descobrindo potencialidades além do litoral uma análise do roteiro seridó como alternativa para a...

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VI SeminÆrio da Associaªo Brasileira de Pesquisa e Ps-Graduaªo em Turismo 10 e 11 de setembro de 2009 Universidade Anhembi Morumbi UAM/ Sªo Paulo/SP Descobrindo Potencialidades alØm do Litoral: uma AnÆlise do Roteiro Serid como Alternativa para a Diversificaªo da Oferta Turstica no Rio Grande do Norte Alice Emanuele Almeida Barros 1 Patrcia Daliany Araœjo do Amaral 2 Resumo Este artigo visa discutir e entender como a Regiªo do Serid pode atuar como diversificador da oferta turstica do Rio Grande do Norte. Identificar quais as aıes necessÆrias para que o Serid torne-se um produto turstico de qualidade e competitivo; avaliar os atrativos e recursos tursticos do Roteiro Serid, identificando quais sªo suas fortalezas e debilidades, definindo a necessidade de infra-estrutura de apoio ao turismo que deve ser agregada aos recursos existentes no Plo. Estudar as aıes da gestªo pœblica que precisam ser realizadas no processo de desenvolvimento do produto turstico da regiªo. As metodologias utilizadas incluem a pesquisa bibliogrÆfica e a realizaªo de entrevistas, e a pesquisa Ø do tipo qualitativa e utiliza a tØcnica DAFO. Tendo como referŒncia a visªo dos gestores e profissionais envolvidos no desenvolvimento do roteiro. Os resultados mostram que os atores do processo de desenvolvimento do turismo no Serid reconhecem como principal debilidade a infra-estrutura turstica dos municpios e a ausŒncia de um planejamento integrado entre os municpios que compıem o roteiro. Palavras-chave: Diversificaªo. Planejamento. Turismo. Serid. Introduªo Em todo o mundo, observa-se a ascensªo dos roteiros classificados como alternativos. Lugares novos, exticos, diferentes, e principalmente, que oferecem ao turista um produto que tem algo a mais que o sol e o mar. Seguindo as tendŒncias mundiais, o Brasil tambØm passou a explorar novos roteiros, inserindo a cultura e a natureza nos destinos brasileiros. Observa-se a valorizaªo da identidade nacional, das diferenas entre as regiıes, e se cria um produto 1 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Bacharel em Turismo pela mesma Instituiªo. Atualmente, Ø professora dos Cursos de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Potiguar, Faculdade Cmara Cascudo/EstÆcio de SÆ e Faculdade de CiŒncias, Cultura e Extensªo do Rio Grande do Norte, onde tambØm Ø docente do Curso de Hotelaria. TambØm Ø Gerente de Desenvolvimento do Turismo da Prefeitura Municipal de Parnamirim. E-mail: [email protected].

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POTENCIAIS DO TURISMO NO RN

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  • VI Seminrio da Associao Brasileira de Pesquisa e Ps-Graduao em Turismo

    10 e 11 de setembro de 2009 Universidade Anhembi Morumbi UAM/ So Paulo/SP

    Descobrindo Potencialidades alm do Litoral: uma Anlise do Roteiro Serid como Alternativa para a Diversificao da Oferta Turstica no Rio Grande do Norte

    Alice Emanuele Almeida Barros1

    Patrcia Daliany Arajo do Amaral2

    Resumo

    Este artigo visa discutir e entender como a Regio do Serid pode atuar como diversificador da oferta turstica do Rio Grande do Norte. Identificar quais as aes necessrias para que o Serid torne-se um produto turstico de qualidade e competitivo; avaliar os atrativos e recursos tursticos do Roteiro Serid, identificando quais so suas fortalezas e debilidades, definindo a necessidade de infra-estrutura de apoio ao turismo que deve ser agregada aos recursos existentes no Plo. Estudar as aes da gesto pblica que precisam ser realizadas no processo de desenvolvimento do produto turstico da regio. As metodologias utilizadas incluem a pesquisa bibliogrfica e a realizao de entrevistas, e a pesquisa do tipo qualitativa e utiliza a tcnica DAFO. Tendo como referncia a viso dos gestores e profissionais envolvidos no desenvolvimento do roteiro. Os resultados mostram que os atores do processo de desenvolvimento do turismo no Serid reconhecem como principal debilidade a infra-estrutura turstica dos municpios e a ausncia de um planejamento integrado entre os municpios que compem o roteiro.

    Palavras-chave: Diversificao. Planejamento. Turismo. Serid.

    Introduo

    Em todo o mundo, observa-se a ascenso dos roteiros classificados como alternativos.

    Lugares novos, exticos, diferentes, e principalmente, que oferecem ao turista um produto que

    tem algo a mais que o sol e o mar. Seguindo as tendncias mundiais, o Brasil tambm passou

    a explorar novos roteiros, inserindo a cultura e a natureza nos destinos brasileiros. Observa-se

    a valorizao da identidade nacional, das diferenas entre as regies, e se cria um produto

    1 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Bacharel em Turismo pela mesma Instituio. Atualmente, professora dos Cursos de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Potiguar, Faculdade Cmara Cascudo/Estcio de S e Faculdade de Cincias, Cultura e Extenso do Rio Grande do Norte, onde tambm docente do Curso de Hotelaria. Tambm Gerente de Desenvolvimento do Turismo da Prefeitura Municipal de Parnamirim. E-mail: [email protected].

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    novo e complexo no pas do turismo de sol e mar. Os principais destinos do pas abrem uma

    vertente para agradar aos turistas que buscam destinos diferenciados. E o Rio Grande do

    Norte participa desse processo identificando novos roteiros para uma demanda mais exigente.

    Apesar da identificao de novos plos de turismo no Estado, o mesmo ainda no possui um

    destino consolidado no interior. Devido a essa realidade, necessrio analisar o que preciso

    para consolidar estes roteiros e transform-los em destinos.

    O Ministrio do Turismo iniciou o Programa de Regionalizao do Turismo - Roteiros

    do Brasil, em 2004. Este consiste basicamente em estratgias para concretizar, no mdio

    prazo, uma transformao na oferta turstica nacional. Em um dos mdulos operacionais do

    Programa, o Ministrio do Turismo expe uma estratgia de gesto com o intuito de criar

    novos produtos tursticos com qualidade e ampliar, diversificar e qualificar os j existentes,

    propiciando a insero destes nos mercados nacional e internacional, o Ministrio do

    Turismo, por meio do Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil,

    apresenta uma nova viso para a gesto pblica do desenvolvimento do Turismo no Brasil. O

    Programa estabelece como uma de suas estratgias a roteirizao turstica como forma de

    organizar e integrar a oferta turstica brasileira (MINISTRIO DO TURISMO, 2005, p. 1).

    O Programa de Regionalizao do Turismo identificou, no Estado do Rio Grande do

    Norte, quatro regies tursticas, das quais duas no fazem uso do turismo de sol e mar,

    principal segmento do turismo desenvolvido e trabalhado no Estado. Segundo Fonseca

    (2005), o turismo no Rio Grande do Norte iniciou-se pela capital do Estado Natal e alguns

    municpios vizinhos. Atualmente, alm do plo indutor Natal, h o plo indutor do municpio

    de Tibau do Sul, mas a oferta turstica potiguar consolidou-se no litoral oriental e tornou essa

    regio um destino consolidado. Devido nfase nesse segmento de turismo, h uma

    necessidade crescente de ampliar a oferta turstica do Estado alm do litoral. No intuito de

    incrementar a oferta e elaborar novos produtos tursticos potiguares, o uso de espaos

    tursticos do interior uma alternativa vivel e j considerada pelo Programa de

    Regionalizao do Turismo.

    O turismo nessa regio significa um incremento na economia dos municpios

    envolvidos, como tambm a valorizao e reconhecimento da cultura e das riquezas dessa,

    que se configura como uma das regies mais acolhedoras e hospitaleiras do Rio Grande do

    Norte. Mais do que a necessidade das benesses econmicas, desenvolver um produto turstico

    de qualidade baseado nos recursos do Serid significa acrescentar ao mercado turstico

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    potiguar um produto capaz de acolher turistas motivados pela busca da cultura, da natureza e

    de contato com a populao autctone. O principal benefcio gerado seria, portanto, um

    produto turstico baseado na riqueza cultural e na identidade de um povo naturalmente

    hospitaleiro e acolhedor. Reside, neste aspecto, a importncia prtica desse estudo, que

    pretende contribuir para o acrscimo de um produto turstico significativo no cenrio turstico

    local.

    O objetivo da pesquisa analisar quais os principais entraves ao desenvolvimento da

    atividade turstica na Regio do Serid, como tambm identificar quais as principais aes

    necessrias para desenvolver um produto turstico de qualidade e competitivo no Roteiro

    Serid, a fim de diversificar a oferta turstica do Rio Grande do Norte. Atravs do estudo dos

    atrativos e recursos tursticos do Roteiro Serid, definindo a necessidade de infra-estrutura de

    apoio ao turismo que deve ser agregada aos recursos existentes no Plo Serid.

    Para o alcance dos objetivos propostos, realizou-se uma pesquisa de carter

    exploratrio, uma vez que se buscou, atravs dela, responder a um questionamento pessoal,

    sobre os motivos de o Roteiro Serid no ser um dos principais produtos tursticos do Rio

    Grande do Norte, apesar de sua vocao turstica reconhecida inclusive por rgos gestores

    do turismo no Estado. A pesquisa exploratria conceituada por Gil (1996, p. 45) como a

    pesquisa que tem por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas

    a torn-lo mais explcito ou construir hipteses. [...] tm como objetivo principal o

    aprimoramento de idias e descoberta de intuies.

    O artigo assume tambm a forma de pesquisa descritiva, j que procura analisar os

    atrativos tursticos da regio do Serid, identificando quais as necessidades de infra-estrutura

    e de aes pblicas governamentais para que o turismo na regio seja impulsionado. Segundo

    Gil (1996, p. 46) a pesquisa descritiva tem por objetivo descrever as caractersticas de

    determinada populao ou fenmeno ou, ento, o estabelecimento de relaes entre

    variveis.

    O universo da pesquisa constitudo por profissionais envolvidos no desenvolvimento

    e planejamento do turismo na regio do Serid. So representantes do poder pblico,

    especialmente da Secretaria Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte, a equipe do

    Servio Brasileiro de Apoio s micro e Pequenas Empresas SEBRAE - de Natal e Currais

    Novos, alm de consultores especializados em turismo que participaram diretamente do

    processo de inventariao e formulao do Roteiro Serid. Os dados foram coletados atravs

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    de entrevistas, com auxlio de um roteiro de entrevista, nos meses de setembro e outubro do

    ano de 2008, em locais estabelecidos pelos entrevistados.

    As fontes utilizadas para a realizao deste trabalho constam de livros, artigos

    cientficos, monografias, relatrios e documentos de rgos pblicos e instituies privadas

    principalmente do SEBRAE/RN e do Ministrio do Turismo.

    Os dados tratados foram analisados a partir do mtodo DAFO. Segundo Bicho e

    Baptista (2006), a anlise DAFO um mtodo de identificao dos principais aspectos que

    caracterizam a posio estratgica de uma organizao ou destino turstico num determinado

    momento, tanto em nvel externo, quanto interno. DAFO um termo originado das iniciais

    das palavras dificuldades, ameaas, fortalezas e oportunidades, originada do termo em ingls

    SWOT, que conjuga as palavras strengths (foras), weaknesses (fraquezas), opportunities

    (oportunidades) e threats (ameaas).

    Alm do litoral: as potencialidades do roteiro Serid

    Formatado atravs do Plano de Turismo Sustentvel Roteiro Serid, fruto da

    parceria do SEBRAE/RN, Secretaria de Turismo do Estado, Ministrio do Turismo,

    prefeituras municipais, rgos ambientais, instituies de ensino e organizaes no-

    governamentais, o Roteiro Serid em sua primeira fase envolveu sete municpios: Acari,

    Caic, Carnaba dos Dantas, Cerro Cor, Currais Novos, Jardim do Serid e Parelhas. No ano

    de 2008, incluiu-se no projeto o municpio de Lagoa Nova. O Plano tem seu foco em aes

    nas reas de ecoturismo, gastronomia, turismo religioso, cultural, de esporte e aventura.

    O Plano de Turismo Sustentvel, criado pelo SEBRAE em parceria com a Secretaria

    Estadual de Turismo (SETUR) surgiu da necessidade crescente de interiorizar o turismo no

    Rio Grande do Norte. A SETUR, identificando no Serid um produto diferenciado e

    inovador, criou o Plano que visa apoiar o desenvolvimento turstico da regio localizada no

    semi-rido potiguar, que rene 24 municpios, ocupando uma rea total de 12.965,3 km,

    abrigando cerca de 300 mil pessoas (11% da populao do Estado). Os roteiros formatados

    pelo Plano j citado renem nos oito municpios as principais caractersticas da regio do

    Serid: o clima quente, e a vegetao de caatinga aliada peculiaridade cultural e histrica

    que produziu um importante acervo arquitetnico, representado pelos casarios antigos e pelas

    minas que atualmente so um importante atrativo turstico da regio. Porm, o principal

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    atrativo da regio um bem imaterial: o acolhimento e receptividade da populao autctone

    (SOARES; LOPES, 2008).

    Com o intuito de divulgar o Roteiro, o SEBRAE formulou o site do Roteiro Serid,

    que apresenta sugestes de roteiros que utilizam dos principais atrativos da regio para atrair

    turistas com diferentes motivaes. Os cinco roteiros preparados pela CREATO em parceria

    com o SEBRAE so:

    Roteiro Arqueolgico, onde esto apresentadas as riquezas de importantes stios

    arqueolgicos situados em municpios da regio, alguns com mais de 10 mil anos;

    Roteiro Ecocultural, onde apresentado o rico patrimnio cultural da regio, como

    a Filarmnica de Acari, forr p-de-serra autntico, entre outros;

    Roteiro de Aventura, onde so apresentadas as diversas opes existentes em

    turismo de aventura na regio, estando entre elas caminhadas, cicloturismo, rapel,

    trekking, espeleoturismo, entre outras;

    Roteiro Pedaggico, plano onde possvel conhecer as caractersticas prprias das

    cidades que compem o roteiro, estando inclusas atraes como a visita a casarios bem

    conservados, ruas limpas e museus que contam a histria da regio;

    Roteiro da Melhor Idade, no qual so oferecidos atrativos menos cansativos e de

    fcil realizao, como city-tours pelas sedes municipais, onde o visitante tem a

    oportunidade de ter contato com a cultura e os costumes do sertanejo seridoense.

    Seguindo a viso de Dias (2005), de que preciso embalar um recurso para que este

    se configure como um atrativo turstico, o governo estadual investiu em melhorias das

    estradas e fornecimento de gua especificamente para a regio seridoense. Soma-se a isso

    algumas aes especficas para o turismo, tais como a capacitao de mo-de-obra,

    valorizao do artesanato, da culinria regional e da histria do Serid, incentivo s atividades

    culturais e artsticas da Regio, alm do trmino do complexo turstico Ilha de Santana, este

    na cidade de Caic.

    Na viso do SEBRAE/RN (2005), o processo de desenvolvimento do turismo no

    Serid faz parte de um programa estadual condizente com a Poltica de Regionalizao do

    Turismo Roteiros do Brasil, do Ministrio do Turismo, e por esse fato pode contar com

    esforos federais que potencializem as aes previstas. O Plano de Turismo Sustentvel

    Roteiro Serid - visa desenvolver o turismo respeitando e preservando a cultura e o meio

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    ambiente locais, atuando nas reas de educao ambiental, tecnologia de alimentos, gesto de

    cooperativas e outras associaes, qualidade e comercializao de artesanato,

    empreendedorismo no espao rural e natural, promoo e marketing, capacitao tcnica e

    gerencial todos em paralelo s aes para o turismo.

    Um importante passo na construo do destino turstico seridoense foi concretizado no

    dia 11 de setembro de 2008, com a criao do Conselho de Turismo do Serid, com sede na

    cidade de Currais Novos. Criado para atuar diretamente na gesto dos recursos tursticos

    integrando os municpios em roteiros que atendem a diversos segmentos de mercado, o

    Conselho tem o objetivo de potencializar o desenvolvimento das localidades abrangidas pelo

    Plo Serid, buscando a integrao das aes do Governo Federal, alinhando-as com as

    polticas pblicas do governo estadual, e dos governos municipais, e com a sociedade em

    geral e consolidar o plo como destino turstico. A SETUR, na pessoa do Secretrio Estadual

    de Turismo, Fernando Fernandes, designou ao SEBRAE a Secretaria Executiva do Plo, e

    esta parceria visa o desenvolvimento do turismo atravs de obras e aes que possam dotar os

    municpios de infra-estrutura necessria atrao de novos empreendimentos para o setor.

    O Conselho de Turismo composto por representantes dos setores envolvidos com a

    atividade turstica, abrangendo o poder pblico federal, estadual e municipal, o setor privado,

    a comunidade cientfica e a sociedade civil. As cidades que constituem o Conselho foram

    selecionadas entre os municpios que compem o Plo Turstico do Serid: Acari, Caic,

    Carnaba dos Dantas, Cerro Cor, Currais Novos, Parelhas, Jardim do Serid, Flornia,

    Tenente Laurentino, Lagoa Nova, Timbaba dos Batistas, Ouro Branco, Equador, Santana do

    Serid, So Joo do Sabugi, Serra Negra do Norte e Jucurutu. A escolha foi feita atravs de

    eleio e alguns critrios como a atuao turstica dos municpios.

    Anlise DAFO do roteiro Serid como alternativa a diversificao da oferta turstica no Rio Grande do Norte

    Para a realizao da pesquisa, o estudo levantou dados atravs de entrevistas com os

    gestores do Roteiro Serid no SEBRAE e SETUR, como tambm profissionais envolvidos no

    desenvolvimento do Plano de Turismo Sustentvel do Serid, assessores do SEBRAE,

    Antares Consultoria e agente de viagem da Vitria Rgia Turismo. Inicialmente foi analisado

    seu ambiente interno (que possibilita ao gestor algum grau de controle), destacando-se os

    pontos fortes e fracos indicados pelos entrevistados durante a pesquisa. Posteriormente,

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    verificou-se o ambiente externo (sobre as quais os gestores possuem pouco ou nenhum

    controle) destacando, conforme a anlise utilizada, as oportunidades e ameaas que o roteiro

    apresentou.

    FATORES CHAVE

    CONTEXTO FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS

    FORTALEZAS DEBILIDADES

    INTERNO

    F1 Cultura e geografia da regio F2 Hospitalidade natural da populao F3 - Existncia de trs Instituies de Ensino Superior na regio F4 Vocao turstica real F5 Capacidade de atender a pelo menos quatro segmentos de mercado com qualidade F6 Proposta de turismo de aventura novidade no Estado

    D1 Setor de hospedagem e alimentos e bebidas deficiente D2 Confiana excessiva na vocao natural para o turismo e na atratividade da hospitalidade da populao D3 Falta de sensibilizao da populao local D4 Planejamento do turismo limitado e restrito organizao de eventos D5 Estrutura de apoio ao turismo escassa nos atrativos D6 Ausncia de campanhas de marketing

    OPORTUNIDADES AMEAAS

    EXTERNO

    O1 Gesto e interesse da SETUR e do SEBRAE O2 Investimentos na inventariao dos municpios envolvidos O3 Aumento do fluxo de turistas atravs de agncias de viagens e incremento da economia local O4 Criao de novos postos de trabalho O5 Abertura de mercado turstico dos municpios O6 Plano de desenvolvimento do turismo sustentvel com metas realistas

    A1- Concorrncia no segmento de aventura com o Plo Costa Branca A2 - Viso individualista das prefeituras municipais A3 Pouco tempo de criao do Conselho de Turismo da regio do Serid A4 Baixo interesse de investidores e empreendedores locais e externos A5 Inventariao superficial dos atrativos tursticos A6 Baixo fluxo de turistas e ausncia do roteiro Serid no portiflio de operadoras e grandes agncias de viagem

    Figura 02: Quadro de Anlise DAFO do Roteiro Serid Fonte: Elaborao prpria (2008)

    Perspectivas: o Roteiro Serid enquanto diversificador da oferta turstica potiguar

    O Roteiro Serid realmente se configura como alternativa para a diversificao do

    turismo. Todos os entrevistados concordam que o turismo no Rio Grande do Norte precisa

    diversificar a sua oferta e que a Regio do Serid atende a essa necessidade. Nenhum dos

    entrevistados considera o Roteiro Serid um destino consolidado, embora acreditem que

    possa vir a se consolidar no mercado turstico potiguar por oferecer um produto diferenciado

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    dos principais destinos do Estado Natal e Tibau do Sul. O diferencial do Serid

    exatamente fugir do formato sol e mar, amplamente explorado pelo turismo no Rio Grande

    do Norte, j que a regio possui vocao para atender pelo menos aos segmentos de turismo

    de aventura, cultural, ecolgico, pedaggico e melhor idade com qualidade.

    O processo de desenvolvimento do turismo na regio do Serid uma ao conjunta

    da Secretaria Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte, Servio de Apoio s Micro e

    Pequenas Empresas, prefeituras municipais e parceiros pblicos e privados que atuam na

    regio do Serid. A SETUR e o SEBRAE compartilham a gesto do projeto do Plo

    juntamente com o Conselho de Turismo do Serid. As expectativas e aes realizadas em prol

    do turismo no Serid so expostas a seguir, atravs da pesquisa dos principais atores no

    processo de turistificao da regio.

    A pesquisa realizada mostra que necessrio melhorar a estrutura de servios de apoio

    ao turismo na regio. Os entrevistados avaliaram como ruim a oferta de servios tursticos da

    regio, enfaticamente no setor de hospedagem. Segundo a gestora do Plano de Turismo

    Sustentvel Roteiro Serid, Daniela Tinoco, espera-se que at 2011 sejam realizadas

    mudanas no perfil das empresas de turismo instaladas na regio, principalmente do setor de

    hospedagem e alimentao. A coordenadora tcnica da SETUR, Carmem Vera, afirmou que

    para o ano de 2009 um novo investimento no valor de R$ 1,5 milho ser destinado regio

    do Serid com o intuito de melhorar a estrutura de apoio ao turismo nos oito municpios

    envolvidos atualmente com o turismo na regio. O SEBRAE visa atuar diretamente nos

    servios de qualificao de mo-de-obra, promovendo cursos para aperfeioar a prestao dos

    servios e, principalmente, promover uma melhoria efetiva nos empreendimentos tursticos de

    modo que os estabelecimentos que atuam na regio alcancem um padro de qualidade

    satisfatrio.

    O Serid possui uma deficincia no apenas no setor de hospedagem, mas em

    equipamentos tursticos diversos, desde o entretenimento ao servio de receptivo. O assessor

    Yves Guerra (SEBRAE), afirmou, em entrevista, que essa carncia configura-se como uma

    das principais dificuldades no desenvolvimento do turismo no Serid. Para sanar essa

    carncia, necessrio promover melhorias nos equipamentos existentes, mas tambm atrair

    novos investidores, j que o mesmo cita a necessidade de investimentos privados para

    promover melhorias na qualidade dos servios. O assessor diz ainda, que para tal objetivo,

    aes como divulgar o potencial da regio e capacitar os empreendedores para oportunidades

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    de negcios ligadas atividade turstica so necessrias. Uma boa alternativa seria tambm

    conceder incentivos fiscais a novos investidores.

    Reconhecendo que a necessidade de melhoria nos meios de hospedagem ser um dos

    problemas mais graves dos municpios do roteiro, no ano de 2005 o SEBRAE lanou o

    programa Cama, Caf e Rede em parceria com a Antares Consultoria, a fim de proporcionar

    aos visitantes uma alternativa de hospedagem de qualidade. O programa que segue o modelo

    do bad and breakfast americano, foi idealizado para suprir uma necessidade corrente:

    aumentar o nmero de leitos disponveis na regio e possibilitar que um nmero maior de

    pessoas visitassem a regio nos perodos de grande fluxo. Atualmente, o programa est

    parado, devido a problemas no controle e administrao dos leitos. O projeto inicial visava

    criao de uma central de reservas, mas no foi realizado. Segundo a consultora da Antares,

    Heidi Kanitz, o programa obteve bons resultados apesar de estar estacionado. Para a

    entrevistada, o principal ganho foi melhorar a auto-estima da populao local e envolv-los

    diretamente no processo de turistificao da regio. A Antares Consultoria avalia que o

    trabalho realizado na Regio do Serid valorizou a cultura, a hospitalidade e o povo da regio,

    apesar de que inicialmente houve certa resistncia da populao em se sensibilizar com a

    atividade turstica. Para a gestora Daniela Tinoco, o principal entrave no prosseguimento do

    programa a questo cultural. Segundo a entrevistada, os turistas brasileiros que visitam a

    regio no possuem o hbito de se hospedar em casas de famlias, embora esta seja uma

    prtica muito comum em outros pases. Daniela cita que mesmo durante os perodos em que

    as cidades lotam, como no perodo da Festa de Santana, os turistas domsticos preferem

    hospedar-se em hotis ou pousadas por no se sentirem vontade para passar certo perodo

    em contato com uma famlia local e se adequar a sua rotina.

    Espera-se que o programa alcance mais turistas atravs da insero do Roteiro Serid

    e do Programa Cama, Caf e Rede no roteiro das agncias e operadoras de viagens e turismo.

    Para isso, planeja-se estruturar uma central de reservas atravs do site do roteiro

    (www.roteiroserido.com.br) e uma central telefnica que atenda a agncias, operadoras e ao

    turista.

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    Consideraes finais

    De acordo com a anlise realizada, pode-se afirmar que o Roteiro Serid constitui-se

    como uma alternativa diversificao da oferta turstica do Rio Grande do Norte, pois possui

    uma vocao natural para o turismo e potencialidades para atender a segmentos de mercado

    diferentes do j consolidado no Estado o turismo de sol e mar. Observou-se que, apesar de

    todas as potencialidades naturais existentes na regio, necessrio melhorar a oferta de

    servios e de equipamentos tursticos da regio.

    A anlise DAFO mostra que, apesar da potencialidade natural da regio e do esforo

    poltico para que o roteiro Serid se consolide, percebe-se que necessrio mais investimento

    financeiro e a participao da iniciativa privada. A regio precisa equilibrar os aspectos

    positivos existentes com as necessidades atuais. Entre as mais graves, destaca-se a

    ausncia/deficincia de equipamentos e infra-estrutura turstica. O Serid possui vocao

    turstica, potencial para atender os segmentos de aventura, cultural, ecolgico, pedaggico e

    melhor idade que divergem do turismo de sol e mar. Possui ainda um Plano de

    Desenvolvimento de Turismo condizente com as principais tendncias mundiais, mas

    encontra dificuldades na gesto integrada, mesmo com o esforo gerencial da SETUR e do

    SEBRAE, as prefeituras locais ainda resistem em atuar em conjunto.

    Como dito, o Serid possui um potencial turstico forte, quando considerado como um

    conjunto. Os oito municpios constituintes considerados integradamente formam um conjunto

    peculiar e um produto turstico diferenciado, j que os atrativos e recursos dos municpios

    envolvidos se complementam. Porm, mesmo considerando o conjunto de atrativos e

    recursos, a estrutura de apoio ao turismo incipiente, principalmente no setor de hospedagem

    e alimentos e bebidas, sendo este o principal fator negativo do roteiro, segundo os

    entrevistados. preciso, portanto, modificar a idia de que a hospitalidade natural da

    comunidade e a vocao natural para o turismo so suficientes para a atrao de turistas.

    condicional a melhoria e aperfeioamento da estrutura turstica para a consolidao do roteiro

    Serid no mercado turstico do Rio Grande do Norte.

    Apesar da incipincia estrutural existente, todos os entrevistados afirmaram que o

    Serid se configura como alternativa para a diversificao da oferta turstica do Rio Grande

    do Norte, embora no seja considerado por nenhum deles como um destino turstico

    consolidado. Espera-se que at 2011 haja uma mudana qualitativa e quantitativa na estrutura

  • VI Seminrio da Associao Brasileira de Pesquisa e Ps-Graduao em Turismo

    10 e 11 de setembro de 2009 Universidade Anhembi Morumbi UAM/ So Paulo/SP

    de apoio ao turismo na regio. No ano de 2009 prev-se que sero investidos R$ 1,5 milho

    em melhorias estruturais e capacitao/qualificao de mo-de-obra para o turismo. Espera-se

    ainda que sejam encontradas alternativas que minimizem as deficincias existentes, tais como

    no setor de hospedagem, com a continuao do projeto de hospitalidade familiar Cama, caf e

    rede, que uma alternativa para ampliar o nmero de leitos na regio e ainda envolver a

    comunidade no turismo. Apesar do projeto estar estacionado, representa uma opo para

    complementar a oferta de meios de hospedagem seridoense em curto prazo.

    Mais do que concluses, este trabalho pretende deixar aberta a porta para as crticas,

    reflexes e debates referentes ao tema aqui desenvolvido. Portanto, as concluses parciais

    deste estudo so interpretaes das entrevistas aplicadas durante a pesquisa. As consideraes

    finais so resultantes do processo de pesquisa e interpretao de uma anlise do roteiro Serid

    como alternativa a diversificao da oferta turstica do Rio Grande do Norte.

    Referncias

    BICHO, Leandro, BAPTISTA, Susana. Modelo de Porter e anlise SWOT: estratgias de negcio. Coimbra, 2006. Disponvel em: http://prof.santana-e-silva.pt/gestao_de_empreendimentos/trabalhos_alunos/word/Modelo%20de%20Porter%20e%20An%C3%A1lise%20SWOT_DOC.pdf. Acesso em: 13 jun 2008. DIAS, Reinaldo. Introduo ao Turismo. So Paulo: Atlas, 2005. FONSECA, Maria Aparecida Pontes. Espao, polticas de turismo e competitividade. Natal: EDUFRN, 2005. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1996. MINISTRIO DO TURISMO. Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil: Roteirizao Turstica - Mdulo Operacional 7. Braslia: Ministrio do Turismo, 2005. SEBRAE/RN. Roteiro Serid. Rio Grande do Norte: Impresso, 2005. SETUR/RN. Fluxo turstico global brasileiro: estatstica. Rio Grande do Norte, 2008. SOARES, Marilia Medeiros; LOPES, Pricylla Wanna. Saboreando: a gastronomia como atrativo turstico na regio Serid do Rio Grande do Norte. In: Anais do X Congresso Internacional de Turismo. Curitiba, 2008.