CCD = Cromatografia em Camada Delgada

CIM = Concentração Inibitória Mínima

CLAE = Cromatografia de Alta Eficiência

DMEM = Dulbecco's Modified Eagle Medium

DMSO = Dimetilsulfóxido

DPPH = 1,1-difenil-2-picrilhidrazina

EHL = Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo

EM = Extrato Mole

E.P.M. = Erro Padrão Médio

FI = Frutos Imaturos

FM = Frutos Maduros

IC50 = Concentração com inibição de 50%

IM = Inibição do processo doloroso

MET = Microscopia Eletrônica de Transmissão

NIQFAR = Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas

MTT = Brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio]

PIC = Phase Invertion Composition

PIT = Phase Invertion Temperature

PDI = Índice de Polidispersividade

SE = Solução Extrativa

SND = Sistema Nanodisperso

TGL = Triglicerídeo

UVA = Ultravioleta A

Vis = Visível

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 29

2 OBJETIVOS.......................................................................................... 31

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 31

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 31

3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................... 32

3.1 Nanoemulsões ................................................................................................... 33

3.1.1 Métodos de obtenção das nanoemulsões ................................................... 35

3.2 Rapanea ferruginea ........................................................................................... 37

3.3 Mecanismos de oxidação e Antioxidantes ...................................................... 46

3.4 Atividade antinociceptiva ................................................................................. 47

4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 51

4.1 Material ............................................................................................................... 51

4.1.1 Droga vegetal .................................................................................................. 51

4.1.2 Reagentes e materiais .................................................................................... 51

4.1.3 Equipamentos ................................................................................................. 52

4.2 Métodos .............................................................................................................. 54

4.2.1 Caracterização da droga vegetal................................................................... 54

4.2.1.1 Perda por dessecação ................................................................................ 54

4.2.1.2 Determinação de cinzas totais ................................................................... 54

4.2.1.3 Determinação de cinzas insolúveis em ácido ........................................... 54

4.2.1.4 Análise granulométrica ............................................................................... 55

4.2.2 Obtenção dos derivados vegetais: da droga vegetal ao extrato mole ...... 55

4.2.3 Caracterização físico-química dos derivados vegetais .............................. 57

4.2.3.1 Determinação do rendimento ..................................................................... 57

4.2.3.2 Determinação do pH .................................................................................... 57

4.2.3.3 Determinação do resíduo seco .................................................................. 57

4.2.3.4 Análise do perfil cromatográfico dos derivados vegetais por CCD ........ 57

4.2.3.5 Quantificação do marcador por CLAE ....................................................... 58

4.2.3.6 Avaliação da citotoxicidade por MTT ........................................................ 59

4.2.3.7 Determinação da atividade antioxidante por DPPH (1,1-difenil-2-

picrilhidrazina) ......................................................................................................... 60

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4.2.3.8 Determinação do coeficiente de partição do extrato ............................... 61

4.2.4 Pré-formulação e otimização dos sistemas nanoedispersos ..................... 61

4.2.6 Estudo de estabilidade e caracterização das formulações ........................ 64

4.2.6.1 Características organolépticas (aspectos físicos) ................................... 65

4.2.6.2 Determinação do pH .................................................................................... 65

4.2.6.3 Análise morfológica por microscopia eletrônica de transmissão (MET) 65

4.2.6.4 Análise morfológica e de propriedades de superfície ............................. 65

4.2.6.5 Perfil cromatográfico e teor em CLAE ....................................................... 66

4.2.6.6 Estudo de fotoestabilidade ......................................................................... 67

4.2.6.7 Avaliação da segurança do extrato mole da R. ferruginea e sistemas

nanodispersos ......................................................................................................... 67

4.3 Ensaio farmacológico ....................................................................................... 68

4.3.1 Animais ........................................................................................................... 68

4.3.2 Drogas e Tratamento ...................................................................................... 69

4.3.3 Nocicepção induzida por Ácido Acético ...................................................... 70

4.4 Análise estatística ............................................................................................. 70

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 71

5.1 Droga vegetal ..................................................................................................... 71

5.3 Maximização do processo extrativo ................................................................ 76

5.4 Caracterização dos derivados vegetais obtidos com álcool 96 °GL............. 79

5.4.1 Determinação da citotoxicidade pelo método MTT ..................................... 79

5.4.2 Caracterização físico-química do extrato mole selecionado ...................... 81

5.4.3 Determinação da atividade antioxidante por DPPH (1,1-difenil-2-

picrilhidrazina) ......................................................................................................... 82

5.4.4 Coeficiente de partição óleo/água ................................................................ 84

5.5 Desenvolvimento de sistemas nanodispersos ............................................... 85

5.6 Estabilidade preliminar ..................................................................................... 91

5.7 Caracterização dos sistemas nanodispersos ................................................. 93

5.7.1 Análise morfológica por microscopia eletrônica de transmissão ............. 93

5.7.2 Espalhamento de luz dinâmico multi-ângulos ............................................. 95

5.8 Estabilidade acelerada da formulação selecionada ....................................... 96

5.8.1 Análise dos sistemas nanodispersos por CLAE ......................................... 99

5.9 Fotoestabilidade .............................................................................................. 100

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5.10 Avaliação da segurança do extrato mole da R. ferruginea e sistemas

nanodispersos ....................................................................................................... 102

5.11 Análise farmacológica .................................................................................. 103

6 CONCLUSÕES ................................................................................... 107

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 109

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1 INTRODUÇÃO

A nanotecnologia mostra-se promissora para diversas áreas de pesquisa e

aplicação. Trata-se de uma ciência fundamentada na capacidade de caracterizar,

manipular e organizar materiais em escala nanométrica, cujo processo de

preparação e tamanho diminuto lhes conferem propriedades químicas, físico-

químicas e comportamentais diferenciadas, como o movimento browniano, e a

estabilização estérica, que reduzem a atuação da força da gravidade e resultam em

estabilidade por um longo período de tempo (FDA, 2014; FRONZA et al., 2007; LEE,

2004; RSRAE, 2004).

Na área farmacêutica, a nanotecnologia pode estar presente na forma de

nanoemulsões, que constituem uma classe de emulsões com gotículas uniformes,

com até 500 nm. As características peculiares das nanoemulsões, tanto de

formulação como de processo e produto, tem se tornado um atrativo do ponto de

vista industrial, popularizando-se como veículos para a dispersão otimizada de

fármacos para medicamentos e de ativos para cosméticos (ANTON; BENOIT;

SAULNIER, 2008; GUTIÉRREZ et al., 2008; SOLÈ et al., 2006; SONNEVILLE-

AUBRUN; SIMONNET; L’ALLORET, 2004; TADROS et al., 2004; XIN et al., 2013).

Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2010), a

pesquisa científica em nanotecnologia no setor cosmético e farmacêutico tem

apresentado crescimento expressivo no Brasil, o qual pode ser observado pelo

número de publicações em periódicos nacionais e internacionais indexados e de

considerável impacto. As pesquisas referem-se principalmente à avaliação de

eficácia, segurança e estabilidade de produtos envolvendo novas substâncias ativas

com finalidades terapêuticas.

O desenvolvimento de formulações contendo extratos vegetais tem sido

intensamente valorizado, devido às atividades benéficas que a composição de

princípios ativos presentes nestes extratos podem exercer e pelo conceito de que

são seguros e biocompatíveis, fatores que reforçam a atual tendência de utilização

de produtos naturais (BLOISE, 2003; OYEDEJI; OKEKE, 2010; SANTOS et al.,

2007). Atualmente, dá-se também importância aos frutos presentes nas espécies

vegetais, que além de possuírem um grande valor nutritivo, apresentam efeitos

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medicinais, estando entre os maiores agentes terapêuticos obtidos da natureza (IHA

et al., 2008).

Nesse contexto, considerando a importância dos fatores existentes, este

trabalho visa explorar o potencial de uma espécie vegetal denominada Rapanea

ferruginea, que tem sido estudada pelos pesquisadores do Núcleo de Investigações

Químico-Farmacêuticas (NIQFAR) da Universidade do Vale do Itajaí. Esta pertence

à família Myrsinaceae e apresenta-se como arbustos ou árvores de pequeno porte,

com folhas elípticas e frutos arredondados, pequenos e de coloração negro-

arroxeada quando maduros. É popularmente conhecida como capororoca, azeitona-

do-mato, camará, capororocaçu, capororoca-vermelha, pororoca e capororoca-mirim

e pode ser encontrada em todo sul do Brasil (PASCOTTO, 2007).

Os estudos existentes com a Rapanea ferruginea têm demonstrado

resultados positivos quanto à sua capacidade antioxidante dentre outras atividades

farmacológicas a partir de extratos dos frutos, caules e cascas, dos quais já foram

isolados os compostos ácido mirsinoico A (AMA), ácido mirsinoico B (AMB) e um

triglicerídeo (TGL) ainda não elucidado (ANTONIALLI, 2009; BACCARIN, 2010;

BARRETTA, 2011; COSTA, 2011; GALVAN, 2007; GAZONI, 2009; HESS, 2006).

Considerando os benefícios do emprego de extratos vegetais como agentes

terapêuticos, associados às vantagens da nanotecnologia, ao melhorar a sua

biodisponibilidade e potencializar a ação farmacológica, este trabalho teve por

objetivo o desenvolver sistemas nanodispersos contendo o extrato etanólico dos

frutos da Rapanea ferruginea e avaliar sua atividade antinociceptiva, pelo modelo de

contorções abdominais indizidas pelo ácido acético em camundongos.

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31

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver sistemas nanodispersos contendo extrato dos frutos da Rapanea

ferruginea e avaliar a atividade antinociceptiva dos sistemas em modelo

farmacológico in vivo.

2.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar a droga vegetal por meio de ensaios farmacopeicos;

- Obter e caracterizar os derivados vegetais (soluções extrativas e extrato mole) dos

frutos de Rapanea ferruginea, analisando as características físicas e químicas, como

resíduo seco, pH, perfil em CCD e CLAE,

- Avaliar a citotoxicidade in vitro das soluções extrativas;

- Avaliar a atividade antioxidante e o coeficiente de partição do extrato mole;

- Otimizar a obtenção dos sistemas nanodispersos, usando diagrama

pseudoternário, a partir das condições selecionadas em estudo anterior;

- Caracterizar os sistemas nanodispersos selecionados e avaliar a sua estabilidade

preliminar e acelerada;

- Avaliar a atividade antinociceptiva do extrato mole, AMA e sistema nanodisperso.

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33

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Nanoemulsões

Ao longo das últimas décadas, extensas pesquisas têm mantido o foco em

nanotecnologia, que compreende a habilidade de caracterizar, manipular e organizar

materiais em escala nanométrica (1 x 10-9 m) (ARMAREGO; CHAI, 2013; LEE, 2004;

NSET, 2000) e que se mostra amplamente promissora em diversas áreas da ciência

e tecnologia (ANTON; BENOIT; SAULNIER, 2008; FDA, 2014; TAYLOR;

OTTEWILL, 1994), como a de medicamentos e cosméticos (PASCHOALINO;

MARCONE; JARDIM, 2010).

Atualmente, um grande número de produtos farmacêuticos de base

nanotecnológica estão disponíveis no mercado mundial e podem estar presentes na

forma de nanoemulsões, como são mais comumente denominadas. Para o uso de

medicamentos destinados a via oral, as nanoemulsões tornam-se interessantes

alternativas como sistemas de liberação de fármacos, aumentando a

biodisponibilidade, a eficácia terapêutica e diminuindo os efeitos adversos (ALVES;

POHLMANN; GUTERRES, 2005; MCCLEMENTS, 2011).

Uma nanoemulsão pode ser considerada uma emulsão convencional

contendo gotículas muito pequenas (MCCLEMENTS, 2012; XIN et al., 2013). Na

literatura, ainda não há um consenso quanto ao tamanho nanométrico de gotículas

das nanoemulsões, que variam até 500 nm, estabelecidas com base em critérios de

propriedades ópticas e de aplicação pretendida (FRONZA et al., 2007; LIU et al.,

2011; SOLANS; SOLÉ, 2012; SUTRADHAR; AMIN, 2013; YILMAZ; BORCHERT,

2005).

Usualmente, a nanoemulsão é uma preparação constituída por óleo, água,

tensoativo e possivelmente um co-tensoativo. Podem ser do tipo óleo-em-água (O/A)

ou água-em-óleo (A/O), dependendo se o óleo é disperso como gotículas em água,

ou vice versa. Considerando que nanoemulsões do tipo O/A vêm sendo usadas para

formulações cosméticas e medicamentosas, é de fundamental importância saber

que uma nanoemulsão O/A consiste em pequenas gotículas compostas de óleo na

fase interna e tensoativos dispersos dentro de um meio aquoso (Figura 1), podendo

aumentar a solubilidade de uma quantidade considerável de fármacos lipossolúveis

no domínio hidrofóbico da fase interna oleosa e, portanto apresenta potencial de

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aplicação terapêutico como transportadores destes fármacos (MCCLEMENTS,

2012).

Figura 1 – Nanoemulsão do tipo O/A.

Fonte: CHAUDHARY; GAUTAM; KUMAR, 2014.

Devido ao seu tamanho característico, nanoemulsões são transparentes ou

translúcidas a olho nu (quando o tamanho médio da fase interna é menor que 30

nm) e possuem estabilidade frente à sedimentação ou formação de cremeação,

sendo cineticamente estáveis. A elevada estabilidade coloidal pode ser

compreendida a partir da estabilização estérica das nanoemulsões (TADROS et al.,

2004; MCCLEMENTS, 2012; XIN et al., 2013), caracterizadas por uma excelente

estabilidade em dispersão, devido ao tamanho das gotas, uma vantagem

fundamental para aplicação industrial (ANTON et al., 2007). No entanto, a principal

causa de instabilidade cinética é devido à maturação de Ostwald, isto é, a difusão de

gotículas pequenas para gotas maiores, que ocorre quando o óleo possui alguma

solubilidade com a fase aquosa, fazendo com que a nanoemulsão perca sua

transparência com o tempo, tendo então como resultado, o aumento de tamanho

das gotículas. Este fenômeno pode ser evitado com a adição de uma segunda fase

de óleo com uma solubilidade muito baixa em água, ou adição de tensoativos não-

iônicos, e/ou polímeros, que são insolúveis em meio aquoso e fortemente adsorvidos

na interface O/A (ANTON; VANDAMME, 2009; SOLANS, SOLÉ, 2012; TADROS et

al., 2004).

Segundo Tadros et al. (2004) e Sutradhar e Amin (2012), as vantagens das

nanoemulsões em relação às emulsões tradicionais em função do tamanho diminuto

das gotículas são explicados devido aos seguintes fenômenos:

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- o movimento browniano que é capaz de superar a força da gravidade, diminuindo

fenômenos de instabilidade como cremeação e sedimentação;

- a redução dos efeitos de floculação, fazendo com que o meio permaneça disperso

sem separação;

- o aumento da biodisponibilidade e a solubização de ativos lipofílicos quando

administrados via oral;

- a possível penetração na superfície da pele, melhorando a penetração de ativos,

sendo que a grande área de superfície deste sistema aumenta a superfície de

contato, permitindo uma rápida penetração dos ativos, além da capacidade de

distribuição eficiente desses ativos pela pele.

Na literatura, ainda existem algumas divergências relacionadas aos conceitos

de nanoemulsões e microemulsões, uma vez que são sistemas coloidais, formados

por tensoativo, água e óleo e apesar do termo “micro”, as microemulsões também

apresentam gotículas de tamanho nanométrico e características estruturais e visuais

semelhantes às nanoemulsões em determinadas condições. A principal diferença se

refere à estabilidade termodinâmica, pois enquanto que microemulsões são sistemas

termodinamicamente estáveis, nanoemulsões são termodinamicamente instáveis

(BRUXEL et al., 2012; MCCLEMENTS, 2012).

3.1.1 Métodos de obtenção das nanoemulsões

As nanoemulsões são formadas através de métodos que envolvem alta ou

baixa energia de emulsificação (IZQUIERDO et al., 2005; PEY et al., 2006; SOLANS;

SOLÉ, 2012).

Os métodos de alta energia de emulsificação utilizam homogeneizadores de

alta pressão ou geradores de ultrassom para promover o cisalhamento capaz de

deformar a gotícula. A aplicação de alta energia gera forças que podem romper as

gotas de fase dispersa, de forma que a diferença entre as pressões interna e externa

da gota seja superada (Lei de Young-Laplace). Estas técnicas permitem melhor

controle da granulometria e ampla escolha de constituintes. Contudo, os

equipamentos são de alto custo, limitando a viabilidade industrial destes processos

(FERNANDEZ et al., 2004; SOLANS; SOLÉ, 2012).

Os métodos de baixa energia de emulsificação empregam a energia química

armazenada no sistema e podem ser classificados quanto à inversão ou não de fase

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da curvatura espontânea do tensoativo produzido durante a emulsificação (ANTON;

VANDAMME, 2009). A formação de nanoemulsão desencadeada pela rápida

difusão do tensoativo e/ou moléculas de solvente a partir da fase dispersa na fase

contínua, sem envolver uma alteração da curvatura espontânea do tensoativo é

referida como "auto-emulsão". O método de emulsificação espontânea é utilizado na

indústria farmacêutica para se obter nanoemulsões O/A como veículos para

fármacos lipofílicos em um meio aquoso, com baixo consumo de energia. Quando

ocorrem alterações na curvatura espontânea do tensoativo durante o processo de

emulsificação, estes são designados como "métodos de inversão de fase", podendo

ocorrer à temperatura constante, variando-se a composição do sistema (Phase

Inversion Composition - PIC) ou à composição constante, variando-se a temperatura

do sistema (Phase Inversion Temperature – PIT), conforme mostra a Figura 2

(FERNANDEZ et al., 2004; PORRAS et al., 2008; SOLANS; SOLÉ, 2012).

Figura 2 - Ilustração esquemática dos dois tipos de inversão de fases para a preparação de nanoemulsões O/A.

Nota: A linha preta sólida marca o local de inversão e as linhas pontilhadas a zona de histerese. Fonte: FERNANDEZ et al., 2004.

O método de temperatura de inversão de fases (PIT) está baseado na

mudança da solubilidade dos tensoativos com a mudança na temperatura do

sistema forçando uma transição da emulsão A/O em altas temperaturas para uma

emulsão O/A em baixas temperaturas. Pode ser aplicado somente a tensoativos

sensíveis a mudanças de temperatura, como os tensoativos não-iônicos

polietoxilados em que o aumento na temperatura induz uma desidratação das

cadeias de poli (oxietileno), ou seja, as pontes de hidrogênio entre os átomos de

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oxigênio desses grupos e os átomos de hidrogênio da água deixam de ocorrer,

modificando sua afinidade pelas fases aquosa e oleosa (SOLANS; SOLÉ, 2012).

Este método consiste em preparar a nanoemulsão na sua temperatura de inversão

de fase ou equilíbrio de temperatura hidrófilo-lipófilo (EHL), onde as propriedades

hidrofílicas e lipofílicas do sistema são equilibradas (a curvatura espontânea média

das moléculas de surfactante é zero) e se atinge uma mínima tensão interfacial, para

promover a emulsificação, o que predispõe a formação de gotículas finamente

dispersas. Pela técnica PIT são formadas emulsões com tamanho de gotícula muito

pequeno que apresentam ótima estabilidade (FERNANDEZ et al., 2004;

MCCLEMENTS, 2011; TADROS et al., 2004).

A concentração de eletrólitos e as mudanças nos valores de pH são fatores

que também devem ser considerados, pois podem interferir na afinidade do

tensoativo pela fase aquosa ou oleosa, bem como o grau de etoxilação dos

tensoativos não-iônicos, pois quanto maior for o grau de etoxilação (e

consequentemente elevados valores de EHL), maior será a temperatura de inversão

de fases (IZQUIERDO et al., 2005; MCCLEMENTS, 2011; TADROS et al., 2004).

A técnica da variação da composição do sistema (PIC) também pode

promover a transição espontânea no raio da curvatura. Pela sucessiva adição de

água na fase oleosa, formam-se glóbulos de água nesta fase contínua. Aumentando

o volume da fração de água ocorre uma mudança espontânea na curvatura das

moléculas de tensoativo, denorminada inversão de fases catastrófica, causando

inversão de emulsão A/O para O/A, onde a mínima tensão superficial é atingida,

facilitando a formação de pequenas gotículas. Este método de emulsificação ocorre

à temperatura constante, sem a necessidade de aquecimento da amostra a uma

determinada temperatura (SOLANS; SOLÉ, 2012).

3.2 Rapanea ferruginea

A Rapanea ferruginea é uma espécie vegetal pertencente à família

Myrsinaceae, que consiste aproximadamente de 44 gêneros e 1400 espécies de

árvores e arbustos (LORENZI, 2000). As espécies são caracterizadas pela presença

de compostos como 2,5-di-hidroxi-3-alquilbenzoquinonas e uma série de

triterpenoides baseados nos esqueletos oleanano e/ou ursano (MANGURO et al.,

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2003). No Brasil encontram-se 8 gêneros e cerca de 70 espécies (LORENZI;

SOUZA, 2000).

Plantas da família Myrsinaceae têm sido conhecidas por apresentar inúmeras

propriedades farmacológicas interessantes, como atividades anti-inflamatória,

antiviral, antitumoral, citotóxica e leishmanicida (AL-MEKHLAFI et al., 2012).

Adicionalmente, um estudo realizado com uma espécie desta família, a Labisia

pumila, demonstrou que o extrato possui alto potencial antioxidante e fotoproteção

às células cutâneas contra a radiação ultravioleta, extendendo a sua aplicação como

produto cosmético (CHOI et al., 2010; CHUA et al., 2011; MUKHERJEE et al., 2011).

O gênero Rapanea ou Myrsine é representado morfologicamente por árvores

de pequeno a médio porte, folhas simples alternadas no caule, encontrado perto de

áreas litorâneas (LORENZI, 2000). Os derivados de ácidos benzoicos diprenilados

têm sido os principais compostos isolados a partir deste gênero, incluindo os ácidos

mirsinoicos A, B, C, E e F. Estes compostos têm demonstrado atividade analgésica e

anti-inflamatória (BACCARIN, 2010). Há também estudo relatado com a espécie

deste gênero na área cosmética, a espécie denominada Myrsine africana é utilizada

na forma de pó para suspensão aquosa como tônico de pele e seu extrato já foi

estudado para tingimento de fibras de queratina e uso cosmético como

despigmentante, em função da presença de compostos fenólicos como seus

constituintes químicos (MOMTAZ; LALL; BASSON, 2008).

Para a espécie Rapanea ferruginea dois sinônimos são encontrados na

literatura botânica: Myrsine floculosa e Gaballeria ferruginea, no entanto, o nome

científico válido é Rapanea ferruginea (LORENZI, 1992). A R. ferruginea é uma

espécie pantropical e possui ampla distribuição pelo território brasileiro, estando

presente nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sua distribuição estende-se a

outras regiões da América do Sul, em países como a Bolívia, México, Argentina,

Paraguai e Uruguai (SPATHELF et al., 2001).

A R. ferruginea é uma planta popularmente conhecida como canela-azeitona,

azeitona-do-mato, camará, capororocaçu, capororoca-vermelha, pororoca,

capororoca, capororoca-mirim. Apresenta-se como um arbusto de pequeno a médio

porte, e ocorre em quase todas as formações vegetais, principalmente nas encostas

e beiras de córregos, floresce duas vezes ao ano, podendo estar com flores e frutos

maduros na mesma árvore. Os frutos são pequenos, geralmente com 3-5 mm

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diâmetro, globulosos e de coloração negro-arroxeada quando maduros (Figura 3);

apresentam uma única semente e um pericarpo delgado (PASCOTTO, 2007). Os

frutos maduros são produzidos anualmente em grande quantidade, possuem alto

poder de germinação e servem de alimento para diversas aves (SPATHELF et al.,

2001).

Figura 3 – Frutos maduros e imaturos da R. ferruginea.

Fonte: KUHLMANN, 2012.

A planta apresenta uma concentração significativa de ácidos benzoicos

prenilados. Dentre estes, o ácido mirsinoico A (AMA) e o ácido mirsinoico B (AMB)

apresentam-se como os principais componentes do metabolismo secundário desta

espécie (Figura 4). O AMA é um composto fenólico encontrado principalmente nos

frutos, estando o AMB em maior concentração em outras partes da R. ferruginea,

como as cascas (COSTA, 2011).

Figura 4 – Estrutura química dos ácidos mirsinoicos A e B, respectivamente.

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Na literatura há quatro espécies do gênero Rapanea estudadas no Brasil,

sendo três destas espécies relatadas no estudo de Januário et al. (1992), as quais

são designadas R. umbellata, R. lancifolia e R. guyanensis, da qual foram isolados

os ácidos mirsinoicos A, B e C e dois compostos triterpenoides, e a R. ferruginea

que vem sendo estudada na Universidade do Vale do Itajaí.

Stieven (2005) avaliou o efeito hipoglicemiante do extrato bruto clorofórmico

da R. ferruginea sobre a liberação de insulina em animais normoglicêmicos. Os

resultados indicaram que a administração do extrato nas concentrações de 200 e

300 mg/kg apresentou perfil semelhante à glibenclamida, fármaco utilizado na

terapêutica do diabetes, enquanto que a dose de 1000 mg/kg não apresentou o

mesmo perfil farmacológico, indicando que a Rapanea ferruginea pode atuar na

liberação de insulina em baixas concentrações.

Turmina (2005) realizou estudo fitoquímico das cascas da R. ferruginea e

determinou a estrutura dos metabólitos mais abundantes por meio de técnicas

cromatográficas e espectroscópicas (infravermelho e ressonância magnética

nuclear). O extrato clorofórmico permitiu o isolamento do AMB e de compostos

sugestivos como álcool de cadeia longa, e outros três compostos que indicam ser

derivados de ácido benzoico prenilado.

Hess (2006) avaliou a atividade antinociceptiva do AMB extraído da Rapanea

sp. Os resultados indicaram que o AMB, quando testado nas doses de 3 – 60 mg/kg

via intraperitoneal e 150 – 500 mg/kg via oral, apresentou importante efeito

antinociceptivo evidenciado em diversos modelos experimentais de dor em

camundongos, o que torna este composto e seus análogos atraentes para o estudo

e desenvolvimento de fármacos analgésicos.

Galvan (2007) avaliou a atividade anti-hiperalgésica do extrato bruto

clorofórmico de R. ferruginea e do composto isolado AMB na dor neuropática

diabética, visando contribuir para terapêuticas alternativas. Os resultados mostraram

que tanto o extrato bruto (200 e 300 mg/kg) quanto o composto isolado AMB (60

mg/kg) produzem efeitos antinociceptivos semelhantes ao da morfina contra a dor

neuropática induzida por diabetes, tornando-se útil para estudo e desenvolvimento

de novos fármacos com atividade antinociceptiva para esta condição.

Fronza e Giuradelli (2009) realizaram estudo sobre a composição química do

extrato de diclorometano das cascas da R. ferruginea na busca de outras

substâncias que possam contribuir para o esclarecimento de seu potencial

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farmacológico. Os autores isolaram os ácidos mirsinoicos A e C, além do AMB, por

meio de técnicas cromatográficas. Ainda foi possível o isolamento de um

hidrocarboneto e dois outros compostos sugestivos de ácidos mirsinoicos. As

estruturas foram elucidadas por técnicas espectroscópicas como infravermelho e

ressonância magnética nuclear.

Gazoni (2009) realizou estudo fitoquímico do extrato etanólico de frutos,

caules e folhas da R. ferruginea e analisou a atividade antiacetilcolinesterásica de

extratos e compostos isolados. Além do AMA e do AMB, foi possível isolar o

espinasterol, um ácido graxo de cadeia longa e um álcool de cadeia longa, por meio

de técnicas cromatográficas. A atividade antiacetilcolinesterásica foi maior para os

compostos AMA, AMB, e espinasterol em comparação aos extratos das folhas,

caules e frutos. No teste in vitro a atividade foi mais intensa no cérebro total

(30,10%) do que no hipocampo (22,08%) para o AMB na concentração de 44 µM.

Fillipin (2010) avaliou a atividade anticolinesterásica dos compostos AMA e

AMB obtidos por meio de extrato etanólico da R. ferruginea em estudos in vitro

utilizando tecidos cerebrais de ratos. Os resultados mostraram-se satisfatórios,

sendo que o AMA apresentou atividade superior ao AMB em todos os tecidos

cerebrais. A IC50 do AMA no hipocampo e no cérebro total foram de 35,80 µM e

34,83 µM respectivamente, o que o torna um composto promissor para melhora da

transmissão colinérgica por produtos naturais.

Kazmierczak (2010) avaliou a atividade antimicrobiana dos extratos (cascas,

caule, folhas e frutos) e das frações e substâncias (AMA, AMB e compostos

modificados do AMB) obtidas da R. ferruginea, utilizando o método de diluição em

ágar. Os resultados demonstraram que os compostos extraídos da R. ferruginea não

apresentaram atividade contra bactérias gram-negativas e fungos até a

concentração de 1000 µg/mL, mas os extratos apresentaram atividade seletiva para

bactérias gram-positivas testadas com concentração inibitória mínima (CIM) entre

31,2 a 1000 µg/mL, assim como as substâncias isoladas com valores de CIM desde

7,8 até 500 µg/mL, com destaque para o AMA.

Antonialli (2009) avaliou o efeito antinociceptivo do AMB, extraído das cascas

da R. ferruginea, em diferentes modelos de hipernocicepção inflamatória e

neuropática persistentes em camundongos, bem como seu mecanismo de ação. Os

resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que o AMB, quando

administrado oralmente nas doses de 3 a 30 mg/kg, apresenta efeito anti-

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hipernociceptivo marcante, podendo constituir uma nova alternativa para o

tratamento de distúrbios sensoriais em humanos.

Baccarin et al. (2011) desenvolveram extrato seco hidroalcoólico padronizado

das cascas de R. ferruginea por spray drying e avaliaram a atividade antinociceptiva

in vivo nas doses de 150, 300 e 500 mg/kg via oral e 10, 30 e 60 mg/kg via

intraperitoneal através do modelo da formalina. O etanol 90 °GL e o tempo de

extração de 2 h foram identificados como as condições ótimas para a extração das

cascas, tendo-se como indicador o AMB (BACCARIN, 2010). Os extratos mole e

seco demonstraram melhor resposta na dor inflamatória, não havendo relação com o

teor de AMB.

Tomio (2011) avaliou a atividade antitumoral e a citotoxicidade dos extratos

etanólicos das cascas, galhos, folhas e frutos bem como os compostos isolados da

R. ferruginea (AMA, AMB, AMC e derivados de AMB) através de ensaios in vitro e in

vivo de crescimento tumoral. Os resultados apresentaram níveis significativos de

citotoxicidade em concentração de 100 µg/mL para algumas das linhagens celulares

testadas, indicando como fonte promissora para o desenvolvimento de moléculas

bioativas frente às células tumorais.

Costa (2011) avaliou os efeitos do extrato diclorometano de frutos da R.

ferruginea e seus compostos isolados sobre a memória de animais normais e

animais com doença de Alzheimer induzida por estreptozotocina. Pôde-se constatar

melhora da cognição nos animais tratados com o extrato de R. ferruginea nas doses

de 150 e 300 mg/kg, com o AMA nas doses de 15 e 30 mg/kg e com o TGL na dose

de 5 mg/kg.

Barretta (2011) avaliou a atividade antioxidante dos extratos etanólicos das

cascas e frutos e dos compostos isolados (AMA, AMB e AMC) da R. ferruginea

empregando os métodos radicalares indiretos: ORAC (Capacidade de absorção do

radical oxigênio); DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazina); ABTS+.(2,2’-azino-bis-(3-

etilbenzotiazolin)-6-ácido sulfônico); quantificação de fenólicos totais e teste de

quelação de metais. Os resultados demonstraram que tanto os extratos como os

compostos isolados apresentam potencial antioxidante significativo na concentração

de 10 μg/mL.

No Quadro 1, foram agrupados de forma sistemática, os compostos isolados

das diferentes partes da planta, a sua atividade farmacológica no Quadro 2, e por

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fim, a relação dos modelos utilizados na avaliação da atividade biológica da R.

ferruginea (Quadro 3).

Quadro 1– Relação dos compostos isolados e identificados da R. ferruginea.

*Baccarin (2010) avaliou a otimização do processo de extração resultando em 27 lotes de soluções extrativas. Foram analisados a graduação alcoólica do solvente (50, 70 e 90 ºGL), a granulometria da droga vegetal e o tempo de extração. As melhores condições foram apresentadas em solução hidroalcoólica 90 ºGL e tempo de extração de 2 h.

Parte da planta

Composto isolado Solvente Rendimento Referência

Cascas

AMB Clorofórmio 20 mg%

Turmina (2005)

Álcool de cadeia longa Clorofórmio 20 mg%

Derivado de ácido benzoico prenilado 1

Clorofórmio 3 mg%

Derivado de ácido benzoico prenilado 2

Clorofórmio 1 mg%

Derivado de ácido benzoico prenilado 3

Clorofórmio 2 mg%

Cascas AMB Clorofórmio 720 mg% Hess (2006);

Antonialli (2009)

Cascas

AMA Diclorometano 40 mg%

Fronza; Giuradelli

(2009)

AMB Diclorometano 350 mg%

AMC Diclorometano 30 mg%

Hidrocarboneto Diclorometano 2 mg%

Composto sugestivo de ácido mirsinoico

(AM1) Diclorometano 10 mg%

Composto sugestivo de ácido mirsinoico

(AM2) Diclorometano 2 mg%

Cascas AMB Hidroalcoólico 221 a 726

mg% *Baccarin

(2010)

Frutos

AMA Diclorometano 50 mg%

Costa (2011) Triglicerídeo (TGL) não identificado

Diclorometano 160 mg%

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Quadro 2 – Relação entre os compostos isolados e atividade farmacológica da R. ferruginea.

Parte da Planta

Composto / Tipo de extrato

Atividade Modelo Referência

Cascas Extrato clorofórmico Hipoglicemiante In vivo Stieven (2005)

Cascas AMB/extrato clorofórmico Antinociceptiva In vivo Hess (2006)

Cascas AMB/extrato clorofórmico Antinociceptiva

sobre a neuropatia diabética

In vivo Galvan (2007)

Cascas AMB/extrato clorofórmico Antinociceptiva In vivo Antonialli

(2009)

Frutos, folhas e caules

AMA, AMB, espinasterol/extrato

etanólico Anticolinesterásica

Bioautográfico e

in vitro

Gazoni (2009)

Cascas AMB/extrato hidroalcoólico Antinociceptiva In vivo Baccarin (2010)

Frutos, folhas e caules

AMA e AMB/extrato etanólico

Anticolinesterásica In vitro Fillipin (2010)

Cascas, caules, folhas e frutos.

AMA, AMB e compostos modificados de AMB/extrato

diclorometano Antimicrobiana In vitro

Kazmierczak (2010)

Cascas, folhas e frutos

AMA, AMB, AMC, derivados/extrato etanólico

Citotóxica e antitumoral

In vivo e in

vitro

Tomio (2011)

Frutos AMA e triglicerídeo (TGL) não identificado/extrato

diclorometano Cognitiva

In vivo e in vitro

Costa (2011)

Cascas e frutos

AMA, AMB, AMC/extrato etanólico

Antioxidante In vitro Barretta (2011)

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Quadro 3 – Relação de modelos utilizados nos estudos farmacológicos da R. ferruginea.

Modelo Nome do modelo Referências

In vivo

- Administração do extrato bruto de Rapanea sp. sobre a glicemia pós-prandial de animais normoglicêmicos - Administração do extrato bruto de Rapanea sp. durante quinze dias

Stieven (2005)

In vivo

- Testes de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético - Avaliação do tempo de reação (Time Course) - Modelo de dor induzida pela Formalina - Modelo de dor induzida pela Capsaicina - Modelo de dor induzida pelo Glutamato - Modelo de dor induzida pelo calor (Hot Plate) - Modelo de hiperalgesia (Randall-Selitto) - Modelo de toxicidade aguda - Modelo de citotoxicidade induzida pela Artemia salina - Modelo do campo aberto Open Field

Hess (2006)

In vivo - Modelo de indução de Diabetes mellitus com aloxano - Modelo de indução de Diabetes mellitus com estreptozotocina

Galvan (2007)

In vivo

- Hipernocicepção induzida pela Carragenina - Hipernocicepção inflamatória induzida pelo adjuvante completo de Freund (CFA) - Dor neuropática induzida pela constrição parcial do nervo ciático (CPNC) - Análise do limiar mecânico através do filamento de Von Frey - Análise do limiar térmico através do teste de retirada da pata (Hargreaves - estímulo quente) - Teste da acetona (hipernocicepção ao estímulo frio) - Avaliação do desempenho motor (Rota Rod) - Avaliação da atividade locomotora (Open Field) - Medida da temperatura retal

Antonialli (2009)

Bioautográfico In vitro

- Determinação da atividade anticolinesterásica em cérebro total e hipocampo de ratos - Ensaio enzimático (método espectrofotométrico)

Gazoni (2009)

In vivo - Modelo de dor induzido pela formalina Baccarin (2010)

In vitro - Ensaio enzimático (método espectrofotométrico) Fillipin (2010)

In vivo - Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de diluição em ágar

Kazmierczak (2010)

In vitro In vivo

- Avaliação da morte celular por microscopia de fluorescência (brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína/brometo de etídeo e alaranjado de acridina) - Influência sobre crescimento tumoral - Método do campo aberto (Open field)

Tomio (2011)

In vivo In vitro

- Modelo de avaliação da memória - Teste da esquiva inibitória - Modelo de deambulação – Teste do Open field - Modelo de ansiedade - Labirinto em cruz elevado (LCE) - Indução de Alzheimer pelo modelo da Estreptozotocina - Determinação da atividade da Superóxido Dismutase (SOD) - Determinação da atividade da Catalase (CAT) - Determinação da atividade da Glutationa Peroxidase (GPx) - Determinação da atividade da Glutationa Redutase (GR) - Determinação dos níveis de Malondialdeído (MDA)

Costa (2011)

In vitro

- Avaliação da atividade antioxidante total pelo método do ORAC - Determinação da atividade antioxidante via DPPH - Determinação da atividade antioxidante via ABTS+ - Identidade da atividade antioxidante através do teste de quelação de metais - Avaliação da atividade citotóxica em célula L929 - Avaliação da atividade citoprotetora em célula L929 - Avaliação da atividade antigenotóxica – proteção do plasmídeo pBSK II

Barretta (2011)

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3.3 Mecanismos de oxidação e Antioxidantes

A exposição prolongada aos raios ultravioleta ativa reações que causam a

depleção de antioxidantes celulares e antioxidantes produtores de enzimas

existentes na pele, conduzindo a um estado de estresse oxidativo. O estresse

oxidativo é um fenômeno que ocorre quando a capacidade de defesa antioxidante é

menor do que a quantidade de espécies reativas formadas pelas radiações solares,

denominadas radicais livres. Radicais livres são moléculas altamente reativas,

caracterizadas por um ou mais elétrons não pareados em seu orbital mais externo,

que podem causar a morte de células e tecidos (KAUR; KAPILA; AGRAWAL, 2007).

Os antioxidantes, por sua vez, referem-se a substâncias que têm por

característica diminuir ou bloquear as reações de oxidação induzidas por radicais

livres, pela doação de elétrons a estes, que assim se estabilizam (SCOTTI et al.,

2007).

Em princípio, a suplementação oral ou tópica de antioxidantes pode reduzir os

danos oxidativos induzidos pela radiação ultravioleta, desde que sejam

primeiramente absorvidos, e alcancem o tecido alvo na forma ativa (DAUDT et al.,

2013).

As espécies vegetais são ricas em compostos antioxidantes devido a sua

própria natureza de proteção aos radicais livres formados pela radiação ultravioleta

necessária à fotossíntese. Os compostos fenólicos formam o maior grupo de

antioxidantes extraídos de vegetais, sendo capazes de neutralizar a reatividade

radicalar através da doação de um átomo de hidrogênio (MAHDI et al., 2011).

No entanto, os extratos vegetais podem ter a atividade antioxidante

comprometida em razão de sua instabilidade físico-química, tornando-se alvo para

as pesquisas de desenvolvimento que empregam a nanotecnologia, como estratégia

para a estabilização de das matérias-primas ativas e produto final (DAUDT et al.,

2013).

Além disso, estudos das propriedades antienvelhecimento das substâncias

ativas vêm despertando muito interesse de pesquisadores, considerando o aumento

da expectativa de vida observado nas últimas décadas e a busca da qualidade de

vida durante o processo de envelhecimento. Desta forma, é preocupação constante

prevenir e atenuar o fotoenvelhecimento por meio da busca e do estudo de

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substâncias antioxidantes eficazes, que são oferecidas em produtos inovadores aos

consumidores (SCOTTI et al., 2007).

Para nanoemulsões via oral, estudos relatam a melhora da biodisponibilidade

dos antioxidantes que apresentam baixa solubilidade aquosa e elevado metabolismo

no trato gastrintestinal, o qual limita a absorção e o alcance de concentrações

terapêuticas destas substâncias. Desta maneira, o desenvolvimento de sistemas de

liberação nanoemulsionados visam o aproveitamento do potencial terapêutico (GUO

et al., 2014).

3.4 Atividade antinociceptiva

De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), o

termo dor conceitua-se como uma experiência sensorial e emocional desagradável,

relacionado à lesão tecidual real ou potencial, ou descritas em termos desse tipo de

dano. Assim, a dor caracteriza-se como uma experiência complexa que envolve

além de transdução de estímulos nocivos ambientais, o processamento emocional

pelo cérebro. É uma consequência fisiopatológica de diversas morbidades e de suas

repercussões, mas que na maioria das vezes configura-se como uma função

protetora, representando, em muitos casos, o único sintoma para o diagnóstico de

várias doenças (SILVA et al., 2013).

Diferente de nocicepção, a dor é mais que uma sensação, é uma experiência,

podendo incorporar componentes sensoriais com influências pessoais e ambientais

importantes. Enquanto isso, o termo nocicepção refere-se ao estímulo doloroso

propriamente dito, sem levar em consideração o componente emocional, ou seja,

engloba as vias neuroanatômicas, bem como os mecanismos neurológicos e os

receptores específicos que detectam o estímulo lesivo. Sendo assim, uma vez que

os animais não são capazes de expressar verbalmente os componentes subjetivos

da dor, neles não se avalia dor, e sim nocicepção. Logo, termos como dor e

analgesia são empregados para estudos em humanos, enquanto que nocicepção e

antinocicepção são mais utilizados para estudos pré-clínicos, envolvendo animais de

laboratório (SILVA et al., 2013).

A dor pode ser classificada de diversas maneiras, e os agentes indutores do

processo são também variados. Geralmente, o processo fisiológico da dor se

desencadeia quando há danos teciduais decorrentes de um estímulo externo. Pode

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ser induzida por um estímulo mecânico, térmico, químico ou elétrico. Além disso, há

dores cuja gênese é totalmente desconhecida, incluindo a dor psicogênica e

neuropática, onde não se detecta especificamente um dano tecidual (BRESOLIN;

CECHINEL FILHO, 2003).

Devido à baixa eficácia e expressivos efeitos adversos apresentados pela

maioria dos fármacos disponíveis no mercado farmacêutico para este fim, surge o

grande interesse dos pesquisadores na descoberta de novos protótipos de fármacos

provenientes de plantas da flora brasileira. Produtos naturais são amplamente

utilizados no estudo de antinocicepção e são classificados conforme o estímulo

doloroso utilizado no processo (COUTO et al., 2011).

Vários modelos in vivo que empregam estímulos dolorosos são utilizados na

pesquisa de compostos com atividade analgésica. Várias das técnicas descritas,

utilizadas para um screening da atividade antinociceptiva são gerais e independem

do composto a ser ensaiado. Apesar de, na maioria das vezes, não se chegar ao

mecanismo de ação definitivo da substância ou extrato da planta em estudo, esses

modelos experimentais são de grande importância e representam o ponto de partida

para a caracterização farmacológica de novos compostos capazes de interferir com

o curso da dor (COUTO et al., 2011).

Diversos são os testes possivelmente aplicados em laboratório, tais como os

que avaliam a ação de drogas sobre comportamentos indicativos de nocicepção

manifesta, nos quais o estímulo utilizado causa, por si só, a ativação das vias

nociceptivas, induzindo o comportamento compatível com dor. Essas atitudes

caracterizam a nocicepção e os fármacos que suprimem esse comportamento se

chamam antinociceptivos e os que desencadeiam se chamam algogênicos (ALVES;

POHLMANN; GUTERRES, 2005).

Dentre estes modelos, tem-se o teste das contorções abdominais por ácido

acético, onde o agente indutor é químico e se baseia na contagem das contorções

da parede abdominal seguidas de torção do tronco e extensão dos membros

posteriores (Figura 5), como resposta reflexa à irritação peritoneal e à peritonite

produzidas pela injeção intraperitoneal de uma solução de ácido acético 0,6%. Este

teste é sensível à avaliação de drogas analgésicas, no entanto, pode ser visto como

um modelo geral, não seletivo, para estudos de drogas antinociceptivas. Apesar de

ser um modelo de nocicepção simples, e pouco específico, ele permite avaliar a

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atividade antinociceptiva de várias substâncias que atuam tanto em nível central

quanto periférico (BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2003).

Figura 5 – Teste de contorções abdominais.

Fonte: NEPLAME, 2014.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

4.1.1 Droga vegetal

A droga vegetal utilizada no desenvolvimento das nanoemulsões são frutos

da espécie Rapanea ferruginea, após tratamentos de colheita, triagem, secagem e

moagem. Os frutos foram coletados no município de Blumenau, Santa Catarina, em

15 de setembro de 2012, e identificados pela sigla F01. O material vegetal foi

identificado pelo Prof. Oscar Benigno Iza (UNIVALI) e uma amostra foi depositada no

Herbário Barbosa Rodrigues (Itajaí/SC), sendo catalogada pelo código HBR2715.

Após a colheita, os frutos foram mantidos em sala de secagem, com controle

de umidade e foram tratados manualmente, por meio da retirada dos caules e

separados conforme o grau de maturação, em FM (frutos maduros) e FI (imaturos).

Após a triagem, os frutos foram submetidos à moagem em moinho de facas

(Marconi, modelo MA048).

4.1.2 Reagentes e materiais

Acetato de etila P.A. ACS, Vetec Química Fina, Sigma-Aldrich;

Acetato de uranila, Merck;

Acetona P.A. ACS, Vetec Química Fina, Sigma-Aldrich;

Acetonitrila grau HPLC, J.T. Baker;

Ácido acético Glacial P.A., Biotec;

Ácido ascórbico, Sigma-Aldrich;

Ácido clorídrico P.A., Vetec Química Fina;

Ácido sulfúrico P.A. ACS, Dinamica;

Ágar bacto, BD Ágar;

Água purificada obtida por sistema de purificação de osmose reversa,

Gehaka;

Água ultrapurificada, Barnstead – Easy pure LF;

Álcool etílico absoluto 95% P.A. ACS, Vetec Química Fina, Sigma-Aldrich;

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AMA (ácido mirsinoico A) – isolado e purificado a partir dos frutos da R.

ferruginea – laboratório de fitoquímica, pureza de 76,2%;

p-Anisaldeído, Aldrich;

Cromatoplacas de sílica gel 60 F254, Merck;

DMSO (dimetilsulfóxido) P.A., Dinamica;

DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila), Sigma-Aldrich (Chemistry®);

Hexano (mistura de isômero) P.A., Vetec Química Fina, Sigma-Aldrich;

Indometacina, Fagron;

Linhagem de células L929 de fibroblastos de camundongos, obtidas do Banco

de Células do Rio de Janeiro (BCRJ);

Meio DMEM (Dulbecco´s modified Eagle´s medium), Cultilab;

Metanol grau HPLC, J.T. Baker;

MTT (brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio]), Sigma-Aldrich;

N-octanol, Sigma-Aldrich;

Phenonip® (fenoxietanol e metil, etil, butil, propil e isobutil parabenos), Pharma

Special;

Polymol® (triglicerídeos do ácido cáprico e caprílico), Mapric Produtos

Farmacosméticos;

Solução salina 0,9%, LBS;

Soro fetal bovino (SFB), Gibico;

Span 80® (monooleato de sorbitano), Sigma-Aldrich;

Tampão PBS (phosphate buffered saline), Gibico;

Tripsina, Gibico;

Triton X-100, Sigma;

Ultramona RH400® (óleo de mamona hidrogenado etoxilado a 40 mols de

EO), Oxiteno;

Vermelho neutro, Sigma.

4.1.3 Equipamentos

Agitador magnético (Constant Temperature Magnetic Stirrier) – 78HW-1

(Vertex);

Agitador mecânico – 713D (Fisatom) ;

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Agitador de tubos Vortex – QL-901 (Biomixer);

Autoclave vertical (Phoenix);

Balança analítica – 250A (UMark);

Balança digital – AS2000 (Marte)

Banho de ultrassom- USC 5000 (Unique);

Banho maria com circulação – MA159 (Marconi);

Cabine de fluxo laminar (Veco);

Câmara de fotoestabilidade-EC/0,2/R-F (Mecalor);

Câmaras climáticas de 500 L (Mecalor);

Centrífuga – Z300 (Hermle);

Centrífuga excelsa baby II – 206-R (Fanem);

Conjunto de tamizes (Bertel);

Coluna C18 (150 X 4,6 mm X 2,6m) (Kinetex);

Cromatógrafo LC 20-AC, equipado com uma bomba quaternária, detector de

varredura de espectro ao ultravioleta por arranjo de fotodiodos (diodo array) e

injetor automático SIL-20A (Shimadzu);

Espalhamento de luz multi-ângulos – BI-9000 (Brookhaven Instrumentos);

Espectrofotômetro UV - Vis UV-1601PC (Shimadzu);

Estufa – 316B25 (Quimis);

Estufa CO2 (Ultra-Safe);

Estufa de cultura/controlador microprocessado – 502C (Fanem);

Incubadora de bancada – 400 (Gefran);

Lâmpada UV para CCD – GRC-03 (Dist);

Leitor de microplaca – Spectro star nano (BMG Labtech);

Microscópio eletrônico de transmissão – JEM 1200EX-II (JEOL);

Microscópio óptico invertido – CK40 (Olympus);

Micropipetas automáticas e ajustáveis de 10 -1000 µL;

Moinho – MA085 (Marconi);

Mufla – 318D24 (Quimis);

Potenciômetro – DM 20 (Digimed) ;

Rota-evaporador – TE-211 (Tecnal);

Sonicador Ultra Cleaner – 800 A (Unique);

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Zetasizer Nano ZS – Zen3600 (Malvern Instruments).

4.2 Métodos

4.2.1 Caracterização da droga vegetal

Para caracterização da droga vegetal foram empregados testes

farmacopeicos para frutos maduros e imaturos, separadamente. Quando não

diferentemente especificado, os ensaios foram feitos em triplicata.

4.2.1.1 Perda por dessecação

Cerca de exatamente 1,0 g da droga vegetal, foi transferida e distribuída

uniformemente em cadinho, previamente dessecado a 105 °C por 30 min. Em

seguida o cadinho contendo a amostra foi colocado em estufa a 105 °C por 2 h,

esfriado por 20 min em dessecador e pesado. O procedimento foi repetido por

períodos de 30 min de secagem até peso constante. Os resultados expressos em

percentual ponderal representam a média de três determinações (BRASIL, 2010).

4.2.1.2 Determinação de cinzas totais

Cerca de 3,0 g da droga vegetal, foram transferidos e distribuídos

uniformemente em cadinho, previamente dessecado em mufla até no máximo 600

ºC, até peso constante. As amostras foram incineradas aumentando gradativamente

a temperatura, até que todo o carvão fosse eliminado. As cinzas foram dessecadas

até peso constante, para o cálculo da sua porcentagem em relação à droga seca ao

ar (BRASIL, 2010).

4.2.1.3 Determinação de cinzas insolúveis em ácido

Após a determinação das cinzas totais, o resíduo obtido foi fervido durante 5

min com 25 mL de solução de ácido clorídrico a 7% em cadinho coberto com vidro

de relógio. Após, o vidro de relógio foi lavado com 5 mL de água quente, juntando

esta água ao cadinho com resíduo. O resíduo insolúvel em ácido foi retido sobre

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papel de filtro isento de cinzas, lavando-o com água quente até que o filtrado se

tornasse neutro. O papel de filtro contendo o resíduo foi transferido para o cadinho

original, seco sobre chapa quente e incinerado a cerca de 500 ºC por 2 h até peso

constante. A porcentagem de cinzas insolúveis em ácido foi calculada em relação à

droga seca ao ar (BRASIL, 2010).

4.2.1.4 Análise granulométrica

Cerca de 25,0 g da droga vegetal foram submetidos à passagem por tamises,

com aberturas de malhas de diferentes tamanhos (2, 1, 0,850, 0,500, 0,250 e 0,150

mm). A tamisação foi realizada a 50 vibrações por segundo, durante 15 min. Em

seguida, as frações retidas nos tamises e no coletor foram pesadas. Este ensaio foi

realizado em duplicata (BRASIL, 2010). Os resultados foram representados pela

distribuição granulométrica, através de um histograma, e pelo tamanho médio de

partículas, segundo a equação 1 (ALLEN; POPOVICH; ANSEL, 2007).

(1)

onde dmédio = diâmetro médio aritmético (mm); AM = abertura média de malha (mm)

e a Fr% = fração retida percentual em cada tamis.

4.2.2 Obtenção dos derivados vegetais: da droga vegetal ao extrato mole

Para a seleção da droga vegetal e do sistema solvente, foram preparados 100

mL de solução extrativa, em duplicata, na proporção planta/solvente 5% (p/v). Foram

testados como droga vegetal, os frutos maduros (FM) e imaturos (FI), e como

solvente, etanol em diferentes graus alcoólicos (30, 50, 70, 90 e 96 °GL). As

soluções extrativas dos frutos de R. ferruginea foram obtidas pelo método de

maceração dinâmica, em agitador mecânico na velocidade de 300 rpm e na

temperatura ambiente. Após 5 h de agitação, seguiu-se a filtração em papel filtro

qualitativo, em filtro de Büchner acoplado à bomba a vácuo. As soluções extrativas

foram acondicionadas em frascos de vidro âmbar e armazenadas na temperatura

ambiente.

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Após a seleção da faixa do sistema solvente e da droga vegetal, foi realizado

um estudo fatorial variando-se o tempo de extração (5 e 10 h), a relação

droga:solvente (5 e 10%, p/v) e a graduação alcoólica (70 e 96 ºGL) para maximizar

o rendimento dos marcadores nas soluções extrativas (Quadro 4). Esta estapa

realizou-se em parceria com a aluna de iniciação científica Scheila Krachinski.

Quadro 4 - Planejamento fatorial para o desenvolvimento das soluções extrativas.

FATOR NÍVEL

A) SOLVENTE (Álcool GL) 70 = -1 96 = +1

B) TEMPO (h) 5 = -1 10 = +1

C) RELAÇÃO DROGA:SOLVENTE (%) 5 = -1 10 = +1

As soluções extrativas foram geradas em dois lotes de 100 mL cada e

analisadas quanto às características de pH, resíduo seco, perfil cromatográfico por

cromatografia em camada delgada (CCD) e líquida de alta eficiência (CLAE). Como

fatores dependentes ou resposta às condições estudadas foi analisado o teor de um

ou mais marcadores quantificados por CLAE, empregando metodologia

desenvolvida pela mestranda Tailyn Zermiani (ZERMIANI et al., 2014).

Um novo lote de solução extrativa do sistema solvente selecionado foi obtido,

num volume de 1000 mL para concentração em banho de água a 45 ºC até

obtenção do extrato mole. O extrato mole foi novamente caracterizado quanto ao pH,

resíduo seco e quantificado quanto ao teor dos marcadores, após reconstituição no

sistema solvente, obedecendo ao resíduo seco (%) da solução extrativa. Esta

análise teve como objetivo avaliar a influência da etapa de evaporação do solvente

sobre a estabilidade dos marcadores.

Após a seleção da droga vegetal, do sistema solvente e das condições de

extração, foi produzido um lote de extrato mole para o desenvolvimento de

formulações nanoemulsionadas e avaliação biológica (atividade antinociceptiva).

As soluções extrativas também foram caracterizadas quanto à citotoxicidade e

o extrato mole obtido foi avaliado quanto à atividade antioxidante para

monitoramento das etapas produtivas.

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4.2.3 Caracterização físico-química dos derivados vegetais

As soluções extrativas e extratos moles foram caracterizados empregando-se

os ensaios a seguir, em triplicata.

4.2.3.1 Determinação do rendimento

O rendimento das soluções extrativas e extratos moles foram calculados a

partir do volume e massa obtidos no final da extração, expresso em porcentagem,

em relação ao esperado.

4.2.3.2 Determinação do pH

Para determinação do pH, as amostras foram lidas a 25 ºC em potenciômetro

previamente calibrado com soluções tampão fosfato e acetato, pH 7,0 e 4,0,

respectivamente. As soluções extrativas foram lidas diretamente em eletrodo

combinado de pH, e o extrato mole foi dissolvido com o próprio solvente de extração,

em banho de ultrassom por 15 min, para posterior leitura.

4.2.3.3 Determinação do resíduo seco

Cerca de exatamente 5,0 g da amostra de solução extrativa e 0,2 g de extrato

mole foram pesados em cadinho de porcelana previamente dessecado a 105 ± 5 ºC.

As amostras de solução extrativa foram levadas a secura sobre chapa de

aquecimento. Após evaporação do solvente, as amostras dessecadas em estufa a

105 ± 5 ºC, por aproximadamente 3 h, resfriadas em dessecador e pesadas. Este

procedimento foi repetido a cada 1 h em estufa, até obter peso constante. O resíduo

seco foi calculado e expresso em % (m/m) (BRASIL, 2010).

4.2.3.4 Análise do perfil cromatográfico dos derivados vegetais por CCD

Na análise química qualitativa por CCD, foram utilizadas cromatoplacas de

sílica gel Merck® e como sistema de eluição, uma mistura de hexano e acetato de

etila (6:4). Os extratos foram aplicados com tubos capilares. Os cromatogramas

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foram desenvolvidos de forma ascendente, em cubas saturadas com o sistema

eluente até a altura de aproximadamente 10 cm. Após a secagem, na temperatura

ambiente, a cromatoplaca foi visualizada com câmara de UV em 254 nm, e revelada

com anisaldeído sulfúrico, seguido de aquecimento. Foram empregados os padrões

de ácido mirsinoico A (AMA) e ácido mirsinoico B (AMB), dissolvidos em acetona na

concentração de 10 mg/mL. As soluções amostras foram preparadas com diluição

em metanol na concentração de 10 mg/mL (COSTA, 2011).

4.2.3.5 Quantificação do marcador por CLAE

As amostras foram analisadas conforme metodologia analítica desenvolvida e

validada por Zermiani (2015).

A metodologia desenvolvida foi adequada para a separação do AMA nas

amostras analisadas, com tempo de corrida de 30 min. O método desenvolvido foi

específico, linear, preciso, sensível, e exato na quantificação do AMA no extrato dos

frutos da R. ferruginea (ZERMIANI, 2015).

A quantificação do marcador nos extratos foi realizada empregando a

equação da reta das curvas de calibração do AMA (y = 26919,71x - 10682,36) com o

coeficiente de correlação (r) de 0,9996 e coeficiente de determinação (r²) de 0,9992

(ZERMIANI, 2015).

Para a análise por CLAE, as soluções extrativas foram diluídas na proporção

de 1:10 com metanol (v/v), e o extrato mole foi dissolvido na proporção 1:10 (m/v)

pesando-se exatamente 500 mg de extrato em 5,0 mL de metanol. Antes da injeção,

todas as soluções foram filtradas com membrana de celulose regenerada de 0,45

μm, colocadas em vials, e injetados (20 µL) no cromatógrafo. A quantidade de AMA

foi expressa pela massa da amostra, considerando o seu valor de resíduo seco,

descontando portanto o valor de umidade no extrato mole.

O software LC Solution® foi utilizado para registrar os cromatogramas e medir

as áreas dos picos. A detecção por varredura de espectro foi realizada na faixa de

comprimentos de onda entre 190 nm até 400 nm, sendo registrado o cromatograma

em 260 nm para o AMA e 280 nm para o TGL. Foi realizada a quantificação do AMA

e a medição da área do TGL.

A fase estacionária empregada foi uma coluna de fase reversa Kinetex® C18

150 x 4,6 mm, com partículas core-shell com tamanho de 2,6 µm. A fase móvel

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utilizada foi composta por acetonitrila (ACN), metanol e água acidificada com ácido

fosfórico a pH 2,5. Todos os solventes usados foram de grau HPLC e os solventes

da fase móvel foram filtrados a vácuo com membrana de celulose regenerada 47

mm de diâmetro e 0,45 μm de porosidade e degaseificados em ultrassom. O método

gradiente está apresentado no Quadro 5.

Quadro 5 – Gradiente empregado para análise em CLAE das soluções extrativas da R. ferruginea.

*H2O acidificada com ácido fosfórico pH 2,5. Fonte: Zermiani, 2015.

4.2.3.6 Avaliação da citotoxicidade por MTT

A viabilidade celular foi determinada pelo método do MTT (brometo de [3-(4,5-

dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio]). Este método avalia a função de enzimas

mitocondriais, as quais reduzem o sal tetrazólio formando cristais de formazan, que

possuem cor roxa característica ao serem dissolvidos em DMSO (dimetilsulfóxido).

As células foram distribuídas na densidade de 8,5x104 células por poço em

placas de 96 poços. Após 24 h para adesão, a 37 °C em atmosfera de 5% de CO2,

as células foram incubadas com as amostras durante 24 h.

Para preparar as amostras das soluções extrativas, foi calculado um volume

correspondente a 10 mg/mL em resíduo seco, para evaporação até secura em

estufa à vácuo a 40 °C. Os resíduos secos foram dissolvidos em 1 mL de DMSO.

Desta diluição, 100 µL foram homogeneizados juntamente com 900 µL de DMSO,

resultando em uma concentração de 1 mg/mL. Por fim, para obter a concentração

escolhida de 5 µg/mL, para fins de comparação com outros estudos realizados

anteriormente nesta concentração, foram adicionados 1 µL de solução extrativa nos

poços (seis poços para cada amostra) e 199 μL de tampão PBS em cada poço, de

modo a obter a concentração final de 5 μg/mL de amostra (THIESEN, 2013).

Tempo (min)

Acetonitrila (%)

*H20 (%)

Metanol (%)

0 5 70 25

2 5 70 25

5 30 45 25

10 60 15 25

12 70 5 15

15 84 1 15

25 84 1 15

30 5 70 25

35 5 70 25

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Decorrido o tempo de 24 h, o meio foi substituído por 100 μL de uma solução

de MTT 0,5 mg.mL-1 em PBS. As células imersas nesta solução foram incubadas por

mais 4 h a 37 °C em atmosfera de 5% de CO2. Em seguida, a solução de MTT que

não reagiu foi retirada, adicionando-se DMSO (0,01%) para dissolução dos cristais

de formazan formados. Após homogeneização, foi feita a leitura das placas em leitor

de microplacas a um comprimento de onda de 550 nm e os resultados foram

expressos como % de viabilidade em relação ao controle (100%).

As unidades arbitrárias de fluorescência foram normalizadas como 100% na

condição controle (sem tratamento) e foi calculado o percentual de resposta nas

amostras em relação a este controle (REILLY et al., 1998).

4.2.3.7 Determinação da atividade antioxidante por DPPH (1,1-difenil-2-

picrilhidrazina)

Para a análise do consumo do radical DPPH pelos extratos, foi preparada

uma solução estoque de DPPH na concentração de 40 μg/mL em etanol absoluto e

a absorbância da solução estoque em 517 nm foi verificada em espectrofotômetro. A

solução radical de DPPH 0,1 mM foi mantida em estoque em frasco âmbar, sob

refrigeração (-2°C). Como controle positivo, foi utilizado o ácido ascórbico, na

concentração de 1 a 4 μg/mL em etanol. Este ensaio foi realizado conforme

metodologia descrita por Brand-Williams (1995) com modificações e empregado

para avaliar a influência do fator solvente e da etapa de concentração com uso de

calor, necessária para a obtenção do EM. Para a análise das amostras, foi

preparada uma solução-mãe do extrato mole a 1000 μg/mL (EM Álcool 96 °GL). A

partir desta solução, foram preparadas as soluções intermediárias, utilizando-se

etanol como diluente, com as seguintes concentrações: 2,5, 5,0, 7,5, 10, 20 e 30

μg/mL. Para tanto, foram transferidos em triplicata, respectivamente 0,3 mL da

solução intermediária, para tubos de ensaio, acrescentando DPPH para completar

2,7 mL, incluindo solução sem DPPH. Em seguida, as misturas foram agitadas em

vórtex e mantidas na estufa a 37 ºC, por 30 min. Posteriormente, foi realizada a

leitura das absorbâncias das amostras e de DPPH, em espectrofotômetro, em 517

nm, em cubeta de plástico de 1 cm de caminho óptico. O etanol foi usado como

branco. A capacidade antioxidante foi determinada utilizando-se a equação 2:

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Atividade Antioxidante (AA %) = A0 – A1 x100 A0 (2) Onde:

A0 = absorbância da amostra sem DPPH

A1 = absorbância da amostra + DPPH

Para o cálculo da concentração necessária para reduzir 50% dos radicais

DPPH (IC50) foi utilizada a equação da reta, obtida através da relação da AA% em

função da concentração.

4.2.3.8 Determinação do coeficiente de partição do extrato

O coeficiente de partição (P) do extrato foi determinado baseando-se no

método proposto por Wells (1988).

O coeficiente de partição é definido como a razão das concentrações em

equilíbrio de uma substância dissolvida em um sistema de duas fases, composto de

dois solventes, n-octanol e água, usando a equação 3.

P = Cn-octanol Cágua (3)

O n-octanol foi saturado com uma quantidade idêntica de água, para isso, a

mistura dos dois solventes foi agitada por 12 h em agitador magnético a 400 rpm.

Após a saturação, 10 mL da solução aquosa contendo 100 µg/mL do extrato

mole de R. ferruginea foi adicionado em 10 mL do n-octanol saturado. Esta mistura

sofreu agitação por 30 min, foi transferida para funil de separação e mantida em

repouso por 5 min. Após o repouso, a fase aquosa foi retirada e centrifugada por 5

min a 2500 rpm. As amostras foram analisadas em triplicata por CLAE.

4.2.4 Pré-formulação e otimização dos sistemas nanoedispersos

Os estudos de pré-formulação das nanoemulsões foram realizados em

parceria com a aluna de iniciação científica Ionice de Araújo Dutra.

Os componentes das nanoemulsões selecionados para dar continuidade

neste trabalho foram o óleo Polymol® (triglicerídeos do ácido cáprico e caprílico, de

EHL 11), que demonstrou maior capacidade de dissolver e dispersar o EM, e a

mistura de tensoativos Span 80® (monooleato de sorbitano, de EHL 4,3) com

Ultramona RH400® (óleo de mamona hidrogenado etoxilado 40 OE, de EHL 14,1),

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selecionada pelo aspecto visual e tamanho de gotículas menores que 200 nm. A

concentração do EM foi fixada em 1%. O método selecionado para a preparação das

nanoemulsões foi o de inversão de fases por baixa energia (DUTRA et al., 2014).

A partir dos resultados obtidos na etapa de pré-formulação, foram avaliados

diferentes proporções dos tensoativos, fase oleosa e aquosa, empregando o

diagrama pseudoternário (Figura 6), como um meio sistemático para aperfeiçoar a

composição da formulação (BERNARDI, 2011; PEREIRA, 2008). Os sistemas foram

denominados sistemas nanodispersos (SND) a partir deste momento, pela

possibilidade de formação de outros sistemas, que não poderiam ser classificados

como nanoemulsões.

Figura 6 –Sistemas nanodispersos obtidos usando o diagrama pseudoternário.

Tomando-se por base a região de obtenção de nanoemulsão já identificada

em trabalhos que empregaram os mesmos óleos e sistemas de tensoativos, foi

delineado um diagrama pseudoternário, ao redor desta região, correspondente a

Formulação 1 (Quadro 6) (BERNARDI, 2011). Este diagrama foi construído para o

sistema de tensoativos resultante para a formação de uma nanoemulsão, com 5%

de variação entre os componentes. Para as diferentes concentrações de água,

tensoativo e óleo testadas, foram preparadas formulações com e sem extrato, em

dois lotes cada (Quadro 6).

As amostras foram preparadas em um total de 20 mL, por aquecimento em

banho-maria a 75 ± 5 ºC das fases aquosa e oleosa, separadamente. A fase aquosa

foi gotejada sobre a oleosa contendo os tensoativos e o extrato mole dos frutos da

R. ferruginea sob aquecimento e agitação mecânica a 600 rpm. Após completa

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adição de água, o sistema permaneceu sob agitação e aquecimento por mais 5 min.

Decorrido este tempo, as emulsões foram retiradas do banho-maria, mantendo-se a

agitação com agitador mecânico por mais 5 min (DUTRA et al., 2014).

Quadro 6 - Quantidades dos componentes do diagrama pseudoternário.

Formulação Óleo

(% p/p)

Tensoativos (% p/p) Água purificada (% p/p)

Extrato mole de R. ferruginea (% p/p) Total Span RH400

1.1 5 10 3,16 6,84 84 1

1.2 5 10 3,16 6,84 85 -

2.1 5 15 4,74 10,26 79 1

2.2 5 15 4,74 10,26 80 -

3.1 5 20 6,32 13,68 74 1

3.2 5 20 6,32 13,68 75 -

4.1 10 5 1,58 3,42 84 1

4.2 10 5 1,58 3,42 85 -

5.1 10 15 4,74 10,26 74 1

5.2 10 15 4,74 10,26 75 -

6.1 10 20 6,32 13,68 69 1

6.2 10 20 6,32 13,68 70 -

7 .1 15 5 1,58 3,42 79 1

7.2 15 5 1,58 3,42 80 -

8.1 15 10 3,16 6,84 74 1

8.2 15 10 3,16 6,84 75 -

9.1 15 20 6,32 13,68 64 1

9.2 15 20 6,32 13,68 65 -

10.1 20 5 1,58 3,42 74 1

10.2 20 5 1,58 3,42 75 -

11.1 20 10 3,16 6,84 69 1

11.2 20 10 3,16 6,84 70 -

12.1 20 15 4,74 10,26 64 1

12.2 20 15 4,74 10,26 65 -

13.1 5 5 1,58 3,42 89 1

13.2 5 5 1,58 3,42 90 -

14.1 10 10 3,16 6,84 79 1

14.2 10 10 3,16 6,84 80 -

15.1 15 15 4,74 10,26 69 1

15.2 15 15 4,74 10,26 70 -

16.1 20 20 6,32 13,68 59 1

16.2 20 20 6,32 13,68 60 -

*Tensoativos: considerar EHL Span 80® = 4,3; EHL RH 400

® = 14,1. EHL ideal = 11.

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As formulações desenvolvidas foram avaliadas quanto à estabilidade a partir

da visualização macroscópica e do teste de centrifugação a 3000 rpm por 30 min

após 24 h de preparo. As formulações que se apresentaram estáveis foram

avaliadas quanto ao tamanho médio da fase interna no aparelho Zetasizer Nano ZS

e os resultados foram expressos em distribuição de tamanho por número.

4.2.6 Estudo de estabilidade e caracterização das formulações

As formulações selecionadas no diagrama pseudoternário foram submetidas

aos estudos de estabilidade preliminar, de acordo com o guia de estudos de

estabilidade da ANVISA (BRASIL, 2004), a fim de selecionar as formulações

mediante a avaliação das suas características físicas para posterior avaliação da

estabilidade acelerada.

Para a estabilidade preliminar, novos lotes, em duplicata, foram preparados

para as formulações avaliadas denominadas 1.1, 2.1, 5.1 e 14.1, variando as

proporções de tensoativos não-iônicos Span 80® e Ultramona RH400® (1.1 e 14.1 =

10%, 2.1 e 5.1 = 15%) e de óleo Polymol® (1.1 e 2.1 = 5%, 5.1 e 14.1 = 10%),

mantendo-se o EM a 1% e o conservante Phenonip® a 0,5%. Os SND foram

preparados em duplicata, acondicionados em tubos de ensaio com tampa,

submetendo-os a 14 ciclos (40 ± 2 °C - estufa / 5 ± 2 °C - geladeira), a cada 24 h.

Uma amostra de cada lote foi mantida a 25 ± 2 °C (temperatura ambiente) e outra a

5 ± 2 °C (geladeira). Os SND foram avaliados nos tempos de 24 h, 14 dias e 28 dias,

após a preparação. Foram observados a cor, aspecto visual, separação de fases,

pH, tamanho médio de fase interna e índice de polidispersividade (PDI) pelo método

de espalhamento de luz dinâmico (Zetasizer Nano ZS).

Adicionalmente, para as formulações que obtiveram melhor comportamento

na estabilidade preliminar, foram preparados novos lotes, em duplicata, e avaliadas

pelos métodos de microscopia eletrônica de transmissão (MET) e goniômetro

(equipamento de luz dinâmico multi-ângulos) para caracterização.

Para a estabilidade acelerada, foram preparados novos lotes da formulação

SND1 selecionada na estabilidade preliminar, em duplicata, as quais foram

acondicionadas em frascos de vidro âmbar, de 50 mL. As condições de temperatura

estudadas foram: 40 ± 2 °C (estufa), 5 ± 2 °C (geladeira) e 25 ± 2 °C (temperatura

ambiente). As avaliações foram realizadas após 24 h e em 30, 60 e 90 dias

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(BRASIL, 2004). Foram observados a cor, aspecto visual, separação de fases, pH,

tamanho médio de fase interna, potencial zeta e índice de polidispersividade (PDI)

pelo método de espalhamento de luz dinâmico (Zetasizer Nano ZS). Adicionalmente,

nos tempos de 24 h, 30 e 60 dias após o preparo, as formulações foram

quantificadas quanto ao teor de AMA por CLAE.

4.2.6.1 Características organolépticas (aspectos físicos)

As formulações foram analisadas quanto à cor, transparência, separação de

fases e cremeação.

A separação de fases foi verificada por percepção direta, após centrifugação

a 3000 rpm por 30 min, conforme descrito na literatura para análise de sistemas

emulsionados (BRASIL, 2004).

4.2.6.2 Determinação do pH

A determinação do pH foi realizada com potenciômetro calibrado com

soluções de fosfato e acetato, pH 7,0 e 4,0, respectivamente. As amostras foram

diluídas 1:10 (g/mL) com água purificada.

4.2.6.3 Análise morfológica por microscopia eletrônica de transmissão (MET)

A caracterização da morfologia dos SNDs selecionados na estabilidade

preliminar foi analisada por MET em parceria com a equipe da profª. Dra. Joana Lea

Meira Silveira, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). As amostras foram

adicionadas em suportes metálicos (400 mesh) de cobre com revestimento de

carbono e Formvar, esperou-se 20 min até total absorção da amostra e fez-se o

contraste negativo com solução de acetato de uranila a 2%. Após 10 min, as

amostras foram submetidas à análise com aumentos de 20000 até 40000 vezes.

4.2.6.4 Análise morfológica e de propriedades de superfície

O tamanho médio de fase interna, o índice de polidispersividade (PDI) e o

potencial zeta das formulações foram determinados pelo método de espalhamento

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de luz dinâmico usando equipamento Zetasizer Nano ZS. As análises foram

realizadas em um ângulo de 90° e a temperatura constante (25°C). As amostras

foram diluídas em água ultrapura na proporção de 1:100 e os resultados foram

expressos em distribuição de tamanho por número (number mean).

Para o tamanho médio de fase interna, as amostras selecionadas na

estabilidade preliminar também foram avaliadas em um equipamento de

espalhamento de luz multi-ângulos (goniômetro), utilizando a 15 mW He-Ne laser a

632,8 nm. Esta análise foi realizada na UFPR, em parceria com a equipe da profª.

Dra. Joana Lea Meira Silveira.

Para o processamento de dados das análises foi utilizado o software Dynamic

Light Scattering versão 5.43.

As amostras (Quadro 7) foram diluídas em água ultrapura na proporção de

1:100, filtradas sequencialmente e duplamente com membranas Millipore com

porosidade de 0,22 μm, com a finalidade de eliminar a presença de particulados em

solução.

Para as amostras selecionadas, mediu-se em ângulos de 30, 90 e 150 °.

Quadro 7 - Composição das formulações submetidas ao espalhamento de luz multi-ângulos.

4.2.6.5 Perfil cromatográfico e teor em CLAE

As amostras foram analisadas conforme metodologia analítica desenvolvida

por Zermiani (2015), descrita no item 4.2.3.4.

Para os sistemas nanodispersos sujeitos à estabilidade acelerada, pesou-se

exatamente cerca de 0,5 g das formulações em balão volumétrico de 5 mL, no qual

foi adicionado cerca de 2,5 mL de acetonitrila e colocado em ultrassom por 20 min.

Foi completado o volume do balão, e a amostra foi centrifugada a 3000 rpm por 10

min. O sobrenadante foi filtrado em membrana de celulose regenerada de 0,45 mm e

analisado em triplicata.

Amostras Tensoativos

(% p/p) Óleo

(% p/p) Conservante

(% p/p) EM

(% p/p) Água

(% p/p)

SND1 EM 1% 10 5 0,5 1 83,5

SND1 sem EM 10 5 0,5 - 84,5

SND4 EM 1% 10 10 0,5 1 78,5

SND4 sem EM 10 10 0,5 - 79,5

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67

Adicionalmente, foi preparada uma solução a 1 mg/mL de EM em metanol

grau HPLC, para injeção, apenas para controle de eventuais interferentes das

amostras dos SNDs.

4.2.6.6 Estudo de fotoestabilidade

Foi realizado o teste de fotoestabilidade para o SND com extrato mole e para

o SND sem extrato mole, a fim de analisar a presença de possíveis produtos de

fotodegradação e a sua interferência nas amostras. As amostras foram pesadas (5,0

g) e expostas à radiações de luz visível (1.200.000 e 2.400.000 lux/h) e radiações

UVA (200 e 400 W.h/m2), em placas de Petri. Para todas as condições de exposição,

as amostras foram acompanhadas de um controle, isto é, uma amostra cuja

incidência de luz foi bloqueada revestindo a placa de Petri com papel laminado

(BRASIL, 2011).

Após a irradiação, as amostras foram diluídas em metanol de modo a obter

solução com concentração de 3 mg/mL de EM. As amostras foram filtradas e

injetadas no cromatógrafo, em duplicata. Foi analisado o perfil cromatográfico,

avaliando a pureza dos picos, por meio do detector PDA, a resolução dos referidos

picos, e a sua área, calculando-se o teor dos marcadores nas amostras irradiadas e

não irradiadas. Foi analisado o desaparecimento ou surgimento de picos

suplementares e possíveis co-eluições a fim de analisar se as amostras são

fotoestáveis.

4.2.6.7 Avaliação da segurança do extrato mole da R. ferruginea e sistemas

nanodispersos

Foi realizado teste de citotoxicidade in vitro do sistema nanodisperso (SND1)

contendo EM da R. ferruginea, SND1 sem EM e do extrato mole selecionado,

através do teste de agarose overlay, preconizado pela ANVISA para avaliar a

segurança de emulsões em geral (BRASIL, 2012).

As células foram tripsinizadas e desta suspensão celular (L929) foram

transferidos 3 mL em cada poço (placas de 6 poços), a concentração da suspensão

foi de 300.000 células/mL. Após 24 h, o meio de cultura foi substituído por meio

DMEM contendo 0,01% de vermelho neutro como corante vital. As células foram

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mantidas no escuro. Posteriormente, o excesso de corante vital foi removido e foram

3 mL de meio DMEM, em cada poço. A placa foi incubada por 1 h até aparecimento

de coloração vermelha celular. O meio de cultura foi novamente removido e

substituído por uma mistura de 1:1,2 de meio agarose:meio DMEM (mistura overlay),

mantida em aquecimento (45 °C) a fim de evitar a solidificação dos meios. Foram

adicionados 3 mL de mistura overlay a cada poço e a placa foi mantida na estufa a

37 °C em atmosfera de 5% CO2 por 2 h.

A amostra foi incorporada em discos de papel filtro (diâmetro de 0,54 cm),

previamente autoclavados (121 °C/20 min). Como controle positivo foi utilizado

Triton X-100 e como controle negativo meio DMEM. As placas foram incubadas por

24 h na estufa a 37 °C em atmosfera de 5% CO2.

Foi avaliado o grau de irritação pela zona de lise (ausência de incorporação

do corante vital) através do uso de paquímetro e avaliação microscópica, segundo a

classificação descrita pela Farmacopéia Americana (USP, 2013) (Quadro 8).

Quadro 8 - Classificação do grau de reatividade (USP, 2013).

Classificação Reatividade Descrição da zona de reatividade

0 Nenhum Nenhuma reatividade ao redor da amostra

1 Leve Alguma má-formação ou degeneração ao redor da amostra

2 Médio Zona limitou a área ao redor da amostra

3 Moderado Zona estende 0,5 a 1,0 cm além da amostra

4 Severo Zona estende maior que 1,0 cm além da amostra

4.3 Ensaio farmacológico

4.3.1 Animais

Para os experimentos foram utilizados camundongos Swiss machos (25 a 35

g). Os animais foram obtidos do Biotério Central da UNIVALI e, mantidos no biotério

de farmacologia experimental, com ciclo claro/escuro de 12 h e aclimatados a

temperatura de 22 ± 2 ºC. Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e

tratados com água e ração, exceto durante os experimentos. Para o processo de

adaptação, os animais permaneceram no ambiente de teste 1 h antes da realização

dos experimentos. Os protocolos experimentais foram apresentados ao Comitê de

Ética em Pesquisa da UNIVALI, os quais foram aprovados e receberam o parecer

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número 18/15p. Esta etapa realizou-se sob orientação da Profª. Dra. Márcia Maria de

Souza.

4.3.2 Drogas e Tratamento

Durante os experimentos, foram utilizadas as seguintes substâncias: ácido

acético (0,6%), indometacina (controle positivo), extrato mole dos frutos da Rapanea

ferruginea, veículo no qual foi dissolvido o EM (salina 0,9% NaCl e DMSO – controle

negativo EM), SND com extrato e SND sem extrato (controle negativo SND). As

drogas foram dissolvidas em salina 0,9% NaCl e DMSO. Todas as doses foram

escolhidas baseadas em trabalhos anteriores (COSTA, 2011; HESS et al., 2010).

Os animais foram divididos em 12 grupos experimentais, contendo 8 animais

cada, conforme mostra o Quadro 9.

Quadro 9 – Divisão dos grupos experimentais para a realização do teste farmacológico de nocicepção induzida por ácido acético.

GRUPO TRATAMENTO DOSE

1 C- EM (4,5 mL salina + 0,5 mL DMSO) v.o. 0,1 mL – 10 g

2 EM v.o. 50 mg/kg

3 EM v.o. 100 mg/kg

4 EM v.o. 150 mg/kg

5 EM v.o. 300 mg/kg

6 AMA v.o. 40 mg/kg

7 C- SND (SND sem EM) v.o. 0,1 mL – 10 g

8 SND v.o. 10 mg/kg

9 SND v.o. 50 mg/kg

10 SND v.o. 100 mg/kg

11 SND v. i.p. 100 mg/kg

12 C+ (indometacina) v.o. e v. i.p. 10 mg/kg

C- = controle negativo; EM = extrato mole; AMA = ácido mirsinoico A; SND = sistema nanodisperso; C+ = controle positivo; v.o. = via oral; v. i.p. = via intraperitoneal.

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4.3.3 Nocicepção induzida por Ácido Acético

O modelo de dor escolhido para o estudo foi o do ácido acético, padronizado

por Collier e colaboradores (1968), descrito por Willain-Filho e colaboradores (2008),

onde as contrações abdominais foram induzidas por injeção intraperitoneal de ácido

acético 0,6%, resultando em contração do músculo abdominal e alongamento dos

membros posteriores. Os animais foram pré-tratados com o SND1, administrado por

via oral (10, 50 e 100 mg/kg) e intraperitoneal (i.p.) (100 mg/kg) e comparados com

animais que receberam o SND branco (SND sem o extrato) e indometacina (10

mg/kg, v.o. e i.p.), os quais foram submetidos ao modelo de contorções abdominais

induzidas por ácido acético, injetado 60 min depois do tratamento. Também foi

avaliado no mesmo modelo de dor, o efeito do EM (50, 100, 150 e 300 mg/kg) e do

composto majoritário do extrato, o ácido mirsinoico A (AMA/40 mg/kg) administrados

via oral, comparados com os animais que receberam o veículo (4,5 mL salina + 0,5

mL DMSO, v.o.) e indometacina (10 mg/kg, v.o.).

O número de contorções abdominais foi contado cumulativamente por um

período de 30 min. A atividade antinociceptiva foi expressa pela redução do número

de contorções abdominais em animais pré-tratados com indometacina, que foi usada

como controle positivo para comparar o potencial do efeito antinociceptivo do SND,

do EM e do AMA neste modelo.

4.4 Análise estatística

Os dados submetidos à análise estatística foram realizados empregando o

teste t-independente e o teste one way análise de variância (ANOVA).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Droga vegetal

A R. ferruginea é uma espécie vegetal que não possui monografia

farmacopeica e portanto não se tem especificações para controle de qualidade da

droga vegetal proveniente desta espécie. Portanto, os resultados obtidos neste

trabalho tornam-se importantes para o conhecimento destas características que

poderão contribuir para o futuro estabelecimento de uma monografia dos frutos da R.

ferruginea.

Conforme visualizado na Figura 7, os frutos maduros e imaturos apresentam

forma arredondada e diâmetro aproximado de 3 mm, diferindo quanto a sua

coloração. Os frutos maduros apresentam coloração negro-arroxeada, e os imaturos,

esverdeada (1A), e após a moagem, a coloração é acastanhada, mais escura nos

frutos maduros.

Figura 7 - Frutos maduros (1) e frutos imaturos (2) da R. ferruginea, antes (A) e após a moagem (B).

Os resultados da perda por dessecação estão descritos na Tabela 1. Os

valores encontrados para as amostras estão dentro dos limites de 8-14%,

estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010), demonstrando que a

operação de secagem pós-colheita foi efetiva. É importante ressaltar que a perda de

umidade de frutos imaturos é maior em relação aos maduros, uma vez que ocorre a

perda de água com a evolução de maturação (TOTTI; MEDEIROS, 2006).

Aproximadamente 50% das partículas da droga vegetal apresentaram maior

rendimento nas frações entre 0,500 e 0,850 mm, tanto para os frutos maduros ou

imaturos. Segundo a Farmacopéia Brasileira (BRASIL, 2010), o pó é classificado

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como grosso, pois as partículas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura

nominal de malha 1,7 mm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura nominal de

malha de 355 µm. Verificou-se também que não existe diferença estatisticamente

significante (p > 0,05) na granulometria média entre frutos maduros e imaturos. A

granulometria média está representada na Tabela 1 e a distribuição granulométrica

na Figura 8.

Os resultados de cinzas totais na droga vegetal não indicam diferença

estatisticamente significante (p > 0,05) entre as amostras de frutos maduros e

imaturos da R. ferruginea, enquanto que as cinzas insolúveis em ácido

apresentaram diferença estatisticamente significante (p < 0,05). O teor de cinzas

insolúveis foi extremamente baixo, representando apenas 0,04 e 0,11% das cinzas

totais, para frutos maduros e imaturos respectivamente (Tabela 1). Esta análise pode

indicar baixo índice de contaminação pelo solo, já que os frutos não estão em

contato direto com terra ou areia e baixo teor de constituintes silicosos presentes na

droga vegetal (BRASIL, 2010).

Tabela 1 - Caracterização dos frutos maduros e imaturos moídos da R. ferruginea.

DPR = desvio padrão relativo

Figura 8 - Distribuição granulométrica da droga vegetal- frutos maduros (FM) e imaturos (FI) da R. ferruginea.

Teste farmacopeico Frutos maduros

média + desvio (DPR%) Frutos imaturos

média + desvio (DPR%)

Perda por dessecação (%) 7,97 ± 0,10 (1,23) 8,59 ± 0,10 (1,20)

Granulometria média (mm) 0,674 ± 0,02 (2,80) 0,747 ± 0,04 (5,45)

Teor de cinzas totais (%) 2,57 ± 0,13 (5,03) 2,72 ± 0,05 (1,93)

Teor de cinzas insolúveis em ácido (%)

0,04 ± 0,001 (1,42) 0,11 ± 0,005 (4,40)

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5.2 Ensaios preliminares para a extração da droga vegetal

No presente trabalho, inicialmente foram preparadas soluções extrativas em

duplicata para frutos maduros e imaturos (Figura 9), resultando em 20 lotes de

soluções extrativas. Como fator foi analisado a graduação alcoólica do solvente (30,

50, 70, 90 e 96 ºGL).

As diferenças na coloração das amostras foram atribuídas somente ao grau

alcoólico: as soluções extrativas com álcool 30 °GL apresentaram-se marrom-

alaranjada, com 50 °GL, vermelho-arroxeadas, com álcool 70 e 90 °GL, negro-

arroxeadas e com álcool 96 ºGL, púrpura (Figura 9).

Figura 9 - Soluções extrativas etanólicas (álcool 30, 50, 70, 90 e 96 ºGL) contendo frutos maduros (1) e imaturos (2) da R. ferruginea.

O rendimento em relação ao volume da filtração das soluções extrativas foi

acompanhado para garantir que as condições de preparo fossem reprodutíveis.

Como mostra a Tabela 2, o rendimento das soluções extrativas para frutos imaturos

variou de 84 a 91% e para frutos maduros de 86,5 a 89%, evidenciando a

reprodutibilidade do preparo.

O outro parâmetro de controle foi o pH, que se apresentou levemente ácido,

na faixa de 5,54 a 5,94, sem diferença significativa (p > 0,05) entre as soluções

extrativas de mesmo grau alcoólico, exceto entre as soluções extrativas de álcool 30

°GL, que foram mais ácidas quando preparadas a partir dos frutos maduros.

O resíduo seco das soluções extrativas variou de 0,46 a 0,76% para frutos

maduros e 0,41 a 0,74% para frutos imaturos, sendo diretamente proporcional ao

grau alcoólico (Tabela 2), indicando a maior extração de substâncias apolares nos

frutos. Pode-se observar também que o resíduo seco foi sempre maior nos frutos

maduros, exceto nas soluções extrativas de álcool 96 ºGL. Portanto, constata-se que

o grau alcoólico foi mais determinante que a maturação dos frutos para o resíduo

seco.

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Tabela 2 - Rendimento (%), pH, resíduo seco (%), teor do AMA (mg/g) e área do pico referente ao TGL das soluções extrativas a partir dos frutos maduros e imaturos da R. ferruginea, variando-se o solvente de extração.

Resultados representados pela média seguida do DPR = Desvio Padrão Relativo

A caracterização e a identificação por CCD permitiu evidenciar a presença do

AMA e a ausência do AMB em todas as soluções extrativas testadas tanto nos frutos

maduros quanto nos imaturos. Pode-se constatar qualitativamente que, quanto maior

o grau alcoólico da solução extrativa, maior a concentração de AMA (Figura 10).

Observa-se também que substâncias muito polares permanecem no ponto de

aplicação e que, no terço inferior e superior da cromatoplaca, há a presença de

manchas de fraca intensidade, denotando a presença de substâncias mais polares e

mais apolares do que o padrão. Constata-se também a presença de uma mancha

abaixo do padrão AMA, uma vez que sua pureza consiste em 76,2%, determinada

por CLAE (ZERMIANI, 2015).

Solvente Lote Rendimento

(%) pH

Resíduo seco (%)

Teor AMA (mg/g)

Área TGL

30 ºGL

Imaturo 89 (1,59) 5,94

(0,65) 0,41 (2,83) 1,60 (15,52)

126454

(6,74)

Maduro 88 (3,21) 5,72

(1,27) 0,46 (4,46) 0,67 (26,58) 90112 (3,02)

50 ºGL

Imaturo 89 (3,18) 5,86

(1,04) 0,54 (1,76) 38,10 (1,41)

1828603

(8,67)

Maduro 86,5 (2,45) 5,83

(0,37) 0,60 (3,69) 27,02 (1,44)

1125797

(8,50)

70 ºGL

Imaturo 91 (1,55) 5,60

(0,54) 0,65 (5,42) 52,27 (3,88)

5572539

(1,56)

Maduro 89 (6,36) 5,54

(0,39) 0,72 (3,90) 50,00 (7,85)

5377928

(3,37)

90 ºGL

Imaturo 85 (11,65) 5,68

(0,61) 0,64 (2,48) 57,88 (4,22)

7704575

(1,51)

Maduro 88 (6,43) 5,67

(1,39) 0,72 (2,24) 48,18 (2,98)

7060134

(1,72)

96 ºGL

Imaturo 84 (10,10) 5,60

(1,26) 0,74 (4,60)

62,10

(11,47)

9155676

(6,56)

Maduro 88,5 (3,99) 5,70

(0,36) 0,76 (4,64) 50,60 (8,17)

6870148

(6,22)

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Figura 10 - Cromatografia em camada delgada das soluções extrativas dos frutos maduros (FM) e frutos imaturos (FI) da R. ferruginea nos diferentes graus alcoólicos, utilizando como padrões o AMA e o AMB. Como fase estacionária utilizou-se sílica gel (GF254) e, como fase móvel, hexano:acetato de etila (6:4), após revelação com anisaldeído sulfúrico e aquecimento.

A Figura 11 apresenta um exemplo de cromatograma do perfil das soluções

extrativas por CLAE em 260 nm, onde foi possível observar a presença do AMA e de

um triglicerídeo (TGL) ainda não totalmente elucidado, sendo o teor do AMA o

parâmetro empregado na escolha das soluções extrativas para o estudo de

maximização do processo extrativo.

Figura 11 - Exemplo de cromatograma das soluções extrativas dos frutos da R. ferruginea por CLAE. Fase estacionária: coluna de fase reversa Kinetex

® C18 150 x 4,6 mm, com partículas core-shell com

tamanho de 2,6 µm. Fases móveis: acetonitrila (ACN), metanol (MeOH) e água acidificada com ácido fosfórico a pH 2,5. Leitura em comprimento de onda = 260 nm.

Na Figura 11, não foi possível observar a presença de nenhum pico que

pudesse ser referente à contaminação do padrão de AMA observada por CCD na

Figura 10, provavelmente devido à baixa absortividade dos contaminantes, os quais

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produziram uma mancha visível na CCD após revelação com anisaldeído sulfúrico

(Figura 10).

Quanto ao teor de AMA, este foi proporcional ao grau alcoólico, conforme já

observado na CCD, com aumento considerável com álcool 96 °GL. Em relação à

área do TGL, esta foi maior (p < 0,05) para a solução extrativa de álcool 96 °GL

obtida dos frutos imaturos (Tabela 2). Visualiza-se também que as médias dos

teores do AMA e as áreas do TGL foram sempre maiores nas soluções obtidas dos

frutos imaturos, porém não houve diferença significativa (p > 0,05) entre frutos

maduros e imaturos para as soluções extrativas álcool 70 ºGL e 96 ºGL.

De acordo com Zermiani (2015), o AMA possui a característica de um óleo e é

praticamente insolúvel em água, o que condiz com os resultados do presente

trabalho, em que a maior extração do AMA ocorre com o álcool de maior graduação.

A escolha para a próxima etapa, de maximização do processo extrativo, se

deu pela mistura dos frutos secos e moídos, independente do grau de maturação,

pois além de ser um processo facilitado tecnologicamente, verificou-se que o grau de

maturação não foi determinante para os parâmetros avaliados (resíduo seco, pH e

teor de AMA e TGL), que se mostraram mais dependentes do grau alcoólico, até

mesmo por se tatrar de compostos mais apolares.

No estudo de otimização, tendo-se como marcador químico o AMA, trabalhou-

se com as variáveis tempo de extração, relação droga solvente e graduação

alcoólica de 70 e 96 °GL, uma vez que os resultados foram muito semelhantes entre

os líquidos extratores de maior teor alcoólico.

5.3 Maximização do processo extrativo

Para a maximização do processo extrativo empregou-se o planejamento

fatorial conforme o Quadro 4 e a Tabela 3.

O lote empregado nesta etapa é representado pela mistura dos frutos

maduros e imaturos, e portanto, a coloração varia de negro-arroxeada a esverdeada.

Os resultados da análise do rendimento de filtração, resíduo seco, pH, teor do

AMA e área do TGL são apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3 - Rendimento (%), pH, resíduo seco (%), teor do AMA (mg/g) e área do pico referente ao TGL das soluções extrativas dos frutos da R. ferruginea na maximização do processo extrativo.

Experimento (*ABC)

Rendimento (%)

pH

Resíduo seco (%)

Teor AMA (mg/g)

Área TGL

1 (70.05.05) 93 (4,56) 5,55 (0,51) 0,73 (5,81) 69,44 (0,76) 3465871 (13,34)

2 (70.10.10) 86 (1,64) 5,60 (0,13) 1,35 (0,53) 42,35 (7,62) 4492410 (16,48)

3 (70.10.05) 87 (4,88) 5,52 (0,51) 0,74 (1,91) 36,09 (4,01) 3722941 (0,01)

4 (70.05.10) 84 (4,34) 5,54 (0,51) 1,59 (8,89) 77,79 (17,00) 4863538 (9,16)

5 (96.05.05) 92 (3,07) 5,49 (2,71) 1,00 (8,49) 50,16 (7,23) 4836133 (3,19)

6 (96.10.10) 83,5 (2,54) 5,41 (0,78) 1,89 (0,75) 52,19 (3,30) 8441196 (4,47)

7 (96.10.05) 83 (10,22) 5,60 (0,38) 1,15 (4,32) 47,06 (5,42) 4809916 (7,71)

8 (96.05.10) 89 (4,77) 5,30 (0,001) 1,47 (1,92) 53,70 (11,03) 8871126 (7,53)

Resultados representados pela média seguida do DPR = Desvio Padrão Relativo *ABC = A) Solvente (álcool °GL); B) Tempo (h); C) Relação droga:solvente (%).

O rendimento da extração variou de 83 a 93% e esteve relacionado com a

taxa de evaporação do solvente em relação ao tempo de extração, ou seja, nas

soluções extrativas onde o tempo de extração foi de 10 h, o rendimento foi menor.

O pH obtido é levemente ácido para todas as condições, variando entre 5,30

a 5,60, havendo diferença estatisticamente significante (p > 0,05) entre as soluções

extrativas obtidas com álcool 70 °GL e álcool 96 °GL de tempo de extração de 10 h e

relação droga:solvente 5 e 10% (Tabela 3).

O resíduo seco das soluções extrativas variou de 0,73 a 1,89. A análise

estatística revela que este parâmetro é definido pela proporção droga:solvente e

pela diferença no grau alcoólico, não havendo interferência do tempo de extração (p

> 0,05). As soluções extrativas 70 °GL e 96 °GL, quando expostas às mesmas

condições, apresentaram diferença estatisticamente significante (p > 0,05), sendo

que os maiores valores de resíduo seco foram apresentados para o álcool 96 °GL

(Tabela 3).

A caracterização e a identificação por CCD (Figura 12) repetiu o mesmo

comportamento já descrito no estudo inicial de extração (Figura 10), conforme era o

esperado.

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Figura 12 - Cromatografia em camada delgada das soluções extrativas dos frutos da R. ferruginea nos diferentes graus alcoólicos. Como fase estacionária utilizou-se sílica gel (GF254) e, como fase móvel, hexano:acetato de etila (6:4), após revelação com anisaldeído sulfúrico e aquecimento.

1: álcool 70 °GL-5h.-5% droga:solvente; 2: álcool 70 °GL-10h-10% droga:solvente; 3: álcool 70 °G-10h-5% droga:solvente; 4: álcool 70 °GL-5h-10% droga:solvente; 5: álcool 95%-5h-5% droga:solvente; 6: álcool 95%-10h-10% droga:solvente; 7: álcool 95%-10h-5% droga:solvente; 8: álcool 95%-5h-10% droga:solvente, utilizando como padrões os ácidos mirsinoicos A e B.

Em todas as amostras analisadas por CLAE, foi possível confirmar, a

presença do AMA e do TGL, já identificados no estudo preliminar (Figura 11).

No presente trabalho, apenas quantificou-se o AMA, devido à disponibilidade

de metodologia já desenvolvida e validada para este marcador em estudo anterior

(ZERMIANI, 2015). Portanto, o teor de AMA foi usado como indicador no estudo de

otimização do processo extrativo. Observam-se diferenças significativas (p < 0,05)

entre as SE 70 ºGL e 96 °GL (Figura 13, Tabela 3). Nas extrações com o solvente 70

ºGL observa-se que o teor foi mais sensível ao tempo, sofrendo redução quando

passou de 5 para 10 h de extração. Provalvemente este comportamento seja

inerente à fraca estabilidade do marcador neste solvente mais aquoso, que oferece

um meio hidrolítico. Por outro lado, nas soluções obtidas com o solvente álcool 96

°GL, o percentual de variação foi menor, independente dos níveis dos fatores

estudados. Portanto, elegeu-se o solvente álcool 96 °GL, nos menores tempo e

relação droga:solvente como as melhores condições para o processo extrativo.

Os valores de alto DPR apresentados em algumas soluções extrativas nos

resultados do teor de AMA (Tabela 3) podem ser atribuídos à variabilidade inerente

dos processos extrativos vegetais, entre lotes, ainda que sejam do mesmo tamanho

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(100 mL) e da mesma coleta. O alto valor de DPR% indicou que a extração dos

frutos não foi reprodutível, provavelmente devido à composição heterogênea da

amostra.

Quanto à área do TGL, os fatores de maior influência para a extração foram a

droga:solvente e o grau alcoólico, sendo diretamente proporcionais (Tabela 3).

Figura 13 – Teor de AMA (mg/g) para as soluções extrativas de álcool 70 °GL (A) e álcool 96 °GL (B) dos frutos da R. ferruginea em relação à proporção droga:solvente (%) e ao tempo (h).

5.4 Caracterização dos derivados vegetais obtidos com álcool 96 °GL

5.4.1 Determinação da citotoxicidade pelo método MTT

Na determinação da citotoxicidade em células fibroblásticas de camundongos

da linhagem L929, as soluções extrativas de álcool 96 °GL nos tempos de 5 e 10 h e

droga:solvente 5 e 10% foram avaliadas. Em nenhuma das soluções extrativas o

IC50 foi menor que a maior concentração testada (5 µg/mL). Porém, houve redução

significativa (p < 0,05) da viabilidade celular de 44% para a condição extrativa no

tempo de 10 h e droga:solvente 10%. Para as demais soluções extrativas, a taxa de

sobrevivência das células foi maior que 90%, quando comparadas ao controle

negativo (Figura 14).

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Figura 14 – Viabilidade das células L929 expostas às soluções extrativas dos frutos da R. ferruginea na concentração de 5 µg/mL, utilizando como controle negativo meio DMEM e DMSO 0,01%.

*ABC = A) Solvente (álcool °GL); B) Tempo (h); C) Relação droga:solvente (%).

Tomio (2011) avaliou a citotoxicidade dos extratos moles etanólicos das

cascas, folhas, frutos e galhos da R. ferruginea em linhagem celular L929, e os

resultados mostraram que apenas o extrato das cascas da R. ferruginea

apresentaram citotoxicidade na concentração de 100 µg/mL, com redução da

viabilidade celular de 70%. O AMA, isolado das cascas da R. ferruginea, não

apresentou efeito citotóxico em nenhuma concentração testada (0,1, 1,0, 10 e 100

µg/mL). No trabalho de Tomio (2011), os frutos foram secos e moídos e submetidos

a um processo de extração exaustiva com etanol (EtOH) durante 7 dias. Após

filtração, o solvente foi removido por destilação em evaporador rotatório sob pressão

reduzida para obtenção dos extratos moles.

No entanto, Barretta (2011) avaliou a citotoxicidade dos extratos moles

etanólicos dos frutos da R. ferruginea, obtidos com o mesmo processo que Tomio

(2011), em linhagem celular L929 pelo método do vermelho neutro. Quando testatos,

não foi evidenciada toxicidade nas concentrações 0,01, 1 a 100 μg/mL, diferente do

composto isolado (AMA), que apresentou possível efeito citotóxico na concentração

de 10 e 100 μg/mL.

Nestes dois trabalhos, nota-se uma divergência entre os resultados, mesmo

entre extratos obtidos com o mesmo tipo de solvente e mesmo método de extração,

e composto isolado, na mesma concentração. Estas diferenças podem estar

relacionadas às variáveis das metodologias empregadas. Assim como observado no

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presente trabalho, essa disparidade, também pode estar supostamente relacionada

com o método de obtenção dos extratos, já que a citotoxicidade das soluções

extrativas etanólicas dos frutos, em alguns casos especialmente, se mostrou ligada

às condições de preparação da solução extrativa, como tempo de extração. O teor

de AMA das soluções extrativas (Tabela 3) não parece estar relacionado à baixa

viabilidade da solução extrativa de relação droga:solvente a 10% e tempo de 10 h,

uma vez que a variação de teor foi mínima.

Um importante critério de segurança na pesquisa de compostos ativos com

potencial terapêutico, é determinar a ausência de efeitos tóxicos em células não-

tumorais. As soluções extrativas, quando testadas em uma concentração

relativamente baixa, já demostraram certa citotoxicidade. Talvez este resultado

esteja relacionado a formação de produtos resultantes da oxidação, em função do

maior tempo de extração (10 h). As demais soluções extrativas demonstraram

segurança, podendo ser úteis para o desenvolvimento de novos medicamentos e/ou

cosméticos.

5.4.2 Caracterização físico-química do extrato mole selecionado

A partir dos resultados anteriores, novo lote de solução extrativa foi

preparado. Escolheu-se o tempo de 5 h para a extração da droga vegetal, evitando

assim menor exposição a possíveis fatores de degradação, como relatado

anteriormente. A relação droga:solvente foi mantida em 5% para evitar a saturação

do solvente. Após o preparo da solução extrativa, foi obtido o extrato mole.

O rendimento, pH, resíduo seco e teor de AMA das soluções extrativas e extrato mole dos frutos da R. ferruginea, preparados com álcool 96 °GL, estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Caracterização da solução extrativa a 5% (m/v) e extrato mole dos frutos da R. ferruginea preparados com álcool 96 °GL, 5 h de extração.

Parâmetros Solução extrativa Extrato mole

Rendimento (%) 85 18,42*

pH 5,85 (0,78) 5,41 (0,43)

Resíduo seco (%) 0,91 (0,69) 71,69 (4,42)

Teor AMA (mg/g) 103,03 (0,38) 55,53 (0,29)

*Relação EM : droga vegetal Resultados representados pela média seguida do DPR = Desvio Padrão Relativo

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O pH do extrato mole e solução extrativa estão em conformidade, uma vez

que permanece levemente ácido, não sofrendo alteração perante o processo de

evaporação do solvente.

O resíduo seco do extrato mole é considerado baixo, denotando alto teor de

líquidos, mesmo após longo período de evaporação em banho-maria. Este resultado

pode ser atribuído à composição dos extratos dos frutos, rica em triglicerídeos e

AMA, que são líquidos oleosos.

Observou-se novamente que os resultados de teor de AMA alteram-se entre

lotes de mesmo tamanho, e que esta diferença se torna ainda maior, quando o

tamanho de lote é modificado, visto que o tamanho de lote variou de 100 mL (Tabela

3) a 1000 mL (Tabela 4).

5.4.3 Determinação da atividade antioxidante por DPPH (1,1-difenil-2-

picrilhidrazina)

Com a finalidade de avaliar a capacidade do extrato dos frutos da Rapanea

ferruginea de capturar radicais livres (DPPH), foi realizada a análise das soluções do

extrato mole com graduação alcoólica de 96 °GL no tempo de 5 h e 5%

droga:solvente, em diferentes concentrações. Os resultados estão expressos em

percentagem de inibição de oxidação, ou seja, a porcentagem de atividade

antioxidante é correspondente à quantidade de DPPH consumida pelo antioxidante.

Quanto maior o consumo de DPPH pela amostra, maior é sua atividade antioxidante

(AA) (ALVES et al., 2007). Observa-se, portanto, uma relação dose-resposta, ou

seja, quanto maior a concentração do extrato, maior sua atividade antioxidante. A

aplicação tópica de antioxidantes reduz os danos oxidativos induzidos pela radiação

UV.

Com o objetivo de determinar o IC50, que é a concentração necessária para

reduzir 50% dos radicais da amostra, foi construída uma curva com a amostra, a

partir das concentrações de 2,5, 5,0, 7,5, 10, 20 e 30 μg/mL e com o padrão de

ácido ascórbico nas concentrações de 1 a 4 μg/mL, calculando-se a equação da reta

e o coeficiente de determinação (r2), conforme mostra a Figura 15. Quando

calculado o IC50 pela equação da reta, foram obtidas as concentrações de 16,26

μg/mL para o EM Álcool 96 °GL e de 2,28 μg/mL para o ácido ascórbico (controle

positivo). Comparado ao padrão de ácido ascórbico, houve uma diferença

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significativa (p < 0,05), sendo necessária uma concentração 11 vezes maior de

extrato para reduzir 50% dos radicais. Porém, ao se tratar de extratos vegetais

considera-se uma atividade antioxidante razoável, visto que na literatura, encontram-

se estudos com extratos etanólicos de espécies vegetais brasileiras, demonstrando

que plantas como Anadenanthera peregrina e Pseudopiptadenia contorta

apresentaram maior potencial antioxidante, com IC50 nas concentrações de 9,82

µg/mL e 13,60 µg/mL, enquanto que extratos de Ginkgo biloba mostraram atividade

inferior ao presente estudo, com IC50 equivalente a 44,72 µg/mL (MENSOR et al.,

2001).

Figura 15 – A: Atividade antioxidante do EM álcool 96 °GL dos frutos da R. ferruginea; B: Atividade antioxidante do ácido ascórbico (Vit. C).

A

B

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Estudo realizado com os frutos da Litchi chinensis evidenciaram atividade

antioxidante na concentração de 20 µg/mL, em que seus extratos apresentaram AA

em torno de 50% (ZHAO et al., 2006). Comparando estes resultados com o presente

estudo, observa-se uma atividade antioxidante similar para os frutos da R.

ferruginea.

Roesler e colaboradores (2007) verificaram que a extração etanólica resulta

em extratos com maiores conteúdos de compostos fenólicos e, consequentemente,

com maior capacidade de sequestrar radicais livres para diversos frutos do cerrado

brasileiro. Barretta (2011) verificou que há uma correlação positiva entre a atividade

antioxidante e o teor de fenólicos presentes no extrato etanólico das cascas e dos

frutos da R. ferruginea, sugerindo que compostos, como o AMA, sejam os maiores

responsáveis pela atividade antioxidante determinada.

Barretta (2011) avaliou a atividade antioxidante pelo método DPPH do extrato

etanólico dos frutos da R. ferruginea nas concentrações de 1, 5 e 10 μg/mL, com

valores de IC50 (9,73 µg/mL), ou seja, com atividade antioxidante superior ao

presente estudo. Essa diferença provavelmente está atrelada às especificidades da

metodologia, diferentes condições de análise empregadas e a forma de expressão

dos resultados que muitas vezes não permitem uma comparação direta. Além disso,

cada lote tem sua especificidade.

5.4.4 Coeficiente de partição óleo/água

Para produzir resposta farmacológica, a molécula do fármaco precisa penetrar

uma barreira biológica representada pelas camadas lipofílicas (membranas

celulares) e hidrofílicas (líquidos inter e intracelulares), e essa capacidade

fundamenta-se, em parte, na sua lipofilicidade em comparação com sua

hidrofilicidade. O coeficiente de partição de um fármaco é a medida de sua

distribuição em um sistema de fase lipofílica/hidrofílica, e indica sua capacidade de

penetrar sistemas biológicos. A velocidade de dissolução aliada a dados sobre

solubilidade, constante de dissolução e coeficiente de partição podem proporcionar

uma indicação sobre a biodisponibilidade do fármaco (KORINTH et al., 2012).

Através da quantificação do AMA remanescente na solução aquosa, foi

verificado que 100% do marcador particionou para a fase oleosa (octanol). A partir

destes resultados, o AMA pode ser considerado uma substância com alto coeficiente

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de partição óleo/água, ou seja, possui maior afinidade e tende a migrar para uma

fase mais lipofílica, o que também pode indicar que o extrato mole, quando

incorporado a um sistema nanoemulsionado, estará totalmente incorporado no

interior da fase oleosa na formulação.

Além disso, os resultados de log P (coeficiente de partição) encontrados para

o AMA no estudo de Zermiani (2015), foram de 3,30. Substâncias com log P positivo

possuem maior afinidade e tendem a migrar para uma fase mais lipofílica e que junto

às demais características moleculares, sugerem uma boa absorção e

permeabilidade pela via cutânea, uma vez que estudos sugerem que o máximo de

absorção percutânea ocorre em substâncias com log P entre 2 e 3 (KORINTH et al.,

2012).

O AMA mostra-se favorável também à farmacocinética no corpo humano, o

que faz dele uma substância ativa quando administrado via oral, já que substâncias

com log P maiores que 5 é que sugerem baixa absorção (LIPINSKI et al., 2012).

O log P encontrado para o AMA foi semelhante ao de fármacos anti-

inflamatórios não esteroidais como diclofenaco, ibuprofeno, indometacina e

naproxeno (HADGRAFT; PLESSIS; GOOSEN, 2000).

5.5 Desenvolvimento de sistemas nanodispersos

Em trabalho anterior, realizado em parceria com a aluna de iniciação científica

Ionice de Araújo Dutra, desenvolveu-se nanoemulsões O/A para a incorporação do

extrato mole dos frutos da R. ferruginea (DUTRA et al., 2014). Os resultados obtidos

nesse estudo apontavam a necessidade de estudos posteriores para a otimização

das formulações contendo o extrato de R. ferruginea

Portanto, no presente trabalho, deu-se continuidade com a construção de um

diagrama de fases pseudoternário, ferramenta fundamental para a otimização de

sistemas nanoemulsionados.

As formulações desenvolvidas no diagrama pseudoternário foram submetidas,

após 24 h de preparo, à análise visual (Quadro 10). As formulações 1.1, 2.1, 3.1, 5.1

e 9.1 apresentaram características semelhantes, aspecto líquido e coloração

marrom-avermelhadas e não houve presença de sedimento. A formulação 6.1

apresentou aspecto oleoso, sendo a formulação mais viscosa e com maior

quantidade de espuma, devido a maior quantidade de tensoativos. As formulações

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4.1, 7.1, 10.1, 11.1 apresentaram aspecto líquido leitoso e coloração rosada, com

presença de pequeno sedimento e gotículas dispersas na superfície (após uma

semana, houve separação de fases). A formulação 8.1 apresentou coloração rosada

mais escura, aspecto opalescente comparada à formulação 7.1 e aspecto líquido

leitoso. Ocorreu separação de fases na superfície da formulação que apresenta uma

camada de óleo. A formulação 12.1 sofreu separação de fases. As formulações 13.1

a 16.1 apresentaram aspectos opalescentes. A formulação 16.1 mostrou aspecto

oleoso e viscoso (Figura 16).

Após a centrifugação, apenas as formulações 4.1, 7.1, 8.1 e 11.1

apresentaram pequena presença de sedimento, o que já serviu como forma de

exclusão destas formulações para próxima fase. Na formulação 10.1 houve

separação de fases e alta sedimentação. As formulações 12.1 e 13.1 apresentaram

separação de fases, sendo excluídas. As outras formulações não foram alteradas (a

cor dificultou a visualização).

As formulações sem EM apresentaram características físicas semelhantes

aos lotes contendo extrato, exceto pela cor, característica da ausência do EM

(Figura 16).

Após a centrifugação, as formulações 1.2, 2.2, 3.2 e 5.2 apresentaram

aspecto translúcido e coloração azulada. As formulações 4.2, 7.2, 10.2, 11.2

apresentaram aspecto leitoso e coloração branca. A formulação 6 ficou translúcida e

azulada, porém mais oleosa que as demais. As formulações 8.2 e 12.2 ficaram

branca leitosas, parecidas com as formulações 4.2 e 7.2. A formulação 9 apresentou

aspecto translúcido. As formulações 13.2 a 16.2 apresentaram aspecto opalescente

(Quadro 10, Figura 16).

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Figura 16 - Análise visual das formulações do diagrama pseudoternário após 24 h de preparo. A: formulações com EM dos frutos da R. ferruginea; B: formulações sem EM.

Quadro 10 - Características físicas das formulações do diagrama pseudoternário após centrifugação.

Centrifugação Características organolépticas

Lotes Óleo.Tensoativo.EM

(%) Ausência de

sedimentação Aspecto

macroscópico Consistência

1.1 05.10.1 Conforme Translúcido Fluido

1.2 05.10.0 Conforme Translúcido Fluido

2.1 05.15.1 Conforme Translúcido Fluido

2.2 05.15.0 Conforme Translúcido Fluido

3.1 05.20.1 Conforme Translúcido Fluido

3.2 05.20.0 Conforme Translúcido Fluido

4.1 10.05.1 Não conforme Leitoso Fluido

4.2 10.05.0 Não conforme Leitoso Fluido

5.1 10.15.1 Conforme Leitoso Fluido

5.2 10.15.0 Conforme Leitoso Fluido

6.1 10.20.1 Conforme Translúcido Fluido

6.2 10.20.0 Conforme Translúcido Fluido

7.1 15.05.1 Não conforme Leitoso Fluido

7.2 15.05.0 Não conforme Leitoso Fluido

8.1 15.10.1 Não conforme Opalescente Fluido

8.2 15.10.0 Não conforme Opalescente Fluido

9.1 15.20.1 Conforme Translúcido Fluido

9.2 15.20.0 Conforme Translúcido Fluido

10.1 20.05.1 Não conforme Leitoso Fluido

10.2 20.05.0 Não conforme Leitoso Fluido

11.1 20.10.1 Não conforme Leitoso Fluido

11.2 20.10.0 Não conforme Leitoso Fluido

12.1 20.15.1 Não conforme Opalescente Fluido

12.2 20.15.0 Não conforme Opalescente Fluido

13.1 05.05.1 Não conforme Opalescente Fluido

13.2 05.05.0 Não conforme Opalescente Fluido

14.1 10.10.1 Conforme Opalescente Fluido

14.2 10.10.0 Conforme Opalescente Fluido

15.1 15.15.1 Conforme Opalescente Fluido

15.2 15.15.0 Conforme Opalescente Fluido

16.1 20.20.1 Conforme Opalescente Fluido

16.2 20.20.0 Conforme Opalescente Fluido

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Aparentemente, todas as formulações apresentaram característica de

nanoemulsão, uma vez que seus aspectos foram fluidos e coloração translúcida

azulada a opalescente, proporcional ao tamanho de gotícula. O reflexo azulado

ocorre em virtude do efeito Tyndall, característico de sistemas coloidais, que ocorre

quando há a dispersão da luz pelas gotículas do sistema. Neste caso, é possível

visualizar o trajeto que a luz percorre, pois estas gotículas dispersam os raios

luminosos (XU; YANG; HAMMOUDA, 2011).

Houve alteração de tamanho entre os lotes com e sem extrato, sendo que as

formulações com EM diminuem o tamanho da fase interna, o que pode ter sido

influenciado pela presença do extrato no processo de emulsificação (Tabela 5). Foi

observado também que o tamanho foi inversamente proporcional ao tensoativo,

quando se aumentou a concentração de tensoativo, o tamanho médio da fase

interna foi menor e as formulações apresentaram-se mais estáveis, sem presença de

sedimento do EM. O PDI, referente à distribuição das gotículas da fase interna,

variou de 0,134 a 0,374, indicando que nem todas as formulações apresentaram-se

monodispersas (Tabela 5). As formulações que apresentaram PDI menor que 0,2

indicam homogeneidade do sistema.

Conforme a Figura 17, é possível observar que o aumento da fase interna é

proporcional à concentração de óleo e inversamente proporcional ao tensoativo,

característico de sistemas nanoemulsionados.

Figura 17 – Tamanho médio da fase interna (nm) dos sistemas nanodispersos contendo extrato mole dos frutos da R. ferruginea (SND_EM) e dos sistemas nanodispersos sem extrato mole (SND), em função da proporção de óleo e tensoativo (%).

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Tabela 5 – Caracterização das formulações do diagrama pseudoternário quanto ao tamanho médio da fase interna por número e PDI.

Lotes Óleo.Tensoativo.EM

(%) Tamanho médio (nm)

Média (s) PDI

Média (s)

1.1 05.10.1 9,94 (2,24) 0,239 (0,01)

1.2 05.10.0 22,64 (1,42) 0,154 (0,02)

2.1 05.15.1 5,40 (1,15) 0,320 (0,06)

2.2 05.15.0 14,21 (4,16) 0,194 (0,03)

3.1 05.20.1 5,97 (2,60) 0,346 (0,08)

3.2 05.20.0 12,07 (0,80) 0,248 (0,01)

4.1 10.05.1 101,17 (6,74) 0,145 (0,01)

4.2 10.05.0 90,97 (30,83) 0,154 (0,01)

5.1 10.15.1 34,22 (1,40) 0,150 (0,01)

5.2 10.15.0 27,67 (1,13) 0,215 (0,01)

6.1 10.20.1 6,31 (1,82) 0,178 (0,01)

6.2 10.20.0 12,34 (5,07) 0,270 (0,01)

7.1 15.05.1 182,20 (1,84) 0,247 (0,01)

7.2 15.05.0 80,01 (4,68) 0,185 (0,01)

8.1 15.10.1 76,65 (4,43) 0,149 (0,01)

8.2 15.10.0 80,01 (4,68) 0,152 (0,01)

9.1 15.20.1 34,15 (4,89) 0,214 (0,03)

9.2 15.20.0 28,07 (1,58) 0,193 (0,01)

10.1 20.05.1 52,42 (7,47) 0,274 (0,005)

10.2 20.05.0 81,14 (7,95) 0,374 (0,07)

11.1 20.10.1 98,95 (10,19) 0,163 (0,02)

11.2 20.10.0 119,30 (7,85) 0,156 (0,01)

12.1 20.15.1 64,94 (3,31) 0,161 (0,01)

12.2 20.15.0 29,92 (4,44) 0,168 (0,01)

13.1 05.05.1 48,19 (1,76) 0,134 (0,004)

13.2 05.05.0 54,70 (3,36) 0,162 (0,02)

14.1 10.10.1 49,02 (4,62) 0,165 (0,01)

14.2 10.10.0 46,29 (2,73) 0,140 (0,001)

15.1 15.15.1 51,79 (2,09) 0,175 (0,01)

15.2 15.15.0 45,65 (2,42) 0,153 (0,005)

16.1 20.20.1 48,99 (2,74) 0,183 (0,01)

16.2 20.20.0 46,50 (3,63) 0,144 (0,01) s = desvio padrão

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90

Conforme apresentado na Figura 18, nem todas as formulações

apresentaram distribuição de tamanho homogêneo. As formulações 3, 7 e 10 foram

eliminadas para a seleção da formulação, em função da heterogeineidade.

Figura 18 – Análise da distribuição de tamanho médio da fase interna por intensidade dos sistemas nanodispersos contendo EM dos frutos da R. ferruginea.

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91

Por fim, as formulações 1, 2, 5 e 14 foram escolhidas para seguir os estudos

de estabilidade por apresentarem menor concentração de óleo e principalmente,

pela concentração de tensoativos, em que se prioriza sempre a menor concentração

possível. Nas quais, as formulações 1 e 2 apresentam quantidade mínima de óleo

(5%) com quantidades intermediárias de tensoativo (10 e 15%, respectivamente) e

as formulações 5 e 14 com quantidade intermediária de óleo (10%) com quantidades

intermediárias de tensoativo (15 e 10%, respectivamente).

5.6 Estabilidade preliminar

A estabilidade preliminar foi realizada com o objetivo de auxiliar e orientar na

escolha das formulações. Os sistemas nanodispersos (SND) 1.1 a 5.1 apresentaram

coloração vermelha-escura e translúcidas e com aspecto fluido. O SND 14.1

apresentou-se com coloração mais rosada e opalescente e aspecto fluido,

proporcional ao tamanho de gotícula, a qual também mostrou indício de

coalescência de fase oleosa, após 14 dias do ciclo (Figura 19). As formulações não

apresentaram alterações antes e após a centrifugação até o final do ciclo (28 dias).

Figura 19 - Aspecto visual dos sistemas nanodispersos, 1.1, 2.1, 5.1 e 14.1, respectivamente,

submetidos ao estudo de estabilidade preliminar.

1.1: 5% óleo, 10% tensoativo; 2.1: 5% óleo, 15% tensoativo; 5.1: 10% óleo, 15% tensoativo; 14.1: 10% óleo, 10% tensoativo. Nota: Todas as formulaões contém 1% EM dos frutos da R. ferruginea e 0,5% de conservante.

O aumento de tamanho foi observado em todas as formulações, que

apresentaram diferença estatisticamente significante, (p < 0,05) ao final de 28 dias

do ciclo, em relação ao tempo inicial (24 h) (Tabela 6, Figura 20).

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O tamanho médio das formulações 5.1 e 14.1, quando expostas às condições

gelo-degelo manifestaram aumento significativo após os 14 dias, o qual não diferiu

de ambos os controles (5 C e 25 C).

Para 1.1, este aumento foi significativo aos 28 d, assemelhando apenas ao

controle (5 C), o que denota a influência da queda de temperatura. Este

comportamento de instabilidade foi mais lento para a 2.1, dependente do tempo e

das variações de temperatura (Tabela 6, Figura 20).

O índice de polidispersividade (PDI) refere-se à distribuição homogênea das

gotículas da fase interna, preconizando-se que seja inferior a 0,2. Destaca-se a

formulação 14.1, com menor PDI, o que pode estar atrelado ao maior tamanho de

fase interna, uma vez que o limite mínimo de leitura do ZetaSizer Nano ZS é de 1 nm

(Tabela 6).

O pH permaneceu levemente ácido durante os 28 dias, variando de 5,53 a

6,15 entre as formulações. (Tabela 6).

Os resultados de estabilidade e tamanho de fase interna indicaram que as

formulações são termodinamicamente instáveis, característicos de sistemas

nanoemulsionados.

Figura 20 - Análise do tamanho médio das formulações contendo EM dos frutos da R. ferruginea sujeitas ao estudo de estabilidade preliminar.

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Tabela 6 – Resultados do estudo de estabilidade preliminar dos sistemas nanodispersos (1.1, 2.1, 5.1 e 14.1).

Condições Tempo inicial Ciclo 5 C/ 40 C,

a cada 24 h Controles

Tempo e Temperatura

24 h 14 d 28 d 28 d

5 C

28 d

25 C Tamanho médio (nm)

Média (s)

1.1 5,17 (6,69) 7,51 (9,54) 23,56 (7,87) 23,83 (17,70) 7,51 (17,64)

2.1 5,13 (7,33) 6,57 (2,26) 10,03 (13,16) 6,65 (8,68) 7,76 (6,52)

5.1 2,35 (8,72) 31,42 (6,87) 31,87 (5,34) 31,12 (3,94) 30,02 (1,09)

14.1 42,21 (4,56) 50,77 (6,51) 49,28 (5,31) 51,58 (3,08) 50,06 (5,83)

PDI Média (s)

1.1 0,198 (1,67) 0,232 (10,52) 0,183 (13,84) 0,213 (3,01) 0,209 (3,65)

2.1 0,247 (2,66) 0,255 (5,84) 0,224 (1,39) 0,262 (2,65) 0,241 (0,78)

5.1 0,208 (0,40) 0,202 (7,78) 0,201 (4,17) 0,226 (3,17) 0,217 (1,70)

14.1 0,148 (1,50) 0,158 (4,49) 0,142 (5,50) 0,146 (2,47) 0,142 (4,24)

pH Média (s)

1.1 5,77 (0,75) 5,76 (2,01) 5,62 (0,42) 5,68 (0,35) 5,53 (4,55)

2.1 5,96 (1,20) 6,06 (2,04) 5,93 (3,04) 5,86 (1,47) 6,00 (0,52)

5.1 6,13 (0,48) 6,16 (0,67) 5,97 (0,98) 6,00 (0,52) 6,04 (0,78)

14.1 6,05 (0,70) 5,95 (1,51) 5,75 (1,87) 5,98 (2,34) 5,87 (0,16)

1.1: 5% óleo, 10% tensoativo; 2.1: 5% óleo, 15% tensoativo; 5.1: 10% óleo, 15% tensoativo; 14.1: 10% óleo, 10% tensoativo. s = desvio padrão Nota: Os resultados representam a média dos lotes 1 e 2 para cada SND, seguidos pelo desvio padrão.

Após o estudo de estabilidade preliminar, selecionou-se as formulações 1.1 e

14.1 para dar continuidade na caracterização por microscopia eletrônica de

transmissão e pelo equipamento de espalhamento de luz dinâmico multi-ângulos. A

escolha foi realizada a partir do tamanho médio de fase interna distintos e a menor

quantidade de tensoativo (10%) nas formulações, já que os SND 2.1 e 5.1

apresentavam 15% de tensoativo em suas composições.

5.7 Caracterização dos sistemas nanodispersos

5.7.1 Análise morfológica por microscopia eletrônica de transmissão

As fotomicrografias obtidas por MET dos sistemas nanodispersos revelam

estruturas esféricas, mostrando a aparência típica de nanoemulsão óleo em água

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(Figura 21). Além disso, as fotomicrografias não apresentam interferência quanto à

incorporação do EM a 1% e a 0,25%.

Porém, observa-se nas fotomicrografias o fenômeno de coalescência, ou seja,

um processo que ocorre quando duas gotículas alcançam proximidade suficiente e

têm a estrutura de suas interfaces comprometidas devido à individualidade tornando-

se um único glóbulo. A coalescência pode ocorrer em nanoemulsões, visto que são

sistemas instáveis (MCCLEMENTS, 2012; NAZARZADEH; ANTHONYPILLAI;

SAJJADI, 2013; XIN et al., 2013). Sugere-se que este fenômeno tenha ocorrido em

função do preparo da técnica, que requer secagem.

Figura 21 - Fotomicrografias (MET) dos SND1 EM 1% - Aumento 20000 (A), SND1 sem EM - Aumento 40000 (B), SND14 EM 1% - Aumento 25000 (C), SND14 sem EM (D) - Aumento 20000 e SND14 EM 0,25% - Aumento 25000 (E).

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5.7.2 Espalhamento de luz dinâmico multi-ângulos

De maneira complementar à técnica do equipamento ZetaSizer Nano ZS,

verificou-se também a dependência angular do diâmetro médio dos sistemas

nanodispersos SND1 e SND14 pelo espallhamento de luz dinâmico multi-ângulos,

sendo submetidos aos ângulos de 30, 90 e 150 °.

Inicialmente, comparou-se o tamanho da fase interna das formulações entre

os ângulos pelo mesmo equipamento, o goniômetro. Conforme detalha a Tabela 7,

as formulações SND1 EM 1%, SND1 sem EM e SND14 EM 1% não apresentaram

diferença estatisticamente significante (p > 0,05) entre os ângulos. A formulação

SND14 sem EM não apresentou diferença (p > 0,05) entre os ângulos de 30 e 150 °.

Percebe-se que a técnica comparada com o ZetaSizer Nano ZS, apresenta

divergências quanto ao tamanho de gotículas para a formulação SND14, ao fato da

caracterização do tamanho médio varia de acordo com o ângulo de espalhamento

de luz. Esta informação fica evidenciada nos resultados da Tabela 7, em que quanto

maior o ângulo, maior é o espalhamento da luz laser sob as gotículas, exceto a

formulação SND14 EM 1%.

Por fim, a formulação SND14 apresenta maior instabilidade quanto ao

tamanho da fase interna, denotando sua heterogeineidade, por apresentar valores

diferentes conforme o ângulo de espalhamento de luz.

Tabela 7 – Comparação do tamanho médio da fase interna entre Goniômetro e ZetaSizer Nano ZS.

s = desvio padrão

Após a caracterização das amostras SND1 e SND14, com 5 e 10% de óleo,

respectivamente e 10% de tensoativo em suas composições, selecionou-se a

formulação SND1 para dar continuidade aos estudos, pois mostrou ser mais

homogênea quanto ao tamanho médio da fase interna (Tabela 7), além da análise

Goniômetro Zetasizer Nano ZS

Amostras

30 ° Média (s)

nm

90 ° Média (s)

nm

150 ° Média (s)

nm

173° Média (s)

nm

SND1 EM 1% 9,9 (8,4) 10,50 (1,13) 12,75 (1,20) 8,55 (1,37)

SND1 sem EM 5,7 (7,4) 11,15 (1,62) 18,5 (2,82) 15,88 (4,92)

SND14 EM 1% 59,85 (29,34) 32,05 (1,48) 30,75 (27,05) 50,89 (5,90)

SND14 sem EM 73,65 (10,82) 27,55 (2,47) 85,95 (2,05) 45,17 (1,11)

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visual ser mais estável que SND14, o qual apresentou indício de coalescência de

fase oleosa no estudo de estabilidade preliminar após 14 dias (item 5.6).

5.8 Estabilidade acelerada da formulação selecionada

A avaliação da formulação SND1 no estudo da estabilidade acelerada deu-se

início com o aspecto visual, onde as amostras SND1 contendo EM apresentaram-se

com coloração vermelha-escura e translúcidas e aspecto fluido, já as formulações

sem EM apresentaram-se com coloração translúcida e azulada e aspecto fluido,

característico de nanoemulsões (Figura 22). As formulações também não

apresentaram alterações antes e após a centrifugação até o tempo final de 90 dias,

exceto para SND1 EM 1% 25 C, que no tempo de 90 dias apresentou aparente

contaminação, apontando a necessidade de um aumento da concentração de

conservante para a formulação.

Figura 22 – Análise visual dos SND1 com e sem EM dos frutos da R. ferruginea submetidos ao estudo de estabilidade acelerada.

O aumento de tamanho foi observado em todas as formulações, exceto para

o SND1 EM 5 C que ao final de 90 dias apresentou tamanho médio semelhante ao

tempo inicial (24 h), porém apenas os SND1 sem EM 40 °C e SND1 sem EM 5 C

apresentaram diferença estatisticamente significante, (p < 0,05) ao final de 90 dias

em relação ao tempo inicial, denotando alguma influência quanto à incorporação do

EM, uma vez que houve menor diferença de tamanho no tempo final (90 d) para

estas formulações (SND1 EM 40 °C e SND1 EM 5 C) (Tabela 8, Figura 23). O

aumento do tamanho da fase interna pode estar relacionado à coalescência das

gotículas das formulações com o passar do tempo (NAZARZADEH;

ANTHONYPILLAI; SAJJADI, 2013).

O PDI variou de 0,064 a 0,255, vale ressaltar que assim como na estabilidade

preliminar, os menores valores de PDI foram das formulações que apresentaram

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maior tamanho (SND1 sem EM 40 °C). Em modo geral, a faixa de PDI sugere um

sistema monodisperso, considerando que a faixa de PDI ficou em torno de 0,2

(Tabela 8).

O potencial zeta indica o grau de repulsão entre gotículas adjacentes e

similarmente carregadas em uma dispersão. Gotículas que são suficientemente

pequenas, como é o caso das formulações SND1, um potencial zeta alto conferirá

estabilidade, o que significa que a dispersão resistirá à agregação. Quando o

potencial é baixo, atração excede a repulsão e assim, a dispersão quebrará e

floculará. De modo geral, a linha que divide os sistemas em estáveis e instáveis é

marcada em +30 ou -30 mV, assim gotículas com potencial mais positivo que +30 ou

mais negativo que -30 mV são considerados estáveis (HE et al., 2011). A avaliação

do potencial zeta demonstrou que os SND1 contendo EM em todas as condições

foram mais estáveis do que na condição de 40 °C, ao final de 90 dias, acompanhado

de um aumento de tamanho progressivo do tamanho médio, confirmando sua

instabilidade termodinâmica frente às temperaturas mais elevadas (Tabela 8).

O pH variou de 3,37 a 7,25 entre as formulações, sugerindo que os

componentes das formulações podem aumentar o valor do pH, uma vez que o pH do

EM é igual a 5,41 e que as formulações sem EM apresentam maior pH. Houve uma

queda de pH para o SND1 sem EM 40 °C, reforçando a ideia de que, quando

submetida às condições de estresse, esta formulação é termodinamicamente

instável (Tabela 8).

Figura 23 - Análise do tamanho médio dos SND com e sem EM dos frutos da R. ferruginea sujeitos ao estudo de estabilidade acelerada.

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Tabela 8 - Análise do PDI, potencial zeta e pH dos SND sujeitos ao estudo de estabilidade acelerada.

Condições Tempo

Formulações 24 h 30 d 60 d 90 d

Tamanho médio (nm)

Média (s)

SND1 EM 1% 25 °C 7,28 (1,02) 9,73 (5,45) 12,05 (7,11) 15,09 (7,69)

SND1 sem EM 25 °C 12,99 (5,80) 13,04 (5,12) 17,10 (6,03) 19,82 (1,54)

SND1 EM 1% 40 °C * 6,60 (0,55) 13,77 (6,71) 16,32 (7,01)

SND1 sem EM 40 °C * 15,57 (3,92) 24,77 (0,23) 29,13 (1,32)

SND1 EM 1% 5 °C * 6,26 (1,44) 12,85 (8,18) 6,97 (0,92)

SND1 sem EM 5 °C * 13,20 (7,24) 16,13 (6,13) 20,61 (1,87)

PDI

Média (s)

SND1 EM 1% 25 °C 0,224 (0,008) 0,239 (0,006) 0,195 (0,010) 0,166 (0,032)

SND1 sem EM 25 °C 0,172 (0,012) 0,197 (0,008) 0,157 (0,04) 0,171 (0,020)

SND1 EM 1% 40 °C * 0,226 (0002) 0,196 (0,007) 0,184 (0,008)

SND1 sem EM 40 °C * 0,208 (0,061) 0,088 (0,006) 0,064 (0,01)

SND1 EM 1% 5 °C * 0,235 (0,03) 0,216 (0,017) 0,255 (0,02)

SND1 sem EM 5 °C * 0,184 (0,007) 0,159 (0,036) 0,157 (0,02)

Potencial zeta (mV)

Média (s)

SND1 EM 1% 25 °C -44,32 (3,77) -33,75 (2,61) -39,60 (12,68) -39,00 (15,17)

SND1 sem EM 25 °C -28,37 (4,29) -30,57 (9,14) -23,83 (6,72) -20,12 (4,50)

SND1 EM 1% 40 °C * -35,63 (3,96)- -30,97 (2,48) -32,13 (4,64)

SND1 sem EM 40 °C * -24,92 (6,36) -20,43 (5,69) -10,65 (1,21)

SND1 EM 1% 5 °C * -36,40 (3,25) -38,83 (3,89) -40,92 (3,05)

SND1 sem EM 5 °C * -25,28 (5,80) -25,33 (7,69) -32,38 (12,5)

pH

Média (s)

SND1 EM 1% 25 °C 4,66 (0,20) 6,25 (0,34) 5,04 (0,03) 4,70 (0,67)

SND1 sem EM 25 °C 7,21 (0,12) 6,91 (0,11) 6,45 (0,07) 6,47 (0,16)

SND1 EM 1% 40 °C * 6,02 (0,20) 5,30 (0,02) 5,38 (0,12)

SND1 sem EM 40 °C * 6,92 (0,41) 4,37 (0,19) 3,37 (0,20)

SND1 EM 1% 5 °C * 6,37 (0,30) 5,66 (0,02) 6,02 (0,19)

SND1 sem EM 5 °C * 7,25 (0,16) 6,64 (0,08) 6,96 (0,06)

s = Desvio Padrão * No tempo de 24 h após o preparo, as formulações não foram submetidas às temperaturas de 5 e 40 °C. Nota: Os resultados representam a média dos lotes 1 e 2 para cada SND, seguidos pelo desvio padrão.

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5.8.1 Análise dos sistemas nanodispersos por CLAE

Os SND contendo 1% de extrato mole da R. ferruginea apresentaram perfil

cromatográfico semelhante ao do extrato nos dois comprimentos de onda

empregados (260 e 280 nm). O cromatograma das formulações com e sem extrato

apresentam outros picos (com tempo de retenção de 5 - 15,0 min), picos estes não

observados para o EM (Figura 11), que, portanto, devem estar relacionados com os

excipientes da formulação, mas que não interferem na eluição do AMA (Figura 24).

Figura 24 - Exemplo do perfil cromatográfico apresentado em todas as condições e tempos

analisados para os SND1 com e sem extrato mole da R. ferruginea submetidos ao estudo de estabilidade acelerada.

Quanto ao teor de AMA, pode-se observar que manteve-se entre 97%

(mantido em geladeira) até 115,9% (após 60 dias em 40 °C) do valor inicialmente

obtido (Tabela 9), provavelmente devido à evaporação da formulação na estufa. Os

SND sem EM foram mantidos como controle, uma vez que não apresentam picos de

AMA e TGL.

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Tabela 9 – Análise por CLAE do sistema nanodisperso SND1 contendo 1% de extrato mole dos frutos da R. ferruginea submetidos ao estudo de estabilidade acelerada.

Amostras Teor AMA (µg/g) Média (DPR%)

% recuperação de AMA Área TGL

Média (DPR%)

24 h

SND1 EM 1% 700,69 (2,27) 100 7653076 (0,69)

30 d

SND1 EM 1% 25 °C 704,55 (0,64) 100,6 3178521 (11,63)

SND1 EM 1% 40 °C 719,33 (2,19) 102,7 1498305 (13,08)

SND1 EM 1% 5 °C 683,04 (0,24) 97,6 5049990 (1,43)

60 d

SND1 EM 1% 727,74 (0,36) 103,9 3080607 (2,18)

SND1 EM 1% 40 °C 812,23 (3,48) 115,9 825348 (9,87)

SND1 EM 1% 5 °C 698,15 (0,96) 99,6 5029759 (4,30)

DPR = Desvio Padrão Relativo

5.9 Fotoestabilidade

A exposição do sistema nanodisperso à radiação UVA na intensidade de 200

w.h/m² (Figura 25), e à radiação visível na intensidade de 1,2 milhões lux/h (Figura

26), causou a degradação total do AMA e do TGL, conforme observado pelo

desaparecimento dos picos de AMA e TGL.

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101

Figura 25 – Perfil dos cromatogramas das amostras submetidas ao teste de fotoestabilidade na radiação UVA em 260 nm e 280 nm, respectivamente.

Figura 26 – Perfil dos cromatogramas das amostras submetidas ao teste de fotoestabilidade na radiação visível em 260 nm e 280 nm, respectivamente.

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Zermiani (2015) realizou este mesmo estudo para a avaliar a fotoestabilidade

do marcador AMA e do extrato mole dos frutos. No presente trabalho, foram

avaliados os SND1 contendo EM e SND1 sem EM, expostos às mesmas condições.

De acordo com os resultados apresentados por Zermiani (2015), o composto

isolado AMA submetido inicialmente à radiação UVA na intensidade de 200 W.h/m²

sofreu degradação de 26,6%, quando dobrada a dose de radiação, a degradação do

AMA passou para 45,01%. Na região da luz visível com intensidade de 1,2 milhões

lux/h o AMA degradou de forma significativa (34,42%). O aumento da intensidade de

exposição para 2,4 milhões lux/h não causou degradação maior, demonstrando seu

limite para a máxima degradação.

O extrato mole etanólico dos frutos irradiados com radiação UVA na máxima

intensidade, apresentou 46,41% de degradação do AMA, muito semelhante ao valor

alcançado pelo composto isolado nas mesmas condições, e nenhuma degradação

do TGL. Quando exposto a radiação visível na máxima intensidade, houve uma

degradação intensa (98,66%) do marcador AMA, assim como do TGL que degradou

72,49% (ZERMIANI, 2015).

Portanto, estes resultados afirmam a fotoinstabilidade do extrato mole

etanólico dos frutos da R. ferruginea incorporados no SND1, e que este sistema

potencializa a degradação do AMA, uma vez que sistemas nanodispersos

apresentam grande área superficial e consequentemente aumentam a superfície de

contato, podendo facilitar uma maior exposição do extrato mole às radiações. Assim,

esta formulação demostra a necessidade de embalagens que ofereçam proteção à

luz.

5.10 Avaliação da segurança do extrato mole da R. ferruginea e sistemas

nanodispersos

A segurança do EM de R. ferruginea e da formulação selecionada (SND1)

foram avaliados pelo teste de difusão em ágar in vitro, cujos resultados podem ser

observados na Figura 27. Verificou-se que o EM não apresentou nenhuma

reatividade, sendo classificado com reatividade zero, o controle positivo (Triton X-

100) apresentou halo de 2,1 cm, classificado com reatividade 4, que significa

irritação severa, e os SND1 contendo EM 1%, assim como os SND1 sem EM,

apresentaram halo de 0,6 cm, com nível 3 de reatividade, correspondente a irritação

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moderada, demonstrando que os componentes que causam alguma citotoxicidade

fazem parte da formulação e não do EM.

Figura 27 - Análise de agarose overlay para (1 e 4) extrato mole da R. ferruginea , (2) SND1 sem EM, (3) controle negativo - meio DMEM, (4), (5) SND1 com EM 1%, (6) controle positivo – Triton X-100.

5.11 Análise farmacológica

Os resultados obtidos sobre a avaliação dos efeitos do extrato mole da R

ferruginea (50 – 300 mg/kg), indometacina (10 mg/kg) e AMA (40 mg/kg)

administrados por via oral, sobre o processo doloroso induzido por ácido acético

(0,6%) estão representados na Figura 28. Os resultados demonstram que o

tratamento com o extrato mole da planta promoveu redução dos números de

contorções abdominais de forma significativa em todas as doses testadas (p < 0,05,

p < 0,01), com redução de 53,46% da dor na dose de 100 mg/kg quando comparado

com o grupo controle (veículo). Observou-se também que o AMA e a indometacina

promoveram efeito antinociceptivo maior do que o extrato, com inibição máxima do

processo doloroso calculado respectivamente para 62,26 e 91,64%.

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Figura 28 - Efeito do extrato etanólico contendo os frutos da R. ferruginea (50 - 300 mg/kg), do AMA (40 mg/kg) e da indometacina (10 mg/kg) administrados por via oral, sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a média dos experimentos (n = 8) seguidas dos respectivos E.P.Ms. Asteriscos (*p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001) denotam significância estatística quando comparado com o grupo controle (veículo). ANOVA - Bon Ferroni.

Quando o extrato da planta é incorporado ao sistema nanodisperso (SND1),

administrado por via oral e avaliado no mesmo modelo de indução do processo

doloroso (Figura 29), observa-se um efeito antinociceptivo significativo (p < 0,01, p <

0,001) somente nas doses de 50 e 100 mg/kg respectivamente, tendo inibição do

processo doloroso (IM) calculada para 44,81 e 61,2% quando comparado com o

grupo que recebeu somente o sistema nanodisperso branco, ou seja, sem o extrato

mole dos frutos da R. ferruginea.

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Figura 29 - Efeito do SND1 contendo extrato dos frutos da R. ferruginea (10 - 100 mg/kg) e da indometacina (10 mg/kg) administrados por gavagem (via oral) sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a média dos experimentos (n = 8) seguidas dos respectivos E.P.Ms. Asteriscos (**p<0,01; ***p<0,001) denotam significância estatística quando comparado com o grupo controle (SND1 sem incorporação do extrato). ANOVA - Bon Ferroni.

No mesmo modelo, avaliou-se o efeito do SND com o extrato da planta,

utilizando, entretanto a via intraperitoneal. Os resultados demostraram que em 100

mg/kg a formulação promoveu de forma bastante efetiva (p < 0,001) a redução da

nocicepção induzida por ácido acético, com IM calculada de 85,30% quando

comparada com o grupo controle (Figura 30).

Figura 30 - Efeito do SND1 contendo extrato dos frutos da R. ferruginea (100 mg/kg) e indometacina (10 mg/kg) administrados por via intraperitoneal sobre as contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,6%) em camundongos. Cada coluna representa a média dos experimentos (n = 8) seguidas dos respectivos E.P.Ms. Asteriscos (***p<0,001) denotam significância estatística quando comparado com o grupo controle (SND1 sem incorporação do extrato). ANOVA - Bon Ferroni.

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Os resultados em conjunto confirmam o efeito antinociceptivo da planta R.

ferruginea, independente da forma como é utilizada. A administração intraperitoneal

do SND1 se dá na mesma área corporal onde é administrado o agente indutor do

processo doloroso, o ácido acético, tendo um efeito quase que local. Isto pode

explicar também os resultados observados no presente estudo.

Hess e colaboradores (2010) testaram a atividade antinociceptiva do ácido

mirsinoico B nas concentrações de 3, 6, 10, 30 e 60 mg/kg, pela via intraperitoneal e

nas concentrações de 150, 200, 300 e 500 mg/kg pela via oral. Os resultados

demonstraram que o AMB, administrado via i.p. apresentou potente ação

antinociceptiva nas concentrações de 30 e 60 mg/kg, enquanto que as

concentrações de 3, 6 e 10 mg/kg apresentaram ação antinociceptiva mais branda.

A IM para a administração i.p. foi de 76%. Se comparado com o presente estudo, o

SND1 contendo o extrato dos frutos de R. ferruginea apresenta maior IM que AMB,

apresentando maior ação antinociceptiva via i.p.. Por via oral, os resultados

demonstram que o AMB apresentou ação antinociceptiva nas doses de 200, 300 e

500 mg/kg, enquanto que a dose de 150 mg/kg não mostrou-se significativa. A IM

para este experimento foi de 43%, sendo que para o AMA na dose de 40 mg/kg

apresentou IM de 62,26% no presente estudo.

Estudos revelam que a dor pode estar associada ao estresse oxidativo.

Ungard e colaboradores (2013) demonstraram que, em células cancerígenas, a

liberação de glutamato, neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, é

entendida como sendo um efeito secundário da resposta celular ao estresse

oxidativo. A liberação de glutamato a partir de células cancerígenas tem sido

demonstrada para resultar em redução de dor em modelos in vivo.

Castellain e colaboradores (2014) avaliaram a atividade antioxidante e

antinociceptiva de folhas de Litchi chinensis, que tem sendo utilizada

tradicionalmente na medicina popular. Os extratos metanólicos e os compostos

isolados desta planta apresentaram atividade antinociceptiva e atividade

antioxidante.

De modo semelhante, no presente estudo, sugere-se que a atividade

antioxidante do extrato mole de álcool 96 °GL dos frutos da R. ferruginea possa

estar relacionada ao efeito antinociceptivo observado no teste farmacológico.

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6 CONCLUSÕES

Para a droga vegetal, o grau de maturação dos frutos é pouco determinante

para o teor de AMA, sendo maior nos frutos imaturos.

Para as soluções extrativas, a graduação alcoólica interfere diretamente no

teor de AMA.

No estudo de maximização de extração, a relação droga:solvente foi o único

fator preponderante sobre o teor de AMA, para cada solvente.

Quanto à análise in vitro, as soluções extrativas apresentaram viabilidade

celular acima de 50%, revelando relativa segurança de uso.

As formulações, selecionadas para os estudos de estabilidade foram

desenvolvidas com 5% (SND1) e 10% (SND14) do óleo Polymol®, e 10% do par de

tensoativos Ultramona RH400®/Span 80®.

Verificou-se a influência do extrato mole no tamanho de gotícula, que diminui

com o aumento da concentração de EM.

A análise por MET confirmou a forma esférica das gotículas e a coalescência

das gotículas sugere a presença de sistema nanoemulsionado.

No estudo de estabilidade acelerada, verificou-se que o teor de AMA é

relativamente constante até 60 dias em geladeira, ambiente e estufa a 40 °C, porém

há um aumento do tamanho de gotículas dependente do tempo, e acelerado na

estufa a 40 °C.

A exposição do SND1 às radiações UVA e visível causou 100% de

degradação para AMA e TGL, confirmando a fotoinstabilidade dos compostos pelo

desaparecimento do picos por CLAE.

A análise farmacológica sugere que o extrato dos frutos da R. ferruginea exibe

efeito antinociceptivo em animais, o qual é potencializado pelo SND1.

Por fim, o presente estudo sugere que o SND1, de tamanho médio da fase

interna de 10 nm, contendo 5% de óleo, 10% de tensoativos e 1% do EM etanólico

contendo os frutos da R. ferruginea mostra-se um sistema com potencial contra a

nocicepção.

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