desenvolvimento de modelos antropomÓrficos …

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N O 225 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA DOSIMETRIA NUMÉRICA AUTOR: KLEBER SOUZA DA SILVA COSTA RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL MAIO – 2011

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Page 1: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

NO 225

DISSERTAÇÃO

DE MESTRADO

DESENVOLVIMENTO DE MODELOS

ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO

TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA

DOSIMETRIA NUMÉRICA

AUTOR: KLEBER SOUZA DA SILVA COSTA

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

MAIO – 2011

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DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO

TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA DOSIMETRIA NUMÉRICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN)

KLEBER SOUZA DA SILVA COSTA

DESENVOLVIMENTO DE MODELOS

ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA DOSIMETRIA

NUMÉRICA

RECIFE - PERNAMBUCO MAIO - 2011

Page 4: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

KLEBER SOUZA DA SILVA COSTA

DESENVOLVIMENTO DE MODELOS

ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA DOSIMETRIA

NUMÉRICA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Energéticas e

Nucleares, do Departamento de Energia Nuclear,

da Universidade Federal de Pernambuco, para

obtenção do título de Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Dosimetria e

Instrumentação Nuclear.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima

Co-Orientador: Prof. Dr. José Wilson Vieira

RECIFE - PERNAMBUCO

MAIO - 2011

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Catalogação na fonte Bibliotecária Rosineide Mesquita Gonçalves Luz / CRB4-1361 (BCTG) D

C837d Costa, Kleber Souza da Silva. Desenvolvimento de modelos antropomórficos patológicos usando técnicas de modelagem 3D para dosimetria numérica / Kleber Souza da Silva Costa. - Recife: O Autor, 2011

64f., il., figs., gráfs., tabs. Orientador : Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade

Lima. Co-Orientador: Prof. Dr. José Wilson Vieira.

Dissertação(Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares (PROTEN),2011.

Inclui Referências Bibliográficas e Apêndice.

1.Engenharia Nuclear. 2. Dosimetria. 3.

Fantomas de Voxels. 4. Fantomas Patológicos. 5. Modelagem 3D. 6. Monte Carlo I. Lima, Fernando Roberto de Andrade. II. Vieira, José Wilson. III. Título.

621.48 CDD (22.ed) UFPE/BCTG-115/2011

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …
Page 7: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

À minha mãe Maria Jóse Silva de Souza e em memória do meu pai Joaquim da Silva Costa, pelo carinho, educação, oportunidades e incentivo,

durante todos os momentos da minha vida.

À minha sempre companheira esposa Andreia pela paciência, dedicação e incentivo desde o momento que nos conhecemos.

Aos meus irmãos mais velhos Martone e Miriele, que me ajudaram em inúmeros momentos da minha vida.

Dedico.

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

AGRADECIMENTOS

Aos professores José Wilson Vieira e Fernando R. A. Lima, pela inestimável orientação durante a realização do trabalho e de outros desenvolvidos durante minha carreira acadêmica. Agradeço também pela paciência, compreensão e pela amizade desenvolvidas nesses anos de trabalho.

Aos professores que fizeram parte das bancas dos seminários e da defesa de

dissertação, que ajudaram no melhoramento do trabalho com suas observações e incentivo: Doutores Borko Stosic, Paulo Peixoto, Laélia Campos, Adriano Santos, Ana Candeias, Clovis Hazin, Eduardo Loureiro e a Ferdinand Lopes.

A todos os professores do DEN-UFPE que contribuíram para minha formação. Aos colegas e professores da minha graduação em Tecnologia em Radiologia no

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), em especial aos professores Anderson Guedes, José de Melo, Wilson Vieira, Ferdinand Lopes e Iran Oliveira.

Aos amigos Antonio Konrado, Renato Gonçalves, Fernanda Pessoa, Carlaine Carvalho,

Maria da Conceição, Marcelo Severo, Vanildo Melo, Igor Burgo, Roberto Kenned, José de Melo, Viriato Leal e Antonio Jr. pelo apoio e companheirismo.

Ao CNPq pelo apoio financeiro ofertado, viabilizando o desenvolvimento do projeto.

A Deus, pois sem sua permissão nada seria possível.

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DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS PATOLÓGICOS USANDO TÉCNICAS DE MODELAGEM 3D PARA

DOSIMETRIA NUMÉRICA

Autor: Kleber Souza da Silva Costa

Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima

Co-orientador: Prof. Dr. José Wilson Vieira

RESUMO

Os Modelos Computacionais de Exposição são utilizados para estimar a dose absorvida pelo

paciente em uma série de situações, tais como: exames de raios-X para diagnóstico, acidentes

e tratamentos médicos. Esses modelos são compostos, fundamentalmente, por um simulador

antropomórfico (fantoma), um algoritmo que simule uma fonte radioativa e um código Monte

Carlo. O acoplamento de um fantoma de voxels a um código Monte Carlo é um processo

complexo e quase sempre resulta na solução de um problema particular dentro de uma das

situações citadas anteriormente. A fidelidade dos dados obtidos na simulação está fortemente

ligada à adequação desta simulação à situação real. O fantoma é um dos fatores de difícil

manipulação pelo pesquisador, pois geralmente são desenvolvidos em decúbito dorsal e

apresentam anatomia padrão. Diversas patologias alteram a estrutura dos órgãos ou tecidos do

corpo. Para mensurar o quanto essas alterações são significativas, este projeto desenvolveu

dois modelos antropomórficos patológicos: uma paciente mastectomizada e um paciente com

aumento do volume renal bilateral. Estes dois modelos foram desenvolvidos a partir dos

fantomas de voxels Mash (Male Adult meSH) e Fash (Female Adult meSH), e foram

acoplados ao código Monte Carlo EGSnrc (Electron Gamma Shower, versão nrc). As

ferramentas utilizadas e desenvolvidas nesse trabalho estão implementadas em 3 softwares do

GDN/CNPq: o FANTOMAS, o DIP e o FantomaGL (desenvolvido nesse trabalho). Os

Modelos Computacionais de exposição desenvolvidos permitem a comparação de dados

dosimétricos levando em consideração fantomas patológicos e fantomas saudáveis.

Palavras-chave: Dosimetria, fantomas de voxels, Monte Carlo, fantomas patológicos e modelagem 3D.

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

DEVELOPMENT OF PATHOLOGICAL ANTHROPOMORPHIC MODELS USING 3D MODELLING TECHNIQUES FOR NUMERICAL

DOSIMETRY

Author: Kleber Souza da Silva Costa

Adviser: Prof. Dr. Fernando Roberto de Andrade Lima

Codviser: Prof. Dr. José Wilson Vieira

ABSTRACT

Computational exposure models can be used to estimate human body absorbed dose in a

series of situations such as X-Ray exams for diagnosis, accidents and medical treatments.

These models are fundamentally composed of an anthropomorphic simulator (phantom), an

algorithm that simulates a radioactive source and a Monte Carlo Code. Coupling voxel

phantoms with a Monte Carlo code is a complex process and it almost always is directed at a

particular problem within one of the previously mentioned situations. The accuracy of data

obtained in the simulation is strongly connected to the adequacy of such simulation to the real

situation. The phantoms are one of the key factors for the researcher’s manipulation. They are

generally developed in supine position and its anatomy is patronized by compiled data from

international institutions such as ICRP or ICRU. Several pathologies modify the structure of

organs and body tissues. In order to measure how significant these alterations are, two

anthropomorphic models were developed for this study: a mastectomized patient and a patient

with an increase in bilateral renal volume. Those models were developed through voxel

phantoms MASH (Male Adult meSH) and FASH (Female Adult meSH) and then coupled

with EGSnrc (Electron Gamma Shower, nrc version) Monte Carlo code. Tools used and

developed for this study are implemented in three GDN/CNPq softwares: the FANTOMAS,

the DIP and the FantomaGL (developed during the study). The computational exposure

models developed allow the comparison of dosimetric data considering pathological and

healthy phantoms.

Keywords: Dosimetry, voxel phantom, Monte Carlo, pathological phantom and 3D

modeling.

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1: Fantoma de água (Física Aplicada à Medicina, 2006). .......................................... 16

Figura 2: Fantomas Físicos Alderson-Rando (National Cancer Institute- USA). .................. 17

Figura 3: Adaptação do fantoma matemático MIRD-5 (SNYDER et al., 1978). .................. 17

Figura 4: Voxels em uma imagem tomográfica (BUSHBERG et al., 2002). ........................ 18

Figura 5: Representação da imagem 3D como uma matriz 3D (NIKOLAIDIS; PITAS, 2001).

...................................................................................................................................... 19

Figura 6: (a), (b) e (c) Fantomas da Universidade de Yale (ZUBAL, 2006). ........................ 20

Figura 7: VOXTISS8 (ZUBAL, 2006). ............................................................................... 20

Figura 8: O fantoma MAX (KRAMER et al., 2003). ........................................................... 21

Figura 9: O fantoma FAX (KRAMER et al., 2004). ............................................................ 21

Figura 10: A esquerda Fash e a direita Mash (Cassola et al, 2010). ...................................... 22

Figura 11: Fonte pontual, divergente e AP (WILSON, 2004) ............................................... 23

Figura 12: Gráfico comparativo entre os valores de π conhecido e os estimados (LEAL

NETO, 2007). ............................................................................................................... 25

Figura 13: Imagem como matriz (Informática Médica, 1998). ............................................. 28

Figura 14: Janela Principal do Software DIP (VIEIRA et al, 2009)...................................... 31

Figura 15: Janela Principal do Software FANTOMAS (VIEIRA et al, 2005). ...................... 32

Figura 16: Janela Principal do Software FANTOMAGL ..................................................... 33

Figura 17: Localização da ferramenta de troca de ID em região específica do fantoma. ....... 37

Figura 18: Retirada de IDs da mama. .................................................................................. 37

Figura 19: Localização da ferramenta de ajuste de pele do Software FANTOMAS. ............ 38

Figura 20: Fash Mastectomizada com ID da pele trocado para visualizar os ajustes. ............ 38

Figura 21: Diálogo para ajuste de volume de órgãos – polindo arestas ou preenchendo

buracos. ......................................................................................................................... 39

Figura 22: Mash com volume renal alterado utilizando o método polindo arestas ou

preenchendo buracos. .................................................................................................... 39

Figura 23: Mash com volume renal alterado utilizando o método o Formato Original do

Volume (Aleatório). ...................................................................................................... 40

Figura 24: Mash com volume renal alterado utilizando o método o Formato Original do

Volume (Aleatório). ...................................................................................................... 41

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

Figura 25: Mash modificado com volume renal aumentado visualizado no software

FantomaGL. .................................................................................................................. 41

Figura 26: Vizualização 3D do fantoma Mash. A - Anatomia normal; B – Anatomia

Patológica. .................................................................................................................... 42

Figura 27: Estrutura de um Fantoma SID. ........................................................................... 43

Figura 28: Visualização 3D do Fash no FantomaGL............................................................ 45

Figura 29: EGSnrc obtendo dados da simulação a partir dos dados de entrada. .................... 47

Figura 30: Comportamento do coeficiente de variância da dose absorvida (tireóide) pelo

número de eventos simulado. ........................................................................................ 49

Figura 31: Comportamento do tempo computacional da simulação pelo número de eventos

simulado. ...................................................................................................................... 49

Figura 32: Dose/kerma no ar para tireóide da Fash padrão e mastectomizada. ..................... 50

Figura 33: Dose/kerma no ar para o coração da Fash padrão e mastectomizada. .................. 51

Figura 34: Dose/kerma no ar para o pulmão da Fash padrão e mastectomizada. .................. 51

Figura 35: Dose/kerma no ar para a mama da Fash padrão e mastectomizada. ..................... 52

Figura 36: Dose/kerma no ar para as Adrenais do Mash padrão e com aumento do volume

renal. ............................................................................................................................. 53

Figura 37: Dose/kerma no ar para os Rins do Mash padrão e com aumento do volume renal.

...................................................................................................................................... 53

Figura 38: Dose/kerma no ar para o Fígado do Mash padrão e com aumento do volume renal.

...................................................................................................................................... 54

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 16

2.1 MODELOS COMPUTACIONAIS DE EXPOSIÇÃO ............................................ 16

2.1.1 FANTOMAS ................................................................................................. 16

2.1.2 FONTE .......................................................................................................... 22

2.1.3 MÉTODOS MONTE CARLO ..................................................................... 24

2.2 IMAGEM DIGITAL .............................................................................................. 28

2.2.1 FUNDAMENTOS ......................................................................................... 28

2.2.2 SOFTWARES ............................................................................................... 29

2.3 MODELAGEM 3D ................................................................................................ 33

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 35

3.1 CONSTRUÇÃO DE MODELOS PATOLÓGICOS ............................................... 36

3.2 VISUALIZAÇÃO E EDIÇÃO 3D .......................................................................... 43

3.3 MODELOS COMPUTACIONAIS DE EXPOSIÇÃO ............................................ 46

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 48

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS .................................................................. 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 57

APÊNDICES ............................................................................................................. 62

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

14

1. INTRODUÇÃO

Os modelos antropomórficos de exposição podem ser construídos

computacionalmente com base em elementos de volume – os chamados voxels (KRAMER et.

al., 2003; KRAMER et. al., 2004; VIEIRA, 2004; VIEIRA et al, 2005; KRAMER et. al.,

2006). Os modelos voxelizados são, portanto, paralelepípedos formados por voxels, onde

cada um deles é caracterizado por sua localização, um número identificador (ID) do órgão ou

tecido a que o voxel pertence e outro número para identificar o tipo de material que constitui o

órgão. O modelo antropomórfico é parte integrante de um modelo computacional de

exposição, assim como um algoritmo para simular a fonte radioativa e o código Monte Carlo

para simular o transporte, as interações da radiação com o meio e avaliar a energia depositada

em regiões de interesse.

A fidelidade dos dados obtidos por uma simulação está vinculada à adequação desses

modelos computacionais aos parâmetros de uma situação real. Um dos fatores de difícil

manipulação são os fantomas antropomórficos como o Max (Male Adult voXel) e a Fax

(Female Adult voXel) (KRAMER et. al., 2003; KRAMER et. al., 2004; VIEIRA, 2004;

KRAMER et. al., 2006). Entre as dificuldades encontradas pode-se citar a retirada ou

acréscimo de peças anatômicas. Determinados estudos são feitos para indivíduos que

passaram por certos tipos de tratamento ou foram acometidos de patologias e não possuem

mais a anatomia normal preservada. Como exemplo, tem-se a simulação da distribuição de

dose em pacientes submetidos à radioiodoterapia, em medicina nuclear (LOPES FILHO,

2007). Neste caso para obtenção fidedigna de resultados dosimétricos seria necessária a

retirada da tireóide (tireoidectomia) do fantoma. Outro caso relevante seria a presença de um

tumor com volume, densidade e radiossensibilidade características, Esses dados

característicos do tumor são importantes para um planejamento de radioterapia ou de um

acesso cirúrgico. A simulação com fantomas de voxels necessita da adequação do modelo ao

caso específico do paciente.

O objetivo desse trabalho foi desenvolver fantomas patológicos (mastectomia e

aumento do volume renal bilateral) usando ferramentas computacionais para modelagem 3D.

Estas ferramentas estão adicionadas a softwares já desenvolvidos pelo GDN - Grupo de

Pesquisa em Dosimetria Numérica (VIEIRA et al., 2005; VIEIRA e LIMA, 2009) e

possibilitam a realização de tarefas como cortes de regiões 3D de fantomas de voxels, troca de

IDs, visualizações 2D e 3D, entre outras. Os volumes utilizados como dados de entrada e

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

15

saída para os softwares podem ser armazenados em formatos convencionais como DICOM

(Digital Image Communication in Medicine) (NEMA, 2007) e RAW (formato de arquivo

digital que contém a totalidade dos dados da imagem), ou no formato padrão dos softwares

FANTOMAS (VIEIRA et al, 2005) e DIP (VIEIRA e LIMA, 2009), que é o SGI (Simulações

Gráficas Interativas, uma sigla já utilizada em outras publicações do GDN).

As ferramentas para visualizações 3D foram desenvolvidas em separado em um

software que acopla a funcionalidade de projetos Windows Forms Application (PETZOLD,

2005) à biblioteca gráfica OpenGL (SHREINER et al, 1997) e posteriormente a projetos WPF

(Windows Presentation Foundation) (PETZOLD, 2008). Estes últimos são subsistemas

gráficos nativos do Microsoft Visual Studio e, a partir da versão de 2008, usam a linguagem

C# e uma linguagem de marcação, conhecida como XAML (eXtensible Application Markup

Language. XAML é, atualmente, a principal linguagem de interface da Microsoft para o

Windows). Tanto a OpenGL quanto a WPF permitem o desenvolvimento de GUIs (Interface

Gráfica do Utilizador) para visualização e edição de geometrias 3D.

Os softwares já desenvolvidos e as ferramentas 3D OpenGL foram usados para criar

modelos antropomórficos patológicos que, acoplados ao código Monte Carlo EGSnrc

(KAWRAKOW e ROGERS, 2006), foram utilizados para estimar a distribuição de dose

absorvida. Os resultados foram comparados com os obtidos nos fantomas Fash e Mash

(CASSOLA et al, 2010) com anatomia preservada.

Este trabalho utilizou as ferramentas de edição desenvolvidas nos softwares do GDN

para criar fantomas patológicos que foram acoplados a modelos computacionais de exposição

com o fim de validar os dados obtidos.

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

16

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MODELOS COMPUTACIONAIS DE EXPOSIÇÃO

2.1.1 FANTOMAS

Fantomas são modelos que simulam uma geometria a ser irradiada, podendo ou não

ser antropomórficos. Os fantomas podem ser físicos ou computacionais e dentre os

computacionais existem os modelos matemáticos e os modelos baseados em voxels, neste

trabalho foram utilizados o Mash e a Fash (CASSOLA et al, 2010) que são computacionais

baseados em voxels.

Os modelos físicos como o utilizado por Spiers em 1956, servem para medir

exposições gama de feixes unidirecionais simulando tecidos moles do corpo em um fantoma

homogêneo de água (Figura 1). Modelos como o de Alderson-Rando (Figura 2) ainda são

utilizados para dosimetria.

Figura 1: Fantoma de água (Física Aplicada à Medicina, 2006).

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

17

Figura 2: Fantomas Físicos Alderson-Rando (National Cancer Institute- USA).

Os modelos computacionais utilizam dados digitalizados de pacientes ou expressões

matemáticas para gerar formas que representam os órgãos ou tecidos do corpo. Para uso em

dosimetria é necessário representar o corpo humano e catalogar as diversas informações a

respeito da geometria, massa, densidade, bem como as composições das estruturas anatômicas

para as estimativas de dose.

Os modelos matemáticos utilizam equações e inequações matemáticas para definir a

geometria dos órgãos e foram utilizados nas primeiras estimativas de dose. Durante a

elaboração da ICRP 23 (1975) foi desenvolvido o modelo MIRD-5 (Medical Internal

Radiation Dose Committee, pamphlet n. 5) (Figura 3).

Figura 3: Adaptação do fantoma matemático MIRD-5 (SNYDER et al., 1978).

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

18

Um grande avanço para a dosimetria numérica foi o advento dos modelos

computacionais baseados em elementos de volume, chamados voxels (Figura 4). Comparados

aos matemáticos, os modelos computacionais de voxels são representações muito mais

próximas do corpo humano, pois são baseados nas imagens digitais gravadas por varredura de

pacientes reais por TC (Tomografia Computadorizada) ou por RMN (Ressonância Magnética

Nuclear).

Figura 4: Voxels em uma imagem tomográfica (BUSHBERG et al., 2002).

Um modelo de voxels é uma matriz tridimensional, m(z, y, x), de dimensões Nz x Ny x

Nx , onde as coordenadas z, y, x denotam, respectivamente, a fatia, a linha e a coluna, e o

valor de m é a intensidade do tom de cinza no ponto (z, y, x). Cada voxel mede Dz x Dy x Dx

unidades físicas (ex.: milímetros cúbicos) como ilustrado na Figura 5.

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

19

Figura 5: Representação da imagem 3D como uma matriz 3D (NIKOLAIDIS; PITAS, 2001).

Devido ao fato do modelo de voxels ser muito mais semelhante à geometria humana é

possível determinar as distribuições de dose até mesmo ao nível de órgão ou tecido, o que se

torna importante no caso de acidentes radioativos, quando é de interesse saber a localização

da dose máxima (SANTOS, 2006).

Os modelos baseados em voxel foram introduzidos por Gibbs e colaboradores em

1984. Zubal e colaboradores (1994a, 1994b, 1995) segmentaram imagens TC e RMN de um

paciente, obtidas pela varredura da cabeça ao meio das coxas e, na sequência do trabalho,

fizeram a complementação do corpo, adicionando os membros superiores e inferiores do

Visible Man (SPITZER; WHITLOCK, 1998). As Figuras 6a, 6b e 6c mostram vistas 3D

destes conjuntos (ZUBAL, 2006).

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

20

Figura 6: (a), (b) e (c) Fantomas da Universidade de Yale (ZUBAL, 2006).

Kramer e colaboradores em 2003 desenvolveram a partir da modificação no fantoma

VOXTISS8 (ZUBAL, 2006), Figura 7, o fantoma MAX (Figura 8).

Figura 7: VOXTISS8 (ZUBAL, 2006).

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

21

Figura 8: O fantoma MAX (KRAMER et al., 2003).

Kramer e colaboradores em 2004 desenvolveram o fantoma FAX, Figura 9, baseado

em imagens de TC de pacientes femininas e seu desenvolvimento foi similar ao do MAX.

Figura 9: O fantoma FAX (KRAMER et al., 2004).

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

22

Os modelos baseados em dados obtidos por TC, RMN e scanner de imagens de

voluntários ou cadáveres apresentam grande fidelidade à estrutura de origem, possuem como

possível limitação a deformação de certas estruturas devido à postura (geralmente decúbito

dorsal) dos métodos de aquisição dessas imagens, muitas vezes a exposição é realizada em

posição ortostática ou em outra postura diferente. Ferramentas da área de computação gráfica

e atlas de anatomia foram utilizados para desenvolver fantomas baseados em malha de

superfície como a Fash (Female Adult meSH) e o Mash (Male Adult meSH) (Figura 10).

Figura 10: A esquerda Fash e a direita Mash (Cassola et al, 2010).

2.1.2 FONTE

Além da geometria a ser irradiada, outro aspecto relevante é a fonte radioativa a ser

utilizada. A adequação desse algoritmo ao modelo da simulação implica diretamente na

fidelidade dos dados obtidos. Neste projeto foi utilizada uma fonte pontual divergente,

monoenergética, anteroposterior (AP) (Figura 11).

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

23

Figura 11: Fonte pontual, divergente e AP (WILSON, 2004)

Para simular o transporte da radiação através de um fantoma, o EGSnrc

(KAWRAKOW e ROGERS, 2006) precisa ser informado sobre variáveis que controlam a

posição e a colimação da fonte. Portanto, uma fonte radioativa é uma sub-rotina que deve

fornecer diversos dados como:

• As coordenadas (em cm) do ponto da posição da fonte pontual, Pf = (XS, YS, ZS), que

situam a partícula em relação ao sistema de referência do fantoma;

• O tamanho do campo a ser irradiado, (FW, FH), que informam a largura e a altura do

campo irradiado;

• A energia inicial (EIN).

As fontes desenvolvidas pelo GDN têm como principal referência a publicação de

Turner e colaboradores em 1985. A publicação de Costa e colaboradores em 2007 utiliza os

métodos descritos por Turner para desenvolver uma fonte de nêutrons com técnicas Monte

Carlo para simular a interação da radiação com a matéria. Para implementar esse método

foram necessários determinar:

� Seções de choque;

� Profundidade da primeira interação;

� Tipo de Elemento que colide com o nêutron;

� Leis de conservação no espalhamento;

� Ângulos de espalhamento do nêutron e recuo do núcleo;

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

24

� Energias de recuo do núcleo e dos nêutrons espalhados;

� Gerador de números aleatórios (GNA).

Neste trabalho foram utilizadas duas fontes pontuais, divergentes e ântero-posteriores,

uma para o Mash (localizada e colimada na região dos rins) e outra para a Fash (localizada e

colimada na região da mama direita).

2.1.3 MÉTODOS MONTE CARLO

Os métodos Monte Carlo são métodos estatísticos utilizados para obter resposta de

problemas de alta complexidade ou de solução algébrica impossível. São utilizados em

simulações estocásticas e/ou determinísticas com inúmeras aplicações em diversas áreas

incluindo a dosimetria numérica (TURNER et al., 1985). Segundo Kalos e Whitlock (1986),

método Monte Carlo é aquele que envolve o uso deliberado de números aleatórios em

cálculos que tenham uma estrutura de um processo estocástico. Por processo estocástico

entende-se uma sequência de estados cuja evolução é determinada por eventos aleatórios. Em

um computador, estes processos são gerados por números aleatórios. Como exemplo da

utilização desse método, Kalos e Whitlock (1986) citam o experimento proposto por Laplace

em 1886. Trata-se de estimar o valor de π através do experimento da agulha de Buffon. Este

experimento é descrito como o cálculo da probabilidade P (P=2L/πD) de uma agulha de

comprimento L ser lançada aleatoriamente sobre um plano horizontal cortado por linhas

paralelas separadas por uma distância D, onde D é maior que L, e interceptar uma destas

linhas.

A Figura 12 mostra a eficiência do método Monte Carlo sendo comprovada pelo

problema da agulha de Buffon e a sugestão de Laplace para estimar o valor de π, avaliando a

convergência para o resultado desejado do fenômeno em função do número de histórias.

Pode-se observar que quanto maior o número de histórias (desde que não ultrapasse valor

máximo da variável usada) simulado, mais próximo do valor real é o valor obtido na

simulação.

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

25

10 100 1000 10000 100000 1000000

2,8

2,9

3,0

3,1

3,2

3,3

Valores de pi

N° de Histórias

pi (Estimado)

pi (Conhecido)

Figura 12: Gráfico comparativo entre os valores de π conhecido e os estimados (LEAL NETO, 2007).

Os códigos Monte Carlo são mecanismos confiáveis de simulação com aplicação na

matemática, na física e na biologia. A utilização das radiações ionizantes na simulação

obedece às propriedades características da fonte simulada. As radiações conseguem ser

transportadas em diversos meios por determinação de probabilidades de distribuição

dependentes das suas seções de choque e dos níveis de energia. Na interação com a matéria

podem ser produzidos novos tipos de radiação, que também serão transportados, até que todas

as partículas e fótons sejam absorvidos ou escapem do meio considerado. As grandezas de

interesse podem ser obtidas por meio de uma estimativa de certo número de casos ou histórias

no método Monte Carlo. A incerteza estatística (também conhecida como coeficiente de

variação, variância ou meramente incerteza) envolvida neste processo depende do quantitativo

de casos envolvido (KAWRAKOW e ROGERS, 2006).

Sua utilização considera que os fenômenos de sistemas físicos ou matemáticos a serem

estudados sejam estabelecidos por funções de densidade de probabilidade (fdp) (CSEP, 1995;

LOPES FILHO, 2007; VIEIRA, 2001; VIEIRA, 2004). Uma vez reconhecida a fdp, o método

Monte Carlo pode ser estabelecido através de uma série de eventos, realizando-se dessa

forma, uma amostragem aleatória. A dimensão dessa amostragem está relacionada com a

variância desejada à simulação. Quanto maior o número de eventos envolvidos na simulação,

menor o erro probabilístico envolvido e maior sua confiabilidade.

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

26

Devido a essa natureza probabilística do método Monte Carlo, sua estrutura

primordialmente depende de sistemas de geração de números aleatórios associados às fdp’s.

Para tanto, um algoritmo baseado em técnicas Monte Carlo deverá apresentar alguns

componentes essenciais para sua utilização com êxito em simulações. De acordo com CSEP

(Computational Science Education Project), os seguintes componentes são essenciais (CSEP,

1995):

• Descrever o sistema por meio de uma função densidade de probabilidade (FDP).

• Utilizar um gerador de números aleatórios (GNA) uniforme e uma transformação

apropriada para a FDP conhecida.

• Gerar múltiplas “jogadas” ou “histórias” e tomar o resultado desejado como uma

média dos resultados observados.

Além disso, para a simulação tornar-se efetiva, faz-se necessário a utilização de

bibliotecas de dados acerca das características atômicas e nucleares do cenário a ser simulado.

Esses componentes deverão estar estruturados na simulação por métodos Monte Carlo que se

desencadeia em uma sequência de eventos.

Um dos métodos Monte Carlo mais utilizados é o algoritmo de Metropolis, também

conhecido por Algoritmo de Metropolis-Hastings, apresentado inicialmente em 1953 por

Metropolis e colaboradores, e generalizado em 1970 por Hastings. O algoritmo de Metropolis

tem como objetivo determinar valores esperados de propriedades do sistema simulado, através

de uma média sobre uma amostra. O algoritmo é concebido de modo a se obter uma amostra

que siga a distribuição de Boltzmann (função de distribuição que rege, num determinado

instante, a distribuição de energias das várias partículas de um sistema).

Para se determinar a probabilidade de uma dada configuração, seria necessário

conhecer a chance de ocorrência de todas as outras configurações. No caso de variáveis

contínuas, seria necessária uma integração da densidade de probabilidade sobre todo o espaço

de configurações, mas esse procedimento fica muito custoso quando se utiliza um grande

número de variáveis. A eficiência do algoritmo de Metropolis está diretamente ligada ao fato

de não levar em conta a probabilidade das configurações em si, mas sim a razão entre elas,

pois a razão entre as probabilidades de duas dadas configurações pode ser determinada

independentemente das outras.

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

27

Entre os códigos Monte Carlo mais utilizados para simulações em dosimetria estão:

• O GEANT, simula o transporte de nêutrons, fótons e elétrons em qualquer meio para

geometrias especificadas pelo usuário (GEANT 4, 1993). Este código foi desenvolvido

em C++.

• O MCNP (Monte Carlo N-Particle) pode ser usado para simular o transporte de

nêutrons, fótons e elétrons, em qualquer meio e para geometrias generalizadas

(BRIESMEISTER, 1993). A simulação para cálculos de dosimetria interna não é

especificamente incluída e requer um esforço significativo para produzir códigos para

leitura de dados de entrada e para a construção computacional da fonte e do modelo

geométrico a ser irradiado.

• O PENELOPE (PENetration and Energy LOss of Positrons and Electrons in matter),

inicialmente só simulava o transporte de elétrons e pósitrons e, em versões mais

recentes, passou a simular o transporte de fótons. As energias usadas variam de 1 keV

(100 eV para elétrons e pósitrons) a 1 GeV (SALVAT et al, 1992).

• O EGS (Electron Gamma Shower), um código para simulações de transporte de fótons

ou elétrons em qualquer meio para geometrias especificadas pelo usuário

(KAWRAKOW e ROGERS, 2006). Foi desenvolvido inicialmente nos Estados

Unidos em linguagem nativa MORTRAN pelo Laboratório Nacional de Aceleração de

Partículas da Universidade de Stanford (SLAC) em 1985. Apesar de inicialmente o

código ter sido desenvolvido para aplicação em física de partículas de altas energias, o

EGS também vem sendo utilizado em pesquisas envolvendo estudos de energias mais

baixas (KUBSAD, 1990; MANFREDOTTI, 1990; VIEIRA, 2004; COSTA, 2008;

CAON et al, 1997).

Neste trabalho foi usado o EGSnrc, que foi desenvolvido partir do EGS4 no Conselho

Nacional de Pesquisas do Canadá (NRC, do inglês National Research Council). O EGSnrc

basicamente apresenta a mesma estrutura do EGS4. Contudo, sua interface de entrada é

facilitada em um ambiente de múltiplas plataformas, onde o usuário desenvolve arquivos de

entrada contendo informações necessárias do cenário a ser simulado com extensão definida no

código. Este arquivo é construído com base nos dados que podem ser fornecidos pelo próprio

ambiente EGSnrc ou definido pelo usuário, com sua devida extensão.

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

28

2.2 IMAGEM DIGITAL

De acordo com Gonzalez e Woods (2002) uma imagem monocromática pode ser

representada por uma função matemática bidimensional do tipo f(x,y), onde x e y são

coordenadas espaciais (no plano) e a amplitude f em qualquer ponto de coordenadas (x,y) é

chamada de intensidade ou nível de tom de cinza. Afirmam também que quando (x,y) e os

valores da amplitude f são quantidades finitas e discretas, a imagem é chamada de imagem

digital.

2.2.1 FUNDAMENTOS

Gonzalez e Woods (2002) afirmam que para converter uma imagem para a sua forma

digital é necessário amostrar a função f(x,y) em ambas as coordenadas e na amplitude. A

digitalização dos valores das coordenadas é chamada amostragem. A digitalização dos valores

da amplitude é chamada quantização.

Outro conceito importante para o entendimento de imagem digital é o de pixel

(Picture element), que é o elemento formador de uma imagem digitalizada. Cada um desses

pixels possui a informação que determina sua cor (em imagens médicas geralmente são tons

de cinza). O conjunto de pixels forma uma matriz que para o olho humano representa uma

imagem (Figura 13).

Figura 13: Imagem como matriz (Informática Médica, 1998).

A interface gráfica para visualizações 3D pode utilizar bibliotecas gráficas como a

OpenGL ou ser desenvolvida em projetos mais modernos e robustos como WPF Application.

Isto permite controlar a tecnologia de computação gráfica para produzir modelos mais

realísticos (SHREINER et al, 1997).

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

29

A OpenGL apresenta uma interface de software para hardwares gráficos (GL vem de

Graphics Library). Esta biblioteca permite que você crie programas interativos que produzem

imagens 3D, inclusive com animação. Com a OpenGL, pode-se controlar a tecnologia de

gráficos em computador para produzir quadros realísticos ou o que a imaginação criar. A

OpenGL contém cerca de 250 funções distintas (cerca de 200 no arquivo de cabeçalho gl.h e

outras 50 na biblioteca de utilitário OpenGL, glu.h) que podem ser usadas para especificar os

objetos e as operações necessárias para produzir aplicativos tridimensionais interativos. O

sistema operacional Microsoft Windows requer a inclusão dos arquivos de cabeçalho

windows.h antes do gl.h ou do glu.h, porque algumas macros usadas internamente na versão

para o Microsoft Windows do gl.h e do glu.h são definidas no windows.h.

A OpenGL contém funções de desenho na tela ou em outro dispositivo gráfico

projetadas para serem independentes de qualquer sistema de janelas ou sistema operacional.

Consequentemente, a OpenGL não contém funções para abertura de janelas ou leitura de

eventos de teclado ou mouse. Infelizmente, é impossível escrever um programa gráfico

completo sem abrir, pelo menos, uma janela, e os programas mais interessantes requerem um

pouco de entrada do usuário ou outros serviços do sistema operacional ou do sistema de

janelas. Contudo, pode-se usar o GLUT (OpenGL Utility Toolkit) para simplificar tarefas

como a abertura de janelas, detecção de entradas, etc. Além disso, como as funções de

desenho em gl.h se limitam a gerar primitivas geométricas simples (pontos, linhas e

polígonos), o GLUT inclui várias funções que criam objetos tridimensionais mais

complicados tais como uma esfera, um toro e uma chaleira (vale salientar que gl.h e glu.h

também possuem funções que criam alguns dos objetos 3D que o GLUT cria, como esferas,

cilindros e cones).

2.2.2 SOFTWARES

As ferramentas desenvolvidas e utilizadas neste trabalho encontram-se distribuídas em

3 softwares: o DIP, Digital Image Processing (VIEIRA e LIMA, 2009), software

desenvolvido em C# com a finalidade de fornecer ferramentas para tratamento de imagem

digital; o FANTOMAS (VIEIRA et al, 2005), desenvolvido em C com diversas ferramentas

para manipular fantomas de voxel; e o FantomaGL, software desenvolvido em C# que utiliza

a OpenGL, encapsulada em um projeto de classes de bibliotecas em C# (Zhongkui, 2007), e

posteriormente WPF para visualizações tridimensionais.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

30

O DIP (Figura 14) foi desenvolvido a partir da necessidade de integrar as diversas

tarefas de processamento da imagem digital original para obtenção de uma imagem que possa

ser utilizada no modelo computacional. Foi desenvolvido utilizando o tipo de projeto

Windows Forms do Microsoft Visual Studio, para ler, editar e escrever arquivos binários

contendo a matriz 3D correspondente a uma pilha de imagens transversais de uma dada

geometria que pode ser um corpo humano ou outro volume de interesse. O software também

pode ler qualquer tipo de imagem computacional (BMP, JPEG, TIF, etc.) e fazer conversões

para os tipos padrões usados em tarefas nele implementadas. Quando a tarefa envolve apenas

uma imagem de saída, esta é salva no formato JPEG; quando envolve uma pilha de imagens,

o arquivo binário é denominado SGI (Simulações Gráficas Interativas).

Esse software apresenta, além das funções de modificação utilizadas nesse trabalho,

funções para filtragem de volume. Estas funções são necessárias porque todo processo de

aquisição de imagem digital apresenta naturalmente degradações da qualidade da imagem

devido ao ruído de digitalização, aos artefatos introduzidos durante a aquisição e ao baixo

contraste inerente à modalidade. Apresenta também ferramentas de segmentação de regiões.

Nikolaidis e Pitas (2001) definem segmentação de região como uma operação de análise de

imagem que visa congregar voxels em regiões 3D que representem entidades físicas

significantes. Para determinar uma região é necessário que os voxels dela compartilhem

algumas propriedades como intensidade, posição espacial, etc.

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31

Figura 14: Janela Principal do Software DIP (VIEIRA et al, 2009).

O software FANTOMAS, Figura 15, agrega várias funções para modificar fantomas

de voxels e diversas ferramentas desenvolvidas em outros estudos do GDN. Foi desenvolvido

em API (Application Programming Interface) WINDOWS C, projetado para editar imagens

digitais do corpo humano e transformá-las em arquivos de texto com a geometria do corpo.

Estes arquivos são preparados especialmente para acoplamento ao código Monte Carlo EGS.

Além de construir e editar fantomas de voxels, o software pode executar modelos

computacionais de exposição FANTOMA DE VOXELS/EGS4 para estimar doses

equivalentes, bem como desenhar gráficos dos coeficientes de conversão (CCS) em função da

energia do fóton incidente. Os CCS são razões entre doses equivalentes em órgãos e tecidos, e

grandezas mensuráveis como KERMA (Kinetic Energy Released per unit MAss) e Fluência.

Entre as funções de alteração, destacam-se as operações baseadas em vizinhança como a

inserção ou retiradas de voxels de acordo com diversos algoritmos implementados.

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

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Figura 15: Janela Principal do Software FANTOMAS (VIEIRA et al, 2005).

O FatomaGL (Figura 16) foi desenvolvido com o intuito de complementar as

habilidades do DIP. O software recebe como dados de entrada estruturas SID (Sistema de

Informações Dosimétricas) e permite que o usuário visualize um fantoma de voxels em três

dimensões e rotacione o mesmo na tela do computador. O software foi desenvolvido no

Microsoft Visual Studio .NET 2008 e integra a biblioteca gráfica OpenGL e posteriormente

WPF.

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Figura 16: Janela Principal do Software FANTOMAGL

2.3 MODELAGEM 3D

Modelagem 3D é uma área da Computação Gráfica, que tem como objetivo a geração

de entidades em três dimensões, geração de cenas estáticas, imagens em movimento, com ou

sem interatividade. Consiste na criação de formas, objetos, personagens, cenários. Para

elaboração são utilizadas ferramentas computacionais avançadas e direcionadas para este tipo

de tarefa.

Esse tipo de modelagem conta com uma enorme variedade de ferramentas genéricas,

permitindo uma comunicação mais fácil entre dois programas diferentes e usuários iguais.

Dentre as ferramentos as mais conhecidas são: técnica por polígonos, técnica por vértices e

técnica por bordas. Estas são realizadas através da criação de uma malha complexa de

segmentos que dão forma ao objeto.

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34

O aumento da capacidade de processamento dos computadores modernos e

ferramentas gráficas mais sofisticadas estão proporcionando estudos diferenciados de assuntos

extremamente complexos, em destaque das estruturas anatômicas humanas e das possíveis

doenças que as acometem. Desenvolvendo programas computacionais adequados é possível

realizar modelagens de diferentes estruturas anatômicas e simulações destas sobre condições

sadias e patológicas. Com isso é possível prover recursos inovadores para o treinamento

médico, controle de qualidade e estudo de patologias de interesse do médico (NEVES et al,

2008).

Existem diversos trabalhos relacionados ao uso da modelagem 3D na medicina. Entre

eles destacam-se Tawhai e colaborados (2004), Burrowes e colaboradores (2005), Tawhai e

colaboradores (2006). Os autores descreveram que a interpretação das imagens pulmonares

pode ser difícil devido às variações anatômicas entre os indivíduos e também entre as

espécies, sendo os modelos computacionais um recurso significativo para esse tipo de estudo.

Os autores consideram que o entendimento das estruturas pulmonares pode ser facilitado

através de modelos específicos. O modelo proposto utiliza imagens tomográficas para

reconstruir os brônquios pulmonares principais e as ramificações foram construídas através do

modelo apresentado em (Tawhai et al, 2000). Os autores apresentaram um modelo com

estruturas compatíveis com as de uma anatomia real, porém não permite representações das

variações anatômicas.

Neste trabalho, estes métodos de modelagem 3D são utilizados para gerar fantomas

patológicos que podem ser utilizados em estimativas dosimétricas.

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35

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Devido ao caráter computacional desse trabalho foram utilizadas as seguintes

ferramentas:

• Computador: Intel Pentium Dual Core T2370 de 1.8GHz, 1GB de RAM, 120GB de

HD;

• Sistema Operacional: Microsoft Windows XP Service Pack 3;

• Softwares já desenvolvidos ou em desenvolvimento pelo GDN, como o FANTOMAS,

o DIP e o FantomaGL;

• Microsoft Visual Studio, uma plataforma para desenvolvimento de softwares, com

diversas linguagens de programação entre elas C++ e C#, que foram utilizadas no

desenvolvimento das ferramentas utilizadas neste trabalho;

• Conjunto de bibliotecas já desenvolvido anteriormente, pelo GDN, com diversas

classes e estruturas desenvolvidas em C# que facilitaram a construção das novas

ferramentas;

• A biblioteca gráfica OpenGL, que permite a manipulação de recursos de controle de

construção e visualização de modelos tridimensionais, encapsulada nas bibliotecas de

classe GRxOpenGL;

• Conjuntos de imagens SGI (Simulações Gráficas Interativas) a serem manipuladas

para o desenvolvimento de modelos computacionais de exposição: EGSnrc/Fash e

EGSnrc/Mash.

Os códigos de alteração de fantoma que foram utilizados neste trabalho visam produzir

um fantoma patológico para uso em Dosimetria Numérica com a finalidade de melhorar e

agilizar pesquisas da área. Foram desenvolvidas ferramentas computacionais em linguagens

C, C++ e C# para realizar vários tipos de modificações como, por exemplo, a retirada ou

acréscimos de volume de órgão do corpo humano.

Este trabalho foi desenvolvido em três etapas: primeiro foi necessário gerar fantomas

patológicos, a Fash mastectomizada e o Mash com aumento do volume renal; logo em

seguida foi necessário realizar visualizações 3D das estruturas modificadas; e por fim gerar os

modelos computacionais de exposição acoplando essas geometrias desenvolvidas ao EGSnrc

e realizar avaliações dosimétricas.

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

36

3.1 CONSTRUÇÃO DE MODELOS PATOLÓGICOS

Tradicionalmente os modelos antropomórficos são desenvolvidos a partir de imagens

adquiridas de pacientes morfologicamente normais, ou seja, sem alterações anatômicas.

Existem diversas patologias que alteram órgãos e tecidos do corpo. Estas modificações podem

ser significativas para o estudo dosimétrico em situações especiais, como, por exemplo, no

caso de displasias onde o crescimento exagerado de certa estrutura (consequente aumento da

massa) pode alterar os valores de dose. As alterações anatômicas mensuráveis devem ser

representadas no Fantoma de voxels para adequar o modelo à realidade, adquirindo os dados

anatômicos direto do paciente alvo, quando justificável, ou modificando um modelo pré-

existente.

Dependendo do tipo de adequação necessária pode ser preciso segmentar órgãos nas

imagens; a técnica mais simples de segmentação é a técnica do limiar. Essa técnica pode ser

utilizada quando os voxels que formam certa estrutura ocupam um intervalo de intensidade

específico, ou seja, que não se sobrepõe ao intervalo de intensidades do fundo ou de outras

regiões; neste caso, o objeto pode ser segmentado usando um par de limiares de intensidade.

Os voxels cuja intensidade está entre os dois limites são nomeados para a região. A técnica do

limiar é usada em imagens TC e RMN para segmentar ossos com o tecido mole como fundo.

Especificamente, os exemplos utilizados para validar este trabalho não exigem a segmentação,

pois as alterações foram desenvolvidas no Mash e na Fash, que já são modelos tratados e

segmentados.

A retirada de órgão é uma operação de transformação de um determinado ID para IDs

da vizinhança. Um código que percorra a matriz do fantoma, voxel a voxel, poderá substituir

o ID da tireóide, por exemplo, pelo ID do tecido mole circunvizinho. O acréscimo de volumes

também é uma operação de transformação de ID, mas nesse caso, o ID novo deve ser

escolhido pelo usuário. A modelagem destes corpos estranhos ao fantoma original pode ser

descrita por equações e inequações da geometria analítica ou regras de lógica.

A adição de regiões também pode ser feita segmentando imagens de pacientes com

patologias específicas e criando um banco de dados das principais anormalidades estudadas

por TC ou RMN. A qualquer imagem poderia ser acrescentada a patologia no local designado

pelo usuário, o que simularia, por exemplo, um determinado tumor.

Para testar as ferramentas e diferenças nos resultados dosimétricos quando são

utilizados fantomas patológicos, dois modelos foram criados. O primeiro modelo criado foi a

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37

Fash mastectomizada (retirada total de uma das mamas) e o segundo modelo trata-se do Mash

com o aumento do volume do rim.

A mastectomia total da mama direita da Fash foi realizada baseada nos estudos de

radioterapia em pacientes mastectomizadas (BORGES, 2008). Para reproduzir essa variação

anatômica inicialmente foi utilizada a retirada de IDs específicos da mama em uma região

delimitada da matriz tridimensional do fantoma de voxels; na realidade essa retirada trata-se

de uma troca pelo ID 0. Esta ferramenta está implementada no software FANTOMAS, no

menu editar, submenu manipular o ID dos órgãos (Figura 17).

Figura 17: Localização da ferramenta de troca de ID em região específica do fantoma.

Os IDs que foram substituídos foram os IDs 98, que representa o tecido adiposo, e o

46, que representa o tecido glandular da mama. A Figura 18 mostra as etapas da retirada

desses tecidos por meio desse algoritmo.

Figura 18: Retirada de IDs da mama.

Após a retira dos tecidos foi necessário reconstruir a pele da região que foi retirada no

processo de mastectomia. Para isso foi utilizada uma ferramenta especialmente desenvolvida

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para preencher buracos na pele. Esta ferramenta percorre toda a superfície do fantoma

localizando a ausência de voxels de pele e corrigindo essa imperfeição (Figuras 19 e 20).

Figura 19: Localização da ferramenta de ajuste de pele do Software FANTOMAS.

Figura 20: Fash Mastectomizada com ID da pele trocado para visualizar os ajustes.

Para aumentar o volume renal do Mash foram utilizadas ferramentas baseadas na

conversão dos voxels vizinhos em voxel do rim. Varias ferramentas desenvolvidas para o

software FANTOMAS podem ser utilizadas para simular esse tipo de patologia, entre esses

métodos destacaram-se os de conversão de voxels baseada em arestas, em sorteios aleatórios

dos voxels a serem modificados e o acréscimo de camada ao órgão de interesse.

O método denominado como polindo arestas ou preenchendo buracos (Figura 21)

inicialmente determina se o usuário pretende acrescentar ou retirar voxels ao órgão. Após essa

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etapa testa se os “vizinhos” estão entre os dois IDs permitidos pelo usuário, caso estejam é

feita a troca. O resultado deste método (Figura 22) apresenta uma aparência anatomicamente

inadequada, pois o órgão alterado não tem seu formato preservado.

Figura 21: Diálogo para ajuste de volume de órgãos – polindo arestas ou preenchendo buracos.

Figura 22: Mash com volume renal alterado utilizando o método polindo arestas ou preenchendo buracos.

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O método denominado como Mantendo o Formato Original do Volume (Aleatório)

inicialmente, assim como na função anterior, testa se vai acrescentar ou retirar voxels do

órgão a ser modificado. Neste caso, o voxel a ser convertido é escolhido aleatoriamente; caso

o ID do voxel escolhido seja um dos IDs definidos pelo usuário como permitidos ele recebe o

ID do órgão que estamos aumentando, no exemplo, do aumento de volume o ID é o do rim.

Esta técnica apresentou resultados mais satisfatórios, mas nas ultimas fatias do rim direito

apresentou uma deformação geométrica que se aproxima de um paralelepípedo (Figura 23).

Figura 23: Mash com volume renal alterado utilizando o método o Formato Original do Volume (Aleatório).

A técnica que apresentou, isoladamente, resultados mais adequados foi a de adição de

camada presente no menu ESTUDOS do DIP (Figura 24). Esta função acrescenta camadas de

voxel ao redor do órgão a ser aumentado trocando o ID dos vizinhos permitidos. O uso desta

técnica apresentou geometria muito semelhante a estudos tomográficos de aumento de volume

renal bilateral (Figura 25).

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Figura 24: Mash com volume renal alterado utilizando o método o Formato Original do Volume (Aleatório).

Figura 25: Mash modificado com volume renal aumentado visualizado no software FantomaGL.

Para obter um aumento de 20% no volume do rim sem grandes deformações da

estrutura, os métodos usados acima tiveram de ser utilizados em conjunto. Primeiro foi

utilizado o método de camadas para aumentar até 200000 voxels. Desse número foi utilizada a

função que acrescenta voxels ao órgão aleatoriamente até os 203000. Por fim, através do

processo de arestas foram acrescentados os 2000 voxels finais. A Figura 26 mostra o Mash

normal (A) e com a patologia renal (B).

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Figura 26: Vizualização 3D do fantoma Mash. A - Anatomia normal; B – Anatomia Patológica.

A radiossensibilidade do tumor é um aspecto importante de ser considerado, pois

dependendo desse fator a dose de radiação a ser administrada no paciente é estabelecida. A

determinação desses fatores para diversos tipos de tecidos tumorais, certamente, é função das

comissões internacionais como a ICRP, que estabeleceram os fatores para os tecidos

radiossensíveis sadios. Neste trabalho optou-se por manter a radiossensibilidade do órgão

patológico (Rim), o que não resulta em grandes alterações nos resultados que serão

apresentados aqui, isto é, os coeficientes de conversão entre dose absorvida e KERMA no ar.

Outra dificuldade relevante está nos diversos tipos de arquivo que devem ser utilizados

em trabalho com imagens médicas. Os dados do paciente são obtidos com o padrão DICOM,

o Mash e a Fash por sua vez são vetorizados para serem trabalhados em softwares de

modelagem 3D, os modelos computacionais de exposição atualmente utilizam fantomas

voxelizados. Estes fantomas uma vez voxelizados no formato binário RAW têm que ser

transformados para o formato SGI para serem trabalhados nos softwares FANTOMAS e DIP;

para visualizar em 3D precisam ser convertidos para o formato SID e por fim para acoplar

esses modelos ao EGSnrc é preciso a conversão através do software FANTOMAS para o

formato data. O ideal seria organizar todas essas ferramentas de conversão e modificação em

um único programa. Importante, também, seria que todos os tratamentos e modificações

fossem feitos em um único formato de arquivo, o SID, por ser o formato que ocupa muito

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pouca memória (facilitando a criação de um banco de dados de fantomas patológicos). O

software FantomaGL receberá todas essas funcionalidades e outras edições 3D não

implementadas nos outros softwares do GDN.

3.2 VISUALIZAÇÃO E EDIÇÃO 3D

A visualização de estruturas 3D é realizada através do software FantomaGL

desenvolvido no Microsoft Visual Studio na linguagem C#. O FantomaGL mantém a

Interface padrão dos softwares para tratamento de imagem já desenvolvidos pelo GDN. Para

sua construção, utilizou-se o Windows Forms, um potente modelo de projeto do Microsoft

Visual Studio. O Windows Forms possui dois ambientes de trabalho: o de código, comum a

todas as linguagens de programação, e o ambiente de desenho.

É necessário que o usuário forneça os dados de entrada no formato SID que é um

formato desenvolvido pelo GDN que armazena o fantoma como um texto. Este formato

armazena o fantoma em uma matriz de duas colunas, onde a primeira representa a quantidade

de voxels com o mesmo ID em sequência e a segunda o ID desses voxels (Figura 27), quando

o ID é zero apenas a quantidade é expressa. A primeira linha representa o cabeçalho e informa

quantas fatias (F), linhas (L) e colunas (C) o fantoma possui.

Figura 27: Estrutura de um Fantoma SID.

ID DO VOXEL

Nº DE VOXELS

CABEÇALHO

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44

As ferramentas da biblioteca OpenGL são desenvolvidas em C, uma linguagem que

não é orientada a objeto e não é estruturada em classes. Para utilizar as ferramentas da openGl

foi necessário adicionar ao FantomaGL o projeto GRxOpenGL (Zhongkui, 2007) que

encapsula diversas bibliotecas como a própria OpenGL, a Glu32 e a Glut32. Este projeto

importa essas bibliotecas e organiza as ferramentas dentro de uma classe, o que permite a

utilização dessas ferramentas mesmo em um projeto em C#, como mostra o texto abaixo:

No projeto GRxOpenGL são criadas funções dentro da classe principal que recebem

como corpo outra função nativa da biblioteca, como por exemplo a função Translate que

encapsula a função gltranslatef da OpenGL, como mostra o texto abaixo:

O software FantomaGL ainda cria a exibição dos arquivos voxel a voxel (Figura 28) o

que torna a exibição “pesada” e, dependendo do hardware onde ele está instalado, muito lenta,

como mostra o algoritmo abaixo:

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45

Figura 28: Visualização 3D do Fash no FantomaGL.

Posteriormente serão implementados outros métodos mais eficientes de visualização

3D e os ajustes serão feitos no mesmo formato de arquivo. Este processo vai minimizar o

tempo do desenvolvimento de modelos, pois as conversões serão reduzidas ou retiradas do

processo.

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46

3.3 MODELOS COMPUTACIONAIS DE EXPOSIÇÃO

O EGS está estruturado basicamente em duas sub-rotinas invocadas pelo usuário –

HATCH e SHOWER, as quais são vias para outras sub-rotinas no código (KAWRAKOW e

ROGERS, 2006). Para a utilização do EGS, o usuário deve adicionar um código do usuário

que consiste no programa MAIN e as sub-rotinas HOWFAR, HOWNEAR e AUSGAB

voltados, respectivamente, para determinar a geometria e o arquivo de saída. Sub-rotinas

podem ser acopladas ao código do usuário de acordo com a demanda por meio de macros. O

início da simulação dá-se no momento em que MAIN invoca a rotina HATCH inicializando o

código EGS com a leitura das informações contidas e criadas na PEGS sobre o meio material

de interação a ser simulado. Após isso, inicia-se a rotina SHOWER, resultante do número de

eventos a serem simulados, previamente estipulados pelo usuário. SHOWER necessita de

argumentos cuja finalidade é a especificação dos parâmetros iniciais da radiação incidente

para cadeia de interações.

Para a devida simulação, além da adequada instalação do EGSnrc no computador,

diversos arquivos foram necessários como parâmetros e informações iniciais ao código. Esses

arquivos estiveram adequadamente armazenados em pastas específicas. A pasta principal,

onde todos os arquivos necessários estiveram presentes, HEN_HOUSE, foi criada no

momento da instalação no disco indicado pelo usuário. A HEN_HOUSE apresenta subpastas

úteis para o funcionamento do código e criadas também no instante da instalação. A pasta

EGS_HOME armazenou os trabalhos de simulação no código EGSnrc realizados neste

trabalho.

Para tanto, foi criada dentro de EGS_HOME as pastas MASH e MASH_base para

comportar os arquivos necessários para a simulação. Além de um pacote de arquivos cedidos

pelos desenvolvedores dos fantomas usados (seções de choque dos fantomas em suas diversas

posições, entre outros) foram armazenados os arquivos de entrada para exposição (egsinp), a

lista de órgãos e suas delimitações para a dosimetria (dat) e o arquivo que contém o fantoma

no formato compatível para a leitura pelo EGSnrc (data) (Figura 29).

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

47

Figura 29: EGSnrc obtendo dados da simulação a partir dos dados de entrada.

Os dois Fantomas patológicos gerados neste trabalho foram acoplados ao EGSnrc e as

simulações foram realizadas com uma fonte AP, modificando a altura e colimação da fonte de

acordo com a região da estrutura a ser irradiada, tórax para a Fash mastectomizada e abdômen

para Mash com patologia renal.

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

48

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para aplicar os modelos gerados é necessário simular uma exposição à radiação

ionizante, neste caso utilizando o EGSnrc. Para uma simulação utilizando método Monte

Carlo existe a necessidade de se estimar o número necessário de eventos que possibilita uma

confiabilidade estatística aos dados a serem obtidos. Diversos números de eventos foram

testados; a análise se baseou no comportamento dos coeficientes de variância da dose

absorvida perante simulações dos procedimentos de teleterapia de mama e no tempo

computacional necessário para as simulações. As Figuras 30 e 31 são os gráficos que

permitem a análise dos coeficientes de variância da dose absorvida da Tireóide, escolhida

devido sua localização e sensibilidades às radiações ionizantes (ICRP 23), e o tempo

computacional necessário para cada número de eventos. A simulação foi realizada na Fash

considerando uma energia de 100 keV, uma energia onde a maioria dos efeitos da interação

da radiação com a matéria está presente.

Os coeficientes de variância são valores percentuais que permitem monitorar a relação

entre o número de histórias da simulação e o tamanho do órgão em foco. O coeficiente de

variância para o i-ésimo órgão ou tecido é definido por:

i

i

iDM

VARVARCOEF ×=100_

(%),

onde, se Di,j é a dose depositada no i-ésimo órgão pela j-ésima partícula de um feixe de

N partículas, DMi é a dose média neste órgão, isto é,

N

D

DM

N

jji

i

∑= =1

,

.

A variância para a dose depositada no i-ésimo órgão é calculada (LEWIS e ORAW,

1989) usando

( )( )1

2

1,

1

2,

∑−∑

===

NN

DDN

VAR

N

jji

N

jji

i

.

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

49

Figura 30: Comportamento do coeficiente de variância da dose absorvida (tireóide) pelo número de eventos

simulado.

Figura 31: Comportamento do tempo computacional da simulação pelo número de eventos simulado.

Observe que, desde a utilização de 5 milhões de eventos, os coeficientes de variância

não se alteram de forma significativa para a finalidade deste trabalho, em compensação o

tempo computacional aumenta de maneira significativa. Dez milhões de eventos foram

utilizados nas simulações, o que assegura a confiabilidade dos dados.

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

50

As energias utilizadas para as simulações vão de 10 keV a 10 MeV, o que cobre toda a

faixa de energia utilizada para radiodiagnóstico.

Para análise dos dados dosimétricos obtidos na simulação da Fash padrão e da

mastectomizada foram comparados órgãos como coração e pulmão por sua proximidade; o

pulmão por estar abaixo da estrutura retirada, no local da mama devido ao erro que pode ser

obtido pela simulação considerando a existência dela, quando na verdade ela não existe mais e

a tireóide que é um órgão conhecido como radiossensível (ICRP 23) e está a uma distância

considerável do órgão alvo.

As Figuras 32, 33, 34 e 35 mostram a análise dos dados para a tireóide, coração,

pulmão e mama, respectivamente.

Figura 32: Dose/kerma no ar para tireóide da Fash padrão e mastectomizada.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

51

Figura 33: Dose/kerma no ar para o coração da Fash padrão e mastectomizada.

Figura 34: Dose/kerma no ar para o pulmão da Fash padrão e mastectomizada.

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

52

Figura 35: Dose/kerma no ar para a mama da Fash padrão e mastectomizada.

Na Figura 32 pode-se observar que para determinadas energias (30 a 100 kev) existe

discordância na dose absorvida de até 20%. O que se deve ao aumento da radiação espalhadas

nessa faixa de energia. No restante do gráfico as alterações são menos significativas.

A Figura 33 por sua vez não apresenta variações significativas de dose, pois as

variações estão na ordem de 5% em quase todo o gráfico. Observa-se que mesmo levando em

consideração a radiação secundária, a variação da dose para tireóide é mais significativa do

que para tireóide. Na Figura 34, observa-se variações de até 57% devido à atenuação da

radiação pelo tecido mamário que ocorre na Fash padrão.

Na Figura 35, como era esperado, foram observadas variações de até 100% da dose

absorvida devido à absorção de energia pelo tecido mamário. Na realidade quando a Fash

padrão é acoplada ao EGSnrc é considera absorção de energia pelas duas mamas da Fash, o

que é inadequado para o modelo mastectomizado sugerido nesse trabalho. Observa-se

também que na Fash mastectomizada existe dose absorvida por volta dos 100keV de energia,

mesmo a mama remanescente da paciente estando fora da colimação do equipamento

(colimado apenas para região onde estaria a mama retirada). Isto se deve ao aumento da

radiação secundária nesta faixa de energia.

O método de avaliação dos dados dosimétricos obtidos na simulação do Mash foram

semelhantes aos da Fash. No caso do Mash, foram comparados o padrão e o com volume

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

53

renal aumentado. Os órgãos comparados foram: as adrenais, o fígado e os rins por motivos

semelhantes aos determinados para a Fash.

As Figuras 36, 37 e 38 mostram a análise dos dados para as adrenais, rins e fígado

respectivamente.

Figura 36: Dose/kerma no ar para as Adrenais do Mash padrão e com aumento do volume renal.

Figura 37: Dose/kerma no ar para os Rins do Mash padrão e com aumento do volume renal.

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

54

Figura 38: Dose/kerma no ar para o Fígado do Mash padrão e com aumento do volume renal.

Na Figura 36 pode-se observar que a dose é maior no fantoma padrão em até 10%.

Pode-se atribuir isso ao fato de que as adrenais ou glândulas suprarrenais tem sua posição

anatômica acima dos rins, com a modificação do volume renal naturalmente a posição das

adrenais será modificada afastando-a do raio central do feixe de radiação ou uma parte do

volume renal pode se antepor e atenuar a radiação nesse órgão.

O aumento de aproximadamente 20% no volume renal obviamente determina um

aumento da espessura do órgão, o que por sua vez determina que mais energia será depositada

no mesmo. Esse aumento de energia depositada mais acentuado que o aumento da massa do

órgão caracteriza neste modelo um aumento na dose do rim de até 31%, como pode-se

observar na Figura 37. O fígado (Figura 38) por sua vez não apresenta grandes alterações na

dose absorvida, no máximo 10% para a energia de 100 keV.

Existem diversas patologias que alteram a estrutura anatômica dos órgãos e tecidos do

organismo, cada uma delas com peculiaridades que podem alterar os dados dosimétricos

obtidos quando modelos não patológicos são considerados. A análise apresentada nesse

trabalho pode ser estendida para diversos órgão e patologias criando um banco de dados de

fantomas patológicos. Uma vez criado esse banco de dados com diversas patologias, ele

poderá ser usado também para fins educacionais onde um médico, por exemplo, poderá ser

treinado para reconhecer essas anormalidades anatômicas, o que diminuirá o número de

diagnósticos incorretos. Outro exemplo seria um técnico ou tecnólogo em radiologia que pode

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

55

ser treinado para utilização de ferramentas de tratamento de imagem digital, o que facilitará

ainda mais o trabalho do médico na hora de dar um laudo de um exame. Agregados ao

equipamento correto, estes fantomas, poderão ser utilizados para simular cirurgias para

estudantes de medicina.

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

56

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Baseado na análise dos resultados obtidos com os modelos desenvolvidos nesse

trabalho, pode-se concluir que a utilização de fantomas patológicos é significativa e válida nas

simulações dosimétricas, pois para alguns órgãos o erro quando essas diferenças anatômicas

não são consideradas pode chegar a 100%. A faixa de energia por volta dos 100 keV mostra

geralmente variações significativas para órgãos distantes da colimação do feixe primário

devido à radiação secundária.

Um grande número de tipos de formato de arquivos teve de ser utilizado no

desenvolvimento dos modelos simulados, ou seja, funções de conversão do tipo de arquivo

são necessárias para minimizar a utilização de programas auxiliares, maximizando o tempo do

pesquisador que poderá encontrar em um único software todas as ferramentas que necessita

para adequar seu modelo antropomórfico. Todas as funções de conversão necessárias serão

convergidas para o FantomaGL, que receberá também aperfeiçoamento das técnicas de

visualização e edição 3D.

As ferramentas desenvolvidas nesse trabalho apresentam interface gráfica padrão do

Windows baseada em menus e submenus, tornando mais simples a manipulação, dispensando

profundo conhecimento de informática do usuário e evitando que o usuário precise gastar

muito tempo sendo treinado para usar essas ferramentas, além de facilitar a geração ou

modificação de fantomas com propriedades específicas.

A partir da criação do banco de dados com diversos fantomas patológicos, além da

utilização desses modelos para fins educacionais como citado anteriormente, pode-se utilizá-

los para planejamentos radioterápicos, pois a neoplasia do paciente pode ser representada no

modelo antropomórfico.

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

57

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Page 62: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

62

APÊNDICES

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63

APÊNDICE 1

Dados base das figuras 32 a 38.

Adrenais-Dose Absorvida/Kerma

Rins-Dose Absorvida/Kerma

Energias Padrão Pat. Renal

Energias Padrão Pat. Renal

10 0,00E+00 0,00E+00

10 0,00E+00 0,00E+00

15 0,00E+00 0,00E+00

15 0,00E+00 0,00E+00

20 1,15E-04 5,69E-05

20 7,69E-05 7,97E-05

30 2,80E-02 2,49E-02

30 2,10E-02 2,26E-02

40 1,44E-01 1,28E-01

40 1,09E-01 1,22E-01

50 2,90E-01 2,60E-01

50 2,21E-01 2,48E-01

60 4,00E-01 3,59E-01

60 3,04E-01 3,46E-01

70 4,67E-01 4,28E-01

70 3,56E-01 4,09E-01

80 4,83E-01 4,61E-01

80 3,73E-01 4,28E-01

100 5,00E-01 4,69E-01

100 3,83E-01 4,41E-01

150 4,87E-01 4,68E-01

150 3,70E-01 4,35E-01

200 4,91E-01 4,69E-01

200 3,69E-01 4,37E-01

300 5,18E-01 4,79E-01

300 3,80E-01 4,56E-01

500 5,65E-01 5,25E-01

500 4,12E-01 5,03E-01

1000 6,40E-01 6,19E-01

1000 4,69E-01 5,89E-01

3000 7,84E-01 7,73E-01

3000 5,73E-01 7,39E-01

6000 8,30E-01 8,18E-01

6000 6,04E-01 7,88E-01

10000 8,40E-01 8,18E-01

10000 6,06E-01 7,93E-01

Fígado-Dose Absorvida/Kerma

Tireóide-Dose Absorvida/Kerma

Energias Padrão Pat. Renal

Energias Padrão Mastectomia

10 1,29E-06 9,87E-06

10 0,00E+00 0,00E+00

15 2,76E-03 5,41E-03

15 0,00E+00 0,00E+00

20 3,68E-02 4,87E-02

20 6,71E-06 1,02E-05

30 2,65E-01 2,90E-01

30 1,25E-03 1,55E-03

40 5,65E-01 5,99E-01

40 8,23E-03 8,89E-03

50 7,97E-01 8,39E-01

50 1,66E-02 1,89E-02

60 9,30E-01 9,75E-01

60 2,74E-02 2,79E-02

70 9,90E-01 1,04E+00

70 3,13E-02 3,30E-02

80 9,82E-01 1,03E+00

80 3,34E-02 3,49E-02

100 9,46E-01 9,90E-01

100 3,24E-02 3,67E-02

150 8,66E-01 8,94E-01

150 2,81E-02 2,88E-02

200 8,31E-01 8,50E-01

200 2,38E-02 2,35E-02

300 7,99E-01 8,10E-01

300 1,93E-02 1,84E-02

500 7,91E-01 7,92E-01

500 1,32E-02 1,31E-02

1000 8,05E-01 7,97E-01

1000 8,27E-03 7,84E-03

3000 8,52E-01 8,33E-01

3000 3,22E-03 2,86E-03

6000 8,53E-01 8,32E-01

6000 1,76E-03 1,50E-03

10000 8,16E-01 7,84E-01

10000 1,18E-03 1,07E-03

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS ANTROPOMÓRFICOS …

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Coração-Dose Absorvida/Kerma

Pulmão-Dose Absorvida/Kerma

Energias Padrão Mastectomia

Energias Padrão Mastectomia

10 0,00E+00 0,00E+00

10 7,07E-09 4,03E-07

15 8,54E-05 1,22E-04

15 2,37E-04 1,22E-03

20 5,08E-03 5,97E-03

20 7,71E-03 1,98E-02

30 9,70E-02 1,02E-01

30 8,29E-02 1,30E-01

40 2,67E-01 2,76E-01

40 1,88E-01 2,54E-01

50 4,15E-01 4,24E-01

50 2,74E-01 3,47E-01

60 5,06E-01 5,12E-01

60 3,25E-01 3,99E-01

70 5,50E-01 5,56E-01

70 3,52E-01 4,25E-01

80 5,55E-01 5,60E-01

80 3,53E-01 4,22E-01

100 5,41E-01 5,45E-01

100 3,45E-01 4,11E-01

150 5,04E-01 5,05E-01

150 3,20E-01 3,80E-01

200 4,85E-01 4,82E-01

200 3,11E-01 3,65E-01

300 4,67E-01 4,65E-01

300 3,02E-01 3,50E-01

500 4,63E-01 4,59E-01

500 3,02E-01 3,42E-01

1000 4,69E-01 4,64E-01

1000 3,07E-01 3,39E-01

3000 4,86E-01 4,87E-01

3000 3,27E-01 3,44E-01

6000 4,85E-01 4,86E-01

6000 3,34E-01 3,47E-01

10000 4,73E-01 4,71E-01

10000 3,32E-01 3,30E-01

Mama-Dose Absorvida/Kerma

Energias Padrão Mastectomia

10 9,23E-03 0,00E+00

15 9,28E-02 7,69E-06

20 2,23E-01 1,86E-04

30 4,35E-01 3,15E-03

40 5,81E-01 1,33E-02

50 6,89E-01 2,68E-02

60 7,64E-01 3,85E-02

70 8,19E-01 4,54E-02

80 8,22E-01 4,68E-02

100 8,25E-01 4,62E-02

150 7,91E-01 3,78E-02

200 7,63E-01 3,08E-02

300 7,22E-01 2,28E-02

500 6,95E-01 1,51E-02

1000 6,76E-01 7,85E-03

3000 6,39E-01 2,72E-03

6000 5,15E-01 1,64E-03

10000 3,68E-01 1,11E-03