desenvolvimento regional, cultura polÍtica e capital

75
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCH LABORATÓRIO DE OBSERVAÇÃO SOCIAL – LABORS Contrato de Prestação de Serviços – Processo nº 5530 -0100/01- 06 FAURGS -LABORS/ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL DESENVOLVIMENTO REGIONAL, CULTURA POLÍTICA E CAPITAL SOCIAL Pesquisa empírica como subsídio à atividade parlamentar no Rio Grande do Sul RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS RESULTADOS Porto Alegre, 10 de dezembro de 2001 Campus d o Vale; Av. Bento Gonçalves, 9500; Prédio 43 322 Sala 215; 91.509 -900 Porto Alegre RS Brasil; Telefone: (55) (51) 3316 6644; Fax: (55) (51) 3316 6908 [email protected]; http://www.ufrgs.br/labors

Upload: vanthuan

Post on 07-Jan-2017

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCH

LABORATÓRIO DE OBSERVAÇÃO SOCIAL – LABORS

Contrato de Prestação de Serviços – Processo nº 5530 -0100/01- 06 FAURGS -LABORS/ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL

DESENVOLVIMENTO REGIONAL, CULTURA POLÍTICA

E CAPITAL SOCIAL Pesquisa empírica como subsídio à atividade

parlamentar no Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

Porto Alegre, 10 de dezembro de 2001

Campus d o Vale; Av. Bento Gonçalves, 9500; Prédio 43 322 Sala 215; 91.509 -900 Porto Alegre RS Brasil; Telefone: (55) (51) 3316 6644; Fax: (55) (51) 3316 6908

[email protected]; http://www.ufrgs.br/labors

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCH

LABORATÓRIO DE OBSERVAÇÃO SOCIAL – LABORS

Contrato de Prestação de Serviços – Processo nº 5530 -0100/01- 06 FAURGS -LABORS/ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL

DESENVOLVIMENTO REGIONAL, CULTURA POLÍTICA

E CAPITAL SOCIAL Pesquisa empírica como subsídio à atividade

parlamentar no Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

Equipe técnica Dr. Benedito Tade u César - coordenador geral

Prof. Pedro Silveira Bandeira - coordenador técnico Ms. Hélio Radke Bittencourt - estatístico

Consultores

Dra. Maria da Graça Pinto Bulhões - consultora especial Dr. Odaci Coradini

Gustavo Muller

Apoio Iara Kunde Dickel – coordenadora da campo e de processamento eletrônico

Flávio Saidelles – coordenador de campo Morgana Camargo da Fontoura – processamento eletrônico

Maria Beatriz Accorsi - secretaria Estudantes de Pós -Graduação e de Graduação – aplicação e digitação

eletrônica de questionários

Porto Alegre, 10 de dezembro de 2001

Campus do Vale; Av. Bento Gonçalves, 9500; Prédio 43 322 Sala 215; 91.509 -900 Porto Alegre RS Brasil; Telefone: (55) (51) 3316 6644; Fax: (55) (51) 3316 6908

[email protected]; http://www.ufrgs.br/labors

3

Índice

TEMA E OBJETIVO DA P ESQUISA ................................ ................................ ................................ ................................ ........4

FONTES DAS QUESTÕES UTILIZADAS ................................ ................................ ................................ ............................. 9

AS REGIÕES ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ .......................... 10

AS DESIGUALDADES REG IONAIS ................................ ................................ ................................ ................................ ...... 11

A I MPORTÂNCIA DO PROBLEMA DAS DESIGUALDADES ................................ ................................ ................................ ... 12 AS CAUSAS DAS DESIGUALDADES ................................ ................................ ................................ ................................ ............ 12

PERCEPÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO DAS REGI ÕES ................................ ................................ ............................. 14

POBREZA E RIQUEZA ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ....... 15 PRINCIPAIS PROBLEMAS DAS REGIÕES ................................ ................................ ................................ ................................ .... 16

AS SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS REGIONAIS ................................ ................................ ............................ 17

OS ATORES DO P ROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ................................ ................................ ................................ ........... 17 FORTALECIMENTO OU DIVERSIFICAÇÃO DA BASE ECONÔMICA ................................ ................................ .................. 19 PEQUENAS OU G RANDES E MPRESAS ................................ ................................ ................................ ................................ ........ 20 AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A REDUÇÃO DO DESEMPRE GO ................................ ................................ ........................... 21

O MERCOSUL E O DESEN VOLVIMENTO DAS REGIÕ ES ................................ ................................ ................ 22

A QUESTÃO DA "METADE SUL" ................................ ................................ ................................ ................................ ......... 23

IDENTIFICAÇÃO COM A REGIÃO ................................ ................................ ................................ ................................ ..... 25

PARTICIPAÇÃO E ATIVI DADE POLÍTICA ................................ ................................ ................................ .................. 28

INTERESSE PELA POLÍTICA E A FINIDADES PARTIDÁRIAS ................................ ................................ ................................ 28 A "Q UESTÃO REGIONAL " E AS ESCOLHAS ELEITORAIS ................................ ................................ ................................ ... 30 PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES DE NATUREZA POLÍTICA ................................ ................................ .............................. 33 PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS PROMOVIDOS PELO EXECUTIVO , PELO LEGISLATIVO OU PELOS COREDE S................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ .................. 36

CAPITAL SOCIAL ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ............. 38

PARTICIPAÇÃO EM A SSOCIAÇÕES VOLUNTÁRIAS ................................ ................................ ................................ .............. 41 CONFIANÇA ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ......................... 45 RECIPROCIDADE ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ................ 47 SÍNTESE DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE CAPITAL SOCIAL ................................ ................................ ................................ 47

VALORES E CONCEPÇÃO DE JUSTIÇA ................................ ................................ ................................ ......................... 49

EXCLUSÃO ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ............................. 50

INFORMAÇÃO ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ..................... 52

CONCLUSÃO ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ........................ 57

ANEXO I: QUESTIONÁRI O................................ ................................ ................................ ................................ ........................ 62

ANEXO II: METODOLOGI A DE COLETA DE DADOS E PLANO AMOSTRAL ................................ .. 73

METODOLOGIA DE COLETA DE DADOS ................................ ................................ ................................ ................................ ... 74 PLANO AMOSTRAL ................................ ................................ ................................ ................................ ................................ ........... 75

4

Tema e Objetivo da Pesquisa O estudo aqui realizado 1 tem como objetivo geral contribuir para uma melhor compreensão dos fatores de natureza política, social e cultural que se encontram associados às desigualdades econômicas atualmente observadas entre as regiões do Rio Grande do Sul. O tema das desigualdades regionais tem sido objeto de atenção crescente, no Estado, ao longo das dua s últimas décadas. No início dos anos oitenta, no entanto, esse tema despertava pouca atenção até mesmo nos meios acadêmicos e na comunidade dedicada à pesquisa de questões relacionadas com a sociedade gaúcha. 2 Por volta da metade dessa década, no entant o, ocorreu uma súbita radicalização do discurso regionalista na Metade Sul do Estado: um Deputado Federal com base eleitoral nessa região apresentou Projeto de Lei, no Congresso Nacional, pretendendo que fosse realizado um plebiscito para deliberar sobre a criação de uma nova unidade da federação – o Estado do Piratini – abrangendo cerca de metade do território gaúcho, composta pelas suas partes sul e sudoeste. Essa primeira tentativa separatista acabou sendo frustrada, pois a realização do plebiscito não foi aprovada pelo Congresso Nacional. No entanto, após a ocorrência desse fato – que pôs em questão o próprio poder coesivo da identidade gaúcha – aumentou de forma muito significativa o grau de consciência a respeito da intensidade e da importância das desigualdades econômicas e sociais existentes entre as diferentes porções do território do estado. Aumentou, também, a consciência sobre o potencial dessas desigualdades como elementos para a construção de discursos politicamente eficazes. Desde então, o interesse pela “questão regional” tem crescido continuamente no Rio Grande do Sul. Multiplicaram -se os estudos e levantamentos de informações preocupados em caracterizar e explicar as diferenças regionais quanto aos níveis de desenvolvimento econômico e social. Criaram -se várias comissões especiais na Assembléia Legislativa do Estado para analisar os problemas das regiões menos desenvolvidas,

1 A equipe de pesquisa agradece aos professores Marcello Baquero, do Departamento de Ciência Política da UFRGS, e Soraya V. Cortes, do Departamento de Sociologia da mesma Universidade, pela leitura crítica do questionário utilizado neste estudo, ressaltando que não lhes cabe responsabilidade sobre as limitações que possam ser registradas no questionário, as quais devem ser atribuídas a sua coordenação. 2 Na Fundação de Economia e Estatística, por exemplo, apenas em 1983 foi formado um grupo de trabalho dedicado à análise desse tema, embora o órgão já contasse com quase uma década de existência.

5

sugerindo políticas e ações que possibilitassem seu enfrentamento. No âmbito do Poder Executivo, foram criados Depar tamentos, Grupos Executivos e Secretarias Extraordinárias para ocupar -se desses temas. Na sociedade civil, se afirmaram os Conselhos Regionais de Desenvolvimento, organizações dedicadas a mobilizar e articular a comunidade das regiões em torno da promoção do desenvolvimento. Paralelamente, cresceu a disponibilidade de informações capazes de proporcionar uma análise mais adequada das desigualdades existentes entre as regiões gaúchas. Ainda nos anos oitenta, a Fundação de Economia e Estatística elaborou sé ries que permitem a análise da evolução do Produto Interno Bruto dessas regiões, por setores, desde a década de 40. Mais recentemente, dados elaborados pelo IPEA – o Índice de Desenvolvimento Humano por municípios (IDH -M) – e pela própria FEE – o Índice Social Municipal Ampliado (ISMA) – passaram a permitir a análise das desigualdades existentes entre as regiões no que se refere a variáveis de natureza social. No entanto, esse conjunto mais abrangente de dados não esgota o rol dos tipos de informações nec essárias para que se possa ter uma visão mais clara sobre a natureza dos fatores que contribuem para produzir e reproduzir as desigualdades regionais no Rio Grande do Sul. Não existem levantamentos mais sistemáticos sobre os fatores de natureza política, s ocial e cultural associados às desigualdades econômicas atualmente observadas entre as regiões do Estado. A presente pesquisa propõe -se a contribuir para o preenchimento desta lacuna. Um dos principais aspectos a serem investigados nesta pesquisa diz respeito às características sócio -culturais que contribuem para determinar aquilo que poderia ser denominado de “estoque de capital social” das regiões gaúchas. O conceito de capital social tem sido utilizado na análise de uma grande variedade de questões rel acionadas com o desempenho institucional e com o desenvolvimento econômico. Na verdade, a noção de capital social pode ser considerada uma das inovações conceituais que maior atenção receberam, no contexto das ciências sociais, no decorrer da década de nov enta. O interesse por esse conceito rapidamente transbordou o âmbito estritamente acadêmico, alcançando os meios de comunicação, os formuladores de políticas e as instituições internacionais ligadas à promoção e ao financiamento do desenvolvimento. Dentre estas últimas, destaca -se o Banco Mundial, que tem sido um dos principais animadores das pesquisas em torno do tema nos últimos anos 3.

3 O conceito de capital social é discutid o mais amplamente em outra seção deste relatório.

6

Embora tenha despertado maior atenção especialmente a partir da década de noventa, o conceito de capital social tem raí zes profundas no pensamento das ciências sociais 4, podendo ser identificada sua utilização, em trabalhos precursores, desde o início do século vinte. A literatura relacionada com o capital social tem crescido de forma exponencial ao longo dos últimos anos. Da mesma forma, tem aumentado a listagem das áreas de pesquisa nas quais o conceito tem sido aplicado. A popularidade alcançada pelo conceito de capital social deve ser atribuída, em grande parte, à repercussão do trabalho realizado por Robert Putnam, c ientista político da Universidade de Harvard. Três de seus textos, publicados ainda na primeira metade dos anos noventa, despertaram amplo interesse dentro e fora da comunidade acadêmica, e tiveram especial importância para a difusão desse conceito. O pr imeiro desses trabalhos foi o livro elaborado em conjunto com dois pesquisadores italianos e publicado em 1993, intitulado “Making Democracy Work: Civic Traditions in Modern Italy” 5. Nesse livro, Putnam estudou detalhadamente as diferenças de desempenho in stitucional verificadas entre as administrações regionais italianas, ao longo dos vinte anos que se seguiram à sua implantação, em 1970. Depois de constatar, através de uma minuciosa análise empírica 6, que as administrações das regiões localizadas no cen tro e no norte da Itália haviam apresentado um desempenho melhor que as do sul, Putnam buscou identificar as causas dessas diferenças. Após descartar algumas hipóteses, como a de que as diferenças poderiam ser atribuídas ao maior ou menor grau de riqueza d as regiões, Putnam optou por atribuir o desempenho destacadamente melhor de algumas das regiões do centro -norte às suas tradições cívicas , que teriam contribuído para acumular um maior estoque de capital social nessas áreas, constituído por uma densa malha de associações caracterizadas por um padrão horizontal de relações sociais. Putnam é enfático quanto à direção da relação causal entre riqueza e tradições cívicas, ao referir -se, em outro texto, às regiões mais desenvolvidas da Itália:

4 Ver WOOLCOCK, Michael (1998) - "Social Capital and Economic Development: Toward a Theoretical Synthesis and Policy Framework", Theory and Society 27:151 -208. 5 Editado em português, em 1996, pela Fundação Getúlio Vargas, com o título de “Comunidade e Democracia: A Experiência da Itália Moderna”. 6 Putnam desenvolveu um índice de desempenho institucional baseado na combinação de doze indicadores. Ver PUTNAM, Robert D. (1996) - “Comunidade e Democracia: a Ex periência da Itália Moderna” , Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas; capítulo 3.

7

“These communiti es did not become civic simply because they were rich. The historical record strongly suggests precisely the opposite: They have become rich because they were civic. The social capital embodied in norms and networks of civic engagement seems to be a precon dition for economic development, as well as for effective government. Development economists take note: Civics matters.” 7

Segundo ele, a desvantagem do Sul tinha origem no fato de que, a partir da conquista normanda da Sicília, na Idade Média, construiu -se nessa região uma tradição cultural autoritária que fez com que nela viessem a predominar relações sociais de tipo vertical, hierárquicas, gerando um campo pouco fértil para o cultivo do espírito participativo e comunitário. Em ambientes como esse, as qu estões públicas tendem a ser vistas como da alçada exclusiva das elites, dos notabili , situando -se fora da esfera de ação dos cidadãos comuns. Nessas sociedades, os indivíduos tendem a concentrar suas lealdades e sua confiança em círculos mais fechados, como aqueles unidos por laços familiares (vide as “famílias” da máfia siciliana), sendo pouco propensos a associar -se e relacionar -se de forma colaborativa com pessoas que lhes são menos próximas dentro da comunidade. Ao contrário, no Centro e no Norte d o país - onde as relações feudais foram menos duradouras e cuja tradição democrática remonta às cidades medievais, berço de instituições de tipo republicano - as redes de relações sociais tornaram -se mais densas ao longo da história, criando um ambiente em que predominam ligações horizontais, não hierárquicas, que favorecem o surgimento de indivíduos culturalmente afeitos à participação, à colaboração e ao associativismo. Não é por acaso que nessa área se situam os distritos industriais da terza Italia , tão freqüentemente preconizados como modelo a ser seguido em outras regiões, distritos esses cuja competitividade se baseia na cooperação entre um grande número de pequenas empresas. Ainda em 1993 Putnam publicou um artigo – intitulado "The Prosperous Community: Social Capital and Public Life" – onde sintetizou as principais conclusões do estudo sobre a experiência das

7 "Estas comunidades não se tornaram cívicas simplesmente porque eram ricas. O registro histórico fortemente sugere precisamente o contrário: elas se tornaram ricas porque e ram cívicas. O capital social incorporado nas normas e redes de engajamento cívico parece constituir uma pré -condição para o desenvolvimento econômico e para a administração pública eficaz. Economistas preocupados com o desenvolvimento, tomem nota: o civis mo é importante." - PUTNAM, Robert D. (1993) - "The Prosperous Community - Social Capital and Public Life." American Prospect (13): 35 -42. http://epn.org/prospect/13/13putn.html .

8

administrações regionais italianas 8. Além disso, nesse texto Putnam ampliou o argumento exposto em “Making Democracy Work” sobre os efeitos positivos do capital social para o desenvolvimento econômico e para o funcionamento das instituições democráticas. No entanto, a principal contribuição de Putnam para a popularidade do conceito de capital social deu -se através de outro artigo, publicado e m 1995, intitulado “Bowling Alone: America’s Declining Social Capital” . 9 Nesse artigo, e em outros trabalhos posteriores, Putnam desenvolveu a tese de que, devido a mudanças de hábitos ocorridas nas últimas décadas, o estoque de capital social da sociedade americana estaria sendo reduzido. Uma das características mais tradicionais da sociedade dos Estados Unidos, a rica e pujante vida associativa, já destacada por autores clássicos com Alexis de Tocqueville, estaria a ponto de desaparecer. Putnam publicou , posteriormente, outros artigos onde buscava identificar as causas do declínio por ele apontado no estoque de capital social na sociedade americana. Finalmente, no ano 2000, lançou um livro, também intitulado “Bowling Alone” , onde são apresentados os resu ltados completos de uma ampla pesquisa iniciada à época da publicação do artigo original sobre o tema. 10 O debate suscitado por esses trabalhos fez com que se aglutinasse em torno de Putnam um grupo de intelectuais e de ativistas ligados a movimentos comunitários. Juntos, com apoio da Kennedy School of Government, da Universidade de Harvard, criaram o Saguaro Seminar , que desde 1997 organiza eventos sobre o capital social na sociedade americana 11. O trabalho desenvolvido pelo Saguaro Seminar tem sido centrado, principalmente, em identificar meios para promover a revitalização do engajamento cívico e das tradições associativas norte -americanas. No final do ano 2000, esse grupo publicou o relatório “Better Together” , onde são divulgadas experiências de ações b em sucedidas desenvolvidas nessa direção e são propostas medidas no sentido de

8 PUTNAM, Robert D. (1993) - "The Prosperous Community - Social Capital and P ublic Life." American Prospect (13): 35 -42. http://epn.org/prospect/13/13putn.html . 9 PUTNAM, Robert D. (1995) - "Bowling Alone: America's Declining Social Capital", Journal of Democracy 6(1): 65 -78. Em dezembro de 1996 foi lançado outro artigo - "Tuning I n, Tuning Out: The Strange Disappearance of Social Capital in America" , publicado na revista Political Science and Politics - que pode ser caracterizado como uma versão revisada e ampliada do argumento apresentado em “Bowling Alone”. 10 PUTNAM, Robert D. (2 000) – “Bowling Alone: The Collapse and Revival of American Community” , New York, Simon & Schuster. 11 A página www.ksg.harvard.edu/saguaro/index.html apresenta informações sobre os objetivos do seminário e sobre os temas abordados nas suas várias edições.

9

promover uma “retomada na acumulação de capital social” nos Estados Unidos. 12

Fontes das Questões Utilizadas O questionário utilizado nesta pesquisa combina questões desenvolvidas tendo em vista, de forma específica, a realidade do Rio Grande do Sul, com outras que têm sido utilizadas em investigações empíricas, realizadas em nível nacional e internacional, sobre temas relacionados com o capital social, a cultura política e o desenvolvimento regional. Evidentemente, muitas das questões extraídas dessas fontes foram adaptadas às condições e características locais. Outras foram utilizadas com redação idêntica à original, para possibilitar comparações dos resultados com os encontrados em outros contextos. Para analisar como são percebidos, pela população, os vários aspectos da temática do desenvolvimento regional e das desigualdades regionais, foram utilizados como referência principal os questionários adotados nas Enquetes Regio nales, realizadas pelo Observatoire Interrégional du Politique13 , da França. Esta organização, criada em 1985 pelo Centre National de la Recherche Cientifique e pela Fondation Nationale de Science Politique , realiza pesquisas anuais de opinião sobre a probl emática regional francesa. Várias foram as fontes de referência utilizadas para a seleção de questões que permitissem analisar o capital social das regiões do Estado do Rio Grande do Sul. Uma delas foi o questionário utilizado como base para o The Social Capital Community Benchmark , desenvolvido pelo Saguaro Seminar e pela Kennedy School of Government , da Universidade de Harvard. Também foram utilizados como referência outros questionários disponibilizados em um site criado pelo Banco Mundial com a finali dade específica de divulgar pesquisas empíricas realizadas, em diversos países e por diferentes instituições, sobre a temática do capital social. 14 Dentre esses questionários, pode -se destacar o utilizado na General Household Survey , realizada na Inglaterra , o usado na Global Social Capital Survey , em Uganda, e outro adotado para a mensuração do capital social na Colômbia.

12 Esse relatório está disponível na íntegra, através da Internet, no endereço www.bettertogether.org . 13 Cujo endereço na Internet é www.solcidsp.upmf -grenoble.fr/oip/oip_gene.htm . 14 Cujo endere ço é www.worldbank.org/poverty/scapital/library/surveys.htm .

10

Foram, ainda, incluídas questões utilizadas por Robert Putnam em seu estudo já clássico sobre as regiões italianas 15. Foram incluídas, a inda, questões cujo objetivo é investigar possíveis diferenças regionais quanto a valores e cultura política. Nessa parte, as principais fontes utilizadas para a escolha de questões foram a World Values Survey 16 e estudos realizados por pesquisadores ligado s à Universidade de Brasília, que deram origem a artigos apresentados no livro intitulado Política e Valores, publicado em 2000. 17

As Regiões Para a análise aqui apresentada, o território do Rio Grande do Sul foi subdividido em quatro Macro -Regiões, com base na agregação dos 22 Conselhos Regionais de Desenvolvimento existentes no Estado. A primeira dessas Macro -Regiões, denominada Nordeste 1 , é composta pelos COREDEs Metropolitano do Delta do Jacuí e do Vale do Rio dos Sinos. Abrange, portanto, de for ma aproximada, o território da Região Metropolitana de Porto Alegre. A segunda, denominada Nordeste 2 , é composta pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento da Serra, do Vale do Caí, das Hortênsias, do Litoral, do Vale do Taquari e do Paranhana -Encosta da Serra. Compreende, dessa forma, grande parte das primeiras áreas coloniais alemãs e italianas do Estado, à exceção daquelas (como São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras situadas na região do Vale dos Sinos) que estão incluídas na Macro -Região Nordeste 1. A terceira Macro-Região, a Norte, é composta pelos COREDEs Nordeste, Norte, da Produção, do Médio -Alto Uruguai, do Noroeste Colonial, das Missões e da Fronteira Noroeste, bem como por parte dos municípios do COREDE do Vale do Rio Pardo. Inclui, portanto , a maior parte das áreas alcançadas pelo processo de expansão da colonização européia no estado, a partir das últimas décadas do século XIX.

15 PUTNAM, Robert D. (1996) - “Comunidade e Democracia: a Experiência da Itália Moderna” , Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas. 16 Cujo endereço na Internet é wvs.isr.umich.edu . 17 Ver ARAÚJO et alii (2000) – “Política e Valores” , Brasília, Editora UnB.

11

A quarta e última das Macro -Regiões é a Sul, que inclui os Conselhos Regionais de Desenvolvimento da Fronteira O este, da Campanha, Central, Sul e Centro-Sul, além de parte dos municípios do COREDE do Vale do Rio Pardo. Abrange, portanto, a porção do território gaúcho caracterizada historicamente pelo predomínio da pecuária e das grandes propriedades rurais. Deve-se registrar, no entanto, que também ocorrem áreas coloniais em algumas porções desta grande região. A preocupação central dessa divisão regional foi definir Macro -Regiões que se distinguissem tendo em vista os principais processos definidores das características sociais, econômicas e culturais do estado: ocupação original e formação das estâncias de criação de gado, imigração e colonização européia, expansão das áreas coloniais, industrialização e metropolização. Por esse motivo, foi necessário subdividir o Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo. Sua parte norte, incluindo municípios como Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, de características nitidamente coloniais, foi incluída na Macro -Região Norte. A porção sul da área abrangida por esse Conselho, composta por municípios como Encruzilhada do Sul, Pantano Grande e Rio Pardo, foi incluída na Macro-Região Sul.

As Desigualdades Regionais Nas seções a seguir, são comentadas as respostas às perguntas do questionário mais diretamente relaci onadas com os temas das desigualdades regionais e do capital social. Não se pretendeu, no contexto deste documento, fazer uma análise exaustiva de todos os resultados da pesquisa. Optou-se por analisar os resultados de algumas questões selecionadas, observando-se as diferenças existentes entre as quatro regiões antes definidas no que se refere ao padrão de respostas dadas a essas questões. Evidentemente, o aprofundamento da análise de alguns temas exigiria um tratamento mais abrangente dos dados. No entan to, tendo em vista que o Fórum Democrático colocará à disposição dos pesquisadores interessados cópias do banco de dados e das demais informações metodológicas sobre a pesquisa, espera -se que a comunidade acadêmica gaúcha venha a utilizar amplamente esse m aterial, tendo acesso a um conjunto mais amplo de dados e alcançando, assim, uma melhor compreensão das desigualdades regionais existentes no Rio Grande do Sul.

12

A Importância do Problema das Desigualdades As desigualdades regionais foram percebidas como um problema importante por quase 85% dos entrevistados em todo o Estado. Esse percentual variou relativamente pouco entre as regiões, situando -se ligeiramente abaixo dos 80% na região Nordeste 2, como mostra a tabela a seguir. No conjunto das regiões, ape nas 5,6% dos entrevistados acharam que essas desigualdades não devem ser consideradas um problema. Respostas à questão "O(a) Sr(a) acha que as desigualdades de nível de desenvolvimento

entre as regiões do Estado do RS são ...", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Um problema importante 445 85,4%

188 78,3%

286 85,4%

319 84,6%

1238 84,0%

Não devem ser consideradas um problema

22 4,2%

23 9,6%

19 5,7%

18 4,8%

82 5,6%

Um problema de pouca importância

39 7,5%

21 8,8%

23 6,9%

28 7,4%

111 7,5%

NS/NR

15 2,9%

8 3,3%

7 2,1%

12 3,2%

42 2,9%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Além disso, o percentual de pessoas que consideraram importantes as desigualdades regionais aumenta con forme o grau de instrução, alcançando mais de 90% entre os entrevistados com nível superior.

As Causas das Desigualdades A percepção da população sobre as causas das desigualdades foi investigada através de uma questão que propunha cinco alternativas. A primeira delas afirmava que as desigualdades seriam uma decorrência normal do funcionamento de uma economia de mercado. A segunda atribuía as diferenças de desenvolvimento entre regiões ao favorecimento ou à discriminação por parte dos governos. A tercei ra alternativa afirmava que o principal determinante dessas diferenças seria o fato de que os habitantes de algumas regiões seriam mais trabalhadores e teriam maior capacidade empreendedora.

13

As duas últimas alternativas propunham que as desigualdades ser iam resultado de fatores estruturais. Uma afirmava que a concentração da propriedade da terra e da renda seria a causa do menor desenvolvimento de algumas áreas. A outra atribuía a crise de algumas regiões aos problemas enfrentados pelos pequenos produtore s.

Como mostra a tabela abaixo, estas duas causas "estruturais", somadas, alcançaram maior participação, com 35% das respostas no total do Estado. Dentre as duas, as dificuldades dos pequenos produtores alcançaram um percentual ligeiramente maior (19% con tra 16,1%). Foram seguidas pela alternativa que apontava o favorecimento por parte dos governos, com cerca de 30%, e pela crença de que as desigualdades são algo "natural", com cerca de 20%. Em último lugar, com cerca de 10%, apareceu a menção às diferenças de capacidade de trabalho e de espírito empreendedor entre os habitantes. Respostas à questão "Quais dentre as afirmações a seguir definem melhor as causas das

desigualdades de desenvolvimento entre as regiões do RS ?", por região do estado (primeira r esposta)

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

É normal que o crescimento econômico se concentre mais em algumas regiões do que em outras

128 25,3%

54 24,0%

56 17,4%

69 18,8%

307 21,6%

Os governos favorecem mais algumas regiões

153 30,2%

53 23,6%

88 27,4%

145 39,4%

439 30,9%

Os habitantes de algumas regiões têm mais iniciativa e são mais trabalhadores do que os de outras

56 11,1%

39 17,3%

21 6,5%

40 10,9%

156 11,0%

A concentração da propriedade da terra e da renda impede o desenvolvimento de algumas regiões

79 15,6%

36 16,0%

69 21,5%

53 14,4%

237 16,7%

As dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores levam algumas regiões a entrar em crise

90 17,8%

43 19,1%

87 27,1%

61 16,6%

281 19,8%

TOTAL 506 100,0%

225 100,0%

321 100,0%

368 100,0%

1420 100,0%

Houve diferenças significativas entre as regiões no que se refere às respostas a esta questão. Na região metropolitana (Nordeste 1), a resposta isolada predominante foi que as desigualdades resultam da ação dos governos, favorecendo algumas regiões em detrimento de outras (30,2%). No entanto, a soma das respostas relativas às causas "estruturais" alcançou 32%. Esta é a região onde a alternativa "a concentração do crescimento é natural" atingiu seu percentual mais elev ado, com pouco mais de 1/4 das respostas.

14

A região Nordeste 2 caracteriza -se por ser aquela onde a opção relativa à ação dos "governos" atingiu seu percentual mais baixo, mais de cinco pontos percentuais abaixo da média Estadual, e onde a alternativa "habitantes trabalhadores e empreendedores" alcançou seu maior nível, com 17,3% das respostas. O Norte, por sua vez, foi a área onde a soma das causas estruturais atingiu o nível mais elevado, aproximando -se da metade das respostas (46,6%). Dentre elas, pre dominou a opção "dificuldade dos pequenos produtores". No entanto, deve -se ressaltar que foi nesta região que ambas as causas estruturais alcançaram o seu pico em termos de percentuais. O Norte foi, também, a região onde o percentual de "habitantes trabalh adores e empreendedores" foi mais baixo. O Sul caracteriza -se por ter sido a única região onde a alternativa relacionada com a ação dos "governos", com mais de 38% do total, ultrapassou a soma das causas "estruturais", que chegou a 30%. Chama a atenção o fato de, entre estas causas "estruturais", a mais assinalada foi a relativa aos problemas das pequenas propriedades, sabendo -se que a região se caracteriza pelo predomínio das médias e grandes propriedades rurais.

Percepções Sobre a Situação das Regiõe s O questionário incluiu, ainda, questões voltadas para a investigação das percepções dos entrevistados sobre a situação das regiões onde vivem, seus principais problemas, bem como sobre as ações consideradas prioritárias para o enfrentamento desses prob lemas. Neste ponto, o questionário apoiou -se, em grande parte, no material utilizado, na França, nas Enquetes Regionales elaboradas pelo Observatoire Interrégional du Politique, tendo sido feitas algumas adaptações para melhor adequar as questões à realida de do Rio Grande do Sul.

15

Pobreza e Riqueza Como mostra a tabela abaixo, nas regiões Nordeste 1 e Nordeste 2 a maior parte dos habitantes considera que sua região é predominantemente rica, ao passo que a maior parte dos habitantes do Sul e do Norte consideram que suas regiões são predominantemente pobres.

Respostas à questão "O(a) Sr(a) considera que sua região é rica ou pobre ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Rica

107 20,5%

74 30,8%

32 9,6%

36 9,5%

249 16,9%

Mais rica do que pobre

180 34,5%

86 35,8%

98 29,3%

68 18,0%

432 29,3%

Mais pobre do que rica

150 28,8%

46 19,2%

116 34,6%

146 38,7%

458 31,1%

Pobre

67 12,9%

24 10,0%

82 24,5%

119 31,6%

292 19,8%

NS/NR

17 3,3%

10 4,2%

7 2,1%

8 2,1%

42 2,9%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Além disso, como mostram os dados da tabela a seguir, no Sul e no Norte predominou a percepção de que essas regiões já foram mais ricas no passado, ao contrário do que a conteceu no Nordeste 1 e 2, onde prevaleceu a percepção de que essas áreas já foram mais pobres .

Resposta à questão "O(a) Sr(a) acha que, no passado, a sua região já foi mais rica ou mais pobre do que é hoje ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Já foi mais rica

203 39,0%

75 31,3%

173 51,6%

246 65,3%

697 47,3%

Continua igual

86 16,5%

39 16,3%

67 20,0%

64 17,0%

256 17,4%

Já foi mais pobre

222 42,6%

118 49,2%

87 26,0%

60 15,9%

487 33,1%

NS/NR

10 1,9%

8 3,3%

8 2,4%

7 1,9%

33 2,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

16

A realização de um cruzamento entre as respostas dadas a essas duas questões, por regiões, mostrou que quase 50% dos entrevistados no Sul consideravam, simultaneamente, que a região é hoje predominantemente pobre e que já foi mais rica no passado. Esse resultado revelou uma percepção fortemente negativa a respeito da situação e das tendências da economia local. De forma semelhante, 35% dos entrevis tados no Norte mostraram a percepção simultânea de pobreza atual e empobrecimento ao longo do tempo. Apenas no Nordeste 2 predominou a percepção de que a região, além de ser rica ou mais rica do que pobre, encontra -se na atualidade em uma situação melhor d o que no passado. Na região metropolitana (Nordeste 1), as opiniões se dividiram, sem que pudesse ser identificado um padrão claro no cruzamento dessas duas variáveis. 18

Principais Problemas das Regiões A escassez de oportunidades de trabalho é percebi da como o principal problema em todas as regiões do Estado. Em todo o Rio Grande do Sul, quase metade dos entrevistados escolheu "emprego" como primeira opção de resposta à questão "Quais são os pontos mais fracos (problemáticos) da sua região?". Como most ra a tabela a seguir, essa opção alcançou 67,4% no Sul, 61,2% no Norte, 39,2% no Nordeste 2 e 30,1% no Nordeste 1 (Região Metropolitana). Apenas nesta última região a resposta que ficou em segundo lugar, "segurança pública", com 28,6%, conseguiu atingir um percentual próximo ao do emprego (30,1%). Nas demais regiões, o segundo lugar ficou sempre com um percentual inferior à metade do alcançado pela opção "emprego", como mostra a tabela a seguir.

18 As tabelas onde foi efetuado esse cruzamento, uma por região, deixam de ser apresentadas para evitar que este relatório se torne excessivamente longo. Destaca -se apenas a percepção dominante em c ada região.

17

Resposta à questão "Quais são os pontos mais fracos (proble máticos) da sua região ?",

por, região do estado (primeira resposta) Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Habitação

62 11,9%

23 9,6%

17 5,1%

29 7,7%

131 8,9%

Emprego

157 30,1%

94 39,2%

205 61,2%

253 67,1%

709 48,1%

Segur ança Pública

149 28,6%

29 12,1%

36 10,7%

25 6,6%

239 16,2%

Estradas e meios de comunicação

6 1,2%

10 4,2%

42 12,5%

11 2,9%

69 4,7%

Escolas e qualidade do ensino

31 6,0%

7 2,9%

3 ,9%

10 2,7%

51 3,5%

Atendimento à saúde

86 16,5%

40 16,7%

21 6,3 %

35 9,3%

182 12,4%

Atividades Culturais

21 4,0%

18 7,5%

7 2,1%

7 1,9%

53 3,6%

Outros

7 1,3%

17 7,1%

4 1,2%

7 1,9%

35 2,4%

Sem opinião

2 ,4%

2 ,1%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

As Soluções para os Problemas Regionais Além de solicitar aos entrevistados elementos para um diagnóstico da situação das regiões, a pesquisa também buscou investigar qual a sua percepção sobre as soluções para os principais problemas regionais.

Os Atores do Processo de Des envolvimento A primeira pergunta da seção do questionário sobre a solução dos problemas regionais indaga quais os atores (entidades e pessoas) mais importantes para a promoção do desenvolvimento. As várias opções oferecidas aos entrevistados podem ser ag rupadas em três grandes categorias: empresas, governos e entidades da sociedade civil/cidadãos. Como se observa na tabela a seguir, em três das quatro regiões (Nordeste 1, Nordeste 2 e Sul) predominou, como primeira opção de resposta, a percepção de que o papel principal na promoção do desenvolvimento regional cabe às empresas. Somente no Norte os governos

18

superaram as empresas, por apenas um ponto percentual. Em todas as regiões as entidades da sociedade civil e os cidadãos foram a opção menos escolhida. Deve-se ressaltar, no entanto, que no Norte o percentual agregado de Universidades, sociedade civil e cidadãos foi mais de dez pontos superior ao observado nas demais regiões. Em todas as regiões, as empresas locais foram consideradas mais importantes d o que as empresas que possam vir de fora da região. No Nordeste 2, inclusive, a diferença entre essas duas opções foi da ordem de mais de 4 por 1, quando nas demais regiões foi, em regra, de 2 por 1. Os percentuais mais expressivos para as empresas de fora ocorreram no Nordeste 1 (região metropolitana), com 15,8%, e no Sul, com 18,3%. As Universidades superaram 10% das respostas no Norte e no Sul, com percentuais que representam mais do dobro do encontrado no Nordeste 1 e 2. Chama a atenção, ainda, o fato de que o Norte foi a área com valor mais elevado para a opção "cidadãos" (7,5%), enquanto o Sul foi a de menor percentual (1,9%). Entidades e Pessoas consideradas mais importantes para promover o desenvolvimento,

por região do estado (primeira resposta) Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

As empresas locais

158 30,3%

108 45,0%

80 23,9%

104 27,6%

450 30,5%

As empresas que venham de fora da região

82 15,7%

23 9,6%

35 10,4%

69 18,3%

209 14,2%

Os governos municipais

91 17,5%

49 20,4%

80 23,9%

73 19,4%

293 19,9%

O governo do Estado

71 13,6%

15 6,3%

24 7,2%

41 10,9%

151 10,3%

O Governo Federal

27 5,2%

9 3,8%

14 4,2%

18 4,8%

68 4,6%

As universidades

32 6,1%

11 4,6%

53 15,8%

47 12,5%

143 9,7%

As associações e e ntidades da região

20 3,8%

10 4,2%

18 5,4%

10 2,7%

58 3,9%

Os cidadãos da região

33 6,3%

14 5,8%

25 7,5%

7 1,9%

79 5,4%

NS/NR

7 1,3%

1 ,4%

6 1,8%

8 2,1%

22 1,5%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Na esfera gov ernamental, como se observa na tabela a seguir, os governos municipais foram considerados os mais importantes para a

19

promoção do desenvolvimento regional, ficando o governo estadual em segundo lugar e o federal em último, no mínimo 20 pontos percentuais abaixo do governo estadual. A ênfase no papel ds governos municipais foi mais destacada na Região Nordeste 2.

Respostas à questão "Qual o nível de governo deve ter maior influência sobre o desenvolvimento de sua região ?", por região do estado

Região d o Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Governo Federal

74 14,2%

25 10,4%

37 11,0%

45 11,9%

181 12,3%

Governo Estadual

186 35,7%

72 30,0%

130 38,8%

140 37,1%

528 35,8%

Governo Municipal

248 47,6%

139 57,9%

164 49,0%

181 48,0%

732 49, 7%

NS/NR

13 2,5%

4 1,7%

4 1,2%

11 2,9%

32 2,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Fortalecimento ou Diversificação da Base Econômica Em todas as quatro regiões predominou a percepção de que o desenvolvimento depen de da diversificação da base econômica, não tendo sido observadas diferenças substanciais nos percentuais de respostas a esta questão, como mostra a tabela a seguir. Respostas à questão "O que seria mais importante para promover o desenvolvimento de

sua região ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Fortalecer as atividades econômicas que já existem na região

191 36,7%

99 41,3%

137 40,9%

141 37,4%

568 38,6%

Estimular novas atividades, diferentes das qu e já existem

324 62,2%

139 57,9%

197 58,8%

234 62,1%

894 60,7%

NS/NR

6 1,2%

2 ,8%

1 ,3%

2 ,5%

11 ,7%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

20

Nas quatro regiões, mais da metade dos entrevistados respondeu que a indústri a é a atividade que deve ser estimulada para fortalecer a economia local.

Respostas à questão "Que tipo de atividade deveria ser estimulada para fortalecer a economia da sua região ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordest e 2 Norte Sul

Total

A pecuária

12 2,3%

5 2,1%

12 3,6%

30 8,0%

59 4,0%

A agricultura

46 8,8%

68 28,3%

108 32,2%

60 15,9%

282 19,1%

A indústria

274 52,6%

121 50,4%

171 51,0%

213 56,5%

779 52,9%

O comércio e os serviços

183 35,1%

36 15,0%

33 9,9%

62 16,4%

314 21,3%

Outros

4 ,8%

7 2,9%

10 3,0%

11 2,9%

32 2,2%

NS/NR

2 ,4%

3 1,3%

1 ,3%

1 ,3%

7 ,5%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

A preferência pela indústria foi um pouco maior no Sul. A agricultura obteve percentuais expressivos no Norte e no Nordeste 2. O comércio e os serviços, por sua vez, alcançaram mais de 35% no Nordeste 1 (Região Metropolitana). O número de entrevistados que optou pela alternativa "pecuária" foi muito baixo até mesmo no Sul, evidencia ndo a percepção generalizada sobre o pequeno potencial dessa atividade como elemento dinamizador do conjunto da economia regional.

Pequenas ou Grandes Empresas No caso da indústria, em todas as regiões, a percepção de que o estímulo às pequenas e média s empresas é a ação mais importante para o desenvolvimento superou a alternativa "estímulo ou atração de grandes empresas", como se constata pelos dados da tabela abaixo. As diferenças foram mais substanciais no Nordeste 2 e no Norte, onde o estímulo às pequenas e médias empresas superou o estímulo às grandes empresas com, respectivamente, 82,9% contra 16,7%, e 76,4% contra 20,9%. A atração e estímulo às grandes empresas atingiu seus percentuais mais elevados no Sul, com quase 30% das respostas, seguido do Nordeste 1 (Região Metropolitana), com cerca de 25%.

21

Respostas à questão "No caso da indústria, o que seria mais importante para promover o desenvolvimento da sua região ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Estimular as pequenas e médias empresas

368 70,6%

199 82,9%

256 76,4%

261 69,2%

1084 73,6%

Estimular ou atrais grandes empresas

134 25,7%

40 16,7%

70 20,9%

112 29,7%

356 24,2%

NS/NR

19 3,6%

1 ,4%

9 2,7%

4 1,1%

33 2,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Ações Prioritárias para a Redução do Desemprego Como foi destacado anteriormente, o desemprego foi identificado como o principal problema de todas as regiões. No questionário, foi incluída uma pergunta específ ica sobre quais as ações consideradas mais importantes para a redução do desemprego. Algumas das várias alternativas de resposta para essa questão podem ser agregadas, como as três relacionadas com a atração/estímulo às empresas (2ª, 5ª e 6ª alternativas) ou as duas relacionadas com a educação ou o treinamento de mão de obra (1ª e 3ª alternativas). De forma coerente com as respostas dadas a uma questão anterior, que apontavam as empresas como os principais atores na promoção do desenvolvimento, também nes te caso predominou a percepção de que o estímulo às empresas seria a ação mais importante para a redução do desemprego. Como mostra a tabela a seguir, em quase todas as regiões, a soma desse conjunto de opções (2ª, 5ª e 6ª) atingiu o percentual de 50%, superando, de forma substancial, a soma das alternativas relacionadas com a formação de mão de obra (1ª e 3ª), que atingiram, no máximo 33,2%. A exceção foi o Nordeste 1 (Região Metropolitana), onde a diferença entre os dois conjuntos de alternativas foi de s omente seis pontos percentuais. Dentre as opções relativas ao estímulo às empresas, a alternativa com maior número de escolhas foi sempre a "atração de novas empresas", com percentuais especialmente elevados no caso do Sul e do Norte. A opção "redução dos impostos pagos pelas empresas" alcançou um percentual expressivo na região Nordeste 1.

22

Respostas à questão "Qual seria a ação mais importante para reduzir o desemprego na

sua região?", por região do estado (primeira resposta) Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Melhorar a qualidade da educação dos jovens

173 33,2%

56 23,3%

50 14,9%

93 24,7%

372 25,3%

Atrair novas empresas para a região

118 22,6%

71 29,6%

121 36,1%

147 39,0%

457 31,0%

Realizar treinamento profissional pa ra adultos

45 8,6%

23 9,6%

26 7,8%

32 8,5%

126 8,6%

Diversificar as atividades agrícolas e industriais

17 3,3%

20 8,3%

39 11,6%

23 6,1%

99 6,7%

Estimular as empresas que já existem

52 10,0%

30 12,5%

48 14,3%

48 12,7%

178 12,1%

Reduzir os impostos pag os pelas empresas

79 15,2%

20 8,3%

23 6,9%

19 5,0%

141 9,6%

Fortalecer a pesquisa e a cooperação entre as empresas e as universidades

20 3,8%

13 5,4%

15 4,5%

11 2,9%

59 4,0%

Melhorar os transportes e a infra -estrutura

15 2,9%

2 ,8%

9 2,7%

3 ,8%

29 2,0%

Sem opinião

2 ,4%

5 2,1%

4 1,2%

1 ,3%

12 ,8%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

No que se refere à formação de mão -de-obra, o maior número de escolhas recaiu sobre a "melhora da qualidade da educação dos jovens". N a verdade, caso se considere as respostas separadamente, sem agregá -las por categorias, essa opção aparece em segundo lugar em três regiões (Sul, Norte e Nordeste 2), sendo superada apenas pela "atração de novas empresas". Na região metropolitana (Nordeste 1), inclusive, essa alternativa chega a ocupar o primeiro lugar, revelando uma expressiva preocupação dos entrevistados com o problema da empregabilidade.

O MERCOSUL e o Desenvolvimento das Regiões A pesquisa investigou, também, qual a percepção dos entrevistados a respeito dos resultados do MERCOSUL para a economia das regiões. Em todas as regiões a percepção dominante foi a de que o MERCOSUL não teve influência significativa sobre a economia local, não trazendo nem benefícios, nem prejuízos, como mostra a tabela a seguir. Quando se considera as opções minoritárias, no entanto, percebe -se que, em todas as regiões, os percentuais de respostas "mais benefícios que

23

prejuízos", que expressam uma avaliação positiva, superaram os percentuais de respostas "mais prejuízos que benefícios", os quais indicam uma avaliação negativa. A avaliação positiva foi mais expressiva no Nordeste 1 e Nordeste 2.

Respostas à questão "Analisando os resultados do MERCOSUL até agora, o(a) Sr(a) considera que ele tem trazido p ara a sua região...", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Mais benefícios do que prejuízos

157 30,1%

74 30,8%

69 20,6%

89 23,6%

389 26,4%

Nem benefícios, nem prejuízos

234 44,9%

107 44,6%

179 53,4%

169 44,8%

689 46,8%

Mais prejuízos do que benefícios

56 10,7%

25 10,4%

47 14,0%

54 14,3%

182 12,4%

NS/NR

74 14,2%

34 14,2%

40 11,9%

65 17,2%

213 14,5%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

A expectativa sobre os efei tos econômicos futuros da integração do Cone Sul foi amplamente favorável em todas as regiões, como se observa na tabela abaixo, embora com intensidade menor no Norte, onde a avaliação positiva dos resultados verificados até o presente já era a mais fraca.

Respostas à questão "Pensando os efeitos futuros do MERCOSUL para sua região, o Sr.(a) considera que ele trará...", por região do estado

Região do Estado Total Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Mais benefícios que prejuízos 256

49,1% 133

55,4% 127

37,9% 182

48,3% 698

47,4% Nem benefícios, nem prejuízos 128

24,6% 62

25,8% 120

35,8% 112

29,7% 422

28,6% Mais prejuízos que benefícios

52 10,0%

17 7,1%

38 11,3%

40 10,6%

147 10,0%

NS/NR

85 16,3%

28 11,7%

50 14,9%

43 11,4%

206 14,0%

TOTAL 521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

A Questão da "Metade Sul" A pesquisa inclui, ainda, questões que buscam avaliar a percepção da população sobre a proposta de separação da Metade Sul do Rio Grande do Sul, para criar uma nova unidad e da federação. Esta proposta já era do

24

conhecimento da maioria dos entrevistados, em todas as regiões, como indica a tabela abaixo, especialmente na Região Sul. Respostas à questão "O Sr(a) já ouviu falar que algumas pessoas pretendem separar os

municíp ios do sul do RS do resto do RS, para criar um novo estado ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Sim

327 62,8%

147 61,3%

219 65,4%

291 77,2%

984 66,8%

Não

178 34,2%

90 37,5%

112 33,4%

65 17,2%

445 30,2%

NS/NR

16 3,1%

3 1,3%

4 1,2%

21 5,6%

44 3,0%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

No entanto, é forçoso ressaltar que um significativo percentual da população revelou total desconhecimento sobre essa proposta de s eparação, cuja origem data da década de oitenta. Nas regiões Norte, Nordeste 1 e Nordeste 2, um terço ou mais dos entrevistados nunca tinha ouvido falar do assunto. Mesmo no Sul, onde a proposta era mais conhecida, quase 20% dos entrevistados desconheciam a sua existência. Um segundo conjunto de questões buscou investigar qual a percepção dos entrevistados sobre quem ganha e quem perde com uma eventual separação da Metade Sul. Tentou -se avaliar se os entrevistados consideravam que "todos os gaúchos", ou s egmentos da população, residentes na “Metade Sul” ou no resto do Estado – como os políticos, os trabalhadores, os funcionários públicos, os empresários ou os contribuintes – ganhariam, perderiam ou não ganhariam nem perderiam com a eventual criação de uma nova unidade da federação. Como se pode constatar, através da tabela abaixo, em praticamente todos os casos – e em todas as regiões – predominou de forma relativamente ampla a percepção de que os segmentos antes assinalados perderiam com uma eventual sep aração. A exceção foi constituída pelos "políticos do Sul", considerados ganhadores pela maior parte dos entrevistados das quatro regiões. O percentual mais elevado, neste caso, ocorreu no próprio Sul, com mais de sete pontos de diferença em relação à médi a do conjunto das regiões. Deve -se ressaltar que, nos outros quesitos, não houve discrepância tão significativa entre os padrões das respostas do Sul e das outras áreas.

25

Diferença entre o percentual de respostas "Ganham" e o percentual de respostas

"Per dem", por categoria e região do estado % de Ganham menos % de Perdem

Nordeste 1

Nordeste 2

Norte Sul TOTAL

Todos os gaúchos -48,8 -28,8 -36,1 -24,4 -36,5 Os políticos do sul do RS 3,5 2,0 11,3 15,7 8,2 Os políticos do resto do RS -10,8 -25,0 -7,4 -12,2 -12,8 Os trabalhadores do sul do RS -35,4 -21,7 -16,7 -12,2 -22,9 Os trabalhadores do resto do RS -38,0 -26,7 -24,8 -19,3 -28,3 Os funcionários públicos do sul do RS -19,6 -10,4 -7,4 -8,5 -- 12,5 Os funcionários públicos do resto do RS -23,0 -12,9 -16,1 -16,5 -18,1 Os empresários do sul do RS -10,3 -15,0 2,9 -0,5 -5,5 Os empresários do resto do RS -16,0 -18,0 -11,3 -17,5 -15,6 Os contribuintes do sul do RS -26,6 -19,5 -11,0 -16,5 -19,3 Os contribuintes do resto do RS -30,2 -22,9 -21,2 -16,7 -23,4

Obs.: Os números destacados em negrito assinalam os casos onde a percepção de ganhos supera a de perdas. Os valores negativos indicam que a percepção de perdas supera a de ganhos.

Identificação com a Região A pesquisa incluiu questões sobre o grau de identificação do entrevistados com a região em que vivem. Aqui, como em todas as questões referenciadas à idéia de "região" deve -se ter o cuidado de considerar que a configuração e as dimensões dessa região podem variar de pessoa para pessoa. Assim, por e xemplo, uma pessoa entrevistada em Bagé, ao responder uma questão sobre algo que se refira à sua "região", pode estar pensando em uma área que compreenda apenas alguns municípios próximos, enquanto outra, também em Bagé, ao responder à mesma questão, pode estar pensando em toda a "Metade Sul". Na verdade, a pesquisa incluiu uma questão (a de n o 9) que permite aprofundar a compreensão do que as pessoas querem dizer quando se referem à "sua região". No entanto, essa análise não fará parte do presente relatório, por demandar um prazo mais longo para a sistematização das repostas, ficando reservada para estudos posteriores. Indicando um alto grau de identidade com a região em que residiam, como pode ser verificado na tabela abaixo, mais de 2/3 dos entrevista dos, em todas as regiões, afirmaram que não gostariam de sair da área onde vivem. O maior grau de satisfação foi encontrado no Nordeste 2, onde menos de 20% dos habitantes gostariam de abandonar sua região.

26

Respostas à questão "Algumas pessoas dizem que gostariam de mudar -se para outra

região. O(a) Sr(a) preferiria viver em outra região ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Sim

157 30,1%

43 17,9%

102 30,4%

108 28,6%

410 27,8%

Não

358 68,7%

195 81,3%

228 68,1%

264 70,0%

1045 70,9%

NS/NR

6 1,2%

2 ,8%

5 1,5%

5 1,3%

18 1,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Uma segunda questão voltada para a análise da "identidade regional" indagou como os entrevistados definia m a região onde viviam. Nesta situação, ao contrário do que ocorreu na pergunta anterior, podem ser observadas expressivas diferenças de percentuais entre as macro -regiões. Em primeiro lugar, a idéia de que a região se caracteriza por uma cultura e uma his tória próprias (indicativa de um sentimento mais forte de identidade) – ainda que tenha sido a mais apontada em todas as regiões – obteve valores bem mais elevados no Nordeste 2 e no Sul. Outra diferença importante a destacar diz respeito à relação entre os percentuais alcançados pelas opções "uma comunidade com pessoas com muitas afinidades sociais e culturais" e "uma comunidade com muitas desigualdades e conflitos sociais". Enquanto nas regiões do interior do Estado houve equilíbrio entre os percentuais dessas duas alternativas, na Região Metropolitana (Nordeste 1) ocorreu um amplo predomínio da opção "desigualdades e conflitos sociais", que atingiu quase o dobro do valor das "afinidades sociais e culturais". Quanto a esse mesmo ponto, cabe ressaltar q ue na Região Metropolitana (Nordeste 1) a percepção sobre as desigualdades e conflitos alcança um percentual cerca de duas vezes superior ao verificado nas regiões Nordeste 2 e Sul. Já a percepção da região como um local caracterizado predominantemente por afinidades foi maior no Norte do que nas demais áreas.

27

Respostas à questão "Qual a expressão que define melhor a região onde o(a) Sr(a)

vive?", por região do estado (primeira resposta) Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Um lugar como qualquer outro

90 17,3%

36 15,0%

83 24,8%

113 30,0%

322 21,9%

Um lugar com cultura e história próprias

148 28,4%

120 50,0%

98 29,3%

146 38,7%

512 34,8%

Uma área que se destaca pelas características econômicas

64 12,3%

24 10,0%

21 6,3%

25 6,6%

134 9,1%

Uma área que se destaca pelas características políticas

38 7,3%

3 1,3%

13 3,9%

6 1,6%

60 4,1%

Uma comunidade com pessoas com muitas afinidades sociais e culturais

59 11,3%

30 12,5%

61 18,2%

42 11,1%

192 13,0%

Uma comunidade com muitas desigualdades e conflitos sociais

112 21,5%

25 10,4%

56 16,7%

42 11,1%

235 16,0%

NS/NR

10 1,9%

2 ,8%

3 ,9%

3 ,8%

18 1,2%

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Uma terceira questão voltada para a análise do tema da identidade regional buscou identificar o lugar ocupado pela dimensão "geográfica" no conjunto das afinidades do entrevistado, comparando -se as dimensões relacionadas com a idade, profissão e características étnico -culturais.

Dentre estas dimensões, como p ode ser observado na tabela abaixo, as afinidades de tipo "geográfico" (principalmente cidade e, num segundo plano, região) foram muito mais fortes no interior do Estado, enquanto as relacionadas com as dimensões de geração e profissão tiveram maior força na área metropolitana. As afinidades de tipo étnico -cultural obtiveram resultados pouco expressivos em todas as regiões.

28

Respostas à questão "O(a) Sr(a) possui mais afinidades com ...", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Norde ste 2 Norte Sul

Total

Os habitantes da sua cidade

146 28,0%

89 37,1%

143 42,7%

194 51,5%

572 38,8%

As pessoas de sua idade e de sua geração

138 26,5%

41 17,1%

64 19,1%

58 15,4%

301 20,4%

Os outros habitantes da sua região

35 6,7%

25 10,4%

18 5,4%

31 8,2%

109 7,4%

As pessoas do seu meio social ou profissional

164 31,5%

67 27,9%

84 25,1%

81 21,5%

396 26,9%

As pessoas de sua origem étnico -cultural

25 4,8%

14 5,8%

15 4,5%

7 1,9%

61 4,1%

NS/NR

13 2,5%

4 1,7%

11 3,3%

6 1,6%

34 2,3%

TOTAL 521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Participação e Atividade Política O questionário incluiu, ainda, perguntas sobre diversos aspectos da atividade política dos entrevistados, bem como sobre sua participação na vida pública.

Interesse pela Política e Afinidades Partidárias De uma maneira geral, como mostram os dados da tabela abaixo, os entrevistados manifestaram o que poderia ser caracterizado como um interesse moderado pela política. No conjunto do Estado, 42% dos respondentes a firmaram interessar -se "um pouco" pelo tema. O percentual dos que "não se interessam" superou amplamente o daqueles que se interessam "bastante". As diferenças entre regiões, quanto a este aspecto, foram inexpressivas. Cumpre observar, no entanto, que a presença de apenas três alternativas de resposta (bastante, um pouco e não se interessa) tende a concentrar um uma mesma faixa – um pouco – um interesse parcial, de níveis variados. Considerando -se que os percentuais agregados das opções “bastante” e “um pouco”, reveladores de algum interesse pela política, observam-se, em todas as regiões, percentuais significativos, na faixa dos

29

60%. Analisados desta forma, os dados revelaram um maior interesse nas regiões Norte, com 66,3%, e Nordeste 1, com 63,2%, e um m enor interesse nas regiões Sul, com 61,5%, e Nordeste 2, com apenas 60,1%.

Respostas à questão "O(a) Sr(a) se interessa pela política ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Bastante

105 20,2%

45 18,8%

73 21,8%

78 20,7%

301 20,4%

Um pouco

224 43,0%

99 41,3%

149 44,5%

154 40,8%

626 42,5%

Não se interessa 191 36,7%

96 40,0%

112 33,4%

145 38,5%

544 36,9%

NS/NR

1 ,2%

1 ,3%

2 ,1%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Em todas as regiões, coerentemente com a observação dos percentuais agregados que apontam algum interesse pela política na casa dos 60%, cerca de 2/3 dos entrevistados afirmaram que votariam mesmo que o voto deixasse de ser obrigatório. O percentual ma is alto ocorreu no Norte, com 70%, e o mais baixo na Região Metropolitana (Nordeste 1), com 60%. Respostas à questão "Se o voto não fosse obrigatório, o (a) Sr(a) votaria assim mesmo?",

por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordes te 2 Norte Sul Total

Sim

316 60,7%

161 67,1%

240 71,6%

247 65,5%

964 65,4%

Não

195 37,4%

74 30,8%

90 26,9%

127 33,7%

486 33,0%

NS/NR

10 1,9%

5 2,1%

5 1,5%

3 ,8%

23 1,6%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

No que s e refere à simpatia por partidos políticos, ocorreram diferenças regionais dignas de nota. No entanto, é necessário primeiro ressaltar que em todas as regiões, como mostra a tabela abaixo, os entrevistados que declararam não ter simpatia por nenhum partido em especial constituíram maioria, representando sempre mais de metade do total, constituindo um eleitorado potencialmente "flutuante".

30

O Norte foi a região com maior percentual de filiados a partidos, que constituíram quase 1/4 do total de entrevistados na região. A Região Metropolitana (Nordeste 1), por sua vez, foi a que apresentou menor percentual de filiados, ainda que, ao mesmo tempo, tenha apresentado o maior percentual de alta simpatia por um partido. Em todas as quatro regiões, cerca de 1/4 dos entrevistados – mais no Norte e um pouco menos no Nordeste 1 – ou são filiados ou manifestam uma forte simpatia por algum partido político, caracterizando o que poderia ser chamado de um "eleitorado cativo". Respostas à questão "O(a) Sr(a) é filiado a a lgum partido político ou simpatiza com algum

partido ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1

Nordeste 2

Norte Sul Total

É filiado a um partido

45 8,6%

37 15,4%

81 24,2%

65 17,2%

228 15,5%

Simpatiza muito com um partido

81 15,5%

26 10,8%

25 7,5%

39 10,3%

171 11,6%

Simpatiza pouco com um partido

104 20,0%

55 22,9%

45 13,4%

55 14,6%

259 17,6%

Não simpatiza com nenhum partido em especial 290 55,7%

122 50,8%

182 54,3%

217 57,6%

811 55,1%

NS/NR

1 ,2%

2 ,6%

1 ,3%

4 ,3%

TOT AL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

A "Questão Regional" e as Escolhas Eleitorais Frente à questão que indaga quais as duas principais características, em ordem prioridade, consideradas mais importantes ao escolher um candidato para votar, a alternativa "ser originário da região" não apareceu como um dos critérios mais importantes para a escolha de um candidato, em qualquer das regiões, nem em primeira, nem em segunda posição, como indicam as duas tabelas a seguir. Os dois critérios mais apontados como primeira resposta, em ordem de importância, em todas as regiões, foram “ser honesto” e “t er experiência na vida pública e ser competente como administrador” . Como segunda resposta, em todas as regiões, os critérios mais mencio nados foram “n ão ter medo de assumir responsabilidades e tomar decisões” e “ser honesto”,

31

sendo que no Sul a alternativa “ser honesto” foi a mais apontada inclusive como segunda resposta.

Respostas à questão "Quando escolhe um candidato para votar, quai s destas características o(a) Sr(a) considera mais importante ?",

por região do estado (primeira resposta) Região do Estado

Nordeste 1

Nordeste 2

Norte Sul Total

Promover a participação

19 3,6%

6 2,5%

12 3,6%

13 3,4%

50 3,4%

Ter experiência na vida pública e ser competente como administrador

134 25,7%

73 30,4%

82 24,5%

125 33,2%

414 28,1%

Não ser político profissional

17 3,3%

9 3,8%

11 3,3%

13 3,4%

50 3,4%

Ser de origem popular

29 5,6%

4 1,7%

10 3,0%

23 6,1%

66 4,5%

Ser honesto

187 35,9%

102 42,5%

163 48,7%

135 35,8%

587 39,9%

Ter elevado nível intelectual ou grau de instrução

17 3,3%

7 2,9%

9 2,7%

8 2,1%

41 2,8%

Ser originário da região

4 ,8%

3 1,3%

10 3,0%

12 3,2%

29 2,0%

Ser alguém que o(a) Sr(a) conhece pessoalmente

22 4,2%

7 2,9%

10 3,0%

8 2,1%

47 3,2%

Obedecer a orientação do partido a que pertence

13 2,5%

4 1,7%

2 ,6%

5 1,3%

24 1,6%

Não ter medo de assumir responsabilidades e tomar decisões

67 12,9%

23 9,6%

25 7,5%

31 8,2%

146 9,9%

NS/NR

12 2,3%

2 ,8%

1 ,3%

4 1,1%

19 1,3%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

32

Respostas à questão "Quando escolhe um candidato para votar, quais destas

características o(a) Sr(a) considera mais importante ?", por região do estado (segunda resposta)

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Promover a participação

22 4,2%

12 5,0%

12 3,6%

9 2,4%

55 3,7%

Ter experiência na vida pública e ser competente como administrador

63 12,1%

33 13,8%

47 14,0%

54 14,3%

197 13,4%

Não ser p olítico profissional

15 2,9%

9 3,8%

12 3,6%

10 2,7%

46 3,1%

Ser de origem popular

25 4,8%

10 4,2%

6 1,8%

8 2,1%

49 3,3%

Ser honesto

98 18,8%

46 19,2%

72 21,5%

109 28,9%

325 22,1%

Ter elevado nível intelectual ou grau de instrução

39 7,5%

10 4,2%

18 5,4%

15 4,0%

82 5,6%

Ser originário da região

24 4,6%

13 5,4%

25 7,5%

24 6,4%

86 5,8%

Ser alguém que o(a) Sr(a) conhece pessoalmente

15 2,9%

9 3,8%

26 7,8%

22 5,8%

72 4,9%

Obedecer a orientação do partido a que pertence

11 2,1%

9 3,8%

8 2,4%

10 2,7%

38 2,6%

Não ter medo de assumir responsabilidades e tomar decisões

152 29,2%

63 26,3%

93 27,8%

79 21,0%

387 26,3%

NSA (respondeu apenas uma)

45 8,6%

24 10,0%

15 4,5%

33 8,8%

117 7,9%

NS/NR

12 2,3%

2 ,8%

1 ,3%

4 1,1%

19 1,3%

TOTAL 521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Apesar da baixa prioridade da característica “ser da região”, como critério de escolha do candidato, as respostas dadas a uma outra questão – “O(a) Sr(a) costuma votar, para deputado estadual ou federal , em candidatos da sua região?” – apresentadas na tabela a seguir, revelaram que, especialmente no interior, nas eleições proporcionais a maior parte dos entrevistados vota sempre ou quase sempre em candidatos de sua região.. Essa fidelidade aos candidatos locais foi especialmente forte no Norte e no Sul, onde alcançou cerca de 3/4 dos entrevistados. Apenas no Nordeste 1 (Região Metropolitana) o maior percentual de respostas recaiu sobre a opção "vota nos candidatos independente da região a que eles pertenc em".

33

Respostas à questão "O(a) Sr(a) costuma votar, para deputado estadual ou federal, em

candidatos da sua região ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Sempre

158 30,3%

90 37,5%

165 49,3%

194 51,5%

607 41,2%

Na maior parte das vezes

94 18,0%

62 25,8%

85 25,4%

83 22,0%

324 22,0%

Às vezes

53 10,2%

24 10,0%

32 9,6%

25 6,6%

134 9,1%

Quase nunca

10 1,9%

5 2,1%

3 ,9%

6 1,6%

24 1,6%

Nunca

17 3,3%

3 1,3%

7 2,1%

9 2,4%

36 2,4%

Vota nos candi datos independente da região a que eles pertencem

178 34,2%

44 18,3%

35 10,4%

34 9,0%

291 19,8%

NS/NR

11 2,1%

12 5,0%

8 2,4%

26 6,9%

57 3,9%

TOTAL 521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Participação em Atividades de Natureza Po lítica A pesquisa incluiu uma questão que indaga se o entrevistado praticou, no último ano, diversas atividades que podem ser consideradas políticas:

• Conversou com alguém sobre política; • Foi a uma manifestação, a um comício ou a um protesto; • Participou de alguma reunião pública sobre assunto político; • Foi eleito ou se candidatou para algum cargo público; • Pediu a ajuda de algum político para resolver um problema particular; • Doou dinheiro para algum partido político; • Trabalhou na campanha de algum candidat o (vereador, prefeito,

deputado etc.); • Participou de algum grupo ou comissão que tentou influenciar alguma

atividade de governo; • Procurou algum político para tratar de assunto de interesse da sua

comunidade. Com base nas respostas dadas a esses quesitos, foi elaborado, através da utilização da análise de componentes principais 19 , um Índice de Atividade Política. Foram computados escores, para cada entrevistado, tendo em vista as respostas afirmativas por ele dadas a essas indagações. Quanto maior o escore alcançado pelo entrevistado, maior o seu grau de 19 O Índice é computado com base nos escores alcançados pelos entrevistados no primeiro componente.

34

atuação política. A tabela a seguir apresenta os resultados desse índice, por regiões, classificando os entrevistados em três grupos, de baixa, média e alta atuação política. O Norte foi a região que alcan çou maior percentual de entrevistados com grau elevado grau de atuação política. Esse resultado é coerente com o dado relativo à filiação a partidos políticos, em relação ao qual o Norte também despontou como a região com percentuais mais elevados. Os maiores percentuais de indivíduos com baixos índices ocorreram na Região Metropolitana e na Sul, onde mais da metade dos entrevistados foram classificados na categoria de baixa atuação política.

Índice de Atividade Política dos Entrevistados, por Região Atividade Política Regi ão

Baixa Média Alta Total

Nordeste 1 57,1 14,4 28,5 100,0 Nordeste 2 45,3 21,3 33,6 100,0 Norte 33,2 22,3 44,5 100,0 Sul 51,3 17,2 31,5 100,0 Total 48,1 18,0 33,8 100,0

Um dos quesitos incluídos na questão sobre atividades de natureza política deixou de ser incluído na composição do índice, por representar um tipo diferente de relação com a política. Trata -se do quesito presente na pergunta que indaga se "no último ano, o(a) Sr(a) pediu ajuda a algum político para resolver um problema particular". Uma eventual resposta afirmativa a essa pergunta expressa um tipo de atividade política diferente das referidas nas demais perguntas da mesma questão, que pode ser interpretada como menos “cívica” e, até mesmo, como expressando uma relação de tipo “clientelista”. Por esse motivo, mereceu uma análise em separado. Como mostra a tabela a seguir, também neste caso, o Norte foi a região com maior percentual de respostas afirmativas, enquanto o Sul apresentou o menor percentual deste tipo de resposta.

35

Respostas à questão "No último ano, o(a) Sr(a) pediu ajuda a algum político para

resolver um problema particular ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Sim

60 11,5%

30 12,5%

71 21,2%

32 8,5 %

193 13,1%

Não

420 80,6%

192 80,0%

248 74,0%

317 84,1%

1177 79,9%

NS/NR

41 7,9%

18 7,5%

16 4,8%

28 7,4%

103 7,0%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Chama a atenção o fato de que a região mais ”politizada” do es tado, que é o Norte, seja também aquela onde é mais alto o percentual de pessoas que afirmaram “ter pedido ajuda a um político para resolver um problema particular”. Uma análise mais detalhada da questão mostra que esse tipo de prática política, geralmen te considerada “espúria”, está positivamente correlacionado com todas as outras formas de participação em atividades políticas que foram investigadas na questão. Ou seja, as pessoas que pediram ajuda a políticos para resolverem problemas particulares tende ram a ser as mesmas que, por exemplo, participaram de reuniões públicas sobre temas políticos, participaram de grupos ou comissões que tentaram influenciar atividades de governo ou procuraram políticos para tratar de assuntos de interesse da comunidade. At é mesmo a participação em manifestações, comícios ou protestos está positivamente correlacionada com o “pedir ajuda a um político para resolver um problema particular”. Essas correlações positivas indicam que a prática de pedir ajuda a um político para r esolver um problema particular, tomada isoladamente, não é indicador suficiente para caracterizar uma postura menos politizada. Ela sugere, ainda, a hipótese de que essa não seja uma prática percebida, de uma forma generalizada, como sendo espúria. Trata -se de um tema que precisa ser estudado com maior profundidade. A existência de um grande número de pequenos municípios no Norte está entre os fatores que podem explicar, ao menos em parte, o elevado grau de “politização” dessa região. Alguns estudos de An tropologia Política, especialmente os de Moacir Palmeira 20 , interpretam os fenômenos políticos nas regiões interioranas de forma diferente das abordagens tradicionais 20 PALMEIRA, Moacir. Política, Facções e Voto in Antropologia, Voto e Representação Política. PALMEIRA, Moacir & GOLDMAN, Mario org.. Rio de Jane iro. Contra Capa. 1996.

36

feitas pela Sociologia e pela Ciência Política. Enquanto as pesquisas tradicionais concebi am as disputas políticas nas pequenas localidades interioranas como tendo resultados pré -determinados pela capacidade do chefe político local de controlar o seu eleitorado, Palmeira acredita haver uma dinâmica mais intensa nessas disputas. Palmeira argum enta que o voto nessas localidades adquire um significado mais amplo, por ele chamado de “adesão”. Tal adesão consiste no estabelecimento de vínculos de lealdade, que se constituem por diversos mecanismos, como, por exemplo, laços de família que se tramam através de casamentos, ou até por meio de trocas de favores. O resultado desse processo é que, a cada eleição, as facções se dividem. Assumir uma posição a favor desse ou daquele candidato adquire uma conotação extrema que significa estar de um lado ou de outro. Nesses momentos eleitorais, segundo Palmeira, o debate político se espalha pela cidade, estando presente nas barbearias, praças públicas, salões de beleza, sendo tanto mais intenso quanto mais intensa for a vida social da região.

Participação em E ventos Promovidos pelo Executivo, pelo Legislativo ou pelos COREDEs

Duas questões contidas na pesquisa referem -se à participação em atividades promovidas pelo Fórum Democrático, pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento ou pelo Orçamento Participativo Estadual. Nas respostas à primeira questão, que indaga se os entrevistados já participaram de alguma atividade desse tipo, repete -se, mais uma vez, o padrão de que a participação é mais intensa no interior, em comparação com a Região Metropolitana (Nordes te 1), e de que o Norte é a região com percentuais mais elevados de participação. Ainda assim, no máximo 1/3 dos entrevistados declarou, no Norte, já ter participado de alguma dessas atividades, tendo o percentual atingido um mínimo de pouco mais de 10% no Nordeste 1, como é possível observar na tabela abaixo.

37

Respostas à questão "O(a) Sr(a) já participou de alguma atividade dos COREDES, do OPE

ou do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Sim, já participou

70 13,4%

60 25,0%

112 33,4%

98 26,0%

340 23,1%

Não, nunca participou

448 86,0%

180 75,0%

222 66,3%

276 73,2%

1126 76,4%

NS/NR

3 ,6%

1 ,3%

3 ,8%

7 ,5%

TOTAL 521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

De maneira geral, no entanto, estes percentuais, ainda que menos elevados do que se poderia desejar, apresentam conotação positiva, dado o fato de estas inovações institucionais terem se iniciado em período relativamente recente, o qu e implica que não houve tempo suficiente para que elas fossem incorporadas aos hábitos de parcela significativa da população. Além disso, são atividades de cunho totalmente voluntário, que demandam disposição e decisão de participar por parte de cada cidad ão. Vistos deste ângulo, os percentuais registrados são indicadores altamente positivos, pois revelam que quase 1/4 dos gaúchos, ainda que com um grau de envolvimento variado, que não foi medido neste levantamento, já se engajaram em algum destes novos ins trumentos de participação política. Frente à segunda questão, que indagou sobre o motivo pelo qual os que não participaram deixaram de comparecer a esses eventos, a grande maioria apontou como principais razões a "falta de interesse por esses assuntos" e a "falta de tempo", como indica a tabela abaixo.

O primeiro desses motivos, junto com a alegação de que "acha que a participação não faz diferença", se constitui em um fator de superação relativamente difícil, pelo menos no curto prazo, por qualquer inic iativa que as entidades promotoras dessas atividades possam adotar com a finalidade de alcançar um público mais amplo. Assim, cerca de 1/3 do total de entrevistados no estado – os que responderam que acham que a participação não faz diferença ou que não se interessam por outros assuntos – dificilmente poderiam ser motivados a se engajarem em atividades voltadas para uma maior participação dos cidadãos nos debates sobre a tomada de decisões de interesse público. Cerca de 1/4 dos entrevistados, no estado, a legaram motivos capazes de serem superados por uma melhor divulgação ou organização, como a

38

falta de informação sobre a natureza dessas atividades, a má divulgação ou a escolha inadequada de datas, locais e horários. Entre os 18,5% que alegaram não terem tempo, seria necessário distinguir entre os que “realmente não têm tempo” e os que escolheram essa opção como uma forma mais “suave” de expressar a baixa prioridade que dão aos temas de natureza política. Quanto aos primeiros, parece claro que dificilmente poder-se-ão engajar em atividades de tipo participativo, seja qual for a metodologia ou a fórmula adotada. Já os últimos podem, eventualmente, ser atraídos para envolver -se em processos participativos, desde que convencidos de sua relevância e credibilid ade.

Respostas à questão "Por que o(a) Sr(a) nunca participou ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Nem sabe o que são essas coisas

17 3,3%

19 7,9%

29 8,7%

12 3,2%

77 5,2%

Não tem interesse por esses assuntos

164 31,5%

63 26,3%

71 21,2%

107 28,4%

405 27,5%

Não tem tempo

122 23,4%

39 16,3%

55 16,4%

57 15,1%

273 18,5%

Acha que a sua participação não faz diferença

27 5,2%

4 1,7%

13 3,9%

26 6,9%

70 4,8%

Não teve informações sobre as datas e horários

68 13,1%

32 13,3%

27 8,1%

45 11,9%

172 11,7%

Em geral, as datas coincidiam com outras atividades

22 4,2%

8 3,3%

5 1,5%

6 1,6%

41 2,8%

Em geral, os horários coincidiam com outras atividades

14 2,7%

7 2,9%

13 3,9%

11 2,9%

45 3,1%

Em geral, os loc ais não eram convenientes

6 1,2%

5 2,1%

6 1,8%

3 ,8%

20 1,4%

NS/NR

10 1,9%

3 1,3%

4 1,2%

13 3,4%

30 2,0%

NSA

71 13,6%

60 25,0%

112 33,4%

97 25,7%

340 23,1%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Capital Social Com o já foi referido anteriormente, uma das principais preocupações da pesquisa consistiu em identificar as diferenças existentes entre as grandes regiões gaúchas no que se refere às “características da organização social, como confiança, normas e sistemas, q ue contribuem para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas”, características que configuram aquilo que autores recentes denominam de “capital

39

social”. 21 Ao lado do capital físico e do capital humano, este terceiro tipo de capital seria de importância decisiva para explicar as diferenças, entre países e entre regiões, quanto à prosperidade econômica. Como afirma um sociólogo norte-americano:

“Assim como outras formas de capital, o capital social é produtivo, possibilitando a rea lização de certos objetivos que seriam inalcançáveis se ele não existisse (...). Por exemplo, um grupo cujos membros demonstrem confiabilidade e que depositem ampla confiança uns nos outros é capaz de realizar muito mais do que outro grupo que careça de co nfiabilidade e de confiança (...).” 22

Compõem o capital social os traços culturais característicos de uma comunidade que contribuem para fazer com que seus membros se tornem propensos a colaborar no sentido da solução de problemas de interesse comum. Incluem-se aí, por exemplo, as redes de relações interpessoais e os sentimentos de confiança mútua entre os indivíduos que constituem essa comunidade, que tornam possível o empreendimento de ações conjuntas que resultem em proveito da coletividade. Mesmo alguns aspectos da vida comunitária que aparentemente não têm relevância econômica direta, como a participação ativa em associações de diversos tipos - como clubes de serviços e entidades com objetivos culturais ou esportivos - passaram a ser considerados rel evantes para explicar o desenvolvimento, na medida em que ajudam a aproximar os membros da comunidade, fortalecendo os laços existentes entre eles e tornando-os culturalmente mais propensos a colaborar no sentido de enfrentar problemas comuns. Como já fo i destacado, o interesse por esse tema, no contexto da literatura sobre o desenvolvimento regional, foi despertado pela repercussão do trabalho de Putnam sobre as regiões italianas. A hipótese que se buscou investigar nesta pesquisa é a de que as trajetóri as históricas diferenciadas das regiões do Rio Grande do Sul resultaram em características sociais e culturais distintas que, ao exemplo do caso italiano, geraram vocações diferenciadas para o associativismo, para a participação e para a cooperação, o que poderia afetar sua potencialidade em termos de desempenho econômico e institucional. 23

21 Ver PUTNAM, Robert D. (1996) - “Comunidade e Democracia: a Experiência da Itália Moderna” , Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas; pag. 177. 22 Coleman, J., apud PUTNAM (1996), página 177. 23 Neste relatório, buscou -se apenas expli citar as diferenças existentes entre as regiões do Rio Grande do Sul quanto à participação e ao associativismo. A análise da relação entre essa “dotação de capital social”

40

A relevância do capital social para o desenvolvimento regional tem sido ressaltada com base em diferentes argumentos. Um deles afirma que a abundância de capital social favorece a difusão de informações, facilitando os processos de inovação. Outra, que tem em vista a dimensão política, destaca a maior facilidade que os atores de regiões que têm dotação elevada de capital social possuem para cooperar em ações políticas re levantes para a promoção do desenvolvimento. Assim, por exemplo, a OECD, em um documento intitulado "Globalization and Local Economies" ,24 , preconiza, como elemento importante para a promoção do desenvolvimento local, a criação de instituições (Conselhos Econômicos Regionais), semelhantes aos COREDEs do Rio Grande do Sul, que fortaleçam a cultura de cooperação e o capital social nas regiões:

“The broad tasks of such institutions (...)can be summarised as follows: o Building trust, confidence and co -operat ion. Institutions

can offer a forum and framework for co -operative information exchange - not through formal regulation, but by an information flow that enables firms to evaluate one another. “Reputation effects” reduce the temptation to abuse trust relati onships for personal gain. The reliability of inter-firm contacts are thus greatly improved. Industry associations can provide some self -regulation and similar arenas for discussion, but bridging institutions can expand the contacts between different but r elated industries.

o Creating political coalitions. Regional economic councils are needed that can publicise specific issues and generate a consensus, funding and impetus from a wide variety of actors. These councils should have a brief to look to long -term development and concentrate on educating and informing members about the reasons for new policies and suggesting ways that aims can be achieved for the benefit of all. One significant absentee from the local actors have been labour unions/trade union whose national administrative structure and occupational rather than geographical loyalty has made effective participation in local projects difficult. It would be useful if local/regional labour organisations could become more involved in the

das regiões e o seu desempenho econômico e institucional não foi empreendida aqui, p or exigir a utilização de um número maior de variáveis, além das investigadas no questionário. 24 OECD (1995) - “Local Economies and Globalization” , sumário das contribuições apresentadas na conferência sobre o tema “Local Development and Structural Change: A New Perspective on Adjustment and Reform” , realizada em Paris em 3 e 4 de Maio de 1993.

41

local development process, combining involvement at the local level with traditional national goals.

o Inter-regional co -operation. With the success of regional economic growth comes the problem of relations with other regions which are effectively competitors, whether they are compatriots or not. An attitude of region versus region can have destructive effects on national wealth and disastrous effects to both economies.” 25

Participação em Associações Voluntárias Um dos indicadores mais utilizados pela literatura para av aliar a dotação de capital social é a participação em associações voluntárias. A vitalidade da sociedade civil, evidenciada através da existência de uma densa rede desse tipo de associações, com ampla participação da população, tem sido uma das principais formas utilizadas pela literatura para caracterizar a abundância de capital social de uma região. Foi incluída na pesquisa uma questão que indaga se o entrevistado é membro de diferentes tipos de associações voluntárias e se tem participação ativa no seu funcionamento. Os resultados mostraram que existem diferenças substanciais entre as regiões do Estado quanto à intensidade desse tipo de participação. 25 “As tarefas amplas dessas instituições (...) podem ser sumarizadas da forma seguinte: • Desenvolver a confiança e a cooperação. As instituições podem proporcionar u m fórum e um

quadro referencial para o intercâmbio cooperativo de informações - não através da regulamentação formal, mas através de um fluxo de informações que capacita as empresas a avaliar -se mutuamente. Os “efeitos reputação” reduzem a tentação no sent ido de abusar das relações de confiança para ganho pessoal. A confiabilidade dos contatos entre empresas é, em conseqüência, bastante aumentada. As associações industriais podem proporcionar algum grau de auto -regulamentação, e arenas similares para a disc ussão, mas as instituições do tipo ‘ponte’ podem ampliar os contatos entre indústrias diferentes, porém relacionadas.

• Criar coalizões políticas. São necessários conselhos econômicos regionais para dar publicidade a determinados temas e para extrair consens os, recursos e ímpeto de uma ampla variedade de atores. Esses conselhos devem concentrar -se em analisar as possibilidade de desenvolvimento no longo prazo e em educar seus membros quanto à necessidade de adotar novas políticas, sugerindo meios pelos quais os objetivos podem ser alcançados, para o benefício de todos. Uma ausência significativa, entre os atores locais, tem sido dos sindicatos, cuja estrutura administrativa nacional e ocupacional, que prevalece sobre a lealdade geográfica, dificulta a particip ação efetiva nos projetos locais. Seria útil se as organizações trabalhistas regionais e locais pudessem envolver -se mais intensamente com o processo de desenvolvimento local, combinando o envolvimento no nível local com seus objetivos nacionais tradiciona is.

• Cooperação inter -regional. O sucesso do crescimento econômico regional traz consigo o problema das relações com outras regiões concorrentes, dentro ou fora do país. Uma atitude de concorrência entre regiões pode ter efeitos destrutivos sobre a riqueza nacional e efeitos desastrosos sobre suas economias.” OECD (1995), p. 16.

42

O Nordeste 2 e o Norte apresentaram, em regra, percentuais de participação nos diferentes tipos d e entidades substancialmente superiores aos encontrados no Sul e na Região Metropolitana (Nordeste 1). Para assegurar que as poucas exceções, constituídas por alguns poucos tipos de associações (como, por exemplo, clubes sociais e Maçonaria) em que estas duas últimas regiões apresentaram percentuais de participação superiores às demais não invalidam essa conclusão geral, foi utilizado um teste estatístico, baseado no Coeficiente de Concordância de Kendall. Os resultados desse teste mostraram que há concordâ ncia altamente significativa entre os resultados relativos aos diferentes tipos de entidades. Pode-se, portanto, afirmar com segurança que as regiões Nordeste 2 e Norte têm uma cultura associativa mais forte que a do Sul e da Região Metropolitana (Nordeste 1). Essa cultura associativa mais forte se expressa por percentuais consistentemente mais elevados de habitantes que participam de associações voluntárias de diferentes tipos. De forma similar ao que foi feito em relação à participação em atividades políticas, também foi construído um índice agregado de participação em associações voluntárias, utilizando -se a técnica dos componentes principais. Através dessa técnica, foi calculado um escore para cada entrevistado, tendo em vista sua condição de associado e participante

Participação em Associações Voluntárias, por Regiões

Tipos de AssociaçõesNordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul TOTAL

Igreja ou Grupo Religioso 30,1 59,6 72,2 37,9 46,5Clube Esportivo 16,3 34,2 26,3 18,0 21,9Sociedade Recreativa ou Clube Social 16,9 30,8 36,1 41,6 29,9Organização Artística, Musical ou Educacional 10,4 19,2 13,7 9,8 12,4Sindicato 11,3 14,6 17,3 15,1 14,2Associação Comercial 5,4 13,3 12,8 8,8 9,2Outra Entidade Empresarial 3,3 10,0 7,5 4,0 5,5Partido Político 6,5 13,3 16,7 10,9 11,1Entidade de Proteção ao Meio Ambiente 4,0 8,3 6,9 3,7 5,3Entidade Profissional 9,6 22,1 21,8 12,7 15,2Organização de Caridade 13,1 20,4 19,4 11,9 15,4Cooperativa 3,6 9,2 10,1 4,5 6,2Clube de Serviços 2,3 3,8 4,8 4,5 3,7Associação de Pais e Mestres 9,6 21,7 22,4 9,3 14,4Associação de Agricultores ou Pecuaristas 1,2 5,8 9,0 4,0 4,4Associação de Bairro 7,1 12,9 9,3 7,2 8,6Clube de Mães 1,9 3,8 8,4 2,9 3,9Maçonaria 1,0 0,8 0,0 2,4 1,1Outro Tipo de Associação 4,2 8,8 9,9 6,4 6,8

Percentual de Respondentes que Afirmaram quesão Membros e Participam

43

efetivo em diferentes tipos de associações voluntárias. A tabela a seguir apresenta os resultados desse índice, por regiões, classificando os entrevistados em três grupos, de baixa, média e alta participação em associações. Esses resultados confirmam que o Norte e o Nordeste 2 são as regiões do estado com maior vitalidade associativa.

Índice de Participação em Associações dos Entrevistados, por Região Índice de Participação em Associações Região

Baixo Médio Alto TOTAL

Nordeste 1 42,7 36,7 20,6 100,0 Nordeste 2 24,9 31,5 43,6 100,0 Norte 16,1 37,9 46,0 100,0 Sul 39,0 27,9 33,2 100,0 TOTAL 32,8 33,9 33,3 100,0

De forma semelhante, como mostra a tabela abaixo, o Norte e o Nordeste 2 se destacaram positivamente na questão que indago u se, nos últimos três anos, o entrevistado desempenhou cargo ou teve algum tipo de responsabilidade no funcionamento de uma entidade, associação ou clube. Os percentuais de respostas “sim” a essa questão foram, nessas duas regiões, mais de dez pontos supe riores aos verificados no Sul e na Região Metropolitana, a qual apresentou o nível mais baixo de todo o estado. Respostas à questão "Nos últimos três anos o Sr(a). desempenhou cargo ou teve algum

tipo de responsabilidade no funcionamento de entidade, ass ociação ou clube na sua região ou cidade ?", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Sim

71 13,6%

71 29,6%

103 30,7%

72 19,1%

317 21,5%

Não

437 83,9%

164 68,3%

229 68,4%

294 78,0%

1124 76,3%

NS/NR

13 2,5%

5 2,1%

3 ,9%

11 2,9%

32 2,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Para caracterizar ainda melhor as diferenças de cultura associativa entre as regiões, foi desenvolvido outro índice, também utilizando -se a técnica de compo nentes principais, baseado nas respostas a uma questão que indagava qual a freqüência com que os entrevistados praticavam alguns tipos de atividades relacionadas com a vida social (pergunta n o. 54 do questionário anexo).

44

Trata-se de um índice que mede a intensidade da convivência social dos entrevistados, tendo como base a sua propensão a reunir -se com parentes, amigos e colegas de trabalho, ou com membros de sua igreja, a sua participação em associações voluntárias, e sua freqüência a festas, clubes sociais e atividades esportivas. Nos resultados relativos a esse índice, as regiões Nordeste 2 e Norte destacaram -se mais uma vez, constituindo -se como aquelas em que os habitantes têm convívio social mais intenso, em contraste com o Sul e o Nordeste 1 (Região Metropolitana), cujos percentuais de pessoas incluídas na categoria de vida social mais intensa foram bem menores, como é possível observar na tabela abaixo.

Índice de Intensidade do Convívio Social dos Entrevistados, por Região Índice de Parti cipação em Associações Região Baixo Médio Alto TOTAL

Nordeste 1 42,3 31,3 26,4 100,0 Nordeste 2 23,5 27,8 48,7 100,0 Norte 26,8 34,5 38,7 100,0 Sul 33,2 38,6 28,2 100,0 TOTAL 33,3 33,3 33,3 100,0

A relevância da participação em associações, indicativa da vitalidade da sociedade civil das regiões, e a relevância da intensidade da convivência social, ficam evidentes quando se comparam esses indicadores com o valores da índice que expressa a intensidade da atividade política dos entrevistados, apresentado anteriormente. Assim, pode-se constatar, como evidenciam os dados das duas tabelas a seguir, que os indivíduos que tenderam a participar mais em entidades da sociedade civil, ou que declararam ter convívio social mais intenso, tenderam também a envolver -se mais em diferentes tipos de atividades políticas, como conversar sobre política com amigos, ir a comícios, participar de reuniões candidatar -se a cargos públicos, fazer doações para partidos, trabalhar em campanhas para candidatos, fazer parte de comis sões ou procurar políticos para tratar de interesses da comunidade, variáveis incluídas na composição do índice de atividade política. No estado, dentre os entrevistados com baixa participação em associações, apenas 16,1% tinham alta atuação política. En tre os que tinham alta participação em associações, esse percentual era de 53,1%. De forma similar, apenas 21,3% dos entrevistados que tinham baixa intensidade de

45

convívio social tinham alta atuação política, contra 43,6% dos que tinham alta intensidade de convívio social.

Índice de Participação em Associações x Índice de Atividade Política Índice de Atuação Política Participação em

Associações Baixa Média Alta Total

Baixa 69,3 14,7 16,1 100,0 Média 51,8 17,8 30,4 100,0 Alta 25,7 21,3 53,1 100,0 Total 48,1 18,0 33,8 100,0

Índice de Intensidade de Convívio Social x Índice de Atividade Política Índice de Atuação Política Intensidade de

Convívio Social Baixa Média Alta Total

Baixa 63,6 15,2 21,3 100,0 Média 46,4 18,2 45,3 100,0 Alta 36,5 19,9 43,6 100,0 Total 48,6 17,8 33,6 100,0

Além disso, quando se analisa a participação nos eventos promovidos pelo Fórum Democrático, pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento ou pelo Orçamento Participativo Estadual, observa -se que os percentuais de entrevistados que responderam já ter participado de alguma dessas atividades é muito maior entre os classificados nos estratos superiores dos Índices de Participação em Associações e de Intensidade de Convívio Social. De forma semelhante, quando se consid era os motivos alegados pelos que nunca participaram dessas atividades, nota -se que aqueles com maiores Índices de Participação em Associações e de Intensidade de Convívio Social tendem a afirmar com freqüência muito menor "não terem interesse por esses as suntos", "não terem tempo" ou "acharem que sua participação não faz diferença".

Confiança Outro aspecto da questão do capital social destacado pela literatura refere-se à "confiança interpessoal". Essa dimensão tem sido medida, internacionalmente, com base em uma questão utilizada na World Values Survey que foi reproduzida no questionário adotado nesta pesquisa (questão

46

no 49). Destaque -se que, segundo Inglehart 26 , o Brasil era, conforme dados de 1991, dentre 43 países, aquele que mostrava o nível mais baixo de confiança interpessoal, com 7% dos entrevistados respondendo que "pode -se confiar na maior parte das pessoas". 27 Nas regiões que compõem o interior do estado, os níveis de confiança interpessoal encontrados foram superiores ao verificado na Regiã o Metropolitana e o dobro do nível de confiança registrado para o país na pesquisa realizada em 1991. Ao mesmo tempo, no entanto, foram mais baixos do que o encontrado por uma pesquisa realizada em 1996 no Distrito Federal, onde o percentual de respostas “ pode-se confiar” foi de 23%. Como mostra a tabela abaixo, as diferenças existentes entre as regiões foram pouco expressivas, cabendo ao Nordeste 2 o nível mais elevado de confiança e ao Nordeste 1 (Região Metropolitana) o mais baixo. Respostas à questão "O Sr. acredita que se pode confiar na maior parte das pessoas ?",

por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Pode -se confiar na maior parte das pessoas

61 11,7%

47 19,6%

48 14,3%

57 15,1%

213 14,5%

É preciso mui to cuidado ao tratar com outras pessoas

455 87,3%

189 78,8%

284 84,8%

314 83,3%

1242 84,3%

NS/NR

5 1,0%

4 1,7%

3 ,9%

6 1,6%

18 1,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Os cruzamentos entre as respostas dadas a esta q uestão e os Índices de Participação em Associações e de Intensidade de Convívio Social mostraram que as pessoas com escores mais altos nesses dois indicadores tenderam a apresentar níveis mais elevados de confiança.

26 Ver INGLEHART, Ronald (1997) - "Modernization and Post -Modernization: Cultural, Economic and Political Change in 43 Societies" , Princeton, New Jersey, Princeton University Press; p . 359. 27 Talvez o baixo índice de confiança interpessoal encontrado para o Brasil possa ser explicado, ao menos em parte, por fatores de natureza conjuntural. Cabe lembrar que no ano de 1991, quando foi realizado o levantamento, o país já havia copletado u ma década de acentuada instabilidade macroeconômica, na qual foram frustradas várias tentativas de estabilização. No ano anterior, a administração Collor, logo após assumir o governo, havia bloqueado os depósitos bancários, em mais um plano mal -sucedido pa ra enfrentar o processo inflacionário.

47

Reciprocidade Outra dimensão do cap ital social que se buscou investigar nesta pesquisa diz respeito às normas de reciprocidade. Para tanto, utilizou -se uma questão em que se indaga dos entrevistados se concordam ou discordam da afirmativa de que "as pessoas em geral cumprem com as suas obrigações para com os outros porque esperam que os outros também cumpram com suas obrigações para com elas". Como mostra a tabela abaixo, nesta questão as maiores diferenças ocorreram entre o Norte, onde o percentual de concordância com a afirmativa foi qua se seis pontos superior à média do Estado, e o Sul, onde ficou mais de seis pontos abaixo. Respostas à questão "O(a) Sr(a) concorda ou discorda com a afirmativa: As pessoas em geral cumprem com suas obrigações para com os outros porque esperam que os out ros

também cumpram com as obrigações para com elas", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Concorda

287 55,1%

133 55,4%

203 60,6%

182 48,3%

805 54,7%

Discorda

229 44,0%

105 43,8%

127 37,9%

194 51,5%

655 44,5%

NS/NR

5 1,0%

2 ,8%

5 1,5%

1 ,3%

13 ,9%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Síntese das Considerações Sobre Capital Social Embora os resultados relativos à confiança interpessoal e às normas de reciprocidade s ejam menos conclusivos, exigindo um aprofundamento da análise, pode -se afirmar que o Nordeste 2 e o Norte, áreas cujas características sócio -culturais estão associadas à imigração européia, à colonização, à pequena propriedade e à agropecuária familiar, ap resentaram uma vida comunitária bem mais intensa e, portanto, uma dotação de capital social bem mais forte do que o Sul e a Região Metropolitana (Nordeste 1). Essa diferença manifestou -se principalmente pelos percentuais mais elevados de participação em associações voluntárias e pela maior intensidade de convívio social observados nessas duas regiões. O Sul e a Região Metropolitana, por sua vez, parecem apresentar menores dotações de

48

capital social, expressas por percentuais menores de participação em associações voluntárias e índices de sociabilidade mais reduzidos. No caso do Sul, isso talvez possa ser explicado com argumentos semelhantes aos utilizados por Putnam na análise do Sul da Itália. O predomínio da grande propriedade rural e a convivência com a escravidão – importante no Sul e ausente nas áreas coloniais, pois era proibido aos colonos possuir escravos – parecem ter criado, nessa região, uma sociedade menos igualitária que a do Norte ou do Nordeste 2. Em conseqüência, predominaram nessa área pa drões de vida comunitária e de relação dos indivíduos com a vida pública diferentes dos observados nas regiões cuja formação remonta à imigração européia e à colonização em pequenas propriedades rurais, padrões esses que se refletem em uma menor participação em associações voluntárias e em uma sociabilidade voltada para círculos mais fechados. Evidência disso seria o fato de que, embora os índices de intensidade de convívio social dos entrevistados do Sul sejam, em média, menores do que os do Nordeste 2 e do Norte, a freqüência com que os habitantes da região se envolveram em atividades com círculos mais restritos de relações, como com familiares e amigos próximos ("reúne amigos em sua casa" ou "visita parentes e amigos") foi maior, como pode ser observado na tabela a seguir. Nos outros tipos de atividades sociais, que implicam em graus menores de proximidade, os percentuais do Sul foram, em geral, substancialmente inferiores aos dessas duas outras regiões (Nordeste 2 e Norte).

Percentual de Entrevistados que Praticam Atividades Sociais Pelo Menos Uma Vez por Semana, por Regiões

Tipo de Atividade Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Estado

Reúnem Amigos em Casa 59,5 67,1 66,5 68,7 64,7

Visitam Parentes e Amigos 77,5 76,7 77,6 81,7 78,5

Saem com Colegas de Trabalho ou Profissão 38,4 57,5 47,8 36,3 43,1

Reúnem-se com Membros da Mesma Igreja ou Religião 32,4 49,6 57,0 33,9 41,2

Passa Tempo com Amigos em Jogos ou Atividades Esportivas 38,0 44,6 43,6 32,3 38,9

Participam de Reuniões de Associação Voluntária 13,0 28,3 21,8 17,5 18,7

Vão a Festas em Clubes Sociais 31,3 53,3 43,5 35,6 38,7

49

No caso da Região Metr opolitana, os menores índices participação em associações e de convívio social podem ser atribuídos à pressão que a vida na metrópole exerce sobre a disponibilidade de tempo dos indivíduos. A demora nos deslocamentos nas áreas metropolitanas, especialmente entre os locais de residência e de trabalho, em geral reduz substancialmente a possibilidade de que as pessoas se engajem de forma mais intensa em atividades sociais de qualquer tipo.

Valores e Concepção de Justiça A pesquisa incluiu, ainda, algumas q uestões que buscaram identificar diferenças regionais quanto a valores e concepção de justiça. Dentre elas, duas foram escolhidas para análise neste relatório. Uma delas buscou avaliar diferenças quanto à propensão cultural para a atividade empreendedora :

"Se o(a) Sr(a) tivesse filho(s) jovem(s), acharia melhor que eles se preparassem para:

(1) Ter seu próprio negócio e ser independentes; (2) Fazer um concurso público e ter um emprego garantido; (3) Trabalhar em uma empresa privada e ter um bom s alário."

De uma maneira geral, não se observaram diferenças muito substanciais, entre as regiões, quanto ao padrão das respostas dadas a essa questão. Como mostra a tabela a seguir, predominou a opção "ter seu próprio negócio", ficando em segundo lugar " fazer um concurso público" e em terceiro, bem abaixo "trabalhar em uma empresa privada".

Respostas à questão "Se o Sr.(a) tivesse filhos jovens, acharia melhor que eles se preparassem para ...", por região do estado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Ter seu próprio negócio e ser independente

244 46,8%

132 55,0%

153 45,7%

165 43,8%

694 47,1%

Fazer um concurso público e ter um emprego garantido

173 33,2%

67 27,9%

123 36,7%

140 37,1%

503 34,1%

Trabalhar em uma empresa priva da e ter um bom salário

81 15,5%

34 14,2%

47 14,0%

58 15,4%

220 14,9%

NS/NR

23 4,4%

7 2,9%

12 3,6%

14 3,7%

56 3,8%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

50

A exceção foi constituída pela região Nordeste 2, onde se constat ou um percentual bem mais elevado da resposta "ter seu próprio negócio e ser independente", quase oito pontos acima da média estadual. Esse percentual maior foi alcançado inteiramente às expensas de "fazer um concurso público", já que o percentual de "trab alhar em uma empresa privada" foi quase igual ao das demais regiões. Já a questão sobre concepções de justiça solicitou que os entrevistados optassem entre três alternativas: "justo é privilegiar os menos favorecidos", "justo é que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos" e "justo é que os mais capazes ocupem as melhores posições sociais". As respostas a essa questão, apresentadas na tabela a seguir, indicaram o amplo predomínio da concepção de justiça como igualdade de direitos e oportunidades. A única diferença regional digna de nota é o fato de que, no Sul, o apoio à concepção de justiça como "privilegiar os menos favorecidos" foi substancialmente maior.

Respostas à questão "Qual dessas frases define melhor o que é justiça?", por região do e stado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Justo é privilegiar aos menos favorecidos

32 6,1%

13 5,4%

15 4,5%

44 11,7%

104 7,1%

Justo é que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos

452 86,8%

211 87,9%

306 91,3%

314 83,3%

1283 87,1%

Justo é que os mais capazes ocupem melhores posições sociais

28 5,4%

15 6,3%

14 4,2%

19 5,0%

76 5,2%

NS/NR

9 1,7%

1 ,4%

10 ,7%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Exclusão Foi incluída na pesquisa u ma questão que indagou sobre “quais os tipos de diferenças que mais separam os habitantes da região”, com a finalidade de investigar quais causas de exclusão social eram percebidas como mais importantes pelos entrevistados, em suas regiões. Como mostram os dados da tabela abaixo, as diferenças econômicas são

51

percebidas como as mais importantes, em todas as regiões, seguidas pelas diferenças de nível educacional e pelas diferenças de situação social. Todos esses tipos compõem, na verdade, uma mesma dimensão. Outras diferenças, como as de natureza racial ou as entre gêneros, entre gerações ou crenças religiosas, alcançaram percentuais bem menores. De uma maneira geral, as regiões apresentaram padrões de respostas similares. No entanto, cabe destacar que a pe rcepção da existência de diferenças foi maior na Região Metropolitana do que no interior. Nesta região apenas pouco mais de 10% dos entrevistados afirmou que não existiam diferenças que separavam os habitantes locais, enquanto nas regiões do interior essa resposta atingiu percentuais entre 16 e 21%. Outro ponto digno de nota diz respeito às diferenças de opção partidária, que alcançam um percentual bem superior à média estadual (quase o dobro) na região Norte e, com menor intensidade, na região Nordeste 2.

Respostas à questão "Quais os tipos de diferença que mais separam os habitantes da sua região ?", por região do estado (primeira resposta)

Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

De nível de educação

137 26,3%

56 23,3%

49 14,6 %

76 20,2%

318 21,6%

De riquezas (econômicas)

138 26,5%

69 28,8%

89 26,6%

111 29,4%

407 27,6%

Entre pessoas mais jovens e mais velhas

18 3,5%

9 3,8%

10 3,0%

12 3,2%

49 3,3%

De situação social

94 18,0%

25 10,4%

50 14,9%

57 15,1%

226 15,3%

Entre homens e mulheres

1 ,2%

1 ,4%

2 ,1%

Na propriedade da terra

3 ,6%

2 ,8%

4 1,2%

5 1,3%

14 1,0%

Diferenças raciais

4 ,8%

4 1,7%

6 1,8%

4 1,1%

18 1,2%

De crença religiosa 14 2,7%

3 1,3%

8 2,4%

4 1,1%

29 2,0%

Quanto a partidos políticos

26 5, 0%

23 9,6%

53 15,8%

15 4,0%

117 7,9%

Entre moradores mais antigos e pessoas que vieram de fora

10 1,9%

5 2,1%

3 ,9%

3 ,8%

21 1,4%

De opção sexual

5 1,0%

1 ,4%

1 ,3%

6 1,6%

13 ,9%

As diferenças não separam os habitantes desta região

57 10,9%

39 16,3 %

60 17,9%

80 21,2%

236 16,0%

NS/NR

14 2,7%

3 1,3%

2 ,6%

4 1,1%

23 1,6%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

52

Essa questão foi seguida, na pesquisa, por outra que indagava se “essas diferenças causam problemas?”. Como mostra a tabela abaixo, a percepção da gravidade dos problemas causados por essas diferenças variou de forma expressiva entre as regiões. A Região Metropolitana (Nordeste 1) foi a única onde o percentual de respostas “causam problemas graves” foi maior do que a soma dos percentuais das respostas “causam poucos problemas” ou “não causam problemas”. Dentre as outras regiões, a Nordeste 2 foi a que apresentou uma menor percepção de gravidade, pois a soma das opções “causam poucos problemas” ou “não causam prob lemas” superou a alternativa “causam problemas graves” em quase quinze pontos percentuais.

Respostas à questão "Essas diferenças causam problemas ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Elas não causam pr oblemas

46 8,8%

22 9,2%

18 5,4%

30 8,0%

116 7,9%

Elas causam poucos problemas

168 32,2%

95 39,6%

125 37,3%

123 32,6%

511 34,7%

Elas causam problemas graves

221 42,4%

82 34,2%

125 37,3%

131 34,7%

559 37,9%

Não se aplica (respondeu que “as difere nças não separam os habitantes da região” na questão anterior)

57 10,9%

39 16,3%

60 17,9%

80 21,2%

236 16,0%

NS/NR

29 5,6%

2 ,8%

7 2,1%

13 3,4%

51 3,5%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

O cruzamento das respostas d adas à questão “Quais os tipos de diferenças que mais separam os habitantes da sua região?” com as da questão “Essas diferenças causam problemas?” mostra que as desigualdades relacionadas com a dimensão sócio -econômica foram consideradas as mais graves. Em um segundo plano, as diferenças políticas também foram consideradas causa de problemas importantes, sendo bem menor a percepção de gravidade dos outros tipos de diferenças.

Informação Foram incluídas na pesquisa, ainda, várias questões cujo objetivo foi investigar qual o interesse dos entrevistados por diferentes tipos de

53

informações e as fontes através das quais eles tinham acesso a essas informações. Em primeiro lugar, indagou -se quais os tipos de notícias que mais despertavam o interesse dos entr evistados. As respostas, apresentadas na tabela abaixo, indicaram um grande interesse pelos temas econômicos. As notícias sobre economia alcançaram o primeiro lugar no Norte e no Nordeste 2. Na Região Metropolitana, quase empataram com a opção preferida – “notícias esportivas” e, no Sul, ficaram em um segundo lugar, um pouco mais distante da primeira opção – também “notícias esportivas”. O noticiário sobre política ocupou o quarto lugar no estado, atrás das notícias sobre música e televisão, com menos de 1/ 5 das preferências, chegando a ficar em terceiro lugar na Região Metropolitana.

Respostas à questão "Qual o tipo de assunto que mais lhe interessa ?", por região do estado (primeira resposta)

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Sobre esporte

118 22,6%

58 24,2%

70 20,9%

95 25,2%

341 23,2%

Sobre política

99 19,0%

35 14,6%

50 14,9%

76 20,2%

260 17,7%

Sobre música e televisão

96 18,4%

37 15,4%

53 15,8%

78 20,7%

264 17,9%

Sobre economia

117 22,5%

59 24,6%

95 28,4%

80 21,2%

351 23,8%

Sobre assuntos policiais

38 7,3%

18 7,5%

28 8,4%

13 3,4%

97 6,6%

Outros

53 10,2%

33 13,8%

39 11,6%

35 9,3%

160 10,9%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Outra questão indagou qual o nível territor ial que desperta maior interesse no noticiário, com a possibilidade de duas respostas. O objetivo desta pergunta foi avaliar qual a importância atribuída ao noticiário local e regional. Os resultados, considerando -se apenas a primeira resposta, apresentados na tabela abaixo, parecem ter sido fortemente influenciados por fatores conjunturais. É provável que o ataque ao World Trade Center, em Nova Iorque, dias antes da realização do trabalho de campo 28 , um evento de grande intensidade que concentrou o interess e dos diferentes meios de comunicação por várias semanas, tenha afetado o padrão de respostas, inflando os percentuais da alternativa “o que acontece no mundo”, que alcançou um primeiro lugar destacado em todas as regiões.

28 As entrevistas foram realizadas entre 26 de outubro e 6 de novembro de 2001.

54

De qualquer forma, percebe -se que, no interior, os percentuais das opções “o que acontece na sua cidade” e “o que acontece na sua região” superaram os das alternativas “o que acontece no resto do Brasil” e “o que acontece no resto do estado”. Na Região Metropolitana, o interesse pelo noticiário nacional e sobre o resto do estado superou, por pequena margem, essas outras alternativas.

Respostas à questão "O que mais desperta sua atenção nas notícias ?", por região do estado (primeira resposta)

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

O que acontece no mundo

293 56,2%

101 42,1%

117 34,9%

143 37,9%

654 44,4%

O que acontece no resto do Brasil

69 13,2%

39 16,3%

43 12,8%

42 11,1%

193 13,1%

O que acontece no resto do RS

47 9,0%

21 8,8%

41 12,2%

40 10,6%

149 10,1%

O que acontece na sua região

56 10,7%

36 15,0%

62 18,5%

82 21,8%

236 16,0%

O que acontece na sua cidade

54 10,4%

41 17,1%

66 19,7%

67 17,8%

228 15,5%

NS/NR

2 ,4%

2 ,8%

6 1,8%

3 ,8%

13 ,9%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100, 0%

1473 100,0%

Os resultados da mesma questão (nível territorial que despertava maior interesse no noticiário), considerando -se agora apenas a segunda resposta dada pelos entrevistados, tiveram um padrão diferente daquele observado no que se refere à primeira resposta. O interesse pelos temas nacionais cresceu substancialmente, em grande parte às expensas dos temas internacionais.

55

Respostas à questão "O que mais desperta sua atenção nas notícias ?",

por região do estado (segunda resposta) Regiã o do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

O que acontece no mundo

67 12,9%

39 16,3%

41 12,2%

68 18,0%

215 14,6%

O que acontece no resto do Brasil

161 30,9%

47 19,6%

70 20,9%

73 19,4%

351 23,8%

O que acontece no resto do RS

82 15,7%

37 15,4%

67 20,0%

35 9,3%

221 15,0%

O que acontece na sua região

60 11,5%

39 16,3%

79 23,6%

63 16,7%

241 16,4%

O que acontece na sua cidade

81 15,5%

28 11,7%

40 11,9%

72 19,1%

221 15,0%

NS/NR

3 ,6%

3 1,3%

5 1,5%

3 ,8%

14 1,0%

Respondeu apenas a primeira

67 12,9%

47 19,6%

33 9,9%

63 16,7%

210 14,3%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Outro conjunto de questões indagou sobre a freqüência com que os entrevistados assistiam noticiários na televisão, ouviam pro gramas de notícias no rádio e liam jornais. Os resultados, apresentados nas tabelas abaixo, indicam que foram relativamente reduzidos os percentuais de pessoas que “raramente” ou “nunca” têm contato com notícias através da televisão ou jornal, diferentemen te do caso do rádio, em que essas duas alternativas (raramente e nunca) superaram a casa dos 50%. Não se pode identificar um padrão bem definido de diferenças entre as regiões nas respostas a este conjunto de questões, embora alguns dados chamem a atenção, como o menor índice de pessoas que lêem jornais diariamente no Norte ou a menor assistência a noticiários de televisão no Nordeste 2.

56

Respostas à questão "O Sr(a). costuma assistir aos noticiários da televisão ?",

por região do estado Região do E stado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Todos os dias

291 55,9%

104 43,3%

165 49,3%

222 58,9%

782 53,1%

Na maior parte dos dias

130 25,0%

83 34,6%

103 30,7%

96 25,5%

412 28,0%

Raramente ("alguns dias")

83 15,9%

45 18,8%

57 17,0%

41 10,9 %

226 15,3%

Nunca assiste

17 3,3%

6 2,5%

10 3,0%

16 4,2%

49 3,3%

NS/NR

2 ,8%

2 ,5%

4 ,3%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Respostas à questão "O Sr(a). ouve programas de notícias no rádio ?, por região do est ado

Região do Estado Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul

Total

Todos os dias

139 26,7%

77 32,1%

98 29,3%

133 35,3%

447 30,3%

Na maior parte dos dias

67 12,9%

25 10,4%

53 15,8%

45 11,9%

190 12,9%

Raramente ("alguns dias")

133 25,5%

79 32,9%

112 33,4%

129 34,2%

453 30,8%

Nunca ouve

181 34,7%

59 24,6%

72 21,5%

70 18,6%

382 25,9%

NS/NR

1 ,2%

1 ,1%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

Respostas à questão "O Sr(a). costuma ler jornais ?", por região do estado Região do Estado

Nordeste 1 Nordeste 2 Norte Sul Total

Todos os dias

261 50,1%

106 44,2%

119 35,5%

175 46,4%

661 44,9%

Na maior parte dos dias

105 20,2%

53 22,1%

84 25,1%

81 21,5%

323 21,9%

Raramente ("alguns dias")

127 24,4%

67 27,9%

83 24,8%

91 24,1%

368 25,0%

Nunca assiste

28 5,4%

14 5,8%

49 14,6%

30 8,0%

121 8,2%

TOTAL

521 100,0%

240 100,0%

335 100,0%

377 100,0%

1473 100,0%

57

Conclusão Seria prematuro tentar elaborar, no âmbito das conclusões desta pesquisa, uma síntese interpretativa capaz de integrar os vários resultados aqui expostos em um grande quadro explicativo das desigualdades regionais existentes no estado. Esta tarefa exige uma reflexão coletiva mais demorada, capaz de agregar outras informações, impres cindíveis para uma compreensão mais aprofundada dos resultados apresentados nesse relatório. Seria necessária, inclusive, a realização de novas pesquisas de natureza similar a esta, que permitam identificar tendências, ao longo de um período mais longo de tempo. No entanto, é possível, desde já, indicar constatações que permitem delinear um dos traços mais gerais dessa síntese interpretativa: a identificação das macro -regiões que compõem o estado. Os resultados da pesquisa apontam para a inadequação das d ivisões macro-regionais usualmente adotadas para a análise do perfil sócio -econômico do território gaúcho. Já há alguns anos, contrariando a concepção vulgar de que o estado se dividiria em uma metade sul “pobre” e uma metade norte “rica”, alguns autores p ropuseram uma abordagem um pouco mais complexa do perfil espacial da economia gaúcha. Segundo eles, o Rio Grande do Sul é constituído por, pelo menos, três grandes regiões. 29 A primeira delas, por ordem cronológica de formação histórica, é o Sul, com uma base econômica predominantemente agrícola, constituído, de forma aproximada, pelas áreas situadas abaixo da linha leste -oeste formada pelos vales dos rios Jacuí e Ibicuí, onde atualmente predominam a grande propriedade rural, a pecuária e a lavoura do arro z30. A segunda é o Norte, também predominantemente agrário – que compreende, de forma aproximada, as áreas do Planalto e do Alto Uruguai – caracterizado pelo predomínio da pequena e média propriedade. Trata -se de uma região heterogênea, onde uma produção inicialmente muito diversificada cedeu espaço, nas últimas décadas, em muitas áreas, para as lavouras mecanizadas do trigo e da soja.

29 Essa divisão regional é descrita em ALONSO, BENETTI e BANDEIRA (1994) – “Crescimento Econômico da Região Sul do Rio Grande do Sul: Causa s e Perspectivas ” , Porto Alegre, FEE, pp. 213 -229. 30 Evidentemente, algumas sub -regiões do Sul diferem dessa caracterização. Assim, há extensas zonas de pequena propriedade na Serra do Sudeste (Canguçú, por exemplo, é o município com maior número de minifú ndios no estado) e na “quarta colônia”, situada nas proximidades de Santa Maria. Da mesma forma, além da pecuária e do arroz, em certas sub - regiões existem outras atividades econômicas de grande importância local, como as atividades portuárias em Rio Grand e, as conservas em Pelotas ou os serviços em Santa Maria.

58

A última é o Nordeste industrializado, constituído pelo eixo Porto Alegre-Caxias do Sul e por áreas no seu entorno, onde , a partir do início do século, começou a implantar -se um parque industrial diversificado que rapidamente suplantou a agricultura e assumiu papel hegemônico como base da economia local. Na presente pesquisa, essa área foi subdividida em Nordeste 1, compree ndendo a Região Metropolitana, e Nordeste 2, abrangendo o litoral e as áreas da Serra, que constituem grande parte das regiões coloniais “antigas” do estado. As duas outras grandes regiões correspondem, de forma quase exata, às adotadas nesta pesquisa. Os resultados da análise aqui apresentada evidenciaram que existem diferenças substanciais entre essas grandes regiões também no que se refere a diversas variáveis relacionadas com o capital social e com a cultura política. Essas diferenças, no entanto, não seguem um padrão norte -sul-nordeste, similar ao definido pela estrutura e pelo dinamismo econômicos. A principal divergência deriva do fato de que as diferenças entre as duas parcelas que compõem o Nordeste – Região Metropolitana (Nordeste 1) e Serra-Litoral (Nordeste 2) – são muito acentuadas. A região Nordeste 2, da qual a Serra é a parte com maior expressão em número de habitantes, tem características muito mais semelhantes às da região Norte do que às da Região Metropolitana, apresentando graus elevados de participação em associações voluntárias, que estão associados a altos índices de convivência social e de participação em atividades políticas. Juntos, o Nordeste 2 e o Norte compõem uma grande área cujo perfil sócio -cultural foi fortemente influenci ado pelas raízes comuns, que remontam à imigração e à colonização européia e ao predomínio da pequena propriedade e da agropecuária familiar. A Região Metropolitana, por sua vez, apresenta resultados parecidos aos da região Sul em algumas variáveis, como a participação mais baixa em associações voluntárias ou os menores percentuais de pessoas com índices elevados de envolvimento em atividades políticas. No entanto, esses valores numéricos semelhantes resultam de causas diferentes. No Sul, podem ser atribuídos ao tipo de sociedade gerado pelo predomínio da grande propriedade e pela longa convivência com a escravidão. A relação negativa entre a escravidão e o capital social foi destacada por Putnam em sua análise sobre os Estados Unidos. Segundo ele:

“Slavery was, in fact, a social system designed to destroy social capital among slaves and between slaves and free men. Well

59

established networks of reciprocity between the oppressed would have raised the risk of rebellion, and egalitarian bonds of sympathy between slave and free would have undermined the very legitimacy of the system.” 31

Os efeitos duradouros da existência da escravidão sobre o estoque de capital social também são registrados por Putnam, que afirma que os estados americanos com menor dotação de capital social no final do século vinte eram aqueles onde havia predominado a escravidão no início do século dezenove. Na Região Metropolitana, ao contrário, os baixos resultados em variáveis relacionadas com o capital social e a cultura política resu ltam dos problemas intrínsecos à vida em uma metrópole, onde a demora nos deslocamentos reduz o tempo disponível e limita as possibilidades de convivência fora do lar e dos locais de trabalho. Como conseqüência, torna -se mais difícil o envolvimento de gran de parte de seus habitantes em atividades comunitárias, como a participação em associações de diferentes tipos, ou o engajamento freqüente em atividades de natureza política. Embora uma análise superficial cause a impressão de grande vitalidade da vida ass ociativa e da participação política nas regiões metropolitanas, a verdade é que uma parcela proporcionalmente menor de seus habitantes envolve-se nesses tipos de atividades, em comparação com os centros menores do interior, simplesmente porque as exigência s do quotidiano na metrópole impedem que eles tenham tempo para isso 32 . Os resultados da pesquisa apontam, portanto, para a necessidade de revisar o esquema antes referido, que divide o estado em três grandes regiões. Tendo em vista o que foi observado, a área de economia mais dinâmica no estado - o Nordeste - não pode ser considerada como uma unidade para fins de análise. Deve ser subdividida em duas partes, como foi feito nesta pesquisa. Impõe -se considerar, a partir de agora, nos estudos sobre a dinâmic a regional gaúcha, a existência de pelo menos quatro grandes unidades territoriais no Rio Grande do Sul.

31 “A escravidão foi, de fato, um sistema social concebido de forma a destruir o capital social entre os escravos e entre os escravos e os homens livres. A existência de redes sólidas de reciprocidad e entre os oprimidos teria aumentado o risco de rebeliões, e a ocorrência de laços igualitários de simpatia entre escravos e livres teria minado a própria legitimidade do sistema.” - PUTNAM, Robert D. (2000) – “Bowling Alone: The Collapse and Revival of Am erican Community” , New York, Simon & Schuster, p. 294. 32 Este ponto foi destacado por Robert Putnam em sua análise sobre o capital social nos Estados Unidos. Segundo ele, cada dez minutos adicionais perdidos nos deslocamentos dentro das metrópoles american as reduzem em 10% o envolvimento das pessoas em atividades comunitárias. Ver PUTNAM, Robert D. (2000), p. 213.

60

Os resultados encontrados para as duas regiões economicamente menos dinâmicas – Sul e Norte – confirmaram o que já era esperado pelos analistas que possuíam maior familiaridade com essas áreas. Os dados relativos às variáveis relacionadas com o capital social mostraram que o Norte tem na cultura associativa uma de suas principais “vantagens competitivas”. O Sul, por outro lado, precisará superar as dif iculdades derivadas de sua debilidade quanto a esse tipo de característica, para que possa encontrar com maior facilidade os rumos do desenvolvimento. A promoção do desenvolvimento na “Metade Sul” exigirá, entre outras iniciativas, um esforço no sentido de fortalecer a capacidade dos atores locais para atuarem juntos no sentido de alcançarem objetivos comuns. Espera-se que futuras edições desta pesquisa possam constatar avanços na direção desse tipo de mudança cultural. Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que não existe uma relação linear entre capital social e desenvolvimento regional. A riqueza em capital social seguramente favorece o desenvolvimento, mas não é condição suficiente para que ele ocorra. Outros fatores importantes também devem ser levados em consideração, como a estrutura econômica preexistente, as economias de aglomeração, a capacidade de inovação, os recursos naturais ou a localização em relação aos mercados. Uma região rica em capital social pode apresentar reduzido dinamismo econôm ico, como conseqüência de problemas relacionados com algum ou alguns desses fatores. Esse parece ser o caso da região Norte, onde a crise da agricultura familiar resulta em dificuldades econômicas e altas taxas de emigração em algumas sub -regiões. Por ou tro lado, parece claro que o crescimento econômico pode ocorrer mesmo na presença de uma baixa dotação de capital social, especialmente como resultado da intervenção de atores econômicos que venham de fora da região. No entanto, o capital social parece ser essencial para o desenvolvimento endógeno, que exige a cooperação permanente entre os atores regionais para criar e manter um ambiente econômico competitivo. Dessa forma, o capital social é especialmente importante para as estratégias de desenvolvimento a poiadas nos conceitos de “clusters” ou de sistemas locais de produção. A pesquisa mostrou, ainda, de forma exemplar, no caso da Região Metropolitana, como o crescimento econômico pode minar o capital social. Embora não se disponha de dados que permitam c omparações precisas, pode-se afirmar que a rápida transformação de Porto Alegre e seu entorno em uma região metropolitana, com elevadas taxas de imigração e alta densidade de ocupação, alterou substancialmente as formas de sociabilidade

61

vigentes na região, enfraquecendo alguns padrões de convivência que ainda podem ser observados em centros menores e que constituem elementos essenciais do capital social.

62

Anexo I: Questionário

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA – ENTREVISTAS DOMICILIARES POR COTAS

ATENÇÃO FILTRO: O(A) ENTREVISTADO(A) DEVE SER MORADOR E ELEITOR NA CIDADE ONDE OCORRER A ENTREVISTA.

Bom dia (tarde/noite), meu nome é .................. Sou aluno da Universidade ........................ e estou participando de uma pesquisa do Laborató rio de Observação Social (LABORS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O(a) Sr(a) poderia ter a gentileza de me atender, respondendo algumas perguntas que eu tenho para fazer?

Número do questionário [ ] Cidade -............................ ...................... [ ]

Entrevistador - ................................................................ [ ]

Data - __ / __ / _____ [ ]

1. Local de moradia do(a) entrevistado(a): (1) Zona Rural (2) Zona Urbana [ ]

2. Sexo do(a) entrevistado(a): (1) Masculino (2) Feminino [ ]

3. Idade do(a) entrevistado(a): ................anos [ ] 4. Estado Civil do(a) entre vistado(a):

(1) Casado(a) ou similar (3) Separado, divorciado etc. [ ] (2) Solteiro(a) (4) Viúvo (9) Não Respondeu

5. O(a) Sr(a) tem filhos? (1) Sim (2) Não [ ]

6. Até que ano o(a ) Sr(a) freqüenta(ou) a escola? [ ] (1) Nunca Freqüentou/Analfabeto (4) 2 ° Grau Incompleto (2) 1 ° Grau Incompleto (5) 2 ° Grau Completo (3) 1 ° Grau Completo (6) Nível Superior Incompleto/Completo

(8) Não Respondeu

7. Somando todos os rendimentos (salários, aposentadoria, pensão, aluguéis,...) das pessoas que moram com o(a) Sr(a), a sua renda familiar fica em torno de: [ ]

(1) Até R$ 744,00 (2) De R$ 745,00 a R$ 1581,00 (3) R$ 1582,00 ou mais

8. Ocupação Principal (aquela a que o en trevistado dedica mais horas de trabalho no mês) (1) Trabalhador doméstico com carteira de trabalho assinada [ ]

(2) Trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada [ ]

(3) Empregado com carteira de trabalho assinada [ ]

(4) Empregado sem carteira de trabalho assinada [ ]

(5) Emprega dor [ ]

(6) Conta-própria/ Autônomo [ ]

(7) Aprendiz ou estagiário sem remuneração ou estudante [ ]

(8) Não remunerado que ajuda a membro do domicílio ou em negócio familiar [ ]

(9) Trabalhador na produção para o próprio consumo [ ]

(10) Empregado pelo regime jurídico dos funcionários públicos ou militar [ ]

(10.1) Servidor Federal (10.2) Servidor Estadual (10.3) Servidor Munic ipal

(11) Desempregado [ ]

(12) Aposentado ou pensionista [ ]

(13) Dona de casa [ ]

(99) Não respondeu [ ]

2

9. Diga o nome de três municípios que fazem parte da região onde o(a) Sr(a) vive: [ ] _________________________ , ________________________ e ______________________.

10. O(a) Sr(a) acha que as desigualdades de nível de desenv olvimento entre as regiões do Estado do Rio Grande do Sul são: (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Um problema importante (3) Um problema de pouca importância

(2) Não devem ser consideradas um problema (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

11. Quais afirmações a seg uir definem melhor as causas das desigualdades de desenvolvimento entre as regiões do Rio Grande do Sul: (MOSTRE O CARTÃO Nº 1 E MARQUE ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ). Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) É normal que o cre scimento econômico se concentre mais em algumas regiões do que em

outras (2) Os governos favorecem mais algumas regiões (3) Os habitantes de algumas regiões têm mais iniciativa e são mais trabalhadores do que os de

outras (4) A concentração da propriedade da terra e da renda impede o desenvolvimento de algumas

regiões (5) As dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores levam algumas regiões a entrar em

crise (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

12. O(a) Sr(a) considera que a sua região é rica ou pobre ? (A PENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Rica 3) Mais pobre do que rica 2) Mais rica do que pobre (4) Pobre (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

13. O(a) Sr(a) acha que, no passado, a sua região já foi mais rica ou mais pobre do que é hoje ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Já foi mais rica (3) Já foi mais pobre (2) Continua igual (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

14. Quais são os pontos mais fortes da economia de sua região ?(ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1 ) O comércio e os serviços (6) A localização geográfica (2) A pecuária e as pastagens (7) A gente trabalhadora (3) A agricultura e os solos (8) As atrações turísticas (4) A indústria (9) Sem opinião (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) (5) A capacidade empreendedora dos habitantes

15. Quais são os pontos mais fracos (problemáticos) da sua região ? (ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE )

Primeira resposta [ ] Segunda resposta [ ]

(1) Habitação (6) Atendimento à saúde (2) Emprego (7) Atividades culturai s (3) Segurança pública (8) Outro. Qual ? ______________________________ (4) Estradas e meios de comunicação (9) Nenhum destes pontos (5) Escolas e qualidade do ensino (99) Sem opinião (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

16. Como um lugar para se viver a sua região é ... (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Ótima (3) Regular (5) Péssima (2) Boa (4) Ruim (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

17. Analisando os resultados do MERCOSUL até agora, o(a) Sr(a) considera que ele tem trazido mais benefícios ou mais prejuízos para a sua região? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Mais benefícios do que prejuízos (3) Mais prejuízos do que benefícios (2) Nem benefícios nem prejuízos (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

3

18. Quais as entidades e pessoas são mais importantes para promover o desenvolv imento da sua região? (ATÉ DUAS RESPOSTAS ENUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ] Segunda resposta [ ] (1) As empresas locais (6) As Universidades (2) As empresas que venham de fora da região (7) As associações e entidades da região (3) Os Governos Municipais (8) Os cidadãos da região (4) O Governo do Estado (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) (5) O Governo Federal

19. Qual nível de governo deve ter maior influência sobre o desenvolvimento de sua região ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Governo federal (3) Governo municipal (2) Governo estadual (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

20. O que seria mais importante para promover o desenvolvimento da sua região ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Fortalecer as atividades econômicas que já existem n a região (2) Estimular novas atividades diferentes das que já existem (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

21. Que tipo de atividade deveria ser estimulada para fortalecer a economia da sua região? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) A pecuária (2) A agricultura (3) A indústria

(4) O comércio e os serviços (5) Outro. Qual? .......................................... (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

22. No caso da indústria, o que seria mais importante para promover o desenvolvimento da sua região ? (APENAS UMA RESPOST A) [ ] (1) Estimular as pequenas e médias

empresas (2) Estimular ou atrair grandes

empresas (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA

OPÇÃO)

23. Quais seriam as duas ações mais importantes para reduzir o desemprego na sua região? (APRESENTE O CARTÃO Nº2 E ENUMERE AS RESPO STAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) Melhorar a qualidade da educação dos jovens (6) Reduzir os impostos pagos pelas empresas (2) Atrair novas empresas para a região (7) Fortalecer a pesquisa e a cooperação

entre as empresas e as universidades (3) Realizar treinamento profissional para adultos (8) Melhorar os transportes e a infra -estrutura

(4) Diversificar as atividades agrícolas e industriais (9) Sem opinião (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

(5) Estimular as empresas q ue já existem

24. Entre os setores e atividades a seguir, quais os dois que deveriam receber tratamento prioritário na sua região ? (APRESENTE O CARTÃO Nº3 E ENUMERE AS RESPOSTAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) Estr adas, transportes e comunicações (9) Saneamento (2) Atividades culturais e de lazer (10) Segurança pública (3) Agricultura e/ou pecuária (11) Ensino de primeiro grau (4) Indústria (12) Ensino de segundo grau (5) Comércio e serviços (13) Educação profis sional para jovens e adultos (6) Turismo (14) Pesquisa e educação superior (7) Proteção do meio ambiente (15) Cooperação entre os governos e a sociedade (8) Habitação (99) Sem opinião (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

25. Pensando sobre os efeitos futuros do MERCO SUL para a sua região, o(a) Sr(a) considera que ele trará: (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Mais benefícios

que prejuízos (2) Nem benefícios

nem prejuízos (3) Mais prejuízos que

benefícios (9) NS/NR (NÃO LEIA

ESTA OPÇÃO)

4

26. O(a) Sr(a) já ouviu falar que a lgumas pessoas pretendem separar os municípios do sul do estado - a "Metade Sul" - do resto do Rio Grande do Sul, para criar um novo estado ? [ ] (1) Sim (2) Não (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

27. Quais os segmentos da sociedade que ganham e quais os que perdem se a metade sul do Rio Grande do Sul se separar do resto do estado ? (MARQUE TODAS AS RESPOSTAS)

1) Ganham 2) Não ganham nem perdem

3) Perdem 9) NS/NR

(1) Todos os gaúchos [ ] (2) Os políticos do sul do RS [ ] (3) Os políti cos do resto do RS [ ] (4) Os trabalhadores do sul do RS [ ] (5) Os trabalhadores do resto do RS [ ] (6) Os funcionários públicos do sul do RS [ ] (7)Os funcionários públicos do resto do RS [ ] (8) Os empresários do sul do RS [ ] (9) Os empresários do resto do RS [ ] (10) Os contribuintes do sul do RS [ ] (11) Os contribuintes do resto do RS [ ]

28. Há quanto tempo sua família vive nesta região ? (APENAS UMA R ESPOSTA) [ ] (1) A família sempre viveu na região (2) Os avós vieram para a região (3) Os pais vieram para a região

(4) O entrevistado veio para a região (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

29. Algumas pessoas dizem que gostariam de mudar -se para outra regiã o. O(a) Sr(a) preferiria viver em outra região ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Sim (2) Não (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

30. O(a) Sr(a) viajou para algum dos seguintes lugares nos últimos dois anos ? (SEM LIMITE DE RESPOSTAS) (1) Cidades vizinhas - (den tro do estado) [ ] (2) Outras cidades do estado [ ] (3) Outros estados [ ] (4) Países vizinhos [ ] (5) Outros países [ ] (6) Não via jou nos últimos dois anos [ ] (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) [ ]

31. Quais as duas expressões que defin em melhor a região onde o(a) Sr(a) vive ? (APRESENTE CARTÃO Nº4 E MARQUE ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) [ ] (1) um lugar como qualquer outro (2) um lugar com história e cultura próprias (3) uma área que se destaca pelas

característic as econômicas (4) uma área que se destaca pelas

características políticas

(5) uma comunidade de pessoas com muitas afinidades sociais e culturais

(6) uma comunidade com muitas desigualdades e conflitos sociais

(9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

32. O(a) Sr(a ) possui mais afinidades com ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Os habitantes da sua cidade (2) As pessoas da sua idade ou da sua geração (3) Os outros habitantes da sua região (4) As pessoas do seu meio social ou profissional (5) As pessoas de sua origem ét nico -cultural (africana, árabe, alemã, indígena, italiana,

japonesa, judaica, polonesa, portuguesa, etc.) (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

33. O(a) Sr(a) se sente mais orgulhoso de ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Ser desta cidade e desta região (4) Ser lati no-americano(a) (2) Ser gaúcho(a) 9) NS/NR (NÃO LEIA ESSA OPÇÃO (3) Ser brasileiro(a

5

34. O(a) Sr(a) considera que seus principais interesses são mais parecidos com os interesses...(APRESENTE O CARTÃO Nº5 E MARQUE ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE) : Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) Dos outros habitantes do seu município (2) Dos outros habitantes da sua região (3) Dos outros habitantes do Rio Grande do

Sul (4) Dos outros habitantes do Brasil (5) Dos outros habitantes dos países do

MERCOSUL

(6) Dos outros habitantes da América Latina

(7) Dos habitantes de todos os países subdesenvolvidos

(8) Dos habitantes de todos os países do mundo

(9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

35. O(a) Sr(a) se interessa pela política ? [ ] (1) Bastan te (3) Não se interessa (2) Um pouco (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

36. Na sua opinião, política é ... (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) A capacidade das pessoas agirem em conjunto na busca de objetivos comuns (2) A disputa pelo poder (9) NS/NR (NÃO LEIA ES TA OPÇÃO)

37. Quando o(a) Sr(a) se reúne com seus amigos, costuma falar sobre política ? [ ] (1) Muitas vezes (3) Nunca (2) Apenas de vez em quando (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

38. O(a) Sr(a) é filiado a algum partido político ou simpatiza com algum p artido ? [ ] (1) É filiado a um partido (4) Não simpatiza com nenhum partido em especial (2) Simpatiza muito com um partido (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) (3) Simpatiza um pouco com um partido

39. Se o voto não fosse obrigatório, o(a) Sr(a) votaria as sim mesmo? [ ] (1) Sim (2) Não (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

40. Quando escolhe um candidato para votar, quais destas características do candidato o(a) Sr(a) considera mais importantes? (MOSTRE O CARTÃO Nº6 E MARQUE ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) Promover a participação (2) Ter experiência na vida pública e ser

competente como administrador (3) Não ser político profissional (4) Ser de origem popular (5) Ser honesto (6) Ter elevado nível intelectual ou grau de

instrução

(7) Ser originário da região (8) Ser alguém que o(a) Sr(a) conhece

pessoalmente (9) Obedecer à orientação do partido a que

pertence (10) Não ter medo de assumir

responsabilidades e tomar decisões (99)NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

41. Quais destas atividades relac ionadas com o governo e com a política o(a) Sr(a) praticou no último ano ? (MOSTRE O CARTÃO Nº7 - SEM LIMITE DE RESPOSTAS) [ ] (1) Conversou com alguém sobre política [ ] (2) Foi a uma manifestação, a um comício ou a um protesto [ ] (3) Parti cipou de alguma reunião pública sobre assunto político [ ] (4) Foi eleito ou se candidatou para algum cargo público [ ] (5) Pediu a ajuda de algum político para resolver um problema particular [ ] (6) Doou dinheiro para algum partido p olítico [ ] (7) Trabalhou na campanha de algum candidato (vereador, prefeito, deputado etc.) [ ] (8) Participou de algum grupo ou comissão que tentou influenciar alguma atividade de governo [ ] (9) Procurou algum político para tratar d e assunto de interesse da sua comunidade [ ] (99)NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) [ ]

42. O(a) Sr(a) lembra em quem votou para deputado estadual na última eleição? [ ] (1) Sim (2) Não (9)NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

6 43. O(a) Sr(a) costuma votar, para deputado estadual ou federal, em candidatos da sua região? [ ] (1) Sempre (2) Na maior parte das vezes (3) Às vezes (4) Quase nunca

(5) Nunca (6) Vota nos candidatos independente da região a que eles pertencem (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

44. O (a) Sr(a) já participou de alguma atividade dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDES), do Orçamento Participativo Estadual ou do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Sim, já participou (PULE A QUESTÃO

SE GUINTE) (2) Não, nunca participou (99)NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

45. Por que o(a) Sr(a) nunca participou ? (SÓ PARA OS QUE RESPONDERAM QUE NUNCA PARTICIPARAM, NA QUESTÃO ANTERIOR – APENAS UMA RESPOSTA.) [ ] (1) Nem sabe o que são essas coisas (2) Não tem interes se por esses assuntos (3) Não tem tempo (4) Acha que sua participação não faz diferença (5) Não teve informação sobre as datas e os horários (6) Em geral, as datas coincidiam com outras atividades (7) Em geral, os horários coincidiam com outras atividades (8) Em geral, os locais não eram convenientes (distância ou outro motivo) (7)NSA (NÃO SE APLICA) (Respondeu a opção 1 na questão anterior) (9)NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

46. Com quais das afirmações a seguir o(a) Sr(a) concorda ? (MOSTRAR O CARTÃO Nº.8 - SEM LIMITE DE RESPOSTAS) [ ] (1) Num mundo complicado como o de hoje, as pessoas comuns não são capazes de entender

corretamente os problemas. Por isso, a participação dos cidadãos não ajuda a encontrar as melhores soluções

(2) Em geral, as pessoas não sabem quais são os seus verdadeiros interesses. Por isso acabam sendo manipuladas pelos outros

(3) Os problemas relacionados com o desenvolvimento regional são muito complicados. É melhor deixar que os especialistas se preocupem com eles e encontrem as soluções

(4) As pessoas devem poder participar das discussões e decisões, mesmo que tenham pouca instrução e dificuldade para entender alguns aspectos dos problemas

(5) Os governos funcionam melhor se forem chefiados por líderes fortes, que saibam comandar e façam valer as suas opiniões

47. Qual o seu grau de concordância ou de discordância com cada uma das frases que eu vou ler? (MARQUE TODAS AS RESPOSTAS CONFORME OS CÓDIGOS ABAIXO)

(1) Concorda inteirament

e

(2) Concorda em parte

(3) Discorda em parte

(4) Discorda

totalmente

(9) NS/NR

(1) A maioria das pessoas que ocupam cargos de autoridade tenta explorar você

[ ]

(2) Você se sente excluído do que está acontecendo à sua volta

[ ]

(3) As pessoas que dirigem o país não estão realmente preocupadas com o que acontece a você

[ ]

(4) Trabalhando juntas, as pessoas podem influenciar as decisões que afetam o futuro de sua região

[ ]

(5) O que você pensa não conta muito [ ] (6) O que melhor caracteriza a política nesta região é a corrupção

[ ]

(7) O governo não faz o bastante para garantir a ordem pública

[ ]

(8) A polícia deve ter mais poder para defender a lei

[ ]

(9) Hoje em dia a autoridade não é devidamente respeitada

[ ]

(10) A polícia tem demas iado poder no Brasil [ ]

7 48. Como o(a) Sr(a) classificaria o espírito participativo das pessoas da sua região ? [ ]

(1) Muito fraco (3) Médio (5) Muito forte (2) Fraco (4) Forte (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

49. De uma maneira geral, o(a ) Sr(a) acredita que se pode confiar na maior parte das pessoas ou que se deve ter muito cuidado ao tratar com outras pessoas ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Pode -se confiar na maior parte das pessoas (2) É preciso muito cuidado ao tratar com outras pessoa s (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

50. O(a) Sr(a) acha que a maior parte das pessoas tentaria se aproveitar do(a) Sr(a), se tivesse oportunidade, ou que elas tentariam agir de forma justa na maior parte das situações ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Tentaria m tirar vantagem (2) Tentariam agir de forma justa (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

51. Já lhe aconteceu de perceber que as pessoas com quem estava tratando não confiavam no(a) Sr(a) ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Sim, muitas vezes (3) Nunca aconteceu (2) Sim, algumas vezes (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

52. Com quais das afirmativas a seguir o(a) Sr(a) concorda ? (MOSTRAR O CARTÃO Nº9 - SEM LIMITE DE RESPOSTAS) [ ] (1) As pessoas em geral se comportam de maneira oportunista e, se puderem, evitam cumprir

com as suas obrigações (2) As pessoas em geral cumprem com as suas obrigações (3) As pessoas só cumprem com suas obrigações porque, se não cumprirem, os outros ficam

sabendo e passam a não confiar mais nelas (4) As pessoas só cumprem com suas obrigações quando têm medo de serem punidas se não

cumprirem (5) As pessoas em geral cumprem com suas obrigações para com os outros porque esperam

que os outros também cumpram com as suas obrigações para com elas (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

54. Vou perguntar com que freqüência o(a ) Sr(a) pratica algumas atividades relacionadas com a vida social. Para cada atividade, o(a) Sr(a) deve dizer se as faz todas as semanas, ou quase todas as semanas; se faz uma ou duas vezes por mês, se faz apenas umas poucas vezes por ano; ou se nunca faz. (MARQUE AS RESPOSTAS CONFORME OS CÓDIGOS ABAIXO).

(1) Todas as semanas/

quase todas as semanas

(2) Uma ou duas

vezes por mês

(3) Poucas vezes por

ano

(4) Nunca faz

(9) NS/NR

(1) Reúne amigos em sua casa

[ ]

(2) Visita parentes e amigos [ ] (3) Sai com colegas de

trabalho ou de profissão [ ]

(4) Reúne -se com membros da mesma igreja ou religião

[ ]

(5) Passa tempo com amigos em jogos ou atividades esportivas

[ ]

(7) Participa de reuniões de alguma associação voluntária

[ ]

(8) Vai a festas em clubes sociais

[ ]

8 55. Agora vou ler uma lista de tipos de associações voluntárias, Para cada uma delas, o(a) Sr(a) deve dizer se é associado/integrante de alguma entidade des se tipo e participa das suas atividades, se é associado/integrante mas não participa ou se não é associado/integrante. (MARQUE TODAS AS RESPOSTAS CONFORME OS CÓDIGOS ABAIXO) (1) É sócio

e participa (2) É sócio mas não participa

(9) Não é sócio

(1) Igrej a ou grupo religioso [ ] (2) Clube esportivo [ ] (3) Sociedade recreativa ou clube social [ ] (4) Organização artística, musical ou educacional [ ] (5) Sindicato [ ] (6) Associação Comercial [ ] (7) Outra entidade empresarial [ ] (8) Partido político [ ] (9) Entidade de proteção do meio ambiente [ ] (10) Entidade profissional [ ] (11) Organização de caridade [ ] (12) Cooperativa [ ] (13) Clube de serviços (tipo Rotary, Lions etc.) [ ] (14) Associação de pais e mestres [ ] (15) Associação de agricultores ou pecuaristas [ ] (16) Associação de bairro [ ] (1 7) Clube de mães [ ] (18) Maçonaria [ ] (19) Outro tipo de associação [ ]

56. Nos últimos três anos, o(a) Sr(a) desempenhou algum cargo ou teve algum tipo de responsabilidade no funcionamento de alguma entidade, assoc iação ou clube, de qualquer tipo, da sua região ou da sua cidade ? [ ]

(1) Sim (2) Não (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

57. Para cada uma das afirmativas que eu vou ler, diga se o(a) Sr(a) concorda ou discorda. (MARQUE TODAS AS RESPOSTAS CONFORME OS CÓDI GOS ABAIXO)

(1) Concorda (2) Discorda (9) NS/NR (1) A maior parte das pessoas desta região é

honesta e merece confiança [ ]

(2) As pessoas sempre se interessam mais pelo seu bem -estar e de suas famílias, e não se preocupam muito com o bem -es tar da comunidade

[ ]

(3) As pessoas desta região são sempre mais merecedoras de confiança do que as de outras regiões

[ ]

(4) É conveniente estar sempre alerta nesta região, para que os outros não se aproveitem de você

[ ]

(5) Se você tiver um problema, sempre aparecerá alguém para ajudar

[ ]

(6) Em geral, a maior parte das pessoas desta região estará pronta para ajudar se você precisar

[ ]

(7) Se você deixar cair sua carteira na rua, nesta cidade, é quase certo que a pessoa que a encontrar irá devolvê -la

[ ]

(8) Nesta cidade as pessoas obedecem às leis, até mesmo ao código de trânsito

[ ]

(9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) [ ]

58. Com que freqüência o(a) Sr(a) conve rsa ou mantém contato com parentes ou amigos, pessoalmente ou por telefone ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Várias vezes ao dia (3) Algumas vezes por semana (5) Algumas vezes ao ano (2) Pelo menos uma vez por dia (4) Algumas vezes por mês (6) Nunca ou quas e nunca

9 59. Qual o grau de importância que os seguintes aspectos devem ter, na sua opinião, para a educação dos nossos filhos: (MARQUE TODAS AS RESPOSTAS CONFORME OS CÓDIGOS ABAIXO)

(1) É muito importante

(2) É pouco importante

(3) Não tem nenhuma

impo rtância

(9) NS/NR

(1) Ter senso de responsabilidade [ ] (2) Ter uma crença religiosa [ ] (3) Ser obediente [ ] (4) Não levar desaforo para casa [ ] (5) Ser trabalhador [ ] (6) Ser determinado, s aber o que quer [ ] (7) Ter capacidade de improvisação [ ] (8) Ser independente [ ] (9) Ser criativo [ ] (9) Poupar, não ser gastador [ ] (10) Ser tolerante, aceitar os outros como eles são [ ] (11) Não ser egoísta [ ] (12) Saber lidar com as pessoas [ ] (13) Saber levar vantagem nas situações [ ]

60. Se o(a) Sr(a) tivesse filho(s) jovem(s), acharia melhor que eles se preparassem para: (APENAS UMA RES POSTA) [ ] (1) Ter seu próprio negócio e ser independentes (2) Fazer um concurso público e ter um emprego garantido (3) Trabalhar em uma empresa privada e ter um bom salário (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

61. Qual destas frases o(a) Sr(a) considera que de fine melhor o que é justiça ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Justo é privilegiar os menos favorecidos (2) Justo é que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos (3) Justo é que os mais capazes ocupem as melhores posições sociais (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

62. Quais os tipos de diferenças que mais separam os habitantes da sua região? (MOSTRE O CARTÃO Nº10 E MARQUE ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) Diferenças de nível de educação (8) Diferenças de crença religiosa (2) Diferenças de riqueza (econômicas) (9) Diferenças quanto a partidos políticos (3) Diferenças entre pessoas mais

jovens e mais velhas (10) Diferenças entre moradores mais antigos e pessoas

que vieram de fora (4) Diferenças de situ ação social (11) Diferenças de opção sexual (5) Diferenças entre homens e mulheres (6) Diferenças na propriedade da terra

(12) A diferenças não separam os habitantes desta região (PULE A QUESTÃO SEGUINTE)

(7) Diferenças raciais (99) NS/NR (NÃO LEIA EST A OPÇÃO)

63. Na sua opinião, essas diferenças causam problemas ? (Só para quem respondeu que há diferenças que separam os habitantes) (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) As diferenças não causam problemas (2) As diferenças causam poucos problemas

(7) NSA (respondeu a opção 12 na questão anterior)

(3) As diferenças causam problemas graves (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

64. Atualmente as pessoas não têm tempo para acompanhar todas as notícias. É preciso escolher as informações. Quais são os tipos de assunto q ue mais lhe interessam? (ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE) Primeira resposta [ ] Segunda resposta [ ] (1) Sobre esporte (5) Sobre assuntos policiais (2) Sobre política (6) Outro. Qual? ................................................ ......... (3) Sobre música e televisão (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) (4) Sobre economia

10 65. O que desperta mais a sua atenção nas notícias? (ATÉ DUAS RESPOSTAS NUMERADAS EM ORDEM DE PRIORIDADE ) Primeira resposta [ ]

Segunda resposta [ ] (1) O que acontece no mundo (2) O que acontece no resto do Brasil (3) O que acontece no resto do estado do RS

(4) O que acontece na sua região (5) O que acontece na sua cidade (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

66. O(a) Sr(a) considera que está bem informado sobre o que acontece... (SEM LIMITE DE RESPOSTAS)

(1) Sim (2) Não (9) NS/NR Na sua cidade [ ] Na sua região [ ] No estado do RS [ ] No Brasil [ ] No resto do mundo [ ]

67. Quantas horas por dia, e m média, o(a) Sr(a) assiste televisão durante a semana, sem contar os fins de semana ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Não assiste à televisão (5) 4 -5 horas por dia (2) 1 -2 horas por dia (6) 5 -6 horas por dia (3) 2 -3 horas por dia (7) Mais de 6 horas por d ia (4) 3 -4 horas por dia (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

68. O(a) Sr(a) costuma assistir aos noticiários da televisão ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Todos os dias (3) Raramente (Marque aqui quem diz “alguns

dias”) (2) Na maior parte dos dias (4) Nunca assiste

(9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO) 69. O(a) Sr(a) ouve programas de notícias no rádio ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Todos os dias (3) Raramente (Marque aqui quem diz “alguns

dias”) (2) Na maior parte dos dias (4) Nunca ouve (9) NS/NR (NÃO LEI A ESTA OPÇÃO)

70. O(a) Sr(a) costuma ler jornais ? (APENAS UMA RESPOSTA) [ ] (1) Todos os dias (3) Raramente (Marque aqui quem diz “alguns

dias”) (2) Na maior parte dos dias (4) Nunca lê (9) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

71. Qual é a sua religião ou cul to? _______________________________ [ ] 72. Além dessa, o(a) Sr(a) freqüenta alguma outra religião ou culto ? Qual ? (SE FOR ADVENTISTA OU PENTECOSTAL, PERGUNTAR O NOME COMPLETO DA IGREJA) ______________________________________________________ [ ]

73. O(a) Sr(a) se considera religioso(a) ? [ ] (1) Sim (2) Não

74. Qual sua origem étnico -cultural ? Caso sua origem familiar envolva mais de uma origem étnico -cultural, qual teve maior influência na sua formação cultural ? [ ] (1) Nenhuma em especial (5) Chines a (9) Italiana (2) Africana (6) Coreana (10) Japonesa (3) Árabe (7) Hispânica (11) Judaica (4) Alemã (8) Indígena (12) Polonesa (13) Portuguesa (14) Outra (99) NS/NR (NÃO LEIA ESTA OPÇÃO)

PRIMEIRO NOME DO ENTREVISTADO: ______________________________ ___________ TELEFONE PARA CONTATO – RESIDENCIAL: __________ OU COMERCIAL:__________

AGRADEÇA E ENCERRE A ENTREVISTA

Conferente: [ ] Crítico: [ ] Digitador: [ ]

73

Anexo II: Metodologia de Coleta de Dados e Plano Amostral

74

Metodologia de Coleta de Dados Para a obtenção dos resultados constantes deste relatório, construiu -

se um questionário com 74 questões fech adas, cuja aplicação foi realizada

durante o período de 26 de outubro a 03 de novembro de 2001 por uma equipe de 48 entrevistadores – alunos, em sua grande maioria dos cursos de graduação e pós -graduação da UFRGS.

A totalidade da população residente no Rio Grande do Sul maior de

18 anos compôs o universo de estudo, a partir do qual se definiu a amostra a ser pesquisada e que se constituiu de um levantamento aleatório

estratificado (AEE) por cotas de sexo, idade e renda distribuídas entre os entrevistados de modo proporcional a sua incidência na população.

Programou -se inicialmente a aplicação de 1.500 questionários, sendo que foram efetivamente aplicados e processados 1.473 questionários, em 50 municípios do Rio Grande do Sul, distribuídos nas 22 regiões do COREDES

e agrupados em quatro macro -regiões, a saber: norte, sul, nordeste 1 e nordeste 2. O erro amostral estimado foi de 2,53% para o conjunto do

estado, com uma variação entre 4,3% na região de maior população e 6,7% na de menor, em um intervalo de conf iança de 95%.

Plano Amostral

Região Eleitores % Amostra Até 10 mil 10 a 50 mil 50 a 100 mil Acima 100 mil

Nordeste 1 3.263.444 33,7% 504 Triunfo (25) Guaíba (23) Porto Alegre (265)

Esteio (22) Novo Hamburgo (48)

Viamão ( 42) Gravataí (44)

Alvorada (35)

Nordeste 2 1.684.619 17,4% 263 Anta Gorda (27) Capão da Canoa (21) Montenegro (20) Caxias do Sul (53)

Morrinhos do Sul (20) Carlos Barbosa (21) Lajeado (20)

Veranópolis (21 )

Fontoura Xavier (20)

Cruzeiro do Sul (20) Feliz (20)

Norte 2.303.841 23,8% 359 Campo Novo (24) Lagoa Vermelha (24) Erechim (22) Passo Fundo (22)

Vila Maria (23) Espumoso (23) Santo Ângelo (22) San ta Cruz do Sul (20) Derrubadas (23) Tenente Portela (23) Ijui (21)

Gramado dos loureiros (23) Arroio do Tigre (23) Santa Rosa (20) Nicolau Vergueiro (23) Barros Cassal (23)

Sul 2.422.844 25,0% 377 Santana da Boa Vista (1 6) São Loureço do Sul (23) Stna do Livramento (21) Pelotas (59)

Cristal (15) Encruzilhada do Sul (23) São Gabriel (21) Santa Maria (44) Butia (23) Camaqua (21) Uruguaiana (24)

Restinga Seca (22) Canguçu (21) Bagé (22)

Rosário do Sul (22)

Total 9.674.748 100,0% 1503 Total = 194 Total = 377 Total = 254 Total = 678