desenvolvimento de um sistema de abertura e controle de altura do arco elétrico para o processo de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA EEL CENTRO TECNOLÓGICO CTC CAMPUS UNIVERSITÁRIO - TRINDADE - CEP 88040-900 FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA Desenvolvimento de um sistema de abertura e controle de altura do arco elétrico para o processo de soldagem TIG Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: EEL 7890 Projeto Final Acadêmico: Alexandre Blum Weingartner Orientador: Jorge Coelho, D.Sc. Florianópolis, julho de 2011.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – EEL CENTRO TECNOLÓGICO – CTC

CAMPUS UNIVERSITÁRIO - TRINDADE - CEP 88040-900 FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA

Desenvolvimento de um sistema de abertura e controle de altura do arco elétrico para o processo

de soldagem TIG

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina

como requisito para a aprovação da disciplina:

EEL 7890 – Projeto Final

Acadêmico: Alexandre Blum Weingartner

Orientador: Jorge Coelho, D.Sc.

Florianópolis, julho de 2011.

Desenvolvimento de um sistema de abertura e controle de altura do arco elétrico para o processo de soldagem TIG

Alexandre Blum Weingartner

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina EEL 7890: Projeto Final

e aprovada na sua forma final pelo Curso de Engenharia Elétrica

Banca Examinadora:

__________________________ Raul Gohr Junior, DSc. Orientador da Empresa

_______________________________ Jorge Coelho, DSc.

Orientador no Curso de Engenharia Elétrica

_______________________________ Tiago Vieira da Cunha, Msc.

Participante da Banca Examinadora

i

Agradecimentos

Ao Prof. Jair Carlos Dutra pela oportunidade de realização deste trabalho e

pela infraestrutura disponibilizada.

Ao engenheiro Raul Gohr Junior por partilhar seu conhecimento ao longo de

vários anos de trabalho e principalmente pela sua colaboração neste trabalho de fim

de curso.

À equipe interdisciplinar do LABSOLDA com a qual adquiri experiência de

trabalho em equipe e principalmente aos que ajudaram a concretizar este projeto:

João Facco de Andrade, Marcus Barnetche, Mateus Barancelli Schwedersky, Marcia

Paula Thiel, Hellinton Direne Filho, Cleber Guedes, Luiz Fernando Suliman e

Marcelo Pompermaier Okuyama.

Ao LABSOLDA, pela bolsa de pesquisa e compra de materiais. À empresa

SPS – Sistemas e Processos de Soldagem por parte do financiamento e à IMC –

Engenharia de Soldagem pelo apoio a este trabalho.

Agradeço também a minha família, em especial minha mãe por ser uma

guerreira e dar suporte ao longo da minha jornada na graduação e também a minha

namorada e aos meus amigos que sempre estão por perto nos momentos difíceis.

ii

Resumo

A evolução tecnológica e a globalização da economia tornam as indústrias

cada vez mais competitivas, exigindo delas mais eficiência, maximização da

produção com o menor consumo de energia e matéria prima, menor emissão de

resíduos de qualquer espécie e melhores condições de segurança. Uma forma de

suprir estas exigências advém da utilização de sistemas automatizados. A

automação industrial é um conjunto de equipamentos e tecnologias capazes de

fazerem com que uma máquina ou processo industrial trabalhem automaticamente,

ou seja, com a mínima intervenção humana, cabendo a este o papel de programar,

parametrizar ou supervisionar o sistema para que trabalhe de acordo com os

padrões desejados. A automação é utilizada com a finalidade de trazer benefícios

como aumento da produtividade, segurança, qualidade do produto, confiabilidade,

melhor relação custo benefício de investimento e substituição do homem em

atividades de risco. O LABSOLDA, conhecido por sua característica pioneira no

Brasil em desenvolver equipamentos voltados à tecnologia da soldagem, tais como

fontes e dispositivos de automatização e instrumentação, implementou um sistema

de abertura e controle da altura do arco elétrico voltado às necessidades internas do

laboratório e também de aplicação direta na indústria, o AVC (Arc Voltage Control).

O referido equipamento mostrou-se eficiente nas pesquisas internas do laboratório,

porém, a sua utilização na indústria ficou comprometida devido a sua baixa

manutenibilidade e confiabilidade. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi

desenvolver um novo sistema de abertura e controle da altura do arco elétrico que

se enquadre às exigências da indústria. Dentre as diversas características do novo

equipamento estão a implementação de um sistema de proteção, a possibilidade de

uma maior integração com outros equipamentos e compatibilidade com qualquer

fonte de soldagem.

Palavras-chave: Indústria, Automação, AVC.

iii

Sumário

Agradecimentos ................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................ ii

Simbologia ........................................................................................................ v

Capítulo 1: Introdução ...................................................................................... 1

Capítulo 2: Revisão Teórica ............................................................................. 4

2.1: Soldagem ............................................................................................... 4

2.2: Características Elétricas do Arco ........................................................... 5

2.3: Processo de Soldagem TIG ................................................................... 8

2.4: Defeitos na soldagem .......................................................................... 10

2.5: Motor de Passo .................................................................................... 11

2.6: Sistemas de Controle ........................................................................... 14

Capítulo 3: Desenvolvimento do Hardware .................................................... 17

3.1: Dimensionamento do Microcontrolador ................................................ 17

3.2: Eletrônica em Diagrama de Blocos ...................................................... 19

3.3: Layout das Placas ................................................................................ 25

3.4: Dimensionamento do Motor de Passo e seu Driver de Potência ......... 30

Capítulo 4: Desenvolvimento do Software ...................................................... 33

4.1: Kit de Desenvolvimento ....................................................................... 33

4.2: Software Básico Implementado para o LPC2148................................. 35

4.3: Implementação da Classe AVC e suas Funcionalidades ..................... 37

4.4: Calibração do Sistema de Medição ...................................................... 42

Capítulo 5: Resultados e Discussões ............................................................. 43

5.1: Navegação Intuitiva dos Menus ........................................................... 43

5.2: Compatibilidade do Sistema com Fontes de Soldagem ....................... 46

5.3: Sistema de Proteção ............................................................................ 47

iv

5.4: Resultados Práticos ............................................................................. 48

5.4.1: Soldagem em chapa plana ............................................................ 50

5.4.2: Soldagem de Chapa em Rampa ................................................... 56

5.4.3: Soldagem em chapa irregular ........................................................ 59

Capítulo 6: Conclusões e Perspectivas .......................................................... 63

Capítulo 7: Propostas para Trabalhos Futuros ............................................... 66

Bibliografia: ..................................................................................................... 68

Anexo 1. Pinagem do Microcontrolador LPC2148 .......................................... 69

Anexo 2. Layout da placas de controle e IHM do AVC ................................... 70

v

Simbologia

ARM - Advanced RISC Machine

AVC - Arc Voltage Control

CPU - Central Processing Unit

CLP - Controlador lógico programável

E - Tensão da coluna de plasma

GTAW - Gas Tungsten Arc Welding

Icc - Corrente de curto-circuito

IHM - Interface Homem-Máquina

Kp - Constante de proporcionalidade

- Comprimento do arco

P - Controlador Proporcional

PID - Controlador Proporcional Integral-Derivativo

PWM - Pulse Width Modulation

RAM - Random Acess Memory

RISC - Reduced Instruction Set Computer

SDCard - Secure Digital Card

SMD - Surface Mount Device

TIG - Tungsten Inert Gas

Ucc - Tensão de curto-circuito

USB - Universal Serial Bus

UTS - Unidade de Tratamento de Sinal

Va - Tensão anódica

Vc - Tensão catódica

1

Capítulo 1: Introdução

A distância entre o eletrodo e a peça no processo TIG afeta as condições da

poça de fusão, que por sua vez afeta o resultado da solda. Em soldagem que

utilizam sistemas de deslocamento de tocha automático, variações da distância entre

o eletrodo e a peça, que em soldagem manual é corrigida pelo soldador, devem ser

compensadas automaticamente. No processo TIG a tensão de arco é proporcional a

distância entre o eletrodo e a peça, possibilitando o uso da mesma para corrigir tais

variações.

A correção automática do arco elétrico tem sido usada desde a década de 80

quando o estadunidense William J. Toohey patenteou sua invenção denominada Arc

Voltage Control Circuit for Welding Apparatus. Nesta invenção, um circuito de

controle de tensão elétrica foi desenvolvido para utilização integrada com uma fonte

de soldagem. Na presença de um sinal de erro, o circuito de controle envia um sinal

ao motor, que inicia gradualmente o posicionamento do eletrodo indicando que a

tensão do arco não está no nível desejado. O motor é acelerado até que o sinal de

erro seja zerado e em seguida, rapidamente desacelerado para minimizar o

overshoot do eletrodo. A utilização deste circuito mostrou uma melhora significativa

na operações de soldagem [1].

Atualmente, diversas empresas estrangeiras comercializam este tipo de

sistema, as quais chamam de AVC (Arc Voltage Control). O LABSOLDA, consciente

do papel da universidade frente a sociedade e preocupado com a independência

tecnológica do Brasil, desenvolve equipamentos voltados à tecnologia da soldagem,

tais como fontes e dispositivos de automatização e instrumentação. O

desenvolvimento de tecnologias próprias também permite criar, adequar e interferir

nas características dos equipamentos para suprir necessidades de pesquisa e da

indústria. Já equipamentos comerciais vem com funcionalidades predefinidas.

Nos últimos anos, um de seus desenvolvimentos foi um sistema automático

de abertura e correção de altura do arco elétrico voltado às necessidades internas

do laboratório e também de aplicação direta na indústria.

2

O referido equipamento mostrou-se eficiente nas primeiras pesquisas

realizadas no laboratório, porém, atualmente a sua utilização ficou comprometida

devido a necessidade de melhorar e expandir seu hardware. Na indústria, sua

utilização ficou comprometida devido a sua baixa manutenibilidade e confiabilidade.

Para aumentar a confiabilidade e o grau de automação, o seu hardware

necessitava passar por uma expansão para suprir as necessidades do sistema de

proteção e aumentar a possibilidade de integração com dispositivos de uma

bancada/célula de soldagem, tais como fontes de soldagem e robôs.

Outro fator que justificou a realização deste trabalho foi o de se projetar um

AVC compatível com diversos modelos de fontes de soldagem. A primeira versão do

AVC havia sido idealizada para ler a tensão de arco das fontes de soldagem da

empresa IMC – Engenharia de Soldagem, parceira do LASBOLDA, as quais

disponibilizam sinais de tensão e corrente devidamente tratados. Esta topologia de

leitura diminui a necessidade de várias etapas de tratamento de sinais com

amplificadores operacionais por parte do AVC, porém, exige que uma calibração

seja feita cada vez que a fonte de soldagem for substituída. Isto diminui

drasticamente a manuseabilidade do AVC e demanda tempo do corpo técnico para

as calibrações, além do sistema ficar restrito às fontes da IMC.

Ainda, a série de adaptações realizadas no hardware, no decorrer do

desenvolvimento da primeira versão, tornaram o equipamento muito susceptível a

falhas, promovendo aumento da manutenção e perda de tempo nas pesquisas que

utilizam o AVC.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um novo sistema de

abertura e controle da altura do arco elétrico com alta manutenibilidade,

confiabilidade, manuseabilidade, que seja compatível com qualquer fonte de

soldagem, que necessite de apenas uma calibração, com maior possibilidade de

integração com outros equipamentos e que se enquadre às exigências da indústria.

Para uma melhor compreensão do funcionamento e aplicabilidade do AVC,

uma breve revisão teórica sobre alguns temas que norteiam soldagem e automação

serão abordados no capítulo 2. O capítulo 3 aborda a especificação do

microcontrolador, do motor e seu driver, bem como o desenvolvimento da eletrônica

projetada para a nova versão do AVC em forma de diagrama de blocos. Também

3

serão ilustrados o layout e as placas que compõem o hardware do AVC. O capítulo 4

é dedicado ao software desenvolvido para o microcontrolador, o qual permite uma

interação com o usuário através de uma interface homem-máquina, realiza diversas

funções no sistema e, principalmente, é responsável pela abertura e controle do arco

elétrico. No capítulo 5, ficam evidenciados a consolidação do equipamento e seus

resultados práticos com soldagem. Nos capítulos finais, são discutidas as

conclusões sobre o novo sistema e propostas para trabalhos futuros.

4

Capítulo 2: Revisão Teórica

2.1: Soldagem

Por estar em constante desenvolvimento, teóricos apontam diversas

definições para o termo soldagem. Uma boa definição encontrada na literatura é:

“Operação que visa obter a união de duas ou mais peças, assegurando na junta a

continuidade das propriedades físicas e químicas” [2]. Esta definição não é tão

precisa quanto outras, que abordam ainda se esta união deve ser feita com ou sem

utilização de pressão e/ou material de adição, contudo, é simples e passa bem o

significado do termo.

Para ocorrer a soldagem, é preciso transferir energia para a zona da junta do

material de base. Com metais, isso normalmente é feito com laser, chama ou arco

elétrico (também chamado de arco voltaico), sendo esta última modalidade a

especialidade do LABSOLDA.

Os fenômenos que ocorrem em arcos elétricos são dependentes de muitos

fatores e são temas de pesquisas no mundo da soldagem.

Na soldagem, arcos elétricos são estabelecidos entre um eletrodo e o material

de base. A Figura 1 apresenta um exemplo de circuito elétrico de uma fonte de

soldagem simples. Ambos, o eletrodo e o material de base, ficam conectados à fonte

de soldagem, responsável por controlar as grandezas elétricas do circuito. Ao

provocar o curto-circuito, o eletrodo é afastado do material de base até uma certa

altura, estabelecendo-se o arco voltaico. O calor gerado no arco elétrico promove a

fusão do material de base e/ou de adição.

Figura 1. Circuito de soldagem a arco de uma fonte de soldagem simples.

5

Estabelecendo-se um arco, em sua extensão é possível medir uma tensão

elétrica que varia entre 0 e 40 V, dependendo do processo. A tensão elétrica, em

processos onde a corrente é imposta, provavelmente seja a principal variável de

medida no arco, pois muitas observações e conclusões podem ser feitas a partir do

conhecimento da mesma. Uma demonstração disso é o fato de a tensão aumentar

proporcionalmente ao comprimento de arco o comprimento de arco. Essa

proporcionalidade permite utilizar o próprio arco como sensor de altura, por exemplo.

2.2: Características Elétricas do Arco

O arco elétrico é a fonte de calor mais utilizada na soldagem de metais [2].

Inúmeras características favorecem seu uso, tais como: concentração de calor

adequada para fusão localizada do material de base, possibilidade de controle e

baixo custo se comparado a outras fontes de calor, como o laser.

O arco elétrico é resultado do rompimento dielétrico de um meio o qual produz

um fluxo de corrente elétrica através de um gás ionizado (plasma). Na soldagem,

este fenômeno é provocado para se obter poder calorífico, já em outras áreas, como

nos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica, este fenômeno é

indesejável, pois deteriora os componentes constituintes destes sistemas.

A corrente de soldagem varia tipicamente de 5 a 1.000 A e o formato do arco

é geralmente cônico (Figura 2), porque o mesmo opera entre um eletrodo em forma

de vareta ou arame e uma peça cuja área de troca calorífica é muito maior do que o

do primeiro [2].

Figura 2. Formato cônico do arco elétrico [2].

Eletricamente, o arco de soldagem por ser caracterizado pela diferença de

potencial entre suas extremidades e pela corrente elétrica que circula por este. A

6

queda de potencial ao longo do arco elétrico não é uniforme, distinguindo-se três

regiões distintas como ilustrado na Figura 3.

Figura 3 - Distribuição de potencial em um arco e suas regiões: (a) Zona de Queda

Catódica, (b) Coluna do Arco e (c) Zona de Queda Anódica [2].

As regiões de queda anódica e catódica são caracterizadas por elevados

gradientes térmicos e elétricos, de ordem de 106 °C/mm e de 103 e 105 V/mm,

respectivamente, e as somas das quedas de potencial nessas regiões é

aproximadamente constante, independentemente das condições de operação do

arco [2].

A parte visível e brilhante do arco constitui a coluna de plasma, que apresenta

gradientes térmicos e elétricos bem mais baixos que as regiões anteriores, da ordem

de 103 °C/mm e 1 V/mm, respectivamente. A tensão elétrica nesta região varia de

forma aproximadamente linear com o comprimento do arco [2]. Assim, para um dado

valor de corrente de soldagem, a tensão entre o eletrodo e a peça é dada por (ver

Figura 3):

( ) (1)

A tensão entre as extremidades do arco necessária para manter a descarga

elétrica, varia com a distância entre os eletrodos, chamada de comprimento do arco

( ), tamanho e material dos eletrodos, composição e pressão do gás na coluna de

plasma e corrente que atravessa o arco [2].

A Figura 4 mostra a variação de tensão no arco elétrico com a corrente de

soldagem no processo TIG, para três diferentes comprimentos de arco. Esta curva é

7

conhecida como “característica estática do arco”. A curva característica do arco

difere da curva de uma resistência comum, para a qual vale a Lei de Ohm ( ),

que tem o formato de uma reta passando pela origem. Por sua vez, a curva do arco

passa por um valor mínimo de tensão para valores intermediários de corrente e

aumenta tanto para maiores como menores valores de corrente. O aumento da

tensão para os valores elevados de corrente é similar ao observado em uma

resistência comum. O comportamento encontrado para baixos valores de corrente é

próprio do arco elétrico e reflete o fato de que, nesse, a condução da corrente

elétrica é feita por íons e elétrons gerados por ionização térmica. Quando a corrente

é baixa, existe pouca energia disponível para o aquecimento e ionização do meio em

que o arco ocorre, resultando em um aumento da tensão elétrica do arco [2].

Figura 4. Curvas características estáticas do arco entre um eletrodo de tungstênio e

um anodo de cobre para diferentes comprimentos de arco [2].

A Figura 5 mostra esquematicamente uma curva de variação da queda de

tensão ao longo do arco com o seu comprimento para dois valores de corrente.

Observa-se uma relação aproximadamente linear entre a tensão e o comprimento do

arco e que, quando este último torna-se muito pequeno, o valor da tensão não tende

para zero, o que está de acordo com a equação (1).

8

Figura 5. Variação da tensão entre as extremidades de um arco de soldagem TIG

com a distância de separação entres elas, para diferentes níveis de corrente (dados

da Figura anterior) [2].

2.3: Processo de Soldagem TIG

O processo de soldagem TIG ou Gas Tungsten Arc Welding (GTAW), como é

mais conhecido atualmente, é um processo de soldagem onde o arco elétrico é

formado entre um eletrodo não consumível de tungstênio e a peça. A Figura 6 ilustra

esquematicamente o processo TIG, onde é possível perceber que a poça de

soldagem, o eletrodo e parte do cordão de solda são isolados da atmosfera através

de gás de proteção que flui pelo bocal da tocha [2].

Figura 6. Representação esquemática do processo TIG.

9

No processo, pode-se utilizar material de adição ou não (solda autógena), e

seu grande desenvolvimento deveu-se à necessidade de disponibilidade de

processos eficientes de soldagem para materiais difíceis, como o alumínio e

magnésio, notadamente na indústria da aviação no começo da Segunda grande

guerra mundial. Assim, com o seu aperfeiçoamento, surgiu um processo de alta

qualidade, relativo baixo custo e de uso em aplicações diversas [2].

O processo TIG utiliza uma tocha de soldagem com formato específico, onde

o eletrodo de tungstênio é fixado e confinado em um ambiente protegido por gás. O

arco elétrico é criado pela passagem de corrente elétrica pelo gás de proteção

ionizado, estabelecendo-se o arco entre a ponta do eletrodo e a peça. Em termos

básicos, os componentes do TIG são [2]:

1. Tocha;

2. Eletrodo;

3. Fonte de Energia;

4. Gás de Proteção

As variáveis que determinam basicamente o processo são a tensão do arco, a

corrente de soldagem e o gás de proteção. Deve-se considerar que as variáveis não

agem especificamente de forma independente, havendo forte interação entre elas.

Em relação à corrente de soldagem pode-se considerar, de forma geral, que

ela controla a penetração da solda, com efeito diretamente proporcional. Ainda

assim, a corrente afeta também a tensão do arco, sendo que para um mesmo

comprimento de arco, um aumento na corrente (valores acima de 50 A, ver Figura 4)

causará um aumento na tensão do arco [2].

A tensão do arco, designação dada para a tensão entre o eletrodo e a peça, é

fortemente influenciada por diversos fatores, a saber:

1. Corrente do arco;

2. Perfil da ponta do eletrodo;

3. Distância entre o eletrodo e a peça (altura do arco);

4. Tipo do gás de proteção;

10

O comprimento do arco afeta diretamente a largura da poça e a penetração.

Em uma operação de soldagem, para se garantir a integridade da junta soldada é

necessário se manter o mesmo constante. Assim sendo, como existe uma relação

direta entre a tensão e o comprimento do arco, a mesma pode ser usada como

variável de controle em um sistema automático de posicionamento, a fim de se

manter a distância entre o eletrodo e a peça.

Este controle do comprimento do arco pela tensão deve ser feito de maneira

cuidadosa, observando-se outros parâmetros que também afetam a tensão como

perfil de afiação do eletrodo, gás de proteção, alimentação imprópria do material de

adição, mudanças de temperatura no eletrodo e erosão do eletrodo [2].

2.4: Defeitos na soldagem

Existe uma série de defeitos que podem ocorrer na junta soldada, tais como

distorção, dimensões incorretas da solda, perfil incorreto da solda, porosidade, falta

de fusão, falta/excesso de penetração, trincas, inclusão de tungstênio, entre outras.

Na maioria dos casos, é imprescindível a ausência de qualquer defeito na

solda realizada. Alguns defeitos como falta ou excesso de fusão e penetração

(Figura 7) e a inclusão de tungstênio podem ser evitados diretamente com o uso de

um sistema automático de abertura e controle do comprimento do arco elétrico,

tendo em vista que estes defeitos são provocados pela manipulação incorreta do

eletrodo. Outros defeitos como trincas e porosidades podem ser evitados

indiretamente através da estabilidade do processo obtida quando se usa sistemas

automáticos. Nesta situação o AVC se apresenta como solução.

Figura 7. Exemplos de descontinuidades na soldagem [2].

A detecção dos defeitos pode ser feita visualmente, com utilização de

materiais como líquido penetrante, ou instrumentos como ultra-som e raio-x. A

11

necessidade de um mecanismo ou outro dependerá da aplicação. Por exemplo,

existem soldas que são aceitas somente com utilização de raio x em toda sua

extensão.

Figura 8. Exemplos de descontinuidades na soldagem [2].

2.5: Motor de Passo

Uma explanação sobre as características, funcionamento, vantagens e

desvantagens será dada a seguir, uma vez que um motor de passo foi escolhido

para ser usado no deslocamento da tocha de soldagem durante a abertura e

correção da altura do arco elétrico.

O motor de passo é um dispositivo eletromecânico que converte pulsos

elétricos em movimentos mecânicos com variações angulares discretas. O rotor ou

eixo de um motor de passo é rotacionado em pequenos incrementos angulares,

quando pulsos elétricos são aplicados em uma determinada sequência nos seus

terminais.

A rotação de tais motores é diretamente relacionada aos impulsos elétricos

que são recebidos, bem como a sequência a qual tais pulsos são aplicados reflete

diretamente a direção a qual o motor gira. A velocidade que o rotor gira é dada pela

frequência de pulsos recebidos e o tamanho do ângulo rotacionado é diretamente

relacionado com o número de pulsos aplicados.

Um motor de passo pode ser uma boa escolha sempre que movimentos

precisos são necessários. Eles podem ser usados em aplicações onde é necessário

12

controlar vários fatores tais como: ângulo de rotação, velocidade, posição e

sincronismo. O ponto forte de um motor de passo não é a sua força (torque),

tampouco sua capacidade de desenvolver altas velocidades - ao contrário da maioria

dos outros motores elétricos - mas sim a possibilidade de controlar seus movimentos

de forma precisa. Por conta disso este é amplamente usado em impressoras,

scanners, robôs, câmeras de vídeo, brinquedos, automação industrial, entre outros

dispositivos eletrônicos que requerem precisão.

O funcionamento básico do motor de passo é dado pelo uso de solenóides

alinhados dois a dois que quando energizados atraem o rotor fazendo-o se alinhar

com o eixo determinado pelos solenóides, causando assim uma pequena variação

de ângulo que é chamada de passo. A Figura 9 mostra esquematicamente o

funcionamento de um motor de passo.

Figura 9. Funcionamento do motor de passo.

O número de passos é dado pelo número de alinhamentos possíveis entre o

rotor e as bobinas. Ou seja, para aumentar o número de passos de um motor usa-se

um maior número de bobinas, maior número de pólos no rotor.

A energização de uma, e somente uma, bobina de cada vez produz um

pequeno deslocamento no rotor. Este deslocamento ocorre simplesmente pelo fato

de o rotor ser magneticamente ativo e a energização das bobinas criar um campo

magnético intenso que atua no sentido de se alinhar com os dentes do rotor. Assim,

polarizando de forma adequada as bobinas, podemos movimentar o rotor entre as

bobinas (meio passo ou “half-step”) ou alinhadas com as mesmas (passo completo

ou “full-step”).

13

Os motores de passo possuem como vantagem em relação aos outros tipos

de motores disponíveis os seguintes pontos:

• Seguem uma lógica digital: Diz-se que o motor de passo segue uma lógica

digital, pois seu acionamento é feito através de pulsos elétricos que ativam

sequencialmente suas bobinas, fazendo o rotor se alinhar com as mesmas e assim

provocando um deslocamento do mesmo.

• Alta precisão em seu posicionamento:

O posicionamento do motor de passo é preciso uma vez que o rotor sempre

se movimentará em ângulos bem determinados, chamados “passos” cujo erro de

posicionamento é não-cumulativo.

• Precisão no torque aplicado: As variações no torque aplicado por um motor

de passo são pequenas, tendo em vista seu funcionamento.

• Excelente resposta a aceleração e desaceleração: O movimento que um

motor de passo produz é resultado das ativações em sequência de suas bobinas. A

resposta para tais solicitações de aceleração e desaceleração é rápida pois o rotor

se alinha rapidamente com a(s) bobina(s) que se encontra(m) energizada(s).

Em relação com outros tipos de motores podemos destacar os seguintes fatos

como desvantagens no uso de motores de passo:

• Baixo desempenho em altas velocidades: O aumento de rotações no motor

de passo (sua aceleração) é gerado pela variação no tempo entre o acionamento de

uma bobina e a seguinte. Entretanto é necessário um rápido chaveamento de um

solenóide energizado para outro de forma que tal velocidade seja mantida, o que

muitas vezes é complexo e pouco eficiente.

• Requer certo grau de complexidade para ser operado: Pelo fato de usar uma

lógica digital não basta apenas ligar o motor de passo a uma fonte de energia que o

mesmo começará a girar sem parar. Sua complexidade reside no fato de ser

necessário um circuito para controlá-lo ativando sequencialmente seus solenóides.

O “custo computacional” e a complexidade do dispositivo de controle cresce a

medida que o número de passos aumenta, uma vez que mais passos requerem um

maior o número de terminais a serem ativados e controlados.

14

• Ocorrência de ressonância por controle inadequado: Como todos os objetos

que existem, o motor de passo também tem uma frequência de ressonância. Caso

as revoluções do mesmo se deem nesta frequência, este pode começar a oscilar,

aquecer e perder passos. Este problema pode ser contornado mudando-se o modo

de operação do motor: utilizando-se meio-passo ou o passo completo com as

bobinas energizadas duas a duas.

As duas últimas desvantagens supracitadas podem ser minimizadas com o

uso de um driver para motor de passo. O capítulo 4.4 apresenta o motor de passo

escolhido para este projeto, bem como o seu driver.

2.6: Sistemas de Controle

Os sistemas de controle representam uma parte fundamental nos processos

industriais e de fabricação modernos. Grande parte da repetitividade e confiabilidade

de muitos processos fabris dependem de um sistema de controle. Este propicia

meios para otimizar o desempenho de sistemas dinâmicos, bem como melhoria da

qualidade, diminuição dos custos de produção e aumento da taxa de produção [3].

Um sistema de controle possui um sinal de referência, um controlador, uma

planta e pode conter ainda um sistema de medida. Se houver um sistema de

medida, o controle é dito realimentado, e caso não houver, o sistema é dito de malha

aberta. Porém, quase toda a teoria de controle baseia-se nos sistemas

realimentados, pois pode-se garantir que a saída do sistema siga o sinal de

referência (erro nulo) ou siga a referência com um erro mínimo aceitável. A Figura 10

ilustra um sistema de controle com realimentação.

Figura 10. Diagrama de um sistema de controle em malha fechada [3].

15

O diagrama da malha de controle do AVC está ilustrado na Figura 11. Através

do diagrama é possível observar que a malha de controle começa com o sinal de

referência ajustado pela interface homem-máquina, que subtraído pela sinal do

medidor resulta no sinal de erro, o qual passa pelo controlador digital, que por fim é

enviado ao atuador do sistema, constituído pelo binário driver e motor de passo.

Figura 11. Diagrama de um sistema de controle do AVC.

As propriedades básicas de um sistema de controle estão relacionadas ao

seguimento de uma referência, efeito de perturbações e comportamento dinâmico do

sistema. O seguimento de uma referência e o efeito de perturbações são

caracterizados principalmente pelos erros do sistema em regime permanente. Já o

comportamento dinâmico é caracterizado pelo tempo de resposta, amortecimento e

estabilidade.

Quando o sistema em malha fechada não atende os requisitos de projeto em

termos de desempenho em regime e transitório desejados, deve-se modificar a

função de transferência através do uso de um controlador. O projeto de sistemas de

controle visa obter um desempenho do sistema tal que

1. o sistema seja estável,

2. a resposta transitória seja aceitável (tempo de resposta e amortecimento),

3. o erro em regime permanente atenda às especificações (erro baixo ou

nulo).

Os controladores podem ser do tipo proporcional (P), proporcional-derivativo

(PD), proporcional-integral (PI), proporcional-integral-derivativo (PID), atraso de fase

e avanço de fase. Cada controlador tem suas características particulares e devem

ser utilizados conforme os requisitos de projeto.

O controlador mais simples, o proporcional, é simplesmente um ganho. De

forma que o esforço de controle é dado pela multiplicação do ganho pelo erro (sinal

16

de referência menos sinal lido). Este controlador pode suprir as necessidades da

resposta transitória, porém ser incapaz de suprir as necessidades em regime

permanente. Já um controlador mais complexo, como o PID, pode suprir as

necessidades tanto em regime permanente como em transitório. As características

de cada controlador podem ser vistas de forma mais aprofundada em [3].

17

Capítulo 3: Desenvolvimento do Hardware

O hardware do AVC deve ser de fácil manutenção, confiável, fornecer meios

que compatibilize o sistema com qualquer fonte de soldagem, necessitar de apenas

uma calibração e possibilite uma maior integração com outros equipamentos.

Este capítulo apresenta as soluções para as diretivas supracitadas dentro do

contexto do laboratório. Serão discernidas a escolha do microcontrolador e da

eletrônica que realiza o tratamento dos sinais do mundo externo com o

microcontrolador e vice-versa. Também será mostrado o projeto da placa que foi

desenhada para facilitar a manuseabilidade e manutenibilidade do equipamento.

3.1: Dimensionamento do Microcontrolador

Há alguns anos, em reunião da equipe de desenvolvimento de equipamentos

do LABSOLDA, decidiu-se que os futuros equipamentos que necessitem de

microcontrolador, o serão feitos com o LPC2148 da Philips.

Figura 12. Microcontrolador LPC2148 da Philips: versatilidade e economia.

Vários motivos levaram a esta escolha deste microcontrolador:

Dos seus 64 pinos, 14 são entradas analógicas, que são amplamente

utilizadas em equipamentos que necessitem ler vários transdutores.

Uma fonte de soldagem possui vários transdutores internos e externos

necessários tanto para proteção quanto para o controle, por exemplo.

Um sistema de aquisição de sinais de soldagem também exige um

18

grande número de conversores analógico-digital; a seguir será

mostrado que o AVC necessitará de 3 conversores analógicos;

Possui um clock de CPU elevado (60 MHz), o que garante que

sistemas complexos como fontes de soldagem, sistemas metrológicos,

de automação e controle possam operar de forma adequada;

Possui comunicação USB, a qual apareceu em substituição às portas

serial e paralela;

Possui considerável quantidade de memória flash (512 kBytes) e RAM

(32 kBytes);

Grande parte de sua pinagem possui até 4 funções (ver Anexo 1). Esta

característica é muito importante no tocante a número de porta digitais,

pois depois de escolher os pinos que realizam comunicação, entradas

analógicos, etc., os pinos restantes podem ser utilizados como porta

digital (entrada ou saída);

Sua arquitetura ARM7 o coloca entre os microcontroladores de alto

desempenho e baixo consumo de energia. Característica essencial

para o desenvolvimento de sistemas portáteis que utilizem bateria, por

exemplo. Além disso, devido a sua versatilidade, espera-se que este

microcontrolador demore a se tornar obsoleto, que é uma preocupação

da equipe do LABSOLDA, tendo em vista que os últimos

desenvolvimentos foram praticamente impostos pela evolução da

microeletrônica e da informática.

A utilização do mesmo microcontrolador em várias frentes de trabalho

reduz os custos de fabricação, tempo de treinamento e

desenvolvimento dos programas.

Não fosse essa padronização adotada pelo LABSOLDA, o uso do LPC2148

no AVC poderia até ser questionado. No que diz respeito às memórias, número de

entradas analógicas, clock de CPU e USB, o AVC não usufruirá de todas essas

características. Porém, todos esses pinos são usados como porta digital e permitiu

ao novo AVC deixar algumas portas sobressalentes em caso de novas aplicações.

Um discernimento sobre as necessidades de hardware e a pinagem do

LPC2148 será feita a seguir.

19

3.2: Eletrônica em Diagrama de Blocos

O microcontrolador juntamente com seu programa embarcado possui um alto

valor agregado e pode ser considerado o principal componente eletrônico de

qualquer sistema eletrônico. Porém, para o seu perfeito funcionamento outros

componentes devem adequar os sinais que norteiam o microcontrolador, como será

visto adiante.

No início do projeto do AVC, um esboço em forma de diagrama de blocos foi

realizado para delegar funções aos pinos do LPC2148, uma vez que os pinos podem

ter mais de uma função. Este diagrama pode ser observado na Figura 13.

O microcontrolador LPC2148 possui 64 pinos, dos quais 22 são usados para

alimentação, oscilador, LED de indicação do estado de funcionamento, entre outras

funções vitais. Dos 42 pinos que restaram:

11 foram escolhidos para saída digital,

11 para entrada digital,

3 para entrada analógica,

2 para saída analógica,

4 para comunicação com memória SDCard,

2 para comunicação com memória flash,

2 para comunicação serial e

7 para comunicação com a IHM.

Esta escolha pode ser melhor observada através do diagrama de blocos.

O bloco representando por UTS1 (Unidade de Tratamento de Sinal) na Figura

13 é responsável pela leitura da tensão do arco. Um detalhamento deste bloco é

ilustrado pela Figura 14.

O sinal de tensão é primeiramente filtrado, com o objetivo de eliminar os

ruidos de alta frequência e dividido de forma que possa ser tratado pelos

componentes eletrônicos conseguintes. Após isso, uma opto-acoplagem é utilizada

para que sinais provenientes de outros blocos não interfiram na leitura de tensão do

arco.

Depois três amplificadores operacionais são usados na conFiguração de

buffer, somador e inversor, de forma a garantir que sinais de tensão de arco tanto

20

Figura 13. Diagrama de blocos do hardware do AVC.

21

Figura 14. Blocos que compõem a UTS1.

positivos como negativos possam ser lidos pelo programa embarcado no LPC2148.

Em suma, o que este bloco faz é transformar sinais de tensão na faixa de -50 V a

+50 V, livre de ruidos internos e externos, em sinais de 0 a 3,3 V que é a tensão de

alimentação do LPC2148. O final deste bloco é ligado a um pino do

microcontrolador que fará a conversão analógico-digital de 10 bits. Com isso, sabe-

se que o erro inerente na leitura de tensão seja aproximadamente de 0,1V.

Esta topologia adotada na leitura de tensão de arco permitirá o AVC controlar

a tensão do arco em qualquer fonte de soldagem e que repetidas calibrações sejam

desnecessárias.

O bloco representado por UTS2 é responsável pela leitura da corrente do

arco elétrico. A primeira versão do AVC também possuía esta função, mas também

lia sinais disponibilizados pelas fontes de soldagem da IMC. Nesta versão, a

corrente será lida através de sensor de efeito Hall, o que também permitirá ser

usado em qualquer fonte de soldagem. A leitura da corrente pode aumentar a

confiabilidade dos sistemas envolvidos. Por exemplo, o robô só poderá iniciar a

trajetória depois que certo valor de corrente for ultrapassado.

O bloco representado por UTS3 tem por finalidade ler um sinal de tensão

externo, que não seja o arco elétrico. Ele foi adicionado pois poderá ser usado para

controlar a altura do arco usando algum outro transdutor (sensor de distância, i.e.).

Essas entradas analógicas são de grande importância, pois são com elas que

o AVC fecha a malha de controle e exerce um esforço no seu motor. Além de

realizar esta leitura do mundo externo, o AVC também está preparado para controlar

até dois dispositivos analogicamente. Um exemplo de aplicação seria o controle da

rotação de uma mesa giratória através de um motor de corrente contínua.

22

O LPC2148 possui apenas um conversor digital-analógico. Uma outra saída

analógica é obtida usando modulação por largura de pulso (PWM). Nesta modulação

conFigura-se a frequência e a razão cíclica dos pulsos. Uma tensão média constante

(Figura 15) é obtida com a aplicação de um filtro passa-baixa. Estes dois sinais

analógicos passam por uma etapa de amplificação de tensão através de

amplificadores operacionais, de forma a se obter na saída valores de tensão de 0 a

+10V.

Figura 15. Modulação por largura de pulso.

No tocante à comunicação, o AVC poderá transmitir e receber dados por uma

porta serial padrão RS232. O padrão mais usado na indústria é o RS485 por permitir

grande comprimento de cabo (cerca de 1000m contra 20m do padrão RS232).

Contudo, a idéia do AVC é se comunicar com equipamentos próximos à bancada de

soldagem ou até mesmo com computadores em meios acadêmicos, e para isso o

padrão RS232 é o suficiente.

Outra comunicação serial utilizada é a I2C, porém para uso interno do AVC.

Esta comunicação é utilizada entre o LPC2148 e uma memória flash para

armazenamento das variáveis do sistema.

O hardware do AVC também está preparado para receber um cartão de

memória do tipo SD (Secure Digital, Figura 16), que se tornou o padrão de cartão de

memória com melhor custo/benefício do mercado (ao lado do Memory Stick), devido

a sua popularidade e portabilidade.

Figura 16. Memória SD Card: alta capacidade de armazenamento e baixo custo.

23

Hoje, estas memórias chegam a ter 32GB de capacidade de armazenamento.

A idéia de armazenar uma grande quantidade de dados é fazer uma análise

qualitativa e quantitativa para se ter um maior conhecimento dos processos

envolvidos (análise de produtividade, por exemplo).

Em relação à interface homem-máquina, o novo AVC contemplará um display

alfanumérico de 2x40 caracteres (Figura 17), 7 botões de acesso aos menus e

variáveis e 4 botões para alteração do valor das variáveis. A IHM comunica-se com o

LPC2148 através de 7 pinos digitais, pelos quais são transmitidos sinais de controle

e dados.

Figura 17. Display alfanumérico de 40x2 caracteres.

Devido a grande quantidade de sinais digitais, os mesmos foram separados

no diagrama esquemático em entradas e saídas e de uso interno e externo, como

pode ser observado na Figura 13.

As saídas digitais internas chamadas step, dir e enable são sinais enviados

ao driver do motor de passo. Um driver tem por objetivo transformar um sinal (step)

em tantas quantas bobinas o motor de passo possuir, fornecer corrente suficiente e

outras características que serão abordadas mais adiante.

Entre as oito saídas digitais externas disponíveis, três acionam relés que já

possuem funções específicas. São elas: arco aberto, disparo fonte e sinal de falha.

O sinal de arco aberto acionará um relé quando for detectada a corrente de

soldagem acima de um valor específico. Este sinal pode ser usado pelos dispositivos

de automação do deslocamento da tocha de soldagem. No exemplo já citado, o robô

só iniciaria sua trajetória quando este relé for acionado. O sinal de disparo de fonte

acionará um relé quando o AVC iniciar seu funcionamento, o qual habilitará a fonte

de soldagem. O sinal de falha será habilitado quando seu sistema de proteção for

acionado, podendo acionar também a emergência de outros equipamentos.

As outras três saídas digitais externas têm como características a operação

em 15V, com capacidade de fornecimento de corrente de 500mA cada. Estas portas

24

foram disponibilizadas com essa conFiguração caso haja a necessidade de

chaveamento em alta frequência. Estas saídas ainda não possuem funções

específicas, porém foram disponibilizadas prevendo aplicações no futuro.

As entradas digitais internas permitem a leitura de quatro chaves e um sinal

de falha do driver do motor de passo. Duas chaves estão localizadas no dispositivo

mecânico do AVC e correspondem ao fim de curso de movimentação. Outra está

localizada no painel do equipamento e corresponde ao botão de emergência do

AVC. O sinal de falha (fault) do driver é acionado quando algum problema ocorrer

com o mesmo. Todas estas entradas digitais são utilizadas no sistema de proteção

do AVC.

Ainda há uma outra entrada digital com função de proteção. Esta entrada tem

a mesma função do botão de emergência, porém a idéia é que este botão esteja

afastado do AVC, em uma bancada que controle vários equipamentos remotamente,

por exemplo.

As outras entradas digitais externas são inicia processo e habilita correção, as

quais são usadas durante o funcionamento do AVC. Outras três entradas digitais

estão disponíveis para uso futuro. A eletrônica projetada para ler estas portas

permite que uma chave simples, contato seco de relé ou aplicação de tensão de até

24V seja usado para o acionamento destas portas. Buscou-se tornar o sistema

compatível com a utilização de robô, Controlador Lógico Programável (CLP) e

dispositivos similares de automação industrial.

Uma característica importante neste projeto foi a utilização de opto-

acopladores em todos os sinais digitais e nas entradas analógicas. Isto permite total

isolamento entre os sinais do AVC e os sinais provenientes do arco elétrico e de

outros equipamentos, eliminando a possibilidade de um sinal ruidoso acionar alguma

porta indesejavelmente e, com isso, aumentando a fidelidade na leitura da tensão.

Esta característica torna o sistema mais confiável e robusto.

A desvantagem de se utilizar inúmeros opto-acopladores é que muitas fontes

de alimentação são requeridas. Como pode ser observado na Figura 13, existem

nove fontes de alimentação na placa de controle do AVC. Quatro destas fontes

utilizam a estrutura padrão de uma fonte linear. Define-se como estrutura padrão a

utilização de transformador, ponte retificadora, filtro de entrada, circuito integrado

25

regulador de tensão e filtro de saída. Outras quatro fontes são obtidas com a

utilização de técnicas de fontes chaveadas. Sua estrutura básica possui um

oscilador, um amplificador de corrente e transformador de pulso. Outra fonte de

alimentação é obtida com a utilização de um circuito integrado conversor cc-cc.

Percebe-se então que a eletrônica desenvolvida para o novo AVC contempla

todos os requisitos de projeto e prevê uma integração maior do que a requisitada no

projeto, deixando uma folga para aplicações futuras. Diversas portas foram

adicionadas, tais como leitura dos botões de emergência (painel e bancada), fault do

driver, memória de alta capacidade, IHM mais acessível, RS232, arco aberto, sinal

falha, e outras nove portas digitais e uma analógica foram disponibilizadas para uso

futuro. Além disso, foi levado em consideração a forma com que os sinais são

tratados (com uso de filtros e opto-acopladores) e como serão utilizados (através de

robô, CLP, etc.).

A seguir será visto como esta eletrônica toda foi desenhada, pensando nos

requisitos técnicos de projeto, tais como melhor acomodação dos componentes

eletrônicos e acessibilidade dos sinais e também nos requisitos de projeto, tais como

manutenibilidade e manuseabilidade.

3.3: Layout das Placas

Uma placa de circuito impresso é usada para suportar mecanicamente e

conectar eletricamente os componentes eletrônicos através de condutores em forma

de trilhas e vias. As placas de circuito impresso são usadas em todos os dispositivos

eletrônicos, por isso se tornou alvo de estudo e avanços tecnológicos.

Há mais de cem anos, as placas utilizavam o método through-hole, que

consiste em posicionar os componentes em um lado da placa e, através de um furo,

soldar do outro lado. Nas últimas décadas, a miniaturização dos componentes

eletrônicos permitiu a soldagem de componentes na superfície da placa (surface

mount), sem necessidade de furação.

Os avanços tecnológicos também permitiram a utilização de várias camadas

sobrepostas de condutores e isolantes conectadas através de vias metalizadas. As

placas multicamadas são usadas em projetos complexos, como os de placa-mãe de

26

computadores, e permite a miniaturização das placas. Com a colaboração dos

engenheiros de materiais, espera-se que o próximo nível de evolução permita a

construção de placas flexíveis (eletrônica orgânica).

Enquanto esta tecnologia não está disponível, desenha-se a placa em um dos

diversos programas computacionais e utiliza-se de um dos diversos processos

industriais para a sua manufatura (serigrafia, fotoplotagem, jato abrasivo, deposição

metálica, transferência de imagem, etc.).

A complexidade no layout da placa envolve o número de componentes e

conexões e determina qual a melhor ferramenta computacional para o desenho da

mesma. O hardware que compõe o AVC foi separado em duas placas, controle e

IHM. A placa de controle é mais complexa e foi desenhada no Orcad da empresa

Cadence e a placa de IHM foi desenhada no Proteus da Labcenter Electronics.

A principal ferramenta desta categoria de programas computacionais é

chamada de Auto Route. Uma vez posicionados todos os componentes, usa-se

então o Auto Route para a criação das trilhas e vias (conexões entre faces ou

camadas).

A problemática reside na quantidade de informações que é passada ao

programa para que a criação das trilhas seja realizada com sucesso. Estas

informações são: tamanho das trilhas, distância mínima entre qualquer objeto e

quais áreas não pode haver cruzamento de trilhas. No Orcad, muita informação pode

ser adicionada no projeto, tornando-o complexo, mas garante um excelente

resultado no roteamento automático. No Proteus, pouca informação é passada ao

programa, caracterizando-o como uma ferramenta mais fácil, ideal para projeto de

placas pequenas ou com poucos componentes eletrônicos.

O desenho das placas de controle e IHM pode ser visualizado através do

Anexo 2. A identificação dos principais blocos da placa de controle pode ser

visualizada na Figura 18. Os blocos estão listados abaixo:

1) Fontes;

2) Placa do LPC2148;

3) Comunicação serial RS232;

4) Comunicação com a placa IHM;

5) Comunicação com SD Card;

27

6) Comunicação serial SPI;

7) Leitura de corrente;

8) Leitura de tensão;

9) Entradas digitais de uso interno;

10) Entradas e saídas analógicas de uso externo;

11) Saídas dos relés;

12) Entradas digitais de uso externo;

13) Entradas digitais de uso externo;

14) Saídas digitais de uso externo;

15) Saídas digitais de uso interno;

A placa foi projetada pensando-se também no gabinete do AVC. A idéia é que

o usuário tenha acesso aos conectores (blocos 10, 11, 12, 13 e 14 da Figura 18) por

uma porta de fácil abertura. O limite de acesso da placa de controle é dado pela

linha em vermelho na Figura 18.

A identificação dos principais blocos da placa IHM pode ser visualizada na

Figuras 19. Seus blocos estão listados abaixo:

1) Comunicação com a placa de controle;

2) Display;

3) Botões de acesso aos menus e variáveis;

4) Botões de mudança das variáveis.

Nas duas placas utilizou-se as duas faces da placa para o desenho de trilhas

e malhas de terra (dupla face). Na manufatura das mesmas utilizou-se o método

industrial de fotoplotagem, que consiste em banhar as placas em solução

fotossensível, que após queimada é revelada em meio corrosivo à semelhança das

fotografias. Na placa de controle optou-se ainda pela utilização de componentes

miniaturizados (SMD) em um dos lados da placa.

A utilização de SMD diminui o número de furos na placa e o espaço físico

ocupado pelos componentes, reduzindo o tamanho da placa. Isto justifica seu uso,

uma vez que a diminuição na quantidade de furos (exige menor tempo na

fabricação) e redução do tamanho da placa implicam em diminuição no custo da

manufatura das placas.

28

Figura 18. Principais blocos da placa de controle.

Figura 19. Principais blocos da placa IHM.

29

As características adotadas para a manufatura das placas garantem

qualidade e confiabilidade no funcionamento do AVC. As placas com seus

respectivos componentes eletrônicos montados podem ser visualizadas nas Figuras

20 e 21.

Figura 20. Placa de controle.

30

Figura 21. Placa IHM.

3.4: Dimensionamento do Motor de Passo e seu Driver de Potência

Seguindo o mesmo raciocínio do microcontrolador LPC2148, o motor de

passo e o driver foram escolhidos há alguns anos em reunião da equipe de trabalho.

A idéia também foi escolher dispositivos que preenchessem requisitos dos projetos

de automação do LABSOLDA.

O motor de passo escolhido foi o modelo 401 da série HT23 (Figura 22) da

Applied Motion. A principal característica usada para o desenvolvimento deste

trabalho é o ângulo do passo (1,8º). Com esse dado é possível estabelecer uma

relação entre número de passos e deslocamento angular.

Figura 22. Modelo 401 (esquerda) da série HT23 da Applied Motion.

O driver do motor de passo que a Applied Motion recomenda para utilizar com

o motor HT23-401 é o STR8 (Figura 23).

31

Figura 23. Driver do motor de passo usado com o HT23-401 [4].

Conforme anteriormente observado, há uma certa complexidade na operação

do motor de passo. Sua complexidade reside no fato de ser necessária a ativação

sequencial de suas bobinas. O controle do motor torna-se menos complexo com a

utilização de um driver, o qual possui sinais de controle chamados de step, dir e

enable.

O enable tem por objetivo ligar ou desligar o motor. O dir diz respeito ao

sentido de rotação do motor (horário ou anti-horário) e o step é responsável pela

velocidade com que o eixo do motor irá se mover.

Estas funções básicas estão disponíveis em todos os drivers disponíveis no

mercado. O STR8 possui, ainda, uma série de funcionalidades que podem ser

ajustadas através de chaves localizadas na parte externa do driver, além de possuir

suas entradas e saídas opto-acopladas, tornando-o mais versátil e robusto.

A Figura 24 indica as conexões e ajustes possíveis no driver. As conexões

com o motor e com a fonte de 70V é realizada no conector mais a esquerda na

Figura 24. No outro conector, tem-se as entradas step, dir e enable, e a saída fault,

usada no sistema de proteção do AVC. Com a chave rotatória localizada no canto

direito é possível escolher o motor que usar-se-á com o driver (neste caso o HT23-

401). Os drivers da família STR são otimizados para usar com alguns motores

cuidadosamente escolhidos [4].

Nas chaves localizadas no centro do driver é possível ajustar a corrente

máxima do motor, corrente com o motor ocioso, número de passos por revolução,

uma estimativa da inércia da carga e ainda realizar um teste de movimentação

repetitivo.

32

O teste de movimentação permite checar se as conexões com o motor estão

corretas, se o motor foi adequadamente selecionado e se encontra operacional.

Figura 24. Driver do motor de passo usado com o HT23-401 [4].

A maioria destas características é automaticamente ajustada quando o motor

é selecionado pela chave no canto direito. Porém, melhorias podem ser feitas com

os ajustes. Como exemplo, diminuir para 50% a corrente nas bobinas quando o

motor está ocioso pode evitar problemas térmicos com o uso contínuo do motor ou

ainda se ter maiores precisões com o aumento do número de passos por revolução.

O driver que a primeira versão do AVC usava era de autoria do próprio

LABSOLDA e perdurou durante anos em vários dispositivos de automação usados

no laboratório. Este driver funcionava bem durante a maior parte das operações as

quais era requisitado. Contudo, o mesmo era muito sensível quanto a variações

bruscas de carga no motor, ocasionado a queima de seu principal componente.

A troca do driver juntamente com o novo dispositivo mecânico tornaram o

AVC muito mais robusto e confiável. Estas características também são fundamentais

para dirimir o tempo com manutenção e para o lançamento de um dispositivo como

este na indústria.

33

Capítulo 4: Desenvolvimento do Software

O software deve complementar o hardware de forma a processar os sinais e

executar alguma ação. Além disso, procura-se utilizar práticas de programação para

criar programas que sejam reutilizáveis, eficientes do ponto de vista computacional e

de fácil manutenção.

Assim como o hardware, o software do novo AVC foi totalmente remodelado

por alguns motivos, sendo o principal deles a substituição do microcontrolador. De

fato, é uma tarefa árdua escrever um programa para certa aplicação e reutilizá-lo em

outras distintas, tais como fontes de soldagem, sistema de aquisição de dados e

dispositivos de automação. Mais difícil ainda é escrever um programa para um

microcontrolador e reutilizá-lo em outros microcontroladores.

Neste sentido, a equipe de desenvolvimento do LABSOLDA adotou uma

postura de boa prática de programação no momento que foi escolhido um único

microcontrolador para todas as aplicações. Uma estrutura de software padrão foi

desenvolvida para ser reutilizada em novas frentes de trabalho e o tempo

despendido com a aprendizagem de novos microcontroladores não se faz mais

necessária.

Este capítulo abordará esta estrutura básica, bem como o programa principal,

a descrição das funcionalidades do AVC e o kit montado para o desenvolvimento do

software.

4.1: Kit de Desenvolvimento

Com o projeto do hardware executado e testado, foi possível começar o

desenvolvimento do software do AVC. Para isso, foi montado um kit de

desenvolvimento contendo o hardware desenvolvido, transformadores, driver do

motor de passo e a parte mecânica do AVC.

A Figura 25 mostra a bancada de desenvolvimento do AVC, a qual possui um

computador, uma fonte de tensão regulável, um osciloscópio e o kit de

desenvolvimento do AVC.

34

Figura 25. Bancada de desenvolvimento do AVC.

O computador foi utilizado para o projeto das placas (esquemático e layout),

desenvolvimento do software e documentação. A utilização da fonte de tensão

ajustável foi imprescindível no desenvolvimento e teve por finalidade simular a

tensão do arco elétrico. Certamente a dinâmica do arco difere muito de uma simples

movimentação dos botões de uma fonte de tensão, mas seu uso foi fundamental

para se ter uma noção do comportamento do AVC com a leitura da tensão. O

osciloscópio foi amplamente usado tanto na calibração e primeiros testes do

hardware bem como no desenvolvimento do software.

O kit de desenvolvimento do AVC (Figura 26) é constituído de placas de

controle e IHM, três transformadores, driver do motor de passo e dispositivo

mecânico. A parte mecânica compreende o motor de passo, que é acoplado por um

conjunto de polias e correia ao fuso e guia linear, de maneira a permitir a

movimentação do eixo.

35

Figura 26. Kit de desenvolvimento do AVC.

4.2: Software Básico Implementado para o LPC2148

Um processo de desenvolvimento de software é um conjunto de atividades,

parcialmente ordenadas, com a finalidade de obter um produto de software. O

sucesso deste produto depende do êxito alcançado em cada etapa do processo.

Algumas etapas do processo de desenvolvimento de software compreendem

a análise de requisitos, escolha da arquitetura de software, implementação, teste,

documentação e manutenção.

A análise de requisitos e arquitetura são peças chaves na criação do software

e exigem muita experiência por parte do profissional para garantir que as

necessidades de software irão ao encontro dos requisitos. A escolha do LPC2148,

por exemplo, se encaixa nestas etapas iniciais do processo de desenvolvimento de

software.

A implementação deve ser a parte mais evidente do desenvolvimento do

software onde o projeto é transformado em código. O teste é realizado durante a

implementação para suprir os defeitos e preencher os requisitos necessários.

36

Documentação e manutenção são etapas importantes e tem por finalidade descobrir

novos problemas e requisitos e corrigi-los.

Estas etapas nem sempre são realizadas pelos mesmos programadores. Isto

acontece muito no meio acadêmico, por exemplo, onde o fluxo de colaboradores é

intenso. Isto caracteriza-se em um problema, pois aumenta muito o tempo de

desenvolvimento ou o insucesso no produto final, o software.

Na tentativa de dirimir este problema, um software básico foi implementado

para o LPC2148 para que possa ser utilizado em diversas aplicações. Este software

contempla codificação para a inicialização do microcontrolador, conversores

analógico-digital, conversor digital-analógico, timers, interrupções, comunicação

serial e USB, conFiguração da pinagem (ver descrição do LPC2148 no capítulo 4.1),

PWM e rotinas de leitura e escrita das portas de uso geral.

A medida que novos dispositivos são desenvolvidos, pedaços de código são

incorporados à estrutura básica, como foi no caso do desenvolvimento do AVC, que

permitiu a incorporação da comunicação com memória externa e uma melhor IHM.

Além da reutilização, outra característica importante na codificação é a

manutenibilidade. É essencial que um software seja facilmente modificado, por

programadores distintos, afim de corrigir defeitos ou adequá-lo a novos requisitos.

Seguindo os conceitos de engenharia de software, escolheu-se a linguagem

C++ para ser utilizada no LPC2148. Esta linguagem permite um alto nível de

reutilização e manutenibilidade porque é uma linguagem orientada a objetos [5].

Na programação orientada a objetos, implementa-se um conjunto de classes

que definem os objetos presentes no software. Cada classe determina o

comportamento (definido nos métodos ou funções) e estados possíveis (atributos ou

variáveis) de seus objetos, assim como o relacionamento com outros objetos. Por

exemplo, num objeto chamado Carro, tem como métodos Acelerar, Abrir janela,

Buzinar, e como atributos Cor, Modelo e Motor. Um outro objeto chamado Motorista,

tem como método Dirigir e atributos Idade e Responsabilidade. Estes objetos podem

ou não interagir.

No software da estrutura básica do LPC2148, por exemplo, um dos objetos é

o Conversor. Seus métodos são lerTensao, lerCorrente, lerEntradaAuxiliar e

escreverTensao e seus atributos são varTensaoLida, varCorrenteLida,

37

varTensaoAuxiliarLida e VarTensaoEscrita. Qualquer aplicação que necessite utilizar

os conversores, basta criar uma instância do objeto Conversor, por isso a

importância da reutilização.

Outra questão de suma importância na linguagem C++ é a abstração dos

dados. Na definição das classes, as variáveis podem ser públicas ou privadas.

Quando designada como pública, as variáveis podem ser usadas por outros objetos.

Caso contrário, apenas o próprio objeto pode usar suas variáveis. Esta característica

aumenta a estabilidade dos softwares.

A estabilidade do programa é função da restrição dada às variáveis. Diz-se

que um bom programa escrito na linguagem C é aquele que contém poucas ou

nenhuma variável global, aquela acessível em todo o programa. Na linguagem C++,

uma boa prática de programação é criar variáveis e funções do tipo Private e não

Public.

4.3: Implementação da Classe AVC e suas Funcionalidades

Com o hardware disponível e o software para tratá-lo é chegado o momento

do desenvolvimento do software que realizará de fato as ações do equipamento.

Seguindo a lógica de orientação a objetos, concebeu-se uma classe chamada

AVC, cujos principais métodos e atributos são as ações que o equipamento pode

realizar e as variáveis de referência ajustadas pela IHM. A seguir é mostrado um

trecho de código da classe AVC com os principais métodos e atributos.

class AVC{ public: int CapturarDados(int); void interpretar(int,int); void executaSoldagem(void); void executaReferencia(void); void executaSimulacao(void); void executaReferenciaManual(void); void moveMotor(int); void lerSinaisProtecao(void); private: int flagEB,flagEP,flagFCE,flagFCD,flagDRV; int sinalErro; int tensaoRef; int Kp; int posicaoInicialRef; int recuoRef; int uccRef; };

38

Na prática esta classe possui outros métodos e atributos (privados) que

complementam as principais funcionalidades e não serão abordados.

Os métodos CapturarDados e interpretar são responsáveis pela comunicação

com a IHM. Esta comunicação é amplamente usada, uma vez que as ações que o

AVC realiza dependem da utilização da IHM.

O método executaSoldagem se caracteriza como a principal ação que o AVC

pode realizar. O fluxograma deste método bem como a variável usada em cada

etapa do processo está ilustrado na Figura 27.

Ao entrar no executaSoldagem, o AVC fica aguardando o sinal inicia processo

ser acionado. Uma vez acionado, o AVC entra na etapa de abertura do arco elétrico

movimentando a tocha de soldagem no sentido de provocar um curto-circuito entre o

eletrodo e a peça. A tensão de curto-circuito pode ser ajustada pela IHM (atributo

uccRef dado em volts, discutido mais adiante) para aumentar a vida útil do eletrodo.

Detectado o curto-circuito, o AVC irá mover a tocha no sentido de afastar o eletrodo

da peça para abrir o arco elétrico. Este afastamento também pode ser ajustado pela

IHM (atributo recuoRef dado em milímetros) para se obter a tensão do arco elétrico

mais próxima possível da tensão de referência.

Na sequência, o AVC passa para a etapa de controle de altura do arco

elétrico. A diferença da tensão de referência ajustada na IHM (atributo tensaoRef

dado em volts) e da tensão lida do arco gera um sinal de erro (atributo sinalErro

dado em volts), o qual é passado ao controlador e por fim, ao motor de passo.

Quando o arco elétrico estiver com tensão acima da tensão de referência, um

esforço de controle é realizado no sentido de diminuir a altura do arco. Por outro

lado, quando o arco estiver com tensão abaixo da tensão de referência, um esforço

de controle é realizado no sentido de aumentar a altura do arco.

Esta etapa de correção é realizada até que o sinal inicia processo seja

desativado. Quando isto ocorrer, o método executaReferencia é chamado

movimentando a tocha a uma posição determinada pelo atributo posicaoInicialRef,

ficando a espera de uma nova soldagem.

O método moveMotor talvez seja o mais usado no AVC e como o próprio

nome sugere ele é responsável pela movimentação do motor de passo. Ele recebe

39

como parâmetro o tempo entre pulsos, determinando a velocidade com que o motor

irá se mover.

Figura 27. Fluxograma do método executaSoldagem.

O método executaSimulacao tem a função de simular o procedimento de

soldagem. Do ponto de vista computacional este método é parecido com o

executaSoldagem, diferindo pela inexistência do arco elétrico e, consequentemente,

sem correção de altura. Este função é normalmente utilizada uma vez antes de

realizar a soldagem, quando algum parâmetro do robô ou da fonte de soldagem é

alterado para a averiguação dos dispositivos de automação. O fluxograma do

método executaSimulacao está ilustrado na Figura 28.

Executa Soldagem

Inicia

Processo?

Curto-circuito?

Aproxima Tocha

Posição de

Recuo?

Fim do

Processo?

Sinal de Erro?

Executa

Referencia

Uref

Uarco

Afasta Tocha

Corrige a altura

UccRef

RecuoRef

PosInicialRef

TensaoRef

N

S

N

N

S

S

S

S

N

N

40

Figura 28. Fluxograma do método executaSimulacao.

O método executaReferencia é chamado pelos métodos supracitados e

também pode ser chamado por meio da IHM. O que ele faz é afastar a tocha de

soldagem até bater na chave de fim de curso e retornar a distância ajustada pela

variável posicaoInicialRef. O fluxograma do método executaReferencia está ilustrado

na Figura 29.

Outra ação que o objeto AVC é capaz de realizar é executaReferenciaManual,

o qual permite posicionar a tocha de soldagem através da IHM (Figura 30). Os

botões da direita e superior movem o tocha em um sentido com velocidades X e 5X,

respectivamente. Os botões da esquerda e inferior movem a tocha no outro sentido

com velocidades X e 5X, respectivamente.

Executa Simulação

Inicia

Processo?

Curto-circuito?

Aproxima Tocha

Posição de

Recuo?

Fim do

Processo?

Executa

Referencia

Afasta Tocha

N

S

N

N

N

S

S

S

UccRef

RecuoRef

PosInicialRef

41

Figura 29. Fluxograma do método executaReferencia.

Figura 30. Botões utilizados no método executaReferenciaManual.

O método lerSinaisProtecao é responsável pela leitura e acionamento da

proteção do equipamento. Existem cinco formas de acionamento:

Chave de emergência localizada no painel do equipamento;

Chave de emergência localizada em um bancada externa;

Chave de fim de curso localizada em um dos extremos do dispositivo

mecânico;

Chave de fim de curso localizada no outro extremo do dispositivo

mecânico;

Sinal de falha do driver do motor de passo (fault).

Executa Referencia

Inicia

Processo?

Fim de curso?

Afasta Tocha

Posição de

Referência?

Aproxima Tocha

N

S

N

N

S

S

PosInicialRef

42

Os atributos da classe AVC relacionados com o sistema de proteção são

flagEB, flagEP, flagFCE, flagFCD e flagDRV.

O sistema de proteção possui prioridade máxima no funcionamento do AVC,

ou seja, a proteção é ativada não importa qual método estiver em execução. Assim

que algum dos sinais de proteção for acionado, o motor será desligado, a saída sinal

de falha será acionada (para desligar fonte de soldagem e robô, por exemplo) e uma

mensagem no display indicará qual dos cinco sinais de proteção foi acionado.

Assim que qualquer tecla for apertada, o sistema será reiniciado e o método

executaReferencia automaticamente realizado. Nenhum dado será perdido pois os

mesmos são guardados em uma memória não-volátil.

Em relação a memória, o usuário pode ainda gravar os dados em seis

posições de memória, possibilitando o uso do mesmo equipamento em várias

bancadas ou vários usuários utilizando a mesma bancada, por exemplo.

Com pode ser observado, a linguagem orientada à objetos permite uma maior

integração entre a codificação e as ações que o equipamento pode realizar. Esta

característica facilita a interpretação da codificação e, consequentemente, o

aumento de sua manutenibilidade.

4.4: Calibração do Sistema de Medição

Calibração é o nome dado ao conjunto de operações que estabelecem a

relação entre os valores indicados por um sistema de medição e os valores

correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões.

A calibração do sistema de medição do AVC é fundamental para que todo o

sistema seja validado.

Uma das vantagens deste AVC é a possibilidade de operação com fontes de

soldagem de diferentes fabricantes, bastando apenas uma calibração. Visando

aprimorar ainda mais o AVC, um menu chamado ‘calibração’ foi implementado, o

qual mostra na tela do display a tensão medida. Esta implementação facilita muito a

calibração, realizada através de potenciômetros no hardware do AVC.

43

Capítulo 5: Resultados e Discussões

5.1: Navegação Intuitiva dos Menus

A substituição do display (8x1 para 40x2 caracteres) e o aumento no número

de botões (5 para 11) permitiu uma melhor organização dos menus e variáveis. Seis

botões são usados para acessar menus e variáveis, 4 botões são usados para

alterar o valor da variáveis (e também movimentar a tocha no modo posicionamento

manual) e um botão tem a função de voltar menu. Estes botões estão representados

pelas letras a, b e c na Figura 31.

Figura 31. IHM mais intuitiva. Botões (a) acessam menu e variável; Botões (b)

alteram valor de variáveis; botão (c) volta ao menu anterior.

Estas substituições e o modo como o software da IHM foi programada

tornaram a navegação pelos menus e variáveis mais intuitiva e permitiu a

visualização de uma maior quantidade de informações. A principal tela do AVC

(Figura 32) permite acessar as funções de soldagem, simulação, posicionamento da

tocha manual e automático, conFiguração das variáveis e obter também informações

como versão, número de série e calibração.

Ao acessar o menu ‘SOLDAR’, o AVC realiza o método executaSoldagem e

durante a operação, a IHM especifica na tela em qual etapa o AVC se encontra

(Figura 33).

44

Figura 32. Menu principal do AVC.

Figura 33. Etapas de operação do AVC no modo Soldagem.

No menu CONFIGURAÇÃO (Figura 34), o usuário pode alterar o valor das

variáveis, limpar a memória, restaurar os valores padrões, salvar e carregar as

variáveis na memória.

Nos submenus SALVAR/CARREGAR (Figura 35) o usuário tem a

possibilidade de gravar/ler até 6 posições de memória. Isto facilita o manuseio do

equipamento quando o mesmo é utilizado por vários usuários ou até mesmo quando

um usuário testa o AVC com vários parâmetros de soldagem.

45

Figura 34. Menu CONFIGURAÇÃO permite diversas operações com as variáveis e

memória.

Figura 35. Menu SALVAR/CARREGAR permite gravar e ler as variáveis na

memória.

No submenu VARIAVEIS (Figura 36), o usuário pode escolher a variável

através dos botões tipo (a) e alterar o valor através dos botões tipo (b). Os botões (b)

superior e inferior acrescentam ou diminuem uma unidade, enquanto os botões da

direita e esquerda acrescentam ou diminuem uma casa decimal da variável

escolhida. A tabela 1 mostra os valores limite de cada variável.

Figura 36. Menu VARIAVEIS permite alterar o valor das variáveis do sistema.

Algumas informações podem ser extraídas da tabela 1, como por exemplo, o

comprimento máximo de correção do arco (80,0 mm), dado pelo limite superior da

variável ‘Posição inicial’. A constante de proporcionalidade (Kp) e a tensão de curto-

circuito são novidades nesta versão do AVC e permitem uma maior flexibilidade na

operação.

46

A variável Kp afeta diretamente o controlador da malha de controle e tem por

finalidade alterar a velocidade com que o AVC corrige a altura do arco. O valor desta

variável deve ser aumenta quando a peça a ser soldada apresentar variações

bruscas no seu perfil. A tensão de curto-circuito pode ser ajustada com o intuito de

aumentar a vida útil do eletrodo de tungstênio e, consequentemente, diminuir o

tempo gasto com a afiação ou troca do mesmo.

Tabela 1. Valores limite das variáveis do sistema.

Variável Limite inferior Valor padrão Limite superior

Tensão de referência [v] 0,1 20,0 50,0

Tensão de curto-circuito [v] 0,1 8,0 20,0

Distância de recuo [mm] 0,1 5,0 30,0

Posição inicial [mm] 0,1 50,0 80,0

Constante de proporcionalidade [ - ] 0,1 1,0 10,0

5.2: Compatibilidade do Sistema com Fontes de Soldagem

A estrutura eletrônica adotada para realizar a leitura do arco elétrico permitiu

a compatibilidade do AVC com fonte de energia de diferentes marcas.

A realização da leitura é feita através de cabos conectados diretamente nos

bornes de saída da fonte de soldagem. O sinal é tratado e enviado para o

microcontrolador, que disponibiliza na forma digital o valor de tensão para a correção

da altura do arco elétrico.

A calibração deste sistema de medição é facilitada com a visualização dos

dados no display da IHM. Com uma fonte de tensão regulável e um voltímetro é

possível calibrar o sistema ajustando um potenciômetro localizado na placa de

controle.

A Figura 37 mostra a tela de calibração da tensão e corrente. Como pode ser

observado, a leitura da corrente ainda não foi implementada e a leitura de tensão

acusava 0,12 V mesmo com nenhum sinal sendo aplicado na entrada. Isto é

causado pela de propagação de erros existente em qualquer sistema de medição.

A resolução do conversor analógico-digital, a tolerância do componentes

passivos e a temperatura são alguns dos fatores que determinam o erro total de

47

sistema de medição. No projeto, determinou-se um erro de 0,1 V na leitura do

conversor, o que está muito próximo do valor real apresentado pelo sistema.

Figura 37. IHM facilita a calibração do sistema de medição.

5.3: Sistema de Proteção

Um dos principais motivos para a realização deste trabalho foi a ausência de

um sistema de proteção na primeira versão do AVC. O sistema de proteção

desenvolvido realiza a leitura de cinco sinais de proteção e o acionamento um relé

(sinal de falha) para ativar a proteção de equipamentos que funcionam em conjunto

com o AVC.

A proteção foi propositalmente acionada em diversas ocasiões para validação

do sistema. Ao acionar o sistema de proteção, o motor é ligeiramente desligado, a

saída do relé acionada (para ativar a proteção de outros equipamentos, se preciso) e

o display acusa qual sinal acionou a proteção para a resolução do problema

encontrado.

As Figuras 38 e 39 mostram o display no momento em que a chave de fim de

curso direita em uma operação de posicionamento manual e, outrora, a chave de

emergência do painel são fechadas, respectivamente. As siglas FCE, FCD, EP, EB e

DRV significam Fim de Curso Esquerdo, Fim de Curso Direito, Emergência Painel,

Emergência Bancada e Driver, respectivamente.

Depois que o usuário pressionar o botão ‘REINICIAR’, o sistema é reiniciado

e a tocha de soldagem é movimentada até a posição inicial.

Fontes de soldagem que possuem sinal de saída indicando proteção ativada

(a exemplo das fontes da IMC usadas no LABSOLDA), podem usar o sinal

‘Emergência Bancada’ para acionar a proteção do AVC. Neste sentido, robôs e

CLP’s também podem acionar a proteção do AVC usando o mesmo sinal. Talvez o

48

nome mais adequado para este sinal fosse ‘Emergência Externa’ ao invés de

‘Emergência Bancada’.

Figura 38. Proteção ativada pela chave de fim de curso direita.

Figura 39. Proteção ativada pela chave de emergência do painel.

5.4: Resultados Práticos

Os testes práticos com o AVC foram realizados em uma bancada de

soldagem, cujos equipamentos utilizados estão enumerados na Figura 40.

Na Figura 40, a fonte de soldagem está representada pelo número 1. Esta

fonte permite a soldagem de vários processos tais como eletrodo revestido, MIG,

TIG e Plasma. A escolha do processo e o ajuste das variáveis de soldagem são

realizadas pela IHM na parte frontal da máquina. No TIG, por exemplo, podem ser

ajustadas a corrente contínua de soldagem, a tensão de curto-circuito, corrente na

fase final do processo, tempo de fase final, corrente de curto-circuito, entre outras

variáveis. A principal grandeza a ser ajustada é a corrente de soldagem e para os

testes do AVC foi escolhida uma corrente de 100 A. Esta magnitude de corrente é

relativamente baixa e não chegou a provocar a fusão das chapas utilizadas nos

testes, pois o objetivo final é verificar se o AVC está seguindo a referência de tensão

imposta.

49

Figura 40. Bancada utilizada para testes do AVC.

O número 2 e 3 representam a unidade de controle e IHM de um dispositivo

de automação que permite deslocar a tocha de soldagem com dois graus de

liberdade. Este sistema chamado de Tartílope V2, assim como a fonte de soldagem

supracitada são equipamentos desenvolvidos também no LABSOLDA. Apesar do

Tartílope V2 possuir dois graus de liberdade, apenas um eixo foi utilizado para os

testes do AVC, cuja velocidade de deslocamento ajustada foi de 80 cm/min.

O número 4 é um conjunto representado pelo dispositivo mecânico do

Tartílope V2, pelo dispositivo mecânico do AVC e pela tocha de soldagem e o

número 5 representa o kit de desenvolvimento do AVC. O computador (6) foi

utilizado para fazer ajustes no software do AVC a medida que os problemas foram

aparecendo.

As medidas foram realizadas com o Sistema de Aquisição Portátil (SAP4,

Figura 41), desenvolvido pelo LABSOLDA em parceria com a IMC Soldagem. Esta

ferramenta permite monitor as principais grandezas envolvidas nos processos de

soldagem a arco elétrico, tais como tensão, corrente, velocidade de adição de arame

e vazão do gás de proteção da poça de fusão. Caracteriza-se como uma poderosa

ferramenta para análise dos processos de soldagem, tanto para o ensino e pesquisa,

quanto para a indústria.

50

Figura 41. Sistema de Aquisição Portátil (SAP4) utilizado para monitoramento da

tensão do arco elétrico nos ensaios do AVC.

Os principais testes com soldagem foram conduzidos em três situações

geométricas distintas e estão descritas a seguir.

5.4.1: Soldagem em chapa plana

O primeiro teste com soldagem foi realizado em uma chapa plana de aço

(Figura 42) com o intuito de verificar o erro em regime permanente, dado pela

diferença entre o valor de tensão de referência e o valor lido, para o caso mais

simples onde não há variação da superfície.

Os parâmetros do AVC utilizados para o teste estão listados na tabela 2.

Tabela 2. Parâmetros ajustados no AVC para soldagem em rampa

Variável Uref [v] Ucc [v] Recuo [mm] Kp [-]

Ensaio 1 12,0 8,0 4,0 3,0

Ensaio 2 13,5 8,0 5,0 3,0

Ensaio 3 15,0 8,0 6,0 3,0

51

Figura 42. Soldagem em chapa plana.

Os gráficos de tensão com valores instantâneos e médios obtidos para o

ensaio 1 estão ilustrados nas Figuras 43 e 44.

Figura 43. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o primeiro ensaio da

chapa plana.

A primeira impressão que se teve com este ensaio foi muito boa, pois a

tensão de referência de 12V foi seguida com sucesso. Observando o gráfico da

Figura 43, é possível observar uma oscilação no sinal de tensão. Porém, esta

oscilação tem componentes de altíssimas frequências, o que não seria possível ser

causada pela AVC, caracterizando-se assim, como ruído captado pelo sistema de

medição SAP4.

Um zoom dado no gráfico de valores médios releva um erro máximo de 0,22V

(Figura 45). Este erro de 1,8% pode ser proveniente da malha de controle, pois em

52

um sistema de controle onde há apenas um controlador proporcional, sempre haverá

um erro em regime permanente; pode ser consequência do erro sistêmico da leitura

de tensão (ver cap. 5.2); bem como um erro de leitura do próprio sistema de

aquisição de dados;

Figura 44. Gráfico de valores médios de tensão para o primeiro ensaio da chapa

plana.

Figura 45. Zoom no gráfico de valores médios de tensão para o primeiro ensaio da

chapa plana.

53

Outro zoom dado só que agora no gráfico de valores instantâneos de tensão

releva o tempo de curto-circuito dado entre o eletrodo de tungstênio e a chapa, o

momento de abertura do arco elétrico e o tempo para a estabilidade do AVC. Como

pode ser observado, o tempo de curto-circuito foi de 60 ms e o tempo para a

estabilidade, dado entre o tempo de abertura do arco e o tempo onde a tensão

chegou em regime permanente, foi de 110 ms.

Figura 46. Tempo de curto-circuito, abertura do arco elétrico e estabilidade do AVC

Em ambos casos, quanto menor o valor do tempo, mais bem sucedida será a

solda. Quanto menor o tempo de curto-circuito, menor será o dano à afiação do

eletrodo, uma vez que na fase de abertura o AVC empurra o eletrodo contra a

chapa. O tempo de curto-circuito pode ser alterado em consequência do ajuste da

tensão de curto-circuito no AVC.

Quanto a estabilização, é evidente que quanto menos tempo levar para o

AVC chegar em regime permanente, melhor será o resultado da solda, uma vez que

oscilações no arco elétrico provocam oscilações no aporte térmico e, em

consequência disto, poderá haver defeitos na peça soldada (ver cap. 2.4).

Os gráficos do segundo e terceiro ensaios, onde a tensão de referência é de

13,5V e 15V, respectivamente, estão ilustrados nas Figuras 47, 48, 49 e 50. O erro

em regime permanente para todos os casos ficou menor do que 2%.

54

Figura 47. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o segundo ensaio da

chapa plana.

Figura 48. Gráfico de valores médios de tensão para o segundo ensaio da chapa

plana.

55

Figura 49. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o terceiro ensaio da

chapa plana.

Figura 50. Gráfico de valores médios de tensão para o terceiro ensaio da chapa

plana.

56

5.4.2: Soldagem de Chapa em Rampa

O segundo teste com soldagem foi realizado em duas chapas de aço

dispostas de forma a se obter uma rampa de subida e outra de descida, conforme

pode ser observado na Figura 51. Este teste foi realizado com o intuito de aumentar

o esforço de controle do AVC e verificar o seguimento da referência.

Figura 51. Soldagem em rampa.

Os parâmetros do AVC utilizados para este teste estão listados na tabela 3.

Tabela 3. Parâmetros ajustados no AVC para soldagem em rampa

Variável Uref [v] Ucc [v] Recuo [mm] Kp [-]

Ensaio 1 12,0 8,0 4,0 3,0

Ensaio 2 13,5 8,0 5,0 3,0

Os gráficos com valores instantâneos e médios de tensão estão ilustrados

nas Figuras 52 e 53. Olhando-se para o gráfico da Figura 53, onde um zoom foi

dado, é possível observar dois níveis de tensão separados em t = 42 s. De fato, até t

= 42s a tocha de soldagem subiu a rampa e a partir daí desceu a rampa. O erro em

cada estágio está indicado na Figura: na subida tem-se um erro máximo de 0,6 V

(5%) e na descida um erro máximo de 0,23 V (1,9%).

57

Figura 52. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o primeiro ensaio da

chapa em rampa.

Figura 53. Gráfico de valores médios de tensão para o primeiro ensaio da chapa em

rampa.

Os gráficos do segundo ensaio, onde a tensão de referência é de 13,5V,

estão ilustrados nas Figuras 54 e 55. O erro em cada estágio está indicado na

Figura: na subida tem-se um erro máximo de 0,52 V (4,3%) e na descida um erro

máximo de 0,19 V (1,6%).

58

Figura 54. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o segundo ensaio da

chapa em rampa.

Figura 55. Gráfico de valores médios de tensão para o segundo ensaio da chapa

em rampa.

Como pode ser observado, o erro máximo obtido nos dois casos foi de 5% e

4,3%, que dependendo da aplicação é inaceitável. Porém, ressalva-se que a

velocidade de deslocamento da tocha ajustada nos ensaios é considerada elevada

para o processo TIG (sem adição de arame). Ainda, a constante de

proporcionalidade poderia ser aumentada com o intuito de dirimir este erro (teste

realizado em 5.4.3).

59

5.4.3: Soldagem em chapa irregular

Uma chapa foi conformada com subidas e descidas íngremes para estudar o

efeito da constante de proporcionalidade (Kp) na velocidade de resposta do AVC

frente a grandes deturpações. Esta chapa com estrutura irregular está ilustrada na

Figura 56.

Figura 56. Soldagem em chapa irregular.

Os parâmetros do AVC utilizados para o teste estão listados na tabela 4.

Tabela 4. Parâmetros ajustados no AVC para soldagem em rampa

Variável Uref [v] Ucc [v] Recuo [mm] Kp [-]

Ensaio 1 12,0 8,0 4,0 3,0

Ensaio 2 12,0 8,0 4,0 5,0

Ensaio 3 12,0 8,0 4,0 10,0

Os gráficos com valores instantâneos e médios de tensão obtidos com o

primeiro ensaio (Kp = 3) estão ilustrados nas Figuras 57 e 58. Olhando-se para o

gráfico da Figura 58, é possível observar o erro máximo atingido na subida mais

íngreme da chapa conformada de 1,16 V (9,7%).

60

Figura 57. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o primeiro ensaio da

chapa conformada.

Figura 58. Gráfico de valores médios de tensão para o segundo ensaio da chapa

conformada.

Os gráficos com valores instantâneos e médios de tensão obtidos com o

segundo ensaio (Kp = 5) estão ilustrados nas Figuras 59 e 60. Olhando-se para o

gráfico da Figura 60, é possível observar que o erro máximo atingido na subida mais

íngreme da chapa conformada foi de 1,04 V (8,8%).

61

Figura 59. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o segundo ensaio da

chapa conformada

Figura 60. Gráfico de valores médios de tensão para o segundo ensaio da chapa

conformada

Os gráficos com valores instantâneos e médios de tensão obtidos com o

terceiro ensaio (Kp = 10) estão ilustrados nas Figuras 61 e 62. Olhando-se para o

gráfico da Figura 62, é possível observar que o erro máximo atingido na subida mais

íngreme da chapa conformada foi de 0,95 V (7,9%).

62

Figura 61. Gráfico de valores instantâneos de tensão para o terceiro ensaio da

chapa conformada.

Figura 62. Gráfico de valores médios de tensão para o terceiro ensaio da chapa

conformada.

Este teste comprovou que o aumento da constante de proporcionalidade da

malha de controle aumenta a velocidade com que o AVC corrige a altura do arco

elétrico.

Mesmo com um Kp elevado (Kp = 10), o erro máximo mostrou-se inaceitável

(e = 7,9%). Contudo, este teste foi realizado apenas para demonstrar o efeito da

constante de proporcionalidade e estruturas como esta chapa conformada não

representam o objetivo da utilização do AVC.

63

Capítulo 6: Conclusões e Perspectivas

Conclui-se que todos os requisitos de projeto foram satisfeitos. O

desenvolvimento do hardware com o microcontrolador LPC2148 permitiu uma

considerável expansão da unidade de controle. As novas placas desenvolvidas

tornaram o AVC mais versátil no sentido de permitir uma maior integração com

outros equipamentos tais como fontes de soldagem, robô, CLP, mesa rotatória,

computador, entre outros.

O uso de fusíveis para as principais fontes de alimentação, juntamente com

leds indicadores de estado de funcionamento diminuem o tempo de manutenção da

placa. A utilização de opto-acopladores em todos os sinais permite uma maior

fidelidade dos sinais com a eliminação de ruídos.

A utilização de componentes miniaturizados diminuiu a quantidade de furos

na placa, diminuindo o custo de manufatura e aumentando o aspecto profissional da

mesma.

A expansão da interface homem-máquina deixou-a mais intuitiva e dinâmica.

O display maior permitiu uma quantidade maior de informação a ser mostrada e o

aumento no número de botões facilitou a sua manipulação. Novas funcionalidades

foram adicionadas em relação a memória, aumentando a manuseabilidade do

equipamento.

O sistema de proteção tornou o AVC mais seguro, tendo em vista o aumento

dos sinais de proteção. O AVC pode ainda acionar a proteção de outros

equipamentos enviando-lhes seu sinal de falha, bem como outros equipamentos

podem acionar a proteção do AVC, de forma que toda a bancada de soldagem

possa ser interrompida em uma emergência.

Além do sistema de proteção, outro fator culminante para o desenvolvimento

do novo AVC foi a compatibilidade do AVC com fontes de soldagem. A topologia

adotada para o desenvolvimento do hardware permitiu que o AVC seja utilizado com

qualquer fonte de soldagem que permita a utilização do processo TIG. Neste

sentido, o hardware precisa ser calibrado apenas uma vez e não mais toda vez que

64

fonte de soldagem for substituída. Ainda sobre a calibração, a mesma foi muito

facilitada com a apresentação da variável na tela da IHM.

A utilização da linguagem C++ para a programação do AVC acelerou o seu

desenvolvimento, tendo em vista a estrutura previamente desenvolvida para o

LPC2148. Seguindo a boa prática de programação, o código do AVC deixou-o

compatível com a estrutura adotada para as novas frentes de desenvolvimento do

LABSOLDA, o que facilita a sua manutenção. A idéia é que um programador que

conheça esta estrutura seja capaz de realizar manutenção em qualquer código de

qualquer equipamento desenvolvido no laboratório, num curto espaço de tempo,

apenas munido da documentação do referido equipamento.

Os resultados práticos com soldagem foram satisfatórios. Na soldagem em

chapa plana, onde atestou-se o seguimento da referência, observou-se um erro

menor que 2%, sendo que pelo menos 1% seja erro de leitura do sistema de

aquisição de dados. Aumentando-se o valor de Kp é possível dirimir ainda mais este

erro, caso o mesmo seja consequente da malha de controle e não da medida do

sistema de aquisição.

Na soldagem em rampa foi observado um erro maior. Contudo, uma série de

fatores devem ser levados em consideração, como a não utilização de um robô para

garantir a ortogonalidade da tocha de soldagem em relação a chapa, a elevada

velocidade de deslocamento da tocha e o ângulo da rampa.

Já na soldagem com a chapa conformada comprovou-se a relação da

constante de proporcionalidade com a taxa de correção da altura do arco elétrico.

Quanto maior a constante Kp, mais rápido o AVC irá corrigir a altura, garantindo um

menor erro em regime permanente, ideal para aplicação de peças que possuem

disfunções abruptas na sua estrutura.

Mesmo que os resultados nos testes em rampa e chapa conformada terem

apresentado um erro acentuado, isto não caracteriza um defeito do AVC, pois o

mesmo será utilizado para corrigir a altura do arco elétrico em soldagem de peças

com pequenas deturpações, tubos com excentricidades e peças sendo soldadas

com a utilização de robôs onde haverá um erro de trajetória dado pelo número finito

de pontos que definem esta trajetória. Nestes casos, o esforço de controle será

menor que o esforço imposto nos testes realizados neste trabalho.

65

Em suma, o desenvolvimento do novo AVC resultou em um equipamento

mais robusto, versátil e eficiente, que poderá ser utilizado na indústria, com o intuito

de dirimir a taxa de falha na soldagem TIG. Espera-se que sua utilização no

LABSOLDA diminua o tempo de desenvolvimento de novos processos e

procedimentos de soldagem, tendo em vista o aumento da manutenibilidade,

manuseabilidade e versatilidade do equipamento.

O desenvolvimento do AVC foi uma realização pessoal, pois foi possível

aplicar o conhecimento adquirido na graduação1 e a experiência adquirida em vários

anos de trabalho no LABSOLDA em todas as etapas de projeto, execução e

finalmente na consolidação de um equipamento que será utilizado nas pesquisas

internas do LABSOLDA, e também poderá ser utilizado em outros laboratórios de

pesquisa e na indústria cujos processos de fabricação utilizem o processo de

soldagem TIG.

1 Especificamente nas disciplinas de Computação Científica I (linguagem de programação C,

algoritmos, fluxogramas), Eletrônica Básica e Circuito Elétricos I (cálculos básicos para

dimensionamento dos componentes eletrônicos), Eletrônica Aplicada (cálculo de estruturas utilizando

amplificadores operacionais), Sistemas de Controle (sistemas em malha fechada, estabilidade, erro,

tempo de resposta, controlador proporcional e PID), Sinais e Sistemas Discretos (filtro digital, média

móvel), Fenômenos de transporte (dissipação térmica).

66

Capítulo 7: Propostas para Trabalhos Futuros

Se correção do comprimento do arco elétrico é sinônimo de estabilidade, que

por sua vez, é garantia de sucesso na soldagem, por que não desenvolver um

sistema de correção da altura do arco para outros processos de soldagem?

No processo MIG, caracterizado pela alta produtividade, o comprimento do

arco poderia ser controlado utilizando como sensor a própria tensão do arco quando

há imposição de corrente (MIG com pulsação de corrente) ou a corrente do arco

quando há imposição de tensão (MIG convencional). Outros sensores tais como

indutivo, ultra-som, ótico, ou mesmo laser, são factíveis de uso no AVC.

No caso do AVC ser utilizado com processo TIG para aplicações com grandes

deturpações da peça a ser soldada, como nos testes realizados neste trabalho, seria

o caso de aumentar o Kp, que hoje está limitado ao valor 10 para valores bem

maiores. Contudo, o resultado da utilização desta solução poderá apresentar

overshoot (quando o sinal ultrapassa o sinal de referência) ou mesmo a

instabilidade, podendo elevar demais a altura do arco elétrico ou mesmo curto-

circuitar o eletrodo com a peça. A solução mais adequada seria projetar um

controlador proporcional integral-derivativo. A parte integral garantiria um erro nulo,

porém diminuiria a taxa de resposta do sistema. O controlador derivativo, por sua

vez, resolveria o problema da parte integral aumentando a taxa de resposta do

sistema.

Uma outra proposta seria o desenvolvimento de um sistema de correção de

altura do arco elétrico para a utilização com o TIG Orbital (Figura 63) para o caso

onde haja excentricidades nos tubos de pequenos diâmetros. Neste caso, o motor

precisa de um torque mínimo suficiente para mover apenas o eletrodo localizado na

parte interna do equipamento. Para a realização deste trabalho, seria necessário

encontrar um motor adequado e remodelar a parte mecânica do TIG Orbital. A lógica

de controle poderia ser aproveitada, diminuindo o tempo de desenvolvimento.

67

Figura 63. Sistema TIG Orbital utilizado para soldagem de tubos de pequeno

diâmetro

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Bibliografia:

[ 1 ] WILLIAM J. TOOHEY. San Diego, California, EUA. Arc voltage circuit for

welding apparatus. Int CI3 B23K 9/10. 372,194. 26 abr. 1982, 3 abr. 1984.

http://www.patentstorm.us/.

[ 2 ] MARQUES, Paulo Villani. MODENESI, Paulo José. BRACARENSE,

Alexandre Queiroz. Soldagem: Fundamentos e Tecnologia. 3. ed. Belo

Horizonte: Editora UFMG, 2009. 362 p.

[ 3 ] OGATA, Katsuhiko. Engenharia de Controle Moderno. Rio de Janeiro:

Prentice Hall do Brasil, 1985. 928 p.

[ 4 ] Applied Motion. STR8 Hardware Manual. Watsonville: 2010. 44 p.

[ 5 ] DEITEL, Harvey e Paul. C++ Como Programar. 3. ed. Porto Alegre:

Bookman, 2005. 1098 p.

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Anexo 1. Pinagem do Microcontrolador LPC2148

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Anexo 2. Layout da placas de controle e IHM do AVC