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Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DIDÁTICO PARA SIMULAÇÃO DE UM CICLO FRIGORÍFICO POR ABSORÇÃO Jose Donizeti Tagliaferro Campinas São Paulo Brasil Dezembro de 2008

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Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DIDÁTICO PARA SIMULAÇÃO DE UM CICLO FRIGORÍFICO POR

ABSORÇÃO

Jose Donizeti Tagliaferro

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

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Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas

DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DIDÁTICO PARA

SIMULAÇÃO DE UM CICLO FRIGORÍFICO POR ABSORÇÃO

Jose Donizeti Tagliaferro

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Eng. Mecânica Automação e Sistemas da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Dr.: Paulo Roberto Tardin Jr, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Tardin Jr

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

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DESENVOLVIMENTO DE UM PROTÓTIPO DIDÁTICO PARA

SIMULAÇÃO DE UM CICLO FRIGORÍFICO POR ABSORÇÃO

JOSE DONIZETI TAGLIAFERRO

Monografia defendida e aprovada em 18 de Dezembro de 2008 pela Banca

Examinadora assim constituída:

Prof. Dr.: Paulo Roberto Tardin Jr (Orientador)

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

Prof. Osmar Roberto Bagnato

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

Prof. Guilherme Bezzon

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

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Agradecimentos

Aos membros da banca examinadora por se dedicarem à avaliação

deste trabalho e por suas contribuições, valorizando o tema desta dissertação.

Agradecimento especial ao meu orientador, Prof. Dr.: Paulo Roberto

Tardin Jr, pelas sugestões e pela atenção dispensada ao longo do período de

elaboração deste trabalho.

A todos os professores do curso de Engenharia Mecânica, que de um

modo ou de outro colaboraram para realização deste trabalho.

Pelo carinho, paciência, apoio e companhia, sendo uma das poucas

testemunhas do cansaço e preocupações que passei em alguns momentos

para conseguir administrar minha vida pessoal e profissional e concluir este

trabalho, agradeço em especial meu pai Jose Tagliaferro (in memorian,

25/12/2007), minha mãe Rosina Saballo Tagliaferro, meu filho Israel e meus

irmãos que acreditaram em mim.

Aos colegas da faculdade que em alguns momentos me apoiaram com

palavras de incentivo para continuar.

E não menos importante, agradeço a Deus por ser a inspiração de

minha vida.

Obrigado.

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RESUMO....................................................................................................... 5 ABSTRACT..................................................................................................... 6

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 7

1.1 OBJETIVO............................................................................................. 8

1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................... 8

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA................................................................. 9

2.1 BREVE HISTÓRICO.............................................................................. 9

2.2 SISTEMA ELETROLUX....................................................................... 13

3. ASPECTOS TEÓRICOS....................................................................... 15

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR

ABSORÇÃO......................................................................................... 15 3.2 MODELO MATEMATICO..................................................................... 17

A)GERADOR....................................................................................... 20

B) CONDENSADOR............................................................................ 21

C) EVAPORADOR.............................................................................. 22

D) ABSORVEDOR.............................................................................. 23

3.3 SOLUÇÃO ÁGUA-AMÔNIA COMO FLUIDO REFRIGERANTE........ 24

PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICA E RISCOS DA

SOLUÇÃO REFRIGERANTE............................................................. 25

4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL................................................... 27

4.1 DIMENSIONAMENTO FO PROTÓTIPO............................................. 27

4.2 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO...................................................... 27

4.3 TESTES REALIZADOS....................................................................... 28

TESTE DE PRESSÃO........................................................................ 28

PROCEDIMENTO PARA FUNCIONAMENTO DO PROTÓTIPO...... 29

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TESTE 1............................................................................................. 30

TESTE 2............................................................................................. 31

TESTE 3............................................................................................. 32

TESTE 4............................................................................................. 32

4.4 CONFIGURAÇÕES DO PROTÓTIPO................................................ 33

5 RESULTADOS......................................................................................... 34

5.1 DESEMPENHO DO PROTÓTIPO...................................................... 34 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................ 36

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................. 38

LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Detalhe do experimento de Faraday.............................................. 10 Figura 2.2: Gustav e Baltzar ao lado de seu protótipo Eletrolux....................... 14 Figura 2.3: Sistema Eletrolux de refrigeração por absorção............................. 14 Figura 3.1: Detalhamento do fluxo de um ciclo de refrigeração por absorção......................................................................................... 17 Figura 3.2: Representação esquematizada do processo termodinâmico......... 18 Figura 3.3: Diagrama P-h de um processo de refrigeração.............................. 18 Figura 3.4: Volume de Controle no gerador...................................................... 20 Figura 3.5: Volume de Controle no condensador............................................. 21 Figura 3.5: Volume de Controle no evaporador................................................ 22 Figura 3.7: Volume de Controle no absorvedor................................................ 23 Figura 4.1: Manômetro de pressão do compressor.......................................... 28 Figura 4.2: Altura do condensador em relação ao evaporador......................... 31 Figura 4.3: Fase final da montagem do protótipo............................................. 33

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LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Pares absorventes - refrigerantes................................................. 12 Tabela 3.1: Característica da amônia.............................................................. 25 Tabela 4.1: Lista de material utilizado para montagem do protótipo................ 27 Tabela 5.1: Resultados obtidos para o protótipo otimizado............................. 34 LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 5.1: Gráfico de temperatura no evaporador x temperatura no gerador..................................................................................... 35 Gráfico 5.2: Gráfico de temperatura no evaporador x tempo........................... 36

NOMENCLATURAS . m – Vazão mássica [ kg/s ] . q – Taxa de transferência de calor [J/s] h – Entalpia especifica [J/kg] x – Concentração [%] P – Pressão [kg/cm²] T – Temperatura [ºC] SUBSCRITOS 1, 2,3... – Indicação do ponto co – Condensador ev – Evaporador ab - Absorvedor ge – Gerador e – Entrada s – Saída

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RESUMO

Neste trabalho são descritas tecnologias existentes para refrigeração e

proposto um sistema que opera com uma solução água-amônia usando o calor

como fonte de energia. Um protótipo foi construído e testado com sucesso para

simulação de um ciclo frigorífico por absorção para fins didáticos. O

equipamento não requer energia elétrica para promover refrigeração e assim

tem potencial para ser usado na conservação de alimentos em áreas carentes

de energia elétrica. O protótipo foi aperfeiçoado ao longo do projeto com o

objetivo de aumentar a sua capacidade frigorífica. O fluido refrigerante utilizado

– amônia - é perigoso a saúde humana quando exposto ao ambiente, podendo

causar seqüelas em caso de contato. Assim, o protótipo requer a adoção de

certos procedimentos de segurança para operá-lo. Após vários testes chegou-

se a conclusão de que a temperatura no aquecedor deve manter-se constante

a 75ºC para que o vapor de água não atinja o evaporador provocando aumento

de temperatura no mesmo e reduzindo a capacidade frigorífica do protótipo.

Após otimização obteve-se uma queda de temperatura de aproximadamente 6

(seis) oC no evaporador comparada a temperatura ambiente local. Como

melhoria seria apropriado instalar um termostato para manter a temperatura

constante no aquecedor.

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ABSTRACT

In this work are described current refrigeration technologies and an

absorption refrigeration prototype was built using water-ammonia solution and

combustion heat as the main energy input. The prototype was successfully

tested to simulate an absorption refrigeration thermodynamic cycle which could

be applied in under-graduate didactic labs. This equipment has potential to be

applied in remote areas where electrical power is unlikely to be available. The

prototype was optimized along the Project aiming to improve its refrigeration

capacity. The refrigeration fluid applied – ammonia – is dangerous to human

healthy when released to environment. Regarding this several safety

procedures should be in place in order to avoid safety incidents when operating

the system. After several tests performed it was concluded that the optimum

heating temperature is 73ºC. This temperature will provide the maximum

refrigeration capacity and will avoid water vaporization. The optimized prototype

achieved evaporator temperature 6 oC below local environment temperature.

Additional improvements could be done at the prototype like thermostate

implementation to maintain heating zone temperature constant.

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1. INTRODUÇÃO

Considerações econômicas e ambientais trouxeram um novo

interesse nos sistemas de refrigeração alimentados por uma fonte de calor

alternativa. Um esforço considerável de pesquisa tem sido investido no estudo

de sistemas de refrigeração deste tipo nos últimos anos.

Sistemas de refrigeração por absorção apresentam-se como

alternativa para os sistemas de compressão de vapor possuindo como

vantagem à utilização de energia térmica, que é menos nobre, substituindo

uma parte da energia elétrica necessária para obtenção do efeito desejado.

Resfriadores (chillers) de absorção são extensamente utilizados em

indústrias de ar condicionado, em parte porque eles podem ser acionados

através de água quente, vapor, queima do gás natural, energia solar,

biomassa, dentre outros, em vez de eletricidade. Estes sistemas permitem

reduzir os picos de demanda elétrica. Eles proporcionam segurança e

confiabilidade, podendo-se citar os EUA e o Japão, onde a climatização a gás

é um sistema plenamente consolidado e considerado clássico por seu tempo

de utilização.

A destruição da camada de ozônio pelo uso de CFC’s e HCFC’s é o

principal impacto ambiental relacionado a sistemas de refrigeração

convencionais, tendo em vista estimativas de taxas de vazamento de gases

refrigerantes que variam de 5 a 25%. Esse assunto foi tratado no Protocolo

de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio

(http://www.ecolnews.com.br/camadadeozonio/prot_mont.htm) e ratificado pela

maioria dos países, inclusive o Brasil.

Os principais componentes dos refrigeradores por absorção são:

aquecedor, absorvedor, condensador e evaporador, requerendo em algumas

situações uma torre de resfriamento de água adicional para remover calor e

manter as temperaturas desejáveis no absorvedor e no condensador.

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Diferentes ciclos termodinâmicos, tipos de máquinas (refrigeração,

bombas de calor e trocadores de calor) e novos fluidos de trabalho, têm sido

propostos por numerosos autores em todo o mundo nas últimas décadas.

Dentre algumas soluções para geração de frio, uma das mais interessantes

ainda permanece sendo o ciclo de absorção.

O Instituto Internacional de Climatização e Refrigeração em Paris

http://www.nteditorial.com.br/revista/Materias/?RevistaID1=1&Edicao=39&id=28

9 calculou que aproximadamente 15% de toda a eletricidade produzida

mundialmente é utilizada para refrigeração e condicionamento de ar, portanto

ciclos de refrigeração por absorção apresentam-se como alternativa viável

para a economia de energia elétrica.

OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo construir um protótipo para

realização de um ciclo frigorífico por absorção utilizando-se de fenômenos

termodinâmicos e amônia como fluido refrigerante, o qual poderá ter

aplicações em áreas que tenham carência de energia elétrica.

O calor utilizado para fornecer energia térmica ao absorvedor é

obtido através de um queimador à gás.

JUSTIFICATIVA

Este protótipo justifica-se pelo potencial de uso em Laboratório de

Sistemas Térmicos e pela demonstração de uma tecnologia viável em áreas

remotas aonde a energia elétrica não se encontra disponível, visto que

qualquer fonte de calor marginal poderia ser utilizada como energia primária

para o refrigerador por absorção.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 BREVE HISTÓRICO

O sistema de absorção água-amônia é um dos mais antigos métodos

de refrigeração. Amônia é utilizada como refrigerante e a água, como

absorvente. O sistema pode ser usado em qualquer aplicação onde a amônia

seja o refrigerante apropriado. Os fundamentos da refrigeração por absorção

aparecem descritos por autores clássicos da engenharia, como Perry et al.

(1975) e Faires e Simmang (1978).

A literatura de Cortez (1998) apresenta um sistema de refrigeração

intermitente construído em 1810 por Sir John Leslie usando o par água-ácido

sulfúrico. O equipamento era construído por dois reservatórios interligados e

evacuados, sendo que a água contida em um dos reservatórios absorvia o

ácido sulfúrico contido no outro.

Torreira (1979) descreve que em 1824 Faraday fez experimentos para

liquefazer alguns gases, dentre eles a amônia, que até aquele momento

acreditava-se existir na fase gasosa somente. Ele expôs cloreto de prata ao

gás de amônia e colocou essa mistura em um destilador (Figura 2.1). O

destilador de Faraday era constituído de duas esferas de vidro interligadas

por um tubo formando um sistema isolado da atmosfera. Ao aquecer a

primeira esfera o gás de amônia se desprendeu da solução condensando-se

na segunda esfera. No momento em que foi interrompido o aquecimento na

primeira esfera a amônia liquida evaporou retornando para o cloreto de prata.

A energia necessária para a evaporação da amônia foi retirada do segundo

recipiente no qual o mesmo se resfriou, para a surpresa de Faraday.

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A modelagem e a simulação da refrigeração por absorção têm sido

amplamente abordadas na literatura. Os temas mais tratados são os fatores

que influem no desempenho de tais sistemas e a otimização dos mesmos. Os

trabalhos de análise de ciclos de absorção agrupam-se entre aqueles que

fazem uma análise baseada na Primeira Lei da Termodinâmica [3] e os que

abordam sob a ótica da Segunda Lei da Termodinâmica [3], incluídas aí as

análises termo econômicas. Estes dois grandes grupos subdividem-se em

modelos fundamentais, empíricos e semi-empíricos. Alguns artigos baseiam-

se em soluções gráficas, enquanto que, com o advento da computação

numérica, os modelos recentes baseiam-se nesta última.

No primeiro grupo, para sistemas de diferentes configurações e graus

de complexidade, destacam-se Misra et al (2006), Chua et al (2000), Patnaik e

Perez- Blanco (1993), Fernández-Seara et al (2002) os quais apresentam

análises recentes da transferência de calor e massa nos processos de

destilação dos sistemas de refrigeração por absorção.

Os ciclos baseados nos processos de absorção da mistura água-amônia

têm sido amplamente estudados e apresentados em livros texto. Threlkeld

(1970) utiliza uma solução gráfica baseada no diagrama pressão-entalpia da

solução água-amônia. Perry (1997) apresenta uma profunda caracterização

dos processos e equipamentos envolvidos na refrigeração por absorção. Na

simulação dos ciclos destaca-se os trabalhos de Grossman e co-autores

(1983, 1984 e 2001) que desenvolveram o ABSIM, programa que constitui uma

ferramenta de avaliação para sistemas de absorção em diferentes

Figura 2.1: Detalhe do experimento de Faraday. Fonte: Raul Peragallo Torreira, 1979.

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configurações e diferentes fluidos de trabalho, amplamente usado nas

pesquisas sobre o tema.

Outro aspecto amplamente abordado é o referente às particularidades

dos elementos mais complexos que intervêm nos ciclos de absorção: o

absorvedor e o aquecedor. Murphree (1925) propôs uma definição para a

eficiência de prato, a qual tem sido a mais amplamente adotada. Modelos com

vários graus de complexidade têm sido desenvolvidos para absorvedores de

película descendente (falling-film absorbers), os quais são discutidos em

detalhe no trabalho de Killon e Garimella (2001). Grossman (1983) resolveu

analiticamente as equações de difusão em absorvedores de película

descendente. Ibrahim e Vinnicombe (1993) apresentaram um modelo numérico

baseado no método de diferenças finitas para absorvedores em fluxo

contracorrente. Patnaik e Perez-Blanco (1993) desenvolveram uma

aproximação para tratar estes equipamentos como trocadores de calor e

massa em escoamento contracorrente. Conlisk (1993) apresentou um

procedimento gráfico para projeto de absorvedores. Bogart (1981) apontou os

efeitos negativos da presença de água no vapor refrigerante. Ele usou um

modelo simples do estado de equilíbrio, baseado no método de Ponchon,

para determinar a quantidade teórica de pratos requerida para uma separação

específica. O afastamento das condições de equilíbrio para cada estágio é

normalmente contabilizado pela eficiência de prato, a qual é geralmente

considerada igual para todos os eles. Modelos mais recentes, para colunas de

enchimento, consideram a resistência à transferência de calor e massa das

fases líquidas e vapor. Nestes modelos a coluna é dividida em seções onde

são aplicados os balanços de massa e energia (Krishnamurthy e Taylor, 1985)

ou utilizam-se equações diferenciais que são resolvidas por métodos

numéricos (Feinthuch e Treybal, 1978).

Estes são exemplos recentes do esforço crescente de se melhor

caracterizar processos e componentes presentes no ciclo de refrigeração por

absorção.

No grupo de trabalhos baseados na Segunda Lei da Termodinâmica,

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os trabalhos vão desde a determinação das irreversibilidades internas (Ng et

al, 1997 e Morejón e Brum, 2001), das equações de geração de entropia

para cada componente e da minimização da mesma (Chua et al, 2000), até

estudos que usam a teoria do custo exergético para determinar os custos

monetários de cada um dos elementos e fluidos de trabalho que compõem os

sistemas (Misra e Grupta, 2006).

As análises de acordo com a Segunda Lei têm sido aplicadas de

diversas formas. Podem-se, também, citar os importantes trabalhos de

Tsatsaronis (1997) e Bejan et al (1995).

Vargas e Bejan (2000) utilizaram o ciclo de refrigeração por absorção

para demonstrar a otimização das áreas dos trocadores de calor. Bejan (1996)

introduziu o método conhecido pelo nome genérico de minimização da geração

de entropia e o aplicou para o ciclo de refrigeração por absorção.

Rademarcher (1996), por outro lado, apresenta uma análise completa

começando pelos balanços de massa e energia e concluindo com a

determinação da geração de entropia para diversos esquemas e vários pares

de absorção, conforme Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Pares absorventes - refrigerantes.

Absorvente Refrigerante Água Amônia, Metil-amina ou outras aminas Solução de água e Brometo de Lítio Água Solução Cloreto de lítio Metanol Ácido Sulfúrico Água Hidróxido de Sódio ou Potássio Água Nitrato de lítio Amônia Sulfocianeto de Amônia Amônia Tetracloroetano Cloreto de Etila Dimetil Eter Tetraetileno Glicol Cloreto de metileno Óleo de Parafina Tolueno ou Pentano Glicol etílico Metil amina Éter Dimetílico ou Glicol Tetraetílico Monofluor Dicloro metano ou

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Um grupo importante de trabalhos está relacionado com os processos

de transferência de massa e de calor que ocorrem nos ciclos de absorção.

Choudhury et al. (1993) desenvolveu um modelo numérico para escoamento

em tubos horizontais. Estes modelos consideram o escoamento de película

descendente na região de escoamento laminar. Grossman e Heath (1984) e

Yuksel e Schlunder (1987) desenvolveram modelos numéricos para analisar a

transferência de calor e massa em película descendente turbulenta, que

posteriormente foram comparados com dados experimentais, obtendo-se bons

resultados.

Raisul et al. (2003) desenvolveram modelo para o fluido na região

laminar e acharam expressões para a transferência de calor e massa

em absorvedores tubulares verticais a partir de dados experimentais. Uma

análise teórica do ciclo de refrigeração por absorção operando em regime

transiente e a simulação do mesmo foi apresentada por Morejón (2001).

Diversas configurações dos ciclos de absorção são analisadas.

Trabalhos como o de Pohl e Grossman, (1998) abordam ciclos abertos e

semi-abertos e de Joudi e Lafta (2001) estudam ciclos simples.

Pereira (2006b) apresenta uma análise experimental do sistema

Robur, modelo GAHP-W, levantando pontos experimentais resultantes da

medição da vazão e a temperatura para os produtos água fria e água

quente. No seu trabalho avaliam-se os desempenhos baseados na primeira e

segunda lei da Termodinâmica e determinam-se os pontos ótimos das vazões

para as taxas máximas de frio e calor produzidos. Os resultados experimentais

obtidos são usados no trabalho para validar a simulação.

2.2 SISTEMA ELETROLUX

Em 1922 dois estudantes de engenharia suecos, Baltzar Von

Platem e Carl Gustav Munters, patentearam uma máquina de refrigeração

de funcionamento contínuo ilustrada na Figura 2.2 ao lado de seus

inventores. Tal equipamento produzido inicialmente por seus criadores teve

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sua patente adquirida pela Electrolux, que a usou para projetar-se

definitivamente no mercado de eletrodomésticos. O sistema é o mais popular

de todos os sistemas de refrigeração por absorção e é extensamente

empregado em refrigeradores domésticos. Seu funcionamento é baseado na

lei das pressões parciais ou Lei de Dalton, segundo a qual em um recipiente

contendo mais de um gás, a pressão total é a soma da pressão parcial de

cada gás.

No sistema Electrolux é empregado três fluidos: um refrigerante,

geralmente amônia, um absorvente, geralmente água e um gás inerte tal

como hidrogênio, conforme Figura 2.3 (Antoine Laurent de Lavoisier, 1794).

Figura 2.2: Gustav e Baltzar ao lado de seu protótipo Electrolux. Fonte: Cortez L. A, 1998.

Figura 2.3: Sistema Eletrolux de refrigeração por absorção. Fonte: Eletrolux, 2005.

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O protótipo desenvolvido neste trabalho baseia-se no sistema Eletrolux,

empregando uma mistura água-amônia como fluido de trabalho e adicionando

hidrogênio ao sistema a partir de eletrólise.

3. ASPECTOS TEÓRICOS 3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR ABSORÇÃO

Quando um líquido absorve calor do ambiente, ele evapora. Por

exemplo, quando se passa álcool nas mãos, estas ficam frias já que o álcool

absorve seu calor e evapora. Os equipamentos de refrigeração são projetados

obedecendo a este princípio. A água evapora a 100ºC sob pressão atmosférica

padrão (760 mmHg); a amônia evapora nas mesmas condições atmosféricas e

a temperatura de 32°C (Roy J. Dossat, 2004), sendo esta mudança de fase de

liquida para vapor podendo ser promovida por uma fonte de calor externa.

No protótipo desenvolvido neste trabalho é utilizada água destilada

para auxiliar na recuperação da amônia.

A Figura 3.1 detalha o funcionamento de um ciclo de refrigeração por

absorção.

Ao se colocar em funcionamento o ciclo de absorção, com o

aquecimento do tubo-bomba em (C), a solução de água destilada a 66% e

amônia a 34% - valores aproximados (Roy J. Dossat, 2004), começa a

movimentar-se por convecção natural.

Conforme mostra o esquema, existem dois tubos concêntricos em (C)

- seção K-K. No tubo central, uma solução forte de amônia e água é

transportada de forma ascendente por diferença de densidade. Quando a

solução chega à parte mais alta do tubo central, a água retorna pelo tubo

externo, voltando para o tanque de absorção. A amônia, na fase vapor, e a

uma temperatura de aproximadamente 65°C, caminha pelo tubo (D), que é

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um pré-condensador, até o condensador.

A amônia então é resfriada pela troca de calor com o ambiente,

representado por Q2. A amônia não é totalmente condensada no condensador,

coexistindo de forma líquida e vapor. A amônia liquida mais densa, vai para o

tubo do evaporador e o vapor de amônia, mais leve, segue pelo tubo (E) ao

tanque de absorção (G). A amônia liquida que sai do condensador e entra no

evaporador, se expande para um tubo de área de seção transversal maior.

Nesse momento, absorve o hidrogênio que vem do absorvedor e do tubo (H).

O absorvedor é construído em forma de serpentina espiral, a fim de

evitar que a solução fique estagnada e não prejudique a circulação do

hidrogênio.

No evaporador ocorre a troca de calor com a carga térmica Q1,

conseguiu-se temperaturas sensivelmente inferiores em relação à temperatura

ambiente. No evaporador, conforme mostrado na seção J-J, existem três

tubos, sendo dois deles concêntricos.

No tubo interno flui gás hidrogênio, e no tubo externo flui amônia e

hidrogênio, que retorna para o tanque de absorção.

No tanque de absorção, a amônia e o hidrogênio, proveniente do

evaporador, se misturam com a água que lá está contida. Como a amônia tem

mais afinidade com a água, ela libera o hidrogênio, que flui, por ser mais leve,

para o tubo (H) e pelo absorvedor. Com a mistura de amônia e água, e a

liberação do hidrogênio, forma-se uma solução forte novamente, deslocando-

se para os tubos concêntricos (C), e então reiniciando o ciclo.

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A ilustração a seguir mostra um ciclo completo de refrigeração por

absorção e este foi o modelo utilizado para a construção do protótipo deste

trabalho.

3.2 MODELO MATEMÁTICO

O modelo matemático apresentado a seguir é baseado em equações

fundamentais (GORDON J. VAN WILEN, 1995), e consiste em equacionar os

balanços de massa e energia para cada componente do sistema, levando em

considerações as propriedades dos fluidos refrigerantes e absorventes

Figura 3.1: Detalhamento do fluxo de um ciclo de refrigeração por absorção. Fonte: Roy J. Dossat, Princípios de Refrigeração, 2004.

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(equação de estado) e as equações relacionadas às taxas de transferência de

calor e de massa (Figura 3.2).

Figura 3.2: Representação esquematizada do processo termodinâmico.

Fonte: DAVID P. DEWITT, 2003

O ciclo termodinâmico está definido no diagrama pressão-entalpia (P-h)

da Figura 3.3.

O sistema de refrigeração por absorção baseia-se no rebaixamento da

temperatura que acompanha a expansão de um fluido liquido de alta pressão

para baixa pressão.

Figura 3.3: Diagrama P-h de um ciclo de refrigeração.

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No ponto 1 (gerador) representado no diagrama P-h, a solução água-

amônia recebe calor proveniente do queimador e faz com que aumente a

pressão e temperatura interna do sistema e mude da fase liquida para vapor. A

quantidade de energia que a amônia é capaz de absorver está ligada

diretamente à temperatura do gerador, assim entende-se que o sistema

absorveu energia representada pela entalpia (grandeza física que descreve a

energia total de um sistema) da amônia. No ponto 2 (condensador) a pressão

se mantém constante em função da quantidade de calor adicionado ao

sistema. No ponto 3 (evaporador) a pressão diminui de tal forma a provocar

uma evaporação da amônia no sistema buscando absorver o calor para se

manter em equilíbrio. No ponto 4 (absorvedor) ainda em uma pressão menor

que a do gerador, a amônia se mistura com a água vinda do gerador,

condensando-se novamente neste processo.

A liquefação ocorre no condensador representado pelo trecho 2-3 do

diagrama P-h, isso porque nesta etapa o sistema rejeita calor através da

convecção térmica.

Para a modelagem do sistema de refrigeração apresentado na Figura

3.2, tornam-se relevantes algumas considerações, como:

• Manter o funcionamento do sistema em regime permanente;

• Manter um fluxo continuo no sistema;

• Estabelecer uma temperatura constante no gerador;

• O absorvente (água) não vaporiza no gerador, portanto entende-se

que somente o refrigerante puro (amônia) escoa pelo condensador e

evaporador;

• Colocar isolamento térmico para que a perda de energia térmica seja

desprezível;

• Desprezar a perda de carga na tubulação;

A seguir tem-se a modelagem matemática a partir de balanços de

energia, massa e entropia em cada componente do sistema de refrigeração por

absorção.

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A) GERADOR

No gerador, certa quantidade de calor é transferida a uma mistura de

água-

amônia, fazendo com que parte da amônia se evapore e, em fase vapor, seja

transferida ao condensador (processo 2-3, Fig. 3.3.). Parte da solução a alta

concentração de amônia é então retirada do gerador.

Para efeito de simplificação, considera-se que o vapor resultante na

ebulição da mistura no gerador seja composto apenas de amônia.

De acordo com Roy J. Dossat, 2004, o calor absorvido é usado em

duas aplicações: processo de mudança de fase (calor latente) e aquecimento

da fase liquida (calor sensível), conforme Figura 3.4.

. Para definir a quantidade de energia adicionada qge ao sistema será

utilizado um volume de controle no gerador, aplicando-se ao mesmo balanço

de massa e energia.

Balanço de massa: . . m1 = m2 (3.1) . . m1 * x1= m2 * x2 (3.2)

he1;T1;P1;m1;x1 hs2;T2;P2;m2;x2

VC . (CALOR, qge)

Figura 3.4: Volume de controle no gerador. Fonte: DAVID P. DEWITT, 2003

GERADOR

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Balanço de energia: . . . m1 * he1 + qge = m2 * hs2 (3.3) . . qge = m * (he2 - hs1) (3.4) B) CONDENSADOR

O condensador recebe vapor de amônia vinda do gerador e a partir de

um processo de retirada de calor através de dissipação por convecção fornece

amônia liquida para ao evaporador.

O desenho esquemático do condensador é apresentado na Figura 3.5.

Balanço de massa: . . m2 = m3 (3.5) . . m2 * x2 = m3 * x3 (3.6)

. he2;T2;P2;m2;x2

. hs3;T3;P3;m3;x3

VC . (CALOR, qco )

CONDENSADOR

Figura 3.5: Volume de controle no condensador. Fonte: DAVID P. DEWITT, 2003

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Balanço de energia: . . . m2 * he2 = qco + m3 * hs3 (3.7) . . qco = m * (he2 - hs3) (3.8)

C) EVAPORADOR

Ao deixar o condensador, a amônia passa por uma tubulação em forma

de um sifão e encontra-se na região de saturação com baixo titulo de vapor.

Em contato com a parede do evaporador a mesma troca calor com o ambiente

(absorve calor). O fato ocorre porque a área do evaporador é maior que a área

do condensador e os demais componentes.

A área do evaporador sendo maior e a vazão de amônia sendo

constante provocam uma rápida expansão da amônia dentro do evaporador.

Somando a quantidade de hidrogênio contida no evaporador permite que a

amônia se evapore novamente, isto ocorrendo a uma baixa pressão e uma

baixa temperatura (Principio de Dalton). Durante a evaporação a amônia retira

calor do ambiente, ou seja, ao redor do evaporador, fenômeno descrito por Roy

J. Dossat, 2004 (Princípios de Refrigeração).

A representação esquemática do evaporador será apresentada na

Figura 3.6, acompanhando pelas equações do balanço de massa e energia.

he3;T3;P3;m3;x3 hs4;T4;P4;m4;x4

VC . (CALOR, qev)

EVAPORADOR

Figura 3.6: Representação esquemática do evaporador Fonte: DAVID P. DEWITT, 2003

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. A parcela qev representa o ganho de calor do ambiente no evaporador e

é calculada como segue:

Balanço de massa: . . m3 = m4 (3.9) . . . . m3 * x3 = m4 * x4 (3.10)

Balanço de energia: . . . m3 * he3 + qev = m4 * hs4 (3.11) . . qev = m * (he4 - hs3) (3.12)

D) ABSORVEDOR

Considerando-se o funcionamento do absorvedor dentro do ciclo,

assim que o mesmo recebe vapor à baixa pressão do evaporador, ocorre a

absorção em um liquido absorvente apropriado. Incorporado ao processo de

absorção há a conversão de vapor em liquido, processo similar ao que ocorre

no condensador, sendo assim o calor é rejeitado durante o processo. De

acordo com a notação apresentada na Figura 3.7, as equações para as leis de

conservação de massa e energia assumem a seguinte forma:

he4;T4;P4;m1;x4 hs1;T1;P1;m1;x1

VC . (CALOR, qab)

ABSORVEDOR

Figura 3.7: Representação esquemática do absorvedor Fonte: DAVID P. DEWITT, 2003

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. A parcela qab representa a quantidade de calor o absorvedor rejeitou ao

ambiente e é calculada como:

Balanço de massa: . . m4 = m1 (3.13) . . m4 * x4 = m1 * x1 (3.14)

Balanço de energia: . . . m4 * he4 = qab + m1 * hs1 (3.15)

. . qab = m * (he1 - hs4) (3.16)

3.3 SOLUÇÃO ÁGUA-AMÔNIA COMO FLUIDO REFRIGERANTE

A amônia é um fluido que tem uma capacidade de absorção de calor,

da ordem de 1,1 cal/gºC, sendo por esta razão comumente adotada como

fluido refrigerante em ciclos termodinâmicos por absorção de calor. A

combinação amônia-água obedece excepcionalmente bem a algumas das

exigências mais importantes à refrigeração. A água tem uma grande afinidade

com o vapor de amônia e os dois são mutuamente solúveis em grande gama

de condições de funcionamento (Roy J. Dossat, 2004), favorecendo a

transferência de calor.

No processo de absorção a quantidade de calor adicionado ao sistema

precisa estar de acordo com a capacidade volumétrica do protótipo. A maior

desvantagem da solução amônia-água é o fato do absorvente (água) ser

razoavelmente volátil e por isso, o vapor do refrigerante (amônia) que sai do

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gerador contém, normalmente, quantidades apreciáveis de vapor de água o

qual, se passar através do condensador e entrar no evaporador, aumentará a

temperatura deste e reduzirá o efeito de refrigeração por arraste do refrigerante

não evaporado.

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E RISCOS DA SOLUÇÃO REFRIGERANTE

Água destilada absorvente (H2O) nas CNTP:

• Ponto de ebulição a 98,88 ºC

• Calor específico: 1 cal/gºC

• Densidade: 0,9998 g/cm³ [2].

Amônia, refrigerante (NH3):

Tabela 3.1: Característica da amônia.

A amônia, com símbolo químico NH3, é constituída por um átomo de

nitrogênio e três de hidrogênio, apresentando-se como gás a temperatura e

pressão ambientes. Liquefaz-se sob pressão atmosférica a -33,35ºC. É

altamente higroscópico, e a reação com água forma o NH4OH3 - hidróxido de

amônia liquido na temperatura ambiente que possui as mesmas propriedades

Fonte: OSHA/EUA; NR 15.

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químicas da soda cáustica. É estável quando armazenado e utilizado em

condições normais de estocagem e manuseio. Acima de 450ºC pode se

decompor liberando nitrogênio e hidrogênio.

É facilmente detectada pelo seu cheiro característico em proporções

tão pequenas como 5 ppm.

Apresenta risco moderado de incêndio e explosão quando exposto ao

calor ou chama. A presença de óleo e outros materiais combustíveis aumentam

o risco de incêndio.

Em contato com halogênios, boro, dicloroetano, óxido de etileno,

platina, triclorato de nitrogênio e fortes oxidantes, pode causar reações

potencialmente violentas ou explosivas. Em contato com metais pesados e

seus compostos pode formar produtos explosivos. O contato com cloro e seus

compostos pode resultar na liberação de gás cloroamina. Produz misturas

explosivas quando em contato com hidrocarbonetos, sendo também

incompatível com aldeído acético, acroleina, dridrazina e ferrocianeto de

potássio.

Dentre suas aplicações, destacam-se seus usos como agente

refrigerante e na fabricação da uréia, importante fertilizante.

O gás é um poderoso irritante das vias respiratórias, olhos e pele.

Dependendo do tempo e do nível de exposição podem ocorrer efeitos que vão

de irritações leves a severas lesões corporais.

A inalação pode causar dificuldades respiratórias, bronco espasmo,

queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, dor no peito e edema

pulmonar. A ingestão causa náusea, vômito e inchação dos lábios, boca e

faringe. Em altas concentrações (10 ppm) pode haver necrose dos tecidos e

queimaduras profundas.

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4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 4.1 DIMENSIONAMENTO INICIAL DO PROTÓTIPO

O dimensionamento do sistema de refrigeração por absorção que é

apresentado neste trabalho foi auxiliado por técnicos de uma empresa de

refrigeração.

O modelo utilizado para construção do protótipo experimental foi citado

por Roy J. Dossat em Princípios de Refrigeração conforme Figura 3.1. Este

modelo foi escolhido por já estar validado na literatura, o que facilitou a entrada

do protótipo em funcionamento.

4.2 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

Com base no modelo foi necessária a aquisição de materiais, os quais

foram utilizados ao longo do processo de construção do protótipo, conforme

Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Lista de material utilizado para montagem do protótipo.

Item Descrição Quantidade unidade Diâm.

1 Tubo de aço carbono SCH40,cap. 10kg/cm² (DIN 2440) 2,00 [m] 1/2"

2 Tubo de aço carbono SCH40, cap.10kg/cm² (DIN 2440) 0,50 [m] 5/16"

3 Tubo de aço carbono SCH40, cap.10kg/cm² (DIN 2440) 0,50 [m] 1/4"

4 Válvula de esfera FF 125 3,00 [pç] * 5 União RM AC TBXR 5/16"x1/8" NPT 3,00 [pç] * 6 Mangueira incolor 1,00 [m] 1/8" 7 Abraçadeira RSF 12x16 4,00 [pç] * 8 Abraçadeira RSF 19x27 8,00 [pç] * 9 Bico Mangueira Macho SBU 5/16"x1/8" NPT 5,00 [pç] * 10 Cotovelo MF LT Curvo 90º 1/8" NPT 2,00 [pç] * 11 Veda rosca Teflon 125mmx5m 1,00 [pç] * 12 Niple Duplo LT 1/8"NPT 2,00 [pç] * 13 Luva LT 1/8"NPT 1,00 [pç] * 14 "Te" Femea LT 1/8" NPT 1,00 [pç] * 15 Bujão Cabeça quadrada LT 1/8" NPT 3,00 [pç] * 16 União RM AC TBXR 1/4"x1/8" NPT 3,00 [pç] * 17 Isolamento Térmico 22x3/4" 1,00 [m] 3/4" 18 Válvula para gás 1/8" NPT 6,00 [pç] * 19 Bico para fogão 1/8" NPT 2,00 [pç] *

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Após a aquisição de todos os itens listados na relação de materiais

iniciou-se o processo de ajuste das tubulações, isto é, foi necessário aquecer

os tubos com auxilio de um maçarico a gás e, com ferramentas especiais, os

tubos foram curvados até atingir o grau necessário. Em seguida os tubos foram

soldados com varetas de liga prata-cobre, método este escolhido para garantir

a segurança do protótipo e por se ligar mais facilmente com outros metais.

Terminada o processo de soldagem foram instaladas as válvulas e

monômetros para visualização da pressão interna.

4.3 TESTES REALIZADOS TESTE DE PRESSÃO

Para avaliar a segurança do protótipo em relação a possíveis

vazamentos, o mesmo foi submetido a um teste de pressão. Inicialmente o

sistema foi pressurizado a 6 kgf/cm², indicado no manômetro do compressor

(Figura 4.1). O sistema foi mantido pressurizado durante 4 horas. Logo no

primeiro teste a pressão no manômetro diminuiu sensivelmente, indicando

vazamento. Decidiu-se então colocá-lo em um tanque com água para identificar

a região dos vazamentos e com isso refazer as soldas. No segundo teste de

pressão o sistema se manteve estável durante um período de seis horas,

atingindo a estanqueidade desejada.

Figura 4.1: Manômetro de pressão do compressor.

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Verificado que o protótipo oferecia segurança decidiu-se então colocar

a solução amônia-água dentro do sistema de refrigeração.

Como já citado no Capitulo 3 (três), a amônia é nociva a saúde se não

for manuseada corretamente, necessitando de instruções específicas para

operar o protótipo.

O protótipo “não deve ser manuseado” sem que se tenha

conhecimento das reações provocadas pela amônia utilizada como refrigerante

(norma ANSI/ASHRAE 15-1978) e estar devidamente protegido em caso de

vazamento. Para manusear o protótipo deve-se colocar luvas de PVC nas

mãos e máscara para evitar inalações diretas da amônia. Adotar as seguintes

orientações:

• Não incidir fogo diretamente em áreas onde a solução não esteja presente;

• Não soltar as válvulas sem que haja necessidade e sem conhecimento do

procedimento;

• Não derrubar e ou aplicar qualquer força desnecessária que possa provocar

uma trinca nas partes soldadas;

• Só se devem efetuar soldas por um técnico que tenha conhecimento de

sistemas de refrigeração por absorção;

PROCEDIMENTOS PARA FUNCIONAMENTO DO PROTOTIPO

Para manusear o protótipo, deve-se colocá-lo em uma superfície plana

e verificar se está apoiado sobre a mesma, seguindo os passos descritos

abaixo:

• Instalar a mangueira no botijão de gás de 2 kg do tipo pequeno para

“camping”;

• Ascender o bico inferior e regular para se obter uma chama pequena;

• Regular a chama lentamente até ouvir um barulho característico de “água

borbulhando”, Isto ocorre por que a amônia será a primeira a ferver em

função do ponto de ebulição de 32ºC;

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A chama não deve ser muito intensa, senão o calor fará com que a

água também comece a evaporar e transmitirá calor para o condensador que

por sua vez não foi dimensionado para temperaturas elevadas e, se o calor não

se dissipar no condensador e chegar ao evaporador, o mesmo será aquecido e

o processo de refrigeração será comprometido.

A seguir tem-se o histórico dos testes realizados no protótipo com o

objetivo de deixá-lo operacional.

TESTE 1

Foi preparada uma solução de 180 ml, composta por 70% de água

destilada e 30% de amônia. A solução foi colocada no sistema com auxilio de

uma seringa e o sistema não foi pressurizado. Em seguida adicionou-se calor

através do queimador de gás butano (maçarico).

Após alguns minutos o sistema começou a fazer um barulho

característico de água borbulhando, dando inicio ao processo de circulação da

solução dentro dos tubos. Contudo o sistema não apresentou nenhum

resfriamento significativo no evaporador após um período de pelos menos três

horas, no qual se realizou vários ajustes na adição de calor.

Na tentativa de obter-se uma melhora no desempenho, decidiu-se

mudar a configuração primária do protótipo.

Na nova configuração, o condensador foi elevado a uma altura de 150

mm em relação ao evaporador, conforme Figura 4.2, para que o calor rejeitado

no condensador não atingisse o evaporador rapidamente.

Nesta nova configuração foram adicionados três manômetros de

pressão com escala de 0 a 11 kgf/cm² para visualizar as pressões do próprio

sistema. A troca de manômetros foi necessária porque os primeiros

apresentaram vazamentos. Também foram adicionadas válvulas de esfera para

colocar e drenar a solução quando necessário.

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O evaporador foi substituído por tubo de cobre, visto que este possui

maior condutividade térmica que o aço carbono SAE1020.

Figura 4.2 Altura do condensador em relação ao evaporador. Fonte: Imagem do protótipo montado.

TESTE 2

Com a mudança da configuração e mantendo a mesma quantidade de

solução, foi realizado o segundo teste.

Observou-se uma pequena melhora em relação ao deslocamento da

solução, mas ainda não se chegou ao objetivo, que era atingir um diferencial de

temperatura entre o ambiente e o evaporador.

Adicionou-se então gás de hidrogênio ao sistema conforme

recomendado na literatura de Roy J. Dossat,2004.

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O hidrogênio foi obtido a partir de um aparato montado para se obter o

gás através de “eletrólise”.

Para se obter o hidrogênio foi montado um anteparo de plástico com

uma solução de 5 litros de água e 50 ml (aproximadamente 1%) de acido

sulfúrico (Jons Jacob Berzelius, 1808) para facilitar o deslocamento de

elétrons. Duas placas de 5 cm x 10 cm, sendo uma de cobre (anodo) e outra de

alumínio (catodo), foram ligadas a um transformador de corrente continua. O

processo ocorreu de forma lenta e a separação dos gases foi feita com auxilio

de uma seringa pode transferir o hidrogênio para o protótipo.

TESTE 3 Neste teste foi adicionado hidrogênio na forma de gás com auxilio de

uma seringa até que o manômetro indicasse uma pressão de 0,3 kgf/cm².

Neste teste o sistema apresentou uma pequena queda de temperatura

no evaporador em relação à temperatura ambiente, mas ainda não estava

próximo do objetivo desejado.

Após duas horas sem êxito, o sistema foi drenado e foi aumentada a

concentração da solução em uma proporção de 60% de água destilada e 40%

de amônia. A quantidade de hidrogênio também foi aumentada até se atingir

uma pressão no sistema de 1,0 kgf/cm².

O resultado não foi o esperado, isto é, a temperatura se manteve

estável no evaporador, sem decréscimo sensível.

TESTE 4 Neste teste a solução utilizada foi de 300 ml, sendo distribuída da

seguinte forma: 120 ml (40%) de água destilada e 180 ml (60%) de amônia. Foi

utilizada uma bomba de vácuo para remover totalmente ou parcialmente o ar

que estava dentro da tubulação do protótipo.

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A bomba estava conectada ao protótipo através de uma mangueira de

plástico, e após ligar a bomba foi verificada no manômetro localizado no coletor

uma pressão negativa de 1,5 kgf/cm². O próximo passo foi adicionar o gás de

hidrogênio até atingir uma pressão de 1,5 kg/cm² positiva e iniciar o processo

de aquecimento.

Iniciou-se então o processo de aquecimento e a temperatura foi

aumentando no tubo de aquecimento lentamente a uma escala de 5 ºC

permanecendo por um período de 30 minutos a cada alteração na escala.

Após um período de duas horas pode-se perceber uma pequena

variação de temperatura no evaporador e após quatro horas de funcionamento

a temperatura no evaporador atingiu um valor de 22 ºC, sendo a temperatura

ambiente de 28 ºC, indicada no multímetro (Minipa modelo ET 2040) utilizado

para a coleta de dados. Também foram utilizados termopares modelo MTK 01.

Neste teste atingiu-se o melhor desempenho, com um diferencial de

temperatura de 6 °C entre o evaporador e o ambiente.

4.4 CONFIGURAÇÕES DO PROTOTIPO

A ilustração (Figura 4.3) mostra a nova configuração do protótipo após

as mudanças feitas no decorrer dos testes.

(a) Montagem final do protótipo. (b) Primeira montagem do protótipo.

Figura 4.3: Fase final da montagem do protótipo.

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A Figura 4.3-a apresenta o protótipo na fase final de montagem e testes,

já a figura 4.3-b apresenta o protótipo na fase inicial da montagem.

5. RESULTADOS 5.1. DESEMPENHO DO PROTOTIPO

Os resultados obtidos ao longo dos testes com a configuração

otimizada do protótipo são apresentados na Tabela 5.1.

Os valores anteriores não foram apresentados em função de estarem

longe do objetivo, portanto foram registrados apenas para correções

posteriores.

Tempo

Tubo de aquecimento

Entrada do condensador

Eficiência do

condensador

Saida do condensador Evaporador Tanque

absorvedor

t [min]

P [kg/cm²

]

T [ºC]

P [kg/cm²

]

T [ºC]

Razão [%]

P [kg/cm²

]

T [ºC]

P [kg/cm²

]

T [ºC]

P [kg/cm²

]

T [ºC]

0 1,50 28 1,50 28 0,00 1,50 28 1,50 28 1,50 28 30 1,60 35 1,70 35 20,00 1,70 28 1,70 28 1,70 28 60 1,70 39 1,70 39 28,20 1,70 28 1,70 28 1,70 29 90 1,80 44 1,80 44 34,09 1,80 29 1,70 28 1,70 30 120 1,90 53 1,90 53 45,28 1,90 29 1,70 28 1,90 31 150 2,00 62 2,00 62 48,38 2,00 32 1,80 27 1,90 32 180 2,10 66 2,10 66 51,51 2,10 32 1,90 26 1,90 33 210 2,10 74 2,10 74 55,40 2,10 33 1,90 24 2,00 33 240 2,10 80 2,10 80 57,50 2,10 34 1,90 22 2,00 34 270 2,30 88 2,30 88 47,72 2,30 46 2,00 29 2,00 39 300 2,30 93 2,30 93 40,86 2,30 55 2,10 35 2,10 43 330 2,30 93 2,30 93 34,40 2,30 61 2,20 39 2,20 46

Fonte: Dados do obtidos no teste do protótipo.

Na montagem da planilha que compõe a tabela 5.1 foi estabelecido o

seguinte critério para obtenção de dados.

Tabela 5.1: Resultados obtidos para o protótipo otimizado.

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Os resultados eram coletados em intervalos de 30 minutos sendo eles

anotados em seus respectivos pontos representados na planilha e a cada

anotação elevava-se a temperatura no tubo de aquecimento, e assim

sucessivamente.

No tempo igual a zero foram fixados os valores iniciais de pressão e

temperatura em todos os componentes para serem utilizados posteriormente

como referência e elaboração de gráficos a seguir.

Através dos valores da tabela 5.1, foi possível fazer o Gráfico 5.1 com

uma curva (azul) descrevendo o comportamento da temperatura do evaporador

em função da temperatura de entrada no tubo de aquecimento (gerador).

Gráfico 5.1: Gráfico de temperatura no evaporador x temperatura no gerador. Fonte: Dados da tabela 5.1

Na visualização ficou clara que a temperatura de trabalho (no gerador)

do protótipo precisa permanecer constante e inferior a 78ºC. Acima desta

temperatura o vapor de água em meio à solução avança para o condensador

que por sua vez não foi dimensionado para receber e dissipar toda energia

disponível no sistema. Como percebido em temperaturas superiores, a curva

tem uma projeção de crescimento prejudicando o objetivo da construção do

protótipo.

Temperatura no evaporador x aquecimento.

2022242628303234363840

28 33 38 43 48 53 58 63 68 73 78 83 88 93

Temperatura de aquecimento [ºC]

Tem

pera

tura

no

evap

orad

or

[ºC]

Temperatura no evaporador Temperatura ambiente

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O Gráfico 5.2 descreve o comportamento da temperatura em função do

tempo. Para o protótipo, por ser experimental e relativamente pequeno,

qualquer alteração na temperatura do tubo de aquecimento impõe a

necessidade de se aguardar um determinado tempo para que a temperatura

esteja uniformemente distribuída na solução e uma descarga constante seja

mantida no sistema.

Após um período de duas horas já foi possível perceber uma queda de

temperatura no evaporador em relação ao ambiente e ao longo do processo

com o aumento da temperatura de entrada no tubo de aquecimento houve uma

queda ainda maior, lembrando que a temperatura ideal de trabalho é de 75ºC.

Gráfico 5.2: Gráfico de temperatura no evaporador x tempo. Fonte: Dados da tabela 5.1.

Para se alcançar uma queda de temperatura de 6ºC em relação ao

ambiente foi necessário aguardar quase quatro horas de operação.

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O protótipo inicial não apresentou o resfriamento esperado no

evaporador e, em função disto, foram necessárias sucessivas alterações no

mesmo até a obtenção de uma queda sensível de temperatura no evaporador.

Temp. no evaporador x tempo de aquecimento

2022242628303234363840

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5Tempo de aquecimento [Horas]

Tem

p. n

o ev

apor

ador

[ºC]

Temperatura no evaporador Temperatura ambiente

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As alterações foram fundamentais ao longo do processo para se chegar

ao objetivo principal, que era de demonstrar um ciclo frigorífico por absorção de

calor.

Os resultados apontaram para uma temperatura constante de trabalho

no gerador de 75ºC. Com esse valor de temperatura de entrada no gerador

obteve-se uma queda de temperatura no evaporador de 6ºC em relação ao

ambiente (28ºC).

Neste caso especifico o resultado obtido foi proporcional ao tamanho do

protótipo e da quantidade de solução existente no absorvedor.

Para fins de simulação entende-se que os resultados alcançados com o

uso protótipo foram satisfatórios dando ênfase ao trabalho.

Para trabalhos futuros recomenda-se que sejam feitas alguma melhorias

no protótipo, tais como:

• A otimização da concentração da solução e da pressão no sistema objetivando-

se uma maior capacidade frigorífica no protótipo;

• O cálculo do coeficiente de desempenho do sistema;

• O cálculo da capacidade frigorífica do sistema;

• Adequação de um termostato para manter a temperatura constante no gerador;

• Utilização de um software para auxiliar na coleta de dados buscando resultados

mais precisos;

• Utilização de novos pares refrigerantes;

• Aumentar a área do condensador para melhorar sua taxa de transferência de

calor ao ambiente de forma que será possível elevar a temperatura no gerador

sem prejudicar o evaporador (aumento de temperatura), o que possibilitará um

aumento de descarga de refrigerante resultando em um aumento da

capacidade frigorífica do sistema.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Tradução: Eng. Raul Peragallo Torreira.

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Editora Edgard Blucher ,1995.

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Edição, 2003.

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Fulton Editora Técnica LTda, 1979.

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Absorção, 1º edição, vol.1, Editora:Universidade do Amazonas, 1998.

7. POHLMAN, WALTHER, Manual de Técnica Frigorífica, Editora Ômega,

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Ozônio: http://www.ecolnews.com.br/camadadeozonio/prot_mont.htm

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amônia:

http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000022000000

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12. Climatização e Refrigeração:

http://www.nteditorial.com.br/revista/Materias/?RevistaID1=1&Edicao=39&i

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http://scholar.google.com.br/scholar?hl=ptR&lr=&q=ciclo+de++refrigera%C

3%A7%C3%A3o+por+absor%C3%A7%C3%A3o&lr (Acesso em

21/07/2008 às 12h30min ).