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Bruno Miguel Santos Silva DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE PESSOAL E DE COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS EM CONTEXTO MILITAR - UM ESTUDO LONGITUDINAL DOS SEIS MESES INICIAIS DO SERVIÇO MILITAR DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA 2012

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Bruno Miguel Santos Silva

DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE PESSOAL E DE COMPETÊNCIAS

TRANSVERSAIS EM CONTEXTO MILITAR - UM ESTUDO LONGITUDINAL

DOS SEIS MESES INICIAIS DO SERVIÇO MILITAR

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

2012

I

Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE PESSOAL E DE COMPETÊNCIAS

TRANSVERSAIS EM CONTEXTO MILITAR - UM ESTUDO LONGITUDINAL

DOS SEIS MESES INICIAIS DO SERVIÇO MILITAR

Bruno Miguel Santos Silva

Setembro de 2012

Dissertação apresentada no Mestrado Integrado de Psicologia,

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade

do Porto, orientada pelo Professora Doutora Inês Nascimento

(F.P.C.E.U.P.).

II

Resumo

Este estudo procurou testar o velho “mito” de que no serviço militar, efetivamente, se

“fazem” Homens. Neste sentido, esta investigação teve como objetivo aferir o

desenvolvimento da identidade pessoal bem como de competências transversais em

contexto militar. A decisão de realizar este estudo, decorre da experiência pessoal de

quase 10 anos, do investigador, enquanto militar do Exercito Português, numa tentativa

de avaliar, de um modo sistemático e científico, até que ponto, o contexto militar poderá

ser considerado um contexto promotor do desenvolvimento da identidade pessoal e das

competências pessoais percebidas. Para isso, procurou-se verificar que diferenças

surgiram, em termos do perfil identitário e de competências dos militares a partir de um

desenho longitudinal, intervalado a seis meses. Procurou-se, igualmente perceber quais

os aspetos apresentados como os mais significativamente positivos e negativos da

experiência, bem como as intenções dos novos militares relativamente à renovação de

contrato com o Exército. Os resultados obtidos mostram uma significativa acentuação

da perceção negativa de si e do mundo bem como da perceção positiva de si e do mundo

do primeiro para o segundo momento de avaliação e, também, um aumento significativo

das competências pessoais percebidas pelo militar. Por último, o desenvolvimento

profissional e a dimensão social constituíram os aspetos indicados como mais positivos,

ao passo que aspetos relacionados com a condição militar, mais concretamente, o fato

de estarem deslocados da sua área de residência, se apresentou como o aspeto negativo

mais frequentemente assinalado.

Palavras-chave: Desenvolvimento pessoal, Competências Transversais, Serviço

militar.

III

Abstract

This study intended to test the old "myth" that the military is actually "make" Men. In

this sense, this research aimed to assess the development of personal identity as well as

soft skills in the military context. The decision to conduct this study stems from the

researcher’s personal experience of nearly 10 years, as military of the Portuguese Army

in an attempt to assess, in a systematic and scientific, in what extent the military context

can be considered a framework for the further development of personal identity and

perceived personal skills. As such, we tried to verify if differences emerged in terms of

the identity profile and perceived skills of the military through a longitudinal design at

six months. We tried also to understand which aspects were presented by participants as

the most significant positive and negative experiences, and the intentions of the new

military regarding contract renewal with the Army. Results show a significant

enhancement of the negative perception of self and the world, as well as the positive

perception of self and the world, from the first to the second moment of assessment, and

also a significant increase in perceived personal skills. Finally, professional

development and the social dimension were the most positive aspects and aspects

related to the military condition, namely the fact of being displaced from their area of

residence, appeared as the most frequently reported negative aspect.

Keywords: Personal Development, Soft-Skills, Military Service.

IV

Resumé

Cette étude a cherché à tester le vieux “mythe” selon lequel effectivement dans le

service militaire “se créent” des Hommes. En ce sens, cette recherche a eu pour objectif

de vérifier le développement de l’identité personnelle avec les compétences

transversales en plein contexte militaire. La décision de réaliser cette étude, découle de

l’expérience personnelle de le investigateur de presque 10 ans, en tant que militaire de

l’armée portugaise, dans une tentative d’évaluer, à travers un mode systématique et

scientifique, jusqu’à quel point, le contexte militaire pourra être considéré comme un

contexte promoteur du développement de l’identité personnelle et des compétences

personnelles perçues. A cette fin, on a cherché à vérifier quelles différences ont surgis,

en termes de profil identitaire et de compétences des militaires, à partir d’un dessein

longitudinal, d’intervalles de six mois. A été recherché, également, la compréhension de

quels des aspects présentés significativement comme les plus positifs et négatifs de

l’expérience , aussi bien comme les intentions des nouveaux militaires devant la

rénovation du contrat avec l’armée. Les résultats obtenus démontrent une augmentation

significative de la perception négative de soi même et du monde aussi bien comme la

perception positive de soi même et du monde, du premier jusqu’au second moment

d’évaluation, et, aussi, une augmentation significative des compétences personnelles

perçues par le militaire. Enfin, le développement professionnel et la dimension sociale

ont constitué les aspects indiqués comme les plus positifs en tant qu’aspects en lien avec

la condition de militaire, plus concrètement, le fait d’être déplacé de leur lieu de

résidence, se révéla comme un aspect négatif, plus fréquemment signalé.

Mots clés: développement personnel, compétences transversales, service militaire.

V

Agradecimentos

À Carla, a minha maior influência e musa deste meu novo capítulo de vida.

Ao Dinis, por aquelo sorriso quando todos os dias regresso a casa.

Aos meus pais, familiares e amigos que me apoiaram e tornaram este meu projeto

pessoal e social uma fonte de prazer, inspiração e orgulho.

A todos os docentes desta faculdade que me transmitiram as suas referências e

experiências com entusiamo e emoção.

Aos militares que compuseram a amostra do presente estudo, bem como os oficiais

sargentos e praças do Exército Português que contribuíram para o enquadramento dos

militares, bem como para a sua respetiva localização e reencontro, do primeiro para o

segundo momento.

Aos verdadeiros “camaradas” de curso que me ajudaram e encorajaram a ultrapassar

algumas barreiras, especialmente ao Moreira, ao Eduardo, à Amelia, ao Ariel e todos os

demais que fizeram parte do percurso ao longo destes cinco anos de vida académica.

Ao Artur, ao Rui e ao Zé por tudo o que viveram comigo…

A tudo o que envolve “Miguelmilcontos” pela energia que me transmite.

E por fim, e não por último, à minha Orientadora Prof. Dra. Inês Nascimento pela

excelência, disponibilidade e paciência com que conduziu esta nossa investigação.

VI

Índice

Introdução ............................................................................................................................ 1

Capítulo I – Enquadramento Teórico .................................................................................. 3

1.Identidade: contributos da Teoria Psicossocial de Erik Erikson .................................... 3

2. Relação entre desenvolvimento identitário e vocacional .............................................. 11

3. Competências Pessoais: uma aceção na polissemia ....................................................... 12

3.1. Génese e caraterização do conceito de competência ................................................... 12

3.2. Aquisição, desenvolvimento e (auto) reconhecimento de competências .................... 15

3.3.Competências Específicas Versus Competências Transversais ................................... 16

4. Caracterização dos seis meses iniciais de serviço militar (Praças em Regime de

Voluntariado/Regime de Contrato) ......................................................................................... 18

Capitulo II – Metodologia ................................................................................................... 21

1.Objetivos e questões de investigação ............................................................................... 21

2.Método................................................................................................................................ 22

2.1 Participantes ................................................................................................................. 22

2.2. Instrumentos ................................................................................................................ 23

VII

2.2.1. Questionário (s) de dados sociodemográficos ...................................................... 23

2.2.2 Avaliação do desenvolvimento Psicossocial ......................................................... 24

2.2.2.1. Procedimentos estatísticos utilizados com a escala EPSI ................................. 24

2.2.3 Avaliação no nível de competência geral .............................................................. 29

2.2.4.Análises estatísticas preliminares da Escala de Competências Pessoais Percebidas

(ECPP) ................................................................................................................................. 30

2.4. Procedimento ............................................................................................................. 34

2.4.1 Recolha de dados .................................................................................................. 34

2.4.2. Análise dos dados ................................................................................................. 36

2.4.2.1. Dados de natureza quantitativa ......................................................................... 36

2.4.2.2.Dados de natureza qualitativa ............................................................................ 36

Capitulo III - Apresentação e discussão dos resultados .................................................... 38

1. Resultados de natureza quantitativa .............................................................................. 38

2. Resultados de natureza qualitativa ................................................................................. 43

Capitulo IV- Conclusões e considerações finais ................................................................ 51

1.Conclusões.......................................................................................................................... 51

2. Considerações finais ......................................................................................................... 52

Referencias Bibliográficas: .................................................................................................... 55

Anexos ................................................................................................................................... 60

VIII

Índice de figuras, gráficos e tabelas

Quadro 1. Habilitações literárias dos participantes no estudo pp.22

Figura 2. Grupo profissional da amostra antes de ingressar no Exército 23

Quadro 3. Valores de consistência interna das seis subescalas (EPSI) 25

Quadro 4. Composição do fator “Perceção negativa de si e do mundo” 26

Quadro 5. Composição do fator “Perceção positiva de si e do mundo” 27

Quadro 6. Itens que compõem o fator único da ECPP e respetivo valor de saturação 31

Quadro 7. Caraterização do fator único da ECPP 33

Quadro 8. Média respetivo desvio padrão da perceções positivas e negativas de si e do

mundo 38

Quadro 9. Média e respetivo desvio padrão da competência global dos dois momentos

de avaliação (AM1, AM2) 40

Quadro 10. Categorias/subcategorias e respetivas percentagens dos aspetos

significativamente positivos 43

Quadro 11. Categorias/subcategorias e respetivas percentagens dos aspetos

significativamente negativos 45

Gráfico 12. Grau de satisfação com as diferentes fases de instrução e serviços 48

Gráfico 13. Intenção de renovar contrato com o Exército 49

IX

Índice de Anexos

Anexo A: Descritiva de Idade e Sexo - Avaliação do momento um (AM1) pp.61

Anexo B: Descritiva de Idade e Sexo - Avaliação do momento dois (AM2) 62

Anexo C: Erikson Psychosocial Inventory Scale – (E. P. S. I.) 63

Anexo D: Análise de componentes principais e Screeplot (PRÉ_EPSI) 68

Anexo E: Análise de componentes principais e Screeplot (PÓS_EPSI) 69

Anexo F: Alphas dos 2 fatores da Escala EPSI (Préteste) 70

Anexo G: Alphas dos 2 fatores da Escala EPSI (Pósteste) 71

Anexo H: ECPP 72

Anexo I: Análise de componentes principais e Screeplot (PRÉ_ECPP) 78

Anexo J: Análise de componentes principais e Screeplot (PÓS_ECPP) 79

Anexo K: Alphas Escala ECPP (Préteste) 80

Anexo L: Alphas Escala ECPP (Pósteste) 81

Anexo M:Pedido formal ao Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) 82

Anexo N: Grelha de análise qualitativa (aspetos significativamente positivos e

negativos) 83

1

Introdução

Tendo em conta a abolição do serviço militar obrigatório (SMO) no ano de 2004 e

ao mesmo tempo que o Exército Português é dos poucos a nível mundial, e talvez o

único a nível Europeu, que não permite a profissionalização da classe de praças (Classe

base) podendo apenas permanecer entre “fileiras” atualmente pelo período máximo de

sete anos, o seu efetivo é apenas “alimentado” pelos jovens, homens e mulheres entre os

18 e os 25 anos de idades, que se voluntariam inicialmente para o curso de formação de

praças (CFP) e, caso seja ultrapassado com sucesso, para o exercício de funções numa

unidade militar. Assim sendo procurou-se obter-se um “retrato”, o mais fiel possível, do

impacto que as práticas desta instituição têm no desenvolvimento da identidade e das

competências transversais destes voluntários nos seis meses iniciais do serviço militar

em regime de voluntariado/contrato (RV/RC)

Para isso, no Capítulo I, é exposta a teoria psicossocial de Erik Erikson elaborada

na década de 40, percorrendo as oito idades ou estádios por ele previstos, com uma

especial incidência nos estádios da Identidade versus Confusão da Identidade e

Intimidade versus Isolamento, 5.º e 6.º estádios respetivamente, já que, tendo como

referência as idades habituais nos processos de recrutamento e seleção no curso de

formação de praças do Exército Português, se pressupôs que seriam as tarefas

desenvolvimentais mais ativas nos indivíduos que compuseram a amostra. Serão ainda

expostos, alguns contributos que caracterizam o desenvolvimento vocacional como uma

dimensão integrante e indissociável do desenvolvimento da identidade pessoal.

Relativamente às competências transversais, serão abordados tópicos com vista à sua

caracterização enquanto conceito, bem como a sua génese, a aquisição,

desenvolvimento e (auto)-reconhecimento e, seguidamente, fazendo a diferenciação das

competências ditas específicas versus transversais. Finalmente, será realizada uma breve

caracterização dos seis meses iniciais do serviço militar efetivo em termos da aquisição

de competências.

No Capítulo II é apresentado o plano de investigação incluindo a metodologia de

estudo adotada, que reuniu, em simultâneo, uma vertente de caráter quantitativa e

qualitativa.

2

Já no Capítulo III, serão apresentados e discutidos os resultados da investigação,

seguindo-se um espaço para as conclusões e reflexões finais. Por último, em anexo,

estarão disponíveis os instrumentos utlizados na recolha de dados.

Sendo o contexto militar, um contexto muito particular e específico, é expectável

que a presente investigação contribua para uma melhor caracterização desta população

ainda muito pouco estudada, tanto em termos das mudanças que ocorrem ao nível da

perceção de si e do mundo, bem como do conjunto de saberes-ser, saberes-estar e

saberes-fazer, passiveis de serem adquiridos e desenvolvidos entre fileiras no Exército

Português visto como um contexto de aprendizagem.

3

Capítulo I – Enquadramento Teórico

1.Identidade: contributos da Teoria Psicossocial de Erik Erikson

Erik Erikson, nascido na Alemanha em 1902 fez parte do círculo restrito de

Sigmund Freud em Viena. Já nos EUA no primeiro terço do seculo XX, a sua

experiência pessoal e profissional levou-o a modificar e alargar a teoria Freudiana,

enfatizando as influências da sociedade no desenvolvimento da personalidade (Almeida

& Souza, 2011)

A sua conceção do desenvolvimento Humano, revelou-se inovadora na sua

época, na medida em que identifica oito fases distintas, cada uma das quais integrando

uma tarefa psicossocial e abrangendo o indivíduo desde o seu nascimento até á morte.

Esta conceptualização remete-nos para o conceito de epigénese, aspeto fundamental da

teoria Eriksoniana, que preconiza o desenvolvimento psicológico numa sequência

faseada, ou seja, por estádios, em que a relação do indivíduo com o ambiente irá

influenciar de forma marcante o seu curso desenvolvimental (Erikson, 1976;Melo,

2009). Na sua teoria psicossocial, ao termo “crise” é atribuído uma conotação

desenvolvimental, dado que a crise é vista como um período crucial de crescente

vulnerabilidade e potencial (Erikson,1976, p.96). O progresso pelos diferentes estádios é

determinado em parte, pelo sucesso ou fracasso nos estádios anteriores através da

superação ou não da crise ou tarefa psicossocial subjacente a cada estádio

(Erikson,1971). A resolução positiva da crise do ego irá gerar um ego mais forte e

estável, ao passo que se a resolução for negativa, resultará um ego mais vulnerável e

fragilizado (ibidem). Independentemente do desfecho de cada crise, irá ocorrer a

reformulação e reestruturação da personalidade, em que a solução saudável perante as

diferentes crises situa-se num ponto intermédio entre os dois pólos, por forma ao

indivíduo obter um equilíbrio, facilitando a passagem para o estádio seguinte.

Simultaneamente, a qualidade da resolução da crise associada a um estádio, reflete em

parte a qualidade da resolução do estádio anterior e será também um “preditor

implícito” da qualidade da resolução do estádio seguinte (Erikson, 1971;1976). Partindo

do paradigma Psicanalítico Freudiano, Erikson elege o ego como foco de contrário de

4

Freud que focava o id (ibidem). Às cinco etapas do ciclo vital propostas por Freud, em

que a infância tinha um papel preponderante na construção da identidade do sujeito,

Erikson, não desvalorizando a infância e enfatizando a fase da adolescência, incluiu a

idade adulta e a velhice na sua conceção de desenvolvimento ao longo da vida (Erikson,

1971).

Segue-se uma descrição sumária das características associadas pelo autor a cada

um dos estádios.

1.º Estádio: Confiança Básica Versus Desconfiança Básica

No primeiro ano de vida a criança está recetiva a desenvolver atitudes de

confiança ou desconfiança face à qualidade percebida no que concerne aos cuidados

maternos, bem como em relação a ela própria (Erikson,1971;1976). Se os pais

proporcionarem um ambiente consistente e permanente, a criança desenvolverá um

sentido de Eu que assenta na confiança em si, no seu corpo e nas suas necessidades

biológicas além do sentimento de que o mundo é um lugar seguro com pessoas dignas

de confiança e de amor. Inversamente se os pais forem demasiado protetores, tensos ou

inseguros, ou por outro lado, não estiverem suficientemente atentos, negligenciarem ou

rejeitarem a criança, esta tornar-se-á desconfiada acerca do mundo que a rodeia

(Erikson, 1971; 1976). Este estádio de desenvolvimento traduz-se, ainda, na primeira

experiência básica de “globalidade”, em que o interno e o externo podem ser

experimentados como uma bondade correlacionada (Erikson, 1976; 1971). As tarefas a

resolver neste estádio são considerados os alicerces de uma personalidade em contínua

construção, em que a não resolução positiva desta crise, irá ter repercussões negativas,

ou até mesmo patológicas, nos estádios de desenvolvimento seguintes (Erikson, 1971;

1976).

2.º Estádio: Autonomia Versus Vergonha e Dúvida

Segundo Erikson a crise psicossocial Autonomia versus Vergonha e Dúvida

ocorre, entre os 18 meses e os três anos de idade. Quando a criança começa a

desenvolver as suas capacidades motoras recém-adquiridas, fruto da sua maturação

muscular, nomeadamente, o controlo voluntário do esfíncter, a criança direciona sua

5

energia para experiências ligadas à atividade exploratória, com esta a fornece-lhe pistas

para o desenvolvimento e construção da sua autoperceção, especialmente em termos da

sua autonomia (Erikson, 1971). Baseado na vitalidade aparente da criança, Erikson

refere que o binómio desta crise psicossocial se assemelha “a um sentimento de saúde

ou a um sentimento de estar doente” (Ibidem, p.231). Essa autonomia percebida pela

criança terá de ser mediada pelos provedores externos que garantem que sejam

definidos limites em relação a alguns comportamentos e por outro lado protegem a

criança de experiencias de vergonha (Erikson,1976). A criança que não vai adquirindo

gradualmente o sentimento orientado de livre escolha nas suas ações corre o risco de se

fechar para si mesma. Em vez de se apoderar das coisas para experimentá-las de modo

intencionalmente repetitivo, deixar-se-á obsedar pela sua própria repetitividade

(Erikson,1971, p 232). Situações embaraçantes ou vergonhosas poderão desencadear

uma alteração no modo de atuação da própria criança, fazendo com que esta aja em

certas situações de uma forma dissimulada, de forma a manter os desejos da sua vontade

própria. Por outro lado, a resolução positiva desta tarefa psicossocial faz com que a

criança leve para o futuro um sentimento de boa- vontade e orgulho, enquanto se a

criança nutrir um sentimento de perda do autocontrole ou se sentir num ambiente

supercontrolado, poderá surgir a tendência para a dúvida e vergonha (Erikson, 1971;

1976).

3.º Estádio: Iniciativa Versus Culpa

A palavra de ordem desta crise psicossocial é a independência. Embora seja um

estádio marcado por hesitações e incertezas quanto à pertinência das suas ações, a

criança revela uma consciência cada vez mais íntegra acerca do seu ego e do dos outros.

Demonstra uma grande vontade de agir e questionar o sentido das coisas, seguindo os

seus fascínios que começam a definir-se, absorvendo ao máximo os ensinamentos

provenientes dos adultos ou pares mais competentes (Erikson, 1976). “A iniciativa é

uma componente necessária de todo o ato e o homem precisa de espírito de iniciativa

para tudo o que aprende e faz” (Erikson,1971, p.235). Com uma considerável tolerância

ao erro, há uma tentativa permanente de levar a cabo as suas iniciativas e antecipar-se

aos outros, incluindo os adultos (Erikson,1971). Os fracassos sucessivos poderão levar a

uma resolução negativa desta crise psicossocial “levando à resignação, ao sentimento de

6

culpa e à ansiedade” (Ibidem, 1971, p. 235). Se as crianças não se autorizam ou não

estão autorizadas a fazer as coisas por iniciativa própria podem desenvolver um

sentimento de culpa levando-as a acreditar que o que elas querem fazer é sempre errado.

Para uma resolução positiva desta crise a criança deve ficar apta a aceder à sua livre-

imaginação e aprender, sem sentimento de culpa, que há certas coisas que não é

permitido fazer (Erikson, 1971; 1976).

4.º Estádio: Industria Versus Inferioridade

A competência é o tema central desta crise psicossocial e acontece,

sensivelmente, aquando da entrada no mundo escolar. Para que esta crise psicossocial

seja bem resolvida o ego terá de desenvolver um estatuto de trabalhador, ou seja, uma

“unidade viva e integrada de uma situação produtiva” (Erikson 1971, p238). A escola,

como instituição, passa a ser encarada como um local de trabalho onde serão

desenvolvidos, para além de competências de literacia e numeracia, o sentido de partilha

de obrigações e de disciplina. É nesta fase que a criança progride do jogo livre para

atividades mais estruturadas e elaboradas, podendo estas envolver a exigência do

trabalho em equipa (Erikson, 1976). Chegar a completar uma situação produtiva

constitui um objeto que gradualmente suplanta as fantasias e as aspirações inerentes ao

jogo (Erikson,1971, p.238). Outras das tarefas que é desenvolvida nesta fase é a adoção

de regras sociais, de relacionamento com os outros e de autoregulação. Erikson (1976)

prevê ainda neste estádio que a criança terá de se apropriar de uma “ética tecnológica”

inerente a uma cultura que por sua vez lhe servirá de base para a participação

cooperativa e produtiva na vida adulta. Uma identificação positiva com as pessoas

detentoras de saberes, (Professores, pais e pares mais competentes) possibilitará á

criança uma aprendizagem mais abrangente e um futuro aberto a múltiplas

possibilidades de carreira (Erikson, 1971;1976). A criança neste estádio, está exposta a

vários perigos em simultâneo, que poderão levá-la a experienciar o sentimento de

inferioridade, caso não adquira o gosto pelo trabalho, nem o orgulho em si através dos

seus desempenhos (Erikson, 1976). Por outro lado, o reconhecimento de que pertence a

uma etnia minoritária em desvantagem, poderá contribuir para o desencadeamento do

sentimento de inferioridade levando em muitos casos ao desinvestimento no contexto

escolar (Erikson, 1971). A criança que experienciou resoluções sucessivas e bem

7

sucedidas nas anteriores crises psicossociais é confiante, autónoma, cheia de iniciativa,

mais facilmente irá aprender para ser trabalhadora. Inversamente a criança que construiu

uma perceção de um mundo imprevisível e não confiável, ou que se constituiu numa

criança cheia de culpa, poderá entrar num processo de alienação de si mesma e das suas

tarefas, contribuindo para um sentimento de derrota e inferioridade (Erikson, 1971;

1976).

5.º Estádio: Identidade Versus Difusão de identidade

Esta fase é caracterizada como o ponto de viragem entre a infância e a puberdade,

onde o início da juventude tem lugar. Para uma identidade bem sedimentada, o jovem

terá nesta fase de atingir essencialmente três objetivos: 1) a exploração e o investimento

numa carreira profissional possível; 2) a interiorização e uso de valores próprios; 3) o

desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória (Erikson, 1971;1976). Além da

transformação psicológica que deverá decorrer desta crise psicossocial, o jovem terá que

se adaptar progressivamente ao desenvolvimento repentino do seu corpo e à maturação

genital. Para além disto, emergem preocupações constantes com as perceções que os

outros têm do seu si e do seu self, conjugadas com a autoperceção da sua imagem e das

suas habilidades (Ibidem). Por outro lado, as relações amorosas também têm o seu papel

no que diz respeito à resolução desta crise identitária, em que o amor adolescente

constitui mais uma tentativa na definição da sua identidade, a partir do estabelecimento

de relações muito próximas com pares, em que o jovem projeta a sua imagem no outro,

recebendo feedback que o auxiliará progressivamente em termos do autoconhecimento e

construção da sua identidade (Erikson, 1971; 1976). Esta crise é também marcada por

uma procura incessante de um “novo sentido de continuidade e uniformidade” (Erikson,

1976, p. 129) em que estes jovens “estão sempre dispostos a instituir ídolos e ideais

duradouros como guardiães de uma identidade final” (Erikson 1971, p. 240) cujo

sentimento de lealdade recíproca é continuamente posto á prova (Erikson, 1976). O

sentimento de identidade, mediado pelo sentimento vivencial, vai emergindo à medida

que o jovem se certifica que as suas grelhas de leitura da realidade são congruentes com

as dos seus modelos idoletrados. Daqui poderá surgir um perigo desta crise psicossocial,

ou seja, a adoção dos ideais de um grupo que envolva a discriminação de outras pessoas

ou grupos que possuam características físicas, ideológicas ou culturais diferentes

8

(Erikson, 1971; 1976).“Para não se tornarem cínica e apaticamente perdidos, os jovens

devem estar aptos, de algum modo, a convencerem-se de que os que triunfam em seu

mundo adulto antecipado assumem a obrigação de ser os melhores” (Erikson, 1971,

p134). De salientar também, a importância do tipo de sociedade em que o jovem está

inserido, pois são os valores e a ideologia da sociedade em que o jovem habita, que irão

de certa maneira ditar, a energia necessária que o jovem terá de despender para levar a

cabo a adaptação e o triunfo nessa mesma sociedade. (Erikson, 1971;1976). Por outro

lado, a não identificação com a ideologia dessa mesma sociedade, ou a mesmo a

privação das suas formas de expressão, poderão influenciar negativamente a resolução

desta crise (Erikson, 1976). As competências adquiridas nas fases precedentes,

especialmente durante a crise de Industria versus Inferioridade, irão nesta fase servir de

base para uma exploração do mundo profissional que os rodeia, no sentido de permitir

realizar uma escolha o mais ética e consciente possível. Segundo Erikson (1971;1976),

estes jovens vivem num período de “moratória”, que se traduz num “tempo de espera”

que a sociedade proporciona ao adolescente, para que este se sinta progressivamente

apto a lidar com os compromissos da vida adulta, explorando-se a si mesmo e ao mundo

ao seu redor, com a finalidade de obter uma resolução positiva desta crise psicossocial.

Neste sentido, os pares, a família e a sociedade em geral terá de ser elucidativa do que é

esperado do adolescente, caso contrário poderá desencadear uma “confusão de papéis -

crise de identidade” (Erikson, 1971).

6.º Estádio: Intimidade Versus Isolamento

“Só quando a formação de identidade está em pleno desenvolvimento é que a

verdadeira intimidade – que é realmente um contraponto, assim como uma fusão de

identidades – é possível” (Erikson, 1976, p.136). Nesta fase, o jovem adulto seguro da

sua identidade está apto para desenvolver relações de mútua intimidade e compromisso.

Esta intimidade e compromisso não se situam ou desenvolvem unicamente no âmbito

das relações amorosas, podendo também desenvolverem-se num relacionamento entre

amigos ou até mesmo de inspiração conjunta (Erikson, 1976). Segundo o mesmo autor,

(1971, p. 242-243) a intimidade é, “a capacidade de se confiar a filiações e associações

concretas e de desenvolver a força ética necessária para ser fiel a essas ligações, mesmo

que elas imponham sacrifícios e compromissos significativos”. Inversamente, quando o

9

jovem adulto não manifesta esta capacidade, possivelmente irá experienciar um

profundo “sentimento de isolamento”, na medida em que pratica relações interpessoais

estereotipadas e sem “senso ético”, características do estádio anterior (Erikson, 1976;

1971). Este desfecho mais negativo poderá ocorrer também em função de crises

psicossociais precedentes mal resolvidas, especialmente da “crise de identidade”,

levando o jovem adulto a não se sentir ainda preparado para assumir compromissos de

fidelidade, que poderão passar desde a responsabilidade de assistência, à filiação,

procriação ou até mesmo de cooperação/produção (Erikson, 1976). Sistematizando, a

transição do estádio Identidade versus Confusão de Identidade para o estádio Intimidade

versus Isolamento é caracterizada pela mudança de paradigma do “Eu sou” para “Nós

somos o que amamos” (Erikson, 1976, p.138).

7.º Estádio: Generatividade Versus Estagnação

É o sétimo e penúltimo estádio do ciclo vital conceptualizado por Erikson. O

estádio da Generatividade versus Estagnação é marcado por uma crise de meia-idade,

em que o tema fulcral passa a ser o cuidar, ou seja, “é fundamentalmente a preocupação

relativa a firmar e guiar a nova geração” (Erikson 1971, p.246). Esta preocupação não

terá obrigatoriamente de ser focada nos próprios filhos, podendo ser alargada a toda

uma nova geração de crianças e adolescentes ou, em alternativa, “a outras formas de

interesse e criatividade altruísticos que podem absorver a sua espécie de impulso

parental” (Erikson 1976, p.138). Contudo, Erikson (1971;1976) defende que não basta

ser ou mesmo querer ser pai para ativar esta tarefa desenvolvimental. Segundo o autor

(Ibidem), trata-se, mais uma vez, de questões desenvolvimentais do próprio ego em que

as impressões da sua infância, um excessivo amor próprio (egoísmo) ou mesmo a falta

de esperança nas gerações vindouras são, geralmente, as causas que limitam a ativação

desta tarefa psicossocial. Aquando de uma resolução mais negativa, ou seja, quando não

emerge o sentimento de cuidar ou deixar um pouco de si às novas gerações, o sujeito

poderá experienciar sentimentos de tédio, auto absorção e de não participação na

sociedade “muitas vezes acompanhada por uma sensação penetrante de estagnação e de

infecundidade pessoal” (Erikson, 1976; 1971, p246).

10

8.º Estádio: Integridade Versus Desespero

Segundo Erikson se as sete crises psicossociais precedentes foram resolvidas com

sucesso, o adulto maduro atinge o pico do equilíbrio, ou seja, a integridade, onde a

sapiência e a “aceitação da responsabilidade da liderança” (Erikson 1971, p.248), se

apresentam como características chave de uma resolução salutar desta última crise

psicossocial. Esta é a fase correspondente à idade da reforma onde surge, além de

dificuldades físicas, o sentimento que a sua vida entrou na fase derradeira. A integridade

do ego corresponde à aceitação da vida que teve como a única e a melhor possível,

integrando fielmente as emoções vividas (Erikson,1976). Do balanço positivo, em

relação ao modo de vida adotado pelo indivíduo, surge uma noção de morte como algo

natural e inevitável, ao passo que, inversamente, “a falta ou a perda dessa integração

acumulada do ego é simbolizada no temor da morte” (Erikson, 1971, p.248). O

desespero corresponde ao descontentamento consigo próprio pelas oportunidades

perdidas ou decisões tomadas bem como ao sentimento de que o tempo de que ainda

dispõe é curto para tentar alternativas (Erikson, 1971; 1976).

Esta teoria de Erikson inscreve-se no modelo Organicista, cujo desenvolvimento

resulta de roturas com a continuidade, ou seja, de uma descontinuidade qualitativa da

relação estrutura-função (Costa, 1991). Deste modo, considera-se de extrema

importância a compreensão destes estádios psicossociais, já que a resolução dos

estádios iniciais irão ser preponderantes para uma boa integração nas “fileiras” bem

como, a emergência destes novos papéis inerentes à condição militar irão provocar a

reestruturação e reorganização do sujeito, levando-o a agir de um modo adaptativamente

diferente.

Partindo da assunção que o desenvolvimento e maturidade identitária carece de

elementos relacionados com a vocação e que, por sua vez, o desenvolvimento

vocacional está dependente da aquisição bem como da perceção de determinadas

competências, considera-se pertinente o estabelecimento da relação entre estas duas

dimensões pois “o itinerário vocacional mantém relações estreitas com a elaboração da

identidade pessoal de cada um, com a escolha do seu estilo de existência” (Campos,

1979, p.200).

11

2. Relação entre desenvolvimento identitário e vocacional

Ultrapassando as conceções racionalistas de orientação vocacional que marcaram

os primórdios desta disciplina, as perspetivas mais atuais, além de terem em grande

conta a diversidade dos processos psicológicos inerentes à resolução de tarefas

vocacionais, assinalam a importância de fatores proximais e distais no desenvolvimento

vocacional. Neste sentido, algumas são as variáveis que podem dificultar ou facilitar o

desenvolvimento vocacional do individuo, entre as quais se destacam o género, o nível

socioeconómico, a origem étnica ou cultural ou mesmo a situação profissional parental

(Gottfredson,1981; Vondracek, Lerner & Schulenberg,1986; Gonçalves,2006; Sobral,

2009). Por outro lado, o desenvolvimento vocacional resulta de uma série de

acontecimentos e “decisões tomadas ao longo dos seus períodos de existência no

confronto com as tarefas específicas de cada um deles” (Campos, 1979, p.199), em que

através de um percurso marcado por experiências de exploração e investimento,

(Marcia, 1986) o sujeito opta “ou investe numa direção, nomeadamente no domínio

escolar ou profissional”, opção essa, fundamental para o desenvolvimento e “definição”

da identidade pessoal (Campos, 1979, p.199).

Segundo Campos (citado em Campos & Coimbra, 1991) o desenvolvimento

vocacional deve ser perspetivado como um processo do desenvolvimento global do

sujeito na medida em que se traduz num setor de concretização das várias dimensões do

desenvolvimento psicológico, que vão desde o desenvolvimento cognitivo, ao moral, até

ao desenvolvimento da identidade pessoal. Por outro lado, o desenvolvimento

vocacional, segundo Campos (1979), bem como o desenvolvimento da identidade

pessoal, segundo Erikson, 1971;1976) derivam do percurso histórico-social do sujeito.

Volvendo à perspetiva de Erikson (1976) é na idade escolar, nomeadamente no

estádio da Industria versus Inferioridade, que a criança desperta para a observação e

imitação de profissionais, especialmente pais e professores, que lhe facilitarão

orientações para o desempenho. Ao nutrir o sentimento de competência, ou indústria,

aspeto fundamental para a construção de uma identidade salutar, a criança,

psicologicamente, integra a noção de que “ já é um progenitor rudimentar e que deve

começar a ter algo de um trabalhador e provedor potencial, antes de tornar-se um

progenitor biológico” (Erikson, 1976, pp.124).

12

Deste modo, assumindo os contributos dos diferentes autores, considera-se que o

desenvolvimento da identidade pessoal está dependente de um desenvolvimento em

paralelo da dimensão vocacional, que por sua vez carece inicialmente de experiências

de ação exploratórias, facilitando à criança um sentimento de competência e ao mesmo,

tempo a resolução da tarefa desenvolvimental característica da idade escolar, obtendo

assim uma maior garantia de ser bem-sucedido na tarefa procedente (Erikson,

1971;1976; Marcia, 1986;Campos & Coimbra, 1991). Posteriormente, já no período da

adolescência, “é através de um processo de ressíntese de identificações anteriores, da

experimentação de papéis, da construção e reconstrução de identificações mais

apropriadas à sua posição atual e futura na estrutura social, que o individuo é capaz de

decidir e definir o seu lugar na sociedade”(Costa, 1991).

3. Competências Pessoais: uma aceção na polissemia

3.1. Génese e caraterização do conceito de competência

Na abordagem ao conceito de competências são tidas em linha de conta duas

perspetivas distintas que diferenciam o conceito em relação à sua génese. Uma

perspetiva mais tradicional foca-se nas qualidades que os indivíduos possuem em forma

de inputs, ou seja, aqueles atributos pessoais mais estáveis e duradouros tais como

conhecimentos, autoimagem, traços de personalidade e capacidades, enquanto a

perspetiva que se baseia nos outputs, ou seja, nos resultados, tem mais em linha de

conta os comportamentos dos indivíduos (Hoffmann,1999).

Embora a noção de competência sempre tenha existido, Cardoso et al (2006)

defende que tenham sido as orientações do sistema económico capitalista que

contribuíram para a complexificação deste mesmo conceito, na medida em que tem

vindo a exigir dos trabalhadores e das próprias organizações uma maior flexibilidade,

resiliência, inovação, parceria, etc., visando dar resposta às exigências do mundo

globalizado.

O poder externo e observável que caracterizava o conceito de competência no

início do século vinte, foi explorado durante o movimento Taylorista em que a

organização e avaliação do trabalho era realizada a partir da decomposição das

competências em comportamentos e/ou nos movimentos estritamente necessários á

13

consecução da tarefa, imprimindo-lhes a faceta de estritamente especializadas (Boterf,

2003; Rey, 2002; Cardoso et al. 2006; Guichard & Huteau, 2001).

A partir dos anos 80, o conceito de competência constituiu-se como uma nova forma

de denominação do trabalho, individualização da relação salarial e de flexibilização do

perfil profissional do trabalhador (Stroobants,2006) sobrepondo-se ao conceito das

qualificações, propondo novos critérios de apreciação do trabalho, “ultrapassando

respetivamente, a separação entre a qualificação e o emprego e a qualificação do

trabalhador, bem como a vertente formal e taxionómica das qualificações” (Parente,

2003; Fleury & Fleury, 2001). Deste modo, competência, é um conceito que emergiu,

essencialmente, ao longo das últimas décadas, fruto da evolução instrumental

tecnológica, a mobilidade do emprego e o desemprego (Rey,2002) bem como a partir da

adesão dos empregadores ao movimento de reconceptualização da atividade de trabalho

e das práticas de gestão dos Recursos Humanos (Parente, 2003). Nestes quadros, a

escolaridade passou a não ser o critério por excelência, sendo mais valorizada a

capacidade de mobilizar os diferentes recursos, pessoais inatos e adquiridos em situação

de trabalho (ibidem). De acordo com o catálogo Português das profissões (2010, p.20-

21) o nível de competências “é definido tendo em conta a complexidade das tarefas e

funções a executar numa profissão (…) considerando um ou mais do que um dos

seguintes aspetos; a) a natureza do trabalho realizado numa profissão, tendo em conta às

características das tarefas e funções definidas para cada um dos quatro níveis de

competências definidos pela CITP/ISCO/200 8 b) o nível formal de ensino c) a

experiência e formação obtida na execução das tarefas e funções de uma profissão”.

No mercado de trabalho atual, com o enriquecimento e alargamento das tarefas

em contexto profissional, os trabalhadores passaram a acumular um capital de

competências passíveis de serem transferíveis para outros postos de trabalho,

garantindo-lhes assim uma melhor gestão da sua mobilidade profissional e,

consequentemente, da sua empregabilidade (Guichard & Huteau, 2001; Michael et al,

1999).

Quanto à sua definição, o conceito de competência é um dos que, atualmente,

ainda carece de algum consenso quanto ao seu significado dado o seu caráter

polissémico (Hoffmann, 1999; Strobants, 2006). Outra das razões para o desacordo em

14

torno da noção de competência prende-se com a sobreutilização do conceito nas mais

variadas perspetivas e áreas disciplinares, tais como na psicologia, no mundo

empresarial, na política, bem como na educação/formação (Cardoso, Estevão & Silva,

2006; Boterf, 1993). A partir da revisão bibliográfica, encontra-se inúmeras tentativas

de definição do conceito. De um modo geral, a competência é concebida como a

capacidade de mobilizar os saberes, saber ser e o saber fazer (Stroobants, 2006), embora

tal como defende o autor, esta definição não é capaz de captar a complexidade do

conceito de competência, já que esta, especialmente em contexto profissional ou

formativo, não está somente dependente da ação do próprio sujeito. Por outro lado, de

salientar a componente interna, o não visível e, por conseguinte, o mais ligado á

singularidade do sujeito, não reduzindo o conceito de competência á postulação de um

poder externo e/ou observável (Rey, 2002; Parente 2003). Por sua vez, esta componente

interna é caracterizada pelo seu caráter tácito, remetendo-nos para a dimensão não

formal das competências, na medida em que derivam de processos de aprendizagem não

formais e, por consequência, não reconhecidas, efetivando-se uma separação com a

dimensão formal das competências, que qualifica e certifica o sujeito como competente

(Parente, 2003). Exemplo deste caráter tácito das competências, reside também numa

dimensão ética e cívica, em que de uma forma implícita e não certificada ou

formalizada se repercute nas ações de trabalho (ibidem).

Antes de mais, etimologicamente, competência é um termo que deriva do latim,

competens e que significa “o que vai com, o que é adaptado a”(Boterf, 2003). Assim

sendo, o mesmo autor foca a plasticidade do próprio conceito, na medida em que

perceciona a competência como algo que não preexiste á situação de trabalho e ao

mesmo tempo, remete para um contexto particular ou seja, a competência só se efetiva

ao mais alto nível em contexto real de trabalho. Castro (2010) acrescenta o caráter

reflexivo que caracteriza o individuo competente, bem como a autonomia, no que

respeita á regulação das próprias emoções, gestão dos recursos pessoais e recursos

externos e, finalmente, o caráter de transferibilidade e de improviso face a uma situação

inédita. Assim sendo, o conceito constitui-se a partir de uma abordagem combinatória,

em que as ações do sujeito competente, com os seus conhecimentos, habilidades,

experiências, capacidades cognitivas, recursos emocionais, etc. se articulam com

conjunto de recursos do seu meio (Botterf, 2003; Parente 2003).

15

Posto isto, assumindo os contributos de vários autores, considera-se, neste

estudo, que o conceito de competência poderá ser definido como um conjunto integrado

e estruturado de conhecimentos e de saberes (saber fazer, saber ser e saber transformar-

se) a que o sujeito terá que recorrer e mobilizar para a resolução das tarefas com que é

confrontado ao longo da sua vida, assumindo uma consciência crítica das suas

potencialidades e recursos, bem como dos constrangimentos psicossociais em que se

contextualiza, com vista à realização de projetos viáveis nas várias dimensões da sua

existência (Gonçalves, 2000).

3.2. Aquisição, desenvolvimento e (auto) reconhecimento de competências

Rumando no sentido do sistema económico-financeiro e aderindo aos modelos

(da competência) de organização do trabalho emergentes, as entidades

educativas/formadoras em detrimento dos inputs, que se constituíam como um conjunto

de matérias e conhecimentos a transmitir, assumiram a primazia em termos dos outputs,

ou seja, de um conjunto de competências que os alunos/formandos terão que dominar

no final da sua formação (Strobants, 2006). Estas orientações estão patentes nos

pressupostos da lei de bases do sistema educativo Português (Decreto – lei 6/2001 e

posteriormente Decreto - lei nº 49/2005), em que o Ministério da Educação define um

conjunto de competências que devem ser promovidas ao longo do percurso

educativo/formativo. Claro está que esta reforma impõe novas exigências ao sistema

educativo, que vão desde o pré-escolar até ao ensino superior, incluindo os cursos de

formação profissional/tecnológica. Estas alterações, para além de transfigurarem o

projeto educativo, traduzem-se especialmente em termos das práticas pedagógicas,

integrando para além dos conteúdos teóricos e técnicos, uma vertente transversal que a

partir da ação e do “fazer”, constitui-se como a principal fonte de aprendizagem

(Parente, 2003). Por outro lado, como salienta Boterf (2003), a competência para além

de ser um construto operacional é também um construto social, daí a necessidade dessas

mesmas competências serem validadas e reconhecidas. Nestes contextos formais de

aprendizagem, a competência é reconhecida a partir de uma qualificação atribuída, que

habilita supostamente o sujeito a agir com competência (ibidem).

Contudo, a aquisição e o desenvolvimento de competências não se contextualiza

somente sobre uma dimensão formal em termos da aprendizagem. Por seu turno, a

família, o trabalho, os tempos de lazer que se traduzem em situações reais da sua

16

existência são também considerados como contextos promotores do desenvolvimento de

competências, ainda que numa modalidade informal (Boterf, 2003;Parente,

2003;Oliveira & Holland, 2007). Nestes contextos informais, embora o reconhecimento

esteja igualmente dependente do julgamento de terceiros (Boterf, 2003; Parente, 2003),

consideramos que o autoreconhecimento adquire aqui um papel relevante, tanto na

definição do seu autoconceito, bem como no desenvolvimento de (novas) competências

(Parente, 2003; Boterf, 2003). Embora o autoreconhecimemnto não se traduza numa

consciência objetiva dos saberes detidos pelos sujeitos, principalmente naqueles com

baixos níveis de escolaridade e de qualificação, (Parente, 2003) uma autoimagem

positiva e evolutiva constitui um prérequisito ao desenvolvimento de (novas)

competências, já que, “o profissional mobiliza os seus recursos não só em função de

uma representação operatória da situação, mas também em função da representação que

tem de si mesmo” (Boterf, 2003).Por outro lado, de valorizar o reconhecimento e a

validação das competências em contexto de trabalho, na medida em que contribuem

para a construção de novas competências ou de adaptação a novas situações (ibidem).

Sistematizando, a competência resulta de um processo dinâmico que se desenvolve ao

longo de um percurso ou de uma trajetória de vida, onde através das suas experiências

(pessoais e profissionais), dos seus estudos, atividades e projetos, bem como por aspetos

operacionais, afetivos e intelectuais se podem traduzir num determinado desempenho

(Pires, 2000).

3.3.Competências Específicas Versus Competências Transversais

No sentido de estabelecer a diferença entre as competências mais técnicas ou

especificas ou ainda chamadas de hard-skills e as competências transversais, ou

reconhecidas como soft-skills, serão aqui assumidas as contribuições de vários autores

que se têm debruçado sobre esta temática, tendo em conta que o presente estudo está

centrado nestas últimas, já que se desconhece uma escala objetiva que avalie as

competências especificas do contexto militar, considerando as inúmeras e diferentes

especialidades que o militar poderá desempenhar em contexto. Assim sendo,

considerou-se mais viável avaliar o militar em termos de competências transversais, até

mesmo por questões de acessibilidade a estes tipos de instrumentos.

Entende-se por competências técnicas aquelas que são normalmente utlizadas

em situações específicas e determinadas previamente, situando-se mais na linha das

17

abordagens comportamentais. Para além disso, são geralmente baseadas em ideologias

e/ou em valores de referência reforçando o cunho de determinado perfil profissional

(Pires, 2000).

Por seu turno, as competências transversais remetem para um multiplicidade de

contextos onde por ventura foi adquirida/desenvolvida e ao mesmo tempo onde poderá

ser aplicada ou transferida. Se o caráter contextual é um dos atributos que caracteriza o

conceito de competências (Boterf, 2004; Rey, 2002), consideramos que as competências

transversais gozam de um estatuto mais amplo e transferível no que respeita ao

contexto, ou seja, quanto maior for a especificidade da competência maior será também

a especificidade, em termos do contexto onde poderá aplicada, diminuindo

drasticamente a possibilidade de essa mesma competência ser transferível para outro

contexto profissional.

Segundo Laker e Powel (2011) as competências técnicas pressupõem o trabalho

com ferramentas, equipamentos, informações, softwares etc., específicos ou seja,

remetem para um contexto ou profissão distinta, enquanto as competências transversais

englobam, em simultâneo, a gestão das próprias competências bem como as

competências de relacionamento interpessoal, liderança, resolução de conflitos,

inteligência emocional, comunicação etc. Complementando, Marsh (2012) aponta para a

emergência de um conjunto de competências transversais face às exigências do mercado

de trabalho do futuro, sendo elas a compreensão/tolerância e a gestão da diversidade, na

medida em que dado o livre-trânsito entre países, particularmente na União Europeia, o

trabalhador cada vez mais se depara com pessoas/trabalhadores com diferentes

formações, culturas e gerações. O mesmo autor, destaca ainda a adaptabilidade como

outras das competências transversais chave, já que cada vez mais as atividades

profissionais se estendem para além fronteiras, o trabalho em equipa, a responsabilidade

e atitudes positivas, a produtividade/gestão de tempo e, finalmente, as competências de

resolução de problemas ou de situações difíceis.

Finalmente, Boterf (2004) deixa um apelo á precaução no que diz respeito á

denominação de transferibilidade na medida em que defende que esta é mais uma

resultante do que uma característica. “Transferir é reintegrar uma aprendizagem numa

situação diferente daquela em que se produziu” (Boterf ,2004, p.57), logo, este caráter

de transferibilidade implica igualmente que o sujeito seja capaz de reproduzir essa

18

mesma competência numa situação ou contexto diferente do qual onde a adquiriu ou

desenvolveu.

4. Caracterização dos seis meses iniciais de serviço militar (Praças em Regime de

Voluntariado/Regime de Contrato)

O dia de incorporação no Exército Português, no âmbito de um curso de formação

de praças é o primeiro dia de uma formação inicial que se desdobra em duas fases

distintas, com uma duração total de 12 semanas. Esta formação inicial constitui-se como

um desafio tanto a nível físico como psicológico, onde os formandos tomam contato

com o estilo de vida militar, uma estrutura hierárquica rígida, novos conhecimentos,

bem como um ambiente desafiante e de camaradagem, propicio ao estabelecimento de

novas e duradouras amizades. Assim, a instrução básica (recruta) tem uma duração de

cinco semanas e incide, especialmente, no desenvolvimento de competências

específicas do contexto militar, tais como o treino de ordem unida, ginástica militar,

uniformes, postos, treino de tiro com espingarda automática G3, orientação geográfica e

sobrevivência. Se, no final desta fase, os instruendos obtiverem uma classificação

positiva, são reconhecidos como os novos soldados de Portugal, onde familiares e

amigos são convidados a testemunhar o seu compromisso com a Pátria, na cerimónia do

Juramento de Bandeira. De seguida, é-lhes ministrada a formação complementar, que

tem uma duração de sete semanas e incide, especialmente, no ensinamento e treino de

técnicas individuais de combate. Terminada a formação inicial, os soldados que

obtiveram aproveitamento são mobilizados para outras unidades a fim de receberem

instrução, desta feita relativa à função/especialidade. Esta fase da especialidade, tem

igualmente uma duração de sete semanas nas quais os militares adquirem competências

técnico-militares inerentes à arma que representam e/ou especialidade que irão exercer,

habilitando o instruendo para um conjunto de cargos que compreendem funções e

tarefas similares e cujo exercício exige algumas competências semelhantes.

Ultrapassadas estas fases de instrução e formação, os militares são distribuídos pelas

unidades espalhadas por todo o território nacional, tendo em conta critérios como as

carências das próprias unidades, as classificações no final da especialidade e a escolha

do próprio militar, atendendo à sua área de residência onde o militar, idealmente, irá

desempenhar tarefas e/ou funções para as quais recebeu formação, particularmente na

19

especialidade, bem como na própria unidade de destino, com formação específica para o

cargo. Para além destas competências mais específicas, é também esperado que o militar

interiorize e desenvolva competências transversais nesta sua formação para o exercício

de funções, independentemente da arma que representa dentro do Exército,

especialidade atribuída ou posto.

Neste sentido, desde o primeiro dia de serviço militar são transmitidos

conhecimentos relacionados com as dimensões do saber-ser, saber-estar e saber-fazer,

como objetivo destes se converterem em competências de cariz transversal e que

acompanharão o perfil do militar em inicio de carreira até ao final dos anos de contrato

permitidos, podendo estas ser transferidas para outro qualquer contexto profissional,

incluindo os do mercado de trabalho civíl. Por outro lado, embora se considere que o

desenvolvimento de competências transversais se inicie em contexto familiar e

posteriormente em contexto escolar e formativo, estas, têm como objetivo final uma

hábil integração num posto de trabalho, independentemente da função a desempenhar,

área ou setor do mercado de trabalho. Por sua vez o Exército ao recrutar voluntários,

maioritariamente sem experiência profissional e dado também a sua faixa de idades e

estatuto desenvolvimental, faz jus à sua tradição de formar homens e mulheres,

incutindo desde o dia de incorporação competências essenciais para o bom

funcionamento e cumprimento dos deveres militares bem como do desenvolvimento de

uma conduta ética, cívica e profissional na sociedade que fazem parte.

Assim sendo, considera-se que para além do Exército ser um contexto

profissional, este possui inúmeras especificidades que o tornam propício à exploração,

experimentação e desenvolvimento de competências que serão úteis para a vida e, ao

mesmo tempo, um contexto de tal forma estruturado que obriga a uma

automonitorização constante de uma boa parte dessas mesmas competências, sendo esta,

talvez, a maior diferença comparativamente a um contexto profissional do mercado de

trabalho civíl. Deste modo, ao apropriarem-se de uma ética tecnológica e ao terem a

oportunidade de experienciar sentimentos de confiança e de autonomia, abre-se a estes

jovens o caminho para o desenvolvimento de uma perceção de si mais definida e

diferenciada, proporcionando-lhes uma participação cooperativa e produtiva na vida

20

adulta e, por consequência, a resolução das crises psicossociais que, porventura, estarão

a vivenciar (Erikson, 1976).

21

Capitulo II – Metodologia

Após a exposição do enquadramento teórico para a compreensão do

desenvolvimento da identidade à luz da teoria psicossocial de Erik Erikson, da relação

existente entre o desenvolvimento da identidade e o desenvolvimento vocacional,

considerando este último um indicador do nível de desenvolvimento e, finalmente, do

tema das competências, serão delineados neste capítulo, os objetivos e questões de

investigação, a metodologia e o procedimento utilizado.

1.Objetivos e questões de investigação

Este estudo pretende aferir o impacto dos primeiros meses de serviço militar

efetivo, no que diz respeito ao desenvolvimento da identidade pessoal, á luz da teoria

psicossocial de Erik Erikson, e ao desenvolvimento da competência global. Desta

forma, a recolha de dados teve lugar em dois momentos distintos intervalados por seis

meses: à entrada para o exército e após seis meses, reencontrando os militares findo o

período de recruta, instrução complementar, especialidade e integração em novas

unidades do exército em pleno exercício de funções. Tratando-se de uma pesquisa

pioneira neste domínio, o presente estudo, de traçado longitudinal, assumiu um caráter

exploratório e foi desenvolvido no sentido de encontrar resposta para as três questões de

investigação seguintes:

1.Será que a participação durante seis meses em atividades do Exército Português,

influencia positivamente o desenvolvimento da identidade pessoal?

2.Será que o contexto militar nos seis meses iniciais é promotor do

desenvolvimento de competências gerais?

3. Estará o desenvolvimento da identidade relacionado com a perceção dos

militares quanto às competências pessoais desenvolvidas?

22

2.Método

2.1 Participantes

Participou na presente investigação um grupo de militares que integraram as

fileiras do Exército Português no ano 2011. Constituíram a amostra no primeiro

momento (AM1) de recolha de dados 380 militares, 326 dos quais do sexo masculino

(85.79%) e 54 do sexo feminino (15.21%), inquiridos no dia de incorporação ou seja, no

1.º dia de serviço militar, com idades entre os 18 e os 25 anos (M=20 anos, DP=1,82)

(cf,anexo A). Dos 380 participantes iniciais, mantiveram-se no exército durante os seis

meses seguintes 245 militares que integraram a amostra do segundo momento (AM2)

com idades que variam igualmente entre os 18 e os 25 anos (M=20, DP=1,75) (cf.anexo

B).Relativamente ao género, esta segunda amostra é constituída por 213 militares do

sexo masculino (86.9%) e 32 do sexo feminino (13.1%) 1. Em termos de irmãos, o seu

número varia entre os 0 e os 10 (M=1,60, DP= 1,39)2 sendo que, apenas 7 sujeitos

(2,9%) da nossa amostra afirmam possuir um irmão integrado no Exército. No que

respeita à escolaridade (cf. Quadro:1), predomina na amostra a formação de nível

secundário (53,9%) seguida do 3.º ciclo do Ensino Básico (41,1%).

Quadro 1: Habilitações literárias dos participantes no estudo

Grau de ensino N (%)

2.º Ciclo 11 (4,6)

3.º Ciclo 99 (41,1)

Secundário 130 (53,9)

Universitário 1 (0,4)

1 O que inviabiliza automaticamente a comparação entre géneros já que se distancía de uma distribuição

normal.

2 26 participantes (10,6%) são filhos únicos, 127 (51,8%) têm apenas um irmão, 56 (22,9%) dois irmãos, 17

(6,9%) têm três irmãos, com quatro irmãos, oito participantes (3,3%), com cinco irmãos (2,9) 7 participantes e, finalmente, com 7,8,9 e 10 irmãos apenas um participante equivalendo a 0,4% da amostra total.

23

Figura 2. Grupo profissional dos participantes antes de ingressarem no Exército.

A variável “grupo profissional” refere-se às profissões/ocupações exercidas pelos

participantes antes de ingressarem no Exército, resultante do agrupamento do universo

das profissões em 10 grandes grupos, definidos pelo CITP/ISCO/2008 e apresentados

no CPP2010, tendo sido adicionado um décimo primeiro grupo relativo à ocupação

“estudante” e um décimo segundo relativo à condição de “desempregado”.

Deste modo, encontrou-se que as ocupações com maior prevalência foram a de

“estudante” (43%), seguindo-se os “trabalhadores dos serviços pessoais proteção,

segurança e vendedores”, (17%) seguida de “desempregado” (12%).

2.2. Instrumentos

2.2.1. Questionário (s) de dados sociodemográficos

Para o primeiro momento da investigação, foram pedidos aos participantes os

seguintes dados sociodemográficos: nome, idade, sexo, número de irmãos, algum irmão

integrado ou não no Exército, escolaridade, curso/área de estudos, possui formação

profissional, profissão/ocupação anterior, especialidade militar em que se alistou, local

de residência, contactos e profissão da mãe e do pai.

2% 1%

17% 0%

11%

3% 11%

43%

12%

Grupo profissional da amostra antes de ingressar no Exército

Especialistas das Atividades Intelectuais e Científicas Tecnicos e Profissões de Nível Intermédio Trab. Serviços Pessoais, Proteção e Seg. e Vendedores Agricultores e Trab. Qualif da Agricultura, Pesca, Floresta Trab. Qualificados da Industria, Construção e Artifices Operadores de Instalações e Maquinas e Trab. da Montagem Trabalhadores Não Qualificados Estudante Desempregado

24

Para o segundo momento de investigação, para além da identificação do

participante, foi solicitada a indicação da especialidade militar atribuída, a atualização

de contactos e residência e, novamente, a profissão da mãe e do pai já que se tinha

verificado um número considerável de omissões no primeiro momento. A este

questionário pósteste foram, ainda, adicionados duas questões. Uma acerca do grau de

satisfação do participante com as diferentes fases da instrução/prontidão - Recruta,

Instrução complementar, Especialidade e Serviço efetivo (escala de resposta de tipo

likert em que 1= Nada satisfeito e 5 = Totalmente satisfeito). A segunda questão,

convidava o participante a pronunciar-se acerca dos aspetos mais significativamente

positivos e negativos da sua experiência militar, até um máximo de cinco por valência.

2.2.2 Avaliação do desenvolvimento Psicossocial

Erikson Psycological Inventory Scale (EPSI)

Trata-se de um inventário elaborado por Rosenthal, Gourney e Moore (1981),

tendo sido validado e adaptado à população portuguesa por Silva, M. (2002). Este

inventário de autoresposta é constituído por 72 itens, organizados em seis subescalas

que avaliam os seis primeiros estádios da teoria psicossocial de Erikson: confiança

versus desconfiança básica; autonomia versus vergonha e dúvida; iniciativa versus

culpa; indústria versus inferioridade; identidade versus confusão de identidade; e,

intimidade versus isolamento. Cada subescala é constituída por 12 itens, em que seis

itens correspondem a uma resolução positiva e os restantes seis a uma resolução mais

negativa da respetiva “crise” psicossocial. O intervalo de resposta a cada item varia

entre 1 (“quase nunca é verdade”) e 5 (“quase sempre é verdade”) numa escala de

Likert.

2.2.2.1. Procedimentos estatísticos utilizados com a escala EPSI

Inicialmente, foram estimados os valores de α de Cronbach das subescalas que

compõem o inventário em ambos os momentos (MA1eMA2) e comparados com os

valores que resultaram da adaptação da escala para a população Portuguesa por Silva

(2002).

25

Quadro 3: Valores de consistência interna das subsescalas (α = Cronbach)

Subescalas Número

de itens

α Cronbach

Préteste Pósteste Valor de

referência 3

Confiança

Versus

Desconfiança

Básica

10 .53 .35 .73

Autonomia

Versus

Vergonha

10 .42 .04 .84

Iniciativa

Versus Culpa 8 .33 .26 .71

Industria

Versus

Inferioridade

11 .22 .19 .80

Identidade

Versus

Confusão de

Identidade

12 .75 .26 .84

Intimidade

Versus

Isolamento

7 .19 .18 .70

Tendo sido encontrados valores de α pouco aceitáveis, decidiu-se partir para uma

análise fatorial exploratória que permitiu identificar dois fatores4 teoricamente não

interpretáveis à luz da conceptualização dos estádios de desenvolvimento da identidade

psicossocial de Erikson.

Dos 72 itens que constituíam a escala original, ficaram apenas 47 itens5. No sentido

de configurar fatores com uma boa consistência interna, (α de Cronbach) foram retidos

apenas os itens com valores de saturação superiores a 0.40. Finalmente, para se obter

fatores equivalentes entre o primeiro e o segundo momento, foram eliminados do

3 Valores que resultaram da adaptação da EPSI levada a cabo por Silva (2002)

4 Como se podes verificar graficamente, o scree plot (cf.anexo D) corrobora a retenção dos dois fatores,

que correspondem à maior inclinação da reta, ou seja, a um maior afastamento entre os valores próprios.

5 Foram eliminados todos os itens cujo valor de comunalidade era inferior a 0.40, tendo sido retidos

apenas os itens comuns aos dois momentos de avaliação (pré e pósteste).

26

segundo fator do préteste os itens 13, 46, 69. Igualmente, no momento do pósteste, foram

eliminados do primeiro fator os itens 23, 31, 42, 49, 61, 71 e do segundo fator o item 18.

Dado a natureza e o significado dos itens que compuseram os fatores abaixo

apresentados nos Quadros 4 e 5 e fazendo uma leitura conjunta dos mesmos, decidiu-se

nomear o primeiro fator como “perceção negativa de si e do mundo” e o segundo fator

como “perceção positiva de si e do mundo”.

Quadro 4: Composição do fator “Perceção negativa de si e do mundo”

Item Valor de saturação

Préteste Pósteste

Gostava de me controlar melhor .44 .45 Acho este mundo muito confuso .67 .49 Receio perder o controle dos meus sentimentos .56 .49 Acontece-me a dar por mim à espera que aconteça o pior .54 .52 Não consigo dar sentido à minha vida .51 .55 Não consigo tomar decisões por mim próprio .56 .53 Nunca serei capaz de progredir neste mundo .55 .58 Tenho vergonha de mim próprio -.48 -.61 Não confio nos meus juízos -.40 .61 Tenho dificuldades em tomar decisões .55 .58 Parece que não tenho as capacidades que a maioria tem .64 .57 Dependo das ideias das outras pessoas -.51 .60 Sinto-me culpado em relação a muita coisa .50 .65 Acontece-me negar coisas mesmo quando elas são verdadeiras -.43 .57 Não me parece que seja capaz de satisfazer as minhas ambições .63 .55 Trabalhar não me dá prazer .43 .46 Desperdiço muito do meu tempo de um lado para o outro -.52 -.44 Não sou muito bom nas coisas que exigem raciocínio ou competência -.44 .50 Não levo as coisas até ao fim -.55 .53 Não faço muitas coisas -.51 .40 Mudo muito de opinião que tenho acerca de mim próprio .59 .58 Sinto-me confuso .67 .62 Não consigo decidir o que quero fazer da minha vida .68 .63 Não sei bem o que ando aqui a fazer .59 .51 Não me sinto verdadeiramente empenhado, envolvido .57 .55

Como se pode visualizar acima no Quadro 4., a medida de “Perceção negativa de si

e do mundo” é composta por 25 itens, agrupando a média dos itens 2, 3, 5, 6, 8, 11, 12,

15, 16, 19, 21, 22, 26, 29, 39, 44, 47, 50, 51, 52, 55, 58, 63, 68, 70 com um α de

Cronbach = 0.62 no momento de préteste (cf. Anexo E) e 0.86 no momento pósteste (cf.

27

Anexo F). Em termos descritivos, o primeiro fator do préteste e pósteste explicam

respetivamente, 19.79 % e 19.57% da variância total.

Quadro 5: Composição do fator “Perceção Positiva de si e do mundo”

Item Valor de saturação

Préteste Pósteste

As outras pessoas compreendem-me .48 .48 As coisas geralmente correm-me bem e as pessoas dão se bem comigo .61 .59 Sou tão bom como os outros .45 .57 Sou capaz de enfrentar as coisas à medida que elas surgem -.45 -.50 Acredito mesmo em mim próprio -.59 .63 Gosto de ser eu a fazer as minhas próprias escolhas .48 .60 Sou capaz de defender e manter as minhas posições .58 .53 Sou uma pessoa enérgica, que faz muitas coisas .54 .56 Considero-me uma pessoa eficiente .63 .67 Gosto de novas aventuras .50 .50 Sou bastante trabalhador .53 .53 Sinto que sou útil aos outros .46 .41 Estou a esforçar-me muito por atingir os meus objetivos .59 .64 No meu trabalho sou bom .55 .50 Persisto nas coisas até ao fim .48 .48 Tenho ideia clara acerca do que quero ser .57 .47 Sei bem quais são as coisas importantes na vida .49 .49 Sinto que as coisas fazem sentido .55 .42 Sei muito bem o que significa ser feminino e masculino .44 .49 Gosto muito de mim próprio e tenho orgulho dos princípios que defendo .55 .56 Sou terno e amigável .50 .57 Preocupo-me muito com os outros

.46 .42

No Quadro 5. é apresentada a medida de “Perceção positiva de si e do mundo”

composta por 22 itens, que reúne a média dos seguintes itens 1, 10, 14, 17, 24, 25, 27, 28,

32, 34, 35, 36, 37, 40, 43, 48, 53, 54, 57, 60, 62, 66 com um α de Cronbach = 0.90 em

ambos os momentos (pré e pósteste). Em termos descritivos, o segundo fator do pré e pós

teste explicam, respetivamente, 5.69% e 6.99% da variância. No seu conjunto, os dois

fatores (“Perceção negativa de si e do mundo” e “Perceção positiva de si e do mundo”)

explicam, respetivamente, 25,48% e 26.56% da variância total no préteste e no pósteste.

Na medida em que não seria expectável o surgimento de dois fatores

conceptualmente tão afastados da teoria psicossocial de Erikson, considera-se que a

28

emergência de fatores relacionados com a perceção de si e do mundo poderá advir,

essencialmente, da crise psicossocial com que, tendo em conta a sua média de idades (20

anos) os participantes, porventura, se confrontam no momento do estudo, crise esta que é

“caracterizada por uma aparente flutuação da robustez do ego”( Erikson, 1976, p.163).

Segundo Erikson, (1976) a formação da identidade resulta de um conjunto de (re)

configurações sucessivas do ego, “que procede à integração gradual dos dados

constitucionais, necessidades libidinais idiossincráticas, capacidades favorecidas,

identificações significativas, defesas efetivas sublimações bem-sucedidas e papéis

coerentes” (p.163). Para além disso, segundo Matt, Seus & Schumann, (cit in Schumann

& Feldman, 2005) a transformação de velhos em novos valores requerem um período de

aprendizagem, bem como um ajustamento psicológico e social que poderá provocar

desconforto e confusão. Na sua descrição do estádio da confusão versus confusão de

identidade, Erikson (1971;1976) para além de referir que o adolescente tem de lidar com

as vigorosas transformações em termos físicos, acrescenta que aquele vive, ao mesmo

tempo, uma “intensa revolução interior” face às tarefas adultas com que se vai

confrontando, (…) preocupando-se primordialmente “em projetar uma imagem ampliada

do eu como pessoa autónoma e a aparência desta aos olhos dos outros” (Erikson,

pp.183). Deste processo inconsciente da definição de si próprio emergem perfis

ambivalentes entre o “eu real” e o “eu ideal”, tais como os descritos por Rogers (1961),

no sentido de proteção do ego e, ao mesmo tempo, de adaptação à tarefa ou sociedade,

tendo também em linha de conta, aquilo que será esperado dele, sobretudo neste período

de moratória psicossocial (Erikson, 1976). O mesmo autor, (1976, pp.157) considera este

período de “moratória” de extrema importância para o “processo de formação da

identidade” cujas experiências levadas a cabo pelo jovem permitem a “rejeição seletiva”

e a “assimilação” de identificações com os demais modelos de referência nos seus

contextos de vida e não necessariamente com os pais, tendo em conta a sua aceitação na

sociedade ou subsociedade, levando-os à formação de atitudes e comportamentos de

desejabilidade social.

Em suma, considera-se que o fato destes jovens militares estarem a vivenciar o

período de moratória, que é caracterizado por uma aparente flutuação e defesa do ego

que inclui um necessidade de ampliar a imagem de si aos olhos dos outros, conjugado

com a necessidade de se adaptarem a este novo contexto (Erikson, 1976), se constituem

29

como as possíveis causas para a tendência de resposta ao EPSI que deu origem à não

replicação da sua estrutura original e ao aparecimento dos dois novos fatores já

referenciados.

Por sua vez, estes achados levaram à reformulação das questões de investigação

propostas no início deste estudo. Deste modo assumiram-se as seguintes novas questões

de investigação:

1.Será que a participação durante seis meses em atividades do Exército Português,

influencia positivamente o desenvolvimento das perceções de si e do mundo?

2. Será que o contexto militar nos seis meses iniciais é promotor do

desenvolvimento da perceção da competência global?

3. Será que há variações na perceção de competência pessoal em função do grau

de “perceção negativa de si e do mundo”?

4. Será que há variações na perceção de competência pessoal em função do grau

de “perceção positiva de si e do mundo”?

5. Poderá o desenvolvimento das perceções de si e do mundo estar relacionada

com o desenvolvimento da competência pessoal percebida.

2.2.3 Avaliação no nível de competência geral

Escala de Competências Pessoais Percebidas (ECPP)

Trata-se de uma escala de autorresposta construída, especialmente para efeitos desta

investigação, por Nascimento, I. e Silva, B. (2010). A sua construção e a seleção de

itens incluídos, nesta nova escala, foi feita a partir de escalas de competências já

existentes tais como; Escala de competências transversais dos licenciados, Tecminho

(Cardoso, Estevão & Silva, 2006), Employability Skills 2000+ (Conference Board of

Canada, 2000) e Lista de Competências, pessoal operário e auxiliar (SIADAP).

É constituída por 77 itens que avaliam o nível global de competência através de

uma escala de likert de cinco pontos variando entre 1 (=Aspeto nada desenvolvido em

mim) e 5 (=Aspeto extremamente desenvolvido em mim). Na construção da escala,

procurou-se contemplar diferentes dimensões da competência geral bem como

competências que, geralmente, fazem parte do perfil de um militar do Exército. No final

30

deste questionário, e com o intuito de avaliar o autoreconhecimento de competências

por parte dos militares que compuseram a amostra, foi introduzida uma questão de

resposta fechada com cinco alternativas de resposta: a) Não tenho tantas competências

quanto gostaria; b) Mesmo não sendo muitas, as minhas competências apresentam um

bom nível de desenvolvimento; c) Tenho muitas competências e globalmente, estão

bem desenvolvidas; d) Gostaria de poder desenvolver mais a maioria das minhas

competências; e) Estou satisfeito com a quantidade e o nível a que se encontram as

minhas competências. Foi ainda, adicionada, exclusivamente na fase de pósteste, uma

questão através da qual se procurava conhecer a intenção do militar quanto à renovação

do contrato com o Exército (alternativas de resposta: a) É minha intenção; b) Ainda não

sei bem; c) Não é minha intenção.

2.2.4.Análises estatísticas preliminares da Escala de Competências Pessoais

Percebidas (ECPP)

Após uma análise de componentes principais, baseada nos valores de variância

explicada e no scree plot, (cf. anexo I;J) optou-se pela solução de apenas um fator.

Posteriormente, para se alcançar parcimonialidade na avaliação das competências

pessoais percebidas e homogeneizar a medida, foram retidos apenas os itens com valor

de saturação superior a α 0.406 e os que apareciam associados ao fator nos dois momentos

(pré e pósteste)7. Deste modo, dos 77 itens que constituíam a escala original, foram

retidos 71 itens, agrupados num só fator, explicando 32.59% da variância total.

6 Itens que apresentaram um valor de saturação inferior a 0,40 e que foram excluídos: 15. Fazer

contas e cálculos que implicam raciocinar usando números; 45. Recusar convites ou pedidos

inapropriados que me façam; 77. Estar aberto/a a deslocações, a mudar de função, de profissão, de

cidade ou país.

7 Itens que foram excluídos por terem surgido no fator apenas no momento do préteste: 3. Ser

capaz de recolher, registar e tratar dados numéricos utilizando métodos, instrumentos e tecnologia

adequada; 42. Cuidar da sua saúde e forma física; 43. Ser capaz de lidar com a incerteza.

31

Quadro 6:Itens que compõem o fator único da ECPP e respetivo valor de saturação

Itens

Valores de

Saturação

Préteste Pósteste

Escrever e falar de modo a que outras pessoas prestem atenção e

compreendam .40 .54

Distinguir informações relevantes e não relevantes .41 .58

Atender a pontos de vista diferentes e avaliá-los com base em factos .51 .55

Assegurar que o propósito e os objetivos da equipa a que pertence

são claros .53 .50

Sentir-se confiante e bem consigo mesmo/a .51 .49

Responder com prontidão e disponibilidade à proposta de novas

tarefas ou solicitações mesmo quando exigentes .53 .57

Ser capaz de trabalhar tanto de uma forma independente como

fazendo parte de uma equipa .62 .65

Estar disposto/a a aprender, atualizar-se e a crescer continuamente .54 .62

Compreender a importância do que faz para o funcionamento do

grupo/ organização a que pertence e procurar responder às

solicitações que lhe são dirigidas

.59 .58

Ser sensível às necessidades e bem-estar dos outros .47 .49

Ouvir e fazer perguntas para entender e valorizar os pontos de vista

dos outros .60 .60

Classificar diferentes tipos de informação em categorias .55 .57

Reconhecer as dimensões (humanas, interpessoais, técnicas,

científicas, matemáticas, etc.) de um problema .44 .47

Tentar respeitar, ser aberto/a e solidário/a com o pensamento, as

opiniões e contribuições dos outros no grupo .56 .63

Demonstrar disponibilidade .60 .56

Concretizar de forma autónoma às atividades que lhe são atribuídas .66 .68

Dedicar-se, simultaneamente ou não, a múltiplas tarefas ou projetos .59 .68

Identificar e aceder a fontes e oportunidades de aprendizagem .64 .59

Manter o equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e não

profissionais .64 .60

Estabelecer e manter relações de amizade .46 .43

Partilhar informações usando uma variedade de meios de informação

e comunicação (por exemplo, a voz, e-mail, computadores, etc.) .47 .51

Fazer a gestão corrente de uma quantia de dinheiro .46 .49

Explorar e gerar soluções criativas e inovadoras para resolver um

problema .63 .64

Aceitar e dar feedback de uma forma construtiva e atenciosa .56 .56

Ter espírito crítico .46 .44

Tomar a iniciativa no sentido da resolução de problemas nas

atividades que desempenha .64 .69

Ser aberto/a e responder de forma construtiva à mudança .66 .69

Preocupar-se em alargar os seus conhecimentos e experiência

profissional para melhor corresponder às exigências das atividades

que realiza

.63 .58

32

Itens

Valores de

Saturação

Préteste Pósteste

Monitorizar continuamente o sucesso de um projeto ou tarefa e

identificar formas de melhorar .63 .64

Usar conhecimentos e competências científicos, tecnológicos e

matemáticos relevantes para explicar ou esclarecer ideias .52 .58

Trocar impressões com outras pessoas acerca de possíveis soluções

para problemas .60 .53

Reconhecer os pontos fortes e pontos fracos dos outros que fazem

parte do grupo a que pertence .55 .59

Lidar com as pessoas, problemas e situações com honestidade,

integridade e ética pessoal .64 .61

Sugerir novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a

qualidade do serviço .68 .68

Ser capaz de ver na diversidade de tarefas, oportunidades de

desenvolvimento profissional e pessoal .63 .67

Verificar, previamente, quais as condições necessárias à realização

das tarefas .60 .69

Elogiar a atitude ou comportamento dos outros .51 .46

Por em prática a solução identificada para um problema e verificar se

funciona .67 .67

Reconhecer os seus próprios pontos fortes e fracos, face a outras

pessoas do grupo a que pertence .62 .48

Seguir as diretivas e procedimentos estipulados para a adequada

execução de uma tarefa .59 .65

Aproveitar as situações problemáticas com que se depara para se

desenvolver enquanto pessoa .40 .41

Ter facilidade em se integrar em grupos e equipas de trabalho, dentro

e fora do seu contexto habitual .54 .58

Demonstrar interesse, iniciativa e esforço .63 .66

Ser tolerante à frustração e resistente ao stresse .60 .49

Reconhecer o que é prioritário e urgente, e realizar o trabalho de

acordo com esses critérios .73 .70

Comunicar assertivamente com os outros de forma a ganhar a sua

confiança e cooperação e a diminuir a possibilidade de conflitos .66 .61

Apoiar ou liderar quando necessário, motivando um grupo para um

desempenho de alto nível .67 .65

Assumir a responsabilidade pelos seus atos e aceitar a crítica .62 .61

Ser capaz de atuar em contextos profissionais que impliquem o

contacto com diferentes pessoas, culturas, raças e estilos de vida .57 .66

Manter o local de trabalho organizado, bem como os diversos

produtos e materiais que utiliza .53 .62

Entender o papel do conflito num grupo como forma de chegar a

soluções .62 .60

Preocupar-se com o desenvolvimento das suas qualidades humanas .62 .69

Gerir e resolver conflitos quando apropriado .53 .61

33

Itens Valores de

Saturação

Préteste Pósteste

Cumprir normas e procedimentos estipulados para a realização das

tarefas e atividades, em particular as de segurança, higiene e saúde

no trabalho

.63 .66

Ter uma atitude colaborante nas equipas de trabalho em que participa .65 .67

Manifestar perspetivas impopulares e ser capaz de passar maus

bocados em nome do que “está certo” .54 .59

Ter um comportamento profissional cuidadoso e responsável de

modo a prevenir situações que ponham em risco pessoas,

equipamentos e o meio ambiente

.64 .70

Contribuir para a criação e/ou manutenção de um bom ambiente de

trabalho .68 .68

Manter o controlo emocional e o discernimento mesmo perante

situações difíceis .60 .53

Reagir de forma positiva às mudanças e adaptar-se, com facilidade a

novas formas de realizar certas tarefas .66 .66

Utilizar veículos, equipamentos e materiais com conhecimento e

segurança .51 .58

Saber lidar com situações de competição .58 .62

Ser capaz de julgar e agir segundo valores .53 .49

Ser cumpridor das regras e regulamentos relativos ao funcionamento

do grupo/organização, nomeadamente no que se refere à assiduidade

e horários de trabalho

.57 .64

Saber liderar e afirmar-se perante os outros sem ser autoritário nem

agressivo .57 .62

Zelar pela sua aparência e apresentação física .62 .49

Manter-se produtivo/a mesmo em ambiente de pressão .65 .55

Ser capaz de manter a estabilidade emocional, um comportamento

equilibrado e uma postura sensata perante intrigas e conflitos .47 .49

Ter em atenção a sua integridade física e a dos outros .59 .53

Ser rigoroso/a, organizado /a e metódico/a .66 .59

Aceitar e aprender com os erros que comete .55 .54

Quadro 7: Caracterização do fator único da ECPP

Competência

Pessoal

Percebida

M DP Min. Max. Α

Préteste 3.72 4.19 2.72 4.94 0.97

Pósteste 3.90 4.32 1.96 4.96 0.97

34

2.4. Procedimento

2.4.1 Recolha de dados

Inicialmente, para ser levado a cabo este estudo, foi efetuado um contacto escrito

com o Chefe do Estado-Maior do Exército (cf, Anexo M), no qual lhe foram

apresentados os objetivos e os moldes em que iria decorrer o estudo. Após ter sido dada

autorização para avançar, foi nomeado o oficial da repartição dos recursos humanos,

como o interlocutor privilegiado com a instituição, no sentido de facultar as datas de

incorporação dos militares que viriam a compor a amostra inicial, bem como, informar

as unidades, a nível nacional, da necessidade de contactar pessoalmente, uma segunda

vez (após seis meses), os militares que se mantivessem no ativo até perfazerem seis

meses de serviço militar efetivo.

A recolha de dados referente ao préteste processou-se em três ocasiões distintas

em dias de incorporação dos referidos militares nas unidades de recrutamento, mais

concretamente, a 10 de janeiro de 2011 na Escola Prática de Serviços (Póvoa do

Varzim), onde foram inquiridos 180 militares, na Escola de Tropas Páraquedistas

(Tancos) a 17 de janeiro de 2011, onde foram inquiridos 40 militares e, finalmente, no

Regimento de Artilharia n.º5 (Vila Nova de Gaia) a 3 de abril, onde foram inquiridos

160 militares.. Neste sentido, as diferentes unidades incluíram no circuito de

acolhimento ao militar a passagem por uma sala com mesas e lugares sentados,

possibilitando a abordagem aos militares-recrutas em grupos entre os 10 e 20 elementos.

No contacto com estes grupos, de um modo sistemático, foram cumpridos os passos do

protocolo seguinte:

1. Explicitação dos moldes bem como dos objetivos do estudo.

2. Securização dos participantes relativamente á confidencialidade e anonimato dos

dados recolhidos, explicitando que os mesmos, apenas serviriam para efeitos da

investigação em curso, garantindo uma total independência do investigador face

ao Exército.

3. Explicitação de que a participação no estudo era voluntária, agradecendo pela

colaboração.

35

4. Leitura conjunta do questionário sociodemográfico bem como das instruções para

o preenchimento das escalas (EPSI e ECPP) e clarificação de algumas questões

que suscitassem dúvida.

Seis meses após a data de incorporação dos militares que compuseram a amostra

inicial, e após ter sido obtida indicação da “Direção de Administração de Recursos

Humanos”, do Quartel de Santo Ovídeo, Porto, quanto aos militares que ainda se

mantinham entre “fileiras” e da unidade militar em que prestavam serviço, partiu-se

para a recolha de dados relativos ao momento de pósteste. Para isso, foi necessária uma

fluída articulação e troca de informação, entre os investigadores e as diferentes unidades

militares e organismos do Exército, por forma a localizar e a convocar os 245 militares,

de acordo com a disponibilidade temporal de ambas as partes, para uma segunda

avaliação. Os dados relativos ao pósteste, também foram recolhidos em duas ocasiões

diferentes, a primeira das quais entre os dias 18 e 22 de julho nas unidades do Centro e

Sul do país e nos dias 27 e 28 do mesmo mês, nas unidades da zona Norte. Assim, com

horário previamente acordado com um oficial ou sargento da respetiva unidade do

Exército, os militares participantes foram convocados para uma reunião e conduzidos

para uma sala com as condições ideais para o preenchimento dos instrumentos de

avaliação. Nesta segunda fase do estudo, o investigador relembrava os militares dos

objetivos do estudo, bem como, clarificava possíveis dúvidas relativamente às novas

questões incluídas no questionário sociodemográfico, especialmente da questão relativa

à avaliação dos aspetos positivos e negativos da sua experiência militar. Deste modo, a

primeira recolha da dados pósteste, envolveu a visita a 45 unidades do Exército tendo,

para isso, sido percorridos 2698 Km. Já a recolha de dados junto dos militares que

incorporaram no dia 3 de abril ou seja, na segunda recolha de dados pósteste, o

procedimento foi similar ao anterior, tendo sido visitadas as unidades da zona Centro e

Sul nos dias compreendidos entre 10 e 14 de setembro e na zona Norte e nos dias 3, 20,

26 e 29 de setembro de 2011, totalizando 44 unidades visitadas e percorrido um

itinerário de 2211 Km.

36

2.4.2. Análise dos dados

2.4.2.1. Dados de natureza quantitativa

A análise dos dados foi realizada com recurso ao SPSS – Statistical Package for

the Social Sciences, versão 13.0. Para além das análises estatísticas descritivas, para

descrever as características sociodemográficas dos militares que compuseram a nossa

amostra, foram efetuados testes de comparação de grupos.

2.4.2.2.Dados de natureza qualitativa

Relativamente à vertente qualitativa, foi realizada uma análise de conteúdo às

respostas dos militares (cf.anexo N) à questão em que lhes era solicitava a apresentação

dos aspetos positivos e negativos da sua experiência no exército. Segundo Bardin (2011,

p.20) esta, “é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva,

sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”. Para que a análise

seja válida, as respostas provenientes da amostra carecem de um sistema de

categorização, que permita dar uma ordem aos dados recolhidos. Por sua vez, as

“categorias” criadas pelo investigador deverão ser homogéneas, exaustivas, objetivas e

mutuamente exclusivas, no sentido de se adequarem ao conteúdo e objetivo da análise,

facilitando-lhe uma visão mais organizada e clara dos elementos de significação que

constituem a mensagem e ao mesmo tempo, permitindo-lhe em ultima instância, a

inferência de conhecimentos (Bardin,1977).

Com vista a recolher os aspetos positivos e negativos dos seis meses iniciais de

serviço militar, os participantes foram convidados a partilharem com os investigadores

até cinco aspetos positivos e cinco aspetos negativos, que tivessem sido os mais

significativos ao longo dos seis meses iniciais de serviço militar efetivo. Convém, desde

já referir, que foram recolhidas 459 respostas relativamente aos aspetos

significativamente positivos e apenas 253 respostas focadas nos aspetos mais negativos.

Esta diferença entre respostas, parece permitir concluir que os participantes fazem um

balanço mais positivo do que negativo da sua experiência em termos de participação na

instituição militar. Para uma análise mais discriminada do conteúdo destas respostas e

dos elementos de significação a elas associados foi construída uma grelha de análise.

37

Deste modo, no pólo dos aspetos positivos foram estabelecidas quatro categorias sendo

elas: 1. Desenvolvimento pessoal, subdividida pelas subcategorias; a) Desenvolvimento

físico; b) Desenvolvimento psicológico; 2. Desenvolvimento Profissional subdividida

pelas subcategorias; a) Formação inicial/instrução; b)Aprendizagens de caráter

específico; c) aprendizagens de caráter geral; d) Acesso a experiências;

3.Relacionamento interpessoal; 4. Exército como entidade patronal.

Por sua vez, dos aspetos significativamente negativos emergiram quatro

categorias sendo elas: 1. Condição militar subdividida nas subcategorias a) Militar

Deslocado; b) militar não deslocado; 2. Apoios/Incentivos subdividida nas

subcategorias a) Apoios tangíveis e b) Apoios Intangíveis; 3. Organização e condições

de trabalho; 4. Dimensão social

38

Capitulo III - Apresentação e discussão dos resultados

Neste terceiro capítulo, respondendo às questões de investigação serão

apresentados e analisados os resultados do estudo, procurando-se de imediato discuti-los

recorrendo aos contributos teóricos que compõem o primeiro capítulo.

1. Resultados de natureza quantitativa

1.Será que a participação durante seis meses em atividades do Exército

Português, influencia positivamente o desenvolvimento das perceções de si e do

mundo?

Para a comparação de médias entre o M1 e o M2, foi utilizado o teste t de Student

para amostras emparelhadas. No que respeita à “perceção negativa de si e do mundo”

foram encontradas diferenças significativas, em termos de médias entre os dois

momentos [t (232)=26.46, p= <0.01] refletindo uma diminuição significativa na

“perceção negativa de si e do mundo” por parte dos militares.

No que diz respeito à “perceção positiva de si e do mundo” inversamente, mas tal

como o resultado anterior faria esperar, as diferenças encontradas [t(232)= -4,06,

p=<0,01] traduzem-se numa acentuação da “perceção positiva de si e do mundo” dos

militares do primeiro para o segundo momento de avaliação.

Quadro 8: Média e respetivo desvio padrão da perceções (positivas e negativas) de si e

do mundo

Fatores M1 M2

Perceção negativa de si e do mundo M

(DP)

3,32

(0.31)

2,17

(0.47)

Perceção positiva de si e do mundo M

(DP)

3.95

(0.45)

4,07

(0.44)

Estes resultados evidenciam a ocorrência de uma diminuição da “perceção

negativa de si e do mundo” e, em simultâneo, um aumento da “perceção positiva de si e

39

do mundo” do primeiro para o segundo momento, o que permite concluir que o contexto

militar nos seis meses iniciais foram promotores de modificações positivas em termos

da perceção de si e do mundo, assumindo-se que a integração numa instituição social,

como o Exército, teve uma influência positiva no processo de ressíntese destes

elementos de identidade pessoal. Segundo Erikson (1976, p.184-185), a integração na

vida militar constitui-se como uma instituição encorajadora de tal iniciativa,

apaziguando a culpa que o sujeito poderá sentir, assegurando “o desenvolvimento no

iniciado de um grau ótimo de obediência com um sentimento máximo de livre escolha e

solidariedade”. Assim sendo, considera-se que a integração e permanência durante seis

meses no exército ao possibilitar a experimentação de novos papéis, novas experiências,

novos limites, bem como o estabelecimento de novas relações interpessoais, exerceu

uma influência positiva no que respeita às perceções de si e do mundo.

2. Será que o contexto militar nos seis meses iniciais é promotor do

desenvolvimento da perceção da competência global?

No sentido de aferir o desenvolvimento de competência geral entre o M1 e o M2,

recorreu-se, mais uma vez, ao teste t de Student para amostras emparelhadas. Deste

modo, a partir da comparação de médias entre os dois momentos, obteve-se um valor de

t (233)= -6.92, p= <0.01 apontando para a ocorrência de uma evolução positiva nas

competências pessoais percebidas durante os seis meses iniciais de serviço militar

efetivo. Numa revisão de estudos com jovens que integraram o exército Israelita,

Shulmann & Feldman (2005) concluíram que o serviço militar é considerado uma

experiência altamente influente tanto para homens como para mulheres. Nos seus

estudos, Lieblich;Mayesless (cit in Shulmann & Feldman, 2005) encontraram que, pelas

suas características, o serviço militar obriga a que estes jovens lidem com as tomadas de

decisão sob condições de stresse bem como influencia positivamente a maturidade,

especialmente em áreas como a responsabilidade, a independência na tomada de decisão

e controle dos impulsos. Por outro lado, de referir que a entrada no exército Português

pressupõe o contato com diversos conhecimentos e procedimentos com os quais os

participantes referiram nunca terem tido um contato anterior. Por esta razão, o

“desenvolvimento profissional” foi o aspeto que se constituiu como o mais positivo da

experiência deste militares contando com 44,22% da representatividade em termos dos

40

aspetos significativamente positivos. Deste modo, conclui-se que desde a entrada para a

recruta até atingir a fase de soldado pronto, o fato de terem ultrapassado estas fases

iniciais consideradas mais exigentes em termos físicos e psicológicos, leva o serviço

militar a constituir-se como contexto de desenvolvimento das competências pré

adquiridas e de aquisição de novas competências o que se refletirá nas próprias

perceções dos militares quanto aos maiores recursos pessoais possuídos a esse nível.

Quadro 9: Média e respetivo desvio padrão da competência global percebida nos dois

momentos de avaliação

Fator único (EC) M1 M2

Competência Global M

(DP)

3,72

(0.42)

3,91

(0.43)

3. Será que há variações na perceção de competência pessoal em função do

grau de “perceção negativa de si e do mundo”?

Para responder a esta questão, foram construídos dois grupos independentes a

partir das variáveis “perceção negativa de si e do mundo” e “perceção positiva de si e do

mundo” usando como ponto de corte a média individual de cada uma das variáveis (

“perceção mais negativa de si e do mundo”/ “perceção menos negativa de si e do

mundo” e “ perceção mais positiva de si e do mundo”/”perceção menos positiva de si e

do mundo”). Relativamente à “perceção negativa de si e do mundo” no momento inicial

de avaliação, os dados mostram que existem diferenças significativas na competência

pessoal percebida entre os participantes que apresentam uma perceção mais negativa de

si e do mundo (M = 3,83) e aqueles que revelam uma perceção menos negativa de si e

do mundo (M= 3.61), [t(227) = 4.17, p < 0.01] com os primeiros a considerar-se mais

competentes. No momento pósteste, os dados continuam a revelar diferenças

significativas em termos de médias, embora de forma inversa entre os que apresentam

uma perceção mais negativa de si e do mundo (M=3,78) e os que tem uma perceção

menos negativa (M=3,99) [t(236)= 3,96, p < 0.001], ou seja, os participantes com uma

perceção mais negativa de si e do mundo no segundo momento de avaliação

41

percecionam-se menos competentes do que aqueles que fazem parte do grupo com uma

perceção menos negativa de si e do mundo.8

4. Será que há variações na perceção de competência pessoal em função do

grau de “perceção positiva de si e do mundo”?

No que diz respeito à “Perceção positiva de si e do mundo” os dados revelam

que, no momento do préteste, existem diferenças significativas em relação à

competência pessoal percebida entre os que se percecionam mais positivamente a si e ao

mundo (M=3,96) e os que se percecionam menos positivamente (M=3,52), [t(225)=

9.17, p < 0.01]. Dito de outro modo, os participantes com uma perceção mais positiva

de si e do mundo percecionam-se como mais competentes comparativamente aos que

possuem uma perceção menos positiva de si e do mundo. No momento pósteste, os

resultados apontaram na mesma direção, sendo os participantes com uma perceção mais

positiva de si e do mundo (M=4.07) os que se percecionam como mais competentes, por

comparação aos que apresentam uma perceção menos positiva relativamente a si e ao

mundo (M=3.69), [t(236)=7.69,p < 0.01].

Assim, tendo em conta que o dia de incorporação no Exército é um momento de

descoberta e de adaptação a um contexto profissional completamente novo, capaz de

induzir níveis consideráveis de tensão e ansiedade nos sujeitos, considera-se que estes

dados sugerem a presença de um mecanismo de proteção do ego, especialmente no

momento do préteste, ou seja, no primeiro dia de serviço militar efetivo, já que esta

diferença é esbatida no segundo momento quando o militar já conta com seis meses de

serviço militar e não sob a pressão sentida no seu dia de incorporação. Por outro lado,

segundo Boterf (2003, pp.150) uma autoimagem positiva e evolutiva constitui um

prérequisito ao desenvolvimento de (novas) competências, já que, “o profissional

mobiliza os seus recursos não só em função de uma representação operatória da

situação, mas também em função da representação que tem de si mesmo”. Deste modo,

8 A discussão destes resultados, por motivos de organização, será realizada em paralelo com a discussão de

resultados da questão de investigação seguinte

42

justifica-se as relações encontradas, assumindo também que o autorreconhecimento não

se traduz numa consciência objetiva dos saberes detidos pelos sujeitos, principalmente

naqueles com baixos níveis de escolaridade e de qualificação (Parente, 2003) sendo que,

à exceção do momento de préteste e exclusivamente em relação à “perceção negativa de

si e do mundo, os indivíduos que se percecionam como os mais competentes estão

dependentes de uma perceção mais positiva de si e do mundo.

5. Poderá o desenvolvimento das perceções de si e do mundo estar

relacionada com o desenvolvimento da competência pessoal percebida.

No momento do préteste encontraram-se correlações positivas significativas entre

as perceções de si e do mundo e a competência pessoal percebida, embora com

intensidades diferentes. Relativamente à associação entre a “perceção negativa de si e

do mundo” e a perceção de competência pessoal foi encontrado um valor de r de 0.30

(p<0,001 e uma correlação igualmente positiva da “perceção positiva de si e do mundo”

com a competência pessoal percebida r = 0.70 (p<0,001, ou seja, a competência pessoal

percebida pelos sujeitos no momento do préteste está mais fortemente correlacionada

com a “perceção positiva de si e do mundo” comparativamente com a “perceção

negativa de si e do mundo”.

No momento do pósteste, as correlações encontradas apontaram em sentidos

opostos sendo que, entre a “perceção negativa de si e do mundo” e a “competência

pessoal percebida” foi encontrada uma correlação negativa significativa de - 0.32

(p<0,001), e uma correlação positiva significativa entre a “perceção positiva de si e do

mundo” e a “competência pessoal percebida” (r = 0.59, p<0,001). Conclui-se, portanto,

que quanto mais positiva for a perceção que os sujeitos têm de si e do mundo mais

competentes se percecionam.

A correlação positiva, ainda que baixa (.30) encontrada no momento de préteste

entre a perceção negativa de si e do mundo e as competências pessoais percebidas,

justifica-se, possivelmente, pelo fato destes militares para além da tensão que,

porventura, poderão ter sentido no seu dia de incorporação, se terem, ao mesmo tempo,

sentido avaliados, o que os terá levado a escudar-se em respostas que se traduziram

numa perceção ampliada da sua competência global. Considerando os dados do

pósteste, assume-se a importância que esta experiência militar profissionalizante possa

43

ter tido nos participantes, cuja atividade exploratória por si só, lhes terá fornecido pistas

para o desenvolvimento e construção da sua autoperceção, especialmente, em termos da

sua autonomia (Erikson, 1971). Por outro lado, considerando o self como a entidade

central da identidade que emerge a partir de uma estrutura, bem como das

representações que o individuo tem si próprio, Waele (cit in Shulman et al.,2005)

conceptualiza o sistema do self como a experiência do indivíduo se organizar e regular

em diferentes contextos ou situações. Neste sentido, e segundo Bromberg (1996), o

funcionamento individual é caracterizado pela capacidade de gerir a continuidade e a

mudança permitindo-lhe desenvolver, simultaneamente, uma perceção mais coerente de

si, adquirindo uma maior confiança em ações futuras. Assim sendo, considera-se,

igualmente, que os militares, à medida que foram ultrapassando com sucesso as

diferentes fases de instrução (recruta, instrução complementar, especialidade), se foram

progressivamente adaptando aos diferentes papéis e situações (e mesmo unidades

militares) experienciando uma maior responsabilidade individual e nutrindo um

sentimento acrescido de competência pessoal o que terá, possivelmente, contribuído

positivamente para uma maior perceção positiva de si e do mundo, fortalecendo deste

modo, a relação encontrada entre as duas variáveis.

2. Resultados de natureza qualitativa

Seguidamente, serão apresentadas as categorias e subscategorias que emergiram

das respostas dos militares relativamente à sua experiência militar ao fim de seis meses.

Quadro10: Categorias e subcategorias e respetivas percentagens de resposta quanto aos

“Aspetos significativamente Positivos”.

Categorias Categoria (%) Subcategorias Subcategoria (%)

Desenvolvimento

pessoal 17,42%

Desenvolvimento

físico

5,66%

Desenvolvimento

psicológico

11,76%

Desenvolvimento

Profissional

44,22%

Formação

inicial/instrução

6,97%

Aprendizagens de

caráter específico

7,62%

Aprendizagens de

caráter geral

23,75%

Acesso a experiências 5,88%

44

Relacionamento

Interpessoal

28,32%

Exército como

entidade patronal

10,02%

Na categoria relativa ao “desenvolvimento pessoal” foram incluídas 70 respostas,

equivalentes a 17,42% do universo das respostas, sendo que 54 respostas (11,76%)

foram incluídas na subcategoria “Desenvolvimento Psicológico” e 26 respostas (5,66%)

incluídas na subcategoria “Desenvolvimento físico. Dentro da subcategoria

“Desenvolvimento físico” os aspetos mais citados prenderam-se com a componente

física, através de termos tais como; “exercício físico”, “preparação física”, “melhor

aptidão física”. Por seu turno, na subcategoria “Desenvolvimento Psicológico” as

respostas encontradas com maior prevalência foram “aumento da autoconfiança”,

“maior autoestima” e “maturidade”. Relativamente à categoria “Desenvolvimento

Profissional”, esta foi aquela para que mais confluiram as respostas dos participantes

(203 respostas; 44.22%) Dessas, 109 respostas (23.75%) pertencem à subcategoria

“Aprendizagens de caráter geral”, 35 respostas (7.62%) à subcategoria “Aprendizagens

de caráter específico”, 32 respostas (6.97%) à subcategoria “Formação

inicial/Instrução”, e 27 respostas (5,88%) à subcategoria “Acesso a experiências”. No

seio da subcategoria “Aprendizagens de caráter geral” os aspetos mais citados

prenderam-se com a aprendizagem de “conhecimentos”, “sentido de responsabilidade”,

“espirito de sacrifício” “disciplina” e “pontualidade”. Na subcategoria “Aprendizagens

de caráter específico” os aspetos mais salientados pelos militares foram o contato com

armamento através dos termos “dar tiro”, “carta de condução categoria C”,

“conhecimentos em secretariado” e cursos militares, tais como o de “polícia do

Exército”, “Ranger”, “socorrismo”. A subcategoria “Acesso a experiências” integra

respostas que enaltecem a especificidade do contexto militar, na medida em que lhes

possibilitou o acesso a “novas experiências”, “emoção”, ”aventura”, “desafio” e

“divertimento”. Já a categoria que foca o “Relacionamento interpessoal” regista 130

respostas, equivalendo 28.32% dos aspetos significativamente positivos, sendo, por

isso, a segunda categoria com maior representatividade. Entre os aspetos mais

salientados pelos militares relativamente ao relacionamento interpessoal contam-se a

“camaradagem”, “amizades”, “conhecimento de pessoas novas” e “convívio”.

45

Finalmente, a categoria “Exército como entidade patronal” reuniu 46 respostas,

equivalendo a 10,02% do universo de respostas dos aspetos significativamente

positivos. A este nível, os militares referiram maioritariamente aspetos relacionados

com o “vencimento”, “alojamentos” “regalias do militar” “oportunidades” tais como

“oportunidade de ingressar em forças de segurança” e o “acesso ao ensino”.

Quadro 11: Categorias e subcategorias e respetivas percentagens de resposta quanto

aos “Aspetos significativamente Negativos” indicados pelos militares relativamente à

sua experiência militar ao fim de seis meses

Categorias Categoria (%) Subcategorias Subcategoria (%)

Condição Militar 54,05% Militar Deslocado

(Fora da AGPSP) 33.20%

Apoios/Incentivos 11,19% Apoios Tangíveis 8,49%

Apoios Intangíveis 2,70%

Organização e

condições de

trabalho

16,99%

Dimensão Social 15,44%

Por sua vez, dos aspetos significativamente negativos emergiram quatro

categorias sendo a primeira relativa à “Condição militar” que representa algumas

particularidades do serviço militar, bem como algumas obrigações do militar. É

importante aqui salientar que estes militares, para além de acumularem apenas seis

meses de serviço militar efetivo, encontram-se numa fase de adaptação recente

(sensivelmente dois meses) à nova unidade, o que pressupões novas rotinas de trabalho

e serviço, deslocações, superiores hierárquicos e camaradas. Assim, dentro da categoria

“Condição militar” foram incluídas 54 respostas, equivalendo a 20.85% do universo dos

aspetos significativamente negativos, em que os militares referiram o seu

descontentamento com o fato da condição militar exigir “muito do nosso tempo”, “sem

tempo para a vida civíl”, “serviços”, “serviços de fim de semana” e “poucas horas de

sono”. Desta categoria, emergiu uma subcategoria intitulada “Militar Deslocado”, na

medida em que uma grande parte dos participantes se encontra nessa condição. Esta

subcategoria integra 86 respostas, o que representa 33.20% do universo das respostas,

fazendo desta a subcategoria com maior expressão em termos percentuais. Deste modo,

46

o fato de estar “longe de casa”, “longe da família e dos amigos” e “custos com viagens”

representam a maior fatia dos aspetos negativamente avaliados por estes militares com

seis meses de serviço militar efetivo. Segue-se a categoria dos “Apoios/incentivos”, que

por sua vez, foi subdividida em “Apoios tangíveis” (22 respostas;, 8.49%) e em “Apoios

intangíveis” (7 respostas; 2.70%) dos aspetos significativamente negativos. Como

“Apoios tangíveis” foram apontados pelos militares a “alimentação”, “salários” e o

“sistema de saúde”. Por outro lado, nos “Apoios intangíveis” foram apontados aspetos

tais como “menos hipótese de fazer carreira”, “corte de regalias” e “burocracias na

resolução de problemas”. Seguidamente, emergiu a categoria “Organização e condições

de trabalho” em que figuram 44 respostas equivalentes a 16.99% do universo de

respostas, tendo sido apontados pelos militares aspetos relacionados com a “falta de

algum material” bem como de “alguns meios”, “falta de profissionalismo de alguns

militares”, “serviços não adequados à especialidade” e “quando acaba a fase de

instrução torna-se um serviço monótono”. Finalmente, a “Dimensão social” em que

foram incluídas 40 respostas (15.44%) Assim, as respostas indicaram “menos

camaradagem como pronto”, “convívio com maus exemplos” e ainda as “praxes”.

Realizando uma súmula destes resultados qualitativos, verifica-se que dos aspetos

significativamente mais positivos destaca-se claramente o “desenvolvimento

profissional” com 44,22% como sendo o mais referido, na medida em que esta

experiência profissional terá sido para 42% da amostra a primeira experiência

profissional. Para além disso, e considerando que uma parte considerável da amostra já

trabalhava (12%) os aspetos tais como a disciplina, a pontualidade, a responsabilidade e

a exigência foram geralmente os mais apontados pelos indivíduos, o que indica que,

para além dos militares se identificarem com eles, estes aspetos nunca teriam sido

praticados na vida civil com o nível de rigor que é apanágio do contexto militar. O

segundo aspeto mais retido prende-se com a dimensão mais social da instituição, mais

concretamente, o “relacionamento interpessoal” Estes dados refletem que o contexto

militar é propício ao estabelecimento de relações e laços de amizade, na medida em que

o sentimento de camaradagem envolve todas as fases de instrução especialmente a de

recruta, em que, diante de um cenário desconhecido, são as relações e o contato

interpessoal que ajudam a ultrapassar esta que é uma fase exigente em termos físicos e

psicológicos. Essas relações, inclusivamente, tendem a perdurar no tempo, visto que

47

estão associadas às situações mais desafiantes e que, na maior parte dos casos, terão

sido ultrapassadas com sucesso.

Dos aspetos negativos, surge como o mais significativo, (32,20%) dentro da

categoria da “Condição militar”, aspetos relacionados com fato de estarem deslocados

da sua AGPSP, ou seja, a cumprirem serviço fora do agrupamento de serviço

preferencial. Normalmente, os primeiros anos de serviço são marcados por este tipo

necessidade por parte do exército, já que a grande maioria das unidades e brigadas estão

alocadas no Centro e Sul do país o que leva a que haja um grande volume de militares

deslocados para estas zonas. Nos momentos de renovação de contrato, o militar

manifestando interesse em transferir-se para outra unidade e mediante a respetiva vaga,

vê, na maior parte dos casos, o seu pedido diferido. Contudo, verifica-se que este

deslocamento e tudo o que este envolve (distância de casa, família, amigos,

namorado(a), custos, viagens, tempo, etc.) constitui-se como o aspeto mais

significativamente negativo da sua experiência militar. Várias poderão ser as razões que

explicam este tipo de sentimento, tais como; a) estes militares em início de carreira

ainda não se habituaram este tipo de vida, tendo em conta que teriam vidas e rotinas

consideravelmente diferentes antes de ingressar no exército, b) tendo em conta o seu

estatuto desenvolvimental, estes jovens ainda não se sentem preparados para lidar com o

afastamento de certas pessoas significativas, c) nos dois anos iniciais de contrato o

exército não compensa financeiramente os militares com o subsidio de deslocamento.

Já o segundo aspeto negativo mais sentido por estes militares está intimamente

relacionado com o outro, na medida em que o fato de estar deslocado é mais um dos

pressupostos da “condição militar”(20,85%) Desta categoria, emergiram respostas

relacionadas com o “desgaste físico” a absorvência em termos de tempo, e os serviços,

aspetos esses que irão ser transversais ao longo da carreira destes militares. Por esta

razão considera-se que estes aspetos surgem, essencialmente, da pouca experiência

militar que possuem, denotando que ainda não integraram estes elementos como parte

das rotinas de um militar. Por outro lado, e tendo em conta que o grau de satisfação das

diferentes fases por que têm passado regista um decréscimo (cf. Figura 12), pensa-se

que a motivação com que os militares se mantêm no exército, não será suficiente para

assumirem esta “condição militar” e tudo o que esta acarreta às suas vidas. No entanto,

o terceiro aspeto mais citado “organização e condições de trabalho”(16,99%) também

poderá ter uma influência nas perceções destes militares. O fato de referirem a falta de

48

algumas condições de trabalho, de material, de organização, bem como o fato de

mencionarem a existência de alguma monotonia, poderá estar na base da grande

incidência de respostas na categoria “condição militar”, bem como para uma avaliação

mais negativa da última fase da experiência por parte destes militares. Como explicar,

então, que, paradoxalmente, a maioria dos participantes exprima o desejo de renovar o

contrato com o exército?

Figura 12: Grau de satisfação com as diferentes fases de instrução e serviços

Através do gráfico acima apresentado, verifica-se que há uma diminuição

progressiva do grau de satisfação relativamente às diferentes fases normativas de um

militar nos 6 meses iniciais. Assim, os militares classificam a recruta como a melhor

fase que experienciaram desde a entrada no exército, seguido da Instrução

complementar, seguido da fase da especialidade e, por último, a fase correspondente ao

serviço efetivo, ou seja, a fase que estariam a viver no segundo momento de avaliação.

3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9

4 4,1 4,2

Grau de satisfação

49

Figura 13: Intenção de renovar contrato com o Exército

A partir da Figura 13. verifica-se que a grande maioria dos militares da amostra,

cerca de 71%, revela a intenção de renovar contrato, ou seja, revela a intenção de

permanecer no Exército no mínimo por mais dois anos, enquanto que 27% manifesta

incerteza no que respeita à sua continuidade entre “fileiras”. Finalmente, uma

percentagem mínima de 2% dos militares revela a intenção de não renovar contrato e

regressar à vida civil.

Fazendo uma leitura holística dos dados expostos acima pode apontar-se algumas

possíveis explicações. Embora a fase atual do serviço militar seja a que os militares

avaliam mais negativamente, paradoxalmente, na sua grande maioria, manifestam a

intenção de se manter ao serviço do exército. Tal contradição poderá dever-se a

diferentes fatores. Em primeiro lugar, aquando do momento da segunda avaliação, estes

militares contavam apenas com, sensivelmente, dois meses de serviço militar efetivo o

que faz com que estejam ainda numa fase de adaptação à nova unidade, aos novos

camaradas, ao seu posto de trabalho, e ao exercício de novas funções e, assim,

possivelmente, avaliem mais negativamente a fase pela qual estão a passar. Pode

também acontecer que recordem a fase inicial da recruta como o grande desafio que foi

ultrapassado, seguido da instrução complementar, já como soldados prontos, mas ainda

na mesma unidade com os mesmos camaradas de pelotão da recruta. As fases seguintes,

71%

27%

2%

Intenção renovar contrato

È minha intenção Ainda não sei bem Nâo è minha intenção

50

especialidade e serviço efetivo, para além de obrigarem, na maior parte dos casos, a

grandes deslocações, à separação dos camaradas das duas fases iniciais, à transição da

responsabilidade coletiva para a individual e à aprendizagem e exercício de funções

específicas, poderão explicar em parte esta avaliação menos positiva. Para além de

avaliarem negativamente a fase pela qual estão a passar, pode ainda colocar-se a

hipótese de, percecionarem a atividade profissional no exército como estável,

comparativamente à oferta do mercado de trabalho civíl, dando-lhes garantias de um

rendimento financeiro constante, por um período máximo de sete anos. Esta explicação

tem base no que começou a ser discutido no ano de 2006 quando o desemprego

começou a ser sentido pelos jovens Portugueses. “Desemprego atira jovens para a

tropa”, foi o título de um artigo do jornal Correio da Manhã do dia 03 de abril de 2006

que gerou discussão num blogue chamado “Voluntariado – Exército” criado já em 2005

por ex-militares anónimos e, por sinal, (ex) contratados (e não militares do quadro

permanente). Segundo o “veterano”, um dos participantes no blogue, desde essa altura,

uma grande parte dos voluntários do Exército não integra as “fileiras” por questões de

vocação e gosto mas sim na procura de garantias de um emprego e um rendimento

mensal9.

9 O “veterano”, por outro lado, acusa também o Exército e as entidades legais por seduzirem os jovens a

integrarem as suas “fileiras” com uma falsa imagem da sua operacionalidade, bem como dos incentivos que assistem

o militar desde a sua integração, durante os anos de serviço até ás questões de requalificação e/ou integração no

mercado de trabalho civíl. Um dos exemplos que o “veterano” coloca no blogue prende-se com o falso incentivo do

acesso privilegiado às forças de segurança e empresas de segurança privadas, já que no concurso à GNR de 2006

foram eliminados “imensos voluntários das Forças Armadas Portuguesas e isto de uma forma completamente

abusiva, não permitindo o abate à idade cronológica para efeitos de candidatura, contrariando completamente o que

vem definido no Regulamento de Incentivos ao voluntariado nas Forças Armadas Portuguesas ”(Veterano, 2006, IV).

No que respeita ao acesso à PSP existe apenas um contingente de 15% das vagas, o que “não é de facto privilégio

para quem tudo dá às Forças Armadas Portuguesas”(ibidem).

51

Capitulo IV- Conclusões e considerações finais

1.Conclusões

Sistematizando os resultados apresentados, conclui-se que o exército se constituiu

como um contexto promotor da perceção que estes militares têm de si e do mundo bem

como da perceção da sua competência pessoal visto que, para além desta experiência se

traduzir numa experiência profissional estável, a instituição militar proporcionou um

contexto de exploração relativamente seguro das questões mais relacionadas com a

identidade pessoal bem como das suas competências pré adquiridas já em contextos

profissionais diferentes ou mesmo em contextos educativos. Por outro lado, os militares

confirmam, tanto através da sua perceção de competência como através das respostas

quanto aos aspetos mais significativos, que o fato de tomarem contato com uma série de

novos conhecimentos e procedimentos, da experimentação de novos papéis, da tomada

de responsabilidade e do estabelecimento de novas relações (camaradagem) se

constituíram como as mais-valias desta sua experiência em contexto militar. Deste

modo, se compreende a maior incidência de respostas nos aspetos significativamente

positivos, prendendo-se estes com o desenvolvimento profissional, que inclui

aprendizagens de caráter especifico e geral, o acesso a experiências e também, os

aspetos do relacionamento interpessoal. Por outro lado, os resultados parecem mostrar

que as particularidades do momento préteste de preenchimento dos questionários (que

decorreu a par de um conjunto de atividades e formalidades burocrático-administrativas

do dia de incorporação) terão estado na origem de uma certa necessidade, por parte

destes militares, de automonitorizarem o processo de resposta e protegerem o seu ego

face a um ambiente novo e desconhecido. Contudo, depois de ultrapassada esta fase

inicial (de recruta), a mesma constitui-se como a fase que avaliam mais positivamente,

ancorada no estabelecimento de novas relações, na camaradagem e no acesso a novos

conhecimentos a aprendizagens. A fase de soldado pronto, constitui-se como a fase mais

negativa da experiência militar, na medida em que as necessidades do exército passaram

por deslocar estes militares para fora do seu agrupamento de serviço de preferência e

ainda justificadas pela má organização e condições de trabalho. De qualquer modo, de

referir que estes militares em início de carreira estariam a vivenciar uma adaptação tanto

52

ao seu novo estilo de vida como às condições mais instrumentais que o exército oferece

aos seus militares, reconhecendo também, que o seu orçamento tem vindo a ser

diminuído neste últimos anos. Por último, considerando o descontentamento dos

militares com a fase mais atual do serviço militar, os aspetos mais negativos por eles

citados e as suas perspetivas futuras relativamente à intenção de se manterem no ativo

no mínimo por mais dois anos, conclui-se que a situação menos boa que o mercado de

trabalho civíl está a atravessar tem uma forte influência na atitude deste militares face

ao seu emprego, assegurando, assim, um rendimento, ainda que não muito generoso,

estável mesmo que só por um período máximo de sete anos.

2. Considerações finais

Considera-se que este estudo terá relevância para a comunidade científica bem

como para as entidades do Exército, uma vez que terá conseguido retratar, embora com

algumas limitações que serão debatidas mais adiante, o impacto que a incorporação e

integração nas “fileiras” no Exército Português tem nestes jovens voluntários que, em

que cerca de metade dos casos (43% estudantes), experiencia, pela primeira vez, o

estatuto de trabalhador e, ao mesmo tempo, desse confronto com a exigência de

autonomia face aos seus contextos de origem bem como em termos financeiros. Para

além disso, e considerando a faixa etária que constituiu a amostra, este estudo

proporcionou ao investigador a possibilidade de conhecer um pouco melhor o “conflito

interno” que estes jovens possivelmente experienciam face a um meio que apesar de

lhes desagradar sob diversos aspetos, representa uma alternativa de integração

socioprofissional, que, face às atuais dificuldades de colocação de jovens no atual

mercado de trabalho, não será vista como desprezível.

No que respeita às limitações do estudo, estas prenderam-se essencialmente com

os instrumentos usados, sobretudo o Inventário de Identidade de Erikson (EPSI), já que

as questões que o compõem apelam fortemente à autoreflexão tendo, aparentemente,

suscitado nos respondentes uma atitude de defesa face ao ego e, por consequência, um

fenómeno de desejabilidade social. Relativamente à escala de competência pessoal

percebida (ECPP), tendo em vista a obtenção de uma imagem muito ampla do

repertório de competências dos participantes, esta integrou um elevado número de itens

53

o que, à partida, terá contribuído para a fadiga dos respondentes e, consequentemente,

para respostas pouco discriminativas que impediram a emergência das dimensões em

função das quais o instrumento foi elaborado. Além disso, é também de ter em conta as

condições de preenchimento da referida escala, principalmente na fase de préteste, que

coincidiu com o dia de incorporação dos militares que compuseram a amostra. Embora

um dos objetivos do investigador fosse avaliar estes militares com o mínimo de serviço

militar possível, este dia é para os recrutas, bem como para os militares que os acolhem,

um dia de muitos assuntos a tratar (registos iniciais, alojamento, fardamento,

vencimento, enquadramento no pelotão, etc.) o que faz com que, mesmo em termos de

tempo, estes se sintam pressionados a responderem aos instrumentos sem refletirem

suficientemente nas questões, o que, em certa medida, terá provocado uma reduzida

variabilidade nas respostas. Ainda outra limitação prendeu-se com o fato de terem sido

estudados apenas militares que ingressaram no curso de formação de praças, não

abrangendo os cursos de formação de sargentos e oficiais, o que teria dado acesso a uma

amostra mais heterogénea em termos de percursos formativos, habilitações literárias,

ambições futuras etc., e, por consequência, a diferentes estruturas psicológicas bem

como a repertórios de competências mais diferenciados. Por outro lado, a vertente

qualitativa deste estudo que procurou captar os aspetos mais significativamente

positivos e negativos dos seis meses iniciais do serviço militar, revelou-se

essencialmente importante na compreensão dos dados, bem como extramente rica em

termos da compreensão dos aspetos mais positivos e negativos da experiência destes

militares, podendo mesmo, constituir-se para as entidades do Exército, como preciosas

pistas do que deverá ser alterado ou mantido em termos do ambiente militar em geral.

Para além disso, os resultados foram reveladores de algumas especificidades destes

jovens voluntários, podendo com isso, o Exército Português ir mais de encontro às

dificuldades encontradas e necessidades mais prementes dos seus militares, no sentido

de manter o seu efetivo de um modo mais regular e captando com maiores garantias

para as suas “fileiras”, jovens mais motivados para o exercício de funções. Neste

sentido, em vez de manter os psicólogos quase exclusivamente em contextos clínicos,

tal como nos hospitais militares, e exercendo apenas uma Psicologia remediativa, o

exército poderia mobilizar os seus psicólogos para acompanhar mais de perto a

integração destes militares, especialmente na fase inicial de recruta, bem como nas fases

posteriores dentro das unidades, prevenindo e dando resposta aos problemas

54

psicológicos que advêm recorrentemente do afastamento com a família, ou mesmo de

acontecimentos especificamente ligados à adaptação psicossocial ao contexto militar

que, porventura, poderão afetar psicologicamente o militar e dificultar a resolução

positiva das tarefas de desenvolvimento da sua identidade. Ademais, sabendo-se que no

seio das forças armadas que há um estereótipo negativo relativamente ao papel do

psicólogo, talvez a melhor forma de transformar esta visão estereotipada passasse por

reforçar a relação do psicólogo com os militares integrando-a num quadro de

normalidade (e de promoção do desenvolvimento) abrindo portas para práticas de uma

Psicologia mais preventiva e positiva no seio das forças armadas.

Finalmente, são deixadas algumas pistas para investigação futura. Sugere-se,

nomeadamente, no caso de um desenho longitudinal, um período mais alargado entre

momentos de avaliação, no sentido de garantir a observação de eventuais mudanças

num maior intervalo de tempo. Por outro lado, como já foi referido nas limitações deste

estudo, a amostra deveria ser alargada aos restantes cursos de formação (Sargentos e

Oficiais) permitindo deste modo estudar uma amostra muito variada em termos de

percursos académicos, formativos e profissionais e, assim, perceber melhor as questões

do desenvolvimento da Identidade ou mesmo de apuramento multidimensional das

competências transversais. Para além disto, será aconselhável que os investigadores

ponderem bem o número de itens a incluir nos questionários a usar, podendo em alguns

casos recorrerem a escalas abreviadas. Sugere-se igualmente, que procurem evitar o

agendamento do primeiro contacto com os potenciais participantes para dias

considerados stressantes, tais como dias de incorporação, ingressos em cursos,

mudanças de unidade, dias de serviço etc. Será, por isso, mais proveitoso optar por

realizar essa primeira abordagem numa altura de folga ou descanso (final do dia), no

sentido de minimizar o efeito, no processo de participação/resposta, do stresse

situacional e da pressão temporal.

Alternativamente, a aposta numa linha de investigação qualitativa poderá

também dar acesso a dados interessantes relativamente à forma como estes militares

estão a viver o exército, embora seja importante, também aí, estar alerta à interferência

do mecanismo de proteção do ego e ao fenómeno de desejabilidade social.

55

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http://voluntariado-exercito.blogspot.pt/2006_05_01_archive.html

60

Anexos

61

Anexo A: Descritiva de Idade e Sexo - Avaliação do momento um (AM1)

Descriptives Descriptive Statistics

N Minimum Maximum Mean Std. Deviation

Idade 379 18 25 20,02 1,820 Valid N (listwise) 379

Frequencies Statistics

Masculino vs Feminino

N Valid 380

Missing 0

Masculino vs Feminino

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Masculino 326 85,8 85,8 85,8

Feminino 54 14,2 14,2 100,0

Total 380 100,0 100,0

62

Anexo B: Descritiva de Idade e Sexo - Avaliação do momento um (AM2)

Descriptives Descriptive Statistics

N Minimum Maximum Mean Std. Deviation

Idade 245 18 25 20,02 1,753

Valid N (listwise) 245

Frequencies

Statistics

Masculino vs Feminino

N Valid 245

Missing 0

Masculino vs Feminino

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid Masculino 213 86,9 86,9 86,9

Feminino 32 13,1 13,1 100,0

Total 245 100,0 100,0

63

Anexo C: Erikson Psychosocial Inventory Scale – (E. P. S. I.)

UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Instituto de Consulta Psicológica, Formação e Desenvolvimento

E. P. S. I.

Erikson Psychosocial Inventory Scale

(Doren A. Rosenthal, Ross M. Gurney & Susan M. Moore, 1981)

Adaptação e Tradução:Silva,M,G.

Instruções:

Vai encontrar a seguir afirmações sobre a maneira como se vê e sente num

conjunto de situações diferentes.

Para cada situação, escolha uma das respostas seguintes, a que melhor

corresponde à sua maneira de a ver e sentir.

1- Quase nunca é verdade

2- Poucas vezes é verdade

3- Umas vezes é verdade, outras não

4- Bastantes vezes é verdade

5- Quase sempre é verdade

Faça um círculo à volta do número (1,2,3,4, ou 5) que melhor traduz a sua

forma de sentir relativamente à situação.

Não há tempo limite, mas responda tão rapidamente quanto possível.

Quando terminar verifique se respondeu a todas as afirmações

64

1- Quase nunca é verdade

2- Poucas vezes é verdade

3- Umas vezes é verdade, outras não

4- Bastantes vezes é verdade

5- Quase sempre é verdade

1 2 4 4 5

1. Sou capaz de enfrentar as coisas à medida que elas surgem

1 2 3 4 5

2. Não consigo dar sentido à minha vida

1 2 3 4 5

3. Gostava de me controlar melhor

1 2 3 4 5

4. Não me sinto à vontade quando alguém começa a contar-me

coisas íntimas

1 2 3 4 5

5. Não consigo tomar decisões por mim próprio

1 2 3 4 5

6. Mudo muito a opinião que tenho acerca de mim próprio

1 2 3 4 5

7. Sou capaz de ser o primeiro a ter uma ideia original

1 2 3 4 5

8. Nunca serei capaz de progredir neste mundo

1 2 3 4 5

9. Estou preparado para me envolver numa relação pessoal

próxima

1 2 3 4 5

10. Tenho uma ideia clara acerca de mim próprio

1 2 3 4 5

11. Sinto-me confuso

1 2 3 4 5

12. Acho este mundo muito confuso

1 2 3 4 5

13. Sei em que ocasiões devo agradar aos outros e em que

ocasiões devo agradar a mim próprio

1 2 3 4 5

14. Sei bem quais as coisas importantes na vida

1 2 3 4 5

15. Não me parece que seja capaz de satisfazer as minhas

ambições

1 2 3 4 5

65

1- Quase nunca é verdade

2- Poucas vezes é verdade

3- Umas vezes é verdade, outras não

4- Bastantes vezes é verdade

5- Quase sempre é verdade

1 2 4 4 5

16. Parece que não tenho as capacidades que a maioria das

pessoas tem

1 2 3 4 5

17. Sinto que as coisas fazem sentido

1 2 3 4 5

18. Sei que tipo de pessoa sou

1 2 3 4 5

19. Receio perder o controle dos meus sentimentos

1 2 3 4 5

20. Tenho poucas dúvidas acerca de mim próprio

1 2 3 4 5

21. Dependo das ideias das outras pessoas

1 2 3 4 5

22. Trabalhar não me dá prazer

1 2 3 4 5

23. Acho que sou basicamente mau

1 2 3 4 5

24. As outras pessoas compreendem-me

1 2 3 4 5

25. Sou bastante trabalhador

1 2 3 4 5

26. Sinto-me culpado em relação a muita coisa

1 2 3 4 5

27. Sou terno e amigável

1 2 3 4 5

28. Acredito mesmo em mim próprio

1 2 3 4 5

29. Não consigo decidir o que quero fazer da minha vida

1 2 3 4 5

30. Para mim é importante abrir-me completamente com os

meus amigos

1 2 3 4 5

31. Acho que as coisas boas nunca duram muito

1 2 3 4 5

32. Sinto que sou útil aos outros

1 2 3 4 5

66

1- Quase nunca é verdade

2- Poucas vezes é verdade

3- Umas vezes é verdade, outras não

4- Bastantes vezes é verdade

5- Quase sempre é verdade

33. Guardo para mim os meus verdadeiros pensamentos e

sentimentos

1 2 3 4 5

34. Sou uma pessoa enérgica, que faz muitas coisas

1 2 3 4 5

35. Estou a esforçar-me muito por atingir os meus objetivos 1 2 3 4 5

36. As coisas geralmente correm-me bem e as pessoas dão-se

bem comigo

1 2 3 4 5

37. Sei muito bem o que significa ser feminino e masculino

1 2 3 4 5

38. Acho que o mundo e as pessoas são basicamente bons 1 2 3 4 5

39. Tenho vergonha de mim próprio

1 2 3 4 5

40. No meu trabalho sou bom

1 2 3 4 5

41. Acho que é um disparate envolvermo-nos demasiado com

as pessoas

1 2 3 4 5

42. As pessoas perseguem-me

1 2 3 4 5

43. Gosto de mim próprio e tenho orgulho dos princípios que

defendo

1 2 3 4 5

44. Não sei bem o que ando aqui a fazer

1 2 3 4 5

45. Não suporto as pessoas preguiçosas

1 2 3 4 5

46. Quando faço coisas que não devia sou capaz de parar

1 2 3 4 5

47. Acontece-me dar por mim à espera que aconteça o pior

1 2 3 4 5

48. Preocupo-me muito com os outros

1 2 3 4 5

49.Quando estou com os outros, preciso de manter uma

Fachada

1 2 3 4 5

50. Acontece-me negar coisas mesmo quando elas são verdadeiras 1 2 3 4 5

67

1- Quase nunca é verdade

2- Poucas vezes é verdade

3- Umas vezes é verdade, outras não

4- Bastantes vezes é verdade

5- Quase sempre é verdade

51. Não me sinto verdadeiramente empenhado, envolvido

1 2 3 4 5

52. Desperdiço muito do meu tempo de um lado para o

Outro

1 2 3 4 5

53. Sou tão bom como os outros 1 2 3 4 5

54. Gosto de ser eu a fazer as minhas próprias escolhas 1 2 3 4 5

55. Não confio nos meus juízos 1 2 3 4 5

56. No fundo sou uma pessoa só 1 2 3 4 5

57. Considero-me uma pessoa eficiente 1 2 3 4 5

58. Não sou muito bom nas coisas que exigem raciocínio ou

competência

1 2 3 4 5

59. Mantenho uma estreita relação física e emocional com

outra pessoa.

1 2 3 4 5

60. Persisto nas coisas até ao fim 1 2 3 4 5

61. sou mais um seguidor que um líder 1 2 3 4 5

62. Sou capaz de defender e manter as minhas posições. 1 2 3 4 5

63. Tenho dificuldade em tomar decisões 1 2 3 4 5

64. Confio nas pessoas 1 2 3 4 5

65. Gosto da minha liberdade e não gosto que me limitem 1 2 3 4 5

66. Gosto de novas aventuras 1 2 3 4 5

67. Prefiro não revelar demasiado de mim próprio aos outros 1 2 3 4 5

68. Não levo as coisas até ao fim 1 2 3 4 5

69. Gosto de descobrir novos lugares e coisas novas 1 2 3 4 5

70. Não faço muitas coisas 1 2 3 4 5

71. Sinto-me pouco à vontade quando estou só com outra

Pessoa

1 2 3 4 5

72. Acho fácil fazer bons amigos

1 2 3 4 5

Obrigado pela sua colaboração

68

Anexo D: Análise de componentes principais e Screeplot (PRÉ_EPSI)

Total Variance Explained

Component Initial Eigenvalues Rotation Sums of Squared Loadings

Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %

1 14,250 19,792 19,792 9,736 13,523 13,523

2 4,097 5,690 25,482 8,611 11,959 25,482

Extraction Method: Principal Component Analysis.

72

71

70

69

68

67

66

65

64

63

62

61

60

59

58

57

56

55

54

53

52

51

50

49

48

47

46

45

44

43

42

41

40

39

38

37

36

35

34

33

32

31

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

987654321

Component Number

15

12

9

6

3

0

Eig

en

va

lue

Scree Plot

69

Anexo E: Análise de componentes principais e Screeplot (PÓS_EPSI)

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues Rotation Sums of Squared Loadings

Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %

1 14,089 19,568 19,568 10,498 14,581 14,581

2 5,033 6,991 26,559 8,624 11,978 26,559

Extraction Method: Principal Component Analysis.

72

71

70

69

68

67

66

65

64

63

62

61

60

59

58

57

56

55

54

53

52

51

50

49

48

47

46

45

44

43

42

41

40

39

38

37

36

35

34

33

32

31

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

987654321

Component Number

15

12

9

6

3

0

Eig

en

valu

e

Scree Plot

70

Anexo F: Alphas dos 2 fatores da Escala EPSI (Préteste)

Reliability Statistics

Fator 1 (Perceção negativa de si e do mundo)

Cronbach's Alpha N of Items

,623 25

Reliability Statistics

Fator 2 (Perceção positiva de si e do mundo)

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha Based

on Standardized

Items N of Items

,901 ,902 22

71

Anexo G: Alphas dos 2 fatores da Escala EPSI (Pósteste)

Reliability Statistics

Fator 1 (Perceção negativa de si e do mundo)

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha Based

on Standardized

Items N of Items

,860 ,861 25

Reliability Statistics

Fator 2 (Perceção positiva de si e do mundo)

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha Based

on Standardized

Items N of Items

,899 ,901 22

72

Anexo H: ECPP

E.C

Autor:Nascimento,I. & Silva,B.

Apresenta-se de seguida um conjunto de competências que as pessoas podem possuir

em diferentes níveis de desenvolvimento. O que lhe é pedido é que indique o grau no

qual considera que é possuidor de cada uma delas, usando para o efeito a escala de

resposta que lhe é proposta. A escala varia entre “1” e “5”: se assinalar “1” estará a

indicar que não possui de todo a competência em causa; se assinalar “5” tal significa

que a competência em causa se encontra entre aquelas que avalia como um dos seus

principais pontos fortes.

Escala de resposta:

Aspeto Nada

desenvolvido

em mim

Aspeto

Minimamente

desenvolvido

em mim

Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido

em mim

Aspeto

Bastante

desenvolvido

em mim

Aspeto

Extremamente

desenvolvido

em mim

1 2 3 4 5

73

1

Aspeto

Nada

desenvolvido em

mim

2

Aspeto

Minimamente

desenvolvido em

mim

3

Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido em

mim

4 Aspeto

Bastante

desenvolvido em

mim

5 Aspeto

Extremamente

desenvolvido em mim

Escala de Resposta 1 2 3 4 5

1. Escrever e falar de modo a que outras pessoas prestem atenção e

compreendam

1 2 3 4 5

2. Distinguir informações relevantes e não relevantes 1 2 3 4 5

3. Ser capaz de recolher, registar e tratar dados numéricos utilizando

métodos, instrumentos e tecnologia adequada

1 2 3 4 5

4. Atender a pontos de vista diferentes e avaliá-los com base em factos 1 2 3 4 5

5. Assegurar que o propósito e os objetivos da equipa a que pertence são

claros

1 2 3 4 5

6. Sentir-se confiante e bem consigo mesmo/a 1 2 3 4 5

7. Responder com prontidão e disponibilidade à proposta de novas tarefas

ou solicitações mesmo quando exigentes

1 2 3 4 5

8. Ser capaz de trabalhar tanto de uma forma independente como fazendo

parte de uma equipa

1 2 3 4 5

9. Estar disposto/a a aprender, atualizar-se e a crescer continuamente 1 2 3 4 5

10. Compreender a importância do que faz para o funcionamento do

grupo/ organização a que pertence e procurar responder ás solicitações

que lhe são dirigidas

1 2 3 4 5

11. Ser sensível às necessidades e bem-estar dos outros 1 2 3 4 5

12. Ouvir e fazer perguntas para entender e valorizar os pontos de vista

dos outros

1 2 3 4 5

13. Classificar diferentes tipos de informação em categorias 1 2 3 4 5

14. Reconhecer as dimensões (humanas, interpessoais, técnicas,

científicas, matemáticas, etc) de um problema

1 2 3 4 5

15. Fazer contas e cálculos que implicam raciocinar usando números 1 2 3 4 5

16. Tentar respeitar, ser aberto/a e solidário/a com o pensamento, as

opiniões e contribuições dos outros no grupo

1 2 3 4 5

17. Demonstrar disponibilidade 1 2 3 4 5

18. Concretizar de forma autónoma às atividades que lhe são atribuídas 1 2 3 4 5

19. Dedicar-se, simultaneamente ou não, a múltiplas tarefas ou projetos 1 2 3 4 5

20. Identificar e aceder a fontes e oportunidades de aprendizagem 1 2 3 4 5

21. Manter o equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e não

profissionais

1 2 3 4 5

74

1 Aspeto

Nada

desenvolvido em

mim

2

Aspeto

Minimamente

desenvolvido em

mim

3

Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido em

mim

4 Aspeto Bastante

desenvolvido em

mim

5 Aspeto

Extremamente

desenvolvido em

mim

Escala de Resposta 1 2 3 4 5

22. Estabelecer e manter relações de amizade

1 2 3 4 5

23. Partilhar informações usando uma variedade de meios de informação

e comunicação (por exemplo, a voz, e-mail, computadores, etc.)

1 2 3 4 5

24. Fazer a gestão corrente de uma quantia de dinheiro

1 2 3 4 5

25. Explorar e gerar soluções criativas e inovadoras para resolver um

problema

1 2 3 4 5

26. Aceitar e dar feedback de uma forma construtiva e atenciosa

1 2 3 4 5

27. Ter espírito crítico

1 2 3 4 5

28. Tomar a iniciativa no sentido da resolução de problemas nas

atividades que desempenha

1 2 3 4 5

29. Ser aberto/a e responder de forma construtiva à mudança

1 2 3 4 5

30. Preocupar-se em alargar os seus conhecimentos e experiência

profissional para melhor corresponder às exigências das atividades que

realiza

1 2 3 4 5

31. Monitorizar continuamente o sucesso de um projeto ou tarefa e

identificar formas de melhorar

1 2 3 4 5

32. Usar conhecimentos e competências científicos, tecnológicos e

matemáticos relevantes para explicar ou esclarecer ideias

1 2 3 4 5

33. Trocar impressões com outras pessoas acerca de possíveis soluções

para problemas

1 2 3 4 5

34. Reconhecer os pontos fortes e pontos fracos dos outros que fazem

parte do grupo a que pertence

1 2 3 4 5

35. Lidar com as pessoas, problemas e situações com honestidade,

integridade e ética pessoal

1 2 3 4 5

36. Sugerir novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a

qualidade do serviço.

1 2 3 4 5

75

1 Aspeto

Nada

desenvolvido em

mim

2 Aspeto

Minimamente

desenvolvido em

mim

3 Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido em

mim

4 Aspeto

Bastante

desenvolvido em

mim

5 Aspeto

Extremamente

desenvolvido em mim

Escala de Resposta 1 2 3 4 5

37. Ser capaz de ver na diversidade de tarefas, oportunidades de

desenvolvimento profissional e pessoal.

1 2 3 4 5

38. Verificar, previamente, quais as condições necessárias à realização

das tarefas.

1 2 3 4 5

39. Elogiar a atitude ou comportamento dos outros 1 2 3 4 5

40. Por em prática a solução identificada para um problema e verificar se

funciona

1 2 3 4 5

41. Reconhecer os seus próprios pontos fortes e fracos, face a outras

pessoas do grupo a que pertence

1 2 3 4 5

42. Cuidar da sua saúde e forma física 1 2 3 4 5

43. Ser capaz de lidar com a incerteza 1 2 3 4 5

44. Seguir as diretivas e procedimentos estipulados para a adequada

execução de uma tarefa

1 2 3 4 5

45. Recusar convites ou pedidos inapropriados que me façam 1 2 3 4 5

46. Aproveitar as situações problemáticas com que se depara para se

desenvolver enquanto pessoa

1 2 3 4 5

47. Ter facilidade em se integrar em grupos e equipas de trabalho, dentro

e fora do seu contexto habitual

1 2 3 4 5

48. Demonstrar interesse, iniciativa e esforço 1 2 3 4 5

49. Ser tolerante à frustração e resistente ao stresse 1 2 3 4 5

50. Reconhecer o que é prioritário e urgente, e realizar o trabalho de

acordo com esses critérios

1 2 3 4 5

51. Comunicar assertivamente com os outros de forma a ganhar a sua

confiança e cooperação e a diminuir a possibilidade de conflitos

1 2 3 4 5

52. Apoiar ou liderar quando necessário, motivando um grupo para um

desempenho de alto nível

1 2 3 4 5

53. Assumir a responsabilidade pelos seus atos e aceitar a crítica

1 2 3 4 5

54. Ser capaz de atuar em contextos profissionais que impliquem o

contacto com diferentes pessoas, culturas, raças e estilos de vida.

1 2 3 4 5

55. Manter o local de trabalho organizado, bem como os diversos

produtos e materiais que utiliza

1 2 3 4 5

56. Entender o papel do conflito num grupo como forma de chegar a

soluções

1 2 3 4 5

76

1 Aspeto Nada

desenvolvido

em mim

2 Aspeto

Minimamente

desenvolvido

em mim

3

Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido

em mim

4 Aspeto

Bastante

desenvol

vido em

mim

5

Aspeto

Extremamente

desenvolvido em

mim

Escala de Resposta 1 2 3 4 5

57. Preocupar-se com o desenvolvimento das suas qualidades humanas 1 2 3 4 5

58. Gerir e resolver conflitos quando apropriado 1 2 3 4 5

59. Cumprir normas e procedimentos estipulados para a realização das

tarefas e atividades, em particular as de segurança, higiene e saúde no

trabalho.

1 2 3 4 5

60. Ter uma atitude colaborante nas equipas de trabalho em que

participa

1 2 3 4 5

61. Manifestar perspetivas impopulares e ser capaz de passar maus

bocados em nome do que “está certo”

1 2 3 4 5

62. Ter um comportamento profissional cuidadoso e responsável de

modo a prevenir situações que ponham em risco pessoas, equipamentos

e o meio ambiente.

1 2 3 4 5

63. Contribuir para a criação e/ou manutenção de um bom ambiente de

trabalho

1 2 3 4 5

64. Manter o controlo emocional e o discernimento mesmo perante

situações difíceis

1 2 3 4 5

65. Reagir de forma positiva às mudanças e adaptar-se, com facilidade a

novas formas de realizar certas tarefas

1 2 3 4 5

66. Utilizar veículos, equipamentos e materiais com conhecimento e

segurança.

1 2 3 4 5

67. Saber lidar com situações de competição 1 2 3 4 5

68. Ser capaz de julgar e agir segundo valores 1 2 3 4 5

69. Ser cumpridor das regras e regulamentos relativos ao funcionamento

do grupo/organização, nomeadamente no que se refere à assiduidade e

horários de trabalho

1 2 3 4 5

70. Saber liderar e afirmar-se perante os outros sem ser autoritário nem

agressivo

1 2 3 4 5

71.Zelar pela sua aparência e apresentação física 1 2 3 4 5

72. Manter-se produtivo/a mesmo em ambiente de pressão.

1 2 3 4 5

77

1 Aspeto Nada

desenvolvido

em mim

2 Aspeto

Minimamente

desenvolvido

em mim

3

Aspeto

Razoavelmente

desenvolvido

em mim

4 Aspeto

Bastante

desenvolvido

em mim

5

Aspeto

Extremament

e

desenvolvido

em mim

Escala de Resposta 1 2 3 4 5

73. Ser capaz de manter a estabilidade emocional, um comportamento

equilibrado e uma postura sensata perante intrigas e conflitos

1 2 3 4 5

74. Ter em atenção a sua integridade física e a dos outros 1 2 3 4 5

75. Ser rigoroso/a, organizado /a e metódico/a 1 2 3 4 5

76. Aceitar e aprender com os erros que comete

1 2 3 4 5

77. Estar aberto/a a deslocações, a mudar de função, de profissão, de cidade

ou país

1 2 3 4 5

De um modo geral, e depois de ter respondido à totalidade do questionário, assinale qual das

afirmações anteriores melhor representa a forma como se avalia em termos de competências.

Coloque um X em APENAS UMA das alternativas de resposta.

Não tenho tantas competências quanto gostaria

Mesmo não sendo muitas, as minhas competências apresentam um bom nível de desenvolvimento

Tenho muitas competências e, globalmente, estão bem desenvolvidas

Gostaria de poder desenvolver mais a maioria das minhas competências

Estou satisfeito com a quantidade e o nível a que se encontram as minhas competências

Indique, por favor, qual é, neste momento, a sua intenção no que se refere à

renovação/celebração de contrato de trabalho exército. Marque a sua resposta com um X.

È minha intenção Ainda não sei bem Não é minha intenção

Obrigado pela sua colaboração

78

Anexo I: Análise de componentes principais e Screeplot (PRÉ_EC)

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings

Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %

1 25,093 32,588 32,588 25,093 32,588 32,588

Extraction Method: Principal Component Analysis.

77

75

73

71

69

67

65

63

61

59

57

55

53

51

49

47

45

43

41

39

37

35

33

31

29

27

25

23

21

19

17

15

13

11

97531

Component Number

30

25

20

15

10

5

0

Eig

en

valu

e

Scree Plot

79

Anexo J: Análise de componentes principais e Screeplot (PÓS_EC)

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings

Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %

1 25,699 33,375 33,375 25,699 33,375 33,375

Extraction Method: Principal Component Analysis.

77

75

73

71

69

67

65

63

61

59

57

55

53

51

49

47

45

43

41

39

37

35

33

31

29

27

25

23

21

19

17

15

13

11

97531

Component Number

30

25

20

15

10

5

0

Eig

en

va

lue

Scree Plot

80

Anexo K: Alpha Escala ECPP (Préteste)

Reliability Statistics

Fator 1 (Competência Pessoal Percebida)

Cronbach's Alpha N of Items

,971 71

81

Anexo L: Alpha Escala EC (Pósteste)

Reliability Statistics

Fator 1 (Competência Pessoal Percebida)

Cronbach's Alpha N of Items

,973 71

82

Anexo M: Carta ao CEME

AO CHEFE DE ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO

Na qualidade de estudante do Mestrado Integrado em Psicologia da Faculdade de Psicologia e

de Ciências da Educação da Universidade do Porto, venho por este meio, solicitar a

colaboração do Exército Português (Instituição a que orgulhosamente estive ligado durante

quase uma década), numa investigação de mestrado, orientada pela Prof.ª Doutora Inês

Nascimento, em cuja amostra se pretende envolver militares da classe de praças que

ingressam no regime de voluntariado. O objetivo principal do estudo é determinar qual o

impacto da experiência de recruta no desenvolvimento pessoal e vocacional destes candidatos

voluntários. Trata-se de um estudo longitudinal o que implica o contacto e auscultação dos

sujeitos da amostra em dois momentos distintos, intervalados por seis meses. No primeiro

momento, os militares que iniciam a sua formação básica serão solicitados a responder a um

questionário e, no segundo momento, para além de todos preencherem novamente o

questionário inicial serão selecionados do conjunto inicial de participantes, um subconjunto de

militares que serão convidados a responder a algumas questões no contexto de uma

entrevista individual. Para que os resultados do estudo em causa se revistam de validade

científica, o número ideal de militares a envolver no primeiro momento situa-se entre 250 e os

300 militares (número mínimo).

Neste sentido, e tendo conhecimento das datas previstas para o início da formação básica para

praças, peço permissão à V. instituição para, utilizando as V. instalações, apresentar o referido

estudo e convidar a participar, de uma forma voluntária, esclarecida e consentida, os militares

que iniciarão a sua instrução no dia 10 de janeiro no RI 1 e no RA 5 e no dia 17 na ETP bem

como na fase subsequente do estudo (em datas ainda a definir).

Para clarificação de algum aspeto adicional relativamente à metodologia do estudo, manifesto

a minha inteira disponibilidade para todos os contactos que considerem necessários estando

disposto a deslocar-me pessoalmente a qualquer organismo do Exército para aí prestar os

devidos esclarecimentos. Em meu nome pessoal agradeço, antecipadamente, a V. recetividade

a este meu pedido e aguardo com a expectativa a V. resposta contando que esta colaboração

traduza mais um dos vários apoios que têm sido gentilmente concedidos pelo Exército às

atividades (desta feita de investigação) da Universidade do Porto.

__________________________

Bruno Miguel Santos Silva Contacto telefónico 932542713 Email: [email protected]

Porto, 03 de dezembro de 2010

83

Anexo N: Grelha de análise qualitativa (aspetos significativamente positivos e

negativos)

Aspetos significativamente positivos

Categorias Subcategorias Citação/excerto

Des

envo

lvim

ento

pes

soal

17

.42

%

Des

envo

lvim

ento

fís

ico

5.6

6%

“Exercício físico (7), tornou-me uma pessoa mais forte (2), preparação física (3), melhor desempenho físico, melhor aptidão física (3), bem preparado fisicamente, força para chegar mais longe, atividade física, desenvolvimento físico, aspeto físico, destreza, genica, formação física, muita garra, teste dos meus limites”.

84

Des

envo

lvim

ento

da

iden

tid

ade

/ p

sico

lógi

co

11

.76

%

“Coragem(2), não vou a abaixo psicologicamente tão fácil, mais motivação, tornei-me mais forte psicologicamente, força para seguir em frente sempre com cabeça erguida, capaz de enfrentar grandes desafios, maneira de uma pessoa muda completamente, sinto-me diferente e melhorado, maturidade(3), conhecemo-nos um pouco mais, aprender a lidar com situações mais difíceis, dar mais valor à família e amigos, amadurecimento pessoal(2) conhecer meus limites, aprendi a defender-me, realização profissional, crescer enquanto pessoa, crescer a nível pessoal(2), ser indiferente, maior autoestima (6), tornou-me mais homem (2), total independência, autonomia(2), aumento da autoconfiança (8), mais eficiência pessoal, orgulho, mais determinação, desenvolvi capacidades que desconhecia, ganhei vontade, automelhoramento, melhoramento a nível do caráter, superar barreiras, diferente forma de pensar, desenvolvimento a nível mental, ganhar aptidões mentais”.

Des

envo

lvim

ento

pro

fiss

ion

al

44

.22

%

Form

ação

in

icia

l/in

stru

ção

6.9

7%

“Recruta (16), aprendizagens com sargentos da recruta, semana de campo(2), espirito da recruta, os primeiros 4 meses, juramento bandeira, especialidade (6),instrução complementar, realização do curso de policia do exercito (2), instruções práticas”.

85

Ap

ren

diz

agen

s d

e ca

ráte

r es

pec

ífic

o

7.6

2%

“ Conhecimentos sobre cozinha, conhecimento de material bélico, formação e aquisição de autonomia e poder de orientação sozinho, conhecimento adequado, montagem da G3, tiro G3 (2), dar tiro(2), dar tiro de MG42, fazer rebentamento de granadas, especialidade de remuniciador carro combate Leopard II, instrução na secção, instrução de temas novos, vou ingressar no curso de ranger, o serviço à unidade, prática do curso de policia do exercito, mexido em novo armamento, novos conhecimentos na minha especialidade e em secretariado, nível profissional, condutor Cmt., carta C (2), servir à mesa, lavar a loiça, novos conhecimentos na minha área e no secretariado, tudo o que faço como militar, aprendizagem em informática, serviço que estou a desempenhar, executar missões, aprendi novas técnicas de trabalho, novos conhecimentos na área da saúde ainda que básicos, qualidades a nível profissional, aprendizagem de materais, curso socorrismo”.

86

Ap

ren

diz

agen

s d

e ca

ráte

r ge

ral/

tran

sver

sal

23

.75

%

“Ser mais pontual, pontualidade(4), respeitar e a ser mais respeitado, respeito (3), respeito pelos superiores, melhor aproveitamento de tempo, espirito de equipa, espirito de grupo, entreajuda (2), a expressar-me, aprendizagem de um mundo até agora desconhecido, disciplina (8), regras, conhecimentos (17), conhecimentos extras, novos conhecimentos(2), aprendizagem de novas coisas (2), aprendizagem (2), espirito de sacrifício(9), capacidade de aprendizagem, novos métodos de trabalho, novas competências, melhoramento capacidades técnicas/pessoais, sentido do dever, novo (elevado) sentido de responsabilidade (10), mais responsabilidade (4), responsabilidade pela profissão, responsabilidade é um dos aspetos que se ganha com serviço militar, menos preguiçosa no dia-dia, mais capacidade de organização, oportunidade de viver numa nova cidade (2), vir para um meio diferente, distancia de casa, viajar, novas terras(3), adquiri novos costumes, saber estar(2), aprender a ajudar os outros, aprendi muito com tropa (2), assiduidade, exigência, rigor, liberdade de expressão, integração na unidade, integração com camaradas, integração grupo trabalho (2), boa integração na companhia, lidar em grupo, espirito critico”.

87

Ace

sso

a

exp

eriê

nci

as

5.8

8%

Aventura, novas experiências (7), experiencias diferentes, situações que só o possível na tropa, Experiencia (6), experiencias adquiridas, experiência a nível profissional, emoção (2), experiencia de vida, desafio, acho uma experiencia boa ser militar, descobertas, divertimento, conhecer a vida, experiencias que noutro emprego não era possível ter”.

Rel

acio

nam

ento

inte

rpes

soal

28

.32

%

“Novos amigos (3), camaradagem (59), espirito de camaradagem(7), apoio dos camaradas, camaradagem entre praças, ambiente entre camaradas, boa relação com alguns camaradas (2), espirito de corpo (9), muita união (2), relação boa com todos, conheci pessoas fantásticas e mudou me, honestidade, solidariedade, convívio (3), convivência, conhecimento pessoas novas (9) conhecer e conviver com novas pessoas, amizades (18), bom convívio em geral (2), amizades para a vida (2), lealdade (2), facilidade de relacionamento, troca de ideias e experiências, companheirismo”.

Categoria Subcategoria Palavra/Resposta

88

Exér

cito

co

mo

en

tid

ade

pat

ron

al

10

.02

%

“Nível trabalho mais calmo, menos stressante, dinheiro final do mês, descontos, remunerações (2), ordenado, ordenado fixo, vencimento, alguma estabilidade financeira, melhor patrão, ambiente militar, espirito militar, boas condições de trabalho, oportunidades (3), perto de casa (4), unidade onde fui colocado (2), alimentação melhor do que na recruta e especialidade, horários, ampla disponibilidade horaria, incentivos, regalias do militar (2), serviço executado na unidade, vantagens posteriores, oportunidade de criar carreira, oportunidade de ingressar nas forças de segurança com mais facilidade (2), facilidade de acesso ao ensino, condições dos quartos e alojamento, alimentação e alojamento gratuitos, compensações, ajudas nos estudos, possibilidade de estudar e ganhar algum dinheiro extra, qualidade do hospital, facilidades e condições em cada oportunidade, localização do regimento, transportes, possibilidades de aprendizagem, prontidão maquinas exército para responder às necessidades”.

Aspetos significativamente negativos

Categoria Resposta/Citação

89

Co

nd

ição

mili

tar

54

.05

%

Mili

tar

des

loca

do

(Fo

ra d

a A

GP

SP)

33

.20

%

“Não ir a casa todos os dias, deslocação(4), deslocamento(4), colocações, deslocamento durante recruta e instrução complementar, longe de casa(33), longe pessoas que gosto, longe da família (6), pouco tempo para a família, longe de casa e dos amigos, semana longe da família e amigos(2), menos tempo com família e amigos, ter vindo para santa margarida, vida pouco controlada, elevado custo dos transportes, habituação a clima, mudança inicial, dificuldade de adaptação à unidade e à cidade, distancia de casa(14), viagens, demorar muito tempo nas viagens, viagens longas e caras monetariamente, custos com viagens, gastos excessivos nos transportes, não estar na AGPSP, fora da área de residência(2), não ter ficado na unidade que escolhi apos a recruta, colocação na unidade não pretendida

90

“ Trabalhar depois do horário laboral, dormir tão pouco, estar em pé tanto tempo, pressão, cansaço, desgaste físico na recruta, desgaste físico, grande esforço físico, atividade física, possíveis lesões, sono, poucas horas de sono(2), marcha com armamento durante horas, poucas bases para ser colocado, ser maçarico, muito rigor por vezes exagerado, disponibilidade para assuntos pessoais, pouco tempo para ter vida fora da tropa, perdemos um pouco da vida, vida condicionada, restrições, menos liberdade, mais responsabilidade, estar num local de trabalho onde não tenho horário certo para poder ir estudar, sem tempo para vida civil, menos tempo para a vida social, ocupa muito do nosso tempo, horários, dificuldade de horários, mudança de hábitos, privação de algumas coisas, privacidade, fins de semana, serviços(8), muitos serviços, excesso de serviços (2), serviços de plantão, serviços de fim de semana (4), rondas à noite, separação dos camaradas de recruta, somos uma forma do estado ganhar dinheiro”.

Ap

oio

s/in

cen

tivo

s 1

1.1

9%

Ap

oio

s ta

ngí

veis

8

.49

%

“Alimentação(3), almoços, jantares, refeições(2), comida(2), fome e sede, alimentação durante recruta e especialidade, salário(3), ordenado, pouco ordenado, vencimentos, baixas remunerações, não receber subsidio de deslocamento, sistema de saúde(2), condições na casa de banho”.

91

Ap

oio

s

Inta

ngí

veis

2.7

0%

“Devido à crise menos hipóteses de fazer carreira, falta de oportunidades, corte de regalias, problemas com vencimentos, burocracias na resolução de problemas, estar num quartel em que não deixam concorrer a outro tipo de tropas, futuro pouco promissor”.

92

Org

aniz

ação

e c

on

diç

ões

de

trab

alh

o

16

.99

%

“Falta de material, falta de material militar, falta de algum material, falta de alguns meios, falta de algumas condições, condições do regimento, condições de trabalho, materiais de trabalho, condições de alguns instrumentos de trabalho, falta de meios, falta de dinheiro, muito trabalho e pouco descanso, muito trabalho, falta de profissionalismo, falta de profissionalismo de alguns militares, falta de responsabilidade de muitos, falta de organização no trabalho, gestão, muita gente a querer mandar, má organização, mais capinagem que exercer função de PE, desequilíbrio de funções perante toda a companhia, pouco tempo para praticar exercício físico, especialidade em Abrantes, pouca prática na especialidade, trabalho, as tarefas desempenhadas, tem sido mau porque não estou a exercer a minha especialidade que é mecânica, serviços não adequados á especialidade, ser transferido por vezes para outras secções, ter especialidade de saúde e por vezes alinhar como atirador, monotonia, trabalho muito monótono, quando acaba a fase de instrução torna-se um serviço monótono, pouca atividade, pouca atividade a exercer, muito tempo sem fazer nada, alguma perca de tempo, cursos congelados, dia-dia na unidade, a minha especialidade, especialidade com elevado nível de responsabilidade, não esperava isto da tropa pois no fundo é um trabalho como qualquer civil, muito tempo dentro da unidade”.

93

Dim

ensã

o S

oci

al

15

.44

%

“Discriminação enquanto soldados, praxes, algumas praxes que não concordo, camaradas mais antigos abusam da autoridade, abusos de poder, abuso da autoridade, não existe tanta camaradagem como pensava, falta de camaradagem (8), pouco espirito de camaradagem, falta do espirito de camaradagem, menos camaradagem como pronto, entre tantos camaradas é difícil saber em quem confiar, falta de convívio entre postos, os graduados, convívio com maus exemplos, vê-se atitudes dos mais velhos que não se devem seguir, atitudes de outras pessoas, algumas pessoas, influências de camaradas, algumas más influências, incompreensão, pouco valor dado ao curso PE, ganância dos camaradas, falta de espirito militar, solidão, competitividade, respeito, reconhecimento pelo trabalho, falta de espirito de corpo, mentiras, espirito da minha secção”.