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  • 5/24/2018 Desempenho.organizacional

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    3Desempenho organizacional

    De acordo com Jensen e Sage (2000), durante os ltimos 60 anos,

    abordagens relativas medio do desempenho organizacional tornaram-se

    significativamente mais orientadas para sistemas, devido globalizao,

    crescente complexidade dos negcios e aos avanos tecnolgicos, frente s

    estratgias organizacionais. Segundo esses autores, os requisitos das informaes

    sobre desempenho organizacional vm evoluindo continuamente, desde os estudos

    de tempo e movimento de Taylor, chegando ao estado da arte verificado com oscritrios de excelncia dos Prmios da Qualidade.

    Este Captulo tem por objetivo detalhar a prtica de gesto da avaliao do

    desempenho que, sob uma ptica estratgica, necessita ter seus conceitos e

    fundamentos esclarecidos quando associada aoBalanced Scorecard, revelando os

    aspectos humanos, que podem aprimorar a aprendizagem, a adaptao e a

    evoluo das organizaes.

    3.1Avaliao do desempenho

    A proliferao de painis de avaliao de desempenho nas organizaes

    reflete um crescimento geral do interesse pelo aprimoramento desse tipo de

    ferramental de gesto. Entretanto, os painis de indicadores geralmente enfocam

    assuntos de interesse interno, ficando as reas de interesse dos clientes

    inadequadamente integradas ao esquema principal, de acordo com Lawton (2002).

    Segundo o mesmo autor, quanto mais integradas forem as medies utilizadas

    pela empresa, mais holsticos tendem a tornar-se, tambm, os esforos de

    aprimoramento organizacional.

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    Para Nadler, Hackman e Lawler III (1979 apud CHIAVENATO; SAPIRO,

    2004, p.305), a estratgia organizacional influencia o comportamento

    organizacional de vrias formas:

    as decises estratgicas determinam as tarefas organizacionais - as

    decises estratgicas determinam objetivos, alocao de recursos, tarefascrticas que a organizao deve realizar, produtos, servios, mercados etc.

    A estratgia serve para esclarecer o que crtico para a organizao.

    as decises estratgicas influenciam o desenho organizacional - na

    verdade, o desenho organizacional serve estratgia, o que significa que

    o desenho funo da estratgia. Mudanas estratgicas implicam

    mudanas na estrutura organizacional.

    as decises estratgicas influenciam e so influenciadas por questes de

    poder na organizao - a estratgia organizacional est relacionada comas relaes de poder, poltica e conflitos entre pessoas e grupos na

    organizao. A relao entre estratgia e poder circular, pois, medida

    que um grupo se torna mais poderoso, ele tambm pode se tornar mais

    capaz de influenciar a determinao da estratgia.

    a eficcia organizacional determinada conjuntamente pelas decises

    sobre estratgias e desenho organizacional - as decises sobre estratgia e

    desenho organizacional - em nvel individual, grupal ou sistmico - so

    interdependentes e combinam-se para determinar quo eficaz ser a

    organizao.

    Contudo, uma estratgia com elevado potencial de sucesso pode falhar se o

    desenho organizacional for mal projetado, se os grupos no funcionarem bem ou

    se as pessoas no estiverem motivadas. Da mesma forma, uma organizao pode

    no ser eficaz, mesmo que tenha pessoas motivadas e grupos com empowermente

    se estiver implementando uma estratgia inapropriada.

    Assim, o desempenho organizacional reflete a estratgia em termos de sua

    formulao e implementao, explicitando sua adequao frente s realidades

    externa e interna da organizao.

    Na gesto das organizaes como sistemas, Rummler e Brache (1994)

    alertam para os seguintes aspectos essenciais em relao medio do

    desempenho:

    a ausncia de medio impede a plena gesto;

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    sem medio, a identificao dos problemas prejudicada;

    sem medio, as pessoas no podem compreender totalmente o que se

    espera delas;

    a medio fundamental para que as pessoas tenham maior compreenso

    da adequao do seu desempenho.

    3.1.1Gesto do desempenho organizacional

    Sink e Tuttle (1993), aps trabalharem por muito tempo com organizaes

    excelentes que buscavam se tornar organizaes do futuro, por meio do projeto,

    desenvolvimento e implantao de esforos de gerenciamento da produtividade e

    qualidade, definiram a gesto do desempenho como sendo (p. 36):

    criar vises do estado futuro que se almeja.

    planejar avaliar o estado em que a organizao se encontra no

    momento, no que diz respeito viso, criar estratgias para a obteno do

    estado futuro almejado e reunir foras de modo a caminhar rumo a essa

    viso.

    projetar, desenvolver e implantar eficazmente intervenes especficas de

    melhoria que tenham alta probabilidade de fazer caminhar rumo ao

    estado futuro almejado, principalmente em termos de nveis de

    desempenho.

    projetar, reprojetar, desenvolver e implantar sistemas de medio e

    avaliao que informaro se a caminhada segue na direo pretendida e o

    quo bem ela se desenrola.

    assegurar-se de que existam sistemas de apoio cultural, de modo que

    existam recompensas e estmulos ao progresso, podendo-se manter a

    excelncia que est obtendo e podendo-se controlar os nveis de

    desempenho necessrios para enfrentar a nova concorrncia.

    Para esses autores, o processo de gerenciamento do desempenho , portanto,

    um processo pelo qual essas coisas acontecero de modo sistemtico, coerente,

    persistente, paciente e abrangente em toda a organizao. O processo de gesto do

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    desempenho em uma organizao deve preocupar-se no s com o que feito,

    mas com o modo como feito.

    Sink e Tuttle (1993) mostram uma clara separao entre medio e

    avaliao. Segundo eles, a medio um processo no baseado em valor.

    simplesmente o processo pelo qual se decide o que medir e se faz a coleta, oacompanhamento e a anlise dos dados. Esse processo pode e deve ser separado

    da avaliao, que o processo pelo qual padres, especificaes, requisitos,

    valores, julgamentos etc so impostos para determinar o grau em que o

    desempenho satisfaz s necessidades ou expectativas dos clientes ou dos

    processos. Assim, o processo de gesto de desempenho compreende um sistema

    aberto, uma vez que a organizao est em permanente contacto com seus

    ambientes, com um sistema de feedback em ciclo fechado, que corresponde ao

    componente de avaliao do processo de medio.Para Sink e Tuttle (1993), a gesto do desempenho projetada para

    estimular o controle e a realizao de metas de longo prazo, de forma a fazer a

    organizao competir, sobreviver e crescer. verificar se a organizao est

    conseguindo concretizar sua viso quanto ao que pretende tornar-se. A linha de

    base, a longo prazo, a sobrevivncia e o crescimento, pela constante melhoria do

    desempenho, respeitando os valores e princpios organizacionais. Para o caso

    empresarial, os lucros viriam como conseqncia.

    3.1.2Indicadores de desempenho

    Todo sistema de medio do desempenho formado por um conjunto de

    indicadores, previamente estabelecidos, que iro verificar o alcance, ou no, de

    determinados objetivos organizacionais.

    Para Hronec (1994, p. 4), As medidas de desempenho devem induzir a

    estratgia em toda a organizao, para que todas as pessoas da organizao

    entendam o que ela , e como seu trabalho e desempenho esto vinculados quela

    estratgia geral. Para tanto, necessrio que se conheam os inter-

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    relacionamentos entre os objetivos da organizao e suas formas de medio, de

    forma que isso possa ser administrado e validado (KANJI; S, 2002).

    Segundo o mesmo autor, comumente os gestores consomem muito tempo

    elaborando declaraes de misso, mas quase sempre se afastam dos detalhes

    envolvidos no desenvolvimento do conjunto de medidas de desempenho,simplesmente porque essa no uma tarefa fcil. Ela exige o equilbrio entre os

    interesses dos participantes, a compreenso dos clientes e seus desejos (tanto

    internos quanto externos) e a identificao dos processos da organizao.

    Para Hornec, os indicadores de desempenho refletem os sinais vitais da

    organizao. Eles servem para informar s pessoas o que esto fazendo, como

    esto se saindo e se esto agindo como parte de um conjunto. Os indicadores de

    desempenho comunicam o que importante para toda a organizao:

    a estratgia para os nveis; os resultados alcanados;

    a eficcia das aes de controle e de melhoria.

    Os indicadores de desempenho podem ser usados em vrias situaes, tais

    como (WORLD BANK, 1996):

    no planejamento estratgico - para ajudar a clarear os objetivos e a lgica

    intrnseca;

    no processo oramentrio - para auxiliar uma alocao mais eficiente dos

    recursos;

    na avaliao dos resultados - para medir o que foi alcanado em relao

    aos objetivos;

    no marketinge em relaes pblicas - para comunicar valor para o meio

    externo organizao;

    na gesto da qualidade - para medir a satisfao dos clientes e avaliar a

    capacidade de melhor-la;

    no benchmarking- para identificar os melhores desempenhos, de forma a

    aprender a partir das melhores prticas.

    A guisa de definio, Hronec (1994, p. 6) diz que:

    Medida de desempenho a quantificao de quo bem as atividades dentro de umprocesso ou seu output atingem uma meta especificada. As medidas dedesempenho devem ser desenvolvidas de cima para baixo, e precisam interligar asestratgias, recursos e processos.Quantificao parte importante dessa definio. Para medir algo preciso

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    determinar dimenses, valores ou capacidades. A medio exige o ato de "medir" edeve ser, portanto, confivel e uniforme, baseando-se em fatos e no em opinies,palpites ou intuies.

    Para Takashina e Flores (1996, p. 19-20) indicadores so formas de

    representao quantificveis das caractersticas de produtos e processos.

    Fonseca, Loureno e Allen (1997) conceituam como indicador de

    desempenho a entidade que reflete caractersticas mensurveis de produtos,

    servios, processos e operaes utilizados pela organizao e serve para avaliar e

    melhorar o desempenho operacional, a satisfao dos clientes e acompanhar o

    progresso de todas as atividades em direo a metas comuns. Para esses, os

    objetivos dos indicadores de desempenho so:

    medir a satisfao e as necessidades dos clientes;

    monitorar o progresso da organizao;

    analisar estatisticamente os processos de produo e de servios;

    acompanhar o ritmo das mudanas baseadas em planos de melhorias;

    comparar o desempenho da organizao com a concorrncia.

    Para eles, os indicadores de desempenho devem distribuir-se nos seguintes

    grupos (FONSECA; LOURENO; ALLEN, 1997, p. 108-109):

    - da qualidade: medem o atendimento aos desejos, necessidades e expectativas dosclientes. Esta categoria mede a excelncia do produto ou servio, como vistapelos clientes internos ou externos;- do tempo: medem a velocidade da organizao, como ela consegue reagir sinfluncias externas, responder aos pedidos dos clientes, s mudanas naconcorrncia e s mudanas ambientais. Esta categoria mede a excelncia dosprocessos de produo e dos servios.- dos custos: medem o desempenho financeiro da organizao, isto os gastos como pessoal, processo e administrao. Essa categoria mede a excelncia financeirada organizao.

    Esses autores adotam como principais critrios de seleo dos indicadores-

    chave do desempenho (p. 109-110):

    - representar da melhor forma possvel os fatores que levam melhoria dasatisfao dos clientes e do desempenho operacional, ou seja, as necessidades dosclientes e da organizao, as caractersticas dos produtos e servios e as metasestabelecidas para a empresa;- facilitar a anlise estatstica e o grau de correlao entre a melhoria da qualidade ea melhoria do desempenho operacional e satisfao dos clientes;- orientar as aes no sentido de assegurar que melhorias adotadas em toda aorganizao contribuam para os propsitos globais da empresa;- fornecer uma base comum para a tomada de decises. Quando maior for avalidade do conceito das medies feita pelo indicador maior a probabilidade de

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    assegurar consenso nas decises;- ser compreensvel, simples e sem ambigidades. As pessoas que nocompreendem uma unidade de medida comeam a suspeitar das que acompreendem;- ser susceptvel uniformidade de interpretao, isto , serem rigorosamentedefinidos e interpretados. Quando as unidades de medida de desempenhoassociam-se estratgia da organizao, todos usam as mesmas definies;- ter ampla aplicao, isto , o ideal a aplicao de unidades de medida (ouescolher indicadores) que avaliem o desempenho da qualidade nos vriossegmentos da organizao (ser abrangente);- ser preciso e de aplicao barata, isto , estabelecer um nvel de preciso quepermita tomar decises vlidas (alm de um determinado nvel de preciso, oprocesso exige custos maiores e s vezes, proibitivos tendo em vista os sensoresj existentes na organizao);- levar em conta as tendncias e referenciais de excelncia (benchmarking), parapermitir comparaes com a concorrncia;- levar em conta a interligao entre todos os indicadores escolhidos.

    Na verso 2006 dos Critrios de Excelncia da Fundao Nacional da

    Qualidade (FUNDAO NACIONAL DA QUALIDADE, 2006) pode-se

    encontrar a seguinte definio de indicadores de desempenho (p. 55):

    IndicadoresTambm denominados de indicadores de desempenho, compreendem os dadosque quantificam as entradas (recursos ou insumos), os processos, as sadas(produtos), o desempenho de fornecedores e a satisfao das partes interessadas.So usados para acompanhar o desempenho ao longo do tempo e podem serclassificados em: simples (decorrentes de uma nica medio) ou compostos;diretos ou indiretos, em relao caracterstica medida; direcionadores ouresultantes.

    3.1.3Sistemas de avaliao do desempenho

    Modernamente, encontra-se em Kaplan e Norton (1997, p.21) a afirmao

    de que "se o desempenho no est sendo medido, ele no est sendo gerenciado".

    Esses autores acrescentam ainda que se a organizao anseia sobreviver e

    prosperar na Era do Conhecimento, ela deve se utilizar de um sistema de gesto

    do desempenho alinhado com sua estratgia.

    Segundo Neely e Gregory (1995), o sistema de medio de desempenho

    uma tcnica usada para quantificar a eficincia e a eficcia das atividades do

    negcio. A eficincia vai tratar da relao entre a utilizao econmica dos

    recursos; levando em considerao um determinado nvel de satisfao. Por sua

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    vez, a eficcia avalia o resultado de um processo no qual as expectativas dos

    diversos clientes so ou no atendidas.

    Para Clark Jr., o sistema de medio do desempenho definido como (1995

    apud RATTON, 1998, p. 51):

    o conjunto de pessoas, mtodos, ferramentas para gerar, analisar, expor, descrevere avaliar dados e informaes sobre as mltiplas dimenses de desempenho daspessoas, grupos e nveis organizacionais em seus mltiplos constituintes.

    Um sistema de medio de desempenho um conjunto de medidas

    referentes organizao como um todo, s suas parties (divises,

    departamento, seo etc.), aos seus processos e s suas atividades organizadas e

    bem definidas em blocos, de forma a refletir certas caractersticas do desempenho

    para cada nvel gerencial interessado (OLVE; ROY; WETTER, 2001).Um sistema de medio tem como objetivos (KAPLAN; NORTON, 1996b;

    OLVE; ROY; WETTER, 2001; RATTON, 1998): comunicar a estratgia e clarificar valores;

    identificar e diagnosticar problemas e oportunidade;

    ajudar e entender os processos;

    definir responsabilidades;

    melhorar o controle e o planejamento;

    mudar comportamento e envolver pessoas.

    A mensurao do desempenho acontece h muito tempo. Kaplan e Norton

    (l996a) comentam que, desde o perodo da revoluo industrial, as organizaes

    vm desenvolvendo sistemas de medio inovadores, embora calcados em

    medidas financeiras, como foi o caso do modelo da DuPont, no incio do sculo

    XX.

    Considerando os trabalhos de Taylor e Gilbreth, nas dcadas de 20 e 30,

    envolvendo a medio dos tempos e movimentos na indstria, pode-se dizer que

    foi a que teve incio o uso de indicadores de desempenho (JENSEN; SAGE,2000).

    Ao longo dos ltimos quase noventa anos, diversos sistemas de avaliao

    do desempenho surgiram. Tomando por ponto de partida os trabalhos de

    Rodrigues (2006), Ravelomanantsoa; Ducq; Vallespir (2006), Anderson e

    McAdam (2004), Kanji e S (2002), Olve, Roy e Wetter (2001), Epstein e

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    Westbrook (2001), Rucci, Kirn e Quinn (1998), Otley (1999), Brown (1999),

    Edvinsson (1997), Brignall e Ballantine (1996), Hronec (1994), Kaplan e Norton

    (1992), Lynch e Cross (1991), McNair, Lynch e Cross (1990), Sink e Tuttle

    (1989), Goldratt e Cox (1986), apresenta-se uma comparao entre diversas

    abordagens utilizadas para tratar da sistemtica de medio e avaliao do

    desempenho, desde a viso mais limitada dos primitivos modelos exclusivamente

    financeiros, como o caso do modelo Du Pont, at se chegar aos casos mais

    modernos inseridos na apreciao dos resultados das organizaes candidatas s

    premiaes da qualidade e excelncia da gesto: nos EUA, Malcolm Baldrige

    National Quality Award MBNQA, pelo National Institute of Standards and

    Technology- NIST(2006); na Europa, EFQM Excellence Award, pelaEuropean

    Foundation for Quality Management - EFQM (2006) e no Brasil, o Prmio

    Nacional da Gesto Pblica PQGF, pelo Ministrio do Planejamento,

    Oramento e Gesto (2006) e o Prmio Nacional da Qualidade PNQ, pela

    Fundao Nacional da Qualidade - FNQ (2006). Assim, o Apndice A sintetiza,

    em cinco pginas, essas diversas abordagens, explicitando sua evoluo no

    perodo de 1914 a 2006, detalhando seus autores, estrutura de medio e

    dimenses.

    3.1.4Balanceamento dos sistemas

    Cabe mencionar que as medidas puramente financeiras so criticadas por

    sua inadequao para refletir as atividades que esto, no tempo presente, criando

    valor para a organizao (KANJI; S, 2002). Os indicadores financeiros so

    tipicamente classificados como do tipo lagging, ou seja, eles registram o efeito de

    decises no quando elas so tomadas, mas quando o resultados dessas decises materializado, o que pode ocorrer muito tempo depois (EPSTEIN; MANZONI,

    1998 apud KANJI; S, 2002), diferentemente do tipo leading, ligados s causas,

    ao modo como as aes evoluem.

    Corroborando as idias de Kanji e S, Barney (1996) enfatiza que as

    medies do desempenho organizacional apenas em termos contbeis apresentam

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    limitaes quanto: discrio dos gerentes - s vezes movidos por interesses

    prprios; ao vis de interpretao para os investimentos de longo prazo -

    considerados como despesa enquanto ainda no produzem receita; e

    subvalorao dos ativos intangveis - geralmente desconsiderando aspectos sobre

    valor da marca, imagem, fidelidade e grau de relacionamento com os clientes.

    Embora o modelo tradicional de avaliaes financeiras tenha fornecido

    informaes teis para as empresas por muito tempo, ele no permite uma

    contabilizao adequada dos ativos intangveis. Considerando a crescente

    economia do conhecimento, o modelo tradicional no se mostra mais

    suficientemente capaz de incentivar a busca por novas vantagens competitivas e

    crescimento a longo prazo.

    O sistema financeiro tradicional tem nfase na melhoria de resultados a

    curto prazo, e na influncia maior sobre o valor corrente das aes, do que na

    sustentao dos investimentos de longo prazo.

    So favorecidos os investimentos cujos retornos possam ser prontamente

    medidos. Com esse modelo, os investimentos em ativos intangveis so

    menosprezados, deixando-se de priorizar adequadamente projetos envolvendo a

    inovao em produtos e processos, a capacitao dos empregados e a melhoria da

    satisfao do cliente, entre outros.

    Devido a essas limitaes, o balanceamento dos sistemas de avaliao do

    desempenho emerge como uma tentativa de reconciliar medidas financeiras, com

    foco mais no curto prazo, com medidas no financeira, com foco mais no longo

    prazo. Isso constitui uma tentativa de soluo para dicotomia verificada na

    agenda dos gestores com a necessidade de dividir ateno entre o que

    operacional e o que estratgico (LEITO, 1996).

    No conjunto de indicadores que compem um mapa estratgico BSC, h

    que se considerar, tambm, a existncia de balanceamento entre as medidas

    associadas aos objetivos estratgicos os chamados indicadores outcomes ou

    lagging indicators, bem como medidas associadas aos fatores crticos de sucesso

    os chamados driversou leading indicators.

    A Figura 10 resume essa situao e a Figura 11 mostra as principais

    preocupaes e necessidades que um sistema balanceado de avaliao do

    desempenho deve buscar suprir.

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    Figura 10 Balanceamento dos indicadores de desempenho

    Cabe salientar que, para criar um painel balanceado, que realmente reflita

    tanto as prioridades relativas organizao quanto as que forem relativas aos

    clientes, h que se considerar categorias de medidas associadas aos valores-chave

    de ambas as partes: resultados que os clientes esperam obter fazendo negcios

    com a organizao, medidas amplas com relao a determinados atributos dos

    produtos (qualidade, confiabilidade, facilidade de uso etc) e medidas do

    desempenho dos processos da organizao, que enfatizem como as atividades so

    realizadas (LAWTON, 2002).

    Figura 11 - Preocupaes e necessidades de balanceamento naavaliao do desempenho

    Segundo Kaplan e Norton (1997), medies tradicionais no so

    completamente compatveis com as competncias e habilidades que as

    organizaes precisam enfrentar atualmente no ambiente de negcio. Com isso,

    uma viso puramente financeira na avaliao de desempenho no compatvel

    PERSPECTIVAS

    DE DESEMPENHO-processos internos-aprendizado e crescimento

    OUTCOMES

    (lagging)DRIVERS

    (leading)

    ESTRATGIAOBJETIVOS

    ESTRATGICOS(crticos)

    FATORESCRTICOS

    DESUCESSO

    PERSPECTIVAS

    DE DESEMPENHO-processos internos-aprendizado e crescimento

    OUTCOMES

    (lagging)DRIVERS

    (leading)

    ESTRATGIAOBJETIVOS

    ESTRATGICOS(crticos)

    FATORESCRTICOS

    DESUCESSO

    BALANCEAMENTO

    Objetivos de curto prazo Viso do presente Medidas financeiras Indicadores lagging Foco interno nfase operacional

    Objetivos de longo prazo Viso do futuro Medidas no financeiras Indicadores leading Foco externo nfase estratgica

    Sistema de Avaliao do Desempenho

    BALANCEAMENTO

    Objetivos de curto prazo Viso do presente Medidas financeiras Indicadores lagging Foco interno nfase operacional

    Objetivos de longo prazo Viso do futuro Medidas no financeiras Indicadores leading Foco externo nfase estratgica

    Sistema de Avaliao do Desempenho

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    com um ambiente em que ativos intangveis, relacionamentos de negcio,

    competncias e capacidades das organizaes determinam, cada vez mais, as

    chances de sucesso no futuro.

    Deve-se frisar, tambm, que h casos em que uma medio mltipla do

    desempenho da organizao, tendo como base as suas partes interessadas

    (stakeholders), difcil de ser aplicada, sendo necessrio que as implicaes

    particulares para cada parte interessada sejam isoladas. Nesse caso, o

    entendimento do desempenho organizacional derivado das estratgias torna-se

    bastante complexo, sendo conveniente a adoo de medidas simplificadas para a

    avaliao do desempenho, enfatizando apenas algumas dimenses em detrimento

    de outras (BARNEY, 1996).

    Por fim, cabe mencionar que um sistema de indicadores adequado deve

    refletir, sempre que possvel, todos os aspectos organizacionais e, alm disso, ser

    um desdobramento do mapeamento das estratgias, de forma que os gestores

    possam, por meio desses indicadores, analisar as estratgias em curso e,

    constantemente, reavaliar os rumos da organizao.

    Em um sistema de avaliao do desempenho sem relacionamentos causais

    entre os indicadores, o que se tem simplesmente uma compilao aleatria das

    medidas, em vez de uma ferramenta estratgica para controlar aes a curto prazo

    para alcanar objetivos a longo prazo.

    Devido dificuldade de se medir indicadores no financeiros, caso eles no

    apresentem uma ligao causal com os indicadores financeiros, somente esses

    ltimos acabaro por dominar o conjunto, desequilibrando, desse modo, o sistema

    de avaliao do desempenho (CORPORATE EXECUTIVE BOARD, 2001).

    Um exemplo de tentativa para esse equilbrio a proposta de Goldratt e

    Cox (1986) que, no final dos anos 80, com o livro A Meta, utiliza a teoria da

    restrio como base para a avaliao do desempenho dos processos

    organizacionais. Para esses autores, o objetivo da gesto empresarial deveria ser,

    to somente: aumentar a gerao de dinheiro hoje e no futuro;

    aumentar a satisfao dos clientes hoje e no futuro e

    aumentar a satisfao dos empregados hoje e no futuro.

    Na sua abordagem da medio do desempenho, Goldratt e Cox tratam de

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    minimizar os efeitos dos gargalos operacionais, de forma a propiciar melhorias

    quanto: ao ganho - taxa de gerao de dinheiro por vendas; ao inventrio - tudo

    aquilo que o sistema investe visando gerar vendas futuras e s despesas

    operacionais - todo o dinheiro que o sistema gasta na transformao de inventrio

    em ganho. Com isso, os indicadores financeiros globais de lucro lquido, retorno

    sobre o investimento e caixa apresentariam resultados favorveis. Assim, o

    esforo operacional claramente vislumbrado como causa dos resultados

    financeiros.

    Ao responderem a uma entrevista sobre o sucesso do Balanced Scorecard,

    Kaplan e Norton (2001) declararam que o objetivo principal deles era resolver o

    problema da avaliao de desempenho, no qual os ndices financeiros, por si ss,

    no so capazes de captar e refletir as atividades criadoras de valor das

    organizaes modernas. Eles, porm, no previram que o BSC tambm fosse

    soluo para um problema bem maior: a incapacidade das organizaes de

    implementar novas estratgias e de se mover em novas direes, principalmente

    nas direes de criao de valor para o cliente. Alm disso, eles no tinham

    percebido que essa nova abordagem estava tocando na questo de como criar

    valor com ativos intangveis, algo to fundamental na nova economia do

    conhecimento.

    3.1.5Dificuldades para medir e avaliar

    Para Motomura (1999), medida que os gestores se conscientizem de que

    boas idias no suficientes para se ter uma gesto que valorize a excelncia, a

    velocidade e a eficcia, eles devem, ento, questionar o que possvel ser feito.

    Esse mesmo autor sugere que um ponto chave, na implantao de ummodelo de gesto que solucione essas questes, a existncia de um sistema de

    indicadores apropriado, que leve em considerao a medio do fazer acontecer,

    de forma a focar a ateno dos lderes e dos membros da organizao em relao

    situao em que essa se encontra, ao nvel de melhoria que se tem alcanado,

    capacidade de inovar e a de fazer com que os projetos organizacionais obtenham

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    sucesso.

    Para Stankard (2005), a prpria natureza humana gera o lado sombrio da

    medio do desempenho organizacional mediante comportamentos defensivos,

    evitando situaes embaraosas devido a resultados aqum do desejado pelos

    gestores. As pessoas que assim se sentem ameaadas acabam por agir de forma

    contra-produtiva. As pessoas tentam evitar a associao com os maus resultados,

    lanando mo de desculpas pouco comprovveis ou atribuindo culpa a outrem.

    Algo muito semelhante aos alertas de Argyris (1994) sobre o no envolvimento

    das pessoas com o aprendizado de lao duplo devido a uma combinao de razes

    sociais e psicolgicas, contemplando a segurana da no exposio e a fidelizao

    a velhos modelos mentais.

    A falta de conhecimento sobre variabilidade tambm contribui para esse

    lado sombrio, pois as pessoas reagiro defensivamente, desconsiderando os

    efeitos randmicos ou a baixa significncia nos resultados. Essa ignorncia pode

    levar at a casos de falsificao ou manipulao das medies.

    Quando verdades embaraosas sobre o desempenho organizacional so

    tratadas predominantemente por reaes defensivas, o cinismo passa a dominar e

    discusses sobre o que de fato est errado acabam por cessar, fazendo com que o

    desempenho piore ainda mais.

    Em geral, tais comportamentos defensivos surgem na forma de falsos

    conselhos construtivos, visando evitar situaes embaraosas, principalmente na

    introduo de novos processos de medio. , portanto, nesse estgio inicial que

    mais se deve apoiar a prtica e o aprendizado para evitar o desenvolvimento

    desses comportamentos danosos.

    H que se considerar que a comunicao internamente organizao um

    processo difcil. Com as falhas de comunicao surgem, em geral, expectativas e

    aes no apropriadas. Basta que as pessoas no usem as mesmas definies, no

    sigam as mesmas regras e nem se atenham aos mesmos limites. s vezes, porm,

    at usando as mesmas palavras, as pessoas no esto se comunicando entre si.

    Portanto, um entendimento claro daquilo que se mede e avalia essencial para

    que a avaliao do desempenho cumpra seu papel em favor do aprendizado

    organizacional.

    Outro fator que dificulta o entendimento das medies e avaliaes,

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    principalmente aquelas de natureza mais subjetiva, diz respeito influncia dos

    interesses e conhecimentos de quem as executa.

    De uma forma eminentemente prtica, Takashina e Flores (1996) apontam

    para a ocorrncia de armadilhas na gesto do desempenho baseada em

    indicadores, que podem ser prevenidas caso evite-se utiliz-los para medir: apenas para comparar o previsto contra o realizado, sem levar a

    questionamentos;

    para monitorar, sem foco na melhoria;

    para descobrir erros, com objetivo de punir;

    caractersticas sem associao com a estratgia;

    para cortar custos, em vez de melhorar a qualidade e o desempenho;

    caractersticas no importantes;

    sem enfoque na satisfao das pessoas; sem considerar o progresso de forma sistemtica e integrada;

    sem considerar a variabilidade dos resultados;

    sem estabelecer prioridades e hierarquias das diversas medidas;

    um conjunto muito extenso de indicadores.

    Por fim, no relatrio Creating and Implementing the Balanced Scorecard,

    elaborado pelo Corporate Executive Boardpara examinar os desafios enfrentados

    e as lies aprendidas pelas empresas que implantaram BSC, encontra-se o alerta

    de Christopher Ittner e David Larcker sobre o problema da quantidade excessiva

    de indicadores, que, em vez de contribuir para um maior e melhor entendimento

    do desempenho organizacional, ocasiona um efeito contrrio devido limitao

    humana dos gestores em dividir sua ateno entre tantas informaes:

    Using a small number of measures has been the trend among companies who have

    successfully implemented the scorecard. Wharton School professors Christopher Ittner and

    David Larcker warn against measurement disintegration, in which superfluous measures

    can dilute the effect of the measurement process and therefore hide, instead of reveal, the

    drivers of success. Although research into cognitive psychology reveals that humans can

    handle approximately seven items at any given moment, scorecard indicators can range innumber from as few as eight to many as 40 or more. A 1998 survey by the Hay Group

    revealed that surveyed companies utilized approximately six to 10 indicators for each

    perspective, in line with Kaplan and Nortons recommendation of an average of two-dozen

    (CORPORATE EXECUTIVE BOARD, 2001, p. 8)

    Nesse aspecto particular da quantidade de indicadores, ningum ousou

    tanto quanto Jack Welch que, reconhecendo a sobrecarga de nmeros com que os

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    gestores tm de lidar, afirmou que a ateno em apenas trs indicadores seria

    suficiente para dirigir qualquer empresa: fluxo de caixa, fidelidade dos clientes e

    motivao dos empregados (WELCH; BYRNE, 2001 apud RICKARDS, 2003).

    Recentemente, na V International Conference on Performance

    Measurement and Management - PMA 2006, organizada pela Performance

    Measurement Association, Kerklann, Verhoeff e Zomerdijk apresentaram uma

    pesquisa, apoiada na opinio de 257 visitantes, em maio/2006, a sitesde gesto

    na Internet, sobre o nmero de indicadores que se mostra mais apropriado.

    Dentre vrias descobertas obtidas nessa pesquisa, as relativas ao nmero de

    indicadores que os gestores consideram timo e ao nmero de indicadores que

    eles realmente utilizam na gesto, so motivo de destaque (2006, p. 389),

    conforme se v nos Quadros 12 e 13.

    Quadro 12 Quantidade tima de indicadores (extrado deKERKLANN; VERHOEFF; ZOMERDIJK, 2006, p.389)

    Medida estatstica Qde. TIMA deindicadores

    Moda 10

    Mdia 12,7

    Maioria dos respondentes (2/3) 5 a 10

    Quadro 13 Quantidade de indicadores em uso (extrado deKERKLANN; VERHOEFF; ZOMERDIJK, 2006, p. 389)

    Qde. de indicadores EM USO % respondentes

    0 a 3 8,4

    4 a 6 29,2

    7 a 9 22,8

    10 a 15 23,816 a 25 6,9

    Mais de 25 8,9

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    3.2Balanced Scorecard

    Recentemente, em uma entrevista, um dos criadores do modelo de gesto

    estratgica Balanced Scorecard - BSC, Robert Kaplan (2004b), definiu suacriao como sendo um sistema de mensurao de desempenho empresarial que

    complementa as medies financeiras tradicionais com avaliaes sobre o cliente,

    determina os processos internos que devem ser apropriados e analisa as

    possibilidades de aprendizado e de crescimento. Tambm identifica investimentos

    em recursos humanos, sistemas e capacitao que podero influir positivamente

    nas atividades da empresa.

    Kaplan (2004a) atribui o sucesso do BSC ao papel de ponte, que ele

    estabelece, entre a estratgia e a viso decididas pelos altos escales das empresas

    e as aes cotidianas de seus funcionrios, mediante a traduo da estratgia

    abstrata em prioridades claras, e o relacionamento com resultados estratgicos

    tangveis, que as empresas e seus funcionrios precisam buscar. Diferentemente

    da simples viso financeira tradicional, oBalanced Scorecardconsegue transmitir

    a importncia da converso dos ativos intangveis.

    3.2.1Conceituao do BSC

    Em linhas gerais, o Balanced Scorecard procura conectar o mapeamento

    estratgico da organizao, com um conjunto de medidores de desempenho,

    capazes de retratar as nuances e as interligaes entre as diversas reas das

    organizaes. O BSC trata do conhecimento, das habilidades e dos sistemas de

    que os empregados necessitam para inovar e construir as capacidades estratgicascorretas e as eficincias que agreguem valor organizao, o que pode vir a

    melhor posicion-la no ambiente competitivo, conduzindo-a a um patamar mais

    elevado de desempenho e possibilitando a obteno de lucro, principal interesse

    dos acionistas (KAPLAN; NORTON, 2000b).

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    A medio do desempenho obtida por um conjunto de indicadores,

    previamente estabelecidos, que verificam o grau de alcance de determinados

    objetivos organizacionais. Isso requer o conhecimento dos inter-relacionamentos

    entre os objetivos estratgicos da organizao e suas formas de medio. (KANJI;

    S, 2002).O BSC constitui-se tambm em um efetivo processo de aprendizado, uma

    vez que integra:

    uma estrutura estratgica compartilhada, que comunica a estratgia e

    permite que cada participante possa ver sua contribuio para a

    realizao da estratgia global;

    um processo de feedback que coleta dados de desempenho sobre a

    estratgia e permite formular hipteses sobre inter-relacionamentos entre

    os objetivos e iniciativas estratgicas a serem testadas; e um processo de soluo de problemas em equipe, que realiza anlises,

    aprende sobre os dados de desempenho e, ento, adapta a estratgia, de

    acordo com o surgimento de novas condies e assuntos a serem

    analisados (KAPLAN; NORTON, 1996a).

    Essa metodologia permite que os gerentes olhem para o negcio sob quatro

    importantes perspectivas integradas, obtendo, desse modo, uma viso holstica da

    organizao e no apenas financeira. A propsito, uma viso puramente financeira

    na avaliao de desempenho no mais compatvel com um ambiente no qual

    ativos intangveis, relacionamentos de negcio, competncias e capacidades das

    organizaes determinam, cada vez mais, as chances de sucesso no futuro.

    Tais perspectivas fornecem respostas para quatro perguntas bsicas para os

    gestores (KAPLAN; NORTON, 1992):

    a) como os clientes nos vem? (perspectiva do cliente);

    b) em que devemos nos superar? (perspectiva interna);

    c) ns podemos continuar a melhorar e criar valor? (perspectiva da

    inovao e aprendizado) e

    d) como ns somos vistos pelos acionistas? (perspectiva financeira).

    Transformar idias em aes uma das atividades mais difceis dentro das

    organizaes, pois implica romper barreiras e vencer inmeras resistncias que

    so observadas sob as mais variadas formas. Essas resistncias incluem no s

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    problemas operacionais intrnsecos s organizaes, mas, principalmente,

    aspectos intangveis como a cultura organizacional, a postura dos lderes etc.

    Dessa forma, envolver os funcionrios, fazer com que a liderana crie

    significado para aqueles que a seguem - unindo-os em uma equipe coesa, dar

    ateno s coisas certas, inspirar confiana e ter autocontrole tornaram-secondies imperativas para que a implantao de novas estratgias tenha sucesso

    (BENNIS, 2001), acionando o aprendizado organizacional por meio das

    mudanas, de forma a conquistar melhorias ou inovaes.

    Segundo Kanji e S (2002), o BSC mais que um sistema de medidas de

    desempenho. Ele envolve quatro processos que seguem a seqncia PDCA (plan-

    do-check-act) de uma forma interativa: o planejamento do negcio (P), ofeedback

    e o aprendizado (D), o clarear e traduzir a viso (C) e a comunicao e o

    alinhamento (A) (JENSEN; SAGE, 2000), sendo comumente adotado como ummodelo de administrao estratgica (KAPLAN; NORTON, 1992) que:

    descreve a viso do futuro da organizao e cria compreenso

    compartilhada;

    clarifica e atualiza a estratgia corporativa;

    comunica objetivos estratgicos ao longo da organizao;

    alinha as necessidades dos clientes com os objetivos do negcio;

    trabalha como um modelo holstico de estratgia, permitindo que todos

    os empregados vejam como eles contribuem para o sucesso

    organizacional, por meio do alinhamento das metas departamentais e

    pessoais com a estratgia corporativa;

    foca nos esforos para mudana, identificando oportunidades para

    iniciativas nas reas que esto para trs;

    liga objetivos estratgicos a metas e oramentos;

    constri um sistema de recompensa que alimentado pelas iniciativas em

    prol do alcance dos objetivos estratgicos;

    alinha revises estratgicas e operacionais;

    obtm feedback acerca da efetividade do desdobramento da poltica

    estratgica e da implementao, para avaliar o progresso obtido ao longo

    do tempo e facilitar a reviso estratgica.

    De acordo com Hepworth (1998 apud KANJI; S, 2002), o grande valor do

    BSC est no desenho conjunto de todas as reas-chave do negcio e na

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    identificao dos encadeamentos de aes que levam ao sucesso. Para Kanji e S

    (2002), o principal benefcio do BSC sua habilidade de traduzir a viso e a

    estratgia de uma organizao em objetivos e medidas tangveis, a partir do uso de

    indicadores para comunicar a estratgia e para medir o sucesso de sua

    implementao.Leauby e Wentzel (2002) ressaltam que em grandes organizaes, com

    vrias unidades de negcio, a implementao do BSC pode se tornar complicada.

    Para ser efetivo, cada sistema BSC deve ser customizado para cada caso, pois

    existem diferentes necessidades de informao para a medio. Alm disso,

    segundo Ho e McKay (2002), o BSC funciona melhor se os empregados tomarem

    parte no estabelecimento de seus parmetros, definindo como as medies podem

    ser aplicadas.

    Organizaes que efetivamente adotaram o BSC apresentam as seguintescaractersticas em comum, conforme Leauby e Wentzel (2002):

    possuem a alta gerncia comprometida;

    envolvem o mximo possvel de pessoas no processo;

    disseminam o BSC por toda a organizao;

    utilizam o BSC como um processo contnuo de aprimoramento;

    certificam-se de que a estratgia de longo prazo est embutida no

    desenho do painel.

    Segundo Kaplan e Norton (1997), muitas organizaes vm, h muito

    tempo, utilizando sistemas de medio incorporando indicadores financeiros e no

    financeiros. O BSC, entretanto, vai alm disso ao direcionar medies sobre a

    efetividade da misso e da estratgia organizacional. De acordo com esses autores,

    o BSC diferente de outros sistemas de medio estratgicos por contemplar

    indicadores relacionados meramente aos resultados e outros relacionados a

    explicar como ocorrem tais resultados. Isso uma das razes do poder do BSC, ao

    funcionar como uma ferramenta que busca destacar o encadeamento dos fatos at

    o alcance do resultado, em lugar de apenas concentrar-se em medidas isoladas.

    Na implantao do BSC, necessrio considerar os seguintes elementos

    conceituais que permitem a formao de painis de desempenho, perfeitamente

    estruturados (RAMPERSAD, 2004):

    a) objetivos estratgicos - so resultados mensurveis, derivados dos

    fatores crticos de sucesso, com o propsito de realizar a viso

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    organizacional. Por meio de verbos de ao, descrevem sucintamente os

    resultados visualizados. Os objetivos estratgicos sero eficazes apenas

    se forem formulados de maneira a serem mensurveis e exercerem

    influncia sobre os gerentes e funcionrios. Devem ser selecionados os

    objetivos mais importantes, que sejam mensurveis, estejam abertos ainfluncias, sejam aceitveis por diferentes grupos de pessoas dentro da

    organizao e estejam alinhadas com a viso organizacional, com a

    cultura de negcios e com a disponibilidade de conhecimentos e

    habilidades para realiz-los;

    b) fatores crticos de sucesso FCS - so definidos com base na viso

    organizacional. Trata-se das reas em que a organizao deve ser

    excelente para sobreviver, ou aquelas que so de extrema importncia

    para o sucesso organizacional. So exclusivos da organizao; em geral,indicam sua estratgia e determinam sua vantagem competitiva. So os

    fatores que, relacionados com as competncias essenciais, possibilitam

    que a organizao se destaque no mercado. Esses fatores tambm

    orientam a organizao e podem ser fundamentais para o seu sucesso ou

    fracasso. Os FCS devem estar relacionados com as bases da vantagem

    competitiva e com o interesse de garantir o sucesso no futuro;

    c) relaes de causa e efeito - todos os objetivos estratgicos devem ser

    integrados e afetar uns aos outros. Os elos entre os diferentes objetivos

    tornam-se claros por meio de uma cadeia de causa e efeito;

    d) indicadores de desempenho - critrios de mensurao referentes aos

    fatores crticos de sucesso e aos objetivos estratgicos, pelos quais

    possvel avalizar o funcionamento dos processos. o padro com que se

    mede o progresso do objetivo estratgico e que torna mensurveis a

    viso e os objetivos organizacionais. Os indicadores de desempenho e

    as metas proporcionam gerncia sinais oportunos, baseados nas

    diretrizes em que se concentra a organizao, resultantes da mensurao

    das mudanas e da comparao dos resultados com padres

    predeterminados. Dessa forma, um bom painel BSC deve ter uma

    mistura de medidas de resultado (indicadores do tipo lagging) e de

    impulsionadores do desempenho (indicadores do tipo leading)

    (NORREKLIT, 2000 apud KANJI; S, 2002);

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    e) metas - alvos quantitativos dos indicadores de desempenho. Mostram o

    valor a ser alcanado. Podem basear-se nas expectativas da gerncia,

    nas necessidades dos clientes e nos resultados dos estudos de

    benchmarking;

    f) iniciativas estratgicas - so providncias para a realizao dos objetivosestratgicos. Dentre essas iniciativas, escolhem-se aquelas que mais

    contribuem para os fatores crticos de sucesso. As iniciativas so

    escolhas estratgicas orientadas para os nveis estratgico, ttico,

    operacional e individual. Elas devem ser especficas, cativantes,

    sensatas, factveis.

    3.2.2O mapeamento das estratgias

    Segundo Kaplan (2004), um mapa estratgico uma arquitetura lgica que

    define uma estratgia especificando o relacionamento entre acionistas, clientes,

    processos de negcio e capacidades. Esse mapa permite que o Balanced

    Scorecardesteja ligado estratgia organizacional.

    Com o mapa estratgico, todos na organizao passam a dispor de uma

    representao visual do alinhamento lgico dos objetivos e dos indicadores de

    desempenho, ao longo das perspectivas consideradas noBalanced Scorecard.

    Os mapas estratgicos oferecem uma representao visual dos objetivos

    organizacionais crticos e dos seus inter-relacionamentos principais, responsveis

    pelo impulsionamento do desempenho da organizao (KAPLAN; NORTON,

    2000b). Segundo os mesmos autores, esses mapas servem, tambm, para mostrar

    como a organizao faz para converter as iniciativas e os recursos alocados, bem

    como a cultura organizacional e o conhecimento dos empregados em resultados

    tangveis.

    Nesse contexto, o ponto-chave para execuo da estratgia organizacional

    que existam pessoas que a entendam e que conheam, principalmente, os

    processos cruciais relativos converso de ativos intangveis em resultados

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    palpveis, o que pode ser facilitado pela confeco e utilizao dos mapas

    estratgicos (KAPLAN; NORTON, 2000b).

    A definio clara da proposio de valor o passo isolado mais importante

    no desenvolvimento do mapa estratgico, gerando-se mais valor quando a gesto

    do conhecimento est conectada estratgia e proposio de valor daorganizao (KAPLAN; NORTON, 2000a). Dessa forma, a proposio de valor

    para o cliente e a maneira como isso convertido em crescimento e rentabilidade

    para os acionistas so os fundamentos da estratgia.

    Segundo Kaplan e Norton (2000a), as organizaes bem sucedidas possuem

    proposies de valor compatveis com as seguintes estratgias bsicas de

    diferenciao:

    liderana do produto (inovao com base no que altamente desejvel);

    intimidade com o cliente (estabelecimento de vnculos com os clientes,por meio do conhecimento das pessoas envolvidas e suas necessidades);

    excelncia operacional (excelncia do ponto de vista operacional,

    oferecendo qualidade, preo e facilidade superiores s oferecidas pelos

    concorrentes).

    Pode-se dizer, ento, que os temas estratgicos refletem a viso dos

    executivos quanto ao que deve ser feito internamente para a obteno de

    resultados estratgicos, procurando-se entender, ento, a dinmica dos processos

    internos de negcio nas organizaes.

    O mapa estratgico do BSC explicita as hipteses da estratgia, descrevendo

    o processo de transformao dos ativos intangveis em resultados tangveis para os

    clientes, e, finalmente, em resultados financeiros (KAPLAN; NORTON, 2000a).

    O BSC proporciona a identificao de oportunidades de melhoria do desempenho

    financeiro, no s pela reduo de custo e aumento da utilizao dos ativos, mas,

    tambm, pelo crescimento das vendas (KAPLAN; NORTON, 2000b).

    Pela simplicidade de seu visual, o mapa estratgico BSC cumpre um

    importante papel ao facilitar a comunicao da estratgia por toda a organizao,

    fazendo com que as pessoas de todos os nveis da estrutura possam ter uma viso

    global da estratgia organizacional.

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    3.2.3A transformao de idias em aes

    Transformar idias em aes uma das atividades mais difceis dentro das

    organizaes, pois isso implica romper barreiras e vencer resistncias observadassob as mais variadas formas. Essas resistncias incluem no s problemas

    operacionais intrnsecos s organizaes, mas, principalmente, aspectos

    intangveis como a cultura organizacional, a postura dos lderes etc. Dessa forma,

    envolver os funcionrios, fazer com que a liderana crie significado para aqueles

    que a seguem - unindo-os em uma equipe coesa -, dar ateno s coisas certas,

    inspirar confiana e ter autocontrole tornaram-se condies imperativas para que a

    implantao de novas estratgias tenha sucesso (BENNIS, 2001), acionando o

    aprendizado organizacional por meio das mudanas, de forma a conquistar

    melhorias ou inovaes.

    Como todo processo de mudana, o desenvolvimento e adoo do BSC

    exige o comprometimento e engajamento da liderana superior da organizao. A

    introduo do BSC traz, inevitavelmente, alguma mudana e, portanto, resistncia

    (KANJI; S, 2002). Mudanas que afetam a disponibilidade de informaes sobre

    o desempenho podem ser particularmente ameaadoras, uma vez que tm o

    potencial de modificar o equilbrio de foras dentro da organizao (EPSTEIN;

    MAZONI, 1998 apud KANJI; S, 2002). Adicionalmente, a cultura e a filosofia

    existentes internamente na organizao tm que ser incorporadas ao BSC, para

    esse seja aceitvel pelo corpo gerencial (LETZA, 1996 apud KANJI; S, 2002).

    O BSC mostra-se apropriado para direcionar e avaliar a gesto das

    competncias organizacionais, apontando seus diferenciais competitivos,

    apresentando uma viso de futuro e uma contnua monitorao da adequao da

    estratgia, em comparao ao enfoque tradicional de mero controle sobre as aes

    realizadas e os resultados alcanados.

    Mediante as facilidades de entendimento promovidas pela comunicao da

    estratgia por meio do mapa BSC, as pessoas podem exercer seu papel de uma

    forma coerente com o rumo que a organizao deseja na criao do futuro.

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    3.2.4A associao com o Incrementalismo Articulado

    A dinmica existente na formulao das estratgias questo essencial para

    as organizaes que procuram manter um processo de planejamento maisadequado s transformaes existentes nos ambientes interno e externo.

    Independentemente das nfases oriundas das diferentes escolas de

    formulao estratgica, Moncrieff (1999) sustenta a forte influncia resultante dos

    pressupostos, aprendizados e crenas que as pessoas que tomam parte no processo

    possuem a priori, bem como, de seus interesses prprios, frutos das dinmicas

    sociais e polticas existentes nas organizaes.

    Assim, comum que os dirigentes mantenham mapas mentais, reforados

    pela cultura organizacional reinante, constituindo paradigmas que afetam mais

    suas percepes do que propriamente as anlises tcnicas formalmente

    conduzidas. Isso ocorre de tal forma que faz com que o processo de formulao

    estratgica seja, na verdade, um grande processo de aprendizado para os dirigentes

    e para a organizao como um todo (MONCRIEFF, 1999).

    H, portanto, clara necessidade de alinhar o pensamento estratgico com as

    aes realizadas pelas pessoas na organizao, atentando-se para o fato de que o

    mero alinhamento das aes com as intenes pode ser desastroso, uma vez que as

    vantagens competitivas residem, de fato, nos resultados das aes empreendidas.

    O foco do alinhamento desejado passa, ento, pela compreenso das competncias

    essenciais que a organizao possui (MONCRIEFF, 1999). Dessa forma, a

    formulao estratgica constitui-se em um processo interativo e dinmico,

    conforme mostrado na Figura 12.

    Para bem administrar as incertezas, a organizao necessita desenvolver

    capacidades de aprendizado, calcado na contnua reflexo crtico-avaliativa das

    aes empreendidas, de forma a rever os objetivos, buscando torn-los mais

    adequados realidade, em constante transformao (MELO, 1986).

    Friend e Jessop (1969 apud MELO, 1986) identificaram grupos bsicos de

    incerteza quanto: s caractersticas ambientais; aos valores de quem seja afetado

    pelo planejamento; e s aes a serem realizadas por outros agentes.

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    Figura 12 Dinmica do processo estratgico (adaptadode MONCRIEFF, 1999)

    Nessas condies, busca-se idealmente que o processo de planejamento

    seja conduzido de modo a possibilitar a administrao da incerteza (MELO,

    1986).

    As incertezas ambientais, as incertezas prprias de organizao em relao

    aos seus valores, bem como apelos a incertezas em relao ao de outros

    agentes fazem com o que o planejamento do tipo adaptativo se constitua em uma

    metodologia com boas chances de sucesso.

    O Planejamento Racional Compreensivo, tpico dos anos cinqenta,

    caracterizava-se pela centralizao, rigidez, implementao seqencial, com a

    utilizao de projees para gerar recomendaes de redirecionamento. Por outro

    lado, a proposta de planejamento chamada Incrementalismo Disjunto, introduzida

    por Lindblom (1959 apud MELO, 1987), baseada na espontaneidade das

    mudanas sociais, buscava melhorias incrementais, dada a impossibilidade de se

    definir a priori um estado ou situao futura desejada.

    Da sntese dos elementos positivos de ambas abordagens, surge o

    Planejamento Adaptativo, em duas vertentes: as abordagens no-sinpticas e o

    redesenho normativos de sistemas. Nessas vises de planejamento, o sistema no

    apenas se molda ao ambiente, mas tambm o modifica. Na linha de Planejamento

    Adaptativo No-sinptico, o Incrementalismo Articulado apresenta-se buscando

    oferecer uma melhor soluo para o equilbrio dinmico que deve haver entre

    compromisso e flexibilidade no processo, para fazer frente s incertezas e suas

    crescentes turbulncias associadas.

    O Incrementalismo Articulado uma estratgia composta que destaca a

    necessidade de se desenvolver o processo, em si, de planejamento, sendo

    Inteno

    estratgica

    Oportunidadesemergentes

    Estratgias

    inadequadas

    Resultados

    estratgicos

    ESTRATGIAESTRATGIAESTRATGIAESTRATGIA

    EM AOEM AOEM AOEM AO

    APRENDIZADO ESTRATGICO

    IMPLEMENTAO

    ESTRATGIAS

    EMERGENTES

    Inteno

    estratgica

    Oportunidadesemergentes

    Estratgias

    inadequadas

    Resultados

    estratgicos

    ESTRATGIAESTRATGIAESTRATGIAESTRATGIA

    EM AOEM AOEM AOEM AO

    APRENDIZADO ESTRATGICO

    IMPLEMENTAO

    ESTRATGIAS

    EMERGENTES

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    incremental ao enfatizar a ocorrncia das mudanas em partes, a fim de permitir a

    avaliao dos efeitos de cada uma. , tambm, articulado por requerer o

    estabelecimento de diretrizes que proporcionem a definio dos critrios de

    avaliao utilizados, de modo a proporcionar a evoluo do processo na direo

    desejada (MELO, 1986).Considerando as condies necessrias ao desenvolvimento organizacional,

    identificadas por Herbst (1974 apud MELO, 1986), o Incrementalismo Articulado

    mostra-se como uma estratgia adaptativa fundamentada na implementao de

    mudanas de forma gradual, segundo critrios derivados dos valores assumidos

    por aqueles que sofram impactos do processo, ocorrendo a definio de um

    caminho desejado, que serve de base para articular as aes a realizar (MELO,

    1977 apud MELO, 1986).

    Com o Incrementalismo Articulado, possvel tornar a organizao maisapta a promover adaptaes em funo de variaes ambientais no previstas.

    Mas, para que maiores ganhos possam ser extrados dessa caracterstica, h

    necessidade de que a organizao seja dotada de capacidade de aprendizagem, de

    modo a poder compreender reflexes crticas sobre aes que possam levar

    redefinio dos objetivos estabelecidos.

    O Incrementalismo Articulado desenvolvido tanto na dimenso

    organizacional, promovendo-se a articulao gradual das partes com o todo, como

    na dimenso do processo, mediante o emprego de uma tarefa articuladora e um

    instrumento articulador.

    Entende-se como organizao articulada aquela em que tanto a autonomia

    como a interdependncia de suas partes est assegurada (MELO, 1977 apud

    MELO, 1986, p. 1388). Na qual, o grau desejado de articulao entre as partes

    atingido atravs de um processo de reticulao isso , uma rede integrada e

    coordenada de rgos com responsabilidade compartilhada em relao a uma

    situao problemtica (FRIEND; POWER, 1974 apud MELO, 1986, p. 1388).

    Tambm, nem sempre ocorre a coexistncia de nveis de autonomia e de

    interdependncia entre as partes da organizao, de modo que o necessrio grau

    de articulao desejado possa ocorrer plenamente, principalmente devido

    dificuldade de se estabelecer, a partir das lideranas da organizao, os meios

    necessrios para a criao de uma rede, suficientemente integrada e coordenada,

    em torno de uma tarefa articuladora, bem como de um instrumento articulador.

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    As tarefas articuladoras so introduzidas visando construo de um

    aprendizado participativo que seja capaz de transformar aes conflitantes em

    esforos colaborativos. Tais tarefas envolvem as partes em um esforo

    colaborativo voltado para um objetivo por elas compartilhado, mediante a

    mobilizao de atores organizacionais-chave na anlise das funes, objetivos emtodos de trabalho de cada uma. Isso demanda instrumentos articuladores,

    criados para manter um grau apropriado de articulao entre as partes,

    consolidando a tarefa articuladora (MELO, 1983, 1997, 2002).

    Com essa tecnologia de articulao, busca-se assegurar, por meio de uma

    estratgia incremental, transformar um agregado de partes em uma multi-

    organizao, na qual componentes tm condies de atingir objetivos comuns

    (STRINGER, 1967 apud MELO, 1986). Uma multi-organizao apresenta

    natureza colaborativa, sendo capaz de somar experincias e capacidades noalcance de objetivos comuns (MELO, 1987).

    O processo de implementao do BSC assemelha-se bastante a essa

    configurao, na medida em que depende da interao e participao de todas as

    partes da organizao, geralmente em trabalhos de grupo, envolvendo desde altos

    dirigentes a executantes, em tarefas estruturadas para a construo do mapa

    estratgico, principalmente quando h desdobramentos para partes da

    organizao, a partir de estratgias corporativas.

    No incio do trabalho, no h imagem ntida do estado final, uma vez que

    tanto os objetivos estratgicos quanto indicadores de desempenho a serem

    utilizados dependero dos entendimentos e consensos obtidos pelas pessoas

    envolvidas nas tarefas.

    Geralmente, o trabalho avana com a formao de uma equipe de

    desenvolvimento, com membros oriundos de diversas reas da organizao.

    Contudo as aes no ficam restritas a esse grupo. Mais pessoas so envolvidas

    para colaborar com os membros da equipe de desenvolvimento em tarefas

    especficas, quando no sejam tambm entrevistadas ou convidadas a participar

    das reunies de validao das etapas de concluso do projeto do mapa estratgico.

    Para garantir sucesso, deve-se buscar comprometer as pessoas identificadas como

    formadores de opinio no ambiente organizacional (OLVE; ROY; WETTER,

    2001).

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    Considerando a existncia de unidades operacionais frente a uma sede

    corporativa, primeiramente construdo o mapa estratgico da corporao como

    um todo (o de maior nvel hierrquico). Em seguida, as unidades operacionais

    partem para a construo dos seus prprios mapas estratgicos, constituindo um

    desdobramento daquele projeto corporativo original.Em geral, mesmo quando ocorrem implementaes-piloto, trs papis

    fundamentais so desempenhados durante a construo e incorporao do BSC

    pela organizao como um novo sistema de gesto estratgica (KAPLAN;

    NORTON; 1997):

    O arquiteto responsvel maior pela implementao do BSC, geralmente

    um alto executivo de rea de apoio, deve orientar o processo, supervisionar o

    cronograma de reunies e entrevistas e garantir disponibilidade de informaes

    equipe de desenvolvimento, alm de auxiliar na traduo de opinies e intenessobre a estratgia em objetivos explcitos e mensurveis.

    O agente de mudanas reportando-se diretamente ao executivo principal,

    quem deve ter a responsabilidade por desenvolver o novo sistema e por moldar a

    sua posterior utilizao rotineira.

    O comunicador responsvel por compreender, criar adeso e apoiar todos

    os membros da organizao, mediante campanhas de comunicao, alinhadas com

    a estratgia, objetivando suscitar conscientizao e motivao nas pessoas.

    A partir da seqncia de etapas e das tarefas e instrumentos comumente

    adotados para a implementao da metodologia Balanced Scorecard(KAPLAN;

    NORTON; 1997), Loureno (2003) pde estabelecer, como mostra o Quadro 14,

    uma correlao com os passos principais da estratgia do Incrementalismo

    Articulado.

    luz dos princpios do Incrementalismo Articulado, a metodologia

    Balanced Scorecard serve elaborao de uma sistemtica de planejamento

    adaptativa, gerada a partir da articulao gradual das partes com o todo da

    organizao e mediante o emprego de uma tarefa articuladora - a construo do

    mapa estratgico - e diversos instrumentos articuladores grupos de trabalho

    multifuncionais, workshops, entrevistas etc, sem contar que, durante todo o

    processo, h a busca constante do consenso acerca da compreenso da estratgia,

    a partir de critrios as perspectivas lgicas da transformao da estratgia em

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    ao e os temas estratgicos considerados que traduzem os valores assumidos

    pelos decisores.

    Quadro 14 Correlao entre as etapas do BSC e os passos doIncrementalismo Articulado (LOURENO, 2003)

    Tudo isso culmina com o desenvolvimento de uma estrutura de gesto

    comum, com nfase na sua contnua reviso, a partir da a anlise crtica dos

    resultados organizacionais e demais informaes-chave associadas.

    3.2.5

    Ferramenta para o aprendizado organizacional

    O Balanced Scorecard possui um escopo de sua aplicabilidade ampliado

    como ferramenta auxiliar ao processo de aprendizagem organizacional, mediante

    a integrao dos objetivos estratgicos da empresa, com um sistema de medidores

    de desempenho, de forma que as organizaes consigam manter uma consistncia

    INCREMENTALISMOARTICULADO

    PASSOS ETAPASTPICAS

    TAREFAS/INSTRUMENTOS

    - seleo da unidade operacionala aplicar

    - identificao das ligaes entrea unidade e a corporao

    - entrevistas;

    - sesses de sntese;

    3. Seleo do ncleo - workshop

    4. Deflagrao do processopor atores-chave

    - reunies de subgrupos porperspectiva

    5. Interligao gradual deoutras partes

    - workshop

    - grupo de lderes dos subgrupos

    - plano de implementao

    - identificao de planos de ao

    - workshop

    7. Manuteno - atualizao das informaes

    III. Escolha dosindicadoresestratgicos

    6. Desenvolvimento deligaes transversais

    IV. Elaborao doplano deimplementao

    BALANCED SCORECARD

    1. Identificao da tarefaarticuladora

    I. Definio daarquitetura

    2. Especificao doinstrumento articulador

    II. Definio dosobjetivosestratgicos

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    entre sua viso e suas aes, medida que modificaes no rumo organizacional

    so introduzidas, juntamente com novas estratgias e novos processos.

    O BSC assume, assim, um papel natural, pois, com ele, o desenvolvimento

    das competncias dos empregados e a anlise de informaes-chave so

    suportados por uma estrutura de gesto comum, com nfase na sua contnuareviso, luz da evoluo das estratgias (OLVE; ROY; WETTER, 2001).

    Comparativamente aos sistemas tradicionais de medio de desempenho,

    mais focados na avaliao financeira e que serviram aos propsitos

    organizacionais da Era Industrial, o BSC mostra-se mais apropriado para

    direcionar e avaliar a gesto das competncias, apontando seus diferenciais

    competitivos, apresentando uma viso de futuro e uma contnua monitorao da

    adequao da estratgia, em comparao ao enfoque tradicional de mero controle

    sobre as aes realizadas e os resultados alcanados.Com tudo isso, o BSC serve para consolidar o aprendizado como um dos

    principais fundamentos para a excelncia do desempenho organizacional. Esse

    aspecto deve estar permanentemente internalizado na cultura organizacional, de

    forma a estar associado s prticas de gesto utilizadas nas organizaes que

    buscam resultados cada vez mais significativos, pelo refinamento ou introduo

    de inovaes em seus processos e produtos.

    nesse contexto que o BSC se encaixa, por permitir que a organizao

    fique integrada e monitorada a partir de indicadores que traduzam os inter-

    relacionamentos entre as mais diversas reas e suas conexes com as estratgias.

    O BSC torna-se, portanto, uma ferramenta que permite operacionalizar idias

    compartilhadas pelo maior nmero possvel de membros dentro da organizao,

    ligando-os, de uma forma mais comprometida, aos objetivos do planejamento

    estratgico e sustentabilidade no competitivo cenrio atual.

    Apesar de toda a histria de sucesso que o BSC possui, no campo da

    avaliao estratgica do desempenho, pode-se considerar a existncia de lacunas

    no que diz respeito s teorias de aprendizagem organizacional mais aceitas, no se

    aprofundando em direo aos aspectos humanos que podem ampliar o

    entendimento e permitir a medio da transformao dos ativos intangveis em

    resultados. Nesse sentido, o Captulo seguinte busca contextualizar essa situao

    para que respostas especficas venham logo a seguir.

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